estudo fitoquímico e biológico in vitro de espécies do gênero
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estudo fitoquímico e biológico in vitro de espécies do gênero
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO GEÓRGIA SUELEY BEZERRA ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE ESPÉCIES DO GÊNERO Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) PETROLINA 2015 GEÓRGIA SUELEY BEZERRA ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE ESPÉCIES DO GÊNERO Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia. L. (EUPHORBIACEAE) Dissertação apresentada à Universidade Federal do Vale do São Francisco, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido, para obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais. Área de concentração: atividade biológica. Orientadora: Prof. Dra. Cavalcante da Cruz Araújo PETROLINA 2015 Química e Edigênia Bezerra, Géorgia Sueley B574e Estudo fitoquímico e biológico in vitro de espécies do gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia. L. (Euphorbiaceae)/ Géorgia Sueley Bezerra – Petrolina, 2015. xviii, 135p. Ficha Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido) Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina, Petrolina- PE, 2015. Orientadora: Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo. 1. Estudo fitoquímico 2. Atividade biológica in vitro 3. Euphorbia hirta, E. hyssopifolia e E. timmyfolia. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco. CDD 581.634 Catalogação pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da UNIVASF. Bibliotecária: Maria Betânia de Santana da Silva CRB4/1747 GEÓRGIA SUELEY BEZERRA ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE ESPÉCIES DO GÊNERO Euphorbia: E. Hirta, E. Hyssopifolia e E. Thymifolia. L. (EUPHORBIACEAE) APROVADA em ........ de ........ de 2015. _________________________________________________ Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo - UNIVASF (Orientadora) _________________________________________________ Profa. Dra. Gabriela Lemos de Azevedo Maia - UNIVASF (1° Examinador) _________________________________________________ Profa. Dra. Xirley Pereira Nunes – UNIVASF (2° Examinador) “Diante da sabedoria infinita, mais vale um breve desejo de humildade com algum ato do mesmo, do que toda ciência do mundo”. (Santa Tereza D’Ávila) iv Agradecimentos Louvo e agradeço a Deus por ter me dado o dom da vida, mas principalmente por ter me concedido saúde e perseverança diante de todas as dificuldades e tribulações enfrentadas durante a realização deste trabalho. À minha mãe do céu, Maria santíssima por sempre me proteger e por sua poderosa intercessão. À minha mãe, de saudosa memória que infelizmente não se faz mais presente entre nós, mas se estivesse hoje aqui estaria muito feliz com a realização do meu sonho, a ela minha eterna gratidão. Ao meu pai, que sempre se fez presente na minha vida e nunca permitiu que me faltasse nada. Agradeço por todo amor dedicado a mim em todos os momentos, que me ajudou a superar cada obstáculo. Ao meu irmão Rodolfo, meu amigo, razão da minha alegria, agradeço por todo amor, carinho, cumplicidade e companheirismo. Ao meu irmão Tiago que mesmo não estando tão presente sempre se alegrou com cada conquista minha, agradeço por todo amor, carinho e compreensão. Às minhas tias, em especial Tia Dade e Tia Teca as quais sempre me acolheram com todo amor e carinho, se colocando sempre à disposição para me ajudar. Às minhas amigas Keyte Nayara, Adriana Andrade, Elisângela Cordeiro, Deize Raquel, Louise Marjoriê, Raphaelle simões, Fernanda Kelly, Manoela Rocha, Ilze Braga, Poliana Ferrais, Luana Rosa e Eduarda por toda força e incentivo durante esse trajeto e principalmente por estarem sempre ao meu lado. v As minhas amigas e companheiras de trabalho Elizabeth, Amanda e Inaiara, que com sua disposição, amizade e companheirismo sempre me deram muita força, agradeço também por toda ajuda e suporte na realização de alguns experimentos desse projeto; e que nos momentos mais difíceis me proporcionaram incontáveis sorrisos. À minha pastora, amiga e irmã, Estéfany pelo incentivo, encorajamento constante por meio de suas sábias palavras, orações e inúmeras conversas durante a madrugada. Ao meu grande amigo Walisson que sempre se colocou à disposição para me ouvir e aconselhar, mas agradeço principalmente pelo suporte nas traduções dos meus textos e resumos. As minhas colegas, Sandra, Naiane, Paloma, Fernanda e em especial Ana Paula e Eliatania, que sempre se colocaram disponíveis para auxiliar na realização da execução desse projeto, pois aprendi muito com elas. À minha família shalom, em especial, aos meus irmãos do Davi, que me acolheram com tanto amor. Agradeço por todo cuido, zelo e sorrisos. Aos professores do IF- Sertão, pelos ensinamentos e pelo apoio constante e amizade. Às professoras Maria Leopoldina Veras e Débora dos Anjos, que de maneira tão simples e desinteressada, contribuíram enormemente para o meu crescimento profissional e pessoal, bem como por toda ajuda e apoio desde a época da seleção. À minha orientadora, por partilhar seu enorme conhecimento científico, sempre me permitindo qual caminho traçar, mas principalmente por ter acreditado em mim, mesmo quando eu mesma não acreditei, por toda sua disposição, paciência e compreensão, a quem eu vou agradecer eternamente. vi Ao Professor Jackson Roberto pelos ensinamentos e por sempre disponibilizar materiais e equipamentos para execução dos experimentos deste trabalho. Aos professores do colegiado de Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, por terem proporcionado momentos gloriosos na aprendizagem. À Duílio Paulino por ter me acompanhado durante a realização das coletas no CRAD e também na identificação das plantas. À UNIVASF, por ter disponibilizado o curso e me proporcionado esse titulo de Mestre. À CAPES pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa. Obrigada a todos que de certa forma vieram a contribuir na realização desse sonho. vii Resumo Euphorbia hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia são espécies pertencentes a família Euphorbiaceae , sendo comumente utilizadas na medicina popular no combate a vários tipos de infecções. Do material vegetal (partes aéreas) obteve-se os extratos etanólicos bruto (Eh-EEB), (Ehy-EEB) e (Et-EEB) que foram particionados, obtendo-se as frações hexânicas, clorofórmicas, acetato de etila e metanólicas. Para os extratos e frações foram realizadas triagens fitoquímicas que revelaram uma forte presença de terpenos, esteroides e flavonoides em todas as espécies. O extrato diclorometânico das flores da espécie Euphorbia hirta foi submetido a procedimentos cromatográficos e foram isoladas duas substâncias que foram identificadas como sendo o benzoato de lupeolila e Heptacosan-1-ol. O extrato etanólico das flores de E. hirta foi também submetido a procedimentos cromatográficos do qual foi isolada a substância que foi identificada como sendo Quercetina-3-β-Oramnosídeo. As estruturas dessas três substâncias foram definidas a partir das análises dos espectros de RMN de 1H e 13 C e por comparação com dados da literatura. Na determinação de fenóis totais, a fração que apresentou o maior teor de fenóis totais foi a Eh-MeOH (102 ± 1,3 mg EqAG/g), enquanto que na determinação de flavonoides totais, Ehy-AcOet apresentou o maior teor (221,3 ± 6,25 mg EqC/g). Na avaliação da atividade antioxidante, in vitro, Et-EEB mostrou maior poder antioxidante no método do DPPH e Eh-EEB no método do β-caroteno. Para a atividade antibacteriana, as três espécies em estudo apresentaram boa atividade, destacando-se na eficiência de inibição do crescimento de bactérias Gram-negativas. Desta forma, este estudo contribuiu para o estudo fitoquímico e biológico de três espécies pertencentes ao gênero Euphorbia, E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia tendo em vista que das três espécies estudas, duas delas, E. hyssopifolia e E. thymifolia apresentam poucos relatos na literatura. Além disso, foram isoladas três substâncias químicas as quais foram relatados pela primeira vez na espécie, sendo uma delas relatada pela primeira vez no gênero. Palavras-chave: Euphorbia, estudo fitoquímico, atividade biológica. viii Abstract Euphorbia Hirta, E. Hyssopifolia and E. Thymifolia are species belonging to the Euphorbiaceae family. They have been used in traditional medicine (folk medicine) for treating various diseases. There was obtained, of their vegetal material, the crude ethanolic extracts (Eh-EEB), (Ehy-EEB) and (Et-EEB) that have been partitioned to give the hexane fractions (Eh-Hex, Ehy-Hex, Et-Hex), chloroform (Eh- CHCl3, Ehy- CHCl3, Et-CHCl3), ethyl acetate (Eh- AcOet, EhyAcOet, Et-AcOet) and methanolic (Eh- MeOH, Ehy- MeOH, Et-MeOH). For the extracts and fractions were carried out phytochemical screening that revealed a strong presence of terpenes, steroids and flavonoids in all species. The dichloromethane extract of flowers of the Euphorbia hirta species was subjected to chromatographic procedures, and were isolated two substances identified as being benzoate of lupeolila and Heptacosan-1-ol. The ethanolic extract of E. hirta flowers was also subjected to chromatographic procedures which was isolated the substance identified as Quercetin-3-O-β-rhamnoside. The structures of the three substances have been defined from the analysis of the NMR spectra of 1H and 13 C, and from comparison with literature data. For the determination of total phenols, the phase that presented the highest total phenols content was the Eh-MeOH (102 ± 1,3 mg EqAG/g), while for the determination of total flavonoids, Ehy-AcOet presented the highest content (221,3 ± 6,25 Eq/C/g). In the evaluation of antioxidant activity, in vitro, Et-EEB evinced greater antioxidant power in the method of DPPH and Eh-EEB in the β-Carotene method. For the antibacterial activity, the three species presented good activity, standing out effectiveness in inhibiting the growth of Gramnegative bacteria. Therefore, this study contributes to the phytochemical and biological study of three species of the genus Euphorbia, E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia, considering that of the three studied species, two of them, E. hyssopifolia e E. thymifolia, have few reports in the literature. Keywords: Euphorbia, phytochemical study, biological activity. ix Lista de figuras Figura 1- Região do nordeste onde predomina o bioma caatinga.................... 21 Figura 2 - Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários em plantas..................................................................................... 23 Figura 3 - Euphorbia hirta................................................................................. 39 Figura 4 - Euphorbia thymifolia......................................................................... 42 Figura 5 - Euphorbia hyssopifolia..................................................................... 43 Figura 6 - Estrutura básica dos flavonoides..................................................... 44 Figura 7 - Esquema simplificado da origem biossintética dos flavonoides ..... 48 Figura 8 - Biossíntese dos terpenos e esteroides............................................. 50 Figura 9 - Exsicata n° # 0786 de Euphorbia hirta............................................. 55 Figura 10 - Exsicata n° #1052 de Euphorbia hyssopifolia................................ 56 Figura 11 - Exsicata n° #11838 de Euphorbia thymifolia.................................. 57 Figura 12 - Flor de Euphorbia hirta................................................................... 60 Figura 13 - Triagem fitoquímica........................................................................ 63 Figura 14 – Coluna cromatográfica da fase diclorometano das flores de E. hirta.................................................................................................................... 65 Figura 15 – Placas CCDA sílica de frações E. hirta......................................... 66 Figura 16 – Experimento atividade antibacteriana............................................ 75 Figura 17 – Benzoato de lupeol........................................................................ 85 Figura 18 – Espectro RMN 13C de Eh-01 (CDCl3 , 125 MHz)........................... 87 Figura 19 - Espectro RMN 13C/ DEPT Q de Eh-01 (CDCl3 , 125 MHZ)........... 87 Figura 20 – Expansão do espectro RMN 1H de Eh-01 (CDCl3 , 500 MHZ)...... 88 1 Figura 21 – Expansão do espectro RMN H de Eh-01 (CDCl3 , 500 MHz)....... 88 Figura 22 – Expansão do espectro RMN 1H de Eh-01 (CDCl3 , 500 MHz)....... 89 Figura 23 – Expansão do espectro RMN 1H de Eh-01 (CDCl3 , 500 MHz)....... 89 Figura 24 – Expansão do espectro RMN 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz)........ 90 Figura 25 – Espectro RMN de correlação 1H x 1H- COSY de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz)........................................................................................................... 1 Figura 26 – Espectro de correlação H x 95 13 C- HSQC de Eh-01 (CDCl3, 500 MHZ e 125MHZ)................................................................................................ 96 Figura 27 – Espectro de correlação 1H x 13C- HMBC de Eh-01 (CDCL3, 500 97 x MHz e 125 MHZ)............................................................................................... Figura 28 – Heptacosan-1-ol............................................................................ 98 Figura 29 – Espectro RMN 1H de Eh-02 (CDCl3, 300 MHz)............................. 101 Figura 30 – Espectro RMN 13C de Eh-02 (CDCl3, 75 MHz )........................... 101 Figura 31 – Quercetina-3-β-O -ramnosideo...................................................... 102 Figura 32 - Espectro RMN de 1H de Eh-03 (MeOD, 500 MHz)........................ 104 Figura 33 - Espectro RMN de 1H de Eh-03 (MeOD, 500 MHz)........................ 104 1 Figura 34 - Espectro RMN de H de Eh-03 (MeOD, 500 MHz)....................... 105 Figura 35 - Espectro RMN de 13C/ DEPT Q de Eh-03 ( MeOD, 125 MHz)....... Figura 36 - Espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Eh-03 (CDCl3, 500 105 MHz).................................................................................................................. 109 Figura 37 – Espectro de correlação 1H x 13C- HSQC de Eh-03 (CDCl3, 500 MHz e 125 MHz)................................................................................................ 1 Figura 38- Espectro de correlação H x 110 13 C- HMBC de Eh-03 (CDCl3, 500 MHz e 125 MHz)............................................................................................... 111 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Sistema de eluição e reveladores para a caracterização de metabólitos secundários de extratos do material vegetal de Euphorbia hirta, E. timmyfolia e E. hyssopifolia por cromatografia em camada delgada................... 62 Tabela 2 - Fracionamento cromatográfico da fração diclorometânica da flor de Euphorbia hirta, frações coletadas e reunião das frações obtidas após análise em CCDA.............................................................................................................. 67 Tabela 3 - Fracionamento cromatográfico do extrato etanólico bruto da flor de Euphorbia hirta, frações coletadas e reunião das frações após análise em CCDA.................................................................................................................... 69 Tabela 4 - Identificação das principais classes de constituintes do extrato EEB e fases (Eh-hex, Eh-CHCl3, Eh- AcOET e Eh- MeOH) da espécie Euphorbia hirta).................................................................................................... 82 Tabela 5 Identificação das principais classes do EEB e extrato diclorometânico da flor da espécie Euphorbia hirta.............................................. 83 Tabela 6 - Identificação das principais classes de constituintes do extrato etanólico e fases (Ehy-Hex, Ehy- CHCL3, Ehy- AcOET e Ehy- MeOH) da espécie Euphorbia hyssopifolia............................................................................ 83 Tabela 7- Identificação das principais classes de constituintes do extrato etanólico e fases (Et- Hex, Et- CHCL3, Et- AcOET e Et- MeOH) da espécie Euphorbia thymifolia............................................................................................. Tabela 8 - Comparação dos dados de RMN de 1H (500 MHz) e 13 C (125 MHz) referentes à substância Eh-01 com dados da literatura....................................... 1 Tabela 9 - Dados de RMN de H (500 MHz) e 1 H x 13 C (500 MHz e C (125 MHz), HMQC e HMBC 13 C 125 MHz), referentes à substância Eh- Tabela 10 - Comparação dos dados de RMN de 1H (300 MHz) e à 91 13 01.......................................................................................................................... referentes 84 substância Eh-02 com 93 13 C (75 MHz) dados da literatura................................................................................................................. 100 Tabela 11 - Comparação dos dados de RMN de 1H (500 MHz) e MHz), referente à substância Eh-03 com 13 dados C (125 da literatura................................................................................................................. 106 xii Tabela 12 – Dados de RMN de 1H (500 MHz) e 13C (125 MHz), HSQC e HMBC 1 H X 13 C (500 MHz, 125 MHz), referente à substância Eh- 03........................................................................................................................... 107 Tabela 13 - Atividade antioxidante, fenóis e flavonoides totais in vitro do extrato etanólico (EEB) e fases (AcOet e MeOH) de Euphorbia hirta, E.hyssopifolia e E. thymifolia........................................................................................................... 114 Tabela 14. Atividade antibacteriana de Eh- EEB, Eh- AcOEt e Eh-MeOH das 116 partes ( folhas, caules e flor) de E. hirta................................................................ Tabela 15 - Atividade antibacteriana de Ehy-EEB, Ehy-AcOet e Ehy-MeOH das partes (Folhas, caule e flor) de E. hyssopifolia..................................................... 117 Tabela 16 - Atividade antibacteriana de Et- EEB, Et-AcOET e Et- MEOH das partes ( folhas, caule e flor) de E. timmyfolia....................................................... 118 xiii Lista de quadros Quadro 1 - Tipos de esqueletos de diterpenos encontrados no gênero Euphorbia.......................................................................................................... 32 Quadro 2- Exemplos de alguns metabólitos secundários encontrados no gênero Euphorbia.............................................................................................. 34 Quadro 3 – Triterpenos isolados de Euphorbia hirta........................................ 40 Quadro 4 - Classes de flavonoides e algumas características conhecidas...... 46 xiv Fluxogramas Fluxograma 1- Resumo geral da metodologia da pesquisa............................. 58 Fluxograma 2 - Fracionamento cromatográfico da fração DCM da flor de Euphorbia hirta.................................................................................................. 68 Fluxograma 3- Fracionamento cromatográfico do EEB da flor de Euphorbia hirta.................................................................................................................... 70 Fluxograma 4- obtenção e fracionamento do EEB de euphorbia hirta ........... 78 Fluxograma 5– Obtenção e fracionamento do EEB da flor da espécie Euphorbia hirta.................................................................................................. 79 Fluxograma 6 – Obtenção e fracionamento do EEB das partes da planta (folhas, caule e flor) de Euphorbia hyssopifolia................................................. 80 Fluxograma 7 – Obtenção e fracionamento do EEB das partes da planta (folhas e caule) de Euphorbia timmyfolia........................................................... 81 xv Lista de abreviações % AA: Percentual de atividade antioxidante AA: Atividade antioxidante BHA: Butil-hidroxi-anisol BHT: Butil-hidroxi-tolueno CBM: Concentração bacteriostática mínima CC: Cromatografia em coluna CCD: Cromatografia em camada delgada CCDA: Cromatografia em camada delgada analítica CE50: Concentração eficiente 50% CHCl3: Clorofórmio CIM: Concentração Inibitória Mínima COSY: Espectroscopia de correlação homonuclear de hidrogênio (correlated specroscopy) d: dupleto dd: duplo dupleto EROs: Espécies reativas de oxigênio DEPTQ: Distortionless Enhancement by Polarization Transfer Including the Detection of Quaternary Nuclei DMSO: Dimetilsulfóxido DPPH: 2,2-difenil-1-picrilhidrazila δ: Deslocamento químico EEB: Extrato Etanólico Bruto Eh-1: Substância 1 isolada de E. hirta Eh-2: Substância 2 isolada de E. hirta Eh-3 : Substância 3 isolada de E. hirta Eh-AcOEt: Fração acetato de etila de E. hirta Eh-CHCl3: Fração clorofórmica de E. hirta Eh-EEB: Fração etanólico bruto de E. hirta Eh-Hex: Fração hexânica de E. hirta Ehy-AcOEt: Fração acetato de etila de E. hyssopifolia Ehy-CHCl3: Fração clorofórmica de E. hyssopifolia xvi Ehy-EEB: Extrato etanólico bruto de E. hyssopifolia Ehy-Hex: Fração hexânanica de E. hyssopifolia Et-AcOEt: Fração acetato de etila de E. timmyfolia Et-CHCl3: Fração clorofórmica de E. timmyfolia Et-EEB: Extrato etanólico bruto de E. timmyfolia Et-Hex: Fração hexânanica de E. timmyfolia EO: Estresse oxidativo HMBC: Correlação heteronuclear de múltiplas ligações (multiple bond correlation) Hz: Hertz HO : Radical hidroxila HSQC: Correlação heteronuclear quântica simples (heteronuclear single quantum correlation) HMQC: Correlação heteronuclear de múltiplas ligações (heteronuclear Multiple Quantum Coherence) HVASF: Herbário Vale do São Francisco J: Constante de acoplamento m: multipleto mg EqAG/g: miligrama de equivalentes de ácido gálico por grama de amostra mg EqC/g: miligrama de equivalentes de catequina por grama de amostra NCCLS: National Commitee of clinical Laboratory Standards ppm: partes por milhão Ri: Índice de retenção RMN 1H: Ressonância magnética nuclear de hidrogênio RMN 13C: Ressonância magnética nuclear de carbono s: simpleto t: tripleto OBS: as abreviaturas e os símbolos utilizados neste trabalho e que não constam nesta relação, encontram-se descritas no texto ou são convenções adotadas universalmente. xvii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 20 2. OBJETIVOS.................................................................................................... 25 2.1. Objetivo geral................................................................................................ 26 2.2. Objetivos específicos.................................................................................... 26 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 27 3.1. Considerações sobre família Euphorbiaceae.............................................. 28 3.2. Considerações sobre o gênero Euphorbia................................................... 30 3.3. Considerações sobre a espécie Euphorbia hirta.......................................... 38 3.4. Considerações sobre a espécie Euphorbia thymifolia.................................. 41 3.5. Considerações sobre a espécie Euphorbia hyssopifolia............................. 43 3.6. Considerações gerais sobre os flavonoides................................................. 44 3.7. Considerações sobre os terpenoides........................................................... 48 3.8. Considerações sobre a atividade antioxidante............................................. 51 3.9. Considerações sobre a atividade antibacteriana.......................................... 52 4. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 55 4.1. Coleta e identificação do material botânico.................................................. 55 4.2. Fases do desenvolvimento da pesquisa....................................................... 58 4.3. Processamento do material vegetal.............................................................. 59 4.3.1. Obtenção dos extratos de Euphorbia hirta (Eh-EEB), Euphorbia 59 timmyfolia (Et-EEB) e Euphorbia hyssopifolia (Ehy-EEB).................................... 4.3.2. Preparação do extrato da flor da espécie Euphorbia hirta........................ 59 4.3.3. Partição dos extratos de E. hirta, E. timmyfolia e E. hyssopifolia.............. 60 4.4. Prospecção fitoquímica prfeliminar............................................................. 61 4.5. Isolamento e purificação dos constituintes químicos de E. hirta. 64 4.5.1. Fracionamento cromatográfico da fase diclorometano do extrato da flor de E. hirta............................................................................................................. 66 4.5.2. Fracionamento cromatográfico do extrato etanólico bruto da flor da espécie E. hirta.................................................................................................... 68 4.6. Métodos de análise....................................................................................... 70 4.6.1. Métodos cromatográficos........................................................................... 70 4.6.2. Métodos espectrofotométricos................................................................... 71 4.6.3.. Métodos espectrométricos........................................................................ 71 xviii 4.7. Estudos fitoquímicos..................................................................................... 72 4.7.1. Determinação do teor de fenóis totais ...................................................... 72 4.7.2. Determinação do teor de flavonoides totais............................................... 72 4.8. Avaliação da atividade antioxidante............................................................. 73 4.8.1. Método do sequestro do radical DPPH (2,2- Difenil- 1picrilhidrazil).......... 73 4.8.2. Método da inibição da autooxidação do β- caroteno................................. 74 4.9. Avaliação da atividade antibacteriana.......................................................... 74 4.10. Análise estatística....................................................................................... 76 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 77 5.1. Fracionamento do extrato etanólico das espécies E. hirta, e. timmyfolia e E. hyssopifolia ..................................................................................................... 78 5.2. Perfil fitoquímico preliminar dos extrato e fases........................................... 81 5.3. Caracterização estrutural das substâncias Eh-1, Eh-2 e Eh-3..................... 85 5.3.1. Caracterização estrutural da substância Eh-1.......................................... 85 5.3.2. Caracterização estrutural da substância Eh-2.......................................... 98 5.3.3. Caracterização estrutural da substância Eh-3.......................................... 102 5.4. Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro................. 112 5.5. Avaliação da atividade antibacteriana.......................................................... 114 6. CONCLUSÃO................................................................................................. 122 7. REFERÊNCIAS............................................................................................... 124 APÊNDICES....................................................................................................... 136 1. INTRODUÇÃO 20 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 1. INTRODUÇÃO As plantas são utilizadas desde os primórdios da civilização para tratamento e cura de enfermidades, o que propiciou uma das bases mais importantes para o nascimento da medicina (NOLDIN et al., 2006). Durante séculos, a única fonte de agentes terapêuticos para o homem eram as plantas. No início do século XIX, com o desenvolvimento da química, as plantas passaram a representar a primeira fonte de substâncias para o desenvolvimento de medicamentos (ALBUQUERQUE; HANAZAKI, 2006; ZARONI et al., 2004; HOSTETTMANN; QUEIROZ; VIEIRA, 2003). Nos últimos anos tem-se verificado um grande avanço científico envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas medicinais que visam obter novos compostos com propriedades terapêuticas (FILHO e YUNES, 1998). A utilização de plantas na terapêutica, enquanto elemento cultural de um povo é importante fonte preliminar de informação na pesquisa com vistas ao desenvolvimento e promoção do uso racional de fitoterápicos (MARIZ et al., 2010). Muitas das propriedades terapêuticas das plantas são relatadas pela população, as quais são confirmadas em sua maioria, nos estudos científicos, comprovando a importância da pesquisa etnofarmacológica. Tais propriedades propiciaram o desenvolvimento de vários medicamentos, sejam estes obtidos por síntese a partir de molécula protótipo ou através de isolamento, algumas vezes, biomonitorado (NOLDIN et al., 2006). Empresas estão conscientes das tendências de consumo, e buscam novos ingredientes para incorporar aos produtos já existentes e aos que poderão ser desenvolvidos no futuro. Uma tendência que está se destacando é o aumento na procura por parte da população, de produtos funcionais baseados em ativos ou fitoterápicos (ROCHA FILHO, 1995; OLIVEIRA; BLOISE,1995). Devido a todos estes aspectos, vê-se um interesse crescente na utilização e pesquisa de plantas medicinais, objetivando fins terapêuticos, aliadas à boa aceitabilidade destes produtos no mercado farmacêutico e as altas cifras que circundam a comercialização de fitomedicamentos, observada na última década (NOLDIN et al., 2006). O Brasil é o país com maior potencial para pesquisa com espécies vegetais, 21 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). pois detém a maior e mais rica biodiversidade do planeta, distribuída em seis biomas distintos (NOLDIN et al., 2006). Com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o detentor da maior floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua vocação para os produtos naturais (PINTO et al, 2002). Possui a maior e mais rica biodiversidade do planeta (NOLDIN, 2006). A Caatinga, um bioma característico por apresentar vegetação arbustiva do nordeste do Brasil, suporta uma alta, ainda pouco estudada, diversidade de recursos vegetais (TRETIN et al., 2011). Considerado como o principal ecossistema do Nordeste do Brasil, o bioma caatinga, uma palavra indiana que significa Floresta aberta, assim chamada por causa de sua aparência durante a estação seca. Ele consiste de extensas planícies semiáridas encontradas principalmente na Região Nordeste, do Piauí ao Norte de Minas Gerais, com exceção do estado do Maranhão (Figura 1, p.21), sendo rica em espécies medicinais e aromáticas (SILVA; ALBUQUERQUE, 2005). Figura 1 - Região do Nordeste onde predomina o bioma caatinga. Fonte: http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/ acesso em 13/01/2015 22 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). O uso elevado de plantas medicinais pela população brasileira ocorre devido à imensa variedade de espécies vegetais com potencial terapêutico existentes em nosso território, além do custo dessa prática ser relativamente baixo e, até mesmo, por questões culturais (MARIZ et al., 2010). As plantas medicinais endêmicas ainda são pouco conhecidas e se constituem num fascinante assunto de pesquisa acadêmica em desenvolvimento. Neste contexto, o químico de produtos naturais não só pode estar envolvido no isolamento e identificação dos constituintes ativos, como também desenvolvendo pesquisas na tentativa de validação de métodos analíticos modernos visando o controle de qualidade destas plantas. A Química de Produtos Naturais (QPN) é, dentro da Química brasileira, a área mais antiga e a que, talvez ainda hoje, congrega o maior número de pesquisadores (PINTO et al, 2002). Muitas são as propriedades terapêuticas conferidas às plantas em decorrência dos princípios ativos desenvolvidos pelo seu metabolismo secundário. Nesses organismos, os compostos são biossintetizados como um mecanismo próprio de defesa para atuarem em alvos moleculares específicos de seus predadores (FERREIRA; PINTO, 2010) e variam dependendo de uma interface química entre as plantas e o ambiente circundante (Figura 2, p.23). Fato este que interfere na quantidade e qualidade de produtos secundários resultantes de uma planta em um determinado momento (GOBBO-NETO, 2007). 23 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 2 - Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários em planta. Fonte: GOBBO-NETO, 2007 O gênero Euphorbia é considerado o maior da família Euphorbiaceae. Alguns relatos mostram que espécies pertencentes a este gênero têm sido usadas como medicamentos tradicionais chineses para tratar várias doenças há mais de mil anos, uma vez que mostraram boa atividade antiinflamatória, antimalárica e antitumoral (WU et al., 2012). Euphorbia hirta, por exemplo, é utilizada na medicina popular chinesa no combate a várias doenças, tais como disenteria, eczema, hematúria, hipersensibilidade e problemas gastrointestinais. Alguns estudos mostram que essas atividades estão relacionadas à presença de substâncias químicas isoladas nesta planta, tais como diterpenos, triterpenóides, flavonóides, compostos fenólicos, taninos, hidratos de carbono, hidrocarbonetos (WU et al., 2012). Desta maneira para contribuir com o estudo de espécies do gênero Euphorbia diante da imensa riqueza vegetal presente nos solos brasileiros, principalmente na 24 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). caatinga, e dos poucos estudos químicos e biológicos das espécies endêmicas deste bioma exclusivamente brasileiro, este trabalho relata o estudo fitoquímico com determinação estrutural de substâncias isoladas e avaliação de atividades antioxidantes e antibacteriana in vitro de três espécies pertencentes a este gênero: Euphorbia hirta, Euphorbia hyssopifolia e Euphorbia thymifolia. 2. OBJETIVOS 26 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 2.Objetivos 2.1. Geral Contribuir para o estudo fitoquímico e biológico das espécies Euphorbia hirta, E. hyssopifolia e E. thymyfolia (Euphorbiaceae). 2.2. Específicos 2.2.1 Identificar classes de metabolitos secundários presentes nas partes aéreas das espécies Euphorbia hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia; 2.2.2 Elucidar a estrutura de constituintes químicos isolados das flores da espécie E. hirta através das técnicas de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) 1H e 13 C (uni e bidimensionais); 2.2.3. Avaliar o conteúdo fenólico e flavonoídico dos extratos e fases das três espécies em estudo; 2.2.4 Avaliar as atividades antioxidante dos extratos e fases das partes aéreas das espécies em estudo; 2.2.5 Avaliar a atividade biológica dos extratos e fases das partes aéreas das três espécies através da atividade antibacteriana; 2.2.6 Contribuir para o estudo quimiotaxonômico e biológico de espécies do gênero Euphorbia. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 28 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Considerações sobre a família Euphorbiaceae A família Euphorbiaceae conta com cerca de 317 gêneros e 8.000 espécies, separadas em cinco subfamílias: Phyllanthoideae, Oldifieldioideae, Acalyphoideae, Crotonoideae e Euphorbioideae, e distribuídas principalmente em regiões tropicais (CARNEIRO-TORRES, SANTOS, GIULIETTI, 2002). Além de apresentar a maior riqueza de espécies, provavelmente, em muitos habitats (VASAS; HOHMANN, 2010), é reconhecida como uma das mais extensas e complexas famílias das Angiospermas (OLIVEIRA, 2013). Os maiores centros de dispersão encontram-se nas Américas e na África. São plantas de hábito variado, existindo na forma de ervas, subarbustos, árvores e trepadeiras. Os gêneros mais expressivos da família são Euphorbia, com 1500 espécies, Croton (700), Phyllanthus (400), Acalypha (400), Macaranga (250), Antidesma (150), Drypetes (150), Tragia (150), Jatropha (150) e Manihot (150). A esta família pertence a mandioca, também conhecida como aipim e macaxeira, possuidora de raízes tuberosas as quais são fonte de amido e farinha. Umas das principais características das euforbiáceas é a presença de um látex com aspecto incolor ou leitoso (HIROTA et al., 2010). Além disso, muitas espécies desta família são tóxicas tendo sido a causa de intoxicação em humanos em várias partes do mundo (OLIVERIA; GIMENEZ; GODOY, 2007). Levantamentos florísticos no Brasil revelam que a família é uma das mais ricas em número de espécies, cerca de 1.000, distribuídas em 80 gêneros com representantes em todos os diferentes tipos de vegetação do país. Apresenta grande número de espécies endêmicas da caatinga, cerca de 17, que apesar de ser um dos biomas mais ameaçados do planeta, tem sido enfocado em poucos trabalhos, principalmente no que diz respeito às caatingas arenosas (SÁTIRO; ROQUE, 2008). As Euforbiáceas das caatingas arenosas do médio Rio São Francisco estão representadas, segundo o sistema de classificação de Webster, por três subfamílias, totalizando nove gêneros e 20 espécies: subfamília Acalyphoideae (Alchornea, Dalechampia e Tragia); subfamília Crotonoideae (Croton, Jatropha, Cnidoscolus e Manihot); e subfamília Euphorbioideae (Chamaesyce e Sapium) (SATIRO; ROQUE, BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 29 2008). É a segunda família mais representativa da Caatinga em número de espécies, superada apenas pela família Leguminosae (SANTOS; SCHRIPSEMA; KUSTER, 2005) e está entre as famílias de maior importância econômica entre as Eudicotiledôneas, especialmente no setor farmacológico-medicinal, industrial, madeireiro, ornamental e na produção de alimentos (OLIVEIRA, 2013). Estudos fitoquímicos de espécies da família Euphorbiaceae demonstram a presença de diversas classes de substâncias químicas, tais como tanino e lignana (CUI; TAN, 2004), flavonoide (SANTOS; SCHRIPSEMA; KUSTER, 2005), alcalóide (LEITE et al., 2005) e cumarina (LIMA et al., 2009) entre outros. Por exemplo, da espécie Croton sellowii foram isolados terpenóides, flavonoides e fenilpropanóide (JUNIOR et al., 2006). São diversas as atividades biológicas apresentadas para esta família, como por exemplo, para o gênero Croton têm sido relatados efeitos que incluem antihipertensivos, anti-inflamatórios, antimaláricos, antimicrobianos, antiespasmódicos, antiulcerogênicos, antivirais e miorrelaxantes. Algumas espécies apresentaram atividade antioxidante através do método do sequestro de radical livre DPPH·. Análises fitoquímicas de extratos de plantas dessa família revela a presença de triterpenos, esteroides, lactonas, taninos, fenóis, indicando que a atividade antioxidante está correlacionada com a presença destes compostos (SALATINO; SALATINO; NEGRI, 2007). Foram realizados testes de atividade antibacteriana do látex e extratos de Croton urucurana Baillon e verificou-se que o látex apresentou potente ação contra todas as bactérias, com exceção da E. coli. Extratos em hexano, diclorometano e etanol das folhas mostraram atividade contra S. pyogenes, K. pneumoniae, P. aeruginosa, S. typhimurium, S. aureus e S. epidermidis nas maiores doses (MOSQUERA et al., 2007). Oliveira e colaboradores (2008) realizaram testes de atividade antibacteriana do látex e extratos de Croton urucurana Baillon e verificaram que os látex mostraram potente ação contra todas as bactérias, com exceção da E. coli. Extratos em hexano, diclorometano e etanol das folhas mostraram atividade contra S. pyogenes, K. pneumoniae, P. aeruginosa, S. typhimurium, S. aureus maiores doses. e S. epidermidis nas BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 30 3.2 Considerações sobre o gênero Euphorbia O nome do gênero Euphorbia foi originado do nome do rei grego Euphorbos, um incentivador do estudo das plantas medicinais para o tratamento dos males do povo em seu reino, a partir da cicatrização das chagas de seu corpo pelo uso do látex de uma espécie laticífera não especificada (VARRICCHIO et al., 2008). Este gênero caracteriza-se pela presença de um látex branco leitoso que é considerado tóxico e utilizado como ingrediente em venenos de flecha (KUMAR; MALHOTRA; KUMAR, 2010). O gênero Euphorbia pertence à família Euphorbiaceae e inclui mais de 2.000 espécies amplamente distribuídas ao redor do mundo (CHEN, 2014), sendo mais comuns em regiões temperadas (VASAS; HOHMANN 2013), particularmente na África e na América. Na China, existem cerca de 80 espécies distribuídas no sudoeste e noroeste (CHEN, 2014). Este gênero é considerado maior da família Euphorbiaceae. Algumas espécies têm sido utilizadas como medicamentos tradicionais chineses no combate a doenças há mais de mil anos, por apresentarem uma infinidade de atividades, tais como anti-inflamatória, antimalárica e antitumoral (WU et al., 2012). Espécies deste gênero consistem de grande importância econômica, tais como: Euphorbia tetragonal e Euphorbia triangularis das quais se extrai a borracha, Euphorbia antisyphylitica a cera de candelila (VASAS; HOHMANN 2013). Os diterpenos são considerados marcadores taxonômicos para as famílias Euphorbiaceae, mais de 650 diterpenóides, incorporando mais de 20 tipos de estruturas foram isoladas de plantas do gênero Euphorbia (Quadro 1, p. 32) (VASAS; HOHMANN 2013), logo são considerados marcadores taxonômicos deste gênero (CHEN, 2014), diterpenos presentes em plantas deste gênero são objeto de estudo na química de produtos naturais, no intuito da descoberta de princípios ativos possíveis de serem utilizados como medicamentos em razão da variedade de suas atividades biológicas terapeuticamente relevantes (anti-tumoral, citotóxica, propriedades antivirais). Estas atividades estão relacionadas a diversidade estrutural, resultante de diferentes esqueletos macrocíclicos e policíclicos ( jatrofano, ingenano, dafnano, tigliano, latirano, etc.), contendo incluindo esqueletos diferentes funcionalidades, alifáticos (acetil, n-butanoil, isobutanoil, metilbutanoil, tiglil, BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 31 angeloyl, isovaleroyl, etc.) e ácidos aromáticos (de benzoil e nicotinoil) (VASAS; HOHMANN, 2013 ). Espécies de Euphorbia são famosas pela diversidade química dos seus constituintes isoprenóides, especialmente diterpenos bioativos (YANG et al., 2014). Investigações fitoquímicas sobre o gênero Euphorbia revelaram a presença de diterpenos, triterpenos, sesquiterpenóides, floracetophenones, cerebrosídeos, glicerois, flavonoides e esteroides (CHEN et al., 2014). Apesar do grande número de estudos enfocando espécies do gênero Euphorbia, muitas espécies brasileiras são desconhecidas (TORRES, 2002). Desta forma, tornam-se importantes os estudos com espécies deste gênero, principalmente em áreas de caatinga, no intuito de propiciar informações que possam ser utilizadas em programas de conservação (SATIRO; ROQUE, 2008). BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 32 Quadro 1: Tipos de esqueletos de diterpenos encontrados no gênero Euphorbia Rosano Abietano Atisano Kaurano Casbano Jatrifano Latirano BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 33 Mirsiano Premirsiano Ciclomirsiano Pepluano Dafnano Ligliano Ingenano (VASAS; HOHMANN, 2013) Foram também encontrados em espécies deste gênero flavonoides, principalmente do tipo flavonol, como campferol e quercetina, glicosilados, como 3glícosides, 3-rhamnosideos, 3-arabinósideos, 3-glícuronideos e 3-rutinosideos. A BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 34 apigenina-7-glícósideo foi isolado apenas de E. granulata e E. prostrata (KAWASHTY et al, 1990). No Quadro 2 p.34, estão descritos alguns metabólitos secundários isolados do gênero Euphorbia. Quadro 2. Exemplos de alguns metabólitos secundários encontrados no gênero Euphorbia. Estrutura química Referência (MARTÍNEZ-FLÓREZ al., 2002) Eter- 3β- hidrixicicloart-23-ene-25-metil TANAKA et al., 1999) 3β-hidroxi-4α,14α-dimetil-5α-ergosta8,24(28)-dien-7-ono et BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 35 (YIN, HU, LOU, 2004) Quercetina-3-O-β-D-galactosídeo (SOHRETOGLU, SAKAR, STERNER, 2009) Quercetina-3-O-(3″-Ogaloigalactopiranosídeo BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 36 (OLIVEIRA, et al., 2000) Ácido 9β-hidroxicostus (KLOCHKOV; AFANASEVA; PUSHIN, 2006) Isoalantolactono (SHIBASAKI, 2000) 12,13 dideoxi-16-hidroxiforbol BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 37 (VASAS; HOHMANN, 2013) Ácido Bisinshanico A (VASAS; HOHMANN, 2013) Pekineral (VASAS; HOHMANN, 2013) Euphoirbina L BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 38 (VASAS; HOHMANN, 2013) Euphornina N (VASAS; HOHMANN, 2013) Euphorbialoide L 3.3 Considerações sobre a espécie Euphorbia hirta Euphorbia hirta L. (Figura 3, p.39), conhecida popularmente como ervaandorinha, erva-de- santa luzia, folha-de-leite ou eufórbia (PINTO et al., 2002) é uma planta herbácea selvagem muito comum em todos os países tropicais, incluindo a Índia. As hastes com muitas ramificações a partir da base para o topo, são delgadas e muitas vezes de cor avermelhada, coberta com amarelado eriçado e pêlos especialmente nas partes mais jovens. As folhas são opostamente dispostas, lanceoladas e são normalmente esverdeada ou avermelhada por baixo, medindo cerca de 5 cm de comprimento. O caule e folhas produzem suco leitoso quando cortado (BHRASKARA RAO et al., 2010). BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 39 Figura 3- Euphorbia hirta. Fonte: Autora . Muitos estudos têm sido feitos sobre E. Hirta (Figura 3) a maioria envolve toda a planta ou apenas folhas (RAJEH et al., 2010). E. hirta tem sido utilizada em caso de distúrbios respiratórios, tais como asma, bronquite, espasmo laríngeo (CORRÊA, 1984), e no tratamento de amebíase intestinal (NEWALL et al., 2002). Possui atividades antibacteriana (VIJAYA et al., 1995; SUDHAKAR et al., 2006), antifúngica (POLACHINI, 2004), antiretroviral (GYURIS et al, 2009) antiespasmódica, antianafilática (PINTO, 2014), antialérgica (SINGH et al., 2006), ansiolítica (ANURADHA et al., 2008), antimalárica (LIU et al., 2007), anti-leucêmica (JAIN et al., 2009) e anti-inflamatória contra asma (EKPO; PRETORIUS, 2007). Estudos também demonstraram que esta planta diminui a motilidade gastrintestinal (HORE et al., 2006), reduz a degeneração da cartilagem em casos de artrite (LEE et al., 2008), é antidepressiva (LANHERS et al., 1996), sedativa e BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 40 ansiolítica (LANHERS et al,1990), e pode apresentar diarreia severa como principal efeito colateral, se utilizada em altas doses (AL-QURA'N, 2005). Liu e colaboradores (2007) relatam a presença de alcanos, triterpenos, fitosterois, taninos, polifenois e flavonoides (LIU et. al., 2007; KUMAR, 2010). O quadro abaixo mostra alguns triterpenos isolados da espécie E. hirta. Quadro 3- Triterpenos isolados de Euphorbia hirta Estrutura química Nome Taraxerona 25-hidroperoxicicloart-23-en-3 β -ol 24-hidroperoxicicloart-25-en-3 β –ol (R= OH)- Cicloartenol (R=Ácidos graxos de cadeia longa)Àcido graxo do cicloartenol BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 41 (R= OH) – Lupeol (R=Ácidos graxos de cadeia longa)Acido graxo do lupeol (R= OH) – α- Amirina (R=Ácidos graxos de cadeia longa)Ácido graxo da α-amirina (R= OH)- β- Amirina (R=Ácidos graxos de cadeia longa)Àcido graxo da β- amirina (RAGASA; CORNELIO, 2013) 3.4 Considerações sobre a espécie Euphorbia thymifolia L. Euphorbia thymifolia (Figura 4, p.42) é uma erva medicinal pantropical usado como diurético e laxante em Taiwan e no tratamento de problemas abdominais e de pele, no sudeste da Ásia (LEE et al., 1990). Pode ser encontrada em toda a Índia em planícies baixas. Suas folhas secas e sementes são usadas como estimulante, adstringente, anti-helmíntico, emoliente e laxante (GANPATI et al., 2011). A raiz é utilizada no tratamento de amenorréia e gonorréia. O suco da planta é empregado no sul da Índia como vermífugo. O pó da planta é utilizado como remédio para picadas de répteis venenosos, já com a adição de cloreto de amônio é empregado no tratamento contra caspa. Além disso, a planta possui atividade antioxidante, antiviral, antimicrobiana e anti peroxidação lipídica (MALI; PANCHAL, 2013). BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 42 Figura 4- Euphorbia thymifolia. FONTE: Autora. Constituintes químicos como taninos hidrolisáveis, ácido isomalotíneo, alcalóides, quercetrina, hexacosenol, euforbol, epitaraxerol foram isolados desta espécie (GANPATI et al., 2011). Foram encontrados poucos relatos na literatura sobre a espécie Euphorbia thymifolia. BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 43 3.5 Considerações sobre a espécie Euphorbia hyssopifolia L. Euphorbia brasiliensis hyssopifolia var.hyssopifolia (L.) L.,Chamaesyce são hyssopifolia sinonímias desta (L.), espécie Euphorbia da família Euphorbiaceae (LUCENA, 2009). Figura 5- Euphorbia hyssopifolia. Fonte: Autora. Segundo Agra e colaboradores (2007), a euphorbia hyssopifolia L. (Figura 5, p.43), conhecida popularmente por “erva-de-leite” ou “burra leiteira”, é utilizada na medicina tradicional para o tratamento da conjuntivite e úlceras externas. Foram encontrados poucos relatos sobre a espécie E. hyssopifolia L., entretanto como mostram estudos científicos com espécies congêneres estas plantas provavelmente possuem compostos farmacologicamente ativos (AGRA; BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 44 FREITAS; FILHO, 2007) 3.6 Considerações gerais sobre flavonoides Flavonoides são metabólitos secundários (polifenois) de plantas que estão subdivididas nas classes: flavonas, flavanonas, isoflavonas, flavonóis, flavanóis e antocianinas (SIMÕES, 2010). A maioria dos representantes dessa classe possui 15 átomos de carbono em seu núcleo fundamental, constituído de duas fenilas ligadas por uma cadeia de três carbonos entre elas. Nos compostos tricíclicos, as unidades são chamadas núcleo A, B e C e os átomos de carbono recebem a numeração com números ordinários para os núcleos A e C e os mesmos números seguidos de uma linha („) para o núcleo B. Alguns autores substituem a numeração 9 e 10 no flavonoides por 8a e 4a, respectivamente. As chalconas, excepcionalmente, possuem uma numeração diferente (SIMÕES, 2012). O que diferencia os flavonóis dos demais flavonóides é a presença do grupo hidroxílico (na posição 3) e do grupo carbonílico (na posição 4) no anel C (Figura 6, p. 44). Os flavonóis ocorrem em alimentos geralmente como O-glicosídeos, com mono, di ou trissacarídeos ligados em sua maioria, na posição 3, e em alguns casos, na posição 7. Os glicosídeos mais encontrados são glicose, galactose, ramnose e frutose (MATSUBARA; MAIA 2006). Figura 6 - Estrutura básica dos flavonoides Fonte: MARTINEZ- FLORES et al., 2002 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 45 São conhecidos, mais de 4200 flavonoides diferentes, sendo que o número de flavonoides aumentou nos últimos 20 anos. Os flavonóides de origem natural apresentam-se, frequentemente, oxigenados e um grande número ocorre conjugado com açucares (SIMÓES et al., 2010). O quadro 4, p. 46 mostra classes de flavonoides e algumas características conhecidas. BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 46 Quadro 4- Classes de flavonoides e algumas características conhecidas. Número aproximado Classes de estruturas Características conhecidas Flavonas, flavonóis e seus Oheterosídeos Co-pigmentação em flores, 1660 protetores contra raios UV nas folhas Pigmentação do vermelho C-heterosídeos 303 Antocianinos 256 Pigmentação amarela Chalconas 197 Pigmentação amarela até o azul Estão presentes Auronas 29 frequentemente em tecidos de madeira Di-hidro-flavonóis 110 Flavonas 319 Di-hidro-chalconas 71 Flavanas, leucoantocianidinas e proantocianidinas 309 Podem apresentar sabor amargo Podem apresentar sabor amargo Substâncias adstrigentes com propriedades tanantes Propriedades estrogênicas e/ ou antifúngicas Isoflavonoides 630 _ Neoflavonoides 70 _ Biflavonoides 134 Propriedades antifúngicas Outras estruturas 100 _ (SIMÓES et. al. 2010) Os flavonoides são sintetizados em plantas e participam da fase luzdependência durante a fotossíntese, no qual catalisam o transporte de elétrons. São BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 47 sintetizados a partir de aminoácidos aromáticos, fenilalanina e tirosina, em conjunto com unidades de acetato. A fenilalanina e a tirosina dão origem ao ácido cinâmico e ao ácido para-hidroxicinâmico, respectivamente, que mediante condensação com unidades de acetato, originam a estrutura cinamoil dos flavonoides (MIDDLETON; KANDASWAMI; THEOHARIDES, 2000). Subsequentemente derivados glicosilados ou sulfatados são formados (MARTINEZ- FLÓREZ et al., 2002). Os flavonoides são biossintetizados por meio de uma combinação do ácido chiquímico e vias acilpolimalonato. Um derivado de ácido cinâmico (fenilpropano), sintetizado a partir do ácido chiquímico, atua como composto de partida na síntese de um policetideo, em que um de três resíduos de acetato adicionais são incorporadas na estrutura (Figura 7, p. 48). Isto é seguido pelo fechamento do anel. Através de hidroxilações e reduções subsequentes, as plantas são então capazes de formar diferentes classes de flavonoides (SIMÕES et. al., 2010). . BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 48 Figura 7- Esquema simplificado da origem biossintética dos flavonoides (adaptado de SIMÕES et. al., 2010). Os flavonoides têm recebido muita atenção nos últimos anos devido aos vários efeitos benéficos observados. Por causa do efeito antioxidante, eles tornaramse importantes compostos dietéticos com promissor potencial terapêutico. Relatos e evidências epidemiológicas sugerem que dietas ricas em flavonóides, como a quercetina, têm efeitos na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares, câncer e insuficiência renal e hepática. Entretanto, pouco se conhece sobre a biodisponibilidade, absorção e metabolismo dos polifenóis em humanos, pois seu estudo é complexo e os dados são escassos (BIANCHI et al., 2004) 3.7 Considerações sobre terpenoides Os terpenoides constituem uma grande variedade de substâncias vegetais, sendo que este termo é empregado para designar todas as substâncias cuja origem biossintética deriva de unidades de isopreno. A unidade isoprênica, por sua vez, origina-se a partir de via de biossíntese: também conhecida como via do acetatomevalonato, responsável pela formação dos sesquiterpenos (C15) e triterpenos BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 49 (C30), que ocorre no citosol e cujos precursores são piruvato e acetil-coA; e a via alternativa, conhecida como via do metileritritol fosfato (MEP), que origina os monoterpenos (C10), diterpenos (C20) e tetraterpenos (C40), ocorre nos plastídeos e cujos precursores são piruvato e gliceraldeído-3-fosfato (SIMÕES et al., 2010; OOTANI et al., 2013). As agliconas dos esteroides e triterpenos têm a mesma origem até a formação do óxido de esqualeno. Para os esteroides, o óxido de esqualeno cicliza numa conformação cadeira-barco-cadeira-barco formando o cicloartenol (em algas e plantas verdes) ou o lanosterol (em fungos e organismos não fotossintéticos) após vários rearranjos. Após clivagem oxidativa de três metilas, o cicloartenol, entre outros compostos forma os esteroides (Figura 8, p. 50). Os diversos terpenos apresentam funções variadas nos vegetais. Os monoterpenos e sesquiterpenos são constituintes dos óleos voláteis, sendo que os primeiros atuam na atração de polinizadores. Os sesquiterpenos, em geral, apresentam funções protetoras contra fungos e bactérias, enquanto muitos diterpenoides dão origem aos hormônios de crescimento vegetal. Os triterpenoides e seus derivados, os esteroides, apresentam função protetora contra herbívoros; alguns são antimitóticos e outros atuam na germinação das sementes e na inibição do crescimento da raiz. Atualmente, estima-se que de 3.000 óleos voláteis conhecidos, 300 são comercialmente importantes na indústria farmacêutica, agronômica, alimentícia, sanitária, cosmética e de perfumaria e aromaterapia (OOTANI et al., 2013). BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 50 Figura 8 – Esquema da biossíntese de terpenos e esteroides Fonte- SIMÕES et al., 2010 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 51 3.8 Considerações sobre a atividade antioxidante Os radicais livres, vem sendo considerados nos últimos anos como grandes causadores de várias doenças como câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imune, disfunções cerebrais e diabetes mellitus tipo I. No entanto, quando em excesso, podem gerar o estresse oxidativo (EO), que pode ser definido como as circunstâncias nas quais os radicais livres causam danos teciduais (SOUSA et al., 2007). Os mecanismos pelos quais essas patologias se desenvolvem, geralmente envolvem alterações oxidativas de moléculas consideradas críticas, o que inclui proteínas, carboidratos, ácidos nucléicos além das substâncias envolvidas na modulação da expressão gênica e em respostas inflamatórias (KAWANISHI et al., 2002; LAGUERRE; LECOMTE; VILLENEUVE, 2007). A produção de radicais livres ocorre naturalmente durante ações catalíticas de enzimas, no metabolismo celular ou pela exposição à fatores exógenos (BARREIROS et al., 2006; BIANCHI e ANTUNES., 1999). Essa produção é controlada nos seres vivos por diversos compostos antioxidantes, os quais podem ter origem endógena (por ex., superóxido dismutase), ou serem provenientes da dieta alimentar e outras fontes. Destas últimas destacamse tocoferóis (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), polifenóis, selênio e carotenóides. Quando há limitação na disponibilidade de antioxidantes podem ocorrer lesões oxidativas de caráter cumulativo. Os antioxidantes são capazes de estabilizar ou desativar os radicais livres antes que ataquem os alvos biológicos nas células (COSTA et al., 2007). Um organismo encontra-se sob EO quando ocorre um desequilíbrio entre sistemas prooxidantes e antioxidantes, de maneira que os primeiros sejam predominantes (BIANCHI; ANTUNES, 1999; SCHNEIDER; OLIVEIRA, 2004). O excesso desses radicais pode ser combatido por antioxidantes produzidos pelo corpo ou adquiridos de forma exógena. De acordo com Sousa e colaboradores (2007), denominam-se concentrações baixas, antioxidantes, comparadas as ao substâncias substrato que presentes oxidável, em retardam significativamente ou inibem a oxidação do substrato (BARREIROS et al., 2006). Hoje em dia, há um interesse perceptível em antioxidantes, especialmente BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 52 naqueles que pode impedir os efeitos deletérios presumidos de radicais no organismo humano, e para evitar a deterioração de gorduras e outros componentes de alimentos. Em ambos os casos, há uma preferência para os antioxidantes naturais, em vez de sintéticos. Atualmente, a maioria dos antioxidantes são fabricados sinteticamente. A principal desvantagem dos antioxidantes sintéticos são os efeitos colaterais. Estudos anteriores relataram que o butilhidroxianisol (BHA) e butilhidroxitolueno (BHT) acumulam-se no corpo e pode resultar em danos no fígado e carcinogénese (BASMA et al., 2011). Assim, pesquisas têm se voltado para descoberta de produtos naturais com atividade antioxidante. 3.9 Considerações sobre a atividade antibacteriana A busca de substâncias com atividades antimicrobianas tem direcionado a atenção sobre os produtos naturais e, entre estes, os derivados das plantas superiores têm, nos últimos anos, despertado a investigação para o potencial da flora brasileira (ALMEIDA et al., 1998; ALVES et al., 2000; RATES, 2001; SUFFREDINI et al., 2004; MICHELIN et al., 2005; LIMA et al., 2006). Com relação às bactérias patogênicas, um problema crescente e preocupante é o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos (NOSTRO et al. 2004, GEORGOPAPADAKOU, 2005). Para pacientes, a resistência antimicrobiana aumenta a morbidade e mortalidade, enquanto que para as instituições de saúde significa aumento de custos (DANCER, 2001; COUTINHO et al., 2009). No que diz respeito à crescente importância dada as infecções bacterianas em comunidades hospitalares e o desenvolvimento progressivo da resistência antimicrobiana, um grande número de pesquisas vem sendo realizadas enfatizando as propriedades antibacterianas de produtos vegetais (HERNÁNDEZ et al. 2003). Produtos naturais de origem vegetal podem alterar o efeito de antibióticos, seja aumentando ou reduzindo a atividade antibiótica (COUTINHO et al. 2009). Nos últimos anos, muitas plantas têm sido avaliadas não só pela atividade antibacteriana, mas também como um agente modificador da atividade antibiótica (GURIB-FAKIM 2006). Atualmente, o método de diluição é usado para determinar a concentração mínima de um agente necessário para inibir ou matar um microrganismo. Os BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 53 procedimentos para determinar a atividade inibitória podem ser realizados tanto pelas técnicas de diluição em caldo ou em ágar. Os agentes antimicrobianos são geralmente testados em diluições consecutivas, e a menor concentração capaz de inibir o crescimento de um organismo é considerada como a Concentração Inibitória Mínima (CIM). As CIM‟s são consideradas excelentes ferramentas para determinar a susceptibilidade dos organismos aos antimicrobianos e, portanto, usadas para julgar a performance de todos os outros métodos de susceptibilidade. Nos laboratórios de diagnóstico, as CIM‟s são também usadas como uma ferramenta de pesquisa para determinar a atividade in vitro de novos antimicrobianos (ALVES et al., 2008). 4. Material e métodos 55 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Coleta e identificação do material botânico O material botânico das partes aéreas das espécies em estudo Euphorbia hirta L., E. hyssopifolia L. e E. thymifolia L. foram coletados em março de 2013, na cidade de Petrolina-PE. O material foi comparado às exsicatas de números #0786 (figura 9, p. 55), #1052 (figura 10, p.56), #11838 (figura 11, p.67), respectivamente do Herbário da Univasf (HVASF). Figura 9- Exsicata nº # 0786 de Euphorbia hirta L. do HVASF Fonte: HVASF. 56 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Figura 10- Exsicata nº # 1052 de Euphorbia hyssopifolia L. do HVASF Foto: HVASF 57 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Figura 11- Exsicata nº # 11838 de Euphorbia thymifolia L. do HVASF Foto: HVASF 58 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 4.2 Fases no desenvolvimento da pesquisa Fluxograma 1- Resumo geral da metodologia da pesquisa Material vegetal (partes aéreas) Secagem do material botânico e pulverização Maceração com etanol Extrato etanólico bruto (EEB) Cromatografia à vácuo Triagem fitoquímica preliminar Frações: Hexânica, clorofórmica, acetato de etila e metanólica Avaliação das atividades antioxidante e antibacteriana Separação por técnicas cromatográficas Identificação por técnicas espectrométricas Compostos isolados 59 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 4.3 Processamento do Material Vegetal 4.3.1 Obtenção dos extratos de E. hirta (Eh-EEB), E. thymifolia (Et-EEB) e E. hyssopifolia (Ehy-EEB) As partes aéreas de cada espécie permaneceram em estufa separadamente, a aproximadamente 50ºC por 72 horas para retirada de umidade. Após secagem o material foi pulverizado em moinho de facas. O material botânico seco foi pesado e devidamente acondicionado em um sistema de extração do tipo percolador. Em seguida foi adicionado o solvente de extração etanol, o material permaneceu em repouso por 72 horas. Em seguida a solução extrativa alcoólica foi retirada do equipamento e submetida à destilação do solvente em evaporador rotativo para obtenção do extrato etanólico bruto de E. hirta (Eh-EEB), que pesou 15 g, E. thymifolia (Et-EEB), que pesou 5 g e E. hyssopifolia (Ehy-EEB) que pesou 6 g. Com os extratos etanólicos brutos obtidos foram realizados ensaios para quantificação de fenóis totais, flavonoides totais, atividade antioxidante, atividade antibacteriana e para avaliação fitoquímica preliminar. Uma quantidade de extrato foi reservada e em seguida particionada para o isolamento dos constituintes químicos, sendo que a espécie escolhida para realização do isolamento e purificação dos constituintes químicos foi a espécie E. hirta, pelo fato de ter apresentado um maior rendimento do extrato etanólico bruto. 4.3.2 Preparação do extrato das flores da espécie Euphorbia hirta Após ter sido separada da planta, a flor (Figura 12, p.63) permaneceu em estufa a aproximadamente 50ºC por 72 horas para retirada de umidade. Após secagem o material foi pulverizado com o auxílio de um grau e pistilo. O material botânico seco foi pesado e devidamente acondicionado para realização de uma extração com diclorometano. Em seguida foi adicionado o solvente de extração diclorometano, o material permaneceu em repouso substituindo o solvente a cada 72 horas até completo esgotamento da droga. Em seguida a solução extrativa foi retirada do equipamento e submetida à destilação do solvente em evaporador 60 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) rotativo para obtenção do extrato bruto diclorometânico das flores de E. hirta. Após esta extração uma segunda extração foi realizada com o solvente etanol, o material permaneceu em repouso por mais 72 horas. Em seguida a solução extrativa alcoólica foi retirada do equipamento e submetida à destilação do solvente em evaporador rotativo para obtenção do extrato etanólico bruto das flores de E. hirta ( Figura 12, p.60). Figura 12- Flor de Euphorbia hirta Fonte: Autora 4.3.3 Partição dos Extratos de E. hirta , E. thymifolia e E. hyssopifolia Com o extrato etanólico bruto das espécies Euphorbia hirta, E.hyssopifolia e E. thymifolia foram realizadas partições através de um sistema de cromatografia à vácuo com os solventes de polaridade crescente hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol para obtenção das frações. As frações também foram submetidas à determinação de fenóis totais e à avaliação antioxidante. 61 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 4.4 Prospecção fitoquímica preliminar A pesquisa fitoquímica preliminar (Figura 13, p.63) busca destacar a presença de constituintes químicos presentes no material vegetal. Foram realizados testes para a identificação de fenóis e taninos (cloreto férrico 2%), flavonoides (Shinoda), alcaloides (Dragendorff, Mayer e Bouchardat), esteroides e terpenoides (Liebermann-Burchard), segundo metodologia descrita por Matos (1997). Foi realizada uma triagem fitoquímica utilizando placas de camada fina de gel de sílica 60 F254 com suporte de alumínio. O extrato etanólico e as frações obtidas na partição foram aplicados com o auxilio de um tubo capilar. Assim, tocou-se a extremidade na superfície da fase estacionária e o líquido foi transferido por capilaridade para a superfície da placa. Posteriormente, tais placas foram eluídas em diferentes sistemas de solventes, tal como descrito por Sobrinho e colaboradores, 2012, buscando identificar qualitativamente a presença dos principais grupos de metabolitos secundários, conforme expresso na Tabela 1. 62 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Tabela 1. Sistemas de eluição e reveladores utilizados na triagem fitoquímica preliminar das espécies Euphorbia hirta Euphorbia thymifolia e Euphorbia hyssopifolia. Fitoquímica Sistema de eluição Alcaloides Tolueno: Revelador acetato de Reagente de etila: dietilamina Dragendorff (70:20:10, v/v) Derivados antracenicos acetato de etila: Reagente KOH metanol: água etanólico 10% (100:13,5:10, v/v) Cumarinas Tolueno: éter etílico (1:1 Reagente KOH saturado com ácido etanólico 10% acético 10%, v/v) Flavonoides e taninos acetato de etila: ácido Reagente de NEU fórmico: ácido acético glacial: água (100:11:11:26, v/v) Lignanas Clorofórmio: metanol: Reagente de vanilina água (70:30:4, v/v) Mono e diterpeno Tolueno: acetato de etila Reagente de vanilina (93:7, v/v) Naftoquínonas Sulfúrica Tolueno: ácido fórmico Reagente KOH (99:1, v/v) Terpenos e esteroides Fosfórica Tolueno: etanólico 10% clorofórmio: Reagente de etanol (40:40:10, v/v) Lieberman-Burchard 63 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Figura 13 – Triagem fitoquímica Fonte: Autora 64 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 4.5. Isolamento e purificação dos constituintes químicos de E. hirta. O isolamento, a purificação e a análise dos constituintes químicos de Euphorbia hirta foram realizados utilizando os seguintes métodos cromatográficos: cromatografia em coluna (CC) e cromatografia em camada delgada analítica (CCDA). Na cromatografia de adsorção em coluna (CC) foi utilizada sílica gel 60 (MACHEREY-NAGE), de partículas com dimensões entre 0,063-0,200 mm e sephadex LH-20 (SIGMA) tendo como suporte colunas de vidro cilíndricas cujos comprimentos e diâmetros variaram de acordo com a quantidade de amostra a ser cromatografada (Figura 14, p. 65). As amostras foram aplicadas sobre o topo da coluna, procedendo-se então a eluição com os solventes comerciais hexano, Clorofórmio, Acetato de etila e Metanol, puros ou em misturas binárias, em ordem crescente de polaridade. A cromatografia em camada delgada (CCD) foi empregada para análise e purificação das frações obtidas por CC. Na CCDA foi utilizada cromatofolhas de alumínio de Sílica Gel 60 (MACHEREY-NAGE) (Figura 15, p.66). 65 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Figura 14 – Coluna cromatográfica da fase diclorometano das flores de E. hirta Foto: Autora A revelação das substâncias em CCDA foi executada pela exposição das cromatoplacas à radiação eletromagnética de comprimento de onda na região de ultravioleta (UV) – 254 nm e 366 nm – em aparelho da marca BOITTON, bem como por vanilina sulfúrica e impregnação das placas em cubas de vidro saturadas com vapores de iodo. Por CCDA, as frações semelhantes foram reunidas de acordo com os fatores de retenção. O grau de pureza foi determinado quando observada uma única mancha após revelação da cromatoplaca nos reveladores já descritos. 66 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 4.5.1. Fracionamento cromatográfico da fase diclorometano das flores de Euphorbia hirta. A fase diclorometano (alíquota de 340,8 mg) foi cromatografada em coluna utilizando Sílica como fase estacionária e fase móvel solventes em ordem crescente de polaridade. Processo este que resultou em 152 frações (Tabela 2, p. 67). Após análise em CCDA (Figura 15), estas foram reunidas em dez grupos de acordo com seus Rf (Fluxograma 2, p.71). A fração 18-21 resultou no composto codificado como Eh-1, solúvel em clorofórmio. A fração 26-28 resultou no composto codificado como Eh-2, também solúvel em clorofórmio. Figura 15 - Placas CCDA sílica de frações de E. hirta. Foto: Autora 67 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Tabela 2 – Fracionamento cromatográfico da fração diclorometânica de Euphorbia hirta, frações coletadas e reunião das frações obtidas após análise em CCDA. Sistema de eluição Hex (100%) CHCl3:hex( 30:70) CHCl3:hex (50:50) ChCl3 (100%) CHCl3:AcOet (30:70) CHCl3:AcOet (50:50) AcOet (100%) MeOH:AcOet (30:70) MeOH:AcOet (50:50) Frações coletadas 1 a 11 12 a 25 26 a 43 44 a 61 62 a 107 108 a 111 112 a 131 132 a 141 Reunião após CCDA 1-11 12-17; 18-21; 2225 26-28; 29-43 44-61 62-73; 74-107 108-111 112-131 132-141 142 a 152 142-152 Obs.: As frações em negrito resultaram no isolamento das substâncias Eh-1 e Eh-2. . 68 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Fluxograma 2 – Fracionamento cromatográfico da fase diclorometânica das flores de Euphorbia hirta. Fração diclorometânica (340,8 mg) 10 grupos 18-21 26-28 Eh-1 (11mg) Eh-2 (22mg) 4.5.2 Fracionamento do extrato etanólico das flores da espécie Euphorbia hirta. O extrato etanólico bruto (alíquota de 2,2 g) foi cromatografado em coluna utilizando sílica como fase estacionária e como fase móvel solventes em ordem crescente de polaridade, processo este que resultou em 112 frações (Tabela 3, p.69). Após análise em CCDA, estas foram reunidas em doze grupos de acordo com seus Rf’s (Fluxograma 3, p.70). A fração 66-89 resultou no composto codificado como Eh-3, solúvel em metanol. As frações coletadas foram monitoradas por CCDA, e quando necessário, as placas foram reveladas com vanilina sulfúrica 1% sob aquecimento. Baseado na semelhança entre os fatores de retenção (Rf), as frações foram reunidas em grupos. 69 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Tabela 3 – Fracionamento cromatográfico do extrato etanólico bruto das flores de Euphorbia hirta, frações coletadas e reunião das frações obtidas após análise em CCDA. Sistema de eluição CHCl3 (100%) AcOEt:CHCl3 (5:90) AcOEt:CHCl3 (10:90) AcOEt:CHCl3 (15:85) AcOEt:CHCl3 (30:70) AcOEt:CHCl3 (50:50) AcOEt (100%) MeOH:AcOEt ( 5:95) Frações coletadas Reunião após CCDA 1a6 1-6 7 a 20 7-20 21 a 23 24 a 27 28 a 29 30 a 32 33 a 36 37 a 38 MeOH:AcOEt (10:90) 39 AcOEt (20:80) 40 a 61 21-23 24-27 28-29 30-32 33-36 37-38 39 40-61 62-65; 66-89; 90MeOH:AcOEt (50:50) 62 a 101 101 Obs.: A fração em negrito resultou no isolamento da substância Eh-3 70 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) Fluxograma 3 – Fracionamento cromatográfico do extrato etanólico bruto das flores Euphorbia hirta. Extrato etanólico bruto (EEB) (2,2 g) 12 grupos 66-68 Eh-3 (12 mg) 4.6. Métodos de análise 4.6.1 Métodos cromatográficos Para cromatografia de adsorção em coluna (CC) foi utilizada sílica gel 60 (70230 mesh, ASTM) de partículas com dimensões entre 0,063-0,200 mm (MERCK), tendo como suporte colunas de vidro cilíndricas cujas dimensões variaram de acordo com a quantidade de amostra a ser cromatografada. Para cromatografia em camada delgada (CCD), foi usada sílica gel 60 PF254 (MERCK). As frações foram monitoradas por cromatografia em Camada Delgada Analítica (CCDA) da Silicycle TLC – Aluminum F254, sugerindo que a amostra está pura quando observada uma única mancha, sendo que a revelação das substâncias foi executada pela exposição das placas em câmara de irradiação ultravioleta (254 e 366 nm). As placas foram 71 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) eluídas em sistemas de solventes distintos. Como eluentes foram utilizados os solventes hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, isoladamente ou em misturas binárias, em gradiente crescente de polaridade. 4.6.2 Métodos espectrofotométricos Para execução dos métodos espectrofotométricos foi utilizado o espectrofotômetro Quimis (Q798U2M) de monofeixe, operando em uma faixa de trabalho de 190 a 1000 nm. Este método é utilizado para determinar a concentração de uma amostra utilizando a técnica da espectrofotometria ou colorimetria, a qual consiste na determinação da concentração de uma solução a partir da coloração apresentada por ela, já que a intensidade da cor é proporcional à quantidade da substância sobre a qual agiu o reativo. O espectrofotômetro mede a quantidade de luz absorvida pela amostra comparando a intensidade de luz emitida pela fonte com a intensidade de luz que emerge da amostra. A lei de Beer diz que para as radiações monocromáticas, a absorbância A é diretamente proporcional ao comprimento do caminho b através do meio e à concentração c das espécies absorventes. Esta relação é dada por: A = abc Em que a é uma constante de proporcionalidade (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002). 4.6.3 Métodos espectrométricos Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN de 1H) e Ressonância Magnética Nuclear de 13 C (RMN de 13 C), uni e bidimensionais foram obtidos em espectrômetros Bruker NMR (DPX 300), operando na frequência do hidrogênio a 300 MHz e do carbono a 75 MHz e VARIAN operando a uma frequência de 500 MHz e 125 MHz para hidrogênio-1 e carbono-13, respectivamente. As amostras para análise foram preparadas dissolvendo-se pequena quantidade das mesmas nos solventes deuterados CDCl3 e MeOD. Os deslocamentos químicos (δ) foram referenciados para RMN de 1H pelos picos característicos dos hidrogênios pertencentes às frações não deuteradas destes solventes em relação ao TMS: CDCl3 (δH = 7,23) e MeOD: (δH = 3,3). As multiplicidades das bandas de RMN 1H 72 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) foram indicadas segundo as convenções: s (singleto), d (dubleto), dd (duplo dubleto), t (tripleto), q (quarteto), m (multipleto). 4.7 Estudos fitoquímicos 4.7.1 Determinação do teor de fenóis totais A determinação do teor de fenóis totais presentes nos extratos e fases foi realizada utilizando reagente de Folin–Ciocalteu (SIGMA), conforme o método de Slinkard e Singleton (1977) com adaptações dos volumes (ALMEIDA et al., 2011). Inicialmente foram preparadas soluções do extrato, das fases e do padrão nas concentrações de 50 mg/L, 100 mg/L, 150 mg/L, 250 mg/L, 500 mg/L e 1000 mg/L, utilizando o etanol como solvente. Alíquotas de 40 μl de cada amostra (extrato, fases e padrão) foram adicionadas a 3,16 ml de água destilada e 200 μl de reagente de Folin-Ciocalteu. A mistura foi agitada e deixada em repouso durante 6 minutos, antes da adição de 600 μl de solução de carbonato de sódio. O branco foi preparado utilizando o procedimento descrito anteriormente, mas ao invés de utilizar 3,16 ml de água usou-se 3,2 ml. As soluções foram deixadas a 20 °C durante 2 horas e a absorbância de cada solução foi determinada em espectrofotometro UV-VIS (Quimis) a 765 nm contra o branco. A absorção versus a concentração de cada amostra foi plotada em gráfico e o teor de fenóis totais foi expresso como miligramas de equivalentes de ácido gálico por grama de amostra (mg EqAG/g) através da curva de calibração com ácido gálico. A faixa da curva de calibração foi 50-1000 mg/L. Todas as análises foram realizadas em triplicata. 4.7.2 Determinação do teor de flavonoides totais A determinação do teor de flavonoides totais foi realizada conforme método descrito por Dewanto e colaboradores (2002), com adaptações. A técnica baseia-se na medida da absorbância, em 510 nm, do complexo formado entre o flavonoide e o alumínio do reagente de cor, formando compostos de coloração amarelada. Foram preparadas soluções de cada extrato e fases nas concentrações de 73 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L, diluídos em metanol. Posteriormente, uma alíquota de 300 µL de cada solução foi misturada a 1,50 mL de água destilada em um tubo de ensaio seguido da adição de 90 µL da solução de NaNO 2 5% (m/v) em metanol. Após 6 minutos um volume de 180 µL de AlCl3 . 6 H2O a 10% (m/v) foi adicionado e deixado repousar por mais 5 minutos antes de adicionar 600 µL de NaOH 1 mol/L. Passado esse período a solução foi completada com 330 µL de água destilada, agitada e imediatamente mensurada a absorbância contra o branco em 510 nm usando espectrofotômetro. Para a construção da curva de calibração foram usadas soluções de catequina nas concentrações definidas de 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L, em metanol e submetidas às mesmas condições dos extratos e fases descritos anteriormente. Os resultados foram expressos como equivalentes de catequina (ECAT) por grama de amostra. As análises foram efetuadas em espectrofotômetro UV-VIS Quimis. 4.8 Avaliação da atividade antioxidante Os ensaios de atividade antioxidantes dos extratos e fases das espécies E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia foram avaliados usando duas metodologias do sequestro do radical DPPH e inibição da auto-oxidação do sistema β-caroteno/ ácido linoleico. 4.8.1 Método do seqüestro do radical DPPH (2,2-difenil-1picrilhidrazil) Este teste foi realizado utilizando a metodologia de seqüestro do radical livre DPPH. A solução de DPPH possui uma coloração roxa intensa e a ação antioxidante de um extrato, fase ou substância isolada pode ser visualizada pelo progressivo descoloramento da solução, ao final do qual a mesma torna-se amarelada. As soluções de amostras e padrões foram preparadas utilizando como solvente etanol e quinze minutos após a adição de DPPH às amostras, a leitura foi realizada em um espectrofotômetro de Ultravioleta UV-Vis a um comprimento de onda de 517 nm. Os ensaios foram realizados em triplicata. A inibição da coloração foi expressa em % Atividade Seqüestradora de Radicais Livres (AS), através da 74 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) fórmula: % AS= 100 x Δhx / hc Onde: hc= absorbância do controle (DPPH + MeOH) hx= absorbância teste (DPPH + substância teste) Δhx= hc – hx. 4.8.2 Método da inibição da autooxidação do β-caroteno Outro método utilizado foi o de avaliação da atividade antioxidante baseado na inibição da reação de autooxidação do β-caroteno. A reação foi acompanhada por espectrofotometria no visível em comprimento de onda de 470 nm, utilizando-se soluções em EtOH tanto dos padrões como dos extratos, fases e substancias isoladas. Preparou-se o meio oxidante do β-caroteno e transfere-se 0,1 mL de padrões/extratos/fases/substâncias para uma cubeta; adicionou-se 2,5 mL do meio oxidante. Os tubos foram fechados e uma primeira leitura foi efetuada, em seguida as amostras foram colocadas em banho de água a 50 oC e novas leituras foram realizadas no tempo zero e em intervalos de 15 minutos até completar 1 hora. Todas as amostras foram avaliadas em triplicata. O Cálculo da Atividade Antioxidante (AA) foi realizado através da fórmula: seguindo a fórmula abaixo: AA= 100 x [1-(A0 – At) / (A00 – At 0)] AA foi avaliada pelo efeito do aditivo em relação ao branco, Onde: A0= absorbância inicial da amostra At= absorbância final da amostra A00= absorbância inicial do branco At 0= absorbância final do branco 4.9. Avaliação da atividade antibacteriana Os extratos e frações foram submetidos à atividade antibacteriana. A atividade antibacteriana (Figura 16, p.75) foi avaliada para as seguintes amostras: extrato etanólico (EtOH) e as frações acetato (AcOEt) e metanólica (MeOH) das partes aéreas de E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia (folhas, caule e flor). Para avaliação da atividade antimicrobiana, utilizaram-se cepas bacterianas de referência obtidas do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/FIOCRUZ – Brasil). Os microrganismos utilizados foram: Bacillus cereus (ATCC 11778), Enterococcus faecalis (ATCC 19433), Klebsiella pneumoniae (ATCC 13883), Salmonella enterica (ATCC 10708), Serratia marcescens (ATCC 13880), Shigella flexneri (ATCC 12022) e Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia Coli 75 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) (25922). A avaliação da atividade antibacteriana foi determinada através de dois métodos o de Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM). Figura 16 - Atividade antibacteriana Fonte: Autora O efeito antibacteriano foi avaliado pelo método de microdiluição (SANTOS et al., 2012), como recomendado pelo The National Committee for Clinical Laboratory Standards (CLSI, 2003). Primeiramente uma solução mãe de 25 mg/mL dos extratos e frações foi preparada utilizando uma solução aquosa de DMSO a 20% (v/v). Em seguida transferiu-se 200 μL desta diluição para a microplaca contendo 200 μL de Muller-Hinton. Em seguida, diluições seriadas foram realizadas, resultando em concentrações de 12,5; 6,25; 3,12; 1,56; 0,78; 0,39 e 0,195 e 0,0975 mg/mL. O inoculo contendo 5 x 105 UFC/mL (0,5 na escala de McFarland) foi adicionado a cada poço. Foram reservados poços nas microplacas para controle de esterilidade do caldo, de crescimento bacteriano e da ação do antimicrobiano de referência 76 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE) (Gentamicina). Para a gentamicina foi usada uma concentração inicial de 1,6 mg/mL, a qual foi diluída para concentrações de 0,8; 0,4; 0,2; 0,1; 0,05; 0,025 e 0,0125 mg/mL. As microplacas foram incubadas sob condições de aerobiose durante 18-24 horas a 37 °C, quando 10 μL de cloreto de 2,3,5trifenil-tetrazólio (CTT) a 2% foram adicionados a cada poço para a detecção da mudança de cor do CTT (incolor) para vermelho, que reflete o metabolismo bacteriano ativo. A CIM foi definida com a concentração mais baixa do extrato que visivelmente inibiu o crescimento bacteriano. Para determinar a CBM, alíquotas de 10 μL foram retiradas de cada um dos poços do ensaio anterior contendo os extratos e transferidas para placas de Petri contendo ágar Muller-Hinton. As placas foram incubadas durante 24 horas a 37 °C. O surgimento de colônia de bactéria para uma dada concentração indica que essa não foi capaz de matar 99,9% ou mais do inoculo bacteriano utilizado. Os ensaios foram realizados em triplicata. 4.10. Análise estatística. Os dados obtidos nos ensaios das atividades foram expressos como média de três repetições (n = 3) e estimativa do desvio padrão da média (x = ± s). Diferenças foram consideradas significativas quando p < 0,05, utilizando o teste t de Student. Todas as determinações foram efetuadas em triplicata. / 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 78 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 5. Resultados e discussão 5.1. Fracionamento do extrato etanólico das espécies E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia. As quantidades de cada fração obtida no fracionamento do extrato etanólico das partes aéreas de cada espécie estudada e do extrato da flor de E. hirta estão descritas nos fluxogramas 4, 5 , 6 e 7 p. 78, 79, 80 e 81. Fluxograma 4- Obtenção e fracionamento do extrato etanólico bruto das partes aéreas de Euphorbia hirta. Material vegetal seco e pulverizado 122,6 g Maceração exaustiva com etanol Solução extrativa Concentração em rotavapor EtOH (Eh- EtOH) 21 g Partição através de cromatografia à vácuo Hexano (Eh-Hex) 0,085 g Clorofórmio (Eh- CHCl3) 0,683 g Acetato de etila (Eh-AcOet) 10,686 g Metanol (EMeOH) 2,165 g 79 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Fluxograma 5- Obtenção e fracionamento do extrato etanólico bruto das flores da espécie Euphorbia hirta. Material vegetal seco e pulverizado 30g Maceração exaustiva com diclorometano Solução extrativa Concentração em rotavapor Diclorometano (Eh flores-DCM) 0,186g Maceração exaustiva com etanol Etanol (Eh flores-EtOH) 0,340 g 80 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Fluxograma 6- Obtenção e fracionamento do extrato etanólico bruto das partes aéreas de Euphorbia hyssopifolia. Material vegetal seco e pulverizado 69g Maceração exaustiva com etanol Solução extrativa Concentração em rotavapor EtOH (Ehy- EtOH) 10g Partição através de cromatografia à vácuo Hexano (Ehy-Hex) 0,04g Clorofórmio (Ehy- CHCl3) 0,29g Acetato de etila (Ehy-AcOet) 4,9g Metanol (Ehy-MeOH) 1,06 g 81 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Fluxograma 7- Fluxograma da obtenção e fracionamento do extrato etanólico bruto das partes aéreas de Euphorbia thymifolia. Material vegetal seco e pulverizado 45 g Maceração exaustiva com etanol Solução extrativa Concentração em rotavapor Etanol (Et- EtOH) 5g Partição através de cromatografia à vácuo Hexano (Et-Hex) 0,025 g Clorofórmio (Et- CHCl3) 0,1 g Acetato de etila (Et-AcOEt) 2,1 g Metanol (Et-MeOH) 500 mg Foram feitos testes de fenóis, flavonoides totais, atividade antioxidante, antibacteriana e triagem fitoquímica com as fases cujo rendimento permitiu a análise. O isolamento e purificação dos constituintes químicos foi realizado apenas com a espécie E. hirta, devido ao baixo rendimento dos outros extratos. 5.2. Perfil fitoquímico preliminar dos extratos e fases A triagem fitoquímica preliminar teve como objetivo identificar ausência ou a presença das principais classes de metabólitos secundários nos extratos ou fases analisadas, a análise dos dados nos permitiu também fazer um estudo comparativo entre as espécies E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia. Em todas as amostras analisadas, exceto nas amostras da espécie E. thymifolia observou-se a ausência de saponinas, entretanto os flavonoides apareceram na maioria das amostras 82 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). analisadas, este resultado obtido na triagem confirma o alto teor de fenóis e flavonoides totais, de alguns extratos e fases testados, principalmente, no extrato etanólico e nas fases acetato de etila e metanólica das espécies em estudo e pode ser justificado pelo fato de as plantas terem sido coletadas em Petrolina, cidade localizada em região semiárida, onde as chuvas são pouco frequentes. Além dos flavonoides, outra classe também presente em todas as espécies foram os terpenos e esteroides o que confirma dados da literatura que relatam que esta classe de metabólitos são considerados marcadores taxonômicos do gênero Euphorbia (CHEN at al., 2014). Um resumo dos resultados obtidos na análise fitoquímica dos extratos das partes aéreas das espécies E. hirta, E. hyssopifolia, E. timmyfolia é mostrado nas tabelas 4, p.82; 5, p.83; 6, p.83 e 7, p.84. Tabela 4 - Identificação das principais classes de constituintes do extrato etanólico e fases (Eh-CHCl3, Eh-AcOEt e Eh-MeOH) da espécie Euphorbia hirta. Classe química Alcaloides Cumarinas Derivados antracênicos Flavonoides e taninos Mono e diterpenos Naftoquinonas Triterpenos e esteroides EtOH - Eh-Hex + +++ - ++ Saponinas Eh-CHCl3 + Eh-AcOEt + Eh-MeOH - - +++ + - - +++ ++ ++ + + +++ +++ ++ ++ - ++ - - ++ + - - - - - (-): ausência do constituinte, (+) presença do constituinte, (++): presença moderada do constituinte, (+++):presença elevada do constituinte. 83 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 5- Identificação das principais classes de constituintes do extrato etanólico e extrato diclorometânico das flores da espécie Euphorbia hirta. Classe química Alcaloides Cumarinas Derivados antracênicos Flavonoides e taninos Mono e diterpenos Naftoquinonas Triterpenos e esteroides EtOH ++ + Eh-DCM +++ +++ + ++ + ++ ++ +++ - ++ ++ ++ Saponinas - - (-): ausência do constituinte, (+) presença do constituinte, (++): presença moderada do constituinte, (+++): presença elevada do constituinte. Tabela 6- Identificação das principais classes de constituintes do extrato etanólico e fases (Ehy-Hex, Ehy-CHCl3, Ehy-AcOEt e Ehy-MeOH) da espécie Euphorbia hyssopifolia. Classe química Alcaloides Cumarinas EtOH + - Ehy-Hex - Ehy-CHCl3 + + Ehy-AcOEt + + Ehy-MeOH + Derivados antracênicos ++ - + ++ - ++ - + ++ ++ + - ++ ++ - + + ++ ++ - + ++ + + - - - - - - Flavonoides e taninos Mono e diterpenos Naftoquinonas Triterpenos e esteroides Saponinas (-): ausência do constituinte, (+) presença do constituinte, (++): presença moderada do constituinte, (+++): presença elevada do constituinte. 84 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 7. Identificação das principais classes de constituintes do extrato etanólico e fases (Et-Hex, Et-CHCl3, Et-AcOEt e Et-MeOH) da espécie Euphorbia thymifolia. Classe química Alcaloides Cumarinas EtOH + + Et-Hex + Et-CHCl3 + + Et-AcOEt + + Et-MeOH + Derivados antracênicos - + ++ + - ++ - + ++ ++ ++ + + ++ ++ + + + ++ ++ - ++ + - - - - + + - Flavonoides e taninos Mono e diterpenos Naftoquinonas Triterpenos e esteroides Saponinas (-): ausência do constituinte, (+) presença do constituinte, (++): presença moderada do constituinte, (+++): presença elevada do constituinte. 85 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 5.3. Caracterização estrutural das substâncias Eh-01, Eh-02 e Eh-03 5.3.1.Caracterização estrutural da substância Eh - 01 A substância Eh- 01 (11 mg) apresentou-se como um precipitado amorfo com coloração branca e solúvel em clorofórmio (CHCl3). A partir dos dados obtidos de RMN 13C e 1H (Tabela 8, p. 91). Figura 17 – Benzoato de lupeolila O espectro de RMN 13 C (Figura 18, p. 87), (125 MHz, CDCl3) revelou a presença de 49 sinais, sendo que 32 desses foram considerados da substância (Tabela 8, p. 91), e os outros sinais visualizados foram identificados como impurezas. O sinal em 172,74 que corresponde a um carbono carbonílico e os sinais em 150, 98 e 109,83 que são característicos para uma dupla ligação entre um carbono não hidrogenado e outro di-hidrogenado, correspondente a carbonos olefínícos, atribuídos respectivamente a C-20 e C-29, o que levou a caracterizar Eh-1 como um triterpeno pentacíclico do tipo lupano. Dos sinais identificados como da substância (Figura 19, p. 87), sete são de 86 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). carbonos não hidrogenados (δC 36,25; 37,85; 40,86; 42,84; 43,01;140,60; 150,98 ppm), outros seis foram atribuídos a carbonos metínicos (δC 81,06, 55,44, 50,34, 38,05, 48,3, 48,02 ppm), dez foram referentes a carbonos metilênicos (δC 38,38, 23,69, 18,02, 34,21, 20,95, 25,11, 27,44, 35,58, 29,84, 40,01 ppm) e sete de carbonos metílicos (δC 27,98; 15,98; 16,54; 16,17; 14,14; 18,08; 19,30 ppm), mostrando a presença da maioria dos sinais na região de alta blindagem, característica para compostos terpênicos. O espectro de RMN de 1H (Figura 20 p. 88) apresentou sinais na faixa de δH 0,60 e 2,0 ppm, singletos e multipletos referentes a hidrogênios metílicos ligados anéis cicloexânicos e hidrogênios de carbonos metínicos e metilênicos em posições axiais e equatoriais. Um singleto largo em δH 1,7 compatível com os hidrogênios metílicos H-30 que acoplam a longa distância (4J) com o hidrogênio δH 4,4 H-29. (Figura 21, p. 88). Um dubleto em δH 4,6 ppm e um duplo dubleto em δH 4,4 compatíveis com os hidrogênios olefínicos de H-29, que confirmou a presença da dupla ligação terminal característica de triterpenos de esqueleto Lupano (Figura 22, p. 89). Foram observados também multipletos em uma região mais desprotegida na faixa de δH 7,1 a 7,3 ppm que foram atribuídos a hidrogênios aromáticos. (Figura 23, p.89). Após análise dos espectros de RMN de 1H e 13C unidimensionais e comparação com dados da literatura (SANTOS et al., 1998), foi possível identificar a substância como sendo o benzoato de lupeolila (Figura 17, p.85). 87 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 18. Espectro RMN 13C de Eh-01 (CDCl3, 125 MHz) Figura 19. Espectro RMN 13C/DEPT Q de Eh-01 (CDCl3, 125 MHz) 88 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 20- Expansão do espectro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) Figura 21- Expansão do especro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) 89 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 22- Expansão do espectro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) Figura 23- Expansão do espectro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) 90 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 24-Expansão do espectro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) 91 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 8- Comparação dos dados de RMN 13 C (CDCl3, 125 MHz) referentes à substância Eh-01 com dados da literatura (SANTOS, 2012). Benzoato de Posição Substância Eh-01 Lupeolila (SANTOS, 2012) C C C 1 38,38 38,40 2 25,11 25,10 3 81,06 81,82 4 37,85 38,20 5 55,44 55,45 6 18,20 18,24 7 34,21 34,22 8 40,86 40,87 9 50,34 50,35 10 36,25 37,13 11 20,95 20,97 12 23,69 23,77 13 38,05 38,05 14 42,84 42,85 15 27,44 27,45 16 35,58 35,58 17 43,01 43,00 18 48,30 48,29 19 48,02 48,01 20 150,98 150,95 21 29,84 29,84 22 40,00 40,00 23 27,98 28,12 24 15,98 16,00 25 16,54 16,80 92 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 26 16,17 16,20 27 14,14 14,55 28 18,08 18,01 29 109,37 109,38 30 19,30 19,30 1’ 172,74 166,28 2’ 140,60 132,68 3’ 128,27 129,52 4’ 126, 19 128,30 5’ 128,45 131,01 6’ 126,19 128,30 7’ 128,27 129,52 93 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 9- Dados de RMN de 1H (500 MHz) e 13 C (125 MHz), HMQC e HMBC 1H x 13 C (500 MHz, 125 MHz), referentes à substância Eh-01. 1 1 Posição Tipo C C C H 1 CH2 38,38 2,6 e 1,2* (m) 2 CH2 25,11 1,6* e 1,3* (m) 3 CH Hx 81,06 C– HMQC 4,45 (dd, J=5,2; 10,5 Hz) 4 C 37,85 - 5 CH 55,44 0,75* (m) 6 CH2 18,20 1,5* e 0,8* (m) 7 CH2 34,21 1,9* e 1,3* (m) 8 C 40,86 - 9 CH 50,34 1,3* (m) 10 C 36,25 - 11 CH2 20,95 1,2* e 0,9* (m) 12 CH2 23,69 1,6* e 0,8* (m) 13 CH 38,05 1,6 (m) 14 C 42,84 - 15 CH2 27,44 1,6* e 1,0* (m) 16 CH2 35,58 1,5* e 1,3* (m) 17 C 43,01 - 18 CH 48,02 1,4* (m) 19 CH 48,30 H x 13C – HMBC 13 2 JCH 1 H x 1H – COSY 3 JCH H-3 C-1’ 2,35 (td, J=5,3; 11,1; 16,3Hz) 20 C 150,98 - 21 CH2 29,84 1,9* e 1,3* (m) 22 CH2 40,00 1,3* e 1,1* (m) 23 CH3 27,98 0,8 (s) C-3 24 CH3 15,98 0,9 (s) C-3 H-2 94 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 25 CH3 16,54 0,75 (s) 26 CH3 16,17 0,85 (s) 27 CH3 14,14 0,95 (s) 28 CH3 18,08 0,7 (s) 4,7 (d, J=2,4 Hz) CH2 29 109,37 e 4,6 (dd, J=1,3 e C-30, C-19 H-30 C-19, C-29 H-29 2,4 Hz) 30 CH3 19,30 1,65 (sl) 1’ C=O 172,74 - 2’ C 140,60 - 3’ CH 128,27 7,25 (m) 4’ CH 126,19 7,17 (m) 5’ CH 128,45 7,25 (m) 6’ CH 126,19 7,17 (m) 7’ CH 128,27 7,25 (m) C-20 C-2’ C-2’ * Devido a sobreposição de sinais no espectro de RMN de 1H na região de 0,6 a 2,0 ppm estas atribuições podem estar equivocadas. A correlação entre os hidrogênios observada no espectro COSY (Figura 25, p. 95) confirmaram o acoplamento entre os sinais em δ H 4,45 (H-3) com δH 1,6 (H-2), bem como o acoplamento dos hidrogênios olefínicos 4,7 e 4,6 ppm (H-29) com a metila em 1,65 ppm (H-30), conforme mostra a Tabela 9, p. 94. No espectro de HSQC (Figura 26, p. 96) observou-se as correlações a uma ligação entre os hidrogênios δH 4,7 e 4,6 e o carbono δC 109,37 da estrutura, no entanto, existem ainda dúvidas sobre as correlações nas regiões de sobreposição de sinais entre 0,6 e 2,0 ppm característico de cadeia terpênica e entre 7,1 e 7,3 ppm característico de anéis aromáticos na projeção do RMN 1H e as regiões 13 a 43 ppm e em torno de 128 ppm na projeção do RMN 13C (Tabela 9, p. 93). Através do experimento de HMBC (Figura 27, p. 97) foi possível fazer as seguintes correlações entre o δH 1,65 (H-30) com o δC 150,98 (C-20) a duas ligações (2J) e a três ligações (3J) de H-3 com C-1’, H-29 com C-19/C-30 e H-30 com C-19/C- 95 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 29. As correlações observadas estão também descritas na tabela 9 (p. 94). Figura 25. Espectro de correlação 1H x 1H - COSY de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) 96 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 26. Espectro de correlação 1H x 13C- HSQC de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz e 125 MHz). 97 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 27- Espectro de correlação 1H x 13C- HMBC de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz e 125 MHz). O triterpeno lupeol, núcleo terpênico do benzoato de lupeolila, apresenta várias atividades farmacológicas. Entre essas atividades destaca-se seu efeito sobre a proliferação de queratinócitos na pele, atividades nefroprotetoras, tanto na exposição crônica ao cádmio, quanto na redução da excreção de oxalato em determinadas patologias que causaria danos no tubo renal (NAGARAJ et al., 2000). Atividades antitumorais (MORIARITY et al., 1998), antioxidantes (MOREIRA; CARLOS; VILEGA, 2001) e liberadores de mediadores da resposta imunológica 98 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). (RAJIC et al., 2000) também são efeitos farmacológicos deste composto. Um levantamento bibliográfico nos bancos de dados web of Science, Pubmed e periódico CAPES revelou que a substância isolada das flores de Euphorbia hirta e identificada como benzoato de lupeolila está sendo relatada pela primeira vez como produto natural, pois os dados espectrométricos encontrados, que permitiram a comparação, foram do derivado semissintético, obtido a partir da reação de esterificação do Lupeol na hidroxila presente em C-3 com ácido benzoico (SANTOS, 2012). Esta é a primeira vez que esta substância é relatada para a espécie Euphorbia hirta. 5.3.2. Caracterização estrutural da substância Eh-02 A substância codificada como Eh-02, foi isolada na forma de pó branco, solúvel em Clorofórmio (Figura 28, p. 98). Figura 28- Heptacosan-1-ol No espectro de RMN de 1H (500 MHz, CDCl3), (Figura 29, p. 101) foram observados os seguintes sinais de hidrogênios, um multipleto em H 0,88 ppm correspondendo aos hidrogênios metílicos da cadeia terminal ligados ao carbono. Diversos sinais multipletos entre H 1,52 e H 1,68 atribuídos aos hidrogênios ligados aos carbonos alifáticos C-2 a C-26; um tripleto em H 3,64 ppm, J=6,6 Hz, atribuídos aos hidrogênios do carbono oxigenado C-1 (SILVERSTEIN et al., 2007). Além disso, 99 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). verificou-se na região de hidrogênio alifáticos um singleto largo em H 1,26, integrado para 45 hidrogênios, característico de cadeia hidrocarbônica longa (ROCHA; SILVA et al., 2007) o que é condizente com a intensidade do sinal em 29 no RMN de 13C. O espectro de RMN de 13 C (125 MHz, CDCl3), ( Figura 30, p. 103) mostra dez sinais, com destaque para os sinais em C 63,33 ppm correspondente a carbono oxigenado C 14,32 ppm atribuído ao carbono metílico. De acordo com os deslocamentos químicos, dos dez sinais do espectro de RMN 13 C , 7 são referentes a carbonos metilênicos (C 33,04; 32,15; 29,92; 29,84; 25,97; 25,09 e 22,91 ppm), 1 metínico (C 63,33 ppm) e 1 metílico (C 14,32 ppm). Esses dados associados à comparação com dados descritos na literatura permitiram identificar a substância Eh-02 como sendo heptacosan-1-ol (KOAY et. al., 2013). 100 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 10- Comparação dos dados de RMN de 1H (CDCl3, 300 MHz) e 13C (75 MHz) referentes à substância Eh-02 com dados da literatura (KOAY et al, 20013). Posição Substância Eh-2 (CDCl3) C C 1 63,33 2 33,04 3 32,15 4 a 23 29,92 Dados da literatura Posição H; mult.; J (Hz) C 3,64 ( t, J=6,6 Hz, 1 2H) 1,64 (m, 2H) 1,26 (sl, 45H) (CDCl3) C 63,1 2 32,9 3 31,9 4 a 24 29,7 24 25,97 25 25,09 25 25,8 26 22,91 26 22,7 27 14,32 0,88 (m, 3H) 27 14,1 H; mult.; J (Hz) 3,64 (t, J=6,3 Hz, 2H) 1,57 (m, 2H) 1,25 (sl, 45H) 0,88 ( t, J=6,6 Hz, 3H) 101 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 29- Espectro RMN de 1H de Eh-02 (CDCl3, 300 MHz); Figura 30- Espectro RMN de 13C/BB Q de Eh-02 (CDCl3, 75 MHz) BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 5.3.3. Caracterização estrutural da substância Eh-03 A substância codificada como Eh-03 (12 mg), foi isolada na forma de um cristal marrom, solúvel em metanol e apresentou fluorescência sob luz ultravioleta, sugerindo a presença de grupos cromóforos na sua estrutura. Figura 31- Quercetina-3-β-O-ramnosídeo No espectro de RMN de 1H (125 MHz, MeOD), (Figura 32, p.104) foram observados sinais de hidrogênios aromáticos característicos de um flavonol. Os espectros mostraram a presença de dois dubletos integrando para um hidrogênio cada, acoplando meta entre si, em 6,19 (J =2,1 Hz) δH 6,36 (J =2,1 Hz), característicos de flavonoides que possuem anel A 5-7- dissubstituido, sendo estes sinais atribuídos aos hidrogênios H-6 e H-8, respectivamente (PIZZOLATTI at al, 2013). Para o anel B foram apresentados três sinais (Tabela 12, p.107) correspondentes aos três hidrogênios localizados em ambientes químicos diferentes 103 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). ( H’-2: δH 7,29; H-5’: δH 6,91; H-6’: δH 7,31). O sinal em δH 7,31 (H-6’), com multiplicidade de duplo dubleto e constante de acoplamento (J) igual a 2,0 e 8,5 Hz, mostrou acoplamento meta com o sinal em δH 7,29 (H-2’, d, J=2,0) e orto com δH 6,91 (H-5’, d, J= 8,5), respectivamente. Os valores dos deslocamentos químicos edas constantes de acoplamento observadas nos espectros de RMN 1H de Eh-03 permitiram propor a localização das funções oxigenadas nas posições 3’ e 4’ do anel B. Foi observada ainda a presença de sinais que sugeriram a presença de uma unidade de açúcar, pois apresentaram sinais múltiplos na faixa entre δH 3,28 a 3,34 combinados ao hidrogênio anomérico em δH 5,36 a qual foi identificada como ramnose devido a presença do sinal para hidrogênio metílico ( d, J= 6,0) em δH 0,94. A figura 35, p.105 correspondente ao espectro RMN 13 C/DEPTQ (125 MHz, MeOD), o mesmo dispõe de 21 linhas espectrais, sendo que o multipleto de sete picos, tendo o pico central o deslocamento químico de aproximadamente δC 49,0, trata-se do solvente metanol deuterado. Foram observados sinais em δC 93,40 (C8), δC 98,50 (C-6), δC 104,46 (C-10), δC 157,13 (C-9), δC 161,75 (C-5) e δC 164,61 (C-7) ppm correspondentes aos sinais de carbono do anel A dos flavonoides. Os sinais com deslocamentos químicos abaixo de 100 ppm, atribuídos a C-6 e C-8, são característicos de carbonos aromáticos blindados por oxigenação nas posições orto carbonos 5 e 7 do anel A. O sinal em 178,24 ppm, equivalente a sinal de grupo cetônico, junto com os sinais de carbonos olefínicos em 157,13 e 134,81 ppm, caracterizam o anel C típico de flavonóis (CARDOSO et al., 2005). 104 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 32- Espectro RMN de 1H de Eh-03 (CDCl3, 500 MHz) Figura 33- Expansão do espectro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) 105 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 34- Expansão do espectro RMN de 1H de Eh-01 (CDCl3, 500 MHz) Figura 35- Espectro RMN de 13C/DEPT Q de Eh-03 (MeOD, 125 MHz) 106 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 11 - Comparação dos dados de RMN de 1H (MeOD, 500 MHz) e 13C (125 MHz) referentes à substância Eh-03 com dados da literatura. 1 1 Hx Posição H x 13C – HMQC 13 C– HMQC Substância Eh-03 Quercetina-3-β -O ramnosídeo* (CARDOSO et al., 2005). C C H C H 2 157,94 - 159,0 - 3 134,81 - 136,5 - 4 178,24 - 179,8 - 5 161,75 - 163,4 - 7 164,61 - 166,0 - 9 157,13 - 158,7 10 104,46 - 106,0 - 1’ 121,49 - 122,2 - 3’ 145,01 - 147,0 - 4’ 148,41 - 149,8 - 6 98,50 6,19 (d, J = 2,1) 100,0 6,20 (d, J=2,2 Hz) 8 93,40 6,36 (d, J = 2,1) 94,9 6,37 (d, J=2,2 Hz) 2’ 115,02 7,29 (d, J = 2,05) 116,5 7,30 (d, J=2,2 Hz) 5’ 115,57 6,91 (d, J = 5) 116,6 6,91 (d, J=8,4 Hz) 6’ 121,56 7,31 (dd, J = 8,2; 2,1) 123,0 7,31 (dd, J=8,4 e 2,0 Hz) 1’’ 102,13 5,34 (d, J = 1,6) 102,13 5,35 (d, J=1,7 Hz) 2’’ 71,06 4,24 (dd, J= 3,3 e J=1,7) 71,6 4,21(dd, J=3,3 e 1,7) 3’’ 72,2 3,78( dd, J=9,4 e J=3,4) 72,2 3,74 (dd, J=9,3 e 3,3) 4’’ 72,4 72,3 3,30 (dd, J=9,5 e 6,1) 5’’ 71,8 72,0 3,40 (dd, J=9,5 e 9,3) 17,8 0,94 (3H, d, J = 6,1 Hz) - CH CH3 6’’ 16,26 0,94 (3H, d, J = 6,1) 107 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 12- Dados de RMN de 1H (500 MHz) e 13C (125 MHz), HSQC e HMBC 1H x 13 C (500 MHz, 125 MHz), referentes à substância Eh-03. 1 H x 13C– HMQC Posição 1 H x 13C – Substância Eh-03 C C H 2 157,94 - 3 134,81 - 4 178,24 - 5 161,75 - 7 164,61 - 9 157,13 - 10 104,46 - 1’ 121,49 - 3’ 145,01 - 4’ 148,41 - 6 98,50 6,19 (d, J = 2,1) 8 93,40 6,36 (d, J = 2,1) 2’ 115,02 7,29 (d, J = 2,1) 5’ 115,57 6,91 (d, J =8,3) 6’ 121,56 7,31 (dd, J = 8,3; 2,1) 1’’ 102,13 5,34 (d, J = 7,41) 2’’ 71,06 4,24 (dd, J= 3,3 e J=1,7) 3’’ 72,2 3,78( dd, J=9,4 e J=3,4) 4’’ 72,4 5’’ 71,8 HMBC 2 JCH 1 H x 1H – COSY 3 JCH CH CH3 6’’ 16,26 0,94 (3H, d, J = 5) C-5 C-5 C-1’ H-6’ C-1’ C-2’’ H-5’ H-2’’ H-1’’ C-2’’ 108 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Os espectros de RMN 2D COSY (Figura 36, p.109) , HSQC (Figura 37, p.110) e HMBC (Figura 38, p.111) confirmaram as correlações entre os hidrigênios H-6’ e H-5’ referentes aos sinais em δH 7,31 e 6,91, respectivamente, comfirmou também as posições oxigenadas identificadas após análise dos espectros unidimensionais de Eh-3. O espectro de correlação 1H x 13 C- HSQC confirmou as correlações entre os carbonos δC 16,26; δC 102,13; δC 121,56 com os hidrogênios δH 0,94; δH 5,34; δH 7,31, respectivamente. O espectro de correlação 1H x 13 C- HMBC confirmou as correlações entre o carbono δC 71,8 com os hidrogênios δH 5,34 e δH 0,94 , entre o carbono δC 134,81 e o hidrogênio δH 5,34. . Após análise dos dados de RMN 1H e 13 C uni e bidimensionais foi possível propor a estrutura do flavonoide Quercetina-3-β-O-ramnosídeo (Fig 31, p.102). 109 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 36. Espectro de correlação 1H x 1H - COSY de Eh-03 (MeOD, 500 MH 110 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 37- Espectro de correlação 1H x 13C- HSQC de Eh-03 (MeOD, 500 MHz e 125 MHz). 111 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Figura 38- Espectro de correlação 1H x 13C- HMBC de Eh-03 (MeOD, 500 MHz e 125 MHz). Já foram isolados e identificados diversos flavonoides na espécie Euphorbia hirta. Wu e colaboradores (2012) relataram recentemente o isolamento e identificação de nove compostos fenólicos entre eles a quercetina que é a aglicona 112 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). da substância identificada com Eh-3 (Wu et al., 2012). 5.4. Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro Diante das diversas formas de radicais livres e de suas diferentes formas de atuação nos organismos vivos se fez necessário a realização de mais de uma técnica para a determinação da atividade antioxidante. Um dos métodos mais utilizados para determinação dos fenóis totais utiliza o reagente de Folin-Ciocalteu que consiste de mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotunguístico, no qual o molibdênio e o tungstênio encontram-se no estado de oxidação 6+ porém, em presença de certos agentes redutores, como os compostos fenólicos, formam-se o molibdênio azul e o tungstênio azul, nos quais a média do estado de oxidação dos metais está entre 5 e 6 e cuja coloração permite a determinação da concentração das substâncias redutoras, que incluem outras além das fenólicas (NACZK; SHAHIDIB, 2004; IKAWA et al., 2003). Usualmente, na elucidação estrutural por UVVIS dos flavonoides, os grupos oxigenados podem ser detectados pela observação dos deslocamentos bactocrômicos neste espectro, obtido pela adição de agentes, tais como: AlCl3, H3BO3, AcONa e NaOMe (CORNARD; MERLIN, 2001). A complexação dos flavonoides com metais, principalmente com o íon Al 3+, é uma técnica comumente empregada no estudo de flavonoides, pela análise da absorção no UV-VIS dos flavonoides, os deslocamentos são devidos à formação do complexo Al3+- flavonoide (POZZI, 2007). Nessas condições, o complexo Al3+- flavonoide absorve em comprimento de onda bem maior do que o flavonoide sem a presença do agente complexante. Os ácidos fenólicos, mesmo os que formam complexos com AlCl3, absorvem em comprimentos de onda muito inferiores, evitando-se desta maneira interferências nas medidas de absorvância (LIANDA; VIANNA; CASTRO, 2009). Tendo em vista, a importância dos compostos fenólicos e dos flavonoides em relação aos seus potenciais antioxidantes dentre outras atividades biológicas descritas na literatura para os mesmos, assim como a disponibilidade de metodologias simples usualmente utilizadas em laboratórios, conforme descrito acima, procedeu-se à quantificação dos mesmos nos extratos de E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia. Assim, Eh-MeOH foi a fase que apresentou o maior teor 113 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). de fenóis totais (102±1,3 mg EqAG/g) enquanto que na quantificação de flavonoides totais, a fase Ehy-AcOet apresentou um alto teor (221,3 ± 6,25) quando comparado aos resultados das outras fases das espécies estudadas. Em relação às atividades antioxidantes dos extratos e frações das espécies Euphorbia hirta, E. thymifolia e E. hyssopifolia verificou-se que no método do seqüestro do radical DPPH todas as amostras testadas foram efetivas, porém o extrato etanólico bruto das espécies E. hirta (h-EEB) e E. hyssopifolia (hy-EEB) apresentaram maior poder antioxidante com IC50 de 14,92 ± 0,55, 11,7 ± 0,47 µg/mL, respectivamente. Na espécie E. thymifolia a fração metanólica foi a que mais se destacou com IC50 de 15,48±0,49. No modelo da inibição da co-oxidação do β-caroteno a amostra Eh-EEB se mostrou com melhor atividade com um valor de 78,9 ± 3,18 na espécie E. hirta, já nas espécies E. hyssopifolia e E. thymifolia a fração que apresentou melhor resultado foi a acetato de etila com valores de 33,8 ± 2,7 (Ehy-AcOEt) e 75,63±3,27 (Et-AcOEt), respectivamente. Através destes resultados identificamos que a espécie E. hyssopifolia não possui atividade antioxidante expressiva no método de inibição da co-oxidação do β-caroteno. Este método nos permite avaliar a capacidade de uma determinada substância prevenir a oxidação do β-caroteno protegendo-o dos radicais livres gerados durante a peroxidação do ácido linoléico. (ALVES et al., 2010). Os dados encontram-se dispostos na Tabela 13, p.109. 114 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 13- Atividade antioxidante, fenóis e flavonóides totais in vitro do extrato etanólico (EtOH) e frações (AcOet e MeOH) de Euphorbia hirta, E.hyssopifolia e E.thymifolia. Amostra DPPH (IC50 µg/mL) β– CAROTENO (%AA) Fenóis totais (mg EqAG/g) Flavonoides totais (mg EqC/g) EEB-h 14,9 ± 0,55 78,9 ± 3,18 68,02±6,06 54,1±2,9 Eh-AcOEt 38,8 ± 1,9 18,4 ± 3,09 51,0±7,07 19,07±046 Eh-MeOH 24,1 ± 1,48 33,2 ± 3,55 102,9±1,3 16,09±0,46 Ehy-EEB 11,7 ± 0,47 26,4 ± 4,15 68,33±2,6 128,8±0,75 Ehy-AcOET 9,4 ± 0,63 33,8 ± 2,7 72,83±3,9 221,3±6,25 Ehy-MeOH 23,2 ± 1,4 26,5 ± 21,2 15,33±0,7 4,250±0,25 Et-EEB 29,87±1,08 71,73±3,36 37,50±1,607 124,3±3,03 Et-AcOEt 33,90±0,24 75,63±3,27 19,36±9,65 176,0±2,75 Et-MeOH 15,48±0,49 - 48,17±3,44 72,33±5,86 2,72 ± 0,05 - BHA 3,61 ± 0,20 92,3 ± 3,20 BHT 8,72 ± 1,21 95,3 ± 0,36 Ácido Ascorbico Ácido gálico 2,121±0,05 5.5. Avaliação da atividade antibacteriana A avaliação da atividade antibacteriana foi determinada através de dois métodos: o de Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Bactericida Mínima (CBM), os dois ensaios foram baseados na metodologia utilizada por Santos e colaboradores (2012). As cepas de bactérias utilizadas nestes ensaios foram obtidas do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/FIOCRUZ – Brasil). Os microrganismos utilizados foram: Bacillus cereus (ATCC 11778), Enterococcus faecalis (ATCC 19433), Klebsiella pneumoniae (ATCC 13883), Salmonella enterica (ATCC 10708), Serratia marcescens (ATCC 13880), Shigella flexneri (ATCC 12022) 115 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). e Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia Coli (25922). O efeito antibacteriano foi avaliado pelo método de microdiluição (SANTOS et al., 2012), como recomendado pelo The NationalCommittee for ClinicalLaboratory Standards (CLSI, 2003). Primeiramente uma solução mãe de 25 mg/mL dos extratos foi preparada utilizando uma solução aquosa de DMSO a 20% (v/v). Em seguida transferiu-se 200 μL desta diluição para a microplaca contendo 200 μL de MullerHinton. Em seguida, diluições seriadas foram realizadas, resultando em concentrações de 12,5; 6,25; 3,12; 1,56; 0,78; 0,39 e 0,195 e 0,0975 mg/mL. O inoculo contendo 5 x 105 UFC/mL (0,5 na escala de McFarland) foi adicionado a cada poço. Foram reservados poços nas microplacas para controle de esterilidade do caldo, de crescimento bacteriano e da ação do antimicrobiano de referência (Gentamicina). Para a gentamicina foi usada uma concentração inicial de 1,6 mg/mL, a qual foi diluída para concentrações de 0,8; 0,4; 0,2; 0,1; 0,05; 0,025 e 0,0125 mg/mL. As microplacas foram incubadas sob condições de aerobiose durante 18-24 horas a 37 °C, quando 10 μL de cloreto de 2,3,5-trifenil-tetrazólio (CTT) a 2% foram adicionados a cada poço para a detecção da mudança de cor do CTT (incolor) para vermelho, que reflete o metabolismo bacteriano ativo. A CIM foi definida com a concentração mais baixa do extrato que visivelmente inibiu o crescimento bacteriano. Para a determinação da CBM, alíquotas de 10 μL foram retiradas de cada um dos poços do ensaio anterior contendo os extratos e transferidas para placas de Petri contendo ágar Muller-Hinton. As placas foram incubadas durante 24 horas a 37 °C. O surgimento de colônia de bactéria para uma dada concentração indica que essa não foi capaz de matar 99,9% ou mais do inoculo bacteriano utilizado. Os ensaios foram realizados em triplicata. Nas tabelas 14, 15 e 16, págs 118, 119 e 120 estão descritos os dados obtidos para amostras analisadas. 116 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 14- Atividade antibacteriana de Eh-EEB, Eh-AcOEt e Eh-MeOH das partes aéreas de E.hirta. EtOH Eh-AcOEt Eh-MeOH Bactéria Gentamicina CIM CBM CIM CBM CIM CBM Bacillus cereus 0,39 12,5 0,78 0,78 1,56 1,56 0,40 0,40 Enterococcus 0,09 0,39 0,09 12,5 0,09 * 0,40 0,40 Escherichia coli 0,09 3,12 0,09 * 3,12 * 0,025 0,025 Klebsiella 3,12 6,25 6,25 6,25 6,25 * 6,25 6,25 1,56 3,12 3,12 3,12 * 0,40 3,12 * 6,25 * 0,09 1,56 0,05 0,05 Shigella flexneri 1,56 * 6,25 12,5 3,12 12,5 0,05 0,05 Staphylococcus 0,09 0,09 0,78 0,78 6,25 0,19 * 0,025 faecalis pneumonia Salmonela choleraesuis Serratia marcescens aureus CIM: concentração inibitória mínima. CBM: concentração bactericida mínima. Os valores estão expressos em mg/mL e indicam até qual concentração a amostra foi efetiva. (*): crescimento bacteriano em todas as concentrações testadas. 117 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 15- Atividade antibacteriana de Ehy-EEB, Ehy-AcOEt e Ehy-MeOH das partes (folhas, caule e flor) de E. hyssopifolia. EtOH Eh-AcOEt Eh-MeOH Bactéria CIM CBM CIM CBM CIM CBM Bacillus cereus 0,39 6,25 0,09 0,19 1,78 1,78 Enterococcus faecalis 0,09 0,39 0,09 0,09 1,56 * Escherichia coli 0,09 0,19 0,09 3,12 1,56 12,5 Klebsiella pneumonia 3,12 3,12 3,12 3,12 6,25 12,5 Salmonela choleraesuis 0,39 3,12 0,78 0,78 0,19 12,5 Serratia marcescens 0,78 * 3,12 * 0,09 3,12 Shigella flexneri 1,56 * 1,56 * 6,25 6,25 Staphylococcus aureus 0,09 0,09 0,78 1,56 0,30 1,56 CIM: concentração inibitória mínima. CBM: concentração bactericida mínima. Os valores estão expressos em mg/mL e indicam até qual concentração a amostra foi efetiva. (*): crescimento bacteriano em todas as concentrações testadas. 118 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). Tabela 16- Atividade antibacteriana de Et-EEB, Et-AcOEt e Et-MeOH das partes (folhas, caule e flor) de E. thymifolia. EtOH Eh-AcOEt Eh-MeOH Bactéria CIM CBM CIM CBM CIM CBM Bacillus cereus 0,39 0,39 0,78 0,78 12,5 12,5 Enterococcus faecalis 0,09 12,5 0,09 12,5 0,09 * Escherichia coli 0,09 3,12 0,09 * 0,09 0,09 Klebsiella pneumonia 6,25 12,5 1,56 6,25 3,12 6,25 Salmonela choleraesuis 12,5 12,5 0,09 6,25 6,25 6,25 Serratia marcescens 6,25 * 6,25 6,25 6,25 6,25 Shigella flexneri 6,25 * 3,12 3,12 6,25 * Staphylococcus aureus 0,09 0,09 0,78 1,78 6,25 6,25 CIM: concentração inibitória mínima. CBM: concentração bactericida mínima. Os valores estão expressos em mg/mL e indicam até qual concentração a amostra foi efetiva. (*): crescimento bacteriano em todas as concentrações testadas. Das oito cepas bacterianas que foram submetidas ao teste de sensibilidade ao extrato e fases das espécies Euphorbia hirta, Euphorbia hyssopifolia e Euphorbia thymifolia todas se mostraram sensíveis aos extratos e frações testadas, sendo que para algumas cepas de bactérias os extratos etanólicos brutos mostraram-se eficiente até a última concentração testada (0,098 mg/mL), que foi o caso para os microorganismos E. fecalis, E.coli e Staphylococus aureus. Notadamente, microrganismos Gram-negativos mostram-se mais resistentes à ação de antimicrobianos, uma vez que sua parede celular encontra-se protegida por uma camada de lipopolissacarídeos (GOULD, 2009). Das oito cepas testadas, três são classificadas como microrganismos Gram-positivas (Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) e outras cinco como Gram-negativas (Escherichia Coli, Klebsiella pneumonia, Salmonela choleraesuis, Serratia marcescens e Shigella flexneri). Observou-se que das três cepas que mostraram-se 119 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). sensíveis em todas as concentrações do extrato, duas pertencem ao grupo das Gram-positivas e apenas a E..coli foi a Gram-negativa sensível. Desta forma, percebe-se a eficiência do extrato etanólico em inibir o crescimento dos microorganismos Gram-negativos. Esse efeito pode ser explicado pela presença de uma maior variedade de substâncias presentes no extrato. Acredita-se que muito do efeito antimicrobiano dos extratos vegetais se deve, principalmente, à presença de flavonoides em sua composição (AHMAD; BEG, 2001). 6. CONCLUSÕES 121 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia. (EUPHORBIACEAE) L. 6. Conclusões A análise fitoquímica preliminar para o extrato e fases das espécies estudadas revelou a presença de terpenos e flavonoides. Estes dados foram confirmados com isolamento e identificação do flavonoide glicosilado Quecetina-3-β-O-ramnosídeo do extrato etanólico bruto das flores da espécie Euphorbia hirta e dos terpenoides benzoato de lupeolila e Heptacosan-1-ol do extrato diclorometânico também das flores de E. hirta. Na determinação de fenóis totais, a fase que apresentou o maior teor de fenóis totais foi a Eh-MeOH (102 ± 1,3 mg EqAG/g), enquanto que na determinação de flavonoides totais, Ehy-AcOet apresentou o maior teor (221,3 ± 6,25 equivalente de catequina). Na avaliação da atividade antioxidante, in vitro, Et-EEB mostrou maior poder antioxidante no método do DPPH e Eh-EEB no método do β-caroteno. Para a atividade antibacteriana, as três espécies em estudo apresentaram boa atividade, destacando-se na eficiência de inibição do crescimento de bactérias Gramnegativas. Diante do que foi exposto, observa-se que as espécies Euphorbia hirta, E. thymifolia e E. Hyssopifolia apresentaram potencial nas atividades antioxidante e antibacteriana, podendo estas serem justificadas pela presença de compostos fenólicos e flavonoides, conforme foi identificado na triagem fitoquímica, além dos constituintes químicos que foram identificados pela primeira vez na espécie. Assim, pode-se contribuir tanto para o estudo fitoquímico quanto biológico, tendo em vista que das três espécies estudadas, duas delas, E. hyssopifolia e E. thymifolia apresentam poucos relatos na literatura. REFERÊNCIAS 123 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. hyssopifolia e E. thymifolia. L. (EUPHORBIACEAE). 5. Referências AGRA, M. F.; FREITAS, P. F.; FILHO, J. M. B. Synopsis of the plants known as medicinal and poisonous in Northeast of Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia. v. 17, n.1, p. 114-140, 2007. AHMAD, I.; BEG, A. Z. 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Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 142 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 143 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 144 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 145 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 146 BEZERRA, G. S. Estudo Fitoquímico e Biológico “in vitro” de Espécies do Gênero Euphorbia: E. hirta, E. Hyssopifolia e E. thymifolia L. (EUPHORBIACEAE). 147 BEZERRA, G. S. 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