engajada e tampouco com a mídia. Abrigando artistas de
Transcrição
engajada e tampouco com a mídia. Abrigando artistas de
engajada e tampouco com a mídia. Abrigando artistas de várias linguagens (COHEN, p.50), a performance se oriunda da busca intensa, de uma arte integrativa, uma arte total. Utiliza da linguagem da soma, sendo que o que interessa é apresentar, formalizar o ritual. Não pode ser considerada como uma expressão isolada. Podendo ser classificada como uma expressão cênica pois apresenta na maioria das vezes, todas as características definidoras de tal forma de expressão_ texto, público, atuantes, intervenção ao vivo num determinado espaço. Segundo colocação do designer Guto Lacaz a performance é o teatro do artista plástico em detrimento do texto falado e da composição de personagens. Chamada de live art7, ou performance art seria o elo contemporâneo de uma corrente de expressões estético-filosóficas do século XX da qual fazem parte as seratas futuristas, os manifestos e cabaréts dadá, o teatro-escândalo surrealista e o happening. Nas quais os elementos utilizados seriam a fusão de linguagem, o uso da tecnologia, a liberdade temática, a tonicidade para o plástico e para o experimental. Na contemporaneidade os desfiles de moda assumem a forma de performance, de espetáculo, de show. Alguns designers criam várias outras possibilidades na apresentação dos desfiles de suas coleções. Se olharmos a significação de desfiles, em inglês, são “fashion shows” e sendo shows, são espetáculo, que, a priori, não podem representar fielmente a realidade. Por tal razão que se espera de um desfile de moda algo mais elaborado, algo que fascine, como que um ato teatral, como um “happening contemporâneo”. As produções de desfiles performáticos de moda, na categoria de espetáculos, no final da década de 90 intensificam as relações arte e moda. Tendo como referências a arte performática dos anos 60 e 70, performances dadaístas e do grupo Fluxus8, teatro, ópera e cultura popular, muitos designers de moda contemporânea transformaram por completo o desfile de passarela, que passa a exibir muito mais do que roupa. É inegável a influência das artes performáticas nos desfiles de moda contemporâneos, resultando em uma nova arte performática híbrida quase totalmente desvinculada dos aspectos tradicionalmente comerciais da indústria da confecção. Sendo que inclusive as roupas apresentadas nos desfiles muitas das vezes não vão para as araras das lojas. Além de sua relação com a arte, o teatro e o cinema, os desfiles de moda desde os primórdios têm também relação com o consumismo e com a erotização da figura feminina na cultura de massa. Há uma relação complexa entre os desfiles de moda e o espetáculo capitalista que tem relação com o espetáculo de mulheres no final do século XIX, período em que pela primeira vez foram utilizadas manequins vivas sendo frequentemente usadas no decorrer do século XX. Guy Debord descreveu em a sociedade do espetáculo como aquela em que oblitera a realidade; e isso poderia ser um paradigma de como o desfile de moda atuou no passado para disfarçar suas origens e objetivos comerciais (DEBORD, 1994). Em meados do século XIX, conforme nos coloca Caroline Evans9, o comerciante de tecidos Gagelin contratava manequins de modelos pra desfilar por seu estabelecimento. Em um breve histórico dos desfiles temos que ocorreu em 1858, com Charles Frederick Worth que na inauguração de sua maison de couture importou o desfile de manequins para o ateliê. Foi sua esposa, Marie quem desfilava suas criações nas corridas de Longchamp e no Bois de Boulogne, ambos lugares de exibição de moda. Em 1912, Chanel contratou mulheres para exibir suas roupas em 7 Essa nomenclatura foi utilizada por CAROLINE COON, em Performance: Live Art –1909 to the Present. JORGE GLUSBERG, A Arte da Performance, utiliza a expressão body art como termo aglutinador. 8 Movimento artístico caracterizado pela mescla de diferentes artes, primordialmente das artes visuais mas também da música e literatura. Teve seu momento mais ativo entre a década de 60 e década de 70, se declarando contra o objeto artístico tradicional como mercadoria e se proclamou como a antiarte. 9 Caroline Evans, em texto intitulado “O espetáculo encantado” , publicado na revista Fashion Theory, revista da moda, corpo e cultura, volume 1 , Número 2, junho 2002