HISTÓRIA DAS COPAS – 1930 Uruguai confirma a hegemonia Não

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HISTÓRIA DAS COPAS – 1930 Uruguai confirma a hegemonia Não
HISTÓRIA DAS COPAS – 1930
Uruguai confirma a hegemonia
Não era uma missão fácil. América e Europa sofriam consequências da crise econômica
de 1929, que causou desemprego em série e falências generalizadas, de empresas de
pequeno porte a grandes bancos. O futebol, organizado oficialmente pela FIFA desde
1904, ainda engatinhava enquanto modalidade e não tinha nada similar a uma estrutura
profissional.
Mas, se o cenário conjuntural não ajudava, escolher o Uruguai como sede fazia todo o
sentido no âmbito esportivo. A equipe sul-americana venceu as edições de 1924 e 1928
dos Jogos Olímpicos, feito que justificou o rótulo de Celeste Olímpica, até hoje
ostentado pela seleção uruguaia. Também ajudava, no plano simbólico, o fato de o
Uruguai completar 100 anos de independência em 1930.
Com esse misto de argumento econômico e técnico, o congresso da FIFA realizado em
Barcelona, em 1929, definiu que a primeira edição do Mundial no Uruguai. Na prática,
houve um quê de improviso, na base do convite, sem eliminatórias. Apenas quatro
equipes do Velho Continente toparam a empreitada de cruzar o Atlântico em navios,
casos de França, Bélgica, Romênia e Iugoslávia. Completaram o torneio oito seleções
sul-americanas, Estados Unidos e o México. O sorteio das chaves só foi definido
quando todas as equipes já tinham chegado ao Uruguai. As partidas foram disputadas
em apenas três estádios de uma única cidade, a capital Montevidéu.
Na final, no Estádio Centenário, com capacidade para 100 mil torcedores, Uruguai e
Argentina mediram forças. Mesmo com desvantagem de 2 x 1 no intervalo, a Celeste
levou o título com três gols na etapa final: 4 x 2. O presidente da FIFA, Jules Rimet,
entregou ao capitão José Nazassi o troféu. O dia 31 de julho, data seguinte à decisão, foi
declarado feriado nacional uruguaio.
Brasil coadjuvante
A estreia da Seleção Brasileira nos Mundiais exigiu uma viagem de 15 dias de navio e
refletiu um racha entre dirigentes do Rio de Janeiro e de São Paulo. A comissão técnica
da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) foi montada sem a presença de
integrantes da Associação Paulista de Esportes Atléticos. Em retaliação, São Paulo
vetou a convocação de jogadores que atuavam no estado. Assim, nomes importantes na
época, como Arthur Friedenreich, Feitiço e Armando Del Debbio não vestiram a camisa
da seleção que atuou no Uruguai.
Aquém de seu potencial máximo e diante de um rigoroso frio no inverno uruguaio, a
equipe nacional foi derrotada na estreia pela Iugoslávia, por 2 x 1. Coube a Preguinho a
honra de marcar o primeiro gol brasileiro em mundiais. O revés diante dos europeus
significou a eliminação do Brasil, já que a Iugoslávia bateu a Bolívia por 4 x 0 e apenas
uma equipe seguia para a semifinal. A seleção se despediu do Uruguai com uma
goleada de 4 x 0 contra a mesma Bolívia, com dois gols de Moderato e outros dois de
Preguinho.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 1934
O nascimento de um gigante do futebol
Sob olhos atentos do ditador Benito Mussolini, a Itália cumpriu a dupla missão de se
projetar no cenário esportivo e político internacional com o título na Copa do Mundo de
1934. O segundo mundial organizado pela FIFA despertou o interesse de 32 seleções.
Isso tornou necessário, pela primeira vez, a realização de eliminatórias. A própria Itália,
mesmo sendo a anfitriã, precisou disputar uma seletiva contra a Grécia para garantir sua
participação. A ausência mais significativa foi a da equipe campeã de 1930. O Uruguai
abriu mão de defender o título, fato que nunca mais se repetiria na história dos
mundiais, como forma de dar uma resposta ao boicote italiano na edição de quatro anos
antes.
No âmbito tecnológico, uma das grandes novidades foi a transmissão radiofônica ao
vivo das partidas em 12 países. Com a bola rolando, a hegemonia europeia mostrou-se
evidente. Os oito classificados para as quartas-de-final pertenciam ao Velho Continente.
O regulamento era em estilo mata-mata. As 16 equipes qualificadas para a fase final
duelavam em partida única. Em caso de empate, prorrogação. Se a igualdade persistisse,
novo duelo no dia seguinte.
No confronto decisivo, diante de 50 mil torcedores, Raimondo Orsi e Angelo Schiavio
foram os autores dos gols da Itália. Na verdade, uma virada digna de título. A
Tchecoslováquia fez 1 x 0 aos 36 minutos do segundo tempo. Os italianos acharam o
empate no fim e conseguiram o troféu na prorrogação.
A campanha dos campeões foi consistente. Na estreia, aplicaram a maior goleada do
torneio: 7 x 1 sobre os Estados Unidos. Nas quartas-de-final, precisaram de duas
partidas para eliminar a Espanha. O primeiro duelo terminou em 1 x 1. A segunda
partida foi vencida pelos italianos por 1 x 0, em que pesem as muitas reclamações dos
ibéricos por gols supostamente mal anulados.
Na semifinal, os italianos bateram a Áustria por 1 x 0. Os adversários eram conhecidos
por seu futebol de toques curtos e pela ofensividade. Há quem diga que a Itália contou
com a “ajuda providencial” de São Pedro, que mandou muita chuva no dia do embate,
encharcou o gramado e igualou as condições das equipes.
Brasil novamente coadjuvante
Sem os uruguaios, então campeões, coube a Brasil e Argentina o papel de
representantes da América do Sul no Mundial de 1934. Os dois países, que viriam a se
tornar grandes forças do futebol, tiveram participações periféricas. Os argentinos caíram
na estreia diante da Suécia, por 3 x 2, e os brasileiros perderam para a Espanha. A
Argentina jogou sem qualquer atleta da equipe de 1930. Vários atletas mudaram de lado
e adotaram a Itália, país de origem de muitas das famílias dos jogadores. Um deles, o
meia Luisit Monti, teve atuação decisiva na conquista italiana.
O Brasil repetiu a receita malsucedida da Copa anterior. Dirigentes dos estados do Rio
de Janeiro e de São Paulo não conseguiram resolver as desavenças políticas e o time,
que viajou 15 dias de navio até a Itália, não passou do primeiro duelo, na pior campanha
do país na história dos mundiais: 3 x 1 para a Espanha. Dessa vez, o pano de fundo da
discussão era uma discordância entre o aproveitamento ou não de atletas profissionais.
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) condenava o profissionalismo adotado
por muitos paulistas. No fim, a seleção acabou composta por um elenco eminentemente
do Rio de Janeiro, com nove atletas do Botafogo. Houve apenas um treino antes da
estreia. O gol solitário da campanha nacional foi de Leônidas da Silva, que começava a
construir sua história na Seleção Brasileira.
HISTÓRIA DAS COPAS – 1938
Bicampeonato da Itália na iminência da guerra
O fascismo se espalhava pela Europa e a iminência da guerra já podia ser sentida por
todos os lados quando a França recebeu a Copa do Mundo de 1938. A Segunda Guerra
Mundial entraria para a história com seu início em 1939, mas já em junho do ano
anterior, uma série de problemas ameaçou comprometer o espetáculo da bola.
A Guerra Civil Espanhola começara em 1936 e só iria terminar em 1939. Por isso, os
espanhóis não participaram do Mundial de 1938. A Alemanha de Hitler já tinha
anexado a Áustria, o que fez o número de participantes da Copa passar de 16 para 15.
Os alemães, inclusive, aproveitaram jogadores austríacos para se reforçar. A
participação de Itália e Alemanha, inclusive, gerou protestos contra o fascismo de
Mussolini e Hitler em uma Europa que já estava polarizada.
Outros desfalques importantes foram a Argentina e o Uruguai. Da América do Sul,
apenas o Brasil participou. Os únicos outros dois times fora da Europa foram Cuba e as
Índias Orientais Holandesas, que depois se tornariam independentes e se chamariam
Indonésia. Foi a primeira e única participação em Copas na história de ambas as
seleções.
Ferrolho
A Copa de 1938 também marcou uma inovação tática que ficou conhecida como “O
Ferrolho Suíço”. Tudo graças ao austríaco Karl Rappan, que treinava a seleção da Suíça.
Ele inovou ao colocar um líbero para jogar e, assim, conseguiu superar a Alemanha. Ali
começava a histórica tradição suíça de formar sólidos sistemas defensivos.
Diamante negro
Único representante sul-americano, o Brasil não fez feio na França. Pela primeira vez na
história, a Seleção Brasileira conseguiu passar das fases iniciais do torneio. Muito
graças ao mitológico Leônidas da Silva, que entraria para a história como o inventor da
bicicleta. O atacante, que na época vestia a camisa do Flamengo, marcou sete gols na
competição, garantiu a artilharia e encantou os europeus. Só não conseguiu dar o
primeiro título ao Brasil.
Leônidas fez três gols na vitória brasileira sobre a Polônia, por 6 x 5, mas foi o polonês
Ernest Wilimowski que se consagrou como o primeiro jogador a marcar quatro gols em
uma partida da Copa. Melhor para o Brasil, que avançou para enfrentar a
Tchecoslováquia nas quartas-de-final.
A partida entre brasileiros e tchecos foi praticamente uma batalha de guerra. O saldo:
três expulsões, um braço quebrado (do goleiro tcheco Frantisek Planicka) e uma perna
fraturada (do atacante Oldrich Nejedly). O empate em 1 x 1 levou a decisão para um
jogo extra, 48 horas depois da primeira partida. No tira-teima, Leônidas marcou mais
um gol e ajudou a Seleção Brasileira a vencer por 2 x 1. O Brasil chegava à primeira
semifinal de sua história.
O técnico Ademar Pimenta resolveu não escalar Leônidas para enfrentar a Itália.
Segundo o treinador, o artilheiro estaria contundido, mas a polêmica dura até hoje. Sem
seu principal craque, o Brasil não conseguiu evitar que a Azzurra vencesse por 2 x 1. Na
decisão do terceiro lugar, o Diamante Negro voltou e marcou dois gols sobre a Suécia –
a partida terminou com o placar de 4 x 2. O Brasil voltou para casa com sua melhor
campanha em Copas e, de quebra, o artilheiro do torneio.
A força da Itália
Campeã em casa sob os olhares de Benito Mussolini, a Itália também conquistou a
medalha de ouro olímpica em 1936 antes de entrar em campo para buscar o
bicampeonato mundial. Mas apenas quatro campeões de 1934 continuavam no elenco,
sem contar o técnico Vittorio Pozzo. Um dos craques era o meia Giuseppe Meazza, que
muitos anos depois batizaria o estádio da Internazionale de Milão.
A campanha da Azzurra começou com uma vitória sobre a Noruega graças a um gol de
Silvio Piola na prorrogação. Nas quartas de final, diante de 59 mil torcedores, a Itália
enfrentou a anfitriã França. Por ordem de Mussolini, o uniforme era preto. Mais dois
gols de Piola garantiram a vitória italiana. Na semifinal, os italianos superaram o
Brasil, beneficiados pela ausência de Leônidas da Silva.
Na outra semifinal, a Hungria derrotou a Suécia por 5 x 1, com show de Gyula
Zsengellér, que marcou três gols. Mas os húngaros não foram páreo para os italianos na
grande decisão. Piola fez outros dois gols e garantiu o 4 x 2. A Itália se tornava a
primeira seleção a conquistar um bicampeonato consecutivo da Copa. O Brasil levaria
28 anos para fazer o mesmo. Depois disso, nenhum outro país conseguiu.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 1950
Brasil sofre decepção do tamanho do Maracanã
Com a Europa se reerguendo da Segunda Guerra, coube ao Brasil a incumbência de
retomar a rotina quadrienal das Copas do Mundo da FIFA, interrompida em 1942 e
1946 pelo conflito armado. Diante do desafio de receber o evento, o país resolveu
entregar ao mundo o maior palco para a prática do futebol no planeta. É bem verdade
que andaimes ainda eram vistos na estrutura do Maracanã durante jogos do Mundial,
mas o templo do esporte passaria para a eternidade como o palco da maior tristeza
esportiva já registrada em terras nacionais: a vitória, por 2 x 1, do Uruguai sobre o
Brasil na partida decisiva. O evento ficou conhecido como Maracanazo.
Antes do capítulo épico assistido oficialmente por 174 mil torcedores no estádio do Rio
de Janeiro, valem algumas observações sobre o torneio, que teve um quê de inusitado.
Primeiro, pela quantidade de baixas. Treze seleções marcaram presença, mas houve
desistências significativas, como Argentina e França. Os franceses alegaram ser
impensável deslocamentos internos dentro do país de até 3,5 mil quilômetros entre um
jogo e outro.
Já a Índia desistiu de enviar seu selecionado ao saber que seus atletas não poderia atuar
descalços. A Inglaterra, por sua vez, estreou em mundiais de maneira melancólica.
Perdeu as duas partidas que disputou, contra Estados Unidos e Espanha, e voltou mais
cedo para casa. Outras duas qualificadas, Escócia e Turquia, também optaram por não
enviar suas agremiações.
Os jogos da Copa de 1950 foram disputada em seis estádios: Ilha do Retiro (Recife),
Independência (Belo Horizonte), Pacaembu (São Paulo), Durival de Brito (Curitiba),
Eucaliptos (Porto Alegre) e Maracanã (Rio de Janeiro).
As 13 seleções se viram de frente com um regulamento pouco ortodoxo. Principalmente
porque não houve final propriamente dita. Calhou de Uruguai e Brasil se enfrentarem na
última rodada numa partida que valia o título, mas a fase decisiva, na verdade, era um
quadrangular, que envolveu também Espanha e Suécia. O Brasil chegou ao duelo
definitivo com histórico animador: goleadas por 7 x 1 sobre a Suécia e 6 x 1 sobre a
Espanha. Os uruguaios tinham empatado em 2 x 2 com os espanhóis e batido os suecos
por 3 x 2. Por isso, o Brasil jogou contra os rivais sul-americanos, campeões da primeira
edição da Copa, em 1930, precisando apenas de um empate.
Diante desse cenário, jornais anunciaram o título antes da hora e políticos afirmaram
categoricamente que a taça era nossa. Diante de 174 mil pessoas no Maracanã, a
profecia parecia ainda mais nítida quando, aos dois minutos do segundo tempo, Friaça
abriu o marcador. A partida em que havia torcedores até no lustre, como costumava
dizer o cronista Nelson Rodrigues, reservaria espaço, contudo, para o famoso
Sobrenatural de Almeida, entidade também criada pelo famoso escritor. Juan Schiaffino
e Alcides Ghiggia fizeram os gols que decretaram o bicampeonato da Celeste e uma fila
de mais oito anos para aquele que viria a ser, um dia, o país do futebol.
O trauma com o resultado foi tanto que o uniforme branco, usado pelo Brasil na final,
acabou aposentado. Fez-se um concurso para a escolha da nova vestimenta da seleção.
O jornalista e estudante de Direito Aldyr Garcia Schlle, de 18 anos na época, foi o
vencedor. Após testar diferentes combinações, ele chegou à conclusão de que o que
representava a nacionalidade dos brasileiros era o verde e o amarelo (utilizados na
camisa). O azul foi colocado no calção e o branco nas meias.
Tragédia e eliminação
Bicampeã mundial nas edições de 1934 e 1938, a Itália chegou ao Brasil extremamente
desfalcada para defender os títulos. Vencedora dos Jogos Olímpicos de 1948, a Azzurra
perdeu muitos de seus craques num acidente aéreo que matou 19 jogadores do Torino,
uma das principais equipes italianas na época. Uma derrota para a Suécia na primeira
fase, por 3 x 2, eliminou os campeões ainda na primeira fase. Numa partida apenas para
cumprir tabelas, os italianos se despediram do torneio com uma vitória por 2 x 0 sobre o
Paraguai.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 1954
O Maracanazo húngaro
O imponderável voltou a deixar suas marcas numa Copa do Mundo. Quatro anos depois
de o Brasil ver o título escapar diante do Uruguai,foi a vez de uma das supremacias
mais incontestáveis da história do futebol ruir diante da força física e da obstinação dos
alemães. A poderosa Hungria, campeã olímpica em 1952 e dona de um futebol
extremamente ofensivo e eficiente, chegou à final do torneio com uma marca invejável:
31 jogos de invencibilidade e o retrospecto de uma goleada por 8 x 3 diante dos mesmos
alemães na primeira fase.
A maior estrela húngara era Ferenc Puskas, o "Major Galopante". A seleção comandada
por Gusztav Sebes tinha outros jogadores de extremo talento. Além de Puskás,
destacavam-se os atacantes Sandor Kocsis e Nandor Hidegkuti e o meia Jozsef Bozsik.
Na fase inicial, em cada grupo de quatro países, os dois cabeças-de-chave enfrentavam
somente as duas outras seleções e não jogavam entre si. Assim, o técnico da Alemanha,
Sepp Herberger, foi para o jogo contra a Hungria sabendo que poderia perder e ainda
assim se classificar em segundo lugar se derrotasse em um jogo extra a outra cabeça-dechave, a Turquia, que os alemães já tinham vencido por 4 x 1. Herberger fez sete
mudanças, assistiu a uma sonora goleada diante da Hungria, mas levou uma equipe
muito mais forte a vencer por 7 x 2 o jogo extra diante da Turquia para chegar às
quartas-de-final.
Chuva de gols
Com 41 gols somente no grupo da Hungria, a competição em solo suíço foi a edição da
Copa do Mundo da FIFA com o maior número de gols marcados. Em 26 jogos, as redes
balançaram 140 vezes, com uma média superior a cinco por partida. Outro recorde foi o
de 12 gols em apenas um jogo, no confronto entre Suíça e Áustria nas quartas-de-final.
Os donos da casa fizeram 3 x 0 em 19 minutos, tomaram cinco gols em um período de
apenas dez minutos antes do intervalo e acabaram perdendo por 7 x 5.
Mesmo com a chuva de gols, os estreantes Coreia do Sul e Escócia saíram zerados na
lanterna dos respectivos grupos. A Escócia levou 7 x 0 do Uruguai, que provou ser o
carrasco britânico ao eliminar a Inglaterra nas quartas-de-final , por 4 x 2.
O adversário seguinte do Uruguai seria o vencedor do confronto das quartas-de-final
entre Hungria e Brasil. Os brasileiros usavam pela primeira vez a famosa camisa
canarinho, escolhida em um concurso nacional. Mas a esperança de conquistar o
primeiro título mundial acabou após um encontro turbulento que ficou conhecido como
a "Batalha de Berna". Kocsis, que depois viria a ser o goleador da competição com 11
gols, balançou a rede duas vezes na vitória húngara por 4 x 2. O jogo ficou marcado
pelas expulsões do húngaro Bozsik e dos brasileiros Nilton Santos e Humberto, além de
uma briga já nos vestiários.
Dois gols de cabeça marcados por Kocsis na prorrogação ajudaram a Hungria a obter
um resultado idêntico na semifinal diante do Uruguai. A Celeste Olímpica, que havia
conquistado as duas únicas Copas do Mundo da FIFA que disputara, conseguiu se
recuperar de uma desvantagem de 2 x 0 com dois gols de Juan Holberg, mas no fim teve
de aceitar a sua primeira derrota na história da maior competição do futebol mundial.
Enquanto os húngaros enfrentavam dois duelos dilacerantes, a Alemanha Ocidental
avançava à final sem maiores dificuldades, derrotando a Iugoslávia por 2 x 0 e tirando
de letra a vizinha Áustria por 6 x 1. Nesta última partida, os irmãos Fritz e Ottmar
Walter marcaram dois gols cada um.
O “Milagre de Berna”
A final foi disputada em um encharcado Estádio Wankdorf no dia 4 de julho de 1954.
As condições do tempo eram um bom presságio para a Alemanha Ocidental, pois o
capitão e meio-campista artilheiro Fritz Walter tinha notórios problemas com o calor
após ter sofrido com a malária durante a guerra. Os torcedores alemães comemoraram o
que chamaram de "clima Fritz Walter".
Por sua vez, a Hungria tinha dúvidas sobre as condições físicas de Puskas, que não
participara das duas partidas anteriores após ter o tornozelo acertado por Werner
Liebrich justamente no primeiro encontro com a Alemanha Ocidental. Mesmo sem
totais condições, Puskas abriu o placar aos seis minutos. Aos oito, os favoritos já faziam
2 x 0 após o goleiro alemão Toni Turek largar a bola nos pés de Zoltán Czibor. No
entanto, só foram necessários mais dez minutos para os alemães empatarem. O primeiro
gol veio com uma finalização de Morlock. Depois foi Rahn quem concluiu um
escanteio cobrado por Fritz Walter.
A chuva seguiu torrencial, a tensão aumentou e somente a trave impediu o gol de
Hidegkuti. Mas, faltando somente seis minutos, Rahn pegou a bola na entrada da área e
chutou de perna esquerda no ângulo. Ainda houve tempo para Puskas ter um gol
anulado pelo bandeirinha antes de o apito final confirmar a derrota da Hungria e o
nascimento de uma nova potência do futebol mundial. A partida ficou conhecida como
o “Milagre de Berna”.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 1958
O primeiro título do Brasil e o surgimento do Rei
Pelé era apenas um garoto de 17 anos quase desconhecido quando chegou à Suécia, em
1958, para disputar a sexta Copa do Mundo da história. Mas a goleada por 5 x 2 sobre
os donos da casa na final e uma atuação de gala ao lado de outro gênio, Garrincha,
foram suficientes para dar início à mística que até hoje cerca aquele que depois foi
chamado de “Atleta do Século”.
Após a frustração diante da própria torcida, em 1950, o Brasil enfim chegou ao título no
Estádio Rasunda e se tornou o primeiro país a erguer a taça fora de seu continente. A
Copa na Suécia também consagrou o atacante francês Just Fontaine, cujo recorde de
gols (13 em seis jogos) permanece até hoje.
A maior novidade foi que o torneio teve cobertura televisiva internacional pela primeira
vez. Três seleções estrearam em Copas do Mundo: União Soviética, País de Gales e
Irlanda do Norte. Os dois últimos, ao lado de Inglaterra e Escócia, garantiram que os
quatro selecionados britânicos disputassem juntos uma Copa do Mundo da FIFA pela
primeira e única vez até hoje.
Os ingleses não foram muito longe e acabaram eliminados pelos soviéticos, embora
tenham conseguido segurar o primeiro 0 x 0 da história das Copas, diante do Brasil. Já o
País de Gales e a Irlanda do Norte venceram as partidas de desempate da primeira fase
contra Hungria e Tchecoslováquia, respectivamente. Nas quartas de final, os galeses
tiveram pela frente os brasileiros. Resultado: 1 x 0 para o time canarinho, com gol de
Pelé, o primeiro dos 12 marcados por ele em quatro edições da Copa do Mundo.
A anfitriã Suécia permitira que jogadores profissionais atuassem pela seleção nacional
e, assim, conseguiu fortalecer seu time, que, mesmo desacreditado, despachou os
soviéticos e depois a Alemanha Ocidental para chegar à final.
Inovação tática
Sob o comando do técnico Vicente Feola, a seleção brasileira treinou forte por três
meses e excursionou pela Europa antes de chegar à Suécia. A inovação tática do sistema
4-2-4 era uma aposta do treinador, mas o time só deslanchou a partir da última partida
da fase de grupos, quando Pelé e Garrincha foram escalados: 2 x 0 na União Soviética.
Na semifinal, jogo duro entre França e Brasil. Vavá abriu o marcador e Fontaine
empatou, mas os brasileiros foram para o intervalo em vantagem no marcador graças a
um gol de Didi. No segundo tempo, a seleção brasileira aproveitou que os franceses
ficaram com um homem a menos, por causa da lesão do zagueiro Bob Jonquet, e coube
a Pelé a tarefa de definir a vitória. Ele marcou três gols e selou os 5 x 2.
Outra goleada viria na grande decisão. O Brasil entrou com camisas azuis, já que a
Suécia jogava de amarelo. E foram os donos da casa que saíram na frente, logo aos 4
minutos, com gol de Liedholm. Mas Vavá e Pelé marcaram dois gols cada e Zagallo
fechou a conta. Com a simpatia dos suecos desde o começo do torneio, os brasileiros
fizeram a festa no Estádio Rasunda, dando a volta olímpica com a bandeira da Suécia. O
público também presenciou um nobre encontro: o rei sueco Gustavo Adolfo foi ao
gramado felicitar os campeões do mundo, incluindo Pelé, que começava seu próprio
reinado.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 1962
A consagração de Garrincha
Apenas dois anos após ter sofrido o maior terremoto do século 20, o Chile recebeu a
Copa do Mundo em quatro sedes: a capital Santiago, a charmosa Viña Del Mar, além de
Rancagua e Arica. O destaque era o Estádio Nacional de Santiago, com as montanhas
cobertas de neve da Cordilheira dos Andes ao fundo como cenário.
O Brasil entrou em campo para defender o título. Depois de encantar o mundo em 1958,
Pelé chegou ao Chile já com status de gênio da bola aos 21 anos de idade. Uma
contusão do craque logo na segunda partida, no entanto, obrigou a Seleção Brasileira a
procurar outras alternativas. E o Brasil tinha pelo menos dois trunfos para levar o
bicampeonato: o intempestivo Garrincha e Amarildo, o Possesso, designado para
substituir o camisa 10.
Aos 25 anos, no auge da carreira, Garrincha fez de tudo nos gramados chilenos, naquele
que depois seria reconhecido como o maior momento do Anjo de Pernas Tortas. Ele
marcou quatro gols no torneio e foi descrito pelo jornal francês L'Equipe como "o
ponta-direita mais extraordinário que o futebol já conheceu."
A base da delegação brasileira era de campeões mundiais em 1958, mas com um novo
comandante: o técnico Aymoré Moreira, que assumiu o cargo por causa dos problemas
de saúde de Vicente Feola. Irmão de Zezé Moreira, que havia dirigido o Brasil em 1954
na Suíça, Aymoré apostou no esquema tático 4-3-3. No primeiro jogo, vitória de 2 x 0
sobre o México, com gols de Zagallo e Pelé. Mas contra a Tchecoslováquia, Pelé deixou
o campo com uma lesão na coxa esquerda.
Diante da Espanha, que contava com o húngaro naturalizado Puskas, o Brasil teve
dificuldades: saiu atrás com um gol de Adelardo Rodriguez. Mas foi justamente o
substituto de Pelé que salvou a pátria. Amarildo fez dois gols e decretou a vitória por 2
x 1.
O adversário das quartas de final foi a Inglaterra. O jogo teve direito até a um cachorro
que invadiu o campo, mas quem brilhou mesmo foi o endiabrado Garrincha. Ele abriu o
placar, cobrou a falta que resultou no segundo gol, de Vavá, e fechou a conta com um
petardo de fora da área: 3 x 1 Brasil.
Os anfitriões contavam com 80 mil vozes a favor para levá-los à final, mas o que os
chilenos viram na semifinal foi mais um show de Garrincha. Ele marcou dois gols e
ajudou o Brasil a golear por 4 x 2. Vavá fez os outros tentos brasileiros no jogo. A
seleção chilena teria de se contentar com o terceiro lugar.
Na final, de novo a Tchecoslováquia. Os comandados de Rudolf Vytlacil haviam
empatado com o Brasil na primeira fase, mas na final eram claramente os azarões.
Mesmo assim, foram os tchecos que abriram o marcador, com Josef Masopust, meia
que receberia o prêmio Bola de Ouro da revista France Football no final daquele ano.
A alegria durou pouco. Dois minutos depois, Amarildo enganou o goleiro Schroif com
um chute quase sem ângulo pelo lado esquerdo. No segundo tempo, Amarildo cruzou
para Zito arrematar de cabeça, virando o jogo para os brasileiros. Depois da falha de
Schroif em uma bola lançada na área, Vavá selou a vitória por 3 x 1. O mundo era verde
e amarelo mais uma vez.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 1966
Festa inglesa, com polêmica na final
Pode-se dizer que a Copa da Inglaterra foi um torneio de zebras, embora o mascote
tenha sido um Leão – Willie, o primeiro da história dos Mundiais – e o herói tenha sido
um cachorro – Pickles, que encontrou a Taça Jules Rimet em um jardim, após o troféu
ter sido roubado. Mas foram mesmo os resultados inesperados, popularmente
conhecidos como zebras, que apareceram em profusão nos campos britânicos e
marcaram a competição.
Os bicampeões Brasil e Itália, por exemplo, foram eliminados ainda na primeira fase.
Os italianos foram derrotados pela Coreia do Norte e desembarcaram em casa sob chuva
de tomates atirados pelos irados torcedores. O Brasil, mesmo com Pelé e Garrincha na
delegação, não conseguiu mostrar o mesmo futebol das Copas anteriores e também deu
adeus mais cedo, depois de ser atropelado pela seleção portuguesa de Eusébio.
Craque e artilheiro do torneio, com nove gols, Eusébio conseguiu levar Portugal ao
terceiro lugar, até hoje a melhor colocação da história dos lusitanos. Outro nome que
apareceu durante o Mundial de 1966 foi o do alemão Franz Beckenbauer. Aos 20 anos,
o Kaiser começou a encantar o planeta e levou a Alemanha Ocidental à final da
competição.
Havia chegado a vez dos ingleses, os inventores do futebol. Depois de não se interessar
pelas primeiras edições da Copa do Mundo, passar vergonha com uma derrota para os
Estados Unidos em 1950 e fazer figuração de 1954 a 1962, a seleção britânica
aproveitou a vantagem de jogar em casa e, com uma geração de ouro formada por
nomes como Bobby Moore, Alan Ball, Geoff Hurst e Bobby Charlton, enfim levantou a
taça Jules Rimet.
Os anfitriões passaram pela Argentina nas quartas de final e contaram com dois gols do
craque Bobby Charlton para superar a seleção portuguesa de Eusébio. Mas, na final, um
lance polêmico marcou a vitória sobre a Alemanha Ocidental. Geoff Hurst foi o herói
do triunfo inglês por 4 x 2 no estádio de Wembley ao marcar três gols na final, dois
deles na prorrogação. Hurst detém o recorde de mais gols marcados em uma decisão de
Copa do Mundo da FIFA, embora até hoje permaneçam dúvidas quanto à legitimidade
do seu segundo gol. A bola bateu no travessão e não teria cruzado a linha, mas o tento
foi validado pelo auxiliar Tofik Bakhramov. Emoção nas arquibancadas e festa de norte
a sul da Inglaterra.
HISTÓRIA DAS COPAS - 1970
A Copa dos grandes lances do Rei do futebol
Primeira Copa transmitida em cores para todo o mundo pela televisão, o Mundial de
1970 foi marcado por lances plásticos e geniais, protagonizados, principalmente, pela
seleção brasileira de craques como Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Gérson. Desde os
primeiros jogos até a final, o escrete canarinho encantou o mundo e arrebanhou a
torcida dos anfitriões mexicanos, extasiados com o futebol ofensivo apresentado pelo
time comandado por Zagallo.
O México recebia a Copa do Mundo pela primeira vez e a maior preocupação dos
atletas era quanto ao calor intenso, já que os jogos teriam de se adequar à televisão
europeia, o que resultava em partidas marcadas para horários escaldantes. As novidades
foram as duas substituições por equipe e cartões vermelhos e amarelos para melhor
visualização das advertências dadas pelos árbitros aos jogadores.
Outro destaque do torneio foi o atacante alemão Gerd Müller, artilheiro com
impressionantes dez gols. Ele marcou um na virada sobre o Marrocos, fez três contra a
Bulgária e repetiu a conta diante do Peru. Nas quartas de final, marcou, na prorrogação,
o gol que eliminou a Inglaterra. O jogo foi um dos muitos que entraram para a mitologia
alemã de nunca se entregar em campo. Os germânicos perdiam por 2 x 0 a pouco mais
de vinte minutos do fim do jogo. Franz Beckenbauer e Uwe Seeler, no entanto,
empataram e levaram a partida para a prorrogação. A ironia foi que, antes de Müller
decretar a vitória alemã, o árbitro anulou um gol do inglês Geoff Hurst, justamente o
autor de um polêmico gol contra a Alemanha Ocidental na decisão da Copa de 1966. E
os alemães tinham Müller, que marcou e garantiu a primeira vitória dos alemães sobre a
Inglaterra em uma partida oficial.
Outro jogo que entrou para a história foi a semifinal entre Itália e Alemanha. A partida
terminou empatado em 1 x 1, após Karl-Heinz Schnellinger marcar no último minuto do
tempo regulamentar e levar os alemães a disputarem mais uma prorrogação. No tempo
extra, o maior número de gols marcados na prorrogação em toda a história das Copas:
foram cinco, dois deles de Gerd Müller. Os italianos, no entanto, marcaram três, e se
garantiram na final. Para os alemães ficou eternizada a imagem do capitão Franz
Beckenbauer, que deslocou o ombro e mesmo assim continuou jogando com uma
atadura.
Genialidade em campo
Mesmo tendo sofrido com a violência dos adversários em 1966, Pelé chegou a ser
questionado por causa do fiasco da seleção brasileira na Inglaterra. Por isso, o Rei
cogitou não jogar a Copa de 1970. Mas acabou cedendo e virou o alicerce de um time
que, para muitos, ainda hoje seria difícil de ser batido.
A vitória por 4 x 1 sobre a Itália na final deu ao Brasil o direito de levar a Taça Jules
Rimet para casa em definitivo. Para delírio dos mexicanos e assombro de espectadores
do mundo inteiro, que viram a reluzente camisa amarela se transformar em ícone eterno
da magia do futebol, Pelé compilou uma verdadeira antologia de jogadas incríveis em
sua perfeita despedida das competições internacionais.
São inúmeros os exemplos de genialidade dados pelo camisa 10: a cabeçada perfeita, no
canto direito do gol da Inglaterra, que selou a glória eterna do goleiro Gordon Banks,
naquela que é considerada a maior defesa de todos os tempos; o chute dado de trás da
linha do meio-de-campo diante da Tchecoslováquia, para desespero do arqueiro
adversário, que viu a bola sair por pouco; o magistral drible sem tocar na bola sobre o
goleiro uruguaio Mazurkiewicz, na jogada que só não terminou em gol para se tornar
ainda mais mítica; e os quatro tentos marcados por Edson Arantes do Nascimento, um
deles na final contra a Itália.
Mas seria injusto atribuir somente a Pelé o encanto criado em campos mexicanos. O
time formado por Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Gérson e
Clodoaldo; Pelé, Jairzinho, Tostão e Rivelino ficou para sempre na memória de
qualquer amante de futebol. O último gol marcado pelo Brasil na Copa de 1970, o
quarto diante da Itália na decisão, mostra bem a beleza daquela seleção. O lance teve a
participação de sete jogadores e culminou em um passe milimétrico de Pelé para o
capitão Carlos Alberto Torres mandar às redes. Ao todo, foram seis vitórias em seis
jogos, com 19 gols marcados, sete deles de Jairzinho, que entrou para a história por ter
marcado em todos os jogos da Copa.
HISTÓRIA DAS COPAS – 1974
Uma revolução tática
O Brasil não conseguiu ao menos fazer lembrar a mágica da seleção de 1970, a
Inglaterra sequer se classificou para a Copa do Mundo de 1974 e a Argentina ainda era
uma força menor do futebol, mas mesmo assim o Mundial disputado na Alemanha se
tornou um marco para o esporte. Tudo por causa de um carrossel.
Comandados pelo lendário Johan Cruyff, os holandeses voltavam a disputar uma Copa
depois de 36 anos. E o retorno foi em grande estilo: apelidada de Laranja Mecânica, a
seleção europeia pôs em prática, como jamais havia sido visto, o conceito de futebol
total. A premissa tática parece ousada até hoje: os jogadores não tinham posição fixa em
campo. Todos deveriam ser capazes de marcar, atacar e armar jogadas, trocando de
lugar em velocidade e envolvendo o adversário. É claro que isso exige jogadores acima
da média, total entrega tática e muito esforço físico e técnico. E a Holanda contava não
apenas com Cruyff, o maestro, mas também tinha nomes como Neeskens, Jansen e
Resembrink.
O mentor de tudo isso era o técnico Rinus Michels, que antes havia criado o quase
imbatível Ajax do começo dos anos 70. Na Copa, os resultados logo apareceram: 2 x 0
no Uruguai na primeira fase, 4 x 0 na Argentina e 2 x 0 no tricampeão Brasil na segunda
fase. Mas havia uma pedra (ou melhor, uma rocha) chamada Beckenbauer no caminho.
Jogando em casa, os alemães ocidentais chegaram a ser vaiados pela própria torcida na
primeira fase e demoraram a engrenar. Mas uma vitória sobre a impressionante Polônia,
do artilheiro Lato, selou a passagem para a final e mostrou de uma vez por todas a força
germânica quatro dias antes da decisão do torneio.
Mas Beckenbauer e seus companheiros eram as zebras diante do Carrossel Holandês. A
Holanda havia marcado 14 gols e sofrido apenas um nos seis jogos anteriores e, assim
que o jogo começou, partiu para o ataque sem que os alemães tivessem encostado na
bola. Cruyff partiu do meio-de-campo e só foi parado na área, por Uli Hoeness: pênalti
com um minuto de partida. Coube a Neeskens marcar o primeiro gol de pênalti em uma
final de Copa do Mundo.
Os alemães, no entanto, não desistiram. Eles já tinham experiência em vencer seleções
mágicas em decisões de Copa do Mundo depois de sair atrás no marcador. Vinte anos
antes, a vítima fora a Hungria de Puskas. Em 1974, sobrou para a Holanda de Cruyff.
Aos 25 minutos, Bernd Hölzenbein foi derrubado por Wim Jansen na área e Paul
Breitner converteu o segundo pênalti do jogo. Depois, coube a Gerd Müller a honra de
marcar o gol que garantiu o triunfo. Assim, o capitão Franz Beckenbauer ergueu a nova
taça da Copa, já que a Jules Rimet ficou definitivamente para o Brasil em 70.
Vítima da Laranja Mecânica
Sem Pelé, Gérson, Carlos Alberto Torres, Tostão e Clodoaldo, o Brasil nem de longe se
parecia com a seleção mágica de 1970, embora também tivesse Zagallo como técnico.
Na primeira fase, o time canarinho se classificou em segundo lugar, com dificuldade,
depois de empatar sem gols com a Iugoslávia, que passou em primeiro do grupo, e a
Escócia, além de vencer o Zaire por 3 x 0 na última rodada.
O Zaire, aliás, merece uma menção especial. Primeiro país da África Subsaariana a
disputar uma Copa do Mundo, a nação, hoje chamada de República Democrática do
Congo entrou para a história do Mundial graças a um dos lances mais bizarros do
futebol em todos os tempos. Na partida contra o Brasil, o juiz anotou uma falta a favor
do time canarinho na frente da área da equipe africana. Os jogadores do Zaire se
posicionaram na barreira, mas, assim que o árbitro apitou, o zagueiro Ilunga Mwepu
saiu correndo e chutou a bola para longe antes que ela fosse posta em jogo pelos
brasileiros. Cartão amarelo para um surpreso Mwepu e lugar garantido na história das
Copas.
Na segunda fase, o Brasil venceu a Alemanha Oriental e a Argentina, mas acabou como
mais uma vítima da Laranja Mecânica e teve de se contentar em disputar o terceiro
lugar contra a Polônia. Depois de ser atropelado pelo Carrossel, o time canarinho
também não foi páreo para a Polônia e acabou em quarto lugar.
HISTÓRIA DAS COPAS – 1978
Uma Copa sob a sombra da ditadura
Depois de seus vizinhos na América do Sul (Uruguai, Brasil e Chile), a Argentina
finalmente teve a sua chance de organizar uma Copa do Mundo, em 1978. E, ao
contrário do que ocorreu com brasileiros e chilenos, os argentinos puderam comemorar
o final feliz. Mario Kempes se consagrou como artilheiro do Mundial e a festa tomou
conta das ruas de Buenos Aires, com chuva de papeis azuis e brancos, depois da vitória
da seleção sul-americana sobre a Holanda na final.
Mas, mesmo com o show da torcida, nunca houve uma Copa do Mundo tão polêmica. A
competição teve como pano de fundo o opressivo regime militar liderado pelo general
Jorge Videla. Os brasileiros não se conformaram por terem perdido o Mundial, mesmo
sendo o único time invicto do torneio. As reclamações começaram na primeira fase. No
jogo contra a Suécia, o 1 x 1 perdurava até o fim, quando, após uma cobrança de
escanteio, Zico cabeceou para as redes. O árbitro galês Clive Thomas, no entanto,
alegou que tinha apitado o fim do jogo antes de a bola cruzar a linha. Gol anulado e
empate em 1 x 1.
Depois, veio a Batalha de Rosario. O jogo entre Brasil e Argentina, válido pela segunda
fase da Copa, poderia definir um finalista. Os argentinos, sob os olhares do ditador
Jorge Videla, queriam ganhar de qualquer jeito, e endureceram para cima dos
brasileiros, que responderam na mesma moeda. O resultado foi um dos jogos mais
violentos da história, em que os protagonistas não foram craques como Zico e Kempes,
mas sim marcadores famosos pelas entradas cheias de vigor, como os brasileiros Chicão
e Oscar e os argentinos Galván e Ardiles.
No fim, o 0 x 0 deixou a definição de quem iria à final para a última rodada. O
problema é que os jogos de Brasil e Argentina não foram disputados no mesmo horário.
Os brasileiros entraram em campo antes e venceram a Polônia por 3 x 1. Quando o jogo
entre Argentina e Peru começou, os donos da casa já sabiam que precisavam vencer por
uma diferença de quatro gols para superar o Brasil no saldo e avançar à decisão da
Copa. O que se seguiu foi um jogo de ataque contra defesa e os desinteressados
peruanos, que já não tinham chance de classificação, perderam por 6 x 0.
Os brasileiros reclamam até hoje e o técnico Cláudio Coutinho chegou a declarar, no
fim do torneio, depois de vencer a Itália na decisão do terceiro lugar, com um
antológico gol de Nelinho, que o Brasil era o campeão moral da Copa.
África desencanta
Polêmicas à parte, a Copa de 1978 teve muitos momentos marcantes. Na primeira fase,
o triunfo da estreante Tunísia sobre o México, por 3 x 1, marcou a primeira vitória de
uma seleção africana em Copas do Mundo da FIFA. Também debutante, o Irã
conquistou um ponto diante da Escócia, único representante britânico.
Mesmo em outro continente, os europeus mostraram força. A Itália, com nomes como
Paolo Rossi e Dino Zoff, impressionou com boas vitórias e um digno quarto lugar,
terminando a Copa como o único time que conseguiu vencer os argentinos.
A Holanda, por sua vez, jogou sem Johan Cruyff, uma ausência que entraria para a
história como mais uma das polêmicas da Copa na Argentina. Aclamado como um dos
maiores jogadores do planeta, Cruyff decidiu não disputar a Copa de 1978. Na época,
muitos consideraram que a motivação do eterno camisa 14 holandês foi a de protestar
contra o regime ditatorial argentino.
Outros especularam uma briga com a federação holandesa de futebol. Muito tempo
depois, Cruyff disse que um episódio de violência em Barcelona, cidade onde morava
com a mulher e três filhos, motivou a decisão. Segundo o craque, homens invadiram sua
casa, amarraram sua família e apontaram armas para as cabeças de sua mulher e seus
filhos. O crime, ocorrido meses antes da Copa, teria deixado o jogador sem ânimo para
disputar o Mundial.
A Argentina, que não tinha nada a ver com isso, aproveitou. No estádio Monumental de
Nuñez completamente lotado, os donos da casa fizeram 3 x 1, com dois de Mario
Kempes e levantaram pela primeira vez o cobiçado troféu de campeão do mundo.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 1982
A queda do futebol arte
Para os brasileiros, a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, só não é mais traumática do
que a de 1950. O Mundial disputado no Brasil legou para a história do futebol a
expressão Maracanazo, que se refere à derrota por 2 x 1 do time canarinho para o
Uruguai, em um Maracanã mais do que lotado. E a Copa realizada na Espanha, 32 anos
depois, ficou marcada pela Tragédia do Sarriá.
No dia 5 de julho de 1982, mais de 40 mil pessoas assistiram, no Estádio Sarriá, em
Barcelona, à vitória por 3 x 2 da Itália sobre o Brasil de Zico, Falcão, Sócrates, Júnior,
Cerezo, Éder e tantos outros. Àquela altura, a seleção brasileira comandada por Telê
Santana era a sensação do torneio, tendo vencido a União Soviética, a Escócia, a Nova
Zelândia e a Argentina de Maradona, sempre dando um show de futebol técnico e
ofensivo.
Contra os italianos, bastava um empate para garantir os brasileiros na semifinal do
Mundial. Mas ninguém contava com a redenção de Paolo Rossi. Em 1980, o atacante
foi condenado pela Justiça desportiva italiana por ter se envolvido no escândalo do
Totonero, como ficou conhecido o esquema de manipulações de resultados feito por um
grupo de apostadores da loteria esportiva italiana. A punição de três anos foi reduzida
para dois e, assim, Rossi ficou livre para jogar quando faltava um mês para a Copa do
Mundo.
Na primeira fase do Mundial da Espanha, a Itália não conseguiu se acertar: foram três
empates, diante de Polônia, Peru e Camarões. A classificação para a próxima fase só
veio porque a Azzurra conseguiu marcar um gol a mais que Camarões. Fora de ritmo de
jogo, Paolo Rossi não fez nenhum gol nos três primeiros jogos. A arrancada rumo ao
título, no entanto, estava por vir.
A 12ª edição de uma Copa do Mundo da FIFA teve várias novidades. A principal foi
que, em vez de 16 seleções, o torneio passou a contar com 24 participantes. Os times
foram divididos em seis grupos de quatro, em que todos jogavam contra todos. Os dois
primeiros avançavam. Na segunda fase, os doze times eram divididos em quatro grupos
de três. Apenas o melhor passava para as semifinais.
Além disso, seis seleções estrearam em Copas: Argélia, Camarões, El Salvador,
Honduras, Kuwait e Nova Zelândia. A Argélia causou surpresa ao derrotar na estreia a
Alemanha Ocidental, detentora do título europeu, por 2 x 1. Os argelinos também
derrotaram o Chile, mas acabaram eliminados no saldo de gols ao verem no dia seguinte
a Alemanha Ocidental fazer 1 x 0 na Áustria, em um jogo bastante polêmico, já que o
resultado classificou os dois países vizinhos. A partida gerou tanta controvérsia que, nos
torneios seguintes, os jogos do mesmo grupo na última rodada da primeira fase
passaram a acontecer sempre no mesmo horário.
Para a seleção de Camarões, faltou sorte. Mesmo invictos, os africanos foram
eliminados na primeira fase, por causa do saldo de gols. Outra zebra foi Honduras, que
conseguiu empatar com a decepcionante anfitriã Espanha. Já El Salvador se tornou o
primeiro país a tomar dez gols em uma partida da Copa do Mundo da FIFA ao perder
por 10 x 1 para a Hungria.
O tricampeonato italiano
Desacreditada, a Itália começou a arrancada para a taça diante da Argentina, então
campeã mundial e que já contava com Diego Maradona. A vitória por 2 x 1 teve gols de
Marco Tardelli e Antonio Cabrini. Daniel Passarella descontou para os argentinos. A
Azzurra mostrava força, mas ainda faltava um aspecto crucial: Paolo Rossi, o atacante,
precisava acordar.
Nem mesmo os mais otimistas italianos, no entanto, poderiam imaginar o que estava por
vir. Diante de um favoritíssimo Brasil, Rossi marcou nada menos que três gols e
garantiu a Itália na semifinal. Sócrates e Falcão balançaram as redes e bem que tentaram
endurecer a partida, mas era mesmo a vez de Paolo Rossi brilhar. O Brasil deu adeus
mais cedo e a Itália se classificou para enfrentar a Polônia na semifinal. Com Rossi de
volta à melhor forma, os poloneses não foram páreo para os italianos: 2 x 0, dois de
Paolo.
Na outra semifinal, uma verdadeira batalha entre França e Alemanha. Os franceses
chegaram a abrir 3 x 1 na prorrogação, mas os alemães, mostrando mais uma vez sua
incrível capacidade de recuperação, empataram, naquele que foi o primeiro confronto da
história da Copa do Mundo da FIFA a ser decidido nos pênaltis.
Após cinco cobranças para cada equipe, o goleiro Harald Schumacher, que durante o
jogo ficou marcado por uma agressão que deixou o francês Patrick Battiston
inconsciente, se transformou em herói ao defender a primeira cobrança alternada, feita
por Maxime Bossis. Horst Hrubesch converteu para despachar a França de Michel
Platini, Jean Tigana e Alain Giresse.
Exauridos após o confronto diante dos franceses, os alemães não conseguiram segurar a
Itália na decisão. Paolo Rossi marcou seu sexto gol na Copa e se tornou o artilheiro do
torneio, selando a arrancada rumo à glória iniciada no jogo diante do Brasil. Marco
Tardelli e Alessandro Altobelli marcaram os outros gols italianos. Breitner fez o de
honra da Alemanha.
Com o tricampeonato da Azzurra, entraram para a história não apenas Rossi, mas
também Tardelli, por sua comemoração efusiva, e figuras como o goleiro e capitão Dino
Zoff, de 40 anos, e o lateral Giuseppe Bergomi, de apenas 18, o italiano mais jovem a
participar de uma edição da Copa do Mundo da FIFA.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 1986
Maradona comanda a Argentina
A Copa do Mundo de 1986 foi responsável por alçar mais um jogador ao Olimpo do
futebol. Até aquele ano, o argentino Diego Armando Maradona era apenas um excelente
meia, habilidoso como raros, mas com histórico de indisciplina e polêmicas. Depois
daquele mês de junho no México, no entanto, Dieguito virou um mito. Para todos, um
gênio com a perna esquerda; para muitos, comparável até mesmo a Pelé; para os
argentinos, um semideus.
Como a Colômbia desistiu de organizar o Mundial, por problemas financeiros, coube ao
México a honra de ser o primeiro país a receber uma Copa do Mundo da FIFA pela
segunda vez. Um terremoto em setembro de 1985 quase pôs tudo a perder, mas a
tragédia fez o povo mexicano se unir e aproveitar a Copa para celebrar a reconstrução
do país.
A Copa do Mundo de 1986 teve um novo formato, com o fim da segunda fase de grupos
dando lugar a uma série de jogos eliminatórios, que começavam nas oitavas de final.
Assim, os quatro melhores terceiros colocados de cada grupo também seguiram em
frente.
A Argentina não era a principal favorita. A França, por exemplo, tinha Michel Platini já
consagrado mundialmente. A Inglaterra contava com seu melhor time em muito tempo,
incluindo Gary Lineker, que, com seis gols marcados, tornou-se o artilheiro da Copa.
Traumatizado pela derrota em 1982, o Brasil ainda tinha Zico, Sócrates, Júnior e Falcão,
o mesmo técnico Telê Santana, e uma vontade de corrigir uma injustiça histórica. A
Itália era a campeã do mundo e a Alemanha Ocidental, treinada por Beckenbauer, tinha
Lothar Matthäus como um sucessor para o lendário líbero.
Ainda houve espaço para sensações como a Dinamarca de Michael Laudrup. Os
nórdicos venceram três partidas na primeira fase, encantaram com seu futebol ofensivo,
golearam o bicampeão Uruguai por 6 x 1 e acabaram chamados de “Dinamáquina”. Um
belo cartão de visitas para a seleção que, ao lado de Canadá e Iraque, estreava em
Copas.
A União Soviética, a Espanha de Emilio Butragueño e a Bélgica também mostraram
muita força, mas acabaram ficando pelo caminho, assim como o surpreendente
Marrocos, que foi o primeiro país africano a superar a primeira fase do Mundial ao
vencer o seu grupo graças a uma vitória de 3 x 1 sobre Portugal. Os marroquinos, no
entanto, acabaram eliminados em seguida pela Alemanha Ocidental.
Mas ninguém foi páreo para o camisa dez argentino. Maradona marcou cinco gols, criou
a jogada de outros cinco dos 14 convertidos pela Argentina, fez aquele que é
considerado o mais bonito da história das Copas e ainda protagonizou o lance irregular
mais famoso de todos os tempos.
Na primeira fase, os argentinos somaram duas vitórias, sobre Bulgária e Coreia do Sul,
e um empate diante da Itália. Nas oitavas de final, 1 x 0 sobre o rival e vizinho Uruguai.
O brilho de Maradona se intensificou nas quartas de final. O adversário era a Inglaterra.
Seria a primeira vez que os dois países se enfrentariam desde a Guerra das Malvinas. Os
argentinos abriram o placar com uma trapaça de Dieguito. Ele deu um toque de mão na
bola para encobrir o goleiro Peter Shilton. O árbitro validou o gol, e, depois, Maradona
batizaria o lance como “A mão de Deus”.
Mas o segundo gol do camisa 10 no jogo contra os ingleses seria ainda mais antológico.
Maradona recebeu a bola em seu campo de defesa, de costas para o ataque. Com um
giro, deixou para trás o primeiro marcador e partiu em um arranque memorável,
driblando cinco jogadores ingleses, inclusive o próprio Shilton, antes de empurrar para
as redes. Lineker ainda conseguiu diminuir, mas os argentinos avançaram para a
semifinal e o jornal francês L'Équipe saiu-se com aquela que, talvez, seja a melhor
definição do eterno ídolo: "Metade anjo, metade demônio".
Maradona fez mais dois gols memoráveis na vitória da Argentina sobre a Bélgica nas
semifinais, calando o goleiro Jean-Marie Pfaff, que o menosprezara antes do jogo. Na
final, também estavam os alemães, que, assim como em 1982, eliminaram a França de
Michel Platini nas semifinais.
Na decisão, o técnico alemão Franz Beckenbauer colocou Lothar Matthäus para marcar
Maradona de perto. Quem abriu o marcador foi o zagueiro argentino José Luis Brown,
que jogou boa parte da partida com a mão machucada. Jorge Valdano aumentou a
vantagem. Os alemães, no entanto, mostraram, mais uma vez, sua incrível capacidade
de reação, e empataram com gols de Karl-Heinz Rummenigge e Rudi Völler. Mas nem
mesmo Matthäus conseguiu segurar Maradona. Aos 38 minutos do segundo tempo,
Dieguito fez um lançamento primoroso para Jorge Burruchaga marcar o terceiro da
Argentina e garantir o bicampeonato mundial.
Brasil: problemas do começo ao fim
Depois de encantar o planeta em 1982, mas sair frustrado da Copa na Espanha, o Brasil
tinha esperança de uma volta por cima, já que ainda contava com craques como Zico e
Sócrates. Mas foram muitos os problemas acumulados durante a preparação. O técnico
Telê Santana, que assumiu o time pouco antes da Copa, no lugar de Evaristo de
Macedo, cortou o atacante Renato Gaúcho e viu o lateral-esquerdo Leandro desistir do
Mundial em solidariedade ao amigo. Machucado, Zico teve de se esforçar muito no
tratamento para ter mínimas condições de entrar em campo. Para piorar, Falcão também
lutava contra uma lesão.
O resultado de tudo isso foram vitórias magras sobre a Espanha e a Argélia na primeira
fase. No terceiro jogo, contra a Irlanda do Norte, Telê escalou o lateral Josimar no lugar
do contundido Édson. O Brasil cresceu e fez 3 x 0, com um gol de Josimar e dois de
Careca. Nas oitavas de final, a Polônia não ofereceu dificuldades. Josimar marcou
novamente, assim como Careca, e a seleção brasileira aplicou um sonoro 4 x 0.
Mas a alegria durou pouco. Nas quartas de final, o adversário era a França, campeã
europeia e que contava com Michel Platini. Mesmo assim, o Brasil saiu na frente com
Careca. O próprio Platini empatou ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, Zico
teve a bola do jogo nos pés. O meia do Flamengo preparou-se para cobrar um pênalti
sofrido por Branco, mas bateu mal e viu o goleiro francês Joël Bats defender. A partida
foi para a prorrogação, mas continuou empatada. E veio a decisão nos pênaltis. Dessa
vez, Zico converteu. Sócrates e Júlio César, no entanto, perderam suas cobranças e
viram a talentosa geração dos anos 80 se despedir melancolicamente.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 1990
Poucos gols, muita emoção
Quando a Copa do Mundo voltou a ser disputada na Itália, em 1990, 56 anos depois do
primeiro título da Azzurra, muito havia mudado no país, e também no mundo. Se, em
1934, ganhar o título sob os olhos do ditador Benito Mussolini era praticamente uma
questão de vida ou morte, na 14ª edição do torneio os italianos entraram como favoritos,
organizaram o torneio em 12 sedes, reformaram dez estádios, construíram duas arenas
gigantescas em Turim e Bari e se prepararam, com a força da eufórica torcida, para se
tornarem os primeiros tetracampeões da história.
Mas a missão se revelaria complicada. Todas as seleções que já haviam sido campeãs
mundiais até então se classificaram para o torneio: Brasil, Uruguai, Argentina,
Alemanha Ocidental e Inglaterra, além da própria Itália. O Uruguai era apenas uma
sombra da Celeste Olímpica. Sobre o Brasil pairava a dúvida: como o time de Sebastião
Lazaroni iria reagir em sua primeira Copa do Mundo sem a brilhante geração de Zico,
Falcão e Sócrates? A Argentina contava com o gênio Maradona; a Inglaterra tinha não
apenas Gary Lineker, artilheiro em 1986, mas também o endiabrado Paul Gascoigne; e a
Alemanha vinha com Franz Beckenbauer como técnico e Lothar Matthäus, Jürgen
Klinsmann e Andreas Brehme como destaques.
Mesmo com tantas atrações, a Copa de 1990 teve a menor média de gols da história:
apenas 2,21 por partida. O torneio acabou consagrando um estilo de jogo mais sisudo,
de muita marcação e pouca ousadia. O time que mais destoou dessa regra foi uma
surpresa: Camarões. Liderados pelo carismático Roger Milla, os contagiantes
camaroneses começaram a fazer história com uma vitória sobre a Argentina, logo na
estreia, por 1 x 0. Depois, venceram a Romênia, se classificaram em primeiro do grupo
e ainda bateram a Colômbia nas oitavas de final. Primeira seleção da África a chegar às
quartas de final, Camarões só deu adeus ao sonho diante da Inglaterra, na prorrogação.
Os ingleses chegaram pela primeira vez à semifinal desde 1966 e, depois disso, nunca
mais conseguiram ir tão longe. Mas em 1990 as chances de garantir o sonhado
bicampeonato eram reais. O bom time britânico contava com jogadores como Gary
Lineker, David Platt, Ian Wright, e o veterano goleiro Peter Shilton. Além, claro, de
Paul Gascoigne. Polêmico e irascível, o atacante se transformou no ícone da decepção
inglesa. Na semifinal contra a Alemanha, Gascoigne tomou um cartão amarelo que,
automaticamente, o deixava fora da final, se a Inglaterra avançasse. Ciente disso, Paul
começou a chorar copiosamente em campo. Uma das imagens mais marcantes do
torneio foi a do atacante Lyneker avisando ao banco inglês que o companheiro estava
visivelmente abalado. Coincidência ou não, o time inglês acabou eliminado nos
pênaltis.
Na outra semifinal, mais emoção. A Itália, dona da casa, enfrentaria a Argentina
justamente em Nápoles, terra que idolatrava Diego Maradona. Dieguito levara o time do
Napoli a patamares nunca sonhados por sua fanática torcida. Sempre controverso, o
camisa 10 convocou os napolitanos a torcerem pela Argentina, alegando que o Sul da
Itália era historicamente desprezado pelo Norte. O apelo de Maradona chegou a dividir
os italianos, que viram os argentinos vencerem nos pênaltis e se garantirem na final.
A grande decisão, em Roma, colocou frente a frente os mesmos times que, quatro anos
antes, haviam disputado o troféu. O vencedor se igualaria a Brasil e Itália, com três
conquistas mundiais. A Argentina apostava em Maradona, que, praticamente sozinho,
garantira o bi em 1986. Mas a Alemanha queria vingança. E ela veio dos pés de Andreas
Brehme. De pênalti, ele marcou o único gol do jogo. O capitão Lothar Matthäus ergueu
a taça e entrou para a história como o líder e principal pensador daquele time. De
quebra, Franz Beckenbauer se igualou a Zagallo como únicos homens a conquistar a
Copa do Mundo como jogador e também como técnico.
Era Dunga
Campeão da Copa América em 1989, o Brasil tinha bons jogadores em seu elenco –
para citar apenas alguns: Romário, Bebeto, Careca, Renato Gaúcho, Mozer, Aldair,
Ricardo Gomes, Mauro Galvão e Taffarel. Mesmo assim, o time do técnico Sebastião
Lazaroni não inspirava confiança na torcida. O treinador optou pelo esquema tático 3-52 e, pela primeira vez na história, a Seleção Brasileira jogava de maneira tão defensiva.
O resultado foi um futebol apático. O Brasil suou para se classificar na primeira fase.
Embora tenha conseguido três vitórias, foram todas no sufoco: 2 x 1 na Suécia, 1 x 0 na
Costa Rica e 1 x 0 na Escócia. Nas oitavas de final, confronto com a Argentina, que
tinha dado vexame na etapa de grupos, perdendo inclusive para Camarões, mas contava
com Maradona.
E foi justamente dos pés do camisa 10 argentino que surgiu a jogada fatal. O Brasil
dominou a partida e criou chances de gol. Mas, quando faltavam 10 minutos para o fim
do tempo regulamentar, Maradona arrancou com a bola, passou pelos marcadores
brasileiros e achou Claudio Caniggia livre na esquerda. Cara a cara com Taffarel, o
atacante não desperdiçou.
O Brasil ainda tentou empatar na base do desespero, mas a derrota precoce marcou não
apenas a pior campanha da Seleção desde 1966, mas toda uma geração. Aqueles dias de
futebol atípico, focado na marcação, ficariam conhecidos como “Era Dunga”, em
referência ao aguerrido volante gaúcho, que, mais tarde, teria sua redenção.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 1994
A redenção de Dunga e ascensão de Romário
Terra do basquete, do beisebol e do futebol jogado com as mãos, os Estados Unidos se
renderam ao soccer, como eles chamam o esporte mais popular do planeta, para receber
a 15ª edição da Copa do Mundo da FIFA. As dúvidas sobre o envolvimento da
população logo se dissiparam: o Mundial de 1994 teve o maior público da história do
evento, 3.587.538 espectadores, e foi marcado por outros números igualmente
impressionantes, incluindo o tetracampeonato do Brasil.
Os americanos viram de perto nada menos que 141 gols, melhor marca desde 1982.
Durante as eliminatórias, 147 seleções disputaram 24 vagas. Além disso, o camaronês
Roger Milla tratou de deixar outro recorde para a posteridade: ele se tornou o atleta
mais velho a marcar um gol em Copas do Mundo. Milla tinha 42 anos, um mês e oito
dias quando anotou o gol de honra de Camarões na derrota por 6 x 1 para a Rússia. O
mesmo jogo também estabeleceu outro marco em Mundiais: o russo Oleg Salenko fez
incríveis cinco gols em uma só partida.
A Copa de 1994 também ficou marcada na lembrança dos torcedores por causa de dois
episódios. O primeiro foi o doping do argentino Diego Maradona. Ele foi flagrado no
exame antidoping, que detectou efedrina, droga usada para emagrecer e também um
poderoso estimulante. Chamado às pressas para a repescagem das eliminatórias, contra
a Austrália, Maradona conseguiu entrar em forma rapidamente, perdendo 13 quilos. Na
Copa do Mundo, marcou um gol contra a Grécia e depois liderou os argentinos na
virada sobre a Nigéria. Mas, com o doping, foi eliminado do torneio, mesmo jurando
inocência. E a Argentina deu adeus ao perder para a excelente Romênia de Gheorghe
Hagi.
O segundo episódio que ficou atrelado negativamente ao Mundial foi a morte do
zagueiro colombiano Andrés Escobar. O jogador fez um gol contra no jogo diante dos
Estados Unidos, ainda na primeira fase da Copa de 1994. A infelicidade resultou na
derrota dos colombianos, por 2 x 1, e na eliminação precoce da seleção sul-americana.
Depois de voltar para casa, Escobar foi assassinado em frente a uma discoteca na cidade
de Medellín. Embora nunca tenha sido completamente esclarecido, o crime teria sido
encomendado por apostadores colombianos que perderam muito dinheiro com o
resultado do jogo.
Zebras em campo
Antes mesmo de a bola rolar nos campos dos Estados Unidos, algumas tradicionais
seleções do futebol mundial já estavam fora da festa. Campeã da Eurocopa de 1992, a
Dinamarca sequer passou das Eliminatórias, assim como a Inglaterra e a França.
Na fase de grupos do Mundial, mais zebras. A Colômbia, que contava com aquela que é
considerada a melhor geração de jogadores da história do país sul-americano – Higuita,
Valderrama, Aristizabal, Rincon e Asprilla, por exemplo –, foi eliminada logo na
primeira fase, com derrotas para Romênia e Estados Unidos.
A Arábia Saudita, por sua vez, conseguiu a proeza de se classificar para a segunda fase
da competição. Depois de vencer o Marrocos, por 2 x 1, os árabes conseguiram um
triunfo histórico sobre a Bélgica. O atacante Saeed Owairan virou herói depois de sair
driblando vários jogadores e marcar um dos gols mais bonitos das Copas. O sonho árabe
só acabou nas oitavas de final, com uma derrota por 3 x 1 para a Suécia.
Pela primeira vez, a vitória valia três pontos. A Itália passou sufoco para conseguir se
classificar. Logo na estreia, derrota por 1 x 0 para a Irlanda. Depois, uma vitória magra
sobre a Noruega e um empate diante do México. A vaga só veio porque os italianos
foram um dos quatro melhores terceiros colocados. Mas a Azzurra tinha Roberto
Baggio. E foi ele o salvador da pátria nas oitavas de final, diante da Nigéria. Ele fez dois
gols, um deles na prorrogação. Nas quartas de final, contra a Espanha, mais um gol do
meia.
A Itália teve pela frente a Bulgária na semifinal. Os búlgaros tinham Hristo Stoichkov.
No auge da carreira, ele se tornou artilheiro da Copa de 1994, ao lado do russo Salenko,
com seis gols. Um deles foi justamente contra a Itália. Mas Roberto Baggio marcou
mais dois gols e levou os italianos para a final.
Rumo ao tetra
O Brasil chegou aos EUA sob desconfiança. A classificação durante as Eliminatórias
veio no sufoco. O técnico Carlos Alberto Parreira foi obrigado a se render ao apelo
popular e convocar Romário para o último jogo das Eliminatórias, contra o Uruguai.
Resultado: 2 x 0 com show do Baixinho. Depois ele provaria, definitivamente, que o
povo estava certo.
O time montado por Parreira era considerado defensivo e muito cerebral. Jogadores
como Mauro Silva e Mazinho foram muito criticados, sem falar em Dunga. O volante
era lembrado como o grande ícone do fracasso brasileiro na Copa de 1990, que ficou
conhecido como a “Era Dunga”. Mas ele voltou em 1994.
Na primeira fase, o Brasil não teve muita dificuldade, apesar de o até então capitão Raí
(considerado o craque do time) ter mostrado tão pouco futebol que acabou no banco de
reservas. A braçadeira passou para Dunga. Nas oitavas de final, um confronto com os
donos da casa. O favoritismo era brasileiro, mas o jogo foi duríssimo e a classificação
só veio a 20 minutos do fim do jogo, com um gol de Bebeto.
Nas quartas de final, a partida mais emocionante. Os brasileiros tiveram de enfrentar a
Holanda de Bergkamp, Rijkaard e Overmars. No começo do segundo tempo, a Seleção
abriu 2 x 0, com direito à famosa comemoração de Bebeto, que fingiu embalar um bebê
em homenagem ao nascimento de seu filho. Mas os holandeses, com Dennis Bergkamp
e Aron Winter, buscaram o empate. Foi então que o lateral Branco, também muito
criticado, cavou uma falta na intermediária, pegou a bola e se preparou para a cobrança.
Com o chutaço, a bola fez uma curva inimaginável, quase raspou as costas de Romário
e ainda bateu no pé da trave antes de morrer nas redes: 3 x 2.
Na semifinal, mais sufoco, dessa vez contra a Suécia. O placar permaneceu inalterado
até os 35 minutos do segundo tempo. Quando a prorrogação parecia inevitável, Romário
apareceu por trás dos grandalhões suecos para arrematar de cabeça. O gol colocou a
Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo 24 anos depois do tricampeonato de
1970. E o adversário seria justamente a Itália, vice em 1970.
De um lado, Romário de Souza Faria. Do outro, Roberto Baggio. Os brasileiros ainda
estavam engasgados com os italianos por causa da “Tragédia do Sarriá”, em 1982. Os
italianos, por sua vez, também buscavam o tetra e não esqueciam que a última final
entre os dois países terminara em goleada tupiniquim.
O jogo, muito estudado de ambos os lados, teve poucas chances de gol. E o 0 x 0
perdurou até o fim da prorrogação. Pela primeira vez na história, o título mundial seria
decidido nas cobranças de pênaltis. A cobrança de Romário bateu na trave e entrou. O
que ninguém esperava aconteceu quando Roberto Baggio se preparou para bater.
Justamente o responsável por levar uma pouco brilhante Azzurra até a final, ele se
tornou o vilão dos italianos ao mandar a bola para o espaço na cobrança que definiu o
campeão. O Brasil voltava a reinar, se tornava o primeiro tetracampeão e via Dunga
alcançar sua redenção ao levantar a taça. Mas a Copa era mesmo do baixinho Romário.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 1998
França no topo, sob a batuta de Zidane
A Copa do Mundo de 1998, na França, abriu mais oportunidades para o sonho de várias
nações de disputar um Mundial. Em vez de 24 participantes, o torneio foi organizado
com 32 equipes. Por isso, África do Sul, Japão e Jamaica conseguiram se classificar
pela primeira vez na história. O regulamento dividiu os participantes em oito grupos,
com quatro times em cada. Os dois melhores de cada chave passariam para as oitavas de
final.
O torneio também teve um momento histórico. Irã e Estados Unidos, que desde 1979
eram ferrenhos inimigos políticos, caíram no mesmo grupo. Nenhuma das seleções
conseguiu se classificar para a segunda fase do torneio, mas os iranianos comemoram
muito a vitória sobre os Estados Unidos. Americanos e iranianos deram exemplo de
esportividade: posaram para fotos abraçados e trocaram gentilezas. No fim, o placar
apontou 2 x 1 para o Irã.
Mesmo com as mudanças, as zebras continuaram a aparecer. A Espanha, por exemplo,
despediu-se de forma precoce depois de perder da Nigéria e empatar com o Paraguai.
Mas foi a Croácia de Davor Suker que se tornou a maior surpresa da Copa. Separados
da Iugoslávia, pela primeira vez os croatas jogavam como nação independente. E a
seleção comandada pelo técnico Miroslav Blažević mostrou muita força.
Na primeira fase, vitórias sobre Jamaica e Japão, que garantiram o segundo lugar do
grupo, atrás apenas da Argentina. Nas oitavas de final, os croatas despacharam a
Romênia, com vitória por 1 x 0, gol de Suker. Mas foi nas quartas de final que a Croácia
conseguiu o resultado mais impressionante. Diante da tricampeã Alemanha, os croatas
não se intimidaram e venceram por incontestáveis 3 x 0.
Na semifinal, no entanto, os croatas tiveram que encarar a anfitriã França. Suker ainda
conseguiu abrir o placar, marcando seu sexto gol na competição e garantindo a
artilharia, mas o francês Lilian Thuram escolheu justamente aquela partida para
desencantar. Ele nunca havia marcado com a camisa da seleção francesa. E, logo na
semifinal, fez dois de uma vez, para decretar a vitória dos franceses.
Depois de verem a geração de Michel Platini ser eliminada duas vezes nas semifinais,
os franceses viam a própria seleção com alguma desconfiança. Zinedine Zidane, que
antes do Mundial chegou a dizer “eu vou ganhar essa Copa”, teve atuações apagadas até
a final e chegou a por em risco a classificação na primeira fase ao pisar em um
adversário, ser expulso e pegar dois jogos de suspensão. Mesmo assim, os franceses
venceram os três primeiros jogos e avançaram em primeiro lugar do grupo.
Nas oitavas de final, no entanto, o sufoco foi grande. Sem Zidane, a França teve de suar
muito para superar a retranca do Paraguai, que contava com o polêmico goleiro Jose
Chilavert e o excepcional zagueiro Carlos Gamarra. O gol da vitória só veio na
prorrogação, graças ao zagueiro Laurent Blanc.
Zidane voltou nas quartas de final, diante da Itália, e ajudou a França a vencer nos
pênaltis. A semifinal, contra a Croácia, também foi emocionante: Thuram precisou
marcar seus dois primeiros gols com a camisa da seleção francesa para que o time
vencesse e avançasse à final.
Contra o Brasil, campeão em 1994, Zidane finalmente mostrou seu futebol exuberante.
Já no primeiro tempo, o camisa 10 marcou dois gols e abriu 2 x 0 no placar. Perdido em
campo, os brasileiros não tiveram forças para reagir e coube a Emmanuel Petit a tarefa
de fechar o placar, antes do apito do árbitro marroquino Said Belqola, o primeiro
africano a comandar uma decisão de Copa do Mundo da FIFA. A França era campeã
pela primeira vez na história e a festa tomou conta de todo o país, com destaque para os
cerca de um milhão de torcedores que lotaram a avenida Champs Élysées.
Onde está Ronaldo?
Como campeão da Copa de 1994, o Brasil nem precisou disputar as Eliminatórias para o
Mundial da França. A preparação teve de ser feita por meio de amistosos. Mesmo
assim, a confiança era alta, já que a Seleção contava com Ronaldo, eleito pela FIFA nos
dois anos anteriores o melhor jogador de futebol do mundo.
Os problemas, no entanto, começaram antes mesmo da Copa. Romário, ídolo na
campanha do tetra, foi cortado por contusão pelo técnico Zagallo pouco antes do
Mundial. Na época, o Baixinho jurou que a lesão era leve, mas a comissão técnica
mostrou-se irredutível. O atacante nunca se conformou.
Sem Romário, o Brasil contava com Ronaldo, Bebeto e Rivaldo. Mas, na primeira fase,
o melhor jogador do apático time foi o volante César Sampaio. Nas duas primeiras
partidas, vitórias sobre Marrocos e Escócia. A derrota para a Noruega, no entanto, expôs
os problemas do time, embora não tenha comprometido a vaga na segunda fase.
Uma goleada fácil sobre o Chile nas oitavas de final voltou a animar a torcida. Nas
quartas de final, Rivaldo brilhou e marcou dois gols na vitória por 3 x 2 sobre a
Dinamarca. Na semifinal, diante da Holanda, a glória coube ao goleiro Taffarel. O jogo
terminou empatado e a decisão foi para os pênaltis. O camisa 1, então, se consagrou ao
defender duas cobranças e colocar o Brasil em mais uma final.
A decisão, no entanto, foi um verdadeiro balde de água fria para os torcedores
brasileiros, que viram um time apático ser totalmente dominado pela França e perder
por 3 x 0.
Um episódio ocorrido antes do jogo e até hoje não esclarecido totalmente entraria de
vez para as lendas das Copas do Mundo. O atacante Ronaldo sofreu uma convulsão
horas antes da partida decisiva. A entrada de Edmundo no time titular chegou a ser
anunciada pouco antes do jogo. Depois de ser avaliado por médicos, Ronaldo foi
liberado para jogar e entrou em campo. Os companheiros do atacante, preocupados com
a saúde do craque, teriam jogado sem foco. E o próprio Ronaldo mostrou-se
irreconhecível em campo.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS – 2002
A Família Scolari leva o Brasil ao quinto título
Os barbeiros e cabeleireiros do Brasil tiveram um dia cheio na segunda-feira, 1º de
julho de 2002. Todo menino que gostava de futebol no país queria um corte de cabelo
igual ao de Ronaldo. No dia anterior, o craque exibira, na final da Copa do Mundo do
Japão e da Coreia, um dos mais esquisitos, para dizer o mínimo, penteados da história
dos Mundiais. A meia-lua de cabelo na frente da testa, no entanto, deu sorte para o
artilheiro. Ele marcou dois gols contra a Alemanha do goleiro Oliver Kahn, chegou aos
oito na artilharia da Copa, se tornou o jogador que mais balançou as redes em Mundiais,
com 15 tentos, e garantiu o pentacampeonato para o Brasil.
Pela primeira vez na história, a Copa do Mundo foi disputada em duas sedes. O Japão e
a Coreia do Sul dividiram a responsabilidade de organizar o Mundial. A final foi em
solo japonês, mas quem se deu melhor durante o torneio foram os coreanos. Eles
venceram Portugal e Polônia na primeira fase, depois a Itália nas oitavas de final e a
Espanha nas quartas. Com a torcida em êxtase, os coreanos só foram parados na
semifinal, quando perderam para a Alemanha. No fim, ficaram com um histórico quarto
lugar.
Os japoneses também não fizeram feio. O apoio dos torcedores foi suficiente não apenas
para que o Japão vencesse uma partida de Copa pela primeira vez, mas acabou
empurrando o time para uma igualmente inédita segunda fase. A seleção nipônica
derrotou a Rússia e a Tunísia e empatou com a Bélgica na primeira fase, classificando-
se em primeiro lugar do grupo. Mas a alegria dos japoneses não durou muito: nas
oitavas de final, derrota para a surpreendente Turquia.
Os turcos, aliás, foram as maiores zebras de uma Copa que não pecou pela falta de
resultados inesperados. Em 2002, a Turquia voltou a disputar um Mundial depois de 48
anos. Caíram, logo de cara, no grupo do Brasil. Mesmo assim, conseguiram se
classificar, graças ao saldo de gols melhor que o da Costa Rica. Nas oitavas de final, 1 x
0 sobre o Japão. Nas quartas, mais uma vitória magra, dessa vez na prorrogação, sobre o
também surpreendente Senegal. A Turquia dificultou ao máximo a vida do Brasil, na
semifinal, mas um chute de bico de Ronaldo resolveu o jogo. Os turcos ainda tiveram
fôlego para vencer a Coreia do Sul e terminar o Mundial com um incrível terceiro lugar.
Vítima da Turquia, a seleção de Senegal também merece menção honrosa. Seguindo a
tradição africana de jogar um futebol alegre, os senegaleses mostraram força logo no
primeiro jogo, com o 1 x 0 sobre a então campeã França. Depois, empates com
Dinamarca e Uruguai. Nas oitavas de final, uma impressionante vitória sobre a Suécia
na prorrogação, que colocou Senegal entre os oito melhores times da Copa. Pela
primeira vez, as oitavas de final contaram com seleções de cinco confederações
diferentes.
Além da França, Portugal e Argentina também se despediram logo na primeira fase. Os
portugueses, que contavam com Luis Figo, foram derrotados pelos Estados Unidos logo
na estreia e depois não conseguiram mais se recuperar. Os americanos conseguiram a
melhor campanha de sua história ao vencerem o México e avançar para as quartas de
final, quando foram derrotados pela Alemanha.
A Família Scolari
Assim como em 1994, a Seleção Brasileira passou aperto para garantir a classificação à
Copa de 2002. Na Copa América de 2001, o Brasil passou por um dos maiores vexames
de sua história: perdeu por 2 x 0 para a modestíssima Honduras. A vaga no Mundial
veio apenas na última rodada das Eliminatórias, com uma vitória sobre a Venezuela.
Mais uma vez, a opinião pública pedia Romário. O técnico Luiz Felipe Scolari, no
entanto, nem quis saber. Felipão fechou o grupo, expôs sua confiança nos convocados e
garantiu a união de um elenco que ficou conhecido como “Família Scolari”.
Na primeira fase da Copa de 2002, o Brasil não teve muitas dificuldades. Foram três
vitórias. A Turquia até que endureceu o jogo, mas acabou derrotada por 2 x 1. China e
Costa Rica foram despachadas com sonoras goleadas.
Nas oitavas de final, um jogo complicado diante da Bélgica. O placar de 2 x 0 para o
Brasil não espelhou os obstáculos que a Seleção precisou superar em campo. Com
muita marcação, os belgas chegaram a ameaçar. Mas Rivaldo e Ronaldo garantiram a
vitória.
A Inglaterra de David Beckham foi o adversário das quartas de final. E o sonho do
penta quase escapou pelas mãos quando Michael Owen aproveitou uma falha de Lúcio e
abriu o placar. Mas o Brasil tinha Ronaldinho Gaúcho. O meia era então um garoto de
22 anos que jogava no Paris Saint-Germain, ainda longe de ser o jogador que encantou
o mundo com a camisa do Barcelona. Mas foi contra os ingleses que ele começou a
chamar a atenção de todos. Primeiro, fez bela jogada no meio-de-campo e acertou um
passe primoroso para Rivaldo empatar. Depois, acertou um chute espírita que entrou no
ângulo do gol inglês. Até hoje a intenção de Ronaldinho é discutida: quis cruzar ou
chutar a gol? O importante foi que a bola entrou.
Um reencontro com a Turquia foi o cardápio da semifinal. O Brasil já havia vencido o
mesmo adversário na primeira fase e, por isso, o favoritismo era imenso. Mas a retranca
preparada pelos turcos foi ainda mais forte. Um chute de Ronaldo com o bico da
chuteira, no entanto, foi suficiente para colocar o Brasil de novo na final, a terceira
seguida desde 1994.
A decisão colocou frente a frente dois gigantes do futebol mundial: Brasil e Alemanha.
Eram sete títulos mundiais em campo: os brasileiros buscavam o penta e os alemães, o
tetra. Curiosamente, as duas seleções nunca haviam se enfrentado em Copas do Mundo.
Com seis gols marcados no torneio até ali, Ronaldo já tinha provado para o mundo que
estava recuperado. Depois de sofrer com lesões e ser alvo de desconfiança, o atacante
estava pronto para dar a volta por cima.
A Alemanha tinha o goleiro Oliver Kahn, que acabou sendo eleito o melhor jogador da
Copa de 2002. Mas Ronaldo marcou dois gols na decisão, se tornou o artilheiro do
torneio, garantiu o pentacampeonato para o Brasil e, depois, ainda foi eleito o melhor
jogador do mundo em 2002. O único problema é que, na imagem que ficou para a
posteridade, o Fenômeno aparece com aquele corte de cabelo.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 2006
O tetra da Azzurra no dia que Zidane perdeu a cabeça
Ícone da conquista francesa em 1998, Zinedine Zidane também marcou a Copa do
Mundo de 2006, disputada na Alemanha. Mas, dessa vez, a imagem que o francês
passou ao mundo foi negativa. O craque conseguiu levar a França a outra final de
Mundial. Mas em vez de se consagrar definitivamente, Zidane acabou perdendo a
cabeça: caiu na provocação do italiano Marco Materazzi, agrediu-o e acabou expulso no
seu último jogo em Copas. No fim, a Itália venceu nos pênaltis e comemorou o
tetracampeonato.
A conquista foi uma consagração do sistema defensivo dos italianos. A Azzurra
terminou a Copa com apenas dois gols sofridos, a melhor marca da história dos
Mundiais. Não à toa, o zagueiro e capitão Fabio Cannavaro foi eleito pela FIFA como o
melhor jogador do mundo em 2006. Mas ele teve a ajuda de nomes como o goleiro
Gianluigi Buffon, os volantes Andrea Pirlo e Gennaro Gattuso, e os laterais Gianluca
Zambrotta e Fabio Grosso, além do controverso Materazzi.
Sob o comando do técnico Marcello Lippi, a Itália mais uma vez provou que nunca
pode ser menosprezada. Exatamente como em 1982, quando foi tricampeã, a Azzurra
chegou à Alemanha ainda se refazendo de um escândalo de manipulação de resultados
na loteria esportiva do país. Em vez de minar as energias do grupo, no entanto, os
problemas uniram ainda mais os jogadores e, no fim, quando Cannavaro levantou a
taça, a força do conjunto parecia estampada em seu sorriso.
Na primeira fase, os italianos não tiveram muitas dificuldades. Foram duas vitórias,
sobre Gana e República Tcheca, e um empate diante dos Estados Unidos. Nas oitavas de
final, um jogo duro contra a Austrália, mas o meia Francesco Totti salvou a pátria ao
marcar, de pênalti, já nos acréscimos da partida. Diante da Ucrânia, nas quartas de final,
os italianos fizeram 3 x 0, sem grandes problemas, e eliminaram a última zebra do
torneio.
Uma pedreira apareceu no meio do caminho da Itália na semifinal. O adversário era a
Alemanha, dona da casa, treinada por Jürgen Klinsmann e que conquistara a torcida
jogando um futebol envolvente. O jogo foi duro e o 0 x 0 perdurou no tempo
regulamentar. Mas, na prorrogação, coube a Fabio Grosso abrir o placar. E Del Piero
marcou o segundo dos italianos, acabando com o sonho alemão.
A Alemanha ainda chegaria ao terceiro lugar, vencendo Portugal, e terminaria a Copa
com o melhor ataque da competição, com 14 gols. Miroslav Klose se tornou o artilheiro
ao marcar cinco vezes. Os números da Copa também mostraram que os alemães
cumpriram muito bem o desafio de organizar o Mundial pela segunda vez. No total,
3.359.439 torcedores compareceram aos 12 estádios. A audiência no mundo inteiro foi
estimada em mais de 30 bilhões de espectadores.
Entre as 32 seleções, Togo, Angola e Trinidad e Tobago atraíram a simpatia de muita
gente. Mas foram poucas as zebras. As estreantes Costa do Marfim e Gana, no entanto,
mostraram ótimo futebol. Não foi suficiente para levar os marfinenses para a segunda
fase, mas a seleção de Gana conseguiu se classificar para enfrentar o Brasil nas oitavas
de final, quando perdeu por 3 x 0.
Outro destaque foi a seleção portuguesa de Cristiano Ronaldo. Treinado pelo técnico
brasileiro Luiz Felipe Scolari, Portugal conseguiu igualar a melhor marca de sua
história, ao ficar em quarto lugar, mesma posição da Copa de 1966, quando os lusitanos
tinham Eusébio.
Depois de uma primeira fase irregular, com dois empates e uma vitória, a França
engrenou a partir das oitavas de final, quando conseguiu uma bela vitória por 3 x 1
sobre a Espanha. Nas quartas de final, o adversário foi o Brasil. Melhor para Zidane e
Thierry Henry.
A semifinal contra Portugal também terminou em final feliz para os franceses, com um
gol de pênalti de Zidane. Mas, na decisão, o camisa 10 francês não aguentou a
provocação de Materazzi e revidou com uma cabeçada no peito do italiano. Zidane foi
expulso e a imagem de seu destempero rodou o mundo.
Melhor para os italianos, que além de acabarem com o trauma de perder uma Copa do
Mundo nos pênaltis, ainda se consagraram tetracampeões mundiais, atrás apenas do
Brasil. A conquista veio justamente na cobrança de pênaltis, depois que o 1 x 1
perdurou até o fim da prorrogação. Os italianos não perderam nenhuma cobrança,
enquanto os franceses, já sem Zidane, viram Trezeguet bater no travessão.
Quadrado Mágico
A Seleção Brasileira chegou à Alemanha mais favorita do que nunca. Afinal, o time
treinado por Carlos Alberto Parreira contava com o chamado “Quadrado Mágico”:
Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno e Adriano. Na Copa das Confederações
de 2005, o Brasil deu show na final contra a Argentina. Com Robinho ao lado de
Adriano, o time canarinho bailou sobre os hermanos. O resultado foi um 4 x 1 para
empolgar até os mais céticos.
Com Ronaldo Fenômeno integrado ao grupo, o Brasil chegou a Weggis, uma pequena
cidade da Suíça, para fazer a preparação final antes da Copa do Mundo. O clima
excessivamente festivo, no entanto, cobraria seu preço depois. Adriano e Ronaldo
estavam nitidamente fora de forma. O esquema tático muito ofensivo também não
inspirava confiança. Na primeira fase, a Seleção Brasileira venceu três vezes e avançou
sem sustos. Nas oitavas de final, um 3 x 0 tranquilo sobre Gana.
O sonho do hexa, no entanto, acabaria nas quartas de final. Parreira escalou um time
mais cauteloso, optando por Juninho Pernambucano no meio e apenas Ronaldo como
atacante de ofício. Mas nem isso foi capaz de parar Zidane e seus companheiros. O
camisa 10 francês fez uma de suas melhores partidas na Copa e cobrou uma falta para
Henry completar e definir o placar. Mais uma vez, Zidane aparecia como o carrasco do
Brasil.
Fonte dos dados: Fifa.com
HISTÓRIA DAS COPAS - 2010
A Espanha, enfim, chega lá
A primeira Copa do Mundo em solo africano também contou com um campeão inédito.
Depois de boas campanhas que invariavelmente acabavam frustradas em Mundiais, a
Espanha enfim pode comemorar o título e entrar para o seleto grupo de campeões da
Copa. Em 19 edições do torneio, apenas oito seleções conseguiram chegar ao topo:
Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, Alemanha, Inglaterra, França e Espanha.
A Fúria, como é conhecida a seleção espanhola, se tornou o primeiro time a conseguir
vencer a Copa depois de perder a partida de estreia. Com uma equipe mesclada entre
jogadores do Barcelona e do Real Madrid, dois dos maiores times do planeta, os
espanhóis chegaram à África do Sul como um dos favoritos. Mas, logo na primeira
partida, amargaram uma inesperada derrota para a Suíça.
Muitos colocaram o time espanhol em xeque, mas, aos poucos, a Fúria foi se ajeitando.
Ainda na primeira fase, vitórias sobre Honduras e Chile garantiram a classificação para
a segunda fase. Nas oitavas de final, um adversário duro: o vizinho Portugal. O clássico
ibérico foi bastante equilibrado, mas um gol de David Villa colocou os espanhóis nas
quartas de final.
O Paraguai e seu sempre complicado sistema defensivo foram os adversários seguintes.
E, novamente, coube a David Villa se tornar o herói da partida, dessa vez com um gol
marcado a sete minutos do fim do tempo regulamentar.
Na semifinal, os espanhóis pegaram os alemães. A rejuvenescida seleção germânica foi
a maior sensação do Mundial. Com jogadores habilidosos como Mesut Özil Bastian
Schweinsteiger e Thomas Müller ao lado dos veteranos Lukas Podolski e Miroslav
Klose, o time treinado por Joachim Löw mostrou uma velocidade impressionante e deu
show nos gramados sul-africanos. Antes de enfrentar a Espanha, os alemães fizeram 4 x
1 na Inglaterra, nas oitavas, e 4 x 0 na Argentina, nas quartas. Mas a Fúria não se
intimidou. De novo, os espanhóis precisaram apenas de um gol para avançar. Dessa vez,
o herói foi o defensor Carles Puyol.
A Espanha chegava a uma final de Copa do Mundo pela primeira vez em sua história.
Do outro lado, a Holanda. Ou seja, a primeira Copa em solo africano teria também um
campeão inédito, qualquer que fosse o resultado do jogo. Os holandeses também
chegaram com moral, já que tinham eliminado o Brasil, nas quartas de final, e o
surpreendente Uruguai, na semi. Mas era a vez da Espanha. E, depois de um 0 x 0 no
tempo regulamentar, o craque Andres Iniesta, do Barcelona, fez o gol mais importante
da história do futebol espanhol. As ruas da Espanha foram tomadas pela torcida
enlouquecida e o futebol de toque de bola idealizado pelo técnico Vicente Del Bosque,
inspirado no próprio Barcelona, virou referência em todo o planeta.
A ressurreição da Celeste
Bicampeã mundial na primeira metade do século passado, a seleção do Uruguai penou
no fim do século 20 e início do século 21. Na América do Sul, passou a ser a terceira
força, atrás de Brasil e Argentina. Às vezes, nem isso. Mas a excelente campanha no
Mundial de 2010 simbolizou o resgate do futebol uruguaio. Liderada por Diego Forlán,
a seleção celeste se classificou em um grupo que tinha França, a anfitriã África do Sul e
o México. Depois, ainda despachou a Coreia do Sul e Gana até ser eliminada pela
Holanda na semifinal. O quarto lugar foi o melhor resultado do Uruguai desde a Copa
de 1970.
Outra surpresa foram os eslovacos. Na primeira participação em uma Copa como país
independente, a Eslováquia conseguiu se classificar para a segunda fase, batendo a Itália
no último jogo da etapa de grupos e obrigando a Azzurra a dar adeus ao Mundial. Nas
oitavas de final, no entanto, os eslovacos acabaram eliminados, com uma derrota para a
Holanda.
Segundo tempo fatal
Depois da preparação excessivamente festiva e o consequente fracasso em 2006, Dunga
foi escolhido para ser o treinador do Brasil no ciclo para a Copa de 2010. Tetracampeão
em 1994 e com fama de disciplinador, o gaúcho não tinha experiência como técnico,
mas conseguiu uma série de resultados positivos antes de embarcar para a África do Sul.
Sob o comando de Dunga, a Seleção Brasileira venceu a Copa América de 2007 e a
Copa das Confederações de 2009.
O treinador formou um grupo de jogadores de sua confiança e conseguiu colocar o
Brasil mais uma vez como favorito. Tudo deu certo até o segundo tempo das quartas de
final. Na primeira fase, o Brasil ganhou da Coreia do Norte e da Costa do Marfim, além
de ter empatado com Portugal. Classificado em primeiro do grupo, enfrentou o Chile
nas oitavas de final. Resultado: vitória tranquila por 3 x 0.
Contra a Holanda, a Seleção Brasileira fez um primeiro tempo quase perfeito e foi para
o intervalo vencendo por 1 x 0, gol de Robinho com passe de Felipe Melo. Ninguém
poderia imaginar o que viria no segundo tempo. A Holanda empatou já aos sete
minutos. A zaga falhou, o goleiro Julio Cesar saiu mal e a bola, que tinha sido cruzada
por Wesley Sneijder, desviou de leve em Felipe Melo antes de entrar.
Desestabilizado, o Brasil se perdeu em campo e viu a Holanda virar. Dessa vez, Kuyt
desviou uma cobrança de escanteio e a bola caiu na cabeça do baixinho Sneijder, que só
mandou para as redes. A situação ainda piorou quando, descontrolado, Felipe Melo fez
falta e deu um pisão em Robben, recebendo o cartão vermelho. Uma melancólica
despedida para o Brasil.
Fonte dos dados: Fifa.com