conversor estático de baixo custo e alto rendimento - DEE
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conversor estático de baixo custo e alto rendimento - DEE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA CONVERSOR ESTÁTICO DE BAIXO CUSTO E ALTO RENDIMENTO PARA SISTEMAS EÓLICOS DE PEQUENO PORTE Eduardo Façanha de Oliveira Fortaleza Novembro de 2010 ii EDUARDO FAÇANHA DE OLIVEIRA CONVERSOR ESTÁTICO DE BAIXO CUSTO E ALTO RENDIMENTO PARA SISTEMAS EÓLICOS DE PEQUENO PORTE Trabalho submetido à Universidade Federal do Ceará como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Dr. Demercil de Souza Oliveira Jr. Fortaleza Novembro de 2010 iv Oliveira, E. F. de, “Conversor Estático de Baixo Custo e Alto Rendimento para Sistemas Eólicos de Pequeno Porte”, Universidade Federal do Ceará – UFC, 2010. Este trabalho apresenta uma inovadora topologia para um sistema de conversão eólica com um eficiente controle da potência de saída para satisfazer as condições de carga de baterias. O projeto atende as especificações requeridas no IFEC 2009 (the 2009 International Future Energy Challenge). As topologias clássicas são brevemente apresentadas, ressaltando-se suas vantagens e desvantagens. No âmbito do projeto, são discutidas duas possíveis topologias, um retificador PWM trifásico semicontrolado em modo de condução contínua (MCC) associado a um conversor Buck e uma outra topologia semelhante, entretanto, em modo de condução descontínua (MCD). As características, o princípio de funcionamento e os modos de operação do sistema são detalhadamente apresentados, ressaltando-se suas vantagens e desvantagens. Os conversores escolhidos são regulados por sistemas compostos de malhas de controle que limitam corrente e tensão de saída e tensão sobre o barramento CC. Há também o algoritmo de MPPT (Maximum Power Point Tracking), que visa à maximização da potência extraída do gerador eólio-elétrico. O conversor proposto é capaz de suportar e proteger o funcionamento do sistema sob todas as condições de operação, obtendo a máxima transferência de energia no carregamento de baterias, sem sobrecarga ou danos, sob uma ampla faixa de velocidades do vento. Além de operar confiavelmente sem intervenção do usuário por muitos anos e ser uma solução de ponta nas áreas de performance, confiabilidade e segurança e ter design com peso mínimo, baixo custo e quantidade mínima de componentes, para conseguir reduzir custos de produção em grande volume. Essa topologia foi desenvolvida no laboratório de pesquisa e desenvolvimento do Grupo de Processamento de Energia e Controle (GPEC) do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará. Por fim, são apresentados os resultados experimentais estáticos e dinâmicos do protótipo desenvolvido, necessários para validar a funcionalidade do estudo proposto. Palavras-chave: Energia Eólica, Retificador Semicontrolado, Conversor Buck, Carregamento de Bateria, Algoritmo de MPPT v Oliveira, E. F. de, “Low Cost and High Efficiency Static Converter for Small Wind Systems”, Federal University of Ceará – UFC, 2010. This work introduces an innovative low cost topology for a wind conversion system with an efficient output power control in order to meet the battery charge requirements. The project is in accord with the specifications required at IFEC 2009 (the 2009 International Future Energy Challenge, sponsored by IEEE). The classic topologies are briefly presented, emphasizing their advantages and disadvantages. Two possible topologies are discussed, a PWM continuous conduction mode three-phase semi-controlled rectifier associated with buck converter and another similar, but in discontinuous mode. The characteristics, operation principle and operating modes of the system are given in detail. The converter is controlled by a system composed of three loops, which limit the current and the voltage to the maximum values allowed by the batteries and the voltage over the DC bus. There is also a MPPT (Maximum Power Point Tracking) algorithm that intends to maximize the power extracted from the wind generator. The proposed converter supports and protects the system operation under all operating conditions, achieves maximum energy transfer over a wide range of wide speeds, without overcharging or damaging the battery. Besides operating reliably without significant user support over many years of use and being a leading edge solution in the areas of performance, reliability, and safety and designed for minimum weight, minimum component cost and count, to achieve reduced high volume manufacturing cost. This topology has been developed in the research and development laboratory of the Control and Energy Processing Group (GPEC) of Electrical Engineering Department at Federal University of Ceará. Finally, the static and dynamic experimental results of the developed prototype are presented, needed to validate the functionality of the proposed study. Keywords: Wind Energy, Semi-Controlled Rectifier, Buck Converter, Battery Charging, MPPT Algorithm. vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS................................................................................................... IX LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................. XIII INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 1 CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 4 ANÁLISE DAS SOLUÇÕES TRADICIONAIS.......................................................... 4 1.1. Retificador Trifásico não Controlado Associado a um Conversor Buck............ 4 1.2. Retificador Trifásico não Controlado Associado a um Conversor Boost .......... 4 1.3. Retificador Trifásico não Controlado Associado a um Conversor Buck-Boost . 5 1.4. Considerações Finais .......................................................................................... 6 CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 7 SOLUÇÕES PROPOSTAS ........................................................................................... 7 2.1. Retificador Trifásico Semicontrolado em Modo de Condução Contínua Associado a um Conversor Buck ................................................................................. 7 2.2. Retificador Trifásico Semicontrolado em Modo de Condução Descontínua Associado a um Conversor Buck ................................................................................. 8 2.3. Escolha da Topologia ......................................................................................... 9 2.4. Características da Topologia Escolhida ........................................................... 10 2.5. Considerações Finais ........................................................................................ 12 CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 13 ANÁLISE DO SISTEMA PROPOSTO ..................................................................... 13 3.1. Retificador Boost .............................................................................................. 13 3.1.1. Princípio de Funcionamento .............................................................. 13 3.2. Conversor Buck ................................................................................................ 17 3.2.1. Princípio de Funcionamento .............................................................. 17 vii 3.3. Dinâmica do Sistema de Controle .................................................................... 18 3.3.1. Modo 1: Malha de Tensão.................................................................. 19 3.3.2. Modo 2: Malha de Corrente ............................................................... 19 3.3.3. Modo 3: MPPT................................................................................... 19 3.3.4. FT da Tensão de Entrada vi (s ) pela Razão Cíclica d ( s ) .................. 21 3.3.5. FT da Tensão de Saída vo ( s ) pela Razão Cíclica d ( s ) ..................... 22 3.3.6. FT da Corrente de Saída io ( s ) pela Razão Cíclica d ( s ) ................... 23 3.4. Considerações Finais ........................................................................................ 24 CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 25 CARGA DA BATERIA ............................................................................................... 25 4.1. Carga em Tensão Constante ............................................................................. 25 4.2. Carga em Corrente Constante........................................................................... 25 4.3. Carga em Dois Estágios ................................................................................... 26 4.4. Carga em Três Estágios .................................................................................... 27 4.5. Considerações Finais ........................................................................................ 27 CAPÍTULO 5 ................................................................................................................ 29 EXEMPLO DE PROJETO.......................................................................................... 29 5.1. Especificações de Projeto ................................................................................. 29 5.2. Dimensionamento do Retificador Boost........................................................... 30 5.2.1. Dimensionamento dos Indutores L1, L2 e L3 ...................................... 30 5.2.2. Dimensionamento dos Interruptores S1, S2 e S3 ................................. 31 5.2.3. Dimensionamento dos Diodos D1, D2 e D3 ........................................ 31 5.2.4. Dimensionamento do Capacitor C4 .................................................... 32 5.3. Dimensionamento do Conversor Buck ............................................................. 34 5.3.1. Dimensionamento do Indutor L4 ........................................................ 34 5.3.2. Dimensionamento do Interruptor S4 ................................................... 34 5.3.3. Dimensionamento do Diodo D4 ......................................................... 35 5.3.4. Dimensionamento do Capacitor C5 .................................................... 35 viii 5.4. Projeto de Controle........................................................................................... 36 5.4.1. Controle da Corrente de Saída Io ........................................................ 36 5.4.2. Controle da Tensão de Saída Vo ......................................................... 39 5.4.3. Controle da Tensão de Entrada Vi ...................................................... 43 5.4.4. Controle Digital do Vbus pelo Retificador Boost................................. 47 5.4.5. Algoritmo de MPPT Sensorless ......................................................... 47 5.5. Proteção contra Sobrevelocidade ..................................................................... 49 5.6. Considerações Finais ........................................................................................ 49 CAPÍTULO 6 ................................................................................................................ 51 RESULTADOS EXPERIMENTAIS .......................................................................... 51 6.1. Modo 1: Malha de Tensão ................................................................................ 51 6.2. Modo 2: Malha de Corrente ............................................................................. 52 6.3. Modo 3: MPPT ................................................................................................. 53 6.4. Transição entre os modos ................................................................................. 54 6.5. Proteção contra Curto-circuito na Saída ........................................................... 55 6.6. Considerações Finais ........................................................................................ 56 CAPÍTULO 7 ................................................................................................................ 57 CUSTO DE MATÉRIA PRIMA ................................................................................. 57 CONCLUSÃO GERAL ............................................................................................... 58 PATENTE, PUBLICAÇÕES E PRÊMIOS OBTIDOS ............................................ 60 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61 ix LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck. ................................. 4 Figura 1.2 – Retificador trifásico associado a um conversor Boost. ................................ 5 Figura 1.3 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck-Boost. ....................... 5 Figura 2.1 – Retificador trifásico semicontrolado em MCC associado a um conversor Buck. ................................................................................................................................. 8 Figura 2.2 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck. ................................................................................................................................. 8 Figura 2.3 – Tensão de fase e corrente em um dos indutores do retificador Boost. ......... 9 Figura 2.4 – Corrente de fase............................................................................................ 9 Figura 2.5 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck. ............................................................................................................................... 11 Figura 3.1 – Formas de onda teóricas das tensões Va, Vb, e Vc....................................... 14 Figura 3.2 – Estados topológicos associados ao setor 1. ................................................ 14 Figura 3.3 – Circuitos equivalentes associados ao setor 1. ............................................ 15 Figura 3.4 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic. ....................................................................... 17 Figura 3.5 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic. ....................................................................... 17 Figura 3.6 – Corrente de linha Ia durante T/2. ................................................................ 17 Figura 3.7 – Forma de onda da corrente de entrada filtrada. .......................................... 17 Figura 3.8 – Topologia do conversor Buck..................................................................... 18 Figura 3.9 – Etapas de operação do conversor Buck em MCC. ..................................... 18 Figura 3.10 – Fluxograma de operação do sistema. ....................................................... 19 Figura 3.11 – Lógica de comando e controle. ................................................................ 20 Figura 3.12 – Malha de controle da tensão e da corrente na bateria. ............................. 20 Figura 3.13 – Malha de controle da tensão no barramento. ........................................... 21 Figura 3.14 – Topologia do Buck ................................................................................... 21 Figura 3.15 - Modelo completo da chave PWM do Buck. ............................................. 21 Figura 3.16 – Modelo da chave PWM do Buck para vo = 0. ........................................ 22 Figura 3.17 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = 0. ......................................... 22 Figura 3.18 – Simplificação do modelo.......................................................................... 23 Figura 3.19 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = vo =0. ................................ 23 Figura 3.20 – Simplificação do modelo.......................................................................... 24 Figura 4.1 – Carga em tensão constante. ........................................................................ 25 x Figura 4.2 - Carga em dois estágios. .............................................................................. 26 Figura 4.3 – Carga em três estágios. ............................................................................... 27 Figura 5.1 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Ganho). .................................... 37 Figura 5.2 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Fase). ....................................... 37 Figura 5.3 – Circuito do controlador PI. ......................................................................... 38 Figura 5.4 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Ganho). ............................... 39 Figura 5.5 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Fase).................................... 39 Figura 5.6 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Ganho). ................................... 40 Figura 5.7 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Fase). ....................................... 41 Figura 5.8 – Topologia do compensador PID................................................................. 41 Figura 5.9 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Ganho). .............................. 43 Figura 5.10 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Fase). ............................... 43 Figura 5.11 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s). ................................................ 44 Figura 5.12 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s). ................................................ 44 Figura 5.13 – Circuito do compensador PID .................................................................. 45 Figura 5.14 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Ganho).............................. 46 Figura 5.15 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Fase). ................................ 47 Figura 5.16 – Fluxograma do algoritmo de MPPT......................................................... 48 Figura 6.1 - Forma de onda do conversor Buck operando no modo 1 para uma bateria na saída. ............................................................................................................................... 51 Figura 6.2 - Forma de onda do conversor Buck operando no modo 1 para duas baterias na saída. .......................................................................................................................... 51 Figura 6.3 – Forma de onda do conversor Buck operando no modo 2 para uma bateria na saída. ............................................................................................................................... 52 Figura 6.4 – Forma de onda do conversor Buck operando no modo 2 para duas baterias na saída. .......................................................................................................................... 52 Figura 6.5 – Forma de onda do conversor Boost. ........................................................... 52 Figura 6.6 – Corrente e tensão em um interruptor do conversor Boost. ......................... 52 Figura 6.7 – Forma de onda do modo 3 ( VLL aumentando). ............................................ 53 Figura 6.8 – Forma de onda do modo 3 ( VLL diminuindo). ............................................. 53 Figura 6.9 – Degrau negativo de carga. .......................................................................... 54 Figura 6.10 – Transição do modo 1 para o 2. ................................................................. 55 Figura 6.11 – Transição do modo 2 para o 1. ................................................................. 55 xi Figura 6.12 – Formas de onda do teste de curto-circuito. .............................................. 55 Figura 6.13 – Foto do protótipo desenvolvido. .............................................................. 56 Figura 6.14 – Package final do protótipo. ...................................................................... 56 xii LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 – Possíveis combinações das correntes de entrada. ...................................... 13 Tabela 3.2 - Especificações e parâmetros do retificador. ............................................... 16 Tabela 5.1 – Especificações e considerações do retificador Boost................................. 29 Tabela 5.2 – Especificações das baterias. ....................................................................... 29 Tabela 5.3 – Especificações e considerações do conversor Buck................................... 30 Tabela 5.4 – Especificações dos interruptores do retificador Boost ............................... 31 Tabela 5.5 – Especificações dos diodos do retificador Boost......................................... 32 Tabela 5.6 – Especificações do banco capacitivo do barramento. ................................. 33 Tabela 5.7 – Especificações dos capacitores de polipropileno. ...................................... 33 Tabela 5.8 – Especificações do diodo do conversor Buck .............................................. 35 Tabela 5.9 – Especificações do capacitor de filtro do Buck ........................................... 36 Tabela 6.1 – Valores de saída de corrente, tensão e potência antes e depois do degrau de carga................................................................................................................................ 54 Tabela 7.1 – Estimativa do custo de manufatura. ........................................................... 57 xiii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AD Analógico/Digital APEC Applied Power Electronics Conference and Exposition CBENS Congresso Brasileiro de Energia Solar CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COBEP Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência CC Corrente Contínua FT Função de Transferência FTLA Função de Transferência de Laço Aberto FTMA Função de Transferência de Malha Aberta IECON Annual Conference of the IEEE Industrial Electronics Society IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers IFEC International Future Energy Challenge INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial MCC Modo de Condução Contínua MCD Modo de Condução Descontínua MPPT Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência PI Proporcional – Integral PID Proporcional – Integral – Derivativo PMSG Permanent Magnetic Synchronous Generator – Gerador Síncrono de Imã Permanente PWM Pulse Width Modulation – Modulação por Largura de Pulso SEPP Sistema Eólico de Pequeno Porte THD Total Harmonic Distortion – Taxa de Distorção Harmônica ZCS Zero Current Switching – Comutação sob Corrente Nula INTRODUÇÃO GERAL Várias formas de fontes renováveis de energia têm sido usadas pela humanidade desde os tempos mais remotos. Na antiguidade, os egípcios e fenícios utilizavam a força dos ventos para movimentar suas embarcações. Os primeiros moinhos de ventos foram usados na Pérsia no século VII e na Europa no início do século XII para moer grãos ou extrair água do solo. A pioneira a utilizar energia eólica para geração de energia eólica foi a Dinamarca com suas primeiras tentativas no final do século XIX. A partir da década de 1930 nos Estados Unidos iniciou-se uma ampla utilização de pequenos aerogeradores para carregamento de baterias, o que favoreceu o acesso à energia elétrica para populações rurais [1]. Com a revolução industrial e a chegada das máquinas a vapor, infelizmente esse recurso caiu em desuso. Somente após a Crise do Petróleo de 1973-74 que o mundo começou a dar mais atenção aos limites das reservas globais de recursos, pelo menos no que se refere à energia. Conseqüentemente, foi em meados da década de 70 que essa área de pesquisa atraiu investimentos e que foram coordenados esforços para o desenvolvimento de meios tecnológicos através dos quais fontes renováveis anteriormente inexploradas puderam ser utilizadas em larga escala como possíveis substitutos para os combustíveis fósseis [2]. Além disso, a indisponibilidade de energia hidráulica em muitos países e a opinião pública que contraria a utilização da energia nuclear levou alguns países a optar por uma matriz energética baseada em fontes alternativas renováveis [3] [4]. Devido ao grande potencial hidráulico disponível no país, o Brasil só deu a devida importância a tais alternativas após o racionamento de energia ocorrido em 2001. Desde então, houve um crescimento dos investimentos governamentais para pesquisa na área de geração alternativa. Devido ao alto nível de radiação solar [4] e ao extraordinário potencial eólico [5], a região nordeste tem-se confirmado como o maior pólo gerador de energia proveniente de fontes alternativas do Brasil. O desenvolvimento da energia eólica, em particular, é de grande importância para o país, devido à complementaridade das velocidades médias dos ventos com a estação das chuvas [6]. Apesar de todo esse potencial, o Brasil não possui tecnologia nacional comercialmente disponível para o aproveitamento da energia eólica. Particularmente os conversores eletrônicos para sistemas eólicos de pequeno porte disponíveis 2 comercialmente no Brasil e no exterior não possuem a robustez necessária às condições extremas de operação, não protegendo a turbina contra esforços mecânicos causados por ventos muito fortes e não suportando os esforços elétricos nestas condições de operação. Deste modo, iniciativas no sentido de desenvolver tecnologias nacionais para o aproveitamento eólico são de grande relevância para o desenvolvimento econômico nacional, além de ser uma oportunidade única para pesquisadores e novos empreendedores. Turbinas eólicas de baixa potência são usadas em uma larga variedade de aplicações, abrangendo desde alimentação de sistemas remotos e estações de telecomunicação a bombeamento em zonas rurais. Comumente, são usados em sistemas de carregamento de baterias de 12 V ou 24 V, freqüentemente em conjunto com instalação de painéis fotovoltaicos e (para sistemas de maior porte) geradores a diesel. Mais recentemente, turbinas eólicas têm sido também aplicadas, ainda que em pequena escala, em ambientes domésticos/urbanos. Estas turbinas são operadas de forma similar a painéis fotovoltaicos domésticos para prover energia elétrica renovável para complementar o fornecimento das fontes convencionais. O maior desafio para um sistema eólico é como gerenciar a larga variação da velocidade do vento que ocorre devido às mudanças climáticas. Os grandes parques eólicos escolhem cuidadosamente suas localizações para reduzir estas influências e incorporam complexos sistemas de interface de controle e potência que conduzem a condição de operação da turbina de acordo com a disponibilidade do vento para maximizar a energia extraída. Infelizmente, estas opções não são usualmente viáveis para turbinas de baixa potência - a localização da turbina é usualmente determinada por fatores diferentes da disponibilidade do vento, os geradores são normalmente de imã permanente com características de geração fixas e o custo é sempre um fator determinante para sistemas de geração a partir de fontes renováveis. Diante deste contexto, este trabalho apresenta uma topologia inovadora de baixo custo para Sistemas Eólicos de Pequeno Porte (SEPP) com um eficiente controle da potência de saída para satisfazer as condições de carga da bateria. A proposta foi finalista do IFEC 2009 (the 2009 International Future Energy Challenge) e recebeu o prêmio “INNOVATIVE TECHNICAL APPROACH”, concedido pelo IEEE, o que ressalta a característica inovadora do mesmo. Além de ter sido congratulado com o primeiro lugar do Prêmio Santander de Ciência e de Inovação 2009 na categoria 3 Indústria e com o Prêmio Geração Inova 2009, concedidos pelo grupo Santander e pela Coelce, respectivamente. E ainda, mais recentemente, o projeto foi parte integrante da proposta contemplada com o primeiro lugar na XXIV edição do Prêmio Jovem Cientista realizado pelo CNPq em parceria com a Fundação Roberto Marinho e com a Gerdau. O trabalho foi dividido em sete capítulos e a descrição de cada um deles é feita a seguir. Capítulo I – Através de uma revisão bibliográfica, são apresentadas algumas das soluções tradicionais já utilizadas em SEPP para carregamento de baterias, mostrando suas vantagens e desvantagens. Capítulo II – É apresentada a topologia proposta operando nos modos de condução contínua e descontínua, mostrando suas vantagens e desvantagens. A partir de uma análise, é escolhido o modo de operação a ser adotado, citando as principais características da topologia escolhida. Capítulo III – É realizada uma análise teórica e matemática dos conversores utilizados no presente trabalho. São apresentadas e demonstradas as expressões matemáticas necessárias para a obtenção das funções de transferência das plantas a serem compensadas, de acordo com o esquema de controle sugerido. Capítulo IV – São expostas várias estratégias de carga de baterias existentes, mostrando suas principais características. Capítulo V – É feito um exemplo de projeto, mostrando a elaboração do projeto dos circuitos de potência e controle dos conversores, bem como do algoritmo de MPPT utilizado. Capítulo VI – São apresentados os resultados experimentais em regime estacionário e transitório do protótipo desenvolvido. Capítulo VII – É feita uma estimativa do custo de manufatura do protótipo, a partir do preço dos principais componentes utilizados, cotados em importantes distribuidoras e fábricas. Conclusão Geral – São expostas as principais contribuições deste trabalho e sugestões para posteriores continuidades. 4 CAPÍTULO 1 ANÁLISE DAS SOLUÇÕES TRADICIONAIS 1.1. RETIFICADOR TRIFÁSICO NÃO CONTROLADO ASSOCIADO A UM CONVERSOR BUCK Uma das soluções tradicionais é um retificador trifásico convencional a diodos associado a um conversor Buck [7], mostrada na Figura 1.1. Suas principais vantagens são os baixos valores de esforços de tensão e corrente nos componentes, sua simplicidade, possui características de fonte de tensão e corrente em sua entrada e saída, respectivamente, além de uma reduzida ondulação de corrente de carga. Entretanto, a operação é possível somente quando a tensão na saída do estágio retificador for maior do que a do banco de baterias. Uma segunda desvantagem é a presença de corrente pulsada na entrada do conversor, sendo necessária a utilização de um barramento CC de entrada de elevada capacitância. Figura 1.1 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck. 1.2. RETIFICADOR TRIFÁSICO NÃO CONTROLADO ASSOCIADO A UM CONVERSOR BOOST Essa topologia é composta por um retificador trifásico não controlado associado a um conversor Boost [8], vista na Figura 1.2. Por ser um conversor do tipo elevador de tensão, é capaz de fornecer energia mesmo em baixas velocidades do vento. Contudo, para se obter uma operação em uma ampla faixa de velocidades do vento, a tensão de saída deve ser maior do que a máxima tensão de entrada. Nesse contexto, é necessário 5 conectar várias baterias em série. Outra desvantagem é a corrente pulsante na saída, sendo necessário utilizar um filtro capacitivo de elevada capacitância. Figura 1.2 – Retificador trifásico associado a um conversor Boost. 1.3. RETIFICADOR TRIFÁSICO NÃO CONTROLADO ASSOCIADO A UM CONVERSOR BUCK-BOOST Outra possível topologia poderia ser composta por um retificador trifásico não controlado associado a um conversor Buck-Boost [9], verificada na Figura 1.3. Figura 1.3 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck-Boost. As características elevadoras e redutoras de tensão desse conversor CC-CC permitem a operação no ponto de máxima potência da turbina e do aerogerador numa larga faixa de velocidade do vento. Entretanto, as seguintes desvantagens devem ser mencionadas: maiores esforços de corrente e tensão nos componentes, reduzindo a eficiência; as correntes de entrada e de saída são descontínuas, provocando o aumento 6 do banco de capacitores e por fim, a tensão suportada no diodo e no interruptor é a soma das tensões de entrada e saída. 1.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Algumas das principais topologias clássicas de carregadores de baterias para SEPPs foram apresentadas neste capítulo e, através de uma breve análise, foi possível perceber as características técnicas inerentes a cada uma. O retificador trifásico não controlado, por ser uma estrutura passiva, não é capaz de extrair a máxima potência da turbina, sendo por este motivo uma topologia obsoleta para esta aplicação. Nota-se que as principais desvantagens das topologias clássicas expostas são a ausência de transferência de potência para baixas velocidades utilizando o conversor Buck, a necessidade de um barramento de tensão de saída elevado para o conversor Boost e os elevados esforços nos semicondutores presentes no conversor Buck-Boost. 7 CAPÍTULO 2 SOLUÇÕES PROPOSTAS 2.1. RETIFICADOR TRIFÁSICO SEMICONTROLADO EM MODO DE CONDUÇÃO CONTÍNUA ASSOCIADO A UM CONVERSOR BUCK Essa topologia é composta por um retificador PWM trifásico semicontrolado associado a um conversor Buck [10]. As vantagens resultantes dessa topologia são: • Melhoria do fator de potência e da distorção harmônica, visto que a corrente em cada fase pode ser controlada independentemente uma da outra; • O controle da tensão do barramento e as características elevadoras de tensão permitem uma operação tanto em baixas quanto em altas velocidades de rotação do aerogerador; • O retificador semicontrolado em alta freqüência não representa um estágio adicional, já que substitui o estágio retificador passivo, com as vantagens já mencionadas, o que aumenta a eficiência do sistema; • Os interruptores controlados permitem o controle eletrônico da frenagem sem o uso de resistências adicionais ou relés. É preciso ser mencionado que o curto-circuito através das saídas dos diodos retificadores pode não ser suficiente para frenar a turbina eólica devido à impedância interna do gerador. As desvantagens dessa topologia são: • Requer uma maior quantidade de componentes em relação às soluções tradicionais para reduzir a distorção harmônica de corrente em cada fase. Para isso, é necessário o uso de sensores de corrente em cada fase e de circuitos adicionais a fim de obter as referências das malhas a partir das tensões de fase do aerogerador. Entretanto, pode-se descartar parcialmente a correção da THD e o uso dos sensores de corrente, tendo em vista a redução do custo do sistema. 8 Figura 2.1 – Retificador trifásico semicontrolado em MCC associado a um conversor Buck. 2.2. RETIFICADOR TRIFÁSICO SEMICONTROLADO EM MODO DE CONDUÇÃO DESCONTÍNUA ASSOCIADO A UM CONVERSOR BUCK Essa topologia é praticamente idêntica à anterior, no entanto é necessária a inclusão, em cada fase, de um filtro LC antes do retificador [10]. As vantagens resultantes desta topologia em relação à anterior são: • Pode ser utilizado o mesmo sinal de entrada para controlar os três interruptores do estágio retificador, sem a possibilidade de curto de braço; • Os interruptores podem comutar a partir de um mesmo sinal de disparo e com razão cíclica constante, provendo uma considerável redução do THD, sem a necessidade de sensores de corrente em cada fase. A Figura 2.2 mostra a topologia proposta e a Figura 2.3 representa a tensão em uma das fases do gerador e a corrente através do indutor L1, obtidas por simulação. Figura 2.2 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck. 9 40 0 -40 0s I(L1) 5ms V(L4:1,V9:-) 10ms 15ms Time Figura 2.3 – Tensão de fase e corrente em um dos indutores do retificador Boost. Os interruptores são ligados em modo ZCS e o diodo é desligado na mesma condição. Esse fato decresce as perdas de comutação, porém como os picos de corrente nos interruptores são maiores, as perdas por condução são maiores quando comparadas com as do circuito anterior. Uma vez que a corrente no indutor é pulsada, é necessário fazer o uso de filtros LC. A corrente através de uma das fases do gerador é mostrada na Figura 2.4 e sua THD é menor que 20%. 10A 0A -10A 10ms I(L5) 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms Time Figura 2.4 – Corrente de fase. 2.3. ESCOLHA DA TOPOLOGIA A topologia ideal para SEPPs para carregamento de baterias deve operar em uma larga faixa de velocidades do vento e com um custo relativamente baixo. Devido às 10 exigências do projeto, pode-se descartar a utilização do retificador trifásico não controlado associado ao conversor Buck, pois não apresenta uma boa eficiência em baixas velocidades. Já o retificador trifásico não controlado associado ao conversor Boost deve operar com uma tensão de saída relativamente elevada e por isso seria necessário configurar várias baterias em série na saída, o que não atende as especificações dadas. As outras duas configurações restantes (retificador trifásico não-controlado associado a um conversor Buck-Boost e retificador semicontrolado em alta freqüência associado a um conversor Buck) atendem às especificações de projeto. Entretanto, a solução com o conversor Buck-Boost envolve maiores esforços nos semicondutores, o que compromete o rendimento do sistema. Tendo em vista as características citadas anteriormente, a escolha da topologia a ser utilizada foi o retificador semicontrolado em alta freqüência associado a um conversor Buck, pois apresenta um melhor desempenho geral para a aplicação [11]. 2.4. CARACTERÍSTICAS DA TOPOLOGIA ESCOLHIDA Para resolver o problema de gerenciamento da larga variação da velocidade do vento, é necessário construir um conversor para um sistema de geração eólico que: • Suporte e proteja o funcionamento do sistema sob todas as condições de operação; • Obtenha a máxima transferência de energia no carregamento de baterias sob uma ampla faixa de velocidades do vento, sem sobrecarregar ou danificar a bateria; • Opere confiavelmente sem intervenção do usuário por muitos anos; • Ser uma solução de ponta nas áreas de desempenho, confiabilidade e segurança; • Tenha design com peso mínimo e quantidade mínima de componentes, para conseguir reduzir custos de produção em grande volume. Então, a topologia proposta, mostrada na Figura 2.5, é o retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck [10]. Foi projetado para carregar bateria de chumbo-ácido de 12 V. No entanto, é possível a operação com bateria de 24 V. Esta escolha será feita por um microcontrolador de acordo com a tensão da bateria. Também há proteção da turbina 11 contra sobretensão e excesso de velocidade. A proteção contra sobretensão é feita automaticamente pelo circuito de controle. Em caso de excesso de velocidade, o microcontrolador pode comandar o retificador Boost a realizar uma frenagem eletrônica da turbina eólica. Devido ao retificador Boost, o sistema pode funcionar mesmo quando a tensão de saída do gerador é menor que a tensão da bateria. Além disso, o retificador Boost fornece um alto fator de potência, aumentando a eficiência do gerador. O controle de tensão do barramento e as características elevadoras do Boost permitem a operação em uma ampla faixa de velocidades de rotação da turbinas eólica. É utilizado um dissipador de calor de alumínio interligado aos interruptores e diodos do conversor. Assim, o conversor é naturalmente resfriado. Figura 2.5 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck. Para ser usado em várias aplicações e para satisfazer as restrições econômicas, a conversão da energia deve ser robusta e confiável. Deve também apresentar uma maior eficiência e ser realizado com baixo custo. Para isso, é necessário extrair a máxima energia da turbina eólica. A potência de operação da turbina depende da intensidade do vento e especialmente da velocidade da turbina [12]. Se a transferência de potência entre turbina e a carga não é ótima, a eficiência total do sistema será largamente afetada. A turbina eólica pode ser operada no ponto de máxima potência para várias velocidades do vento, ajustando a velocidade da turbina de forma otimizada. Recentemente, os métodos de estimação da velocidade do vento têm sido bastante relatados na literatura e podem ser classificadas em duas abordagens [13]. O primeiro 12 método utiliza uma equação de potência em função do coeficiente de potência Cp e da relação entre a velocidade do vento e da turbina [14]. Partindo do fato de que a ordem do polinômio pode ser maior do que sete para estimativas precisas, o cálculo em tempo real das raízes do polinômio é uma tarefa demorada. O outro método, chamado de tabela de pesquisa, consiste em usar uma tabela contendo a curva de potência da turbina [15]. Este método pode exigir o uso de memória externa para estimativas de alta precisão. Além disso, o tempo de execução e precisão da estimativa depende do tamanho da tabela. É proposto um método de algoritmo MPPT [16] utilizado para alcançar o controle da extração máxima de potência da turbinas eólica, onde a curva de potência máxima da turbina eólica e as informações sobre a velocidade do vento não são necessárias. A eficácia do algoritmo proposto foi verificada pelos resultados experimentais. 2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A idéia de se utilizar um retificador Boost neste trabalho surge no intuito de aproveitar as vantagens inerentes ao conversor elevador de tensão em conjunto com o retificador em um só estágio, evitando a utilização de vários conversores em série, aumentando o rendimento global do sistema. Assim, o sistema proposto é capaz de operar em uma ampla faixa de velocidade do vento, extraindo a máxima potência disponível no vento e protegendo a bateria contra sobrecarga. Já as características abaixadoras do conversor Buck garantem a flexibilidade quanto ao número de baterias a serem carregadas, tornando-o viável tecnicamente. Além de apresentar baixa ondulação na corrente de carga, ideal para carregamento de baterias. 13 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DO SISTEMA PROPOSTO 3.1. RETIFICADOR BOOST O retificador trifásico semicontrolado faz a ligação do gerador ao barramento CC, onde é conectado o conversor Buck. O retificador Boost tem a função de adequar o nível de tensão gerado pela turbina ao nível desejado no barramento e fazer com que a turbina opere seguindo o seu ponto de máxima potência. 3.1.1. Princípio de Funcionamento O retificador opera como um conversor Boost no modo de condução descontínua. Quando os interruptores S1, S2 e S3 estão fechados, o fluxo de corrente através deles e por meio do seu indutor correspondente irá incrementar, enquanto os diodos D1, D2 e D3 estão reversamente polarizados e o capacitor C fornece energia para o inversor. Quando os interruptores S1, S2 e S3 estão abertos, os diodos D1, D2 ou D3 podem estar diretamente polarizados dependendo da direção da corrente e a energia é transferida para a carga. As correntes de entrada Ia, Ib e Ic podem assumir dois estados: positivo (+) ou negativo (-), resultando em oito combinações. Contudo, somente seis combinações são fisicamente pertinentes, como mostrado na Tabela 3.1. Tabela 3.1 – Possíveis combinações das correntes de entrada. Setor IA IB IC 1 + - + 2 + - - 3 + + - 4 - + - 5 - + + 6 - - + Na Figura 3.1, pode ser observado que um período completo das tensões Va, Vb e Vc pode ser dividido em seis setores com comportamento similar. 14 Figura 3.1 – Formas de onda teóricas das tensões Va, Vb, e Vc. Analisando o setor 1, as tensões Va e Vc são positivas, e a tensão Vb é negativa. Considerando o curto período de comutação, quando os interruptores S1, S2 e S3 estão fechados, as correntes de linha Ia e Ic incrementam linearmente fluindo através dos interruptores S1 e S3 e a corrente de linha Ib decrementa linearmente fluindo através do diodo antiparalelo do interruptor S2, como mostrado na Figura 3.2(a), Figura 3.3 (a) e Figura 3.4. Quando os interruptores S1, S2 e S3 são abertos, as correntes de linha Ia e Ic decrementam linearmente fluindo através dos diodos D1 e D3, e a corrente Ib incrementa linearmente fluindo através do diodo antiparalelo do interruptor S2, como mostrado na Figura 3.2(b) e Figura 3.3(b). Quando a corrente Ia ou Ic se anula, a outra também se anula ou de forma similar a Ib, varia linearmente até se anular, como mostrado na Figura 3.2(c) e (d) e Figura 3.3(c) e (d). As envoltórias das correntes resultantes são sinusoidais como mostrado na Figura 3.5 e na Figura 3.6. As correntes filtradas do gerador pela sua impedância interna e pelos capacitores externos C1, C2 e C3 são aproximadamente sinusoidais sem componentes de alta frequência, como as mostrado na Figura 3.7. Figura 3.2 – Estados topológicos associados ao setor 1. 15 Figura 3.3 – Circuitos equivalentes associados ao setor 1. O modelo do retificador Boost trifásico semicontrolado operando no modo de condução descontínua foi implementado no MATLAB considerando os quatro estados de operação no primeiro setor. O primeiro estágio ocorre com S1, S2 e S3 fechados, o segundo estágio ocorre quando os interruptores são abertos e a magnitude das correntes está decrementando. Nos terceiro e quarto estágios, as correntes vão se anulando até chegar a zero, caracterizando o MCD. 3.1.1.1. i1 = i2 = i3 = Vp wL Vp wL Vp wL Primeiro Estágio cos( wt ) cos wt cos wt 3.1.1.2. Vp wL cos( wTs1 ) Vp 3 wL Vp 3 wL cos wTs1 cos wTs1 3 3 Segundo Estágio 3V p V0 (t (Ts1 DTs ) 3V p cos( wt ) cos( w(Ts1 DTs )) K 3L w w 3Vp 2V (t (Ts1 DTs ) 3V p i2 = 0 cos wt cos w(Ts1 DTs ) 3L w 3 w 3Vp V (t (Ts1 DTs ) 3V p i3 = 0 cos wt cos w(Ts1 DTs ) w w 3L 3 i1 = 3 3 K K 16 3.1.1.3. Terceiro Estágio i1 =0 i 2 = -i 3 Vp i3 = 1 2L i1 = 1 Vp cos wt 2L w w Vp cos wt 2 w Vp 3 w cos wt2 cos wt2 2 3 V0 t t2 V0 t t2 K K i 2 = -i1 i3 =0 3.1.1.4. Quarto Estágio {i1 = i2 = i3 = 0 As seguintes formas de onda foram obtidas usando os valores da Tabela 3.2 como exemplo. Tabela 3.2 - Especificações e parâmetros do retificador. Parâmetros Especificações Tensão eficaz de entrada 160 V Frequência da tensão de entrada 60 Hz Tensão de saída 400 V Frequência de chaveamento 50 kHz Indutores da entrada 57 H 17 15 10 5 0 -5 -10 -15 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 -3 x 10 Figura 3.4 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic. Figura 3.5 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic. 6 40 35 4 30 2 25 20 0 15 10 5 - 0 0 -5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0.00 0.0 0.01 9 -3 x 10 Figura 3.6 – Corrente de linha Ia durante T/2. Figura 3.7 – Forma de onda da corrente de entrada filtrada. 3.2. CONVERSOR BUCK O conversor Buck interliga o barramento CC ao banco de baterias na saída. O conversor Buck é encarregado por três tarefas no sistema: adequar o nível de tensão no barramento enquanto o retificador Boost realiza o MPPT, limitar a tensão máxima permitida, evitando sobretensão na bateria e limitar a corrente máxima na bateria, evitando sobrecarga do sistema. 3.2.1. Princípio de Funcionamento A topologia do conversor Buck pode ser vista na Figura 3.8. O interruptor S4 é o dispositivo eletrônico controlado que opera nos estados de condução e bloqueio do conversor. O tempo de condução do interruptor é dado por DTS, onde D é a razão cíclica e TS o período de chaveamento. Considerando os semicondutores ideais e que o conversor opera no modo de condução contínua, temos apenas duas etapas de funcionamento, descritas a seguir. 18 Figura 3.8 – Topologia do conversor Buck. Primeira Etapa (t0, t1): O interruptor S4 conduz e o diodo D4 está reversamente polarizado. A fonte de entrada fornece energia ao estágio de saída e a corrente no indutor L4 cresce linearmente. Esta etapa é mostrada na Figura 3.9 (a). Segunda Etapa (t1, t2): O interruptor S4 está bloqueado e o diodo D4 está diretamente polarizado. O indutor L4 fornece energia ao estágio de saída e a sua corrente decresce linearmente. Esta etapa é mostrada na Figura 3.9 (b). a) Primeira etapa. b) Segunda etapa. Figura 3.9 – Etapas de operação do conversor Buck em MCC. 3.3. DINÂMICA DO SISTEMA DE CONTROLE O conversor trabalha sob três modos de operação, sendo controlado por um sistema composto por três malhas analógicas e uma digital, além de um algoritmo de MPPT executado por um microcontrolador de baixo custo. O fluxograma de operação do sistema pode ser verificado na Figura 3.10. Em caso de sobrevelocidade ou anomalias nas condições de operação, o retificador semicontrolado é comandado a frenar a turbina eólica curto-circuitando os enrolamentos do gerador através do fechamento dos interruptores. 19 3.3.1. Modo 1: Malha de Tensão É ativada quando a tensão da bateria está próxima do valor da tensão de flutuação. O retificador Boost controla a tensão do barramento e o conversor Buck é responsável por limitar a tensão sobre as baterias, evitando sobretensão. O controlador de tensão é o atuante na dinâmica do sistema, como mostrado na Figura 3.12. 3.3.2. Modo 2: Malha de Corrente É ativada quando a bateria não está totalmente carregada e a corrente está em torno do valor máximo recomendado. O retificador Boost controla a tensão do barramento e a máxima corrente da bateria é a referência do controlador do conversor Buck, como pode ser visto na Figura 3.12. Isto evita sobrecarga da bateria. 3.3.3. Modo 3: MPPT É ativada quando a potência de saída do aerogerador não é suficiente para forçar valores máximos de corrente e tensão na bateria. O algoritmo de MPPT controla o retificador Boost visando manter a operação do sistema em torno do ponto de máxima potência. Um microcontrolador PIC executa a rotina de MPPT no retificador Boost perturbando periodicamente o ponto de operação da turbina eólica. Através da aquisição do valor da corrente de saída, o controle incrementa ou decrementa o ciclo de trabalho do retificador Boost para mudar o ponto de operação do sistema. Ao mesmo tempo, o conversor Buck controla a tensão do barramento de acordo com a Figura 3.13. Figura 3.10 – Fluxograma de operação do sistema. 20 A lógica de controle contém as malhas que atuam em cada modo de operação e o sinal de comando para comutação do conversor pode ser visto no fluxograma da Figura 3.11. Como pode ser observado, enquanto não ocorrer sobretensão ou sobrecarga no banco de baterias, o conversor Buck atuará no sentido de regular a tensão do barramento Vbus e o retificador Boost garantirá a máxima transferência de potência através da análise da corrente de saída Io. A partir do momento em que ocorrer sobretensão ou sobrecarga, o estágio Buck passará a limitar tensão ou corrente de saída, respectivamente, e o retificador Boost regulará o barramento de tensão Vbus. Figura 3.11 – Lógica de comando e controle. I oref Voref E Vc D Io Vo e vc d io vo Figura 3.12 – Malha de controle da tensão e da corrente na bateria. 21 Na Figura 3.13, é mostrado o diagrama de blocos do controle da tensão do barramento no conversor Buck. Através do compensador Cb(s), a razão cíclica do conversor Buck é ajustada para manter a tensão do barramento Vbus no valor desejado. Vbusref E Vc D Vbus e vc d vbus Figura 3.13 – Malha de controle da tensão no barramento. Para se projetar um sistema de controle e realizar o estudo de estabilidade de um conversor, é necessário obter seu modelo dinâmico. No entanto, um conversor estático é um sistema não linear variante no tempo, e uma análise por métodos tradicionais utilizados nos sistemas lineares não pode ser aplicada [18]. a ic ia Vap d c sL L Rci S Vi Ci D Co Vo Figura 3.14 – Topologia do Buck 1 sCi Ic d vap Rco 1 D p vcp 1 sCo Ro vo Figura 3.15 - Modelo completo da chave PWM do Buck. A técnica utilizada para linearizar o conversor Buck apresentado na Figura 3.14 e encontrar suas funções de transferência foi o modelo da chave PWM de Vorpérian [18], através do qual foi desenvolvido o modelo dinâmico do sistema, mostrado na Figura 3.15. 3.3.4. FT da Tensão de Entrada vi (s ) pela Razão Cíclica d (s ) O modelo da chave PWM do conversor Buck para se encontrar a função de transferência da tensão de entrada pela razão cíclica foi modelado baseado em (3.1) e é apresentado na Figura 3.16. vi ( s ) d (s) (3.1) vo 0 22 A resistência do capacitor de entrada Rci é incluída no modelo, para que no projeto deste compensador seja considerado o efeito de ondulação no barramento de entrada do conversor. a Rci Ic d 1 sCi Vap d ic ia 1 sL c D vap vcp p Figura 3.16 – Modelo da chave PWM do Buck para vo = 0. A partir do modelo acima, foi deduzida a função de transferência dada pela expressão (3.2). Gb ( s ) vi ( s ) D Vi 1 s Ci Rci Io L 2 D Rci D2 s L L Ci s I o Rci d (s) s 2 (3.2) 3.3.5. FT da Tensão de Saída vo (s ) pela Razão Cíclica d (s ) A partir de (3.3), foi feito o modelo do conversor para se calcular a função de transferência da tensão de saída pela razão cíclica, mostrado na Figura 3.17 vo ( s ) d ( s) (3.3) vi 0 Novamente, a resistência do capacitor de saída Rco é incluída no modelo, considerando o efeito de ondulação na saída do conversor. a ic ia Ic d vap 1 Vap d c sL Rco D vcp 1 sCo Ro p Figura 3.17 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = 0. vo 23 Nota-se que, com o curto-circuito da entrada, a fonte de corrente entra em roda livre e os enrolamentos do transformador podem ser retirados. Desta forma, o modelo simplificado é mostrado na Figura 3.18. ic sL c Rco Ro 1 sCo vo Figura 3.18 – Simplificação do modelo. A partir daí, foi encontrada a função de transferência dada por (3.4). Gv ( s) vo ( s) d ( s) Vi 1 s Rco Co L Ro 1 s s2 Rco Co 1 Rco Ro L Co (3.4) 3.3.6. FT da Corrente de Saída io (s ) pela Razão Cíclica d ( s ) Para este modelo do conversor foi feita uma simplificação, considerando as tensões de entrada e de saída ideais e constantes, bem como foi desprezada a resistência no indutor, pois sua influência torna-se apreciável apenas para razões cíclicas próximas da unidade [1]. A função de transferência da corrente de saída pela razão cíclica é dada por (3.5), e o modelo simplificado é mostrado na Figura 3.19 io ( s ) (3.5) d (s) v i a vo 0 ic ia Ic d vap 1 Vap d c sL D p vcp Figura 3.19 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = vo =0. 24 Como foi feito anteriormente, o modelo pode ser simplificado ainda mais, como mostrado na Figura 3.20. ic Vap d c sL Figura 3.20 – Simplificação do modelo. A partir daí, obtém-se a função de transferência da planta em análise, como mostra a expressão (3.6). Gi ( s ) iL ( s ) d ( s) Vi s L (3.6) 3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma análise geral do carregador de baterias foi apresentada neste capítulo. Foram mostrados os princípios de funcionamento e as etapas de operação dos conversores. Foi feita uma análise um pouco mais detalhada do retificador Boost, visto que é uma abordagem nova em SEPPs. A dinâmica dos conversores foi também abordada neste capítulo e a obtenção das funções de transferência foi feita de acordo com a estratégia de controle adotada. Todas as plantas do sistema foram modeladas para se implementar o projeto dos compensadores, utilizando a técnica do modelo CA de pequenos sinais através do modelo da chave PWM de Vorpérian. Aspectos como a resistência intrínseca dos capacitores foram considerados na modelagem, devido às ondulações de tensão indesejáveis provocadas por esta. Por fim, foram explicados os modos de operação do sistema e quais malhas atuam em cada modo. 25 CAPÍTULO 4 CARGA DA BATERIA Alguns métodos convencionais de carga de baterias são apresentados brevemente abaixo. São abordadas as características, as vantagens e as desvantagens de cada técnica. 4.1. CARGA EM TENSÃO CONSTANTE Naturalmente, baterias têm uma reação contra a carga [20]. Se a bateria é carregada com uma tensão constante, a corrente de carga começa a decrementar até chegar a zero. Então, se a tensão de carga aumentar novamente, ocorrerá o mesmo. Este fenômeno é mostrado na Figura 4.1 para uma bateria de tensão nominal de 12 V e capacidade de 100 Ah. Figura 4.1 – Carga em tensão constante. A desvantagem deste processo é que é extremamente lento. Contudo, o carregamento é bastante simples, pois somente é necessário manter a tensão constante. 4.2. CARGA EM CORRENTE CONSTANTE Este método é caracterizado por manter a corrente sempre em um valor constante. Desta forma, a tensão na bateria aumenta até um valor máximo e, se a corrente de carga é mantida em um valor constante, o eletrólito pode ser danificado. A vantagem deste método é que o carregador é bastante simples, pois somente é necessário manter a corrente constante. 26 Por outro lado, o carregador precisa ser desligado, manualmente ou por circuitos adicionais, antes que o eletrólito ferva. Em adição, a máxima capacidade obtida por este método é de cerca de 70% da nominal. 4.3. CARGA EM DOIS ESTÁGIOS Também conhecido como método de carga IU. Os dois estágios deste método são: • Estágio de corrente constante • Estágio de flutuação Neste primeiro estágio, a corrente de carga é mantida em um valor constante em entre 10 a 20% da capacidade nominal da bateria até que a tensão da bateria atinja o valor de flutuação. No segundo estágio, este valor de tensão é mantido pelo carregador para que a corrente de carga decremente até chegar a zero. Esta método é mostrado na Figura 4.2 para uma bateria de 12 V descarregada e capacidade de 100 Ah. Figura 4.2 - Carga em dois estágios. Através deste método, a bateria apresenta uma capacidade máxima de carga de 80% da nominal. As vantagens deste método são: o carregador pode ser mantido conectado à bateria sem danificá-la e é possível obter uma alta capacidade de carga. As desvantagens são que o carregador é mais complexo que os anteriores, pois precisa monitorar a tensão da bateria para mudar os estágios e ser hábil para manter a corrente em um valor constante no primeiro estágio e manter a tensão em um valor constante no estágio de tensão de flutuação. 27 4.4. CARGA EM TRÊS ESTÁGIOS Também conhecido como método de carga IUU. As partes deste método são: • Estágio de corrente constante • Estágio de tensão constante • Estágio de flutuação No fim do primeiro estágio, a tensão é mantida constante em um valor um pouco superior ao de flutuação, iniciando o segundo estágio. Então, a corrente de carga decrementa lentamente até atingir um valor bem próximo de zero. O terceiro estágio inicia quando a corrente é quase igual a zero. Este método é mostrado na Figura 4.3 para uma bateria de 12 V descarregada e capacidade de 100Ah. Figura 4.3 – Carga em três estágios. As desvantagens deste método é que o carregador é mais complexo que os descritos anteriormente, precisando manter a corrente e a tensão constantes. Uma outra desvantagem é que a bateria pode estourar caso não consiga receber a carga, necessitando assim de um algoritmo de proteção. Como vantagens, temos: o carregador pode ser conectado à bateria sem que haja danos ao eletrólito; é possível carregar a bateria completamente. Este método de carga é bastante utilizado em aplicações onde a bateria é submetida a descargas profundas com frequência. 4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Alguns métodos convencionais de carga de baterias foram apresentados. A partir da análise de cada um deles, o método de carga em três estágios foi escolhido pelo fato 28 de ser uma técnica consolidada e que garante um carregamento em torno de 100% da capacidade da bateria e consequentemente, uma elevada autonomia ao sistema que porventura utilizar o banco de baterias como fonte de energia elétrica [1]. 29 CAPÍTULO 5 EXEMPLO DE PROJETO A topologia a ser utilizada foi escolhida no Capítulo 2, a partir de um levantamento bibliográfico realizado no Capítulo 1 para se obter um conversor apropriado que garanta a máxima transferência de potência em uma ampla faixa de velocidade do vento, além de regular o fluxo de energia para bateria, protegendo-a contra sobretensão e sobrecarga, e proteger a turbina eólica contra danos causados por ventos muito fortes. O projeto dos conversores utilizados no carregador será detalhado neste capítulo. São apresentadas inicialmente as especificações gerais do circuito de potência e as características de cada conversor. Na sequência, são apresentados os critérios adotados para o projeto das malhas de controle do sistema, juntamente como o seu projeto. Por fim, é mostrado o algoritmo de MPPT sensorless implementado. 5.1. ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO Nas tabelas a seguir são mostradas as especificações do retificador Boost, do conversor Buck e das baterias [20], respectivamente. Tabela 5.1 – Especificações e considerações do retificador Boost. Parâmetros Especificações Faixa de operação da tensão eficaz de entrada (Vief) 0-30 V Tensão de saída (Vbus) 65 V Ondulação da tensão de saída ( Vbus) 5%.Vbus Potência de saída (Pbus) 370 W Frequência de chaveamento (fs) 50 kHz Frequência elétrica do gerador(fg) 120 Hz Tabela 5.2 – Especificações das baterias. Parâmetros Especificações Tensão mínima (Vbat1min) 10,5 V Tensão de flutuação (Vbat1) 13,5 V Tensão máxima (Vbat1max) 14 V Capacidade (CapAh) 150 Ah 30 Tabela 5.3 – Especificações e considerações do conversor Buck. Parâmetros Especificações Tensão de entrada (Vbus) 65 V Faixa de operação da tensão de saída (Vo) 10,5-28 V Potência de saída (Po) 350 W Ondulação da tensão de saída ( Vo) 4%.Vo Ondulação da corrente através do indutor ( IL4) 10%.IL4 Frequência de chaveamento (fs) 50 kHz 5.2. DIMENSIONAMENTO DO RETIFICADOR BOOST De acordo com as especificações adotadas na Tabela 5.1, são dimensionados os componentes que constituem o conversor Boost. 5.2.1. Dimensionamento dos Indutores L1, L2 e L3 A máxima tensão de linha eficaz de entrada do conversor é igual a Vi sendo a tensão de linha de pico igual a Vi p 30V 30 2V . As correntes eficaz e de pico de entrada são dadas por (5.1) e (5.2), respectivamente. I ief I ip Pbus 3 Vief I ief 2 370 3 30 7,12 I ief 2 7,12 A. (5.1) 10 A. (5.2) I ip Para que o retificador opere sempre em MCD, a razão cíclica máxima adotada é de Dmax 0,32 . A corrente de pico no indutor pode ser calculada por (5.3). I L1p I ip Dmax 10 0,32 I L1p 31,5 A. (5.3) A corrente eficaz no indutor é dada por (5.4). I L1ef I L1p Dmax 2 31,5 0,32 2 I L1ef 12,5 A. (5.4) Os indutores de entrada L1, L2 e L3 do retificador Boost são calculados a partir de (5.5). 31 L1, 2,3 Vi p Dmax 2 30 2 0,32 2 3 10 50 103 3 Iip f S L1, 2,3 5 H. (5.5) 5.2.2. Dimensionamento dos Interruptores S1, S2 e S3 Os esforços necessários para especificar o interruptor são a tensão máxima reversa, bem como as correntes máxima e eficaz. VS1, 2 , 3 max Vbus Vbus 2 3,25 2 65 VS1, 2 , 3 max 66,6V . (5.6) A corrente de pico no interruptor é a mesma para o indutor. I S1, 2 , 3 max I L1p 31,5 A. (5.7) A corrente eficaz no interruptor, medida através de simulação, é dada por: I S1, 2 , 3ef 4,9 A. (5.8) Para o projeto, foi escolhido o interruptor do tipo MOSFET IRFP4710A, especificado na Tabela 5.4 abaixo. Tabela 5.4 – Especificações dos interruptores do retificador Boost Tipo de interruptor MOSFET Referência (International Rectifier) IRFP4710A Tipo de encapsulamento TO-247AC Máxima tensão dreno-source (VDS) 100 V Máxima corrente de dreno (média) (ID) 72 A@25°C Máxima corrente de dreno pulsada (IDP) 300 A Resistência térmica junção-cápsula (RSjc) 0,81 °C/W Resistência térmica cápsula-dissipador (RScd) 0,24 °C/W Resistência térmica junção-ambiente (RSja) 40 °C/W Resistência de condução (RDS) 14 m @25°C Capacitância de entrada (Ciss) 6,16 nF Faixa de operação para temperatura de junção (TSj) -55 a 175 °C Tempo de subida (tr) 130 ns Tempo de descida (tf) 38 ns 5.2.3. Dimensionamento dos Diodos D1, D2 e D3 Os esforços necessários para especificar os diodos são a tensão máxima reversa, bem como as correntes máxima e média. 32 VD1, 2 , 3 max VS1, 2 , 3 max 66,6V . (5.9) I D1, 2 , 3 max I S1, 2 , 3 max 31,5 A (5.10) A corrente eficaz nos diodos, medida através de simulação, é dada por: I D1, 2 , 3ef 5,3 A. (5.11) São utilizados diodos Schottky SB5100, capazes de suportar toda a corrente média estipulada no projeto. Suas especificações podem ser vista na Tabela 5.5. Tabela 5.5 – Especificações dos diodos do retificador Boost Tipo de diodo Schottky Referência (Fairchild) SB5100 Tipo de encapsulamento DO-201AD Máxima tensão reversa (VR) 100 V Corrente média máxima (IF) 5 A@25°C Máxima corrente de pico não repetitiva (IFM) 150 A@25°C Resistência térmica junção-ambiente (RDja) 25 °C/W Faixa de operação para temperatura de junção (TDj) -50 a 150 °C Queda de tensão em condução direta (Vf) 0,85 V@25°C 5.2.4. Dimensionamento do Capacitor C4 A potência de saída do retificador Boost, pode ser vista na Tabela 5.1 e é dada por (5.12). Pbus 370 W (5.12) Sobre o capacitor aparece uma tensão com ondulação desejada de 5% da tensão nominal, apresentada em (5.13). Assim, as tensões mínima e máxima são dadas por (5.14) e (5.15), respectivamente. Vbus 65 V . (5.13) Vbus min Vbus Vbus 2 65 3,25 2 Vbus min 63,4 V . (5.14) Vbus max Vbus Vbus 2 65 3,25 2 Vbus max 66,6 V . (5.15) Aproximando os cálculos para um retificador em ponte completa, tem-se a seguinte equação (5.16). 33 C4 Pbus 6 f g Vbus max 2 Vbus min 370 6 120 66,6 2 63,4 2 2 C4 1235 F (5.16) Apesar de os capacitores eletrolíticos do retificador serem calculados em função de uma determinada ondulação de tensão desejada, a especificação do componente comercial é realizada principalmente através de sua corrente eficaz máxima. A saída do retificador Boost está conectada diretamente à entrada do conversor Buck, que tem como característica uma corrente pulsante. A corrente eficaz medida através de simulação é um pouco elevada, chegando em torno de 6 A. O banco capacitivo deve suportar essa corrente, por isso são associados capacitores em paralelo. Além dos capacitores eletrolíticos, são utilizados quatro capacitores de polipropileno para assegurar que possíveis correntes mais elevadas sejam supridas e para auxiliar na comutação dos interruptores. As características dos capacitores eletrolíticos e dos capacitores de polipropileno podem ser vistas na Tabela 5.6 e na Tabela 5.7, respectivamente. Tabela 5.6 – Especificações do banco capacitivo do barramento. Tipo de capacitor Eletrolítico Referência (Epcos) B41851 Capacitância (Celet4) 220 µF Corrente eficaz 0,61 A Tensão máxima 100 V Resistência série equivalente (RCelet4) 0,75 Tabela 5.7 – Especificações dos capacitores de polipropileno. Tipo de capacitor Polipropileno Referência (Epcos) B32601L Capacitância (Celet5) 470 nF Tensão máxima 400 V A capacitância equivalente C4 obtida é dada por (5.17): C4 10 Celet 4 C4 2200 F . (5.17) A resistência série equivalente RC4 é dada por (5.18). RC5 RCelet5 10 RC5 0,75 10 0,075 . (5.18) 34 5.3. DIMENSIONAMENTO DO CONVERSOR BUCK De acordo com as especificações adotadas na Tabela 5.3, são dimensionados os componentes que constituem o conversor Buck. 5.3.1. Dimensionamento do Indutor L4 A tensão de entrada do conversor é constante e igual a 65 V, porém a tensão de saída depende da quantidade de baterias conectadas ao carregador. O caso mais extremo ocorre quando apenas uma bateria totalmente descarregada está conectada à saída [1]. Portanto a tensão para este caso é a mostrada em (5.19) e a razão cíclica é obtida em (5.20). Vbat1 min D Vbat1 min 10,5V . 10,5 65 D Vbus (5.19) 0,16 (5.20) Para este caso mais crítico, a corrente será máxima. A obtenção desta corrente é feita através da relação entre essa tensão mínima e a potência de saída do conversor. A corrente máxima é dada por (5.21). Po I batmax 350 10,5 I batmax Vbat1 min 33,3 A (5.21) A indutância de filtro L4 do conversor Buck é dada pela expressão (5.22). L4 Vbat1 min D' L4 I L4 f S 10,5 0,84 3,33 50 103 52,8 H . (5.22) Onde D ' é o complemento da razão cíclica D . 5.3.2. Dimensionamento do Interruptor S4 Os esforços necessários para especificar o interruptor são a tensão máxima reversa, bem como as correntes máxima e eficaz. VS4 max I S4 max I S4ef I L4 max I batmax VC4 max I L4 I L4 2 D 33,3 66,625V . 33,3 0,16 3,33 2 I S4ef (5.23) I S4 max 35 A. 13,4 A. (5.24) (5.25) Para o projeto, foi escolhido o interruptor do tipo MOSFET IRFP4710A, o mesmo utilizado no retificador Boost. 35 5.3.3. Dimensionamento do Diodo D4 Os esforços necessários para especificar o diodo são a tensão máxima reversa, bem como as correntes máxima e média. VD4 max I D4 max I L4 max I D4med I L4 VC4 max I L4 2 66,625V . 3,33 2 33,3 I L4 D' 33,3 0,84 (5.26) I D4 max I D4med 35 A. 28 A. (5.27) (5.28) São utilizados dois diodos Schottky MBR20100CT em paralelo, capazes de suportar toda a corrente média estipulada no projeto. Suas especificações podem ser vista na Tabela 5.8. Tabela 5.8 – Especificações do diodo do conversor Buck Tipo de diodo Schottky Referência (International Rectifier) MBR20100CT Tipo de encapsulamento TO-220 Máxima tensão reversa (VR) 100 V Corrente média máxima (IF) 20 A@85°C Máxima corrente de pico repetitiva (IFM) 40 A@25°C Resistência intrínseca (rav) 15,8 m Resistência térmica junção cápsula (RDjc) 2 °C/W Resistência térmica cápsula dissipador (RDcd) 0,5 °C/W Faixa de operação para temperatura de junção (TDj) -65 a 150 °C Queda de tensão em condução direta (Vf) 0,65 V@25°C 5.3.4. Dimensionamento do Capacitor C5 Os valores ideais obtidos para capacitor Buck, através de equacionamentos matemáticos, são mostrados a seguir. A capacitância de filtro é calculada para ondulação máxima de saída e é dada por: C5 I L4 8 fS Vo L4 3,33 18,6 F . 8 20 103 1,12 (5.29) A tensão máxima sobre o capacitor será máxima quando duas baterias carregadas estiverem ligadas em série na saída do carregador VC5 max Vo Vo 2 VC5 max 28 1,12 2 28,56V . (5.30) 36 Calculando as expressões (5.31) é possível encontrar o valor da corrente eficaz através do capacitor C5. I C5ef 1 TS DTS 0 I L4 D TS 2 t I L4 min I o max TS dt DTS I L4 I L4 t D' TS D' 2 I L4 min I o max dt 0,962 (5.31) A resistência série equivalente máxima permitida no capacitor é: Vo IL4 RC5 RC5 1,12 3,33 RC5 0,336 . (5.32) Foram utilizados capacitores eletrolíticos, cuja especificação é mostrada na Tabela 5.9 Tabela 5.9 – Especificações do capacitor de filtro do Buck Tipo de capacitor Eletrolítico Referência (Epcos) B41821 Capacitância (Celet5) 1000 µF Corrente eficaz 1,15 A Tensão máxima 35 V Resistência série equivalente (RCelet5) 0,23 A capacitância equivalente C5 obtida é dada por (5.33): C5 2 Celet 5 C5 2000 F . (5.33) A resistência série equivalente RC5 é dada por (5.34). RC5 RCelet5 2 RC5 0,23 2 0,115 . (5.34) 5.4. PROJETO DE CONTROLE 5.4.1. Controle da Corrente de Saída Io Para estabelecer um limite de corrente constante através das baterias, um compensador apropriado deve ser projetado. 5.4.1.1. Modelo Matemático A seguinte equação apresenta a função de transferência simplificada da variação da corrente no indutor como função da perturbação no ciclo de trabalho. 37 iL ( s) d ( s) Vi s L (5.35) Onde Vi é a tensão no barramento CC e L é a indutância do conversor Buck. Para determinar a função de transferência de laço aberto FTLA do sistema completo, os ganhos do modulador e do sensor de corrente devem ser inclusos, resultando em (5.36). Vi Fm s H i s s L FTMAio( s ) (5.36) Onde Fm(s) é o ganho da moduladora PWM dado pelo inverso da amplitude do dente de serra e Hi(s) é o ganho do sensor de corrente. A Figura 5.1 e Figura 5.2 mostram o diagrama de Bode do sistema. 100 FTMAio(s) Ganho (dB) 80 60 40 20 0 20 40 1 10 100 3 4 1 10 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.1 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Ganho). 0 FTMAio(s) Fase (°) 45 90 135 180 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.2 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Fase). 38 5.4.1.2. Projeto do Compensador Para compensar o sistema, um controlador PI foi usado. A Figura 5.3 mostra o circuito do controlador PI. Figura 5.3 – Circuito do controlador PI. A equação (5.37) seguinte mostra a função transferência do controlador PI. Vc ( s ) Va ( s) Ci ( s ) s R2 R1 1 R2 C2 s (5.37) Adotando a frequência de cruzamento como : fs 4 fc 12,5 kHz (5.38) O zero do compensador é alocado em metade da frequência de cruzamento. f z1 fc 2 6,25 kHz (5.39) As expressões que definem o ganho do compensador são dadas por (5.40) e (5.41): H 20 log FTMAio 2 fc H 0,917 dB. H K 10 20 K 1,111. (5.40) (5.41) O sistema de equações que foram usados para determinar os parâmetros do compensador pode ser visto abaixo. Um valor para R2 é definido e R1 e C2 são calculados a partir daí. C2 2 R1 1 f z1 R2 (5.42) R2 K (5.43) 39 A FTLA do sistema pode ser obtida a partir da expressão apresentada em (5.44). FTLAio s FTMAio s Ci s (5.44) O diagrama de Bode do sistema compensado e do compensador é mostrado na Figura 5.4 e na Figura 5.5. 180 FTLAio(s) Ci(s) Ganho (dB) 140 100 60 20 20 60 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.4 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Ganho). 45 FTLAio(s) Ci(s) Fase (°) 0 45 90 135 180 225 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.5 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Fase). Observa-se que a frequência de cruzamento ocorre com a curva de ganho apresentando um declive de -20 dB/década, uma margem de fase de 63,4° e margem de ganho infinita, mostrando que o sistema é estável. 5.4.2. Controle da Tensão de Saída Vo Este compensador foi projetado para limitar a tensão de saída no valor de flutuação de 13,5 V. Isto é necessário para operar em uma ampla faixa de velocidade do vento e para proteger a bateria contra sobretensão. 40 5.4.2.1. Modelo Matemático A equação seguinte mostra a função transferência do conversor Buck na malha de tensão, obtida no capítulo 3. Vo ( s) d (s) Vi 1 s Rc Co L Ro 1 s Rc Ro s2 1 Rc Co (5.45) L Co A função de transferência de malha aberta é mostrada na equação (5.46) abaixo. Vi 1 s Rco Co FTMAvo( s ) 1 s L Ro Rco Co s 2 Rco 1 Ro Fm s H vo s L Co (5.46) Onde Vi é a tensão no barramento CC, Co é a capacitância de filtro de saída e Rco é a sua resistência intrínseca, L é a indutância do conversor Buck, Ro é a resistência de carga, Hvo é o ganho de realimentação e Fm(s) é o ganho da moduladora PWM. A Figura 5.6 e Figura 5.7 mostram o diagrama de Bode da FTMAvo(s). 40 Ganho (dB) FTMAvo(s) 20 0 20 40 60 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.6 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Ganho). 41 45 FTMAvo(s) Fase (°) 0 45 90 135 180 1 10 3 100 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.7 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Fase). 5.4.2.2. Projeto do Compensador Para compensar o sistema, um controlador PID foi usado. O circuito é mostrado na Figura 5.8 e a sua função de transferência é dada pela expressão (5.47). Figura 5.8 – Topologia do compensador PID. Cv( s) Vc ( s) Va ( s) s R3 R1 1 R2 C2 s s s 1 R3 C3 R1 R2 R1 R2 C2 (5.47) A frequência de ressonância da planta é dada por (5.48). fo 2 1 L Co 503,3 Hz (5.48) A frequência de cruzamento adotada é: fc fs 4 12,5 kHz (5.49) Os zeros do compensador foram alocados em torno da frequência de ressonância da planta. 42 f z1 fz2 fo 503,3 Hz (5.50) Um dos pólos do compensador é alocado na origem para minimizar o erro estático e a frequência do outro pólo é ajustada para compensar o zero devido à resistência intrínseca do capacitor de saída. Portanto, esta frequência é alocada na frequência do zero da planta gerado por Rco. f p1 f p2 0 Hz. 1 Rco Co 2 (5.51) 692,0 Hz. (5.52) O ganho do compensador é dado por (5.53): H 20 log FTMAvo 2 fc H 21,01 dB. H K 10 20 K 11,236. (5.53) (5.54) O sistema de equações que foram usados para determinar os parâmetros do compensador pode ser visto abaixo. Um valor para R2 é definido e então os outros componentes são calculados a partir daí. C2 R1 1 f z1 R2 (5.55) R2 f p 2 R2 C2 1 (5.56) 2 2 R3 C3 K R1 2 1 f z 2 R3 (5.57) (5.58) A FTLA do sistema pode ser obtida a partir da expressão apresentada em (5.59). FTLAvo s FTMAvo s Cv s (5.59) O diagrama de Bode do sistema compensado e do compensador é mostrado na Figura 5.9 e Figura 5.10. Observa-se que a frequência de cruzamento ocorre com a curva de ganho apresentando um declive de -20 dB/década, uma margem de fase de 91,2° e margem de ganho infinita, mostrando que o sistema é estável. 43 60 FTLAvo(s) Cv(s) Ganho (dB) 40 20 0 20 40 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.9 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Ganho). 90 FTLAvo(s) Cv(s) 45 Fase (°) 0 45 90 135 180 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.10 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Fase). 5.4.3. Controle da Tensão de Entrada Vi Quando o sistema está operando no modo 3, o retificador Boost é controlado pelo algoritmo de MPPT, portanto o barramento CC precisa ser regulado pelo conversor Buck. 5.4.3.1. Modelo Matemático A função de transferência da planta a ser controlada, já modelada no capítulo 3, é dada pela expressão (5.60). Vi ( s ) d (s) s I o Rci s 2 1 D Vi s Ci Rci Io L 2 D Rci D2 s L L Ci (5.60) A função de transferência de malha aberta é mostrada na equação (5.61) abaixo. 44 s FTMAvi ( s ) I o Rci s 2 D Vi 1 s Ci Rci Io L 2 D Rci D2 s L L Ci (5.61) Fm s H vi s Onde Vi é a tensão no barramento CC, Ci é a capacitância do barramento e Rci é a sua resistência intrínseca, L é a indutância do conversor Buck, Io é a corrente média através do indutor, D é a razão cíclica, Hvo é o ganho de realimentação e Fm(s) é o ganho da moduladora PWM. O diagrama de Bode da FTMA pode ser visto na Figura 5.11 e Figura 5.12. 60 Ganho (dB) FTMAvi(s) 40 20 0 20 40 1 10 100 3 4 1 10 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.11 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s). 90 FTMAvi(s) Fase (°) 45 0 45 90 135 180 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.12 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s). 5.4.3.2. Projeto do Compensador Para compensar o sistema, um controlador PID foi usado. O circuito é mostrado na Figura 5.13 e a sua função de transferência é dada pela expressão (5.62). 45 Figura 5.13 – Circuito do compensador PID Cb( s ) Vc ( s ) Va ( s) 1 R2 C2 s R3 R1 s 1 R3 C3 s R1 R2 R1 R2 C2 s (5.62) A frequência de ressonância da planta pode ser vista na Figura 5.11 e é dada por (5.63). fo 77,5 Hz (5.63) A frequência de cruzamento é alocada em um valor bem baixo para que a ondulação da tensão no barramento não seja refletida de forma significativa para a bateria, assim: fc 10 Hz (5.64) Os zeros do compensador foram alocados em torno da frequência de ressonância da planta. f z1 fz2 fo 77,5 Hz (5.65) Um dos pólos do compensador é alocado na origem para minimizar o erro estático e a frequência do outro pólo é ajustada para compensar o zero devido à resistência intrínseca do banco capacitivo do barramento. Portanto, esta frequência é alocada na frequência do zero da planta gerado por Rci. f p1 f p2 2 0 Hz. 1 Ci Rci (5.66) 1247 Hz. (5.67) O ganho do compensador é obtido através de: H 20 log FTMAvi 2 fc K H K 10 20 K 0,176. 15,092 dB. (5.68) (5.69) 46 O sistema de equações que foram usados para determinar os parâmetros do compensador pode ser visto abaixo. Um valor para R2 é definido e então os outros componentes são calculados a partir daí. C2 R1 1 f z1 R2 (5.70) R2 f p 2 R2 C2 1 (5.71) 2 2 R3 C3 K R1 2 (5.72) 1 f z 2 R3 (5.73) A FTLA do sistema pode ser obtida a partir da expressão apresentada em (5.74). FTLAvi s FTMAvi s Cb s (5.74) O diagrama de Bode do sistema compensado e do compensador é mostrado na Figura 5.14 e Figura 5.15. Observa-se que a frequência de cruzamento ocorre com a curva de ganho apresentando um declive de -20 dB/década, uma margem de fase de 104,7° e margem de ganho infinita, mostrando que o sistema é estável. Ganho (dB) 20 FTLAvi(s) Cb(s) 0 20 40 60 1 10 100 3 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.14 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Ganho). 47 135 FTLAvi(s) Cb(s) Fase (°) 90 45 0 45 90 135 180 1 10 3 100 1 10 4 1 10 5 1 10 Frequência (Hz) Figura 5.15 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Fase). 5.4.4. Controle Digital do Vbus pelo Retificador Boost O retificador Boost é responsável pelo controle da tensão do barramento quando o conversor Buck está operando nas malhas de corrente ou tensão de saída. Este controle do barramento foi implementado em um microcontrolador PIC16F716 de baixo custo e consiste em um compensador PI. Como descrito em [18], o erro do sistema em um compensador PI é multiplicado por um ganho proporcional e, depois de integrado, é então multiplicado pelos ganhos integral e proporcional. tf u (t ) k p e(t ) k p ki e(t )dt (5.75) 0 Isto foi implementado digitalmente substituindo a integral pela soma dos erros e os ganhos Kp e Ki foram ajustados experimentalmente. 5.4.5. Algoritmo de MPPT Sensorless O ponto de máxima potência de uma turbina varia de acordo com a velocidade do vento. O algoritmo de MPPT permite extrair a máxima energia gerada pela turbina em diferentes condições de velocidade do vento. O arranjo do sistema MPPT está conectado ao retificador Boost. Através de um algoritmo de controle sobre os interruptores S1, S2 e S3, o ciclo de trabalho é modificado de modo a variar a potência extraída a partir turbina eólica, até que o produto da tensão e da corrente de saída do conversor seja máximo. No entanto, como a tensão nos terminais da bateria pode ser considerada constante durante duas amostras consecutivas, o algoritmo verifica apenas a variação da corrente. Enquanto isso, o conversor Buck 48 controla a tensão do barramento CC. Esse controle é feito continuamente pelo sistema sobre as condições de velocidade do vento nominal. A Figura 5.16 apresenta o algoritmo do método de controle MPPT proposto, chamado de perturba e observa (P&O), onde as informações sobre a velocidade do vento não são necessárias. Para buscar o ponto de operação de máxima potência e acompanhar este ponto a fim de reduzir o erro entre a potência de operação e a potência máxima, em caso de mudança da velocidade do vento, o controle do retificador Boost perturba periodicamente o ponto de operação da turbina eólica [15]. Ao adquirir a corrente de saída, o controle usa esta informação para aumentar ou diminuir o ciclo de trabalho do retificador Boost para alterar o ponto de operação da turbina. Após a perturbação, há um deslocamento do ponto de operação de (k-1) para (k). n i[k k n] i[ k iavg [0] iavg [1] D D n n 1] n 1 iavg [1] iavg [0] D D n 0? k 1 0? iavg [1] i[n] n 0 1 n D Figura 5.16 – Fluxograma do algoritmo de MPPT. Considerando a tensão de saída constante, a potência de saída muda proporcionalmente à variação da corrente de saída. Quatro casos de perturbação do ponto de operação são distintos: Se i(k)>i(k-1) e D>0, a potência incrementou depois da perturbação. Isto indica que a busca do MPP está orientada para a direção correta. Então, a busca do MPP continua na mesma direção e alcança o ponto de operação (k+1) pelo incremento do ciclo de trabalho de . Se i(k)<i(k-1) e D>0, a potência decrementou depois da perturbação. Isto indica que a busca do MPP está orientada para a direção errada. A direção da busca pelo MPP precisa ser mudada e o ciclo de trabalho é decrementado de operação (k+1). para atingir o ponto de 49 Se i(k)>i(k-1) e D<0, a potência incrementou depois da perturbação. Isto indica que a busca do MPP está orientada para a direção correta. Então, a busca do MPP precisa ser mantida e o ciclo é decrementado de para chegar ao ponto (k+1). Se i(k)<i(k-1) e D<0, a potência decrementou. Isto indica que a busca do MPP está orientada para a direção errada. A direção da busca pelo MPP precisa ser mudada e o ciclo de trabalho é incrementado de para atingir o ponto de operação (k+1). O filtro de média móvel foi usado para eliminar o ruído proveniente do sensor de corrente. O vetor i[n] é carregado com os k últimos valores amostrados. Depois disto, uma média é calculada e o resultado é armazenado em iavg[1]. Um novo valor de i[k] é amostrado, o vetor i[n] é deslocado para a esquerda, a amostra mais antiga é descartada e uma nova média é então calculada iavg[1]. 5.5. PROTEÇÃO CONTRA SOBREVELOCIDADE A proteção de sobrevelocidade foi implementada usando um simples divisor resistivo e alguns diodos. Um pequeno sinal de tensão proporcional à tensão de linha é enviado para o canal AD do microcontrolador. Pode-se estimar a velocidade da turbina através da amplitude deste sinal. Se a velocidade da turbina exceder o máximo, os interruptores do retificador Boost são curto-circuitados, frenando rapidamente a turbina. Os interruptores foram especificados considerando o stress de corrente nesta situação. 5.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O dimensionamento dos componentes dos conversores foi apresentado neste capítulo. Os semicondutores foram especificados a partir dos esforços de tensão e corrente calculados e simulados, além da observação de característica como resistência intrínseca e tensão de limiar. A quantidade de capacitores foi especificada para suportar a corrente eficaz calculada e garantir uma resistência equivalente mínima, evitando ondulações de tensão elevadas. Os indutores também foram projetados de forma a suportar a corrente máxima de projeto e manter a ondulação de corrente no nível desejado. 50 Ainda neste capítulo, foi apresentado o projeto dos compensadores do sistema de controle. Seus respectivos diagramas de Bode foram traçados para que se pudesse compreender melhor a dinâmica de cada planta a ser compensada. Por fim, foi apresentado o algoritmo de MPPT proposto, analisando suas características e princípio de funcionamento. 51 CAPÍTULO 6 RESULTADOS EXPERIMENTAIS Alguns testes foram realizados a fim de verificar as características de operação do conversor. O sistema de controle é responsável por controlar a corrente do indutor, a tensão de saída e a tensão do barramento, de acordo com três modos de operação. Os resultados destes três modos são apresentados a seguir. 6.1. MODO 1: MALHA DE TENSÃO Neste teste, a tensão do barramento é Vbus = 65 V. A Figura 6.1 mostra as formas de onda para saída conectada a uma bateria, enquanto a Figura 6.2 para duas baterias em série. Figura 6.1 - Forma de onda do conversor Buck Figura 6.2 - Forma de onda do conversor Buck operando no modo 1 para uma bateria na saída. operando no modo 1 para duas baterias na saída. (Tensão de saída – 10V/div – canal 1) (Tensão de saída – 10V/div – canal 1) (Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2) (Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2) (Corrente através do indutor – 10A/div – canal 3) (Corrente através do indutor – 5A/div – canal 3) No canal 1, pode-se observar a forma de onda da tensão de saída. As tensões médias são Vout = 14,3 V e Vout = 28,1 V. No canal 2, as formas de onda de tensão sobre o interruptor do conversor Buck são mostradas e possuem 65 V de amplitude. As correntes através do indutor do conversor Buck podem ser vistas no canal 3, tendo como valores médios 13,7 A e 11,4 A, respectivamente. Pode-se perceber a presença de uma baixa ondulação, o que é recomendado para carregamento de baterias. 52 6.2. MODO 2: MALHA DE CORRENTE O teste foi feito para uma tensão de 65 V no barramento CC. As formas de onda da tensão de saída e da tensão sobre o interruptor do Buck são mostradas nos canais 1 e 2 da Figura 6.3 para uma bateria conectada na saída e da Figura 6.4 para duas em série. As correntes através do indutor do conversor Buck podem ser vistas no canal 3, tendo como valores médios 26,8 A e 12,9 A, respectivamente. Os valores de limitação adotados estão abaixo dos valores máximos considerados no projeto, para que a potência de saída não ultrapasse a máxima. Figura 6.3 – Forma de onda do conversor Buck Figura 6.4 – Forma de onda do conversor Buck operando no modo 2 para uma bateria na saída. operando no modo 2 para duas baterias na saída. (Tensão de saída – 10V/div – canal 1) (Tensão de saída – 10V/div – canal 1) (Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2) (Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2) (Corrente através do indutor – 10A/div – canal 3) (Corrente através do indutor – 5A/div – canal 3) Figura 6.5 – Forma de onda do conversor Boost. Figura 6.6 – Corrente e tensão em um interruptor (Corrente de fase – 10A/div – canal 1) do conversor Boost. (Tensão de fase – 50V/div – canal 2) (Corrente no interruptor – 10A/div – canal 1) (Tensão nos interruptores – 50V/div – canal 4) (Tensão no interruptor – 50V/div – canal 4) A Figura 6.5 mostra a corrente de fase, a tensão de fase e a tensão em um dos interruptores do conversor Boost. 53 A corrente e a tensão em um dos interruptores do conversor Boost são mostradas nos canais 1 e 4, respectivamente, na Figura 6.6. Neste teste, a tensão de saída é 13,8 V, a corrente de saída é 16 A, a tensão de fase é 32,8 V e a tensão do barramento é 56,7 V. A THD medida foi de 19,5% e fator de potência foi de 0,98. Mesmo que os 25 A de pico de corrente no interruptor do conversor Boost causem maiores perdas por condução, a operação no modo descontínuo garante baixas perdas por chaveamento no interruptor. 6.3. MODO 3: MPPT No teste mostrado na Figura 6.7, a tensão de entrada de linha mudou instantaneamente de VLL = 4 V para VLL = 15 V, com a potência de entrada mudando de 9 W para 108 W. A tensão do barramento CC, a corrente no indutor do conversor Buck e a corrente de fase são mostrados nos canais 1, 3 e 4, respectivamente. Além disso, ela mostra a boa regulação da tensão do barramento obtida pelo conversor Buck. A Figura 6.8 é similar à Figura 6.7, mas, desta vez, com a tensão de linha mudando de volta ao valor inicial anterior, ou seja, de 15 V para 4 V e de 108 W para 9 W. Figura 6.7 – Forma de onda do modo 3 Figura 6.8 – Forma de onda do modo 3 ( VLL aumentando). ( VLL diminuindo). (Tensão do barramento – 20V/div – canal 1) (Tensão do barramento – 20V/div – canal 1) (Corrente através do indutor –10A/div–canal 3) (Corrente através do indutor –10A/div–canal 3) (Corrente de fase – 20A/div – canal 4) (Corrente de fase – 20A/div – canal 4) Estes testes mostram que o sistema é capaz de manter a tensão do barramento constante, mesmo quando ocorrem grandes mudanças na velocidade da turbina eólica. 54 No teste mostrado na Figura 6.9, um degrau negativo de carga foi aplicado na saída do conversor Buck mantendo a mesma velocidade do vento. No primeiro momento (t0), a corrente de saída medida foi de 6,288 A e tensão de saída foi de 19,731 V. No segundo momento, a corrente de saída foi de 3,499 A e tensão de saída foi 36,567 V. Apesar da mudança de carga, a potência permaneceu aproximadamente constante no ponto de máxima potência, que passou de 124,1 W para 127,9 W, como pode ser visto na Tabela 6.1. Esse comportamento valida o algoritmo MPPT proposto. Tabela 6.1 – Valores de saída de corrente, tensão e potência antes e depois do degrau de carga. t0 t1 Corrente de saída 6,288 A 3,499 A Tensão de saída 19,731 V 36,567 V Potência de saída 124,1 W 127,9 W Figura 6.9 – Degrau negativo de carga. (Tensão de saída – 5V/div – canal 1) (Corrente de saída – 5A/div – canal 4) 6.4. TRANSIÇÃO ENTRE OS MODOS Pode-se observar uma transição do modo 1 para o modo 2 na Figura 6.10, mostrando a transição entre uma condição de limitação da tensão de saída e uma condição de limitação da corrente máxima de saída. Enquanto que na Figura 6.11 observa-se uma transição do modo 2 para o modo 1, similar à anterior, mas iniciando em uma condição de limitação da corrente de saída e terminando em uma condição de limitação da tensão de saída. Estes testes foram feitos utilizando uma tensão do barramento de Vbus = 65 V. A tensão do barramento CC e a tensão de saída são mostradas nos canais 1 e 2, respectivamente. No canal 3, pode-se observar a corrente através do indutor do conversor Buck. 55 Figura 6.10 – Transição do modo 1 para o 2. Figura 6.11 – Transição do modo 2 para o 1. (Tensão do barramento – 20V/div – canal 1) (Tensão do barramento – 20V/div – canal 1) (Tensão de saída – 5V/div – canal 2) (Tensão de saída – 5V/div – canal 2) (Corrente através do indutor –10A/div–canal 3) (Corrente através do indutor –10A/div–canal 3) É importante notar que estas transições representam o efeito da mudança de carga na saída e que o conversor Boost pode manter uma boa regulação da tensão do barramento mesmo em mudanças bruscas. 6.5. PROTEÇÃO CONTRA CURTO-CIRCUITO NA SAÍDA Para garantir a robustez do sistema, foi realizado um teste de curto-circuito na saída. A Figura 6.12 mostra os resultados experimentais do teste. Neste experimento, a tensão da linha era igual a VLL = 36 V. Figura 6.12 – Formas de onda do teste de curto-circuito. (Tensão de saída – 20 V/div – canal 1) (Tensão do barramento – 50 V/div – canal 2) (Corrente através da bateria – 10 A/div – canal 3) (Corrente de fase – 5 A/div – canal 4) A tensão de saída, a tensão do barramento CC, a corrente através da bateria e a corrente de fase são mostrados nos canais 1, 2, 3 e 4, respectivamente. 56 A Figura 6.13 mostra a foto do protótipo desenvolvido e a Figura 6.14 apresenta o package final do sistema, mostrando seu reduzido volume. Figura 6.13 – Foto do protótipo desenvolvido. Figura 6.14 – Package final do protótipo. 6.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram apresentados e discutidos, neste capítulo, os resultados experimentais do protótipo desenvolvido. As principais formas de onda em cada modo de operação e em situações diversas foram mostradas. Pode-se verificar a similaridade entre os resultados obtidos e os calculados e simulados nos capítulos anteriores, essenciais para comprovar e validar o estudo realizado. 57 CAPÍTULO 7 CUSTO DE MATÉRIA PRIMA A Tabela 7.1 mostra o custo dos principais componentes usados no projeto. Tabela 7.1 – Estimativa do custo de manufatura. Quantidade Componente Descrição 3 SB5100 1 ACS712 2 MBR20100CT 3 B32232 10 B41851 2 B41821 1 PIC16F716 1 LF347NE4-ND 1 KA3525 3 KOOL MU 1808 1 KOOL MU 5528 4 IRFP4710PBF-ND 2 1N4733A 3 1N4739A 1 KA7805 Diode Schottky 5A/100V Hall Effect-Based Linear Current Sensor 30A Schottky Barrier Rectifier 20 A/100 V Metallized Polyester Film Capacitor 6.8uF Aluminum Electrolytic Capacitor 220uF/100 V Aluminum Electrolytic Capacitor 1000uF/35 V 14-Pin, 8-Bit Flash Microcontroller JFET-INPUT Quad Operational Amplifier IC Controller PWM SMPS 16-DIP Magnetics NEE 18/08/05 Magnetics NEE 55/28/21 MOSFET N-CH 72A/100V Diode ZENER 5.1V 1W Diode ZENER 9.1V 1W Voltage Regulator 5V 1 6 KA7812 BC337 4 B32653 2 8 BC327 1N4148 3 UVR1E100MDD1TD 1 KOOL MU 1306 1 HCF4053BEY - Resistors Voltage Regulator 12V NPN Silicon Planar Transistor Polypropylene Capacitor 470nF/400V PNP Silicon Planar Transistor High-speed diode Aluminum Electrolytic Capacitor 10uF/25 V Magnetics NEE 13/06/06 2-Channel analog multip./demultip. - - Others Capacitors - Valores obtidos por Volume Preço Unitário (US$) Total (US$) Ciber Electronica 100,000 0.200 0.600 Digikey 100,000 1.550 1.550 Ciber Electronica 100,000 0.500 1.000 Digikey 100,000 1.270 3.810 Ciber Electronica 100,000 0.300 3.000 Emege 100,000 0.270 0.540 Microchip 5,000 0.840 0.840 Mouser Electronics 2,000 0.209 0.209 Digikey 100,000 0.266 0.266 Magnetics 100,000 0.210 0.630 Magnetics 100,000 1.280 1.280 Digikey 100,000 1.370 5.480 Farnell Uk 1,000 0.024 0.048 Farnell Uk 1,000 0.024 0.071 Mouser Electronics 2,000 0.129 0.129 Mouser Electronics Farnell Uk 1,000 1,000 0.123 0.013 0.123 0.076 Mouser Electronics 10,000 0.397 1.588 Farnell Uk Farnell Uk 1,000 1,000 0.013 0.006 0.025 0.044 Mouser Electronics 40,000 0.017 0.051 Thornton 100,000 0.061 0.061 Digikey 2,500 0.143 0.143 - - 0.500 0.500 - - 0.400 0.400 TOTAL (US$) 22.464 58 CONCLUSÃO GERAL Neste trabalho, foi apresentado um carregador de baterias composto por dois conversores estáticos associados, tendo como fonte primária de energia um gerador eólio-elétrico. Foi feita uma breve revisão bibliográfica, apresentando as topologias clássicas aplicadas à geração eólica de pequeno porte e suas principais características. A partir das necessidades encontradas nestas topologias, como a ausência de transferência de potência para baixas velocidades do vento ou a necessidade de um barramento de tensão de saída elevado, foi proposto um sistema capaz de suprir esses pontos, além de apresentar uma série de características positivas para a aplicação. Os testes em laboratório mostraram que este conversor pode processar a potência requerida com alto rendimento, alto fator de potência e baixo THD de corrente, o que incrementa a eficiência do sistema. O circuito permite controlar a tensão e corrente na bateria, permitindo o desenvolvimento de uma boa estratégia de controle e evitando sobretensão e sobrecarga da bateria. O retificador Boost permite operar em uma ampla faixa de velocidades do vento, até mesmo em baixas velocidades, permite que o sistema não necessite de cargas de emergência para proteger a turbina eólica contra rajadas de vento (acima de 12,5 m/s), como as topologias convencionais requerem. O sistema pode operar com tensões de saída de 12 V ou 24 V, através da ação do microcontrolador. O package do sistema funciona como um dissipador dos semicondutores do conversor. Assim, ele é naturalmente resfriado. Os modos de operação podem ser identificados pelo usuário através dos leds de interface. A transferência da máxima potência disponível no vento foi feita por um algoritmo de MPPT sensorless do tipo P&O implementado no retificador Boost. Foi proposto um método de controle otimizado, onde o conhecimento prévio da curva de máxima potencia da turbina eólica e a medida da velocidade do vento não são requeridos. A única informação necessária é o valor da corrente de saída. Apesar das várias qualidades aqui apresentadas, algumas melhorias ainda necessitam ser implementadas. Portanto, como proposta de trabalhos futuros, sugere-se: Implementar todo o sistema de controle de forma discreta, para que seja possível aumentar e consequentemente, melhorar o desempenho dinâmico do sistema. 59 Implementar um controle de tensão do barramento com referencia variável. Para baixas velocidades do vento, a referência do compensador seria decrementada, diminuindo o ganho estático e assim, reduzindo as perdas totais do sistema. A pesquisa realizada durante o período de execução do projeto foi detalhada qualitativamente neste relatório de modo a garantir a consistência do tema proposto. Durante o projeto, foram desenvolvidas as análises qualitativas e quantitativas, bem como a implementação do protótipo experimental. 60 PATENTE, PUBLICAÇÕES E PRÊMIOS OBTIDOS Em função das informações obtidas pelas análises e ensaios do protótipo, o trabalho teve aceitação em grandes congressos nacionais, tais como CBENS 2008 (Congresso Brasileiro de Energia Solar 2008) e COBEP 2009 (Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência 2009) e internacionais como IECON 2009 (35th Annual Conference of the IEEE Industrial Electronics Society) e APEC 2009 (The 2009 Applied Power Electronics Conference and Exposition - Washington, D.C. – EUA). Além disso, o protótipo recebeu o prêmio “INNOVATIVE TECHNICAL APPROACH AWARD”, concedido pelo IEEE, o que ressalta a característica inovadora do mesmo. Além de ter sido congratulado com o primeiro lugar do Prêmio Santander de Ciência e de Inovação 2009 na categoria Indústria e com o Prêmio Geração Inova 2009, concedidos pelo grupo Santander e pela Coelce, respectivamente. E ainda, mais recentemente, o projeto foi parte integrante da proposta contemplada com o primeiro lugar na XXIV edição do Prêmio Jovem Cientista realizado pelo CNPq em parceria com a Fundação Roberto Marinho e com a Gerdau. Foi feito o pedido de depósito de patente no INPI e espera-se, com a pesquisa desenvolvida, a viabilização do uso extensivo de sistemas aerogeradores de pequeno porte para geração distribuída. Além do ganho ambiental, a comercialização de tais sistemas é uma ótima oportunidade para indústria nacional e para geração de empregos no país. 61 REFERÊNCIAS [1] Oliveira Filho, H. M., “Conversor Estático de Três Estágios para Carregamento de Baterias a partir de Sistemas Eólicos”, Universidade federal do Ceará – UFC, 2010, 165p. 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