faraós Redlands
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faraós Redlands
Editorial 3 Geraldo L. Tiago Filho No editorial da última edição da revista foram feitos alguns comentários e colocações sobre uma campanha veiculada pela TV, através da qual as distribuidoras de energia elétrica procuraram formar a opinião dos consumidores, ressaltando que não tinham qualquer ligação com a política tarifária nacional. Afirmavam que estavam sujeitas à ação de ‘forças ocultas’. A campanha mostrava um consumidor desinformado e susceptível a aceitar as pressões do sistema. Já que esta revista é distribuída aos agentes de energia elétrica do país e do exterior, houve algumas reações. A principal delas veio do Sr. José Augusto Sava, cuja missiva tomo a liberdade de publicar a seguir*, já que a mesma foi dirigida a este editor. Se relermos o editorial passado e compará-lo com a carta do Sr. Sava, verificaremos que a mesma nada tem de agressiva ou rancorosa, apenas procuramos discutir sobre uma campanha publicitária mal elaborada que desconsiderava o consumidor. É sabido que distribuidoras têm problemas, mas, quanto às responsabilidades...ah...meu caro companheiro e atento leitor,...isto é uma questão de ponto de vista! In the editorial of the last edition of this magazine some comments and statements were made about a campaign placed on TV through which the ditributors of electricity tried to form the opinion of the consumers, emphasizing that they did not have any connection with the national tariffs policy. They affirmed that they were subject to the action of hidden voices. The campaign showed an uninformed and sensitive in accepting the pressures of the system type customer. Given that this magazine is distributed to the agents of electric energy of Brazil and the exterior, there were some reactions. The biggest of them came from Mr. Jose Augusto Sava whoose letter we take the liberty to publish to come* given that the same was directed to this editor. If we re-read the past editorial and compare it with the letter of Dr Sava, we verify that the same has nothing of agressive or resentful, we only try to discuss about a publicity campaign that was badly elaborated and that disconsidered the consumer. It is known that the distributors have problems, but in terms of the responsibilities...oh...my dear companion and allert reader, this is a question of point of view. *Leia a carta no Painel do Leitor na página 4 / *Read the letter in the readers pannel in page 4 Sumário / Contents Painel do Leitor / Readers Panel Espaço Empresarial/ Company Space Chances do Brasil no mercado de créditos de carbono The chances of Brazil in the carbon credits market A guerra das tarifas / The war of tariffs Proinfa - ainda não é pra valer! Proinfa - Is still not for real! Artigo Técnico / Technical Article O investimento em P&D de interesse público The investment in R&D of public interest Investidores falam sobre o mercado de energia Investors talk about the energy market Espaço do Internauta / Internet Room 4 5 6 8 12 13 30 34 36 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Prezada equipe da PCH Notícias, inicio este e-mail congratulando-o pela excelente qualidade da revista. Peço sua colaboração no sentido de solicitar a atualização do meu endereçopara recebimento da mesma. Roberto Varela Freitas Prezado senhor Geraldo L. Thiago Filho, Membro do Comitê Diretor do CERPCH Parabenizo o CERPCH pelo esforço na defesa de uma solução adequada para a expansão da geração hidrelétrica através de PCHs. Contudo o Editorial Cenas de um teatro de mentiras foi um deslize imperdoável. Senão vejamos: 1- O assunto é inoportuno em relação ao objeto do CERPCH, uma polêmica que em nada contribuirá para solucionar a questão energética no Brasil; 2- As colocações feitas demonstram uma visão de quem conhece o assunto apenas de leitura na imprensa, senso comum; 3- Os contratos de concessão das distribuidoras são monopólios naturais, é assim no mundo inteiro, as tarifas são definidas pela ANEEL conforme os contratos e recebem remuneração pelo custo, as distribuidoras recebem a mais intensa fiscalização da ANEEL, não há que se falar de cláusula abusiva em contrato de direito administrativo imposto pelo poder concedente, não há imunidade alguma contra riscos e prejuízos, veja o caso da AES-ELETROPAULO, CEMAR etc; 4- Mesmo antes da crise energética de 2001/2002, as distribuidoras jamais atingiram sequer a rentabilidade mínima estabelecida nos contratos, e nos anos citados, foi necessário os socorro emergencial para não se repetir o caso da Califórnia, concordata ou falência, pois tiveram que pagar pela energia não recebida das geradoras, que tudo fizeram para não honrar o Anexo 5 dos Contratos Iniciais; 5- O custo da energia emergencial termelétrica é conhecido por todos que trabalham no setor elétrico, portanto nada há que possa causar estranheza, a decisão em adotar tal medida era a única, na época, eficaz e segura de forma a garantir suprimento confiável até que novas centrais, com energia mais barata, pudessem entrar em operação; 6- O tom pouco formal e até ofensivo da matéria não está compatível com a complexidade e importância do assunto; 7- O fato é que a União e os Estados arrecadam tributos (impostos, taxas e contribuições) em montante enorme ao longo de toda a cadeia de produção, comercialização, transmissão e distribuição de energia elétrica, portanto é o “sócio majoritário” neste negócio; 8- O consumidor fica no meio de um discussão que não avança no sentido do entendimento, uma vez que prevalece a crítica com interesse político/ eleitoral; 9- Não choveu o suficiente por alguns anos e os reservatórios foram deplecionados, a expansão da capacidade de geração foi insuficiente para enfrentar este evento raro, um sistema predominantemente hidrelétrico sempre estará a mercê desta contigência, se for dimensionado economicamente; 10- O consumidor se comportou com maturidade e acatou todas as recomendações e normas impostas pelos órgãos do governo; Espero que no futuro os assuntos tenham um tratamento mais profundo e fundamentado e permitam, em tempo hábil a emissão da opinião divergente. Não pretendo com esta mensagem nada além de provocar sua atenção no sentido de buscar o aprofundamento do seu conhecimento sobre este vasto e complexo assunto. Não encare com uma crítica e sim como uma recomendação. Acredito que receber feed-back é um presente que nos ajuda a crescer. Estou ao seu dispor para conversar sobre o assunto, apesar de não ser especialista em distribuição de energia, mas posso indicar alguns amigos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Painel do Leitor / Readers Panel 4 Dear SHP News team, I begin this E-mail congratulating you for the excellent quality of the magazine. I ask your collaboration in updating my address for receiving the magazine. Roberto Varela Freitas Dear Sir Geraldo L. Tiago Filho Member of the Directors Committee of CERPCH Congratulations CERPCH for the effort in defending an adequate solution for the expansion of hydroelectric generation through SHPs. However the editorial Scenes of a Theatre of Lies was an unforgivable shortfall. We can see: 1-The topic is not relevant to the objective of Cerpch, a controversy that will in no way contribute to provide a solution to the energy question in Brazil. 2-The placements made demonstrate a vision of someone who only knows the subject through reading in the media, common sense; 3-The concession contracts of the distributors are natural monopolies, it is like this all over the world, the tariffs are defined by Aneel according to the contracts and receive and receive an income for their cost. The distributors receive the most intense monitorization from Aneel, nothing to say about abusive clause in administrative law contract imposed by the exceeding power, there is no immunity at all against risks and deficits, see the case of AESELETROPAULO, CEMAR etc 4-Even before the energy crisis of 2001/2002, the distributors never reached not even the minimum profitability established in the contracts and in the cited years emergency help was needed for the case of California not to repeat itself, agreement or failure given they had to pay for the non received energy from the generators, that did everything not to honour Anex 5 of the initial contracts. 5-The cost of the emergence thermo energy is known by all that work in the electric sector, therefore there is nothing that can cause strangeness, the decision in adopting such a measure was the only one in the time, effective and secure in such a way to guarantee a trusty supply until new centrals with cheaper energy could enter in operation. 6-The tone is not at all formal and is even offensive therefore not compatible with the complexity and importance of the subject. 7-The fact is that the union and the states gathered tributes ( such as taxes, charges and contributions ) all together along all the production, commercialization, transmission and distribution line of energy and so is the main member of the business. 8-The consumer gets in the middle of a conversation that does not advance in the sense of understanding, once the political interest critic prevails. 9-There was not enough rain for some years and the reservoirs became depleted, the expansion of the capacity of generation was insufficient to encounter this rare occasion, a predominantly hydro system will always be vulnerable to this problem, if it is dimensioned economically: 10-The consumer did behave with maturity and took on board all the recommendations and rules put in by the government. I hope that in future the subjects have a more in depth and fundamental treatment and permit in good time the emission of the diverging opinion. I do not intend to with this message nothing in addition to stimulate your opinion in the way of searching the deepening of your knowledge about this vast and knowledge topic. Do not see this as a critic and yes as a recommendation. I believe that receiving feed-back is a present that helps us grow. I am at your disposal to talk about the topic, although not a specialist on the subject of energy distribution, I can indicate you some friends. Yours sincerely Atenciosamente, Jose Augusto Sava ○ ○José ○ ○ ○Augusto ○ ○ ○ ○Sava ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Espaço Empresarial/ Company Space 5 PCH Braço Norte III A Guarantã Energética foi constituída com o objetivo específico de implantar, gerenciar e comercializar a energia elétrica gerada pela PCH Braço Norte III localizada no Rio Braço Norte, divisor dos municípios de Guarantã do Norte e Novo Mundo, no estado de Mato Grosso. Obra iniciada em 2001,a potência instalada da PCH será de 14,0 MW. Seu projeto foi desenvolvido pela Larrosa & Santos e a construção civil e montagem eletromecânica está sendo executada pela Amper Construções Elétricas. Os PCAs (Planos de Controle Ambiental) foram desenvolvidos pela TD Engenharia, de acordo com as solicitações da Fundação Estadual de Meio-Ambiente (FEMA- MT). Características do empreendimento A área do reservatório no NA max. normal será de 13,0 km². A queda bruta máxima do aproveitamento é de 26,4 m e a vazão média 3 (MLT) do rio Braço Norte no barramento é de 60,1 m /s. O desvio do rio foi feito através de 2 (duas) adufas e serão usadas duas comportas do tipo vagão para o fechamento. As barragens da margem direita e esquerda são do tipo homogênea de terra. O vertedouro é do tipo de superfície controlado por 3 (três) comportas tipo segmento,com manutenção feita através de comporta ensecadeira. O circuito de adução será composto pela tomada d’água com comportas de acionamento hidráulico, tendo 2 (dois) condutos forçados com comprimento de 28 metros, aduzindo 41 m³/s até cada uma das as unidades geradoras. A casa de força será do tipo abrigada contendo 2 geradores de 7,0 MW de polos salientes e duas turbinas do Tipo Kaplan “S” eixo horizontal com multiplicadores de velocidade, contratados a Alstom Brasil Ltda. A Subestação elevadora prevê a instalação de um transformador de 15/17 MVA trifásico na tensão 6,9/138,0 KV. Diferente da maioria das usinas deste porte, a PCH Braço Norte III será operada e controlada da PCH Braço Norte II, pertencente ao mesmo grupo, através de sistema remoto, utilizando rádios digitais. O início de operação da primeira turbina da PCH Braço Norte III está previsto para o mês abril e a segunda para o mês de maio de 2003, comercializando 75.000 Mwh/ano. Localizada 8 km à jusante da PCH Braço Norte III, teve início a construção da PCH Braço Norte IV, usina com características idênticas à anterior, inclusive com o mesmo tipo de turbinas, já encomendadas da Alstom, e com previsão para gerar em julho de 2004. SHP Braço Norte III Trad. Felipe Moreton Chohfi Guarantã energética was constituted with the specific objective of implanting, managing and commercializing the electric energy generated by the SHP Braço Norte III located in the river Braço Norte the dividor of the municipalities of Guarantã do Norte and Novo Mundo in the state of Mato Grosso. A construction initiated in November of 2001, the installed power of the SHP is of 14.0 MW. Its Project was developed by Larrosa e Santos and the civil construction and eletromechanical sorting is being executed by Amper Construções Elétricas. The Plans of Environmental Control (PCAs) were developed by TD engenharia in accordance with the requirements of State Environmental Foundation (FEMA- MT). Caracteristics of the enterprise The normal área of the reservoir of NA Max will be of 13.0km2. The maximum free fall of the use is of 26.4m and the average flow (MLT) of the river Braço Norte in the barrage is og 60.1m3/s. The diversion of the river was made through two Adulfas and two comport type wagons will be used for the closure. The barrages from the right to the left margin are of the type earth homogeneous. The vertedouro is of the surface controlled type by three segmented type wagons, with maintenance made through na esnecadeira comport. The abduction circuit will be composed by the taking of water with hydraulic action comports, having two forced conducts with a length of 28 metres bringing 41m3/s to each one of the generating units. The force haouse will be of the protected type containing two generators of 7.0MW of salient poles and two turbines of the Kaplan types “S” horizontal axis with speed multiplyers contracted to Alston Brasil Ltda The elevated substation forecasts the installation of a transformer of 15/17 MVA trifasic at tension of 6.9/138.0KV. In contrast to the majority of the dams of this size the SHP Braço Norte III will be operated and controlled from SHP Braço Norte II, that belongs to the same group through the remote system, using digital rádios. The beginning of the operation of the first turbine of the SHP Braço Norte is forecasted for the month of April and the second for the month May of 2003, commercializinggg 75000MWh/year. Located 8km near the PCH Braço NorteIII, was the beginning of the construction of the SHP Braço Norte IV, a dam with caracteristics identical to the previous one, including with the same type of turbines already reserved by Alstom and forecasted to generate energy for March of 2004. PCH Braço Norte III – Casa de Força Adução das Turbinas SHP Braço Norte III- Force House Aduction of the turbines Meio Ambiente 6 Chances do Brasil no mercado de créditos de carbono Evana Rosa O Protocolo de Kyoto é acordo internacional sobre mudança do clima que ainda não entrou em vigor. Ele prevê a redução da emissão de gás carbônico como forma de diminuir o efeito estufa na atmosfera. Emilio Lèbre La Rovere, professor Adjunto IV do Programa de Planejamento Energético do COPPE/UFRJ e coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente, concedeu uma entrevista à revista PCH Notícias & SHP News, onde esclarece como vai funcionar este mercado e as chances do Brasil no novo investimento. PCH Notícias: O Proinfa prevê que, em dez anos, as fontes renováveis de energia representem 10% da capacidade instalada no Brasil. O senhor acredita que os projetos que incentivem estas fontes renováveis terão direito ao certificado de carbono, apesar de a lei obrigar esta conduta? La Rovere: De acordo com o protocolo de Kyoto, existem cenários de referência. Se for entendido que o Proinfa já faria parte da linha de base, ele não teria direito na obtenção dos certificados de carbono. Acontece que o fato de existir a lei não implica que isto vai acontecer realmente na prática. É apenas uma lei para facilitar incentivos a fim de atingir um objetivo ou chegar o mais próximo possível dele. Mas, a aprovação desta lei não vai significar que o governo vai sair multando empresas que não aplicarem fontes alternativas de energia. Então, já existe um entendimento de que para julgar um cenário de referência, é necessário conhecimento setorial. PCH Notícias & SHP News: Como vai se processar, na prática, este mercado? La Rovere: As empresas vão preparar seus projetos com o auxílio de assessorias técnicas especializadas e vão submeter a uma instância do país hospedeiro. No caso brasileiro, é a Comissão Interministerial do Clima que vai aprovar atestando que o projeto realmente reduz as emissões e também contribui para o desenvolvimento sustentável do país. Logicamente, quem deve dizer isto é o próprio país. Este projeto, já validado previamente por uma entidade independente, é encaminhado ao Executive Boarn. O Executive se reúne, aprova e aí existe uma contabilidade. Neste momento, não haverá emissão de certificados no papel, mas, será feita uma contabilidade eletrônica. Então, será avaliado para qual país será aprovei- tado o certificado. A delegação brasileira colocou na regulamentação de Marraquechi que quem valida tem que ter conhecimento setorial e regional. É necessário ter alguém que conheça do contexto para poder avaliar se aquele cenário de referência é realmente válido ou se está havendo alguma forma de trapaça. PCH Notícias: A saída dos Estados Unidos comprometeu o processo? La Rovere: A saída dos Estados Unidos afetou este mercado. Existem algumas simulações que foram feitas sobre as quantidades de certificados de carbono que seriam necessárias para atingir as metas dos países industrializados que indicam que com a saída dos Estados Unidos baixou muito a demanda. Outras concessões foram feitas aos países do Anexo I, em Marraquechi, o que também diminuiu a demanda. Agora, quanto se pode traduzir de demanda para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ainda é uma variável incerta porque nós temos que ver o que os países do Anexo B vão fazer dentro de suas próprias fronteiras. A União Européia, por exemplo, é pressionada pela opinião pública e pelos movimentos ecologistas, a comprar de seus países. Além disso, é necessário saber quanto eles vão comprar da Rússia. Como a Rússia não é um país confiável e pode inundar o mercado de certificados, o preço da tonelada pode cair muito e vai ser muito fácil para os países industrializados cumprirem suas metas. Também é preciso saber quantos países vão se interessar por investir na Europa do Leste. Finalmente, vai chegar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e aí tem todos os países em desenvolvimento concorrendo uns com os outros. A minha visão é a de que os projetos do MDL vão se concentrar naqueles países em desenvolvimento para onde já vai o maior fluxo de investimento direto estrangeiro hoje, são os 12 bons alunos da classe, entre os quais estão incluídos o México, Coréia, China, Índia e Brasil. PCH Notícias: Então, neste primeiro momento os países da Europa não irão buscar seus certificados na América do Sul. La Rovere: O protocolo de Kyoto diz que os mecanismos de flexibilidade foram criados para apoiarem os esforços dos países do Anexo 1 a cumprirem suas cotas de forma complementar. Houve uma grande discussão em Marraquechi que tentou definir estes parâmetros do que vem a ser complementarmente. Mas, isto acabou não sendo aprovado e a única restrição que vão encontrar é a sua própria opinião pública interna. Existem ecologistas que ficam em alerta cobrando dos governos uma postura mais conseqüente, sobretudo na Europa. O Brasil está bem posicionado, mas, na primeira rodada, a demanda será muito pequena Emilio Lèbre La Rovere PCH Notícias: De que forma o Brasil vai, de fato, se inserir no mercado? La Rovere: O Brasil está bem posicionado, mas, nesta primeira rodada, a demanda será muito pequena. A boa notícia é que quando o protocolo de Kyoto for ratificado, haverá um aprofundamento e as metas se tornarão cada vez mais rigorosas, conseqüentemente, a demanda por certificados vai aumentar. Eu diria que assim como o aumento do efeito estufa envolve uma grande inércia e é um problema de longo prazo. Também a tradução disto em termos de mercado vai ter um início muito lento, mas, é um problema estrutural que veio para ficar e tende a crescer. Daí, a importância de sair à frente. As empresas que se prepararem em avanço levarão vantagem. PCH Notícias: As PCHs também terão chance neste mercado? La Rovere: As PCHs têm alguma chance, mas, não é o filet mignon. A quantidade de emissões carbono evitada por uma PCH é muito pequena. Claro que é uma hidroetrelicidade que poderá avançar futuramente no Brasil. A melhor condição de a PCH candidatar a certificados de emissão de carbono é em sistemas isolados e depende da região geo-elétrica que você está. Numa região onde a geração térmica é preponderante, aí a PCH vai ter uma situação melhor. Se ela for substituir uma geração a óleo diesel, ocorre uma relação custo por tonelada de carbono evitado muito melhor, por exemplo. Environment 7 The chances of Brazil in the carbon credits market Trad. Felipe Moreton Chohfi The Kyoto Protocol na international agreement about climate change, previews between the nations a reduction in the emission of atmospheric carbon as a way of reducing global warming in the atmosphere, but still did not enter in force. Emilio Lebre La Rovere teacher of the energy planning program- PPE of the Federal University of Rio de Janeiro UFRJ and coordinator of the Interdisciplinary Laboratory of Environment- LIMA conceded an interview to the magazine PCH Notticias and SHP News, where he makes clear how this new market will work and the chances of Brazil in this new investment. PCH Notícias & SHP News: Proinfa previews that in 10 years renewable energy sources will represent 10% of the installed capacity in Brazil. Do you believe the projects that involve renewable energy will be eligible for the carbon certificates considering that the law obliges this conduct? La Rovere: According to the Kyoto protocol there are reference scenarios. If it is understood that the Proinfa is already part of the baseline, it would not have the right for obtaining carbon certificates. However the fact that there exists a law does not mean this will actually happen in practice. It is what the anglosaxons call the With for Think. You fix a desirable objective. It is a law to facilitate incentives directed to achieving an objective or getting the nearest possible to it. But, the fact of approving this law will not mean that the government will go out fining companies that do not apply renewable sources of energy. So there already exists an understanding that to judge a reference scenario, a sectorial knowledge is necessary. PCH Notícias & SHP News: In practice, how will this market be processed? La Rovere: The companies will prepare their projects with the help of specialized technical accessories and will submit to an assessment of the guest country. In the brazilian case it is the interministerial comission of climate that will approve, ensuring that the project really reduces emissions and also contributes to sustainable development in Brazil. Logically that it is the actuall country that has to say this. This project already validated previously by an independent entity- the validation must be made by specialists and forwarded to an executive board. The executive board meets, approves and after exists an accounting. In this moment there will be no emission of certificates in paper, but there will be an eletronic accounting. After it will be judged to which country the certificate will benefit. The brazilian delegation placed in the Marraquechi regulamentation that who valiates needs to have sectorial and regional knowledge. It is necessary to have someone that knows about the context to be able to assess if that reference scenario os really valid or if there is being some kid of cheating. PCH Notícias & SHP News: Do you think the leaving of the United States dissapointed the process? La Rovere: The leaving of the United States affected this market. There are a few simulations that were made about the quantities of carbon certificates that would be necessary to meet the goals of the industrialized countries that indicate that with the leaving of the U.S.A the demand decreased a lot. Other concessions were Brazil is very well positioned, but, in the first round the demand will be very small Emilio Lèbre La Rovere made to the countries of anex I in Marraquechi, allowing for example the accounting of some carbon in agricultural activities and in soil use change activities, what also decreased the demand. Now how much can be translated in demand to the Clean Development Mechanism (MDL) is still a uncertain variable because we have to see what the anex B countries wil do within their own boundaries. The European union for example is pressurized by public opinion and by their actual ecological movements to buy from their own countries. Secondly it is also important to know how much they will buy from Russia. Given that Russia is not a very trusty country and hence could flood the market with certificates, the price of the tonne could go down a lot and it will be very easy for the industrialized countries to comply with their targets. Thirdly it is necessary to know how many countries will want ot invest in East Europe. Finally will come the Clean Development Mechanism and we will have all the developing countries fighting against each other. My vision is that the CDM projects will concentrate in these developing countries to which the greatest ammount of foreign investment already goes today, meaning the 12 developing countries that are the good students of the class. Including Mexico, Correa, China, India and Brazil. PCH Notícias & SHP News: So you believe that in the first round the European countries will not be searching for certificates in South America. La Rovere: The Kyoto protocol states that the flexibility mechanisms were created to complementarily and in a subsiduary way, aid in the efforts of the countries of Anex I in meeting their quotas. There was a big discussion in Marraquesh that tried to define these parameters of what comes to be complementarily and in a subsiduary way. But this ended up not being approved and the only restriction that will be found is their own public opinion. There are ecologists looking to charge the fovernment a more consequent posture, above all in Euriope. PCH Notícias & SHP News: In what form will Brazil in fact be inserted in the market? La Rovere: Brazil is very well positioned, however in this first round the demand will be very small. The good news is that when the Kyoto protocol becomes ratified there will be a deepening and each time more rigorous goals, consequntly the demand for certificates will rise. I would say that in the same way that the global warming problem involves a great inertia and is a long term problem. Also the translation of this into a market will have a very slow beginning, but is a structural problem that has come to stay and tends to grow. Therefore the importance to go out in front. The companies that get prepared in advance wil take advantage. PCH Notícias & SHP News: The SHPs will also have a chance in this market? La Rovere: The SHPs have a good chance but the are not the minced beaf. The quantity of greenhouse gas emissions avoided by a SHP is very small. Of course it is a form of hydro power that could advance a lot in Brazil. The best condition for a SHP to become a candidate for eligibility for a carbon market certificate is in isolated systems, depending of the geoelectric system that you are. In a region where the thermo generation is predominant, than the SHP will have a better situation. If it substitutes a diesel oil generation, there is a cost per tonne relation of the amount of atmosferic carbon avoided that is much better. 8 Economia A guerra das tarifas Borges de Souza jornalista colaborador Nove milhões e oitocentos mil consumidores da Cemig, CPFL, Cemat e Enersul, sofreram um aumento em suas contas de luz entre 18 e 29% desde 8 de abril último. O aumento não representou mais um reajuste anual com base na inflação - mas a primeira revisão quadrianual, das tarifas das empresas concessionárias de distribuição de energia elétrica, realizada desde o início do programa de privatização do setor. Ou melhor, o primeiro “reposicionamento tarifário” destas empresas como explica o engenheiro elétrico e professor da Unifei, José Wanderley Marangon Lima. O conceito é importante, ao reposicionamento - que na prática significa a consignação de um preço base de energia para cada concessionária - seguir-se-ão nos próximos quatro anos a dedução por produtividade do chamado “fator x”, e os reajustes anuais sobre o IGP-M. Assim, o consumidor da Cemig, por exemplo, que está pagando algo em torno de R$ 28,00 a mais por cada R$ 100,00 da sua conta de luz, deve levar em conta algo mais que o custo de vida antes de chingar o Lula. Mesmo porque nem ele, presidente, nem as distribuidoras ficaram satisfeitos com o aumento, como no caso da CPFL, que deverá arcar todo restante do ano com uma correção praticamente igual à inflação dos últimos doze meses. Afinal, o reposicionamento tarifário das distribuidoras é o primeiro arranjo de equilíbrio financeiro, do modelo energético proposto com a criação da Aneel, fora os dois antecedentes da Escelsa. E isto porque a empresa do Espírito Santo foi a primeira distribuidora privatizada dentro desta política, em 1995. Detalhe – as duas revisões da Escelsa foram trienais e determinaram descontos posteriores de produtividade, sobre os reajustes com base na inflação medida pelo IGP-M, nos anos posteriores a 1998 e 2001. Curtos circuitos Com data marcada para o ano inicial de um novo governo, saído da oposição, e num mundo a beira de um conflito mundial de componentes energéticos, seria esperar demais que o reposicionamento tarifário das distribuidoras não provocasse a tempestade que vem provocando, ainda que seja em copo d´água. Afinal, o país está hoje longe do risco de um apagão como em 2001. Pelo contrário, o que existe são senhoras “sobras” de energia que alcançam nada menos do que o equivalente a vinte usinas de Três Marias, ou quase 6 mil megawatts, como atestou à PCH Notícias o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (ABRAGEE), Flávio Neiva. O panorama in- (Fonte: Boletim Energia da Annel de fevereiro) terno foi entretanto ensombrecido por desastres administrativo-financeiros de algumas empresas, como a Eletropaulo, engolidas por uma dívida financeira que alcança R$ 15 bilhões em todo setor elétrico. Assim, o reposicionamento tarifário vem acontecendo de forma contestada por todas partes envolvidas. No papel, ele deveria estar se processando de comum acordo entre agente regulador (Aneel), distribuidoras e consumidores - via audiências públicas. Mas isto não acontece. A revisão na faixa dos 28% autorizada O professor Marangon afirma que as tarifas elétricas estão sendo reposicionadas The teacher Marangon affirms that the electric tariffs are being repositioned para a Cemig, por exemplo: não alcançou o mínimo consenso desde o início das discussões em fevereiro. E o mesmo vem acontecendo, de forma ainda mais atribulada com a CPFL, a quem foi reservado um índice próximo a 19% em princípio. Nos dois casos, a grita é das distribuidoras por aumentos maiores; enquanto um dos mais notórios consumidores a se manifestar contra foi o presidente Lula, quando afirmou no final de fevereiro que só tomou conhecimento da revisão tarifária de energia elétrica pelos jornais. Ou seja, o quadro está muito distante até agora da “obtenção de uma tarifa justa para consumidores e investidores”, que incentive, “o cumprimento de metas de eficiência e de qualidade de serviços”, como pretende oficialmente a Aneel. Desafios ou distorções A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, foi clara ao declarar já no seu discurso de posse, em fevereiro, que um dos principais desafios de seu ministério seria “conter o crescente aumento das tarifas de energia e dos preços dos combustíveis”. Pouco depois, assessores da presidência encarregaram-se de espalhar nos jornais a versão de que a ministra fora encarregada de evitar reajustes de energia elétrica superiores a 40%, o que teria determinado a fixação de um teto de 28 a 30% no reposicionamento tarifário de abril. O que passasse, complementaram, seria empurrado para os quatro anos seguintes. Quase um mês depois, o discurso foi aparentemente colocado em prática com o anúncio dos índices de 27,49%; 18,77%, 24,99% e 28,55% propostos pela Aneel para o reposicionamento do primeiro grupo de distribuidoras composto pela Cemig; CPFL; Cemat e Enersul, respectivamente. O superintendente de regulação econômica da Aneel, César Antônio Gonçalves, afirmou inclusive, na ocasião, que “o regulador (Aneel) não é indiferente à questão de que há um novo governo com respaldo de 61% dos eleitores.” Tal discurso e prática estão em desacordo, porém, com a filosofia do reposicionamento, em que o item inflacionário deveria ser apenas uma referência, segundo comentou à PCH Notícias o ex-coordenador do Comitê de tarifas do Conselho Nacional de Política Energética do MME, José Wanderley Marangon Lima. Não bastasse isto, as distribuidoras vêm contestanto na Justiça Federal, desde o ano passado, a utilização pela Aneel da avaliação dos ativos das distribuidoras ao invés do preço de compra das empresas, no cálculo Economics 9 The war of tariffs Trad. Felipe Moreton Chohfi Nine million and eight hundred thousand consumers of Cemig, CPFL, Cemat and Enersul, suffered a rise in the light bills between 18 and 29% since 8 of April last. The rise did not represent one more annual readjustment- with base in inflation, but yes the first quadriannual revision of the tariffs of the dealership companies of electricity distribution, undertaken from the start of the program of privatization of the sector. Or better the first tariffs repositioning of these companies- what explains as having a specific index for each one of them, as clarified by the electrical engineer and teacher at the Federal University of Itajubá, José Wanderlei Marangon lima. Like this the consumer of Cemig for example that is paying something around R$28 more for every R$100 of the light bill, must take in account something more than the cost of living before swearing at Lula. Even because not even him, the president, nor the distributors became happy with the rise, like in the case of CPFL, that should have all the remaining year a correction practically equal to the inflation of the last months. After all the tariffs repositioning of the distributors is the first arrangement of financial equilibrium of the energetic model proposed with the creation of Aneel National Agency of Electric Energy, taking out the two ancestors of Escelsa. This because O presidente da Abragee, Flávio Neiva, the company contesta dados das distribuidoras The presidento of Abragee, Flavio Neiva from Espirito questions data of the distributors Santo state was the first privatizes distributor inside this politics, in 1995. Detail- the two revisions of Escelsa were triannual and determined subsequent discounts of productivity, over the readjustments with base in inflation measured by the IGP-M in the subsequent years of 1998 to 2001. discounts of subsequent Short circuits The present date is marked by the initial year of a new government having left from the opposition government and in a world near to a worldwide conflict of energy components, it would be expecting too much if the tariffs repositioning of the disributors did not cause the storm that it has been causing. After all the country is today far from the risk of a blackout such as in 2001. On the contrary what we have is a great surplus of energy that is equivalent to nearly 6 thousand MW, as explained to SHP News by the president of the Brazilian Association of Energy Generating Companies ( ABRAGEE ), Flávio Neiva. (Source: Boletim Energia da Annel de fevereiro) The internal panorama was darkenned by administrative-financial disasters such as Eletropaulo, swallowed by a financial debt of R$15 billion in the whole electric sector. Like this, the tarriff repositioing has been happeing in a contested way by all the involved parties. In the paper it should be processing itself in a common agreement between the mediator agent and the authorizor ( Aneel ), distributors and consumers, through public audiences. But this does not happen, the revision in the order of 28% authorized by Cemig for example, did not reach the minimum consensus since the beginning of the discussions in February. The same is happening in an even more attributed way with CPFL, to which an index near to 19% was reserved to start with. In the two cases the shout is of the distributors for higher rises, while one of the more notorious consumers to manifest against this was the president Lula, when he affirmed in the end of February that he only took notice of the tariffs revision of electric energy by the papers. Hence the picture is very distant up to now from obtaining a fair tarriff for consumers and investors that gives incentives to the undertaking of the aims of efficiency and quality of services, that is what Aneel intends to do officially. readjustments of electric energy superior to 40% what would have determined the fixing of a ceiling of 28% to 30% in the April repositioning of the tarriff. Nearly a month later the speech was apparently put into practive with the spreading of the index of 27.49%; 18.77%, 24.99% e 28.55% proposed by Aneel for the repositioning of the first group of distributors composed by Cemig; CPFL; Cemat and Enersul respectively. The superintant of the economic regulation of Aneel César Antônio Gonçalves affirmed in the occasion that the regulator ( Aneel ) is not indifferent in the question that there is a new government with 61% of the voters. Such a speech and practice are in disagreement, however with the filosofy of repositioning, in which the inflationary item should only be a reference as mentioned to PCH Noticias the ex coordenator of tariffs of the National Council of Energy Policy of MME, José Vanderley Marangon Lima. As if this was not enough the distributors have been questionning in the Federal Justice since last Challenges or distortions The minister of Mines and Energy, Dilma Rousseff, was clear while declaring during her speech into power on February that one of the main challenges during her power would be to maintain the growing rise of the tariffs of energy and of the prices of the fuels. Shortly after acessors of the presidency became in charge of spreading in the news papers the version that the minister was in charge of avoiding O secretário executivo do MME, Maurício Tolmasquim é contra o repasse do ágio da compra das distribuidoras às tarifas The executive secretary of the Ministry of Ministry of Mines and Energy, Mauricio Tolmasquimis against the repassing of the premium of purchase of the distributors to the tariffs Economia 10 da base da remuneração via tarifas. Como explicou à PCH Notícias um técnico ligado às distribuidoras, a utilização do preço de compra implicaria na contemplação da necessidade de investimentos, jogando inevitavelmente muito acima os índices até agora propostos. E não é só, a utilização do preço de compra implica no repasse do ágio pago nos leilões às tarifas, como advertiu o secretário executivo do MME, Maurício Tolmasquim, em entrevista publicada no número anterior da PCH Notícias. Segundo Tolmasquim: “durante algum tempo ganhava a licitação quem oferecesse o maior valor e aí entrava a questão do ágio, que vai ser recuperado através de tarifas, ou seja vai ser repassado ao consumidor”. Entretanto, as contestações das distribuidoras não param aí. Elas abrangem também os “referenciais modelos” utlizados pela Aneel para estimar as necessidades tarifárias das distribuidoras, e o não reconhecimento do custo cambial da energia gerada. O “referencial modelo” ou “empresa referência” não está sendo bem aceito pelas distribuidoras porque seu conceito permanece discutido, assim como o da base de remuneração das tarifas. Segundo co- mentou um especialista da área à PCH Notícias, o “referencial modelo” deveria ser geral e não específico para cada distribuidora, conforme vem adotando a Aneel. Já a correção de perdas cambiais na compra de energia é menos reconhecida. Isto porque elas só acontecem com a energia elétrica dolarizada (por força de contrato), da Itaipu Binacional. E esta responde por no máximo 30% da geração do país, conforme o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica – ABRAGEE – Flávio Neiva. Vítma certa Na ponta da turbina, Flávio Neiva diz ainda que as revisões exigidas pelas distribuidoras não encontram justificativa nos custos de compra de energia elétrica. E acrescenta, “as distribuidoras de energia elétrica detém muito mais do que apenas os 27% da arrecadação das tarifas alegados por elas”. Então por que uma revisão, ou reposicionamento, acima da média dos reajustes pela inflação já realizados nos últimos quatro anos? Especialistas do setor dão uma explicação simples – a queda de 20% no consumo de energia elétrica, determinada pelo racionamento de 2001, representou uma perda equivalente de receita ainda permanente para as distribuidoras. E elas não teriam outro caminho senão recuperá-la via tarifas. Só que esta explicação estoura no interruptor do consumidor, incluindo o do presidente Lula, além de nada ter a ver com um modelo tarifário. Afinal ela significa que nós consumidores teríamos que engolir uma taxa média de 20%, além da inflação, por ter atendido ao chamado cívico do racionamento. Os reajustes vem sendo escalonados para evitar evitar tal choque, mas eles não deixarão a faixa dos 20 a 30%, mesmo sem atender todos os reclamos das distribuidoras. Não existe índice satisfatório, de qualquer modo, como verificou a área econômica da Casa Civil da Presidência no começo de março. Reunida no Palácio do Planalto, os ministros tinham à mesa os seguintes dados: aumento do IPCA 1999/2002: 100,68%; preços administrados – 228,26%; eletricidade – 262,12% (fonte IBGE). O lado das distribuidoras : Cat - Leo quer repasse de custos não gerenciáveis A Companhia Força e Luz de Cataguazes-Leopoldina - CFLCL - é uma das empresas concessionárias distribuidoras que passará pela revisão tarifária quadrianual, mas apenas no ano que vem. Além de distribuidora a empresa é também geradora, o que a destaca, portanto, como companhia que pode dar informações gerais sobre como vem se comportando o atual sistema de energia elétrica, implantado pelos governos Fernando Henrique Cardoso e as mudanças com o novo governo Lula. A PCH Notícias procurou, assim, passar algumas questões sobre à realidade atual energética, especialmente a dos reajustes e revisões tarifárias, ao persidente da empresa, Manoel Otoni Neiva. Ele nos encaminhou as seguintes respostas. PCH Notícias & SHP News- De qual percentual foi o último reajuste tarifário da Cataguazes-Leopoldina para consumidores industriais, comerciais e residenciais – se é que ele foi diferenciado? CFLCL- O último reajuste de tarifas da CFLCL foi em 18 de Junho de 2002, e a Aneel naquele momento, concedeu um aumento de 16,19%. Este reajuste foi aplicado indiferentemente em todas as classes de consumo da CFLCL. PCH Notícias & SHP News- Quantos consumidores de cada tipo o reajuste atingiu? CFLCL - O reajuste atingiu 286 mil consumidores como um todo, sendo 217 mil residenciais, 3 mil industriais, 26 mil comerciais, 36 mil rurais e 4 mil integrantes das demais classes. PCH Notícias & SHP News - Qual foi a base de preço deste reajuste e até que ponto ele foi atendido pela Aneel? CFLCL - O reajuste de tarifas acontece anualmente, e o da CFLCL tem como data o dia 18 de Junho de cada ano. Portanto, a fórmula de cálculo feita segue ao estabelecido na Resolução Aneel 270 de 1998. Esse repasse de custos se dá devido ao fato da Aneel anualmente atualizar os seus encargos e também pela inflação gerada no período. O mesmo atualiza os encargos pelos valores descritos nas Resoluções, e os custos gerenciáveis pelo IGP-M. Portanto, no último reajuste, a forma de cálculo foi considerada no seu conceito básico. PCH Notícias & SHP NewsQual dos setores geração ou distribuição da Cataguazes-Leopoldina está mais equilibrado financeiramnente e Manoel Otoni Neiva, por que? presidente da Cate-Leo CFLCL - Em termos setoriais, tanto Manoel Otoni Neiva, a geração quanto o segmento de distri- president of Cate-Leo buição encontram-se seriamente afetados hoje no Brasil em função do baixo consumo de eletricidade, consequência direta do comportamento pós racionamento dos consumidores. Em termos específicos, como a geração de nosso grupo apresenta-se contratada, o maior desequilíbrio situa-se no segmento de distribuição, agravado por problemas de natureza regulatória. PCH Notícias & SHP News- O que a empresa reinvindica em termos de política energética do governo? CFLCL - Em termos bem gerais, o que a empresa reivindica é uma postura regulatória menos injusta e assimétrica relativamente ao investidor em distribuição de energia elétrica no Brasil: há tempos o segmento vem se fragilizando financeira e economicamente, em consequência do não repasse de custos não gerenciáveis às tarifas (essencialmente, compras de energia e impostos). Reivindicase, também, no que tange ao processo de Revisão Tarifária em curso, ao qual a nossa empresa se submeterá no ano próximo, uma regulação sobre os custos gerenciáveis que venha a premiar as empresas mais eficientes, através da fixação de metas de produtividade e qualidade realistas. Caso o segmento de distribuição no Brasil continue fragilizado devido a problemas regulatórios, será difícil a sustentabilidade de um modelo de expansão da oferta em nosso país, pois a distribuição é a compradora em última instância de energia no Brasil e a “financiabilidade” dos novos projetos de geração depende diretamente da possibilidade das empresas de distribuição honrarem seus compromissos. Economics year the use by Aneel of the assessemet of the actives of the distributors instead of the price of purchase of the companies in the calculating of the base of remuneration through tariffs. As explained to PCH Noticias by a technical linked to the distributors, the use of the price of purchase would imply in the contemplation of the need for investments, placing it inevitably up the indexes proposed up to now. That is not all, the use of the price of purchase implies in the repassing of the premium payed in the auction to the tariffs, like adverted the executive secretary of the Ministry of mines and Energy, Mauricio Tolmasquim in an interview published in the previous number of the SHP News magazine. Following Tolmasquim for some time the licitation would be won by that one who could offer more value and that is where the question of the agile came in, that will be recovered through tariffs, or being will be re-passed to the consumer. Meanwhile the questions of the distributors do not stop there. They cover as well the reference models used by Aneel to estimate the tariff needs of the distributors, and the non recognition of the exchange cost of the energy generated. The reference model or reference company is not being well accepted by the distributors because its performance concept discussed, including that of the funds base of the tariffs. As mentioned by a specialist of the area to PCH Noticias the reference model should be general and not specific for each distributor, as Aneel has been adopting. In the case of the correction of exchange losses in the purchase of energy is already less recognized. This is because they only happen with the electric energy that is in dollar ( by force of contract ) of Itaipu binational. Corresponding to in the maximum 30% of the countries energy generation, following the president of the Brazilian Association of the Electricity Generating Companies ( ABRADEE )- Flavio Neiva. Sure victim In the other end of the turbine, Flávio Neiva also said that the demanded revisions by the distributors do not find a justification in the costs of purchase of electric energy. He adds that the distributors of electricity hold a lot more than only 27% of the earnings from the tariffs as they say. So why a revision or repositioning above average of the readjustments by inflation already undertaken in the last four years? Specialists of the sector give a simple explanation saying that the fall of 20% in the demand of electric energy, determined by the rationing of 2001, represented a loss equivalent to the receipt still permanent for the distributors. These would not have another solution if not recovering it by tariffs. But, the result is that this explanation explodes in the interuptor of the consumer, 11 including that of the president Lula, although he has nothing to do with the tariff model. After all it means that us consumers will have to swallow an average rate of over 20%, not counting the remuneration of the actives of the concessionaries, for having attended the civic calling of the rationing. What is for sure is that is that the shock to the consumers will be less understood by the consumers than by the president Lula and his economic team, even if limited to readjustments in the range of 30%, meaning without attending all the complaints of the distributors. Or what can be expected from facts like this: the economic area of the Civil House of the Presidency go together in the beginning of March in the Planalto Palace, having available the following data: rise in the IPCA 1999/2002: 100,68%; prices administered- 228,26%; electricity- 262,12% ( Source IBGE ). The side of the distributors: Cat-Leo wants repassing of the non manageable costs The Power and Light Company of Cataguazes-Leopoldina- CFLCL- is one of the distributors that will pass through the tariff quadriannual revision, but only next year. In addition to being a distributor the company is also a generator, what makes it special as a company that can give general information about how the present system of electricity implanted by the previous government has been behaving and changes with the new Lula government. Hence SHP News tried to pass a few questions about the current energetic reality, especially that of the readjustments and tariffs revisions to the president of the company Manoel Otoni Neiva. He forwarded to us the following answers. PCH Notícias & SHP News- What was the percentage of the last tariffs readjustment of Cataguazes-Leopoldina for industrial, commercial and residential consumers, if it is that it was changed? CFLCL- The last readjustment of tariffs of CFLCL was at 18 of June of 2002, and Aneel at that moment conceded a rise of 16.19%. This readjustment was applied indifferently in all the classes of demand of CFLCL. PCH Notícias & SHP News- How many consumers of each type did the readjustment reach? CFLCL- The readjustment reached 286 thousand consumers in total, from which 217 thousand were residential, 3 thousand were industrial, 26 thousand commercial, 36 thousand rural and 4 thousand integrants of the other classes. PCH Notícias & SHP News- What was the base of price of this readjustment and to what point was it attended by Aneel? CFLCL- The tariffs readjustment happens annually and that of CataguazesLaopoldina has the fixed date 18th of June of every year. Therefore the formula of the calculation made follows the one established in Resolution Aneel 270 of 1998. This change of costs happens given that Aneel annually modernizes their encargos and also due to the inflation caused in the period. The same modernizes the encargos by the values described in the resolutions, and the costs managed by IGPM. Therefore in the last readjustment the form of calculation was considered in its basic concept. PCH Notícias & SHP News- Which of the two sectors generation or distribution of Cataguazes-Laopoldina is more balanced financially and why? CFLCL- In sector terms not only the generation but also the distribution segment find themselves seriously affected today in Brazil due to the low demand of electricity, a direct consequence of the after blackout behavior of the consumers. In specific terms such as the generation of our group it presents itself contracted, the greater disequilibrium is situated in the distribution segment, worsened by problems of regulatory nature. PCH Notícias & SHP News- What does the company point out about the energy policy of the government? CFLCL- In very general terms what the company points out is a regulatory posture that is less unfair and relatively assimetric to the investor in distribution of electricity in Brazil: for a long time the segment has beem becoming more fragile financially and economically in consequence of the no repassing of costs not managed to the tariffs ( essentially energy purchases and tax ). The process of the tariff revision also needs to be pointed out and is an area to which our company will dedicate itself in the forthcoming year towards a regulation about the management costs that may prize the more efficient companies, through the fixing of goals of productivity and realistic quality. In case the distribution segment in Brazil continues fragile due to regulatory problems, it will be hard the sustainability of amodel of expansion of supply in our country, given the distribution is the buyer of energy in last cause in Brazil and the financeability of the new projects of generation depend directly of the possibility of the distributing companies honoring their commitments. Incentivo 12 Ainda não é pra valer! Mesmo regulamentado, PROINFA gera inseguranças nos produtores Fabiana Gama Viana Foram oito meses de espera. Entretanto, a regulamentação do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (PROINFA) não foi recebida com festa pelos produtores dessas fontes. Mesmo com a decisão de destinar os recursos da Conta de Desenvolvimento Energético somente ao PROINFA, depois de muita discussão entre o antigo governo e o atual, através da votação da Medida Provisória nº 64, ainda assim, os empreendedores não encontram motivos para acreditar que as fontes alternativas, dessa vez, entrarão no mercado da mesma forma que os outros tipos de geração de energia. Com o texto original da MP64, os recursos da CDE poderiam ser utilizados para o atendimento de classificação de baixa renda. O Programa O PROINFA foi criado em 26 de Abril de 2002 para incentivar a geração de fontes alternativas de energia por meio da contratação de 3,3 mil MW pela Eletrobrás. O programa foi regulamentado apenas em 24 de Dezembro de 2002, através do Decreto nº 4541. De acordo com o Decreto, a Eletrobrás terá até o dia 29 de Abril de 2004 para realizar os contratos de compra e venda de energia com os produtores independentes autônomos com empreendimentos previstos para entrar em operação até o final de Dezembro de 2006. Para que o contrato seja celebrado, a estatal realizará processo de chamada pública, atendendo a programação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), seguindo as necessidades do mercado energético no país. Sobre os preços da energia que será gerada, o fator que impede as fontes alternativas de serem competitivas, o Decreto coloca que os valores para cada fonte (eólica, solar e PCH) serão definidos pelo Ministério das Minas e Energia. Estes serão divulgados através de portaria com 30 dias antes da chamada pública. Dúvidas O que vem causando mais dúvidas nos produtores é a falta de garantias de compra de energia alternativa pela Eletrobrás. Segundo o Decreto, a estatal paga a energia apenas quando houver recursos disponíveis no fundo criado para o programa, ou seja, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Esse item prejudica os investidores na hora de buscar financiamentos junto aos bancos, inclusive o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A CDE A CDE, instituída pela Lei 10.438/02, será utilizada para cobrir a diferença entre o Valor Econômico (VE) estabelecido e o valor real relacionado a cada fonte alternativa, fazendo-as com que se tornem competitivas no mercado energético. No caso das PCHs e dos projetos de Biomassa, esse valor econômico é R$111 o MWh, enquanto que, na eólica, é R$170 o MWh. Inadimplência No dia 10 de Fevereiro, venceu a primeira parcela da CDE. Quase nenhuma empresa fez o depósito. Segundo a ANEEL, a inadimplência atingiu 90%. As cotas mensais que devem ser pagas pelas distribuidoras foram fixadas pela ANEEL (Resolução 42/03) e variam em função da fatia de mercado de cada concessionária. A CEMIG ficou com a maior cota, R$13,4 milhões por mês. Depois vêm Eletropaulo (R$12,9 milhões), Light (R$9,1 milhões), CPFL (R$6,8 milhões) e Copel Distribuidora (R$6 milhões). De acordo com as distribuidoras, há uma resistência quanto ao pagamento da CDE, pois, na definição das cotas, não há fontes de subsídios definidas para custear o pagamento que, somado, será de R$1,075 bilhão neste ano. Já, segundo os pequenos produtores, não há motivos para o nãopagamento da conta, pois a CDE estaria substituindo a Conta de Consumo de Combustível (CCC). Segundo definição da ANEEL (Resolução 42/03), as inadimplências devem ser multadas em 2% mais juros de mora de 1% ao mês, proporcional ao atraso, sobre o valor devido. Is still not for real! Even regulamented, PROINFA raises uncertainties on the producers Felipe Moreton Chohfi It was 8 months of delay. However, the regulamentation of the Program of Incentive to Alternative Energy Sources ( PROINFA ) was not well received by the producers of alternative sources. Even with the decision of allocating the resources of the account of Energy Development only to PROINFA, after a lot of discussion between the previous and present government through the voting of temporary meazures number 64, enterpreneurs still did not find enough reazons to believe that the alternative sources can enter the market in the same way as the other energy generating sources. With the original text of MP64, the resources of CDE could be used for attending the classification of low income. The program The PROINFA was created on April 26th 2002 to provide an incentive to the generation of energy through alternative energy sources by means of the contracting of 3,3 thousand MW by Eletrobrás. The program was regulamented only on december 24th of 2002, through the paper number 4541. According to the paper, Eletrobrás will be given util the 29th of April of 2004 to undertake the buying and selling of energy contracts with the independent autonomous producers with projects previewed to enter into operation until the end of December 2006. For the contract to be celebrated the state owned company will undertake a public call process, attending the programming of the National Council of Energy policy ( CNPE ), following the needs of Brazil’s energy market. About the prices of the energy that will be generated, the factor that prevents alternative energy from being competitive, the paper places that the values for each source ( wind, solar and SHP ) will be defined by the Ministry of Mines and Energy. These will be announced with 30 days before te public call. Doubts What has been causing more doubts to the producers is the lack of guarantee in the purchase of alternative energy by Eletrobrás. Following the paper the state owned company pays for the energy only when there are available resources in the savings created for this program the Account for Energy Development ( CDE ). This item affects the investors when trying to find financing together with the banks, including the National Bank for Economic and Social development ( BNDES ). The CDE The CDE constituted by the law 10.438/02, will be used to cover the difference between the economic value ( VE ) established and the real value related to each alternative source, making them become competitive in the energy market. In the case of the SHPs and the biomass projects this economic value is R$111 for the MWh, while for wind energy it is R$170 for the MWh. Bad debts During the 10th of February the first parcel of the CDE expired. Hardly any company made the deposit. Following Aneel the bad debt reached 90%. The monthly quotas that must be payed by the distributors were fixed by ANEEL ( in Resolution 42/03 ) and varry as a function of the slice of market of each concessionary. CEMIG stayed with the largest quota of R$13.4 million per month. After comes Eletropaulo ( R$12.9 million ), Light ( R$9.1 million ), CPFL ( R$6.8 million ) and Copel Distributor ( R$6 million ). According to the distributors, there is a resistance regarding the payment of the CDE given that in the definition of the quotas there is no defined source of subsidies to account for the payment that all together will be R$1.075 billion this year. The small producers say there is no reason for not paying the bill as CDE would be substituting the fuel account ( CCC ). PCH Notícias & SPH News Seção de Artigos Técnicos Article Tecnical Seccion Articles Presentation Os interessados em enviar artigos a serem publicados nesta revista devem encaminhá-los através do e-mail [email protected]. O material deverá ser aprovado pelo Comitê Editorial e estar dentro das seguintes normas de publicação: os artigos deverão possuir no máximo seis páginas (incluindo tabelas e figuras) em Word; em letra Times New Roman; corpo 11; espaçamento simples; margens inferior 2,5 cm, superior 2,5 cm, esquerda 3 cm e direita 3 cm e tamanho do papel A4 (210X297 mm) . A presença de figuras e tabelas é opcional. No entanto, é indispensável que o artigo contenha as referências bibliográficas. O material deve ser enviado na língua original. Caso seja o português, deverá ser encaminhado também uma versão em inglês. If you are interested in having your article published by this magazine, you must sent it to [email protected]. The article must be approved by the editorial committe and must fulfill the norms of the magazine: the article must not surpass six pages; front: times new roman 12; margin inferior 2.5 cm, superior 2.5, left 3 cm and right 3 cm; paper size A4 (210X297 mm) and simple space. Tables and figures are optional. The article must have bibliography and must be sent in the author’s native language and in English, as well. Apresentação de Artigos O FATOR DE CARGA NO CUSTO DO KWH EM MICROS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS ISOLADAS Gilnei Carvalho Ocácia, Roberlaine Ribeiro Jorge, Anildo Bristoti, Antenor Balbinot Departamentos: 1Ciências Agrárias e 2Matemática – Universidade Luterana do Brasil ABSTRACT RESUMO Sistemas isolados de suprimento de energia atendendo a um consumidor ou a um grupo de um mesmo padrão, requerem uma distribuição da carga considerando restrição de horário para determinadas utilizações, minimizando picos de demanda, diminuindo o valor do investimento e do kWh. Neste trabalho são considerados três casos: a) uma MCH, 50 KVA, queda de 10m e vazão de 900 L.s-1, suprindo energia para onze residências e para irrigação de melão e funcionamento de uma agro-indústria de moagem e produção de embutidos; b) uma PicoCH, 5 kVA; para alimentar quatro residências e pontos de iluminação; e, c) uma PicoCH, 2 kVA, 12m e 30 L.s-1, para suprir energia residencial e para refrigeração de leite. No primeiro caso, há disponibilidade mensal de 36 MWh, contra um consumo residencial médio de 2,5 MWh perfazendo um fator de carga de 6,94%. A agro-indústria viabilizará o investimento. O suprimento obedece a critérios de prioridades: a agro-indústria, funcionará somente durante o dia, exceto nos horários de irrigação e, o aquecimento de água, somente nos períodos de pequena demanda. A utilização de “freezers” requer seu acionamento na noite anterior a sua execução, para formação de banco de gelo. No segundo caso, há uma disponibilidade de 540 kWh por residência devido ao elevado fator de carga. No terceiro, o fator de carga fica entre 25 e 33%. E uma pequena barragem de acumulação permite a geração por 6 a 8 horas diárias. O sistema atende o período de ordenha e a energia excedente é acumulada em baterias. Isolated systems of energy supply assisting a consumer or a group of a same pattern, request a distribution of the load considering schedule restriction for certain uses, reducing the cost of the investment and of the price for kWh. In this work tree cases are analyzed: a) a Small Hydro Power, of 50 KVA, fall of 10m and flow of 900 L.s-1, supplying energy for eleven houses and for irrigation of melon farmings and operation of a grinding agriculture-industry and production of sausages. b) a Pico Hydro Power, of 5 kVA to energy supply for four residences and illumination points; and,; e, c)a Pico Hydro Power, of 2 kVA, 12 m and 30 L.s-1, to supply residential energy and for cooling of milk. In the first case, while the monthly energy available would be 36 MWh, only 2,5 MWh is used for residential supply. Therefore the load factor is. The entrance in operation of the agriculture-industry is what will make viable the investment. The supply obeys criteria of priorities. The agricultureindustry should only work during the day, except in the period for irrigation. Heating of water is accomplished in the periods of small demand of the other loads. The freezers should requests start working in the previous night before its use, in order to form a bank of ice. In the second case, there is a readiness of 540 kWh for residence due to the high load factor. On installation (c) the construction of a small accumulation dam allows the electric power generation for a period from 6 to 8 hours daily The load factor is between 25 and 33%. The system is turned on during the period of milk cooling and the spare energy goes to a bank of batteries. Artigo Técnico 14 INTRODUÇÃO PATTERSON (2000) defende a tese de que a eletricidade não é uma “commodity” (mercadoria). O motivo desta afirmação está no fato de que dos seis bilhões de habitantes existentes na Terra, cerca de dois bilhões não tem acesso à eletricidade. Estes só poderão ingressar na modernidade ( partindo do pressuposto de que a eletricidade é fundamental para este “desideratum”), produzindo eletricidade a partir de fontes primárias locais ou seja de forma descentralizada. As fontes primárias locais mais apropriadas são: hídrica, eólica e solar direta. Por outro lado, na era da globalizaçào é inadmissível que cerca de um terço da humanidade não disponha de eletricidade. Esta assertiva não se baseia somente em sentimentos humanitários de solidariedade mas tambem tem motivos econômicos, pois o acesso à eletricidade traz consigo a necessidade da aquisição de eletrodomésticos, por exemplo. Situação que interessa muito aos fabricantes destes equipamentos. Considerando as três fontes primárias de origem solar que podem suprir eletricidade para residências e comunidades distantes das redes públicas (BALBINOT, 2002),a energia fotovoltáica é sem sombra de dúvida a mais disponível ( o sol nasce para todos diz o adágio popular). No entanto, atualmente, a eletricidade fotovoltáica ainda é bastante cara. Quanto à energia eólica, a questão econômica é mais favorável do que a solar direta. Porém, além de apresentar uma disponibilidade muito mais restrita, também não é competitiva com os aproveitamentos hidráulicos. Assim sendo, sempre que houver disponibilidade, a energia de origem hídrica tem prioridade sobre as outras duas. Esta situação deu origem a um movimento mundial para difundir aproveitamentos hidrelétricos de baixíssima potência (KAREKEZI, 1995), denominados de Pico Centrais Hidrelétricas (PiCHs ). A faixa das PiCHs vai até 5 kW. Para cada região onde é pretendida a implantação de unidades de geração, constituem uma necessidade a avaliação dos aspectos técnicos e econômicos relativos à construção de PiCHs, levando-se em conta fatores tais como disponibilidade de materiais locais para a construção de pequenas barragens, tipo de formação geológica dos leitos dos arroios e rios, topografia, métodos expeditos de avaliação de vazão, etc. Porém, como em todo e qualquer sistema energético, o fator de carga da instalação é fator decisivo no custo final da energia utilizada. FATOR DE CARGA Tradicionalmente, o custo do kW instalado é utilizado como referência dos investimentos em geração hídrelétrica, servindo de parâmetro de comparação entre diferentes aproveitamentos, usualmente, na forma empregada para as usinas do sistema interligado que utilizam um referencial de fator de carga de 50%. Desse modo, a potência média utilizada apresenta um custo duas vezes maior do que o custo de instalação. Nesses sistemas, a carga total instalada é muito superior a demanda real a cada instante, porém, como apresentam os mais diversos fatores de carga e são independentes somente os consumidores em tarifa horosazaonal são submetidos a condicionantes tarifários – sua distribuição estocástica ao longo do dia faz com que a demanda efetiva seja muito inferior ao somatório de todas as cargas supridas pelo sistema interligado. Na verdade, não são totalmente independentes pois existem alguns condicionantes externos como por exem- Figrura 1. Vista da barragem, aparecendo a comporta para limpeza de fundo e o vertedouro. MCH de 50 kVA plo, a necessidade de iluminação pública, as atividades pessoais relacionadas com início e final da jornada de trabalho, etc. Mas são tão diversas, que com a ajuda da política tarifária aplicada aos consumidores com contrato horosazaonal, perfazem um fator de carga de 50%. Porém, para sistemas isolados, os padrões estatísticos utilizados para situações com grande número de eventos, como no sistema interligado, não são válidos. Quando o suprimento energético é realizado a um consumidor isolado, ou a um grupo de consumidores de um mesmo padrão, a situação deve ser analisada caso a caso. Estas unidades, sem exceção, requerem uma distribuição da carga, considerando restrição de horário para determinadas utilizações, de modo a eliminar picos de demanda, aplainando esta curva, e, em consequência, requerendo uma menor potência instalada, com um melhor fator de carga. Fatores de carga entre 25 e 20%, elevam o custo do kW médio utilizado, em relação ao custo do kW instalado, de 4 a 5 vezes, tornando o custo de geração entre 2 a 2,5 maior do que o custo de geração das unidades interligadas. Entretanto, convêm destacar que nos sistemas isolados a geração é realizado junto ao consumo, não incidindo custos do sistema interligado, como, por exemplo, os de transmissão. CASOS Neste trabalho são analisados três casos, todos em municípios situados no Rio Grande do Sul: a) o primeiro, no município de Jóia, onde foi implantada uma micro-usina hidrelétrica, de 50 KVA, queda de 10m e vazão de 900 L.s-1, para suprir energia para onze residências rurais, onde vivem 52 pessoas, para irrigação de lavouras de melão e funcionamento de uma agro-indústria de moagem e produção de embutidos. b) O segundo, no município de São Francisco de Paula, de 5kVA, queda de 75m e vazão de 12 L.s-1, para suprir energia elétrica para quatro residências e para iluminação de uma área de “camping”. O terceiro, também no município de São Francisco de Paula, onde foi implantada uma pico-central hidrelétrica, de 2 kVA, queda de 12 m e vazão de 30 L.s-1, para suprir energia residencial e para refrigeração de leite. Caso 1 Neste caso, o curso de água oferece uma vazão firme superior a vazão turbinada. Assim, não há necessidade de lago para armazenamento de água, no entanto, a declividade do terreno é pequena, de modo que a altura da barragem (figura 1), de 4 m, é decisiva para formar a queda de 10m. A disponibilidade mensal de energia elétrica, Artigo Técnico é de 36 MWh, contra um consumo residencial médio estimado, de 2,5 MWh, para suprimento de 11 casas, perfazendo um total de 52 pessoas. A usina atendendo somente ao consumo residencial, apresenta fator de carga de 6,94%. Isto eleva o custo em torno de 7 vezes em relação a forma com que usualmente é calculado o custo para as unidades do sistema interligado quando é considerado um fator de carga de 50%. A entrada em operação de uma agro-indústria de moagem de grãos e de produção de embutidos de origem suina é que viabilizará o investimento. Para atendimento de todas as cargas, com a manutenção de um fator de carga satisfatório, no projeto foi determinado que o suprimento da demanda obedeça a critérios de prioridades. A agro-indústria, que está em implantação, deverá funcionar somente durante o dia, exceto nos horários previstos para irrigação de lavouras de melão. No consumo residencial, o aquecimento de água somente pode ser realizado em horário noturno, nos períodos em que não houver atividades na agro-indústria. Para conservação da carne “in natura” e dos embutidos produzidos, há necessidade de utilização de “freezers”. Estes equipamentos devem ser acionados na noite anterior ao dia em que é necessário sua utilização, de maneira a formar um banco de gelo no período em que há uma ociosidade da MCH, fazendo com que seu consumo durante os períodos em que exitem outras demandas, seja minimizado. Esta MCH apresenta um custo US$ 35.000,00 ou de US$ 700,00/ kVA. Caso 2 Neste caso, foi empregado um modo bastante interessante de manter um elevado fator de carga, em pequenas unidades isoladas. É o método apresentado por BRISTOT (2000). Consiste do emprego de cargas resistivas em reservatórios de água (boilers), montadas em paralelo com as demais cargas, e sendo acionadas sempre que uma carga sai de serviço. Quando isto acontece, é detectado pelo respectivo relé de corrente que aciona uma resistência de mesma potência da carga por ele monitorada, de modo que a demanda do sistema permanece constante. O Núcleo de Energia da ULBRA está testando uma pico-central hidrelétrica implantada no município de São Francisco de Paula. Este aproveitamento foi realizado em uma queda d’água (figuras 2 e 3) situada no Parque das Cachoeiras, com potência limitada, para manutenção da cachoeira, mesmo nos períodos de estiagem, pois esta é uma atração turística do local. Assim, o máximo de água turbinada corresponde a 20% da menor vazão estimada. Foi instalada uma turbina Pelton, acionando um gerador de 5 kVA, atuando com uma vazão máxima de 12 L.s-1 e uma altura de 75 m. Esta 15 unidade supre a energia de quatro residências e de iluminação de uma área de “camping”. Foi disponibilizada, para cada residência, uma potência firme (constante) de 750 W que supre energia para as demandas domésticas de iluminação, comunicações, refrigeração e, inclusive, água quente para o banheiro e para a cozinha. Embora o valor da potência seja pequeno, não permitindo a utilização de forma generalizada de equipamentos por limitação de demanda, a disponibilidade mensal de energia, por residência, fica em torno de 540 kWh. Esta unidade apresenta um custo estimado, BALBINOT (2002), de US$ 2.350,00, ou de US$ 470,00/kVA. época do ano. Assim, o fator de carga fica entre 25 e 33%. O sistema é posto em marcha pela manhã, às seis horas, atende o período de ordenha e a energia excedente é armazenada em baterias para atendimento da residência no período em que a comporta está fechada para enchimento da barragem, através de um inversor cc/ca. Foi instalada uma turbina Banki (figura 5), atuando com uma vazão de 30 l.s-1 e uma queda de 12 m. Esta PicoCH apresenta um custo de US$ 1.300,00, ou US$ 650,00/kVA (ver tabela 1). Custos O custo da MCH (50 kVA) resultou maior do que o das PicoCHs, devido as características topográficas e de solo dos locais de implantação. Para implantação desta unidade foi necessário a construção de um canal de adução de 600 m para obtenção da altura de 10 m, pois a declividade do local é muito pequena. Figura 2. Cachoeira da Usina do Remanso Caso 3 Neste caso, o curso de água apresenta uma vazão inferior a requerida para funcionamento contínuo do sistema, pois pela manhã há uma demanda muito superior à média diária devido as operações de ordenha e resfriamento do leite. A solução adotada foi a construção de uma pequena barragem de acumulação (figura 4) que permite a geração de energia elétrica por um período de 6 a 8 horas diárias, conforme a Figura 3. Casa de máquinas da Usia do Remanso, com a cahoeira ao fundo Tabela 1. Custos das usinas e do kVA instalado Artigo Técnico 16 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em relação aos casos considerados neste trabalho, verifica-se que para a unidade de 50 kVA, consideradas as condições acima referidas, é necessário um fator de carga mínimo de 35%. Já para a unidade de 2 kVA, um fator de carga mínimo de 33%. Ou seja esta unidade, como tem fator de carga inferior a este, atua com custo do kWh superior a US$ 0,03/ kWh. A PicoCH de 5 kVA, demandaria um fator de carga de 24%, porém como trabalha com um fator elevadíssimo, apresenta um custo muito baixo do kWh, inferior a US$ 0,01. O valor do fator de carga que torna a viável a implantação de uma unidade de geração, depende do valor do investimento e do custo admitido para o kWh, além é claro das condições de financiamento Figura 5. Montagem da PicoCH do Cerrito e construção da casa de máquinas BIBLIOGRAFIA [1] [2] [3] [4] PATTERSON, Waltt. Transforming Electricity. Editora Earthscan. 2000. BALBINOT, A. Aspectos Técnicos e Econômicos na Construção de uma Pico Central Hidrelétrica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Energia, Ambiente e Materiais. ULBRA. Canoas. 2002. KAREKEZI, S.; RANJA, T. e FRANCIS, O. Small Hydro Power in Africa. Renewable Energy for Development. October 1995, Vol. 8, No. 3. BRISTOT, Anildo, SANTOS, João Carlos Vernetti dos, BARRETO, Gelson Luis Fer nandes. A Model of Electric Power Distribution Starting from Community Micropower Systems. In: World Renewable Energy Congress VII, 2000, Brighton, Grã Bretanha. Anais. Oxford: Pergamon, 2000, p. 1608-10. Figura 8. Barragem da PicoCentral Hidrelétrica do Cerrito. Na figura 6, são apresentadas curvas de estimativas de custos do kWh, considerando investimentos de US$ 400,00 a US$ 800,00 por kVA instalado, taxa de juros de 12%aa e 20 anos para amortização. Utilizando-se US$ 0,03/kWh como referência, verifica-se que para investimentos de US$ 400/kVA, um fator de carga de 20% já confere atratividade ao investimento. Verifica-se, também, que a cada US$ 100,00 de acréscimo no investimento, há necessidade de um acréscimo de 5% no fator de carga. Figura 6. Custo da energia produzida versus fator de carga, para diferentes valores do custo de implantação do kVA Artigo Técnico 17 VIABILIZAÇÃO DE PCH’s CONEXÃO ELÉTRICA Ivo Mauro Filho Wolmer Roque Zanin COPEL Geração S.A. Rua José Izidoro Biazetto 158 CEP 80200-240 Curitiba- Paraná Telefone: 41 310-5584: 41 331-2964 RESUMO Os estudos de viabilidade técnica e econômica de um empreendimento devem, juntamente com os dados sobre o potencial hidráulico do local, ser acrescidos de todas as implicações relativas ao sistema elétrico a ser utilizado para a conexão. A Aneel, ao outorgar as autorizações aos produtores independentes explorarem pch’s, o faz através de resoluções. Estas contêm obrigatoriedades cujo cumprimento oneram o empreendedor, o mesmo podendo acontecer com as determinações de outros órgãos oficiais. Algumas legislações, como aquelas que tratam dos requisitos da interligação com o sistema elétrico, normalmente são analisadas quando os estudos de viabilidade já foram concluídos, e nesta fase do projeto o empreendedor é surpreendido com investimentos imprevistos, ocasionando em algumas situações a inviabilidade econômica do empreendimento. A proposta deste trabalho é destacar dentre o leque de variáveis de obrigações que surgem, a importância que deve ser atribuída, para quem estuda a viabilidade de uma PCH, a sua conexão no sistema elétrico brasileiro. ABSTRACT To the studies of economical and technical feasibility of an enterprise must be along with the data about the hydraulic potential of the site, added all relative information to the implications concerned to the electric system to be utilized for the connection with the Grid. When ANEEL grants the authorization to the Independent Energy Producers to explore Small Hydroelectric Power Plants resources, makes it through Resolutions. These Resolutions contain obligations, which mean additional costs to the undertaker, occurring the same with the regulations of others official agencies. Some legislation, like those deal with requirements for the connection with the electric system, are normally analyzed when feasibility studies are already concluded, and at this stage of the Project, the undertaker is taken by surprise with unexpected investments, what means additional costs and it can bring about, in some circumstances, the unfeasibility of the Project. The purpose of this paper is to detach, in the roll of variable obligations that may appear after the feasibility studies, the importance that must be given by the one who studies the feasibility of a Small Hydroelectric Power Plant to the connection with the Brazilian electric system. INTRODUÇÃO Os estudos de viabilidade que precedem a outorga da autorização de uma PCH devem considerar todos os aspectos técnicos e econômicos envolvidos até a entrada em operação comercial. Os investimentos aportados durante esta fase de estudos podem parecer elevados, todavia o risco de desprezar a consideração de qualquer obrigatoriedade da legislação, que no futuro será necessária implementar, poderá inviabilizar economicamente todo o projeto. Os empreendedores de PCH’s são geralmente Produtores Independentes, ou Autoprodutores de energia elétrica, cujo negócio principal não está voltado a geração de energia elétrica, por conseguinte não dispõem de quadros de pessoal especializados, capazes de conduzir o processo de elaboração e realização de um projeto. Muitas vezes, estes empreendedores de PCH’s contratam um “main contractor” o qual se encarrega da realização completa do empreendimento, sub-contratando os demais fornecedores, inclusive projeto, assumindo o risco correspondente perante o empreendedor. Normalmente, o “main contractor” e seus fornecedores, não sendo empresas ligadas ao setor elétrico, e portanto, não tendo conhecimento completo das regras que estão envolvidas com a interligação destas usinas ao sistema elétrico brasileiro, ignoram na fase de planejamento uma parcela considerável do investimento a ser empregado no futuro. As legislações dos diversos órgãos Federais, Estaduais e Municipais, especialmente aquelas relacionadas ao meio ambiente, devem ser pesquisadas sistematicamente, buscando dentre elas quais estão abordando a construção e operação de PCH’s. O objetivo deste trabalho é apresentar a importância que deve ser dada para a análise das normas, resoluções e leis que estão relacionadas ao projeto, construção e operação de uma PCH, e no caso particular, a conexão ao sistema elétrico brasileiro. LEGISLAÇÕES FEDERAIS Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL As legislações para outorga de autorização de PCH’s, instituída pela ANEEL, encontramse disponíveis no site www.aneel.gov.br, e estão em constante processo de atualização. Entre as que devem ser destacadas, citamos: Resolução no 245, de 1999 – Participação no rateio da Conta de Consumo de Combustível (CCC), quando substituir a utilização de derivados de petróleo nos sistemas isolados. Resolução n o 022, de 2001 – Comercialização da energia gerada pelas PCH’s com concessionárias de serviço público, tendo como teto tarifário o Valor Normativo estabelecido para esta classe de empreendimento. Resolução no 393, de 1998 - Procedimentos para registro e aprovação do inventário. Define critérios para os estudos de inventário. Resolução no 395, de 1998 - Estabelece procedimentos gerais para registro e aprovação de estudos de viabilidade e projeto básico de empreendimentos de geração hidrelétrica, assim como da autorização para exploração de centrais hidrelétricas e declara de utilidade pública, para fins de desapropriação, as áreas necessárias a implantação de instalações de geração de energia elétrica. Operador Nacional do Sistema - ONS O Operador Nacional do Sistema, site www.ons.org.br, instituiu os Procedimentos de Rede. Os Procedimentos de Rede são documentos elaborados pelo ONS, com a participação dos Agentes e homologados pela ANEEL, que estabelecem os procedimentos e os requisitos técnicos para o planejamento, a implantação, o uso e a operação do Sistema Interligado Nacional e as responsabilidades do ONS e de todos os demais Agentes de Operação. Estes Procedimentos são subdivididos em Módulos, os quais devem ser conhecidos pelo empreendedor (conhecido como Agente Gerador sob a ótica do ONS), pois muitos deles 18 estabelecem requisitos mínimos do projeto. A seguir citamos alguns Módulos que merecem atenção do Agente Gerador: Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Transmissão. Aprovado pelo Conselho de Administração e utilização provisória autorizada pela ANEEL Resolução 420/2000. Módulo 12 – Medição para Faturamento. Aprovado pelo Conselho de Administração e em fase de homologação pela ANEEL. Módulo 13 – Telecomunicações. Aprovado pelo Conselho de Administração e em fase de homologação pela ANEEL. Leis Federais Se destacam as seguintes Leis Federais que regulamentam o setor: Lei no 9.074, de 1995 e Lei no 9.427, de 1995 - Estabelece normas para outorgas de autorizações e prorrogações de concessões. Autorização não onerosa para explorar o potencial hidráulico. Lei no 9648, de 1998 - Flexibiliza o mercado de energia para as PCH’s. Isenção relativa à compensação financeira pela utilização de recursos hídricos. Lei no 9427, de 1996 – Estabelece a livre comercialização de energia com consumidores de distribuição que possuem carga igual ou superior a 500 KW, conforme parágrafo 5º, art. 26 da Lei no 9.427 de 26/12/1996, alterada pelo art. 4º da Lei 9.648 de 27/05/1998. Lei no 9427, de 1996 – Redução na tarifa de uso dos sistemas de transmissão e distribuição em no mínimo 50% - inciso I do art. 26. A redução será de 100% para empreendimentos que iniciarem a operação até 31 de dezembro de 2003 – inciso II do art. 22 da Resolução ANEEL no 281 de 01/ 10/1999. ETAPAS PARA OBTENÇÃO NA ANEEL DE OUTORGA DA AUTORIZAÇÃO No processo de obtenção de outorga da autorização o empreendedor deve tomar ações referentes as questões ambientais e institucionais, ações técnicas e institucionais, e ações econômicas e financeiras, as quais apresentamos no organograma simplificado a seguir: Artigo Técnico PCH no sistema elétrico de transmissão, sejam assumidos pelo empreendedor, que neste caso é o Agente Gerador. As PCH’s que se encontram em estágio de pesquisa, projeto e construção e estão situadas em locais de difícil acesso, distantes das redes de distribuição e ou de linhas de transmissão, podem apresentar custos elevados para a integração no sistema elétrico. Neste caso, é preciso considerar o valor das perdas de energia transmitida e o nível de tensão da transmissão o qual se dará a conexão. Normalmente, a tensão de transmissão é definida técnica e economicamente pela tensão de conexão disponibilizada pelo Agente de Distribuição local. A ênfase principal nos estudos de viabilidade técnica e econômica, conduzida pelo Produtor Independente que deseja se conectar, é voltada para a usina propriamente dita, onde os custos são predominantes. Todavia, a parcela a ser despendida na conexão ao sistema elétrico deve ser levada em consideração quando sde planeja o investimento, pois a possibilidade de inviabilização neste aspecto é bastante comum. Análises de interligação elétrica da PCH são fundamentadas em estudos elétricos dos Agentes de Transmissão ou Distribuição, nas Resoluções editadas pela ANEEL, nos Procedimentos de Rede do ONS, nas Resoluções do CONAMA, nas Resoluções do órgão ambiental do Estado, e também nas Leis e Decretos relativos ao uso de solo da região. Estas análises devem preceder as etapas de estudos de viabilidade, projeto, construção e operação do empreendimento. Custos de conexão de uma PCH ao sistema elétrico CONEXÃO ELÉTRICA A conexão elétrica da PCH ao sistema elétrico normalmente se dá na rede de distribuição, tendo em vista o nível de tensão da transmissão ser abaixo de 230 KV. Ou seja, a conexão não é feita na Rede Básica da transmissão. De acordo com a legislação atual, definida nos Procedimentos de Rede do ONS, o Agente Gerador é responsável pelo ônus da subestação elevadora, linha de transmissão, conexão na rede de distribuição e todas as ampliações e alterações, que se fizerem necessárias na rede de distribuição, devido ao fluxo de potência gerada e transmitida pela PCH. Esta imposição regulamentada implica que todos os custos, incluindo os estudos de integração da Os custos de conexão de uma PCH ao sistema elétrico podem chegar a 5% do custo total do empreendimento, contudo valores bem menores são atingidos quando são feitas análises criteriosas. Apesar de tudo, conforme determina a legislação, cabe ao Agente Gerador, como Produtor Independente, assumir o ônus relativo à conexão, que em alguns casos pode se estender a obrigatoriedade de executar reforços na Rede de Distribuição local. As despesas de conexão podem ser atribuídas a: estudos elétricos de integração; projetos de engenharia; linhas de transmissão; subestações elevadoras; ampliação das subestações de conexão; adequação do sistema de proteção da conexão; comunicação; e outros empreendimentos. Em alguns casos, existe a possibilidade de conexão da PCH inserindo-a no circuito Artigo Técnico passante de uma linha de transmissão. Este tipo de interligação exigirá do Agente Gerador adequar a subestação elevadora da usina aos padrões de flexibilidade e confiabilidade do sistema elétrico que compreende as duas extremidades da linha de transmissão interrompida. Além disso, o Agente Gerador será o responsável na eventualidade de interrupção do fluxo de potência passante causado por problemas de operação e manutenção inerentes a subestação elevadora da PCH. Estudos e Projetos No desenvolvimento do projeto de préviabilidade do empreendimento, os estudos ambientais e energéticos são preponderantes para definir o custo total. Além disso, projetos básicos de integração da PCH ao sistema elétrico deve ser contratado com o Agente de Transmissão ou Distribuição local. Dentre os estudos que se destacam elencamos: cartografia; geologia / geotecnia; hidrologia; energéticos; arranjo da usina e subestação elevadora; integração ao sistema elétrico. Com relação a integração da PCH ao sistema elétrico, o empreendedor deve dar uma atenção especial ainda na fase de pré-viabilidade, contratando os seguintes projetos e avaliações: projeto básico da conexão elétrica; projeto básico da transmissão; avaliação das responsabilidades institucionais da conexão; e meio ambiente. Ressalta-se que na matriz dos custos de análise da pré-viabilidade de um projeto de PCH, deve-se levar também em consideração a receita variável e não garantida devido a vazão não regularizada do rio, a exposição ao mercado de curto prazo (spot), as dificuldades de obtenção do PPA, a falta de regras e procedimentos do mercado de compra e venda de energia específicos para PCH’s. Estudos da Conexão Elétrica A conexão elétrica pode ser mais ou menos complexa, e essa complexidade dependerá de certos fatores tais como: a capacidade instalada, a localização geográfica e o nível de tensão disponível na região. É comum, porém, não é uma regra geral, considerar para o caso de estudos da conexão, três faixas de potência das PCH’s. PCH’s com potência superior a 1 MW e inferior a 5 MW Uma PCH nesta faixa de potência, normalmente é inserida em circuitos de tensão até 34,5 KV. O empreendedor deve manter contatos com a concessionária de distribuição de energia elétrica 19 local, ou outra entidade competente, para solicitar os estudos elétricos da conexão. O ponto de conexão da geradora será definido em acordo entre o Agente Gerador e Distribuidor, tendo como base os estudos da conexão. PCH’s com potência superior a 5 MW e inferior a 15 MW O transporte da energia gerada por PCH’s com capacidade instalada na faixa de 5 a 15 MW até o ponto de conexão na Rede de Distribuição, levando em consideração os estudos técnicos e econômicos da transmissão, normalmente utilizam a tensão de transmissão de 69 KV. PCH’s com potência superior a 15 MW e inferior a 30 MW O transporte da energia gerada por PCH’s com capacidade instalada na faixa de 15 a 30 MW até o ponto de conexão na Rede de Distribuição, levando em consideração os estudos técnicos e econômicos da transmissão, normalmente utilizam a tensão de transmissão de 69 ou 138 KV. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL A RESPEITO DA CONEXÃO A Legislação Federal relativa ao licenciamento ambiental de linhas de transmissão, definida na Resolução CONAMA 001/86, esclarece que as LT’s com tensão inferior a 230 KV, que operem de modo independente a uma geradora , isto é , que não façam parte do mesmo projeto, não necessitam de serem licenciadas via elaboração do EIA/RIMA de Estudos de Impactos Ambientais. A mesma resolução define também que todo empreendimento de geração de energia elétrica e seus sistemas associados sejam licenciados juntos , sob o mesmo processo. DAs Resoluções da ANEEL em vigência, definem que a conexão elétrica da usina é de responsabilidade do agente gerador, desde a subestação elevadora até o ponto de conexão da usina, a ser definido nos estudos elétricos, e deste modo, sendo todas as instalações são considerada parte integrante do empreendimento, independentemente se a LT é de propriedade ou não do agente gerador, e é deste modo que os órgão ambientais entendem o licenciamento da usina. Assim sendo, o agente gerador, quando dos estudos de viabilidade, devem incluir os custos ambientais a serem assumidos pelo empreendimento. A Resolução 006/87 estabelece as definições, responsabilidades, critérios e diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA, tendo como objetivo a obtenção da LP e da LI. De acordo com o Artigo 2ª da resolução do CONAMA 001/86, XI - “As usinas de geração de eletricidade , qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW, devem elaborar o EIA/RIMA.” No ano de 2001, o CONAMA emitiu a resolução n.º 279, a qual permite que os órgãos ambientais dos Estados decidir pelo licenciamento do empreendimento através da elaboração do RAS - Relatório Ambiental Simplificado. Esta Resolução institui prazos reduzidos para cada etapa dos estudos inclusive para a audiência pública, mas não reduz as responsabilidades do agente gerador frente ao meio ambiente. Cada empreendimento necessita de estudos específicos sujeitos a questionamentos por parte da comunidade e do Poder Judiciário - Promotoria Pública do Meio Ambiente. Em resumo, o agente gerador deverá incluir nas planilhas de viabilidade econômica preliminar, os custos dos investimentos a serem solicitados e relacionados na Licença Prévia e Licença de Instalação a serem obtidos. O empreendedor deve obter informações antecipadas dos eventuais custos, e exigências que venham a onerar o empreendimento, os quais são padronizados para cada região, pois os agentes oficiais que interagem nos diversos empreendimentos são os mesmos. CONCLUSÃO A proposta deste trabalho foi mostrar que dentre o leque de variáveis que surgem, um dos aspectos importantes que deve ser considerado para quem estuda a viabilidade de uma PCH é a sua conexão no sistema elétrico, incluindo as implicações com a legislação ambiental. O custo da conexão da PCH ao sistema elétrico pode, em alguns casos, inviabilizar um projeto. E se este custo não for previsto nos primeiros passos do planejamento e estudos de viabilidade, que são desencadeados pelo empreendedor, o preço a pagar vai se tornando cada vez mais alto. Os autores recomendam aos investidores nesta área de mercado, que procurem as concessionárias de geração com experiência neste tipo de empreendimento, para juntos buscarem soluções técnicas e econômicas que viabilizem os projetos de construção e conexão de PCH’s. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério do Meio Ambiente – CONAMA – Resoluções. Disponível em : http://www.mma.gov.br/ conama BRASIL. Ministério das Minas e Energia ANEEL – Resoluções. Disponível em: http:// www.aneel.gov.br BRASIL. Eletrobrás – ONS – Resoluções. Disponível em : http://www.ons.org.br GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Secretaria de Meio Ambiente - Instituto Ambiental do Paraná. - Disponível em: http://www.pr.gov.br/ iap CURITIBA. Seminário Oportunidade de Negócios em Hidrelétricas – 27 de abril de 2002 Artigo Técnico 20 CRERAL – UMA EXPERIÊNCIA DE COOPERATIVA NA ELETRIFICAÇÃO RURAL E A NOVA LEGISLAÇÃO PARA AS COOPERATIVAS João Alderi do Prado Diretor - Presidente Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Uruguai LTDA [email protected] RESUMO A Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Uruguai LTDA – CRERAL, foi fundada em 23 de Julho de 1969, com o objetivo de levar energia ao meio rural, pois, na época, a concessionária não fazia esse serviço. São 33 anos de atuação na distribuição de energia elétrica no meio rural e, mais recentemente, na geração de energia. O presente trabalho apresenta um pouco da história da CRERAL e também o novo cenário para as cooperativas de eletrificação rural frente ao novo modelo elétrico brasileiro. Após 33 anos, a CRERAL tem hoje uma experiência importante na distribuição de energia elétrica no meio rural. Em 2001, contava com 5.647 associados ligados, distribuídos em 37 municípios da região Norte, tendo sua sede em Erechim-RS. Conta com um sistema elétrico de 1.781 Km de redes e 18.890 postes, 1.475 transformadores instalados com uma potência de 17.161 KVA. A CRERAL implantou um modelo de gestão democrática que permite a participação dos associados nas decisões da cooperativa, incluindo desde os núcleos organizados nas comunidades (que hoje são 105) até a assembléia geral. Os associados definem as prioridades, as mudanças, os investimentos e inclusive a tarifa que será cobrada. Com estudos iniciados em 1997, a CRERAL, ingressou na geração de energia. Em 2000 inaugura a sua primeira PCH. Com potência de 720 KW, a Usina Abaúna foi responsável por 26% da energia consumida pela cooperativa em 2001. Está em construção a PCH Usina Cascata das Andorinhas, com potência de 1.000 KW, que deverá estar funcionando no final de 2002. O novo modelo elétrico trará grandes mudanças para o cooperativismo de eletrificação com a possibilidade de transformação das cooperativas em permissionárias de serviço público de energia, mas também representará um grande desafio para sua inserção e continuidade neste novo cenário. ABSTRACT Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Uruguai LTDA – CRERAL was created in July 23 rd , 1969, to take energy to the countryside, because the concessionaire did not use to do that in that time. CRERAL has been distributing electric energy in the countryside for 33 years and, recently, it has been producing energy too. This work shows a brief historic of CRERAL and a new scenario to the cooperatives of rural electrification in relation to the new Brazilian electric model. After 33 years, CRERAL has a great experience in distributing electric energy in the countryside. In 2001, CRERAL had 5,647 partners using the energy in 37 cities in the north region of Rio Grande do Sul, with its head-office in Erechim – RS, with an electric system of 1,781 km of web and 18,890 posts, 1,475 transformers installed with a potency of 17,161 KVA. CRERAL has implanted a model of democratic management, that permits the partners to take part in the decisions of the cooperative, including organized groups in the communities (that are 105 today) and the general assembly. The partners define the priorities, the changes, the investments and the tariff to be charged. With studies starting in 1997, CRERAL started producing energy. In 2000, was inaugurated the first PCH. With a potency of 720 KW, Abaúna Dam was responsable for 26% of the energy consumed by the cooperative in 2001. Cascata das Andorinhas PCH Dam, with a potency of 1,000 KW , is being built and it must be working by the end of 2002. The new electric model will bring great changes to the cooperativism of electrification with the possibility that the cooperatives be transformed in permissionaires of public service of energy, but it will also represent a great challenge to be inserted and to continuo existing in this new scenario. INTRODUÇÃO A CRERAL foi fundada há 33 anos, para suprir uma lacuna deixada pela concessionária, que não atuava na área rural. Com um processo de organização próprio, a CRERAL distribui energia a seus associados e propicia uma ampla participação no processo de organização e de decisão. É uma experiência de gestão diferenciada das demais empresas, pois é o próprio associado que define investimentos, prioridades e tarifas. Com a inauguração da primeira PCH, Usina Abaúna, começou a gerar energia e pretende se tornar autosuficiente. Com este objetivo, já está em construção uma nova PCH, Usina Cascata das Andorinhas, que deverá estar concluída no final deste ano. Terá pela frente o desafio de uma nova legislação do sistema que permite a transformação das cooperativas em permissionárias de serviço público. HISTÓRICO No dia 23 de Julho de 1969, um grupo de agricultores fundou a Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Uruguai Ltda. CRERAL, com sede em Erechim – RS, tendo como objetivo promover o desenvolvimento através do acesso à energia elétrica. No ano seguinte, era inaugurada a primeira rede de energia, no município de Sananduva. A partir daí deu-se início a expansão das redes por vários municípios, construídas, muitas vezes, em parceria com os associados que executavam atividades não-técnicas na construção. As negociações eram demoradas, pois envolviam vários agricultores, várias reuniões, orçamentos, etc. Nesta época, a grande maioria das redes era financiada com prazo de pagamento em até 10 anos. Durante as décadas de 70 e 80 a CRERAL expandiu seu sistema por vários municípios da região Norte do estado. No final dos anos 80, viveu um período de grandes dificuldades. Havia um grande descontentamento dos associados com relação à situação financeira da cooperativa, com os problemas técnicos existentes nas redes, com a falta de estrutura para atendimento, com tarifa elevada e com uma direção que não dialogava com a base. Esses fatores geraram uma mobilização do quadro social que acabou com a renúncia da antiga direção em 1992. Aos poucos, a CRERAL foi recuperando a estabilidade financeira, retomando os investimentos e criando um novo processo de participação dos associados. O estabelecimento de uma nova tarifa, definida em conjunto com os associados, só foi possível com uma ampla negociação, mobilização e até ação judicial, que viabilizou um novo patamar de compra de energia junto à concessionária, com a homologação do DNAEE. O SISTEMA ATUAL No final de 2001, a CRERAL tinha 5.647 associados ligados, distribuídos em 37 municípios da região Norte do estado. A grande maioria dos associados são pequenos agricultores ou estão localizados na área rural. A CRERAL atende integralmente três sedes de municípios e parcialmente outras duas sedes. Para atender os seus associados, a CRERAL possui um sistema de distribuição de energia com 1.781 Km de redes, 18.890 postes instalados e 1.475 transformadores com potência de 17.161 KVA. A tabela a seguir mostra o quadro de associados por classe e o consumo. O consumo médio dos associados em 2001 foi de 219 Kwh/mês e a energia distribuída totalizou 14.870 MW/h. Artigo Técnico Classe Rural 21 Além de decidir os rumos da cooperativa, os Assoc. % Consu- % Consumo associados assumem várias tarefas necessárias para Assoc. m o * 4910 86,95 12731,792 85,62 Comercial 87 Industrial 23 Poder Públ. 149 Ilum. Públ. 24 Residencial 440 Res. Baixa R. 14 Total 5647 *Consumo kWh 1,54 0,41 2,64 0,43 7,79 0,25 100 449,059 169,034 468,594 436,081 601,148 14,587 14870,295 3,02 1,14 3,15 2,93 4,04 0,10 100 As ligações são na sua maioria monofásicas conforme mostra a próxima tabela. Ligações Monofásicas Bifásicas Trifásicas 5647 4722 83,6% 698 12,3% 227 4,1% Na área de atuação da CRERAL, são poucas as famílias que ainda não possuem energia. O crescimento de associados é pequeno, mas o consumo tem crescido mais que as médias do Brasil e do estado, tendo registrado um índice de 3.7% em 2001. Nos últimos anos, a CRERAL tem investido na recuperação das redes, com substituição de postes de madeira por postes de concreto, instalação de religador automático, substituição de cabos nas linhas troncais, transformação de redes monofásicas em redes trifásicas, etc. Os serviços de manutenção, ampliação, reformas e emissão das contas de consumo são executados pela própria cooperativa, que conta com 36 funcionários. Além da sede própria, a cooperativa possui uma filial no município de Estação e vários postos de atendimento aos associados. Atualmente está implantando um programa de gerenciamento integrado das redes. O MODELO DE ORGANIZAÇÃO A CRERAL desenvolveu um modelo de organização que garante participação dos associados nas decisões e no acompanhamento de sua implantação. Foram constituídos 105 núcleos comunitários que se reúnem anualmente para avaliar e discutir as ações da cooperativa. Cada núcleo elege dois representantes que participam do conselho de líderes. Este conselho, que conta com 210 associados, se reúne a cada seis meses para aprofundar o andamento das atividades e apresentar as sugestões e solicitações das comunidades. O conselho de líderes elege seus representantes, a partir do número de participantes, que farão parte do conselho ampliado. O conselho ampliado é um órgão que congrega o conselho de administração, o conselho fiscal e os líderes eleitos, reunindo ao todo 50 associados. Este é o órgão que toma as definições durante o ano, a partir das decisões da Assembléia Geral, que é a instância maior de decisão. Com esse sistema, a CRERAL consegue garantir uma ampla participação e envolvimento dos associados na sua construção. Os encontros realizados nas comunidades, no início de 2002, contou com a participação de 2.300 associados. o bom desempenho da CRERAL. Entre estas tarefas, pode-se destacar o trabalho realizado em mutirão para a limpeza na rede e também a autoleitura, onde o associado informa mensalmente o consumo de energia registrado no seu medidor. São raros os casos de fraude na leitura do consumo, o que mostra o compromisso do associado com a cooperativa. Outro dado importante é a satisfação do associado com a cooperativa. Em Agosto de 2001, uma pesquisa realizada para avaliar a qualidade da energia, o atendimento dos plantões, o atendimento do escritório, o trabalho da direção da CRERAL e dos líderes, teve o seguinte resultado: Ótimo 20,49% 1,85% Bom 63,70% Regular Ruim 13,96% É importante destacar a participação dos associados na pesquisa, que foi muito grande, com quase 3.000 associados respondendo, o que representa 53% do quadro social. USO RACIONAL DA ENERGIA Visando uma melhor utilização da energia e procurando conscientizar o associado, a CRERAL desenvolve uma campanha permanente para o uso racional e coletivo de energia. Uma das principais metas é a não utilização no horário de pico de equipamentos elétricos que não tenham a necessidade de ser ligados neste horário. Com isso a demanda praticamente não tem crescido nos últimos anos, apesar do crescimento do consumo. Outra meta é o uso coletivo dos transformadores por associados ligados no mesmo transformador. Este caso diz respeito especificamente a motores com poucas horas de uso durante o dia. Cada associado tem um horário estabelecido para ligar o motor, permitindo que a mesma carga do transformador atenda mais de um usuário. GERAÇÃO DE ENERGIA Em 1997, a CRERAL iniciou uma série de estudos sobre a geração de energia elétrica em PCH’s o que resultou, em 1998, no início da construção da PCH Usina Abaúna, concluída em 2000. A geração de energia pela Usina Abaúna em 2001 foi de 3.822 MW/h, representando quase 26% da energia distribuída pela cooperativa. Está em construção a PCH Usina Cascata das Andorinhas, com potência de 1.000 KW, e estará em funcionamento no final de 2002. As duas PCH’s responderão por 50% do atual consumo da CRERAL. A geração de energia em PCH tem dois objetivos importantes: o primeiro é que a geração será fundamental para a cooperativa continuar distribuindo energia com tarifa compatível, e o segundo é a gerar energia com custos baixos, sem causar danos ao meio ambiente e sem necessitar deslocar famílias para outras áreas. A EXPERIÊNCIA DA CRERAL Mais do que participar das decisões, os associados da CRERAL têm participado na execução das atividades, revelando uma sintonia muito grande com o modelo democrático e com a expectativa de uma cooperativa de eletrificação. Este é um dos grandes pilares desta experiência. Outro aspecto importante é que a CRERAL já vem há anos desenvolvendo campanha pelo uso racional da energia. O trabalho da CRERAL mostra claramente a diferença entre uma cooperativa de eletrificação rural e uma concessionária de energia. O COOPERATIVISMO DE ELETRIFICAÇÃO RURAL NO BRASIL Os primeiros movimentos e Cooperativas de Eletrificação Rural no Brasil surgiram no Rio Grande do Sul, no início da década de 40. A primeira cooperativa brasileira de eletrificação rural fundada foi a Cooperativa Força e Luz de Quatro Irmãos, em 1941, no município de Erechim-RS. Tinha por objetivo gerar e distribuir energia para a pequena localidade. Hoje, Quatro Irmãos já é município, embora a cooperativa não esteja mais atuando. No Rio Grande do Sul encontra-se a cooperativa mais antiga em atividade - a Cooperativa Regional Eletrificação Teutônia Ltda. - CERTEL, fundada em 1956, e a maior cooperativa - a Cooperativa de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Alto Jacuí Ltda. COPREL, que em 2001 tinha 38.156 associados. No Rio Grande do Sul, a última cooperativa fundada foi a Cooperativa Sudeste de Eletrificação Rural de Encruzilhada do Sul, em 1975 e nos últimos anos três cooperativas foram incorporadas por cooperativas maiores. Atualmente, no Rio Grande do Sul atuam 15 cooperativas que atendiam em 2001 193.082 associados, sendo 70% deles agricultores. Estas cooperativas atendem também 72 sedes municipais e possuem 11 PCH’s em funcionamento e vários projetos de geração em construção ou em estudos. A OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) registra a existência de 138 cooperativas de eletrificação rural no país, atendendo mais de 550.000 associados. As cooperativas de eletrificação rural organizam-se na maioria dos estados através de uma Federação e a nível nacional reúnem-se em duas confederações. A INFRACOOP, Confederação Nacional das Cooperativas de Infra-estrutura, representa 69 cooperativas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, contanto em 2002 com 414.684 associados, assim distribuídos: Estado Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná São Paulo Rio de Janeiro Mato Grosso do Sul Total Federação Coop. Associados FECOERGS FECOERUSC FECOERPA FECOERESP FECODERJ FECOERMS 06 15 22 7 17 4 4 69 193.082 145.308 8.123 46.326 16.861 4.984 414.648 Artigo Técnico 22 Em relação as demais cooperativas do Brasil, os dados disponíveis são fornecidos pela ANEEL, que apresentava em 2000, o seguinte quadro: Estado Cooperativas Pará Rondônia Ceará Paraíba Piauí Sergipe Rio G. do Norte Goiás Mato Grosso Minas Gerais Pernambuco Total 1 1 12 7 1 1 8 11 1 4 11 58 Associados 4.062 ND 33.000 11.400 2.653 3.252 24.300 20.414 901 ND 62.269 124.802 Registramos em Içara, Santa Catarina, a COOPERALIANÇA, como concessionária de distribuição de energia elétrica, com mais de 23.500 associados. A IMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS DE ELETRIFICAÇÃO RURAL A importância do cooperativismo de eletrificação rural foi destacado pela própria ANEEL quando editou a resolução nº333/99: “as cooperativas, em sua maioria denominadas de eletrificação rural, desempenharam e continuam a desempenhar papel histórico no processo de interiorização dos serviços de energia elétrica, cujo o pioneirismo em áreas rurais, e até mesmo urbanas, de várias regiões do país, levou-as a serem contemporâneas ou até precederem algumas concessionárias de serviço público de energia elétrica, assim viabilizando o acesso a esse serviço a mais de 500.000 consumidores de todas as classes de consumo”. A REGULAMENTAÇÃO DA ELETRIFICAÇÃO RURAL O decreto 62.655/68 regulamenta a execução de serviços de eletrificação rural mediante autorização para uso privativo e estabelece em seu artigo 1º que: “é considerada eletrificação rural a execução dos serviços de transmissão e distribuição de energia elétrica destinada a consumidores localizados em áreas fora dos perímetros urbanos e suburbanos das sedes municipais e aglomerados populacionais com mais de 2.500 habitantes, e que se dediquem a atividades ligadas diretamente à exploração agropecuária, ou a consumidores localizados naquelas áreas, dedicando-se a quaisquer tipos de atividades porém, com carga ligada de até 45 KVA”. No artigo 2º decreta que “depende de permissão federal, por ato do Ministro das Minas e Energia, a execução de obras de transmissão e distribuição de energia elétrica destinada ao uso privativo de consumidores rurais, individualmente ou associados”. Além disso, o decreto estabelece “as condições que os interessados deviam obedecer ao solicitar a referida autorização”. Foi com base nesse decreto que as cooperativas de eletrificação rural puderam desenvolver suas atividades e expandir suas redes. Com o decorrer dos anos, impulsionados pela energia elétrica, um grande número de pequenas vilas ou distritos que eram atendidos pelas cooperativas emanciparam-se e começaram a criar condições para a instalação de empresas de pequeno e de médio porte que foram atendidas pelas cooperativas. A atuação das cooperativas em áreas urbanas e de grandes consumidores gerou, e ainda gera, muitas desavenças entre as cooperativas e as concessionárias, principalmente as concessionárias privadas, pela disputa de consumidores potenciais, gerando atritos inclusive judiciais na expansão dos sistemas. A NOVA LEGISLAÇÃO A Lei n.º 9.074, de 07 de Julho de 1995, estabeleceu as normas para outorga e prorrogação das concessões e permissões de serviços públicos. No seu artigo 23 estabeleceu que: “Na prorrogação das atuais concessões para distribuição de energia elétrica, o poder concedente diligenciará no sentido de compatibilizar as áreas concedidas às empresas distribuidoras com as áreas de atuação de cooperativas de eletrificação rural, examinando suas situações de fato como prestadoras de serviços público, visando enquadrar as cooperativas como permissionárias de serviço público de energia elétrica”. Estabeleceu ainda em seu parágrafo único que: “Constatado, em processo administrativo, que a cooperativa exerce, em situação de fato ou com base em permissão anteriormente outorgada, atividade de comercialização de energia elétrica a público indistinto, localizado em sua área de atuação, é facultado ao poder concedente promover a regularização da permissão”. Com essa nova Lei, fica resguardada a atuação das cooperativas em áreas urbanas e no atendimento de grandes consumidores, com a condição de serem Permissionárias de Serviço público de energia elétrica. A RESOLUÇÃO DA ANEEL N.º 333/99 A ANEEL publicou no dia 02 de Dezembro de 1999 a resolução 333 que estabelecia as regras para a regularização das cooperativas de eletrificação rural e também estabelecia as condições gerais para implantação de instalações de energia elétrica de uso privativo e sobre a permissão de serviços públicos de energia elétrica. Precisamente com relação à regularização das cooperativas, a resolução estabelecia que o processo administrativo seria instaurado a partir da solicitação das cooperativas, que deveria ser feito em até 90 dias após a publicação da resolução. Estabelecia que as cooperativas que atendessem os requisitos do artigo nº 23 da Lei 9.074 seriam enquadradas como permissionárias de serviço público e que as cooperativas que não atendessem à legislação seriam enquadradas como autorizadas para uso exclusivo. Fixava as condições para definição da área de atuação de cada cooperativa, as condições de acesso, compra e venda de energia elétrica e que as cooperativas seriam enquadradas como permissionárias de serviço público ou autorizadas para uso exclusivo. Estabelecia ainda que em 180 dias a ANEEL definiria quais os mecanismos de compensação, considerando a dimensão e a estrutura do mercado atendido pelas cooperativas, a fim de garantir a prestação de serviço adequado. COOPERATIVA AUTORIZADA Seria aquela que detinha propriedade e operava instalação de energia elétrica de uso privativo de seus associados cujas as cargas instaladas fossem destinadas ao desenvolvimento de atividade predominantemente rural. Neste caso, a cooperativa seria classificada como “consumidor rural”, teria uma área de atuação estabelecida, e, além de submeter-se às “Condições Gerais de Fornecimento”, deveria manter um cadastro das instalações de energia elétrica, registros contábeis dos valores vinculados à energia elétrica e registro em separado dos rateios entre seus associados, das despesas diretas e indiretas com a energia elétrica consumida. COOPERATIVA PERMISSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO Seria aquela cooperativa que concomitantemente detinha a propriedade e operava as instalações de energia elétrica e atendesse a público indistinto. A permissão seria formalizada mediante o contrato de adesão que, entre outros, disporá sobre a obrigação da permissionária quanto a: prestação de serviço adequado; praticar tarifas préviamente homologadas pela ANEEL; manter registro contábil, conforme o Plano de Contas do Serviço Público de Energia Elétrica; celebrar contrato de uso e de conexão aos sistemas de transmissão e distribuição; manter contratos de compra e venda de energia elétrica que assegurem o atendimento de seu mercado, e garantir o livre acesso ao seu sistema elétrico. Definia que, até 45 dias após o ato de regularização da permissão, deveria apresentar proposta para estrutura e níveis de tarifas a serem praticados, sendo que a proposta tarifária deveria ter níveis módicos, compatíveis com um custo eficiente de serviço adequado e com uma razoável remuneração do investimento, demonstrando o equilíbrio enconômico-financeiro da permissão. PROCESSOS ADMINISTRATIVOS Com base nesta resolução, as cooperativas de eletrificação do Brasil encaminharam o pedido de abertura de processo administrativo, juntamente com os dados e documentos solicitados para a instrução do processo. Da mesma forma, foi iniciado o processo de negociação com as concessionárias para a definição da área de atuação. Em muitos estados, as agências estaduais Artigo Técnico de regulação firmaram convênio para acompanhar e coordenar o processo administrativo e a definição de áreas de atuação, através do estabelecimento de uma poligonal. A ANEEL registrou que 259 cooperativas solicitaram a abertura de processo administrativo para regularização como permissionárias ou autorizadas. Destas cooperativas, 104 eram do estado de Das cooperativas que solicitaram a abertura de processo administrativo, somente 127 encaminharam a instrução do processo. Esta resolução teve, em 2001, por parte da ABRADEE, Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica, o ajuizamento de uma ação de inconstitucionalidade fazendo com que a ANEEL, após um processo de mediação, revogasse essa e publicasse uma nova resolução. A RESOLUÇÃO DA ANEEL N.º 012 A ANEEL publicou no dia 11 de Janeiro de 2002 a resolução 012 estabelecendo somente as condições gerais para a regularização de cooperativas de eletrificação rural. A principal mudança é que esta resolução trata somente da regularização das cooperativas, excluindo as questões de autorização para uso privativo e da permissão de serviço público, que era o grande questionamento das concessionárias, receosas com a possibilidade de surgimento de novos agentes, além das cooperativas existentes. Esta resolução estabeleceu novamente o prazo para solicitação de abertura de processo administrativo, exceto às cooperativas que haviam efetuado anteriormente. Manteve os mesmos critérios para o enquadramento das cooperativas como permissionárias de serviço público ou autorizada para uso exclusivo. Fixou em 90 dias, após lei autorizativa, o prazo para definição dos mecanismos de compensação. COOPERATIVAAUTORIZADA A alteração mais abrangente, no caso de cooperativa autorizada foi o estabelecimento de que a autorização será em caráter precário e com prazo determinado, sujeito à prorrogação. A cooperativa autorizada não poderá dar atendimento em área urbana, salvo no período de até dois anos da publicação da lei. As demais condições permanecem praticamente iguais às da resolução nº 333/99. COOPERATIVA PERMISSIONÁRIA A permissão para exploração do serviço público de energia elétrica por cooperativa compreende a distribuição e comercialização de energia elétrica a público indistinto e caracterizase pelo atendimento amplo e não discriminatório das diversas classes e subclasses de consumidores. A permissão será formalizada mediante contrato de adesão com prazo de 20 anos, contados a partir de 08 de Julho de 1995, podendo ser prorrogado por igual período. 23 As condições de compra de energia são as mesmas que as das concessionárias, conforme dispõe o art. 10 da Lei nº 9.648/98, que estabelece a chamada descontratação a partir de 2003. A LEI 10.438 Por fim, a Lei n.º 10.438, de 26 de Abril de 2002, determina em seu artigo 17, item XI, que a ANEEL poderá “estabelecer tarifas de suprimento de energia elétrica realizado às concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica, inclusive às Cooperativas de Eletrificação Rural enquadradas como permissionárias, cujos mercados próprios sejam inferiores a 300 GWh/ ano, e tarifas de fornecimento às Cooperativas autorizadas, considerando parâmetros técnicos, econômicos, operacionais e a estrutura dos mercados atendidos”. E, no art. 18, muda a redação do artigo 10 da Lei 9.648/98, ficando o § 5º com o seguinte texto: “o disposto no caput não se aplica ao suprimento de energia elétrica às concessionárias e permissionárias de serviço público com mercado próprio inferior a 300 GWh/ ano, cujas as condições, prazos e tarifas continuarão a ser regulamentadas pela ANEEL”. Na prática, significa dizer que as cooperativas que tenham mercado inferior a 300 GWh/ano não precisarão negociar a compra de energia diretamente com as empresas geradoras. É a ANEEL que irá definir as condições e tarifas do suprimento de energia. Outro avanço desta lei é que a Eletrobrás poderá repassar recursos do RGR, para as cooperativas fazerem eletrificação rural. Até o momento, as cooperativas não tiveram acesso ao recursos do programa Luz no Campo. CONCLUSÕES A experiência da CRERAL, bem como das demais cooperativas de eletrificação rural, deixam muito clara a diferença entre o seu papel e o das grandes concessionárias. O cooperativismo de eletrificação rural foi pioneiro em levar energia ao meio rural, atua há décadas, distribui energia a milhares de famílias e foi responsável pelo desenvolvimento de inúmeras comunidades rurais que passaram à condição de município ou que tiveram acesso a serviços pela organização cooperada. O caráter social das cooperativas, a forma de organização e de decisão e o envolvimento com a comunidade local tornam as cooperativas um agente de desenvolvimento As cooperativas de eletrificação rural, na sua grande maioria, foram fundadas na década de 60 e 70. Apesar do êxito do trabalho de muitas delas, que contribuem inclusive com o processo de desenvolvimento social, não se tem registros do surgimento de novas cooperativas no Brasil. Ao contrário, constatamos o desaparecimento de algumas delas em vários estados ( três só no Rio Grande do Sul). No novo modelo elétrico brasileiro, dificilmente surgirão novas cooperativas devido à restrição das concessionárias, à nova legislação e pelo índice elevado de eletrificação em vários estados. A definição dos mecanismos de compensação são fundamentais para as cooperativas. O mercado atendido pelas cooperativas é muito diferente do mercado das concessionárias e por isso elas não terão condições de atuar com as mesmas regras. É importante salientar que as concessionárias utilizam o subsídio cruzado (uma classe de consumidor subsidia outra classe) para atender o mercado rural e que as cooperativas não têm essa possibilidade, pois o mercado não rural das cooperativas é muito pequeno. As primeiras análises indicam que, se as mesmas regras fossem à CRERAL, a tarifa ao associado teria uma elevação superior a 50%. Uma das formas de aplicar os mecanismos de compensação é a manutenção das atuais condições de compra de energia pelas cooperativas. Este mecanismo é possível depois da aprovação da Lei 10.438. Todas as cooperativas de eletrificação rural atendem, atualmente, mercado inferior a 300 GWh/ano. O estabelecimento da área de atuação da cooperativa, através de uma poligonal, irá definir o seu mercado. Neste caso, a restrição à cooperativa autorizada de não atuar em áreas urbanas irá prejudicar ainda mais o seu mercado, dificultando a sua continuidade. Além de, em vários casos, o associado das áreas urbanas não querer sair da cooperativa. O poder concedente não fez a compatibilização das áreas quando prorrogou vários contratos das concessionárias. Como várias dessas concessões foram privatizadas e é exatamente nas concessionárias privadas que tem sido mais difícil a negociação de áreas, tem sido muito lento o processo de regularização das cooperativas. É importante lembrar que foram estas concessionárias as principais responsáveis pelo ingresso da ABRADEE na justiça contra a resolução 333/99. No caso do prazo da permissão, de 20 anos, a data de início é de sete anos atrás. Na prática quando as cooperativas assinarem o contrato de adesão restará pouco mais da metade do tempo determinado no contrato. É importante afirmar que, independente do enquadramento das cooperativas, sejam mantidas as características consolidadas do cooperativismo. Tanto no que diz respeito à relação com o seu associado, quanto ao trabalho desenvolvido, sua inserção na comunidade ou sua forma de administração. Foram estas características que as consolidaram em todo o Brasil. PALAVRAS CHAVES CRERAL, Eletrificação Rural, Cooperativa, Cooperativismo, Legislação. Artigo Técnico 24 USO DE FERRAMENTAS DE SIG PARA INVENTÁRIO PRELIMINAR DE POTENCIAIS REMANESCENTES Clayton Jacques Cardoso Pinheiro Ávila Osmar Abílio de Carvalho Júnior Renato Fontes Guimarães Juan José Verdesio Bentancurt Departamento de Geografia – Universidade de Brasília CEP: 70.910-900 - Campus Universitário Darcy Ribeiro - ICC Norte - Subsolo Módulo 23, Asa Norte, Brasília, Tel.: (61) 307-2814 RESUMO INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo desenvolver uma metodologia em ambiente de SIG para determinar as áreas mais propicias para a instalação de pequenas centrais hidrelétricas (PCH). A determinação do potencial físico para a implantação de PCH deve considerar a conjunção de alguns parâmetros principias: a) estimativa da vazão e b) identificação do desnível topográfico. Para identificar os dados de vazão especifica ao longo do curso d’água foi obtida a área de contribuição especifica a partir da imagem gerada a partir do Modelo Digital de Terreno. A utilização de ferramentas de SIG otimizou os cálculos, sendo um procedimento simples e rápido para analises no contexto regional. O aproveitamento das quedas d’água para a implantação de PCH pode ser feito considerando duas situações fisiográficas: a) o desnível topográfico durante o trajeto do rio, que utilizaria as cascatas naturais e b) o desnível topográfico nas margens do rio, que permitem o aproveitamento das áreas com grandes gradientes a partir do desvio do fluxo d’água. Para estas situações foram desenvolvidos algoritmos específicos para seu calculo. O cruzamento destas informações que estimam a vazão e o declive médio permitem identificar os melhores sítios para a implantação de PCHs e analisa a necessidade de desvios do curso d’água. A área de estudo localiza-se no extremo oeste do Estado da Bahia, no Município de São Desidério (12º40’S / 45º 50’ W). A área em estudo compõe a Sub Bacia do Rio Grande, que por sua vez compõe a Bacia do Rio São Francisco. Esta área possui uma intensa atividade agrícola, gerando uma demanda de energia elétrica que deve ser suprida a partir de um planejamento sustentável dos recursos naturais. O inventário preliminar para o estudo de implantação de uma PCH deve considerar o potencial físico, a demanda dos usuários e determinar a melhor alternativa técnica de projeto de PCH. Neste trabalho é apresentada uma metodologia em SIG para determinar áreas propícias segundo o potencial físico. Esta análise deve considerar dois parâmetros principais: a) estimativa de vazão e b) determinação do desnível topográfico para determinação de locais apropriados para a implantação de empreendimentos de geração (Figura 1). ABSTRACT The present work has as aim to develop a methodology in Geographical Information System (GIS) environ to determine the most favorable areas for installation of Small Hydropower System (SHS). The determination of the physical potential for the SCS construction should consider the conjugation of two main parameters: a) outflow estimate and b) identification of the topographical difference. Outflow data were simulated for rivers from the contribution area image obtained by the Digital Elevation Model. The employment of GIS allows an optimization of this calculation being an extremely simple and fast procedure for analysis in the regional context. The use of the hydraulic potential of fall for SHS can be made considering two physiographical situations: a) topographical difference along the flow that uses natural falls of the river and b) topographical difference in the borders of the flow that needs river deviation. Specific algorithms were developed for both situations. The crossing of these two information that estimate the outflow and fall allows to identify the best places for the SHS construction. ESTIMATIVA DE VAZÃO No Brasil existem regiões onde a rede de monitoramento hidrológico possui uma distância média entre as estações superior a 200km. Nestas áreas com precariedade de informação a estimativa da disponibilidade hídrica é feita a partir da extrapolação de dados regionais. Estas estimativas são baseadas em estudos como os de regionalização das curvas de permanência de vazões, simulação chuva vazão e o calculo da vazão específica (OMM, 1994). O uso destas opções esbarra em limites de escala estabelecidos pelas equações regionais e pela dificuldade de caracterização de regiões hidrologicamente diferentes (Silveira et al, 1998; Tucci, 2000). Neste estudo nos utilizamos da metodologia de extrapolação de vazões pela sua simplicidade matemática, que permite a obtenção de respostas com um baixo custo computacional. A metodologia adotada pode ser subdividida em três etapas: a) confecção do MDT, b) confecção do mapa da área de contribuição (fluxo acumulado), e c) extrapolação dos dados de vazão para os demais pontos do rio a partir de estações conhecidas. O MDT da área de estudo foi confeccionado a partir das cartas digitais na escala 1:100.000 do mapeamento sistemático do IBGE em formato digital fornecidas pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF). As cartas foram editadas e unidas através do programa ArcView (ESRI, 1993a). A interpolação dos dados foi feita com o módulo Topogrid do programa ArcInfo (ESRI,1993b), projetado para criar um modelo topográfico digital voltado para à hidrologia. Este módulo utiliza uma técnica de interpolação de interação por diferenças finitas, em que combina a eficiência de uma interpolação local (como o método Inverso do Quadrado da Distância), com métodos de interpolação global que utilizam uma superfície de continuidade, como o interpolador Kriging (ESRI, 1993b). As dimensões do pixel estabelecidas para o MDT foram de 30m por 30m de forma a compatibilizá-lo com as imagens de satélite TM-Landsat. O MDT é o plano de informação primário para a modelagem dos parâmetros físicos relativos à aptidão hidroelétrica de PCHs. Figura 1 – Parâmetros para a implantação de aproveitamentos hidroelétricos. Fonte – CIELE, 2000. Artigo Técnico 25 A extrapolação dos dados de vazão foi feita considerando a área drenada à montante de cada célula denominada de área de contribuição (Beven e Kirkby, 1979) (Figura 2). Uma representação hipotética do cálculo da área de contribuição a partir de uma grade regular é apresentada na Figura 3. O mapa de área de contribuição é então determinado, realizando-se a contagem cumulativa dos pixels de acordo com o direcionamento do fluxo e multiplicando pela área do pixel. Para simular os dados de vazão ao longo do rio foi utilizado o calculo da vazão específica (Pinto et al, 1976) e a imagem da área de contribuição. A partir dos dados de vazão de uma estação conhecida pode-se extrapolar valores de vazão para os demais pontos da bacia de forma linear. Para a área de estudo foi utilizado a Estação de Derocal, pertencente à Rede de observação da ANEEL, localizada nas coordenadas 12º24’37”S e 045º07’29” W, e com uma área de contribuição de: 6231 km2. Esta estação é a única dentro da bacia de estudo com dados consistentes para o estudo. Sua série histórica esta resumida na tabela 1. Realizou-se o calculado da vazão específica da estação de Derocal conforme a equação (1). Qe = Q DTM Equação 1 – Calculo de Vazão específica A Onde: Qe – Vazão especifica; Q – Vazão e A – Área da Bacia de Contribuição Flow Direction Esta informação forma a base de dados espacial que alimenta a equação (2) (Figuras 2 e 4). Equação 2 – Calculo da vação especifica por Pixel Onde: QeP – Vazão especifica por pixel Qe – Vazão especifica; Ap – Área por pixel em m2 Tabela 1 – comportamento hidrológico (m3/s) da estação de Derocal, Cód. 46455000. Fonte ANEEL (2000) Jan. Média 45 65,5 Fev. 65,9 Mar. 61,3 Abr. 57,8 Mai. 49,2 Jun. Jul. 42,7 40,9 52,2 Ago. Set. 39,7 42,5 Out. 52,1 Nov. Dez. 63,9 Area of Contribution (pixel) Area of corresponding contribution to point 1 1 Figura 2 – A área delimitada corresponde à bacia de drenagem para um determinado pixel (quadrado vermelho) (Guimarães, 2000). Figura 3 – Determinação do mapa de área de contribuição a partir do MDT e da direção de fluxo Artigo Técnico 26 pela célula central do filtro, expressa pela seguinte formulação (Equação 3). A Df = CCj – CMinj Equação 3 – Calculo de desnível ao longo do curso d’água Onde: Df = Desnível ao longo do curso d’água CCj = Célula central da janela CMinj = célula com mínimo valor na janela A Figura 5 apresenta a operação e o resultado esperado para o desnível ao longo do fluxo para o exemplo dado na figura 8. Em contraposição, o desnível topográfico à margem do fluxo pode ser obtido a partir da detecção do valor máximo em uma janela 3 por 3 células. De forma análoga, estabelece-se uma relação de subtração com a célula central para quantificar esse desnível (equação 4): Dm = CMaxj – CCj B Equação 4 – Calculo de desnível ao longo da margem do rio onde: Dm = Desnível ao longo da margem do rio CMaxj = Célula com valor Maximo na janela CCj = Célula central da janela Figura 4 – Mapas de Fluxo Acumulado(A) que multiplicado pela vazão especifica por Pixel de Aproximadamente 7,540-06 gerou o mapa de Vazão especifica(B) IDENTIFICAÇÃO DOS DESNÍVEIS TOPOGRÁFICOS O aproveitamento do potencial hidráulico para as PCHs pode ser feito considerando duas situações fisiográficas: • Desnível topográfico ao longo do fluxo d’água - aproveitamento do encachoeiramento natural do rio; • Desnível topográfico em relação às bordas do fluxo – aproveitamento das áreas com altos gradientes nas bordas do rio a partir de uma obra de desvio do fluxo d’água. Esses dois tipos de desníveis topográficos devem ser tratados individualmente a partir de um algoritmo próprio que realize o cálculo para cada situação. Ambos os algoritmos partem de operações matemáticas sobre o MDT. O desnível ao longo do fluxo deve considerar apenas o percurso da d’água não podendo ser susceptível as zonas de margem. Para estipulá-la foi utilizado um filtro com uma dimensão de 3 por 3 células capaz de identificar o menor valor encontrado na janela. Como a água escorre para a cota mais baixa o valor determinado expressa a atitude em que o fluxo d’água migrará com relação à célula central. Para realizar essa filtragem foi utilizado a função Focalmin do programa ArcInfo. O valor do desnível ao longo do fluxo é obtido pela subtração do valor mínimo da janela Figura 5 – Exemplificação do procedimento para o cálculo do desnível topográfico na direção do fluxo Os desníveis podem também ser expressos na forma de declividade. As imagens de declividade e de desnível topográfico foram classificadas para melhor evidenciar as áreas de maior potencial. A classificação evidencia as regiões com declividades superiores que 3% e desníveis entre 10 a 15 metros conforme os critérios estabelecidos por Moreira et al (1998) (Figura 6 e 7). Os melhores locais para implantação das PCHs é obtido pelo cruzamento da declividade ou diferença de cotas com a vazão estimada. Para auxiliar a determinação destes pontos pode-se empregar um gráfico de dispersão entre essas duas variáveis pelo programa ENVI (RSI,1997). As células de interesse posicionam-se nos vértices superiores do gráfico (Figura 8). RESULTADOS E CONCLUSÃO Os resultados alcançados demonstram que a morfologia da região escolhida não apresenta grandes desníveis ao longo do curso d’água sendo os principais desvios nas zonas das bordas (Figura 9). As principais áreas selecionadas pela metodologia coincidiram com as PCHs já existentes na bacia. Este fato comprova a eficiência do método. Este método é simples e de fácil implementação permitindo um rápido inventário das áreas propícias para a implantação de PCHs. Desta forma, a metodologia proposta permite auxiliar na estratégia de desenvolvimento da região. Artigo Técnico Figure 6. Declividade reclassificada (detalhe) 27 Figure 7. Carta de detalhe com os resultados do processamento para identificar os valores de diferença de nível no terreno Figure 8. Gráfico 2d Scatter Plots com a identificação dos melhores pontos (em vermelho) (a) para a instalação de barragens (b) Figura 9. a desvio do rio para canal de adução (PCH Rieger) Artigo Técnico 28 PALAVRAS CHAVES: Energia, PCH, Geoprocessamento. REFERÊNCIAS Figura b-canal de adução junto a tomada d’água para a usina (PCH Alto Fêmeas – COELBA Figura c - conduto forçado interligando o canal de adução a casa de maquinas da usina (PCH Rieger) Figura d - casa de força da usina, tendo ao fundo o curso normal do rio (PCH Rieger) [1] BEVEN, K. J. and KIRKBY, M. J., A Physically Based, Variable Contributing Area Model of Basin Hydrology. Bulletin of Hydrological Sciences, v. 24, 1979. p.43-69. [2] ESRI, 1997, Understanding GIS – the ARC/Info method (Self-Study workbook – version 7.2 for Unix and Windows NT), Ed. Environmental Systems Research Intitute, Inc. Redlands – Califórnia. [3] ESRI, 1996, ArcView Spatial Analyst – advanced spatial analysis using raster and vector data, ESRI, Redlands – USA. [4] Moreira, M. A. R. G. Pinaud, R. Z. Barreto, A. C. Freitas, M. A. V. de, Pequenas Centrais Hidrelétricas, alguns tipos de instalações, sistemas e componentes, O Estado das Energias Renováveis no Brasil, CDROM, ANEEL, Brasília/DF, 1998 [5] Pinto, N. L. de S., et al., 1998, Hidrologia Básica, Ed. Edgard Blücher, São Paulo/SP. [6] RSI, 1997, Envi 3.0 User’s Guide, RSI, Colorado USA, [7] Silveira, G. L. Tucci, C. E. M., 1998, Monitoramento em pequenas bacias para a estimativa de disponibilidade hídrica; Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Vol. 3 nº 3 Jun/Set. [8] Tucci, C. E. M., 2000, Hidrologia 4 – Ciência e Aplicação (Segunda edição), Editora da Universidade (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) / ABRH, Porto Alegre. P&D 30 O investimento em P&D de interesse público PCH Notícias & SHP News entrevista o professor Gilberto De Martino Jannuzzi, diretor técnico do CT ENERG Fabiana Gama Viana Todo ano, as concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia são obrigadas a investir 1% de sua Receita Operacional Líquida (ROL) em pesquisa e desenvolvimento (Lei nº 9991/ 2000). Esses recursos investidos são conseqüência de cláusula específica dos contratos de concessão das empresas. Excluem-se dessa obrigatoriedade as instalações eólicas, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Em entrevista exclusiva ao PCH Notícias & SHP News, o Diretor Técnico do Fundo CT ENERG e professor da UNICAMP, Gilberto De Martino Jannuzzi, fala da importância do fundo e do investimento em pesquisa e desenvolvimento de interesse público. A seguir, os principais trechos da entrevista. PCH Notícias & SHP News – Há alguma previsão do que vai ser o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento no setor energético no novo governo? Jannuzzi – Até agora, da parte do governo, da parte do MCT [Ministério de Ciência e Tecnologia], ainda nós não temos essas definições claras. Eu estou dando continuidade aos trabalhos que nós iniciamos dentro do Fundo de Energia [CT ENERG], atendendo uma solicitação do Comitê Gestor, que seria esse grupo de energia. Estamos fazendo um trabalho de prospecção tecnológica, ou seja, uma continuação do trabalho que nós já iniciamos no passado [no antigo governo]. E a nossa idéia agora é sermos capazes de ser mais objetivos, de determinar uma lista de prioridades para investimentos. Nós estamos desenvolvendo procedimentos que vão envolver consultas a vários especialistas, em que nós vamos procurar identificar essas prioridades. No ano passado, logo que eu entrei [no MCT], um grande problema foi lidar com célula a combustível. Agora nós estamos fazendo de uma maneira mais geral, pegando todas as tecnologias. Eu vou fazer também, a pedido do próprio Comitê Gestor, um programa de P&D para energia solar, energia eólica e energia de biomassa. PCH Notícias & SHP News – E as PCHs? Jannuzzi – PCH é menos complicado do que essas três fontes. É um setor mais homogêneo, não tem grandes desafios ali. Na Professor Jannuzzi área solar, você tem muitos grupos fazendo muitas coisas, desfocados. Os grupos, alguns são muito bons, outros não o são. Outros são pequenos demais. . Então é preciso arrumar uns tópicos que ajudem a orientar as atividades nessa área. Mas nós estamos fazendo de uma maneira mais global, pegando todas as fontes de energia, e nós não estamos fazendo só para eletricidade, nós estamos pegando tecnologias de gás natural, petróleo, carvão. PCH Notícias & SHP News – A Lei que obriga as concessionárias a investir 1% de sua Receita Operacional Líquida em P&D [Lei nº9991/00] anualmente e o Fundos Setoriais foram criados no governo Fernando Henrique Cardoso. Como era antes disso? Jannuzzi – No caso específico de eletricidade, em 1997, a ANEEL colocou uma Resolução, colocando uma obrigação que atingia as concessionárias. Inicialmen- te as que eram privadas e depois todas que foram renovando os contratos de concessão. Antes do ano 2000, os nossos trabalhos, aqui da UNICAMP, já apontavam uma certa distorção dessa Resolução porque essa maneira de se regular a atividade de P&D (naquela época, esse recurso de P&D era todo gerenciado pela própria empresa) deixava um vazio do que chamamos de pesquisa de interesse público. Em 2000, então, foi criada uma Lei (Lei 9991/00) que reconhece isso. Então, atualmente, ela divide essa obrigação de P&D. Metade dos recursos ficam dentro da própria empresa, outra metade vai para o fundo. Esse fundo é o CT ENERG, que, segundo o próprio documento de diretrizes do CT ENERG, é um fundo que vai procurar investir em projetos de interesse público para complementar a parte que as empresas vão fazer, procurando financiar pesquisas que elas estão interessadas. PCH Notícias & SHP News – Essa metade que fica para as empresas investirem, elas investirão nas Universidades? Jannuzzi – A empresa tem a liberdade de contratar quem ela quiser. Como no Brasil, a maior parte da expertise fica nas Universidades ou Institutos de Pesquisa, isso é o que tem ocorrido. Mas, eu tenho notado que têm surgido Research and Development 31 The investment in R&D of public interest PCH Notícias & SHP News interviews the professor Gilberto De Martino Jannuzzi, technical director of the CT ENERG fund Trad. Felipe Moreton Chohfi will involve consultation to various specialists, in which we will aim towards identifying these priorities. Last year, just as I got in to MCT a great problem was to deal with the fuel cell. Now we are doing in a more general way, getting all the technologies. I will as well make the request of the actual Management Committee a program of P&D for solar, wind and biomass energy. Jannuzzi- In the specific case of electricity Every year the dealers of the energy in 1997, ANEEL placed a resolution, that sector are obliged to invest 1% of their made an obligation reaching the dealers. Liquid Operational Receipt (ROL) in Initially those that were private and after all research and development R & D (Law that went on renewing their concession number 9991/2000). These invested contracts. Before the year 2000, our works resources are a consequence of a specific here at UNICAMP, already pointed a certain clause of the concession contracts of the distortion of this resolution because this way companies. The wind, biomass and SHP of regulating the P&D activity ( in that time installations are excluded from this the P&D resource was all managed by the PCH Noticias and SHP NewsWhat about requirement. company ) left an emptiness that is called the SHPs? In an exclusive interview to PCH research of public interest. In the year 2000, JannuzziSHP is the Noticias and SHP a law was created ( Law 9991/00 ) that least complicated out of News the Technical recognizes this. So, presently, it divides this the three sources. Is a Director of the CT obligation od P&D. Half of the resources more homogeneous “We are undertaking ENERG fund and stay within the company, the other half goes sector, there are no big teacher at the a work of technologito the fund. This fund is the CT ENERG, that challenges there. In the University of following the document of directives of CT cal prosperity, or besolar sector, you have Campinas, Gilberto ENERG, is a fund that will try to invest in many groups making De Martino ing a continuation of public interest projects to complement the part many things, but Jannuzzi, talks that the companies will do trying to finance the work that we have unfocused. The groups about the research that they are interested on. some are very good, begun in the past [in importance of the others not. Others are fund and of the PCH Notícias & SHP News- This half that is the previous governtoo small. So there is a investment in left for the companies to invest, they will invest need to arrange a few ment].” research and in the Universities? topics that help to development of orientate the activities public interest. Next Jannuzzi- The company has the liberty to in this area. But we are are the main points contract who it wants. Given that in Brazil doing this in a more global way by getting all of this interview. the greatest part of the energy sources. the expertise is in the Additionally we are not PCH Noticias & SHP News- Is there any Universities and doing it only for forecast of what will be the investment in “The company has the Research Institutes, electricity, we are research and development in the energy this is what has getting technologies of liberty to contract who sector with the new government? occurred. However, natural gas, petroleum Jannuzzi- Until now, from the part of the it wants. Given that in I have noted that and coal. government and of the MCT ( Ministry of many consultancy Brazil the greatest Science and Technology ), we still do not companies have PCH Notícias & SHP part of the expertise is have clear definitions about this. I am giving been arising that are NewsThe law that continuity to the works that we have started in the Universities and also making part of obliges the dealers to inside the Energy Fund ( CT ENERG ), these P&D works. invest 1% of their Research Institutes, attending a demand of the Managerial Even Private Liquid Operational comitee, that would be this group of energy. this is what has ocResearch Institutes Receipt in P&D ( Law We are undertaking a work of technological have started to arise. curred.” number 9991/00 ) prosperity, or being a continuation of the So Universities are annually and the work that we have begun in the past ( in the not the only Sectorial Funds were previous government ). Our idea now is destination of this created in the being capable of being more objective, of investment, however they still hold the largest Fernando Henrique Cardoso government. determining a list of priorities for part of the investment. PCH Notícias & SHP News- The 50% that go How was it before that? investments. We are developing means that P&D / Research and Development to CT ENERG, the dealership hás any power over this quantity? Januzzi- No, the 50% that are in CT ENERG are no longer related to the dealership. Who determines how much to spend ( of this 50%) is the Management Comitee, where there are people of the government, civil society and of the private sector. It no longer has anything to “O Brasil é um dos poucos do with the electricity companies. The fund will países em desenvolvimento use these resources inside another perspective that must look to attend the interest of society, que conseguiu criar fundos with a larger cover. It is very hard that one para continuar progredindo electricity company would go to work for example with energy efficiency, supporting this em eficiência energética, em type of project, because what would be the novas fontes de energia, interest of CPFL ( São Paulo State Power and Light Company ) financing a more efficient olhando até com um horifridge? It is complicated for her as it does not zonte maior, porque essa commercialize a fridge. muitas empresas de consultoria que também estão fazendo parte desses trabalhos de P&D. Até Institutos de Pesquisa privados começaram a surgir. Então não é só Universidade, mas ainda é a maior parte. PCH Notícias & SHP News – Os 50% que vão para o CT ENERG, a Concessionária tem algum poder sobre essa quantia? Jannuzzi – Não, os 50% que estão no CT ENERG não estão mais relacionados à concessionária. Quem determina quanto gastar [desses 50%] é o Comitê Gestor, onde tem gente do governo, sociedade civil e do setor privado. Não tem mais nada a ver com as empresas de eletricidade. O fundo vai usar esses recursos dentro de uma outra perspectiva que deve procurar atender interesses da sociedade, mais abrangentes. É muito difícil que uma empresa de eletricidade vá trabalhar, por exemplo, com eficiência energética. perspectiva de interesse público, não há o interesse comercial tão presente, tão imediato.” PCH Notícias & SHP News- As well it is less energy that the company will sell… Jannuzzi- The resources of CT ENERG also support the energy efficiency programs of public interest. This concept is a new one. Brazil is one of the few developing countries that managed to create funds to continue progressing in energy efficiency, in new energy sources, looking even with a larger horizon because this PCH Notícias & SHP News – E também é menos energia que a perspective of public interest does not have the commercial interest empresa vai vender... so present, so immediate. This was one of the problems that we Jannuzzi – Os recursos do CT ENERG também apóiam os prograidentified. We will have mas de eficiência energética de interesse público. Esse resources for research of conceito é um conceito novo. O Brasil é um dos poulonger duration. The cos países em desenvolvimento que conseguiu criar “Brazil is one of the few decompany in general will fundos para continuar progredindo em eficiência veloping countries that mannot do this because they energética, em novas fontes [de energia], olhando até are not interested, no com um horizonte maior, porque essa perspectiva de aged to create funds to conprofit and the risk is very interesse público, não há o interesse comercial tão tinue progressing in energy high. This is natural we presente, tão imediato. Esse era um dos problemas need this resource. We que nós identificávamos. Vai-se ter recursos para pesefficiency, in new energy cannot depend on things quisa de mais longa duração. A empresa, em geral, não sources, looking even with a that will only go right vai fazer isso, porque não interessa, não dá lucro, o tomorrow. risco é muito alto. Isso é natural. Nós precisamos larger horizon because this desse recurso. Nós não podemos depender de coisas perspective of public interest PCH Notícias & SHP que só vão dar certo amanhã. does not have the commercial News- The dealership is obliged to invest what is PCH Notícias & SHP News – A concessionária é side so present, so immedineeded in the region obrigada a investir o que lhe cabe na região onde está ate.” where it is located? localizada? Jannuzzi- No. Who Jannuzzi – Não. Quem aprova isso [os projetos onde approves this ( the projects that the company will invest ) is ANEEL, a empresa vai investir] é a ANEEL, e ela tem os critérios para aprovar and it has the criteria to approve, or not. But until now, it has been ou não. Mas até agora tem sido projetos que a empresa determina projects that the company determines as its priority. So it can be very como sua prioridade. Então podem ser projetos os mais diferentes. different types of projects. The company will view something that Ela [a empresa] vai enxergar algum interesse. interests. PCH Notícias & SHP News- Is there a problem if the resource of the PCH Notícias & SHP News – E não tem problema de o recurso da north region dealership all comes to the southeast region because the concessionária da Região Norte, por exemplo, vier todo para o Sudescompany of the north only wants to invest in the southeast? te porque a empresa de lá só quer investir no Sudeste? Jannuzzi- The company can do this. If it wants it can contract all Jannuzzi – Ela [a empresa] pode fazer isso. Se ela quiser, ela pode the projects of the south region. CT ENERG is already obliged to contratar todos os projetos no Sul. O CT ENERG já é obrigado a spend 30% of its resources in the North, Northeast and Centerwest gastar 30% [dos recursos] nas Regiões Norte, Nordeste e Centroregions. This public interest fund tries to correct this type of thing. Oeste. Esse fundo de interesse público tenta corrigir esse tipo de The private company will contract the best team to make its coisa. A empresa privada vai contratar a melhor equipe para fazer o project, because it will not contract a team from a certain region projeto dela, porque ela não vai contratar uma equipe de uma determijust because it is near. It can even do this but it will be a decision nada região, só porque está perto. Ela pode até fazer isso, mas vai ser of the company. If it will compete with other companies it will try to uma opção dela. Se ela vai competir com outras empresas, ela vai guarantee that it is spending in the most intelligent way. procurar garantir que está gastando da maneira mais esperta possível. Investimentos Investidores falam sobre o mercado de energia Evana Rosa Nesta edição, a revista PCH Notícias inaugura a seção Investimentos. O objetivo é apresentar opiniões de empresários e consultores para avaliarem o mercado de energia e estratégias do governo para incentivar investimentos na área. Para estrear a editoria, PCH Notícias & SHP News entrevistou o Diretor-Presidente da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), Wilson Pinto Ferreira Junior e o presidente do conselho de Recursos Hídricos e Energia (RHE), empresa de consultoria e investimentos em energia e recursos hídricos, Fábio Ramos. Wilson está otimista com a entrada de Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país. Ele afirma que o governo sinaliza como soluções de resolver os principais problemas brasileiros, a retomada do crescimento econômico e a melhoria na distribuição de renda. “Nestas condições, a empresa de energia leva uma vantagem porque é responsável pela infra-estrutura que garante este desenvolvimento”, ressalta. Já para o presidente do conselho da RHE, um dos pontos mais complexos a serem trabalhados pelo governo é a definição dos contratos de longo prazo, que seriam responsáveis por viabilizarem a geração elétrica num âmbito geral. “O programa de térmicas está bastante combalido por causa da questão do dólar e as grandes hidrelétricas são, de certa forma, inviabilizadas, do ponto de vista financeiro”. Fábio Ramos ressalta, ainda, que um impasse para o investidor se refere à questão ambiental. Para ele, os órgãos ambientais deveriam apresentar um conjunto de exigências a serem seguidas pelos empreendedores. “A questão ambiental se reverte hoje como um pesadelo e não há uma ação organizada por parte dos órgãos ambientais no sentido de orientar. É tudo na base da tentativa e erro”. Para ele, o Ministério de Minas e Energia deveria atuar politicamente em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente a fim de definir uma pauta clara para orientar o empreendedor no sentido de obter as licenças. “No meu tempo de Diretor do Departamento Nacional de Energia Elétrica tinham sido emitidos manuais para se obter a concessão e os investidores sabiam que se entregassem aquilo, obteriam a concessão. Já está evidente para o país que muitas coisas são indevidamente amarradas pelo não licenciamento ambiental”. Co-geração PCHs Sobre o mercado ligado às pequenas cenSobre co-geração, Wilson ressalta que a CPFL é pioneira na área e a experiência tem trais hidrelétricas (PCHs), os dois ressaltam sido muito positiva. Ele explica que a em- o apoio que o governo pretende dar para esta presa sempre manteve uma atividade muito geração. Entretanto, Wilson explica que elas mais voltada para resolver os problemas dos têm um alto custo de investimento e, no moseus consumidores do que para uma explo- mento em que a Agência Nacional de Energia ração comercial. Mas, quando foi percebida Elétrica (Aneel) licita grandes conjuntos de a necessidade da geração térmica no país, a aproveitamentos, as PCHs enfrentam alguempresa passou a vislumbrar a co-geração ma dificuldade. “No caso da CPFL, como eram exercendo um papel importante na geração centrais muito antigas, o investimento foi mede energia. “Passamos a sinalizar, então, a possibilidade de viabilizar uma quantidade bem maior daquela que a gente vinha trabalhando”. O presidente ainda ressalta que só nos últimos dois anos a empresa aumentou em 15 vezes a compra de energia deste tipo de fonte, volume que deve ser duplicado nos próximos dois anos. Segundo Wilson, cerca dos 5% da energia da Paulista colocadas no mercado são vindas de usinas de co-geração. “Nós conseguimos O Diretor-Presidente da CPFL, Wilson Pinto Ferreira viabilizar uma parceria Junior, está otimista com a entrada do novo governo com o BNDES, onde o The President-Director of CPFL, Wilson Pinto Ferreira banco financia o empreenJunior is optimistic with the entry of the new government dedor para comprar os equipamentos e desenvolver sua usina de co-geração. Ele usa o contrato nor”. O presidente da CPFL ainda afirma esde compra de dez anos da CPFL como garan- tar otimista com os planos do governo de criar incentivos maiores para PCHs. “O maior que tidor daquele financiamento”, conclui. Segundo Wilson Pinto Ferreira Junior, a nós temos hoje é o fato de a PCH poder vender CPFL é hoje uma holding na área de energia energia para consumidores sem pagar o uso da que opera três distribuidoras: a Paulista, rede, afirma”. Para Fábio Ramos, as PCHs têm condiPiratininga e RGE. Opera também uma grande geradora que tem em operação hoje 19 pe- ções de participar de forma competitiva do quenas centrais. A comercializadora, criada em mercado de energia. Ele acredita, inclusive, que novembro passado, é a empresa responsável serão facilitadas linhas de crédito. Como vanpor todo processo de compra e venda de ener- tagens de uma PCH, ele enumera a questão do gia para atender a demanda de cada uma das transporte e sua participação no mecanismo distribuidoras e para vender a energia das em- de realocação de energia. Além disso, segundo ele, a maioria dos equipamentos de uma PCH presas de geração. A CPFL nasceu da fusão de quatro pe- é nacional, o que estimula a economia brasileiquenas empresas municipais de eletricidade ra. “Intrinsecamente a PCH é um grande negóno início do século 20 e hoje distribui energia cio e ela tem uma grande particularidade, perelétrica para 234 cidades paulistas, o que re- mitindo que grupos nacionais ou estrangeiros presenta 1/3 do Estado de São Paulo com com base em tecnologia nacional possam entrar no jogo”. seus 645 municípios. Investments Investors talk about the energy market Trad. Felipe Moreton Chofhi In this edition the PCH Notícias & SHP News magazine innaugurates the section investments. The objective is to present the opinions of businessman and consultants about the energy market, strategies of the government to incentive investments in the area and guarantee the increase in the supply of energy. To begin this section SHP News interviewed the president of the São Paulo state Power and Light Company ( CPFL ), Wilson Pinto Ferreira Junior and the president of the Council of Water Resources and Energy ( RHE ), a company of consultancy and investments in energy and water resources, Fábio Ramos. For Wilson the expectation is good with the entry of Lula in the command of the country. He affirms that the government is giving a positive sign in saying that the solutions to the great brazilian problems will be the re-taking of economic growth and improval in income distribution. In this condition the energy company takes advantage as it is responsible for the infrastructure that guarantees this development. Now for the president of the council of RHE one of the more complex points to be worked on by the government is the definition of the long term contracts that would be responsible for making electric generation feasible in general. He thinks the steam plants programme is very affected because of the dollar and the big hydroelectric plants are in a way unviable from the financial point of view. Fábio Ramos highlights that an impasse to the investor, refers to the environmental issue. For him, the environmental segments should present a set of demands to be followed by the enterpreneurs. “The environmental question reverts itself today as a nightmare and there is no organized action by the environmental segments on the way of orientation. It is all on the basis of try and error”. For him, the Ministry of Mines and Energy should act politically together with the Ministry of Environment with the aim of defining a clear line to guide the enterpreneur in the way of obtaining the licenses. “In my time of director of the National Electricity Department manuals had been emited to obtain the concession and the investors did know that if they delivered that they would obtain the concession. It is already evident to the country that many things are inadequately tied by non environmental licensing. Cogeneration SHPs About the market linked to the Small Hydro Power Plants ( SHPs ) both of them emphasize the support that the government intends to give for this type of generation. Wilson explains that these have a higher investment cost and that in a moment when the National Agency of Electricity ( Aneel ) licitates great groups of licensings, the SHPs have a certain difficulty. “In the case of CPFL given that they were very ancient plants, the investment was lower”. The president of CPFL still affirms he is optimistic with the government plans of About cogeneration, Wilson highlights that CPFL is the pioneer in the area and the experience has been very positive. He explains that the company always maintained an activity a lot more aimed towards solving the problems of their consumers than towards commercial exploring. However when the need for thermal generation in the country was realized the company started to realize cogeneration as having an important role in the generation of energy. The president highlights that in the last two years the company increaed in 15 times the purchase of energy from this source, volume that must be doubled in the forthcoming two years. Following Wilson about 5% of the energy from the São Paulo state Power and Light Para o presidente do conselho da RHE, Fábio Racompany put in the market comes mos, as PCHs têm condições de participar de forma from cogeneration plants. “We competitiva do mercado de energia / For the president of managed to viabilize a the council of RHE, Fabio Ramos the SHPs have condipartnership with BNDES, where tions of participating competitively in the energy market the bank finances the entrepreneur to buy the creating greater incetives to SHPs. “The equipments and develop their cogeneration plant. greatest one that we have today is the fact that It uses the purchase contract of 10 years from the SHP can sell energy to the consumers CPFL as a guarantee of that financing, he without paying the use of the net”, he affirms. concludes. For Fabio Ramos the SHPs have CPFL today is a holding in the area of energy conditions of participating actively in the that operates three distributors: Paulista, energy market. He also believes that the lines Piratinga and RGE. It also operates a big of credit will be eased. As advantages of an generator that has in operation today 19 small SHP, he places the question of transport and centrals. The commercializer created last its participation in the mechanism of energy November, is the company responsible for the re-allocation. In addition he states that the whole process of purchase and sale of energy to majority of the equipments of an SHP are attend the demand of each distributor and to sell national stimulating the brazilian economy. the energy of the generation companies. It was “The SHP is a big deal and has a great born from the fusion of four small muicipal particularity as it permits national and foreign companies of electricity in the beginning of the groups based on national tecnology to get in 20th century and today distributes electricity to the game”. 234 cities of São Paulo, what represents 1/3 of the state of São Paulo with its 645 municipalities.