Caderno de resumos - Lithic Soluções de Digitais

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Caderno de resumos - Lithic Soluções de Digitais
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
CADERNO DE RESUMOS
SUMÁRIO
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Reitor: Carlos Antônio Levi da Conceição
FACULDADE DE LETRAS
Diretora: Eleonora Ziller Camenietzki
DECANIA
Decana: Flora De Paoli Faria
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS
Chefe: Katia Teonia Costa de Azevedo
Subchefe: Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS CLÁSSICAS
Coordenadora: Tania Martins Santos
Vice-coordenador: Ricardo de Souza Nogueira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Ricardo de Souza Nogueira – Presidente
Fernanda Messeder Moura – Vice-presidente
Ana Thereza Basilio Vieira
Anderson de Araújo Martins Esteves
Arlete José Mota
Beatriz Cristina de Paoli Correia
Cinthya Sousa Machado
Eduardo Murtinho Braga Boechat
Fábio Frohwein de Salles Moniz
Katia Teonia Costa de Azevedo
Luiz Karol
Marinete José de Oliveira de Santana Ribeiro
Pedro Baroni Schmidt
Pedro da Silva Barbosa
Rainer Guggenberger
Renan Moreira Junqueira
Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk
Tania Martins Santos
COMISSÃO CIENTÍFICA
Alice da Silva Cunha
Amós Coêlho da Silva
Fabio de Souza Lessa
Flora de Paoli Faria
Marlene Soares dos Santos
Pedro Paulo Abreu Funari
Shirley Fátima Gomes de Almeida Peçanha
SECRETÁRIA
Roseane Barroso Franco
REALIZAÇÃO
Departamento de Letras Clássicas – UFRJ
Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas (PPGLC) – UFRJ
APOIO
Faculdade de Letras da UFRJ – CAPES – CNPQ – FAPERJ – PR3 (UFRJ)
ISBN: 978-85-8101-013-7
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SUMÁRIO
CONFERÊNCIAS
Alexandre Carneiro Cerqueira Lima|07
Antonio Stramaglia|07
Edith Hall|07
Fernando Brandão dos Santos|08
Francesco Citti|09
Lucia Pasetti|09
Marcos Martinho dos Santos|09
Nathalie Lemaire|10
Renata Senna Garraffoni|10
Violaine Sebillote Cuchet|11
MINICURSO
Auto Lyra Teixeira|12
Daniel Barbo|12
Eduardo Boechat|12
Marta Alkimin|13
Rolph de Viveiros Cabeceiras|13
Simone Gonçalves Bondarczuk|12
MESAS-REDONDAS
Álvaro Alfredo Bragança Júnior|14
Ana Thereza Basílio Vieira|14
Anderson de Araújo Martins Esteves|19
Antônio Jardim|16
Daniel Barbo|20
Fernanda Lemos de Lima|17
Fernanda Messeder Moura|15
Fernando José de Santoro Moreira|16
Gilvan Luiz Fogel|16
Glaydson José da Silva|19
Greice Ferreira Drumond|15
Magali Moura|17
Márcia Regina de Faria da Silva|18
Maria Regina Cândido|14
Ricardo de Souza Nogueira|15
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COMUNICAÇÕES COORDENADAS
Agatha Pitombo Bacelar|28
Aleska Lemos|26
Arlete José Mota|30
Beatriz Cristina de Paoli Correia|26
Cristiane Vargas Guimarães|21
Danilo de Albuquerque Furtado|29
Diogo dos Santos Silva|22
Douglas Gonçalves de Souza|27
Eduardo Bezerra Abdala|22
Filipe Costa Pinheiro|31
Giovanna Marina Giffoni|23
Glória Braga Onelley|24
Juliana Batista Cavalcanti|25
Lívia Medeiros de Albuquerque|30
Luana Cruz da Silva|24
Luiz Pedro da Silva Barbosa|28
Marcelle Souza Esteves|28
Marcus Caetano|23
Mariana Beraldo Santana do Amaral da Rocha|32
Milena de Oliveira Faria|26
Rafael Lemos|23
Sandra Lúcia Rodrigues da Rocha|29
Sandra Verônica Vasque Carvalho de Oliveira|31
Shirley Fátima Gomes de Almeida Peçanha|24
Stefania Sansone Bosco Giglio|27
Thiago Henrique Pereira Ribeiro|25
Valesca Scarlat Carvalho da Fonseca|29
Wendell dos Reis Veloso|21
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS
Aldo Lopes Dinucci|33
Alessandra Serra Viegas|33
Alex Fabiano Campos Gonçalves|33
Amós Coêlho da Silva|34
Ana Cristina de Souza Pires Dias|34
André Alcântara Augusto Pereira|34
André Rodrigues Bertacchi|35
Andreza Caetano|35
Angelo Balbino Soares Pereira|35
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Bárbara de Oliveira Wilbert Iung|36
Bárbara da Costa e Silva|36
Bruna Moraes da Silva|37
Carla Cristina da Silva Lavinas|37
Carlos Monteiro Junior|37
Cinthya Sousa Machado|38
Dulcileide Virginio do Nascimento|38
Fernando Rodrigues Junior|38
Filipe Cesar da Silva|39
Guilherme Horst Duque|39
Jasmim Sedie Drigo|40
Johnnatan Ivens Antunes Nascimento|40
Leonardo Ferreira Kaltner|40
Lilian Amadei Sais|41
Lorena Lopes da Costa|41
Lucas Consolin Dezotti|41
Lucas Matheus Caminiti Amaya|42
Luciana Antonia Ferreira Marinho|42
Luciana Ferreira da Silva|42
Luciana Mourão Maio|43
Luciene de Lima Oliveira|43
Ludmila Alves da Silva|44
Luiz Fernando Dias Pita|44
Marcelo Bourscheid|44
Marco Antônio Lima da Silva|45
Mariane Farias de Oliveira|45
Marianne Franco Pereira|46
Matheus Treuk Medeiros de Araujo|46
Milton Marques Júnior|47
Nathan Rodrigues da Silveira Murizine Branco|47
Patrícia Schlithler da Fonseca Cardoso|47
Paulo Gustavo Santos da Silva|48
Paulo Henrique Oliveira de Lima|48
Pedro Baroni Schmidt|48
Pedro Paulo Alves dos Santos|49
Pedro Vieira da Silva Peixoto|49
Rafael Guimarães Tavares da Silva|50
Rafael Sento Se Guimaraes Falcon|50
Rafael Silva dos Santos|51
Rainer Guggenberger|51
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Rodrigo Pinto de Brito|51
Sarah Lopes Israel de Medeiros|52
Simone Aparecida Dupla|52
Tarsilla Couto de Brito|53
Tayná Sanches Pereira Costa|53
Thiago da Silva Pinheiro|54
Tiago Silva Souza|54
Vanderlei José Zacchi|54
Vinícius Moretti Zavalis|55
Viviane Moraes de Caldas|55
Wagner Luiz da Silva|56
Waldir Moreira de Sousa Junior|56
Zildene de Souza|56
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CONFERÊNCIAS
AGÓN E A REPRESENTAÇÃO DE ANIMAIS NA CERÂMICA
CORÍNTIA: UMA ANÁLISE DA CRATERA E-629 DO MUSEU DO
LOUVRE
Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (UFF/PPGH)
A presente palestra tem como objetivo estudar a representação de animais e
seres “fabulosos” no contexto do “fenômeno orientalizante” no séc. VII a.C. A
passagem do estilo protocoríntio de pintura para o coríntio pode nos ajudar a
compreender melhor as disputas entre os grupos de aristocratas (gregos e
etruscos) por meio das representações pictóricas na cerâmica produzidas pelas
olarias do Istmo de Corinto.
LIVROS DE “HISTÓRIAS EM QUADRINHOS” NO MUNDO
GRECO-ROMANO
Prof. Dr. Antonio Stramaglia (Università degli Studi di Cassino e del Lazio
Meridionale)
Os gregos e os romanos tiveram livros de “histórias em quadrinhos”? Esta
conferência examinará dois fragmentos em papiro do final do séc. II ao III d.C.,
ambos com vinhetas intercaladas entre parcelas de texto grego contendo as
palavras ditas pelos personagens que aparecem em cada uma delas, cujo resultado
é um contraste paródico agonal centrado nos trabalhos de Héracles. A natureza
e a estrutura desses artefatos peculiares serão reconstruídas e contextualizadas
no âmbito de um conhecimento mais amplo e de uma difusão dos
“quadrinhos” na Antiguidade greco-romana.
AESCHYLUS’ EUMENIDES AND THE TRAVAILS OF
DEMOCRACY
Profª. Drª. Edith Hall (King’s College London)
The Athenian tragedian Aeschylus lived through the very travails – birthpangs or labour-pains – of the Athenian democracy. He witnessed the
assassination of Hipparchus, the Cleisthenic revolution, the defence of Greece
against Persian invasion and the bloody stasis leading up to the reforms of the
Areopagus and the death of Ephialtes. In his Oresteia of 458 BC he provided
a mythical aetiology for the Council of the Areopagus. But this paper argues
that, through this aetiology of a specific legal institution at Athens, he
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dramatized a powerful and far-reaching examination of democracy itself. Placing
sovereign, executive power (kratos) in the hands of the people (the demos)
raises the most fundamental of questions about the distribution of rights
and privileges and the entitlement of individual members of the community
to participate in its decision-making and relationships with other communities.
In Eumenides, Aeschylus put on stage the only kingless constitution in Greek
tragedy, and demonstrated in practice how selected/elected citizens can struggle
to come to a decision. During the constitution by Athena of the court of the
Areopagus, the hearing of the cases of Orestes/Apollo and the Erinyes, the
voting procedure and Athena’s management of the dissident Erinyes, the
potential problems inherent in a direct democracy are relentlessly exposed: the
disfranchisement of women, deadlock between two equivalently powerful
groups espousing contrasting opinions, the mutinous anger of large minorities,
and the neglect of the rights of victims. This paper considers whether Aeschylus’
exposure of the problems and challenges presented to any fledgling democracy
is a conscious response to his historical and political context, with a specific
agenda, or a more unconscious expression of the fissures and tensions
underlying the socio-psychological situation in which he and his audience
members found themselves. Finally, in considering the rather unsatisfactory
history of the interpretation of Eumenides by theatre directors in modern
performances, from the 19th century until the present day, it suggests that the
world has failed to make full use of one of its most valuable and searching –
as well as its most ancient – literary critiques of cherished political ideals. The
time has come for a new staging of Eumenides that addresses democracy and its
discontents, internationally, in the 21st century AD.
DRAMA E AGÓN NO HIPÓLITO DE EURÍPIDES
Prof. Dr. Fernando Brandão dos Santos (UNESP/PPGEL)
O estudo do agón tem merecido diversas abordagens seguindo o interesse
maior dos estudiosos que o abordam. Minha proposta com o presente trabalho
é a de estabelecer as relações entre a trama estabelecida por Afrodite (v. 1-57) no
prólogo do Hipólito de Eurípides (Hippólytos Stephanéphoros) e a cena
de agón entre Teseu e Hipólito (v. 902-1089). Também queremos apontar as
implicações dramáticas ao longo desta peça apresentada em 428 a.C. (reescritura
de uma versão anterior, o Hippólytos kaluptómenos, ora perdida para nós). Como
base para nossa discussão, além do texto estabelecido por James Diggle (Oxford,
1984), examinamos entre outras edições a de W.S. Barrett (Oxford, 1964) e a de
David Kovacs (Cambridge/Harvard, 1995). Para o estudo do agón temos entre
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outros, o clássico L’AGON dans la tragédie grecque, de Jacqueline Duchemin (Paris,
1968), e o The AGON in Euripides, de Michael LLoyd (Oxford, 1992).
QUAEDAM IURA NON LEGE, SED NATURA: UN CONTRASTO
GIURIDICO E FILOSOFICO NELLA DECLAMAZIONE LATINA
Prof. Dr. Francesco Citti (Università di Bologna)
L’argomento di questo intervento riguarda l’uso nella declamazione romana
del tema di natura, ed in particolare il ricorso sia al concetto di legge naturale, sia
a specifiche espressioni come iura e leges naturae. Si cercherà di ricostruire il loro
background nei manuali di retorica, nella trattatistica filosofica, specialmente in
Cicerone e negli Stoici (e anche in Seneca figlio, influenzato dalla declamazione,
ma a sua volta fonte di ispirazione per le successive raccolte declamatorie:
Calpurnio Flacco, le Declamazioni Minori e le Maggiori), senza trascurare le
documentazioni, per quanto scarse, della concettualizzazione della legge di
natura nella giurisprudenza romana.
LA CONTROVERSIA INTERIORE: IL LINGUAGGIO DELL’IO
NELLA DECLAMAZIONE LATINA
Profª. Drª. Lucia Pasetti (Università di Bologna)
Il tema dell’intervento è il linguaggio dell’interiorità nella declamazione latina.
Verranno perciò presi in esame alcuni elementi di stile che ricorrono spesso nei
testi declamatori allo scopo di esprimere lo stato d’animo del personaggio di
cui il declamatore sostiene la parte: forme medio passive connesse alla metafora
della lacerazione interiore (come elidor o distrahor); un tipo particolare di
metonimia, che ho definito “metonimia delle partes”, per cui si fa riferimento
ai nomi dei personaggi ricorrenti nelle controversie, (come pater, nouerca, filius)
per evocarne i sentimenti. Ulteriori elementi sono la personificazione di animus
e il pronome indefinito nescioquis, impiegati per esprimere le passioni inconsce,
che sfuggono al controllo del soggetto. Questi stilemi di origine declamatoria
influenzano il linguaggio letterario e filosofico di età imperiale e costituiscono
così una documentazione importante per comprendere meglio la
rappresentazione dell’io in questo periodo.
O EMBATE DE ARACNE E MINERVA (OV. M. VI 1-145)
Prof. Dr. Marcos Martinho dos Santos (USP/PPGLC)
Várias interpretações foram propostas da narração do mito de Aracne, que se lê
no início do livro VI das Metamorfoses. Segundo uma perspectiva teológica,
notaram a oposição entre a ingenuidade da mortal e a crueldade da deusa, a
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impiedade humana e a punição divina. Segundo uma perspectiva política,
compararam a punição infligida por Minerva a Aracne com a punição infligida
por Augusto a Ovídio. Segundo uma perspectiva artística, notaram que a
tapeçaria de Minerva se divide, ao centro, em dois grupos principais cercados
por quatro cenas secundárias que ocupam os ângulos; a de Aracne, por sua vez,
não obedece a nenhuma ordem aparente, mas visa ao efeito de verossimilhança.
Na minha exposição, pretendo desenvolver uma interpretação da narração
ovidiana de acordo com uma perspectiva filosófica. Assim, pretendo mostrar
que aquela se inscreve no quadro de uma antiga disputa entre poesia e filosofia.
AGÓN E TRAGÉDIA GREGA: ESCLARECIMENTO
TERMINOLÓGICO. FORMAS E SIGNIFICAÇÕES DE AGÓN NA
TRAGÉDIA GREGA, EM ESPECIAL, EM ÉSQUILO E EURÍPIDES
Profª. Drª. Nathalie Lemaire (Université Clermont-Ferrand)
Este trabalho pretende primeiro estudar em que é que a tragédia grega é um
confronto, não somente na sua estrutura, que opõe, em dois espaços separados,
coro e personagens, mas também nas relações conflituosas que têm os próprios
personagens. Então, observaremos que a tragédia, como arte singular, como
produtor de sentido, utiliza o agón para interrogar-se sobre situações reais fora
da ficção dramática. Em seguida, iremos afinar nosso estudo, mostrando que
cada dramaturgo elabora, pelas cenas de confronto, sua própria concepção da
linguagem e da sua relação com a realidade.
GLADIADORES ROMANOS E HISTORIOGRAFIA MODERNA:
CONFLITOS E CONTRADIÇÕES
Profª. Drª. Renata Senna Garraffoni (UNICAMP/PGHIS)
A presente palestra visa destacar as principais maneiras de interpretar as arenas
romanas no início do Principado pela historiografia e suas contradições com a
documentação epigráfica. Considerando as abordagens mais conhecidas que
exploram questões políticas e econômicas, a ideia central é focar a análise na
maneira como os documentos escritos são interpretados nesses trabalhos para,
a seguir, contrapor com as inscrições feitas pelos gladiadores ou seus familiares
(lápides e/ou grafites de parede). Essa perspectiva, além de relaçar a importância
da cultura material como documento para uma aproximação do mundo das
lutas romanas, também busca por interpretações diversas mais focadas no
contexto social dos gladiadores e nas maneiras como constroem suas memórias.
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AU CHAMP D’HONNEUR DE SALAMINE: LE GUERRIER, LA
FEMME ET L’HISTORIEN
Profª. Drª. Violaine Sebillote Cuchet (Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne)
Selon Hérodote, l’Athénien Ameinias de Pallène fut honoré par l’ensemble
des Grecs en raison de sa belle conduite à Salamine. Dans la compétition de la
guerre, il remporte, avec un Eginète et un autre Athénien, la palme du meilleur
combattant. Pourtant, le même Hérodote rapporte qu’à Salamine, Ameinias a
été ridiculisé par Artémise d’Halicarnasse, plus rusée et plus extraordinaire que
tous les guerriers réunis côté perse ou côté grec. Le récit d’Hérodote montre
ainsi que la compétition pour les honneurs s’inscrit dans une compétition
entre différentes manières de considérer la guerre mais aussi et plus généralement
la place des hommes et des femmes en société (les régimes de genre). Ce récit
est également un indice des rivalités qui opposent différentes paroles de
mémoire, celle d’un poète-historien au regard décentré par rapport au pouvoir
dominant de l’époque et celles d’institutions civiques bien relayées, par Hérodote
mais surtout par Plutarque et la tradition manuscrite.
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MINICURSOS
FÁBULAS DE ESOPO
Prof. Dr. Auto Lyra Teixeira (UFRJ/PPGLC)
Esopo e as fábulas. Características da fábula. Fábulas: oralidade e escrita.
Transmissão e apropriação das fábulas de Esopo através dos tempos. Fábulas
e conversação. Fábulas e educação.
BALZAC, WILDE, MANN E O HOMOEROTISMO GREGO
Prof. Dr. Daniel Barbo (UFAL)
O objetivo deste minicurso é analisar a criação literária de identidades
homoeróticas em três obras: O pai Goriot (1834-35), de Honoré de Balzac, O
retrato de Dorian Gray (1890), de Oscar Wilde e Morte em Veneza (1912), de
Thomas Mann. O estudo destas criações identitárias e da própria vida destes
autores leva-nos a duas hipóteses: primeiro, a hipótese de que estes autores
podem ser descritos como integrantes de redes de sociabilidade responsáveis
pela invenção de uma discursividade homoerótica, numa longa duração, durante
os dois últimos séculos no Mundo Ocidental, por suas obras, cartas, afinidades
intelectuais, relações pessoais, dentre outros elementos da sociabilidade nos
termos de Jean-François Sirinelli; segundo, a hipótese de que os fundamentos
gerais disponíveis a estes autores para a produção daquelas identidades eram
os elementos da cultura grega, especialmente do homoerotismo grego. Neste
sentido, a construção desta discursividade homoerótica nestas redes de
sociabilidade são partes integrantes daquilo que Michel Foucault denominou
de processo de construção da sexualidade, um processo autônomo e exclusivo
da modernidade ocidental.
PLATÃO E O PLATONISMO
Prof. Dr. Eduardo Boechat (UFRJ)
Profª. Me. Simone Gonçalves Bondarczuk (UFRJ)
Platão sempre foi uma das referências principais nos debates ocorridos ao
decorrer da história da filosofia. Alguns pensadores chegam a afirmar que a
filosofia ocidental nada mais é que uma série de notas ao pé de página dos
escritos desse grande filósofo. A perenidade da obra de Platão se faz notar logo
após a sua morte quando a Academia, a escola filosófica que fundou, se mostra
uma das forças no desenvolvimento do pensamento da era helenística. Essa
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influência se revigora no séc. I a.C. na medida em que a escola Estoica de então
e grandes autores como Cícero o resgatam como referência filosófica
fundamental. Este minicurso visa, em linhas gerais, dar um panorama do
contexto político-cultural em que surge a Academia platônica, bem como dos
elementos centrais de seu pensamento – com ênfase especial na Teoria das
Formas – além de esboçar os desafios hermenêuticos atuais que buscam quebrar
a visão dogmática tradicional do corpus platônico. O minicurso também
apresenta as controvérsias filosóficas travadas à volta das ideias de Platão nos
círculos filosóficos de Roma.
DE MNEMÓSINE À TECLA SAVE DO COMPUTADOR: HOMERO
E A VIAGEM DA IMAGINAÇÃO LITERÁRIA
Profª. Drª. Marta Alkimin (UFRJ/PPGCL)
[Resumo não divulgado pela autora]
RETÓRICA, HISTÓRIA E IMPÉRIO: AS ANTILOGIAS EM
TUCÍDIDES E TÁCITO
Prof. Dr. Rolph de Viveiros Cabeceiras (UFF)
Argumentos a favor e contra determinada atitude costumam ser apresentados
nas obras antigas na forma de discursos conforme a posição, os valores e a ótica
da personagem a desempenhar o papel de orador. Não poucas vezes tais
discursos formam parelhas de argumentos contrapostos, com o intuito de
persuadir um ao outro ou convencer um terceiro (assembleia, exército, tribunal,
por exemplo). A ideia é envolver o leitor/ouvinte nas questões em jogo,
proporcionando o efeito de um embate e uma compreensão mais ampla do
episódio e dos interesses disputados. O recurso retórico dessas parelhas de
discursos são chamados antilogias. Nas antilogias, os dois discursos devem
poder ser dispostos paralelamente e conduzir a teses opostas e até inversas
sobre o mesmo tema, devendo um ser tão convincente quanto o outro. O
nosso propósito, partindo da obra de Tucídides (História da Guerra do Peloponeso)
e de Tácito (Vida de Agrícola), é demonstrar como, em meio à narrativa das
guerras travadas por Atenas e Roma, tal recurso retórico é empregado para
exibir as contradições e os dilemas desencadeados na conquista e manutenção
de seus impérios.
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MESAS-REDONDAS
MESA-REDONDA I
DISPUTATIONES MAGIAE: MAGIA E ENCANTAMENTOS NO
MUNDO CLÁSSICO E ALTOMEDIEVAL
ENTRE DEUS(ES): COMENTÁRIOS SOBRE FÓRMULAS
MÁGICAS NA LITERATURA GERMANÓFONA DA IDADE MÉDIA
Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ/PPGHC)
Entre os séc. VIII e X coube à Igreja o papel de solidificar o cristianismo nas
regiões pertencentes ao império carolíngio e aos reinos que compunham a
assim chamada “heptarquia inglesa”. Centrando-nos no mundo germanófono
continental e insular nos séculos acima apontados, o presente trabalho pretende
apresentar através de alguns exemplos do que podemos denominar “fórmulas
mágicas”, em que a magia de cura com a invocação à proteção divina se manifesta
como forma de ritual e de aproximação entre a religiosidade germânica pagã e
o Cristianismo oficial, configurando-se em um espaço de apropriação e de
transformação do sagrado conforme a visão da ortodoxia da Igreja.
A DISPUTATIO SOBRE OS RITUAIS DE MAGIA NA HISTÓRIA
NATURAL
Profª. Drª. Ana Thereza Basílio Vieira (UFRJ/PPGLC)
O séc. I d.C. é uma época prolixa em obras de cunho técnico-científico. Nesse
meio literário, Plínio o velho compõe a História Natural, obra onde tenta delinear
todas as ciências em voga à sua época, como a medicina aliada às práticas
mágicas. O autor busca questionar tal uso, frequentemente utilizado por povos
estrangeiros, sob um olhar de acusação e, ao mesmo tempo, de defesa dos
direitos romanos. Pretendemos, portanto, analisar alguns trechos que
justamente nos revelam esse olhar inquiridor de Plínio sob os rituais mágicos.
O AGON DE MEDEIA DE EURIPIDES
Profª. Drª. Maria Regina Cândido (UERJ/NEA)
Medeia mantém-se como uma obra literária que atravessou o tempo e permanece
em nossa memória devido às inquietações que nos levam a questionar os
valores e tradições da sociedade grega. Nos propomos analisar, junto ao vasto
repertório de Medeia, o conjunto de imagens que apontam para o infanticídio
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de Medeia. O interessante é que o agon e a morte tornaram-se uma constante
no repertório da sacerdotisa de Hécate.
MESA-REDONDA II
TEATRO NA ANTIGUIDADE
AS CENAS EPISÓDICAS NA COMÉDIA ARISTOFÂNICA: UMA
ANÁLISE DAS PEÇAS DA FASE DE TRANSIÇÃO
Profª. Drª. Greice Ferreira Drumond (UFF)
Com o fim da guerra do Peloponeso, verificamos que a produção cômica
supérstite se diferencia do que foi encenado no séc. V a.C. Em nosso trabalho,
apresentamos uma análise dos episódios de Assembleia de Mulheres e Pluto, a
fim de mostrar como sua estrutura possibilita uma nova caracterização cênica e
dramática da comédia aristofânica.
O ROGO, A PRECE E O AGÓN NA FEDRA DE SÊNECA
Profª. Drª. Fernanda Messeder Moura (UFRJ/PPGLC)
O agón na Fedra de Sêneca ganha forma retórica e dramática em cenas cuja carga
emocional avulta por meio de rogos e preces. Este é o argumento que proporei
ao examinar algumas dessas cenas. Almejo demonstrar, assim, como a expressão
senequiana do agón estabelece uma relação com a função que Sêneca concede às
preces e aos rogos na peça.
A IMAGEM DO AGÒN TIMETÓS EM PERSAS DE ÉSQUILO
Prof. Dr. Ricardo de Souza Nogueira (UFRJ/PPGLC)
O discurso trágico esquiliano em Persas é repleto de imagens que expressam o
contexto da Atenas Clássica do séc. V a.C. O presente trabalho é um estudo
sobre uma imagem jurídica, própria do mundo dos tribunais helênicos, o agòn
timetós (oposição penal), que aparece no texto entre os v. 473 e 476, por meio da
presença de vários termos jurídicos que a evocam. A utilização dessa imagem
no contexto literário de Persas gera enunciados metafóricos que constroem
uma situação trágica, a saber, a derrota de Xerxes em Salamina. O objetivo
último do trabalho é apresentar uma comparação entre esse agón imagem e o
agón formal, presente no embate dialético entre os personagens, sobretudo,
nas tragédias de Sófocles e Eurípides.
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MESA-REDONDA III
AGÓN: UMA QUESTÃO
AGONOS
Prof. Dr. Antônio Jardim (UFRJ/PPGCL)
[Resumo não divulgado pelo autor]
A DISPUTA ENTRE PHILIA E NEIKOS NA COSMOLOGIA DE
EMPÉDOCLES
Prof. Dr. Fernando José de Santoro Moreira (UFRJ/PPGF)
Philia e Neikos são as forças motrizes da cosmologia cíclica de Empédocles. É
possível pensar a dinâmica de transformação como um enfrentamento de
forças tensionadas para a integração e a desintegração de todas as configurações
da natureza. O predomínio de Philia (Amor) leva à mistura; o de Neikos (Ódio)
à pureza. Na mistura total e na pureza absoluta não acontece a vida do mundo.
Que mundo agônico é este, movido por esta tensão? Aristóteles interpretou
tais forças como causas motoras da natureza. Nietzsche as interpretou como
vontade de poder-eterno retorno. Freud como as pulsões de Eros e Thanatos.
O que ainda podemos depreender desta arcaica composição de cosmologia
poética?
AGON COMO GERAÇÃO E CRESCIMENTO
Prof. Dr. Gilvan Luiz Fogel (UFRJ/PPGF)
Agon, entendido grosso modo como luta, combate (pólemos, éris) será caracterizado,
inicialmente, sem nenhuma conotação de ordem política, social ou moral,
mas, sim, desde o ponto de vista vital-existencial ou ontológico. Luta, combate,
entendida(o) como uma confrontação regida por transcendência, isto é, a
abertura vida/existência, que se definirá como relação arcaico/originária. A
natureza ou o modo de ser de relação será esclarecido e tal relação mostrar-seá em si e por si como uma tensão, que é luta de contrários, de opostos. Esta
luta é geradora e promovedora de identidade ou de próprio (e não destruição,
aniquilação), isto é, de essência. A esta geração essencial chamar-se-á também
crescimento, no sentido de agravamento, intensificação vital – vida ascendente
ou nobre, aristocrática. Nisso e assim harmonia. E é isso mesmo o
protofenômeno vida, entendida como exitência humana e nada, inicialmente,
de cunho biológico ou biogenético.
SUMÁRIO
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
MESA-REDONDA IV
AGÓN E DISPUTATIO EM CARTAS LITERÁRIO-FILOSÓFICAS
ÁGON EPISTOLAR: O DEBATE TEÚRGICO-FILOSÓFICO NO
LIVRO I DE SOBRE OS MISTÉRIOS, DE JÂMBLICO DE CÁLCIS
Profª. Drª. Fernanda Lemos de Lima (UERJ)
A reflexão metafísica platônica construiu seu caminho através de diálogos cujo
debate de ideias era o fundamento do trajeto em busca de uma alétheia.
Entretanto, no âmbito do neoplatonismo, os continuadores da reflexão dialética
platônica não se valerão mais da forma dialógica, em decadência especialmente
após o séc. II de nossa era, como Goldhill e outros debatem no livro The end of
dialogue in Antiquity (2009). A forma para o debate de ideias passará também a
apresentar as erotapokríseis, ou seja, perguntas e respostas, muitas vezes realizadas
através de missivas. No caso da obra ora estudada, temos uma resposta escrita
por Jâmblico de Cálcis a Porfírio, entretanto, o ágon entre os autores não se dará
diretamente pela forma dialógica, mas por perguntas propostas e respostas
dadas às mesmas, em uma imensa carta dividida pelos editores posteriores em
dez livros. O presente trabalho pretende apresentar como se constitui a disputatio
entre os filósofos no livro I da obra, tendo em vista o fato de Jâmblico construir
uma personagem – o sacerdote de nome Abamon – para responder às
interpelações que Porfírio fez indiretamente, ao questionar um discípulo de
Abamon (ou Jâmblico). Procurar-se-á, igualmente, apresentar alguns dos
pressupostos defendidos pelo filósofo no que tange à concepção do divino e
a maneira como os mortais com ele se relacionam.
DE FAUSTOS E HELENAS: APROPRIAÇÕES E RECRIAÇÕES
ANGLO-GERMÂNICAS
Profª. Drª. Magali Moura (UERJ)
O mito da mulher mais linda do mundo, Helena, é parte integrante e
fundamental na constituição do mito moderno de Fausto. Tanto na narrativa
anônima, História do Dr. Johann Fausto, editada por Johann Spies em 1587,
quanto nos dramas de Christopher Marlowe (A Trágica História do Doutor
Fausto, 1592) e de J.W. Goethe (Fausto I e II, 1775-1832), a figura da bela Helena
surge, despertando desejo e cobiça. Desta forma, a visão de mundo da
Antiguidade fornece substrato para o desenvolvimento do enredo dessas obras
que se situam em épocas pontuais da história cultural-literária do Ocidente. Os
livros de Spies e de Marlowe se encontram em diálogo com as questões
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
renascentistas, já o livro de Goethe, forjado ao longo de 60 anos de sua longa
vida, abarca debates iluministas, assim como românticos e também aqueles
trazidos à luz pela geração integrante do movimento literário denominado de
Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto). Através da integração com o mito
antigo, temas como paixão, vingança, sedução e traição se inserem nessas obras
e fornecem elementos para a discussão de questões tanto filosóficas, quanto de
ordem político-religiosas que se fazem presentes naquelas épocas. O mundo
da renascença anglo-germânica não pode ser pensado sem se levar em conta o
episódio da Reforma Protestante e a consequente discussão acerca de novas
formas de comportamento. Uma tempestade na qual se misturam ventos de
liberdade com os de repressão e, nesse bojo, o mito de Fausto se insere. Assim
também pode ser delineada a época do Iluminismo na Alemanha: as esperanças
pela liberdade de pensamento, de exercício do uso livre da razão esbarram em
questões humanas que remetem ao fundo do inconsciente em eterna luta
contra o racional. Nesse momento, os desejos travam uma luta com o princípio
da realidade. Não se pode também deixar de lado nessa exposição uma reflexão
sobre o próprio fazer literário como fonte de diálogo e de formação de novos
modos de ver e estar no mundo. Traçar esse quadro complexo, no qual mito e
realidade se confundem, é o objetivo deste trabalho.
O GÊNERO EPISTOLAR EM OVÍDIO
Profª. Drª. Márcia Regina de Faria da Silva (UERJ)
O gênero epistolar é bastante difundido na Antiguidade. Cartas são elaboradas,
enviadas e publicadas por vários autores latinos como Cícero. Mas Ovídio,
poeta do período augustano, utiliza esse gênero aliado à poesia elegíaca. Ele
inova ao transformar sua epístola em obra de arte e mais ainda ao dar a ela
vozes míticas e femininas nas Heroides, obra composta por vinte e uma cartas
que expressam a desilusão e a dor do abandono. Os remetentes são na maioria
mulheres do mito e os destinatários, seus amados ausentes. Porém, o autor
não se limita a imaginar os sentimentos de personagens do mito e da história
em suas epístolas elegíacas: ele também as utiliza para demonstrar seu próprio
sofrimento, enquanto se encontra desterrado em Tomos, onde compõe duas
obras elegíacas epistolares, Tristia e Pontica, lamentando o desterro e pedindo
perdão, que nunca lhe foi concedido. Essas obras também são inovadoras,
pois Ovídio utiliza o poema elegíaco para demonstrar sua dor, mas não o
sofrimento amoroso, como nos elegíacos latinos anteriores. O objetivo do
trabalho é, portanto, observar as características do gênero epistolar em poemas
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XXXIII
Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
das três obras mencionadas, aliando-as às características do gênero elegíaco
romano.
MESA-REDONDA V
MASCULINIDADES ANTIGAS E IDEOLOGIA MODERNA: A
DISPUTA DA MORAL
CASAMENTO IGUALITÁRIO NA ROMA IMPERIAL? NERO E AS
UNIÕES COM SPORUS E PITÁGORAS/ DORÍFORO, NOS ANAIS
DE TÁCITO E NAS UITAE DE SUETÔNIO
Prof. Dr. Anderson de Araújo Martins Esteves (UFRJ/PPGLC)
No livro XV dos Anais de Tácito, lemos a descrição precisa da cerimônia de
casamento entre Nero e Pitágoras (Ann. XV, 37), fato ocorrido antes do grande
incêndio de Roma. Na narrativa biográfica de Suetônio, encontramos duas
menções a casamentos semelhantes: um com Sporus (Nero, 28), e outro com
Doríforo (Nero, 29), que grande parte da crítica identifica com o mesmo Pitágoras
mencionado por Tácito. Neste trabalho, após discutir a noção de “casamento”
na Roma imperial, procuramos compreender as funções dos episódios dentro
de suas respectivas obras, de tal forma a determinar como colaboram para a
construção do retrato de Nero formulado por cada autor.
PRÁTICAS HOMOERÓTICAS NO SATYRICON, DE PETRÔNIO,
UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA INCONTINÊNCIA DO DESEJO
À LUZ DO ESTUDO DE DOIS CASOS: O DO PUER DELICATUS,
DE TRIMALCIÃO, E O DO GAROTO DE PÉRGAMO,
PROTAGONIZADO PELO POETA EUMOLPO
Prof. Dr. Glaydson José da Silva (UNIFESP/PPGH)
Objetiva-se com essa comunicação apresentar uma análise geral das práticas
homoeróticas no Satyricon, conferindo ênfase ao estudo de dois casos
particulares: um episódio da Cena trimalchionis, protagonizado pelo rico liberto
Trimalcião, e outro, protagonizado pelo poeta Eumolpo. Em ambos os casos,
a incontinência do desejo e a intemperança definem as tramas nas quais se
envolvem as personagens. A análise a ser feita considerará a percepção e os
limites das práticas homoeróticas na sociedade romana do período,
problematizando tanto a natureza social das partes envolvidas quanto o lugar
que ocupavam nas relações sexuais. Os estudos de caso analisados serão
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
cotejados com episódios não homoeróticos de natureza similar que compõem
a narrativa. Uma reflexão acerca da aplicabilidade de conceitos modernos para a
análise do universo sexual antigo também será levada a termo.
O HOMOEROTISMO ATENIENSE
Prof. Dr. Daniel Barbo (UFAL)
O homoerotismo ateniense é a prática homoerótica antiga melhor
documentada. A apresentação constituir-se-á de três clivagens. Primeiro, uma
análise desta prática homoerótica e de sua transgressão na comunidade ateniense.
Segundo, uma análise das íntimas relações entre esta prática e a dominante
cultura falocêntrica estabelecida na pólis ateniense, assim como em todo o
mundo grego. Revelam-se nestas relações as interconexões capilares entre erótica,
pedagogia, ética, moral, poder e política. Por fim, uma análise do impacto
cultural das representações desta prática sobre o mundo moderno e o processo
de construção da sexualidade.
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
COMUNICAÇÕES COORDENADAS
SESSÃO I
ASPECTOS DAS RELIGIOSIDADES NA ANTIGUIDADE
TARDIA
Wendell dos Reis Veloso – coordenação
RELIGIOSIDADE CRISTÃ NO NORTE DA ÁFRICA DO SÉC. IV
D.C.: REFLEXÕES SOBRE IDENTIDADE E SEXUALIDADE EM
UM DISCURSO AGOSTINIANO
Wendell dos Reis Veloso (MESTRE – PLURALITAS/UFRRJ)
Para parte da historiografia dedicada à Antiguidade Tardia as sexualidades
foram importantes no ordenamento social intentado pela Igreja. Esta, valendose de elementos sexuais, intentava a forja de uma identidade que diferenciasse
cristãos, judeus e pagãos. Colocamos como fundamental atentarmos para a
intensidade e a particularidade da carga de significação dada a tais elementos e
que as identidades não são auto-contidas e nem autorreferenciadas,
desenvolvendo-se em um processo relacional, de modo que podem apresentar
problemas: a insistência dos “donos” do discurso de que tais diferenças são
sinônimos da inexistência de similaridades, estabelecendo assim aqueles que
constituem os elementos exógenos desta relação como os “outros”. Estas
diferenças, no intuito de dissimular as similitudes, também são forjadas por
marcações artificiais. Nossa proposta é, a partir do exposto neste resumo,
refletir sobre a proposta de identidade cristã de Agostinho de Hipona em
Confessiones (397 d.C.).
DE DISCRETIONE IUDAEORUM: POLÊMICA ANTIJUDAICA E
MARGINALIZAÇÃO NA ATUAÇÃO DO BISPO ISIDORO DE
SEVILHA – REINO VISIGODO SÉC. VII
Cristiane Vargas Guimarães (MESTRANDA – PPHR/PLURALITAS/UFRRJ/CAPES)
O bispo Isidoro de Sevilha é considerado um dos principais expoentes da
chamada Patrística Visigoda e o seu posicionamento antijudaico pode ser
constatado em seus escritos de natureza polêmica, como o tratado De Fide
Catholica contra Iudaeos, assim como na sua presidência do IV Concílio de Toledo
realizado em 633 d.C., no qual dez cânones abordaram a considerada diferença
judaica no reino gótico. Nosso trabalho pretende analisar a postura do bispo
hispalense frente à população judaica visigoda, assim como diante dos
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
conversos, grupo social que surgiu mediante os decretos de conversão
obrigatória destinado aos judeus pelo monarca Sisebuto em 616 d.C. Tendo
como material empírico o texto De Fide Catholica e os referidos cânones,
pretendemos traçar paralelos entre o labor discursivo isidoriano e a sua atuação
no episcopado, atividades estas que visavam à manutenção da unidade políticoreligiosa do recém-convertido Reino Visigodo ao cristianismo.
JULIANO E A RESTAURAÇÃO DO CULTO SOLAR
Eduardo Bezerra Abdala (MESTRANDO – PPHR/PLURALITAS/UFRRJ)
O presente trabalho tem por objetivo analisar as ações políticas do Imperador
Flavio Claudio Juliano (361 – 362 d.C.), conhecido como “o apóstata”, a partir
de suas ações religiosas. Para esta análise, utilizaremos como base uma fonte
fundamental, um Hino em devoção ao deus grego Hélios (deus solar) chamado
Hymn to King Helios Dedicated to Sallust, desenvolvido pelo próprio Imperador.
Tal hino foi originalmente elaborado na língua grega, mas para este trabalho
será utilizada uma tradução em inglês, presente na obra The Works of the
Emperor Julian, de Wilmer Wright. Logo, o que se pretende demonstrar neste
trabalho é que o hino em devoção a Hélios foi construído com características
religiosas, mas também políticas. Para isso, é importante compreender qual o
objetivo deste Hino, ou seja, o que pretendia Juliano ao elaborá-lo?
SESSÃO II
PÓLEMOS: POSSIBILIDADE DO PENSAR
Diogo dos Santos Silva – coordenação
PÓLEMOS: POSSIBILIDADE DO PENSAR
Diogo dos Santos Silva (DOUTOR – UERJ)
Herácilo de Éfeso, em seu fragmento 53, diz: “ A guerra é a mãe e rainha de
todas as coisas”. A palavra traduzida neste trecho como “guerra”, em grego se
apresenta como a palavra: Ðüëåìïò, pólemos, a palavra que temos em
português como “polêmica”. A presente mesa, em sua diversidade, pensará a
polêmica enquanto possibilidade da emergência da diferença e
consequentemente do pensamento enquanto ato criador.
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
DIZER PALAVRA: MUDA MUSA EM LOGOS NÉPIO
Giovanna Marina Giffoni (DOUTORA – CEDERJ)
Todo desencavar doa clareira e do quinhão de terra descoberta tentaremos
desvelar os discursos que se calam sob a falsa sinonímia de palavra. Palavra,
sinônima de si, mas sempre lançada para, metapalavra cuja trajetória desenha
um delta de rio triplo: mito-epos-logos. Em curso corrente procuraremos conter,
a mão em concha, um pouco do sabor que sabe ouvir também uns outros
tantos verbos do dizer, e, neste gesto de beber com as mãos, deixaremos
escorrer, na ressequida garganta ocidental, um eco de musas, ruidosa vibração,
que de tão monumental é só ruínas, escombros que se colhem numa escavação.
Mesmo gesto de criança e cínico, o presente trabalho tenta na palma reter água,
em luta contra o corrimento escrito da palavra, que dilui mito e epos numa
mesma discussão de rarefeito logos – mudo diálogo que há tempos encetamos.
EROS, MANÍACO E VISCERAL – O AMOR NOS TEMPOS DA
CÓLERA
Marcus Caetano (GRADUANDO – UFRJ)
Segundo Hesíodo, vivemos hoje na era de ferro, a quinta e mais sofrível de
todas as eras. Nela, “não haverá defesa contra o mal”, a ruína da justiça se
instaura, o cosmos antes hegemônico dá lugar a um caos perturbador, a uma
imprevisibilidade arrebatadora e inexorável. O sofrimento se torna ordinário.
Os costumes trepidam, os acordos desandam. Assim é a quinta era, a de ferro,
onde habitamos nós, humanos de fala articulada. Tendo o caos imperando
novamente, e já tendo Gaia, a Terra, nascido dele, é Eros, segundo a tradição
teogônica de Hesíodo, o próximo a surgir – e surge. Nós, nascidos do ferro,
nesse mundo novamente caótico, de caos sempre nascente, vivemos o constante
surgir de Eros. Desafortunados somos nós por nascermos nessa interminável
era, abandonados pela glória e pela paz, de dores abundantes e amargas, até o
momento em que pereceremos. Eros nos segura e move. Eros polêmico,
solta-membros, domador de homens e deuses. Eros – desejo, paixão.
PLATÃO: IDEIA E SUPRESSÃO DO PÓLEMOS
Rafael Lemos (GRADUANDO – UNIRIO)
Os diálogos platônicos são marcados, como se espera da própria compreensão
da palavra “diálogo”, por opiniões que, de acordo com o tema, divergem, se
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
confrontam, guerreiam, terminando por vezes mesmo em uma aporia. Não
passa despercebido ao longo da leitura dos diálogos, no entanto, o surgimento
de um critério que permita verificar a verdade destas opiniões. Este critério
passará à História da Filosofia como “teoria das ideias”, algo nunca
propriamente formulado como uma teoria, mas certamente decisivo no curso
do pensamento e, portanto, em suas possibilidades de diálogo.
SESSÃO III
O AGÓN NA POESIA DE SIMÔNIDES DE CEOS E DE PÍNDARO
Shirley Fátima Gomes de Almeida Peçanha – coordenação
A LOUVAÇÃO DA VITÓRIA AGONÍSTICA EM OLÍMPICA 6
Shirley Fátima Gomes de Almeida Peçanha (DOUTORA – UFRJ)
Glória Braga Onelley (DOUTORA – UFF)
O agón é um tema recorrente em diversos gêneros literários que floresceram na
Grécia antiga, estando já presente nos Poemas Homéricos. Na literatura grega
do período tardo-arcaico (550-450 a.C.), destacou-se como cultor da poesia
agonística o poeta Píndaro, de cuja produção será objeto de investigação desse
trabalho a ode Olímpica 6, que constitui um testemunho histórico-literário
das vitórias atléticas alcançadas na mais importante competição desportiva do
mundo grego, os Jogos Olímpicos. Com base na tradução da ode Olímpica 6,
dedicada a Hagésias de Siracusa, por sua vitória na quadriga em 468 a.C.,
pretendemos, primeiramente, tecer comentários acerca da estrutura desse canto
triunfal, privilegiando, a seguir, a relação entre as alusões míticas nela presentes
e o atleta laureado.
A CELEBRAÇÃO DA VITÓRIA NOS EPIGRAMAS
AGONÍSTICOS DE SIMÔNIDES DE CEOS
Luana Cruz da Silva (MESTRE – UFRJ)
Simônides de Ceos, poeta que viveu entre os séc. VI e V a.C. (556-468 a.C), foi
um dos principais cultores de epigramas do período tardo-arcaico. Da produção
epigramática atribuída ao poeta de Ceos, serão analisados alguns epigramas de
cunho agonístico, verificando-lhes, com base na tradução, a temática e o contexto
em que foram produzidos, visto que constituem um importante testemunho
literário do triunfo dos atletas nas competições esportivas pan-helênicas.
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SESSÃO IV
RELIGIÃO E ARTE: ENTRE INTERAÇÕES E RECEPÇÕES
Juliana Batista Cavalcanti – coordenação
PEDRO E PAULO: OS NOVOS RÔMULO E REMO. REFLEXÕES
SOBRE OS ENQUADRAMENTOS DE MEMÓRIAS NO PROCESSO
INSTITUCIONALIZAÇÃO
Juliana Batista Cavalcanti (MESTRANDA – PPGHC/UFRJ)
A presente comunicação visa tecer algumas reflexões sobre os enquadramentos
de memórias no processo de institucionalização no séc. IV d.C. tomando como
base alguns imagéticos de Pedro Paulo. Como se buscará evidenciar, estes
enquadramentos por intermédio de imagens seriam na verdade uma ampliação
da propaganda de um projeto de base romana que se pretendia global, pautada
nos personagens Rômulo e Remo, e que já estava em curso nos campos textual
e oral; projeto este que é resultado de um intenso processo de negociações
onde algumas memórias serão lembradas e outras esquecidas. Neste sentido,
esta investigação se torna interessante, pois se agrega às poucas reflexões sobre
a questão das representações imagéticas no processo de institucionalização do
cristianismo.
ENTRE A ARTE, A MAGIA E A RELIGIÃO FUNERÁRIA NO
EGITO: O TRIBUNAL DOS MORTOS
Thiago Henrique Pereira Ribeiro (GRADUADO – UFRRJ)
No Egito Antigo, havia uma intercomunicação profunda entre os elementos
que classificamos como mágicos e aqueles que definimos como religiosos. As
diversas cenas e imagens que encontramos em tumbas e templos dos mais
variados momentos da história egípcia são o maior exemplo disto: tratam-se
de recursos mágicos cuja presença implicava para algum aspecto importante
dos rituais e/ou crenças do ambiente em que se encontravam. No meio
funerário, as imagens do morto sendo julgado em um tribunal presidido por
Osíris são paradigmáticas: não é apenas uma representação de um episódio
mítico, mas, acima disso, é um elemento que visa auxiliar magicamente o
finado em sua obtenção da vida post mortem. Esses aspectos se mantiveram no
Egito Antigo ainda após o final de sua época faraônica (cujo marco é o ano de
332 a.C., data da chegada de Alexandre da Macedônia), perdurando pelos
períodos subsequentes de presença grega e romana.
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ALEGORIAS DA MORTE: CLASSICISMO NOS CEMITÉRIOS
CARIOCAS NOS SÉC. XIX E XX
Aleska Lemos (GRADUADA – UFRJ)
Este é um trabalho específico sobre o uso da arte clássica no cemitério São João
Batista (Rio de Janeiro). Entende-se que a escolha deste estilo não foi casual,
mas estava inserida num contexto nacional e internacional vinculado a uma
série de questões e visões que preocupavam as sociedades da época, como o
Positivismo e o Darwinismo Social. Entende-se a questão do uso de elementos
da arte clássica através do viés da “tradição inventada” (Hobsbawn; Ranger,
2008) que escreve nas lápides e jazigos perpétuos o tipo de memória que se
desejava construir. Os elementos artísticos analisados funcionam como indícios
dos ideais de civilização da sociedade carioca e sua necessidade de construir uma
Europa nos trópicos.
SESSÃO V
DO CÔMICO AO TRÁGICO: AGÓNES EM ARISTÓFANES E
EURÍPIDES
Beatriz Cristina de Paoli Correia – coordenação
ETÉOCLES & POLINICES: AGÓN E JUSTIÇA EM AS FENÍCIAS
DE EURÍPIDES
Beatriz Cristina de Paoli Correia (DOUTORANDA – USP/UFRJ)
Sabe-se que, entre os três grandes tragediógrafos, é na tragédia euripidiana que
se pode encontrar o agón em sua forma mais bem estruturada. É o que se
observa no primeiro episódio de As Fenícias, quando os irmãos contendentes
Etéocles e Polinices se engajam, mediados pela mãe, Jocasta, em uma luta
verbal (agón lógon). Nesse agón, como se verá, explicita-se não apenas a natureza
do conflito entre ambos, mas também a reivindicação de justiça por parte de
cada um dos irmãos. Nenhuma das partes, no entanto, se deixa persuadir e
será no desfecho sangrento desse impasse que a justiça de Zeus encontrará o
seu cumprimento.
NOUTHESÍA NO AGÓN DE AS RÃS: POESIA E
ENSINAMENTOS
Milena de Oliveira Faria (DOUTORANDA – USP)
A escolha de Dioniso por trazer de volta a Atenas Ésquilo, deixando para trás
Eurípides, poeta de que, em primeiro lugar sentiu saudade (v. 66-67), é mais
bem compreendida se for feita uma análise da disputa entre os tragediógrafos,
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
que se inicia no agón da peça (v. 905-1098). Nele, encontra-se o termo-chave
para a compreensão da relação entre poesia e política em As Rãs. Nouthesía
(admoestação) é um dos elementos que Ésquilo e Eurípides concordam ser
fundamental a um bom poeta (v. 1008-1010), além do papel de “tornar as
pessoas melhores na cidade”. Desse modo, compreender quais tipos de
ensinamento cada um dos tragediógrafos alega trazer em suas poesias é
importante para que se entenda a escolha de Dioniso, ao final da comédia,
pois, uma vez que o deus não consegue decidir-se por meio de critérios literários,
certamente a escolha feita é baseada nos efeitos políticos dos ensinamentos de
cada tragediógrafo.
VOZES QUE SE SOBREPÕEM NO AGÓN DE CAVALEIROS
Stefania Sansone Bosco Giglio (GRADUANDA – UFF)
Sabe-se que o agón é um elemento na estrutura da comédia antiga em que se
desenvolve um embate entre o herói e seu antagonista. Em Cavaleiros,
observamos que os agónes são considerados centro da ação, pois a discussão
está estritamente ligada ao andamento do projeto da personagem principal.
Assim, este trabalho pretende apresentar de que forma o agón entre Paflagônio
e Agorácrito, mediado pelo coro e por um segundo escravo, é representado.
SESSÃO VI
ESTUDOS DA MORFOSSINTAXE LATINA
Douglas Gonçalves de Souza – coordenação
AS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS REDUZIDAS
EM LATIM: UMA ANÁLISE FUNCIONAL
Douglas Gonçalves de Souza (MESTRANDO – UFF/UFRJ)
O presente estudo objetiva analisar as relações morfossintáticas do período
composto da língua latina e descrever, mais especificamente, as orações
subordinadas substantivas que não são introduzidas por conectivos e que não
apresentam uma forma verbal conjugada. Tais orações subordinadas
substantivas (ou completivas) são compostas por um sujeito em nominativo
ou em acusativo e por um verbo no infinitivo ou no particípio presente.
Pautando-se nos postulados da Linguística Funcional, intenta-se observar
quais as características específicas dessas orações, qual a natureza dos verbos que
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
as projetam e qual o nível de gramaticalização das referidas construções. O
corpus dessa pesquisa é composto pelas comédias de Plauto.
INTEGRAÇÃO DE ORAÇÕES SUBSTANTIVAS JUSTAPOSTAS
LATINAS: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA
Luiz Pedro da Silva Barbosa (MESTRANDO – UFF)
Este trabalho focaliza considerações sobre as orações subordinadas substantivas
sem conectivo, construídas apenas com o verbo no modo subjuntivo como
marca de subordinação. A proposta é uma análise dessas orações, na tentativa
de perceber como elas se situam no continuum entre a parataxe e a subordinação.
Para tal análise, foram selecionados alguns exemplos encontrados nas comédias
de Plauto e o suporte teórico é o modelo de Haiman & Thompson (1984), que
descreve as propriedades formais associadas à subordinação.
O TEXTO LATINO E OS PARÂMETROS DE CONCORDÂNCIA
NOMINAL
Marcelle Souza Esteves (GRADUANDA – UFF)
O presente trabalho, produto da bolsa de monitoria em língua latina (IL/UFF),
pretende expor algumas considerações acerca dos padrões de concordância e de
colocação dos nomes em um sintagma. Em latim, a concordância é um aparato
gramatical que evidencia a estreita relação entre a morfologia e a sintaxe: no
corpo das palavras são inseridos elementos que confirmam a relação existente
entre os constituintes do sintagma. Em muitos casos, contudo, pode-se notar
a presença do fator semântico como responsável pela conexão dos termos. À
luz dos postulados de Faria, Rubio e Pinkster, objetiva-se discutir tal conteúdo
gramatical, a partir dos exemplos coletados nas Catilinárias de Cícero.
SESSÃO VII
ESTRATÉGIAS RETÓRICAS EM ANTIFONTE E DEMÓSTENES
Agatha Pitombo Bacelar – coordenação
RHETOR: GRUPO DE ESTUDOS DE RETÓRICA E ORATÓRIA
GREGA – UMA BREVE APRESENTAÇÃO
Agatha Pitombo Bacelar (DOUTORANDA – EHESS/UNB)
Esta comunicação fará uma apresentação do grupo RHETOR, coordenado pela
Profª. Sandra Rocha, do qual participam todos os integrantes desta sessão
coordenada. Ativo desde 2009, o grupo congrega pesquisadores interessados
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
em línguas e literaturas clássicas, com projetos que se vinculam a três linhas de
pesquisa: Oratória e reflexões críticas sobre a literatura na Antiguidade, Retórica
e historiografia antiga e Tradução de textos da oratória e retórica grega. Todas as
três linhas conferem igual importância a aspectos linguísticos, estilísticos e
histórico-culturais dos textos estudados, além de propor reflexões críticas acerca
da recepção dos textos da oratória e da retórica em outros gêneros textuais
antigos e no processo de transmissão destes textos até nossos dias. Na presente
sessão, três estudantes apresentam resultados de seus trabalhos em andamento,
abordando algumas estratégias retóricas utilizadas por Antifonte e Demóstenes
nos agônes dos tribunais da Atenas Clássica.
PROÊMIO E ETHOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE PROÊMIOS DE
DEMÓSTENES
Valesca Scarlat Carvalho da Fonseca (MESTRANDA – UNB)
Sandra Lúcia Rodrigues da Rocha (MESTRANDA – UNB)
O proêmio é, provavelmente, a parte do discurso que tenha recebido as
primeiras sistematizações teóricas e pré-teóricas entre os gregos. Crítias (séc. V
a.C.) escreveu uma obra cujo titulo, Proêmios para Discursos Públicos, mostra
que a prática de manuais com modelos já dava especial atenção a essa estrutura
do discurso. Nesse contexto, o corpus de 56 proêmios isolados de Demóstenes
(séc. IV a.C.) representa a continuidade de uma tradição de elaboração de modelos
para uso pessoal aos quais logógrafos podiam recorrer. Ainda, a teoria retórica
peripatética legitimou a importância do proêmio como elemento fundamental
para a representação do ethos. Articulando esses eixos, esta comunicação analisa
aspectos do corpus mencionado que revelam cuidado com a representação do
ethos, comparando-os a proêmios de discursos inteiros do orador ateniense e
a orientações do tratado de Apsines – retórico grego do império romano –,
rico em considerações sobre ethos e em exemplos da obra de Demóstenes.
PARTÍCULAS E ESTRATÉGIAS RETÓRICAS NO DISCURSO
CONTRA A MADRASTA, DE ANTIFONTE
Danilo de Albuquerque Furtado (GRADUANDO – UNB)
Esta comunicação analisará estratégias retóricas voltadas às relações interpessoais
entre litigante e júri no discurso Contra a Madrasta, de Antifonte. A análise
focará no uso de partículas gregas, por sua multiplicidade e sutileza de
significados bem como por sua alta força enfática, e em como seu uso se insere
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
no contexto do discurso. Partindo das concepções modernas das diferenças
conceituais que existem entre linguagem utilizada na oralidade ou na escrita,
identificam-se as partículas ge, gár e kaí como boas candidatas para o uso de
estratégias retóricas, uma vez que são mais dependentes de inferências
apropriadas para manifestarem seus significados de maneira precisa ou
demonstram qualidades enfáticas particularmente adaptadas à persuasão
emocional. Em seguida, serão identificados e analisados os usos específicos
dessas palavras no texto, de modo a determinar se efetivamente podem
manifestar táticas retóricas fundamentadas em empatia interpessoal entre
falante/ouvintes.
ASPECTOS DA LÉXIS ARISTOTÉLICA EM CONTRA A
MADRASTA , DE ANTIFONTE: ESTRATÉGIAS DE APELO
EMOCIONAL
Lívia Medeiros de Albuquerque (GRADUADA – UNB)
Este trabalho busca analisar a forma como alguns recursos de estilo (lexis)
empregados por Antifonte em seu discurso Contra a Madrasta são utilizados
para persuadir a audiência por meio do apelo emocional – pathos. Como estratégia
retórica comum nos debates atenienses, o pathos exercia papel fundamental na
elaboração dos discursos em que o orador não dispunha de provas concretas
em relação aos fatos tratados. Os recursos analisados nesta comunicação foram
sistematizados, quase um século depois de Antifonte, por Aristóteles, no
Livro III da Retórica, no capítulo dedicado à solenidade (ónkos).
SESSÃO VIII
POETAS E PROSADORES ENTRE PALAVRAS: OS EMBATES
TEXTUAIS
Arlete José Mota – coordenação
O EMBATE ENTRE HORÁCIO E O GÁRRULO: A SÁTIRA I, 9 –
ENTRE VIAS E PALAVRAS
Arlete José Mota (DOUTORA – UFRJ/PPGLC)
Na sátira I, 9 Horácio descreve um entediante encontro, em plena Via Sacra,
com um importuno gárrulo. Tem-se então uma interessante descrição de um
personagem que se diz exímio poeta – dentre outras qualidades descritas pelo
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
próprio importuno. A sátira pode ser analisada sob distintos aspectos, como,
por exemplo, o contraste entre Horácio (aqui narrador e personagem) e o
falador, os elementos possivelmente associados ao movimento das fabullae
motoriae e a contextualização do poema, em especial as alusões a Mecenas e seu
círculo de poetas. Além disso, chama a atenção a presença de elementos narrativos
como os já citados narrador e personagens e a localização espacial – esta última
marcada através das referências aos locais por onde caminham os personagens.
Tendo como ponto de partida tais questões, o trabalho abordará as origens e
o desenvolvimento da sátira em Roma e a importância de Horácio no contexto
social e político do Século de Augusto. Quanto à análise da sátira I, 9, destacarse-á a caracterização do importuno, bem como o aspecto contrastivo entre
suas “qualidades” – e sua intenção ao se aproximar de Horácio – e o
procedimento usual dos poetas protegidos por Mecenas.
A RETÓRICA E A DIALÉTICA, EM AUXÍLIO AOS EMBATES
HUMANOS: UM EXEMPLO NO PRO MARCELLO
Sandra Verônica Vasque Carvalho de Oliveira (DOUTORANDA – UFRJ)
O homem, ser social, vive cercado de contrariedades e polêmicas. A sua vida é
uma constante lis em relação ao outro e, às vezes, a si mesmo. Para sua defesa,
ele tem, em todo o arcabouço que o cerca, um poderoso instrumento: a língua.
O objetivo deste trabalho, então, é apresentar a utilidade da arte e técnicas
retóricas e da dialética – temas tratados desde a Antiguidade – como ferramenta
de defesa no confronto com outro, para atingir objetivos almejados. Nesse
sentido, entende o homem como dotado, devido a sua própria natureza, de
constante capacidade e, também, necessidade de fazer uso dos recursos
linguísticos que estão a seu dispor, de forma aleatória, mas, do mesmo modo,
de modo sistemático. Sendo assim, são usados, como fundamentação teórica
para o estudo, os ensinamentos de Aristóteles e as reflexões de Reboul a esse
respeito e, como meio de exemplificação, são apontados excertos do discurso
Pro Marcello, de Cícero, em que, ao discursar, agradecendo a benevolência de
César, o orador encontra uma oportunidade de mostrar o seu apoio ao ditador
e a sugestão de restauração da República.
QUANDO A VAIDADE PREVALECE: DESAFIOS DO HOMEM
EM SOCIEDADE
Filipe Costa Pinheiro (MESTRANDO – UFRJ)
Nem todas as batalhas são travadas em campos de batalha, ou em arenas, por
bravos guerreiros ou gladiadores sedentos de glória: muitos embates são
vencidos diariamente por pessoas comuns. Mas, no dia a dia, não há apenas
vencedores: é o que nos apresenta, por exemplo, o epigramista latino Marcial,
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
quando, em muitos de seus epigramas, certos personagens são forjados com
características comportamentais que indicariam usos e costumes considerados
desregrados e não aceitos em sociedade. Talvez seus tipos não “lutem” de fato
contra algumas tendências, mas não há como duvidar do uso frequente do
elemento cômico para que o poeta possa travar uma luta. É o caso de Gargiliano,
em especial no epigrama II, 74. Uma espécie de perdedor em uma inglória
batalha contra a vaidade. O presente trabalho objetiva comentar então aspectos
morais e circunstanciais observáveis no epigrama citado. Convém destacar que
também se torna necessário analisar, mesmo que brevemente, fatos da vida e
da trajetória do poeta, bem como questões relativas à origem do gênero
epigramático em Roma, salientando as características que Marcial imprime aos
seus epigramas. Marcial é o mestre da arte e seus tipos são inesquecíveis:
bajuladores, intrigantes, pretenciosos, vaidosos.
MARCIAL E OS BAJULADORES: LUTAS INGLÓRIAS?
Mariana Beraldo Santana do Amaral da Rocha (GRADUADA – UFRJ)
Considera-se que o epigrama foi introduzido em Roma por Catulo no séc. I
a.C e desde então apresentou características que poderiam ser vistas, mais tarde,
nos escritos de Marcial. Este poeta foi mestre no gênero e imprimiu em seus
versos notas embebidas no sal romano. Além disso, Marcial se fez valer de um
“aqui e agora”, revelando aos seus leitores uma Roma dinâmica, onde
perambulam os mais diversos tipos sociais. O epigramista lança mão de
distintos mecanismos de produção do risível, como a ironia, para destacar
seus personagens. O presente trabalho visa aprofundar algumas características
relacionadas à obra do poeta, em especial, a forma como manejou o uso da
caracterização de pesonagens, transformando-os algumas vezes em tipos.
Ademais, o trabalho também tem como objetivo apresentar dois epigramas
que tratam de um interessante comportamento social: a bajulação. Serão
analisados os poemas II, 27 e V, 15, onde se percebem duas situações distintas
– em uma delas o vicioso é Sélio, em outra, as palavras do poeta enaltecem a
figura de Domiciano.
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS
SOBRE O EDITOR DAS DIATRIBES DE EPICTETO: LÚCIO
FLÁVIO ARRIANO XENOFONTE DA BITÍNIA
Aldo Lopes Dinucci (DOUTOR – UFS)
Arriano era grego da Bitínia e cidadão romano por nascimento. Sua ascensão
aos altos cargos romanos indica que membros de sua família já possuíam a
cidadania romana. Seu Lúcio Flávio Arriano Xenofonte. O prenome Lúcio foi
descoberto numa base de estátua em Atenas. Antes dessa descoberta, achavase que Arriano havia recebido a cidadania romana de algum dos imperadores
Flavianos ou de Flávio Sabino, pai de Vespasiano. Entretanto, o prenome
Lucius, afirma Stadter, indica que a família de Arriano adquirira a cidadania
romana por volta da segunda metade do séc. I. O sobrenome Xenofonte, com
o qual Arriano se intitula em suas obras, e que se pensava que Arriano adquirira
tarde, é, na verdade, parte integral de seu nome.
AQUILES: RELEITURAS DO HERÓI HOMÉRICO NA
ATUALIDADE
Alessandra Serra Viegas (DOUTORANDA – UFRJ)
Sem dúvida, Aquiles é o mais apaixonante e paradoxal de todos os heróis de
Homero. Ele é homem e deus ao mesmo tempo e porta características –
positivas e negativas – dessas duas naturezas. Conforme o terceiro livro da
República, para Platão, o (mau) exemplo de Aquiles é um forte motivo para que
se expulsem os poetas dessa pólis idealizada. Propomos uma releitura deste
herói na atualidade, a fim de percebermos que muito de Aquiles se apresenta
hoje, na literatura e no cinema, em seus heróis e anti-heróis. Refletir um pouco
acerca disto é o que pretende este trabalho.
HESÍODO E A POESIA HEBRAICA: UM ESTUDO COMPARATIVO
ENTRE OS V. 225-247 DE TRABALHOS E DIAS E O SALMO 1
Alex Fabiano Campos Gonçalves (DOUTORANDO – UFRJ)
Werner Jaeger (1985, p. 19) afirma que a doutrina dos dois caminhos, tão
comum na literatura sapiencial, é bastante antiga e se encontra disseminada no
período helenístico, tanto no ambiente religioso grego quanto no judaico.
Este estudo aborda, nesta perspectiva, dois textos de culturas diferentes que
versam sobre o tema: os v. 225-247 do poema Trabalho e Dias, do poeta beócio,
Hesíodo, a saber, passo referente à cidade justa e à injusta, e o poema hebraico
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
denominado Salmo 1 cujo tema é a existência de dois caminhos possíveis para
a conduta do homem, o caminho da justiça e o da injustiça. O estudo aqui
empreendido se baseia numa análise comparativa do vocabulário empregado
pelos poetas para tratar do assunto e, a fim de esclarecimentos, analisar-se-á a
tradução grega do texto hebraico do referido salmo evidenciando, desse modo,
a relação entre estas duas culturas tão importantes para o pensamento ocidental.
PANIS ET CIRCENSES
Amós Coêlho da Silva (DOUTOR – UERJ)
“Pão e circo”, de pronto, sugere uma grosseira satisfação de fome e trânsito,
um tanto alienado, em recintos sociais de divertimentos, como a única satisfação
de um povo. No entanto, tal expressão é emblemática do elemento lúdico
primordial, ou seja, é “o grito” (HUIZING, 1980: 198) que reivindica o “homo
ludens”, em sentido primordial, latente na sociedade romana. O poeta Juvenal,
contudo, exprime a distorção histórica do despotismo político que conduziu
o povo romano por novo caminho de espírito público com escolha de votos
arbitrários.
O AUTOCONHECIMENTO NO ALCIBÍADES PRIMEIRO DE
PLATÃO
Ana Cristina de Souza Pires Dias (MESTRANDA – USP)
O Alcibíades Primeiro de Platão representa um retrato inicial da dimensão educativa
da filosofia platônica, ou seja, um movimento de atração para o caminho do
autoconhecimento. O diálogo trata da abordagem erótico-educativa de Sócrates
junto ao jovem Alcibíades, com o objetivo de frear o seu impulso de se lançar
precoce e despreparadamente na vida política. O autoconhecimento, isto é, o
conhecimento do ser como alma, é concebido por Platão como uma condição
necessária para a vida filosófica e é dado como fundamental para que Alcibíades
possa se preparar adequadamente para o cuidado da cidade, mas antes lhe é
necessário cuidar de si mesmo e atingir a excelência.
OS SIGNIFICADOS DE AGON EM ILÍADA
André Alcântara Augusto Pereira (MESTRANDO – UFRJ)
Diversos são os significados de agón na Antiguidade Clássica. Em Ilíada, o mais
antigo documento literário grego, os vários sentidos se originam a partir de
uma ideia de reunião. O presente estudo tem como objetivo principal identificar
a ocorrência e analisar os significados desse vocábulo nesse poema épico.
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
GREGOS E BÁRBAROS NO PANEGÍRICO DE ISÓCRATES
André Rodrigues Bertacchi (MESTRE – USP)
O Panegírico tem como proposta central a união dos gregos em uma campanha
contra a Ásia (§ 3). Com isso, Isócrates pretendia cumprir simultaneamente
dois objetivos: repelir a possibilidade de uma nova invasão persa com um
ataque preventivo e fazer cessar as guerras mútuas nas quais as principais poleis
gregas então estavam envolvidas. Segundo o Panegírico, pois, a paz na Grécia
dependia da guerra contra os bárbaros, uma constatação que implica na descrença
de que o sentimento de pertencer a um mesmo povo fosse forte o suficiente
para dirimir as inimizades dentro da Grécia. De forma que a estratégia empregada
por Isócrates no discurso é, mais que afirmar as características comuns que os
gregos eventualmente pudessem ter entre si, fazer da diferença destes com os
bárbaros o principal fundamento para a concórdia helênica. A comunicação,
portanto, examinará a maneira pela qual Isócrates estabelece uma relação de
puro antagonismo entre bárbaros e gregos para avançar sua proposta de união.
A ABORDAGEM IDEOLÓGICA DE EURÍPIDES ENQUANTO
CRÍTICA SOCIAL
Andreza Caetano (MESTRANDA – UFMG)
O século anterior a Eurípides foi marcado por questões internas de ordem
política. O regime tirânico que vinha comandando Atenas é questionado pela
população e colocado em xeque. A publicação das bases jurídicas da pólis se
converte na expressão visível de uma nova ordem estatal que pretendia
desvincular a política das famílias nobres dirigentes e fomentar a participação
direta dos cidadãos. Observamos, ao estudar o autor, que em suas obras estão
mesclados os ideais do novo movimento da democracia aos ideais
conservadores. A crítica, uma paixão universal, salta para o centro do palco,
sendo aproveitadas as questões do momento que, entrelaçadas aos debates,
favorecem a mentalidade racionalista crítica de sua época, estimulando os
espectadores a raciocinar em torno das divindades, da guerra, das leis, e da
sociedade.
AITALIDES – A ALMA PITAGÓRICA
Angelo Balbino Soares Pereira (DOUTORANDO – UC)
A identidade e individualidade da alma foi algo que demonstrou preocupação
já com os primeiros filósofos. Pitágoras de Samos foi o primeiro a falar de
alma imortal e contribuiu singularmente para o debate da descoberta e da
construção do conceito e da concepção de imortalidade da alma individual. O
resumo porfiriano da filosofia pitagórica apresenta a imortalidade da alma, a
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
transmigração da alma, o mito do eterno retorno e o parentesco entre todos os
seres vivos. A alma, enquanto algo existente e vivo, sempre foi motivo de
controvérsia entre as diferentes doutrinas, tradições e crenças, mesmo porque
nunca foi totalmente compreendida, explicada ou sequer observada. Para o
pitagorismo o debate sobre a imortalidade da alma é parte do debate sobre a
metempsicose, a teoria sobre a transmigração das almas. Testemunhos como
de Xenófanes, Herôdoto, Diodoro, Platão e Aristóteles, nos permitem o
significativo debate sobre a alma e a metempsicose pitagórica.
AS OPOSIÇÕES E O CONHECIMENTO: UM ESTUDO SOBRE A
PERCEPÇÃO DO PRISIONEIRO NA ALEGORIA DA CAVERNA
Bárbara de Oliveira Wilbert Iung (GRADUANDA – UFRJ)
O objetivo deste estudo é investigar, na Alegoria da Caverna do diálogo A
República de Platão, algumas oposições que geram estímulos intelectuais no
prisioneiro, o homem que se liberta das correntes, em sua saga em direção ao
conhecimento. Pretende-se apresentar algumas passagens do texto platônico
fazendo o levantamento e a análise de alguns termos gregos importantes para
o surgimento de tais oposições racionais. O método pragmático de análise do
discurso será utilizado para uma compreensão mais aprofundada das palavras
gregas no contexto literário criado pelo autor.
UM AGON RETÓRICO À LUZ DA TEORIA DAS STASEIS :
ANÁLISE RETÓRICO-ARGUMENTATIVA DAS DECLAMAÇÕES
5 E 6 DE CORÍCIO DE GAZA
Bárbara da Costa e Silva (MESTRANDA – USP)
Esta comunicação tem como objeto a análise de uma disputa judicial fictícia à
luz da teoria da stasis. A teoria preconizava a ordenação e o reconhecimento dos
argumentos mais fortes e mais adequados segundo a natureza do caso a ser
julgado. Nas declamações 5 e 6 de Corício de Gaza, sofista do séc. VI d.C.,
vemos um pai em disputa legal com seu filho. A situação é a seguinte: o pai,
que é apaixonado pelo dinheiro, deseja casar seu filho herói de guerra com uma
moça rica, porém feia. O filho, no entanto, está apaixonado por uma jovem
pobre, mas bonita. Como prêmio pelo destaque na guerra, o filho pede o
casamento com a pobre, mesmo que o ato seja contra a vontade de seu pai. Na
quinta declamação, declama-se a parte do filho e, na sexta, a parte do pai. O caso
cai na stasis legal, especialmente intenção e lei. O aspecto em questão é o poder
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
do filho diante da lei e de seu pai. Esse quiproquó retórico apenas o declamador
é capaz de resolver a partir de seus conhecimentos teóricos.
ENTRE ELOGIO E LAMENTO: O PAPEL DOS VIVOS PERANTE
A MORTE NA LITERATURA GREGA
Bruna Moraes da Silva (MESTRANDA – UFRJ)
Objetivamos na presente comunicação, a partir da perspectiva da História
Comparada, investigar os discursos presentes nas obras de Homero e Eurípides
no que compete ao papel dos vivos perante a morte. Evidenciaremos não
apenas os ritos funerários descritos na poesia épica e trágica, mas igualmente as
possíveis intenções dos poetas ao levarem aos seus ouvintes e espectadores,
respectivamente, essa determinada temática, destacando a relação dialética entre
o texto e o contexto de produção de nosso corpus documental.
O MITO DE ANDRÔMEDA COMO ALTERIDADE NAS
REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS E TEXTUAIS NA ATENAS
CLÁSSICA.
Carla Cristina da Silva Lavinas (GRADUANDA – UERJ)
O mito de Andrômeda nas narrativas textuais imagéticas descreve a relação
binária de alteridade a respeito da imagem espelhada do “outro” (estrangeiro),
e, por ser a personagem uma mulher, o mito analisa o conflito armado com os
persas (o outro) e que agora o “outro” será o grupo étnicos dos espartanos.
RETÓRICA E FILOSOFIA NO EUTIDEMO DE PLATÃO E NO
CONTRA OS SOFISTAS DE ISÓCRATES
Carlos Monteiro Junior (DOUTORANDO – PUC-RJ)
Apresentação tratará sobre a relação entre retórica e filosofia na época clássica do
pensamento grego. Mais especificamente, pretende-se analisar o possível
ambiente de confronto (agon) entre a sofística (retórica) e a filosofia no curso
dos séc. V e IV a.C pelo título de sábio, visando a assumir o papel de destaque
na formação intelectual e moral da sociedade grega, antigamente ocupado pela
tradição poética. Poderíamos dizer, ainda, que pretendemos analisar a
construção, em tal contexto, das identidades do filósofo-dialético e do sofistaretórico. Tendo em mente este objetivo, realizaremos uma análise comparativa
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entre dois textos: o diálogo Eutidemo de Platão e o Contra os sofistas de Isócrates.
O SUBLIME NA ELEGIA II, 1 DE JACOPO SANNAZARO
Cinthya Sousa Machado (DOUTORANDA – UFRJ)
Jacopo Sannazaro, escritor italiano representativo do Humanismo, possui uma
vasta e rica composição literária em língua latina, em que se destacam, além de
três livros de elegias, epigramas, cinco éclogas e o poema épico De partu uirginis.
Nosso trabalho pretende analisar a elegia 1 do livro II, com o fito de apontar as
características definidas por Longino em sua obra Do sublime, sobretudo, a
amplificação, imitação e aparição.
A AGONIA DO DESEJO: O TRILHAR FILOSÓFICO DAS
SENSAÇÕES FÍSICAS MOLDADAS EM PALAVRAS POÉTICAS
Dulcileide Virginio do Nascimento (DOUTORA – UERJ)
Jean Paul Sartre, na obra O ser e o nada, afirma que “o desejo não é apenas o
gesto de desvendar o corpo do outro, mas a revelação do meu próprio corpo.”
Da mesma forma, Platão, no Banquete, diz que desejo é “o que não temos, o
que não somos, o que nos falta, eis os objetos do desejo e do amor.” A partir,
portanto, do conceito filosófico do corpo como lugar onde os desejos se
realizam, e da visão de que o corpo humano, ao longo da história, foi analisado
sob diferentes perspectivas, buscaremos nesta comunicação salientar como a
poesia grega destaca a agonia do desejo manifesto no corpo do eu lírico e
molda os diferentes olhares que se lançam sobre o corpo do outro/desejado.
O AGON BUCÓLICO ENTRE DÁFNIS E MENALCAS NO IDÍLIO
VIII DE TEÓCRITO
Fernando Rodrigues Junior (DOUTOR – USP)
Esta comunicação pretende discutir a presença da disputa poética como
característica constitutiva da poesia bucólica a partir do desafio estabelecido
entre Dáfnis e Menalcas no Idílio VIII de Teócrito. Ainda que a autenticidade
desse poema tenha sido questionada pela crítica moderna, é possível notar que
o autor segue alguns elementos recorrentes e percebidos como parte de um
tipo de poesia hexamétrica criado por Teócrito no séc. III a.C. A partir da
decodificação e reprodução desse conjunto de lugares-comuns, a concepção de
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poesia bucólica vai sendo desenvolvida na Antiguidade, entendida ora como
parte da poesia épica, ora como um gênero poético independente.
GÊNERO E SEXUALIDADE NOS ESTUDOS DA ANTIGUIDADE
ROMANA: UM OLHAR ATRAVÉS DOS EPIGRAMAS ERÓTICOS
DE MARCIAL (SÉC. I D.C.)
Filipe Cesar da Silva (GRADUANDO – USC)
Os estudos de gênero e de sexualidade têm tecido fortes críticas às concepções
essencialistas formuladas nas sociedades ocidentais, e permitido analisar o
caráter mutável, social, cultural e histórico de ambos. A partir dessas discussões
e do diálogo com a História Cultural, esta comunicação pretende apresentar os
resultados parciais da pesquisa de IC, na qual são estudadas as representações
do masculino, do corpo e do sexo por meio da obra Epigramas Eróticos, de
Marcial (autor romano do séc. I d.C). Por meio dela, serão analisados os variados
perfis de masculinidade apresentados na obra, permeando o corpo e as relações
sexo-afetivas, bem como traços das tensões sociais perceptíveis na representação
discursiva do autor a respeito dos lugares sociais estabelecidos aos variados
grupos. O intuito é de contribuir com uma nova leitura sobre Marcial e refletir,
através de uma perspectiva histórica, o necessário respeito a diversas maneiras
de vivenciar a masculinidade e a sexualidade humana.
FICTUS AMANS: OVÍDIO, FICÇÃO E BIOGRAFIA EM UMA
LEITURA DE AMORES III, 12
Guilherme Horst Duque (MESTRANDO – UFES)
É curioso notar que, no tocante à relação entre o autor e o seu texto, embora já,
há bastante tempo, o debate sobre a correspondência entre literatura e realidade
tenha deixado de ser interessante para os Estudos Literários, e que a crítica
especializada já tenha como ponto pacífico a impossibilidade da concordância
entre a vida do autor empírico e a literatura que ele produz, este vínculo ainda
sobrevive assombrando os estudiosos, principalmente após certos rumos
tomados pela literatura moderna, a exemplo da onda de relatos de guerra da
segunda metade do séc. XX e, mais recentemente, os desdobramentos da
teorização dos textos biográficos e a novíssima autoficção. Neste trabalho,
faremos um brevíssimo histórico da presença das leituras biografistas na
Antiguidade, passando, em seguida, à análise de Amores III, 12, tendo em
mente o que as discussões mais recentes acerca do assunto têm a contribuir
com a apreciação do texto ovidiano.
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SÍNCOPE VOCÁLICA EM LATIM
Jasmim Sedie Drigo (MESTRANDA – USP)
A síncope vocálica, o desaparecimento completo de vogais mediais, é um
processo fonológico recorrente no latim. Os contextos nos quais ela ocorre
ainda são considerados obscuros para os estudiosos, mesmo para grandes
nomes como Helmut Rix e Carl Buck. Outros pesquisadores, como Kanehiro
Nishimura e Michael Weiss, mostram que é possível delimitar alguns ambientes
fonológicos, embora não se possam encaixar todos os casos em poucos
contextos. No entanto, é possível identificar os contextos mais produtivos da
síncope vocálica, tais como: 1) entre k e oclusiva dental, e entre consoantes em
perfeitos reduplicados (*quinquedecem > quîndecim, “15”); 2) vogais breves em
sílabas abertas entre consoantes sonoras e/ou fricativas (*agr-elos > *agºlos >
*agerlos > agellus, “pequeno campo”); 3) sílabas fechadas com s antes de uma
oclusiva, e vogais breves antes de –sT- (*semi-caput > sinciput, “meia cabeça”);
entre outros.
DESENVOLVIMENTOS DO MORFEMA INDO-EUROPEU *-SKJohnnatan Ivens Antunes Nascimento (MESTRANDO – UFMG)
Este trabalho visa a descrever o desenvolvimento do morfema indo-europeu
*-sk- em diversas línguas até alcançar-se o português brasileiro. Nessa língua,
será feita uma descrição e será proposta uma explicação baseada nos estudos
sobre Gramaticalização para a estrutura morfológica dos verbos que apresentam
a terminação -ecer, que é a herdeira do morfema *-sk-, e verbos do tipo
“branquear” e “endoidar”, cuja formação nos parece ser uma outra etapa da
história do morfema *-sk-. A descrição segue a filogenia das línguas: inicia-se
com o indo-europeu, passando por algumas línguas de diferentes famílias até
nos determos no latim, quando uma análise pormenorizada de diferentes
fases do morfema na língua é feita. A partir do latim, parte-se para as muitas
línguas românicas e alcança-se o português brasileiro. Com base nesse esquema,
tem-se uma história do morfema em diferentes línguas e também uma proposta
teórica para um processo de gramaticalização.
A TRANSMISSÃO DA CULTURA CLÁSSICA LATINA: HISTÓRIA
CULTURAL
Leonardo Ferreira Kaltner (DOUTOR – UFF)
A transmissão da cultura clássica latina do período histórico da decadência da
civilização romana, durante a Idade Média até o Renascimento, foi um período
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de intensas trocas culturais e relações interculturais conflituosas, entre as diversas
civilizações que lutaram pela hegemonia do antigo Império Romano. A partir
de uma abordagem pela História da Educação, analisaremos o processo
intercultural que possibilitou a transmissão dos textos clássicos até o
Renascimento, época de criação do livro impresso.
DISPUTA RETÓRICA EM HOMERO: O CASO DE OD. IV
Lilian Amadei Sais (DOUTORANDA – USP)
Em Odisseia IV, há uma troca de mythoi que, acreditamos, configura o que
podemos chamar de disputa retórica entre Helena e Menelau: após servir um
phármakon aos presentes (além do casal, a dupla de hóspedes Telêmaco e
Pisístrato), Helena relata a história de como Odisseu entrou, disfarçado de
mendigo, em Troia, e apenas ela foi capaz de reconhecê-lo, tamanha era a
habilidade com a qual ele havia se disfarçado. Menelau, na sequência, conta
como Helena se aproximou do cavalo de madeira enquanto os melhores
guerreiros aqueus estavam lá dentro, escondidos, e chamou-os pelo nome
imitando a voz de suas esposas; e como Odisseu conseguiu controlar os
companheiros, impedindo-os de responder ao falso chamado. Esses relatos,
além de falar de Odisseu, também falam, e muito, de Helena. Duas imagens
contrastantes da esposa de Menelau são apresentadas em duas histórias que
podem ser consideradas simétricas na forma, mas onde os papéis
desempenhados por cada um e seus significados são invertidos.
O NÓSTOS DE ODISSEU: A (DES)FIGURA(ÇÃO) DE UM HERÓI
Lorena Lopes da Costa (DOUTORANDA – UFMG)
A comunicação pretende explorar o significado do nóstos na língua grega,
detidamente na Odisseia, para, então, pensar a figura de Odisseu enquanto
herói, mas um herói que desfigura o modelo do heroísmo iliádico, porque se
associa ao retorno da guerra e à necessidade de narrar para efetivar seu retorno.
AS DISPUTAS DE AULO GÉLIO COM OS GRAMÁTICOS
Lucas Consolin Dezotti (MESTRE – UFPB)
Há nas Noites Áticas de Aulo Gélio algumas passagens em que o autor relata
uma situação de confronto com gramáticos quanto a alguma questão erudita.
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Nossa comunicação deve apresentar um levantamento dessas passagens e uma
primeira análise da configuração ética nessas interações públicas, em que há
uma persona definida negativamente (a do gramático) e outra que se recusa a se
identificar com ela. A ideia é encontrar indícios que ajudem a definir a persona do
narrador.
O FAZER POÉTICO E A METAPOESIA EM MARCIAL E CATULO
Lucas Matheus Caminiti Amaya (MESTRE – UFRJ/UERJ)
Um dos principais traços da poesia de Catulo e de seus sucessores, como o
epigramista Marcial, é a reflexão sobre o fazer poético, sobre a função da poesia,
do poeta, da musa e da obra em si. Ainda que fossem comuns ao homem
romano os questionamentos sobre a escrita e o processo de produção discursiva,
podemos ver, a partir do veronense e de seus sucessores, como o próprio
poeta via a sua produção e as ferramentas necessárias para tal processo. Nesta
comunicação pretendemos demonstrar como ambos os autores fazem uso de
sua obra poética para estabelecer cenas discursivas e personagens usando a
própria poesia como ponto de partida.
ASINUS AD SENEM PASTOREM: UMA FÁBULA A SERVIÇO DA
LITERATURA
Luciana Antonia Ferreira Marinho (DOUTORANDA – UFRJ)
No período imperial, muitos escritores apareceram no cenário literário romano.
Dentre eles, nós identificamos a presença do autor latino Fedro. Esse poeta
elaborou textos que tratavam em suas Fábulas de assuntos complexos como a
política e a sociedade romana em si à época da escritura de suas narrativas. Por
ser de nosso interesse entender como Fedro conseguiu explanar assuntos tão
emblemáticos, empenharemos em estudar uma de suas fábulas: Asinus ad
senem pastorem.
HELENA DE EURÍPIDES: REPRESENTAÇÃO DE UMA MULHER
ARDILOSA E FIEL
Luciana Ferreira da Silva (MESTRANDA – UFRJ)
Helena é uma famosa personagem da Literatura Grega. A rainha de Esparta é
conhecida não só pela sua beleza inigualável, como também pelo fato de ter
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
abandonado o esposo Menelau para fugir com Páris Alexandre para Troia,
gerando a longa guerra entre gregos e troianos. Contudo, esse mito apresenta
outras versões, entre as quais, a de que Helena não teria fugido com Páris, mas
mantivera-se resguardada no Egito durante todo o período da Guerra. Na
versão apresentada por Eurípides, na obra Helena, a personagem surge como
um exemplo de fidelidade, podendo, até mesmo, ser comparada à Penélope.
Entretanto, há outra característica importante da protagonista, que é o ponto
principal desse trabalho: sua astúcia. Helena é uma peça fundamental para o
final feliz da tragédia euripidiana, e por isso, para o estudo proposto, objetivase analisar passagens da obra, com a finalidade de comprovar que Helena não
só se diferencia, na literatura, pela sua fidelidade, mas também pelo seu lado
ardiloso.
O SERMO URBANUS NAS CARTAS DE MARCUS TULLIUS
CICERO
Luciana Mourão Maio (MESTRANDA – UFF)
No que tange ao estudo da língua latina, é importante ressaltar que se trata de
uma língua, sincronicamente falando, rica em variedades. Para além da distinção
entre o falar plebeu e o uso linguístico dos membros da aristocracia romana,
observa-se, por parte destes, uma variação no uso de acordo com a situação
comunicativa. A noção de adequação linguística ao contexto comunicacional já
estava presente entre os antigos, conforme nos diz Marcus Tullius Cicero em sua
carta ao amigo L. Papirius Paetus: “Quid tibi ego in epistulis uideor? Nonne plebeio
sermone agere tecum [...]. Epistolas uero cotidianis uerbis texere solemus” (Ad Fam., IX,
21). O presente trabalho tem por objetivo a análise de duas cartas redigidas
pelo orador romano Marcus Tullius Cicero ao amigo Titus Pomponius Atticus,
(Att., IX, 17) e (Att., VIII, 9, 1-3), a fim de levantar traços linguísticos próprios
ao sermo urbanus (variante oral da língua empregada pelos aristocratas), em
oposição ao latim literário.
PHÓBOS E DÉOS :
AS NUANCES DO
EXPERIMENTADAS PELO HERÓI HOMÉRICO
Luciene de Lima Oliveira (DOUTORANDA – UFRJ)
“MEDO”
Costuma-se atribuir, na Ilíada, o designativo herói ao indivíduo que sobressai
por seus feitos guerreiros ousados e grandiosos; que possuem força sobrehumana como Diomedes que foi capaz de lançar uma pedra que “dois homens
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
de hoje não a transportariam” (Ilíada, V, 302-305). Dá-se também o nome de
herói àquele que é semideus como, por exemplo, Aquiles, filho da deusa marinha
Tétis e Peleu. Entretanto, é bom ressaltar que não é o fato de o guerreiro ser
um herói que o fará imune ao medo. Afinal, não são, somente, os covardes que
sentem medo como também os heróis de destaque. Assim, a presente
comunicação tem por escopo mostrar algumas situações de medo que foram
experimentadas pelos heróis homéricos, priorizando, para tal, dois vocábulos
gregos ligados ao medo: phóbos e déos.
AS INTERFERÊNCIAS DIVINAS NO COMBATE SINGULAR
ENTRE PÁRIS E MENELAU, NA ILÍADA
Ludmila Alves da Silva (GRADUANDA – UFRJ)
Pretende-se examinar as interferências divinas que ocorrem no combate singular
entre Páris e Menelau, no Canto III da Ilíada. Observou-se que a influência
divina enfatiza as ações entre os guerreiros, ao estabelecer um contexto literário
em que o sobrenatural sempre se faz presente. Para o exame da ação divina,
utilizou-se a análise pragmática, já que a ação dos deuses é construída com base
nas ações cotidianas da Grécia antiga do tempo de Homero. Buscou-se ainda
no trabalho uma definição adequada de combate singular que abarque as
complexidades presentes no texto homérico.
OCTAUIUS, A FÉ CRISTÃ LEVADA A JUÍZO
Luiz Fernando Dias Pita (DOUTOR – UERJ)
O texto denominado Octauius, escrito por Marco Minúcio Félix por volta de
190 d.C., caracteriza-se por utilizar a retórica clássica para discutir o crescimento
do Cristianismo na Roma pagã, ao mesmo tempo em que objetiva esclarecer a
população do Império tanto sobre as crenças da nova fé quanto sobre os
valores sociais do Cristianismo. Nesse quadro, a análise das argumentações pró
e contra o Cristianismo revelam não só os preconceitos então correntes contra
os cristãos, mas também as dificuldades da população pagã em entender os
fundamentos desse novo sistema de crenças e valores, assim como as dos
cristãos em traduzi-los para a intelectualidade do Império.
AGÓN E PERFORMANCE NO ÍON, DE EURÍPIDES
Marcelo Bourscheid (DOUTORANDO – UFPR)
A fase tardia da obra de Eurípides vem recebendo a atenção dos classicistas
contemporâneos, com estudos que têm redimensionado a importância de
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
obras anteriormente consideradas menores desse tragediógrafo, como Ifigênia
entre os Tauros, Helena e Íon. Um dos aspectos apresentados como problemáticos
pelos críticos modernos é a suposta ausência de debates formais (agón) nessas
peças, o que acabaria por diminuir seus aspectos conflitivos e problematizar a
sua tragicidade. A partir de um breve estudo sobre algumas cenas de conflito
presentes no Íon, de Eurípides, o presente trabalho pretende discutir a alegada
ausência, apontada por alguns críticos como Lloyd (1992) e Collard (2003), de
elementos agonísticos nessa peça, buscando mostrar como uma leitura que
enfatize os aspectos de performance pode nos trazer diferentes perspectivas
para o entendimento do ágon na dramaturgia euripideana.
LÓGOS ELEUTÉRIO: AS TRAMAS DISCURSIVAS DIONISÍACAS
EM CONTEXTO SIMPÓTICO
Marco Antônio Lima da Silva (ESPECIALISTA EM ESTUDOS CLÁSSICOS – UNB)
Desde a épica homérica, evidencia-se que uma das consequências do poder do
vinho e, por extensão, mais tarde no Período Clássico, de Dioniso, é o de
provocar a eloquência. Tal bebida permeava os simpósios, ocasiões que
suscitavam não só prazer, mas também o crescimento intelectual dos convivas.
O vinho, ao dissipar as diferenças e promover a concórdia, gerava discussões
calorosas. Era uma forma de praticar “a capacidade de encontrar argumentos”,
um exercício dialético já mencionado em Aristóteles. Mas Plutarco, biógrafo e
filósofo moralista grego da virada do séc. I e II da era cristã, questiona a validade
de um pensar filosófico durante o pótos: seria o momento destinado a bebida,
como também da saudável philia, propício às reflexões e profundas? Almeja-se
nesta explanação investigar a validade dos debates simpóticos tendo o vinho
como catalisador dos belos discursos sobre questões prosaicas ou primordiais
da sociedade grega a partir do séc. V.
ÔÉÈÉÍÁÉ, ÄÉÁÐÏÑÅÖÍ, ÄÅÉÊÍÝÍÁÉ: O PROCEDIMENTO
ARISTOTÉLICO QUANTO ÀS OPINIÕES REPUTADAS
Mariane Farias de Oliveira (GRADUANDA – UFRGS)
Ao início da discussão acerca da êñáóßáéna Ethica Nicomachea VII, 1, Aristóteles
faz um breve apontamento metodológico que pretende indicar como procederá
na análise do problema. Nesta passagem, encontramos três prescrições
importantes que guiarão a discussão: estabelecer (ôéèÝíáé) o que parece ser o
caso, percorrer (äéáðï ñåÖí) as aporias e provar (äåéêíýíáé) o que for possível
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
das opiniões reputadas. À luz de intérpretes como Barnes e Irwin, tentaremos
expor em linhas gerais como Aristóteles parece compreender o papel deste
procedimento em sua filosofia e o valor das opiniões reputadas (ôÜ åíäïîá).
Para isso, analisaremos mais detidamente como o passo de “percorrer as aporias”
parece ser o mais substancial do procedimento, visto que seu resultado consiste
em uma revisão do conjunto de crenças inicialmente aceito pelo investigador.
DE JASÃO A JASÃO: O PERCURSO DE CONSTRUÇÃO DE UM
HERÓI DE EURÍPIDES A APOLÔNIO DE RODES
Marianne Franco Pereira (GRADUANDA – UERJ)
O presente trabalho pretende traçar um percurso que nos leva de Jasão, a
desprezível personagem criada pelo talento euripidiano, até Jasão, o herói de
poucas qualidades moldado pelo gênio de Apolônio de Rhodes. Nossa intenção
é mostrar como o líder dos argonautas construído por Apolônio sofreu a
influência do texto de Eurípides, incorporando diversas características do
desditoso herói sem, no entanto, deixar de ser original, ao mesmo tempo em
que conquistou algum traço heroico ainda ligado à construção tradicional do
herói épico nos moldes homéricos. Deste modo, devemos, em primeiro lugar,
examinar o papel do herói no contexto clássico em contraste com as inovações
apresentadas por Eurípides e, em segundo lugar, observar a formação do
herói na épica de Apolônio de Rhodes, relacionando-a como uma possibilidade
prenunciadora do herói romanesco. Para tanto, será utilizado como base teórica
o estudo Teoria do Romance, de Georg Lukács.
HERÓDOTO E O IMPÉRIO AQUEMÊNIDA
Matheus Treuk Medeiros de Araujo (MESTRANDO – USP)
Este estudo se destina a analisar de maneira sistemática a forma pela qual o
historiógrafo grego Heródoto (c. 484-425 a.C.) retrata as realidades políticas do
“império” persa durante o período aquemênida e os mecanismos de
organização do poder, bem como os conceitos políticos fundamentais
mobilizados pelo autor ao tangenciar tais realidades. Estes conceitos, que muitas
vezes são canalizados por opções terminológicas bastante precisas (áñ÷Þ,
nãåìïíßá, etc.), envolvem as noções de realeza, domínio, “Estado” e povo. O
propósito mais amplo deste estudo, contudo, é deslindar a natureza do vínculo
de tais representações com as concepções políticas e identitárias presentes nas
Histórias, atentando para o contexto histórico de sua produção.
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
TRADUÇÃO DO EPIGRAMMA VII DE MARCIAL, LIVRO DOS
ESPETÁCULOS
Milton Marques Júnior (DOUTOR – UFPB)
O Livro dos Espetáculos (Liber de Spectaculis ou Liber Spectaculorum), de Marcial,
faz a celebração dos jogos de inauguração do Teatro Flávio, no ano 80 d.C., por
Domiciano. A leitura e tradução do Epigramma VII de Marcial, pertencente ao
Livro dos Espetáculos, procura mostrar como é determinante para uma tradução
coerente o conhecimento da estrutura do texto que se traduz. Como o texto se
constrói para um momento específico dos jogos, com a reutilização do mito
de Prometeu, numa flagrante intertextualidade, é necessário também o
conhecimento do texto de Ésquilo, de modo que se possa chegar à essência do
texto de Marcial. Para este trabalho, foi-nos necessário ainda comparar duas
traduções do mesmo epigrama, uma em francês, realizada por H.J. Izaac,
publicada pela Les Belles Lettres, outra em italiano, realizada por Mario Scàndola,
editada pela BUR. Na comparação que se seguiu, apresentamos as diferenças
existentes entre elas e o texto original, propondo em seguida a nossa tradução.
BÍOS E ZOÉ – UM ESTUDO SOBRE OS SENTIDOS DA VIDA
Nathan Rodrigues da Silveira Murizine Branco (GRADUANDO – UERJ)
Este estudo, ainda em fase inicial, consiste na análise das palavras Bíos e Zoé e,
de modo geral, apresenta uma contextualização sobre o conceito de vida, tendo
como base os pensadores pré-socráticos. Verifica-se a origem etimológica e sua
aplicação semântica, a análise da dicotomia – vida como oposição à morte, a
vida cotidiana como parte da physis a ser observada.
UMA BREVE INTRODUÇÃO ÀS UOCES MAGICAE NOS PAPIROS
GREGOS MÁGICOS
Patrícia Schlithler da Fonseca Cardoso (MESTRANDA – USP)
As uoces magicae são palavras misteriosas que não aparentam ter significado
imediato em grego clássico ou mesmo outras línguas. Elas são extremamente
comuns no conjunto de textos dos Papiros Gregos Mágicos. Em geral essas
palavras mágicas estão presentes nos lógoi dos feitiços, figurando em invocações
faladas ou escritas junto a desenhos. A pesquisa, ainda em andamento, procura
identificar os principais usos das uoces magicae e seus contextos. Esta comunicação
buscará fazer uma breve introdução ao assunto e ilustrar o uso das uoces magicae
com exemplos.
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
O CANTO III DA ENEIDA E AS AÇÕES DE PIETAS NAS VIAGENS
DE ENEIAS
Paulo Gustavo Santos da Silva (GRADUANDO – UFRJ)
No terceiro canto da epopeia virgiliana, são traçados os primeiros destinos dos
sobreviventes troianos que, com Eneias, partiram de Ilião. Pretendemos
apresentar neste trabalho o roteiro de viagens de Eneias nesse canto, com
ênfase não nas aventuras e desventuras vividas por ele e seus companheiros,
mas nas ações heroicas que possam justificar, já nesse ponto da narrativa, seu
célebre epíteto de pius. Dos nove destinos dos teucros (Trácia, Delos, Creta,
ilhas Estrófades, Ácio, Butroto, Castrum Mineruae, Etna e viagem ao redor da
Sicília), destacaremos e analisaremos, assim, aqueles episódios em que essas
ações podem ser evidenciadas em sua intrínseca relação com o conceito romano
de pietas.
A FACE HEROICA DE DIONISO NAS DIONISÍACAS DE NONO
DE PANOPOLIS
Paulo Henrique Oliveira de Lima (MESTRANDO – USP)
As Dionisíacas são o maior poema épico em língua grega. Composto por Nono,
poeta egípcio da cidade de Panopolis, o poema é formado por 48 cantos e cerca
de 20.000 versos sobre o ciclo de Dioniso. A hipótese levantada da pesquisa é
de que Nono utiliza o modelo homérico de composição e emula a Ilíada de
Homero ao imitar passagens célebres da obra homérica e transportá-las para
sua epopeia, como a batalha entre os deuses, presente no vigésimo canto da
Ilíada e emulada a partir do trigésimo sexto canto das Dionisíacas para construir
as características heroicas de Dioniso. A pesquisa tem como objetivo analisar a
figura do deus presente nos cantos 39 e 40 e compará-lo a Aquiles da Ilíada a
fim de que as características heroicas de Dioniso sejam traçadas. São considerados
fatores relevantes para uma análise minuciosa: a utilização lexical do autor, a
écfrase presente nos cantos, hapax, símiles, fraseologias e lugar comum.
SCURRILE CERTAMEN: DISPUTATIO, COMICIDADE, E O PAPEL
DA RETÓRICA CLÁSSICA NO WALTHARIUS
Pedro Baroni Schmidt (DOUTORANDO – USP)
Waltharius é um poema épico composto entre os séc. IX e X d.C., uma das
principais obras do chamado Renascimento Carolíngio, movimento literário
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
de resgate e reelaboração da poesia clássica latina. O poema tem sua composição
baseada não apenas nos poetas romanos (Virgílio, Ovídio, Lucano), mas
também diretamente nos preceitos da retórica clássica, amplamente difundidos
à época principalmente por meio dos textos clássicos sobre o assunto que
continuaram a circular na Idade Média (Retórica a Herênio, De Oratore). A presente
pesquisa se restringe à passagem entre os v. 1421 e 1442, onde os dois principais
personagens da narrativa se chocam em uma troca de acusações de caráter
agônico. Essa disputatio, muito além de ser um exercício retórico, é revestida de
uma inusitada comicidade, que coloca em questão o papel da retórica no poema.
A presente pesquisa pretende, após demonstrar os artifícios retóricos da
passagem, discutir a função da comicidade em relação ao papel da retórica.
O CRISTIANISMO ANTIGO E A “LUTA É PELA CONQUISTA DA
SALVAÇÃO”. AGON EM SUA DIMENSÃO ESPIRITUAL.
OPORTUNIDADES E DIÁLOGOS ENTRE A CULTURA GRECOROMANA E O CRISTIANISMO
Pedro Paulo Alves dos Santos (DOUTOR – UNICARIOCA)
As cidades da Europa (Roma, Corinto, Tessalônica, Filipos) e Ásia (Esmirna,
Mileto, Laodiceia, Éfeso, Colossos, Antioquia, etc.), as quais receberam a
evangelização do Apóstolo Paulo, reverenciavam os seus deuses Júpiter,
Hércules, Artêmis, Apolo, etc., através de sacrifícios de animais, mas também
com a realização de diversos jogos de exercícios. Para reverenciarem os ídolos,
costumavam organizar uma série de programas esportivos. O Apóstolo Paulo,
observando a grande influência que estes jogos de competição exerciam na
vida dos gentios, usa estes mesmos termos (corrida e combate), trazendo para
a vida espiritual dos cristãos, ensinando-nos que a nossa corrida é rumo ao
reino dos céus e a nossa luta é pela conquista da salvação e não o combate
praticado pelos atletas nos estádios. O cristão trava uma batalha espiritual para
conseguir entrar no reino dos céus. Se não vencermos o pecado e o
mundanismo, não conseguiremos o descanso eterno. Exporemos estas
interações com a cultura grega.
ALTERIDADE E GÊNERO NOS TEXTOS ANTIGOS
Pedro Vieira da Silva Peixoto (DOUTORANDO – UFF)
Esta comunicação busca problematizar o modo como as sociedades ditas
“bárbaras” são, por vezes, representadas em escritos de línguas grega e latina
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
entre os séc. I a.C. – II d.C. A apresentação se desenvolverá a partir de uma crítica
de gênero, buscando discutir (1) a representação de algumas “mulheres bárbaras”
na Antiguidade e (2) como as relações de gêneros são descritas nessas “outras”
comunidades pelos autores clássicos. Como recorte temático, o foco estará
direcionado às sociedades célticas, a partir de uma seleção de relatos que abordem
a temática das relações de gênero em localidades como a Gália (Céltica), Galácia
e Ilhas Britânicas.
O PRINCÍPIO DO CÔMICO NOS DIÁLOGOS DOS MORTOS
Rafael Guimarães Tavares da Silva (GRADUANDO – UFMG)
Partindo de observações filosóficas acerca do cômico, tais como esboçadas por
Platão e por Bergson, propomos uma interpretação do princípio do cômico
nos Diálogos dos Mortos, de Luciano de Samósata. Buscamos ultrapassar a barreira
da diversidade e, não raro, incoerências internas deste grupo de diálogos, a fim
de identificar um fundamento para o riso provocado por cada um deles
individualmente e em conjunto. Em nossas considerações abordamos ainda a
questão do chiste (do riso gozador típico dos Cínicos representados por
Luciano), da mise-en-scène de uma disputa retórica e de outras táticas literárias
para a criação do cômico.
QUINTILIANO E OS PROGYMNASMATA
Rafael Sento Se Guimaraes Falcon (MESTRANDO – USP)
Esta comunicação pretende descrever o tratamento dado por Quintiliano aos
exercícios preliminares de retórica (progymnasmata), e a relação que vê entre eles e
a disputatio pública. Pode-se dizer, em linhas gerais, que Quintiliano vê
necessidade de determinar as atribuições específicas do grammaticus e do rhetor
e de oferecer uma lista de autores e exercícios acompanhada de conselhos
pedagógicos claros e confirmados pela experiência. Para o autor, tais questões
pedagógicas dizem respeito diretamente à prática oratória na vida pública; isto
é, haveria uma relação intrínseca entre as deficiências da educação imperial e
uma suposta decadência social e cultural do mesmo período. O foco da nossa
exposição serão as instruções contidas no livro II da obra Institutio Oratoria (“A
Educação do Orador”), mas faremos referência também aos demais livros da
mesma obra, com destaque para o livro I, e a autores antigos como Sêneca, o
Velho, Élio Teão, Suetônio e Tácito.
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TESEU EM PLUTARCO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA
DA NARRATIVA MÍTICA
Rafael Silva dos Santos (GRADUADO – UERJ/NEA)
A superficialidade do mito de Teseu nos dias de hoje é muito grande, o que
prejudica a narrativa em si e o quanto ela pode nos ensinar acerca da sociedade
grega antiga, sobretudo os primórdios da polis ateniense. Teseu como herói e
“fundador” de Atenas é trazido a nós por Plutarco. Tal narrativa pode dizer
muito de uma sociedade que até mesmo se distanciava da sociedade do próprio
Plutarco; sendo assim, fica ao critério do historiador analisar a documentação a
fim de que certos esclarecimentos sejam dados, tal como a valorização do mito
e o seu lugar como importante peça de construção da história de uma civilização.
ALEXANDRE MAGNO O NOVO AQUILES? PARALELOS DE DOIS
LUTADORES
Rainer Guggenberger (DOUTORANDO – UFRJ/UNIVERSIDADE DE VIENA)
Na vida breve do Alexandre Magno, houve muitas analogias com a figura
homérica Aquiles. Theodor Kissel constata que Alexandre cresceu numa cultura
aristocrática, que era centrada no agon. A máxima central da sociedade macedónia
no tempo de Filipe II era de “sempre ser o melhor e superar os outros” – o
mesmo credo que foi expresso na Ilíada. Esta mentalidade agonal tornou-se a
norma do agir e o fundamento das aspirações de Alexandre, e foi demonstrada
por Aquiles como modelo. O educador de Alexandre, Aristóteles, não somente
ensinou a Alexandre os valores verdadeiros do mundo heroico e a interpretação
justa da Ilíada, mas também criou uma edição da Ilíada, a qual ele presenteou ao
aluno. Alexandre percebeu as batalhas como um tipo de agon, no qual um
homem deve dar provas da sua areté.
SOBRE CONTRA OS RETÓRICOS, DE SEXTO EMPÍRICO
Rodrigo Pinto de Brito (DOUTOR – UFS)
Demonstração da argumentação de Sexto Empírico acerca da retórica, presente
em Contra os Retóricos, o segundo livro de Contra os Professores, por nós traduzido
a partir do texto fixado por August Immanuel Bekker (BEKKERI, Immanuelis.
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Sextus Empiricus [opera omnia]. Berlin: Typis et Impensis Ge. Reimeri, 1842),
com as emendas de Hermann Mutschmann (MUTSCHMANN, Hermannus. Sexti
Empirici Opera; vol. III. Leipzig: Bibliotheca Scriptorum Graecorum et
Romanorum Teubneriana, 1912), e cotejado com a versão latina, de Henri
Estienne e Gentian Hervet (1562-1569), provavelmente lida por Descartes
(STEPHANI, Henrici; HERVETI, Gentian. Sexti Empirici Opera Graece et Latini. Leipzig:
Sumptu Librariae Kuehnianae, 1841).
UM OLHAR ACERCA DO DESEJO ARDENTE E PROIBIDO DA
RAINHA DE TREZENAS, FEDRA, EM EURÍPIDES E EM SÊNECA
Sarah Lopes Israel de Medeiros (GRADUANDA – UERJ)
O estudo faz uma análise teórica do desejo que enlouquece a rainha Fedra a
partir das leituras das tragédias Hipólito Porta-coroa (2003), do grego Eurípides,
e Fedra (2007), do latino Sêneca. Analisamos o amor censurado pelos cidadãos
greco-latinos, o Eros, que a heroína sente por Hipólito. Nosso objetivo é trazer
uma visão do desejo erótico de um ser por outro, este outro como a
exteriorização da busca psicológica do primeiro – a paixão que um ser ou
objeto afeta no outro é comum aos humanos e muito censurado pelos
mesmos desde, por exemplo, a Grécia Clássica, por causar um descontrole
emocional a que reagimos censurando-nos, especialmente quando impossíveis
ou rejeitados. Buscamos demonstrar que as paixões fazem parte de todos os
humanos e que não há como separá-las de nós. Para tanto, utilizamos as
visões de Bataille, em O erotismo (2013), e Barthes, em Fragmentos de um discurso
amoroso (2007), por conta da visão teórica acerca do desejo erótico que a rainha
Fedra sente por Hipólito.
O HIEROS GAMOS DE INANNA: SEXUALIDADE, RELIGIÃO E
POLÍTICA NO ORIENTE PRÓXIMO
Simone Aparecida Dupla (MESTRANDA – UEPG)
Inanna/Ishtar foi a deusa mais importante na história das culturas
mesopotâmicas, foi capaz de metamorfosear-se, de tomar poderes e símbolos
para si e tramar estratégias para sobreviver em um universo patriarcal. Esta
pesquisa analisou o texto literário sumeriano conhecido como A Corte de Inanna
e Dumuzi, datado do final do terceiro milênio antes da Era Comum, e inscrições
reais datáveis do período babilônico antigo que faziam menção a essa divindade.
Inanna esteve ligada a muitos campos de ação do homem religioso
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
mesopotâmico, seu modo de governar possuía atributos singulares, pois ela
não governava apenas os homens, os deuses e a natureza, governava a força
motriz que os fazia viver e sobreviver sobre a terra. Percebeu-se também ao
longo da analise documental que as transformações ocorridas no culto em
contextos diversos foram resultado da ação de interesses tanto templários
quanto políticos.
O ROMANCE EM DISPUTA NA QUERELA ENTRE ANTIGOS EM
MODERNOS
Tarsilla Couto de Brito (DOUTORA – UFG)
Les aventures de Télémaque foram publicadas com o subtítulo de Suite du quatrième
livre de l’Odyssée. Sua filiação à tradição de Homero e de Virgílio parece ser
incontornável. Contudo, o formato em prosa, bem como a importância que
episódios secundários ganham ao longo da narração e, ainda, o discurso
antibélico que acompanha os feitos guerreiros de Telêmaco sugerem a prática
de uma adaptação da tradição antiga ao gosto moderno. As marcas de uma
“resistência à epopeia” frustraram o horizonte de expectativa dos leitores
eruditos e transformaram a narrativa fabulosa de Fénelon em objeto de disputa
entre Antigos e Modernos na discussão sobre Homero. O objetivo da
comunicação é apresentar e compreender os termos dessa disputa em torno
do gênero romanesco a partir da leitura de As aventuras de Telêmaco escritas
por Fénelon no final do séc. XVII.
MONSTROS ALADOS E MARINHOS: UM PARALELO ENTRE
HARPIAS E SEREIAS EM ARGONÁUTICAS, DE APOLÔNIO DE
RODES
Tayná Sanches Pereira Costa (GRADUADA – UFRJ)
Na leitura das Argonáuticas, de Apolônio de Rodes, encontram-se dois seres
híbridos que se assemelham, não apenas na aparência, mas também no seu
agir que visa à ruína dos que se aproximam, a saber, as Harpias e as Sereias. No
canto II do poema, estão as Harpias, monstros alados femininos que tentam
destruir Fineu (II.187), sobretudo quando este tenta alimentar-se. No canto IV,
estão as Sereias, que têm sua genealogia detalhada e sua aparência descrita
(IV.901-903). Elas tentam arrebatar o regresso dos Argonautas, mas Orfeu,
com sua lira Bistonia, supera sua voz virginal (IV.909-910). Será proposto,
neste trabalho, um estudo comparativo entre Harpias e Sereias, visando à
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
observação da significativa similaridade existente entre esses seres, assim como
de que modo se dão as intervenções divinas, para que não se consuma o ato
degradante, no caso das Harpias, e o mortal-sedutor, no caso das Sereias.
LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA ADICIONAL CLÁSSICA:
DISPUTAS E CONCEPÇÕES SOBRE O ENSINO DE LATIM
Thiago da Silva Pinheiro (MESTRANDO – UFF)
A comunicação que propomos tem em vista apresentar uma breve comparação
entre livros didáticos destinados ao ensino de língua latina (RÓNAI, 1954;
GOLDMAN & NYENHUIS, 1977; ØRBERG, 1991; FLOCH & TARDIVEAU, 2008;)
disponíveis no mercado editorial. Assumimos o latim como língua adicional
(SCHLATTER, GARCEZ, 2009) e utilizamos, na análise proposta, o arcabouço teórico
da concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2003; VOLOSHINOV, 2009) e das
pesquisas sobre o ensino de línguas (GERALDI, 2006; MARCUSCHI, 1996; MOITA
LOPES, 1996; ROJO, 2005; 2008). A comparação entre livros didáticos de épocas
distintas visa a promover uma reflexão sobre os fundamentos teóricometodológicos de cada obra analisada e, com isso, busca verificar de que maneira
as concepções sobre ensino entram em conflito, incorporando ou não em suas
propostas os avanços da pesquisa em linguística e em educação linguística
realizados nos cerca de sessenta anos de interregno entre as suas publicações.
EXPRESSÕES MITOLÓGICAS DA MORTE EM GUIMARÃES ROSA
Tiago Silva Souza (GRADUANDO – UFMG)
Este é um ensaio que faz uma possível interpretação do Barco/Barqueiro/Rio,
do conto “A terceira margem do rio” de Guimarães Rosa, como figura da
morte, de acordo com a mitologia grega. Baseado em textos órficos e no
Dialogo dos mortos, de Luciano, o presente texto tenta fazer este paralelo, com o
fim de nos fazer viajar um pouco nas águas do rio de G. Rosa.
AGÓN, ALEA, ILINX: ESTUDOS CLÁSSICOS E JOGOS DIGITAIS
Vanderlei José Zacchi (DOUTOR – UFS)
Roger Caillois, no livro Os jogos e os homens (1990), faz uma categorização dos
jogos usando termos principalmente de inspiração clássica, sendo os principais
Agón, Alea e Ilinx. Agón se refere a atividades em que a competição é o foco
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
principal, Alea descreve jogos de sorte ou azar e Ilinx está relacionado com a
busca pela vertigem. Um quarto elemento, Mimicry, se refere a simulação e
representação. Essas categorias estariam ainda inclusas em outras duas grandes
divisões: Paidia, que se refere a improvisação, criatividade, e Ludus, que remete a
regras. Após analisar o papel do jogo na Antiguidade Clássica, este trabalho
procura aplicar as categorias mencionadas acima a jogos digitais, enfocando
principalmente o jogo The Cave (Double Fine Productions, 2013), cujo gênero
é correntemente reconhecido como puzzle.
HISTÓRIA E LITERATURA: UMA ANÁLISE DO IDÍLIO II DE
TEÓCRITO
Vinícius Moretti Zavalis (GRADUANDO – UERJ)
Toda documentação textual escrita é produto de uma sociedade que objetivava
transmitir os seus valores, legitimar suas práticas político-culturais, assim como
suas diversas mudanças sociais. Dessa forma, o presente trabalho tem como
objetivo discutir a relação história/literatura, tendo em mente que ao
interpretarmos obras literárias – através da aplicação da metodologia adequada
– podemos obter indícios que nos auxiliam na compreensão do passado. Para
tanto, utilizaremos como exemplo o poema “As feiticeiras”, produzida pelo
autor alexandrino Teócrito de Siracusa, a fim de demonstrar a proposta
enunciada acima.
A TRAGÉDIA CLÁSSICA GREGA: UMA VIVÊNCIA COM A
ANTÍGONA, DE SÓFOCLES, NA SALA DE AULA
Viviane Moraes de Caldas (MESTRE – UFCG)
Esta pesquisa teve por finalidade realizar uma experiência de leitura da tragédia
Antígona, de Sófocles, com alunos do 1º ano do nível médio. Buscamos, por
meio dela, respostas para as seguintes questões: 1) É possível trabalhar uma
tragédia grega em sala de aula?; 2) Como os alunos do 1º ano do ensino médio
recebem a tragédia Antígona?; 3) Que temas poderão ser suscitados a partir da
leitura dessa tragédia? Nos utilizamos de uma metodologia que prioriza uma
aula dialogada, na qual os leitores são postos como protagonistas no processo
de leitura. Pretendemos compreender como ocorre a recepção dessa tragédia
pelos alunos, qual é a percepção deles acerca do conceito de tragédia e como eles
fazem a ligação entre tragédia e realidade. No que se refere à tragédia, nos
baseamos na teoria de Aristóteles (2005), nos estudos de Brandão (2002),
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
Vernant e Vidal-Naquet (1991). Colomer (2007) nos auxilia a refletir sobre a
leitura compartilhada e Petit (2008) acerca do papel do mediador.
A HARMONIZAÇÃO PROVERBIAL EM TRAQUÍNIAS DE
SÓFOCLES
Wagner Luiz da Silva (MESTRANDO – UFRJ)
Nos versos iniciais da tragédia sofocliana Traquínias, a personagem Dejanira,
esposa de Héracles, expõe uma frase em que ela mesma menciona como sendo
um provérbio. Com base na forma e no significado desse provérbio irrefutável,
pretende-se examinar, através das ferramentas de análise do discurso, a
construção de outros provérbios contidos na obra. Não havendo uma menção
explícita sobre a existência de um discurso proverbial em tais passagens, buscarse-á conceituar o fenômeno para compreender a sua harmonização no contexto
literário trágico estabelecido pelo autor.
JUSTIÇA E AGÓN EM AS FENÍCIAS DE EURÍPIDES
Waldir Moreira de Sousa Junior (MESTRANDO – USP)
Segundo Torrano (2009, p. 117), o gênero trágico figura uma “dialética icástica
e pré-filosófica” que “investiga o sentido humano, o sentido heroico e o sentido
numinoso da justiça divina dispensada por Zeus e partilhada pelos homens
na pólis”. O objetivo desta comunicação é averiguar em que medida a peça As
Fenícias, obra tardia de Eurípides, compartilha essa cosmovisão de justiça. Para
isso, será analisado o agón lógon de Polinices e Etéocles: sua relação com o
desenrolar e com o desfecho do drama.
DISPUTA POR UM BEIJO DE MEL: CATULO E O CICLO DE
JUVÊNCIO
Zildene de Souza (MESTRANDA – UFRJ)
Catulo figura entre os primeiros poetas a introduzir uma nova lírica na literatura,
no chamado Século de Cícero. Como os demais poetae noui, foi influenciado
pela literatura helenística e possui estilo próprio de escrita que prima pela
forma e pela erudição dos versos. De sua obra, da qual possuímos 116 poemas,
destacam-se os grupos de poemas amorosos dedicados a um personagem
especial: ora Lésbia, ora Juvêncio, ora estimados amigos, que habitam um
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
espaço de amores realizáveis ou frustrados. A partir dessas breves considerações,
faremos uma apresentação da vida e da obra do poeta Catulo, abordando os
poemas do ciclo de Juvêncio. Trataremos de temas relativos ao comportamento
sexual em Roma, com especial olhar para a questão do homoerotismo.
Salientamos que, sobre a disputa pelo amor do jovem Juvêncio, se em Lésbia
Catulo daria mil beijos, em Juvêncio daria mais cem mil. Mas um quê de
insatisfação é observado. Os sentimentos de desejo e desprezo parecem ser
vivenciados com igual medida.
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ÍNDICE POR AUTORES
Agatha Pitombo Bacelar|28
Aldo Lopes Dinucci|33
Aleska Lemos|26
Alessandra Serra Viegas|33
Alex Fabiano Campos Gonçalves|33
Alexandre Carneiro Cerqueira Lima|07
Álvaro Alfredo Bragança Júnior|14
Amós Coêlho da Silva|34
Ana Cristina de Souza Pires Dias|34
Ana Thereza Basílio Vieira|14
Anderson de Araújo Martins Esteves|19
André Alcântara Augusto Pereira|34
André Rodrigues Bertacchi|35
Andreza Caetano|35
Angelo Balbino Soares Pereira|35
Antônio Jardim|16
Antonio Stramaglia|07
Arlete José Mota|30
Auto Lyra Teixeira|12
Bárbara da Costa e Silva|36
Bárbara de Oliveira Wilbert Iung|36
Beatriz Cristina de Paoli Correia|26
Bruna Moraes da Silva|37
Carla Cristina da Silva Lavinas|37
Carlos Monteiro Junior|37
Cinthya Sousa Machado|38
Cristiane Vargas Guimarães|21
Daniel Barbo|12
Danilo de Albuquerque Furtado|29
Diogo dos Santos Silva|22
Douglas Gonçalves de Souza|27
Dulcileide Virginio do Nascimento|38
Edith Hall|07
Eduardo Bezerra Abdala|22
Eduardo Boechat|12
Fernanda Lemos de Lima|17
Fernanda Messeder Moura |15
Fernando Brandão dos Santos|08
Fernando José de Santoro Moreira|16
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Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
Fernando Rodrigues Junior|38
Filipe Cesar da Silva|39
Filipe Costa Pinheiro|31
Francesco Citti|09
Gilvan Luiz Fogel|16
Giovanna Marina Giffoni|23
Glaydson José da Silva|19
Glória Braga Onelley|24
Greice Ferreira Drumond|15
Guilherme Horst Duque|39
Jasmim Sedie Drigo|40
Johnnatan Ivens Antunes Nascimento|40
Juliana Batista Cavalcanti|25
Leonardo Ferreira Kaltner|40
Lilian Amadei Sais|41
Lívia Medeiros de Albuquerque|30
Lorena Lopes da Costa|41
Luana Cruz da Silva|24
Lucas Consolin Dezotti|41
Lucas Matheus Caminiti Amaya|42
Lucia Pasetti|09
Luciana Antonia Ferreira Marinho|42
Luciana Ferreira da Silva|42
Luciana Mourão Maio|43
Luciene de Lima Oliveira|43
Ludmila Alves da Silva|44
Luiz Fernando Dias Pita|44
Luiz Pedro da Silva Barbosa|28
Magali Moura|17
Marcelle Souza Esteves|28
Marcelo Bourscheid|44
Márcia Regina de Faria da Silva|18
Marco Antônio Lima da Silva|45
Marcos Martinho dos Santos|09
Marcus Caetano|23
Maria Regina Cândido|14
Mariana Beraldo Santana do Amaral da Rocha|32
Mariane Farias de Oliveira|45
Marianne Franco Pereira|46
Marta Alkimin|13
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Semana de Estudos Clássicos/II Simpósio Internacional de Estudos Clássicos –
Agón e Disputatio: Múltiplas Abordagens
Matheus Treuk Medeiros de Araujo|46
Milena de Oliveira Faria|26
Milton Marques Júnior|47
Nathalie Lemaire|10
Nathan Rodrigues da Silveira Murizine Branco|47
Patrícia Schlithler da Fonseca Cardoso|47
Paulo Gustavo Santos da Silva|48
Paulo Henrique Oliveira de Lima|48
Pedro Baroni Schmidt|48
Pedro Paulo Alves dos Santos|49
Pedro Vieira da Silva Peixoto|49
Rafael Guimarães Tavares da Silva|50
Rafael Lemos|23
Rafael Sento Se Guimaraes Falcon|50
Rafael Silva dos Santos|51
Rainer Guggenberger|51
Renata Senna Garraffoni|10
Ricardo de Souza Nogueira|15
Rodrigo Pinto de Brito|51
Rolph de Viveiros Cabeceiras|13
Sandra Lúcia Rodrigues da Rocha|29
Sandra Verônica Vasque Carvalho de Oliveira|31
Sarah Lopes Israel de Medeiros|52
Shirley Fátima Gomes de Almeida Peçanha|24
Simone Aparecida Dupla|52
Simone Gonçalves Bondarczuk|12
Stefania Sansone Bosco Giglio|27
Tarsilla Couto de Brito|53
Tayná Sanches Pereira Costa|53
Thiago da Silva Pinheiro|54
Thiago Henrique Pereira Ribeiro|25
Tiago Silva Souza|54
Valesca Scarlat Carvalho da Fonseca|29
Vanderlei José Zacchi|54
Vinícius Moretti Zavalis|55
Violaine Sebillote Cuchet|11
Viviane Moraes de Caldas|55
Wagner Luiz da Silva|56
Waldir Moreira de Sousa Junior|56
Wendell dos Reis Veloso|21
Zildene de Souza|56
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