a emigração checa para o brasil desde o início até ao
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a emigração checa para o brasil desde o início até ao
UNIVERZITA PALACKÉHO V OLOMOUCI FILOZOFICKÁ FAKULTA Katedra romanistiky A EMIGRAÇÃO CHECA PARA O BRASIL DESDE O INÍCIO ATÉ AO SÉCULO XX BAKALÁŘSKÁ PRÁCE Kateřina Bátorová Portugalská filologie Vedoucí práce: PhDr. Zuzana Burianová, Ph.D. OLOMOUC 2013 Prohlášení Prohlašuji, že jsem bakalářskou práci vypracovala samostatně pod odborným dohledem vedoucí bakalářské práce a za použití uvedených pramenů. V Olomouci dne …................. .................................................. Podpis Poděkování Děkuji PhDr. Zuzaně Burianové, Ph.D. za odborné vedení a za cenné připomínky a rady, které mi poskytla při psaní bakalářské práce. Kateřina Bátorová INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 5 1. OS PRIMEIROS CHECOS NO BRASIL NO SÉCULO 17 ............................................ 6 1.1 ŠIMON KOHOUT DE LICHTENFELD ...................................................................................................... 7 1.2 JIŘÍ KRYŠTOF KAPLÍŘ, O CAVALEIRO DE SULEVICE ............................................................................. 7 2. OS JESUÍTAS CHECOS NO BRASIL NOS SÉCULOS 17 E 18 ....................................................... 9 2.1 VALENTIN STANZEL ......................................................................................................................... 10 2.2 SAMUEL FRITZ ................................................................................................................................ 11 3. A EMIGRAÇÃO CHECA DESDE O INÍCIO DO SÉCULO 19 ATÉ AO ANO DE 1920................ 13 3.1 O BRASIL – A POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO DESDE O SÉCULO 16 ATÉ AO ANO DE 1934 .............................. 13 3.2 A ÁUSTRIA-HUNGRIA – A POLÍTICA DE EMIGRAÇÃO DESDE O SÉCULO 17 ATÉ AO SÉCULO 19 .............. 14 3.3 AS ESTIMATIVAS DO NÚMERO DOS IMIGRANTES CHECOS QUE CHEGARAM PARA O BRASIL DESDE O INÍCIO DO SÉCULO 19 ATÉ AO ANO DE 1920 ............................................................................................. 15 3.4 A SITUAÇÃO MATERIAL DOS EMIGRANTES CHECOSLOVACOS APÓS A 1A GUERRA MUNDIAL .................. 17 3.5 A EMIGRAÇÃO ORGANIZADA NO SÉCULO 19 ...................................................................................... 18 3.5.1 A colónia de São Bento no estado de Santa Catarina............................................................... 18 3.5.2 A emigração das regiões de Jablonec e Liberec ....................................................................... 19 3.5.3 Os emigrantes de Rovensko pod Troskami ............................................................................... 19 3.6 OS CONHECIDOS EMIGRANTES CHECOS ESTABELECIDOS NO BRASIL DESDE O INÍCIO DO SÉCULO 19 ATÉ AO ANO DE 1920 .................................................................................................................................... 20 3.6.1 Josef Wolf de Rýmařov ............................................................................................................ 20 3.6.2 ANTONÍN NEUGEBAUER ............................................................................................................. 20 3.6.3 VLADIMÍR FRANTIŠEK LORENC .................................................................................................... 21 3.6.4 Os antepassados de Juscelino Kubitschek ............................................................................... 22 4. A EMIGRAÇÃO CHECA DESDE O ANO DE 1920 ATÉ À 2ª GUERRA MUNDIAL ................... 23 4.1 AS ESTATÍSTICAS FEITAS POR VOLTA DE 1920 – 1926 ......................................................................... 23 4.2 O NÚMERO DOS EMIGRANTES CHECOS E ESLOVACOS DESDE O ANO DE 1925 ATÉ Á 2A GUERRA MUNDIAL ............................................................................................................................................................. 25 4.3 ONDE VIVIAM OS CHECOSLOVACOS NO BRASIL NAS DÉCADAS DE VINTE E TRINTA ............................. 27 4.4 OS PROJECTOS DE COLONIZAÇÃO NAS DÉCADAS DE VINTE E TRINTA .................................................. 28 4.5 OS CONHECIDOS EMIGRANTES CHECOS ESTABELECIDOS NO BRASIL NO PERÍODO ENTRE AS DUAS GUERRAS MUNDIAIS .............................................................................................................................. 30 4.5.1 A família de Gayeros ............................................................................................................... 30 4.5.2 Vladimír Kozák ....................................................................................................................... 31 4.5.3 Os arquitectos - Yaro Burian e Josef Pytlík .............................................................................. 31 4.5.4 Outros - Jiří Baum, František Pelíšek, František Jindra, Jan Pěkný, Anežka Srnová ............... 32 5. OS CLUBES CHECOS E AS SUAS ACTIVIDADES NO BRASIL DESDE O SÉCULO 19 ATÉ À 2A GUERRA MUNDIAL ......................................................................................................................... 33 5.1 OS CLUBES CHECOS NO BRASIL DESDE O FIM DO SÉCULO 19 ATÉ À 1A GUERRA MUNDIAL ................... 33 5.1.1 Slavia ...................................................................................................................................... 33 5.1.2 České národní sdružení ........................................................................................................... 34 5.1.3 První československý spolek Přemysl ..................................................................................... 34 5.1.4 Clube dos Lavradores ............................................................................................................. 35 5.2 OS CLUBES CHECOS NO BRASIL DEPOIS DA 1A GUERRA MUNDIAL ...................................................... 35 5.2.1 Slavia ...................................................................................................................................... 35 5.2.2 As menores associações........................................................................................................... 35 CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 37 RESUMÉ V ČEŠTINE ........................................................................................................................... 40 ENGLISH SUMMARY........................................................................................................................... 41 ANOTACE .............................................................................................................................................. 42 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................... 43 LISTA DAS IMAGENS .......................................................................................................................... 45 LISTA DAS TABELAS ........................................................................................................................... 45 Introdução Neste trabalho temos a intenção de apresentar a história da emigração checa para o Brasil. Quando estudámos vários textos sobre esse assunto, encontrámos que ninguém trata desse tópico de uma maneira geral, por isso decidimos analisar e reunir essas informações fragmentárias e fazer o resumo da imigração checa para o Brasil desde o seu início no século 17 até à segunda guerra mundial. Não se fala muito sobre a emigração checa para o Brasil, porque esta não é considerada muito significativa em comparação, por exemplo à emigração para os Estados Unidos da América ou para a Argentina. Nesse trabalho tentaremos mostrar que a emigração checa para o Brasil não é prescindível e vale a pena explorá-la. O trabalho é dividio em cinco capítulos. No primero capítulo estudaremos os destinos dos primeiros “imigrantes” checos no Brasil no século 17. O seguinte capítulo é dedicado a notáveis cientistas e exploradores jesuítas nos séculos 17 e 18, com ênfase nas suas actividades científicas. Em seguida observaremos a emigração checa desde o século 19 até à fundação da Checoslováquia. Primeiro descreveremos a política brasileira de imigração e depois aprentaremos a política de emigração da Áustria-Hungria. A seguir estudaremos os números dos emigrantes checos, descrevendo as expedições checas e os destinos de alguns emigrantes. Depois, investigando as décadas de 1920 e de 1930, apresentaremos também os números dos emigrantes checos que chegaram ao Brasil nesse tempo, comparando as várias estatísticas e estimações dos historiadores. Dedicar-nos-emos aos projectos da colonização das autoridades checas e à vida de vários emigrantes. Terminaremos o trabalho examinando os diversos clubes checos criados no Brasil e, estudando as suas actividades desde o fim do século 19 até à segunda guerra mundial. 5 1. Os primeiros checos no Brasil no século 17 O Brasil foi descoberto no início do século 16, mas os primeiros checos chegaram só no século 17. Não existem as fontes que confirmem a presença dos checos no Brasil anteriormente. Nesse século não havia uma emigração organizada dos países checos, pessoas vinham individualmente para o Brasil. 1 Neste capítulo examinaremos concretamente os destinos do Šimon Kohout de Lichtenfeld e o Jiří Kryštof Kaplíř, o cavaleiro de Sulevice. Ambos entraram no Brasil por intermédio dos holandêses, em concreto, pela Companhia das Índias Ocidentais, que foi fundada pelos holandêses no ano de 1621. 2 Essa companhia foi fundada com o fim de adquirir novos territórios, ou seja, segundo Nicolette Mount, “com o fim de enfraquecer o poder militar e econômico do inimigo espanhol no hemisfério ocidental e de expulsá-lo, em particular, das suas rendosas colônias.”3 Os Holandêses tiveram interesse na colónia portuguesa do Brasil e no ano de 1635 eles conquistaram as partes desse território: “os holandeses conquistaram, em 1629, definitivamente a Bahia e após dois anos também o Recife. Em 1635 o litoral das capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande encontrava-se nas mãos dos neerlandêses.”4 Entretanto não era fácil manter os novos territórios para holandêses, porque nesses territórios viviam muitos portugueses naturalmente descontentes com essa situação. Em 1645 estourou uma insurreição da população portuguesa. As tropas holandêsas eram pouco numerosas para poderem reprimir a insurreição. A W. I. C. (Companhia das Índias Ocidentais) viu-se forçada a pedir ajuda aos Estados Gerais.5 E assim eram enviadas algumas expedições de guerra ao Brasil, nas quais participaram os checos. Ambos viveram nos Países Baixos pelos motivos políticos. Tiveram de emigrar dos países checos, porque as famílias deles participaram no levantamento checo que ocorreu nos anos 1618 – 1620. O levantamento foi dirigido contra o reinado dos 1 KLÍMA, Jan. Dějiny Brazílie. Praha: Lidové noviny, 1998, s. 340. Ibid., přel. K. Bátorová z org. „První Češi se do Brazílie dostali jako zaměstnanci nizozemské Západoindické společnosti“. 3 Mount, Nicolette: Os primeiros Checos no Brasil. In: Ibero-americana Pragensia III, 1969, s. 219. 4 Ibid. 5 Ibid., s. 220. 2 6 Habsburgos e também contra o catolicismo. Todavia, o levantamento foi reprimido após a perdida Batalha da Montanha Branca no ano de 1620. Por causa disso muitos checos saíram do país. 1.1 Šimon Kohout de Lichtenfeld Šimon Kohout de Lichtenfeld foi natural de Praga e como já escrevemos, ele teve de emigrar aos Países Baixos porque, segundo o Mount, foi “descendente de uma rica família burguêsa, que tinha participado no levantamento tcheco de 1618-1620.”6 Durante a navegação ao Brasil, muitos soldados holandese morreram e um grande número de outros não era capaz de combater depois de entrarem no Brasil, porque durante a navegação sofreram da falta da saneamento e de doenças. Por isso, em Outubro de 1647, foi chamado ao Brasil o doutor Šimon Kohout de Lichtenfeld. Entretanto pouco se sabe sobre a sua actividade no Brasil ou durante a viagem. Morreu cerca de um ano depois da sua chegada a 4 de Dezembro de 1648.7 1.2 Jiří Kryštof Kaplíř, o cavaleiro de Sulevice Outro checo, que veio para o Brasil quase o mesmo tempo como Šimon Kohout, foi Jiří Kryštof Kaplíř, o cavaleiro de Sulevice, que „era descendente de uma conhecida família nobre tcheca a qual nos anos de 1618 – 1620 também participou no levantamento.”8 No ano de 1621, Kaplíř foi cruelmente perseguido e deixou os países checos. Depois ele não tinha dinheiro e vagueou pela Europa e no ano de 1637, provavelmente entrou no serviço holandês. Mais tarde foi nomeado capitão no regimento do coronel Van den Brande, onde prestou serviços como tenente.9 A seguir, a 31 de Dezembro no ano de 1647 embarcou com a expedição governada pelo Witt de With para o Brasil e em Março de 1648 desembarcou no Recife. A 19 de Abril de 1648 travou-se a Batalha dos Guararapes entre os holandêses e os rebeldes portuguêses e Kaplíř tomou parte nesta batalha. Ele comandava 63 homens „...40 aptos e 23 6 Ibid., s. 221. Ibid. 8 Ibid. 9 Ibid., s. 222. 7 7 inaptos.“10 Depois ele tomou parte em várias batalhas e expedições militares nas quais morreram muitos dos seus soldados, e meio ano mais tarde comandava somente 35 homens. “A 19 de Fevereiro de 1649 travou-se a segunda batalha dos Guararapes, na qual os holandêses sofreram uma grave derrota.“11 Nesta batalha participou também Kaplíř e morreu lá juntamente com os outros vinte soldados que comandava. Nem Šimon Kohout nem Kryštof Kaplíř sobreviveram longo tempo no Brasil, mas não se deve negar-lhes uma grande coragem. 10 11 Ibid. Ibid. 8 2. Os jesuítas checos no Brasil nos séculos 17 e 18 Durante os séculos 16, 17 e 18 os jesuítas da Europa chegavam ao Brasil para trabalharem aí. Eles principalmente catequizavam os índios, além disso dedicavam-se também às actividades científicas e à educação. Portanto fundavam as missões jesuíticas, chamadas reduções, que eram unidades económicas autónomas, nas quais vivia um grupo de índios com um missionário. Os índios viviam aí de acordo com a tradição cristã, recebeiam lá um tratamento digno e a alguma educação. Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil no ano de 1549. Entretanto os jesuítas checos entraram lá mais tarde. A primeira expedição chegou no ano de 1678, a segunda no ano de 1684 e outras nos anos de 1686 e 1687 e assim por diante. A ordem jesuítica ficou lá até ao ano de 1767. Durante esse tempo vieram a toda a América Latina provavelmente 150 jesuítas dos países checos, dos quais alguns também vieram para o Brasil.12 Na maioria das vezes os jesuítas checos não tinham ordenação sacerdotal e além das actividades missionárias dedicavam-se ao trabalho prático e faziam o que era necessário – eram construtores, arquitectos, administradores de fazendas, artesãos, médicos e professores. Também “os missionários checos no Brasil expandiram o culto de São João Nepomuceno canonizado em 1729 e também a adoração do Menino Jesus.”13 Depois da sua apelação retornaram da América Latina cerca de 70 jesuítas, que trouxeram muitos escritos sobre o seu trabalho anterior – crónicas, mapas, textos profissionais médicos, farmacológicos e astronómicos, gramáticas e dicionários de línguas indígenas e obras sobre a sociedade indígena.14 Aos jesuítas menos conhecidos que entraram no Brasil pertence Václav Hončík, 12 BARTEČEK, Ivo. Jezuité zemí Koruny české v Latinské Americe. Ostrava: Scholaforum, 1997. 21 s. KLÍMA, Jan. Dějiny Brazílie. Praha: Lidové noviny, 1998, s. 340. přel. K. Bátorová z org. „Čeští misionáři v Brazílii rozšířili kult svatého Jana Nepomuckého kanonizovaného v roce 1729 a také uctívání Pražského Jezulátka.“ 14 BARTEČEK, Ivo. Jezuité zemí Koruny české v Latinské Americe. Ostrava: Scholaforum, 1997. 21 s. 13 9 Franciscus V. Vocht e Jan Gintzel. Não conhecemos nada sobre a vida e as actividades de Václav Hončík ou Vocht.15 Conhecemos apenas poucas informações sobre Jan Gintzel. Ele foi de Chomutov. Chegou ao Brasil no ano de 1692 na quinta expedição.16 Entre os anos de 1694 e 1743 trabalhou em Salvador e em outras partes do Brasil. 17 2.1 Valentin Stanzel18 Valentin Stanzel nasceu no ano de 1621 em Olomouc. Estudou no colégio da Companhia de Jesus. “No dia 1º de Outubro de 1637, com 16 anos, Stanzel ingressou na Ordem e seguiu uma carreira longa e invulgar.” 19 Dedicou-se ao estudo da matemática, física e filosofia e falava a língua checa, alemão, latim e mais tarde aprendeu a língua portuguesa. Durante a sua vida escreveu numerosas obras de filosofia natural e de astronomia e também as obras religiosas. Nos países checos trabalhou como professor na Universidade Carolina de Praga e construiu diversos aparelhos. “Também atribuem a Stanzel um relógio de sol, no pátio chamado dos Estudantes...no Colégio Jesuíta Clementinum de Praga.”20 Em 1655 partiu dos países checos para Roma e, depois para Lisboa, permanecendo em Portugal até 1663. Lá trabalhou como professor da matemática e astronomia e preparou-se para uma carreira missionária. Originalmente quis ir como missionário para China, mas mudou de ideia e em 1663 veio para o Brasil. Logo após a chegada do missionário á Bahia, sua atividade de matemático e cientista foi intensa. Nos anos de 1664, 1665 e 1668 observou uma cometa e as suas observações são reunidas nas obras Legatus Uranicus ex Orbe in Veterem e Legatus uranicus sive cometa...observatus in Brasilia, Bahiae Omnium Sanctorum. Outra obra provavelmente da autoria de Stanzel sobre a observação da cometa em 1689 chama-se Discurso Astronômico. Nos anos de 1664 e de 1665 observou eclipses lunares e solares. Também escreveu as obras sobre a natureza do Brasil Coelis Brasiliensis Oeconomia 15 KLÍMA, Jan. Dějiny Brazílie. Praha: Lidové noviny, 1998, s. 341. NOVOTNÁ, Eva. Čeští jezuité, cestovatelé a objevitelé. Ikaros [online]. 2006, roč. 10, č. 7 [cit. 06.11.2012]. Dostupný na World Wide Web: <http://www.ikaros.cz/node/3531>. 17 KLÍMA, Jan. Dějiny Portugalska. Praha: Lidové noviny, 1996, 306 s. 18 Valentin Stansel - Um Observador Tcheco dos Céus Brasileiros. ŠTĚPÁNEK, Pavel.Afinidades históricas e culturais entre o Brasil e a República Tcheca. Brno: L. Marek, 2008, s. 81-102. 19 Ibid, s. 83. 20 Ibid, s. 84. 16 10 sive do benigmo syderum influxu, temperie e Mercurius Brasilius, que são hoje perdidas. Muito interessante é uma obra escrita em diálogo e publicada em 1685, que se chama Uranophilus Caelestis Peregrinus. Como afirma Štěpánek „trata-se de um diálogo entre três personagens: Uranophilus, Geonisbe e Urania, que passeiam pelo espaço discutindo a conformação dos céus e da Terra.”21 Desde o ano de 1685 foi professor da matemática e ética em San Salvador e no ano de 1694 tornou-se o reitor do Colégio dos Jesuítas na Bahia. Faleceu em 1705, aos 84 anos da idade. 2.2 Samuel Fritz22 Samuel Fritz nasceu no dia 9 de Abril de 1654 em Trutnov. Originalmente veio trabalhar ao território espanhol Alto Amazonas. Em 1684 chegou ao Equador, onde trabalhou aproximadamente dois anos com uma tribo indígena de Omag construindo a missão de San Joaquín. No ano de 1686 foi mandado de Quito ao Alto Amazonas e navegando pelo rio fundava os reduções. Em dois anos conseguiu chegar até ao estuário do Japurá, fundou aí a estação da missão central e examinou aí a paisagem mapeando e descrevendo a detalhadamente. Por causa de grandes inundações ele entrou no ano de 1689 ao território português, depois ficou muito doente e foi mandado a Belém onde foi considerado um espião e passou aí 18 meses na prisão, mas por fim soltado, retornou para o território espanhol. Ele navegou no rio Amazonas de Iquitos a Pará, no seu tempo uma viagem digna de admiração, por ser extremamente longa e difícil. Mais tarde, no ano de 1717, publicou o mapa que o fez famoso – Běh řeky Maraňonu, jinak Amazonky, od P. Samuela Fritze, misionáře Tovaryšstva Ježíšova.. Em resumo, criou dois mapas do rios Amazonas confiáveis em que reside a sua maior importância. Também ele descreveu detalhadamente as tribos indígenas na bacia do Amazonas – os costumes e hábitos deles e toda a vida defendeu os índios contra a sua escravização pelos portugueses e espanhóis. Faleceu no ano de 1725. 21 22 Ibid, s. 93. BARTEČEK, Ivo. Jezuité zemí Koruny české v Latinské Americe. Ostrava: Scholaforum, 1997. 21 s. 11 Img. 1: O mapa do rio Amazonas de Samuel Fritz 12 3. A emigração checa desde o início do século 19 até ao ano de 1920 3.1 O Brasil – a política de imigração desde o século 16 até ao ano de 1934 A imigração no Brasil começou já no ano de 1530: “quando começou a estabelecer-se um sistema relativamente organizado de ocupação e exploração da nova terra“,23 mas nos séculos 16 e 17 foi relativamente pequena. “A entrada de estrangeiros no Brasil era proibida pela legislação portuguesa no período colonial, mas isso não impediu que chegassem espanhóis entre 1580 e 1640, quando as duas coroas estiveram unidas; judeus (originários, sobretudo da Península Ibérica), ingleses, franceses e holandeses. Esporadicamente, viajavam para o Brasil cientistas, missionários, navegantes e piratas ingleses, italianos ou alemães.”24 Mas, até a independência do Brasil, chegavam lá principalmente os portugueses e o grande número dos africanos escravizados, cerca de 4,5 milhôes ao longo de quatro séculos de tráfico.25 A imigração cresceu nos primeiros cinquenta anos do século 18, quando foram nas Minas Gerais descobridas as minas de ouro e de diamantes. E a migração em grande escala começou na primeira metade do século 19, devido à independência do Brasil, e cresceu no fim do século 19. Em 1888 aboliu-se no país a escravidão sem indemnização e o Brasil apoiou a imigração, porque teve urgência da mão-de-obra para trabalhar nas plantações, principalmente nas grandes colheitas de café, e nas minas.26 Desde o ano de 1886 até ao ano de 1914 chegavam para o Brasil quase três milhões de estrangeiros. Em maior número, não contando os portuguêses e africanos, vieram para o Brasil os italianos, cerca de 1, 6 milhão, depois os espanhóis, cerca de 23 Imigração no Brasil. In: Brasil Escola [online]. [cit. 2013-03-13]. Dostupné z: http://www.brasilescola.com/brasil/imigracao-no-brasil.htm 24 Ibid. 25 Bueno, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2002. 26 Baďurová M. - Baďura B: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. 13 694 mil. Terceiro maior contingente dos imigrantes foram os alemães com 250 mil de imigrantes. Os alemães eram também os primeiros imigrantes, (exceto os portuguêses) a chegarem ao Brasil. Primeiros colonos chegaram em 1824 e fundaram a colônia no Rio Grande do Sul. O quarto maior grupo de imigrantes eram os japonêses com 229 mil de imigrantes. Em menor número chegavam as outras etnias como turcos, judeus, poloneses, russos, ucranianos, letões, chineses, sírio-libaneses e também os checos. Os emigrantes europeus estabeleciam-se especialmente no Sul do Brasil e os japonêses no São Paulo.27 Ao Brasil eram também atraídas pessoas para fundarem aí quintas pequenas, assegurando a produção agrícola mais diversificada, porque no Brasil havia principalmente as grandes plantações onde se cultivou o café e a produção agrícola era excessivamente uniforme. Aos imigrantes foi oferecido um transporte gratuito ou barato ou uma terra em prestações a longo prazo. Nos estados Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná ou nas zonas litorâneas entre São Paulo e Bahia eram fundadas colónias agrícolas e os imigrantes estabeleciam-se especialmente aí.28 O governo, temendo o crescente número de imigrantes da Ásia, principalmente do Japão, limitou a imigração em 1934. Eram introduzidas as quotas anuais para cada nação, chamadas A Lei de Cotas. Essa lei dizia que só podiam entrar no Brasil até 2% por nacionalidade do total de imigrantes entrados no país nos últimos 50 anos 29, por exemplo 246 checos ao máximo poderiam chegar ao Brasil. 30 Desde a decáda de trinta a imigração no Brasil descia bastante. 3.2 A Áustria-Hungria – a política de emigração desde o século 17 até ao século 19 Segundo Polišenský, nos séculos 17 e 18 os estados europeus não promoveram a 27 28 Bueno, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2002. Baďurová M. - Baďura B: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. 29 Imigração no Brasil. Bússola Escolar [online]. [cit. 2013-04-22]. Dostupné z: http://www.bussolaescolar.com.br/historia_do_brasil/imigracao_no_brasil.htm 30 BARTEČEK, Ivo. Vystěhovalectví do Latinské Ameriky. Češi v cizině.Praha: Ústav pro etnografii a folkloristiku ČSAV, 1996, č. 9, s. 172-197. 14 emigração: “Nos séculos 17 e 18 a maioria dos estados europeus no espírito do mercantilismo e fisiocratismo consideravam as suas populações, respectivamente os trabalhadores, como parte da riqueza nacional e não promoveram a emigração.” 31 Na primeira metade do século 19 a emigração da Áustria-Hungria foi estreitamente limitada pelas leis emitidas nos anos de 1784 e de 1832. Na segunda metade do século 19, a emigração não foi proibida, mas também não foi promovida. Em 1850 e 1867 as leis foram aliviadas. Contudo, obter a permissão das autoridades foi difícil. Por exemplo poderia durar até alguns anos para um emigrante receber um passaporte, geralmente três anos. Mais tarde esse processo foi acelerado e um emigrante recebeu um passaporte em dois meses. Mesmo os diversos agentes que atraíam as pessoas para emigrarem eram perseguidos ou as autoridades tentavam convencer o requerente de um passaporte que os agentes tinham mentido sobre a situação no país estrangeiro, o que aliás muitas vezes foi verdade.32 3.3 As estimativas do número dos imigrantes checos que chegaram para o Brasil desde o início do século 19 até ao ano de 1920 Em 1817 a arquiduquesa Leopoldina de Habsburgos tornou-se a esposa do Pedro, o herdeiro do trono brasileiro. Alguns cientistas checos como Jan Kristián Mikan, Jan Emanuel Pohl, Dominik Sochor eram membros do seu acompanhamento e mais tarde publicaram tratados científicos sobre o Brasil. Começaram-se a escrever também romances ou livros de viagens sobre o Brasil. Por exemplo, Václav Rodomil Kramerius reescreveu um romance germânico para os leitores checos e publicou o sob o títolo – Vystěhovanci do Brasilie aneb Chaloupka u Gigitanhonhy (1830), em que apareceu pela primeira vez o tema da emigração para o Brasil e algumas revistas checas publicaram artigos sobre o Brasil.33 31 Polišenský, J.: Úvod do studia dějin vystěhovalectví do Ameriky I.: Obecné problémy dějin českého vystěhovalectví do Ameriky 1848-1914, Praha, Univerzita Karlova 1992, s. 9. přel. K. Bátorová z org. “V 17. a 18. století většina evropských států v duchu merkantilismu a fyziokratismu považovalo své obyvatelstvo, popř. jeho pracující část, za součást národního bohatství a vystěhovalectví nepřála.“ 32 Ibid, s. 17. 33 KLÍMA, Jan. Dějiny Brazílie. Praha: Lidové noviny, 1998, s. 434-344. 15 A própria Checoslováquia é ligada ao Brasil, porque uma checa nobre, Alžběta Dobřenská de Dobřenice, casou em 1908 no Versailles com Pedro de Orléans-Bragança, neto do último imperador brasileiro Pedro II. e filho da princesa Isabel e Príncipe Gaston de Orleans, Duque d'Eu. Eles tiveram um filho, que se tornou o hipotético herdeiro do trono brasileiro. Os checos começaram a ser atraídos pelos agentes para as colónias já existentes no Brasil depois do ano de 1850, quando as leis sobre a emigração foram moderadas. Não sabemos muito sobre a emigração no século 19 antes do ano de 1850. Muito provavelmente não muitos checos emigraram para o Brasil. Como escreveu Barteček: “...se vieram emigrantes ao Brasil dos países checos, até a década da cinquenta eram pessoas individuais ou grupos menos numerosos.”34 É um grande problema calcular precisamente quantos checos emigraram para o Brasil desde o início do século 19 até ao ano de 1920. Em primeiro lugar, os registos sobre a emigração eram feitas na Áustria-Hungria só entre os anos de 1820 e de 1824 e eram imprecisos. Depois, as informações eram procuradas nos registos dos passageiros de navios ou de portos ou nas listas das pessoas que perderam a cidadania, etc. 35 Em segundo lugar, na estatística brasileira feita entre os anos de 1868 e 1920 os checos eram incluídos entre os membros da Áustria-Hungria. A pessoa que estudou a emigração checa ao Brasil no século 19 e nas primeiras décadas do século 20 foi Vlastimil Kybal, historiador e diplomata da República Checoslováca que serviu entre os anos de 1925-1927 como embaixador no Brasil e na Argentina. Ele estudou as estatísticas brasileiras feitas pelo Serviço do Povoamento entre os anos de 1868 e 1920 e calculou uma estimativa, bastante precisa e reconhecida, quantas pessoas dos países checos entraram no Brasil desde o ano de 1868 até ao ano de 1920. Pelas suas palavras “no Brasil, não é possível determinar o número exacto dos habitantes da Checoslováquia, pela razão, que estes estavam a ser contados ao ano de 1918 pelos autoridades locais entre os habitantes da Áustria-Hungria e mesmo durante o 34 Barteček, Ivo: Vystěhovalectví z českých zemí a Československa do Brazílie. In: Historie – Historica, 4, Ostrava 1996, s. 150. přel. K. Bátorová z org. „...pokud se však do Brazílie dostali vystěhovalci z českých zemí, pak to byli do 50. let jednotlivci nebo méně početné skupinky.“ 35 Baďurová M. - Baďura B: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. 16 recenseamento geral de 1920 não foram registados sob um título separado.”36 Segundo as estatísticas do Serviço do Povoamento entre os anos de 1868-1920 vieram da Áustria-Hungria para o Brasil 81 893 pessoas. Conforme Kybal, provavelmente todos não ficaram aí, alguns retornaram ou continuaram para outros países.37 No recenseamento geral feito no Brasil no ano de 1920 foi calculado que no Brasil viveram nesse ano 29 490 pessoas da Áustria-Hungria. De acordo com estes e outros dados Kybal calculou a sua estimativa que desde o ano de 1868 até ao ano de 1920 emigraram para o Brasil 7000 Checoslovacos. 38 3.4 A situação material dos emigrantes checoslovacos após a 1a guerra mundial Stanislav Klíma no seu livro Čechové a Slováci za hranicemi resumiu a situação e o número dos emigrantes checoslovacos após a primeira guerra mundial com as seguintes palavras: “No Brasil há 1500 checos e eslovacos. Eles vivem principalmente no Rio de Janeiro (130), São Paulo (no cidade e no estado 400), em Porto Alegre e no estado do Rio Grande do Sul (500). A maioria são trabalhadores industriais e agrícolas, a minoria são os proprietários das fazendas e pequenas fábricas insdustriais. Em 1922, os checos no Brasil possuíram 46 fazendas numa área de 2.898 ha e num valor de 271.608 réis. Clubes checos existem em São Paulo (Slavia - 100 membros, České národní sdružení e Komenský), em Porto Alegre (Československý spolek - 30 membros). Em toda a América do Sul (Argentina e Brasil) há 9500 tchecos.” 39 Os 36 KYBAL, Vlastimil. Jižní Amerika a Československo: s přehledem obchodní, finanční a emigrační činnosti jiných národů. V Praze: Literární výbor obchodnického spolku Merkur, 1928. s. 142. přel. K. Bátorová z org. „...v Brazílii není možno zjistiti přesný počet příslušníků československého státu, a to z toho důvodu, že tito byli až do r. 1918 započítáváni od místních úřadů mezi příslušníky Rakouskouherské a ani při všeobecném sčítání obyvatelstva r. 1920 nebyli zaznamenáni pod samostatnou rubrikou.“ 37 KYBAL, Vlastimil. Jižní Amerika a Československo: s přehledem obchodní, finanční a emigrační činnosti jiných národů. V Praze: Literární výbor obchodnického spolku Merkur, 1928., s. 144. 38 Ibid, s. 144. 39 KLÍMA, Stanislav. Čechové a Slováci za hranicemi. Praha: J. Otto, 1925. s. 172. přel. K. Bátorová z org. „V Brazilii je 1500 Čechů a Slováků. Jsou usedlí hlavně v městě Rio de Janeiro (130), v Sao Paulo (ve městě a státě 400), Porto Alegre a ve státě Rio Grande do Sul (500). Jsou to většinou dělníci průmysloví a zemědělští, z části majitelé menších polních hospodářství a menších průmyslových podniků. Roku 1922 měli Čechoslováci v Brazilii 46 usedlostí ve výměře 2898 ha a v ceně 271.608 milreisů. Krajanské spolky jsou v Sao Paulo (Slavia-100 členů, České národní sdružení a Komenský), 17 checoslovacos possuíram 8 fábricas industriais.40 Na tabela abaixo mostramos o número de fazendas nos estados individuas. Tabela 1: O número de fazendas nos estados individuais estado número de fazendas área São Paulo 6 1 484 ha Santa Catarina 23 898 ha Rio Grande 12 310 ha Paraná 4 202 ha Pará 1 41 3.5 A emigração organizada no século 1942 No século 19 saíram dos países checos algumas expedições organizadas com o fim de estabelecer as colónias no Brasil. Os checos vieram principalmente aos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em 1830 foi no estado da Santa Catarina fundada a colónia alemão – de Blumenau. Até ao ano de 1887 vieram aí 7 491 emigrantes do Alemanha e 262 da Áustria. Entre eles poderiam estar os checos, mas isso não sabemos com certeza. 3.5.1 A colónia de São Bento no estado de Santa Catarina A colónia de São Bento foi fundada em 1873 pelos emigrantes das regiões de Bavorsko e de Šumava. O colono Josef Zipperer escreveu a crónica da colónia e descreveu também os nomes dos colonos que se instalaram aí entre os anos 1874 e 1878. A maioria das pessoas, cerca de 200, originalmente vidreiros, foi natural das Porto Alegre (Československý spolek-30 členů).V celé jižní Americe (Argentina a Brazilie) je na 9500 Čechů.“ 40 KYBAL, Vlastimil. Jižní Amerika a Československo: s přehledem obchodní, finanční a emigrační činnosti jiných národů. V Praze: Literární výbor obchodnického spolku Merkur, 1928. 41 Ibid. 42 Baďurová M. - Baďura B: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. 18 regiões do Jablonec a Liberec, outros de Šumava. A maioria das pessoas era de nacionalidade alemã, mas três eram da nacionalidade checa. Estes checos eram mais tarde assimilados pela comunidade alemã. A colónia era independente, os colonos próprios construíram as suas casas, cultivaram o campo e negociaram com os índios vizinhos. 3.5.2 A emigração das regiões de Jablonec e Liberec Na década de sessenta do século 19 nas regiões de Jablonec e de Liberec descia o nível da vida dos vidreiros, cujos artigos não se vendiam muito, portanto um grande número deles decidiu emigrar. No dia 13 de Julho de 1873 saíram da região legalmente 17 famílias, em total 69 pessoas. Contudo, da região tinham que sair realmente mais pessoas, porque alguns meses mais tarde encontraram-se 150 pessoas no Brasil numa situação precária. Esses colonos foram atraídos para as colónias de Moniz e Theodoro no estado da Bahia por agentes irresponsáveis, chegando sem o equipamento básico que precisavam para sobreviver. O governo brasileiro pagou o retorno a 41 destes colonos. Essa expedição fracassada foi mais tarde aproveitada para a propaganda contra a emigração. A seguir em 1876 saíram do Jablonec legalmente 524 emigrantes, mas também um grande número, impossível de ser apurado, saiu da região ilegalmente. 3.5.3 Os emigrantes de Rovensko pod Troskami Em 1893 chegou para o Brasil ainda maior grupo checo dos cidades de Rovensko pod Troskami e Mladá Boleslav. Naquela região deteriorou o nível da vida, porque a principal actividade no município, amolação das granadas checas, encontrouse numa crise. Por isso um grupo da noventa pessoas decidiu emigrar para o Brasil e construir aí uma colónia checa. Eles chegaram a termos com os autoridades brasileiras, que lhes concederam grátis um pedaço da terra no Rio Grande do Sul. Esse grupo foi organizado e bem preparado. Eles levaram todo o material para a construção de casas (excepto a madeira e o tijolo), tecidos e vestuários, as sementes dos produtos da terra diferentes, e um ferreiro levou tudo o que precisava para o seu ofício. O grupo consistiu principalmente de trabalhadores, artesões e de um professor. O 19 membro do grupo era também o erudito Vladimír František Lorenc, sobre o qual escreveremos mais tarde. Eles puseram-se a caminho em Setembro de 1893 e, chegaram ao Hamburgo onde embarcaram no navio alemão Argentina. A 9 de Outubro de 1893 chegaram ao Rio de Janeiro, mas por causa duma revolução na capital, não puderam continuar a viagem ao Rio Grande do Sul e foram levados para a casa de emigrantes em Pinheiro. Uma parte dos emigrantes, incluindo Lorenc, começou a trabalhar numa mina em Minas Gerais, onde, no entanto, havia condições muito duras. Lorenc depois de um tempo voltou a Pinheiro e esforçou-se pelo que as autoridades brasileiras lhe pagassem a viagem de regresso, mas sem sucesso. A expedição, pois, se dividiu, a maior parte dos emigrantes foi o São Paulo. Uma colónia checa compacta no Brasil, como foi intencionado, não se fundou. 3.6 Os conhecidos emigrantes checos estabelecidos no Brasil desde o início do século 19 até ao ano de 1920 3.6.1 Josef Wolf de Rýmařov43 Ele chegou ao Brasil em 1855, porque tinha dívidas e quis escapar dos seus credores. No Brasil era bem sucedido. Fundou em Curitiba no estado de Paraná uma serraria de água e no ano de 1872 ou de 1873 viajou de volta à sua terra natal comparando com os seus credores. Depois regressou ao Brasil e levou consigo alguns parentes. Em 1876 viajou de novo para aos países checos sob o pretexto de algumas actividades comercias, e possivelmente teria recrutado ilegalmente 100 colonos para emigrarem ao Brasil. 3.6.2 Antonín Neugebauer44 Foi de Litomyšl e emigrou por motivos políticos, mas foi um emigrante mal sucedido e passou no Brasil somente alguns anos. No dia 19 de Outubro de 1886 embarcou no navio que navegou ao Brasil em junto com os alemães, portugueses, 43 Baďurová M. - Baďura B: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. 44 Ibid. 20 polacos, dinamarqueses, suecos, italianos e russos. Descreveu a incomodidade e a dieta pobre durante a navegação. Desembarcou no dia 15 de Novembro no porto de São Francisco e foi ao São Bento, mas não chegou aí, porque ganhou um trabalho numa família polaca em Lençóis – trabalhou na loja e ensinou as crianças do seu empregador. Entretanto não estava satisfeito, porque esse trabalho não ofereceu muitas perspectivas. Em 1887 viajou a Porto Alegre e trabalhou aí como garçom ou diarista, depois viajou a Montevideo e a seguir viveu dois anos em Buenos Aires. Em 1889 passou por uma revolução republicana no Brasil. Ele, então, voltou para a sua terra natal em 1916 e morreu em Litomyšl. 3.6.3 Vladimír František Lorenc45 Vladimír František Lorenc nasceu em 1872 em Zbyslav e morreu em 1952. Estudou no liceu em Čáslav e em Kolín, mas teve que acabar os seus estudos no sexto ano, porque foi muito doente. Mais tarde dedicou-se à política e ao jornalismo. Foi excepcionalmente talentoso em línguas, dominando muitas línguas estrangeiras. Quando tinha apenas 18 anos, escreveu um livro de esperanto. A 18 de Julho de 1893 tomou parte na demonstração trabalhista e por isso passou algumas semanas na prisão. Ouviu dizer que um grupo de checos ia mudar para o Brasil e a fim de escapar a perseguição política, decidiu juntar-se a este grupo. Foi um grupo de pessoas de Rovensko pod Troskami, que nós estudáremos anteriormente. Para o grupo ele era inestimável. Na viagem para o Brasil, aprendeu as noções básicas do português e depois trabalhou como tradutor para o grupo. Depois de que o grupo dividiu, trabalhou como operário em várias profissões, até se finalmente realizar como filólogo, educador, escritor e mesmo médico. Viveu na aldeia de São Feliciano e por um momento em Porto Alegre. 46 Participou também na vida social dos clubes checos no Brasil. Lorenc foi um de mais notáveis emigrantes checos. Destacou-se pela sua formação intelectual e pelo conhecimento de línguas estrangeiras. Escreveu algumas obras etnográficas e linguísticas sobre os índios – por exemplo a A mentalidade 45 46 Ibid. BLANC, Joan Francés. Úplná učebnice mezinárodní řeči dra. Esperanta [online]. Edicions Talvera, 2012, s. 5-14 [cit. 2012-11-20]. ISBN 979-10-90696-20-4. 21 Amerindia (escrita no esperanto e nunca publicada). Também estudou as línguas indígenas e escreveu por exemplo o livro Iniciação linguística. Nas revistas checas publicou a sua poesia e as lembranças, assim como as traduções checas de versos portugueses e espanhóis. 3.6.4 Os antepassados de Juscelino Kubitschek Segundo Klíma, o primeiro antepassado de Juscelino Kubitschek que emigrou para o Brasil foi o ferreiro Martin Kubíček que vendou a sua propriedade e emigrou em 1852 concretamente ao estado de Minas Gerais. 47 Štěpánek, porém, menciona o bisâvo Jan Nepomucky Kubitschek, originário da cidade de Třeboň, que emigrou para o Brasil por volta de 1830 – 1835.48 Contudo, sobre os avós e os pais de Juscelino Kubitschek temos melhores informações. O avô do presidente Augusto Eliás Kubitschek foi comerciante em Diamantina e membro do conselho da cidade, e o irmão de Eliás, João Nepomuceno Kubitschek foi: “Senador Constituinte estadual em Minas Gerais em 1891 e vicePresidente do Estado de 1894 a 1898.”49 O pai de Juscelino Kubitschek “após ser garimpeiro, foi delegado da polícia e fiscal de rendas do município de Diamantina, embora tenha-se dedicado, primordialmente, à profissão de caixeiro-viajante. Sua mãe, professora primária desde 1898, lecionava no distrito de Palha, percorrendo a pé, diariamente, extensa distância.”50 47 KLÍMA, Jan. Dějiny Brazílie. Praha: Lidové noviny, 1998, s. 357. ŠTĚPÁNEK, Pavel. Afinidades históricas e culturais entre o Brasil e a República Tcheca. Brno: L. Marek, 2008, s. 249. 49 Ibid. 50 Ibid. 48 22 4. A emigração checa desde o ano de 1920 até à 2ª guerra mundial Antes da formação da Checoslováquia os checos emigraram por motivos políticos ou devido à pobreza. Após a 1ª guerra mundial há novas razões. Algumas pessoas também emigraram por motivos políticos, por exemplo, para fugirem de nazistas que invadiram a República em 1939. Outros emigraram para a América Latina em vez dos EUA, porque lá foram em 1924 introduzidas as cotas da imigração e assim a imigração foi reduzida.51 No período da primeira república eram feitas algumas estatísticas checoslovacas de emigração e igualmente a instituição brasileira Directório do Serviço do Povoamento começou a levar em conta o fato de que o novo estado da Checoslováquia foi formado e fez as estatísticas concretas. O problema é que em muitos casos essas estatísticas não são iguais. 4.1 As estatísticas feitas por volta de 1920 – 1926 Neste subcapítulo vamos tratar das duas estatísticas sobre a emigração ao Brasil feitas por volta de 1920 – 1926 e estudadas por Vlastimil Kybal, que fez com base delas as suas próprias estimativas. Novamente não é possível determinar com precisão o número de emigrantes checos. Vlastimil Kybal estudou as duas estatísticas – a estatística brasileira que foi feita pelo Directório do Serviço do Povoamento entre anos de 1920 e de 1925 e a estatística checoslovaca que foi feita entre anos de 1922 e de 1926. O problema é que estas estatísticas não concordam. Kybal explica que “o número de imigrantes checoslovacos que chegavam para o Brasil desde o ano de 1918 é diferente nas estatísticas brasileiras e nas checoslovacas. As estatísticas checoslovacas eram feitas desde o ano de 1922, com base das estatísticas de passaportes emitidos, e eram corrigidas numas estatísticas de pessoas aceitas para transporte ao ultramar. Os dados são incompletos, porque não se 51 OPATRNÝ, Josef. Česká emigrace do Latinské Ameriky. Historický obzor, 1999, 10 (9/10), s. 216-217. 23 tome em conta uns emigrantes que vieram ao país por outro caminho.”52 Afinal, segundo a estatística feita pelo Directório do Serviço do Povoamento emigraram para o Brasil 2 228 emigrantes da Checoslováquia, enquanto segundo a estatística checoslovaca emigraram 982 pessoas. Kybal arguiu que os números da estatística brasileira são mais precisos, mas é necessário corrigi-los pelo número das pessoas que retornaram ao país de origem ou continuaram a outro país e afirmou que entre 1920 e 1926 emigraram para o Brasil 1 500 pessoas da Checoslováquia.53 No entanto, esse número não inclui apenas checos e eslovacos, mas também outras nacionalidades que eram nesse tempo os cidadãos checoslovacos – notavelmente alemães e russos. Barteček, que estudou esse problema mais tarde, constata, que desse número era cerca de 50 % checos e 50 % alemães e outras nações e estima que entre os anos de 1920 – 1926 emigraram 700 – 800 checos e eslovacos. Isto quer dizer que, em resumo, desde o ano de 1868 até ao ano de 1926 emigraram para o Brasil 7 700 – 7 800 checos e eslovacos.54 Outra vez não é possível separar as duas nações, os checos e os eslovacos, e calcular precisamente o número dos emigrantes checos. Para a complementação incluímos a tabela descrevendo a estatística checoslovaca completada pela estatística brasileira na base dos dados de Kybal, mas que não mostra as pessoas que vieram para o Brasil de outros países e as pessoas que mais tarde saíram do Brasil e vieram para outro país.55 Com respeito à profissão dessas pessoas, o maior número eram operários industriais, depois lavradores e comerciantes. 52 KYBAL, Vlastimil. Jižní Amerika a Československo: s přehledem obchodní, finanční a emigrační činnosti jiných národů. V Praze: Literární výbor obchodnického spolku Merkur, 1928. s. 142. přel. K. Bátorová z org. „Počet československých přistěhovalců do Brazilie od roku 1918 jest udáván jinak ve statistikách československých a jinak ve statistikách brazilských. Statistiky československé udávají počet vystěhovalců teprve od r. 1922 a činí tak na základě statistiky o vydaných pasech cestovních, korigované statistikou osob, převzatých k dopravě do zámoří. Data jsou neúplná, ježto se nebere zřetel na vystěhovalce, kteří přišli do země jinou cestou.“ 53 Ibid. s. 143. 54 BARTEČEK, Ivo. České a slovenské vystěhovalectví před druhou světovou válkou. KUNC, Jiří.Latinská Amerika: dějiny a současnost. Vyd. 1. Praha: Orientální ústav ČSAV, Oddělení Latinské Ameriky, 1988-1989, s. 161-180. ISBN 80-900055-5-1. 55 KYBAL, Vlastimil. Jižní Amerika a Československo: s přehledem obchodní, finanční a emigrační činnosti jiných národů. V Praze: Literární výbor obchodnického spolku Merkur, 1928. 24 Tabela 2: O número dos emigrantes da Checoslováquia entre os anos de 1922 – 1926 ano/nação checa e eslovaca alemão diferente em total 1922 167 45 7 2191 (205)2 1923 229 133 22 3841 (248)2 1924 52 65 9 1261 (111)2 1925 36 51 9 961 (459)3 1926 49 102 6 1571 (104)2 1 o número de requerentes do passaporte para o Brasil o número de pessoas que foram realmente aceites para o transporte 3 o número de emigrantes que realmente eram observados pelas autoridades brasileiras 2 4.2 O número dos emigrantes checos e eslovacos desde o ano de 1925 até á 2a guerra mundial À emigração desde o ano de 1925 até à segunda guerra mundial dedicou-se Barteček. Na revista o Diário Popular56 ele encontrou que, segundo o estudo do Departamento Estadual do Trabalho, entre os anos de 1925 – 1929 viveram em São Paulo 1 261 cidadãos checoslovacos57 e, segundo a observação da revista de Correio Paulistano,58 entre os anos de 1929 – 1934 chegaram para o Brasil 546 emigrantes da Checoslováquia, (em concreto em 1929 – 174, 1930 – 90, 1931 – 117, 1932 – 41, 1933 – 35, 1934 – 89).59 Barteček depois concluiu que desde o ano de 1925 até ao ano de 1934 teria vindo ao Brasil 900 emigrantes checoslovacos e assim teria vindo ao Brasil em conjunto (desde o ano de 1868) 8 600 checos e eslovacos. “Partindo de facto que a maioria dos emigrantes da Checoslováquia se dirigia ao estado de São Paulo, e considerando o número dos emigrantes registados ali como o limite inferior da emigração da Checoslováquia entre os anos de 1925 – 1929, então podemos assumir 56 A reconstituição do antigo reino da Bohemia. Diario Popular. São Paulo, 15. 5. 1930. BARTEČEK, Ivo. České a slovenské vystěhovalectví před druhou světovou válkou. KUNC, Jiří. Latinská Amerika: dějiny a současnost. Vyd. 1. Praha: Orientální ústav ČSAV, Oddělení Latinské Ameriky, 1988-1989, s. 166. 58 Tchecoslovaquia e a sua emigração. Correio Paulistano. São Paulo, 21.4. 1937. s. 33. 59 BARTEČEK, Ivo. České a slovenské vystěhovalectví před druhou světovou válkou. KUNC, Jiří. Latinská Amerika: dějiny a současnost. Vyd. 1. Praha: Orientální ústav ČSAV, Oddělení Latinské Ameriky, 1988-1989, s. 165. 57 25 que durante a década de 1925 – 1934 vieram ao Brasil pelo menos 1.800 emigrantes da Checoslováquia. Continuando a suposição de que os checos e eslovacos representaram cerca de 50 por cento das quotas de emigração total, cheguamos à conclusão...,que até ao meados da década de trinta chegaram para o Brasil em total pelo menos 8 600 checos e eslovacos.”60 A este número de 8 600 pessoas deve ser adicionado o número de emigrantes que chegaram entre os anos de 1934 – 1937, o que foi 172 pessoas (cerca da metade deles eram checos e eslovacos).61 Em resumo, segundo o estudo de Barteček, ao Brasil emigraram desde o ano de 1868 até à 2 a guerra mundial 8 700 – 10 000 checoslovacos. O primeiro número representa as estimativas mínimas checas, o segundo é a estimativa da estatística brasileira.62 Para a melhor orientação nos números serve a seguinte tabela. Dados relativos aos anos posteriores não os conhecemos. Tabela 3: As estimativas do número dos emigrantes checoslovacos desde o século 19 até ao ano de 1937 1868 – 19201 7000 1920 – 25/61 700 – 800 1925/6 – 342 900 2 1934 – 37 Em total 2 86 8 700 – 10 000 1 estimações de Kybal 2 estimações de Barteček 60 Ibid, s. 166. přel. K. Bátorová z org. „Vyjdeme-li ze skutečnosti, že do státu São Paulo směřovala většina vystěhovalců z Československa, a počet zde registrovaných imigrantů budeme oprávněně pokládat za dolní hranici imigračního přílivu z ČSR v letech 1925-29, pak můžeme předpokládat, že v průběhu desetiletí 1925-34 přišlo do Brazílie nejméně 1 800 československých vystěhovalců. Setrvámeli u předpokladu, že se Češi a Slováci podíleli na celkových vystěhovaleckých kvótách přibližně padesáti procenty, pak dospíváme k závěru...,že do poloviny 30. let přišlo do Brazílie celkem nejméně 8 600 Čechů a Slováků.“ 61 Ibid, s. 167. 62 Ibid, s. 167. 26 4.3 Onde viviam os checoslovacos no Brasil nas décadas de vinte e trinta Neste capítulo trataremos da questão em que regiões viviam os checoslovacos, baseando-nos nas informações de Barteček63, que estudou nos periódicos Krajan64 do ano de 1936 e Correio Paulistano65 do ano de 1937. Os números destes periódicos diferem. As estimativas brasileiras são novamente maiores, de que as checoslovacas. A metade dos checoslovacos vivia nas cidades industriais. Eram artesões, operários ou comerciantes. A maioria vivia na cidade de São Paulo – segundo Correio Paulistano viviam aí 2000 checoslovacos e segundo Krajan cerca de 1700 checoslovacos. Os emigrantes que não viviam nas cidades, lavradores, estabeleceram-se particularmente no estado do Rio Grande do Sul 66, mas outros também em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A colónia de Guarany, numa área de 180x100 quilómetros, ficava no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, 40 quilómetros da cidade de Santo Ângelo, na linha ferroviária de Santa Rosa. Viviam ali os polacos, alemães, suecos, italianos, brasileiros, checos e eslovacos. Os primeiros checos chegaram em 1896 e outros chegavam até à 1 a guerra mundial. No fim do ano de 1920, a maior comunidade foi representada por polacos – vivendo ali 300 famílias, e a menor comunidade eram checos, vivendo ali as 30 – 40 famílias.67 Na colónia de Minna Orroio do Ratto, que não está na tabela, teria vivido nos anos de trinta 26 famílias checas, e na colónia de Nova Bratislava, fundada em 1932, viviam por volta de 40 famílias eslovacas, e também alguns checos. Nas seguintes tabelas mostraremos os números dos emigrantes em vários estados 63 BARTEČEK, Ivo: Vystěhovalectví z českých zemí a Československa do Brazílie. In: Historie – Historica, 4, Ostrava 1996, s. 149-162. 64 Českoslovenští vystěhovalci v Brazílii. In. Krajan, roč. V., čís. 18, 15. září 1936, s. 3. 65 Tchecoslovaquia e a sua emigração. In: Correio Paulistano (São Paulo), 21.dubna 1937. 66 BARTEČEK, Ivo: Vystěhovalectví z českých zemí a Československa do Brazílie. In: Historie – Historica, 4, Ostrava 1996, s. 149-162. 67 Ibid. 27 e cidades.68 Tabela 4: Os emigrantes checoslovacos nas cidades industriais Cidade Estado Correio Paulistano1 Krajan2 São Paulo São Paulo 2000 1700 Porto Alegre Rio Grande do Sul 800 700 Rio de Janeiro Rio de Janeiro 600 - Curitiba Paraná 400 300 3800 2700 Em total 1 Tchecoslovaquia e a sua emigração. In: Correio Paulistano (São Paulo), 21.dubna 1937 Českoslovenští vystěhovalci v Brazílii. In. Krajan, roč. V., čís. 18, 15. září 1936, s. 3. 2 Tabela 5: Os emigrantes checoslovacos no campo Correio Paulistano1 Krajan2 São Bento, Santa Catarina Blumenau, Joinville 900 450 Erechim e B. Vista de E. Rio Grande do Sul 900 700 Guarany Rio Grande do Sul 450 300 S. Angelo Rio Grande do Sul 400 200 S. Jeronymo Rio Grande do Sul 250 100 Annitapolis Santa Catarina 120 100 Nová Vlast Paraná 60 50 B. de Antonina São Paulo 40 - Itariry São Paulo 20 20 3140 1920 Cidade Em total Estado 1 Tchecoslovaquia e a sua emigração. In: Correio Paulistano (São Paulo), 21.dubna 1937 Českoslovenští vystěhovalci v Brazílii. In. Krajan, roč. V., čís. 18, 15. září 1936, s. 3. 2 4.4 Os projectos de colonização nas décadas de vinte e trinta Nos anos de vinte e de trinta cresceu o interesse de checoslovacos pelos projectos de colonização no Brasil, particularmente em Paraná. O cônsul František 68 Ibid, s. 160. 28 Eichler estudou no estado de Paraná as condições para os colonizadores checoslovacos e pensava que eram favoráveis porque, entre outras coisas, ali viviam 150 000 polacos. Escreveu a notícia sobre as condições ao Ministério da Previdência Social checoslovaco em 1929.69 No estado de Paraná preparava-se um novo projecto. A cultivação de chá seria substituida pela cultivação do trigo, porque o Brasil se queria livrar da dependência da importação do trigo e do problema do declínio nas vendas de chá. Zdeněk Gayer elaborou um projecto agronómico e calculou que, para cobrir o consumo brasileiro, seria preciso um meio milhão de hectares de terras cultivadas. Para isso seria necessário 20 000 famílias numas 200 – 400 colónias de 50 – 100 famílias. Cada família receberia 60 hectares de terra e seria obrigada a plantar 25 ha de trigo e 5 ha de batatas inglesas. Zdeněk Gayer teria mandado a realizar esse projecto. Teria possuido uma terra a 40 quilómetros fora de Curitiba e a 10 quilómetros fora da estação de caminho de ferro mais próxima ou no sul do estado de Mato Grosso junto do rio Vaccaria. Aqui teria sido construida uma colónia experimental com 100 colonos, mas devido a Grande Depressão esse projecto não foi realizado.70 Em 1930 foi em Praga fundada a cooperativa colonizadora Nová Vlast com o fim de colonizar a terra no estado de Paraná, não longe da cidade de Londrina. 71 A fundação da colónia não era tão fácil. O governo de Paraná não promovia a colonização direta pelos estrangeiros e uma terra não era atribuída grátis. Os preços variavam de acordo com a distância da terra do caminho de ferro ou da cidade e para os pequenos camponês poderiam ser demais altos.72 A Nová Vlast ganhou 250 ha da terra da parte de Companhia de Terras Norte de Paraná (CTNP). Em 1931 partiram para o Brasil algumas expedições. 80 colonos com as famílias participaram nas primeiras três expedições, mas a maioria de colonos retornou a Checoslováquia no ano seguinte, porque se intimidaram das dificuldades e 69 BARTEČEK, Ivo. Československá kolonizace v Brazílii. Češi v cizině. Praha: Ústav pro etnografii a folkloristiku ČSAV, 1988, č. 3, s. 237-251. 70 Ibid. 71 BARTEČEK, Ivo: Vystěhovalectví z českých zemí a Československa do Brazílie. In: Historie – Historica, 4, Ostrava 1996, s. 149-162. 72 BARTEČEK, Ivo. Československá kolonizace v Brazílii. Češi v cizině. Praha: Ústav pro etnografii a folkloristiku ČSAV, 1988, č. 3, s. 237-251. 29 pensaram que tinham sido enganados. Em Paraná ficaram só 5 colonos (17 pessoas). Em 1935 teria partido a Paraná outra expedição, mas não temos informações, se teve sucesso. Em 1937 a cooperativa Nová Vlast foi terminada. Em Nová Vlast em Paraná estabeleceram-se cerca de 15 famílias. O projecto falhou provalvemente devido a má organização, a má liderança e também devido a colonos próprios, que eram da cidade e não estavam preparados para a vida no campo.73 Por volta do ano de 1935 o Instituto Checoslovaco Estrangeiro negociava com a Companhia de Cia de Terras Norte de Paraná e obteve a permissão de 30 colonos checoslovacos se poderem estabelecer por ano em Paraná. No entanto, este projecto eventualmente fracassou devido ao desenvolvimento político no final da decáda de trinta do século 20.74 4.5 Os conhecidos emigrantes checos estabelecidos no Brasil no período entre as duas guerras mundiais75 4.5.1 A família de Gayeros Karel Gayer ficou o mais famoso dessa família. Interessou-se pela cultura de trigo. Depois da 1a primeira guerra mundial dedicou-se ao estudo das sementes e à cultivação do trigo, primeiramente em Ponta Grossa em Paraná e depois em Alfredo Chaves (hoje Veranópolis) no Rio Grande do Sul. Tornou-se um dos maiores especialistas brasileiros nessa disciplina. Em 1924 deu ao Ministério da Agricultura um extenso relato sobre os trigos brasileiros e mudou-se para Itapetininga no estado de São Paulo e no período entre os anos de 1925-1930 trabalhou aí como cultivador. Durante a sua vida escreveu muitos artigos profissionais e é considerado um fundador dessa disciplina no Brasil. 73 BARTEČEK, Ivo: Vystěhovalectví z českých zemí a Československa do Brazílie. In: Historie – Historica, 4, Ostrava 1996, s. 149-162. 74 BARTEČEK, Ivo. Československá kolonizace v Brazílii. Češi v cizině. Praha: Ústav pro etnografii a folkloristiku ČSAV, 1988, č. 3, s. 237-251. 75 KLÍMA, Jan. Dějiny Brazílie. Vyd. 2., dopl. Praha: NLN, Nakladatelství Lidové noviny, 2011, 505 s. 30 Zdeněk Gayer estabaleceu se no Brasil antes da 2 a guerra mundial, e em Itaí no estado Paraná fundou a quinta Gayerovo. O seu parente, Josef Gayer, estebeleceu-se ao mesmo tempo em Curitiba onde fundou um restaurante. Tania Gayer-Ehlke, filho dos Gayeros, é historiadora e vive no Paraná. 4.5.2 Vladimír Kozák Nasceu em 1897 na cidade Bystřice pod Hostýnem. Para o Brasil chegou em 1924 e estabeleceu-se em Curitiba em Paraná. Trabalhava como técnico na central eléctrica, mas também estudava as diversas tribos indígenas no interior. Mais tarde tornou-se director do Centro de Documentação da Universidade do Estado de Paraná e dedicava-se à etnografia. Em 1938 chegou ao Brasil a sua irmã Karla Kozáková, que o ajudou com as suas investigações. Kozák escreveu famosos estudos sobre a tribo Xetás e fez filmos documentários. Deixando um extenso trabalho morreu em 1979. Segundo Fernanda Maranhão: “Ao longo de 132 anos de existência o Museu Paranaense reuniu um acervo de mais de 300 mil peças, entre objetos tridimensionais, documentos, obras de arte, fotografias e filmes, que registram a história e a cultura paranaense. Destaca-se neste acervo a coleção do cineasta e pesquisador Vladimir Kozák formada por filmes, fotografias, desenhos e aquarelas que retratam temas variados como o cotidiano de grupos indígenas brasileiros, manifestações da cultura popular, registros de comunidades e de cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Joinvile, além de temas diversos sobre o Paraná. Os registros cinematográficos de Kozák reúnem 36 horas de filmes em 16mm, coloridos e não sonorizados. Destes, 17 horas constituem um registro único sobre o homem e o território paranaense entre as décadas de 1940-1950, os quais constituem uma rica fonte de pesquisas para antropólogos, historiadores, cineastas, geógrafos e biólogos.” 76 4.5.3 Os arquitectos - Yaro Burian e Josef Pytlík Josef Pytlík projectou e construiu muitos edifícios públicos em muitas cidades brasileiras. No início da década de 1920 projectou com Pavel Janák, professor da 76 MARANHÃO, Fernanda. Obra cinematográfica de Vladimir Kozák. Museu Paranaense[online]. 2008 [cit. 2013-04-05]. Dostupné z: http://www.museuparanaense.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=64 31 Checoslováquia, o pavilhão para uma exposição no Rio de Janeiro em 1922. Yaro Burian ou Jaroslav Burian nasceu em Chropiň. Em 1934 chegou às Minas Gerais trabalhando para uma firma siderúrgica belga. Depois projectou alguns edifícios em Sabará e na cidade de João Monlevade projectou duas igrejas e um bloco dos apartamentos, que são até hoje chamadas Chácaras Burian. 4.5.4 Outros - Jiří Baum, František Pelíšek, František Jindra, Jan Pěkný, Anežka Srnová Jiří Baum chegou para o Brasil em 1924. Trabalhou como operário na quinta e numa empresa artesanal. Foi viajante e biólogo. Estudou a natureza brasilera nas proximidades das cidades, escrevendo sobre isso no seu livro para juventude - K neznámým břehům Brazílie. František Pelíšek nasceu em 1896 em Kutná Hora. No Brasil foi um professor do desenho no Rio e em Porto Alegre. Depois trabalhou para a revista o Globo como impressor e cartunista. František Jindra foi um editor e um administrados das revistas checas Slavia e Průkopník em São Paulo. Jan Pěkný dedicou-se no Brasil à florestação e à fruticultura. Morreu em 1958 em São Paulo. Anežka Srnová leccionava na escola checa e participava na vida de clubes checos. 32 5. Os clubes checos e as suas actividades no Brasil desde o século 19 até à 2a guerra mundial Os checos, dispersos no Brasil, tentaram apoiar-se mutuamente e fundaram os clubes e as associações de expatriados checos. O maior número dos clubes houve em São Paulo, mas outros clubes foram fundados também em Porto Alegre, em Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. 5.1 Os clubes checos no Brasil desde o fim do século 19 até à 1a guerra mundial77 5.1.1 Slavia A Slavia foi o primeiro clube checo, fundado no Brasil no dia 13 Outobro de 1895. Ao início teve vinte membros, na maioria pessoas pobres que viviam no subúrbio Villa Mariana em São Paulo. Numas casas de trabalhadores estabeleceram a biblioteca e ensinavam os seus filhos o checo. Em 1896 fundaram uma escola. Em 1902 mudaram o nome do clube para Vzdělávací, podporovací spolek Slavia. Ústřední jednota Slovanů v Brazílii se sídlem v São Paulo. Também se esforçaram por estabelecer uma cooperação com outros clubes – com os polacos e croatas, mas eles não estavam interessados. No entanto, em 1898 comecaram a cooperar com a Sociedade Auxiliadora Austro-Hungara, Instituição Imperador Francisco José I., que foi fundada no dia 30 Janeiro de 1898, uma associação destinada ajudar os emigrantes da Áustria-Hungria, desde que se encontrassem numa situação da pobreza. Criou se também um clube de leitura. Logo, porém, surgiu uma disputa entre os alemães e os povos eslavos. Da parte desse associação desuniu a nova associação, Viribus Unitis, principalmente liderada por checoslovacos, membros da Slavia. A Slavia nunca recebeu o apoio financeiro da 77 BAĎUROVÁ M. - BAĎURA B.: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. 33 Áustria-Hungria para a sua escola, onde em 1912 estudavam 30 crianças a história e a cultura e linguagem checa. Áustria-Hungria apoiou só a escola austro-alemã. O clube esforçou se por publicar uma própria revista e assim pôs-se em contacto com V. F Lorenc, que viveu nesse tempo em São Feliciano (hoje Dom Feliciano). Ele foi provido da copiadora. Em Novembro de 1902 imprimiu a primeira edição da revista Slavie, orgánu čechů v Brazílii. Essa revista deveu ser publicada mensalmente desde Maio de 1903, mas a primeira edição foi confiscada por razões desconhecidas pelas autoridades brasileiras. Foi resgatada só uma cópia e as outras edições não eram emitidas, porque o grande calor destruiu o copiador. 5.1.2 České národní sdružení Outro clube que foi fundado em São Paulo em 1915, foi České národní sdružení, criado para apoiar a checoslovaca resistência estrangeira. A associação projetou a enviar os emigrantes checoslovacos para ajudarem com a construção das Legiões Checoslovacas, mas devido às problemas em comunicação com a resistência em Paris, devido às problemas de transporte, e também devido ao pequeno número dos emigrantes checoslovacos no Brasil, foi esse projeto cancelado. No dia 15 de Julho de 1917 publicou o editor Jan Veselý, em cooperação com Slavia, o primeiro número da primeira revista checa na América Latina – Slovan, com o fim livrar os checos a dependência das revistas alemães, porgue 75 % dos checos não sabiam o português. Os alemães não gostavam dessa revista. Até hoje têm sido descobridas três edições da revista. České národní sdružení dedicava-se mais às actividades culturais, por exemplo em 1917 traduziu Labyrint světa a ráj srdce de Jan Ámos Komenský ao português. 5.1.3 První československý spolek Přemysl První československý spolek Přemysl foi fundado por volta do ano de 1905 pelas 20 famílias em Jaguari no estado do Rio Grande do Sul. O seu símbolo escolhido foi Přemysl Oráč. As famílias viveram muito longe de si, o que dificultou uma comunicação. Eles tinham o grande problema em manutenção da cultura e da linguagem checa. Cooperavam com Slavia. 34 5.1.4 Clube dos Lavradores Clube dos Lavradores (Klub rolníků) foi fundado no dia 4 de Abril de 1906 em Sabará na colónia de Maria Custodia no estado de Minas Gerais. Entre os fundadores eram algumas pessoas da expedição de Rovensko, por exemplo o presidente Jan Hamáček, que chegou para o Brasil com V. F. Lorenc. Hamáček era também o membro do conselho municipal em Sabará e vice-presidente da conferência trabalhista no estado de Minas Gerais. Os membros dessa associação não eram só os checos, mas eles tinham a maioria. 5.2 Os clubes checos no Brasil depois da 1a guerra mundial78 5.2.1 Slavia Em 1925 Vlastimil Kybal tornou-se um embaixador checoslovaco no Brasil, e em 1927 foi em São Paulo fundado o consulado eficiente. Slavia continuava nas suas actividades com apoio desses instituções. Em 1926 foi fundado o clube da ginástica Sokol e em 1930 eram contratadas as salas e foi fundado o Československý dům. Slavia também mantia uma biblioteca e uma sala da leitura e uma escola. Em 1930 começou-se com uma publicação da revista Brazilský průkopník ou Brazilský Slovan. Saiu cadas 14 dias e conteu os artigos em língua eslovena e croata. Mas saíram só alguns números, porque esse projecto foi demais exigente. Então, em 1934 começou a sair a nova revista Věstník. Isso foi o menor projeto e por isso bem sucedido. A revista saiu cado mês. 5.2.2 As menores associações Em São Paulo haviam em breve outras duas associações – Komenský e Šumavan. Na colónia de Nová Bratislava foi em 1938 fundada a escola eslovaca. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul havia o clube Československý spolek. Na decáda de trinta tinha os 50 membros e os membros possuíram a biblioteca. Outras menores associações que existiam em breve na década de vinte e trinta 78 BARTEČEK, Ivo. Vystěhovalectví do Latinské Ameriky. Češi v cizině.Praha: Ústav pro etnografii a folkloristiku ČSAV, 1996, č. 9, s. 172-197. 35 haviam o clube Guarany na colónia de Guarany (no Rio Grande do Sul), o clube dos leitores em Annitapolis (em Santa Catarina), o clube Bratislava em Lodrina (em Paraná) o clube Slovan em São Sebastião de Boa Vista e o clube Přemysl em Jaguari (no Rio Grande do Sul). 36 Conclusão Neste trabalho decrevemos a emigração checa desde o século 17 até à segunda guerra mundial. Esse relativamente longo período do tempo dividimos nas cinco partes distintas e estudámos mais em pormenor nos quatros capítolos individuais. O último capítolo dedicámos aos vários clubes checos no Brasil. Primeiro descrevemos os destinos e a vida de Šimon Kohout de Lichtenfeld e de Jiří Kryštof Kaplíř, os primeros checos que entraram no Brasil em 1647. Šimon Kohout era doutor, chamado ao Brasil para curar uns soldados, mas não vivia ali por longo tempo e morreu o ano seguinte. Jiří Kryštof Kaplíř era soldado e morreu numa batalha contra os portuguêses em 1649. A seguir observámos as actividades dos jesuítas checos, cujas ordem operava no Brasil quase 100 anos desde o ano de 1678 até ao ano de 1767 e, aproximando de pouco as actividades jesuíticas no Brasil. À América Latina chegavam 150 jesuítas checos. Conhecemos só cinco deles que entraram no Brasil – Václav Hončík, Franciscus V. Vocht, Jan Gintzel, Valentin Stanzel e Samuel Fritz. Não sabemos muito sobre a vida dos primeiros três, mas Stanzel e Fritz são as pessoas eminentes. Stanzel foi professor e grande cientista. São conhecidas principalmente as suas obras sobre as observações das cometas no Brasil. Samuel Fritz era explorador sigificativo. Navegou no rio Amazonas de Iquitos a Pará e elaborou dois mapas do rio Amazonas confiáveis. Estudou os costumes dos índios, toda a sua vida defendendo os contra a escravização. Depois movemos para o século 19 e analisamos as políticas diferentes da Áustria-Hungria e o Brasil em relação à emigração e à imigração. O Brasil apoiou a imigração, especialmente desde o ano de 1888, quando foi abolido a escravidão ali, até ao ano de 1934, quando, temendo o crescente número dos emigrantes da Ásia, intriduziu as quotas anuais para cada nação. A Áustria-Hungria não estimulava a emigração dos seus cidadãos. Tratámos também uma idéia, que é muito difícil calcular o número preciso dos emigrantes checos, que entraram no Brasil desde o início do século 19 até o ano de 37 1920, porque eles eram incluídos nas estatísticas brasileiras entre os membros da Áustria-Hungria até ao ano de 1920 e as estatísticas checas para este período não existem. Vlastimil Kybal estudou as várias estatísticas e calculou a sua estimativa, bem reconhecida hoje, que desde o ano de 1868 até ao ano de 1920 emigraram para o Brasil 7000 checoslovacos. Agora é importante apontar, que não é possível separar a nacionalide checa e eslovaca nas estatísticas, essas nacões são sempre contadas juntas. Ficando nesse período, estudámos a fundação da colónia de São Bento e as expedições organizadas das regiões de Jablonec e Liberec e de Rovensko pod Troskami. Em seguida observámos os destinos dos alguns emigrantes, destacando linguista V. F. Lorenc e os antepassados de ex-prezidente Juscelino Kubitschek, que chegaram ao Brasil em 1852 ou por volta dos anos de 1830 – 1835. Chegando ao século 20, concretamente à decada de 1920 e de 1930, estudámos os trabalhos de Vlastimil Kybal e Barteček, que se dedicaram ao estudo de número dos emigrantes checoslovacos (novamente não é possível separar checos dos eslovacos) nas primeiras décadas do século 20 e com base desses dados chegamos à conclusão que desde o ano de 1868 até ao ano de 1937 emigravam para o Brasil 8 700 – 10 000 checoslovacos. Infelizmente, não tomámos as informações sobre os anos que se seguem. A maioria dos checolovacos vivia no centro indutrial em São Paulo. Eles ganharam a vida como operários, comerciantes ou artesões. A menor parte dos checoslovacos eram os lavradores que viviam no campo escpecialmente no Rio Grande do Sul. A seguida descrevemos os diversos projectos de colonização na decáda de 1930. František Eichler estudou as condições em Paraná para os checoslovacos e pensava que eram favoráveis. Depois Zdeňek Gayer elaborou o projecto agronómico e em 1930 foi fundada a cooperativa colonizadora Nová Vlast. Essa cooperativa intentou fundar a colónia checoslovaca em Paraná. Mas esse projecto falhou eventualmente, devido a má organização e os próprios colonos, que não eram, na maioria dos casos, preparados para uma vida rural e também devido ao desenvolvimento político às vésperas da 2 a guerra mundial. Em Paraná ficaram só algumas famílias checoslovacas. No fim do quarto capítolo observámos os destinos de alguns emigrantes conhecidos, destacando o cultivador Karel Gayer, famoso etnógrafo, fotógrafo e 38 documentarista Vladimír Kozák e arquitectos Yaro Burian e Josef Pytlík. Último capítolo desse trabalho é dedicado aos clubes checos em Brasil. Apresentámos mais detalhadamente Slavia em São Paulo, o maior clube checo, e České národní sdružení, mencionando os clubes menores – První československý spolek Přemysl, Clube dos Lavradores, Guarany, Annitapolis, Bratislava e Slovan. 39 Resumé v češtině Tato bakalářská práce se zabývá českou emigrací do Brazílie od počátků v 17. století až do druhé světové války. Ve čtyřech kapitolách chronologicky mapujeme naši emigraci do Brazílie a poslední pátá kapitola je věnována českým krajanským spolkům, které v Brazílii vznikly. První kapitola se zaměřuje na emigraci v 17. století. V této době „emigrovali“ do Brazílie, tehdejší portugalské kolonie, dva češi – doktor Šimon Kouhout z Lichtenfeldu a voják Jiří Kryštof Kaplíř, rytíř ze Sulevic. Dostali se tam ve službách Nizozemské východoindické společnosti, ale ani jeden z nich nepřežil v Brazílii více než dva roky. V další kapitole sledujeme osudy několika českých jezuitů, kteří působili v Brazílii, hlavně nás zajímá vědec Valentin Stanzel a cestovatel a etnograf Samuel Fritz. Potom se věnujeme české emigraci v 19. století. Nejdříve rozebíráme přístup Brazílie, popřípadě Portugalska, k emigraci od 16. století až do třicátých let dvacátého století. A pak popisujeme přístup Rakouska-Uherska k vystěhovalectví od 17. století do vzniku Československa. Zmiňujeme Kybalovy odhady počtu československých přistěhovalců žijících v Brazílii od roku 1868 až do roku 1920 a zjistíme, že do Brazílie v průběhu této doby pravděpodobně odešlo na 7 000 Čechoslováků. Pak popíšeme osudy několika jednotlivců a skupin. V další kapitole se zabýváme počtem československých vystěhovalců, kteří přicházeli do Brazílie od roku 1920 až do začátku druhé světové války. Zjišťujeme, že jich bylo asi 1 600 až 3 000. Stejně jako předtím zmíníme osudy několika jednotlivců. Také zmíníme, kde se Češi usazovali, a popisujeme naše kolonizační projekty. V poslední kapitole se zabýváme vznikem několika českých krajanských spolků v Brazílii a jejich činností. Nejvíce se věnujeme největšímu krajanskému spolku a to Slavii, dále Českému národnímu sdružení a následují menší spolky jako První československý spolek Přemysl, Klub rolníků, Guarany, Annitapolis, Bratislava a Slovan. 40 English Summary This bachelor thesis deals with the Czech emigration to Brasil from its beginning in the 17th century to the World War II. There are four chapters chronologically ordered, in which we examine our emigration to Brasil and the chapter five is dedicated to various czech organizations of compatriots. The first chapter focus on emigration in 17th century. These times emigrated to Brasil, then a portuguese colony, two czechs – doctor Šimon Kouhout from Lichtenfeld and a soldier, Jiří Kryštof Kaplíř, knight from Sulevice. They got there in the service of Dutch-East India Company, but none of them survived in Brazil more than two years. In another chapter we examine the fates of the two Czech Jesuits, who worked in Brasil, mainly we are interested in a life of a scientist Valentin Stanzel and an explorer and an ethnographer Samuel Fritz.. Then we deal with the Czech emigration in the 19 th century. First, we discuss the approach of Brazil, or Portugal, to the imigration in the period from the 16 th century to the 1930th . Then we discuss the approach of Austria-Hungary to emigration in the period from 17th century until the formation of Czechoslovakia. We mention Kybal's estimates about the number of Czech immigrants living in Brazil from 1868 to the 1920 and we find out, that during this period came to live to Brazil approximately 7 000 Czechoslovaks. Then we describe the lives of several individuals and the fates of some groups. In the next chapter we deal with the number of Czechoslovak's imigrants who came to Brazil from 1920 until the beginning of the World War II. We find out that there were about 1 600 to 3 000. As before, we mention the lives of several individuals. Also we mention, where the Czechs settled and describe our colonization projects. The last chapter describes the emergence of several Czech expatriate associations in Brazil and their activities. We are mostly focused on the largest association Slavia, then Czech National Associations and follow smaller clubs like First Czechoslovak Society Přemysl, Club of Peasants, Guarany, Annitapolis, Slovan and Bratislava. 41 Anotace Jméno a příjmení autora: Kateřina Bátorová Název fakulty a katedry: Filozofická fakulta, Katedra romanistiky Název bakalářské práce: A emigração checa para o Brasil desde o início até ao século XX Vedoucí bakalářské diplomové práce: PhDr. Zuzana Burianová, Ph.D. Počet znaků: 76641 (64 366 bez mezer) Počet příloh: 0 Počet titulů literatury a internetových zdrojů: 21 Klíčová slova: Brazílie, Československo, Česká republika, Rakousko-Uhersko, jezuité, emigrace, česká emigrace do Brazílie, české krajanské spolky Abstrakt: Tato bakalářská práce se zabývá českou emigrací do Brazílie od počátků v 17. století až do druhé světové války. Ve čtyřech kapitolách chronologicky mapuje naši emigraci do Brazílie a poslední pátá kapitola je věnována českým krajanským spolkům, které v Brazílii vznikly. 42 Bibliografia BAĎUROVÁ M. - BAĎURA B.: Vystěhovalectví z českých zemí do Brazílie před vznikem ČSR, in: Český lid, 82, 1995, č. 4, s. 323-335. BARTEČEK, Ivo. Jezuité zemí Koruny české v Latinské Americe. Ostrava: Scholaforum, 1997. 21 s. Tematický sešit. Dějepis. ISBN 80-86058-35-2. BARTEČEK, Ivo. České a slovenské vystěhovalectví před druhou světovou válkou. KUNC, Jiří. Latinská Amerika: dějiny a současnost. Vyd. 1. Praha: Orientální ústav ČSAV, Oddělení Latinské Ameriky, 1988-1989, s. 161-180. ISBN 80-900055-5-1. BARTEČEK, Ivo. Vystěhovalectví do Latinské Ameriky. Češi v cizině.Praha: Ústav pro etnografii a folkloristiku ČSAV, 1996, č. 9, s. 172-197. BARTEČEK, Ivo. Vystěhovalectví z českých zemí a Československa do Brazílie. In: Historie – Historica, 4, Ostrava 1996, s. 149-162, německé resumé. ISBN 80-7042-4540. 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ISBN 978-80-87127-08-7. 44 Lista das imagens Imagem 1: O mapa do rio Amazonas de Samuel Fritz...................................................12 Lista das tabelas Tabela 1: O número de fazendas nos estados individuais...............................................18 Tabela 2: O número dos emigrantes da Checoslováquia entre os anos de 1922 – 1926.................................................................................................................25 Tabela 3: As estimativas do número dos emigrantes checoslovacos desde o século 19 até ao ano de 1937......................................................................................26 Tabela 4: Os emigrantes checoslovacos nas cidades industriais ……………………...28 Tabela 5: Os emigrantes checoslovacos no campo…………………………………….28 45