reportagem sobre o novo Distrito Federal
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reportagem sobre o novo Distrito Federal
g>?> A N 4 , 9\\Q X^ • / • ; • reportagem sobre o novo Jexa d a j ' f r a . JÁôni&i Prado Mandei jwVfoldurada . ^ ^ f l H H K t c i r í a s da arquitetura c Oscar Niemeyèr. Distrito Federal ^??^WI•^i*••f, ü ^ ^ — 5 * ArH.Í^C IMPRESSA E EDITADA POR BLOCH EDITARES S. A . N. 4 1 9 • RIO DE JANEIRO, L L . 4 "' 3 0 DE ABRIL DE 1960 • ANO 8 Conversa com o leitor Sumário NOVA ERA: BRASÍLIA 6 MAGALHÃES PINTO: PACIÊNCIA SALVOU A UDN 28 POSTO DE ESCUTA 30 RUBEM BRAGA 33 JACINTO DE THORMES EM BRASÍLIA 34 O BRASIL EM MANCHETE 36 HENRIQUE PONCETTI 41 BRASIL, CAPITAL BRASÍLIA 42 MARTA GARCIA JA Ê HISTÓRIA 52 PAULO MENDES CAMPOS 53 JUSCELINO, CIDADÃO BENEMÉRITO DO RIO 54 FERNANDO SABINO 56 NOTICIAS QUE VALEM MANCHETE 59 Dl CAVALCANTI E O CANDANGO 60 O ROMANCE POLÍTICO DE BRASÍLIA 62 O SUPREMO ATRAI TURISTAS 70 NOITES DE LUAR NO PLANALTO 72 NIEMEYER: POEMA EM CONCRETO-ARMADO 80 O POVO NAS RUAS 82 HELENA SANGIRARDI 85 CARNAVAL DO ADEUS 86 O MUNDO EM MANCHETE 90 CLAUDIUS 92 NOSSA CAPA: Sra. Mónica Prado Mendes (Foto de Gervásio Batista) ITO anos atrás, a 26 de abril, surgia o primeiro número d e MANCHETE, com a promessa de tornar-se uma revista do Brasil para o inundo. Os irmãos' Bloch foram os seus idealizadores e Henrique Pongetti o seu primeiro diretor. Naqueles dias de 1952, tinha apenas 40 páginas mas já contava a atualidade em vibrantes reportagens. De então para cá, o ritmo dinâmico que tem impulsionado a imprensa brasileira exigiu para MANCHETE a construção de um moderno parque gráfico, que, hoje, se estende por mais de 50 mil metros quadrados, em Parada de Lucas. Nossos objetivos, porém, ainda são mais amplos. Dentro de três meses começaremos a imprimir 32 páginas em cores nas novas rotativas eletrônicas que estão O ir |II4«» ]«*• «r|«it4(«a Miam OITO ANOS ATRÁS Eram apenas 40 páginas. . . sendo montadas. Ao mesmo tempo, passaremos a dispor de uma fábrica própria de tintas de impressão — a "Blocolor" —, o que nos possibilitará tiragens de 500 mil exemplares diários. MANCHETE poderá, assim, atingir os mais distantes pontos do País e do estrangeiro. A promessa do primeiro editorial está, portanto, sendo cumprida: uma revista do Brasil para o mundo. Esta semana, ao festejarmos o oitavo aniversário, homenageamos uma das maiores conquistas da nossa história: a transferência da Capital para Brasília. É uma reportagem que retrata a ousada realização nacional às vésperas da sua inauguração — no momento exato em que ela passará a figurar perante o mundo como Capital dos Estados Unidos do Brasil. Em nossa próxima edição, uma equipe de dez fotógrafos e cinco repórteres contará tudo sobre as cerimônias da inaugração. E, numa edição extra, a de Brasília — autêntica vitória do otimismo —, será apresentada desde a primeira missa rezada no planalto até a recepção presidencial no Palácio da Alvorada. J. M. PRESIDENTE : ADOLPHO BLOCH • DIRETOR : OSCAR BLOCH SIGELMANN * DIRETOR RESPONSÁVEL: NELSON ALVES * DIRETOR: JUSTINO MARTINS * ASSISTENTES : LEONARDO BLOCH E PEDRO JACK KAPELIER * CHEFE DE REDAÇÃO | DANIEL CAETANO * CHEFE DE REPORTAGEM . ARNALDO NISKIER * REDAÇÃO : RAIMUNDO MAGALHÃES JÚNIOR, MURILO MELO FILHO, GASPARINO DAMATA, NEY BIANCHI, RONALDO BÔSCOLI, ZEVI GHIVELDER, SILVA NETO E FAtTSTO WOLFF * REVISÃO: JORGE GAZINEO, EUCLÉCIO FACÃDIO E SYLVIO CRUZ OLIVEIRA * COLABORADORES : HENRIQUE PONGETTI, FERNANDO SABINO, PAULO MENDES CAMPOS, RUBEM BRAGA, JACINTO DE THORMES, LEON ELIACHAR, HELENA SANGIRARDI, ALBERTO SHATOWSKY, VERAMOR E CLAUDIUS * FOTÓGRAFOS i CHEFE: NICOLAU DREI. REPÓRTERES: GERVÁSIO BATISTA, JADER NEVES. JANKIEL GONCZAROWSKA, CARLOS KERR, GIL PINHEIRO, VICTOR GOMES, FELISBERTO ROGÉRIO, JOSÉ AVELINO • LABORATÓRIO | CHEFE : JUVENIL DE SOUZA. AUXILIARES : TOLENTINO GOMES, MOACYR e">MES * ARTE : WILSON PASSOS, FERNANDO MAURÍCIO, PAULO TAVARES * ARQUIVO . ARON VAISMAN * PRODUÇÃO : NELSON SAMPAIO, ORIARD T. GUIMARÃES * CIRCULAÇÃO : JOSÉ ARTHUR C. NOYA * SUCURSAL DE SAO PAULO : WALTER BOUZAN, IVO BARRETTI, GERALDO MORI * CORRESPONDENTES NO BRASIL : AMAZONAS : PHELIPE DAOU ; PARA : OSWALDO MENDES | CEARA: JOSÉ RAIMUNDO COSTA; PERNAMBUCO : ALEXANDRINO ROCHA; ALAGOAS: L.R. PAIVA LIMA; BAHIA : GUILHERME SIMÕES; M I N A S . MARCELO C. TAVARES; ESPIRITO SANTO | SETEMBRINO PELISSARI ; PARANÁ : FERNANDO PESSOA ; RIO GRANDE DO SUL : ERNO SCHNEIDER ; PARAÍBA : LINDUARTE NORONHA • CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS : PARIS : MICHEL PIERRE ; ROMA : ANTÔNIO DE TEFFÉ ; LISBOA : FANOR CUMPLIDO JR-; LONDRES: JOAQUIM FERREIRA; TÓQUIO: IRASHAI MASSÉ ; BUENOS AIRES . EMÍLIO PE- RINA; MONTEVIDÉU : RADECK BALCARCEL; CARACAS . JOSÉ QUIROGA ; MADRI : EDILBER TO COUTINHO * DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE : DIRETOR : DIRCEU TORRES NASCIMENTO; ASSISTENTE : FRANCISCO AUGUSTO NASCI- MENTO. SAO PAULO: DÉCIO CORRÊA DA SILVA. SYLVIO TOSE * REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO : RUA FREI CANECA, 511. TELS : 32-4353 E 32 0300. RIO DE JANEIRO. BUREAU DE SAO PAULO : RUA BARÃO DE ITAPETININGA, 255, SALA 801, TEL TODO O 36-9998. DISTRIBUIÇÃO PARA BRASIL : DISTRIBUIDORA ITDA. RUA DO SENADO, 192-A - IMPRENSA TEL. 22 8817 7 B*P> A N , fr{Q X^..Q. € H C L> 4-^ NOVA BRASÍLIA Reportagem de JSicolau Orei, Gerváno Batista, Jáder Weves, Jankièl e Gil Pinheiro F IZ o que me cumpria. Estou dando a noiva pronta, limpinha, de véu e grinalda... O Brasil já pode casar com ela. . . Quem diz risonhamente estas palavras, às vésperas da inauguração da nova Capital Federal, é um homem que, há quatro anos, surpreendeu a Nação, renunciando à sua cadeira de representante de Minas Gerais no Congresso, para se exilar voluntariamente no planalto goiano, região em que, na época, não havia senão a natureza selvagem, a solidão dos desertos. Com o mesmo vigor dos primeiros dias, embora mais encanecido, em razão das lutas que travou para tirar uma cidade do nada, Asse homem vê agora o coroamento dos seus esforços com uma satisfação perfeitamente compreensível . Admirável comandante de um grande exército de trabalhadores, alcançou o objetivo visado. Presidente da Novacap e, agora, Prefeito do novo Distrito Federol, o construtor de Brasília não perdeu o bom-humor: — Esta cidade estava prometida ao País desde 1 6 9 1 . . . Já era tempo para o casamento, não acha ? O namoro, de tão longo, começara a ficar escandaloso. . . Soo . -. ntensa vibração estas horas da semana inaugural. Tudo é festa em Brasília. Por onde passa o Sr. Israel > correm pessoas a abraçá-lo. Uns o cumprimentam efusivamente pela tarefa que lhe coube realizar, por delegação do Prasídente Jusc ífino Kubitschek de Oliveira. Outros lhe apresentam congratulações por sua nomeação para o cargo Prefeito do novo Distrito Federal. A opinião geral sobre a escolha pode ser resumida pelo comentário de um dos bravos candangos' <fVHt o ajudaram a construir Brasília: — Não podia ser outro.. . Sá se quisessem fazer o homem ficar com vergonha toda vez que se encontrasse com o Dr. Israel. . •m SEGUE •Mi r to x^ t o.tr.:,*GL.4yi- $ BRASÍLIA De toda parte chegam milhares de carros para o m IhJt UMA NUVEM DE POEIRA sobe para o céu do planalto, q'ue sai da calma em que viveu durante séculos e se integra na vida ativa da Nação. Pelas estradas abertas através de milhares de quilômetros, brasileiros de todas as idades chegam para testemunhar a inauguração da nova Capital brasileira. £P) Aj4 , ?)\0 X 9 . O.ES\i £ CHEIOS DE ANSIEDADE, parlamentares e funcionários descem de aviões, ônibus e automóveis. Todo mundo quer ver o colosso. Pelas ruas se estendem restaurantes e cafés com suas mesas ao sol. A população de Brasília vai formando desde já o hábito de flanar despreocupadamente pelas calçadas. £>?) AM, PHO X^.O. tS\i «CL - 4 / ^ p ^ BRASÍLIA Cinematografistas do mundo inteiro disputam os EDIFÍCIO do Congresso visto de helicóptero. O prato virado para cima é a Câmara dos Deputados, e, o outro, o Senado. Há salas também no subsolo. que fosse escolhido pareceria uma usurpação. Sendo êle, só se OUTRO pode dizer que o homem certo foi chamado a ocupar o lugar certo. Na verdade, o que muda é o título da função, que continuará a desempenhar com o mesmo afã, para fazer de Brasília o monumento de arte e de progresso que, embora ainda em elaboração, pelo seu arrojo assombra o mundo e entusiasma os brasileiros que a paixão partidária não cegou. Mesmo os mais descrentes da capacidade do nosso povo. A ofensiva desfechada em todas as frentes de trabalho nos poucos dias imediatamente anteriores à mudança da Capital foi, em Brasília, qualquer coisa de épico. Nem uma hora, nem um minuto perdido. Andando de obra em obra numa inspeção geral, o Sr. Israel Pinheiro verificava pessoalmente falhas e atrasos. Distribuía ordens enérgicas, trocava impressões com engenheiros, fazia ativar trabalhos urgentes, procurando obter vantagens na corrida contra o tempo. As explicações se multiplicavam. Aqueles andaimes ? Iam ser retirados logo à noite. O revestimento de mármore do Museu de Brasília ? Faltavam apenas alguns blocos, que seriam colocados antes das seis horas. Quantos homens completavam os arremates, pintura, vidraças, limpeza e arrumação do mobiliário do Palácio do Planalto ? 700 operários, distribuídos em turmas. O passeio, em frente, em mosaicos brancos e pretos. Havia um pequeno atraso, que a duplicação do número de operários procuraria recuperar. Quando as explicações não satisfaziam, a voz do chefe se fazia ouvir. Oferecia sugestões, dava conselhos, rebatia argumentos. E as palavras logo se transformavam em ação. Libertos dos andaimes, os grandes edifícios, em sua maioria, já podiam ser admirados na plenitude de sua beleza. A toalete da noiva, para usar da expressão do Sr. Israel Pinheiro, era a preocupação dominante. Para isso, entraram em vigor muitas proibições. Havia como que um "On ne passe pas" geral. Não se podia entrar no Palácio do Congresso, nem no Palácio do Planalto. Nem no Palácio da Alvorada. Nem no Palácio do Supremo Tribunal Federal. Brasília fervilha de jornalistas, de técnicos de cinema, de rádio e de televisão, assim como de visitantes, chegados do estrangeiro e de todos os Estados do Brasil. Se todos tivessem livre acesso não só perturbariam o trabalho, como deixariam por toda parte, em tapetes ainda virgens e em alvos pisos de mármore, recém-lavados, a marca de suas pegadas, em barro vermelho. A curiosidade geral teve de ser refreada. As exceções foram raras. Só conseguimos percorrer todas as dependências do Palácio do Planalto, onde a mobília começara a ser colocada, sob a condição de fazè-lo sem sapatos, só de meias, como se entrássemos num templo oriental. Dois homens, de peça em peça, moviam um aspirador de pó como nunca vimos antes (100 kg). No último andar, numa falsa estufa (envidraçada) mas a céu aberto), o jardim acabara de ser plantado. Embaixo, um caminhão descarregava ainda potes com begônias, antúrios e outras plantas ornamentais. Duzentos quilos de flores estavam chegando (o percurso Rio-Brasília fora coberto de avião) para a ornamentação do novo Catete, local da recepção oficial. Desse carregamento floral constavam 400 orquídeas. Uma corbelha de noiva como poucas. Brasília é um formigueiro, regurgitante de homens e máquinas. Nas largas avenidas, *í)u]I-dozersw e caminhões-tanques, carros-guindastes e escavadeiras mecânicas, rolos-compressores e ônibus, jipes e peruas cruzam-se com carros de todas as marchas, num vaivém incessante, durante o dia e durante a noite. O tráfego se torna de instante a instante mais intenso : a cada minuto entram em Brasília veículos e mais veículos, vindos tanto de lugares próximos como de paragens remotas. Imensos caminhões de empresas de mudanças estacionam à porta de blocos dos conjuntos residenciais : mobílias de ministros, congressistas e altos funcionários acabam de chegar. No centro comercial, passa de descarga aberta um velho Ford, carregado de inscrições, algumas coloridas. Traz a estranha caranguejola uma placa da Colômbia. E' um modelo de 1929. Chama-se "Jeam n e '' e já rodou 26 mil quilômetros, numa excursão de dois jornalistas colombianos, Karis Abril e José Mendoza Urdiales, através do Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Brasil. Ao lado desse carro quase pré-histórico, presente à inauguração de Brasília, pára um automóvel de aluguel com placa do Ceará! O chofer fez mais de 2.800 quilômetros para alcançar a nova Capital. Surgem barulhentamente pelas ruas veículos de propaganda de produtos industriais: camionetas novíssimas de uma empresa carioca de café moído e verdadeira frota de uma cervejaria paulista. Setenta ônibus com placas do Rio engrossaram ainda mais o tráfego de Brasília, na segunda-feira, 18, além de dezenas de outros, contratados em São Paulo, Belo Horizonte e Goiânia, alinhados nas ruas à espera da ocasião em que irão auxiliar o movimento durante as festas inaugurais. Chegam também 350 automóveis de aluguel (dos quais 60 são do tijo JK, da Fábrica Nacional de Motores), colocados à disposição dos convidados. Um grupo de trabalho do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, sob a chefia geral do Dr. Marcelo Rangel Pestana, assistido pelo Dr. Henrique Árias Rodrigues e mais 25 auxiliares, ficou com a incumbência de distribuir as linhas de transportes de emergência, para facilidade do deslocamento do povo para as várias solenidades. Um setor do referido serviço, sob a direção do engenheiro Abel Figueiredo, estará pela primeira vez no Brasil operando em transportes de passageiros, por meio de rádio, processo até aqui só utilizado em patrulhas policiais e em ambulâncias. Sete camionetas radiequipadas atendem aos chamados do aeroporto, transportando rapidamente os convidados que não dispõem de condução. Em Brasília, tudo foi planejado em escala gigantesca. E mesmo as pequenas distâncias são ali grandes demais para serem vencidas a pé. Pletórica como se encontra, sem plano de circulação bem ordenado, muita gente, por falta de transporte, teria que voltar do aeroporto, limitando-se a ver a nova Capital à distância .. . Outro agudo problema equacionado foi o da hospedagem dos convidados para as festas inaugurais. O Brasília Palace Hotel ficou inteiramente reservado nestes dias festivos, para os embaixadores, ministros, cardeais e convidados especiais do Governo. Outros convidados foram hospedados nos novos hotéis que ora estão sendo instalados. SEGUE as» mÊÊ i . $ W~ \3P) A M . f t f O ^ O . 6£l', A C L - ^ p * ) dos parlamentares e demais (inclusive turistas que seguiram OS para a nova Capital por iniciativa própria) DEPOIS DO TRABALHO DURO, OS OPERÁRIOS SE «EÚNEM EM GRUPOS DE CONVERSA PARA UM RÁPIDO DESCANSO foram acomodados em apartamentos vazios de blocos residenciais e de casas cujos moradores definitivos ainda não chegaram a Brasília. Algumas dessas casas, com sala e três quartos, passsaram a abrigar, às vezes, vinte a trinta pessoas. Nove a dez camas de emergência ocupam a área de uma sala de visitas, agora dormitório de homens, no conjunto da Caixa Econômica, ao lado do bairro comercial. Calcula-se que a população de Brasília terá quadruplicado, entre quinta-feira e domingo, com o aíluxo de tantos visitantes. O tráfego aéreo se intensificou de tal forma que apenas uma das várias companhias nacionais a Real, está fazendo 11 viagens diárias entre o Rio e Brasília, com os aviões inteiramente lotados. A Panair tirou todos os seus aviões das linhas do exterior, para, esta semana, se limitar ao tráfego entre as Capitais dos Estados e a nova Capital Federal. O Brasília Palace Hotel, que tomou a deliberação de não aceitar hóspedes por mais de 3 dias (depois de 72 horas desocupa os aposentos para atender a novos candidatos), tem todos os seus aposentos sob reserva até 15 de maio. Aliás, às vésperas da mudança, fez uma revisão de seus preços, adotando nova tabela: apartamentos de superluxo, Cr$ 3.000,00 por dia, incluído café da manhã (até 4 pessoas); apartamentos de luxo, Cr$ 2.000,00 por dia (até 2 pessoas); outros apartamentos, Cr$ 1.600,00 por dia (até 2) e C r | 1.200,00 (uma só pessoa). Aproveitando-se da escassez de habitações no período das festas inaugurais, apareceram em Brasília vendedores de "trailers" e de veículos a motor adaptados para servir como casas de emergência. Despertou grande curiosidade um tipo de camioneta, provida de lavatório, mesa, espelho, armário e cama para casal (dando até para três pessoas, segundo o eloqüente vendedor) e, ainda, com um toldo, ou varanda, de lona armada em suportes metálicos. Tinha ainda, à parte, uma armação para banheiro ou vestuário. Colocada estrategicamente nas proximidades do Brasília Palace Hotel, onde muitos em vão tentavam obter hospedagem, a camioneta com cama fez um grande sucesso. Preço: Cr$ 700.000,00. Pouco mais de oito meses de permanência num apartamento de superluxo. E o dono poderia, ainda, variar a paisagem, rodando ora para cá, ora para l á . . . • • * - O senhor é jornalista ? Quem nos fêz a pergunta não cabia em si do espanto que lhe causara a chegada, a um dos blocos residenciais, de uma senhora que, no seu entender, era a mais velha de todas as pessoas residentes em Brasília. - Não acha que é uma história para MANCHETE ? - perguntou. - Eu cheio que é . . . Imagine o senhor : tenho 45 anos e, no entanto, na minha família, achavam tolice eu vir com minha gente para Brasília. Era uma espécie de realejo : "Deixa isso para lá . . . E* coisa para gente moça . .." Pois bem : chegou aí uma senhora que tem a insignificância de 90 anos de idade . . . - Quem é ? - D. Josefina... Olhe aqui o endereço . . . Bloco 8 do IAPI, quadra 106, ap. 101 Meia hora depois, D. Josefina, chegada na véspera, dava no jipe de MANCHETE o seu primeiro passeio por Brasília. Seu nome completo é Josefina dos Santos Carvalho. SEGUE funcionários dão à cidade um ar de vida quase normal PESADOS CAMINHÕES CHEGAM COM A BAGAGEM DOS PARLAMENTARES. MUITOS PRECISARAM DE MAIS DE UM VEÍCULO, OUTROS PREFERIRAM LEVAR APENAS UMA PARTE DE SEUS BENS. AS MOÇAS JÁ CIRCULAM PELAS RUAS COMERCIAIS DA CIDADE EM FUNCIONAMENTO COM BOM-HUMOR, SENHORAS DE FUNCIONÁRIOS ESPERAM O CARREGADOR DE MALAS z>r BRASÍLIA • > Uma veneranda senhora cria uma onda de otimismo na cidade \ étfò xq.o.e5i-AcL.4/^p.H BPi ANJ, m ü X ^ . p . 65 o Presidente QCL. D. Josefina dos Santos Carvalho, 9 0 «nos de idade* conheceu Kubitschek menino. O entusiasmo da anciã já criou uma legenda na cidade. Toda gente deseja ouvir suas impressões sobre a Capital. É mãe do Deputado Último de Carvalho. SEGUE N  O HÁ TEMPO PARA CHORAR A MORTE OE U M C A N D A N G O QUE CAIU DE U M EDIFÍCIO, Brasília pulsa na base do pitoresco e dramático: a para a nova Capital com a família : filho, netos, bisnetos. E' a FOIveneranda senhora a mãe do Deputado Ultimo de Carvalho, da "Frente Nacionalista", e grande entusiasta (desde os primeiros momentos) da candidatura do Marechal Teixeira Lott. Nasceu em Diamantina e foi colega de estudos de D. Júlia, mãe do Presidente Juscelíno Kubitschek de Oliveira. Ainda faz croché e bordados, enfia linha na agulha, sem óculos, caminha desembaraçadamente e tudo lhe parece risonho e fagueiro. Impossível ser mais otimista. - Sou idosa, mas não sou velha - faz questão de dizer D. Josefina. Idade é uma coisa e velhice é outra, muito diferente. Tive uma irmã que, quando chegou aos 90 anos, estava mesmo velha. Vivia a se queixar e a pedir a Deus para morrer. Dizia ter vivido muito. Era demais e queria descansar. Pois eu, não ! Não me fartei ainda de viver. Vivi 90 ? Pois mais dez anos não me farão nenhum mal! Por que não hei de sentir a alegria de viver ? Tenho um filho maravilhoso, que me cerca de todo o carinho. Tenho netos e bisnetos que me dão muito gosto. Este ano, formam-se cinco dos meus netos ! Há maior felicidade do que isso para quem é avó ? Tenho uma bisneta com 14 anos. Ela me disse outro dia : "Minha bisavó, a senhora não morrerá sem eu lhe ter dado um trineto". Pois vou esperar por ele ! Agora, quer coisa mais bela do que esta ? Estar uma pessoa como eu, nascida antes da Lei do Ventre Livre, assistindo à mudança da Capital para Brasília ? Só eu sei o que o Brasil tem progredido nestes oitenta anos, desde que me entendo . . . Outro dia apareci num programa de televisão... Imagine ! No meu tempo de moça, não havia nem rádio . . . Nem cinema ! Namorar é que era diversão dos moços. .. D. Josefina é muito expansiva. Com ela estão uma das netas, D. Maria Loy de Melo Tranco^ e um bisneto, Rogério, filho do Dr. Waltensir de Melo Franco, assistente ]Tfr1dico do Ministério do Trabalho. A neta observa que a avó é sempre assim: loquaz, cheia de vivacidade, interessada em tudo. E o única sinal de velhice, além da cabeça branca, é um pouco de surdez. A rrrais velha habitante de Brasília continua a revelar suas impressões: - Que lugar admirável ! Como tudo isto é b e l o . . . Gosto desses descampados, assim . . . Como a vista da gente alcança longe ! Não me lembro de ter visto outro horizonte tão longínquo... Nem um morro, nem uma pedreira . . . O Juscelino teve muito g o s t o , . . Chamo-o assim porque o conheço desde menino. Conheci muito o pai dele. E o avô, também. Que edifícios ! Tudo muito bonito. Maravilhosa, esta Brasília ! Vou dar um abraço no Juscelino e dizer : "Sim, senhor, rapaz ! Você fez uma bela escolha P Você, não .. . Acho que não fica bem. Digo mesmo "Presidente". Estou encantada e quero que êle saiba. O clima é ótimo. Acho que não saio mais d a q u i . . . Fêz uma pausa, pensativa. Depois, uma interrogação imprevista : - Aqui já tem cemitério ? Onde é ? Ninguém sabia. Mas a neta disse : - Claro que tem, v o v ó . . . - Então, o meu problema está resolvido. Não saio mais d a q u i . . . Riu gostosamente. Depois, voltou-se para o bisneto : - E você, meu querido ? Está gostando ? i* O menino respondeu sem hesitação: - Acho que é a maior cidade do mundo para a gente soltar papagaio . . . Nem um fio, em lugar nenhum, para atrapalhar... Realmente, em Brasília não há redes aéreas, para telefones ou ligações de luz e força. Tudo é subterrâneo. Os engenheiros procuraram resolver o problema sem enfeiar a cidade. As ruas já estão posteadas e à noite acende-se a iluminação fluorescente. Urbanistas e técnicos não sabiam que estavam oferecendo tanta vantagem às crianças. Sem dar por isso, fizeram de Brasília a cidade ideal para os papagaios de papel. .. Brasília está aparelhada para instalar 2 mil telefones por mês. A noite, no centro comercial de Brasília, havia uma enorme aglo-**-meração na sede da Companhia Telefônica, perto do estúdio da Rádio Nacional. Que queria toda aquela gente ? Apenas isto : falar de graça para o Rio de Janeiro. Alguns dos jornalistas (representantes de quase todos os jornais e estações de rádio, não só do Rio como de São Paulo) se aproveitaram da franquia concedida, para transmitir artigos e reportagens, contando suas impresssões. Quarta-feira, 14, o serviço começara, oficialmente, com um telefonema do Sr. Israel Pinheiro, presidente da Novacap, para o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente do Brasil. Depois, todo mundo falou, pela noite adentro. O Major Dagoberto Rodrigues, do Serviço de Comunicações do Exército, aplicou em Brasília os seus conhecimentos técnicos e a sua valiosa experiência. E* quem dirige o serviço de telefones, que utiliza, nas ligações interurbanas, o sistema sueco "cross-bar", considerado o mais moderno e aperfeiçoado do mundo. Em experiência desde o dia 23 de fevereiro, esse serviço deixou excelente impressão em todos, na inauguração oficial. Quer pela rapidez com que eram feitas as ligações, quer pela nitidez da audição. - Estamos aparelhados para instalar inicialmente 2 mil telefones por mês - declarou-nos o Major Dagoberto. - Como o nosso serviço e autofinanciável, o direito a um telefone será adquirido mediante um depósito em dinheiro: Cr$ 30.000,00 para os residenciais e Cr$ 65.000,00 para os comerciais. Parece muito caro. Mas qualquer assinante que em qualquer tempo peça baixa da nossa lista terá o direito a levantar o depósito. Aquele que obtiver o mesmo número reporá essa quantia. Os telefones serão intransferíveis e exigimos um depósito alto para evitar que se tornem objeto de especulação. Os funcionários lotados em Brasília poderão, excepcionalmente, pagar o seu depósito em 30 meses, mediante desconto em folha. Ninguém poderá ter mais de um telefone em sua casa, ainda que pretenda obtê-lo sob um nome diverso. Poderá, no entanto, instalar extensões. Faremos o serviço na base de assinaturas até 120 ligações, sendo pagas as excedentes a Cr$ 4,00 cada uma, tal como nos nossos telefones públicos, em que será essa a tarifa por três minutos ou menos. , No dia seguinte, a Companhia Telefônica abriu em várias agências as inscrições para assinaturas. Filas enormes se formaram nesses JÁ É POSSÍVEL COMPRAR NO PRIMEIRO "S1AND" DE JORNAIS PUBLICAÇÕES DOS ESTADOS. E A REPORTAGEM LOCAL TEM UM BOM ASSUNTO COM UNS COLOMBIANOS NUM FORDECO- imprensa local vive seus primeiros furos de metrópole. locais. Antes do fim da tarde, já havia cerca de 3 mil inscrições. O Major Dagoberto, satisfeito, só se lamentava de uma coisa : não ter aparecido um amigo do escritor e engenheiro Gustavo Corção, para dirigir-lhe algumas palavras lá de Brasília : - O Dr. Corção disse que o nosso serviço seria um fracasso. Mas tenho a impressão de que ele se enganou . . . Sorriu, triunfante. Confessou, contudo, uma falha : - E' verdade : infelizmente ainda não chegamos a um acordo com a Companhia Telefônica Brasileira, com a qual teremos de fazer um contrato para o tráfego mútuo interurbano... Espero, contudo, que os obstáculos sejam vencidos. A CTB deu, aliás, uma prova de boa-vontade : o serviço telefônico da nova Capital está sendo assessorado por duas de suas competentes funcionárias, as senhoras Zeni Viana e Edith Castôlhos, as quais atuam como instrutoras dos jovens telefonistas (quase todos homens) de Brasília. Por toda parte, havia cartazes colados às paredes, anunciando o início das irradiações da TV-Brasília no momento da inauguração da nova Capital. Quatrocentos operários e técnicos trabalhavam ativamente na construção do edifício e na instalação da aparelhagem (inclusive uma torre para a emissão dos sinais). O sistema de trabalho contínuo, dia e noite, da Novacap, está sendo aí empregado. Complementarmente, doze subestações estão ao mesmo tempo sendo instaladas, no alto de montanhas, só acessíveis por meio de helicópteros, para que as transmissões possam chegar a Belo Horizonte, ao Rio e a São Paulo. O primeiro cinema de Brasília está sendo construído em ritmo febril. Não será uma grande sala, mas outras surgirão, nos lugares de maior densidade demográfica. Alteiam-se os esqueletos de numerosos edifícios na zona bancária, inclusive o do Banco do Brasil (que está construindo também, na zona residencial, um enorme edifício de apartamentos, para uso exclusivo de seus funcionários), a pouca distância do supermercado, da escola-parque e da Capela de Nossa Senhora de Fátima. A imensa Catedral ae Brasília, destinada a ser uma das mais belas do mundo, pela originalidade de sua concepção (é circular, apresentando de qualquer ângulo o mesmo aspecto), já tem a estrutura de concreto-armado acima do meio. O edifício do Tribunal de Contas da União tem as fundações lançadas, devendo estar terminado antes de um ano. Na zona comercial, as lojas estão sendo disputadíssimas. Produzem aluguéis de 70 mil a 120 mil cruzeiros. Drogarias, mercearias, casas de rádios, de malas e de roupas já começaram a funcionar naquele setor. São raros os cafés e os bares. Restaurantes, além dos que os institutos e o SAPS mantém, só os do Brasil Palace Hotel, Chez Willy e Caravelle. Já é problema encontrar lugares vagos nas mesas de qualquer deles. O recurso é o de aguardar na fila. Outros decerto surgirão, à medida que haja locais adequados e disponíveis. Chez Willy, já com quarenta empregados, dispõe de instalações próprias (altos e baixos), já exíguas para o seu intenso movimento. Parece muito pouco. Mas, para as festas desta semana, um serviço de subsistência foi planejado, incluindo grandes restaurantes populares de emergência que servirão churrasco ao ar livre. Um milhão de pães de fôrma, com a quantidade correspondente de queijo e presunto, serão transformados em vários milhões de sanduíches, para a massa popular. Os convidados oficiais terão bufê à parte. Verdadeiros problemas de logística foram equacionados por especialistas para que tudo corra normalmente, pelo menos quanto a leitos, transporte e alimentos. Mas a afluência de gente é tão extraordinária que talvez os cálculos fiquem prejudicados, num ou noutro ponto. Há uma verdadeira corrida nacional para Brasília, meta dos governadores dos Estados e também dos homens comuns. A construção da cidade continuará no mesmo ritmo depois da inauguração. THNTRE estes estão os "invasores". Quem são eles? Homens que «•-' querem viver dentro de Brasília, ligados à vida de Brasília, participando das atividades de Brasília, mas sem se submeterem aos rígidos planos traçados pelos urbanistas. De quando em quando, fazem uma investida, para ravelar" uma parte da nova Capital. Ãs vezes, surgem repentinamente, quase da noite para o dia, dezenas de barracos. Se houver tolerância, transformam-se em centenas e, logo, em milhares. Tornam-se uma força política e um fato consumado, como as diversas favelas dos morros do Rio. Em Brasília, os barracos não ficam de pé. A Novacap não o permite. O "favelismo" ali não deita raízes usucapientes. Uma vez destruídos os barracos, os moradores são localizados numa das cidades-satélites, a uma distância de 25 km, onde podem obter áreas de que se tornarão proprietários. Com a afluência cada vez maior de gente que irá povoar essas cidades, já se pensa, inclusive, num sistema de transporte, como o do plano-aéreo, para a rápida intercomunicação. Não só os barracos dos "invasores", mas também os conjuntos de moradias de emergência dos trabalhadores, como a Vila Amaury, já desapareceram da área de Brasília. Em janeiro de 1961, deverá desaparecer também a pequena cidade de casas de madeira, chamada Núcleo Bandeirante, ou a Brasília-Velha, onde existe enorme movimento comercial e bancário (uma única agência de banco tem ali 750 milhões de cruzeiros em depósito !). Agora, os moradores da Brasília de tábuas quiseram, à sua própria custa, asfaltar a rua principal, - a do comércio, dos bancos e do cinema. A diretoria da Novacap não permitiu, assim como não permite que sejam feitos melhoramentos outros, ou construções sólidas, de pedra e cal, ou de cimento e tijolo. Sem atender a razões de ordem sentimental (todas as concessões, ali, foram dadas a título precário), a Novacap fará destruir tudo aquilo, com um desfile de "bull-dozers" e outras máquinas pesadas, sob a garantia de forças militares (no caso de haver rebeldes ou resistentes). Quem tiver capacidade para localizai seu comércio em Brasília (algumas firmas, inclusive bancos, já se mudaram), irá para lá. Quem não tiver, ou irá para as cidades-satélites ou tomará outro caminho. Cumprido o seu destino, o Núcleo Bandeirante em breve não será senão uma lembrança para os que o viram, ou ali habitaram, enquanto a nova Capital ia surgindo no deserto do Planalto Central... SEGUE 19 • * » • íl: « ••> »• * * . »* • * »* » «ASÍUA • • • * • • . »• • * * »« • • . • i * «* . • i * • • - » : ; : : ; ; ; ; : : ; • : '.- .1 •••• * * t > * . »* •. . . . . :L-T: Comunas * * • • * • * . * •* * * « • * • a : <'•'• ** * . «. • , • • *. * * , , *, » » *4 ** *» ** 11 & tr também, aparece .9 * »*» * * • • - * *» . . . » . * *•* a <• * > • - . .* • •* ** * » » * • «• • * . • . * . * • ** * * » . *•#• v * .*• * . . . * •• • • • . • • » • * * * . • • * « :::::::: :::;:::: **• • «'» • * • ** • «* . : :::;:::::::::::;::»::::::::: , i : , . . i : ; : : : ; : : : : ; ; : ; ; • ; • • * •• • • • • * •»* *«• •*• * : : . . : : : : : ; : : : : : : : : : : : : . : : : : : : : : : : : : ; : ; : : : ; : ; : : ; : : ; : : — : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : ; ; : : : : : : : : : : • ** • * : : : : : : : . ••• — ; : : • «** - • • • •••• —» ,....,.**. ...i.::, : ;. i mmfmm*mmmyt*e*mmm^ M ynjj i t^mmmmmmti uajmni ^-^'^"^'J "9 J ' '' '<l x ' ' "^ J " • " "• ' •' •' '••"" • > • • j w y w w um u Mi m i mj JI mu. 11 • •••• > 111 11 m i. .»•• • • • .. u • • •• .••••••. n i •, ,K i |i i. ui m i • • • • • # • • • • • • • * » • • • • • • # • • • • • * • • • • • • • • • • • • * » • • * • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • * • • * • • • * • • •••• # • •• •*•• »»#t-# » * « » « * « • | • • » • • « • • • • « * • • * • * • » . . • * « • • • • * • *> • • • • » • • • • • • * • • • • • • • t» • . • • * • « « • • • • « • « • • » • • . • • • • » . « • O • » • • • • • • • • • 4 • • • • • « • . . . * • . . . . • • » • • # • • • • • • . . * - • ' # • • . » • • •.«• . . • . . • . . . . . . * • « • * * « • • • • • • » . • « • « * • • • • » • • • * « • > • • • ••>*« » « • • • • * • * « • « « * « • • « * « • • • • . . * • # • • « • • # • • • « • * • • » * •> • . . . . » • • # « * • • « * * . . 4 * . . * * . « • « • • • » • • • # • * 4> • * • . • • . * • « * • • * » » • * • • •> . • * « • « * * • • • « » . « . , * « • • » • * * • # • • * • • * * * • # • f * 9 * • » « • * » • * * . • * * « * « # • » * • « # * • * * 1 >4 • # . # . . . . » . * . . . . . . . . . . • : • • • . * • • • «»•••* •... :.: • • * • • * • • • . . . . . . . . ••*• •••• *••• • * » • • » . * * • • • « . . . . * « . . - . * t . # . . . . . * • » • • » . . . * . * - - . * « » * * * « » í . > - • # * / * > • • > • • • # # * * ***• • * : : ; : ; : : : : : ; : : : :::t »•••• ; • * * • • ; * • * ; ; ? * • ; i ; ; : ; ; ; ; ; . » ! . * * , . . . . : : ; : : : : : : : \\*\:... * ' < • « • ; . ; i ! -*.. ****::::::..:....... :: :::íf^^l::t: í::::::: ::Í' :::r:::: ;t;;:::::::: :fH:;: ^P. rt>J# P?|0 X^.O. ESI, ACL. £ \jlt p, 43 i .„. rfnM .«iiiaiia-. mas vão ficar »•» m » . , u t l i o n , , a nu,n " . r a i W . Chegaram para p a . a r ^ I u a , Uma família transformou Mia « • &P,.Ahl , f t l O ' X * . O. E5] (\Cl BRASHJA O forasteiro, ao ver a Catedral: "Deu abençoe o Brasil!" I NAUGURADA, Brasília continuará a se desenvolver com o mesmo impulso inicial a i n d a por vários anos, pois que, e m vex de ser u m a cidade completa e a c a b a d a , está a i n d a em pleno fazimento, a g o r a como antes, com a simples diferença de que terá categoria de cidade e foros de Capital e d e que os seus problemas não serão mais calculados abstratamente, mas sim sentidos e vividos por u m a população permanente, de alto teor qualitativo, cujas reações imediatas às dificuldades e lacunas acaso existentes logo repercutirão no â n i m o dos administradores e dos técnicos, muito empenhados em resolvê-las com eficiência e r a p i d e z . Dirão alguns dos opositores intransigentes da Nova Capital que pobres cobaias humanas estão sendo submetidas neste momento a u m a brutal experiência de deslocamento e m massa. M a s a maioria dos que enfrentam as aspe r e i as deste período heróico, procurando ajustar-se às condições de um meio novo, num admirável esforço de adaptação, é constituída por pioneiros que voluntária e corajosamente participam de uma jornada histórica. Pioneiros que são ministros de Estado, senadores, deputados, ministros do Supremo e do Tribunal Federal de Recursos, homens cujos nomes a Nação g u a r d a r á com reverência e que se engrandecer ã o por viverem numa cidade que se completará sob suas próprias vistas, vivfficada e valorizada pelo estímulo d e suas presenças. ftír Êle veio <le longe. Trazia MANCHETE como $ruia para os pontos principais. Em frente à igreja, tirou o chapéu. BRASÍLIA EI o pia <^c - # • Marta das primeiras a chegar para a inauguração MA bonita niôça ÍR* Flamengo estava em Brasília q u a n d o J surgiam n o País as primeiras candidatas ao concurso de Miss Brasil. Marta Garcia foi a passeio ver de perto a cidade em construção. Acabou aceitando a idéia de se candidatar com outras moças que lá estavam. Foi eleita Miss Brasília e e n t r o u para a história da nova Capital, como se vê na página 5 9 BRASÍLIA Aqui ficará guardado tudo que se escreveu contra a construção de Brasília e a favor dela - a posteridade julgará. O Presidente Kubitschek fêz questão de q u e o museu da cidade ficasse p r o n t o no dia da inauguração. Volumes e mais volumes contarão a história da cidade. 0* - %M t W ep> -•i. i • «< m I- Renunciou à chefia campanha de Jânio: suas reservas de tolerância levaram-no a encontrar a solução para a crise. Reportagem AZ exatamente um ano que lhe entregaram o Partido para dirigir. Ao recebê-lo, não alimentou nenhuma ilusão sobre as dificuldades e as amarguras que o aguardavam : a UDN, na Oposição, ia tentar a conquista do poder. Doze meses depois, ele sente na própria carne como é ingrata a tarefa. Parece até que o relógio da UDN se recusa sempre a andar com os ponteiros acertados : cada um deles escolhe seu próprio compasso. Mas uma infância e uma juventude humildes ensinaram a José de Magalhães Pinto que a vida é um longo e penoso processo de acertar ponteiros. As muitas lutas da meninice e da mocidade convenceram-no de que a coerência e a paciência sempre foram as melhores soluções para os humanos problemas, pessoais e públicos. E se o relógio de cada político marca sua própria cadência, o de Magalhães Pinto fixa um ritmo compassado e certo : de nada vale adiantar ou atrasar os ponteiros . Na semana passada, convenceu-se de que a sua presença à frente da campanha do Sr. Jânio Quadros estava servindo de motivo para levar a UDN a uma crise grave. E quando todos jã não viam mais nenhuma esperança de pacificação, o Sr. Magalhães Pinto conseguiu mais «ma vez encontrar na sua paciente telerância a solução que acabou com tÔda a briga : renunciou ao posto de chefia que ocupava na campanha e ao qual vinha dando, há vários meses, o que havia de melhor e de mais sincero na sua dedicação. 'Não me afastei do pasto um só momento, não descri do meu Partido nem constrangi companheiros : antes, procurei exercer o mandato com o conselho e a colaboração de todos. Com a ajuda de Deus e a solidariedade que não me têm faltado dos diversos setores da vida partidária, estou certo de que a UDN vencerá as dificuldades atuais para cumprir a histórica missão que lhe cabe na Pátria e atender às justas esperanças do povo." Foi ao preço de muitas vicissitudes que o menino pobre da cidade de Arcos chegou hoje, no meio século de vida, à conclusão de que as lutas são constantes. As suas começaram aos 12 anos, quando resolveu plantar couve no fundo do quintal para vendê-la de porta em porta. Esta acostumado a acabar com as crises • J O M 16 anos, teve de aumentar a idade para fazer um concurso e preMencher uma vaga no Banco Hipotecário. Passou a ganhar Cr$ 200 por mês. Pouco depois, o inspetor do Banco sugeria um aumento para Cr$ 300, que a diretoria recusou : "Não pode. Tem menos de 18 anos". Aos 19, sem ter conseguido chegar a contador do Hipotecário, viu-se convidado para gerente-geral do Banco da Lavoura. Três anos depois, foi instalar uma agência em Lima Duarte e de lá voltou casado com a professara Berenice. O Grupo Escolar ficava bem em frente à agência do Banco e o bancário não resistiu aos encantos da professora. Fizeram-no diretor do Banco aos 26 anos. Pouco antes, fora eleito presidente da Associação Comercial de Minas. Em matéria de idade de Murilo Melo Filho que faz questão de dizer que continua bancário, fiel aos problemas dos seus companheiros. Recebe qualquer deles que o procure, seja gerente ou simples contínuo, do Rio ou da mais remota agência do interior. Um clima de garantia e de confiança estende-se desde os 20 mil bancários e famílias que dele dependem diretamente até os 400 mil depositantes que nele guardam suas reservas e economias. O Sr. Magalhães Pinto foi o primeiro presidente da Federação do Comércio do Estado, que fundou. Tinha apenas 27 anos, mas já estava engajado na conspiração contra a ditadura. Era companheiro fraternal de Virgílio de Melo Franco. Assinou o ''Manifesto dos Mineiros". A ditadura exigiu sua demissão da diretoria do Banco da Lavoura. Aquela demissão levou-o, juntamente com seu irmão Valdomiro, a fundar o Banco Nacional de Minas Gerais, que hoje com apenas 16 anos de existência, é um dos maiores do País. Guarda apenas uma mágoa : Valdomiro, que morreu aos 34 anos, não chegou a presenciar o grande triunfo da obra comum. Sua experiência política começa e termina na UDN ÂO pôde, entretanto, figurar oficialmente na lista da primeira di_ retoría do Banco Nacional de Minas, porque a ditadura não o permitiu. Elegeu-se sucessivamente para a Câmara em 1945, 1950, 1954 • 1958. Foi Secretário das Finanças do Governo Milton Campos. Nas últimas eleições para deputado, foi o mais votado em Minas, com 53 mil legendas. Esteve na presidência do diretório mineiro do seu partido. Agora, está na presidência do diretório nacional. Por isto êle declara com orgulho que sua linha de ação política é de uma coerência absoluta : toda a sua experiência partidária começa e acaba na UDN e na Oposição, desde o "Manifesto dos Mineiros", a perseguição da ditadura, as eleições sucessivas até a luta pela candidatura do Sr. Jânio Quadros. Seus deveres para com as candidaturas Jânio-Leandro foram cumpridos rigorosamente. Basta dizer que a primeira seção regional a lançar a candidatura do Sr. Jânio Quadros foi justamente a de Minas, então sob sua presidência. E a candidatura do Sr. Leandro Maciel teve na Convenção Nacional, como primeira e imediata manifestação de apoio, a palavra da UDN mineira, através do seu atual presidente, Oswaldo Pieruccetti. Gosta muito de ler bulas médicas. Tem mania de receitar remédios e de ser receitado. Sua maior fraqueza: padres e irmãs de caridade, qua já conhecem seu fraco. Seu 'hobby" é contar histórias fantasiosas. Na intimidade com a família ou os amigos, diverte-se em dar largas à imaginação e narrar acontecimentos fantásticos. Sobre sua cidade de Arcos, por exemplo, diz que lá existem árvores que dão macacos e vice-versa. Gosta também de frango assado e de conversa sobre política. Redige pessoalmente todos os telegramas de congratulações e pêsames. Até hoje, como simples bancário, continua a contribuir para SALVOU A U D N precoce, até hoje é recordista absoluto nesses dois postos. A liderança das classes financeiras e produtoras de Minas transformou-o naturalmente em chefe político. Rompeu com o Sr. Benedito Valadares, hoje seu amigo, mas que era então interventor todo-poderoso. Quando, há poucos dias, a situação na UDN se tornava mais crítica, êle tranqüilizou os seus companheiros : "Tenho a impressão de que sou um homem acostumado a acabar com as crises. Contornarei mais esta". Muitos desacreditaram que êle o conseguisse. Seu gesto de desprendimento e superioridade aconteceu no momento decisivo para salvar a unidade da UDN e mais uma vez provar que sua elegância de atitudes, palavras e decisões está muito acima da média comum dos políticos brasileiros. Sua humildade contrasta com a posição de grande banqueiro: tem uma humilde paciência sobretudo diante dos que lhe devem. É o IAPB. Fundou um Banco de Sangue em Belo Horizonte e ouve agrado o trocadilho segundo o qual nas suas veias corre sempre o sangue de um banco. Até agora, não pudera cuidar muito de sua candidatura ao Governo de Minas porque, antes de mais nada, estava cuidando da candidatura do Sr. Jânio Quadros à Presidência da República. Sacrificava seus comícios no interior mineiro, porque sua presença no Rio era absolutamente necessária às articulações, à propaganda, às viagens • às mil e uma providências para a campanha janista. De muito bom grado, continuaria arcando com os ânus e os sacrifícios. Mas verificou que nem uns nem outros estavam sendo bem compreendidos pelos seus companheiios de partido. Transferiu-os quando sua paciência percebeu que essa mudança era necessária para salvar um partido que tem sido a grande e única legenda de sua vida. 3P> HA » ) Xci.o.ES\l4Ci..4fr, p.V ^•^•§^•^•••••••^••••••1 ^ O Sr. Israel Pinheiro não escrava ser Prefeito de Brasília. Os planos do Governo incluíam sua designação para a presidência da Fundação Brasil-Central, com a incumbência de construir seis cidades ao longo da estrada Belém-Brasília. Mas, à última hora, faltou um nome para a Prefeitura da Nova Capital e o jeito que houve foi lançar mão do presidente da Novacap, que assim terá chance de concluir várias obras. Os mudancistas da UDN lamentam que a incompreensão de alguns correligionários tenha impossibilitado ao partido tirar todo o proveito possível do fato de a data de 21 de abril, prevista para a mudança, ter resultado de um projeto do deputado udenista L mi vai Caiado. Uma das grandes preocupações da Novacap foi estocar a maior quantidade possível de gasolina, a fim de fazer frente à procura que haveria naturalmente com o deslocamento de milhares de veículos. Qualquer imprevidência poderia causar desastrosos engarrafamentos e colapsos. O nome do Sr. Guilherme Romano chegou mesmo, em determinado momento, a ser o mais cotado nas Laranjeiras para Governador provisório da Guanabara, porque o Sr. Juscelino Kubitschek dizia necessitar das suas inegáveis qualidades de administrador para completar as obras urgentes no Rio. Mas o próprio Chefe do Governo verificou depois que necessitava muito do presidente da COFAP no comando do abastecimento de Brasília, a fim de evitar que ela ficasse sem os gêneros de primeira necessidade logo nos primeiros dias de seu funcionamento. ^ Sabendo que estava sendo projetada a ereção de um busto de ouro em sua homenagem, o Presidente da República fêz um apelo para que desistissem da idéia. O ouro foi substituído por psdra-sabão, oriunda das vizinhanças de Diamantina. E o busto se instalou junto ao Museu-Monumento. Comentário do Deputado Nelson Carneiro: "Se eu ainda soubesse por onde andam as condecorações do tempo de colégio, estaria resolvido meu problema de comparecer à recepção no Palácio do Planalto. Alugava uma casaca no Rolas e pespegava, no peito, as medalinhas. Seria recebido festivamente pelo ilustríssimo e excelentíssimo senhor doutor Chefe do Cerimonial, enquanto lá fora os candangos, de olhos vidrados, acompanhariam, embasbacados, meu sucesso". Engenheiros da Novacap acham que além da vitória geral na construção de Brasília dentro do prazo previsto, têm a comemorar um triunfo particular sobre conhecido escritor : o dos 26 canais de micro-ondas que possibilitam comunicações entre o Rio e Brasília. Esse escritor provava, com lápis na mão, que a ligação telefônica era impossível dentro de tanta pressa. Frase do Sr. Juscelino Kubitschek, plenamente vitoriosa esta semana: "Se a pressa é inimiga da perfeição, a lentidão é inimiga do progresso1*. Para o Planalto terão de mudar-se as sedes dos partidos políticos. Quase todos os seus respectivos estatutos prevêem a localização da sede na Capital da República. A UDN já deu o exemplo ao PTB e ao PSD : os udenistas serão os primeiros a reunir ali o seu Diretório Nacional. As três emissoras de televisão que já dispõem de canal concedido na Nova Capital .realizaram desesperados esforços no sentido de transmitir para o Rio e São Paulo as solenidades da inauguração. Uma delas chegou a conseguir na Aeronáutica dois aviões que funcionassem no ar como estações intermediárias para a recepção e a transmissão da imagem. Funcionámos da Câmara garantem que o Deputado Neiva Moreira, responsável pela mudança da Casa para Brasília, teve de resolver uma média de três casos para cada um dos 326 deputados e 600 servidores, num total de quase 3 mil problemas. Os telefones de Brasília disporão de aparelhos especiais de gravação (ao preço de Cr$ 100 mil, cada). Os donos poderão ligá-los durante suas ausências. Ao voltarem para casa, saberão quais as pessoas que telefonaram e seus respectivos recados. •^ O Deputado Breno da Silveira (socialista) foi um dos primeiros a instalar-se em Brasília. Comprou uma fazenda nos arredores e saiu, com espingarda de dois canos, para caçar. Voltou, a noite, sem as esperadas pacas, mas com um tucano e um gavião como troféus. Os tricolores que já se encontram na Nova Capital comemoraram ali, ruidosamente, o triunfo do Fluminense no Torneio Rio-São Paulo, que lhe dava o título de "último campeão da Velhacap". Entre os americanos convidados para a inauguração da Nova Capital figuram os novelistas John dos Passos e Aldous Huxley, o cineasta Frank Capra, o banqueiro James M tchell (Chase Manhattan Bank), o Coronel Robert Schuttz (ajudante de ordens de Eisenhower) e o magnata Conrad Hilton. Dific lmente faltará água em Brasília. O plano de abastecimento prevê um consumo diário de 400 litros por pessoa para um total de 500 mil habitantes. No mesmo dia da inauguração de Brasília, o Embaixador Hugo Gouthier estará recebendo no Coliseu de Roma uma cópia da Estátua Loba, que amamentou Rômulo, o fundador da Capital italana. O Sr. Juscelino Kubitschek ficou sensibilizado com a originalidade da homenagem dos italianos ao Brasil. Recorda-se que no concurso de projetos de urbanização de Brasília, o Sr. Lúcio Costa tirou merecidamente o 1 ° lugar com um trabalho feito em apenas dois dias, que foi reconhecido como o melhor por todos os outros concorrentes. O segundo lugar coube aos arquitetos João Henrique Rocha e Nei Fontes Gonçalves, a quem o Presidente da República acaba de confiar a construção das residências ministeriais e das superquadras do Banco do Brasil. jç Grande parte da bagagem do Embaixador Sette Câmara já tinha sido remetida para a Nova Capital, onde êle serviria como Chefe da Casa Civil. Nomeado Governador provisório da Guanabara, terá agora de providenciar a volta de sua bagagem, que já em janeiro seguirá para a Suíça, onde êle desempenhará importante missão diplomática. BftA^ft'0X1.t> / /q- p * Israel não esperava ser o Prefeito * Eni vez de ouro, uma pedra de sabão * Um Deputado caçou: tucano e gavião ic Teve de voltar : a bagagem de Sette Um sambista negro, que fora do Rio para a Nova Capital, cantava ali, nas vésperas da inauguração, uma canção curiosa : "Vem Marüia, vem Marília, conhecer o palácio do Governo Provisório de Brasília". Os técnicos de rádio que se encontram na Nova Capital para fazer as reportagens das festas inaugurais andam sempre munidos de transformadores portáteis, como medida de segurança para suas irradiações. É que a corrente elétrica ali tem voltagem diferente. O editor Diaulas Riedel entregou ao Sr. Juscelino Kubitschek o exemplar n.° 1 da 'Toada pra se ir a Brasília", poema de Cassiano Ricardo em comemoração à transferência da Capital. A "Toada" consta do volume "Montanha Russa", que acaba de ser lançado pela Editora Cultrix. Apesar do trabalho intenso nos últimos dias que precederam a inauguração, houve uma suspensão geral de atividades na Sexta-teira Santa. Alguns sacerdotes, em caráter excepcional, chegaram a permitir que os operários, depois de suas preces e atos religiosos, retornassem à faina. Mas os própr.os trabalhadores fizeram questão de respeitar o dia santifiçado. Embora não exista porto marítimo em Brasília, o primeiro ministro que para ali se mudou foi o Almirante Matoso Maia, da Marinha. «rfL- * ~r \ ,. fe ^ MODELO 2 beliches ~~ d e 2 - í motores gelaleiro e pia LCP " 2 4 WC 1K Pes ™ P£\TA CaiC rfe ° redondo trincado e q u i p a d o com 7 65 5HP desen vcÍ*..-rtdo 23 m.ihas com ;,; Em alguns hotéis de madeira da Cidade Livre, um quarto está valendo Cr$ 1.500, a seco. O monumento comemorativo da inauguração esteve a -pique de não licar pronto antes do dia 2 1 . Motivo: o escultor encarregado de fazer a inscrição esqueceu o "s" da palavra "inconlidentes". No instante em que se estabeleceu finalmente a ligação telefônica entre o Rio e Brasília, o Sr.José Paulo Viana, que na Novacap era o encarregado de resolver o problema, ficou tão emocionado que não conseguiu articular nenhuma palavra ao telefone. Modeios trincados e ü*oe de f u n d a d u p l o , de 1 ou 2 motores D>esei ou gasolina, p a r a enseaaas e alto n>ar ae i 6 a 5 2 pes. Oesennos e especificações sob sectiac • "1 W/i WfWÊM Problema sério : o tipo de cama aprovado para as residências dos congressistas era pequeno demais para o Senador Dix-Huit Rosado e para os Deputados Manuel Novais e Miguel Calmou, que medem mais de dois metros de altura. Em compensação, era grande para os Srs.Jose Maria Alkmim, St*»xas Dória, José Martins Rodrigues, Cid Carvalho e Armando Rolemberg. Para que nenhuma criança seja prejudicada em seus estudos, o Ministro Clóvis Salgado determinou que o ano letivo em Brasília só tenha início no começo de maio. Um jornalista que percorreu recentemente as dependências do Palácio da Alvorada ficou surpreso e impressionado quando entrou nos aposentos do Sr. Juscelino Kubitschek. Em cima da mesinha-de-cabeceira do Presidente estava o preço que êle pagava pela construção da Nova Capital: havia ali mais de 20 vidros diferentes de remédios. ^ ^ p e s ~~ Casco üso de f u n d o d u p l o com 6 comas l a votono WC cnuveiro geladeira e d u c a d o com 2 motores PENTA de 120 BHP resfriadcs o c g ^ a doce Velocidade " 3 milhas Coni.r: cerca de 40 litro* por horo MODELO LC • 3 1 (afiÀfmyst/7lnJL CONSTRUÇÕES NAVAIS S. A. Distribuidores exclusivos do* aromados motores marítimos PENTA-VOLVO o gasolina e Diesel, de 5 a 180 H P MATRIZ - Rio - Av. das Bandeiras, 646 - C«. Postal 1449 FILIAL - São Paulo - Av do Estado 7S64 End T , | t a . BRASILVOLVO ACEITAMOS REPRESENTANTES NOS ESTADOS 3P> AKJ, P>10 X^ O. £Si, 4CL.4/?, p. Z5 V 0 leitor em Manchete y , r-*âÉêj As dez mais e bem feminino saber as horas... quando to relógio é Rolex J ^ Linda, moderna, caprichosa, inteiramente voltada para o deslumbramento da vida, entre belas flores perfumadas e jóias, muitas jóias... "ela" sabe aproveitar seus encantos femininos. Mas, um homem — aquele que tem a distinção característica da habilidade masculina — oferece a "ela", um relógio Rolex... Ê um homem diferente, um homem que se destaca com algo novo: um relógio Rolex... E, inesperadamente, "ela" fica encantada com o seu presente... É mais pessoal do que um mink — e, realmente, lindíssimo. Ê mais encantador do qiie um perfume — exatamente uma jóia de precisão perfeita. Nada tão delicado... tão feminino. Ê completamente dela. E "ela" adora isso. t ROLEX — um marco na história de medir o tempo! RELÓGIOS ROLEX LTDA. - Cx. Postal 5217 - TeL 35-1843 - S. Paulo A leitora que se assina, Mildred, de Campos, envia-nos uma curiosa sugestão: "Vocês poderiam fazer um concurso para eleger as dez mais simpáticas leitoras de MANCHETE. Para concorrer, bastaria que as candidatas enviassem suas fotografias e a escolha das dez mais ficaria a critério dos diretores e dos fotógrafos." E finaliza: "Como prêmio, as dez candidatas vencedoras ter am suas fotos estampadas na capa de MANCHETE." Seria difícil a escolha, Mildred, pois todas as leitoras de MANCHETE são simpáticas como você. Por quê ? 0 Sr. José Geraldo, depois de fazer alguns reparos à reportagem "São Paulo — 1960", ressaltando que naquela cidade se fala o melhor vernáculo do Brasil, e não o pior, conforme havíamos escrito, pede que publiquemos as seguintes perguntas, endereçadas a todo o público leitor: "1 — Por que a ciência engatinha e as doenças correm ? 2 — Por que Jesus foi tão bom e existe tanta maldade? 3 — Por que não procurar fazer só o bem ?" Sugestões Recebemos do Padre Francisco, de Campinas, SP, uma carta extremamente inteligente, contendo sugestões prec osíssimas, mas, infelizmente, dada a sua extensão não podemos publicar na íntegra. O missivista começa com uma sugestão, que êle mesmo qualifica como pequena: "Colocar na página de cada um dos cronistas uma foto dos mesmos." E ressalta: "Enfim, eles merecem publicidade também pessoal para que os possamos distinguir nas ruas, dentre os m lhares de vis mortais, anônimos e inteiramente apagados." Em seguida. sugere: "Por que não criar uma página — uma só, sei que é muito cara — para dar uma chancezinha a milhares de leitores? Essa página se chamaria, por exemplo, VOCÊ EM MANCHETE, onde o leitor poderia ganhar um "prêmio de loteria" ao ver sua colaboração publicada." Depois de apontar algumas normas (bem imaginadas) para a execução da referida página, finaliza Padre Francisco: "Creio ser este o único ponto falho de MANCHETE: tratar com pouco caso os leitores, com aquela repetidíssima frase — o nosso quadro está completo. Em palavras traduz das a um bom entendedor ela sign fica: leitor ignorante, ingênuo, etc. Despertar vocações, animar tendências, encorajar iniciativas no campo intelectual é obra patriótica, embora não muito, ou quase nada, comerciai" Apesar de estarmos, realmente com o quadro completo, o que não representa necessariamente desprezo pelos le tores, muitas de suas colaborações espontâneas têm sido aproveitadas. Basta que elas obedeçam à linha e à programação redatorial da revista. De resto, vamos estudar a sugestão do 'VOCÊ EM MANCHETE". Aplausos a JK 0 Sr. Roberto Malheiros Julian, de São Paulo, escreve: "Sendo leitor há algum tempo desta ót ma revista, venho elogiar o apoio que estão dando ao Governo de Juscelino Kubitschek, publicando reportagens sobre suas inúmeras realizações. Considero o atual Presidente realmente assombroso, pois não é qualquer um que sabe aproveitar os poucos anos de mandato da maneira que esse gênio soube fazê-lo. Aproveitando a oportunidade, peço que façam uma edição especial, colorida, sobre a NOVACAP, por ocasião de sua inauguração." O pedido do leitor veio sol) medida: o número especial já está quase pronto para rodar. Também de São Paulo, o leitor LAÍS Philippe manda uma recomendação: "Vocês aí de MANCHETE, cujas vozes são mais ouvidas, precisam avisar aos senhores antimudancistas que assim como o Presidente Juscelino e sua turma irão para a História, por causa de Brasília, eles também irão, somente que no papel de vilões." O JK do Amazonas O Deputado Roberto Jansen, líder da UDN, na Assembléia amazonense, solicita-nos que publiquemos algumas retificações, no seu entender, necessárias, à reportagem "Gilberto Mestrinho — o JK do Amazonas". Depois de afirmar que as eleições no Amazonas foram fraudadas, diz o Deputado que a d ferença de votos foi 402 e não 800, conforme escreveu o nosso repórter. Em seguida, diz aue o Governador não goza de prestígio popular de acordo com o descrito na reportagem. Em outro item. informa que o Sr. Gilberto Mestrinho não concorreu sozinho às eleições, mas por uma coligação de três partidos: PTB, PST e PSB. Continuando, assevera o missivista que Mestrinho não desarmou a oposição e que o orçamento do Estado não está equilibrado. Finalizando, escreve- que o feijão em Manaus custa 80 cruzeiros o quilo e não. 22. Em compensação, o leitor Max miliano de Jesns Trindade, de Salvador, BA, remete-nos uma carta da qual destacamos os seguintes trechos: "Lendo a reportagem sobre as realizações do Governador Mestrinho foi imenso o meu contentamento, pois, quando deixei o Amazonas, o Estado estava às portas do caos. Não havia água, luz, os gêneros alimentícios eram escassos e faltava verba para tudo, ficando a Capital e o 'nterior entregues à própria sorte." E mais: "Sou um orgulhoso de minha terra e é por isso que envio por intermédio de MANCHETE o meu caloroso aplauso ao Governador Mestrinho." Dos leitores ao leitor Cinco leitores nos escreveram, hipotecando solidariedade ao Sr. Alberto Ferre ra, a quem o cronista Ruhem Bra?a havia chamado de "um irdagidor de mau-gôsto". Os leitores jnsé Augusto e Basílio, de Rio Grande, RS, em sinal de protesto, devolveram a página da revista. Os outros que mandaram suas cartas, abordando o mesmo assunto, são: Paulo Alvarenga, de Belo Horizonte. José Melo, de Santa Fé do Sul, RS, e Cláudio B. Souza, de Santa Catarina. Ordem técnica Aos inúmeros leitores que nos indagaram sobre a om ssáo da crônica de Fernando Sabino no n. 416, temos a informar que a mesma foi devido a motivos de natureza técnica na confecção da revista. SP> í\hi,P>lO XQ.O. 6 S I , ACL . 4 / ? , o 2.G RUBEM BRAGA Notas de um de viagem: ". . .ei poso inicial de un mundo radicalmente nuevo." £ assim que Armando Hart, jovem Ministro da Educação de Cuba, se refere à Revolução de seu país. Não tentarei explicar a esse moço de 24 anos que não há nada de novo sob o Sol; ele sabe que há, inclusive êle mesmo e a Revolução. E essa sua crença é extraordinariamente produtiva, pois êle já abriu alguns milhares de escolas e em 1961 espera estar dando educação a todos os meninos em idade escolar. A Revolução multiplicou por oito, quase, o orçamento de seu Ministério. E transforma quartéis em escolas. " . . .nosotros ténemos dificultadas econômicas si queremos tener dificultades econômicas, y resolvemos todos los problemas econômicos dei país, presentes e futuros, si estamos en disposición de resolver esos problema* econômicos, o sea de hacer ias coÊas que debemos hacer para lograr esos fines." Isso está em um discurso de Fidel Castro, de 17 de setembro de 1959. Não é uma verdade. É uma afirmação de fé e de vontade de trabalhar. A fé e a vontade de trabalhar não resolvem, infelizmente, todos os problemas econômicos de um país. Eles dependem de muitos fatores objetivos, internos e externos. Mas quando o homem acha que o destino está em suas mãos êle começa, efetivamente, a ser dono de seu destino. Ou a pensar que é, o que não dá no mesmo, mas fica muito parecido. • • • À Revolução cubana não falta, como se vê, ingenuidade. Mas não é com ceticismo que se fazem revoluções. Uma Revolução se faz com muita coisa, inclusive com os "bofes." Foi a primeira coisa que vimos em Cuba, os "bofes" da Revolução : mulheres feias feiamente vestidas de vermelho e preto nos esperavam no aeroporto. São "Ias damas de Ia Revolución." Não sei o que elas fizeram, e acredito caderno Cuba que tenham praticado atos heróicos, pois há um potencial enorme de energia acumulado no interior de cada "chaveco." Mas como estão à vontade, como se mostram na luz, como brilham prazenteiras! A Revolução lhes deu a grande oportunidade da vida. Cuba é um país de muitas mulheres bonitas, e muitas lutaram pela Revolução; muitas morreram, que eram belezas em flor. Mas na vanguarda estão os "bofes", ou, como diria Marx : "as que não têm nada a perder, e um mundo novo a ganhar." beijei uma na testa. * » * Eu e Marcito chegamos cedo demais ao Palácio, onde o Presidente da República oferecia aquela noite um banquete à comitiva de Jânio Quadros. Ficamos a esperar em uma saleta do primeiro andar. O salão de honra era guardado por dois milicianos. Um deles, mocinho, miúdo, de cabelos longos a se enroscar nos ombros, como o "Che" Guevara ou o Raul Castro. A princípio estava muito marcial e formalizado. Quando se acostumou com a nossa presença e nos esqueceu, começou a fazer micagens. Simulava exercícios violentos com seu fuzil belga; fez um ataque a baioneta que era um "ballet" digno de um Chaplin ou de um Cantinflas. Falava torrencialmente, com a volubilidade dos cubanos; o outro torcia-se de rir. O menor adotava as posturas mais desleixadas e, subitamente, fazia um "apresentar armas !" infernal. - Fidel Castro não gosta que a gente apresente armas quando êle passa. . . Perguntei-lhe por quê. — Acho que êle se assusta comigo... E riam de chorar, os dois. Foram rapazinhos assim que derrotaram um Exército de dezenas de milhares de homens muito bem armados e treinados pelo Ditador. Era um Exército que antes de perder a guerra tinha perdido a alma. n BP> W . f t f o X 3 . 0 . 65) J ,ACL.4/1,9,Z? t d* li (f)Vuíl^\ BRASÍLIA de mais alguns minutos, parto para Brasília. D ENTRO Estão botando as coisas no automóvel. Tenho a im- pressão de que vou à Lua. Onde está a máquina fotográfica ? E a farmácia ? Deixa ver se tem tudo : cafiaspirina para a dor de cabeça, termômetro para a febre, privina para o nariz, coramina para o coração, iodo e esparadrapo para a eventualidade, mitigai para os mosquitos, alka-seltzer para a ressaca, elixir paregórico para o que der e vier. Alguém viu se minha casaca está no carro ? E o peito duro, a gravata branca e o sapato preto ? Telefona ao Sette e vê se é preciso "smoking" também. Meu Deus, para que tudo isso ? Copos de papel, pratos de papel, guardanapos de papel, garfos, facas, colheres, salsichas em latas, pão, água... Você acha que vai faltar comida em Brasília ? Será que vamos passar fome na estrada ? Então, apanha lá no bar mais uma garrafa de uísque, o vinho que o Embaixador da Iugoslávia mandou, e aquele camember que está guardado no armário da copa. Não, não esqueço o queijo - á viagem é longa e o cheiro, forte. Quanta providencia para assistir à mudança de uma capital. E tem rriais. Colchões para a falta de camas, revólver para os ladrões de estrada, revisão no motor para suportar as cinqüenta prováveis horas de ida e volta, disposição, quase bravura. Sinto que vou viver uma grande aventura. Não invejo os que estão na cama, os que vão ficar nas suas cidades, os que vão desfrutar apenas pelos telegramas, pelas manchetes e pela televisão o grande acontecimento. Eu quero ser dos que estão lá, eu quero participar de tudo com a minha emoção e poder contar daqui há anos aos meus garotos que vi a Capital nascer, a 2Í de abril de 1960, em plena Praça dos Três Podères, entre hinos e fogos, lá no centro daquele planalto. Vi o impossível realizado. E quando eles souberem que o velho aqui chorou um pouco (estou certo de que isso vai acontecer) talvez me julguem melhor. Saberão que foi de alegria pelo futuro deles, da geração deles, que chorei. Um momento como esse que vem aí, só aparece de século em século. Não posso perdê-lo. Por isso não invejo os que estão na cama, os que dormem no conforto de suas casas. Não, não posso invejá-los. Eles não imaginam que estão perdendo o "show do século. Resta ainda saber se já tenho fósforo, velas, cartões de visita no bolso, garrafa térmica, mapas, travesseiro, dinheiro e retratos. São cinco horas da manhã. Bem, está na hora de partir. Ah, logo agora esse telefone. E' um amigo prevenindo que há ponte quebrada depois de Belo Horizonte. Êle acaba de chegar de Brasuia e está cheio de notícias : — "A Helena Mello oferece um jantar na quinta-feira, Baby Monteiro levou uma caravana de Kombis com convidados, mantímentos, empregados e acho que até animais domésticos. Ao longo da estrada, há carros-tanque : ao todo um milhão de litros de gasolina serão consumidos. E' bom levar, além da roupa de festa, camisas-esporte para as manhãs, que são quentes, suéteres e meias de lã para as tardes, que são frescas, sobretudo e chapéus para as noites, que são frias. Se por acaso dormir no carro, leve três cobertores. Na hora da inauguração, dois médicos estarão próximos do Presidente, prontos para qualquer reação emocional mais forte. Leve toalha, sabão e pouco dinheiro, para não ser muito roubado. Nunca beba água da bica, a Polícia é camarada mas está sempre pronta para qualquer emergência. A Lúcia Pedroso usará um vestido de Dior e os jornais de Goiânia anunciam com fotografia e tudo que Teresa e Didu estarão presentes. Vai ser duro para o Didu arranjar cravo de lapela. Comida não falta e o José Fernandes abasteceu o seu "Au Bon Gourmet" local com tudo que há de melhor." w : Entre curioso e preocupado vou ouvindo o que o meu amigo recém-chegado conta. Uma coisa sobretudo me faz rir. Os colunistas sociais de Brasília (é verdade, eles existem) fazem apelos para que, depois do dia 21, todo mundo use paletó, gravata, terno escuro e, se possível, chapéu. Estão já compenetrados e querem vestir o planalto com seriedade de capital antiga. Isso, naturalmente, levará tempo e acho mesmo que Brasília jamais perderá o seu simpático tipo de cidade "bluejeans". Já devem ser seis horas da manhã, pois minha filha menor acordou. Ela acorda extremamente pontual. Os outros vão acordando também. Antes que a casa des)erte totalmente, devo beijar alguém e partir. Ou vou ogo ou corro o risco de começar brincando com o cachorro, atender outro telefone... Entro no carro. Parece mais uma velha carroça de "cowboy", pronta para enfrentar o "farwest". Ligo o motor e digo adeus. O meu Rio vai ficando para trás. Í Quanta providência para assistir à mudança de uma capital... Mas o fato é que eu também quero ver o"show" do século afU I i mw,m fl-o.isi.ACL.V9 Moças bonitas vão a Brasília Em Nova I o r q u e : Alvorada é o lema I •••MHmiHHlH Lindas moças, que irão para Brasília no dia da inauguração e ali trabalharão como recepcionistas, fizeram uma parada na Imperial Modas, com o fim de experimentar seus bonitos uniformes. Todas elas trajarão vestidos simples e elegantes, próprios para o trabalho. As luvas e os sapatos são da mesma côr que as bolsas grandes, conforme a moda. Nas esquinas das ruas Gonçalves Dias e Ouvidor a circulação dos pedestres esteve praticamente interrompida. Este é o projeto do "stand" do Brasil na IV Feira Mundial de Nova Iorque, que projeto procurou captar o sentido arquitetônico da nova Capital e reproduz, Nas paredes serão colocados mapas luminosos e cerca de 15 mil recortes de mostrada, também, uma máquina automática que responderá a qualquer será inaugurada no próximo mês. O externamente, o Palácio da Alvorada. jornais americanos sobre Brasília. Será pergunta que seja feita sobre o Brasil. B9-, AtJ.*' • 5l,4Cl_.4 3o * m 1 jfl 4^H Pioneiras receberam o Congresso Para a g r a d e c e r a a p r o v a ç ã o d o projeto d e lei q u e t r a n s f o r m a as Pioneiras Sociais em Fundação, a S r a . Sara Kubitschek recebeu, no Palácio d a s Laranjeiras, diversos representantes d o Congresso N a c i o n a l . A p e s a r d o regime e x t r a o r d i n á r i o d e t r a b a l h o q u e v e m a b s o r v e n d o os p a r l a m e n t a r e s , a recepção f o i m u i t o c o n c o r r i d a . N a ocasião, f a l o u o presidente d a C â m a r a Federal, D e p u t a d o Ranieri M a z z i l i , e D . Sara Kubitschek a g r a d e c e u em rápidas p a l a v r a s . Ressaltou q u e a a p r o v a ç ã o d o p r o j e t o d a r á v e r d a d e i r a a u t o n o m i a a u m a instituição de caráter beneficente q u e , p a r a a t i n g i r seus ideais, tem d e permanecer isenta d e quaisquer interferências políticas. O auditório da Rádio N a c i o n a l , d o Rio, e x p l o d i u n u m a salva d e p a l m a s , q u a n d o Paulo Gracindo, durante a realização de s e u programa, a n u n c i o u o estréia d a cantora Denise D u r a n . Em meio aos aplausos h a via, também, uma p o n t a de saudades d e Dolores, a inesquecível c r i a d o r a d e " A Noite d o M e u B e m " , i r m ã de Denise. Revelando u m a p e r s o n a l i d a d e artística p r ó p r i a e m u i t a bossa p a r a o m i c r o f o n e , a Duran q u e surge f o i s a u d a d a pelo a n i m a d o r d o p r o g r a m a e pela cantora Emílinha B o r b a . Denise logo revelou q u e canta b e m e i n t e r p r e t a r á , p r i n c i p a l m e n t e , músicas d e sua i r m ã . \ Zuleika Pinho, broto de 1 8 anos e olhos verdes, só dançava "ballet" clássico. U m d i a convidaram-na para f a zer um bailado moderno na TV e ela chegou à conclusão de que todo o seu sentimento se voltav a p a r a as danças folclóricas e orientais. Nunca m a i s parou e hoje é um sucesso certo de televisão. Ela v i a j a rá, e m breve, p a r a o Oriente, o n de se especializará. ZULEIKA DANÇA COM O CORAÇÃO Bfi A> *u € 5 ! ^ C L . 4 / 7 , p. 3-1 Por 1991 votos e 194 abstenções a Convenção Nacional do PSD, em sua segunda reunião, decidiu homologar a candidatura do Sr, João Goulart como companheiro de chapa do Marechal Lott às próximas eleições. A reunião transcorreu calmamente, ressaltando os pontos de vista unânimes e a coesão das forças que apoiam o nome do Marechal. A sessão, que foi presidida pelo Ministro Amaral Peixoto, teve como líder da convenção o Sr. José Marta Alkmim e, além da importante decisão de homologar a candidatura Jango, ainda decidiu pela mudança da sede do partido para Brasília. Entre os membros da comissão que foram encarregados de levar a notícia ao Vice-Prestdente da República, encontrava-se o Governador Moisés Lupion e os Srs. Afonso Celso e Meneses Pimentel. AMARAL PEIXOTO, Lott e Jango, autêntico estado-maior da batalha eleitoral que se inicia. 38 O DEPUTADO Último de Carvalho, seguidor entus asta do Marechal, falou na Convenção. FERREIRA DA COSTA (no centro) candidate ao Governo do Paraná, e os risos da vitória. ÔP) M , PSiO X«i. -CL. 4/9, Cut ifll^ Gangazuma ou o céu dos negros OI num filme-revista norte-americano, e me deu F a perfeita imagem de um racismo subconsciente com manifestações poéticas. Um negro sonhava que morria e que, por ter sido bom entre negros e brancos, amarelos e peles-vermelhas, ia sem qualquer embargo para o céu. Qual céu ? O nosso ? O de Cristo, onde os homens de quaisquer cores são igualmente de Deus ? Não : havia um céu separado, separado como os lugares para "coloreds" nos ônibus dos Estados do Sul. Ali os anjos eram negros como >os bem-aventurados : deviam ter a voz grossa de Armstrong, a carapinha inesticável de Sammy Davis Jr. e a beiçarra de Nat "King" Cole. Nada de mestiços encarnando o pecado da promiscuidade racial. Por certo os mulatos estavam no inferno expiando a culpa do amor proibido. E ali iria ter, um dia, a alma dessa flor de mulatinha que é Lena Horne, a despeito de ter feito bem à humanidade com seu sorriso meigo e sua voz tranqüilizante. Apesar dessa crueldade racista, mascarada de "humour", a fantasia obtinha seu efeito recreativo. O público nunca tinha pensado em anjos negros, embora Tarsila do Amaral ja os houvesse pintado, e lindos, nos seus céus brasileiros democráticos e igualitários. Quando os escurinhos de asas surgiam, planando como enormes urubus fantasiados de garças, o público ria. Toda a pintura religiosa da Renascença se esmerara em nos mostrar anjos louros e de olhos azuis, como se isto fosse exigido por Deus, no lugar de altura c tórax largo, indispensáveis para o ingresso na guarda particular de um rei. Os mais intelectualizados imaginaram Patrocínio, naquele camisolão branco, sobrevoando o céu dos negros à procura da alma boa de Gangazuma, chefe nos quilombos dos Palmares. E seu filho Zeca contando lindas mentiras a Gangazuma, escolhido a dedo pela credulidade ou pelo gosto de ouvir mentiras bem imaginadas e bem contadas. Existe, sim, um racismo inconsciente, às vezes revelado por uma aura poética e um engenhoso jôeo de palavras. Há anos vimos um outro filme tirado do romance de um escritor hispano-americano intitulado O PRETO QUE TINHA ALMA DE BRANCO. O personagem central era um negro muito bom, e quando negro é bom mesmo, abram-lhe a barriga e o tórax, puxando o fecho "éclair", e surgirá uma alma branca de branco. Inversamente, um branco mau mostrará, aninhada no seu âmago, uma negra alma de negro. Aumentava a estupidez e a brutalidade do filme um ator pintado de negro, à maneira de Al Johnson, em quem nunca pude deixar de ver a tinta preta e certas marcas de fotografia de branco mostrada em negativo. Neste instante, meu bom Gangazuma, a África do Sul está dando ao mundo o mais extemporâneo y exemplo de ferocidade racista. Mata jovens, velhos e meninos negros na África dos negros, em grande parte libertada pelos movimentos de consciência dos nativos fracos de armas, superarmados de razões. E quem ordena os massacres não são os ingleses puros, antigos colonialistas cônscios, finalmente, de que a época vitoriana de rapinas territoriais passou : são os descendentes dos colonos flamengos da mesma raça daqueles que no Brasil mandaram duas expedições exterminar os negros livres da confederação dos Palmares onde, pelo menos, os quilomholas eram também imigrados, tinham vindo de fora, o que reduzia o morticínio a um acerto de contas entre estrangeiros, na lógica fria dos invasores. Lembras-te, Gangazuma ? Também a luta dos "boers" contra os ingleses foi uma luta entre invasores para os negros da África, ainda escravizados. Lutavam pelo húmus da terra, bondosa como em nenhuma outra parte do continente, e pelos diamantes descobertos depois. Os donos da África, os negros, nada tinham com a briga. Que lhes importa a mudança de dono se o relho e a canga eram os mesmos ? Krüger saiu dessa guerra de usurpadores como um herói africano, um Scipião colonial com seu monumento mais firme em Amsterdam ou Haia, naturalmente. Estás vendo, Gangazuma ? Trucidam os legítimos donos do continente africano, mas um branco chamado David Pratt dispara seu revólver contra Hendrick Verwoerd em nome da igualdade de raças e da fraternidade humana. E* esse homem sem sangue negro nas. veias que tenta abater o racista máximo, o touro ariano que espuma de ódio quando vê uma pele negra, um pano negro nas ruas de Johannesburgo ou da Cidade do Cabo. E' esse advogado espontâneo e invencível que põe finalmente o racismo sul-africano no banco dos réus acordando, com seus disparos, os negros mais surdos das mais inacessíveis cubatas, os brancos mais insensíveis das mais anestesiadas civilizações. Será condenado por tentativa de homicídio ? Certo, não tenhamos dúvidas, Gangazuma, mas seu cárcere não tardará a ser arrombado pelos negros vitoriosos na luta pela posse do seu continente. A Inglaterra tem o gênio da adaptação ao tempo, não lhe agrada o espírito do Transvaal na comunidade de nações livres formada pelo espírito da Inclia. E quando David Pratt morrer, tomem nota para conferir meu vaticínio, irá para o céu dos negros, isto é, para uma espécie de Harlem dos negros dentro do céu dos brancos e dos amarelos : um simples clube onde os escurinhos se reunirão para fazer sua música sem incomodar Scarlatti Pergolese, Mozart, Chopin, Bach, Beethoven e outros maiorais da música propriamente dita... - Vocês sabem, eles são muito velhos, não sabemos se gostam de "jazz". .. 0 .3 capital Brasília ! Eis a realidade que retifica os velhos texBRASIL, tos escolares e muda os rumos da nossa história. Triunfa uma idéia que completou, no mês passado, 147 anos de idade. À marcha dessa idéia, através de mil e um tropeços, merece ser contada. E' uma admirável demonstração da força do espírito atuando sobre um povo que amadurece para as grandes realizações nacionais. A prioridade da iniciativa é de Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça, o primeiro jornalista brasüeiro. No "Correio Brasiliense", publicado na Inglaterra, onde, exilado, fugiu às perseguições da Inquisição, criticava ele, em março de 1813, o comodismo da Corte de D. João, instalada no Rio de Janeiro, quando à sua chegada ao Brasil, em 1808, poderia ter criado uma nova e moderna Capital. Frisando a necessidade de ser edificada uma cidade de onde fossem "abertas estradas que se dirigissem a todos os portos de mar, o redator do "Correio Brasiliense" proclamava : "Quanto às dificuldades da criação de uma nova Capital, estamos convencidos de que todas elas não são mais que meros subterfúgios". Apontava-nos o exemplo norte-americano : "A facilidade com que nos Estados Unidos da América Setentrional se edificam novas cidades, o plano da fundação de R MAGALHÃES JR sua nova Capital, Washington, onde não havia uma só casa, mais no centro de seu território, é argumento tirado da experiência de nossos tempos, que nada pode contradizer*. Censurava à Corte a falta de coragem no arrostar novas condições de vida. O Rio estava feito. Tinha haoitações razoáveis, ruas por onde transitavam carruagens, um teatrinho e outras diversões para os cortesãos. Evitava-se o trabalho de criar outra cidade "com os incômodos inerentes a novos estabelecimentos". E comentava, com tristeza : "E por essas miseráveis considerações se roubou a S.A.R., o Príncipe Regente, a glória incomparável de ser o fundador de uma cidade, a que afixaria o seu nome, fazendo-se imortal na criação de uma vasta monarquia". Em sucessivos artigos, de 1813 a 1822, defendeu Hipólito a mesma tese, sempre mostrando o exemplo de Washington, onde tratos de terra haviam sido vendidos em moeda corrente, para ser o dinheiro empregado na construção de edifícios públicos. A idéia começou a trabalhar os espíritos, mas só apareceu num documento de grande significação política quando, em 1821, foi incorporada às instruções da Junta de São Paulo aos deputados paulistas às Cortes Portuguesas. D. João VI cedera às exigências dos constituciona- BRASIL CAPITAL BRASÍLIA 3P> listas e, abrindo mão dos podêres absolutos, convocara as Cortes de Lisboa. O Reino do Brasil elegeu, então seus primeiros deputados. José Bonifácio de Andrada e Sirva não concorreu a deputação por São Paulo, mas seu irmão, Antônio Carlos, fora eleito. Entre os demais figuravam Diogo Antônio Feijó e Nicolau de Campos Vergueiro. Uma parte das instruções da Junta, elaboradas por José Bonifácio, com a data de 9 de outubro de 1821, versava especialmente sobre a mudança da Capital do Brasil. Aí escrevera o ilustre paulista : "Parece-nos também muito útil que se levante uma nova cidade que sirva como Capital e assento da Corte ou da Regência, em uma latitude, pouco mais ou menos, de quinze graus, em sítio sadio, ameno, fértil e regado por algum rio navegável. Deste modo, ficará a Corte ou assento da Regência livre de qualquer assalto e surpresa externa e se chama para as províncias centrais o excesso da população vadia das cidades marítimas e comerciais. Desta Corte central dever-se-ão logo abrir estradas para as diversas províncias e portos de mar, para que se comuniquem e circulem com toda a prontidão as ordens do Governo, e se favoreça por elas o comércio do vasto Império do Brasil." Nas Cortes Portuguesas, as vozes dos deputados brasileiros não UME A HISTÓRIA DA NOVA decerto criará em breve giro comercial interno da maior magnitude etc." Lembrando que era lenta e difícil a comunicação marítima entre a Capital do Império e os portos longínquos do Pará e do Amazonas, dizia José Bonifácio que "todos esses embaraços e dificuldades cessarão pelas comunicações internas com a nova Capital por meio de estradas". No seu entender, o ponto ideal para a localização era a Comarca de Paracatu, no Oeste de Minas, "pelos muitos rios que ali nascem, ou se cruzam e engrossam". Ponderava, no entanto: "A escolha final do local só pode decidir-se exatamente depois de trabalhos geodésicos e sanitários de uma comissão composta de engenheiros, médicos e arquitetos, que levante a planta do terreno e examine as circunstâncias locais que o devem fazer digno de tal categoria". Se a Constituinte não tivesse sido dissolvida por D. Pedro I, as idéias de José Bonifácio, dada a sua autoridade e prestígio, decerto teriam então prevalecido. O terceiro defensor prestigioso da idéia da mudança da Capital foi o diplomata e historiador Francisco Adolfo de Varahagen (Visconde de Porto Seguro). No ano de 1834 (período regencial) dizia êle : "Per- CAPITAL encontraram ressonância. Aliás, ao serem encerrados os trabalhos, em Lisboa, a 23 de setembro de 1822, a independência do Brasil já estava feita. Na Assembléia Constituinte de 1823 (dissolvida antes de completar seus trabalhos), o Deputado José Bonifácio, no exercício da presidência, fêz a 8 de junho uma representação a seus pares, sobre o mesmo assunto, dizendo, inicialmente, o seguinte : "Parece muito útil, até necessário, que se edifique uma nova Capital do Império no interior do Brasil, para assento da Corte da Assembléia Legislativa e dos Tribunais Superiores, que a Constituição determinar. Esta Capital poderá chamar-se Petrópolis ou Brasília." Duas denominações felizes: uma seria aproveitada, no meado do século passado, para batizar o núcleo de colonização germânica estabelecido na região serrana fluminense por D. Pedro II e a outra é agora retirada do olvido. Depois de repetir argumentos constantes das instruções da Junta de São Paulo, dizia o Patriarca da Independência: "Como esta cidade deve ficar, quanto possível, equidistante dos limites do Império, tanto em latitude como em longitude, vai-se abrir, deste modo, por meio de estradas que devem sair deste centro como raios para as diversas províncias e suas cidades interiores e marítimas, uma comunicação que mita Deus que seja quanto antes retirada a Capital do Império, tão vulnerável e tão exposta", acrescentando que "a própria Providência concedeu ao Brasil uma paragem central mais segura, mais sã e mais própria a ligar entre si os grandes vales do Amazonas, do Prata e do São Francisco". Foi uma voz que pregou no d e s e r t o . . . Cinqüenta e sete anos depois, quando a monarquia já havia desaparecido e o regime republicano entrava na fase de estruturação, a idéia voltou a debate e foi pacificamente incorporada à Constituição da Fepública. Nesse documento, promulgado a 24 de fevereiro de 1891, dizia o artigo 3.° : "Fica pertencente à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal. Parágrafo único : Efetuada a mudança da Capital, o atual Distrito Federal passará a constituir um Estado." Convém lembrar que Machado de Assis, comentando esse texto constitucional, foi quem primeiro lembrou o nome de Estado da Guanabara, para a nova unidade federativa a ser criada, por ser aquele o nome que os poetas outrora lhe d a v a m . . . O governo de Floriano Peixoto, iniciado em novembro de 1891, SEGUE ÍÍ!9HtvlÍ! II iiriíKi Küfi sr»?! i f i l l l l ü l l 11*1 L mm KKIMMTB wK£ IP ir ÍURÍ- Ia AS.p *•« 3 *»i I I I 9 i r i i r s i ^ i n üMalNfet LriKI «f g» » •*** , P>'O x ^ . o. e ' • y?, p.zc BRASÍLIA ^ máquina administrativa já começou a ser montada - os blocos foi o primeiro a tomar providencias para que o mandamento constitucional tivesse execução. O orçamento para 1892 consignava a verba necessária para a realização dos estudos preliminares : exploração do planalto central, investigações sobre o clima, a hidrografia, a geologia, etc, e escolha da área em que devia ser localizado a nova Capital. A 17 de maio daquele ano, o Ministro da Agricultura, Antão Gonçalves de Faria, nomeou a comissão, para cuja chefia foi escolhido o cientista Luís Cruls, nascido na Bélgica, mas radicado no Brasil e alcançado pela "grande naturalização". Entre seus companheiros figuravam J. Oliveira Lacaille e Henrique Norize, astrônomos ; Antônio Martins de Azevedo Pimentel e- Pedro Gouveia, médicos; Eugênio Hussak, geólogo; Ernesto Ule, botânico; e os militares Celestino Alves Bastos, Tasso Fragoso, Hastínfilo de Moura, Alípio Gama, Pedro Carolino Pinto de Almeida e outros. A 9 de junho partiu a comissão para Uberaba, ponto terminal da Estrada de Ferro Mogiana, levando 206 caixotes e fardos de material. Aí ficou, organizando a expedição, até 29 do mesmo mês. Partiu, então, para o planalto, via Catalão, Entre-Rios, Bonfim e Pirenópolis. Cruzou rios e montanhas, venceu enormes dificuldades, mas atingiu, por fim, o seu objetivo. A área escolhida corresponde à que afinal foi utilizada : no mapa, então organizado, está o Rio Paranauá, que, represado, forma o largo ora existente em Brasília. No final do relatório ao Governo, escreveu Luís Cruls : "Sem entrarmos aqui em considerações de ordem política e administrativa, muitas razões há que aconselham a mudança da Capital Federal para um ponto do interior do território. Entre elas salienta-se o incontestável benefício que daí resultará para toda essa imensa região central, à qual faltou até hoje a indispensável vitalidade para que se pudesse desenvolver e progredir convenientemente." • A distância era apontada como grande obstáculo a T ) A R A ela convergiriam então as principais estradas de ferro, que ••• seriam como que as artérias ligando-a não só aos principais pontos do litoral como também às capitais dos diversos Estados. Em suma : julgamos necessário insistir nas vantagens que para o desenvolvimento e o progresso hão de indubitavelmente resultar da realização desse projeto." Adiante, afirmava : "Quanto aos inconvenientes ou desvantagens que dessa medida podem provir, acreditamos que eles só existem na imaginação de um pequeno número de pessoas pouco propensas às idéias progressistas e que, considerando insuperáveis as dificuldades que lhe são inerente, acham preferível não sair dos trilhos da velha rotina, esquecendo-se de que esta é incompatível com todo e qualquer progresso. Um dos obstáculos, o da distância, afirmava que poderia ser facilmente vencido "em 20 horas, admitindo para os trens de passageiros uma velocidade média de 60 km, inferior de 50 a 60% à dos trens americanos", desde que se fizesse ligação ferroviária direta entre o Rio e a nova Capital. Ainda sob a chefia de Luís Cruls, segunda expedição foi empreendida ao planalto central em 1894, para estudo das facilidades de acesso por outros caminhos que não o anteriormente utilizado. O grupo de Henrique Morize fez o percurso da Bahia a Formosa, via Juazeiro, cobrindo 371,2 km. O grupo de Hastínfilo de Moura fêz o percurso da última estação da Central do Brasil a Formosa, no total de 791,4 km. O grupo de Celestino Alves Bastos seguiu de Itapecerica, ponto terminal da E. F. Oeste de Minas, para Santa Luzia, em Goiás, no total de 711,9 km. O grupo de Alípio Gama seguiu da margem esquerda do Rio São Francisco para Santa Luzia, no total de 605 km. Depois de convergirem para o mesmo ponto, alcançaram o planalto. No regresso, novo relatório foi apresentado, desta vez ao Ministro Antônio Olinto dos Santos Pires, da Viação, Indústria e Obras Públicas, sendo impresso em 1896 (Governo de Prudente de Morais). Desse relatório constavam observações do botânico Auguste Glaziou, que aconselhava o cultivo, no planalto, de árvores frutíferas como o araticum, biribá e outras que dão frutos comestíveis, das espécies mirtáceas, amonáeeas, etc. "Impressionou-me profundamente a calma severa e majestosa desse vale", escreveu Glaziou. Noutro trecho do relatório, encontram-se estas observações sobre o local do acampamento : "Ao depois, quase diariamente, percorri, herborizando cá e lá, ora uma parte, ora outra, desse calmo território e dessas excursões voltava sempre encantado. Cem vezes as repeti, quase sempre a pé, para facilidade das observações, em todos os sentidos e sem a menor fadiga, tão benéfica é aí a amenídade atmosférica." E adiante : "Além desses predicados terrestres, o clima desses lugares é perfeitamente regular. u Neles reina constante aragem sempre junta a uma temperatura invariável: entendo que tudo aí se reúne para felicitar absolutamente a existência humana." Impressos os relatórios, nada mais se fêz. Prudente de Morais, tendo conseguido pacificar o Sul, viu-se às voltas com a campanha de Canudos. Campos Sales não pensou em gastos, mas em valorizar a moeda, pela contenção das despesas. Rodrigues Alves executou as grandes obras do Rio (inclusive as do porto). Afonso Pena, criador de Belo Horizonte, não pensou mais em mudanças, mas em dar encouraçados à esquadra. Hermes, em reformar o Exército, Wenceslau, em aumentar a produção. E em evitar os reflexos da guerra no Brasil. • Getúlio tente sempre reação desfavorável à mudança A idéia, que dormia, foi de novo agitada quando a paz voltou. Muda•*• *• -se ou não se muda a Capital? Começou a transitar na Câmara dos Deputados o projeto que autorizava o Governo a dar passos nesse sentido. Mas havia resistência. A respeito dessas resistências, falou um deputado mineiro, Francisco Valadares, na sessão de 23 de julho de 1920, na Câmara Federal: - Já não quero lembrar o texto constitucional, mas a conveniência, a oportunidade, de começarmos a pensar em obedecer a êle e não em dificultar cada vez mais o que a Constituição dispõe, interpretando as aspirações dos verdadeiros republicanos . . . Transportada a sede do seu Governo para o planalto, a República, por assim dizer, se aproximaria das suas fontes. Haveria ainda a vantagem - e essa incalculável para o progresso do Brasil - de chamar para as terras devolutas do ais a atenção de maior número, e assim apressar-se a civilização rasileira, a civilização do sertão ! Era a época em que se discutia a votação das verbas para a construção do Palácio Tiradentes e há 40 anos Francisco Valadares já achava que essa despesa devia ser feita na nova Capital. O projeto da mudança saiu em 1920 da Câmara para o Senado, sendo aí aprovado em primeira discussão. Ferreira da Rosa registrou o fato, no "Memorial do Rio de Janeiro" : "O público já estava até esquecido d i s s o . . . E' que o andamento do projeto parece-se muito com o daqueles carros, tirados por muitas juntas de bois. que nem por isso andam depressa : levam, tempo a ganhar terreno. Vai custar a dar com a Capital em Goiás. Tão longe ! Tão longe 1" Quando veio a revolução de 1930, o projeto continuava esquecido nas gavetas do Senado, que não tinha pressa... Getúlio Vargas poderia ter mudado a Capital, nos anos em que exerceu o poder discricionàriamente. O Ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha, era mudancista. Tinha entusiasmo pela idéia. Tentou transmiti-la a seu chefe. Getúlio hesitava. Poderia haver reação desfavorável. As despesas eram muitas. As resistências seriam enormes. Foi quando Aranha teve a frase, que muitas vezes repetiu a amigos : - Fique certo de uma coisa : se eu fôr na frente, levando o Tesouro e o Banco do Brasil, todo mundo virá logo atrás de m i m . . . Em 1934, reuniu-se a Constituinte: o ponto de vista de Hipólito e José Bonifácio foi reafirmado, nos mesmos termos de 1891. Nada se fêz. Em 1946, uma nova assembléia votou a terceira carta constitucional da República. E de novo triunfava, pacificamente, a idéia da mudança da Capital. Impressionante, essa constância. A mentalidade do Brasil começara a mudar. • JK conseguiu o milagre da fazer transferência T) EPETINDO Floriano, o Presidente Dutra mandou fazer o levantamento da área onde devia ser construída a nova cidade. O escolhido, Marechal José Pessoa, engenheiro militar, fixou-se na mesma região visitada antes por Luís Cruls e seus companheiros. Desta vez, praticamente, não houve solução de continuidade no esforço mudancista. As providências iniciais continuaram no Governo do Presidente Vargas e, por fim, eleito o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, o Congressso não hesitou mais : votou, unanimemente, os créditos necessários e as medidas indispensáveis à grande realização. Surgiu a Novacap, como expressão desse entendimento legislativo, e um membro ilustre do Congressso Nacional, o Sr. Israel Pinheiro, renunciou ao seu mandato para colocar-se à frente do empreendimento. Produziu-se, depois de um milagre de compreensão, um milagre de entusiasmo e de trabalho, para gloria não apenas de um Presidente e de um grupo de colaboradores imbuídos da mesma energia criadora, mas de todos os brasileiros que sentem em Brasília uma afirmação de capacidade construtiva de que só são capazes as grandes nações. g>fc A/J,*>/0 X9 • 0 . E S ! , £CL .-• - : residenciais esperam a chegada dos funcionários. _ . . SSBBBt •^^w lrè -^••v" ttBTTWIMK'^ - Jh» I ^HB r.. .-.- *-« i • V7 J\fij£F 'TTfcfcT • em prata e cetim... Moderno... em linhas clássicas — Neste maravilhoso modelo há detalhes que seguem as ultimas tendências da moda. O corte Ha gola, por exemplo; ou a manga; ou o cinto, formando um laço inglês. Todavia, no conjunto, é um modelo em linhas clássicas e tradicionais. Seu tecido é o cetim Khodia — ricamente bordado cm fios de prata. Para acentuar o belo toque de tradição, a grinalda é toda em flores de laranjeira, com véu em tule Rhodianyl. Ty T A R T A GARCIA é a moça que já entrou para a história •*"'•*• de Brasília como a primeira Miss. Seus olhos verdes e corjK> bonito ganharam o primeiro lugar na passarela montada, há um ano, na Capital que agora se inaugura. Depois, no Maracanã/inho, a bela carioca foi classificada entre as finalistas. Viajou pela Europa e tornou ainda mais conhecida a Nova Capital. Simples como antes de todo sucesso, Marta continua (requentando o Arpoador e a receber no bonito apartamento de sua família, no Flamengo. Agora mesmo anima com seu sorriso as festividades de inauguração da Capital do Brasil. SELEÇÕES ALBÈNE, E RHODIA RHODIAJNTYX. r i o cLia m a i s Vestido criado por MAl)A ME RüSITA feliz cLe s u a . v i d a . Paulo Mendes Campos Casa de pensão Q U A N D O vim de Minas para o Rio, fui morar, com o perdão do nome, no Palacete M o n Réve, R u a Gustavo Sampaio. O antigo palacete transformara-se em pensão mofina, q u e eu, de certo em virtude da m i n h a instabilidade financeira, achava dostoievskiana. Dividia o meu q u a r t o com a moça mais bonita da pensão. Mas me explico : um tabique de papelão separava os nossos leitos, u m tabique tão viciado ou complacente q u e n ã o se podia virar demasiado na cama estreita sem invadir a outra. Diga-se logo q u e a minha vizinha, embora não revelasse q u a l q u e r preconceito q u a n t o a essa relativa intimidade de nossos corpos avolumando-se às vezes para cima de minha cama, jamais sugeriu, por olhar, palavra, gesto ou omissão, q u e essa intimidade transpusesse as muralhas de Jerico E q u e almas negras não teríamos quase todos se o pecado verdadeiro não estivesse afinal na transposição da m u r a l h a ! Mesmo de papelão flexível, u m a parede é sempre uma parede, e preserva a nossa alma das delícias do inferno. Naquele caso, eu e a moça dormíamos castamente juntos, encarregando-se o tabique de zelar pelo advérbio de modo. Q u a n d o encontrava m i n h a jovem e intocada companheira de q u a r t o , na hora do café, seu ar era de u m recato sublime, até mesmo de u m sublime desinteresse por mim, e atrás de seus óculos escuros não era possível enxergar os seus olhos castanhos. O prédio era em forma de T . Meu quarto, o último do corpo central da construção, ficava no ângulo reto da ala direita, onde se enfileirava*m outros quartos, outros problemas, outras ansiedades. U m a noite, q u a n d o me arrumava para dormir, ouvi no q u a r t o ao lado o primeiro da ala, u m a voz de mulher moça a clamar em tom indignado contra as constantes infidelidades de u m homem. O ataque era de pessoa para pessoa, as acusações eram sérias e che ; as de ameaças, mas não se fazia ouvir em resposta a voz do acusado A mulher dizia mais ou menos o seguinte : — T u pensas q u e eu ia ficar a vida toda feito uma idiota ? Não vês q u e eu tinha percebido tudo há mais de seis meses ? Você é u m cafajeste completo, Joãozinho. Fiz tudo por você, fui fiel, passei humilhações, não adiantou nada. Ainda se você me enganasse de vez em q u a n d o , uma, duas, três, q u a t r o vezes. Mas pensar q u e vou ficar calada só p o r q u e te amo isso é q u e não, meu filho ! Ej:om uma ex-amiga m i n h a í Isto é q u e não, meu bem ! Para você estava tudo muito cômodo, não é ? N a t u r a l m e n t e achaste q u e eu nunca teria o topete de dar o estrilo. Pois estás m u i t o enganado. U m a m u l h e r tem sempre a sua moral. Por mais baixa q u e seja. Até vagabunda do Mangue tem moral, fique você sabendo. Pois agora, vais ficar com tua sem-vergonha. Porque a mim você não verá nunca mais. N u n c a m a i s ! Chega I O h , se chega ! Confesso q u e , enventualmente também meio cafajeste, subi a o peitoril da janela, ralado de curiosidade. E vi. Vi, em um q u a r t o mais ou menos parecido com o meu, uma jovem de vinte e poucos anos, nada feia, maquilada com exagero, vestida com a chamada elegância duvidosa. E n q u a n t o ela prosseguia na deslompostura, retirava de um armário peças de roupa, para arrumá-las dentro de uma, dua;>, três malas de mão. Na cama de casal jazia u m h o m e m m a d u r o e grande. Bastava espiá-lo para verificar q u e a companheira dêie estava certa : Joãozinho era u m cafajeste da cabeça aos pés, cafajeste por nascimento, vocação, educação determinação, filosofia, r e l i g i ã o . . . Cabelos pretos d e m r r a d a m e n t e penteados, barba raspada com meticulosidade neurótica, bigodes a capricho, camisa creme de palha de seda, gravata prateada com u m a pérola, calças escuras bem passadas, sapatos de duas cores. O todo da figura era robusto, n o limite do obeso, a pele amarelo-esverdeada de q u e m nunca tomou sol. Expressão não tinha. Fitava o teto, jogando p a r a cima vastas baforadas de fumaça. A mulher, imprecando continuava a fazer as mala^. Às vezes parava e dirigia-lhe u m insulto mais d u r o , torneava um detalhe mais cru; mas o b r u t o acendia cigarro atrás de cigarro, imparcial e tranqüilo. Por fim, ela passou a chave nas três malas, ajeitou o cabelo, e foi postar-se diante dele em desafio : — Adeus, Joãozinho. Hierática, esperou uma resposta. Êle moveu a cabeça para o lado dela, com o olhar sempre n e u t r o , virou as pernas em câmara lenta para fora da cama amassou o cigarro no cinzeiro, levantou-se, segurou-a pela gola do vestido; em silêncio, com uma serenidade profissional, sem desperdício de gestos, Joãozinho aplicou na amada um dúzia de sonoros e ritmados tabefes, de dorso de mão na face direita e de m ã o espalmada na face esquerda. A cena foi tão rápida, tão natural, tão técnica, q u e não tive tempo nem razão d e espantar-me. A última tapona atirou-a, a soluçar com entusiasmo, ?òbre as malas. Êle voltou solenemente para a cama como um navio de guerra regressa ao ancoradouro depois das manobras. Acendeu outro cigarro, não disse palavra. Ela chorou, chorou ainda por bastante tempo, depois se ergueu, espasmódica, e foi d e r r a m a r as derradeiras lágrimas sobre a camisa de palha de seda. joãozinho a recebeu como u m pai, sofrido e grave, acolhe uma filha transviada. Minutos depois, a moça lavou os olhos e o rosto, abriu a primeira mala de onde começou a retirar as peças de roupa. Sumiu por um momento, reapareceu em uma camisola de seda, aninhou-se de novo nos peitos largos de Joãozinho. beijou-lhe a boca e a cara esverdeada. muitas vezes. Êle sumiu t a m b é m por um m o m e n t o e reapareceu em um pijama h o r r e n d o . Deitou-se, ela se ajeitou ainda mais pedindo proteção. - João/.inho. ainda gostas u m p o u q u i n h o de mim ? joãozinho não respondeu. Sua m ã o de unhas esmaltadas procurou o comutador e a treva da noite penetrou dentro de q u a r t o . JK CIDADÃO Paro quem deseja acordar na HORfl. BENEMÉRITO DO RIO CEKTA- OI u m a noite de alto sentido cívico. A C â m a r a dos Vereadores do Distrito Federal conferiu ao Presidente Juscelino Kubitschek o título de Cidadão Benemérito. Em companhia de D. Sara, o Presidente d a República recebeu a homenagem e, na mesma noite, anunciou a assinatura de mensagem solicitando ao Congresso a verba de 3 bilhões de cruzeiros para a conclusão das obras que estão sendo realizadas na cidade. 1 3 l NO "HALL ' DA CÂMARA, Q U A N D O O CASAL KUBITSCHEK * * / ERA RECEBIDO POR VEREADORES E ALTAS AUTORIDADES • \^m O Despertador "INREBRA" é fabricado pela mesma indústria dos famoso* relógios " H", tem « a som característico e agradável que não irrita quando desperta... é um despertador que não falha p u n r a ! Tenha sempre um • JNREBR.V à sua cabeceira - durma tranquilo... e acorde sempre na hora certa 1 NAS ESCADARIAS, TODOS O U V I R A M O PRESIDENTE V&UMART POSOU ENTRE OS MEMBROS DA MESA DIRETORA E FUNCIONÁRIOS DE PÉ, AS PALAVRAS SOLENES C O M QUE FOI ENTREGUE A JK O TÍTULO DE C I D A D à O ^ ' INDÚSTRIA 0 1 RllÓGIOS DO BRASIL LTDA. Ryo Clark, 78 — T«l. 9-3780 SSQ Paulo — Bfditf D A REPUBLICA BENEMÉRITO. «C ^ -Mfr* ' ' ' .< , ! " - são leitos estes lindos talhjeres! MOMENTO EM QUE JK RECEBEU DO PRES. DA CÂMARA A INSÍGNIA DE BENEMÉRITO c? - aço inoxidável especial mr, Com o metal nobre d o século, o fabuloso SARA. AO SER CUMPRIMENTADA PELO SR. CELSO LISBOA. PRES. DA CÂMARA. aço inoxidável, são feitos os delicados desenhos talheres e nas formas Wolffinox. de grande Repare classe. nos A resistência é absoluta, e o brilho inalterável. W o l f f i n o x são talheres para sempre, ideais para as refeições diárias. m • * , Veja os modelos e escolha o que mais lhe a g r a d a r . . . a é beleza em sua mesa! E a qualidade é W o l f f ! COMPLETA UNHA DE UTENSÍLIOS Em Wolffinox V. encontra também a mais completa linha de utensílios, para todas as finalidades N O V O PROCESSO MICRO-SERRILHADO O serrilhado é pequeno, igual e preciso - mantém o corte das facas sempre perfeito t > FAMA SOC. NA RUA. EM FRENTE A CÂMARA. O POVO SE AGLOMEROU PARA APLAUDIR JK MUNDIAL PAULISTA DE ARTEFATOS M E T A L Ú R G I C O S S. A. C. Postal, 5947 - S. Paulo ÇP> 4M, ?AO X ^ . O . € S I , 4 C L . 4 / ? , p.4J Aventura do cotidiano AVANA — Fidel Castro saíra havia mais de uma hora, a recepção na Embaixada já tinha terminado. Eu me deixara ficar pelos jardins, aguardando um casal amigo, enquanto a noite cubana seguia o seu curso. De repente, ali da varanda, ao olhar para a meia-luz do saguão, vejo a figura do líder revolucionário, mãos na cintura, a olhar para a sala. H Aproximei-me, intrigado. Fiquei sabendo então que êle voltara para buscar sua pistola. Alguém lhe aconselhara a desfazer-se dela por um instante, para não impressionar mal aos repórteres e fotógrafos que o aguardavam na outra*sala. Tirara o cinto, deixando-o com a arma sobre a pia do banheiro. Lá estava o cinto — coldre e cariucheira. Mas a pistola havia desaparecido. Todas as suposições foram feitas: roubada, não tinha dúvida. Mas por quem? Algum admirador, levada como recordação. — Não — insistia êle: — Trata-se de um ladrão vulgar. E como menino teimoso a quem tomaram um brinquedo: — A minha p i s t o l a . . . Presente de seu amigo Che Guevara, desde os primeiros tempos da revolução. Chapeada a ouro na culatra, com seu próprio nome nela gravado. Diziam mesmo que não a carregava consigo senão como peça de estimação, e a utilizava para guardar no pente bilhetes e papéis pessoais. Seria possível? Tanto mais grave, pois — a ser verdade esse detalhe que na hora não tive coragem de apurar: a carteira do líder, uma pistola! — Muita gente entrou aqui — procuravam explicar-Ihe: — Em festas como esta, com centenas de convidados, tais clisas costumam sempre acontecer, é impossível controlar . . . Eu mesmo vira como um fã mais ardoroso colhera cuidadosamente do cinzeiro o toco do charuto que êle acabava de fumar. Era possível que alguma cubana, admii adora mais arrebatada do herói de Sierra Maestra, vendo a arma no banheiro, num impulso de simbólica cleptomania capaz de fazer Freud sorrir de satisfação dentro do túmulo, a enfiasse debaixo da saia. — Ninguém teria coragem de tirá-la a não ser como lembrança... E um homem não ousaria guardá-la no bolso, faria muito volume. Com isso eu procurava de saída afastar de mim qualquer suspeita. Afinal, era agora o único dos presentes que êle não conhecia. — Detesto ladrões — êle insistia: — Preferia levar quatro tiros a ser roubado. Todos, sinceramente d^isconsclados, procuravam ainda algum traço da arma, ainda que na imaginação. Comecei vagamente a mexer-me também, inquieto, olhando já em lugares absurdos —- atrás dos livros na estante, debaixo do cinzeiro, nos cantos da sala, dentro dos copos. — Já sei! — exclamou alguém, avançando para i*^. : e me apontando: — Agora tenho certeza! Zstremeci nos alicerces — e já me dispunha a erguer os b/aços para que me dessem busca ali mesmo. Mas não se tratava disso: — Brasileiro é que não foi — pelo menos jornalista da comitiva: vocês todos, sem exceção, estavam reunidos na outra sala, participando da entrevista. Ainda bem — respirei aliviado e me cocei, menos apre nsivo. A história, pelo seu ineditismo, haveria de transpirar. No dia segu.nte a notícia correria pelos jornais do mundo — e eu ali. sem saber onde botar as mãos. Mas a presença do embaixador me reconfortava. Êle sabia que de sua hospitalidade eu jamais seria capaz de abusar. Imaginava então a exploração que no dia seguinte se poderia fazer do caso, dando-lhe uma importância que transcendesse o seu aspecto meramente pitoresco e até de simpatia para com a revolução. 0 Brasil romperia relações com Cuba? Afinal de contas, por muito menos rompeu com a Rússia. Mesmo como "souvenir", não se furta impunemente a pistola de um revolucionário. Melhor seria talvez que eu próprio noticiasse — para assim, pelo menos, reduzir o incidente às suas verdadeiras proporções. Deixando-me, é lógico, do lado de fora. 0 embaixador, porém, era homem de sensibilidade e suficiente experiência diplomática. E no que dependesse de mim, as relações entre os dois países continuariam cada vez melhores. Todo mundo sabe que a aura de estima em torno de Fidel Castro é de molde a fazer com que seus fãs mais arrebatados lhe furtem até a roupa, Sc tal fosse possível — quanto mais uma arma deixada no banheiro. — Detesto ladrões — dizia êle, com o ar mais chateado deste mundo. Não havia perigo que passasse disso, pois, além do irais, estava desarmado. Mas como de súbito me olhasse fixam* ntr, quase a perguntar: afinal, quem é esse sujeito? voltei a formular a suposição inicial: a pistola não mataria mais ninguém, êle podia ficar tranqüilo: estaria guardada como um bem precioso, relíquia da gloriosa r r v l u ç ã o , em mãos de algum afortunado — embora de nvYha parte não desejasse naquele instante estar em sua pele. Para não ser impertinente, Fidel Castro se ergueu, c nfira, deu por encerrado o assunto e sorriu, despedindo-se delicadamente de todos nós. Que pelo menos a pistola roubada sirva um dia de inspiração para outras causas just?s — pensei comigo: uma pistola a menos, uma esperança a mais. ÍM«« JLIUSTRIERTE Jn ?*<*$ entÈ iSJtÍBrt^Ss £# • - Í yp\ * "QUANTAS PESSOAS trabalham no Vaticano ?" Resposta pronta do Papa João XXIII: "Um pouco mais da metade..." + PARA COMEMORAR o 1900.° aniversário da chegada de São Paulo a Roma, o Papa poderia proclamar 1961 "Pequeno Ano Santo". * CAÇANDO TERRORISTAS, a Polícia sul-africana prendeu, num só dia, mais de duas mil pessoas. Não escaparam sequer os membros do Congresso Pan-Africano, cujo funcionamento, aliás, foi proibido. 6 ,acL. : J i ^ * ELIZABETH TAYLOR e seu marido Eddie Fischer investem capitais : vão abrir um restaurante em Manhattan, próximo ao edifício das Nações Unidas. iç BILL BARNES, administrador de uma companhia petrolífera, propôs a compra de toda a Ilha de Cuba por uma quantia correspondente a 200 milhões de cruzeiros. Julian Orta, acessor de Fidel Castro, respondeu em nome do Governo : "Sua proposta é, antes de tudo, idiota. Mas, parando de quem parte, não surpreende... * CHARLES BOYER, David Niven e Dick Powell fundaram uma empresa especializada na produção de filmes para T V . A nova organização, chamada "Four Star Films Inc.", já conta com 360 funcionários. A quarta estrela do título é Robert Montgomery, o homem que prepara o Presidente Eisenhower para todas as suas passagens na T V . ir BEN GURION conta avistar-se ainda este ano com Kruchev. Gromyko prometeu arranjar o encontro para breve. * VERDADEIRA ONDA de publicidade japonesa invade os espaços caríssimos da televisão, do rádio e da imprensa americanos, anunciando: material de escritório, transistores, pérolas, roupas feitas, instrumentos ópticos e máquinas de escrever. A indústria americana similar não suporta a concorrência: a mesma caneta fabricada nos dois países é vendida pelos japoneses 50% mais barata que a dos americanos, it YESO AMALFI, ex-jogador brasileiro do Racing, de Paris, a um jornalista francês : "Se eu me tornar, como espero, correspondente oficial da CBD na Europa, farei o impossível para organizar rapidamente o encontro que se impõe entre a equipe do Brasil, a melhor do mundo, e a da França, a melhor da Europa." * FRANK SINATRA rescindiu seu contrato com o cenarista Albert Maltz, acusado (no tempo de Mac Carthy) de exercer atividades antiamericanas. Depois de sofrer violenta campanha da imprensa, Sinatra declarou : "Minha família, meus amigos e o público americano levaram-me a tomar esta grave decisão. Eu não poderia deixar de me inclinar à vontade da maioria." * ANÚNCIO DE UMA agência de viagens parisiense, esta semana : Duas grandes excursões. Semana Santa na Espanha 380 NF e Primeiro de Maio em Moscou - 750 NF". it NOELLE ADAM, a nova nora de Charles Chaplin, se encontra em Hollywood, fotografando os antigos estúdios de Carlitos, que foram transformados em mercado de legumes . . . * EM W A S H I N G T O N , alguns hotéis ostentam este conselho nas paredes de seus quartos: "Não fume na cama. As cinzas que cairão no chão poderão ser as suas próprias cinzas." noticias que vaiem Manchete jf HÉRCULES é, atualmente, o herói número um do cinema italiano. Depois de "Trabalhos de Hércules" e de "Hércules e a Rainha da Lídia", estão realizando em Cinecitá: "Os Amores de Hércules", com Jayne Mansfield, e a "A Vingança de Hércules", uma co-produção ítalo-franco-alemã-americana. * O FILHO DE ROBERTO ROSSELLINI, de 19 anos de idade, já escolheu o título do filme que marcará sua estréia como produtor : "Divórcios" . . . ^ NOVIDADE norte-americana : os tambores dos revólveres autênticos dos "gangsters" e dos "cowbovs" estão sendo fabricados em fibra de vidro, em várias c o r e s . . . -^ FERNANDEL, o popular cômico francês, está se especializando no trabalho com animais. Depois de "A Vaca e o Prisioneiro", filma "Creso", de Jean Giono, com um grupo de 20 carneiros. 14São os únicos artistas que não querem roubar nossos primeiros planos", declara Fernandel. * FEDERICO FELLINI checou a Paris, acompanhado de sua esposa, Giulietta Masina. Levou uma cópia de "La Dolce Vira", para fazer a dublagem em francês. ir PELA PRIMEIRA VEZ, desde que é Presidente, o General Charles De Gaulle dirigiu um agradecimento por escrito aos funcionários do Eliseu (Palácio Presidencial) : para louvá-los pelo devotamento de que deram provas na visita de Kruchev. Um sorriso que pesa dois bilhões de dólares f?STE homem é cem vfa.es mais rico que Onassis. Mora num dos mais encantadores castelos da Inglaterra. Uma jovem deliciosa, discreta e honesta o adora. Aos 67 anos, êle possui músculos t saúde de adolescente. Os maiores homens de negócios do mundo o respeitam. Mas John Paul Getty, o homem mais rico do mundo, nunca sorri. Só tem uma ruga, entre os olhos: a ruga da preocupação. Filho de um rico e rigoroso advogado, Getty teve uma juventude solitária, severa e dourada. Seu único brinquedo de menino era a leitura dos jornais da Bolsa. Com menos de 20 anos, ganhava, graças ao seu talento para os negócios, um milhão de dólares por ano. Em 1948, sua fortuna recebeu um impulso prodigioso quando, tendo comprado do Rei Ibn Seottd, da Arábia, a concessão petrolífera da chamada "zona neutra", perto de Koiveit, êle descobriu uma imensa jazida de petróleo em terreno até então considerado estéril. Depois disso, o dinheiro tem atraído o dinheiro e Getty, além da "Getty OU Companyn, possui uma cadeia de ilsnack-barsn e de hotéis nos Estados Unidos, 2? supcrtavqucs-petroleiros e três companhias de seguros, cujos lucros apenas o seu cérebro vivo e exato consegue calcidar mtm segundo. Getty não tem amigos. Não confia em ninguém. Cinco mulheres já conseguiram casar com êle. N une a ele pôde descobrir no coração dessas mulheres suficiente calor para aquecer o seu. Uma após outra, foram repudiadas, recebendo mensalidades superiores a SOO mil cruzeiros. Dirigia-se a elas pelo telefone ou por carta e, depois de divorciado, nunca mais as viu. Mas Getty acredita que vai viver muito e obedece a uma dieta científica. Não bebe (apenas um gole de rum com Coca-Cola quente, quando está gripado). Todos os dias anda 6 quilômetros a pé, medtndo-os com um aparelho que carrega no bolso. Ex-campeão de luta greco-romana, Getty mantém milagrosamente sua forma física. Por isso, está pensando em casarse novamente. Penelope Kitson, bela inglesa de 34 anos, é a eleita. Mas ela o recusat dizendo recear que êle pense que ela vise ao seu dinheiro \ "Eu te amo. Sejamos somente amigos" Por isso, no parque do seu castelo de Sutherland, não longe da casa da amada, John Paul Getty passeia seu rosto grave, esmagado pela fortuna e pelo trabalho, Vtnddú pelo amar. B£AH,tfóX1.0.É&í,AU4/?, ? .A-3 f Novo e maravilhoso! A R D E N A E uma obra prima de Miss Arden. Finamente eremoso. Jamais vôa ou racha. Apaga manchas e cobre o rosto com deslumbrante aveludado. Em diversas tonalidades. vtw VDKK - PARIS - ma m: i w r i m i - UIMXIN CONTRA VARIZES Hosrkos em 2 còr da peto, não enrugam. BiminoiM inchações, dores transparentes, embates OI penwi t tef.KENDAU. BI longa* a co.o . . . . Cr»2 850,00 Kef. KENDALL R3 otf o fo•Iho OS 2. 850,00 ft«i. ELEGANCE ma»» 51, longos até o cone (O Maio elástica mais fino do Mun*>1 C r W . 850,00 «et FLAHERTY 22 até o coxo Cri 2 850,00 ASSINATURAS Preço por um ano Porte simples Cr$ 1*000,00 Por via aérea Cr$ 1.700,00 pequeno, médio • grande fouor indkor medido* V»d« condições • endereço abaixo HÉRNIA Cuidado 1 Não via fundos antiquados, qu* com I*"J bufbos e pelota i perfuian. Mn wa DOBBS a moderna funda americana • De almofadoi cone ovo* redux e eonrroJo EFETIVAMENTE wa hérnia • Toca no corpo apenas em dois pontos o Sem correia* - Sem bvibot - Sem elásticos • Macio conto o palma do mão • Permite qualquer esfôrcq * esporte I • Aplico-se em qualquer hérnia, simples ou dupla • Coloca-se em 3 segundos Favor indicar o circunferência esota dos quadris, para mandarmos certa sua funda. Dobbs dupla, C r i 3.480,00 Simples CrS 2.900,00 Cnonca Cr$ 1.800,00 RaPMUOl contra cheque pagávnl em nossa Sacie Própria; ou por V a i * Postal. HERMES FERNANDES S. A. RIO Av Rio Bronco, 20 - 19.s S PAULO Rua do Seminário, 41- ° Taxa de registro: acrescentar C r $ 260,00 Toda a importância deve ser remetida por meio de VALE POSTAL ou CHEQUE BANCÁRIO pagável na cidade do Rio de Janeiro, DF., em nome de BLOCH EDITORES S. A. Segundo a concepção do pintor, o candango e m Dirija sua correspondência a: REVISTA MANCHETE b r a n c o , p r e t o , cinza e azul, representa a conquista Departamento de Circulação d e Brasília p o r Rua Frei Caneca, 511 - DF. seus c o l o n i z a d o r e s valentes. T CAVALCANTI EO CANDANGO 44 C U prometi ao Presidente que o mural ficaria pronto para a inauguração e •*-' ficou mesmo. Só não irá, desde já, para o seu local definitivo, no edifício da Câmara, porque ainda falta acabar de preparar a parede. Di Cavalcanti dá alguns retoques em outro trabalho que está preparando, também para Brasília: uma tapeçaria, que ainda será tecida, de 25 metros quadrados, representando temas nordestinos. — O candango montado no cavalo é a figura central do mural da Câmara. Nele eu represento a chegada a Brasília dos colonizadores, entre os quais me coloco, no campo das artes plásticas. T e n h o trabalhado dia e noite na execução dos trabalhos que me confiaram e, enquanto tiver forças, prosseguirei. Di Cavalcanti dá um sorriso bem seu e conclui : — Meus trabalhos são uma colaboração do século XIX, quando nasci, para a maior obra ào século XX. 0ft A*J,fiio*0>.o.esi,4CLAIl,vA5 MANCHETE ROMANCE POLÍTICO DE Reportagem de Murilo Meio Filho 62 jVj O princípio, todo mundo riu de Brasília e do seu visionário. Cética e pessimista, a maioria dos políticos brasileiros desacreditou da idéia. Ela representaria, quando muito, mais uma das muitas tentativas já feitas para mudar a Capital. Á lógica das coisas era usada para provar a impossibilidade de construir uma cidade em três anos. Á realidade, porém, desmentiu os incrédulos. £ provou que em matéria de homens e de idéias, o Brasil já não era mais aquele deserto famoso: um Presidente transformava em pedra e tijolo a miragem do Planalto, ao mesmo tempo em que derrotava o derrotismo, opunha-se à Oposição e plantava uma cidade. Para que tudo isto fosse possível, dentro do prazo de 3 6 meses, êle escreveu, ao preço de sua própria saúde, um grande romance : o romance político de Brasília. O ROMANCE A tribuna em fornut-**'~ de cilindro, construída «na frente ao > -^ Palácio do Planalto, será u s a d a j j e l o s ^ Presidentes da República que desejarem dirigir-se ao povo. O Sr. KubitscLclT^iol o a usá-la. m^Jr fyQJ&lô& ¥*>?d& " : '. O romance começou a ser escrito quando Juscelino ainda era Governador de Minas: uma promessa feita à ÜDM SSE romance começou a ser escrito numa pequena E sala do seu Palácio, quando ele ainda era Governador de Minas. Chamara alguns líderes da UDN para comunicar-lhes que pretendia candidatar-se à Presidência da República. Queria saber, de antemão, se seus adversários, que tanto o combatiam, poderiam apresentar-lhe algum programa mínimo de reivindicações que èle pudesse defender na praça pública como candidato presidencial. A resposta veio logo depois : "Nós não temos propriamente um programa mínimo de reivindicações. Preferiríamos resumi-lo numa só : a da transferência da Capital para o centro do País". - Está bem. Vocês podem ficar tranqüilos. Assumo neste momento um compromisso solene com a UDN : se chegar à Presidência da República, mudarei a Capital. Foi nestes termos que o Governador Juscelino Kubitschek de Oliveira se comprometeu com a Oposição a fazer Brasília. Aquele compromisso era o prefácio do romance que ele começava a escrever. Vieram depois os capítulos dramáticos de sua eleição e de sua posse. Assim que os tanques se recolheram aos quartéis, o Presidente virou aquelas páginas de agitações e tratou de redigir a Mensagem ao Congresso, na qual solicitava a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital, sob a sigla de "Novacap". Mesmo sem acreditar muito na iniciativa, os oposicionistas foram cautelosos e precavidos : encaixaram na lei um dispositivo que lhes garantia lugares na Diretoria e no Conselho da nova empresa. Esse acordo possibilitou a fácil aprovação do projeto. É que nesse momento já começava também a tomar corpo o chamado Bloco Mudancista, liderado pelo Deputado Emival Caiado, da UDN, autor da lei que mandou fixar no dia 21 de abril de 1960 a data da mudança. Mas a descrença continuava tão grande que não faltaram as surpresas e os espantos diante da aceitação, por parte do Sr. Israel Pinheiro, do convite para ser o Presidente da Novacap. Afinal de contas, êle era um Deputado Federal, com mandato certo de quatro anos à frente da Comissão de Orçamento da Câmara. Muitos consideraram uma loucura sua trocar uma posição pela outra. Só êle não se iludiu porque conhecia a fundo a firme determinação do Sr. Juscelino Kubitschek de transformar aquele sonho em realidade. À medida em que os meses iam passando, as desconfianças já não eram tantas. A opinião pública começava a impressionar-se com as primeiras fotografias do Palácio e do hotel. Vários projetos foram surgindo, então, com a finalidade de transferir para data posterior aquele prazo fatal da lei Emival Caiado. A Maioria parlamentar do Governo e o Bloco Mudancista anularam todas as tentativas de adiamento. Depois sobreveio a longa batalha em torno da constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar possíveis irregularidades na construção da Capital. O número de assinaturas necessárias e indispensáveis para a formação automática do inquérito parlnmentar quase chega a ser obtido. Faltaram apenas duas ou três. Por várias vezes, a Oposição chegou mesmo a anunciá-la como vitória já conseguida. Mas, por inúmeras vezes também, a Maioria preveniu-se com diversos requerimentos em que deputados governistas retiravam suas assinaturas e assim tornavam mais difícil aindi a obtenção do quorum de 109 apoiamentos. Nesse ínterim, aconteceu, numa sessão secreta e noturna, o discurso em que o Deputado Elias Adaime, antigo e fervoroso colaborador do Sr. Israel Pinheiro, fazia denúncias sobre a Novacap. O inquérito esteve aí a pique de ser instaurado pela Câmara. O Governo, entretanto, fechou a questão : concordava com a sindicância, sim, mas só depois da mudança, porque antes dela as investigações criariam um clima de tamanho tumulto e confusão que a tornariam impossível dentro da data prevista. Quando a Belém-Brasília abriu um sulco na selva e a1- viaturas passaram através dela. a cidade já estava de pé : elevavam-se os conjuntos dos Institutos, os prédios do Senado e da Câmara, o Palácio dos Despach is e o edifício do Supremo Tribunal. Diante da nova realidade, a Oposição deteve-se para reexaminar seus processos e métodos. Alguma coisa devia estar errada, pois não era possível continuar desconhecendo um fato consumado. Jânio veio então para a rua dizer que não era nem nunca havia sido contra Brasília. Discordava apenas de alguns detalhes do ritmo da construção. Sc o candidato adotava essa posição mais realista e sensata, a UDN prosseguia na sua ilusão de abrir as gavetas da Novacap. Terminou abrindo apenas as do seu representante na empresa, o Sr. Íris Membcxg, q u e teve de deixar o cargo sob as mais graves e insidiosas acusações. Com seu afastamento, a UDN pareceu satisfeita e desistiu de continuar as investigações. Desistiu tanto que, algumas semanas depois, reconheceu o erro da sua conduta no caso e resolveu voltar atrás, com a escolha de novo representante. A data de 21 de abril passou então a constituir um verdadeiro fantasma. Senadores e deputados arraigados ao Rio proclamavam sua intenção de jamais pôr os pés em Brasília. E vários ministros do Supremo Tribunal anunciavam seu propósito de aposentar-se, para não sofrerem o que consideravam uma humilhação : sua ida compulsória para uma cidade sem conforto nem condições de habitabilidade. Na Mesa da Câmara, a luta era de proporções ainda maiores. Dois dos seus membros estavam contra a mudança do Congresso. Todos os encargos tiveram então de recair sobre os ombros de um jovem deputado, o Sr. Neiva Moreira, que em poucos meses de trabalho conseguiu realizar aquilo que a 80% dos deputados pareci-: simplesmente impossível. Sentindo que já não podia lutar contra a consumação de um fato indiscutível, a Oposição tratou de negociar à l>ase de um projeto que garantisse a concessão de um canal de radio para a transmissão dos debates parlamentares. Sua vitória foi completa : o Congresso disporá em Brasília do canal da Rádio Ministério da Educação, que tem o nome de Roquete Pinto, talvez numa involuntária mas justa homenagem ao escritor-sertanista de "Rondônia". As últimas páginas do romance tiveram de ser escritas mais apressadamente ainda, porque as horas e os minutos corriam céleres : em tempo recorde, a Câmara votou os projetos da organização judiciária de Brasília e do novo Estado da Guanabara, garantindo assim a cobertura jurídica de toda a obra. Estava ganha a última batalha de toda a guerra. A opinião pública de todo o País funcionava como uma espécie de bomba de pressão, exigindo a inauguração da Capital e ansiando por ela. È' que a Nação' inteira estava sob o impacto de uma transformação completa em sua mentalidade : passara de um pessimismo crônico para uma desmedida euforia. O romance político de Brasília acabava de ser ecrito a duras penas. Só os que participaram de sua feitura sabem o quanto foi difícil atingir a última página. b5 r ^ ^ ^ M ^ ^ ^ M ^ ^ ^ ^ B ^ M J ^ t BRASÍLIA S E R Á CENTRO MUNDIAL DE TURISMO PP3^;. &?> % / EPOIS da visita de Eke, a TV americana exibiu a cidade de linhas revolucionárias para milhões. Diz-se que hoje não há no mundo quem ignore o nome da nova Capital do Brasil. Aliás, Conrad Hilton está no Rio com planos de instalar nesta Capital, e m São Paulo e em Brasília seus famosos hotéis. (Nesta página, uma escultura da Embaixatriz Maria Martins e do português David Lopes da Silva Ramos; ao lado, turistas de máquina fotográfica a tiracolo enchem seus álbuns de flagrantes.) ) SEGUE /q. i D.5 ?>9) / I O X<2) _Q '/?, p.5< BRASÍLIA O ruído das motonetas já ameaça o Indesejáveis para muita gente, pelos ruídos com que pertubam o sossego noturno, as motonetas já estão invandindo Brasília. As bicicletas, silenciosas e já fabricadas no ^ ^ 4 t e Brasil, também ajudam a vencer distâncias e são acolhidas com mais simpatia, _ f a Cidade . 0 1 * MHB 4HIV? ?* f susaifâüiiftüi . ,-r- - s i • * * <TM*. <** mm\ 4: ;W w t •iiüiitrrrr a u /, BRASÍLIA Um cavalheiro escolhe sempre MEIAS TWIN (digo TUIM) — c/e espuma c/e NYLON Fabricadas com o excepcional FIO HELANCA DERBINIL, p r o d u z i d o pela RENIL S. A., MEIAS T W I N até aqui eram um privilégio de poucos... a procura excedia a sua venda. Agora, porém, graças à extraordinária expansão do sua produção, V. poderá adquirl-tas facilmente, nos mais elegantes padrões e nas mais variadas combinações de cores. ::^ ^•H ' ' " • • • • • ' • ' ' • • ' - 3«W; >< O £*SÊ &ü — um produto garantido pela Indústria de Meias Espumatex S. A. I São Paulo i ^ às edifício do Supremo Tribunal Federal não perdeu sua ponência. Está pronto para receber os altos magistrados . nação, os quais de modo expressivo se pronunciaram pela trans ferência da nova Capital, Milhares de pessoas já em Brasília para a inauguração passam longo tempo na contemplação do edifício, Fica em frente ao museu, cuja parte fronteira se vê na foto. ••••• por di A cidade plana parece não ter fim. De noite toda a sua beleza não se perde 110 jogo de claro-escuro da lua. Parece haver u m gigantesco refletor atrás ds linha do horizonte, dando mais volume aos edifícios e u m colorido novo ao céu. Ninguém fiei alheio ao silêncio q u e enche a noite enluarada d< Brasília. Há naquela calma uma força poética que leva á reflexão sobre o; destinos do País. hoje mais do que nunca na corrida do desenvolvimento Ainda esta para •7?Sj \TW poema V m >, *ã >"" /J: '& t\o ^o.cii,ha r 9 BRASÍLIA "Show" de luzes e sombras como suplemento de beleza • 1 : • . De madrugada, ainda com os colchões de nuvens que povoam suas noites. No primeiro plano, aparece a catedral que tantas exclamações arranca dos visitantes. <• no fnmlo os Ministérios, nos quais a cidade viverá a rotina do dia a <li : i:M » . •"•-:fifflimESSa • • • > - • • ?$& m m •••:•-. ssss a ü In 1 • WIPPL«JM.IV>P A SI * K •• * •»(«* •.-••!.' m W BRASÍLIA **. » ã : H j .-•' BN ara BilMãi a A cidade é um espetáculo sob a luz dos refletores mSt*~ BKI1 I 98 J IÜ n £^ gftAU,P)iO y^.O, 6«l,ACC.4/?,p,5^ em que a timidez se mistura com o arrojo vê-lo em Brasília. Parece um P ODEREMOS candango como outro qualquer. Pequeno de estatura. Jeitão de menino acanhado. Olhar triste e profundo. Fala baixo como se tivesse pudor de se fazer ouvir. Em qualquer outra metrópole do mundo, passaria despercebido. Em Brasília, não. Ali é olhado como uma criatura excepcional, já que todos o conhecem, êle foi o arquiteto da cidade. Quem vai a Brasília, pela primeira vez, não deixa de se emocionar em face da arquitetura da metrópole. Oscar Niemeyer — pois esse o nome do arquiteto revolucionário — deu um sentido novo às linhas de cimento-armado que teceu para criar a NOVACAP. Ali, tudo é leveza e ritmo. O Palácio da Alvorada parece caminhar, deslizando sobre as suas colunas que apontam para o céu. O edifício do Supremo Tribunal mal toca o chão, dando a impressão de estar suspenso. O Palácio dos Despachos, réplica ampliada do Palácio da Alvorada, parece uma caixa de vidro, esquecida no planalto, à espera das orquídeas que em seu interior deverão ser depositadas. Niemeyer, ao criar Brasília, comunicou um profundo sentido poético ao cimento. Quem contempla as edificações da NOVACAP, a sensação qus tem é de enlevo espiritual. A cidade fluiua sobre o planalto, mal tocando a terra preta — sempre aérea e indefinível. O cimento-armado que, até há pouco tempo, era sinônimo de solidez e de perenidade, transformou-se em Brasília, sob os dedos criadores desse grande mágico. A solidez e a perenidade não se perderam ou se dissiparam na prancheta do arquiteto diabólico. Elas apenas foram camufladas. Sobre elas, e escondendo-as, abriu-se a alvorada de luz de um conjunto de linhas novas. De fato, Brasília é o predomínio da linha sobre as qualidades intrínsecas dos elementos de construção. E as linhas não vivem por si, isoladas do ambiente, soltas no espaço. Suas curvas estão nitidamente em função da paisagem. Integram-se no cenário, transformando-se em parte integrante da cena fantasmagórica do despertar do planalto. Homem silencioso e tímido complexa personalidade de Oscar NieN \ meyer não se sabe o que mais admirar, se a sua modéstia, se o seu arrojo como arquiteto revolucionário. A timidez do homem compensa-se no transbordamento da audácia criadora. E, quando trabalha, vive para a sua obra, sem outro interesse senão o de realizar o que idea1 70U mentalmente. Ao ser convocado pelo Presidente Kubitschek para criar arquitetonicamente a futura Capital, Niemeyer recusou propostas altamente lucrativas em outras partes do Brasil e no exterior. Para êle, a criação de uma cidade era qualquer coisa inspiradora, fora do comum, digna do sacrifício inteiro da sua atividade profissional. Assim, tomando um automóvel — já que tem verdadeiro horror a avião — seguiu para o planalto. Estudou. Investigou. Tomou notas. Quando regressou ao Rio, já um verdadeiro formigamento de idéias trabalhava-Ihe o cérebro. Era o esboço rudimentar da futura metrópole. Kubitschek, tão revolucionário como Niemeyer, ouviu o arquiteto e aprovou aquela audácia de inovações arquitetônicas. Pouco depois, nas noites frias de Brasília, quem passasse por uma das casas populares, construídas para os operários das obras, haveria de ver uma luz acesa, até alta madrugada, na humilde sala da frente. Era Niemeyer que trabalhava. S lencioso como uma formiga, como uma formiga, também, sabia o valor do tempo. Trabalhou, com afinco, com entusiasmo, sem temer canseiras, nem fracassos. Assim como é tímido na sua existência de criatura humana, é de uma audácia desconcertante no mundo das suas criações arquitetônicas. Desenhou, planejou, idealizou, tendo o céu por limite. O que lhe saía da prancheta de arquiteto era sempre arrojado, como se procurasse vingar-se da própria timidez humana, sufocando-a sob um mundo ciclópico das mais espetaculares soluções arquitetônicas. E Brasília aí está como símbolo evidente e admirável do seu trunfo sobre as peculiaridades do seu temperamento. A arquitetura da NOVACAP é o que há de mais arrojado no mundo. E Niemeyer, contemplando, hoje, aqueles palácios de cimento e de vidro, acompanhando com os olhos a suave harmonia das linhas que compõem o universo das suas criações no planalto, há de sorrir, interiormente, sentindo-se plenamente vingado. A timidez, que é uma característica do seu temperamento, não lhe contagiou nem a alma, nem o espírito. Antes, pelo contrário, transformou seu acanhamento em concentração e esta fêz o milagre da florescência do gênio. Niemeyer e Lúcio Costa Niemeyer, um dos seis filhos de uma QSCAR família da classe média, foi praticamente criado por uma tia, depois de perder ' EM ARMADO òfsA*U'0 «.O.fcSi quando a;nda era muito criança. Nascido no Rio de Janeiro, depois de terminar o curso secundário, retardou sua iniciação profissional, trabalhando na f.rma comercial do pai. Sentia-se infeliz naquele mundo de negócios, pois que já naquele tempo, conforme declararia, mais tarde, o "único prazer que tinha era ficar, horas e horas, debruçado sobre uma mesa. desenhando". Assim, segundo a inata inclinação, passou a estudar arquitetura, sem dinhe ro e por iniciativa própria. Mas a arquitetura abrira-lhe as portas do universo pelo qual, desde muito, ansiava. Dentro daquele mundo novo, que palmilhava de olhos deslumbrados e com o coração aos saltos, encontrou a solução para as suas ânsias obscuras. Recompôs a sua própria personalidade, afeiçoando-a ao sentido criador que seria, mais tarde, a razão de ser da sua própria vida. \inda estudante de arquitetura e. portanto, sem dinheiro e sem qualquer perspectiva, Niemeyer deu, por essa ocasião, um passo que poderia parecer temerário: resolveu casar-se. Êle própr o comenta a decisão, com o seu jeitão peculiar de falar: — Casei-me cedo e me formei tarde e só ms arrependo da segunda parte, se é que me arrependo. . . De fato, o atraso na data da formatura seria tirado, com facilidade, pelo entusiasmo com que se dedicou, desde logo, à carreira da sua predileção. Ao terminar o curso, Niemeyer já era pai de uma menina — a futura decoradora Ana Maria Niemeyer — mas já, por esse tempo, trabalhava no escritório do que seria o verdadeiro precursor e o chefe do movimento da arquitetura revolucionária contemporânea no Brasil: Lúcio Costa. A união dos dois grandes espíritos seria profunda e indissolúvel. Já em 1936 os dois amigos, juntamente com um grupo de arquitetos brasileiros, realizavam o projeto do Ministério da Educação e Cultura, seguindo a linha renovadora de Le Corbusier. Pouco depois, um fato extraordinário e quase inacreditável ocorreu, revelando a natureza ímpar da amizade que sempre ligou Lúcio Costa a Niemeyer e vice-versa. Realizado, em 1939, um concurso para a escolha do projeto para o pavilhão brasileiro a ser construído na Feira Internacional de Nova Iorque, Lúcio Costa foi o premiado. Quando se preparava para partir, a fim de dar início à execução do seu projeto, Oscar Niemeyer aproxima-se de Lúcio Costa e lhe fala. com uma visível timidez: — Estudei a ubiquação do nosso pavilhão e resolvi fazer este desenho. Que acha da idéia? Lúe o Costa tomou o desenho, examinou-o com cuidado, e partiu. Foi direto ao gabinete do Ministro que estava encarregado da construção do pavilhão e lhe disse, sem maiores rodeios: — Devemos anular o resultado do concurso, pois há um projeto melhor do que o meu. Aqui está. E exibiu o desenho de Niemeyer. Com muita dificuldade o Ministro procurou convencer o ilustre arquiteto de que já era muito tarde para a reconsideração do assunto. Dada, porém, sua insistência, teve de prometer a Lúcio Costa que, ao invés de viajar só, Niemeyer seguiria em sua companhia e que o pav.lhão brasileiro seria construído de acordo com o desenho deste último. E, de fato, assim aconteceu. Kubitsehek e Niemeyer êxito assinalou, desde logo, a carreira verO tiginosa de Niemeyer. Menos de dez anos depois, um projeto seu foi escolhido, entre trinta outros elaborados pelos maiores arquitetos do mundo, para servir de base à construção do ed.fício das Nações Unidas, em Nova Iorque. Era a consagração no exterior que seria seguida, pouco depois, de outras realizações da maior importância arquitetônica, como o Museu de Arte Moderna, em Caracas, e o planejamento do Bairro Hansa, em Berlim Ocidental. ~"^ Mas Niemeyer, sendo um artista da arquitetura puxa, acima das exigências econômicas ou das limitações financeiras, sempre teve necessidade de um campo de ação mais livre, dentio do qual* pudesse planejar suas criações sem as estorvos das conveniências orçamentárias. Assim, o seu encontro com Kubitsehek assinalou o início da fase decisiva da sua carreira. Primeiro em Pampulha, depois em Diamantina, e, finalmente, em Brasília. * JK, homem de larga visão, compreendeu que encontrara em Niemeyer o arquiteto de que tinha necessidade para renovar, através do atos administrativos audaciosos, a fisionomia não só do seu Estado, mas da Nação. Quando Preteito de Belo Horizonte, decidiu urbanizar a Pampulha e construir um lago de 300 mil metros quadrados a fim de diss.par a nostalgia dos mineiros pelo mar. O novo bairro teria, igualmente, um cassino, um restaurante, bar, um clube náutico, um hotel e uma igreja. JK chamou Oscar Niemeyer e o encarregou de projetar todo esse conjunto de obras. A audácia e sentido renovador do estilo do grande arquiteto despertaram, desde logo, a atenção e o interesse dos círculos intelectuais não só do Brasil, como dos Estados Unidos e da Europa. A Igreja de São Francisco de Assis, construída na Pampulha, serviu de pretexto para prolongadas e calorosas polêmicas. Mas apesar da atoarda que se féz, na ocasião, lá está, até hoje, desafiando a estreiteza de vista dos espíritos conseravdores. imponente nas suas linhas revolucionárias — tão surpreendente em sua concepção arquitetônica, quanto arrojada no sentido da mensagem religiosa que se propôs irradiar. Depois de Pampulha e de Diamantina, JK, já feito Presidente da República, convocou Niemeyer para a construção de Brasília. O grande arquiteto assinalou a importância da nova empresa na detinição das suas tendências revolucionárias: — As obras de Brasília marcam, juntamente com o projeto para o Museu de Caracas, uma nova etapa em meu trabalho profissional, que se caracteriza por uma busca constante de concisão e de pureza e maior atenção aos problemas fundamentais da arquitetura. De fato, Niemeyer passou a interessar-se, daí por diante, pelas soluções compactas, simrias e geométricas. Decidiu-se pela conveniência de um espírito de unidaúe e de harmonia entre os edifícios a fim de que se caracterizem por sua própria estrutura, devidamente integrada na concepção plástica original, e não por seus elementos secundários. Assim, desvencilhou-se def nitivamente da influência de Le Corbusier, que fora preponderante na fase inicial da sua carreira. Dessa maneira, despiu-se do que havia de emprestado, de falso, de não nieme\eriano em sua obra, para se tornar claro, puro e cristalino como podemos senti-lo, hoje, nas fabulosas construções de Brasília. O planalto, desbravado por J K. constituiu a grande e mágica oficina de apuração estética, dentro da qual Oscar Niemever encontrou-se a si mesmo. E, ao encontrar-se a si mesmo, deu novo sentido à arquitetura universal. CAIO DE FREITAS 81 r CARNAVAL MANCHETE a edição extra sobre Brasília o seu inicio inauguração pelo Presidente JK O povo já se aglomera nas ruas para discutir seus problemas PARLAMENTARES, funcionário» e trabalhadores já formam uma multidão nas ruas que mal acabam de ser pavimentadas. Em certas horas, as calçadas dos pontos principais tem o movimento de um centro já adulto e de vida própria. A foto dá bem idéia do rebuliço que no domingo passado encheu a cidade às vésperas da inauguração. Acompanhem as grandes REPORTAGENS ESPORTIVAS da grande equipe da RADIO MAYRINK VEIGA c o m a n d a d a pelo Rui Porto, com a supervisão de Lúcio Um oferecimento do Guimorões. delicioso BRAHMA Wmr"n •'.s 'sK MM HtI llflpR - 1 ^íWÊm > * ^ •• v i ••-,=;'- : ':•::::-•. A *-.>•*y 3l & <• / I iSl JHPl HH§HÍ * A 10* muito Escolas de samba, ranchos , frevos, blocos, mascarados, ritmo e fantasias marcaram as festas de despedida da antiga Capital com um verdadeiro carnaval. E na mesma batida o povo saudou o r tascimento do Estado da Guanabara. liü Foto» tlr Fernando Abrunhota LDETJS li! tt iti ,C£> ' r*í» a a l v o r a d a de uma beleza nova para suas mãos A mulher moderna tem agora.dentre as tonalidades do esmalte Kisqué. o Rosa Alvorada, a côr que acompanha o ritmo e a tidalguia de seus gestos... Você encontrará no esmalte Risque, aquela tonalidade que completa a sua elegância ! De fácil aplicação, brilho intenso e sutil... Seu encanto transparece com a leveza e a limpidez do esmalte Risque, em sua nova côr Rosa Alvorada. ... e aplique, ainda, o creme para as mãos J2iAi\aue complemento de magia * e requinte Um p r o d u t o d e alta q u a l i d a d e d e >C X&> ^*i VS Estado da Guanabara caramelos d e leite 23 • ^y_ s< na delicadexa do melhor a riquexa d o leite Nestle São deliciosos e nutritivos Os Caramelos de Leite ajudam a recuperar as energias gastas pelas X \\< v] crianças em seus folguedos e contêm proteínas de leite. Dè a seus f i l h o s os Caramelos d e Leite Neitlé A venda e m toda a * * t^^mmtt^ma parle caramelo * Odete Lara filma na Argentina Odete Lara está em Buenos Aires f i l m a n do "Sábado a Ia Noche, Cine". Q u a n do os produtores argentinos viram a estrela em "Moral em Concordata" tomaram nota do seu nome e na primeira oportunidade mand a r a m buscá-la. Fernando Ayallo, que é um diretor "nouvelle vague", formou um elenco de primeiro time com os nomes famosos de Gilda Lousek, Afda Luz e Luís Tasca, todos pouco conhecidos no Brasil, mas f a mosos na A r g e n t i n a . m,m tro.êsi Anselmo i/f, p.fc-? Duarte na Outro ator brasileiro que filma com sucesso é Anselmo Duarte. espanhóis viram "As Pupilas do com o galã no principal papel 90 Espanha no estrangeiro Os produtores Senhor Reitor" e logo o con- trataram para "un Rayo de Luz", que já está sendo rodado, sob a orientação de Luiz Lúcia, que foi premiado, em 1959, como o melhor diretor da Espanha. Na fotografia, uma cena do filme i o galã brasileiro Anselmo Duarte (tendo na mão um exemplar de MANCHETE) e M a r i a Mahór, em um " h a l l " de hotel. Budapeste hoje Budapeste já foi uma das cidades mais alegres do m u n d o . Mas veio a guerra, a ocupação soviética e a trágica epopéia vivida por um povo que sonhou reconquistar a liberdade. i«,ftoxi.aÉ5i;,4tt.4/?( j,. GÔ MANCHETE (em inglês) chega a Nova Iorque Com um exemplar da separata de MANCHETE sobre Brasília (em inglês) o Prefeito de Nova Iorque, Robert F. Wagner, tomou conhecimento dos detalhes de construção da cidade. Seu interesse foi tal que distribuiu entre os vereadores todos os exemplares que o Sr. Cunha Bueno, na foto, tinha em seu poder. Uma remessa suplementar permitiu então que outros setores de Nova Iorque pudfssem ver a Nova Capital às vésperas da inauguração. Depois da húngaros revolução que não perdida, em puderam fugir 1956, os do país arrastam sua tristeza pelas ruas, que num dia de chuva ainda ficam mais sombrias. Note-se a mulher uniformizada varrendo as ruas, como em Moscou e em todos os países comunistas. 4 A neve cobria tudo. O carro fúnebre seguia devagar e respeitoso com sua carga h a b i t u a l : defunto e flores. N u m a curva,.de nada adiantou a prudência do motorista, pois o veículo capotou mesmo, embora o caixão não tenha sofrido um só arranhão." N ã o houve feridos. Com toda calma o motorista pôs o caixão no meio do caminho, à espera de socorro. A foto foi batida por um sueco em férias na Noruega, onde o fato ocorreu. ~ -^ Claudius BRASÍLIA EM TRÊS TEMPOS personagens por ordem de entrada: LÚCIO COSTA E NIEMEYER 1957-59 i 1960 OMW y'^.
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