- Corpo de Bombeiro de Umuarama
Transcrição
- Corpo de Bombeiro de Umuarama
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA ACADEMIA POLICIAL MILITAR DO GUATUPÊ ESCOLA DE OFICIAIS CADETE 3º BM BRUNO EDUARDO DA MACENA O CONHECIMENTO E A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS EM ENXURRADAS PELO CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO PARANÁ SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 2015 1 CADETE 3º BM BRUNO EDUARDO DA MACENA O CONHECIMENTO E A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS EM ENXURRADAS PELO CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO PARANÁ Monografia apresentada por exigência curricular do Curso de Formação de Oficiais Bombeiros Militares, da Escola de Oficiais da Academia Policial Militar do Guatupê (APMG), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Segurança Pública. Orientador metodológico: Cap. QOPM Dalton Gean Perovano. Orientador de conteúdo: 1º Ten. QOBM Thiago WillIan Tolentino Schinzel. SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 2015 2 POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA ACADEMIA POLICIAL-MILITAR DO GUATUPÊ DIVISÃO DE ENSINO PARECER Apresentação final de Trabalho de Conclusão de Curso do Cadetes 3º CFO BM Bruno Eduardo Da Macena. O trabalho intitulado “O CONHECIMENTO E A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS EM ENXURRADAS PELO CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO PARANÁ” foi avaliado e considerado APTO pela banca composta pelos seguintes oficiais: MEMBROS DA BANCA AVALIADORA Cap. QOBM Ícaro Gabriel Greinert 1º Ten. QOBM Bruno José Guedes Fidalgo 1º Ten. QOBM Eduardo Niederheitman Hunzicker São José dos Pinhais, 9 de novembro de 2015. Cap. QOPM Francisco Carlos Hrentechen, Chefe da Divisão de Ensino da APMG. 3 ADEMIR e SOFIA. Meus pais, meus maiores exemplos de vida, que com amor incondicional e incessante zelo e assistência proporcionaram-me educação e ensinaram-me valores essenciais para um crescimento pessoal e profissional. Meu sincero respeito, carinho e admiração pelos senhores. Sem os seus apoios eu não venceria mais esta etapa da minha vida. As suas existências, fazem deste, um mundo melhor! Amo vocês! PATRÍCIA. Minha namorada e melhor amiga, que me proporcionou os momentos mais felizes. Todo o meu amor por você, que sempre esteve a me esperar nesses inacabáveis três anos de curso. Obrigado, você me faz muito feliz! Amo você! 4 AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus pelas oportunidades a mim proporcionadas e por toda a força e coragem que me concedeu no decorrer desta vida. Inevitavelmente estes singelos parágrafos de agradecimento não irão compreender todas as pessoas, que de alguma forma, contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional. Mas sem dúvida, estão sempre em meus pensamentos com a minha eterna gratidão. Meus agradecimentos aos companheiros de turma, em especial aos colegas de alojamento, com os quais desfrutei de momentos inesquecíveis, mas que também estavam dispostos ouvir e ajudar nos momentos difíceis. Agradeço ao meu coordenador de curso Tenente Gomes. Oficial de grandes valores morais e incentivador, sempre prestativo e disponível para diversas demandas do curso. Deixo aqui os meus agradecimentos ao meu orientador, o Tenente Schinzel, por acreditar nos objetivos desta pesquisa, pela dedicação e tempo desprendidos em prol deste trabalho. Agradeço ao Sargento Meira que de forma pronta e eficiente esteve disposto a corroborar com esta pesquisa. 5 DA MACENA, B. E. O conhecimento e a utilização das técnicas de Salvamento em Águas Rápidas em enxurradas pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná. 2015. 81 f. Monografia (Bacharelado em Segurança Pública) – Curso de Formação de Oficiais Bombeiro Militar, São José dos Pinhais, 2015. RESUMO Analisando-se a atividade Bombeiro Militar no estado do Paraná, percebe-se uma carência de capacitação e aperfeiçoamento no Salvamento em Águas Rápidas, colocando as guarnições de serviço em perigo quando acionadas para realizar um resgate em águas correntes. Através de uma pesquisa aplicada de estudo descritivo e método dedutivo, este trabalho tem como objetivo geral pesquisar e descrever técnicas de Salvamento em Águas Rápidas que possam ser aplicadas à realidade do Corpo de Bombeiros do Paraná, principalmente em enxurradas. A presente pesquisa busca diferenciar os conceitos de alagamento, enchentes, inundação e enxurrada, bem como salientar a importância de se examinar o local e avaliar a cena do incidente, antes de se iniciar um salvamento. Considerando-se o elevado número de alagamentos no estado do Paraná, traçam-se algumas áreas de risco no estado e paralelamente busca-se fazer um levantamento das instruções teóricas e práticas, além de materiais e equipamentos de SARp existentes em cada Grupamento de Bombeiros, a fim de se estabelecer um panorama geral do Paraná, referente às condições de atendimento a uma ocorrência em enxurrada onde tenham que ser empregadas as técnicas em questão. Com o intuito de consolidar a importância do SARp, entrevistou-se um bombeiro militar que, por desconhecimento de técnicas e ausência de material adequado, se tornou vítima em uma salvamento em águas correntes, quase perdendo sua vida. O panorama geral traçado serve para, além de demonstrar o preparo de cada Grupamento de Bombeiros, alertar as unidades operacionais para a importância de promover capacitação da sua tropa por meio de instruções e prover equipamentos adequados, garantindo assim um atendimento eficiente e eficaz e, principalmente, proporcionando a segurança adequada aos resgatistas. Palavras-Chave: Salvamento, Enxurrada, Águas Rápidas, Técnicas de resgate, Bombeiro Militar. 6 DA MACENA, B. E. Knowledge and use of rescue techniques in swift waters of floods by the Paraná State Military Police Fire Department. 81 f. (Officer Firefighting Graduation Course) – Monograph. Military Police Academy of Guatupê. São José dos Pinhais, PR, 2015. ABSTRACT Analyzing the Military Fireman activity in Paraná State, we can notice a lack of training and development in Rescue in Swift Waters, putting garrisons in danger when called to perform a rescue in running water. Through a descriptive study of applied research and deductive method, this paper’s main goal is to research and describe Rescue in Swift Waters techniques that can be applied to the CBPMPR reality, especially in floods. This research seeks to distinguish the many concepts of kinds of flood and highlight the importance of examining the site and assess the incident scene, before starting a rescue. Given the high number of floods in the state of Paraná, draw up some risk areas in the state and at the same time we seek to make a survey of the theoretical and practical instructions, as well as supplies and existing SARp equipment in each Fireman Headquarters, in order to establish an overview of Parana, referring to the quality of service in case of a flood which have to be used those techniques. In order to reinforce the importance of SARp, a military firefighter was interviewed who has become a victim in a rescue in running water, by lack of proper supplies and knowledge, nearly losing his life. The built overview serves to not only demonstrate the preparation of each Fireman Headquartes, alert the operating units to the importance of promoting training of his troops through instruction and provide appropriate equipment, thus ensuring an efficient and effective service, and especially providing proper security to rescuers. Keyword: Rescue, Floods, Swift water, Techniques of rescue, Military firefight. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01 - DIFERENÇA ENTRE ENXURRADA E INUNDAÇÃO .......................... 20 FIGURA 02 - DINÂMICA DO FLUXO DA CORRENTEZA ........................................ 22 FIGURA 03 - NATAÇÃO DEFENSIVA ...................................................................... 31 FIGURA 04 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO REFLUXO ....................................... 32 FIGURA 05 - ÂNGULO DE TRAVESSIA................................................................... 33 FIGURA 06 - TÉCNICA DE SALVAMENTO COM EMBARCAÇÃO – REMAR ATÉ A VÍTIMA ...................................................................................................................... 36 FIGURA 07 - TIROLESA AQUÁTICA ........................................................................ 37 FIGURA 08 - TIROLESA AQUÁTICA ........................................................................ 37 FIGURA 09 - LANÇAMENTO DO SACO DE ARREMESSO POR CIMA .................. 39 FIGURA 10 - LANÇAMENTO DO SACO DE ARREMESSO POR BAIXO ................ 39 FIGURA 11 - TRAVESSIA DE RESGATE FEITA POR UM RESGATISTA ............... 40 FIGURA 12 - TRAVESSIA DE RESGATE POR MAIS DE UM RESGATISTA .......... 41 FIGURA 13 - TÉCNICA DO ISCA-VIVA .................................................................... 42 FIGURA 14 - TIROLESA AQUÁTICA CORRETA X ERRADA .................................. 44 FIGURA 15 - MANGUEIRA DE COMBATE A INCÊNDIO INFLADA......................... 46 FIGURA 16 - ALCANÇAR MANGUEIRA INFLÁVEL PARA A VÍTIMA ...................... 46 FIGURA 17 - INUNDAÇÕES BRUSCAS NO PARANÁ – 1991 A 2010 .................... 47 FIGURA 18 - INUNDAÇÕES NO PARANÁ – 2005 A 2014....................................... 55 FIGURA 19 – MAPA TEMÁTICO: ÁREAS DE RISCO DE ENXURRADAS POR UNIDADE OPERACIONAL ....................................................................................... 57 FIGURA 20 – MAPA TEMÁTICO: PANORAMA GERAL DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ EM RELAÇÃO À ATIVIDADE DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS ..................................................................................................... 64 8 LISTA DE TABELAS TABELA 01 – FORÇA EM NEWTONS (N) DA ENXURRADA VS VELOCIDADE E PROFUNDIDADE ...................................................................................................... 22 TABELA 02 – OCORRÊNCIAS, VÍTIMAS E ÓBITOS POR OBM ............................. 48 TABELA 03 – ÁREAS DE RISCO DE ENXURRADAS POR UNIDADES OPERACIONAIS ....................................................................................................... 57 TABELA 04 – COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO COM A EXECUÇÃO DE INSTRUÇÕES DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS ....................................... 60 TABELA 05 – COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO COM OS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE SARP ..................................................................................... 62 9 LISTA DE SIGLAS CBPMPR - Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná CBPMESP - Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo CE - Constituição Estadual CF - Constituição Federal CFSd - Curso de Formação de Soldado CFO - Curso de Formação de Oficiais EaD - Ensino a Distância EPI - Equipamento de Proteção Individual GOST - Grupo de Operações de Socorro Tático kgf - Quilograma-força LOB - Lei de Organização Básica N - Newton OBM - Organização Bombeiro Militar PMPR - Polícia Militar do Paraná SARp - Salvamento em Águas Rápidas SYSBM - Sistema de Registro de Ocorrências e Estatística do Corpo de Bombeiros do Paraná IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas EPR - Equipamento de Proteção Respiratória RGO - Registro de Ocorrências 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16 2.1 A LEGALIDADE DO SERVIÇO DE SALVAMENTO AQUÁTICO ........................ 16 2.2 APERFEIÇOANDO CONCEITOS ....................................................................... 19 2.2.1 Enchente .......................................................................................................... 19 2.2.2 Inundação......................................................................................................... 20 2.2.3 Alagamento ...................................................................................................... 20 2.2.4 Enxurrada ......................................................................................................... 21 2.3 PRIMEIROS PROCEDIMENTOS ........................................................................ 23 2.3.1 Avaliação da cena do incidente ........................................................................ 23 2.3.2 Examinar o local ............................................................................................... 24 2.4 OS 15 MANDAMENTOS DO SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS ................. 25 2.5 OBJETIVOS DO RESGATE ................................................................................ 26 2.5.1 Localizar (L) ...................................................................................................... 26 2.5.2 Acessar (A) ....................................................................................................... 27 2.5.3 Estabilizar (E) ................................................................................................... 27 2.5.4 Transportar (T) ................................................................................................. 28 2.6 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS .......... 28 2.6.1 Natação Defensiva ........................................................................................... 30 2.6.2 Escapar de um refluxo ...................................................................................... 31 2.6.3 Transposição do curso d’água ......................................................................... 33 2.7 SALVAMENTOS COM EMBARCAÇÃO .............................................................. 33 2.7.1 Remar até a vítima ........................................................................................... 35 2.7.2 Tirolesas com embarcação .............................................................................. 36 2.8 SALVAMENTO SEM EMBARCAÇÃO ................................................................. 38 2.8.1 Arremessar ....................................................................................................... 38 2.8.2 Travessia de resgate ........................................................................................ 40 2.8.3 Isca-Viva........................................................................................................... 41 2.8.4 Tirolesa aquática .............................................................................................. 43 2.8.5 Mangueira de combate a incêndio inflada ........................................................ 45 2.9 AS ENXURRADAS NO PARANÁ ........................................................................ 47 11 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 49 3.1 TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 49 3.2 ENFOQUE DE PESQUISA ................................................................................. 50 3.3 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................... 51 3.4 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 51 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ................................................................. 53 4.1 ANÁLISE DAS ÁREAS DE RISCO DE ENXURRADAS NO PARANÁ ................ 54 4.2 ANÁLISE DAS UNIDADES OPERACIONAIS QUANTO A INSTRUÇÃO E EQUIPAMENTOS DE SARP ..................................................................................... 58 4.3 ANÁLISE DA ENTREVISTA REALIZADA QUANTO ÀS TÉCNICAS DE SARp COM VISTAS À SEGURANÇA ................................................................................. 65 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 69 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73 APÊNDICES ............................................................................................................. 76 12 1 INTRODUÇÃO De acordo com o Glossário de Termos Relacionados à Gestão de Recursos Hídricos, elaborado pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), enchente é o transbordamento das águas do leito natural de um córrego, rio, lagoa, mar, etc, provocado pela ocorrência de vazões relativamente grandes de escoamento superficial, ocasionados comumente por chuvas intensas e contínuas. As enchentes passam a se tornar inundações no momento em que a vazão d’água extravasa a cota máxima do canal. A primeira vista, parece-nos que inundações e enchentes são desastres naturais que ocorrem raramente e em locais isolados, contudo, isso se deve a nossa curta memória. Segundo dados da Defesa Civil do Paraná, somente no ano de 2014 ocorreram no estado do Paraná 1.320 ocorrências, sendo 691 inundações e 629 enchentes, deixando mais de 10 mortes, mais de 150 feridos e 44.000 desalojados em todo o estado. As enchentes e inundações são fenômenos naturais e processos cíclicos que, no entanto, podem ser acelerados e agravados pela intervenção do ser humano. Segundo Kobiama (p. 46, 2006), “[...] vêm aumentando gradativamente a frequência com que ocorrem as inundações e também os prejuízos que elas causam”, aumentando dessa maneira as demandas do serviço do Corpo de Bombeiros, organização esta, que atua principalmente na fase de Resposta 1 a eventos desastrosos como as inundações. É por atuar na fase de Resposta aos eventos desastrosos como as inundações, que o Corpo de Bombeiros do Paraná deve se manter em prontidão, em constante treinamento e aperfeiçoamento das técnicas e acompanhamento da evolução dos materiais de resgate, a fim de conseguir atender as mais diversas demandas do serviço. 1 Fase de Resposta: Constitui em uma das 4 (quatro) fases das ações de proteção e defesa civil do estado do Paraná (Prevenção; Preparação; Resposta; Reconstrução). É a fase que se desencadeia com o acontecimento do evento desastroso e, em caráter de emergência, visa os socorros públicos. 13 Mais que 20 anos se passaram com o desenvolvimento contínuo de capacidades, técnicas e equipamentos de resgate em água corrente. Pode ser que neste século o resgate em água corrente seja a área de resgate técnico que tenha o maior crescimento dinâmico, porque mesmo que a tecnologia esteja crescendo, os problemas crescem mais rápido! (SERGERSTROM, et al., 2002, p. 05). Portanto, tendo em vista o número elevado e crescente de desastres naturais envolvendo enchentes e inundações é que a formação dos bombeiros militares do Corpo de Bombeiros do Paraná deve estar sempre em constante adaptação e transformação às novas demandas. É neste contexto que este trabalho busca demonstrar a importância do conhecimento e da utilização das técnicas de SARp (Salvamento em Águas Rápidas) aplicadas às enxurradas, a fim de que os cursos de formação e aperfeiçoamento sejam motivados a estar sempre em constante atualização, com as mais modernas técnicas e táticas a respeito, neste caso em especial, do Salvamento em Águas Rápidas e busca ainda traçar um panorama geral de todo o estado do Paraná, referente aos materiais e equipamentos existentes atualmente no CBPMPR (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná), para que os Grupamentos de Bombeiros, assentindo a importância do assunto, adquiram equipamentos modernos e adequados para suas guarnições, a fim de proporcionar uma maior segurança para os resgatistas, para que possam, desta maneira, aplicar corretamente as técnicas do SARp. Uma vez que simplesmente através da observação, percebe-se uma possível carência deste conhecimento e destes materiais por parte dos integrantes de toda esta corporação e das unidades operacionais, respectivamente. Segundo o EaD (Ensino a Distância) de Resgate em Águas Rápidas do Corpo de Bombeiros do Paraná, a definição de Águas Rápidas é a seguinte: “Água Rápida é todo e qualquer curso de água, com um fluxo constante de água corrente, que dificulta o deslocamento de um veículo, uma embarcação ou uma pessoa andando ou nadando.” A referida atualização se faz indefinidamente necessária, uma vez que a formação e o treinamento contínuo dos bombeiros estão diretamente ligados à primeira fase do ciclo operacional: a preparação. Esta preparação, se mal executada, comprometerá a fase de Resposta do Corpo de Bombeiros, colocando a guarnição em risco durante a ocorrência e declinando o atendimento às vítimas. Diante deste problema que pode comprometer a ocorrência e a própria segurança 14 da guarnição, pode-se perguntar quanto ao conhecimento dos bombeiros militares do Paraná, ao que diz respeito às técnicas de Salvamento em Águas Rápidas: Os bombeiros militares estão tendo instruções teóricas e práticas de Salvamento em Águas Rápidas, bem como, possuem os materiais e equipamentos adequados para o atendimento de ocorrências em enxurradas? Diante disso, o objetivo geral desta pesquisa é descrever as técnicas do Salvamento em Águas Rápidas que possam ser utilizadas em enxurradas, para que, sabendo da importância deste conhecimento, essas técnicas sejam disseminas por todo o Corpo de Bombeiros, afim de que aumente-se a capacitação dos bombeiros militares. Portanto, constituem-se como objetivos específicos desta pesquisa: o levantamento das principais áreas de risco de enxurradas no Estado do Paraná, a verificação de instruções e materiais das unidades operacionais e por fim a confecção de um panorama geral da capacidade de resposta à ocorrências de Salvamento em Águas Rápidas. Com o intuito de que o objetivo seja alcançado, primeiramente, serão definidos corretamente os termos: enchente, inundação, alagamento e enxurrada, os quais são frequentemente utilizados de forma incorreta, bem como se analisará, com vistas às leis que regem o Corpo de Bombeiros, a legalidade do serviço de Salvamento Aquático, mais especificamente o Salvamento em Águas Rápidas (SARp), que é o cerne desta pesquisa. Em um segundo momentos serão evidenciados quais são as áreas de risco do Paraná com maior incidência de enxurradas e inundações, as quais possuem maior probabilidade de ocorrência desse tipo de desastre natural, apesar da pesquisa possuir como hipótese, que esse tipo de evento desastroso, como a enxurrada, pode ocorrer em qualquer lugar do estado, nos levando a refletir que não basta este conhecimento estar centralizado em pontos de maior incidência de enxurradas ou por tropas especializadas e sim, que é necessário se tornar um conhecimento ostensivo por parte de todos os integrantes do Corpo de Bombeiros do Paraná. Por fim, serão descritas também as técnicas do Salvamento em Águas Rápidas que podem ser utilizadas nas enxurradas e se verificará quais os Grupamentos de Bombeiros do Paraná possuem equipamentos adequados para disponibilizar para a tropa, para que esta possa aplicar as técnicas corretas, prestar 15 um atendimento satisfatório à sociedade paranaense e principalmente equipamentos que proporcionem a segurança adequada aos bombeiros. Com o intuito de disseminar estes conhecimentos por todo o Corpo de Bombeiros do Paraná a fim de prevenirmos possíveis acidentes que possam ocorrer com os integrantes das guarnições por simples desconhecimento das técnicas corretas. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA Este capítulo busca resgatar alguns conceitos, algumas regras e normas, tanto em relação ao Corpo de Bombeiros do Paraná como especificamente do Salvamento em Águas Rápidas, para que alguns conhecimentos sejam nivelados e possa-se chegar ao final desta pesquisa com uma conclusão bastante compreensível e satisfatória. A começar pela legalidade do Serviço de Salvamento Aquático, onde se encontra incutido o Salvamento em Águas Rápidas, definindo posteriormente conceitos de termos que aparentemente são sinônimos, tais como enchente, enxurrada, alagamento e inundação. Busca-se também descrever como deve ser o atendimento a uma ocorrência de SARp (Salvamento em Águas Rápidas), trazendo conceitos utilizados também em outras áreas, como por exemplo, no Salvamento Veicular: localizar, acessar, estabilizar e transportar. Bem como descrever mandamentos que, prioritariamente, devem ser seguidos pelos resgatistas, visando principalmente a sua segurança. Descrevem-se, como cerne desta pesquisa, as principais técnicas do Salvamento em Águas Rápidas que possam ser exequíveis na realidade do Estado do Paraná, tanto com a utilização de embarcação ou não. Além de orientações de segurança e de execução aos resgatistas, como a natação defensiva, o ângulo de travessia entre outros. 2.1 A LEGALIDADE DO SERVIÇO DE SALVAMENTO AQUÁTICO As atividades do Corpo de Bombeiros, frequentemente, são associadas apenas ao combate a incêndio – atividade mais antiga e tradicional realizada por bombeiros em todo o mundo – e, especificamente no Estado do Paraná, associadas também às ambulâncias que realizam o atendimento ao trauma em emergência, por se tratar de uma atividade realizada em larga escala em nosso Estado. Entretanto, as atividades ou missões do Corpo de Bombeiros abrangem várias outras necessidades da sociedade. Sendo assim, diversas outras atividades 17 são realizadas, sendo que, inclusive, as mesmas são previstas em legislações pertinentes à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros. A começar pela Constituição Federal (CF), de 05 de outubro de 1988, que ressalta a importância do Corpo de Bombeiros quando, em seu capítulo III – “DA SEGURANÇA PÚBLICA”, inclui a referida instituição como parte integrante da Segurança Pública. Vejamos: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V – Polícia Militar e Corpos de Bombeiros Militares. (BRASIL, 1988). Além disso, a CF prevê ainda no art. 144, parágrafo 5º, a missão das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros: § 5º Às Polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. (BRASIL, 1988). Observe-se, porém, que apesar da CF prever a missão das referidas instituições, era necessário um detalhamento acerca das atribuições específicas das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros. Diante disso, a Constituição do Estado do Paraná estabeleceu no art. 48 as atividades específicas da Polícia Militar do Paraná, vejamos: Art. 48. À Polícia Militar, força estadual, instituição permanente e regular, organizada com base na hierarquia e disciplina militares, cabe a polícia ostensiva, a preservação da ordem pública, a execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos, o policiamento de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais, além de outras formas e funções definidas em lei. (PARANÁ, 1989). Nota-se que a CE (Constituição Estadual) inclui as missões dos Corpos de Bombeiros como sendo da instituição da Polícia Militar, em razão de que no Estado do Paraná o Corpo de Bombeiros é orgânico da Polícia Militar, conforme dispõe art. 46, parágrafo único, da Constituição Estadual: 18 Art. 46. A segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos é exercida, para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, pelos seguintes órgãos: [...] Parágrafo único: O Corpo de Bombeiros é integrante da Polícia Militar. (PARANÁ, 1989). Ainda, em que pese a definição das atividades da Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR) realizada pela Constituição Estadual, a Lei Estadual nº 16.575 de 29 de setembro de 2010, conhecida como LOB (Lei de Organização Básica), também estabelece as atividades específicas da PMPR, das quais, para os fins deste trabalho, ressalta-se as que se referem diretamente ao Corpo de Bombeiros, conforme dispõe o art. 2º, incisos IV e V da LOB: Art. 2º. Compete à Polícia Militar, além de outras atribuições estabelecidas em leis peculiares ou específicas: [...] IV - realizar serviços de busca, salvamento, prevenção e combate a incêndio; V - executar as atividades de defesa civil; [...]. (PARANÁ, 2010). Diante de todo o embasamento legal apresentado, pode-se observar que entre as várias atribuições da PMPR, o salvamento é uma de suas principais missões, sendo que a sua execução é atribuída ao Corpo de Bombeiros. Assim, tratando-se de salvamentos, são diversos os tipos dentre os quais se pode citar o salvamento terrestre, salvamento vertical, salvamento veicular e o salvamento aquático. Ressalta-se que é evidente a importância de todos os tipos de salvamentos e de suas respectivas técnicas, todavia, o presente trabalho abordará especificamente o salvamento aquático, no qual o Corpo de Bombeiros do Paraná recentemente passou a utilizar como referencial teórico e fonte de consulta sobre o tema o Manual Técnico de Salvamento Aquático, aprovado pela Portaria do Comando Geral nº 697 e publicado em Boletim-Geral nº 118 de 27 de junho de 2014 (SOUZA, 2014). Diante disso, considerando o tipo de salvamento a ser analisado, aprofundar-se-á o estudo acerca do salvamento aquático no que se refere a utilização das técnicas de salvamento em águas rápidas no ambiente urbano, mais especificamente nas enxurradas, conforme se verá adiante. 19 2.2 APERFEIÇOANDO CONCEITOS Enchentes e inundações são um dos mais frequentes desastres naturais enfrentados pela humanidade em todo o mundo. São fenômenos naturais que ocorrem frequentemente em determinadas épocas do ano em que as chuvas são mais intensas, entretanto, podem ser mais recorrentes caso haja a intervenção do ser humano na natureza. Esses fenômenos de natureza hidro meteorológica fazem parte da dinâmica natural e ocorrem frequentemente deflagrados por chuvas rápidas e fortes, chuvas intensas de longa duração, degelo nas montanhas e outros eventos climáticos tais como furacões e tornados, sendo intensificados pelas alterações ambientais e intervenções urbanas produzidas pelo Homem, como a impermeabilização do solo, retificação dos cursos d’água e redução no escoamento dos canais devido a obras ou por assoreamento. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015). As enchentes e inundações ocorrem em diversas cidades de nosso Estado, em especial as grandes cidades, que apresentam um número elevado de construções que impermeabilizam o solo impedindo a absorção da água e, ainda, em cidades que apresentam habitações próximas aos cursos d’água. Este capítulo visa definir alguns conceitos que, corriqueiramente, interpretamos como se fossem todos iguais, tais como: enchentes; alagamentos, inundações e enxurradas. Estes desastres são facilmente confundidos, uma vez que os resultados são praticamente os mesmos em razão de destruir cidades e desabrigar famílias, diferenciando-se, porém, nas suas origens, tendo em vista que cada uma ocorre por motivos diferentes. 2.2.1 Enchente A enchente, também chamada popularmente de “cheia”, acontece quando, devido ao prolongado período de chuvas, ocorre um aumento na vazão do curso d’água e este permanece por um período de tempo com o seu nível de água elevado sem extravasar sua calha. A definição de enchente, segundo os Ministérios das Cidades (2007), é: “Enchente (ou cheias) – temporária elevação do nível de água normal da drenagem, devido a acréscimo de descarga”. 20 2.2.2 Inundação Inundação não deixa de ser uma enchente (ou cheia), entretanto, na inundação a descarga de água, pela chuva, por exemplo, é tão grande que extrapola a calha do curso d’água, invadindo as áreas de várzea ao redor do rio, podendo atingir bairros próximos e até mesmo cidades inteiras. Esse extravasamento é que caracteriza a inundação. Inundação – tipo particular de enchente, onde a elevação do nível d’água normal atinge tal magnitude que às águas não se limitam à calha principal do rio, extravasando para áreas marginais, habitualmente não ocupadas pelas águas. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015). Na figura a seguir observa-se, esquematicamente, o perfil da calha de um curso d’água com habitações em seu entorno, tornando possível a identificação da diferença entre a enchente e a inundação. FIGURA 01 - DIFERENÇA ENTRE ENXURRADA E INUNDAÇÃO FONTE: MINISTÉRIO DAS CIDADES (2015) 2.2.3 Alagamento Segundo o Ministério das Cidades (2015), o alagamento é caracterizado principalmente pelo acúmulo de águas, por um determinado período de tempo, em locais onde a permeabilidade do solo está deficitária por problemas de drenagem – 21 excesso de construções civis, por exemplo. Entretanto, o alagamento pode estar, ou não, relacionado com a dinâmica dos cursos d’água. 2.2.4 Enxurrada O Ministério das Cidades (2015) define enxurrada como sendo “Escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte”. Assim como o alagamento, a enxurrada também pode estar, ou não, relacionada com os processos fluviais. É corriqueiro encontrarmos enxurradas em locais ou cidades onde o relevo é bastante acidentado, uma vez que o excesso de água escorre por ruas e avenidas íngremes e adquirem uma velocidade bastante acentuada, arrastando e carregando objetos, lixos e até mesmo veículos. As enxurradas podem ser encontradas também em locais onde antigamente eram leitos fluviais, tendo em vista que toda a rede hidrográfica local converge para aquele ponto. A enxurrada é, entre os 4 (quatro) tipos de enchentes abordados neste trabalho, o mais perigoso para a população que foi atingida e o mais perigoso também para as equipes de resgate, devido a sua grande quantidade de energia cinética (velocidade), que dificulta o acesso das equipes aos locais atingidos, dificultando também a utilização das embarcações de resgate e, dependendo da magnitude, impossibilita a natação dos resgatistas. Uma vez visto que a enxurrada é o mais perigoso tipo de enchente, é fundamental que o resgatista tenha conhecimento da dinâmica de uma correnteza, a maneira como ela se comporta nas margens e a maneira como se comporta no centro. Conforme observa-se na Figura 02. 22 FIGURA 02 - DINÂMICA DO FLUXO DA CORRENTEZA FONTE: PAVÃO (2006, P.11) Na tabela a seguir pode-se verificar, a partir de dados numéricos, a força em quilograma força (kgf) que a enxurrada pode adquirir, relacionada diretamente com a sua velocidade e a sua profundidade – Nas pernas: aproximadamente 0,50 metro e No corpo: aproximadamente 1,20 metros. TABELA 01 – FORÇA EM NEWTONS (N) DA ENXURRADA VS VELOCIDADE E PROFUNDIDADE Velocidade da água Nas pernas No corpo Embarcação pequena (km/h) (kgf) (kgf) emborcada (kgf) 2 8 15 76 4 30 61 305 6 70 140 685 8 125 245 1219 FONTE: SEGERSTROM ET AL. (1997) APUD PAVÃO (2006) – MANUAL DE SALVAMENTO EM ENXURRADAS, CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO, organizado pelo autor (2015) Após analisado os diversos tipos de enchentes verificamos que a enxurrada é a que possui as características mais próximas de um curso d’água ou de uma corredeira, onde conseguimos aplicar quase que a totalidade das técnicas de SARp. Ademais, utilizar-se-á para fins de padronização neste trabalho o termo enxurrada, sabendo-se que este pode estar sendo relacionado também a qualquer um dos outros desastres mencionados anteriormente. Muitas literaturas pesquisadas trazem o termo enchente, entretanto este termo acaba por não corresponder exatamente a um desastre, uma vez que, como 23 explicado anteriormente, durante a cheia do rio este permanece com seu nível elevado, porém sem extravasar o limite da sua calha, o que acaba por não ocasionar danos às cidades. 2.3 PRIMEIROS PROCEDIMENTOS O conhecimento das técnicas de salvamento em águas rápidas é essencial para o resgate de uma vítima de enxurrada, que se encontra ilhada ou até mesmo sendo carregada pela força da água. Entretanto, somente as técnicas de SARp não garantem o perfeito sucesso da ocorrência, é necessário que a equipe de bombeiros que fará o resgate, saiba fazer uma correta avaliação da cena do incidente e não esqueça os “15 (quinze) mandamentos” do salvamento em águas rápidas. Existem muitas disciplinas de resgate, algumas mais novas do que outras [...] É importante lembrar-se que nenhuma disciplina de resgate é completamente única em seus próprios compêndios e suas próprias técnicas. Geralmente cada disciplina de resgate tem os seus próprios aspectos, enquanto empresta técnicas aplicáveis de outras disciplinas de resgate. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 11). 2.3.1 Avaliação da cena do incidente É de vital importância a avaliação da cena do incidente, ela pode demorar apenas alguns segundos, quando a situação for bastante simples, como pode demorar minutos, se a situação assim exigir. Essa avaliação deve ser a primeira atitude a ser realizada após a equipe de bombeiros chegar ao local, pois é a partir das informações coletadas nesta avaliação que serão embasadas as tomadas de decisões no decorrer da ocorrência. A avaliação da cena do incidente se mal feita pode colocar em risco a segurança de toda uma guarnição de bombeiros, podendo facilmente levar algum membro da equipe a uma fatalidade, mas pelo contrário, se bem realizada, convergirá para um resgate eficiente e eficaz. Em nossa organização, Corpo de Bombeiros Militar, caberá à responsabilidade pela avaliação da cena do incidente ao militar mais antigo da 24 guarnição que está realizando o resgate, podendo ser o Oficial de Socorro, o Chefe da Guarnição ou até mesmo o mais graduado presente no teatro de operações. Entretanto, a pesar da responsabilidade ser do mais antigo, é de essencial importância que todos os membros da guarnição ou da equipe de resgate, estejam aptos a realizarem uma correta avaliação da cena do incidente, assim como todos devem estar atentos ao teatro de operações, uma vez que quanto menos unilateral for a tomada de decisões, mais chances a equipe terá de obter o sucesso do resgate. (SEGERSTROM, et al., 2002). A avaliação fornece a estrutura para incidentes. A capacidade de avaliar a situação combinando os componentes da avaliação é uma obrigação a qualquer pessoa chamada em um incidente de resgate. Coletar os fatos, conhecer as probabilidades, avaliar a própria situação, tomar decisões informadas, e executar planos válidos; o resgatista será capaz de dar um ambiente mais seguro para ele mesmo e para outros ao mesmo tempo, enquanto ele está dirigindo um esforço coordenado de resgate. A análise risco/benefício só pode ser realizada quando os perigos forem avaliados e quando se alcançar uma visão clara do que é necessário para o resgate. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 24). 2.3.2 Examinar o local Em uma enxurrada em determinada cidade, pode-se vislumbrar alguns fatores importantes que devem ser levados em consideração para examinar o local e saber a magnitude do incidente, como o local que a vítima se encontra, as características físicas do local como paredes, rochas, buracos e obstáculos, o acesso e o regresso da guarnição até a vítima, o espaço que a guarnição terá para resgatar a vítima e o local do posto de comando, de onde o militar mais antigo vai estar postado, observando todas as ações da guarnição de resgate, assim como toda e qualquer atividade externa ao incidente que possa vir a comprometer a segurança da operação de resgate. (SEGERSTROM, et al., 2002). A partir dos fatores citados anteriormente conseguimos definir também a magnitude do incidente. Se de pequena magnitude, o incidente oferece mais segurança para os resgatistas, enquanto que se de grande magnitude, oferece muitos riscos à segurança da guarnição e consequentemente exige um maior preparo da equipe e uma atenção redobrada durante todo o desenrolar da operação de resgate. A magnitude não é algo estático na cena do incidente, ela pode facilmente evoluir para uma ocorrência muito mais complexa. 25 A magnitude de qualquer incidente também pode mudar depressa. Um resgatista pode responder a uma pessoa encalhada dentro de um canyon, e, quando estiver salvando esta pessoa, ser informado de que ela estava com um grupo de 3 pessoas que foram levadas pela corrente. Um cenário pior seria uma tentativa de resgate que não transcorre como o esperado, na qual o resgatista precisa de ajuda, aumentando efetivamente a magnitude do incidente. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 19). 2.4 OS 15 MANDAMENTOS DO SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS Como verificado anteriormente que além das técnicas de salvamento, é importante também a avaliação da cena do incidente, assim como é de vital importância o conhecimento dos mandamentos do Salvamento em Águas Rápidas. Esses mandamentos estão intimamente ligados com a segurança do resgatista, da equipe de resgate e também da vítima a ser resgatada. Devem ser lembrados a todo e qualquer momento em que a equipe ou o militar isolado estiver atuando em um resgate. Jim Segerstrom, e os demais autores do manual Swiftwater Rescue Technician Unit 1 – Rescue 3 International, elencaram 15 principais regras do resgate em água corrente. Portanto tendo em vista esta pesquisa estar direcionada à descrever as técnicas de SARp que podem ser aplicadas em enxurradas, serão elencados aqui, apenas 10 das 15 regras – uma vez que as outras cinco regras referem-se mais à pratica de esportes aquáticos, que a atividade de salvamento propriamente dita –, e da mesma forma deverão ser lembrados sempre que a equipe de resgate estiver atuando em uma enxurrada, inundação ou alagamento. As principais regras para o resgate em enxurradas, conforme Segerstrom et al. (2002, p. 27), organizadas pelo autor, são os seguintes: a) Sempre usar o colete flutuador; b) A prioridade do resgate, durante uma enxurrada, são: primeiro o auto resgate, segundo o resgate e a segurança da equipe e por último a segurança e resgate da vítima; c) Sempre tenha mais de um plano para uma mesma vítima; d) Opte por utilizar as técnicas mais simples; e) Sempre use os equipamentos adequados para cada situação; 26 f) Quando estiver sendo carregado pela enxurrada, mantenha os seus pés para cima, de modo que não enrosquem em obstáculos que a água possa esconder; g) Não conte com a ajuda da vítima, ela não esta treinada para uma situação de risco; h) Nunca amarre uma corda ao redor de um resgatista; i) Nunca estique uma corda de segurança perpendicular ao sentido da correnteza; j) Depois de pegar a vítima, não à solte; 2.5 OBJETIVOS DO RESGATE Os objetivos do resgate em águas rápidas, assim como os que devem ser utilizados em enxurradas, se confundem facilmente com os objetivos utilizados também no Salvamento Veicular. Apesar de serem aparentemente simples e intuitivos, são de vital importância para um resgate eficaz. Os objetivos são os seguintes: Localizar, Acessar, Estabilizar e Transportar (L-A-E-T), e devem ser realizados nesta sequência, para que minimize os riscos de traumas secundários na vítima e a guarnição de resgate esteja orientada e realize o resgate de forma objetiva. (SEGERSTROM, et al., 2002). 2.5.1 Localizar (L) Primeiro objetivo a ser cumprido é localizar a vítima. É necessário que o resgatista aviste a vítima, sabendo informar em que situação ela se encontra, se ilhada, se imersa na água, se dentro de um veículo etc. Localizar a vítima. Isto pode envolver desde uma busca visual de um veículo na correnteza e seus ocupantes presos, como uma busca cômodo a cômodo no edifício ou a busca subaquática no mergulho em um lago. Isto pode consumir bastante tempo. (PAVÃO, et al., 2006). 27 2.5.2 Acessar (A) Esse segundo passo pode não ser uma tarefa fácil, vai depender necessariamente das condições do incidente. É neste objetivo que se pode verificar a necessidade de uma correta avaliação da cena do incidente, pois o acesso às vítimas pode ser demasiadamente complexo e demorar até horas para que seja executado. Segundo Pavão, et al. (2006) “Acessar a vítima. Novamente isto pode ser tão simples quanto caminhar por uma estrada ou pode envolver técnicas de ascensão ou decida em um edifício. Isto também pode consumir muitas horas.” A partir da avaliação da cena do incidente, neste objetivo, vai-se então decidir a técnica de resgate a ser empregada. 2.5.3 Estabilizar (E) Estabilizar não significa somente a colocação de colar cervical e a posterior colocação da vítima na maca. Estabilizar compreende todo a manutenção mínima de sinais vitais e fisiológicos que permitam o transporte da vítima ao tratamento definitivo no ambiente hospitalar. A estabilização pode ocorrer basicamente de duas maneiras. Uma seria levando o suporte médico, ou somente os socorristas, até o local onde se encontra a vítima, mas para isso é necessário que o acesso à vítima seja razoavelmente fácil e que lá possua espaço suficiente para o emprego da equipe de socorro. Caso contrário, para não colocar a equipe de socorro em perigo, se o acesso foi difícil e houver pouco espaço de trabalho para a equipe, é necessário que a vítima seja retirada pelos resgatistas e posteriormente em local seguro seja devidamente estabilizada. Alcançando a vítima, temos que providenciar Estabilização inicial, e preparar a vítima para o resgate. Não é necessariamente a função dos componentes da equipe de resgate ser também médicos altamente treinados, mas eles deveriam estar preparados para usar seus equipamentos e conhecimentos para levar o médico até a vítima, se necessário. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 14). 28 2.5.4 Transportar (T) O transporte compreende a maneira pela qual a vítima será levada até a ambulância para o atendimento inicial, caso o médico não tenha ido até o local que a vítima se encontrava. Segundo o MTB 10 - Manual de Salvamento em enchentes, do CBPMESP (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo) o transporte “é a fase final, que pode ser nada além de imobilizar a vítima em uma prancha e carregá-la até a viatura estacionada em local próximo, como pode envolver um complexo sistema de içamento com uso de macas e tirolesas.” 2.6 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS As técnicas de Salvamento em Águas Rápidas são as mais diversas, constituindo desde alcançar sua mão para a retirada da vítima da água, até mesmo, a construção de uma tirolesa para ancorar o bote e se aproximar da vítima, o que se constitui por uma ocorrência de bastante complexidade e exige da equipe de resgate um conhecimento apurado de diversas técnicas que serão descritas na sequência deste trabalho. Contudo, após ter realizado uma correta avaliação da cena do incidente, é essencial que a equipe de resgate tenha em mente uma sequencia lógica para aplicação das técnicas de SARp, ou seja, a equipe deve sempre optar pelas técnicas mais simples que garantem ao resgatista uma maior segurança e somente quando não conseguir aplicar as técnicas mais simples é que deve-se optar pelas técnicas mais complexas, chegando ao última caso, onde o resgatista entra na água para chegar até a vítima. A primeira opção da equipe de resgate deve ser Alcançar, pois é a técnica que proporciona o menor risco à equipe de resgate. O resgatista permanecendo na margem, sem adentrar o meio líquido – no caso das enxurradas permanecendo em local seco e seguro, mas que não necessariamente à margem - alcança para a vítima o seu braço, um remo, um galho, a escada da viatura, uma mangueira de 29 combate a incêndio inflada ou qualquer outro meio de fortuna2 que a vítima possa se agarrar e então ser puxada para fora da água. Lembrando que esta técnica só poderá ser executada para vítimas que estejam conscientes e possuam vigor físico suficiente para se agarrarem a qualquer objeto alcançado. A primeira opção de alcançar, a pesar de, se constituir como a opção que oferece ao resgatista o maior nível de segurança durante o resgate, isso não obsta a utilização dos devidos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Na impossibilidade do resgatista simplesmente alcançar algo à vitima e esta estiver descendo pela enxurrada, a equipe de resgate deve optar pela segunda opção, a de Arremessar. A técnica de arremesso constitui em lançar um Saco de Arremesso3 ou uma boia presa a uma corda flutuante, a partir da margem ou de qualquer local seguro de uma enxurrada, até a vítima para que essa possa agarrar, permanecer flutuando e ao retesar a corda, com a ajuda da correnteza, ser levada até a margem em que se encontra o resgatista que arremessou. Em não sendo possível realizar a técnica do arremesso, devido a vítima estar muito longe ou a vítima estar fraturada ou qualquer outro motivo que não permita à vítima conseguir agarrar o saco de arremesso, a equipe de resgate deve optar em Remar. Segundo o EaD de Resgate em Águas Rápidas do CBPMPR, remar é utilizar-se de uma embarcação adequada para o ambiente de corredeiras e com o auxílio de remos, remar até acessar a vítima. Essa técnica de remar exige que a equipe possua os equipamentos adequados e a habilidade necessária para a condução daquela embarcação, para que não coloque em risco a segurança o resgatista, da equipe de resgate e também da vítima. A última opção de resgate que a equipe pode realizar, antes de solicitar um eventual apoio aéreo, é Nadar. Consiste na técnica mais arriscada, pois expõe demasiadamente o resgatista aos perigos daquela enxurrada. 2 MEIO DE FORTUNA: Aquilo que é concebido na própria ocasião, de improviso, sem prévia preparação. Pode não ser o material exigido pela técnica, mas exige o conhecimento pleno da técnica para a sua utilização de forma segura. 3 Saco de arremesso ou Sacola de salvamento: trata-se de uma sacola em tecido resistente, contendo um cabo de 8 a 9 mm de espessura, ambos flutuantes (cabo e sacola). Deverá estar acoplada a um cinto, com dispositivo de retirada rápida. (SOUZA, 2014 p.293). 30 Segundo o EaD de Resgate em Águas Rápidas do CBPMPR, ao optar por essa técnica, a equipe deve estar consciente da decisão e ter certeza de que no mínimo o resgatista possua condições de realizar um auto resgate. A maneira correta de como o resgatista deve adentrar na água para nadar até a vítima será pormenorizada mais a frente. Em não se conseguindo aplicar nenhuma das opções citadas anteriormente – Alcançar, Arremessar, Remar e Nadar – seja pela dificuldade da cena do incidente ou seja pela falta de material apropriado, a equipe pode solicitar um apoio aéreo de um helicóptero. Infelizmente muitas vezes, apesar dessa ser a melhor técnica a ser aplicada para um salvamento em enxurrada – uma vez que expõe a equipe de resgate aos menores riscos possíveis, proporcionando uma grande segurança aos bombeiros - não há helicópteros suficientes para uma situação como esta, ou até mesmo devido às intemperes climáticas não há teto4 para o helicóptero de resgate levantar voo. 2.6.1 Natação Defensiva A natação defensiva não consiste na natação convencional utilizada para se alcançar uma vítima ou qualquer outro objetivo que se queira atingir. Ela é utilizada principalmente para a segurança do resgatista que por algum motivo caiu na correnteza da enxurrada e devido a grande força da correnteza ou a presença de diversos obstáculos na enxurrada como buracos, pedras, manilhas e galhos de árvores seria ineficiente e atentatório a segurança a tentativa de nadar até um local mais seguro. Por este motivo o resgatista aplica a natação defensiva até que chegue a um local mais seguro para que tenha condições de nadar e sair da correnteza. Em água corrente, o nadador deve virar de barriga para cima e colocar as duas pernas no sentido da corrente. Se estiver usando pés-de-pato, isso ajudará a ficar plano e os pés-de-pato subirão para a superfície, enquanto o nadador está flutuando. Sem pés-de-pato a posição dos calcanhares na água deveria estar um pouco mais abaixo do que a posição das nádegas. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 48). 4 TETO: Altitude máxima permitida para o helicóptero levantar voo. Varia conforme as condições climáticas. 31 Segundo Segerstrom et al. (2002 p.48), essa posição em que o nadador se encontra na horizontal com os pés à frente, permite a ele passar por cima das pedras e obstáculos rasos, ou usar os seus pés para empurrar-se e depois de ter passado o obstáculo, o nadador volta à posição da natação defensiva com os pés rio abaixo e os braços abertos ajudando no equilíbrio da natação. FIGURA 03 - NATAÇÃO DEFENSIVA FONTE: MINISTERO DELL’INTERNO (2006) É de estrema importância, segundo o EaD de Resgate de Águas Rápidas do CBPMPR, “[...] que a posição de natação defensiva seja corretamente executada, mantendo-se os pés na superfície d’água. [...] No caso se o resgatista ou vítima prenderem um ou ambos os pés no fundo do rio, a pressão da água não permite que o indivíduo solte o pé preso na pedra!”. Ademais, é de suma importância que o bombeiro ao estar se deslocando na correnteza observe a presença de espuma na água. Uma vez que a espuma não é água e devido a grande presença de ar ela afeta diretamente na flutuabilidade do resgatista, independente se este estiver com ou sem colete flutuador além de prejudicar a natação do resgatista. 2.6.2 Escapar de um refluxo Em uma corredeira ou até mesmo em uma enxurrada, a água se comporta de inúmeras maneiras, se amoldando com o relevo e os obstáculos de onde passa. 32 O conhecimento desse comportamento é essencial para que o resgatista não seja surpreendido por algo que esteja escondido pelas águas e passe a se tornar mais uma vítima. Os refluxos ocorrem naturalmente em rios e enxurradas e são um dos mais perigosos obstáculos que podem ser encontrados na correnteza. Uma reversão vertical da correnteza em que a pressão da corrente está passando por cima de um desnível (como uma barragem ou uma pedra) e força a água da base do desnível para baixo no fundo. A água no fundo fluí rio abaixo e sobe à superfície, onde uma parte da água continua a fluir rio abaixo e a outra parte entra num movimento reverso em direção à base do desnível. Esta corrente reversa tende a ser perigosa, porque poderá fazer com que um objeto fique preso, recirculando no hidráulico. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 57). Normalmente os refluxos se caracterizam por duas linhas de bolas, uma imediatamente após o obstáculo por onde a água desce com força e outra onde essa água volta a superfície e ocasiona a corrente reversa. Facilmente, objetos são retidos nos refluxos, no entanto, um refluxo que se forme em uma forte correnteza é capaz de impedir que um homem consiga nadar na direção rio abaixo, fazendo com que ele retorne rio acima e não consiga sair do refluxo. FIGURA 04 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO REFLUXO FONTE: PAVÃO (2006, P. 12) A prática e o constante treinamento em ambientes como esse são fundamentais para que o resgatista se mantenha calmo e execute a técnica correta para se desvencilhar de um refluxo. Segundo Souza (2014, p. 288) “Muitas vezes, o único escape de um refluxo é submergir, agarrar-se ao fundo, impulsionando-se assim rio abaixo na tentativa de cruzar a linha de bolhas, que repara a zona de refluxo da correnteza.” 33 2.6.3 Transposição do curso d’água Muitas vezes, algumas das técnicas vão exigir que o resgatista transponha o curso d’água levando consigo algum material ou até mesmo transpor para chegar até a vítima. Essa transposição não deve ocorrer de qualquer maneira, deve-se levar em consideração a força da correnteza da água, uma vez que essa transposição jamais ocorrerá em linha reta. A fim de usar a correnteza a seu favor, segundo EaD do CBPMPR, a direção de saída (início do deslocamento) deverá ser em um ângulo de 45º, a partir da margem, rio acima, conforme ilustra a Figura 05. E segundo Manual de Salvamento em Enxurradas do CBESP, Pavão, et al., (2006, p.19) “Conforme a força da correnteza vai aumentando, o ângulo de travessia vai diminuindo, sendo que obrigatoriamente, não pode chegar a 0º, pois a embarcação ou o bombeiro pararia no meio da correnteza.” FIGURA 05 - ÂNGULO DE TRAVESSIA FONTE: PAVÃO (2006, P.19) 2.7 SALVAMENTOS COM EMBARCAÇÃO Os salvamentos com embarcação devem ser realizados sempre que a equipe de resgate possuir os equipamentos necessários para tal, mas não antes de tentar alcançar um objeto ou arremessar o saco de arremesso para vítima. Somente em não sendo possível alcançar ou arremessar (que são técnicas de menor 34 complexidade) é que a equipe lançará mão desta técnica, antes ainda de colocar um resgatista dentro da água. A utilização de embarcação para o salvamento garante bastante segurança aos resgatistas, desde que possuam experiência para remar ou destreza para montar uma tirolesa para a embarcação, além de garantir ainda que o resgatista não entre em contato direto com a água da enxurrada, uma vez que no CBPMPR, não existe a chamada “roupa seca”, que impermeabiliza o operador de modo que este não se contamine com águas insalubres. Mas a fim de que essa segurança seja garantida, os equipamentos que devem ser utilizados, a começar pela embarcação, devem ser apropriados para o ambiente de águas rápidas. O tipo de embarcação mais recomendável para o tipo de salvamento que estamos abordando é o bote inflável com fundo flexível, que além de não afundar quando virado para baixo, permite que a água que entrar possa escorrer para fora do bote. Permite também que se torne uma grande boia, quando este estiver emborcado5. (SOUZA, 2014, p. 305). O bote inflável com fundo flexível é o que menos danos sofre em uma enxurrada com correnteza muito forte, pois seu material de que é construído resiste satisfatoriamente a diversos impactos e abrasões. Segundo Souza (2014, p. 305) “Ainda, é possível utilizar-se de uma embarcação inflável com fundo rígido, contudo para está técnica é importante que a embarcação esteja sem o motor acoplado.” A embarcação inflável com fundo rígido, não é tão recomendada quanto à de fundo flexível, por que justamente o seu casco pode sofrer facilmente avarias, devido os inúmeros obstáculos existentes em corredeiras e enxurradas. Assim como não é possível à utilização de motores em corredeiras devido os mesmos obstáculos. É importante ressaltar que embarcações de alumínio, não devem ser utilizadas em salvamentos em águas rápidas, pois não oferecem segurança suficiente para a equipe de resgate por serem muito instáveis, quando emborcadas não garantem flutuabilidade, possuem uma capacidade reduzida de carga (apenas 4 operadores), exige um alto grau de especialização do condutor e pouco espaço para 5 EMBORCADO: Virado de boca para baixo. 35 conduzir uma vítima politraumatizada. Suas vantagens se resumem ao pouco peso, ao menor preço e a facilidade de transporte. (Pavão, et al., 2006, p.27). Após escolhida a embarcação correta para a utilização em ambiente de águas rápidas, para se transpor um curso d’água, acessar uma ou mais vítimas os resgatistas devem dominar com segurança a técnica escolhida, seja ela a utilização de remos (estilo rafting) ou a utilização de tirolesa com embarcação. A técnica de remar até a vítima, muitas vezes é a mais rápida e segura, no entanto exige experiência dos bombeiros. Entretanto, a critério do comandante da operação de resgate, em não sendo possível remar, adota-se a técnica da tirolesa com embarcação. 2.7.1 Remar até a vítima Para que se possa optar pela técnica de remar até a outra margem ou diretamente até a vítima, o responsável pela ocorrência deve fazer uma correta avaliação da cena do incidente, verificando se apenas com a força dos remos é possível ter controle da embarcação mesmo sob forte ação da correnteza. Caso contrário, se durante a avaliação for verificado que a correnteza é tão forte que não será possível os resgatistas terem controle da embarcação, deve-se partir para a utilização da tirolesa com embarcação. Se a equipe de resgate for pequena ou reduzida, é importante ter em mente que não se deve colocar a equipe completa na embarcação para tentar chegar até a vítima. É necessário que uma parte da equipe permaneça fora da embarcação em local seguro, para que se algum imprevisto acontecer com a embarcação, estes possam garantir a segurança da equipe de resgate e se necessário realizar o salvamento dos resgatistas que estavam na embarcação. Para que está técnica seja empregada é necessário também que a equipe saiba remar de forma ordenada, caso contrário a técnica não será efetiva. Para isto, o resgatista com mais experiência deverá estar posicionado na popa do bote e atuará como um guia. Ele utilizará do seu remo, como se fosse um leme, para direcionar o bote na direção desejada e comandará também as remadas específicas para colocar o bote na posição correta. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 103). 36 FIGURA 06 - TÉCNICA DE SALVAMENTO COM EMBARCAÇÃO – REMAR ATÉ A VÍTIMA FONTE: CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ 2.7.2 Tirolesas com embarcação A técnica da tirolesa com embarcação garante a equipe de resgate uma boa segurança, uma vez que não terão contato com a água da enxurrada – exceto o resgatista responsável por atravessar o curso d’água levando consigo a corda para a montagem da tirolesa. Essa técnica permite também que a equipe tenha um controle sobre a embarcação muito maior do que se a equipe tivesse optado por remar até a vítima. Ao ser realizada a avaliação da cena do incidente, é importante que seja avaliado qual o tempo que se tem para resgatar aquela vítima. Segundo Segerstrom et al (2002, p. 132) “Se tempo e pessoas suficientes estão disponíveis, esta plataforma pode ser usada para diminuir o risco para ambos, o resgatista e a vítima.” A técnica da tirolesa pode ser usada para diversas operações, tais como a) Manusear o bote para uma posição desejada; b) Colocar o bote rio abaixo, quando as paredes nos dois lados forem verticais; c) Puxar o bote rio acima na direção de um refluxo ou uma barragem. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 133). Não há segredo para a montagem da tirolesa propriamente dita, é igualmente como já se conhece a tirolesa do resgate vertical. A grande diferença está no sistema de controle da embarcação, que será realizado pela equipe que se encontra em local seguro, fora da embarcação. Os resgatistas que estiverem no interior da embarcação, durante o salvamento, devem permanecer na popa da embarcação (rio abaixo), a fim de evitar que a água da enxurrada adentre a 37 embarcação ocasionando uma maior carga para o sistema de tirolesa. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 134). A embarcação irá presa à tirolesa por meio de uma roldana e uma placa de ancoragem. Uma corda presa à placa de ancoragem e com dois chicotes, um para cada lado, servirá para realizar o controle da embarcação para os lados. Outra corda presa à placa de ancoragem por uma roldana servirá para controlar a embarcação rio abaixo ou rio acima, conforme ilustrado na figura 07. FIGURA 07 - TIROLESA AQUÁTICA FONTE: CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ Caso a equipe de bombeiros seja reduzida, pode-se optar por deixar o controle “rio abaixo x rio acima” por conta do resgatista que se encontra no interior da embarcação, sendo necessário apenas um bombeiros de cada lado da correnteza para realizar o controle para os lados “direito x esquerdo”, conforme ilustrado na figura a seguir: FIGURA 08 - TIROLESA AQUÁTICA FONTE: CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ 38 A pesar do controle da embarcação estar sendo realizado por uma equipe que se encontra fora da embarcação, os comandos para que lado, rio abaixo ou rio acima, serão dados pelo bombeiros embarcado. Este utilizará sinais e gestos convencionados para dar os comandos, apontado com o braço a direção de deslocamento e para parar o movimento o resgatista deve cruzar os dois braços acima de sua cabeça. 2.8 SALVAMENTO SEM EMBARCAÇÃO 2.8.1 Arremessar A técnica de arremesso consiste em o operador arremessar um saco de arremesso para que a vítima – descendo a correnteza ou até mesmo ilhada – se agarre, permaneça flutuando e seja levada com a ajuda da correnteza até a margem ou local seguro onde se encontra o resgatista. Segundo Segerstrom et al (2002, p.86), “Se há um objeto do equipamento o qual o resgatista deveria ter, acima de tudo, é o cabo de resgate. Barata e disponível prontamente para ser usada, o cabo de resgate é tão simples como é o seu propósito.” Ainda segundo o mesmo autor, “[...] a corda é um elemento imprescindível como um instrumento de dianteira do resgate em água. A operação deverá acontecer sempre com um operador principal e um operador reserva, devido à grande possibilidade de erro de alvo. O arremesso poderá ser realizado por sobre a cabeça do Operador – “por cima” – ou pela lateral do corpo – “por baixo” – conforme adaptação e conveniência. (SOUZA, p. 294, 2014). Segundo Manual Técnico de Salvamento Aquático do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná, o operador deve apenas segurar a ponta da corda do saco de arremesso sem amarrá-la ao punho, para que se vier a acontecer algum imprevisto, o operador não seja puxado para dentro da água, soltando dessa maneira a corda, deixando para que o segundo operador, posicionado mais abaixo do rio, arremesse o segundo cabo. 39 FIGURA 09 - LANÇAMENTO DO SACO DE ARREMESSO POR CIMA FONTE: PAVÃO (2006, P. 24) FIGURA 10 - LANÇAMENTO DO SACO DE ARREMESSO POR BAIXO FONTE: PAVÃO (2006, P. 25), organizado pelo autor (2015) Após a vítima ter agarrado o saco de arremesso, é essencial que o resgatista a oriente para que segure o saco em frente ao tórax e se coloque com as costas voltadas para a correnteza e o seu rosto direção rio abaixo. Ao contrário do que parece essa técnica, a orientação do Manual de Salvamento Aquático diz que não se faz necessário puxar a corda do saco de arremesso, basta apenas trava-la para que a própria força da correnteza pendule a vítima para a mesma margem que se encontra o resgatista e seja então retirada da água pelos outros membros da equipe. 40 2.8.2 Travessia de resgate É uma técnica fácil de ser empregada, porém oferece grandes riscos uma vez que o resgatista entrará na água. Ela consiste em 1 (um) ou mais resgatista entrarem na enxurrada e atravessarem a correnteza andando, podendo utilizar de uma estaca ou um remo para ajudar na estabilização, conforme Segerstrom et al. (2002, p. 90) “Quem atravessa encosta-se com o pau na corrente rio acima e, assim, tem três pontos de apoio, o pedaço de pau e os dois pés. Então, o atravessador move um ponto de cada vez [...] Posiciona-se rio acima e não virar-se de lado para a corrente.” O mesmo autor alerta ainda, para que todos os pontos de apoio permaneçam sempre em contato com o fundo do rio ou da enxurrada e que o resgatista mova-se ponto a ponto, um de cada vez, a fim de garantir uma maior estabilidade durante a travessia. E em caso de uma possível queda, por conta da força da correnteza, o resgatista não deve tentar colocar seus pés no chão novamente, até que esteja em uma área em que a correnteza não esteja mais tão forte e ele se encontre em segurança. FIGURA 11 - TRAVESSIA DE RESGATE FEITA POR UM RESGATISTA FONTE: OHIOPYLE TRADING POST AND RIVER TOURS Por uma questão de segurança, é recomendável que esta técnica seja aplica em enxurradas que não possuam uma força de enxurrada elevada e que a profundidade não ultrapasse a linha da cintura dos resgatista, pois uma vez usando o colete flutuador, a água acima da linha cintura faria com que o resgatista perdesse 41 o contato dos pés com o leito do rio ou enxurrada, inutilizando dessa maneira a execução desta técnica. Em se possuindo um grande efetivo para o resgate, essa técnica pode evolui para vários resgatista realizando a travessia de resgate juntos, fazendo com que aumente significativamente os pontos de apoio, podendo então adentrar, dessa maneira, em correntezas mais fortes. Três ou mais pessoas posicionam-se uma atrás da outra em direção contra a corrente, dando-se apoio e segurando-se no cinto da pessoa da frente. A pessoa na frente (que tem o pau) se move em primeiro lugar, depois o segundo, que deveria ser o mais pesado e finalmente o terceiro, até o grupo ficar alinhado de novo. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 90). FIGURA 12 - TRAVESSIA DE RESGATE POR MAIS DE UM RESGATISTA FONTE: OHIOPYLE TRADING POST AND RIVER TOURS 2.8.3 Isca-Viva Essa técnica exige do resgatista um enorme preparo, tanto técnico como físico. É de fundamental importância que o resgatista e a equipe tenham conhecimento dos riscos que estão enfrentando em se colocar um bombeiro na água. É por expor o bombeiro à um risco grande que esta técnica é a quarta opção a ser usada pela equipe. Uma outra forma de resgate de nadador forte é o nado de resgate na corda, ou também conhecido como “Resgate de Isca Viva” [...] neste caso, a corda é atada de uma maneira que ele possa ser solto pelo nadador num eventual problema. O resgatista é atado à corda por um salva-vidas de nova geração 42 com um sistema de soltura rápida de resgate [...] (SEGERSTROM et al., 2002, p. 111). É uma técnica que rapidamente pode ser executada, pois exigem poucos materiais, basta o resgatista estar utilizando além de roupa adequada, o colete flutuador, onde vai preso na alça de soltura rápida um cabo flutuante, que o deixa atrelado à margem. A partir da natação ofensiva6 o resgatista nada até a vítima (sem esquecer-se do ângulo de saída para a travessia do curso d’água). Simultaneamente o restante da equipe permanece na margem, ou em outro local seguro no caso de enxurrada, e solta de maneira controlada o cabo flutuante – sem deixá-lo retesado7 até que o resgatista chegue à vítima. FIGURA 13 - TÉCNICA DO ISCA-VIVA FONTE: OHIOPYLE TRADING POST AND RIVER TOURS, organizado pelo autor (2015) A técnica pela qual o resgatista segurará a vítima até que cheguem à margem é técnica over arm8 com os dois braços, uma vez que não é preciso nadar, pois basta que a equipe que está na margem retese o cabo e deixe com que o resgatista e a vítima sejam pendulados pela força da água até a margem ou outro local seguro. 6 NATAÇÃO OFENSIVA: Natação tipo crawl, na qual durante o SARp o resgatista nada na direção da vítima ou de outro objetivo desejado, tentando sofrer menos influência da correnteza possível. 7 RETESADO: Esticado. A corda encontra-se esticada. 8 OVER ARM: Técnica utilizada no Salvamento Aquático para a retirada de uma vítima afogada do mar. O resgatista passa um dos seus braços por baixo da axila da vítima e a segura pelo mento, mantendo-o elevado. 43 A técnica do Isca-Viva exige que seja feita impreterivelmente com o colete flutuador adequado para o ambiente de água rápidas, segundo Souza (2014, p.291) “A principal característica deste colete é a fivela para soltura rápida (“ejeção”), essencial para a correta execução da técnica de “isca viva” [...]”. Essa ejeção, num primeiro momento estranha, é essencial em uma corredeira, pois no momento em que a corda, mesmo que flutuante, que esta atrelada ao resgatista retesar na direção da correnteza, será praticamente impossível o resgatista permanecer na superfície, uma vez que a força da água faz com que qualquer pessoa atrelada à ponta da corda afunde. A única solução numa submersão inesperada como esta é o resgatista se desvencilhar da corda, para que ele somente ou junto com vítima retorne à superfície e desçam rio abaixo na posição da natação defensiva. 2.8.4 Tirolesa aquática A tirolesa aquática, ou corda esticada na diagonal como também pode ser chamada, é uma técnica que pode ser empregada quando se necessita atravessar diversas vezes a correnteza da enxurrada ou então transpor algum tipo de material, pois mesmo fazendo com que o resgatista adentre a água, essa técnica proporciona uma maior segurança, uma vez que ele se encontra ancorado na corda da tirolesa, por uma roldana. Em água profunda demais para atravessar caminhando, assim como com os atravessadores nadando, a técnica preferida será usar um mosquetão com uma alça de fita tubular colocada na corda. O resgatista simplesmente segura-se com a mão oposta à direção qual irá se mexer, vira-se de costas (de barriga pra cima) e aponta seus pés rioabaixo. Quando levar uma vítima, o método ideal será colocar o mosquetão “rabode-vaca” (“cow-tail”) do salva-vidas de resgate na corda. Assim, o resgatista poderá segurar a vítima com as duas mãos e deixar que a corrente os leve ao outro lado. Além disso, botes e pranchas de resgate podem ser atravessados pela corda esticada em diagonal. Depois, mudando o ângulo da corda, podem ser mandados de volta. Esta técnica é particularmente valiosa em corrente extremamente rápida e em canais de enxurrada. (SEGERSTROM et al., 2002, p. 95, grifo nosso). A maneira correta de se armar uma tirolesa para efetuar um resgate em uma enxurrada, leva em consideração o mesmo princípio da técnica do isca-viva – onde o 44 resgatista deve nadar na direção de 45º da correnteza rio acima – entretanto, a tirolesa aquática, deve ser armada à 45º da direção da correnteza rio abaixo. Essa angulação de no mínimo 45º, faz com que o resgatista poupe esforços para atravessar uma enxurrada, uma vez que preso à tirolesa a força da água o levará para o local desejado. A angulação da tirolesa deve ser sempre respeitada, para que o resgatista não corra o risco de, ao chegar ao centro da correnteza, a corda da tirolesa faça um seio, impossibilitando-o de chegar até o outro lado, conforme a Figura 14 que ilustra a maneira correta acima e logo abaixo a maneira incorreta. FIGURA 14 - TIROLESA AQUÁTICA CORRETA X ERRADA FONTE: CORPO NAZIONALE VIGILI DEL FUOCO (2006) Ainda que essa técnica proporcione uma segurança maior ao resgatista que está ancorado na tirolesa, ela exige que um primeiro bombeiro adentre a enxurrada, atravessando a correnteza, utilizando-se da técnica do isca-viva, para que ao chegar ao outro lado, esse ancore a corda da tirolesa para que ela possa ser retesada. É importante que seja clipada na roldana do resgatista uma segunda corda, para fazer a recuperação da polia, isso permite que várias pessoas possam ser evacuadas sequencialmente de uma área de risco. 45 2.8.5 Mangueira de combate a incêndio inflada Uma forma de se resgatar uma ou mais vítimas de uma enxurrada, sem utilizar uma embarcação e deixando a equipe de resgate em segurança fora da água, é utilizando uma mangueira de combate a incêndio inflada. O empecilho maior desta técnica é o próprio material, que necessita ser adaptado anteriormente a ocorrência. Essa técnica consiste em adaptar um tampão da mangueira de 63mm, colocando neste, um engate rápido para a mangueira do EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) e na outra extremidade da mangueira somente um tampão comum. Utilizando então o EPR infla-se a mangueira, o que garante que ela flutue na água e ofereça uma grande flutuabilidade à vítima. A partir de testes realizados em piscinas, uma mangueira de 25mm de diâmetro, inflada, oferece flutuabilidade de 10 à 12 pessoas (SEGERSTROM et al., 2002, p. 97). O ideal é utilizar-se dessa técnica, da mangueira inflada, em locais como uma ponte ou um viaduto. Desta forma, segundo Souza (2014), amarra-se 3 (três) ou 4 (quatro) cabos solteiros na mangueira – amarrando-se apenas um da extremidade e os outros três apenas passando pela mangueira, para que estes possam ser recuperados pelos operadores que se encontram em cima da ponte - de modo que a magueira seja içada (perpendicular à correnteza) da ponte até a água, então, ancora-se os cabos na própria ponte. Dessa forma a vítima que estiver sendo carregada pela correnteza, ao se aproximar da mangueira, será orientada a agarrarse nela, para que então, solte-se três dos quatro cabos que sustentam a mangueira, de modo que ela permaneça ancorada apenas por uma das extremidades. Isto feito, a mangueira inflada se comportará semelhante à técnica Isca-Viva, a própria força da água fará a mangueira pendular para a margem que se encontra ancorada, podendo a equipe de resgate salvar a vítima sem ao menos entrar na água. O uso da mangueira como artefato adicional de resgate não é uma idéia nova. Existem documentos sobre resgates em gelo com mangueiras infladas com mais de trinta anos atrás e tem outros exemplos do uso da mangueira em vez de cordas no resgate técnico. Mesmo com a publicidade acompanhando esses resgates a aplicação da mangueira inflada demorou a ser aceita. Muitos estudantes que participam pela primeira vez num treinamento de resgate aquático ainda acreditam na mangueira inflável como inovação recente. (SEGERSTROM et al., 2002, p.96). 46 A técnica pode ser usada como uma técnica de resgate propriamente dita, ou até mesmo como uma barreira, em uma posição rio abaixo de outra técnica que está sendo executada – como por exemplo a do Isca-Viva - para garantir a segurança do resgatista e da vítima que, por algum imprevisto possam lançar mão da corda que os ancora, descendo rio abaixo, ou até mesmo, como um obstáculo próximo à uma cachoeira ou outro local que ofereça grande risco aos resgatista e à vítima. FIGURA 15 - MANGUEIRA DE COMBATE A INCÊNDIO INFLADA FONTE: CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ Outra maneira de se utilizar a mangueira inflada é alcançando-a para uma vítima que esteja presa em um refluxo, a fim de oferecer flutuabilidade à ela e de modo que ela possa ser puxada pela própria mangueira até um local seguro, conforme ilustração abaixo. FIGURA 16 - ALCANÇAR MANGUEIRA INFLÁVEL PARA A VÍTIMA FONTE: SEGERSTROM ET AL. (2002, P. 97) 47 2.9 AS ENXURRADAS NO PARANÁ No Brasil como um todo, as enxurradas são muito numerosas, estando em segundo lugar no ranking dos Desastres naturais mais recorrentes no Brasil, totalizando um percentual de 33% de todos os desastres naturais possíveis – somando-se as inundações bruscas com as inundações graduais. (ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, CEPED UFSC, 2012). Segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais “Enquanto desastre natural, as inundações bruscas foram responsáveis, de 1991 a 2010, por 338 registros oficiais no Estado do Paraná”, além dos 138 registros de inundações graduais no mesmo período. Pode-se verificar no mapa a seguir, que mais de 50% do Estado foi atingido por inundações bruscas, no período compreendido entre 1991 a 2010, e que os locais mais afetados foram Curitiba, Araucária e Colombo, todos pertencentes a região metropolitana de Curitiba. Segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais Esta foi a região mais afetada do Paraná, devido a sua localização mais próxima ao litoral, local este com altos índices de precipitação e por conter a maior concentração populacional do Estado. FIGURA 17 - INUNDAÇÕES BRUSCAS NO PARANÁ – 1991 A 2010 FONTE: ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS 48 Os dados acima mostrados, retirados do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, são apenas para mostrar como o número de enxurradas é alto em todo estado e também em todo território nacional. Para efeito desta pesquisa, os dados extraídos do SYSBM são dos últimos 10 (dez) anos, de 2005 a 2014, conforme figura 18. TABELA 02 – OCORRÊNCIAS, VÍTIMAS E ÓBITOS POR OBM OBM 5º GB 2º GB 3º GB 7º GB 3º SGBI 1º GB 4º GB 5º SGBI 6º GB 4º SGBI 2º SGBI 8º GB 6º SGBI 9º GB 1º SGBI GOST Número de ocorrências 923 735 712 555 356 270 253 239 235 211 189 188 141 125 117 6 Número de vítimas Número de óbitos 28 19 29 27 11 16 09 27 18 01 00 44 01 14 13 ** 00 06 00 02 01 02 00 02 01 00 00 04 00 00 00 ** ** COMPUTADO JUNTAMENTE COM 1º GB. FONTE: SYSBM CBPMPR, organizado pelo autor (2015) Acima está mostrado o número de ocorrências de enxurradas, o número de vítimas e de óbitos por OBM (Organização Bombeiro Militar). O 5º GB em Maringá lidera o ranking com 923 enxurradas, entretanto a localidade com o maior número de vítimas é Londrina (3º SGBI), com 29 (vinte e nove) vítimas e o maior número de óbitos encontra-se no 2º GB (Ponta Grossa), com 06 óbitos. A partir de todos os dados retirados do SYSBM, pode-se verificar que o número de ocorrências de enxurradas é significativo, entretanto, o sistema não permite distinguir especificamente o quantitativo de enxurradas onde foram realizados salvamentos em águas rápidas, visto que é uma atividade extremamente recente no cenário nacional e esta se encontra camuflada dentro dos demais salvamentos aquáticos. 49 3 METODOLOGIA A partir dos estudos realizados durante o Curso de Formação de Oficial Bombeiro Militar, pode-se observar que a atividade Bombeiro Militar, desde sua criação em 1912, está em crescente expansão. O aumento populacional, a diversidade industrial e o surgimento de novas tecnologias faz com que a cada momento surjam diferentes atividades em que o bombeiro será acionado e terá que prover uma resposta satisfatória, com vistas sempre ao seu lema: “Vidas alheias e riquezas a salvar”. Ademais, em razão do surgimento de novas atividades é que a corporação como um todo precisa antever-se aos problemas e, para isso, é necessário que esteja em constante atualização. Sendo assim, é com vistas nesta atualização que a presente pesquisa visa disseminar conhecimentos de um assunto ainda recente no cenário nacional, isto é, a atividade de Salvamento em Águas Rápidas, visando a aplicação de suas técnicas em enxurradas. Considerando as características deste assunto, percebe-se uma carência do referido conhecimento em nossas atividades, portanto, quanto à natureza desta pesquisa, entende-se que esta é classificada como aplicada, pois visa gerar alguns conhecimentos a serem colocados em prática. De acordo com Barros e Lehfeld (2000, p.78) apud Vilaça (2010, p. 64), a pesquisa aplicada tem como motivação a necessidade de produzir conhecimento para aplicação de seus resultados, com o objetivo de “contribuir para fins práticos, visando a solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade.” 3.1 TIPO DE ESTUDO Com a utilização da pesquisa aplicada e com o intuito de disseminar o conhecimento das técnicas de Salvamento em Águas Rápidas a serem utilizadas nas enxurradas define-se o tipo de estudo desta pesquisa como sendo descritivo. O estudo descritivo, nas palavras de Danhke (1989) apud Perovano (2014, p. 76), “busca ainda especificar as propriedades importantes de pessoas, contextos, 50 processos e tempo [...] e medem de maneira independente os conceitos ou variáveis aos quais se referem.”. Nesta pesquisa serão descritas as técnicas de SARp, bem como será realizado um levantamento das áreas de risco de enxurradas no estado do Paraná. Entretanto, como característica deste tipo de estudo, as variáveis - técnicas e enxurradas - não terão os seus dados cruzados a fim de verificar como se relacionam, sendo analisadas de forma individual. (PEROVANO, 2014). 3.2 ENFOQUE DE PESQUISA Observadas as variáveis da pesquisa, técnicas de SARp e enxurradas, adota-se como método de pesquisa o enfoque misto ou comumente chamado de multimodal. Esse método consiste em convergir os dois métodos de pesquisa existentes, o quantitativo e o qualitativo. De acordo com Perovano (2014, p. 67), o método quantitativo “realiza a coleta de dados para testar hipóteses com base na medição numérica e na análise estatística para estabelecer padrões de comportamento [...]”, enquanto o método qualitativo “não se preocupa com o uso de quantificações numéricas, mas sim, o aprofundamento da compreensão de seu objeto” com ênfase em entender as variáveis ao invés quantificá-las. (PEROVANO, 2014). No entanto, considerando o tipo de estudo descritivo – sem cruzamento das variáveis – o enfoque misto desta pesquisa, da mesma forma, não será simultâneo para ambas as variáveis, ou seja, a pesquisa terá um enfoque quantitativo em relação a ocorrência de enxurradas e, por consequência, a determinação de áreas de risco no estado do Paraná e, paralelamente, terá um enfoque qualitativo com vistas as técnicas de Salvamento em Águas Rápidas a serem utilizadas em enxurradas. 51 3.3 MÉTODO DE PESQUISA Da mesma forma que o enfoque de pesquisa, os métodos serão distintos para cada variável. A pesquisa se desenvolverá a partir de um método dedutivo para o enfoque de pesquisa quantitativo (a incidência de enxurradas). O método dedutivo servirá nesta pesquisa, para que, a partir dos dados numéricos apresentados na revisão de literatura, em relação à incidência de enxurradas no estado do Paraná, se possa perceber que as conclusões se encontram implícitas nas premissas dos dados, ou seja, obter-se-á um juízo ou um valor a partir dos dados apresentados. (PEROVANO, 2014). Em contrapartida, a pesquisa utilizar-se-á do método indutivo, quando estiver analisando a variável das técnicas propriamente ditas do SARp, ou seja, pode-se concluir certas leis ou normas a partir dos fatos observados. 3.4 COLETA DE DADOS Tendo em vista a pesquisa ser descritiva com enfoque multimodal, esta se desenvolveu basicamente a partir de bibliografias e de análise documental, sendo que, optou-se pela entrevista como instrumento de coleta de dados, com a utilização de perguntas abertas e pelo questionário formulado substancialmente por questões objetivas. Perguntas abertas ou também chamadas de livres são as que possibilitam o entrevistado responder de forma livre, demonstrando sua opinião e linguagem própria. As perguntas abertas permitem uma discussão mais precisa e aprofundada. (RAMPAZZO, 2002). Importante ressaltar que a entrevista não constituirá os dados principais que serão analisados no capítulo 4 (quatro), mas servirá para concretizar todas as análises feitas a partir da descrição das técnicas de SARp e exemplificar a importância da necessidade do conhecimento e da utilização de tais técnicas a fim de alcançar o objetivo desejado, bem como de disseminar o conhecimento que, 52 visualizado a partir da problematização, é uma carência da atividade Bombeiro Militar. A entrevista, portanto, será realizada com um bombeiro militar, que na época era Cabo do Corpo de Bombeiros do Paraná, e, atualmente, promovido à graduação de Sargento por ato de bravura, que durante o atendimento de uma vítima que se encontrava agarrado a uma pedra no meio de uma corredeira, por desconhecimento de técnicas corretas e por falta de equipamentos adequados, não obteve sucesso no salvamento e quase teve sua vida ceifada, sendo retirado da água sem sinais vitais. Igualmente, serão coletados dados a partir de questionário aplicados às unidades operacionais do CBPMPR, formulado basicamente por questões objetivas, as quais não permitem uma discussão aprofundada do contexto e nem mesmo admite opinião e linguagem própria do entrevistado. 53 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Existem no Corpo de Bombeiros do Paraná, duas formas de ingresso nas fileiras da corporação, uma pelo CFSd (Curso de Formação de Soldado) e a outra pelo CFO (Curso de Formação de Oficiais). Ambos os cursos possuem uma grade curricular bastante abrangente no que diz respeito às disciplinas operacionais, isso garante ao bombeiro formado uma grande noção da diversidade de ocorrências que enfrentará em sua carreira. No entanto, observa-se, a partir das grades curriculares desses cursos, uma deficiência na área de Salvamento em Águas Rápidas. Disciplina esta que não se encontra incutida sequer dentro do Salvamento Aquático, o qual está direcionado somente ao salvamento em águas salgadas. Entende-se que esta deficiência não é imputável a algum responsável e sim pelo fato do SARp ser ainda uma novidade no cenário nacional. Durante a pesquisa, nas poucas bibliografias encontradas, pode-se verificar que apenas o Corpo de Bombeiros de São Paulo e de Santa Catarina possuem instruções previstas de SARp para a formação do Bombeiro Militar, assim como manuais técnicos a respeito do assunto. O CBPMESP (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo) foram os precursores no SARp, tendo em vista que foram os primeiros a introduzirem as técnicas, criadas nos esportes de rafting e canoagem, na atividade Bombeiros Militar, mais precisamente, direcionadas para o uso em enchentes, como por exemplo o Manual Técnico de São Paulo: MTB 10 – Salvamento em Enchentes, que utiliza diversas das técnicas e dos equipamentos se Salvamento em Águas Rápidas para a aplicação direta nas enxurradas. Assim, em razão do SARp ser uma atividade tão recente no cenário nacional, foram encontradas algumas dificuldades durante a elaboração desta pesquisa, principalmente em relação a quantidade de fontes para consultas. Como citado no capítulo II, o Salvamento em Águas Rápidas é uma área que necessita de muito estudo e exploração. (SEGERSTROM et al., 2015). Essa possível deficiência operacional em nosso Corpo de Bombeiros faz com que os militares ao atenderem ocorrências em enxurradas tenham que improvisar métodos e utilizar-se do empirismo para realizar os salvamentos, expondo suas equipes a grandes riscos, uma vez que os resgatistas não conhecem 54 os perigos das correntezas e muitas vezes não possuem os equipamentos adequados. Recentemente foi criado no Corpo de Bombeiros do Paraná o EaDBombeiros (Ensino à distância do Corpo de Bombeiros do Paraná), com cursos com duração de apenas algumas semanas. Especialmente neste ano de 2015 e pela primeira vez, foi ofertado o Curso de Resgate em Águas Rápidas. Isso demonstra que, aos poucos, os conhecimentos desta nova atividade estão sendo disseminados por todo o estado. Além deste curso de Resgate em Águas Rápidas à distância, não possui na corporação, ainda, efetivamente um curso de SARp presencial que torne o bombeiro especialista no assunto. Entretanto, já existe a autorização do Comandante Geral, publicada no Boletim do Comando Geral nº 150, de 13 de agosto de 2014, para a realização de diversos cursos na PMPR, entre eles o de Salvamento em Águas Correntes. Com o intuito de demonstrar a importância do conhecimento e da utilização das técnicas de Salvamento em Águas Rápidas em enxurradas, serão analisadas as áreas de riscos de enxurradas do estado a partir dos dados retirados do SYSBM, bem como se verificará se as unidades operacionais do CBPMPR possuem equipamentos e estão em condições de realizarem salvamentos em enxurradas, a partir do questionário aplicado em 16 unidades operacionais, sendo 9 GB’s, 6 SGBI’s e mais o GOST. Por fim, para materializar esta importância, serão discutidas as técnicas de SARp em relação à entrevista realizada com o 3º Sgt. QPM 2-0 Meira, o qual sofreu em 2012, na cidade Guarapuava, um acidente durante um salvamento em enxurrada. 4.1 ANÁLISE DAS ÁREAS DE RISCO DE ENXURRADAS NO PARANÁ Segundo SYSBM9 do Corpo de Bombeiros do Paraná, no período compreendido entre 2005 a 2014, foram registrados 5.255 alagamentos. Entretanto, vale ressaltar que o banco de dados do SYSBM não faz diferenciação entre 9 SYSBM: Base de dados atualizada diariamente que coleta, organiza, analisa e monitora as informações dos registros de ocorrências (RGO), servindo como ferramenta no auxílio da gestão e tomada de decisões no âmbito do Corpo de Bombeiros do Paraná. 55 alagamento, enxurrada, enxurrada e inundação, portanto, esse número elevado de alagamentos corresponde a toda e qualquer RGO (Registro de Ocorrência) aberta em virtude de uma ocorrência de qualquer uma das quatro classificações. Ademais, pode-se ter, dentro deste número de alagamentos, mais de uma RGO em um mesmo alagamento, uma vez que o SYSBM soma as ocorrências e não os desastres. Apesar do número elevado de ocorrências de alagamento, nesse período de 10 anos, foram registradas ao total 241 vítimas, sendo 16 óbitos. (SYSBM CBPMPR). FIGURA 18 - INUNDAÇÕES NO PARANÁ – 2005 A 2014 FONTE: COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL DO PARANÁ (2015) A partir da Figura 18, coletada no site da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Paraná, pode-se verificar que as áreas com maior incidência de alagamento correspondem também a praticamente às mesmas áreas de incidência de inundações bruscas, conforme Figura 17 (capítulo II), extraída do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais. Para fins de padronização, neste trabalho adotam-se como áreas de risco médio e elevado as cidades com mais de 10 alagamentos nos últimos 10 anos, para que perante uma média a cidade possua pelo menos uma ocorrência desta natureza por ano. Portanto, as áreas de risco elevado de enxurradas no Paraná, com mais de 16 alagamentos nos últimos 10 anos, estão localizadas na região metropolitana de 56 Curitiba, inclusive, mais especificamente nas cidades de Araucária e São José dos Pinhais. Destaca-se também como área de risco a cidade litorânea de Paranaguá, local onde ocorreram as famosas “Águas de Março” no ano de 2011, com chuvas muito acima da média esperada para o ano, danificou 6.588 residências, desalojou 8.090 e desabrigou 706 pessoas. (GAZETA DO POVO, 2011). O fator de maior contribuição para a ocorrência de enxurradas nas cidades litorâneas e da região metropolitana é o elevado índice de precipitação pluviométrica em determinadas épocas do ano. (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2015). Outra cidade com mais de 16 alagamentos nos últimos 10 anos é Querência do Norte, localizada na região noroeste, que diferente das demais regiões, as principais causas de alagamentos na cidade deve-se às cheias dos rios que circundam a cidade. Com um número menor de enxurradas nos últimos 10 anos, de 11 à 16 alagamentos, mas não o suficiente para que este índice seja ignorado, existem outras regiões no estado que devem ser classificadas como áreas de risco médio. Como, por exemplo, a região centro-sul do estado, nas cidades de Guarapuava e Prudentópolis Vale ressaltar, ainda, que o acidente com o 3º Sgt. QPM 2-0 Meira ocorreu na cidade de Guarapuava, onde, após uma grande precipitação pluviométrica, houve diversos alagamentos na cidade, sendo que o referido Sargento ao atuar em um salvamento quase teve sua vida ceifada. Outras cidades que se encaixam como áreas de risco médio, mas que se encontram dispersas pelo território estadual são: Guaratuba, União da Vitória, Santo Antônio da Platina, Foz do Iguaçu e Santa Tereza do Oeste. Visto as cidades classificadas como áreas de risco médio e risco elevado de enxurradas, encontram-se elencados na Tabela 03, os Grupamentos e Subgrupamentos de Bombeiros correspondentes às cidades, bem como o número de enxurradas ocorridas no período entre 1º de janeiro de 2005 à 31 de dezembro de 2014. 57 TABELA 03 – ÁREAS DE RISCO DE ENXURRADAS POR UNIDADES OPERACIONAIS CIDADE Nº DE ENXURRADAS UNIDADE CORRESPONDENTE Curitiba 23 1º GB Prudentópolis 15 2º GB União da Vitória 12 2º GB Santo Antônio da Platina 12 3º GB Santa Tereza do Oeste 12 4º GB Querência do Norte 20 5º GB São José dos Pinhais 17 6º GB Araucária 19 6º GB Paranaguá 19 8º GB Guaratuba 13 8º GB Foz do Iguaçu 16 9º GB Guarapuava 13 5º SGBI FONTE: O autor (2015) Para melhor visualização dos dados expostos na tabela 03, pode-se observar, através do mapa temático, exatamente onde cada área de risco médio e elevado encontra-se localizada dentro das áreas de atuação dos Grupamentos e Subgrupamentos de Bombeiros. FIGURA 19 – MAPA TEMÁTICO: ÁREAS DE RISCO DE ENXURRADAS POR UNIDADE OPERACIONAL FONTE: SYSBM CBPMPR, organizado pelo autor (2015) 58 Afere-se, a partir da figura 20 comparada à tabela 03, que a cidade de Curitiba e sua região metropolitana, apesar de não aparentarem em um primeiro momento, constituem-se como a região com o maior potencial de ocorrências de alagamento do estado do Paraná, somando-se 59 alagamentos nos últimos 10 anos, o que representa aproximadamente uma média de mais de 5 alagamentos por ano. Curitiba ainda desponta no número de vítimas, totalizando 43, sendo 04 óbitos, conforme tabela 02. Isto só ressalta a importância de se ter especialização e aquisição de materiais de SARp na capital e região metropolitana. Observa-se que áreas como 1º, 2º, 3º e 6º SGBI, não possuem quantidades significantes de ocorrências envolvendo enxurradas, isso se deve a diversos fatores como, clima, relevo, grande capacidade de fluxo nas calhas dos rios, entre outros. 4.2 ANÁLISE DAS UNIDADES OPERACIONAIS QUANTO A INSTRUÇÃO E EQUIPAMENTOS DE SARP Uma vez visto a grande quantidade de alagamentos ocorridos nos últimos anos em nosso estado e, verificado que bombeiros já sofreram acidentes quando estavam atuando em salvamentos em meio às enxurradas, constatou-se a necessidade de se realizar uma pesquisa quantitativa sobre a situação das unidades operacionais do CBPMPR no que diz respeito às instruções teóricas e práticas e quanto aos materiais e equipamentos necessários para um resgate em águas rápidas. Além disso, sabe-se que a atividade de Salvamento em Águas rápidas é extremamente nova no cenário nacional e que há muito para explorá-la, portanto esta é uma oportunidade de se verificar se estamos preparados para atender de forma satisfatória e segura uma ocorrência em águas correntes. Este fragmento da pesquisa: o levantamento quantitativo, foi aplicado à todas as unidades operacionais do CBPMPR, GB’s e SGBI’s, além ainda do GOST (Grupo de Operações de Socorro Tático), unidade independente que atua em todo o território estadual. O questionário aplicado para este levantamento foi realizado de forma bastante elementar, buscando coletar informações a respeito da existência ou 59 não de instruções teóricas e práticas sobre SARp e a respeito dos respectivos materiais e equipamentos existentes nas unidades. Portanto, o questionário não se aprofundou em questões técnicas a respeito dos materiais e equipamentos de proteção individual tais como flutuabilidade, resistência e até mesmo na qualidade dos materiais existentes. O objetivo do questionário é, caso haja uma carência nestes materiais, alertar para a importância da aquisição do mínimo de materiais necessários, principalmente pelas unidades que se encontram em áreas de risco elevado de inundação, visando essencialmente à segurança dos bombeiros que por ventura atuaram em ocorrências de Salvamento em Águas Rápidas e caso haja também uma carência quanto às instruções, alertar para a importância de especializarmos nossos bombeiros. O primeiro questionamento feito às unidades operacionais foi referente à confecção ou não de instruções teóricas de Salvamento em Águas Rápidas, não incluindo para efeito desta pesquisa as aulas do EaD, uma vez que as aulas à distância são obrigatórias na maioria das unidades e consequentemente não consegue-se aferir com precisão a efetividade de tais aulas, uma vez que nem todos os participantes do EaD estudam com o mesmo rigor. O segundo questionamento refere-se á prática da instrução de Salvamento em Águas Rápidas, ou seja, a execução in loco das principais técnicas do SARp, assim como o manuseio dos equipamentos específicos da atividade. Vale ressaltar que somente a instrução teórica não fará com que o bombeiro assimile totalmente as técnicas, assim como não fará com que o bombeiro observe a real dificuldade de se atuar em enxurradas. Portanto, a instrução prática é imprescindível para a capacitação do bombeiro militar como um resgatista em águas correntes. Além ainda, que a prática fará com que seu julgamento ao avaliar a cena do incidente seja mais preciso, pois terá mais confiança na execução das técnicas, assim como irá executa-las em um menor espaço de tempo. 60 TABELA 04 – COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO COM A EXECUÇÃO DE INSTRUÇÕES DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS RISCO MÉDIO OU TEVE INSTRUÇÃO TEVE INSTRUÇÃO ELEVADO TEÓRICA PRÁTICA 1º GB SIM SIM SIM 2º GB SIM SIM SIM 3º GB SIM SIM NÃO 4º GB SIM SIM SIM 5º GB SIM SIM NÃO 6º GB SIM SIM NÃO 7º GB SIM SIM NÃO 8º GB SIM SIM SIM 9º GB SIM NÃO NÃO 1º SGBI NÃO NÃO NÃO 2º SGBI NÃO NÃO NÃO 3º SGBI NÃO NÃO NÃO 4º SGBI NÃO NÃO NÃO 5º SGBI SIM NÃO NÃO 6º SGBI NÃO NÃO NÃO UNIDADE FONTE: O autor (2015) Observa-se na tabela 04 três distinção de cores. A cor verde mostra que a unidade está de alguma forma satisfatória em relação a pesquisa realizada, ou por possuir uma área de risco mínimo, não possuindo um número expressivo de ocorrências de enxurradas, ou então, por estar realizando instruções teóricas e práticas, caso possuam áreas de risco significativas. As linhas de cor amarela significam que a respectiva unidade deve ter um pouco de atenção em relação às enxurradas, uma vez que possuem áreas de risco médio em suas áreas de atuação e não foram ministradas instruções, sejam elas teóricas ou práticas. Lembrando que as instruções práticas são as mais importantes para a capacitação das guarnições. As OBM que estiverem na cor vermelha devem, com certeza, estarem atentas para este tipo de ocorrência, uma vez que possuem áreas de risco elevado 61 incorporadas às respectivas áreas de atuação e não foi ministrada qualquer dos dois tipos de instrução. No que tange a situação da OBM’s referente aos materiais de Salvamento em Águas Rápidas, estas tinham que assinalar no questionário quais dos materiais e equipamento, relacionados abaixo, possuem a disposição das guarnições de serviço e posteriormente expor quais dos materiais tem a intenção de adquirir. - Embarcação de Alumínio - Embarcação inflável com fundo rígido - Embarcação inflável com fundo flexível - Capacete para atividade aquática - Vestimenta para SARp - Vestimenta de Neoprene - Calçado para SARp - Botas de Neoprene - Luvas para SARp - Luvas de Neoprene - Colete salva-vidas - Colete Flutuador com fivela de soltura rápida - Sacola de salvamento (com corda flutuante) A fim de analisar a situação das unidades operacionais e traçar um panorama estadual do preparo do CBPMPR no que tange o Salvamento em Águas Rápidas, considera-se para efeito desta pesquisa o mínimo de materiais necessários, para atender de forma satisfatória e segura uma ocorrência em águas correntes, como sendo: - Capacete para atividade aquática - Vestimenta de Neoprene - Colete flutuador com fivela de soltura rápida - Sacola de salvamento - Embarcação inflável com fundo flexível ou rígido Certamente, este kit mínimo necessário para realizar um salvamento está muito aquém do que seria o ideal, mas levando-se em conta que esta atividade é nova, que ainda está sendo explorada e que a aquisição de material pelo CBPMPR se da por meio de licitações, o que torna o processo de compra lento, e por fim pela própria situação financeira das unidades, que por vezes não possui o FUNREBOM, 62 tudo isso faz com que este tipo de material acabe não sendo a prioridade de compra da respectiva unidade. É primordial que além dos materiais citados, o bombeiro tenha em mãos durante este tipo de ocorrência pelo menos um apito e um canivete. O apito tanto para chamar a atenção da vítima para realizar uma comunicação, quanto para solicitar um apoio imediato da própria equipe e o canivete para sua auto segurança – se desvencilhar de algum cabo ou então soltar uma vítima que possa estar presa. TABELA 05 – COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO COM OS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE SARP UNIDADE ÁREA DE RISCO MÉDIO OU ELEVADO POSSUI O KIT BÁSICO 1º GB SIM NÃO 2º GB SIM SIM 3º GB SIM NÃO 4º GB SIM SIM 5º GB SIM NÃO 6º GB SIM NÃO 7º GB SIM SIM 8º GB SIM SIM 9º GB SIM NÃO 1º SGBI NÃO NÃO 2º SGBI NÃO NÃO 3º SGBI NÃO NÃO 4º SGBI NÃO NÃO 5º SGBI SIM NÃO 6º SGBI NÃO NÃO FONTE: O autor (2015) Mais uma vez observa-se uma diferenciação nas cores da tabela 05, cada cor expressa uma situação diferenciada. Novamente a cor verde demonstra que, ou a OBM possui o kit básico (mínimo aceitável) para um atendimento em águas 63 correntes, ou então a unidade não possui em sua área de atuação alguma área de risco de enxurrada. As linhas coloridas de vermelho indicam que a unidade possui pelo menos uma área de risco elevado de enxurrada incorporada à sua área de atuação, mas que infelizmente não possui o kit básico para fornecer às suas guarnições, a fim de garantir a segurança e a integridade física dos bombeiros que atuam como resgatistas nas situações de enxurradas e enxurradas e prestar um atendimento satisfatório à população da sua respectiva região de atuação. A partir das tabelas 4 e 5, obtém-se o panorama geral do estado do Paraná (Figura 21), referente às condições de atendimento dos Grupamentos de Bombeiros às ocorrências que envolvam o Salvamento em Águas Rápidas. Ressalta-se que, o panorama obtido é bastante genérico, uma vez que alguns GB’s possuem apenas uma cidade configurada como área de risco médio ou elevado, mas que, esta situação foi ampliada para toda a área de atuação do mesmo, tendo em vista a impossibilidade temporal e logística para se conseguir atingir todos os postos de bombeiros existentes no Paraná. Portanto para uma melhor visualização deste panorama estadual, analisa-se o mapa temático a seguir, ilustrado pela Figura 20. 64 FIGURA 20 – MAPA TEMÁTICO: PANORAMA GERAL DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ EM RELAÇÃO À ATIVIDADE DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS FONTE: O autor (2015) Como dito anteriormente, este questionário aplicou-se também ao GOST, entretanto seus dados não incorporaram no computo do traçado do panorama estadual, tendo em vista ser uma tropa altamente especializada e a unidade possuir materiais e equipamentos muitas vezes superiores aos encontrados nas OBM’s. Ademais, o GOST possui como área de atuação todo território estadual, o que interferiria na análise dos dados das unidades em suas respectivas áreas de atuação. Mas vale destacar que atualmente o GOST, possui suas guarnições capacitadas e aptas a atuarem no ambiente de corredeiras, assim como, possuem 65 mais de 90% dos materiais descritos no questionário e ainda estão em processo de aquisição de capacete específico para a atividade (com forro, proteção de orelhas, catraca de regulagem, aba removível com no máximo 600 gramas de peso) e mais 6 coletes de SARp com fivela de soltura rápida com apito e faca acoplados ao colete. 4.3 ANÁLISE DA ENTREVISTA REALIZADA QUANTO ÀS TÉCNICAS DE SARp COM VISTAS À SEGURANÇA A fim de materializar a importância do conhecimento e da utilização das técnicas e equipamento do Salvamento em Águas Rápidas, em 14 de agosto de 2015, na sede do 5º SGBI, em Guarapuava, foi realizada uma entrevista com o 3º Sgt. QPM 2-0 Edson Sebastião de Meira, o qual, na data de 08 de junho de 2014, sofreu um acidente no transcorrer de um salvamento em corredeira. A entrevista aconteceu com perguntas pré-estabelecidas por este pesquisador, a fim de verificar os conhecimentos que o militar possuía e também de relatar minuciosamente a maneira ocorreu o seu acidente. Ao ser indagado a cerca do conhecimento da existência do Salvamento em Águas Rápidas, a resposta obtida foi negativa. O entrevistado conta que apesar dos seus 30 anos de serviço e de toda sua experiência na área de mergulho e também de salvamentos em água corrente, não tinha conhecimento da existência deste tipo de salvamento. Assim como, demonstrou em outra pergunta, não ter o conhecimento das técnicas corretas e dos equipamentos necessários para um salvamento em corredeira. Ademais, o entrevistado relata que os salvamentos que realizou durante sua carreira, foram sempre feitos de forma empírica, sem técnicas previamente treinadas e de forma improvisada, sem equipamentos adequados que garantissem a segurança adequada. Ao questionar o entrevistado a respeito da existência de equipamentos básicos para o Salvamento em Águas Rápidas em sua unidade, tais como colete flutuador com fivela de soltura rápida, sacola de arremesso com corda flutuante, capacete para atividade aquática e bote inflável com fundo flexível, a resposta novamente foi negativa. Os materiais existentes na unidade não eram específicos para o SARp, eram materiais de Salvamento Aquático e de mergulho, como 66 nadadeiras para mergulho, roupas de Neoprene, lifebelts e coletes salva-vidas sem a fivela de soltura rápida, mas que improvisadamente eram utilizados em situações como essas. É importantíssimo ressaltar que o colete salva-vidas comum, sem a fivela de soltura rápida, não deve ser utilizado nas atividades de SARp, assim como preconiza a técnica do Isca-Viva, descrita no capítulo II, onde o resgatista se dirige até a vítima por meio da natação ofensiva e encontra-se atrelado à um lugar seguro por meio de uma corda a qual vai presa justamente ao sistema de soltura rápida do colete, a fim de permitir ao resgatista que se desvencilhe da ancoragem em caso de uma submersão inesperada. Ao chegar efetivamente no objeto da entrevista, o 3º Sgt. Meira relatou como ocorreu o acidente. Na data de 08 de junho de 2014, depois de aproximadamente 200 mm de chuva somente na cidade de Guarapuava, foi acionado o plano de chamada do SGBI e por volta das 20 horas da noite o entrevistado já se encontrava nas dependências do quartel. A partir deste momento atendeu várias ocorrências até o momento em que foi acionado, por volta das 2 horas da madrugada, para o resgate de um homem que se encontrava preso em meio a uma corredeira. Chegando ao local foi confirmada a ocorrência, o homem encontrava-se agarrado a uma pedra em meio à correnteza de um rio que transbordou, alagando inclusive a rodovia adjacente. Os materiais que possuía a sua disposição para realizar o resgate eram, materiais de vertical, cordas de salvamento não flutuantes, colete salva-vidas sem a fivela de soltura rápida e um bote de alumínio. Felizmente seu empirismo fez com que não colocasse o bote de alumínio naquela correnteza, o que é extremamente correto, uma vez que, como visto no capítulo II, este tipo de embarcação não garante a segurança necessária à equipe de resgate, devido sua grande instabilidade e a impossibilidade da utilização do motor de popa em meio às pedras da corredeira. A avaliação da cena do incidente foi demasiadamente prejudicada, uma vez que o militar não tinha conhecimento da maneira correta de se avaliar e optar por técnicas que não colocassem em risco a guarnição, assim como preconizam as literaturas, onde primeiramente tenta-se alcançar algo à vítima, posteriormente lança-se algum objeto flutuante para a vítima (o mais recomendável é o próprio saco de arremesso), depois se tenta remar até a vítima ou armar um sistema de tirolesa 67 para a embarcação – entretanto, esta opção já deveria ser descartada em virtude da embarcação ser de alumínio – e somente por fim coloca-se um militar na água para caminhar ou nadar até a vítima. Tendo em vista esta deficiência nestes conceitos, o então, Cb. Meira vestiu um colete salva-vidas comum e confeccionou em seu próprio corpo uma cadeirinha com a ponta da corda de salvamento e decidiu por adentrar a água caminhando lateralmente, para se equilibrar, até chegar à vítima, enquanto o restante da equipe permanecia em local seguro fazendo o controle da corda que estava amarrado, posteriormente sua intenção era colocar o triângulo de resgate na vítima e retornar para a margem novamente caminhando juntamente com a vítima, já que esta aparentemente não possuía ferimentos e conseguiria caminhar. Sem saber, optou pela última técnica que deveria ser explorada, a de entrar na água e se dirigir até a vítima, além ainda de atar uma corda ao seu corpo de maneira que se ele submergisse não teria como se desvencilhar da corda. E infelizmente foi isso que aconteceu. Ao se aproximar da vítima, esta numa atitude de desespero, saltou em direção à corda para se agarrar, vindo a derrubar o resgatista que inesperadamente conseguiu segurá-la pela roupa. Com a queda e pelo fato de estar atado a corda, esta retesou com a força da água e fez com que resgatista e vítima submergisse no rio, mesmo utilizando-se de um colete salva-vidas comum. Passados alguns segundos submersos, o entrevistado veio a ter um afogamento “em seco”, momento em que não conseguiu mais segurar a vítima, que desceu rio abaixo, sendo puxado pela equipe que se encontrava na margem, vindo a sair da água sem seus sinais vitais. A primeira vista, parece fácil perceber que se houvesse um colete flutuador com fivela de soltura rápida a disposição, este resgate teria se desenrolado de maneira satisfatória. O que não é verídico, pois havia, acerca de 200 metros rio abaixo, uma cachoeira de aproximadamente 20 metros de altura, na qual a vítima que desceu o rio veio a cair e perder a vida. Contudo, tendo o conhecimento das técnicas de SARp descritas no capítulo II, observando os materiais que estavam disponíveis naquele momento e após analisar o fato da maneira como aconteceu, consegue-se concluir que a técnica mais apropriada para aquela ocorrência seria, a confecção de uma tirolesa aquática, para que o resgatista permanecesse atrelado à corda da tirolesa de maneira segura, sem precisar se desvencilhar em caso de algum incidente (por causa da cachoeira) e 68 ancorar a vítima à esta mesma corda da tirolesa, para que então caminhando, conseguissem chegar até a margem. Importante destacar que na ocasião do acidente ou em qualquer outra técnica que pudesse ser utilizada, deve-se conduzir um colete flutuador e um capacete sobressalente para segurança e proteção da vítima. São possíveis ainda, diversas outras opções de técnicas para aquela ocorrência, tais como: o lançamento de saco de arremesso, a tirolesa aquática com embarcação e até mesmo a instalação de uma mangueira inflada a alguns metros rio abaixo da vítima, para que esta pudesse se agarrar e ser resgata pela equipe. Mas infelizmente essas técnicas não puderam ser cogitadas pela falta de conhecimento e principalmente pela falta de material e equipamentos mínimos necessários para um salvamento em águas rápidas. Destaca-se então, a importância do bote inflável com fundo flexível, uma vez que se tivesse este material à disposição, poderia ser montada uma tirolesa aquática com embarcação, como descrita no capítulo II. Assim sendo, a equipe embarcada, vestida de coletes flutuantes, estaria demasiadamente mais segura do que o militar que adentrou à água caminhando. Dessa forma, alcançariam a vítima com segurança, uma vez que o bote inflável proporciona uma estabilidade muito boa em águas correntes e por fim teriam muito mais chances de obter um salvamento com sucesso. Portanto, somente uma pessoa treinada, com conhecimentos específicos de SARp e materiais adequados à disposição, conseguiria fazer uma correta avaliação da cena do incidente, uma correta tomada de decisão a cerca da técnica a ser utilizada e consequentemente obteria sucesso neste salvamento. 69 5 CONCLUSÃO Pôde-se aferir no início desta pesquisa que a atividade de Salvamento em Águas Rápidas é uma atividade que pode e deve ser executada pelo Corpo de Bombeiros do Paraná, uma vez que a CF (Constituição Federal) prevê em seu art. 144, parágrafo 5º que cabem aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, a execução das atividades de defesa civil. Corroborando ainda, a Constituição Estadual em seu art. 48 estabelece ao Corpo de Bombeiros, além de outras atividades, às buscas e os salvamentos. Ao ser realizada esta pesquisa verificou-se que o termo mais utilizado, pelos noticiários e também pelas literaturas, para se referir a um desastre natural de grande acúmulo de água ocasionado pelo alto índice de precipitação pluviométrica é o termo: enchente. No entanto, verifica-se que literalmente a utilização deste termo está equivocada, por este motivo a pesquisa utilizou-se do termo enxurrada, pelo fato de se aproximar mais às características do ambiente de águas rápidas. Foi possível analisar pela tabela 01, extraída do Manual de Salvamento em Enchentes do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que em uma correnteza com profundidade inferior à cintura de um homem e com velocidade superior à 6 km/h, não é mais possível um homem permanecer em pé ou deixar de ser carregado pela força da água, uma vez que a força exercida pela água, nessas condições, é igual ou superior ao peso de um homem de estatura média. Isso ressalta a importância de que se deve ter instruções teóricas a respeito do assunto, pois, em não tendo em mãos estes conceitos o bombeiro militar pode ser iludido apenas ao observar uma correnteza, pois a primeira vista, uma correnteza como essa parece ser bastante inofensiva à segurança. Mais uma vez ressalta-se a importância dos conhecimentos teóricos acerca do assunto, quando a partir da entrevista realizada com o 3º Sgt. Meira materializouse os conceitos, vistos no capítulo II, de exame do local e avaliação da cena do incidente, procedimento básico e rápido de ser realizado, mas determinante no sucesso ou não do salvamento. Associadamente à entrevista ainda, evidencia-se alguns dos mandamentos do SARp, tais como: o auto resgate, um segundo plano para a mesma vítima, a utilização das técnicas mais simples, a utilização de 70 equipamentos adequados e a não utilização de uma corda amarrada ao redor do resgatista. Verificou-se ainda, que não são poucas as inundações que ocorrem anualmente em nosso estado. No período compreendido entre 2005 à 2014, foram contabilizados 5.255 Registros Gerais de Ocorrências, somente para desastres entre inundações, alagamentos e enxurradas, 241 vítimas e entre elas 16 óbitos. Alcançado então, um dos objetivos trilhados pela pesquisa, alerta-se algumas das principais regiões do estado do Paraná, classificadas como áreas de risco médio e elevado de enxurradas (perante esta pesquisa), as seguintes cidades: Curitiba, Prudentópolis, União da Vitória, Santo Antônio da Platina, Santa Tereza do Oeste, Querência do Norte, São José dos Pinhais, Araucária, Paranaguá, Guaratuba, Foz do Iguaçu e Guarapuava. Essas cidades figuradas como áreas de risco médio e elevado estão incorporadas às áreas de atuação do 1º ao 9º GB e 5º SGBI. Enquanto as unidades do 1º, 2º, 3º, 4º e 6º SGBI (representadas no gráfico temático pela cor azul), mesmo sem terem ministrado qualquer das instruções e sem terem posse dos materiais julgados como mínimos, não necessitam estar em alerta, num primeiro momento, pelo fato de se enquadrarem, perante parâmetros desta pesquisa, como áreas de risco mínimo de enxurradas. Portanto, não possui uma necessidade emergencial de adquirir materiais e equipamentos de SARp, todavia, não deixa de ser interessante que instruções a respeito sejam ministradas e treinadas, para que tenhamos cada vez mais, uma tropa mais técnica e especializada, seja qual for a área. Todavia, pode inferir a partir do panorama geral do estado, representado pelo gráfico temático, que entre os Grupamentos de Bombeiros que figuraram como áreas de risco médio e elevado de enchentes, destacam-se positivamente as unidades do 2º, 4º e 8º Grupamento de Bombeiros (representados pela cor verde), as quais capacitaram suas tropas com instruções teóricas e práticas, além ainda, de já terem adquirido e fornecido às guarnições de serviço os materiais e equipamentos mínimos necessários para ocorrências que envolvam Salvamento em Águas Rápidas. Análoga, mas com ressalva à esta situação, encontra-se o 7º Grupamento de Bombeiros, o qual prove os materiais mínimos necessários à sua tropa, entretanto, ministrou apenas instruções teóricas que, apesar da situação não se constituir muito emergencial, é importante que a prática seja realizada, 71 principalmente para que a dificuldade do ambiente em águas rápidas seja sentida por toda a tropa. Em contra partida, o 1º Grupamento de Bombeiros (representado pela cor laranja), o qual está inserido na cidade que apresentou o número mais elevado de enxurradas, apenas capacitou a sua tropa, tanto com instruções teóricas e práticas, mas que por motivos desconhecidos que não figuram como objeto desta pesquisa, não possui a totalidade dos equipamentos mínimos necessários. Contudo, este GB, demonstrou em seu questionário a intenção de realizar a aquisição de materiais como Embarcação de rafting, vestimenta impermeável de Gore-Tex, roupa de Neoprene, calçados e luvas para SARp. Com uma aquisição como essa, o 1º GB passaria então a possuir o kit mínimo de matérias para SARp. No entanto, é salutar que as unidades operacionais que figuraram na pesquisa como áreas de risco médio ou elevado, mas que não apresentaram instruções práticas e equipamentos mínimos, como o 3º, 5º e 6º GB (representados pela cor vermelha) possuam o mínimo de materiais e equipamentos de SARp para fornecer a uma guarnição de resgate, além da relevância de prever instruções práticas para o aperfeiçoamento dos bombeiros, visto que se encontram nas áreas com o maior número de ocorrências de enxurradas e inevitavelmente atuarão em situações onde terão que empregar técnicas e utilizar materiais adequados de SARp. Preocupante é a situação verificada pelo 9º GB e 5º SGBI (representado na cor preta), que entre os anos de 2005 e 2014 possuiu uma média de mais de uma enchente por ano somando 30 vítimas, e que atualmente expressaram, por intermédio do questionário, não ter ministrado instruções, sejam elas teóricas ou práticas, a respeito do assunto e pelo fato de não possuir os materiais e equipamentos mínimos necessários para uma intervenção em um salvamento em uma enxurrada. Coincidentemente, e ressaltando a relevância do assunto em questão, foi justamente na área de atuação do 5º SGBI, na cidade Guarapuava, onde ocorreu o acidente com o 3º Sgt. QPM 2-0 Meira. Isso ressalta a importância de se estar preparado para atender a ocorrências como essas, uma vez que o que contribuiu para o acidente foi a ausência de capacitação bem como a indisponibilidade de material necessário para a execução eficiente do salvamento. Portanto o panorama geral do estado a respeito da situação das instruções e equipamentos de SARp, principalmente as unidades operacionais que figuraram 72 como áreas de risco médio ou elevado, serve de alerta ao Corpo de Bombeiros do Paraná, para que sejam capacitadas as guarnições e sejam proporcionados os materiais e equipamentos mínimos necessários para um bom atendimento e principalmente garantam a segurança dos bombeiros militares, a fim de que acidentes, como o do 3º Sgt. QPM 2-0 Meira em Guarapuava, não venham a se repetir. Vale ressaltar, ainda, que esta pesquisa, apesar de ter alcançado seus objetivos traçados inicialmente, não exauri todos os estudos que podem ser realizados a respeito do assunto e também não se faz regra geral para o Corpo de Bombeiros, pois os parâmetros aqui adotados e os dados coletados são superficiais, podendo ser aprofundados em pesquisas subsequentes. Por fim, conclui-se que existem em nosso Corpo de Bombeiros algumas carências no que tange o Salvamento em Águas Rápidas, principalmente aplicado ao grande número de inundações, alagamentos e enxurradas que ocorrem em todo o território estadual. Para tanto, é sugerido que sejam incluídas disciplinas de Salvamento em Águas Rápidas nas grades de ensino dos cursos de formação de praças e de oficiais – assim como está sendo realizado com a grade curricular da turma do CFO BM 2015 – bem como, também seja colocado em prática o Curso de Salvamento em Corredeiras, autorizado pelo Comandante Geral da PMPR (Polícia Militar do Paraná) no Boletim do Comando Geral nº 150 de 2014, para que depois de capacitados com instruções básicas nos cursos de formação, os militares possam se especializar nesta área, sem precisar realizar e custear cursos particulares fora do nosso estado, assim como está sendo feito até o momento. 73 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988) - Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui% C3%A7ao.htm>. Acesso em: 19 ago. 2013. COMANDO DO CORPO DE BOMBEIROS. SYSBM – CCB. Banco de dados. Paraná. Disponível em: < http://www.bombeiroscascavel.com.br/registroccb/imprensa.php >. Acesso em: 10 set. 2015. COMISSÃO DE NORMALIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS. Normas para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. 1ª ed. Paraná, 2008, 116 p. ENSINO A DISTÂNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, 1., 2015. Curitiba. Resgate em Águas Rápidas. Anais Eletrônicos. CCB/PMPR, 2015. 26 slides. ENSINO A DISTÂNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, 3., 2015. Curitiba. Pincípio e Procedimentos Gerais. Anais Eletrônicos. CCB/PMPR, 2015. 31 slides. ENSINO A DISTÂNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, 4., 2015. Curitiba. Sistemas Básicos de Salvamento em Águas Rápidas sem embarcação. Anais Eletrônicos. CCB/PMPR, 2015. 33 slides. ENSINO A DISTÂNCIA DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, 5., 2015. Curitiba. Sistemas de SARp com Embarcações. Anais Eletrônicos. CCB/PMPR, 2015. 19 slides. GAZETA DO POVO. Chuvas causam três mortes no litoral. Desabamentos isolam cidades. Curitiba. 12 mar. 2011. Disponível em: < http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/chuvas-causam-tres-mortes-nolitoral-desabamentos-isolam-cidades-475f96s0sq75wrsjwyv9nbmtq >. Acesso em: 23 set. 2015. SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUATENTÁVEL. Instituto Mineiro de Gestão das Águas. Banco de notícias. Minas 74 Gerais. Disponível em: < http://www.igam.mg.gov.br/banco-de-noticias/1-ultimasnoticias >. Acesso em: 20 abr. 2015. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Atlas Brasileiro de Desastres Naturais. Volume Paraná. 1ª Edição, 79 slides. Brasil. Disponível em: < http://150.162.127.14:8080/atlas/Atlas%20Parana.pdf >. Acesso em: 05 set. 2015. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Publicações técnicas, Artigos técnicos. São Paulo, 2015. Disponível em <http://www.ipt.br/publicacoes>. Acesso em: 08 set. 2015. MINISTERO DELL’INTERNO. Autoprotezione in Ambiente Acquatico – Manuale Operatore. Dipartimento dei Vigili del Fuoco del Soccorso Pubblico e della Difesa Civile. Itália: Corpo Nazionale dei Vigili del Fuoco, 2006. 83p. OHIOPYLE TRADING POST AND RIVER TOURS. River Photography. Disponível em: < http://www.ohiopyletradingpost.smugmug.com >. Acesso em: 10 set. 2015. PARANÁ. Boletim Geral nº 150 de 13 de agosto de 2014. Polícia Militar do Paraná. Curitiba, 13 ago. 2014. PARANÁ. Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. Casa Militar. Disponível em: < http://www.defesacivil.pr.gov.br >. Acesso em: 10 set. 2015. PARANÁ. Constituição do Estado do Paraná. Casa Civil. Disponível em: <http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=iniciarProcessoti poAto=10&orgaoUnidade=1100&retiraLista=true&site=1>. Acesso em: 12 abr. 2015. PARANÁ. Lei nº 16.575, de 28 de setembro de 2010 – Lei de Organização Básica. Casa Civil. Disponível em: < http://www.legislacao.pr.gov.br/ legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codAto=56275&indice=1&anoSpan=2010 &anoSelecionado=2010&isPaginado=true >. Acesso em: 13 abr. 2015. PAVÃO, V. e outros. Manual de Salvamento em Enxurradas. Comando do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. 1. ed. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2006. 57p. PEROVANO, D. G. Manual de Metodologia Científica para a Segurança Pública e Defesa Nacional. Curitiba. Juruá, 2014. 230p. 75 RAMPAZZO, L. Metodologia cientifica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. Edições Loyola. São Paulo: 2002. RESCUE 3 INTERNATIONAL. The World leader in water & rope rescue education since 1979. Disponível em: <http://www.rescue3international.com/index.php>. Acesso em: 10 set. 2015. SOUZA, P. H. Manual Técnico de Salvamento Aquático/Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná. 1. ed. Paraná: Associação da Vila Militar – Departamento de Cultura, 2014. 340 p. VILAÇA, M. L. C. Pesquisa e ensino: considerações e reflexões. 2015. 16 f. Artigo (Revista E-scrita) – Curso de Letras, Universidade da Associação Brasileira de Ensino Universitário, Nilópolis, 2015. Disponível em: < http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/article/viewFile/26/pdf_23 >. Acesso em: 07 set. 2015. 76 APÊNDICES APÊNDICE 1 – Entrevista ......................................................................................... 77 APÊNDICE 2 – Imagens do local do acidente com 3º Sgt. Meira ............................. 78 APÊNDICE 3 – Questionário ..................................................................................... 79 77 APÊNDICE 1 – Entrevista Data: 14 de agosto de 2015. Pesquisador: Cadete 3º BM Bruno Eduardo Da Macena. Tema: O conhecimento e a utilização das técnicas de Salvamento em Águas Rápidas em enxurradas pelo Corpo de Bombeiros do estado do Paraná. Entrevistado: 3º Sgt. QPM 2-0 Edilson Sebastião de Meira. PERGUNTAS 1) Nome completo / Data de inclusão na PMPR / Atua em qual GB? 2) O que você se recorda da ocorrência do dia 08 de junho de 2014? 3) Antes de ocorrer o acidente, alguma vez já tinha ouvido falar sobre Salvamento em Águas Rápidas (SARp)? Onde ouviu falar? 4) Antes de ocorrer o acidente, tinha conhecimento das técnicas e dos equipamentos utilizados no Salvamento em Águas Rápidas (SARp)? 5) Antes do acidente, o quartel onde trabalha possuía equipamentos para o Salvamento em Águas Rápidas? Quais? E hoje, após o ocorrido, os materiais foram adquiridos? 6) No dia do acidente, o senhor acha que se possuísse os conhecimentos das técnicas de Salvamento em Águas Rápidas, o salvamento poderia ter se desenrolado de maneira diferente? 78 APÊNDICE 2 – Imagens do local do acidente com 3º Sgt. Meira DIREÇÃO EM QUE A ÁGUA TRANSPÔS A RODOVIA FONTE: O autor (2015) 1) LOCAL QUE SE ENCONTRAVA A VÍTIMA 2) EROSÃO CAUSADA PELA ENXURRADA FONTE: O autor (2015) 79 APÊNDICE 3 – Questionário POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA ACADEMIA POLICIAL MILITAR DO GUATUPÊ ESCOLA DE OFICIAIS QUESTIONÁRIO PARA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TÍTULO: O CONHECIMENTO E A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE SALVAMENTO EM ÁGUAS RÁPIDAS EM ENXURRADAS PELO CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO PARANÁ PESQUISADOR: Cadete 3º BM Bruno Eduardo Da Macena. ORIENTADOR: 1º Ten. QOBM Thiago Schinzel. O presente questionário tem por finalidade contribuir com o constante crescimento e aperfeiçoamento do Corpo de Bombeiros, neste caso em especial, no Salvamento em Águas Rápidas (SARp), área esta que se encontra ainda em crescimento em todo o território nacional. Trata-se de uma pesquisa para verificar qual a situação em que as unidades operacionais se encontram, na questão de instrução e equipamentos de Salvamento em Águas Rápidas. As informações aqui coletadas serão utilizadas para Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Formação de Oficiais, do presente pesquisador, e tem como objetivo a coleta de dados e argumentos que justifiquem a importância, ou não, do conhecimento e da utilização das técnicas de SARp em enxurradas, pelas guarnições de bombeiros do Paraná. SOLICITAÇÃO DE COOPERAÇÃO Caro Sr. (a) Bombeiro (a), sua participação é muito importante para a busca de maiores níveis de segurança das guarnições de bombeiros e para um melhor atendimento a sociedade paranaense. 80 Solicito que siga as instruções e tire as eventuais dúvidas, para que todas as perguntas sejam respondidas de forma correta, para que possamos atingir um nível de excelência em nossos trabalhos. INSTRUÇÕES As perguntas 1, 2, 3 e 4 serão feitas de forma objetiva, com respostas de múltipla escolha. A pergunta nº 4 será tanto objetiva como descritiva. Não se faz necessária a identificação nominal do bombeiro que preencheu o formulário, apenas a identificação da OBM correspondente. As perguntas deverão ser respondidas de forma que expressem a verdadeira realidade da unidade, no que tange o assunto. O preenchimento do questionário pode ser realizado virtualmente. Solicito que após preenchido, o formulário seja encaminhado para o seguinte e-mail: [email protected]. PERGUNTAS: 1. Qual sua OBM? ( ) GOST ( ) 1º GB ( ) 2º GB ( ) 3º GB ( ) 4º GB ( ) 5º GB ( ) 6º GB ( ) 7º GB ( ) 8º GB ( ) 9º GB ( ) 1º SGBI ( ) 2º SGBI ( ) 3º SGBI ( ) 4º SGBI ( ) 5º SGBI ( ) 6º SGBI 2. Sua OBM já recebeu instruções teóricas de Salvamento em Águas Rápidas, excetuando-se o EAD-BM? ( ) Sim ( ) Não 3. Sua OBM já realizou instruções práticas de Salvamento em Águas Rápidas? ( ) Sim ( ) Não 4. Assinale um X nos materiais que sua OBM possui atualmente. ( ) Embarcação de alumínio ( ) Embarcação inflável com fundo rígido 81 ( ) Embarcação flexível com fundo flexível ( ) Capacete para atividade aquática ( ) Vestimenta para SARp (Isotérmica e impermeável) ( ) Vestimenta de Neoprene ( ) Calçado para SARp ( ) Botas de Neoprene ( ) Luvas para SARp ( ) Luvas de Neoprene ( ) Colete salva-vidas ( ) Colete flutuador com fivela de soltura rápida ( ) Sacola de salvamento 5. Sua OBM possui a intenção de adquirir alguns dos materiais citados na questão anterior? Quais ( ) Sim ( ) Não ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ _______________________________________________________________ Obrigado pela atenção despendida, suas informações contribuirão para a formação técnico profissional dos cadetes do CFO BM 2015, em especial deste pesquisador, e com certeza terão reflexo no crescimento institucional do Corpo de Bombeiros do Paraná, bem como no aumento da qualidade do atendimento prestado à sociedade paranaense.
Documentos relacionados
Instrução dos Sargentos - Corpo de Bombeiros do Paraná
ministrada pelo 3º Sgt. QPM Vitor Kadlobiski Caldato na 3ªSB-Palmas, onde os bombeiros além da
fundamentação teórica realizaram exercícios como cálculos de tempo de utilização do cilindro do
aparel...