Arquivo - Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES MARINA GONÇALVES CIRQUEIRA Salvador-BA 2013 1 MARINA GONÇALVES CIRQUEIRA CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES Orientadora: Profª. Drª. Eliete da Silva Bispo Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal da Bahia em cumprimento aos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos. Salvador- Ba 2013 2 Sistema de Bibliotecas da UFBA Cirqueira, Marina Gonçalves. Contribuição tecnológica ao aproveitamento de moluscos bivalves / Marina Gonçalves Cirqueira. - 2013. 107 f.: il. Orientadora: Profª. Drª. Eliete da Silva Bispo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador, 2013. 3 1. Molusco. 2. Bivalve (Molusco). 3. Íon-hidrogênio - Concentração. 4. Estabilidade. 5. Segurança alimentar. I. Bispo, Eliete da Silva. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia. III. Título. 4 TUDO PASSARÁ Todas as coisas, na Terra, passam... Os dias de dificuldades, passarão... Passarão também os dias de amargura e solidão... As dores e as lágrimas passarão. As frustrações que nos fazem chorar... um dia passarão. A saudade do ser querido que está longe, passará. Dias de tristeza... Dias de felicidade... São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas. Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um instante. Elevemos o pensamento ao Alto, e busquemos a voz suave da Mãe amorosa a nos dizer carinhosamente: isso também passará... E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas, que não há mal que dure para sempre. O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação, às vezes parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas. Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade, e que um dia também passará... Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro, porque essa é a sua destinação. Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento, e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo... também passarão..." 5 V " Tudo passa..........exceto DEUS!" Deus é o suficiente! (Emmanuel / Francisco Cândido Xavier ) 6 VI AGRADECIMENTOS Agradeço imensamente a Deus, pela força e por tudo o mais que sempre fez e faz por mim a cada dia. A profa. Eliete, pela orientação, pelos conselhos, compreensão e cuidado! As minhas irmãs maravilhosas, cuidadosas e muitas vezes neuróticas, Patricia e Mônica. Obrigada por estarem sempre presentes para o que der e vier! A minha mãe, Genisia, que sempre mostrou o lado positivo das coisas, por mais difícil que a situação parecesse. Obrigada por sempre acreditar no potencial de suas três “bonecas”! As minhas amadas crianças: Ameixa, Kikita, Culy, Bebê, Harold, Nino, Belis, Lili, Dalila e Lulu, que muitas vezes depois de um dia cansativo ou desmotivante, me enchiam de amor, carinho e lambidas ao chegar em casa, ou mesmo, a lembrança de vocês me deixava mais leve. Vocês são meus ANJOS! Aos colegas de mestrado, Wellington, Edgard e em especial Mary Daiane, pelo convívio amigável, momentos divertidos e de muito aprendizado. Mary, as nossas jornadas a São Francisco do Conde nunca serão esquecidas! A toda equipe do Laboratório de Análises Bromatológicas da Faculdade de Farmácia, em especial a Margot pela aprendizado desenvolvido e a Dona Fátima, pelos ensinamentos, gentileza e carinho. A Professora Ryzia, por sempre se mostrar disponível a ajudar no desenvolvimento do projeto. Obrigada por tornar possível a etapa de estudo microbiológico na Escola de Nutrição. Aos meus tios, Gel e Gilmar, por me conduzirem do bairro distante em que morava até a UFBA, sem vocês a minha jornada seria muito mais cansativa! 7 VII A minha avó, Georgina, por me acolher sempre de coração aberto. Obrigada por cuidar de mim! Ao amor da minha vida, Denis, por partilhar todos os momentos, fossem eles bons ou difíceis. Muitas vezes a nossa imagem juntos foi o que me motivava a continuar caminhando. Obrigada pela companhia, pelo amor, pelo carinho, por trabalhar comigo no laboratório até tarde da noite, por ser meu corretor, meu tradutor, meu professor! A CAPES, pela concessão de bolsa de estudos. Agradeço a todas as pessoas que contribuíram neste trabalho, seja em coisas simples ou complexas, pois não importa somente o tamanho da contribuição, mas também a boa vontade! 8 VIII SUMÁRIO LISTA DE TABELAS.........................................................................................xii LISTA DE FIGURAS........................................................................................xiv RESUMO..........................................................................................................xvi ABSTRAT........................................................................................................xvii INTRODUÇÃO GERAL....................................................................................18 OBJETIVOS......................................................................................................20 OBJETIVO GERAL................................................................................20 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................20 CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.0. ASPECTOS DO PESCADO......................................................................21 2.0. ALTERAÇÕES DA QUALIDADE DO PESCADO......................................23 3.0. PRODUÇÃO PESQUEIRA: QUADRO GERAL E A PESCA ARTESANAL DE MOLUSCOS...............................................................................................26 4.0. PROCESSAMENTO DE PESCADO.........................................................28 5.0. ADITIVOS..................................................................................................32 6.0. ANÁLISE SENSORIAL..............................................................................34 7.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................37 CAPÍTULO II: CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES RESUMO..........................................................................................................44 ABSTRACT.......................................................................................................45 1.0. INTRODUÇÃO...........................................................................................46 2.0. MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................49 2.1. MATÉRIA-PRIMA............................................................................49 2.2.ÁNALISES MICROBIOLÓGICAS....................................................49 2.2.1.PREPARO DAS AMOSTRAS.......................................................49 2.2.2. CONTAGEM DE COLIFORMES A 45ºC.....................................50 2.2.3. CONTAGEM DE ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA..50 2.2.4.PESQUISA DE SALMONELLA SPP.............................................51 2.2.5. CONTAGEM TOTAL DE AERÓBIOS MESÓFILOS E PSICROTRÓFICOS...............................................................................51 2.3. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS.......................................................52 2.3.1.DETERMINAÇÃO DO PH.............................................................52 9 XIX 2.3.2.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER...........52 2.3.3.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)...........53 2.3.4.DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE PERÓXIDO............................53 2.3.5.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS................................................53 2.3.6.UMIDADE......................................................................................53 2.3.7.CINZAS.........................................................................................54 2.3.8. PROTEÍNAS................................................................................54 2.3.9.LIPIDEOS......................................................................................54 2.3.10. CARBOIDRATO.........................................................................54 2.3.11. VALOR CALÓRICO TOTAL.......................................................54 2.4. PROCESSAMENTO DO MARINADO............................................55 2.4.1. RECEPÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA.............................................56 2.4.2 TRATAMENTO.............................................................................56 2.4.3. FORMULAÇÃO DO MARINADO.................................................56 2.4.4. ACONDICIONAMENTO...............................................................57 2.4.5. PROCESSAMENTO TÉRMICO.................................................58 2.5.ESTUDO DE ESTABILIDADE DOS MARINADOS..........................58 2.5.1. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS................................................58 2.5.2. ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS................................58 2.5.3.ANÁLISE SENSORIAL.................................................................59 2.5.3.1. PERFIL DAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS...................59 2.5.3.2. CONDUÇÃO DO ESTUDO DE ESTABILIDADE SENSORIAL..................................................................................59 2.5.3.3. TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL...........................................61 2.5.3.4. INTENÇÃO DE COMPRA.......................................................62 2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................67 3.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................68 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA ..................................68 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA...................................68 3.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA...................................................................................69 3.1.2.1. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL.................................................69 3.1.2.2.DETERMINAÇÃO DO PH..........................................................71 3.1.2.3.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER........71 3.1.2.4.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)........72 3.1.2.5.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO.........................72 10 X 3.1.2.6.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS.............................................73 3.2.CARACTERIZAÇÃO DOS MARINADOS........................................73 3.2.1. CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS MARINADOS....73 3.2.2. CARACTERIZAÇÃO MARINADOS DE OSTRA FÍSICO-QUÍMICA (OSTREA E EDULIS) QUÍMICA E DOS VÔNGOLE (ANOMALOCARDIA BRASILIANA (GMELIN, 1791))............................75 3.2.2.1. CURVA DE TITULAÇÃO..........................................................75 3.2.2.2. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL.................................................77 3.2.2.3.DETERMINAÇÃO DO PH..........................................................79 3.2.2.4.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS.............................................81 3.2.2.5. PROVA DE ÉBER– REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO........81 3.2.2.6.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT)........81 3.2.2.7.DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ TITULÁVEL..............................82 3.2.2.8.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO.........................83 3.2.3.CARACTERIZAÇÃO SENSORIAL DOS MARINADOS DE OSTRA E VÔNGOLE..........................................................................................84 3.2.3.1. ESTUDO DE ESTABILIDADE SENSORIAL.............................84 3.2.3.2. TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL...........................................92 3.2.3.3.ÍNDICE DE ACEITABILIDADE GLOBAL...................................93 3.2.3.4. TESTE DE INTENÇÃO DE COMPRA......................................95 4.0. CONCLUSÃO............................................................................................98 5.0.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................99 6.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................107 XI 11 LISTA DE TABELAS CAPITULO I Tabela 1. Formulações dos marinados de Ostra (Ostrea edulis) e Vôngole (Anomalocardia brasiliana)...............................................................................57 CAPÍTULO II Tabela 2. Resultados de coliformes a 45°C, estafilococos coagulase positiva, psicrotróficos e Salmonella spp. em ostra e vôngole empregados na produção dos marinados..................................................................................................68 Tabela 3. Resultados da Composição centesimal de Ostra (Ostrea edulis) e Vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) utilizadas para produção dos marinados..................................................................................................69 Tabela 4. Resultados das determinações de pH, Prova de Éber, Bases voláteis totais(BVT) e Reação de Kreis das matérias-primas ostra e vôngole.............................................................................................................71 Tabela 5. Resultados das análises microbiológicas para Micro-organismos aeróbios mesófilos dos marinados nos 120 dias de estocagem......................73 Tabela 6. Resultados das análises microbiológicas para Estafilococos coagulase positiva, coliformes a 45°C e Salmonella spp. dos marinados nos 4 meses de estocagem........................................................................................74 Tabela 7. Resultados médios e desvio padrão da composição centesimal das formulações dos marinados de Ostra (Ostrea edulis) e Vôngole (Anomalocardia brasiliana)...............................................................................78 Tabela 8. . Resultados das determinações de pH das formulações de marinados de Ostra e Vôngole nos 4 meses de estocagem............................79 Tabela9. Resultados de rancidez e prova de Éber das formulações A1, A2, B1 e B2 de arinado................................................................................................81 Tabela 10. Resultados médios das determinações de Acidez Titulável Total dos marinados de ostra e vôngole....................................................................82 Tabela 11. Resultados médios de Índice de peróxido nas formulações de marinado durante armazenamento...................................................................83 Tabela 12. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo 12 XII sabor agradável................................................................................................84 Tabela 13. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor marisco.............................................................................................................85 Tabela 14. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor ácido.................................................................................................................86 Tabela 15. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor salgado...................................................................................................86 Tabela 16. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor avinagrado........................................................................................................87 Tabela 17. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo sabor rançoso.............................................................................................................88 Tabela 18. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor marisco.............................................................................................................88 Tabela 19. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor ácido...............................................................................................................89 Tabela 20. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor avinagrado........................................................................................................90 Tabela 21. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor rançoso.............................................................................................................90 Tabela 22. . Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo maciez....................................................................................................90 Tabela 23. . Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo aparência..........................................................................................................91 13 XIII LISTA DE ILUSTRAÇÕES CAPÍTULO II Figura 1. Fluxograma de produção do marinado.............................................55 Figura 2. Apresentação das 4 formulações de marinado, A1: Ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: vôngole + ácido cítrico, na realização da análise sensorial..............................................60 Figura 3. Apresentação das amostras de marinado aos provadores durante a análise sensorial...............................................................................................60 Figura 4 - Ficha de Teste de Aceitação para marinados de ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791))................61 Figura 5. Ficha de intenção de compra para marinados de ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791))................62 Figura 6. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação A1..............................................................................................63 Figura 7. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação A2..............................................................................................64 Figura 8. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação B1..............................................................................................65 Figura 9. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação B2..............................................................................................66 Figura 10. Curva de titulação do vôngole utilizando ácido cítrico................................................................................................................76 Figura 11. Curva de titulação da ostra utilizando ácido cítrico........................76 Figura 12. Curva de titulação do vôngole utilizando ácido acético de álcool...77 Figura 13. Curva de titulação da ostra utilizando ácido acético de álcool.......77 Figura 14. Resultado do Teste de Aceitação das formulações de marinado: A1:Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico, na realização da análise sensorial.........93 Figura 15. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado A1:Ostra + ácido acético...................................................................95 Figura 16. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado A2: Vôngole + ácido acético.............................................................96 Figura 17. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado B1: Ostra + ácido cítrico...................................................................96 Figura 18. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de 14 XIV marinado B2: Vôngole + ácido cítrico...............................................................97 15 XV RESUMO O consumidor tem procurado por alimentos de fácil preparo e qualidade nutricional. Os moluscos, geralmente, são submetidos a um processamento mínimo que não lhes permite grande destaque frente a produto mais elaborados disponíveis no mercado. O processo de marinação é baseado na imersão do pescado em salmoura ácida e adicionado de especiarias. O presente estudo objetivou transformar tecnologicamente moluscos bivalves através da técnica de marinação. Quatro formulações foram desenvolvidas a partir de combinações de agentes acidificantes(ácido acético e ácido cítrico) e dois moluscos ostra (Ostrea edulis) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)):formulação A1(ácido acético e ostra), A2 (ácido acético e vôngole), B1(ácido cítrico e ostra) e B2(ácido cítrico e vôngole). Os moluscos e marinados foram avaliados através de análises químicas e físico-químicas (bases voláteis totais, acidez titulável, pH, reação de Éber, reação de Kreis, índice de peróxido, umidade, cinzas, proteína, lipídeos, carboidratos e valor calórico total) e microbiológicas (coliformes a 45°C, estafilococos coagulase positiva, Salmonella spp., micro-organismos aeróbios mesófilos e psicrotróficos). O estudo de estabilidade sensorial do marinado foi baseado nas variações de intensidade dos atributos: aparência, odor (marisco, agradável, ácido, avinagrado e rançoso), sabor (salgado, ácido, marisco, rançoso, avinagrado e agradável) e textura (maciez), durante 120 dias de armazenamento. Os testes de aceitação global, índice de aceitabilidade e intenção de compra foram realizados. A caracterização química e físico-química revelou diferença estatística apenas para o teor de lipídeos das formulações A1 e A2, todos os parâmetros estudados encontraram-se em acordo com a legislação. Os moluscos e marinados apresentaram-se inócuos microbiologicamente. O estudo sensorial revelou alterações brandas nos atributos avaliados, não havendo diferença estatística nos 120 dias. No que diz respeito à aceitação, as formulações A1, B1 e B2 se destacaram. As mesmas 3 formulações receberam notas de índice de aceitabilidade acima de 70%, sendo consideradas satisfatórias. As formulações B1 e B2 conquistaram intenção de compra de 60% para as categorias certamente e provavelmente eu compraria. Os marinados foram considerados produtos estáveis dos pontos de vista químico, físico-químico, microbiológico e sensorial. Palavras-chave: moluscos bivalves, pH, estabilidade, teste de aceitação. 16 XVI ABSTRACT Consumers are looking for easy food preparation and nutritional quality. The molluscs, usually undergo minimal processing that does not allow them to highlight forward more elaborate product available in the market. The marination process is based on subjecting the fish to acidic brine and spices added. The present study aimed to harness technologically bivalve molluscs by marination technique. Four formulations were developed from combinations of acidifying agents (citric acid and acetic acid) and two clam oyster (Ostrea edulis), and vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)):formulation A1 (oyster and acetic acid), A2 (acetic acid and vôngole) B1 (citric acid and oyster) and B2 (citric acid and vôngole). Molluscs and marinades were evaluated through chemical and physical-chemical analysis (total volatile bases, acidity, pH, reaction Éber, Kreis reaction, peroxide value, moisture, ash, protein, lipid, carbohydrate and total caloric value) and microbiological (coliforms at 45 ° C, coagulase-positive staphylococci, Salmonella spp., mesophilic and psychrotrophic micro-organisms). The stability study sensory marinade was based on the intensity variations of the attributes: appearance, odor (seafood, pleasant, sour, rancid and vinegary), taste (salty, sour, seafood, rancid, vinegary and pleasant) and texture (tenderness) during 120 days of storage. Acceptance testing global index of acceptability and purchase intent were performed. Chemical and physicochemical characterization revealed statistical difference only for the lipid content of the formulations A1 and A2, all parameters studied was found in accordance with legislation. Molluscs and marinated showed up microbiologically safe. The study revealed mild changes in sensory attributes evaluated, no statistical difference in 120 days. As regards acceptance, formulations A1, B1 and B2 stand out. The same three formulations received notes acceptability index above 70% , are considered satisfactory. The formulations B1 and B2 conquered purchase intention with about 60% for the questions certainly and probably I would buy. The marinades were considered stable products of chemical, physical-chemical, microbiological and sensory viewpoints . Keywords: bivalve molluscs, pH, stability, acceptance test. XVII 17 INTRODUÇÃO GERAL Pescado é todo produto retirado do meio aquático, que direta ou indiretamente, tem valor alimentar e pode ser utilizado como alimento para o homem. Portanto, o termo pescado é genérico e envolve peixes, crustáceos, moluscos, rãs, anfíbios, quelônios, mamíferos de água doce ou água salgada e cefalópodes; dentre estes os peixes, os moluscos e os crustáceos compreendem o grupo que apresenta grande valor alimentar e econômico (BRASIL, 1997; BARROS, 2003). A produção pesqueira e aquícola mundial atingiu a marca de 142 milhões em 2008, 146 milhões de toneladas em 2009 (BRASIL, 2010) e 168 milhões de toneladas de pescado no ano de 2010 (BRASIL, 2011). No cenário produtivo mundial, o Brasil foi responsável por 0,75%, correspondendo a 1.264.765 t da produção de pescado em 2010, ocupando o 19° lugar, caindo uma posição em relação ao ranking geral de 2009. O termo marisco compreende uma grande variedade de animais marinhos caracterizados por possuírem uma concha rígida, geralmente situada no exterior do corpo, incluindo os moluscos e os crustáceos (WOOD, 1975). A exploração de moluscos como o vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) e a ostra (Crassostrea rhizophorae), todavia não conta com procedimentos tecnológicos eficientes e capazes de conferir segurança ao produto (BISPO et al.,2004a). De forma semelhante, a maioria das comunidades pesqueiras da Bahia comercializam o peixe inteiro ou eviscerado e resfriado, sem que haja nenhum processamento com o intuito de agregar valor (AMARAL, 2006). Estas matérias-primas, porém, poderiam ser submetidas a uma série de processamentos diferentes, o que permitiria a obtenção de uma ampla gama de produtos, com diferentes gostos e formas de apresentação, o que tornaria a matéria- prima uma das mais versáteis “commodities” alimentícias (FAO, 2007). Conservar produtos da pesca requer rigoroso controle de qualidade desde a captura até a comercialização final (CARDOSO et al., 2003). Os produtos pesqueiros podem disseminar agentes patogênicos para o ser humano, razão pela qual a segurança de alimentos vem ganhando espaço e atenção global, 18 em face à ocorrência de doenças transmitidas por este tipo de alimento (BARROS, 2003). Produtos marinados surgiram como alternativa de alimentos semipreparados, ampliando as opções de consumo para carnes, aves e pescado. O processo de marinação do marisco envolve a acidificação do produto, possibilitando a segurança necessária ao consumidor e, ao mesmo tempo, garantindo a vida de prateleira adequada. Assim, o desenvolvimento de formulações de marinados de marisco, o estudo de estabilidade e aceitabilidade do produto, parece promissor devido à possibilidade de eliminar perdas causadas pela alta perecibilidade, além de disponibilizar os produtos ao mercado consumidor de forma segura, sensorialmente atrativo e com produção economicamente viável, com agregação de valor econômico ao produto desenvolvido. 19 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Realizar o aproveitamento tecnológico dos moluscos bivalves ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) através do emprego da técnica de marinação. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar a matéria-prima quanto aos aspectos microbiológicos, químicos e físico-químicos; Desenvolver formulações de marinado de ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)); Estudar a estabilidade das formulações de marinado através das determinações de parâmetros químicos, físico-químicos, microbiológicos e sensoriais. 20 CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.0. ASPECTOS DO PESCADO O grupo denominado pescado compreende os moluscos, peixes e crustáceos e representa uma importante fonte de alimentos. Além de ser rico em proteínas, o pescado possui, também, todos os aminoácidos essenciais ao crescimento e à manutenção do organismo humano, aliado à presença de elementos minerais necessários às inúmeras funções orgânicas (LIRA et al., 2001). Os moluscos participam da história do ser humano desde a pré-história, principalmente como alimento, mas também como adorno, vetores de doenças, itens de coleção, produtores de pérolas, entre outros (RIBEIRO, 2004). Desde o final dos anos 90, o comércio de moluscos tem crescido, devido ao fato do seu grande uso na culinária e como matéria-prima para artesanato (BEIRÃO et al, 2002). Os bivalves constituem a segunda grande classe de moluscos, e têm maior importância econômica, pois além de servirem de alimento, alguns produzem pérolas (STORER et al., 2003). Existem aproximadamente 20.000 espécies largamente distribuídas nas águas doces e salgadas, sendo bilateralmente simétricos, com o corpo mole incluído em uma concha rígida de duas partes, daí a denominação “bivalve” (BARNES; CALOW; OLIVE,1995). A classe Bivalvia é formada por moluscos bivalves tais como mexilhões, ostras, vieiras, mariscos, entre outros, e está amplamente distribuída ao longo da costa brasileira. Aproximadamente, as 500 espécies viventes, pertencem à aproximadamente cinquenta gêneros e doze subfamílias (CANAPA et al, 1996). O molusco Anomalocardia brasiliana é explorado por ser um alimento de alto valor nutricional e rico vitaminas. Os componentes metabólicos produzidos e encontrados nas partes comestíveis dos moluscos são influenciados tanto pelo plâncton, quanto pela qualidade sanitária do ambiente aquático onde estes moluscos são capturados ou cultivados (PIGOTT; TUCKER, 1990). Entre outros moluscos comercializados no Brasil, as ostras são popularmente conhecidas. A ostra é um molusco bivalve marinho pertencente à família Ostreidae, medem de 7 a 10 cm e ligam-se a seu suporte com um 21 cimento segregado pelo manto. Uma ostra produz milhões de ovos por ano e estes demoram de quatro a cinco anos para atingirem a maturidade. Possuem duas valvas semi-circulares e desiguais, e são consideradas como um dos moluscos comestíveis mais apreciados. Existem várias espécies, sendo Ostrea edulis a mais conhecida e muito empregada para compor pratos sofisticados. Algumas espécies são capazes de produzir pérolas no decorrer do tempo, que se formam a partir de partículas que se sedimentam na ostra, formando com o tempo uma pedra preciosa (BARNES, 1990). O cultivo de moluscos foi realizado, inicialmente, pelos japoneses, em 2000 anos a.C, e pelos romanos a 100 a. C. Com o passar dos anos, alcança elevado nível tecnológico, tornando-se iguaria de consideravel valor nutritivo e de elevado consumo. Entretanto, esse consumo tem registros na literatura especializada, como responsável por inúmeros surtos epidêmicos, respondendo diretamente por problemas de saúde pública, principalmente quando os moluscos são ingeridos crus e a qualidade sanitária do ambiente em que foram coletados está comprometida (JOSÉ, 1996). Os bivalves alimentamse de plâncton, micro-organismos e matéria orgânica em suspensão presentes na água, através de filtração pelas brânquias, as quais não possuem nenhuma capacidade seletiva, sendo a ingestão dessas partículas limitada apenas pelo tamanho da boca (BARNES, 1990). Segundo Zamarioli et al. (1997), as ostras oferecem um maior risco, pois esses moluscos são filtradores e bioacumuladores de micro-organismos, sendo, dessa forma, muito utilizados como bioindicadores. Portanto, a microbiota da carne da ostra está relacionada ao ambiente do qual ela se origina. A composição química do pescado varia intensamente de uma espécie para outra ou dentro de uma mesma espécie. Tais variações estão relacionadas à época do ano e local em que foi capturado, idade, sexo, hábito alimentar e disponibilidade de alimento (OGAWA; MAIA, 1999; KHAN et al., 2006; ASTORGA-ESPAÑA et al. 2007). A composição da parte comestível de peixes, crustáceos e moluscos varia de 70 a 85% de água, 20 a 25% de proteínas, 1 a 10% de gordura, 0,1 a 1% de açúcar e 1 a 1,5% de minerais. Essa composição é altamente variável de espécie para espécie, mas é comum a muitas espécies de peixes, crustáceos e 22 moluscos o baixo conteúdo de gordura e a elevada quantidade proteínas (OGAWA e MAIA, 1999; BEIRÃO et al., 2002). Quando comparados a outros tipos de pescado, os moluscos apresentam em sua carne um alto teor de carboidratos e menores concentrações de nitrogênio. De acordo com Magalhães (1985), nos bivalves são frequentes as variações nos teores de carboidratos e lipídeos, e menos comum nos teores de proteína, que se correlacionam, diretamente com a época de reprodução. 2.0. ALTERAÇÕES DA QUALIDADE DO PESCADO Depois de capturado o pescado deteriora gradualmente, pois é um alimento altamente perecível dentre os produtos de origem animal (SILVA et al., 2002). Os produtos da pesca e mariscagem apresentam um tempo de prateleira curto e variável, em função de suas características intrínsecas (Cordeiro et al, 2007), como a alta atividade de água, o pH próximo a neutralidade e, frequentemente, por abrigarem bactérias psicotróficas, aquelas com habilidade de crescer em ambiente de refrigeração. Somado a estes fatores, a presença de enzimas autolíticas são responsáveis pelo aparecimento de odores e gostoes desagradáveis no produto, contribuindo para sua rápida deterioração (CODEX ALIMENTARIUS, 2004). As características sensoriais do pescado determinadas através de análise sensorial são as mais importantes, pois são as que mais se alteram no início da decomposição (BRASIL, 1997). Os moluscos bivalves devem ser expostos a venda ainda vivos, com valvas fechadas e com retenção de grande quantidade de água incolor e límpida nas conchas. A carne deverá estar bem aderente as conchas e apresentar coloração amarelada nos mexilhões e moluscos (FARIAS, 2006; BRASIL, 1997). As vias mais importantes de penetração de bactérias no músculo de pescado são as brânquias, pele, epitélio e cavidade abdominal. A deterioração do pescado instala-se logo após a morte e avança com o tempo. A velocidade de decomposição depende de fatores endógenos e exógenos. Os fatores exógenos são a temperatura, micro-organismos, processamento e manipulação. Os fatores endógenos são a composição química e a textura dos tecidos (BARROS, 2003). As alterações que mais caracterizam a deterioração 23 do pescado são aquelas relacionadas com o odor e o gosto, que determinam o estado de impróprio para o consumo, pois afetam a condição de comestibilidade (ORDÓNEZ, 2005). É importante conservar o pescado em baixas temperaturas, para que mantenha boa qualidade sensorial, química, físico-química, microbiológica e mantenha a sua estabilidade como alimento. O uso do frio na cadeia de produção permite controlar a qualidade do produto, porque as baixas temperaturas retardam as reações bioquímicas e atividade microbiana quanto menor for à temperatura, menor será a velocidade das reações bioquímicas ou da atividade microbiana (ALVES et al., 2002). Práticas de higiene adequadas por parte dos manipuladores têm importância fundamental na conservação e preservação da qualidade do pescado, considerando que o homem é veículo de micro-organismos responsáveis pelas doenças alimentares (PARANÁ, 1993). O congelamento é um dos mais eficientes métodos para conservar o pescado por um tempo mais prolongado (OGAWA & MAIA, 1999; ALVES et al., 2002). Por outro lado, os produtos pesqueiros podem disseminar agentes patogênicos para o homem, razão pela qual a segurança de alimentos vem ganhando espaço e atenção global, em face à ocorrência de doenças transmitidas por este tipo de alimento. Por isso mesmo, a legislação vigente limita a presença de organismos patogênicos no pescado, entre os quais aqueles causadores de infecção alimentar (BRASIL, 2001; BARROS, 2003). Logo, fazem-se necessários o cumprimento da legislação e a fiscalização de órgãos de vigilância sanitária, no sentido de evitar que este tipo de alimento constitua-se em veículo de doenças para o consumidor. Na avaliação da qualidade do pescado, produtos em condições satisfatórias são aqueles cujos resultados analíticos estão abaixo ou igual em amostra representativa, significando que os resultados devem ser condizentes com os padrões estabelecidos na legislação e os que estão acima dos limites estabelecidos podem mostrar a presença ou a quantificação de microorganismos patogênicos ou suas toxinas, e representam riscos à saúde do consumidor (DAMS et al., 1996; JAKABI et al., 1988; PINTO, 2001). 24 No Brasil, a Resolução RDC nº 012, de 2 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, define os critérios microbiológicos para alimentos expostos à venda e à exportação. Na citada resolução, são abordados os pescado e produtos derivados da pesca e os limites microbiológicos para sua comercialização. Foram analisados pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS) os problemas sanitários que afetam os produtos da pesca in natura na Tailândia, em julho de 1997, e foram associados com a contaminação biológica e química destes produtos (LUPIN, 1999). As toxinfecções alimentares provocadas por parasitas, bactérias patogênicas, resíduos de agrotóxicos, medicamentos veterinários e metais pesados, foram os principais perigos identificados. As razões para a preocupação são diversas; entre elas, a poluição ambiental e os hábitos culturais tradicionais de preparação e consumo destes alimentos (BEIRÃO et al., 2002). Os moluscos bivalves, em razão de seu hábito alimentar filtrador e por frequentemente serem consumidos crus ou levemente cozidos, passam a ser um problema particular de saúde pública. Os moluscos, pelos quais passam grande quantidade de água durante o processo de filtração, recolhem desta maneira os micro-organismos que têm origem no solo e na água, incluindo os patogênicos. A maioria dos moluscos é capturada em águas estuarinas e, assim, há a possibilidade de contaminação com patógenos do esgoto, bem como, pelo ambiente (RIBEIRO, 2004). Odores e gostos estranhos podem indicar problemas de qualidade, sejam eles provenientes da contaminação do pescado (gasolina, diesel, detergentes, desinfetante, etc.) ou mesmo de própria deterioração (azedo, amônia, pútrido) (BEIRÃO et al., 2002). A manipulação de moluscos bivalves marinhos e seu consumo in natura pode possibilitar o risco de contaminação cruzada. Os exames microbiológicos, segundo GELLI et al. (1979), são indicativos da microbiota do ambiente marinho e da presença de contaminantes, inclusive patogênicos. Assim os resultados microbiológicos são como sentinelas para a saúde pública, no que tange ao controle de infecções alimentares (DIAS et al., 2003; CUNHA NETO et al., 2002). 25 3.0. PRODUÇÃO PESQUEIRA: QUADRO GERAL E A PESCA ARTESANAL DE MOLUSCOS A atividade pesqueira mundial, extrativista e aquícola, foi responsável por inserir no mercado, cerca de 168 milhões de toneladas de pescado no ano de 2010 (BRASIL, 2011). Comparando-se a produção do ano de 2009, houve um incremento de aproximadamente 3% (BRASIL; 2011, 2012). Os países que apresentaram maiores produções foram a China, com aproximadamente 63,5 milhões de toneladas, a Indonésia com 11,7 milhões de toneladas, a Índia com 9,3 milhões de toneladas e o Japão com cerca de 5,2 milhões de toneladas. No cenário produtivo mundial, o Brasil foi responsável por 0,75%, correspondendo a 1.264.765 t da produção de pescado em 2010, ocupando o 19° lugar, caindo uma posição em relação ao ranking geral de 2009. Considerando‐se os países da América do Sul, o Peru registrou uma produção em torno de 4,4 milhões de toneladas, seguido pelo Chile, com aproximadamente 3,8 milhões de toneladas e o Brasil aparece em terceiro lugar (BRASIL, 2012). Segundo o Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura (BRASIL, 2012), a produção de pescado nacional para o ano de 2011 foi de 1.431.974,4 t, registrando‐se um incremento de aproximadamente 13,2% em relação a 2010. A pesca extrativa marinha continuou sendo a principal fonte de produção de pescado nacional, sendo responsável por 553.670,0 t (38,7% do total de pescado), seguida pela aquicultura continental (544.490,0 t; 38,0%), pesca extrativa continental (249.600,2 t; 17,4%) e aquicultura marinha (84.214,3 t; 6%). Em 2011, a região Nordeste continuou registrando a maior produção de pescado do país, com 454.216,9 t, respondendo por 31,7% da produção nacional. As regiões Sul, Norte, Sudeste e Centro‐Oeste registraram 336.451,5 t (23,5%), 326.128,3 t (22,8%), 226.233,2 t (15,8%) e 88.944,5 t (6,2%), respectivamente. A análise da produção nacional de pescado por Unidade da Federação para o ano de 2011 demonstrou que o Estado de Santa Catarina se manteve como o maior produtor de pescado do Brasil, com 194.866,6 t (13,6%), seguido pelos estados do Pará com 153.332,3 t (10,7%) e Maranhão com 102.868,2 t (7,2%). Os estados da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, 26 Alagoas, Sergipe e Distrito Federal apresentaram uma redução em relação ao produzido em 2010 (BRASIL; 2011, 2012) A nível regional, o Nordeste continuou sendo responsável pela maior parcela da produção nacional em 2011, com 186.012,0 t, porém apresentou uma queda de aproximadamente 5,0% em relação a 2010. Na Bahia foi registrada uma queda de 19,9% na produção da pesca marinha, que passou de 74.043,0 t em 2010 para 59.293,0 t em 2011 ficando com a quarta posição no ranking desta modalidade. Em seguida, aparecem os estados do Maranhão, com 44.599,0 t, com aproximadamente 2% a mais do que os observados em 2010 e o Rio Grande do Sul, com 34.385,0 t, apresentando um incremento de 20,8% em relação a 2010. Na análise da produção pesqueira marinha por espécie, observou‐se que o grupo dos peixes representou 87% da produção total, seguido pelos crustáceos com 10% e moluscos com 3%. Em 2011, a produção pesqueira marinha de peixes foi de 482.335,7 t, representando um aumento de 3,6% em relação a 2010, quando foram produzidas 465.454,7 t. Em 2011, a produção pesqueira marinha de crustáceos foi igual a 57.344,8 t e de moluscos 13.989,4 t, caracterizando um pequeno incremento de 1% e 0,3%, respectivamente, em relação a 2010. Entre os moluscos, o mexilhão novamente aparece como a espécie mais capturada em 2011, com 3.772,5 t, o que representou aproximadamente 27% do total desta categoria. A segunda espécie mais capturada foi o sururu, com 2.133,3 t, seguida do polvo com 2.089,6 t. A captura de lulas foi de 1.623,6 t e de ostras foi de 1.233,7 t em 2011(BRASIL, 2012). A exploração de molusco é feita artesanalmente por diversas comunidades espalhadas ao longo da costa do país. Apesar da sua importância econômica, estudos que investiguem o seu processo de extração pelos marisqueiros ainda são escassos. Os moluscos são recursos de extrema importância na pesca artesanal por contribuírem tanto para o enriquecimento da alimentação das populações litorâneas, como também, por apresentarem papel importante na complementação da renda dessas pessoas. A extração desse recurso, de uma forma geral, é feita por mulheres e filhos de pescadores denominados de marisqueiras (GIL & TOMÉl, 2007). 27 O Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil destacam-se na exploração comercial de moluscos, ainda que de forma artesanal, com destaque especial para Anomalocardia brasiliana (AVEIRO, 2007). No Nordeste, a exploração de pequena escala vem sendo estudada em diversos Estados, como na Paraíba (NISHIDA et al. 2004, 2006), Bahia (BISPO et al., 2004a), Pernambuco (SILVA et al 2007), Alagoas (BOTELHO E SANTOS, 2005) e Ceará (ARAÚJO E ROCHA-BARREIRA, 2004, 2005). No Rio Grande do Sul, a exploração de Anomalocardia brasiliana também, é feita por diversas comunidades espalhadas ao longo da costa, especialmente por mulheres (DIAS et al., 2007). Os pescadores artesanais são responsáveis por cerca de 60% da pesca nacional, o que representa mais de 500 mil toneladas por ano. Essa produção é resultado da atividade de mais de 600 mil trabalhadores em todo o país. No que se refere a estes trabalhadores, este setor ainda apresenta sérios problemas como a baixa escolaridade, condições precárias de trabalho e conta com pouca infra-estrutura para o beneficiamento e venda do pescado (SEAP/PR,2007). A pesca artesanal atua nas capturas com o objetivo comercial, associado à obtenção de alimento para as famílias dos participantes, onde predomina o trabalho familiar, ou de grupos comunitários e, possui como fundamento, o fato de que os pescadores são proprietários de seus meios de produção (redes, anzóis etc.) (SEAP,2004). A embarcação da pesca artesanal, não é, exclusivamente, um meio de produção, mas, também, de deslocamento, o proprietário da embarcação é, normalmente, um dos pescadores que participa como os demais, de toda a atividade de pesca. Porém, é também significativa a interferência de intermediários, o que, na maioria dos casos, resulta na apropriação, pelos mesmos, de grande parte da renda dos pescadores (SEAP,2004) 4.0. PROCESSAMENTO DE PESCADO A Tecnologia de Alimentos enquanto ciência tem como objetivos o aperfeiçoamento e a explicação experimental de processos, visando aplicar os conceitos na obtenção, processamento, conservação, preservação, transporte 28 e comercialização de alimentos e dispor ao consumidor produtos com qualidades nutricionais, sensoriais e microbiológicas, com maior vida de prateleira. A indústria de alimentos se destaca das demais indústrias, pela grande variedade de produtos e por atingir todas as classes sociais. É significativo o progresso na industrialização de produtos de origem animal, apresentando novas formulações visando à melhoria da qualidade e, principalmente, a segurança no consumo de produtos alimentares (QUEIROZ, 2006). A Tecnologia de Alimentos vem mostrando acentuado crescimento, ao longo dos anos, e tem contribuído para a melhoria nutricional e social das populações. Outro aspecto, que está se destacando, é a crescente profissionalização do setor pesqueiro, deixando cada vez mais distante a imagem de costumes antigos como a imagem do peixe embrulhado em jornal. Apesar da sazonalidade, o mercado vem respondendo satisfatoriamente, embora o pescado ainda não esteja totalmente incorporado aos hábitos alimentares do brasileiro. As vendas de pescado costumam estar atreladas ao preço da carne bovina (TONONI, 2002). Segundo Almeida Filho et al. (2002) o produto brasileiro que abastece o mercado nacional geralmente é de baixa qualidade, com elevada carga microbiana, e isto se deve a falta de medidas que priorizem a qualidade por parte dos pescadores e empresários do comércio em questão. No que se refere aos moluscos, constantemente tem sido citada a importância do aperfeiçoamento da tecnologia pós-captura e a adoção de técnicas de processamento, de uma forma geral, devido a este ponto da cadeia produtiva ainda ser muito limitado (ALMEIDA FILHO et al., 2002; CODEX ALIMENTARIUS, 2004). Portella (2005), ao relatar a atividade de produção de ostras em comunidade do Estado de São Paulo, citou a necessidade de melhorar o processamento, principalmente em função da pequena sobrevida desta matéria-prima após a captura, a que limita sobremaneira a sua comercialização. A autora relatou a sensibilidade das ostras quanto à deterioração e em especial a ostra exótica Crassostrea gigas, cultivada em Santa Catarina, a necessidade de intensificar o processamento, em virtude da 29 produção exceder o volume consumido in natura e, pelo fato da ostra exótica não suportar a estocagem em temperatura ambiente, devido às temperaturas serem elevadas do verão, o que provoca mortalidade massiva da espécie. Visando aproveitar com maior eficiência a produção de moluscos, é necessário o desenvolvimento de novas alternativas tecnológicas e propiciar controle de qualidade eficiente que garantam maior aceitabilidade e ampliar o prazo de validade. Esta ação poderia permitir uma oferta de produtos de boa qualidade, principalmente, para os restaurantes especializados em frutos do mar (PORTELLA, 2005). Os moluscos, geralmente, têm sido submetidos a um rápido processo de cocção, retirado da concha e acondicionamento em saco plástico, para depois ser transportado, sob congelamento, ser comercializado em feiras-livres e supermercados (BISPO et al.,2004a). Por outro lado, nos últimos anos, tem-se observado uma mudança no perfil nutricional da população e a oferta de produtos de pescado de qualidade, e isto pode direcionar o consumo, em especial pela oferta de novas formas de apresentação deste alimento perecível, que não a tradicional forma enlatada ou congelada (MINOZZO e WASZCZYNSKYJ, 2007). Segundo Tononi (2002), os produtos processados do pescado, quando lançados no mercado, irão mexer com os hábitos da população. Fatores como a qualidade e gosto, deverão ser ressaltados na apresentação do produto, deverão ser acondicionados em embalagens de boa apresentação visual, com o cuidado de apresentarem sugestões de receituários específicos, das várias maneiras de prepará-los, transformando-os em múltiplas aplicações culinárias. O consumidor tem procurado por alimentos de fácil preparo e de alta qualidade nutricional; o pescado atende a essas exigências (GONÇALVES et al.,2008), por ser um alimento bastante nutritivo, de grande diversidade de vitaminas e minerais e um balanço de aminoácidos essenciais, além de gorduras poli-insaturadas da série ômega 3, o que o torna superior a outros alimentos de origem animal (OGAWA; MAIA, 1999). No aproveitamento de moluscos, o processo de marinação pode possibilitar a segurança necessária ao consumidor e, ao mesmo tempo, garantir vida-útil adequada ao produto. A acidificação destas matérias-primas, 30 juntamente com tratamento o térmico, retardam o crescimento de microorganismos indesejáveis, que poderiam deteriorar o alimento, possibilitando seu armazenamento a temperatura ambiente (MICHIGAN DEPARTMENT OF AGRICULTURE, 2005). A acidificação de um alimento é controlada pelo seu pH, e pode ser feita durante o seu processamento por meio de adição de agentes acidificantes (ácido cítrico, ácido lático, etc.). O grau de acidificação deve ser controlado para não haver recusa pelo consumidor (AGBRAGANTE, 2008). Segundo Harazak (2000), marinados são soluções contendo açúcar, especiarias, óleo, ácidos (acético, suco de fruta e vinho), gosto e aroma para prolongar a vida de prateleira de carnes, aves, moluscos e vegetais. Knockaërt, (1989) definiu a marinagem como a operação que consiste em imergir animais marinhos ou parte destes em uma solução denominada marinado, durante um tempo suficiente para substituir uma parte de sua água de constituição por vinagre ou por um ácido orgânico autorizado ao uso alimentar. São ditos marinados os produtos submetidos a uma marinagem ou que são acondicionados com uma cobertura de marinado. Produtos marinados surgiram como alternativa de alimentos semipreparados, ampliando as opções de consumo para carnes, aves e peixes. Existem diferentes tipos de marinagem: a frio, que consiste na imersão do produto em um banho ácido, sem nenhum tratamento térmico prévio; a quente, onde o produto é cozido direto na solução de marinagem; marinado frito, que consiste no acondicionamento de peixes fritos em meio ácido e após resfriamento são imersos em uma solução contendo aromatizantes, sal e ácido acético; e o marinado em gel, onde o produto é imerso em meio ácido e depois acondicionado em um gel ( KNOCKAËRT, 1989). A legislação norte-americana estabelece como limite máximo de pH para produtos acidificados o valor de 4,6, enquanto a legislação brasileira limita o pH até 4,5, nesta faixa de pH ocorre a inibição de esporos do C. botulinum (QUAST et al., 2010). Quast et al. (2010), ao estudarem a cinética de acidificação de palmito pupunha (Bractris gasipaes Kunth) para produção de conserva, citaram a importância do estabelecimento das curvas de titulação para a caracterização desta matéria-prima, com o intuito de verificar se houve 31 alteração significativa de pH entre os lotes e determinar a concentração de ácido necessária na solução para se obter um pH final de equilíbrio 4,5, garantindo uma maior estabilidade e a segurança microbiológica do produto. Gabrielli e Minozzo (2012) desenvolveram marinado de peroá (Balistes capriscus), no qual o peixe foi submetido a fritura, seguido, de imersão na solução de marinagem, composta por ácido acético e azeite extra virgem em diferentes proporções, resultando em três formulações com boa aceitação. Barboza et al, (2006), realizaram um trabalho com objetivo de valorizar os moluscos escargot (Achatina fulica) e aruá (Pomacea lineata), foram desenvolvidos duas formulações, um produto com os moluscos picados e outro produto com o emprego do processo de defumação. Ambas formulações foram bem aceitas, porém o produto defumado foi o mais apreciado, pela familiaridade dos provadores que consumiam outros produtos defumados comumente. 5.0. ADITIVOS Os aditivos são componentes característicos dos alimentos industrializados, utilizados para sua conservação, melhoria do seu aspecto, aroma e gosto. Os níveis utilizados nos alimentos deve ser limitado a alimentos específicos, em condições específicas e ao menor nível para alcançar o efeito desejado (BRASIL, 1999) O tripolifosfato de sódio, (INS 451i), pertence ao grupo dos polifosfatos, com ação estabilizante em produtos cárneos frescais, embutidos ou não. Os fosfatos tornam possível a manutenção de uma dispersão uniforme de duas ou mais substâncias imiscíveis em um alimento. Seu limite máximo permitido na legislação brasileira é de 0,5% (BRASIL, 1999). Este composto, com grau alimentício anidro, é usado na indústria de produtos processados, defumados e congelados de carne bovina, de frango, peixes e outros frutos do mar. Sua função é reduzir a perda de líquido da proteína durante o processamento desses produtos, através do aumento local do pH e da força iônica ao redor da proteína. 32 No processamento e no período de armazenamento, o tripolifosfato atua acentuando a capacidade de retenção de água e a consequente embebição da massa. Provoca a diminuição da retração por conta do cozimento, tendo em vista a menor perda de umidade do produto. Os fosfatos ainda atuam sinergicamente com os ascorbatos contra a rancidez e possui ação conservadora, pois, impedem a decomposição bacteriana em determinados alimentos (QUEIROZ, 2006). O ácido cítrico ou citrato de hidrogênio, de nome oficial ácido 2-hidroxi1,2,3-propanotricarboxílico, é um ácido orgânico fraco, que se pode encontrar nos citrinos. Os íons citratos formam sais denominados citratos com muitos íons metálicos. O citrato de cálcio ou "sal amargo" é um importante citrato, que se utiliza geralmente na preservação e condimentação dos alimentos. É conhecido também como acidulante INS 330, dando um gosto ácido e refrescante na preparação de alimentos e de bebidas. Além disso, os citratos podem quelar íons metálicos, e serem utilizados como conservantes e suavizadores de água. Trata-se do ácido mais utilizado pela indústria alimentícia e de bebidas, uma vez que apresenta propriedades antioxidantes, acidulantes, flavorizantes, sequestrantes e reguladoras de acidez. Nos laticínios, por exemplo, atua como estabilizante; ajuda a manter o pH ideal de doces; age como conservante combatendo o desenvolvimento de microrganismos; no preparo de peixes e frutos do mar é usado para combater o surgimento de manchas, cheiros e gostoes indevidos; é adicionado à salmoura da carne para acelerar a cura e manter a cor. De um modo geral, preserva o gosto de bebidas e alimentos industrializados, regulando o pH, mascarando o gosto desagradável de alguns compostos, neutralizando o paladar doce e acidificando o gosto (FERREIRA, 1987). EDTA (do inglês Ethylenediamine tetraacetic acid) ou Cálcio dissódico ou etilenodiamino-tetraacetato de cálcio e dissódico, é um composto orgânico que age como agente quelante, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos, (INS 385). Os agentes quelantes/seqüestrantes complexam íons metálicos, principalmente cobre e ferro, que catalisam a oxidação lipídica. Os agentes quelantes protegem os produtos de muitas reações enzimáticas que podem promover a deterioração durante o processamento e estocagem. 33 Estas substâncias se ligam a muitos minerais presentes nos alimentos, que estão relacionados diretamente com a atividade enzimática de certas proteínas (BAILEY, et al.;1996). 6.0. ANÁLISE SENSORIAL A avaliação sensorial intervém nas diferentes etapas do ciclo de desenvolvimento de produtos, como: na seleção e caracterização de matérias primas; na seleção do processo de elaboração; no estabelecimento das especificações das variáveis das diferentes etapas do processo; na otimização da formulação; na seleção dos sistemas de envase e das condições de armazenamento; e no estudo de vida útil do produto final (PENNA et al., 1999). No setor alimentício, a análise sensorial tem possibilitado avaliar a aceitabilidade mercadológica e a qualidade dos produtos, atuando como parte inerente ao plano de controle de qualidade das indústrias. Estas avaliações são feitas por meio dos órgãos dos sentidos, o que torna esta metodologia altamente representativa das percepções humanas (BIEDRZYCKI, 2008) A análise sensorial é a ciência que evoca, mede, analisa e interpreta as reações humanas frente as características dos alimento e materiais, percebida pelo paladar, olfato, tato, visão e audição (ABNT, 1993). Através da análise sensorial pode-se determinar a aceitabilidade e qualidade dos alimentos, com o auxílio dos órgãos do sentido. Seu uso estende-se desde equipes sensoriais na indústria até a análise do efeito da embalagem no produto; além do monitoramento, melhoramento ou lançamento de novos produtos no mercado (OLIVEIRA, 2010). Conforme o produto, o atributo sensorial e a finalidade do estudo, existem recomendações de métodos, referindo-se a NBR 12994, que classifica os métodos de análise sensorial dos alimentos e bebidas em discriminativos, descritivos e subjetivos (ABNT, 1993). Os métodos discriminativos estabelecem diferenciação qualitativa e/ou quantitativa entre as amostras e incluem os testes de diferença e os testes de sensibilidade (ABNT, 1993), que são testes em que não se requer conhecer a sensação subjetiva que produz um alimento a uma pessoa, mas apenas se deseja estabelecer se existe diferença ou não entre duas ou mais amostras e, 34 em alguns casos, a magnitude ou importância dessa diferença (ANZALDÚAMORALES, 1994). Os testes discriminativos são muito usados para seleção e monitoramento de equipe de julgadores, para determinar se existe diferença devido à substituição de matéria-prima, alterações de processo devido à embalagem ou ao tempo de armazenamento (FERREIRA et al., 2000). O teste de comparação múltipla é um teste discriminativo, utilizado para avaliar a diferença e o grau de diferença em relação a uma amostra, no qual as amostras codificadas são comparadas à amostra controle ou referência, utilizando-se uma escala para esta comparação (WASZCZYNSKYJ et al., 1997). Os métodos descritivos podem ser testes de avaliação de atributos nos aspectos qualitativos e quantitativos (por meio de escalas), e incluem avaliações de perfil de gosto, perfil de textura, análise descritiva quantitativa ADQ e teste de tempo-intensidade (ABNT, 1993). Nos testes descritivos procura-se definir as propriedades do alimento e medi-las da maneira mais objetiva possível. Neste caso, não são importantes as preferências ou aversões dos julgadores, e não é tão importante saber se as diferenças entre as amostras são detectadas, e sim qual é a magnitude ou intensidade dos atributos que estão sendo avaliados no alimento (ANZALDÚA-MORALES, 1994). Na avaliação de atributos dos produtos alimentícios utilizam-se escalas, que determinam a grandeza (intensidade da sensação) e a direção das diferenças entre as amostras, e através das escalas, é possível saber o quanto as amostras diferem entre si e qual a amostra que apresenta maior intensidade do atributo sensorial que está sendo medido. O perfil de características é um teste que avalia a aparência, cor, odor, gosto e textura de um produto comercializado ou em desenvolvimento. É amplamente recomendado em desenvolvimento de novos produtos, para estabelecer a natureza das diferenças entre amostras ou produtos, em controle da qualidade (TEIXEIRA, MEINERT e BARBETTA, 1987). Em certos produtos alimentícios, o efeito do tempo na liberação das características sensoriais (do aroma, gosto, textura e mesmo as sensações térmicas) têm impacto significativo na preferência do consumidor. 35 Os testes afetivos são usados para avaliar a preferência e/ou aceitação de produtos. Geralmente, um grande número de julgadores é requerido para essas avaliações. Os julgadores não são treinados, mas são selecionados para representar uma população alvo (IFT, 1981). Os testes afetivos são uma importante ferramenta, pois acessam diretamente a opinião do consumidor já estabelecido ou potencial de um produto, sobre características específicas do produto ou idéias sobre o mesmo, por isso são também chamados de testes de consumidor (FERREIRA et al., 2000). As principais aplicações dos testes afetivos são na avaliação para manutenção da qualidade do produto, para otimização de produtos e/ou processos e para o desenvolvimento de novos produtos. Nesta categoria de teste, a escala hedônica é usada para medir o nível de preferência de produtos alimentícios por uma população, relatando os estados agradáveis e desagradáveis na percepção. A escala hedônica mede o gostar ou desgostar de um alimento. A avaliação da escala hedônica é convertida em escores numéricos e analisados estatisticamente para determinar a diferença no grau de preferência entre amostras (IFT, 1981; LAND e SHEPHERD, 1988; ABNT, 1998). O teste de ordenação é um teste no qual uma série de três ou mais amostras são apresentadas simultaneamente. Ao provador é solicitado que ordene as amostras de acordo com a intensidade ou grau de atributo específico (ABNT, 1994, WASZCZYNSKYJ et al., 1997). 36 7.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGBRAGANTE. Fundamentos alimentos.2008. de conservação Disponível e estabilidade em: de < http://tecalim.vilabol.uol.com.br/conservacaoalimentos.html >. Acesso em: jan. de 2012. AMARAL, B.M. ; BARROS, H.O.; SOUZA, P.R. Protocolos de relacionamentos sociais para recuperação de áreas impactadas por atividades petrolíferas. In: XLIV CONGRESSO DA SOBER, Questões Agrárias, Educação no Campo e Desenvolvimento, 2006, Fortaleza, Trabalhos. 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Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos, Curitiba, v. 15, n. 2, p. 197-207, 1997. 43 CAPITULO II: CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA AO APROVEITAMENTO DE MOLUSCOS BIVALVES RESUMO O interesse em tecnologias alternativas para o processamento de pescado tem aumentado devido à oferta de produtos com maior vida de prateleira e características sensoriais atrativas. O marinado consiste de uma conserva de salmoura ácida, condimentada ou não, sendo estável a temperatura ambiente. O objetivo deste trabalho foi realizar o aproveitamento tecnológico de moluscos bivalves. Foram estudados quatro tratamentos: A1(ácido acético e ostra), A2 (ácido acético e vôngole), B1(ácido cítrico e ostra) e B2 (ácido cítrico e vôngole) foram desenvolvidas e estudadas quanto aos aspectos químicos e físico-químicos (bases voláteis totais, acidez titulável, pH, reação de Éber, reação de Kreis, índice de peróxido, umidade, cinzas, proteínas, lipídeos, carboidratos e valor calórico total) e microbiológicos (coliformes a 45°C(C), estafilococos coagulase positiva(ECP), Salmonella spp.(S), micro-organismos mesófilos(M) e psicrotróficos(P)), assim como a ostras e vôngole utilizados. Na caracterização sensorial dos marinados, foram avaliados os atributos: aparência (AP), odor (marisco (OM), agradável(OA), ácido(OAC), avinagrado(OAV) e rançoso(OR)), gosto (salgado(SS), ácido(SAC), marisco(SM), rançoso(SR), avinagrado(SAV) e agradável(SA)) e textura (maciez(TM)) foram avaliados a cada 30 dias, durante 4 meses, no quarto mês foram realizados os testes de aceitação global, índice de aceitabilidade e intenção de compra. A caracterização química e físico-química revelou diferença estatística apenas para o teor de lipídeos da ostra e das formulações, todos os parâmetros estudados encontraram-se em acordo com a legislação. Quanto à qualidade microbiológica, foram detectadas contagens dentro dos limites permitidos pela legislação, valores menores que 1, 1,3, 2,5 log UFC/g, 0,48 log NMP/g para ECP, M, P e C, respectivamente, e ausência de S, os marinados foram considerados aptos ao consumo. O estudo sensorial revelou alterações brandas nos atributos: aumento nas notas de OR, SAC, SA, SAC e TM; decréscimo de OAC, OAV, SAC e SAV, não havendo diferença significativa (p< 0,05) nos 120 dias. No teste de aceitação, os tratamentos A1, B1 e B2 destacaram-se, as mesmas 3 alcançaram índice de aceitabilidade de 74,17 a 76,11%. Os tratamentos B1 e B2 conquistaram a intenção de compra de 60%, correspondente as categorias certamente e provavelmente eu compraria. O marinado foi obtido por meio de tecnologia acessível e reprodutível, além de ser considerado um produto estável dos pontos de vista químico, físicoquímico, microbiológico e sensorial. Palavras-chave: acidificação, marinado, estabilidade, caracterização sensorial. 44 ABSTRACT The interest in alternative technologies for processing of fish has increased due to supply products with longer shelf life and sensory characteristics attractive. The marinated consists of a preserved brine acidic, spicy or not being stable at room temperature. The objective of this study was the technological use of bivalve molluscs. Four formulations: A1 (acetic acid and oyster), A2 (acetic acid and vôngole), B1 (citric acid and oyster) and B2 (citric acid and vôngole) have been developed and studied in the chemical and physical-chemical matters (total volatile bases , titratable acidity, pH, reaction Éber, Kreis reaction, peroxide value, moisture, ash, protein, lipid, carbohydrate and total caloric value) and microbiological (coliforms at 45 ° C (C), coagulase-positive staphylococci (ECP) , Salmonella spp. (S) mesophilic microorganisms (M) and psychrotrophic (P)), as well as oysters and vongole used. In sensory characterization of marinated attributes: appearance (AP), odor (seafood (OM), nice (OA), acid (OAC), vinegary (OAV) and rancid (OR)), taste (salty (SS), acid ( SAC), seafood (SM), rancid (SR), vinegary (SAV) and nice (SA)) and texture (tenderness (TM)) were measured monthly for 120 days in the last month the acceptance tests overall acceptability index and purchase intent were performed. Chemical characterization and physicochemical revealed statistical difference only for the lipid content of oyster and formulations, all parameters studied was found in accordance with legislation. As for quality microbiological counts were detected within the limits allowed by law, values less than 1, 1.3, 2.5 log CFU / g, 0.48 log MPN / g for ECP, M, P and C, respectively, and absence of S, the marinades were configured as fit for consumption. The study revealed mild changes in sensory attributes: increase in notes OR, SAC, SA, and SAC TM; decrease of OAC, OAV, SAC and ALS, with no statistical difference in 120 days. In acceptance testing, formulations A1, B1 and B2 have excelled. The same three formulations received notes acceptability index from 74.17 to 76.11%. The formulations B1 and B2 won the intention to purchase approximately 60% to the questions certainly and probably I would buy. The marinade was obtained by technology accessible and reproducible, and is considered a stable product of viewpoints chemical, physical-chemical, microbiological and sensory. Keywords: acidification, marinated, stability, sensory characterization. 45 1.0. INTRODUÇÃO Os recursos pesqueiros no litoral brasileiro constituem uma fonte importante de renda e subsistência para muitas comunidades (BOTELHO; SANTOS, 2002). A produção através da aquicultura tem aumentado a demanda e consumo de diversas espécies de água doce, tais como tilápia e catfish (incluindo espécies Pangasius), e para espécies de alto valor, tais como camarões, salmão e bivalves (FAO, 2008). Nos países desenvolvidos, onde as rendas são geralmente elevadas e as necessidades básicas alimentares têm sido satisfatórias aos consumidores que procuram por mais variedades destes produtos, para incluir na sua dieta alimentar. Ao mesmo tempo, os consumidores estão exigindo cada vez mais nos alimentos qualidades, como, a segurança, o frescor, a diversidade, a rastreabilidade, embalagem e controle de processamento, que reforçam uma preferência implícita para estes tipos de pescado (FAO, 2008). A industrialização, por sua vez, compreende o pescado que, de alguma forma, sofre um processo mais elaborado de manuseio e preservação, tais como, preparação de filé, seguida de congelamento e estocagem por longos períodos, até posterior comercialização; pescado salgado; pescado defumado; embutido de pescado; pasta de pescado; pescado enlatado; pescado fermentado; farinha de pescado; óleo de pescado. (OGAWA e MAIA, 1999). Os mesmos autores relatam que outros produtos e sub-produtos do pescado, também são aproveitados, incluindo as seguintes aplicações: barbatana de tubarão, cartilagem de pescado, algas como alimento, fertilizante, para uso farmacêutico e industrial, pele e couro de pescado, bexiga natatória usada na fabricação de gelatina, cola e na clarificação de vinhos; carapaça de crustáceos, usada como fonte de fibra e para extração de quitina, quitosana e D-glucosamina (OGAWA e MAIA, 1999). O comércio de moluscos tem crescido muito na última década; devido ao fato do grande uso dos mesmos na culinária e como matéria-prima para artesanato (BEIRÃO et al, 2002). Aliada à pequena produção nacional, a falta 46 de medidas que priorizem a qualidade do pescado por parte de pescadores e empresários, tem contribuído para aumentar o desinteresse internacional por produtos de pescado brasileiro, incluindo o produto in natura. Para reverter tal tendência, é fundamental o desenvolvimento da atividade pesqueira para a melhoria da qualidade do pescado, avanços na tecnologia de utilização e processamento destes e aproveitamento de recursos não-utilizados (OGAWA e MAIA, 1999). Bispo et al. (2004 b) citaram em seu trabalho que, para realizar o aproveitamento industrial de marisco na produção de linguiça, existem tecnologias disponíveis que poderão eliminar as perdas e riscos destas matérias-primas tão perecíveis, de modo a levá-las ao mercado consumidor de forma aceitável, segura e com produção economicamente compatível com a realidade do local de captura. Os resultados obtidos por Dieterich (2003) mostraram o possível aumento de consumo para os produtos da pesca. Em seu trabalho, ao avaliar sensorialmente nugetts‟ de tilápia, foi mostrado que 57,14% dos provadores optaram pelas notas 08 e 09 da escala numérica correspondentes a gostei muito e gostei muitíssimo. Para Knockaërt (1989), uma forma de tornar o pescado mais atrativo é submete-lo ao processo de marinagem, onde animais marinhos ou parte destes são imersos em uma solução ácida. Em estudo realizado por Bispo et al. (2004a) uma formulação de marinado foi desenvolvida à base de vôngole e ácido acético. O produto apresentou segurança microbiológica, além de características sensoriais consideradas atrativas, uma vez que atingiu um índice de aceitabilidade de 78 a 82%. Oliveira (2011), visando o aproveitamento de material oriundo do processamento de pescado e para diversificação das atividades industriais desta área e obtenção de subprodutos com valor agregado, realizou em trabalho com objetivo de elaborar um produto reestruturado, tipo almôndegas, 47 de polpa de tilápia adicionado de proteína texturizada de soja, testando duas formulações, para definir qual produto seria o mais preferido pelo consumidor. Os processos tecnológicos podem ser empregados para além de tornar um alimento atrativo, tornar seguro microbiologicamente. Santos et al. (2012) desenvolveram um marinado de vôngole, com o intuito de verificar o efeito deste processo sobre a população de coliformes a 45°C em moluscos oriundos de área contaminada. Os resultados mostraram que o tratamento foi eficiente, diminuindo a carga microbiana a níveis aceitáveis pela legislação brasileira (BRASIL, 2001). Atualmente, o consumidor está cada vez mais exigente. Além de procurar por produtos que tenham qualidade e conveniência, busca alimentos que sejam atrativos sensorialmente, seguros do ponto de vista microbiológico e sanitário. Nesse contexto, associado a importância da atividade pesqueira no Brasil, são recomendados os produtos processados, que têm valor agregado, são atrativos ao consumidor, e, por consequência, aumentam o lucro de comunidades envolvidas nesta atividade. Dessa forma, a realização deste trabalho, buscou aproveitar os moluscos bivalves, ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) para o desenvolvimento e estudo de formulações de marinado. 48 2.0. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. MATÉRIA-PRIMA O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos da Escola de Nutrição e no Laboratório de Bromatologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, utilizando como matéria-prima os moluscos ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)), provenientes de pontos de venda da cidade de Salvador – BA. Foram utilizados moluscos congelados, transportados em caixa isotérmica com gelo. As amostras já descongeladas passaram pela etapa de limpeza. Para caracterização, a matéria-prima foi analisada em conjunto, ou seja, na forma de pool, através das análises microbiológicas, químicas e físicoquímicas, descritas a seguir: 2.2. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS A etapa das análises microbiológicas visou verificar a presença dos micro-organismos estafilococos coagulase positiva, Samonella spp. e coliformes a 45º exigidas pela RDC nº12 de janeiro de 2001, conforme dispõe o Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos (BRASIL, 2001), além da contagem padrão em placas de micro-organismos aeróbios mesófilos, seguindo os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água contidos na Instrução Normativa n° 62 (BRASIL, 2003) e na AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (DOWNES; ITO, 2001). 2.2.1.PREPARO DAS AMOSTRAS Para as análises de Coliformes a 45ºC, Micro-organismos mesófilos e Contagem de Staphylococcus coagulase positiva, foi utilizado 225 mL de solução salina peptonada a 0,1% estéril (SSP) (Himedia), para preparação das diluições utilizando 25g da amostra, sendo está a diluição 10-1. Uma alíquota 49 de 1 mL da diluição 10-1 foi transferida para um tubo de ensaio contendo 9 mL de SSP para preparação da diluição 10 -2 e deste tubo foi coletado 1 mL e transferido para um próximo tubo de ensaio contendo 9 mL de SSP para preparar a diluição 10-3. Para Pesquisa de Salmonella spp, a diluição de 25g da amostra foi realizada em 225 mL de Caldo Lactosado estéril (CL) (Himedia), representando a etapa de pré-enriquecimento com incubação a 35ºC por 24 horas. 2.2.2.CONTAGEM DE COLIFORMES A 45ºC A análise para quantificar coliformes a 45ºC foi realizada através do método clássico do Número Mais Provável (NMP), empregando-se o Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) na fase presuntiva. Três alíquotas das 3 diluições de SSP foram transferidas para 3 séries de 3 tubos de ensaio com tubo de Durhan invertido contendo LST. Os tubos foram incubados em estufa bacteriológica (Quimis) a 35ºC por 48 horas. Os tubos que apresentaram turvação do meio e produção de gás pela fermentação da lactose foram considerados suspeitos da presença de coliformes, sendo assim, procedeu-se a fase confirmativa. Para a fase confirmativa, uma alçada de cada tubo suspeito de LST foi transferida para tubos de ensaio com tubo de Durhan invertido contendo Caldo Escherichia coli (EC) e posterior incubação em banho-maria a 44,5ºC por 24 horas. A leitura dos resultados foi realizada considerando a presença de gás no tubo de Durhan e turvação do meio. O NMP/g de alimento foi determinado utilizando a Tabela de Número Mais Provável. 2.2.3.CONTAGEM DE ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA Foi empregada a técnica “Spread Plate”, na qual uma alíquota de 0,1 mL da amostra diluída em SSP foi inoculada em placas de Petri contendo Ágar Baird-Parker (Acumedia) enriquecido com emulsão de gema de ovo e Telurito de potássio a 1% e espalhada com auxílio de Alça de Drigalski estéril até completa absorção do líquido. 50 Após incubação a 35-37ºC por 48 horas, procedeu-se as contagens de colônias suspeitas, sendo registradas separadamente para posterior cálculo de Unidades Formadoras de Colônias (UFC). Em seguida foi realizado o teste de coagulase empregando-se o teste rápido Staphclin Latex® (Laborclin). 2.2.4.PESQUISA DE SALMONELLA spp. Após pré-enriquecimento em CL, procedeu-se a etapa de enriquecimento seletivo, onde foi transferido 0,1 mL do CL para um tubo de ensaio contendo 10 mL de Caldo de Caldo Rappaport-Vassilidis modificado (RV) (Acumedia) e incubado a 42ºC, por 24 horas, em banho com circulação, e 1 mL para 10 mL de Caldo Tetrationato (TT) (Difco) e incubado em estufa a 35ºC por 24 horas. Para o plaqueamento diferencial foi utilizado Agar Entérico de Hectoen (HE) e Agar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD), onde foi estriado, uma alçada dos meios TT e RP nas placas contendo o HE e XLD, seguida de incubação das mesmas invertidas, a 35 por 24 horas. Em seguida, as colônias típicas do HE e XLD foram transferidas para tubos inclinados com o Agar Lisina Ferro (LIA) e Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI) e incubadas a 35° por 24 horas, para observação de reação típica no TSI (rampa vermelha e fundo amarelo com ou sem escurecimento do ágar ( produção de H 2S)) e no LIA (fundo e rampa púrpura com ou sem escurecimento do ágar ( produção de H 2S)). Para a confirmação definitiva foram feitas as provas bioquímicas, teste de Urease, Indol, Citrato, Vermelho de Metila e Voges-Proskauer e testes sorológicos somático polivalente e flagelar. 2.2.5.CONTAGEM TOTAL DE AERÓBIOS MESÓFILOS E PSICROTRÓFICOS Para contagem de mesófilos foram utilizadas alíquotas de 1 mL das diluições selecionadas (10-1, 10-2, 10-3) das amostras, as quais foram inoculadas em duplicata na superfície do meio Agar Padrão para Contagem (PCA)(Acumedia), previamente secas, seguida da incubação das placas invertidas, por 48 horas, a 35°C. Para contagem de psicrotróficos foram inoculadas alíquotas de 0,1 mL das diluições selecionadas em placas de Petri previamente preparadas contendo PCA. As placas foram incubadas sob 51 refrigeração por 10 dias. Os resultados foram expressos em UFC/g de alimento. 2.3.ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS As análises físico-químicas realizadas foram, determinação de pH, Acidez Titulável (AT), Reação para gás sulfídrico – Prova de Éber, Determinação de bases voláteis totais (BVT), Determinação do Índice de Peróxido e Reação de Kreis. Foram empregadas metodologias contidas no Manual de métodos físicoquímicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (ZENEBON et al., 2008). 2.3.1.DETERMINAÇÃO DO PH A determinação do pH da matéria-prima e do marinado foi realizada para verificação do estado de conservação destes. A medição foi realizada utilizando pHmetro (INSTRUTHERM, modelo pH-1800), calibrado com soluções tampão pH 4,0 e pH 7,0, em temperatura de 25°C 2.3.3.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER Foi transferido 10 g da amostra homogeneizada para um Erlenmeyer de 125 mL, este foi fechado com dois discos sobrepostos de papel de filtro e preso com auxílio de um elástico. A superfície do papel foi embebida com solução de acetato de chumbo e os Erlenmeyers foram levados ao banho-maria com água fervente por 10 minutos. Após este período foi verificado se houve surgimento de mancha preta no papel de filtro, resultante da combinação do gás sulfídrico com a solução de acetato de chumbo. 52 2.3.4.DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT) Na determinação da porcentagem das bases voláteis totais, a amônia e as aminas voláteis de 10 g de amostra, 300 mL de água e 5 gotas de vaselina foram destiladas por arraste de vapor até volume de 500 mL, em meio levemente alcalino e quantificadas por volumetria de neutralização. O excesso de ácido sulfúrico 0,05 M foi titulado com solução de hidróxido de sódio 0,1 M, até viragem do indicador da cor vermelha para amarela. 2.3.5.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO Foram pesado 5 g da amostra em um frasco Erlenmeyer de 125 mL, adicionados 30 mL de solução ácido acético-clorofórmio 3:2, realizou-se a agitação até a dissolução da amostra. Foram adicionados 0,5 mL da solução saturada de iodeto de potássio e aguardou-se 1 minuto. Foram acrescentados 30 mL de água e realizada a titulação com solução de tiossulfato de sódio 0,01 N, com constante agitação. A titulação foi realizada até que a coloração amarela quase desaparecesse. Então, foram adicionados 0,5 mL de solução de amido indicadora e continuou-se a titulação até o completo desaparecimento da coloração azul. 2.3.6.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS Foi transferido 5 mL da amostra para uma proveta de 50 mL com boca esmerilhada, adicionado 5 mL de ácido clorídrico e agitado por 30 segundos. Em seguida foi adicionado 5 mL de uma solução de floroglucina a 0,1% em éter. O material foi agitado por 30 segundos, permanecendo em repouso por 10 minutos. O surgimento de coloração rósea identifica resultado positivo para rancificação. 2.3.7. UMIDADE 53 A umidade foi determinada por perda de peso da amostra em estufa (Quimis) aquecida, a 105 ±1°C, até peso constante. 2.3.8. CINZAS As cinzas foram obtidas mediante incineração da amostra em mufla, a 550ºC, até obtenção de cinzas de cor clara. 2.3.9. PROTEÍNAS A quantificação de proteínas foi realizada a partir da determinação do nitrogênio total pelo método de Micro-Kjeldahl e conversão em proteína, multiplicando o valor obtido pelo fator 6,25. 2.3.10.LIPIDEOS O teor de lipídeos foi determinado por meio do extrato etéreo em aparelho Soxhlet. 2.3.1.1.CARBOIDRATO O teor de carboidratos foi calculado pela diferença entre 100 e a soma das porcentagens de umidade, proteína, lipídeos e cinzas. 2.3.1.2. VALOR CALÓRICO TOTAL O valor calórico total foi calculado a partir dos teores de proteínas, lipídeos e carboidratos, utilizando os valores de Atwater, 4.0, 9.0, 4.0, respectivamente, que levam em consideração o calor de combustão e a digestibilidade (WATT & MERRILL, 1999). Os moluscos ostra e vôngole e os marinados foram analisados em triplicata, sendo as médias tratadas estatisticamente. 54 2.4. PROCESSAMENTO DO MARINADO Na Figura 1 é apresentado o fluxograma de produção do marinado. Limpeza e pesagem da matéria-prima Tratamento com suco de limão Formulação A Formulação B Preparação dos marinados de moluscos Adição de ácido acético, azeite, óleo, água e cloreto de sódio Acondicionamento em embalagens semifechadas Retirada do excesso do suco de limão Adição de ácido cítrico, tripolifosfato de sódio, EDTA, água e cloreto de sódio Exaustão (20 min/água em ebulição) Fechamento das embalagens Acondicionamento em embalagens semifechadas Exaustão (20 min/água em ebulição) Fechamento das embalagens Tratamento térmico (30 min/água em ebulição) Resfriamento Armazenamento a temperatura ambiente Figura 1 - Fluxograma de produção do marinado. 55 2.4.1.RECEPÇÃO DA MÁTERIA-PRIMA A limpeza dos moluscos foi realizada com lavagem em água potável e retirado materiais como fragmentos de conchas e outros detritos. 2.4.2.Tratamento O molusco passou previamente por tratamento com suco de limão (Citrus aurantifolia, var. thaiti) a fim de contribuir com a diminuição da população microbiana e conferir melhor gosto ao molusco. A proporção utilizada foi de 1 parte de suco de limão para 10 partes de ostra ou vôngole. Na Formulação A não foi retirado o excesso de suco de limão, pois, o gosto conferido ao molusco pelo suco de limão foi desejado para as características sensoriais desta formulação. Para Formulação B, após 30 minutos de interação entre o molusco e o suco de limão, foi retirado o excesso do suco de limão realizando-se três ciclos de lavagem na proporção de 1:3 entre molusco água. 2.4.3. Formulação do marinado As 2 formulações foram elaboradas a fim de reduzir o pH, tornando o meio desfavorável ao desenvolvimento de micro-organismos que poderiam causar alterações no produto. Para isto, a Formulação A teve o seu pH ajustado para 3,6 com ácido acético de álcool e a Formulação B teve o pH ajustado para 3,6 com a utilização de ácido cítrico. A acidificação foi realizada com base na curva de titulação, no qual o valor do pH dos moluscos foi acompanhado com auxílio de pHmetro (INSTRUTHERM modelo pH-1800). A cada 0,5 mL de ácido acético de álcool adicionado para a formulação A, foi feita a medição e o registro do pH de cada molusco, até que o mesmo se apresentasse num valor inferior ao pH de segurança (4,5), momento no qual a adição de ácido foi interrompida. De forma semelhante, para a formulação B foi utilizada solução de ácido cítrico numa concentração de 1,24% para o vôngole e 1,2% para ostra, o valor do pH foi acompanhado com auxílio do pHmetro. Em cada medição de pH, os valores de 56 volume de ácido acético e massa de ácido cítrico foram registrados para posterior construção da curva de titulação (ZAPATA; QUAST,1975). A Formulação A foi elaborada utilizando-se ácido acético de álcool, óleo de soja e azeite de oliva. A identificação A1 foi empregada para a ostra e a identificação A2, para o vôngole. A Formulação B foi elaborada utilizando-se aditivos tripolifosfato de sódio (STPP), ácido cítrico e etilenodiaminotetraacetato de cálcio e dissódico(EDTA). A identificação da formulação B1, foi utilizada para indicar o molusco ostra e B2 para indicar o molusco vôngole. Os demais ingredientes como cloreto de sódio e água foram comuns para as 4 formulações. As 4 formulações são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 - Formulações dos marinados de Ostra (Crassostrea rhizophorae) e Vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)). Formulação A Formulação B Ingredientes (%) Ostra Vôngole Ostra Vôngole Água 14,1 13,8 63,2 60,2 Molusco 32,4 29,8 34,4 37,3 Ácido acético 35,7 31,3 _ Óleo de soja 5,9 9,3 _ Azeite de Oliva 10,0 9,5 _ Ácido cítrico _ _ 0,7 0,8 EDTA* _ _ 0,01 0,01 STPP** _ _ 0,2 0,2 Cloreto de sódio 1,4 1,2 1,5 1,5 *EDTA: Edileno diamino Tetracetico**STPP: Tripolifosfato de sódio 2.4.4.ACONDICIONAMENTO Após tratamento com limão, foi realizado o acondicionamento do molusco em potes de vidro, de capacidade de 300 mL, previamente esterilizados. Em seguida, foi adicionado salmoura ácida em temperatura de ebulição. O óleo e azeite da formulação A foram acrescidos à temperatura ambiente. Os potes foram preenchidos respeitando a altura adequada para o espaço livre da embalagem, espaço que permite a formação do vácuo. A exaustão foi realizada com os potes com a tampa semifechada, mergulhando-se os potes parcialmente em água à ebulição, por 20 minutos, contados a partir do momento em que a salmoura atingiu 90ºC. 57 2.4.5. PROCESSAMENTO TÉRMICO Nesta etapa, as tampas foram rosqueadas completamente para garantir o perfeito fechamento dos potes. Foi acrescida água quente até ultrapassar pelo menos 5 cm da altura dos potes. O tratamento térmico foi realizado em água a temperatura de ebulição, por um período de 30 minutos. O resfriamento foi realizado imediatamente, através da renovação de água com temperatura inicialmente ao redor de 60ºC e, posteriormente, próxima de 38ºC. O produto foi armazenado a temperatura ambiente na faixa de 25 – 27ºC. 2.5.ESTUDO DE ESTABILIDADE DOS MARINADOS Os produtos foram avaliados sob os pontos-de-vista microbiológico, químico e físico-químico, durante um período de 120 dias de armazenamento à temperatura ambiente, em intervalos de 30 dias. 2.5.1. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS Os produtos foram avaliados quanto a presença de coliformes a 45°C, estafilococos coagulase positiva, Salmonella spp., e microrganismos aérobios mesófilos. As metodologias empregadas foram descritas no item 2.2. 2.5.2. ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS Os marinados foram avaliados quanto às características químicas e físicoquímicas através da determinação de pH, prova de Éber, bases voláteis totais, índice de peróxido, reação de kreis, umidade, cinzas, proteínas, lipídeos e carboidratos. As metodologias empregadas foram descritas no item 2.3. Para a determinação da acidez total titulável empregou-se a seguinte metodologia: Foram pesados 5 g da amostra e transferida para um Erlenmeyer de 125 mL com o auxilio de 50 mL de água. Foram adicionadas 3 gotas da solução fenolftaleína e procedeu-se a titulação com solução de hidróxido de sódio 0,1 N até o surgimento de coloração rósea. Foi anotada a massa da amostra e o volume gasto de hidróxido de sódio para posterior cálculo. Esta análise foi realizada apenas nos marinados. 58 2.5.3.ANÁLISE SENSORIAL Em cumprimento a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), o presente trabalho, parte do Projeto A cadeia produtiva da pesca em comunidades de São Francisco do Conde-Ba: estratégias para transferência de tecnologias e promoção da saúde da mulher, foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Nutrição, da Universidade Federal da Bahia e aprovado sob parecer N° 0020/2012. 2.5.3.1.PERFIL DAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS Para a avaliação sensorial, foi formada uma equipe de provadores não treinados, sendo feito, primeiramente, um levantamento da terminologia descritiva do produto, com base na metodologia descrita por Meilgaard, Civille & Carr (1987). Após cada provador ter gerado seus termos descritivos para o produto, a equipe se reuniu para discutir os termos levantados e de forma consensual, foi gerada uma lista de termos descritivos e com referências de intensidade definidas para os extremos da escala utilizada. No tempo zero, os provadores alocados em cabines individuais, receberam a lista com os termos descritivos dispostos em escala com intensidade máxima (valor 10) e mínima (valor 0) para cada termo. Nos meses seguintes, os participantes receberam a mesma ficha com suas percepções sobre os termos descritivos do produto utilizada no tempo zero. A cada mês, o participante expressou a intensidade dos termos descritivos e após o último mês, foram obtidas prováveis variações percebidas pelos participantes quanto às características sensoriais em estudo. 2.5.3.2. Condução do estudo de estabilidade sensorial O estudo de estabilidade sensorial conduzido por 4 meses, com a participação de 10 provadores fixos previamente selecionados em reunião com um líder. Foram definidos, os atributos de forma consensual, a serem avaliados no estudo de estabilidade sensorial a serem citados: aparência, gosto agradável, gosto marisco, gosto avinagrado, gosto rançoso, gosto ácido, gosto salgado, odor ácido, odor avinagrado, odor rançoso e odor marisco. Para a 59 realização do estudo de estabilidade sensorial, os provadores receberam uma ficha com escala de intensidade para os atributos variando de 0 a 10. A análise sensorial das amostras foi realizada no laboratório de Análise Sensorial da Faculdade de Farmácia, da Universidade Federal da Bahia. Na Figura 2 é possível visualizar as quatro formulações dos marinados de ostra e vôngole. A1 A2 B1 B2 Figura 2. Apresentação das 4 formulações de marinado, A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico, na realização da análise sensorial. As amostras de marinado foram oferecidas aos provadores em pratos de polietileno, acompanhados de pão de forma e água a temperatura ambiente para lavar o palato entre a degustação de uma amostra e outra. As formulações contendo ácido cítrico (B) foram oferecidas primeiro por apresentar gosto mais leve comparado a formulação contendo ácido acético (A), a fim de não mascarar as percepções dos atributos da formulação B1 e B2. A apresentação das amostras de marinado de ostra e vôngole aos provadores é representada na figura 3. 60 Figura 3. Apresentação das amostras de marinado aos provadores durante a análise sensorial. 2.5.3.3.TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL Após 120 dias de estocagem dos marinados, o Teste de Aceitação foi realizado para avaliar o quanto o provador gostou ou desgostou das formulações A1, A2, B1 e B2 de marinado, seguindo a metodologia descrita por Meilgaard, Civille & Carr (1987). Na ficha empregada foi apresentada uma escala hedônica balanceada, estruturada em nove pontos, sendo a maior nota gostei muitíssimo (9) e a menor nota desgostei muitíssimo (1), como é mostrado na Figura 4. A ordem de apresentação das amostras foi balanceada e seguiu o Delineamento Inteiramente Casualizado. A partir das notas obtidas no teste citado, foi calculado o Índice de Aceitabilidade das formulações através da equação: IA (%) = A x 100/B, onde A = nota média obtida para o produto, e B = nota máxima dada ao produto (DUTCOSKY, 1996). Ficha-Teste de Aceitação Nome:____________________________ Idade:_____________ Data:____________ 1) Você está recebendo 4 amostras codificadas de marinado, sendo 2 amostras de marinado de Ostra (Ostrea edulis) e 2 amostras de marinado de Vongole (Anomalocardia brasiliana(Gmelin, 1791)). Por favor, prove-os , utilizando as notas de 1 a 9 em relação a quanto você gostou ou desgostou. 9 – Gostei muitíssimo 8 – Gostei muito 7 – Gostei moderadamente 6 – Gostei ligeiramente 5 – Nem gostei/ Nem desgostei 4 – Desgostei ligeiramente 3 – Desgostei moderadamente 2 – Desgostei muito 1- Desgostei muitíssimo Amostra ___________ ___________ ___________ ___________ Nota ___________ ___________ ___________ ___________ Comentários_________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Figura 4 - Ficha de Teste de Aceitação para marinados de ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)). 61 2.5.3.4. INTENÇÃO DE COMPRA Seguindo o Teste de Aceitação, foi entregue aos provadores uma ficha com escala de compra, como indicativo de possível aquisição do produto. A Figura 5, mostra o Teste de Intenção de compra: Ficha-Intenção de compra Nome:____________________________ Idade:_____________ Data:____________ 1) Você está recebendo 4 amostras codificadas de marinado, sendo 2 amostras de marinado de Ostra (Ostrea edulis) e 2 amostras de marinado de Vongole (Anomalocardia brasiliana(Gmelin, 1791)). Por favor, prove-os , utilizando as notas de 1 a 5 em relação a quanto você gostou ou desgostou. 5 – Certamente eu compraria 4 – Provavelmente eu compraria 3 – Talvez eu compraria/Talvez eu não compraria 2 – Provavelmente eu não compraria 1- Certamente eu não compraria Amostra ___________ ___________ ___________ ___________ Valor ___________ ___________ ___________ ___________ Comentários_________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Figura 5. Ficha de intenção de compra para marinados de ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)). 62 A Figura 6 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação A1. Nome:__________________________ Data:____________ Amostra __A1___ Aparência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1. Aparência Ruim Odor Boa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2.Ácido Fraco Forte 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3. Avinagrado Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 4. Rançoso Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5. Marisco Fraco Forte Gosto 6.Salgado 1 2 Fraco 1 3 2 4 3 5 4 6 5 7 6 8 7 9 10 9 Forte 10 8 7.Ácido Fraco Forte 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 8.Marisco Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 9.Rançoso Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 9 Forte 10 10. Avinagrado Fraco 1 2 3 4 5 6 7 8 11 Agradável Fraco Textura/Sensação na boca 1 12.Macio Pouco Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Muito Figura 6. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação A1. 63 A Figura 7 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação A2. Nome:__________________________ Data:___________ Amostra ___A2___ Aparência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1. Aparência Odor 2.Ácido Ruim 1 2 5 6 7 8 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 Fraco 1 4. Rançoso 4 Fraco 1 3. Avinagrado 3 Boa 9 10 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 Fraco 1 10 10 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5. Marisco Fraco Gosto 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 9 Forte 10 6.Salgado Fraco 1 2 3 4 5 6 7 8 7.Ácido Fraco Forte 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 8.Marisco Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 9 Forte 10 9.Rançoso Fraco 1 2 10. Avinagrado 3 4 5 6 7 8 Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 11 Agradável Fraco Textura/Sensação na boca 1 2 12.Macio Pouco 10 Forte 3 4 5 6 7 8 9 10 Muito Figura 7. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação A2. 64 A Figura 8 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação B1. Nome:__________________________ Data:___________ Amostra ___B1___ Aparência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1. Aparência Ruim Odor 1 Boa 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2 Marisco Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3.Agradável Fraco Forte Gosto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 4.Salgado Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5.Ácido Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6.Marisco Fraco 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 7.Agradável Fraco Textura/Sensação na boca 1 8.Macio Pouco Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Muito Figura 8. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação B1. 65 A Figura 9 mostra a ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado, formulação B2. Nome:__________________________ Data:___________ Amostra ___B2___ Aparência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1. Aparência Ruim Odor 1 Boa 2 3 4 5 6 7 8 9 10 9 Forte 10 2 Marisco Fraco 1 2 3.Agradável 3 4 5 6 7 8 Fraco Forte Gosto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 4.Salgado Fraco 1 5.Ácido Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 Fraco 1 10 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6.Marisco Fraco 7.Agradável 1 Forte 2 3 4 5 6 7 8 9 Fraco 10 Forte Textura/Sensação na boca 8.Macio 1 Pouco 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Muito Figura 9. Ficha de avaliação sensorial do estudo de estabilidade de marinado da formulação B2. 66 2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados das determinações químicas, físico-químicas, microbiológicas e sensorial foram submetidos à análise de variância (ANOVA), para avaliar a existência de diferenças significativas entre os tratamentos. Estas diferenças foram analisadas através do teste de Tukey, ao nível de erro de 5% de probabilidade no Programa ASSISTAT 7.6 Beta. 67 3.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA Os resultados das análises microbiológicas das matérias-primas empregadas para produção dos marinados são apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Resultados de coliformes a 45°C, estafilococos coagulase positiva, psicrotróficos e Salmonella spp. em ostra e vôngole, utilizados na produção dos marinados. Análises Coliformes a 45°C(log NMP/g) Estafilococos coagulase positiva (log UFC/g) Psicrotróficos (log UFC/g) Salmonella spp.* * Em 25g de alimento. Ostra 1,45 2 Vôngole 1,63 2,04 2,41 ausência 2,50 ausência Para Coliformes a 45ºC, a legislação brasileira estabelece um limite de 3,69 log NMP/g, em moluscos bivalves, carne de siri e similares cozidos, temperados e não, industrializados resfriados ou congelados (BRASIL, 2001). As amostras de ostra e vôngole apresentaram-se com resultados dentro do limite permitido (BRASIL, 2001). No presente trabalho, foram encontrados resultados próximos aos do estudo realizado por Christo e Absher (2003), com o objetivo de verificar a qualidade microbiológica de ostras (Crassostrea rhizophorae) do estuário do Rio Cocó (CE), os autores encontraram valores estimados para coliformes a 45°C entre <1,26 log NMP/g a 2,96 log NMP/g. As amostras analisadas no presente trabalho, encontraram-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação RDC n°12 (BRASIL, 2001) para estafilococos coagulase positiva, de 2 e 2,04 para ostra e vôngole, respectivamente. A legislação estabelece limite de 3 log UFC/g de estafilococos coagulase positiva para o grupo de alimentos dos moluscos bivalves, carne de siri e similares cozidos, temperados e não, industrializados resfriados ou congelados (BRASIL, 2001). Lima (2010), ao realizar um estudo 68 sobre processamento do molusco Perna perna, verificou contagem da ordem de 1 log UFC/g, estando estes aptos ao consumo. Pereira et al. (2006) relataram uma população microbianana de estafilococos coagulase positiva na faixa de 1,90 log UFC/g em ostras comercializadas na região litorânea de Florianópolis-Brasil. Os resultados para a pesquisa de Salmonella spp. foram ausência de tal micro-organismo em 25g do alimento para as amostras de ostra e vôngole. Este micro-organismo está distribuído na natureza, sendo seu principal reservatório o trato intestinal do ser humano e animais de sangue quente e frio, este não faz parte da microbiota natural de moluscos e crustáceos, mas pode ser incorporada a estes em virtude do contato com água contaminada ou por manipulação inadequada após a captura (Jacabi et al., 1999). 3.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DA MATÉRIAPRIMA 3.1.2.1. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Na Tabela 3 são apresentados os resultados médios da composição centesimal da matéria-prima utilizada para produção dos marinados. Tabela 3. Resultados da composição centesimal de ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) utilizadas para produção dos marinados. Análises Ostra Vôngole Umidade (%) 79,667±0,062a 78,537±0,182a Cinzas (%) 1,107±0,004a 2,653±0,004a Proteínas (%) 16,327±0,249a 15,600±0,113a Lipídeos (%) 0,980±0,005a 0,690±0,010b Carboidratos* (%) 1,920±0,009a 2,520±0,007a VCT** (kcal) 81,808±0,025a 78,690±0,016b *Obtido por diferença; ** Valor calórico total. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo teste de Tukey. A água é o componente existente em maior proporção na carne de pescado e de moluscos, com valores em torno de 75 a 80 %. Os teores de água elevados potencializam a ação de agentes de deterioração e por isso a participação da água pode ser reduzida como método de conservação. 69 Os teores de cinzas encontrados no presente trabalho, onde a ostra apresentou 1,107% e o vôngole apresentou 2,653%, foram semelhantes ao encontrado por Aveiro et al. (2011), de 2,51 a 2,53%, ao realizar um estudo sobre variação sazonal na composição centesimal e reprodução do bivalve de areia Anomalocardia brasiliana da reserva extrativista marinha do Pirajubaé, em Florianópolis/SC. Tavares et al. (1988) relataram em seu trabalho sobre qualidade de moluscos, um teor de cinzas nos moluscos estudados, em torno de 2%. Segundo Cordeiro et al. (2007), o valor proteico médio de moluscos é de 13 %. Os moluscos bivalves estão incluídos no grupo do pescado que apresenta baixo valor calórico, além de baixos teores de lipídeos e proteínas. Os teores de proteínas encontrados no presente trabalho foram semelhantes, apresentando média de 16,327 para a ostra e 15, 600% para o vôngole. Freitas (2011) verificaram variação da composição do molusco Anomalocardia brasiliana entre as estações do ano e encontrou resultados parecidos de umidade (76,06 a 83,11), de cinzas (2,65 a 3,23%), de lipídeos (5,50 a 11,86%) e carboidratos (4,92 a 16,75%). Aveiro et al. (2011) estudaram a composição centesimal do Anomalocardia brasiliana em uma reserva extrativista do Estado de Santa Catarina e reportaram teores de umidade variando de 83,1 a 84,07%, valores de proteínas variando de 8,30 a 9,29, os lipídeos se encontraram na faixa de 0,72 a 1,21%, os teores de carboidratos variaram de 3,9 a 4,4 % e os teores de cinzas apresentaram-se numa faixa de 2,51 a 2,53%, sendo os resultados do presente trabalho inferiores para umidade e para os demais parâmetros analisados os valores foram semelhantes. Beirão, 2000 apud Cordeiro, 2007, relataram que os bivalves podem apresentar variação sazonal, no que se refere à composição de sua carne. O valor calórico do mexilhão é comparado ao de peixes magros, sendo de 80 kcal/100 g. O carboidrato presente no mexilhão é o glicogênio, que varia de 1 a 7 % de sua composição. Os moluscos bivalves possuem um valor nutricional excelente, o que torna o produto uma ótima alternativa para o consumo humano. São ricos em minerais, como selênio, cálcio, ferro, magnésio, fósforo e vitaminas A, B1, B2, 70 B6, B12 e C. O conteúdo lipídico é rico em ácidos graxos poli-insaturados, correspondente a 37 a 48 % dos lipídeos totais. O que contribui para que este produto seja considerado saudável (ORBAN et al.,2002). 3.1.2.2. DETERMINAÇÃO DO PH Na Tabela 4 são apresentados os resultados para o pH dos moluscos ostra e vôngole empregados para o desenvolvimento dos marinados. O pH da matéria-prima, ostra e vôngole, apresentou-se dentro dos limites citados por diversos autores, confirmando que estas se encontravam em bom estado de conservação. O pH dos moluscos é semelhante aos demais produtos de pescado, com valores em torno de 5 a 7. Os moluscos bivalves, assim como os demais tipos de pescado, são produtos de baixa acidez. Os valores de pH estabelecidos pelo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), não contemplam especificamente os moluscos, mas aplicam se os limites estipulados para peixes, cujo pH para carne externa é de 6,8 e para a interna, inferior a 6,5 (BRASIL, 1980). Os dados de pH não são suficientes para determinar o frescor, de forma que outras análises complementam as condições físico-químicas do produto (FURLAN et al., 2007). Tabela 4. Resultados das determinações de pH, Prova de Éber, Bases voláteis totais(BVT) e Reação de Kreis das matérias-primas ostra e Vôngole. pH, Prova de Éber, Bases voláteis totais(BVT) e Reação de Kreis dos moluscos bivalves ostra(Crassostrea rhizophorae) e Vôngole(Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) Matéria-prima Ostra Vôngole pH 6,64 6,85 Prova de Éber negativa negativa BVT 0,9±0,000 0,7±0,000 Reação de Kreis negativa negativa 3.1.2.3.REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO – PROVA DE ÉBER Todas as amostras apresentaram resultado negativo na reação para gás sulfídrico (Tabela 4). Esta análise fundamenta-se na detecção de aminoácidos sulfurados que sofreram decomposição (MÁRSICO, 2004). Segundo Tavares 71 et.al., (1988) a presença significativa de gás sulfídrico nas amostras de pescado indica estágio avançado de deterioração. Soares et al. (1988) confirmam em seus estudos que 62% das amostras estavam em estágio avançado de deterioração, sendo positivas para o gás sulfídrico. 3.1.2.4. DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT) Os teores de Bases Voláteis Totais (BVT) da ostra e do vôngole se mostraram baixos, 0,005mgN/kg, podendo ser concluído o bom estado de conservação destes (Tabela 4). O surgimento de BVT se deve às atividades bioquímicas que ocorrem após o “rigor mortis” do pescado, constituindo-se dentre elas, as bases voláteis como amoníaco e aminas diversas, cuja determinação permite a avaliação da qualidade (TAHA,1988). Srikar et al., (1993) observaram que o conteúdo de BVT nos produtos de pesca estocados à temperatura ambiente foi maior do que aqueles a temperaturas mais baixas. Funck et al. (2006) desenvolveram mini- empanado a base de filé de peixe e foi citado não ter havido alterações significativas quanto aos níveis de BVT durante os 180 dias de armazenamento a – 18ºC. Romão et al. (2001), em seus estudos, obtiveram resultados satisfatórios na avaliação da qualidade do pescado fresco comercializado no município do Rio de Janeiro, tendo teores de BVT entre 8,1 a 35,5 mg N/100g, dentro dos limites permitidos pela legislação vigente de 30mgN/100g (BRAZIL, 1997). 3.1.2.5. DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO Os resultados do índice de peróxido das amostras foram, 0,9mEq/kg e 0,7,para ostra e vôngole, respectivamente. Este resultado demonstrou que não houve alteração lipídica detectável (Tabela 4). Os valores de peróxidos encontrados estavam de acordo com o padrão do Ministério da Saúde, que estabelece o limite máximo de 10mEq/kg para óleos e gorduras refinadas e de 20mEq/kg para óleos e gorduras virgens. 72 3.1.2.6. RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS No teste qualitativo, não foi possível constatar a ocorrência de oxidação lipídica, este resultado já era esperado, considerando a pouca porcentagem de lipídeo encontrado nos moluscos analisados (Tabela 4). 3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS MARINADOS 3.2.1.CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS MARINADOS Apesar da inexistência de padrão na legislação vigente, a RDC nº 12 (BRASIL, 2001), a Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos do Ministério da Saúde (1998), para peixes crus, frescos, refrigerados, congelados estabelece que a contagem padrão máxima de microrganismos mesófilos permitidos é de 6 log UFC g-1. Os resultados apontaram baixas contagens de bactérias mesófilas na ordem de 0,69 a 1,48 log UFC/g (Tabela 5). Diversos autores, ao desenvolver produtos processados à base de pescado, citaram a importância de boas condições de manipulação e tratamento térmico para a qualidade do produto final (VIEIRA, 2004; MARTINS et al., 2009). A contagem desses microrganismos indica as condições higiênico-sanitárias do produto após processamento, sugerindo com base nos resultados encontrados, que os marinados apresentaram boa condição higiênica. Tabela 5. Resultados das análises microbiológicas para Micro-organismos aeróbios mesófilos dos marinados nos 120 dias de estocagem. Micro-organismos aeróbios mesófilos (log UFC/g) Armazenamento (dias) 7 30 60 90 120 A1 1,18a 1,18a 1a 0,69a 1a A2 1a 1a 1a 1a 0,69a B1 1a 1,3a 1a 0,95a 1a B2 1a 1,18a 1a 1a 1a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + Formulação ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. As contagens de estafilococos coagulase positiva foram de 1 log UFC/g para as quatro formulações (Tabela 6). Não houve diferença estatística quanto 73 ao desenvolvimento deste micro-organismo ao longo do período de estudo de quatro meses. A presença deste micro-organismo em grande número costuma indicar práticas ineficientes de higiene durante a produção e (BEIRÃO et al., 2000). Os resultados obtidos encontram-se dentro do padrão estabelecido pela legislação vigente, segundo a qual a contagem máxima é de 3 log UFC/g (BRAZIL, 2001). Santos et al. (2012) encontraram resultado de 1 log UFC/g de estafilococos coagulase positiva ao desenvolver um marinado com solução á base de ácido acético a 4% e estocado por 30 dias, à temperatura de 4°C. Tabela 6. Resultados das análises microbiológicas para Estafilococos coagulase positiva, coliformes a 45°C e Salmonella spp. dos marinados nos 4 meses de estocagem. Micro-organismos Formulações A1, A2, B1 e B2 Armazenamento (dias) 30 60 90 <1a <1a <1a 7 120 Estafilococos <1a <1a coagulase positiva Coliformes a 45°C <0,48a <0,48a <0,48aa <0,48 <0,48a Salmonella spp. ausência ausência ausência ausência ausência *Ausência em 25g de alimento. Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. As quatro formulações de marinado apresentaram-se satisfatórias quanto à quantificação de coliformes a 45°C (Tabela 6). Zamboni et al. (2010), objetivando aproveitar partes não comerciais de tilápias (Oreochromis niloticus), desenvolveram uma semi-conserva com salmoura a 8% e 15%. Os resultados obtidos com relação à qualidade microbiológica foram satisfatórios, pois, o produto não apresentou população de coliformes. Estes resultados foram semelhantes aos obtidos no presente trabalho, de < 0,48 log NMP/g do produto para coliformes e ausência de Salmonella spp. em 25g do produto, estando dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira, RDC n°12 (BRAZIL, 2001). Santos et al. (2011), avaliaram ceviches de tilápia (Oreochromis niloticus) quanto à presença de coliformes, durante a estocagem, os produtos 74 enquadraram-se nos limites estabelecidos pela Resolução RDC nº 12, para semi-conservas de pescado mantidas sob refrigeração (marinados, anchovados ou temperados), com um limite máximo de coliformes à 45ºC de 2 log NMP/g. estes mesmos autores, verificaram que os tratamentos com ácido acético e cloreto de sódio no processo de marinagem de Anomalocardia brasiliana foi eficiente para reduzir a população microbiana da matéria-prima, por coliformes termotolerantes, oriundos do ambiente marinho contaminado a níveis aceitáveis pela legislação RDC nº12 (BRASIL, 2001). Para todos os períodos de estocagem, os resultados para Salmonella spp. foram negativos (Tabela 6). Este resultado permite afirmar que, além da ausência deste micro-organismo na matéria-prima, o processamento conduzido permitiu manter está condição de ausência no produto, uma vez que o microrganismo em questão (JAY, 2005). Segundo a legislação, o alimento analisado deve apresentar ausência em 25g do produto. O habitat natural destas bactérias é o trato intestinal e sua presença indica uma provável contaminação fecal de fonte humana ou animal (BARROS et al., 2003). Os peixes capturados em águas não poluídas devem ser isentos de Salmonella, sendo que sua contaminação ocorre por manuseio inadequado, equipamentos contaminados ou contaminação cruzada. 3.2.1.CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DOS MARINADOS DE OSTRA (Crassostrea rhizophorae) E VÔNGOLE (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)). 3.2.2.1. CURVA DE TITULAÇÃO Após testes para determinação do volume de ácido empregado, a curva de titulação foi construída. A seguir são apresentadas as Figuras 10 e 11 das curvas de titulação do vôngole e da ostra, empregando-se ácido cítrico e Figuras 12 e 13 das curvas de titulação do vôngole e da ostra, empregando-se ácido acético. 75 3,9 3,7 pH 3,5 3,3 pH 3,1 2,9 2,7 2,5 1,54 1,61 1,88 2,1 3,11 Volume de ácido cítrico (1,24%) (mL/g de vongole) Figura 10. Curva de titulação do Vôngole utilizando ácido cítrico. 3,9 3,7 pH 3,5 3,3 pH 3,1 2,9 2,7 2,5 1,83 1,89 1,99 2,18 3 Volume de ácido cítrico (1,2%) (mL/g de ostra) Figura 11. Curva de titulação da ostra utilizando ácido cítrico. 76 4,1 3,9 3,7 pH 3,5 3,3 pH 3,1 2,9 2,7 2,5 0,5 1 1,3 2 2,5 Volume de ácido acético (mL/g de vongole) Figura 12. Curva de titulação do vôngole utilizando ácido acético de álcool. 4,3 4,1 3,9 pH 3,7 3,5 pH 3,3 3,1 2,9 2,7 2,5 0,5 1,1 1,5 2 2,5 Volume de ácido acético (mL/g de ostra) Figura 13. Curva de titulação da ostra utilizando ácido acético de álcool. 3.2.2.2. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Os resultados das análises para composição centesimal das formulações A1, A2, B1 e B2 dos marinados encontram-se na Tabela 7. 77 Tabela 7. Resultados médios e desvio padrão da composição centesimal das formulações dos marinados de Ostra (Crassostrea rhizophorae) e vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)). Análises Umidade (%) A1 77,840±0,033a A2 76,700±0,180a B1 78,420±0,040 a 2,113±0,009a 16,313±0,142 a 1,186±0,177b 1,890±0,112a 83,485±1,050c B2 75,907±0,064 a Cinzas (%) 1,973±0,011a 2,110±0,013a 2,343±0,024a Proteínas (%) 15,646±0,022a 16,197±0,056a 18,257±0,076 a Lipídeos (%) 4,224±0,011a 3,010±0,301ab 1,012±0,114b Carboidratos* (%) 0,316±0,115a 2,029±0,408a 2,481±0,154a VCT** (kcal) 101,923±0,382a 99,995±0,983a 92,058±0,491 b *Obtido por diferença; **Valor calórico total; A1: Ostra+ácido acético; A2: Vôngole+ ácido acético; B1: Ostra+ácido cítrico; B2:Vôngole+ ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. As quatro formulações apresentaram teores de umidade variando de 75,907 a 78,420%, umidade considerada alta, porém justificável devido a matéria-prima ter elevado teor de umidade, além de o produto conter líquido de cobertura. Com relação à matéria-prima, os marinados apresentaram uma leve redução nos teores de umidade. Knockaërt (1989), justificou esta redução pela substituição de parte da água da matéria-prima pelo ácido empregado na formulação do produto. Os teores de cinzas dos marinados variaram de 1,973 a 2,343%, valores semelhantes de 2,70% de cinzas, foram reportados por Colembergue at al. 2011, ao estudarem a composição química e aceitabilidade de conserva de sardinha (Sardinella brasilliensis) em conserva adicionada de molho de tomate. As proteínas dos marinados apresentaram-se num intervalo de 15,646 a 18, 257%. O teor de lipídeos foi de 1,012% a 4, 224%, os maiores teores de lipídeos foram registrados na formulação em que foi adicionado o óleo de soja e o azeite de oliva, refletindo também em maiores valores para o valor calórico total. O teor de carboidrato foi de 0,316 a 2, 481%. O valor calórico total foi de 83,485 a 101,923% kcal. O conhecimento da composição química de nutrientes em alimentos é de fundamental importância para o estabelecimento de dietas adequadas aos indivíduos, para a 78 recomendação de uma alimentação balanceada a grupos populacionais e desenvolvimento de novos produtos (LAJOLO, 1995 apud SOUZA et al., 2004). 3.2.2.3.DETERMINAÇÃO DO pH Os resultados das determinações de pH das formulações A1, A2, B1 e B2 nos tempos 0, 1, 2, 3 e 4 meses, estão dispostas na Tabela 8: Tabela 8. Resultados das determinações de pH das formulações de marinados de Ostra e Vôngole nos 4 meses de estocagem. Formulação 7 A1 3,58a A2 3,63a B1 3,73a B2 3,87a A1: Ostra+ ácido acético; Valores de pH Armazenamento (dias) 30 60 90 120 3,65a 3,71a 3,76a 3,78a 3,67a 3,74a 3,79a 3,82a 3,79a 3,83a 3,86a 3,87a 3,90a 3,94a 3,96a 3,98a A2: Vôngole+ ácido acético; B1: Ostra+ ácido cítrico; B2:Vôngole+ ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. A matéria-prima foi inicialmente acidificada a pH 3,6, porém no tempo 0, representado por 7 dias, foi possível observar alteração nos valores de pH, indicando o processo de difusão da solução ácida nos moluscos. Na formulação A1, foi registrado um pH inicial de 3,58 e após 4 meses, o pH final registrado foi de 3,78. A formulação A2 teve o seu pH variando de 3,63 a 3,82 ao longo do período de estocagem. A formulação B1, no início do período de estudo, apresentou pH 3,73 e no final apresentou pH 3,87. A formulação B2 apresentou um pH inicial de 3,87 e pH final de 3,98. As formulações A1 e A2, contendo o agente acidificante ácido acético, apresentou uma melhor estabilidade com relação ao intervalo entre a acidificação da matéria-prima, processamento e tempo 0, ou seja a formulação A1 foi inicialmente ajustada para pH 3,6 e apresentou pH 3,58 ao início do estudo, tendo uma variação de 0,02 no pH, assim como a formulação A2 apresentou variação de 0,03 de pH. Já as formulações B1 e B2,contendo ácido cítrico como agente acidificante, apresentaram uma variação comparada ao pH da matéria-prima inicialmente ajustado de 0,13 e 0,27 para os pHs das 79 formulações B1 e B2, respectivamente. Com relação à variação dos pHs no período de estocagem, do tempo 0 até os 4 meses, as variações dos pHs das formulações A1, A2, B1 e B2 foram 0,2, 0,19, 0,14 e 0,11, respectivamente. Sendo assim, foi possível observar que as formulações contendo ácido cítrico apresentaram uma maior variação de pH na fase inicial de processamento e durante o período de estocagem foi mais estável. Porém todas as formulações apresentaram-se dentro da faixa de pH que inibe as ações enzimáticas e presença de micro-organismos, principalmente o Clostridium botulinum (QUAST et al.; 2010). Bispo et al. (2004a), para ampliar a comercialização do molusco Anomalocardia brasiliana, desenvolveram um processo de obtenção de marinado, envolvendo acidificação do produto com ácido acético, com objetivo de manter o pH < 4,5. No período de estocagem o marinado de vôngole apresentou uma variação de pH de 3,37 no tempo 0 a 4,45 ao final do estudo em 240 dias, valor superior encontrado no presente estudo, realizado em menor tempo, de 120 dias. Collignan et al. (1996) trabalharam com marinagem de sardinhas utilizando diferentes tratamentos. Com uma solução de marinagem composta de sal (7%), ácido acético (3%) e ácido ascórbico (0,3%), os autores obtiveram um produto com 2,75% de sal e pH 4,35. Em uma outra solução empregada, foi adicionado 7% de Glucona-Delta-Lactona (GDL) e o produto tratado por essa nova solução apresentou o mesmo teor de sal e apresentou pH 3,98, ou seja, inferior ao tratamento anterior. De acordo com os autores, a combinação do ácido acético e GDL permite obter um produto marinado de melhor gosto, onde a percepção ácida é menos intensa sem, no entanto, prejudicar a qualidade final do produto. Pizato et al. (2012), desenvolveram um estudo sobre a avaliação da qualidade tecnológica apresentada por tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) enlatada e realizaram a acidificação prévia da tilápia por 15 minutos, empregando-se o ácido acético, o resultado foi a obtenção de uma conserva com pH 3,08 e 4,03, respectivamente, para os tempos de cozimento de 15 e 30 minutos, intervalos de pH semelhantes foram encontrados no presente trabalho de 3,58 a 3,98. 80 3.2.2.4.RANCIDEZ - REAÇÃO DE KREIS. Os resultados referentes à reação de Kreis foram considerados satisfatórios, ou seja, as formulações A1, A2, B1 e B2 apresentaram-se negativas para a reação (Tabela 9), sendo possível interpretar que não houve alteração lipídica dos marinados no período de estocagem. Bispo et al.(2004a), encontraram resultados semelhantes no trabalho realizado com objetivo de verificar a estabilidade e aceitabilidade de marinado de vôngole (Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)) durante o período de 8 meses. Tabela 9. Resultados de rancidez e índice de peróxido das formulações A1, A2, B1 e B2 de marinado. 7 negativo Formulações A1, A2, B1 e B2 Armazenamento (dias) 30 60 90 negativo negativo negativo 120 negativo negativo negativo negativo Formulação Rancidez Prova de Éber negativo negativo Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. 3.2.2.3. PROVA DE ÉBER– REAÇÃO PARA GÁS SULFÍDRICO As amostras das formulações A1, A2, B1 e B2 nos 5 períodos estudados apresentaram resultados negativos para a Prova de Éber (Tabela 9). Soares et al. (1988) ao avaliarem qualitativamente amostras de pescado, detectaram cerca de 62% de amostras em estado avançado de decomposição pelo surgimento de mancha escura durante suas análises, cujo resultado em pescado fresco deve ser negativo. Sendo mais um resultado a corroborar o bom estado de conservação dos marinados. 3.2.2.6. DETERMINAÇÃO DE BASES VOLÁTEIS TOTAIS (BVT) Nos marinados não foram detectadas bases voláteis totais (BVT), provavelmente pelos pequenos valores detectados nas matérias-primas de 0,005 mg N/100g, além do efeito diluição pelos demais ingredientes da formulação. Nas provas físico-químicas o limite aceitável para BVT é de 30mg 81 N/100g de pescado (BRASIL, 1997); como este valor aumenta com a deterioração do pescado, caracteriza-se como produto impróprio para o consumo aquele que extrapolar esse limite (VIEIRA et al., 2004). Vicente (2005) encontrou em seu estudo sobre a qualidade de pescado comercializado no varejo no Estado do Rio de Janeiro, valores de BVT de 8,82 a 34,77 mg N/100g, estando 4 das amostras analisadas, resultados acima dos permitidos pela legislação (BRASIL, 1997). Cadun et al. (2004) desenvolveram um marinado de camarão e verificaram o teor de BVT dos produtos. Foi utilizado ácido cítrico e cloreto de sódio como solução de marinagem e desmembrada em 2 formulações. A formulação A continha conservantes ácido benzóico e ácido sórbico e na formulação B não houve adição de conservantes. Os valores de BVT foram considerados aceitáveis, 8,87 a 9,80 e 7 a 8,40, respectivamente, no período de estocagem de 40 dias a 1ºC. 3.2.2.7.DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ TITULÁVEL Os resultados de Acidez Titulável das formulações A1, A2, B1 e B2 se encontram na Tabela 10: Tabela 10. Resultados médios das determinações de Acidez Titulável dos marinados de ostra e vôngole. Acidez titulável Armazenamento (dias) 7 30 60 90 120 A1* 2,620±0,011a 2,630±0,003a 2,630±0,001a 2,60±0,01a 2,570±0,008a A2* 2,390±0,002a 2,350±0,005a 2,331±0,004a 2,310±0,020a 2,290±0,005a B1** 1,620±0,012a 1,590±0,019a 1,590±0,014a 1,550±0,005a 1,550±0,017a B2** 1,250±0,007a 1,210±0,005a 1,19±0,009a 1,150±0,056a 1,151±0,006a *% de acidez em ácido acético, ** % de acidez em ácido cítrico. Formulações: A1: Formul ação Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Os valores de acidez da formulação A1 variaram de 2,620 a 2,570% de ácido acético e a formulação A2 apresentou acidez inicial de 2,390 e final de 2,290% de ácido acético. A acidez da formulação B1 foi de 1,620 na fase inicial 82 do estudo, e evoluiu para 1,55% de ácido cítrico, ao final do período de estudo. Já a formulação B2 apresentou-se com acidez variando de 1,250 a 1,151% de ácido cítrico após 4 meses de estocagem. A acidez dos marinados refletiu a eficiência dos agentes acidificantes, ácido acético e cítrico utilizados nas formulações. Em produto altamente perecível como carnes e pescados torna-se indispensável a ação de agentes que atuem como barreira e que contribuam para manutenção da qualidade e da segurança por um período de tempo maior (AYALA-ZAVALA et al., 2009). Foi possível observar leve decréscimo nos teores de acidez dos marinados de ostra e vôngole. No estudo feito por Bispo et al. (2004a) com marinado de vôngole preparado com ácido acético, também foi observado um decréscimo nos valores de acidez total titulável de 1,18 para 1,08 % de ácido acético. 3.2.2.8.DETERMINAÇÃO DO INDÍCE DE PERÓXIDO Os resultados para Índice de peróxido das Formulações A1, A2, B1 e B2, nos tempos 7, 30, 60, 90 e 120 dias são apresentados na Tabela 11. Tabela 11. Resultados médios de Índice de peróxido nas formulações de marinado durante armazenamento. 7 Índice de peróxido (mEq/kg) Armazenamento (dias) 30 60 90 2,280±0,010 2,800±0,007 Formul ação A1 a A2 2,303±0,001a 2,010±0,030 a B1 B2 3,320±0,002a a 2,110±0,004a 2,180±0,010a 1, 090±0,010a 1,140±0,008a 0,890±0,001a 0,890±0,001a 0,980±0,010 0,980±0,002a 0,700±0,003 a 3,290±0,010a 2,110±0,010 2,090±0,009a 0,960±0,010 a a 120 a 0,850±0,008 0,78±0,006a a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. O menor valor de índice de peróxido foi registrado para a formulação B2, 0,70 mEq/kg, provavelmente por não ter sido adicionado como ingrediente 83 nenhum tipo de lipídeo e, consequentemente, não haver material lipídico suficiente no molusco para ser oxidado. A formulação que apresentou o maior índice de peróxido foi a formulação A1 de 3,32 mEq/kg. Apesar disso, este valor não representa um ponto negativo para esta formulação. Os valores encontrados de peróxidos estão de acordo com o padrão do Ministério da Saúde, que estabelece o limite máximo de 10 mEq/kg para óleos e gorduras refinadas e de 20mEq/kg para óleos e gorduras virgens (BRASIL; 1999). Bispo et al. (2004a) relataram valores que variaram de 3,29 a 4,98 mEq/kg ao longo de 240 dias de estocagem, demonstrando que não houve alteração lipídica no produto. 3.2.3.CARACTERIZAÇÃO SENSORIAL DOS MARINADOS DE OSTRA E VÔNGOLE 3.2.3.1. ESTUDO DE ESTABILIDADE SENSORIAL Os resultados para o atributo aparência são apresentados na Tabela 12. A aparência dos marinados receberam notas consideradas boas. A formulação A1 e B1 receberam as menores notas 7,87 e 7,95 no tempo 0, se comparadas as formulações A2 e B2. A provável atribuição de maior nota se deve à aparência do vôngole, pois as formulações com maior pontuação continham vôngole. Bispo et al. (2004a) avaliaram sensorialmente o marinado de vôngole e obtiveram notas variando de 8,5 a 9 durante o estudo de 240 dias. Santos et al.(2011) desenvolveram um cerviche de peixe tilapia (Oreochromis niloticus), um marinado à frio. A aparência do produto recebeu notas de 6,54 a 7,22, de 0 a 3 dias de estocagem sob refrigeração. Tabela 12. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo aparência. Formulação 7 Aparência Armazenamento (dias) 30 60 90 120 A1 7,87a 8,08a 7,95a 7,92a 7,94a A2 8,55a 8,45a 8,48a 8,41a 8,28a B1 7,95a 7,98a 7,99a 7,77a 7,81a B2 8,65a 8,73a 8,86a 8,59a 8,6a 84 Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. As formulações receberam notas variando de 6,56 a 8,68 para o atributo gosto agradável. Cada formulação não apresentou diferença estatística nos 5 períodos de análise sensorial realizados. De forma geral, as quatro formulações receberam notas crescentes ao longo do período de estudo de 120 dias, indicando que os provadores detectaram as alterações no gosto do produto, já que no processo de marinagem existe substituição de água por líquido de marinação e incorporação de ingredientes da formulação nos moluscos (KNOCKAËRT; 1989), como por exemplo o sal. Tabela 13. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto agradável. Formulação 7 Gosto agradável Armazenamento (dias) 30 60 90 120 A1 6,56a 7,16a 7,21a 7,32a 8,05a A2 8,31a 8,19a 7,99a 7,94a 8,20a B1 7,67a 8,56a 8,46a 8,48a 8,46a B2 8,53a 8,41a 8,53a 8,41a 8,68a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Na Tabela 14, é possível visualizar os resultados obtidos a partir da avaliação dos provadores para o atributo gosto marisco. O atributo que caracteriza a matéria-prima principal do marinado, gosto marisco, recebeu notas de 6,04 a 8,31. A avaliação dos provadores revelou que a intensidade do gosto marisco para as formulações A1 e A2 oscilou pouco e que a intensidade do gosto para as formulações B1 e B2 aumentou de 7,74 para 8,1 e 6,85 para 85 7,26, respectivamente. A menor intensidade do gosto marisco pode ter sido influenciada pelo agente acidificante ácido acético, que apresenta gosto bastante intenso. Tabela 14. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto marisco. A1 7 6,04a Gosto marisco Armazenamento (dias) 30 60 90 5,94a 6,54a 6,93a 120 6,72a A2 7,52a 6,96a 7,20a 6,77a 6,72a B1 7,74a 7,86a 7,93a 8,31a 8,1a B2 6,85a 6,15a 7,20a 7,37a 7,26a Formulação Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Na Tabela 15 são apresentados os resultados para o atributo gosto ácido dos marinados estudados. Tabela 15. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto ácido. Formulação 7 Gosto ácido Armazenamento (dias) 30 60 90 120 A1 8,06a 8,21a 7,92a 7,46a 6,96ª A2 8,08ª 8,19a 7,98a 6,34a 6,10a B1 5,31a 4,63a 4,12a 3,83a 4,28ª B2 2,90a 3,42a 3,90a 3,23a 2,99a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. 86 Foram registrados valores elevados quanto à percepção do gosto ácido dos produtos(Tabela 15). Os valores iniciais para as formulações A1 e A2 foram de 8,06 e 8,08 e final de 6,96 e 6,10, respectivamente. As formulações B1 e B2 apresentaram notas menores para o gosto ácido, devido a utilização do ácido cítrico, o gosto foi considerado mais leve pelos provadores. A formulação B1 recebeu nota inicial de 5,31 e final de 4,28 para a intensidade do gosto ácido. Já a formulação B2, foi considerada a de menor gosto ácido, recebendo notas inicial e final de 2,90 e 2, 99, respectivamente. Não houve diferença significativa dentro de cada formulação, ao longo dos 120 dias de estudo sensorial. Para o atributo gosto salgado (Tabela 16), os provadores relataram valores baixos, sendo menores notas dadas para as formulações B1 e B2. É possível observar que praticamente não houve alteração na percepção do gosto salgado ao longo dos 120 dias de estudo sensorial. As formulações A1 e A2 apresentaram notas variando de 4,06 a 4 71, as formulações B1 e B2 apresentaram notas num intervalo de 2,83 a 4,39. Tabela16. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto salgado. A1 7 4,45a Gosto Salgado Armazenamento (dias) 30 60 90 4,45a 4,27a 4,33a A2 4,12a 4,30a 4,71a 4,06a 4,46a B1 3,87a 3,96a 3,50a 3,32a 2,83a B2 3,10a 4,39a 3,65a 2,87a 3,05a Formulação 120 4,12a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. O atributo gosto avinagrado recebeu notas elevadas, variando de 7,92 a 7,13 para a formulação A1 e 8,14 a 7,51 para a formulação A2 (Tabela 17). Durante o período de 120 dias foi possível observar variações significativas (P< 87 0,05) das notas para o gosto avinagrado, porém de uma forma geral, a percepção do gosto avinagrado decresceu, evidenciando uma possível difusão do ácido acético no músculo do molusco recém produzido e suavização no transcorrer do armazenamento. Tabela 17. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto avinagrado. A1 7 7,92a Gosto avinagrado Armazenamento (dias) 30 60 90 8,32a 8,30a 8,01a A2 8,00a 8,14a Formulação 8,07a 6,93a 120 7,13a 7,51a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Para o atributo gosto rançoso (Tabela 18), foi relatado pelos provadores notas próximas a zero, evidenciando a possibilidade de pouca alteração lipídica. A baixa intensidade para este gosto foi identificado com notas num intervalo de 0,70 a 1,13 na formulação A1 e 0,50 a 1,03 na formulação A2. Tabela 18. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo gosto rançoso. A1 7 0,70a Gosto Rançoso Armazenamento (dias) 30 60 90 0,80a 1,98a 1,25a 120 1,13a A2 0,50a 0,50a 0,74a Formulação 1,03a 0,53a Formulações: A1: ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: ostra + ácido cítrico e B2: vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. O atributo odor marisco apresentou notas decrescentes durante o período de estudo sensorial (Tabela 19). As formulações A1 e A2 receberam notas 88 variando de 5,49 a 6,46 e as formulações B1 e B2 apresentaram valores de 8 a 6,80. As formulações A1 e A2 receberam menores notas comparando-as as formulações B1 e B2, provavelmente a intensidade do odor e gosto do ácido acético foi o responsável por interferir na percepção do odor marisco. Tabela 19. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor marisco. A1 7 5,87a Odor marisco Armazenamento (dias) 30 60 90 5,49a 6,08a 5,92a A2 6,46ª 5,76a 6,38a 5,71a 5,82a B1 7,33a 8,00a 7,74a 7,62a 6,80a B2 7,05a 7,21a 7,35a 6,84a 6,91a Formulação 120 5,52ª Formulações: A1: ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: ostra + ácido cítrico e B2: vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Comportamento semelhante ao gosto (Tabela 17) e odor avinagrado (Tabela 21) foi registrado para o odor ácido nas formulações A1 e A2 (Tabela 20). A formulação A1 apresentou notas maiores que a A2. Os valores foram decrescentes, de 7,48 para 6,38 na formulação A1 e 6,46 para 5,47 para a formulação A2. Collignan et al. (1996) desenvolveram um marinado de sardinhas empregando-se, ácido acético e Glucona-Delta-Lactona, resultado foi um pH de 4,35 e uma diminuição da percepção ácida. No presente estudo, apesar da não utilização de Glucona-Delta-Lactona e os valores de pH serem inferiores aos relatados por Collignan et al. (1996), as notas da avaliação sensorial não interferiram de forma negativa na intensidade dos marinados. As notas recebidas pelo odor avinagrado foram semelhantes às notas recebidas pelo atributo gosto avinagrado. As notas foram decrescentes, evidenciando-se uma diminuição na intensidade deste atributo, durante os 120 dias de estocagem (Tabela 21). A formulação A1 apresentou intensidade de odor avinagrado de 7,07 para 6,21, já a formulação A2 recebeu notas maiores, de 8,23 para 6,15 ao final do estudo sensorial. 89 Tabela 20. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor ácido. Formulação A1 7 7,48a A2 6,46a Odor ácido Armazenamento (dias) 30 60 90 7,18a 7,13a 6,09a 5,95a 6,88a 5,69a 120 6,38a 5,47a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Tabela 21. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor avinagrado. Odor avinagrado Formulação A1 7 7,07a 30 7,63a 60 6,57a 90 6,83a 120 6,21a A2 8,23a 7,58a 7,91a 7,17a 6,15a Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. O atributo odor rançoso recebeu notas próximas às conferidas para o atributo gosto rançoso. As formulações apresentaram notas inicial e final de 1,53 e 2,03 para a formulação A1 e 1,68 e 2,24 para a formulação A2. Tabela 22. Resultados do estudo de estabilidade sensorial para o atributo odor rançoso. A1 7 1,53a Odor rançoso Armazenamento (dias) 30 60 90 1,72a 1,84a 2,00a A2 1,68a 1,89a Formulação 2,03a 2,20a 120 2,03a 2,24a 90 Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. Na Tabela 23 é possível observar a intensidade de maciez dos marinados. Comparando as formulações contendo ácido acético, a formulação A1 se apresentou mais macia que a formulação A2, devido à própria maciez da ostra comparada a do vôngole. Os marinados das formulações A1 e A2 foram julgados mais macios comparados ás formulações B1 e B2. Durante o processo de marinação, o ácido causa o rompimento das fibras e promove um aumento gradual da maciez, isto pode ser explicado pelo menor pH apresentado por estas formulações. Howat et al. (1983) encontraram diferença significativa para força de cisalhamento e maciez entre carne não-tratada e carne tratada com uma mistura de suco de limão, água, açúcar, óleo e sal. Puga et al. (1999) empregaram ácido acético e ácido lático para avaliar a capacidade de amaciamento em carne bovina e observaram maior maciez e menor força de cisalhamento para as carnes que foram tratadas com ácido lático, apesar de não ter havido diferença significativa entre os tratamentos. Tabela 23. Resultado do estudo de estabilidade sensorial para o atributo maciez. A1 7 6,94a Maciez Armazenamento (dias) 30 60 90 7,58a 8,06a 8,10a 120 8,38a A2 6,03a 6,95a 6,27a 6,05a 6,57ª B1 5,93a 6,43a 6,93a 7,49a 7,73a B2 5,82a 6,6a 6,78a 7,03a 6,59a Formulação Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. 91 3.2.3.2. TESTE DE ACEITAÇÃO GLOBAL A realização do teste de Aceitação contou com a colaboração de 80 provadores, com faixa etária de 17 a 67. O grupo de participantes foi composto por estudantes de vários cursos, professores, funcionários e visitantes da UFBA. No Teste de Aceitação os consumidores atribuíram notas de acordo com a escala hedônica de nove pontos. No Teste de aceitação, as formulações A1, B1e B2 foram as que receberam maiores notas correspondentes ao termo hedônico “Gostei moderadamente”, respectivamente, 31,20%, 31,20% e 32,50%. Corroborando com as maiores porcentagens de aceitação positiva, estas mesmas 3 formulações foram as que mais receberam notas no quesito Gostei muito (Figura 14). A formulação A2 apresentou uma maior equiparação nas notas dos 9 quesitos (Gostei muitíssimo a Desgostei muitíssimo). Para o quesito Gostei muitíssimo, a formulação A2 apresentou o maior valor de 18,70%, apesar das demais formulações apresentarem uma maior nota nos quesitos Gostei muito e Gostei moderadamente somado, representando está soma de 30 a 60% dos provadores. Apesar de ser a formulação que apresentou uma menor nota para o quesito Gostei muitíssimo, a formulação B1, foi a que não apresentou notas para Desgostei muito e Desgostei muitíssimo. Grÿschek et al. (2003) realizaram análise sensorial utilizando o teste escala hedônica para fishburgers elaborados a partir de carne mecanicamente não lavada separada de tilápia nilótica e tilápia vermelha. Os resultados comprovaram que os fishburgers elaborados com carne mecanicamente separada não lavada de tilápia vermelha obtiveram menor média de pontos (5,67), com nível de aceitação mantido entre indiferente e gostei ligeiramente. Os demais tratamentos obtiveram notas entre 6,11 e 6,96 isso de acordo com a escala significa que os provadores expressaram nível de aceitação de gostei ligeiramente e gostei moderadamente. É evidente um maior número de provadores com aceitação concentrada nos parâmetros que podem ser julgados positivos (Gostei muitíssimo, Gostei muito e Gostei moderadamente) para o produto. 92 31,20% 32,50% 31,20% 30% 11,20% 11,20% 13,70% A2 B2 1,20% 1,20% 0% 1,20% 6,20% 6,20% 5% 0% 5% 2,50% 5,00% 1,20% 1,20% 3,70% 2,50% 1,20% 7,50% 12,50% 12,50% 11,20% 13,70% 18,70% 13,70% A1 B1 5% 10,00% 13,70% 15,00% 6,20% 20,00% 18,70% 25,00% 17,50% 30,00% 21,20% 27,50% 35,00% 0,00% Figura 14. Resultado do Teste de Aceitação das formulações de marinado: A1:ostra + ácido acético, A2: vôngole + ácido acético, B1: ostra + ácido cítrico e B2: vôngole + ácido cítrico, na realização da análise sensorial. 3.2.3.3. ÍNDICE DE ACEITABILIDADE GLOBAL Os resultados para índice de aceitabilidade se encontram na Tabela abaixo. Tabela 24. Resultados de índice de aceitabilidade das formulações A1, A2, B1 e B2. Índice de Aceitabilidade das formulações A1, A2, B1 e B2 de marinado Formulações A1 A2 B1 B2 Nota média 6,85a 6,33a 6,76a 6,68a Índice de aceitabilidade(%) 76,11a 70,28b 75,14a 74,17a 93 Formulações: A1: Ostra + ácido acético, A2: Vôngole + ácido acético, B1: Ostra + ácido cítrico e B2: Vôngole + ácido cítrico. Médias na mesma linha acompanhadas de mesma letra minúscula não diferem entre si ao nível de 5 % de significância, pelo Teste de Tukey. O índice de aceitabilidade das formulações A1, B1 e B2 não diferiram significativamente (p<0 05) entre sim, recebendo estas formulações as maiores notas comparadas a formulação A2. A menor nota da formulação A2, pode ser melhor observada no gráfico 5, onde recebeu notas distribuídas uniformemente na escala hedônica de 1 a 9 no teste de aceitação. O grau de aceitabilidade de um alimento por parte dos consumidores é afetado por fatores inerentes ao próprio indivíduo e ao meio ambiente que o circunda (DASSO, 1999). Segundo Dutcosky (1996) um índice de aceitabilidade considerado de boa repercussão, é aquele cujo valor é igual ou superior a 70%. No presente trabalho o índice de aceitabilidade calculado foi superior a 70% para todas as formulações, indicando que o produto teve boa aceitação pelos provadores, com destaque para as formulações A1, B1 e B2. Barboza et al. (2006) desenvolveram um trabalho sobre processamento e avaliação sensorial da carne dos moluscos escargot (Achatina fulica) e aruá (Pomacea lineata). A formulação com os moluscos triturados recebeu um valor de índice de aceitabilidade de 76,43% e a formulação elaborada com os moluscos defumados obteve um índice de aceitabilidade menor, de 66%, e concluíram que o processamento desses moluscos são sensorialmente viáveis. Os resultados deste trabalho contribuem para confirmar a tendência de boa aceitação para os novos produtos desenvolvidos à base de pescado. PEREIRA (2003) relatou aceitabilidade de 72,3% para “nugget” de carpa, e 94,4% para “fishburger” de carpa. Bispo et al. (2004a) avaliaram sensorialmente o marinado de vôngole e o Índice de Aceitabilidade encontrado variou de 78 a 82%, em relação à aparência, cor, aroma, gosto e textura. Gabrielli et al. (2012 ) citaram que as formulações de marinado de peroá obtiveram um bom índice de aceitabilidade médio de 69%, não apresentaram diferença significativa nos testes propostos, com padrão excelente e ótimo de qualidade, validado pelo teste de atitude de consumo. 94 3.2.3.4. TESTE DE INTENÇÃO DE COMPRA O teste de intenção de compra foi realizado para verificar a intenção de compra dos 80 provadores participantes. A formulação A1 apresentou um maior valor de intenção de compra na categoria Talvez eu compraria / talvez eu não compraria. Corroborando com esse resultado de dúvida, esta formulação foi a que apresentou um maior valor no quesito Certamente eu não compraria, com porcentagem de 18,7%, contra 15, 5 e 3,7% das formulações A2, B1 e B2 respectivamente. As formulações A2, B1 e B2 apresentaram valores próximos na categoria Certamente eu compraria. Com relação a Provavelmente eu compraria, as formulações B1 e B2 apresentaram valores superiores às demais formulações, com os respectivos valores de 32,50% e 28,70%. Somando os valores dos quesitos Certamente e Provavelmente eu compraria, podemos analisar que estas formulações conquistaram a intenção de compra de cerca de 60% dos provadores. Intenção de compra- Formulação A1 Certamente eu compraria 18,70% 18,70% Provavelmente eu compraria 13,70% 21,20% 27,50% Talvez eu compraria/ talvez eu não compraria Provavelmente eu não compraria Certamente eu não compraria Figura 15. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado A1:Ostra + ácido acético. 95 Intenção de compra - Formulação A2 15% 33,70% 12,50% Certamente eu compraria Provavelmente eu compraria Talvez eu compraria/ talvez eu não compraria Provavelmente eu não compraria 22,50% Certamente eu não compraria 16,20% Figura 16. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado A2: Vôngole + ácido acético. Figura 17. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado B1: Ostra + ácido cítrico. 96 Intenção de compra - Formulação B2 Certamente eu compraria 16,20% 3,70% 30% Provavelmente eu compraria 21,20% Talvez eu compraria/ talvez eu não compraria 28,70% Provavelmente eu não compraria Certamente eu não compraria Figura 18. Resultado do Teste de Intenção de Compra da formulação de marinado B2: Vôngole + ácido cítrico. Gabrielli et al. (2012) realizou o teste de atitude para avaliar a intenção de consumo de marinado de peroá, caso estivesse disponível ao consumidor. O referido marinado não apresentou diferença significativa a 5% de probabilidade entre as formulações com diferentes proporções de ácido acético e azeite de oliva. As formulações apresentaram a soma total das notas atribuídas nas categorias “compraria frequentemente”, e “compraria ocasionalmente”, variando de 21,7 a 35%. Bispo et al. (2004b) estudaram sensorialmente um produto à base de vôngole, no qual o molusco foi inicialmente acidificado com suco de limão e processado na forma de linguiça. O produto desenvolvido por Bispo et al. (2004b) recebeu 46,67% de nota, correspondendo a provavelmente ou certamente eu compraria, a intenção de compra dos marinados B1 e B2 encontrados no presente estudo foram superiores, as notas ficaram em torno de 60% para as categorias a provavelmente ou certamente eu compraria. No presente estudo foram encontrados resultados equivalentes ao trabalho desenvolvido por Santos et al. (2011), no qual formulações de conserva de pescado receberam mais de 60% das notas distribuídas na escala para certamente compraria e provavelmente compraria. 97 4.0. CONCLUSÃO O processo de obtenção do marinado foi desenvolvido com base em tecnologia acessível e reprodutível. É possível obter um produto estável microbiologicamente, já que aumentou a vida de prateleira, comparado as matérias-primas, a ostra e o vôngole. No que diz respeito às características físico-químicas e químicas, o produto apresentou poucas variações nestes parâmetros, permitindo uma oferta do produto com características estáveis. O processamento de ostras e do vôngole permitiu melhorar as características sensoriais e a aceitabilidade. O produto apresentou estabilidade físico-química, química e microbiológica, no período de 120 dias de estocagem, com boa aceitação. 98 5.0. 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