MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC ESTUDO DA
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected] ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA DE PROTEÍNAS DO LÁTEX DA PLANTA PLUMERIA PUDICA Bruna da Silva Souza (bolsista PIBIC/CNPq), Prof. Dr. Jefferson Soares de Oliveira (orientador, Curso de Bacharelado em Biomedicina) INTRODUÇÃO Látex é um termo geralmente usado para descrever um líquido com aspecto leitoso liberado por plantas que sofreram algum dano mecânico. As famílias Euphorbiaceae e Apocynaceae destacam-se como as maiores detentoras de espécies laticíferas do planeta (HAGEL, YEUNG, FACCHINI, 2008; LEWINSOHN, 1991). Fluidos laticíferos apresentam em sua constituição proteínas enzimáticas e não enzimáticas, terpenos, carbonatos, alcalóides, vitaminas, carboidratos, lipídios e aminoácidos, dentre outros (MORCELLE et al., 2004; HANGEL et al., 2008; MAZOIR et al., 2008). Várias proteínas já foram identificadas como lectinas, quitinases (JEKEL et al.,1991), beta-1,3- glucanases (CHEYE & CHEUNG, 1995), lisozimas, Proteínas Inativadoras de Ribossomos (RIPs), glicosidases (GIORDANI & LAFON, 1993), amilases (LYNN & CLEVETTE-RADFORD, 1987), inibidores de proteinases (ARCHER, 1983; SRITANYARAT et al., 2006), porém as mais conhecidas e estudadas são as proteinases (SALAS et al., 2008; HALE et al., 2005; NYBERG et al., 2006; SEIFERT et al., 2008; CHOBOTOVA et al., 2009). Inúmeros são os relatos sobre diferentes propriedades farmacológicas associadas às plantas produtoras de látex, dentre elas destacam-se atividades anti-inflamatória (PADHY; SRIVASTAVA; KUMAR, 2007), antinociceptiva (SOARES et al, 2005), anti-diarréica (LARHSINI et al.; 2002; KUMAR, 2005), antibacteriana (SHUKLA; MURTI,1961, LARHSINI et al., 1997) antifúngica ( SEHGAL; ARYA; KUMAR, 2005) e antioxidante ( KUMAR; ROY, 2007), da Calotropis procera, as anti-inflamatória e analgésica Himatanthus sucuuba (SANTOS, LIMA, MACHADO, 2014; DEMARCO, KINOSHITA, CASTRO, 2006) e da Himatanthus drasticus (CARMO,2015).Além das atividades antioxidante (FREITAS et al.,2010), anti-inflamatória e cicatrizante (CHANDA et al., 2010) da Plumeria rubra. A planta alvo de estudo foi a Plumeria pudica pertencente à família das Apocynaceae, encontrada em abundância na cidade de Parnaíba-PI e popularmente conhecida como “buquê de noiva”. Não existem artigos científicos descrevendo qualquer caracterização bioquímica de suas proteínas ou investigação de atividades biológicas, o que nos motiva estuda-la. Na presente proposta, proteínas do látex da Plumeria pudica foram investigadas quanto à presença de atividade anti-inflamatória. METODOLOGIA O látex de Plumeria pudica foi coletado em água destilada, submetida a etapas de diálise e centrifugação, promovendo a obtenção de uma fração rica em proteína que foi liofilizado e denominada de Proteínas do Látex (PL). Em paralelo, a fração proteica (PL) foi submetida a tratamento a 100oC por 30 minutos (PL100ºc), para a desnaturação proteica, tratamento DTT (3mM) para ativação da atividade proteolítica do tipo cisteínica (PLDTT) ou coletada na presença de com iodoacetamida (IAA, 3mM) para inativação de proteases cisteínica (PL IAA). Todas as frações foram avaliadas quanto ao perfil de proteínas por eletroforese LAEMMLI (1970) e atividade enzimática foi detectada através de zimograma em gel contendo gelatina. A avaliação da atividade anti-inflamatória foi realizada com o modelo de edema. A inflamação foi induzida, inicialmente pela administração de carragenina (Cg - 500g/pata) por via subcutânea intraplantar uma hora depois da administração de deferentes concentrações de PL (10 mg/kg a 40 mg/kg; i.p.). As frações submetidas a diferentes tratamentos (PL100ºc, PLIAA e PLDTT na dose de 40mg/kg; i.p.) também foram avaliadas quanto a capacidade de inibir o edema induzido por Cg. Em adição, determinação da atividade da mieloperoxidase (MPO) foi realizada a partir de uma amostra de tecido da pata dos animais tratados com Cg com PL e PL submetido aos diferentes tratamentos. A capacidade de PL (40 mg/kg) inibir o edema induzido por diferentes mediadores químicos [serotonina (1%/pata), histamina (1%/pata), bradicinina (6 nmol), composto 40/80 (1µg/pata) e prostaglandina (PGE2) (1µg/pata)] também foi investigada utilizando o modelo de edema de pata. Em adição, PL foi investigado quanto a capacidade de inibir o migração celular utilizando o modelo de peritonite. Os animais receberam PL (40 mg/kg) por via endovenosa 30 min antes da injeção (i.p) de carragenina (Cg - 500g/cavidade). Após 4 horas os animais foram sacrificados, as células presentes na cavidade peritoneal coletadas e contagem total e diferencial dos leucócitos foi realizada conforme metodologia descrita por SOUZA e FERREIRA (1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO A eletroforese em gel de poliacrilamida mostrou a presença de bandas de proteínas com massas moleculares diferentes, variando de 14,0 a 45,0 kDa, evidenciando a presença de proteínas no látex de P. pudica. O tratamento de PL com DTT (PLDDT) não promoveu mudanças no perfil de proteínas da fração PL, por outro lado, mudanças foram observadas quando a fração foi coleta na da presença de IAA (PLIAA) ou submetida a tratamento térmico (PL100º), Zimograma em gel, revelou que PL e PLDDT apresentaram atividade proteolítica, indicado pela presença de bandas brancas no gel, enquanto PLIAA e PL100ºC foram ausentes nestas atividade. O tratamento dos animais com as diferentes concentrações de PL por via intraperitoneal (i.p.) reduziram significativamente o efeito edematogênico promovido pela Cg, porém não foi observado um efeito dose-dependente. A maior taxa de inibição foi observada no grupo tratado com a PL na dose de 40mg/kg (72,7% e 61,1%). PLDTT (40mg/kg; i.p.) foi eficientes em inibir o edema da pata dos animais nos intervalos de tempo avaliados. Como PLIAA (40mg/kg; i.p.) ainda apresentou efeito anti-edematogênico, sugere-se a não participação de proteases cisteínicas na atividade antiinflamatória. O tratamento com PL100°C mostrou uma redução do efeito anti-edamatogênico quando comparado com a fração PL e este evento foi acompanhado pelo aumento nos níveis de MPO na pata dos animais, permitindo inferir que a ação anti-inflamatória da fração PL envolve a participação de proteínas. Ação da PL de P. pudica sobre o processo inflamatório envolveu vias de inibição ou bloqueio da liberação ou produção de diferentes mediadores como histamina, serotonina, bradicinina e PGE2, uma vez eu PL foi capaz de inibir o pico da inflação induzido por estes mediadores. PL de P. pudica promoveu ainda redução do número de leucócitos e neutrófilos na cavidade peritoneal induzida pela administração de Cg, sugerindo que ação envolve vias de inibição da migração celular. CONCLUSÃO O presente trabalho revelou que a PL de P. pudica é fonte de proteínas com atividade anti-inflamatória. A ação destas parece envolver vias de inibição da produção/bloqueio da libração de mediadores inflamatórios além de inibir a migração de células para o local de inflação. Embora estudos apontem a ação anti-inflamatória de proteases vegetais, estas parecem não estar envolvidas no efeito promovido pelas proteínas presentes no látex de P. pudica. APOIO Universidade Federal do Piauí. Campus Ministro Reis Veloso. REFERÊNCIAS ARAUJO, E S. Látex de Plumeria rubra L (Jasmim): Perfil Proteico, perfil enzimático e ação contra insetos.2009.90f.Dissertação (Mestrado em Bioquímica), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. 2009. ARYA, S., KUMAR, V.L. Anti-inflammatory efficacy of extracts of latex of Calotropis procera against different mediators of inflammation. Mediators of Inflammation, v.4, p. 228-232, 2005 CARMO, L. D. Proteínas isoladas do látex de Himatanthus drasticus (mart.) plumel apocynaceae reduzem a resposta inflamatória e nociceptiva na artrite induzida por zymosan em camundongos. 2015.91f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.2015. LUZ, P. B. Fração Proteica isolada do látex de Calotropis procera (AIT). R. Br. reduz hipernocicepção inflamatória mecânica em camundongos: mecanismos e mediadores envolvidos.2012.85f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.2012. LUCETTI, D. L. Avaliação das atividades antiinflamatória e antinociceptiva do acetato de lupeol Isolado de Himatanthus drasticus (MART.) PLUMEL-Apocynaceae (Janaguba).2010. 101f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.2010. Palavras-Chave: Látex. Proteases. Inflamação.
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