descarte inadequado do óleo residencial no
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1 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 DESCARTE INADEQUADO DO ÓLEO RESIDENCIAL NO BAIRRO DE BODOCONGÓ EM CAMPINA GRANDE-PB Ana Célia de Gouveia SILVA1; Joselma Ferreira ALVES2; José Carlos Gomes dos SANTOS2; João Paulo Vidal dos SANTOS2 1. Alunas do Curso de Pós Graduação, em Educação Ambiental do IESP/UNAVIDA. [email protected] 2. Alunos do Curso de Licenciatura em Geografia da UEPB. [email protected] 3. Orientador. Geógrafo. Prof. Msc. de Geografia da UVA/UNAVIDA. [email protected] RESUMO: O consumo de alimentos fritos tem aumentado nos últimos anos, pois, as pessoas dispõem de menos tempo para preparar seus alimentos e o processo de fritura é uma alternativa rápida. Devido a esse aumento a quantidade de óleos de fritura, a cada dia que passa tem se tornado maior. O presente estudo trata-se de um trabalho de natureza qualiquantitativa e socioambiental de caráter descritivo-exploratório que foi realizado no bairro de Bodocongó localizado na cidade de Campina Grande-PB no espaço de vinte residências contou com a participação de setenta e cinco populares que ali residem e tem objetivo ressaltar a importância da logística reversa do óleo de cozinha. Através da pesquisa observou que o óleo residual de fritura após uso era descartado de forma incorreta. A falta de informação sobre o descarte desse resíduo gera o despejo dessa matéria em pias residenciais, esgotos, acarretando entupimentos dos canos e consequentemente o encarecimento do tratamento deste, alem de submeter à poluição aquática e comprometer a biota do meio ambiente. Palavras-Chave: Coleta seletiva. Meio Ambiente. Reciclagem. ABSTRACT: Consumption of fried foods has increased in recent years as people have less time to prepare their food and the frying process is a quick alternative. Due to this increase the amount of frying oil, with each passing day has become greater. This study it is a work of Qualiquantitative and environmental nature of descriptive and exploratory character that was held in Bodocongó neighborhood located in the city of Campina Grande-PB within twenty homes and has aimed to highlight the importance of logistics oil reserve kitchen. Through the survey noted that the residual frying oil was discarded after use incorrectly. The lack of information about the disposal of this waste matter that generates the dump in residential sinks, drains, causing blockages of pipes and consequently enhancement of this treatment, in addition to submitting to water pollution and biota compromising the environment. Keywords: Selective collection. Environment. Recycling. INTRODUÇÃO Um litro de óleo de cozinha tem a capacidade de contaminar aproximadamente cerca de 25 mil litros de água. Uma quantia, mesmo que pequena, do produto leva quatorze anos para ser totalmente absorvido pela natureza, despejar óleo na rede de esgoto é uma opção muito utilizada por pessoas mal informada que não tem conhecimento sobre os danos causados pelo seu descarte de forma inadequada, sem considerar as consequências a curto e longo prazo que isto acarreta para a natureza e para a vida urbana (PORTOWEB, 2014). Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água, de origem animal, vegetal ou mesmo microbiana, formadas predominantemente de produtos de condensação entre www.revistascire.com.br 2 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 “glicerol” e “ácidos graxos” chamados triglicerídeos. A diferença entre óleo (líquido) e gordura (sólida), reside na proporção de grupos acila saturados e insaturados presentes nos triglicerídeos, nos óleos as cadeias carbônicas são insaturadas, tornando-os líquidos à temperatura ambiente de 20º C, ao passo que nas gorduras as cadeias carbônicas são saturadas, deixando-as sólidas à mesma temperatura ambiente. Portanto, os óleos e gorduras comestíveis são constituídos principalmente de triglicerídeos (MORETTO e FETT, 1998). 1.1 O uso do óleo no Brasil O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de soja e possui grandes perspectivas para a produção de outras sementes, tais como amendoim, girassol, babaçu, milho, canola, mamona e algodão, portanto o óleo de cozinha, produzido a partir destas e outras sementes é utilizado na preparação de alguns alimentos de fritura (RABELO e FERREIRA, 2008). O resíduo do óleo de cozinha, gerado diariamente nos lares, indústrias e estabelecimentos do país, acaba sendo despejado diretamente nas águas, como em rios e riachos ou simplesmente em pias e vasos sanitários, indo para os sistemas de esgoto causando danos, como entupimento dos canos e o encarecimento dos processos das estações de tratamento, além de contribuir para a poluição do meio aquático, ou, ainda, no lixo doméstico contribuindo para o aumento das áreas dos aterros sanitários (GODOY et al., 2010). O óleo de cozinha usado não pode ser disposto para a coleta pública, pois não são resíduos sólidos, e, por isso, sua destinação não é de responsabilidade das prefeituras. O mesmo é um resíduo altamente poluente e necessita de um tratamento especial. Para Reis et al. (2007), o óleo de cozinha usado quando retornado à produção, além de evitar a degradação do meio ambiente e os consequentes custos socioeconômicos, também cumpre o papel de evitar o gasto de recursos escassos, tais como os ambientais, humanos, financeiros e econômicos - terra, água, fertilizantes, defensivos agrícolas, combustível, mão-de-obra, financiamento bancário. O óleo de cozinha usado pode servir como matéria-prima na fabricação de diversos produtos, tais como biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros (PITTA JUNIOR et al., 2009). Mas, a alternativa de reaproveitamento do óleo para fazer sabão tem sido considerada a mais simples produção tecnológica de reciclagem fazendo com www.revistascire.com.br 3 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 que haja um ciclo de vida desse produto. Entre as tantas vantagens do sabão produzido a partir do óleo de cozinha, está a economia de água (RABELO e FERREIRA, 2008). O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia 76% são depositados a céu aberto em lixões, 13% são depositados em aterros controlados, 10% em usinas e 0,1% são 10 incinerados. Sendo que 53% são de resíduos domésticos (UNIÁGUA, 2008). De acordo com esses dados, é possível concluir que a coleta seletiva é de grande importância, pois a realização de um serviço especializado em coletar óleo residual de fritura, irá contribuir para a retirada do óleo usado do meio ambiente, partindo de uma conscientização da população que facilitará o processo de reciclagem, realizando assim uma destinação adequada para o óleo descartado, contribuindo para a manutenção do equilíbrio ambiental regional. 1.2 Bodocongó: um bairro em construção A Cidade de Campina Grande, não diferentemente de outras cidades brasileiras de mesmo porte, possui dezenas de indústrias de médio/pequeno portes que utilizam o óleo vegetal e/ou gordura vegetal hidrogenada no processo de fritura de alimentos, sem que tenham consciência dos perigos relacionados com a saúde das pessoas e meio ambiente e das responsabilidades legais e sociais que lhes cabem nesse tipo de atividade. Embora exista espaços de coleta do óleo muitas pessoas que vivem na cidade de Campina Grande, Paraíba, desconhecem os procedimentos para coletar os resíduos de suas frituras, a exemplo das pastelarias, pizzarias, lanchonetes, entre outros. Relacionado com os modelos de descarte de óleos/gorduras vegetais residuais praticados por indústrias alimentícias, os impactos ambientais dos empreendimentos tem sido negativos, sendo necessárias as ações que contemplem medidas corretivas, preventivas e compensatórias, como forma de minimizar ou eliminar as repercussões dos impactos negativos provocados junto às pessoas e ao meio ambiente. No caso do óleo de cozinha usado em frituras, a possibilidade mais concreta para evitar seu despejo na natureza é reaproveita-lo fazendo sabão (MARTINS et al, 2010). Para GODOY, (2010) depois de reciclado, o óleo de fritura usado pode ser utilizado como matéria-prima na produção de resina para tintas, sabão, detergente, amaciante, sabonete, glicerina, ração para animais, biodiesel, lubrificante para carros e máquinas agrícolas e outros. Sendo o sabão comum, a alternativa mais prática para população. www.revistascire.com.br 4 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Diante disso, o presente trabalho teve o objetivo de esclarecer a problemática causada pela forma inadequada do descarte do óleo de cozinha no bairro de Bodocongó, localizado na cidade de Campina Grande, Paraíba. METODOLOGIA Trata-se de um trabalho de natureza qualiquantitativa e socioambiental no qual permitiu a troca de conhecimento entre acadêmico e a sociedade em caráter descritivoexploratório. A pesquisa foi realizada no bairro de Bodocongó habitado por 13.788 pessoas distribuída entre homens e mulheres, onde a população masculina, representa 6.534 hab, e a população feminina, 7.254 hab. com aproximadamente três mil residências particulares. A tabela 1 ilustra a faixa etária da população presente no bairro de Bodocongó. Tabela 1: Faixa etária da população residente no bairro de Bodocongó Faixa Etária População Porcentagem 0 a 4 anos 841 6.1% 0 a 14 anos 2923 21.2% 15 a 64 anos 9789 71% 65 anos e + 1075 7.8% A figura 2 detalha a localização do Bairro de Bodocongó em relação a cidade de Campina Grande, mostrando a dimensão territorial da área e seu potencial de expansão urbana, o que nos alerta para os impactos ainda maiores que o aumento constante de sua população poderá acarretar no meio ambiente. www.revistascire.com.br 5 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Figura 2: Localização do Bairro de Bodocongó em Campina Grande. Com base na pesquisa bibliográfica e exploratória com observação e análise “in loco”, foi escolhida a rua Tibúrcio Batista da Silva situado no bairro de Bodocongó na zona urbana do município de Campina Grande do agreste paraibano e contou com a participação de setenta e cinco populares que ali residem. As informações foram obtidas através de questionário realizados, a cada residência visitada, com questões objetivas sobre o manuseio e o descarte do resíduo do óleo de cozinha. E por se utilizou uma entrevista informal com os familiares a fim de obter informações sobre o conhecimento e uma possível participação em um programa de coleta seletiva de óleo usado para reciclagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que as famílias desconhecem informações dos malefícios do óleo de cozinha após seu uso, o que implica na necessidade de uma Educação Ambiental voltada para atender as famílias orientando sobre seu descarte. O quadro 1 apresenta as questões e as devidas respostas que foram feitas aos populares questionados. Quadro 1: Questionário aplicado aos moradores do Bairro de Bodocongó. www.revistascire.com.br 6 ISSN 2317-661X QUESTÕES Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 SIM 1. Você sabe da importância do meio ambiente para sua vida? X 2. Você utiliza o óleo de cozinha com frequência? X 3. Você conhece alguma maneira de reciclar o óleo de cozinha? 4. Na sua residência você reutiliza o óleo de cozinha? NÃO X X 5. Você sabe quais os danos causados a sua saúde com o descarte incorreto do óleo cozinha? X 6. Você armazena o óleo de cozinha utilizado? X 7. Você joga no quintal o óleo de cozinha utilizado? X 8. Você joga na pia da cozinha o óleo utilizado? X 9. Você joga no lixo o óleo utilizado? X 10. Você entrega para coleta o óleo utilizado? X De acordo com a pesquisa feita com os moradores da Rua Tibúrcio Batista da Silva, Bodocongó, Campina Grande - PB pode-se observar que quando os moradores foram questionados com relação a utilização e reutilização do óleo, houve uma generalização nas respostas em que todos fazem uso do óleo e o descartam diretamente na pia da cozinha, o que evidencia que ainda nos dias de hoje é uma prática bastante utilizada por parte da sociedade. E, por conseguinte desse ato ocorre o acúmulo de óleos e gordura nos encanamentos pode causar refluxo nos esgotos e até rompimentos das redes de coleta. Constatou-se que para retirar o produto e desentupir os encanamentos são empregados produtos químicos altamente tóxicos, que acaba criando uma cadeia perniciosa. Essa contaminação encarece o processo e prejudica o funcionamento das estações de tratamento de água, comprometendo assim, a base da cadeia alimentícia aquática o que contribui para as ocorrências de enchentes. Na cidade de Campina Grande, existem postos de coleta do óleo de cozinha localizado em um supermercado da cidade e a população desconhecia essa informação. Há também, um projeto de uma ONG intitulado ErcoBrasil, localizado na Rua Monteiro Lobato, 474 – Alto Branco, e que segundo o Sr. Arão Martins, coordenador do Projeto www.revistascire.com.br 7 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Reciclagem de óleo de cozinha, afirma que as pessoas não tem ainda a cultura de guardar o óleo e que no universo de Campina Grande apenas 2% tem essa conscientização. De acordo com a ONG, a proposta da entidade ainda não tem resultados positivos devido a falta de apoio de órgãos competentes, dos gestores públicos, da propaganda na mídia, pela falta de divulgação e que a informação precisa ser trabalhada em massa, o que envolve custos. A EcoBrasil no relato do seu coordenador afirma que só tem ponto de coleta no local e se conseguissem parceria podiam recolher o óleo em diversos locais como cozinhas comunitárias, hospitais, entre outros. Comentou que a Lei do Resíduo Sólido existe e não é cumprida. O programa de coleta seletiva ainda não funciona efetivamente na cidade de Campina Grande. Alguns moradores não possuíam conhecimento os malefícios que o óleo de cozinha reutilizado causa, os mesmos utilizavam fazendo novas frituras como salgados, batata frita, entre outros. Porém outros tinham conhecimento dos danos, então não reutilizava, mas armazenava o óleo para fabricação de produtos úteis, como o sabão. A maioria dos moradores quando questionados não sabia como armazená-lo, entretanto, através do nosso questionário, informamos aos moradores que o óleo utilizado em sua cozinha, poderia ser armazenado em garrafa pet, caso eles não tivessem acesso a tambores adequados para o armazenamento. Em seguida deveria ser entregue em pontos de coleta. Após o questionário foi repassado para os moradores a questão dos danos causados pelo descarte do óleo de cozinha a impermeabilização do solo, impedindo a infiltração da água destruindo assim a vegetação e colaborando para o aumento de enchentes, já que cada litro de óleo contamina 20 mil litros de água. Assim que o descartamos na pia, ele chega, por meio dos encanamentos, aos córregos, rios e mares onde flutua, impedindo a entrada de luz e oxigênio e consequentemente alterando o ecossistema e exterminando muitas espécies de vida aquática. Sem contar que essa prática contribui muito para aumentar a proliferação de ratos, baratas e outros vetores transmissores de doenças. CONCLUSÕES www.revistascire.com.br 8 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Após a realização da pesquisa bibliográfica e das visitas “in loco”, pôde-se constatar que, os moradores em sua maioria desconheciam a existência de espaços de coleta do óleo de cozinha, pós-fritura. Portanto descartavam os resíduos em pias ou ralos. Contudo, com este estudo foi possível mostrar aos moradores desta comunidade que o óleo de cozinha é bastante prejudicial, quando descartado de forma incorreta, para o meio ambiente, mas que o mesmo possui um grande potencial de reaproveitamento e que somado a um fator de interesse mundial, que é o desenvolvimento sustentável, impulsiona a necessidade de reutilizá-lo de forma eficaz. REFERÊNCIAS BIÓLEO. Descarte Inadequado do oléo. Disponível em: <http://bioleo.org.br/programabioleo/descarte-inadequado/>. Acessado em: agosto de 2014. 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Acessado em: julho 2014. RABELO, Renata Aparecida; FERREIRA, Osmar Mendes. Coleta seletiva de Óleo Residual de Fritura para Aproveitamento Industrial. Goiânia, 2008. REIS, Mariza Fernanda Power; ELLWANGE, Rosa Maria; FLECK, Eduardo. Destinação de Óleos de Fritura. 24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Belo Horizonte, 2007. www.revistascire.com.br 9 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 RETALHOS HISTORICOS DE CAMPINA GRANDE - Bibliografia-. Disponível em: http://cgretalhos.blogspot.com.br/2012/11/acude-de-bodocongo.html#.VAdu9NddVeM 03/09 Acessado em: julho de 2014. UNIÁGUA. Reciclagem de Materiais. Disponível em: <www.uniagua.org.br>. Acessado em: maio de 2014. www.revistascire.com.br