Boys Don`t Cry - Direitos Humanos e Cinema
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Boys Don`t Cry - Direitos Humanos e Cinema
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS ACIEPE – DIREITOS HUMANOS PELO CINEMA Resenha do Filme: “Meninos Não Choram” Amanda dos Santos 409707 O filme “Meninos Não Choram” (originalmente Boys Don't Cry) é um filme de produção norte-americana que data do ano de 1999. A direção de Kimberly Pierce tem seu roteiro inspirado na história real do crime de ódio que Brandon Teena (Teena Brandon) sofreu. Brandon Teena (Hillary Swank) é um jovem de Lincoln que passa por grandes problemas por causa de sua sexualidade até assumir sua transsexualidade, como percebemos logo nas em umas das cenas iniciais do filme em que Brandon foge de um grupo rapazes por ele ter se relacionado com a irmã de algum deles. Enquanto eles atacam as janelas e tentam entrar na casa do primo de Brandon, lá dentro um diálogo muito intenso acontece, onde Brandon diz que as garotas o elogiam por ter sido o melhor namorado que elas já tiveram e quando seu primo o questiona o motivo de ele não se assumir uma sapatão ele rebate, dizendo que não é isso que ele é. De fato, não é isso o que Brandon é. Principalmente na pequena cidade de Falls City (Nebraska), onde faz muitos amigos e é adorado por seu carisma. Lá Brandon se apaixona por Lana (Chloë Sevigny), uma linda jovem que tem alguns problemas com sua mãe, o emprego numa fábrica que ele considera medíocre e um amigo para quem ela escrevia aos 13 anos quando ele estava na cadeia e que nutria um sentimento por ela, John Lotter (Peter Sarsgaard). O amor de Brandon e Lana é cheio de obstáculos. Brandon tem muito medo que Lana não goste dele se descobrir que ele não tem o corpo que gostaria de ter, e esse é o maior obstáculo à princípio. Dessa forma Brandon mente para Lana quando ela descobre que seu nome é Teena Brandon, dizendo que sofre de uma anomalia, que nasceu hermafrodita e foi registrado como menina e que por isso existem tantas confusões legais o envolvendo. A banda The Cure tem como um de seus principais sucessos a música Boys Don’t Cry (em que a introdução é usada instrumental é usada no filme como na hora em que Lana tira Brandon da prisão feminina): […] “I try to laugh about it Eu tento rir disso Cover it all up with lies Cobrindo tudo com mentiras I try to laugh about it Eu tento rir disso Hiding the tears in my eyes Escondendo as lágrimas em meus 'Cause boys don't cry Boys don't cry”[…] olhos Pois garotos não choram Garotos não choram De maneira muito traumática John e seu amigo Tom (Brendan Sexton III) fazem com que todos descubram que Brandon “é menina”. Sim, porque é como se fosse assim que se define e se julga brutalmente o gênero das pessoas: arrancando suas calças e mostrando o que ela tem (ou não tem) lá em baixo. Nesse momento é arrancado muito mais do que as calças de Brandon, ele se despe de coragem, de esperança, de vida e só lhe resta se cobrir de vergonha e humilhação. Mas isso não importa para Lana, porque ela sabe que quem não existe, na verdade, é Teena. E sabe que Brandon escolheu não se enganar e se assumir como Brandon. Possesso por ciúmes John decide aplicar um corretivo a Brandon. Em uma sequência de cenas terríveis ele e Tom o colocam no carro e levam pra longe dali, depois espancam e estupram Brandon. Todo machucado, Brandon procura ajuda e denuncia o crime. Durante seus relatos é indagado por andar com garotos, já que é uma garota e por beijar garotas, como se houvesse uma culpa para si ao crime de ódio que sofreu. Ainda mais ferido e humilhado Brandon enfim diz que tem uma crise de identidade sexual. Essa passagem é tão corriqueira em tantas delegacias pelo mundo, é tão comum na opinião pública também que transsexuais sejam acusados de serem os causadores dos próprios crimes de ódio que sofrem questionados por não serem normais, por não serem morais, por não serem física e mentalmente saudáveis. Não são plenamente humanos, não são tratados pelos seus direitos. Enfim John e Tom são procurados pela polícia. Enquanto Brandon planeja fugir com Lana, ajudados por sua amiga Candance (Alicia Goranson), Lana está incerta e eles juram que terão muito tempo para ficarem juntos e que se esperarão. John vai até a casa de Lana a procura de Brandon, que não está mais lá. Ele e Tom colocam Lana no carro e vão até a casa de Candance. Embora Lana implore aos pés de John ele mata Candance e Brandon. Os planos de Brandon eram voltar para Lincoln naquela noite, e mesmo tendo medo do que viria simplesmente pensar em Lana o fazia querer encarar o futuro, viajaria para longe e a esperaria, amando-a para sempre. Um delicado fim para esse trágico amor. Hillary Swank ganhou o Oscar de melhor atriz em 2000 e o Globo de Ouro, entre outros grandes prêmios e indicações que o filme teve. Esse belíssimo filme repercutiu muito nos debates quanto aos crimes por sexualidade e nos tópicos que abordavam a essa temática dentro do cinema. Com referência ao texto de J.F. Sarget para o site cracked.com percebemos que há algumas décadas era raro ver personagens não heterossexuais em filmes, hoje Hollywood mostra ter as portas para personagens gays. Embora no caso de Boys Don’t Cry seja um filme de um roteiro baseado em um real crime de ódio, parece que colocar gays em filmes é uma atitude progressista que, no entanto, os mata ou os coloca como vilões e psicóticos como em O Segredo de Brokeback Mountain ou Philadelphia. No seu texto Sarget perpassa por séries como Buffy e Law and Order apontando a relação hollywoodiana entre essas marcas e termina seu texto com o interessante ponto “The gay is the new black”.
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