B106 - PET Engenharia Química
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B106 - PET Engenharia Química
ESTUDO PRELIMINAR DA PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS POR FUNGOS DO CERRADO EMPREGANDO GLICEROL COMO SUBSTRATO 1 Rafaella Silva Macedo, Angélica 2 Thaíssa Rodrigues, 3 Ubirajara Coutinho Filho, 3 Vicelma Luiz e 3 Patrícia 1 Bolsista de iniciação Científica PIBIC/CNPq/UFU, discente do curso de Engenharia Química Professores da Faculdade de Engenharia Química da UFU/MG) 3 Bolsista da Fapemig, mestranda do curso de Engenharia Química 2 e-mail: [email protected] RESUMO - De forma que toda cadeia de produção de biodiesel seja sustentável e economicamente viável, tornando-se competitivo no mercado de biocombustíveis, é necessário pesquisar e desenvolver alternativas de utilização do excedente de glicerol bruto produzido na tentativa de reaproveitamento direto deste subproduto, sem tratamento. O presente trabalho visou à utilização do glicerol como fonte de carbono na obtenção de biopolímero (maior interesse em gomas) a partir de fermentação com fungos do cerrado. Foram utilizados quatro diferentes micro-organismos, Monilia sitophila, Mucor racemosus fresenius, Fusarium sp, e Acremonium sp, com o objetivo de converter glicerol em biopolímero. Para cada microrganismo realizou-se ensaios exploratórios, a fim de selecionar cepas capazes de converter glicerol no bioproduto de interesse. O microrganismo Mucor racemosus fresenius apresentou produção com formação de 1 g/L de goma. Palavras-Chave: biopolímero, glicerol e fungos INTRODUÇÃO No processo de produção de biodiesel, o glicerol constitui o maior subproduto gerado via transesterificação de ácidos graxos vegetais ou gordura animal com álcool, metanol ou etanol, para produzir ésteres e glicerol na presença de catalisador (hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio) (DIECKELMANN e HEINZ, 1988). O grande volume de glicerol gerado na produção de biodiesel inviabiliza o seu descarte, devido aos danos que este pode ocasionar ao meio ambiente. Com o intuito de evitar futuros problemas derivados da acumulação desse resíduo e para tornar a produção de biodiesel mais competitiva, torna-se necessário a busca de alternativas para o uso do glicerol. Vários microrganismos são capazes de utilizar o glicerol como fonte de carbono. Por isso, um dos destinos possíveis para o glicerol bruto resultante da indústria do biodiesel é seu uso na composição de meios de cultura para crescimento de microrganismos em processos biotecnológicos que levem à produção de moléculas de interesse econômico. Como por exemplo, etanol, ácido succcínico, ácido propiônico, ácido cítrico, pigmentos, biosurfactante, biopolímeros, etc. (SILVA et al., 2006). A utilização do glicerol, como fonte de carbono, para produção de compostos químicos de interesse comercial, além de diminuir os possíveis impactos ambientais e melhorar a economia do setor de biodiesel, torna-se vantajoso pelo baixo custo deste substrato em relação a outros tradicionalmente utilizados como fonte de carbono para obtenção de bioprodutos, como por exemplo, o melaço de cana de açúcar (RIVALDI, 2007). Como os biopolímeros são bastante utilizados como matéria prima para fabricação de diferentes produtos, os mesmo tem sido objeto de intensa pesquisa. São polissacarídeos de origem microbiana, também conhecidos como exopolissacarídeos (EPSs) microbianos, sintetizados por bactérias, fungos e/ou leveduras. (BARRETO, 2011). Na produção de biopolímeros há um grande interesse nas gomas, que são de grande uso pelas indústrias de alimentos, farmacêuticas e petroquímicas. As gomas ou biopolímeros possuem a propriedade de formar soluções viscosas em meio aquoso ou géis (GARCÍA-OCHOA et al., 2000). O estudo de polissacarídeos fúngicos tem despertado interesse devido a suas propriedades reológicas e físico-químicas. São biomateriais que têm encontrado amplo campo de aplicações, in- cluindo o uso em terapia farmacêutica devido a suas atividades biológicas como ação antitumoral, antiviral e anti-inflamatória. Sendo assim apresentam-se como uma alternativa às gomas tradicionais (SARANGI et al., 2006). Neste contexto, esta pesquisa aparece no cenário científico buscando linhagens fúngicas e condições de processo que proporcionem maiores produções de biopolímeros, utilizando glicerol como fonte de carbono, que representa uma alternativa de menor custo para produção de goma e a diminuição de possíveis impactos ambientais. Materias e Métodos Micro-organismos Neste trabalho foram testados quatro diferentes fungos coletados de árvores, frutos e cascas do cerrado do Triângulo Mineiro: Monilia sitophila, Mucor racemosus fresenius, Fusarium sp, e Acremonium sp. Estes micro-organismos foram testados visando escolher o melhor produtor de goma. Fonte de Carbono Utilizou-se como principal matéria-prima glicerol comercial (Vetec, Rio de Janeiro, Brasil) com pureza de 99,5%. Meio de Cultivo e Manutenção em meio Czapeck Os fungos foram cultivados por 48 horas, a 28±1°C, em placas de petri contendo o meio Czapeck com a seguinte composição em g/L : Glicose- 20, Nitrato de sódio 2,0, Fosfato dibásico de potássio 1,0, Sulfato de magnésio 0,5, Cloreto de Potássio 0,5, Sulfato Ferroso 0,01, Agar-Agar 20. Esterilizado a 110°C e 1atm por 20 minutos. culo empregado correspondeu a adição de duas hastes de Hoffman contendo os microrganismos (0,18 g/L). As fermentações ocorreram por 7 dias em mesa rotatória à 100 rpm e temperatura ambiente 30 ± 3°C. Resultados Foi realizada a seleção das linhagens em relação a sua capacidade de converter glicerol em biopolímeros. A Tabela 1 mostra os resultados dos testes exploratórios a fim de selecionar o microrganismo com maior capacidade em produzir biopolímero. Tabela 1 – Resultados de quantidade de goma formada pelos microrganismos. Microrganismos Monilia sitophila Mucor racemosus Fresenius Fusarium sp Acremoniumsp Quantidade de goma formada (g/L) ND* 1 ND* ND* *ND- não detectado Por meio da Tabela 1, pode-se observar que o Mucor racemosus Fresenius foi o único que apresentou formação de goma e com concentração de 1 g/L . A Figura 1 mostra em detalhe a característica da goma formada. Meio de Cultura O meio de cultura adotado e empregado em todos os experimentos apresentou a seguinte composição em g/L: K2HPO4 0,5, KH2PO4 1,4, NH4NO3 1,0, MgSO4.7H2O 1,0, CaCl2 .H2O 0,02, MnSO4.H2O 0,03, extrato de levedo 2,0. Foi realizado o ajuste de pH a 6,5 com posterior esterilização a 110°C e 1atm por 20 minutos. Teste da Seleção das Linhagens Para escolha da linhagem, os experimentos foram realizados em frascos erlenmeyers com capacidade de 500 mL. A quantidade de meio de cultura (M) adicionado em cada erlenmyer foi de 100 mL e 25 g/L de glicerol. A quantidade de inó- Figura 1 – Goma produzida pelo micro-organismo Mucor racemosus Fresenius. Antônio et al., (2012) em 14 dias de fermentação obtiveram 6,9 g/L de biopolímero utilizando 25 g/L de glicerol, a partir da bactéria Gluconoacetobacter hansenii. Se compararmos este resultado com o presente trabalho, pode-se observar que apesar de um menor resultado apresentado por este estudo (1 g/L goma e 25 g/L de glicerol em 7 dias de processo), o micro-organismo estudado se mostra com potencial capacidade de produção de goma. Uma vez, que nesta etapa nenhuma otimização das condições de produção ainda foi realizada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTÔNIO, E. A. Produção de celulose bacteriana a partir de diferentes substratos. I Simpósio de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense - SICT, Santa Catarina, 3, n. 1, 2012. DIECKELMANN, G.; HEINZ, H. J. E. The Basics of Industrial Oleochemistry. [S.l.]: Pubisher P. Pomp, 1988. 123 p.SILVA, M. D. L. C. D. et al. Caracterização química de glucanas fúngicas e suas aplicações biotecnológicas. Química Nova, Londrina, v. 29, n. 1, p. 85-92, Agosto 2006. RIVALDI, J. D. et al. Glicerol de Biodiesel, São Paulo, n. 37, 2007. 44-51. BARRETO, M. D. C. S. et al. Produção e Comportamento Reológico de Biopolímeros produzidos por rizóbios e caracterização genética. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 17, p. 221-227, Abril-Junho 2011. GARCÍA-OCHOA, F.; SANTOS, V. E.; CASAS, J.A.; GÓMEZ, E. Xanthan gum: production, recovery and properties. Biotechnology Advances, New York, v. 18, n. 7, p. 549-579, nov. 2000. SILVA, M. D. L. C. D. et al. Caracterização química de glucanas fúngicas e suas aplicações biotecnológicas. Química Nova, Londrina, v. 29, n. 1, p. 85-92, Agosto 2006 SARANGI, I. et al. Anti-tumor and immunomodulating effects of Pleurotus ostreatus mycelia-derived proteoglycans. International Immunopharmacology, 6, 2006. 1287-1297.
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