Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e
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Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e
INFLUÊNCIA DOS FATORES ABIÓTICOS SOBRE A MICROBIOTA FÚNGICA POTENCIALMENTE TOXIGÊNICA ISOLADA DE ARROZ ARMAZENADO Andréia Bianchini1, Samira Emi Kitazawa1, Isa Beatriz Noll1, Carlos Alberto Fagundes2. 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICTA/UFRGS), 2Instituto Riograndense do Arroz (IRGA). CP 15090, CEP 91501-970, Porto Alegre-RS. [email protected]. Palavras-chave: umidade, temperatura, umidade relativa, fungos e armazenamento. O Brasil é um grande produtor e consumidor de arroz, uma vez que esse cereal faz parte da alimentação básica da sua população, sendo consumido regularmente. Por ser um produto sazonal consumido regularmente, esse produto requer um sistema de colheita e armazenamento capaz de suprir a demanda de mercado, durante a entressafra, e oferecer sempre um produto de qualidade. Durante o armazenamento um dos responsáveis por perdas na qualidade do arroz é a contaminação fúngica, de modo que o produto passa a ter um menor valor nutricional e comercial e pode veicular toxinas. Nesse contexto, encaixa-se esse trabalho que buscou uma relação entre a presença de fungos de gêneros toxigênicos e os fatores abióticos (umidade, temperatura e umidade relativa) durante o armazenamento do arroz. O levantamento de dados produzido elucidou o comportamento das variáveis de influência sobre o sistema de armazenamento, permitindo assim, que essas possam ser posteriormente controladas. Para a realização dos experimentos foram utilizados três silos pilotos localizados no Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), no município de Cachoeirinha – RS, com capacidade para 7ton de arroz. A amostragem foi realizada em duas alturas do silo (0.15 e 1.60m), em duplicata, quinzenalmente enquanto os silos estavam em regime de secagem, e mensalmente após esse período, durante 9 meses. As medidas de temperatura da massa de grãos e umidade relativa (UR) no interior dos silos foram realizadas diariamente, sendo a temperatura determinada diretamente, com o auxílio de uma termossonda, enquanto a umidade relativa com o auxílio de cartas psicrométricas e informações diárias de temperatura e umidade relativa ambiente, de modo indireto. No IRGA foi realizada a análise diária da umidade do arroz de acordo com a metodologia sugerida pelas Regras de Análise de Sementes (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO ABASTECIMENTO E DA REFORMA AGRÁRIA, 1992). A avaliação da microbiota fúngica foi realizada com base no isolamento de fungos potencialmente produtores de micotoxinas (Peniciliium spp e Aspergillus spp), à partir do plaqueamento das amostras em ágar batata-dextrose ABNT (1987). O isolamento de 10 colônias dos fungos de interesse, para cada amostra, foi realizado em tubos com ágar Sabouraud. A identificação das espécies fúngicas foi realizada de acordo com PITT (1988) e KLICH e PITT (1988). Os resultados foram avaliados por meio de testes de regressão múltipla, com o auxílio do software Statistic 5.1. Os gêneros Penicillium e Aspergillus foram os mais observados durante todo o experimento nas amostras. A presença predominante desses gêneros também foi observada em arroz por TONON et al. (1997) e NUNES (2001). A Figura 1 apresenta a freqüência média de aparecimento de cada uma das espécies isoladas, desconsiderando o silo e a altura aos quais pertenciam, onde é possível verificar que dentre as espécies de Penicillium as que mais apareceram foram P. crustosum, P.implicatum e P. canescens enquanto dentre as espécies de Aspergillus as que se destacaram foram A. flavus, seguida de A. parasiticus. TONON et al. (1997) analisando a microbiota de arroz em casca e moído, provenientes do nordeste da Argentina e sul do Paraguai, verificaram um domínio das espécies Penicillium citrinum, P. islandicum, Aspergillus niger, A. flavus e Fusarium semitectum. Apesar dos gêneros predominantes terem sido os mesmos, os resultados obtidos pelos referidos autores diferem em nível de espécie dos aqui apresentados. Essas diferenças podem ser atribuídas principalmente às diferenças climáticas entre as regiões de desenvolvimento das culturas. FREQUÊNCIA MÉDIA DE APARECIMENTO DAS ESPÉCIES 60 50 30 20 T. flavus A. sojae P. miczynskii A. clavatus P. fellutanum A. oryzae A. parasiticus A. flavus P. canescens P. solitum P. corylophilum P. waksmanii P. griseofulvum P. melinii P. verrucosum P. viridicatum P. sclerotium 0 P. implicatum 10 P. crustosum FREQUÊNCIA (%) 40 FUNGO Figura 1: Freqüência média de aparecimento das espécies isoladas ao longo do experimento. De acordo com PITT (1988) Penicillum crustosum tem sido isolado a partir de muitos cereais, inclusive arroz, e rações animais, Penicillium canescens é um fungo amplamente distribuído e Penicillium implicatum possui características xerofílicas e é de significante importância biodeterioradora em alimentos secos. Dentre esses fungos a presença de Penicillium crustosum deve ser especialmente monitorada, uma vez que essa espécie pode ser produtora da micotoxina penitreno A, produzida em condições de alta atividade de água (PITT, 2002). Vale ressaltar ainda, apesar da baixa freqüência, o aparecimento de espécies micotoxigênicas descritas na Tabela 1, juntamente com as toxinas que podem produzir. Tabela 1: Fungos potencialmente toxigênicos isolados das amostras e suas toxinas. Espécie Fúngica Toxina Fonte P. viridicatum L’VOVA et al., 1992 ácido penicílico P. verrucosum ocratoxina A PITT, 1988 P. griseofulvum roquefortina C, ácido ciclopiazônico, FRISVAD e THRANE (1995) patulina e griseofulvina A. flavus aflatoxinas (grupo B), ácido aspergílico e FRISVAD e THRANE (1995) ácido ciclopiazônico A. parasiticus aflatoxinas (grupo B e G), ácido FRISVAD e THRANE (1995) aspergílico e ácido kojic A. oryzae ácido kojic e ácido ciclopiazônico FRISVAD e THRANE (1995) A. clavatus patulina FRISVAD e THRANE (1995) A. sojae ácido kojic e ácdio aspergílico FRISVAD e THRANE (1995) Com o intuito de verificar quais os fatores teriam influência sobre a variação no percentual das espécies isoladas (variação da população fúngica) utilizou-se uma análise de regressão linear múltipla, onde as variáveis independentes foram umidade dos grãos, umidade relativa e temperatura e a variável dependente o percentual de espécies presentes em cada uma das amostras. Os resultados obtidos por essa análise estão apresentados na Tabela 2 e permitiram observar que os fungos isolados foram influenciados de modo regular (r = 0,37) pela UR e umidade. Tabela 2: Análise da regressão linear múltipla para as populações fúngicas. BETA B p-level Intercepto -21,637 0,0049 UR 0,256 0,378 0,0000 Umidade 0,152 1,971 0,0039 Em estudo semelhante realizado por POZZI et al. (1995), ainda que em amostras de milho, não foi possível estabelecer uma correlação linear simples significativa entre o tempo de estocagem, fatores abióticos e a contagem de fúngica dos gêneros de Aspergillus e Penicillium. De modo que os dois gêneros mostraram uma relativa uniformidade em sua distribuição. Os resultados obtidos permitem concluir que para o controle das espécies avaliadas os fatores abióticos alvo de controle devem ser a UR e a umidade, uma vez que apresentaram influência significativa e positiva sobre a freqüência de isolamento das espécies identificadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Alimentos – Contagem de Bolores e Leveduras em Placas. MB – 2750, setembro de 1987. KLICH, M.A; PITT, J.I. A Laboratory Guide to Common Aspergillus Species and their Teleomorphs, Australia: Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization – Division of Food Processing, 1988. 116p. FRISVAD, J.C.; THRANE, U. Micotoxin production by food-born fungi. In: SAMSON, R.A.; HOEKSTRA, E.S.; FRISVAD, J.C.; FILTENBORG, O. Introduction to Food-born Fungi. Baarn: Lubrecht & Cramer Ltd, 1995. p. 251-260. L’VOVA, L.S.; ORLOVA, N.I.; OMEL’CHENKO, V.D. Penicillium - species fungi - producers of ochratoxin A in grain. Prikladnaia Biokhimiia i Mikrobiologiia, v. 28, n. 6, p. 889-893, 1992. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO ABASTECIMENTO E DA REFORMA AGRÁRIA. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Regras para análises de sementes. Brasília DF, 1992. p. 365. NUNES, I.L. Micotoxinas, micoflora e seu potencial toxigênico em arroz destinado ao consumo humano. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos, Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande, 2001. PITT, J.I. A Laboratory Guide to Common Penicillium Species, Australia: Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization – Division of Food Processing, 1988. 187p. PITT, J.I. Biology and ecology of toxigenic Penicillium species. Advances in Experimental Medicine and Biology, v. 504, p. 29-41, 2002. POZZI, C.A.; CORRÊA, B.; GAMBALI, W.; PAULA, C.R.; CHACON-RECHE, N.O.; MEIRELLES, C.A. Post-harverst and stored corn in Brazil: mycoflora interaction, abiotic factors and mycotoxin occurrence. Food Additives and Contaminants, v. 12, n. 3, p. 313319, 1995. TONON, S.A.; MARUCCI, R.S.; JERKE, G.; GARCÍA, A. Mycoflora of paddy and milled rice produced in the region of Northeastern Argentina and Southern Paraguay. International Journal of Food Microbiology, v. 37, p. 231-235, 1997. Agradecimentos: À Empresa Dryeration Indústria, Comércio, Projetos e Representações LTDA, ao IRGA, ao ICTA/UFRGS, ao CNPq e a FAPERGS. ALTERAÇÕES ENZIMÁTICAS EM SEMENTES DE ARROZ COM DIFERENTES NÍVEIS DE VIGOR Autores: Valdinei Sofiatti1; Olavo Arsego1; Evaldo Cervieri Filho1; Mariane D’Ávila Rosenthal2; Thais Helena Maffei da Silva1; Dario M. de Moraes3. [email protected], Barão de Santa Tecla 228, apto. 402, CEP; 96010-140, Pelotas - RS 1 Engenheiros Agrônomos, discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência & Tecnologia de Sementes da FAEM - UFPel. 2Engenheira Agrônoma, Dra., Programa de Pós-Graduação de Ciência & Tecnologia de Sementes da FAEM - UFPel. 3Engenheiro Agrônomo, Dr. Professor do Departamento de Botânica - UFPel. Palavras Chave: deterioração, α-amilase, mobilização de reservas. A perda da viabilidade da semente, com a evolução do seu processo deteriorativo, pode estar relacionada a alterações bioquímicas que conduzem a um comprometimento de suas atividades metabólicas. Algumas mudanças deteriorativas geram desorganização e perda da integridade da membrana (Delouche & Baskin, 1973), redução na capacidade de sintetizar proteínas e ácidos nucléicos (Aguilar et al., 1991), danos na taxa respiratória além de danos no metabolismo de DNA (Coello & Vazquez-Ramos, 1996). O início do processo de deterioração das sementes é manifestado pela perda do vigor das sementes. Várias enzimas apresentam redução de sua atividade em decorrência do decréscimo da qualidade fisiológica das sementes, incluem-se as lipases, amilases, proteinases, desidrogenases e fosfatases (Bewley & Black, 1994). Ainda não está claro se, as mudanças que se observaram na atividade destas enzimas, estão baseadas na suscetibilidade específica destas a algum agente causador de estresse durante o armazenamento, ou se estas alterações, são resultado de um único evento, por exemplo, ativação de proteases, as quais afetariam a função de várias enzimas. Recentemente várias técnicas utilizadas na detecção da atividade enzimática durante o processo germinativo, tem sido utilizadas para determinar as alterações bioquímicas que ocorrem nas sementes (Vieira et al., 2000). A enzima α-amilase (EC 3.2.1.1), importante enzima do tipo hidrolase, atua sobre a quebra de reservas de amido, um dos passos importantes na produção de energia e fornecimento dos esqueletos de carbono para novos componentes celulares durante o processo germinativo (Copeland & Mc Donald, 1995), e sua ação é responsável pela corrosão física do grânulo de amido, fazendo com que o amido na forma insolúvel presente no endosperma, passe a forma solúvel (malto-dextrinas) (Beck & Ziegler, 1991). É uma enzima hidrolítica, produzida pela camada de aleurona em resposta a ação das giberelinas, sendo secretada dentro do endosperma causando a conversão de amido em açúcares, os quais são utilizados no crescimento do embrião. A enzima Fosfatase Ácida (FAC – EC 3.1.3.2), é uma enzima do tipo hidrolase, que atua no metabolismo de carboidratos e fosfatos, participando da mobilização de proteínas de reserva, na digestão de fosfolipídios de membranas, provocando a peroxidação desses lipídeos, e também facilitando o acesso de outras enzimas hidrolíticas aos componentes das reservas da semente, principalmente durante a germinação e crescimento da plântula, e é ativada durante a germinação podendo participar em reações de hidrólise de ésteres (Bewley & Black, 1994). O presente trabalho teve como objetivos avaliar alterações na atividade das enzimas α-amilase (α-AMY) e fosfatase ácida (FAC) e no conteúdo de reservas da semente (AMIDO) em dois lotes de sementes de arroz da cultivar El Paso L 144 com diferentes níveis de vigor. O trabalho foi conduzido nos Laboratórios de Análise de Sementes e de Fisiologia de Sementes da Universidade Federal de Pelotas, no período de setembro a dezembro de 2002. No experimento foram utilizados dois lotes de sementes de arroz da cultivar El Paso L 144, com diferentes níveis de vigor. Para a avaliação da qualidade fisiológica das sementes realizaram-se os seguintes testes: teste de germinação (TG), primeira contagem de germinação (PCG), envelhecimento acelerado (EA), teste de frio (TF), condutividade elétrica (CE), emergência (E), índice de velocidade de germinação (IVG), índice de velocidade de emergência (IVE), comprimento de raiz (CRA) e parte aérea (CPA). A atividade enzimática foi determinada aos 0, 7 e 14 dias após a semeadura e foi determinado também o conteúdo de reservas (amido) nas sementes secas. Na caracterização do vigor dos lotes (Tabela 1), constatou-se que a maioria dos testes apontou diferença na qualidade fisiológica entre eles. Os testes de germinação, primeira contagem de germinação, frio, envelhecimento acelerado, emergência e condutividade elétrica caracterizaram o Lote 1 como sendo o mais vigoroso. Já os testes de velocidade de germinação e emergência, comprimento de raiz primária e epicótilo não geraram informações passíveis de diferenciar os lotes, no entanto vale ressaltar que, os testes de comprimento de epicótilo e radícula somente consideram as plântulas normais, e neste caso as plântulas normais não apresentaram diferença em função do vigor das sementes. A atividade da enzima fosfatase ácida (FAC) não foi influenciada pelo nível de vigor do lote de sementes (Tabela 2). A atividade da FAC aumentou gradativamente até o décimo quarto dia após a semeadura onde a atividade triplicou quando comparada ao tempo zero. Tabela 1 - Caracterização da qualidade fisiológica de dois lotes (Lotes 1 e 2) de sementes de arroz cultivar El Paso L 144, pelos testes de germinação (TG), primeira contagem de germinação (PCG), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), teste de frio (TF), emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), condutividade elétrica (CE), comprimento da raiz primária (CR) e comprimento da parte aérea (CPA). LOTES TG PCG EA TF E ---------------------------%------------------------Lote 1 90 a 87 a 87 a 82 a 94 a Lote 2 77 b 75 b 65 b 70 b 79 b IVG IVE ----Índice-----20,8 a 17,5 a 20,2 a 15,9 a CE µmhos/g 12,5 b 17,4 a CR CPA -------cm------9,5 a 5,0 a 9,6 a 5,5 a Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (5%). A atividade da enzima α-amilase diferiu entre os lotes apenas aos sete dias após a semeadura, sugerindo que lotes de sementes menos vigorosas tenham sua germinação e vigor afetados pela redução da atividade dessa enzima. Nedel et. al (1996) citam que a αamilase está dentro de um grupo de enzimas envolvidas no principal sistema de degradação de amido. Desta forma o embrião produz AG3 que é transportado até a camada de aleurona estimulando a síntese das hidrolases, principalmente da α-amilase, que são secretadas dentro do endosperma onde, juntamente com as outras enzimas reativadas e/ou sintetizadas “de novo”, irão degradar o amido (Vieira et al, 2000). Assim a menor atividade da α-amilase mobiliza menos reservas para o embrião ou para a plântula resultando em sementes ou plântulas menos vigorosas. As diferenças na atividade enzimática entre os lotes só foram visualizadas no sétimo dia devido à enzima estar na fase inicial do processo de síntese ou síntese “de novo” no primeiro dia do teste de germinação. Já no décimo quarto dia a atividade diminuiu substancialmente, indicando que a plântula utilizava pouca energia proveniente das reservas da semente para sobrevivência, devido provavelmente, as reservas já estarem esgotadas ou à plântula já estar apta a obtenção de energia proveniente da fotossíntese. França-Neto et al.(2000) relatam que em sementes de soja a redução da atividade de diversas enzimas como catalase, diastase, α e β amilase e desidrogenases está associada a deterioração das sementes, entretanto, não se sabe se a perda da atividade dessas enzimas é a causa da deterioração ou há outras causas que afetam a perda da atividade dessas enzimas. Tabela 2 - Conteúdo de amido (AMIDO) e atividade das enzimas fosfatase ácida (FAC) e α-amilase (α-AMY), aos zero, sete e quatorze dias após a semeadura (DAS) de dois lotes de sementes de arroz com diferentes níveis de vigor. LOTES FAC 0 DAS 7 DAS 14 DAS -1 -----------Nm g. semente-1--------- α-AMY AMIDO 0 DAS 7 DAS 14 DAS µM amido hidrolizado /Nm-1. g. µg gr. sem.-1 sem-1 Lote 1 Lote 2 3240,6 a 3343,7 a 5213,6 a 4909,7 a 9388,9 a 8646,1 a 43037,5 a 29633,1 a 10504,9 a 96,69 a 46540,4 a 26031,6 b 10584,6 a 103,3 a Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (5%). O conteúdo de reservas (amido) disponíveis a nutrição do embrião, não apresentaram diferenças significativas (Tabela 2), o que sugere que as diferenças no vigor das sementes dos dois lotes foram afetadas pela menor disponibilidade de reservas ao embrião devido a menor atividade das enzimas hidrolíticas como a α-amilase. Idéias iniciais sobre a deterioração das sementes incluíam o esgotamento das reservas da semente, no entanto, essa teoria, foi sendo abandonada, uma vez que sementes não viáveis podem apresentar reservas suficientes para a ocorrência do processo de germinação o que indica problemas associados à mobilização dessas reservas para o embrião (França-Neto et al., 2000). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AGUILAR, R.; REYMOSO, E.; ALBORES, M. & SANCHEZ, J.E. Changes in protein synthesis in embryonic axes after long term storage of maize seeds. Seed Science Research, Wallingford, v.2, n.4, p.191-198, 1991. BECK, E. & ZIEGLER, P. Biosynthesis and degradation of starch in higher plants. Annual Review Plant Physiology Plant Molecular, v.40, p. 95-117, 1991. BEWLEY, J. D. & BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press, 1994. 445p. COELLO, P. & VÁZQUEZ-RAMOS, M. Maize DNA polymerase 2 (an α-type enzyme) suffers mayor damage after seed deterioration. Seed Science Research, Wallingford, v.6, n.1, p.1-7, 1996. COPELAND, L.O. & Mc DONALD, M.B. Principles of seed science and technology. 3 ed. Michigan: Chapman & Hall, 1995, 409p. DELOUCHE, J.C. & BASKIN C.C. Accelerated ageing techniques for predicting the relative storability of seeds lots. Seed Science and Technology, Zurich, v.1, n.2, p.427-452, 1973. FRANÇA-NETO, J.B.; KRZYZANOWSKI, F.C.; HENNING, A.A. & COSTA, N.P. da. Tecnologia de produção de sementes. In: DOURADO-NETO, D. & LOPES, P.P. A cultura da soja no Brasil. Londrina:EMBRAPA SOJA, 2000. 1 CD-ROM. NEDEL, J.L.; ASSIS, F.N. & CARMONA, P.S. A planta de arroz – morfologia e fisiologia. Pelotas: UFPel, 1996. 56p. (Módulo 1 – Curso de Especialização em Produção de Sementes de Arroz Irrigado). VIEIRA, A.R.; VIEIRA, M.das. G.G.C.; OLIVEIRA, J.A. & SANTOS, C.D. dos. Alterações fisiológicas e enzimáticas em sementes dormentes de arroz armazenadas em diferentes ambientes. Revista Brasileira de Sementes, v. 22, n. 2, p. 53-61, 2000. CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE ARROZ IRRIGADO (Oryza sativa), SOB DIFERENTES NÍVEIS DE SALINIDADE Autores: Elias Abrahão Jacob Junior1; Mariane D’Ávila Rosenthal2; Rafael da Silva Christ1; Luciane Nolasco Leitzke4, Luis Osmar Braga Schuch3. 1Engenheiros Agrônomos, discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência & Tecnologia de Sementes da FAEM - UFPel. 2 Engenheira Agrônoma, Dra., Programa de Pós-Graduação de Ciência & Tecnologia de Sementes da FAEM - UFPel. 3Engenheiro Agrônomo, Dr. Professor do Departamento de Fitotecnia - UFPel. 4 Discente do curso de Graduação em Engenharia Agronômica – UFPel. [email protected], Barão de Santa Tecla 228, apto. 402, CEP; 96010-140, Pelotas - RS Palavras Chave: salinidade, crescimento, cultivares Os problemas oriundos da ocorrência de níveis elevados de salinidade em solos sob cultivo de arroz irrigado no Rio Grande do Sul são de ocorrência freqüente e tem grande importância econômica e social. No entanto, esses problemas não são de ocorrência natural mesmos nas regiões áridas e litorâneas do RS, sendo causada pelo teor de sais presentes na água de irrigação e a falta ou deficiência de drenagem eficiente do solo. A tolerância salina varia com a espécie, sendo o arroz classificado como moderadamente sensível ( Loomis & Connor, 1992). O objetivo do trabalho foi avaliar o crescimento inicial de plântulas de dois cultivares de arroz (BR IRGA 410, EPAGRI 111,), frente a níveis de salinidade (ZERO (1); 0,660 (2); 1,332 (3); 2,040 (4); 2,808 (5); 3,648 (6); 4,548 (7) g.L-1), concentrações estas definidas através da curva de condutividade elétrica, onde com o auxilio do condutivimetro foi possível realizarmos a leitura correspondente. O trabalho foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel junto a Universidade Federal de Pelotas, onde, as sementes foram semeadas em rolos utilizando como substrato papel germitest e embebidas em água destilada onde foram acrescidas as diferentes concentrações e colocadas no germinador a 25 º C. As variáveis foram analisadas em períodos diferentes com leituras aos 3, 5, 7, e 14 dias após a semeadura, onde coletou-se 25 plântulas para cada tratamento, sendo determinados, o comprimento de parte aérea e da raíz e a produção de matéria seca total. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições de 25 sementes cada. Com base nas avaliações realizadas nota-se que a salinidade afetou o crescimento inicial das plântulas de arroz acarretando um decréscimo no mesmo com o aumento das concentrações, e este decréscimo dente a diminuir com o desenvolvimento da parte aérea (crescimento da planta), para os cultivares em estudo e o efeito se mantém no crescimento radicular da mesma. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Abastecimento e de Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regra de Análise de sementes. Brasília; DF. 1992. 365. p. LOONIS, R.S. & CONNOR, D.J. Crop ecology: productivity and management in agricultural systems. Cambridge University Press, Cambridge, 1992. P.538. 3 DAS 5 DAS 0,6 4 Epagri 111 0,5 Epagri 111 3 0,4 0,3 2 0,2 Irga 410 Irga 410 1 0,1 0 1 2 3 4 5 6 7 0 Co ncent r ação de N A CL 0 1 2 3 4 5 6 7 Co ncent r ação d e N A CL 7 DAS 14 DAS 8 12 7 Epagri 111 11 Epagri 111 6 10 5 4 Irga 410 9 Irga 410 3 8 2 0 0 1 2 3 4 5 6 1 7 2 3 4 5 6 7 Co ncent r ação de N A CL Co ncent r ação de N A CL FIGURA 01: Comprimento de parte Aérea de dois cultivares de arroz,aos 3,5,7 e 14 dias após a semeadura, Departamento de Fitotecnia – FAEM – UFPel, 2003. 3 DAS 5 DAS 4 12 Epagri 111 Epagri 111 10 3 8 2 6 1 4 Irga 410 0 0 1 2 Irga 410 2 3 4 5 6 7 0 0 1 2 Co ncent r ação de N A CL 3 14 17 16 15 14 Epagri 111 13 Irga 410 10 1 2 3 6 7 Epagri 111 13 12 11 10 12 0 5 14 DA S 7 DAS 15 11 4 Co ncent r ação d e N A CL 4 5 Concent r ação de NA CL 6 7 Irga 410 0 1 2 3 4 5 6 7 Concent r ação de N A CL FIGURA 02: Comprimento de raiz de dois cultivares de arroz, aos 3,5,7 e 14 dias após a semeadura, Departamento de Fitotecnia – FAEM – UFPel,2003. 3 DAS 5 DAS 0,01 0,04 Epagri 111 0,008 Epagri 111 0,03 0,006 0,02 0,004 0,002 0,01 Irga 410 0 Irga 410 0 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 Co ncent r aç o de N A CL 3 4 7 DAS 14 DAS 0,07 6 7 Epagri 111 0,09 Epagri 111 0,06 5 Concent r aç o de N A CL 0,085 0,05 0,08 0,04 0,075 Irga 410 0,03 0,02 Irga 410 0,07 0 1 2 3 4 5 Co ncent r aç o de N A CL 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7 Co ncent r aç o d e N A CL FIGURA 03: Matéria seca total de dois cultivares de arroz, aos 3,5,7 e 14 dias após a semeadura, Departamento de Fitotecnia – FAEM – UFPel,2003. SEMEADORA PNEUMÁTICA A VÁCUO PARA ARROZ Elton Butierres, Silmar T. Peske ; Carlos Pelotas, RS. [email protected] S. Luz. UFPEL/FEA, C.P. 354, 96001-970, Palavras chave: semeadora a vácuo, arroz, densidade semeadura A zona sul do Rio Grande do Sul tem como sua principal fonte econômica agrícola a cultura do arroz irrigado e, nas safras dos últimos anos, atingiu uma área de 900.000 ha com uma produtividade média de 5.800 kg/há A semeadura do arroz em linha é feita por meio de semeadoras que possuem mecanismos denominados de rotores ou cilindros acanalados. Esses mecanismos propiciam uma alta densidade de semeadura, porém com uma má uniformidade de distribuição das sementes na linha (Ryu & Kim, 1998). A distribuição assim realizada é denominada como pulsatória e apresenta falhas e sementes agrupadas no mesmo local. A escolha de tal modelo de semeadora pelo produtor de arroz, é devida à inexistência de alternativa de equipamento no mercado brasileiro que possibilite melhor distribuição das sementes. Com a implantação do sistema plantio direto, houve, por parte dos fabricantes de máquinas e implementos agrícolas, a necessidade de adaptação a essa nova tecnologia. A evolução tecnológica concentrou-se na elaboração de novos mecanismos sulcadores que operam, mesmo em condições diferentes às tradicionais, sem mobilizar o solo. A utilização de um mecanismo semeador de geração superior, como o pneumático, encontra-se restrita a poucas indústrias brasileiras. Esse mecanismo está sendo importado com tecnologia de outros países e seu uso disponibilizado pelos fabricantes apenas para sementes de culturas como, milho, soja e algodão, que usam um maior espaçamento lateral. Para o arroz, essa tecnologia não se encontra ainda disponível. As semeadoras pneumáticas surgiram experimentalmente na metade dos anos 60 (Harmond, 1965), e sua industrialização iniciada nos anos 70 (Breece et al, 1975). O princípio geral de funcionamento dessas semeadores baseia-se no transporte das sementes em volume desejado, aderidas aos orifícios de um cilindro ou disco, em função da diferença de potencial de pressão atmosférica gerada através de uma ventoinha a vácuo ou pressão. Quando as sementes aderidas aos orifícios atingem compartimentos com igualdade da pressão atmosférica, caem por gravidade ao solo (Butierres, 2002). Neste sentido, eealizou-se um experimento com uma linha da semeadora John Deere, equipada com semeador pneumático a vácuo, utilizada nos modelos da série 9000, com a denominação pelo fabricante de Vacumeter. A semeadora foi montada sobre uma esteira revestida com carpete possibilitando que as sementes ficassem retidas nos pontos de queda simulando a distribuição no solo. Os ensaios foram realizados avaliando a distribuição das sementes pela linha semeadora com a variação da velocidade desde 6 km/h até 10 km/h e três tipos de discos distribuidores de sementes tendo o disco 1, uma circunferência de 50 orifícios com 25 aletas o disco 2, com duas circunferências de 45 orifícios com 90 aletas e o disco 3, com três circunferências de 36 orifícios sem aletas. Os discos foram adaptados para uso com sementes de arroz cultivar IRGA BR 417 tendo o diâmetro de seus orifícios reduzidos para 1,6 mm, e a densidade foi planificada para 64 sementes por metro linear. A figura 1 mostra o número de sementes obtido por metro de semeadura na qual se observa que o disco três é o que mais se aproxima da densidade planificada de 64 sementes por metro linear. O decréscimo entre a menor velocidade de 6 km/h e a maior de 10 km/h representou apenas a diminuição de 3,15 sementes, cuja equação explica 95% da variação dos dados. O aumento da velocidade e a pouca alteração na densidade de semeadura priorizam na lavoura atual, o uso do mecanismo semeador pneumático com melhor adaptação ao incremento da velocidade na formação do estande, solucionando a limitação da velocidade dos outros mecanismos que reduzem a densidade com o aumento da velocidade (Davis 1991). Os discos um e dois com médias de 16 e 32 sementes por metro linear respectivamente, não alcançaram a densidade planificada, tendo ambos diminuído muito a vazão com o aumento da velocidade e encontrado para o disco dois um ajuste com relação linear, e, para o disco um, a melhor curva de ajustamento à relação quadrática. A redução na densidade de semeadura nos discos um e dois é possivelmente explicada pela presença de aletas nestes discos como, pela diferença na velocidade de acionamento dos discos que se imprimiu, com a finalidade de igualar a densidade de semeadura planificada. Concui-se que é viável o uso do mecanismo semeador a vácuo para semeadura das lavouras de arroz, necessitando-se uma adequação no projeto da semeadora para permitir o espaçamento utilizado na cultura. 80 SEMENTES POR M ETRO DE S EM EADURA 70 Disco 3 Y= 78,91 – 0,79 X (R2 = 93,75) 60 50 Disco 2 40 30 Y= 72,87 – 4,67 X ( R2 = 94,41) 20 Disco 1 10 Y= 78,40 – 14,14 X + 0,77X2 ( R2 = 95,54) 0 6 7 8 9 VELOCIDADES (Km /h) Figura 1 Número de sementes em função do tipo de disco e velocidade de semeadura 10 Bibliografia BREECE, H.E.; HANSEN V. H.; HOERNER, A.T., 1975, Planting, In: Fundamentals of Machine Operation, Deere & Company, Moline, Illinois, cap. 2, pp.17-94. BUTIERRES, E., 2002, “Nova Semeadora”, Seed News, Pelotas, v.6, n.1 pp.18-19. DAVIS, F.P., 1991, “A preliminary theoretical stydy of cell fill in a closed cell seed metering mechanism”. Engineering Division publication, 097-1605, Agricultural Research Center. Silsoe,Bedford, April. HARMOND, J.E., 1965, “Precision vaccum – type planter head”. USDA, Agricultural Research Service publications, pp. 42-115. RYU, H. I., KIM, U.K., 1998, “Design of roller type metering device for precision planting”, Am. Soc. Agr. Eng. St. Joseph Mich., Transactions, v.41, n.4, pp. 923-930. COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO FARELO DE ARROZ POLIDO E PARBOILIZADO1 Cristiane Casagrande Denardin2, Leila Picolli da Silva3, Patrícia Roberta Bevilaqua2, Larissa de Lima Alves2, Carlos Alberto Alves Fagundes4. NIDAL-DTCA-CCR, UFSM, Campus Universitário, Santa Maria – RS. CEP: 97.105 -900. [email protected]. 1 Trabalho parcialmente financiado pela CAPES-Brasil; 2graduandas do curso de Farmácia e bioquímica; 3bolsista ProDoc - Beneficiária de auxílio financeiro CAPES – Brasil; 4 pesquisador do IRGA. Palavras-chave: arroz polido e parboilizado, beneficiamento, valor nutricional. O arroz (Oryza sativa) é um importante cereal na alimentação humana, com uma produção mundial em torno de 500 milhões de toneladas anuais. O Brasil ocupa a nona posição mundial na produção deste cereal, com valores anuais na ordem de 11 milhões de toneladas, sendo o principal País produtor fora do continente asiático. No beneficiamento do arroz, após a retirada da casca, é removida a camada externa que dá origem ao farelo, o qual corresponde, em peso do grão, de 5 a 13,5% (Barber & Barber, 1985). Este subproduto, é formado pelo pericarpo, testa, capa de aleurona, gérmen e parte do endosperma do grão (Barber & Barber, 1985), podendo apresentar certa quantidade de casca, decorrente de processamentos defeituosos (Barber et al., 1972; Contreras, 1978). Apesar de escassos, estudos têm demonstrado que o farelo de arroz apresenta características nutricionais excelentes, porém, a sua utilização na alimentação humana é irrisória. Fato discutível, pois este subproduto, além de ser produzido em grande escala, apresenta um baixo custo quando comparado a outros alimentos com características nutricionais semelhantes (ex: farelo de trigo). A composição bromatológica e o valor energético deste subproduto tem sido estudadas por diversos autores ao longo dos anos, e os resultados têm demonstrado ampla variação nos teores das principais medidas de interesse nutricional, o que é atribuído a região de obtenção, condições físicas e químicas do solo, condições climáticas, cultivar de arroz, nível de adição de casca, tipo e grau de beneficiamento (especialmente no que diz respeito a parboilização) (Moran, 1983 e Nicolaiewsky & Prates, 1984). Devido a isso, o presente trabalho teve o objetivo de analisar as características nutricionais de farelos de arroz, obtidos em diferentes processos de beneficiamento (descascagem de arroz branco, descascagem de arroz parboilizado), a fim de propor o uso mais amplo deste subproduto na alimentação humana. Para atingir os objetivos propostos foram analisadas, nas dependências do Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais (NIDAL) do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 20 amostras de farelo de 10 cultivares de arroz (polido e parboilizado), recomendadas para produção de grãos na Região Sul do Brasil (BR-IRGA 409, BR-IRGA 410, IRGA 416, IRGA 417, IRGA 418, IRGA 419, IRGA 420, IRGA 421, Blue Belle e Formosa) e cultivadas na Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/Cachoeirinha/RS), no ano de 2002. No processo de parboilização os grãos foram submetidos a encharcamento numa relação massa de grãos: água de 1:1,5 a 65oC ± 1oC, por 300 min, autoclavados a 110oC± 1oC, a pressão de 0,6 KPa ± 0,05KPa, por 10 min. Após este processo, os grãos foram secos e temperados dentro de secador, por um período de 24 a 48 horas. Os grãos foram submetidos ao descascamento em engenho de provas Suzuki, modelo MT 96, previamente regulado para a cultivar, e as amostras de farelo, obtidas a partir desta operação. As análises de matéria seca (MS), cinzas (MM), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram realizadas de acordo com as técnicas descritas na AOAC (1995); e a de amido disponível (Am) e resistente (AMR), segundo citado por Sambucetti & Zuleta (1996) e modificado por Walter et al. (2003; dados não publicados). O teor de fibra em detergente neutro (FDN) foi determinado conforme descrito por Van Soest e colaboradores (1991). As enzimas utilizadas foram a α-amilase Termamyl 120L®, a amiloglicosidase AMG 300L® e a protease Flavourzyme 500L®; todas gentilmente doadas pela Novozymes Latin American Limited. Os resultados foram submetidos à análise de variância e comparadas pelo teste F, ao nível de 95% de probabilidade. Os resultados obtidos encontram-se nas Tabelas 1 e 2. Neste trabalho foi possível observar que todas as medidas bromatológicas, exceto a de amido resistente (P=0,57), foram significativamente influenciadas pelo beneficiamento (P<0,05). Este fato pode ser explicado, tendo em vista que os grãos resultantes do processo de parboilização apresentam consistência física mais dura do que aqueles não processados antes da descascagem. Desta forma, serão mais resistentes a abrasão dos brunidores no processo de descascagem, resultando em um farelo com maior proporção de camadas externas e menor contribuição de endosperma. Este fato explica o maior teor de amido disponível em farelos resultantes de grãos brancos polidos (32.24%) em relação aqueles resultantes de grãos parboilizados (21.84%) (Tabela 1). Da mesma forma, explica o maior teor de cinzas (9,73 versus 8,54%), proteína bruta (14,89 versus 12,86%), extrato etéreo (27,83 versus 18,54%) e fibra em detergente neutro (27,77 versus 21,68%) nos farelos de grãos parboilizados, uma vez que todos estes constituintes apresentam-se em maior proporção nas camadas externas dos grãos de arroz. Ou seja, a maior presença de endosperma nos farelos resultantes de grãos brancos polidos, causa um efeito “diluidor” no teor da maioria dos nutrientes de importância nutricional, seguido pelo aumento concomitante no teor de amido disponível. De modo geral, os dados obtidos no presente trabalho demonstram que o farelo de arroz, por apresentar características nutricionais desejáveis, poderia ser usado de forma mais intensa na nutrição humana, inclusive sendo direcionado para usos específicos, de acordo com a fonte de obtenção. O tipo de beneficiamento, por exemplo, poderia ser um dos fatores a se considerar, uma vez que influenciou os teores das medidas bromatológicas avaliadas. Os farelos resultantes da descascagem de arroz parboilizado, por exemplo, seriam mais indicados para dietas que necessitem de maior aporte protéico e energético, uma vez que apresentam maior teor de proteína e extrato etéreo do que aqueles resultantes da descascagem de arroz branco. Referências Bibliográficas: AOAC - Association of Official Agricultural Chemists (1995) Official Methods of Analysis. 16 ed. Washington. BARBER, S.; BARBER, C.B. Rice bran: an under-utilized raw material. New York: United Nations Industrial Development Organization, 1985. 251p. BARBER, S.; BOTEY, J.; PLAJA, S.; TORTOSA, E. Problemas que se plantean en el establecimiento de la tipificación de los sub-productos del arroz. Revista de Agroquímica y Tecnologia de Alimentos, Valencia, n. 12, p. 33-39, 1972. CONTRERAS, D.R. Tropical feedstuff for young calves. Ithaca, New York, Cornell University, 1978. Tesis Master. FAGUNDES CA, ELIAS MC, BARBOSA FF, CRUZ LH (2001) Temperatura da água e tempo de imersão para parboilização dos cultivares de arroz IRGA 418, IRGA 419 e IRGA 420. In: Congresso Brasileiro De Arroz Irrigado E Reunião Da Cultura Do Arroz Irrigado, 2 e 24: 654-656. MORAN, J.B. Rice bran as a supplement to elephant grass for cattle and buffalo in Indonésia. 1. Feed intake, utilization and growth rates. Journal of Agricultural Science, Cambridge,v.100, p. 709-716, 1983. NICOLAIEWSKY, S.; PRATES, E.R. Alimentos e Alimentação de Suínos. 2. ed. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1984. 58p. SAMBUCETTI, M.E.; ZULETA, A. Resistant starch in dietary fiber values measured by the AOAC method in different cereals. Cereal Chemistry, v.73, n.6, p.759-761, 1996. WALTER, M.; SILVA, L.P.; NÖRNBERG, J.L. Avaliação de diferentes metodologias para determinação de amido e amido resistente (projeto PPGCTA – UFSM/CAPES – BR). VAN SOEST PJ, ROBERTSON JB, LEWIS BA (1991) Symposium: carbohydrate methodology, metabolism, and nutritional implictions in dairy cattle. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. J Dairy Sci, 74: 3583-3597. Tabela 1. Valores de cinzas (CZ), proteína bruta (PB) e amido disponível (Am) em farelos de arroz branco polido (Pol) e de arroz parboilizado (Parb) Cultivares BR-IRGA 409 BR-IRGA 410 IRGA 416 IRGA 417 IRGA 418 IRGA 419 IRGA 420 IRGA 421 Blue Belle Formosa Média Desvio padrão CV (%) MS CZ PB Am ........………………………..% na MS………………………........ Pol Parb Pol Parb Pol Pol Pol 86,02 90,36 9,06 10,82 12,99 14,83 33,41 86,45 88,06 7,75 10,03 12,10 14,95 36,81 86,50 88,79 8,00 8,52 12,89 14,10 32,93 85,93 89,50 9,41 11,00 11,88 14,74 34,34 85,57 89,28 9,90 11,76 13,54 15,08 36,07 87,02 90,77 8,72 9,43 13,19 14,37 34,56 86,01 90,69 7,26 9,36 12,74 14,27 36,93 86,32 89,72 8,26 8,60 13,20 14,53 30,67 88,79 89,78 8,98 8,99 13,40 15,83 24,98 87,25 90,57 8,02 8,82 12,66 16,21 31,71 86,59 89,75 8,54b 9,73a 12,86b 14,89a 33,24a 0,93 0,88 0,82 1,12 0,54 0,67 3,57 1,07 0,98 9,59 11,52 4,17 4,52 10,74 Parb 16,57 24,03 27,52 22,84 15,23 22,38 19,13 23,39 ... 25,48 21,84b 4,08 18,66 Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste F ao nível de 5% de significância. Tabela 2. Valores de extrato etéreo (EE), amido resistente (AMR) e fibra em detergente neutro (FDN) farelos de arroz branco polido (Pol) e de arroz parboilizado (Parb) Cultivares BR-IRGA 409 BR-IRGA 410 IRGA 416 IRGA 417 IRGA 418 IRGA 419 IRGA 420 IRGA 421 Blue Belle Formosa Média Desvio padrão CV (%) EE AMR FDN .......……………………..% na MS………………………......... Pol Parb Pol Parb Pol Parb 17,48 27,75 0,44 0,20 0,54 0,27 16,02 24,50 0,19 0,08 0,23 0,10 21,02 27,06 0,40 0,08 0,50 0,11 16,31 24,87 0,30 0,20 0,36 0,27 16,26 26,41 0,60 0,22 0,72 0,30 18,73 29,40 0,31 0,29 0,38 0,41 17,43 28,94 0,30 0,21 0,37 0,30 18,11 26,60 0,25 0,39 0,30 0,54 23,38 31,19 0,27 1,19 0,35 1,73 20,62 31,60 0,16 0,59 0,20 0,87 18,54b 27,83a 0,32b 0,35a 0,39b 0,49a 2,43 2,43 0,13 0,33 0,16 0,49 13,09 8,74 40,49 96,38 39,37 99,86 Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste F ao nível de 5% de significância. INFLUÊNCIA DO BENEFICIAMENTO E DO GENOTIPO NO TEOR DE FIBRA ALIMENTAR DO ARROZ1 Cátia Regina Storck2, Leila Picolli da Silva3, Alessandra Kieling4, José Laerte Nörnberg5, Carlos Alberto Alves Fagundes6. NIDAL-DTCA-CCR, UFSM, Campus Universitário, Santa Maria – RS. CEP: 97.105-900. [email protected]. 1Trabalho parcialmente financiado pela CAPES-Brasil; 2mestranda do PPGCTA-UFSM; 3bolsista ProDoc - Beneficiária de auxílio financeiro CAPES – Brasil; 4graduanda do curso de Agronomia-UFSM; 5professor adjunto do DTCA-UFSM; 6pesquisador do IRGA. Palavras chave: cultivares, arroz parboilizado, arroz polido, carboidratos. A alimentação humana é composta por carboidratos, proteína, lipídios, minerais e vitaminas. Os carboidratos potencialmente digestíveis fornecem, em média, 60% do valor calórico total ingerido diariamente. Eles são indispensáveis para manter a integridade funcional do tecido nervoso e, em condições normais, são a única fonte de energia para o cérebro. Porém, existe um grupo de carboidratos que, apesar de indigestíveis, exercem funções benéficas ao organismo humano. Estes compõem a maior parte da fração de fibra presente nos alimentos e têm sido objeto de intensa pesquisa nos últimos anos. As principais fontes de carboidratos são os grãos de cereais, e destes, o arroz é um dos mais importantes, sendo consumido por 2/3 de toda a população mundial. O arroz é responsável por 12% das proteínas e por 18% das calorias da dieta básica do brasileiro. O Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de produção de arroz, com 11,5 milhões de toneladas, metade das quais, são produzidas no Estado do Rio Grande do Sul (CONAB, 2002). Este cereal é uma fonte importante de carboidratos complexos. Apesar disso, o valor comercial atribuído a este produto é baseado, única e exclusivamente, na sua qualidade industrial, sem levar em consideração as medidas de composição química, que é um dos atributos mais importante para caracterizá-lo quanto a sua nobre e principal finalidade que é a de alimento. Considerando o estudo do arroz como alimento, observa-se que vários são os fatores que podem interferir no seu valor nutritivo, entre eles, destacam-se as diferenças entre genótipos, as condições ambientais, as práticas culturais utilizadas durante o plantio e na pós-colheita e no beneficiamento do produto, em especial no que diz respeito à parboilização dos grãos. Um dos aspectos menos estudados da composição química dos grãos de arroz produzidos no Brasil é a fibra alimentar e o amido resistente, os quais de acordo com a solubilidade, com a quantidade presente no alimento e com a espécie animal em questão podem exercer vários efeitos benéficos ao organismo, atuando como agentes profiláticos, auxiliando na prevenção de doenças do sistema digestivo e do coração, na redução do colesterol e no controle glicêmico. Com base nos relatos acima, o presente trabalho objetivou comparar o teor de fibra total, insolúvel e solúvel de grãos de diferentes cultivares de arroz submetidos a diferentes processos de beneficiamento. Para tal, foram analisadas, nas dependências do Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais (NIDAL) do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade de Santa Maria (UFSM), 20 amostras de 10 cultivares de arroz (polido e parboilizado) recomendadas para produção de grãos no Rio Grande do Sul (BRIRGA 409, BR-IRGA 410, IRGA 416, IRGA 417, IRGA 418, IRGA 419, IRGA 420, IRGA 421, Blue Belle e Formosa), cultivadas, parboilizadas e polidas no Laboratório de Qualidade da Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/Cachoeirinha/RS), no ano de 2002. No processo de parboilização as amostras foram submetidas a encharcamento numa relação massa de grãos: água de 1:1,5 a 65oC ± 1oC, por 300 min, autoclavadas a 110oC± 1oC, a pressão de 0,6 KPa ± 0,05KPa, por 10 min. Após este processo, as amostras foram submetidas à secagem e temperagem através de repouso dentro de secador, por um período de 24 a 48 horas. As amostras foram submetidas ao descascamento em engenho de provas Suzuki, modelo MT 96, previamente regulado para a cultivar. O polimento foi realizado no mesmo engenho, com tempo de permanência das amostras descascadas no brunidor de 1,5 min. Os grãos de arroz foram moídos a fim de se obter tamanho de partículas apropriado para as análises de composição química. A determinação de matéria seca (MS) e amido disponível (Am) foram realizadas de acordo com a técnica descrita pela AOAC (1995). As determinações de fibra total (FT) e insolúvel (FI) foram realizadas conforme o método descrito por Prosky et al. (1992). O valor de fibra solúvel (FS) foi obtido pela diferença entre os valores de FT e FI. As enzimas utilizadas foram a α-amilase Termamyl 120L® , a amiloglicosidase AMG 300L®, e a protease Flavourzyme 500L®; todas gentilmente doadas pela Novozymes Latin American Limited. Os resultados obtidos (Tabela 1) demonstraram que o processo de parboilização causou aumento nos níveis de fibra total em todas as cultivares (P<0,05), e, em 9 das 10 cultivares analisadas, aumentou também a fração de fibra insolúvel (P<0,05). Este fato pode ser decorrente da formação de amido resistente nos grãos durante o processo de parboilização. O amido resistente, definido como “a soma de amido e produtos de sua degradação não absorvidos no intestino delgado de indivíduos saudáveis” (ASP,1992), pode estar presente em diferentes formas nos alimentos. A forma principal encontrada nos produtos submetidos à tratamento térmico é o tipo III, que resulta de modificações na estrutura e/ou rupturas nas moléculas de amilose. Os fragmentos que se originam desta reação podem se combinar com outras moléculas dando origem a um novo composto, resistente à digestão enzimática no trato gastrintestinal (THEANDER,1989; ENGLYST, 1989). Desta forma, o processo hidrotérmico de parboilização pode causar aumentos significativos nos teores de amido resistente, em especial, nas cultivares com alto teor de amilose (EGGUM,1993; YUE, 1998). O amido sob esta forma passará a compor a fração de fibra do alimento. O efeito deste tipo “especial” de amido é semelhante aos citados para outros componentes que perfazem a fibra da dieta (celulose, hemiceluloses, pectina, etc) e extremamente desejáveis para a manutenção da saúde humana. O aumento no teor de FT e FI, decorrente da formação de amido resistente, pode ser ainda justificado pela significativa diminuição (P <0,05) do amido disponível quando os grãos foram submetidos ao processo de parboilização (polido = 79,95% e parboilizado = 73,31%). Uma ampla variação nos valores de fibra total entre as cultivares (2,32-3,14% nos polidos e 2,55-4,01% nos parboilizados) foi obtida, sendo a cultivar IRGA 419 parboilizada a de maior quantidade (4,01%) e a IRGA 421 polido a de menor (2,32%). A fibra alimentar é dividida em duas frações, insolúvel e solúvel, as quais também mostraram variações entre as cultivares e entre o processo de beneficiamento. A fração insolúvel da fibra atua no organismo humano diminuindo o tempo de passagem do alimento pelo trato gastrointestinal (Warner, 1981), por ter capacidade de reter mais água, aumentando o volume fecal e a pressão osmótica. A cultivar que apresentou maior teor de fibra insolúvel foi a IRGA 420 parboilizada (3,41%) podendo então ser indicada para tratamento de constipação. Já a fração solúvel da fibra alimentar age no estômago, retardando o esvaziamento, altera o metabolismo colônico por meio da produção de ácido graxos de cadeia curta, é mais viscosa e altamente fermentável. Com isso pode ser usada em dietas para tratamento de controle de colesterol, glicemia e controle de ingestão. A cultivar que apresentou maior teor de fibra solúvel, podendo ser usada para este propósito, foi a IRGA 420 polida (2,49%). Adicionalmente, pode-se indicar que cultivares com maior teor de fibra total sejam usadas em dietas de restrição calórica, pois a energia disponível será menor nestes grãos. Já, aquelas de baixo teor de fibra total seriam ideais para dietas de atletas, uma vez que possuem alta demanda energética, decorrente do esforço realizado durante o exercício. Considerando os resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que grãos de diferentes cultivares e/ou submetidos a diferentes processos de beneficiamento poderiam ser usados de maneira mais racional, em estratégias específicas na nutrição humana. Referências Bibliográficas ASP, N.G. Preface “Resistant starch – Proceedings from the second plenary meeting of EURESTA: European FLAIR Concerted Action N11 on physiological implications of the consumption of resistant starch in man”. European Journal Clinical Nutrition, v.46, suppl.2, 1992. AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis. 16 ed. Washington, 1995. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Produção brasileira de arroz. Brasil. Disponível em <http:// www.conab.gov.br>. 2002. EGGUM, B.O., JULIANO, B.O., PEREZ, C.M., ACEDO, E.F. The resistant starch, undigestible energy and undigestible protein contents of raw and cooked milled rice. Journal of Cereal Science, v.18, p. 159-170, 1993. ENGLYST, H. Classification and measurement of plant polysaccharides. Animal Feed Science Technology, Amsterdam, v. 23, n. 1, p. 27-42, 1989. THEANDER, O.; WESTERLUND, E.; AMAN, P. et al. Plant cell walls and monogastric diets. Animal Feed Science Technology, Amsterdam, v. 23, n. 2, p. 205-225, 1989. WARNER, A. C. I. Rate of passage of digesta through the gut of mammals and birds. Nutr. Abstr. Reb. (Series ‘B’), Farnham Royal, v.51, n.12, p.789-975, 1981. YUE, P.; WARING, S. Resistant starch in food applications. Cereal Foods Word, v.43, n.9, p.690-695, 1998. Tabela 1. Percentagem de fibra total (FT), fibra insolúvel (FI) e fibra solúvel (FS) na matéria seca de grãos de arroz, média, desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) entre os valores apresentados Beneficiamento Polido Parboilizado Cultivar FT FI FS FT FI FS BR-IRGA 409 3,14 0,99 2,15 3,74 2,04 1,70 BR-IRGA 410 2,74 0,49 2,26 3,72 1,72 2,00 IRGA 417 2,63 0,81 1,82 3,57 1,26 2,31 IRGA 418 2,93 0,80 2,14 3,32 1,26 2,06 IRGA 419 2,51 1,28 1,23 4,01 1,99 2,01 IRGA 420 3,13 0,64 2,49 3,90 3,41 0,49 IRGA 421 2,32 0,21 2,11 3,11 2,08 1,03 FORMOSA 2,41 1,37 1,03 3,04 1,10 1,93 BLUE BELLE 2,40 1,13 1,27 2,55 1,23 1,31 # # Média 2,66 b* 0,86 b 1,80 3,36 a* 1,77 a 1,59 Desvio Padrão 0,31 0,36 0,51 0,51 0,68 0,59 CV (%) 11,84 41,56 28,33 15,14 38,40 36,96 * # Médias seguidas de letras distintas diferem-se ao nível de 95% de significância. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE ARROZ PRODUZIDAS NO ALTO VALE DO ITAJAÍ Francisco Roberto Kirchner, Marciel J. Stadnik. Universidade Federal de Santa Catarina, Laboratório de Fitopatologia - CCA - UFSC, C.P. 476, 88040-100. Florianópolis – SC. E-mail: [email protected] Palavras-chave: sementes, arroz, Pyricularia grisea, sanidade, fitopatologia O sistema de produção de arroz irrigado é responsável por 98,0% da produção catarinense de um total de 1.022.369 toneladas, com rendimento médio de 7.480 kg/ha. (ICEPA, 2003). Com esta produção, Santa Catarina se destaca no cenário nacional, sendo o terceiro maior produtor de arroz do Brasil. A ocorrência de doenças é um dos maiores fatores de restrição à produção. A planta de arroz, em qualquer fase de desenvolvimento, está sujeita a doenças que reduzem tanto a qualidade como a quantidade do produto final. Entre os prejuízos diretos causados pelas doenças em arroz incluem-se a redução no estande de plantas, grãos manchados, menor número e/ou tamanho de grãos e redução geral na eficiência produtiva das plantas. Como danos indiretos tem-se os custos da aquisição e aplicação de insumos e a redução da produção (MIURA, 2002). As principais doenças do arroz irrigado em Santa Catarina são causadas por fungos. A brusone, causada por Pyricularia grisea, é a principal doença, devido aos altos prejuízos econômicos que tem causado (MIURA, 2002; KIMATI et al., 1997). Com importância secundária ocorrem a mancha parda (Helminthosporium oryzae), a escaldadura (Monographella albescens), as manchas de glumas (H. oryzae, Phoma sp., Curvularia sp., Epicoccum sp., Alternaria sp., Nigrospora oryzae e Fusarium sp.), a mancha estreita (Cercospora oryzae) e “Bakanae” (Fusarium moniliforme). Também ocorrem ataques de doenças causadas por fungos habitantes do solo, tais como queima das bainhas (Rhyzoctonia solani), a mancha das bainhas (Rhyzoctonia oryzae) e podridão do colmo (Sclerotium oryzae) (RIBEIRO, 1986). Muitos destes fungos podem ser transmitidos via semente, que se constitui num eficiente veículo de disseminação de patógenos para novas áreas de plantio (AMARAL, 1987). A avaliação sanitária das sementes permite a identificação de problemas ocorridos durante a fase de campo e armazenamento, estabelecer métodos de controle e fornecer subsídios para realizar um melhor controle de qualidade das unidades produtoras. Este trabalho objetivou identificar e quantificar os principais fungos fitopatogênicos associados às sementes não tratadas de arroz irrigado produzidas no Alto Vale do Itajaí em Santa Catarina. O estudo foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, SC, onde foram analisados 25 lotes de sementes de arroz da cultivar Epagri 109, coletadas em municípios do Alto Vale do Itajaí. Para avaliação da sanidade das sementes, utilizou-se o método de papel de filtro com congelamento, utilizando-se 100 sementes por amostra, observadas individualmente sob microscópio esteroscópio aos 7 dias após incubação a temperatura de 25º C, fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de escuro. Nas 25 amostras de sementes analisadas foram identificados 14 gêneros de fungos listados na Tabela 1. Os fungos Alternaria padwiki, Alternaria alternata, Curvularia sp., Phoma sp. Epicoccum sp. e Cladosporium sp. apareceram em 100% das amostras analisadas, seguido de Monographella albenscens e Rhizoctonia sp. com 96,0%, Fusarium sp. com 92,0%, Nigrospora sp. com 76,0%, Helminthosporium sp. com 52,0% e Pyricularia grisea com 44,0%. Tabela 1: Freqüência de amostras, incidência média, maior e menor incidência de fungos associados a sementes de arroz em 25 lotes provenientes da região do Alto Vale do Itajaí, SC, 2003. Fungo Freqüência de amostras com fungo (%) 100,0 Incidência média Maior (%) incidência (%) 66,4 86,0 Menor incidência (%) 30,0 1. ALTERNARIA PADWICKII 2. ALTERNARIA 100,0 7,5 15,0 1,0 ALTERNATA Curvularia sp. 100,0 10,3 26,0 2,0 Phoma sp. 100,0 29,6 43,0 12,0 Epicoccum sp. 100,0 8,4 19,0 3,0 Monographella albescens 96,0 14,0 32,0 2,0 Cladosporium sp. 100,0 21,7 50,0 5,0 Nigrospora sp. 76,0 3,6 12,0 1,0 Fusarium sp. 92,0 6,0 18,0 2,0 Helminthosporium sp. 52,0 1,4 3,0 1,0 Pyricularia grisea 44,0 1,5 3,0 1,0 Rhizoctonia sp. 96,0 7,0 13,0 3,0 Rhizopus sp. 12,0 1,3 2,0 1,0 Myrothecium sp. 76,0 4,8 17,0 1,0 Aspergillus sp. 12,0 1,3 2,0 1,0 Outros (não identificado) 84,4 7,8 21,0 2,0 Pode-se verificar, conforme a Tabela 1, que Pyricularia grisea e Helminthosporium sp., os principais fungos causadores de danos em arroz, apareceram em praticamente metade das amostras. No entanto, a incidência média destes fungos nas amostras infectadas foi baixa, 1,5% e 1,4%, respectivamente. Além disso, verifica-se que a incidência desses fungos nas amostras infectadas variou entre 1% e 3%. A baixa incidência de P. grisea pode ser explicada, pois sementes infectadas possuem menor peso devido ao chochamento (KIMATI et al., 1997). Em conseqüência, a maioria dessas sementes é eliminada no processo de colheita e beneficiamento. Além disso, no sistema de produção de sementes de arroz o controle de doenças é mais rigoroso do que na produção de grãos. A baixa incidência de P. grisea também é relacionada com o período de armazenamento, conforme relatado por VALARINI et al. (1990), que observaram uma acentuada queda na incidência de P. grisea na maioria das amostras avaliadas após dois meses de armazenamento sob condições de ambiente. Sendo os esporos deste fungo, muito frágeis e facilmente sujeitos a dessecação, podem perder a viabilidade em pouco tempo, com redução dos índices de incidência nas sementes. Pode-se observar que Alternaria padwickii apresentou o mais alto valor de incidência nas amostras, sendo que este já foi observado em associação com sementes de arroz em diversos países (AMARAL, 1987). Um alto nível de infecção de A. padwickii pode causar apodrecimento das sementes, raízes e coleóptilo, redução na germinação e morte de plântulas COSTA (1991). No entanto, SOAVE et al. (1997) observaram que este fungo não apresenta correlação com manchas de sementes, já MALAVOLTA et al. (2002) consideram, que de maneira geral, este fungo não causa problemas à sanidade e germinação em sementes de arroz. Nos fungos causadores de manchas de grãos nota-se que houve uma variação de 3,6% a 29,6% de incidência média entre as amostras, mostrando que os mais importantes foram, em ordem decrescente, Phoma sp., Monographella albenscens, Curvularia sp., Epicoccum sp., Fusarium sp. e Nigrospora oryzae. Alguns destes fungos podem causar também manchas foliares como Phoma sp. e A. padwickii, cuja incidência vem aumentando nos últimos anos. Apesar de não causarem danos com respeito a produtividade da cultura causam desvalorização das sementes pela sua má aparência (AMARAL, 1987). Helminthosporium sp. obteve incidência média de 1,4% nas amostras sendo que esse fungo quando presente em grandes quantidades na semente, além de reduzir a sua qualidade através das manchas que causa é bastante importante no início da germinação causando podridão e morte das plântulas, reduzindo o stand. (AMARAL et al., 1985). Diante destes resultados conclui-se que, os níveis de incidência de P. grisea e Helminthosporium sp. nas sementes são consideravelmente baixos comparados aos níveis de tolerância (20%) propostos pelo COPASEM - Comitê de Patologia de Sementes (NASSER, 2002). Por outro lado, para A. padwickii, todas as amostras apresentaram níveis de incidência superiores àquele do COPASEM (10%). Já para Phoma sp. e Monographella albenscens, 23 e 9 amostras, respectivamente, apresentaram incidência maior que o nível de tolerância de 15% proposto pelo COPASEM. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AMARAL, H. M. Testes de sanidade de sementes de arroz. In: SOAVE, J. & WETZEL, M. M. V. da S. In: Patologia de sementes. Campinas: Fundação Cargill, 1987. p.358-370. AMARAL, H. M.; RIBEIRO, A. S.; LUCCA FILHO, O. A. Diagnóstico da patologia de sementes de arroz no Brasil. Revista Brasileira de Sementes. v. 7, n. 1, 1985, p. 183-187. COSTA, J. L. da S. Alternaria padwickii e Curvularia lunata: patogenicidade e transmissão por sementes de arroz irrigado. Fitopatologia Brasileira, v. 16, n. 1, 1991, p. 15-18. ICEPA: www.icepa.com.br (Consultado em: 10/06/2003) KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.; REZENDE, J. A. M. Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Agronomica Ceres, 1997, 774p. MALAVOLTA, V. M. A.; PARISI, J. J. D.; TAKADA, H. M.; MARTINS, M. C. Efeito de diferentes níveis de Bipolaris oryzae em sementes de arroz sobre aspectos fisiológicos, transmissão do patógeno às plântulas e produção. Summa Phytopathologica, v. 28, n. 4, 2002, p. 336-340. MIURA, L. Doenças. In: EPAGRI. Arroz irrigado: sistema pré-germinado. Florianópolis: Epagri/GMC, 2002, p. 203-227. NASSER, L. C. B. Sanidade de sementes com referência à melhoria de qualidade na produção de sementes básicas no Brasil. In: 7o Simpósio brasileiro de patologia de sementes. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002, p. 143-169. RIBEIRO, A. S. Inspeção de campo visando sanidade de sementes de arroz. In: Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes, 2. Campinas: Fundação Cargill, 1986, p. 57-64. SOAVE, J.; PRABHU, A. S.; RICCI, M. T. T.; BARROS, L. G.; SOUZA, N. R. G.; CURVO, R. C. V.; FERREIRA, R. P.; SOBRAL, C. A. M. Etiologia de manchas de sementes de cultivares de arroz de sequeiro no Centro-Oeste brasileiro. Summa Phytopathologica, v. 23, n. 2, 1997, p. 122-127. VALARINI, P. J.; VECHIATO, M. H.; LASCA, C. C. Sobrevivência de fungos associados a sementes de arroz (Oryza sativa) em duas condições de armazenamento. Fitopatologia Brasileira, v. 15, n. 3, 1990, p. 173-176. TESTES DE VIGOR EM SEMENTES DE ARROZ Albuquerque Barros ,Antonio Carlos S. , JACOBSEN, Fabio Luis L. , SCHUCH, Luis Osmar B. – UFPel/FAEM – Departamento de Fitotecnia, Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia em Sementes, Campus Universitário – Caixa Postal 354, CEP 96010-900 – Pelotas-RS. Telefone 0xx 53 275 7327 – E-mail: [email protected] e : [email protected] Palavras-chave: Oriza sativa (L.), qualidade fisiológica, sementes e testes de vigor. O aumento do consumo mundial de arroz (Oryza sativa L.) tem gerado uma grande demanda em qualidade e produtividade, outro fator e a importância econômica que este cereal tem para a região sul do Rio Grande do Sul, por ser este o mais produzido, apresentando cerca de um milhão de hectares cultivados, exigindo um grande número de variedades produtivas. O controle de qualidade das sementes é peca chave no aumento da produtividade e produção, consecutivamente. A exigência cada vez maior por parte dos produtores pela garantia da compra de um produto comprovadamente de boa qualidade, não mais passa somente pelo teste de germinação, mais sim por testes de vigor. Diversos testes já foram pesquisados, mas, nenhum deles, para a cultura do arroz, até o presente momento, tornou-se de uso generalizado, não só pela dificuldade de padronização, mas, essencialmente, porque os objetivos dificilmente são atingidos em face da grande variabilidade das condições ambientais observados na época e no local onde ocorrem os cultivos. O presente trabalho foi realizado, no Laboratório Didático de Análise de Sementes (LDAS) e no campo experimental do Departamento de Fitotecnia, da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas, durante o período de outubro de 2001 a marco de 2002. Foram utilizadas sementes de quatro cultivares de arroz, com três lotes cada, EPAGRI 102, 112, IRGA 417 e BRS PELOTA, da safra 2000 2001, utilizando-se os testes de primeira contagem da germinação, teste de frio, envelhecimento precoce, condutividade elétrica, crescimento de plântulas, emergência em campo, pH do Exsudato. O trabalho apresentou como resultado, que, os testes de condutividade elétrica a 24 horas, teste de frio e envelhecimento precoce os que se mostraram mais relacionados a emergência em campo em sementes de arroz. PERFIL SENSORIAL DE GENÓTIPOS DE ARROZ DA SAFRA DE 2001 Regina Célia Della Modesta (1), José Luiz Viana de Carvalho (1), Elisabeth Borges Gonçalves (1), Aline L. de Souza e Silva (1). (1) Embrapa Agroindústria de Alimentos, Av. das Américas, 29.501. CEP 23020-470 – Rio de Janeiro, RJ, E-mail: [email protected]. Palavras-chaves: ADQ, análise sensorial, arroz Cultivares de arroz diferem em seus parâmetros de qualidade, incluindo sua qualidade comestível (DESHPANDE & BHATTACHARIA, 1982). Muitos pesquisadores têm estudado a qualidade comestível do arroz cozido (KUMER et al., 1976; OKABE, 1979; TSUJI, 1982), Outros têm determinado o perfil sensorial de cultivares de arroz (DEL MUNDO et al., 1989; ROUSSET-AKRIM et al., 1995; YAU & HUANG, 1996; DELLA MODESTA et al., 1997, LYON et al., 1999, DELLA MODESTA et al., 2002). Assim, o objetivo foi avaliar o perfil sensorial dos seguintes genótipos de arroz brasileiro colhidos na safra 2001: Biguá, BR Irga 409, CNA 8569, CNA i 8860, CNA i 8872, CNA i 8881, CNA i 8879, CNA i 9025, CNA i 9054, CNA i 9613, CNA i 9616, CNA i 9620, CNA i 9621, Formoso, Metica 1, CNA i 8622, CNA i 8870, CNA i 8868, CNA i 8880, CNA i 8885, CNA i 8886, CNA i 9606, CNA i 9608, CNA i 9615, CNA i 8858, CNA i 8864, CNA i 9018, CNA i 9610, CNA i 9612, CNA i 9614, CNA i 8859, CNA i 9052, Jaburu. O arroz foi preparado conforme DELLA MODESTA (1997). Foi aplicada a terminologia sensorial e os pontos das escalas definidos por DELLA MODESTA et al. (1997) e DELLA MODESTA et al. (2002), respectivamente. Os atributos avaliados foram: dureza, adesividade, gomosidade, granulosidade, umidade, e sabores característico, cereal e de goma. Os seis provadores foram treinados nas escalas, e foi verificada a eficácia do treinamento através dos desvios obtidos segundo provador. O nº máximo de desvios obtidos para cada provador, em cada amostra, foi quatro, portanto, nenhum dos provadores, em nenhum momento, se desviou da equipe em mais de 50 % dos oito atributos sensoriais estudados. O método sensorial usado foi ADQ (STONE et al., 1974), com escala não estruturada de 10 cm onde 1 correspondeu ao “fraco” e o 9 ao “forte”. Os testes definitivos foram realizados em cabines individuais do laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Agroindústria de Alimentos/RJ, sob iluminação vermelha. A apresentação das amostras foi monádica, sendo servidas à 450C em pires branco contendo 5g de arroz cozido, codificados com números aleatórios de três dígitos. Entre uma amostra e outra, o provador limpava o palato com água mineral à temperatura ambiente. Foram realizadas análises de variância uni e multivariadas, análise de correlação e análise de componentes principais. Houve efeitos significativos de genótipos (p<0,05) para quase todos os atributos estudados, à exceção de gomosidade e sabor de cereal (Tabela 1). A dureza da cultivar Biguá não diferiu das amostras BR IRGA 409, Metica 1 e Jaburu. Poucas foram as amostras que diferiram da Biguá. Diferiram significativamente da dureza desta amostra, as durezas das amostras 5, 6, 9, 14, 16 e 26. Assim, as amostras 5, 6, 9, 14 e 16 foram significativamente mais duras que a amostra 1, enquanto que a amostra 26 foi significativamente menos dura. Na adesividade foram encontradas poucas diferenças entre os genótipos. Similarmente à dureza, a Biguá não diferiu das BR IRGA 409, Metica 1 e Jaburu. A amostra 6 foi significativamente mais granulosa que a Biguá, enquanto que as amostras 19 e 26 foram significativamente menos granulosas que aquela. Demais comparações foram obtidas de maneira similar. Diversos foram os coeficientes de correlação significativos obtidos, embora um pouco baixos. Foram considerados razoáveis as correlações de gomosidade e umidade com adesividade, bem como entre gomosidade e granulosidade. A proporção de variação acumulada pelos dois primeiros componentes principais foi de 52,14 %, considerado baixo. Estes componentes puderam ser representados como se segue : CP1 = -0,025936xdureza + 0,515822xadesividade + 0,544301xgomosidade + 0,122187xgranulosidade + 0,434591xumidade - 0,075714xsabor característico + 0,046742xsabor cereal + 0,474630xsabor goma CP2 = 0,684263xdureza - 0,117918xadesividade + 0,013741xgomosidade+ 0,673584xgranulosidade - 0,177793xumidade + 0,039241xsabor característico + 0,113084xsabor cereal + 0,134298xsabor goma As variáveis dureza e granulosidade tiveram altos pesos positivos no componente2 (CP2). No componente 1 (CP1), adesividade, gomosidade e umidade tiveram os maiores pesos. No modelo multivariado foram significativos os efeitos de provadores e genótipos no conjunto de atributos estudados. Assim, como esperado, os resultados da análise de variância multivariada não diferiram do obtido numa visão geral dos resultados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEL MUNDO, A. M., KOSCO, D. A., JULIANO, B. O. et al. 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Sensory analysis of cooked rice. Food Quality and Preference, v. 7, n.¾, p. 263-270, 1996. § Cultivar Dureza Sabor característico 6,60 4,00 5,92 6,03 5,80 5,47 5,03 3,02 6,53 6,78 4,00 6,07 8,20 5,83 4,70 8,25 4,67 5,28 6,42 3,78 5,26 6,22 3,30 5,20 7,58 4,72 5,50 6,23 3,68 7,17 5,55 4,53 5,53 6,28 4,47 5,13 6,72 2,72 5,26 6,16 3,18 6,50 7,34 4,78 6,62 8,25 3,03 4,40 6,25 4,43 6,08 5,48 5,63 5,68 4,82 3,72 7,80 5,78 4,90 6,14 6,26 4,02 6,74 6,46 2,88 6,60 5,36 5,42 5,62 5,08 5,62 5,96 6,17 3,98 6,78 4,82 3,35 6,27 5,78 3,97 6,13 6,75 4,00 5,88 7,05 4,80 5,53 6,58 5,15 6,10 5,98 6,86 5,23 6,04 4,70 5,82 4,98 4,90 6,22 2,04* 1,91* 1,56* ns – não significativo * - significativo ao nível de 5% Adesividade Gomosidade Granulosidade Umidade 1 Biguá 6,03 3,53 4,35 2 BR Irga 409 5,43 3,72 4,52 3 CNA 8569) 5,13 2,50 3,87 4 CNA i 8860 5,70 3,33 3,50 5 CNA i 8872 7,67 2,25 3,78 6 CNA i 8881 7,80 3,60 3,08 7 CNA i 8879 5,74 3,44 3,70 8 CNA i 9025 5,84 2,60 2,76 9 CNA i 9054 7,72 3,34 3,74 10 CNA i 9613 6,50 2,10 3,02 11 CNA i 9616 5,02 3,13 3,68 12 CNA i 9620 7,00 3,58 4,17 13 CNA i 9621 6,56 2,24 2,42 14 Formoso 8,16 2,76 3,06 15 Metica 1 6,36 3,16 3,94 16 CNA i 8622 8,27 2,68 3,25 17 CNA i 8868 5,57 5,00 4,03 18 CNA i 8870 5,25 4,83 3,83 19 CNA i 8880 5,58 2,94 3,00 20 CNA i 8885 6,34 5,48 4,94 21 CNA i 8886 6,44 3,84 4,18 22 CNA i 9606 6,66 2,74 3,40 23 CNA i 9608 6,54 4,34 4,06 24 CNA i 9615 5,72 4,02 3,80 25 CNA i 8858 5,13 2,97 3,68 26 CNA i 8864 4,30 3,78 3,37 27 CNA i 9018 5,23 2,18 2,77 28 CNA i 9610 6,53 2,98 3,15 29 CNA i 9612 6,90 5,58 3,05 30 CNA i 9614 5,95 3,80 3,63 31 CNA i 8859 6,66 4,14 3,42 32 CNA i 9052 5,34 3,72 3,96 33 Jaburu 4,94 3,60 3,42 ns Famostra 2,46* 1,81* 1,25 § avaliados em escala não estruturada de nove pontos. N 0 Tabela 1 – Valores médios ajustados dos atributos sensoriais 3,00 2,75 1,98 2,58 3,93 2,18 3,06 3,42 2,78 2,17 2,13 2,78 2,78 2,90 2,66 4,00 4,15 3,33 2,46 2,74 2,88 2,90 2,24 2,00 2,20 2,92 2,47 2,35 3,20 2,80 1,80 2,06 1,70 1,65* 3,22 4,17 3,05 3,93 2,93 3,45 3,16 3,00 2,96 2,13 3,50 2,80 2,18 2,42 2,96 3,08 3,00 3,08 2,32 4,10 2,84 2,26 2,28 2,24 2,20 1,97 1,70 2,33 2,63 2,03 1,83 2,62 1,78 ns 1,25 Sabor de cereal Sabor de goma TEOR DE AMILOSE, RETROGRADAÇÃO E FORMAÇÃO DE AMIDO RESISTENTE EM CULTIVARES DE ARROZ (1) MELISSA W ALTER (2), LEILA PICOLLI DA SILVA (3), MARCELI PAZINI (4), JOSÉ LAERTE NÖRNBERG (5), CARLOS ALBERTO ALVES FAGUNDES (6). NIDAL-DTCA-CCR, UFSM, CAMPUS UNIVERSITÁRIO, SANTA MARIA – RS. CEP: 97.105-900. 1 [email protected]. TRABALHO PARCIALMENTE FINANCIADO PELA CAPES BRASIL; 2MESTRANDA DO PPGCTA - UFSM; 3BOLSISTA PRODOC - BENEFICIÁRIA DE 4 AUXÍLIO FINANCEIRO CAPES – BRASIL; GRADUANDA DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA 5 - UFSM; PROFESSOR ADJUNTO DO DTCA - UFSM; 6PESQUISADOR DO IRGA. PALAVRAS-CHAVE: PROCESSAMENTO, PARBOILIZAÇÃO, ALIMENTO FUNCIONAL. Nos últimos anos, vários estudos vêm sendo conduzidos a fim de explorar as propriedades funcionais dos alimentos, relacionadas à presença de substâncias que, quando consumidas em quantidade e periodicidade adequadas, agem beneficamente no organismo humano. Entre estes componentes, destaca-se o amido resistente, que é definido como “a soma do amido e produtos de sua degradação não absorvidos no intestino delgado de indivíduos saudáveis” (Goñi et al, 1996). Por não ser digerido no intestino delgado, este composto torna-se disponível como substrato para fermentação pelas bactérias anaeróbicas no cólon (Jenkins et al., 1998), compartilhando muitas das características e efeitos benéficos atribuídos à fibra alimentar (Berry, 1986), entre os quais, prevenção de doenças inflamatórias do intestino, mantença da mucosa, controle dos níveis glicêmicos, reduções nos níveis de colesterol e de triglicerídeos na hiperlipidemia, aumento do volume fecal e, possivelmente, redução do risco de câncer de cólon (Jenkins et al., 1998). De acordo com a razão para sua resistência à digestão, esta fração do amido pode ser dividida em três categorias: amido fisicamente inacessível - AR1; grânulos de amido resistente - AR2; e amido retrogradado - AR3 (Goñi et al., 1996). O AR3 é o tipo mais comum na dieta e importante do ponto de vista tecnológico, uma vez que é formado, principalmente, como resultado do processamento térmico. Este fato pode ser de grande interesse para a indústria arrozeira, a fim de aumentar o teor de amido resistente em alimentos processados. Normalmente, o arroz é classificado como um alimento de alto índice glicêmico. Entretanto, vários fatores afetam a digestibilidade do amido deste cereal, principalmente, a proporção amilose:amilopectina e o processamento (Frei et al., 2003). A proporção amilose:amilopectina varia nas diferentes cultivares, e estudos têm demonstrado unanimidade quanto à existência de uma relação direta entre o conteúdo de amilose e a formação de amido resistente (Berry, 1986; Sambucetti & Zuleta, 1996; Eggum et al., 1993). O cozimento, seguido de armazenagem, pode levar à retrogradação do amido, aumentando o nível de amido resistente e, conseqüentemente, diminuindo o índice glicêmico. Assim, a seleção de uma certa cultivar e a adaptação do processamento podem oferecer a possibilidade de reduzir a resposta glicêmica ao arroz ingerido (Frei et al., 2003). Com base nestes dados, o presente trabalho objetivou analisar a relação entre o conteúdo de amilose e a formação de amido resistente em diferentes cultivares de arroz polido (cru e cozidorefrigerado) e parboilizado. Para isto, foram analisadas, nas dependências do Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais (NIDAL) do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 3 cultivares de arroz (BRIRGA 409, IRGA 419 e Formosa), submetidas a diferentes formas de processamento (grão descascado e polido; grão parboilizado, descascado e polido; grão branco polido, cozido e refrigerado). Estas amostras foram cultivadas no ano de 2002, na Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/Cachoeirinha/RS), e beneficiadas (parboilização e descascagem) no Laboratório de Qualidade desta mesma Instituição. Para a obtenção das amostras cozidas e refrigeradas, utilizou-se a proporção de 1g de arroz para 1,2ml de água e cocção por aproximadamente 20 minutos, seguida de refrigeração a 4ºC por 24 horas e secagem em estufa a 55ºC por 72 horas. A determinação de matéria seca (MS) foi realizada de acordo com a técnica descrita pela AOAC (1995); a de amilose, por reação iodométrica (Blue Value) (Gilbert & Spragg, 1964) e a de amido disponível e resistente, segundo citado por Sambucetti & Zuleta (1996) e modificado por Walter et al. (2003; dados não publicados). As enzimas utilizadas foram a α-amilase Termamyl 120L® , a amiloglicosidase AMG 300L®, e a protease Flavourzyme 500L®; todas gentilmente doadas pela Novozymes Latin American Limited. Os resultados foram submetidos a análise de correlação e teste-T ao nível de 5% de significância. Considerando a influência do processamento, os resultados obtidos no presente trabalho mostram aumento nos teores de amido resistente entre as amostras de uma mesma cultivar (Gráfico 1), o qual foi inversamente proporcional ao teor de amido disponível nestes grãos (dados não mostrados). Estas modificações ocorrem porque as propriedades estruturais, físicas e químicas do amido são parcialmente modificadas durante o cozimento e processamento, afetando sua suscetibilidade à ação das enzimas amilolíticas. Independente da forma de processamento, o aumento nos teores de amido resistente mostrou-se diretamente (P<0,05) relacionado ao conteúdo de amilose das amostras (r=0,9984 para as cozidas e refrigeradas; r=0,9623 para as parboilizadas) (Gráfico 2). Estes resultados foram semelhantes aos discutidos por Eggum et al. (1993) e Frei et al. (2003), os quais comentam que a relação direta entre teor de amilose e formação de AR3 é comum não só em arroz, como também, em outros alimentos. Observou-se ainda, que o aumento no teor de AR foi maior para as amostras parboilizadas do que para as cozidas e refrigeradas (Gráfico 1). Esta diferença pode ter ocorrido porque, embora ambos os processamentos sejam hidrotérmicos, a parboilização é um processo mais intenso. Neste, além dos grãos serem submetidos a encharcamento (65oC por 300 min), ainda passam por autoclavagem (110oC a 0,6 Kpa por 10 min) e secagem, o que pode levar a uma maior retrogradação e, conseqüentemente, maior formação de AR, quando comparado ao processo de cozimento-refrigeração. A partir dos dados expostos, pode-se afirmar que a cultivar, seu conteúdo de amilose e o tratamento a que estas são submetidas, provocam diferenças substanciais na disponibilidade do amido e, conseqüentemente, no conteúdo de amido resistente. Percebe-se então, que a determinação do conteúdo de amilose, aliada ao tipo de processamento, é importante não só no aspecto físico, como vem sendo usada, mas também como indicativo de uso diferenciado dos grãos em estratégias específicas, inclusive como alimento funcional, na nutrição humana, em especial para formular dietas de baixo índice glicêmico para indivíduos que apresentam metabolismo anormal de carboidratos. Gráfico 1. Variação nos teores de amido resistente em grãos de arroz submetidos a diferentes formas de processamento 7 Crua Cozida-refrigerada Parboilizada Amido resistente 6 5 4 3 2 1 0 BR-IRGA 409 IRGA 419 Formosa Cultivar Gráfico 2. Relação entre teor de amilose e formação de amido resistente em grãos de arroz submetidos a diferentes formas de processamento 30 Amilose (%) r = 0,9984 r = 0,9623 25 20 cozimento-refrigeração parboilização 15 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 Amido resistente (%) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC – ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. 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[email protected]. 1Trabalho parcialmente financiado pela CAPES – Brasil; 2Estagiário, aluno de Graduação do Curso de Zootecnia – UFSM; 3Prof. Adjunto do DTCA-UFSM; 4Bolsista ProDoc - Beneficiária de auxílio financeiro CAPES-Brasil; 5Pesquisador do IRGA. Palavras-chave: cereais, microelementos, processamento. Os minerais são elementos essenciais para o bom funcionamento do organismo humano, exercendo funções estruturais e reguladoras. Eles são importantes para a ativação de numerosas reações que liberam energia durante o desmembramento dos carboidratos, das gorduras e das proteínas. Além disso, também atuam efetivamente na síntese de nutrientes biológicos: do glicogênio a partir da glicose, das gorduras a partir dos ácidos graxos e do glicerol e das proteínas a partir dos aminoácidos. As fontes dietéticas destes nutrientes são os alimentos de origem animal e os vegetais, em especial, cereais como o arroz. Atualmente, estima-se que o arroz freqüente a mesa de dois terços da população mundial, constituindo-se no principal alimento em vários países. Por ser um ingrediente básico da dieta, alterações na composição química deste cereal podem influenciar significativamente o seu valor nutricional, o que terá reflexos diretos sobre a saúde da população. São vários os fatores que podem interferir no valor nutritivo do arroz, entre eles destaca-se: a diferença entre genótipos, as condições ambientais, as práticas culturais utilizadas durante o plantio e, na pós-colheita, e os processos de beneficiamento, em especial a parboilização dos grãos. Estudos vêm demonstrando que este processo de beneficiamento pode alterar significativamente algumas medidas de interesse nutricional. MICKUS & LUH (1980) relatam que a parboilização aumenta os níveis de alguns minerais. Da mesma forma, KIK & WILLIAMS (1945) e PADUA & JULIANO (1974) relatam um aumento de vitaminas devido a este processo. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi o de estudar a variação entre cultivares e o efeito da parboilização sobre os teores de zinco, cobre, ferro e manganês, em grãos de arroz cultivados no Rio Grande do Sul. Para atingir este objetivo foram analisadas, nas dependências do Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais (NIDAL) do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade de Santa Maria (UFSM), 20 amostras de 10 cultivares de arroz (polido e parboilizado) recomendadas para produção de grãos no Rio Grande do Sul (BR-IRGA 409, BR-IRGA 410, IRGA 416, IRGA 417, IRGA 418, IRGA 419, IRGA 420, IRGA 421, Blue Belle e Formosa), cultivadas, parboilizadas e polidas no Laboratório de Qualidade da Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/Cachoeirinha/RS), no ano de 2002. Para a parboilização, as amostras foram submetidas a encharcamento numa relação massa de grãos: água de 1:1,5 a 65oC ± 1oC, por 300 min, autoclavadas a 110oC± 1oC, a pressão de 0,6 KPa ± 0,05KPa, por 10 min. Após este processo, as amostras foram submetidas à secagem e temperagem através de repouso dentro de secador, por um período de 24 a 48 horas. Todas as amostras foram submetidas ao descascamento em engenho de provas Suzuki, modelo MT 96, previamente regulado para a cultivar. O polimento foi realizado no mesmo engenho, com tempo de permanência das amostras descascadas no brunidor de 1,5 min. Após este processo, os grãos de arroz foram moídos a fim de se obter tamanho de partículas apropriado para a análise de minerais. A análise de matéria mineral (MM) foi realizada de acordo com a técnica descrita pela AOAC (1995), e as análises de Zn, Cu, Fe e Mn foram realizadas de acordo com o descrito por TEDESCO et al. (1995). Os resultados obtidos para arroz polido e parboilizado foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste F, ao nível de 5% de probabilidade. Considerando que todas as amostras foram submetidas às mesmas condições de cultivo, torna-se razoável supor que a ampla variação observada entre cultivares de arroz para os micronutrientes avaliados se deva, na maior parte, a fatores de ordem genética (Tabela 1). A variação nos teores de Zn, Cu, Fe e Mn nas amostras de grãos polidos foi de 0,73 a 1,03 mg/kg; 0,11 a 0,29 mg/kg; 0,08 a 0,53 mg/kg e 0,21 a 0,52 mg/kg, respectivamente. Na mesma ordem, nas amostras de grãos parboilizados, estas variações foram de 0,47 a 0,65 mg/kg; 0,12 a 0,28 mg/kg; 0,17 a 0,41 mg/kg e 0,16 a 0,56 mg/kg, respectivamente. Se considerarmos que o Zn é constituinte importante de enzimas e hormônios que participam das principais vias metabólicas, o Cu e o Fe são componentes das enzimas que participam do metabolismo da hemoglobina, e o Mn contribui na utilização da glicose para fornecer energia; torna-se evidente que a ampla variação observada nos teores destes minerais entre cultivares de arroz, também relatada por outros pesquisadores (MICKUS & LUH, 1980; COFFMAN & JULIANO, 1987), poderia ser utilizada como um critério de escolha na produção de arroz para usos específicos na nutrição. A parboilização aumentou os teores de matéria mineral nos grãos de arroz (Tabela 1), o que concorda com o descrito por JULIANO & BECHTEL, (1985). Entretanto, este efeito não é o mesmo para todos os minerais. No caso dos avaliados, verifica-se que os níveis de Cu (P=0,64) e Fe (P=0,26) se mantiveram idênticos, e os de Zn e Mn, ao contrário do esperado, diminuíram (P<0,05) com a parboilização. Possivelmente os efeitos mencionados de transferência de minerais do pericarpo para o endosperma do grão, por ocasião da parboilização (Juliano & Bechtel, 1985) não sejam verdadeiros para os minerais estudados. No caso do Zn (redução de 39%) e do Mn (redução de 60%) é possível que parte destes sejam solubilizados e perdidos na água usada para o encharcamento dos grãos, justificando assim a redução nos valores observados. Com os resultados obtidos no presente trabalho pode-se concluir que a concentração de Zn, Cu, Fe e Mn apresenta variação entre cultivares. E que a parboilização aumenta a concentração de minerais totais, porém este processamento não atua de maneira uniforme para estes minerais, pois as concentrações de Cu e Fe não se alteram, enquanto as concentrações de Zn e Mn diminuem. Referências Bibliográficas AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis. 16 ed. Washington, 1995. COFFMAN, W.R.; JULIANO, B.O. Rice. In: OLSON, R.A.; FREY, K.J. 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Tabela 1- Concentração de Zn, Cu, Fe, Mn e MM em grãos polidos e parboilizados de diferentes cultivares de arroz Cultivar Zn Cu Fe Mn MM ....................... mg/kg de matéria seca ..................... % Grãos polidos BR-IRGA 409 0,94 0,12 0,08 0,35 0,49 BR-IRGA 410 0,82 0,29 0,39 0,40 0,48 IRGA 416 1,03 0,13 0,25 0,37 0,56 IRGA 417 0,98 0,11 0,15 0,44 0,60 IRGA 418 0,98 0,13 0,12 0,44 0,53 IRGA 419 0,91 0,13 0,19 0,39 0,48 IRGA 420 0,76 0,23 0,53 0,52 0,53 IRGA 421 0,94 0,19 0,23 0,43 0,69 Blue Belle 0,97 0,23 --0,43 0,64 Formosa 0,92 0,12 0,09 0,21 0,34 Média 0,92 a* 0,17 a* 0,22 a* 0,40 a* 0,53 b* Desvio padrão 0,08 0,06 0,15 0,08 0,10 Grãos parboilizados IRGA 409 0,62 0,18 0,25 0,21 1,05 IRGA 410 0,47 0,14 0,29 0,20 0,77 IRGA 416 0,62 0,13 0,41 0,16 0,88 IRGA 417 0,59 0,13 0,28 0,18 1,08 IRGA 418 0,65 0,15 0,24 0,22 0,82 IRGA 419 0,58 0,17 0,29 0,25 0,88 IRGA 420 0,50 0,28 0,25 0,56 0,97 IRGA 421 0,63 0,21 0,39 0,27 0,69 Blue Belle 0,49 0,23 0,24 0,22 0,96 Formosa 0,50 0,12 0,17 0,17 0,53 Média 0,56 b* 0,17 a* 0,28 a* 0,24 b* 0,86 a* Desvio padrão 0,07 0,05 0,07 0,11 0,17 *Médias seguidas de letra distinta na coluna, diferem-se pelo teste F ao nível de 95% de significância. DUREZA E ADESIVIDADE DE GENÓTIPOS DE ARROZ DA SAFRA DE 2001 Regina Célia Della Modesta (1), José Luiz Viana de Carvalho (1), José Carlos Sá Ferreira (1) Embrapa Agroindústria de Alimentos, Av. das Américas, 29.501. CEP 23020-470 – Rio de Janeiro, RJ, E-mail: [email protected]. Palavras-chaves: instrumental, análises físicas, textura O arroz é um alimento básico para metade da população mundial, e constitui hoje parte significativa da dieta ocidental (GILCHIST, 1995). O valor econômico do arroz nos mercados doméstico e internacional é fortemente afetado pela qualidade tecnológica e sensorial do arroz cozido. Muitas pesquisas têm sido conduzidas para avaliar a qualidade desse produto (PEREZ & JULIANO, 1979; JULIANO et al., 1981; PEREZ et al., 1993; YAU & HUANG, 1996). Sua dureza e sua adesividade podem ser avaliadas tanto sensorial quanto instrumentalmente. Segundo CARVALHO & DELLA MODESTA (2001) ambas se correlacionam, o que não é encontrado na literatura. Assim, pretendeu-se avaliar a dureza e a adesividade instrumentais dos seguintes genótipos de arroz brasileiro colhidos na safra 2001: Biguá, BR Irga 409, CNA 8569, CNA i 8860, CNA i 8872, CNA i 8881, CNA i 8879, CNA i 9025, CNA i 9054, CNA i 9613, CNA i 9616, CNA i 9620, CNA i 9621, Formoso, Metica 1, CNA i 8622, CNA i 8870, CNA i 8868, CNA i 8880, CNA i 8885, CNA i 8886, CNA i 9606, CNA i 9608, CNA i 9615, CNA i 8858, CNA i 8864, CNA i 9018, CNA i 9610, CNA i 9612, CNA i 9614, CNA i 8859, CNA i 9052, Jaburu. Para medir estes parâmetros, 200g de arroz foram pesados em um béquer de 600mL. O arroz foi lavado quatro vezes com 400mL de água destilada sob agitação, escoou-se a água com o auxílio de uma peneira fina por cinco minutos. O arroz foi, então, colocado em panela anti-aderente, acrescentando-se 500mL de água destilada e mexendo-se uma última vez. A panela foi então aquecida por 20 minutos em chapa que foi pré-aquecida por cinco minutos. Neste ponto, acionou-se o cronômetro, marcando 20 minutos. Após esse tempo, a panela foi tampada e a chapa aquecedora desligada, esperando-se mais 10 minutos, antes de se retirá-la da chapa. As medições foram feitas antes que o arroz esfriasse. As calibrações do texturômetro e do probe foram executadas durante o tempo de espera do cozimento. Foi usado o texturômetro TA-Hdi com probe cilíndrico de 36 mm (P36R) e célula de carga de 50kg. A medida de força foi compressão com velocidade pré-teste de 0,5 mm/s; velocidade do teste de 0,5 mm/s; e velocidade pósteste de 0,5 mm/s. A compressão foi feita até 99%; tipo de trigger auto – 3g e taxa de aquisição de dados de 400 pps. Os dados foram analisados através de modelo inteiramente casualizados e feita análise de correlação, ao nível de significância de 5%. Houve efeitos significativos entre genótipos (p<0,05) para dureza e adesividade instrumentais (Tabela 1). O genótipo CNA i 8622 foi o mais duro, e o CNA i 9610 e a cultivar Jaburu os menos duros. Os genótipos CNA i 8860 e CNA i 8864 foram os mais adesivos enquanto a cultivar Metica 1 foi a menos adesiva. O coeficiente de correlação entre os dois parâmetros foi de -0,71683* quando foi eliminado o valor de dureza do genótipo CNA i 8622 (15470 g), alto e diferente dos demais. Deste modo o coeficiente de correlação foi significativo pelo teste t de Student obtido (2,7376). Portanto houve uma correlação negativa significativa entre os dois parâmetros, considerada suficientemente alta. Assim, à medida que aumentou a dureza diminuiu sensivelmente a adesividade e vice-versa. Pela Figura 1 pôde-se observar a tendência dos genótipos mostrando esta correlação. Isso confirma a relação mencionada por CARVALHO & DELLA MODESTA (2001). Não foi possível saber se o valor encontrado pelos autores também foi desta magnitude porque não foi mostrado o valor do coeficiente,. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, J.L.V.; MODESTA, R.C.D. Qualidade tecnológica do arroz irrigado comercializado no mercado varejista brasileiro. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2001, Porto Alegre. Anais do II CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO. 2001. v. 24, p. 746a-746b. GILCHIST, J. Indagine sull’ analisi strutturale del riso bollito. Tecnica molitoria, marzo, p. 248-255, 1995. JULIANO, B.O., PEREZ, C.M., BARBER, S., BLANKENEY, A.B., IWASAKI, T., KENEASTER, K.K., CHUNG, S., LAIGNELET, B., LAUNAY, B., DELMUNDO, A.M., SUZUKI, H., SHIKI, J., TSUJI, S., TOKOYAMA, J., TATSUMI, K., WEBB, B.D. International cooperative comparisom of instrumental methods for cooked rice texture. Journal Texture Studies, v. 12, p. 7-38, 1981. PEREZ, C.M., JULIANO, R.O. Indicators of eating quality for non-waxy rices. Food Chemistry, v 4, p. 185-195, 1979. PEREZ, C.M., JULIANO, B.O. BOURNE, M.C. ANZALDUA-MORALES, A. Hardness on cooked milled rice by instrumental and sensory methods. Journal Texture Studies, v. 24, p. 81-94, 1993. YAU, N.J.N., HUANG, J.J. Sensory analysis of cooked rice. Food Quality and Preference, v. 7, n. ¾, p. 263-270, 1996. MODIFICACIÓN EN LAS FRACCIONES PROTEICAS DEL GRANO DE ARROZ EN DISTINTOS GENOTIPOS: EFECTO DE LA FERTILIZACION FOLIAR NITROGENADA Pinciroli María1, Vidal Alfonso1, Bezus Rodolfo1 y Arango Cecilia2. 1 Programa Arroz. 2 Instituto de Fisiología Vegetal (INFIVE). Facultad de Cs. Agr. y Ftales, cc 31, UNLP. Rep. Argentina. [email protected] Palabras clave: globulinas – glutelinas - prolaminas – nitrógeno – proteína La mayor limitante del arroz como fuente de alimentación es el bajo contenido de proteína total. El mismo está controlado genéticamente, siendo influenciado por las condiciones climáticas y agronómicas. Diversos autores han estudiado la fertilización nitrogenada en etapas tardías de desarrollo, y su efecto sobre el contenido total de proteína en grano (Hamaker, 1994; Ikeda, 2002). Se han desarrollado técnicas de fertilización foliar tardía, de manera tal que el nitrógeno se encuentre disponible en el cultivo durante el período crítico del llenado del grano. Estas aplicaciones tienen el inconveniente de ser altamente dependientes de las condiciones de ambiente en ese momento. Fertilizaciones foliares realizadas en panojamiento y post-antesis han demostrado alto potencial no solo para incrementar el contenido proteico del grano, sino también para aumentar la calidad de las proteína almacenada (Souza et al, 1999). Además se han observado respuestas diferenciales de los genotipos a esta práctica. Las proteínas del endosperma del grano de arroz están constituidas por fracciones variables de albúminas + globulinas (alrededor de un 15%), prolaminas (58%) y el resto de glutelinas (Juliano, 1985). Las glutelinas (oryzeninas) poseen un balance equilibrado de aminoácidos que le confieren alto valor nutricional y después de las albúminas son las que poseen mayor cantidad de lisina. Esta fracción mayoritaria en el grano de arroz, le otorga a su proteína calidad superior comparada con otros cereales como maíz o trigo, en los que predominan las prolaminas de menor valor biológico. La variabilidad en el contenido de las fracciones permitiría a partir de la selección de genotipos y de prácticas culturales adecuadas lograr calidades nutricionales diferenciadas. El objetivo de este trabajo fue determinar las modificaciones que se producen en la distribución de las fracciones proteicas del grano de arroz como resultado de variaciones en la disponibilidad de nitrógeno en genotipos de alto y normal contenido de proteína cruda. Se sembró un ensayo en la Estación Experimental “Ing. Julio Hirschhorn” (L 34° 54’), UNLP, en un suelo Argiudol típico con un 3,2 % de materia orgánica, 0,23 % de N total, 11 ppm de NO3 y 34 ppm de fósforo, utilizando los siguientes genotipos: El Paso 144 (EP) de amplia difusión, Don Ignacio FCA y F (DI) en proceso de desarrollo y una línea mejorada por el Programa Arroz de la Facultad de Cs. Agr. y Ftales de alto contenido proteico H316-1-2-1(H 316). El diseño utilizado fue factorial (tres genotipos y dos dosis de nitrógeno), en bloques al azar, con tres repeticiones. Todas las parcelas recibieron 50 kg N.ha-1 en forma de urea al inicio del macollaje. Se aplicaron dos tratamientos de fertilización: testigo (0 kg N.ha-1) y 10 kg N.ha-1 utilizando Yogen N° 1 (44% N) como producto comercial. La aplicación se realizó, con pulverizador manual con un volumen total de agua equivalente a 250 l/ha durante el período de pleno panojamiento (50%), en horas de baja radiación solar (humedad relativa superior a 80 % y temperaturas de 20 º C), a fin de evitar el daño floral por quemado. Las parcelas se cosecharon manualmente y se determinó el rendimiento en grano (datos no mostrados). El grano fue secado en estufa a 41° C hasta una humedad de 13,5%, descascarado en forma manual, triturado en un molinillo experimental “Ciclone Sample Mill” (Udy). La harina se tamizó con malla 100-mesh. El contenido de proteína cruda se calculó por el método de Micro-Kjeldahl (N x 5,95). Las fracciones proteicas (albúminas + globulinas, prolaminas y glutelinas) fueron extraídas con solución acuosa-salina, alcohólica y alcalina respectivamente. Se cuantificó el contenido de cada fracción por el método colorimétrico de Bradford (1976) usando Coomassie Brillant Blue. Con los datos obtenidos se realizó un ANOVA, las diferencias mínimas significativas se compararon con el test de Tukey. Se calcularon las regresiones entre las distintas fracciones con el contenido de proteína cruda. Tabla 1: Contenido de proteína cruda y fracciones proteicas (mg/g de muestra). La Plata, 2000/01. albúminas Glutelinas prolaminas proteína + cruda globulinas H 316 0 20,02 b 90,22 b 3,93 b 117,97 a 10 21,48 a 97,78 a 5,07 a 126,25 a EP 0 19,07 b 71,18 b 3,24 b 82,75 b 10 19,85 a 83,95 a 3,90 a 96,95 a DI 0 19,77 a 70,94 b 3,55 b 78,33 b 10 19,85 a 74,48 a 3,98 a 90,60 a Letras distintas en las columnas, para cada genotipo representan diferencias significativas (Tuckey 0,05%) Kg N.ha-1 Proteína cruda: Se observa una respuesta diferente de los cultivares al tratamiento de fertilización foliar nitrogenada (Tabla 1). Los genotipos EP y DI fertilizados presentaron un incremento en la acumulación de proteína en grano de 17,1% y 15,6 % respectivamente. Souza (1999), encontró valores similares para la variedad IAC-47 utilizando una dosis cuatro veces mayor de nitrógeno. H 316 parte de un valor alto de proteína en condiciones normales hecho que explicaría su escasa respuesta a la fertilización nitrogenada en los niveles ensayados (7%). Albúminas y globulinas: Los valores de extracción de albúminas y globulinas son semejantes a los publicados por Souza et al., (1999) y algo superiores al valor promedio según Juliano (1985). Los genotipos respondieron de manera diferencial en el contenido de albúminas y globulinas frente a la fertilización. DI no incrementó esta fracción con la fertilización. El coeficiente de regresión de esta fracción con respecto a la proteína cruda fue bajo (r2=0,41). Las albúminas constituyen la fracción proteica con mayor contenido del aminoácido esencial lisina (Lásztity, 1986) y un aumento de esta fracción podría mejorar el valor nutritivo de H 316 y EP. Glutelinas: La fertilización incrementó el contenido de glutelinas en grano. EP resultó el genotipo con mayor respuesta al tratamiento. H 316, aún partiendo de un alto valor, mostró un incremento en esta fracción, indicando su capacidad para mejorar en condiciones que impliquen un aumento en el tenor proteico. DI mostró valores similares al EP, aunque su repuesta a la fertilización para esta fracción fue inferior. La regresión con el contenido de proteína cruda fue la más elevada (r2=0,83). Esta fracción después de las albúminas, es la que posee mayor contenido de lisina. Así, una mayor disponibilidad de nitrógeno determina un mayor valor nutritivo del grano de arroz por favorecerla. La respuesta observada coincide con lo encontrado por diferentes autores en el sentido que cada cereal incrementa la fracción predominante para su especie ante la fertilización nitrogenada (Cagampang et al., 1966; Bulman et al., 1994). Prolaminas: Los valores obtenidos en la extracción de prolaminas se consideran adecuados semejantes a los obtenidos por Souza et al. (1999) y algo inferiores a los observados por Juliano (1985). La fertilización incrementó el contenido de prolaminas en todos los genotipos, aunque en distinta magnitud siendo mayor en H 316. Estos resultados difieren de los encontrados por Souza et al. (1999) donde esta fracción proteica no se ve modificada por la fertilización foliar nitrogenada. H 316 mostró un incremento del 29 % lo que podría significar una mejora en la aptitud culinaria dado su efecto sobre la textura del arroz cocido (Mujoo, 2000). El coeficiente de regresión con el contenido de proteína cruda resultó bajo (r2=0,52). * Una mayor disponibilidad de N en etapas tardías, dependiendo del genotipo, puede mejorar el valor nutricional por incremento en el contenido proteico y en especial de las glutelinas. * H316 que posee un alto valor proteico puede responder a la fertilización mejorando su calidad nutritiva. * Puede esperarse además influencias de una mayor cantidad de prolaminas sobre la calidad culinaria del genotipo H 316 . Referencias bibliográficas BULLMAN, P., ZARKADAS, C.G. y SMITH D.L. Nitrogen fertilizer affects amino acid composition an quality of spring Barley grain. Crop Sci. 1994. 34 pp 1341-1346. CAGAMPANG, G.B. et al. Stuides on the extraction an composition of rice protein. Cereal Chem. 1966. 43 pp.145-155. HAMAKER, R.B. The influence of rice protein on rice quality. In Rice Science and Tecnology. 2 ed. Lousiana: Wayne Marshall.and Wadsworth, 1994. 470 p. IKEDA, M., WATANABE, T. Nitrogen accumulation in paddy rice irrigated with water containing ammonium and nitrate during the reproductive growth period. JULIANO, B.O. Polysaccharides, proteins and lipids of rice. In B.O.Juliano (ed), Rice: Chemistry and Tecnology. American Association of Cereal Chemistry, St. Paul, MN. 1985. p. 59-174. LÁSZTITY, R. The Chemistry of Cereal Proteins. CRC Press, Boca Raton FL. 1986. MUJOO, R. Content of prolamins in rice and their profile. American Association of Cereal Chesmists, Inc. 2000. SOUZA, S. R.; STARK, L.M.; FERNANDES, M.S. Foliar spraying of rice with nitrogen: Effect on protein levels, protein fractions and grain weight. Journal of Plant Nutrition 1999. Vol.22 (3), p. 579-588. Tabela 1 – Valores médios dos atributos instrumentais 0 N Cultivar 1 Biguá 2 BR Irga 409 3 CNA 8569) 4 CNA i 8860 5 CNA i 8872 6 CNA i 8881 7 CNA i 8879 8 CNA i 9025 9 CNA i 9054 10 CNA i 9613 11 CNA i 9616 12 CNA i 9620 13 CNA i 9621 14 Formoso 15 Metica 1 16 CNA i 8622 17 CNA i 8868 18 CNA i 8870 19 CNA i 8880 20 CNA i 8885 21 CNA i 8886 22 CNA i 9606 23 CNA i 9608 24 CNA i 9615 25 CNA i 8858 26 CNA i 8864 27 CNA i 9018 28 CNA i 9610 29 CNA i 9612 30 CNA i 9614 31 CNA i 8859 32 CNA i 9052 33 Jaburu Famostra *- significativo ao nível de 5% Dureza (g) 8490 7817 7402 9075 8670 7252 8576 6608 3254 7531 6398 7232 3166 3727 2714 15470 8373 8291 5629 8018 6669 3174 2565 6803 6804 10438 4553 2734 7165 10816 8013 4444 2841 31,00* Adesividade (g) -1451,8 -2020,4 -1882,3 -2278,9 -1364,7 -1928,9 -1665,7 -1329,0 -552,7 -1593,5 -1496,7 -733,9 -454,9 -433,7 -354,6 -1043,4 -2185,2 -2057,9 -1999,4 -1602,0 -1649,0 -549,0 -451,0 -1385,6 -1777,1 -2277,0 -1807,5 -582,7 -1700,5 -801,7 -1768,3 -1330,6 -454,7 29,35* 0 Adesividade (g) 0 2000 4000 6000 8000 -500 -1000 -1500 -2000 -2500 Dureza (g) Figura 1. Dureza segundo adesividade 10000 12000 ASPECTOS RELACIONADOS AO MANEJO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO E SEUS EFEITOS NA QUALIDADE DE SEMENTES Valdinei Sofiatti1, Luiz Osmar Braga Schuch1, Mariane D’Ávila Rosenthal1,, Luciane Nolasko Leitzke1, Letícia Dos Santos Hölbig1. [email protected], Barão de Santa Tecla, 228 apto. 402 CEP 96010-140, Pelotas – RS. 1 Departamento de Fitotecnia, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Palavras-Chave: Fungicida, germinação, vigor, ethephon. Muitos fatores afetam a qualidade fisiológica e a sanidade das sementes de arroz, alguns desses fatores estão diretamente relacionados ao manejo da cultura no campo de produção de sementes. A uniformidade de maturação no momento da colheita e o completo enchimento das sementes são citados por vários autores como sendo indispensáveis para a obtenção de lotes de sementes com boa qualidade fisiológica (Rodrigues, 2001). A uniformidade de maturação está diretamente relacionada à emissão das panículas e ao afilhamento. A emissão das panículas ocorre na mesma ordem do surgimento dos afilhos, dessa forma plantas com muitos afilhos produzem sementes com maior percentagem de imaturas do que as provenientes daquelas com menor número de afilhos. As panículas tardias provenientes dos afilhos podem não possuir sementes perfeitamente maduras sendo alguns ainda verdes (Nagai, 1962 apud Gastal 1978). Um fator diretamente relacionado ao número de afilhos por planta é a densidade de semeadura. À medida que a densidade de semeadura é aumentada o número de afilhos por planta tende a diminuir embora o número de colmos por metro quadrado não sofra grandes alterações. Portanto, as plantas de arroz independentemente da densidade de semeadura e da participação dos colmos principais e dos afilhos, sofrem um ajustamento para gerar a mesma percentagem de panículas por metro quadrado não apresentando grande influência sobre a produtividade da cultura (Lima et al., 2002). Rodrigues (2001) cita ainda a uniformidade de emergência e características varietais como fatores que afetam a uniformidade de maturação e o número de afilhos por planta. Doenças fúngicas diminuem a área foliar das plantas de arroz e conseqüentemente a capacidade da planta de realizar fotossíntese e produzir fotoassimilados. Esse fato pode ter grande efeito sobre o enchimento das sementes em plantas infectadas. Quando as lesões ocorrem na base da panícula, esta se torna esbranquiçada com grãos chochos devido à dificuldade de translocação de nutrientes para as sementes em decorrência de necroses nos tecidos causados pela doença (Bedendo, 1997). Dessa forma o presente trabalho teve por objetivos avaliar a qualidade fisiológica de sementes de arroz produzidas sob diferentes densidades de semeadura, além de verificar o efeito da aplicação do fitormônio ethephon e de fungicidas no controle de doenças sobre a qualidade de sementes de arroz. O experimento foi instalado na área experimental do Centro Agropecuário da Palma CAP/UFPel em 18/12/2002, utilizando-se uma semeadeira-adubadeira de parcelas em solo corrigido, sendo utilizada adubação conforme recomendação da ROLAS (Comissão de Fertilidade do solo – RS/SC, 1994). O controle de plantas daninhas foi efetuado através de controle químico utilizando-se 360g i. a. ha-1 do herbicida Cyhalofop-butyl aos 20 dias após a semeadura e logo após iniciou-se a irrigação por inundação. O delineamento experimental consistiu de uma combinação fatorial (2x2x4) de duas cultivares, duas densidades de semeadura, e quatro tratamentos fitossanitários, em um delineamento experimental de blocos ao acaso com três repetições. Cada unidade experimental consistiu de nove linhas de 4 metros de comprimento, espaçadas 17 centímetros entre si, das quais somente as cinco linhas centrais foram colhidas e as demais consideradas bordaduras. As densidades de semeadura foram 50 e 150 Kg/ha-1 de sementes viáveis, utilizando-se as cultivares IRGA 417 e El Paso L 144 e os tratamentos fitossanitários aplicados foram: 1ethephon, 2-fungicida (Tebuconazole), 3-ethephon + fungicida e, 4-testemunha. A aplicação de ethephon foi realizada quando as plantas atingiram o estádio de início de diferenciação da panícula (IDP), na dosagem de 360g i.a. ha-1. O fungicida foi aplicado na dosagem de 110g i.a. ha-1 por aplicação, sendo aplicado em três épocas: 1-início do período de floração; 2- 50% das panículas emitidas e 3-floração completa, visando o controle de doenças de final de ciclo da cultura, sendo que após o último tratamento fez avaliações visuais de intensidade de ataque de doenças utilizando-se uma escala de notas variando de 0 a 10, sendo 0 ausência da doença (CIAT, 1980). Nas aplicações foi utilizado pulverizador costal pressurizado (CO2) com pressão de 15 kPa, bicos jato cônico Nº 02 e volume de calda de 200 L ha-1. A colheita das sementes ocorreu quando as mesmas atingiram umidade média de 23%, após as sementes foram secadas em protótipos de secador estacionário com temperatura do ar de secagem de 38ºC até atingirem 13% de umidade. Para a avaliação da qualidade fisiológica das sementes realizaram-se os seguintes testes: teste de germinação (TG), primeira contagem de germinação (PCG), e teste de frio (TF). Para a análise estatística, os dados expressos em percentagem foram transformados em arc sen x / 100 para se obter homogeneidade de variância e os efeitos de tratamento e interações avaliados pelo teste F, sendo que na ocorrência de interação foi feita a decomposição dos graus de liberdade da mesma. As comparações múltiplas entre as médias foram realizadas pelo teste de Duncan (5%). Na análise do vigor das sementes e da intensidade de ataque de doenças no campo de produção verificou-se que a interação cultivar X tratamentos fitossanitários foi significativa (P<0.05) para todas as variáveis analisadas (Tabela 1 e 2), portanto, analisou-se o efeito dos tratamentos fitossanitários independentemente para cada cultivar. A densidade de semeadura não foi estatisticamente significativa (P>0.05) para nenhuma das variáveis resposta analisadas. Tabela 3 - Caracterização da qualidade fisiológica de sementes de arroz das cultivares El Paso L 144 e IRGA 417 produzidas sob diferentes tratamentos fitossanitários, pelos testes de germinação (TG) e primeira contagem de germinação (PCG). Tratamentos Fitossanitários Ethephon + fungicida Fungicida Ethephon Testemunha Cv (%) 1º Contagem de germinação (%) El Paso L 144 IRGA 417 73 a 77 a 67 ab 74 a 61 b 72 a 46 c 70 a 13.30 Germinação (%) El Paso L 144 IRGA 417 90 a 94 a 89 a 92 ab 82 b 89 b 77 c 89 b 4.31 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (5%). Os testes de germinação e primeira contagem de germinação (Tabela 1) mostraram um grande efeito do fungicida na qualidade fisiológica das sementes da cultivar El Paso L 144. Para a cultivar IRGA 417 os tratamentos tiveram pequeno efeito sendo que o teste de PCG não detectou diferenças significativas para nenhum dos tratamentos nesta cultivar. Esses resultados mostram uma alta correlação entre a incidência de doenças no campo de produção de sementes e a qualidade das sementes, pois a cultivar El paso L 144 apresentou alta incidência de doenças nos tratamentos que não receberam a aplicação de fungicida (Tabela 2), enquanto a incidência de doenças na cultivar IRGA 417 foi menor e isso fez com que a qualidade fisiológica das sementes produzidas por esta cultivar não apresentasse grandes diferenças entre os tratamentos. No cultivar El Paso L 144 os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de fungicida e ethephon simultaneamente e pela aplicação do fungicida isolado, seguido pela aplicação de ethephon. Isso demonstra que o regulador de crescimento (ethephon) teve efeito benéfico sobre a qualidade das sementes, pois, apresentou resultados significativamente superiores à testemunha, embora o maior efeito tenha sido decorrente da aplicação de fungicida. Esses dados são semelhantes aos resultados obtidos por Barros (1991) que observou respostas positivas da aplicação de ethephon em apenas uma cultivar das três estudadas. Bedendo (1997) relata que a incidência de doenças na cultura do arroz reduz a área fotossintética e conseqüentemente provocam a redução no peso das sementes na ordem de 8 a 14 %, e fungos como Pyricularia grisea atingem não somente as folhas mas também o embrião das sementes. Esse fato pode explicar a baixa qualidade fisiológica das sementes que não receberam a aplicação de fungicidas no campo de produção. Tabela 4 - Incidência de ataque de doenças no campo de produção de sementes avaliada através de notas de 0 a 10 e vigor das sementes avaliado pelo teste frio (TF) nos cultivares El Paso L 144 e IRGA 417 sob diferentes tratamentos fitossanitários. Teste Frio (%) Incidência de doenças Tratamentos Fitossanitários El Paso L 144 IRGA 417 El Paso L 144 IRGA 417 Ethephon + fungicida 89 a 91 a 0.7 c 0.40 b Fungicida 89 a 89 a 0.7 c 0.50 b Ethephon 77 b 83 b 2.3 b 1.16 ab Testemunha 71 c 79 b 3.7 a 1.35 a Cv (%) 4.19 33 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (5%). Na Tabela 2 são apresentados os resultados do teste de frio, o qual mostrou que as sementes produzidas com a aplicação de fungicidas são mais vigorosas que as produzidas sem a aplicação de fungicidas em ambas as cultivares, mesmo que a incidência de doenças tenha sido muito menor na cultivar IRGA 417. Esses resultados demonstram que sementes submetidas a condições de frio e alta umidade são atacadas por fungos e tem sua viabilidade reduzida, sendo que a produção de sementes com baixa taxa de infecção por fungos reduz os danos causados por condições de estresse durante o período de emergência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARROS, J. de A. I. Efeitos de Ethephon em três cultivares de arroz (Oryza sativa L.) irrigado. Lavoura arrozeira, Porto Alegre, v. 44, n. 398, p. 20-23, 1991. BEDENDO, I. P. Doenças do arroz. In: KIMATI, H.; AMORIN, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia. São Paulo: Ceres, 1997. Cap. 10, p. 85-99. CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA TROPICAL. Sistema de Evaluación Estándar para Arroz. CIAT: Cali, 1980. 83p. GASTAL, F. L. da C. Relações entre o colmo principal e os afilhos de três cultivares de arroz (Oryza sativa L.) em três níveis de nitrogênio. 127p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, 1978. LIMA, E. do V.; BARELLA, C. F.; PULZ, A. L.; MATEUS, G. P.; CRUSCIOL, C. A. C. Participação do colmo principal e dos afilhos na produtividade do arroz irrigado por inundação em função da densidade de semeadura. In: CONGRESSO DA CADEIA PRODUTIVA DE ARROZ/VII REUNIÃO NACIONAL DA PESQUISA DE ARROZ RENAPA, 1., 2002, Florianópolis. Anais... Florianópolis, EMBRAPA, 2002. p.315-318. RODRIGUES, A.O. Sementes verdes e qualidade de sementes de arroz (Oryza sativa L.). 24p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, 2001. MANEJO PSICROMÉTRICO DO AR NA SECAGEM ESTACIONÁRIA DE GRÃOS DE ARROZ Fabrizio da Fonseca Barbosa1, Flávio Manetti Pereira1, Maurício de Oliveira1, Alexandre Al-Alam Porto1, Édimo Fredo1, Carlos Alberto Alves Fagundes2; Moacir Cardoso Elias1. 1Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. E-mail: [email protected]. 2Instituto Rio Grandense do Arroz, Divisão de Pesquisa. E-mail: [email protected]. Palavras-chave: secagem estacionária; silo-secador; GLP; rendimento industrial. A secagem estacionária, nos silos dotados de fundo falso perfurado, é uma alternativa cujo uso tende a aumentar nas propriedades rurais, por possibilitar duplo uso da estrutura: secar e armazenar. Realizado no convênio UFPEL-IRGA, o estudo contemplou análises com grãos de arroz da classe longo-fino, agulhinha, colhidos com umidade entre 17 e 22%. Para a secagem, foram utilizados silos-secadores metálicos, dotados de queimadores de gás liquefeito de petróleo (glp) com sistema de automação para controle e monitoramento da operação. No experimento foram testados 5 manejos do ar de secagem: 1) secagem realizada em sistema alternado, sucção descendente e insuflação ascendente, com acionamento da sucção do ar ambiente programado para operar quando a umidade relativa do ar ambiente fosse inferior a 75%, e acionamento da insuflação sempre que essa fosse maior, quando então o ar ambiente era condicionado pela queima de glp; 2) operação em sistema de insuflação, com ar condicionado a 20+5ºC por queima de glp e controle automatizado de temperatura na entrada do silo-secador; 3) operação em sistema de insuflação, com ar natural, sem aquecimento, e controle realizado pelo operador, o qual definia qual o melhor momento de acionar o ventilador para insuflação do ar de secagem, em função das medidas verificadas na umidade relativa e na temperatura ambiente; 4) operação em sistema de insuflação, com ar condicionado por queima de glp e controle automatizado de umidade relativa do ar de entrada em 75%; 5) operação em sistema alternado insuflação-sucção, por controle automatizado de umidade relativa através de umidistato nos ingressos por sucção e insuflação do ar natural, sendo que os ventiladores eram acionados quando a umidade relativa do ar ambiente era favorável à secagem. O controle da umidade dos grãos (Brasil, 1992), foi realizado coletando amostras, diariamente, das diferentes alturas do silo, sendo a 0,40; 1,20; 2,00; 2,80 metros e na superfície da camada de grãos. O beneficiamento industrial foi realizado no início para caracterização do material e logo após a secagem, tanto pelo processo convencional de branco polido como de parboilização, em engenho de provas Suzuki, em conformidade com a portaria 269 do Ministério da Agricultura (Brasil, 1988). Nas Figuras 1 a 5 são representadas as curvas de tendência da umidade dos grãos nas diferentes alturas do silo-secador durante as operações de secagem. Na Figura 1 nota-se que as umidades dos grãos das camadas A1, A2 e SU tiveram comportamentos semelhantes. Aos 35 dias, a mais inferior (A1) já estava com umidade próxima aos 13% e as A2 e SU próximo aos trinta e cinco dias estavam com grau de umidade em torno de 14%, chegando aos 13% somente no final do processo de secagem. Pode-se observar ainda que o grau de umidade se mantinha mais estável nas camadas intermediárias do silo (A3 e A4), devido ao processo de sucção que retirava a umidade das camadas mais altas e transferia para as intermediárias. Observando-se a Figura 2, verifica-se que o processo de secagem também foi desuniforme, sendo que a camada mais inferior do silo (A1) secou mais rapidamente, atingindo níveis inferiores a 13% de umidade, causando supersecagem nessa camada. As curvas de tendência mostram que no uso somente de insuflação, os níveis de umidade das camadas superiores são os últimos a serem reduzidos, podendo ocorrer desenvolvimento microbiano, estimulando a incidência de defeitos. A secagem apenas com insuflação de ar ambiente, sem aquecimento (Figura 3), foi lenta e desuniforme. A umidade na camada inferior só chegou próximo de 13% depois de 25 dias de secagem e nas demais somente próximo dos 70 dias. 24 24 21 A4 18 SU A2 15 A3 A1 12 9 A1 y = 5E-06x4 - 0,0008x3 + 0,0457x2 - 1,0103x + 20,273 R2 = 0,8352 A2 y = -2E-06x4 + 0,0002x3 - 0,0021x2 - 0,3221x + 21,865 R2 = 0,9013 6 3 A3 y = 4E-06x4 - 0,0005x3 + 0,019x2 - 0,3524x + 20,926 R2 = 0,8407 A4 y = 2E-06x4 - 0,0002x3 + 0,0067x2 - 0,0691x + 18,923 R2 = 0,9464 Umidade (% b.u.) Umidade (% b.u.) 21 SU 18 A2 15 A1 12 9 6 3 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 A1 y = -1E-05x4 + 0,001x3 - 0,0141x2 - 0,276x + 17,651 R2 = 0,8369 A2 y = -2E-05x4 + 0,0018x3 - 0,0419x2 - 0,0496x + 19,023 R2 = 0,9447 A3 y = -1E-05x4 + 0,0019x3 - 0,0666x2 + 0,4787x + 18,491 R2 = 0,9859 SU y = -5E-06x4 + 0,0006x3 - 0,0217x2 + 0,0165x + 20,665 R2 = 0,8390 0 0 A4 A3 0 5 A4 y = 2E-05x4 - 0,0014x3 + 0,0148x2 - 0,0023x + 18,632 R2 = 0,9664 SU y = -2E-05x4 + 0,0009x3 - 0,0068x2 - 0,0638x + 19,19 R2 = 0,9704 10 15 Tempo (dias) 20 25 Tempo (dias) 30 35 40 Legenda: A= altura da camada de grãos - A1= 0,40 metros; A2 = 1,20 metros; A3 = 2,00 metros; A4 = 2,80 metros; SU = superfície da massa de grãos. Legenda: A= altura da camada de grãos - A1= 0,40 metros; A2 = 1,20 metros; A3 = 2,00 metros; A4 = 2,80 metros; SU = superfície da massa de grãos. FIGURA 1. Umidade dos grãos de arroz nas diferentes alturas do silo-secador durante a secagem com ar de entrada em umidade relativa próxima a 75%, correspondente ao manejo 1. FIGURA 2. Umidade dos grãos de arroz em diferentes alturas do silo-secador durante secagem, com ar de entrada em 20+5ºC, correspondente ao manejo 2. 24 24 21 A3 18 A2 15 SU A1 12 9 2 6 A1 y = -1E-06x4 + 0,0001x3 + 0,0013x2 - 0,2747x + 17,735 R = 0,8914 2 A2 y = -3E-06x4 + 0,0004x3 - 0,0163x2 + 0,0678x + 19,585 R = 0,9593 3 A3 y = 5E-07x4 - 2E-05x3 - 0,0017x2 + 0,0078x + 19,017 R = 0,9412 SU y = 8E-07x4 - 9E-05x3 + 0,0017x2 - 0,0477x + 18,285 R = 0,9072 2 5 SU A3 A2 A1 18 15 12 9 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 2 A1 y = 2E-05x4 - 0,0019x3 + 0,0711x2 - 1,0293x + 18,02 R = 0,9468 6 A2 y = -1E-05x4 + 0,0005x3 + 0,0127x2 - 0,6457x + 19,3 R = 0,9660 3 A3 y = -5E-05x4 + 0,0038x3 - 0,0971x2 + 0,5771x + 18,143 R = 0,9845 2 2 2 0 0 Umidade (% b.u.) Umidade (% b.u.) 21 SU y = 2E-05x4 - 0,0013x3 + 0,0162x2 - 0,1141x + 18,8 2 R = 0,9569 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Tempo (dias) Tempo (dias) Legenda: A= altura da camada de grãos - A1= 0,40 metros; A2 = 1,20 metros; A3 = 2,00 metros; SU = superfície da massa de grãos. Legenda: A= altura da camada de grãos - A1= 0,40 metros; A2 = 1,20 metros; A3 = 2,00 metros; SU = superfície da massa de grãos. FIGURA 3. Umidade dos grãos de arroz em diferentes alturas do silo-secador durante a secagem, com ar insuflado a temperatura ambiente, correspondente ao manejo 3. FIGURA 4. Umidade dos grãos de arroz em diferentes alturas do silo-secador durante a secagem, com ar insuflado a 75% de umidade relativa, correspondente ao manejo 4. 24 Umidade (% b.u.) 21 18 A3 SU A2 15 A1 12 9 A1 y = 4E-06x4 - 0,0007x3 + 0,0417x2 - 0,8686x + 18,691 R2 = 0,7183 6 A2 y = 2E-06x4 - 0,0004x3 + 0,0263x2 - 0,6992x + 20,377 R2 = 0,8301 A3 y = -2E-06x4 + 0,0003x3 - 0,014x2 + 0,077x + 19,431 3 R2 = 0,8167 SU y = -6E-07x4 + 0,0001x3 - 0,0084x2 + 0,0808x + 19,486 R2 = 0,8902 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo (dias) Legenda: A= altura da camada de grãos - A1= 0,40 metros; A2 = 1,20 metros; A3 = 2,00 metros; SU = superfície da massa de grãos. FIGURA 5. Umidade dos grãos de arroz em diferentes alturas do silo-secador durante a secagem, com insuflação e sucção do ar nas condições ambientais, correspondente ao manejo 5. As curvas de tendência do grau de umidade no manejo térmico 4 mostram que este processo foi muito semelhante ao manejo 2, quanto ao tempo de operação, porém a secagem foi mais uniforme e mostrou que o controle da umidade relativa do ar insuflado foi mais eficiente do que o controle de temperatura. Na Figura 5 aparecem as curvas de tendência da redução da umidade dos grãos no manejo 5. Insuflação e exaustão alternadas de ar sem aquecimento, proporcionaram desuniformidade e lentidão no processo de secagem. Na Tabela 01, são apresentados os resultados para o rendimento de grãos inteiros sem defeitos, antes e após a secagem e beneficiados pelos processos convencional branco polido e parboilizado. TABELA 1 – Rendimento de grãos inteiros sem defeitos (%) em arroz, classe longo – fino, submetidos a cinco manejos do ar de secagem estacionária, em silo – secador, e beneficiados pelos processos convencional (branco polido) e parboilizado1. Manejo do ar de secagem Manejo 1 – Convencional Manejo 2 – Convencional Manejo 3 – Convencional Manejo 4 – Convencional Manejo 5 – Convencional Manejo 1 – Parboilizado Manejo 2 – Parboilizado Manejo 3 – Parboilizado Manejo 4 – Parboilizado Manejo 5 – Parboilizado Período de avaliação Antes da secagem Logo após a secagem C 60,30 a D 59,26 b B 61,33 a A 60,95 a A 61,93 a BC 60,28 b B 61,08 a AB 60,73 a B 61,29 a C 60,02 b A 63,46 a A 63,92 a A 63,34 a A 63,91 a A 63,91 a B 61,60 b A 63,41 a B 61,61 b A 63,13 a B 61,14 b 1 Letras minúsculas distintas na mesma linha e letras maiúsculas distintas na mesma coluna diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância. Os resultados da Tabela 01 mostram variações na qualidade dos grãos durante a operação de secagem, sendo os prejuízos maiores nos manejos em que ocorreu maior lentidão na secagem. A lentidão da operação, associada com a elevada umidade dos grãos, permite que a atividade enzimática ative o metabolismo dos próprios grãos e dos organismos associados, ainda durante a secagem. Isso resulta no aparecimento de defeitos de origem metabólica e\ou sua intensificação. A análise dos resultados permite verificar que houve desuniformidade de secagem entre as alturas do silo-secador, independentemente das condições do ar e do manejo utilizado, porém o uso alternado de insuflação e sucção fez aumentar a desuniformidade, aumentado também o tempo de secagem em comparação com uso de somente insuflação de ar. Quando comparadas as secagens com controle de umidade relativa do ar e com o controle de temperatura, observa-se que a primeira é mais uniforme. Na avaliação do desempenho industrial, os grãos submetidos à secagem com ar não aquecido apresentaram maior incidência de defeitos, resultando em maiores prejuízos à qualidade dos grãos e, embora esse método permita obtenção de menores índices de grãos quebrados, os rendimentos de grãos inteiros sem defeitos foram menores, tanto no beneficiamento convencional como na parboilização. BIBLIOGRAFIA BRASIL Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília DF, 1992. 365 p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Normas de identidade, qualidade, embalagem e apresentação do arroz. Brasília, v.8, n.20/6, 25p. 1988. O projeto foi realizado com apoio do Pólo de Inovação Tecnológica de Alimentos da Região Sul e os autores agradecem a Ultragaz, Dryeration, CAPES, CNPq e SCT-RS. EFEITOS DA ESTRATIFICAÇÃO PRÉVIA DOS GRÃOS EM FRAÇÕES DENSIMÉTRICAS SOBRE A QUALIDADE DO ARROZ PARBOILIZADO Cristine Tomaz Saravia; Leonor João Marini; Paulo Carteri Coradi; Iure Rabassa Martins; Eurico Guimarães de Castro Neves; Manoel Artigas Schirmer; Moacir Cardoso Elias; Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, CPGCTA, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, SCTRS, COREDE-SUL, E-mail: [email protected] Palavras-chaves: parboilização, rendimento industrial, estratificação densimétrica. As desuniformidades nas características tecnológicas e de qualidade dos grãos são responsáveis por grande parte dos problemas operacionais na industrialização de arroz, em especial na parboilização. Uma das formas de uniformizar a matéria-prima é a estratificação dos grãos em frações densimétricas, método já utilizado por algumas indústrias do setor, com o objetivo de melhorar o beneficiamento, para reduzir as perdas no que se refere ao percentual de grãos quebrados e à concentração diferenciada de defeitos. Essa tecnologia, no entanto, ainda carece de embasamento científico obtido em testes experimentais. O trabalho visou avaliar efeitos operacionais, tecnológicos e qualitativos, da estratificação prévia dos grãos em frações densimétricas sobre o comportamento hidrotérmico e o rendimento industrial do arroz. O experimento foi realizado no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, sendo utilizados grãos de arroz longo-fino, cultivar El Paso L-144, produzidos no Rio Grande do Sul. Antes das operações hidrotérmicas da parboilização, os grãos foram submetidos à operação seletiva em mesa de densidade industrial, onde foram divididos em três frações densimétricas, nas proporções 25, 50, 25% de cada carga, correspondentes aos grãos leves, médios e pesados, respectivamente. Além do comportamento hidrotérmico (Elias, 1998) e do desempenho industrial na parboilização (Brasil, 1988), foram analisadas propriedades funcionais tecnológicas (Martinez y Cuevas, 1989), características físicas, físicoquímicas e composição química básica (Lutz, 1985; Brasil, 1992). Para o estabelecimento das isotermas de hidratação e para a parboilização realizada em escala laboratorial, foi utilizada metodologia descrita por Elias (1998). Após a parboilização, as amostras foram deixadas em temperagem, em condições ambientais, durante 48 horas, antes de serem submetidas às operações de descascamento, polimento e seleção de grãos inteiros e quebrados em engenho de provas Suzuki, previamente regulado para a cultivar. Nas Tabelas 1, 2 e 3, respectivamente, são apresentadas características físicas, composição química e propriedades funcionais em grãos de arroz, estratificados em três frações densimétricas em mesa industrial de gravidade. TABELA 1. Características físicas em grãos de arroz longo-fino, cv. El Paso L-144, estratificados em três frações densimétricas em mesa industrial de gravidade peso volumétrico (kg.m-3) 527,84 c 548,60 b 567,24 a Fração grãos leves grãos médios grãos pesados peso de 1000 grãos (g) 25,03 c 25,48 b 25,67 a comprimento (mm) 6,56 c 6,88 b 7,00 a largura (mm) 2,00 a 2,01 a 2,01 a espessura (mm) 1,87 a 1,87 a 1,88 a Valores são médias aritméticas simples, de três repetições. Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferenças a 5% de significância, pelo teste Tukey. TABELA 2. Composição química (%) em grãos de arroz longo-fino, cv. El Paso L-144, estratificados em três frações densimétricas em mesa industrial de gravidade Fração grãos leves grãos médios grãos pesados carboidratos 74,51 c 74,94 b 75,68 a cinzas 1,01 c 1,13 b 1,18 a extrato etéreo 1,81 a 1,83 a 1,79 a proteína bruta 9,56 a 8,93 b 8,10 c umidade 13,11 a 13,17 a 13,25 a Valores são médias aritméticas simples, de três repetições. Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferenças a 5% de significância, pelo teste Tukey. TABELA 3. Propriedades funcionais em grãos de arroz longo-fino, cv. El Paso L-144, estratificados em três frações densimétricas em mesa industrial de gravidade Fração grãos leves grãos médios grãos pesados dispersão alcalina 4,6 a * 4,6 a * 4,6 a * Temperatura de gelatinização Intermediária Intermediária Intermediária amilose (%) 29,6 b ** 30,5 a ** 29,1 c ** Classificação alta amilose alta amilose alta amilose Valores são médias aritméticas simples, de três repetições. Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferenças a 5% de significância, pelo teste Tukey. * Temperatura de gelatinização intermediária (valores entre 4 e 5). ** Teor de amilose alto, acima de 25%. Os resultados das Tabelas 1 a 3 permitem observar que a separação dos grãos em frações densimétricas, em mesa de gravidade, provoca diferenças na maioria de suas características físicas (Tabela 1), e composição química (Tabela 2), sem alterar as classes nas propriedades funcionais (Tabela 3). As isotermas de hidratação são apresentadas na Figura 1. 48 umidade (%) 44 40 36 32 28 60° C 24 20 65° C 16 70° C 12 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 minutos de encharcamento FIGURA 1. Isotermas de hidratação em grãos de arroz longo-fino, cv. El Paso L-144. Os encharcamentos a 60 e a 65° C mostram comportamentos quadráticos típicos na hidratação, com tendência à estabilização, enquanto a 70° C a isoterma se ajusta melhor ao modelo linear não, ocorrendo estabilização da hidratação. Na Tabela 4, são apresentados os rendimentos de grãos inteiros sem defeitos em arroz longo-fino, cv. El Paso L-144, parboilizados em três temperaturas de encharcamento. TABELA 4. Rendimento de grãos inteiros sem defeito, em arroz longo-fino, cv. El Paso L-144, em três temperaturas de encharcamento na parboilização Minutos de encharcamento 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 60° C C 80,40 B 83,60 C 85,46 C 86,61 C 87,45 B 88,50 B 90,20 B 91,90 A 92,85 A 93,83 A 93,68 A 92,29 65° C B 81,40 A 85,60 A 89,26 A 90,31 A 90,65 A 92,90 A 94,20 A 94,90 B 92,25 B 92,83 B 91,68 B 89,29 70° C A 83,40 A 85,60 B 88,26 B 88,31 B 87,65 C 87,90 C 88,20 C 87,90 C 85,25 C 84,83 C 83,68 C 81,29 Os valores apresentados são médias aritméticas simples de três repetições com base no arroz polido (correspondente a 100%). Letras maiúsculas distintas na mesma linha indicam diferenças significativas a 5% de significância, pelo teste Tukey. Pode-se verificar, no encharcamento a 70ºC, que ocorre um decréscimo no rendimento de grãos inteiros a partir da segunda hora de operação, devido à abertura excessiva de cascas, em conseqüência da alta temperatura utilizada. O mesmo ocorre a 65ºC, a partir da quarta hora, embora nessa temperatura tenham ocorrido os maiores rendimentos de grãos inteiros. A 60ºC, os maiores rendimentos de grãos inteiros sem defeito ocorreram a partir de 4 horas e 30 minutos de encharcamento, em função da absorção de água ocorrer, de maneira suficiente e uniforme, após este período. Isso mostra que o comportamento hidrotérmico na operação de encharcamento na parboilização depende da combinação binária de temperatura e tempo utilizada na operação. Como os maiores rendimentos de grãos inteiros sem defeitos (Tabela 4) foram obtidos no encharcamento a 65° C, essa temperatura foi selecionada para verificar o efeito da densidade dos grãos sobre seu comportamento hidrotérmico. Na Tabela 5, são apresentados os rendimentos de grãos inteiros sem defeito em arroz longo-fino, cv. El Paso L-144, estratificados em três frações densimétricas em mesa industrial de gravidade. TABELA 5. Rendimento de grãos inteiros sem defeitos em grãos de arroz longo-fino, cv. El Paso L144, estratificados em três frações densimétricas em mesa industrial de gravidade. minutos de encharcamento 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 grãos pesados A 84,29 A 85,27 A 86,85 A 88,38 A 90,35 A 92,45 A 94,71 A 95,85 A 95,38 A 94,45 A 94,06 A 93,71 grãos médios B 82,40 B 83,88 B 85,32 B 87,04 B 88,65 B 90,90 B 93,20 B 93,90 B 93,85 B 92,83 B 92,39 B 91,98 grãos leves C 79,97 C 80,84 C 82,34 C 84,35 C 86,75 C 88,69 C 90,19 C 90,76 C 90,76 C 89,63 C 89,13 C 88,89 Os valores apresentados são médias aritméticas simples de três repetições com base no arroz polido. Letras maiúsculas distintas na mesma linha, indicam diferenças a 5% de significância, pelo teste Tukey. Na Tabela 5 é possível verificar que as três frações apresentam rendimentos de grãos inteiros sem defeitos diferentes entre si, sendo os maiores valores pertencentes à fração formada pelos grãos pesados e os menores valores pertencentes à fração formada pelos grãos leves. Conclui-se que: a) a estratificação dos grãos em três frações densimétricas influencia na constituição química, nas características físicas e no rendimento de grãos inteiros sem defeitos, sem alterar suas propriedades funcionais tecnológicas; b) o rendimento de grãos inteiros sem defeitos, beneficiados por parboilização, decresce nas frações formadas pelos grãos pesados, médios e leves, nesta ordem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS !#"$&%# '() *(+",-.0/1"23542'67425!48#"94;:<=+67"$>%=+?;"A@ BC;DEFCHG*I;EJIKLIDJM=NI;O0PCRQSC;T+C;UVIXW&Y#EZM#[\C;D]^;E+JIA_ `a;b#cZd;egf2dcZdhdi2jkmleVahnahe3aopaiHqra;es tu+v2wHxmyzmv{ |~}1 - t zz wuz!#v$&#uz y *u+v{-.01v2w352z725!8#v9;<=u+7v$>=u+;uzvA S =¡£¢ ¤¥¤H¦2 ¨§ ©2ª«¢ ª¬®;¯±°S #²¡£¬2¤³¯±´1¬2=²¶µ¯;¤· ¸º¹=»+¼7½;¾®¿À±Á ¿ÀÂ2Ã*Á ¿;½;¿À=ÄXÅÆ\½ÇmÁ¿½;¿À=Ä ÈÉ£Ê\ËÌ Ë;ÍÈÉ$È7ËÎÏZÈ;Ð3ÈÑ2Ò5ËHÓ;Ô;Õ×ÖÕËÏ϶ÕØ;Ù ÚÛ+Ü2ÝHÞmßàmÜá=âãä áå\æ3ãçAèé+ê á~ë;ìääSãçíîã ïð;ñmòóSô~õ-öø÷&öù ú;û£ü;ýÿþú-ú Hü\ú ü ú úû ú þ 2þú-þ ú Zý ü 3úûpú rú ú "!$#%'&)(*+ , !-%.0/21(34.25 676)89&:5;0<=>&)?A@B*C*D*E9,F!G,H#%,IJ& Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas – Vol. 1, 3a Edição, 1985. K LNMO9PRQ2ST0UWVYX[Z\V2]2S_^YLa`9UDbXcSedfgihfjk lHmonpqgfrjfgksnfnqjhgkimftksfrZvuwlHgkim ptfxnpg D yzz{|}~YywDC - {)} :2:2)700)>> YHs w¡¢¤£¥Ww¦§a¨>[© [ª0«)¬D9N©® ¨9«)£2¯2©°±²¬D¨0)³B´µª)¨·¶©¸¹s£¥º«)»¹ £¼» £s£7½ QUALIDADE SENSORIAL EM ARROZ SECADO PELOS MÉTODOS INTERMITENTE E ESTACIONÁRIO EM SILO METÁLICO Carlos Alberto Fagundes(1); Fabrizio da Fonseca Barbosa(2); Flávio Manetti Pereira2; Élvio Aosani(2); Vanessa Ribeiro Pestana(2); José Rodenei Bitencourt(2); Moacir Cardoso Elias(2); Márcia Arocha Gularte(3). (1)IRGA/Divisão de Pesquisa, Av. Bonifácio C. Bernardes, 1494, 94.930-030, Cachoeirinha-RS, E-mail [email protected]. (2) UFPel/Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”/DCTA/Laboratório de Grãos; (3) UFPel/Faculdade de Ciências Doméstica/DCA, 96.010-900, Pelotas-RS, E-mail [email protected]. Palavras-chave: arroz; qualidade sensórial; secagem. A globalização mercadológica exige que os produtos ofertados sejam competitivos, quanto à qualidade e ao preço final. A secagem do arroz é uma das etapas dos complexos de pré-processamento e processamento de significativa representação no custo total destas. Secagem eficiente e até teor de umidade seguro para a conservação durante o armazenamento é uma prática que pode influenciar, além da qualidade, nos atributos sensoriais do arroz. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da secagem pelos métodos intermitente e estacionário em silo metálico secador-armazenador na qualidade sensorial do arroz, beneficiado pelo processo convencional de produção de grãos brancos polidos e pelo processo de produção de grãos parboilizados. O experimento, do convênio IRGA-UFPEL, foi realizado na Estação Experimental do IRGA em Cachoeirinha e no Laboratório de Análises Sensoriais do DCA-FCD-UFPel em Pelotas. Foram utilizados grãos de arroz da classe longo-fino, de cultivo irrigado, produzidos na região central do Rio Grande do Sul, na safra 2001/2002. Para a secagem intermitente foi utilizado um secador intermitente modelo KW8, com capacidade de 8 toneladas de grãos, dotado de sistema automático de controle e monitoramento do processo e com aquecimento do ar a 70±20C por queimador de gás liquefeito de petróleo(glp). A secagem estacionária foi realizada em silos metálicos secadoresarmazenadores com insuflação e aspiração do ar por controle operacional automatizado e manual assim constituído: Manejo 1 – Sistema alternado insuflação-sucção, com controle automatizado por umidistato nos ingressos do ar natural por sucção e insuflação, havendo queima de glp quando a umidade relativa do ar de insuflação fosse maior que 75%; Manejo 2 – Sistema de insuflação, com controle automatizado por termostato na entrada do ar no silo-secador, havendo queima de glp quando a temperatura ambiente estivesse menor que 200C; Manejo 3 – Sistema de insuflação, com ar natural, sem aquecimento e controle realizado manualmente pelo operador; Manejo 4 – Sistema de insuflação, com controle automatizado por umidistato na entrada do ar no silo-secador, havendo queima de glp quando a umidade relativa do ar de entrada fosse maior que 75% e; Manejo 5 – Sistema alternado insuflação-sucção, por controle automatizado por umidistato nos ingressos do ar natural por sucção e insuflação. As amostras beneficiadas pelo processo convencional de grãos brancos polidos foram submetidas ao descascamento em engenho de provas Suzuki, modelo MT 96, previamente regulado. O polimento foi realizado no mesmo engenho, com tempo de permanência das amostras descascadas no brunidor de 1,5 minuto. As amostras parboilizadas foram de acordo com a metodologia desenvolvida pelo Laboratório de Grãos do DCTA-FAEM-UFPel (ELIAS et al., 1996). Para as análises sensoriais foi realizada a cocção de amostras com 100g de arroz e água relativa a duas vezes o seu volume. As análises sensoriais foram realizadas em laboratório, utilizando-se 12 julgadores treinados, pelo teste de Avaliação de Atributos, com escala não estruturada de 9cm (DUTCOSKY,1996), avaliando cor, coesão, maciez e sabor. A escala sensorial para cor foi de 0 = branco à 9cm = amarelo marrom; coesão de 0cm = grãos bem separados à 9cm = pastosos; maciez 0cm = grãos em forma de massa mole à 9cm = grãos com centro duro; sabor de 0cm = sabor estranho muito forte à 9cm = sem sabor estranho, característico. Os dados foram analisados através da análise de variância e para comparação de médias utilizou-se o teste Ducan a 5% de significância. As Tabelas 1 e 2 mostram que os atributos sensoriais coesão, maciez e sabor do arroz irrigado não apresentaram diferenças quando secados pelos métodos intermitente e em silos-secadores, mesmo quando nestes foram usados diferentes manejos e condições (umidade relativa) do ar. Demonstrando, este fenômeno, que estes atributos sensoriais (coesão, maciez e sabor) do arroz são influenciados mais pela herança genética, conforme é citado em literatura especializada, do que pelos métodos de secagem. Já o resultado do atributo cor quando da secagem intermitente, ainda que os grãos se apresentassem como brancos, a tendência era para brancoamarelado quando beneficiados pelo processo convencional de grãos brancos polidos. Os danos mais freqüentes observados quando da secagem do arroz por ar aquecido a temperaturas elevadas, como a intermitente, além de outros é o escurecimento do grão (ELIAS, 1998). Isto pode explicar os resultados obtidos neste trabalho. O mesmo fenômeno ocorreu quando o processamento foi por parboilização, porém com tonalidades das cores mais escuras. Na Tabela 3 são apresentados os resultados dos atributos sensoriais em relação aos processos de beneficiamento (convencional branco polido e parboilizado). Segundo AMATO e SILVEIRA (1991), o processo de parboilização tende a acentuar a cor dos grãos de arroz, tornando-os amarelo-claro ou âmbar. Os agentes da alteração não são ainda perfeitamente conhecidos. Admite-se que possa ter sua principal causa em escurecimentos não enzimáticos, como a reação de Maillard. O tratamento a quente e a concentração relativamente alta de açúcares redutores e aminoácidos podem ser alguns de seus fatores determinantes. Aumentos da temperatura e do tempo de encharcamento, bem como no tratamento com vapor, produzem um incremento progressivo no efeito de indução de cor. Fenômeno também observado pelos resultados da Tabela 3. O atributo sensorial sabor não foi comparado entre os métodos de processamento (convencional branco polido e parboilizado) por ser próprio de cada um destes métodos. Os demais (coesão e maciez) avaliados em relação a estes processos de beneficiamento, não apresentaram variações significativas. Os resultados indicam que manejos de controle da condição psicrométrica do ar na secagem estacionária, em silos metálicos, apresenta equivalência na preservação das propriedades sensoriais (cor, coesão, maciez e sabor) do arroz, seja ele realizado por aquecimento a baixas temperaturas, ou por redução da umidade relativa. Já a secagem intermitente, pelo uso de altas temperaturas, prejudica mais o atributo sensorial cor do arroz do que a estacionária em condições térmicas brandas. Agradecimentos a CAPES, CNPq, SCT-RS (Pólos); Utragaz e Dryeration. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ¾N¿D¾À0ÁNÂÄÃÆÅiÇxÅÉÈÄÊ9ËÍÌCÎNÏËAÐ>¾ÒÑËÍÌÓÄÁNÂ9ÊÔÅ ÕÖ×ØÙÚiÛÚ ÜCÖÝÞÙßàÖ××áÙÜcâ Ùã7×ÖäÚÛ å:æçèêé¤çìëaísîïèîð ñ2òÍóô0õ:óñ ð2ö ÷7÷2öå÷øö ùHå DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 1996. p.123. úûüýÆþ9 ÿ 'ýÆû 2üÍ ÿ þ9üÍû Yý[ ÿ A ý >ý[ÿ9 û 2üsýÆþ9ÿ7 ý !ÉÿÄ þ #"%$'&)(* ý+,(-$'.%/$(0%/#13254%56+87'2%9:;9#< 91=%(>$'9?(0@#1=24%29BA+C2"9D9E296F%G 2)1=$'9ÿHJIF'úûDKLIeýNú%-K MBý[O ÿ N)PP QRS QTAU úûüýÆþ9ÿO M(-A2V4%9#AW%+C$?A$+8$9X")$'&%(YZ\[%$G]< 4%$'4%4^$+8+_2%.`A$+,$a9%(0%/#13? <]/4\bW9c1d+,<]$e F%G 2)1f$'9ÿ HOIFúûO ÿ N)PP gNShA ijMk9-4%2\[#132U+8$'4%2\lm TABELA 1. Atributos sensoriais em grãos de arroz, classe longo-fino, submetidos as secagens estacionária (cinco manejos) e intermitente (70+2ºC) e beneficiados pelo processo convencional de produção de grãos brancos polidos1 Manejos 1 Atributo sensorial Coesão Maciez 1 0,32 b Cor 2,14 b 6,06 a 8,00 a Sabor 2 0,39 b 2,06 a b 5,69 a 8,51 a 3 0,53 b 3,44 a 5,10 a 8,31 a b 4 0,59 b 3,84 a 5,61 a 8,41 a 5 0,45 b 2,84 a b 5,64 a 7,75 a Intermitente 2,01 a 3,09 a b 6,04 a 7,64 a Letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância. TABELA 2. Atributos sensoriais em grãos de arroz, classe longo-fino, submetidos as secagens estacionária (cinco manejos) e intermitente (70+2ºC) e beneficiados pelo processo de 1 produção de grãos parboilizados Manejos 1 Atributo sensorial Cor Coesão Maciez Sabor 1 2 1,78 ab 0,93 b 1,82 a 2,26 a 6,64 a 7,06 a 7,38 a 8,54 a 3 1,80 ab 2,75 a 7,02 a 7,74 a 4 1,38 b 2,04 a 6,02 a 8,29 a 5 2,49 ab 2,38 a 5,74 a 6,58 a Intermitente 3,48 a 2,48 a 6,99 a 7,29 a Letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância. TABELA 3. Atributos sensoriais em grãos de arroz, classe longo-fino, submetidos as secagens estacionária (cinco manejos) e intermitente (70+2ºC) e beneficiados pelo processos convencional branco polido e parboilização1 Atributo sensorial Manejos 1 ........... Cor ........... ........ Coesão ........ .......... Maciez .......... BrPol Parb BrPol Parb BrPol Parb 1 0,32 b 1,78a 2,14a 1,82a 6,06a 6,64a 2 0,39 b 0,93a 2,06a 2,26a 5,69a 6,64a 3 0,53 b 1,80a 3,44a 2,75a 5,10a 7,06a 4 0,59 b 1,38a 3,84a 2,04a 5,61a 7,02a 5 0,45 b 2,49a 2,84a 2,38a 5,64a 5,74a Intermitente 2,01a 3,48a 3,09a 2,48a 6,04a 6,99a Letras minúsculas distintas na mesma linha e atributo, diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância. BrPol = Arroz branco polido; Parb = Arroz parboiliozado. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E TEMPO DE SECAGEM, EM SISTEMA ESTACIONÁRIO SOB TEMPERATURAS CRESCENTES, NAS CARACTERÍSTICAS INDUSTRIAIS DE GRÃOS DE ARROZ Geverson Lessa dos Santos; Leonor João Marini; Maurício de Oliveira; Rubi Münchow; Luiz Alberto Ramos Ustra; Alvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias;. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos. CPGCTA. E-mail: [email protected]. Palavras-chave: arroz; secagem; eficiência energética, tempo de secagem. A secagem estacionária, sistema cada vez mais utilizado para conservabilidade de grãos de arroz em casca, apresenta uma série de características vantajosas aos orizicultores, destacando-se entre elas um menor custo de instalação, entretanto, tem como principais desvantagens, baixa eficiência energética e lentidão no processo. O acréscimo de temperatura na secagem possibilita alterar o consumo energético e o tempo de operação, promovendo também variações em algumas características industriais do arroz. Avaliar os efeitos do acréscimo gradual da temperatura de secagem na eficiência energética, no tempo de operação e nas características industriais do arroz beneficiado (branco polido), é de grande importância para o controle e a otimização do processo de secagem do arroz em casca. O experimento foi realizado no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, sendo utilizados grãos de arroz longo-fino, cultivar IRGA 418, produzidos na região sul do Rio Grande do Sul, safra 2001/2002, colhidos com umidade próxima a 19%, pré-limpos e submetidos à secagem forçada até 13% em silos-secadores estacionários de laboratório, modelo Vitória Piloto, com fundo em tela plana perfurada, plenum e injeção de ar por insuflação através de ventiladores axiais de baixa vazão (da ordem de 35,4 m3.h-1) e baixa pressão. Cada silo possui capacidade estática de 0,40m3, com diâmetro de 920mm, e as amostras de cada secagem pesavam 75kg, sendo divididas em 15 sacos de filó de 5kg cada, e distribuídas através de redutor metálico composto por três tubos de 300mm de diâmetro, simulando assim a resistência à passagem do ar pela coluna de grãos. As quatro resistências elétricas monofásicas de 700 W cada uma, instaladas na entrada do plenum, eram comandadas por termostato (precisão + 5ºC) de acionamento automático, sendo que durante as secagens, uma permanecia sempre ligada para evitar choque térmico nos grãos a cada vez que o termostato desligasse as demais resistências. Foram medidos consumo de energia e tempo de secagem em duas condições de manejo térmico e temperatura na massa de grãos: 1) constante a 40+5ºC; e 2) gradual crescente (25+5ºC na 1ahora; 35+5ºC na 2ahora; 45+5ºC na 3ahora e 55+5ºC até o final da secagem). Logo após as secagens os grãos foram armazenados, em sistema convencional, até atingirem os equilíbrios térmicos e hídricos (a partir de 60 dias), e então beneficiados pelo processo convencional, sendo avaliados os percentuais de grãos trincados, os rendimentos de grãos inteiros, os índices de defeitos gerais e os rendimentos de grãos inteiros sem defeitos. Para controle, durante as secagens, eram feitas medições em intervalos de uma hora em três pontos da coluna de grãos: P1 – inferior (10 cm do fundo), P2 – intermediário (a 40 cm do fundo) e P3 – superior (a 70 cm do fundo). As medições determinavam a energia total consumida, as temperaturas do ar ambiente (bulbo seco e de bulbo úmido), a temperatura do ar de secagem (bulbo seco), a umidade e a temperatura da massa de grãos.A energia total consumida foi determinada através da diferença de leitura realizada em um medidor de potência, instalado antes do termostato e dos ventiladores dos silos-secadores. A eficiência energética (Figura 1) foi calculada pela razão entre a energia requerida somente para evaporar a água (considerado valor constante de 2,5 MJ.kg-1) e a energia total consumida durante o processo de secagem (Silva, 2000). Eficiência energética (%) 2 5 ,0 0 2 0 ,0 0 1 5 ,0 0 1 0 ,0 0 1 5 ,8 8 % 2 0 ,1 9 % 5 ,0 0 0 ,0 0 T e m p e ra tu ra c o n s ta n te n a m a s s a d e g rã o s d e 4 0 ºC T e m p e ra tu ra s c re s c e n te s n a m a s s a d e g rã o s d e 2 5 à 5 5 ºC Figura 1. Eficiência energética (%) na secagem de arroz em casca, sob diferentes condições, em sistema estacionário. O tempo de secagem (Figura 2) foi determinado através de relógio digital desde o momento em que foi iniciada a secagem até todos os grãos atingirem 13% de umidade. 8 ,0 0 Tempo de secagem (h) 7 ,0 0 6 ,0 0 5 ,0 0 4 ,0 0 8,00 6,00 3 ,0 0 2 ,0 0 1 ,0 0 0 ,0 0 T e m pe ratura co nsta nte na m a ssa de g rão s de 4 0ºC T e m pe raturas cre scen te s na m a ssa de g rã o s d e 2 5 à 55 ºC Figura 2. Tempo de secagem (h) na secagem de arroz em casca, sob diferentes condições, em sistema estacionário. Para avaliação dos percentuais de grãos trincados (Tabela 1), foi utilizada metodologia desenvolvida pelo Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos da UFPEL (Elias, 1998), composta pela análise, através do uso de luz polarizada, de três repetições de 50 grãos descascados (esbramados). Tabela 1. Percentual de grãos trincados (%), de arroz beneficiado pelo processo convencional, sob diferentes condições de secagem estacionária. Condições de secagem Percentual de grãos trincados* Temperatura constante na massa de grãos de 40ºC 14,67 a Temperaturas crescentes na massa de grãos de 25 a 14,00 a 55ºC *Os valores apresentados são médias aritméticas simples de três repetições. Letras minúsculas distintas na mesma coluna indicam diferenças significativas a 5% de significância, pelo teste Tukey. Para a determinação do rendimento de grãos inteiros, do índice de defeitos gerais e do rendimento de grãos inteiros sem defeitos (Tabela 2), foram coletadas três amostras de 100g cada, representativas a cada condição de secagem. As amostras foram submetidas ao descascamento em engenho de provas Suzuki, previamente regulado para cultivar, de forma que aproximadamente 95% dos grãos descascassem na primeira passagem. O polimento também foi realizado no mesmo engenho de provas, com tempo de permanência de um minuto e trinta segundos no brunidor. O material descascado e polido passou então pela separação dos grãos inteiros e quebrados, realizada em trieur acoplado ao engenho de provas, onde ficaram por um minuto e trinta segundos. A avaliação de defeitos foi realizada de acordo com a legislação nacional (Brasil, 1988). Tabela 2. Rendimento de grãos inteiros (%), índice de defeitos gerais (%) e rendimento de grãos inteiros sem defeitos (%), de arroz beneficiado pelo processo convencional, sob diferentes condições de secagem estacionária. Condições de secagem Rendimento de Índice de Rendimento de grãos grãos inteiros* defeitos gerais * inteiros sem defeitos* Temperatura constante de 40ºC 40,27 a 0,54 a 39,73 a Temperaturas crescentes de 25 à 55ºC 39,96 a 0,41 b 39,55 a *Os valores apresentados são médias aritméticas simples de três repetições. Letras minúsculas distintas na mesma coluna indicam diferenças significativas a 5% de significância, pelo teste Tukey. Os resultados indicam que a secagem estacionária de arroz em casca com uso de temperatura gradual crescente (25+5ºC na 1ª hora; 35+5ºC na 2ª hora; 45+5ºC na 3ª hora e 55+5ºC até o final da secagem), comparada ao uso de temperatura constante à 40+5ºC, apresenta maior eficiência energética (27% maior), menor tempo de operação (25% menor) e qualidade industrial similar. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Normas de identidade, qualidade, embalagem e apresentação do arroz. Brasília, v.8, n.20/6, 25p. 1988. ELIAS, M. C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, UFPel, 1998. SILVA, J. S. Secagem e armazenagem de produtos agrícolas. Viçosa, 2000. 502p. Universidade Federal de Viçosa, 2000. Agradecimentos a SCT-RS (Pólos de Inovação Tecnológica), CNPq e CAPES. UMIDADE DOS GRÃOS DE ARROZ NO COMPORTAMENTO HIDROTÉRMICO E DESEMPENHO INDUSTRIAL DO ARROZ PARBOILIZADO Leomar Hackbart da Silva; Paula Fernanda Pinto da Costa; Geverson Lessa dos Santos; Fábio Zanata; Dejalmo Nolasco Prestes; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias; Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, CPGCTA. E-mail: [email protected] Palavras-chaves: arroz, encharcamento, parboilização na safra, umidade de colheita O processo de parboilização apresentou expressivo crescimento, nas últimas décadas, representando atualmente mais de 20% do total do arroz industrializado no país. Esse processo de beneficiamento modifica a estrutura do amido através da gelatinização e retrogradação, possibilitando recuperar grãos com fissuras, além de conferir maior resistência nas etapas que utilizam abrasão e/ou fricção, aumentar a estabilidade no armazenamento e no transporte, bem como contribui para o incremento do valor nutricional do arroz (Amato et al., 2002) Na etapa de encharcamento ocorre a hidratação do arroz, para permitir a gelatinização do amido. Na maioria das variedades, este teor se situa na faixa de 30 a 36% de umidade (b.s.) visto que o amido, pela sua estrutura granular, é capaz de sorver água até 30% do seu peso, sem aumentar expressivamente o volume (Bobbio & Bobbio, 1984). As dificuldades operacionais na época da colheita, devidas à sazonalidade de produção, à perecibilidade do produto e à má distribuição do volume colhido com ampla faixa de umidade, dificultam os processos de secagem e armazenamento do arroz, induzindo as indústrias, na safra, a submeterem parte dos grãos às operações da parboilização sem secagem e armazenamento prévios, embora não haja embasamento científico suficiente para uma segura tomada de decisão nesse aspecto. No trabalho estudou-se o efeito da umidade inicial dos grãos no encharcamento sobre o comportamento hidrotérmico e o desempenho industrial do arroz parboilizado. O experimento foi realizado no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizados grãos de arroz, classe longo fino, cultivar Supremo I, colhidos com automotriz, os quais foram pré-limpos em máquina de ar e peneira cilíndrica, Intecnial-Sintel, e imediatamente agrupados em quatro faixas de umidade, sendo três delas sem que os grãos fossem secados artificialmente, respectivamente, ao redor de 20+0,5, 18+0,5, 16+0,5%. A quarta parcela foi constituída por grãos colhidos com 21% e secados a 13+0,5% de umidade, em processo estacionário, com ar na temperatura de 40º C. A operação de encharcamento na temperatura de 65º C foi avaliada durante 6 horas. A cada 30 minutos foram retiradas amostras para avaliação do grau de umidade, possibilitando a determinação do comportamento hidrotérmico. Após essa operação, as amostras foram imediatamente autoclavadas, a 110º C, 0,45kgf.cm-2, por 10 minutos, procedendo-se a secagem das amostras com ar aquecido a 45+5º C. O comportamento hidrotérmico dos grãos foi avaliado segundo a metodologia desenvolvida no Laboratório de Grãos (Elias, 1998), sendo a água sorvida pelas cariopses determinada a partir de diferença de peso após centrifugação, a 2000rpm, por 2min.30s, em cada tempo de coleta, enquanto as isotermas de hidratação foram obtidas por regressão polinomial. Para as determinações, de umidade, avaliação de desempenho industrial, com análises de rendimentos e defeitos de classificação comercial foi utilizada metodologia oficial do Ministério da Agricultura (Brasil, 1988). As isotermas de hidratação do arroz, em função da umidade inicial dos grãos e do tempo na operação de encharcamento, estão apresentadas na Figura 01, as quais indicam o comportamento hidrotérmico do cultivar no processo de parboilização. De acordo com os resultados, observa-se que a umidade inicial influencia no tempo necessário para os grãos atingirem o equilíbrio hídrico em valor técnico operacional. Na operação a 65ºC esse valor se aproxima de 32%. 36,00 34,00 32,00 30,00 Umidade (%) 28,00 26,00 24,00 2 2 y (20% ) = -6E -05x + 0,0396x + 24,717 R = 0,9868 22,00 2 20,00 y (18% ) = -6E -05x + 0,0425x + 23,203 18,00 y (16% ) = -5E -05x + 0,0398x + 22,885 2 R = 0,9767 2 16,00 2 y (13% ) = -7E -05x + 0,051x + 21,771 2 R = 0,9805 2 R = 0,9814 14,00 12,00 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 T em p o d e ench arcam ento (m in ) U m id a de 20 % U m id a de 18 % U m id a de 16 % U m id a de 13 % P olin ô m io (U m ida d e 2 0% ) P olin ô m io (U m ida d e 1 8% ) P olin ô m io (U m ida d e 1 6% ) P olin ô m io (U m ida d e 1 3% ) Figura 01 - Isotermas de hidratação do arroz, cultivar Supremo-1, submetido ao encharcamento a 65ºC, durante 360 minutos, a partir de quatro umidades iniciais. Os valores de rendimentos de grãos inteiros sem defeitos e a incidência de defeitos estão apresentados nas Tabelas 01 e 02, respectivamente, sendo possível observar incrementos no rendimento (Tabela 01) em função do aumento do tempo de residência dos grãos na operação de encharcamento, devido ao processo de parboilização conferir maior resistência às quebras no beneficiamento industrial dos grãos. A gelatinização do amido e a posterior retrogradação explicam esse comportamento (Elias et al., 2002; Miah et al, 2002). No encharcamento com tempo inferior a 6 horas ocorreram variações significativas de rendimentos nos diferentes graus de umidade inicial dos grãos, indicando que esta interfere no rendimento de grãos inteiros sem defeitos, pois grãos submetidos ao encharcamento sem secagem prévia apresentaram valores maiores do que aqueles que iniciaram a operação com 13% de umidade, em todas as condições de tempos, considerando cada parâmetro de análise. TABELA 01 - Grãos inteiros sem defeitos em arroz, cultivar Supremo I, submetidos, ao encharcamento a 65ºC, com quatro umidades iniciais1 Tempo Umidade inicial (%) dos grãos no encharcamento (horas) 20 18 16 13 4 A 66,67 b B 61,22 c B 63,79 b C 53,43 5 A 66,42 b B 63,37 b B 63,13 b C 62,11 b 6 A 68,90 a B 66,84 a B 66,06 a C 64,60 a c 1 – Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais na mesma linha, não diferem, pelo teste de Tukey ,a 5% de significância (P<0,05). TABELA 02 - Incidência de defeitos em grãos de arroz, cultivar Supremo I, submetidos, ao encharcamento a 65ºC, com diferentes umidades iniciais1 Tempo Umidades iniciais dos grãos no encharcamento (horas) 20% 18% 16% 4 C 2,22 a B 3,70 a B 4,65 a 5 B 1,97 a A 3,05 b A 6 B 2,05 a A 2,46 b A 13% A 6,34 a 3,06 b A 3,58 b 2,56 b A 3,19 b 1 – Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais na mesma linha, não diferem, pelo teste de Tukey, a 5% de significância (P<0,05). A análise de incidências de defeitos em arroz parboilizado, em função da umidade inicial dos grãos e do tempo na operação de encharcamento (Tabela 02), permite verificar que no arroz encharcado a 65ºC, o aumento do tempo na operação de 4 para 6 horas, reduz a incidência de grãos com defeitos. Ao possibilitar maior uniformidade na distribuição da água no interior dos grãos, possibilitando melhor gelatinização (Siebenmorgen et al., 1997), o maior tempo de operação reduz o percentual de grãos não gelatinizados, os quais são considerados defeitos pela legislação oficial (Brasil, 1988). O tempo em que os grãos permanecem com umidade ainda elevada, sem inativação enzimática, proporciona o aumento da atividade metabólica dos grãos e dos organismos associados. A parboilização, embora reduza os danos físicos, intensifica a incidência de defeitos de origem metabólica (Elias et al, 2002). Esses eventos podem explicar os comportamentos observados. Os resultados indicam que a umidade inicial dos grãos interfere mais na incidência de defeitos e no tempo de hidratação, enquanto o tempo de encharcamento interfere mais nos rendimentos de grãos inteiros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA Fº, S. Arroz parboilizado: tecnologia limpa, produto nobre. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre, 2002. 240p. BOBBIO. P.A., BOBBIO. F.O. Química de processamento de alimentos. Campinas, Fundação Cargill, 1984. 232p. BRASIL. Ministério da Agricultura. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Normas de identidade, qualidade, embalagem e apresentação do arroz. Brasília, v.8, n.20, p.25. 1988. ELIAS, M.C.; ANTUNES, P.L.; HAAS, L.I.R.; AOSANI, E.; RUPOLLO, G.; MARTINS, I.R. Tempo de armazenamento na qualidade industrial do arroz irrigado para parboilização. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 18., 2002, Porto Alegre. Anais do .... Porto Alegre: CBCTA, 2002. CDROM. ELIAS, M. C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, UFPel, 1998. MIAH, M.A.K.; HAQUE, A.; DOUGLASS, M.P.; CLARKE, B. Parboiling of rice, Parte I: Effect of hot soaking time on quality of milled rice. International Journal of Food Science and Technology, v. 37, n. 5, p. 527-537. 2002. SIEBENMORGEN, T.J.; PERDON, A. A.; CHEN, X.; MAUROMOUSTAKOS, A. Relating Rice Milling Quality Changes During Adsorption to Individual Kernel Moisture Content Distribution. Cereal Chemists, v. 75, n. 1, p.129-136. 1997. noUp8q'r%st%uwvxs%y'z={|>q~}%qwv-qxn6o\pC{\Ws#t%p,u]q n }e)Vs-L C}\ {%|#m BENEFICIAMENTO DO ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL Victor Hugo Kayser (1), Evely Gischkow Rucatti (1). 1 IRGA, CP 1927, [email protected] Palavras-chave: arroz, produção, engenhos. Os engenhos de arroz são um elo importante da cadeia produtiva do arroz no Rio Grande do Sul, na medida em que sua atividade, o beneficiamento, torna disponível um produto apto ao consumo humano. Este trabalho tem por objetivo avaliar a distribuição espacial, o beneficiamento, a produção e a estratificação das indústrias de arroz nas diferentes regiões orizícolas. O Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA, acompanha, anualmente, a produção e o beneficiamento do arroz no Estado do Rio Grande do Sul. Os dados básicos utilizados têm origem no acompanhamento mensal das unidades industriais com base na arrecadação fiscal da Taxa de Cooperação e Defesa da Orizícultura (Taxa CDO) e dados da produção de arroz da safra 2001/02. Com os dados de 2000, 2001 e 2002, tem-se o seguinte quadro do beneficiamento do arroz no Rio Grande do Sul: Tabela 1: Número de engenhos, beneficiamento anual e nº de municípios, no Rio Grande do Sul ANO Nº DE ENGENHOS ATIVOS BENEFICIAMENTO ANUAL (sacos Nº DE MUNICÍPIOS de arroz 50 kg – casca) 2000 351 73.909.350 95 2001 341 76.010.601 101 2002 320 82.226.811 95 Fonte: TAXA CDO/IRGA; elab.: Equipe de Política Setorial São beneficiados anualmente 77.382.254 sacos de arroz (base casca), em média, correspondendo a 3.869.112,7 toneladas, em mais de 300 engenhos distribuídos em aproximadamente uma centena de municípios do Rio Grande do Sul. Com uma renda do benefício de 68%, corresponde a 2.630.996,6 toneladas de arroz beneficiado. Pela Tabela 1 verifica-se uma redução do número de engenhos ativos no Rio Grande do Sul, nos últimos três anos, passando de 351 em 2000, para 341 em 2001 e 320 em 2002, uma redução de 8,8%. Porém houve um aumento na capacidade de beneficiamento, de 11,25% neste mesmo período. Os 320 engenhos constituem 299 empresas agroindustriais, beneficiando desde 27 até 8.973.672 sacos de arroz em casca (50 kg) por ano, em 2002. A Tabela 2 indica que, das 299 indústrias de arroz, 16 (5,35%) beneficiaram 58,6% do total estadual, demonstrando a concentração das empresas. Tabela 2: Concentração das empresas de beneficiamento de arroz no Rio Grande do Sul, em 2002 Nº EMPRESAS PERCENTUAL (%) BENEFICIAMENTO(%) 3. CLASSES Nº Intervalo de classes No intervalo Acumulado Simples Classes (sacos/ano*) 1 0 até 15.000 124 124 41,47% 2 15.000 até 50.000 49 173 16,39% 3 50.000 até 150.000 36 209 12,04% 4 150.000 até 300.000 38 247 12,71% 5 300.000 até 500.000 18 265 6,02% 6 500.000 até 1.000.000 18 283 6,02% 7 Mais de 1.000.000 16 299 5,35% Fonte: TAXA CDO/IRGA; Elab.: Equipe de Política Setorial Acumulado 41,47% 57,86% 69,90% 82,61% 88,63% 94,65% 100,00% * sacos em casca No intervalo 0,57 1,94 3,89 10,12 8,93 15,96 58,59 Acumulado 0,57 2,51 6,40 16,52 25,49 41,41 100,00 Há concentração das empresas de beneficiamento de arroz no Rio Grande do Sul, considerando que 16 empresas (5,35%), beneficiam mais de 1.000.000 de sacos anualmente e 58,59% do total anual beneficiado. Dados da mesma fonte, de 1.997, indicavam 16 empresas com beneficiamento superior a 1.000.000 sc, representando 49,16%. As 10 maiores empresas, conforme Tabela 3, beneficiam 45,27% do total. A maior empresa beneficiou 10,91%, correspondendo a 8.973.692 sacos de arroz em casca (em 4 plantas de beneficiamento); a segunda maior, beneficiou 6.324.001 sacos de arroz (casca), correspondendo a 7,69% do total beneficiado, em 3 plantas industriais. Tabela 3: Quantidade de arroz beneficiado pelas 10 maiores empresas, do Rio Grande do Sul, em 2002 INDÚSTRIAS BENEF. ANUAL * % BENEF./RS % ACUM. 1ª Indústria 2ª Maior 3ª Maior 4ª Maior 5ª Maior 6ª Maior 7ª Maior 8ª Maior 9ª Maior 10ª Maior 8.973.692 6.324.001 3.601.612 3.558.115 2.832.335 2.686.975 2.479.302 2.273.425 2.260.621 2.237.154 10,91 7,69 4,38 4,33 3,44 3,27 3,02 2,76 2,75 2,72 Fonte: TAXA CDO/IRGA; elab.: Equipe de Política Setorial 10,91 18,60 22,98 27,31 30,76 34,02 37,04 39,80 42,55 45,27 * sacos em casca A concentração das empresas também pode ser analisada espacialmente pela Tabela 4 onde mostra que o maior número de engenhos se concentra no município de Pelotas (26 engenhos). Tabela 4: Concentração dos engenhos e beneficiamento nos municípios do Rio Grande do Sul MUNICÍPIOS N° ENGENHOS TOTAL % ENGENHOS/ % ACUM. BENEF.* ESTADO 26 12.561.690 8,13% 8,13% 3.1.1. Pelotas 3.1.2. São 22 7.306.558 6,88% 15,00% 20 13 10 9 9 7 7 6 1.817.391 1.291.090 3.255.754 8.444.671 1.217.129 1.978.935 9.628.597 1.332.126 6,25% 4,06% 3,13% 2,81% 2,81% 2,19% 2,19% 1,88% 21,25% 25,31% 28,44% 31,25% 34,06% 36,25% 38,44% 40,31% Borja Santa Maria Sto. Antônio da Patrulha Uruguaiana Camaquã Sertão Santana Cachoeira do Sul Itaqui Bagé Fonte: TAXA CDO/IRGA; elab.: Equipe de Política Setorial * sacos em casca Em 10 municípios do Rio Grande do sul, concentram-se 40,31% dos engenhos (129). Quanto ao beneficiamento, 71,06% ocorre em 10 municípios, com 97 engenhos e 58.433.491 sacos de arroz (71,06%). O beneficiamento do arroz tem destaque no município de Pelotas (15,28%), seguido de Itaqui (11,71%) e Camaquã (10,27%) (Tabela 5), concentrando 37,26% do total beneficiado no Estado. Tabela 5: Beneficiamento nos municípios do Rio Grande do Sul MUNICÍPIOS N° ENGENHOS TOTAL BENEF.* %BENEFICIAMENTO/ ESTADO 26 12.561.690 15,28% Pelotas Itaqui Camaquã 7 9 9.628.597 8.444.671 11,71% 10,27% % ACUM. 15,28% 26,99% 37,26% São Borja Alegrete Dom Pedrito Uruguaiana São Gabriel Eldorado do Sul Cachoeira do Sul 22 3 6 10 5 2 7 7.306.558 4.929.281 4.681.028 3.255.754 2.916.195 2.730.782 1.978.935 8,89% 5,99% 5,69% 3,96% 3,55% 3,32% 2,41% Fonte: TAXA CDO/IRGA; elab.: Equipe de Política Setorial 46,14% 52,14% 57,83% 61,79% 65,34% 68,66% 71,06% * sacos em casca O beneficiamento de arroz se concentra na metade sul do Estado, região onde se localizam as lavouras de arroz irrigado, compreendendo 99,73%, em 296 engenhos. Beneficiando apenas 0,3%, 24 engenhos, localizam-se fora da região arrozeira, conforme a Tabela 6. Tabela 6: Distribuição dos engenhos no Rio Grande do Sul, 2002 REGIÕES ORIZÍCOLAS Nº de engenhos Percentual (%) Zona Sul 39 Planície Cost. Ext. 37 Planície Cost. Int. 53 Depressão Central 78 Fronteira Oeste 57 Campanha 32 Fora da região orizícola 24 Total 320 Fonte: TAXA CDO/IRGA Elab.: Equipe de Política Setorial 12,2 11,5 16,6 24,4 17,8 10,0 7,50 100,0 Beneficiamento (sc 50 kg) 13.290.957 3.129.668 16.417.923 12.541.877 26.710.781 9.915.890 219.715 82.226.811 Percentual (%) 16,2 3,8 19,9 15,2 32,5 12,1 0,3 100,0 O beneficiamento dos últimos três anos tem sido superior a 70% da produção estadual, sendo que na safra 2001/02, foram beneficiados 74,97% da produção gaúcha de arroz, conforme Tabela 7. Tabela 7: Produção e beneficiamento de arroz no RS SAFRAS PRODUÇÃO (sc) BENEFICIAMENTO (sc) 1999/2000 102.424.800 73.909.350 2000/2001 105.852.700 76.010.601 2001/2002 109.674.282 82.226.811 Fonte: NATE(s), TAXA CDO/IRGA; Elab.: Equipe de Política Setorial BENEFICIAMENTO/PRODUÇÃO (%) 72,16 71,80 74,97 24 engenhos (7,5%) 0,3% benef. 57 engenhos (17,8%) 32,5% benef. 37 engenhos (11,5%) 3,8% benf. 78 engenhos (24,4%) 15,25% benef. 32 engenhos (10,0%) 12,1% benef. 53 engenhos (16,6%) 19,9% benef. 39 engennhos (12,2&) 16,2% benef. Figura 1: Distribuição espacial dos engenhos de arroz no RS, 2002 Tabela 8: Produção e beneficiamento na região arrozeira do RS - 2002 REGIÕES PRODUÇÃO % PRODUÇÃO BENEFICIAMENTO % BENEFICIA- BENEFICIAMENTO/ (sc) (sc) MENTO PRODUÇÃO (%) ZONA SUL 14.085.337 12,84% 13.290.957 16,21% 94,36% PLAN. COST. EXT PLAN. COST. INT. DEP. CENTRAL 11.162.648 11.343.393 17.864.005 10,18% 10,34% 16,29% 3.129.668 16.417.923 12.541.877 3,62% 20,02% 15,29% 28,04% 144,74% 70,21% 35.843.899 32,68% 26.710.781 32,57% 74,52% CAMPANHA 19.375.000 17,67% 9.915.890 12,09% 51,18% SOMA 109.674.282 100,00% 82.007.096 100,00% 74,77% 3.1.3. F RO NT. OE ST E Fonte: NATE(s), TAXA CDO/IRGA Elab.: Equipe de Política Setorial A Fronteira Oeste detém a maior fatia de beneficiamento (32,57%), na mesma proporção da representatividade da produção (32,68%), conforme Tabela 8. A Planície Costeira Interna beneficia mais arroz que sua produção regional, evidenciando que é prestadora de serviço. GLP NO AR DA SECAGEM ESTACIONÁRIA E PROCESSO DE BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES DE CONSUMO DE ARROZ 1 1 1 Vandeir José Dick Conrad ; Leonor João Marini ; Ana Paula Sacramento Wally ; Lírio Inácio 1 1 2 1 Reckziegel Haas , Galileu Rupollo , Carlos Alberto Alves Fagundes ; Moacir Cardoso Elias . 1 Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. CPGCTA. E-mail: 2 [email protected]. Instituto Rio Grandense do Arroz. E-mail: [email protected]. Palavras-chave: Qualidade pós-colheita; GLP; Arroz O arroz é um cereal produzido e consumido em praticamente todo mundo. No Brasil está presente na dieta básica da grande maioria da população. A maior produção nacional ocorre em cultivo de sistema irrigado, que se concentra em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, sendo este último responsável por quase metade da produção brasileira. No ecossistema de produção do sul predominam elevadas umidades relativas do ar durante a maior parte do ano, havendo necessidade de rigorosa adequação na secagem para que o metabolismo dos grãos seja minimizado e eles possam ser armazenados sem comprometer suas boas propriedades nutricionais. Nesse contexto, secar e armazenar os grãos no próprio silo acaba sendo, muitas vezes, uma alternativa econômica e eficiente. Essa prática de secagem e armazenamento dos grãos na propriedade rural, que no sul tem aumentado expressivamente no setor arrozeiro, nos últimos anos, ainda necessita de estudos tanto para adequada definição de engenharia de processo, como de manejo operacional e de efeitos na qualidade de consumo dos grãos industrializados. Embora a secagem intermitente seja a mais utilizada para grãos de arroz, os métodos do sistema estacionário têm sido cada vez mais empregados, devido ao aumento do armazenamento na propriedade, pois isso aumenta o poder de barganha do produtor, que pode escolher a melhor oportunidade de comercializar sua safra. Havendo boa qualidade e bom sistema de conservação, o perfil de preços de comercialização nos últimos anos tem estimulado a adoção dessa estratégia. Na secagem estacionária, os grãos permanecem estáticos no silo, sendo forçada, através de ventiladores, entre eles, a passagem de ar, sem aquecimento, na condição do ambiente natural, ou pouco aquecido. O sistema estacionário de secagem com ar sem aquecimento é grandemente dependente das condições psicrométricas naturais do ar ambiente, e é muito lento, tendo como agravante, além da morosidade e do baixo fluxo operacional, o risco de desenvolvimento microbiano durante o processo. A secagem estacionária com ar aquecido, devido ao longo período de contato dos grãos com o ar, não pode empregar altas temperaturas porque há uma forte tendência a isotermia ar/grãos. A secagem estacionária, uma alternativa que tem mostrado bom desempenho técnico é o aquecimento do ar pela passagem direta na chama do GLP produzida em queimadores alternantes. Para verificar possíveis alterações nas características sensoriais (cor, odor e sabor) e nas propriedades de consumo (absorção de água e ganho volumétrico), foi realizado o presente trabalho no Laboratório de Grãos, da Faculdade de Agronomia da UFPel, sendo parte do convênio UFPel-IRGA. Foram utilizados grãos de arroz (Oryza sativa) do cultivar IRGA-419 produzidos na região de Cachoeirinha/RS, secados e armazenados em silos metálicos, com capacidade de aproximadamente 9 toneladas, na Estação Experimental do IRGA, em Cachoeirinha. Com o trabalho, realizado no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, visa-se avaliar a influência do aquecimento do ar na secagem e do processo de beneficiamento do arroz sobre as características de consumo dos grãos (análise sensorial, ganho volumétrico e absorção de água), nos processos convencional e de parboilização. No trabalho foram testadas duas condições de secagem estacionária: a) com dispositivo automatizado de insuflação do ar, através do condicionamento pela queima de glp acoplado a um sistema informatizado, reduzindo a umidade relativa do ar sempre que superior a 75%; b) com dispositivo automatizado de insuflação do ar sempre que a umidade relativa fosse inferior a 75%, sem condicionamento por aquecimento, ou seja, funcionamento com controle automatizado em condições psicrométricas naturais do ara ambiente. As análises de características de comportamento na cocção (Figura 1) e propriedades sensoriais (Figura 2) foram realizadas de acordo com a metodologia proposta por Gularte (2002). Figura 1: Rendimento de absorção de água e ganho volumétrico de grão de arroz durante o 350 280 210 % 140 70 0 S 1P ar S 2 P a rb % a b s o rç ã o S 1 B ra n c o S 2 B ra n c o g a n h o vo lu m e cozimento, submetidos a dois métodos de secagem e diferentes processos de beneficiamento. Escalas de Cor: de 0 a 9, sendo nota 0 para a cor branca acinzentada e 9 para amarelo forte, tendo como 5.00 Valores das escalas 4.50 4.51 4.33 4.69 4.29 4.53 3.78 4.00 3.50 3.00 2.28 2.14 2.50 2.00 1.29 1.50 0.91 0.86 1.05 1.00 0.50 0.00 Cor S1 Parb Odor S2 Parb intermediárias as opções branco, amarelo claro e amarelo. Sabor S1 Branco S2 Branco Escalas de Odor e Sabor: de 0 a 9, sendo nota 0 para branco característico e 9 para parboilizado forte, tendo como intermediárias as opções de ligeiramente alterado, parboilizado fraco e parboilizado característico. Figura 2: Análise sensorial de grãos de arroz cozidos, submetidos a dois métodos de secagem e diferentes processos de beneficiamento. Ao se analisar a Figura 1, é possível observar que para o mesmo método de beneficiamento, o método de secagem não interfere nas propriedades que expressam o comportamento na cocção (absorção de água e ganho volumétrico). No mesmo método de secagem, os ganhos de peso e volume diferem para cada método de beneficiamento. Os grãos parboilizados absorveram mais água e tiveram maior rendimento volumétrico do que os brancos polidos, beneficiados pelo processo convencional. Analisando-se os dados da Figura 2, é possível observar que o método de beneficiamento interfere mais em atributos sensoriais como cor, odor e sabor, do que o método de secagem utilizado. Os grãos parboilizados apresentam coloração, sabor e odor mais intensos do que o arroz beneficiado pelo processo convencional. Os comportamentos observados (Figuras 1 e 2) encontram sustentação na literatura especializada. O beneficiamento do arroz por parboilização permite, em parte, atenuar alguns danos causados aos grãos durante a secagem, como trincamento e a desestruturação do amido, diminuindo o percentual de grãos quebrados, alem de reduzir as perdas de valor nutritivo e aumentar a digestibilidade, para o consumo do produto. Entretanto intensifica o aparecimento de defeitos gerais e graves (Rombaldi et al., 1998, Amato et al., 2002). A parboilização provoca modificações físicas, químicas e sensoriais nos grãos de arroz, com vantagens econômicas e nutricionais. Essas transformações ocorrem de maneira diferente para cada cultivar submetida ao processo de parboilização (Elias et al., 2002). Ambos os métodos utilizados na secagem preservaram tanto as características de comportamento na cocção como as propriedades sensoriais, para ambos os processos de beneficiamento industrial estudados. Pelas análises realizadas, o uso na secagem de ar aquecido pela passagem direta na chama da queima de GLP não interfere nas capacidades de absorção de água e de aumento volumétrico dos grãos na cocção, assim como não produz alterações na coloração e nem transfere sabor ou aroma ao arroz, independentemente se beneficiado pelo processo convencional de polimento ou por parboilização. BIBLIOGRAFIA AMATO, G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA Fº, S. Arroz parboilizado: tecnologia limpa, produto nobre. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre, 2002. 240p. ELIAS, M.C.; ANTUNES, P.L.; HAAS, L.I.R.; AOSANI, E.; RUPOLLO, G.; MARTINS, I.R. Tempo de armazenamento na qualidade industrial do arroz irrigado para parboilização. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 18., 2002, Porto Alegre. Anais do .... Porto Alegre: CBCTA, 2002. CDROM. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: Ed. Edigraf UFPEL, 2002. 59p. ROMBALDI, C.V.; BARBOSA,F.F.; FERREIRA,M.R.; SILVA, M.S.; SILVA, L.H.; ELIAS, M.C. Tempo de armazenamento e qualidade do arroz para parboilização. Revista da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 16 n. 3, p.19871990.1998. O projeto foi realizado com apoio do Pólo de Inovação Tecnológica de Alimentos da Região Sul e os autores agradecem a Ultragaz, Dryeration, CAPES, CNPq, FAPERGS e SCT-RS. OPERAÇÕES HIDROTÉRMICAS DA PARBOILIZAÇÃO PREVIAMENTE AO ARMAZENAMENTO DOS GRÃOS EM CASCA NA CONSERVABILIDADE E NAS CARACTERÍSTICAS DE CONSUMO DE ARROZ Moacir Cardoso Elias, Luis Henrique Martins Pereira da Cruz; Élvio Aosani; Flávio Manetti Pereira; Leonor João Marini; Vandeir José Dick Conrad; Cátia Maria Romano, Manoel Artigas Schirmer. Universidade Federal de Pelotas - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”. Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial - Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. CPGCTA. C.P. 354, CEP 96.010-900, Capão do Leão, RS. E-mail: [email protected] Palavras-chave: armazenamento; parboilização, qualidade de grãos. Embora o arroz seja cultivado há tanto tempo no País, ainda ocorrem problemas de perdas pós-colheita, durante o armazenamento. A secagem é quase a única forma de condicionar os grãos ainda com casca para armazená-los. Mesmo sendo secados, por serem higroscópicos, os grãos trocam água com o ar do ambiente onde estão armazenados, havendo alterações constantes de umidade durante o armazenamento, e isso pode favorecer o metabolismo dos próprios grãos, assim como dos insetos e dos microrganismos (Shüler, 1995; Scussel, 2000; Elias, 2002). No Brasil, os pequenos produtores utilizam a secagem tradicional, em terreiros com o produto exposto ao sol. Já os médios e grandes fazem uso de secadores convencionais. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os secadores intermitentes são os mais utilizados. As formas mais encontradas de arroz no mercado são as de grãos branco polidos, parboilizados e integrais ou esbramados. No processo de parboilização do arroz, as operações correspondentes às do beneficiamento convencional são precedidas pelo tratamento hidrotérmico, que consta de três etapas: hidratação, autoclavagem e secagens. A hidratação tem por finalidade promover a entrada de água no interior do grão, até cerca de 30% de umidade, tomando o espaço do ar. Após a hidratação, o arroz é geralmente submetido ao tratamento com autoclave, com o objetivo de promover a gelatinização do amido, que é facilitada devido ao fato de o grão entrar com umidade alta e energia gerada pelo calor da água de hidratação. Embora a eficiência do processo de autoclavagem, no Brasil são empregadas outras formas para gelatinizar o amido, como o uso de estufa, principalmente em pequenas e médias indústrias de Santa Catarina (Elias, 1998). No trabalho, são testados dois métodos de conservação, para comparar seus efeitos nas características de desempenho industrial e de consumo, em seis meses de armazenamento de grãos em casca, com prévia aplicação das operações hidrotérmicas típicas da parboilização e sem elas. Foram utilizadas amostras de arroz do cultivar IRGA-417, produzidas na região sul do Rio Grande do Sul, pela empresa Palma Agroindustrial Ltda, em Capão do Leão. As amostras foram submetidas à secagem em secador estacionário piloto, onde foram secados 150kg. Após o período de estabilizações térmicas e hídricas, as amostras foram armazenadas no sistema convencional, em sacos de ráfia trançados, com o peso entre 40 e 50 kg por amostra. Na aplicação prévia das operações hidrotérmicas típicas da parboilização foi utilizada a metodologia desenvolvida no Laboratório de Pós Colheita e Industrialização de Grãos da UFPel (Elias, 1998). Antes do descascamento, as amostras foram submetidas às operações de limpeza e seleção em máquinas de ar e peneiras cilíndricas, protótipos do Laboratório de grãos. Os resultados aparecem nas Tabelas 1 a 10. TABELA 1. Umidade (%) em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 B 13,14 b A 13,48 a meses de armazenamento 2 4 B 13,08 b A 13,65 a A 13,41 a A 13,34 a 6 A 13,65 a B 13,23 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 2. Acidez do extrato etéreo (% de ácidos graxos livres) em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 A 0,15 b A 0,15 c meses de armazenamento 2 4 A 0,16 b A 0,18 a A 0,15 c A 0,17 b 6 A 0,21 a B 0,19 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 3. Rendimento inteiros (%) em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 B 58,53 b A 63,85 a meses de armazenamento 2 4 B 59,71 a B 60,12 a A 63,76 a A 64,15 a 6 B 60,03 a A 64,09 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 4. Incidência de defeitos em arroz (%) submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 B 3,02 d A 3,79 a meses de armazenamento 2 4 A 3,85 c A 5,69 b B 3,55 a B 3,36 a 6 A 6,24 a B 3,46 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 5. Grãos inteiros sem defeitos em arroz (%) submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método 0 meses de armazenamento 2 4 6 Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias B 55,51 a A 60,06 a B 55,86 a A 60,24 a B 54,43 b A 60,79 a B 53,79 c A 60,63 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 6. Grãos inteiros sem defeitos em arroz (%) submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 B 55,51 a A 60,06 a meses de armazenamento 2 4 B 55,86 a B 54,43 b A 60,24 a A 60,79 a 6 B 53,79 c A 60,63 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 7. Amilose (%) em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 A 32,62 a A 32,21 a meses de armazenamento 2 4 A 32,40 a A 32,95 a A 33,26 a A 32,82 a 6 A 32,14 a A 32,83 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 8. Dispersão Alcalina em KOH a 1,7%, em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 A 6,8 a A 6,7 a meses de armazenamento 2 4 A 6,7 a A 6,3 a A 6,6 a A 6,8 a 6 A 6,4 a A 6,7 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 9. Rendimento volumétrico (volume final / volume inicial) na cocção em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 B 3,4 a A 4,3 a meses de armazenamento 2 4 B 3,2 a A 3,0 a A 4,3 a A 3,5 a 6 A 3,0 a A 3,4 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). TABELA 10. Absorção de água (%) na cocção em arroz submetido a dois métodos de conservação de grãos em casca, armazenados pelo sistema convencional1. Método Sem operações hidrotérmicas prévias Com operações hidrotérmicas prévias 0 A 241,51 a B 223,45 a meses de armazenamento 2 4 A 242,27 a A 243,27 a B 224,95 a B 222,95 a 6 A 242,27 a B 221,95 a 1- Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma linha e, por maiúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). Os resultados indicam que a aplicação das operações de encharcamento, autoclavagem e secagem no arroz em casca, antes do armazenamento, provoca aumentos na incidência de defeitos durante essas operações, mas posteriormente a mantém estabilizada, aumentando a conservabilidade dos grãos e sem prejudicar as características de consumo dos grãos. BIBLIOGRAFIA ]!O -V%#W% ¢¡^W¡% _¡?X£#¡¤%YT¥¦¡%§]¨ ¡%?¡% 8 _%©`W¡% C¡%0%ª#«3? ¬]®\¯W°c±d²,¬ ³ ´ µ¶%· ¸)¹fº'»¼½O¾µ\¿À¼OÁ) ôÁÄÅÆ´%Çk¶»¶ÈCɸUÊ'¹=¸\Ë,º'̸UÍm´ ¿ÀÎ]Ï!мѴ-Ò Ó Ô8Õ×ÖØXÙ%ÚÖÕxÙ%Ú#Û=ÜÝÙßÞÜ\ÚWàÙ%ÔáÖâ'ãÜÝä%Ùßå\Ô_ãÜ%àæÙ%Õ Õ0çäUè ÖàéÙëêWÙ%ì%íWÙ%ÚWÖà ÙàDÞ#Ö%î Öà ï ðñ%ò ó)ô=õ'ö÷ ø#ù\úwû\ü8õ'ý6þOÿðñ%ò ï Uï SCUSSEL, V.M. Atualidades em Micotoxinas e Armazenagem de Grãos. Ed. da autora, Florianópolis, 2000, 382p. AE+E)C FHGIJE)A RnW*N+opVqr1stVuOQM dVquM%T1 "!#$%!'& ()$ *(+!,-./01$%23 $4&(5$3%687:9*68%;(<=3$>%(<?$ @AB C*D E)A KL8M*NPOQMSRUT VW*N5V%XY[Z]\R^X`_badc[_fe%_g+Xh`Kji_kjlXi"mmldK W%r1qM vgK v o LoT1s,o RnW*N5M%hVqwxN+ryo X{zR^L%|}X~zL8 V }zkjZ`} c)L*T M v RELAÇÃO DE INTERMITÊNCIA SOBRE A DEMANDA ENERGÉTICA E O DESEMPENHO DA SECAGEM DE GRÃOS DE ARROZ Moacir Cardoso Elias; Mário José Milman; Flávio Manetti Pereira; Cátia Maria Romano; Denílson da Silva Rodrigues; Daniel Simioni; Roberta de Magalhães da Fonseca. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, CPGCTA. E-mail: [email protected] Palavras-chave: secagem intermitente, manejo térmico; demanda energética. Na safra 2002/03, o Rio Grande do Sul continua sendo o estado brasileiro com maior produção de arroz, cerca cinco milhões de toneladas, o que representa quase 50% da do total produzido no Brasil (CONAB, 2003). A produção brasileira, cuja produção é feita por cerca de 12.000 orizicultores, de 123 municípios, em aproximadamente 955.000 hectares. A cadeia produtiva conta com 422 agroindústrias beneficiadoras, atinge 250 mil empregos e um valor bruto de produção da ordem de R$ 2,5 bilhões, o que representa 3,1% do PIB. No arroz, como na maioria das espécies, os grãos devem ser colhidos, quando sua umidade se situar entre 18 e 24%. Se por um lado, a colheita realizada nessa faixa de umidade minimiza as perdas, por outro lado requer o uso de secagem artificial. Contudo, é importante realizar a colheita logo que houver condições, pois quanto mais tempo os grãos permanecerem expostos às intempéries, no campo, maiores serão as perdas, por ataque de pássaros, roedores, insetos e fungos, Elias, et al (2001). No Brasil, os métodos de secagem de arroz variam amplamente, assim como ocorre com outros grãos. Os pequenos produtores utilizam a secagem tradicional, em terreiros, com o produto exposto ao sol, já os médios e grandes produtores fazem uso dos secadores contínuos (Campos, 1990), que, pelas suas características operacionais, podem prejudicar o rendimento de grãos inteiros. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os secadores intermitentes são os mais utilizados (Elias et al., 2002). Comparado com outros grãos, o arroz apresenta dificuldades como: a textura da casca que o envolve; o sistema de secagem não deve ser contínuo; a necessidade da utilização de baixas temperaturas do ar de secagem; para evitar a quebra dos grãos provocada pela pressão de vapor; diferença de peso específico e a alta umidade com que é colhido (Cunha, 1999). O método intermitente é caracterizado pela passagem descontínua do ar aquecido pela massa de grãos também em movimento, promovida pela recirculação do grão no conjunto secador-elevador. Com isto a difusão da água do centro para a periferia do grão, e a evaporação da água superficial se dá de uma maneira mais branda e equilibrada. Neste sistema, os grãos permanecem recirculando no interior do secador e o seu contato com o ar se realiza de um modo descontínuo (Elias et al., 2002). Com o presente trabalho, se objetivou estudar efeitos da relação de intermitência, em método com manejo térmico de temperaturas crescentes do ar sobre o desempenho operacional e a demanda energética na secagem, assim como sobre parâmetros de qualidade dos grãos ao longo do armazenamento. Foram utilizados grãos do cultivar IRGA 417, produzidos na região sul do Rio Grande do Sul, submetidos à secagem em secador intermitente piloto, em duas condições de relações de intermitência 1:1½, e 1:3 ambas com o mesmo manejo térmico (ar aquecido a temperaturas crescentes, graduais de 70, 90, 110+5° C, respectivamente nas 1ª, 2ª e 3ª até a penúltima hora, quando começava a redução gradual da temperatura do ar). A operação foi realizada no Laboratório de PósColheita e Industrialização de Grãos onde se avaliou a taxa horária de secagem, a demanda energética, rendimento de grãos inteiros antes e depois de secagem e rendimento de grãos inteiros sem defeitos, em 160 dias de armazenamento convencional. Os resultados de desempenho operacional e de demanda energética na secagem aparecem respectivamente nas Figuras 1 e 2, enquanto os efeitos imediatos e latentes da secagem aparecem nas Tabelas 1 e 2. 5 4 3 2 2 6 5 4 3 2 2 Taxa horária de secagem (%) y = -0,0015x + 0,0365x - 0,3451x + 1,6074x - 3,7196x + 3,5072x + 0,033 R = 0,8077 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 Energia para aquecimento do ar por peso de grão (kcal/kg) y = 0,0072x - 0,1396x + 0,9877x - 3,0677x + 3,6139x - 0,0519 R = 0,9372 1,8 7,0 20 5 R I 1:3 Polinômio (R I 1:3) Figura 1. Taxa horária de secagem de arroz, com relações de intermitência 1:1½ e 1:3. Tabela 1. Rendimento de grãos inteiros de arroz, antes e depois de submetidos a duas 1 condições de secagem . Relação de Grãos inteiros 5 3 2 2 10 5 0 1,0 2,0 3,0 4,0 Horas de secagem R I 1:1/2 Polinômio (R I 1:1/2) 5,0 6,0 7,0 R I 1:3 Polinômio (R I 1:3) Figura 2. Demanda de energia (kcal.kg-1 de grão) nas operações de secagens com relações de intermitência 1:1½ e 1:3. Tabela 2. Rendimento de grãos inteiros sem defeitos de arroz, submetidos a duas condições de secagem e armazenados pelo 1 sistema convencional . Dias de armazenamento Relação de Grãos inteiros sem defeitos Depois da secagem intermitência 1: 3 A 63,71 a A 61,04 b 1:1½ A 63,71 a A 60,85 b 1 4 R = 0,917 Antes da secagem intermitência 2 y = 0,0151x - 0,2928x + 2,0687x - 6,7427x + 10,603x + 0,2339 15 0,0 Polinômio (R I 1:1/2) 3 2 R = 0,8059 Horas de secagem R I 1:1/2 4 y = 0,0609x - 0,899x + 4,9995x - 13,106x + 16,504x + 0,022 0 80 160 1: 3 A 55,96 a A 55,72 b A 55,18 c 1:1½ A 55,86 a A 55,52 b A 54,98 c - Médias aritméticas simples, seguidas por letras minúsculas, na mesma linha e, por maiúsculas, na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0,05). A taxa horária de secagem é calculada pela variação do grau de umidade da massa de grãos, expressa em base úmida, em pontos percentuais, por hora. Examinando-se os comportamentos exibidos pela análise de regressão polinomial na Figura 1, é possível observar que a taxa horária de secagem nos dois tratamentos tem comportamento semelhante, crescendo na 1ª hora e diminuindo a partir daí, com a redução do grau de umidade. Na relação de intermitência 1:1½ a redução é sempre superior à exibida na relação de 1:3. Estas observações expressam os comportamentos hidrotérmicos da operação e estão de acordo com a literatura especializada (Puzzi, 2000; Elias et al 2002). Observando-se a Figura 2, é possível verificar que o consumo de energia nas duas secagens tem comportamento semelhante, sendo bastante acentuado na primeira hora, refletindo as conseqüências da inércia térmica deste sistema de secagem. Estas observações mostram que a operação realizada com relação de intermitência 1:3 consome menos energia por kg de grão seco do que a operação realizada com relação de intermitência 1: 1½. A Tabela 1 mostra os resultados dos efeitos imediatos da secagem no rendimento de grãos inteiros de arroz, submetidos a duas relações de intermitência, onde se observa que nos dois tratamentos o percentual de grãos inteiros se reduz significativamente durante as operações de secagem. Grãos de arroz não suportam remoções bruscas de umidade no início da operação, quando estão ainda com elevado teor de água, pois altas taxas de remoção de água contribuem para aumentar os gradientes de pressão interna, provocando aumento dos percentuais de quebrados quando do beneficiamento industrial, principalmente no processo convencional de arroz branco polido (Elias & Rombaldi, 1989). É possível também verificar que as secagens intermitentes com relações de intermitência 1:3 e 1:1½, e mesmo ar de secagem, isto é, temperaturas crescentes do ar, não apresentaram diferenças significativas nos rendimentos de grãos inteiros. Os resultados indicam que a) para um mesmo manejo térmico, aumentando-se a relação de intermitência entre as câmaras de secagem e de equalização, aumenta o tempo de secagem, mas diminui o consumo de energia por quantidade de grãos secados; b) o aumento do tempo de armazenamento provoca reduções dos percentuais de grãos inteiros sem defeitos, independentemente da relação de intermitência utilizada na secagem, decorrentes dos maiores efeitos latentes do que imediatos da secagem. BIBLIOGRAFIA CAMPOS, M. G. Percentual de grãos inteiros no beneficiamento de arroz em casca, em relação à temperatura do ar e ao tempo de residência na câmara de secagem. Viçosa, 1990. 53 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola).UFV, 1990. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. http//www.conab.gov.br. CUNHA, O P. Curso operacional de preparação para a safra/98 e pós-colheita/99. Dryeration, Porto Alegre. 1999, 183p. ELIAS, M. C.; LOECK, A. E.; MÜLLER, M.M. Recomendações técnicas para colheita, secagem, armazenamento e industrialização de arroz para o sul do Brasil. Pólo de Modernização Tecnológica em Alimentos da Região Sul. UFPel, 2001. 40p. ELIAS, M.C.; MARTINS, I.R.; PEREIRA, F.M. Operações de pré-armazenamento de grãos. In: ELIAS, M.C. Tecnologias para armazenamento e conservação de grãos, em médias e pequenas escalas. 3ª Edição. UFPEL, COREDE-SUL. Pólo de Modernização Tecnológica em Alimentos da Região Sul. Editora Universitária da UFPEL. Cap. 3. p.65-97. Pelotas, RS. 2002. HOSENEY, R. C. Princípios de ciencia y tecnología de los cereales. Editoria Acribia, S.A. Zaragoza. España, 1991. 320p. OLIVEIRA, M.A. Influência do tempo após secagem no rendimento industrial do arroz irrigado. Lavoura Arrozeira. 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O País está, assim, mais próximo da auto-suficiência na produção de arroz do que de trigo. O trigo é um cereal muito importante para o consumo humano. Nutricionalmente é considerado um “cereal nobre”, pois propicia aporte energético e pode ser usado no fabrico de alimentos de grande aceitação, com elevado conteúdo vitamínico e teor protéico invejável. Sua farinha possui inúmeras aplicações como em produtos para panificação e a utilização como espessante. As características dos grãos e da farinha determinam a aptidão dos trigos para os diferentes usos industriais (Bequette, 1989). Não menos importante como alimento é o arroz, uma boa fonte de carboidratos que, no Brasil, juntamente com o feijão, oferece um aporte protéico que praticamente satisfaz as necessidades humanas no que diz respeito ao balanceamento de aminoácidos. Contribui com cerca de um quarto das calorias ingeridas pelos brasileiros. O amido é o componente majoritário nos grãos, além de ser um ingrediente comum usado na indústria de alimentos, principalmente como espessantes e agentes de gelatinização (Han e Hamaker, 2001). O grão de arroz pode ser consumido na forma de grão integral ou esbramado, ou na forma de grãos polidos, parboilizados ou não parboilizados. As frações de dimensões menores, conhecidas nas agroindústrias arrozeiras como quebrados médios e pequenos, desde que bem selecionadas, podem ser transformadas em farinha para consumo humano. O beneficiamento convencional de industrialização de arroz branco polido, que representa cerca de 70% da produção e do consumo nacional, é o método que apresenta maiores percentuais de grãos quebrados durante o processamento. O alto índice de grãos quebrados e o seu baixo valor comercial fazem com que a indústria e os órgãos de pesquisa se voltem para a busca de uma utilização de maior importância econômica e comercial para os grãos quebrados durante o beneficiamento, agregando valor e transformando um subproduto em produto nobre, como insumo para a fabricação de outro produto. Uma alternativa possível é a utilização dos grãos quebrados na produção de farinha de arroz, de modo que possa vir a substituir parcial ou totalmente a farinha de trigo em alguns produtos de grande importância comercial. Essa possibilidade pode atender a dois interesses: agregar valor a um subproduto bastante disponível no Brasil, e reduzir os gastos de divisas do País na importação de trigo. No estudo, são analisados composição química básica, propriedades funcionais tecnológicas e comportamento viscoamilográfico de grãos de cultivares recomendados pela pesquisa oficial para cultivo no sul do Brasil, visando identificar as principais características tecnológicas de cultivares de arroz que possam servir de parâmetros para produção de farinhas para consumo humano e avaliar efeitos da substituição parcial da farinha de trigo pela farinha de arroz na elaboração de sopas. Os resultados aparecem nas Tabelas 1 a 2 e nas Figuras 2 a 5. Para este trabalho, convencionou-se distribuir as amostras em grupos de acordo com os teores de constituintes (Tabela 1), baixo, médio e alto, cujos valores para amilose diferem dos adotados por outros autores (Martinez e Cuevas, 1989; Bobbio e Bobbio, 1992). Para proteínas, não há registros desse critério na literatura. TABELA 1. Características tecnológicas e dos cultivares de arroz utilizadas no experimento Amostra A D F K 1 Teor de amilose Baixo Médio Alto Alto Teor de proteínas Baixo Médio Médio Alto 2 Viscosidade final (cP) 2501 2569 2745 2745 Depressão viscosimétrica (cP) 1189 972 247 226 1 – Teor de amilose: baixo < 20%; médio 20 a 25%; alto > 25%. 2 – Teor de proteínas: baixo < 7; médio 7 a 8,5%; alto > 8,5%. As propriedades viscoamilográficas foram analisadas com o analisador rápido de viscosidade (Rapid Visco Analyser), Newport Scientific Pty. Ltd com software Termocline, sendo medidos os parâmetros PT, PEAK, HOLD, BREAKDOWN e FINAL (Figura 1). Graphical Analysis Results - 25/02/03 PT: temperatura em graus Celsius correspondente ao início da gelatinização do amido, ou seja, a formação de curva no gráfico durante o aquecimento de 50ºC até 95ºC; 3200 Peak = 2654.00 Final = 2656.00 Viscosity cP PEAK viscosidade máxima inicial em centipascal correspondente ao primeiro pico da curva que ocorre quando a temperatura chega em 95ºC; 2400 Hold = 1812.00 1600 HOLD: viscosidade mínima em centipascal atingida pela curva quando a temperatura permanece em 95ºC; 800 Newport Scientific Pty Ltd 0 0 3PT = 68.10 6 9 Time mins 12 15 BREAKDOWN: medido em centipascal e obtido diferença entre o PEAK e o HOLD; FINAL: viscosidade final em centipascal atingida pela curva quando a temperatura permanece em 50ºC. Figura 1. Parâmetros avaliados na curva de viscosidade obtida pelo RVA (NS, 1995). Graphical Analysis Results - 25/02/03 Graphical Analysis Results - 25/02/03 Final = 2569.00 Peak = 2559.00 3200 2400 Peak = 2682.00 Viscosity cP Viscosity cP Final = 2501.00 2400 1600 1600 Hold = 1493.00 Hold = 1587.00 800 800 Newport Scientific Pty Ltd 0 0 3 P T = 7 1 . 2 60 9 12 15 Time mins Figura 2. Curva de viscosidade da amostra A 0 Newport Scientific Pty Ltd 0 3 PT = 70.50 6 9 12 15 Time mins Figura 3. Curva de viscosidade da amostra B Com cada amostra foram elaboradas sopas com sólidos triturados em liquidificador - com as seguintes proporções de na mistura: a) 75% de farinha de trigo + 25% de farinha de arroz; b) 50% de farinha de trigo + 50% de farinha de arroz; c) 25% de farinha de trigo + 75% de farinha de arroz. TABELA 2. Análise sensorial de consistência e sabor em sopas de farinhas mistas de arroz e 1 trigo Amostra A B C D Consistência 2 Proporção de arroz na mistura 25 50 75 5,2a 4,7a 5,1a 4,9a 4,5a 5,1a 4,9a 4,4a 5,4a 5,4a 4,8a 5,4a sabor 2 Proporção de arroz na mistura 25 50 75 4,2a 4,7a 5,3a 4,5a 4,4a 4,6a 4,7a 4,2ab 4,7a 4,8a 3,3b 4,5a 1- Médias aritméticas das notas dos quinze julgadores, seguidas por letras minúsculas na mesma coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância (P < 0.05). 2- Extremamente pior que a sopa padrão – 1 Moderadamente pior que a sopa padrão –2 Levemente pior que a sopa padrão – 3 Igual à sopa padrão – 4 Moderadamente melhor que a sopa padrão – 5 Levemente melhor que a sopa padrão – 6 Extremamente melhor que a sopa padrão – 7 Graphical Analysis Results - 25/02/03 Graphical Analysis Results - 25/02/03 Final = 2745.00 Final = 2745.00 Peak = 2657.00 2400 Peak = 2622.00 2400 Hold = 2396.00 Viscosity cP Viscosity cP Hold = 2410.00 1600 1600 800 800 0 3P T = 6 7 . 3 0 6 9 12 Newport Scientific Pty Ltd 0 Newport Scientific Pty Ltd 0 15 Time mins Figura 4. Curva de viscosidade da amostra C 0 3 P T = 7 2 . 060 9 12 Figura 5. Curva de viscosidade da amostra D Os resultados indicam que a) é possível adicionar até 75% de farinha de arroz na mistura com farinha de trigo para elaboração de sopas com sólidos desintegrados em liquidificador sem comprometer consistência e sabor; b) a preferência por sopas de farinhas mistas de arroz e trigo é mais dependente das proporções da mistura do que da composição química e das propriedades tecnológicas e viscoamilográficas do arroz usado na adição. BIBLIOGRAFIA AMERICAN OIL CHEMISTS SOCIETY. Official and tentative methods of the American Oil Chemistss Society. 3 ed. Illinois, 1977. BEQUETTE, R.K. Influence of variety and “enviroment” on wheat quality. Association of operative millers-bulletin, p. 5443-5450, maio 1989. BOBBIO, F.O.; BOBBIO P.A. Introdução à química de alimentos. São Paulo: Varela, p. 232, 1992 CONAB. www.conab.gov.br. Indicadores de Agropecuária, Estimativa de Safras, 2003. HAN, X.; HAMAKER, B.R. Amylopectin fine structure and rice starch paste breakdown. Journal of Cereal Science, v. 34, p. 279-284, 2001. ®¯n°±²J³´¶µ%·¸¹º»¸d¼´¶½¯¾%·¿¹ ÀÂÁÃHÄ1ÅÃHÆÂÇ1ÈÉ,ÊËÌÄ1ÃÌÆHÃHÄ1Ç1ÊÃHÊ,ÆHÅÄ1Ç1ÉÃÎÍPÇ1ÃÏÑÐÒÈÄ1Ç1ÉËÎÍPÃÌÊËHÄÃÎÍ)Í[ÈÓ/Ô ÕÖ×1Ø ÙÚÛÚHÜÞÝjß/Ùà%áâãÂä1åçæâdè éê]ëíìHîï îë`ð ñò"á NS - NEWPORT SCIENTIFIC Pty. Ltd. Operation Manual for the Series 4 Rapid Visco Analyser. Australia: Instrument Support Group, 1995. ó óHó !"$#&%')(+* ,-./),+* (0+12.),-4365 óíô"õ)öø÷ùHúÎû1üÒùÎýHþ+ÿ Ûö 15 Time mins CONDIÇÕES HIDROTÉRMICAS NA PARBOILIZAÇÃO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DE CONSUMO DE ARROZ IRGA 417 E IRGA 420. Jander Luis Fernandes Monks; Ana Paula Sacramento Wally; Volnei Luis Meneghetti; Gelson Betemps Bauer; Alvaro Renato Guerra Dias; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial (DCTA), Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. Pólo de Inovação tecnológica em Alimentos da região Sul. CPGCTA. E-mail: [email protected]. Palavras chave: operações hidrotérmicas; características de consumo, parboilização As condições hidrotérmicas na parboilização dependem das propriedades funcionais e reológicas dos grãos e interferem diretamente nas características de consumo de cada cultivar de arroz. Com a evolução do processamento industrial, que se verifica através do desenvolvimento de novas técnicas, melhores equipamentos e maior conhecimento dos fatores atuantes no processo, a aceitação do arroz parboilizado tem tido melhoria significativa e contínua, a ponto de, em menos de duas décadas, passar de 5 para mais de 20% do total de arroz industrializado no país. Se, por um lado, há todo esse crescimento, por outro, existe um grande espaço no mercado a ser explorado e conquistado. Com o trabalho, se objetivou identificar efeitos de propriedades funcionais e tecnológicas dos grãos, da temperatura e do tempo de encharcamento sobre características de consumo e de preferências em arroz parboilizado dos cultivares IRGA 417 e IRGA 420, ambos recomendados pela pesquisa oficial para cultivo irrigado em sistema submerso. As amostras, cedidas pela empresa Palma Agroindustrial Ltda., produzidas no município de Capão do Leão-RS, foram beneficiadas nos processos de parboilização e convencional de arroz branco polido, no Laboratório de Grãos (DCTA-FAEM-UFPel). Na parboilização, após testes prévios de análises das isotermas de sorção (Elias, 1998), foram selecionadas, para cada cultivar, as condições que possibilitaram melhores desempenhos industriais, sendo as amostras submetidas às seguintes combinações de temperatura e tempo de encharcamento: 1) cv IRGA 417 - 60º C, durante 4, 4:30 e 5 horas; 2) cv IRGA 417 - 65º C, durante 3:30, 4 e 4:30 horas; 3) cv IRGA 420 - 60º C, durante 5:30, 6 e 6:30 horas; 4) cv IRGA 420 -, 60º C, durante 4, 4:30 e 5 horas. Os critérios adotados para a escolha dos valores foram os três pontos mais próximos de 30% de absorção de água pelo grão, aliados ao rendimento do processo nesses pontos. A autoclavagem foi realizada em autoclave horizontal, modelo FABBE–104, a 110±1º C, com pressão de 0,6±0,05 kgf.cm-2, por 10 minutos para cada amostra. Após a autoclavagem, as amostras foram submetidas à secagem complementar em silosecador estacionário, protótipo do Laboratório de Grãos, até atingirem 13% de umidade, com temperatura da massa de grãos não ultrapassando 45º C. Para temperagem, as amostras foram deixadas em repouso por 24 a 48h antes do beneficiamento dos grãos. As operações unitárias de descascamento e polimento foram realizadas em engenho de provas Suzuki, previamente regulado para cada cultivar, de forma que 95% dos grãos descascassem na primeira passagem, sendo separados manualmente os demais. As propriedades funcionais tecnológicas estudadas foram o teor de amilose e a temperatura de gelatinização, analisadas pelos respectivos métodos propostos por Martinez y Cuevas (1989), com adaptações. Para a determinação da temperatura de gelatinização (TG), cada grão recebe uma nota de acordo com o grau de dispersão apresentado no teste e quanto mais íntegro permanecer menor será a nota e mais alta a temperatura. Terão alta temperatura de gelatinização (74 a 80ºC) os grãos que obtiverem escores 1, 2 ou 3; terão intermediária (69 a 73ºC) os que receberem 4 ou 5; e baixa (63 a 68ºC) aqueles cujos escores forem 6 ou 7. Os tempos de cocção foram avaliados por cronometragem. O rendimento volumétrico na cocção foi avaliado pelo método utilizado por Cruz (2001), com adaptações, obtido pelo quociente entre os volumes, final (arroz cozido) e inicial (arroz cru). O cálculo de porcentagem de absorção de água seguiu a metodologia de Viana et al. (1980). O teste de preferência, com utilização da escala de ordenação (Chaves & Sproesser, 1993), foi aplicado a 80 consumidores da comunidade universitária. O teste foi realizado em duas etapas, uma para cada amostra, em função do número de amostras. O número 1 correspondia à amostra mais preferida e o 6 à de menor preferência. O experimento foi conduzido segundo o delineamento completamente casualizado, seguindo o esquema fatorial com 2 x 6 (tratamentos x análises). Foram aplicadas a análise de variância e a comparação de médias, através do teste de Tukey, a 5% de significância, com o uso do software Statistica 6.0 (Windows 1998). Os resultados aparecem nas Tabelas 1 e 2. TABELA 1. Propriedades funcionais tecnológicas e de consumo de arroz de grãos de arroz cultivar IRGA 417 submetidos ao processo convencional de branco polido e parboilização. Parâmetro Convencional Amilose (%) Dispersão alcalina (escore) Rendimento volumétrico (%) Tempo de cocção (min.) Absorção de água (%) Preferência (escore) 26,40a 4,2 284 b 12,8 b 391,4 a - Beneficiamento industrial Parboilizado encharcamento a 60ºC encharcamento a 65ºC 5:30h 6:00h 6:30h. 4:00h 4:30h 5:00h a 26,41a 26,46a 26,38 26,45a 26,44ª 26,50a 5,0 5,2 295 a 294 a 292 a 288 a 291 a 299 a 19,33 a 21,35 a 21,22 a 20,91 a 19,79 a 19,73 a 354,6 b 356,5 b 352,6 b 351,7 b 346,3 b 361,7 b 2,95b 3,49b 3,68b 3,20 b 4,33 a 3,24 b Médias de três repetições, seguidas por letras iguais, na mesma linha não diferem pelo teste de Tukey (p<0.05). TABELA 2. Propriedades funcionais tecnológicas e de consumo de arroz de grãos de arroz cultivar IRGA 420 submetidos ao processo convencional de branco polido e parboilização. Parâmetro Convencional Amilose (%) Dispersão alcalina (escore) Rendimento volumétrico (% Tempo de cocção (min.) Absorção de água (%) Preferência (escore) 29,28a 7,0 278 a 12,7 b 400,3 a - Beneficiamento industrial Parboilizado encharcamento a 60ºC encharcamento a 65ºC 5:30h 6:00h 6:30h. 4:00h 4:30h 5:00h a 29,36a 29,31a 29,28 29,25a 29,30a 29,28a 5,2 6,2 280 a 280 a 250 a 280 a 270 a 260 a 19,4 a 20,0 a 22,0 a 19,7 a 18,2 a 19,7 a 380,9 b 385,3 b 367,5 b 362,7 b 367,2 b 364,6 b 3,65 ab 3,0 b 4,18 a 3,00 b 3,65 ab 3,55 ab Médias de três repetições, seguidas por letras iguais, na mesma linha não diferem pelo teste de Tukey (p<0.05). O cultivar IRGA 417 (Tabela 1) foi classificado como de média amilose e IRGA 420 (Tabela 2) como de alto conteúdo de amilose. Pela classificação proposta por Martinez y Cuevas, o teor de amilose no grão é considerado baixo quando inferior a 22%; médio quando entre 23 e 27%; e alto quando superior a 28%. Quanto à temperatura de gelatinização, o cultivar IRGA 417 (Tabela 1) foi classificado como intermediária, enquanto o IRGA 420 (Tabela 2) foi classificado como baixa. A temperatura de gelatinização se relaciona com características de cocção, de forma que os grãos com temperaturas altas de gelatinização requerem mais água e mais tempo para cozinhar; o arroz fica excessivamente macio e tende a desintegrar quando passa do ponto de cozimento. Já os de temperaturas intermediárias e baixas requerem menor tempo e menos água para cozimento. Os consumidores rejeitam arroz com alta temperatura de gelatinização e os programas de melhoramento procuram selecionar linhas com valores intermediários. Na parboilização, a importância do conhecimento dessa propriedade funcional tecnológica reside no fato de que as operações hidrotérmicas utilizadas promovem, seqüencialmente, gelatinização e retrogradação do amido. Os rendimentos volumétricos na cocção dos grãos do processo convencional e os da parboilização mostraram diferenças significativas entre si no cultivar IRGA 417 (Tabela 1), algo que não ocorreu nos do IRGA 420 (Tabela 2). Para o mesmo processo e a mesma condição de beneficiamento industrial, os grãos do cultivar IRGA 417 (Tabela 1) apresentaram maior rendimento volumétrico do que os do IRGA 420 (Tabela 2). As diferenças dos teores de amilose explicam esses resultados. Em ambos os cultivares (Tabelas 1 e 2), os tempos necessários para cocção dos grãos parboilizados foram significativamente maiores do que para os grãos brancos do beneficiamento convencional. Para a mesma condição de beneficiamento, no entanto, não houve diferenças entre os tempos de cocção. O inverso ocorre em relação à absorção de água na cocção, sendo maior pelos grãos brancos do que pelos parboilizados, em ambos os cultivares. Os fenômenos de gelatinização e retrogradação do amido, ocorridos na parboilização, explicam os resultados. A absorção de água durante o cozimento dos grãos no cultivar IRGA 420 (Tabela 2) é maior do que no cultivar IRGA 417 (Tabela 1), quando são comparados os grãos oriundos do processo convencional e da parboilização. Este fato está relacionado com a diferença de temperatura de gelatinização entre os cultivares. Por apresentar baixa temperatura de gelatinização, os grãos do cultivar IRGA 420 absorvem mais água durante a cocção. Os resultados indicam que a sorção de água na cocção está mais relacionada com a temperatura de gelatinização do que com o conteúdo de amilose. No cultivar IRGA 417 (Tabela 1), não foram observadas diferenças significativas da variável tempo encharcamento sobre a preferência dos consumidores pelos grãos parboilizados com hidratação a 60ºC, diferentemente do que ocorreu na operação realizada a 65ºC. Sensorialmente, os grãos menos preferidos, segundo 46,1% dos julgadores, foram os submetidos a 4 horas de encharcamento a 65ºC. Os mais preferidos foram obtidos na parboilização com encharcamento a 60ºC, durante 4 horas e 30 minutos, segundo 26,2% dos julgadores na escala de ordenação. No cultivar IRGA 420 (Tabela 2), foram observadas diferenças significativas da variável tempo encharcamento sobre a preferência dos consumidores, tanto pelos grãos parboilizados com hidratação a 60ºC como a 65ºC. Sensorialmente, os grãos menos preferidos pelos julgadores, foram os submetidos a 6 horas e 30 minutos de encharcamento a 60ºC. Os mais preferidos foram obtidos na parboilização com encharcamento a 65ºC, durante 4 horas, segundo 27,5% dos julgadores na escala de ordenação. O processo de parboilização provoca modificações que alteram propriedades físicas, químicas e sensoriais nos grãos de arroz, com vantagens econômicas e nutricionais. Essas transformações ocorrem de maneira diferente em cada variedade submetida ao processo de parboilização, havendo necessidade, assim, de pesquisas de técnicas específicas. Para parboilização dos grãos do cultivar IRGA 417, as melhores qualidades sensoriais são obtidas com encharcamento a 60ºC, durante 4 horas e 30 minutos, enquanto para o cultivar IRGA 420 as melhores condições de encharcamento são 4 horas a 65ºC, o que lhes confere melhores características de consumo e alto valor de rendimento volumétrico durante a cocção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAVES, J. B.; SPROESSER, R. L. Práticas de laboratório de análise sensorial de alimentos e bebidas. Viçosa: UFV, 1993. p.81. CRUZ, L.H.P. Ácidos orgânicos e tratamentos hidrotérmicos na conservação do arroz. Pelotas: UFPEL, 2001. p.04-20. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", UFPEL, 2001. ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, UFPEL, 1998. 132 p. (Tese de Doutorado). MARTINEZ, C. Y CUEVAS, F. Evaluacion de la calidad culinaria y molinera del arroz. guia de estudo. 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Embora a composição e as propriedades dos grãos de arroz sejam afetadas pelas condições edafoclimáticas e de manejo, tanto na etapa de cultivo quanto na póscolheita, além da carga genética, conhecer esses parâmetros de cada genótipo é importante para avaliação do valor nutritivo e interpretação do comportamento, tanto nas operações de beneficiamento industrial, como na cocção. O presente trabalho foi realizado no convênio UFPEL-IRGA e faz parte de um amplo programa interinstitucional que visa oferecer a orizicultores, industriais e consumidores informações diretamente relacionadas com a qualidade dos grãos de arroz das variedades recomendadas pela pesquisa oficial para cultivo irrigado no sul do Brasil. Os grãos foram cultivados em sistema irrigado na Estação Experimental do IRGA, em Cachoeirinha, colhidos com umidade próxima a 22% e secados até 13% em sistema intermitente, com manejo térmico controlado para que a temperatura da massa não ultrapassasse 38ºC. Os testes analíticos e industriais foram realizados nos Laboratórios da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas. Para avaliação da composição química (Tabelas 1 e 2) foram utilizados métodos oficiais descritos em AOAC (1975). Tabela 1. Principais constituintes minerais Constituinte Sódio Potássio Cálcio Fósforo Ferro Magnésio mg/100g de grãos 9 99 25 104 3 31 Valores ajustados para 13% de umidade. Tabela 2. Características químicas orgânicas e inorgânicas Constituinte Proteína bruta Carboidratos totais Amido + fibra bruta Fibra alimentar Óleo (no farelo) Gordura total Gordura saturada Colesterol Cinzas ou conteúdo mineral (%) 9,4 89,9 88,6 1,3 13,6 0,2 0 0 0,5 Valores calculados em base seca. Para avaliação das propriedades funcionais (Tabela 3) foram utilizados métodos recomendados por Martinez y Cuevas (1989), adaptados. Tabela 3. Propriedades funcionais Propriedade Temperatura de gelatinização (Score Alkali Test) Amilose (%) Valor 6,6 31,8 Classe Baixa Alta Para avaliação das propriedades viscoamilográficas (Figura 1) foi utilizada metodologia de RVA recomenda por Newport Scientific (1995). Figura 1. Propriedades viscoamilográficas G r a p h ica l A n a lysis R esu lts - 0 7 / 0 3 /0 3 Fin a l = 2 74 5 .0 0 P e a k = 26 4 8 .0 0 2400 V isco sity c P Ho ld = 2 4 6 3. 0 0 1600 800 New por t Sc ien tif ic Pty Ltd 0 3P T = 68 . 1 0 6 0 9 12 15 T ime mins Para avaliação do comportamento hidrotérmico (Figura 2) na operação de encharcamento na parboilização foi utilizada metodologia desenvolvida no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos da UFPEL (Elias, 1998). IR G A - 4 2 2 C L 35 U m id a d e (% ) 30 25 2 y ( 6 0 ) = - 0 ,0 0 0 1 x + 0 , 0 7 5 5 x + 1 6 , 1 6 2 2 R = 0 ,8 5 2 8 20 2 y (6 5 ) = - 0 ,0 0 0 2 x + 0 ,1 0 0 6 x + 1 6 ,5 4 8 2 R = 0 ,8 7 1 3 60 65 70 P o l in ô m io (6 0 ) P o l in ô m io (6 5 ) P o l in ô m io (7 0 ) 15 y (7 0 ) = - 0 ,0 0 0 1 x 2 + 0 ,0 9 6 8 x + 1 6 ,7 4 3 2 R = 0 ,9 0 5 4 10 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 T e m p o d e h i d r a t a ç ã o ( m in ) Figura 2. Isotermas de hidratação na parboilização dos grãos de arroz cv. IRGA 422CL, nas temperaturas de 60, 65 e 70ºC na água de encharcamento. Para avaliação das características de consumo (Tabela 4) e das propriedades sensoriais (Tabela 5) foram utilizadas, respectivamente, metodologias adotadas no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos da UFPEL (Elias et al., 2002; Gularte, 2002). Tabela 4. Características de consumo em grãos brancos, polidos, industrializados pelo processo convencional Parâmetro Valor / unidade de expressão Consumo d’água na cocção próximo a 2,5:1 Tempo de cocção 15 a 16 minutos Rendimento gravimétrico na cocção 1,93 a 2,25 vezes o peso dos grãos* Rendimento volumétrico na cocção 3,05 a 3,75 vezes o volume inicial dos grãos** *tendência média de 1,95 *tendência média de 3,15 Tabela 5. Propriedades sensoriais em grãos brancos, polidos, industrializados pelo processo convencional Atributo Expressão Coloração grãos brancos a branco-acinzentados Brilho de regular a moderadamente brilhoso Coesão de regular-soltos a grudados Maciez de moles a macios-firmes Sabor de característico de arroz branco a ligeiramente alterado Odor de característico de arroz branco a ligeiramente alterado Aparência normal Evidência de defeitos baixa a média Aceitação boa Os resultados indicam grãos com boa qualidade industrial, apresentando características de consumo e sensoriais adequadas aos hábitos alimentares nacionais, e composição química compatível com bom valor nutricional e bom potencial para parboilização. Os melhores desempenhos no encharcamento ocorrem em condições hidrotérmicas moderadas, situando-se os parâmetros operacionais próximos a 65ºC na temperatura da água, entre 5 horas e 5 horas e 30 minutos. O viscoamilograma mostra baixa depressão na retrogradação, indicando grãos com textura entre moderada e macia, que não ficam excessivamente endurecidos quando resfriados após o cozimento. Isso indica que apresentam boas características para reaquecimento. BIBLIOGRAFIA ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 12 ed. Washington, 1975. ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, 1998. 132 p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 1998. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: Ed. Edigraf UFPEL, 2002. 59p. MARTINEZ, C. Y CUEVAS, F. Evaluacion de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guia de estudo. Cali: CIAT, 1989, 75p. NEWPORT SCIENTIFIC Pty. Ltd. Operation Manual for the Series 4 Rapid Visco Analyser. Australia: Instrument Support Group, 1995. O projeto foi realizado com apoio do Pólo de Inovação Tecnológica de Alimentos da Região Sul e os autores agradecem a CAPES, CNPq e SCT-RS. PRODUÇÃO DE SEMENTE GENÉTICA DO IRGA NAS SAFRAS 2000/2001 E 2001/2002. Athos Dias de Castro Gadea, José Antonio Bulcão de Souza EEA//RGA Caixa Postal 29, CEP 94.930-030-Cachoeirinha-RS, E-mail: [email protected]; Palavras chave: Genética e Transplante. No processo de multiplicação de sementes, desde a obtenção das linhagens nos programas de melhoramento até as primeiras lavouras de multiplicação, trabalha-se com pequenas quantidades de sementes, até que sejam alcançadas quantidades em escala comercial. Durante este processo a qualidade da semente esta sujeita a fatores capazes de causar perda de parte de seu potencial genético. Sem dúvida o primeiro desafio dos programas de sementes é ampliar esta produção sem alterar a qualidade do material trabalhado. O lançamento e a Introdução de novos cultivares tem sido utilizado como ferramentas, para introduzir novas tecnologias aos agricultores, desde então as sementes se tornaram insumos agrícolas de fundamental importância para o sucesso dos empreendimentos agrícolas. A principal justificativa de um programa de sementes é a extensão aos agricultores do comportamento varietal superior demonstrado por um cultivar . A multiplicação de sementes de arroz através do transplante de mudas, além facilitar a ampliação das quantidades de sementes nas fases iniciais do processo, possibilita a produção de um material de qualidade e pureza varietal Um dos principais problemas nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul é a infestação de arroz vermelho. É consenso entre técnicos e produtores que o uso de sementes de isenta desta planta daninha é a primeira medida a ser tomada. Mesmo com a elevação da produção de sementes Certificada e Fiscalizada, nos últimos anos, esta quantidade não tem sido suficiente para atender a demanda, obrigando alguns produtores a utilizarem sementes, próprias ou de terceiros. O objetivo deste trabalho foi relatar o processo de produção semente Genética, visando manter a pureza varietal dos cultivares criados ou introduzidos pelo IRGA, com controle de qualidade, possibilitando a ampliação da produção de sementes básica. A meta é produzir na primeira geração 1.000 kg e na segunda geração 50.000 kg de semente Genética, para atender o Programa de Semente Básica do IRGA. A primeira geração é realizada para purificação e multiplicação das sementes através do método de panícula por linha. Inicialmente selecionou-se panículas representativas, de cada material, semeando-se em linhas de 3,00 metros lineares, independentes e isoladas por distância mínima de 3,00 metros. Durante o ciclo da cultura realizaram-se inspeções diárias para eliminação de plantas que tenham características diferentes dos materiais originários, principalmente quanto ao porte, ciclo, tipo de grão, pilosidade e outras características importantes. Na Tabela 1 encontram-se os genótipos purificados e multiplicados, número de linhas, produção obtida nas safras 2000/2001 e 2001/2002. Na Segunda geração, para acelerar o processo de multiplicação, utilizou-se método de transplante de mudas, utilizando-se sementes colhida na primeira geração do ano anterior. A densidade é de 25 Kg ha¹, com espaçamento entre linhas de 30 cm. Com este sistema é possível multiplicar uma área maior, a partir de pequena quantidade de sementes, além de facilitar as inspeções para eliminação de plantas indesejáveis. Na Tabela 2, encontram-se relacionados os genótipos multiplicados, área e produções obtidas nas safras 2000/2001 e 2001/2002. Estes materiais depois de selecionados servirão para multiplicação da semente básica nas safras subseqüentes. Tabela 1 - Semente genética 1ª geração, produzida na Estação Experimental do Arroz Cachoeirinha nas safras 2000/2001 e 2001/2002. CULTIVAR 2000/2001 2001/2002 N.º Kg N.º Kg 150 75,00 120 75,00 BR IRGA 410 150 60,00 120 64,00 BR IRGA 412 60 50,00 90 28,00 BR IRGA 414 60 50,00 90 51,00 IRGA 416 120 28,00 120 53,00 IRGA 417 150 125,00 300 104,00 IRGA 418 150 85,00 150 86,00 IRGA 419 120 93.00 150 73,00 IRGA 420 120 48,00 150 82,00 IRGA 421 60 43,00 60 128,00 IRGA L 1598 1.000 600,00 300,00 175,00 BLUEBELLE 30 13,00 30 9,00 EEA 406 30 17,00 30 12,00 CARNAROLE 0 0 30 11,00 IRGA 422CL 0 0 30 8,00 BR IRGA 409 FORMOSA 3.2. TOTAL 0 0 540 34,00 2.200 1.282,00 2.400 889,00 Tabela 2- Semente genética 2ª geração, produzida na Divisão de Pesquisa/IRGA safra 1999/2000. MATERIAL 2000/2001 2001/2002 ha Kg ha Kg BR IRGA 409 1,20 7.800 1,00 4.250 BR IRGA 410 0,90 5.100 1,00 5.100 IRGA 416 1,00 6.600 0 0 IRGA 417 0,90 6.050 1,50 7.000 IRGA 418 0,80 7.650 0,90 4.300 IRGA 419 0,80 5.600 0,90 4.650 IRGA 420 0,90 - 0,60 3.500 IRGA 421 1,00 5.550 0,60 2.300 CARNAROLE 0,10 2 0,20 400 3,38 11.000 IRGA 422CL FORMOSA 0,10 2 0,20 600 EEA 406 0,10 4 0,20 450 TOTAL 7,80 44.358 10,48 43.550 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GADEA, A. D. C., SOUZA,J.A.B. DE. Produção de Semente Genética do Irga 1999/2000 In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2 REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO 24, 2001, Porto Alegre, RS.Anais...Porto Alegre:Instituto Rio Grandense do Arroz ,2001.p731-32. GADEA, A. D. C., GIORGIO, I. U., SOUZA,J.A.B. DE. Produção de Semente Genética, Básica e Certificada do Irga In: REUNIÃO DA CUL TURA DO ARROZ IRRIGADO 23.,1999, Pelotas, RS.Anais... Embrapa Clima Temperado, 1999.p727. PRODUÇÃO DE SEMENTE BÁSICA DE ARROZ DO IRGA NAS SAFRAS 2000/01 E 2001/02 Athos Dias de Castro Gadea EEA/IRGA Caixa Postal 29, CEP 94.930-030Cachoeirinha-RS, E-mail: [email protected]; Palavras chave: cultivares, semente básica. A Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural do IRGA (DATER), realiza anualmente o levantamento dos cultivares semeados nas lavouras de arroz irrigado do RS. Estas informações são importantes para definição quantidades de sementes básica a ser multiplicada nos anos seguintes, pois demonstra a tendência de uso pelos produtores. A semente básica é resultante da multiplicação da semente pré-básica ou da própria básica, realizada de forma a garantir sua identidade e pureza genética, sob a responsabilidade da entidade que a introduziu ou criou. Resultados demonstram que a presença de 15 plantas de arroz vermelho por metro quadrado, fato comum nas áreas de arroz irrigado no Rio Grande do Sul (GADEA et ali), reduzem a produtividade em 20%. Inúmeras são as formas de disseminação do arroz vermelho, mas a semente de má qualidade utilizada por alguns produtores, continua sendo, o principal vetor desta praga, contribuindo significativamente para infestação das áreas de arroz por esta planta daninha . Diversas técnicas estão sendo utilizadas para controle do arroz vermelho, entre estas, plantio direto, pré-germinado, rotação de culturas e mais recentemente o IRGA lançou um cultivar resistente a herbicidas A produção de semente Certificada e Fiscalizada no RS, segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, nas safras de 2000/2001 e 2001/2001 (Tabela 01) , o que atende no máximo 35 a 40 % da área cultivada com arroz irrigado. Isto demonstra a necessidade de se ampliar à multiplicação de sementes das classes citadas, contribuindo desta forma para a melhoria das sementes utilizadas pelos produtores do RS Este programa tem por objetivo produzir 25 a 30.000 sacos de semente básica de arroz, mantendo a pureza varietal dos cultivares criados ou introduzidos pelo IRGA, com controle de qualidade e a conseqüente ampliação da produção de sementes Certificada e Fiscalizada pelos Produtores de Sementes do Rio Grande do Sul que multiplicam estes cultivares. A multiplicação de semente básica foi efetuada por produtores cooperantes, através de contratos específicos, que foram selecionados com critérios estabelecidos pelo IRGA. A Divisão de Pesquisa do IRGA em Cachoeirinha tem a responsabilidade de fiscalizar os campos de produção, receber e beneficiar a semente produzida nas regiões do Litoral, Campanha e Depressão Central. O IRGA em Uruguaiana tem a responsabilidade de fiscalizar os campos de produção, receber e beneficiar a semente produzida na Fronteira Oeste. Os Escritórios Regionais selecionam os cooperantes, e conjuntamente com os Técnicos Responsáveis fiscalizam as áreas de produção e realizam a distribuição das sementes produzida. Na Tabela 2 apresentamos a produção e comercialização realizada das safras,2000/01 e 2001/02 por cultivar. Dados apresentados na tabela 03 demonstram o crescimento da área semeada com a cultivar IRGA 417 que ocupa em torno de 26 % da área em 2001/02. Observa-se também que as cultivares lançadas pelo IRGA, na safra 2001/02 ocupam 55,6 % da área semeada. Para que os objetivos do programa de sementes sejam alcançados, é importante um trabalho efetivo do IRGA, junto aos produtores de semente Certificada e Fiscalizada. O incentivo a utilização de semente Básica para qualquer nível de multiplicação, assim como o estimulo ao uso de semente Fiscalizada pelos produtores de arroz comercial, fortalece o sistema de produção de sementes no RS. Tabela 1 -Semente Certificada e Fiscalizada, em sacos/50 kg, produzidas e comercializadas por Produtores de Sementes do RS nas safras 2.000/2001 e 2001/2002. Classes 3.2.1. Certi Safra 2000/2001 Área (ha) Sacos/50 Kg 1.560 47.080 Safra 2001/2002 Área (ha) Sacos/50 Kg 2.152 25.180 ficada Fiscalizada 3.3. Total 24.089 25.649 1.248.000 1.295.080 24.907 27.059 1.102.240 1.127.420 Tabela 2 -Semente básica, em sacos/50 kg, produzida e comercializada pelo IRGA nas safras 2.000/2001 e 2001/2002. CULTIVAR 4. SAFRA 2000/2001 BR IRGA 409 BR IRGA 410 IRGA 416 IRGA 417 IRGA 418 IRGA 419 IRGA 420 IRGA 421 TOTAL Produzido 2.710 1.523 1.500 7.297 3.200 1.284 3.700 484 21.842 Comercializado 2.710 1.523 1.500 7.297 3.200 1.284 3.400 484 21.542 5. SAFRA 2001/2002 Produzido 6.600 2.665 1.153 4.947 2.545 Comercializado 6.500 2. 665 1.153 4.847 2.500 3.800 546 22.166 3.200 546 21.411 Tabela 3- Área semeada e percentagem cultivares utilizadas nas safras 1999/2000, 2000/2001 e 2001/2002. DATER/IRGA 1999/2000 2000/2001 2001/2002 941.689 942.596 963.876 % % % 11,1 12,3 3,9 26,8 8,3 4,0 8,2 10,3 2,7 27,7 6,9 3,0 7,7 9,5 0,8 26,0 8,0 2,2 6. SAFRA 7. ÁREA(HA) 8. CULTIVAR BR IRGA 409 BR IRGA 410 IRGA 416 IRGA 417 TAIM CHUÍ EL PASSO 144 SUPREMO 1 IRGA 418 IRGA 419 IRGA 420 Outras 23,7 2,3 7,6 24,8 5,5 2,3 0,8 0,7 7,1 17,6 6,6 6,4 3,0 2,2 10,0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GADEA, A. D. C., GIORGIO, I. U., SOUZA,J.A.B. DE. Produção de Semente Básica e Certificada do Irga In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO,22.,1997, Balneário Camburiú, SC.Anais...ltajaí: EPAGRI,1997.p496-97. GADEA, A. D. C., GIORGIO, I. U., SOUZA,J.A.B. DE. Produção de Semente Genética e Básica Certificada do Irga In:REUNIÃO DA CUL TURA DO ARROZ IRRIGADO, 23., 1999, Pelotas, RS.Anais... Embrapa Clima Temperado.1999D727 ARROZ VERMELHO NAS AMOSTRAS DE SEMENTES ANALISADAS NOS LABORATÓRIOS DO IRGA DE 1996 A 2002. José Antonio Bulcão de Souza(1), César Sisson Maciel(1), Jaceguay de Alencar Barros(1), Sergio Luis Menezes de Oliveira (1), Maria da Graça Burgo Valério(1), Roberto Longarai Jaeger(1) 1. EEA/IRGA Caixa Postal 29, CEP 94.930-030-Cachoeirinha-RS, E-mail: [email protected]; Palavras chave: Análises, qualidade de sementes e arroz vermelho. O IRGA através do Programa de Sementes, oferta anualmente aos produtores de semente de 25.000 a 30.000 sacos da classe básica, com objetivo de estimular a multiplicação e a utilização de sementes Certificada e Fiscalizada de qualidade. A rede de Laboratórios de Análises de Sementes (LAS) do IRGA abrange todas as regiões orizícolas do RS, assim distribuídos: Pelotas (Zona Sul); Camaquã (Planície Costeira Interna); Cachoeirinha (Planície Costeira Externa); Cachoeira do Sul (Depressão Central); Rosário do Sul (Campanha) e Uruguaiana (Fronteira Oeste). Estes laboratórios analisam anualmente mais de 7.500 lotes de sementes, correspondentes a mais de 1.200.000 sacos/50Kg de sementes Oficiais (Certificada e Fiscalizada) e 1.250.000 de semente Comum. A produção sementes Oficiais no RS, segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, na safra 2001/2002 foi de 1.355.540 sacos/50 Kg , por estes dados mais de 80 % das sementes Oficiais são analisados pelos Laboratórios do IRGA. Várias são as formas de disseminação do arroz vermelho, mas a semente de má qualidade utilizada por alguns produtores, continua sendo a principal., contribuindo significativamente para infestação das áreas de cultivo por esta planta daninha. Em todos programas de controle de arroz vermelho é citado que a utilização de sementes isentas desta deve anteceder todas as demais práticas. Para se implementar esta prática, antes de tudo deve-se conscientizar os agricultores dos benefícios desta ação, posteriormente deve-se disponibilizar sementes de qualidade em quantidade suficiente para atender a demanda. Com objetivo de se avaliar os reflexos deste Programa na melhoria das sementes multiplicadas pelos produtores, é realizado desde 1996 um levantamento da qualidade das amostras de sementes remetidas aos LAS do IRGA . Este levantamento apesar de não informar diretamente a qualidade das sementes utilizadas pelos produtores, possibilita uma avaliação das sementes produzidas pelos orizicultores, servindo de indicativo da semente utilizada no Rio Grande do Sul. Devido a sua facilidade de execução, pode ser realizado anualmente, sendo este o 7º ano de acompanhamento, fornecendo mais segurança para os dados analisados. Estes dados também contribuem para o direcionamento do Programa de Sementes do IRGA. Os LAS realizam análises de pureza, verificação de outras espécies, outros cultivares, sementes atípicas, exame de nocivas e teste de germinação. Primeiramente são separados os lotes de sementes Oficiais (Básica, Certificada e Fiscalizada) e sementes Não Oficial ou Comum. destas análises tabula-se os resultados dos exames de nocivas (arroz vermelho e preto), em 500 gramas, dentro dos grupos criados , por cada Laboratório e no total analisado.O número das amostras realizadas pelos Laboratórios teve um crescimento após 1998, mantendo-se entre 7000 e 8.000 análises nos anos subseqüentes (Tabela 1). Quanto às classes analisadas, observa-se que as análises de lotes de sementes Oficiais apresentam pequenas alterações, durante o período de estudo e na safra 2002 houve um aumento destas classes, situando-se em torno de 48 %(Tabela 2). Pelos dados apresentados nas tabela 03 e 04, observamos que houve um crescimento das de sementes das classes oficiais em todos os Laboratórios , destacando-se Uruguaiana e Pelotas com maior incremento. Nas tabelas 5 e 6 estão os dados da presença de arroz vermelho nas sementes Oficial e Comum. Analisando os dados, observa-se a que nos últimos anos, mais de 70 % dos lotes analisados de sementes Oficiais estavam isentos desta nociva, enquanto na semente Comum somente 50 % eram isento desta invasora. Demonstrando claramente a melhor qualidade dos lotes de sementes Oficiais. Tabela 1. Número de lotes analisados pela rede de Laboratórios do IRGA de 1996 a 2002. SAFRAS LOCAIS Cachoeira do Sul Cachoeirinha Camaquã Pelotas Rosário do Sul Uruguaiana TOTAL 1996 1997 1.503 1.221 1.422 1.038 5.184 1998 619 1.234 662 1.149 1.392 1.114 6.170 1999 1.685 1.043 910 1.429 1.552 1.292 7.911 1.699 1.120 1.152 1.462 1.502 1.333 8.268 2000 2001 1.551 1.029 1.056 1.364 1.340 1.090 7.430 2002 1.368 1.243 849 1.387 1.258 1.044 7.149 1.492 1.567 1.114 1.428 1.323 1.012 7.946 Tabela 2. Classificação percentual dos lotes analisados pela rede de Laboratórios do IRGA de 1996 a 2001. SAFRAS CLASSES 1996 % Oficial Comum 1997 % 44,4 55,6 1998 % 40,9 59,1 1999 % 45,2 54,8 2000 % 46,2 53,8 2001 % 43,2 56,8 2002 % 43,4 56,6 47,8 52,2 Oficiais: Básica,Certificada e Fiscalizada Comum: semente própria Tabela 3. Classificação percentual dos lotes analisados pela rede de Laboratórios do IRGA de 1996 a 1999. SAFRAS CLASSES LOCAL Cachoeira do Sul Cachoeirinha Camaquã Pelotas Rosário do Sul Uruguaiana O :Semente Oficial 1996 O 1997 O C % 34,3 81,7 37,1 24,7 C 1998 O % 65,7 18,3 62,9 75,1 27,1 28,2 41,4 89,8 27,1 28,9 1999 O C C % 72,9 71,8 58,6 10,2 72,9 71,1 35,0 45,2 45,3 81,1 44,9 19,3 % 65,0 54,8 54,7 18,9 55,1 80,7 32,1 59,4 48,9 79,7 43,1 34,9 67,9 40,6 51,1 20,3 56,9 65,1 C: Semente comum Tabela 4. Classificação percentual dos lotes analisados pela rede de Laboratórios do IRGA de 2000 a 2002. SAFRAS CLASSES LOCAL Cachoeira do Sul Cachoeirinha Camaquã Pelotas Rosário do Sul Uruguaiana 2000 O C 2001 O % 37,1 71,9 46,3 41,8 37,1 24,7 C 2002 O % 62,9 28,1 53,7 58,2 52,0 68,5 37,0 65,0 56,9 37,7 45,61 26,8 C % 63,0 35,0 43,1 62,3 54,4 73,2 37,1 74,9 61,1 47,1 57,3 40,0 62,9 25,1 39,9 52,9 42,7 60,0 O :Semente Oficial C: Semente comum Tabela 5. Ocorrência de arroz vermelho, por faixas nas sementes Oficiais analisadas pela rede de Laboratórios do IRGA de 1996 a 2002. ANOS FAIXAS Zero 01-02 03-05 06-10 11-20 >21 1996 % 66,6 23,0 6,5 2,7 0,8 0,4 1997 % 72,6 19,7 5,4 1,5 0,6 0,1 1998 % 77,9 18,2 2,8 0,7 0,3 0,1 1999 % 71,7 22,4 4,3 1,3 0,2 0,0 2000 % 74,9 20,5 3,8 0,6 0,2 0,0 2001 73,8 16,7 5,1 3,6 1,4 0,3 2002 % 71,3 14,9 6,9 5,5 1,2 0,3 Tabela 6. Ocorrência de arroz vermelho, por faixas na semente Comum,analisadas pela rede de Laboratórios do IRGA de 1996 a 2002. ANOS FAIXAS Zero 01-02 03-05 06-10 11-20 >21 1996 % 49,2 22,8 12,1 7,7 4,3 3,9 1997 % 46,5 21,7 12,9 7,3 5,8 5,8 1998 % 55,2 21,7 11,0 5,5 3,5 3,1 1999 % 48,3 26,1 11,8 6,7 3,7 3,5 2000 % 62,9 20,6 7,4 3,8 2,2 3,3 2001 % 52,5 17,5 8,9 8,5 5,7 3,4 2002 % 53,6 15,4 8,6 10,0 5,7 3,7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GADEA, A. D. C., GIORGIO, I. U., SOUZA,J.A.B. DE. Produção de Semente Básica e Certificada do Irga In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO,22.,1997, Balneário Camburiú, SC.Anais...ltajaí: EPAGRI,1997.p496-97. M. G. B.; JAEGER R. L.; Ocorrência de arroz vermelho nos lotes de sementes analisados pelos Laboratórios de sementes do IRGA de 1996 a 1999 In REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 23., 1999, Pelotas, RS. Anais... Embrapa Clima Temperado,1999.p636. SEMENTE; PRODUÇÃO; NORMA; PADRÃO, RIO GRANDE DO SUL; CESM-RS. METODOLOGIA DO PAPEL UMEDECIDO NA IDENTIFICAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ MUTANTE TOLERANTE AO HERBICIDA IMAZETHAPYR Márcio Pacheco da Silva(1), Francisco Amaral Villela(2), Ariano de Magalhães Jr.(1), Luciana Bica Dode(2), Ângela Tilmman(2) . 1 EMBRAPA-Clima Temperado, Cx. Postal 406, Cep.: 96001-970, Pelotas-RS. e-mail: [email protected] 2 UFPel-FAEM, Campos Universitário, Cx. Postal 354, Cep.: 96001-970, Pelotas-RS. Palavras-chave: arroz, sementes, herbicida O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo. Alcançando anualmente, cerca de 150 milhões de hectares e produção de 500 milhões de toneladas. No Brasil, aproximadamente 1,3 milhões de hectares são cultivadas com arroz irrigado a cada ano, sendo 950 mil hectares no Rio Grande do Sul. Hoje, 30% da área cultivada no estado está infestada com arroz vermelho, o problema se agrava ainda mais porque o arroz é uma das principais atividades agrícolas do estado. A grande limitação para o controle está ligada ao fato do arroz vermelho pertencer a mesma espécie botânica do arroz cultivado e não existir produto químico seletivo capaz de controlar esta planta daninha. O desenvolvimento de novas cultivares de arroz irrigado é uma necessidade constante, seja para aumento de produtividade pela troca de uma cultivar por outra mais produtiva ou para que o produtor possa empregar estratégias de uso mais racional do solo, da água, manejo de plantas daninhas e dos insumos em geral que possibilitem aumento da produção e renda. Uma alternativa para superar o atual patamar de produtividade das modernas cultivares de arroz irrigado (Oryza sativa L.) é a utilização de linhagens resistentes ou tolerantes a herbicidas. Por outro lado, a introdução de uma espécie tolerante a um herbicida poderá propiciar uma vantagem seletiva a espécie e às espécies silvestres, inclusive as plantas daninhas. A eventual transferência de um gene que confere resistência a herbicidas específicos para espécies silvestres, poderá provocar eventualmente o surgimento de plantas daninhas resistentes a esses herbicidas O desenvolvimento de linhagens mutantes tolerantes a herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS) pode ser uma alternativa para o controle do arroz vermelho, criando oportunidade para aplicação de novas estratégias e aumento da flexibilidade no manejo e controle de invasoras (Duke,1996). O Imazethapyr é um herbicida do grupo das imidazolinonas, sistêmico, pós-emergente e seletivo para soja, mas não seletivo para arroz, com dosagem recomendada de um litro/hectare. O mecanismo de ação é a inibição não-competitiva da enzima acetolactato sintetase ou acetohydroxi sintetase (AHAS), na rota de síntese dos aminoácidos ramificados valina, leucina e isoleucina. Os sintomas das plantas sob efeito dos herbicidas inibidores da ALS incluem paralisação do crescimento, amarelecimento dos meristemas e redução do sistema radical (Vargas et al., 1999). Uma única substituição do aminoácido no gene da AHAS é suficiente para alterar o local obrigatório para imidazolinonas , de maneira que o herbicida imazetahapyr deixe de inibir a AHAS, resultando em um fenótipo tolerante ao herbicida (CFIA, 2002). O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia fundamentada no teste de germinação, que permita a identificação de sementes da Linhagem tolerante ao herbicida Imazethapyr (TH I). Foram utilizadas sementes da linhagem THI e das cultivares BRS 6 - Chui, BRS 7 - Taim, BRS Pelota, BRS Ligeirinho, BR-IRGA 410 e IRGA 417. As sementes foram submetidas ao tratamento de superação de dormência utilizando pré-secagem a 50ºC, por 96 horas em estufa com circulação de ar (BRASIL, 1992). O trabalho foi realizado com base no teste de germinação (substrato umedecido com solução contendo herbicida) e dividido em duas etapas, Na primeira etapa, as sementes da cultivar BRS 6 - Chui e linhagem THI foram submetidas à germinação em papel toalha umedecido em soluções com sete concentrações diferentes do herbicida: 0; 0,001; 0,005; 0,01; 0,05; 0,1 e 0,5% (v/v), diluídas em água destilada, contendo 106 g/l do principio ativo ( 2-(4,5-dihidro-4-metil-4-(1-metiletil)-5-oxo-1H-imidazol-2-ilo)-5-etil-3piridinacarboxílico - Imazethapyr e avaliadas no sétimo e décimo quarto dias. Na segunda etapa, as sementes da linhagem THI e das cultivares BRS 7 -Taim, BRS Pelota, BRS Ligeirinho, BR-IRGA 410 e IRGA 417 foram submetidas à germinação em papel toalha umedecido na solução do herbicida Imazethapyr a 0,001 % (v/v) diluída em água destilada e avaliadas no sétimo dia. Para cada concentração e/ou cultivar foram utilizadas quatro amostras de 50 sementes. O substrato foi umedecido com quantidade equivalente a 2,5 seu peso seco e acondicionados em sacos plásticos abertos na extremidade superior para facilitar a ventilação e evitar contaminação do germinador e contato entre rolos contendo a solução em diferentes concentrações. O germinador foi regulado à temperatura constante de 30ºC. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições em esquema fatorial A x B (cultivar x concentração do herbicida). As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Diferenças significativas foram observadas na avaliação aos 7 e 14 dias nas respostas da cultivar BRS 6 - Chui e Linhagem THI quando as sementes foram expostas a concentração 0,001 (v/v) do herbicida , onde nota-se que a Linhagem THI foi capaz de suportar a presença do herbicida, mantendo a percentagem de germinação semelhante à testemunha (Tabela 1) e a cultivar BRS 6 -Chui foi fortemente afetada apresentando percentagem muito baixa e reduzido crescimento. Todavia, as concentrações acima de 0,001% afetaram tanto THI como BRS 6 –Chui, sendo que concentrações superiores a essa inibiram a germinação das sementes da Cultivar BRS Chui. A presença de algumas plântulas normais da cultivar BRS 6 – Chui na presença do herbicida foram consideradas escapes, pois estas plântulas sempre estavam localizadas na parte superior do papel. Tabela 1- Dados médios de germinação (%) aos 7 e 14 dias de sementes de arroz da cultivar BRS 6 - Chui e Linhagem THI, após semeadura em rolo umedecido ou não em solução com diferentes concentrações de herbicida imazethapyr. Concentração (%) Germinação (%) Avaliação 7 dias (análise 1) Avaliação 14 dias (análise 2) THI BRS CHUI THI BRS CHUI 0,0 82 a A 83 a A 83 a A 86 a A 0,001 78 a A 3bB 79 a A 1bB 0,005 60 a A 0bC 78 a A 1bB 0,01 11 a B 0bC 7aB 0aB 0,05 0aC 0aC 0aC 0aB 0,1 0aC 0aC 0aC 0aB 0,5 0aC 0aC 0aC 0aB CV= 10,1% CV= 10,3 Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Na segunda etapa do trabalho, o comportamento das cultivares BRS Pelota, BRS Ligeirinho, BRS 7 - Taim, BR-IRGA 410 e IRGA 417 em relação a concentração indicada na etapa anterior, pode ser verificado. A percentagem de germinação das cultivares foi bastante afetado pela solução 0,001(v/v), mostrando diferença significativa em relação à Linhagem THI (Tabela 2). Tabela 2 - Dados médios da germinação (%), aos sete dias em sementes de arroz, de diferentes cultivares, após semeadura em rolo umedecido em solução com concentrações de 0,001 (%) (v/v) do herbicida imazethapyr. CULTIVAR GERMINAÇÃO COM HERBICIDA SEM HERBICIDA LTH 79 a A 82 a BC BRS PELOTA 0bB 70 a D BRS 7 - TAIM 0bB 97 a A BRS LIGEIRINHO 0bB 75 a CD BR-IRGA 410 0bB 84 a B IRGA 417 0bB 70 a D CV= 10,1% Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Em função dos resultados obtidos pode-se conluir que a concentração indicada para a identificação de sementes de arroz mutante tolerante é de 0,001 % (v/v) do herbicida imazethapyr diluído em água e avaliação aos sete dias após a semeadura em rolo com germinação a 30 ºC. A metodologia do papel umedecido para identificação de sementes de arroz mutante tolerante ao herbicida Imqazethapyr, mostra-se eficiente, podendo ser adotada, em rotina, pelos laboratórios de análise de sementes. Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da agricultura do abastecimento e da Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília, 1992, 365p. CANADIAN FOOD INSPECTION AGENCY, Decision Document DD2002-40 Determination of the Safety of BASF`s Imqazethapyr Tolerant (CLEARFIELD TM) Rice. http://www.inspection.gc.ca DUKE, S.O. Herbicide resistant crops. Boca Raton. Flórida, Lewis Publishers. 1996. 420p. MAGALHÃES JR., A. M. de; FRANCO, D. F.; ANDRES, A.; ANTUNES, P.; LUZZARDI, R.; DODE, L. B.; TILLMANN, M. A. A.; SILVA, M. P. Método para identificação de semente de arroz transgênico resistente ao herbicida glufosinato de amônio. Agropecuária Clima Temperado, Pelotas: v. 3, n.1, p.31-38,2000. NEDEL, J. L.; ASSIS, F. N. de; CARMONA, P. S.; Planta de arroz: morfologia e fisiologia. In: PESKE, S.T.; NEDEL, J. L.; BARROS, A. C. S. A. Ed. Produção de arroz irrigado. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. p. 11- 66. 1998. VARGAS et al., Resistencia de plantas daninhas a herbicidas. Viçosa, MG, 1999. 131p. METODOLOGIA DA IMERSÃO EM SOLUÇÃO NA IDENTIFICAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ MUTANTE TOLERANTE AO HERBICIDA IMAZETHAPYR Márcio Pacheco da Silva(1), Francisco Amaral Villela(2), Ariano de Magalhães Jr.(1), Luciana Bica Dode(2), Ângela Tilmman(2) . 1 EMBRAPA-Clima Temperado, Cx. Postal 406, Cep.: 96001-970, Pelotas-RS. e-mail: [email protected] 2 UFPel-FAEM, Campos Universitário, Cx. Postal 354, Cep.: 96001-970, Pelotas-RS. Palavras-chave: arroz, sementes, herbicida O arroz constitui-se no principal alimento para cerca de 40% da população mundial. O Brasil destaca-se como maior produtor sul americano. O Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC) que, juntamente, respondem por quase 60% da produção nacional em lavouras irrigadas e tecnificadas, sendo que somente o RS contribui com aproximadamente 50%. A produtividade de arroz irrigado nas últimas décadas tem uma trajetória ascendente no RS, em virtude do uso de variedades com alto potencial produtivo, uso apropriado de insumos e tecnologias modernas. Uma das estratégias para ultrapassar o atual patamar de produtividade das modernas cultivares de arroz irrigado é a utilização de linhagens resistentes ou tolerantes a herbicidas. Culturas modificadas para resistência a herbicidas podem favorecer a utilização de herbicidas de amplo espectro de atuação e possibilitar o uso de produtos menos tóxicos e mais facilmente degradáveis no solo, aumentando as opções no combate a plantas daninhas. O desenvolvimento de linhagens mutantes tolerantes a herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS), pode ser uma alternativa para o controle do arroz vermelho. O Imazethapyr é um herbicida do grupo das imidazolinonas, sistêmico e seletivo para soja, mas não seletivo para o arroz, O mecanismo de ação deste grupo de herbicidas é a inibição não-competitiva da enzima acetolactato sintetase ou acetohydroxi sintetase (AHAS) na rota de síntese dos aminoácidos ramificados valina, leucina e isoleucina. Os sintomas das plantas sob efeito dos herbicidas inibidores da ALS incluem paralisação do crescimento, amarelecimento dos meristemas e redução do sistema radical (Vargas et al, 1999). Uma única substituição do amino-ácido no gene da AHAS, é suficiente para alterar o local obrigatório para imidazolinonas , tal que o herbicida imazetahapyr não iniba mais a AHAS, resultando em um fenótipo tolerante ao herbicida (CFIA, 2002). O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia com base no teste de germinação, em análise de rotina, capaz de identificar sementes da Linhagem THI, tolerante ao herbicida Imazethapyr, com utilização de quantidade reduzida de herbicida para minimizar os riscos de contaminação de analistas e do meio ambiente. Foram utilizadas sementes da linhagem tolerante ao herbicida Imazethapyr (THI) e das cultivares BRS 6 - Chui, BRS 7 - Taim, BRS Pelota, BRS Ligeirinho, BR-IRGA 410, IRGA 417. O trabalho realizado com base no teste de germinação, foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, as sementes da cultivar BRS 6 - Chui e da linhagem THI foram hidratadas em solução com nove concentrações diferentes do herbicida, 0; 0,001; 0,005; 0,01; 0,05; 0,1: 0,5; 1,0 e 5,0% (v/v), diluídas em água destilada, contendo 106 g/l do principio ativo (2-(4,5-dihidro-4-metil-4-(1-metiletil)-5-oxo-1Himidazol-2-ilo)-5-etil-3-piridinacarboxílico – Imazethapyr por quatro horas a 25º C. A seguir, as sementes foram lavadas em água corrente, submetidas à germinação em papel toalha umedecido com água e avaliadas no quarto e sétimo dias após a semeadura. Na segunda etapa, as sementes da linhagem THI e das cultivares BRS 7 Taim, BRS Pelota, BRS Ligeirinho, BR-IRGA 410 e IRGA 417 foram hidratadas por 4 horas em solução com concentração de 0,5% (v/v), diluída em água destilada. Após este tempo, as sementes foram lavadas em água corrente e submetidas à germinação em papel toalha umedecido com água e avaliadas no quarto dia após a semeadura. Para cada concentração e/ou cultivar foram utilizadas quatro amostras de 50 sementes. O substrato foi umedecido com quantidade de água equivalente a 2,5 seu peso seco e os rolos acondicionados em sacos plásticos abertos na extremidade superior para facilitar a ventilação, evitar a contaminação do germinador e o contato entre rolos contendo a solução em diferentes concentrações. O germinador foi regulado à temperatura constante de 30ºC. Todas as sementes foram submetidas a tratamento de superação de dormência utilizando pré-secagem a 50ºC, durante 96 horas, em estufa com circulação de ar (BRASIL,1992). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado , com quatro repetições em esquema fatorial A x B (cultivar x concentração do herbicida). As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Diferenças significativas foram observadas na avaliação aos 4 dias nas respostas da cultivar BRS 6 - Chui e Linhagem THI quando as sementes foram expostas a concentração 0,5 (v/v) do herbicida, onde nota-se que a Linhagem THI foi capaz de suportar a presença do herbicida, mantendo a percentagem de germinação semelhante à testemunha, mas com crescimento reduzido (Figura 1), e a cultivar BRS 6 -Chui teve germinação zero (Tabela 1). Concentrações abaixo de 0,5% (v/v), tanto a linhagem THI como a cultivar BRS 6 Chui suportaram a presença do herbicida, embora a concentração 0,1% tenha afetado a germinação da cultivar BRS Chui. Todavia, as concentrações acima de 0,5% afetaram tanto THI como BRS 6 –Chui. Tabela 1- Dados médios da germinação (%) aos quatro e sete dias, de sementes de arroz, cultivar BRS 6 - Chui e Linhagem THI, após hidratação por 4 horas a 25ºC, em soluções sem e com diferentes concentrações herbicida Imazethapyr (v/v). CONCENTRAÇÃO (%) 0,0 0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,5 1,0 5,0 GERMINAÇÃO Análise 1 (4 dias) LINHAGEM THI BRS CHUI 80 a A 84 a A 80 a A 74 a A 80 a A 68 a A 80 a A 65 a A 75 a A 47 b B 79 a A 26 b B 79 a A 0bC 10 a B 0bC 0aC 0aC CV=11,86% Análise 2 (7 dias) LINHAGEM THI BRS CHUI 82 a A 89 a A 81 a A 83 a AB 79 a AB 79 a AB 78 a AB 69 a BC 74 a AB 54 a C 72 a AB 26 b D 65 a B 0bE CV= 10,6% Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade (em cada análise). Aos 7 dias as avaliações devem ser feitas com muito cuidado (Tabela 1), pois a cultivar BRS 6 - Chui foi afetada por todas a concentrações do herbicida, embora podendo até formar plântulas normais. A Linhagem THI apresentou diminuição de germinação na solução com concentração de 0,5% do herbicida imazethapyr diluído em água (v/v), evidenciando que foi afetada pelo herbicida. Outro aspecto a salientar, é que, a cultivar BRS 6 Chui aos 7 dias pode apresentar crescimento acentuado, principalmente de raízes, podendo até formar plântulas normais, o que dificulta a avaliação nesta data. Na segunda etapa do trabalho é possível observar o comportamento das cultivares BRS Pelota, BRS Ligeirinho, BRS 7 - Taim, BR-IRGA 410 e IRGA 417 em relação a concentração indicada na etapa anterior (Tabela 1). Constata-se que essa concentração inibiu a germinação das sementes das cultivares, com ocorrência de germinação, embora muito baixa, na cultivar BRS Pelota. Todavia, também é importante salientar que as cultivares aos 7 dias podem formar plântulas mais desenvolvidas, dificultando as avaliações, o que evidencia que as avaliações devem ser realizadas efetivamente com quatro dias após a semeadura em rolo. Tabela 2 - Dados médios de germinação (%) aos quatro dias de sementes de arroz, de diferentes cultivares, após hidratação por 4 horas a 25ºC em soluções sem e com 0,5% do herbicida Imazethapyr (v/v). CULTIVAR LTH BRS PELOTA BRS 7 - TAIM BRS LIGEIRINHO BR-IRGA 410 IRGA 417 GERMINAÇÃO COM HERBICIDA 77 a A 1bB 0bB 0bB 0bB 0bB CV= 8,2% SEM HERBICIDA 80 a A 73 a A 92 a B 64 a B 87 a B 74 a C Médias seguidas da mesma letra minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Neste sentido, pode-se concluir que a concentração adequada para a identificação de sementes de arroz mutante tolerante é de 0,5 % (v/v) do herbicida imazethapyr diluído em água e avaliação aos quatro dias após a semeadura em rolo e germinador a 30 ºC. A metodologia da imersão pode ser adotada desde que a identificação seja realizada no momento recomendado e avaliação das plântulas normais conforme o teste de germinaçãode arroz (14 dias), pois estas plântulas avaliadas podem formar plantas normais posteriormente. Porém, estudos sobre tempo de embebição da semente, temperatura do germinador e temperatura de embebição da semente devem ser realizados para uma melhor adequação da metodologia. Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da agricultura do abastecimento e da Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília, 1992, 365p. CANADIAN FOOD INSPECTION AGENCY, Decision Document DD2002-40 Determination of the Safety of BASF`s Imqazethapyr Tolerant (CLEARFIELD TM) Rice. http://www.inspection.gc.ca DUKE, S.O. Herbicide resistant crops. Boca Raton. Flórida, Lewis Publishers. 1996. 420p. MAGALHÃES JR., A. M. de; FRANCO, D. F.; ANDRES, A.; ANTUNES, P.; LUZZARDI, R.; DODE, L. B.; TILLMANN, M. A. A.; SILVA, M. P. Método para identificação de semente de arroz transgênico resistente ao herbicida glufosinato de amônio. Agropecuária Clima Temperado, Pelotas: v. 3, n.1, p.31-38. 2000. NEDEL, J. L.; ASSIS, F. N. de; CARMONA, P. S.; Planta de arroz: morfologia e fisiologia. In: PESKE, S.T.; NEDEL, J. L.; BARROS, A. C. S. A. Ed. Produção de arroz irrigado. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. p. 11- 66. 1998. VARGAS et al., Resistencia de plantas daninhas a herbicidas. Viçosa, MG, 1999. 131p. AVALIAÇÃO DAS METODOLOGIAS DE IDENTIFICAÇÃO DE SEMENTES TOLERANTE AO HERBICIDA IMAZETHAPYR, PAPEL UMEDECIDO E IMERSÃO EM SOLUÇÃO NA PRESENÇA DE ARROZ VERMELHO E PRETO Márcio Pacheco da Silva(1), Francisco Amaral Villela(2), Ariano de Magalhães Jr.(1), Luciana Bica Dode(2), Ângela Tilmman(2) . 1 EMBRAPA-Clima Temperado, Cx. Postal 406, Cep.: 96001-970, Pelotas-RS. e-mail: [email protected] 2 UFPel-FAEM, Campos Universitário, Cx. Postal 354, Cep.: 96001-970, Pelotas-RS. Palavras-chave: arroz, sementes, herbicida As lavouras de arroz irrigado no Estado do Rio Grande do Sul apresentam-se altamente infestadas de plantas daninhas. A interferência destas plantas é um dos principais fatores de estagnação no patamar produtivo das lavouras no estado, afetando consideravelmente a rentabilidade da cultura. Neste contexto o arroz vermelho merece o principal destaque, pois está presente em quase toda área cultivada com arroz. A grande dificuldade para o controle do arroz vermelho está em ele pertencer a mesma espécie botânica do arroz cultivado e não existir nenhum produto seletivo capaz de controlar esta “planta daninha”. Os cruzamentos naturais, que ocorrem com grande freqüência, tornam impossível tipificar essas plantas daninhas quanto a suas características morfológicas, sendo que o pericarpo vermelho das sementes é o que da maior segurança de identificação do arroz vermelho e, a cor preta das glumelas e presença de arista, sempre presente, a do arroz preto. O desenvolvimento de linhagens mutantes tolerantes a herbicidas inibidores da enzima ALS, podem ser uma grande alternativa para o controle do arroz vermelho, o Imqazethapyr é um herbicida do grupo das imidazolinonas, sistêmico e seletivo para soja, e não seletivo para o arroz, o mecanismo de ação deste grupo de herbicidas é a inibição não-competitiva da enzima acetolactato sintetase ou acetohydroxi sintetase (AHAS) na rota de síntese dos aminoácidos ramificados valina, leucina e isoleucina, os sintomas das plantas das plantas sob efeito dos herbicidas inibidores da ALS incluem paralisação do crescimento, amarelecimento dos meristemas e redução do sistema radical (VARGAS, 1999). Uma única substituição do amino-ácido no gene da AHAS, é suficiente para alterar o local obrigatório para imidazolinonas , tal que o herbicida imazetahapyr não iniba mais a AHAS, resultando em um fenótipo tolerante ao herbicida (CFIA, 2002). O objetivo deste trabalho foi avaliar as duas metodologias desenvolvidas de identificação de sementes tolerante ao herbicida Imazethapyr, papel umedecido e imersão em solução na presença de arroz vermelho e preto. Foram utilizadas sementes da linhagem tolerante ao herbicida Imazethapyr (THI) e das cultivares BRS 7 - Taim, BR-IRGA 410, IRGA 417, e arroz selvagem vermelho e Preto. As sementes foram submetidas ao tratamento de superação de dormência utilizando pré-secagem a 50º C, por 96 horas em estufa com circulação de ar (BRASIL, 1992). O método do papel umedecido foi o primeiro a ser avaliado, onde as sementes foram submeidas a germinação em papel toalha umedecido na solução com concentração do herbicida Imazethapyr contendo 106 g/l do principio ativo ( 2(4,5-dihidro-4-metil-4-(1-metiletil)-5-oxo-1H-imidazol-2-ilo)-5-etil-3-piridinacarboxílico Imazethapyr a 0,001 % (v/v) diluída em água destilada. As avaliações foram feitas aos 7 dias após a semeadura. O segundo método avaliado foi da imersão em solução, onde as sementes foram colocadas em solução com concentração do herbicida Imazethapyr a 0,5 % (v/v) diluída em água destilada por 4 horas a 25º C. Após este tempo estas sementes foram lavadas em água corrente e submetidas a germinação em papel toalha umedecido com água destilada. As avaliações foram feitas aos 4 dias após a semeadura. Para cada cultivar foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes. O substrato foi umedecido com a solução equivalente a 2,5 seu peso e acondicionados (na forma de rolo) em sacos plásticos abertos na extremidade superior para facilitar a ventilação e evitar contaminação do germinador e contato entre rolos. O germinador foi regulado a temperatura constante de 30ºC. Em todas as avaliações foram feitas contagem e medição do comprimento total das plântulas normais. Para a obtenção dos valores médios do comprimento total de plântulas, foi feito somatório do comprimento e dividido pelo numero de plântulas normais. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 4 repetições em esquema fatorial A x B (cultivares x concentração do herbicida). As médias das cultivares foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Na avaliação da metodologia da imersão em solução podemos observar que houve diferença significativa na germinação da Linhagem THI e as demais cultivares e o arroz vermelho na presença do herbicida (Tabela 1), o que já era esperado, e que não houve diferença significativa em relação ao arroz preto. Mas se observarmos a Figura 1 podemos constatar que embora as sementes de arroz preto e vermelho tenham germinado e formado plantas normais (por isso o resultado da Tabela 1) na presença do herbicida, o seu crescimento foi bastante afetado, o que não ocorre com a Linhagem THI. Ao testarmos a metodologia do papel umedecido constatamos que os resultados aqui se assemelham muito aos da metodologia anterior. Na tabela 1 podemos observar que houve diferença significativa na germinação da Linhagem THI e as demais cultivares na presença do herbicida, e que não houve diferença significativa em relação ao arroz preto e vermelho. Observando a Figura 1 podemos constatar que embora as sementes de arroz vermelho e preto tenham germinado e formado plantas normais na presença do herbicida, o seu desenvolvimento foi afetado. Tabela 1 - Dados médios da germinação (%) das duas metodologias testadas, imersão em solução(aos 4 dias) e papel umedecido (aos 7 dias) na presença do arroz vermelho e preto. Cultivar Germinação (%) Imersão em solução (analise 1) Papel umedecido (analise 2) COM SEM COM SEM HERBICIDA HERBICIDA HERBICIDA HERBICIDA THI 77 A a 77 A c 78 A a 82 A b BRS 7 - TAIM 0Bb 92 A a 0bB 97 A a BR-IRGA 410 0Bb 87 A ab 0bB 84 A b IRGA 417 0B b 74 A c 0bB 70 A c ARROZ VERM. 10 B b 80 A ac 85 A a 84 A b ARROZ PRETO 76 B a 86 A ab 86 A a 87 A b CV=8% CV=6,3% Médias seguidas da mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas (para cada analise), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Imersão em solução Papel umedecido 9 16 COMPRIMENTO (CM) 7 6 5 4 3 2 1 14 12 10 8 6 4 2 0 com IRGA 417 PRETO CULTIVAR Figura 1 - VERM. VERM. IRGA 410 com PRETO TAIM sem IRGA 417 THI IRGA 410 sem TAIM 0 THI COMPRIMENTO (cm) 8 CULTIVAR Dados médios do comprimento total de plântulas (cm) de diferentes cultivares, utilizando as metodologias da imersão em solução e papel umedecido. Em conclusão, as duas metodologias não se mostraram adequadas para identificação de sementes de arroz tolerante ao herbicida Imazethapyr na presença de arroz vermelho e preto utilizando como parâmetro a percentagem de germinação. O parâmetro de crescimento parece ser mais adequado, já que o arroz vermelho e o preto apesar de apresentarem germinação normal tiveram seu crescimento muito afetado nas duas metodologias. Estudos para identificação de um índice de crescimento devem ser realizados para adequação das metodologias neste caso específico. Refêrencias Bibliográficas BRASIL, Ministério da agricultura do abastecimento e da Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília, 1992, 365p. CANADIAN FOOD INSPECTION AGENCY, Decision Document DD2002-40 Determination of the Safety of BASF`s Imqazethapyr Tolerant (CLEARFIELD TM) Rice. http://www.inspection.gc.ca MAGALHÃES,JR. A. M. de; FRANCO, D. F.; ANDRES, A.; ANTUNES, P.; LUZZARDI, R.; DODE, L. B.; TILLMANN, M. A. A.; SILVA, M. P. Método para identificação de semente de arroz transgênico resistente ao herbicida glufosinato de amônio. Agropecuária Clima Temperado, Pelotas: v. 3, n.1, p.31-38,2000. NEDEL, J. L.; ASSIS, F. N. de; CARMONA, P. S.; Planta de arroz: morfologia e fisiologia. In: PESKE, S.T.; NEDEL, J. L.; BARROS, A. C. S. A. Ed. Produção de arroz irrigado. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. p. 11- 66. 1998. VARGAS et al., Resistencia de plantas daninhas a herbicidas. Viçosa, MG, 1999. 131p.