Meteoritos, Marte e mais além - Workspace
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Meteoritos, Marte e mais além - Workspace
Astrobiologia Calhaus com ADN. O meteorito de Murchison esconde no seu interior elementos que estão na origem do ADN. Depois de analisar uma das suas amostras, Zita Martins e a sua equipa concluíram que esses elementos tinham mesmo vindo do espaço. Meteoritos, Marte e mais além A química DAVIDA A vida tal como a conhecemos na Terra pode ter duas origens: ou nasceu no nosso planeta ou teve uma ajuda vinda do espaço. A única certeza é que os seres vivos derivam de processos químicos muito complexos. Para detectar os seus sinais, seja em meteoritos caídos em solo terrestre ou noutras partes do universo, é ne-'_~ário recorrer a investigadores de topo. É o caso de Zita Martins. m plena superfície lunar, seis astronautas descem por uma rampa até à zona de escavação onde foi descoberto o primeiro e inconfundível sinal de vida extraterrestre. O foco de todo o suspense está num enigmático monólito negro que se ergue imperialmente na vertical, deixado na Lua por seres de outros planetas, há centenas de milhares de anos. Os seis homens vindos da Terra contornam o estranho objecto, absortos pela descoberta e ainda sem saberem como divulgar o achado à população mundial. Eisum dos momentos mais importantes da humanidade, uma visão apoteótica do futuro que foi imortalizada para o cinema através da obra-prima 2001 - Odisseia no Espaço. Contudo, 2001 há muito que passou por nós e sinais de organismos extraterrestre nem vê- E Metódica. A investigadora portuguesa Zita Martins está a desenvolver métodos de detecção que permitam el"lCOr:1trar vestígios de vida em meteGritoscaídes na Terra ou na superfície de Marte. los, quanto mais artefactos construídos por ETs.Por agora, os cientistas terão de se contentar com a busca de sinais de vida microscópica (a mais fácil e provável de encontrar nas próximas décadas), e para essa tarefa tudo está dependente de um aliado muito importante: a química. Que o diga Zita Martins, a jovem química portuguesa do Imperial College London, uma das actuais vedetas mundiais no campo da astrobiologia, uma área de investigação multidisciplinar que se dedica ao estudo da origem, da distribuição e da evolução da vida no universo, incluindo no nosso planeta. Actualmente, uma das suastarefas consiste em desenvolver métodos de detecção de material orgânico, que tanto se podem aplicar ao estudo dos meteoritos que chegaram à Terra como em futuras missões espaciais a Marte. Como explica a investigadora: "Há várias áreas de estudo na astrobiologia. Porém, toda a questão de saber como é que os primeiros organismos vivos terão surgido, e como se terá passado de simples moléculas orgânicas para os primeiros organismos vivos, exige fundamentalmente a área da química." O assunto é polémico, pois vai ao cerne de uma das questões mais velhas que a humanidade já colocou. Como surgiu a vida como a conhecemos? Deixando de lado uma possível intervenção divina e seguindo por um caminho bem mais verosímil, existem neste momento, no campo da ciência, duas correntes teóricas que tentam explicar o "início". A primeira diz que surgiu espontaneamente, através da sopa química primordial que existia nos primórdios da Terra, há alguns milhares de milhões de anos. A outra afirma que os constituintes básicos chegaram ao nosso planeta através dos meteoritos que o bombardearam, igualmente quando era jovem. Qual destas hipóteses inspira maior confiança? "Não existe uma que seja mais plausível", responde de imediato a investigadora, demonstrando que nem tudo é preto no branco. "Na década de 1950, Stanley Miller fez experiências em torno dessa sopa primor-· dial, só que mais tarde veio a saber-se que as condições que ele usou não correspondiam, de facto, às da Terra primitiva. Se alguém, nos dias de hoje, repetir essaexperiência com as exactas condições da Terra primitiva, será extremamente difícil sintetizar moléculas orgânicas. Daíque haja pessoas a procurar uma ~o objectivo é descobrir as moléculas fundamentais da vida alternativa a essa sopa primordial e a olharem muito mais para os cometas e meteoritos." Basicamente, a ideia de que a vida pode ter vindo de fora, do espaço, com um "objecto extraterrestre a trazer as suas moléculas fundamentais", ficou ainda mais reforçada. EM BUSCA DAS PEÇAS Para que os cientistas possam defender a hipótese de que existem, ou existiram, organismos vivos noutras partes do universo, e que a vida se espalhou depois pela Terra, têm primeiro de saber quais são os indícios que sinalizam a sua presença. Eis por que é tão importante o trabalho de Zita Martins, na medida em que, e tendo como único ponto de referência a vida na Terra (único local onde se conhece a sua existência), tenta descobrir que moléculas orgânicas são importantes para que ela subsista. "Sobretudo, tenho de saber que moléculas quero detectar e porquê, quais é que são fundamentais." Dentro desta linha de estudo, são vários os componente( que a investigadora procura, aperfeiçoando os métodos que levam à sua descoberta. NO'EJuese refere às células, por exemplo, é preciso identificar "os 'Iegos' que a constituem, o que inclui, neste caso, os aminoácidos, que são os componentes das proteínas". Mas não nos fiquemos por aqui: sem material genético não há reprodução celular, e sem reprodução deixa de haver vida. Isto explica porque é que, entre os outros blocos fundamentais que a investigadora está a estudar, se encontram-se as bases azotadas, "pois estas fazem parte do nosso material genético e são fundamentais para transmitir toda a informação de uma geração para a seguinte". No entanto, uma célula necessita de algo mais para além dos seus componentes interiores, como é o caso dos aminoácidos e do material genético. Precisa também de uma barreira, uma membrana que a envolva, explica Zita Martins: "No que concerne a essa parede, eu tento procurar hidrocarbonetos e ácidos carboxmcos." Uma vez desenvolvidos os métodos para identificar os componentes essenciais, um dos passos seguintes consiste em detectá-los noutràs partes do Sistema Solar, seja a investigar meteoritos e asteróides ou a analisar o solo marciano. No que a Marte se refere, "a missão mais próxima que irá tentar descobrir vida é a ExoMars", anunciada para 2018 sob a égide da Agência Espacial Europeia. Já este ano, a NASA vai enviar mais um rover para o planeta vermelho, o Curiosity,na missão Mars Science laboratory; porém, "apesar de ir procurar compostos orgânicos, a pesquisa de vida não é a sua missão chave", lamenta a investigadora. Por questões financeiras, a ExoMarstem sofrido vários reveses e cortes orça mentais. Até há muito pouco tempo, era uma missão que contaria com o contributo da NASA,mas, neste momento, a agência norte-americana não sabe se terá fundos para participar, pelo que muita coisa poderá mudar e provocar atrasos. De tal modo que, há cerca de dois anos, Zita Martins integrava' a equipa de desenvolvimento de um dos instrumentos da ExoMars, "mas entretanto a missão foi reformulada e vários instrumentos foram cancelados", entre os quais aquele em que trabalhava. Mas não pense que só se poderá descobrir vida, nos próximos tempos, à superfície de Marte. Aliás, o trabalho científico que deu reconhecimento internacional a esta portuguesa teve como objecto de estudo o meteorito de Murchison, um conjunto de calhaus com 90 quilos que caiu em 1969 em plena Austrália, Escondidos no interior das rochas, os investigadores encontraram açúcares e aminoácidos baseados no carbono, mas subsistiam dúvidas quanto à origem das bases azotadas que aí foram encontradas, elementos que, quando se fundem com moléculas de açúcar, estão na Como tudo começou D efinir o que é a vida sempre se revelou um autêntico quebra-cabeças para os cientistas, especialmente se queremos uma resposta universal. O assunto é complexo: se apenas olharmos para o que existe na Terra, o único local onde se reconhece a existência de seres vivos, estamos a deixar de fora as arcaicas formas de vida que antecederam os organismos celulares, assim como outras que podem estar escondidas pelo universo. Há duas teorias que pretendem explicar o eclodir da vida no nosso planeta, com uma delas a piscar o olho à Terra e outra a apontar o dedo aos céus. Seja como for, foi o francês Louis Pasteur quem, no século XIX, defendeu a ideia de que a origem dos seres vivos tem de ser compreendida e dotada de uma explicação científica. A ideia germinou e, na segunda década do século passado, os bioquímicos Aleksandr Oparin (russo) eJohnAldane (inglês) apresentaram modelos, de uma forma independente, para a origem da vida, atirando a "culpa" para os processos de evolução química. Em 1953, deu-se uma descoberta fabulosa. Uma experiência feita pelo norte-americano Stanley Miller tentou imitar as condições que teriam existido na Terra primitiva. Miller misturou num recipiente especial diversos gases (metano, amoníaco, hidrogénio e vapor de água) e, para tornar tudo mais realista, disparou cargas eléctricas para simular o efeito dos raios na atmosfera. Ao fim de alguns dias, surgiu uma espécie de caldo onde se juntavam aminoácidos, ácidos gordos, açúcares e outros compostos orgânicos. Eis a sopa química primordial de onde toda a vida poderia ter germinado. Perante este achado, Harold Urey, supervisor de Miller e detentor de um Prémio Nobel, não se coibiu de expressar o que lhe ia na alma: "Se Deus não fez assim, perdeu uma bela oportunidade." Nos dias de hoje, existem grandes evidências de que a atmosfera nos primórdios da Terra não era como a que Miller e Urey idealizaram, pelo que mantém-se a dúvida sobre os processos que terão estado na origem de tudo. Mesmo assim, confirmou-se que era possível gerar compostos orgânicos sem ser na presença de seres vivos. O estudo de como a vida surgiu dava mais um passo em frente, e pelo caminho reforçava as teorias que defendiam uma origem extraterrestre. Aliás, Oparin foi bastante incisivo neste aspecto, ao afirmar: "O estudo da origem da vida na Terra apresenta-se como a investigação de apenas um exemplo de eventos que devem ter ocorrido inúmeras vezes no cosmos. Assim, a explicação da questão de como a vida surgiu na Terra deve necessariamente conduzir a provas fortes a favor da teoria da existência de vida noutros locais do universo." O mote estava dado. Uma vez que a experiência de Miller e Urey não deu uma resposta decisiva, quereria isso dizer que os blocos fundamentais para A Grande Fonte Prismática do Parque Nacional de Yellowstone (Estados Unidos), conhecida pelas suas bactérias pigmentadas, tem semelhanças com as condições que existiam os primórdios da Terra. Dessa sopa química podem ter surgido os primeiros seres vivos. a vida vieram do espaço, aproveitando a boleia de cometas, por exemplo? A ideia começava a ganhar peso. Contudo, está errado afirmar que as teorias que defendem uma origem extraterrestre só surgiram nos últimos tempos. Se recuarmos 2500 anos, veremos que pensadores gregos como Leucipo, Demócrito e Epiduro já especulavam sQbre a existência de muitos outros mundos, com o filósofo Anaxágoras a admitir a existência de sementes que estavam dispersas pelos vários cantos do universo (a panspermia) . A nível geológico, sabe-se que, no passado, num período entre 4,6 e 3,6 mil milhões de anos atrás, a Terra foi fortemente bombardeada e revolvida por meteoritos. No entanto, "há fósseis de vida, no nosso planeta, que sabemos terem 3,5 mil milhões de anos", salienta Zita Martins. Assim sendo, tudo aponta para que os seres vivos tenham surgido num curto espaço de tempo, logo que o planeta deixou de ser fustigado pela fúria espacial. Para juntar mais peças ao puzzle, nas últimas décadas foram "descobertas uma série de moléculas orgânicas em meteoritos, as quais são fundamentais para a vida como nós a conhecemos". Tal como esclarece Miguel Oliveira, professor de astrobiologia na Universidade do Texas, "os constituintes básicos da vida vieram de certeza do espaço, como acontece com os aminoácidosj já temos a certeza de que eles são transportados em cometas e asteróides". Agora, se a vida propriamente dita foi também transportada, "é possível que sim, mas não há p'rovas disso." É precisamente para a busca de provas mais conclusivas que a astro biologia se socorre da química, usando-a para estudar outros planetas do Sistema Solar. N o caso de Marte, neste momento há dois rovers (operacionais) que palmilham o seu solo. "O Spirit e o Opportunity, que são do tamanho de carros de golfe, conseguem fazer muito mais experiências do que os seus antecessores", esclarece Miguel Oliveira. "Podem, por exemplo, retirar solo e pedaços de rocha e colocá-los nas câmaras de experiências que transportam, para depois verem que tipo de elementos existem nessas amostras." As missões Mars Science Laboratory (MSL) e ExoMars são as damas que se seguem, cada uma com o seu veículo robotizado. "O rover do MSL vai ser quase do tamanho de um carro, conseguindo assim fazer muito mais experiências, enquanto o do ExoMars vai sobretudo tentar saber se o solo marciano não poderá ter fósseis de vida ant~?a, datada de há três mil milhões de anos. As luas Europa e Titã são os astros seguintes que estão na mira, isto no que concerne a futuras missões para descobrir vida extraterrestre. "Europa é basicamente uma lua de água com uma fina camada de gelo à volta", diz o professor de astrobiologia, "enquanto Titã é uma lua maior do que alguns planetas ( como Mercúrio) e que tem uma atmosfera espessa, existindo até lagos de metano. Neste caso, é possível existir vida com base nesse metano, que não esteja dependente, por exemplo, de oxigé?,-í0' tal como acontece connosco na Terra. Se existir vida no Sistema Solar, então vamos provavelmente encontrá-Ia nos próximos tempos, acredita Miguel Oliveira. "Basta existir vontade política, o que quer dizer vontade económica." A título de comparação, salienta que" dois dias de guerra no Iraque davam para uma missão a Marte com um rover". Ou seja, "não se gasta muito dinheiro com as missões espaciais, quando comparado com o dinheiro que se perde de forma inútil". ~ Descobrir moléculas não chegé!. é preciso saber para que servem origem de ácidos nucleicos como o ADN.Teriam aquelas bases azotadas vindo do espaço, ou seriam fruto de contaminação posterior na Terra? Quase trinta anos depois da ocorrência, Zita Martins e a sua equipa do Imperial Col/ege London encontraram, numa das pequenas amostras do meteorito, fortes sinais de que afinal as bases azotadas tinham mesmo vindo do espaço. A notícia mereceu destaque em diversos jornais e televisões do globo, chamando a atenção de que o ADN,a matéria que está na base dos genes, poderá ter uma origem menos terrestre. Após o Murchison, a cientista continua a analisar amostras de meteoritos que caíram na Terra, mas por agora grande parte do assunto ainda está no segredo dos deuses. "Esse é um dos projectos em que estou activamente envolvida, mas não vou especificar as amostras porque, obviamente, há muita competição nesta área." No entanto, aquilo que se sabe é que pelas suas mãos passam "muitos meteoritos vindos da Antárctida", por várias razões. "A Antárctida é um sítio relativamente fácil pa- ra encontrar esses meteoritos, porque o gelo é branco e eles são escuros, mas o mais importante é que não tem um nível significativo de vida, pelo que as amostras estão quase num ambiente estéril; por isso, as moléculas orgânicas que eu estarei a analisar, em princípio, não terão origem numa contaminação." A VIDA NO PRESENTE E NO PASSADO Importante para qualquer investigação que se faça nesta área é a capacidade de distinguir três aspectos cruciais: quais são as moléculas que indicam a existência de vida no presente, quais as que assinalam, somente, a sua existência no passado, e quais as que não sinalizam organismos vivos. Para as futuras missões espaciais, nomeadamente a Marte, fazer correctamente esta distinção será fundamental. No que se refere aos sinais de vida, e para saber se pertencem a seres que ainda existem ou se são resquícios de um passado que já lá vai, há fórmulas relativamente simples de os diferenciar, principalmente entre os aminoácidos. Antes de mais, há que ter em conta que "os aminoácidos, tal como os conhecemos, são como as nossas mãos", começa por explicar Zita Martins. "Temos uma forma que equivale à mão direita e outra à mão esquerda, isto para o mesmo aminoácido." Por outras palavras, as duas formas diferem entre si, em termos de estrutura química, tal como se olhássemos para as nossas duas mãos. "São o reflexo um do outro, embora não se possam sobrepor." Tendo isto em mente, passemos então a explicar como são feitas as contas. A esmagadora maioria dos organismos vivos da Terra "usa uma só forma de aminoácido, a forma L" (uma das mãos). Mas, "quando os organismos morrem, esses aminoácidos L convertem-se lentamente em aminoácidos D" (a outra mão). Logo, se em Marte forem encontrados somente aminoácidos L,isso significa que ainda existem organismos vivos. Mas se, por exemplo, do total dos aminoácidos, setenta por cento for da variante L,isso quer dizer que a forma Lcomeçou a ser convertida na forma D, num indício de que estamos perante "vida que se extinguiu". Não há que enganar, portanto. O problema é que, noutras moléculas orgânicas, não é fácil fazer esta diferenciação. Há moléculas muito abundantes, como é o caso dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que se encontram espalhados pelo Sistema Homenzinhos verdes? Encontrar vida em solo marciano seria um marco histórico para a humanidade, mas, até ao momento, nenhum dos rovers para lá enviados detectou o que fosse na superfície pouco amistosa (à esquerda). Se algum dia encontrarmos criaturas fora da Terra, o mais provável é que sejam micro-organismos como a bactéria Escherichia coli (em cima). Solar, e que "apesar de serem estruturas orgânicas muito importantes, não têm qualquer importância ao nível da vida". Aqui se denota, novamente, a relevância da química: "Descobrir moléculas orgânicas, por si, não significa absolutamente nada", avisa Zita Martins. "É necessário alguém que tenha uma formação a nível de química para saber distingui-Ias." Os cenários de crise, financeira e económica, invadiram o dia-a-dia dos noticiários, pelo que é normal que haja quem critique que se gaste tanto dinheiro em investigações e missões espaciais que se podem revelar infrutíferas. Para Zita Martins, os processos que se estão a desenvolver não implicam dinheiro perdido, antes pelo contrário. "Quando estou a analisar moléculas que estão presentes em quantidades muito pequenas, esses métodos podem servir, por exemplo, para detectar na água quantidade residuais de moléculas perigosas." E,como é óbvio, todos queremos uma água que seja própria para beber. OsJogos Olímpicos do próximo ano constituem outro exemplo, na medida em que as suas investigações poderão ser usadas para a detecção de substâncias proibidas nos atletas, ou ainda "para fazer amostras ao sangue e saber se está presente qualquer substância perigosa para a saúde." Quanto às missões espaciais, os retornos a nível tecnológico são sobejamente conhecidos. É o que sucede com os sistemas de refrigeração dos foguetões que vão a Marte, pois "podem ser aplicados aqui na Terra." Mas, se quisermos falar no combate ao desemprego, também se pode pegar no assunto por esse prisma. "Aquando de missões anteriores, a NASAfez um estudo que revelou que, por cada dólar investido, havia um retorno de 18 dólares." E porquê? "Porque, se estamos a precisar de mais engenheiros e cientistas, isso vai aumentar o número de postos de trabalho." Eisa ciência ao serviço da economia. QUANDO CONHECEREMOS UM ET? As expectativas são grandes, relativamente ao encontro de formas de vida extraterrestres, mas infelizmente parece que qualquer descoberta relevante que possa ocorrer só será feita daqui a muitos anos, pelo menos se tivermos em conta as missões exploratórias a outros planetas."Descobrir organismos extraterrestres em menos de dez ou vinte anos? Talvez não! E estamos só a falar de uma missão a Marte", confessa Zita Martins. De momento, o objectivo consiste em estudar melhor o solo marciano, embora Titã (uma das luas de Saturno) e Europa (satélite de Júpiter) sejam apostas a ter seriamente em conta. Estas missões não pretendem encontrar os famosos homenzinhos verdes: "Andamos apenas à procura de micro-organismos, de pequenas bactérias." Contudo, mesmo a descoberta desses organismos microscópicos já faria toda a diferença. "A nível científico, seria uma enorme descoberta, e a nível social seria uma revolução. Com a descoberta de vida fora da Terra, continuaríamos a ser especiais, mas deixaríamos de ser únicos." Mesmo que nada se descubra, nos próximos tempos, haverá sempre dividendos a ter em conta. Tal como afirmou Aleksandr Oparin, proeminente bioquímico russo que se destacou, em meados do século passado, pelas suas teses acerca da origem da vida, "se, para nosso grande desapontamento, não a descobrirmos nos planetas nossos vizinhos, ainda assim aprenderemos muito sobre as vias de evolução da matéria orgânica que estão na base da origem da nossa vida terrestre." Resumindo, ficaremos sempre a saber mais sobre aquilo que somos e como surgimos. Para saber mais http://www3.imperial.ac.uk/people/z.martins Página de Zita Martins no Imperial Col/ege London. http://astropt.org. Portal sobre astronomia coordenado pelo astrobiólogo Carlos Oliveira.
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