resumo - Centro de Ciências Exatas e da Terra
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resumo - Centro de Ciências Exatas e da Terra
UNIVERSI DADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO Caracterização Faciológica e Parametrização de Análogos a Reservatórios Petrolíferos Fluviais da Formação Açu (Unidade Açu - 3 ) – Bacia Potiguar Relatório de Graduação do Curso de Geologia, financiado por projetos do FINEP/CT-PETRO e pelo PRH-ANP 22. Autor: Leonardo Menezes Orientador: Prof. Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho NATAL, ABRIL DE 2002 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO C ARACTERIZAÇÃO F ACIOLÓGICA E P ARAMETRIZAÇÃO DE ANÁLOGOS A R E S E R V A T Ó R I O S P E T R O L Í F E R O S F L U V I A I S D A F ORMAÇÃO A ÇU (U N I D A D E A Ç U - 3) – B A C I A P O T I G U A R Relatório de Graduação do Curso de Geologia, financiado por projetos do FINEP/CT-PETRO e pelo PRH-ANP 22. Autor: Leonardo Menezes Comissão Examinadora: Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho (Orientador, DG/PPGG/UFRN) MSc. Carlos Alberto Poletto ( P E T R O B R Á S U N- R N / C E ) MSc. Paulo Roberto Cordeiro de Farias ( P E T R O B R Á S U N- R N / C E ) Á MINHA MÃE, QUE ME ENSINOU A LUTA PELA VIDA , EM SUA VIDA DE BATALHAS. AGRADECIMENTOS NÃO HÁ PALAVRAS, NEM FOLHAS SUFICIENTES NESTE TRABALHO, EM QUE EU POSSA EXPRESSAR TODA A GRATIDÃO AOS ESFORÇOS ESPONTÂNEOS E SINCEROS A MIM DEDICADO, QUE TORNARAM POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DO MESMO . AOS NOMES AUSENTES, REGISTRO O MEU PERDÃO, ASSIM COMO AS AÇÕES PRESENTES E A ETERNA LEMBRANÇA DO COMPANHEIRISMO E PACIÊNCIA. AGRADEÇO A DEUS POR ME FAZER PERCORRER CAMINHOS DISTANTES, MAS VERDADEIROS, SEMPRE GUIADO POR ESPÍRITOS DE LUZ E FÉ, DOS QUAIS ME FIZERAM CHEGAR AQUI . AO MEU ORIENTADOR PROF. FRANCISCO PINHEIRO PELO CONVÍVIO, APOIO NA ETAPA EMPREENDIDA , PELA FORÇA A MIM CONFIADA E PELO DESEJO DO SUCESSO. P ELAS DISCUSSÕES CONSTRUTIVAS, MEU MUITO OBRIGADO. AGRADEÇO A PETROBRAS, EM NOMES DOS GEÓLOGOS ALEXANDRE , C ORDEIRO E JOÃO DE DEUS PELA OPORTUNIDADE , ENSINAMENTOS E DISCUSSÕES, E EM ESPECIAL AO PROF. CARLOS ALBERTO POLETTO, POR TODOS OS CONHECIMENTOS A MIM CONCEDIDOS NA ÁREA DE PARAMETRIZAÇÃO E MODELAGEM DE RESERVATÓRIO. AOS PROFESSORES DO LABORATÓRIO M ATMÍDIA DO DEPTO DE M ATEMÁTICA DA PUC-RIO, GEOVAN TAVARES, HÉLIO LOPES E SINÉSIO PESCO, PELA ATENÇÃO E ENSINAMENTOS DURANTE O ESTÁGIO NO MESMO , TENDO SIDO ESTE DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA A REALIZAÇÃO DESTE TRABALHO. AO PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS (PRH-22) E A AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (ANP) PELA OPORTUNIDADE A MIM CONCEDIDA , DE INGRESSAR NA ÁREA DA GEOLOGIA DO PETRÓLEO. AOS PROFESSORES CLÁUDIO PIRES E M ARIA DE FÁTIMA PELO CONVÍVIO HARMONIOSO E EXPERIÊNCIAS, DENTRO E FORA DA UFRN E PELAS CORREÇÕES DOS TEXTOS. AGRADEÇO AO INCRA/RN EM NOME DE VAMILSON PELAS ORTOFOTOCARTAS CEDIDAS GENTILMENTE PARA O PRESENTE TRABALHO. AGRADEÇO A TODOS OS PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DA UFRN QUE DE ALGUMA FORMA CONTRIBUÍRAM DIRETA OU INDIRETAMENTE PARA A MINHA FORMAÇÃO ACADÊMICA . À “GALERA ” DA TURMA , ROGÉRIO, LILIANE , DÉCIO, MIRNIS, EDVALDO, JOAQUIM, INGRED, EM ESPECIAL A ADEILTON E EDSON, POR TUDO QUE FOI VIVENCIADO E REALIZADO NESTA AMIZADE (REDE , SEXTAS’ BAR, QUAKE E NOITES DESGASTANTES SOBRE LIVROS). AGRADEÇO A TODOS OS INTEGRANTES DO GRUPO DE ESTUDOS DE ANÁLOGOS DA UFRN, PRINCIPALMENTE A DANIEL E M ARCUS VINICIUS QUE NUNCA SOUBERAM DIZER NÃO POR MAIS OCUPADOS QUE ESTIVESSEM. V ALEU PELAS NOITES EM CLARO, FINS -DE -SEMANA EM CAMPO E A COMPANHIA, OBRIGADO! AOS AMIGOS FÁBIO E “C HAVEIRINHO” PELOS ENSINAMENTOS E DISCUSSÕES VOLTADAS AS TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO. AGRADEÇO À CLAUDIA PELO CARINHO, AMOR, PACIÊNCIA DOS DIAS E NOITES AUSENTES, E PELA AJUDA SIGNIFICATIVA NA ETAPA FINAL DESTE TRABALHO. AOS FUNCIONÁRIOS DO DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DA UFRN EM ESPECIAL A DEDÉ E CLODOALDO PELA DISPOSIÇÃO, GENTILEZA, SIMPATIA E AMIZADE . POR FIM, AGRADEÇO AO SR. ANTIDIO PELA ATENÇÃO DADA AO MEU TRABALHO, PREOCUPAÇÃO EM MINHA ESTADA EM CAMPO, E QUE POR MEIO DELE ME APRESENTOU A LALÁ , QUE DURANTE AS ETAPAS DE CAMPO NOS TRATOU (A MIM E DEMAIS AMIGOS) COMO INTEGRANTES DA SUA FAMÍLIA, QUE NOS APRESENTOU A “S EU” M IGUEL DONO DE UMA DAS ÁREAS ESTUDADAS, HOMEM HUMILDE E TRABALHADOR QUE NOS FEZ SABOREAR UMA NOITE DE LUA CHEIA NO SEU TERREIRO, QUE NOS APRESENTOU...NO INTERIOR É ASSIM MESMO . ÍNDICE DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS ÍNDICE DE I LUSTRAÇÕES RESUMO ABSTRACT i ii CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1 1.1 - APRESENTAÇÃO 1.2 – JUSTIFICATIVA 1.3 – OBJETIVOS 1.4 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO 1.5 - MÉTODO DE TRABALHO 1.5.1 - SELEÇÃO DA ÁREA 1.5.2 - ARQUITETURA DE FÁCIES 1.5.3 - PARAMETRIZAÇÃO 1.5.4 - SIMULAÇÃO DE RESERVATÓRIO 1 1 2 2 3 3 4 4 5 CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6 2.1 BACIA POTIGUAR 2.1.1 - LOCALIZAÇÃO 2.1.2 - ARCABOUÇO ESTRUTURAL 2.1.3 - ESTRATIGRAFIA 2.1.4 - M AGMATISMO 2.1.5 - EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR 2.1.6 - FORMAÇÃO AÇU 2.2 - SISTEMA FLUVIAL 2.2.1 - ANÁLISE DOS ELEMENTOS ARQUITETURAIS 6 6 7 7 9 10 11 12 14 CAPÍTULO 3 - ARQUITE TURA DE FÁCIES 19 3.1 - L ITOFÁCIES 3.1.1 - CONGLOMERADOS ARENOSOS (GT) 3.1.2 - ARENITO GROSSO A CONGLOMERÁTICO COM CRUZADAS ISOLADA (S T(I)) 3.1.3 - ARENITO GROSSO A MUITO GROSSO COM CRUZADAS AGRUPADAS (S T(A)) 3.1.4 - ARENITO MÉDIO A GROSSO FLUIDIZADO (S F) 3.1.5 - ARENITO MÉDIO A GROSSO (S H) 3.1.6 - PELITO ARENOSO (FL) 19 21 21 22 22 22 23 3.1.7 - PELITO (FM) 3.2 - MODELO DIGITAL DE TERRENO 3.3 - ARQUITETURA E GEOMETRIA 23 23 24 CAPÍTULO 4 - PARAMETRIZAÇÃO 30 4.1 - AQUISIÇÃO DOS PARÂMETROS 4.1.1 – ESPESSURA 4.1.2 – DIREÇÃO PREFERENCIAL 4.1.3 - SINUOSIDADE 4.2 - BANCO DE DADOS 31 31 32 35 36 CAPÍTULO 5 - SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO 40 5.1 - PETBOOL 5.2 – DADOS DE ENTRADA 5.2.1 - DADOS DOS POÇOS 5.2.2 - HISTOGRAMAS EXPERIMENTAIS 5.2.3 - DOMÍNIO, R EFERÊNCIA E RESTRIÇÕES DA SIMULAÇÃO 5.3 - REALIZAÇÕES EQUIPROVÁVEIS DA GEOMETRIA DO RESERVATÓRIO 41 42 42 43 44 45 CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50 ANEXOS ANEXO 1 – MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DE FÁCIES DA ÁREA ESTUDADA ANEXO 2 – PERFIL ESQUEMÁTICO DOS CICLOS FLUVIAIS ANEXO 3 – MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DAS PALEOCORRENTES ANEXO 4 – FORMATO PARA ENTRADA DE DADOS DE POÇOS NO PETBOOL ÍNDICE DE ILUSTRAÇÃO FIGURAS FIGURA 1.1 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO DAS ÁREAS ESTUDADAS ...............................3 FIGURA 1.2 – FLUXOGRAMA DAS PRINCIPAIS ETAPAS DE TRABALHO REALIZADAS .................5 FIGURA 2.1 – M APA DE LOCALIZAÇÃO DA BACIA POTIGUAR, MODIFICADO DE M ONT’ALVERNE ET AL. (1998).........................................................................................6 FIGURA 2.2 – ARCABOUÇO TECTÔNICO DA BACIA POTIGUAR, SIMPLIFICADO DE M ATOS (1992)...............................................................................................................................7 FIGURA 2.3 – CARTA CRONOESTRATIGRÁFICA DA BACIA POTIGUAR (A RARIPE & FEIJÓ, 1994) ..............................................................................................................................12 FIGURA 2.4 – PROPOSTA DAS SEIS ORDENS DE HIERARQUIAS DE SUPERFÍCIES LIMITANTES PARA DEPÓSITOS FLUVIAIS. DIAGRAMA A PARA E REPRESENTA UMA SUCESSIVA AMPLIAÇÃO DE PARTES DE UMA UNIDADE FLUVIAL. N UMA SUPERFÍCIE DE 6A ORDEM É POSSÍVEL RECONHECER SUPERFÍCIES DE ORDEM MENORES. S EGUNDO M IALL (1988). ........................................................................................................................................16 FIGURA 2.5 – A SÉRIE DE ELEMENTOS ARQUITETURAIS DOS DEPÓSITOS FLUVIAIS, COM CÓDIGOS DE LITOFÁCIES DE M IALL (1978). ...................................................................18 FIGURA 3.1 – M APA DE LOCALIZAÇÃO DOS AFLORAMENTOS ESTUDADOS, MOSTRANDO OS PONTOS ONDE FORAM LEVANTADAS A SEÇÕES COLUNARES .........................................20 FIGURA 4.1 – PARÂMETROS QUE DEFINEM UM CANAL FLUVIAL EM TRÊS DIMENSÕES. A DECLIVIDADE É DESCONSIDERADA PARA SIMPLIFICAÇÃO DO MODELO. M ODIFICADO DE LANZARINI ET AL. (1995) E POLETTO (1996)................................................................31 FIGURA 4.2 – SEÇÃO COLUNAR MOSTRANDO UM CICLO DE REATIVAÇÃO DO CANAL FLUVIAL, CARACTERIZADO POR UMA ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES COM GRANODECRESCÊNCIA A ASCENDENTE, LIMITADO POR SUPERFÍCIES DE 5 ORDEM.............................................32 FIGURA 4.3 – HISTOGRAMAS DOS DADOS DE ESPESSURAS, ADQUIRIDOS NOS AFLORAMENTOS ANÁLOGOS...........................................................................................32 FIGURA 4.4 – ESQUEMA MOSTRANDO COMO FORAM MEDIDAS AS PALEOCORRENTES. (A) BLOCOS DIAGRAMAS MOSTRANDO A MIGRAÇÃO E GEOMETRIA (EM CORTE HORIZONTAL, TRANSVERSAL E LONGITUDINAL) DE FORMAS DE LEITO 3D, PROGRAMA BEDFORM (R UBIN, 1987). (B) GEOMETRIA DAS FORMAS DE LEITO 3D VISTA EM PLANTA, COM DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS MEDIDOS EM CAMPO, AFLORAMENTO BP/A-3/05.........33 FIGURA 4.5 – FOTOMOSAICOS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS DE PEQUENO FORMATO (FAPEF’S), NAS DUAS ESCALAS LEVANTADAS. (A) FOTOMOSAICO MOSTRANDO AFLORAMENTO BP/A-3/01. (B) FOTOMOSAICO DE PARTE DO AFLORAMENTO BP/A- 3/02, EM DETALHE OBSERVA-SE À GEOMETRIA EM PLANTA E SENTIDO DA PALEOCORRENTE DA FORMA DE LEITO 3D.....................................................................34 FIGURA 4.6 – (A) DIAGRAMA REPRESENTANDO O CÁLCULO DA SINUOSIDADE PARA RIOS COM ÚNICO CANAL E MULTI-CANAIS SEGUNDO FRIEND & SINHA (1993). (B) IMAGEM LANDSAT TM COM COMPOSIÇÃO RGB, DESTACANDO PARTE DO RIO AÇU QUE MOSTRA VETORES LINEARES, UTILIZADOS PARA CÁLCULO DE SINUOSIDADE DO CANAL.............35 FIGURA 4.7 – FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO EXPERIMENTAL DAS SINUOSIDADES (S) DOS CANAIS. MÍNIMO DADOS DO ANÁLOGO RECENTE. ESTATÍSTICAS: MÉDIA ARITMÉTICA 1,19; 1,03; MÁXIMO 1,56; MEDIANAS 1,13; NO DE AMOSTRAS 31; VARIÂNCIA 0,016. ........................................................................................................................................36 FIGURA 4.8 - APRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DO BANCO DE DADOS MONTADO PARA ARMAZENAR OS PARÂMETROS OBTIDOS NOS AFLORAMENTOS ANÁLOGOS. (A) T ABELA PRINCIPAL DE ATRIBUTOS DO TEMA AFLORAMENTO. (B) TABELA SECUNDÁRIA DE ATRIBUTOS DO TEMA AFLORAMENTO..............................................................................38 FIGURA 4.9 - APRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DO BANCO DE DADOS PARA OS PARÂMETROS ADQUIRIDOS NO LEVANTAMENTO DE SEÇÕES COLUNARES. (A) T ABELA PRINCIPAL DE ATRIBUTOS DO TEMA PERFIL FACIOLÓGICO. (B) TABELA SECUNDÁRIA DE ATRIBUTOS DO TEMA PERFIL FACIOLÓGICO.......................................................................................39 FIGURA 5.1 – CURVA DE PROPORÇÃO VERTICAL DE FÁCIES (CPVF), REALIZADA COM BASE EM TRÊS POÇOS VERTICAIS, CONTENDO 20 INTERVALOS. MODIFICADO DO GUIA DO USUÁRIO DO PETBOOL 3.0.............................................................................................41 FIGURA 5.2 – ESQUEMA MOSTRANDO COMO FORAM CRIADOS OS PSEUDOPOÇOS VERTICAIS A PARTIR DOS POÇOS DIRECIONAIS................................................................................42 FIGURA 5.3 – SUPERFÍCIE DO MARCO DE REFERÊNCIA DO DOMÍNIO SIMULADO, SENDO ESTE GERADO A PARTIR DA INTERPOLAÇÃO DOS DADOS DO MARCO DE REFERÊNCIA DOS POÇOS VERTICAIS. OS VALORES DA COORDENADA Z DOS PSEUDOPOÇOS FORAM OBTIDOS POR MEIO DESTA SUPERFÍCIE ..........................................................................43 FIGURA 5.4 – FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO EXPERIMENTAL DAS ESPESSURAS DOS CANAIS FLUVIAIS. D ADOS DE AFLORAMENTOS. E STATÍSTICAS: MÉDIA ARITMÉTICA 4,48; MÍNIMO 2,1 M; MÁXIMO 8,2 M; MEDIANA 320; NO DE AMOSTRAS 17..........................................44 FIGURA 5.5 – FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO EXPERIMENTAL DAS SINUOSIDADES DOS CANAIS. DADOS DE ANÁLOGO RECENTE. E STATÍSTICAS: MÉDIA ARITMÉTICA 1,19; MÍNIMO 1,03; O MÁXIMO 1,56; MEDIANAS 1,13; N DE AMOSTRAS 31; VARIÂNCIA 0,016......................44 FIGURA 5.6 – FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO EXPERIMENTAL DAS DIREÇÕES PREFERENCIAIS DOS CANAIS. DADOS DE AFLORAMENTOS ANÁLOGOS. ESTATÍSTICAS: MÉDIA 124,56O; MÍNIMO 1O; MÁXIMO 180O; MEDIANA 130,5 O; NO DE AMOSTRAS ARITMÉTICA 217; MODA 130O.............................................................................................................44 FIGURA 5.7 – VISUALIZAÇÃO EM PERSPECTIVA DO DOMÍNIO E DE TRÊS REALIZAÇÕES EQUIPROVÁVEIS DA GEOMETRIA E ARQUITETURA DO RESERVATÓRIO (VISTA PARA NOROESTE).....................................................................................................................45 FIGURA 5.8 - GRÁFICOS DE DISPERSÃO ( CURVA SOLICITADA X CURVA OBTIDA ) PARA OS TRÊS GRUPOS DE SIMULAÇÃO, (A) QUATRO SIMULAÇÕES COM 25 INTERVALOS NA CPVF, (B) OITO SIMULAÇÕES COM 15 INTERVALOS NA CPVF E (C) 15 SIMULAÇÕES COM 25 INTERVALOS NA CPVF......................................................................................47 PRANCHAS PRANCHA 3.1 FOTO A – DETALHE DA TEXTURA DA LITOFÁCIES GT, ONDE SÃO OBSERVADOS CLASTOS DE QUARTZO PREDOMINANDO, COM TAMANHOS VARIANDO DE ANGULOSOS A SUB -ANGULOSOS, COM BAIXA A 1 A 5 CM COM SEIXOS MODERADA ESFERICIDADE . AFLORAMENTO BP/A-3/2...............................................................................................26 FOTO B – CONTATO ENTRE AS LITOFÁCIES FL E GT, SENDO OBSERVADO NA BASE DA LITOFÁCIES GT GRANDES CLASTOS DE PELITOS. N ÍVEL BASAL DA SEÇÃO BP/A-3/1 G. ........................................................................................................................................26 FOTO C – LITOFÁCIES ST(I ) EM CORTE LONGITUDINAL AO FLUXO DA CORRENTE APRESENTANDO ESTRATIFICAÇÕES CRUZADAS TANGENCIAIS NA BASE E SEIXOS DISPERSOS. A FLORAMENTO BP/A-3/01........................................................................26 FOTO D – SEÇÃO PARALELA AO FLUXO DA CORRENTE, MOSTRANDO A LITOFÁCIES ST(A) COM MÚLTIPLAS ESTRATIFICAÇÕES CRUZADAS AGRUPADAS DE PEQUENO A MÉDIO O PORTE, MARCADAS POR SUPERFÍCIES LIMITANTES DE 1 ORDEM. A FLORAMENTO BP/A- 3/1...................................................................................................................................26 FOTO E - ARENITO MÉDIO A GROSSO MACIÇO DA LITOFÁCIES SF, CONTENDO POUCOS SEIXOS DISPERSOS MENORES QUE DOIS CENTÍMETROS, COM AUSÊNCIA DE ESTRUTURAS SEDIMENTARES . A FLORAMENTO BP/A-3/9 (KM 98 DA BR-304). ..........26 PRANCHA 3.2 FOTO A – ARENITO MÉDIO À GROSSO MACIÇO, EXIBINDO PSEUDOESTRATIFICAÇÕES (LIESENGANGS ). A FLORAMENTO BP/A-3/9...................................................................27 FOTO B – FOLHELHOS AVERMELHADOS DA LITOFÁCIES FL, APRESENTANDO ESTRUTURA LAMINADA . A FLORAMENTO BP/A-3/8. ...........................................................................27 FOTO C – LIMITE ENTRE UM CICLO ARENOSO E O PACOTE DE LAMITO DA LITOFÁCIES FM. ESTE PACOTE APRESENTA-SE BASTANTE ALTERADO COM GRANDE CONTINUIDADE LATERAL. A FLORAMENTO BP/A-3/9. .............................................................................27 TABELAS TABELA 2.1 – LITOFÁCIES ASSOCIADAS A DEPÓSITOS ALUVIAIS SEGUNDO M IALL (1978)...15 TABELA 2.2 – SÍNTESE DOS ELEMENTOS ARQUITETURAIS DE DEPÓSITOS FLUVIAIS. M ODIFICADO DE MIALL (1985, 1988A)..........................................................................17 PAINEIS PAINEL 3.1 - PRODUTOS OBTIDOS EM TODAS AS ETAPAS ENVOLVIDAS PARA CRIAÇÃO DAS ENTIDADES TRIDIMENSIONAIS.........................................................................................28 PAINEL 3.2 - FOTOMOSAICO DO AFLORAMENTO BP/A-3/12, COM INTERPRETAÇÃO DAS SUPERFÍCIES LIMITANTES, DISTRIBUIÇÃO DAS PALEOCORRENTES E ASSOCIAÇÃO FACIOLÓGICA . LOCALIZADO A CERCA DE 2 KM DA ÁREA ESTUDADA ..............................29 RESUMO NESTE RELATÓRIO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS REFERENTES AO ESTUDO DE ARQUITETURA DE FÁCIES E PARAMETRIZAÇÃO DE ANÁLOGOS (RECENTES E ANTIGOS) A RESERVATÓRIOS DE CANAL FLUVIAL DA FORMAÇÃO AÇU (U NIDADE AÇU-3), BACIA POTIGUAR. OS ANÁLOGOS ANTIGOS CORRESPONDEM AOS AFLORAMENTOS COM GRANDES EXPOSIÇÕES DA MESMA UNIDADE LITOESTRATIGRÁFICA E O ANÁLOGO RECENTE O R IO AÇU. PARA AQUISIÇÃO DOS DADOS FOI UTILIZADA UMA METODOLOGIA ENVOLVENDO DIVERSAS TÉCNICAS, COMO: ANÁLISE DE FÁCIES, FOTOGRAFIA AÉREA DE PEQUENO FORMATO (FAPEF) E GEOPROCESSAMENTO. ESTES ESTUDOS RESULTARAM NA GERAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS PARA USO NA MODELAGEM ESTOCÁSTICA ORIENTADA A OBJETOS. E STE BANCO DE DADOS ESTÁ ESTRUTURADO EM UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG). A PARTIR DA VARIABILIDADE DOS PARÂMETROS (ESPESSURA , DIREÇÃO PREFERENCIAL E SINUOSIDADE ), CONTIDA NO BANCO DE DADOS E OS CONDICIONAMENTOS A POÇOS, FORAM REALIZADAS SIMULAÇÕES DA GEOMETRIA E ARQUITETURA SEDIMENTAR DE UM RESERVATÓRIO FLUVIAL DA BACIA POTIGUAR. AS REALIZAÇÕES EQUIPROVÁVEIS DA GEOMETRIA E ARQUITETURA DO RESERVATÓRIO FORAM GERADAS UTILIZADO O SOFTWARE DE MODELAGEM ESTOCÁSTICA ORIENTADA A OBJETOS PETBOOL. i ABSTRACT THIS REPORT PRESENTS THE RESULTS OF A FACIES ARCHITECTURE AND PARAMETRIZATION STUDY OF RECENT AND PALEO FLUVIAL CHANNELS ANALOGOUS OF THE AÇU FORMATION (A ÇU-3 UNIT), POTIGUAR BASIN. THE PALEO ANALOGUES WERE INVESTIGATED IN EXTENSIVE OUTCROPS OF THE AÇU FORMATION ITSELF, WHEREAS THE RECENT ANALOGUE DEPOSITS WERE STUDIED ALONG THE CURRENT AÇU RIVER. S EVERAL TECHNIQUES WERE USED: FACIES ANALYSIS, SMALL FORMAT AERIAL PHOTOGRAPHY , AND REMOTE SENSING ANALYSIS. ANALYZED IN A GIS THE STUDY PRODUCED A DATASET, WHICH WILL BE GIS PLATFORM AND USED IN THE STOCHASTIC MODELING OF OBJECTS. GEOMETRIC SIMULATIONS OF A FLUVIAL RESERVOIR WERE PERFORMED ON THE BASIS OF PARAMETER VARIABILITY (THICKNESS, PREFERENTIAL DIRECTION, AND CHANNEL SINUOSITY) OF A DATASET, AS WELL AS WELL DATA. THE EQUIPROBABLE REALIZATIONS OF THE RESERVOIR GEOMETRY WERE ANALYZED IN THE PETBOOL, WHICH IS A SOFTWARE OF OBJECT ORIENTED STOCHASTIC MODELING. ii CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 - APRESENTAÇÃO Este relatório é parte dos requisitos exigidos para a conclusão da disciplina obrigatória “Relatório de Graduação” (GEO-345), do curso de Graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo esta disciplina a última exigida para obtenção do grau de Bacharel em Geologia na UFRN. No presente relatório foram realizados mapeamentos genéticos em uma área no município de Açu-RN, com montagem da arquitetura de fácies de um sistema fluvial; parametrizados os elementos arquiteturais do canal fluvial e realizadas simulações do domínio de um reservatório, sendo estes trabalhos realizados sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho do Departamento de Geologia da UFRN. O trabalho teve apoio financeiro dos seguintes projetos: Mapeamento e Parametrização de Afloramentos do Sistema Fluvial e Flúvio-estuarino da Formação Açu – Bacia Potiguar, para uso em Modelagem Geológica 3D de Reservatórios Petrolíferos (FINEP/FNDCT/CTPETRO), Estudo de Afloramentos Análogos a Reservatórios Petrolíferos da Formação Açu (FINEP/FNDCT/CTPETRO) e Perfuração de Poço em "U" Utilizando Pig-lift Encordoado para Elevação (FINEP/FNDCT/CTPETRO). Também, recebeu apoio do Programa de Formação em Geologia, Geofísica e Informática no Setor Petróleo & Gás na UFRN – PRH22 e do Departamento de Geologia da Universidade do Rio Grande do Norte. 1.2 – JUSTIFICATIVA Vários processos sedimentares contribuem para a criação de heterogeneidades em reservatórios petrolíferos, podendo afetar diretamente a produção de óleo e gás em bacias sedimentares. As heterogeneidades, de diferentes escalas, influenciam o comportamento do fluxo de fluidos em rochas reservatório e podem ter grande impacto na recuperação de hidrocarbonetos. Dentre os fatores mais importantes, destacam-se a dimensão, geometria e orientação dos corpos no reservatório, considerados críticos no desenvolvimento e produção de óleo e gás. Pesquisas voltadas para o reconhecimento da geometria e RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 1 MENEZES,L. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO das heterogeneidades de reservatórios, e aplicações decorrentes, têm possibilitado o aumento das reservas atuais, tanto por uma melhor quantificação do volume original, quanto pelo aumento do fator de recuperação. A geometria dos reservatórios é principalmente definida pela distribuição espacial das fácies sedimentares, gerando heterogeneidades em diversas escalas. As escalas mega e macroscópica são os principais enfoque para o estudo da geometria de reservatórios, sendo caracterizadas pelas variações de fácies e suas associações. Portanto, o estudo da arquitetura de fácies e parametrização de afloramentos análogos constitui uma das principais ferramentas utilizadas para melhor compreensão das heterogeneidades e geometria dos reservatórios, onde é possível obter informações geológicas detalhadas dos reservatórios a partir de dados de superfície. 1.3 – OBJETIVOS O objetivo principal deste trabalho foi montar um banco de dados, a partir da análise da arquitetura de fácies e parametrização de afloramentos, e de depósitos recentes, análogos aos reservatórios petrolíferos da Formação Açu (Unidade Açu3) Bacia Potiguar. Visou-se também a realização de simulações da geometria tridimensional, de um reservatório de canal fluvial, a partir do software “PetBool”, tendo como dados de entrada a variabilidade dos parâmetros nos análogos estudados. Para seleção dos afloramentos análogos aos reservatórios de canais fluviais foi realizado um reconhecimento regional ao longo da faixa aflorante da Formação Açu. A parametrização foi realizada com base na proposta de Poletto (1996), com a qual se obtém representações equiprováveis da geometria dos reservatórios de canais fluviais, a partir da modelagem estocástica de objetos geológicos. Nessa proposta o canal fluvial é definido pelos parâmetros: largura, espessura, direção e sinuosidade. 1.4 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO A área em estudo está inserida na borda sul da Bacia Potiguar, perfazendo aproximadamente 25km2, limitadas pelas latitudes 5o33’6,10” e 5o35’29,59” S e longitudes 37o04’54,15” e 37o02’32,38” W, localizando-se a cerca de 15km da cidade de Açu, no sentido Mossoró pela BR-304. Esta rodovia é a única asfaltada na área, sendo as demais estradas de terra piçarradas (figura 1.1). Outra área estudada foi o leito do Rio Açu, sendo as medidas de sinuosidade obtidas no trecho entre o Município de Açu até próximo a sua foz (figura 1.1). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 2 MENEZES,L. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO No presente relatório não será abordado o posicionamento geográfico do reservatório estudado, de forma a preservar as informações confidenciais obtidas na empresa PETROBRÁS. Figura 1.1 – Localização e vias de acesso das áreas estudadas. 1.5 - MÉTODO DE TRABALHO O desenvolvimento dos trabalhos contidos neste relatório consistiu basicamente de quatro etapas: Seleção da Área, Arquitetura de Fácies, Parametrização e Simulação do Reservatório. Uma síntese sobre o método de trabalho utilizado é descrita a seguir e apresentado na figura 1.2. Porém, quando se fizer necessário, maiores detalhes sobre os métodos empregados serão abordados no decorrer do relatório. 1.5.1 - SELEÇÃO DA ÁREA Para a seleção da área foi realizado um reconhecimento regional ao longo de toda faixa aflorante da Formação Açu, utilizando-se, como base, trabalhos previamente desenvolvidos no âmbito do Curso de Geologia da UFRN e da PósGraduação em Geodinâmica e Geofísica da UFRN. O reconhecimento regional RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 3 MENEZES,L. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO consistiu em visitas de campo para caracterização e seleção de afloramentos. Foi elaborado, nesta etapa, um mapa base a partir de imagens Landsat, na escala de 1:100.000, com localização dos afloramentos e vias de acessos. A área selecionada, para o presente estudo, apresenta afloramentos com boa espessura e continuidade lateral, o que os torna passíveis de correlação. Na área dos afloramentos análogos não foi possível medir os dados de sinuosidade. Desta forma, foi utilizado um artifício para obtenção do parâmetro de sinuosidade em um suposto análogo recente, o Rio Açu. 1.5.2 - ARQUITETURA DE FÁCIES A arquitetura de fácies foi realizada a partir de informações obtidas em fotografias aéreas e das descrições de afloramentos (associação de fácies, levantamento de seções colunares e distribuição das paleocorrentes). As descrições de afloramentos foram georreferenciadas com uso do Global Position Sistem (GPS), modelo Etrex Vista da marca Garmin. Este equipamento apresenta uma acurácia planimétrica de 7 m. Para uma melhor correlação entre os diversos dados de campo adquiridos, dentro de um arranjo tridimensional, foi elaborado um Sistema de Informações Geográficas (SIG), com mapas temáticos de perfil faciológico e de afloramento dispostos em entidades vetoriais tridimensionais. O atributo Z (altitude) foi adquirido a partir do Modelo Digital do Terreno (MDT) elaborado para a área estudada. 1.5.3 - PARAMETRIZAÇÃO Para os trabalhos de Parametrização foram selecionados os afloramentos com maiores exposições da área selecionada, obtendo-se os parâmetros de direção e espessura. As espessuras dos canais foram estimadas a partir de sessões colunares, definidas com base na interpretação de ciclos de reativação do canal fluvial. Os dados de direção preferencial foram determinados a partir de medidas de paleocorrentes, adquiridas nos afloramentos com grande exposição em planta. As medidas de paleocorrente foram obtidas diretamente no campo, ou, indiretamente, por meio de fotografias aéreas de pequeno formato (FAPEF´s). Os dados de sinuosidade foram medidas do Rio Açu, a partir de imagens de satélites. Todos os dados adquiridos, nesta etapa, foram agrupados em um banco de dados georreferenciados. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 4 MENEZES,L. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.5.4 - SIMULAÇÃO DE RESERVATÓRIO As simulações foram realizadas com o software “PetBool”, tendo como dados de entrada os parâmetros adquiridos nos afloramentos e em depósitos recentes, bem como os dados de poços do reservatório estudado. Para alimentar o PetBool foram utilizados os parâmetros de sinuosidade, direção e espessura, distribuídos em histogramas experimentais. Para realizações equiprováveis da geometria e arquitetura de um volume do reservatório, foram utilizados 16 poços verticais e 2 poços direcionais. Figura 1.2 – Fluxograma das principais etapas de trabalho realizadas. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 5 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo é apresentado uma visão geral sobre a Bacia Potiguar, bem como uma síntese sobre o sistema fluvial, com ênfase na proposta metodológica de análise faciológica aplicada a depósitos fluviais de Miall (1985, 1988a), denominada de “Análise dos Elementos Arquiteturais”. 2.1 BACIA POTIGUAR LOCALIZAÇÃO A Bacia Potiguar está localizada no extremo leste da margem equatorial do Brasil, compreendendo parte dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, bem como suas plataformas continentais. A bacia esta limitada a sul e oeste por rochas do embasamento cristalino, ao norte e leste pelo Oceano Atlântico e, a noroeste, pela Bacia do Ceará (figura 2.1). Segundo Bertani et al. (1990) a Bacia Potiguar abrange uma área de aproximadamente 48.000km2, com cerca de 21.000km2 em sua porção emersa e com 27.000 km2 em sua porção submersa na plataforma e talude continental. Figura 2.1 – Mapa de localização da Bacia Potiguar, modificado de Mont’Alverne et al. (1998). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 6 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ARCABOUÇO ESTRUTURAL Quatro feições morfo-estruturais (grabens, altos internos, plataformas rasas do embasamento e talude) predominam no arcabouço estrutural da Bacia Potiguar, estando estas feições relacionadas com os grandes eventos de estiramento crustal (rifte) e da fase de deriva continental que afetaram a bacia (figura 2.2). Segundo Matos (1992) o Rifte Potiguar foi implantado sobre rochas do embasamento cristalino, aproveitando seu trend predominante de direção NE-SW, durante o Cretáceo Inferior, sendo a Falha de Carnaubais a principal falha do Rift Potiguar. Segundo Hackspacher & Oliveira (1984) a Falha de Carnaubais está associada a uma possível reativação da Zona de Cisalhamento de Portalegre de idade Brasiliano. Além das estruturas de direção NE-SW presente na bacia, são observadas outras importantes estruturas de direção NW-SE, interpretadas por Hackspacher et al. (1985), como produto de reativações pós-campanianas. Matos (1992) interpreta estas estruturas como sendo falhas de transferência durante a fase rifte inicial. Cremonini et al. (1996) caracterizaram este padrão de falhamentos NW-SE e NESW na porção submersa da bacia como sendo o produto de superposição de fases de rifteamento. Figura 2.2 – Arcabouço tectônico da Bacia Potiguar, simplificado de Matos (1992). ESTRATIGRAFIA Segundo Souza (1982) o preenchimento sedimentar desta bacia está intimamente relacionado com as diferentes fases de sua evolução tectônica, sendo a Formação Pendência associada à fase rifte; a Formação Alagamar à fase RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 7 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA transicional; e as Formações Açu, Ponta do Mel, Jandaíra, Ubarana, Tibau e Guamaré relacionadas à fase drifte. Araripe & Feijó (1994) sugeriram uma nova organização litoestratigráfica para a bacia, subdividindo as seqüências sedimentares em três grupos: Areia Branca, Apodi e Agulha. Compõem ainda, nessa proposta, as rochas vulcânicas, individualizadas nas formações Rio Ceará-Mirim, Serra do Cuó e Macau (figura 2.3). O Grupo Areia Branca, que engloba as Formações Pendência, Pescada e Alagamar, é caracterizado por conteúdo essencialmente clástico. A Formação Pendência (Souza, 1982) é representada por rochas siliciclásticas e carbonáticas, interpretadas como um sistema fluvio-deltáicolacustrino de idade Neo-Rio da Serra a Jequiá, que repousam dicordantemente sobre o embasamento cristalino. Nas seqüências mais basais desta formação, predomina uma sedimentação lacustre com fluxos gravitacionais de arenitos e conglomerados, de leques e de fandeltas, gerados na margem falhada e na margem flexural. Já nas seqüências mais superiores a sedimentação é predominantemente fluvio-deltáica, ficando a sedimentação lacustre reduzida a trechos isolados na bacia. A Formação Pescada (definida por Araripe & Feijó, 1994) refere-se a cunha clástica sin-tectônica, reconhecida inicialmente na região do campo produtor de “Pescada”. É representada por conglomerados e arenitos, depositados em um sistema de leques aluviais, cuja atividade está geneticamente relacionada ao final da fase rifte na bacia. Souza (1982) caracterizou a Formação Alagamar como uma formação subdividida no Membro Upanema, Camada Ponta do Tubarão (CPT), Membro Galinhos e Membro Aracati. Araripe & Feijó (1994) incluíram o Membro Aracati na Formação Açu e definiram a Formação Alagamar como sendo composta por arenitos e lamitos interpretados como de origem fluvio-deltáico (Membro Upanema) e transicional (Membro Galinhos), separados por um intervalo de folhelhos pretos e calcilutitos ostracoidais, de ambiente transicional (Camada Ponta do Tubarão). Dados bioestratigráficos fornecem uma idade Neo-Aptiano para estas rochas. O Grupo Apodi é representado pelas Formações Açu, Jandaíra, Quebradas e Ponta do Mel, segundo Araripe & Feijó (1994). A Formação Açu é representada por uma seqüência de rochas siliciclásticas variando desde conglomerados a argilitos, constituindo a porção continental da Seqüência Transgressiva Albo-Cenomaniana (Bertani et al., 1990). A Formação Açu, principal enfoque deste trabalho, será explorada com maiores detalhes no item 2.1.6. A Formação Ponta do Mel é representada por rochas carbonáticas interpretadas como de origem marinha rasa, abrangendo tanto os sistemas de RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 8 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA planície de maré quanto o de mar aberto. Foi definida por Tibana & Terra (1981; apud Araripe & Feijó, 1994). Recobre concordantemente os clásticos eo-albianos da Formação Açu. Sua idade é estimada como Neo-Albiano. A Formação Quebradas foi dividida por Araripe & Feijó (1994) em dois membros: Redonda e Porto do Mangue, sendo constituídos, respectivamente, de arenitos e folhelhos. Seus ambientes de deposição são marinhos de plataforma e talude, depositados durante o Cenomaniano. O contato inferior é discordante com a Formação Ponta do Mel e, o superior, é concordante com a Formação Jandaíra. A Formação Jandaíra, proposta primeiramente por Sampaio & Schaller (1968; apud Araripe & Feijó, 1994), é constituída por calcarenitos, calcarenitos bioclásticos e calcilutitos. Os sedimentos foram depositados em uma grande plataforma carbonática que recobriu toda porção emersa da bacia, entre o Turoniano e o Mesocampaniano. Monteiro & Faria (1990) interpretam dois tipos distintos de modelos para plataforma carbonática da Formação Jandaíra, sendo o primeiro modelo associado a uma rampa carbonática sem borda definida, com fácies de águas rasas passando gradativamente para fácies de águas profundas; o segundo modelo consiste de uma plataforma carbonática com borda formada por bancos bioclásticos, restringindo uma plataforma ampla e rasa. Na parte emersa predominam sedimentos de fundo de laguna e barra bioclásticas. Na área de Governador Dix-Sept Rosado afloram evaporitos de supramaré. Esta formação possui um contato concordante com os clásticos transicionais das Formações Açu e Quebradas, tendo seu topo moldado por uma grande discordância neocampaniana que marca o final da Seqüência Transgressiva. Esta unidade constitue o litotipo dominante que aflora na Bacia Potiguar emersa, sendo constatado em poços com espessura de até 600 metros. O Grupo Agulha abrange os sistemas de leques costeiros, plataforma e talude, depositados entre o Neocampaniano e o Recente, representados, respectivamente, pelas Formações Barreiras, Tibau/Guamaré e Ubarana. M AGMATISMO Araripe & Feijó (1994) individualizaram três eventos magmáticos, representados em três formações: Rio Ceará Mirim, Serra do Cuó e Macau. A Formação Rio Ceará Mirim é representada por diques de diabásio toleíticos com forte orientação E-W, apresentando idades entre 120 e 140 Ma. Segundo Oliveira (1993) este evento magmático pode estar relacionado à formação do Rifte Potiguar. A Formação Serra do Cuó é representada por diques de diabásio com tendência alcalina, com idades de aproximadamente 53 Ma. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 9 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A Formação Macau corresponde aos derrames de olivina-basalto que ocorrem intercalados as rochas das Formações Tibau, Guamaré e Ubarana. Também formam as intrusões do Pico do Cabugi e de Pedro Avelino. Estes derrames foram datados por Mizusaki (1987) com idades variando entre 29 e 45 Ma. EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR Diversos autores consideram a separação do super continente Gondwana como responsável pela origem das bacias interiores do nordeste brasileiro. Françolin & Szatmari (1987) definem um regime de esforços com distensão norte-sul e compressão leste-oeste, durante o Neocomiano, responsáveis pela formação do Rifte Potiguar, que foram gerados pela rotação diferencial dextral entre a placa sul-americana em relação à africana. Estes autores definem a presença dos diques de diabásio da Formação Rio Ceará Mirim como responsável pela separação dos segmentos transtensional a NE e transpressional a SW. Durante o Aptiano, prosseguiu a distensão N-S e, no Eoalbiano, teve início o movimento divergente leste-oeste, entre as placas sul-americana e africana, gerando um cisalhamento dextral na atual margem equatorial. Matos (1987; 1992) propôs a evolução do Rifte Potiguar mediante duas fases principais de rifteamento (Sin-Rifte II e Sin-Rifte III). O estágio Sin-Rifte II (Neocomiano-Eobarremiano) foi originado por esforços distensivos máximos, que passaram a atuar segundo a direção E-W, e o estágio Sin-Rifte III (Neobarremiano), caracterizado por um processo distensivo, que começou a concentrar a deformação ao longo da futura margem continental, causando uma grande mudança na cinemática rifte. O final da fase rifte, na Bacia Potiguar, é marcado pela deposição dos sedimentos da Formação Alagamar, durante o Neoaptiano, sendo estes confinados aos limites do rifte na porção emersa. Rodrigues et al. (1983) sugerem que a primeira invasão marinha na bacia tenha ocorrido nesta idade. A deposição dos sedimentos siliciclásticos da Formação Açu e da plataforma carbonática da Formação Ponta do Mel, estão associadas ao início de um grande ciclo marinho transgressivo durante o Albiano. O apogeu deste ciclo é marcado pela implantação da plataforma carbonática da Formação Jandaíra, afogando os sistemas aluviais da Formação Açu. Uma seqüência regressiva deposicional é iniciada após um forte evento erosivo no Neocampaniano. Morais Neto (1999) associa este evento a um soerguimento causado pela presença de uma pluma mantélica. O registro sedimentar desta grande regressão na bacia é dado pelas Formações Barreiras, Tibau, Guamaré e Ubarana. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 10 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FORMAÇÃO AÇU A Formação Açu, de idade Albo-Turoniano, é constituída por sedimentos siliciclásticos, com predominância de arenitos e lamitos, que formam uma seqüência estratigráfica da ordem de centenas de metros de espessura, com padrão de granodecrescência ascendente. Esta deposição está relacionada a um evento transgressivo que culmina com os carbonatos de plataforma da Formação Jandaira. Os sistemas deposicionais interpretados para as rochas que compreendem a Formação Açu, correspondem a depósitos de leques aluviais na base, seguindo-se sistemas fluviais entrelaçado e meandrante, constituindo a maior parte da formação, e de complexos estuarinos e litorâneos no seu topo (Castro & Barrocas,1981). A Formação Açu possui, em média, uma faixa aflorante de 15km de largura, ao longo da borda da bacia, recobrindo o embasamento cristalino com espessura de até 200 m. Porém, na região submersa da bacia, sua espessura atinge cerca de 1000 m. Nesta unidade litoestratigráfica encontram-se os principais reservatórios de hidrocarbonetos da Bacia Potiguar, e constitui um importante aqüífero da região Nordeste. Vasconcelos et al. (1990) compartimentaram a Formação Açu em quatro unidades estratigráficas operacionais (denominadas de unidades Açu-1 a Açu-4), identificáveis em perfis de poços e rastreáveis por correlação ao longo de toda a porção emersa da bacia. A unidade Açu-1 representa depósitos de leques aluviais. As unidades Açu-2 e Açu-3 correspondem aos grandes ciclos fluviais da Formação Açu, apresentando padrão de granodecrescência ascendente. A base da unidade Açu-3 é caracterizada por uma reativação do sistema fluvial. A unidade Açu 4 é constituída por depósitos de origem estuarina. A unidade Açu-3, alvo do presente trabalho, é representada por depósitos de origem fluvial, do tipo entrelaçado, que gradam para depósitos correspondentes a sistema fluvial meandrante grosso. Lanzarini (1995) adotou o modelo “meandrante de granulometria grossa” de Brown (1973), para os depósitos fluviais da Formação Açu, com base em dados de poços testemunhados e de três afloramentos representante da unidade Açu-3. A unidade Açu-3 foi uma das primeiras unidades estratigráficas estudadas no Brasil, visando à caracterização da variabilidade e parâmetros do sistema fluvial, onde são destacados os trabalhos de Becker et al. (1992), Lanzarini (1995), e Barton et al. (1995), sendo estes estudos, executados nos afloramentos do km 98 e km 99 da BR-304. Também, destaca-se o trabalho de parametrização de canais fluviais, realizado a partir de um modelo detalhado de subsuperfície, proposto por Poletto (1996). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 11 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Figura 2.3 – Carta cronoestratigráfica da Bacia Potiguar (Araripe & Feijó, 1994) 2.2 - SISTEMA FLUVIAL Nos sistemas fluviais, a distribuição de fácies e sua arquitetura são determinadas primeiramente pela geometria e dinâmica dos segmentos do canal. 0s principais estudos dos padrões fluviais classificam a morfologia dos canais, vista em planta, em quatro padrões básicos, designados de: retilíneo, meandrante, entrelaçado e anastomosado (Miall, 1977). São caracterizados em função dos RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 12 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA parâmetros morfométricos dos canais, como sinuosidade, grau de entrelaçamento e relação entre largura e profundidade. Em função do valor da sinuosidade, os rios são divididos em: rios de alta (maior que 1,5) e baixa (menor que 1,5) sinuosidade. O grau de entrelaçamento mede o número de barras ou ilhas no canal. A relação largura/profundidade oferece também uma boa discriminação entre os diferentes tipos de rios, onde razões > 40 são típicos de rios entrelaçados, enquanto que os outros tipos possuem valores < 40. De forma geral, pode-se dizer que os rios entrelaçados são mais comuns em regiões desérticas secas periglaciais, enquanto os rios meandrantes estão ligados a climas mais úmidos. Os rios retilíneos estão praticamente restritos a pequenos segmentos de drenagens e distributários deltaicos. Os canais dos rios nem sempre estão representados na natureza pelos seus extremos, sendo comum a observação de padrões intermediários. Ao longo de um mesmo rio pode-se observar a passagem gradativa de características próprias de um determinado padrão para outro. Ao longo do tempo, pode ocorrer variação em função da descarga do rio nas épocas de cheia e de estiagem (Riccomini et al., 2000). Varias propostas de modelos deposicionais fluviais foram apresentadas desde da década de 70, onde destacam-se os seguintes trabalhos: Walker & Cant (1984) criaram modelos detalhados, sendo o modelo meandrante baseado em muitos exemplos modernos e antigos, com apresentação de ciclo ideal para seqüência vertical de fácies. O modelo entrelaçado basea-se no sistema recente do South Saskatchevan, e apresentam como modelo de seqüência vertical, um ciclo ideal do Arenito Battery Point. Smith & Smith (1980) definiram o sistema anastomosado, sendo este formado por uma rede de canais interconectados, relativamente profundos e estreitos, retilíneos a sinuosos, em ambiente de baixo gradiente. Os canais são caracterizados por arenitos grossos e conglomerados, e a planície de inundação por sedimentos finos. Neste sistema predomina agradação vertical. Devido aos poucos exemplos modernos e antigos, alguns autores consideram prematura a proposição deste modelo. Miall (1985), com base nos trabalhos de Jackson (1975), que classifica as formas de leito e estruturas em microformas, mesoformas e macroformas, e de Allen (1983) reconhece a hierarquias de contatos em oito tipos de feições deposicionais fluviais. Miall (op. cit.) propõe uma nova metologia de análise faciológica aplicada a depósito fluvial, denominado “Análise dos Elementos de Arquitetura” (Architecture Element Analysis). Neste trabalho Miall (op. cit.) define 12 modelos para depósitos aluviais a partir de associação dos elementos arquiteturais. Esta metodologia é utilizada em vários artigos, sendo muito útil na caracterização RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 13 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA da geometria de depósitos fluviais. Esta metodologia é mais bem detalhada a seguir. Com o desenvolvimento da estratigrafia de seqüência de alta resolução, Richards (1996), entre outros, procuraram caracterizar as arquiteturas fluviais levando em conta o processo de flutuação do nível de base ao qual o sistema está relacionado. ANÁLISE DOS ELEMENTOS ARQUITETURAIS O conceito das arquiteturas sedimentares de um sistema fluvial é uma proposta relativamente nova de modelar fácies fluvial, descrevendo o sistema fluvial em termos do arranjo tridimensional de unidades geomórficas, chamadas de Elementos Arquiteturais, que são os blocos de edifício básico de todos os sistemas fluviais. Estes elementos arquiteturais são "pacotes" dos estratos geneticamente relacionados, sendo definidos por suas geometria, composição dos fácies e escala, e são fisicamente separáveis um do outro por superfícies limitantes (Miall, 1985). Assim, usando as superfícies limitantes e associações de litofácies, uma hierarquia de unidades sedimentológicas tridimensionais (elementos arquiteturais), pode ser definida. Cada um destes elementos representa um processo ou uma suíte particular dos processos que ocorrem num determinado ponto do sistema deposicional. Miall (1985) propôs um conjunto de oito elementos arquiteturais que podem ser usados para descrever a arquitetura e arranjo espacial do sistema fluvial. Isto permite criação da arquitetura fluvial de forma objetiva, não forçando os dados a um modelo idealizado. Para a análise de fácies, na caracterização dos elementos arquiteturais, é empregada a classificação formulada Miall (1978). Ela fundamenta-se na condição das litofácies, caracterizando assim o aspecto litológico dos depósitos. Nesta estão embutidas as relações genéticas entre litofácies e as condições hidrodinâmicas responsáveis pela sua deposição sistema fluvial (Tabela 2.1). Os elementos arquiteturais são limitados por superfícies definidas por Miall (1988a), chamadas de superfícies limitantes, onde o autor caracteriza hierarquias para as superfícies variando de 1a até 6a ordens (figura 2.4), sendo estas caracterizadas por: 1a ordem – Um limite de set; geralmente erosional para alguns graus, mas não cortam estratificações anteriores. São interpretadas como resultado das migrações das formas de leitos sobre um regime de fluxo constante. 2a ordem - superfícies limitadas por coset; geralmente erosionais, são interpretadas como resultado de uma mudança nas condições de fluxo. 3a ordem – São superfícies erosionais menores, relacionadas a incrementos de macroformas, identificados por superfícies de reativação; RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 14 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4a ordem – separa as unidades individuais deposicionais; 5a ordem – superfícies limitantes maiores que separa complexos de canais e lençóis de areias; 6a ordem – define grupos de canais ou paleovales, mapeadas como unidades estratigráficas. Código da Fácies Litofácies Estruturas sedimentares Interpretação Gms Maciço, com cascalho suportado por matriz Agradacional Depósitos de fluxo de detritos Gm Cascalho maciço ou pobremente acamadado Acamamento horizontal, imbricação Barras longitudinais, depósitos residuais, depósitos tipo peneira (sieve) Gt Cascalho estratificado Estratificação cruzada acanalada Gp Cascalho estratificado Estratificação cruzada planar St Areia, média a muito grossa, podendo conter seixos Estratificações cruzadas acanaladas isoladas os agrupadas Sp Areia, média a muito grossa, podendo conter seixos Estratificações cruzadas planares isoladas os agrupadas Sr Areia, muito fina a grossa Marcas onduladas Sh Areia, muito fina a grossa, podendo conter seixos Laminação horizontal, lineação de partição ou de fluxo Sl Areia, muito fina a grossa, podendo conter seixos Estratificação cruzada de baixo ângulo(<10°) Sulcos erosionais com intraclastos Areia fina a muito grossa, podendo conter seixos Estratificação cruzada incipiente Preenchimento de sulco Sulcos largos e rasos Preenchimento de sulco Se Ss Preenchimento de canais Barras longitudinais, crescimento deltáico de antigas barras remanescentes Dunas (regime de fluxo inferior) Barras linguóides transversais e ondas -de -areia (regime de fluxo inferior) Ondulações (regime de fluxo inferior) Fluxo acamado planar (regime de fluxo superior) Preenchimento de sulcos, erosão de topo de dunas, antidunas Depósitos de transbordamento ou de decantação de enchentes Depósitos de áreas pantanosas Areia, silte, lama Laminação fina, ondulações de amplitude muito pequena Fsc Silte, lama Laminada a maciça Fcf Lama Maciça, com moluscos de água doce Depósitos de pântanos alagadiços Fm Lama, silte Maciça, com gretas de contração (ressecação) Vegetais, película de lama Feições pedogenéticas Depósitos de transbordamento Fl C Carvão, lama carbonática P Carbonatos Depósitos de pântano Solos Tabela 2.1 – Litofácies associadas a depósitos aluviais segundo Miall (1978). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 15 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Figura 2.4 – Proposta das seis ordens de hierarquias de superfícies limitantes para depósitos fluviais. Diagrama A para E representa uma sucessiva ampliação de partes de uma unidade a fluvial. Numa superfície de 6 ordem é possível reconhecer superfícies de ordem menores. Segundo Miall (1988). Os oito elementos arquiteturais, caracterizados por Miall (1988a) são denominados de: canal (CH), forma de leito do tipo barras conglomeráticas (GB), depósitos de fluxo gravitacionais (SG), forma de leito arenosa (SB), macroforma de acresção frontal (DA), depósito de acresção lateral (LA), lençóis de areias laminados (LS) e depósito de finos de planície de inundação. Uma síntese desses elementos é mostrado na Tabela 2.2 e (figura 2.5). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 16 MENEZES,L. Elemento Arquitetural CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Principais Símbolo assembleias de Litofácies Canais CH Formas de leito tipo barras conglomeráticas GB Formas de leito arenosas SB Macroformas de acreção frontal DA Depósitos de acreção lateral LA Sedimento de fluxo gravitacional SG Lençóis de areia Laminados LS Depósitos finos de planície de inundação OF Geometria e relacionamentos Interdigitação, lente ou camadas; base erosional, côncava para cima; escala e Várias combinações forma altamente variáveis; superfícies internas de erosão secundárias côncavas para cima são comuns Lente, lençol; corpos geralmente tabulares; geralmente interdigitado Gm, Gp, Gt com SB lente, camada, lençol, cunha; ocorre St, Sp, Sh, Sl, como preenchimento canal, crevasses Sr, Se, Ss splays, topo da barras Lente repousando em superfície plana ou St, Sp, Sh, Sl, base dos canais, com superfícies internas Sr, Se, Ss de segunda ordem convexas para cima e superfície limitantes superior St, Sp, Sh, Sl, Se, Ss; Cunha, camadas, lobo; caracterizado por sendo menos superfícies internas de acresção lateral comum Gm, Gt e Gp Lobo, camada; tipicamente interdigitados Gm, Gms com GB Sh, Sl; St menor Camada e lençol proporção de, Sp, Sr Lençóis finos a grossos; geralmente interdigitados com SB; pode preencher Fm, Fl canais abandonadas Tabela 2.2 – Síntese dos Elementos Arquiteturais de Depósitos Fluviais. Modificado de Miall (1985, 1988a). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 17 MENEZES,L. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Figura 2.5 – A série de elementos arquiteturais dos depósitos fluviais, com códigos de litofácies de Miall (1978). RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 18 CAP ÍTULO 3 ARQUITETURA DE FÁCIES A evolução científica relacionada à elaboração de modelos de fácies fluviais, ocorrida nos últimos 15 anos, incluindo a análise tridimensional da arquitetura dos depósitos fluvial, tem permitido consideráveis avanços no estudo de reservatórios petrolíferos, principalmente com aplicação da análise de elementos arquiteturais, proposta por Miall (1985). Desde o final da década de 80, vários pesquisadores têm utilizado a proposta de Miall (1985) e a partir dela foram desenvolvidos novos conceitos visando a melhor caracterização da arquitetura de depósitos fluviais, dentre estes autores pode-se ressaltar Miall (1988b), Cowan (1991) e Bromley (1991). Nos últimos anos uma nova ferramenta, ainda em fase de desenvolvimento, foi incorporada (Ground-penetrating radar) para análise tridimensional da arquitetura de fácies de depósitos fluviais, destacando o trabalho de Corbeanu et al. (2001). Na Bacia Potiguar, Becker et al. (1992) e Lanzarini (1995a), estudando os depósitos fluviais da Formação Açu (Unidade Açu-3), visando análise da arquitetura de fácies e geometria nestes depósitos, também utilizaram a metodologia definida por Miall (1985 e 1988a). Neste trabalho é caracterizada a arquitetura de fácies da Unidade Açu-3 da Formação Açu, utilizando-se também a proposta de Miall (1985, 1988a). Foram selecionados 11 afloramentos com grande área de exposição (figura 3.1), onde foram realizadas descrições de seções colunares e montagem de fotomosaicos de cortes verticais, para caracterização das litofácies e geometria do depósito. Para uma melhor correlação entre afloramentos, dentro de um arranjo tridimensional, foi gerado um Modelo Digital de Terreno (MDT) da área, para atribuição da componente Z (altitude) nas seções colunares levantadas nos afloramentos. 3.1 - LITOFÁCIES A descrição das litofácies nos afloramentos foi realizada com base na proposta de Miall (1978), onde foram individualizadas 7 litofácies principais: 1 – Conglomerados arenosos (Gt) 2 - Arenito grosso a conglomerático com cruzada isolada (St(i) ) RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 19 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES Figura 3.1 – Mapa de localização dos afloramentos estudados, mostrando os pontos onde foram levantadas a seções colunares. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 20 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES 3 - Arenito grosso a conglomerático com cruzadas agrupadas (St(a)) 4 – Arenito médio a grosso fluidizado (Sf) 5 – Arenito médio a grosso (Sh) 6 – Pelito arenoso (Fl) 7 – Pelito (Fm) 3.1.1 - CONGLOMERADOS ARENOSOS (GT) A litofácies Gt reúne as rochas de textura mais grossa descritas na área e corresponde a conglomerados sustentados por matriz arenosa, com estratificações cruzadas acanaladas de médio a grande porte (Prancha 3.1-Foto A). Essas rochas apresentam cores com tons brancos acinzentado, e seu arcabouço é constituído, predominantemente, por clastos de quartzo e feldspato, com tamanhos variando de 1 a 5cm. São também observados fragmentos de rochas de gnaisses e granitos menores que 5 cm, bem como clastos de pelitos. Possui uma baixa maturidade textural e mineralógica, evidenciada pela presença de seixos angulosos a subangulosos, com baixa esfericidade e a grande quantidade de clastos de feldspatos e argilitos. Esta litofácies ocorre sempre associada com a litofácies St(i) , ocupando preferencialmente os níveis mais basais das macroformas, sendo comum nestes níveis, a presença de grandes clastos de pelitos, podendo estes atingir até 15 cm de diâmetro (Prancha 3.1-Foto B). Esta litofácies foi interpretada como correspondente a formas de leito de crista sinuosa (3D), apresentando espessuras variando de 0,4 a 1,5m e extensão lateral na ordem de poucas dezenas de metros. 3.1.2 - ARENITO GROSSO A CONGLOMERÁTICO COM CRUZADAS ISOLADAS (S T(I )) Caracteriza-se, predominantemente, por arenitos grossos a muito grossos com seixos dispersos, sendo também observados, com pouca freqüência, níveis de arenitos conglomeráticos. Em cortes ortogonais ao sentido da paleocorrente, apresentam estratificações cruzadas acanaladas com padrões simétricos e assimétricos, resultante da migração de formas de leito 3D. Em cortes longitudinais mostram estratificações cruzadas tangenciais na base (Prancha 3.1-Foto C). São pobremente selecionados e imaturos, seu arcabouço é constituído, predominantemente, por areia quartzosa grossa a muito grossa, ocorrendo com freqüência grãos de feldspatos. Os seixos dispersos e os níveis de arenitos conglomeráticos apresentam a mesma textura e composição que as encontradas nos seixos observados nos conglomerados do fácies Gt, possuindo também clastos de pelitos menores que 2cm. Apresentam coloração clara com tons branco acinzentado. O contato basal é marcado por superfícies erosivas, ocorrendo esporadicamente o alinhamento de seixos ao longo destas superfícies. As formas RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 21 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES de leito com crista sinuosa relacionadas a esta litofácies possuem espessuras que variam de 0,3 a 2,2m. As maiores espessuras ocorrem preferencialmente nos níveis basais dos canais; sua continuidade lateral em cortes transversais varia de metros a poucas dezenas de metros, mas em cortes longitudinais são de difícil observação, extrapolando os limites dos afloramentos, podendo apresentar centenas de metros. 3.1.3 - ARENITO GROSSO A MUITO GROSSO COM CRUZADAS AGRUPADAS (S T(A )) Representa a litofácies mais abundante juntamente com as litofácies St(i) , é caracterizada por arenitos grossos a muito grossos com seixos dispersos, apresentando características texturais bastante similares às encontradas na litofácies St(i) . Diferencia-se destas pela menor quantidade de seixos dispersos e pelo arranjo das estratificações cruzadas. Esta litofácies caracteriza-se por possuir múltiplas estratificações cruzadas agrupadas de pequeno a médio porte. Os limites dos sets são marcados por superfícies não erosivas (superfícies limitantes de 1a ordem) (Prancha 3.1-Foto D). As múltiplas estratificações cruzadas estão relacionadas às mudanças de orientação das formas de leitos ou mudanças do regime de fluxo, durante um evento de sedimentação contínua. As formas de leitos 3D de pequeno a médio porte, interpretadas para esta litofácies, apresentam espessuras de 15 a 40cm, larguras com menos de 10m e comprimento com poucas dezenas de metros. Nesta litofácies predomina a geometria tabular, gerada pelo amalgamento das formas de leito 3D de pequeno a médio porte, com espessuras variando de 0,3 a 2,0m. 3.1.4 - ARENITO MÉDIO A GROSSO FLUIDIZADO (S F) A litofácies Sf é constituída por arenitos médios a grossos, maciços, contendo poucos seixos dispersos menores que 2cm (Prancha 3.1-Foto E). A principal característica desta litofácies é a ausência de estruturas sedimentares, provavelmente, relacionada a processos de fluidização (Lanzarini 1995). Os arenitos são pobremente selecionados e imaturos, apresentando grãos angulosos com baixa a moderada esfericidade. Esta litofácies ocorre restrita à região noroeste da área, no afloramento BP/A-3/09 (km 98 da BR-304), apresentando-se com espessura de cerca de 2,5m. 3.1.5 - ARENITO MÉDIO A GROSSO (S H) com Esta litofácies compreende arenitos de textura média a grossa, maciços ou estratificações cruzadas incipientes. Predominam cores com tons RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 22 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES esbranquiçados, exibindo pseudo-estratificações (liesengang) (Prancha 3.2-Foto A). Apresentam bom selecionamento e baixa maturidade. Possuem geometria tabular com espessura inferior a 0,7m, sendo predominantes os intervalos entre 0,2 a 0,4m, e sua continuidade lateral é de cerca de dezenas de metros. Esta litofácies ocorre nos fechamentos dos ciclos, sendo sobreposta por pelitos de transbordamento. 3.1.6 - PELITO ARENOSO (FL) Esta litofácies foi caracterizada por arenitos finos, siltitos e lamitos avermelhados, com estrutura maciça ou laminada (Prancha 3.2-Foto B). Apresentase pouco espessa, com valores menores que 60cm e continuidade lateral da ordem de poucas dezenas de metros. O limite superior é marcado por superfícies limitantes de 4o ou 5o ordem. Associa-se a deposição destes pelitos a canais secundários inativos, dentro do cinturão de canais, depositados durante regimes de baixa energia do rio, possivelmente, relacionados a períodos de estiagem. 3.1.7 - PELITO (FM ) A litofácies Fm reúne lamitos e argilitos, de cor vermelho escuro, predominando estrutura maciça (Prancha 3.2-Foto C). Nesta litofácies são encontradas gretas de dissecação e bioturbações. Os pacotes desta fácies mostram geometria tabular, possuindo espessuras que variam de 0,8 a 2,5m e extensa continuidade lateral, podendo ser rastreado entre os afloramentos, numa distância de mais de 1,5km. Esta litofácies é interpretada como depósitos de planície de inundação. 3.2 - MODELO DIGITAL DE TERRENO Os Modelos Digitais de Terreno (MDT’s) consistem na representação digital de uma porção da superfície terrestre. A sua estrutura de dados pode ser representada em dois tipos de modelos: Grade Retangular de Pontos (GRID) ou Rede Irregular de Triângulos (TIN). O modelo TIN consiste numa representação topológica de dados vetoriais, na qual os pontos de coordenadas tridimensionais, X,Y (localização geográfica) e Z (elevação), são ligados por linhas formando triângulos de tamanho irregular não sobrepostos (Simão & Carvalho, 2002). Xavier et al. (2001) traçaram um esboço da utilização de MDT’s como ferramenta para geração de mapas planialtimétricos de entidades vetoriais, adicionando-se a componente (Z) às feições desprovidas deste atributo. Com base neste trabalho Menezes et al. (2001) realizaram um mapeamento lito-faciológico RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 23 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES utilizando MDT da área para adição do atributo (Z) aos dados de afloramentos analisados. Assim, foi possível uma melhor correlação entre as fácies e associação de fácies. Dentro desta proposta é que está sendo utilizado o MDT, para caracterização da arquitetura sedimentar da área. Para elaboração do MDT da área, foram utilizados os dados altimétricos de duas ortofotocartas, folhas 097418 e 097419 (INCRA-RN/ITERN/SUDENE, 1991), na escala de 1:10.000, com curvas de níveis de 10 em 10 metros. Realizou-se nestas cartas os trabalhos de rasterização e vetorização. A rasterização foi realizada em scaner de rolo, onde foram geradas imagens com resolução de 300 dpi. Para vetorização das curvas de níveis e pontos cotados utilizou-se o software R2V, sendo primeiro georreferenciadas as ortofotocartas e, posteriormente, vetorizadas. O produto final da vetorização foi armazenado num arquivo com formato (*.dxf), com os dados X,Y e Z da topografia da área. A partir dos dados de altimetria da área, criou-se o MDT usando o modelo topológico TIN, sendo este gerado por meio da extensão 3D Analyst do software ArcView. Utilizando o ArcView foi criado um Sistema de Informações Geográficas (SIG), de forma agrupar todos os dados coletados. O SIG é composto por temas vetoriais e rasters (ortofotocartas) e pelo MTD gerado. No SIG estão reunidos os seguintes temas vetoriais: “Afloramento”, “Perfil faciológico”, “Vias de Acesso”, “Drenagem” e “Geologia”. Para uma melhor correlação entre os afloramentos, foram geradas entidades tridimensionais dos temas vetoriais, a partir da combinação destes temas com o MDT, atribuiu-se a componente z aos dados coletados em campo. No painel 1 são apresentados os produtos obtidos, em todas a etapas, para criação das entidades tridimensionais. 3.3 - ARQUITETURA E GEOMETRIA Para correlação das associações de fácies descritas (anexo I), além da adição da componente Z aos dados de campo, também foi levado em conta o mergulho regional de 1,3 o para N14,5W medido por Becker et al. (1992). A partir da correlação entre as fácies foi possível a individualização de 3 ciclos fluviais, predominantemente arenosos, separados por camadas de lamitos de grande continuidade lateral (litofácies Fm). Os ciclos são constituídos por complexo de canais, limitados por depósitos de planície de inundação, interpretados como superfície limitante de 5o ordem. Apresentam entre 9 e 15 m de espessura e grande continuidade lateral, extrapolando os limites da área em estudo (anexo II). A origem destes ciclos fluviais está relacionada à mudança do nível de base, provavelmente, causada por flutuação do nível relativo do mar. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 24 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES No painel 3.2 é apresentado um fotomosaico do afloramento BP/A-3/12 com descrição detalhada mostrando as superfícies limitantes, distribuição da paleocorrente e associação de fácies para as formas de leitos que preenchem os níveis arenosos do ciclo fluvial. Os canais, presentes nos ciclos fluviais, apresentam-se amalgamados, sendo individualizados por superfícies limitantes de 4a ordem. Possuem geometria em “U” aberto, com espessuras variando de 2 a 8 metros e continuidade lateral na ordem de centenas de metros, em corte transversal. O conjunto de canais aqui descritos representa ciclos fluviais de menor ordem, provavelmente, relacionados à reativação do canal fluvial, causada por variações sazonais. Estes ciclos são caracterizados por uma típica associação de fácies envolvendo as litofácies Gt, St(i) , St(a), Sh e Sf, apresentando uma sucessão com padrão de granodecrescência ascendente. Estas sucessões apresentam-se, na maioria das vezes, compondo ciclos incompletos; entretanto, foram identificados também ciclos completos. Os níveis basais são constituídos preferencialmente pelas litofácies Gt, St(i) . Em seqüências completas o topo é marcado pelo contato com as litofácies Fl ou Fm. Nestes canais foram identificadas as seguintes unidades genéticas: barras de acresção frontal (DA), barras de acresção lateral (LA) e canais secundários (CH). Na área estudada foram identificados 3 níveis de lamitos da litofácies Fm, possuindo grande continuidade lateral, rastreados ao longo dos afloramentos, apresentando os dois níveis superiores as maiores espessuras, entre 1,8 a 2,4m. A fácies Fl representa heterogeneidades com pequena continuidade lateral, ocorrendo dentro dos ciclos fluviais de menor ordem, com uma distribuição não bem definida, chamada informalmente de “folhelhos estocásticos”. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 25 MENEZES,L. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES 26 MENEZES,L. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES 27 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES Painel 3.1 - Produtos obtidos em todas as etapas envolvidas para criação das entidades tridimensionais. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 28 MENEZES,L. CAPÍTULO 3 – ARQUITETURA DE FÁCIES Painel 3.2 - Fotomosaico do afloramento BP/A-3/12, com interpretação das superfícies limitantes, distribuição das paleocorrentes e associação faciológica. Localizado a cerca de 2 km da área estudada. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 29 CAP ÍTULO 4 PARAMETRIZAÇÃO A parametrização pode ser definida como o processo de medição, obtenção da variabilidade e definição de parâmetros de um dado modelo de simulação. Na Modelagem Booleana os parâmetros são definidos pela geometria e dimensões dos objetos geológicos (Lanzarini, 2001). Projetos que visam a obtenção de parâmetros e sua variabilidade, com construção de banco de dados têm auxiliado na elaboração de programas de modelagem, servindo também para tornar mais realísticos os modelos geomatemáticos de reservatórios. Dentro deste contexto, podemos citar o projeto SAFARI (Sedimentary Architecture of Field Analogues for Reservoir Information) (Dreyer et al., 1993) que culminou com a montagem de uma base de dados, para uso na construção de programas de modelagem geomatemática e simulação de reservatórios. Este projeto foi realizado a partir de afloramentos de depósitos fluviais da Formação Escanilla (Pirineus espanhóis) análogos aos reservatórios fluviais da Formação Statfjord. Poletto (1996) propôs a modelagem geológica orientada a objeto, para reservatórios de canais fluviais, com base na parametrização de um modelo detalhado de subsuperfície para Formação Açu (definido por Santos e Poletto, 1993) sendo o canal fluvial definido pelos parâmetros: espessura, largura, sinuosidade e direção (figura 4.1). Menezes & Lima Filho (2001) com base na modelagem geológica definida por Poletto (op. cit.) elaboraram uma proposta metodológica para parametrizar canais fluviais usando análogos antigos e recentes. Neste capítulo são apresentados os passos para obtenção da variabilidade dos parâmetros (espessura, largura, sinuosidade e direção), que definem o canal fluvial, no modelo proposto por Poletto (1996), culminando com a construção de um banco de dados. Foram utilizados para parametrização análogos antigos e recentes. Os análogos antigos parametrizados foram identificados em afloramentos que apresentam grandes exposições, em planta e em corte, na área onde foi realizada análise da arquitetura de fácies (capítulo III). Como análogo recente foi usado o Rio Açu (figura 1.1). A metodologia empregada para aquisição dos parâmetros, consistiu na adequação da proposta de Menezes & Lima Filho (2001), onde foram utilizadas técnicas de análise de fácies, fotografia aérea de pequeno formato e RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 30 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO geoprocessamento. Os parâmetros adquiridos foram agrupados dentro de um banco de dados georreferenciado. Figura 4.1 – Parâmetros que definem um canal fluvial em três dimensões. A declividade é desconsiderada para simplificação do modelo. Modificado de Lanzarini et al. (1995) e Poletto (1996). 4.1 - AQUISIÇÃO DOS PARÂMETROS A variabilidade dos parâmetros espessura, direção preferencial e sinuosidade foram obtidas diretamente ou indiretamente nos análogos estudados. O parâmetro largura do canal não foi possível de ser mensurado, devido a sua dimensão horizontal extrapolar os afloramentos estudados. Entretanto, para a simulação do reservatório foi utilizada a proposta de Poletto (1996), que define este parâmetro em função da espessura pela equação W = 16,372H1,54. 4.1.1 – ESPESSURA Este parâmetro foi caracterizado a partir de um ciclo de reativação do canal, definido por uma associação de litofácies que apresenta granodecrescência ascendente e truncamentos erosivos marcados por superfícies limitantes de 4o ou 5a ordem (figura 4.2), conforme proposta de Poletto (1996). A aquisição do parâmetro “Espessura” foi realizada diretamente dos afloramentos análogos estudados, a partir do levantamento de seções colunares (figura 4.2). As seções utilizadas foram aquelas descritas no capítulo anterior, que apresentaram um ciclo completo de reativação do canal fluvial. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 31 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO Figura 4.2 – Seção colunar mostrando um ciclo de reativação do canal fluvial, caracterizado por a uma associação de fácies com granodecrescência ascendente, limitado por superfícies de 5 ordem. Os dados de espessura adquiridos representam uma população de 17 medidas, com espessuras variando de 2,0m a 8,5m, com maior freqüência os valores de 2,5 a 3,5m (figura 4.3). Figura 4.3 – Histogramas dos dados de espessuras, adquiridos nos afloramentos análogos. 4.1.2 – DIREÇÃO PREFERENCIAL A variabilidade do parâmetro direção do canal foi obtida em afloramentos com grande exposição em planta, a partir de medidas de paleocorrentes em forma RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 32 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO de leito 3D (com crista sinuosa) vista em planta (figura 4.4), diminuindo a dispersão gerada pelas medidas de paleocorrentes aparente adquiridas em cortes verticais. Figura 4.4 – Esquema mostrando como foram medidas as paleocorrentes. (a) Blocos diagramas mostrando a migração e geometria (em corte horizontal, transversal e longitudinal) de formas de leito 3D, Programa Bedform (Rubin, 1987). (b) Geometria das formas de leito 3D vista em planta, com definição dos parâmetros medidos em campo, afloramento BP/A-3/05. Os dados de direção foram medidos diretamente dos afloramentos ou, indiretamente, por meio de fotografias aéreas de pequeno formato (FAPEF’s). Foram realizados dois levantamentos aereofotográficos para aquisição das FAPEF’s, sendo o primeiro executado num monomotor (modelo Sertanejo da Embraer), na escala aproximada de 1: 1.000 (figura 4.5a), tendo como objetivo principal localizar e delimitar os afloramentos com grande exposição em planta. O segundo, realizado numa aeronave tipo “ultraleve”, em áreas previamente selecionadas, com escala aproximada de 1:500 (figura 4.5b), e teve como finalidade obter dados de sentido migração e largura das formas de leito. Os dois levantamentos foram executados com máquina fotográfica SLR 35 mm (Cannon Rebel 2000). Para obtenção das medidas indiretas de paleocorrentes, foram realizados trabalhos de “rasterização” nas FAPEF’s para, posteriormente, serem RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 33 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO geoprocessadas e medidas as paleocorrentes. Concomitante aos trabalhos de medição das paleocorrentes, também foi obtida a variabilidade das larguras das formas de leito 3D (figura 4.5). As medidas de paleocorrentes foram obtidas em 7 afloramentos, perfazendo uma população de 304 medidas, apresentando uma direção preferencial para o quadrante noroeste (Anexo 3). Figura 4.5 – Fotomosaicos das fotografias aéreas de pequeno formato (FAPEF’s), nas duas escalas levantadas. (a) Fotomosaico mostrando afloramento BP/A-3/01. (b) Fotomosaico de parte do afloramento BP/A-3/02, em detalhe observa-se à geometria em planta e sentido da paleocorrente da forma de leito 3D. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 34 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO 4.1.3 - SINUOSIDADE Assim como o parâmetro largura do canal, também não foi possível obter a variabilidade do parâmetro sinuosidade, a partir das ferramentas utilizadas, nos afloramentos análogos estudados. Acredita-se ser necessário, para aquisição destes parâmetros, o apoio de outras técnicas como, por exemplo, Ground Penetrating Radar (GPR) e sondagem rasa com testemunhagem contínua. Desta forma, foi utilizado um suposto análogo recente (o Rio Açu) para obtenção da variabilidade do parâmetro sinuosidade. As medidas de sinuosidade foram obtidas indiretamente, por meio de imagens de satélite Landsat TM, as quais também foram tratadas com técnicas de geoprocessamento utilizando os softwares Erdas e ArcView. A aquisição do parâmetro sinuosidade dos canais foi realizada com base na proposta de Friend & Sinha (1993) (figura 4.6a), na qual também caracteriza a sinuosidade para rios com multi-canais, sendo o parâmetro de sinuosidade (P), definido por: P = L cmax/L R Onde : LR é o comprimento global do segmento do canal em linha reta. Lcmax é o comprimento ao longo do canal para o mesmo segmento, ou o comprimento ao longo do canal mais largo para rios com multi-canais. Para o Rio Açu foram realizadas medidas de sinuosidade a cada segmento em linha reta de 4,0 km, sendo as medidas adquiridas entre o trecho da barragem Armando Ribeiro até próximo a sua foz (figura 4.6b). Figura 4.6 – (a) Diagrama representando o cálculo da sinuosidade para rios com único canal e multi-canais segundo Friend & Sinha (1993). (b) Imagem Landsat TM com composição RGB, destacando parte do Rio Açu que mostra vetores lineares, utilizados para cálculo de sinuosidade do canal. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 35 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO Foi obtida uma população de 31 medidas de sinuosidades dos canais, a partir das imagens de satélite, apresentando valores que variam de 1,03 a 1,56 (figura 4.7). Figura 4.7 – Função de distribuição experimental das sinuosidades (S) dos canais. Dados do análogo recente. Estatísticas: média aritmética 1,19; mínimo 1,03; máximo 1,56; o medianas 1,13; n de amostras 31; variância 0,016. 4.2 - BANCO DE DADOS Os dados obtidos na etapa de parametrização dos afloramentos análogos, foram agrupados no Sistema de Informações Geográficas (SIG) apresentado no capítulo anterior. Foi criado, assim, um banco de dados georreferenciados para os parâmetros adquiridos nos afloramentos. A base de dados obtida do análogo recente (Rio Açu) está arquivada em tabelas do Microsoft Excel. Como abordado no capítulo anterior, o SIG elaborado para os afloramentos análogos é formado por temas vetoriais (temas de ponto, linha e polígono), rasteres e pelo modelo digital do terreno (MDT), estando disposto da seguinte forma: • Temas vetoriais - Perfil faciológico (tema de ponto); Vias de acesso e drenagem (temas de linhas); Afloramento e Geologia (temas de polígonos); • • Temas rasteres – Ortofotocartas. MDT – modelo TIN (Rede Irregular de Triângulos) Os temas Perfil faciológico e Afloramento são os que apresentam os dados parametrizados nos afloramentos análogos, onde estes dados são apresentados a partir de tabelas de atributos dos respectivos temas. Ambos os temas possuem uma Tabela Principal de Atributos, estando esta relacionada (relação do tipo 1xn) com uma Tabela Secundária de Atributos. No tema Afloramento estão reunidas todas as informações gerais e ferramentas utilizadas na descrição dos afloramentos, como também dados parametrizados. A Tabela Principal de Atributos (figura 4.8a) do tema RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 36 MENEZES,L. CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO Afloramento é composta pelos campos: ”Afloramento”, “Bacia”, “Formação”, “Sistema deposicional”, ”UTM Norte e Leste” do centróide do afloramento, “Área”, “FAPEF’s”, “Dados em planta”, “Perfil faciológico”, “GPR” e “Sondagem Rasa”. A Tabela Secundária de Atributos (figura 4.8b) apresenta os campos: “Afloramento”, “Largura da forma de leito” e “Paleocorrente”. A relação entre as tabelas faz-se a partir do campo “Afloramento”. Os dados adquiridos com o levantamento das seções colunares estão agrupados no tema Perfil Faciológico. Este tema possui uma Tabela Principal de Atributos (figura 4.9a) apresentando os seguintes campos: “Perfil faciológico”, “Afloramento”, “Altitude do topo”, “Espessura”, “UTN Norte e Leste”, “Associação faciológica” e “Espessura do Canal”. Está presente também neste tema uma Tabela Secundária de Atributos (figura 4.9b) composta pelos campos: “Perfil faciológico”, “Litofácies” e “Espessura”. A relação entre as duas tabelas é obtida a partir do campo “Perfil faciológico”. O banco de dados gerado é dinâmico, podendo ser continuamente atualizado à medida que novos parâmetros forem adquiridos. Consultas ao banco de dados podem ser feitas e visualizadas espacialmente a partir do SIG. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 37 MENEZES,L. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO 38 MENEZES,L. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO CAPÍTULO 4 – PARAMETRIZAÇÃO 39 CAP ÍTULO 5 SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO A analogia entre os parâmetros sedimentológicos medidos nos afloramentos com grandes exposições (e seus supostos sistemas deposicionais) e os parâmetros identificados em um determinado reservatório petrolífero tem possibilitado a partir de realizações equiprováveis, a caracterização das heterogeneidades sedimentológicas dos reservatórios nos espaços interpoços. Desta forma pode-se ter uma visão aproximada deste espaço por meio da mensuração de variáveis sedimentológicas, nas várias escalas de heterogeneidades presentes. Modelagens estocásticas têm sido usadas para explicar as complexas distribuições de heterogeneidades e introduzi-las num modelo de reservatório, quantificando incertezas e substituindo técnicas determinísticas de mapeamento (MacDonald,1999). Pesquisas no campo produtor de Brent (mar do norte) confirmam que o modelo estocástico orientado a objetos fornece o melhor ajuste do histórico de produção. Os reservatórios fluviais da Formação Statfjord, nos quais se encontram as maiores acumulações de óleo e gás do mundo, constituem o berço da simulação estocástica orientada a objetos. Várias aplicações de técnicas estocásticas têm sido utilizadas na modelagem de diferentes tipos de reservatórios (MacDonald & Halland 1993, Barton et al. 1995, Lanzarini et al. 1997). Nas duas últimas décadas, diversos softwares (PETBOOL, SESIMIRA, SISABOSA, FLUREMO, MONARCH3D, SIRCH, STORM, SEDSIM3, MOHERES E FLUVISM) foram desenvolvidos para modelagem estocástica orientada a objetos. Contudo, é clara a falta de dados quantitativos relacionados às heterogeneidades dos reservatórios (Becker 1997). Na atual fase de conhecimento, predominam trabalhos em que as analogias são retratadas apenas com uma visão qualitativa. O uso de parâmetros quantitativos para caracterização de heterogeneidades é, no momento, a fronteira científica nesta área de investigação. Neste capítulo é discutida e aplicada a modelagem estocástica de objetos geométricos (MEOG), proposta por Poletto (1996), para simulação da arquitetura e geometria de parte de um reservatório fluvial da Formação Açu (Unidade Açu-3), Bacia Potiguar. Os canais fluviais gerados na simulação foram definidos com base na parametrização apresentada no capítulo anterior. Para simulação da geometria e arquitetura interna de um domínio do reservatório estudado foi utilizado o programa PetBool 3.0. As simulações foram RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 40 MENEZES,L. CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO geradas dentro de um domínio tridimensional, medindo 876 x 784 x 40,6 m, onde estão distribuídos 16 poços verticais e 2 poços direcionais. 5.1 - PETBOOL O PetBool é um software de modelagem geométrica e simulação estocástica de feições discretas, tais como, unidades genéticas e heterogeneidades diagenéticas do reservatórios. Com a combinação de métodos estocásticos e geométricos, presente no PetBool, é possível obter realizações equiprováveis da arquitetura do reservatório. O canal fluvial proposto por Poletto (1996) é uma das unidades genéticas presente no PetBool. As unidades genéticas presentes no PetBool 3.0 são representadas por: canais (fluviais e turbidíticos), domos, dunas, lentes, lençóis de areia e lobos. Na simulação, apenas um tipo de unidade genética é gerado, sendo cada unidade definida por parâmetros específicos. Na simulação os objetos são gerados aleatoriamente, sendo independentes entre si, podendo sobrepor e “erodir” outros objetos. No entanto, os objetos gerados devem respeitar os histogramas experimentais dos dados parametrizados. Durante a simulação são impostas restrições, onde a densidade de objetos gerados deve respeitar os condicionamentos da curva de proporção vertical de fácies, curva de proporção horizontal de fácies ou proporção global, sendo estas proporções obtidas a partir dos dados de poços do domínio simulado. Outra restrição imposta durante a simulação é o condicionamento a poço, sendo o objeto rejeitado quando intercepta um intervalo de fácies não-reservatório de um poço do domínio simulado. A curva de proporção vertical de fácies (CPVF) representa a distribuição global das percentagens de cada litofácies. Para calcular a CPVF é especificado um datum horizontal, sendo obtido os percentuais das litofácies nível a nível, em profundidades constantes (Poletto, 1996; Eschard, 1998) (figura 5.1). Figura 5.1 – Curva de proporção vertical de fácies (CPVF), realizada com base em três poços verticais, contendo 20 intervalos. Modificado do guia do usuário do PetBool 3.0. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 41 MENEZES,L. CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO No PetBool as realizações equiprováveis podem ser visualizadas em uma janela (OpenGL), sendo possível visualizar e navegar ao longo do domínio simulado. Com uso de óculos especiais é possível a visualização dos objetos em três dimensões. O Projeto PetBool vem sendo desenvolvido desde 1995 por pesquisadores do Laboratório Matmídia do Departamento de Matemática da Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde sua especificação geológica é continuamente atualizada por profissionais do CENPES e UN-RNCE da PETROBRAS e do Grupo de Estudo de Análogos da UFRN (GEA-UFRN). 5.2 – DADOS DE ENTRADA Para a realização da simulação da arquitetura do reservatório usando o PetBool é necessário carregar o software com os Dados dos Poços e com Histogramas Experimentais dos parâmetros do canal fluvial. É imprescindível também a definição do Domínio, Referência do Poço e Restrições da simulação. 5.2.1 - DADOS DOS POÇOS A partir dos dados dos poços são criados arquivos-texto seguindo uma formatação específica (anexo 4), de forma a apresentar as fácies reservatório e não-reservatório ao longo do poço. As simulações do reservatório foram condicionadas a 16 poços verticais e 2 poços direcionais. Para implementação dos poços direcionais no Petbool, foram criados pseudopoços verticais, com espaçamento de 10 m entre eles, ao longo do segmento horizontal do poço direcional. Os pseudopoços verticais gerados apresentam apenas uma informação de fácies reservatório ou não-reservatório de 30cm, interceptando o poço horizontal (figura 5.2). Figura 5.2 – Esquema mostrando como foram criados os pseudopoços verticais a partir dos poços direcionais. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 42 MENEZES,L. CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO A coordenada Z dos pseudopoços verticais, correspondente ao marco de referência, foi calculada a partir da interpolação dos valores da coordenada Z dos poços verticais do domínio simulado (figura 5.3). Figura 5.3 – Superfície do marco de referência do domínio simulado, sendo esta gerada a partir da interpolação dos dados do marco de referência dos poços verticais. Os valores da coordenada Z dos pseudopoços foram obtidos por meio desta superfície. 5.2.2 - HISTOGRAMAS EXPERIMENTAIS Conforme citado anteriormente, os histogramas experimentais dos parâmetros Espessura, Sinuosidade e Direção Preferencial do canal fluvial foram elaborados a partir da parametrização dos análogos (capítulo IV). Porém, para implementar o parâmetro Largura foi utilizada a proposta de Poletto (1996), que define a largura como uma função da espessura segundo a equação W = 16,372H1,54 . A construção do histograma experimental das amostras das espessuras dos canais foi obtida nos afloramentos análogos a partir das descrições de seções colunares. A distribuição dos dados de espessura pode ser observada na figura 5.4. Em relação ao parâmetro sinuosidade, foram utilizados os dados do análogo recente estudado (Rio Açu) para construção do histograma. Os dados de sinuosidade representam 31 amostras com valores que variam de 1,03 a 1,56 (figura 5.5). O histograma do parâmetro de direção preferencial foi elaborado usando os dados de paleocorrentes dos afloramentos análogos. Os valores de paleocorrentes, medidos como azimute, foram transformados para valores trigonométricos, onde se RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 43 MENEZES,L. CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO admite 0o (trigonométrico) na posição Leste (900Azimute) com valores aumentando no sentido anti-horário (figura 5.6). Figura 5.4 – Função de distribuição experimental das espessuras dos canais fluviais. Dados de afloramentos. Estatísticas: média aritmética 4,48; mínimo 2,1 m; máximo 8,2 m; o mediana 320; n de amostras 17. Figura 5.5 – Função de distribuição experimental das sinuosidades dos canais. Dados de análogo recente. Estatísticas: média aritmética 1,19; mínimo 1,03; máximo 1,56; o medianas 1,13; n de amostras 31; variância 0,016. Figura 5.6 – Função de distribuição experimental das direções preferenciais dos canais. Dados de afloramentos análogos. o Estatísticas: média aritmética 124,56 ; mínimo o o o o 1 ; máximo 180 ; mediana 130,5 ; n de o amostras 217; moda 130 . 5.2.3 - DOMÍNIO, R EFERÊNCIA E RESTRIÇÕES DA SIMULAÇÃO O Domínio da simulação foi definido utilizando a ferramenta “Auto domain from wells”, onde o Domínio gerado envolve todos os poços de forma a ocupar o menor volume. Os poços foram alinhados pelo Marco de Referência usando a ferramenta reference/intermediary. Foi utilizada esta referência para evitar o deslocamento dos pseudopoços para o limite inferior ou superior do domínio, caso fosse usada a referência pelo topo ou pela base. Todas as realizações equiprováveis geradas foram condicionadas a poço e a curva de proporção vertical de fácies. As restrições quanto ao erro global, erro por nível e ao número de intervalos da CPVF serão abordados no item a seguir. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 44 MENEZES,L. CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO 5.3 - REALIZAÇÕES EQUIPROVÁVEIS DA GEOMETRIA DO RESERVATÓRIO As simulações estocásticas da geometria e arquitetura de um volume do reservatório estudado foram realizadas dentro de um domínio tridimensional, definido por um paralelepípedo medindo 876 x 784 x 40,6 m, sendo este discretizado em 106 células a partir de um grid 3D de 100 x 100 x 100. Foram geradas 27 simulações condicionadas a poços e a curva de proporção vertical de fácies, sendo as simulações agrupadas em três grupos, caracterizados pelo número de intervalo da CPVF (figura 5.7). Figura 5.7 – Visualização em perspectiva do domínio e de três realizações equiprováveis da geometria e arquitetura do reservatório (vista para Noroeste). O primeiro grupo consiste de quatro simulações realizadas com 25 intervalos na CPVF. Os resultados destas simulações apresentaram os maiores erros, principalmente no erro por intervalo, sendo obtidos erros maiores que 60% nos dois primeiros níveis basais (intervalo 0 e1); os níveis 24 e 2 também apresentaram erros consideráveis > 28% (figura 5.8a). Os outros níveis apresentaram erros por intervalo menores que 17%. As simulações deste grupo possuem erros globais entre 18 e 20%. As simulações geradas com 15 intervalos na CPVF representam o segundo grupo de realizações equiprováveis, com uma população de oito simulações. Os RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 45 MENEZES,L. CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO maiores erros, por nível, nestas simulações, estão associados ao nível do topo (intervalo 14) apresentando erros entre 20 e 30%. No entanto, em todas realizações, a grande maioria dos intervalos, cerca de 97%, mostram erros <15% por intervalo (figura 5.8b). Os erros globais obtidos neste grupo de simulação apresentam valores de aproximadamente 7%. O último grupo de simulações apresenta 15 realizações, com 10 intervalos na CPVF. Este grupo apresenta 3 simulações com todos os níveis, mostrando erros <14 %. Porém, as outras 12 realizações exibem um ou dois intervalos com erros entre 15 e 20%, sendo que 7 destas simulações estão relacionadas com o nível do topo (intervalo 9) (figura 5.8c). As simulações deste grupo apresentam erros globais entre 7 e 11%. Em todas as simulações os maiores erros estão associados aos dois níveis basais ou ao nível do topo. As realizações com 25 níveis na CPVF apresentam os maiores erros nos níveis basais, porque estes intervalos exibem pequena proporção de fácies reservatório (< 13%) seguidos por um nível superior (intervalo 3) com 79% de fácies reservatório, ocorrendo assim uma extrapolação de canais para níveis basais quando a simulação honra o intervalo 3. Na grande maioria das simulações, o nível do topo apresentou erro elevado, sendo sempre caracterizado pela ausência de preenchimento de canais. Foi observada também a diminuição geral dos erros global e por nível, com a diminuição dos intervalos da CPVF. Para minimizar o problema em relação aos erros global e por nível, nas simulações, recomenda-se que sejam realizados ensaios prévios para determinar qual o melhor número de intervalos, a ser usado, na CPVF. Desta forma pode-se obter realizações equiprováveis condicionadas a CPVF e a poço, com maior número de intervalos possíveis na CPVF e baixos valores nos erros global e por nível. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 46 MENEZES,L. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO CAPÍTULO 5 – SIMULAÇÃO DO RESERVATÓRIO 47 CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES A arquitetura de fácies montada para área estudada apresenta 3 ciclos fluviais, marcados por uma associação de fácies predominantemente arenosa. O fechamento destes ciclos é caracterizado por camadas de lamitos com grande continuidade lateral, interpretados como depósitos de planície de inundação. Estes ciclos estão relacionados à mudança do nível de base, provavelmente, causada por flutuação do nível relativo do mar. Nos níveis arenosos são caracterizados ciclos fluviais de ordem menor. Estes ciclos são representados por um conjunto de canais (completos e incompletos), com uma sucessão de fácies com padrão de granodecrescência ascendente. Os ciclos fluviais de ordem menor foram relacionados a processos de reativação do canal, causados por variações sazonais. Os afloramentos trabalhados se mostraram adequados para estudo da variabilidade dos parâmetros (espessura, direção preferencial) dos canais fluviais análogos ao reservatório petrolífero estudado. Foram obtidas 17 medidas de espessuras variando entre 2 e 8,2 m. Os dados de direção preferencial representam uma população de 217 medidas adquiridas a partir das paleocorrentes, apresentando um padrão de distribuição preferencial para noroeste. Com a impossibilidade de se obter medidas de sinuosidade do canal fluvial nos afloramentos análogos, foi utilizado o Rio Açu, onde foram medidos 31 valores de sinuosidade. Os dados de sinuosidade apresentam valores abaixo de 1,6 com maior concentração no intervalo entre 1,1 e 1,2. Os valores de sinuosidade adquiridos no Rio Açu apresentaram-se coerentes com os obtidos por Santos e Poletto (1993). O banco de dados gerado para reunir as informações obtidas nos afloramentos análogos apresenta-se estruturado dentro de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), podendo ser atualizado continuamente à medida que novos dados sejam adquiridos. Para aquisição de novos dados nos afloramentos análogos, como também para um maior detalhamento da arquitetura sedimentar, é recomendado o uso de outras ferramentas como, por exemplo, GPR (Ground-penetrating radar), sondagem rasa testemunhada, bem como o levantamento plani-altimétrico detalhado com precisão milimétrica. Os dados obtidos usando estas ferramentas RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 48 MENEZES,L. CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES podem ser agrupados para montar modelos determinísticos da arquitetura interna tridimensional dos afloramentos. A partir destes modelos é possível obter novos dados dos canais fluviais para modelagem estocática. De forma a se obter dados de sinuosidade nos afloramentos análogos é recomendado também estudos usando métodos de geometria fractal para estimativa da sinuosidade dos canais fluviais a partir medidas de paleocorrente, como proposto por Ghosh (2000). As simulações da geometria e arquitetura sedimentar do reservatório, geradas a partir programa PetBool 3.0, foram divididas em três grupos. O primeiro, com 25 intervalos na curva de proporção vertical de fácies (CPVF), apresentou os piores resultados com erros por intervalos chegando a 65%. O segundo grupo, com 15 intervalos na CPVF, forneceu resultados com erros por intervalos menores 20% e os menores erros na proporção global, mostrando valores <7%. Neste grupo foram obtidas simulações com média de 78% de fácies reservatório. O ultimo com 10 intervalos na CPVF apresentou, no geral, os melhores resultados, com os menores erros por nível. Os maiores erros por intervalos, nos três grupos de simulação, sempre estavam associados aos dois níveis basais e ao nível do topo. As realizações com 25 níveis na CPVF apresentam os maiores erros nos níveis basais, porque estes intervalos exibem pequena proporção de fácies reservatório (< 13%) seguidos por um nível superior (intervalo 3) com 79% de fácies reservatório, ocorrendo assim uma extrapolação de canais para níveis basais quando a simulação honra o intervalo 3. Na grande maioria das simulações, o nível do topo apresentou erro elevado, sendo sempre caracterizado pela ausência de preenchimento de canais. O problema em relação aos erros global e por nível, nas simulações, pode ser minimizado com a realização de ensaios prévios para determinar qual o melhor número de intervalos, a ser usado, na CPVF. De forma obter realizações equiprováveis condicionadas a CPVF e a poço, com maior número de intervalos possíveis na CPVF e baixos valores nos erros global e por nível. Para definir os modelos estocásticos que representem melhor a realidade da distribuição das heterogeneidades no reservatório, é necessário apoio de outras ferramentas como os simuladores de fluxo de fluido. Desta forma, é recomendada a geração de várias realizações equiprováveis com 10 e 15 intervalos na CPVF, para posteriormente serem efetuados simulações de fluxo de fluido destes modelos gerados, para serem comparadas com a historia de produção do reservatório. RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO 49 REF ERÊNCIAS BIB LIOGRÁF ICAS ALLEN, J. R.L. 1983. Studies in fluviatile sedimentacion: a comparison of finingupwards cyclothems. J. 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