Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
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Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
UFPB UEPB UERN UESC UFAL UFS UFRN UFS UFPI UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE ADRIANA CARNEIRO TAVARES ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA ARMAZENADA EM CISTERNAS DE COMUNIDADES RURAIS NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO Campina Grande - PB 2009 ADRIANA CARNEIRO TAVARES ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA ARMAZENADA EM CISTERNAS DE COMUNIDADES RURAIS NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO Dissertação apresentada ao Programa Regional de PósGraduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente PRODEMA (UFPB/UEPB) como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientadora: Profa. Dra Beatriz Susana Ovruski de Ceballos. Campina Grande - PB 2009 ADRIANA CARNEIRO TAVARES ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DA ÁGUA ARMAZENADA EM CISTERNAS DE COMUNIDADES RURAIS NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO Orientadora: Profa. Dra Beatriz Susana Ovruski de Ceballos. Campina Grande - PB 2009 É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB T231a Tavares, Adriana Carneiro. Aspectos, físicos, químicos e microbiológicos da água armazenada e cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano [manuscrito]/ Adriana Carneiro Tavares, 2009. 169 f.: il. color. Digitado. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Estadual da Paraíba, Programa de Pós-Graduação e Pesquisa, 2009. “Orientação: Profa. Dra. Beatriz Susana Ovruski de Ceballos, Departamento de Biologia”. 1. Meio Ambiente. 2. Semi-árido. Armazenagem. 4.Cisternas I. Título. 3. Água - 22. ed. CDD 333.7 Agradecimentos A conclusão deste trabalho contou com a colaboração de muitas pessoas, às quais expresso meus sinceros agradecimentos. À Deus, por sua presença constante em minha vida, pelo auxílio nas minhas escolhas e conforto nas horas difíceis. Aos meus pais, Lourival Costa Tavares e Francilene Carneiro Tavares, por tudo que sou, por todo amor, carinho e apoio incondicionais. Aos meus irmãos Lorena, Leandro e Leonardo pelo apoio constante no cumprimento dos planos de minha vida. Ao meu querido Joelson por compreender minha ausência, principalmente na etapa final do trabalho. Aprendemos juntos a superar as dificuldades, acreditando que tudo pode mudar, por maiores que os problemas pareçam ser. Obrigada por sua amizade, carinho e amor que foram fundamentais para eu continuar. À Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e Universidade Federal da Paraíba – UFPB juntamente com a coordenação e secretaria do Curso de Pós- Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, pela oportunidade de realização do curso. À Profa. Dra. Beatriz Susana Ovruski de Ceballos, pelos importantes ensinamentos tanto científicos quanto pessoais. Por seu exemplo de profissionalismo como pesquisadora e por toda dedicação e estímulo repassados ao decorrer deste trabalho. À você Bia, meu profundo agradecimento. Ao professor Dr. Carlos de Oliveira Galvão pelos valiosos ensinamentos e orientações no estudo de água de chuva e no desenvolvimento desta pesquisa e pelo carinho com que me acolheu no Laboratório de Hidráulica II da UFCG. À todos os Professores que de alguma maneira contribuíram para minha formação, nas disciplinas ministradas, na convivência e experiências transmitidas. Aos membros da banca examinadora (Prof. Dr. José Etham de Lucena Barbosa, Prof. Dr. José Tavares de Sousa, Profa.Dra.Annemarie Konig.) , pelas contribuições valiosas e pela maneira que conduziram a defesa desta dissertação. Em especial, aos colegas e amigos dos Laboratórios de Saneamento e Hidráulica II da UFCG por todo o carinho a mim dispensado e apoio durante o curso, coletas e experimento. À todas as pessoas não citadas que de alguma maneira contribuíram para minha formação e realização deste projeto. Ao DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico), pelo apoio financeiro ao longo de dois anos de mestrado e aos Laboratórios de Saneamento e Hidráulica II da UFCG, pelo apóio na realização desta pesquisa. “A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.” (Art. 7º da Declaração Universal dos Direitos da Água) Resumo TAVARES, Adriana Carneiro. Aspectos físicos, químicos e microbiológicos da água armazenada em cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano. Campina Grande – PB: PRODEMA/ UFPB/ UEPB, 2009. A escassez de água potável para consumo humano é um dos principais problemas para a sobrevivência e melhoria na qualidade de vida das populações rurais do Semi-Árido Brasileiro (SAB), assim como para sua própria fixação no campo. As cisternas caseiras são soluções alternativas para a convivência com as características naturais dessa região, estimulando as famílias a permanecerem em suas terras e garantindo o suprimento de água de boa qualidade para o consumo humano. Entretanto a ausência de manutenção dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva (SCAAC) e a falta de manejo adequado da água têm desvirtuado os princípios norteadores de programas governamentais e de ONGs, como o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC). Nesta pesquisa é apresentado o diagnóstico da qualidade da água armazenada em cisternas de famílias beneficiadas com SCAAC em São João do Cariri e no Assentamento Paus Brancos no semi-árido paraibano, considerando as características de construção e manutenção dos sistemas de captação e armazenamento, nos aspectos físicos, higiênicos e de manejo ao longo da época de seca e de chuva, típicas do SAB. Também se fez observações sobre as principais fontes de água usadas pelas famílias e seus usos. Os resultados permitem concluir que as comunidades com maior nível de educação formal e desenvolvimento social manejam de forma mais apropriada os SCAAC. Entretanto, diversas cisternas recebem água de carros-pipas, distribuída pelo Exército na estiagem, que se mistura a água acumulada durante a época chuvosa. As águas misturadas apresentam qualidade inferior àquelas provindas apenas de água de chuva. A contaminação microbiológica é o principal fator de deterioração dessas águas, enquanto que as variáveis físicas e químicas tendem a satisfazer o VMP da Portaria Nº 518/2004-MS. Vários fatores contribuíram para a contaminação, todos associados ao manejo do sistema. Naquelas que só armazenaram água de chuva, se observou áreas de captação sujas (tetos das residências) e das calhas e dos dutos em geral, ausência de dispositivos de desvio das primeiras águas de chuva, cisternas mal tampadas e uso de baldes e latas para retirada da água das cisternas. A bomba manual, importante barreira sanitária para evitar ou diminuir a contaminação, é pouco usada pela sua fragilidade e baixo rendimento. A necessidade de abastecimento com água de carro-pipa, quando deveria ser apenas de chuva, relaciona-se principalmente com o uso inadequado dessas águas, que deveriam ser destinadas apenas para beber, cozinhar e higiene pessoal. Outra causa é o seu consumo por famílias com mais de cinco pessoas, como foi originalmente calculado pelo PIMC, o que levou a definir cisternas com 16.000 L de capacidade como suficientes para satisfazer as demandas básicas de uma família padrão. Famílias com mais membros devem completar o volume com água de caminhões pipa, sem garantia de qualidade, outras retornam a buscar água nas fontes tradicionais (açudes e olhos d’água); diante disso se perde parte dos êxitos sociais obtidos com os programas de construção de cisternas no SAB. Palavras-chave: Semi-árido, Cisternas, Manejo, Qualidade de água. Abstract TAVARES, Adriana Carneiro. Aspectos físicos, químicos e microbiológicos da água armazenada em cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano. Campina Grande – PB: PRODEMA/ UFPB/ UEPB, 2009. The shortage of potable water for human consumption is one of the main problems affecting the survival and improvement of quality life of the rural population of the semi-arid region of Brazil (SAB), indeed the continuing existence of rural communities. The construction of homemade cisterns is one of the alternative solutions for living with the natural characteristics of this region, stimulating the rural families to stay on their land with a guaranteed supply of good quality drinking water. The absence of maintenance of these systems to capture and store rainwater (SCAAC) and a lack of adequate management of the water has disenchanted government organizers programmes and of NGO’s such as the programme for Social Formation and Mobilization for the betterment of the Semi-arid: A million rural cisterns (P1MC). This research presents a diagnosis of the water quality of cisterns (SCAAC), benefiting families in São João do Cariri and of the Agreement of Paus Brancos in the semi-arid region of Paraiba. It considers the characteristics of the construction and maintenance of these systems, physical aspects, hygiene and management practices during the dry and rainy seasons typical of the SAB. Observations were also made on the principle sources of water used by the families and how it was utilized. The results showed that communities with a better level of formal education and social development managed the SCAAC most appropriately. However, various cisterns received water via tankers distributed by the army that was mixed with rainwater accumulated during the rainy season. These mixed waters showed inferior quality compared to the stored rainwater. Microbiological contamination was the principal cause of the deterioration of this water, however, the physical and chemical variables tended to satisfy the VMP of regulation No. 518/2004-MS. Various factors contributed to the contamination, all were associated with the management of the system. In the cases where only rainwater was stored it was observed that the areas of capture namely the roofs and guttering of the houses were dirty and the pipe work, in general, had no means of diverting the first rains away from the cistern. Cistern lids were ill fitting and buckets and cans were used to remove water from the cisterns. A hand pump, an important sanitary barrier to contamination was little used because of its fragility and cost. The necessity to store water from tankers during the dry season was a principal cause of the inadequate use of this water that should be destined for drinking, cooking and personal hygiene. Another cause was the consumption of this water by families with more than five members when it was originally calculated by the P1MC to transport 16,000 L for each cistern to satisfy the demands of a so-called “standard” family. Larger families needed to complete the quantity of water required from water tankers without a guarantee of water quality, or by returning to fetch water from traditional sources (Lakes and springs) with a resulting loss of some of the social benefits with the programmes of construction of Cistern in the SAB. Keywords: Semi-arid, Cisterns, Management, Water quality. Trabalho realizado com apoio de: • CT-HIDRO - Fundo Setorial de Recursos Hídricos. • FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos. • DAAD - Deutscher Akademischer Austauchdienst (Serviço de Intercâmbio Acadêmico Alemão). Sumário 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Situação da água a nível global, nacional e regional 3.2 O semi-árido Brasileiro 3.3 Convivência com o semi-árido brasileiro 3.4 Captação e aproveitamento de água de chuva 3.5 Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) 3.6 Cisternas de placas 3.7 Dimensionamentos da cisterna 3.8 Fatores que interferem na qualidade da água da chuva 3.9 Proteção sanitária das cisternas 3.10 Padrões de qualidade para água de chuva armazenada em cisternas 3.11 A legislação sobre água de chuva 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1Diagnóstico 4.2 Caracterização dos locais de estudo 4.2.1 São João do Cariri 4.2.2 São José do Sabugí 4.2.3 Assentamento Paus Brancos 4.3 Diagnóstico do contexto social, econômico e cultural 4.4 Seleção dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva para o monitoramento qualitativo sistemático 4.5 Período da pesquisa e procedimentos de coleta 4.5.1 Amostras para análises físicas e químicas 4.5.2 Amostras para análises microbiológicas 4.6 Técnicas analíticas dos parâmetros microbiológicos 4.6.1 Determinação de coliformes totais e Escherichia coli: Teste com substrato cromogênico 4.6.2 Determinação de Bactérias Heterótrofas Mesófilas: Técnica de Pour Plate (vertido em placa) 4.6.3 Determinação de Estreptococos fecais: Técnica da membrana filtrante 4.6.4 Determinação de Salmonella sp: Técnica por membrana filtrante 4.6.5 Determinação de Salmonella sp: Técnica de inoculação direta 4.7 Dados climatológicos 4.8 Análise estatística e apresentação gráfica dos dados para os questionários Sócio-econômicos e para as cisternas monitoradas 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 24 29 29 29 30 30 32 36 38 40 41 43 44 46 50 51 56 56 56 57 58 58 60 61 61 62 64 64 65 66 68 70 71 72 73 11 5.1 Análise das condições sócio- econômicas das comunidades estudadas 73 5.2 Avaliação dos sistemas de captação de água de chuva selecionados pela análise de agrupamento 80 5.3 Parâmetros físicos e químicos e microbiológicos da água armazenada nas cisternas 91 6. CONCLUSÕES 7. RECOMENDAÇÕES 8. REFERÊNCIAS ANEXOS 126 128 129 144 12 Lista de Figuras Figura 1- Região semi-árida 33 Figura 2: Cisternas de placa 42 Figura 3: Localização de São João do Cariri, no estado da Paraíba. 57 Figura 4: Localização do município de São José do Sabugi, no estado da Paraíba. 57 Figura 5: Localização do Assentamento de Paus Brancos no município de Campina Grande – PB. 58 Figura 6: Porcentagem das famílias entrevistadas nos três municípios e distribuição por comunidade. 59 Figura 7: Critérios utilizados para selecionar cisternas semelhantes pela análise de agrupamento 60 Figura 8: Fluxograma de identificação e quantificação de coliformes totais e Escherichia coli pela técnica do substrato cromogênico. 65 Figura 9: Fluxograma de quantificação de Bactérias Heterotróficas Totais pela técnica de Pour Plate. 66 Figura 10: Dispositivo de filtração 67 Figura 11: Fluxograma de identificação e quantificação de Estreptococos fecais pela técnica da membrana filtrante. 67 Figura 12: Disposição dos equipamentos utilizados na filtração das amostras de água na pesquisa de Salmonella sp. 68 Figura 13: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em amostras de água pela técnica da membrana filtrante. 70 Figura 14: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em amostras de lodo. 71 Figura 15: Abastecimento com água encanada nas três comunidades em estudo. 76 Figura 16: Abastecimento com água de carro – pipa nas três comunidades em estudo. 79 13 Figura 17: Tratamento da água de beber nas três comunidades em estudo. 79 Figura 18: Identificação visual das cisternas selecionadas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba 85 Figura 19: Distribuição mensal da cor aparente, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 91 Figura 20: Gráficos “box=whisker” da cor aparente no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 92 Figura 21: Gráficos “box=whisker” da cor aparente segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 93 Figura 22: Distribuição mensal da turbidez, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 93 Figura 23: Gráficos “box=whisker” da turbidez no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 94 Figura 24: Gráficos “box=whisker” da turbidez segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08 94 Figura 25: Distribuição mensal da temperatura, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 95 Figura 26: Gráficos “box=whisker” da temperatura no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 95 Figura 27: Distribuição mensal do oxigênio dissolvido, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. 96 14 Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Figura 28: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 96 Figura 29: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 97 Figura 30: Distribuição mensal de DBO, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 97 Figura 31: Gráficos “box=whisker” de DBO segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 98 Figura 32: Distribuição mensal de DQO, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 98 Figura 33: Gráficos “box=whisker” de DQO no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 99 Figura 34: Gráficos “box=whisker” de DQO segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 99 Figura 35: Distribuição mensal do pH, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 100 Figura 36: Gráficos “box=whisker” do pH no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 100 Figura 37: Gráficos “box=whisker” de pH segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 101 15 Figura 38: Distribuição mensal da alcalinidade, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 102 Figura 39: Gráficos “box=whisker” da alcalinidade no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 102 Figura 40: Gráficos “box=whisker” de alcalinidade segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 103 Figura 41: Distribuição mensal de dureza total, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 104 Figura 42: Gráficos “box=whisker” de dureza total no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 104 Figura 43: Gráficos “box=whisker” de dureza total segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 105 Figura 44: Distribuição mensal da condutividade elétrica, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 106 Figura 45: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 106 Figura 46: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 107 Figura 47: Distribuição mensal da salinidade, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: 107 16 cisternas abastecidas somente com água de chuva. Figura 48: Gráficos “box=whisker” da salinidade no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 108 Figura 49: Gráficos “box=whisker” da salinidade segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 108 Figura 50: Distribuição mensal de SDT, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 109 Figura 51: Gráficos “box=whisker” de SDT no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 110 Figura 52: Gráficos “box=whisker” de SDT segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 110 Figura 53: Distribuição mensal de cloretos, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 111 Figura 54: Gráficos “box=whisker” de cloretos no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 112 Figura 55: Gráficos “box=whisker” de cloretos segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 113 Figura 56: Distribuição mensal de N-amoniacal, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 114 Figura 57: Distribuição mensal de nitrito nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: 114 17 cisternas abastecidas somente com água de chuva. Figura 58: Distribuição mensal de nitrato, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 115 Figura 59: Distribuição mensal de Bactérias Heterótrofas Totais nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 118 Figura 60: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 -dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 119 Figura 61: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 119 Figura 62: Distribuição mensal de coliformes totais, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 120 Figura 63: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 - dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 120 Figura 64: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 121 Figura 65: Distribuição mensal de Escherichia coli, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 121 Figura 66: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli no período seco (dez/07mar/08; Ago/08 - dez/08) e chuvoso ( abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 122 18 Figura 67: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 122 Figura 68: Distribuição mensal de estreptococos fecais nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 123 Figura 69: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 123 Figura 70: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. 124 19 Lista de Quadros Quadro 1: Padrão Microbiológico de Potabilidade da água para consumo humano. 51 Quadro 2: Parâmetros a serem analisados nas coletas de análises de séries curta e completa 61 Quadro 3: Resultados dos testes bioquímicos para Salmonella sp. 69 Quadro 4: Distribuição do rendimento da família por tipo instrução/escolaridade do chefe da família nas três comunidades em estudo. de 73 Quadro 5 : Ocupação das famílias nas três comunidades em estudo. 75 Quadro 6: Características que influenciaram na formação dos agrupamentos segundo dados dos questionários sócio-econômicos. 81 Quadro 7: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo segundo as informações dos questionários aplicados em campo. 83 Quadro 8: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo após conferir in locu através de visitas de campo. 84 Quadro 9: Abastecimento das cisternas com carro-pipa no período de dezembro/07 a agosto/08. 89 Quadro 10: Teste de normalidade dos parâmetros de qualidade avaliados nas águas armazenadas em oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08. 165 Quadro 11: Volume Máximo Permitido pela Portaria 518/2004-MS para série nitrogenada. 114 20 Lista de Tabelas Tabela 1: Parâmetros Analisados nas Amostras de Água e Metodologia 63 Tabela 2: Origem da água usada pelas famílias para higiene pessoal e limpeza da 77 residência nas três comunidades em estudo. Tabela 3: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas 159 no Assentamento Paus Brancos - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008. Tabela 4: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas 160 em São João do Cariri - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008. Tabela 5: Concentração de Cloro residual livre e Total de oito cisternas nas 113 comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. Tabela 6: Matriz de correlação de Spearman dos parâmetros dos parâmetros 168 microbiológicos nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08. Tabela 7: Concentrações de Metais nas águas de seis cisternas das comunidades de 117 São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08. 21 Lista de Siglas e Abreviaturas ABCMAC Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AESA Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba APT Água Peptonada Tamponada ARCSA American Rainwater Catchment Systems Association ASA Articulação do Semi-Árido Brasileiro CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CPATSA Centro de Pesquisa Agropecuária Trópico Semi Arido CT-HIDRO Fundo Setorial de Recursos Hídricos DAAD Deutscher Akademischer Austauchdienst DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO Demanda Química de Oxigênio EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FINEP Financiadora de Estudos e Projetos FUNASA Fundação Nacional de Saúde IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change IRCSA Catchment Systems Association ITEP Instituto de Tecnologia de Pernambuco MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome mg/L Miligramas por litro MS Ministério da Saúde µS/cm Micro Siemens por centímetro N-amon. Nitrogênio Amoniacal 22 NMP Número Mais Provável N-NO2- Nitrito N-NO3- Nitrato NO2 óxido de nitrogênio NTU Unidade Nefelométrica de Turbidez OD Oxigênio Dissolvido OMS Organização Mundial de Saúde ONGS Organizações não governamentais P1MC Programa Um Milhão de Cisternas PCA Plate Count Agar PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PURAE Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações RTS Rede de Tecnologias Sociais SAB Semi-árido brasileiro SCAAC Sistema de Captação e Armazenamento de Água de Chuva SO2 Dióxido de enxofre STD Sólidos Dissolvidos Totais UFC Unidade Formadora de Colônia 23 1 Introdução A água é um fator limitante para o desenvolvimento sustentável e um dos grandes desafios da sociedade contemporânea consiste em conciliar o desenvolvimento das atividades humanas com a conservação do ambiente, buscando amenizar os impactos das suas ações. A demanda crescente por água devido ao acelerado crescimento populacional e às suas atividades produtivas decorrentes, somados a degradação dos recursos hídricos que os tornam impróprios para diversos usos, geram cenários de escassez em diversas regiões do planeta (TUNDISI, 2003). Desde épocas remotas, as respostas do homem às secas prolongadas foram o colapso social, a desagregação cultural e a migração e dispersão da população na busca de áreas seguras com mais água e terras mais férteis (PANDEY; GUPTA & ANDERSON, 2003). A necessidade de água, indispensável para vida e desenvolvimento social e econômico do homem é de interesse crescente na sociedade civil e nos órgãos gestores que buscam alternativas tecnológicas simples e de baixo custo de fornecimento de água, frente o aumento populacional, as mudanças climáticas globais e a permanência, sem avanços importantes, de contingentes humanos em condições de subsistência ou sub-subsistência nas regiões áridas e semi-áridas do globo (FERRREIRA, 2008; JALFIM, 2001). No que se refere à distribuição desigual da água entre as regiões do planeta, alguns aspectos são determinantes para a existência de oferta ou escassez de água. A principal delas é a distribuição irregular, tanto espacial como temporal motivada por diversos aspectos inclusive climáticos, o que acaba por determinar as quantidades precipitadas. Nesse contexto, alguns países, mesmo que reconhecidamente abundantes na disponibilidade de água, hospedam dentro de suas fronteiras, regiões extremamente áridas ou semi-áridas, exigindo ações por parte dos governantes e da sociedade, de políticas, normas e conscientização para o uso deste recurso, com eficiência, frente à escassez (TUCCI, 2003). O semi-árido brasileiro abriga cerca de 2,2 milhões de famílias, mais de 10 milhões de pessoas e se caracteriza pela reduzida disponibilidade de água e pela insegurança dessas fontes, acentuada pela diferença marcante entre o período chuvoso e o seco e a incerteza das chuvas. Embora haja regiões com precipitação de 800 mm anuais, outras apresentam 300 mm com intensos veranicos. O período chuvoso concentra-se em aproximadamente quatro meses 24 e o elevado déficit hídrico se associa com a alta taxa de evapotranspiração, de até 3000 mm/ano (VIEIRA & JOAQUIM FILHO, 2006). Nos últimos anos, no Brasil, aumentou a inquietude com o fornecimento de água segura nos aspetos quantitativos e qualitativos e as políticas publicas e privadas receberam estímulos tendentes a melhorar e facilitar seu acesso e normatizar essa disponibilidade, seu uso e sua gestão (GALIZONI; RIBEIRO, 2004). Simultaneamente, houve mudanças do discurso oficial de “lutas contra as secas” pelo paradigma “da convivência com as secas”. Na busca de mecanismos para fixar o homem na sua própria terra semi-árida, onde a água é o fator limitante, se procuram fontes de água em quantidade e qualidade seguras. Nesse contexto, as cisternas que armazenam água de chuva que escoa dos tetos se apresentam como tecnologia simples, de fácil acesso aos habitantes da zona rural e podem satisfazer as necessidades básicas de água. Uma família de cinco pessoas pode dispor de água para beber, cozinhar e higiene pessoal por até um ano se houverem chuvas de 200 mm/ano e as mesmas forem devidamente coletadas e criteriosamente utilizadas (FEBRABAN, 2009). O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o SemiÁrido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), gerenciado pela Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) foi iniciado em 2002 e propõe construir um milhão de cisternas no SAB; para garantir as carências de água para consumo de famílias rurais minimizando e até eliminando os problemas de saúde relacionadas com a com a falta de água e com a veiculação hídrica de microrganismos patogênicos (ASA, 2008). Indicadores de desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2004a), mostram que na área rural nordestina, apenas 22,7% da população tem acesso ao fornecimento de água por sistemas de abastecimento coletivo e 58% coleta água para beber e para o uso diário de poços, nascentes e açudes. Essas fontes representam grave risco à saúde pública e contribuem com a manutenção dos ciclos endêmicos de doenças infecciosas de veiculação hídrica, com altas taxas de morbilidade e mortalidade, especialmente em crianças com menos de cinco anos de idade (AMBIENTE BRASIL, 2008). Estudos realizados por Diniz et al (1995, 2005) e por Ceballos et al (1998), na região rural e da periferia da cidade de Campina Grande, PB, evidenciaram elevada contaminação fecal das águas de pequenos barreiros, olhos d’água e açudes, temporários ou não, usados para 25 abastecimento humano sem tratamento prévio e usos domésticos em geral, que facilitam a veiculação de doenças infecto-contagiosas transmitidas por via hídrica. O aproveitamento de água de chuva é um hábito milenar que ressurge nas sociedades modernas como uma alternativa para diminuir os problemas de escassez de água e reduzir a dependência excessiva das fontes superficiais de abastecimento. A água de chuva é um recurso hídrico acessível a toda população, independente das condições econômicas e sociais, e ainda é uma fonte de água doce que não é cobrada pelo seu uso. Os sistemas de captação de água de chuva em cisternas representam uma tecnologia acessível e de baixo custo para armazenar grandes volumes de água. É uma prática muito difundida em países como a Austrália, Alemanha e Japão, onde já existe um grande número de sistemas instalados, permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e bastante eficiente em termos de custo-benefício (SILVEIRA, 2008). No Brasil, a prática de acumular águas de chuva em cisternas vem recebendo maior atenção nos últimos 20 anos, com destaque para os trabalhos pioneiros da EMBRAPA Semiárido, no final da década de 70 (ABCMAC, 2008). Dentro das experiências existentes no Brasil, ressalta pela sua envergadura e repercussão, o “Programa de Formação e Mobilização para a Convivência com o semi-árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC)”, gerado por organizações da sociedade civil agregadas na ASA- Articulação no Semi-Árido Brasileiro, com a proposta da construção de um milhão de cisternas de placas em cinco anos, a partir do ano 2001. Este projeto conta com o financiamento do Ministério de desenvolvimento Social MDS, no âmbito da Rede de Tecnologia Social –RTS, a qual “reúne, organiza, articula e integra um conjunto de instituições com o propósito de promover o desenvolvimento sustentável mediante a difusão e a reaplicação em escala de tecnologias sociais” (RTS, 2006). O P1MC busca garantir água para consumo de um milhão de famílias rurais minimizando e até eliminando os problemas de saúde relacionados com a falta de água e com a veiculação hídrica de microrganismos patogênicos. Para isso, a transferência da tecnologia e a contribuição com o processo educativo devem estar juntos e orientar-se na busca da transformação social, sendo fundamental “a preservação do acesso, do gerenciamento e a valorização da água como um direito essencial da vida e da cidadania, ampliando a 26 compreensão e a prática da convivência sustentável e solidária com o ecossistema do semiárido...” (ANA, 2007). Entre as ações, o P1MC contempla o desenvolvimento e a disponibilização de técnicas e métodos de dimensionamento, construção e manejo de sistemas de abastecimento de água de chuva (cisternas rurais) e o processo educativo busca ampliar a compreensão e a prática de convivência sustentável com o semi-árido e a valorização da água como direito de vida. Neste contexto, a Educação Ambiental é um instrumento que compreende importante estratégia ao uso sustentável das águas de cisternas, possibilitando o acesso às tecnologias disponíveis e permitindo a transferência correta quanto aos cuidados que se deve ter desde a captação, armazenamento, manejo adequado e tratamento para o consumo seguro. No semi-árido brasileiro a utilização de cisternas é significativa e beneficia as famílias ao facilitar o acesso a água de boa qualidade, melhorando a saúde e as condições de vida, principalmente para mulheres e crianças que freqüentemente tinham que caminhar vários quilômetros/dia para obter água de poços, barreiros e rios, na maioria das vezes, com qualidade inadequada para consumo humano (SONDA et al., 2001; GNADLINGER, 2001). De modo geral a água de chuva é bastante limpa, devido ao processo de “destilação natural” ligado ao ciclo hidrológico através da evaporação e da condensação. Entretanto, dependendo da região, a água chuva pode arrastar poluentes atmosféricos em regiões próximas aos centros urbanos e áreas industrializadas (GOULD NISSEN – PETERSEN, 2002). Em áreas rurais e em pequenas cidades, os níveis de poluição atmosférica são baixos e não comprometem a qualidade das águas de chuvas. Vários pesquisadores constataram que a água de chuva armazenada em cisternas atende geralmente as recomendações da Organização Mundial de Saúde para consumo humanos em relação aos parâmetros físicos e químicos e não atende os parâmetros microbiológicos (ANDRADE NETO, 2004; BRITO et al, 2005, BRITO et al, 2005a, SILVA, 2006a ). A contaminação microbiológica depende dos cuidados no manejo em todas as etapas de captação, armazenamento e retirada da água da cisterna para seu consumo final. A incorporação de barreiras sanitárias simples no sistema de captação (por exemplo, sistemas de desvio das primeiras águas de chuva), na retirada da água da cisterna (bomba manual) e a desinfecção antes do consumo são importantes para assegurar a qualidade da água a ser consumida (ANDRADE NETO, 2004). O monitoramento da qualidade da água permite 27 acompanhar as variações ao longo do tempo e conhecer fontes eventuais de contaminação, entre outros dados importantes para avaliar a sustentabilidade dos programas de construção e manejo de cisternas de modo a prevenir manejos usos indevidos que coloquem em risco o objetivo básico dos programas: fornecer água de boa qualidade e em quantidade suficiente para evitar a veiculação de doenças relacionadas com água. Dentro deste contexto, o presente trabalho objetivou diagnosticar o estado atual de conservação e manejo de cisternas destinadas ao armazenamento de água de chuva para consumo humano construídas em comunidades no Nordeste semi-árido, bem como promover a caracterização da água neles armazenada visando alertar para à proteção sanitária de reservatórios de água de chuva utilizados no suprimento doméstico. 28 2 Objetivos 2.1 Objetivos gerais A pesquisa teve como objetivo avaliar as condições de manutenção e manejo dos sistemas de captação de água de chuva já instalados e da qualidade da água neles armazenada destinadas a consumo humano em comunidades da área rural no semi-árido paraibano. Os resultados serão aplicados na melhoria de Programas governamentais e ONGs responsáveis pela construção de cisternas na área rural. 2.2. Objetivos específicos: Avaliar o contexto histórico, sócio-econômico e cultural das populações-alvo, bem como a percepção da relação água/saúde – manejo dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva em cisternas / qualidade da água consumida; Identificar as principais fontes de água usadas pelas famílias e seus usos; Avaliar a qualidade da água armazenada em cisternas rurais já existentes no semi-árido paraibano, localizadas em três comunidades com características culturais e sócio-econômicas distintas, considerando o tipo de cisterna, tempo de uso, formas de coleta e de armazenamento de água pelos usuários e condições dos telhados e dutos; Propor formas de manejo dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva que considerem barreiras as sanitárias, a fim de proporcionar melhor qualidade dessas águas destinadas ao consumo humano. 29 3 Revisão Bibliográfica 3.1 Situação da água a nível global, nacional e regional A água doce é um elemento essencial a todos os seres vivos, entre eles o ser humano. Depende da disponibilidade de água, o desenvolvimento das atividades industriais e agrícolas. Os problemas de escassez de água que ameaçam a sobrevivência das populações e do ambiente favorável à vida na Terra têm sua origem no crescimento desordenado das demandas e aos processos de degradação da sua qualidade, a partir da década de 1950, atingindo níveis nunca imaginados (BRAGA et al , 2006). A classificação mundial da água, feita com base nas suas características naturais, designa como "água doce" aquela que apresenta teor de sólidos totais dissolvidos (STD) inferior a 1000 mg/L. As águas com STD entre 1000 e l0.000 mg/L são classificadas como "salobras" e aquelas com mais de 10000 mg/L são consideradas "salgadas". Estima-se que, no nosso planeta, existam 1,37 bilhões de km³ de água; 97% desse volume constituem as águas dos oceanos, restando, portanto, apenas 3% de água doce. Desse percentual de água doce, 2/3 estão nas calotas polares e nas geleiras, onde não existe tecnologia disponível para a captação, o transporte e uso dessa água, restando apenas 1% do volume inicial para ser utilizado ou consumido pela população mundial, hoje com mais de 6 bilhões de pessoas (REBOUÇAS; BRAGA & TUNDISI, 2006). Embora se considere que a quantidade de água que circula na Terra é preservada pelo ciclo hidrológico, as reservas existentes estão sendo modificadas com a exploração excessiva dos aqüíferos, a construção de barragens e o desmatamento. A qualidade é alterada constantemente pelas fontes poluidoras pontuais ou difusas, que limitam a capacidade de autodepuração (TUNDISI, 2003). Os aspectos qualitativos tornam-se cada vez mais importantes, ou tão importantes, em muitas regiões desenvolvidas ou muito povoadas do mundo quanto os problemas tradicionais de escassez quantitativa, natural,das zonas áridas e semi-áridas, ou engendrada pelo crescimento acelerado ou desordenado das demandas locais (REBOUÇAS, 2006). 30 De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2000), ainda existe cerca de 1,1 bilhão de pessoas sem acesso à água potável e igual número sem acesso a serviços de saneamento básico, entre eles a falta de tratamento adequado da água, comprometendo a saúde humana sendo, principalmente crianças, as vítimas de diarréia, parasitoses diversas e esquistossomose, entre outras doenças de veiculação hídrica. Com o crescente desenvolvimento mundial, estima-se que até o ano 2025 a população atingirá aproximadamente 8 bilhões de habitantes, o que significa que mais pessoas estarão expostas à incerteza de possuir diariamente água para seu consumo humano (PNUD, 2004). O Brasil está incluído entre os países com maior reserva de água doce, porém, devido a sua grande extensão territorial, apresenta elevada heterogeneidade em relação às suas características demográficas, climáticas e sociais. A Região Norte, a menos populosa do país, possui praticamente 70% dos recursos hídricos disponíveis no Brasil. Já as outras regiões, que englobam a maior parte da população brasileira, apresentam 15% no Centro-Oeste, 12% no Sudeste e Sul e apenas 3% na Região Nordeste (GONDIM, 2001). De acordo com Rebouças (2006), no contexto da distribuição das águas doces do mundo, o Brasil, por sua extensão geográfica significativa e 4º país do mundo em território, detém: 11,6% da água doce superficial do planeta, 54% do total dos recursos hídricos da América do Sul, 14% do deflúvio total dos rios do planeta e 112.000 km3 de águas subterrâneas. Esses valores caracterizam a abundância de água doce no Brasil, o que tem servido de suporte à cultura do desperdício da água, à não realização dos investimentos necessários ao seu uso racional e a proteção mais eficiente dos mananciais. A água tem pequena valorização econômica, sendo considerada como um bem livre de uso comum. O Brasil possui ampla diversificação climática, predominando os tipos equatorial úmido, tropical e subtropical úmidos e semi-árido. Este último sobre menos de 10% do território nacional. Em termos pluviométricos mais de 90% do Brasil recebe abundantes chuvas - entre 1000 e 3000 mm/ano. A interação desse quadro climático com as condições geológicas dominantes gera importantes excedentes hídricos que alimentam uma das mais extensas e densas redes de rios perenes do mundo. A exceção é representada pelos rios efêmeros e temporários que nascem nos domínios das rochas do embasamento geológico 31 subaflorante — 400 mil km2 - no semi-árido da região Nordeste. Na zona central da região Nordeste a pluviometria média varia entre 500 e 800 mm/ano e tem regime muito irregular. Ademais, a combinação desse quadro meteorológico com o domínio do substrato geológico formado por rochas cristalinas sub-aflorantes e praticamente impermeáveis resulta em rios temporários e condições edafoclimáticas de semi-aridez sobre cerca de 10% do território nacional (VIEIRA & JOAQUIM FILHO, 2006). As condições físico-climáticas que predominam no Sertão do Nordeste do Brasil podem dificultar a vida humana, exigir maior empenho e maior racionalidade na gestão dos seus recursos naturais em geral e da água, em particular, mas não podem ser responsabilizadas pelo quadro de pobreza amplamente manipulado e sofridamente tolerado. Segundo Rebouças; Braga & Tundisi (2006), o que mais falta no Brasil em geral e no Nordeste, em particular, não é água, mas determinado padrão cultural que agregue confiança e melhore a eficiência das organizações públicas e privadas envolvidas no negócio da água. A água é um fator limitante ao desenvolvimento e a sobrevivência da civilização. A evidência está na própria história: as principais civilizações da antiguidade que tiveram maior desenvolvimento floresceram nos vales dos grandes rios onde a disponibilidade de água era abundante e com características especiais – vale do Nilo no Egito, vale do Tigre-Eufrates na Mesopotâmia, vale do Indo no Paquistão, vale do rio Amarelo na China. Todas essas civilizações construíram grandes sistemas de irrigação, tornaram o solo produtivo e prosperaram. Um dos maiores desafios a serem enfrentados consiste em minimizar os efeitos da escassez da água (sazonal ou não) e da poluição, dos rios e dos mananciais particularmente nos países em desenvolvimento, bem como evitar o consumo irresponsável e sem fundamentação sustentável no desenvolvimento econômico. A sociedade deve compreender que não é possível continuar com o desperdício atual, de usar e jogar fora, como se a água fosse um recurso ilimitado e de propriedade particular, individual (SALATI et al, 2006). 3.2 O semi-árido brasileiro O trópico semi-árido brasileiro (Figura 1), com uma área de 969.589,4 km2, corresponde a 86,48% da área da região Nordeste, com exceção do Maranhão e 13,5% da área do país (região setentrional do estado de Minas Gerais (11 %) e o norte do Espírito Santo (2,5%) caracteriza-se por apresentar grande diversidade de quadros naturais, compreendidos em 170 unidades geoambientais, onde ocorre vegetação dos diferentes tipos de Caatinga (todas adaptadas à prolongada estação estiagem) e com diferenciações de ordem física, biológica e 32 socioeconômica. Nele residem 18.466.637 pessoas: 9.835.806 na área urbana e 8.630.691 na área rural. É o Semi-árido mais populoso da face do planeta (CLIQUE SEMI-ÁRIDO, 2008). Figura 1: Região Semi-Árida O principal fator limitante do desenvolvimento no semi-árido brasileiro é a água. Não propriamente pelo volume precipitado, mas pela quantidade evaporada. A instabilidade climática característica da região semi-árida é mais influenciada pela irregularidade das 33 chuvas do que por sua escassez, com precipitações pluviométricas que ocorrem entre três e cinco meses, com grande amplitude de variação de 250 a 800 mm anuais em média; temperaturas entre 23 e 27ºC e alta taxa de evaporação potencial. Dentro de um mesmo município, pode chover normalmente numa localidade e não chover na vizinha. Além disso, quase todos os rios são intermitentes, isto é, enchem apenas quando chove e ficam secos no verão, com a falta de chuvas (SCHISTEK, 2001). No quadro geológico da região predominam solos de origem cristalina (70%), rasos e pedregosos, com baixa capacidade de infiltração e de retenção de água, com potencial de escoamento superficial em torno de 3 l/s/km2, ainda hoje, pouco aproveitado (VIEIRA & JOAQUIM FILHO, 2006). As águas de subsolo apresentam problemas de qualidade, apresentando forte salinidade. Isso significa incerteza na distribuição da água e no abastecimento humano. Mais de 15 milhões de pessoas são afetadas pela falta de água para consumo, na região semi-árida, principalmente durante as estiagens. Por outro lado, no meio rural encontram-se homes e animais partilhando das mesmas fontes de água, comprometendo a qualidade para o consumo familiar (BRITO & PORTO, 1997). Somente no século XX, houve sete grandes estiagens, no semi-árido brasileiro, nos anos de 1915, 1931, 1951-1953, 1958, 1970, 1979-1983 e 1992-1993. As conseqüências foram desastrosas: perda da produção agropecuária, fome, mortes de homens e animais, migração de milhares de pessoas (AB’SÁBER, 2003). A tendência é que essa situação se agrave, uma vez que, segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), a região é uma das mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas e à desertificação (SCHNEIDER & SARUKHAN, 2002). O relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change, denominado IPCC sobre as mudanças climáticas conclui, com mais de 90% de confiança, que o aquecimento global dos últimos cinqüenta anos é causado pelas atividades humanas. Segundo Marengo (2008), os resultados desse estudo para a América do Sul indicam que as mudanças climáticas mais intensas para o final do século XXI, relativamente ao clima atual, vão acontecer na região tropical, especificamente Amazônia e Nordeste do Brasil. Essas duas regiões, portanto, são as mais vulneráveis do Brasil às mudanças de clima. Numa atmosfera mais aquecida, de modo geral espera-se uma maior evaporação resultando na 34 ocorrência de precipitações pluviométricas mais intensas nas regiões mais úmidas, veranicos e ondas de calor mais freqüentes. Na região semi-árida, a maioria dos cenários de mudanças climáticas sinaliza para, com o aumento da temperatura, o aumento da evaporação nos corpos d'água e, conseqüentemente, redução do volume neles escoado; redução da recarga dos aqüíferos em até 70% até o ano 2050 e, portanto, da realimentação da vazão dos rios; concentração do período chuvoso em ainda menor espaço de tempo e com redução da precipitação (cenário pessimista: aumento da temperatura de 2 a 4º C e 15% a 20% a menos de chuva; cenário otimista: 1 a 3º C mais quente, 10% a 15% de redução de chuva); tendência de "aridização" da região, com a substituição da caatinga por vegetação mais típica de regiões áridas, como as cactáceas (MARENGO & DIAS, 2006). Quando a gestão dos recursos hídricos está relacionada com as comunidades rurais do SAB, uma solução considerada como das mais eficazes é o aproveitamento de água de chuva. Vários estudos têm demonstrado que o aproveitamento de água de chuva na região semi-árida brasileira tem mitigado o efeito das estiagens, se apresentando como uma tecnologia válida de convivência (PEREIRA, 2007; PALMIER & GNADLINGER, 2005). A captação da água de chuva é fundamental para as famílias do semi-árido brasileiro como forma de mitigar os efeitos da estiagem uma vez que pode ser captada em equipamentos simples e com técnicas conhecidas pela população, é de custo acessível e de nível tecnológico apropriado para pequena escala, com capacidade de produzir resultados imediatos (ALBUQUERQUE, 2004). Dentre as vantagens, pode-se destacar: Por ser vedado, não há perdas significativas de água por evaporação; Capta água durante a época chuvosa e armazena durante todo durante todo o período de estiagem, se a cisterna estiver em bom estado de conservação; A cisterna é construída próximo à residência, evitando que os moradores tenham que se deslocar por longos percursos para conseguir água para o consumo diário, restando tempo livre para desenvolver outras atividades; como atenção do lar, educação dos filhos; Com os cuidados necessários, a água de chuva armazenada pode possuir qualidade superior à de outras fontes, contribuindo com a diminuição das doenças de veiculação hídrica. 35 O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), recém-lançado pela Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 2006) enfatiza a necessidade e valoriza a captação de água de chuva como uma das alternativas para amenizar os efeitos de sua irregularidade, principalmente em áreas com recursos hídricos limitados e /ou de qualidade inadequada. Ressalta, ainda, que o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) iniciado em 2002 e gerenciado pela Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) conta atualmente com cerca de 220 mil cisternas construídas em todo semi-árido brasileiro, beneficiando um milhão de pessoas, aproximadamente (ASA, 2008). O PNRH descreve que a água da chuva pode ser captada de telhados e do chão, armazenada e, ou infiltrada de forma segura, tratada conforme requerido pelo uso final e utilizada no seu potencial pleno, substituindo ou suplementando outras fontes atualmente usadas, antes de ser finalmente dispensada (BRITO & SILVA, 2007). A captação de água de chuva é uma fonte alternativa de água para diversos fins, destacando-se o consumo humano (o qual é mais freqüente na zona rural), os usos diversos em residências urbanas, o uso industrial e para irrigação, com o objetivo de reduzir a demanda por água tratada; combater enchentes urbanas, agravadas pelo excesso de pavimentação e impermeabilização das cidades, bem como proporcionar menor requerimento de galerias pluviais. Nesse sentido, o aproveitamento de água de chuvas em residências, condomínios e indústrias, ainda pouco difundido no Brasil, representa benefícios ecológicos e econômicos e vem sendo defendida pelos órgãos e entidades que cuidam do meio ambiente (TOMAZ, 2003). 3.3 Convivência com o semi-árido brasileiro A escassez de água potável para consumo humano é um dos principais problemas para a sobrevivência e melhoria na qualidade de vida das populações rurais do semi-árido brasileiro, assim como para sua própria fixação no campo. Há séculos, a população do SAB vem buscando meios de atenuar a escassez de água, com a qual esta obrigada a conviver. Como forma de mitigar os efeitos de escassez de água causados pelo constante déficit hídrico em regiões semi-áridas nordestinas, têm-se utilizado soluções alternativas de abastecimento, como açudes, poços, cacimbas, barragens subterrâneas (para fins agrícolas) e sistema de 36 captação/armazenamento de água de chuva em cisternas (PALMIER & GNADLINGER, 2005; BRITO & SILVA, 2007). As cisternas caseiras são tecnologias simples desenvolvidas para enfrentar a falta de água de boa qualidade para beber e cozinhar. É, portanto, mais uma alternativa para se chegar à convivência com o semi-árido. No entanto, não é a cisterna caseira a solução de todos os problemas e a resposta para todas as necessidades de água no semi-árido. Além da água de chuva armazenada na cisterna, destinada a beber e cozinhar, é necessário água para banho, lavagem de roupas, irrigação de culturas e criação de animais, a fim de tornar viável a vida familiar, a produção e a geração de renda (GNADLINGER, 2000; ÁGUA DE CHUVA,2001). A idéia base dos projetos de construção de cisternas para captar água de chuva no semiárido brasileiro é a de fornecer água de boa qualidade para beber, cozinhar e higiene pessoal. Para outros usos, como a agricultura e a criação de animais, além de pequenas barragens e aguadas, sugerem-se a adoção das barragens subterrâneas, que guardam a água de chuva para os tempos de estiagem dentro da própria terra, e garantem a umidade necessária para evitar a perda das plantações (GNADLINGER, 2000; COSTA, 1994). Apesar de benefícios visíveis e concretos da economia de água e da melhoria da qualidade de vida das famílias que vivem no semi-árido brasileiro, o papel e a importância da coleta da água de chuva são pouco compreendidos pela maioria dos técnicos, governantes, e também pela população. Existem duas situações de aplicação para o aproveitamento de água de chuva: em áreas de grande pluviosidade, como medida preventiva para contenção de cheias, ou em casos extremos, em áreas de estiagem, onde se procura acumular a água da época chuvosa para a época de estiagem, com o propósito de garantir, ao menos, a água para beber (FUNASA, 2005). O campo de pesquisas para a melhoria das técnicas de captação e da qualidade de água de chuva é amplo e vem sendo muito estudado, tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, por ser uma alternativa que pode auxiliar milhões de pessoas a conviverem com escassez hídrica e minimizar o impacto de outros problemas, como as enchentes (SILVA, 2006). No Brasil, a prática de acumular água de chuva em cisternas vem recebendo maior atenção nos últimos 25 anos, com destaque para os trabalhos da EMBRAPA Semi37 Árido/CPATSA. Une-se a isso o reconhecimento da necessidade de ações educativas conjuntas à disponibilização da tecnologia, estimulando seu uso correto, para garantir água em quantidade e qualidade adequada. A cisterna caseira pode tornar-se a porta de entrada de uma nova cultura de convivência com o semi-árido. Contudo, muitas vezes, leva tempo até que a população se convença da eficiência de uma cisterna. É necessário trabalhos de sensibilização, e novos conhecimentos devem ser adquiridos. (FUNASA, 2005; SILVA et al,2006). A Educação Ambiental surge como uma metodologia que ajuda na sensibilização das comunidades usuárias e promove a sua participação em todas as fases da gestão dos recursos hídricos. Respeita as diversidades de percepções e modos de apropriação da água pelos habitantes beneficiados, estimula o manejo adequado e higiênico do líquido captado, incentiva a convivência do homem com sua terra semi-árida e pode gerar condições de sustentabilidade para os projetos de instalação de sistemas de captação, armazenamento, coleta e uso da água de chuva. Essa abordagem deverá refletir-se em políticas públicas efetivas e sustentáveis ao longo do tempo bem como sua apropriação pelas comunidades alvo, sendo fator de transformação social. 3.4 Captação e aproveitamento de água de chuva A captação de água de chuva em sistemas individuais de abastecimento parece ter surgido milhares de anos atrás em diversas partes do mundo de forma independente e em diferentes continentes. Foi usada e difundida especialmente em regiões semi-áridas onde as chuvas ocorrem durante poucos meses e em locais diferentes. Atualmente, se está retornando aos antigos conhecimentos e práticas, dando-lhes novas formas com base em critérios atuais de construção, manejo e preservação da água. (GNADLINGER, 2000, ANDRADE NETO, 2004). Uma das inscrições mais antigas do mundo é a conhecida Pedra Moabita, encontrada no Oriente Médio, datada de 850 a.C. Nela, o rei Mesha dos Moabitas, sugere que seja feita uma cisterna em cada casa para aproveitamento da água de chuva. No palácio de Knossos, na ilha de Creta, aproximadamente 2000 a.C., a água de chuva era aproveitada para descarga em bacias sanitárias (TOMAZ, 2003). Gould & Nissen- Petersen (2002) citam cisternas no deserto de Negev em Israel que datam de 2000 a.C. Também citam cisternas de grandes volumes no norte da África que 38 foram construídas há pelo menos 2000 anos. Nos Estados Unidos, principalmente nas regiões rurais do meio-oeste, existem diversas cisternas com mais de cem anos que foram as únicas fontes de água limpa no início do século passado para os habitantes dessa região. No Brasil, Fendrich (2002), cita a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, que foi constuída no século XVIII, situada na parte setentrional da Ilha de Ratones Grande, localizada na parte nordeste da Ilha de Santa Catarina, onde a água dos telhados era coletada e conduzida a uma cisterna para ser consumida pelas tropas do império. A coleta e o aproveitamento da água da chuva perdeu força com a inserção de tecnologias mais modernas de abastecimento, como a construção de grandes barragens, o desenvolvimento do aproveitamento de águas subterrâneas, a irrigação e a implementação dos sistemas de abastecimento. Atualmente a utilização da água da chuva volta a ser importante fazendo parte da gestão moderna dos recursos hídricos para fins potáveis e não potáveis. Vários países europeus e asiáticos utilizam amplamente a água da chuva nas residências, nas indústrias e na agricultura, pois sabe-se que a mesma possui qualidade compatível com os usos mais nobres, sendo considerada um meio simples e eficaz para atenuar escassez de água (GNADLINGER, 2000). Com o aumento e a concentração da população, a captação de água de chuva tornou-se uma alternativa de grande importância, principalmente em locais com déficit no fornecimento de água, como zonas rurais e regiões de clima árido e semi-árido de países como Arábia Saudita, África, Brasil, China, Estados Unidos, Nova Zelândia e Tailândia (LYE, 1992; PINFOLD et al., 1993; ZHANDE & JONNALAGADA, 1996; ALABDULA’ALY &KHAN, 2000; SIMMONS et al., 2001; AMORIM & PORTO, 2003; KUN et al., 2004). A China, país que atualmente enfrente escassez de água em várias regiões, aposta na construção de grandes tanques para armazenamento de águas pluviais. A iniciativa já beneficia cerca de 15 milhões de pessoas. A técnica era utilizada pelos chineses há vários séculos, mas fora abandonada em favor das redes de abastecimento de água captada em rios e açudes. Com o esgotamento de várias fontes, técnicos aprimoraram o sistema e voltaram a adotá-lo (ZOLLET, 2005). Diversos países desenvolvidos da Europa, principalmente a Alemanha Japão, China, Austrália, Estados Unidos e países da África e da Índia estão comprometidos com o aproveitamento da água da chuva e o desenvolvimento de tecnologias que facilitem o uso dessa fonte de água, garantindo sua qualidade. 39 3.5 Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) Iniciado em julho de 2002, o Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semi-Árido: um milhão de cisternas rurais” ou P1MC, vem desencadeando um movimento de articulação e de convivência sustentável com o semi-árido através do fortalecimento da sociedade civil, da mobilização, envolvimento e capacitação das famílias, com uma proposta de educação processual. O principal objetivo do P1MC é beneficiar cerca de 5 milhões de pessoas em toda região semi-árida, com água potável para beber e cozinhar, através de cisternas de placas. Até o final do ano 2007 foram construídas cerca de 220 mil (ASA, 2008). O P1MC, concebido e implementado pela Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) com financiamento do Governo Federal, é um projeto de garantia de água para a população rural do semi-árido, mas com o objetivo subjacente de promover maior participação da sociedade civil da região na definição de políticas públicas, para que estas passem a levar em conta as demandas das populações locais e as limitações do clima. Segundo Ferreira (2008), o P1MC constitui uma oportunidade efetiva de convivência com as adversidades climáticas do semi-árido. Por sua concepção e modo de operação, baseados na ação protagonista da sociedade civil, abre espaço para a superação das relações clientelistas características da ação governamental na região, na medida em que propõe uma metodologia de ação pública mais participativa, ao mesmo tempo em que promove uma grande mobilização social na região. Os dados apontam que o tipo de participação social promovida pelo programa propicia maior controle e poder de decisão da população do semiárido sobre sua própria condição de vida. As ações do P1MC contemplam o desenvolvimento e a disponibilização de técnicas e métodos de dimensionamento, construção e manejo de sistemas de abastecimento de água de chuva (cisternas rurais) e o processo educativo visando ampliar a compreensão e a prática de convivência sustentável com o semi-árido e a valorização da água como direito de vida (FERREIRA, 2008). Alguns resultados do Programa são abordados por diversos autores (POLETTO,2001; SCHISTEK,2001) • Acesso à água para um número crescente de famílias rurais do Semi-Árido. 40 • Melhora sensível na qualidade de vida de toda a família e, em especial, de mulheres e crianças. • Redução das doenças causadas pela ingestão de água contaminada. • Contribuição para diminuir a dependência das famílias em relação aos grandes proprietários de terra e aos políticos locais, que usam o acesso à água como meio de promoção política. • Não agride o meio ambiente, não produz resíduos, preserva os lençóis freáticos e reduz o escoamento superficial, contribuindo para evitar a erosão. O grande desafio é construir um sistema de captação e armazenamento de água de chuva em cada residência rural no Semi-Árido brasileiro para suprir a carência de água, além de capacitar as organizações dos agricultores a conviver com o Semi-Árido, mediante as soluções alternativas de abastecimento. 3.6 Cisternas de placas A captação de água das chuvas utilizando cisternas caseiras tem se mostrado uma opção adequada para disponibilizar água para consumo humano no semi-árido brasileiro, já que essa se adapta bem às condições físicas e socioeconômicas e culturais da região. Os custos mais acessíveis, a possibilidade de produzir resultados imediatos e a simplicidade da construção têm facilitado sua adoção por famílias rurais. Segundo relatório publicado pela FUNASA (2005) existem diversas técnicas de construção de reservatórios para armazenamento domiciliar de água com fins de consumo humano, dentre elas a cisterna de tela e cimento, a cisterna de placas, a cisterna de alvenaria e a cisterna de vinil, surgida recentemente. O modelo de cisternas de placas pré-moldadas tem sido consagrado como uma das mais eficientes propostas, sendo adotado majoritariamente no Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Os motivos determinantes desse “sucesso” são: baixo custo, facilidade de construção, segurança e durabilidade. A cisterna de placas (Figura 2) é parcialmente enterrada, com cerca de ¾ da altura das paredes laterais abaixo do nível do terreno, para reforçar a capacidade de suportar a pressão da água e armazena, em geral, 16.000 litros (cisterna residencial), mas pode armazenar também 25.000 litros (cisterna comunitária). Sua estrutura consiste em placas de concreto com tamanho de 50 por 60 cm e com 3 cm de espessura, que estão curvadas de acordo com o 41 raio projetado da parede da cisterna, variando conforme capacidade prevista. Há variantes onde, por exemplo, as placas de concreto são menores e mais grossas, e feitas de um traço de cimento mais fino. Estas placas são fabricadas no local de construção em moldes de madeira. A parede da cisterna é levantada com essas placas finas, a partir do chão cimentado. Para evitar que a parede venha a cair durante a construção, ela é sustentada com varas até que a argamassa esteja seca. Em seguida um arame de aço galvanizado é enrolado no lado externo da parede e essa pé rebocada. Num segundo momento, constrói-se a cobertura com outras placas pré-moldadas em formato triangular, colocada em cima de vigas de concreto armado, e rebocadas por fora. Geralmente, as cisternas de placas são construídas em mutirões, realizados pela população local, devidamente treinada por pedreiros capacitados (MDS, 2008). Figura 2: Cisternas de Placa 3.7 Dimensionamentos da cisterna Segundo Boers e Ben-Asher (1982), o sucesso ou fracasso de um sistema de aproveitamento de água de chuva depende, em grande parte, da quantidade de água captável pelo sistema. Essa quantidade varia de acordo com alguns dos componentes do sistema como a área de captação e o volume de armazenamento de água de chuva, sendo influenciada pelo índice pluviométrico da região e pelo coeficiente de escoamento superficial. Thomas (1999) acrescenta que o planejamento do sistema de captação de água de chuva deve levar em 42 consideração, além dos fatores já citados, o número e hábitos de consumo dos futuros proprietários da cisterna. Jalfim (2001) avaliou a necessidade de armazenamento de água mesmo em situações mais críticas de precipitação no SAB. Segundo o autor, o consumo de água na zona rural semi-árida do Brasil é de aproximadamente 6 L por pessoa/dia, considerando apenas as necessidades prioritárias de beber e cozinhar. Já para Ariyananda (1999), esse valor deveria ser 20 L, pois a higiene pessoal deve ser incluída, sendo uma necessidade básica do ser humano para a preservação da saúde. Em relação aos aspectos quantitativos, os projetos desenvolvidos no Nordeste do Brasil consideram um volume único de 16 m3 para as cisternas, o que atende em média, uma família com 5 pessoas,consumindo cada membro, aproximadamente 8 a 9 L/dia,entretanto não são raras famílias maiores no semi-árido nordestino. Diversas famílias utilizam água da cisterna para outros fins (higiene pessoal e da residência), quando deveria ser utilizada apenas para consumo direto (beber e cozinhar). Esses fatos sugerem a necessidade de algumas mudanças e avanços em relação à construção e operacionalização destes sistemas. A falta de água, durante a seca, fragiliza a sustentabilidade do programa, uma vez que varias famílias precisam completar o volume acumulado durante o período de chuvas com água de caminhões pipa ou de outras fontes sem garantia de qualidade, como açudes e olhos d’água ou poços distantes, com o qual se perde parte dos êxitos sociais, desviando-se do principal objetivo de sua construção, que é o de armazenar água de chuva, de melhor qualidade para o consumo humano. No geral, o uso de água de carros-pipa ocorre quando as águas armazenadas durante as chuvas não são suficientes para satisfazer a demanda familiar, seja porque as chuvas do período foram escassas, a área de escoamento é reduzida ou porque a família tem numerosos membros que consomem mais água do que é possível armazenar no sistema instalado (TAVARES et al, 2007; BRITO, 2005). Em alguns casos o reservatório de água de chuva é superdimensionado na tentativa de se atender a 100% da demanda. Entretanto, segundo Smith; Fok & Heitz (1999), o dimensionamento da cisterna pode influenciar na qualidade da água a ser armazenada. Pode ocorrer que a cisterna nunca seja completamente cheia, havendo desperdício do excesso de material empregado na construção, ou o volume nunca será totalmente consumido, dificultando a limpeza anual da cisterna e não há a remoção do sedimento acumulado no fundo (SILVA, 2006). O ideal é trabalhar com uma margem de segurança que nem superdimensione e nem sub-dimensione o sistema, e essa margem, também chamada de 43 confiabilidade do sistema deve ser definida em função do valor que se deseja investir e das finalidades de uso (ANNECCHINI, 2005). A eficiência e a confiabilidade dos sistemas de aproveitamento de água de chuva estão ligadas ao dimensionamento do reservatório de armazenamento, necessitando de um ponto ótimo na combinação do volume de reservação e da demanda a ser atendida, que resulte na maior eficiência com o menor gasto possível (NGIGI, 2003). A quantidade e qualidade da água armazenada estão diretamente relacionadas às técnicas construtivas da cisterna. Pesquisas realizadas em Minas Gerais evidenciaram que algumas cisternas apresentaram falhas de construção, como trincas e vazamentos levando, em alguns casos, à perda total da água armazenada. A utilização de materiais de construção diferentes dos especificados, (como emprego de areia mais grossa, por exemplo) e, ou mão de obra não devidamente qualificada pode ter ocasionado essas falhas. Outro problema detectado está relacionado à vedação das cisternas. Algumas tampas foram construídas com material passível de empenamento (zinco), o que facilita a entrada de partículas e de pequenos animais no interior das cisternas, possibilitando contaminação das águas armazenadas. Outros problemas, observados no processo de construção de uma cisterna, foram relacionados ao excesso de cimento empregado e à falta de limpeza adequada no interior da cisterna, o que pode comprometer a qualidade da água futuramente armazenada FUNASA (2005). 3.8 Fatores que interferem na qualidade da água da chuva A composição da chuva varia com a localização geográfica condições meteorológicas (intensidade, duração e tipo de chuva, regime de ventos, estação do ano, etc.), com a presença ou não de vegetação e com a carga poluidora. A arborização, por exemplo, tem papel importante na qualidade do ar (SIRKIS, 1999). A água das chuvas não tem uso aconselhado em locais com forte poluição atmosférica, densamente povoados ou industrializados. Entretanto, principalmente em áreas rurais e em pequenas cidades, os níveis de poluição e contaminação atmosférica são baixos e não atingem concentrações capazes de comprometer significativamente a qualidade das águas de chuvas. Contudo, esta possui pH relativamente baixo, ao entrar em contato com superfícies como as paredes das cisternas, a água pode ocasionar a liberação de alguns metais provenientes das superfícies, e tornar-se prejudicial à saúde da população. 44 Próximo ao oceano, a água da chuva apresenta concentrações proporcionais de elementos como sódio, potássio, magnésio, cloro e cálcio; distante da costa, os elementos presentes são provenientes de partículas do solo que podem conter sílica, alumínio, ferro, nitrogênio e enxofre. Em regiões densamente urbanizadas e industrializadas podem ser encontrados, nas águas da chuva, dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono, ou ainda chumbo, zinco e outros, reflexo das condições da qualidade do ar (PORTO, 1991). Em regiões de intensa atividade agrícolas a água de chuva pode carrear aerossóis de agrotóxicos e pesticidas lançados nas plantações (CUNLIFFE, 1998). A utilização de superfícies para captação da água de chuva também altera as suas características naturais. Durante os períodos de estiagem ocorre a deposição seca, nessas superfícies, de compostos presentes na atmosfera, os quais são lavados ou arrastados pela água da chuva. Portanto, a qualidade da água da chuva, na maioria das vezes, piora ao passar pela superfície de captação, a qual pode estar contaminada também por fezes de pássaros e de pequenos animais (FORNARO & GUTZ, 2003). A literatura mostra diferentes resultados de avaliação da qualidade da água de chuva. Good (1993) concluiu que a água da chuva que cai na superfície dos telhados é poluída. Entretanto outros autores encontraram um baixo potencial de poluição associado à mesma (SHINODA, 1990; ARIYANANDA, 2005), confirmando assim que as características da água da chuva variam de região para região. Segundo TOMAZ (2003), existem quatro pontos críticos que influenciam na qualidade da água de chuva: • Antes de atingir a superfície de captação, o que se denomina Água de chuva da atmosfera ou chuva atmosférica; • Após escoar pela superfície de captação, também conhecida como Água de lavagem do telhado - caso a superfície seja um telhado; • Na cisterna ou reservatório de acumulação; • No ponto de utilização da água. 45 3.9 Proteção sanitária das cisternas No meio rural, as águas de chuva armazenadas em cisternas geralmente são utilizadas para consumo doméstico, dessedentação de animais e irrigação (GNADLINGER, 2000). No Brasil, as águas de cisternas são empregadas, quase que exclusivamente, para beber, cozinhar, e higiene pessoal, no geral sem qualquer tratamento. No meio urbano o aproveitamento de água da chuva geralmente é destinado para fins não potáveis como rega de jardins, descarga em banheiros, lavagem de carros, shoppings e condomínios. Campos (2004) faz uma menção a respeito da importância do uso da água de chuva como alternativa à utilização da água potável em alguns casos: [...] o aproveitamento de água pluvial aparece neste início de Século XXI como uma alternativa a fim de substituir o uso de água potável em atividades em que esta não seja necessária tais como descargas de vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagens de carros, pisos e passeios (GOULD NISSEN-PETERSEN, 2002; GOULD, 1999). Os requisitos de qualidade estão diretamente relacionados ao uso que será dado à água. Quando a cisterna é destinada a usos domésticos, a água deve atender aos padrões de potabilidade, estabelecidos no Brasil pela Portaria Nº 518/2004 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004). Basicamente, a água potável deve ter sabor e odor agradáveis, não conter microrganismos patogênicos, ter cor aparente menor que 15 uH, turbidez menor que 1 uT e não possuir substâncias químicas em concentrações que possam causar mal à saúde humana. Com a implantação de cisternas para minimizar a escassez de água nas regiões semiáridas, surge um problema relacionado à qualidade da água, pois quando sua coleta e armazenamento não são realizados de maneira adequada, a mesma pode ser contaminada. Qualidade da água e saúde da população são elementos inseparáveis, portanto é de fundamental importância que a água consumida não apresente riscos sanitários à população. Qualquer técnica que venha a ser implementada para o aproveitamento de água de chuva deve ser acompanhada de monitoramento constante da qualidade das águas das chuvas recolhidas através de ensaios que determinem suas características físicas, químicas e biológicas para verificar se atendem aos padrões de potabilidade. Estudos, em diversos lugares do mundo que examinaram a qualidade da água de chuva armazenada em cisternas concluíram que essas geralmente atendem as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para os parâmetros físicos e químicos. De acordo com Pathak & Heijnen (2006) e Sharpe & Young (1982), os parâmetros para cor, odor, sabor, pH, 46 sólidos dissolvidos totais (TDS) e dureza total geralmente encontram-se de acordo com os padrões prescritos pela legislação. Íons, metais e produtos químicos tóxicos são relatados somente em alguns casos e podem advir dos materiais da superfície de captação, na construção da cisterna e de poluentes atmosféricos fixados na poeira, emissões poluentes por atividades industriais e urbanas ou inseticidas agrícolas. Porém, quanto aos critérios de qualidade microbiológica a maioria de estudos sobre a água de chuva reservada em cisternas mostra que freqüentemente não atende as recomendações de potabilidade da OMS para um ou vários indicadores sanitários, evidenciando que estão geralmente contaminadas ou susceptíveis à contaminação por microrganismos patogênicos e seu consumo direto, sem tratamento, constitui sério risco à saúde humana (GOULD, 1999; SIMMONS, 1999; VIDAL, 2002; GOULD & NISSENPETERSEN, 2002 e LYE, 1992). Vários autores brasileiros, em especial da região Nordeste constaram a presença de coliformes em concentrações acima das estabelecidas pelos padrões de potabilidade, em todas as cisternas estudadas (AMORIM & PORTO, 2001; ARAÚJO et al.,2007; BRITO et al, 2005a e b; SILVA, 2006; PEREIRA et al.2007). Embora os riscos epidemiológicos associados às águas acumuladas em cisternas não sejam muito conhecidos, estudos recentes recomendam esforços institucionais para minimizar a contaminação dessa água usada para consumo humano, buscando diminuir a propagação de doenças de veiculação hídrica. É recomendado a adoção de múltiplas barreiras sanitárias ao longo do sistema de captação e armazenamento de águas de chuva, que se iniciam com a higiene da área de captação (telhados), continuam com a manutenção e limpeza nos dutos, com o uso de dispositivos de desvio das primeiras águas de chuva, com o emprego de bomba na retirada da água das cisternas e a desinfecção da água antes de seu consumo. O conjunto dessas ações diminui a contaminação da água e a desinfecção final é mais eficiente. Comparadas com as águas de cisternas tradicionais sem proteção sanitária, águas de chuva captadas e armazenadas com a devida segurança sanitária são consideravelmente melhores constituem-se em fontes seguras de água potável (ANDRADE NETO, 2004; PATHAK & HEIJNEN 2006). Andrade Neto (2004) afirma que quanto maior o risco de contaminação, maior deve ser o rigor na proteção sanitária das cisternas. O risco depende, principalmente: das condições de uso (público, multifamiliar ou unifamiliar); das condições da superfície de captação (tipo de material, situação, facilidade de limpeza, etc), quando a superfície de captação primeira chuva lava esta superfície, carreando a sujeira, ou quando a água está armazenada de forma não protegida. Outros pontos que devem ser observados são: as calhas e tubulações que 47 transportam a água até o tanque, a exposição a contaminantes (localização rural ou urbana, isolada ou exposta); as condições epidemiológicas da região (doenças endêmicas, higiene ambiental, risco de surtos, etc); a operação e manutenção do sistema. O método de retirada da água também tem grande influência na qualidade da água de chuva armazenada em cisternas. A contaminação posterior, na retirada de porções de água e no manuseio para os vários usos, também ocorre com freqüência. Medidas que tendem a minimizar os riscos de contaminação nessa etapa de retirada das águas é o uso de bombas manuais ou automáticas - permitindo que a cisterna mantenha-se sempre fechada, mesmo na hora da coleta, a desinfecção da água (filtração, SODIS, fervura e cloração), e campanhas de educação sanitária. Quanto melhores os níveis de educação sanitária e ambiental e de conhecimento de práticas higiênicas dos usuários, mais fácil é a implantação e aceitação dessas medidas e mais segura será a qualidade das águas das cisternas destinadas ao consumo humano. A segurança sanitária de sistemas de captação de água de chuva em cisternas rurais depende da educação sanitária que deve ser um processo permanente, e da participação social da comunidade envolvida, mas também depende de um projeto adequado, inspeção regular e manutenção do sistema. O projeto adequado deve incluir: um dispositivo para desviar automaticamente as primeiras águas de cada chuva ou, pelo menos, remover detritos da linha de fluxo quando o uso é menos nobre; cobertura da cisterna que impeça a entrada de insetos e luz (a luz propicia a proliferação de algas); extravasor e ventilação para propiciar a re-oxigenação da água e retirada da água por tubulação (ANDRADE NETO, 2004; FENDRICH & OLIYNIK, 2002; VIDAL, 2002). Estudos revelam uma nítida melhoria na qualidade da água armazenada nas cisternas ao desviar a primeiras águas, principalmente no que diz respeito aos parâmetros microbiológicos (NTALE & MOSES, 2003; ANNECCHINI, 2005). Manter uma tela de plástico ou náilon nas saídas das tubulações pode impedir a entrada de pequenos animais ou insetos na cisterna. Andrade Neto (2004) sugere que as telas não sejam colocadas na tubulação de entrada da água na cisterna, pois as sujeiras poderiam ficar retidas na linha de fluxo, obstruindo a passagem de água e comprometendo a sua qualidade. Entretanto, essa medida é recomendada por Amorim & Porto (2003) e considerada uma forma de bloqueio contra a entrada de folhas, insetos e pequenos animais, que contaminariam a água. Mesmo nas situações em que há a inclusão de telas nas entradas, é 48 recomendado o desvio das primeiras águas de chuva, para remover as partículas depositadas na superfície de captação. Para Andrade Neto (2004) o tratamento da água deve ser utilizado somente como medida corretiva, se houver suspeita de contaminação da água. O tratamento da água exige um treinamento mais difícil de ser assimilado pelos usuários, tem custo considerável e ainda corre o risco da falta de produtos químicos, quando não podem ser adquiridos a tempo. Contudo, quando a cisterna armazena águas de qualidade inadequada de outras fontes ou a água de chuva é captada na superfície do solo, o tratamento é recomendado. Segundo Annecchini (2005), outros cuidados que devem ser tomados com relação ao reservatório de armazenamento, visando a sua manutenção e a garantia da qualidade da água são os seguintes: A cobertura do reservatório deve ser impermeável; A entrada da água no reservatório e o extravasor devem ser protegidos por telas para evitar a entrada de insetos e pequenos animais no tanque; O reservatório deve ser dotado de uma abertura, também chamada de visita, para inspeção e limpeza; A água deve entrar no reservatório de forma que não provoque turbulência para não suspender o lodo depositado no fundo do reservatório; O reservatório deve ser limpo uma vez por ano para a retirada do lodo depositado no fundo do mesmo. Essas e outras orientações podem ser encontradas em manuais como o Guidance on the use of rainwater tanks (CUNLIFFE, 1998), Harvesting rainwater for domestic uses: an information guide (ENVIRONMENT AGENCY, 2003) e no Manual de Cisterna de Placas – Construindo a Solidariedade no Semi-Árido (2003). 3.10 Padrões de qualidade para água de chuva armazenada em cisternas Para que se possa aproveitar todo o benefício da coleta e utilização da água da chuva de forma segura, é preciso estabelecer os padrões de qualidade que a mesma deve atender devendo este ser de acordo com os usos a que a mesma for destinada. 49 O principal problema que se deve enfrentar ao estudar a qualidade da água armazenada em cisternas destinadas ao consumo humano é a ausência de legislação específica para este tipo de água. Uma forma de contornar esse inconveniente pode ser a utilização de padrões de referencia para água potável de sistemas de abastecimento ou de sistemas alternativos segundo Portaria No 518/2004 – MS. Também há algum consenso sobre a aplicação da Resolução CONAMA No 357/2005 para águas de mananciais destinados ao abastecimento humano, em particular para águas da classe especial, que precisam apenas de desinfecção antes de seu consumo. A Portaria Nº 518 de 25 de março de 2004, Ministério da Saúde), rege a qualidade da água para consumo humano e estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e orienta quanto a outras providências. De acordo com a Portaria No 518/2004 – MS “toda a água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água”. A mesma Portaria, no cap. 2, art. 4, inciso III, enquadra a cisterna como solução alternativa de abastecimento de água potável para as populações. Devido ao rigor desta Portaria, foram definidos indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água no meio rural. Dentre estes indicadores são citados: turbidez, cor, pH, cloro livre e coliformes. Os parâmetros exigidos pela Portaria Nº 518/2004 - MS (BRASIL, 2004) são de coliformes totais, coliformes termotolerantes ou Escherichia coli. Numericamente, as amostras de água de fontes alternativas destinadas ao consumo humano podem ter a presença de coliformes totais, desde que haja a ausência de E.coli/100 mL, devendo ser pesquisada a origem da ocorrência da provável contaminação e providenciar as medidas corretivas e preventivas (BRASIL, 2005). A água potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico conforme Quadro 1 a seguir: 50 Quadro 1: Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano. Portaria Nº 518/2004 - MS. 3.11 A Legislação sobre água de chuva A lei nº 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, define que a água é um bem de domínio público, constituindo um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. A idéia da aplicabilidade dos sistemas de coleta, armazenamento, utilização e infiltração das águas pluviais, instalados em todos os tipos de construções, é um instrumento extremamente importante no controle do balanço hídrico, como medida corretiva e mitigadora do impacto causado ao ciclo da água local, pelas atividades humanas, nas áreas urbanas das bacias hidrográficas (FENDRICH, 2002). Schvartzman & Palmier (2007) fazem uma interessante reflexão sobre a legislação de água de chuva. Segundo os autores, a recente legislação sobre recursos hídricos não trata especificamente das águas de chuva. A Lei Federal nº 9.433/97, entretanto, estabelece, no parágrafo primeiro do artigo 12º: “Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: i) o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; ii) as derivações, captações e lançamentos 51 considerados insignificantes; e iii) as acumulações de volumes de água considerados insignificantes.” Interpreta-se que, por serem captadas ou armazenadas em volumes considerados pouco expressivos, e destinadas às necessidades individuais ou de pequenos núcleos populacionais, as captações de água de chuva independem de outorga pelo Poder Público. Desta forma, verifica-se que, salvo regulamentação específica a ser editada, as captações de água de chuva não são administradas pelos órgãos gestores de recursos hídricos. A Lei Federal nº 11.445/07 – que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico – dispõe em seu artigo 5º: “Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços.” Muitos países já instituíram legislações específicas para o aproveitamento de água de chuva. No Brasil, as primeiras normas e leis começam a ser discutidas e regulamentadas. A cidade de São Paulo foi pioneira quando, em Janeiro de 2002, aprovou a Lei nº 13.276 que tornou obrigatória a construção de reservatórios para águas pluviais coletadas por áreas impermeabilizadas superiores a 500 m2, com o objetivo apenas de evitar inundações. No Art. 2º parágrafo 2º promulga: § 2º - A água contida pelo reservatório deverá preferencialmente infiltrar-se no solo, podendo ser despejada na rede pública de drenagem após uma hora de chuva ou ser conduzida para outro reservatório para ser utilizada para finalidades não potáveis. “A chuva coletada deve ser encaminhada a um reservatório de retenção para posterior infiltração no solo ou para ser despejada na rede de drenagem após uma hora de chuva ou ainda para ser conduzida a outro reservatório, para ser utilizada para fins não potáveis.” Em Curitiba, a Lei Nº 10.785/03 criou o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações – PURAE. Dentre os seus objetivos, está a indução ao uso de fontes alternativas de abastecimento de água em novas residências, conforme artigos 6o e 7o citados abaixo: 52 Art. 6º. As ações de Utilização de Fontes Alternativas compreendem: I - a captação, armazenamento e utilização de água proveniente das chuvas; e II - a captação e armazenamento e utilização de águas servidas. Art. 7º. A água das chuvas será captada na cobertura das edificações e encaminhada a uma cisterna ou tanque, para ser utilizada em atividades que não requeiram o uso de água tratada, proveniente da Rede Pública de Abastecimento, tais como: a) rega de jardins e hortas; b) lavagem de roupa; c) lavagem de veículos; d) lavagem de vidros, calçadas e pisos” Em 2004, no Rio de Janeiro, o Decreto Municipal Nº 23.940/04 tornou obrigatório, em edificações especificadas, a construção de reservatório para retardo do escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem, bem como dispõe sobre o reaproveitamento da água para finalidades não potáveis. Mais recentemente, em todo o estado de São Paulo, foi estabelecida a obrigatoriedade de implantação desses sistemas e o seu condicionamento à obtenção das aprovações e licenças, de competência do Estado e das Regiões Metropolitanas sobre o uso do solo urbano e projetos de infra-estrutura. No artigo 3º da Lei 12.526/2007, são estabelecidos três destinos para a água reservada: Infiltração no solo; Lançamento na rede pública, depois de uma hora de chuva e; Utilização para finalidades não potáveis em edificações. Fica evidente que a grande maioria dos instrumentos legais apresenta um contexto superficial das normas para aproveitamento da água de chuva, requerendo-se, portanto, legislações mais específicas. Com caráter normativo, a recém publicada NBR 15527/2007 – “Água de chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos” é voltada exclusivamente para o uso da água de chuva. A elaboração do texto teve início em 53 janeiro de 2007 e esteve disponível para discussão e consulta nacional no site da ABNT até março, sendo publicada no dia 24 de setembro de 2007. O documento, atinge o seguinte objetivo: “Fornecer os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. Aplica-se a usos não potáveis em que as águas de chuva podem ser utilizadas após tratamento adequado como, por exemplo, descargas em bacias sanitárias, irrigação de gramados e plantas ornamentais, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios, espelhos d'água e usos industriais” Alguns dos pontos a serem comentados sobre essa norma técnica são: A indicação de parâmetros de qualidade de água no ponto de utilização; A possibilidade dada à utilização para fins potáveis desde que a água de chuva seja tratada e seu efluente atenda à Portaria n° 518 do Ministério da Saúde; Recomendações no que se refere à manutenção do sistema; A existência de anexo com 6 métodos de cálculos para dimensionamento dos reservatórios, incluindo os métodos práticos alemão, inglês e australiano. Em países como Austrália, Alemanha, Estados Unidos e Índia existem manuais e guias de orientação para a utilização da água da chuva de forma segura, que descrevem desde a implantação e escolha do material até as atividades de conservação da qualidade da água e manutenção dos reservatórios. São exemplos desses manuais o Texas Guide to Rainwater Harvesting (1997) e o Water Safety (2005) da Austrália apud Annecchini (2005). Além disso, existem instituições internacionais e nacionais que promovem congressos, reunindo estudos sobre o aproveitamento da água da chuva realizados pelo mundo como a International Rainwater Catchment Systems Association (IRCSA), American Rainwater Catchment Systems Association (ARCSA) e a Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva (ABCMAC). 54 4 Material e Métodos 4.1Diagnóstico A pesquisa foi concebida com estudos e ações de diagnóstico visando a caracterização sócio-econômica das comunidades, estudo da qualidade da água armazenada em cisternas já existentes e a avaliação do manejo dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva já existentes, assim como a finalidades de uso da água armazenada. Identificaram-se famílias beneficiadas com sistemas de captação de água de chuva em cisternas localizadas nos municípios de São João do Cariri, São José do Sabugí e em Campina Grande, no Assentamento Paus Brancos, no estado da Paraíba, na região semi-árida do Nordeste do Brasil. Em todas as comunidades, fez-se um diagnóstico socioeconômico, cultural e ambiental das famílias e, numa etapa posterior se procedeu a seleção de 8 cisternas para monitoramento qualitativo sistemático. As cisternas estudadas foram identificadas por siglas que configuraram o seguinte espaço amostral: a) São João do Cariri: SJC1, SJC2, SJC3 e SJC4; b) Paus Brancos: PB1, PB2, PB3 e PB4. 4.2Caracterização dos locais de estudo 4.2.1 São João do Cariri O município de São João do Cariri está localizado na Microrregião São João do Cariri e na Mesorregião da Borborema do Estado da Paraíba Localiza-se a 80 km da cidade de Campina Grande/PB a 186,6 Km de João Pessoa, a capital do Estado. Encontra-se inserido na Bacia do Rio Taperoá, sub-bacia do rio Paraíba a 7° 25' de latitude Sul e 36° 30' de longitude Oeste na região do Cariri Paraibano (Figura 3). Sua população aproximadamente é de 4.802 habitantes. Com área de 702 km² e densidade demográfica de 6,73 hab/Km2. A região apresenta clima seco semi-árido com precipitação média anual de 300 a 503 mm, com período chuvoso de janeiro a maio. A temperatura varia entre 15,2º C e 36,5ºC, com média anual de 26,2ºC e umidade relativa média anual em torno de 60 a 70,6%. A vegetação é a CaatingaSeridó, típica do semi-árido nordestino, predominando uma vegetação arbustiva aberta. 55 Figura 3: Localização de São João do Cariri, no Estado da Paraíba. 4.2 .2 São José do Sabugí O município está localizado na região do Seridó ocidental paraibano. Sua população aproximadamente é de 4.098 habitantes (Figura 4). A densidade demográfica é de 18,1hab/Km2. Com área de 215,4 Km2, situa-se na região Centro-Norte do Estado da Paraíba, dentro do Polígono das Secas, inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Piranhas, sub-bacia do Rio Seridó, entre as coordenadas 06°88’00’’ de Latitude Sul e 36°74’00’’ de Longitude Oeste até 06°75’00’’ de Latitude Sul e 36°90’00’’ de Longitude Oeste. Apresenta pluviometria média anual de 547,8mm, com distribuição irregular e temperatura média anual de 27ºC. A umidade relativa média anual é em torno de 59%. A vegetação predominante é do tipo Caatinga-Seridó, típica do semi-árido nordestino. Figura 4: Localização do município de São José do Sabugi, no Estado da Paraíba. 56 4.2.3 Assentamento Paus Brancos Situa-se no Agreste Paraibano, na microbacia do Riacho Angico, contribuinte do Riacho São Pedro, no extremo sudoeste do município de Campina Grande, Estado de Paraíba. A região é estritamente rural, entre as coordenadas 07°25’00’’ de Latitude Sul; 35°30’00’’ de Longitude Oeste. O clima da região, entre a serra da Borborema e o início do Cariri, é semiárido quente, com chuvas concentradas em 4 a 6 meses do ano, com médias anuais de 350 a 500 mm, entre fevereiro e maio. A umidade relativa média anual é em torno de 50% e a evaporação média anual de 1.800 mm/ano. A temperatura média varia entre 25 e 28°C (AESA/PB). O Assentamento de Paus Brancos possui área de 2.309.70 hectares com 72 famílias tuteladas pelo Instituto de Terras e Planejamento Agrícola da Paraíba (INTERPA) desde 1996. A Figura 5 mostra a localização do Estado da Paraíba, climatologia da precipitação (Fev-Maio/2006) e se destaca a posição do Riacho São Pedro, onde se situa o assentamento da comunidade Paus Brancos (PB). Figura 5: Localização do Assentamento de Paus Brancos no município de Campina Grande – PB. 4.3 Diagnóstico do contexto social, econômico e cultural Para obter uma visão geral sobre o padrão social e econômico das famílias nos três municípios selecionados (São João do Cariri, São José do Sabugí e Assentamento Paus Brancos - município de Campina Grande/PB), bem como a percepção da relação água/saúde – manejo da água das cisternas / qualidade da água consumida e suas limitações, foi elaborado 57 um questionário socioambiental semi-estruturado (Anexo A) e aplicado na forma de entrevistas, acompanhados da observação direta das condições de moradia, de higiene, formas de abastecimento de água e fontes características estruturais e de funcionamento dos sistemas de captação, armazenamento e retirada da água chuva das cisternas para consumo humano, esgotamento sanitário e aspetos de saúde. Aplicação dos questionários Para as entrevistas, foi feito o treinamento das equipes de campo para esclarecer alguns itens dos questionários e a forma de aplicação. A aplicação dos questionários ocorreu no período de 28 a 30 de maio de 2007. Foram formadas 09 equipes com dois integrantes cada um, com tarefas específicas: um integrante para aplicar os questionários (entrevista semi-estruturada) junto ao responsável pela família e outro para fazer observações in loco da área de captação de água de chuva, registrar o estado de conservação da cisterna e o geoprocessamento do local. Foram entrevistadas um total de 175 famílias. As informações referentes às 175 famílias entrevistadas foram organizadas em um banco de dados. A Figura 6 apresenta a distribuição das famílias entrevistadas: Figura 6: Porcentagem das famílias entrevistadas nos três municípios e distribuição por comunidade. O universo amostral correspondeu a 54 famílias em São João do Cariri, 39 famílias no Assentamento Paus Brancos e 82 famílias em São José de Sabugí, que dispõem de Sistemas de Captação de Água de Chuva. 58 4.4 Seleção dos sistemas de captação e armazenamento de água de chuva para monitoramento qualitativo sistemático Um dos objetivos da pesquisa foi avaliar a qualidade da água armazenada em função dos tipos de cisternas existentes; semelhanças e diferenças físicas, higiênicas, culturais e de manejo, de forma sistemática e em épocas de estiagem e de chuvas. Selecionaram-se então cisternas representativas do universo amostral registrado nas entrevistas semi-estruturadas. A seleção foi feita aplicando-se análises de agrupamento, a partir dos dados obtidos das 175 famílias entrevistadas. Para essa seleção foram usados seis indicadores dentre os obtidos nos questionários sócio-econômicos (Figura 7). Figura 7: Critérios utilizados para selecionar cisternas semelhantes pela análise de agrupamento A análise de agrupamento gerou três subgrupos de acordo com os agrupamentos obtidos (semelhanças/diferenças em cada agrupamento). Dentre esses agrupamentos foram escolhidos oito sistemas de coleta e armazenamento de água de chuva, com características diferentes, para o monitoramento sistemático da qualidade da água, o qual foi feito ao longo dos meses de dez/07- dez/08. Dessas 8 cisternas 4 estão localizadas no município de São João do Cariri e as outras no Assentamento de Paus Brancos. 4.5 Período da pesquisa e procedimentos de coleta. A amostragem teve duração de um ano. Os oito sistemas de captação e armazenamento de água de chuva foram monitorados com freqüência mensal. Em cada visita mensal um formulário de acompanhamento de campo foi preenchido a fim de registrar 59 mudanças no comportamento das famílias (nº de pessoas, ocorrência de doenças, etc) bem como alterações no sistema de captação tais como: estado de conservação dos tetos, dos dutos e das cisternas, volume da água nas cisternas, recebimento de carros- pipa,dentre outros. A coleta das amostras para as análises de água foi realizada pelos próprios moradores procedendo da mesma forma que fazem diariamente. Assim algumas foram coletadas com baldes, outras com latas e em uma única cisterna com mangueira, em substituição a bomba. A bomba manual presente em algumas cisternas não foi utilizada por nenhuma família. Os parâmetros qualitativos analisados reuniram-se em dois grupos: serie curta, onde um número reduzido de parâmetros foi monitorado com freqüência mensal e outro denominado serie longa, com todos os parâmetros, que foram monitorados com freqüência trimestral. Considerando que um monitoramento anual, a série curta corresponde a oito meses e a série longa corresponde a quatro meses (a série longa inclui a série curta). As análises que compõem cada série são apresentadas no Quadro1 Quadro 2: Parâmetros a serem analisados nas coletas de análises de séries curta e completa Tipo de série Série Curta Freqüência mensal Série Longa Freqüência trimestral Parâmetros analisados pH, Condutividade, OD, Temperatura, Turbidez, Cor, Odor, Salinidade, SDT, Alcalinidade, Dureza, Cloretos, Coliformes (totais), E.coli, Bactérias heterotróficas totais Salmonella sp., Metais (Al, Pb, Fe, Zn, Mg, Mn), DQO, DBO, Série de Nitrogênio (N-amon., N-NO3-, N-NO2-) 4.5.1 Amostras para análises físicas e químicas Parte das amostras de água foram transferidas para garrafas plásticas limpas de 2 litros e preservadas em caixas isotérmicas com gelo (<10ºC) até sua chegada ao laboratório, onde foram processadas para as análises físicas e químicas nas oito horas após da coleta. Em campo foram medidos condutividade elétrica, pH e temperatura e fixado o oxigênio dissolvido (OD) pelo método de Winkler com modificação de Azida (AWWA, 1998). As análises da série nitrogenada foram feitas para os meses (Dez/07-Fev, Jun, Set e Dez/08) e as de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), nos meses (Dez/07-Mar/, Jun, Set 60 e Dez/08). O cloro residual total e livre foi medido a partir do mês de abril/08, quando o equipamento foi adquirido. As amostras para análise de metais foram coletadas segundo as recomendações do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP, 2006): 4.5.2 Amostras para as análises microbiológicas As amostras destinadas para as análises microbiológicas foram transferidas para garrafas de polietileno (500 mL) com boca larga protegidas com papel laminado, previamente esterilizadas (121º C – 30’ em autoclave). Essas amostras foram utilizadas na determinação de coliformes totais, Escherichia coli, estreptococos fecais e Bactérias Heterótrofas Totais. As amostras para pesquisa de Salmonella sp. foram coletadas em garrafas plásticas de 5L esterilizadas. Os recipientes eram abertos apenas no momento de coletar a água e em seguida mantidos em caixas de isopor com gelo a uma temperatura inferior a 10ºC até sua chegada ao laboratório, onde foram processadas. A determinação de Salmonella sp. foi realizada nas amostras dos meses de Janeiro, Março e Junho de 2008. No mês de Janeiro coletaram-se amostras do sedimento do fundo da cisterna SJC3 que estava sendo limpa no dia da segunda coleta para confirmação de resultado. Na Tabela 1 apresentam-se, de forma resumida, os parâmetros analisados e os métodos de análises. Tabela 1: Parâmetros Analisados nas Amostras de Água e Metodologia Parâmetro pH Unidade - Temperatura ºC Turbidez UNT Cor UC Condutividade elétrica µS/cm Salinidade ppm Sólidos dissolvidos totais mg/L Método Analítico pHmetro digital (TECNAL – Modelo: TEC – 3P – MP) Termômetro de filamento de mercúrio, com escala entre 0 a 80ºC Turbidímetro digital (HACH – Modelo: 2100P) Colorímetro digital (POLICONTROL – Modelo: AquaColor Cor) Condutivímetro digital (TECNAL – Modelo: TEC- 4P-MP) Potenciométrico (TECNAL – Modelo: TEC – 4P – MP) Gravimétrico (Método de secagem à 180ºC) 61 Cloro Total e Residual livre mg/L Cloreto mg/L Oxigênio dissolvido mg/L DBO5,20 mg/L Nitrato mg/L Espectrofotométrico - Método da Coluna de Redução de Cádmio de nitrato a nitrito. Alcalinidade (mg CaCO3/L) Método da Titulação Potenciométrica Dureza Clorímetro. (POLICONTROL – Modelo: AquaColor Cloro) Argentométrico (Método de Mohr). Método de Winkler Frascos padrões/ Método de Winkler (mg CaCO3/L) Titulométrico com EDTA NMP/100ml Substrato cromogênico (Colilert ®) Bactérias Heterotróficas Mesófilas Totais UFC/ml Contagem padrão em placa (Pour Plate) Meio de cultura: Plate Count Agar Estreptococos fecais UFC/100ml Coliformes totais e Escherichia coli Membrana de Filtração Meio de cultura: M-Enterococcus Agar. Salmonella s p* Concentração em membrana (água) e inoculação direta (lodo) CETESB (2004) As técnicas analíticas seguiram a metodologia descrita no “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” (AWWA, 1998). 4.6 Técnicas analíticas dos parâmetros microbiológicos 4.6.1 Determinação de Coliformes substrato cromogênico A técnica utiliza substratos Totais e Escherichia coli: Teste com hidrolisáveis por enzimas constitutivas dos microrganismos-alvo. A determinação dos coliformes totais é feita através do substrato ONPG (orto-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo) que é hidrolisado pela enzima β-Dgalactosidase (presente em todas as bactérias do grupo coliforme), seguido da liberação do orto-nitrofenol (amarela) que indica resultado positivo para coliformes totais após 24 horas de incubação a 37º C. A determinação de Escherichia coli é feita através do substrato MUG (4metil-umbeliferil-β-D-glicuronídeo) que é hidrolisado pela enzima β-glicuronidase, presente apenas em E. coli com liberação da 4-metil-umbeliferona que apresenta fluorescência azul sob exposição à luz ultravioleta (λ = 365 nm) (AWWA, 1998). 62 A combinação do ONPG - MUG utilizada nesta pesquisa foi desenvolvida pelo Laboratório IDEXX (COLILERT®). A quantificação foi feita pela técnica do número mais provável (NMP) com uso de cartelas estéreis descartáveis constituídas de 49 cavidades grandes e 48 cavidades pequenas, que permite detectar na água sem diluição até 2000 bactérias /100 mL na amostra bruta. Em recipiente estéril e próximo ao bico de Bunsen, introduz - se 100 mL da amostra bruta ou de suas diluições e acrescenta-se o meio de cultura em forma de pó (meio desidratado) realizando-se a homogeneização para dissolução do mesmo, em seguida sela-se a cartela na seladora e leva-se as cartelas para estufa de incubação por 24 horas a 35-37ºC. Os resultados são expressos em NMP/100 mL e são obtidos de uma tabela de dupla entrada, que combina o número de cavidades grandes e pequenas positivas. Na figura 8 está um fluxograma de execução do método do substrato cromogênico utilizando-se COLILERT®. Amostra Diluições decimais: (10-1; 10-2; outras) Mistura do substrato cromogênico com 100ml da amostra ou diluições em recipientes estéreis Encher as cartelas e selar Incubar por 24h / 37ºC Leitura: Coloração amarela intensa: Coliformes totais. Calcular o NMP/100mL na tabela Fluorescência-UV (λ = 365 nm): Escherichia coli. Calcular o NMP/100mL na tabela Figura 8: Fluxograma de identificação e quantificação de coliformes totais e Escherichia coli pela técnica do substrato cromogênico. 4.6.2 Determinação de Bactérias Heterótrofas Totais: Técnica de Pour Plate (vertido em placa) As Bactérias Heterótrofas Totais foram quantificadas pela técnica de Pour Plate (vertido em placa) utilizando-se o meio de cultura “Plate Count Agar” (PCA) (Difco), com incubação a 37º C durante 48 hs. (AWWA, 1998; CETESB, 2004). 63 A seqüência de execução da técnica é a seguinte: Esterilizar placas de Petri de 9 cm de diâmetro em duplicata para cada amostra; Preparar o meio Agar para Contagem Padrão “Plate Count Agar” (PCA) e distribuir 20 mL em tubos de ensaio e esterilizar a 121º C/20 min e preservar em geladeira até momento de uso, quando deve ser previamente fundido e mantido a 45ºC no banhomaria; Homogeneizar a amostra /diluições e acrescentar nas respectivas placas 1 mL em cada; Introduzir 20mL do PCA que foi anteriormente preparado e homogeneizar com movimentos circulares; Incubar as placas em posição invertida por 48 horas a 37ºC e efetuar a quantificação das colônias. Os resultados serão expressos em UFC/mL (AWWA, 1998). O fluxograma de execução da metodologia é apresentado na figura 9. Amostra Diluições decimais: Fundir o meio de cultura nos tubos e manter em banho maria a 45ºC (10-1; 10-2; outras) Inocular 1mL de cada diluição Inocular 1mL da amostra Adicionar o meio de cultura fundido Placas de Petri estéreis (duplicata da amostra e de cada diluição) Homogeneizar com movimentos Deixar solidificar Inverter as placas e incubar à 48 ± 3h / 35-37ºC Contagem das colônias. Determinação da Média e Cálculo dos resultados (UFC/mL) Figura 9: Fluxograma de quantificação de Bactérias Heterotróficas Totais pela técnica de Pour Plate. 4.6.3 Determinação de estreptococos fecais: Técnica da membrana filtrante A técnica fundamenta-se na filtração de um volume conhecido da amostra ou de suas diluições, através de uma membrana atóxica de acetato de celulose com microporos de 0,45µm de diâmetro para reter na linha de fluxo os microrganismos que tenham diâmetro 64 levemente maior. As bactérias retidas nos poros crescem formando colônias sobre a membrana e são visualizadas a olho nu e podem ser facilmente quantificadas. A filtração é realizada com um dispositivo específico previamente esterilizado (Figura 10). 1 – Funil de filtro; 2 – Pinça; 3 – Suporte da membrana; 4 – Membrana; Figura 10: Dispositivo de Filtração A membrana com as bactérias retidas nos poros é transferida para uma placa de Petri de 47 mm de diâmetro com o meio Agar M-enterococos para o crescimento seletivo de estreptococos fecais. A incubação foi realizada a 37º C durante 48 horas. O meio de cultura se difunde para a membrana e fornece os nutrientes necessários para o desenvolvimento das colônias de bactérias tipicamente vermelhas (Cocos Gram-Positivos) que são quantificadas e os resultados expressos em UFC/100 mL (AWWA, 1998). Na figura 11 apresenta-se o roteiro de identificação e isolamento de estreptococos fecais por membrana filtrante. Amostra Preparo de diluições decimais: (10-1; 10-2; outras) Filtração de 1mL de cada diluição Filtração de 1mL Placas de Petri com o Agar M-Enterococos Incubação por 48 h a 37 ºC Resultado (+): Colônias vermelhas Contagem das colônias e cálculo dos resultados (UFC/100mL) Figura 11: Fluxograma de identificação e quantificação de Estreptococos fecais pela técnica da membrana filtrante. 65 4.6.4 Determinação de Salmonella sp.: Técnica por membrana filtrante A técnica consta de seis etapas básicas: a) Concentração das amostras por filtração Para o isolamento e identificação de Salmonella sp. utilizou-se a técnica de concentração das amostras de água por membrana filtrante. Foram filtrados 5 litros da amostra, utilizando-se um vaso de pressão em aço inoxidável, com capacidade para 5 litros conectado a uma bomba de pressão (147 Kpa). Um porta filtro foi montado com o filtro de Membrana (Millipore de 0,45µm de poros e 142 mm de diâmetro) e um pré-filtro para evitar o entupimento da membrana. Após a filtração foi desprezado o pré-filtro e colocou-se, assepticamente, a membrana filtrante em caldo Água Peptonada Tamponada (APT). A figura 12 mostra o sistema de filtração: vaso de pressão, porta-filtro e bomba, para o préenriquecimento. Figura 12: Disposição dos equipamentos utilizados na filtração das amostras de água na pesquisa de Salmonella sp. b) Pré -enriquecimento em Água Peptonada Tamponada (APT) O pré-enriquecimento, em Água Peptonada Tamponada (Difco, pH = 7,0). Após filtração, foi feito por incubação a 37°C/24h. 66 c) Enriquecimento seletivo Após o período de incubação em APT, alíquotas de 1 mL foram transferidas para o caldo Rappaport-Vassiliadis (Oxoid) e incubado a 37°C/24 e 48 horas. O meio de RappaportVassiliadis é seletivo para Salmonella sp. d) Isolamento Fez-se o isolamento em placas de Petri com meio seletivo Ágar Verde Brilhante-VB (Difco) e incubadas a 37°C/24horas. Após a incubação, as colônias típicas (coloração rosa e vermelha) foram submetidas à identificação. e) Identificação presuntiva Colônias características de Salmonella sp. crescidas no meio Ágar Verde Brilhante (cinco ou seis colônias) foram repicadas em ágar nutriente e incubadas a 37ºC/24 horas. f) Identificação Bioquímica A partir do crescimento no ágar nutriente, foram selecionadas algumas colônias suspeitas de Salmonella sp. e submetidas à triagem bioquímica utilizando-se os meios de cultura Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI), e meio SIM (sulfato/indol/motilidade ágar) e Agar Lisina Descarboxilase (LIA). O Quadro 3 a seguir descreve a interpretação dos resultados expressos qualitativamente como positivo ou negativo (CETESB, 1993). Quadro 3: Resultados dos testes bioquímicos para Salmonella sp. Meio Ação Reação SIM Mobilidade + TSI Fermentação da glicose + TSI Fermentação da lactose - TSI Fermentação da sacarose - TSI - SIM Produção de H2S + SIM Produção de Indol + Agar Lisina Descarboxilase Descarboxilação da lisina + 67 g) Sorologia As cepas identificadas bioquimicamente como Salmonella sp. foram submetidas a testes de confirmação sorológica, através de anti-soros polivalentes anti-Salmonella com antígenos somáticos seguindo-se as recomendações do fabricante (Probac do Brasil). Na figura 13 apresenta-se o fluxograma dessa metodologia. Amostra (5L) Filtração em membrana de e 142mm de diâmetro e 0,45µm de poro APT (200mL) 24h/35-37ºC Inocular 1mL em vários tubos Caldo Rappaport-Vassiliadis (100mL) Incubação por 24-48h 35-37ºC. Após cada tempo de incubação, realizar as etapas seguintes: Agar Verde Brilhante (colônias roseas e vermelhas) Incubação por 24h/37ºC Provas bioquímicas (Agar TSI, SIM e Ágar lisina- descaboxilase) Incubação por 24h a 37ºC Sorologia Figura 13: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em amostras de água pela técnica da membrana filtrante. 4.6.5 Determinação de Salmonella sp: Técnica de Inoculação Direta A amostra de lodo da limpeza do fundo de uma cisterna não permitiu a adoção da técnica de filtração devido ás partículas sólidas em suspensão. Foi realizada a inoculação direta de lodo (volume conhecido) no caldo de pré-enriquecimento (APT). Os demais passos 68 da metodologia permaneceram idênticos aos utilizados para água (CETESB, 1993). Na figura 14 apresentam-se os procedimentos adotados para as amostras de lodo. Amostra de lodo (100 mL) APT (200mL conc. dupla) 24h/35-37ºC Inocular 1mL em vários tubos Caldo Rappaport-Vassiliadis (100mL) 24h/35-37ºC Incubação por 24-48h 35-37ºC. Após cada tempo de incubação, realizar as etapas seguintes: Agar Verde Brilhante (colônias rosas e vermelhas) Incubação por 24h/37ºC Provas bioquímicas (Agar TSI, SIM e agar lisina) Incubação por 24h a 37ºC Sorologia Figura 14: Fluxograma de isolamento e identificação de Salmonella sp em amostras de lodo. 4.7 Dados climatológicos Os dados pluviométricos de São João do Cariri foram obtidos da estação meteorológica da Bacia Escola desse município e os dados do Assentamento Paus Brancos foram fornecidos pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA/PB). 69 4.8 Análise estatística e apresentação gráfica dos resultados para os questionários sócio-econômicos e as cisternas monitoradas qualitativamente Questionários sócio-econômicos Os dados dos questionários semi estruturados aplicados nas três comunidades (Paus Brancos, São João do Cariri e São José do Sabugí) foram analisados em separado. Os resultados mais significativos dos questionários foram representados em tabelas, diagrama de setores circulares e histogramas, segundo o modelo mais apropriado. Cisternas monitoradas Para os dados mensais de qualidade da água coletada das cisternas fez- se uma análise descritiva básica relativa ao número de dados, médias aritmética, mediana, desvio padrão. Os resultados foram apresentados na forma de tabelas, diagramas de colunas e gráficos “box=whisker”. Para os testes estatísticos inferenciais, foram aplicados: teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados, pois uma inferência baseada apenas em medidas de posição e dispersão não são suficiente para determinar a natureza das variáveis (paramétricas ou não – paramétricas) e assim proceder às análises estatísticas com confiabilidade. Aplicouse a correlação de Spearman, para observar possíveis correlações entre as variáveis em estudo e análise de variância (ANOVA) para comparar diferenças entre as médias das variáveis nas cisternas monitoradas. O nível de significância adotado para o teste de hipóteses foi o de 5%, com testes bicaudais. As análises estatísticas dos dados foram executadas através do programa STATISTICA 7.0. 70 5 Resultados e Discussão 5.1 Análise das condições sócio- econômicas das comunidades estudadas Constata-se através de informações dos questionários sócio- econômicos que o nível de desenvolvimento social em São José do Sabugi e São João do Cariri é maior do que aquele de Paus Brancos, considerando a satisfação de necessidades básicas (trabalho, escola, saúde, moradia servida de água tratada, esgotamento sanitário, dentre outros). Em relação ao grau de instrução, observa-se nas três comunidades (Quadro 4), predominância de pessoas com nível fundamental incompleto ou analfabetos, que são capazes apenas de escrever o próprio nome. Quadro 4: Distribuição do rendimento da família por tipo de instrução/escolaridade do chefe da família nas três comunidades em estudo. Município Paus Brancos Escolaridade % Total Escolaridade 2 11 6,29% 6 0 27 15,43% - - - - - - - - - - - 0 0 1 0 1 0,57% - - - - - - - - - - - - 8 18 11 2 39 - 4,57% 10,29% 6,29% 1,14% - 22,29% ]1 [1-2[ AN 2 3 4 FI 6 15 FC - MI SC - % Total População /Renda - Município Escolaridade São João do Cariri Total Ignorada MC SI Total Renda (salários mínimos) [2-3[ Renda (salários mínimos) Total % Total Escolaridade 3 8 4,57% 14 3 31 17,71% 1 3 1 6 3,43% 2 1 0 3 1,71% Ignorada ]1 [1-2[ AN 0 1 4 FI 3 11 FC 1 MI 0 [2-3[ 71 0 2 4 0 6 3,43 0 0 0 0 0 3,43 - - - - - 4 17 26 7 54 2,29% 9,71% 14,86% 4% - MC SI SC - Total % Total População /Renda - Município Escolaridade São José do Sabugi Renda (salários mínimos) Ignorada ]1 [1-2[ Total % Total Escolaridade AN 4 5 10 1 20 11,43% FI 1 14 24 7 46 26,29% FC 0 3 1 2 6 3,43% MI 0 2 0 0 2 1,14% 0 3 2 0 5 2,86% 1 0 0 0 1 0,57% 0 0 0 2 2 1,14% 6 27 37 12 82 7,32% 32,93% 45,12% 14,63% - 18 62 74 21 175 10,29% 35,43% 42,29% MC SI SC - Total % Total População /Renda Total da Coluna % Total da Coluna - 30,86% [2-3[ 12% - 46,86% 100% LEGENDA: AN . FI. FC. MI. - Analfabeto Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Incompleto MC. SI. SC. - Médio Completo Superior Incompleto Superior Completo A maioria das famílias vive com menos de dois salários mínimos. Predominam famílias de agricultores, vivendo da agricultura de subsistência. Das 175 famílias entrevistadas nas três comunidades, 81% ocupam-se com agricultura, 15% têm distintas ocupações como, auxiliar de consultório, motorista, vigilante, trabalhador em fábrica de cerâmica e dona de casa e outros 4% integram a classe de aposentados (Quadro 5) Os dados relativos à incidência de analfabetismo dos chefes de família podem ser comparados diretamente com os dados de um projeto executado no Ceará (BOTTO, 2006), em que foram aplicados questionários semelhantes. Nas comunidades do Ceará o 72 analfabetismo variou entre 26 e 35%, enquanto em São José do Sabugi 37,7% dos chefes de família afirmaram ser analfabetos ou com ensino fundamental incompleto, 22,3% em São João do Cariri e 21,7 % em Paus Brancos. Muitos moradores que afirmaram ter cursado as primeiras séries do ensino fundamental, continuam praticamente analfabetos, podendo apenas escrever o próprio nome. Da mesma forma, 40 e 80% das famílias das comunidades estudadas por BOTTO (2006) possuem salários inferiores a um salário mínimo. Em São José do Sabugi 33 % das famílias vivem nestas condições precárias, em São João do Cariri 9,71% e em Paus Brancos 10,3% sobrevivem com menos de um salário mínimo por mês. Pode-se concluir que as características sócio-econômicas de São José do Sabugi, São João do Cariri e de Paus Brancos são semelhantes a outras comunidades rurais do SAB. Quadro 5 : Ocupação das famílias nas três comunidades em estudo. Comunidades Ocupação Outras Paus Brancos % São João do Cariri % Total Agricultora (a) Aposentado (a) 3 36 0 39 7,69% 92,31% 0,00% 100,00% 12 41 1 54 22,22% 75,93% 1,85% 100,00% 65 6 82 79,27% 7,32% 100,00% São José do Sabugi 11 % 13,41% Total Coluna 26 142 7 175 % Total da Coluna 14,86% 81,14% 4,00% 100,00% A maioria das famílias (63,4%) não possui água encanada, sendo necessário armazenar a água, principalmente nos períodos de estiagem em caixa d’água, cisternas, potes, tonéis, entre outros recipientes (Figura 15). 73 60 50 40 30 Frequência absoluta 20 10 0 Sim Sim Não PAUS BRANCOS Não SÃO JOÃO DO CARIRI 60 50 40 30 20 10 0 Sim Não SÃO JOSÉ DO SABUGI 4.1 água encanada Figura15: Abastecimento com água encanada nas três comunidades em estudo. A água que as famílias utilizam para higiene pessoal e limpeza da residência provém de poços e de cisternas (Tabela 2). Em São João do Cariri e São José do Sabugi a maior parte dos entrevistados declarou utilizar água proveniente de poços comunitários. Neste contexto, beber e cozinhar foram citados como os maiores usos para as águas armazenadas nas cisternas (67,5%). Essa situação ratifica a necessidade de monitoramento sistemático da qualidade da água das cisternas através de programa governamental. A Secretaria de Saúde do município de São João do Cariri informou que o sistema de controle está sendo montado. Em Paus Brancos, 29 famílias (76,32%) utilizam água da cisterna para higiene pessoal e da residência, indicando que a água de qualidade relativamente boa, é desperdiçada para outros fins quando poderia ser substituída por águas de outras fontes com qualidade inferior. Em relação aos aspectos quantitativos, o P1MC considera um volume único de 16 m3 para as cisternas, o que atende, em média, uma família com cinco pessoas, estimando um consumo diário de aproximadamente 9L por pessoa durante 08 meses de estiagem e considerando áreas de captação (telhados) em torno de 60 m2 e precipitação média de 400 mm. Entretanto não são raras famílias maiores no semi-árido nordestino. A falta de água nas cisternas prejudica a sustentabilidade do programa, visto que várias famílias devem completar o volume com água de caminhões pipa, sem garantia de qualidade, outras retornam a buscar água nas fontes tradicionais (açudes e olhos d’água); diante disso se perde parte dos êxitos sociais. 74 Tabela 2: Origem da água usada pelas famílias para higiene pessoal e limpeza da residência nas três comunidades em estudo. Fonte Poço Paus Brancos % São João do Cariri % São José do Sabugi % Total da Linha % 4 10,53% 26 49,06% 54 66,67% 84 48,84% Cisterna 29 1 76,32% 5 9,43% 13 16,05% 47 27,33% Chafariz 2,63% 0 0,00% 0 0,00% 1 0,58% Rio 1 2,63% 8 15,09% 5 6,17% 14 8,14% 10 18,87% 8 9,88% 20 11,63% 7,55% 1 1,23% 6 3,49% 172 100,00% 81 47,09% 100% Barragem/ Açude Outras 2 5,26% 1 2,63% 4 Total / Coluna % Total / Coluna 38 22,09% 100,00% 53 30,81% 100,00% A maioria das famílias (56%) considera que a água da chuva armazenada nas cisternas é suficiente para uso durante todo o ano. As respostas corresponderam a 18,6% em São João do Cariri, 31,7% em São José do Sabugi e apenas 5,7% em Paus Brancos. Um total de 23,6% afirma que a água da chuva das cisternas é suficiente apenas na época de chuvas e 20,4 % que não é suficiente. Possivelmente, a pergunta não foi formulada de forma clara, e não considerou a percepção das famílias em relação à água. A pergunta referia-se apenas a água de chuva e não a outras águas colocadas dentro das cisternas, como as de carros-pipa, que podem ter influenciado na resposta da maioria. As respostas sobre o abastecimento com água de carros-pipa indicaram que 59,3 % das famílias não abastecem a cisterna com águas transportadas por carros–pipa (Figura 16). No entanto, no acompanhamento feito durante as visitas mensais e nas coletas de água, foi verificado que é comum na região receber água de carros- pipa fornecida pelo exército durante a época de estiagem. Iniciativas da sociedade civil organizada e do governo, definidos deram origem ao Programas de Formação e Mobilização para a Convivência com o Semi-árido – Projeto Um Milhão de Cisternas (P1MC), merecem destaque pelo caráter inovador e pela ação concreta e mobilizadora para melhorar as condições de vida e da saúde da população do semi-árido. A aceitação, por parte dos órgãos gestores, do fornecimento de águas de carros- pipa para o enchimento das cisternas deturpa os princípios do P1MC. Destaca-se que o envio de água de carros- pipa é um programa governamental na maioria dos estados do Nordeste semi-árido pelo qual o exército abastece periodicamente, na época de seca, cisternas cadastradas nas sedes dos municípios. Essa ação dificulta e até impede a sustentabilidade dos próprios projetos estaduais e federais que poderiam trazer bem estar e boa saúde para o habitante rural, ao aceitar e propiciar que os beneficiados com cisternas usem águas de má qualidade. 75 A situação leva a uma reflexão sobre a articulação das políticas publicas nos países e em particular no nordeste. O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: um Milhão de Cisternas Rurais - P1MC busca beneficiar cerca de 5 milhões de pessoas do semi-árido, com água de chuvas acumuladas em cisternas (16.000 litros) na época de chuvas para beber e cozinhar. Essa água se fosse utilizada de forma adequada (beber, cozinhar, higiene pessoal) deveria durar por aproximadamente oito meses. Somente então poderiam entrar os sistemas assistências a fornecer água de outra fonte, que deveria ser comprovadamente água potável. O uso correto da água de chuva armazenada na cisterna é um dos focos principais do P1MC. Cada família possui, com o sistema de captação de água de chuva em cisternas, uma técnica para ter água de boa qualidade que representa uma forma de convivência com o Semi-Árido, e passa a ter melhores condições de saúde. A distribuição de água em carros- pipa desvirtua os princípios norteadores do próprio P1MC, porque estimula as famílias a gastar além do necessário, por saber que o carro pipa fornecerá mais água, perdendo-se parte dos ensinamentos de manejo e cuidados com os sistemas de captação e armazenamento, além dessa água nem sempre ter sua origem de uma fonte segura. Alguns fatores podem ter influenciado nas diferenças das respostas, pois os questionários foram aplicados na época das chuvas e para aquele momento realmente não havia distribuição de água por carros-pipa. Outro fator que pode ter influenciado nas respostas quanto ao tipo de abastecimento associa-se aos seminários dos grupos de Cáritas e ONGS relacionadas com o projeto P1MC, onde os beneficiados recebem informações sobre o manejo correto do sistema e frente aos entrevistadores respondem sobre a forma adequada de uso, ocultando como realmente é feito esse manejo no dia- a dia da família. As cisternas que as famílias possuem para armazenar água são oriundas, em sua maioria, do Projeto 1 Milhão de Cisternas – P1MC do Governo Federal (76,6 %) e através de associações ou pelo próprio morador (23,4%). 76 70 60 50 40 30 Frequência absoluta 20 10 0 Sim Não Sim PAUS BRANCOS Não SAO JOAO DO CARIRI 70 60 50 40 30 20 10 0 Sim Não SAO JOSE DO SABUGI 4.24 re cebe carro pipa Figura 16: Abastecimento com água de carros – pipa nas três comunidades em estudo. A água de chuva armazenada nas cisternas por longos períodos onde diariamente se introduz o balde ou lata para retirar água, associada com as práticas pouco higiênicas de captação de tetos, nem sempre limpos antes das chuvas, pode ter qualidade inadequada para seu consumo direto, necessitando de algum tratamento (SILVA, 2006 a). Por isso, diversos trabalhos recomendam sua desinfecção antes do consumo (BRITO et al, 2005a e b; KATO,2006). Do total dos entrevistados, 87,4 % afirmaram fazer algum tipo de tratamento na água de beber, predominando a cloração (Figura17). 80 70 60 50 40 30 20 Frequência Absoluta 10 0 Sim Já vem Tratada Não CAMPINA GRANDE Sim Já vem Tratada Não SAO JOAO DO CARIRI 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sim Já vem Tratada Não SAO JOSE DO SABUGI Figura 17: Tratamento da água de beber nas três comunidades em estudo. 77 O estado de conservação do sistema de captação de água de chuva foi considerado bom em 86% (tampas em boas condições, ausência de vazamentos, localização adequada, dentre outros aspectos) das famílias, entretanto, 26,3% apresentam inadequações: problemas nos telhados (quebrados e sujos), nas calhas (desniveladas e sujas), nos ductos de descida da água, rachaduras e vazamentos nas cisternas e algumas sem tampa, além da inexistência ou falha da bomba manual, para retirada da água, confirmando as respostas dadas pelas famílias: 67% usam balde devido às dificuldades de uso da bomba. Outro fator relevante é a proximidade da cisterna em relação aos criadouros de animais. A maioria (62%) construíram as cisternas a uma distância adequada (maior que 10 metros). Constatou-se que não há fossa séptica em 21%, de um total de 132 famílias que responderam a esta questão. Das casas restantes, com fossas sépticas, 80 % encontram-se adequadamente dispostas (com nível abaixo da cisterna e a mais de 10 metros de distância da mesma). Analisando a higiene da família e as condições estruturais de moradia, constatou-se que 78% das famílias adotam boas práticas de higiene, equiparando-se com as condições de higiene da sua moradia (74%). Os resultados evidenciam estreita relação entre as condições de higiene e as condições das moradias. 5.2 Avaliação dos sistemas de captação de água de chuva selecionados pela análise de agrupamento Com os dados dos 175 questionários aplicados fez-se a análise de agrupamento em 135 (77,14%), pois 40 questionários estavam incompletos ou a cisterna estava sem uso no momento da campanha. A análise de agrupamento gerou três agrupamentos: Agrupamento 1 122 cisternas de 135 analisadas, representando 90,4% do total. Agrupamento 2 8 cisternas de 135 analisadas, representando 5,9% do total. Agrupamento 3 5 cisternas de 135 analisadas, representando 3,7% do total. Estes agrupamentos agregaram sistemas semelhantes e dentre esses grupos foram escolhidas oito cisternas, sendo cinco representativas do agrupamento 1, onde o discriminante 78 principal foi a boa higiene familiar; um do agrupamento 2, com o discriminante das “precárias condições de higiene” e dois do agrupamento 3, sendo o critério discriminante a retirada da água por bomba. As principais características que influenciaram na formação dos agrupamentos estão descritos no Quadro 6 a seguir: Quadro 6: Características que influenciaram na formação dos agrupamentos segundo dados dos questionários sócio-econômicos. Agrupamento Indicadores 1 Tempo de Construção Sistema de Calha Retirada da água Estado de conservação do Sistema Localização da Cisterna em relação à fossa Higiene Familiar 2 1 ano - 59,83 % 1 ano - 62,5 % 66,39% - Calha móvel 75% - Calha móvel 79,51% - Bomba 87,5% - Bomba 3 6 anos - 60% 3 anos - 20% >6 anos – 20% 60% - Calha móvel 100% - Bomba 77,04% - Boa conservação 12,5% - Ótimo 25,5% - Bom 37,5% - Regular 25% - Ruim 60% - Ruim 73,77% - Boa 62,5% - Boa 60% - Boa 84,43% - Boa 87,5% - Ruim Bom - 40% Regular - 20% Ruim - 40% Das oito cisternas selecionadas, quatro estão localizadas em comunidades rurais do município de São João do Cariri e quatro no Assentamento Paus Brancos. Por questões logísticas da pesquisa, não foram selecionadas cisternas para monitoramento qualitativo sistemático em São José de Sabugi, optando-se por escolher cisternas semelhantes dentro do mesmo agrupamento nos outros dois municípios. No Quadro 7 se apresentam as características das cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo. Durante as visitas mensais para coleta da água, foi preenchido um formulário de acompanhamento (Anexo B) para registrar possíveis alterações no perfil das famílias e no sistema de captação de água de chuva. Verificaram-se alterações em relação aos seis indicadores que discriminaram os agrupamentos. No Quadro 8 se apresentam as 79 características atuais das cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo. A Figura 18 mostra uma visão geral das cisternas selecionadas para o monitoramento qualitativo. 80 Quadro 7: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo segundo as informações dos questionários aplicados em campo. Critérios de avaliação dos sistemas de captação de água de chuva Agrupamento 1 2 3 Cisterna N° de pessoas da Família Recebimento carro-pipa SJC 1 Curral do Meio 5 Não 2 anos Fixo Bomba Bom Bom Bom SJC 2 Sítio Pombo 3 Sim 1 anos Fixo Balde Ótimo Bom Bom SJC 3 Sítio Pombo 5 Não 1 ano Fixo Balde Ótimo Ruim Bom SJC 4 Malhada da Roça 3 Sim 1 ano Fixo Bomba Ótimo Ruim Bom PB1 Paus Brancos 4 Sim 5 anos Fixo Bomba Ótimo Bom Bom PB 3 Paus Brancos 2 Não 1 ano Móvel Balde Ruim Bom Ruim 3 Sim 6 anos Fixo Bomba Ruim Bom Bom 3 Sim 5 anos Móvel Bomba Bom Bom Ruim PB 2 Paus Brancos PB 4 Paus Brancos Tempo de Sistema de Retirada da água uso calha da cisterna Conservação do sistema Localização da cisterna Higiene em relação à fossa familiar 81 Quadro 8: Características das oito cisternas selecionadas para monitoramento qualitativo após conferir in locu através de visitas de campo. Critérios de avaliação dos sistemas de captação de água de chuva N° de pessoas da Família Recebimento carro-pipa Tempo de uso Sistema de calha Retirada da água da cisterna Conservação do sistema Localização da cisterna em relação à fossa Higiene familiar Agrupamento Agrupamento Cisterna 1 SJC 1 Curral do Meio 4 Não 3 anos Móvel Mangueira = Bomba Bom Não Não tem fossa Bom 1 SJC 2 Sítio Pombo 5 Sim 2 anos Móvel Lata Bom Sim Bom – Distante > 15 m Mesmo nível Bom 1 SJC 3 Sítio Pombo 3 Sim 2 anos Móvel Lata Bom Não Está em construção Bom 3 Não 2 anos Móvel Balde Bom Não Não tem fossa Bom 4 Sim 7,5 anos Móvel Balde Ruim Sim Ruim – Próximo: 5 m Mesmo nível Regular 1 SJC 4 Malhada da Roça PB1 204 - Paus Brancos 3 PB 2 Paus Brancos 3 Não 7 anos Fixo Balde Ruim Sim Bom – Distante >15 m Nível abaixo Ruim 2 PB 3 Paus Brancos 2 Sim 2 anos Fixo Balde Bom Não Bom – Distante >15 m Mesmo nível Regular 3 Sim 6 anos Móvel Balde Ruim Sim Ruim – Próximo: 3 m Mesmo nível Regular 1 3 PB 4 Paus Brancos 82 Figura 18: Identificação visual das cisternas selecionadas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba. Cisterna PB1 Cisterna PB1 Cisterna PB2 Cisterna PB2 83 Cisterna PB3 Cisterna PB3 Cisterna PB4 Cisterna PB4 84 Cisterna SJC 1 Cisterna SJC 1 Cisterna SJC 2 Cisterna SJC 2 85 Cisterna SJC 3 Cisterna SJC 3 Cisterna SJC 4 Cisterna SJC 4 86 A idéia inicial da pesquisa foi selecionar as residências com sistemas que captam e armazenam apenas água de chuva. Entretanto, durante o acompanhamento mensal da família, verificou-se que a maioria recebe água de carros-pipa, desviando-se do principal objetivo de sua construção, que é o de armazenar água de chuva, de melhor qualidade para o consumo humano. A bomba, preconizada como uma eficiente barreira sanitária, não é utilizada pelos moradores devido ao seu mau funcionamento, ou inexistência O acompanhamento mensal também permitiu obter um panorama real da freqüência do recebimento de água de carros-pipa para cada cisterna monitorada. O Quadro 9 apresenta as informações referentes às fontes de água para abastecimento das cisternas amostradas. Foi confirmado que três delas (SJC1, SJC4 e PB2) não receberam água de carros-pipa em todo o período de estudo. Quadro 9: Abastecimento das cisternas com carros-pipa no período de dezembro/07 a agosto/08. Recebimento do carro-pipa / mês DEZ/07 Não recebeu JAN/08 Não recebeu FEV/08 Não recebeu MAR/08 Não recebeu ABR - AGO/08 Não recebeu Sim Não Vazia Vazia Não Cheia com Água de chuva Sim Água misturada (chuva e carro-pipa) Não Vazia Sim Água misturada (chuva e carro-pipa) SJC4 - Não recebeu Não recebeu Não recebeu Não recebeu PB1 Sim Não Sim Não Água misturada (chuva e carro-pipa) PB2 Não recebeu Não recebeu Não recebeu Vazia Não recebeu PB3 Não Sim Não Não Água misturada (chuva e carro-pipa) PB4 - Sim Não Não Água misturada (chuva e carro-pipa) SJC1 SJC2 SJC3 Conforme apresentado no Quadro 6, duas cisternas secaram em fevereiro de 2008 (SJC 2 e SJC 3, ambos no Sítio Pombo). Em março de 2008, a SJC 2 continuava vazia, enquanto SJC3 foi cheia com água proveniente de carros - pipa. Nesse mesmo mês a cisterna PB 2 em Paus Brancos, voltou a receber água de chuva no período de abril- agosto/08. 87 Vários fatores contribuem para a falta de água na cisterna durante o período de estiagem: Finalidades de uso: as águas armazenadas são utilizadas para tomar banho, lavar louça, beber e cozinhar; Precipitação pluviométrica inferior à estimada para o período chuvoso e portanto insuficientes para encher os 16.000 litros calculados para cada cisterna; Defeitos no sistema de captação e condução da água até a cisterna, como por exemplo calhas quebradas ou mal posicionadas, perda de água com as calhas móveis,; Famílias numerosas (maior que cinco pessoas) fazendo uso da água das cisternas para diversos fins. Todos esses fatores podem influenciar no desabastecimento e colocam em risco os programas de uso de cisternas no contexto de convivência com o semi-árido. A falta de água favorece o retorno das famílias na busca de outras fontes, como os carros pipa,barreiros, olhos d’água, nem sempre de qualidade satisfatória para o consumo humano. A água de chuva acumulada em cisternas e seu uso para consumo humano corresponde a uma fonte alternativa de água que requer medidas de proteção à saúde e ao meio ambiente, as quais incluem tecnologias de captação e armazenamento economicamente viáveis, a manutenção higiênica do sistema e a desinfecção da água antes de beber. Por isso, a institucionalização de normas de qualidade para estas fontes de água é de grande relevância para um sistema de aproveitamento bem sucedido (PETERS, 2006). O principal problema que se deve enfrentar ao estudar a qualidade da água armazenada em cisternas destinadas ao consumo humano é a ausência de uma legislação específica para este tipo de água. Uma forma de contornar esse inconveniente e aceita por numerosos pesquisadores é a aplicação de padrões de referência estabelecidos para a água potável de acordo com a Portaria No 518/2004-MS. Também há consenso sobre a aplicação da Resolução CONAMA No 357/2005 para águas de mananciais destinados ao abastecimento humano, em particular para águas da classe especial, que precisam 88 apenas de desinfecção antes de seu consumo. Neste trabalho foi utilizada a Portaria No 518/2004-MS como base de comparação da qualidade da água das cisternas monitoradas. 5.3 Parâmetros físicos e químicos e microbiológicos da água armazenada nas cisternas Os resultados da avaliação da qualidade física, química e microbiológica da água das oito cisternas são apresentados nas Tabelas 3 e 4 (Anexo C). As concentrações das variáveis físicas e químicas nas águas das cisternas atenderam em geral ao VMP da Portaria Nº 518/2004-MS. No entanto, as variáveis microbiológicas evidenciaram contaminação fecal. No Quadro 10 (Anexo C) verifica-se a natureza não paramétrica dos dados , uma vez que o valor de p < α = 0,05, rejeitando-se a hipótese de nulidade para normalidade. Cor aparente teve grande variação, entretanto a média em todas as cisternas foi inferior ao VMP (15 uH) para água potável. Com as chuvas os valores tenderam a aumentar possivelmente relacionados com suspensão de material do fundo das cisternas (Figura 19 e 20). Não foram observadas diferenças significativas (ao nível de significância de 5%) para o tipo de água armazenada na cisterna nem com o tempo de construção (Figura 21). Figura 19: Distribuição mensal da cor aparente, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 89 Cor aparente Seca: F(7;49) = 1,9731; p = 0,0780 Cor aparente Chuva: F(7;31) = 1,3103; p = 0,2785 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 35 30 25 20 15 10 5 0 Cor aparente Seca Cor aparente Chuv a (UC) -5 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 20: Gráficos “box=whisker” da cor aparente no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 30 30 25 25 20 15 10 5 Cor aparente ( UC):F(1;94) = 1,5867; p = 0,2109 35 Cor aparente ( UC): F(2;93) = 0,0323; p = 0,9682 Cor aparente ( UC) Cor aparente ( UC) 35 20 15 10 5 0 0 -5 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range -5 Antiga Nova T empo de Construção Median 25%-75% Non-Outlier Range Figura 21: Gráficos “box=whisker” da cor aparente segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08 May (2004) avaliou a cor das amostras de água de chuva coletadas em dois reservatórios na cidade de São Paulo e registrou médias acima do estabelecido pela legislação. Os resultados da presente pesquisa mostram melhor qualidade da água de cisternas da zona rural, independente de ser água de chuva e de carros - pipa, em relação às cisternas de zonas urbanas, pois uma única cisterna (PB2) de oito apresentou média superior ao VMP, estando mais associado ao manejo e conservação do sistema e não a 90 origem da água, visto que a PB2 é uma cisterna eu recebe água de chuva, mas apresenta péssimas condições de manutenção e manejo. A turbidez flutuou na faixa estabelecida pela Portaria 518/2004-MS (< 5 UT) para água de consumo humano (Figura 22), com algumas exceções no mês de setembro. As variações mensais numa mesma cisterna se relacionaram com a origem da água e manutenção do sistema. No período chuvoso, a turbidez foi menor em todas as cisternas, resultado da diluição, em particular nas novas SJC1 e SJC4, abastecidas só com água de chuva (Figura 23). A cisterna PB2, de construção antiga e que recebe somente água de chuva, apresentou valores mais altos nas chuvas e pode-se associar com as péssimas condições de higiene e conservação de todo o sistema. Apesar das medidas de turbidez não terem apresentado diferenças significativas (α = 5%), no mês em que a cisternas receberam água de carros-pipa os valores foram mais elevados, reduzindo-se com o início das chuvas quando ficaram misturadas (água de chuva e de carros-pipa). As cisternas que só recebem água de chuva apresentaram os menores valores (Figura 24). Figura 22: Distribuição mensal da turbidez, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 91 T urbidez( NT U) Seca: F(7;49) = 0,7238; p = 0,6524 T urbidez( NT U) Chuva: F(7;31) = 0,9955; p = 0,4529 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 7 6 5 4 3 2 1 Turbidez( NTU) Seca Turbidez( NTU) Chuv a 0 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 23: Gráficos “box=whisker” da turbidez no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso ( abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 7 4,0 Turbidez( NTU): F(2;93) = 0,6439; p = 0,5276 3,5 6 3,0 Turbidez( NTU) 5 Turbidez( NTU) T urbidez( NTU): F(1;94) = 0,7594; p = 0,3857 4 3 2,5 2,0 1,5 2 1,0 1 0,5 0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range 0,0 Antiga Nova T empo de Construção Median 25%-75% Non-Outlier Range Figura 24: Gráficos “box=whisker” da turbidez segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08 Amorim (2001) analisou 14 cisternas localizadas na comunidade de Volta do Riacho, no município de Petrolina-PE, abastecidas com água de chuva e/ou carros-pipa registrando grande variação associada à origem da água. Efetivamente, neste trabalho verifica-se que os maiores valores de turbidez correspondem às águas de carros-pipa, confirmando os resultados da presente pesquisa. Os valores de temperatura da água das cisternas tiveram relação direta com o período climático: o maior valor (30ºC) ocorreu no período seco, que corresponde à 92 época de verão e o menor (22º C) no período chuvoso – inverno (Figuras 25). A temperatura apresentou distribuição homogênea entre as cisternas (Figura 26) e as variações não foram significativas (p > 0,05). Schüring & Schwientek (2005), ao estudar águas de chuvas armazenadas em cisternas de comunidades rurais do semi-árido pernambucano também detectaram valores elevados de temperatura, no período de dezembro de 2004 a março de 2005. Figura 25: Distribuição mensal da temperatura, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Range T emp. Seca: F(7;49) = 1,6251; p = 0,1506 T emp. Chuva: F(7;31) = 1,3814; p = 0,2481 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 Temperatura ( °C ) Seca Temperatura ( °C ) Chuva 21 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 26: Gráficos “box=whisker” da temperatura no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. Oxigênio dissolvido foi superior a 6 mg /L (Figura 27) na maioria dos meses em todas as cisternas, em particular nas duas novas e com boas condições de higiene que 93 recebem apenas água de chuva (SJC4 e SJC1). O menor valor em dezembro 2007 ocorreu junto com o maior valor de DBO5,20. A Portaria No 518/2004-MS fixa a concentração mínima de 6,0 mg /L na água destinada ao consumo humano. No período chuvoso os valores tenderam a diminuir (Figura 28). Nos meses em que as cisternas receberam água de carros-pipa ou armazenaram águas misturadas (chuva e carros-pipa), as concentrações de O2 reduziram O tempo de construção das cisternas não evidenciou relação significativa com as concentrações de oxigênio dissolvido (Figura 29). Figura 27: Distribuição mensal do oxigênio dissolvido, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. OD Seca: F(7;49) = 0,9854; p = 0,4527 OD Chuva: F(7;31) = 2,6431; p = 0,0290 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 10 9 8 7 6 5 4 3 2 OD Seca OD Chuv a (mgO2 L-1) 1 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 28: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido no período seco (dez/07-mar/08; Ago/08 dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 94 10 OD (mgO2 L-1): F(2;93) = 4,9417; p = 0,0091 9 9 8 8 OD (mgO2 L-1) OD (mgO2 L-1) 10 7 6 5 OD (mgO2 L-1):F(1;94) = 2,7156; p = 0,1027 7 6 5 4 4 3 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range 3 Antiga Nova T empo de Construção Median 25%-75% Non-Outlier Range Figura 29: Gráficos “box=whisker” do oxigênio dissolvido segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08 Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) apresentou valores acima do estabelecido para classe especial e classe 1. O valor máximo registrado de 9,1 mg /L colocou esta água na classe 3, entretanto foi um valor único (Figura 30). Em geral predominaram valores inferiores ou iguais a 2,0 mg/L, especialmente nas cisternas abastecidas apenas com água de chuva (SJC1, SJC4 e PB2). A heterogeneidade na distribuição desta variável para o tipo de água armazenada na cisterna, aplicado o teste de ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05). O tempo de construção não evidenciou relação significativa com o comportamento desta variável (Figura 31). Figura 30: Distribuição mensal de DBO, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 95 4,0 DBO 5,20 final (mgO2/L): F(2;47) = 5,9839; p = 0,0048 3,5 3,5 3,0 3,0 DBO 5,20 final (mgO2/L) DBO 5,20 final (mgO2/L) 4,0 2,5 2,0 1,5 1,0 DBO 5,20 final (mgO2/L):F(1;48) = 1,0955; p = 0,3005 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,5 0,0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range 0,0 Antiga Nova Tempo de Construção Figura 31: Gráficos “box=whisker” de DBO segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08 Demanda Química de Oxigênio (DQO) teve variação de 7,6 mg/L (SJC2, SJC4, PB2, PB3) a 240,5 mg/L (PB2), péssimo estado de conservação embora receba somente água de chuva) (Figura 32). Valores mais altos ocorreram quando as cisternas foram abastecidas com água de carros-pipa, na estiagem e diminuíram no período de chuvas (Figura 33). O tempo de construção não influenciou significativamente no comportamento desta (Figura 34). Figura 32: Distribuição mensal de DQO, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 96 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier DQO Seca: F(7;34) = 0,3797; p = 0,9078 DQO Chuva: F(7;15) = 1,9168; p = 0,1374 180 160 140 120 100 80 60 40 20 DQO Seca DQO Chuva (mgO2/L) 0 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 33: Gráficos “box=whisker” de DQO no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 220 180 DQO (mgO2/L): F(2;62) = 2,7672; p = 0,0706 200 DQO (mgO2/L):F(1;63) = 1,5891; p = 0,2121 160 180 140 160 120 DQO (mgO2/L) DQO (mgO2/L) 140 120 100 80 60 100 80 60 40 40 20 20 0 -20 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range 0 Antiga Nova T empo de Construção Median 25%-75% Non-Outlier Range Figura 34: Gráficos “box=whisker” de DQO segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. As águas de todas as cisternas apresentaram valores de pH dentro do VMP da Portaria No 518/2004-MS (6,0 - 9,0), embora maiores ou igual a 7,8 (Figura 35,Tabelas 3 e 4 – Anexo C). É possível afirmar que a alcalinidade encontrada é devido à presença de (bi) carbonatos substâncias que estão presentes na constituição do cimento. Provavelmente eles foram disponibilizados na água pela ação da água de chuva, que entra na cisterna com pH mais reduzido, tornado-se agressiva às superfícies com as quais ela entra em contato e dissolvendo seus constituintes o que ocasionaria o aumento do pH durante o armazenamento e até tornaria a água de chuva uma “água dura” (LYE, 1992; VON SPERLING, 1996). 97 Com as chuvas, os valores tenderam a ser mais altos nas cisternas novas, enquanto nas mais antigas houve redução acentuada, registrando-se, de um modo geral, os menores valores de pH (Figuras 36 e 37). A heterogeneidade na distribuição desta variável entre os períodos de seca e chuva, tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção, aplicado o teste de ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05). Figura 35: Distribuição mensal do pH, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Ph Seca: F(7;49) = 5,6221; p = 0,00008 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Range Ph Chuva: F(7;31) = 5,1951; p = 0,0005 9,2 9,0 8,8 8,6 8,4 8,2 8,0 7,8 7,6 7,4 7,2 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Ph Seca Ph Chuv a Figura 36: Gráficos “box=whisker” do pH no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 98 9,0 9,0 8,8 8,8 8,6 8,6 8,4 8,4 8,2 8,2 8,0 8,0 7,8 7,8 7,6 7,6 7,4 7,4 7,2 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Ph:F(1;94) = 25,8622; p = 0,000002 9,2 Ph: F(2;93) = 3,5354; p = 0,0331 Ph Ph 9,2 Median 25%-75% Non-Outlier Range 7,2 Antiga Nova T empo de Construção Figura 37: Gráficos “box=whisker” de pH segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Silva (2006) ao estudar a água de chuva armazenada em cisternas no município de Araçuaí (Médio Jequitinhonha) obteve resultados diferentes ao da presente pesquisa, pois algumas cisternas antigas apresentaram os maiores valores no período de seca. Nas cisternas novas mantiveram constância entre os meses, reduzindo levemente na época de chuva. Xavier (2006) detectou valores de pH entre 6,0 e 12,0 em cisternas de comunidades rurais na cidade de Tuparetama, no sertão de Pernambuco, enquanto Schüring & Schwientek (2005) com cisternas rurais de PE, registraram valores de pH entre 5,0 e 10,7. O conjunto de resultados evidencia variações extremas e locais deste parâmetro. Os valores de alcalinidade foram levemente maiores nas cisternas novas em alguns meses (Figuras 38 e 40). Esse parâmetro teve variações entre 25,50 a 147,5 mgCaCO3 /L (Tabelas 3 e 4 – Anexo C ) com o menor valor em PB2, cisterna antiga (7 anos) que recebe somente água de chuva e em péssimo estado de conservação e de higiene. A maior alcalinidade ocorreu em SJC2, cisterna nova, com águas de chuva e de carros - pipa misturadas (Quadro 9). A alcalinidade apresentou tendência a aumentar ao longo dos meses de estiagem (dezembro/07 a março/08), caindo significativamente com as chuvas (abril a agosto/2008) (Figuras 39). Todas as cisternas que receberam água de carros-pipa tiveram a alcalinidade aumentada nos meses do evento (Figuras 40). 99 Os resultados indicam influência da água de carros-pipa, proveniente de açudes e poços, nos valores mais altos de alcalinidade naquelas cisternas que a receberam, mascarando, em certa medida, a interpretação dos resultados ao associar tempo de uso e alcalinidade. O decréscimo das concentrações deste parâmetro expressa claramente o efeito de diluição das chuvas. Figura 38: Distribuição mensal da alcalinidade, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Alcal. Seca: F(7;49) = 1,4171; p = 0,2200 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier RangeAlcal. Chuva: F(7;31) = 10,6909; p = 0,0000009 160 140 120 100 80 60 40 Alcalinidade Seca Alcalinidade Chuv a (mg CaCO3/L) 20 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 39: Gráficos “box=whisker” da alcalinidade no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 100 Alcalinidade (mg CaCO3/l): F(2;93) = 7,4825; p = 0,0010 160 140 120 120 Alcalinidade (mg CaCO3/l) Alcalinidade (mg CaCO3/l) 140 Alcalinidade (mg CaCO3/l):F(1;94) = 1,0915; p = 0,2988 100 80 100 80 60 60 40 40 20 Carro Pipa Misturada Chuva Median 25%-75% Non-Outlier Range Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range 20 Antiga Nova T empo de Construção Figura 40: Gráficos “box=whisker” de alcalinidade segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Silva (2006) apresenta resultados semelhantes em relação à alcalinidade nas águas de cisternas, com maiores valores no período de estiagem e baixando bruscamente com as chuvas. Entretanto diferem quanto ao tempo de construção: nas cisternas novas os valores mantiveram-se constantes entre os meses reduzindo levemente na época de chuvas. Nos estudo realizado por Jaques; Ribeiro & Lapolli (2006) em reservatórios (cisternas) na cidade de Florianópolis (SC), os valores médios de alcalinidade foram mais baixos (3,62 mg/L). No entanto é importante destacar que os reservatórios eram constituídos de plástico e não de cimento, fato este que pode ter influenciado nos baixos valores encontrados, mantendo-se os valores característicos da água de chuva. Os valores de dureza variaram de 24,5 a 255 mg CaCO3/L (Tabelas 3 e 4 – Anexo C ), portanto são águas com dureza desde moderada até alta. Entretanto, foram inferiores ao VMP aceito para consumo humano, de 500 CaCO3/L(Figura 41). A dureza apresentou tendência a aumentar ao longo dos meses de estiagem (dezembro/2007 a março/2008), caindo significativamente com as chuvas (abril a agosto/2008) As cisternas novas apresentaram comportamento similar ao das antigas, ou seja, valores elevados de dureza nos meses de seca, reduzindo na época de chuva (Figuras 42). 101 Nos meses em que houve aporte de água de carros-pipa, houve aumento da dureza nas águas dessas cisternas, enquanto as cisternas que recebem apenas água de chuva apresentaram menores valores de forma semelhante à alcalinidade (Figura 43) A heterogeneidade na distribuição desta variável para o tipo de água armazenada na cisterna, aplicado o teste de ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05). Figura 41: Distribuição mensal de dureza total, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Dureza Total Seca:F(7;49) = 1,9082; p = 0,0883 Dureza Total Chuva:F(7;31) = 3,5638; p = 0,0063 260 240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 Dureza Total Seca 20 Dureza Total Chuv a (mg CaCO3 /L) 0 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 42: Gráficos “box=whisker” de dureza total no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 102 280 Dureza Total (mg CaCO3 /L): F(2;93) = 16,5399; p = 0,0000007 260 260 240 240 220 220 200 200 Dureza Total (mg CaCO3 /L) Dureza Total (mg CaCO3 /L) 280 180 160 140 120 100 80 Dureza Total (mg CaCO3 /L):F(1;94) = 1,972; p = 0,1635 180 160 140 120 100 80 60 60 40 40 20 20 0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range 0 Antiga Nova Tempo de Construção Figura 43: Gráficos “box=whisker” de dureza total segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Silva (2006) encontrou maiores valores de dureza nas cisternas antigas, principalmente nos meses de estiagem, semelhante a esta pesquisa em que as cisternas mais antigas apresentaram maior dureza, entretanto não se verifica diferenças significativas aplicado o teste de ANOVA (Figura 43). Peters (2006) avaliou o uso de fontes alternativas de água para fins não potáveis em uma unidade residencial cidade de Florianópolis (SC), obtendo valor máximo de dureza de 42,4 e mínimo de 10,0, muito abaixo desta pesquisa que avaliou cisternas rurais. A condutividade elétrica variou de 56,4 µS/cm a 802,2 µS/cm (Figura 44, Tabelas 3 e 4 – Anexo C), com os maiores valores nas cisternas com água de carrospipa. Nas que recebem apenas água de chuva, (SJC1, SJC4 e PB2) foi menor em todos os meses (Figura 46); no período chuvoso houve redução significativa em todas as cisternas (Figura 45). Observou-se variação significativa da CE, entre as águas das cisternas tanto no período de seca como no período de chuva (p<0,05). Essas variações sugerem alterações das concentrações dos sais na água na fonte que fornece água nas cisternas. Os altos valores de condutividade encontrados nas águas das cisternas estão associados à salinidade característica das águas transportadas por carros-pipa, normalmente, oriundas de açudes, poços e barragens. Vieira & Joaquim Filho (2006) citam a salinização natural das águas de açudes, poços e barragens no nordeste do Brasil, associada às formações geológicas 103 predominantes. Leprum (1983) estudando a composição química da água de diversos açudes nordestino cita a composição de íons na seguinte ordem crescente: Cl->HCO3>SO4-2, por tanto estes tem maior influência na CE das águas superficiais analisadas. Figura 44: Distribuição mensal da condutividade elétrica, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Condutiv. Seca: F(7;49) = 14,3801; p = 0,0000 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier Condutiv. Chuva: F(7;31) = 13,6175; p = 0,00000007 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Condutividade Seca Condutividade Chuva (µs/ cma) Figura 45: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 104 900 700 Condutividade ( µs/ cma): F(2;93) = 41,732; p = 0,0000 800 Condutividade ( µs/ cma):F(1;94) = 2,6; p = 0,1102 600 700 Condutividade ( µs/ cma) Condutividade ( µs/ cma) 500 600 500 400 300 400 300 200 200 100 100 0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range 0 Antiga Median 25%-75% Non-Outlier Range Nova Tempo de Construção Figura 46: Gráficos “box=whisker” da condutividade elétrica segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Schüring & Schwientek (2005) ao estudar águas de chuvas armazenadas em cisternas de comunidades rurais do semi-árido pernambucano observaram valores entre 59 µS/cm a 551 µS/cm com valores máximos abaixo do encontrado na presente pesquisa, que foi de 802,2 µS/cm. Jaques; Ribeiro & Lapolli (2006) em reservatórios (cisternas) na cidade de Florianópolis (SC), também registrou valores médios inferiores, na ordem de 29,7 µS/cm. Salinidade teve comportamento semelhante à condutividade elétrica, o qual era esperado por serem parâmetros relacionados ao conteúdo iônico (Figuras 47, 48 e 49). Figura 47: Distribuição mensal da salinidade, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 105 Salinidade Seca: F(7;49) = 14,5241; p = 0,0000 Salinidade Chuva: F(7;23) = 0,9506; p = 0,4886 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 400 350 300 250 200 150 100 50 Salinidade Seca Salinidade Chuv a 0 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 48: Gráficos “box=whisker” da salinidade no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 400 350 Salinidade: F(2;85) = 32,2877; p = 0,0000 350 Salinidade:F(1;86) = 2,1197; p = 0,1491 300 300 250 Salinidade Salinidade 250 200 200 150 150 100 100 50 50 0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range 0 Antiga Nova T empo de Construção Figura 49: Gráficos “box=whisker” da salinidade segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Sólidos Dissolvidos Totais - SDT apresentaram valores inferiores ao VMP da Portaria No 518/2004-MS, de 1000 mg/L. Houve grande variação deste parâmetro entre 46 mg/L e 526 mg/L (Figura 50, Tabelas 3 e 4 – Anexo C), associado à origem da água. O comportamento ao longo dos meses foi semelhante ao de condutividade e de salinidade e previsível, uma vez que a fração fixa dos sólidos dissolvidos totais inclui os 106 íons que contribuem com a salinidade da água (SAWYER; MCCARTY & PARKIN, 1994). Os valores de SDT tenderam a aumentar ao longo dos meses, no período de estiagem (dezembro-março) e decresceram em todas as cisternas no período chuvoso (Figura 51). A heterogeneidade na distribuição desta variável entre os períodos de estiagem e chuvas e tipo de água armazenada na cisterna foi considerada significativa (p< 0,05). Observa-se uma tendência a elevação nos valores de SDT nos meses em que as cisternas receberam carros-pipa e redução nas cisternas com água apenas de chuva. Não observou-se variação significativa deste parâmetro em relação ao tempo de construção (Figura 52). Figura 50: Distribuição mensal de SDT, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 107 SDT Seca: F(7;49) = 5,7086; p = 0,00007 SDT Chuva: F(7;31) = 12,822; p = 0,0000001 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 600 500 400 300 200 100 SDT Seca SDT Chuv a (mg/L) 0 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 51: Gráficos “box=whisker” de SDT no período seco (dez/07 - mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 600 SDT (mg/L): F(2;93) = 32,4494; p = 0,0000 500 500 400 400 SDT (mg/L) SDT (mg/L) 600 300 300 200 200 100 100 0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range SDT (mg/L):F(1;94) = 1,4627; p = 0,2295 Median 25%-75% Non-Outlier Range 0 Antiga Nova T empo de Construção Figura 52: Gráficos “box=whisker” de SDT segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. De forma semelhante se comportaram cloretos com os menores valores no período chuvoso. Houve variações extremas, entre 0,8 mg/L a 176 mg/L (Tabelas 3 e 4 – Anexo C). Em todas as cisternas foram inferiores ao estabelecido pela Portaria Nº 518/2004-MS, de 250 mg/L (Figura 53). Durante o período chuvoso, as concentrações de cloreto reduziram significativamente (p < 0,05) em todas as cisternas, apresentando valores mais elevados 108 nos meses secos e especialmente quando as cisternas receberam água de carros-pipa (Figuras 54 e 55). Figura 53: Distribuição mensal de cloretos, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 180 Cloretos Seca: F(7;49) = 4,7867; p = 0,0004 Cloretos Chuva: F(7;31) = 3,5225; p = 0,0068 160 140 120 100 80 60 40 20 0 -20 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Cloretos Seca Cloretos Chuva Figura 54: Gráficos “box=whisker” de cloretos no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 109 180 Cloretos: F(2;93) = 19,7266; p = 0,00000007 Cloretos:F(1;94) = 4,6939; p = 0,0328 160 160 140 140 120 120 100 Cloretos Cloretos 100 80 80 60 60 40 40 20 20 0 0 -20 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range -20 Antiga Nova Tempo de Construção Figura 55: Gráficos “box=whisker” de cloretos segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Estudo realizado por Brito et al. (2005a), registrou valores de SDT inferiores, variando de 128,0 mg/L a 230,4 mg/L para água armazenada em cisternas rurais que recebem água de chuva e de carros-pipa na Comunidade de Atalho, município de Petrolina-PE, analisadas no período de estiagem. Peters (2006), na cidade de Florianópolis – SC registrou valores de SDT menores para água de chuva em cisternas na zona urbana, variando de 13,5 a 119,6 mg/Le para cloretos variando de 0,0 a 2,2 mg/L. Annecchini (2005), em Vitória – ES, obteve para SDT, valores máximos de 22,0 e mínimos 7,0 mg /L e para cloretos, de 0,5 a 4,1 mg/L, considerando a água de chuva armazenada no reservatório após 1,0 mm de eliminação da primeira chuva. Coombes et al. (2006) avaliou a qualidade da água de chuva coletada de telhados na área urbana em Maryville e Carrington de Figtree, na universidade de Newcastle na Austrália e obtiveram valores médios de SDT de 114 mg/L(Figtree Place) 67 mg/L (Maryville). Para cloretos a média foi de 10,5 mg/L (Figtree Place) e 9,9 mg/L (Maryville). Os valores de SDT e cloretos referentes às diversas pesquisas mencionadas encontram-se inferiores a esta, tanto em cisternas rurais como urbanas. 110 O valor máximo de cloro residual livre foi de 0,12 mg/L (PB2 e PB3) e de cloro residual total de 0,16 a 0,17 (SJC3 e PB3, ambas com água de carro- pipa), conforme apresentado na tabela 5. Esses resultados evidenciam que no espaço amostral estudado não se realiza aplicação de cloro nas águas das cisternas. Essa concentração de cloro residual pode ter sido adicionada na água de carros – pipa. Tabela 5: Concentração de Cloro residual livre e Total de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro /08. Cloro Residual Livre - VMP: 5UT Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez PB1 0,04 - 0,04 0,02 0,04 0,01 0,03 0,08 0,08 PB2 0,04 0,00 0,05 0,06 0,04 0,02 0,05 0,05 0,12 PB3 0,04 0,00 0,04 0,02 0,02 0,06 0,04 0,05 0,12 PB4 0,03 0,00 0,05 0,05 0,01 0,03 - 0,07 0,05 SJC1 0,04 0,00 0,04 0,02 0,02 0,00 0,01 0,04 0,03 SJC2 0,07 0,00 0,04 0,03 0,04 0,01 0,04 0,08 0,09 SJC3 0,05 0,00 0,04 0,03 0,02 0,01 0,02 0,07 0,10 SJC4 0,02 0,00 0,04 0,02 0,02 0,00 0,01 0,05 0,01 Cloro Residual Total - VMP: 5UT Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez PB1 0,06 - 0,07 0,05 0,06 0,05 0,15 0,09 0,14 PB2 0,06 0,00 0,07 0,08 0,06 0,05 0,07 0,13 0,14 PB3 0,06 0,00 0,10 0,05 0,11 0,07 0,12 0,06 0,17 PB4 0,05 0,00 0,08 0,07 0,07 0,04 - 0,13 0,09 SJC1 0,07 0,00 0,07 0,09 0,05 0,04 0,04 0,09 0,12 SJC2 0,08 0,00 0,07 0,04 0,09 0,04 0,04 0,11 0,12 SJC3 0,07 0,00 0,11 0,07 0,05 0,05 0,05 0,09 0,16 SJC4 0,05 0,00 0,06 0,06 0,04 0,03 0,05 0,10 0,04 A série nitrogenada (N-amoniacal, nitrito e nitrato) apresentou concentrações extremamente baixas e sempre inferiores ao VMP na legislação para água destinada ao consumo humano (Quadro 11, Figuras: 56, 57 e 58). 111 Quadro 11: Volume máximo permitido pela Portaria 518/2004-MS para série nitrogenada. VMP - Portaria Nº 518/2004-MS Nitrato Nitrito Nitrogênio Amoniacal Total: 10 mg/L 1 mg/L 3,7 mg/L p/ pH≤7,5 2,0 mg/L para 7,5 < pH ≤ 8,0 1,0 mg/L para 8,0 < pH ≤ 8,5 0,5 mg/L para pH > 8,5 Praticamente não houve detecção de nitrito: as concentrações variaram de muito baixas e não detectadas a 0,11 mg/L. A distribuição desta variável entre as cisternas foi bastante homogênea com variância de 0,03%. Figura 56: Distribuição mensal de N-amoniacal, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Figura 57: Distribuição mensal de nitrito nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 112 Figura 58: Distribuição mensal de nitrato, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva:cisternas abastecidas somente com água de chuva. Na cisterna PB2 registraram – se os valores mais elevados de nitrato em todo o período (Figura 58), sendo o mais alto 4,08 mg N-NO3-/L. Apesar da PB2 não receber água de carros-pipa, é uma cisterna antiga de 7 anos, com estrutura precária e péssimas condições de higiene, o qual pode ter contribuído com esse valor mais alto em relação às outras cisternas. O resultados desta pesquisa estão em conformidade com os resultados de outros trabalhos, a exemplo de Annecchini (2005) que identificou para a água de chuva armazenada em cisternas do Espírito Santo, valores máximos de 0,21 mg /L e mínimos de 0,10 mg /L, com média de 0,14 (± 0,38) mg /L. Jaques; Ribeiro & Lapolli (2006), registrou valores médios na ordem de 0,50 mg/L. Coombes et al.(2006) obtiveram valores médios de nitrato menores que 0.05 mg/L em todas as cisternas estudadas. May (2004) em cisternas urbanas de São Paulo obteve média e desvio padrão de 3,1 mg/L(± 2). Portanto, conclui-se que na maioria das cisternas os valores de nitrato (NO3-) não ultrapassam o VMP pela legislação. Alguns parâmetros físicos e químicos mostraram-se positivamente correlacionados como, por exemplo, a salinidade com SDT, condutividade, dureza total, cloretos, cloro residual livre e total, DQO e DBO. Identificaram-se correlações negativas, por exemplo, do OD com DQO, OD com nitrato, com coliformes totais e com estreptococos fecais, dentre outros parâmetros confirmados pelos valores significativos dos coeficientes de Spearman (Tabela 6 - Anexo C). Alumínio excedeu o VMP em quatro cisternas (SJC1, PB1, PB2, PB3), embora em algumas amostras de quatro análises ao longo de quatro meses. Em SJC1, somente 113 uma amostra excedeu o VMP (25%), PB1, PB2 e PB3 (50%). Do total de 24 amostragens nas oito cisternas, sete apresentaram valores acima do VMP. Chumbo foi detectado em apenas uma amostra em concentração menor que 0,8mg/L na cisterna PB1 em dezembro/08. Ferro excedeu o VMP em duas cisternas (SJC3 e PB1) nos meses de março e dezembro/08 respectivamente. Magnésio apresentou altas concentrações nas cisternas SJC3 e PB1(março/08) em relação às outras cisternas. Manganês excedeu o VMP nas cisternas SJC1 e PB1 no mês de Dezembro/08. Zinco ocorreu em alta concentração na cisterna PB1 também no mês de dezembro. Não é possível fazer associações conclusivas entre tempo de construção das cisternas e a presença de metais na água, visto que em todas as cisternas houve flutuações nas novas e nas mais antigas (Tabela 7). Alguns desses metais, como o alumínio e o ferro, presentes na composição do cimento, alteram apenas o sabor da água, dependendo da concentração presente, não representando riscos potenciais à saúde. Por isso compõem o padrão de aceitação para consumo humano da Portaria 518/2004 (BRASIL, 2004). O risco está mais associado à presença de metais pesados, que também podem estar presentes na constituição do cimento, na estrutura de captação da água de chuva ou em resíduos depositados na superfície de captação. Os problemas relacionados ao consumo de água com metais pesados podem ocorrer a longo prazo. O chumbo, por exemplo, possui capacidade acumulativa no organismo, podendo causar danos ao sistema nervoso central, sendo as crianças e os fetos de particular vulnerabilidade (WHO, 2004). 114 Tabela 7: Valores máximos permitidos pela Portaria Nº 518/2004 para metais. Concentrações de metais nas águas de seis cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08. METAIS /2008 - mg/L Março Cisterna Alumínio Chumbo Ferro Total Magnésio Manganês Total Zinco (Al) (Pb) (Fe) (Mg) (Mn) (Zn) Portaria 518/04 mg/L 0,2 0,01 0,03 - 0,1 5 SJC 1 1,18 < 0,01 < 0,01 0,52 < 0,01 < 0,01 SJC 2 - - - - - - SJC 3 0,12 < 0,01 0,48 17,37 0,01 0,02 PB1 0,34 < 0,01 0,02 13,15 < 0,01 < 0,01 PB 2 - - - - - - PB 3 0,23 < 0,01 0,01 Junho 10,55 < 0,01 0,02 SJC 1 0,07 <0,01 <0,01 <0,8 <0,01 <0,01 SJC 2 0,07 <0,01 <0,01 <0,8 <0,01 0,01 SJC 3 0,11 <0,01 <0,01 2,37 <0,01 0,01 PB1 0,05 <0,01 <0,01 4,13 <0,01 0,02 PB 2 0,22 <0,01 <0,01 <0,08 <0,01 0,01 PB 3 0,24 0,01 0,13 Setembro 2,27 0,01 0,08 SJC 1 0,11 <0,01 <0,01 0,88 <0,01 <0,01 SJC 2 0,10 <0,01 <0,01 <0,8 <0,01 <0,01 SJC 3 0,14 <0,01 <0,01 1.61 <0,01 <0,01 PB1 0,09 <0,01 0,01 8,19 <0,01 <0,01 PB 2 0,30 <0,01 0,03 <0,8 <0,01 <0,01 PB 3 0,17 <0,01 0,03 Dezembro 7,53 <0,01 <0,01 SJC 1 0,12 0,10 0,06 0,11 0,28 0,16 SJC 2 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 SJC 3 <0,01 0,01 0,11 <0,01 0,01 <0,01 PB1 0,89 <0,8 10,00 9,15 <0,8 12,58 PB 2 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 PB 3 <0,01 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 A qualidade bacteriológica ou qualidade sanitária foi avaliada através das concentrações das bactérias indicadores tradicionais de contaminação para água potável: bactérias heterotróficas totais (contagem padrão), coliformes totais, Escherichia coli. Salmonella sp. foi escolhida por ser um enteropatógeno de fácil veiculação hídrica. 115 Os parâmetros microbiológicos mostram-se positivamente correlacionados (Tabela 6 - Anexo C). Bactérias heterótrofas totais estiveram em altas concentrações em todos os meses (Figura 59), predominando valores superiores à 500 UFC/ml, VMP pela Portaria 518/2004-MS. No período chuvoso (Figura 60) as concentrações de bactérias heterotróficas totais reduziram significativamente entre as cisternas, exceto na PB2, cisterna antiga que recebe somente água de chuva, apresentou valores mais altos e pode-se associar com as péssimas condições de higiene e conservação de todo o sistema. A heterogeneidade na distribuição desta variável entre os períodos de estiagem e chuva, tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção, aplicado o teste de ANOVA foi considerada significativa (p< 0,05). As menos contaminadas foram duas cisternas (SJC1 e SJC4) que recebem apenas água de chuva e apresentam boas condições higiênicas, de manutenção e manejo. Verifica-se que a contaminação das cisternas mais novas foi inferior as mais velhas (Figura 61) Figura 59: Distribuição mensal de Bactérias Heterótrofas Totais nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 116 Median; Box: 25%-75%; Whis ker: Non-Outlier 22000 Bact. Heterotróficas Seca: F(7;48) = 1,824; p = 0,1042 Bact. Heterotróficas Chuva: F(7;31) = 13,3035; p = 0,00000009 20000 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 Bact. Heterotróficas Seca Bact. Heterotróficas Chuva (UFC/ml) -2000 PB1 PB 3 PB 2 SJC 1 PB 4 SJC 3 SJC 2 SJC 4 Figura 60: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 - dez/08) chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 24000 12000 Bact. Heterotróficas (UFC/ml): F(2;92) = 4,8035; p = 0,0104 Bact. Heterotróficas (UFC/ml):F(1;93) = 5,3824; p = 0,0225 22000 10000 20000 Bact. Heterotróficas (UFC/ml) Bact. Heterotróficas (UFC/ml) 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 8000 6000 4000 2000 4000 2000 0 0 -2000 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range -2000 Antiga Nova T empo de Construção Figura 61: Gráficos “box=whisker” de Bactérias Heterótrofas Totais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. As concentrações de coliformes totais foram superiores a 2.500NMP/100mL na maioria dos meses em todas as cisternas, associados com a presença de poeiras, partículas de solo, dentre outros fatores, semelhante às bactérias heterótrofas totais. Nas chuvas houve diminuição em apenas três cisternas (Figura 62). As diferenças nas densidades de coliformes totais (Figura 63) entre as cisternas foram consideradas significativas (ANOVA) nos períodos de seca e chuva (p<0,05) e nos diferentes tipos de água armazenadas nas cisternas. O tempo de construção não evidenciou relação significativa na contaminação por coliformes totais (Figura 64). 117 Figura 62: Distribuição mensal de coliformes totais, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 2600 Colif. Totais Seca: F(7;49) = 4,3517; p = 0,0008 Colif. Totais Chuva:F(7;31) = 11,4776; p = 0,0000004 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 -200 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Coliformes Totais Seca Coliformes Totais Chuva (NMP/100mL) Figura 63: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais no período seco (dez/07-mar/08; Ago/08 dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 118 Coliformes Totais (NMP/100mL): F(2;93) = 4,3423; p = 0,0157 2400 2400 2200 2200 2000 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 400 200 200 0 Coliformes Totais (NMP/100mL):F(1;94) = 0,464; p = 0,4974 2600 Coliformes Totais (NMP/100mL) Coliformes Totais (NMP/100mL) 2600 0 -200 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range -200 Antiga Nova T empo de Construção Figura 64: Gráficos “box=whisker” de coliformes totais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. E.coli indicou contaminação fecal em todas as amostras de água, com menores concentrações em cisternas com água de chuva, notadamente em SJC1 e SJC4, ambas cisternas novas e que armazenam apenas água de chuva. SJC1 tem bom estado de conservação e de higiene, assim como a família é cuidadosa no seu manejo e na higiene pessoal, e usam mangueira em substituição da bomba. Nessa cisterna houve uma amostra sem E.coli e o valor máximo foi 180 NMP/100 ml. O tempo de construção não influenciou na contaminação microbiana e sim o tipo de água e a forma de manejo do sistema (Figura 65). Com as chuvas, as densidades de E.coli foram menores na maioria das cisternas, exceto em três antigas, que recebem água de carros-pipa e apresentam condições estruturais e higiênicas deficientes (PB1, PB2 e PB4) (Figuras 66 e 67). Figura 65: Distribuição mensal de Escherichia coli, nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. 119 E. coli Seca: F(7;49) = 10,2742; p = 0,00000008 E. coli Chuva: F(7;31) = 1,3285; p = 0,2704 Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 E. coli Seca E. coli Chuv a (NMP/100mL) 0 -200 PB1 PB 2 PB 3 PB 4 SJC 1 SJC 2 SJC 3 SJC 4 Figura 66: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli no período seco (dez/07- mar/08; Ago/08 dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 2400 2000 E. coli (NMP/100mL): F(2;93) = 2,1487; p = 0,1224 2200 E. coli (NMP/100mL):F(1;94) = 0,0734; p = 0,7871 1800 2000 1600 1800 1400 E. coli (NMP/100mL) E. coli (NMP/100mL) 1600 1400 1200 1000 800 1200 1000 800 600 600 400 400 200 200 0 -200 0 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Median 25%-75% Non-Outlier Range -200 Antiga Nova Tempo de Construção Figura 67: Gráficos “box=whisker” de Escherichia coli segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. A presença de estreptococos fecais (Figura 68) confirmou a contaminação fecal em todas as cisternas durante o período amostral, destacando-se as cisternas PB2 e PB3 que apresentam deficiências higiênicas. As cisternas SJC1 e SJC4 são cisternas que só recebem água de chuva e apresentam boas condições estruturais e higiênicas. A SJC2 a partir de abril passou a receber apenas água de chuva, apresentando redução da contaminação ao longo dos meses de chuva. 120 Na seca a contaminação por estreptococos fecais variou significativamente entre as cisternas, o mesmo não aconteceu no período chuvoso, quando houve homogeneidade entre as cisternas (Figura 69). Os dados de estreptococos fecais evidenciam que existem flutuações em relação ao grau de contaminação, tempo de construção das cisternas, não apresentando significância estatística (Figura 70). Figura 68: Distribuição mensal de estreptococos fecais nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro/08 e sua relação com o tempo de construção. Chuva: cisternas abastecidas somente com água de chuva. Median; Box: 25%-75%; Whisker: Non-Outlier 18000 Estreptococos fecais Seca: F(7;35) = 2,5294; p = 0,0324 Estreptococos fecais Chuva: F(7;23) = 1,9952; p = 0,1000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 Estreptococos f ecais Seca Estreptococos f ecais Chuv a -2000 PB1 PB 3 PB 2 SJC 1 PB 4 SJC 3 SJC 2 SJC 4 Figura 69: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais no período seco (dez/07 - mar/08; Ago/08 dez/08) e chuvoso (abr/08-jul/08) nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB. 121 Estreptococos fecais: F(2;71) = 4,2798; p = 0,0176 7000 6000 6000 5000 5000 Estreptococos fecais Estreptococos fecais 7000 4000 3000 2000 4000 3000 2000 1000 1000 0 0 -1000 Carro Pipa Misturada Chuva Água armazenada na Cisterna Median 25%-75% Non-Outlier Range Estreptococos fecais:F(1;72) = 0,0355; p = 0,8511 -1000 Antiga Nova T empo de Construção Median 25%-75% Non-Outlier Range Figura 70: Gráficos “box=whisker” de estreptococos fecais segundo o tipo de água armazenada na cisterna e tempo de construção de oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, PB no período de dezembro/07 a dezembro/08. Salmonella sp. foi pesquisada somente nas amostras trimestrais, com inicio em março/2008. Entretanto, em janeiro de 2008 foram feitas análises da água e do lodo da cisterna SJC3 porque na família houve relatos de problemas intestinais. Essa cisterna é abastecida freqüentemente com água de carros- pipa e estava em péssimo estado de manutenção. Ambas as amostras (água e lodo) foram positivas para essa bactéria Foi a única ocorrência de Salmonella sp no universo amostral ao longo de 2008. Os resultados obtidos nas análises microbiológicas concordam com os resultados de pesquisas de diversos autores. Ariyananda (2001) estudou a qualidade das águas de cisterna de cinco localidades no Sri Lanka e apenas em uma delas não obteve resultados positivos para coliformes fecais, nas demais foram positivas com valores de 2000 UFC/100 mL. Nevondo e Cloete (1999) determinaram a qualidade de fontes hídricas utilizadas na vila de Dertig pertencente à cidade de Hammanskraal na África do Sul. Dentre as fontes hídricas estudadas estão as águas de chuvas armazenadas em uma cisterna comunitária onde constaram valores médios de densidade de Bactérias Heterótrofas na ordem de 3,27 x 103 UFC/mL; Coliformes Totais com média 6,9 x 102 UFC/mL e Salmonella sp. de 8,0 x 101. Simmons et al. (2001), avaliaram as águas de 115 cisternas abastecidas exclusivamente por águas de chuva captadas por telhados residenciais em quatro comunidades rurais do distrito de Auckand (Nova Zelândia) e obtiveram positividade em uma das amostras coletadas. 122 Pesquisa realizada por Coombes et al. (2006) avaliaram a qualidade da água armazenada de cisternas em três projetos pilotos na Austrália e em todas houve contaminação fecal com valores médio de 100 UFC /100 ml de coliformes fecais. As Bactérias Heterótrofas Totais superaram os 1000 UFC/mL. Araújo et al. (2007) avaliaram a qualidade das águas de uma barragem, três açudes e de três cisternas utilizadas pelos moradores do Assentamento Santa Bárbara situado nas proximidades do município de Jaguaretama (CE), tendo como variáveis microbiológicas coliformes totais e E. coli. Os resultados mostraram que as águas armazenadas em duas cisternas apresentaram altos níveis de contaminação por coliformes totais e de E. coli. Resultado semelhante foi encontrado por Brito et al (2005b), em amostras de água de chuva armazenadas em cisternas de zona rural de Petrolina, PE, onde foi detectado E.coli em 70% das amostras. No entanto, segundo os autores, esse dado não reflete exatamente a qualidade microbiológica da água de chuva, pois as cisternas também eram abastecidas com águas de outras fontes (carros-pipa). Silva (2006a) ao estudar a água de chuva armazenada em cisternas no município de Araçuaí (Médio Jequitinhonha-MG) registrou a presença de E. coli em 70% dos 112 resultados obtidos. Resultados semelhantes foram verificados por Brito et al. (2005a), quando avaliaram a qualidade da água armazenada em cisternas rurais que recebem água de chuva e de carros-pipa na Comunidade de Atalho, município de Petrolina-PE e constataram a presença de coliformes totais em todas as cisternas. Amorim & Porto (2001) em amostras de água de cisternas destinadas ao consumo humano, no município de Petrolina-PE, também encontraram coliformes fecais em todas as amostras analisadas. Pereira et al. (2007) estudaram a qualidade da água de uma cisterna localizada em Assaré no município de Ceará-Mirim (RN) e observaram alta densidade de coliformes totais e ausência de coliformes fecais. A elevada concentração de coliformes totais evidenciou a importância da manutenção e higiene dos reservatórios. 123 6 Conclusões A falta de água de chuva nas cisternas durante a época de estiagem se relaciona principalmente com o uso inadequado dessas águas, que deveriam ser destinadas apenas para beber, cozinhar e higiene pessoal. Outra causa é o seu consumo por famílias com mais de cinco pessoas. A falta de água nas cisternas prejudica a sustentabilidade do programa, visto que várias famílias devem completar o volume com água de carrospipa, sem garantia de qualidade, outras retornam a buscar água nas fontes tradicionais (açudes e olhos d’água); diante disso perde-se parte dos êxitos sociais obtidos com programas que buscam fornecer água de melhor qualidade visando melhorar as condições de vida dos habitantes da zona rural. As cisternas recebem água de chuva e de carros-pipas. Estas últimas são distribuídas pelo Ministério da Defesa , através do Exercito nas estiagens quando falta água e são de qualidade duvidosa, como mostram os resultados da presente pesquisa: as águas das cisternas que recebem somente água de chuva apresentaram melhor qualidade do que as “águas misturadas” (de chuva e de carro- pipa). As medidas adotadas com emprego do exército, que fiscaliza teoricamente os carros-pipa, facilita o desperdício da água de chuva armazenada e desacredita programas importantes e viáveis da sociedade civil que contam com apoio do governo. Em todas as cisternas se observou melhoria da qualidade da água com a chegada da época de chuvas. No geral, as variáveis físicas e químicas das águas das cisternas monitoradas na presente pesquisa atenderam os critérios de potabilidade da Portaria Nº 518/2004-MS, com destaque para pH, turbidez, sólidos dissolvidos totais, cloretos, dureza e nitrato. Já as variáveis microbiológicas estiveram fora dos padrões de potabilidade em todas as cisternas e indicaram contaminação fecal independente da origem da água. Dentre os metais pesados analisados, todos excederam o VMP, embora em algumas amostras de quatro análises ao longo de quatro meses. O isolamento de Salmonella sp em uma das cisternas e a alta densidade de E. coli ressaltam a importância para a saúde familiar do manejo adequado e higiênico das águas das cisternas. Essas águas não são aptas para consumo humano e precisam receber tratamento antes de serem consumidas. Técnicas simples de desinfecção no domicilio podem ser aplicadas, dentre elas a cloração e a desinfecção por luz solar. 124 Vários fatores contribuíram para a contaminação, todos associados ao manejo do sistema. Naquelas que só armazenaram água de chuva, se observou áreas de captação sujas (tetos das residências) e das calhas e dos dutos em geral, ausência de dispositivos de desvio das primeiras águas de chuva, cisternas mal tampadas e uso de baldes e latas para retirada da água das cisternas. O uso de baldes e latas amarrados a cordas é uma importante fonte de contaminação da água armazenada. Os baldes e as cordas são mal conservados / armazenados e se contaminam com poeira e material do solo, onde geralmente são colocados. A bomba para retirar a água fornecida com a cisterna apresenta dificuldade de uso (numerosos bombeamentos para retirar um volume suficiente) e são frágeis, devendo ser melhoradas. É importante a adoção de múltiplas barreiras sanitárias ao longo do sistema de captação e armazenamento de águas de chuva, que se iniciam com a higiene da área de captação (telhados), continuam com a manutenção e limpeza nos dutos, com o uso de dispositivos de desvio das primeiras águas de chuva, com o emprego de bomba na retirada da água das cisternas e a desinfecção da água antes de seu consumo. O conjunto dessas ações diminui a contaminação da água e a desinfecção final é mais eficiente. Neste contexto, a Educação Ambiental é um instrumento de sensibilização das comunidades usuárias e promove a sua participação na gestão dos recursos hídricos. Utiliza estratégias que respeitam o pensar local e estimula mudanças, mostrando-se importante para o empoderamento do uso higiênico e sustentável dos sistemas de captação, armazenamento e consumo de água de chuva. Suas ações possibilitam, às populações dispersas do semi-árido, o acesso, a aceitação e a compreensão da importância de tecnologias simples e de baixo custo para captar e manter água de boa qualidade. Facilita e estimula a transferência correta de ensinamentos higiênicos desde a captação, durante armazenamento, formas de manejo adequado e tratamento (desinfecção) para o consumo seguro. O programa de monitoramento sistemático adotado na presente pesquisa, onde sistemas de captação e armazenamento de água de chuva foram selecionados criteriosamente de um universo maior para amostragens e análises mensais de qualidade da água se mostra eficiente, considerando que os resultados obtidos são representativos do total das residências visitadas na fase inicial do projeto. 125 7 Recomendações As cisternas destinadas à captação de água de chuva devem ser de fato “soluções alternativas” para as famílias, principalmente do meio rural, não atendidas pelos sistemas tradicionais de abastecimento de água. Entretanto existem muitos desafios a serem enfrentados: As cisternas devem ser dimensionadas adequadamente para cada família, garantindo o manejo higiênico para o fornecimento de água que atenda ao padrão de potabilidade em quantidade suficiente para assegurar boas condições de saúde à população. As famílias devem ser devidamente instruídas para adotar boas práticas de manejo da água, através de programas contínuos de educação sanitária e ambiental bem como reforçar os ensinamentos de saber poupar a água acumulada durante as chuvas para usar nas estiagens. Deve ser realizado um trabalho conjunto e intensivo por parte das ONGs responsáveis pela construção das cisternas com as autoridades públicas dos serviços de saúde e com maior acesso à população (Agentes de Saúde e Agentes de Vigilância Sanitária) para estimular o uso das barreiras sanitárias e controlar a qualidade da água utilizada no meio rural, instituindo programas de monitoramento sistemático da qualidade da água armazenada nas cisternas. 126 8 Referências AB’SÁBER, A. Os domínios de natureza no Brasil – potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003, 160 p. ÁGUA DE CHUVA - O segredo da convivência com o semi-árido brasileiro. 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Ocupação_______________ 2.3. Rendimento__________________ 2.4. Pessoas moram na casa? ___________ 2.5. Crianças menores de cinco anos? ___________ 2.6. Crianças acima de cinco anos? _________________ 1. SIM 2.7. Sempre morou nesta localidade? 2. NÃO 2.8. Condição da propriedade atual 1. própria 2. própria cedida 3. posse 4. outros 2.9. Duração do período chuvoso 1. 4 meses 2. 6 meses 3. 8 meses 4. Não sabe III. DESCRIÇÃO DAS ÁREAS MOLHADAS (COZINHA) 3.1. Possui Cozinha 1. SIM 2. NÃO (salte p/bloco IV) 3.2. A cozinha possui 1. Pia com água contínua 2. Pia sem água contínua (girau) 3. Fogão a gás 4. Fogão a lenha 5. Fogão improvisado 6. Geladeira 7. Filtro 143 3.3. Localização da cozinha 1. Fora da casa 2. Dentro da casa 3.4. Material predominante da cobertura 1. Telhado de cerâmica 2. Laje 3. Telhado de Fibrocimento 4. Palha 5. Amianto/Zinco 6. Outro: ______________ 3.5. Material predominante das Paredes 1. Tijolo cerâmico com furos 2. Tijolo maciço 3. Madeira 4. Outro:_____________ 3.6. Material predominante no revestimento interno 1. Sem revestimento 2. Reboco 3. Cerâmica/azulejo 3.7. Periodicidade da limpeza / manutenção da cozinha 1. Diária 2. Semanal 3. Mensal 4. Outra 5. Não sabe 3.8. Quais os produtos utilizados na limpeza? 1. Apenas água 2. Água+sabão em pó 3. Água+sabão em pó+água sanitária 4. Água+água sanitária 5. Outros:_______________ IV. ABASTECIMENTO DE ÁGUA 4.1. Sua residência dispõe de água encanada? 1. SIM 2. NÃO (Salte p/questão /4.3) 4.2. Armazenamento da água encanada 1. Caixa d’água 2. Cisterna 3. Pote 4. Filtro 5. Tonel 6. Outros:____________ 4.3. Qual a origem da água que a família consome para beber? 1. Poço 2. Nascente 5. Rio 6. Lago 3. Cisterna 4. Chafariz 7. Barragem/açude 8. Outras __________________ 4.4. Armazenamento da água de beber 1. Caixa d’água 2. Cisterna 3. Pote 4. Filtro 5. Tonel 6. Outros:__________ 4.5. A família trata a água de beber? 1. SIM 2. NÃO (Salte para questão 4.10) 3. Já vem tratada (Salte para questão 4.10) 144 4.6. Formas de tratamento da água de beber (múltiplas respostas) 1. Filtração 2. Cloração 3. Fervura 4. Não trata 5.Outras:__________ 4.7. Material usado para filtração 1. Filtro de barro com vela 2. Filtro de carvão/areia 3.Outro_____________ 4.8. Quando utiliza cloro segue alguma medida? 1. SIM. Qual a dosagem:________________ 2. Não (Salte para questão 4.10) 3. Não usa cloro (Salte para questão 4.10) 4.9. O Cloro é adicionado 1. No filtro 2. Na cisterna 3. Na caixa d’água 4. No pote 5. Não usa cloro 4.10. Qual a origem da água que a família usa para a higiene pessoal e da residência? 1. Poço 2. Nascente 5. Rio 6. Lago 3. Cisterna 4. Chafariz 8. Outras:______________ 7. Barragem/açude 4.11. Armazenamento da água para higiene pessoal e da residência 1. Caixa d’água 2. Cisterna 3. Pote 4. Tonel 5. Outros:__________ 4.12. Há quanto tempo está usando água de chuva armazenada em cisterna 1. < 1 ano 2. 1 ano 3. 2 anos 4. 3 anos 5. 4 anos 6. 5 anos 7. > 5 anos 4.13. A água da cisterna é usada para (múltiplas respostas) 1. Beber 2. Cozinhar 5. Lavar roupa 6. Irrigar 3. Banho 4. Limpeza 7. Outros:__________ 4.14. A água da cisterna é de boa qualidade 1. SIM 2. NÃO 4.15. Aspectos observados: 1. Transparente 2. Turva 3. Material em suspensão 4. Tem cor 5. Tem odor 6. Tem sabor 7. Entram bichos na cisterna 8. Tipo de bichos_____________ 4.16 Origem da cisterna 145 1. Construída pelo morador 2. Projeto social (P1MC) 3. Associação 1. Familiar 4.17 Tipo de uso da água da Cisterna 4.Outro:___________ 2. Coletivo 4.18 Modelo da Cisterna 1. Placas 2. Ferro-cimento 3. Alvenaria 4. Não sabe 5. Outro:____________ 4.19. Como era o abastecimento de água da família antes da cisterna? 1. Poço 2. Nascente 3. Chafariz 3. Rio 4.Barragem/açude/lago 6. Outro_______________ 4.20. A instalação da cisterna trouxe melhorias? 1. SIM 2. NÃO 3. Não sabe responder. SIM: Quais os benefícios?_________________________________________________ 4.21. A água da chuva armazenada é suficiente para uso pela família 1. Apenas na época das chuvas 2. Durante todo o ano 3. Não é suficiente 4.22. A água da chuva é suficiente para encher a cisterna? 1. SIM 2. NÃO 3. Às vezes 4.23. Quando acaba a água de chuva acumulada na cisterna, de onde vem a água para uso pela família. 1. Poço 2. Rio 3. Barragem/açude 4. Nunca acaba 5. Outros: _________ 4.24. A cisterna recebe água de carros-pipa 1. SIM 2. NÃO (Salte para questão 4.25) 4.25. Origem da água dos carros-pipa 1. Poço 2. Nascente 4. Rio 5. Lago 3. Chafariz 6. Barragem/açude 7. Outras ___________________ 4.26. Freqüência de abastecimento da cisterna com carros-pipa 1. Semanal 2. Quinzenal 3. Mensal 4.Outras ___________________ 4.27. Realiza limpeza / manutenção da cisterna? 1. SIM 2. NÃO (Salte para questão 4.28) 4.28. Como é feita essa limpeza? 1. Lava apenas por dentro 2. Lava apenas por fora 3. Por dentro e por fora 146 4.29. Usa escova nessa lavagem 1. SIM 2. NÃO 3. Às vezes 4.30. Costuma pintar a cisterna? 1. SIM 2. NÃO 3. Às vezes 4.31. Tipo de tinta usada para pintar a cisterna 1. Tinta 2. Tinta látex 3. Cal 4. Outros tipos 4.32 Periodicidade da limpeza da cisterna (lavar) 1. Semestral 2. Anual 3. Não sabe V. CONDIÇÕES DA MORADIA 5.1. Estado de conservação do telhado (Observação in loco do entrevistador) 1. Regular 2. Irregular 3. Outros: _______________ 5.2. Estado de higiene (limpeza) do telhado? 1. Limpo (Salte para questão 5.4) 2. Sujo 3. Não sabe 5.3. Qual o tipo de sujeira encontrada no telhado (Observação in loco do entrevistador). 1. Folhas 2. Fezes de animais 3. Latas velhas, garrafas e pneus 4.Outros___________ 5.4. Realiza limpeza e manutenção do telhado? 1. SIM 2. NÃO 5.5. Realiza limpeza e manutenção das calhas? 1. SIM 2. NÃO 5.6. Toma algum cuidado para evitar a entrada de sujeiras na cisterna? 1. SIM 2. NÃO 3. NÃO sabe 5.7. Qual é método que usa para retirar água da cisterna? 1. Balde 2. Bomba manual 3. Outro:__________ 5.8. Se utiliza balde, este é usado apenas para retirada da água da cisterna atividades? 147 1. SIM 2. NÃO 5.9. O sistema de coleta e armazenamento da água na cisterna apresenta alguma inadequação (Observação in loco do entrevistador) 1. SIM 2. NÃO (Salte para questão 5.12) 3. Não sabe (Salte para questão 5.12) 5.10. Qual a inadequação (múltiplas respostas) 1. Calha 2. Tubulações (dutos) 3. Rachadura/Vazamento 4. Tampa quebrada 5. Tampa envergada 6. Sem tampa 7. Reboco 8. Com diversos objetos no interior da cisterna 5.11. Sistema de Calha 1. Fixa 2. Móvel 5.12. Animais existentes na propriedade 1. Bovinos 2. Caprinos/ovinos 3. Suínos 5.13. Proximidade dos criadouros de animais 1. < 10 metros 2. > 10 metros 4. Eqüinos 5. Galinhas 6. Outros:_____________ 3. Não existem animais VI. ESGOTAMENTO SANITARIO 6.1. Existência de banheiro 1. SIM 2. NÃO (Salte para questão 6.7) 6.2. Quantidade de banheiros 1. Um banheiro 2. Dois banheiros 3. Tem banheiro só para banho 6.3. Localização do banheiro 1. Dentro do domicílio 2. Fora do domicílio. 6.4 Periodicidade da limpeza /manutenção do banheiro: 1. Diária 2. Semanal 3. Mensal 4. Não sabe 148 6.5. Esgotamento do banheiro 1. Fossa seca 2. Fossa séptica individual 5. Corpo d’água (rio/riacho) 3. Fossa séptica coletiva 6. Jogado no ambiente 7. Não sabe 4. Rede de esgoto 8.Outro:_________ 6.6. Esgotamento da cozinha 1. Fossa seca 2. Fossa séptica individual 5. Corpo d’água (rio/riacho) 3. Fossa séptica coletiva 6. Jogado no ambiente 7. Não sabe 4. Rede de esgoto 8.Outros:________ 6.7. Tempo de construção da fossa séptica 1. < 2 anos 2. 2 anos 3. 4 anos 4. 6 anos 6. Não sabe 7. Não tem (Salte para questão 6.11) 5. 10 anos 6.8. Realiza limpeza na fossa séptica 1. SIM 2. NÃO 3. Às vezes (quando enche) 4. Não tem 6.9. Condições da fossa séptica 1. Desativada 2. Inadequada 3. Adequada 6.10. Destino do efluente da fossa séptica 1. Solo 2. Corpo d’água 3. Irrigação 4. Outros______________ 6.11. Localização da fossa séptica em relação à casa (Observação in loco do entrevistador) 1. Em frente 2. Atrás 3. Ao lado 6.12. Localização da fossa séptica considerando a cisterna 1. Acima 2. Abaixo 3. Ao lado 6.13. Destino dos resíduos (LODO) da fossa séptica 1. Quintal 2. Terreno 3. Rios 4. Lajedos 5. Outros:____________ 6.14. Forma de acondicionamento do lixo produzido pela família 1. Latas 2. Lixeiras plásticas 3. Caixão de madeira 4. Sacolas plásticas 5. Não tem recipiente específico 6. Joga no quintal 149 6.15. A família costuma separar o lixo 1. SIM 2. NÃO 3. Apenas resto de comida para animais 4. Apenas as folhas 5. Outros:______________ 6.16. Destino dado ao lixo 1. Coletado pela prefeitura 2. Queimado 3. Enterrado. 4. Jogado nos terrenos 5. Jogado nos rios e/ou riacho 6. Reaproveitado. 6.17. Reaproveitamento do lixo 1. Produção de adubo 2. Alimentação animal 3. Artesanato 4. Não reaproveita VII. SAÚDE PÚBLICA 7.1 Em que pessoas da família as doenças são mais freqüentes (Que Não sejam diarréia) 1. Crianças < 5 anos 2. crianças > 5 anos 3. adultos 7.2. Há casos de diarréia na família? Com que freqüência aparece? 1. Semanal 2. Mensal 3. Semestral 4. Anual 5. Não há 7.3 Em que pessoas da família são mais freqüentes essas diarréias? 1. Crianças < 5 anos 2. Crianças > 5 anos 3. Adultos 7.4 Há agente de saúde na localidade? 1. SIM 2. NÃO 7.5 Qual a periodicidade da visita do agente de saúde? 1. Mais de uma vez/semana 2. Semanal 3. Quinzenal 4. Mensal 7.6. Há outros profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros...) do PSF na localidade? 1. SIM 2. NÃO 7.7. Qual a periodicidade da visita deste profissional de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros) à comunidade? 1. Mais de uma vez/semana 2. Semanal 3. Quinzenal 4. Mensal 150 7.8. O agente de saúde faz esclarecimentos sobre: 1. Tratamento da água 2. Higiene pessoal 4. Cuidados com o meio ambiente 5. Outros 3. Doenças causadas pela água 7.9. Existe algum trabalho na comunidade sobre saúde pública? 1. SIM 2. NÃO 3. Não sabe 7.10. Tipo de trabalho 1.Educação Sanitária 2. Educação alimentar 3. Educação Ambiental 4.Outros:___________ 7.11. Alguém da casa participa do trabalho? 1. SIM 2. NÃO (Salte para Questão 7.13) 7.12. Após a instalação da cisterna, houve melhoras na saúde dos familiares? 1. SIM 2. NÃO 3. Não sabe responder 7.13. Alguma doença tornou-se menos freqüente? 1. SIM 2. NÃO (Salte para Questão 7.15) 7.14 Possui animal doméstico? 1. SIM 2. NÃO 7.15. Os animais domésticos são criados soltos? 1. SIM 2. NÃO 7.16. As crianças têm contato com os animais domésticos 1. SIM 2. NÃO VIII. DIMENSÕES DA CASA 1. Comprimento da casa (lado da casa que tem calha): |__|__|, |__|__| (em metros e centímetros) 151 2. Largura da casa (lado da casa que não tem calha): |__|__|, |__|__| (em metros e centímetros) 3. Altura do telhado Altura 1 Maior (h1) |_____|______|, |______|______| (em metros e centímetros) Altura 2 Menor (h2) |_____|______|, |______|______| (em metros e centímetros) Altura 3 Se houver (h3) |______|______|, |_______|_____| (em metros e centímetros) III. VOLUME DA CISTERNA 1. Capacidade volumétrica_____________________ 2. Volume observado_____________ IV. OBSERVAÇÕES: 1. Estado de conservação da área de captação de água de chuva (Observação in loco) Estado de conservação do telhado__________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ Estado de higiene (limpeza) do telhado_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ 1.2. Tipo de sujeira encontrada no telhado____________________________________________________________ 2. Estado de conservação das cisternas 2.1. Estado de conservação das cisternas____________________________________________________________ 2.2. Inadequação observada no sistema de coleta e armazenamento de água na cisterna_______________________ ______________________________________________________________________________________________ 3. Localização da cisterna 3.1. Proximidade de criadouros de animais___________________________________________________________ 3.2. Localização indevida em relação à fossa séptica___________________________________________________ 152 4. Manejo de água de cisterna 4.1. Inadequação observada em relação ao manejo de água de cisterna________________________ ____________________________________________________________________________________ 5. Higiene da Família 5.1. Condições de moradia_____________________________________________________________ 5.2. Condições de higiene da residência_________________________________________________ 5.3. Condições de higiene dos membros das famílias______________________________________ 6. Outras observações pertinentes 153 Anexo B Formulário de Acompanhamento de Campo 154 Formulário de Acompanhamento de Campo: Data da Coleta:_____________________ Observador : _______________________________________ Código da Cisterna Proprietário 1- Forma de retirada da água:____________________________________________ 2- Nº de pessoas da família: ______________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 3- Localização da Fossa em relação à cisterna: A. Bom (Nível abaixo / Ñ tem fossa /Distante ) B. Ruim (Nível acima /Próximo) Outras Obs: _________________________________________ Proximidade de criadouros de animais_____________________________________ ____________________________________________________________________ 4- Recebeu Carro – Pipa este mês:________________________________________ 5- Volume observado____________________________________________________ 6- Estado de conservação da área de captação de água de chuva Estado de conservação do telhado__________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Estado de higiene (limpeza) do telhado______________________________________________ _____________________________________________________________________________ Tipo de sujeira encontrada no telhado_______________________________________________ _____________________________________________________________________________ Estado de conservação / higiene / nivelamento das calhas e condutores ____________________ _____________________________________________________________________________ 7 - Estado de conservação das cisternas: Estado de conservação das cisternas________________________________________________ Inadequação no sistema de coleta e armazenamento de água na cisterna____________________ _____________________________________________________________________________ 8 - Higiene Familiar: Higiene da residência_____________________________________________________________ Higiene dos membros das famílias___________________________________________________ 9 – Ocorrência de doenças na família ________________________________________________ 155 Anexo C Estatística Descritiva Teste de Normalidade e Coeficientes de correlação Spearman 156 Tabela 3: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas no Assentamento Paus Brancos - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008. PB 1 PB 2 Nº Média Mediana Min Max Desv. Pad. Nº Média Mediana Min Max Desv. Pad. mg CaCO3/L) (µS/ cm) 12 12 8,0 73 7,9 62,5 7,5 51,8 9 148 0,4 27,6 12 12 7,8 47 7,9 37,5 6,0 25,5 8,3 88,5 0,6 20,3 12 434,8 464,7 212,5 624 154,4 12 158,9 159,6 73,7 244,2 59,5 OD Temp. Turb Cor apar. Salinidade SDT Dureza Cloretos Cl Res.Liv. Cl Res. Total DQO DBO 5,20 Amônia Nitrito Nitrato Coli. Totais (mg / L-1) (°C) (uH) (UC) ppm (mg/L) mg CaCO3/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NMP/100mL) 12 12 12 12 11 12 12 12 8 8 8 7 6 6 6 12 6,3 27,4 1,6 9,1 216,5 335,6 133,5 79,8 0 0,1 75,7 2,9 0 0 0,3 1469 6,3 27,8 1,4 5,6 251,5 366,5 131 72,3 0 0,1 62,9 3,2 0 0 0,2 1780 3,6 24,0 0,5 0,8 23,4 170 70,5 36,6 0,01 0,05 19,4 1,2 0 0 0 1,0 8 30 6 31 313 500 236 148 0 0 179 4 0 0 1 2500 1,4 1,8 1,5 8,9 90,1 126,6 53,2 35,7 0 0 48,6 0,8 0,1 0 0,3 1093 12 12 12 12 11 12 12 12 9 9 8 6 6 6 6 12 6,6 27,2 2,4 16,2 78,4 137,7 85,4 25,5 0 0,1 69,9 1,8 0,1 0 1,3 2500 6,4 27,8 1,5 17,7 84,6 121,5 72,5 16,6 0,1 0,1 41,3 2 0 0 0,9 2500 4,8 24,0 0,4 1,0 15,3 66 39 3,2 0 0 7,6 0,5 0 0 0 2500 8,7 29 13,5 26,7 136 248 174 99,5 0,1 0,1 240,5 2,3 0,2 0 4,1 2500 1,2 1,7 3,6 6,8 38 62,9 47,3 27,2 0 0 78 0,6 0,1 0 1,5 0 E. coli Bact. Heter. Estrep.Fecais (NMP/100mL) (UFC/mL) (UFC/mL) 12 12 9 294 4771 1432 57 1690 710 2500 20250 5800 708 6012 1818 12 12 9 945 4017 2370 634 4450 975 890 3043 2330 Média Mediana Max Desv. Pad. Nº Média Mediana 20 479 440 PB 4 Min 2500 8700 5500 Nº 0 120 0 PB 3 Min Max Desv. Pad. mg CaCO3/L) (µS/ cm) 13 13 8,0 65,9 8,0 55,8 7,6 40 8,4 113,5 0,2 24,7 11 11 7,8 58,6 7,7 54,5 7,5 39,8 8,2 92,5 0,2 19,1 13 389,1 459,2 138,1 646,4 190,7 11 357,7 222,9 147,1 637,9 198 OD Temp. Turb Cor apar. Salinidade SDT Dureza Cloretos Cloro Res.Liv. Cloro Res. Total DQO DBO 5,20 Amônia Nitrito Nitrato Coli. Totais (mg / L-1) (°C) (uH) (UC) ppm (mg/L) mg CaCO3/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NMP/100mL) 13 13 13 13 12 13 13 13 9 9 9 7 6 6 6 13 6,6 26,5 2,3 10,4 198,5 277,5 124,3 65,5 0 0,1 57,2 2,5 0,1 0 0,4 2500 6,4 26,7 1,6 10,8 237 307 130 52,8 0 0,1 40 2,7 0 0 0,3 2500 5,5 23 0,7 1,1 24 99 49 0,8 0 0 7,6 1,2 0 0 0 2500 8,1 29 10,8 23,6 324,5 446 246 159,6 0,1 0,2 206 3,6 0,2 0,1 1,2 2500 0,8 2,2 2,6 7,3 102,9 138,4 63,4 46,7 0 0 61,8 0,8 0,1 0 0,4 0 11 11 11 11 10 11 11 11 8 8 8 6 4 4 3 11 6,4 27 3,1 8,3 177,5 232,4 115,6 67 0 0,1 64,7 2,5 0,1 0 0,1 1699 6,6 26,9 1,2 6,5 170,4 180 129 60,1 0 0,1 59,4 2,5 0 0 0 2076 4,6 24 0,4 0,9 24,9 114 57 11,1 0 0 11,5 1,5 0 0 0 0 8,6 30 20,5 23,2 321,1 385 255 169,1 0,1 0,1 171,8 3,5 0,2 0 0,1 2500 1,3 2,2 5,8 7,4 105,9 111,3 60,7 45,9 0 0 48 0,7 0,1 0 0,1 948 E. coli Bact. Heter. Estrep.Fecais (NMP/100mL) (UFC/mL) (UFC/mL) 13 12 10 1065 6400 5014 750 4700 3723 24 479 710 2500 21150 17000 981 6088 4915 11 11 9 145 5661 1325 84 5250 535 0 430 1 401 23000 4600 154 6117 1596 pH Alcal. Cond. pH Alcal. Cond. 157 Tabela 4: Estatística descritiva da qualidade da água das quatro cisternas distribuídas em São João do Cariri - PB no período de dezembro/2007 a dezembro /2008. SJC 1 Min Max Desv. Pad. Nº Média Mediana 8,2 48,5 7,5 31,3 8,6 97,5 0,4 21,4 11 11 8,6 69,5 143,7 151,9 67,5 241,1 48,4 11 7,5 26 0,8 6,6 72,9 156,9 79 28,4 0 0,1 51,8 1,1 0 0 0,4 1352 7,1 26 0,6 4,8 81,1 121,1 58 9,2 0 0,1 54,3 1,1 0 0 0,5 1252 6,4 22 0,3 2,2 34,1 60 34,5 2,4 0 0 15,2 0,2 0 0 0 631 9 29 1,7 18,4 99,7 306 171 176 0 0,1 80 2 0,2 0 0,8 2500 1 2,3 0,5 5,6 23,3 88,9 46,3 47,2 0 0 25,2 0,5 0,1 0 0,3 610 11 11 11 11 10 11 11 11 9 9 7 5 5 5 5 11 13 13 10 39 616 312 17 290 73 180 3350 1225 56 883 431 Nº Média 1 60 28 SJC 3 Mediana Min Max mg CaCO3/L) (µS/ cm) 12 12 8,4 68,9 8,5 66,5 7,7 35 12 359,5 233,7 OD Temp. Turb Cor apar. Salinidade SDT Dureza Cloretos Cloro Res.Liv. Cloro Res. Total DQO DBO 5,20 Amônia Nitrito Nitrato Coli. Totais (mg / L-1) (°C) (uH) (UC) ppm (mg/L) mg CaCO3/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NMP/100mL) 12 12 12 12 11 12 12 12 9 9 8 6 5 5 5 12 6,7 25,4 2,1 9,5 170 235,6 106,5 53,7 0 0,1 49,2 2 0,1 0 0,4 2279 6,5 25,8 1,6 9,7 108,2 165,4 72,5 34,5 0 0,1 42,2 2 0 0 0,5 2500 E. coli Bact. Heter. Estrep.Fecais (NMP/100mL) (UFC/mL) (UFC/mL) 12 12 9 1089 1693 2192 870 778 1900 Nº Média Mediana mg CaCO3/L) (µS/ cm) 13 13 8,1 55,9 13 OD Temp. Turb Cor apar. Salinidade SDT Dureza Cloretos Cloro Res.Liv. Cloro Res. Total DQO DBO 5,20 Amônia Nitrito Nitrato Coli. Totais (mg / L-1) (°C) (uH) (UC) ppm (mg/L) mg CaCO3/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NMP/100mL) 13 13 13 13 12 13 13 13 9 9 9 7 6 6 6 13 E. coli Bact. Heter. Estrep.Fecais (NMP/100mL) (UFC/mL) (UFC/mL) pH Alcal. Cond. pH Alcal. Cond. SJC 2 Min Max Desv. Pad. 8,7 62,3 7,3 34 9,1 137 0,6 32,8 179,2 167,5 56,4 372,3 98,3 6,1 25,6 2,5 13,6 96,2 172,6 83,4 17,2 0 0,1 67 2,7 0,1 0 0,2 1581 6,4 26 1,2 8,4 96,5 123 56 20,2 0 0,1 26,7 1,5 0 0 0 1770 1,7 22 0,5 0,6 28,8 46 24,5 1,6 0 0 7,6 0,5 0 0 0 125 8,5 30 14 30,2 185,9 430 182 35 0,1 0,1 171,8 9,1 0,2 0 0,8 2500 1,9 2,4 3,9 10,3 50,8 132,7 54,4 11,9 0 0 70,1 3,6 0,1 0 0,3 1004 11 11 8 353 2758 1048 28 660 485 2500 17500 3650 757 5169 1264 Desv. Pad. Nº Média Mediana 1 85 170 SJC 4 Min Max Desv. Pad. 8,8 105,5 0,4 26,4 12 12 8,7 66,4 8,8 57,3 7,9 42,5 9 107,5 0,3 21,6 144,9 802,2 241,5 12 191,7 185,2 102,4 317,6 60,5 5,4 22 0,6 0,9 17,2 98 49 9,2 0 0 11,5 1,1 0 0 0 984 8,9 28 6,5 17,4 353,9 526 242 125 0,1 0,2 93,3 3,5 0,2 0 0,9 2500 1,1 2 1,7 5,9 127,4 165,3 67,7 39,9 0 0 32,4 0,9 0,1 0 0,4 477 12 12 12 12 11 12 12 12 9 9 8 6 4 4 4 12 7,3 26,1 1,4 6,3 89,4 161,5 77 23,4 0 0 45,1 2 0,1 0 0,4 1063 7,1 26,7 0,8 4,2 91,6 125,5 66,5 15,9 0 0,1 39,5 2 0 0 0,4 399 6,2 23 0,4 0,5 16,5 85 31 0,8 0 0 7,6 1,7 0 0 0 2 8,9 28,6 5 21 133,3 337 185 50,5 0,1 0,1 118,3 2,3 0,2 0 0,9 2500 0,9 1,8 1,3 6,1 36,1 83,7 45,1 17,2 0 0 37,4 0,2 0,1 0 0,5 1078 13 270 190 2500 5800 6700 942 1995 2203 12 12 10 17 1470 468 6 290 178 0 140 51 106 5800 1145 30 2145 454 158 Cor aparente (uH) Cor aparente ( UC) Shapiro-Wilk W=,90796, p=,00001 Expected Normal 45 40 Frequência Absoluta 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 Turbidez (NTU) Temperatura (°C) Turbidez( NTU) Shapiro-Wilk W=,47745, p=,00000 Expected Normal T emperatura ( °C ) Shapiro-Wilk W=,95617, p=,00279 Expected Normal 100 22 90 20 18 80 16 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 70 60 50 40 30 14 12 10 8 6 20 4 10 2 0 0 -5 0 5 10 15 20 25 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 159 OD (mg/ L-1) pH OD (mgO2 L-1) Shapiro-Wilk W=,96759, p=,01773 Expected Normal pH Shapiro-Wilk W=,93840, p=,00021 Expected Normal 40 45 35 40 35 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 30 25 20 15 10 25 20 15 10 5 5 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5,5 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 Condutividade (µS/ cm) Alcalinidade (mg CaCO3/l) Shapiro-Wilk W=,92234, p=,00003 Expected Normal Condutividade ( µs/ cma) Shapiro-Wilk W=,84239, p=,00000 Expected Normal 45 45 40 40 35 35 30 30 25 20 15 15 10 5 20 40 60 80 100 120 140 160 9,5 20 5 0 9,0 25 10 0 6,0 Alcalinidade (mg CaCO3/L) Frequência Absoluta Frequência Absoluta 30 0 -100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 160 Salinidade SDT (mg/L) Salinidade Shapiro-Wilk W=,87393, p=,00000 Expected Normal SDT (mg/L) Shapiro-Wilk W=,87756, p=,00000 Expected Normal 35 50 45 30 40 35 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 25 20 15 30 25 20 15 10 10 5 5 0 0 -50 0 50 100 150 200 250 300 350 -100 400 0 100 200 300 Dureza (mg CaCO3 /L) Cloretos (mg/L) Dureza Total (mg CaCO3 /L) Shapiro-Wilk W=,88999, p=,00000 Expected Normal Cloretos Shapiro-Wilk W=,86000, p=,00000 Expected Normal 400 500 600 70 45 40 60 35 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 50 30 25 20 15 40 30 20 10 10 5 0 0 50 100 150 200 250 300 0 -50 0 50 100 150 200 161 Cloro Residual Livre Cloro Residual Total Cloro Residual Livre Shapiro-Wilk W=,91778, p=,00021 Expected Normal Cloro Residual Total Shapiro-Wilk W=,95461, p=,01274 Expected Normal 40 25 35 Frequência Absoluta 15 10 30 25 20 15 10 5 5 0 0 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 -0,05 0,12 0,00 0,05 0,10 0,15 DQO 5,20 (mg/L) DBO 5,20 (mg/L) DQO (mgO2/L) Shapiro-Wilk W=,83545, p=,00000 Expected Normal DBO 5,20 final (mgO2/L) Shapiro-Wilk W=,76054, p=,00000 Expected Normal 40 35 35 30 Frequência Absoluta 30 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 20 25 20 0,20 25 20 15 15 10 10 5 5 0 0 -50 0 50 100 150 200 250 -2 0 2 4 6 8 10 162 Amônia (NH3) (mg/L) Nitrito (NO2-) (mg/L) Amônia ( NH3) (mg/L) Shapiro-Wilk W=,70344, p=,00000 Expected Normal Nitrito(NO2-)(mg/L) Shapiro-Wilk W=,45415, p=,00000 Expected Normal 22 40 20 35 18 30 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 16 14 12 10 8 25 20 15 6 10 4 5 2 0 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15 0 0,20 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 N-NO3- Coliformes totais (NMP/100mL) Nitrato(NO3-) (mg/L) Shapiro-Wilk W=,62594, p=,00000 Expected Normal Coliformes Totais (NMP/100mL) Shapiro-Wilk W=,73270, p=,00000 Expected Normal 30 0,12 70 60 25 Frequência Absoluta Frequência Absoluta 50 20 15 10 40 30 20 5 10 0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 0 -500 0 500 1000 1500 2000 2500 163 Bactérias heterotróficas totais (UFC/mL) E. coli (NMP/100mL) Shapiro-Wilk W=,65299, p=,00000 Expected Normal Bact. Heterotróficas (UFC/ml) Shapiro-Wilk W=,68793, p=,00000 Expected Normal 80 80 70 70 60 60 Frequência Absoluta Frequência Absoluta E.coli (NMP/100mL) 50 40 30 50 40 30 20 20 10 10 0 0 -500 0 500 1000 1500 2000 -5000 2500 0 5000 10000 15000 20000 25000 Estreptococos fecais (UFC/mL) Estreptococos fecais Shapiro-Wilk W=,64805, p=,00000 Expected Normal 80 70 Frequência Absoluta 60 50 40 30 20 10 0 -5000 0 5000 10000 15000 20000 Quadro 10: Teste de normalidade dos parâmetros de qualidade avaliados nas águas armazenadas em oito cisternas nas comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08. 164 Tabela 6: Matriz de correlação de Spearman dos parâmetros microbiológicos nas águas de oito cisternas das comunidades de São João do Cariri e Paus Brancos, Paraíba, no período de dezembro/07 a dezembro /08. pH Alcal Condut OD Temp Tur. Cor aparente Salin. SDT Dur. Total Cloretos ClRes. Livre ClRes. Livre DQO DBO 5,20 Amônia Nitrito Nitrato Colif. Totais E. coli Bact. Heter. pH 1,00 Alcal 0,33 1,00 Condut -0,04 0,75 1,00 OD 0,07 -0,08 -0,16 1,00 Temp -0,02 0,56 0,52 0,01 1,00 Tur. 0,01 0,13 0,31 0,11 0,21 1,00 Cor aparente -0,02 0,04 0,14 -0,26 -0,05 -0,10 1,00 Salin. 0,02 0,70 0,87 -0,12 0,55 0,31 0,03 1,00 SDT -0,04 0,74 0,91 -0,14 0,58 0,29 0,06 0,84 1,00 Dur. Total -0,01 0,75 0,81 -0,23 0,62 0,07 0,25 0,75 0,81 1,00 Cloretos -0,38 0,16 0,57 -0,04 0,10 0,31 -0,06 0,47 0,51 0,33 1,00 0,08 0,28 0,41 -0,17 0,26 0,21 0,42 0,42 0,40 0,37 0,10 1,00 0,04 0,29 0,41 -0,12 0,21 0,19 0,40 0,44 0,43 0,43 0,12 0,79 1,00 DQO 0,04 0,66 0,57 -0,47 0,67 -0,09 0,24 0,56 0,55 0,71 0,13 0,09 0,17 1,00 DBO 5,20 -0,28 -0,01 0,39 0,06 -0,02 0,31 -0,14 0,42 0,24 0,08 0,47 0,34 0,21 -0,06 1,00 Amônia -0,30 -0,25 -0,13 -0,27 -0,32 -0,38 0,36 -0,19 -0,20 0,01 -0,25 0,25 0,24 0,08 -0,03 1,00 Nitrito -0,26 -0,60 -0,25 0,27 -0,48 0,50 -0,06 -0,26 -0,33 -0,46 0,06 -0,49 -0,64 -0,48 0,16 0,14 1,00 Nitrato -0,02 0,24 -0,07 -0,34 0,09 -0,60 0,29 -0,05 -0,03 0,16 -0,26 -0,14 -0,26 0,10 -0,21 0,26 -0,24 1,00 Colif. Totais -0,15 -0,10 0,02 -0,25 -0,02 0,14 0,11 -0,05 0,05 0,04 0,01 0,12 0,01 -0,18 -0,18 0,10 0,27 0,16 1,00 E. coli -0,16 0,06 0,25 -0,18 0,13 0,22 0,20 0,19 0,20 0,18 0,19 0,37 0,26 0,05 0,08 0,16 0,04 0,14 0,62 1,00 -0,33 0,09 0,37 0,03 0,21 0,41 0,02 0,37 0,30 0,15 0,38 0,42 0,30 -0,13 0,49 -0,15 0,08 -0,10 0,24 0,33 1,00 -0,15 -0,05 0,14 -0,31 0,11 0,17 0,08 0,16 0,06 0,09 0,10 0,27 0,07 0,02 0,06 0,29 0,19 0,41 0,47 0,56 0,41 Cl- Res. Livre Cl- Res .Livre Bact. Heter. Estrep. fecais Nota: Coeficientes destacados em vermelho são estatisticamente significativos, ao nível de significância de 5% 165 Estrep. fecais 1,00
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