RED-Integrated-Portugues-2012 final
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Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC Preparado para o Comité dos Governadores do Banco Central da SADC Elaborado pelo Banco Nacional de Angola Setembro 2012 1 Índice 1. Introdução .......................................................................................................................... 4 2. Visão Geral dos Desenvolvimentos em 2011 e perspectivas para 2012 ............................ 4 2.1 Economia Global ............................................................................................................ 4 2.2 Economias Avançadas .................................................................................................... 5 2.3 Economias Emergentes e em Desenvolvimento .............................................................. 6 2.4 África Subsariana ........................................................................................................... 6 2.5 Desenvolvimentos da Inflação Global ............................................................................ 7 2.6 Implicações na política monetária.................................................................................. 9 2.7 Ameaças à actividade económica Global ....................................................................... 9 2.8 Entrada de Capitais em África ....................................................................................... 9 3. Desenvolvimentos económicos na SADC ....................................................................... 10 3.1 Visão Geral do Desenvolvimento Económico............................................................... 10 3.2 Comportamento da Inflação ......................................................................................... 11 3.3 Causas da inflação na região da SADC ....................................................................... 12 3.4 Economia Doméstica .................................................................................................... 13 3.5 PIB per Capita .............................................................................................................. 15 3.6 Desemprego .................................................................................................................. 16 3.7 Consumo Público e Privado ......................................................................................... 17 3.8 Investimento Público e Privado .................................................................................... 17 3.9 Evolução Monetária...................................................................................................... 18 3.10 Taxas de Juro ................................................................................................................ 20 3.11 Inflação ......................................................................................................................... 21 3.12 Finanças Públicas ......................................................................................................... 22 3.13 Comercio Externo e Pagamentos.................................................................................. 24 3.13.1 Comércio Regional .................................................................................................... 24 3.14 Balança de Pagamentos ................................................................................................ 25 3.15 Entrada de Investimento Directo Estrangeiro (IDE).................................................... 26 3.16 Posição das Reservas Internacionais ........................................................................... 27 3.17 Taxa de Câmbio (Taxa nominal fim do período) .......................................................... 27 4. Desenvolvimentos no Sector de Energia ......................................................................... 29 5. Estado da convergência macroeconómica em 2011 ........................................................ 32 5.1 Indicadores Primários ................................................................................................. 33 5.1.1 Inflação (5%)............................................................................................................. 33 5.1.2 Défice Orçamental em percentagem do PIB (menor que 3 %) ................................. 34 5.1.3 Dívida Pública em percentagem do PIB (menos de 60 % do PIB) ........................... 34 5.2 Indicadores Secundários ............................................................................................... 35 5.2.1 Reservas Internacionais (meses de importação não menos de 6 meses) .................. 35 5.2.2 Crescimento do PIB real (não menos que 7 %) ........................................................ 36 5.2.3 Conta Corrente em percentagem do PIB (défice inferior a 9 %) .............................. 37 6. Desafios no cumprimento das metas de Convergência Macroeconómica e medidas para mitigarem os obstáculos ........................................................................................................... 37 7. Considerações finais e Perspectivas de médio Prazo ....................................................... 41 8. Referências ....................................................................................................................... 43 9. Anexos ............................................................................................................................. 43 9.1 Anexo I: Gráfico para o preço das Commodities.......................................................... 43 9.2 Anexo II Regime Cambial dos Países da SADC ............................................................... 46 9.3 Anexo III: Perspectivas para 2012 ..................................................................................... 47 2 SUMÁRIO EXECUTIVO O presente relatório analisa os desenvolvimentos económicos recentes na SADC1 em 2011, com ênfase para o acompanhamento e avaliação do progresso do cumprimento das metas de convergência macroeconómica dos Países da região, num contexto de turbulência e incerteza na Zona Euro, que em termos gerais tem vindo a afectar a procura global. Assim, a sustentabilidade fiscal e os receios dos prejuízos no sector financeiro foram os factores de maior preocupação no período em análise, tendo a economia mundial desacelerado consideravelmente, ao registar uma queda significativa da sua taxa de crescimento, que segundo o FMI, passou de 5,3% em 2010 para 3,9% em 2011. A performance do PIB mundial e a diminuição da procura global afectaram em certa medida a actividade económica na região da SADC, que cresceu, segundo a informação dos Países, 5,07% em 2011, quando em 2010 tinha registado um crescimento de 5,94%. O aumento do preço do petróleo e dos alimentos a nível mundial, afectou negativamente a inflação da maioria dos países da SADC, que registaram um aumento do seu nível geral de preços. Apesar do grande potencial de crescimento resultante da disponibilidade de recursos naturais, que oferecem boas oportunidades de investimento na mineração, agricultura, indústria, serviços financeiros, TIC2, turismo e desenvolvimento de infra-estrutura, a performance da região continuou aquém do seu real potencial devido ao abrandamento da economia global. Assim, são esperadas políticas fiscais prudentes e politicas monetárias que contribuam para a estabilidade macroeconómica e tornem a taxa de crescimento da região mais robusta. Adicionalmente, profundas reformas serão necessárias para libertar o potencial produtivo, promover o comércio e desenvolvimento do sector financeiro, podendo as mesmas, amortecer prováveis efeitos contorcionistas associados ao ambiente internacional vigente. De uma forma geral, a média dos principais indicadores de convergência macroeconómica da região sofreu algum agravamento, com o aumento relativo do défice orçamental em percentagem do PIB, o agravamento ligeiro do rácio da dívida pública em percentagem do PIB e a diminuição das reservas medidas em meses de cobertura das importações. Entretanto, verificou-se cumprimentos das metas somente para os indicadores do défice orçamental em percentagem do PIB e para o rácio da dívida pública em percentagem do PIB. Em resposta à sua situação e à conjuntura, verificou-se uma tendência dos países em adoptarem políticas mais flexíveis a fim de estimular o crescimento económico das suas economias, com destaque para a redução ou a manutenção das taxas de juro básica de referência. No curto prazo, a perspectiva do PIB mundial mantem-se pouco previsível sendo o desfecho da crise das finanças públicas na Zona Euro o factor determinante. As perspectivas económicas na região, serão afectadas fortemente pelo desenrolar dos acontecimentos na economia global, pelas ocorrências adversas nos EUA3 e na Europa. 1 Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. Tecnologias de Informação e Comunicação. 3 Estados Unidos da América. 2 3 Em termos regionais, a economia dos Países da SADC continua fragilizada pelos problemas a nível das infra-estruturas, do sector de energia, de dependência das commodities primárias, do risco de intensificação do “stress” financeiro na área do euro e da possibilidade de um aumento dos preços do petróleo provocada por tensões geopolíticas. 1. Introdução O presente relatório é a nona edição do Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes da SADC, no qual descrevem-se os desenvolvimentos económicos globais e regionais, atribuindo maior ênfase aos referentes à região da SADC. O relatório avalia o progresso e os desafios enfrentados pelos países no cumprimento das metas de convergência macroeconómica da SADC, analisando os principais impulsionadores do crescimento económico e as principais fontes de pressão inflacionista. Por fim, fez-se uma breve perspectiva para o ano de 2012. O relatório está organizado da seguinte forma, a secção 2 faz uma análise geral do desenvolvimento económico global e das economias africanas em 2011 e apresentam-se as perspectivas de 2012. A secção 3 reporta a performance dos países da SADC em 2011, dando ênfase ao desenvolvimento dos indicadores macroeconómicos chaves como o Produto Interno Bruto (PIB), meios de pagamentos, inflação, bem como uma análise dos sectores fiscal e externo. A secção 4 refere-se aos desenvolvimentos no sector de energia, enquanto a secção 5 avalia o estado da convergência macroeconómica dos países da região; A secção 6 refere-se aos desafios no cumprimento das metas de Convergência Macroeconómica e medidas usadas pelos Países; A secção 7 apresenta uma resenha das perspectivas económicas para o ano de 2012; Por fim, na secção 8 são apresentadas considerações finais. Importa referir que os dados utilizados para a elaboração deste relatório foram obtidos nos relatórios dos recentes desenvolvimentos das economias, submetidos pelos próprios países membros da SADC. Adicionalmente, em alguns casos, foram utilizados dados do FMI, FAO, Index Mundi e Bloomberg. 2. Visão Geral dos Desenvolvimentos em 2011 e perspectivas para 2012 2.1 Economia Global Segundo o FMI, em 2011, a economia mundial desacelerou, tendo sido registada uma diminuição da sua taxa de crescimento, que passou de 5,3% em 2010 para 3,9% em 2011. O agravamento da crise da dívida soberana na Zona Euro, o desempenho da economia americana (inferior ao previsto, apesar dos sinais de recuperação observados no último trimestre de 2011), a interrupção da actividade industrial no Japão decorrente dos efeitos do tsunami, bem como a subida do preço do petróleo causada pela tensão geopolítica do médio oriente, afectaram a procura mundial, e consequentemente, as taxas de crescimento tanto nas economias avançadas como nos países emergentes e em desenvolvimento. Para 2012, segundo o FMI, espera-se uma taxa de crescimento da economia mundial de 3,5%, justificada pela incerteza à volta do futuro da Zona Euro – diante da persistência da crise na região, não obstante as medidas que têm sido tomadas até ao momento – pela 4 manutenção das elevadas taxas de desemprego, pela necessidade de reforço da consolidação fiscal de uma forma geral, assim como pela perspectiva de desaceleração das economias emergentes e em desenvolvimento, resultante da redução da procura das economias avançadas. Gráfico 1: Taxa de Crescimento Real da Economia Global 10 8 6 4 2 0 -2 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 -4 -6 Mundo Economias Avançadas Econonomias Emergentes Fonte: FMI World Economic Outlook Abril 2012 2.2 Economias Avançadas O crescimento das economias avançadas projectado para 2012 é de 1,4%, sendo este inferior ao verificado em 2011, que foi de 1,6%. O agravamento da crise na Grécia – onde as ajudas financeiras recebidas mostraram-se insuficientes para melhorar a situação do país – as preocupações em torno das economias de Espanha e Itália, particularmente o aumento os custos de financiamento destes países no mercado internacional (das taxas de juro das dividas dos países “Yields”), os problemas do sistema bancário espanhol que recentemente viu-se obrigado a recorrer a um resgate financeiro, assim como a contracção económica ocorrida no Japão – onde a actividade industrial foi severamente afectada pelas catástrofes naturais – e o desempenho da economia americana, são apontados como factores que terão contribuído para a redução das taxas de crescimento da Zona Euro em 2012. Para a Zona Euro está projectada uma contracção de 0,3% em 2012 ante o crescimento 1,5% de 2011, em função da incerteza que existe quanto a necessidade de melhorar os mecanismos de ajuda aos países afectados pela crise e evitar o contágio aos restantes membros, e por outro lado, à criação de uma união fiscal. Para os EUA projecta-se uma taxa de crescimento de 2% em 2012, superior aos 1,7% observados em 2011, uma vez que durante os seis meses do ano de 2012, têm sido observados boas performances a nível do consumo, do crédito e do mercado de trabalho, não obstante as taxas de desemprego continuarem elevadas. No Japão prevê-se uma recuperação económica, projectando-se uma taxa de crescimento de 2,4% em 2012, ante a queda de -0,7% registada em 2011. 5 2.3 Economias Emergentes e em Desenvolvimento O crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento projectado para 2012 é de 5,6%, sendo inferior aos 6,2% registados em 2011, perspectivando-se, que esse crescimento continue a ser impulsionado pela Ásia, sobretudo pela China e Índia. No entanto, poderão ser observadas desacelerações na maioria dos países. Essa perspectiva de redução de crescimento reflecte a menor dinâmica do comércio mundial, face à redução das exportações e importações bem como à redução da procura das economias avançadas e do consumo interno. O crescimento na América Latina e Caribe poderá igualmente desacelerar, situando-se em cerca de 3,4% em 2012, contra os 4,5% e os 6,2% em 2011 e 2010 respectivamente. O mesmo, poderá ser impulsionado pela redução dos níveis de produção dos países, sobretudo do Brasil. O crescimento económico na América do Sul que tem sido forte nos últimos anos, devido aos elevados preços das commodities no mercado internacional e às condições financeiras atraentes ao financiamento externo, poderá desacelerar face ao crescimento dos países da América Latina que estão fortemente ligados à dinâmica das economias americana e chinesa que vêm apresentando níveis de crescimento baixos em relação às suas previsões. A actividade económica no Médio Oriente poderá continuar robusta, e situar-se em 5,5% em 2012, acima dos 3,5% de 2011, impulsionado pelos países produtores de petróleo, sobretudo a Líbia, aonde se espera a recuperação da produção petrolífera para os níveis anteriores à crise. Nos países da América Latina e da Ásia com baixo produto e países da África Subsariana, a actividade económica poderá ser igualmente afectada pelo crescimento mundial, face à redução das exportações e à volatilidade dos fluxos de capital, não obstante o aumento dos preços das commodities. 2.4 África Subsariana A África Subsaariana continuou a apresentar um forte crescimento económico, tendo passado de 5,3% em 2010 para 5,2% em 2011, apesar do fraco ambiente económico global. Por sua vez, a produção regional aumentou para 5% em 2011, podendo o crescimento registar um ligeiro aumento em 2012. No entanto, a actividade económica na região continua prejudicada pelas deficiências a nível das infra-estruturas e do sector de energia, pela dependência das commodities primárias, pelo risco de intensificação do “stress” financeiro proveniente da área do euro e pela possibilidade de um aumento dos preços do petróleo provocado por crescentes tensões geopolíticas no médio oriente. A região está exposta à choques externos, como o aumento dos preços dos alimentos e combustíveis, que poderão pressionar a inflação na maioria dos países e contribuir para os desequilíbrios da conta corrente em vários de países. 6 Gráfico 2: Tendências do Crescimento Económico (Mundo versus África Sub-Sariana) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 -1 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Mundo 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2009 2010 2011 África Sub-Sariana Fonte: FMI World Economic Outlook Abril 2012 Gráfico 2 a: Tendências do Crescimento Económico (Mundo) Mundo 6 5 4 3 2 1 0 -1 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Mundo Fonte: FMI World Economic Outlook Abril 2012 2.5 Desenvolvimentos da Inflação Global Segundo o FMI, a inflação global acelerou no ano de 2011 passando de 4,19% no final de 2010 para cerca de 4,45%. Entretanto para 2012 as expectativas são que esta desacelere para 3,41%. As economias avançadas poderão continuar a enfrentar pressões inflacionistas, embora menores, impulsionadas pela redução dos preços das commodities. A inflação das economias avançadas está projectada em cerca de 2% em 2012, ante os 2,5% em 2011, enquanto nos países emergentes poderão passar de 6,53% em 2011 para 6,21% em 2012. Na região subsaariana, devido aos elevados preços dos bens alimentares e do petróleo acoplados à uma procura robusta, condições climáticas adversas em algumas economias e íticas monetária e fiscal expansionistas, verificaram-se no ano de 2011 maiores pressões inflacionistas. 7 Box1: Preço dos Alimentos e Perspectivas para 2012 Box1: Preço dos Alimentos e Perspectivas para 2012 À luz dos acontecimentos internacionais recentes, nomeadamente a seca nas principais regiões agrícolas dos EUA, o excessivo sobreaquecimento no período crítico de crescimento das culturas, o deterioramento das culturas na Federação Russa, as chuvas tardias no Brasil, as chuvas erráticas e insuficientes em alguns países africanos, asiáticos e latinoamericanos exportadores de produtos agrícolas, as enxurradas (Monsoom) adiadas na Índia e o baixo caudal das chuvas na Austrália, os preços das commodities alimentares após o pico atingido em Fevereiro de 2011 – que vinham decrescendo desde o início do ano na generalidade – conheceram um brusco aumento em Julho de 2012. Assim, os índices de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO), um indicador da variação mensal nos preços internacionais de uma cesta de commodities alimentares que consiste da média do índice de preço de cinco grupos de commodities alimentares, aumentou 6% de Junho à Julho de 2012, um crescimento inferior ao pico registado em Fevereiro de 2011. Porém, grandemente impulsionado pelo aumento dos preços do grão e do açúcar, o aumento brusco deste índice acontece depois de três meses consecutivos em queda, na sequência do referenciado no primeiro parágrafo. De referir, que de Junho à Julho de 2012, os índices de preços dos cereais, dos óleos e gorduras e do açúcar aumentaram respectivamente em 17%, 2% e 12%, contra uma contracção do índice de preço da carne de 1,7% e inalteração dos produtos lácteos. Para além de factores especulativos, esteve na base do aumento dos preços das commodities alimentares, o aumento do risco de uma crise alimentar global. Estes acontecimentos são causadores de infortúnios como a crescente falta de segurança alimentar e a má nutrição em vários países importadores da Asia, Médio Oriente, Caribe e sobretudo em países africanos. A partir destes acontecimentos e ao contrário do que se esperava inicialmente, à luz das melhorias nas condições climáticas sobretudo dos EUA, a FAO reviu as suas perspectivas da produção dos alimentos em referência para 2012/13 em alta, conforme se pode observar no quadro seguinte: (Milhões de Toneladas) 2010/11 Produção Países Desenvolvidos Comércio Mundial Países em Desenvolvimento 2.254,5 1.315,8 938,7 281,5 90,9 Países Desenvolvidos Stock Países em Desenvolvimento Países Desenvolvidos 190,6 499,9 349,6 150,3 Gráfico 3: Desenvolvimentos da Inflação Global Países em Desenvolvimento Fonte: FAO, 2012 8 2011/12 (est.) 2.344,3 1.344,1 1.000,2 295,5 88,5 207,0 511,8 366,6 145,2 2012/13 (Prev.) 2.419,1 1.371,4 1.047,7 296,6 90,1 206,6 547,6 385,0 162,6 2012/2013 (Var. %) 3,2 2,0 4,7 0,4 1,7 -0,2 7,0 5,0 12,0 Gráfico 3: Desenvolvimentos da Inflação Global 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Mundo Economias Avançadas Econonomias Emergentes África Sub-Sariana 2011 2012 Fonte: IMF World Economic Outlook, Abril 2012. 2.6 Implicações na política monetária Em resposta à desaceleração do crescimento mundial, continua a ser aplicada uma política expansionista num grande número de países, incluindo nas economias da Ásia. No entanto, as pressões inflacionistas que foram elevadas em 2011 reduziram-se no primeiro semestre de 2012, criando a expectativa de que estão criadas as condições para que mais estímulos possam ser implantados. 2.7 Ameaças à actividade económica Global A principal ameaça à actividade da economia global continua a ser a situação das finanças públicas na Zona Euro, caracterizada pela dificuldade de determinadas economias de financiarem os seus défices públicos. O nível de endividamento da Grécia levou ao pedido de um segundo resgate em Março de 2012, de modo a evitar um “default”, além da situação da banca espanhola, que solicitou igualmente um resgate em Julho. As agências de rating procederam ao corte dos ratings da Espanha e têm mantido baixos os ratings de Portugal, Grécia e Itália. A redução das taxas de juros nas principais economias avançadas, em Países como Brasil, China e África Sul estão a empurrar os investidores para activos mais arriscados em busca de maior rendimento, aumentando assim a volatilidade de capital. 2.8 Entrada de Capitais em África Os stocks dos fluxos de capitais globais para a África subsaariana aumentaram 5% em 2011, não obstante a volatilidade global do mercado financeiro, a elevada aversão ao risco e as vendas massivas no mercado de acções que caracterizaram a segunda metade de 2011. 9 A volatilidade dos fluxos de capital da economia global não se fez ressentir sobre a África subsariana pelo facto dos investimentos terem sido maioritariamente direccionados para activos fixos, que é relativamente estável quando comparado aos fluxos de capital e títulos. O Investimento Estrangeiro Directo (IDE) representou cerca de 70% e 60% dos fluxos de capital para a África subsaariana, e para os países em desenvolvimento, respectivamente. De acordo com divulgações recentes do FMI, o número de projectos estimados aumentaram em 27% em 2011, nas áreas de serviços, indústrias transformadoras e construção de infraestruturas a representarem a maior parte desse investimento. Adicionalmente, os investimentos intra-africanos que representavam 17% do total dos novos projectos, expandiram em 32% no ano em análise, reflectindo o dinamismo crescente do IDE em países como a África do Sul, a Nigéria e o Quénia para os outros países da região. Gráfico 4: África Subsariana e Fluxos de Financiamento Privado 70 60 50 US$ Billion 40 30 20 10 0 2008 2009 2010 2011 2012 P 2013 P -10 Portfólio IDE Outros Fluxos de Capital a Curto-Prazo Total Fonte: Banco Mundial Notas. P.- previsões 3. Desenvolvimentos económicos na SADC 3.1 Visão Geral do Desenvolvimento Económico O desempenho económico da região da SADC foi grandemente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho global provocou uma diminuição na procura global, comprometendo o ritmo da economia da região da SADC, que já vinha mostrando sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional. Durante o ano de 2011, houve pressões inflacionistas na maioria dos Estados membros devido principalmente ao aumento do preço internacional dos bens alimentares e do petróleo 10 fazendo com que a média da inflação da região se agravasse de 7,29% em 2010 para 7,71% em 2011. No ano em análise registou-se também uma diminuição da média das Reservas Internacionais dos Países da SADC, contudo o Saldo Orçamental e a Dívida Pública continuaram o seu bom desempenho, mantendo-se dentro dos limites estipulados para a convergência macroeconómica. De acordo com as projecções do FMI, espera-se um crescimento mais lento para a economia global (3,5%), devido à tensão nos mercados internacionais. Riscos decorrentes da incerteza quanto ao futuro da Zona Euro, o nível elevado de desemprego, volatilidade do fluxo de capital e os preços elevados das commodities podem causar desequilíbrio às economias da SADC em geral, tornando assim uma tarefa difícil a projecção de futuros eventos. Gráfico 5: SADC Média das Taxas de Crescimento Económico 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: Bancos Centrais da SADC 3.2 Comportamento da Inflação A inflação na região da SADC, após a aceleração verificada em 2008 – justificada pelo elevado custo dos alimentos importados e pelo aumento do preço internacional do petróleo – observou uma desaceleração nos anos de 2009 e 2010, resultante da redução do preço internacional dos bens alimentares. Contudo, esta trajectória de declínio foi interrompida pelos impactos secundários da crise financeira internacional, que provocaram novamente uma subida no preço dos alimentos causando pressões inflacionistas na região em 2011. De notar que na maioria dos países da SADC, a alimentação constitui uma quota-parte significativa da cesta básica de consumo, concomitantemente, qualquer acréscimo no custo dos alimentos resulta em pressões inflacionistas. 11 De um modo geral, espera-se para 2012 a mesma tendência de aceleração da inflação, uma vez que a turbulência da Zona Euro e o risco da Dívida soberana continuam a ameaçar a economia mundial. O gráfico 6 apresentado abaixo, demostra como a inflação nos países da região da SADC está relacionada com a evolução do preço dos alimentos e do petróleo a nível internacional e a secção 3.3 descreve os desenvolvimentos da inflação dos países da SADC de forma individual Gráfico 6: Inflação nos Países da SADC e desenvolvimentos dos preços das commodities Inflação 300 Alimentos 18,0 Petróleo 250 16,0 14,0 200 12,0 150 10,0 8,0 100 6,0 4,0 50 2,0 0 0,0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: Bancos Centrais da SADC 3.3 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fontee: Index Mundi Causas da inflação na região da SADC De uma forma geral, as pressões inflacionistas na região da SADC, podem ser explicadas fundamentalmente, dentre outros factores, pelo aumento dos preços de bens alimentares e de energia nos mercados internacionais, algumas variações dos mercado de trabalho (aumentos salariais), pressões provenientes do sector fiscal, movimentos da taxa de câmbio face ao dólar dos Estados Unidos. De acordo com a informação recebida dos Países, as componentes de energia e alimentos têm causado pressão à inflação da região e contribuído para a volatilidade do nível geral de preços, uma vez que constituem um peso maior no índice de preços ao consumidor na sua maioria. Entretanto, notou-se que qualquer choque significativo nos preços do petróleo tem colocado pressões consideráveis sobre os preços domésticos dos Países, uma vez que a grande parte dos mesmos é importador desse produto. Adicionalmente, alguns aumentos de preços dos alimentos emanam principalmente da escassez de alimentos devido às frequentes secas na região, que ao longo dos anos tem sido um impedimento para a produção adequada de alimentos. Em alguns países da SADC, as secas ocorrem a cada 3 - 5 anos e as economias são aconselhadas a implementar programas 12 de mitigação da seca, como a criação de infra-estruturas de irrigação. Assim, a alta nos preços mundiais dos alimentos, juntamente com a escassez de grãos, na maioria dos países da SADC, também tem provocado um impacto significativo sobre a inflação. Os movimentos do rand sul-africano em relação ao dólar dos Estados Unidos também têm exercido pressão inflacionista considerável em algumas economias regionais, nomeadamente Zimbabwe, Botswana, Moçambique que importam muito da África do Sul. Uma apreciação do rand sul-africano em relação ao dólar dos Estados Unidos automaticamente provoca aumentos de preços nesses países. Para atenuar os efeitos adversos da inflação e bem-estar, alguns países deram continuidade às suas medidas de controlo de preços e subsídios. Por exemplo, Moçambique introduziu controlos de preços que cobrem diversas commodities, como pão, açúcar, arroz, milho e ao mesmo tempo, alguns países nomeadamente, Ilhas Maurícias, continuam a fazer uso dos preços administrados e/ou alimentos introduzidos e os subsídios aos preços dos combustíveis (Moçambique). As causas de inflação em Angola são não somente monetárias mas também estruturais. Entretanto, fruto do sucesso da Política Monetária e Cambial em coordenação com a Política Fiscal mais restritiva, o nível geral de preços tem seguido uma tendência descendente, dentro dos parâmetros programados. Adicionalmente, em Outubro de 2011, o BNA iniciou um novo quadro operacional de política monetária, com o fim de melhorar a eficiência dos mecanismos e instrumentos de transmissão de política monetária, de forma a alcançar o seu objectivo principal, o controlo da inflação. Esses novos instrumentos de política monetária compreendem as Facilidades Permanentes de Cedência e de Absorção de Liquidez e as Operações de Mercado Aberto, que contribuíram para reduzir a liquidez do sistema e também a inflação do País. Esse novo quadro, permitiu a entrada da taxa de juros de referência (Taxa BNA), que sinaliza a orientação da política monetária. Dentro dessa estratégia de monitoramento e controle da inflação, foi ainda introduzida a LUIBOR4, dando aos agentes económicos uma referência da taxa de juros de curto prazo para as suas operações de crédito. Nesta senda, foi criado o CPM5, que se reúne mensalmente, com incumbência de determinar as directrizes de política monetária e fixar a Taxa BNA, tendo sempre presente o cumprimento do objectivo principal, o do controlo da inflação. Para o controlo da inflação, os países da SADC têm usado quer o regime de metas de inflação como o das metas monetárias. 3.4 Economia Doméstica Após o desempenho económico favorável em 2010, a actividade económica na região da SADC desacelerou ligeiramente em 2011, devido ao arrefecimento da económica global, resultante da crise na Zona Euro. Neste contexto, estima-se que a taxa de crescimento do PIB da região da SADC tenha reduzido para uma média de 5,07% em 2011, quando em 2010 a média da taxa de crescimento tinha sido de 5,94%. De realçar que todos os países da região 4 5 Luanda Interbank Offered Rate. Comité de Política Monetária. 13 apresentaram taxas de crescimento positivas em 2011, contudo inferiores ao ano de 2010, com excepção de Angola, África do Sul e Moçambique. Moçambique e Zimbabwe foram os únicos países que registaram taxas de crescimento de pelo menos 7% em 2011. Moçambique apresentou um crescimento de 7,1% fomentado pelos sectores de serviços financeiros, agricultura, exploração mineira e pedreira, transportes e comunicação. No caso do Zimbabwe, a expansão da actividade económica em 2011 foi de 9,4%, sustida pelo crescimento da exploração mineira (36,7%), da agricultura (11,2%) e da manufactura (4,2%). Por sua vez, Botswana, RDC6, Lesoto, Malawi, Maurícias, Seychelles, Tanzânia e Zâmbia, registaram taxas de crescimento que rondavam os 4% e 6%. No caso de Botswana (5,1%), todos os sectores, à excepção do sector mineiro, registaram um aumento, sendo os maiores responsáveis pelo crescimento da economia, os seguintes sectores: construção, indústria, com cerca de 25% e 12,1%, respectivamente. No que diz respeito ao Lesoto, o seu crescimento (4,2%) em 2011 foi impulsionado por uma recuperação da actividade do sector mineiro, que cresceu a uma taxa de 14,5%. Este sector, foi estimulado por um lado, pela reabertura de algumas das minas, e por outro lado, pela abertura de novas minas. Entretanto no Malawi, o impulso do seu crescimento (4,3%) é explicado principalmente pela performance do sector agrícola que cresceu 6,4% em 2011, comparado com 2,0% registado em 2010. O crescimento de 4% das Ilhas Maurícias é explicado pelo sector imobiliário e de serviços às empresas, enquanto nas Seychelles o turismo continua a ser a força motriz da sua economia, que cresceu cerca de 5%. No caso da Economia de Zâmbia, cujo crescimento económico rondou os 6%, os responsáveis por este crescimento positivo, foram por um lado, o aumento na produção dos sectores mineiro e de pedreiras, transporte e comunicações, turismo, construção e agricultura entre outros, e por outro lado, as políticas económicas prudentes do Governo, que visaram melhorar e diversificar a competitividade da economia. Namíbia, Angola e África do Sul registaram taxas de crescimento que rondaram os 3%. No caso de Namíbia (3,8%) o crescimento tem sido especialmente impulsionado pelos sectores secundário e terciário. Em 2011, estima-se que estes sectores tenham registado um crescimento de 4,4% e 5,9%, respectivamente. Estima-se, que o sector da construção e de outras actividades industriais tenham sido responsáveis pelo crescimento do sector secundário e pelo comércio grossista e retalhista, enquanto os transportes e comunicações impulsionaram o sector terciário. Por sua vez, o crescimento da economia de Angola (3,9%) em 2011, deveu-se aos seguintes sectores: Petróleo, serviços mercantis, agricultura e construção, que contribuíram com cerca de 48,9%, 19,9%, 9,3% e 7,9%, respectivamente. Entretanto, apesar do sector petrolífero continuar a ser o que mais contribui na economia angolana, o mesmo não foi o que mais cresceu. Em 2011, os sectores que mais cresceram foram as pescas e derivados, indústria transformadora e construção, ao atingirem cerca de 17,2%, 13,0% e 12,0%, respectivamente. Entretanto, na África do Sul, o crescimento de 3,1% foi sustido primariamente por um crescimento regular da actividade no sector de serviços da economia sul-africana em 2011. 6 República Democrática do Congo. 14 A Swazilândia foi o país que registou a taxa de crescimento do PIB mais baixa (1,2%), uma ligeira redução em relação a 2010. Contribuiu para esta redução, o fraco desempenho do sector terciário devido aos problemas de fundo de maneio do Governo verificados nos anos fiscais 2010 e 2011. A crise fiscal derivada das baixas receitas da SACU7 pesou bastante em 2011, devido aos limites de financiamento alternativo, tanto do lado nacional como do estrangeiro. Esses problemas de tesouraria do Governo resultaram na redução da despesa (principalmente, no investimento) e a acumulação de atrasados, afectando os fornecedores do sector privado, os quais por sua vez comprometeram os serviços e baixaram o crescimento na maioria dos subsectores do sector secundário e terciário. Um aspecto positivo, é que a produção agrícola e a indústria agro-alimentar tiveram bons desempenhos e parcialmente amorteceram a economia enfraquecida pela situação fiscal. Gráfico 7: Taxa de crescimento do PIB real na SADC (%) 12 10 8 6 4 2 Zambia Tanzania Swaziland Zimbabwe 2011 South Africa Namíbia Seychelles 2010 Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.5 PIB per Capita A média do PIB per capita na região da SADC aumentou mais de 1,57%, ao passar de USD 3.061,2 em 2010 para USD3.243,8 em 2011. Em 2011, lideram os seguintes Países: Botswana, Ilhas Maurícias, Seychelles, África do Sul e Angola com USD 2.163 USD8. 796, USD 11. 519, USD 7. 891 e USD 5. 703,8, respectivamente. Swazilândia e Zâmbia também desfrutaram de um PIB per capita relativamente alto, acima dos USD 1. 000. O resto dos países registou um PIB per capita inferior a USD 1. 000. 7 Southern African Customs Union. 15 Gráfico 8: Rendimento per capita (em USD) na SADC 14.000,00 12.000,00 10.000,00 8.000,00 6.000,00 4.000,00 2.000,00 2010 Média (SADC) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0,00 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC e FMI (Angola) 3.6 Desemprego A maioria dos países da SADC não tem disponível os dados da taxa de desemprego. Uma vez existir uma grande discrepância entre os números oficiais da taxa de desemprego enviados pelos Bancos Centrais da SADC e os produzidos por algumas organizações independentes, achou-se por bem analisar apenas os dados enviados. Assim, a taxa média de desemprego na região da SADC com base nos dados disponibilizados pelos Bancos da SADC é de cerca de 24,9%. A partir dos dados disponíveis, pode-se concluir que a maior taxa de desemprego foi registada na RDC (51%) e a menor taxa nas Seychelles (1,7%). Entretanto, alguns países apresentaram taxas altas, nomeadamente o Lesoto, África do Sul e Swazilândia, ao atingirem em 2011, cerca de 25,3%, 24,9% e 28,5%, respectivamente. Gráfico 9: Taxa de desemprego nos países da SADC 60% 50% 40% 30% 20% 10% 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 16 Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Média (SADC) 2010 Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0% 3.7 Consumo Público e Privado O consumo privado em percentagem do PIB continuou a representar grande parte das despesas do PIB na região da SADC, cuja média foi de 74,05% em 2011, um acréscimo marginal quando comparado aos 64,94% registados em 2010 (ver Tabela1 abaixo). O consumo público diminuiu em 0,70 pontos percentuais, passando de 16,1% em 2010 para 15,4% em 2011. Lesoto, Maurícias, África do Sul, Zimbabwe, Swazinlândia, Zâmbia e registaram níveis de despesas públicas elevadas em 2011. Tabela 1: Consumo Público e Privado, 2010 e 2011 Privado Descrição Angola Botswana RDC Público 2010 2011 Variação 2010 2011 Variação - - - 28,5 30,10 1,6 23 - - 41 64,95 74,8 9,85 11,87 8,7 -3,17 Lesoto 103 95,5 - 37,2 42,4 - Malawi - - - - - - Maurícias 73,7 73,3 -0,01 13,9 13,4 -0,5 Moçambique 83,4 10,5 - - 13,2 - - 10,1 -0,04 2,4 2,3 -0,1 Namíbia Seychelles - - - - - - Africa do Sul Swazinlândia 59,2 90 58,6 89,9 -0,01 21,5 14,7 21,5 15,5 0 - Tanzânia 62,6 - 16,1 - - Zâmbia Zimbabwe Média (SADC) 54,6 51,1 15,3 79,6 16,6 18,4 64,95 74,05 0,14 16,4 103,4 16,1 15,4 -0,7 - Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.8 Investimento Público e Privado O investimento privado em percentagem do PIB na região da SADC aumentou em 1,85 pontos percentuais, passando de uma média de 15,5% em 2010, para 17,35 % em 2011 (vêr Tabela 2). Por sua vez, o investimento público em percentagem do PIB diminuiu 0,5 pontos percentuais em 2011, de uma média de 6,8% em 2010, para uma média de 6,3% em 2010. 17 Tabela 2: Investimento Público e Privado como % do PIB, 2010 e 2011 Privado Descrição Público 2010 2011 Variação 2010 Angola - - - 9,7 Botswana - - - - - - 21,86 28,36 18,82 -3,04 2,02 -0,33 23,6 -4,76 2,35 5,16 10,05 4,89 - - - - - - Maurícias 18,8 18,2 -0,6 6,1 5,5 -0,6 Moçambique 2,2 - - 13,9 - - Namíbia 15,5 16,5 1 6,8 - - - - - 8,7 9,8 1,1 Africa do Sul Suazilândia 12,2 11,8 -0,4 7,4 7,1 -0,3 4,8 4,6 -0,2 5,3 5,1 -0,2 Tanzânia 36,1 50,1 14 8,1 8,1 0 RDC Lesoto Malawi Seychelles 2011 8,7 Variação -1,0 Zâmbia Zimbabwe - - - - - - -26,8 -2,4 24,4 6,8 4,4 -2,4 Média (SADC) 15,5 17,35 1,85 7,3 6,8 -0,5 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.9 Evolução Monetária A média dos Meios de Pagamento (M2) na região da SADC decresceu 4,2 pontos percentuais, ao passar de 19,7% em 2010, para 15,5% em 2011. Esta redução foi mais notável nas economias de RDC, Lesoto, Seychelles e Zimbabwe aonde a taxa de crescimento do M2 decresceu 12, 11,1, 23,01, e 35,3 pontos percentuais respectivamente. A redução da taxa de crescimento do M2 ocorreu de forma menos acentuada nas economias de Botswana, Maurícias, Swazilândia, Tanzânia e Zâmbia. Na Swazilândia, a taxa de crescimento tem vindo a abrandar desde 2009, altura em que o M2 registou um crescimento de 26,8%. No ano de 2010 a taxa de crescimento reduziu para 7% e em 2011 abrandou ainda mais para cerca de 3%. Depois da adopção do sistema de multidivisas em 2009, a economia zimbabueana tem sido caracterizada por condições de liquidez apertadas. O stock de massa monetária no país depende grandemente da receita de exportações, remessas da diáspora e de fluxos de capital externo, assegurados tanto pelo Governo, como pelo sector privado. Contudo, a oferta de moeda continuou a aumentar à medida que os fluxos de capital a curto prazo e as remessas da diáspora aumentaram simultaneamente. Como consequência, a oferta de moeda passou de 68,5% em 2010, para 33,2% em 2011. Mas o país continua a batalhar com escassez de liquidez e procura agregada fraca, que resultam em intermediação financeira limitada. Por outro lado, os Meios de Pagamento (M2) em alguns Países como Angola, Malawi, Moçambique e Namíbia, aumentaram cerca de 19,52; 12,9; 1,1 e 2,7 pontos percentuais, 18 respectivamente, em 2011 em relação a 2010. O crescimento do M2 de Angola (33,51%) deveu-se ao aumento dos depósitos a prazo, tanto em moeda nacional quanto em moeda estrangeira, que variaram ambos aproximadamente 45% em 2011. Este crescimento foi consolidado pelo aumento dos Activos Externos Líquidos no período. Por sua vez, a África do Sul registou um aumento de 1,4 pontos percentuais no seu agregado monetário (M3). No caso de África do Sul, note-se que em termos gerais, o M3 é a oferta monetária total usada oficialmente na África do Sul. Tendo recuperado rapidamente em 2010, o crescimento anual da massa monetária (M3) perdeu gradualmente o ímpeto em 2011 e nos primeiros quatro meses de 2012, em conjunção com um ritmo mais fraco de crescimento dos rendimentos e despesas, pressões inflacionistas domésticas, e da realocação periódica de fundos disponíveis para instrumentos de investimento de maior rentabilidade por alguns investidores. No caso de Malawi, os desenvolvimentos monetários em 2011 foram expansionistas pois o crescimento de 30,7% do agregado monetário amplo (M2) não foi consistente com o crescimento nominal do PIB de 14,1%, que por seu lado exerceu pressões inflacionárias nos preços domésticos. O aumento do M2 foi consolidado por activos internos líquidos, que registaram um crescimento anual de 43,9% por conta de um aumento do crédito interno líquido. No Caso de Moçambique, em Dezembro de 2011, o aumento da massa monetária M2 foi sobretudo devido, ao aumento dos depósitos denominados em moeda nacional. Por sua vez, nas Seychelles, a síntese monetária mostrou uma expansão na medida da massa monetária mais abrangente (M3). Essa expansão deveu-se ao aumento de ambos activos doméstico e estrangeiro, sendo a expansão deste último mais significativa. Esse aumento dos agregados monetários foi em parte também devido à depreciação das divisas. Por sua vez, o agregado M2 contraiu-se em 6,8%. Gráfico 10: Taxa de Crescimento do M2 (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 2010 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC Nota: Para África do Sul e Maurícia trata-se do M3 19 Média (SADC) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi RDC Lesotho -20 Botswana -10 Angola 0 3.10 Taxas de Juro A política monetária na região da SADC foi mais ou menos uniforme entre os países membros, uma vez que grande parte deles adoptou uma política monetária mais flexível ao diminuírem as respectivas taxas de juro de referência. As Ilhas Maurícias entretanto adoptou uma política monetária menos flexível no final de 2011, com o aumento da taxa de Juro de 4,75% em 2010 para 5,4% em 2011. Todavia, os quatro países da SACU, nomeadamente Africa do Sul, Botswana, Namíbia e Swazilândia mantiveram as suas taxas de Juro. Em relação às Ilhas Maurícias, como parte do processo de normalização da taxa dos acordos de recompra, o CPM começou por subir a taxa dos acordos de recompra em 50 pontos-base para 5,25% em Março de 2011 e mais 25 pontos-base em Junho de 2011. Desde então, a taxa dos acordos de recompra manteve-se inalterada até 5 de Dezembro de 2011 quando o CPM baixou a taxa dos acordos de recompra em 10 pontos-base para 5,40%. Com relação a alguns dos países que baixaram as taxas de juro pode-se dizer que o Banco de Moçambique a fim de absorver o impacto da alta pressão inflacionista que atingiu o país na primeira metade de 2011 e finais de 2010, aumentou a taxa de juro de referência e o coeficiente de reservas obrigatórias na primeira metade de 2011 em 100 pontos base para 16,5 e 9,0 por cento, respectivamente. Contudo, na segunda metade do ano, visto os principais indicadores macroeconómicos terem estabilizado, o Banco decidiu baixar a taxa de juro de referência e o coeficiente de reservas obrigatórias para 15,05% e 8,5% respectivamente. Durante os primeiros cinco meses do ano em curso, o Banco continuou a flexibilizar a política monetária, tendo baixado a taxa de juro de referência num total de 150 pontos-base para 13,5%. Por sua vez, o Banco Central do Botswana, desde 2009 tem estado a implementar uma política monetária relaxada, de formas a dar resposta à conjuntura de recessão económica mundial, e, estimular a economia reduzindo o impacto adverso da redução das despesas orçamentais, resultante do fraco crescimento da receita orçamental. Consequentemente, a taxa de juros foi reduzida 6 vezes, com a última alteração feita em Dezembro de 2010, na qual a taxa de juro permaneceu em 9,5% até a data corrente. O Banco Central do Botswana reconhece a perspectiva positiva da inflação a médio-prazo. No caso particular de Angola, a taxa básica de juro foi institucionalizada oficialmente nos finais de Outubro de 2011, usando-se anteriormente, sendo que algumas instituições bancárias usavam a taxa de juro dos TBC8 a 91 dias como referência. De referir que em 2010, a taxa dos TBC a 91dias foi de 10,82%, quando a Taxa Básica de Juro (Taxa BNA) situou-se em 10,50%, decisão do CPM, dentro do novo quadro Política Monetária do BNA. A taxa permaneceu inalterada até ao final do ano, uma vez que os indicadores macroeconómicos apresentavam indicavam estabilidade e a taxa de inflação encontra-se numa trajectória descendente. Em termos gerais, de 2010 a 2011 a média da taxa de juro na região teve uma tendência descendente, reflectindo assim, uma política monetária mais flexível, num esforço conjunto dos Países em minimizar os efeitos negativos causados pela crise da Zona Euro. Zimbabwe, contudo, não tem nenhuma política de taxa de referência, uma vez que possui um regime de 8 Taxa do Banco Central. 20 dolarização – multidivisas (multi-currency) que torna a política monetária completamente ineficaz. Gráfico 11: Taxas de Juro da SADC (Taxas de Referencia %) 25 20 15 10 5 Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul 2011 Média (SADC) 2010 Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC *No regime de moedas “ multicurrency”, o banco central do Zimbabwe não tem controle sobre a política monetária e portanto não temuma taxa de juro de referencia ** Seychelles e Zâmbia possuem regime de metas monetárias 3.11 Inflação A inflação na região da SADC teve uma aceleração de 0,44 pontos percentuais relativamente ao ano anterior, passando para uma média de 7,71% em 2011, quando em 2010 havia registado uma média de 7,29%. Com a excepção de Angola, RDC e Moçambique, todos os Países da SADC experimentaram em 2011, níveis mais altos de inflação comparativamente ao ano de 2010. De 2010 à 2011, os aumentos mais acentuados verificaram-se nas Maurícias, Seychelles e Tanzânia onde as inflações aceleraram, de 2,9% para 6,5% nas Maurícias, de -2,4% para 2,5% nas Seychelles e de 7,2% para 12,7% na Tanzânia. Estiveram na base desta aceleração, a influência dos preços mais altos dos produtos de base e a inflação nos países fornecedores, no caso das Ilhas Maurícias. No que respeita à Tanzânia o aumento dos preços do petróleo no Mercado mundial, bem como o aumento dos preços de produtos alimentares produzidos no país – provocado por condições climáticas desfavoráveis na região da comunidade da África Oriental – foram os principais condutores do comportamento da inflação. De uma forma geral estas acelerações estiveram associadas ao aumento dos preços dos alimentos e do Petróleos no mercado internacional. No entanto, houve países que registaram desaceleração na inflação no período em análise, nomeadamente, Angola ao passar de 15,3% em 2010 para 11,38% em 2011, a RDC ao passar de 23,5% em 2010 para 15,5% em 2011 e Moçambique ao passar de 12,7% em 2010 para 10,3% em 2011. No caso de Angola, a política fiscal assente na redução do saldo primário não-petrolífero, a estabilidade cambial, a gestão fina da liquidez e a Política estratégica do Governo em substituir os bens importados pelos nacionais – que contribuiu para o aumento da oferta de bens à preços competitivos – constituem os principais factores que têm 21 conduzido à redução da inflação. Na RDC, os resultados encorajadores derivam dos efeitos combinados do melhoramento da situação internacional que seguiu a crise económica de 2008-2009 e a implementação de políticas económicas rigorosas e convencionais pelo Governo e pelo Banco Central, respectivamente. Por sua vez, em Moçambique o abrandamento da inflação durante o ano foi determinado sobretudo pelo aumento do fornecimento de fruta e legumes e pelo impacto da apreciação do metical face ao rand sulafricano relativamente aos custos de bens de importação – recorde-se que a África do Sul é um dos principais parceiros comerciais do país. Gráfico 12: Inflação na SADC 25 20 15 10 5 2010 Média (SADC) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana -5 Angola 0 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.12 Finanças Públicas A média do défice do saldo fiscal em percentagem do PIB aumentou ao passar de 2,45% em 2010 para 2,77% em 2011 (veja tabela 3 e gráfico 12 abaixo). Os aumentos mais notáveis foram registados no Lesoto devido à redução das receitas da SACU que têm tradicionalmente contribuído consideravelmente para as receitas orçamentais. A Namíbia, em que a deterioração da posição fiscal deveu-se ao TIPEEG9, que tem como objectivo solucionar o grave problema do desemprego e da pobreza num período de três anos. Espera-se que a situação fiscal volte ao normal quando o programa entrar em funcionamento. Assim, o Governo continua a adoptar uma política fiscal expansionista, a qual iniciou para reagir aos desafios do desemprego e d crise financeira de 2008. A RDC saiu de uma posição positiva em 2010 (3,5%) para uma posição negativa de -1,5% em 2011. Por sua vez, o Malawi que em 2010 viu o seu deficit diminuir para 0,1%, em 2011 registou um deficit de 1,2%. Esses resultados económicos foram atribuídos às altas despesas num cenário de receitas baixas resultantes da contenção do apoio orçamental de doadores a partir da segunda metade do ano fiscal 2010/2011. Angola e Seychelles, contudo, conseguiram manter o saldo orçamental superavitário em 2011 rondando os 10,3% e 3,2%, respectivamente. Em Angola, o superavit teve origem 9 Programa de Intervenção Orientada para o Crescimento Económico e o Emprego. 22 maioritariamente do aumento das receitas fiscais resultante do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, tendo em conta que mais de 50% das receitas fiscais provêem das receitas petrolíferas. Com relação a divida pública em percentagem do PIB, a região da SADC registou um ligeiro agravamento de 0,82 pontos percentuais, ao passar de uma média de 41,01% em 2010 para uma média de 41,83% em 2011 (ver tabela 3 abaixo). Este ligeiro agravamento foi influenciado pelo aumento da dívida pública nas economias de Botswana, Malawi, Namíbia, Seychelles, África do Sul, Swazilândia e Tanzânia. No entanto a diminuição da divida pública em Angola, RDC, Lesoto, Maurícias, Mozambique, Zâmbia e Zimbabwe ajudou a minimizar o agravamento da dívida. Gráfico13: Saldo Orçamental na SADC 15 10 5 2010 -15 Média (SADC) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Malawi Lesotho RDC Maurícias -10 Botswana -5 Angola 0 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC Tabela 3: Balanço Fiscal e Dívida Pública como % do PIB, 2010 e 2011 Saldo Orçamental Descrição 2010 Angola 5,3 Botswana -6,2 RDC 3,5 Lesoto -6,4 Malawi -0,1 Maurícias -3,2 Moçambique -3,5 Namíbia -5,2 Seychelles 2,6 Africa do Sul -5,5 Swazilândia -11 Tanzânia -6,4 Zâmbia -2,2 Zimbabwe 4 -2,45 META da SADC Fonte: Bancos Centrais da SADC 2011 10,3 -3,3 -1,5 -4,5 -1,2 -3,2 -6 -11,2 3,2 -4,2 -7,5 -6,9 -2,9 0 -2,78 Dívida Pública 2010 21,7 17,8 28,3 36,8 34,7 57,4 47,7 15,9 84 57,2 13,9 43,1 21,3 94,3 41,01 23 2011 19,8 18,5 24,9 34,8 41,2 57,3 44,8 26,8 82 61,3 15,7 48,2 20 90,3 41,83 % Variação -1,9 0,7 -3,4 -2 6,5 -0,1 -2,9 10,9 -2 4,1 1,8 5,1 -1,3 -4 3.13 Comercio Externo e Pagamentos 3.13.1 Comércio Regional O comércio intra SADC aumentou moderadamente, mantendo a tendência de aumento com o decorrer dos anos. A maioria dos países da SADC mantém uma forte dependência da importação commodities, maioritariamente alimentares derivado da estrutura pouco diversificada das suas economias. Portanto, existe um número limitado de produtos para exportação. Como resultado, o comércio intra-SADC é dominado principalmente por produtos alimentares, sendo que a maioria dos países da região depende fortemente da África do Sul, principal fornecedor da região. Consequentemente, esta economia regista um saldo comercial positivo relativamente a maioria dos países da região. Neste contexto, não há grande espaço para o reforço dos laços comerciais na região, através de aprofundamento da integração regional. Entretanto, os Países da SADC precisam de investir na diversificação da sua produção, a fim de aumentar o comércio intra-SADC. Exportação 2010 Exportação 2011 Importação 2010 Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 -2000 -4000 -6000 Angola Gráfico 14: Importação e Exportação Intra SADC (US$ milhões) Importação2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC Gráfico 15: Balança Comercial Intra SADC (US$ milhões) 2010 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 24 Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola Balança Comercial Intra SADC (US$ Milhões) 8000 6000 4000 2000 0 -2000 -4000 -6000 -8000 -10000 -12000 Tabela 4: Dados comerciais Intra SADC, 2010 e 2011 Exportação Angola Botswana RDC Lesoto Malawi Maurícias Moçambique Namibia Seychelles Importação 2010 2011 (US$ m) 1.521,50 904,40 14,67 2.313,59 267,00 619,50 1.350,72 14,90 (US$ m) 1.686,50 1.118,60 602,31 3.480,32 355,00 861,50 7,90 2010 % Variação 10,80 23,70 4.005,70 50,40 33,00 39,10 -47,00 (US$ m) 1.178,50 4.237,70 880,97 12.168,40 439,00 1.867,40 -4145,64 1.242,90 Africa do Sul 8.919,00 9.943,00 11,50 3.254,00 Swazilândia 1.142,20 1.706,90 Tanzânia 710,60 1.164,30 63,80 894,90 Zâmbia 1.305,20 1.940,5 48,7% 3.253,90 Zimbabwe 2.167,80 2.827,70 30,40 3.871,50 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.14 Balança Comercial 2011 % (US$ m) Variação 1.278,10 8,50 4.977,20 17,50 955,70 8,50 13.544,00 11,30 472,00 7,50 1.723,30 -7,70 1.470,00 0,18 2010 2011 (US$ m) 343,00 -3.333,30 -866,30 -9.854,81 -172,00 -1.247,90 5.496,40 -1.228,00 (US$ m) 408,40 -3.858,60 -353,40 -10.063,68 -117,00 -861,80 -1.462,10 3.386,00 784,70 4.138 4.774,20 5.665,00 -564,70 -184,30 -1.948,70 -1.703,70 6.557,00 379,60 -2.197,5 -1.946,50 0,04 -12,30 27,2% 23,30 Balança de Pagamentos A maioria dos países da região da SADC experienciou pressões na balança de pagamentos em 2011 reflectindo-se no elevado défice da conta corrente. A conta corrente da região continua deficitária apesar de se ter verificado uma diminuição. Com relação ao ano de 2010, a média do défice reduziu 2,2 pontos percentuais, ao passar de um défice de 8,5% em 2010 para um défice de 6,3%. Os países que experimentaram um défice muito significativo na conta corrente foram os seguintes países: Lesoto, Malawi, Seychelles, Tanzânia e Zimbabwe. No caso de Tanzânia o défice da balança da conta corrente agravou-se, sobretudo devido ao aumento dos preços do petróleo no mercado mundial conjugado com o aumento da procura interna de energia termoeléctrica, na sequência da falta de energia hidroeléctrica sofrida neste período. Países como Angola, Botswana, Namíbia, e Zâmbia registaram saldos superavitários da conta corrente em 2010 (veja o gráfico 15). Os superavits da conta corrente justificam-se devido ao aumento das exportações de petróleo, no caso de Angola, e de diamantes nos casos de Botswana e Namíbia. 25 Gráfico 16: Balanço da Conta Corrente como % PIB 15,0 10,0 5,0 -20,0 -25,0 -30,0 2010 2011 -35,0 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.15 Entrada de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) Os fluxos de IDE na região da SADC aumentaram, ao passar de US$ 54 milhões em 2010, para US$ 63 milhões em 2011, representando assim, um aumento de cerca de 15% (veja tabela 5 abaixo). No caso de Namíbia, este aumento é atribuído ao reinvestimento de lucros (especialmente provenientes da exploração mineira e da indústria extractiva) e às entradas de capital noutras categorias secundárias. O aumento substancial de capital noutras categorias secundárias reflecte os empréstimos contraídos pelas subsidiárias namibianas junto das respectivas empresas-mãe, para as despesas de capital. Tabela 5: Entradas de Investimento Estrangeiro Directo (US$ Millhões), 2010 e 2011 Descrição Angola Botswana RDC Lesoto Malawi 2010 2011 % Variação 12.156,72 14.123,61 16,18 559,50 589,00 5,27 2.932,10 1.596,00 -45,57 122,27 131,17 7,28 158,20 60,80 -61,57 32.654,00 37.746,00 15,59 Moçambique 989,00 2.093,50 111,68 Namíbia 856,60 900,70 5,15 Seychelles 164,90 136,40 -17,28 Africa do Sul 1.228,00 5.814,00 373,45 Swazilândia Tanzânia Zâmbia 130,70 - - 1.022,80 1.095,40 7,10 1.729,30 1.981,70 14,60 165,90 922,80 387,00 1.095,40 133,27 18,7 Maurícias Zimbabwe Média SADC Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 26 Média (SADC) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique -15,0 Maurícias Malawi RDC Lesotho -10,0 Botswana -5,0 Angola 0,0 3.16 Posição das Reservas Internacionais A maioria dos países da região da SADC possui um nível de reservas não muito adequadas que possam prevenir as economias de choches externos repentinos. As reservas internacionais da região, medida em meses de importação sofreram uma deterioração ao passarem de 4,62 meses em 2010 para 4,37 meses no ano de 2011. Botswana continua no top dos países da região registando uma reserva de 14 meses de importação. Imediatamente a seguir está Angola com 7,8 meses de importação. As receitas de diamante no Botswana e as receitas de petróleo em Angola, são as principais causas por detrás destes resultados. Gráfico 17: Reservas Internacionais em meses de Importação 16 14 12 10 8 6 4 2 2010 Média (SADC) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0 2011 Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 3.17 Taxa de Câmbio (Taxa nominal fim do período) Em 2011, a maioria das moedas na região da SADC depreciou em relação ao dólar, com excepção de RDC, Maurícias e Moçambique que registaram apreciações das suas moedas com relação à moeda americana. No Lesoto, a taxa de câmbio do rand/loti vis-à-vis US dólar, depreciou, reflectindo o sentimento dos investidores e as mudanças na aversão ao risco global. Por sua vez, em Angola, o Kwanza apesar de ter depreciado, manteve a sua tendência de estabilidade ao longo de 2011. Isso deveu-se ao cenário de estabilidade que o País atravessa, que aliado às políticas monetária e cambial do Banco Nacional de Angola, têm contribuído para a ligeira depreciação do Kwanza. Por sua vez, o kwacha do Malawi teve um desempenho irregular comparado com as divisas dos principais parceiros. Isto reflectiu desenvolvimentos de ambas as arenas doméstica e internacional. Na arena internacional, o aumento global dos preços dos combustíveis provocados pela instabilidade política nos países do Médio Oriente e da África do Norte, 27 juntamente com o desempenho estável do dólar US comparado com outras divisas no mercado internacional, criaram um desequilíbrio na balança de pagamentos do Malawi que, associado às reservas cambiais inadequadas das vendas de tabaco para amortecer o seu kwacha contra depreciações na frente doméstica. Gráfico 18: Desenvolvimentos da Taxa de Câmbio (Currency/US$) 11 10 9 8 7 6 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09 Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Out-10 Nov-10 Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11 Nov-11 Dez-11 5 CMA Botswana Fonte: Bancos centrais da SADC Note: SACU engloba Lesoto, Namíbia, Swazilândia e Africa do Sul Gráfico19: Desenvolvimentos da Taxa de Câmbio (Currency per US$) 1.700 5.800 1.650 5.600 1.600 5.400 1.550 5.200 1.500 5.000 1.450 4.800 1.400 4.600 1.300 4.400 1.250 4.200 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09 Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Out-10 Nov-10 Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11 Nov-11 Dez-11 1.350 Tânzania Zâmbia(LD) Fonte: Bancos Centrais da SADC Gráfico 20: Desenvolvimentos da Taxa de Câmbio (Currency/US$) 28 170 95 165 90 160 85 155 80 150 75 145 70 140 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09 Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Out-10 Nov-10 Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11 Nov-11 Dez-11 100 Angola Malawi( LD) Fonte: Bancos Centrais da SADC 4. Desenvolvimentos no Sector de Energia De uma forma geral, a maioria dos países da SADC tem apresentado deficiências na sua capacidade de geração de energia eléctrica, sendo o contributo desse sector no PIB ainda baixo. No caso de Angola, um País com vastas reservas de petróleo e enorme capacidade para gerar energia hidroeléctrica, possui potencial bastante elevado no sector de energia. Contudo, o longo período de conflito militar impossibilitou o país de tirar vantagens dos seus recursos energéticos. Com a situação da guerra, o consumo de energia estagnou – especialmente na indústria – e o sector residencial tornou-se o principal consumidor de energia. A participação da energia térmica aumentou durante a guerra, pois as estações hidroeléctricas foram se danificando. Assim, foram efectuados investimentos para aumentar a capacidade térmica de Luanda e das províncias com maior actividade económica. Assim, a energia hidroeléctrica representa cerca de 75% do fornecimento energético de Angola e a ENE10 tem participado em numerosos acordos internacionais, para renovar as barragens e centrais energéticas já existentes e construir outras mais. Especialistas na área dizem que o país, após 3 anos de guerra, tinha um mínimo de 65.000GW por ano de potencial hidroeléctrico, derivado dos três principais rios nacionais: o rio Kwanza no norte, o rio Catumbela no centro e o rio Cunene no sul. Angola espera ter capacidade para suportar todas as suas necessidades energéticas a nível doméstico e para exportar a energia excedente para países vizinhos. Além da construção de novas barragens, para um aproveitamento eficiente das capacidades instaladas, Angola tem investido também na reabilitação dos sistemas existentes, sobretudo as centrais eléctricas, subestações, linhas de transmissão e redes de distribuição de energia, visando melhorar o fornecimento de energia e o consequente aumento do acesso a esse serviço. Os programas de desenvolvimento exigem a existência de energia eléctrica, mas o 10 Companhia de Electricidade Nacional . 29 Estado criou um quadro legal que permite a participação do sector privado em projectos ligados a produção, transporte e distribuição de energia. A entrada de agentes privados no sector energético visa, por um lado, aumentar o acesso dos usuários ao serviço, reabilitar e expandir as actividades, e, por outro lado, a aplicação de tarifas que estejam de acordo com os custos operacionais dos operadores. No entanto, o país possui um potencial fabuloso na área energética e tem atraído bastante investimento no sector. A nova Política no Sector de energia, aprovada como a Política e Estratégia de Segurança Energética Nacional, tem como objectivo principal, obter uma profunda transformação do sector energético angolano, através do reforço das suas capacidades e das suas infraestruturas, estabelecendo-se as principais orientações estratégicas para o sector (em especial nos subsectores da energia e do petróleo e gás) e redefinindo-se o modelo institucional. O objectivo principal é quadruplicar a oferta de energia actualmente existente, mediante o maior aproveitamento dos recursos endógenos e a utilização das tecnologias mais eficientes. Até ao ano de 2025, preconiza-se o aumento da produção de energia eléctrica, podendo a oferta aumentar, cerca de 10 a 15%. Para este aumento será necessário ultrapassar um conjunto de factores que determinam o dimensionamento do sector energia face à procura, tais como: A) A elevada inoperacionalidade dos activos (estimada entre 40% a 50% da infraestrutura existente), o que se fica a dever à intensidade da exploração, à avançada idade dos equipamentos e à reduzida ou inexistente manutenção; B) Os elevados custos de fornecimento (cerca de 220 USD /MWh distribuído), motivados por grandes perdas técnicas e pela ineficiência da estrutura de produção; C) A elevada subsidiação (tarifa média de 42 US/MW), sendo que o Estado suporta actualmente cerca de 80% do custo total do sistema; D) A insuficiência de valências e de capacidades; E) Os défices financeiros estruturais das empresas públicas que actuam neste Subsector. Este plano de actuação assentará em duas fases: a) a fase de estabilização, a ser executada ao longo de 2012 e que corresponde à implementação de diversas iniciativas com impacto a curto e médio prazo; b) a fase de consolidação, a iniciar em 2013 e que lançará as bases para uma grande transformação deste Subsector, preparando-o para uma resposta eficaz às necessidades de médio e longo prazo. Na África do Sul, o Governo é responsável por assegurar a energia segura no país, através do planeamento integrado de energia, regulamentação das indústrias de energia e promoção do investimento de acordo com o plano integrado dos recursos. O Governo formulou um plano principal de energia segura para combustíveis líquidos, a estratégia nacional de gás de petróleo liquefeito, o programa de combustíveis menos poluentes e o acesso acelerado à electricidade. Assim, o sector de energia contribui para o desenvolvimento de uma rede de infra-estrutura económica eficaz, competitiva e receptiva, assegurando principalmente a produção fiável, distribuição e transmissão fiáveis de electricidade, bem como a produção, transporte e armazenagem de combustíveis líquidos. O sector também contribui para assegurar que o património ambiental e os recursos naturais são bem protegidos e continuamente melhorados, especificamente com a redução de emissões de gases de estufa. Por seu lado, o Governo Botswana, ao verificar que o fornecimento adequado de energia se mantém um pré-requisito para o sucesso da industrialização, tenta garantir que as fontes de energia sejam seguras para, quando possível, tornar o país auto-suficiente. A este respeito, o Governo do Botswana empenhou-se nos seguintes projectos:- 30 O projecto Morupule B, que teve início no ano fiscal de 2008/09 deverá estar concluído no último trimestre de 2012. Apesar da conclusão da central de 600MW de Morupule B no último trimestre de 2012, prevê-se que o país só seja auto-suficiente nos 2 anos seguintes. Espera-se ainda, que a Karoo Sustainable Energy11 construa uma central de gás (CBM - coal bed methane) com capacidade de 180 MW. Espera-se também, que este projecto possa beneficiar da Central Eléctrica de Emergência de 90 MW, em Orapa, a qual será reconvertida de gasóleo para CBM, uma vez que as reservas de CBM atinjam a potência de produção de 270MW (90MW+180MW) (bruta). Num esforço para facilitar o desenvolvimento das energias renováveis no Botswana, foi concluído em Março de 2011 um estudo sobre Tarifas de Alimentação das Energias Renováveis (Renewable Energy Feed-In Tariffs - REFIT) e um estudo sobre a revisão das tarifas de electricidade com a finalidade de, entre outras coisas, estabelecer tarifas mais equilibradas e consequentemente metodologias de determinação de tarifas mais transparentes. Como outros países da África Austral, Lesoto tem deficiências na sua capacidade de geração de energia eléctrica ao longo dos últimos dois anos. O Governo está empenhado em aumentar a geração de energia para satisfazer as necessidades internas de energia e exportar energia eléctrica para a região, bem como expandir a rede e o número de ligações domiciliares em áreas urbanas e rurais. A soma total de M373 milhões foram destinados para esse objectivo no ano de 2011/2012 fiscal. Há também programas de electrificação que visam subsidiar a maioria das pessoas carentes que não podem pagar os custos de electricidade por conta própria. Na área de produção de energia, o Governo do Malawi tenciona empreender reformas que resultem num ambiente propício ao aumento da capacitação. Para realizar este objectivo, as tarifas de electricidade foram ajustadas com um aumento de 63,52% para que as receitas no sector possam cobrir os custos de produção. Esta decisão foi tomada com vista a passar a uma estrutura tarifária mais determinada pelo mercado no sector de electricidade, e a ter também uma estrutura de preços que reflicta a média de custo a longo prazo da produção de electricidade, e que permita ao sector privado investir em mais capacidade de produção. No primeiro semestre de 2011, Moçambique aumentou em 1,0% a produção da electricidade e de água como resultado da construção de novas infra-estruturas de transporte e distribuição em todo o país. A produção de energia durante a primeira metade de 2011 aumentou apenas 0,5%, determinada, sobretudo, pela queda da produção de energia na barragem de Cahora Bassa devido às obras de reabilitação das infra-estruturas. Na Namíbia, o primeiro e o segundo trimestre de 2011 registaram um aumento significativo na geração de electricidade local. A geração de electricidade local aumentou 190,2% no primeiro trimestre de 2011 devido aos grandes caudais de água na estação hidroeléctrica Ruacana e no rio Cunene. O mesmo nível de geração de electricidade foi mantido no segundo trimestre, antes de um decréscimo de 38,5% registado no terceiro trimestre. Os desempenhos trimestrais indicam que o sector atingiu um crescimento positivo na geração de electricidade durante o primeiro trimestre de 2012. A electricidade gerada localmente aumentou significativamente em 130,6% no primeiro trimestre. Isto deveu-se sobretudo ao aumento sazonal dos caudais de água na estação hidroelectricidade de Ruacana, no rio Kunene. A 11 A Karoo Sustainable Energy é uma empresa privada de produção de energia. 31 recente colocação em funcionamento de uma quarta turbina na estação hidroeléctrica de Ruacana aumentou a capacidade energética do país. Em 2011, as Seychelles aumentou a sua capacidade de produção de energia, através da adição de novos geradores. Além disso, foi iniciado um projecto de biomassa visando transformar desperdícios em energia. Adicionalmente, um acordo foi assinado entre o Governo e Masdar, uma empresa de energia renovável Dos EAU, para implementação de um parque de energia eólica. Na Swazilândia, a principal fonte para a satisfação das necessidades energéticas do país são a electricidade, o carvão, o petróleo e os resíduos renováveis. A política de energia, procurou resolver os problemas de pobreza, na sua implementação e melhorar o acesso dos serviços de energia para promover microempresas, actividades pecuárias além do horário com luz natural e apoiar as empresas locais para a criação de emprego. Com o apoio da União Europeia, o ministério encetou o desenvolvimento de uma complexa implementação estratégica para a Política Nacional de Energia, que salienta as acções concretas e os programas claros e metodologias necessários essencialmente para a implementação do Programa de Acção e Estratégia para Redução da Pobreza. Nos últimos cinco anos, na Zâmbia, o sector da energia contribuiu 2,4% no PIB do país, explicado pelo aumento do número de actividades económicas no país e na região. Existem vastos recursos hídricos e reservas de carvão ideais para a produção de energia hidro- e termoeléctrica no país. A este respeito, o Governo tem vindo a promover a construção de novas centrais de hidro-energia. Existem planos para construir uma central de produção de energia hidroeléctrica de 600 megawatts na parte baixa de Kafue Gorge e 120 megawatts em Itezhi-tezhi. Além disso, a extensão do Banco de Kariba Norte já começou e outras mini centrais hidroeléctricas no país estão a ser reabilitadas e construídas. No subsector petrolífero, o Governo instituiu medidas para construir reservas estratégicas e recapitalizar a Refinaria de Petróleo de Indeni. Para além disso, foi realizado trabalho de exploração petrolífera na Província do Noroeste. Isto segue a indicação resultante de testes positivos feitos há algum tempo. As empresas interessadas foram convidadas a continuar com o trabalho de prospecção e perfuração. Por sua vez, o Zimbabwe produz cerca de 1.050 Mw de electricidade, em comparação aos requisitos nacionais de 1700 Mw. O défice está a ser colmatado principalmente, pela importação de energia da HCB de Moçambique, ZESCO da Zâmbia e Eskom da África do Sul. Contudo, algumas empresas mineiras nos subsectores da platina e do ouro beneficiaram de disposições de importação directa de energia. 5. Estado da convergência macroeconómica em 2011 Em 2011, os países da SADC tiveram uma performance aquém do desejado no alcance da convergência Macroeconómica da região. Na base desta fraca performance estiveram acontecimentos e impactos externos como os efeitos da crise económica e financeira e o clima internacional pouco favorável que se vive actualmente. A maioria dos países registou um aumento na inflação, uma desaceleração da taxa crescimento do PIB, uma redução dos meses de importação, tendo a média da SADC para esses indicadores se situado fora da meta estabelecida. Entretanto, os indicadores referentes ao défice orçamental e à dívida pública continuam dentro dos níveis da meta de convergência estabelecida. Contribuíram para tal, as 32 políticas fiscais e monetárias prudentes, que continuam a fortalecer a performance macroeconómica e a estabilidade económica interna da região. 5.1 Indicadores Primários 5.1.1 Inflação (5%) A inflação média na região da SADC tem vindo a abrandar nos últimos anos, no entanto, em 2011 a inflação média regional registou um ligeiro aumento passando de 7,29% em 2010 para 7,71% em 2011, cerca de 2,71 pontos percentuais acima da meta de convergência da região, uma vez que a maioria dos países experimentou um ligeiro aumento nas suas taxas de inflação média anual. O ambiente internacional desfavorável, os aumentos nos preços dos alimentos e combustíveis foram os principais motivos por detrás desse aumento. Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Moçambique, foram os únicos países cuja inflação diminuiu acentuadamente no período, no entanto estes três países e a Tanzânia, ainda permanecem com uma taxa de inflação de dois dígitos. No Caso de RDC, a insuficiência de oferta da moeda doméstica em relação à procura, conjugado com disrupções da oferta (de moeda) internacional devido ao ambiente internacional adverso, explica em grande parte a dificuldade do país cumprir com os critérios de taxa de inflação. Angola, por exemplo, apesar das sólidas políticas macroeconómicas implementadas no período, manteve uma taxa de inflação de dois dígitos, tendo em conta que o país ainda depende em grande medida das importação de bens para cobrir a procura interna. Tanzânia viu a sua inflação média anual passar de 7,2% em 2010 para uma inflação de dois dígitos (12,7%) em 2011, reflectindo a escassez no fornecimento de alimentos regionais devido a seca, altos preços globais de combustíveis e um enfraquecimento geral do Shelling da Tanzânia. No caso de Moçambique, foi registada uma desaceleração durante o ano, determinada principalmente pelo aumento do fornecimento de frutas e produtos hortícolas e pelo impacto da apreciação do metical em relação ao rand sul-africano sobre o custo das mercadorias importadas, no entanto, não foi suficiente para alcançar a meta de convergência ou mesmo a inflação de um dígito. Em termos de critérios de convergência, quatro Estados-Membros estiveram dentro da meta de 5% até 2012, nomeadamente o Lesoto, Namíbia, Seychelles, África do Sul e Zimbabwe. Gráfico 21: Média da Taxa de Inflação Anual (%) 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 33 Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Meta SADC 2012 Média (SADC) Taxa de Inflação 2011 Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0% 5.1.2 Défice Orçamental em percentagem do PIB (menor que 3 %) Para o ano em análise, o défice orçamental da região da SADC em percentagem do PIB aumentou de 2,45% para 2,78% reflectindo um ligeiro agravamento deste indicador macroeconómico, porém dentro da meta de convergência. Com relação aos critérios de convergência macroeconómica, Lesotho, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Swazilândia e Tanzânia não atingiram a meta. No caso de Swazilândia a razão foi a deterioração significativa das receitas da SACU. A posição fiscal da Namíbia foi afectada pelo programa de intervenção orientado para o emprego e crescimento económico (TIPEEG). África do Sul registou uma receita mais baixa que o esperado e um maior crescimento das despesas. O Governo da Tanzânia continuou uma política expansionista, visando melhorar a gestão e o controlo das despesas dos fundos públicos. De acordo com os dados, Angola registou o excedente orçamental mais alto da região, decorrentes das receitas provenientes do petróleo. Gráfico 22: Saldo Orçamental % do PIB 9% 6% 3% Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Maurícias Malawi Lesotho RDC Moçambique -6% Botswana -3% Angola 0% -9% -12% 5.1.3 Saldo Orçamental 2011 Meta SADC 2012 Dívida Pública em percentagem do PIB (menos de 60 % do PIB) Como nos anos anteriores, quase todos os países da SADC conseguiram manter a dívida pública sustentável, atendendo, portanto, a meta de convergência de menos de 60% do PIB. Como resultado deste bom desempenho a dívida pública média da região foi de 41,83% do PIB. Três Estados-Membros, ou seja, África do Sul, Seychelles e Zimbabwe não conseguiram cumprir a meta de convergência registando 61,3%, 82,0% e 90,3% de dívida pública, respectivamente. Este facto tem ocorrido desde 2008, para os dois últimos. No caso de 34 Seychelles, grandes défices orçamentais antes do programa de reforma do FMI em 2008 são os principais factores para o nível elevado da dívida. Gráfico 23: Dívida Pública em % do PIB 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 5.2 Indicadores Secundários 5.2.1 Reservas Internacionais (meses de importação não menos de 6 meses) Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Swazilandia Africa do Sul Seychelles Meta SADC 2012 Média (SADC) Dívida Pública 2011 Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 0% A incerteza da economia internacional, proveniente da crise na Zona-Euro e alguns eventos domésticos, contribuíram muito para o desempenho das Reservas Internacionais da região da SADC. Segundo os dados, a maioria dos Estados-Membros tiveram as suas reservas internacionais em declínio, situando-se em menos de 6 meses de importação da meta de convergência, consequentemente, os meses de importações da região diminuiu para 4,39 em 2011 de 4,63 em 2010. Maior atenção deve ser dada a países como a República Democrática do Congo, Malawi, Seychelles, Swazilândia e Zimbabwe, cujas Reservas Internacionais estão abaixo do limiar de adequação de reserva de 3 meses de importações. A notável redução das reservas, em alguns países reflecte as altas despesas públicas e o aumento nas contas de importação. Angola e Botswana continuam a superar a meta de convergência regional, resultantes de receitas realizadas do petróleo e diamantes, respectivamente. 35 Gráfico 24: Reservas em meses de Cobertura de Importação Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Meta SADC 2012 Média (SADC) Meses de Importação 2011 Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 16 14 12 10 8 6 4 2 0 5.2.2 Crescimento do PIB real (não menos que 7 %) O crescimento económico na região da SADC desacelerou de uma média de 5,94% em 2010 para 5,07% em 2011, devido principalmente à turbulência financeira e económica internacional que ainda tem o seu efeito negativo sobre as economias dos Estados membros. Todos os Estados membros, à excepção de Angola, Moçambique e África do Sul, registaram um abrandamento ou permanência da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A economia Moçambicana cresceu 7,1% em 2011, devido ao bom desempenho nos sectores de agricultura, mineração e indústria pedreira, transportes e comunicação. Com relação a África do Sul, o crescimento não foi suficiente para atingir a meta de convergência. O crescimento foi impulsionado pelo bom desempenho do sector do comércio e sector financeiro, que mantiveram um crescimento robusto. A economia do Zimbabwe manteve uma trajectória positiva, devido à contínua recuperação da produção mineira e agrícola. Moçambique e Zimbabwe foram os únicos países em linha com a meta de convergência de uma taxa de crescimento do PIB não inferior a 7%. Gráfico 25: Crescimento do PIB real 36 Zimbabwe Média (SADC) Meta SADC 2012 Zâmbia Tanzânia Swazilandia Seychelles Africa do Sul PIB 2011 Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana Angola 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 5.2.3 Conta Corrente em percentagem do PIB (défice inferior a 9 %) A deterioração do comércio de mercadorias, menor exportação do que o esperado e o maior valor de importação na região influenciaram o desempenho da conta corrente da região. Lesoto, Malawi, Moçambique, Seychelles e Zimbabwe, encontram-se na lista dos Países que não cumpriram a meta de convergência de défice inferior a 9% do PIB. A RDC melhorou de um défice de 13,3% para um défice de 6%, alcançando a meta de convergência. Botswana e África do Sul mantiveram o défice da conta corrente dentro dos níveis da meta de menos de 9% do PIB. Angola, Namíbia e Zâmbia registaram excedentes na conta corrente de 2011. Angola teve um bom desempenho na sua balança comercial devido às receitas do petróleo. A Namíbia melhorou de uma posição negativa em 2010 para cerca de 1,0% em 2011. No caso da Zâmbia, a razão principal foi o elevado nível dos preços e produção de cobre, bem como um aumento no valor das exportações não tradicionais. Gráfico 26: Saldo da Conta Corrente (% do PIB) 40,0 30,0 20,0 10,0 Conta Corrente 2011 6. Zimbabwe Zâmbia Tanzânia Média (SADC) -20,0 Swazilandia Africa do Sul Seychelles Namíbia Moçambique Maurícias Malawi Lesotho RDC Botswana -10,0 Angola 0,0 SADC 2012 Target Desafios no cumprimento das metas de Convergência Macroeconómica e medidas para mitigarem os obstáculos Em Angola, a Política do Banco Nacional de Angola e do Governo, orientada para a estabilidade dos preços consistiu em termos gerais, dentre outros: no estabelecimento de garantias de preço para os produtos agrícolas, a aprovação da lei da concorrência, a revisão da lei e a implementação mais rigorosa dos procedimentos legais em relação aos operadores económicos. 37 A diversificação económica e os incentivos de negócios cujo principal objectivo é diminuírem a dependência no sector Petrolífero e a substituição de algumas importações. O Banco Nacional de Angola introduziu novos instrumentos de política dentro do seu quadro de política monetária que tem estado a contribuir para o comportamento descendente da inflação. No que se refere ao PIB, tem se verificado uma política direccionada à diversificação da economia e a substituição das importações pela produção nacional. O sector não petrolífero – que tem crescido mais do que o sector petrolífero – ainda contribui menos para a produção interna do país, sendo que os planos do Governo preconizam uma reversão dessa tendência. Essa estratégia reside no facto de proteger a economia da volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional, bem como de depender principalmente de um produto. Na África do Sul, os choques externos como o aumento dos preços do petróleo, o sentimento para com as economias de mercado emergentes, ligadas à crise da dívida do euro e a incerteza respeitante à política do Governo, p.ex., sobre a nacionalização das minas, dificultam o fluxo do investimento directo externo. A conjuntura macroeconómica do Botswana pode mudar rapidamente, requerendo por isso um acompanhamento constante. Por outro lado as previsões dos dados fiscais podem ser altamente voláteis e necessitar de actualizações frequentes, ou seja, nos últimos anos fiscais as receitas oriundas da SACU têm sido instáveis e por isso, difíceis de prever. Algumas políticas e outras reformas necessárias para o alcance dos objectivos podem requerer financiamento e/ou apoio para a respectiva capacitação. Na RDC, a falta de oferta da moeda doméstica em relação à procura, o baixo nível do PIB per capita projectado para 239,54 USD$ em 2012, juntamente com contágios provenientes dos acontecimentos internacionais, explica em grande parte a dificuldade do país cumprir com os critérios de taxa de inflação de 2010 (15,54% em 2011) e para a cobertura de importações pelas reservas internacionais (1,78 meses até fins de 2011). A melhoria de condições adequadas para a consolidação do crescimento económico constitui, juntamente com boa governação económica, os dois passos importantes que poderiam facilmente levar o país à realização dos objectivos de convergência macroeconómica tal como definido no ‘RISDP’. Primeiro, o país está envolvido, por mais de cinco anos, num processo de modernização de infra-estrutura pública, que poderia capacitar o país a obter a posição de economia emergente até 2013. Além disso, a introdução de maior ortodoxia na gestão de finanças públicas com base no reforço da função do Estado resultante da consolidação da democracia são as garantias para melhorar a governação económica, que é a segunda parte do processo para o cumprimento de todos os critérios de convergência macroeconómica. O grande desafio para a realização dos objectivos de convergência no Lesoto é o impacto de choques externos sobre a economia doméstica. Por exemplo, a deterioração das receitas da SACU foi devido ao impacto negativo da crise financeira global. 38 Vários riscos afectaram a realização dos objectivos de convergência macroeconómica no Malawi em 2011. O aumento dos preços mundiais das matérias-primas, especialmente do combustível, fizeram subir os preços domésticos, principalmente de produtos não-alimentares devido aos altos custos de produção. Em 2011, a maior fonte de receita em moeda estrangeira do país (o tabaco) alcançou preços baixos nos leilões devido ao excesso da oferta. Este facto, aliado à sobrevalorização da moeda local instigou a actividade de importação, criando um desequilíbrio na balança de pagamentos, forçando as autoridades a desvalorizar a moeda local por 10,0% em Agosto 2011, que por seu lado exerceu mais pressões inflacionistas nos preços domésticos. As baixas receitas de divisa estrangeira do tabaco resultaram também numa escassez de divisa estrangeira, que por seu lado afectou adversamente a importação de matérias-primas estratégicas, como o combustível. Isto, juntamente com o fornecimento intermitente de energia teve um efeito de queda na produção em manufactura, construção, comércio grossista e retalhista, e nos sectores de minas e pedreiras, reduzindo assim o crescimento económico. Para abordar os desafios com a divisa estrangeira, o Governo estabeleceu um Fundo para Desenvolvimento de Exportações – EDF- para apoiar iniciativas empresariais que terá início em 2012. O fundo é ideal para gerar reservas de divisa estrangeira pelo financiamento de exportações não-tradicionais. Além de melhorar a posição das reservas de divisa estrangeira, a iniciativa EDF vai poder facilitar a produção em todos os sectores económicos, financiando a importação de matérias-primas incluindo produtos petrolíferos. Em apoio ao objectivo primário e fundamental do Governo, de promover o crescimento económico diversificado e sustentável consistente com o desejo de transformar o Malawi de nação predominantemente importadora a nação exportadora, as autoridades monetárias (RBM) continuarão a definir as suas políticas em 2012 no sentido de apoiar esta transformação, e para isso o sentido da política monetária será alinhado a: manter a inflação de base anual num único dígito à volta do limiar de 5.0%, de acordo com os critérios de convergência macroeconómica da SADC, promover mais investimento no sector privado, reconstituir as reservas de divisa externa para apoiar efectivamente a importação de produtos estratégicos providenciando ainda uma protecção para a economia contra quaisquer choques de natureza externa, e facilitar a importação de produtos básicos estratégicos para estimular o crescimento económico. Nas Ilhas Maurícias, a recente intensificação da crise da dívida soberana na Zona Euro e a depreciação contínua de algumas moedas implica um elevado risco quanto às perspectivas de crescimento interno, sobretudo para as empresas de exportação. O Banco Central, em consulta com o Ministério das Finanças, decidiu empreender um programa de acumulação das suas reservas cambiais externas a que chamou “Operation Reserves Reconstitution” (ORR – Operação Reconstituição de Reservas), para aumentar a segurança contra possíveis choques externos. O objectivo básico da ORR é aumentar o nível das reservas externas do Banco para 6 meses de cobertura de importações. Espera-se que esta medida contrarie pressões adicionais de apreciação da rúpia e que contribui para reduzir a distorção da taxa de câmbio da rúpia relativamente aos parâmetros económicos fundamentais subjacentes. Prevêse a oferta de uma Linha de Crédito Especial em Divisa Estrangeira através dos bancos a fim de minimizar os riscos cambiais decorrentes das receitas de exportação em moeda estrangeira e da dívida remanescente em rúpias. 39 Em Moçambique, a consecução consistente das metas de convergência macroeconómica exige a harmonização de políticas entre os estados membros. Cada um dos países deveria incorporar estas metas nos seus programas macroeconómicos. A necessidade de harmonizar a metodologia usada para compilar alguns dos indicadores como, por exemplo, a inflação também é relevante. Entre outros aspectos, a necessidade de harmonizar as políticas económicas e o compromisso por parte dos estados-membros de procurarem alcançar as metas estabelecidas são passos importantes no sentido de se alcançarem as metas de convergência macroeconómica. Na Namíbia, a continuação do clima incerto da economia mundial levanta alguns problemas para que a Namíbia alcance os objectivos de convergência. Da mesma forma, a evolução dos preços internacionais das commodities, que também estão dependentes do desempenho da economia mundial, estão apresentar um desafio para a Namíbia. A crise financeira mundial resultou na diminuição da exploração mineira, especialmente de cobre e diamantes, o que resultou na perda de empregos e numa diminuição da receita do sector mineiro. A nível interno, as operações terrestres de diamantes devem continuar a diminuir e o desempenho dos sectores da pesca, e do turismo deverão ser prejudicados com a persistente crise Europeia. O sector da pecuária deverá cair, devido ao repovoamento, o que reduzirá o comércio de animais. O sector do turismo é também susceptível de enfrentar dificuldades caso as incertezas na conjuntura económica mundial persistam. Na Swazilândia, o maior problema que impede o alcance dos objectivos de convergência macroeconómica é a persistência dos factores da economia externa que assim tornam a economia vulnerável aos choques como os verificados com a queda drástica das receitas SACU e a vontade política para combater agressivamente pelo espaço como um destino competitivo para o investimento estrangeiro, à luz da elevada competitividade na região. Em 2011, a economia da Tanzânia viu-se a braços com um Xelim Tanzaniano que depreciava face às principais moedas, bem como com o aumento dos preços mundiais do petróleo o que exerceu uma pressão ascendente na inflação e conduziu ao aumento da factura da importação. A pressão inflacionista aumentou também na sequência das condições de seca nos países vizinhos, o que levou a um aumento da procura de alimentos e consequente aumento da inflação dos preços dos mesmos. O Governo continuará a seguir políticas macroeconómicas prudentes a fim de poder criar uma economia forte e competitiva e fazer face aos desafios que a nação enfrenta. O Banco da Tanzânia continuará a seguir uma política monetária prudente necessária para a estabilidade macroeconómica do país. O Governo vai aumentar a cobrança das receitas a nível interno e reduzir as despesas recorrentes não prioritárias. Isto pressupõe o reforço da capacidade de gestão e prestação de contas no uso dos fundos públicos. O maior desafio que afecta a realização dos alvos de convergência macroeconómica é a pressão na balança e pagamentos resultante de maior procura de produtos de consumo devido à utilização fraca da capacidade. A falta de actividades industriais a todo o vapor é ocasionada também por condições de liquidez persistentes que têm tipificado a economia zimbabuana neste sistema multidivisas. 40 O Zimbabwe também está fora de curso no cumprimento dos limiares de dívida, por causa de demoras na resolução amigável do endividamento do país. Por consequência, a dívida insustentável que o país carrega minou a capacidade do sector produtivo ter acesso de longo prazo, a finanças para recapitalizar as suas operações e consolidar a produção. Além disso, o país enfrenta maiores vulnerabilidades decorrentes da economia global frágil resultante da crise da dívida soberana na área do Euro e os desenvolvimentos políticos adversos em países importadores de petróleo no Médio Oriente e África do Norte. A crise da dívida soberana poderá afectar negativamente as exportações do país e o fluxo de capital. Isto é particularmente assim dada a alta dependência do país de produtos básicos e o significativo ímpeto do crescimento que as linhas de crédito a curto prazo providenciaram à economia do Zimbábue nos últimos anos. O Governo do Zimbábue tenciona dar grande proeminência a projectos de capital através de maiores afectações orçamentais, de modo a dar mais ímpeto à actividade económica e acelerar o desenvolvimento de infrastrutura no país. Também, o regime multidivisas será mantido a meio prazo, para permitir que a economia recupere completamente. O país adoptou também uma estrutura de resolução da dívida com a “Zimbabwe Accelerates Arrears Clearance and Debt development Strategy” (ZAADS). 7. Considerações finais e Perspectivas de médio Prazo O desempenho económico da região da SADC em 2011 foi grandemente influenciado pela desaceleração da economia global. Esta desaceleração foi sentida tanto nas economias avançadas como nas economias emergentes. O fraco desempenho global provocou uma diminuição na procura global, facto que veio comprometer o ritmo da economia da região da SADC que já vinha mostrando sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional. Uma vez mais, os acontecimentos comprovaram que são necessárias medidas e políticas preventivas a nível monetário, fiscal bem como a nível do sector real para que as economias da região não sejam fortemente atingida por choques externos que ocorram a nível internacional. A nível de convergência macroeconómica, foi notável a fraca performance de quase todos os indicadores com relação a recuperação que se havia registado em 2010. Para o final do ano de 2012, apesar dos grandes potenciais que os países da SADC apresentam devido aos recursos naturais, solos férteis para agricultura, bem como oportunidades de investimentos abundantes em vários sectores da economia sectores especialmente de mineração e agricultura, a aceleração esperada do crescimento da taxa do PIB real poderá permanecer abaixo da meta de convergência (5,48%). Perspectiva-se que Angola, Moçambique a Zâmbia registem crescimentos acima de 7%. As Reservas Internacionais poderão aumentar ligeiramente para 4,32 meses de importações, com Angola e Botswana a manterem os seus níveis altos na região. Quanto à inflação, espera-se uma taxa em torno dos 9,92%, devido a aceleração acentuada que poderá ocorrer em Malawi e Tanzânia, e portanto com poucas probabilidades de cumprimento do objectivo de convergência. 41 No que respeita o balanço fiscal e a dívida pública, ambas em percentagem do PIB, espera-se que estes permaneçam dentro da convergência macroeconomia, como tem vindo a acontecer nos últimos anos, sendo estes os indicadores de pouco incumprimento em termos gerais. O cenário para 2012 não parece ser melhor, uma vez que o FMI prevê um forte abrandamento da economia mundial, incluindo as economias emergentes e em desenvolvimento. O desfecho da crise das finanças públicas na Zona Euro será um factor determinante para a evolução da economia mundial. Tendo em conta, as perspectivas dos mercados internacionais, e estando os países da SADC vulneráveis à choques externos, o Governo de cada Estado membro deve continuar a diversificar a economia, mitigando, dessa forma o impacto proveniente desses choques e da incerteza nos mercados internacional. Muita atenção deve ser dada aos preços dos combustíveis e das commodities, uma vez que o seu desempenho pode influenciar a taxa de inflação da região, bem como os saldos internos e externos. 42 8. Referências 1. Fundo Monetário Internacional (FMI), Abril e Junho de 2012, World Economic Outlook. 2. Base de dados da Index Mundi e Bloomberg; 3. Desenvolvimentos Económicos Recentes fornecidos pelos Bancos Centrais da SADC. 4. Relatório Anual do FMI referente à Restrições Cambiais, 2011 9. Anexos 9.1 Anexo I: Gráfico para o preço das Commodities 43 01-Apr-12 01-Jun-11 01-Nov-11 01-Jan-11 01-Aug-10 01-Oct-09 01-Mar-10 01-Dec-08 01-Jul-08 01-Feb-08 01-Apr-07 01-May-09 Fonte: index mundi data 01-Sep-07 01-Nov-06 01-Jan-06 01-Jun-06 01-Aug-05 01-Mar-05 01-Oct-04 01-May-04 01-Jul-03 01-Dec-03 01-Feb-03 01-Sep-02 01-Apr-02 01-Nov-01 01-Jan-01 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 01-Jun-01 Preço do Ouro (US$/ounce) 0 50000 40000 30000 20000 10000 04-12-2010 04-11-2010 04-10-2010 04-09-2010 04-08-2010 04-07-2010 04-06-2010 04-05-2010 04-04-2010 04-02-2010 04-03-2010 Fonte: Index mundi data 44 04-01-2012 04-02-2012 04-03-2012 01-Oct-09 01-Mar-10 01-Apr-12 01-Nov-11 01-Jun-11 01-Jan-11 04-07-2012 04-06-2012 04-05-2012 04-04-2012 04-12-2011 01-Aug-10 04-11-2011 01-May-09 04-10-2011 04-09-2011 04-08-2011 04-07-2011 04-06-2011 04-05-2011 04-04-2011 01-Dec-08 01-Jul-08 01-Feb-08 01-Sep-07 01-Apr-07 01-Nov-06 01-Jun-06 01-Jan-06 04-02-2011 04-03-2011 60000 04-01-2011 Preço do Níquel (US$/tonne) 01-Aug-05 Fonte: BLOOMBERG 01-Mar-05 01-Oct-04 01-May-04 01-Dec-03 01-Jul-03 01-Feb-03 01-Sep-02 01-Apr-02 01-Nov-01 01-Jun-01 04-01-2010 1200 01-Jan-01 Preço da Platina (US$/ounce) 2000 1900 1800 1700 1600 1500 1400 1300 50 Fonte: BLOOMBERG 45 120 110 100 90 80 70 60 Jan-01 Jan-08 Sep-07 May-07 Jan-07 Sep-06 May-06 Jan-06 Sep-05 May-05 Jan-05 Sep-04 May-04 Jan-04 Sep-03 May-03 Jan-03 Sep-02 May-02 Jan-02 Sep-01 May-01 Jan-09 04-06-2012 04-08-2012 04-07-2012 Jan-12 May-12 Sep-11 May-11 Jan-11 Sep-10 May-10 Jan-10 Sep-09 May-09 04-05-2012 04-04-2012 04-03-2012 04-02-2012 04-01-2012 04-12-2011 04-11-2011 04-10-2011 Sep-08 130 04-09-2011 Preço do Petróleo Bruto Brent (US$/barril) May-08 Fonte: Index mundi data 04-08-2011 04-07-2011 04-06-2011 04-05-2011 04-04-2011 04-03-2011 04-02-2011 04-01-2011 04-12-2010 04-11-2010 04-10-2010 04-09-2010 04-08-2010 04-07-2010 04-06-2010 04-05-2010 04-04-2010 04-03-2010 0 04-02-2010 04-01-2010 Preço do Cobre (US$/tonne) 12000 10000 8000 6000 4000 2000 9.2 Anexo II Regime Cambial dos Países da SADC Pais Moeda Regime Angola Botswana KWANZA PULA Managed floating Pegged to basket (South African rand and SDR) RDC CONGO FRANC De facto Crawl-like Arrangement* Lesotho LOTI Pegged to South African rand (CMA) Malawi KWACHA De facto Fixed** Maurícias RUPEE Managed floating Moçambique METICAL Managed floating Namíbia NAMIBIA DOLLAR Pegged to South African rand (CMA) Seychelles RUPEE Floating Africa do Sul RAND Independently floating; rand is CMA anchor currency Swazilândia LILANGENI Pegged to South African rand (CMA) Tanzânia SHILLING Independently floating Zâmbia KWACHA Managed floating Zimbabwe Dollar, Rand, United Multi-currency States Pula and Pound, Euro Controlo nas Transacções de Capital Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Fonte: Relatório Annual sobre Acordos e Restrições cambiais, 2011 Notes: *A taxa de câmbio do Congo franco é determinada pela oferta e procura no mercado cambial. O Banco Central do Congo, ao observar a meta de reservas internacionais em seu programa monetário, intervém para canalizar de volta ao mercado algumas das reservas acumuladas a partir de fluxos externos. Isto é feito no contexto de um leilão, o qual é o único quadro operacional para as operações do BCC com o mercado. O BCC intervém em ambos os lados do mercado. Como resultado, o franco tem gradualmente depreciado em relação ao dólar dos EUA dentro de uma faixa de 2% desde Maio de 2010. Assim, o arranjo de facto da taxa de câmbio foi reclassificado de flutuante para um arranjo “crow-like”, efectivo em 5 de Maio 5, 2010. ** No dia 02 de Dezembro de 2009, Malawi anunciou oficialmente que tinha adoptado um regime de taxa de câmbio flutuante, e o kwacha foi por um tempo gradualmente depreciado. O kwacha ficou então estabilizado em uma banda de 2% face ao dólar dos EUA. Assim, o arranjo de facto da taxa de câmbio tem sido reclassificado retroactivamente de um outro “managed arrangement” para um “ stabilized arrangement” , efectivo em 01 de Fevereiro de 2011 Managed floating: As autoridades influenciam os movimentos da taxa de câmbio através de uma intervenção activa para combater a tendência de longo prazo da taxa de câmbio, sem especificar um caminho predeterminado para taxa de câmbio, ou sem ter uma meta específica para a taxa de câmbio. A intervenção pode ser directa ou indirecta. Indicadores para a gestão da taxa são amplamente julgáveis (por exemplo, balança de pagamentos, reservas internacionais, a evolução do mercado paralelo), e os ajustes não pode ser automático. Independently Floating: A taxa de câmbio é determinada pelo mercado; qualquer intervenção cambial visa moderar a taxa de variações evitando flutuações indevidas no câmbio que não são justificados pelos fundamentos económicos, ao invés de estabelecer um nível para a taxa de câmbio. Nestes regimes, a política monetária é, em princípio, independente da politica cambial . 46 9.3 Anexo III: Perspectivas para 2012 Países Angola Botswana RDC Lesoto Malawi Maurícias Moçambique Namíbia Seychelles Africa do Sul Swazinlândia Tanzânia Zâmbia Zimbabwe Média (SADC) Taxa de Crescimento do PIB (%) Taxa de Inflação (%) 2011 Est. 2011 Est. 2012 Proj 3,9 5,1 6,9 4,2 4,3 4 7,1 3,8 5 3,1 1,2 6,4 6,6 9,4 8,8 4,4 6,6 4,5 3,9 3,8 7,5 4,2 4 3,4 NA 6,8 7,7 5,6 11,38 8,5 15,5 4,7 7,6 6,5 10,3 5 2,5 5 6,1 12,7 8,7 3,5 10,02*** 8,1* 12,3 6,5 18,4* 5,3* 5,6* 6* 4,3* 5,7* 9,6** 18,2* 6,6* 4,02* 10,3 -3,3 -1,5 -4,5 -1,2 -3,2 -6 -11,2 3,2 -4,2 -7,5 -6,9 -2,9 0 2,6 0,9 1,2 0,1 -7,3 -3,8 -5,8 -4,6 1,5 -4,9 NA -3,3 -5,6 0 5,07 5,48 7,71 9,92 -2,78 -2,15 Notes: *Maio 2012; ** Abril 2012 e *** Julho. Fonte: Bancos Centrais dos Países Membros da SADC 47 2012 Proj Saldo Orçamental (% do PIB) 2011 Est. 2012 Proj 9.4 Anexo IV SADC Informação Macroeconómica País Inflação (Média do Período) 2012 Mês mais 2009 2010 2011 recente Saldo Orçamental % PIB Meses de Cobertura de Importação Dívida Pública % GDP Taxa de Crescimento Real 2009 2010 2011 2012 P 2009 2010 2011 2012 P 2009 2010 2011 2012 P 2009 2010 2011 2012 P 13,99 15,3 11,38 10,02 4 -9,6 5,3 10,3 2,6 22,6 21,7 19,8 n,a 3,8 6,6 7,8 8,7 2,4 3,5 3,9 8,8 Botswana 8,2 6,9 8,5 8,1 -10,9 -6,2 -3,3 0,9 16,1 17,8 18,5 16,7 20 15 14 14 -4,8 7 5,1 4,4 RDC 46,1 23,5 15,5 12,3 0,49 3,5 -1,5 1,2 113,5 28,3 24,9 25,9 1,8 1,8 1,7 1,8 2,8 7,1 6,9 6,6 Lesoto 7,3 3,6 4,7 6,5 3,8 -6,4 -4,5 0,1 40,1 36,8 34,8 n,a 6,1 4,5 4,7 3,3 2,9 5,6 4,2 4,5 Malawi 8,4 7,4 7,6 18,4 -4,7 -0,1 -1,2 -7,3 40,8 34,7 41,2 40,4 1,9 3,1 2,3 1 8,9 6,7 4,3 3,9 6,5 5,3 1 -3 -3,2 -3,2 -3,8 59,5 57,4 57,3 57,7 5,2 5,0 4,6 n,a 3,1 4,2 4 3,8 5,6 1 -5,4 -3,5 -6 -5,8 39,3 47,7 44,8 n,a 5,4 5,8 5,8 4,6 6,3 6,8 7,1 7,5 1 -1,1 -5,2 -11,2 -4,6 17,8 15,9 26,8 27,6 4 3 3,2 3 -0,4 6,6 3,8 4,2 Angola Maurícias Moçambique 2,5 3,3 2,9 12,7 10,3 Namíbia 8,8 4,5 5,0 6,0 Seychelles 31,8 -2,4 2,5 4,3 África do Sul Swazinlândia 7,1 7,5 4,3 5 4,5 6,1 6,5 2,6 3,2 1,5 117 84 82 76 1,6 2,4 2,6 2,5 0,5 6,7 5,0 4,0 5,7 1 -0,7 -5,5 -4,2 -4,9 48,1 57,2 61,3 64,3* 4,7 4,5 4,4 4,4 -1,5 2,9 3,1 3,4 9,6 2 -7,1 -11 -7,5 n,a 12 13,9 15,7 n,a 4,1 2,9 2,3 n,a 1,2 1,9 1,2 n,a -4,5 -6,4 -6,9 -3,3 37,1 43,1 48,2 35,33 5,7 5,2 3,8 4,51 6,0 7,0 6,4 6,8 -2,6 -2,2 -2,9 -5,6 26,4 21,3 20 n,a 5,1 4 3,6 4,0 6,4 7,6 6,6 7,7 0,7 4 0 0 109,8 94,3 90,3 n,a 1,2 1 0,6 0,2 5,7 9,6 9,4 5,6 -2,72 -2,45 -2,78 -2,15 50,01 41,01 41,83 40,72 5,04 4,63 4,39 4,32 2,82 5,94 5,07 5,48 1 Tanzânia 12,1 7,2 12,7 18,2 Zâmbia 13,5 8,5 8,7 6,6 1 Zimbabue Média da SADC P 6,5 3,1 3,5 4,02 12,65 7,29 7,71 9,92 Critério de Convergência (2004-2008) Inflação de um dígito em 2008 Défice menor que 5% do PIB em 2008 Menor que 60% do PIB em 2008 Não menos que 3 meses em 2008 Não menos 7% Critério de Convergência (2009-2012) Taxa de Inflação de 5 % 2012 Défice de 3% como uma âncora dentro de uma banda de 1% Menor que 60% do PIB em 2012 Não menos que 6 meses em 2012 Não menos 7% Projecção *30 Setembro 2011 # 1 1 2 Maio2012 4 Abril 2012 3 Julho2012 Junho 2012 Seychelles -Balanço primário excluindo garantias 48 9.5. Anexo V Matriz das Causas de incumprimento das Metas de Convergência e Estratégias dos Países 49
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