LINDSAY PAMELA UNTURA
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LINDSAY PAMELA UNTURA
UNIFAE CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO LINDSAY PÂMELA UNTURA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS COM QUEIXAS DE NÁUSEAS E VÔMITOS APÓS A QUIMIOTERAPIA: INFLUÊNCIA DA ELETROESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA (TENS) SÃO JOÃO DA BOA VISTA 2012 Centro Universitário das Faculdades de Ensino Associadas - FAE LINDSAY PÂMELA UNTURA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS COM QUEIXAS DE NÁUSEAS E VÔMITOS APÓS A QUIMIOTERAPIA: INFLUÊNCIA DA ELETROESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA (TENS) Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida. Área de Concentração: Qualidade de vida Orientadora: Profa. Dra. Laura Ferreira de Rezende SÃO JOÃO DA BOA VISTA 2012 LINDSAY PÂMELA UNTURA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS COM QUEIXAS DE NÁUSEAS E VÔMITOS APÓS A QUIMIOTERAPIA: INFLUÊNCIA DA ELETROESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA (TENS) Projeto de Dissertação apresentado ao Centro Universitário UNIFAE para exame de defesa, como parte para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida. Área de concentração: Qualidade de Vida Dissertação defendida e aprovada em: ____/____/2012, pela Banca Examinadora: Profa. Dra. Laura Ferreira de Rezende Franco _______________________________________ Profa. Dra. Maria Helena Cirne de Toledo ___________________________________________ Profa Dra Maria Teresa Pace do Amaral (membro externo)____________________________ Profa. Dra. Regiane Luz Carvalho (suplente) ________________________________________ SÃO JOÃO DA BOA VISTA 2012 DEDICATÓRIA Aos meus pais Marcus e Nora, e a minha irmã Larissa pela fonte inesgotável de amor e incentivo! Ao amor da minha vida Felippe pelo amor, carinho e incentivo desmedidos! E que me fez descobrir um amor que vai além dos mais lindos romances publicados! Á todos os pacientes que participaram deste estudo que passam pela árdua luta no tratamento do câncer e que compartilharam comigo suas vidas, seus saberes, medos, dúvidas e emoções. Dedico-lhes essa conquista com muita gratidão, admiração e respeito! Espero sempre ser útil de alguma forma! Já dizia São Camilo de Lélis“Os enfermos são a pupila do coração de Jesus, e o que fizermos por eles faremos ao próprio Deus” Vocês são a pupila do coração de Jesus e sem dúvida Ele têm olhado o tempo todo por vocês! A minha tia Neuza, pela sua valentia! Infelizmente o câncer a levou, mas seus ensinamentos e amor continuarão sempre em mim! Dedicar-lhe esse sonho é um pouquinho do muito que gostaria de ter feito por você! In Memorian: Aos meus avós Luis e Luiza, e aos meus tios Aprígio e Neuza que em todos os momentos difíceis de minha vida, têm intercedido junto a Deus pelo meu sucesso e felicidade! Vocês permanecerão em mim! Aos meus avós Terezinha e José que também sempre têm rezado e intercedido junto a Deus pela realização dos meus sonhos! Meu muito obrigada a todos, sem o amor de vocês certamente esse trabalho nunca teria existido! AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, a quem devo tudo o que sou! É aquele que pode nos fazer viver além dos nossos sonhos e dificuldades. És quem me capacita! Para sempre louvarei, exaltarei e glorificarei Teu nome!! Aos meus pais Nora e Marcus pelo amor, incentivo, pelo exemplo e oportunidades, por muitas vezes abrirem mão dos seus próprios sonhos para dar prioridade aos meus! À minha irmã Larissa por sempre acreditar em mim e sempre dizer palavras de carinho nos momentos mais difíceis, não me deixando desistir! Ao meu grande amor Felippe, pelo amor, incentivo, carinho, amizade e companheirismo dedicados não somente a mim, mas na realização desse trabalho como um todo. Obrigada pelo esforço e assessoria com a estatística, traduções a etapa de formatação, além das valiosas sugestões ao longo do trabalho. E que presente ou à distância se dedicou com muito carinho e que de várias formas me ajudou para a realização desse sonho... À minha “mãe acadêmica” Profª Drª Laura de Ferreira Rezende Franco, minha orientadora sempre dedicada e responsável, a qual tenho imenso carinho por ter sido como uma mãe desde o início da minha formação acadêmica, me conduzindo desde os primeiros passos, por ter me dado a oportunidade de desfrutar dos seus ensinamentos por todos esses anos. Obrigada por ter acreditado e investido seu tempo em mim e em meus sonhos! Quando crescer quero ser como você! Às professoras Drª Maria Helena Cirne de Toledo e Drª Regiane Luz Carvalho pelas contribuições e sugestões apresentadas no exame de qualificação... Ao professor Dr Marcolino Fernandes Neto pela assessoria na análise estatística... Às alunas envolvidas do último semestre de Fisioterapia- FAE, em especial a Melissa Ciacco que me ajudaram na coleta de dados... Ao Radium, Unimed, Unacon e Setor Municipal de Oncologia de de São José do Rio Pardo que confiaram em meu trabalho e disponibilizaram seus pacientes para que este estudo fosse possível... Aos colegas do mestrado, pelo incentivo na trajetória... À amiga Priscila Carli, uma amizade mais que valiosa que ganhei no mestrado. Obrigada pela amizade ,companheirismo, apoio, incentivo e por sempre acreditar em mim e torcer pelo meu sucesso e felicidade! Aos pacientes, que colaboraram para a realização deste trabalho... À todos aqueles que não foram citados mas que estiveram comigo neste momento... À você que de alguma forma dispensou um pouco do seu tempo para dar atenção para com esse trabalho. Muito obrigada! "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original" (Albert Einstein) Autobiografia da autora Lindsay Pâmela Untura , natural de Poços de Caldas/MG, possui graduação em Fisioterapia pelo Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino- FAE (2010), foi aluna bolsista pelo Programa de Apoio a Iniciação Científica – FAE (2008/2009), especialização em Fisioterapia Oncológica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais- PUC Minas- Poços de Caldas/ MG (2011), aprimoramento em Oncologia Pediátrica pelo Hospital do Câncer AC Camargo/SP (2011) e apresenta aqui sua dissertação de Mestrado em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida (2012). Tem experiência na área de Fisioterapia Oncológica. Já atuou voluntariamente na AVOCC (Associação do Voluntariado Contra o Câncer) e CACON (Centro de Alta Complexidade em Oncologia). Contato pelo e-mail: [email protected] RESUMO Os sintomas náuseas e vômitos são aqueles de maior impacto na qualidade de vida (QV) dos pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Devido a grande incidência dessas complicações diferentes abordagens farmacológicas têm sido investigadas, com graus diversos de sucesso na tentativa de minimizá-las. No entanto, as preocupações acerca dos efeitos colaterais associados aos tradicionais antieméticos e o custo elevado das mais novas drogas têm aumentado o interesse no uso de técnicas não farmacológicas como a estimulação elétrica transcutânea (TENS). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da TENS na QV de pacientes oncológicos com queixas de náuseas e vômitos no dia e no dia seguinte após a quimioterapia. Método: Realizou-se um estudo quantitativo exploratório experimental do tipo ensaio clínico randomizado cego com 83 pacientes que já tinham realizado no mínimo um ciclo de quimioterapia com o uso de drogas antineoplásicas classificadas de médio e alto grau de emetogenicidade e que tinham relatado ter tido náusea e/ou vômito como efeito colateral nas primeiras 48 horas após a sessão anterior de quimioterapia. Esses pacientes foram divididos em dois grupos: em um grupo, considerado intervenção, a eletroestimulação foi realizada com a TENS por 30 minutos, com frequência de 10 Hz, com 500 μs de largura de pulso,com intensidade variada, que foi aumentada de acordo com a tolerância do paciente, sob o ponto P6; no outro grupo, controle, os pacientes sofreram uma simulação da eletroestimulação com frequência zero. A eletroestimulação foi realizada durante a sessão de quimioterapia. A intensidade das náuseas foi quantificada através de uma escala análogo visual. O paciente foi orientado a anotar o número de episódios de vômitos e a quantidade de antieméticos administrada. A QV foi avaliada na primeira semana após a quimioterapia através do instrumento FACT-G. Resultados: A média das náuseas no dia da quimioterapia (1,452 + 2,872 x 3,853 + 3,616; p=0,001), dos vômitos no dia da quimioterapia e no dia seguinte (no dia: 0,095 + 0,484 x 1,146 + 1,696; p=0,000; dia seguinte: 0,357 + 1,1 x 1,487 + 1,733; p=0,000) e a quantidade de antieméticos tomados a domicílio nesses primeiros dois dias (no dia: 0,0809 ± 1,087 x 1,560 ±1,379; p=0,007; dia seguinte: 0,88 ± 1,233 x 1,853 ±1,350; p=0,000) foram significativamente menor no grupo da intervenção. A percepção de qualidade de vida também foi significativamente maior no grupo da intervenção (80,26 ± 13,855 x 69,19 ± 19,680; p=0,004). Foi possível observar que a presença de náusea (p=0,000), a ocorrência dos vômitos (p=0,000) e a administração de drogas antieméticas (p=0,000) afetou negativamente a qualidade de vida dos pacientes, independente da realização ou não da eletroestimulação. Entretanto a QV foi menos afetada no grupo da intervenção. Conclusão: As náuseas e vômitos pós-quimioterapia são efeitos colaterais que causam impactos negativos na QV dos pacientes, entretanto o grupo da intervenção apresentou significativamente menos queixas e melhor QV em relação ao grupo controle. A TENS mostrou-se um recurso complementar, não farmacológico e sustentável, no controle de náuseas, vômitos e da QV dos pacientes oncológicos pósquimioterapia. Palavras-chave: Qualidade de Vida, Quimioterapia, TENS, Náuseas, Vômitos, FACT-G. ABSTRACT The symptoms nausea and vomiting are the ones with the greatest impact on quality of life (QOL) of cancer patients submitted to chemotherapy. Because of the high incidence of these complications different pharmacological approaches have been investigated with varying degrees of success in an attempt to minimize them. However, concerns about the side effects associated with traditional antiemetics and the high cost of the newer drugs have increased the interest in the use of nonpharmacologic techniques such as transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS). The objective of this research was to evaluate the influence of TENS on the QOL of patients with nausea and vomiting during chemotherapy. Method: Was propose a quantitative exploratory experimental study in a blind randomized clinical trial with 83 patients who had already attended at least one cycle of chemotherapy with the use of antineoplastic drugs classified as medium and high emetogenic level and that had reported having had nausea and vomiting as a side effect in the first 48 hours after the previous session of chemotherapy. These patients were divided into two groups: a group considered intervention, the electrostimulation was performed with TENS for 30 minutes with a frequency of 10 Hz, with a five hundred microsecond pulse width, with intensity according to tolerance of patients from the point P6; in the other group, control, the patients were stimulated with zero frequency. Electrical stimulation was performed during chemotherapy session. The instrument for evaluation of quality of life was the FACT-G questionnaire. The intensity of nausea was quantified using a visual analog scale. The patient was instructed to record the number of vomiting episodes and the amount of antiemetics administered. The QoL was evaluated in the first week after chemotherapy through the FACT-G instrument. Results: The average of nausea in the day of the chemotherapy (1.452 + 2.872 x 3.853 + 3.616; p=0.001), of vomiting in the day of chemotherapy and the day after (in the day: 0.095 + 0.484 x 1.146 + 1.696; p=0.000; day after: 0.357 + 1.1 x 1.487 + 1.733; p=0.000), and the amount of antiemetics taken in domicile in these first two days( in the day: 0.0809 ± 1.087 x 1.560 ±1.379; p=0.007; the day after: 0.88 ± 1.233 x 1.853 ±1.350; p=0.000) was significantly lower in the intervention group. The perception of the quality of life was also significantly higher in the intervention group the occurrence (80.26 ± 13.855 x 69.19 ± 19.680; p=0.004). Was observed that the presence of nausea (p=0.000), the occurrence of vomiting (p=0.000), and the administration of antiemetic drugs (p=0.000), negatively affected the QOL of patients, regardless of the realization or not of the electrical stimulation. However the QOL was less affected in the intervention group. Conclusion: Nausea and vomiting after chemotherapy have side effects that cause negative impacts in the QOL of patients, however, the intervention group had significantly fewer complaints and better QOL compared with the control group. TENS is a complementary resource, non-pharmacological and sustainable in the control of nausea, vomiting and of the QOL of patients after chemotherapy. Keywords: Quality of Life, Chemotherapy, TENS, Nausea, Vomiting, FACT-G. Sumário RESUMO............................................................................................................................................8 ABSTRACT.......................................................................................................................................9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................................................11 ÍNDICE DE FIGURAS....................................................................................................................12 LISTA DE QUADROS.....................................................................................................................13 LISTA DE TABELA........................................................................................................................14 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................15 2 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................................21 3 SUJEITOS E MÉTODOS..............................................................................................................41 4. RESULTADOS.............................................................................................................................49 5 DISCUSSÃO.................................................................................................................................54 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................60 7 REFERÊNCIAS............................................................................................................................62 8 APÊNDICES..................................................................................................................................73 9 ANEXOS.......................................................................................................................................77 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS INCA Instituto Nacional do Câncer SP São Paulo MG Minas Gerais FACIT Functional Assessment of Chronic Illness Therapy FACT-G Functional Assessment of Cancer Therapy FACT-B Functional Assessment of Cancer Therapy - Breast EORTIC QLQ-C30 European Organisation for Research and Treatment of Cancer QLQ-BR23 Quality-of-life Questionnaire Breast Cancer QV Qualidade de Vida QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde TENS Transcutaneous electrical nerve stimulation WHOQOL World Health Organization Quality of Life MASCC Multinational Association of Supportive Care in Cancer QOL-CA Quality-of-life scale-Cancer FSH Follicle-stimulating hormone IMC Índice de Massa Corpórea Μs Milissegundos Hz Hertz μs Microssegundos QOL Quality-of-life PNAO Política Nacional de Atenção Oncológica IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística EUA Estados Unidos da América CONASS Conselho Nacional dos Secretários de Saúde ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 : Zona quimioceptora de gatilho, região do centro do vômito...........................................28 Figura 2: Arco Reflexo do vômito....................................................................................................29 Figura 3: Representação esquemática do Reflexo do vômito Representação esquemática do Reflexo do vômito.......................................................................................................................... .30 Figura 4: Ato de vomitar...................................................................................................................31 Figura 5: Etapas de avaliação de náuseas e vômitos.........................................................................33 Figura 6: Representação esquemática dos modos mais comuns de TENS...................................... 37 Figura 7: Localização do ponto P6................................................................................................. 47 Figura 8: Local da eletroestimulação............................................................................................... 47 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Principais antieméticos....................................................................................................34 LISTA DE TABELA Tabela 1- Distribuição dos pacientes segundo algumas variáveis de controle.................................51 Tabela 2- Distribuição dos pacientes segundo algumas variáveis de controle.................................52 Tabela 3- Intensidade das náuseas, frequência dos vômitos e quantidade de antiemético domiciliar administrado segundo o grupo de eletroestimulação........................................................................52 Tabela 4- Qualidade de Vida dos pacientes segundo o grupo de eletroestimulação.........................53 Tabela 5- Influência da intensidade de náusea na Qualidade de Vida segundo o grupo de eletroestimulação..............................................................................................................................53 Tabela 6- Influência da ocorrência de vômitos na Qualidade de Vida segundo o grupo de eletroestimulação..............................................................................................................................54 Tabela 7- Influência do uso de antieméticos domiciliares na Qualidade de Vida segundo o grupo de eletroestimulação.........................................................................................................................54 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação geral do tema e foco do trabalho O conceito de Qualidade de Vida (QV) foi sistematizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como completo bem estar físico, mental e social. Já o conceito de Qualidade de Vida Relacionada a Saúde (QVRS), centrado na identificação dos aspectos do bem-estar físico, mental e social prejudicados pela presença de agravos a saúde, é mais direcionado a avaliação subjetiva do indivíduo em relação ao impacto do estado de saúde sobre sua capacidade de viver plenamente. Além disso objetiva avaliar os custos e os benefícios das intervenções em saúde (MAKLUF et al., 2006). Dessa maneira o diagnóstico correto, tratamento adequado e, principalmente, a satisfação do paciente são considerados fatores integrantes da qualidade de vida (CASTRO e BORNHOLDT, 2004). Nas últimas décadas houve um aumento no interesse da mensuração da QV a fim de avaliar o impacto de enfermidades, disfunções e incapacidades bem como tratamentos, programas e políticas públicas na área da saúde. As informações obtidas podem tanto influenciar decisões e condutas, quanto serem utilizadas como indicadores de resultados quanto a efetividade de procedimentos e programas de saúde (SEIDL e ZANNON, 2004). O aumento da expectativa de vida traz consigo um aumento na incidência de doenças crônicas, dentre elas o câncer. Segundo a União Internacional contra o Câncer (UICC) são esperados, para 2020, 20 milhões de casos novos, tornando assim a doença um problema de saúde pública para o Brasil e para o mundo. O câncer é uma doença que afeta a vida do indivíduo envolvendo tanto aspectos biológicos, psicológicos quanto sociais, já que é vista como sinônimo de sofrimento e morte (BARBOSA et al., 2004). Dentre os aspectos biológicos, o paciente comumente vivencia o diagnóstico de uma doença que possui uma evolução agressiva, com sintomas debilitantes e um tratamento prolongado com inúmeros efeitos colaterais. Já no âmbito biopsicossocial, o paciente pode enfrentar inúmeras dificuldades como mudança na sua rotina, incluindo as atividades de vida diária, maior dependência de cuidado de terceiros, alteração da imagem corporal, além de isolamento social entre outros (COSTA et al., 2000). Todos esse fatores podem culminar em sofrimento psicológico, através de sintomas de depressão, ansiedade, insatisfação com a imagem corporal, pensamentos de desesperança e incertezas quanto ao futuro, fatores esses que causam grande impacto na QV do indivíduo (AMAR et al., 2002). Uma forma de tratamento para o câncer é a quimioterapia. Atualmente duas em cada três pessoas com câncer são tratadas com quimioterapia, tratamento responsável pelo aumento de sobrevida, tendo um papel importante no controle da doença (CASEIRO, 1997). Entretanto, a quimioterapia implica em muitos efeitos colaterais, dentre eles, as náuseas e vômitos. Segundo Giglio (1998), 70 a 80% dos pacientes sofrem com náuseas e/ou vômitos durante a quimioterapia, tornando assim o tratamento desconfortável e muito espantoso para pacientes a ela submetidos. Náuseas e vômitos não são sinônimos, sendo a náusea uma sensação desagradável associada à necessidade de vomitar, enquanto o vômito é a expulsão forçada de conteúdo gástrico pela boca (ROSCOE e MATTERSON, 2002). Os tradicionais antieméticos existentes para tratar esses sintomas possuem custo elevado e efeitos colaterais indesejáveis, portanto para que se almeje a sustentabilidade social deve-se buscar por um tratamento acessível, barato, para que toda a população doente possa ter alívio desses sintomas que já são esperados e que interferem de forma bastante significativa na QV. O uso da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) poderia ser uma alternativa com objetivos sustentáveis para o tratamento complementar desses sintomas. Na prática clínica a TENS é um recurso não farmacológico predominantemente utilizado para alívio sintomático da dor, com o objetivo de influenciar e modular o processo de neurocondução da dor e atuar sobre a liberação de opioides endógenos através da excitação das fibras nervosas (NELSON et al., 2003). Dessa forma o conhecimento clínico dos fisioterapeutas e o ensino de eletroterapia nos cursos de graduação em fisioterapia estão focados apenas nos efeitos analgésicos. A possibilidade da sua utilização para efeitos antieméticos, seria um grande avanço, já que é um recurso barato e sem efeitos colaterais. Considerando as complicações impostas por esses sintomas, a proposta deste trabalho foi avaliar a influência da TENS na qualidade de vida de pacientes com náuseas e vômitos após a quimioterapia. O trabalho busca atender a população (saúde coletiva) com um recurso que pode minimizar efeitos colaterais que prejudicam a continuidade de um tratamento necessário e indispensável para o câncer, desonerando o sistema (menor uso de antiemético e menor internação por complicações). Além disso o aparelho TENS é de aquisição única, baixa manutenção, baixo custo, podendo ser utilizado em até quatro pacientes em um mesmo instante, atendendo os pilares da sustentabilidade (INDRUINAS, 2011): econômico, reduzindo custos; ambiental, com a possível diminuição dos impactos ambientais provocados pelo descarte de embalagens e medicamentos antieméticos vencidos; e principalmente o social, que baseado no Relatório de Brundtland a justiça social é equivalente as necessidades humanas, considerado objetivo primário do desenvolvimento sustentável, sendo o cuidado com a saúde fator indispensável no que diz respeito a essas necessidades (HALAND, 1999). 1.2 Origem da ideia e justificativa da importância do trabalho Nas últimas décadas o câncer tornou-se um evidente problema de saúde pública mundial, uma vez que a OMS estima para o ano de 2030, cerca de 27 milhões de casos novos a serem diagnosticados, 17 milhões de mortes e 75 milhões sobreviventes pós-tratamento (INCA, 2011). O câncer é capaz de alterar de forma bastante significativa a vida e a qualidade de vida dos pacientes através da manifestação de diversas alterações: motoras, somáticas, sociais, cognitivas, de humor, dentre outras (THOMPSON, 1989). O câncer sempre foi visto como algo vergonhoso, contagioso e sem cura, sendo uma doença tradicionalmente relegada pela sociedade (GIMENEZ, 1997). O diagnóstico de câncer e todo o processo da doença são vividos pelo paciente e pela sua família como um momento de intensa angústia, sofrimento e ansiedade. Além do rótulo de uma doença dolorosa e mortal, o paciente comumente vivencia no tratamento, geralmente longo, perdas e sintomas adversos, acarretando prejuízos nas habilidades funcionais, vocacionais e incerteza quanto ao futuro. Muitas fantasias e preocupações em relação à morte, mutilações e dor encontram-se presentes (SILVA et al., 2010). Os avanços biotecnológicos no diagnóstico e tratamento precoces da doença têm aumentado a sobrevida dos pacientes e, consequentemente, uma maior ênfase precisa ser dada a qualidade de vida desta população (SERVAES et al., 2002). Fleck et al. (1999) consideram que a oncologia se viu confrontada com a necessidade de avaliar a QV dos pacientes que tinham sua sobrevida aumentada, já que, muitas vezes, na busca de acrescentar anos à vida, esquecia-se de acrescentar vida aos anos. Dessa maneira torna-se importante a mensuração da QV dos pacientes para avaliar não só o impacto da doença e intervenções terapêuticas mas para o planejamento de políticas públicas e execução de programas na área da saúde, rumo ao desenvolvimento sustentável. Através do relatório de Brundtland (1991) a preocupação do desenvolvimento sustentável não está focado apenas na preservação da natureza mas, antes, em possibilitar a satisfação das necessidades humanas básicas, por meio do estabelecimento de uma relação cuidadosa com a natureza. Portanto a justiça social, entendida como satisfação de necessidades, é vista como uma preocupação que está no núcleo do conceito de desenvolvimento sustentável, que inclui o acesso a saúde e tratamentos (LANGHELLE, 1999). Uma forma de combate ao câncer é a quimioterapia (CASEIRO, 1997), tratamento que busca a destruição das células cancerosas, impedindo que elas cresçam e se multipliquem. No entanto, nesse processo, a quimioterapia pode afetar também outras células no organismo. Por exemplo, quando certas células que crescem no revestimento do estômago são lesadas durante a quimioterapia, estas enviam sinais ao cérebro, que dão início ao processo dos vômitos. As náuseas e vômitos são um dos mais significativos efeitos colaterais, tornando a quimioterapia um tratamento desconfortável e muito temido pelos pacientes (ROSCOE e MATTERSON, 2002). As náuseas e os vômitos podem provocar transtornos emocionais agravando os sintomas causados pelo câncer como caquexia, letargia e debilidade, principalmente pelo fato da doença estar intimamente relacionada a uma ameaça de incapacidade ou risco à vida, difíceis de serem compreendidas emocionalmente pelo paciente, provocando imenso impacto na QV (ROSCOE e MATTERSON, 2002; SALES, 1997). Esses sintomas podem ser tão graves que os pacientes podem considerar estes efeitos adversos piores do que o câncer propriamente dito. Como consequência os pacientes podem rejeitar o tratamento adicional, potencialmente curativo. Estudos mostram que os sintomas náuseas e vômitos são aqueles de maior impacto na QV dos pacientes com câncer submetidos à quimioterapia (GIGLIO, 1998). Devido a grande incidência dessas complicações pós-quimioterapia, diferentes abordagens farmacológicas têm sido investigadas, com graus diversos de sucesso na tentativa de minimizá-las. No entanto, as preocupações acerca dos efeitos colaterais associados aos tradicionais antieméticos e o custo elevado das mais novas drogas têm aumentado o interesse no uso de técnicas não farmacológicas como acupuntura, eletroacupuntura, estimulação elétrica transcutânea (TENS) e acupressão. Diante dessas vantagens a utilização da TENS poderia ser introduzida em hospitais pelo fácil manuseio e pela possibilidade de redução na administração de fármacos, promovendo, assim, o bem-estar do paciente e redução de custos. Junior et al. (2004) observaram que a substituição de fármacos convencionais pela aplicação de TENS promoveu uma redução de R$ 3.014,44 com gastos no atendimento a 382 pacientes no pós-operatório de hérnia inguinal. A TENS não é utilizada rotineiramente nos serviços oncológicos como recurso complementar no tratamento de náuseas e vômitos. Esse trabalho buscou evidências científicas para que os profissionais da área da saúde possam implantar o uso da TENS como protocolo de tratamento auxiliar no controle desses sintomas nos serviços de quimioterapia. 1.3 Problema de pesquisa A cada ano, oito milhões de pessoas em todo o planeta recebem o diagnóstico de câncer. De forma geral, uma em cada três mulheres e um em cada dois homens tem, teve ou terá câncer. O impacto do diagnóstico da doença frequentemente leva a sentimentos de medo da morte e do câncer ser uma doença irremediável. O enfrentamento do tratamento pode provocar muitos efeitos colaterais, dentre eles as náuseas e vômitos são os mais temidos pelos pacientes. Muitos pacientes afirmam que esse sintoma é pior que o câncer propriamente dito, tendo grande impacto na QV. Dessa maneira diferentes abordagens farmacológicas têm sido investigadas, com graus diversos de sucesso na tentativa de minimizá-las. No entanto, as preocupações acerca dos efeitos colaterais associados aos tradicionais antieméticos e o custo elevado das mais novas drogas têm aumentado o interesse no uso de técnicas não farmacológicas. A TENS é um recurso eletroterápico amplamente utilizado na prática clínica como recurso analgésico e pouco explorado como recurso não analgésico, além de ser um recurso barato e livre de efeitos colaterais. O desafio desse estudo foi conhecer a influência da utilização da eletroestimulação transcutânea na qualidade de vida de pacientes com náuseas e vômitos após a quimioterapia, buscando atender às preocupações com a sustentabilidade social, que segundo Sachs, (1993) tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida da população . 1.4 Objetivos do trabalho 1.4.1 Objetivo Geral: Avaliar a influência da eletroestimulação transcutânea (TENS) na qualidade de vida de pacientes oncológicos com queixas de náuseas e vômitos no dia e no dia seguinte após a quimioterapia. 1.4.2 Objetivos Específicos: Comparar a intensidade das náuseas no dia e no dia seguinte após a quimioterapia no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle; Comparar a frequência de vômitos no dia e no dia seguinte após a quimioterapia no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle; Comparar a quantidade de antiemético domiciliar administrado pelo paciente no dia e no dia seguinte após a sessão da quimioterapia no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle; Comparar a qualidade de vida dos pacientes na primeira semana após a sessão de quimioterapia no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle; Relacionar a intensidade das náuseas com a qualidade de vida dos pacientes no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle; Relacionar a frequência de vômitos com a qualidade de vida dos pacientes no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle; Relacionar a quantidade de antiemético domiciliar administrado pelo paciente com a qualidade de vida dos pacientes no grupo estimulado pela TENS e no grupo controle. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Qualidade de Vida O termo qualidade de vida surgiu há muito tempo. Aristóteles já o associava a “felicidade e virtude”, que, quando alcançados, proporcionavam ao indivíduo uma “boa-vida” (OSTENFELD, 1994). O termo começou a ser utilizado após a Segunda Guerra Mundial nos EUA, vinculado as mudanças de valores e objetivos sociais, e mais tarde foram incorporados as questões socioeconômicas e ambientais. Com isso a expressão Qualidade de Vida passou a ser difundida em várias partes do mundo, ganhando destaque, a partir da década de 1960, quando foi incluída no programa de governo do presidente Lyndon Johnson (PIMENTEL, 2006). Na área da saúde, o termo QV foi definido pela Organização Mundial de Saúde primeira vez em 1947 como um “estado completo de bem estar físico, mental e social e não meramente como a ausência de doença ou enfermidade”. Nessa definição incluem-se seis domínios principais: saúde física, estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual (MINAYO et al., 2000). A qualidade de vida está intimamente relacionada à importância de cada indivíduo manter-se ativo culturalmente e socialmente (THE WORLD HEALTH ORGANIZATION QUALITY OF LIFE ASSESSMENT, 1995). Os conceitos e opiniões sobre QV são bastante variados e com o passar do tempo voltaramse para a questão da percepção do paciente sobre a doença, sobre o tratamento e seus efeitos decorrentes, de forma objetiva e subjetiva, como um novo critério para monitorar os resultados da assistência aos pacientes e os programas de saúde pública, complementando os métodos tradicionais apoiados em morbidade e mortalidade, surgindo então o conceito de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). Esse novo conceito inclui os aspectos diretamente associados as enfermidades e/ou as intervenções em saúde, referindo-se ao impacto dos sintomas, das incapacidades e limitações tanto da doença como dos efeitos colaterais devido a terapêutica. Avalia também aspectos da funcionalidade e da percepção do bem-estar, pontos com forte impacto na QV do paciente (SAWADA, 2002). No entanto um fator que pode determinar graves mudanças na qualidade de vida de um indivíduo é a constatação de doenças, dentre elas o câncer, que tornou-se um problema de saúde pública por ser um fator de crescente causa de morbidade e mortalidade no mundo todo (GERBER et al., 1989). Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (2003) ocorreram grandes avanços da Saúde pública no início do século 21. Embora tenha ocorrido uma redução na taxa de mortalidade infantil, houve uma rápida urbanização e um aumento na expectativa de vida da população. Como consequência houve um exponencial crescimento das doenças crônicas, entre ela o câncer (VILARTA et al., 2010). A previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos para 2020, ou seja, 13% da população total, representando um aumento de 5,57 anos na expectativa de vida que atualmente é de 72,57. Para 2050 a expectativa de vida esperada é de 81,3 anos de idade. O prolongamento da vida é um desejo de qualquer sociedade. No entanto, só pode ser considerada como uma verdadeira conquista na medida em que se agregue qualidade aos anos adicionais de vida. Desta forma, o envelhecimento populacional se traduz em maior carga de doenças na população, mais incapacidades e aumento do uso dos serviços de saúde (VILARTA et al., 2010). Sendo assim é necessário uma maior atenção ao câncer, doença responsável por cerca de 12% das causas de morte no mundo anualmente (OMS, 2007). Segundo as estimativas da OMS, 27 milhões de pessoas terão câncer em 2030. O Instituto Nacional do Câncer estima que no Brasil haja 520 mil novos casos diagnosticados no ano de 2012. Sendo assim, a doença merece atenção na busca por melhores práticas de prevenção, controle e cura, uma vez que a alta incidência pode abalar o desenvolvimento socioeconômico das populações (INCA, 2011). O impacto do câncer como problema de saúde pública é tão significativo no Brasil que o governo federal sentiu a necessidade de estabelecer uma política pública para o setor – a Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO), que organiza, de forma articulada com o Ministério da Saúde e com as secretarias de saúde dos estados e municípios, ações de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos para doentes oncológicos (CONASS, 2005). De forma geral, para cada 1.000 casos novos de câncer espera-se que entre 500 e 600 necessitem de cirurgia, 700 de quimioterapia e 600 de radioterapia, gerando altos custos anualmente. Nos últimos 12 anos os gastos federais com a assistência oncológica no Brasil quadruplicaram, passando de R$ 470,5 milhões (em 1999) para R$ 2,2 bilhão (em 2011) (CONASS, 2010). Na medida em que os tratamentos para o câncer evoluem, tornam-se necessários considerar todos os seus efeitos, já que há a tendência de aumento da expectativa de vida das pessoas. Buscase não apenas a sobrevivência da doença, mas uma boa qualidade de vida, sendo o indivíduo capaz de manter-se ativo no trabalho, na vida social e familiar (SILVA et al., 2010). De acordo com a Sociedade Americana do Câncer, mais de 50% dos pacientes são curados ou tem a doença mantida sob controle, sem recaída, cinco anos após o diagnóstico. Com adequados tratamentos é possível que muitos pacientes tenham longos períodos de remissão. Sendo assim há um crescente interesse nos aspectos psicossociais a medida em que mais pacientes estão vivendo por mais tempo. Tradicionalmente o sucesso do tratamento é medido através do tempo de sobrevida. Atualmente buscar a QV é tão importante quanto a sobrevivência para definir o sucesso da terapêutica (VENTAFRIDA et al., 2006) O interesse pela mensuração de QV nos pacientes oncológicos tem sido crescente por ser um importante recurso para medir o impacto da doença na vida do indivíduo. O uso de questionários que avaliam a QV são instrumentos capazes de mensurar o problema, auxiliando profissionais da área da saúde a conhecerem as necessidades funcionais, psicológicas e sociais dos seus pacientes (MORRIS et al., 1998; SAWADA, 2002). O questionário de Avaliação Funcional da Terapêutica para Câncer Geral, Functional Assesment of Cancer Therapy General (FACT-G), validado no Brasil por Gorestein e Andrade (1998) e Cella et al. (1993), é um instrumento composto por 28 itens que permite a avaliação de quatro domínios, sendo eles bem estar físico, social/familiar, emocional e funcional. Apresenta somatória final de 0 a 108, sendo quanto maior o escore melhor a qualidade de vida. Para avaliação dos itens utiliza-se a escala de Likert com pontuação de zero a quatro para os níveis: nem um pouco, um pouco, mais ou menos, muito e muitíssimo. Muitos são os estudos, como esse, que utilizaram o questionário FACT-G como instrumento de avaliação de QV em pacientes oncológicos (BARBATO et al., 2011; MILlER et al., 2003, TAIRA et al., 2011; WILDES et al., 2011; WILAILAKI et al., 2011). Barbato et al. (2011) avaliaram a QV de 60 pacientes com diagnóstico de melanoma cutâneo por meio do questionário FACT-G e foi possível observar que pacientes com metástase apresentaram piora da qualidade de vida nos domínios bem-estar funcional. Pacientes com história familiar de melanoma apresentaram melhor qualidade de vida e, aqueles casados, tiveram mais conforto e apoio emocional para lidar com a doença. Miller et al. (2003) avaliaram 85 mulheres após seis meses de tratamento de câncer ginecológico incluindo câncer cervical, colo de útero e ovário, que foram comparadas a 42 mulheres saudáveis através do questionário FACT-G. Pacientes com câncer de ovário, tratamento radioterápico, terapias múltiplas associadas e falta de ajuda ou apoio em casa foram os que apresentaram menores escores no total. Taira et al. (2011) realizaram um estudo multicêntrico longitudinal para avaliar as condições físicas, ansiedade, depressão e qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de 196 mulheres pós cirurgia para câncer de mama que foram avaliadas seis meses, um e dois anos após a cirurgia. Os instrumentos utilizados para avaliação da QVRS foram o FACT-G, o Functional Assesment of Cancer Therapy- Breast, (FACT- B) e o Hospital anxiety and depression scale (HADS). Embora ao longo do tempo mais de 50% das mulheres tenham apresentado fraqueza no braço, linfedema e fadiga, os escores bem-estar físicos, funcionais e emocionais tiveram melhores pontuações a partir de um ano de cirurgia. Já o escore bem-estar social apresentou melhor pontuação no início e diminuiu com o tempo. A depressão e ansiedade melhoraram significativamente com o tempo. Wildes et al. (2011) desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar a relação da satisfação do tratamento médico com a QV em 117 mulheres sobreviventes de câncer de mama. O nível de satisfação foi medido através de Hall Satisfaction Index e a QV através de FACT-G. As pacientes apresentaram alto nível de satisfação com o tratamento médico e com a QV. As análises demonstraram que o índice de satisfação total foi um preditor para o bem-estar funcional do FACT-G. Outro fator observado no estudo foi a situação de emprego como preditor do bem-estar funcional, aquelas que apresentavam-se empregadas ou aposentadas demonstraram melhores pontuações que aquelas desempregadas. Wilailak et al. (2011) compararam a qualidade de vida de mulheres após tratamento para câncer ginecológico, consideradas sem a doença, com mulheres saudáveis através do questionário FACT-G. O objetivo secundário do estudo foi correlacionar os dados demográficos, doença, tratamento e QV. Todos os escores do FACT-G foram mais altos no grupo de pacientes consideradas sem a doença, quando comparados as mulheres saudáveis. Os fatores associados aos altos escores no grupo de pacientes foram: o apoio do marido, bom nível de escolaridade e não ter problemas financeiros. Esse estudo foi composto por 897 participantes. 2.2 Quimioterapia O tratamento para o câncer inclui ressecções cirúrgicas, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e/ou imunoterapia sendo necessário, em muitos casos, combinar essas modalidades. Duas em cada três pessoas com câncer são tratadas com quimioterapia, tratamento responsável pelo aumento de sobrevida e com papel importante no controle da doença (CASEIRO, 1997). A quimioterapia destrói as células cancerosas, impedindo que elas cresçam e se multipliquem, no entanto, esse processo também afeta tecidos saudáveis, desencadeando uma série de efeitos deletérios em função da citotoxicidade. As náuseas e vômitos são um desses efeitos significativos que afetam a qualidade de vida, tornando a quimioterapia um tratamento desconfortável e muito assustador para os pacientes (ROSCOE e MATTERSON, 2002). Frequentemente a presença de náuseas e vômitos são apontados como fator contribuinte para o abandono do tratamento (GIGLIO, 1998). Esses sintomas podem ser tão graves que os pacientes podem considerar estes efeitos adversos piores do que o câncer propriamente dito. Como consequência, os pacientes podem rejeitar o tratamento adicional, potencialmente curativo. Estudos mostraram que os sintomas náuseas e vômitos são aqueles de maior impacto na QV dos pacientes com câncer submetidos à quimioterapia (GIGLIO, 1998). Roque e Forones (2006) realizaram um estudo para avaliar as toxicidades e possíveis alterações na qualidade de vida de pacientes em quimioterapia adjuvante ou paliativa no tratamento de câncer colorretal, acompanhando 45 pacientes durante seis ciclos quimioterápicos. A QV foi mensurada a partir do questionário World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), composto por quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, no início, no 3° e no 6° ciclo de tratamento. As toxicidades mais comumente encontradas foram náuseas (42%), diarréia (38%) e neutropenia (15,7%). A QV demonstrou-se reduzida após o início da quimioterapia em relação à atividade física e psicológica. Em relação aos escores, observou-se queda nos domínios físico e social. Silva et al. (2010) avaliaram o impacto do tratamento quimioterápico na qualidade de vida de mulheres com câncer de mama através dos dados obtidos com os questionários EORTIC QLQC30 e QLQ-BR23, em um total de 21 pacientes em vários estágios da doença neoplásica da mama, em diferentes ciclos de drogas quimioterápicas. Os maiores impactos observados foram na função sexual, funcionamento emocional, dificuldades financeiras, além do surgimento de dor, fadiga, náuseas e vômitos. Figueredo (2008) avaliou o impacto das náuseas e vômitos associadas ao tratamento de quimioterapia e radioterapia na qualidade de vida em 79 pacientes com câncer colo-retal. Os instrumentos utilizados foram Quality-of-life scale-Cancer (QOL-CA) e um questionário para avaliação de emese Multionational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC). Os pacientes foram divididos em dois grupos, um composto por 41 indivíduos que fizeram o tratamento cirúrgico e quimioterápico, e o outro grupo composto por 38 indivíduos que fizeram cirurgia e radioterapia. Setenta e cinco dos pacientes (94,9%) referiram náuseas e 60 (72%) tiveram vômitos. 2.3 Náuseas e vômitos Os sintomas náuseas e vômitos não são sinônimos, sendo a náusea uma sensação desagradável associada à necessidade de vomitar, enquanto que o vômito é a expulsão forçada de conteúdo gástrico pela boca (WATCHA e WHITE, 1992). Náusea é definida como uma sensação desagradável subjetiva, que se refere na faringe e no abdome superior, associada com o desejo de vomitar, podendo ser breve ou prolongada. Ocorre geralmente em ondas, na maioria das vezes precedendo o episódio de vômito, embora possa ocorrer de forma isolada (WATCHA e WHITE, 1992). Já o vômito é definido como uma expulsão forçada do conteúdo gástrico pela boca através de uma forte e sustentada contração da musculatura abdominal e diafragmática e relaxamento da cárdia gástrica, podendo na maioria das vezes ser precedido por vômito seco. O vômito seco é definido por contrações rítmicas e espasmódicas dos músculos respiratórios incluindo o diafragma, músculos da parede torácica e abdominal, sem a expulsão do conteúdo gástrico pela boca (WYNGAARDEN e SMITH, 1986). Existem fatores que predispõem e desencadeiam a náusea e o vômito, sendo eles (WYNGAARDEN e SMITH, 1986): A) Idade: Ocorre pouco em crianças, e entre 25 a 40% dos adultos. Acima de 70 anos observa-se uma redução da taxa de incidência. B) Sexo: As mulheres apresentam essa complicação de duas a quatro vezes mais que os homens, sendo os fatores hormonais os responsáveis. C) Obesidade: O aumento do índice de massa corpórea (IMC) está relacionado com aumento da incidência de náusea e vômito. Além disso, existem outros fatores que se relacionam com náusea e vômito como jejum prolongado, ansiedade, doenças associadas a gastroparesia, irritação e distensão do estômago (BOSCH, 2005). As drogas, em especial as quimioterápicas, devido ao seu elevado nível de toxicidade, são uma das causas principais da ocorrência de náuseas e vômitos, uma vez que muitas atuam na zona de gatilho do 4° ventrículo, induzindo os sintomas (FEDMAN, 1989). As náuseas e os vômitos, assim como os outros reflexos orgânicos, apresentam um componente aferente, uma central de integração e um componente eferente. A integração é realizada no centro do vômito, uma estrutura funcional localizada na formação reticular lateral da medula (FEDMAN, 1989; WATCHA e WHITE, 1992; GUYTON e HALL, 2003). Essa estrutura recebe os estímulos dos vários sítios localizados em todo o trato gastrointestinal através de aferentes vagal e simpático, centros cerebrais superiores e da zona quimioceptora de gatilho, localizada no assoalho do quarto ventrículo (GUYTON e HALL, 2003), mostrado na figura abaixo. FIGURA 1: Zona quimioceptora de gatilho, região do centro do vômito Fonte: NAYLOR e INALL,1994 Essas vias envolvidas no vômito podem ser acionadas por numerosos estímulos que se integram e ativam o centro do vômito, mostrados na figura abaixo: FIGURA 2. Arco Reflexo do Vômito Fonte: ORKIN,1996 Após a estimulação por algum desses fatores, como drogas, radiação e distúrbios metabólicos, são então produzidas reações motoras automáticas para causar o ato do vômito. Esses impulsos são transmitidos do centro do vômito por meio de vias eferentes através do quinto, sétimo, nono, décimo e décimo segundo nervos cranianos para a porção superior do trato digestivo e pelos nervos espinhais para o diafragma e os músculos abdominais (WATCHA e WHITE,1992; FEDMAN, 1989;GUYTON e HALL, 2003) como pode ser observado na figura 3. FIGURA 3 - Representação esquemática do Reflexo do vômito Fonte: ORKIN,1996 Essa atividade eferente é responsável por muitas das alterações autônomas que acompanham a náusea. O período anterior ao ato de vomitar, que compreende a náusea, é caracterizado por salivação, palidez, dilatação pupilar, variações hemodinâmicas, ventilação profunda, rápida e irregular. Após a chegada dos impulsos eferentes na periferia, ocorre uma série de eventos estereotipados que envolvem (FEDMAN, 1989): - abaixamento do diafragma e contração da musculatura abdominal após inspiração profunda, com o consequente aumento da pressão intragástrica; - contração do piloro, prevenindo o esvaziamento gástrico para o duodeno; - relaxamento do fundo gástrico, cardia e esfíncter esofágico inferior, forçando o conteúdo em direção ao esôfago; - laringe e o osso hióide movem-se para cima e para frente, acelerando o movimento do conteúdo gástrico, para cima; - o palato mole move-se para cima para prevenir a entrada do vômito no nasofaringe; - a glote se fecha, prevenindo a aspiração para a traqueia; - após o fechamento da glote a pressão intratorácica aumenta, exercendo pressão no esôfago; - o esôfago contrai-se e impulsiona o conteúdo em direção à boca. Dessa forma, ocorre o ato de vomitar, como apresentado na figura 4 (FEDMAN, 1989). FIGURA 4: Ato de vomitar Fonte: FEDMAN (1989) As náuseas e vômitos causam grande impacto na vida do paciente, sendo classificadas de acordo com o grau de complicações, em graus de 1 a 5, conforme os critérios estabelecidos pela Common Terminology Criteria for Adverse Events (2009). *Grau 1: Presença de náusea gerando perda do apetite sem alteração do paladar; entre um e dois episódios de vômitos separados por cinco minutos, em 24 horas. *Grau 2 : Presença de náusea gerando redução na ingesta oral sem perda de peso significativa, desnutrição ou desidratação; entre três e cinco episódios de vômitos separados por cinco minutos, em 24 horas. *Grau 3: Presença de náusea gerando ingesta calórica e hídrica inadequada em consequência ao desconforto causado pelas náuseas; seis episódios de vômitos separados por cinco minutos, em 24 horas. *Grau 4: Náuseas e vômitos com consequências que ameaçam a vida. *Grau 5: Náusea e vômitos levando à morte. Sendo assim, a náusea e o vômito relacionados a quimioterapia são comumente classificados como (GIGLÍO, 1998; ALMEIDA et al., 2004): a) Agudos: Ocorrem nas primeiras 24 horas após a administração da quimioterapia, sendo as primeiras quatro horas com picos mais expressivos. b) Subagudo: 9 as 18 horas após o tratamento c) Tardios: Iniciam após 24 horas podendo se prolongar por alguns dias. d)Antecipatórios: Ocorrem antes da infusão da droga. Poucos são os instrumentos que avaliam náuseas e vômitos, mais raros ainda são os validados para o português. Um instrumento amplamente utilizado, e validado em português, é o Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC), entretanto, no estudo piloto realizado para esta pesquisa, os pacientes apresentaram grande dificuldade em seu preenchimento. Bruera et al. (1991) e Monteiro (2009) destacam algumas limitações nos instrumentos que avaliam náuseas e vômitos, como dificuldade no preenchimento para pacientes terminais, com problemas cognitivos ou físicos, dificuldades quanto a terminologias e falta de alguns sintomas. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo propôs, em 2008, quatro etapas para avaliação desses sintomas (CHIBA, 2008), como demonstra a figura abaixo: Náuseas e Vômitos Sim Etapa 1 Intensidade (usar escala numérica ou visual analógica) Início, duração e frequência de episódios, de hábito intestinal, náusea / vômitos, além da qualidade e quantidade de vômitos. Fatores de melhora e piora História do paciente e sua prescrição atual, Etapa 2 para determinar possíveis causas de náusea Excluir obstrução intestinal, Etapa 3 comprometimento de sistema nervoso central e/ ou de outros mecanismos Avaliação laboratorial de eletrólitos, função Etapa 4 renal e hepática. Se necessário, usar outros parâmetros pertinentes FIGURA 5: Etapas de Avaliação de Náuseas e Vômitos Fonte: CHIBA (2008) 2.4 Tratamento para náusea e vômito Para os sintomas náuseas e vômitos após a quimioterapia, existem alguns métodos como tentativa de controle e prevenção, entre eles o tratamento farmacológico e o não farmacológico. 2.4.1 Tratamento farmacológico O tratamento farmacológico para náuseas e vômitos consiste no uso de medicamentos antieméticos com o objetivo de controle e prevenção desses sintomas. As drogas antieméticas são fármacos eficazes contra o vômito, sendo que a maioria tem como mecanismo de ação a depressão do centro do vômito (DELUCIA et al., 2007). Existem diferentes agentes antieméticos, utilizados em diferentes condições, principalmente como coadjuvante a quimioterapia (RANG et al., 1999). Os principais fármacos antieméticos são os antagonistas do receptor dopaminérgico, antagonistas dos receptores serotoninérgicos, anti-histamínicos, canabióides, esteróides e glicocorticóides (DELUCIA et al., 2007). O quadro abaixo mostra alguns antieméticos (DELUCIA et al., 2007). Classe Antagonistas Medicamento Clorpramazina dopaminérgicos D2 Flufenazina Metoclopramida Bromoprida Domperidona Antagonistas de receptores Ondasentron serotoninérgicos Granisetron Anti-histamínicos Dolasetron Prometazina Outros Meclosina Dronabiol Haloperidol Quadro 1. Principais antieméticos Fonte: DELUCIA et al., 2007 Entretanto tais drogas apresentam muitos efeitos colaterais, às vezes intensos, como sedação, tontura, sonolência, zumbidos, alteração de humor, hipotensão postural e ressecamento da boca (DELUCIA et al., 2007; RANG et al., 1999). Além disso há indícios de sintomas extrapiramidais associados ao uso de doses apropriadas de alguns medicamentos antieméticos comumente utilizados em pacientes oncológicos, como a metoclopramida e bromoprida, bastante associados com a deterioração da QV (HOULTRAN e SCANLAN, 2004). Entre os efeitos neurológicos indesejados estão a hipertonia, reações distônicas agudas além de poder provocar efeitos colaterais em outros sistemas e órgãos como: cardiovascular, causando bloqueio cardíaco e taquicardia, respiratório, podendo levar ao broncoespasmo, hematológico levando a neutropenia (TONINI et al., 2004). 2.4.2 Tratamento não farmacológico Devido a grande incidência das náuseas e vômitos pós-quimioterapia, diferentes abordagens farmacológicas têm sido investigadas com graus diversos de sucesso na tentativa de minimizá-las. No entanto, as preocupações acerca dos efeitos colaterais associados aos tradicionais antieméticos e o custo elevado das mais novas drogas têm aumentado o interesse no uso de técnicas não farmacológicas como acupuntura, eletroacupuntura (método terapêutico que utiliza aparelhos elétricos conectados às agulhas, transmitindo estímulos aos pontos de acupuntura), estimulação elétrica transcutânea e acupressão (utilização de pequenas punções na pele, substituindo a agulha por pressão com os dedos, mas seguindo os mesmos princípios da acupuntura tradicional). A acupunctura é um conjunto de procedimentos e técnicas que induzem estimulação de pontos específicos da pele com a finalidade de liberar substâncias, principalmente neurotransmissores, com a finalidade de promover efeitos analgésico, anti-inflamatório, relaxante muscular, ansiolítico, antiemético, entre outros (AYALA e PRIETO, 2003). As origens da acupuntura como método terapêutico se encontram na história da medicina tradicional chinesa, sendo uma técnica simples e indolor, livre de efeitos adversos e de grande embasamento científico na eficácia de tratamentos adversos (CARNNEIRO, 2002). Existem no corpo humano linhas imaginárias denominadas meridianos, nos quais são unidos os pontos de acupuntura. São descritos pelos chineses 1000 pontos de acupunctura dos quais 361 foram reunidos em 14 grupos, cada um desses é um meridiano. Esses pontos de acupuntura, localizam-se no trajeto dos meridianos, geralmente próximos às estruturas onde existem muitas terminações nervosas, vasos, feixes musculares, tendões,ligamentos e articulações, que antigamente designavam por pontos enérgicos (AYALA e PRIETO, 2003). Os pontos de acupunctura estão distribuídos pelo corpo e podem ser estimulados por diferentes técnicas: punção com agulha; moxa ( aquecimento com calor produzido pela queima da erva Artemisia vulgaris ou sinensis ); pressão manual; estímulos eléctricos; ventosas e laser (AYALA e PRIETO, 2003). O ponto de acupuntura cuja estimulação induz o controle de náusea e vômitos é conhecido como P6, pericárdio 6 ou PC6 (Neiguan- passagem interna), e é considerado um dos maiores pontos do sistema de meridianos. O P6 localiza-se no nervo mediano, entre os tendões dos músculos palmar longo e flexor radial do carpo no antebraço, a um sexto da distância entre o retináculo dos flexores e a fossa cubital (SAAD e MEDEIROS, 2008). Revisando a literatura, vários são os artigos que avaliaram a eficácia das técnicas não farmacológicas na prevenção de náuseas e vômitos, apresentando um resultado significativo na redução desses sintomas. 2.4.2.1 Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) A TENS é qualquer dispositivo de estimulação que emita correntes elétricas através da superfície intacta da pele por meio de pequenas placas condutoras, de borracha especial de silicone impregnada com carbono que são fixadas à pele com adesivo próprio, ou fita adesiva (KITCHEN, 2003). É um equipamento produzido nacionalmente por várias empresas, com preço variando entre R$ 394,00 à R$ 785,00 a unidade, dependendo da marca e do modelo do aparelho (SHOPFISIO, 2011). A utilização de correntes elétricas terapêuticas constitui um dos vários recursos utilizados na fisioterapia. Uma vez moduladas com parâmetros apropriados, estas correntes podem atuar em diferentes condições, tais como, promover analgesia, contrações musculares, melhoria do fluxo circulatório local, drenagem de líquidos, tonificação e relaxamento muscular, bem como incentivar a regeneração e a cicatrização de diversos tecidos corporais e efeitos antieméticos (STARKEY, 2001; KITCHEN, 2003). O aparelho de eletroestimulação nervosa transcutânea é um gerador de pulsos balanceados que envia impulsos elétricos através da pele. É um aparelho de corrente pulsada, bifásica, assimétrica, equilibrada, pulso retangular, despolarizada, com frequência variando entre um e 250 hertz (Hz) e com tempo de duração do pulso entre 50 e 500 microssegundos (μs). Possui dois canais independentes, com quatro eletrodos desenvolvidos para evitar a formação de pontos quentes e, consequentemente, lesões na pele. A corrente elétrica gerada pelo aparelho é transmitida através de fios elétricos até o eletrodo aplicado sobre a pele conduzidas através de um gel, um elemento de condução intersticial. Assim, existem várias modalidades de TENS e os principais tipos descritos na literatura são TENS convencional, TENS acupuntura ou baixa frequência e TENS breve-intensa (WALSH et al., 1989; WOOLF, 1979). Atualmente, a TENS convencional é o método mais comumente usado para emitir correntes na prática clínica. TENS convencional é uma corrente com frequência entre 50 e 100Hz, e tempo de duração de pulso entre 20 e 80 μs; TENS acupuntura é uma corrente com frequência entre 1 e 4 Hz, e tempo de duração de pulso entre 150 e 230 μs; e TENS breve e intenso é uma corrente com frequência entre 50 e 100Hz, e tempo de duração de pulso entre 150 e 250 μs (KITCHEN, 2003), como demonstrados abaixo: FIGURA 6 - Representação esquemática dos modos mais comuns de TENS A: TENS Convencional: baixa amplitude / alta frequência B:TENS Acupuntura:alta intensidade/ baixa frequência C: TENS Breve e intensa. Fonte: NELSON et al., 2003 Há também a TENS de baixa frequência, com frequência até 10Hz e tempo de duração de pulso entre 50 e 500 μs (HERKEN et al., 2003). Desde o Egito Antigo, a estimulação elétrica vem sendo utilizada para tratar a dor e há décadas, na forma de TENS, tem sido demonstrada na literatura como uma alternativa no controle da dor relacionada ao câncer, sendo uma terapia não farmacológica, não invasiva, com custo acessível, de fácil manuseio e com poucas contra-indicações (PENA et al., 2008). Existem diversos relatos na literatura quanto ao uso da TENS no controle de dor oncológica em diversos estágios da doença. Até o momento atual, não encontrou-se na literatura nenhum trabalho ou teoria que sustentasse a hipótese da TENS interferir no processo de metástases, provavelmente por ser um recurso de característica atérmica (WATSON,2000; ROBERTSON et al., 2009; KAYE, 2008; TRIBOLI, 2003), sendo, portanto, um recurso seguro para uso em pacientes oncológicos. É inegável que a TENS é um recurso com grande poder analgésico. Baseado na Teoria das Comportas, é um recurso não farmacológico utilizado com a finalidade de influenciar e modular o processo de neurocondução da dor e atuar sobre a liberação de opioides endógenos. Na prática clinica a TENS é predominantemente utilizada para alívio sintomático da dor, com o objetivo de excitar as fibras nervosas (NELSON et al., 2003). Porém, embora menos conhecidas, novas vertentes para sua utilização têm surgido como, por exemplo, a possibilidade de reduzir índices de necrose tecidual em retalhos cutâneos (LIEBANO et al., 2006), de restaurar o fluxo sanguíneo através da vasodilatação em tecidos isquêmicos, de cicatrizar feridas e de promover efeito antiemético (STARKEY, 2001). Embora apresente conceito clássico de aplicação sobre lesões traumato-ortopédicas, atualmente pode-se observar a possibilidade de auxiliar no tratamento de amputações (DJUROVIC et al., 2007), transtornos oncológicos (PENA et al., 2008; SAMPAIO et al., 2005) e até mesmo transtornos fônicos (BERNI, 2007; GUIRRO et al., 2008). Shenkman et al. (1999), em estudo envolvendo 111 crianças submetidas à tonsilectomia mostraram que a estimulação do nervo mediano no ponto P6, sem manipulação ou estimulação elétrica, não apresentam resultados satisfatórios no controle da náusea e vômitos do pósoperatório, enquanto um estudo mais recente envolvendo o mesmo tipo de cirurgia pediátrica, mostrou que a injeção de solução salina no ponto P6 resulta em controle tão efetivo quanto o obtido por medicação antiemética (SHEN et al., 2000). O Projeto Diretrizes, que define a atuação da acupuntura, discorre sobre o uso da técnica na prevenção de náuseas e vômitos decorrentes do tratamento quimioterápico, cirúrgico ou gravídico, ficando demonstrada a eficácia da acupuntura, da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e da acupressão sobre o ponto P6 (CARNNEIRO, 2002). Shen et al. (2000) avaliaram o efeito da eletroacupuntura e da acupuntura sobre o ponto P6, e das drogas antieméticas no controle de náuseas e vômitos em 104 mulheres com câncer de mama em tratamento quimioterápico, sendo que 37 no grupo da eletroestimulação, 33 no grupo da acupuntura e 34 com farmacoterapia. Todos os grupos receberam medicação antiemética. A aplicação foi realizada por 30 minutos, 2 horas antes da infusão da quimioterapia, prolongando-se por cinco dias. No grupo da eletroacupuntura e da acupuntura, uma agulha foi aplicada no P6 e a segunda inserida perpendicularmente sobre o ponto ST 36 (sobre o músculo tibial anterior, nervo tibial anterior, que pode ser localizado a um dedo da borda lateral da tuberosidade da tíbia). No grupo da eletroacupuntura ambas as agulhas foram conectadas por um clip a eletrodos em uma frequência de 2 a 10Hz, com largura de pulso entre 0,5 e 0,7 milissegundos (ms), com uma corrente direta com polaridade quadrada alternada por 20 minutos. Esse estudo demonstrou que o efeito antiemético proporcionado pela eletroacupuntura diária, por cinco dias incluindo o dia de infusão da quimioterapia, foi superior aos grupos da farmacoterapia e apenas da acupuntura isolada no controle de náuseas e vômitos. Aptel e Kinjo (2009) realizaram um estudo com mais de 3000 pacientes demonstrando que as medicações atuais para náuseas e vômitos no pós operatório tem eficácia limitada, e podem estar associados a efeitos colaterais. Sugerem que as técnicas não farmacológicas, embora essas técnicas não sejam bem entendidas, como acupuntura, eletroacupuntura e acupressão tem sido apresentado resultados satisfatórios e animadores como alternativa ao uso de drogas antieméticas no tratamento para náusea e vômito pós operatório. Choo et al. (2006) realizaram um estudo em pacientes com câncer com vômitos refratário, após o primeiro ciclo de quimioterapia com doxorrubicina. A eletroacupuntura foi aplicada durante o segundo ciclo de quimioterapia. Cada paciente foi avaliada pelo número de episódios de vômito e pela intensidade de náuseas nas primeiras 24h após a quimioterapia e eletroacupuntura. 93,3% tiveram redução significativa na intensidade das náuseas e nos episódios de vômitos. O uso da TENS no controle de náusea e vômito já tem sido demonstrado. Molassiotis et al. (2002) ressaltaram que as náuseas e vômitos são problemas clínicos significantes após a administração da quimioterapia, afetando até 60% dos pacientes apesar do uso de drogas antieméticas. A eletroestimulação sobre o ponto P6 combinado ou não ao uso de drogas antieméticas revelaram-se mais eficazes na diminuição das náuseas e vômitos do que o uso isolado das drogas antieméticas. Dundee et al. (1991) realizaram um estudo com 100 pacientes sob tratamento quimioterápico, com a combinação de diferentes drogas, com o objetivo de comparar os resultados entre técnicas invasiva e não invasiva para controle de náusea e vômitos, sendo, respectivamente, a acupuntura e a TENS, ambas concomitantes às drogas antieméticas e sobre o ponto P6. Foram randomizados três grupos aleatórios: um utilizando a acupuntura, outro TENS com eletrodos pequenos de superfície e o terceiro utilizando a TENS com eletrodos grandes de superfície. Setenta e cinco por cento dos pacientes que fizeram a eletroestimulação apresentaram melhora. Foi utilizada baixa frequência - 10 a 15 Hz por 5 minutos, tendo sido orientada a realização da acupressão a cada duas horas. Esse estudo também demonstrou que os diferentes tamanhos dos eletrodos pretos de carbono e borracha para a eletroestimulação não influenciaram o resultado. Além disso pode-se observar que o efeito da acupuntura no controle de náusea e vômito se limita em torno de 6 a 8 horas, sugerindo que o uso da TENS possa prolongar esse efeito. Fassoulaki et al. (1993) avaliaram o efeito da TENS no controle de vômitos induzidos por anestesia, em 106 pacientes submetidas a histerectomia via abdominal. As pacientes foram randomizadas em dois grupos, um com 51 pacientes e o outro 55 pacientes. O primeiro grupo foi tratado com a TENS através de eletrodos de silicone borracha, 35 a 40 minutos antes da indução da anestesia, estimulação interrompida 6 horas antes da extubação da traqueia. Um dos eletrodos foi colocado sobre o ponto P6 e o outro em um ponto neutro, na superfície dorsal do braço. A frequência utilizada foi 10Hz. O segundo grupo seguiu os mesmos parâmetros, porém com aparelho desligado, não conduzindo nenhuma corrente de eletroestimulação ao paciente. Em ambos os grupos as pacientes foram admitidos para recuperação no quarto, e tanto náuseas quanto vômitos foram avaliados a cada 2 horas, durante oito horas de pós operatório. Para cada 2 horas vômito ou náusea foi registrado como "sim" ou “não”, mas não quantificada. Seis horas após a cirurgia os eletrodos foram removidos. Em todos os momentos da pesquisa a incidência de vômitos foi significativamente menor no grupo com a TENS com estimulação ativa, comparado ao grupo controle, com estimulação de forma inativa. O efeito antiemético da TENS no grupo com estimulação ativa desapareceu logo que a estimulação foi interrompida. Também foi observado que os efeitos da TENS foram melhores nos períodos de 6 horas pós cirúrgico, levando a hipótese que ao longo da eliminação da anestesia o efeito da TENS seja eminente. Gan et al. (1996), em um estudo envolvendo 77 pacientes pré operatório de mama, avaliaram o efeito da eletroestimulação sobre o ponto P6 comparado ao uso de droga antiemética no controle de náuseas e vômitos induzidos por anestesia. O objetivo secundário foi observar os resultados da eletroestimulação sobre o ponto P6 para analgesia no pós-operatório. Foram randomizadas pacientes em três grupos, um com a eletroestimulação sobre o ponto P6 com frequência de 2 a 100Hz , o outro com aplicação de 4 mg de antiemético ondasentron e o terceiro grupo placebo com a eletroestimulação na modalidade off – desligado. As pacientes foram avaliadas no momento da estimulação e após 30, 60, 90 e 120 min. Os episódios de náuseas e vômitos foram classificados através de uma escala visual, sendo 0 ausência de náusea, vômito e/ou dor e 10 para a presença de algum desses sintomas. Neste estudo a eletroestimulação sobre o ponto P6 foi tão eficaz como o ondansetron na prevenção de náuseas e vômitos pós-operatórios, diferentemente do grupo placebo que necessitou da emergência de drogas antieméticas devido a maior incidência desses sintomas. Além disso esse estudo demonstrou que a eletroestimulação sobre o ponto P6 também reduziu a dor, tendo também um efeito analgésico. Os autores sugerem a realização de mais estudos para avaliar o efeito analgésico a partir da estimulação sobre o ponto P6. Iketani et al. (2010), em um relato de caso, utilizaram a TENS com frequência de 10 Hz e largura de pulso de 500 μs, e a intensidade foi aumentada de acordo com a tolerância da paciente, durante 30 minutos,sobre o ponto P6. A aplicação foi realizada num único ciclo quimioterápico e a paciente fazia uso de medicamento antiemético associado à quimioterapia. O objetivo do estudo foi relatar os efeitos de TENS no ponto de acupuntura P6 como terapia auxiliar na redução de náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia e o seu impacto na qualidade de vida das pacientes. Após o uso da TENS a paciente relatou náuseas apenas 24 h após o primeiro dia do ciclo, cuja intensidade medida em uma escala de 0 a 10 foi 4, e no terceiro e quarto dia do ciclo, com intensidade 6 em ambos. Não houve relato de vômitos nesse estudo. Houve melhora na qualidade de vida, principalmente nas escalas de sintomas como fadiga, náuseas e vômitos, apetite, constipação e diarréia. Os parâmetros da TENS utilizados para controle de náuseas e vômitos não são bem definidos na literatura. Não há uma padronização desses parâmetros para o controle desses sintomas, portanto há possibilidades de ser diferente e consequentemente ter sucesso ou não. Nenhum serviço de oncologia do país utiliza rotineiramente a TENS como recurso complementar no tratamento de náuseas e vômitos. Em alguns serviços há protocolos de estudo como esse, como o de Tonezzer (2009), realizado no Hospital Pérola Buyton . A TENS é uma técnica com muitas vantagens por ser barata, prática, não invasiva, com poucas restrições, nenhum efeito colateral e que não interfere nos efeitos dos medicamentos administrados (MELO et al., 2006). O fato da TENS ser um recurso não invasivo é vantajoso se comparado ao uso de outras técnicas não farmacológicas porém invasivas como acupuntura e eletroacupuntura. Sabe-se que pacientes com câncer costumam ter o risco de infecções mais elevado do que a população em geral, principalmente pela redução da quantidade de leucócitos decorrentes da própria quimioterapia (HOSPITAL DO CÂNCER AC CAMARGO, 2011). Recomenda-se evitar perfurações e cortes com o intuito de prevenir tal complicação (GUIA PRÁTICO PARA PACIENTES ONCOLÓGICOS CENTRO DE COMBATE AO CÂNCER, 2010). Portanto o uso da TENS através de eletrodos de superfície mostra-se um recurso seguro e que poderia promover uma melhor qualidade de vida ao paciente através de um melhor bem-estar físico, possivelmente controlando os sintomas de náuseas e vômitos sem os efeitos colaterais dos tradicionais antieméticos e a baixo custo. Baseado nesse contexto o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da eletroestimulação transcutânea na qualidade de vida de pacientes oncológicos com queixas de náuseas e vômitos após a quimioterapia, buscando atender às preocupações relacionadas a sustentabilidade social. 3 SUJEITOS E MÉTODOS 3.1 Desenho do estudo Este se caracterizou por estudo quantitativo com pesquisa exploratória experimental do tipo ensaio clínico randomizado cego. Esse tipo de estudo traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas. O pesquisador interfere e influencia na pesquisa, objetivando verificar os efeitos da intervenção (ANDRADE, 2003). É um estudo no qual as pessoas são alocadas ao acaso para receber uma intervenção clínica, por ser considerado um estudo comparativo e experimental, uma das intervenções é considerada como um padrão de comparação (controle ou placebo). Esse tipo de estudo tem por objetivo medir e comparar desfechos após uma intervenção. Dentre os vários tipos de estudo existentes, o ensaio clínico randomizado está entre os melhores níveis de evidência científica e grau de recomendação, segundo a Classificação de Oxford Centre for Evidence-Based Medicine (2001). 3.2 Tamanho de amostra A amostra foi calculada a partir de um estudo preliminar (piloto) composto por 60 pacientes, que não se incluem na amostra do presente estudo, divididos em dois grupos. Grupo padrão composto por pacientes sem intervenção TENS (controle) contendo 28 pacientes Grupo de estudo composto por pacientes sob intervenção TENS com 32 pacientes. Para cada grupo, questionou-se sobre intensidade de náuseas e frequência de vômitos. Com base no estudo pilto associados ao questionamento sobre melhora dos pacientes dos grupos acima descritos, obteve-se: (a) A média de desvio padrão da amostra referente ao quesito intensidade de náuseas associados aos períodos de 1, 2 e 3 dias após seção de quimioterapia resultou em valores próximos de 3, variando de um mínimo de 2,15 a um máximo de 3,60. (b) A média de desvio padrão da amostra referente ao quesito frequência de vômitos associados aos períodos de 1, 2 e 3 dias após seção de quimioterapia resultou em valores variando de 0,8 a 2,8. O cálculo de tamanho de amostra inclui a consideração de confiabilidade dos resultados, através da variável Z (obtida a partir da tabela para distribuição normal padronizada), desvio padrão da amostra, σx, e erro tolerável, E, de acordo com a fórmula 1, a seguir. n=Z(σx/E)² - Para confiabilidade de 95%, obtém-se Z=1,96. Consideração básica como estimativa de cálculo: razão entre desvio padrão da amostra e erro: (σx/E) > 3 resulta em um tamanho de amostra por grupo (intervenção e placebo) maior que 35, ou seja, mínimo da ordem de 40. 3.3 Seleção de sujeitos Este estudo foi realizado com 83 pacientes sob tratamento quimioterápico por câncer, atendidos no Instituto Radium (Santa Casa Dona Carolina Malheiros) no município de São João da Boa Vista –SP, no Hospital UNIMED e na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) no município de Poços de Caldas-MG; e no Setor Municipal de Oncologia do município de São José do Rio Pardo- SP. O período da coleta de dados foi de Dezembro de 2011 a Agosto de 2012. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo 1, chamado de grupo da intervenção, a eletroestimulação foi realizada com a TENS por 30 minutos, durante a infusão da quimioterapia, com frequência de 10 hertz, com 500 microssegundos de tempo de duração do pulso, com intensidade variada conforme tolerância, em 42 pacientes; grupo 2, chamado grupo controle, foi composto por 41 pacientes que sofreram uma simulação da estimulação com a TENS com frequência zero, também por 30 minutos. A prescrição de medicamento antiemético foi homogênea: buscou-se o controle através da restrição dos serviços acima descritos para a coleta de dados, com apenas três médicos oncologistas envolvidos. Os médicos foram informados e concordaram em colaborar com a pesquisa. Todos os pacientes fizeram uso regular e controlado dos antieméticos Zofran® e Decadron® antes da infusão das drogas quimioterápicas. A quantidade de antieméticos administrada pelo paciente no domicílio não foi controlado por ser objeto de estudo dessa pesquisa. Cada paciente tomou individualmente a quantidade de medicamento que achou necessária. Os antieméticos utilizados foram prescritos pelos médicos oncologistas mediante a queixa do paciente. 3.3.1 Critérios de inclusão • pacientes em tratamento quimioterápico com o uso de drogas antineoplásicas classificadas de médio e alto grau de emetogenicidade. • pacientes que já tenham realizado no mínimo um ciclo de quimioterapia • pacientes que tenham relatado ter tido náusea e vômito como efeito colateral nas primeiras 48 horas após a sessão anterior de quimioterapia. 3.3.2 Critérios de exclusão • pacientes que estivessem no último ciclo de quimioterapia • incapacidade de responder aos questionários • incapacidade de relatar a frequência de náuseas e vômitos 3.3.3 Critérios de descontinuação • pacientes estimulados com a TENS que não responderam aos questionários 3.4 Variáveis 3.4.1 Variável independente • TENS: Eletroestimulação nervosa transcutânea. Foi realizada através da utilização de um aparelho da marca KW Master Line® portátil, aplicado por meio de eletrodos com gel para condução no ponto P6, do braço contralateral à quimioterapia, que poderia estar sendo efetivo ou não. Os parâmetros adotados para essa pesquisa para o grupo da intervenção foram: frequência de 10 Hz baseada nos estudos de Dundee e Yang (1990) e Iketani et al. (2010), tempo de duração do pulso de 500 microssegundos (IKETANI et al., 2000), intensidade variada de acordo com a tolerância de cada paciente, por 30 minutos (FASSOULAKI et al., 1993; IKETANI el al., 2010 ). Para o grupo controle os parâmetros foram zerados. • Qualidade de Vida: bem-estar físico, emocional, social, o relacionamento com a família e amigos. Foi avaliado através do FACT-G - versão em português (ANEXO 1). O FACT-G é dividido em 4 domínios : bem-estar físico, social e familiar, emocional e funcional. Cada item do questionário pode ser respondido baseado na legenda : 0= nenhum pouco; 1= um pouco; 2= mais ou menos; 3= muito; 4= muitíssimo. O escore máximo de ser obtido é de 108 pontos, divididos em 4 domínios: bem-estar físico composto por 7 itens (escore 0-28 pontos); bem-estar social e familiar composto por 7 itens (escore 0-28 pontos); bem-estar emocional composto por 6 itens (escore 0-24 pontos); bem-estar funcional composto por 7 itens (escore 0-28 pontos). 3.4.2 Variáveis dependentes • Náusea: sensação desagradável associada a necessidade de vomitar. Foi mensurada em dois momentos: no dia da quimioterapia e no dia seguinte, através de uma tabela com escala análogo visual com pontuações de 0 (zero) a 10 (dez), sendo 0 a ausência do sintoma e 10 o mais intenso (APÊNDICE 1) (BOOGAERTS et al., 2000), na qual o paciente anotou a intensidade das náuseas, sendo autopreenchido em seu domicílio. • Vômito: expulsão forçada de conteúdo gástrico pela boca. Foi mensurado em dois momentos: no dia da quimioterapia e no dia seguinte, através de uma tabela na qual o paciente anotou o número de episódios ao dia, sendo autopreenchido em seu domicílio (APÊNDICE 1) • Drogas antieméticas para uso domiciliar: medicamento prescrito pelo médico para que o paciente pudesse tomar em casa em caso de necessidade, diante do incômodo provocado por eventuais sintomas de náuseas e vômitos. A quantidade de antieméticos domiciliar não foi controlado por ser objeto de estudo dessa pesquisa. Cada paciente tomou o medicamento de acordo com a necessidade mediante indicação médica. A prescrição indicava medicamentos de uso a cada 8 horas, entretanto o paciente tinha a liberdade de fazer ou não uso do mesmo. Foi mensurado em dois momentos: no dia da sessão da quimioterapia e no dia seguinte, através de uma tabela na qual o paciente anotou o número de comprimidos administrado no domicílio (APÊNDICE 1) 3.4.3 Variáveis de controle • Idade: número absoluto de anos completos colhido através da ficha de avaliação preparada pela investigadora. • Sexo: entendido como produto de diferenças físicas, classificado em masculino ou feminino. • Local do tumor: localização do órgão, tecido ou sistema onde se encontra o tumor. • Quimioterapia: substância química, isolada ou não que tem por objetivo tratar uma patologia tumoral ou não. • Drogas quimioterápicas de médio e alto grau emetogênico. São drogas antineoplásicas utilizadas para tratar o câncer, porém são altamente tóxicas, com poder emetogênico, Baracat et al. (2000) classificam as drogas como: − Médio grau emetogênico, risco moderado (30 a 90% risco de êmese): carboplatina, carmustina, ciclofosfamida(750-1500 mg/m), citarabina, doxorrubicina, epirrubicina, idarrubicina, ifosfamida, mitoxantrona, procarbazina e estreptozocina. − Alto grau emetogênico, risco alto (99% risco de êmese): cisplatina, dacarbazina, hexametilmelanina, mecloretamina, combinação AC ou EC, ciclofosfamida (>1500mg/m) • Drogas antieméticas antes da infusão da quimioterapia: Medicamentos para controle e prevenção de náuseas e vômitos (DELUCIA et al., 2007). Foram administrados os medicamentos Zofran® 20mg e Decadron® 16 mg antes da infusão das drogas quimioterápicas em todos os pacientes. 3.5 Procedimentos Foram randomizados 83 pacientes, que foram divididos em dois grupos, sendo o grupo 1 caracterizado como da intervenção e o Grupo 2, controle, através de sorteio. No grupo 2 os pacientes foram estimulados com frequência zero, a fim de evitar e/ou minimizar o efeito placebo ou Hawthorne. O efeito Hawthorne é o fenômeno relativo à observação, estudado por pesquisadores na Western Pacific Corporation, em Hawthorne, segundo o qual os sujeitos sob observação podem agir de maneira particular, ou seja, o processo de observação, bem como o fato da presença do observador podem modificar a maneira particular de agir do observado independentemente do tipo de intervenção que possam estar recebendo já que as pessoas possuem tendência em mudar de comportamento quando são alvo de interesse e atenções (MAYO, 1933; FLETCHER e FLETCHER, 2006). Nos anos 20, Mayo (1933) realizou um estudo na fábrica de Hawthorne, em Chicago, para verificar a relação entre níveis de luminosidade com o aumento da produção. Após o estudo observou-se que o simples fato dos trabalhadores estarem recebendo atenção e de saberem que estavam sendo observados e participando de uma pesquisa foi o suficiente para que aumentasse a produtividade, independente da luminosidade. Dessa maneira justifica-se a presença de um grupo controle com TENS na frequência zero nesse estudo. Em ambos os grupos os eletrodos foram colocados sobre o nervo mediano (Figura 7). Um foi colocado sob o ponto P6 (entre os tendões dos músculos palmar longo e flexor radial do carpo no antebraço, a um sexto da distância entre o retináculo dos flexores e a fossa cubital), como pode ser observado na figura 8 (SAAD e MEDEIROS, 2008). O ponto P6 foi localizado a partir da colocação de três dedos do próprio paciente acima do punho (HEAZEL et al., 2006; VICKERS,1996). O outro eletrodo foi colocado em um ponto distal ao P6 no trajeto da inervação correspondente ao nervo mediano. Como não há na literatura relatos de um local específico para a colocação do segundo eletrodo, nesse estudo optou-se por colocá-lo no trajeto de inervação correspondente ao nervo mediano, uma vez que o ponto P6 situa-se nesse trajeto. FIGURA 7 - Local da eletroestimulação FIGURA 8- Localização do ponto P6 Fonte: Elaborada pela autora Fonte: Elaborada pela autora, 2012 Os pacientes foram abordados durante a sessão de quimioterapia pela pesquisadora e/ou por uma aluna do último ano do curso de graduação em fisioterapia do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE. Quatro alunas participaram da coleta de dados, tendo todas sido previamente treinadas para auxiliarem na pesquisa, desde a abordagem do paciente até a aplicação da TENS no ponto P6. O instrumento utilizado para coleta de dados foi uma ficha de avaliação fisioterapêutica preparada pela investigadora. A parte correspondente à identificação do paciente foi destacada a fim de preservação do sigilo. Os dados foram colhidos a partir dos prontuários do paciente e foram anotados nessa ficha (APÊNDICE 2). Os pacientes apenas participaram desse estudo após assinarem um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 3). Após assinarem esse termo é que os pacientes foram randomizados através de sorteio. Todos os pacientes foram submetidos a uma única intervenção com TENS e receberam uma tabela de intensidade de náuseas, frequências de vômitos e quantidade de medicamentos antieméticos tomados em domicilio para serem autopreenchido nos dois primeiros dias após a intervenção com TENS (APÊNDICE 1) e o questionário de QV denominado FACT-G para ser autopreenchido sete dias após a quimioterapia (ANEXO 1). O FACT-G é um instrumento que avalia a qualidade de vida do paciente oncológico nos últimos sete dias, projetado para ser autoaplicado, ou por meio de entrevista desde que não haja nenhuma iniciativa tendenciosa do entrevistador (ORGANIZAÇÃO FACIT, 2010). Para a utilização desse instrumento foi necessário solicitar autorização a Organização Facit (Functional Assessment of Chronic Illness Therapy) que, mediante a apresentação do projeto de pesquisa, concedeu a autorização (ANEXO 2). O formulário para náuseas e vômitos, foi realizado a partir de uma tabela contendo uma escala visual analógica para intensidade das náuseas com pontuação numérica de zero a dez, sendo zero (0) ausência de náusea e dez (10) a mais intensa (BORJESON et al., 1997; BOOGAERST et al., 2000) e os vômitos foram avaliados pelo número de episódios ao dia. Esta tabela foi preenchida no dia da sessão da quimioterapia e no dia seguinte, após a eletroestimulação, além disso foi solicitado por meio desse formulário a quantidade de antieméticos tomados em domicílio durante esse mesmo período. Ambos, a tabela e o questionário, foram colocados em um envelope contendo as orientações necessárias para a autoaplicação e deveriam ser devolvidos ao setor de oncologia para a pesquisadora no próximo ciclo de quimioterapia. 3.6 Aspectos éticos A realização deste estudo baseou-se na Declaração de Helsinque (2000) e na Resolução 196/96 (BRASIL, 1996). Foi lido um termo de consentimento aos pacientes, explicando sobre o caráter do estudo e esclarecendo sobre o sigilo em relação à fonte das informações, sendo garantido o direito a não participação sem qualquer tipo de prejuízo na sua assistência na instituição. Esse projeto foi enviado para parecer do comitê de ética em pesquisa do UNIFAE e foi aprovado, sob número de protocolo 482176 (ANEXO 3). 3.7 Análise dos dados Os escores foram obtidos através das normas de pontuação (fórmula) previamente estabelecida pelo FACIT (ANEXO 4). Dessa maneira os escores foram somados para cada domínio, multiplicados pelo número de questões e divididos pelo número de itens respondidos (uma vez que os pacientes tinham a opção de não responder a algum item), então os domínios foram somados para chegar ao escore FACT-G total. Pontuação BEF (escore)+ BES(escore)+ BEE(escore)+BEFu(escore)= FACT-G TOTAL(escore) BEF ( bem-estar físico); BES bem-estar social e familiar; BEE(bem-estar emocional; BEFu ( bem-estar funcional). Os dados quantitativos foram avaliados através do cálculo de frequências absolutas (n) e relativas (%) para variáveis categóricas e através de média e desvio-padrão para as variáveis contínuas. O nível de significância assumido no trabalho foi de 5% e o poder do teste 95% de confiabilidade. Os dados foram transcritos para um programa de base de dados (Excel) com o software integrado Action 2.3 para análise estatística. Utilizou-se o teste t- Student para amostras independentes e o coeficiente de correlação de Pearson para avaliar a intensidade da associação linear entre as variáveis. 4. RESULTADOS Foram avaliados 83 pacientes sob tratamento quimioterápico com náuseas e/ou vômitos, divididos em dois grupos homogêneos. O primeiro grupo (intervenção) foi composto por 42 pacientes e o segundo (controle) por 41, cujas características estão apresentados na tabela 1. Prevaleceu o sexo feminino (73,5%) e o foco primário da doença mais frequente foi colon/reto (30,12%) e mama (24,09%). A droga quimioterápica mais utilizada foi a Doxorrubicina/ Adriamicina(31,32%). TABELA 1- Distribuição dos pacientes segundo algumas variáveis de controle Grupo intervenção Grupo controle n % n % Feminino 28 66,7% 33 80,5% Masculino 14 33,3% 8 19,5 % Mama 13 30,95 % 7 17,07 % Colorretal 13 30,95 % 12 29,26 % Pulmão 4 9,52 % 3 7,31 % Ovário 1 2,38 % 2 4,87 % Parótida 1 2,38 % __ Leucemia 1 2,38 % 3 Abdome 1 2,38 % __ Músculo 1 2,38 % __ Laringe 1 2,38 % __ Estômago 1 2,38 % 1 Vesícula 1 2,38 % __ Osso 1 2,38 % 1 Mediastino 1 2,38 % __ Linfoma __ 3 7,31 % Língua __ 1 2,43 % Esôfago __ 2 4,87 % Fígado 1 4 9,75 % Útero __ 1 2,43 % Pâncreas 1 2,38 % 1 2,43 % AC 1 2,38 % __ Doxorrubicina/ Adriamicina 17 40,47 % 9 Ciclofosfamida 4 9,52 % Carboplatina 2 4,76 % __ Cisplatina 6 14,28 % 9 FAC 1 2,38 % __ FOLFOX 10 23,80% 10 24,39 % Irinotecano 1 2,38 % 2 4,87% Dacarbazina __ 1 2,43 % Oxaliplatina __ 5 12,19 % Sexo Foco primário da doença 2,38 % 7,31 % 2,43 % 2,43 % Quimioterápicos 24,38 % 4 9,75 % 21,95 % n : número de indivíduos, %: porcentagem; AC: Adriamicina + Ciclofosfamida; FAC: Fluorouracil (5-FU) Adriamicina +Ciclofosfamida; FOLFOX: Fluorouracil (5- FU)+ Leucovorin + Oxaliplatina. 50 A tabela 2 apresenta a média de idade dos pacientes e a média do ciclo de quimioterapia que realizavam durante o estudo, também homogêneos entre os grupos. TABELA 2- Distribuição dos pacientes segundo algumas variáveis de controle Grupo Intervenção Grupo Controle Média DP Média DP p-valor Idade 53,261 (± 13,530) 58,707 (± 13,229) 0,067 Ciclo de 4,380 (± 4,155) 3,780 (± 1,753) 0,392 quimioterapia DP: Desvio-padrão Teste Estatístico: t- Student A tabela 3 mostra a média da intensidade das náuseas, frequência dos vômitos e a quantidade de uso de medicamentos antieméticos domiciliares nos dois primeiros dias após o uso da TENS. A média das náuseas no dia da quimioterapia, dos vômitos e da quantidade de antieméticos tomados no dia e no dia seguinte da sessão de quimioterapia foi significativamente menor no grupo da intervenção. TABELA 3- Intensidade de náuseas, frequência de vômitos e quantidade de antiemético domiciliar administrado segundo o grupo de eletroestimulação Grupo Intervenção Grupo Controle p-valor Média DP Média DP Dia da quimioterapia 1,452 (± 2,872) 3,853 (± 3,616) 0,001* Dia seguinte 2,047 (± 3,215) 3,365 ( ±3,903) 0,09 Dia da quimioterapia 0,095 (± 0,484) 1,146 (±1,696) 0,000* Dia seguinte 0,357 (± 1,100) 1,487 (± 1,733) 0,000* 0,809 (± 1,087) 1,560 (±1,379 ) 0,007* Dia seguinte 0,880 ( ± 1,233) 1,853 DP:Desvio-padrão, *: Valores significativos para 95% de confiabilidade (±1,350 ) 0,000* Náusea Vômito Antiemético domiciliar Dia da quimioterapia Teste estatístico: t-Student 51 A média dos escores dos domínios da qualidade de vida (BEF/BES/BEE/BEFu), bem como o FACT-G Total foram maiores no grupo de intervenção, representando uma melhor QV para este grupo, como pode ser visualizado na tabela 4. TABELA 4 - Qualidade de vida dos pacientes segundo o grupo de eletroestimulação Grupo Intervenção Grupo controle p-valor Média DP Média DP BEF 19,261 (± 5,759) 16,788 (± 5,896) 0,05* BES 22,132 (± 4,351) 19,094 (± 6,430) 0,014* BEE 19,704 (± 3,801) 17,521 (± 5,474) 0,038* BEFu 19,167 (± 5,311) 15,882 (± 6,015) 0,010* 0,004* (± 13,855) 69,190 (± 19,680) BEF: Bem-estar físico, BES: Bem-estar social/familiar; BEE: Bem-estar emocional; BEFu: Bem-estar funcional, FACT-G Total 80,268 FACT-G Total: Funcional Assessment of Cancer – Geral; DP: Desvio-padrão. * Significância estatística Teste estatístico: t- Student A tabela 5 representa a influência da intensidade das náuseas na QV dos pacientes. É possível observar que a presença de náusea afetou a qualidade de vida dos pacientes, independente da realização ou não da eletroestimulação. Entretanto a QV foi menos afetada no grupo da intervenção em função da significativa menor incidência das queixas de náuseas nesse grupo. TABELA 5 – Influência da intensidade de náuseas na qualidade de vida dos pacientes segundo o grupo de eletroestimulação Grupo Intervenção Grupo Controle FACT-G Total Náuseas Dia da quimioterapia p-valor FACT-G Total Média DP r 1,452 (± 2,872) -0,297 Média DP r 3,853 (± 3,616) -0,017 0,000* Dia seguinte 2,047 (± 3,215) -0,392 3,365 ( ±3,903) 0,123 0,000* DP-Desvio-padrão; FACT-G Total: Funcional Assessment of Cancer – Geral; r: Correlação de Pearson. * Significância estatística Teste estatístico: t- Student e correlação de Pearson Já a tabela 6 demonstra a influência dos episódios de vômitos na qualidade de vida dos pacientes, independente do grupo. Os pacientes submetidos a eletroestimulação, entretanto, 52 tiveram sua QV menos afetada em função da menor ocorrência dos vômitos. TABELA 6- Influência da ocorrência dos episódios de vômitos na qualidade de vida dos pacientes segundo o grupo de eletroestimulação Grupo Intervenção Grupo Controle FACT-G Total Vômitos Dia da quimioterapia p-valor FACT-G Total Média DP r Média DP r 0,095 (± 0,484) 0,046 1,146 (± 1,696) 0,072 0,000* Dia seguinte 0,357 (± 1,100) -0,246 1,487 ( ±1,733) 0,105 0,000* FACT-G Total: Funcional Assessment of Cancer– Geral; DP: Desvio-padrão; * Significância estatística; r: correlação de Pearson Teste estatístico: t- Student e Correlação de Pearson Através da tabela 7 é possível perceber que o uso de medicamentos antieméticos também influenciou a QV. Como o grupo da intervenção fez um menor uso de remédios, em função de menores queixas de náuseas e vômitos, houve uma menor influência da administração desses remédios na QV no grupo eletroestimulado. TABELA 7- Influência do uso de antieméticos domiciliares na QV dos pacientes Grupo Intervenção Grupo Controle FACT-G Total Antiemético domiciliar Dia da quimioterapia p-valor FACT-G Total Média DP r Média DP r 0,809 -0,207 1,560 (± 1,379) -0,224 (± 1,087) 0,000* Dia seguinte 0,880 (± 1,233) -0,162 1,853 ( ±1,350) -0,323 0,000* DP: Desvio- padrão; r: correlação de Pearson FACT-G Total: Funcional Assessment of Cancer – Geral; * Valores significativos para 95% de confiabilidade Teste Estatístico: Teste T- de Student e Correlação de Pearson 53 5 DISCUSSÃO Este estudo avaliou a influência da eletroestimulação transcutânea na qualidade de vida de pacientes oncológicos com queixa de náuseas e/ou vômitos provocados pelo tratamento quimioterápico. A média da intensidade das náuseas no dia da quimioterapia, da ocorrência dos vômitos, e da quantidade de antieméticos tomados a domicílio no dia e no dia seguinte à sessão de quimioterapia foi significativamente menor no grupo da intervenção. A percepção de qualidade de vida também foi significativamente maior no grupo de intervenção. Foi possível observar que a presença de náusea, a ocorrência dos vômitos e a administração de drogas antieméticas afetou negativamente a qualidade de vida dos pacientes, independente da realização ou não da eletroestimulação. Entretanto a QV foi menos afetada no grupo da intervenção, provavelmente em função da significativa menor incidência das queixas de náuseas e vômitos nesse grupo e da menor necessidade do uso de remédios no grupo eletroestimulado. A quimioterapia é um tratamento que causa muitos efeitos colaterais, alguns tão nocivos que podem indicar a interrupção do tratamento podendo acarretar a morte do paciente e, por isso, devem ser previstos, detectados e tratados precocemente (SILVA e ZAGO, 2001). Percebe-se, diante disso, um grande interesse na monitorização da qualidade da atenção que refletem diretamente na qualidade de vida do paciente. De acordo com a OMS a qualidade de vida precisa ter como objetivo a avaliação do impacto de diversos fatores que acontecem nos campos psicológico, social, espiritual e físico do indivíduo, permitindo criar parâmetros nos estudos de custo/benefício e contribuir para aprimorar os recursos disponíveis no sistema de saúde (MONTAREZI et al., 2008; INCA,2002 ). Os resultados apresentados neste estudo são relevantes uma vez que as náuseas e vômitos são capazes de impactar negativamente na QV dos pacientes. Torna-se indispensável tomada de soluções para minimizar esses sintomas, afim de manter ou melhorar a QV dos pacientes durante o período de tratamento (LINDLEY e HIRSCH, 1992). Figueiredo (2008) realizou um estudo para avaliar a ocorrência de náuseas e/ou vômitos em pacientes sob tratamento oncológico e o impacto desses sintomas na QV. Participaram do estudo 79 pacientes, destes, 75(94,9%) apresentaram náuseas e 60 (76%) referiram vômito. Os pacientes que apresentaram náuseas ou vômitos apresentaram menor QV do que os pacientes que não apresentaram esta sintomatologia. O mesmo foi observado no presente estudo, em que os pacientes do grupo controle, que apresentaram maior queixa dos sintomas náuseas e vômitos apresentaram uma redução significativa na QV quando comparados ao grupo da intervenção 54 Lindely e Hirsch (1992) avaliaram 122 pacientes em quimioterapia emetogênica para diversos tipos de câncer e o impacto na QV. Dos pacientes que sofreram emese induzida por quimioterapia, 23% não foram capazes de ir para o trabalho devido a vômitos, 22% relataram que não foram capazes de preparar as refeições devido aos vômitos, 12% relataram que esse sintoma causou incapacidade de cuidar de si mesmos; 12% relataram incapacidade de tomar medicamentos prescritos devido a esse sintoma, contribuindo significativamente ás alterações na QV. O´Brien et al. (1993) avaliaram 92 pacientes sob tratamento oncológico através de quimioterapia com médio e alto poder de emetogenicidade e seu impacto na QV. Nas primeiras 24 horas pós-quimioterapia pôde-se observar impacto negativo na capacidade funcional. Já no 2° dia o impacto maior foi nas relações familiares, de lazer e de trabalho doméstico. Osoba et al. (1997) avaliaram o impacto das náuseas e vômitos na QV de pacientes em tratamento quimioterápico. Os pacientes foram divididos em dois grupos, um era composto por pacientes que não relatavam os sintomas, o segundo grupo por pacientes que relatavam ter experimentado náusea e/ou vômito. Os pacientes que apresentaram os sintomas tiveram piora no domínios, físico, funcional, emocional, cognitivo e na QV de forma geral. Além disso os pacientes com esses sintomas apresentaram maior fadiga, constipação, insônia, dor e dificuldades financeiras. Esses resultados corroboram as evidências atuais encontradas no presente estudo em que os domínios prejudicados foram o bem estar físico, social/familiar, emocional e funcional quando comparados ao grupo de intervenção. Em um estudo canadense, os pacientes com náuseas e vômitos provocados por tratamento quimioterápico moderadamente emetogênico foram monitorados afim de avaliar o impacto desses sintomas na QV. Os pacientes que experimentaram esses sintomas tiveram diminuição na QV de forma geral (RUSTHOVEN et al., 1998). Esses resultados vão ao encontro dos resultados obtidos nesse estudo uma vez que os pacientes do grupo controle tiveram uma diminuição da QV de forma geral quando comparados ao grupo de intervenção. É evidente que as náuseas e vômitos provocam transtornos que impactam negativamente a QV do paciente em tratamento quimioterápico. Neste estudo é possível observar que tanto as náusea (p=0,000) quanto os vômitos (p=0,000) interferiram na QV dos pacientes em ambos os grupos, independente da eletroestimulação. Estes sintomas assumem um impacto negativo na qualidade de vida dos doentes, na medida em que interferem nas atividades de vida diárias, afetam as relações sociais, familiares e de trabalho, induzem o aparecimento de complicações tais como anorexia e déficits nutricionais, levam ao aumento no índice de morbilidade, com consequências 55 de níveis econômicos e sociais, além de poder interferir na sobrevida dos doentes (FRANCISCO, 2008). Na tentativa de amenizar as náuseas e vômitos, buscando promover uma qualidade de vida melhor aos pacientes, desperta-se o interesse no uso de técnicas não farmacológicas como a TENS. Fassoulaki et al. (1993), em estudo com 103 mulheres no pós-operatório de histerectomia, observaram o efeito da TENS na redução de náuseas e vômitos. Nessa mesma direção Pearl et al. (1999), num estudo randomizado duplo cego, avaliaram a eficácia da TENS tipo Relifband em 42 pacientes reportando redução significativa das náuseas provocadas por quimioterapia. Ambos resultados corroboram os encontrados nesse estudo, uma vez que os pacientes do grupo da eletroestimulação tiveram redução significativa dos sintomas quando comparados ao grupo controle. Ozgur et al. (2001) utilizaram a TENS associada a droga antiemética ondansetron em 25 pacientes pós quimioterapia e observaram a redução tanto em náuseas quanto em vômitos. É interessante observar que os resultados encontrados também corroboram os achados do presente estudo em que os pacientes do grupo da intervenção tiveram redução significativa das náuseas e vômitos em comparação ao grupo controle. Tonezzer et al. (2012), em estudo prospectivo randomizado com 75 pacientes oncológicos, sendo 40 do grupo experimental que recebeu a TENS de baixa frequência no ponto PC6 e 35 do grupo controle mostraram que houve uma melhora significativa nos sintomas de náuseas e vômitos antecipatórios e agudos no grupo experimental decorrentes do tratamento quimioterápico, tanto na sua intensidade quanto na sua frequência. É possível observar que a melhora das náuseas foi significativa no dia da sessão de quimioterapia (p=0,001) confirmando os resultados observados num estudo de Treish et al. (2003) em que houve uma redução significativa na intensidades das náuseas nas primeiras 24h após a eletroestimulação, sugerindo que a TENS tenha maior efeito na redução das náuseas agudas. Não se sabe o tempo de duração do efeito antiemético após a estimulação do ponto P6. Fassoulaki et al. (1993) observaram que a melhora mais expressiva teve duração de até seis horas após a eletroestimulação. Dundee et al. (1991) sugerem que a TENS possa prolongar esses efeitos, sugerindo mais estudos nessa direção. Isso pode explicar o porquê da TENS não ter apresentado melhora significativa na redução das náuseas no dia seguinte a eletroestimulação (p=0,09) e sim no dia da sessão de quimioterapia. Em relação aos vômitos foi possível observar que a eletroestimulação mostrou-se eficiente 56 no dia e no dia seguinte após a sessão da quimioterapia, o que vai ao encontro dos resultados apresentados por Ezzo et al. (2010), em um estudo de metanálise, que perceberam que a estimulação do ponto P6, seja por agulha, eletroacupuntura, acupressão, eletroestimulação transcutânea, é mais eficiente nos sintomas dos vômitos que das náuseas. Este estudo foi realizado afim de avaliar o efeito da TENS na QV de pacientes com náuseas e vômitos, e um achado merece destaque: três pacientes do grupo da intervenção relataram, além de melhora na intensidade das náuseas e frequência dos vômitos, melhora no sintoma da dor em diferentes locais. Esses resultados vão ao encontro de Gan et al. (1996) que observaram o mesmo achado em seu estudo demonstrando que a eletroestimulação sobre o ponto P6 não só reduziu as náuseas e vômitos como também reduziu a dor do pós-operatório, tendo também um efeito analgésico. Os autores sugerem a realização de mais estudos para avaliar o efeito analgésico a partir da estimulação sobre o ponto P6. Outro achado que merece destaque foram quatro pacientes do grupo da intervenção, que chegaram ao setor de quimioterapia referindo náuseas e/ou vômitos antecipatórios (antes da infusão das drogas antineoplásicas), ao aplicar a eletroestimulação relataram melhora imediata, corroborando os achados do estudo de Tonezzer (2012) em que os pacientes com náuseas antecipatórias e agudas apresentaram uma melhora significativa e mais importante do que a melhora referida em relação as queixas de náuseas tardias. Em contrapartida Zárate et al. (2001) observaram redução das náuseas, mas não dos vômitos, no pós-operatório de laparoscopia de 221 pacientes. Essa divergência nos resultados pode estar atribuída ao fato de não existir um consenso na literatura, de parâmetros específicos para a utilização da TENS para o efeito antiemético, bem como tempo de aplicação. Os parâmetros utilizados por Dundee et al. (1991) foram 10 a 15 Hz por 5 minutos, já Fassoulaki et al. (1993) utilizaram frequência de 10 Hz de 30 a 45 minutos. Gan et al. (1996) utilizaram frequência de 2 a 100 hz, com tempo de 30 a 60 minutos e Iketani et al. (2010) frequência de 10 Hz e largura de pulso de 500 μs por 30 minutos. No presente estudo optou-se pelos seguintes parâmetros para o grupo da intervenção: frequência de 10 Hz baseada nos estudos de Dundee e Yang (1990) e Iketani et al. (2010), tempo de duração do pulso de 500 μs (Iketani et al., 2000), intensidade variada- foi aumentada de acordo com a tolerância do paciente, por 30 minutos (FASSOULAKI et al., 1993; IKETANI el al., 2010 ). É importante ressaltar também que a maioria dos ensaios clínicos não informa o local para colocação do 2º eletrodo, fatores esses que certamente influenciam o sucesso dos resultados. Os parâmetros utilizados por Dundee et al. (1991) foram 10 a 15 Hz por 5 minutos, já 57 Fassoulaki et al. (1993) utilizaram frequência de 10 Hz de 30 a 45 minutos. Gan et al. (1996) utilizaram frequência de 2 a 100 hz, com tempo de 30 a 60 minutos e Iketani et al. (2010) frequência de 10 Hz e largura de pulso de 500 μs por 30 minutos. No presente estudo optou-se pelos seguintes parâmetros para o grupo da intervenção: frequência de 10 Hz baseada nos estudos de Dundee e Yang (1990) e Iketani et al. (2010), tempo de duração do pulso de 500 μs (Iketani et al., 2000), intensidade variada- foi aumentada de acordo com a tolerância do paciente, por 30 minutos (FASSOULAKI et al., 1993; IKETANI el al., 2010 ). O mecanismo de ação pelo qual a eletroestimulação reduziria a incidência de náuseas e vômitos ainda não é bem esclarecido. Estudos em neurofisiologia sugerem que a estimulação neuronal periférica, seja por métodos invasivos por agulha (com estimulação manual, elétrica, ou injeção de ponto) ou não invasivos (acupressão digital e TENS) promovem mudanças nas funções sensitivas, motoras e autonómicas, viscerais, hormonais, imunitárias e cerebrais, com resultados terapêuticos (FILSHIE e WHITE, 2002). Streitberger et al. (2006) propõem alguns mecanismos pelos quais a estimulação do ponto P6, seja por método invasivo ou não, reduziria a frequência de náuseas e vômitos. Um dos mecanismo seria que o P6 funciona através de neurotransmissores: vários estudos mostraram que a estimulação desse ponto influencia o sistema dos opioides endógenos, tal como a transmissão da serotonina pela via de ativação das fibras serotoninérgicas e neuroadrenérgicas estando, portanto, envolvidos no controle desses sintomas. Outro mecanismo propõe uma influência direta sobre o músculo liso do intestino. Em estudo em cães com emese induzida por vasopressina (STREIBERGER et al., 2006) a eletroestimulação do P6 reduziu a taquiarritmia gástrica, suprimindo os movimentos peristálticos retrógrados e, assim, os episódios de vômito. Para Enest (2006) o mecanismo de ação pelo qual a estimulação desse ponto controlaria ocorrência de náusea e/ou vômito ainda é desconhecido, porém existe uma hipótese bastante considerada de que a estimulação da pele em baixas frequências ativaria as fibras alfa e beta, responsáveis pela transmissão da sensação de tato, influenciando assim os neurotransmissores e promovendo, consequentemente, a inibição da secreção de ácido gástrico e a normalização do funcionamento gástrico. Os neurotransmissores possivelmente envolvidos seriam o peptídeo inibidor gástrico (GIP) e peptídio inibidor vasoativo (VIP). O GIP é um potente inibidor da secreção de ácido gástrico enquanto que o VIP age como um neurotransmissor em neurônios motores - efetuando o relaxamento à frente da onda peristáltica e o relaxamento dos esfíncteres, e em neurônios secretores - inibindo a secreção de ácido gástrico pelas células parietais, além de promover efeito 58 vasodilatador (POLAK, 1993).Outra hipótese seria a liberação de substâncias neuroquímicas através da estimulação neural periférica (sob o ponto P6), obtendo-se assim efeitos antieméticos a partir da liberação de endorfina, uma vez que a endorfina é responsável pela redução da motilidade do estômago, através de ação sobre neurônios secretomotores e interneurônios do sistema nervoso entérico. Dessa maneira ocorreria a inibição da liberação de acetilcolina e, portanto, do peristaltismo (KATZUNG, 1998), minimizando, desse modo, a estimulação da zona quimioceptora gatilho, responsável pelo reflexo do vômito. A eletroestimulação mostrou-se um recurso barato, de fácil manuseio, livre de efeitos colaterais e eficiente no controle dos sintomas náuseas e vômitos, uma vez que o grupo da intervenção apresentou menos queixas dos sintomas quando comparado ao grupo controle, apresentando dessa maneira objetivos sustentáveis. É importante ressaltar que o presente estudo não visa a substituição do antiemético pela eletroestimulação, portanto a TENS poderia ser um recurso complementar no tratamento desses sintomas. Esse estudo demostrou que o grupo da intervenção fez menos uso de medicamento antiemético que poderia reduzir os custos tanto pessoais quanto dos serviços de saúde com esses medicamentos, almejando a sustentabilidade econômica. Além de reduzir os gastos, uma vez fazendo menos uso de medicamento antiemético, poderia reduzir a ocorrência de sintomas colaterais provocados por esses medicamentos promovendo uma melhor qualidade de vida ao paciente em tratamento. Este estudo permitiu uma reflexão sobre a necessidade de continuidade em investimentos no desenvolvimento de ações abrangentes para o controle dos efeitos colaterais decorrentes do tratamento do câncer. Os recursos não farmacológicos poderiam ser melhor aproveitados a partir da realização de estudos que demonstrassem a sua eficiência. O estudo da eletroestimulação em pontos de acupuntura é promissor. Novos estudos precisam ser realizados para investigar a ação da TENS em sintomas sistêmicos e não álgicos. A eletroestimulação pode ser considerada um recurso complementar no tratamento de náuseas e/ou vômitos promovendo uma melhor qualidade de vida aos pacientes. 59 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS As médias da intensidade das náuseas no dia da quimioterapia, da ocorrência dos vômitos no dia e no dia seguinte à sessão de quimioterapia, e a quantidade de antieméticos tomados em domicílio nesses dois dias foi significativamente menor no grupo estimulado pela TENS. Foi possível observar que a presença de náusea, a ocorrência dos vômitos e a administração de drogas antieméticas afetou negativamente a qualidade de vida dos pacientes na primeira semana após a quimioterapia, entretanto os pacientes do grupo estimulado pela TENS apresentaram uma significativa melhora na qualidade de vida. A eletroestimulação mostrou-se um recurso não invasivo, barato, livre de efeitos colaterais e que pode ser considerada como recurso não farmacológico complementar no tratamento de náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia, melhorando não só os sintomas, mas também a qualidade de vida dos pacientes. As náuseas e/ou vômitos provocados pelo tratamento quimioterápico são queixas constantes em pacientes oncológicos, que acabam interferindo de forma negativa na QV dos pacientes, e a busca por uma melhor assistência a esses pacientes deve ser ponto relevante no programa de tratamento. Mensurar QV é um aspecto importante, pois avalia os impactos da doença e dos efeitos colaterais, criando parâmetros para práticas assistenciais cotidianas nos serviços de saúde. Este estudo permitiu refletir como a qualidade de vida pode ser considerada um indicador de saúde, inclusive para que os tratamentos aplicados possam percorrer caminhos rumo a um desenvolvimento sustentável podendo promover, assim, a equidade e justiça social objetivando a melhoria da qualidade de vida da população. Este estudo também permitiu uma reflexão sobre a influência da doença na saúde pública, principalmente o impacto econômico, uma vez que o câncer envolve altos custos. É necessário planejamento para uma equidade na distribuição de recursos públicos a fim de garantir a qualidade nos atendimentos e o acesso aos tratamentos, promovendo assim, uma melhor qualidade de vida aos pacientes, buscando a diminuição dos índices de morbidade e mortalidade causados pela doença, almejando à sustentabilidade social Este estudo também permitiu refletir sobre a necessidade de utilizar instrumentos confiáveis, portanto, validados e reconhecidos para a população a ser empregada, tornando-se um importante instrumento voltado para a QVRS. Dessa maneira o estudo buscou trabalhar dentro da perspectiva da QV e também dentro do novo conceito mais voltado à saúde (QVRS) uma vez que não só avaliou a QV dos pacientes mas também, permitiu avaliar o impacto dos sintomas, das 60 incapacidades, limitações da doença e, consequentemente dos efeitos colaterais devido a terapêutica. Durante a realização deste estudo, houve dificuldade em alcançar o tamanho de amostra estabelecido, já que os protocolos de quimioterapia eram bem diversificados nos setores de saúde, e muito específicos para a pesquisa. A amostra respeitou os critérios de inclusão e exclusão propostos, a fim de homogeneizar a amostra e garantir a confiança dos dados. Outra dificuldade encontrada foi a questão da utilização do questionário para mensurar a QV ser autoaplicado sete dias após a quimioterapia. Muitos pacientes esqueciam de respondê-lo no dia correto e devolvê-lo no próximo ciclo. Sendo assim a pesquisadora teve que ir ao encontro dos pacientes nos serviços de quimioterapia e até mesmo no domicílio dos pacientes para buscá-lo. Quando realiza-se um estudo levanta-se questionamentos, abrindo portas para futuras pesquisas. Sendo assim, novos estudos podem surgir a partir dos pontos levantados, como a definição dos parâmetros da TENS para efeitos antieméticos, bem como tempo de aplicação, e a forma de prolongar os efeitos alcançados. O grande ganho dessa pesquisa foi a demonstração científica de que a TENS pode ser um recurso não analgésico, ampliando os horizontes. A TENS, nos parâmetros adotados para este estudo, pode ser considerada um recurso complementar ao tratamento de náuseas e/ou vômitos com objetivos sustentáveis a fim de promover uma melhor qualidade de vida aos doentes durante o tratamento. 61 7 REFERÊNCIAS ALMEIDA, E P M; GUTERREZ, M G; ADAMI N P. Monitoramento e avaliação dos efeitos colaterais da quimioterapia em pacientes com câncer de cólon. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto.12: 5, 2004. AMAR, A., RAPOPORT A., FRANZI, S. A., BISORDI C., & LENH C. N. Qualidade de vida e prognóstico nos carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço. 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Eu, ...(nome do sujeito da pesquisa, nacionalidade, idade, estado civil, profissão, endereço, RG), estou sendo convidado a participar de um estudo denominado: Qualidade de vida de pacientes oncológicos com queixas de náuseas e vômitos após a quimioterapia: Influência da eletroestimulação transcutânea (TENS), cujos objetivos são avaliar a eficácia da TENS (eletroestimulação) no controle de náuseas e vômitos pós-quimioterapia assim como a repercussão na qualidade vida durante um ciclo quimioterápico. Ao aceitar participar desse estudo aceito que a região do meu pulso seja estimulada com TENS por 30 minutos, durante a sessão de quimioterapia. Fui informado que essa eletroestimulação é um choquinho no meu braço que posso sentir ou não e que pode ocorrer alguma irritação ou vermelhidão em função disso. Fui infomado que será realizado um grupo controle e que nesse grupo a frequência será zero, ou seja, ocorrerá apenas uma simulação de intervenção com a TENS em meu braço. Eu não saberei a qual grupo estarei participando. Me comprometo a preencher uma tabela que quantificará as frequências e intensidades de minhas náuseas e ou vômitos e responder um questionário denominado FACT G que avaliará minha qualidade de vida durante um ciclo de quimioterapia, correspondente ao meu tratamento. Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será mantido em sigilo. É assegurada a assistência durante toda pesquisa, bem como me é garantido o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas consequências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha participação. Caso eu não aceite ou desista de participar da pesquisa, terei assegurado o atendimento regular da rotina do serviço, que é a não estimulação do braço. Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação, e posso desistir de participar a qualquer momento. Além disso posso pedir maiores informações através dos telefones, ao Comitê de ética e Pesquisa do Unifae – 0800 17 3022, para a orientadora da pesquisa Dra Laura Ferreira de Rezende Franco – 0800 17 3022 e para a 75 pesquisadora Lindsay Pamela Untura 35 8802 9149. São João da Boa Vista, ... de ... de 2011. ___________________________________ Nome e assinatura do sujeito da pesquisa __________________________________________ Pesquisadora Lindsay Pâmela Untura _______________________________________________ Orientadora: Profa Dra Laura Ferreira de Rezende Franco (orientadora) 76 9 ANEXOS 9.1 Anexo 1- Questionário FACT-G Abaixo encontrará uma lista de afirmações que outras pessoas com a sua doença disseram ser importantes. Faça um círculo ou marque um número por linha para indicar a sua resposta no que se refere aos últimos 7 dias. BEM-ESTAR FÍSICO FACT GP1 GP2 GP3 Nem Um Mais ou um pouco menos Muito Muitíssimo pouco Estou sem energia ......................................................................... Fico enjoado/a ......................................................................... Por causa do meu estado físico, tenho 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 dificuldade em atender às necessidades da 0 1 2 3 4 Tenho dores ......................................................................... Sinto-me incomodado/a pelos efeitos 0 1 2 3 4 secundários do tratamento ......................................................................... Sinto-me doente ......................................................................... Sinto-me forçado/a a passar tempo deitado/a ......................................................................... 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 Nem Um Mais ou Muito Muitíssimo um pouco menos minha família ......................................................................... 0 GP4 GP5 GP6 GP7 BEM-ESTAR SOCIAL/FAMILIAR pouco GS1 GS2 GS3 Sinto que tenho uma boa relação com os 0 1 2 3 4 meus Recebo apoio emocional da minha amigos família ......................................................................... Recebo apoio dos meus amigos ......................................................................... 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 77 0 1 2 3 4 GS5 A minha família aceita a minha doença ......................................................................... Estou satisfeito/a com a maneira como a 0 1 2 3 4 GS6 minha família fala sobre a minha doença ......................................................................... Sinto-me próximo/a do/a meu/minha parceiro/a (ou da pessoa que me dá maior 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 GS4 Q1 Independentemente do seu nível a(c)tual de apoio) a(c)tividade sexual, por favor responda à pergunta a seguir. Se preferir não responder, assinale o quadrículo GS7 [ ] e passe para a próxima Estou satisfeito/a com a minha vida sexual ......................................................................... Faça um círculo ou marque um número por linha para indicar a sua resposta no que se refere aos últimos 7 dias. Nem Um Mais ou Muito Muitíssimo um pouco menos 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 a minha doença 0 1 2 3 4 GE4 Sinto-me nervoso/a 0 1 2 3 4 GE5 Estou preocupado/a com a idéia de morrer 0 1 2 3 4 GE6 Estou preocupado/a que o meu estado venha a 0 1 2 3 4 BEM-ESTAR EMOCIONAL pouco GE1 Sinto-me triste GE2 Estou satisfeito/a com a maneira como enfrento a minha doença GE3 Estou perdendo a esperança na luta contra piorar 78 Nem Um Mais ou Muito Muitíssimo um pouco menos 0 1 2 3 4 (inclusive em casa) 0 1 2 3 4 GF3 Sou capaz de sentir prazer em viver 0 1 2 3 4 GF4 Aceito a minha doença 0 1 2 3 4 Durmo bem Gosto das coisas que normalmente faço 0 1 2 3 4 para me divertir 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 BEM-ESTAR FUNCIONAL pouco GF1 Sou capaz de trabalhar (inclusive em casa) GF2 Sinto-me realizado/a com o meu trabalho GF5 GF6 GF7 Estou satisfeito/a com a qualidade da minha vida neste momento ...................................................................... 79 9.2 Anexo 2- Licença para o uso do questionário FACT-G cedida pela organização FACIT. From:[email protected] To:[email protected] Date:Thu,29Sep201117:14:10-0400 Subject: Portuguese FACT-G Hi Laura, I’ve attached the Portuguese FACT-G questionnaire along with the scoring template and a letter of permission. Let me know if you have any questions or if I can do anything else for you. Kindregards, Jason 80 FUNCTIONAL ASSESSMENT OF CHRONIC ILLNESS THERAPY (FACIT) LICENSING AGREEMENT from FACIT.org September 29, 2011 The Functional Assessment of Chronic Illness Therapy system of Quality of Life questionnaires and all related subscales, translations, and adaptations (“FACIT System”) are owned and copyrighted by David Cella, Ph.D. The ownership and copyright of the FACIT System - resides strictly with Dr. Cella. Dr. Cella has granted FACIT.org (Licensor) the right to license usage of the FACIT System to other parties. Licensor represents and warrants that it has the right to grant the License contemplated by this agreement. Licensor provides to Laura Rezende the licensing agreement outlined below. This letter serves notice that Laura Rezende (“COMPANY”) is granted license to use the Portuguese version of the FACT-G in one study. This current license extends to (COMPANY) subject to the following terms: − (COMPANY) agrees to complete a FACIT collaborator’s form on our website, www.FACIT.org. (COMPANY) is not required to provide any proprietary or confidential information on the website. Licensor agrees to use the information in the website database for internal tracking purposes only. − (COMPANY) agrees to provide Licensor with copies of any publications which come about as the result of collecting data with any FACIT questionnaire. − Due to the ongoing nature of cross-cultural linguistic research, Licensor reserves the right to make adaptations or revisions to wording in the FACIT, and/or related translations as necessary. If such changes occur, (COMPANY) will have the option of using either previous or updated versions according to its own research objectives. 81 − (COMPANY) and associated vendors may not change the wording or phrasing of any FACIT document without previous permission from Licensor. If any changes are made to the wording or phrasing of any FACIT item without permission, the document cannot be considered the FACIT, and subsequent analyses and/or comparisons to other FACIT data will not be considered appropriate. Permission to use the name “FACIT” will not be granted for any unauthorized translations of the FACIT items. Any analyses or publications of unauthorized changes or translated versions may not use the FACIT name. Any unauthorized translation will be considered a violation of copyright protection. − In all publications and on every page of the FACIT used in data collection, Licensor requires the copyright information be listed precisely as it is listed on the questionnaire itself. − This license is not extended to electronic data capture vendors of (COMPANY). Electronic versions of the FACIT questionnaires are considered derivative works and are not covered under this license. Permission for use of an electronic version of the FACIT must be covered under separate agreement between the electronic data capture vendor and FACIT.org − This license is only extended for use on the internet on servers internal to (COMPANY). This FACIT license may not be used with online data capture unless specifically agreed to by Licensor in writing. Such agreement will only be provided in cases where access is password protected. − Licensor reserves the right to withdraw this license if (COMPANY) engages in scientific or copyright misuse of the FACIT system of questionnaires. − In exchange for this license, (COMPANY) agrees to pay a fee of $1,500 per language, per subscale, per trial for Roman-font languages (e.g. Spanish, French, German) and $2,000 per language, per subscale, per trial for non-Roman-font languages (e.g. Japanese, Russian, Arabic). #9 IS NOT APPLICABLE AS THE FEE HAS BEEN WAIVED FOR THIS STUDY ONLY. 82 FACIT.org 381 S. Cottage Hill Avenue Elmhurst, IL 60126 USA www.FACIT.org 83 9.3 Anexo 3- Aprovação do Comitê de Ética 84 85 9.4 Anexo 4 – Escore FACT-G FACT-G Scoring Guidelines (Version 4) Instructions:* 1. Record answers in "item response" column. If missing, mark with an X 2. Perform reversals as indicated, and sum individual items to obtain a score. 3. Multiply the sum of the item scores by the number of items in the subscale, then divide by the number of items answered. This produces the subscale score. 4. Add subscale scores to derive total FACT-G score. The higher the score, the better the QOL. Subscale Item Code Reverse item? Item response Item Score PHYSICAL GP1 4 - ________ =________ WELL-BEING GP2 4 - ________ =________ GP3 4 - ________ =________ GP4 4 - ________ =________ GP5 4 - ________ =________ GP6 4 - ________ =________ GP7 4 - ________ =________ (PWB) Score range: 0-28 Sum individual item scores: ________ Multiply by 7: ________ Divide by number of items answered: ________=PWB subscale score SOCIAL/FAMILY GS1 0 + ________ =________ WELL-BEING GS2 0 + ________ =________ GS3 0 + ________ =________ GS4 0 + ________ =________ GS5 0 + ________ =________ GS6 0 + ________ =________ GS7 0 + ________ =________ (SWB) Score range: 0-28 Sum individual item scores: ________ Multiply by 7: ________ Divide by number of items answered: ________=SWB subscale score EMOTIONAL GE1 4 - ________ =________ WELL-BEING GE2 0 + ________ =________ GE3 4 - ________ =________ GE4 4 - ________ =________ GE5 4 - ________ =________ (EWB) Score range: 0-24 86 GE6 4 - ________ =________ Sum individual item scores: ________ Multiply by 6: ________ Divide by number of items answered: ________=EWB subscale score FUNCTIONAL GF1 0 + ________ =________ WELL-BEING GF2 0 + ________ =________ GF3 0 + ________ =________ GF4 0 + ________ =________ GF5 0 + ________ =________ GF6 0 + ________ =________ GF7 0 + ________ =________ (FWB) Score range: 0-28 Sum individual item scores: ________ Multiply by 7: ________ Divide by number of items answered: ________=FWB subscale score TOTAL SCORE: Score range: 0-108 __________ + __________ + __________ + __________=________=FACT-G Total score (PWB score) (SWB score) (EWB score) (FWB score) *For additional guidelines please refer to the Administration and Scoring Guidelines in the manual or at www.facit.org. 87