Síntese. - História da Cultura e das Artes / História da
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Síntese. - História da Cultura e das Artes / História da
IDADE MÉDIA (400 – 1400) Surge o Cristianismo, dois momentos de culto público importantes: Ofício Divino e Eucaristia Aparecimento do Canto Gregoriano (monodia num contexto religioso) Na Gália (atual França): surge fusão do Canto Romano Antigo com o Canto Galicano Por volta do século VIII Estilos de execução: antifonal, responsorial e direto Desenvolvimento da Notação Musical Notação neumática (neumas que indicam os contornos melódicos e não a duração das notas) Por volta do século IX Notação diastemática (neumas em torno de linhas) Por volta do século XI Guido d´Arezzo Sistematiza o tetragrama (neumas em torno de quatro linhas), inventa o nome das notas (solmização) e cria um sistema de hexacordes, autor de Micrologus e Prologo in antiphonarium, escritos durante o século XI. Música modal - Modos Eclesiásticos Oito modos eclesiásticos (Protus, Deuterus, Tritus e Tretardus): quatro modos autênticos (Ré, Mi, Fá e Sol) e quatro modos plagais (uma quarta abaixo - Lá, Si, Dó, Ré) Três elementos importantes: a Finalis, a nota final; o Tenor (tuba, repercussio), a nota melódica principal, uma espécie de dominante; e o Ambitus (âmbito), extensão, normalmente de uma oitava, mas eventualmente acrescida de uma nota inferior e de duas notas superiores. Monodia de um contexto religioso para um contexto profano Contexto profano – movimento trovadoresco (capacidade musicar poesias): trovadores (Norte de França, na langue d´oc) e troveiros (Sul de França, langue d´´oil) Temática: amor cortês Aparecimento da Polifonia num contexto religioso Organum primitivo (século IX) Organum Livre (século XI) Organum melismático (século XII) Escola de Notre-Dame Paris (França), centro importante do século XII ao XIV Ars Antiqua (polifonia do século XIII) e Ars Nova (polifonia do século XIV) Ars Antiqua Géneros: organum, conductus e motete Compositores mais importantes: Leónin (c.1159-1201) e Perótin (c.1170-c.1236) Ars Nova Géneros: missa, motete e as formas profana (rondeau, ballade e o virelai) Compositores mais importante: Guillaume de Machaut (autor a primeira missa polifónica – a Missa de Notre-Dame) e Phillipe de Vitry (autor do tratado Ars Nova Musicae) Inovações rítmicas: isorritmia (Talea e Color) e hoquetus Ars Nova Italiana Géneros: madrigal, Caccia e a Ballata Principais compositores: Jacopo da Bolonha, Giovanni da Cascia, Piero di Firenze e, mais tarde, Francesco Landini Trovadores (finais do século XI), troveiros (finais do século XII) Novo sistema de notação musical: notação mensural Notação mensural (valores mensurais das notas) Músicos da Escola de Notre-Dame: seis modos rítmicos Ars Antiqua: Johannes de Garlandia (c.1190-1272), com a sua obra De mensurabile musica (c.1240), e Fanco de Colónia (c.1215-c.1270), com a sua obra Ars cantus mensurabilis (c.1280) – criam os primeiros valores mensurais (máxima, longa, breve e semibreve) Ars Nova: Philippe de Vitry, no seu tratado Ars Nova musicae, acrescenta a mínima e a semínima; surgem também os primeiros sinais de mensuração Século XIII e XIV Renascimento Principais compositores (1400 -1600) 1400 – Mudanças de pensamento (humanismo, descobrimentos geográficos, etc.) 1600 – Novo pensamento, na música começa a surgir um novo estilo, baseado na recuperação da tragédia grega (monodia) Motete (composição sacra de forma livre, em latim, sobre textos da Bíblia ou da Liturgia Missa (missa cíclica, missa de paródia) Géneros nacionais: madrigal em Itália, a chanson em França, o lied na Alemanha e o vilancico em Portugal. Géneros Aspetos importantes John Dunstable (c.1390-1453) Guillaume Dufay (c.1400-c.1474) Johannes Ockeghem (c.1425-1497) Josquin des Près (1440-1521) Giovanni da Palestrina (c.1525-1594) Em Veneza, a Igreja de S. Marcos era o principal centro musical. A música destinava-se a ocasiões solenes e festivas. Aqui ocorre a utilização de coros divididos, com função dialógica (coro spezzato). Surgimento da imprensa musical: a primeira coletânea de peças polifónicas (Harmonice Musices Odhecaton – “Cem canções de música polifónica”) impressa com carateres móveis, em Veneza, em 1501, por Otaviano de Petrucci. Frases musicais adequadas à respiração, com especial interesse pela utilização de melodias simples, mas também de formas e proporções simples. Maior atenção dada à expressão, tentando ajustar-se as vozes umas às outras. Procura de uma plenitude da harmonia. A polifonia torna-se cada vez mais elaborada, explorando-se até à exaustão o estilo imitativo. Aos sons estáticos de quinta e oitava é acrescentada a suavidade das terceiras e sextas. Afirmação progressiva do acorde perfeito (tríade) e das cadências harmónicas clássicas (perfeita, plagal, interrompida). Música modal, mas com uma progressiva tendência para a tonalidade; é no Renascimento que se efetua a transição do sistema modal para o tonal. A música instrumental desenvolve-se amplamente neste período e os instrumentos musicais desenvolvem-se por famílias, surgindo também os primeiros tratados. Surge a notação mensural branca. Principal teórico: Gioseffo Zarlino. Acontecimentos Reforma Protestante (Martinho Lutero) – corais luteranos Contra-Reforma – Giovanni da Palestrina (Missa Papa Marcelli, 1562/1563) BARROCO (1600-1750) Princípios importantes 1600 – Primeiras experiências com a ópera. 1750 – Morte de Bach Aparecimento da ópera Opera Séria e Opera Buffa Primazia de Itália. Valorização dos afetos, dos sentimentos e paixões humanas, mas de uma forma estilizada e genérica (diferente do romantismo). Introdução da harmonia maior-menor - Rameau, Traité de l´harmonie (1722, Paris), onde considerou o acorde o elemento fundamental da música; postulou a construção de acorde de 7ª, 9ª e 11ª; reconheceu a identidade de um acorde em todas as suas inversões; definiu os acordes de tónica, dominante e subdominante como pilares da tonalidade, etc. Valorização da monodia acompanhada: recuperar a monodia da Antiguidade. Advento do baixo-contínuo: sustentação harmónica, improvisada ao cravo ou no órgão, muitas vezes unido a um instrumento de arco (normalmente, a viola da gamba), que tocava apenas a linha fundamental do baixo; era caracterizado pela presença de números que indicavam as harmonias pretendidas (baixo cifrado). Cláudio Monteverdi (1567-1643) – em 1590 é contratado pelo duque Vincenzo Gongaza (Mântua), depois, em 1613, torna-se mestre da Basílica de S. Marcos, em Veneza, cidade em que permanece até à morte – compõe 9 livros de madrigais e as óperas L´Orfeo (1607), Arianna (1608), Il Ritorno di Ulisse in Patria (1640) e L´incoronazzione di Poppea (1642). No Quinto Libro dei Madrigali (1605) Monteverdi faz uma diferenciação estilística entre “primeira prática”, associada à arte polifónica vocal e ao contraponto (a música domina o texto), e “segunda prática”, relacionada com a arte moderna que estava emergir, mais livre, um novo estilo (o texto domina a música). Principais antecedentes da ópera: intermedi (interlúdios de carácter bucólico, alegórico ou mitológico representados entre os atos de uma peça teatral, com cenários, diálogo, pantomima e música (coros, solistas, conjuntos instrumentais); as comédias de madrigalescas ou ciclos de madrigais (sucessão de madrigais, normalmente com uma intriga cómica simples, não se destinavam a uma representação em cena, estando destinados ao entretenimento). Itália Tragédia grega como modelo - Girolamo Mei (1519-1594), erudito florentino, editou uma série de tragédias gregas e fez uma minuciosa investigação sobre a música grega. Entre 1562 e 1573 estudou, no original grego, quase todas as obras da antiguidade sobre música que haviam subsistido e apresentou o resultado dessas pesquisa num tratado em quatro livros, De modis musicis antiquorum, escrito Finais do século XVI, em Florença entre 1568 e 1573. Girola Mei defendia que as tragédias gregas eram totalmente cantadas (incluindo as falas dos cantores), quer a solo com acompanhamento, quer pelo coro. Era uma música que tinha o poder de afetar os sentimentos do ouvinte. Camerata Florentina: conjunto de intelectuais (poetas, escritores, músicos, etc,), que se reuniam em Florença, no palácio de Giovanni de Bardi, onde falavam e literatura, ciência e onde se executava a nova música. (recuperar a tragédia grega; a monodia acompanhada). Girolamo Mei era um assíduo correspondente de Giovanni de Bardi e de Vincenzo Galilei (1533-1591), pelo que a sua informação foi decisiva para o interesse da Camerata pela redescoberta do drama musical da Grécia Antiga. Vincenzo Galilei publica o Dialogo della musica antica e della moderna (1581, Florença), dedicado a Bardi, onde critica o contraponto vocal, defendendo que o modo correto de musicar um texto é utilizar uma melodia a solo. Recuperar a tragédia grega – primeiras tentativas (drama per musica): Dafne (1597, Florença) com texto de Ottavio Rinuccini (1562-1621) e música de Jacopo Peri (1561-1633). Euridice (1600, Florença), por ocasião do casamento de Maria de Médicis com o rei frances Henrique IV, com texto de Rinuccini e música de Peri e Giulio Caccini (1545-1618). Roma – Emilio deCavalieri (c.1550-1602) levou à cena, em 1600, em Roma, a peça musical sacra La Rappresentatione di anima et di corpo, um longo espetáculo dramático inteiramente musical. Surge o stile recitativo (grande influência de Peri): criar uma canção falada semelhante à Antiguidade, com uma linha vocal monódica, com acompanhamento de acordes, feito a partir de uma linha de baixo-cifrado, efetuada num instrumento harmónico (cravo ou alaúde). Orfeo de Monteverdi (1607, Mântua, na casa dos Gonzaga) – com recitativos, árias a solo, duetos, danças, números orquestrais; apresenta uma abertura instrumental, prólogo e vários atos; orquestra grande e variada, com os instrumentos sempre especificados na partitura; ritornelo antes do início de cada ato (unidade). Três grandes centros de ópera: Veneza (Francesco Cavalli e Antonio Cesti), Roma (A. Stradella) e Nápoles. Compositores importantes da ópera napolitana (finais do século XVII): Emergiram dois tipos de recitativo (o texto tem uma grande importância, enquanto a música tem uma função de sustentação harmónica): o recitativo simples (mais tarde, designado por seco), acompanhado por um único instrumento (durante muito tempo, o cravo), e o recitativo acompanhado, apoiado pela orquestra. Alessandro Scarlatti (1660-1725) – Abertura Italiana (rápido, lento, rápido), Aria da Cappo (A B A´) – em consequência da repetição, a ária da capo é uma forma antidramática, pois não permite a continuidade da ação (o contrário do recitativo). Nos intervalos da ópera série ocorriam os intemezzi, episódios cómicos, com temas retirados da Commedia del´Arte. G. B. Pergolesi (1710-1736) – compôs o intermezzo La Serva Padrona, em 1733, para a ópera Il Prigionier Superbo, considerada a primeira ópera buffa. França Jean Baptiste Lully (1632-1687) – géneros: o ballet de cour, a comédie-ballet (em colaboração com Moliére) e a tragédie lyrique (em colaboração com Quinault) e a ópera-ballet (finais do séculp XVII). Tragédie lyrique: estilo de ópera nacional francesa; exemplos: Cadmus et Hermione, Alceste (1674), Thésée (1675), Persée (1682) e Armide (686). Lully estabeleceu a abertura francesa (lento, rápido, lento) – a abertura era uma peça instrumental de introdução à ópera e a outras obras de grandes dimensões, mas também podia ser uma peça independente, por vezes, o andamento inicial de uma suite, sonata ou concerto. Jean Philippe Rameau (1683-1764) – continuador da tragédie lyrique – afastase de Lully e aproxima-se do estilo italiano de ópera, o que origina uma guerra musical entre lullistas e ramistas. Outra guerra musical: a chamada Querelle des Boufons (1752), desencadeada pela apresentação de La Serva Padrona, de Pergolesi – dois grupos: um a favor de Rameau e de um estilo de ópera francesa (nacionalistas, tradicionalistas e contra o estilo burlesco e cómico da ópera buffa, muito associada à burguesia), outro opondo-se a Rameau (como Rousseau, apoiante do estilo italiano), ao considerar o estilo francês demasiado pesado e monótono, apoiando a ópera buffa italiana e representando a vanguarda. Inglaterra Henry Purcell (1659-1695), ópera Dido and Aeneas (1691) G. F. Haendel (1685-1759) – ópera italiana em Inglaterra Alemanha H. Schutz, ópera Dafne (1627) Música vocal Oratória – surge a partir de 1640; composição para solistas, coro e orquestra, existe um libreto e um narrador; existe a oratória latina (em latim, sobre textos da Bíblia, mais propriamente do Antigo Testamento, embora transformados), sobretudo com o compositor Giacomo Carissimi (1605-1674), e a oratória em vernáculo (em língua vernácula, com textos de inspiração bíblica, mas não necessariamente bíblicos), onde se destaca Alessandro Stradella (1644-1682), mas o expoente máximo é G. F. Haendel, que compõe oratórias italianas, mas são de destacar as suas oratórias inglesas, sobretudo O Messias, estreada em Dublin, em 1742. Paixão – o tema é sempre a história bíblica da Paixão de Cristo; o narrador é o Evangelhista, segundo o texto do Evangelho que se escolheu; compositores - Heinrich Schutz, Telemann, J. S. Bach (Paixão segundo S. Mateus e Paixão segundo S. João). Cantata – peça vocal com acompanhamento instrumental, de tipo narrativo, mas sem ação dramática; sucessão de recitativos, árias, coros e ritornelos instrumentais, podendo ter mais do que um solista; o seu tema é tanto religioso como profano. Compositores – Carisimi, Scarlatti, Schutz e J. S. Bach (Bach compôs 5 ciclos anuais de cantatas, cada um com 59 cantatas). Música instrumental Principais formas solistas: 1. Fuga: peça polifónica vocal ou instrumental, em que se alternam exposições (quando todas as vozes expõem uma vez o tema na sua forma integral; secções de estrito contraponto) e episódios ou pontes (partes mais livres de contraponto); é comum a fuga aparecer na secção central da abertura francesa, nos andamentos rápidos da sonata de igreja e também no concerto grosso; de destacar O Cravo bem Temperado de J. S. Bach. 2. Sonata: a sonata da camera (ordem de andamentos rápido, lento, rápido, lento) e a sonata da chiesa (ordem de andamentos lento, rápido, lento, rápido), em que os andamentos tem geralmente uma estrutura bipartida, ambas repetidas. Quanto à instrumentação, ambas as sonatas eram sonatas em trio, com duas vozes superiores (normalmente os violinos) e uma voz de contínuo executado por um baixo e pelo cravo. 3. Suite: sucessão de quatro danças - allemande, courante, sarabande e guige, codificada por Froberger, normalmente de forma bipartida). Formas orquestrais: 1. Suite orquestral: conjunto de danças para orquestra, como as 4 suites orquestrais de J. S. Bach ou a Música Aquática de Haendel. 2. Concerto: o concerto grosso (12 Concerti Grossi, 1714, de Arcangello Corelli, e os 6 Concertos Brandeburgueses de Bach, 1721), com alternância entre o tutti (ou ripieno) e o concertino (ou soli, ou seja, um grupo de solistas); e o concerto de solista (final do século XVII), sobretudo com Antonio Vivaldi (1678-1741), que sistematiza o esquema do concerto em três andamentos (rápido, lento, rápido), mas também com J. S. Bach (16 concertos para cravo ou órgão, 2 concertos para violino e orquestra, etc.) e G. F. Handel (concertos para órgão) – três andamentos, em que os dois andamentos extremos possuíam uma forma de ritornelo (tutti com o tema ou parte dele alterna com partes do solista, modulantes). Compositores barrocos Claudio Monteverdi (1557-1643) Heinrich Scutz (1585-1672) Jean Baptiste Lully (1632-1687) Arcangelo Corelli (1653-1713) Henry Purcell (1659-1695) Alessandro Scarlatti (1660-1713) António Vivaldi (1678-1741) George Philip Telemann (1681-1767) Jean-Philippe Rameau (1683-1764) Domenico Scarlatti (1685-1757) Johann Sebastian Bach (1685-1750) George Friedrich Handel (1685-1759) CLASSICISMO Principais características (1750-1830) 1750 – Morte de J. S. Bach Ópera no Classicismo 1830 – Nova onda de revoluções liberais por toda a Europa (França, Bélgica, Holanda, Portugal, etc.) Estabelecimento dos princípios da harmonia, abandonando-se o contraponto e a polifonia contrapontística. Emergir do Piano: maiores possibilidades rítmicas e dinâmicas do que o cravo. Padronização da Orquestra – Orquestra de Manheim, onde sobressai J. Stamitz (1717-1757). Surgimento da chamada Primeira Escola de Viena (Viena a capital do império austro-húngaro e um privilegiado centro sócio-cultural) – estilo vienense como modelo: Joseph Haydn (1732-1809), Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e Ludwig van Beethoven (1770-1827). Época da música de câmara: trios e quartetos com piano; trios, quartetos e quintetos de cordas. A ópera séria como género barroco extingue-se no Classicismo – predominou de c.1720-1780 Reforma da ópera de C. W. Gluck (1714-1787): reforma a ópera séria italiana, com as óperas Orfeo ed Euridice (1762) e Alceste (1767), mas também a tragédie lyrique francesa, com Ephigénie en Aulide (1774), Alceste (1776), Armide (1777), entre outras. Ópera buffa – afasta-se dos temas heroicos e mitológicos da ópera séria; a opera buffa apresenta episódios e personagens familiares, tem um carácter burguês; os temas são retirados da vida quotidiana (cómicos, sentimentais e comovedores); desaparece o interesse pelos castratti, abandona-se o excesso de ornamentação vocal, procurando-se um maior compreensão do texto e um equilíbrio entre música e drama. Em França surge nesta época a ópera comique, em Inglaterra a ballad opera e na Alemanha o singspiel Beethoven compôs uma ópera, Fidélio (1805), mas é W. A. Mozart o maior expoente deste género – compôs óperas sérias (como Il Pastore, 1775, Indomeneo, re di Creta, 1781, e La Clemenza di Tito, 1791), óperas buffas (em colaboração com o libretista Lorenzo da Ponte – As Bodas de Fígaro (1786), D. Giovanni (1787) e Cosi fan Tutte (1790); e singspiel, como o Rapto de Seralho (1782) e A Flauta Mágica (1791). Alternância entre recitativos, árias, canções e números de conjunto. A importância do finale: os finais alongam-se, onde aparecem todas as personagens a cantar em conjunto. Forma-sonata Comum nos primeiros andamentos de todas as formas instrumentais clássicas (sinfonia, concerto, sonata e quarteto), até mesmo na abertura da ópera. Aparecimento da forma-sonata: estrutura formal tripartida, constituída por três partes: Exposição: apresentação dos temas, o primeiro grupo temático na tonalidade principal e o segundo grupo temático (pode existir uma ponte modulante entre ambos), secundário, contrastante e num novo plano tonal (pode ocorrer a introdução de novo material motívico) Desenvolvimento: exploração e transformação dos temas apresentados, com grande diversidade harmónica Reexposição: nova apresentação dos dois temas, ambos na tónica (no fim, pode existir uma coda, a conclusão) Sonata clássica Sinfonia clássica Composição instrumental com 3 ou 4 andamentos: 1. Primeiro andamento: rápido e dramático, em forma-sonata, por vezes com uma introdução lenta 2. Segundo andamento: lento e lírico, estruturado como forma lied ou como tema em variações; pode encontrar-se na tonalidade menor ou maior homónima, na dominante, no relativo, etc. 3. Terceiro andamento: na tonalidade principal; é um minuete (sempre tripartido), a partir de Beethoven um scherzo; este andamento pode não existir 4. Quarto andamento: finale, andamento rápido, normalmente na tonalidade principal; em forma Rondó ou em forma-sonata Haydn compôs 31 sonatas, Mozart 43 sonatas para violino e piano e 19 para piano solo, e Beethoven compôs 32 sonatas para piano. No período barroco, o termo “sinfonia” designava geralmente a abertura italiana em três andamentos (rápido, lento, rápido). Género cultivado por G. B. Sammartini, J. C. Bach, C. P. E. Bach, J. Stamitiz, Haydn, Mozar e Beethoven Quatro andamentos: o primeiro andamento rápido (em forma-sonata), o segundo lento (normalmente tema com variações), o terceiro um minuete e trio, e o quatro andamento rápido (rondó, forma-sonata ou rondó-sonata). ROMANTISMO Características gerais (1830-1914) 1830 - Nova onda de revoluções liberais por toda a Europa (França, Bélgica, Holanda, Portugal, etc.) 1914 - Início da I Guerra Mundial, mas ocorre também a passagem de Schoenberg para o atonalismo O Lied Afastando-se das ideias clássicas de ordem, equilíbrio e perfeição, o romantismo procura a busca do inatingível, o afastamento do mundo concreto e evidencia os sentimentos e as emoções. Ocorre uma passagem para um público burguês, numeroso, diversificado e pouco preparado. O artista virtuoso, que procura inspiração em si próprio. O nacionalismo e o historicismo. Música programática: grande ligação entre a música e a palavra; os compositores embora incluindo um “programa” nas suas obras, associando a música instrumental a assuntos poéticos, descritivos ou mesmo narrativos, ultrapassa esse programa. Auge do piano. Nacionalismo: Rússia: Mikhail Glinka (1804-1857), Grupo dos Cinco – Mily Balakirev (1836-1910), Alexander Borodin (1833-1887), César Cui (1835-1918), Modest Musorgsky (1839-1881) e Nicolai Rimsky-Korsakov (18441908) República Checa: Bedrich Smetana (1824-1884) e Antonín Dvorak (1841-1904) Finlândia: Jean Sibelius (1865-1957) Género musical característico do século XIX. Canção estrófica simples, que se cantava em casa, normalmente com acompanhamento de piano ou guitarra. A música exprime totalmente o conteúdo do poema escolhido. O piano desempenha um papel tão importante como a voz, ilustrando e intensificando o senti do poema, tal como a voz. Formas musicais do Lied: lied estrófico simples (a mesma música para todas as estrofes); lied estrófico variado (a melodia e o acompanhamento mudam em determinadas estrofes); lied desenvolvido (melodia e acompanhamento sempre novos). Principais compositores de Lieder: 1. Franz Schubert (1797-1828) – compôs mais de 600 lieder, destacando-se o lied Gretchen am Spinnrade (Gretchen e a roda-de-fiar, 1814), com poema de Goethe; dois ciclos de Lieder, sobre poemas de W. Muller: Die schöne Müllerin (A Bela Moleira, 1823) e Winterreise (A Viagem de Inverno, 1827). A obra Schwanengesang (O Canto do Cisne, 1828) foi posteriormente publicada como um ciclo, sobre 7 poemas 2. 3. Música instrumental 1. 2. 3. 4. Ópera do século XIX de Rellstab e 6 poemas de Heine. Robert Schumann (1810-1856) – os seus melhores lieder são canções de amor; em 1840 (ano em que casou com Clara Wieck) produziu mais de 100 Lieder, entre os quais os dois ciclos Dichterliebe (O Amor do Poeta) e Frauenliebe und Leben (Amor e Vida de uma Mulher). Johannes Brahms (1833-1897) – escreveu lieder ao longo de toda a sua vida. Música para piano: O piano adquire enorme popularidade. Compositores: Franz Scubert, Robert Schumann, Johannes Brahms, Felix Mendelssohn (1809-1847), Fréderic Chopin (1810-1849), Franz Liszt (1811-1896). Música de câmara: Franz Scubert, Robert Schumann, Felix Mendelssohn, Johannes Brahms, César Franck (1822-1890). Música orquestral: sinfonias - Franz Schubert, Robert Schumann, Felix Mendelssohn, Hector Berlioz (18031869), César Franck, Antonín Dvorak (1841-1904). Poema Sinfónico: música programática – principal compositor: Franz Liszt (treze poemas sinfónicos). Itália Ópera italiana: adquire um novo esplendor no século XIX. Giacchino Rossini (1792-1868) – sobretudo a ópera O Barbeiro de Sevilha (Roma, 1816). Geração seguinte: Gaetano Donizetti (1797-1848), Vincenzo Bellini (1801-1835), mas sobretudo Giuseppe Verdi (1813-1901), destacando-se Rigoletto (1851, Veneza), Il trovatore (1853, Roma), La Traviatta (1853, Veneza) e Aida (1870). Verismo italiano (realismo, naturalismo, afastado da – Giacomo Puccini (1858-1924) – destacando-se La Bohéme (1896, Turin), Tosca (1900), Madame Butterfly (1904, Milão). França Géneros operáticos: grand opéra, opéra comique (Georges Bizrt - Carmen, 1875, Paris), drame lyrique, operette (Jacques Offenbach). Alemanha Karl Maria von Weber (1786-1826) O drama musical de Richard Wagner (1813-1883): a ópera como drama musical e como uma obra de arte total (todas as artes conjugadas de forma inovadora); Wagner utiliza o leitmotiv (“motivo condutor” - um tema musical associado a uma determinada pessoa, objeto ou ideia) para dar continuidade. Óperas: Rienzi (1842), Der fliegende Hollander (1843), Tannhauser (1845), Lohengrin (1850), Tristão e Isolda (1857-1859), Die Meistersinger von Nurnberg (1862-1867), Parsifal (1882), mas sobretudo o ciclo de 4 obras dramáticas Der Ring des Nibelungen (O Anel do Nibelungo), completo em 1874 e composto por Das Rheingold (O Ouro do Reno), Die Walkure (A Valquíria), Siegfried e Die Gotterdammerung (O Crepúsculo dos Deuses). Viragem do século Hugo Wolf (1860-1903); Gustav Mahler (1860-1911), autor de 9 sinfonias e de 5 ciclos de canções, entre os quais A Canção da Terra (1809); Richard Strauss (1864-1945), que escreveu poemas sinfónicos (Morte e Transfiguração, Assim falou Zaratrusta, etc.), sinfonias programáticas (Sinfonia domestica, Sinfonia dos Alpes, etc.), óperas, como Salomé e Elektra. Impressionismo (pintura, quadro Impression, soleil levant de Monet – pintura ao ar livre, jogos de luz e de sombras, retirar as “impressões” de um ambiente ou de uma atmosfera): Claude Debussy (1862-1918) – Prélude à l´aprés midi d´un Faune (1892-1894), ópera Pelléas et Mélisande (1892-1902), o bailado Jeux (1911), etc. Maurice Ravel (1875-1937), com Jeux d´eaux (1901) e o bailado Daphins et Chloé (1909-1912). Movimento anti-impressionismo: Jean Cocteau no campo literário e no campo musical Erik Satie (18661925), com destaque para as 3 Gymnopédies (1888) para piano. SÉCULO XX Diversidade de tendências musicais Século da NOVA MÚSICA – século da pluralidade de estilos. 1. Impressionismo e Expressionismo 2. Música minimalista (pós-modernismo) 3. Atonalismo (rutura com as convenções do sistema tonal) e Dodecafonismo (organização dos doze sons cromáticos numa determinada posição) – Segunda Escola de Viena: Arnold Schoenberg (1874-1951), Alban Berg (1885-1935) e Anton Webern (1883-1945) 4. Bitonalidade – Bela Bartók (1881-1945) 5. Igor Stravinsky (1882-1971) – Pássaro de Fogo (1910), Petrusca (1911), A Sagração da Primavera (1913), As Bodas (1916-1917), o bailado Pulcinella (1920), a ópera A Carreira de um libertino (1951), entre outras obras. 6. Grupo dos Seis: Germaine Tailleferre, Georges Auric, Louis Durey, Arthur Honegger, Darius Milhaud e Francis Poulenc. 7. Música de Vanguarda: Música concreta – Pierre Schaeffer Música aleatória - John Cage Olivier Messiaen (1908-1992) Música eletrónica Advento da música ligeira