PRAD 3 - Metropol
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2010 PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA: BOCAS DE MINAS ABANDONADAS ÁREA DE ESTUDO 3: METROPOL Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Localização da área de estudo .................................................................. 7 Figura 2 – Limite das áreas mineradas em subsolo na área de estudo ...................... 9 Figura 3 – Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local .................................. 12 Figura 4 – Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local .................................. 13 Figura 5 – Poço de ventilação entulhado por galhos................................................. 14 Figura 6 – Fratura adjacente ao poço de ventilação ................................................. 15 Figura 7 – Perfil litológico típico da Formação Rio Bonito ......................................... 20 Figura 8 – Esboço do mapa geológico da área do PRAD (sem escala).................... 30 Figura 9 – Desenho do perfil geológico local (sem escala), baseado na compilação dos furos de sondagem exploratória 1 CR-13-SC01 e 1 CR-08-SC, realizados pela CPRM .............................................................................. 33 Figura 10 – Esboço do mapa hidrogeológico da área do PRAD (sem escala) .......... 34 Figura 11 – Esboço do mapa hidroquímico da área do PRAD (sem escala) ............ 35 Figura 12 – Diagrama de Stiff da água coletada no poço PT-30-Ed ......................... 36 Figura 13 – Modelo digital do terreno ........................................................................ 39 Figura 14 – Mapa de declividade .............................................................................. 40 Figura 15 – Representação esquemática das zonas de recarga e descarga e da circulação da água subterrânea ............................................................... 48 Figura 16 – Aspecto da área onde esta situada a BM0314, onde: A – localização da BM0314; B – vegetação florestal no entorno do curso d’água próximo a BM0314 .................................................................................................... 50 Figura 17: Detalhe da área do PRAD 03. A seta laranja mostra o caminho da localidade de Alto Rio Maina, a seta amarela vila operária. Os tracejados em azul indicam as principais drenagens no local.................................... 51 Figura 18 – Localização exata das bocas de mina sobre o recorte fotográfico de 1978. O tracejado magenta indica o corte de encosta feito por lavra a céu aberto ....................................................................................................... 53 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 2 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Empresa responsável pela área ................................................................ 6 Tabela 2 – Equipe técnica do CTCL/SATC ................................................................. 6 Tabela 3 – Relação de bocas de minas estudadas na área 3, Metropol ..................... 8 Tabela 4 – Informações gerais da área ....................................................................... 8 Tabela 5 – Identificação do superficiário ..................................................................... 8 Tabela 6 - Cronograma físico-financeiro ................................................................... 10 Tabela 7 – Coluna estratigráfica da área .................................................................. 17 Tabela 8 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas ................... 40 Tabela 9 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas ................... 41 Tabela 10 - Espacialidade das bocas de minas (PRAD 03) de acordo com os mapas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 1999; 2009) e no Código Florestal Brasileiro 4771/1965 (BRASIL, 1965) 60 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 3 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol SUMÁRIO 1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO.... 6 1.1. RESPONSÁVEL PELA ÁREA ................................................................ 6 1.2. EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO ........................................ 6 1.3. EQUIPE TÉCNICA ................................................................................. 6 1.4. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................ 7 1.5. IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DO SOLO ................................. 8 1.6. HISTÓRICO DA ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES ............................. 9 2. CRONOGRAMA FÍSICO – FINANCEIRO ........................................... 10 3. CARACTERIZAÇÃO ........................................................................... 11 3.1. ENTORNO ........................................................................................... 11 3.1.1. BM0300 ................................................................................................ 11 3.1.2. BM0301 ................................................................................................ 12 3.1.3. BM0314 ................................................................................................ 13 3.2. MEIO FÍSICO ....................................................................................... 15 3.2.1. Geologia regional ................................................................................. 15 3.2.1.1. Embasamento Cristalino - Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos ........... 16 3.2.1.2. Sequência Gonduânica ........................................................................ 16 3.2.1.2.1. Formação Rio do Sul............................................................................ 16 3.2.1.2.2. Formação Rio Bonito............................................................................ 19 3.2.1.2.3. Formação Palermo ............................................................................... 23 3.2.1.2.4. Formação Irati ...................................................................................... 24 3.2.1.2.5. Formação Estrada Nova ...................................................................... 25 3.2.1.2.6. Formação Rio do Rasto ....................................................................... 26 3.2.1.2.7. Formação Botucatu .............................................................................. 27 3.2.1.3. Formação Serra Geral.......................................................................... 28 3.2.1.4. Depósitos Aluviais Atuais ..................................................................... 29 3.2.2. Geologia local ...................................................................................... 29 3.2.3. Geologia de subsuperfície .................................................................... 31 3.2.4. Hidrogeologia regional e local .............................................................. 33 3.2.5. Caracterização geotécnica ................................................................... 37 3.2.5.1. Geomorfologia ...................................................................................... 37 3.2.5.2. Geomorfologia da área da sub-bacia do rio Maina .............................. 38 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 4 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.2.5.3. Declividade........................................................................................... 38 3.2.5.4. Suscetibilidade à erosão ...................................................................... 41 3.2.6. Solos .................................................................................................... 44 3.2.6.1. Solos da sub-bacia do rio Maina .......................................................... 44 3.2.7. Recursos hídricos superficiais .............................................................. 45 3.2.8. Recursos hídricos subterrâneos ........................................................... 46 3.2.8.1. Sistema de fluxo superficial ou freático da água subterrânea .............. 46 3.2.8.2. Sistema de fluxo profundo da água subterrânea .................................. 47 3.3. MEIO BIÓTICO .................................................................................... 48 3.3.1. BM0300; BM0301; BM0314 ................................................................. 49 3.4. MEIO ANTRÓPICO .............................................................................. 50 3.5. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE RISCOS E NECESSIDADE DE FECHAMENTO OU INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO QUANTO A POSSIBILIDADE DE ENTRADA OU SAÍDA DE ÁGUA ........................ 54 3.5.1. BM0314 ................................................................................................ 54 3.6. IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS COM MATERIAL DE EMPRÉSTIMO NAS PROXIMIDADES .................................................................................. 55 3.6.1. BM0314 ................................................................................................ 55 3.7. POSIÇÃO RELATIVA DA BOCA DE MINA EM RELAÇÃO AO CONTEXTO MINEIRO, GEOLÓGICO, ESTRUTURAL E HIDROGEOLÓGICO ............................................................................ 55 4. OBRAS PARA INTERVENÇÃO OU FECHAMENTO.......................... 57 4.1. MEMORIAL DESCRITIVO ................................................................... 57 4.1.1. Obra civil .............................................................................................. 57 4.1.1.1. BM0314 ................................................................................................ 57 4.2. USO FUTURO ...................................................................................... 57 5. PLANO DE MONITORAMENTO ......................................................... 61 5.1. MONITORAMENTO DO MEIO FÍSICO ................................................ 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62 LISTA DE APÊNDICES ............................................................................................ 65 LISTA DE ANEXOS .................................................................................................. 66 EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO ........................................................................... 67 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 5 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 1.1. RESPONSÁVEL PELA ÁREA Tabela 1 – Empresa responsável pela área Nome oficial e razão social Carbonífera Metropolitana S/A CNPJ Inscrição estadual 83.647.917/0001-00 250.089.645 Endereço CEP Praça Nereu Ramos, 114 88.801-505 Município Estado Fone/fax E-mail Criciúma SC (48)34377055/34379200 [email protected] Fonte: Do Autor 1.2. EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina - SATC Endereço: Rua Pascoal Meller, 73, bairro Universitário. CEP 88805-380 – Criciúma/SC CNPJ: 83.649.830/0001-71 CREA/SC C03846-6 CRBio 3ª Região 00555-01-03 Telefone/fax: (48) 34317606 / (48) 34317650 Endereço eletrônico: www.portalsatc.com 1.3. EQUIPE TÉCNICA Tabela 2 – Equipe técnica do CTCL/SATC NOME Márcio Zanuz Antonio S. J. Krebs Denise Aparecida da Rosa Denise O. Ugioni Garcia Edilane Rocha Nicoleite Graziela Torres Rodrigues FORMAÇÃO Eng. de minas, coordenador Geólogo, Dr. Advogada Engenheira civil Bióloga. MSc Técnica em mineração CURRÍCULO LATTES http://lattes.cnpq.br/6955197523535874 http://lattes.cnpq.br/6081257351546047 http://lattes.cnpq.br/5653857862897931 http://lattes.cnpq.br/4664525649096455 http://lattes.cnpq.br/3106052960213314 http://lattes.cnpq.br/2495764756652453 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 6 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol NOME Jefferson de Faria Jonathan J. Campos Jussara Gonçalves da Silveira Luciane Garavaglia Maria Gisele R. de Souza Michael Salvador Crocetta Mirlene Meis Amboni Ricardo Vicente Roberto Romano Neto Ronaldo Moreira Tiago Meis Amboni William Sant’Ana Cléber José B. Gomes* FORMAÇÃO Engenheiro agrimensor Engenheiro agrimensor, MSc Técnica em secretariado Geóloga, MSc Engenheira ambiental Engenheiro químico Engenheira civil Biólogo, MSc Geólogo Téc. em meio ambiente Engenheiro ambiental Geógrafo, MSc Engenheiro de minas CURRÍCULO LATTES http://lattes.cnpq.br/2271158134386757 http://lattes.cnpq.br/1013229061798690 http://lattes.cnpq.br/2048291242392709 http://lattes.cnpq.br/6918618305358621 http://lattes.cnpq.br/3965795175379141 http://lattes.cnpq.br/7018537572802520 http://lattes.cnpq.br/0282249433073010 http://lattes.cnpq.br/1926889917989334 http://lattes.cnpq.br/0629183126782292 http://lattes.cnpq.br/5574363404161315 http://lattes.cnpq.br/6985160936471948 http://lattes.cnpq.br/6112395807452449 http://lattes.cnpq.br/3863366062811490 Fonte: Do Autor * SIECESC, fiscal do contrato 1.4. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Figura 1 – Localização da área de estudo Fonte: Do Autor SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 7 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Nesta área de estudo foram mapeadas 03 BMAs sob responsabilidade da empresa. De acordo com a tipologia estabelecida pelo SIECESC e aceita pelo GTA, na área de estudo ocorrem às seguintes BMAs (Tabela 3): Tabela 3 – Relação de bocas de minas estudadas na área 3, Metropol NUM 1 2 3 NOME BM0300 BM0301 BM0314 TIPO 3 3 4 DESCRIÇÃO Fechada sem drenagem Fechada sem drenagem Aberta sem drenagem DIAGNÓSTICO Não necessita intervenção Não necessita intervenção Necessita intervenção Fonte: Do Autor Tabela 4 – Informações gerais da área Denominação Área 3 – Metropol Local Município Distrito Bairro Metropol Criciúma Distrito 10 – Criciúma Sul Vias de acesso Avenida dos Imigrantes Coordenadas UTM do centro da área (SAD69) Localização hidrográfica Leste Norte Bacia Sub-bacia 652876 6830712 Araranguá Rio Maina Fonte: Do Autor 1.5. IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DO SOLO Tabela 5 – Identificação do superficiário IDENTIFICAÇÃO BMA PROPRIETÁRIO BM0300 BM0301 BM0314 Indústria de Molduras Salvaro Indústria de Molduras Salvaro Luiz Comin SUPERFICIÁRIO Fonte: Do Autor *Não foi feita a verificação da titularidade das propriedades, apenas do superficiário que estava ocupando a área no momento do estudo. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 8 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 1.6. HISTÓRICO DA ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES O levantamento dos dados históricos desta mina, bem como das técnicas e equipamentos utilizados, resultou em uma série de informações desencontradas, por vezes incoerentes. Acredita-se tratar-se de uma mina muito antiga, sem registros de mapas ou quaisquer outros documentos capazes de descrever a atividade ali desenvolvida. Figura 2 – Limite das áreas mineradas em subsolo na área de estudo Fonte: Do Autor SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 9 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 2. 10 CRONOGRAMA FÍSICO – FINANCEIRO Tabela 6 - Cronograma físico-financeiro Ano 1 Semestre Atividades BM0314 BM0300 BM0301 Total 2º Aterramento da boca Monitoramento do Meio físico Monitoramento do Meio físico R$ 66,00 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 1º 2º Monitoramento do Meio físico Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 1º 2º Monitoramento do Meio físico Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 1º 2º Monitoramento do Meio físico Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 1º 2º Monitoramento do Meio físico Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 66,00* R$ 957,40 R$ 957,40 R$ 1.914,80 R$ 957,40 R$ 957,40 R$ 1.914,80 R$ 957,40 R$ 957,40 R$ 1.914,80 R$ 957,40 R$ 957,40 R$ 1.914,80 R$ 957,40 R$ 957,40 R$ 1.914,80 R$ 9.640,00 1º Total ano 1 2 Total ano 2 3 Total ano 3 4 Total ano 4 5 Total ano 5 Total Geral R$ 3.257,30 R$ 3.191,30 R$ 3.191,30 Fonte: Do Autor *Este valor, conforme item 4.1.1.1 foi levantado considerando que o serviço será executado pela empresa responsável pela recuperação desta BMA, sem contratação de terceiros. Considerou-se, também, que o material para preenchimento será oriunda da jazida da empresa, neste caso, sem custo. A Tabela 6 traz a totalização dos recursos necessários para o monitoramento proposto, durante cinco anos, na bocas de minas em questão. O detalhamento de tais recursos, bem como os valores atribuídos a cada um deles, poderá ser visto no APÊNDICE A. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3. CARACTERIZAÇÃO 3.1. ENTORNO 3.1.1. BM0300 Antigo poço de entrada de materiais, que também servia para emergências, na mina Poço 1, da Carbonífera Metropolitana. Atualmente o local encontra-se fechado com laje, não apresentando drenagem ácida de mina ou entrada de esgoto. Sobre esta laje foi edificado pavilhão industrial da Empresa de Molduras Salvaro. Esse poço, juntamente com o da BM0301, localiza-se na vertente sul do morro que fica à montante do bairro Metropol. Este se encontra recoberto, parcialmente por revegetação de pinus e por vegetação secundária, denotando estar mais vegetado que nas décadas de 50, 60 e 70, quando o uso do solo na encosta era preponderantemente agropastoril. Ao sul e a oeste do pátio da empresa de molduras ocorreu expansão urbana, a partir da rua 74 e de suas transversais. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 11 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 3 – Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local Fonte: Do Autor 3.1.2. BM0301 Era um poço de serviço, com gaiola, que também saía carvão. Assim como a BM0300, está tamponado não apresentando entrada ou saída de drenagem. Da mesma forma, encontra-se sob pavilhão industrial da empresa de molduras Salvaro. Para esse ponto, e para a BM0300, não será necessária a realização de obras ou demais intervenções. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 12 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 4 – Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local Fonte: Do Autor 3.1.3. BM0314 Poço de ventilação que se encontra aberto, todavia entulhado por galhos, necessitando de pequena intervenção, uma vez que permite a entrada de água pluvial. Situa-se em meio a terreno com finalidade agropastoril, sendo que a pastagem circundante comporta criação pecuária. A cerca de 10 m a leste deste antigo suspiro de mina, foi localizada uma fratura no terreno, com dimensões aproximadas de 15 cm x 50 cm, já cadastrada no banco de dados como BM0315, cuja responsabilidade, segundo a empresa, é imputável a União, estando aberta e servindo de conexão até a antiga galeria de mina abandonada. No entorno da BM0314, a cerca de 20 m a oeste, existe uma drenagem e esta, por sua vez, está com suas cabeceiras localizadas a cerca de 50 m do local do SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 13 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol poço de ventilação. A drenagem não está conectada ao poço de ventilação e nem a fratura. Na concavidade natural que caracteriza a cabeceira não há vegetação suficiente para proteção e conservação do manancial. Ressalta-se, inclusive, a ligação existente de um esgoto intermitente de um canil próximo para o local. A jusante, esta nascente é represada em um açude. Nota-se, também, o gradual parcelamento do solo de antigas propriedades rurais, denotando o progressivo crescimento urbano. Figura 5 – Poço de ventilação entulhado por galhos Fonte: Do Autor SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 14 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 6 – Fratura adjacente ao poço de ventilação Fonte: Do Autor 3.2. MEIO FÍSICO 3.2.1. Geologia regional A descrição sobre a geologia regional e local objetiva instruir o projeto integrado de recuperação das bocas de minas existentes nos bairros Colonial e Metropol, município de Criciúma, região carbonífera do estado de Santa Catarina. A descrição do meio físico-geológico tem como referência os trabalhos desenvolvidos por Krebs (2004) e pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil, sobre a área correspondente à Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e em detalhe o trecho compreendido entre o alto e o médio curso da sub-bacia do rio Maina. Na área de ocorrência das bocas de minas afloram rochas sedimentares situadas na base da coluna estratigráfica da Bacia do Paraná às quais se sobrepõem rochas vulcânicas associadas com os derrames de fissura que recobriram essa bacia no Mesozóico. Essa sequência vulcano-sedimentar é coberta por sedimentos inconsolidados que formam os depósitos aluviais atuais. O SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 15 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol embasamento cristalino regional não aflorante é composto de rochas granitóides tardi a pós-tectônicos. Na Tabela 7 apresentada a coluna estratigráfica na qual está inserida a área em tela, descrevendo-se os domínios geológicos com base na seqüência cronológica da base para o topo das formações. 3.2.1.1. Embasamento Cristalino - Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos O embasamento da sequência sedimentar gonduânica ocorre a nordeste da área próximo das cidades de Cocal do Sul, Morro a Fumaça e Pedras Grandes. Na porção nordeste dessa bacia ocorre o denominado Granitóide Pedras Grandes que é formado por rocha granítica de cor rósea, granulação média a grossa, textura porfirítica, constituída principalmente de quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e biotita. Como mineral acessório ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. Apresenta textura isotrópica sendo, freqüentemente, recortada por veios aplíticos e/ou pegmatíticos. 3.2.1.2. Sequência Gonduânica 3.2.1.2.1. Formação Rio do Sul As litologias da Formação Rio do Sul não afloram na área de interesse para os projetos de recuperação. São identificadas nas sondagens realizadas para prospecção de carvão executada pela CPRM em diversos locais da bacia carbonífera (Furos série PB – Projeto Carvão Pré-Barro Branco; CAYE et al., 1975). SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 16 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Tabela 7 – Coluna estratigráfica da área Sistema Laguna-Barreira III Holoceno AMBIENTE/FORMAÇÃO Depósitos Aluvionares Atuais Depósitos Praiais Marinhos Eólicos Sistema Leques Aluviais Grupo São Bento Grupo Passa Dois Plioceno/ Holoceno Inferior Superior Inferior Superior Grupo Guatá Grupo Itararé Inferior/Superior Inferior Superior Permiano PALEOZÓICO e Depósitos Lagunares Areias quartzosas junto às margens e lamas no fundo dos corpos d’ água. Depósitos FlúvioLagunares Depósitos Paludais Depósitos Praiais Marinhos e Eólicos e Retrabalhamen to Eólico Atual Areias síltico-argilosas, com restos de vegetais, cascalhos depósitos biodetríticos Turfas ou depósitos de lama, ricos em matéria orgânica. Areais quartzosas médias, finas a muito finas, cinzaamarelado até avermelhado. Nas fácies praiais são comuns estruturas tipo estratificação plano-paralela, cruzada acanalada. Nas fácies eólicas é frequente a presença de matriz rica em óxido de ferro, que confere ao sedimento tons avermelhados. Depósitos de Encostas e Retrabalhamen to Fluvial Cascalhos areias e fluxos gravitacionais Nas porções mais retrabalhamento por aluvionares. Serra Geral Derrames basálticos, soleiras e diques de diabásio de cor escura, com fraturas conchoidais. O litotipo preferencial é equigranular fino a afanítico, eventualmente porfirítico. Notáveis feições de disjunção colunar estão presentes. Botucatu Arenitos finos, médios, quartosos, cor avermelhada, bimodais, com estratificação cruzada tangencial e acanaladas de médio e grande porte. Rio do Rasto Arenitos finos bem selecionados, geometria lenticular, cor bordô, com estratificação cruzada acanalada. Siltitos e argilitos cor bordô, com laminação plano-paralela. Estrada Nova Irati Palermo PRÉCAMBRIANO DESCRIÇÃO LITOLÓGICA Sedimentos argilosos, argilo-arenosos, arenosos e conglomeráticos depositados junto às calhas ou planícies dos rios. Areias quartzosas, esbranquiçadas, com granulometria fina à média, com estratificação plano-paralela (fácies praial) e cruzada, de pequeno a grande porte (fácies eólica). de Pleistoceno QUATERNÁRIO Terciário/ Quaternário Cretáceo Jurássico Triássico CENOZÓICO MESOZÓICO Sistema LagunaBarreira IV TERMI NOLO GIA IDADE Rio Bonito lamas resultantes de processos de e aluviais de transporte de material. distais, depósitos resultantes do ação fluvial dos sedimentos colúvio- Argilitos folhelhos e siltitos intercalados com arenitos finos, cor violácea. Nos folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a violóaceos, ocorrem concreções de marga. Folhelhos e siltitos pretos, folhelhos pirobetuminosos e margas calcáreas. Siltitos cinza-escuros, siltitos arenosos cinza-claro, interlaminados, bioturbados, com lentes de arenito fino na base. Membro Arenitos cinza-claro, finos a médios, quartzosos, com Siderópolis intercalações de siltitos carbonosos e camadas de carvão Membro Siltitos cinza-escuro, com laminação ondulada, intercalado Paraguaçu com arenitos finos. Arenitos cinza-claro, quartzosos ou feldspáticos, Membro Triunfo sigmoidais. Intercala siltitos. Rio do Sul Granitóides tardi a pós tectônicos Folhelhos e siltitos várvicos com seixos pingados, arenitos quartzosos e arenitos arcoseanos, diamectitos e conglomerados. A nível de afloramento, constitui espessa seqüência rítmica. Granitóides de cor cinza-avermelhado, granulação média à grossa, textura porfirítica, constituídos principalmente por quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e biotita. Como acessório, ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. São aparentemente isótropos e recortados por veios aplíticos e/ou pegmatíticos. Fonte: Krebs (2004) SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 17 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Furos executados a partir de 1971, através do Convênio DNPM/CPRM, na Bacia Carbonífera de Santa Catarina (e.g., FABRÍCIO, 1973; CAYE et al., 1975, SÜFFERT; CAYE; DAEMON, 1977) constataram que a espessura máxima apresentada pela Formação Rio do Sul atinge cerca de 130 m, no furo 1 PB-15-SC. A constituição litológica é formada por um conjunto de folhelhos e siltitos cinza-escuros a pretos, conglomerados, diamictitos, ritmitos, varvitos e depósitos de arenito com estratificações plano-paralela, cruzada de baixo ângulo e cruzada hummocky. Do ponto de vista genético, a proximidade com as rochas do embasamento, a geometria sigmoidal das camadas de arenitos e a interpretação do conjunto de estruturas sedimentares permitem interpretar estes arenitos como depósitos de leque deltáico proximal. Os diamictitos são cinza-escuro, constituídos por clastos com tamanhos que variam de grânulos até matacões, formados principalmente por rochas graníticas e, subordinadamente, arenitos. Estes clastos encontram-se dispostos caoticamente em uma matriz síltica a arenosa, quartzo-feldspática, mal selecionada, geralmente maciça ou com estratificação irregular incipiente, às vezes apresentando estruturas de escorregamento ou convolutas. Esses diamictitos são cortados por seqüências de ritmitos o que indica que esses depósitos podem ter sido gerados a partir de fluxos canalizados em uma plataforma rasa em ambiente glacial a periglacial. Com relação aos varvitos, a predominância de material argiloso, a laminação fina plano-paralela, a alternância de silte e argila e a presença de seixos e matacões de rochas graníticas sugerem uma sedimentação lacustre ou corpo d’água isolado formada em zonas de baixadas, rodeada por altos do embasamento cristalino, em regime de clima glacial a periglacial. Os arenitos com estratificação cruzada de baixo ângulo são muito finos a médios, eventualmente grossos, creme-amarelado a esbranquiçados e cinza-claros (amarelo-ocre com tons castanhos e avermelhados, devido à alteração), friáveis, bem selecionados, com grãos arredondados a subarredondados de quartzo, apresentando estratificações plano-paralelas, mais comumente, e cruzadas de baixo ângulo, às vezes maciços e micáceos, entre os planos de fratura. Essas estruturas sedimentares observadas nos arenitos são indicativas de deposição em zonas de praia supramaré (backshore) e intermaré (foreshore). SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 18 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol A persistência de estruturas sedimentares tipo estratificação hummocky indicam que estes arenitos correspondem a barras de costa-a-fora (offshore), formadas em um ambiente marinho de plataforma rasa, ao nível de ação das ondas de tempestades. A Formação Rio do Sul contém restos de flora e uma grande quantidade de palinomorfos. Através da análise destes dados palinológicos, os sedimentos desta unidade foram situados no Permiano Médio. 3.2.1.2.2. Formação Rio Bonito O mapa geológico (Figura 8) mostra que as litologias da Formação Rio Bonito afloram na porção leste da área que delimita este PRAD, ao longo de uma extensa faixa contínua, orientada segundo norte-sul, abrangendo parte dos bairros Rio Maina, Colonial e Metropol. A descrição dessa formação feita por Bortoluzzi et al. (1978) divide sua sequência da base para o topo nos membros Triunfo Paraguaçu e Siderópolis (Figura 7). SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 19 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 7 – Perfil litológico típico da Formação Rio Bonito Fonte: Bortoluzzi et al. (1978) Em 2004, Krebs através de correlações feitas a partir da interpretação de perfis litológicos dos furos de sondagem na bacia carbonífera e de visitas a afloramentos, individualizou o Membro Siderópolis nas três associações: • Associação Litofaciológica Superior (sequência Barro Branco); • Associação Litofaciológica Média (sequência Irapuá); SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 20 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol • Associação Litofaciológica Inferior (sequência Bonito) As litologias dos membros Triunfo e Paraguaçu correspondem a porção basal da Formação Rio Bonito e não afloram na área de estudo. Membro Siderópolis O Membro Siderópolis constitui um espesso pacote de arenitos, com intercalações de siltitos, folhelhos carbonosos e camadas de carvão que está subdividido em três seqüências litológicas distintas: Associação Litofaciológica Inferior - Sequência Bonito Nessa sequência, geralmente os arenitos possuem cor cinza-amarelado, textura média, localmente grossa, sendo moderadamente classificados, com grãos arredondados a subarredondados de quartzo e, raramente, feldspato. Possuem abundante matriz quartzo-feldspática. As camadas apresentam espessuras variáveis, desde alguns centímetros até mais de metro, geometria lenticular ou tabular, sendo a estruturação interna constituída de estratificação acanalada, de médio e pequeno porte. Ocorrem também arenitos com granulometria fina a muito fina; sua cor normalmente é cinza-claro a cinza-médio, tendo como principais estruturas a laminação plano-paralela, truncada por ondas e cruzada cavalgante (climbing), acamadamento flaser e drapes de argilas, bioturbação e fluidização. No topo da sequência basal do Membro Siderópolis, ocorre uma espessa camada de carvão - Camada Bonito. A sequência basal possui espessura máxima de 35 m, como pode ser verificado nos perfis de sondagem dos furos da CPRM da série PB, como PB-01 (Projeto Pré-Barro Branco; CAYE et al., 1975) e da série MA, como 1 MA-69 (Projeto Carvão de Santa Catarina; FABRÍCIO, 1973), sendo aflorante nas proximidades da cidade de Criciúma. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 21 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Associação Litofaciológica Média - Sequência Irapuá A sequência média é a mais espessa das três, ocupando extensa faixa posicionada ao longo dos vales dos rios Sangão e Criciúma, estando presente também no alto vale do rio Mãe Luzia, onde aflora de maneira contínua desde a localidade de Forquilha, ao norte, até a confluência do rio Morosini, ao sul. No terço superior, ocorre a camada de carvão Irapuá. De maneira subordinada, intercaladas nessa sequência arenosa, ocorrem camadas de siltito e folhelho carbonoso. Associação Litofaciológica Superior - Sequência Barro Branco Na seqüência superior do Membro Siderópolis, ocorrem arenitos finos a médios, cinza-claros, bem retrabalhados, com grãos bem arredondados, quartzosos, com ou sem matriz silicosa. Estes arenitos apresentam geometria lenticular e a estruturação interna das camadas é formada por estratificação ondulada, com freqüentes hummockys, que evidenciam retrabalhamento por ondas. Neste intervalo ocorre a mais importante camada de carvão existente na Formação Rio Bonito, denominada camada Barro Branco. Além dessa, em locais isolados da bacia carbonífera, ocorre outra camadas de carvão, denominada Camada Treviso. A espessura do Membro Siderópolis é bastante variável ao longo da bacia hidrográfica do rio Araranguá. De acordo com os mapas de isópacas das camadas Barro Branco e Bonito Inferior e com os furos de sonda dos diversos projetos executados para pesquisa de carvão pela CPRM (ABORRAGE; LOPES, 1986; FABRÍCIO, 1973; KREBS et al., 1982; KREBS, 1983; 1984), a espessura média é de 80 m, podendo chegar a 168 m próximo à localidade de São Pedro em Treviso. A inter-relação das diferentes unidades de fácies identificadas nos Membros Siderópolis e Triunfo sugerem um ambiente de deposição relacionado a um sistema lagunar e deltáico, influenciado por rios e ondas. A presença de cordões litorâneos, evidenciada pelo arenito de cobertura da camada de carvão Barro Branco, que apresenta freqüentes estruturas tipo micro-hummocky, indica que este ambiente lagunar/deltaico era periodicamente invadido pelo mar. Por outro lado, a SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 22 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol persistência de fácies predominantemente pelíticas no Membro Paraguaçu sugerem a atuação de correntes de maré. O conteúdo fossilífero da Formação Rio Bonito é evidenciado pela abundância de restos vegetais e palinomorfos encontrados nos carvões e rochas associadas que permitiu situar esta formação no Permiano Inferior, mais especificamente entre o Artinskiano e a base do Kunguriano. 3.2.1.2.3. Formação Palermo Essa formação aflora de maneira contínua, desde as proximidades da BR 101, a sul-sudeste, até o limite norte desta bacia, ao longo do alto curso dos rios Mãe Luzia e Dória. À medida que se dirige para oeste, é encoberto pela formação Irati ou pelos depósitos de leques aluviais. A Formação Palermo, que caracteriza o início do evento transgressivo, é constituída de um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de leitos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. A análise dos perfis de sondagem para carvão (furos de sigla MB, na região de Criciúma, e furos de sigla EP, na região de Treviso) demonstra que há um decréscimo de areia da base para o topo desta formação. Verificações realizadas em testemunhos de sondagem realizados pela CPRM a pela Carbonífera Metropolitana evidenciam que no terço médio desta formação ocorrem com frequência leitos de siltitos arenosos esverdeados com cimento carbonático e nódulos e concreções carbonáticas. A espessura total dessa formação, na região de Criciúma e Forquilhinha, de acordo com a correlação dos perfis de sondagens realizados na área da Mina B por Krebs et. al. (1982), é da ordem de 92 m. A presença de fácies areno-pelíticas intercaladas bem como a freqüência de estruturas tipo micro-hummocky, bioturbação e estruturas de fluidização, sugerem um ambiente marinho raso, com intensa ação de ondas e atuação de SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 23 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol microorganismos. Este evento marca o início da transgressão marinha que afogou o ambiente deltáico/lagunar da Formação Rio Bonito. 3.2.1.2.4. Formação Irati A Formação Irati é constituída na sua base por folhelhos e siltitos cinzaescuro, eventualmente cinza-claro a azulados. Quando intemperizados, os folhelhos adquirem tons amarelados, micáceos, mostrando desagregação conchoidal (Membro Taquaral). No seu topo, (Membro Assistência) é formada por um pacote de folhelhos cinza-escuro a pretos, intercalados com folhelhos pirobetuminosos e associados a lentes de margas creme a cinza-escuro, dolomíticas. Localmente, é comum encontrar-se estes folhelhos pirobetuminosos interestratificados com as camadas de margas, dando ao conjunto um aspecto rítmico, onde se destacam laminação plano-paralela, convoluta, concreções silicosas, marcas onduladas e estruturas de carga. Cristais euédricos e disseminados de pirita são encontrados nas margas, e nos folhelhos pirobetuminosos são observadas exsudações de óleo em fraturas e amígdalas. A espessura da Formação Irati é constante, de aproximadamente 40 m, como verificada nos furos de sondagens BG 41, 27, 28 e 125. Com frequência, parte desta formação é cortada por intrusões de diabásio. Nas áreas que constituem as cristas dos rios formadores da sub-bacia do rio Mãe Luzia e em morros-testemunhos de menor expressão, esta formação é intrudida por rochas vulcânicas que constituem as soleiras que sustentam a topografia. As características litológicas e sedimentares da Formação Irati indicam um ambiente marinho de águas rasas e calmas, abaixo do nível de ação das ondas, com os folhelhos pirobetuminosos tendo sido depositados em ambiente restrito, e as margas, em áreas plataformais. Seus melhores afloramentos localizam-se ao longo do vale do rio Manim, nas proximidades das cidades de Criciúma e Nova Veneza. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 24 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.2.1.2.5. Formação Estrada Nova Está presente na porção norte, junto à encosta inferior à média do planalto gonduânico, onde aflora de maneira contínua entre as cotas 450 m e 600 m. A partir do extremo norte da área desde as cabeceiras do rio Dória, constitui uma faixa que se estende para sudoeste até o alto curso do rio Cedro Alto, onde aflora entre as cotas 450 m e 250 m, sendo então coberta pelos depósitos de leques aluviais. No alto vale do Rio Mãe Luzia aflora em cotas mais baixas devido ao basculamento dos blocos, por falhas. De maneira subordinada está presente também no topo do Montanhão, Morro Cechinel, Morro Santa Luzia e de outros morros existentes na área, sem denominação específica. Do ponto de vista litológico, na sua porção inferior (Formação Serra Alta) compreende uma seqüência constituída por folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a pretos. Quando intemperizados mostram cores cinza-claro a cinza-esverdeado e avermelhadas, com tons amarelados. Normalmente, são maciços ou possuem uma laminação plano-paralela incipiente, às vezes micáceos. Localmente, contêm lentes e concreções calcíferas, com formas elipsoidais e dimensões que podem alcançar até 1,5 m de comprimento por 50 cm de largura. Sua porção superior (Formação Teresina) é constituída por argilitos, folhelhos e siltitos cinza-escuro e esverdeados, ritmicamente intercalados com arenitos muito finos, cinza-claro. Quando alteradas, estas rochas mostram cores diversificadas em tons violáceos, bordôs e avermelhados. Comumente apresentam lentes e concreções carbonáticas, com formas elípticas e dimensões que podem atingir 2 m de comprimento por 80 cm de largura. As principais estruturas sedimentares encontradas nesta seqüência são a laminação flaser, plano-paralela, ondulada e convoluta, estratificação hummocky, marcas onduladas e gretas de contração. As características litológicas e sedimentares do pacote inferior indicam deposição em um ambiente marinho de águas calmas, abaixo do nível de ação das ondas normais. Já o pacote rochoso superior, pelas características litológicas e estruturas sedimentares exibidas, indica uma deposição em ambiente marinho de águas rasas e agitadas, dominado por ondas e pela ação de marés (inframaré a supramaré). SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 25 26 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.2.1.2.6. Formação Rio do Rasto A Formação Rio do Rasto aflora de maneira contínua ao longo da encosta média do planalto. No extremo norte da área aflora a partir da cota 580 m e, à medida que se dirige para sudoeste, aflora em cotas inferiores até ser encoberta pelos depósitos de leques aluviais ao norte da cidade de Jacinto Machado. Tem ampla distribuição na porção centro-oeste desta bacia hidrográfica, onde aparece capeando morros alongados que constituem os divisores de água de importantes mananciais. Está presente também campeando ou no terço superior de pequenos morros que ocorrem na área costeira. O Membro Serrinha, inferior, é constituído por arenitos finos, bem selecionados, intercalados com siltitos e argilitos cinza-esverdeado, amarronados, bordôs e avermelhados, podendo localmente conter lentes ou horizontes de calcário margoso. Os arenitos e siltitos possuem laminação cruzada, ondulada, climbing e flaser, sendo, às vezes, maciços. As camadas síltico-argilosas mostram laminação plano-paralela, wavy e linsen. Os siltitos e argilitos exibem desagregação esferoidal bastante desenvolvida, a qual serve como um critério para a identificação desta unidade. Nesta porção inferior, as camadas de arenitos são pouco espessas, raramente superiores a 40 cm, e subordinadas. O Membro Morro Pelado, superior, é constituído por lentes de arenitos finos, avermelhados, intercalados em siltitos e argilitos arroxeados. O conjunto mostra também cores em tonalidades verdes, chocolate, amareladas e esbranquiçadas. Suas principais estruturas sedimentares são a estratificação cruzada acanalada, laminação plano-paralela, cruzada, e de corte e preenchimento. As camadas de arenitos apresentam geometria sigmoidal ou tabular e, geralmente, possuem espessuras superiores a 50 cm, podendo alcançar em alguns casos mais de 2 m. A deposição da Formação Rio do Rasto é atribuída inicialmente a um ambiente marinho raso (supra a inframaré) que transiciona para depósitos de planície costeira (Membro Serrinha), passando posteriormente à implantação de uma sedimentação flúvio-deltáica (Membro Morro Pelado). SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.2.1.2.7. Formação Botucatu Aflora de maneira contínua ao longo do terço superior da encosta do planalto, no qual pode ser acompanhada desde o extremo norte da área onde constitui escarpas de arenitos capeadas por rochas ígneas extrusivas da Formação Serra Geral. Nesta mesma porção, ocorre localmente, capeando morros alongados que devido à erosão diferencial apresentam relevo ruiniforme. À medida que se dirige para sudoeste, ocorre também capeando morros alongados nos municípios de Meleiro, Morro Grande e Timbé do Sul. Litologicamente esta formação é constituída por arenitos bimodais, médios a finos, localmente grossos e conglomeráticos, com grãos arredondados ou subarredondados, bem selecionados. Apresentam cor cinza-avermelhada e é frequente a presença de cimento silicoso ou ferruginoso. Constituem expressivo pacote arenoso, com camadas de geometria tabular ou lenticular, espessas, que podem ser acompanhadas por grandes distâncias. No terço inferior, apresenta finas intercalações de pelitos, sendo comuns interlaminações areia-silte-argila, ocorrendo freqüentes variações laterais de fácies. À medida que se dirige para o terço médio, desaparecem as intercalações pelíticas, predominando espessas camadas de arenitos bimodais, com estratificação acanalada de grande porte, indicando que as condições climáticas se tornavam gradativamente mais áridas, implantando definitivamente um ambiente desértico. A persistência de estruturas sedimentares, tais como estratificação cruzada acanalada de grande porte, estratificação cruzada tabular tangencial na base e estratificação plano-paralela, a bimodalidade dos arenitos, evidenciada por processos de grain fall e grain flow e ainda as freqüentes intercalações pelíticas, ripples de adesão e marcas onduladas de baixo-relevo sugerem ambiente desértico com depósito de dunas e interdunas. Até hoje não se encontraram fósseis nesta formação. Sua idade é atribuída aos períodos Jurássico Superior e Cretáceo Inferior, através de relações estratigráficas com as formações que lhe são subjacentes. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 27 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.2.1.3. Formação Serra Geral As rochas vulcânicas da Formação Serra Geral constituem a escarpa superior do planalto gonduânico. Estas rochas afloram a partir da cota 760 m. No topo do planalto ocorrem cotas de 1.450 m, indicando uma espessura de 690 m para esta formação neste local. Ocorrem também sob a forma de sills, capeando morros, principalmente na porção compreendida entre Nova Veneza, Criciúma e Siderópolis. As rochas dessa formação abrangem uma sucessão de derrames de lavas, predominantemente básicas, contendo domínios subordinados intermediários e ácidos, principalmente no terço médio e superior. Nas observações de campo, foram verificados termos básicos a intermediários, de cor cinza-escuro a preto, de granulação fina à afanítica, com termos variando desde amigdaloidal até maciços. Geralmente encontram-se bastante fraturados, exibindo fraturas conchoidais características. Ao nível de afloramento, verificam-se nitidamente três zonas de resfriamento: amigdaloidal, disjunção vertical e disjunção horizontal. As zonas de disjunção horizontal e vertical são espessas, algumas vezes com espessuras superiores a 10 m. A zona amigdalóide normalmente não ultrapassa 2 m de espessura. É muito freqüente a intrusão de diabásios em rochas sedimentares gonduânicas. Constatou-se que estas intrusões ocorrem principalmente no intervalo estratigráfico correspondente às Formações Rio Bonito e Irati e à base da Formação Estrada Nova. Esta formação é conseqüência de um intenso magmatismo de fissura, correspondendo este vulcanismo ao encerramento da evolução gonduânica da bacia do Paraná. Mühlmann et al. (1974) situa a Formação Serra Geral no Cretáceo Inferior (entre 120 e 130 milhões de anos) através de dados radiométricos obtidos por diversos autores. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 28 29 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.2.1.4. Depósitos Aluviais Atuais Na porção oeste-noroeste, onde se posiciona a encosta do platô gonduânico, os vales são encaixados e têm gradientes acentuados. Nesta porção, os depósitos aluviais são pouco expressivos e se constituem, geralmente, de depósitos conglomeráticos ou areno-conglomeráticos que se concentram nas calhas dos cursos d’ água, formando barras transversais ou longitudinais e barras em pontal. Na porção situada entre as cidades de Criciúma, Nova Veneza e Siderópolis, onde os vales são mais abertos e afloram rochas pelíticas nas encostas dos morros, os depósitos aluviais resultantes são mais expressivos e predominantemente argilosos ou areno-síltico-argilosos. O material geralmente apresenta plasticidade média e cores variegadas, principalmente em tons cinzaamarelado. A partir da cidade de Forquilhinha, para oeste, as rochas gonduânicas que ocorrem no fundo dos vales estão, em geral, capeadas pelos depósitos de leques aluviais. 3.2.2. Geologia local A geologia local descrita para a área em tela é baseada no Mapa Geológico da Bacia do Rio Araranguá (KREBS, 2004), cujo esboço é apresentado na Figura 8. Esse mapa compila os dados dos diversos levantamentos geológicos da CPRM, feitos na região carbonífera e acrescenta informações obtidas pela equipe de técnicos do CTCL em trabalhos de campo, reinterpretação de fotografias aéreas e de perfis de furos de sondagem, integrando, ainda, as estruturas geológicas existentes nas minas de carvão antigas. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 8 – Esboço do mapa geológico da área do PRAD (sem escala) Fonte: Krebs (2004) Na área de influência do PRAD ocorrem quatro domínios geológicos representados pela sequência basal do Grupo Guatá, Formações Rio Bonito e Palermo, sequência média do Grupo Passa Dois, Formação Estrada Nova, as quais se encontram encobertas por um sill de diabásio da Formação Serra Geral. As formações gonduânicas ocorrem em faixas paralelas entre si na direção norte-sul, acompanhando a conformação geral da borda leste da bacia do Paraná. As rochas que compõem a Formação Rio Bonito ocupam a maior parte da área de estudo, sendo representadas pela porção superior do Membro Siderópolis e por afloramentos da porção média do Membro Siderópolis. A constituição litológica do Membro Siderópolis é formada, principalmente, por arenitos de origem transgressiva, nos quais se intercalam as camadas de carvão Barro Branco e Irapuá. Os afloramentos da porção média do Membro Siderópolis ocorrem em janelas estruturais formadas a partir do basculamento de blocos de uma zona de falhas de direção N-S que expuseram o bloco NE à erosão diferencial, fazendo aflorar os intervalos superior e médio do Membro Siderópolis, no mesmo nível topográfico. As rochas que pertencem à Formação Palermo afloram na porção oeste da área de estudo e pertencem as porções inferior e média dessa formação. O contato com a Formação Rio Bonito é transicional e representada pela ocorrência de uma camada de arenitos finos intensamente bioturbados que apresentam cimento carbonático. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 30 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Uma intrusão na forma de um sill de diabásio se sobrepõe às rochas que compõe a Formação Palermo, alojando-se entre a sua porção média e a base da Formação Estrada Nova. A área de estudo está compartimentada em três blocos delimitados por zonas de falhas diretas relacionadas com o sistemas N40-50E e N10-30W, as quais, delimitaram os trabalhos mineiros e são as principais responsáveis, juntamente com aas áreas com cobertura afetada com subsidência,pela conexão da água subterrânea com as minas subterrâneas exauridas. Os depósitos aluvionares e de retrabalhamento fluvial encontram-se posicionados ao longo da bacia deposicional do rio Sangão e afluentes, situando-se na porção central da área. Esses depósitos são formados por sedimentos de granulometria heterogênea e constituídos por siltes, argilas e areias, além de sedimentos provenientes da degradação mecânica de depósitos de rejeitos situados próximos das margens do rio Maina. 3.2.3. Geologia de subsuperfície A geologia de subsuperfície (Figura 9) é descrita com base nos perfis de sondagem exploratória realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) na região carbonífera de Santa Catarina e no trabalho de reconhecimento geológico realizado em campo. O perfil geológico local da sequência gonduânica é contituído pelas porções média e inferior da Formação Palermo as quais se sobrepõem às litologias da sequência superior do Membro Siderópolis da Formação Rio Bonito. A sequência média da Formação Palermo possui espessura que varia de 50 m a 75 m, sendo formada por siltitos cinza claros com esparsas lâminas de arenito fino micáceo e camada de arenito cinza claro, muito fino, e com cimento carbonático. Essas litologias se sobrepõem a uma sequência de camadas de arenitos muito finos e de siltitos arenosos cinza esverdeados com cimento carbonático. A sequência basal dessa formação é constituída por siltitos cinza escuros a pretos finamente micáceos que gradam na direção da base para uma sequência SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 31 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol rítmica de leitos e lentes de arenitos finos cinza e siltitos pretos que se alternam com leitos de arenitos finos bioturbados com cimento carbonático. Essa sequência basal representa a zona de contato transicional com a Formação Rio Bonito e possui cerca de 20 m de espessura. Para a Formação Rio Bonito faz-se a caracterização dos estratos até o topo da camada de carvão Barro Branco, cuja extração deu origem às bocas de mina objeto deste PRAD. A sequência litológica da Formação Rio Bonito, até o topo da camada de carvão Barro Branco, é formada por uma camada de arenito cinza claro, cuja espessura varia de 4 a 10 m. Essa camada de arenito apresenta variedade textural, verificando-se a alternância de leitos com granumetria fina a grossa, composição quartzosa e quartzo-feldspática, podendo ocorrer em leitos maciços e/ou intercalados com lâminas de siltito preto, micáceo. A organização interna dos arenitos alterna leitos com estratificação rítmica plano-paralela ou cruzada, podendo inclusive apresentar laminação hummocky em locais. Na área em tela, essa camada de arenito é sotoposta por um leito de siltito cinza escuro a preto, carbonoso com espessura entre 0,2 e 0,5 m que se sobrepõe, por sua vez, à camada de carvão Barro Branco. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 32 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol ESPESSURA FORMAÇÃO SERRA GERAL (Ksg) BASALTO/DIABÁSIO 20 A 45 m F O R M A Ç Ã O SEQUÊNCIA MÉDIA (20 a 40 m) SITLITO CINZA ESVERDEADO COM NÓDULOS DE CARBONATO ARENITO CINZA MUITO FINO COM CIMENTO CARBONÁTICO 50 A 75 m P A L E R M O SEQUÊNCIA INFERIOR (10 a 25 m) SILTITO CINZA ESCURO COM LENTES DE ARENITO FINO E NÍVEIS BIOTURBADOS (Pp) FORMAÇÃO RIO BONITO (Prbss) MEMBRO SIDERÓPOLIS SEQUÊNCIA SUPERIOR 4 A 10 m ARENITOS INTERCALADOS COM SILTITOS E AS CAMADAS DE CARVÃO BARRO BRANCO E IRAPUÁ Figura 9 – Desenho do perfil geológico local (sem escala), baseado na compilação dos furos de sondagem exploratória 1 CR-13-SC01 e 1 CR08-SC, realizados pela CPRM Fonte: Fabrício (1973) 3.2.4. Hidrogeologia regional e local A hidrogeologia da área estudada está representada por três sistemas de fluxo da água subterrânea relacionados na hidroestratigrafia com as formações Serra Geral, Palermo e Rio Bonito (Figura 10). Vale salientar que apesar de o esboço do mapa hidrogeológico definir como sistema aqüífero, há de se considerar que se trata de uma classificação genérica, pois as formações que compõem esses domínios apresentam baixa permeabilidade intergranular vertical, tendo vários de seus horizontes comportamento de aquiclude, ou seja, se constituem como meio impermeável para a circulação da água subterrânea. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 33 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 10 – Esboço do mapa hidrogeológico da área do PRAD (sem escala) Fonte: Krebs (2004) O fluxo regional da água subterrânea foi definido por Krebs (2004) a partir do cadastramento de poços escavados, tubulares, ponteiras e nascentes. Nesse trabalho, o referido autor mostra que o fluxo ocorre de N-NE para S-SW, indicando que a área em estudo está situada em zona de descarga da água subterrânea representada pela sub-bacia bacia do rio Maina e afluentes. No que se refere ao fluxo superficial a área estudada se insere em área de recarga e descarga da água subterrânea, verificando-se a ocorrência de uma zona de recarga a oeste na porção elevada da área que inclui a faixa de afloramentos das formações Serra Geral, Estrada Nova e Palermo, uma zona de circulação até o nível do contato com o manto de alteração com o maciço rochoso dessas formações e uma zona de descarga em nascentes que formam a rede hidrográfica local. Vale salientar que apesar do impacto causado pela mineração subterrânea, não se pôde comprovar a conexão hidráulica entre os sistemas de circulação superficial e profunda da água subterrânea, porque, à exceção das áreas onde foram realizados desmontes de pilares, considera-se que a recarga lateral é a principal responsável pela formação dos recursos hídricos locais. A natureza predominantemente argilosa das litologias que foram o perfil da Formação Palermo indica que esta formação deve atuar principalmente como aquitardo. Localmente, onde ocorrem intercalações de fáceis SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com arenosas, 34 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol principalmente, no seu terço inferior ou onde esta formação é seccionada por falhamentos, pode atuar como unidade aquífera de baixa potencialidade. As sondagens realizadas pela CPRM evidenciaram que no seu terço superior, onde ocorre um intervalo fraturado e composto por uma camada de marga com nódulos de carbonato, carbonato esta formação atua como unidade aquífera de baixa potencialidade. A presença de horizontes carbonáticos influencia a hidroquímica da água resultante desta formação, a qual apresenta concentrações elevadas de Ca e Mg (Figura 11). Figura 11 – Esboço do mapa hidroquímico da área do PRAD (sem escala) Fonte: Krebs (2004) O principal domínio hidrogeológico local está relacionado com os horizontes hidroestratigráficos relacionado com as litologias que formam a sequência média e a sequência superior do Membro Siderópolis. A ocorrência disseminada de pirita ao longo do perfil das litologias que compõem o perfil da sequência do membro Siderópolis influencia a hidroquímica da água como mostram o esboço do mapa hidrogeológico (Figura 11) 11 e o diagrama de Stiff (Figura 12) que evidenciam a assinatura sulfatada da água do poço tubular PT30Ed. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 35 36 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 12 – Diagrama de Stiff da água coletada no poço PT-30-Ed Fonte: Krebs (2004) Ambas as sequências apresentam em seu perfil variações laterais de fácies que são determinantes das características relacionadas com hidrodinâmicas da água subterrânea, em especial, a condutividade hidráulica e a armazenabilidade. De acordo com a descrição dos furos de sondagem, constata-se que os arenitos encontrados nessas sequências apresentam camadas e lentes de diferentes granulometrias que têm em comum a presença de cimento silicoso, carbonático ou detrítico o que reduz de forma significativa a sua porosidade efetiva. Pode-se então considerar que essas sequências apresentam baixa condutividade hidráulica vertical, devendo, portanto, o fluxo superficial da água subterrânea limitar-se até a profundidade da sua zona de alteração que de acordo com furos de sondagem varia de 5 até 11 m. A principal fonte para a produção da água subterrânea na área estudada está relacionada com o sistema de fluxo profundo do domínio hidrogeológico da Formação Rio Bonito, devendo-se considerar ainda que deva haver significativa influência da mineração subterrânea nesse nível de circulação, o qual ainda não foi avaliado e não faz parte do escopo deste PRAD. A produção de água subterrânea também é influenciada pelo condicionamento estrutural, de modo que horizontes potencialmente produtores de água podem ocorrer nos locais de intersecção de falhas, permitindo a formação de um aquífero do tipo fraturado. No entanto, fora dessas áreas, há baixa favorabilidade para a produção de água na área estudada, pois as formações geológicas locais não SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol constituem unidades aquíferas, atuando, principalmente como áreas de recarga para os horizontes hidroestratigráficos subjacentes. 3.2.5. Caracterização geotécnica 3.2.5.1. Geomorfologia No município de Criciúma ocorrem as seguintes unidades geomorfológicas: Depressão da Zona Carbonífera Catarinense; Planície Lagunar e Planície Aluvial. A Depressão da Zona Carbonífera Catarinense abrange a sub-bacia do rio Sangão, na porção leste da bacia do rio Araranguá e parte da sub-bacia do rio Ronco d`Água, situada na porção oeste da bacia do rio Urussanga. Caracteriza-se por ter um relevo de colinas e morros, com média a alta densidade de drenagem, desenvolvido a partir do sopé da escarpa da Serra Geral. A geração desta depressão está diretamente relacionada à erosão regressiva da escarpa da Serra Geral e à exumação de rochas Permianas da Bacia do Paraná, algumas delas constituindo-se em jazidas de carvão mineral. Predominam nesta depressão periférica as rochas do Grupo Guatá, da base da sequência Permiana, destacando-se os arenitos, siltitos e folhelhos carbonosos de ambiente fluvial a deltáico da Formação Rio Bonito, e os siltitos argilosos e arenitos finos de ambiente marinho raso da Formação Palermo. Sobrepostas a essas unidades, afloram as rochas do Grupo Passa Dois, destacando-se os argilitos, siltitos e arenitos finos, marinhos da Formação Estrada Nova. Também são mapeadas rochas básicas da Formação Serra Geral. As minas de carvão mineral estão concentradas junto aos afloramentos de rochas da Formação Rio Bonito. A Planície Lagunar está inserida na baixada litorânea e localiza-se entre as duas gerações de terraços marinhos. No município de Criciúma, ocupa uma pequena porção no extremo sul, junto à planície do rio dos Porcos. Estes terrenos consistem de sedimentos argilo-arenosos a argilosos, ricos em matéria orgânica, de SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 37 38 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol idade Holocênica, resultantes de processos de progressiva colmatação de extensas paleo-lagunas formadas logo após a construção de ilhas-barreiras durante o último máximo transgressivo, há aproximadamente 5.100 anos atrás. 3.2.5.2. Geomorfologia da área da sub-bacia do rio Maina Na sub-bacia do rio Maina, onde está inserida a área do PRAD, estão presentes as unidades geomorfológicas Depressão da Bacia Carbonífera e Baixada Alúvio-Coluvionar. A unidade Depressão da Bacia Carbonífera ocupa a maior porção da área desta bacia e está constituída por colinas convexas de topos arredondados ou alongados, com gradientes suaves a médios (26 a 162 m). As bocas de minas em consideração neste PRAD ocorrem no terço inferior dessa unidade geomorfológica, ocupando terrenos cuja amplitude de relevo varia entre 26 e 53 m. De maneira subordinada ocorrem morrotes isolados com declividades mais acentuadas que apresentam baixa a média densidade de drenagem com padrão dendrítico. A Baixada Alúvio-Coluvionar está representada por superfícies subhorizontais constituídas por depósitos arenosos ou areno-argilosos, bem selecionados que se distribuem ao longo da planície aluvial do rio Maina e principais afluentes. 3.2.5.3. Declividade A declividade da área em tela foi determinada a partir do modelo digital do terreno (Figura 13) que teve como origem dos dados as ortofotocartas disponibilizadas pela Prefeitura de Criciúma na escala 1:2.000. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 39 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 13 – Modelo digital do terreno Fonte: Do Autor As declividades dos terrenos foram agrupadas em classes e representadas no mapa de declividade (Figura 14), de modo que possa ser utilizado como um dos principais indicadores da susceptibilidade à erosão. Para elaboração deste mapa foram selecionadas as seguintes classes de declividades: • 0 a 5% • >5 a 15% • >15 a 30% • >30 a 50% • >50 a 100% • >100% SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 14 – Mapa de declividade Fonte: Do Autor As bocas de mina objeto deste PRAD localizam-se em terrenos cujas declividades variam de 2,9 a 23,3%. A Tabela 8 mostra a declividade de cada boca de mina, sendo que cada classe apresenta a mesma representatividade. Tabela 8 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas BMA 300 301 314 Fonte: Do Autor DECLIVIDADE (%) CLASSE 2,9 10,9 23,3 0 – 5% >5 – 15% >15 – 30% Os terrenos onde se localizam as bocas de minas pertencentes à classe de 0 a 5%, são planos, mal drenados que ocorrem, principalmente, em áreas que são ocupadas no presente pela mancha urbana do bairro Colonial. Algumas bocas de minas estão dentro da área correspondente à unidade geomorfológica baixada alúvio-coluvionar que inclui a bacia de deposição do rio Maina, podendo, em razão disso, estarem sujeitas à inundação como é o caso da BM0338. Os terrenos onde se localizam as bocas de minas pertencentes à classe de declividade de 5 a 15% não apresentam susceptibilidade à inundações. No entanto, devido à natureza do substrato (predominantemente argiloso produto de alteração de siltitos da Formação Palermo), presença de depósitos de rejeitos que funcionam como barreira para o escoamento e o subdimensionamento ou alteração SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 40 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol do curso da drenagem pluvial, podem ocasionar alagamentos nesses terrenos e dessa forma contribuir para a infiltração nas bocas de mina. 3.2.5.4. Suscetibilidade à erosão Neste trabalho, entende-se por suscetibilidade à erosão (laminar e linear) a maior ou menor facilidade com que uma área é erodida pelos processos erosivos naturais. Como mostra a Tabela 9, na área do PRAD, as bocas de minas estão situadas em terrenos de muito baixa a moderada susceptibilidade à erosão (68%). Tabela 9 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas BMA CLASSE SUSCEPTIBILIDADE À EROSÃO 300 301 314 0 – 5% >5 – 15% >15 – 30% muito baixa baixa moderada Fonte: Do Autor O padrão de relevo é um fator muito importante na atuação dos processos erosivos. Por este motivo, na descrição dos aspectos geomorfológicos procurou-se definir o padrão de relevo, caracterizando todas as suas feições morfológicas como amplitude, declividade e forma das encostas, bem como densidade e padrões de drenagem. Em relevos fortes ondulados, o volume de água é grande e o escoamento superficial é rápido, com alta energia, necessitando implantação de obras de porte. Também a natureza do solo e do substrato rochoso são fatores naturais que influenciam diretamente na atuação dos processos erosivos. Os solos profundos, permeáveis e bem estruturados são pouco suscetíveis aos processos erosivos, porém, se estes, posicionarem-se sobre um substrato rochoso impermeável, pode haver acúmulo de água na interface solo/substrato rochoso impermeável, originando um fluxo concentrado induzindo aos processos erosivos. Nas encostas dos vales formados pelo alto e médio curso do rio Maina, toda a faixa de terrenos com declividade maior do que 15% possuem substrato rochoso impermeável constituído por siltitos e folhelhos, laminados e SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 41 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol físseis da Formação Palermo. Porém, no trabalho de campo não foram observados indícios de erosão por esse processo, possivelmente em razão da ocorrência de solos pouco profundos dentro da área de influência direta (AID). No caso da área deste PRAD, os terrenos que formam a AID da maioria das bocas de mina, enquadram-se nas classes que são consideradas neste PRAD como de muito baixa a baixa susceptibilidade à erosão. Bocas de minas situadas em áreas de muito baixa susceptibilidade à erosão As áreas com muito baixa susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos planos, pertencentes à classe de declividade de 0 a 5%. Esses terrenos estão situados na planície aluvial dos rios formadores da sub-bacia do rio Maina. Pelo fato de tratar-se de áreas planas, mal drenadas, o escoamento superficial de processa lentamente, com baixa energia e, portanto, sem capacidade de arranque e transporte de partículas, não causando problemas relacionados à erosão. Cabe salientar, que a planície aluvial do rio Maina encontra-se densamente ocupada pela urbanização ou em processo de ocupação, verificando-se que o solo está quase todo revestido, dificultando a infiltração das águas de chuva, aumentando a velocidade do escoamento superficial. Esses fatores induzem à atuação dos processos erosivos mesmo nas áreas planas e com baixa suscetibilidade à erosão. Esse processo de erosão urbana é acentuado por que os aterros realizados para implantação de loteamentos ou disposição de rejeitos piritosos provenientes do beneficiamento de carvão dificultam o escoamento das águas para suas planícies aluviais durante épocas chuvosas, modificando o regime de fluxo dos cursos d’água e aumentando substancialmente sua capacidade de arranque e transporte de material. Em razão disso, verificam-se vários locais onde está havendo erosão das margens dos cursos d’água e, em alguns casos do próprio leito do rio Maina e afluentes. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 42 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Bocas de minas situadas em áreas de baixa susceptibilidade à erosão As áreas com baixa susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos pertencentes à classe de declividade >5 a 15%. São áreas com relevo suave ondulado, com amplitude da ordem de 53 a 80 m. As encostas dos vales têm formas convexas e possuem baixa a moderada densidade de drenagens. Os vales são abertos com planícies aluviais restritas. Na área abrangida por esta unidade, o substrato rochoso é constituído por rochas pelíticas da Formação Palermo. Sobre estas áreas desenvolvem-se solos pouco profundos, moderadamente a pouco permeáveis e moderadamente estruturados. Em razão das características associadas com o relevo pouco ondulado, com encostas de pouco declividade, bem como suas características geológicogeotécnicas, tais como boa capacidade de suporte, fácil escavabilidade e declividade de 5 a 15%, essas áreas apresentam baixa suscetibilidade à erosão. Os trabalhos de campo demonstraram que alguns locais da área estudada e fora da área de influência indireta das bocas de minas, notadamente aqueles com declividade acima de 30% apresentam evidências da atuação de processos erosivos. A geometria das encostas bem como a alta suscetibilidade à erosão são os principais fatores indutores da erosão causada pelo escoamento superficial. Bocas de minas situadas em áreas de moderada susceptibilidade à erosão As áreas de moderada susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos inseridos na classe de declividade de >15 a 30%. São terrenos de relevo pouco ondulado, com morros arrasados, de forma arredondada ou alongada, com encostas suaves de forma geralmente convexa, pouco extensas, e amplitude de relevo de 26 a 80 m. O substrato rochoso é constituído por rochas sedimentares pelíticas ou areníticas. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 43 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Sobre estas áreas desenvolvem-se solos Podzólicos Vermelho-Amarelo, abruptos ou gradacionais, moderadamente estruturados, bastante profundos, pouco a moderadamente permeáveis. Embora estes solos sejam resistentes aos processos erosivos, a suscetibilidade à erosão é moderada, pelo fato de as formas de relevo serem um tanto onduladas. 3.2.6. Solos 3.2.6.1. Solos da sub-bacia do rio Maina A classificação dos solos presentes na sub-bacia do rio Maina foi obtida com a leitura do Mapa de Solos do Estado de Santa Catarina editado pelo Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). De acordo com esse levantamento, ocorrem os seguintes tipos de solo: • Argilossolo Vermelho - Amarelo PVA3; • Espodossolo Cárbico EK2; • Neossolo Quartzarenoso RQ1. Na porção correspondente à sub-bacia do rio Maina ocorre somente solos do tipo Argilosolos Vermelhos. Esses solos apresentam horizonte B textural e argila de atividade baixa, conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho Escuro e Podsólico Vermelho-Amarelo. A porção correspondente à planície aluvial, onde ocorrem outros tipos de solos, está coberta pela mancha urbana do município. Os perfis dessas classes apresentam-se profundos, bem desenvolvidos, tratando-se de solos minerais e não hidromórficos, bem drenados. Apresentam a sequência de horizontes diagnósticos A, Bt, C. As análises físicas e químicas feitas com amostras de solo mostram que esses apresentam baixa soma de bases, capacidade de troca catiônica e saturação por bases. A saturação por alumínio é elevada, superior a 50%, o que caracteriza os SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 44 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol solos como sendo Álicos. O grau de floculação do horizonte B é próximo a 100%, com relação silte/argila variável. Já na leitura do mapa pedológico do município de Criciúma (UNESC, 2007), editado pelo IPAT na escala 1:500.000, verifica-se que a área delimitada para os estudos do PRAD encontra-se integralmente coberta com solo tipo PVAa01, caracterizado como Argilossolo Vermelho-Amarelo, aluminoso, textura média argilosa, com ocorrência em terrenos de relevo suave ondulado e ondulado que apresenta substrato formado por sedimentos pelíticos. 3.2.7. Recursos hídricos superficiais A área do PRAD está inserida no médio curso da sub-bacia do rio Maina, na qual os recursos hídricos superficiais são representados por nascentes, drenagens e açudes. A maior densidade hídrica encontra-se na porção oeste da área estudada com descarga na margem direita do rio Maina. As drenagens que formam a rede hidrográfica local apresentam padrão dendrítico, observando-se, porém, em locais alguns trechos encaixados em lineamentos estruturais. Essas drenagens apresentam leitos planos, cursos curvilíneos, largura inferior a um metro e lâmina d’água inferior a 20 cm. Nos leitos dessas drenagens ocorrem sedimentos cuja granulometria dominante é formada por partículas de tamanho seixo, grânulos e blocos. Em função da declividade acentuada dos canais, as frações finas (siltes e argilas) são transportadas pela água, depositando-se na zona de amortecimento situada no baixo curso dessas drenagens As nascentes encontradas durante os trabalhos de campo representam surgências do sistema de fluxo freático ou superficial, encontrando-se na interface do perfil de solo das Formações Serra Geral e Palermo, onde se verifica diferença pronunciada de permeabilidade e gradiente hidráulico. Essas nascentes não foram cadastradas, pois ocorrem fora da área de influência indireta das bocas de minas. As nascentes são formadores dos cursos d´água que se constituem em tributários de segunda e terceira ordem do rio Maina, sendo que alguns recebem SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 45 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol contribuição de drenagem ácida de áreas impactadas com a atividade de mineração de carvão, a partir do seu médio curso. Os recursos hídricos superficiais existentes na área são utilizados, principalmente, para consumo humano e sedentação animal. Os recursos hídricos superficiais representados pelas nascentes e cursos d’água na área em tela acham-se impactados pela ocupação do solo, notadamente, pela supressão da mata ciliar, substituição da mata nativa por reflorestamentos de eucaliptos e plantações de banana. A maioria das nascentes observadas no trabalho de campo situa-se em locais cujo uso do solo representa algum tipo de impacto. Esse impacto atua diretamente na redução da capacidade de armazenamento e transmissividade do sistema freático ou superficial da área estudada. 3.2.8. Recursos hídricos subterrâneos 3.2.8.1. Sistema de fluxo superficial ou freático da água subterrânea O sistema de fluxo ou freático superficial caracteriza-se por encontrar-se entre as zonas de recarga e descarga de água subterrânea para a sub-bacia do rio Sangão. Trata-se de um aquífero livre, de permeabilidade e porosidade elevadas, cujo perfil geológico é formado por camada de solo mole formado de silte e argila produto da alteração dos siltitos das Formações Serra Geral e Palermo, estendendose até o limite da zona de alteração do maciço rochoso. Esse sistema está associado no perfil geológico local ao domínio da cobertura coluvial/eluvial representado por depósitos de colúvio e manto de alteração (elúvio) das Formações Serra Geral e Palermo. A percolação da água ocorre, preferencialmente, na zona de contato do solo mole com a zona de alteração do maciço rochoso. A recarga nesse sistema ocorre por infiltração direta da água da chuva formando uma camada contínua até a zona de contato com o maciço rochoso. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 46 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol A espessura desse horizonte hidroestratigráfico é variável, observando-se que há um espessamento em direção aos terrenos situados nas maiores elevações onde, além do manto de alteração, ocorrem depósitos de talus. 3.2.8.2. Sistema de fluxo profundo da água subterrânea A circulação profunda da água subterrânea ocorre na sequência superior da Formação Rio Bonito formada por arenitos, siltitos arenosos e a camada de carvão Barro Branco. Este sistema se caracteriza pelo confinamento e extensa zona de recarga que extrapola a área estudada. O confinamento do aquífero Rio Bonito na área em tela é estabelecido pela cobertura de siltitos, folhelhos e diabásio das Formações Palermo e Serra Geral. A espessura das camadas confinantes varia de 5 m até 185 m. O fluxo da água subterrânea do sistema profundo é controlado pelas estruturas geológicas subhorizontais e verticais. No caso específico do aquífero Rio Bonito da área em tela esse controle ocorre nos planos de estratificação, disjunções horizontais e verticais e zonas de falhas permeáveis. Como a permeabilidade vertical é muito baixa nas camadas confinantes de cobertura, o fluxo vertical da água subterrânea é desprezível, razão pela qual a origem da água nesse sistema é a recarga regional principalmente por infiltração direta nas áreas aflorantes da Formação Rio Bonito. O fluxo local do aquífero profundo representado é controlado, principalmente, pela direção e mergulho dos estratos e pelo movimento rotacional relativos dos blocos ao longo dos planos de falha. O sentido e direção do fluxo regional foram determinados pela interpolação da altitude do nível estático da água subterrânea em poços tubulares como mostra o esboço do mapa hidrogeológico (Figura 8). Como já foi mencionado, o fluxo da água subterrânea depende, principalmente, da condutividade hidráulica. A água subterrânea na área em tela flui em diferentes contextos hidrogeológicos, apresentando descargas para as subbacias dos rios Maina e Sangão, principalmente. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 47 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol O fluxo da água subterrânea do sistema aquífero profundo ocorre segundo a direção preferencial de NE para SW acompanhando o sentido regional de mergulho da camada de carvão Barro Branco. Esse fluxo é estratificado, ou seja, pode ser local, intermediário ou regional como representado na seção esquemática da Figura 15. Isso significa que uma parte da água da chuva que infiltra no solo carrega o aquífero superficial produzindo as nascentes e a vazão de base nas zonas de descarga da água subterrânea e a outra parte da água é drenada pelas descontinuidades dos maciços para carregar os aquíferos profundos e gerar o sistema de fluxo intermediário e regional. Figura 15 – Representação esquemática das zonas de recarga e descarga e da circulação da água subterrânea Fonte: Cleary (1989) O aquífero profundo representado pelos arenitos da Formação Rio Bonito apresenta baixa recarga hídrica do sistema superficial em decorrência do confinamento promovido por camadas de baixa condutividade hidráulica vertical. Esse sistema encontra-se impactado tanto pela atividade mineração de carvão quanto pela infiltração direta de esgoto doméstico 3.3. MEIO BIÓTICO A vegetação presente na região carbonífera catarinense faz parte da Floresta Ombrófila Densa e encontra-se em diferentes estádios de regeneração SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 48 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol natural. Esta formação vegetal caracteriza-se por apresentar agrupamentos bem desenvolvidos, dando origem a uma cobertura arbórea densa e contínua (VELOSO; KLEIN, 1968). A diversificação ambiental, resultante da interação de múltiplos fatores, é um importante aspecto desta região, com ponderável influência sobre a dispersão e crescimento da fauna e da flora (LEITE; KLEIN, 1990). Atualmente as comunidades vegetais encontradas na bacia carbonífera estão bastante fragmentadas o que origina ambientes alterados de sua composição florística original. Entretanto, ainda são encontrados ambientes bem preservados e em estádio avançado de regeneração natural que são intensamente utilizados pela fauna local como fonte de abrigo e alimentação. A caracterização do meio biótico realizada para o diagnóstico das bocas de minas contidas neste PRAD buscou destacar áreas mais preservadas, informando a presença de remanescente florestal e de grupos da fauna associados. Em baças de minas onde serão realizadas intervenções o meio biótico foi melhor detalhado, as demais bocas de minas foram agrupadas de acordo com características ambientais. 3.3.1. BM0300; BM0301; BM0314 As bocas de minas BM0300 e BM0301 estão localizadas sob uma indústria, sem necessidade de caracterização do meio biótico. A BM0314 esta localizada em uma pastagem, utilizada para criação de gado bovino, sendo que, pontualmente, a vegetação é representada por um indivíduo de Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze, arbustos de Leandra sp., e Solanum sp., localizados sobre a boca de mina (Figura 16A). Entretanto, próximo a esta boca de mina é verificada a presença de um curso d’água com presença de nascente a aproximadamente 50 m da boca de mina. Nas margens do curso d’água foi verificada a presença de vegetação nativa, embora bastante fragmentada, representada principalmente por Euterpe edulis Mart. (palmito), Alchornea glandulosa Poepp. (tanheiro), Cecropia glaziovi Snethl. (embaúba), Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze (maricá), Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng (figueira), SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 49 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Casearia sylvestris Sw. (chá de bugre), Musa sp. (bananeira) e Citrus spp. (laranjeiras e limoeiros) (Figura ( 16B). Figura 16 – Aspecto da área onde esta situada a BM0314, onde: A – localização da BM0314; B – vegetação florestal no entorno do curso d’água próximo a BM0314 Fonte: Do Autor 3.4. MEIO ANTRÓPICO Com base na interpretação de fotografias aéreas do ano de 1956, na escala aproximada de 1:25.000, 1:25.000 números 16820 e 16821, na área correspondente ao atual bairro Metropol, fica notório que o limite sul do polígono demarcado para o PRAD 03 ficava nas imediações da rua 74, via principal do contorno norte do bairro. O histórico de colonização da área data de 1890, quando famílias de origem italiana, especificamente bergamasca, aí fixaram residência, a saber: família Comin, Salvaro, Pelozatto, Rabezzana, Colombo, Martinelli e Tinelli. Nesta composição fotográfica de 1956 ficava evidente o parcelamento do solo em pequenas propriedades rurais, na maioria, pertencentes aos descendentes da colonização pioneira. Todavia, fica perceptível o surgimento e expansão de vila operária, ao sul da rua 74, próximo a intersecção com a rua José Estefani (Figura Figura 17). Este núcleo operário era formado por descendentes de açorianos e negros, particularmente da região de Laguna, que vieram em busca de emprego nas minas de carvão, bem como na estrada de ferro. É fato que o incremento urbano e a atração populacional, SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 50 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol a partir da segunda metade do Século XX, resultam das atividades econômicas que ali se desenvolviam. BM0300 BM0301 BM0314 Rua 74 Figura 17: Detalhe da área do PRAD 03. A seta laranja mostra o caminho da localidade de Alto Rio Maina, a seta amarela vila operária. Os tracejados em azul indicam as principais drenagens no local Fonte: Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A. (1956) O núcleo residencial da vila operária continha cerca de 120 casas, denotando crescimento concentrado, no tempo e no espaço, refletindo assim, a dinâmica das atividades carboníferas do bairro, que, inclusive, recebeu o nome em referência à empresa colonizadora e mineradora que aí tinha sede. Entre o aglomerado residencial da vila operária e a rua 74, evidenciava-se corte de encosta, oriundo da atividade de lavra a céu-aberto que se praticava no setor sul do bairro. Ao norte da rua 74, predominava uso do solo agropastoril, com pequenas propriedades mercantis, algumas com função meramente de subsistência. Havia sete propriedades rurais marcantes neste recorte temporal para esta área, notadamente duas longitudinais à rua 74 e cinco transversais. Verificou-se um divisor de águas, que separava dois talvegues de pequenos afluentes do rio Maina. O afluente situado à esquerda, com padrão dendrítico, na direção norte sul, provinha de comunidade do Alto Rio Maina (município de Siderópolis) atravessando áreas sem interferência mineira, somente terrenos com uso agropecuário. O afluente de direção oeste-leste apresentava-se SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 51 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol sem mata ciliar e, logo após suas cabeceiras, circundava um pequeno depósito de rejeitos disposto em colina, sendo canalizado e drenado para as adjacências da vila operária. Nos locais que viriam a comportar as bocas BM0300 e BM0301, situados em meio à pastagem na margem direita de afluente, havia núcleo rural, estando as atividades mineiras concentradas entre os bairros Metropol e Colonial, não ocorrendo expansão para montante (setor norte). No local da BM0314, visualizavase pastagem próxima a cabeceira de drenagem, todavia a disposição de pequena pilha de rejeito, bem como o crescimento urbano, era acentuada neste setor da área delimitada para o PRAD 03. Na composição fotográfica do ano de 1978, evidencia-se o forte avanço urbano na metade sul do polígono, marcadamente ao longo das ruas Fioravante Colombo e Arcângelo de Souza, com expansão da mancha urbana residencial. A vila operária, situada ao sul do polígono, foi reordenada para outro local, sendo que o espaço anterior foi realocado para lavra a céu aberto e depósito de rejeito piritoso, todavia, nos contornos dos depósitos de rejeito, expandiu-se as infra-estruturas e o número de construções (Figura 18). SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 52 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Figura 18 – Localização exata das bocas de mina sobre o recorte fotográfico de 1978. O tracejado magenta indica o corte de encosta feito por lavra a céu aberto Fonte: Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A. (1978) O avanço urbano que procedeu de sul para norte, a partir da rua 74, e de jusante para montante, descaracterizou a paisagem existente em 1956. A estrutura territorial e espacial de uso do solo e parcelamento, baseado na subsistência e pequena propriedade mercantil, cederam espaço para um bairro residencial, que cresceu em função da pujante atividade mineradora. É neste contexto de expansão urbana, alavancada pela economia do carvão, que o intervalo temporal 1956-1978 demonstra a ampliação dos depósitos de rejeito, instalação do poço 01 da Carbonífera Metropolitana, com lavador, pátio de operações e demais infra-estruturas, supressão de pastagem, retilinização e aterramento de cabeceiras de drenagem. Provavelmente, neste cenário, houve a abertura dos poços BM0300 e BM0301, sendo o primeiro um poço de entrada de materiais e saída de emergência, o segundo um poço de serviço. Mesmo estando nas adjacências de depósitos de rejeito, sugestivo de área minerada, não era visível a abertura do poço de ventilação BM0314. Neste recorte temporal permanecia um resquício de pastagem no nordeste da área. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 53 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Atualmente, não existem atividades mineiras no bairro, sendo estas substituídas por outras atividades industriais. O bairro perdeu este foco, e hoje funciona preferencialmente como área dormitório, permanecendo com a mancha urbana residencial similar ao ano de 1978. Conclui-se que a mola propulsora, a atividade mineira, uma vez cessando, paralisou a expansão urbana verificada na década de 60 e início de 70. Em relação ao ano de 1978, ocorreu grande processo de recuperação das áreas mineradas, bem como dos locais de despejo de rejeito. Algumas drenagens voltaram a apresentar mata ciliar e predominam terrenos recobertos por argila, aguardando novo impulso, desta vez do setor imobiliário. 3.5. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE RISCOS E NECESSIDADE DE FECHAMENTO OU INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO QUANTO A POSSIBILIDADE DE ENTRADA OU SAÍDA DE ÁGUA 3.5.1. BM0314 Esta boca de mina, mesmo obstruída, necessita de intervenção, pois a superfície onde se encontra possui uma concavidade de aproximadamente 2 m de diâmetro por 1,5 m de profundidade. Sobre esta concavidade foi depositado alguns galhos para diminuir o risco de acidentes. A intervenção aplicável a esta boca de mina é o fechamento com material argiloso. Em função da sua localização topográfica, aparentemente não oferece risco de saída d’água. Em função da intervenção proposta também não ocorrerá o ingresso de água proveniente de escoamento superficial ou de precipitações. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 54 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 3.6. IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS COM MATERIAL DE EMPRÉSTIMO NAS PROXIMIDADES 3.6.1. BM0314 Devido ao reduzido volume a ser utilizado nesta BMA e o fato de ter sido observado, no entorno, nenhuma área com material de empréstimo, o material para preenchimento desta boca de mina deverá vir de uma jazida, devidamente licenciada pelos órgãos competentes. 3.7. POSIÇÃO RELATIVA DA BOCA DE MINA EM RELAÇÃO AO CONTEXTO MINEIRO, GEOLÓGICO, ESTRUTURAL E HIDROGEOLÓGICO As bocas de mina existentes na área do PRAD apresentam distintas características, no que se refere aos aspectos estruturais e hidrogeológicos. As bocas de mina BM0300 e BM0301 possuem características semelhantes, e diferem da BM0314. Com relação aos aspectos geológicos, o maciço de cobertura é constituído por arenitos da Formação Rio Bonito e siltitos arenosos da Formação Palermo. As bocas de mina BM0300 e BM0301 pertencem a um bloco geológico e a BM0314 a outro, os quais são separados por uma falha N45-60E, como mostra a Figura 8. De acordo com a fotointerpretação (Figura 17) essa falha se localiza nas proximidades da boca de mina BM0314. No contexto mineiro, todas essas bocas de mina correspondem a antigos poços de acesso e/ou ventilação da antiga Mina Poço 1, pertencente a Carbonífera Metropolitana. A camada de carvão Barro Branco, nessa área, ocorre em profundidades superiores a 30 m, sem nenhuma evidência de atividades de lavra a céu aberto. Porém, como o descrito no item 3.4 desse PRAD, a sul da boca de mina BM0314 houve atividades de lavra a céu aberto e disposição de rejeito. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 55 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol De acordo com o mapa de avanço de lavra em subsolo da Mina Poço 1, mostra que houve recuperação de pilares, potencializando a ocorrência de subsidência, tal como foi constatado nas proximidades da BM0314 (Figura 3). Com relação aos aspectos hidrogeológicos, nenhuma das bocas de mina apresenta problemas de geração de drenagem ácida. As bocas de mina BM0300 e BM0301 já estão tamponadas e posicionadas sob o pavilhão industrial da empresa de molduras Salvaro. Já, a BM0314 está aberta e na sua proximidade ocorrem fraturas na superfície do terreno, resultantes de processos de subsidência. Este condicionamento indica que a BM0314, bem como fraturas do seu entorno, podem atuar como condutos preferenciais para a entrada de águas pluviais para o interior das galerias e, consequentemente, potencializar a geração de drenagem ácida. O correto fechamento dessas fraturas deverá levar em consideração um trabalho de detalhe em seu entorno, para a definição da geometria e extensão das mesmas. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 56 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 4. OBRAS PARA INTERVENÇÃO OU FECHAMENTO 4.1. MEMORIAL DESCRITIVO 4.1.1. Obra civil 4.1.1.1. BM0314 Embora esta BMA, conforme descrito no item 3.5, apresenta-se obstruída, acarretará, para o total fechamento um volume de 6,12 m³ de material de empréstimo. Devido ao reduzido volume necessário para o aterramento da referida BMA, torna-se onerosa a terceirização deste serviço. Desta forma, desenvolveu-se o cronograma físico-financeiro prevendo que esta intervenção será executada diretamente pela empresa envolvida na recuperação da mesma. O reduzido volume de material necessário para fechamento pode ser transportado por um caminhão. Uma retro-escavadeira, em poucas horas de trabalho, será suficiente para finalizar o fechamento. 4.2. USO FUTURO A definição de uso futuro baseou-se na localização de cada boca de mina, desconsiderando a área de influência direta de 50 m, que foi adotada exclusivamente para fins de caracterização do entorno. Isto se justifica, uma vez que o projeto aqui apresentado foca unicamente o fechamento das bocas de minas, e não a recuperação de áreas degradadas pela mineração de carvão que porventura existam no entorno. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 57 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol Sendo assim, uma área onde a boca de mina está dentro de uma APP, o uso futuro é restrito à preservação ambiental, com implantação de vegetação, de acordo com os critérios técnicos do GTA. Por outro lado, poderá ser sugerido um uso futuro qualquer para as bocas de minas localizadas fora de APP, desde que não prejudique o trabalho de tamponamento ou recuperação que tenha sido executado. O município de Criciúma já recebeu o mapeamento de áreas mineradas em subsolo por ocasião da discussão do seu novo plano diretor. Para completar esta base de consulta, será fornecida a localização das bocas de minas dentro dos limites do município, para que este possa recomendar a execução de estudos geotécnicos adequados para cada projeto que seja proposto para as áreas onde estão localizadas as bocas de minas. Evidentemente, tais projetos também precisarão estar de acordo com o plano diretor vigente no município. Deve ser considerada a variável APP foi definida conforme o Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 1965), Lei 4771/65, analisada conjuntamente com o vigente Plano Diretor Municipal de Criciúma (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 1999) e o que se encontra em debate (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 2009). Para averiguação do zoneamento e ocupação do solo, no local definido para este PRAD, consultou-se o Mapa de Zoneamento Atual do Solo x Ocupação Atual no Município de Criciúma (FRANÇA, 2007a). O mapa de uso do solo (KLEIN; NOLLA, 2007) serviu de base para diagnóstico do uso implementado. Com base nos mapas de planejamento, do Plano Diretor em debate (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 2009), realizados no ano de 2007, descreve as áreas de ocupação irregular (NOLLA, 2007) e evolução urbana (FRANÇA, 2007b). A BM0314, de acordo com a Lei 4771/65 (BRASIL, 1965) e conforme a interpretação do Plano Diretor Municipal (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 2009), mostrado na Tabela 10, encontra-se em APP, desta forma, o único uso legalmente possível para a mesma é a preservação ambiental. Entretanto, a área vem sendo utilizada, conforme citada na descrição do entorno, para atividades agropastoris. Salienta-se, ainda, que a leitura das fotografias aérea convencionais dos anos de 1956 e 1978 mostra que o proprietário desenvolve esta atividade desde, no mínimo, 1956, antes, inclusive, da entrada em vigor das leis supracitadas. Desta forma, a revegetação, ou a destinação de outro uso, além de pastagem, SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 58 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol interromperia a atividade econômica desenvolvida no local e geraria conflitos desnecessários. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 59 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 60 Tabela 10 - Espacialidade das bocas de minas (PRAD 03) de acordo com os mapas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 1999; 2009) e no Código Florestal Brasileiro 4771/1965 (BRASIL, 1965) Plano Diretor vigente (1999) Diagnóstico (2007) Usos Recomendados (Lei n° 3.900 de 28 de Outubro de 1999) Mapa de Uso do Solo (Ano de 2007) Plano Diretor em debate (2007) Mapa de Zoneamento Atual x Ocupação Atual (Plano Diretor Participativo – Câmara de Vereadores) ZEP – Zona Especial de Preservação Mapa de Áreas ocupadas irregularmente (Plano Diretor Participativo – Câmara de Vereadores) Mapa de Evolução Urbana – 1978, 2001 (Plano Diretor Participativo – Câmara de Vereadores) Fora de áreas com ocupação irregular Não inserida na mancha urbana atual Bocas de Mina Abandonadas (BMAs) APP – Lei 4771/65 Mapa de Perímetro Urbano (MARLANO et al., 1999) BM0300 Não ZEP 2 Ra,b AD – Área Degradada BM0301 Não ZRU-1 – Área Degradada, imprópria para construção* - URB – Área Urbanizada ZEP – Zona Especial de Preservação Fora de áreas com ocupação irregular Expansão urbana em 1978 BM0314 Sim, localizada próxima de drenagem secundária ZEP 2 Ra,b P - Pastagem ZEP – Zona Especial de Preservação Fora de áreas com ocupação irregular Não inserida na mancha urbana atual Fonte: Do Autor SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol 5. PLANO DE MONITORAMENTO 5.1. MONITORAMENTO DO MEIO FÍSICO Este trabalho consistirá na averiguação, in loco, tanto de das bocas de minas que tenham sofrido intervenção como aquelas que não demandaram nenhuma ação de fechamento, observando os seguintes aspectos: i. Análise geotécnica da boca de mina e seu entorno, verificando o surgimento de novas subsidências; ii. Análise quanto à ocupação e uso do solo na boca de mina e seu entorno; iii. Verificação de eventuais ligações de esgotos ou outro tipo de drenagem para o interior das minas; iv. Análise das condições da intervenção realizada. Deverá ter periodicidade semestral e duração inicial de 5 anos, conforme o cronograma apresentado. Cabe ressaltar que o cronograma de monitoramento da boca de mina poderá ser integrado com o cronograma de monitoramento da área de influência direta, caso esta seja objeto de PRAD. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 61 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABORRAGE, A.M.; LOPES, R.C. Projeto A Borda Leste da Bacia do Paraná: Integração geológica e avaliação econômica. Porto Alegre, DNPM/CPRM, 1986. BORTOLUZZI, C.A.; PICCOLI, A.E.M.; BOSSI, G.E.; GUERRA-SOMMER, M.; TOIGO, M.M.; PONS, M.E.H.; WOLF, M.; SILVA, Z.C.C. Pesquisa geológica na bacia carbonífera de Santa Catarina. Pesquisas, v. 11, p. 33-192, 1978. BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal, e da outras providências. 1965. CASTRO, J.C.; BORTOLUZZI, C.A.; CARUSO Jr., F.; KREBS, A.S.J. Coluna White: Estratigrafia da Bacia do Paraná no Sul do Estado de Santa Catarina - Brasil. Florianópolis: Secretaria de Estado de Tecnologia, Energia e Meio Ambiente, 1994. 1 v. 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Agrupamentos arbóreos dos contra-fortes da Serra Geral situadas no Sul da costa Catarinense e ao norte da costa sul-riograndense. Sellowia, Itajaí, v. 20, p. 127-180, 1968. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 64 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A – Detalhamento do cronograma físico-financeiro. APÊNDICE B – Espacialização das bocas de minas abandonadas. APÊNDICE C – Levantamento topográfico planialtimétrico da BM0314. SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 65 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol LISTA DE ANEXOS ANEXO A – ARTs ANEXO B – Zoneamento de uso do solo do município de Criciúma Lei nº 3900, de 28 de outubro de 1999 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 66 Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – Metropol EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO Márcio Zanuz Antônio Silvio Jornada Krebs Eng° de minas CREA/SC 077.571-8 Geólogo CREA/SC 060.238-6 Edilane Rocha Jefferson de Faria Bióloga CRBio 058.837/03D Eng° agrimensor CREA/SC 061.125-0 Jonathan Jurandir Campos Maria Gisele Ronconi de Souza Eng° agrimensor CREA/SC 068.019-9 Eng° ambiental CREA/SC 087.632-3 Roberto Romano Neto Tiago Meis Amboni Geólogo CREA/SC 017.302-9 Eng° ambiental CREA/SC 098.428-0 William de Oliveira Sant Ana Geógrafo CREA/SC 092.590-0 SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) – www.portalsatc.com 67
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