4. o papel da mídia na construção social da velhice
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4. o papel da mídia na construção social da velhice
4. O PAPEL DA MÍDIA NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA VELHICE THE MEDIA 'S ROLE IN BUILDING SOCIAL OF OLD AGE RESUMO Atualmente podemos perceber uma circulação maior de informações na mídia acerca do aumento da expectativa de vida humana e do significativo crescimento de uma população cada vez mais velha no mundo inteiro, fato preocupante numa sociedade extremamente capitalista onde prevalece uma cultura que valoriza o novo em detrimento do velho. Esse fator traz novas expressões da questão social campo de intervenção do Serviço Social. Buscou-se compreender o papel da mídia no processo de construção social da velhice, relações entre gerações e ao final a imagética de felicidade do poder aquisitivo dos idosos em relação às publicidades bancárias. Para tanto realizou-se uma analisa do Filme “UP – Altas Aventuras”, pesquisas bibliográficas, publicidade bancária e em revista, a fim de compreender o presente estudo. ROZILENE DA FROTA DE SOUZA INTA [email protected] Chrislene Carvalho dos Santos Pereira Cavalcante – Docente INTA/UVA Este artigo derivou de pesquisa de Iniciação Científica/FUNCAP – 2014/2015 Palavras-chave: Velhice; Capitalista; Serviço Social. ABSTRACT Currently we can realize a greater flow of information in the media about the increase in human life expectancy and significant growth of an increasingly older population worldwide, worrying fact an extremely capitalist society where prevails a culture that values the new at the expense of old . This factor brings new expressions of social issues intervention field of social work . He sought to understand the role of media in the process of social construction of old age , intergenerational relations and end the happiness of imagery purchasing power of the elderly in relation to bank advertising . To this end it carried out a analyzes the film "UP - High Adventure " , literature searches , bank advertising and reviewed in order to understand the present study. Keywords: Old Age ; capitalist ; Social service. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 INTRODUÇÃO De acordo com reportagem da revista Exame, em sua 1053 edição aborda um estudo que aponta para um mundo cada vez mais velho até o fim do século, a expectativa de vida ao nascer deverá chegar aos 82 anos - hoje está em 70. Ainda segundo a revista Exame 1053 (Nov 2013), dados mais moderados, até 2050 as faixas etárias acima dos 50 anos passarão do atual 1,5 bilhão de indivíduos para 3,1 bilhões. Já a população de crianças e adultos jovens crescerá bem menos. Em quatro décadas, as pessoas com 50 anos ou mais serão mais da metade da população na Coréia do Sul e no Japão. E não se trata de exclusividade de países ricos. China e Rússia estarão em uma situação semelhante - no Brasil as pessoas com mais de 50 serão 42% da população em meados do século. Pelos cálculos da ONU, o ano de 2047 será um marco, pela primeira vez haverá um número maior de pessoas com mais de 60 anos do que com menos de 15, no entanto precisa-se estar preparado para tal acontecimento, embora tenham ocorrido avanços no campo das políticas públicas com plena garantia de direitos ainda há necessidade de efetivação dessas políticas. Parte-se do pressuposto de que a mídia é responsável por divulgar novos conceitos sobre ser velho na contemporaneidade, escutamos falar sobre o aumento da expectativa de vida e do significativo aumento de uma população cada vez mais velha, muito tem se falado em terceira idade e melhor idade, tem surgidos novos estereótipos atrelados ao período da velhice, podendo ser identificados no retrato falado na mídia. Esse comportamento é expresso diante da negação do estado de velhice da não aceitação e quando a sociedade estigmatiza excluindo socialmente esse indivíduo, bem como temos, por outro lado, a garantia de efetivação de direitos dessa categoria, fato que gera desafios na atuação profissional do Serviço Social. Fazendo um breve retrocesso é possível lembrar-se da figura de anciões como detentores do saber, indivíduos respeitados, referências para os mais jovens, mas essas relações culturais sofreram fortes mudanças e cada vez mais o que prevalece é a cultura de valorizar o novo, a prática do desapego com o que é velho, esta metáfora é também ensinada na mídia, para criar uma geração de consumo das novidades, ao apelo a juventude, a novidade, ao novo, em contrapartida, a contrapelo, ensina que o velho deve ser descartado. Que mensagens sobre envelhecimento, velhos e cuidados à pessoa idosa as mensagens midiáticas divulgam? O RETRATO DA VELHICE PELA MÍDIA Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 De acordo com a reportagem da revista Exame (2013)1, a expectativa de vida ao nascer deverá chegar a 82 anos até o fim do século, o que comprova o crescimento da população mais velha. Com o aumento dessa população, o idoso vem ganhando destaque na mídia de forma a também ser atribuído por ela uma nova identidade social a essa categoria. Segundo Peixoto (1998) a mudança do uso do termo velho para idoso, justifica o fato de que a terminologia “velho estava fortemente associado aos sinais de decadência física e incapacidade produtiva, sendo utilizado para designar de modo pejorativo, sobretudo os velhos pobres”. Por muito tempo, o idoso foi considerado como um peso social, improdutivo, doente e incapaz, gerando assim preconceitos por parte da sociedade. No entanto, nota-se que um novo estereótipo de velhice vem sendo disseminado entre os meios de comunicação, dentre eles podemos destacar a televisão como um dos mais importantes veículos capazes de influenciar opiniões e comportamentos sociais. Podemos perceber através de análises das propagandas que houve significativas mudanças na maneira de retratar o idoso atribuindo a ele um novo contexto social, no qual ele é um sujeito ativo e que dispõe de recursos que lhe possibilita um livre acesso aos bens de consumo, substituindo assim a imagem negativa que antes lhe fora atribuída. Sua imagem é uma mercadoria, para o consumo de uma sociedade capitalista, o que vai construindo, outras identidades e valores, como podemos perceber nas imagens a seguir. Figura 1 11Revista Exame – Ano 47 – n. 21 – Edição 1053, Ed. Abril – Publicada em 13/11/2013. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 Fonte: Revista Época – n.491. Editora Globo – 15/10/2007. A figura acima nos passa uma ideia de idoso jovial, atlético, em movimento e belo, um novo perfil de velhice quem vem sendo propagado. Além do objetivo de vender o produto, o anúncio passa uma mensagem subjetiva de qualidade de vida. Propõe ainda que através do consumo do produto, o idoso estará tendo uma vida com mais vigor e saúde, substituindoa imagem de um corpo velho cansado, sofrido, esquecido, por a ideia de longevidade e a imagem de um corpo saudável de espírito jovem. A chegada da velhice é caracterizada por fatores biológicos quando o organismo passa por mudanças. Nessa fase, o indivíduo apresenta limitações sociais e psicológicas relevantes, pois, não interage com outros indivíduos gerando um estado de exclusão social. Nos fatores psicológicos, identifica-se à incapacidade de percepção, aprendizagem e esquecimento. A substituição dessa imagem negativa por uma imagem saudável do idoso, influenciada pelo aumento do consumo de produtos específicos, torna esse segmento da população um alvo para os interesses capitalistas que veem nesses indivíduos um potencial consumidor. A ilusão veiculada pela mídia televisiva, onde se desperta desejos de consumo os quais nem todos tem acesso devido a limitações econômicas, comprova que o mercado não atende a uma demanda geral da população, ficando restrito a um público idoso específico, sujeitos sociais ativos, enquanto modelo de consumidor. 1.1. RELAÇÕES INTERGERACIONAIS A velhice é uma categoria que vem sendo construída socialmente. Como afirma Machado (1997:96), “Na medida em que a realidade é uma construção humana, pode-se afirmar que não há futuro sem projeto, e a capacidade de elaborar projetos pode ser identificada como a característica mais verdadeiramente humana, pois somente o homem é capaz não só de projetar como também, e primordialmente, de viver sua própria vida como um projeto”. No entanto essas concepções deverão implicar em inclusão e inserção social de forma que esse indivíduo tenha suas particularidades respeitadas. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 O aumento da população idosa na contemporaneidade traz um novo espaço de analise que é as relações intergeracionais, dessa forma compreendemos a necessidade de mediar essa complexa relação que se apresenta como uma das principais demandas do Serviço Social distribuídas entre os diversos campos de trabalho do assistente social. O idoso, no transcorrer de sua trajetória de vida, vivenciou na juventude e na maturidade papeis sociais, que aos poucos foram sendo apagados ou desconsiderados em sua existência. Este sujeito teve sua representatividade no mercado de trabalho e também na sua família, enquanto pai, mãe ou chefe da mesma. Porém, com o passar dos anos, estes papéis foram se perdendo. Hoje percebemos que há uma inversão de valores independentemente de classe social, raça ou etnia, por exemplo, a violência patrimonial, a negligencia e tantas outras formas de violação de direitos desses sujeitos que estão atreladas ao processo de envelhecimento. E nessa perspectiva o Serviço Social busca fazer intervenções que viabilize os direitos inerentes a essa categoria, analisando todo o contexto social, mediando conflitos. A vida é composta por fases: a adolescência, a juventude, a fase adulta e a velhice todas construídas socialmente. Ferringno (2003) afirma que “as gerações são socialmente construídas, porque, antes de tudo, o indivíduo é que é socialmente construído”. Os determinantes sociais caracterizam os indivíduos de acordo com seus grupos etários, embora muitos não se identifiquem com esses e não se veem incluídos nesses grupos etários, como exemplo, podemos citar que há idosos que se sentem mais à vontade estando inseridos em grupos de jovens do que em grupos de pessoas da mesma idade. A respeito disso Ferrigno (2003), esclarece que “o mero fato de pertencer a um grupo etário não determina por si só uma orientação geral”. Dessa forma, as relações intergeracionais podem ser definidas como o encontro entre pessoas de diferentes gerações, seja no âmbito familiar ou nos distintos meio de atuação das pessoas na sociedade. Ainda no discurso sobre as relações intergeracionais, foi possível identificar essa abordagem a partir da análise do filme “UP- Altas Aventuras”, produzido pelos estúdios Walt Disney, lançado em 2009, a aventura cômica baseada no fato real, traz também uma discussão que nos leva a refletir sobre os interesses das classes dominantes que pautam suas ações de forma a favorecer o capitalismo que se sobressai aos direitos da pessoa humana. Nesse aspecto o filme retrata a intervenção do Estado Americano na vida do idoso Cal Fredrickson, onde a assistência exerce uma ação reguladora de “proteção social” a favor Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 do capitalismo, ao retirar o idoso de sua casa de morada para um asilo, considerando apenas a questão da especulação imobiliária. Essa ação é observada na cena em que o personagem Cal Fredrickson aos 78 anos passa por momentos de frustração, quando o bairro onde ele residia foi invadido por uma indústria da área da construção civil, que em nome do progresso e da modernidade, busca de todas as formas retirar o único morador que ainda recusava-se a vendar sua casa para ele o valor atribuído ao imóvel ultrapassava o valor do capital. Em nenhum momento ele representava ameaça aos operários do entorno da obra, logo ele não resistiria ao lutar sozinho contra as forças da classe dominante e naturalmente foi engolido pelo atual sistema capitalista. No filme há outra análise interessante à relação entre os personagens, o velho e o menino, onde os dois passam a construir em meio a conflitos de opiniões e valores uma relação de afeto e amizade. Há uma cena entre o velho e o menino que retrata um conflituoso relacionamento intergeracional. O personagem Cal Fredrickson, encontra-se no seu sossego cotidiano, totalmente isolado do meio social quando é surpreendido em sua residência pela visita de Russell, um menino escoteiro que recebeu a missão de ajudar um idoso para obter um distintivo de explorador da natureza. Logo o termo “ajudar um idoso”, evidencia que de fato há uma fragilidade maior do idoso em relação às outras camadas sociais. A abordagem insistente do menino deixou o velho irritado como será retratado no diálogo transcrito a seguir. O menino bate na porta e ao abrir-se a porta diz: “Menino: boa tarde, senhor! Meu nome é Russell e eu sou um explorador da natureza da tribo 54, cabana do vapor 12. Será que o senhor está precisando de alguma ajuda hoje? Velho: Não! Menino: Eu podia...ajudar o senhor a atravessar a rua? Velho: Não! Menino: Então... podia ser seu quintal? Velho: Não! Menino: Então...podia...ser seu porão? Velho: Não! Menino: Eu tenho que ajudar o senhor a atravessar a alguma coisa! Velho: Ah, Não! Eu estou muito bem!”. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 No diálogo transcrito a acima, percebe-se claramente a dificuldade de relacionamento no primeiro momento entre as duas distintas gerações, percebemos que a comunicação não é tão fácil pelo menos no início, no entanto deve-se considerado todo um contexto como o histórico de solidão, isolamento e outras características subjetivas nesse senário. Compreender a velhice é um desafio, tanto para quem a vivencia como para quem convive direta e indiretamente com a pessoa idosa. No filme o menino precisa ajudar uma pessoa “necessitada” para cumprir sua missão de escoteiro e a identifica no velho solitário. Imagens do filme fomentaram a construção de ideias e pensamentos críticos acerca da relação entre as gerações em destaque. Na imagem a baixo os dois estão juntos em uma aventura cheia de mistérios em busca de um sonho de antigo idealizado ainda na infância de Cal Fredrickson. Figura 2 Fonte: Imagem do filme UP-Altas Aventuras. Disponível em: http://anateka.blogspot.com.br/2009/09/up-altas-aventuras.html. Acessado em 27 jun.2014. E Cal Fredrickson resiste a essa imagem, pois tem seu sonho independente e se irrita em ser ajudado por uma criança. E no decorrer do filme há uma construção de afeto e complementaridade entre as gerações, na relação de respeito às histórias de vidas e a construção de um bom convívio social. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 A mensagem do filme apresenta um conflito inicial, mas que o convívio compulsório construiu respeito entre as gerações. Se concluíssemos que esse processo de aproximação de construção de laços afetivos foi facilmente construído, estaríamos emitindo uma fala errôneo, pois ao que foi retratado no filme, ambos os personagens tiveram resistência no inicio. Nesse outra imagem relembramos o menino empolgado com seu brinquedo musical que aparentemente não agrada muito o Friderickson. O velho Cal está a procura de realizar um sonho de infância e o menino empenha-se para conseguir esse objetivo. Figura 3 Fonte: Imagem do filme UP-Altas Aventuras. Disponível em: http://pipocamusical.com.br/2011/05/10/up-altas-aventuras/. Acesso em: 27 jun. 2014. A imagem acima demonstra o retrato conflitoso do convívio entre gerações, comportamento construído culturalmente numa sociedade que tende a dividir cada vez mais a sociedade por faixas etárias. O IDOSO E AS NOVAS RELAÇÕES DE CONSUMO Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 De acordo com Estatuto do Idoso, publicado em 2003 os veículos de comunicação deveram socializar informações a cerca do processo de envelhecimento, conforme descrito no artigo e seguir. Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento. No entanto, é mais comum à circulação de propagadas com fins comerciais relacionadas ao consumo de bens e serviços, nesse sentido destaco agências bancárias um segmento que muito tem explorado esses indivíduos. De modo geral o consumo requer poder aquisitivo, pensando nisso as agências bancárias descobriram nesse público (idosos) a possibilidade de mais lucro, embora existam outros fatores que possam influenciar esse comportamento. Ao longo dos tempos a mídia vem retratando a imagem dos idosos de diferentes formas, se antes a categoria era vista como velhos improdutivos e incapazes, hoje observa-se que a mesma vem atribuindo a essa identidade etária novas terminologias como terceira idade, melhor idade, costumes e comportamentos, passando a identificar nesse público um potencial econômico. As instituições bancarias, exibem mensagens de negócio perfeito, dando a entender ao consumidor que o investimento é sinônimo de felicidade e tranquilidade . Os anúncios publicitários que serão apresentados a seguir objetivam transmitir uma mensagem/informação que alcance o público idoso em suas supostas necessidades, para tanto, eles não poupam argumentos de forma a persuadir o receptor com a linguagem midiática da publicidade. Imagem 1 Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 Disponível em: https://www.google.com.br/search?newwindow=1&hl=ptBR&biw=1242&bih=606&site=imghp&tbm=isch&sa=1&q=bradesco+cr%C3%A9dito+consigna do&oq=bradesco+cr%C3%A9dito+consignado&gs_l=img.3...155513.163111.0.163745.19.18. 0.0.0.0.946.3426.34j1j1j1.7.0.msedr...0...1c.1.60.img..17.2.664.0Ks1pkNv98A#imgdii=_&imgrc=uc3d0QVg2OiQM%253A%3BWRHw7fJjkNnKRM%3Bhttp%253A%252F%252Fagenciawolfmaya.co m.br%252Fnovidades%252F29aabbd713.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fagenciawolfmaya.co m.br%252Fconsulta_campanhas.php%253Fp%253D2%3B500%3B500. Acessado em: 05/01/2015. A imagem acima apresenta uma linguagem visual sem nenhum texto escrito, observamos um casal de idosos aparentemente muito felizes passando a ideia de que esses sujeitos serão muito felizes ao aderirem o investimento, o sorriso de ambos expressa tal sentimento e ainda caracterizados pelos cabelos branquinhos característica de um processo natural que o indivíduo passa ao envelhecer. A mídia tenta atrair os idosos com propagandas que muitas vezes fogem a realidade. Para o segmento bancário o negócio é lucrativo, pois não há o risco de perda, os empréstimos são consignados descontados diretamente no pagamento mensal, salário dos/as aposentados/as. Esses sujeitos tem o direito de viverem suas vidas como bem quiserem sem que precisem seguir padrões do capitalismo. Imagino que muitos projetaram suas vidas para fazerem coisas que não puderam fazer ao longo da vida. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 Imagem 2 Disponível em: https://www.google.com.br/search?newwindow=1&hl=ptBR&biw=1242&bih=567&tbm=isch&sa=1&q=banco+do+brasil+cr%C3%A9dito+consigna do&oq=banco+do+brasil+cr%C3%A9dito+consignado&gs_l=img.3...222754.228509.0.22 9864.21.18.0.0.0.3.1203.3109.32j1j0j1j1.5.0.msedr...0...1c.1.60.img..21.0.0.PxhxBqP3Kis Devido ao aumento da expectativa de vida, se estabelece uma realidade na qual o idoso se tornou sujeito de uma nova configuração social onde a mídia exerce papel fundamental, pois sua influência possibilita a essa faixa etária novos hábitos de consumo. Dessa maneira a sociedade se reconstrói através da influência da mídia, exercendo um discurso, no qual consegue persuadir e modificar padrões que transformam a essência do ser social. Magalhães (1987), pensando as condições de vida das pessoas idosas nas sociedades modernas, afirma que estas sociedades têm as seguintes características: baixos índices de natalidade e mortalidade, com processos de mudanças aceleradas onde a inovação tende a ocupar o lugar da tradição. Além disso, há uma valorização das esferas da produção e do consumo, ao mesmo tempo em que o patrimônio familiar é substituído pelo projeto individual. Esses indicativos não oferecem boas perspectivas para as pessoas que Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 envelhecem nestas sociedades, entretanto, novos caminhos estão se constituindo como imagem. Para Mascaro (1997), a velhice é “uma fase natural da vida e não há como fugir deste ciclo: nascimento, crescimento, amadurecimento e morte”. Portanto, para proporcionar um envelhecimento mais ativo, onde os idosos possam vivenciar a velhice de uma forma mais prazerosa, o Governo brasileiro compreende o novo sujeito e as possibilidade de consumo, dessa forma criou o Programa “Viaja Mais Melhor Idade”, o qual está voltado para o público aposentados e pensionistas a ação visa viabilizar o acesso ao turismo facilitando no pagamento de pacotes de viagens, como mostra a figura abaixo: Figura 3 Fonte: Ministério do Turismo – Viaja Mais Melhor Idade. Disponível em: <http://bp0.blogger.com/_PN14sYDsCXo/Ruk1ET-MU8I/AAAAAAAAAc8/Z- Nessa imagem é apresentado imagens de três mulheres idosas, felizes, sendo uma loira, morena e negra, disposta a contrair uma dívida para poder viajar, aproveitar melhor o seu tempo, construir amizades. O público-alvo dessa linha de financiamento são os idosos, tornando-se sujeitos ativos para consumo e o negócio do turismo de diversão. Dessa forma, Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 tanto para o público quanto para o privado as imagens de idosos representam um novo perfil de velhice. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através do aumento da expectativa de vida e consequentemente da população idosa, a mídia e o mercado se deparam com um grande mercado consumidor. Ao inserir a velhice no contexto midiático onde o velho inativo foi substituído pelo velho ativo. A mídia contribuiu para desvincular a imagem negativa que antes era atribuída ao idoso, e lhe dar uma nova imagem vinculada a uma série de produtos e serviços criados exclusivamente para esse segmento da população. A qualidade de vida passou a ser o discurso do momento, contudo, na realidade não funciona assim. Os produtos produzidos para esse público consumidor tem sua propaganda embasada no apelo da mídia a qual promete uma melhor qualidade de vida, no entanto não consegue alcançar a todos, pois nem todos os idosos podem pagar para obter tais benefícios. Pois, a linguagem da publicidade é político de construção de sonhos e desejos, não necessariamente a realidade. Através das análises das revistas, propagandas e filmes, percebemos o quanto a velhice vem ganhando espaço criando uma nova proposta do envelhecer ao mesmo tempo que não é fácil mediar relações intergeracionais acarretando grandes desafios para profissionais que lidam diretamente com tais expressões da questão social em principalmente da área de atuação do serviço Social. Num mundo onde o velho é descartável e as relações instáveis, incertas e conflituosas, faz-se necessário destacar que o envelhecimento traz consigo marcas históricas de exclusão, preconceito e intolerância que nem mesmo a mídia com seu novo estereótipo de velho é capaz de substituir. Com esse estudo foi possível compreender que não depende somente da mídia e do poder que exerce, para transformar todo um contexto social negativo atribuído ao idoso e ao seu processo de envelhecimento, mas vale ressaltar que a mesma pode se tornar um aliado Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 na promoção desses sujeitos sociais. A complexidade em compreender esse novo papel está na análise de seus contextos, e na relação de respeito aos sujeitos e seus papeis sociais. Sobral, ano 4, v.1, n. 7, JUL/DEZ 2015, p. 56-70. ISSN: 2317-2649 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Estatuto do Idoso (2003). Brasil: 2003 CÍCERO, M.T. Saber envelhecer e a amizade. Porto Alegre: L& PM, 1997. ELIAS, N. A solidão dos moribundos, seguido de envelhecer e morrer. Rio de janiro: Ed. Jorge Zahar, 2001. FERRIGNO, José Carlos. Co-educação entre gerações. Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo: Sesc,2003. FILME. UP- Altas aventuras. Lançado em 2009 IMAGEM DO FILME UP-ALTAS AVENTURAS. 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