viabilidade polínica de tulipa africana viability pollen african tulip

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viabilidade polínica de tulipa africana viability pollen african tulip
XII CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP
VIABILIDADE POLÍNICA DE TULIPA AFRICANA
VIABILITY POLLEN AFRICAN TULIP
Jenifer Fernanda Damasio(1)
Bruna Natália Veloso dos Santos(2)
Weslaine de Almeida Macedo(3)
Vanessa dos Santos de Mello(4)
Isane Vera Karsburg(5)
Douglas Machado Leite(6)
Lorena Cristina Batista dos Santos(7)
Resumo
Spathodea campanulata é uma espécie arbórea da família das Bignoniaceae, nativa das
florestas tropicais da África Ocidental, conhecida popularmente por tulipa africana, utilizada
no tratamento de doenças como: disenteria, úlceras, gonorréia, inflamação da uretra, e como
um antídoto contra veneno de aranha e escorpião, além de ser cultivada como planta
ornamental na América tropical. O presente estudo teve como objetivo estimar a viabilidade
polínica de uma população de Spathodea campanulata de Alta Floresta, estado de Mato
Grosso, utilizando quatro métodos diferenciados: germinação in vitro, TTC 0,30% (2,3,5
Trifenil Cloreto de tetrazólio), TTC 0,075% e Rosa Bengala. Na germinação do tubo polínico,
foram distribuídos os grãos de pólen em placas de Petri com cinco repetições, contendo 10
mL de meio de cultura com sacarose (10%) e ácido bórico (0,01%). Na viabilidade polínica as
lâminas foram preparadas pelo método de esmagamento e analisaram-se 300 grãos de pólen
por lâmina. Na germinação 64,17% dos grãos de polens germinaram, o TTC 0,30 e 0,075%, e
o rosa apresentaram 65,93%, 66,66% e 90,93% de viabilidade respectivamente. Os resultados
do presente estudo evidenciaram a possibilidade de superestimação da viabilidade polínica
pelo método com o corante Rosa bengala, onde os valores obtidos foram muito superiores aos
observados na germinação, evidenciando a fragilidade destes métodos para aferição da
viabilidade polínica, indica-se o uso de TTC, já que este se mostrou eficiente por não diferir
estatisticamente da germinação in vitro.
Palavras-chaves: germinação, tubo polínico, viabilidade polínica.
Abstract
Spathodea campanulata is a arborea species of the family of Bignoniaceae, native to the
tropical forests of West Africa, popularly known as African tulip, used in the treatment of
diseases such as dysentery, ulcers, gonorrhea, urethral inflammation, and as an antidote
against poison spider and scorpion, and is grown as an ornamental plant in tropical America.
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Mestranda do Programa de Pós Graduação em Genética e melhoramento de plantas da Universidade do Estado de Mato Grosso, e-mail:
[email protected]; 2 Graduanda do curso de licenciatura plena e bacharelado em Ciências biológicas da Universidade do Estado
de Mato Grosso, e-mail: [email protected]; 3 Graduanda do curso de licenciatura plena e bacharelado em Ciências biológicas da
Universidade do Estado de Mato Grosso, e-mail: [email protected]; 4Mestranda do Programa de Pós Graduação em Genética e
melhoramento de plantas da Universidade do Estado de Mato Grosso, email:[email protected];: 5Professora adjunta do
departamento de Ciências Biológicas da Universidade do Estado de Mato Grosso, e-mail: [email protected]; 6 Graduando do curso de
bacharelado em Engenharia Florestal da Universidade do Estado de Mato Grosso, e-mail: [email protected]; 5 Bióloga,
docente da escola Estadual Vitoria Furlani da Riva. E-mail: [email protected]
Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 8, n.1, 2016. Número especial 2.
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This study aimed to estimate the pollen viability of a population of Spathodea campanulata of
Alta Floresta, Mato Grosso, using four methods: in vitro germination, TTC 0,30% (2,3,5
triphenyltetrazolium chloride) 0.075% TTC and Rose Bengal. In the pollen tube germination,
the pollen grains weredistributed in Petri dishes with five replicates containing culture
medium with sucrose (10%) and boric acid (0.01%). In pollen, viability slides were prepared
by crushing method and analyzed 300 pollen grains per slide. 64,17% germination of pollen
grains germinated TTC 0.30, 0.075%, and rose showed 65,93%, 66,66% and 90,93%
viability, respectively. The results of this study evidenciram the possibility of overestimation
of pollen viability by the method with the dye Rose Bengal, where the values were much
higher than those observed in germination, highlighting the fragility of methods for pollen
viability assessment, it is indicated the use of TTC, as this proved to be efficient not differ
statistically in vitro germination.
Keywords: germination, pollen tube, pollen viability.
1. Introdução
Spathodea campanulata é uma espécie arbórea da família das Bignoniaceae, nativa
das florestas tropicais da África Ocidental,conhecida popularmente por tulipa africana,
utilizada no tratamento de doenças como: disenteria, úlceras, gonorréia, inflamação da uretra,
e como um antídoto contra veneno de aranha e escorpião, além de ser cultivada como planta
ornamental na América tropical (AMUSAN et al.,1995).
O uso de plantas como medicamentos alternativos, existe desde os primórdios da
civilização humana, porém poucas espécies medicinais tem sido estudadas. Dados sobre a
viabilidade e o desenvolvimento de grãos de pólen, são fundamentais para determinar a
variabilidade genética disponível em espécies com potencial medicinal e para o estudo da
biodiversidade (FRONZA et al, 2011).
O objetivo deste trabalho foi estimar a viabilidade polínica de uma população de
Spathodea campanulata de Alta Floresta- MT, utilizando quatro métodos diferenciados:
germinação in vitro, TTC 0,30% (2,3,5 Trifenil Cloreto de tetrazólio), TTC 0,075% e Rosa
Bengala 1%, com a determinação do teste mais eficiente para estimar a viabilidade polinica
2. Materiais e métodos
O trabalho foi realizado no Laboratório de Citogenética e Cultura de Tecidos Vegetais
da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta - MT, no ano de 2016.
Os grãos de pólen foram obtidos a partir de anteras de flores em pré-antese de uma população
de S. campanulata.
Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 8, n.1, 2016. Número especial 2.
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Na germinação do tubo polínico, foram distribuídos os grãos de pólen em placas de
Petri com cinco repetições, contendo meio de cultura com sacarose (10%) e ácido bórico
(0,01%), seguindo as recomendações de Trabelsi (1985), as placas foram expostas a 28ºC em
câmara de germinação durante 12 horas. Foram analisados 300 grãos de pólen por placa. As
observações foram realizadas no microscópio óptico no aumento de 10X, contabilizando os
grãos de pólen germinados (com emissão do tubo polínico) e o não germinados (não emissão
do tubo polínico). Foram considerados como grãos de pólen germinados aqueles cujo
comprimento do tubo polínico tivessem ultrapassado o seu próprio diâmetro.
Na estimativa da viabilidade polínica foram comparados a eficiência de três corantes,
TTC 0,30, TTC 0,075% e Rosa Bengala, a fim de investigar qual era o mais eficiente na
estimativa da viabilidade polínica da espécie. Para esses corantes, a viabilidade foi
determinada pela capacidade de coloração dos grãos de pólen, sendo considerados viáveis os
pólens que apresentaram coloração da exine e da intine ou protoplasma bem definido e
inviáveis aqueles que apresentaram exine corada, ausencia de coloração e/ou ausência de
protoplasma.
No preparo das lâminas as anteras foram cortadas transversalmente com o auxílio de
um bisturi, para à liberação dos grãos de pólen, as anteras foram maceradas levemente com
um bastão de vidro, sobre uma gota do corante testado. Após o material foi coberto com uma
lamínula e observado ao microscópio. A fim de se obter uma amostragem ao acaso dos grãos
de pólen corados, foi utilizado o método de varredura, sendo contabilizados 300 grãos de
pólen/lâmina com 5 repetições cada, perfazendo um total de 1500 grãos de pólen para cada
corante investigado. Todas as lâminas foram observadas sob microscópio óptico na objetiva
de 40x e as imagens foram digitalizadas utilizando o fotomicroscópio Leica, acoplado à
câmera digital. Para a comparação entre os testes, os resultados da estimativa da viabilidade
polínica e germinação in vitro foram submetidos à análise de variância pelo teste Tukey em
nível de 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do
Programa Estatístico Sisvar® (FERREIRA, 2011).
3. Resultados e discussões
A germinação do tubo polínico foi observada após 12 horas e revelou uma taxa média
percentual de germinação de 64,19% (Tabela 1, Figura 1A e B). A taxa de germinação pode
ser considerada alta para valores entre 50 a 80% de grãos germinados, com tubos bem
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desenvolvidos. À medida que o pólen envelhece, a porcentagem de germinação e o
comprimento dos tubos polínicos decrescem. Ainda que o pólen pareça fraco, a presença de
alguns tubos polínicos vigorosos indica que o mesmo ainda é suficientemente bom para
assegurar, pelo menos, uma moderada frutificação efetiva, apesar da baixa porcentagem de
germinação (SCORZA & SHERMAN, 1995).
TABELA 1.Valores médios percentuais de viabilidade polínica, com os testes de: germinação, TTC
0,30%, TTC 0,075% e Rosa Bengala.
Testes
Germinação
TTC 0,30 %
TTC 0,075 %
Rosa Bengala
CV (%)
Viabilidade (%)
64,19 b
65,93 b
66,66 b
90,93 a
4,54
Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância.
FIGURA 1 - Grãos de pólen de S. campanulata. Germinação de pólen A) grão de pólen não
germinado B) grão de pólen germinado. Barra = 20µm. Corante TTC 0,30% C) viável D)
inviável; Corante TTC 0,075% E) viável F) inviável; Corante rosa bengala 1% G) viável
H) inviável. Barra = 10µm.
O teste com TTC, tanto na concentração de 0,30% (Fig. 1. C), quanto 0,075% (Fig.1
E) não difeririam estatisticamente da germinação (Tabela 1), com valores acima de 65%, tal
teste se baseia na reação da redução dos sais de tetrazólio pela catalise das reações
respiratórias nas mitocôndrias, pelas enzimas desidrogenases durante a glicólise e o ciclo de
Krebs, onde é formado o formazan que fornece uma coloração vermelha/pink aos pólens
viáveis. Assim, a coloração resultante da reação é indicação da viabilidade, através da
detecção da respiração celular. Tecidos não viáveis não reagem e, consequentemente, não se
colorem (COSTA et al., 2007). O corante Rosa Bengala 1% (Figura 1 G e H) teve uma taxa
de 90,93% de viabilidade polínica, valores percentuais acima 70%, não causam danos em
trabalhos de melhoramento das espécies. Considera-se que o método do corante pode
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superestima a porcentagem de germinação do pólen, enquanto o teste in vitro subestima
(GALLETA, 1983).
4. Conclusão
Os resultados do presente estudo evidenciou a possibilidade de superestimação da
viabilidade polínica pelo método com o corante Rosa bengala, onde os valores obtidos foram
muito superiores aos observados na germinação, evidenciando a fragilidade deste método para
aferição da viabilidade polínica. Indica-se o uso de TTC, já que este se mostrou eficiente por
não diferir estatisticamente da germinação in vitro.
Referências
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Spathodea campanulata, Andrachne ovalis, Phytolacea dodecandra and Hypoxis rooperi.
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GALLETA, G. J. Pollen and seed management. In: Moore J.N.; Janick, J. Methods in
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SCORZA, R.; SHERMAN, W. B. Peaches. In: Janik J.; Moore, J.N. (Ed.). Fruit brecding.
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TRABELSI, M. A. A rebliable method for testing fruit setting ability in tomato using “in vitro
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