Internet: Forma Aparente e Forma Oculta Memorial
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Internet: Forma Aparente e Forma Oculta Memorial
Internet: Forma Aparente e Forma Oculta Memorial de qualificação Indice 2 Projeto de Pesquisa Original 17 Revisão do Projeto de Pesquisa 22 Bibliografia 29 Relato das Disciplinas Cursadas 44 Descrição dos Trabalhos Programados 48 Estrutura dos Capítulos 50 Versão Preliminar do Capítulo 1: Introdução 2 Projeto de Pesquisa Original A Forma Oculta - Contradições entre forma e conteúdo na internet Ariane Stolfi, agosto de 2006 Resumo O desenvolvimento das forças produtivas nos deu novas tecnologias que permitiram uma revolução das técnicas de produção gráfica, fazendo com que a impressão e a criação, que antes necessitava de profissionais altamente treinados, chegassem ao âmbito doméstico. Recursos que antes eram extremamente complicados e difíceis de serem executados, até inimaginados, agora estão ao alcance de uma grande parte da população e refletem, de certa maneira, a tendência a uma homogeneização da força de trabalho, um rebaixamento do seu custo de formação e reprodução1. Esta popularização está acontecendo com a geração que mais conviveu com a cultura de informação visual,— televisão, videogames, revistas e agora, internet—e que cada vez mais tem se apropriado dessa popularização de acesso. Essa mudança da tecnologia não mudou apenas o acesso e a aparência da produção gráfica, mas também mudou a estrutura de acesso e de armazenamento da informação. “A hipermídia impõe uma ordem não linear, que requer novas estratégias de aprendizado dos leitores e novas perspectivas de pesquisa dos pesquisadores”2 (Oostendorp 1996). E embora as conseqüências do desenvolvimento da internet já podem ser sentidas na pele de grande parte da população (aquela que opera, possui ou tem acesso3), ainda não se tem a dimensão exata de seu papel contraditório no estágio atual de desenvolvimento da sociedade capitalista. Quando essa pesquisa foi iniciada, ainda em 2001, sob o título de Legibilidade e evolução das mídias, acreditava-se que cada vez mais as pessoas iriam ler apenas o que lhes interessa, hoje, percebe-se a imensa dificuldade de conseguir informação relevante e a quantidade de informação inútil empurrada diariamente 1 Marx, Karl. O Capital. Crítica da Economia política. São Paulo, Abril Cultural 2 Oostendorp, Herre Van. Cognitive aspects of electronic text processing. Norwood, New Jersey, 1996 3 . Aqui evita-se propositadamente o uso do termo incluída digitalmente, por considerá-lo um tanto vago e pouco determinado 3 Introdução e justificativa “Graças à cooperação da mão, dos órgãos da linguagem e do cérebro, não só em cada indivíduo, mas também na sociedade, os homens foram aprendendo a executar operações cada vez mais complexas, a propor-se e alcançar objetivos cada vez mais elevados. O trabalho mesmo se diversificava e aperfeiçoava de geração em geração, estendendo-se cada vez a novas atividades.” (Engels, O Papel do trabalho na transformação do macaco em homem, 1876) “No senso mais comum, a situação presente da arte é dominada por duas tendências: de um lado, o desenvolvimento de uma vasta escala de condições objetivas para uma cultura artística global que irá iluminar, aprazer e mover massas de seres humanos, enriquecendo e finalmente alterando suas vidas de um modo quase inimaginável, de outro o estado decadente das relações sociais existentes trabalha na direção oposta, tratando a humanidade com o prospecto da guerra e da ditadura, pondo em perigo a vida cultural existente e suprimindo o a emergência de nova formas e idéias.”4 O desenvolvimento da informática trouxe grandes conseqüências à organização social e transformou as relações de produção e trabalho no mundo. Mais recentemente, principalmente com o advento e difusão da internet, a informatização da comunicação tem trazido esse movimento de transformação também para a cultura de um modo geral. A internet está servindo de berçário — até mesmo pelo custo de publicação que é mínimo — para todos os novos paradigmas estéticos de modernidade, é um lugar aberto a diferentes tipos de experimentação gráfica. Ao mesmo tempo em que traz novas possibilidades aos designers de exercitarem sua capacidade criativa, também permite que leigos diversos exponham seu material de maneira democrática, sejam eles pessoas que estão começando a usar computador, sejam pesquisadores que publicam seus artigos em linguagem HTML simples, sejam usuários comuns que se servem de ferramentas auxiliares (como softwares de desenvolvimento de sites) e provedores gratuitos para montar uma página sobre algum assunto que lhes interesse pessoalmente. De repente, a cultura digital começa a já tomar conta de uma geração, que passa dias e dias no msn, orkut, youtube, fotolog, flickr, myspace, wikipedia, google ou em qualquer que seja 4�������������������������������������������������������������������������������������������������������� Walsh, David. Artistic and cultural problems in the current situation. WSWS International Editorial Board meeting 4 o fenômeno internetesco momentâneo. A maioria das pessoas, no entanto, tem um contato apenas com a forma final, aparente desses fenômenos culturais. A forma oculta Basicamente, cada página da internet é um arquivo separado, que fica hospedado em um servidor, em um determinado endereço IP, que pode ser acessado via um nome, conhecido como URL. O arquivo contém informações que são interpretadas pelos programas conhecidos como navegadores. Esses programas reconhecem os tokens5 e transformam uma informação codificada na informação visual, união de imagens e texto que é apresentada ao internauta. Por trás disso, uma legião de webmasters, designers e programadores mantendo tudo atualizado, funcionando e desenvolvendo meios de manter satisfeitas as vontades das legiões (BÁRBARAS?!) de empresários, agências e consumidores, sedentos por interfaces amigas, piadas baratas ou qualquer coisa que possa tornar sua existência mais suportável. É de se notar que esse desenvolvimento tem aspectos e conseqüências contraditórias na comunicação. Se por um lado a possibilidade de comunicação instantânea sem fronteiras demonstra um certo potencial libertador, facilitando de muitas maneiras a pesquisa e a difusão da cultura de uma maneira geral, por outro lado, traz junto um mar de informação dispensável e uma imensa sensação de perda de tempo e frustração. É de se notar alguns aspectos subjetivos e objetivos à respeito das contradições inerentes a esse novo meio (e todas as suas formas derivadas). Um aspecto objetivo e bem importante com relação à leitura da informação na internet é a resolução do monitor, que é bem inferior à do papel, e o fato da imagem ser produzida por luz, que causa maior fadiga ocular. As condições de leitura são bastante prejudicadas por isso (Boag 1990). Ao mesmo tempo, os custos de reprodução do material são normalmente muito menores, o que possibilita que se tenha acesso a um número muito maior de dados — a qualidade da quantidade. Um aspecto subjetivo é a desmaterialização da produção artística e cultural, que pode ter conseqûencias ainda não exploradas. 5 Token é uma seqûencia de letras que possui um determinado conteúdo semântico. 5 Mais uma vez na história fica demonstrado que todo desenvolvimento é contraditório. “A burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, portanto as relações sociais todas. A conservação inalterada do antigo modo de produção era, pelo contrário, a condição primeira de existência de todas as anteriores classes industriais. O permanente revolucionamento da produção, o ininterrupto abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época da burguesia de todas as outras. (...) A necessidade de um escoamento sempre mais extenso para os seus produtos persegue a burguesia por todo o globo terrestre”. Tem de se implantar em toda a parte, instalar-se em toda a parte, estabelecer contatos em toda a parte”6. Enquanto uns enxergam no comércio eletrônico a mais nova tentativa de salvar o capitalismo, diversos grupos políticos de ideologias diferentes vêem nessa nova cultura um instrumento potencial para a transformação (radical ou não) da sociedade. É mesmo possível que haja um potencial transformador nesse novo modo de comunicação, mas para isso, os agentes dessa transformação possível não poderão ficar passivos em relação às novas tecnologias. É preciso avançar e conhecê-las a fundo. Para tanto, quais seriam os meios mais adequados ? A simples observação? A compilação? Como Hegel expõe, no prefácio à fenomenologia do espírito, “Os pensamentos verdadeiros e a intelecção científica só se alcançam no trabalho do conceito. Só ele pode produzir a universalidade do saber, que não é a indeterminação e a miséria correntes do senso comum, mas um conhecimento cultivado e completo”7, isso nos dá indício que a maneira para se buscar a compreensão seria a filosofia: “Com freqüência se toma a filosofia por um saber formal e vazio de conteúdo. Não se percebe que tudo quanto é verdade conforme o conteúdo — em qualquer conhecimento ou ciência — só pode merecer o nome de verdade se for produzido pela filosofia. Embora as outras ciências possam, sem a filosofia, com o pensamento raciocinante pesquisar o quanto quiserem, elas não são capazes de produzir em si nem vida, nem espírito, nem verdade sem a filosofia.”8 6 Marx, Karl. Manifesto do Partido Comunista. Marxists Internet Archive. 7 Hegel, G. W. F. Prefácio à fenomenologia do espírito. Marxists internet archive. 8 Op. Cit. 6 Para tanto, separei uma bibliografia que inclui tanto fundamentos filosóficos importantes quanto estudos mais empíricos ou sociológicos e também das ciências exatas. Bibliografia a ser consultada: ARNEHEIM, Rudolf - Arte e percepção visual: psicologia da visão criadora. São Paulo, EDUSP. 1078 Andrade, Josmar - Boca-a-boca eletrônico : explorando e integrando conceitos de marketing viral, buzz marketing e word-of-mouse. Rio de Janeiro : ANPAD, 2006 Aragão, Daniella Amâncio. - Novas mídias: a síndrome do círculo vicioso : evolução e apropriação de modelos entre novas e velhas mídias. São Paulo, 2001 BACHELARD, G. - O Novo Espírito Científico. A Filosofia do Não. In Bachelard. Os Pensadores. São Paulo, Ed. Abril, 1984 Badre, Albert - Shaping Web usability : interaction design in context / Albert N. Badre ; [foreword by James D. Foley. Boston : Addison-Wesley, c2002 Batchelor, David, Minimalismo, trad. 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Quais são as perspectivas do designer-artista-político-agente histórico em relação a isso, e também quais são as possibilidades do designertrabalhador-operário da indústria digital. Procurar as contradições e correspondências entre a forma aparente, o processo de produção e o uso dessa nova forma de comunicação. Investigar a possível ausência generalizada de forma (gestalt), que se demonstra na fragmentação da cidade, da sociedade e em todos os aspectos da cultura com conseqüências nefastas, a partir de uma análise da internet. Investigar as contradições entre a forma aparente e a forma-oculta, ou as relações formaconteúdo, a partir de fundamentos teóricos sólidos. Plano de trabalho e cronograma de sua execução: O trabalho será desenvolvido de duas maneiras, concomitantemente a uma fase de pesquisa teórica profunda, aonde serão lidas obras fundamentais para a compreensão crítica da história e também de filosofia, destacando entre eles, o Capital - crítica da economia política, de Karl Marx, a Ciência da Lógica de Hegel e também procurar compreender um pouco da filosofia da matemática (Russel), bem como estudar algumas das áreas que costumam rodear o design, como semiótica, daí o estudo de autores como Pierce, Pignatari e Humberto Eco, assim como a hoje marginalizada teoria da forma (Köhler) , procurando sempre que possível a leitura sem intermediários, direto na fonte. Algumas revisões críticas, teoria da informação e princípios de arquitetura de sistemas, também serão estudados, para procurar dar um embasamento teórico sólido às análises e conclusões que serão feitas. Para entender a internet e dar suporte a seu crescimento, tanto no campo da engenharia quanto em termos sociais, Berners-Lee e outros pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e das Universidades de Southampton e de Maryland sugerem a 12 criação de uma nova vertente científica interdisciplinar, a ciência da web. Tim Berners-Lee é o físico britânico que inventou e abriu mão da patente da internet. Segundo eles, para a compreensão e promover o crescimento tanto em termos de engenharia como sociais da interntet irão requerer o desenvolvimento de um novo campo interdisciplinar. Esta pesquisa se enquadraria nos termos dessa nova ciência, mas não ciência nos aspectos citados, o da ciência da computação e das ciências físicas e biológicas, mas principalmente ciência como a filosofia e a economia. “O ritmo de desenvolvimento das ciências, marcado pelo acréscimo ininterrupto no estoque de dados, teria aguçado a consciência crescente – apesar da confusão que ainda vicejaria entre os cientistas – de que no método metafísico os fenômenos da natureza não são “encarados dinamicamente, mas estaticamente, não são considerados como situações substancialmente variáveis, mas como dados fixos, dissecados como materiais mortos e não apreendidos como objetos vivos” (Engels, Anti Düring). Esse avanço das ciências naturais, conjugado com as novas tendências da filosofia, possibilitou a restauração da dialética em uma forma superior, sintética. Na apresentação de Engels, a dialética marxista, descrita a partir de suas origens, assume um caráter bifronte. Por um lado, consiste em uma modalidade de apreensão do mundo, em uma concepção que “encara as coisas e suas imagens conceituadas substancialmente em suas conexões, em sua filiação e concatenação, em sua dinâmica, em seu processo de gênese e caducidade”. Mas também se configura, por outro lado, como método “experimental”, derivado de um saber “científico” que adota a explicação da natureza como “pedra de toque”9 Dentro dessa perspectiva de inserção em um campo disciplinar amplo, mas partindo do design, que é o nosso ponto de ligação ele, procurar analisar formalmente e funcionalmente alguns objetos mais especificamente. As bases para análise serão determinadas de maneira mais específica quando se iniciar a pesquisa, mas de um modo geral foram separadas algumas categorias de objetos que mais especificamente interessantes para a pesquisa por dar um certo caráter de meta-linguagem à própria pesquisa. 9 Musse, Ricardo. A dialética como discurso do método. Scielo, 2005 13 Entre eles: — Publicações acadêmicas (revistas de debates, teses, publicações de artigos). Neste caso, a preocupação deveria ser totalmente voltada para aspectos funcionais como legibilidade e organização dos tópicos, ajudando o leitor que se auto-organiza a encontrar a informação desejada, mais em muitos casos impera a prolixidade. A maioria das publicações (principalmente as teses) segue normas padrão. Quais são essas normas? Elas são pertinentes? — Livros técnicos de informática (referência rápida, manuais, apostilas, guias de referência). Existem diferenças entre várias tipologias de literatura técnica disponível, mas no geral são publicações pesadas (literalmente ou visualmente), mas no geral há uma preocupação funcional inerente. — Sites de movimentos sociais e de grupos políticos (talvez também panfletos, jornais e informativos). Este é um outro caso delicado, pois os designers muitas vezes são voluntários semi-amadores, ou amadores. Também é importante checar possíveis contradições ou corelações entre forma e conteúdo. — Informação publicitária (tradicional e SPAM). Este é um gênero persuasivo, mas que conta com todos recursos tecnológicos de impressão e desenvolvimento. É o grande motor do desenvolvimento da internet. Por ser um gênero persuasivo (Waller) às vezes toma emprestada a cara de outros gêneros. — Sites de compras. O maravilhoso mundo das mercadorias talvez seja a verdadeira razão de ser da internet. A estrutura do sistema é bastante complexa e deve contar com todas os meios mais avançados de atualização e gerenciamento de informações. — Portfolios on-line. A força de trabalho de um designer é mais uma mercadoria em circulação no mercado. Muitos procuram, ao expor sua força de trabalho, revelar sua capacidade plena. O estudo e análise de alguns casos pode levar à compreensão da composição dessa força de trabalho. Quais são os atributos necessários? Dessas categorias, procurarei fazer uma análise que parta da forma aparente, tanto do ponto de vista formal (gestalt) como do simbólico e sintático (semiótico), e também procurar analisar a forma oculta, a estrutura da informação, a linguagem que está por trás da forma e também o processo de produção que forjou o objeto em questão, procurando destacar possíveis conteúdos ideológicos, no sentido marxista do termo, como “falsa consciência” (Eco, 73), e também o papel cumprido na sociedade produtora de mercadorias. 14 Também é possível que seja produzido como sub-produto algum material de referência que pode posteriormente ter alguma finalidade didática, nos moldes do guia de referência e dicionário de HTML, CSS, JavaScript e DOM produzido pela autora. Cronograma de trabalho: Primeiro ano: Leitura da bibliografia indicada e reunião de material base para análise Produção de relatório parcial Segundo ano Análise do material recolhido embasada pelos princípios teóricos estudados Elaboração da dissertação de mestrado Material e métodos: Livros técnicos. Serão escaneados e analisados. Encontrados em livrarias, bibliotecas e escolas de informática. Sites serão salvos e analisados pela forma aparente e pelos códigos-fonte. Para a execução da pesquisa serão necessários um computador e scanner e impressora, e além da bibliografia programada vai ser necessária a compra de um certo número de artigos e subscrição em algumas revistas científicas, como a sciencencemag.org, além de softwares de edição de imagens e diagramação para realização das experiências gráficas. Pode ser necessário também realizar algumas entrevistas com autores e designers, afim de se obter uma compreensão maior sobre os processos produtivos dos materiais analisados, bem como para buscar compreender os princípios de concepção envolvidos, para isso vai ser necessário gravador e fitas. A pesquisa tem um certo caráter meta-lingüístico, por ter como um dos focos uma compreensão e análise de aspectos relacionados à pesquisa e à difusão e propagação de informação na internet. Sendo assim, haverá uma certa rotina de documentação do próprio processo de pesquisa, como a compilação e preparação para a impressão de textos on-line (que será feita sempre que for necessário o registro material da informação ou quando a quantidade for extensa o suficiente para que a compreensão seja prejudicada pela leitura no monitor) e também screenshots de diversos momentos da pesquisa não só para uma documentação necessária mas também para servir de base para os experimentos gráfico-analíticos. Forma de análise dos resultados: 15 Por entender que o método dialético é o método de procurar a compreensão (e possível superação) da realidade, um certo experimentalismo gráfico também poderá ser utilizado como modo de exposição dos resultados, de forma a colocar em conflito e fazer relacionar as informações gráficas10. Considerando aqui uma relação dialética entre a teoria e as artes gráficas, cabendo sempre ressaltar a importância do desenvolvimento, da pesquisa e, nesse sentido, da universidade como um dos poucos lugares que mantém, ainda que minimamente, uma perspectiva de colocar esse desenvolvimento a serviço de uma superação do estado atual de barbárie. Bibliografia BENOIT, H. - « Sobre a crítica (dialética) de O capital ». In: Crítica marxista, vol. 1, no 3. São Paulo, Brasiliense, 1996, pp. 19-20. Boag, Andrew – The representation of type on screen. 1990 Dias, Donaldo de Souza e Gazzaneo, Giosafatte - Projeto de sistemas de processamento de dados. 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Assim, dos objetivos iniciais, mantivemos a análise do processo produtivo de web-site, de uma maneira global, desde o aprendizado do designer até as perspectivas de trabalho, e procuramos nos aprofundar neste aspecto, buscando uma compreensão maior do que a proposta inicialmente das ferramentas e métodos de trabalho, que inclui uma compreensão das linguagens envolvidas nesse processo produtivo; tanto da linguagem do design gráfico, como das linguagens funcionais envolvidas, como HTML, CSS e JavaScript, entre outras. Em um certo ponto da pesquisa, lidamos também com uma questão importante. Consultamos uma série de livros e trabalhos sobre a prática de webdesign e constamos que as práticas nesta área tem um ritmo de mudança muito rápido, e sendo assim, trabalhos escritos a quatro anos atrás já são hoje obsoletos. Como estamos tratando aqui de tecnologias que estão sendo usadas e difundidas em larga escala no presente, mas que tem, em certa medida, um futuro incerto, já que estão sujeitas a mudanças constantes, procuramos assumir desde o início esse caráter de transitoriedade e, dessa maneira, encarar esta pesquisa como um trabalho de história, da história do presente. Tínhamos um objetivo inicial de registrar e procurar entender o papel da internet na sociedade produtora de mercadorias no seu atual estágio de desenvolvimento, mas, ao longo da pesquisa, concluímos que para isso, deveríamos dedicar um trabalho exclusivamente a isso. Embora possamos dar alguma dimensão do que pode ser este papel, não poderíamos compreende-lo totalmente sem uma avaliação do papel que tiveram as mudanças nas tecnologias de comunicação que antecederam o surgimento da internet. Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, também constatamos que a história da comunicação visual carecia, em parte da inclusão de uma série de agentes e fatos que faziam parte, até aqui, somente da história da tecnologia, como o desenvolvimento da informática e dos 18 meios de comunicação elétricos e eletrônicos. E tendo isso constatado, procuramos incluir nos objetivos dessa pesquisa, um breve estudo do percurso histórico da comunicação humana, desde as primeiras formas de expressão pictográficas, até a world wide web, e mais recentemente, a web 2.0 Essa revisão de objetivos causou uma mudança também na metodologia e na bibliografia. A seguir, apresentamos o resumo da pesquisa, os novos objetivos redigidos e a nova metodologia de pesquisa. Resumo da Pesquisa O desenvolvimento da internet trouxe grandes mudanças na organização do setor produtivo e também da cultura de um modo geral, há quem diga que estamos passando por uma revolução nas comunicaçõs. No entanto, apesar de todas as conseqüências óbvias que já podem ser sentidas por todos que se utilizam dessa ferramenta, ainda não se tem a dimensão exata de seu papel na sociedade. Concentrando-se na forma da rede, que aqui desdobramos em forma aparente, que é a interface e aquilo que chamamos de forma oculta, que é a forma que estrutura a informação online, os códigos-fonte, a presente pesquisa busca se inserir no campo disciplinar que começa a se configurar como ciência da web. Para compreender o desenvolvimento desta forma, estudaremos a sua formação histórica, e então partiremos para o estudo das relações forma-conteúdo na produção de web-sites, a partir de fundamentos teóricos sólidos, para procurar desvelar essa forma oculta. Assim, nos mantemos portanto dentro do campo do Design, um campo que permite amplos horizontes de pesquisa, e é fundamental para o desenvolvimento econômico e social, mas aonde a prática de pesquisa nacional encontra-se ainda bastante aquém das suas potencialidades e necessidades. Nesse sentido, essa pesquisa e suas possíveis decorrências vêm no sentido de procurar colaborar com a construção de um núcleo de pesquisa interdisciplinar, tendo em vista o recémcriado curso de design na USP, e auxiliar o desenvolvimento da pesquisa na área no Brasil. 19 Clareza do Objeto Nosso objeto de pesquisa são as página de internet, sob os aspectos que dizem respeito à disciplina da comunicação visual. Nestes aspectos, incluímos um desenvolvimento histórico das tecnologias de comunicação, com ênfase nos meios de comunicação que servem de base para a linguagem visual, e principalmente uma retrospectiva da história do computador como ferramenta e suporte para a comunicação. Além do desenvolvimento histórico deste meio, é objetivo destre trabalho estudar a forma da rede, compreendendo que existem dois aspectos a serem levados em conta. A rede é, em princípio, formada a partir de uma série de informações digitais, hospedadas em inúmeros servidores e endereços por toda a parte do mundo. Embora para os usuários ela tenha a forma de informação gráfica, de interface, na essência ela é constiuída de uma série de informações textuais, organizadas através de algumas linguagens funcionais, de marcação, programação e script. A esses dois aspectos da rede, a interface, e os códigos, estamos chamando de forma aparente e forma oculta. A maioria dos usuários comuns da rede só tem contato com essa forma aparente, e mantémse alienada desta estrutura geradora, que permanece por trás da interface. Mas para os designers que estejam envolvidos na produção para este novo meio é interessante ter um certo domínio sobre aquilo que estrutura e organiza o seu trabalho. Nesse sentido, este trabalho tem como objeto clarificar essa forma oculta, que pode ser considerada até misteriosa, de início, mas que pelo próprio projeto original, é um tanto simples, aberta e maleável. Tendo a forma da rede como objeto, entendemos também que essa forma, aberta, livre e descentralizada de comunicação instantânea em uma escala global, gera novas perspectivas para a prática profissional do design gráfico, gera consequências para a sociedade como um todo e requer a formação de um novo campo disciplinar, a ciência da web, no qual a comunicação visual se insere de uma maneira peculiar. 20 Objetivos Como já expusemos na justificativa da mudança do projeto de pesquisa, os novos objetivos desta pesquisa são: — Refazer um panorama do desenvolvimento da tecnologia da comunicação visual, incluindo elementos que em geral ficaram de fora da historiografia tradicional, como a informática e a história das redes de computador, até o momento presente, o que inclui as várias modificações já ocorridas nesses vinte anos de World Wide Web (WWW). — Buscar um entendimento sobre os aspectos da rede que se relacionam com a comunicação visual, que inclui tanto uma compreensão da interface, das linguagens de design gráfico utilizadas na rede e da formação de uma nova estética de escala global, quanto uma compreensão da estrura que rege esta forma, no caso as linguagens funcionais que dão forma à rede, como HTML, CSS, JavaScript e as liguagens de construção de bancos de dados e de processamento no servidor. — Entender as relações entre forma aparente e forma oculta no campo disciplinar dos designers gráficos e programadores, e entender a relação entre essa forma e o conteúdo, a partir de novos conceitos que se consolidam, como a criação de conteúdo dinâmico, capaz de organizar o que se chama de inteligência coletiva. — Colaborar na formação de um novo campo disciplinar que surge da necessidade de compreender e desenvolver esse novo e potencialmente revolucionário meio de comunicação, que ainda tem uma importância pequena dentro do volume de pesquisa produzido no Brasil e na FAU. 21 Metodologia A base da pesquisa é feita a partir da relação entre uma vasta bibliografia disponível nas áreas de design, webdesign, história, comunicação e filosofia, apresentada a seguir. A metodologia apresentada no projeto original desta pesquisa incluía um grande volume de estudos de caso, mas diante da revisão dos objetivos desta pesquisa, decidimos reduzir o papel desses estudos, que serão feitos pontualmente, quando necessário, durante o desenvolvimento dos capítulos. Separamos também, como bibliografia complementar, uma série de artigos retirados de sites da web incluindo entre eles artigos responsáveis pela definição de alguns conceitos estudados, e páginas que em geral exemplificam situações que serão expostas durante a argumentação final. Essas páginas reunidas, seguidas de comentários nossos, foram organizadas em um dos trabalhos programados. Além dessas páginas citadas, reunimos também em páginas de órgãos oficiais como o W3C1, uma série de documentos — boa parte deles escritos por Tim Berners-Lee, o fundador da World Wide Web — que remontam os princípios da rede, incluindo sua proposta original, e uma série de documentos que relatam as especificações técnicas, reunidos sob o nome de “design issues”2. Esse conjunto de fontes de pesquisa forma a base do material necessário para o desenvolvimento de nossa pesquisa, e dá conta de fundamentar os assuntos definidos nos objetivos já apresentados. Cronograma Boa parte do material já está escrito, mas sem uma forma final. De agosto a setembro, terminar a primeira parte - história das tecnologias da comunicação De outobro a dezmbro, terminar de redigir a segunda e a terceira parte - Forma aparente e forma oculta De janeiro a fevereiro - redação das considerações finais e revisão Março - apresentação da dissertação 1World Wide Web Consortium. É uma organização fundada por Tim Berners-Lee com a finalidade de definir os padrões das linguagesn para a WWW. 2Design nesse caso num sentido de princípios para o projeto, e determinação das suas bases. 22 Bibliografia ANDREW, Rachel; Shafer, Dan. Html Utopia: Designing without tables using CSS. Estados Unidos: Sitepoint, 2006 ARNEHEIM, Rudolf . Arte e percepção visual: psicologia da visão criadora. São Paulo, EDUSP. 1078 ARNSTON, Amy. Graphic Design Basics. Belmont: Thomson, 2007 ARAGÃO, Daniella Amâncio. Novas mídias: a síndrome do círculo vicioso : evolução e apropriação de modelos entre novas e velhas mídias. São Paulo, 2001 BARBROOK, Richard. Futuros Imaginários, das máquinas pensantes à aldeia global. São Paulo: Peirópolis, 2009 BATCHELOR, David. Minimalismo. trad. Célia Euvaldo - São Paulo: Cosac & Naify Edições, 1999 BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas : Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 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O eixo orientador dessa reconstrução metodológica é a “economia da informação”, tomada como ponto de partida e como fio condutor da série de temas e textos que serão debatidos. Conteúdo 1. Informação e novos paradigmas na economia 2. Informação, regras e “nova economia” 3. Informação, espaços e organizações 4. Informação e teoria do valor 5. Economia de Indústrias em Rede 6. Economia dos símbolos 7. Economia e gestão do conhecimento 8. Economia e evolução tecnológica 9. Mercados virtuais: e-commerce, e-gov, .org 10. Avaliação de ativos intangíveis 11. Sistemas de informação comparados (casos internacionais) 12. O Brasil na Era da Informação (casos nacionais) Forma de Avaliação Elaboração de monografia apoiada em pesquisa sobre tema inserido no programa do curso. Observação No estudo de casos brasileiros, será dada ênfase ao desenvolvimento do projeto “Cidade do Conhecimento” do IEA-USP (www.cidade.usp.br). Bibliografia Boisot, M.H., 1995, Information Space, Routledge, Londres. 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Relato da disciplina Esta disciplina foi importante para a pesquisa pois apresentou alguns conceitos chave relacionados ao momento histórico atual na Internet como o conceito de inteligência coletiva, da nova economia em rede, mundos virtuais, web2.0. A disciplina consistia em uma série de aulas expositivas,sobre os temas citados anteriormente, e uma série de seminários aonde os alunos faziam uma apresentação do seu trabalho de pesquisa, relacionandoo com parte do tema tratado em aula, ou então uma exposição sobre algum dos livros da bibliografia do curso, sempre relacionando com alguma questão atual pertinente. Como produto dessa disciplina, foi executado pela pesquisadora um artigo, entitulado “Código: Aberto para os negócios”, que relacionava o livro do escritor Lawrence Lessig - Code and other laws of cyberspace, com questões realcionadas à apropriação do trabalho coletivo pelas grandes empresas, atraves do uso de ferramentas de participação dos usuários, como o caso do You Tube, por exemplo e também a aproriação do trabalho coletivo dos desenvolvedores de software de código aberto pelas grandes corporações, que estão adotando o software livre num novo modelo de negócios. Este trabalho pode, com algumas adaptações se tornar parte de um capítulo da dissertação de mestrado. 31 Disciplina CJE5250 Metodologia de Webdesign Baseada em Usabilidade para Comunicação Efetiva e Eficiente da Informação Área de Concentração 27153 Criação 28/08/2006 Ativação 01/11/2006 Nr. de Créditos 7 Docente Responsável Maria Laura Martinez Objetivos Desenvolver nos estudantes conhecimentos e habilidades que lhes permitam gerenciar projetos que utilizem as novas tecnologias online para a comunicação efetiva da informação e para o eficiente atendimento do seu público. É fundamental esclarecer que não se trata de capacitar o estudante a ser um webmaster, mas sim fornecer aos participantes conhecimentos que lhes permitam gerenciar equipes de publicação de informação no ciberespaço, otimizando a comunicação da informação, focando na parte mais importante do desenvolvimento: o usuário. Justificativa Numa economia baseada em conhecimento a informação tornou-se mais importante que a matéria-prima, assumindo as mais variadas formas. Na era do capital intelectual, as ferramentas de trabalho do trabalhador do conhecimento estão no seu cérebro. O crescimento das redes computacionais e a as novas tecnologias de informação online permitiram a fácil disseminação da informação. Neste âmbito sistemas hipermídia na Web tornaram-se pilares da revolução do conhecimento e o mundo digital passou a exigir profissionais mais preparados. Contudo, nem sempre o meio online está sendo usado para facilitar a vida dos usuários. Não é raro ver pessoas frustradas ou perdidas em web sites mal projetados. O que é apenas um ‘dado’ para uma pessoa, pode ser conhecimento essencial para outra. O projeto deve atender o perfil do público, suas expectativas, cultura, necessidades, prioridades... e não as do projetista. Este é o campo da usabilidade. Como atestam numerosos estudos de usabilidade, perde-se muito com web sites mal feitos. Pode parecer fácil desenvolver um web site: qualquer um com ferramentas modernas de edição HTML pode publicar informação. Contudo, fazer um bom site, eficiente e profissional, é uma tarefa complexa. A Web introduziu uma complexidade nova para a usabilidade nunca vista antes no software tradicional. A usabilidade na Web é uma área importante, em plena expansão, que tem características particulares que dificultam o seu estudo. Seguir uma boa metodologia baseada em usabilidade que guie o projeto de web sites é estratégico para a comunicação efetiva da informação. O curso apresenta uma orientação metodológica que ensina a publicar informação online otimizando a comunicação e atingindo o público de forma mais eficiente. Aborda os diferentes aspectos do desenvolvimento que fazem toda a diferença para um bom empreendimento profissional na Internet. Com este curso espera-se contribuir para a melhora da comunicação no novo meio e com a aprendizagem destes tópicos por parte de todos aqueles interessados na produção profissional de web sites e preocupados com a parte mais importante do desenvolvimento: o usuário. 32 Conteúdo 1.Dado, Informação e conhecimento. 2.A economia do conhecimento e o capital intelectual. O trabalhador do conhecimento. 3.Introdução à usabilidade. Percepção humana: o lado do usuário. 4.Desafios e importância da usabilidade na Web. 5.Avaliação de usabilidade: analítica e empírica. Métodos de avaliação. 6.Características dinâmicas e interativas do ciclo de desenvolvimento de web sites. As práticas comuns de web design. O suporte midiático e as tecnologias online. 7.As etapas da produção de web sites: o planejamento, a implementação e a distribuição. A análise de requisitos. As especificações de conteúdo, de interface, de implementação e de distribuição. O dadoduto de implementação. A publicação no ciberespaço e a divulgação. 8.A formação e o papel das equipes multidisciplinares: características e desafios. O gerenciamento de recursos e equipes. 9.Estudos de caso. 10.Tendências e perspectivas. Bibliografia 1. BONSIEPE,G. Interface - an approach to design. Maastricht: Jan van Eyck Akademie, 1999. 2. CAROLL, J.M. Making use: scenariobased design of human -computer interactions. MIT Press. 2000. 3. COOPER,A.; REIMANN,R. About face 2.0. The essentials of interaction design. Wiley Publishing, Inc. Indianapolis, IN, USA. 2003. 4. CRESWELL,J.W. Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. Sage Publications, Inc. 2nd edition. 2002. [246p.] 5. DIX, A.J. et al. Human-Computer Interaction. Prentice Hall. 1998. 6. FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. Edgard Blucher. 4ª Edição. 1990. 7. HACKOS,J.; REDISH,J. User and task analysis for interface design. Wiley computer publishing. 1998. 8. HARTSON,H.R. et al. 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Tese (Doutorado). Escola Politécnica. Universidade de São Paulo. São Paulo, Brasil. 2002. 301p. 16. MARTINEZ,M.L. Un método de diseño Web basado en usabilidad para la comunicación efectiva de la información. In: GRAPHICA’2001 IV International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design & 15o Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho Técnico. Anais em CD-ROM, São Paulo - SP Brasil. Nov./2001. 17. MARTINEZ,M.L. Usabilidade no design gráfico de Websites. In: GRAPHICA’2000 III International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design & 14o Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho Técnico. Anais em CD-ROM. Ouro Preto - MG - Brasil. Jun./2000. [ também em ] 18. MAYHEW,D.J. The usability engineering lifecycle: a practitioner’s handbook for user interface design. Morgan Kaufmann Publishers. 1999. 19. NIELSEN, J. Usability engineering. Academic Press Inc., Boston, USA. 1993. 20. NIELSEN, J.; MACK, R. L. (eds) Usability inspection methods. 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Information architecture for the World Wide Web. O’Reilly & Associates, 1998. 29. RUBIN, J. Handbook of usability testing: how to plan, design, and conduct effective tests. . John Wiley & Sons, Inc. 1994. 30. SHEDROFF,N. Information interaction design: a unified field theory of design. In: JACOBSON,R. (ed.) Information design. The MIT Press, London, England. 1999. 31. SHNEIDERMAN,B. Designing the user interface: strategies for effective human-computer interaction. 3rd Edn. Reading, Ma: Addison Wesley. Longman Publishers, 1998. 32. SNYDER,C. Paper prototyping: the fast and easy way to design and refine user interfaces. Morgan Kaufmann Publishers / Elsevier Science (USA). 2003. 33. WURMAN,R.S. Ansiedade de Informação: como transformar informação em compreensão. Cultura Editores Associados. 1991. Relato da Disciplina A disciplina inseriu-se bem pragmaticamente no presente trabalho. Ela apresenta o conceito de usabilidade de websites, e toda uma metodologia para desenvolvimentos de sites tendo como ponto de partida o usuário. O curso foi ministrado a partir de uma série de aulas expositivas, apresentando etapas da metodologia proposta e conceitos que embasavam teoricamente a mesma. Eram propostos pequenos exercícios individuais, relacionados a cada aula, como pequenas análises de websites, reconhecimentos de maus exemplos, bons exemplos, reconhecimentos de metáforas entre outras. A turma foi dividida em uma série de grupos para que esses se concentrassem na execução de um trabalho final, que também foi apresentado em etapas, de projeto ou redesenho de um website, desde o reconhecimento do público-alvo, projeto e aplicação de questionários iniciais, identificação das demandas por prioridade, execução de um protótipo de navegação a partir de experiências com usuários tipos, execução de protótipos de navegação em papel e teste de aplicação, identificação de possíveis erros e desenho do layout. 34 Disciplina AUP5878 Ética do Design Área de Concentração 16134 Criação 14/06/2007 Ativação 14/06/2007 Nr. de Créditos 9 Docentes Responsáveis Cibele Haddad Taralli Luís Cláudio Portugal do Nascimento Objetivos Expor os alunos a uma visão abrangente dos principais conceitos e dados técnicos situados na área de intersecção entre os campos da ética e do design. A partir da discussão de tais informações, espera-se que eles se encontrem melhor instrumentados para fazer face, de acordo com suas subjetivas visões de mundo, aos dilemas de natureza ética com que se defrontarão em suas carreiras – ou, caso se dediquem exclusivamente à docência, que possam contribuir para o amadurecimento de tal sensibilidade entre seus próprios alunos. Este curso tem, assim, preocupação de desenvolver, em cada um, uma consciência mais nítida do impacto da atuação profissional dos designers na sociedade e no ecossistema como um todo. Justificativa Estando o campo do design ainda em processo de formação e maturação, ele se encontra, também, em via de estabelecer conexões com variadas áreas do conhecimento, em que se inclui o universo da ética. Esta disciplina preencheria, em parte, esta lacuna. Dedicada à discussão de princípios, valores e responsabilidades, ela possui caráter complementar a disciplinas de natureza mais técnica. Se ao domínio da técnica corresponde a dimensão metodológica, operativa, do “como fazer”, isto é, a dimensão do “como caminhar” de um ponto a outro, ao domínio da ética, disciplina que lida com os objetivos essenciais da vida humana e com as formas de que se lança mão para atingi-los, corresponde o papel de exercitar a reflexão substantiva — não mais, como no ensino da técnica, sobre o “como”, mas — sobre o “que” fazer, sobre o “para onde” caminhar. Outra tônica presente no curso seria uma visão intrinsecamente otimista quanto à possibilidade de aperfeiçoar se continuamente a percepção moral que se constrói da realidade, a partir do uso perseverante e bem-fundamentado da dialética crítica, com reais benefícios para o agente deste processo e, em última análise, para a sociedade. Conteúdo Universo da filosofia. Lógica, epistemologia, metafísica, estética e ética. Ética deontológica e teleológica. Ética normativa e descritiva. Ética normativa e meta-ética. Problemas do autoritarismo e do relativismo para o inquérito ético. Principais classes de questões em que o campo da ética e o do design se superpõem. Ética das estéticas — programas estéticos do design vinculados a visões éticas. Ética do funcionalismo e do “styling”. Obsolescência planejada. Designers enquanto agentes morais. Ética do masculino e do feminino no design. Designers percebendo, ou não, o contexto maior em que seus trabalhos se inserem. Crítica justa, necessária e injusta. Excelência técnica como dever moral. Plágio e pirataria. Segurança dos usuários. Meio ambiente. Direitos dos animais. Design de armas e equipamentos militares. Ética da linguagem persuasiva e da linguagem informativa. Design e política. Designers contribuindo, ou não, para promoção de justiça social. Códigos de ética de associações de designers. Observação Critérios de avaliação: Trabalhos escritos e seminários solicitados aos alunos ao longo do semestre, em que deverão demonstrar um pensamento analítico próprio, além de domínio das técnicas expositivas pertinentes. Inclui-se, também, um trabalho escrito final em que deverão vincular a temática da disciplina a seus projetos pessoais de pesquisa. 35 Bibliografia BONSIEPE, Gui. A tecnologia da tecnologia. São Paulo: Edgard Blücher, 1983. BONSIEPE, Gui. Teoria e practica del disegno industriale: Elementi per una manualistica critica. Milão, Giangiacomo Feltrinelle, 1975. BUCHANAN, Richard e MARGOLIN, Victor. Discovering design: Explorations in design studies. Chicago: University of Chicago Press, 1995. Design Issues (periódico de design). Todos os números até a data. DORMER, Peter. The meanings of modern design: Towards the twenty-first century. Londres: Thames and Hudson, 1990. GLASER, Milton. The design of dissent: Socially and politically driven graphics. Gloucester, Massachusetts: Rockport, 2006. GREENHALGH, Paul. The modern ideal: The rise and collapse of idealism in the visual arts, from the enlightenment to postmodernism. Londres: Victoria and Albert Museum, 2005. HELLER, Steven. Citizen designer: Perspectives on design responsibility. Nova Iorque: Allworth, 2003. HESKETT, John. Desenho industrial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998 e 2006. JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. KAZANZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves. São Paulo: Senac, 2005. LASN, Kalle. Design anarchy. Vancouver: Adbuster, 2006. MALDONADO, Tomás. El diseño industrial reconsiderado: Definición, historia, bibliografía. Barcelona, Gustavo Gili, 1977. MANZINI, Ezio e VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo: Edusp, 2002. MARGOLIN, Victor. Design discourse: History, theory, criticism. Chicago: University of Chicago Press, 1989. McQUISTON, Liz. 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Os temas dos textos apresentados sempre tratavam de questões éticas relacionadas ao design, como obsolescência programada, relativismo e autoritarismo, feminismo, ecologia, usabilidade, design universal, que são temas gerais que são correntes no campo do design e importantes para qualquer trabalho que tenha um certo viés crítico em relação às formas correntes da sociedade. Nesse sentido, apesar da maior parte dos temas tratados ter relação mais estrita com design industrial do que design gráfico ou web design, que é o tema desta pesquisa, a disciplina apresentou uma forma de análise crítica que pode ser facilmente estendida para uma análise de outros segmentos do design, como o que é escopo deste trabalho. Além disso, a metodologia de execução de pequenos textos foi um estímulo à escrita e a formação de uma argumentação coerente. 37 Disciplina CCA5678 Semiótica da Comunicação na Cultura Área de Concentração 27152 Criação 28/08/2006 Ativação 01/11/2006 Nr. de Créditos 7 Docente Responsável Irene de Araujo Machado Objetivos Compreender a dinâmica conceitual que vai da comunicação às linguagens consideradas, assim, agentes da semiose geradora de sistemas culturais. Problematizar as noções de diversidade e de multiplicação das linguagens da comunicação na cultura. Compreender processos de mediação a partir de variantes histórico-culturais que constroem sistemas de signos. Discutir abordagens teóricas formuladas do ponto de vista dos códigos culturais criadores de linguagens e das interações em espaços culturais diversificados. Problematizar a perspectiva sistêmica nos estudos da comunicação, considerando as mediações diversificadas entre funcionamentos: (1) dos signos, no contexto das linguagens; (2) das linguagens, no contexto dos meios que as veiculam; (3) dos processos cognitivos transformadores das relações interativas nos ambientes e espaços culturais. Analisar temas e problemas emergentes do confronto histórico entre crescimento das possibilidades comunicacionais e limitação de acesso às linguagens dos sistemas de signos em circulação na cultura. Formular alternativas teórico-conceituais a partir dos objetos de pesquisa contextualizados no âmbito da discussão em curso. Encaminhar experimentos, projetos e produções teóricas e/ou práticas que demandem conhecimento da semiose na comunicação e na cultura. Justificativa A hipótese elementar da abordagem semiótica da cultura pode ser sintetizada na idéia de que a cultura não “fala” uma única língua, mas diferentes linguagens que são construídas graças à interação e aprimoramento dos códigos culturais. Porque são variados, os códigos constroem diferentes sistemas de signos, cada um dotado de possibilidades específicas de significar o mundo e atos de pensamento. Face a esta compreensão, o estudo da comunicação na cultura situa no centro da abordagem os códigos, as linguagens e os sistemas de signos em suas possibilidades de significação. Com isso é possível considerar o potencial gerador de diferentes códigos e sistemas de linguagens, constantes e imprevisíveis, como problema semiótico a reivindicar métodos dinâmicos de compreensão. Por um lado, trata-se de compreender que a linguagem na cultura é manifestação da pluralidade de códigos que organizam os sistemas de signos. Por outro, de considerar que as diferentes linguagens demandam conhecimentos diferenciados, uma vez que os códigos são diferentes e potencializam mediações igualmente distintas na produção de semiose. Com isso, as possibilidades comunicativas dos sistemas não são análogas. Exigem, pois, aprendizagem e conhecimento. Considerando tais funcionamentos, o anunciado aumento das possibilidades comunicativas só pode ser efetivo se for acompanhado de conhecimento das linguagens construídas pelos sistemas, bem como de seu funcionamento específico. Este, contudo, só pode ser dimensionado no contexto das operações cognitivas de signos e não a partir dos efeitos imediatos das chamadas ferramentas tecnológicas eficientes que, inadvertidamente, se colocam à margem das articulações históricas da cultura. Para a abordagem semiótica da comunicação na cultura, a interação não é decorrência automática da transmissão, mas exercício consciente e construtivo de linguagem. A necessidade de rever instrumentos teóricos face à dinâmica que, historicamente, constitui os sistemas culturais é a principal coordenada de cursos e de pesquisas na disciplina ora apresentada para ser ministrada em nível de pós-graduação. 38 Conteúdo I – Tópicos temáticos 1.Comunicação como problema semiótico: evolução da comunicação às linguagens com seus distintos sistemas de signos e possibilidades de significação. 2.Processo de interação dialógica na comunicação e na cultura: a perspectiva do conflito gerador de variáveis culturais estrategicamente formalizados em códigos. 3.Crescimento das linguagens da comunicação face à expansão das mediações entre códigos culturais e sistemas de signos. 4.Semiótica como teoria crítica da cultura: construção de modelos teóricos a partir dos atos e sistemas comunicacionais em espaços culturais. 5.Os «paradoxos» da comunicação: transmissão de informação; unicidade do código; unidirecionalidade na produção e recepção das mensagens. 6.Circuitos dialógicos e retroação: sinal vs. signo; transmissão vs. interação; controle vs. probabilidade; produção vs. construção de semiose. 7.Conceito semiótico de código: convencionalidade e transmutação no contexto da complementaridade entre signos e da metacomunicação. 8.Mediação semiótica: semiose e autogeração de mensagens como operações cognitivas da linguagem. 9.Mecanismos da transformação da informação em texto da cultura: funcionamento interativo dos sistemas complexos modelizantes. 10.Configuração das interações semióticas na semiosfera: combinatória de signos discretos e contínuos em processos de miscigenação e hibridismo como operação da mente da cultura e dos programas de ação da memória. 11.Sistemas modelizantes nas linguagens da cultura, na comunicação mediada e nos processos de síntese. 12.O signo informático como emergência do design da linguagem e dos processos de recodificação, dos gêneros e dos formatos. Expansão das práticas metacomunicativas. 13.Ambientes ecológicos da comunicação: códigos e sistemas no cenário da comunicação intercultural, dos multiculturalismos, dos processos de mestiçagem e de hibridação de linguagens, das transcondificações. II – Seminários Experimentação conceitual orientada pelos tópicos teóricos acompanhada de análise de manifestações específicas a partir dos temas e problemas derivados dos objetos de pesquisa dos alunos. Bibliografia ARFUCH, Leonor et al. (orgs.) (1997). Diseño y comunicación. Teorias y enfoques críticos. Buenos Aires: Paidós. ARROYO, Susana & LACALLE, Charo (orgs.) (2004). Semiótica e Informática: uma Nueva Alianza. Razón y Palabra. Primera Revista Electrónica en América Latina Especializada en Tópicos de Comunicación. www.cem.itesm.mx/dacs/ publicaciones/logos abril-mayo. BABO, Maria Augusta & MOURÃO, José Augusto (orgs.) (2001). O campo da semiótica. Revista de Comunicação e Linguagens. Lisboa: Relógio D´Água. BAJTÍN, M. M. (1982). 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Köln: Verlag der Buchhandlung. 41 Relato da Disciplina A disciplina foi de especial importância para este trabalaho de pesquisa por apresentar conceitos como o de semiótica e de semiologia, as diferenças entre as escolas de Pierce e Saussure, e principalmente por apresentar a corrente de semiótica russa, que tem uma abordagem particularmente interessante de compreensão da cultura como texto, não no sentido verbal, mas tratando os objetos culturais como peças que podem ser lidas semióticamente. Através do desenvolvimento do curso, foi possível compreender o conceito de linguagem, e a compreensão de que a cultura não é resultado de uma só liguagem, mas de um conjunto múltiplo de liguagens, cada uma dotada de seu sistema particular de significação e seus códigos específicos. Também, em oposição à teoria mecanicista da informação, que estabelece um emissor, um receptor e uma mensagem, que o significado de uma determinada peça cultural depende não somente do domínio do código pelo emissor (produtor), mas também do receptor (leitor), do nível comum de compartilhamonto que ambos têm de um determinado código, além da própria conjuntura histórica. Assim, um determinado objeto cultural, pode ter significados totalmente diferentes dependendo de quem o lê, de uando e etc, podendo ter significados até contraditórios. Para essa compreensão, foi necessário compreender o conceito de código, e os sistemas modelizantes que geram determinado código, e conceitos como codificação, decodificação, metacódigo, de interação, de sistemas de signos, de significação. Estudamos os sistemas de signos, e compreendemos a diferença entre sistemas discretos e sistemas contínuos, e desenvolvemos uma metodologia de análise semiótica afim de permitir a leitura de determinados fenômeno cultural como texto, e compreendemos o conceito de semiosfera, como o meio ambiente das interações semióticas. A partir destes estudos, foi possível desenvolver um trabalho que consistiu na compreensão do design gráfico como um sistema de linguagem, e separar os elementos constitutivos deste código liguístico. Além disso, também é possível tecer uma relação entre esse conceito semiótico de código e o conceito de código na informática, e posicionar as linguagens de programação dentro de uma categoria específica de código. A avaliação consistia em um seminário, que relacionasse o conteúdo da disciplina com o projeto de pesquisa de cada aluno, e a entrega de um artigo, que fosse um desenvolvimento do seminário apresentado. No caso, foi apresentado um seminário que se intitulava “Design gráfico como Linguagem”, que apontava em que momento que o design deixa de ser somente um sistema de paraliguagem, auxiliar ao sistema da linguagem escrita, e passa a ser um sistema de linguagem com significação própria, independente da linguagem verbal. O artigo que acabou recebendo o mesmo nome, desenvolvia a questão apresentada no seminário, levando em conta os debates gerados e as colocações apontadas pelos demais pesquisadores e pela Dra. Irene Machado, e ia além, apontando alguns elementos constitutivos do design como linguagem, assim como o potencial comunicativo do design, apontando pelo menos um caso específico aonde o design gráfico é utilizado de uma maneira que potencializa a linguagem verbal, na relação entre o design e a literatura na poesia concreta. 42 Disciplina AUP5881 Design Gráfico: Precisão e Imprecisão Área de Concentração 16134 Criação 29/11/2007 Ativação 29/11/2007 Nr. de Créditos: 9 Docente Responsável: Vicente Gil Filho Objetivos Desenvolvimento de experimentos gráficos que deverão tratar com precisão a imprecisão. Reflexão, pesquisa, processo e discussão dos experimentos por meio de uma abordagem amplamente embasada em questões históricas, sociais, econômicas, e políticas que são parte integrante da verdadeira prática do design. De acordo com a evolução dos experimentos serão introduzidas questões complexas e idéias que irão se constituir em instrumentos necessários para decifrar as várias e freqüentes tendências conflitantes em nossa cultura, entendendo como é possível impactar e ao mesmo tempo questionar em design gráfico. Justificativa —Discussão e reflexão sobre design em que a pesquisa experimental é privilegiada. —Abordagem criativa, na qual acidentes podem conduzir a ótimas soluções e só o autor pode reconhecer a diferença entre um acidente e sua intenção original. —Contribuir com o crescimento individual e profissional dos alunos na medida em que privilegia o desenvolvimento de linguagens próprias e individuais, geradoras de regras próprias e livres para cada designer. —Pensar, usando a inteligência na busca de soluções e respostas aos problemas apresentados e lembrando sempre que um trabalho sem percepção, intuição e espontaneidade é privado de humanidade.—Trazer para a discussão conjunta, problemas de equilíbrio, ritmo e sintaxe das formas, organização do campo, relações cromáticas, bem como de pertinência das soluções quanto ao tema dado e sua atualidade. Conteúdo Por meio de leituras, reflexões e exercícios práticos semanais os alunos poderão aperfeiçoar suas linguagens individuais, recriar seu repertório e desenvolver uma visão critica da realidade. Os exercícios serão desenvolvidos, preferencialmente, sob a orientação do professor numa troca constante de informações, respeitando-se, porém, o partido e pesquisas adotados por cada um dos alunos. Serão produzidos 10 experimentos gráficos individuais apoiados na reflexão sobre trabalhos importantes na história do design e que deverão utilizar a tipografia como elemento dominante. Esses experimentos contribuirão no desenvolvimento do projeto experimental a ser apresentado no final do curso. Forma de Avaliação Interesse e participação ativa nas discussões, reflexões e atividades práticas propostas pela disciplina. Observação A disciplina deverá ter no máximo 15 vagas. Os alunos previamente inscritos deverão ser entrevistados pelo professor e só assim poderão cursar a disciplina. A secretaria poderá aceitar 25 inscrições para entrevistas. Não serão aceitos alunos especiais. 43 Bibliografia Básica: HOLLIS, Richard. Design Gráfico—Uma História concisa. Martins Fontes. São Paulo, SP, 2001. BRINGHURST, Robert. Elementos do Estilo Tipográfico.Cosac Naify. São Paulo, SP, 2005. HENDEL, Richard. O Design do Livro. Ateliê Editorial. São Paulo, SP, 2003. FELICI, James. The Complete Manual of Typography—A Guide to Setting Perfect Type. Adobe Press (Peachpit Press).Berkeley, CA, 2003. LUPTON, Ellen. Pensar com tipos. Cosac Naify. São Paulo, SP, 2006. TSCHICHOLD, Jan. A Forma do Livro—Ensaios sobre Tipografia e Estética do Livro. Ateliê Editorial. São Paulo, SP, 2007. Estruturas Visuais Gráficas: SAMARA, Timothy. Making and Breaking the Grid. Rockport Publishers. Gloucester, MA, 2002. MÜLLER-BROCKMANN, Josef. Grid Systems in Graphic Design. Verlag Niggli. Zürich, 1981. BOSSHARD, Hans Rudolf. The Typographic Grid. Verlag Niggli. Zürich, 2000. KRÖPLIEN, Manfred. Karl Gerstner. Hatje Cantz. Germany, 2001. CROUWEL, Wim. Alphabets. BIS Publishers. Amsterdam, 2003. HOFMANN, Armin. Poster Collection. Lars Müller Publishers. Zürich, 2003. HOFMANN, Armin. Manual de Diseño Gráfico. G. Gilli. México, 1996. RUDER, Emil. Manual de Diseño Tipográfico. Barcelona, 1983. BILL, Max. Typography. Verlag Nigli. Zürich, 1999. Design Experimental: HELLER, Steven and POMEROY, Karen. Design Literacy. Allworth Press. New York, 1997. GLASER, Milton. Art is Work. The Overlook Press. New York, 2000. GIL, Vicente. A Revolução dos Tipos. Tese de Doutorado FAUUSP. São Paulo, SP, 1999. WOZENCROFT, John. The Graphic Language of Neville Brody. Thames and Hudson. London, UK, 1994. BLACKWELL, Lewis and CARSON, David. The End of Print. Chronicle Books. San Francisco, 1995. NUNOO-QUARCOO, Franc. Paul Rand: Modernist Design. University of Maryland. New York, 2003. MÜLLER-BROCKMANN, Josef. Historia de La Comunicación Visual. G. Gilli. Barcelona, 2001. KLANTEM, Robert. Neasden Control Centre. Die Gestalten Verlag. Berlim, 2003. SAKAMOTO, Tomoko and PRAT, Ramon. Japan Graphics. Actar. Barcelona, 2002. KLANTEN, Robert; BOURQUIN, Nicolas e GEIGER, Thorsten. TresLogos. Die Gestalten Verlag, Berlin, DE, 2006. GERBER, Anna. All Messed Up—Umpredictable Graphics. Laurence King Publishing Ltd. London, 2004. MCQUISTON, Liz. Graphic Agitation—Social and Political Graphics in the Digital Age. Phaidon Press Inc. New York, NY, 1993. MCQUISTON, Liz. Graphic Agitation 2—Social and Political Graphics in the Digital Age. Phaidon Press Inc. New York, NY, 2004. LASN, Kalle. Design Anarchy. Adbusters Media Foundation. Vancouver, CA, 2006. Relato da Disciplina Esta é uma das poucas disciplinas oferecidas na área de concentração de Design e Arquitetura na pós-graduação que tem um escopo bastante prático, de execução de exercícios e peças gráficas. A disciplina é constituída por um momento de reflexão e debate sobre alguma fonte tipográfica, o contexto histórico em que ela foi feita e desevolvida, bem como a apresentação de trabalhos executados pelo autor da fonte, ou por algum designer de relevância histórica do mesmo contexto histórico da fonte. A partir dessa exposição/reflexão, os alunos desenvolviam peças gráficas experimentais a partir de um conceito dado, que tinha relação com o autor ou linguagem apresentada. Na semana seguinte os trabalhos eram apresentados à turma e discutidos, e avaliados pelo conjunto dos alunos. A orientação dada era para que os trabalhos fossem desenvolvidos prioritariamente na prórpia sala de aula, com orientação do professor responsável Dr. Vicente Gil Filho, um experiente designer gráfico. A disciplina foi importante por apresentar, de forma prática, momentos históricos do desenvolvimento das artes gráficas e da tipografia, e por fomentar uma leitura criativa desses momentos, além de estimular uma visão crítica e analítica do design, nas avaliações dos trabalhos apresentados. 44 Descrição dos trabalhos programados Trabalho programado 1 A pré história da internet História da tecnologia da comunicação, da escrita aos precurssores do computador O Terceiro trabalho programado foi desenvolvido principalmente a partir da leitura de “Os meios de comunicação como extensões do Homem” de Marshall McLuhan, e busca refazer o percurso do desenvolvimento dos meios de comunicação, desde a invenção da escrita, com particular ênfase no papel que cada novo meio teve nas mudanças sociais que sucederem as suas implantações. Assim, compreendemos o papel que a invenção da escrita teve para o fim das sociedades tribais e no desenvolvimento das primeiras sociedades organizadas; o papel que teve o desenvolvimento do alfabeto fonético para o fim do domínio religioso e o surgimento das cidades-estados gregas e para o império romano; a invenção da imprensa na China; e como a falta de papiro colaborou na derrocada do Império Romano. Estudamos o papel que teve a invenção da imprensa para o Renascimento e posteriormente para a Revolução Industrial, estudamos também o desenvolvimento da imprensa, e o nascimento do design gráfico, a partir da necessidade de escoamento das mercadorias produzidas pela Revolução Industrial. Estudamos também o surgimento da comunicação instantânea, a partir da invenção do telégrafo, do rádio e do telefone, e encerramos o trabalho com o trabalho dos pioneiros da informática: Carles Babbage, Ada Lovelace, George Boole e Hollerith. Com esse trabalho, temos a base para a construção da história da informática, que será desenvolvida mais profundamente na dissertação de mestrado. Conseguimos com ele ter uma dimensão histórica das transformações ocorridas na sociedade a partir da inserção de cada novo meio de comunicação até o final do século XIX. Isto será importante para compararmos a escala e a rapidez das transformações que já estamos sofrendo e que certamente iremos sofrer ainda mais nos próximos anos com a inserção da internet. 45 Trabalho programado 2 Zeitgeist - uma coletânea de páginas web Como a rede, que é o objeto central deste trabalho é um ambiente muito instável, onde as informações frequentemente desaparecem ou mudam de lugar, resolvemos recolher uma série de artigos, com temas relacionados aos temas de estudo deste trabalho em uma compilação de páginas da internet, seguidas de comentários e breves observações. Dividimos os textos recolhidos em duas partes; uma mais genérica, relacionada a assuntos mais gerais da internet, e outra mais relacionada com o design e o webdesign. A primeira parte, tem artigos divididos entre os temas: história, estatísticas, infra-estrutura, e-commerce e publicodade online, Google, copyright e pirataria, spam e malware. Na segunda parte os textos estão divididos nas categorias: acessibilidade, usabilidade, design e código, mercado de trabalho, web 2.0, HTML, CSS e Ajax, Recursos para programação e design e dicas e conselhos de design. Procuramos reunir os artigos, sempre que possível de sites confiáveis, como do New York Times, UOL, Alertbox e outros blogs importantes, embora tenhamos deliberadamente selecionados alguns artigos superficiais, com o intuito de rever criticamente um tipo de informação que é encontrada em abundância na rede. Alguns textos são de importância mais significativa, e foram responsáveis por definir alguns conceitos importantes, como o texto de Tim O’Reilly que define o que é web 2.0, e o texto de James Garrt que definiuo o conceito de Ajax. Nesses casos, o comentário também é um pouco mais aprofundado. Chamamos este trabalho de zeitgeist, pois ele ajuda a definir um pouco o espírito do tempo, pelo menos no que diz respeito ao web-design e às tendências deste mercado de trabalho. Embora o essencial da bibliografia desta dissertação seja uma seleção de livros e artigos tradicionais, estes textos foram especialmente selecionados pois colaboram para embasar algumas premissas e conceitos que serão expostos ao longo da dissertação; são uma galeria de opiniões e também serão fontes valiosas para uma série de citações. 46 Trabalho Programado 3 Forma Aparente, Forma Oculta Estudos de casos Neste trabalho, selecionamos alguns exemplos de site com uma interface minimalista em comum, mas com estruturas diferentes, que revelas diferentes conceções de projeto e processo produtivo. Expusemos suas interfaces e seus códigos HTML e CSS, e comentamos caso a caso. Esta nálise é importante pois fundamenta premissas que defenderemos, como o valor do código gerado à mão, e também a importância e a facilidade de customização dos sistemas opensource de geração de conteúdo. Trabalho programado 4 Código: Aberto para os negócios Este trabalho programado é um pequeno artigo com reflexões feitas a partir do livro de Lawrence Lessig, Code — and other laws of cyberspace, originalmente apresentado como trabalho final para a disciplina Economia da Informação e Novas mídias, ministrada na ECA pelo professor Gilson Schwarz. Lawrence Lessig, o autor do livro é o fundador da creative Commons, organização responsável pelo lançamento de uma série de licenças de uso de compartilhamento e distribuição livre, também conhecidas como copyleft. No trabalho programado, abordamos algumas questões apontadas por ele quanto à legislação na internet, controle sobre os usuários, entre outras, e as relacionamos com questões apresentadas por outros autores.Uma questão importante tratada neste artigo é a da apropriação capitalista dos programas de código aberto, levantada também por outros autores citados no trabalho. Um exemplo disso, são grandes corporaç`oes, como a Google, por exemplo, que baseia grande parte dos seus serviços em plataformas desenvolvidas muitas vezes por voluntários e licenciadas como software livre. Tratamos também da legislação americana pós 11 de setembro, que permitiu um monitoramento dos e-mails, ampliando o controle sobre os usuários; de questões como a falta de uma legislação unificada para a rede, e da questão dos espaços virtuais, que tendem a ser cada vez mais mercantilizados. 47 Por fim, dedicamos uma atenção maior ao novo modelo de negócios que tem se constituído sob o rótulo de web 2.0, que se baseia em uso de software livre como suporte, e criação de conteúdo pelos usuários, um milagre do capitalismo, que consegue agora se apropriar de valor gerado pelos seus próprios consumidores. Trabalho programado 5 O design gráfico como linguagem Este segundo trabalho foi originalmente apresentado como trabalho final da disciplina Semiótica da Comunicação na Cultura, ministrada pela Dra. Irene Machado na ECA. O Trabalho parte da definição de linguagem apresentada por Iuri Lotman em “A estrutura do texto artístico”, que inclui um sistema de signos com regras determinadas para contrução de textos no sentido semiótico amplo, um sistema modelizante. Procuramos, através deste trabalho, compreender qual é o sistema modelizante que determina a linguagem do design gráfico,e chegamos em alguns fatores listados no trabalho como a tipografia, determinação de formatos e composição, determinação de cores, entre outros. É um conjunto de variáveis que não tem significado intrínseco, mas dependendo da composição podem ser índice de um determinado gênero, e um determinado momento histórico. Além disso, o design serve como determinador do aspecto técnico do texto, ao interferir na eficiência da leitura, sendo assim, essencial no processo de comunicação das mensagens. Outro aspecto da linguagem do design gráfico, é um tipo de etiqueta tipográfica, um conjunto de normas que determinam o quão correta é a peça. Nesse sentido, funciona como um código, que realiza um tipo de comunicação que vai além do sentido da mensagem, principalmente de designer a designer. Mas sobretudo, a linguagem do design vai num sentido de possibilitar uma comunicação que não tem equivalentes na linguagem falada, como a relação entre elementos numa tabela, mapa ou gráfico, através de elementos que são próprios da linguagem visual, como os relacionados por Donis A. Dondis em “A sintaxe da linguagem visual”. Por fim, discutimos a relação entre o domínio da linguagem e a capacidade de expressão artística, usando para isso o exemplo da poesia concreta, onde os poetas, se valendo da linguagem do design, que extrapola a linguagem da poesia, criaram peças únicas e extremamente significativas. 48 Estrutura dos Capítulos Internet: Forma Aparente e Forma Oculta 1 Introdução 2 Formação: uma breve história das tecnologias de comunicação 2.1 Da palavra falada à palavra impressa 2.2 Da revolução Industrial aos primeiros computadores 2.3 O computador como ferramenta militar 2.4 O computador como amplificador do intelecto 2.5 O computador pessoal 2.7 A internet e a world Wide Web 2.8 Forma e conteúdo: A criação do CSS 2.9 Um novo paradigma: O software livre 2.10 Rede dinâmica: a Web 2.0 2.11 Ubiquidade 3. A forma aparente 3.1 A linguagem do design 3.2 Do design gráfico ao design digital 3.3 Do desing digital ao design para web 3.5 Interface: domínio da Usabilidade 3.6 Mashups e Customizações 3.7 Uma estética em escala global 4. A forma Oculta 4.1 Impulsos elétricos, bits e Bytes 4.2 Redes e Protocolos de transmisão 4.3 Linguagens de programação e linguagens de marcação 4.4 Processo de trabalho: do planejamento à construção 4.5 WYSIWYG: what you see is what you get 4.6 A estrutura base: o HTML 4.7 Dando forma à estrutura: o CSS 4.8 Forma em movimento: JavaScript e Ajax 4.9 Forma em contrução: Server side scripting 49 5 Considerações finais 5.1 Designers e programadores 5.2 Desenvolvendo a Inteligência coletiva 5.3 A formação de um novo campo disciplinar 6 Bibliografia 50 Versão preliminar do capítulo 1 Introdução A virada do século XX para o século XXI foi descrita e imaginada por uma série de escritores de ficção científica, e filmada de diversas maneiras na história do cinema. Em 2001, uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick, um dos filmes mais significativos de ficção científica já filmados, a virada para o século XXI aparece com o homem conquistando o espaço, e com um computador que começava a adquirir sentimentos humanos e subjugar os homens. O domínio dos computadores sobre os homens também foi proposto em vários outros filmes e livros, como Fuga para o Século XXI, 1984, Blade Runner. Vários avanços foram imaginados: ciborgues, andróides, viagens aeroespaciais, exaustão dos recursos naturais, guerras nucleares, carros voadores, superpopulação e quando se tratava de informática, o tema mais comum era inteligência artificial e o possível domínio das máquinas sobre os seres humanos. A realidade da história, no entanto, mostrou um caminho que pouquíssimos visionários do século passado puderam imaginar: uma rede mundial de computadores, onde uma parte considerável da cultura humana criada até então está reunida, ao alcance de um clique; redes sociais, na qual milhões de homens podem entrar em contato uns com os outros de forma direta; um espaço onde os homens podem comprar mercadorias de qualquer parte do mundo, disponibilizar sua mão-de-obra globalmente, encontrar parceiros e amores; um lugar aonde as pessoas podem publicar suas produções artísticas e acadêmicas livremente, fora do domínio das grandes corporações de mídia. Robôs existem aos montes, mas não como eram imaginados, — para combater inimigos ou para realizar tarefas degradantes — mas para percorrer esse imenso mar de dados em busca de informação. A internet, que é possivelmente o fruto mais pródigo da guerra fria, surge com a idéia da criação de uma rede de computadores descentralizada, que pudesse sobreviver a possíveis ataques nucleares — uma resposta do militario americano ao lançamento do foguete russo Sputnik. Durante mais de duas décadas, essa rede teve uso predominantemente militar e acadêmico, e foi a invenção de uma nova tecnologia embasada nela que pode fazer-lhe dar 51 o seu grande salto social: a World Wide Web (WWW).1 O desenvolvimento e alastramento dessa rede se deu numa velocidade e escala nunca antes vista na história do homem. Em vinte anos, um simples documento — escrito pelo pesquisador Tim Berners-Lee, quando era consultor do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN) — com uma proposta de um sistema de organização e compartilhamento de informações, se transformou em um dos mais importantes meios de comunicação mundiais.2 A rede mundial de computadores (WWW) não é somente o desenvolvimento de meios de comunicação que vieram antes dela, mas inaugura uma forma de comunicação nunca antes experimentada pela sociedade: a comunicação muitos a muitos — numa escala global. Uma invenção única na história, como aponta Michal Dertouzos, no prefácio do livro de Tim Berners-Lee, Weaving the Web: "Ela [a world wide web] já nos deu uma gigantesca feira- livre de informação, onde indivíduos e organizações compram, vendem e trocam informações e serviços de informação livremente uns com outros. A imprensa, o rádio e a televisão nunca chegaram perto disso; tudo que eles conseguem fazer é pulverizar a mesma informação a partir de uma fonte para muitos destinos. Nem as cartas nem o telefone se aproximam do poder da Rede, porque mesmo esses meios só permitem trocas um-a-um, são lentos e carecem da capacidade do computador de busca, automação e mediação. Significativamente — comparada com a prensa de Gutemberg, o telefone de Bell e o rádio de Marconi — e muito antes de estabelecer sua forma final, a Rede de Berners-Lee já se estabeleceu sua singularidade. Milhares de cientistas da computação estiveram debruçados por duas décadas sobre mesmas duas coisas — hipertexto e redes de computador. Mas só Tim concebeu como juntar esses dois elementos e criar a Rede." (Dertouzos in BernersLee 1999 pg X) 1 É muito comum haver uma certa confusão entre internet e World Wide Web. A internet é a rede física que interliga os computadores mundialmente. A World Wide Web é uma tecnologia que existe na internet. A internet é mais ampla do que a world wide web, e inclui redes de e-mail, redes de troca de arquivos, como as p2p (torrents, soulseek, e-mule, etc) e a usenet, por exemplo. Num capítulo mais adiante falaremos melhor sobre essas outras redes. A World Wide Web, é a rede de páginas, cujos endereços começam em geral com www e inclui alguns protocolos específicos, como http, ftp, stp, que também explicaremos na terceira parte desse trabalho. 2 Além da internet, o telefone também teve um grande salto evolutivo nesses últimos 15 anos, com a invenção e a popularização do telefone celular; mas o telefone sozinho é um meio restrito apenas à fala, enquanto a internet é um suporte para uma multiplicidade de formas de linguagens: texto, imagem, som e vídeo e permite, inclusive, a circulação de capital e de mão de obra. A tendência atual inclusive, é a fusão das tecnologias, com a rede sendo incorporada pelos parelhos celulares, televisões e videogames. 52 Um novo campo de pesquisa A relevância dessa ferramenta no cotidiano e no desenvolvimento de todas as ciências já se mostra extremamente significativa para a comunidade acadêmica. Em todas as áreas do conhecimento, uma série de pesquisadores já se volta para esse novo meio, estudando as influências e as potencialidades da internet em relação às suas respectivas disciplinas. Em uma busca no Dédalus, o banco de dados das bibliotecas da USP, podemos encontrar hoje 576 teses feitas somente na USP, em campos tão diversos como psicologia, computação, economia, direito, educação, jornalismo, comunicação, letras e até astronomia, que tem a palavra internet no seu título ou em sua descrição. A FAU, no entanto, possui apenas 4 desses 576 registros, sendo que apenas três são realmente teses que tem aspectos da internet como ponto central3. Apesar da importância que o design de interfaces para a web tem ganhado no campo da comunicação visual, apenas uma delas é relacionada com esse tema: Cor E Interatividade: Funções Cromáticas Na Interface Hipermídia, de Flávia Gonsales, orientada pela já falecida professora Elide Monzeglio. Entendendo a importância que a internet tem como meio de comunicação, e o crescimento da atividade de webdesign dentro do campo da comunicação visual, este trabalho busca ampliar a pesquisa nesta área dentro da FAU, onde ela ainda se encontra incipiente. Ele é fruto do desenvolvimento de uma pesquisa que já dura quatro anos, e começou ainda na graduação, no curso de uma disciplina intitulada "Oficina de Arte e Programação", ministrada pelo professor Etienne Delacroix, que buscava apresentar e estimular o conhcecimento de conceitos de linguagens de programação e a produção cultural e artístistica experimentais a partir desses recursos. 3 Teses cujo tema tem relação com a internet na FAU: SALES, Gastão Santos - Ambientes totais para ensino de projeto arquitetônico : novos paradigmas de utilização da informatica , 2005 - Sobre o ensino da arquitetura sob o viés da informática, do presencial ao não presencial. AZUMA, Maurício Hidemi - Comunicação e integração de projetos : a contribuição da informática , 2001 Uma análise das possíveis contribuições da informática nos processos de comunicação e integração de projetos. GONSALES, Flávia Igliori - Cor e interatividade : funções cromáticas na interface hipermídia , 1999 - Um estudo sobre o emprego da cor na interface visual hipermídia. Outra tese relacionada com a internet pode ser encontrada pesquisando o verbete web: SILVA, Ailton Santos. Design e arquitetura de informação para web sites educacionais : um estudo de usabilidade. 53 Desse caminho aberto, seguiu se o desenvolvimento de um dicionário de código HTML, CSS e JavaScript — linguagens de marcação4 que são a base da World Wide Web — apresentado como TFG na FAU, que como o próprio professor Etienne afirmou, necessitava de um "livro companheiro" que fosse além no estudo e na compreensão desse meio de comunicação. Seguindo essa orientação, esta pesquisa é feita nesse sentido, de produzir um entendimento sobre a internet, do ponto de partida da comunicação visual, que é a nossa área de atuação, no sentido de procurar elucidar o modo (ou modos) como se estrutura a rede. Este trabalho, está organizado em quatro partes: primeiro, uma pesquisa histórica sobre a tecnologia da comunicação; depois, uma reflexão sobre a forma aparente desse novo meio, e conceitos que estão ligados a ela; em terceiro, um aprofundamento nas tecnologias e protocolos que estruturam a web: a forma oculta; e, por fim, considerações sobre a web e suas consequências sociais: o espírito do tempo. Uma jangada em um oceano Falar que a internet é um campo imenso e inesgotável de informação e que sua iportância para a economia é imensa, não é mais do que constatar o óbvio. O importante é tentarmos dar uma dimensão dessa importância econômica e compreender como a rede interfere na economia. A internet é o coroamento de uma nova economia, que se desenvolveu a partir da útlima revolução tecnológica, como aponta Manuel Castells: Uma nova economia surgiu em escala global no último quartel do século XX. Chamo-a de informacional, global e em rede [...]. é informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa economia [...] dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados globalmente. É rede porque, nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita numa rede de global de interações entre redes empresariais. A internet participa no processo de reprodução de capital de várias maneiras. Ela aumenta o ritmo de circulação de mercadorias, ela é um meio de circulação de informação e tecnologia e ela facilita a distribuição de trabalho numa escala global, colaborando, em certa 4 Na terceira parte deste trabalho “A forma oculta, explicaremos o conceito de liguagem de marcação e a diferença que elas tem em relacao às linguagens de programação 54 medida, para uma diminuição dos salários. Uma estimativa de volume financeiro movido apenas pelo comércio eletrônico nos Estados Unidos, chega a somas de mais de 200 bilhões de dólares em 20085. http://news.netcraft.com/archives/2009/06/site_count_history.png O volume de informação disponível na internet é um dado muito difícil de se obter, mas para se ter uma idéia, o gráfico acima fornecido pela pesquisa da Netcraft mostra a evolução histórica do número de domínios; e a mesma pesquisa afirma que existem mais de 200 milhões de sites no mundo. Segundo a Internet Telecommunication Union, atinge cerca de 23% da população mundial, sendo superada somente (e de longe) pelos telefones celulares6. Em 2005, a rede já tinha atingido um bilhão de usuários7. No Brasil, a penetraçao da rede já chega a 34% da população, o que corresponde a mais de 67 milhões de usuários8. O volume de informação disponível é um dado impossível de ser medido, uma vez que a rede é uma estrutura descentralizada, e que mesmo mecanismos de busca super potentes, como os robôs da google, não conseguem atingir o que se chama de web profunda, que é 5 June 2008: Us Retail e-commerce. Pesquisa da e-marketer sobre comércio eletônico. http://www.iab. net/insights_research/530422/1675/334589 6 Em 2008, o número de assinaturas de números de telefone celular chega a 61% do número de habitantes, segundo o documento Measuring the information Society, da International Telecommunication Union. 7 “One Billion Internet Users”, do alertbox de Jakob Nielsen, dezembro de 2005. http://www.useit.com/ alertbox/internet_growth.html 8 fonte: http://internetworldstats.com/stats10.htm 55 Mapa dos backbones da internet nos estados Unidos, em 1999 uma imensa quantidade de dados9 localizados em intranets, em diretórios sem links públicos e bancos de dados particulares. Nesse oceano de bits, qualquer pesquisador é só uma jangada, e para tentar entender as decorrências de um fenômendo dessa dimensão, é necessário entender o processo que permitiu esse desenvolvimento. História do Presente A proposta inicial deste trabalho não era de ser uma análise histórica, e sim o de ser uma ferramenta para auxiliar designers e programadores a lidarem com os novos desafios impostos pela internet. Contudo, vivemos hoje um momento no qual as tecnologias mudam muito rápido — nada é estável e o futuro é incerto — e, diante disso, é certo que qualquer trabalho que seja feito somente com base na tecnologia do presente se tornaria obsoleto em pouco tempo. De qualquer maneira, o destino desse trabalho, mais cedo ou mais tarde, seria de fazer sentido mais para a história do que para a prática cotidiana dos designers e 9 Em 2000, estimava-se que a web profunda tinha um volume de dados mais de cico vezes maior do que a web superficial. fonte http://www2.sims.berkeley.edu/research/projects/how-much-info/internet.html 56 programadores. Diante disso, a saída foi assumir desde já esse destino, e entender desde já esse trabalho como um trabalho de história, da história do presente. A história da comunicação visual vem se desenvolvendo desde os primórdios junto à história do homem, e já foi registrada e estudada por uma série de historiadores como Philip Meggs, Richard Hollins, Abrams entre outros de uma certa forma. Art Nouveau, Art Deco, Futurismo, Construtivismo Russo, Escola Suíça e até o Pós Modernismo, como várias outras escolas e linguagens surgidas ao longo do tempo, são partes bem conhecidas dessa história, registrada em belos livros ilustrados. É certo também que os avanços tecnológicos de cada tempo tiveram um papel central no desenvolvimento de cada uma dessas escolas e de muitas outras que existiram, mas os historiadores sempre procuram estudar aqueles avanços que tiveram ligações mais diretas com o desevolvimento dessas linguagens, e principalmente, aqueles avanços que tinham mais relação com a comunicação impressa, que até pouco tempo atrás era a forma dominante de comunicação visual. Eles não tinham como supor qual seria o futuro da comunicação visual, e mesmo quando estudaram o computador, estudaram-no somente como ferramenta para a comunicação visual impressa, e não como suporte.10 No instante em que as atenções dos designers se voltam para esse novo meio que é a rede, a história do design gráfico se funde com a história dos meios de comunicação. Ao longo do século passado, os avanços tecnológicos no campo da informática eram somente ferramentas para o design gráfico11, e foi só no final do século passado que o computador deixou de ser uma ferramenta e passou a ser também o suporte para uma nova forma de comunicação visual. A interface, até então, era somente objeto do design industrial, e as tecnologias de comunicação, incluindo as ciências que dão base a elas, ficaram de uma certa forma fora da historiografia do design gráfico. 10 Tanto para a comunicação visual impressa quanto a audiovisual, como o desevolvimento de aberturas de filmes e vídeos. No final do século XX, alguma atenção foi voltada para o que se chamou de multimía, que incuía a criação de materiais interativos, como CD-Roms, jogos eletrônicos e instalações artísticas. 11 Aqui consideramos as interfaces de equipamentos eletrônicos ou mecânicos. Algum campo de trabalho para designers gráficos também já existe ha um certo tempo (começo dos anos 80) na indústria do software, mas esse era um campo relativamente restrito se compararmos com o campo de trabalho que a world wide web abriu para os designers. Falaremos mais adiante sobre o desenvolvimento das interfaces gráficas na informática. 57 E compete a nós que estamos vivendo essas transformações, vivendo esse novo e potencialmente revolucionário meio, buscar reconstruir a história do design gráfico a partir desses novos elementos, resgatando uma série de agentes e momentos históricos responsáveis por fazer-nos chegar a nosso estado atual: matemáticos, inventores, cientistas e pesquisadores que criaram os primeiros meios de comunicação elétricos, que desenvolveram os primeiros computadores e que deram as bases para a contrução dessa realidade da rede mundial de computadores entram agora na história do design gráfico — assim como os inventores do papel, da tinta e da imprensa já faziam parte dela há muito tempo. Para essa tarefa, foram fundamentais as leituras de Marshall McLuhan, que buscou compreender o desenvolvimento dos meios de comunicação e suas consequências para a costura do tecido social. McLuhan enxerga os meios de comunicação como extensões do homem, e principalmente a tecnologia elétrica como uma extensão do nosso sistema nervoso, nas próprias palavras dele: "Ao colocar o nosso corpo físico dentro do sistema nervoso prolongado, mediante meios elétricos, nós deflagramos uma dinâmica pela qual todas as tecnologias anteriores — meras extensões das mãos, dos pés, dos dentes e dos controles do calor do corpo, e incluindo as cidades como extensões do corpo — serão traduzidas em sistemas de informação. (...) O homem deve servir à tecnologia elétrica com a mesma fidelidade servomecanística com que serviu seu barco de couro, sua piroga, sua tipografia e todas as demais extensões de seus órgãos físicos. Com uma diferença, porém: as tecnologias anteriores eram parciais e fragmentárias, a elétrica é total e inclusiva. Um consenso ou uma consciência externa se faz agora tão necessário quanto a consciência particular. Com os novos meios também é possível armazenar e traduzir tudo; e quanto à velocidade, não há problema. Nenhuma aceleração maior é possível aquém da barreira da luz." (McLuhan, 1964 pg 78) Ele vivia no momento da euforia da televisão, e ainda não tinha a dimensão de algo com a internet, mas em alguns momentos parece já prever o desenvolvimento da tecnologia para algo maior do que os meios de seu tempo lhe indicavam. E nesse sentido, vimos ao longo dessa pesquisa que ele não foi somente um visionário, mas também foi um fundador, uma vez que suas idéias foram lidas e estudadas por uma série de pesquisadores que colaboraram 58 no processo de desenvolvimento dos meios de comunicação eletrônicos12. Mc Luhan acredita que uma mudança no meio tem consequências em todo o tecido social, nesse sentido, "o meio é a mensagem", como explica no seguinte parágrafo: "Numa cultura como a nossa, há muito acostumada a dividir e estilhaçar todas as coisas como meio de controlá-las, não deixa, às vezes, de ser um tanto chocante lembrar que, para efeitos práticos e operacionais, o meio é a mensagem. Isto apenas significa que as consequências sociais e pessoais de qualquer meio — ou seja, de qualquer uma das extensões de nós mesmos — constituem o resultado do novo estalão introduzido em nossas vidas por uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos. " (OSMC pg 21) ou ainda: "O meio é a mensagem" significa, em termos da era eletrônica, que já se criou um ambiente totalmente novo. O "conteúdo" deste novo ambiente é o velho ambiente mecanizado da era industrial. O novo ambiente reprocessa o velho tão radicalmente como a TV está reprocessando o cinema. Pois o conteúdo da TV é o cinema. (McLuhan, 1964 pg 11) O momento vivido por McLuhan: a formação da cultura de massas e o domínio da televisão, era somente um passo do que ainda estava por vir. Agora, da mesma forma que a TV reprocessou o cinema, a internet reprocessa a TV, e vai muito além disso, reprocessando também todas os outros meios de comunicação anteriores num só. A interatividade que ela proporciona é um passo muito além da TV, do rádio e do cinema, é a possibilidade de comunicação instantânea através de longas distâncias, já anunciada pelo telefone, ampliada para abrigar todas as vantagens e potencialidades da cultura escrita, como a possibilidade de durar para além de seu instante. O conteúdo de um meio, diz McLuhan (1964), "é sempre outro meio ou veículo" assim, como "o conteúdo da escrita é a fala", e "a palavra escrita é o conteúdo da imprensa". O conteúdo da internet, é, por sua vez, o conteúdo de todas as formas de comunicação anteriores: a fala, a escrita, a imprensa, a arte, a televisão e a música. A "mensagem" de um meio ou tecnologia, por sua vez, é nas palavras dele "a mudança de escala, cadência ou padrão que 12 O próprio Alan Kay, pesquisador do pioneiro laboratório da Xerox Park, em Palo Alto, e inventor o primeiro computador portátil fairma no livro de Bill Moggridge “Design Interactions”, que se sentiu inpirado por McLuhan a pensar no computador como um meio de comunicação verdadeiramente novo. (Moggridge, 2007 p 159) 59 esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas" e no caso da internet, a mudança de escala foi radical, unindo, não o mundo todo, mas todas as partes dele onde tenha eletricidade e/ou rede de telefone, numa única rede13. A televisão já tinha consagrado a cultura de massas, mas com a internet — principalmente após a web 2.0, fenômeno que trataremos mais adiante — as massas já não são mais somente contemplativas, e passam a se tornar agentes: elas tem o poder de fazer sua própria programação, tem o poder de respoder e intervir sobre as notícias, e de escolher entre infinitos "canais". A indústria cultural deixa de ser dividida entre produtores e consumidores, inaugurando uma era onde todos indivíduos, produtores em potencial, passam a ter acesso meios de produção culturais. Com a internet, a eletricidade já não é mais uma extensão somente do nosso sistema nervoso, mas também a extensão de vários sentidos — tato, audição, visão, fala — de várias pessoas interconectadas. É um sistema nervoso coletivo, um passo a mais nunca vivido na história da cultura humana. A rede permite o acesso a um volume de informações colossal: a coisas que só existiam em acervos pessoais, a vídeos que já passaram há muito tempo na televisão, a documentos que antes eram praticamente inacessíveis, a um sem número de gravações musicais. E esse volume de informação só tende a aumentar mais e mais, de acordo com uma tendência que tem se mantido de aumento preogressivo da capacidade e velocidade dos computadores14. É certo que o amplo acesso a esse oceano de informações, de possibilidades e de indivíduos terá efeitos sobre toda organização social, sobre a política e a sobre a civilização como um todo. Fatos objetivos como esses criam condições históricas sem precedentes, nunca imaginados por teóricos, revolucionários e políticos antes de seu advento. Quais efeitos serão, é impossível de se determinar, mas alguns fatos objetivos já começam a ser observados, entre eles, a formação de um mercado global de mão de obra, a decadência da televisão como meio de comunicação predominante e a transformação da própria linguagem. O próprio McLuhan constatou: 13 Na realidade, a China tem um controle de acesso à internet controlado por um bloqueio central, conhecido como “a grande muralha digital”. Alguns países muito pequenos e subdesenvolvidos também não têm acesso á rede, assim como a Coréia do Norte, que como a China, também é controlada por um regime autoritário (fonte http://www.internetworldstats.com) 14 A lei de Moore diz que a capacidade de processamento dos computadores cresce exponencialmente, dobrando a aproximadamente cada dois anos. Kuzweill, 1999 60 Os novos meios e tecnologias pelos quais nos ampliamos e prolongamos constituem vastas cirurgias coletivas levadas a efeito no corpo social com o mais completo desdém pelos anestésicos. Se as intervenções se impõem, a inevitabilidade de contaminar todo o sistema tem de ser levada em conta. Ao se operar uma sociedade com uma nova tecnologia, a área que sofre a incisão não é a mais afetada. O sistema inteiro é que muda [grifo nosso]. É um momento aonde os produtos cuturais estão se desmaterializando, e com ele, conceitos solidamente edificados ao longo de séculos de desenvolvimento da mídia impressa começam a ser questionados, como o conceito da propriedade intelectual, dos direitos autorais. É muito fácil se tornar um criminoso quando se está sozinho na frente de uma tela, é muito fácil roubar algo que se pode ser multiplicado infinitamente. Qualquer suposição sobre as influências que a internet pode ter nas demais partes do sistema pode ser arriscada, mas podemos estudar as transformações ocorridas na história da humanidade com o surgimento de cada novo meio, desde os primórdios, para entender como eles afetaram a sociedade no seu tempo. Assim, começaremos este trabalho com uma breve história da tecnologia da comunicação, desde a escrita, até o momento presente, para entender os agentes que trouxeram a tecnologia até o seu estágio atual. Além de compreender as mudanças que o desenvolvimento de cada meio causou na sociedade, é importante fazermos essa retrospectiva também para entender a diferença entre a escala e a velocidade das mudanças anteriores e a da que estamos vivendo agora, que teve uma propagação e disseminação sem precedentes na história. Para fazer essa pesquisa, além da leitura de McLuhan, procuramos outros historiadores da comunicação visual, como Richard Rollins e Allain Weill, que traçam, principalmente, um desenvolvimento das linguagens do design gráfico ao longo do tempo, e Philip Meggs, que traça um bom quadro do desenvolvimento tecnológico da comunicação até a revolução industrial. Além desses teóricos, procuramos também estudar autores que buscaram traçar um desenvolvimento das tecnologias que acomapanharam a humanidade, como Trevor Williams, Alexander Hellemans e Bryan Bunch, além de uma historiografia do desenvolvimento da informática, através do trabalho de autores como Howard Reinghold, Bill Moggridge — que traçou um bom panorama do desenvolvimento do design de interações, atra- 61 vés de entrevistas com vários dos agentes envolvidos nesse processo — e Manuel Castells, um teórico que se também se dedicou ao estudo desse novo meio. A forma da Rede: forma aparente e forma oculta Poderíamos estudar vários aspectos da rede: aspectos econômicos, sociológicos, influências psicológicas da rede, centenas ou milhares de aspectos que a rede possui, mas por estarmos inseridos dentro do campo disciplinar da comunicação visual, e dentro ainda da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, é interessante que o tema central desse trabalho seja a internet sob um ponto de vista específico: o da sua forma. Apesar de sabermos que forma e conteúdo se relacionam, a forma, mais do que o conteúdo, será nosso objeto de pesquisa. Assim, as partes seguintes desse trabalho serão divididas no sentido de estudar dois aspectos dessa forma: a forma aparente, e o que chamamos aqui de "forma oculta". A forma aparente é, a grosso modo, a interface: é a forma com que os sites de internet se mostram para o mundo; e nessa parte do trabalho, nos dedicaremos a estudar aspectos relacionados ao design gráfico, como a relação entre design gráfico e design digital, a linguagem do design gráfico, e questões que se colocam com relação à interface, como a usabilidade. Além disso também faremos uma análise sobre a estética que surge agora em uma escala global. O que estamos chamando aqui de "forma oculta", é na verdade a estrutura dos sites de internet. Sabemos que as páginas da web se estruturam a partir de códigos, e iremos nos dedidicar com mais atenção a essa forma oculta, que é construída a partir de uma série de linguagens e recursos de informática, e estudaremos possibilidades novas surgidas nos últimos anos com o desenvolvimento da rede, baseadas na possibilidade de multiplicação e alteração dos códigos, como customizações e mashups. A Forma Aparente Para estudar a "forma aparente", primeiramente, estudaremos a própria linguagem do design gráfico e seus elementos básicos e constitutivos: cor, linha, plano, forma, tipo, disposição, entre outros. Estudaremos também nesse capítulo formas de expressão gráfica através do uso desses elementos, tal como estudadas por Donis A. Dondis no livro "Sintaxe da Linguagem Visual". Além disso, usaremos como base outros livros teóricos de design gráfico, como Design e Comunicação Visual, de Bruno Munari. 62 http://pravida.org/capital.html, forma aparente e forma oculta Depois, estudaremos brevemente as transformações ocorridas no campo do design gráfico até o design digital, e como o computador mudou as tarefas do designer ao longo do seu desenvolvimento. Mesmo antes da Rede, o computador já tinha se tornado a principal ferramenta para a produção gráfica impressa, e tinha revolucionado todas as etapas da produção, desde a escrita, com a invenção dos processadores de texto, a produção gráfica, imensamente facilitada através de programas de edição de fotografias como photoshop e de desenho vetorial como o Corel Draw, a diagramação, feita com programas específicos para composição de textos como o PageMaker e até a impressão de fotolitos, feita diretamente a partir de arquivos digitais. O uso do computador como ferramenta nas artes gráficas foi uma nova revolução estética nas páginas impressas: multiplicou a disponibilidade de fontes tipográficas e ampliou o repertório da linguagem gráfica, facilitando a realização de efeitos especiais, as sobreposições de elementos, criando novas possibilidades de disposição e orientação, facilitando o recorte e a fotomontagem, ampliando as possibilidades de simulação 3D, facilitando recursos de 63 tratamento de imagens, reduzindo o custo da realização de testes e simulações e sobretudo aliviando o peso do erro, com a possibilidade de se desfazer o que foi feito, só para enumerar alguns entre vários recursos proporcionados pela inclusão dessa nova ferramenta. Para isso, usaremos como bibliografia também livros teóricos de design gráfico, mas que já tem essa perspectiva do computador com ferramenta, como: Graphic Design Basics, de Amy Arntson, Design Basics, de David Laurer e Stephen Pentak, e Novos Fundamentos do Design, de Ellen Lupton Como a forma aparente, na internet, é a interface, estudaremos também o conceito de interface gráfica do usuário (GUI), sua relação com outras formas de interface existentes, como a baseada em linha de comando, dando atenção especial a uma questão ligada ao desenvolvimento de interfaces, que é a usabilidade: uma palavra que é repetida à exaustão por vários experts e agentes envolvidos na construção e planejamento de websites. Usabilidade, ou design centrado no usuário, é um campo disciplinar que determinou toda uma metodologia para o desenvolvimento de websites, e nesse campo, é importante a leitura de Jakob Nielsen — chamado de "guru da usabilidade" — e Don Norman, dois dos principais agentes na formação e difusão desse conceito, que publicam constantemente pesquisas sobre aspectos relacionados a relação entre a tecnologia e os usuários. Uma vez tendo estudado uma metodologia para o projeto de websites, procuraremos estudar mais especificamente as potencialidades e restrições que a internet tem em relação aos meios anteriores com relação aos aspectos gráficos, e daí partiremos para o último capítulo desta parta, aonde faremos uma análise estética da rede, que tem se configurado como uma estética de escala global, aonde diferenças regionais e identidades nacionais são minimizadas, e é muito difícil reconhecer onde é feito, hospedado ou administrado determinado site15. Reuniremos nesse capítulo também, alguns elementos dessa linguagem global, que no momento atual aparecem em uma série de websites, como a tendência de uso de cantos arredondados, degradés, e a simulação de sombras e volumes, chamados por alguns de “modismos” ou clichés. 15 As vezes é possivel se reconhecer a localidade de um site pela língua, e às vezes também pelo domínio, como .com.br indica um site brasileiro, mas nada imepede um site brasileiro de ser hospedado em um servidor americano, ou até de trinidade tobago, logo nem o domínio pode ser considerado como fonte de origem confiável. 64 A Forma Oculta Tendo passado pelos elementos que contituem a forma aparente, é o momento de nos enveredarmos pelo que estamos chamando de "forma oculta": as tecnologias, protocolos e linguagens que servem de estrutura para a Rede. Nesse sentido, começaremos por conceitos básicos de comunicação entre máquinas: impulsos elétricos, a noção de bit e byte, o sistema binário e suas vantagens em relação ao sistema analógico. A partir disso, iremos avançar sobre a comunicação mais específica da internet: a definição de rede de computadores, os protocolos de comunicação entre computadores, a noção de endereçamento, de domínio, e o sistema de transferência de arquivos — os fundamentos da rede. Depois de ter estudado esses procedimentos mais básicos, passaremos para a definição de conceitos de linguagens de programação, de marcação e de script, e apresentaremos exemplos de algumas linguagens mais comumente utilizados. Neste ponto, estudaremos também a diferença entre linguagens de baixo nível — as linguagens de máquina — e as linguagens de alto-nível — que os homens conseguem entender. A partir disso, nos dedicaremos a estudar mais profundamente o ambiente de desenvolvimento das páginas da Rede: primeiro estudaremos o processo de produção de websites, que pode ocorrer de inúmeras maneiras diferentes, dependendo do porte do trabalho, do orçamento do cliente e da formação das equipes. O processo de produção de um site inclui vários trabalhos diferentes; por exemplo: a definição da estrutura do site (wireframe), a execução do layout, a programação da interface (HTML e CSS) e a estrutura de banco de dados (programação em php e MySQL por exemplo). Em alguns casos, um só profissional acumula todas as funções, em outros casos, cada etapa é feita por um profissional diferente e além disso, pessoas podem acumular algumas dessas funções em combinações diferentes. Nesse ponto, daremos atenção especial para o papel do designer neste processo produtivo. O designer não precisa ter domínio total de programação, mas é interessante que ele tenha, pelo menos, alguma noção da organização geral do sistema, do contrário, ele é como um arquiteto antes dos modernos: um mero desenhista de fachadas. Nesse capítulo trataremos 65 também das possibilidades de abordagem com relação ao código: escrevê-lo a mão ou utilizar um editor visual. Tendo as bases mais fundamentadas, partiremos então para um estudo mais específico de algumas das principais linguagens utilizadas na internet. Para começar, o HTML, ou Hypertext Markup Language, que é uma linguagem que estrutura os elementos de uma página a partir de definições de semânticas, diferenciando, por exemplo, o que é um parágrafo do que é uma imagem, do que é uma tabela, e assim por diante e é uma linguagem que tem algumas características peculiares, definidas pelo projeto da rede, e que é fundamental para a configuração de algumas características da rede, como a abertura, a permeabilidade e a navegabilidade. Estudaremos também a linguagem chamada de CSS ou Cascading Style Sheets, que é a responsável por dar forma ao HTML, através de definições de aparência, como cor, tamanho, posição, fundo, entre várias outras. O CSS é a transformação dos elementos da linguagem do design gráfico em linguagem funcional, textual, com algumas restrições impostas pelo meio e pelo seu estágio de desenvolvimento. Depois avançaremos para o estudo do JavaScript, que é uma linguagem que permite a manipulação direta dos elementos de uma página, permitindo animações, personalizações, e interações mais avançadas. E junto ao JavaScript estudaremos o Ajax, que é uma nova forma de se usar HTML, CSS e JavaScript, que permite atualizações dinâmicas sem o recarregamento das páginas. No capítulo seguinte, passaremos a estudar as tecnologias que permitem o processamento de scripts no servidor, que permitem a construção de aplicativos web, a atualização automática, a geração de conteúdo para o usuário, e a integração entre as páginas da rede com bancos de dados, que são a base do que se chama de web 2.0. Com isso, poderemos estudar também os chamados CMSs (Content Management Systems, Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo), que são aplicativos que podem ser projetados ou encontrados prontos para utilização, e em muitos casos com distribuição livre, que já contém uma solução pronta de código que pode ser instalada, adaptada e utilizada pelos designers, programadores ou produtores de conteúdo para criação de um site. Os CMSs e bilbiotecas de código abrem 66 também uma nova perspectiva para o mercado de trabalho e a prática profissional, que é a customização e a criação de aplicativos baseados em dados de terceiros. Nessa parte do trabalho, a intenção não é se aprofundar exaustivamente sobre cada um desses pontos, já que existe uma abundância de livros técnicos sobre cada um deles mas apresentar considerações gerais e familiarizar o leitor com a forma-código. Para uma compreensão mais abrangente, indicaremos em cada tema alguns desses livros técnicos que usaremos para embasar as informações apresentadas, e que mergulham mais profundamente em cada técnica ou tecnologia. A intenção não é dar o domínio total sobre tudo isso que foi introduzido, mesmo porque não seria possível com o trabalho de uma pessoa nesse período de tempo, mas sim dar um panorama geral que poderá auxiliar quem quiser um domínio maior sobre o código, ou sobre a estrutura, em particular os designers. A ideia é ajudar aqueles que desejarem escolher um caminho de aprendizado por esse imenso mar de possibilidades. O Espírito do tempo Como o objetivo principal desse trabalho é o de dar um panorama geral, tanto histórico como técnico e teórico do design de interfaces para web e da internet no que se refere à forma, é um trabalho que não tem uma conclusão propriamente dita, uma vez que cada aspecto estudado já tem em si as suas conclusões. Sendo assim, encerraremos este trabalho não com uma conclusão, mas com algumas considerações finais, aonde iremos retomar algumas questões apontadas ao longo do trabalho e tentar compreender mais precisamente algumas transformações políticas, sociais e econômicas decorrentes dessa transformação nos meios de comunicação. Considerações sobre o Espírito do Tempo. Começaremos essas considerações com um questionamento sobre a relação entre design e programação, e entre arte e técnica, e várias potencialidades latentes dessa relação. Citaremos também experiências práticas que vêm se desenvolvendo no sentido de aproximar essas duas disciplinas. Numa segunda parte, trataremos das questões surgidas em decorrência da popularização e difusão do que se chama de web 2.0, a web dinâmica criada a partir de conteúdo gerado por usuários. São ferramentas que permitem a organização de comunidades virtuais, de novas 67 formas de comunicação, de propagação de material produzido, e também de larga difusão de produtos culturais oriundos de outros meios de comunicação e de outros tempos históricos. Além de todas as possibilidades surgidas desse novo formato, existem também uma série de questões delicadas que surgem como consequência disso, que iremos tratar nesta parte. Por fim, concluiremos essa dissertação com considerações sobre esse novo campo disciplinar, relacionando autores e disciplinas que ela engloba, e dando uma perspectiva de como o design gráfico pode ser inserido dentro dele. A rede é um espaço muito amplo, e com múltiplos aspectos e consequências sociais. Um estudo aprofundado sobre ela não pode ser fruto de uma pesquisa individual, mas deve ser resultado de esforços de uma série de pesquisadores, em uma série de campos diferentes do conhecimento humano. O desejo que moveu essa pesquisa era o de conhecer mais a fundo o universo desse meio, e por isso optamos por não manter um foco muito definido, e sim pairar por um amplo espectro de possibilidades. A consequência dessa abordagem é que nenhum tema tratado se esgota nessa pesquisa, mas ao mesmo tempo, ela dá indícios de vários temas que poderão ser tratados mais profundamente por qualquer pesquisador que se sinta estimulado em explorar este tema tão desafiador.