ESTUDO DE FATORES DE VIRULÊNCIA E DE - Sicbolsas
Transcrição
ESTUDO DE FATORES DE VIRULÊNCIA E DE - Sicbolsas
ESTUDO DE FATORES DE VIRULÊNCIA E DE ESTRESSE OXIDATIVO NA PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE DO TIPO RAMNOLIPÍDEO POR Pseudomonas aeruginosa PA1 Ana Carolina Loureiro Brito Fernandes Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Bioquímica, Instituto de Química, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Orientadores: Denise Maria Guimarães Freire Marcos Dias Pereira Essa dissertação de Mestrado foi realizada com o apoio financeiro da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Rio de Janeiro Maio de 2010 ii ESTUDO DE FATORES DE VIRULÊNCIA E DE ESTRESSE OXIDATIVO NA PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE DO TIPO RAMNOLIPÍDEO POR Pseudomonas aeruginosa PA1 Ana Carolina Loureiro Brito Fernandes Orientadores: Denise Maria Guimarães Freire Marcos Dias Pereira Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Bioquímica, Instituto de Química, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Aprovada por: _________________________________________________________ Presidente, Profa. Denise Maria Guimarães Freire, D. Sc. (IQ/UFRJ) _________________________________________ Prof. Rodrigo Volcan Almeida, D. Sc. (IQ/UFRJ) __________________________________________ Sérgio Cantú Mannarino, D. Sc. (IQ/UFRJ) Rio de Janeiro Maio de 2010 iii Fernandes, Ana Carolina Loureiro Brito Estudo de fatores de virulência e de estresse oxidativo na produção de biossurfactante do tipo ramnolipídeo por Pseudomonas aeruginosa PA1/ Ana Carolina Loureiro Brito Fernandes. – Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2010. xiii, 110f : 29,7cm Orientadores: Denise Maria Guimarães Freire e Marcos Dias Pereira Dissertação (mestrado) – UFRJ/ IQ/ Programa de Pós-graduação em Bioquímica, 2010. Referências Bibliográficas: f. 92-110. 1. Biossurfactante. 2. Fatores de virulência. I. Freire, Denise Maria Guimarães. II.Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química. III. Título. iv Dedico este trabalho aos meus pais, Márcia e Marco. v Agradecimentos Meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram de algum modo para a realização deste trabalho e em especial: A minha orientadora Denise Maria Guimarães Freire pela orientação, dedicação, confiança e paciência fundamentais para realização deste trabalho. Aos meus pais pelo amor incondicional, por estarem ao meu lado em todos os momentos e por serem os responsáveis por tudo que eu sou. As minhas irmãs pela amizade, cumplicidade, alegria e carinho. À minha amiga Roberta pelos nossos 10 anos de amizade e convivência. Ao amigo Rodrigo Mineiro (o mais eficiente do leste ou oeste, dependendo do caminho...) pela amizade, sugestões, companhia, ajuda nos momentos necessários e pela grande contribuição para realização deste trabalho. Ao amigo Fred pela presença constante nos experimentos em biorreator, pelas sugestões, orientação e ajuda essenciais para realização deste trabalho. Aos colegas do grupo dos Biossurfactante Lú, Lívia, Luiz Fernando e Rômulo pela contribuição neste trabalho. A todos os amigos do LaBiM/IQ principalmente Val, Elisa, Mel, Bruno, Joab, Jaque Velha, Jaque Nova, Mateus, Fernanda, Ale, Antônio, Thaís e Angélica por terem tornado os dias difíceis mais divertidos e os dias bons melhores ainda. Pessoas maravilhosas que tive a oportunidade de conhecer e que fazem do LaBiM um ótimo ambiente de trabalho. À secretária Aline pelo carinho e dedicação a todos os alunos do LaBiM. Aos professores do LaMMP, Bianca e Rodrigo, por terem me emprestado seu laboratório para realização de experimentos. À tia Sonia por me ajudar a resolver todos os problemas com toda eficiência e carinho do mundo. A todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, em especial Su, Marcella, Leandro, Thiago e Karen. A ANP pela concessão da bolsa de estudos e as professoras Maria Regina e Jussara responsáveis pelo programa Químico de Petróleo. vi Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao IQ/UFRJ como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Estudo de fatores de virulência e de estresse oxidativo na produção de biossurfactante do tipo ramnolipídeo por Pseudomonas aeruginosa PA1 Ana Carolina Loureiro Brito Fernandes Maio/2010 Orientadores:Denise Maria Guimarães Freire Marcos Dias Pereira A grande demanda por energia e o aumento no consumo e produção de derivados de petróleo leva a um maior risco de acidentes ambientais. A ocorrência de inúmeros acidentes ocasionados por derramamento de óleo, tem resultado em uma legislação ambiental mais rigorosa, e por esse motivo, na procura de técnicas eficientes no controle e reparo dos danos resultantes. A cepa Pseudomonas aeruginosa PA1, isolada de poços de petróleo, produz elevadas concentrações de ramnolipídeo, um surfactante biodegradável com aplicações em diversas áreas industrial e ambiental, como na remoção e lavagem de óleos em ambientes impactados com derramamento de petróleo. Nesse contexto, objetivo deste trabalho foi investigar os fatores de virulência e os de estresse oxidativo na cepa Pseudomonas aeruginosa PA1, com vistas à redução da toxicidade do processo fermentativo, em biorreatores com oxigenação controlada, para produção de biossurfactante do tipo ramnolipídeo. Visando uma futura aplicação do meio de cultivo bruto livre de células na biorremediação, vários parâmetros cinéticos foram investigados em duas condições de oxigenação distintas (6 mg O2/L e de 1 mg O2/L ). Para análise de fatores extracelulares o meio de cultivo bruto livre de células foi utilizado, e para análise dos fatores relacionados ao estresse oxidativo, proteínas foram extraídas do pellet celular e analisadas na fase estacionária e exponencial de crescimento. A quantidade absoluta de ramnolipídeo produzida não foi significativamente afetada pela concentração de oxigênio dissolvido. No entanto a produção de fatores de virulência extracelulares foi maior nas condições de maior concentração de oxigênio dissolvido, sendo que os mesmos não foram encontrados nos meios de cultivo centrifugados e autoclavados. Em relação ao estresse oxidativo, a presença de oxigênio desencadeou reações na P. aeruginosa com produtos com atividades anti-oxidante, tornando assim suas células resistentes a diferentes condições de oxigenação. vii Abstract of Dissertation presented to IQ/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Biochemistry. Virulence factors and oxidative stress in rhamnolipid biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa PA1 Ana Carolina Loureiro Brito Fernandes May/2010 Research Supervisor: Denise Maria Guimarães Freire Marcos Dias Pereira The high demand for energy and the increasing consumption and production of oil leads to an increased risk of environmental accidents. The occurrence of numerous accidents caused by oil spills, has resulted in a stricter environmental legislation, and therefore, the search for efficient techniques to control and repair the harm caused. The strain of Pseudomonas aeruginosa PA1, isolated from oil waste, produces high amounts of rhamnolipid, a biodegradable surfactant with applications in several industrial and environmental fields, as removal and cleaning of oils from similar environments to oil spill. In this context, the aim of this work was to investigate the virulence factors and oxidative stress in rhamnolipid biosurfactant production by Pseudomonas aeruginosa PA1 in order to reduce the toxicity of fermentation in a bench scale bioreactor with controlled oxygenation, for production of biosurfactant rhamnolipid type. Aiming at a future application of crude culture medium free of cells in bioremediation, several kinetic parameters were investigated in two different oxygenation conditions (6 mg O2/L e de 1 mg O2/L). For analysis of extra cellular factors, the crude culture medium free of cells was used and for the analysis of factors related to oxidative stress, proteins were extracted from the cell pellet and analyzed in the stationary phase and exponential growth. The absolute amount of rhamnolipid produced was not significantly affected by the concentration of dissolved oxygen. However the production of extra cellular virulence factors were higher under conditions of high dissolved oxygen concentration, and they were not found in centrifuged and autoclaved culture media. In relation to oxidative stress, the presence of oxygen triggered reactions in P.aeruginosa products with antioxidant activity, making their cells resistant to different oxygenation conditions. viii Lista de Abreviações 3O-C12-HSL - N-(3-oxododecanoil) homoserina lactona AHL – homoseina lactona BSA- soro albumina bovina CMC- concentração micelar crítica C4-HSL - N-butiril homoserina lactona DNPH -2,4-dinitrofenilhidrazina GPS- General Secretion Pathway kDa- Quilodalton LasI- acil-HSL sintase LasR- regulador transcricional LPS- lipopolissacarídeo MEOR – microbial enhanced oil recovery OD- oxigênio dissolvido no meio OUR – taxa de consumo de oxigênio bruto SOUR- taxa de consumo específico de oxigênio bruto RhlAB- Ramnosiltransferase I RhlC- Ramnosiltransferase II RhlG- β-cetoacil-redutase RhlI- acil-HSL- sintase RhlR- regulador transcricional QS- quorun sensing Sec- General secretory pathway SOD- Superóxido dismutase Vf/Vm- relação volume de frasco/ volume de meio ix Lista de Quadros, Tabelas e Figuras Quadro 1 Quadro 2 Tabela 1 Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Tabela 2 Figura 14 Figura15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Tabela 3 Figura 20 Figura 21 Alguns acidentes envolvendo derramamento de óleo no Brasil e no mundo Leis e resoluções ambientais Principais classes de biossurfactantes e sua origem microbiana Sistema de quorum sensing em Pseudomonas aeruginosa e sua regulação gênica de rhlA e rhlB Sistema Sec de secreção Sistema Tat de secreção Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo II Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo V Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo I, a proteína secretada passa para o meio externo sendo transportada pela ABC transportadora Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo III Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo VI Estrutura da piocianina em dois estados: em pH perto do neutro ou alcalino o pigmento existe na forma de zwitterion e possui a coloração azul, enquanto que em pH ácido sua coloração é vermelha Formação de O2.- e H2O2 pela reação do NAD(P)H com a piocianina e a interação subseqüente do H2O2 com GSH. GPx, glutationa peroxidase Rota biossintética da piocianina Estrutura dos ramnolipídeos Via metabólica de biossíntese de ramnolipídeo Caracterização de algumas das principais Eros formadas in vivo Estados do O2 segundo a teoria do orbital molecular Formação das EROs a partir do oxigênio Reação de dismutação catalisada pelas enzimas superóxido dismutases Fotografia do fermentador inserido na capela de exaustão, acoplado ao sistema de oxigenação utilizando o contactor de membranas Controlador Lógico Programável utilizado para implementação de uma malha de controle da concentração de oxigênio dissolvido nas fermentações para a produção de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa PA1 Fluxograma simplificado do sistema de oxigenação Composição de uma solução de ramnolipídeos produzidos por Pseudomonas aeruginosa PA1 Crescimento celular (g/L) e consumo de oxigênio (SOUR) (mg/g.h) em função do tempo da fermentação. Dados da obtidos da Ferm3, com condição de oxigenação de 6 mg O2/L Perfil do crescimento de biomassa (A), consumo de glicerol (B) e produção de ramnolipídeo (C) por Pseudomonas aeruginosa. Fermentação em shaker a 30OC e 170 rpm utilizando frasco de 1 L e diferentes relações Vf/Vm 1 2 5 11 15 17 18 19 22 24 26 27 28 29 32 33 35 37 37 38 44 45 46 49 60 62 x Tabela 4 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Tabela 5 Tabela 6 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Tabela 7 Figura 30 Figura 31 Comparação entre as variáveis x (variação na concentração de biomassa), P (concentração de ramnolipídeos), Yp/x (rendimento de produto por biomassa produzida), Yp/s (rendimento de produto por substrato consumido), Yx/s (rendimento de biomassa por substrato consumido) e Qp (produtividade de ramnolipídeos) para as diferentes relações Vf/Vm (6 dias de fermentação) Perfil da produção de elastases (A) e proteases (B) por Pseudomomas aeruginosa. Fermentação em shaker a 30OC e 170 rpm utilizando frasco de 1 L e diferentes relações Vf/Vm Oxigênio dissolvido no meio (mg/L) ao longo das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L) Taxa de consumo de oxigênio bruto (OUR) (mg/L.h) ao longo das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L) Taxa específica de consumo de oxigênio (mg/g.h) ao longo das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L) Perfil do crescimento de biomassa (A e B) e consumo de glicerol (C e D) e produção de ramnolipídeo (E e F) em biorreator com condição de oxigenação de 6 mg O2/L e 1 mg O2/L, respectivamente por Pseudomonas aeruginosa. Fermentações em biorreator, a 30°C e 100 rpm utilizando frasco de 5 L com volume útil de 3,2 L Produção de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa com a variação da concentração de oxigênio dissolvido (biomassa e concentração de produto) Comparação entre as variáveis x (variação na concentração de biomassa), P (concentração de ramnolipídeos), Yp/x (rendimento de produto por biomassa produzida), Yp/s (rendimento de produto por substrato consumido), Yx/s (rendimento de biomassa por substrato consumido) e Qp (produtividade de ramnolipídeos) para as diferentes condições de oxigenação (6 dias de fermentação) Perfil da produção de elastases (A e B) e proteases (C e D) em biorreator com condição de oxigenação de 6 mg O2/L e 1 mg O2/L, respectivamente por Pseudomonas aeruginosa. Fermentações em biorreator, a 30°C e 100 rpm utilizando frasco de 5 L com volume útil de 3,2 L Teste de hemólise realizado com ramnolipídeo purificado Inóculos de com 72h de crescimento, crescido em meio de cultura para maximizar a produção de biossurfactante, e para maximizar a produção de piocianina, respectivamente Valores de razão de absorbância e concentração do DNA Gel de agarose 1%. 1,2,3- amostras autoclavadas, 4,5,6-amostras centrifugadas, 7,8,9- amostras centrifugadas e autoclavadas, 10,11,12- amostras filtradas em membrana de 0,22μm, 13,14padrão de peso molecular 1Kb DNA Ladder, 15,16,17- amostras centrifugadas e filtradas em membrana de 5kda Gel de agarose 1%. 14 - padrão de peso molecular 1Kb DNA Ladder, 15,16,17- amostras centrifugadas e filtradas em membrana de 5kda 63 65 67 67 68 70 71 72 73 75 77 79 80 80 xi Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Figura 36 Gel nativo de poliacrilamida marcado pela atividade Sod para as fermentações controle sem H2O2 Gel nativo de poliacrilamida marcado pela atividade Sod para as fermentações com oxigenação de 6 mg O2/L ( F1, F2 e F3) nas fases exponencial e estacionária de crescimento em biorreator Gel nativo de poliacrilamida marcado pela atividade Sod para as fermentações de oxigenação de 1 mg O2/L (F4, F5 e F6) nas fases exponencial e estacionária de crescimento em biorreator Análise da carbonilação de proteínas em frascos agitados após adição de H2O2(10 mM) por 1h nos controles de 10h e 36h 82 83 85 86 Análise da carbonilação de proteínas em biorreator nas fases 87 exponencial e estacionária de crescimento nas condições de oxigenação de 6 mg O2/L (F2 e F3) e 1 mg O2/L (F5 e F6) xii Índice 1 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.5.3 3.5.3.1 3.5.3.2 3.5.4 3.5.4.1 3.5.4.2 3.5.4.3 3.6 3.6.1 3.6.2 3.6.3 3.6.4 3.6.5 3.6.6 3.7 3.7.1 3.7.2 3.7.3 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.5.1 4.6 4.7 4.8 Agradecimentos Resumo Lista de Quadros, Tabelas e Figuras Índice Introdução Objetivos Objetivo Geral Objetivos Específicos Revisão Bibliográfica Pseudomonas aeruginosa Sistema de Quorun sensing Virulência Fatores de virulência de superfície Flagelos Pili Lipopolissacarídeo Alginato Sistema de secreção de proteínas O sistema Sec O sistema Tat Sistemas Sec-dependentes Sistema de secreção do tipo II Sistema de secreção do tipo V Sistemas Sec-independentes Sistema de secreção do tipo I Sistema de secreção do tipo III Sistema de secreção do tipo VI Fatores de virulência secretados Piocianina Proteases Lípases Hemólise Ramnolipídeo DNA extracelular Estresse oxidativo Espécies reativas de oxigênio (Eros) Superóxido Dismutase (Sod) Oxidação de proteínas Materiais e Métodos Microrganismo e condições de cultivo Preparo do inoculo Esterilização Frascos agitados Biorreator Controle da concentração de oxigênio no biorreator Biomassa Quantificação de glicerol Quantificação de ramnolipídeos v vi ix xii 1 8 8 8 9 9 9 11 12 12 12 13 13 13 14 15 17 17 18 21 21 22 24 26 26 30 30 31 31 34 34 35 38 39 41 41 42 42 42 43 44 47 47 48 xiii 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 4.15 4.16 4.17 4.18 4.19 4.20 4.21 4.21.1 4.21.2 4.3 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 5.10 5.10.1 5.10.2 6 7 8 Quantificação de proteases 49 Quantificação de elastases 50 Quantificação de lipases 51 Quantificação de proteínas totais 51 Purificação do ramnolipídeo 52 Quantificação de hemólise 52 Precipitação do alginato 54 Quantificação de piocianina 54 Precipitação de DNA 55 Verificação de extração de DNA em gel de agarose 55 Detecção de DNA por método espectrofotométrico 56 Condições de estresse oxidativo 56 Extração de proteínas 57 Determinação da atividade de superóxido dismutase (Sod) 57 Proteína carbonilada 58 Análise estatística dos resultados 59 Resultados e Discussão 60 Cinética da produção de ramnolipídeos em frascos agitados 61 Perfil da produção de elastases e proteases em frascos agitados 64 Cinética da produção de ramnolipídeos em biorreator acoplado a 66 contactores de membrana Perfil da produção de elastases e proteases em biorreator 72 Lipases 74 Hemólise 75 Alginato 76 Piocianina 77 DNA 78 Secreção de proteínas relacionadas ao estresse oxidativo 81 Sod 81 Proteína Carbonilada 85 Conclusão 88 Publicações 91 Referências 92 1 1. Introdução O petróleo é um recurso natural de grande importância nas nossas vidas. A grande demanda por energia e o aumento no consumo e produção de derivados de petróleo leva a um maior risco de acidentes ambientais. Por ser extraído em locais distantes do seu consumo, é normal que este seja transportado em grandes quantidades. Considerando que as operações de transporte e armazenamento envolvem a movimentação constante de petróleo e seus derivados, a ocorrência de inúmeros acidentes ambientais ocasionados por derramamento de óleo conforme ilustrado no quadro 1, tem resultado em uma legislação ambiental mais rigorosa como demonstrada no quadro 2, e por esse motivo, na procura de técnicas eficientes no controle e reparo dos danos resultantes. 2000 - Baía de Guanabara/RJ, derramamento de 1,3 milhões de litros de óleo; 2001 - Derramamento causado pelo naufrágio do navio tanque Windy Bay, transportando 35 mil galões de óleo diesel, no Alaska; 2001 - Acidente na plataforma P-7 na Bacia de Campos ocasionou vazamento de 110 mil litros de óleo; 2002 - O navio Prestige de bandeira das Bahamas, partiu-se ao meio. O navio carregava 77 mil toneladas de óleo, e foi avariado a 250 km da costa espanhola; 2003 - Acidente com balsa derrama 20 mil litros de óleo diesel no Rio Pará; 2006 - Um navio carregado com 70 toneladas afunda no Paquistão; 2007 - Uma forte tempestade castigou o Mar Negro, partindo em dois o navio russo "Volganeft-139", que verteu no mar, no Estreito de Kertch, as 2.000 toneladas de óleo; 2007 - Derramamento de 10,5 mil toneladas de petróleo após o acidente entre um cargueiro e um navio petrolífero na Coréia do Sul; 2010 – Uma explosão seguida de um incêndio causaram o afundamento da plataforma Deepwater Horizon, com vazamento de mais de 72 milhões de litros de petróleo no Golfo do México. Quadro 1 : Alguns acidentes envolvendo derramamento de óleo no Brasil e no mundo (Modificado de REIS, 2008). 2 Resolução Conama n° 398/2008- "Dispõe sobre o conteúdo mínimo do plano de emergência individual para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua elaboração."; Resolução Conama n° 393/2007- "Dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural, e dá outras providências"; Resolução Conama n° 269/2000- "Regulamenta o uso de dispersantes químicos em derrames de óleo no mar"; Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000- “dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional” (sendo o valor da multa por descumprimento desta no mínimo de R$ 7.000,00 no máximo R$ 50.000.000,00); Convenção internacional sobre o preparo, resposta e cooperação em caso de poluição por óleo, promulgada pelo Brasil por meio do decreto nº 2.870, de 10 de dezembro de 1998, define como um dos seus compromissos o estabelecimento de um sistema nacional para responder aos incidentes de poluição por óleo, incluindo a preparação do plano nacional de contingência. Quadro 2: Leis e resoluções ambientais. Disponível em: www.mma.gov.br/port/conama/legi.cfm A remediação, ou seja, restauração das condições ambientais a níveis aceitáveis, é uma das maiores preocupações e um dos maiores desafios da comunidade técnico-científica na área petroquímica. A degradação completa de petróleo cru requer a ação simultânea de diferentes grupos microbianos (RAHMAN et al., 2002). O principal fator que limita a biodegradação destes poluentes é a sua limitada disponibilidade aos microorganismos. Hidrocarbonetos geralmente se agregam a componentes do solo, sendo de difícil remoção ou degradação. Compostos tensoativos reduzem as tensões superficial e interfacial através de seu acúmulo na interface de fluidos imiscíveis ou de um fluido e um sólido, aumentando a área de 3 compostos insolúveis, levando ao aumento de sua disponibilidade e subseqüente biodegradação. Estes compostos podem ser produzidos por via química ou bioquímica e são denominados surfactantes, RAHMAN et al. (2003) Em função da presença de grupos hidrofílicos e hidrofóbicos na mesma molécula, os surfactantes tendem a se distribuir nas interfaces entre fases fluidas com diferentes graus de polaridade (óleo/água e água/óleo) (BANAT, 1995). A formação de um filme molecular, ordenado nas interfaces, reduz a tensão interfacial e superficial, sendo responsável pelas propriedades únicas dos surfactantes. Estas propriedades fazem os surfactantes serem adequados para uma ampla gama de aplicações industriais envolvendo: detergência, emulsificação, lubrificação, capacidade espumante, capacidade molhante, solubilização e dispersão de fases. A maior utilização dos surfactantes se concentra na indústria de produtos de limpeza (sabões e detergentes), na indústria de petróleo e na indústria de cosméticos e produtos de higiene. A produção mundial de surfactantes excede 3 milhões de toneladas por ano2, sendo a maioria utilizada como matéria-prima para fabricação de detergentes de uso doméstico (NITSCHKLE e PASTORE, 2002; SINGH et al., 2007). Surfactantes químicos sintéticos vem sendo utilizados pela indústria de petróleo para auxiliar na limpeza de derrames de óleo, bem como para aumentar a recuperação de óleo em reservatórios. Estes compostos não são biodegradáveis e podem ser tóxicos ao meio ambiente, trazendo novos problemas de caráter ambiental as áreas afetadas (BORDOLOI e KONWAR, 2008). Recentemente, devido ao aumento na preocupação com a proteção do ambiente, os biossurfactantes passaram a ser considerados como alternativas ambientalmente corretas comparativamente aos surfactantes sintéticos (SARACHAT, 2010). Ademais, regulamentações ambientais mais severas e uma maior sensibilização para a necessidade de proteger o ecossistema resultaram em um interesse crescente nos biossurfactantes como 4 possíveis alternativas aos surfactantes químicos. Biossurfactantes são compostos anfifílicos de origem microbiana com potencial considerável em aplicações comerciais de diversos setores. Eles têm vantagens sobre os surfactantes químicos na biodegradabilidade, possuem baixa toxicidade e são eficazes a temperaturas e pH extremos (BANAT et al. 2000). Em muitos casos os biossurfactantes têm propriedades de emulsificação equivalentes aos surfactantes químicos. Assim, há um crescente interesse na possível utilização de biossurfactantes na mobilização de petróleo bruto pesado, transporte de petróleo em oleodutos, gestão derramamentos de óleo, controle de poluição de óleo, limpeza de resíduos de hidrocarbonetos provenientes de instalações de armazenamento, biorremediação de solo/areia e recuperação microbiana melhorada de petróleo (MEOR – microbial enhanced oil recovery) (BORDOLOI e KONWAR, 2008). Estes compostos possuem um domínio hidrofílico e outro hidrofóbico. A porção hidrofóbica da molécula baseia-se em ácidos graxos de cadeia longa saturados, insaturados ou hidroxilados. A porção hidrofílica pode ser de carboidratos, aminoácidos, peptídeos cíclicos, fosfato, ácido carboxílico ou álcool (MULLIGAN, 2004). Uma ampla variedade de microorganismos pode produzir estes compostos como pode ser observado na tabela 1 (NITSCHKLE e PASTORE, 2002). Há três principais estratégias adotadas para a utilização de biossurfactantes na recuperação aprimorada de petróleo ou mobilização de óleos pesados: (i) injeção de microrganismos produtores de biossurfactante no reservatório através do poço, com posterior multiplicação dos microrganismos in situ nas rochas reservatórios; (ii) injeção de nutrientes selecionados em um reservatório, estimulando o crescimento de microrganismos endógenos produtores de biossurfactantes; (iii) produção de biossurfactantes ex situ e sua posterior injeção no reservatório (BANAT, 1995). 5 TABELA1: Principais classes de biossurfactantes e sua origem microbiana Tipo de surfactante Microorganismo Glicolipídios: - ramnolipídeos Pseudomonas aeruginosa - soforolipídios Torulopsis bombicola, T. apicola - trehalolipídios Rhodococcus erythropolis, Mycobacterium sp. Lipopeptídios e lipoproteínas - Peptídio-lipídio Bacillus licheniformis - Viscosina Pseudomonas fluorescens - Serrawetina Serratia marcescens - Surfactina Bacillus subtilis - Subtilisina Bacillus subtilis - Gramicidina Bacillus brevis - Polimixina Bacillus polymyxa Ácidos graxos, lipídios neutros e fosfolipídios - Ácidos graxos Corynebacterium lepus - Lipídios neutros Nocardia erythropolis - Fosfolipídios Thiobacillus thiooxidans Surfactantes poliméricos - emulsan Acinetobacter calcoaceticus - biodispersan Acinetobacter calcoaceticus - liposan Candida lipolytica - carboidrato-lipídio-proteína Pseudomonas fluorescens - manana-lipídio-proteína Candida tropicalis Surfactantes particulados - vesículas Acinetobacter calcoaceticus - células Várias bactérias 6 O custo de produção de biossurfactantes é aproximadamente de 3 a 10 vezes maior do que o de surfactantes químicos restringindo bastante sua utilização em larga escala. A sua biossíntese, concentração e purificação compreendem cerca de 60% do custo do produto, devido ao fato do mesmo ser secretado em uma solução diluída (SARACHAT, 2010). Muitas vezes os biossurfactantes são produzidos durante o crescimento dos microorganismos em hidrocarbonetos e/ou fontes de carbono de elevado custo, aumentando assim o custo total do processo. Contudo, a utilização de substratos mais baratos como resíduos (soap stock, glicerina bruta) e/ou substratos solúveis em água (glicose, glicerol e etanol) são alternativas interessantes (KRONEMBERGER, 2007; KRONEMBERGER et al., 2008). Nos últimos dez anos o Laboratório de Biotecnologia Microbiana (LaBiM) vem desenvolvendo, em cooperação com a Petrobras, diversos projetos com o objetivo aumentar a produção de biossurfactante do tipo ramnolipídeo utilizando uma cepa de Pseudomonas aeruginosa isolada de poços de petróleo. Foram desenvolvidas estratégias metabólicas de aumento da produção de ramnolipídeo em detrimento da produção de outros fatores de virulência (SANTOS et al., 2002), estratégias de modo de condução do processo fermentativo como utilização de resíduos industrias, como o glicerol (rejeito da produção de biodiesel) como fonte carbono (SANTA ANNA et al., 2001, 2002), e desenho de novos reatores utilizando contactores de membranas capazes de suplantar o crítico problema operacional de formação de espuma (KRONEMBERGER et al., 2008). Ademais, esta biomolécula apresentou excelentes resultados quando aplicada na biorremediação e lavagem de solos contaminados com derramamento de óleo (SANTA ANNA et al., 2007). Sabra et al. (2002) propôs que P. aeruginosa produz ramnolipídeos para reduzir a taxa de transferência de oxigênio contra o estresse oxidativo, e parece que este mecanismo é ativado pela deficiência de ferro (KIM et al., 2003). Segundo Kronemberger (2007), uma hiperoxigenação resulta em uma queda de biomassa e este fato pode estar relacionado a algum 7 tipo de estresse oxidativo. Deste modo à investigação dos fatores de estresse oxidativo e sua relação com a produção do biosurfactante poderia ser uma estratégia interessante para a otimização do meio de cultivo. Por outro lado, a investigação dos fatores de virulência secretados no meio de cultivo também é uma estratégia a ser considerada, uma vez que, para diminuição do custo de produção do biossurfactante, a aplicação do meio bruto sem prévia purificação pode ser uma alternativa interessante. Neste contexto, o presente trabalho visa investigar os fatores de virulência e os fatores de estresse oxidativo na produção de ramnolipídeos, em biorreator acoplado a um contactor de membranas, que permite o controle da concentração de oxigênio dissolvido no meio de cultura, com vistas à redução da toxicidade do meio de cultivo bruto, para futura aplicação do meio de cultivo bruto livre de células na remediação e/ou biorremediação de solos contaminados por petróleo. 8 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral . O objetivo deste trabalho foi investigar os fatores de virulência secretados e os de estresse oxidativo na cepa Pseudomonas aeruginosa PA1, com vistas à redução da toxicidade do processo fermentativo, em biorreatores com oxigenação controlada, para produção de biossurfactantes do tipo ramnolipídeo. 2.2 Objetivos Específicos Padronizar os protocolos de análise de fatores de virulência secretados e relacionados ao estresse oxidativo como ramnolipídeo, proteases, elastases, lipases, alginato, piocianina e superóxido dismutase, por Pseudomonas aeruginosa em diferentes concentrações de oxigenação. Avaliar o meio bruto contendo biosurfactante em relação aos fatores de virulência. 9 3. Revisão Bibliográfica 3.1 Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria gram-negativa, pertencente à classe gamaproteobactéria e à família Pseudomonadaceae, encapsulada e móvel (HARDALO e EDBERG, 1997). É um patógeno oportunista, podendo ser encontrada em amostras de solo, água e plantas (RAHME et al, 1997). É capaz de provocar infecções locais em pacientes com fibrose cística, câncer, pneumonia, queimaduras e imunodeficientes (HAHN, 1997; WILSON, DOWLING, 2006). As infecções causadas por P. aeruginosa são muito difíceis de serem tratadas porque bactérias gram-negativas formam biofilmes e apresentam alta resistência a antibióticos (NIKAIDO, 1998). Sua patogenicidade está associada a um único grande genoma que contém genes para muitos fatores de virulência e mecanismos regulatórios que permitem sua adaptação a ambientes hostis (KIPNIS et al. 2006). 3.2 Sistema de Quorun sensing A adaptação da bactéria a um novo ambiente e sua capacidade de perceber e reagir a este ambiente são essenciais para sua patogenia. Estas são afetadas por muitas condições ambientais, tais como pH, osmolaridade, disponibilidade de nutrientes e densidade populacional. Quando as bactérias detectam uma alteração no ambiente elas alteram a produção de vários fatores que lhes permitem prosperar nesses novos ambientes. Sistema de Quorun sensing (QS) é o mecanismo que permite que as bactérias modifiquem seu metabolismo de acordo com a densidade da população bacteriana ao redor e coordenadamente responder a essas informações pela co-regulação de vários genes (SMITH e IGLEWSKI, 10 2003). QS é um sistema de regulação genética presente em diversas bactérias, onde é responsável por regular virulência, produção de metabólitos secundários, simbiose, formação de biofilme, bem como indução de respostas da fase estacionária e mobilidade. A sinalização celular não só ocorre em altas densidades celulares, pois o termo está agora sendo aplicado para descrever qualquer comunicação intercelular bacteriana que envolva pequenas moléculas sinalizadoras (WINTERS et al., 2001). P. aeruginosa possui dois sistemas distintos que interagem, las e rhl, caracterizando o QS. Estes sistemas são hierarquicamente arranjados, sendo que o sistema las controla o sistema rhl conforme demonstrado na Figura 1 (LATIFI et al., 1996). Com o aumento da população bacteriana, as moléculas sinais autoindutoras produzidas pela Pseudomonas aeruginosa, N-(3-oxododecanoil) homoserina lactona (3O-C12-HSL) e N-butiril homoserina lactona (C4-HSL), se acumulam, e assim que um limiar de concentração intracelular é obtido essas moléculas se ligam a seus reguladores transcricionais e os ativam. Ambos os sistemas las e rhl foram encontrados como reguladores na produção de múltiplos fatores de virulência (SMITH e IGLEWSKI, 2003). Em adição a lasA, lasB e rhlAB, genes da protease alcalina (aprA), exotoxina A (toxA), piocianina, pioverdina, ácido cianídrico, lipase, rpoS, alginato, secreção de proteínas, catalases, ramnolipídeo, lectinas, homoserina lactonas aciladas e superóxido desmutase (katA, sodA e sodB), todos são controlados por quorun sensing (SMITH, IGLEWSKI, 2003; RUMBAUGH, GRISWOLD, HAMOOD, 2000). No sistema las, a enzima LasI produz a molécula sinal 3O-C12-HSL, que complexa com LasR para ativar um número de genes virulentos, incluindo lasB, lasA, apr, toxA e o próprio lasI. A enzima RhlI catalisa a síntese da molécula sinal C4-HSL, que em conjunto com RhlR ativa a expressão do rhlAB , gene da síntese do ramnolipídeo, rhlI e lasB. Outros fatores de virulência e metabólitos secundários, 11 incluindo piocianina, ácido cianídrico são positivamente regulados pelo sistema rhl.(WHITELEY et al. 1999). Figura 1- Sistema de quorum sensing em Pseudomonas aeruginosa e sua regulação gênica de rhlA e rhlB. Os triângulos correspondem ao autoindutor 3OC12-HSL, e os losangos correspondem ao autoindutor C4-HSL, que, ao atingirem um limiar de concentração intracelular, se ligam aos seus reguladores transcricionais, LasR e RhlR respectivamente, e os ativam. As regiões em azul correspondem aos promotores dos respectivos genes e as setas direcionadas a essas regiões indicam a ativação gênica (REIS, 2008). 3.3 Virulência Segundo Ryan e colaboradores (2004) muitas propriedades são necessárias para que uma célula bacteriana obtenha acesso a um hospedeiro, invada seu sistema imunológico e estabeleça uma infecção. Elas incluem: Adesão e penetração as superfícies da célula hospedeira 12 Evasão à fagocitose e ataque ao sistema imunológico Secreção de proteínas tóxicas para enfraquecimento do hospedeiro e promover a ação do agente patogênico Aquisição de nutrientes, incluindo ferro, para permitir seu crescimento dentro do hospedeiro. Sobrevivência tanto dentro como fora do hospedeiro. 3.4 Fatores de virulência de superfície 3.4.1 Flagelos São estruturas protéicas complexas formando um apêndice filamentoso polar na superfície da P. aeruginosa que permitem o movimento chamado de “swimming”. Tem um papel patogênico importante na aderência à células epiteliais, ligando-se a membrana (FELDMAN et al., 1998). 3.4.2 Pili São filamentos pequenos, encontrados na superfície da bactéria. O pili da Pseudomonas aeruginosa está envolvido em sua motilidade. O movimento chamado “twiching” é responsável pelas propriedades retráteis permitindo que a bactéria se espalhe ao longo de superfícies hidratadas, ao invés de usar o movimento “swim”. O pili é crucial na fase de adesão na colonização de células epiteliais (KIPNIS et al., 2006). 13 3.4.3 Lipopolissacarídeo A face externa da membrana externa é composta por lipopolissacarídeo (LPS), que é extremamente tóxica a humanos e outros animais, e é chamada de endotoxina. Mesmo em quantidades mínimas, o montante liberado durante uma infecção por bactérias gram-negativas pode causar febre. LPS é composta por lipídeo A (um fosfolipídio tóxico composto por glicosamina), o core polissacarídeo (que contém resíduos de carboidratos) e a cadeia lateral de polissacarídeo, chamada de antígeno O. Moléculas hidrofóbicas como os antibióticos podem ser bloqueados pelo antígeno O. Como o flagelo e o pili, LPS também se adere à membrana (RYAN e RAY, 2004; KIPNIS et al., 2006). 3.4.4 Alginato É um polissacarídeo extracelular composto de polímeros repetidos de ácido manurônico e glucurônico. Protege a bactéria de antibióticos, da fagocitose e aumenta a resistência da bactéria ao sistema imune do hospedeiro. Participa no processo de formação do biofilme (GACESA, 1998; KIPNIS et al., 2006). A formação de alginato representa um importante mecanismo contra o estresse oxidativo. (SABRA et al., 2002). 3.5 Sistema de secreção de proteínas A secreção de toxinas e outras proteínas contribui bastante para a virulência da bactéria, Esta secreção ocorre por diversas vias e algumas utilizam componentes de GSP (mecanismo geral de secreção, do inglês General Secretion Pathway). Nas espécies gramnegativas, a secreção deve deslocar a proteína através de duas membranas: a membrana 14 citoplasmática e a membrana externa. Foram descobertas cinco vias em diferentes patógenos gram-negativos que exportam proteínas para o ambiente (RYAN e RAY, 2004). Pseudomonas aeruginosa possui um grande arsenal de fatores de virulência que para serem secretados dependem de sistemas especializados de exportação, incluindo os sistemas de secreção do tipo I, II, III, V e o tipo VI, que foi recentemente descoberto (ENGEL e BALACHANDRAN, 2009). Os sistemas II e V utilizam o sistema de secreção Sec ou Tat conforme descrito a seguir (SAIER, 2006). 3.5.1 O sistema Sec O sistema Sec (general secretory pathway), ou via secretora geral, exporta as proteínas através da membrana citoplasmática. Nas bactérias este sistema inclui várias proteínas conservadas entre diversas espécies (SecY, SecE, SecG, YidC, FtsY e Ffh) e proteínas adicionais encontradas apenas em alguns organismos (SecA, SecB, SecD, SecF e YajC). A transferência através da membrana interna envolve o reconhecimento da pré-proteína, que ainda não está na conformação final, pela SecB (que é uma proteína chaperona ATPindependente) e uma posterior associação com a proteína SecA (que é uma ATPase) que impulsiona a exportação da cadeia do polipeptídeo substrato através do canal condutor SecYEG (formado pelas proteínas SecY, SecE e SecG), formando o que chamamos de translocase. A proteína passa para o espaço periplasmático através da translocase (MA et al, 2003). Conforme ilustrado na Figura 2, a exportação da proteína pelo sistema Sec ocorre em 3 fases: na fase 1 a proteína pré-secretada (linha laranja) com peptídeo sinal amino terminal (retângulo laranja) se liga a translocase pelo signal recognition particle, (SRP: azul) ou pela chaperona SecB (lilás) e é enviada para a translocase SecYEG ou para SecYEG complexada 15 com a SecA (caso a pré-proteína tenha seqüências hidrofílicas). FtsY (lilás) e SecA atuam como receptores para a SRP e SecB, respectivamente. Na fase 2 a pré-proteína é translocada pelo canal SecYEG ,integra-se à bicamada lipídica e perde o peptídeo sinal pela peptidase seguindo para fase 3 onde é translocada para o espaço periplasmático (PAPANIKOU et al., 2007). Figura 2: Sistema Sec de secreção. A exportação da proteína ocorre em 3 fases; na fase 1, a proteína pré-secretada (laranja) com peptídeo sinal amino-terminal (retângulo laranja) se liga à translocase pelo sinal de reconhecimento (SRP) ou pela chaperona SecB (lilás), sendo enviada à translocase SecYEG ou à translocase SecYEG complexada com a SecA. As proteínas FtsS e SecA atuam como receptoras do SRP e da SecB. Na fase 2, a pré-proteína está sendo translocada pelo canal SecYEG e se integra a bicamada lipídica, perdendo o peptídeo sinal e na fase 3 ela segue para o espaço periplasmático (PAPANIKOU et al.,2007) 3.5.2 O sistema Tat A via Tat (twin-arginine translocator) opera em paralelo ao sistema Sec na exportação de proteínas periplasmáticas. Em uma bactéria, a via Tat é distinta do sistema Sec em termos da sua notável capacidade de transporte de enzimas enoveladas, utilizando apenas gradiente de prótons como fonte de energia. O sistema Tat se encontra na membrana citoplasmática da 16 maioria das bactérias e consiste em três proteínas integrais de membrana: TatA, TatB e TatC (CLINE e MCCAFFERY, 2007). O peptídeo sinal das proteínas Tat-dependentes se assemelham ao peptídeo sinal das proteínas Sec-dependentes considerando suas estruturas globais, mas possuem um motivo de argininas geminadas na região positivamente carregada. A maioria das proteínas Tat-dependentes conhecidas possuem fatores redox, e são componentes de várias cadeias respiratórias que ajudam no crescimento anaeróbico da bactéria. Em Pseudomonas aeruginosa, o sistema Tat é usado na secreção de pelo menos duas fosfolipases C (VOULHOUX et al., 2001; BUCK, et al., 2008). Um esquema do sistema Tat de secreção pode ser visto na Figura 3: (a) quando não existem substratos presentes à proteína TatA (verde) e o complexo TatBC (amarelo e vermelho) estão presentes, mas separados na membrana interna (IM), (b) o ciclo Tattransporte começa quando o motivo de argininas geminadas do peptídeo sinal do substrato Tat é reconhecido pelas TatB e TatC, (c) o complexo TatA se associa ao complexo substrato TatBC, sendo dependente de uma força motriz de prótons, (d) o substrato é translocado do citoplasma (CP) para o periplasma (PP) pelo canal formado pela proteína TatA, (e) os dois complexos se dissociam novamente (BUCK et al., 2008). 17 Figura 3: Sistema Tat de secreção. (BUCK et al., 2008). 3.5.3 Sistemas Sec-dependentes 3.5.3.1 Sistema de secreção tipo II O sistema de secreção do tipo II é um sistema Sec-dependente e ocorre em duas etapas. A primeira etapa corresponde na passagem da proteína para fora da membrana interna pela vias Sec ou Tat, enquanto que a segunda etapa consiste em um período extremamente curto, onde a proteína é transportada do periplasma para fora da membrana externa como ilustrado na Figura 4 (CIANCIOTTO, 2005). Na primeira etapa, a proteína a ser secretada é produzida com um peptídeo sinal N-terminal, o que permite a sua translocação Secdependente através da membrana citoplasmática. Isto é seguido pela remoção do peptídeo sinal, enovelamento e liberação das proteínas maduras no espaço periplasmático. Neste compartimento, pode sofrer modificações como formação de ligação dissulfeto, antes de 18 serem translocadas através da membrana externa pela máquina Xcp ou secreton. Este aparato composto de 12 a 16 proteínas é extremamente específico, podendo distinguir as proteínas a serem excretadas das proteínas periplasmáticas residentes (SANDKVIST, 2001; DESVAUX et al., 2004). Figura 4: Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo II (RYAN e RAY, 2004). Dentre as proteínas secretadas por este sistema estão a elastase, a lipase, a fosfolipase C e a Exotoxina A (KIPNIS et al., 2006). 3.5.3.2 Sistema de secreção tipo V O sistema de secreção do tipo V ocorre em duas etapas e é Sec dependente, sendo considerado o sistema mais simples de secreção (RYAN e RAY, 2004). Neste sistema estão incluídas as famílias de proteínas que são secretadas pelo sistema de autotransporte (tipo Va ou AT-1), o sistema de secreção de dois componentes (tipo Vb) e o sistema tipo Vc. As proteínas secretadas por essas vias apresentam semelhanças em suas estruturas primárias. Na Figura 5 é possível ver um esquema do sistema de secreção do tipo V. 19 Figura 5: Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo V. No sistema de secreção do tipo Va, as proteínas são chamadas de autotransportadoras por não necessitarem de acoplamentos de energia, nem de proteínas acessório. Após a passagem para o periplasma pelo sistema Sec, o domínio β localizado na extremidade C-terminal adota uma estrutura em forma de barril, facilitando a passagem da molécula efetora pela membrana externa. No sistema do tipo Vb o peptídeo sinal orienta a passagem através da membrana interna. Após passar para o periplasma, o domínio de passagem se insere na membrana externa, formando a estrutura β-barril. Uma vez na superfície, o domínio de passagem pode sofrer um processo proteolítico para atingir sua função fisiológica. O sistema do tipo Vc é um sistema alternativo ao tipo Va, onde ocorre a formação de vários barris (HENDERSON et al., 2004). a) Tipo Va As proteínas secretadas por este sistema são chamadas de autotransportadoras por não necessitar de acoplamentos de energia nem de proteínas acessório para sua translocação. 20 Possuem os seguintes domínios: a sequência sinal (ou peptídeo sinal), o domínio de passagem (ou domínio α) e a unidade de translocação que é dividida em duas regiões: uma região curta de ligação α-helicoidal e um domínio β. A sequência sinal está presente na extremidade Nterminal da proteína e permite a sua ligação com a membrana interna para sua posterior passagem para o periplasma. O domínio β, localizado na extremidade C-terminal adota uma estrutura em forma de barril quando embebido na membrana externa, facilitando a translocação do domínio de passagem a pela membrana externa. O domínio de passagem corresponde à molécula efetora, uma vez que executa a função extracelular da proteína. Os domínios de passagem são muito diferentes em sequência e função, mas tem sido relacionados à virulência bacteriana. Eles podem apresentar atividade enzimática (proteases, peptidases, esterases e lipases), mediar a motilidade bacteriana, ou agir como adesinas, toxinas, citotoxinas ou ainda permitir a maturação de uma outra proteína de virulência. (DESVAUX et al, 2004; HENDERSON et al, 2004). b) Tipo Vb No sistema de secreção de dois componentes ou TPS (Two-partner secretion), como no sistema Va, o domínio de passagem possui uma sequência sinal que orienta a translocação através da membrana interna. Após a exportação para o periplasma, o domínio de passagem se insere no poro da membrana externa formado pela estrutura β-barril. Uma vez na superfície da bactéria, o domínio de passagem pode sofrer um processo proteolítico para atingir sua função fisiológica. Contudo, em contraste com a via autotransportadora, onde a proteína é produzida como um polipeptídeo único, o domínio de passagem (também chamado de exoproteína) e o domínio que forma os poros são chamados respectivamente de TpsA eTpsB. (JACOB-DUBUISSON et al., 2001). 21 c) Tipo Vc Este tipo de sistema de secreção tem sido proposto como um sistema alternativo ao sistema autotransportador, devido à secreção de proteínas terciárias autotransportadoras de forma diferente do sistema Va. A família das adesinas oligoméricas tem sido descrita como subfamília de autotransportadoras oligoméricas de ligação de superfície. A proteína YadA de Y. pestis é a adesina prototípica deste sistema. (HENDERSON et al, 2004). Dentre as proteínas autotransportadoras em Pseudomonas aeruginosa está a esterase EstA (WILHELM et al, 2007). 3.5.4 Sistemas Sec-independentes Em contraste com os sistemas de secreção dos tipos II e V, os sistemas do tipo I, III, VI exportam proteínas através das membranas internas e externas por um processo contínuo sem a necessidade de um sistema acessório (HUECK, 1998). 3.5.4.1 Sistema de secreção tipo I O sistema de secreção do tipo I consiste de três proteínas que formam o canal transmembrana, através do qual a proteína secretada se move, sendo transportada por uma das proteínas, uma transportadora ABC (ATP- binding cassete). Em apenas uma etapa, a proteína secretada que apresenta um sinal clássico de secreção, passa do citosol para o meio externo, sem necessitar de um intermediário citoplasmático (Figura 6). Segundo Guzzo e colaboradores (1991), a protease alcalina é secretada por esse sistema. A AprA exibe um sinal de secreção C-terminal bem característico, localizado nos últimos 60 aminoácidos (DUONG 22 et al, 1996). As três proteínas da membrana necessárias para a secreção são AprD (proteína transportadora ABC), AprE (proteína de fusão de membrana) e AprF ( proteína de membrana externa). (DUONG et al., 2001). Figura 6: Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo I, a proteína secretada passa para o meio externo sendo transportada pela ABC transportadora (RYAN e RAY, 2004). 3.5.4.2 Sistema de secreção tipo III O sistema de secreção do tipo III, o qual é responsável pela secreção de muitos fatores de virulência na espécie Pseudomonas, é formado por aproximadamente 20 proteínas. Estas proteínas associam-se em uma estrutura supramolecular que lembra uma seringa com uma agulha denominada injectissoma (CORNELIS, 2006). Este sistema é dependente de contato, onde a secreção das proteínas virulentas (ou efetores) é ativada pelo contato entre célula bacteriana e a célula hospedeira, resultando na injeção direta da proteína secretada no citoplasma da célula eucariótica (Figura 7). O sistema de secreção do tipo III consiste em três complexos de proteínas distintos, mas que operam coordenadamente: o aparato de secreção, o aparato de translocação, efetores e chaperonas. É um sistema Sec-independente, formando um canal de translocação dos efetores bacterianos para a célula. Apenas quatro moléculas efetoras foram identificadas em Pseudomonas aeruginosa: ExoU, ExoS, ExoT e ExoY. ExoS é uma 23 toxina bifuncional com dois domínios ativos, um domínio C-terminal ADP- ribosiltransferase, cuja atividade depende de um cofator da célula eucariótica, e um domínio N- terminal GTPase ativador de proteína (GAP). Sua patogenicidade é atribuída a atividade da ADPribosiltransferase, levando ao estabelecimento da infecção e danos ao tecido (FU et al.,1993). ExoT é similar a ExoS, com atividades ADP- ribosiltransferase e GAP, porém é considerada uma citotoxina minoritária, não sendo considerada como responsável a patogenicidade da Pseudomonas aeruginosa (KIPNIS et al.,2006). ExoY é uma adenilato ciclase injetada diretamente no citosol do hospedeiro, Sua toxicidade ainda é incerta, embora seja tóxica quando expressa em leveduras (ENGEL e BALACHANDRAN, 2009). ExoU é uma potente fosfolipase sendo considerada a principal citotoxina secretada pelo sistema de secreção do tipo III, podendo matar rapidamente os macrófagos, células epiteliais e fibroblastos (JAIN t al., 2008). Efetores adicionais deverão ser revelados à medida que novas cepas são seqüenciadas e posteriormente analizadas. ExoT e ExoY são codificadas por quase todas as cepas, embora nem todas produzam ExoY funcional, devido a mutações. ExoS e ExoU são genes variavelmente codificados e quase nunca são encontrados na mesma cepa (ENGEL e BALACHANDRAN, 2009). 24 Figura 7: Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo III (RYAN e RAY, 2004). 3.5.4.3 Sistema de secreção tipo VI Este sistema foi inicialmente descrito por Pukatzki et al. (2006), que usando Dictyostellium discoideum como modelo de hospedeiro identificou um mecanismo de virulência em V. cholerae que envolvia a translocação de proteínas extracelulares que não possuíam uma seqüência líder na região N-terminal hidrofóbica. Estes genes foram nomeados de VAS (virulence associated secreton) e foram propostos como sendo os codificadores do sistema de secreção do tipo VI. A função do sistema de secreção do tipo VI seria mediar a exportação extracelular de fatores de virulência e translocá-los para células eucarióticas. O sistema do tipo VI é um sistema dependente de energia, e usa uma ATPase hexamérica da família AAA+, ClpV. As proteínas Hcp (hemolisina A co-regulada) estudadas em V. cholerae e confirmadas em P. aeruginosa não possuem um peptídeo sinal canônico, indicando que elas não são secretadas por um sistema Sec ou Tat dependentes, e provavelmente atravessam o envelope celular bacteriano de uma só vez (PUKATZKI et al 25 2006, MOUGOUS et al 2006). A proteína VgrG de V. cholerae pode formar um dispositivo similar a cauda de um bacteriófago. Este dispositivo pode ser usado para perfurar o envelope bacteriano e ainda a membrana da célula hospedeira para o transporte de efetores. Já as proteínas Hcp formam anéis hexaméricos, que formam um duto extracelular que envolve o tubo formado pelas proteínas VgrG. Conforme ilustrado na figura 8, a ATPase ClpV (laranja) ajuda a transportar Hcp (amarelo) e VgrG (verde escuro) através do envelope celular. A Lip (rosa) é uma lipoproteína putativa de membrana externa, sendo improvável que esta forme um poro na membrana uma vez que está ancorada na mesma por modificação lipídica. As proteínas IcmF (azul) e DotU (vermelho) são proteínas de membrana interna. O nível de fosforilação da proteína Fha (marrom) é que regula a atividade do sistema (FILLOUX et al., 2008). 26 Figura 8: Esquema de transporte do sistema de secreção do tipo VI, C-citoplasma bacteriano, IM- membrana interna bacteriana, P-periplasma bacteriano, OM- membrana externa bacteriana, ECM- meio extracelular e PM- membrana do hospedeiro. (FILLOUX et al. , 2008). 3.6 Fatores de virulência secretados 3.6.1 Piocianina A piocianina (1-hidróxi-5-metil-fenazina) (Figura 9), em modelos animais de infecção pulmonar aguda e crônica, mostrou-se essencial para a virulência da Pseudomonas aeruginosa. Por ser um zwitterion pode penetrar facilmente nas membranas biológicas. Na maioria dos casos, a citotoxicidade da piocianina tem sido fortemente ligada ao seu potencial ciclo redox podendo aceitar elétrons diretamente dos agentes redutores celulares NADH ou 27 NADPH. Sob condições aeróbias, ela transfere os elétrons para o O2 levando a um aumento do estresse oxidativo dos sistemas celulares pela geração de espécies reativas de oxigênio como radical superóxido (O2.-) e peróxido de hidrogênio (H2O2) (O’MALLEY et al, 2004; (LIU e NIZET, 2009 ). Piocianina H - - O O N + - H+ N + + H+ CH3 Vermelho pKa=4.9 N + N CH3 Azul Figura 9: Estrutura da piocianina em dois estados: em pH perto do neutro ou alcalino o pigmento existe na forma de zwitterion e possui a coloração azul, enquanto que em pH ácido sua coloração é vermelha. A maioria das células possui vários mecanismos essenciais para limitar sua exposição a espécies reativas de oxigênio. Um dos principais componentes da defesa antioxidante é o composto tiol glutationa. Quando as células são expostas a espécies oxidantes como H2O2, a glutationa reduzida (GSH) é oxidada a sua forma dimerizada, (GSSG) pela ação da enzima glutationa peroxidase. GSSG é reduzida novamente a GSH pela ação da glutationa redutase (Figura 10). Esse ciclo da GSH é um importante mecanismo de limitar a exposição celular aos efeitos citotóxicos do H2O2. O consumo e a perda de GSH é conseqüência da exposição celular a agentes oxidantes e contribui para lesão celular. (O’MALLEY et al, 2004). 28 Piocianina NAD(P)+ NAD(P)H 2O2 .- 2H+ H2O2 2O2 + O2 GPx 2GSH GSSG NADP+ NADPH GSH redutase Figura 10: Formação de O2.- e H2O2 pela reação do NAD(P)H com a piocianina e a interação subseqüente do H2O2 com GSH. GPx, glutationa peroxidase. Este pigmento possui atividade antibiótica contra uma grande variedade de microorganismos, o que beneficia a P. aeruginosa na eliminação de microrganismos competidores, inibindo a fagocitose e induzindo a apoptose do hospedeiro. Além disso, também participa na redução do ferro e funciona como um tampão redox intracelular. Recentemente a piocianina mostrou ter função de sinalização, sendo responsável pela regulação de genes específicos, Omo genes envolvidos na aquisição de Fe+3(PRICEWHELAN et al, 2006; PRICE-WHELAN et al, 2007; KIPNIS et al., 2006; RESKA et al. , 2006). A síntese da piocianina é regulada por quorum sensing. As moléculas sinais N-(3oxododecanoil) homoserina lactona e N-butiril homoserina lactona são sintetizadas pelos genes lasI e rhlI respectivamente. A uma alta densidade celular, o ativador transcricional LasR se liga a N-butiril homoserina lactona (C4-HSL) para ativar a transcrição de genes de virulência, alguns deles envolvidos na produção da piocianina (Figura 11) (LAU t al., 2004). 29 Quinolones LasR-LasI RhlR-Rhll PAI-1 + PAI-2 + phzA1B1C1D1E1F1G1 e phzA2B2C2D2E2F2G2 Chorismic acid Phenazine-1-carboxylic acid S-adenosyl-Lmethionine PhzM S-adenosyl-Lhomocysteine 5-methylphenazine-1-carboxylic acid betaine NADH + O2 NAD+ + H2O Pyocyanin Figura 11: Rota biossintética da piocianina. (LAU t al., 2004) 30 3.6.2 Proteases Várias proteases de P. aeruginosa que tem sido isoladas mostraram estar envolvidas em sua patogênese. Grande parte do dano tecidual causado por infecções por P. aeruginosa pode ser atribuído a zinco-dependente metaloendopeptidase LasB (elastase), LasA e proteases alcalinas. Embora o nome sugira especificidade à elastina, a LasB pode degradar uma gama de substratos como fibrinogênio, colágeno, lamimina, transferrina e imunoglobinas. Esta protease é uma das mais bem caracterizadas, sendo secretada pelo sistema de secreção do tipo II. A LasA é ativa contra uma pequena gama de substratos e potencializa a ação da LasB. Semelhante a LasB, a protease alcalina demonstra ampla especificidade a fibrina, fibrinogênio, lamimina e é secretada pelo sistema de secreção do tipo I. (MARQUART et al, 2005; KIPNIS et al., 2006). 3.6.3 Lipases Lipases, triacilglicerol hidrolases, são um importante grupo de enzimas biotecnologicamente relevantes que possuem muitas aplicações nas indústrias de alimentos, de detergentes e farmacêuticas. Lipases são em geral produzidas a partir de microorganismos e, especificamente as lipases bacterianas desempenham um papel vital em empreendimentos comerciais (GUPTA et al., 2004). Lipases também são definidas como glicerol éster hidrolases que catalisam a hidrólise de triglicerídeos a ácidos graxos livres e glicerol. Estas enzimas podem catalisar reações de esterificação, interesterificação, acidólise e alcoólise. Novas aplicações biotecnológicas tem sido estabelecidas com sucesso usando lipases para a síntese de biopolímeros e biodiesel, na produção de fármacos enantiopuros e compostos agroquímicos (HASAN et al., 2009). 31 Pseudomonas aeruginosa é capaz de infectar pacientes imunocomprometidos. Este patógeno possui um sistema lipolítico extracelular complexo, com pelo menos duas fosfolipases C, uma esterase ligada a membrana externa e uma lipase. Konig et al. (1996) descobriram que a ação combinada das enzimas lipase e fosfolipase levam a um aumento das substâncias reativas ácido 12-hidroxieicosatetranoico das plaquetas humanas e leucotrieno B4 dos neutrófilos. Essas reações podem levar a distúrbios de respostas imunes, que poderia iniciar dano tecidual e estimular processos inflamatórios (STEHR et al.,2003). A lipase produzida por Pseudomonas aeruginosa é secretada pela via de secreção do tipo II (LIEBETON et al., 2000). 3.6.4 Hemólise O poder hemolítico é um fator de virulência para muitas bactérias patogênicas. Pode ser relacionado a vários fatores: toxinas formadoras de poros, citolisinas dependentes de tiol, fosfolipases, biossurfactantes, componentes do sistema de secreção do tipo III, ou pela ação concomitante destas moléculas (ROWE e WELCH, 1994). 3.6.5 Ramnolipídeo Em condições ambientais específicas, Pseudomonas aeruginosa produz biossurfactante do tipo glicolipídeo contendo ramnose. A produção de ramnolipídeos pela bactéria foi relatada pela primeira vez por Jarvis et al. (1949). Em cultura líquida, P.aeruginosa produz, principalmente, hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato duas formas de (monoramnolipídeo) ramnolipídeo: e ramnosil-β- ramnosil-ramnosil-β- hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato (diramnolipídeo) (Figura 12) (RENDELL et al., 1990). 32 A biossíntese dessas moléculas tenso-ativas ocorre através de duas reações seqüenciais de transferência de grupamento ramnosil, catalisada pelo complexo enzimático ramnosiltransferase I (RhlA/RhlB) (BURGER et al., 1963) e ramnosiltransferase II (RhlC) (Rahim et al., 2001), respectivamente, tendo a molécula de deoxi-timidina-difosfatoLramnose (dTDP-L-ramnose) como doadora do ramnosil em ambas as reações e a molécula de β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato ou ramnosil-β-hidroxidecanoil-β-hidroxidecanoato atuando como os respectivos receptores (BURGER, 1966). A figura 13 ilustra a via biossintética destas moléculas, (SOBERÓN-CHAVÉZ et al., 2005). Figura 12: Estrutura dos ramnolipídeos (SOBERÓN-CHÁVEZ et al., 2005) P. aeruginosa pode produzir ramnolipídios a partir de uma grande variedade de substratos incluindo alcanos C11 e C12, succinato, piruvato, citrato, frutose, glicerol, óleo de oliva, glicose e manitol. A composição e os rendimentos dependem do tipo de fermentador, pH, composição de nutrientes, substrato e temperatura (MULLIGAN, 2009). 33 D-glucose-6-phosphate FATTY ACID BIOSYNTHESIS AlgC D-glucose-1-phosphate ß-Ketodecanoylester RmlA NADPH dTDP-D-glucose RhlA NADP+ LPS ß-Hydroxydecanoyl-ACP RmlB CoA dTDP-4-keto-6deoxy-L-mannose ACP ß-Hydroxydecanoyl-S-CoA NADPH RmlD NADP+ OH PhaC O CH3 OH OH O O O P O P O Timidine OO- HO + H C H C C O C C CO-S-CoA H H (CH2)62 O (CH2)62 CH3 CH3 ß-Hydroxydecanoyl-B-hydroxydecanoyl-S-CoA dTDP-L-rhamnose RhlAB TDP O LPS OH O CH3 O H C C C H2 (CH2)6 O CH3 OH OH H C C COOH H2 (CH2)6 CH3 L-Rhamnosyl-ß-hydroxydecanoyl-ß-hydro xydecanoate TDP-L-rha RhlC TDP O OH O CH3 OH O OH O CH3 O H C C C H2 (CH2)6 CH3 O H C C COOH H2 (CH2)6 CH3 L-RhamnosylL-Rhamnosyl-ßhydroxydecanoyl-ß-hydroxydecanoate OH OH Figura 13: Via metabólica de biossíntese de ramnolipídeo (SOBERÓN-CHÁVEZ et al.,2005; ZHU e ROCK, 2008) 34 3.6.6 DNA extracelular O patógeno oportunista P. aeruginosa tornou-se um organismo modelo na pesquisa de biofilmes. É possível portanto, que a liberação do DNA, em alguns casos, permita a troca de material genético para dar lugar e induzir a formação da estrutura do biofilme e sua estabilização. A relativamente longa duração da proximidade física de bactérias em biofilmes permite que as células constituintes estabeleçam relacionamentos de longo prazo uns com os outros, e biofilmes parecem ser ambientes ideais para que transferência de genes ocorra através do processo de transformação (ALLESEN-HOLM et al, 2006). 3.7 Estresse oxidativo O estresse oxidativo é caracterizado quando a concentração de pró-oxidantes gerados por fatores de origem endógena e/ou exógena supera as defesas antioxidantes das células. A oxidação é parte fundamental da vida aeróbica, e assim os radicais livres são produzidos naturalmente. Radicais livre, cujo elétron desemparelhado encontra-se centrado no átomo de oxigênio são denominados espécies reativas de oxigênio (EROs). As EROs tem sido caracterizadas como causadoras de danos no DNA, RNA, proteínas e lipídeos. Estas moléculas são produzidas como um subproduto inevitável do metabolismo aeróbico normal, e sua produção é ainda exacerbada pela exposição a certos ambientes (BARREIROS et al., 2006; KOGOMA et al.,1991). 35 3.7.1 Espécies reativas de oxigênio (EROs) As principais EROs distribuem-se em dois grandes grupos, os radicalares: hidroxila (HO.), superóxido (O2.-), peroxila (ROO.) e alcoxila (RO.); e os não radicalares: oxigênio singlete (O2), peróxido de hidrogênio (H2O2), ácido hipocloroso (HOCl) e ozônio (O3). Algumas destas espécies estão relacionadas na Tabela 2 (BARREIROS e DAVID, 2006). Tabela 2: Caracterização de algumas das principais EROs formadas in vivo (RIBEIRO et al, 2005) Intermediário Comentário Sítio de formação (O2.-) Formado a partir da redução Reações de autoxidação envolvendo parcial do oxigênio molecular flavoproteínas e ciclos redox por 1 elétron H2O2 Formado a partir da redução Vias catalisadas por oxidases e pela parcial do oxigênio molecular superóxido dismutase por 2 elétrons OH. Formado a partir da redução Locais adjacentes à formação de ânion parcial do oxigênio molecular superóxido/peróxido de hidrogênio na por 3 elétrons e nas reações de presença de metais, principalmente Fe2+ ; Fenton e Haber-Weiss, produto da reação de óxido nítrico com o catalisada por metais RO. Radical orgânico centrado no Intermediário na peroxidação de lipídeos oxigênio . ROO Formado de membrana a partir hidroperóxidos orgânicos 1 radical superóxido Δg O2 de Intermediário na peroxidação de lipídeos de membrana Primeiro estado excitado do Sem sítios metabólicos definidos oxigênio molecular Segundo a teoria do orbital molecular, a molécula do oxigênio diatômico (O2= oxigênio molecular ou tripleto), em seu estado fundamental (Figura 14a), possui dois elétrons 36 desemparelhados no orbital antiligante π*. Nota-se que os dois elétrons apresentam spins paralelos e este fato restringe a reatividade da molécula, porque quando a mesma tenta oxidar outro átomo ou molécula, os elétrons que serão aceitos pelo oxigênio devem também ter spins paralelos para permanecerem nos orbitais vazios. Entretanto é possível eliminar a restrição de spin da molécula de oxigênio movendo um dos elétrons desemparelhados, o qual sofre uma inversão de spin, e assim os dois elétrons passam a emparelhar-se (Figura 14b). Isto requer energia e forma o oxigênio singlete. Existem duas formas do oxigênio singlete: uma com os dois elétrons em orbitais diferentes (Figura 14d) e outra, na qual os dois elétrons ocupam o mesmo orbital (Figura 14b). A primeira forma, (1∑gO2), é considerada muito instável e antes de reagir com outras moléculas ela se converte no estado (1Δg O2) (Figura 14b), o qual é mais estável (RIBEIRO et al, 2005). Como conseqüência, a reatividade do oxigênio com biomoléculas é restrita por spin. A reatividade do oxigênio aumenta pela adição de um, dois ou três elétrons para formar, respectivamente o radical superóxido (O2.-) (Figura 14c), peróxido de hidrogênio (H2O2) e radical hidroxila (HO.) ou quando ocorre a inversão de spin para formar o oxigênio singlete (1∑gO2). Em condições ácidas, O2- pode ser protonado para formar o radical peridroxila (HOO.) (Figura 15) (KOGOMA, e FARR, 1991). 37 Figura 14: Estados do O2 segundo a teoria do orbital molecular (RIBEIRO et al, 2005) eO2 e-, H+ e-, 2H+ O 2- H2O2 . OH e-, H+ H2O (pKa4,8) HOO. Figura 15: Formação das EROs a partir do oxigênio (KOGOMA, e FARR, 1991). Quanto ao potencial de reatividade das EROs no meio biológico, o radical hidroxila é o mais reativo, podendo oxidar qualquer biomolécula presente em células vivas. O peróxido de hidrogênio é mais estável que o radical hidroxila e pouco reativo, porém pode atravessar membranas com facilidade. O oxigênio singlete pode reagir com lipídeos de membrana, proteínas, aminoácidos, ácidos nucléicos, carboidratos e tióis (RIBEIRO et al, 2005; BAYIR, 38 2005). A caracterização de algumas das principais EROs formadas in vivo pode ser vista na tabela 2. 3.7.2 Superóxido dismutase (Sod) Durante a respiração aeróbia o desvio de corrente de elétrons da cadeia de transporte de elétrons pode levar a produção de O2.-. A produção deste radical é contida pelas enzimas superóxido dismutases (Sod) que catalisam a dismutação de dois radicais superóxidos em oxigênio molecular e peróxido de hidrogênio (Figura 16) (HASSETT et al., 1995). .- SOD + O2 + H2O2 2O2 + 2H Figura 16: Reação de dismutação catalisada pelas enzimas superóxido dismutases (BAYIR, 2005). O radical superóxido é gerado em organismos aeróbios espontaneamente e também como produto de processos metabólicos. A Sod é considerada de grande importância na proteção contra os danos causados pelo oxigênio, e o aumento da tolerância ao estresse oxidativo está relacionado à ativação desta enzima (SCOTT et al.,1987). Pseudomonas aeruginosa possui duas superóxido dismutases, Mn-Sod codificada pelo gene sodA e Fe-Sod codificada por sua vez pelo gene sodB. A Mn-Sod apresenta atividade máxima quando o organismo está privado de ferro, enquanto que a Fe-Sod apresenta atividade máxima quando o ferro é abundante. No entanto, a regulação destes genes e o impacto relativo dos seus produtos gênicos sobre metabolismo de P. aeruginosa em condições de aerobiose são desconhecidos (HASSETT et al, 1992; HASSETT et al, 1999). 39 Os regulons moduladores de resposta ao estresse oxidativo em E. coli são SoxR e OxyR, sendo ambos ativados a níveis postranslacionais. O ânion superóxido O2- ativa SoxR pela oxidação de seus centros[2Fe-2S] e o SoxR oxidado induz a expressão do segundo fator transcripcional SoxS, que ativa diretamente a transcrição de alguns genes, incluindo sodA em Escherichia coli (OCHSNER et al., 2000). Já a bactéria Pseudomonas aeruginosa tem uma ORF que codifica uma proteína homóloga a E. coli SoxR mas não para SoxS (KOBAYASHI, TAGAWA, 2004). Ela possui duas superóxido dismutases (SodA e SodB) que representam a primeira linha de defesa contra O2-, transformando-o em H2O2 e três catalases (KatA, KatB e KatE) protegem a célula contra o H2O2. Finalmente quatro alquilhidroperóxido redutases (AhpA, AhpB, AhpCF e Ohr) detoxificam o H2O2 e vários peróxidos orgânicos. O regulador transcricional-LysR de 34kDa, OxyR, é crucial para a regulação dos genes antioxidantes katB, aphB e ahpCF após contato com H2O2. (OCHSNER et al, 2000). 3.7.3 Oxidação de proteínas As proteínas podem ser diretamente oxidadas por todas as EROs ou também ser alvo dos produtos da peroxidação lipídica. As modificações das proteínas basicamente são iniciadas pelo radical OH., contudo a continuidade do processo de oxidação é determinada pela disponibilidade de oxigênio (O2) ou de sua forma protonada (.HO2). Coletivamente, estas EROs conduzem a oxidação de resíduos de aminoácidos (Pro, Asp e Glu), o que pode resultar na inativação e até mesmo fragmentação das proteínas (BARLETT e STADTMAN, 1997). Em geral, a oxidação dos aminoácidos se dá na cadeia lateral. Grupos carbonílicos (CO) podem ser formados nas cadeias laterais de aminoácidos livres ou em cadeias polipeptídicas (especialmente His, Pro, Arg, Lys e Thr) quando oxidadas. Os produtos formados são quimicamente estáveis, podendo ser facilmente 40 usado como biomarcador de estresse oxidativo (DALLE-DONNE et al, 2003; STADTMAN, 1993; LEVINE et al, 1994 ). A carbonilação de proteínas pode afetar diretamente o metabolismo celular ao alterar a atividade das proteínas. Atualmente, a análise de carbonilação em proteínas é o biomarcador mais utilizado para a determinação dos níveis de oxidação protéica. O acúmulo de proteínas carboniladas tem sido observado em células de S. cerevisiae durante diversos processos biotecnológicos, em especial o processo fermentativo para produção de etanol (LANDOLFO et al.,2008). Um exemplo de utilização deste biomarcador em bactérias pode ser visto em Dukan e colaboradores (2000), onde em E.coli foi observado que proteínas danificadas oxidativamente são mais suscetíveis a proteólise, e o acúmulo destas proteínas foi acompanhado pelo aumento de proteínas carboniladas. 41 4. Materiais e Métodos Neste capítulo, são apresentados os materiais utilizados para o desenvolvimento do presente trabalho e as metodologias empregadas. São descritas as técnicas utilizadas para a condução e para o acompanhamento das fermentações e dosagem de alguns fatores de virulência, realizadas no Laboratório de Biotecnologia Microbiana (LaBiM, Instituto de Química/UFRJ). Também são apresentadas as técnicas utilizadas para determinação de proteínas relacionadas ao estresse oxidativo, realizadas no Laboratório de Investigação de Fatores de Estresse ( LIFE, Instituto de Química/UFRJ). 4.1 Microrganismo e condições de cultivo A cepa de Pseudomonas aeruginosa PA1 previamente selecionada de ambientes de petróleo como melhor produtora de biossurfactantes (SANTA ANNA, 2000) foi preservada em glicerol a 10% em ultrafreezer a -80 °C. O pré-inóculo foi crescido em placa com YPDA (extrato de levedura 0,3%, peptona 1,5%, dextrose 0,1%, agar 1,2%) a 30 oC por 48 horas e transferido para frascos de 1000 mL com 300 mL de meio com a seguinte composição (g/L): NaNO3 1,0; KH2PO4 3,0; K2HPO4 7,0; MgSO4.7H2O 0,2 ; extrato de levedura 5,0; peptona 5,0 e glicerol 30,0. Após 24 horas de cultivo, o meio de fermentação contendo as células foi estocado em criotubos na relação glicerol/meio fermentado de 1:3 para servir como pré-inóculo padrão em todas as fermentações. 42 4.2 Preparo do inóculo O conteúdo de 1,0 ml do criotubo foi inoculado em 300ml de meio de fermentação com a seguinte composição (g/L): glicerol 30,0; NaNO3 1,0; K2HPO4 7,0; KH2PO4 3,0; MgSO4.7H2O 0,2; extrato de levedura 5,0 e peptona 5,0. Os frascos foram então incubados em agitadores rotatórios a 30oC e 170 rpm por 40 horas. Ao final desse período, as células de cada frasco foram recuperadas por centrifugação (5000 g por 20 minutos) e utilizadas como inóculo. 4.3 Esterilização O fermentador e os frascos, já com o meio de cultura a ser utilizado, foi esterilizado em autoclave a 121°C por 15 minutos antes de cada produção. O sistema de oxigenação foi esterilizado com a circulação de uma solução de hipoclorito de sódio a 1,0 % por 1 hora. Depois deste procedimento, foi circulada água destilada estéril pelo sistema para a eliminação de vestígios de cloro. Só então foi realizada a inoculação dos microorganismos. (KRONENBERGER, 2007). 4.4 Frascos agitados Foram conduzidas fermentações em frascos agitados de 1000 mL em quatro diferentes relações Vf/Vm (volume de frasco / volume de meio) (1:0,15, 1:0,30, 1:0,50 e 1:0,70), com o objetivo de se avaliar o efeito da aeração superficial na produção do biossurfactante. 43 As células foram incubadas a 30ºC e a uma rotação de 5000 g em meio de cultivo (30,0 g/L de glicerol, 1,38 g/L de NaNO3, 7,0 g/L de K2HPO4, 3,0 g/L de KH2PO4, 0,2 g/L de MgSO4.7H2O) com uma relação carbono/nitrogênio (C/N) igual a 60 (SANTOS et al., 2002). 4.5 Biorreator O meio de cultura utilizado nas fermentações apresentava a seguinte composição em gramas por litro: glicerol 30,0; NaNO3 1,4; K2HPO4 7,0; KH2PO4 3,0 e MgSO4.7H2O 0,2, resultando em uma relação carbono/nitrogênio igual a 60 (SANTOS, 2003). As fermentações foram realizadas em um biorreator BioFlo IIc (Batch/Continuous Fermentor; New Brunswick Scientific; USA) com capacidade nominal de 5,0 litros de volume, inserido em uma capela com exaustão (Figura 17). O volume útil médio utilizado nas fermentações foi de 3,0 litros, a temperatura foi mantida em 30°C e a agitação, em 100 rpm. A oxigenação foi conduzida de forma não dispersiva através de um contactor gás/líquido. A oxigenação foi realizada com o auxílio de um cilindro de oxigênio puro. As condições de oxigenação utilizadas foram de 1 mg O2/L e 5 mg O2/L (KRONENBERGER, 2007). Também foram conduzidas fermentações em frascos agitados para efeito comparativo com o sistema proposto. A temperatura da fermentação foi mantida em 30,0 oC e a agitação, em 5000 g, em um agitador rotatório (C25KC Incubator Shaker, New Brunswick Scientific). 44 Figura 17: Fotografia do fermentador inserido na capela de exaustão, acoplado ao sistema de oxigenação utilizando o contactor de membranas 4.5.1 Controle da concentração de oxigênio no biorreator O sistema de controle da concentração de oxigênio dissolvido foi projetado e construído, utilizando-se um Controlador Lógico Programável (CLP OCS, GE Fanuc). Outro sistema de controle da concentração de oxigênio dissolvido foi desenvolvido previamente por SABRA et al. (2000), mas a oxigenação era realizada de forma dispersiva por borbulhamento de uma mistura dos gases nitrogênio e oxigênio. Assim, além de persistir o problema da formação de espumas, havia perda de oxigênio, sendo extremamente complexa a determinação da exata quantidade consumida deste nutriente. Uma malha simplificada de controle foi implementada neste controlador com a função de manter a concentração de oxigênio dissolvido no meio constante ao longo da fermentação. Isto foi conseguido 45 igualando-se a taxa de fornecimento de oxigênio à taxa de consumo deste nutriente pelas bactérias. Na Figura 18 estão apresentadas fotos do CLP e de seu painel elétrico. Figura 18: Controlador Lógico Programável utilizado para implementação de uma malha de controle da concentração de oxigênio dissolvido nas fermentações para a produção de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa. Pela experiência adquirida através da condução dos experimentos com o controle manual da oxigenação, a estratégia de controle foi baseada em se alterar primeiramente a vazão da corrente líquida e, posteriormente, a pressão da corrente gasosa para controlar a taxa de fornecimento de oxigênio. Essa taxa é diretamente proporcional às duas variáveis citadas. Assim, se o valor da concentração de oxigênio dissolvido fosse reduzido para um valor abaixo do desejado, a taxa de fornecimento deveria ser elevada pelo aumento na vazão da corrente 46 líquida e, se insuficiente, na pressão da corrente gasosa. Se a concentração de oxigênio estivesse acima do estabelecido, a taxa deveria ser reduzida. Um fluxograma simplificado do sistema de oxigenação é apresentado na Figura 19. Figura 19: Fluxograma simplificado do sistema de oxigenação. Como observado na figura acima, a vazão da corrente líquida era controlada através da atuação sobre a bomba de engrenagens e sobre a válvula v1. Já a pressão da corrente de alimentação de oxigênio era controlada pela atuação sobre as válvulas de entrada e saída do contactor, v2 e v3, respectivamente. Assim, a única entrada do CLP se refere à concentração de oxigênio dissolvido medida no meio de fermentação, enquanto que as saídas são quatro – para a bomba e as válvulas. Os dados de operação do controlador eram repassados a um computador acoplado ao sistema através de um programa supervisório (IFix StandAlone Standard HMI Pack RunTime 47 para 75 pontos). Esses dados eram armazenados para análise posterior (KRONENBERGER, 2007). 4.6 Biomassa A concentração celular das suspensões de Pseudomonas aeruginosa PA1 foi determinada através da absorbância de luz a 600 nm (Espectrofotômetro MultiSpec – 1501; Shimadzu Corporation, Japan). O valor de absorbância foi convertido no valor de concentração (g/L) através de uma curva de calibração (TAVARES, 2007). Amostras coletadas no fim de uma fermentação foram filtradas em membranas de 0,2 µm para a retirada das células. Essas células foram levadas em estufa a 70 oC até que fosse atingido massa constante. A curva de calibração da absorbância em função da massa seca foi construída a partir de uma série de diluições realizadas com amostras idênticas de meio de cultivo contendo células. Para cada diluição os valores de absorbância e massa seca foram determinados e construiu-se assim uma curva de calibração. O fator de conversão de absorbância em concentração, calculado através da equação Abs = 2,5437 * X, foi de 0,39 g/L. 4.7 Quantificação de glicerol O teor de glicerol nas amostras livre de células foi avaliado pelo método enzimático/colorimétrico para determinação de triglicerídeos (Triglicérides Enzimático – Bioclin; Quibasa química Básica Ltda.). O método consiste na fosforilação de glicerol a glicerol-3-fosfato em presença de glicerol quinase e ATP. O glicerol-3-fosfato é então oxidado pela enzima glicerol-3-fosfato oxidase, liberando peróxido de hidrogênio que, na 48 presença de aminoantipirina, p-clorofenol e peroxidase, produz um composto quinônico de cor cereja. A intensidade dessa coloração pode ser determinada pela medida de absorbância de luz no comprimento de onda correspondente – 490 nm – e é proporcional à concentração de glicerol, podendo assim ser comparada a um padrão (KRONENBERGER, 2007). 4.8 Quantificação de ramnolipídeos A quantificação dos ramnolipídeos nas amostras livre de células foi realizada de modo indireto, utilizando-se a ramnose como referência – a ramnose é um subproduto da hidrólise ácida dos ramnolipídeos. Foi utilizado um método adaptado do descrito por Pham et al. (2004), onde a etapa de extração dos ramnolipídeos foi suprimida, sendo o ensaio realizado diretamente a partir do meio fermentado livre de células, já que o biossurfactante é um produto predominantemente extracelular. Para a determinação da concentração de ramnose presente na amostra, o valor de absorbância obtido era comparado com o valor obtido na dosagem de uma solução padrão de ramnose. Tomando como base 100,0 g de ramnolipídeos, temos um total de 0,2737 gmol de ramnose. Sabendo-se que a massa molar da ramnose (C6H12O5) é igual a 164,0 g/gmol, calculamos um total de 44,89 g de ramnose. Com isso, é determinado o fator de 2,23 (100,0 g de ramnolipídeos/44,89 g de ramnose) para a conversão de concentração de ramnose em concentração total de ramnolipídeos (KRONENBERGER, 2007). A solução de biossurfactantes produzida pela cepa PA1 de Pseudomonas aeruginosa foi caracterizada por HPLC e comparada a cromatogramas obtidos na literatura (SANTA ANNA, 2005). A composição de ramnolipídeos desta solução está apresentada na Tabela 3. 49 Tabela 3: Composição de uma solução de ramnolipídeos produzidos por Pseudomonas aeruginosa PA1. Tipo Fórmula Massa molar (g/gmol) Concentração mássica (%) R1 (MonoC10C10) C26H36O9 492 35,3 R2 (Di C10C10) C32H46O13 638 51,0 DiC10C12 C34H50O13 666 9,8 DiC10C8 C30H42O13 610 3,9 4.9 Quantificação de proteases A atividade proteolítica nas amostras livre de células foi medida através da hidrólise de azocaseína por alíquotas do meio de cultura livre de células (CHARNEY e TOMARELLI; 1947). Para preparação do substrato, 0,5 g de azocaseína foram adicionados a 10 mL de tampão Tris/HCl (0,05M, pH9) sob agitação suave. Para o ensaio, 0,5 mL do sobrenadante da fermentação foi adicionado a 0,5 mL de azocaseína. A mistura foi levada a banho-maria a 37°C. Três aliquotas de 0,5 mL do meio reacional foram retiradas em 5, 10 e 15 min e a reação interrompida pela adição de 0,5 mL de TCA 10% gelado. Após 10 minutos à temperatura ambiente a mistura foi centrifugada a 5000 g/15min. Para dosagem, 0,5 mL do sobrenadante foi adicionado a 0,5 mL de KOH 5N e foi feita a leitura da absorbância a 428nm. Para preparação do branco, adicionou-se a enzima primeiro o TCA e depois a solução de azocaseína. A atividade foi determinada pela equação (1): A absamostra absbranco 1000 Va t Onde: A = atividade (U/L) Absamostra = absorbância da amostra Absbranco = absorbância do branco da reação ∆t = tempo de reação (min) Va = volume de amostra (mL) (1) 50 A unidade de atividade proteásica foi definida como a quantidade de enzima que produz uma diferença de uma unidade na absorbância entre a amostra e seu branco, por minuto, nas condições do ensaio. 4.9 Quantificação de elastases Para a dosagem de elastases nas amostras livre de células foi utilizado um teste baseado na degradação de uma elastina ligada ao vermelho do congo. A degradação deste substrato libera no meio este corante, permitindo a avaliação da atividade (BRAGA et al.; 1994). O substrato foi preparado a partir de uma suspensão de elastina-vermelho do Congo (1 mg/mL) em tampão Tris/HCl (0,05M, pH 8). Para o ensaio, 125μL do sobrenadante da fermentação foi adicionado a 1mL da suspensão. A mistura foi incubada a 37°C por 24 h e depois centrifugada a 5000 g/10 min. Foi medida a absorbância do sobrenadante em espectrofotômetro a 495 nm. Como controle foi utilizado o sobrenadante fervido por 10 min, e como branco foi utilizado tampão. A atividade foi determinada pela equação (2): A absamostra abscontrole 1000 Va t Onde: A = atividade (U/L) Absamostra = absorbância da amostra Abscontrole = absorbância do controle da reação ∆t = tempo de reação (min) Va = volume de amostra (mL) (2) 51 A unidade de atividade elastásica foi definida como a quantidade de enzima que produz uma diferença de uma unidade na absorbância entre a amostra e seu branco, por minuto, nas condições do ensaio. 4.11 Quantificação de lipases A atividade lipásica foi medida pelo método espectrofotométrico, o qual se baseia na formação de um produto cromóforo (p-nitrofenol) a partir da reação de hidrólise do pnitrofenil laureato catalisada pelas lipases. A solução do substrato foi preparada utilizando-se 0,25 mL de p-nitrofenil laureato 2,5 mM em 2,2 mL de tampão fosfato de sódio 25 mM pH 7,0. A reação foi iniciada pela adição de 0,05 mL do extrato enzimático e conduzida a 30ºC. O progresso da reação (formação do p-nitrofenol) foi acompanhado em espectrofotômetro com leituras das absorbâncias a 412 nm. Uma unidade internacional (U) é definida como a quantidade de enzima necessária para hidrolisar 1,0 μmol de p-nitrofenil laureato por minuto nas condições de ensaio descritas. 4.12 Quantificação de proteínas totais As proteínas extracelulares, presentes nos sobrenadantes dos cultivos de P. aeruginosa foram determinadas através do método de Lowry et al. (1951). O método de Lowry se baseia na reação do cobre com proteína, em meio alcalino, e posteriormente redução do reagente de fosfomolibdato-fosfotungstenato no reagente folin. Quando o reagente folin é adicionado à proteína tratada com o cobre, ocorre a redução do reagente folin que resulta em uma cor azul mais intensa. A concentração de proteínas foi determinada através de curva padrão utilizando 52 a albumina de soro bovino (BSA) nas concentrações de 0,1 mg/mL para dosagem de proteínas extracelulares, e de 1 mg/mL para dosagem de proteínas intracelulares. 4.13 Purificação do ramnolipídeo Para purificação do ramnolipídeo produzido foi realizada uma extração do meio de cultura livre de células com clorofórmio: metanol (2:1) overnight. A fração de clorofórmio contendo ramnolipídeo foi separada e o clorofórmio foi separado por rotaevaporação a 55°C. O ramnolipídeo foi seco em estufa a 40°C até apresentar peso constante (RODRIGUES et al, 2006). 4. 14 Quantificação de hemólise O teste de quantificação de hemólise foi realizado conforme descrito por Hoffman Group – standart for hemolysis assay (HOFFMAN, 2010). O ensaio de atividade é realizado com suspensões de hemácias pela medida da hemoglobina liberada a 540 nm. A menor quantidade de hemolisina capaz de causar uma lise completa de células de sangue é considerada uma unidade hemolítica (HEID et al., 2008). a) Preparação das hemácias Foram centrifugados a 1000 g/5min um volume de 5 mL de sangue de carneiro, marcando-se o volume de sangue na lateral do tubo. O soro foi removido com pipeta automática. O sangue foi ressuspendido com NaCl (150mM) e novamente centrifugado, sendo este procedimento repetido por três vezes. O volume de sangue foi retomado com 53 tampão fosfato de sódio salino (PBS) (100mM, pH 7,4 com 0,05% de NaCl). A preparação de hemácias foi diluída por dez vezes com tampão, gerando uma suspensão de hemácias 5x108 hemácias/mL. b) Ensaio e quantificação Inicialmente, foi preparado um controle positivo, onde foi utilizada água destilada que gerou um desequilíbrio osmótico para romper as hemácias; e um controle negativo, onde foi utilizado o próprio tampão PBS que manteve o equilíbrio osmótico sem ruptura das hemácias. Uma solução na concentração de 1 mg /mL de ramnolipídeo purificado em tampão PBS foi preparada e dez amostras diluídas de uma a dez vezes foram preparadas a partir desta solução. A um volume de 800μL de amostra foram adicionados 200μl de suspensão de hemácias. Por inversão a solução formada foi homogeneizada e incubada em banho-maria por 1 h a 37°C. Novamente a solução foi homogeneizada e centrifugada a 10000 rpm/5min. O sobrenadante foi transferido e sua absorbância foi medida a 541nm. O cáculo do percentual de hemólise foi feito utilizando a equação (3): % Hemolise ( A541amostra) ( A541branco) 100 A541controlepo sitivo A541branco Onde: % Hemólise= percentual de hemólise Abs541amostra = absorbância da amostra Abs541branco = absorbância do branco da reação Abs541controle positivo = absorbância do controle da reação (3) 54 4.15 Precipitação do alginato Ao sobrenadante do meio de cultura foram adicionados 3 volumes de etanol 95% gelado (estocado a -70°C) sob agitação para precipitação do alginato. Foi realizada uma centrifugação 5000 g /15 min. O centrifugado foi lavado por duas vezes com etanol 95%, por uma vez com etanol absoluto e então foram realizadas três diálises por 24h em 4L de água destilada para remoção de pequenas moléculas (MAY e CHAKRABARITY, 1994). 4.16 Quantificação de piocianina O ensaio de quantificação é baseado na absorbância da piocianina a 520 nm em meio ácido (KURACHI, 1958; MACDONALD, 1967). De dois inóculos de Pseudomonas aeruginosa com 72 h de crescimento, um crescido em meio de cultura para maximizar a produção de piocianina (20 g/L de peptona, 1,4g/L de MgCl2, 10g/L de K2SO4) e outro crescido em meio de cultura para maximizar a produção de biossurfactante, foram feitas extrações para determinação de piocianina. Foram transferidos 5ml do meio de cultura para um funil de separação de capacidade de 10 ml. A primeira extração foi feita com 3 ml de clorofórmio e então uma nova extração da fase orgânica com 1ml de HCl 0,2N foi realizada. A concentração expressa em microgramas de piocianina produzida por mililitros de sobrenadante foi determinada pela multiplicação da absorbância a 520 nm por 17,072 (coeficiente da distinção molar da piocianina) conforme descrito em KURACHI (1958). 55 4. 17 Precipitação de DNA A extração do DNA foi realizada através da precipitação do DNA por etanol (ZEUGIN e HARTLEY, 1985). A um volume de 250μl de amostra foi adicionado 2,5 mL de tampão acetato de sódio previamente autoclavado e armazenado a 4°C. A esta solução formada foi adicionado 7,5 ml de etanol 100% sendo esta incubada em geladeira overnight. Na manhã seguinte, a solução foi centrifugada a 14000 g por 30min a 4°C. O sobrenadante foi removido, ficando o pellet no tubo. Este foi rinsado por duas vezes com etanol 70%. O pellet foi então ressuspenso em 1 ml tampão TE (Tris-HCl 10mM pH 7,6-8,0 e EDTA 0,1mM). 4.18 Verificação de extração de DNA em gel de agarose Eletroforese através de gel de agarose é um método padrão usado para separar, identificar e purificar fragmentos de DNA (SAMBROOK et al., 1989). Foram dissolvidos 0,5 de agarose em 50 mL de tampão TAE 1x (Tris-ácido acéticoEDTA). A mistura foi aquecida em microondas até que ficasse translúcida. Deixou-se a solução esfriar ate aproximadamente 50 oC e esta foi aplicada no suporte da cuba de eletroforese horizontal. O pente foi ajustado na cuba e aguardou-se até a solidificação da agarose. A cuba foi preenchida com tampão TAE 1x. 3μl de tampão de amostra (corante) foram adicionados e homogeneizados a 7μl de amostra de DNA. As amostras com tampão foram aplicadas ao gel e a eletroforese foi realizada a 70V por 30min O gel foi corado em solução de brometo de etídio (0,1μg/ml). O brometo de etídio é um corante fluorescente que se intercala entre as bases do DNA e, sob radiação ultravioleta permite a visualização de 56 DNA. As bandas correspondentes aos fragmentos de DNA foram visualizadas e digitalizadas em fotodocumentador UVP BioImaging Systems. 4.19 Detecção de DNA por método espectrofotométrico A absorção da amostra de DNA é feita em dois comprimentos de onda. As medidas de absorção a 260nm são quantitativas para ácidos nucléicos, mas não é possível fazer a distinção entre DNA e RNA. No entanto a razão A260/A280 pode ser utilizada para determinação da pureza dos ácidos nucléicos em relação ao conteúdo de proteínas, o que reduz o valor da razão A260/A280 (AUSUBEL, 1999). A amostra de DNA foi diluída 25 vezes em água destilada para sua quantificação. O branco foi água destilada. Foram feitas leituras nos comprimentos a 260 e 280 nm. Para determinar a concentração do DNA presente, foi utilizada a equação (4): C ( g / ml) A260100 0,020 (4) A A260 foi multiplicada por 100 (diluição total), sendo considerado que na precipitação do DNA a diluição foi de 4 vezes e que o DNA extraído estava 25 vezes diluído. 4. 20 Condições de estresse oxidativo A exposição das células de P. aeruginosa PA1 ao estresse oxidativo foi realizado através da exposição direta do cultivo, em frascos agitados, ao peróxido de hidrogênio 10mM durante 60 min a 30°/170rpm (SEGUNDO, 2007). 57 4.21 Extração de proteínas Foram realizadas extrações para determinação da atividade Sod e do nível de carbonilação de proteínas após o estresse oxidativo. Para todas as extrações, 30 mg de células foram precipitadas, após centrifugação do fermentado a 5000g / 20min, e a extração foi realizada a partir do sedimentado, previamente lavado com água destilada. As células foram ressuspensas em 2mL de tampão Kpi 36mM pH 7,8 (36mM K2HPO4, 36mM KH2PO4) e transferidas para criotubo. Foram adicionados 40μL de inibidor de proteases preparado com água destilada. Pérolas de vidro foram adicionadas ao sistema. As células foram rompidas por sonicação no aparelho Sonics Vibracell (Ultra sonic processor 750W/20KHz) por 30 ciclos (12,5 min) 30%, posicionando-se a ponteira do sonicador acima das pérolas de vidro, para que as pérolas não fossem quebradas. O rompimento das células foi verificado em microscópio ótico Axioskop 40 Zeiss. Após os procedimentos as amostras foram transferidas para microtubos de 2 mL (número suficiente para acondicionar todo o volume de amostra) e centrifugados a 14.000 g, por 15 min, sendo os sobrenadantes coletados para posterior análise. 4.21.1 Determinação da atividade de superoxido dismutase (Sod) A atividade de superóxido dismutase foi realizada em gel de eletroforese nativo de poliacrilamida (PAGE) após imersão do gel em solução contendo NBT e riboflavina. A atividade Sod foi acompanhada pela inibição da redução do NBT após geração de radicais superóxido pela riboflavina iluminada. Volumes de extrato de células correspondentes a 80 μg de proteína foram diluídos em 5μL de tampão de amostra (1:4 v/v; Tris-HCl 1M pH 6.8, glicerol 80%, azul de bromofenol 1%), avolumados a 20μL com água e aplicados a cada poço de um gel de poliacrilamida a 58 10%, espaçamento de 1,5 mm. A eletroforese foi realizada em sistema vertical de minigel (Power-Pac Basic, Bio-Rad) a 30 mA, por aproximadamente 90 min. Após a eletroforese, para medir a atividade Sod o gel foi incubado por 20 min em NBT 2,5 mM, depois por 15 min em solução de desenvolvimento (100ml tampão Kpi 36mM pH 7,8, 418,8μl TEMED 28mM, 3,23mg riboflavina 86 μM) e exposto a luz até o aparecimento das bandas. As bandas foram visualizadas e digitalizadas em fotodocumentador UVP BioImaging System. 4.21.2 Proteína Carbonilada Para análise da oxidação protéica 100μg de proteínas foram aplicados em um sistema a vácuo para fixar as proteínas em uma membrana de nitrocelulose, anteriormente umedecida em tampão PBS (100mL de tampão PBSA:80 g/L NaCl, 2 g/LKCl, 15 g/L Na2HPO4, 2 g/L Na2H2PO4, 800 mL água destilada, 0,1g/L MgCl2, 0,1g CaCl2). A membrana foi incubada por 10 min em solução 0,1mg/mL de DNPH (2,4-dinitrofenilhidrazina) em HCl 2N para que ocorresse a reação entre o DNPH e as carbonilas presentes nas cadeias laterais dos aminoácidos oxidados das proteínas. Em seguida a membrana foi lavada por três vezes com HCl 5N para remoção do DNPH não reagido. A membrana de nitrocelulose foi incubada em solução bloqueadora (5% de leite em pó desnatado, em PBS acrescido de 300μl de azida a cada 10ml e uma gota de Tween). Após um mínimo de 24h a membrana foi novamente incubada em solução bloqueadora contendo anti-DNP (1:2500) de coelho por 2h. Ao fim desta incubação a membrana foi lavada por três vezes em PBS e incubada por 10 mim em Tris-HCl 50mM pH 7,5 contendo NaCl 150mM. A membrana foi transferida para um recipiente contendo solução bloqueadora livre de azida e fosfato (5% de leite em pó desnatado em Tris-HCl 50mM pH 7,5 e NaCl 150mM) contendo anticorpo secundário IgG conjugado a peroxidase (1:2500) por 1h. A membrana foi lavada por duas vezes em tampão Tris-HCl 59 10mM pH 7,5. Para revelação a membrana foi incubada em solução cromógena (6mg diaminobenzidina tetraidrocloreto para 9 mL de Tris-HCl 10mM pH 7,6 e 1 mL de CoCl2 0,3% acrescido de 10μl de H2O2) até o aparecimento das bandas (DALLE-DONNE et al, 2003). As membranas foram escaneadas através do programa ImageMaster 2D Platinum e a intensidade das bandas foi determinada através do programa ImageMaster versão 5. A carbonilação protéica foi calculada através da razão entre as intensidades das bandas obtidas descontadas do valor do branco da seguinte forma: em frascos agitados a comparação foi feita nos pontos de 10h (fase exponencial) e 36h (fase estacionária) sem exposição e expostos por 1h a H2O2. Em biorreator a comparação foi feita entre as fermentações nas condições de oxigenação mínima de 1 mg O2/L e máxima de 6 mg O2/L, nas fases exponencial e estacionária de crescimento. 4.3 Análise estatística dos resultados Todos os experimentos foram realizados no mínimo em triplicata. Os resultados são apresentados como uma média ± desvio padrão de pelo menos três experimentos independentes. O teste-t de Student foi utilizado para comparação entre duas médias. Definido o intervalo de confiança de 95%, uma diferença foi considerada significante estatisticamente quando p ≤ 0,05. 60 5. Resultados e Discussão Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos na investigação de fatores de virulência e os fatores de estresse oxidativo no processo de produção de biossurfactantes por Pseudomonas aeruginosa PA1. Com o sistema de controle da concentração de oxigênio dissolvido implantado por Kronemberger (2007) foi observada uma variação do consumo de oxigênio ao longo das diferentes fases de metabolismo celular. Após a fase de adaptação, que dura no máximo 4 horas, ocorre um aumento no consumo total de oxigênio, OUR. (Oxygen Uptake Rate). A elevação no valor do consumo se inicia com 4 horas de fermentação e dura cerca de 12 horas, até quando a fermentação atinge 16 horas. É interessante notar que esse aumento na taxa de consumo coincide com a fase exponencial de crescimento microbiano, concluindo-se que o consumo de oxigênio atinge o seu máximo no início da fase estacionária de crescimento e se reduz a um nível mínimo após atingir a fase estacionária (KRONEMBERGER et al.,2008). 2,5 80 2 60 1,5 40 1 20 0,5 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Biomassa (g/L)))) SOUR (mg/g.h))))) 100 0 100 t (h) SOUR Biomassa Figura 20: Crescimento celular (g/L) e consumo de oxigênio (SOUR) (Specific Oxygen Uptake Rate) (mg/g.h) em função do tempo da fermentação. Dados obtidos em fermentação com condição de oxigenação de 6 mg O2/L. 61 Esse comportamento também é observado para a taxa específica, SOUR (Specific Oxygen Uptake Rate), o que confirma que essa variação não está somente relacionada à mudança nos valores de concentração celular (Figura 20). Desta forma, o estudo consistiu em verificar alguns fatores de virulência secretados e fatores de estresse oxidativo produzidos por Pseudomonas aeruginosa PA1. A princípio foram utilizados frascos agitados com diferentes relações de volume do frasco/volume de meio Vf/Vm (1:0,15, 1:0,30, 1:0,50 e 1:0,70) com objetivo de se variar à oxigenação do meio, onde foram verificadas produtividade de ramnolipídeos e produção de fatores de virulência secretados ao longo do tempo. Em seguida, ainda em frascos agitados, foram analisados os fatores de estresse oxidativo na presença de H2O2 (10mM) e por fim em biorreator duas diferentes condições de oxigenação foram testadas, uma condição mínima de 1mgO2/L e uma condição máxima de 6mgO2/L, onde fatores de virulência secretados e fatores de estresse oxidativo bem como produtividade de ramnolipídeos foi analisada, visando obter uma condição onde houvesse o máximo de produção de biossurfactante com o mínimo de produção de fatores de virulência. 5. 1 Cinética da produção de ramnolipídeos em frascos agitados As primeiras fermentações foram realizadas com o objetivo de se avaliar o efeito do oxigênio na produção de ramnolipídeos. Inicialmente foi avaliado o efeito da aeração superficial em frascos agitados. Desta forma, o crescimento celular foi avaliado nos frascos em diferentes relações de volume do frasco/volume de meio Vf/Vm (1:0,15, 1:0,30, 1:0,50 e 1:0,70) ao longo do tempo. Na Figura 21(A) verifica-se que nos frascos onde há maior relação Vf/Vm e, conseqüentemente, maior taxa de aeração superficial ocorreu um maior crescimento celular em função do tempo. 62 Glicerol Biomassa B 40 Conc (g/L))) 1:0,15 2 1:0,30 1:0,50 1 1:0,70 1:0,15 30 1:0,30 20 1:0,50 10 0 1:0,70 0 0 50 100 150 0 Tempo (h) 50 100 150 Tem po (h) Ram nolipídeo C 10 Conc (g/L))) Conc (g/L))) A 3 8 1:0,15 6 1:0,30 4 1:0,50 2 1:0,70 0 0 50 100 150 Tem po (h) Figura 21- Perfil do crescimento de biomassa (A), consumo de glicerol (B) e produção de ramnolipídeo (C) por Pseudomonas aeruginosa. Fermentação em shaker a 30OC e 170 rpm utilizando frasco de 1L e diferentes relações Vf/Vm. Na Figura 21(B), onde está representado o consumo de glicerol (g/L) em função do tempo, verifica-se que o consumo de substrato, conseqüentemente, foi mais rápido nos frascos onde há uma maior concentração celular. Nos frascos com relação Vf/Vm igual a 1:0,15, o consumo de glicerol observado foi de 224,0 mg/L.h. Nos frascos com Vf/Vm 1:0,30 e 1:0,50, o consumo da principal fonte de carbono foi igual, respectivamente, a 210 e 129 mg/L.h. O menor consumo de substrato (37 mg/L.h) foi observado nos frascos com Vf/Vm de 1:0, 70. Na Tabela 4, é apresentada a comparação entre as variáveis x (variação na concentração de biomassa), P (concentração de ramnolipídeos), Yp/x (rendimento de 63 produto por biomassa produzida), Yp/s (rendimento de produto por substrato consumido), Yx/s (rendimento de biomassa por substrato consumido) e Qp (produtividade de ramnolipídeos). Tabela 4: Comparação entre as variáveis x (variação na concentração de biomassa), P (concentração de ramnolipídeos), Yp/x (rendimento de produto por biomassa produzida), Yp/s (rendimento de produto por substrato consumido), Yx/s (rendimento de biomassa por substrato consumido) e Qp (produtividade de ramnolipídeos) para as diferentes relações Vf/Vm (6 dias de fermentação). Relação x P Yp/x Yp/s Yx/s Qp Vf/Vm (g/L) (g/L) (g/g) (g/g) (g/g) (mg/L.h) (1:0,15) 1,8 8,5 4,7 0,29 0,062 59,0 (1:0,30) 1,8 7,4 4,2 0,25 0,059 51,4 (1:0,50) 1,5 6,3 4,1 0,24 0,059 43,8 (1:0,70) 0,7 1,8 2,5 0,16 0,062 12,5 Podemos observar que os dois experimentos conduzidos com maiores relações Vf/Vm conduziram a melhores oxigenações do meio com conseqüente aumento no crescimento celular, taxa de consumo de glicerol e produção de ramnolipídeos. Na condição de Vf/Vm de 1:0,50 o fornecimento deficiente de oxigênio começa causar um decréscimo em todos estes parâmetros. Entretanto, apenas na condição de menor aeração superficial este fenômeno torna-se evidente com uma diminuição drástica de 61%, no crescimento celular, e 79% produção de ramnolipídeos em relação à condição Vf/Vm de 1:0,15, embora a diferença seja de 0% na taxa de consumo de glicerol. Conseqüentemente, menores rendimentos de produto por biomassa produzida e de biomassa por substrato consumido são obtidos. A produtividade (Qp) obtida na menor relação ficou 79% inferior em relação ao obtida na maior relação 64 Vf/Vm (Tabela 3), indicando que existe um valor limite de fornecimento de oxigênio para um melhor crescimento celular e conseqüente produção de ramnolipídeo. Os valores de produtividade obtidos nestas fermentações iniciais em frascos agitados são comparáveis aos encontrados na literatura científica. Os valores variam de 24 mg/L.h com biomassa de 1,25 g/L a 82 mg/L.h com biomassa de 1,37 g/L (COSTA et al., 2006). No entanto, deve-se ressaltar que estes valores de produtividade de ramnolipídeos foram obtidos com diferentes fontes de carbono (óleo de buriti e óleo de castanha, respectivamente) e, com outra cepa de Pseudomonas aeruginosa LBI. Para Kronemberger (2007) a produtividade em frascos agitados chega a 51,1 mg/L.h em experimentos com Pseudomonas aeruginosa PA1. Em Wei e colaboradores (2005), a produtividade máxima alcançada foi de 26mg/L.h para a cepa Pseudomonas aeruginosa J4 crescida em meio MS (mineral salts) e em Wu e colaboradores (2007), foi de 21,9 mg/L.h para a cepa Pseudomonas aeruginosa EM1 crescida em meio com óleo de oliva como fonte de carbono. Ambos os autores não revelaram os valores de biomassa correspondentes. 5. 2 Perfil da produção de elastases e proteases em frascos agitados Na figura 22 são apresentados os perfis cinéticos de produção de elastases e proteases para diferentes condições de aeração superficial. 65 0,80 0,60 1:0,15 0,40 1:0,30 0,20 1:0,50 0,00 0 50 100 Tem po (h) 150 1:0,70 Atividade (U/L)))) Atividade (U/L)))) Protease Elastase A B 50 40 30 20 10 0 1:0,15 1:0,30 1:0,50 0 50 100 150 1:0,70 Tem po (h) Figura 22: Perfil da produção de elastases (A) e proteases (B) por Pseudomomas aeruginosa. Fermentação em shaker a 30OC e 170 rpm utilizando frasco de 1L e diferentes relações Vf/Vm. Observa-se que a atividade das elastases em frascos agitados é baixa com atividade máxima em 150h de 0,7U/L e 0,4U/L no frasco com maior aeração, 0,3U/L e 0,1U/L nos frascos de relação Vf/Vm de (1;0,50) e (1:0,70) respectivamente, havendo variação com a taxa de aeração superficial empregada (Figura 22A). O perfil da atividade da protease alcalina (pH 9) é 100 vezes maior do que das elastases, mostrando-se também maior nos frascos com maior aeração superficial, em 79h com valores de 31U/L e 41U/L nos frascos de relação Vf/Vm de (1; 0,15) e (1:0,30) respectivamente e em torno de 10U/L nos frascos com menor aeração superficial (Figura 22B). As duas enzimas apresentam um perfil cinético parecido, apresentando uma variação de 64% para elastase e 72% para protease alcalina, entre as médias dos frascos de maior e menor oxigenação em 150h. Como nos frascos onde se tem menor relação Vf/Vm a concentração de células é maior, é possível que por este motivo as atividades enzimáticas também tenham sido, podendo o aumento da atividade das enzimas protease e elastase ser atribuído a um aumento de biomassa e não a uma maior oxigenação. O sistema de quorun sensing através do ativador transcricional LasR promove a transcrição de proteases distintas envolvidas na virulência desta bactéria, como as elastases A e B e a protease alcalina. As elastases são secretadas pelo sistema de secreção do tipo II, que ocorre em duas etapas, onde a rota de secreção desta proteína é feita através da membrana 66 interna, onde há a dependência do sistema Sec e do sinal do peptídeo na extremidade amino das proteínas transportadoras. Já as proteases são proteínas secretadas pelo sistema de secreção do tipo I, onde as proteínas passam diretamente ao meio sem passar pelo espaço periplasmático (SOBERÓN, 2001). 5. 3 Cinética da produção de ramnolipídeos em biorreator acoplado a contactores de membrana Depois de se obter o comportamento cinético em frascos agitados da cepa de Pseudomonas aeruginosa sob diferentes condições de aeração superficial, a próxima etapa do trabalho foi testar em biorreator duas condições de oxigenação distintas. A primeira, onde a manutenção de concentração de oxigênio dissolvido no meio foi de 6 mg O2/L, e a segunda, onde a concentração foi de 1 mg O2/L. Estes valores correspondem respectivamente a 86% e 14% da concentração de saturação de oxigênio que, nas condições definidas para as fermentações era igual a 7,0 mg O2/L (KRONEMBERGER, 2007). O perfil da oxigenação das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L) podem ser vistos nas figuras seguintes: na figura 23 têm-se oxigênio dissolvido no meio (mg/L) ao longo das fermentações; na figura 24 a taxa de consumo de oxigênio bruto (OUR)(mg/L.h) e na figura 25 a taxa específica de consumo de oxigênio (SOUR)(mg/g.h). Estas condições foram escolhidas por serem as condições máxima e mínima de oxigenação que puderam ser obtidas no biorreator acoplado a contactores de membrana. 67 10 9 OD (mg/L))) 8 7 6 Ferm3 5 Ferm5 4 3 2 1 0 0 50 100 150 200 t (h) Figura 23: Oxigênio dissolvido no meio (mg/L) ao longo das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L). 120 OUR (mg/L.h)))) 100 80 Ferm3 60 Ferm5 40 20 0 0 50 100 150 200 t (h) Figura 24: Taxa de consumo de oxigênio bruto (OUR)(mg/L.h) ao longo das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L). 68 120 SOUR (mg/g.h))))) 100 80 Ferm3 60 Ferm5 40 20 0 0 50 100 150 200 t (h) Figura 25: Taxa específica de consumo de oxigênio (mg/g.h) ao longo das fermentações 3 (6 mg O2/L) e 5 (1 mg O2/L). Para melhor entender a influência da concentração de oxigênio na fermentação, os resultados obtidos com o sistema de oxigenação foram comparados com os valores obtidos em uma fermentação convencional realizada em frasco agitado de relação Vf/Vm (1:0, 15), considerada como controle. Na Figura 26(A e B) verifica-se que as duas condições de oxigenação apresentaram perfis semelhantes de crescimento celular em função do tempo. Na Figura 26 (C e D), onde está representado o consumo de glicerol (g/L) em função do tempo, verifica-se que o consumo de substrato, também apresenta perfis semelhantes para as duas condições de oxigenação. A produção de ramnolipídeos na Figura 26 (E e F), foi um pouco maior na condição de menor oxigenação 1 mg O2/L. As concentrações iniciais das células utilizadas e as concentrações máximas de ramnolipídeo obtidas estão apresentadas na Tabela 5. Os valores obtidos para o aumento da concentração da biomassa em função do tempo foram similares aos obtidos em frascos agitados. Pela comparação dos valores médios de concentração de ramnolipídeo nas 69 diferentes condições de fermentação, pode-se observar que uma menor concentração de oxigênio dissolvido leva a uma pequeno aumento na produção de ramnolipídeos. Podemos observar que a condição de concentração de oxigênio dissolvido de 1mgO2/L foi a que apresentou um maior rendimento de produto por biomassa produzida, maior rendimento de produto por substrato consumido e conseqüentemente maior produtividade de ramnolipídeos (Tabela 6). Os valores obtidos para Yp/s(g/g) na fermentação conduzida com concentração de oxigênio dissolvido igual a 6,0 mgO2/L foram semelhantes aos obtidos por Kronemberger (2007). Em Sabra et al. (2002), que testou concentrações de saturação de oxigênio de 1%, 10% e 50%, a taxa de formação específica de ramnolipídeos foi maior para células cultivadas em maiores valores de saturação de oxigênio, contudo a quantidade absoluta de ramnolipídeo produzida não foi significativamente afetada pela concentração de oxigênio dissolvido. Para Kronemberger (2007) a concentração de oxigênio dissolvido ideal para a produção de ramnolipídeos pela cepa bacteriana Pseudomonas aeruginosa PA1 é igual a 4,0 mgO2/L onde, nesta situação, foi obtida uma produtividade igual a 30 mg/L.h enquanto que a produtividade em frascos agitados chega a 51,1 mg/L.h. A produtividade em biorreator ainda é 50% inferior quando estes são comparados a produtividade em frascos agitados. O aumento de escala na produção apresenta perdas na produtividade, porém os resultados obtidos indicam a possibilidade de uso do sistema de oxigenação na produção de ramnolipídeos em maior escala. 70 Biom assa A Biom assa B 3 Ferm2 2 Ferm3 1 Controle Conc(g/L))) Conc(g/L))) 3 0 Ferm5 2 Ferm6 1 controle 0 0 50 100 150 0 50 Tem po (h) 30 Ferm2 20 Ferm3 10 Controle Conc (g/L) ) Conc (g/L) ) Glicerol D 40 40 30 Ferm5 20 Ferm6 10 controle 0 0 0 50 100 0 150 50 Ram nolipídeo 7 6 5 4 3 2 1 0 Ferm2 Ferm3 controle 0 50 100 Tem po (h) 150 Ram nolipídeo F 150 Conc (g/L))) E 100 Tempo (h) Tem po (h) Conc (g/L))) 150 Tem po (h) Glicerol C 100 7 6 5 4 3 2 1 0 Ferm5 Ferm6 controle 0 50 100 150 Tem po (h) Figura 26- Perfil do crescimento de biomassa (A e B) e consumo de glicerol (C e D) e produção de ramnolipídeo (E e F) em biorreator com condição de oxigenação de 6 mg O2/L e 1 mg O2/L , respectivamente por Pseudomonas aeruginosa. Fermentações em biorreator, a 30°C e 100 rpm utilizando frasco de 5L com volume útil de 3,2L. 71 Tabela 5: Produção de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa com a variação da concentração de oxigênio dissolvido (biomassa e concentração de produto). Fermentação/Condição Biomassa Biomassa Conc. máxima Conc. máxima de oxigenação inicial (g/L) com 6 dias de produto média de (g/L) (g/L) produto (g/L) 3,5 Ferm 2 (6 mg O2/L) 0,63 2,40 4,0 Ferm 3 (6 mg O2/L) 0,47 2,30 3,0 Ferm 5 (1 mg O2/L) 0,59 2,08 4,5 Ferm 6 (1 mg O2/L) 0,83 2,59 4,5 Controle 0,63 2,40 8,5 4,5 8,5 72 Tabela 6: Comparação entre as variáveis x (variação na concentração de biomassa), P (concentração de ramnolipídeos), Yp/x (rendimento de produto por biomassa produzida), Yp/s (rendimento de produto por substrato consumido), Yx/s (rendimento de biomassa por substrato consumido) e Qp (produtividade de ramnolipídeos) para as diferentes condições de oxigenação (6 dias de fermentação). Fermentações x (condição de P (g/L) Yp/x Yp/x Yp/s Yp/s Yx/s Yx/s (g/g) oxigenação) (g/L) Ferm 2 1,8 4,0 2,2 Ferm3 (6mgO2/L) 1,8 3,0 1,7 Ferm 5 1,5 4,5 2,5 1,8 4,5 2,5 1,8 8,5 4,7 médio (g/g) (g/g) 1,9 médio (g/g) (g/g) 0,15 0,14 médio Qp Qp (mg/L.h) médio (mg/L.h) (g/g) 0,069 0,075 28,6 25,0 (6mgO2/L) 0,13 2,5 0,22 0,081 0,2 0,072 21,4 0,073 32,1 32,1 (1mgO2/L) Ferm6 0,18 0,074 32,1 (1mgO2/L) Controle 4,7 0,29 0,29 0,062 0,062 59,0 5. 4 Perfil da produção de elastases e proteases em biorreator Na figura 27 são apresentados os perfis de produção de elastases e protease. Observase que a atividade elastásica em biorreator apresenta atividade máxima de 0,8U/L em 91h para Ferm2, sendo que em 150h os valores são de 0,41U/L e 0,38U/L para as fermentações de 6 mg O2/L e de 0,20U/L e 0,26U/L para as fermentações de 1 mg O2/L. O perfil de produção também não parece variar muito de acordo com a aeração, apresentando comportamento parecido ao observado em frascos agitados. O perfil da atividade da protease alcalina (pH 9) também se apresenta maior que o das elastases na ordem de 100 vezes, com valor máximo em 59,0 73 382 U/L em 88h para Ferm3, sendo que em 150h os valores são de 348U/L e 400U/L para as fermentações de 6mgO2/L e de 216U/L e 226U/L para as fermentações de 1mgO2/L As duas enzimas apresentaram o perfil cinético parecido, apresentando uma variação de 41% para elastase e 41% para protease alcalina, entre as médias das fermentações de maior e menor oxigenação em 150h. Para Sabra e colaboradores (2002) a atividade elastásica encontrada não foi significativa, sendo nula para as fermentações conduzidas a 10% e 50% de saturação de oxigênio. Elastase Elastase 0,80 0,60 Ferm2 0,40 Ferm3 Controle 0,20 Atividade (U/L)))) Atividade (U/L)))) A 0,00 0 50 100 B 0,80 0,60 Ferm5 0,40 Ferm6 0,20 Controle 0,00 0 150 50 Protease Ferm2 400 Ferm3 200 Controle 0 50 100 Tem po (h) 150 Atividade (U/L)))) Atividade (U/L)))) Protease 600 0 150 Tem po (h) Tem po (h) C 100 D 600 Ferm5 400 Ferm6 200 Controle 0 0 50 100 150 Tem po (h) Figura 27: Perfil da produção de elastases (A e B) e proteases (C e D) em biorreator com condição de oxigenação de 6 mg O2/L e 1 mg O2/L, respectivamente por Pseudomonas aeruginosa. Fermentações em biorreator, a 30°C e 100 rpm utilizando frasco de 5L com volume útil de 3,2L. 74 Foi feita a dosagem da atividade de elastastásica e proteásica no meio de cultivo livre de células e autoclavado no fim das fermentações em biorreator. Após a autoclavação o mesmo não apresentou atividade para nenhuma das duas enzimas, mostrando que estas são degradadas pelo calor, e que o meio de produção autoclavado é uma das alternativas para desativar estas enzimas e diminuir a toxicidade da preparação bruta de ramnolípídeo a ser empregada em remediações ambientais. 5. 5 Lipases O sobrenadante do meio de cultura analisado não apresentou atividade lipásica. Cepas de Pseudomonas aeruginosa isoladas de pacientes com fibrose cística secretam uma variedade de proteínas, incluindo uma lipase e duas fosfolipases extracelulares que estão envolvidas na variedade de hidrólise substratos de ácidos monoésteres graxos de longa fosfóricos. Tais e lipases curta são cadeia e importantes uma na patogênese da fibrose cística, mediando a hidrólise completa dos lipídios principais do surfactante pulmonar, dipalmitoilfosfatidilcolina (HENDERSON e NATARO, 2001; STUER et al.1986). Gilbert et al. (1991) utilizou diferentes meios sólidos de cultura para otimização da produção de lipases. Quando utilizou glicerol como fonte de carbono a atividade lipásica encontrada foi menor que 139μmol min min -1 -1 (mg células -1) e a maior atividade lipásica 39μmol (mg células -1) foi encontrada na fase estacionária de crescimento de Pseudomonas aeruginosa em meio de cultura contendo Tween 80. O meio de cultura utilizado não apresentou atividade lipásica, para o ensaio utilizando p-nitrofenil laureato como substrato. A atividade da fosfolipase C não foi determinada, portanto não se pode concluir que há a ausência de lipase no meio de cultura. 75 5. 6 Hemólise O percentual de hemólise produzido pelo ramnolipídeo purificado pode ser visto na figura 28. Pode-se verificar que o percentual de hemólise torna-se significativo a partir da concentração de ramnolipídeo de 80 mg/L e na concentração de 100 mg/L tem-se hemólise de 100%. Teste hem ólise - RML purificado % Hemólise )) 120 100 80 60 40 20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Ram nolipídeo (m g/L) Figura 28: Teste de hemólise realizado com ramnolipídeo purificado Para Haubler et al., (1998), a atividade hemolítica do ramnolipídeo produzido por B. pseudomallei se devem as suas atividades detergentes. Em Santa Anna et al. (2007) foram obtidos resultados de remoção de 91% de óleo aromático numa concentração de 10%p/p utilizando 6,3g/L de biossurfactante e de 79,7% de óleo parafínico numa concentração de 9,3%p/p utilizando 7,23g/L de biossurfactante de Pseudomonas aeruginosa PA1. A concentração utilizada por Santa Anna et al (2007) é da ordem de dez vezes maior da concentração máxima utilizada para o teste de hemólise, indicando que nesta concentração a hemólise do surfactante é de 100% Em Soderlind e Karlsson (2005) surfactantes sintéticos como n-tetradecil β-D-maltopiranosida foi verificado hemólise de 50%, sendo atribuído que 76 quanto maior a cadeia maior a atividade hemolítica. Porém apenas surfactantes analisados pelo mesmo método podem ser comparados por atividade hemolítica. 5. 7 Alginato Não houve precipitação de alginato do sobrenadante do meio de cultura analisado. A produção de alginato está diretamente relacionada à formação de biofilme em P. aeruginosa. Estudos mostram a formação de biofilme in vitro como em pacientes de fibrose cística (FC). A doença é caracterizada pela colonização bacteriana e infecção crônica das vias aéreas que progressivamente destroem os pulmões de pacientes e, muitas vezes, levam a insuficiência respiratória. As cepas de P. aeruginosa que inicialmente infectam os pulmões de pacientes com FC têm um fenótipo não-mucóide que é típico das cepas isoladas no meio ambiente. Essas cepas são também altamente móveis e secretam altos níveis de protease e exotoxinas (BOUCHER, 2004; SABRA et al., 2002). A produção de alginato pela bactéria e a formação de microcolônias (biofilme) nos pulmões de pacientes são as principais características de persistência a infecção de P. aeruginosa (SABRA, KIM, ZENG, 2002). De acordo com a literatura, fatores de associação celular como alginato são importantes para virulência de Pseudomonas aeruginosa (MITTAL et al, 2009; RAMSEY, WOZNIAK, 2005). A ausência de alginato no meio de cultivo bruto livre de células mostra que a cepa de Pseudomonas utilizada está em um nível de relativa baixa virulência, em relação as estágio de virulência de cepas isoladas de hospitais tonando-se assim um ponto positivo para a sua futura aplicação. 77 5. 8 Piocianina A fenazina piocianina é um pigmento azul esverdeado característico produzido por Pseudomonas aeruginosa. Para determinação da concentração de piocianina foram preparados dois inóculos, um crescido em meio de cultura para maximizar a produção de piocianina (20 g/L de peptona, 1,4g/L de MgCl2, 10g/L de K2SO4) e outro meio de cultura para maximizar a produção de biossurfactante (glicerol 30,0 g/L; NaNO3 1,0 g/L; K2HPO4 7,0 g/L; KH2PO4 3,0 g/L; MgSO4.7H2O 0,2 g/L; extrato de levedura 5,0 g/L e peptona 5,0 g/L). Após 72h de cultivo (fase estacionária de crescimento), o meio para produção de biossurfactante apresentava a coloração amarela característica e o meio de cultura para produção de piocianina apresentava coloração verde (Figura 29). Foi realizado o procedimento de extração do pigmento nos dois meios de cultura e foram medidas as absorbâncias a 520 nm. O meio para biossurfactante apresentou absorbância nula, indicando que no meio de cultura utilizado não houve produção de piocianina. O outro meio de cultura apresentou uma concentração de 2,56 μg/mL de piocianina utilizando-se o fator de conversão determinado por Essar et al. (1990). É importante observar que mesmo em uma concentração bem pequena (2,56 μg/mL), o pigmento é capaz de tingir fortemente o meio de cultura, sendo que por simples análise visual torna-se possível detectar a presença desta toxina. Figura 29: Inóculos de com 72h de crescimento, crescido em meio de cultura para maximizar a produção de biossurfactante, e para maximizar a produção de piocianina, respectivamente. 78 Estudos in vitro revelam que a piocianina faz um amplo espectro de danos celulares e podem contribuir para a persistência da P. aeruginosa nos pulmões de pacientes com fibrose cística. A piocianina causa múltiplos efeitos sobre as células humanas, como a inibição da respiração celular, da função ciliar, do crescimento das células da epiderme, bem como a perturbação da homeostase do cálcio.Concentrações fisiologicamente maiores que 27 μg/mL de piocianina foram encontradas na saliva de pacientes crônicos de fibrose cística e tem sido mostradas como indutoras de apoptose em neutrófilos. Como descrito anteriormente, a piocianina modula o ciclo redox da GSH no pulmão de células epiteliais e endoteliais. A taxa de indução de apoptose é dependente da concentração e do tempo, com um aumento de dez vezes na apoptose na condição de 5 h de exposição a 50 μg de piocianina (LAU et al, 2004; O’MALLEY et al, 2004). A não detecção de piocianina no meio de cultura livre de células favorece sua aplicação em biorremediação. 5. 9 DNA O meio de cultivo bruto ao final das fermentações foi processado, de forma que fossem simuladas algumas alternativas de esterilização e/ou filtração das células para posterior análise de DNA. Após a extração, cada amostra de DNA teve sua concentração e pureza determinadas através das leituras de absorbância em 260nm ( C ( g / ml) A260100 ) e em 280nm 0,020 (quantificação de proteínas), no espectrofotômetro. A razão entre as leituras em 260nm/ 280nm foi utilizada como um indicativo da pureza do DNA obtido (Tabela 7). Baseado nos valores da razão da absorbância de 260nm/280nm observou-se que o DNA obtido estava de boa qualidade e com baixas concentrações de proteínas e de RNA. 79 Segundo Ausubel et al (1999), uma razão da absorbância de 260nm/280nm abaixo de 2,0 indica uma preparação altamente purificada de DNA. Tabela 7: Valores de razão de absorbância e concentração do DNA. Amostras A260 A280 Pureza Conc. Conc. A260/ A280 (mg/ml) média (mg/ml) Autoclavadas 0,701 0,402 1,74 3,50 0,757 0,436 1,74 3,78 0,609 0,366 1,66 3,04 0,040 0,029 1,38 0,20 0,044 0,050 0,88 0,22 0,061 0,045 1,35 0,30 0,783 0,451 1,74 3,91 0,728 0,435 1,67 3,64 Filtradas em membrana 0,083 0,068 1,22 0,41 de tamanho de poro de 0,123 0,075 1,64 0,61 0,22 μm 0,118 0,080 1,47 0,59 Centrifugadas e filtradas 0,005 0,003 1,66 0,02 em membrana de 5kDa 0,004 0,005 0,8 0,02 0,001 0,004 0,25 0 Centrifugadas 3,44±0,37 0,24±0,05 1,61±0,11 0,01±0,01 A eletroforese para verificação da qualidade do DNA extraído foi realizada em gel de agarose 1% (Figura 30 e 31). 80 Figura 30: Gel de agarose 1%. 1,2,3- amostras autoclavadas, 4,5,6-amostras centrifugadas, 7,8,9- amostras centrifugadas e autoclavadas, 10,11,12- amostras filtradas em membrana de 0,22μm, 13 - padrão de peso molecular 1Kb DNA Ladder. Figura 31: Gel de agarose 1%. 14 - padrão de peso molecular 1Kb DNA Ladder, 15, 16,17amostras centrifugadas e filtradas em membrana de 5kDa. A análise da imagem do DNA extraído no gel de agarose mostrou que as amostras autoclavadas (Figura 30: 1,2 3) e as amostras centrifugadas e autoclavadas (Figura 30: 7, 8,9) apresentaram sinais de DNA degradado. As amostras que foram apenas centrifugadas (Figura 30: 4,5,6) apresentaram uma banda bem intensa, e as amostras filtradas em membrana de 0,22 μm (Figura 30: 10,11,12) apresentam a mesma banda em uma intensidade mais fraca, mostrando que com esses processos fragmentos de DNA da bactéria Pseudomonas aeruginosa ainda se encontram presentes no meio de cultivo bruto. Nas amostras centrifugadas e filtradas em membrana de 5 kda (Figura 31: 15, 16,17), pode-se verificar que, 81 tanto pela análise por espectrofotometria quanto pela análise de imagem do gel de agarose, a mesma não apresenta fragmentos de DNA. Portanto, a eliminação do DNA do meio de cultivo bruto para posterior aplicação mostrou-se viável através de filtração por membranas. Trabalhos futuros são necessários para determinar um sistema de filtração eficiente para eliminar DNA das amostras concomitante ao maior fluxo de filtração possível, de forma a tornar o processo rápido e eficiente. 5. 10 Secreção de proteínas relacionadas ao estresse oxidativo Conforme mencionado anteriormente por Kronemberger et al. (2007) após a fase de adaptação ocorre um significativo aumento no consumo total de oxigênio atingindo seu pico de consumo em 16 h, o que coincide com o fim da fase exponencial de crescimento. Em fermentações em frascos agitados, o fim da fase exponencial ocorre em 10h. Por esse motivo as análises das proteínas relacionadas ao estresse oxidativo foram realizadas em frascos agitados (controles), em amostras coletadas em 10 h (fase exponencial) e 36 h (fase estacionária). Nas fermentações realizadas em biorreator as amostras foram coletadas em 16h (fase exponencial) e a partir das 160 h (fase estacionária). Como controle de estresse oxidativo utilizamos o H2O2 (10mM) por 1 h. 5.10.1 Sod O consumo de oxigênio molecular por Pseudomonas aeruginosa pode levar à produção de EROs, incluindo superóxido, peróxido de hidrogênio e radical hidroxila. Como uma primeira linha de defesa contra os níveis potencialmente tóxicos de superóxido endógenos, P. aeruginosa possui as enzimas ferro e manganês superóxido dismutase (Sod) 82 (HASSET, SCHWEIZER, OHMAN, 1995). As duas superóxido dismutases (SodA e SodB) representam a primeira linha de defesa contra O2-, transformando-o em H2O2 e três catalases (KatA, KatB e KatE) protegem a célula contra o H2O2. Finalmente quatro alquilhidroperóxido redutases (AhpA, AhpB, AhpCF e Ohr) detoxificam o H2O2 e vários peróxidos orgânicos (OCHSNER et al, 2000). Análises da atividade enzimática da Sod de P. aeruginosa em gel nativo de poliacrilamida são relatados em alguns artigos da literatura (HASSET et al 1993; HASSET, SCHWEIZER, OHMAN, 1995; HOWARD et al, 1985). De acordo com a figura 32 podemos observar a presença de atividade das enzimas FeSod e Mn-Sod nos controles de 10h e 36h sem H2O2. Cont 10h s/H2 O2 Cont 10h s/H2 O 2 Cont 10h s/H2 O2 Cont 36h s/H2 O2 Cont 36h s/H2 O 2 Cont 36h s/H2 O 2 Mn-SOD Fe-SOD Figura 32: Gel nativo de poliacrilamida marcado pela atividade Sod para as fermentações controle sem H2O2. Já nas figuras 33 e 34 podemos observar a presença de atividade enzimática da Fe-Sod nos controles de 10h e 36h com e sem H2O2, e nas fermentações realizadas em biorreator na 83 condição de oxigenação de 6mgO2/L e 1mgO2/L tanto na fase exponencial como na fase estacionária de crescimento. A atividade da enzima Mn-Sod está presente nos controles de 10h e 36h sem H2O2 (Figura 31) e nos controles de 10h e 36h com e sem H2O2 (Figuras 33 e 34). Nas fermentações em biorreator a marcação da atividade da Mn-Sod parece ser bem discreta na fase exponencial e não é observada sua presença na fase estacionária das duas condições de oxigenação. Na fase exponencial de crescimento o consumo de oxigênio por Pseudomonas aeruginosa PA1 é bem maior do que na fase estacionária, como já demonstrado nas figuras 24 e 25. Cont 10h s/H2 O2 Cont 10h c/H2 O2 F1 fase exp F2 fase exp F3 fase exp Cont 36h s/H2 O2 Cont 36h c/H2 O2 F1 fase est F2 fase est F3 fase est Mn-SOD Fe-SOD Figura 33: Gel nativo de poliacrilamida marcado pela atividade Sod para as fermentações com oxigenação de 6 mg O2/L ( F1, F2 e F3) nas fases exponencial e estacionária de crescimento em biorreator. Segundo Hasset e colaboradores (1993, 1995) a enzima Fe-Sod é a Sod sintetizada predominantemente na presença de concentrações relativamente altas de ferro extracelular. Já a Mn-Sod é expressa ao máximo quando os organismos são privados de ferro, enquanto que a 84 atividade Fe-Sod é máxima quando o ferro é abundante. A Mn-Sod apenas serve de reserva quando a atividade da Fe-Sod diminui. Devido à natureza aeróbia obrigatória da P. aeruginosa, níveis elevados de ferro são necessários, não só como um co-fator para os componentes da cadeia respiratória, mas para Fe-Sod e para catalases. Assim, a provável razão para os altos níveis da Fe-Sod em relação à Mn-Sod é que o ferro se encontra no estado férrico (insolúvel) em condições aeróbicas. Para a manutenção dos processos celulares normais em condições aeróbias, cabe ao organismo manter altas concentrações de ferro intracelular, armazenando-o em proteínas como a Fe-Sod, catalases ou proteínas Fur (ferric uptake regulation). Em contraste, a proteína Mn-Sod, ao contrário da E. coli, é controlada por Fur, uma vez que é aumentada apenas em resposta a falta de ferro. 85 Cont 10h s/H2 O2 Cont 10h c/H2O2 F4 fase exp. F5 fase exp F6 fase exp Cont 36h s/H2 O2 Cont 36h c/H2O2 F4 fase est F5 fase est F6 fase est Mn-SOD Fe-SOD Figura 34: Gel nativo de poliacrilamida marcado pela atividade Sod para as fermentações com oxigenação de 1 mg O2/L (F4, F5 e F6) nas fases exponencial e estacionária de crescimento em biorreator. 5. 10.2 Proteína Carbonilada A carbonilação protéica foi medida através dos valores das intensidades das bandas obtidas descontadas do valor do branco. Os resultados apresentam as médias e o desvio padrão de no mínimo três experimentos independentes. Na análise da carbonilação de proteínas nos controles realizados em frascos agitados (Figura 35) verificou-se que após 1h de exposição ao H2O2, a carbonilação protéica foi três vezes maior nos pontos de 10h e 36h quando comparados aos pontos de 10h e 36h que não 86 foram expostos ao H2O2. A análise estatística (teste t) feita entre as amostras antes e depois a exposição ao H2O2 indica que estas são diferentes. Figura 35: Análise da carbonilação de proteínas em frascos agitados após adição de H2O2(10mM) por 1h nos controles de 10h e 36h. A análise estatística (teste t) feita entre as amostras das fermentações realizadas em biorreator (Figura 36) indicaram que as fermentações na condição de oxigenação de 6 mg O2/L e 1 mg O2/L tanto na fase exponencial como na fase estacionária de crescimento são estatisticamente iguais. 87 Figura 36: Análise da carbonilação de proteínas em biorreator nas fases exponencial e estacionária de crescimento nas condições de oxigenação de 6 mg O2/L (F2 e F3) e 1 mg O2/L (F5 e F6). Organismos aeróbicos utilizam o oxigênio molecular para a respiração ou oxidação de nutrientes para obter energia. EROs, como ânion radical superóxido, peróxido, e os radicais hidroxila altamente reativos, são gerados continuamente nas células cultivadas em aerobiose (CABISCOL et al., 2000). Coletivamente, estas EROs conduzem a oxidação de resíduos de aminoácidos (Pro, Asp e Glu), o que pode resultar na inativação e até mesmo fragmentação das proteínas (BARLETT e STADTMAN, 1997). A sensibilidade da técnica não foi adequada para este ensaio, portanto não se pode chegar a nenhuma conclusão relacionando a carbonilação de proteínas e oxigenação . 88 6. Conclusão Em frascos agitados observou-se que uma maior aeração superficial leva a uma maior produtividade de ramnolipídeos. Em biorreator, uma maior produtividade de ramnolipídeos foi encontrada na condição de menor concentração de oxigênio dissolvido. No entanto a produção de fatores de virulência extracelulares como elastases e proteases é maior nas condições de maior concentração de oxigênio dissolvido, provavelmente por haver um maior crescimento celular nestas condições tanto em frascos agitados como em biorreator. A protease alcalina apresentou atividade mais alta que a elastase tanto nas fermentações conduzidas em frascos agitados como nas fermentações conduzidas em biorreator. Porém, após autoclavação, os meios de cultivo livre de células não apresentaram atividade, mostrando que estas enzimas são desativadas por calor. O meio de produção autoclavado é uma das alternativas para desativar estas enzimas e diminuir a toxicidade da preparação bruta de RML a ser empregada em remediações ambientais. Não foi observada a produção de alginato e piocianina pela cepa Pseudomonas aeruginosa PA1. A ausência destes fatores de virulência contam como pontos positivos, mostrando que a cepa de Pseudomonas utilizada está em um nível de relativa baixa virulência, em relação as estágio de virulência de cepas isoladas de hospitais tonando-se assim um ponto positivo para a sua futura aplicação. O meio de cultura utilizado não apresentou atividade lipásica para o ensaio utilizando p-nitrofenil laureato como substrato. A atividade de fosfolipase C não foi determinada, 89 portanto pode-se concluir que não há lipase secretada, porém não foi feito ensaio para lipase intracelular. A atividade hemolítica do biosurfactante produzido por Pseudomonas aeruginosa pode estar ligada à sua capacidade detergente, sendo observado que surfactantes sintéticos também apresentam tais características. A CMC utilizada em biorremediação é de 60mg/L, onde a atividade hemolítica do biossurfactante produzido é bem baixa, tornando assim o meio de cultura menos nocivo ao meio ambiente. A eliminação do DNA do meio de cultivo bruto para posterior aplicação mostrou-se viável através de filtração por membranas. Trabalhos futuros são necessários para determinar um sistema de filtração eficiente para eliminar DNA das amostras concomitante ao maior fluxo de filtração possível, de forma a tornar o processo rápido e eficiente. A atividade da enzima Fe-Sod foi encontrada em todas as condições de oxigenação bem como nos controles com e sem H2O2 . Já a enzima Mn-Sod só não foi observada na fase estacionária das fermentações. Na análise da carbonilação de proteínas nos controles realizados em shaker verificouse que após 1h de exposição ao H2O2, a carbonilação protéica foi três vezes maior nos pontos de 10h e 36h. A análise estatística (teste t) feita entre as amostras antes e depois a exposição ao H2O2 indica que estas são diferentes. A análise estatística (teste t) feita entre as amostras das fermentações realizadas em biorreator indicaram que as fermentações na condição de oxigenação de 6mgO2/L e 1mgO2/L tanto na fase exponencial como na fase estacionária de crescimento são estatisticamente iguais. Desta forma não se pode concluir se as células de 90 Pseudomonas aeruginosa são capazes de suportar diferenças de oxigenação não sendo observado diferenças na carbonilação de proteínas entre as duas condições de oxigenação empregadas no biorreator. 91 7. Publicações KRONEMBERGER, F. A. ; ANNA, L. M. M. S. ; FERNANDES, A. C. L. B. ; MENEZES, R. R. ; BORGES, C. P. ; FREIRE, D. M. G. . Oxygen-controlled Biosurfactant Production in a Bench Scale Bioreactor, Applied Biochemistry and Biotechnology, v.147, 2008. p.3345. NITSCHKE, M.; ARAÚJO, L. V.; COSTA, S. G. V. A. O.; PIRES, R. C.; ZERAIK, A. E. FERNANDES, A. C. L. B. F.; FREIRE, D. M. G.; CONTIERO, J. Surfactin reduces the adhesion of food-borne pathogenic bacteria to solid surfaces, Letters in Applied Microbiology, v.49, n.2,2009, p.241-247. 92 8. Referências ALLESEN-HOLM, M.; BARKEN, K. B.; YANG, L.; KLAUSEN, M.; WEBB, J. S.; KJELLEBERG, S.; MOLIN, S.; GIVSKOV, TOLKER-NIELSEN, T. A characterization of DNA release in Pseudomonas aeruginosa cultures and biofilms, Molecular Microbiology, v.59, n.4, 2006. p.1114-1128. AUSUBEL, F. M. et al. Short Protocols in Molecular Biology. 5. ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1999. p.A3 16-A3 18. BANAT, I. M. Biosurfactants production and possible uses in microbial enhanced oil recovery and oil pollution remediation – a review, Bioresource Technology, v.51, 1995. p. 1-12. BANAT, I. M.; MAKKAR, R. S.; CAMEOTRA, S. S. Potential commercial applications of microbial surfactants, Applied Microbiology Biotechnology, v.53, 2000. p.495-508. BARLETT, B. S.; STADTMAN, E. R.; Protein oxidation in aging, disease and oxidative stress, Journal of Biological Chemistry, v.33, 1997. p.20313-20316. BARREIROS, A. L. B. S.; DAVID, J, M. Estresse oxidativo: relação entre geração de espécies reativas e defesa do organismo, Química Nova, v.29, n.1, 2006. p.113-123. BAYIR, H. M. D.; Reactive oxygen species, Critical Care Medicine, v.33, n.12, 2005. p. S498-S501. 93 BORDOLOI, N. K.; KONWAR, B. K. Microbial surfactant-enhanced mineral oil recovery under laboratory conditions, Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v.63, 2008. p.73-82. BOUCHER, R.C. New concepts of the pathogenesis of cystic fibrosis lung disease. European Respiratory Journal, v.23, 2004. p.146–158. BRAGA, G. U. L.; MESSIAS, C. L.; VENCOVSKY, R. Estimates of genetic parameters related to protease production by Metarhizium anisopliae, Journal of Invertebrate Pathology, v.54, 1994. p.5-12. BUCK, E. D.; LAMMERTYN, E.; ANNÉ, J. The importance of the twin-arginine translocation pathway for bacterial virulence, Trends in Microbiology, v.16, n.9, 2008. p. 442-453. CABISCOL, E.; TAMARIT, J.; ROS, J. Oxidative stress in bacteria and protein damage by reactive oxygen species, International Microbiology, v.3, 2000, p.3-8. CARLSON, C. A.; PIERSON, L. S.; ROSEN, J.J.; INGRAHAM, J. L. Pseudomonas stutzeri and related species undergo natural transformation, The Journal of Bacteriology, v.153, 1983. p.93-99. CHARNEY, J.;TOMARELLI, R. M.. A colorimetric method for the determination of the proteolytic activity of duodenal juice, The Journal of Biological Chemistry, v.171, 1947. p. 501-505. 94 CIANCIOTTO, N. P. Type II secretion: a protein secretion system for all reasons, Trends in Microbiology, v.13, n.12, 2005. p.581-588. CLINE, K.; McCAFFERY, M. Evidence for dynamic and transient pathway through the TAT protein transport machinery, The EMBO Journal, v.26, 2007. p.3039-3049. CORNELIS, G. R. The type III secretion injectissome, Nature Reviews Microbiology, v.4, 2006. p.811-825. COSTA, S. G. V. A. O.; NITSCHKE, M.; HADDAD, R.; EBERLIN, M. N.; CONTIERO, J. Production of Pseudomonas aeruginosa LBI rhamnolipids following growth on Brazilian native oils, Process Biochemstry, v.41, 2006. p.2483-488. DALLE-DONE, I.; ROSSI, R.; GIUSTARINI, D.; MILZANI, A.;COLOMBO, R. Protein carbonyl groups as biomarkers of oxidative stress, Clinica Chimica Acta, v.329, 2003. p. 23-38. DESVAUX, M.; PARHAM, N. J.; HENDERSON, I. R. Type V protein secretion: simplicity gone Awry?, Current Issues in Molecular Biology, v.6, 2004. p.111-124. DESVAUX, M.; PARHAM, N. J.; SCOTT-TUCKER, A.; HENDERSON, I. R. The general secretory pathway: a general misnomer?, Trends in Microbiology, v.12, n.7, 2004. p.306309. 95 DUKAN, S.; FAREWELL, A.; BALLESTEROS, M.; TADDEI, F.; RADMAN, M.; NYSTROM, T. Protein oxidation in response to increased transcriptional or translational errors. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.97, n.11, 2000. p.5746-5749.. DUONG, F.; BONNET, E.; GÉLI, V.; LAZDUNSKI, A.; MURGIER, M.; FILLOUX, A. The AprX protein of Pseudomonas aeruginosa: a new substrate for the Apr type I secretion system, Gene, v.262, 2000. p.147-153. DUONG, F.; LAZDUNSKI, A.; MURGIER M. Protein secretion by heterologous bacterial ABC-transporters: the C-terminus secretion signal of the secreted protein confers high recognition specificity, Molecular Microbiology, v.21, 1996. p.459-470. ENGEL, J.; BALACHANDRAN, P. Role of Pseudomonas aeruginosa type III effectors in disease, Current Opinion in Microbiology, v.12, 2009. p.61-66. ESSAR, D.W.; EBERLY, L.; HADERO, A.; CRAWFORD, I. P. Identification and characterization of genes for a second anthranilate synthase in Pseudomonas aeruginosa: interchangebility of the two anthranilate synthases and evolutionary implications, Journal of Bacteriology, v.172, n.2, 1990. p.884-900. EVINE, R. L.; WILLIAMS, J. A.; STADTMAN, E.R.; SHACTER, E. Carbonyl assays for determination of oxidatively modified proteins. Methods in Enzymology, v.233, 1994. p. 346-357. 96 FELDMAN, M.; BRYAN, R.; RAJAN, S.; SCHEFFLER, L.; BRUNNERT, S.; TANG, H.; PRINCE, A. Role of flagella in pathogenesis of Pseudomonas aeruginosa pulmonary infection, Infection and Immunity, v.66, n.1, 1998. p.43-51. FILLOUX, A.; HACHANI, A.; BLEVES, S. The bacterial typeVI secretion machine: yet another player for protein transport across membranes. Microbiology, v.154, n.6, 2008. p.1570-1583. FU, H.; COBURN, J.; COLLIER, R. J. The eukaryotic host factor that activates exoenzyme s of Pseudomonas aeruginosa is a member of the 14-3-3 protein family. Proceedings of National Academy of Science USA, v.90, 1993. p.2320-2324. GACESA, P. Bacterial alginate biosyntesis – recent progress and future prospects, Microbiology, v.144, 1998. p.1133-1143. GILBERT, E. J.; DROZD, J. W.; JONES, C. W. Physiological regulation and optimization of lipase activity in Pseudomonas aeruginosa EF2. Journal of General Microbiology, v.137, 1991. p.2215-2221. GUZZO, J.; PAGES, J. M.; DUONG, F.; LAZDUNSKI, A,; MURGIER, M. Pseudomonas aeruginosa alkaline protease: evidence for secretion genes and study of secretion mechanism. The Journal of Bacteriology, v.173, 1991. p.5290-5297. HAHN, P. H. The type-4 pilus is the major virulence-associated adhesion of Pseudomonas aeruginosa – a review, Gene, v.192, 1997. p.99-108. 97 HARDALO, C.; EDBERG, C. Pseudomonas aeruginosa: Assessment of risk from drinking water, Critical Reviews Microbiology, v.23, 1997. p.47-75. HASAN, F.; SHIHAH, A. A.; HAMEED, A. Methods for detection and characterization of lipases: a comprehensive review, Biotechnology Advances, v.27, n.6, 2009. p.782-798. HASSETT, D. J.; MA, J.; ELKINS, J. G.; McDERMOTT, T. R.; OCHSNER, U. A.; WEST, S. E. H.; HUANG, C.; FREDERICKS, J. ; BURNETT, S.; STEWART, P. S.; McFETERS, G.; PASSADOR, L.; IGLEWSKI, B. H. Quorum sensing in Pseudomonas aeruginosa controls expression of catalase and superoxide dismutase genes and mediates biofilm susceptibility to hydrogen peroxide, Molecular Microbiology, v.34, n.5, 1999. p. 1082-1093. HASSETT, D. J.; SCHWEIZER, H. P.; OHMAN D. E. Pseudomonas aeruginosa sodA and sodB mutants defective in manganese- and iron-cofactored superoxide dismutase activity demonstrate the importance of the iron- cofactored form in aerobic metabolism, Journal of Bacteriology, v.177, n.22, 1995. p.6330–6337. HASSETT, D. J., CHARNIGA, L.; BEAN, K. A. ;OHMAN,D. E.; COHEN M. S. Antioxidant defense mechanisms in Pseudomonas aeruginosa: resistance to the redoxactive antibiotic pyocyanin and demonstration of a manganese-cofactored superoxide dismutase, Infection Immunity, v.60, 1992. p.328–336. HAUBLER, S.; NIMTZ, M.; DOMKE, T.; WRAY, V.; STEINMETZ, I. Purification and characterization of a cytotoxic exolipid of Burkholderia pseudomallei, Infection and Immunity, v.66, n.4, 1998. p.1588-1593. 98 HENDERSON, I. R.; NAVARRO-GARCIA, F.; DESVAUX, M.; FRENANDEZ, R. C.; ALDEEN, D. A. Type V protein secretion pathway: the autotransporter story. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v.68, n.4, 2004. p.692-744. HENDERSON, I. R; NATARO, J.P. Virulence functions of autotransporter proteins, Infection and Immunity, v.69, n.3, 2001. p.1231-1243. HEYD, M.; KOHNERT, A.; TAN, T. H.; NUSSER, M.; KIRSCHHOFER, F.; BRENNERWEISS, G.; FRANZREB, M.; BERENSMEIER, S. Development and trends of biosurfactant analysis and purification using rhamnolipids as an example, Analytical and Bioanalytical Chemistry, v.391, n.5, 2008. p.1579-1590. HOFFMAN, A. S. Hoffman Group-Standard procedure for hemolysis assay; Departament of Bioengineering, University of Washington, 27 jan. 2010. Disponível em < http://www.bioeng.washington.edu/home/SOP/H/hemolysisassay.pdf> Acesso em 27 jan. 2010. HUECK C. J. Type III protein secretion systems in bacterial pathogens of animals and plants, Microbiology and Molecular Biololgy Reviews, v.62, 1998. p.379-433. JACOB-DUBUISSON, F.; LOCHT, C.; ANTOINE, R. Two-partner secretion in gramnegative bacteria: a thrifty, specific pathway for large virulence proteins. Molecular Microbiology, v.40, 2001. p.306-313. 99 JAIN, M.; BAR-MEIR, M.; MCCOLLEY, S.; CULLINA, J.; POTTER, E.; POWERS, C.; PRICKETT, M.; SESHADRI, R.; JOVANOVIC, B.; PETROCHEILOU, A.; KING, J. D.; HAUSER, A. R. Evolution of Pseudomonas aeruginosa type III secretion in cystic fribrosis: a paradigm of chronic infection, Translational research, v.152, n.6, 2008. p.257264. JARVIS, F. G.; JOHNSON, M. J. A glycol-lipid produced by Pseudomonas aeruginosa, Journal of American Chemical Society, v.71, 1949. p.4124-4126. KIM, E.; SABRA, W.; ZENG, A. Iron deficiency leads to inhibition of oxygen transfer and enhanced formation of virulence factors in cultures of Pseudomonas aeruginosa PAO1, Microbiology, v. 149, 2003. p.2627-2634. KIPNIS, E.; SAWA T.; WIENER- KRONISH J. Targeting mechanisms of Pseudomonas aeruginosa pathogenesis. Medical Malpractice Infection Journal, v.36, 2006. p.78-91. KOBAYASHI, K.; TAGAWA, S. Activation of SoxR-dependent transcription in Pseudomonas aeruginosa, Journal of Biochemistry, v.136, n.5, 2004. p.607-615. KOGOMA, T.; FARR, S. B. Oxidative stress responses in Escherichia coli and Salmonella typhimurium. Microbiological Reviews, v.55, n.4, 1991. p.561-585. KRONEMBERGER, F. A. Produção de ramnolipídeos por Pseudomonas aeruginosa PA1 em biorreator com oxigenação por contactor de membranas. Tese de D. Sc., COPPEPEC/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2007. 100 KRONEMBERGER, F. A. ; ANNA, L. M. M. S. ; FERNANDES, A. C. L. B. ; MENEZES, R. R. ; BORGES, C. P. ; FREIRE, D. M. G. . Oxygen-controlled Biosurfactant Production in a Bench Scale Bioreactor. Applied Biochemistry and Biotechnology, v.147, 2008. p.3345. KONIG, B.; JAEGER, K. E.; SAGE, A.E.; VASIL, M. L.; KONIG, W. Role of Pseudomonas aeruginosa lipase in inflammatory mediator release from human inflammatory effector cells (platelets, granulocytes and monocytes). Infection and Immunity, v.64, n.8, 1996. p.3252-3258. LANDOLFO, S.; POLITI, H.; ANGELOZZI, D.; MANNAZZU, I. ROS accumulation and oxidative damage to cell structures in Saccharomyces cerevisiae wine strains during fermentation of high-sugar-containing medium. Biochimica et Biophysica Acta, v.1780, 2008. p.892–898. LATIFI, A.; FOGLINO, M.; TANAKA, K.; et al. A hierarchical quorum-sensing cascade in Pseudomonas aeruginosa links the transcriptional activators LasR and RhlR (VsmR) to expression of the stationary-phase sigma factor RpoS. Molecular Microbiology, v.21, 1996. p.1137-1146. LAU, G.W.; HASSETT, D.J.; RAN, H.; KONG, F. The role of pyocyanin in Pseudomonas aeruginosa infection, Trends in Molecular Medicine, v.10, n.12, 2004. p.599-606. 101 LAU, G.W.; RAN, H.; KONG, F.; HASSETT, D.J.; MARVRODI, D. Pseudomonas aerugionosa pyocyanin is critical for lung infection in mice, Infection and Immunity, v.72, n.7, 2004. p.4275-4278. LEIS e resoluções ambientais. Ministério do Meio Ambiente, Rio de Janeiro, 20 nov. 2009. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legi.cfm. Acesso em 20 nov 2009. LIEBETON, K.; ZACHARIAS, A.; JAEGER, K. Disulfide bond in Pseudomonas aeruginosa lipase stabilizes the structure but is not required for interaction with its foldase, Journal of Bacteriology, v.183, n.2, 2000. p.597-603. LIU, G. Y.; NIZET, V. Color me bad: microbial pigments as virulence factors, Trends in Microbiology, v.17, n.9, 2009. p.406-413. LORENZ, M. G.; WACKERNAGEL W. Bacterial gene transfer by natural genetic transformation in the environment, Microbiological Reviews, v.58, n.3, 1994. p.563-602. LOWRY, O. H.; ROSEBROUTGH, N. J.; FARR, A. L.; RANDALL, R. J. Protein measurement with the Folin phenol reagent, The Journal of Biological Chemistry, v.193,1951. p.265-275. LYCZAK, J. B.; CANNON, C. L.; PIER, G. B.Estabilishment of Pseudomonas aeruginosa infection: lessons from a versatile opportunist. Microbes and Infection, v.2, 2000. p.10511060. 102 MA, Q.; ZHAI, Y.; SCHNEIDER, J. C.; RAMSEIER, T. M.; SAIER, M. H. Protein secretion systems of Pseudomonas aeruginosa and P. fluorescens, Biochimica et Biophysica Acta, v.1611, 2003. p.223-233. MARQUART, M. E.; CABALLERO, A. R.; CHOMNAWANG, M.; THIBODEAUX, B. A.; TWINING, S. S.; O’CALLAGHAN, R. J. Identification of a novel secreted protease from Pseudomonas aeruginosa that causes corneal erosions, Investigative Ophthalmology & Visual Science, v.46, n.10, 2005. p.3761-3768. MAY, T. B.; CHAKRABARTY, A. M. Isolation and assay of Pseudomonas aeruginosa alginate, Methods in Enzymology, v.235, 1994. p.295-304. MITTAL, R.; AGGARWAL, S.; SHARMA, S.; CHHIBBER, S.; HARJAI, K. Urinary tract infections caused by Pseudomonas aeruginosa: a minireview. Journal of Infection and Public Health, v. 2, n.3, 2009. p.101-111. MOUGOUS, J. D.; CUFF, M. E.; RAUNSER, S.; SHEN, A.; ZHOU, M.; GIFFORD, C. A.; GOODMAN, A. L.; JOACHIMIAK, G.; ORDOÑEZ, C. L. ; LORY, S.; WALZ, T.; JOACHIMIAK, A.; MEKALANOS, J.J. A virulence locus of Pseudomonas aeruginosa encodes a protein secretion apparatus. Science, v.312, 2006. p.1526-1530. MULLIGAN, C. N. Environmental applications for biosurfactants. Environmental pollution, v.133, 2004. p.183-198. 103 MULLIGAN, C. N. Recent advances in the environmental applications of biosurfactants. Current Opinion in Colloid & Interface Science, v.4, n.5, 2009. p.372-378. NIKAIDO, H. Multiple antibiotic resistence and efflux, Current Opinion in Microbiology, v.1, 1998. p.516-523. NITSCHKE, M.; PASTORE G. M. Biossurfactantes: propriedades e aplicações. Química Nova, v.25, n.5, 2002. p.772-776. OCHSNER, U. A.; VASIL, M. L.; ALSABBAGH, E.; PARVATIYAR, K.; HASSETT, D. J. Role of the Pseudomonas aeruginosa oxyR-recG operon in oxidative stress defense and DNA repair: OxyR-dependent regulation of katB-ankB, ahpB, and ahpC-ahpF. Journal of Bacteriology, v.182, n.16, 2000. p.4533-4544. O’MALLEY, Y. Q.; RESZKA, K. J.; SPITZ, D. R.; DENNING, G. M.; BRITIGAN, B. E. Pseudomonas aeruginosa pyocyanin directly oxidizes glutathione and decreases its levels in airway epithelial cells, American Journal of Physiology Lung Cellular and Molecular Physiology, v.287, 2004. p.L94–L103. PAPANIKOU, E.; KARAMANOU, S.; ECONOMOU, A. Bacterial protein secretion through the translocase nanomachine. Nature Reviews Microbiology, v.5, 2007. p.839-851. PESSI, G.; WILLIAMS, F,; HINDLE, Z.; HEURLIER, K.; HOLDEN, M. T. G.; CÁMARA, M.; HASS, D.; WILLIAMS, P. The global posttranscriptional regulator RmsA modulates production of virulence determinants and N-acylhomoserine lactones in Pseudomonas aeruginosa. Journal of Bacteriology, v.183, n.22, 2001. p.6676-6683. 104 PHAM, T. H., WEBB, J. S., REHM, B. H. A. The role of polyhydroxyalkanoate biosynthesis by Pseudomonas aeruginosa in rhamnolipid and alginate production as well as stress tolerance and biofilm formation, Microbiology, 150, 2004. p.3405- 3413. PRICE-WHELAN, A.; DIETRICH, L. E.; NEWMAN, D.K. Pyocyanin alters redox homeostasis and carbon flux through central metabolic pathways in Pseudomonas aeruginosa PA14. The Journal of Bacteriology, v.189, 2007. p.6372-6381. PRICE-WHELAN, A.; DIETRICH, L. E.; NEWMAN, D.K. Rethinking 'secondary' metabolism: physiological roles for phenazine antibiotics. Natural Chemical Biology, v.2, 2006. p.71-78. PUKATZKI, S.; MA, A, T.; STURTEVANT, D,; KRASTINS, B.; SARRACINO, D.; NELSON, W. C.; HEIDELBERG, J. F.; MEKALANOS, J. J. Identification of a conserved bacterial protein secretion system in Vibrio cholerae using the Dictyostelium host model system. Proceedings of the National Academy Sciences, v.103, n.5, 2006. p.1528-1533. RAHMAN, K. S. M.; BANAT, I. M.; THAHIRA, J.; THAYUMANAVAN, T.; LAKSHMANAPERUMALSAMY, P., Bioremediation of gasoline contaminated soil by a bacterium consortium amended with poultry litter, coir pith and rhamnolipid biosurfactant, Bioresource Technology, v.81, n.1, 2002. p.25-32. RAHMAN, K. S. M., RAHMAN, T. J., KOURKOUTAS, Y. ; PETSAS, I.; MARCHANT, R.; BANAT, I. M. Enhanced bioremediation of n-alkane in petroleum sludge using 105 bacterial consortium amended with rhamnolipid and micronutrients, Bioresource Technology, v.90, n.2, 2003. p.159-168. RAHME, L. G.; TAN, M.; LE, L.; WONG, S. M.; TOMPKINS, R. G.; CALDERWOOD, S. B.; AUSUBEL, F. M. Use of model plant hosts to identify Pseudomonas aeruginosa virulence factors, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v.94, 1997. p. 13245-13250. RAMSEY, M.; WOZNIAK, D. J. Understanding the control of Pseudomonas aeruginosa alginate synthesis and the prospects for management of chronic infections in cystic fibrosis, Molecular Microbiology, v.56, n.2, 2005. p.309–322. REIS, R. S. Estudo proteômico de Pseudomonas aeruginosa PA1 durante a produção de ramnolipídeo, Dissertação de M. Sc., IQ/UFRJ, 2008. RENDELL, N, B.; TAYLOR, G. W.; SOMERVILLE, M.; TODD, H.; WILSON, R.; COLE, P.; Characterisation of Pseudomonas rhamnolipids, Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Lipids and Lipid Metabolism, v.1045, n.2, 1990. p.189-193. RIBEIRO, S. M. R.; QUEIROZ, J. H.; PELÚZO, M. C. G.; COSTA, N. M. B.; MATTA, S. L. P.; QUEIROZ, M. E. L. R. A formação e os efeitos das espécies reativas de oxigênio no meio biológico, Bioscience Journal, v.21, n.3, 2005. p.133-149. RODRIGUES, L. R.; BANAT, I. M.; MEI, H. C.; TEIXEIRA, J. A.; OLIVEIRA, R. Interference in adhesion of bactéria and yeasts isolated from explanted voice prostheses 106 to silicone rubber by rhamnolipid biosurfactant, Journal of Applied Microbiology, v.100, n., 2006. p.470-480. ROWE, G.E., WELCH, R.A. Assays of hemolytic toxins. Methods in Enzymology, v.235, 1994. p.657-667. RUMBAUGH, K. P.; GRISWOLD, J. A.; HAMOOD, A. N. The role of quorum sensing in the in vivo virulence of Pseudomonas aeruginosa, Microbes and Infection, v.2, 2000. p. 1721-1731. RYAN K. J., RAY C.G Sherris Medical Microbiology, 4th ed., McGraw Hill. 2004-.ISBN 08385-8529-9. SABRA, W.; KIM, E.; ZENG, A. Physiological responses of Pseudomonas aeruginosa PAO1 to oxidative stress in controlled microaerobic and aerobic cultures, Microbiology, v.148, 2002. p.3195-3202. SAMBROOK, J.; FRITSCH, E.F.; MANIATIS, T. Molecular Cloning: a laboratory manual. 2nd ed. N.Y., Cold Spring Harbor Laboratory, Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1989. p.1659. SANDKVIST, M. Biology of type II secretion, Molecular Microbiology, v.40, n.2, 2001. p. 271-283. 107 SANTA ANNA, L. M.; SEBASTIAN, G. V.; MENEZES, E. P.;et al. Production of biosurfactants from Pseudomonas aeruginosa PA1 isolated in oil invironments, Brazilian Journal of Chemical Engineering, v.19, n.2, 2002. p.159-166. SANTA ANNA, L. M.; SEBASTIAN, G. V.; MENEZES, E. P.;et al. Production of biosurfactants by a new and promising strain of Pseudomonas sp PA1, Applied Biochemistry and Biotechnology, v.91-93, 2001. p.459-467. SANTA ANNA, L. M.; SORIANO, A.U.; GOMES, A.C.; MENEZES, E. P.; GUTARRA, M. L. E.; FREIRE, D. M. G.; PEREIRA Jr., N. Use of biosurfactant in the removal of oil from contaminated sandy oil, Journal of Chemical Technology and Biotechnology, v.82, 2007. p. 687-691. SANTOS, A. S.; SAMPAIO, A. W.; VASQUEZ, G. S.; et al. Evaluation of different carbon and nitrogen sources in production of rhamnolipids by a strain of Pseudomonas aeruginosa, Applied Biochemistry and Biotechnology, v.100, n. 1-3, 2002. p.1025-1036. SARACHAT, T.; PORNUNTHORNTAWEE, O.; CHAVADEJ, S.; RUJIRAVANIT, R. Purification and concentration of a rhamnolipid biosurfactant produced by Pseudomonas aeruginosa SP4 using foam fractionation, Bioresource Technology, v.101, n.1, 2010. p.324-330. SCOTT, M. D.; MESHNICK, S. R.; EATON, J. W. Superoxide dismutase-rich bacteria, The Journal of Biological Chemistry, v.262, n.8, 1987. p.3640-3645. 108 SEGUNDO, A. S. G. Mecanismo da terapia fotodinâmica em presença de peróxido de hidrogênio, Tese de D. Sc., IPEN- Autarquia associada a Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, 2007. SINGH, A.; HAMME, J. D. V.; WARD, O. P. Surfactants in microbiology and biotechnology: part 2. Application aspects. Biotechnology Advances, v.25, n.1, 2007. p. 99-121. SMITH, R. S.; IGLEWSKI, B. H. P. aeruginosa quorum-sensing systems and virulence, Current Opinion in Microbiology, v.6, 2003. p.56-60. SOBERÓN-CHÁVEZ, G.;LÉPINE, F.; DÉZIEL, E. Production of rhamnolipids by Pseudomonas aeruginosa, Applied Microbiology and Biotechnology, v.68, 2005. p.718-725. SOBERÓN, G. Pseudomonas aeruginosa, Microbios en Línea, eds. E. M. Romero, J. C. M. Romero, 2001. Livro virtual ed. Unam. Disponível em <http://www.microbiologia.org.mx/microbiosenlinea/CAPITULO_06/> Acesso em 28 jan 2010. SODERLIND, E.; KARLSSON, L. Haemolytic activity of maltopyranoside surfactants, European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v.62, n.3, 2006. p.254-259. STADTMAN, E. R. Protein oxidation and aging. Annual Review of Biochemistry, v.62, 1993. p.797-821. 109 STEHR, F.; KRETSCHMAR, M.; KROGER, C.; HUBE, B.; SCHAFER, W. Microbial lipases as virulence factors. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v.22, n.5, 2003. p. 347-355. STUER, W., JAEGER, K.E.; WINKLER, U. K. Purification of extracellular lipase from Pseudomonas aeruginosa. The Journal of Bacteriology, v.168, 1986. p.1070–1074. TAVARES, L. F., Estudo cinético da produção de biosurfactantes do tipo ramnolipideos por Pseudomonas aeruginosa PA1. Dissertação de M.Sc., Instituto de Química/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2007. TURNER, J. M.; MESSENGER, A.J. Occurrence, biochemistry,and physiology of phenazine pigment production, Advances in Microbial Physiology, v.27,1986. p.211-275. VINCKX, T.; WEI, Q.; MATTHIJS, S.; CORNELIS, P. The Pseudomonas aeruginosa oxidative stress regulator OxyR influences pyocyanin and rhamnolipids production: protective role of pyocyanin, Microbiology Papers in Press, v. 156, 2010. p.678-686. VOULHOUX, R.; BALL, G.; IZE, B.; VASIL, M. L.; LAZDUNSKI, A.; WU, L.; FILLOUX, A. Involvement of the twin-arginine translocation system in protein secretion via type II pathway, The EMBO Journal, v.20, n.23, 2001. p.6735-6741. WEI, Y.; CHOU, C.; CHANG, J. Rhamnolipid production by indigenous Pseudomonas aeruginosa J4 originating from petrochemical wastewater, Biochemical Engineering Journal, v.27, n.2, 2005. p.146-154. 110 WILHELM, S.; GDYNIA, A.; TIELEN, P.; ROSENAU, F.; JAEGER, K. The autotransporter esterase EstA of Pseudomonas aeruginosa is required for rhamnolipid production, cell motility and biofilm formation, Journal of Bacteriology, v.189, n.18, 2007. p.6695-6703. WHITELEY, M.; LEE, K. M.; GREENBERG, E. P. Identification of genes controlled by quorum sensing in Pseudomonas aeruginosa. Proceedings of the National Academy of Science USA, v.96, n.24, 1999. p.13904-13909. WILSON, R.; DOWLING, R. B. Pseudomonas aeruginosa and other related species. Thorax, v.1998, n.53, 2006. p.213-219. WINTERS, H.; SWIFT, S.; WILLIAMS, P. Quorum sensing as an integral component of gene regulatory networks in Gram-negative bacteria. Current Opinion in Microbiology, v.4, 2001. p.186-193. WOLF, P., ELSÄSSER-BEILE, U. Pseudomonas exotoxin A: from virulence factor to anti-cancer agent. International Journal of Medical Microbiology, v.299, n.3, 2008. p.76161. ZHU, K.; ROCK, C. O. RhlA converts β-hydroxyacyl-acyl carrier protein intermediates in fatty acid synthesis to the β-hydroxydecanoyl-β-hydroxydecanoate component of rhamnolipids in Pseudomonas aeruginosa. Journal of Bacteriology, v.190, n.9, 2008. p. 3147-3154.