Capítulo XIII
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Capítulo XIII
Capítulo XIII O Fotógrafo amador Desde muito cedo - talv ez desde os doze ou treze anos – a fotografia tem sido para mim um entretenimento apaixonante. Quando falo em fotografia refiro-me a todas as suas v ertentes, desde fotografar a revelar, copiar e ampliar. Cheguei mesmo a montar em casa um laboratório equipado com um ampliador Meopta, de origem checoslovaca e de grande qualidade, mas tiv e de parar, porque constatei que, ao fim de algum tempo lá fechado, começav a a sentir a garganta irritada e a tossir. Certamente por efeito da v olatilização dos químicos usados na revelação das películas. A minha primeira câmara foi uma Zeiss Contina. Com ela comecei a fazer fotografias e a ganhar uns tostões, em pequenas reportagens dos jogos de voleibol em que meu irmão participav a e se disputavam na Escola Eugénio dos Santos, no Bairro de Alvalade. Deia ao meu filho que a guarda com muito carinho como faz a tudo o que provém do pai ou dos av ós. A minha velhinha máquina Zeiss Contina No Banco onde sempre trabalhei, o BESCL, havia bons fotógrafos amadores. Além das activ idades desportivas, o Grupo Desportiv o do Banco promov eu, durante vários anos, concursos de fotografia que chegaram a ter projecção internacional. No âmbito nacional, além dessas exposições de fotografia, realizaram-se concursos de artes plásticas a expensas do Banco. As exposições tinham lugar na Sede do Sindicato dos Bancários e para as inaugurações era conv idado o Ministro da tutela. À época era da praxe… Para mim, no âmbito do Banco, Santos Silva era o melhor de todos os nossos fotógrafos. Era membro de uma Associação Internacional de Fotógrafos Amadores e, com regularidade, integrava júris nacionais e internacionais. Eu queria concorrer, mas era muito inexperiente. Apesar de ser um menino e ele ser empregado de carteira, com muitos anos de casa, dispensav a-me muita atenção, numa matéria que eu pretendia conhecer e sobre a mesma desenv olver aptidão técnica. Pedi-lhe que me ensinasse e disponibilizou-se. Acho que me apreciav a e parecia ter por mim um certo carinho. Fomos muitas v ezes juntos, de manhã cedo, para a Ribeira e para Alfama, onde me ensinou a escolher a melhor planificação e estrutura para uma boa fotografia. Fui algumas v ezes a sua casa, no princípio da Estrada do Desv io, ao Lumiar, para dele recolher mais ensinamentos, particularmente no que dizia respeito às técnicas laboratoriais. 370 Demonstrou ser um bom amigo e até me ajudou a escolher algumas das minhas fotografias, quando comecei a concorrer. É claro que podiam ser boas fotografias para mim e não o serem para outros. É, obv iamente, muito subjectiv o. Mas não dev iam ser assim tão más, já que me permitiram ganhar alguns pequenos prémios, em v ários concursos em que participei. Mais tarde, já sem os conselhos do Santos Silv a, ganhei a minha independência e concorri a vários certames. O gosto que tenho pela fotografia não se resume ao acto de fotografar e apreciar o boneco obtido, gosto igualmente de apreciar os trabalhos dos outros. Adoro boas fotografias. Neblina no Tejo Degraus para o Alto Uma refeição bem ribeirinha Geometria 371 Uma ajudinha Lobo do mar em embrião Firmes nos remos O tricot do pescador 372 Abstracção Que Deus vos acompanhe 373 As duas mais premiadas… Um raio de luz Que rico solinho E esta com um prémio especial ... Esta foto foi obtida em 1961 quando estive na tropa em Tavira. Com ela ganhei uma menção honrosa num concurso da Câmara Municipal de Faro. Foi-me comprada pelo SNI para fazer parte dos seus catálogos de divulgação turística do Algarve. 374 Mas há mais. Aquelas que ninguém v iu, porque nunca foram expostas. Vamos v er. Estendal em Alfama A caminho do descanso Espreitando o sol Dois planos Uma jogatana bem guardada 375 E agora as mais recentes, a cores. São poucas. Ainda não as baptizei. São o “bonito” que os meus olhos v êem. Será que volto a ter paciência para ir procurar o que fotografar ? Vamos v er. Prometo. Valerá a pena? 376 377 Claro que vale a pena, como dirá quem, apreciando o Poeta, complete a sua emblemática frase. 378