Sustentação do Emprego em Períodos de Crise
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Sustentação do Emprego em Períodos de Crise
Sustentação do Emprego em Períodos de Crise Boas Práticas Empresariais Dezembro 2009 Ficha Técnica Execução do Projecto: IPI – Inovação, Projectos e Iniciativas, Lda. R. Rodrigo da Fonseca, 70 – 1º Dto. 1250-193 Lisboa Tel: 213 825 460 Fax: 213 825 469 www.ipiconsultingnetwork.com [email protected] Promotor do Projecto: Co-financiamento do Projecto: Gerir, Conhecer e Intervir Sustentação do Emprego em Períodos de Crise Boas Práticas Empresariais Dezembro 2009 ÍNDICE SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE 1. NOTA DE ABERTURA 6 2. SUMÁRIO EXECUTIVO 12 3. EMPREGO E CRESCIMENTO ECONÓMICO: EVOLUÇÃO RECENTE E PERSPECTIVAS 3.1. Economia mundial 3.2. Economia portuguesa 20 23 29 4. BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS 4.1. Reduzir custos laborais sem desperdiçar capital humano 4.2. Redução de trabalhadores sem despedir 4.3. Referências bibliográficas 36 41 51 52 5. BOAS PRÁTICAS NACIONAIS 5.1. Apreciação geral 5.2. Estudos de caso 56 59 84 6. CONCLUSÕES 6.1. Enquadramento internacional e nacional 6.2. Objectivos e âmbito do estudo 6.3. Boas práticas empresariais nacionais e internacionais 6.4. Papel das políticas públicas na sustentação do emprego 6.5. Considerações finais 252 255 256 259 270 271 7. A EMPRESA E A EQUIPA 272 8. AGRADECIMENTOS 278 ANEXO 1 – METODOLOGIA ANEXO 2 – GUIÕES DE ENTREVISTAS ÀS EMPRESAS NACIONAIS 282 294 1. NOTA DE ABERTURA SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 9 1. NOTA DE ABERTURA O nível que o desemprego tem vindo a atingir nos últimos dois anos em Portugal, e o facto de estar a ser um fenómeno com expressão significativa um pouco por todo o mundo, conduziu ao interesse em analisar não tanto o fenómeno em si mas as medidas que têm sido implantadas para o contrariar. Com o presente estudo - “Sustentação do emprego em períodos de crise: boas práticas empresariais, promovido pelo IAPMEI e seleccionado ao abrigo do Programa Operacional Assistência Técnica, co-financiado pelo FSE – cumpre-se o objectivo de conhecer não as políticas e medidas que o Estado tem vindo a tomar para combater o desemprego, ao longo dos tempos e no actual contexto de crise económico-financeira mundial, mas as medidas que as próprias empresas têm implementado para suster esse fenómeno. Intenção até com o objectivo de que a sua divulgação pudesse contribuir para que outras empresas viessem a ter um procedimento análogo, com efeitos positivos para uma efectiva sustentação do emprego. Não há a pretensão com isto de desvalorizar o papel que o Estado tem tido no combate ao desemprego. Efectivamente, desde o pós Abril de 1974 que tem havido um apoio sistemático à “manutenção e criação de postos de trabalho”. E, pese embora nunca tenha sido feito um estudo sistemático sobre os impactos reais e concretos das diferentes medidas no mercado de trabalho, a verdade é que remonta àquela época uma orientação concreta na luta contra o desemprego e que tem vindo a ser continuada. “Contribuíram para esta orientação quatro factores: as dificuldades económicas generalizadas; a pressão sindical e de forças políticas; a transferência, para o âmbito do Ministério do Trabalho, do Fundo de Desemprego; e a tese segundo a qual o «serviço público de emprego» (conjunto de serviços do antigo Fundo de Desenvolvimento da Mão-deObra) deveria actuar não só na procura de emprego (oferta de trabalho) e do ajustamento entre a procura e a oferta (actividades de colocação e orientação profissional) mas também na própria oferta (procura de trabalho). Registe-se, quanto ao Fundo de Desemprego, que antes de 1974 só era transferida para o Trabalho uma percentagem bastante modesta, que financiava os serviços integrados no Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra. Registe-se, também, que a propensão do «serviço público de emprego», para actuar na oferta de emprego, se traduziu organicamente, no final de 1974, na criação da Direcção-Geral de Promoção de Emprego. A concessão de apoios à «manutenção de postos de trabalho» processouse, inicialmente, sem enquadramento legal específico, embora tivesse por 10 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS base a legislação genérica em vigor sobre o assunto. A primeira legislação específica surgiu, nos finais de 1978, através de simples «despachos normativos». E a evolução subsequente foi acontecendo em função das necessidades a que era necessário atender. Ao longo desse período subsequente - até meados de 80 - verificaram-se concepções e posicionamentos bastante diferenciados, relativos aos apoios a conceder a empresas. Eis algumas expressões que os identificam: manutenção de postos de trabalho e dos respectivos trabalhadores; estabilidade do nível de emprego; viabilização da empresa, com prioridade para a estabilidade e o nível de emprego; viabilização da empresa, independentemente dessa estabilidade e desse nível; e criação de postos de trabalho (que acompanhou todo este percurso, também com algumas variantes). O apoio inicial à manutenção de postos de trabalho implicava a preservação desses postos e dos respectivos trabalhadores. O apoio à estabilidade do nível de emprego não impedia a mobilidade interna nem a externa, embora a condicionasse bastante. O apoio à viabilização da empresa, preservando a estabilidade e o nível de emprego, baseava-se na consciência de que essa viabilização é indispensável para a do próprio emprego. O apoio à viabilização da empresa, independentemente da estabilidade e do nível de emprego inseria-se na política económica, beneficiando indirectamente o emprego - como resultante e não como objectivo específico. O apoio à criação de emprego começou através dos «prémios de emprego», e evoluiu depois para outras modalidades, financeiras ou não.”1 Contudo, como se refere, a preocupação central não foi estudar o papel do Estado mas a actuação das empresas. Até porque, apesar de a maioria da opinião pública pensar que a empresa é determinante para um “desenvolvimento sustentável”, o desconhecimento do seu combate para ultrapassar a simples adequação dos recursos às necessidades, não só pode levar à perca de confiança da própria empresa para dinamizar actividades pró-activas, muitas vezes criativas e inovadoras, como não contribuir para a credibilidade das empresas. Pareceu importante desenvolver um estudo sobre práticas implementadas por empresas com reflexos na sustentabilidade do emprego. A viabilidade de efectivar essa análise implicava colocar o acento tónico nas estratégias implementadas por micro e pequenas empresas de dois sectores diferenciados – um industrial e ligado à exportação e outro ao comércio tradicional. O universo do estudo não pretendia ter qualquer relevância estatística ou de algum modo ser uma amostragem, mas unicamente compreender as medidas e estratégias implementadas por um diferenciado grupo de empresas. 1 Considerações produzidas pelo Dr. Acácio Catarino no contexto deste trabalho SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 11 Era importante, igualmente, realizar um levantamento das boas práticas internacionais nesta matéria, com o objectivo de analisar coincidências e assinalar eventuais boas práticas não utilizadas em Portugal, apesar de, à partida, haver a consciência da diferença entre os universos abrangidos. É de justiça relevar que, ao se apresentar ao IAPMEI a presente ideia de trabalho e os seus objectivos, este organismo não só incentivou a sua realização como encontrou os meios necessários para o concretizar. O seu apoio a este trabalho mostra, pois, que o IAPMEI acredita que “os trabalhadores são o património mais valioso da empresa”. Posicionamento que este trabalho mostrou ser o da grande maioria dos empresários que foram contactados, para quem o aumento da competitividade das suas empresas está ligado à manutenção da sua força de trabalho e que não vê os seus trabalhadores como um qualquer factor de produção. Este entendimento esteve, certamente, na base de muitas estratégias e medidas de que a seguir se dá conta. Carlos Medeiros / António Pinheiro 2. SUMÁRIO EXECUTIVO SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 15 2. SUMÁRIO EXECUTIVO 1. O objectivo central deste trabalho é identificar, por recurso a estudos de caso, boas práticas nacionais de sustentação do emprego em períodos de crise, estabelecendo a comparação possível com boas práticas internacionais. Os constrangimentos de tempo e recursos levaram a que o âmbito de análise se centrasse em apenas dois sectores – indústrias de moldes e plásticos e comércio tradicional urbano. Em termos de dimensão, privilegiaram-se as PME – no caso das indústrias de moldes e plásticos – e as microempresas – no caso do comércio tradicional urbano. Geograficamente, o âmbito do estudo foi limitado ao concelho da Marinha Grande - no que respeita à indústria - e à cidade de Lisboa - no que concerne ao comércio tradicional. Os resultados nacionais reflectem um retrato das práticas bem sucedidas adoptadas por um conjunto de empresas que podem, com os devidos ajustamentos, servir de exemplo para outras empresas. Trata-se, contudo, de uma abordagem de estudo de caso e não de uma amostra representativa deste universo empresarial. As comparações entre as boas práticas nacionais e os exemplos de boas práticas internacionais devem ser feitas com algumas cautelas porque os universos empresariais não são directamente comparáveis. Os estudos de caso nacionais privilegiam, como se disse, micro, pequenas e médias empresas e a recolha de boas práticas internacionais baseou-se em informação disponível em fontes secundárias onde predominam os exemplos de grandes empresas e de empresas multinacionais. 2. Em Portugal como em várias economias desenvolvidas, a destruição de empregos estará a ser menor do que a contracção da actividade deixaria antever tendo por 16 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS referência a relação histórica entre emprego e actividade económica em crises anteriores. E isto porque uma parte não negligenciável do ajustamento parece estar a ocorrer pela via da redução da produtividade que em 2009 deverá diminuir 0,3 por cento, depois de uma diminuição de 0,6 por cento em 2008, invertendo um ciclo de crescimento positivo, ainda que moderado, com mais de uma década. Os custos associados aos despedimentos e, nalguns casos, os constrangimentos legais que lhes estão associados só por si não justificam uma maior preponderância do ajustamento do mercado de trabalho pela via das horas trabalhadas na presente crise. A evidência ao nível das empresas, tanto nacionais como internacionais, indicia que pelo menos dois outros factores estarão a contribuir para um maior recurso por parte das empresas a outras medidas que não necessariamente despedimentos: Políticas de apoio governamental especificamente desenvolvidas para este efeito; Opção das empresas visando evitar desperdiçar capital humano. 3. Os exemplos de práticas nacionais e internacionais revelam que o mix de estratégias mais adequado depende largamente de qual o tipo de problema que a empresa está a tentar resolver e do modo como as empresas encaram a extensão e duração da crise. As empresas que forem capazes de manter os seus trabalhadores estarão em melhores condições de beneficiar de uma futura fase económica favorável do que estarão as que levaram a cabo dispensas significativas de colaboradores. Uma empresa que antecipa que a recuperação ocorrerá em breve, mais provavelmente optará por estratégias mais “suaves”, como sejam a redução de horário de trabalho, ou o recurso ao banco de horas, do que por estratégias mais drásticas (por exemplo, layoff ou reformas antecipadas). No entanto, estas medidas poderão ser as mais adequadas caso a recuperação económica tarde em chegar. É, também, importante ter em conta que as medidas adoptadas pelas empresas são diversas, casuísticas e largamente dependentes do sector de actividade, dimensão da empresa ou segmento de mercado em que opera. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 17 Relevante é ainda o papel do diálogo social para manutenção dos postos de trabalho. No caso português o diálogo social é frequentemente de carácter informal, permitindo manter o emprego, contornando a rigidez do enquadramento legislativo. 4. As boas práticas empresariais identificadas incluem medidas conjunturais de redução de custos laborais sem despedir mas não se esgotam neste tipo de medidas. É possível identificar medidas conjunturais que não de redução de custos laborais e medidas estruturais de manutenção/reforço da competitividade da empresa. Note-se que o benchmarking internacional apenas foca as medidas de redução de custos laborais sem despedir. 4.1. Entre as medidas conjunturais de redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos são de destacar as seguintes: Práticas remuneratórias restritivas; Reafectação funcional de trabalhadores e/ou acumulação de funções; Eliminação de trabalho temporário ou a não substituição de trabalhadores que deixaram a empresa voluntariamente; Suspensão temporária do trabalho. Nos exemplos internacionais a suspensão temporária do trabalho tem um carácter essencialmente preventivo, visando evitar que a empresa entre em situação económico-financeira difícil. Em Portugal, a legislação vigente só permite o recurso a tal prática quando a empresa se encontra em situação económica comprovadamente difícil. 18 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 4.2. As medidas conjunturais que não de redução de custos laborais mais significativas são: Redução/eliminação da subcontratação de tarefas; Redução de custos com serviços externos; Redução de margens comerciais; Gestão de stocks mais criteriosa. 4.3. As estratégias competitivas bem sucedidas resultam, em regra, da adopção de um mix integrado e coerente de medidas estruturais que se auto-reforçam. São de referir: Inovação na forma de promoção produtos e serviços, fidelização de clientes, desenvolvimento de novos processos de comercialização ou produção, e ainda de desenvolvimento de novos ou diferentes produtos e serviços; Qualidade dos produtos, serviços e atendimento oferecidos; Diversificação de clientes e mercados; Fidelização do cliente; Reestruturação e modernização; Aposta no capital humano e na formação contínua; Estabelecimento de redes e parcerias. 5. As políticas públicas exercem um papel determinante na sustentação do emprego, começando pelo enquadramento legislativo e institucional do mercado de trabalho. Efectivamente, diferentes enquadramentos promovem a adopção de diferentes tipos de medidas de redução dos custos laborais com preservação de emprego. Ainda que indirectamente, o enquadramento institucional e legislativo influencia, também, as medidas estruturais de reforço ou manutenção da capacidade competitiva das empresas. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 19 As práticas resultantes de acordos directos entre as empresas e os seus colaboradores são mais comuns em países onde as contratações colectivas e os enquadramentos legislativos em matéria laboral permitem maior liberdade negocial às partes. Em Portugal, tendem a prevalecer medidas de redução de custos laborais, como sejam a subsidiação da suspensão temporária de actividade ou ainda medidas de incentivo à manutenção dos empregos e à criação de novos empregos através da redução do esforço contributivo das empresas para a segurança social. Por último, importa referir que outras políticas públicas de apoio às empresas que não as especificamente vocacionadas para apoiar os seus esforços de sustentação do emprego acabam por influenciar as práticas empresariais de sustentação dos empregos. Entre elas, encontram-se as políticas públicas de apoio à formação, ao recrutamento de quadros qualificados, à reestruturação e modernização empresarial, à inovação ou à investigação e desenvolvimento. 3. EMPREGO E CRESCIMENTO ECONÓMICO: EVOLUÇÃO RECENTE E PERSPECTIVAS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 23 3. EMPREGO E CRESCIMENTO ECONÓMICO: EVOLUÇÃO RECENTE E PERSPECTIVAS2 3.1. Economia mundial A economia mundial tem vindo a dar sinais de melhoria desde meados de 2009, com um número crescente de países a registarem crescimentos trimestrais positivos do PIB no segundo e terceiro trimestres do ano, especialmente nas economias asiáticas. O comércio internacional e a produção industrial mundiais apresentam alguma tendência de recuperação desde o segundo semestre de 2009. Os mercados de capitais mostram também sinais positivos e os prémios de risco nos empréstimos reduziram-se nos últimos meses. Produto Interno Bruto 10 em percentagem 8 6 4 2 0 -2 -4 2005 2006 2007 2008 2009E 2010P Mundo Economias desenvolvidas Economias emergentes e em desenvolvimento Fonte: FMI E – Estimativa P - Previsão Este reavivar da economia mundial tem sido suportado, em larga medida, pelas amplas políticas governamentais de estímulo às economias, postas em prática desde finais de 2008 pela generalidade das economias desenvolvidas e por muitas das economias em desenvolvimento. 2 Este capítulo foi elaborado com a informação disponível até 2 de Dezembro de 2009. Entre as fontes consultadas merecem destaque: Nações Unidas, World Economic Situation and Prospects 2010 – Global Outlook, 2 Dezembro 2009; OCDE, Economic Outlook nº 86, Novembro 2009; European Commission, European Economic Forecasts, Autumn 2009; FMI, World Economic Outlook, Outubro 2009; Banco de Portugal, Boletim Económico de Outono, 2009; International Labour Office, Global Employment Trends-Update, Maio 2009; INE - Instituto Nacional de Estatística (vários indicadores nacionais) e Eurostat (vários indicadores). SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A situação da economia mundial no final de 2009 constitui uma inversão de tendência importante depois das fortes quedas do comércio internacional, produção industrial, preço das acções e disponibilidade de crédito que, na sequência da crise financeira internacional do final 2008, ameaçavam empurrar a economia mundial para uma nova Grande Depressão no início de 2009. Apesar dos sinais de melhoria na parte final do ano, em 2009 o PIB mundial terá sofrido a maior contracção pós Segunda Guerra Mundial e a primeira quebra em termos reais desde 1980, que o FMI estima em -1,1 por cento. De acordo com as estimativas de Outubro de 2009 do FMI, em 2009 o comércio internacional de bens e serviços terá registado uma quebra em volume de cerca de 12 por cento, a maior desde a Segunda Guerra Mundial. A produção industrial global ter-se-á contraído em cerca de 25 por cento em 2009, tendo sido a indústria automóvel um dos sectores industriais mais afectados. As taxas de inflação reduziram-se substancialmente um pouco por todo o mundo ao longo de 2009, atingindo valores próximos de zero ou mesmo negativos em várias economias desenvolvidas na parte final do ano. Comércio Internacional 15,0 10,0 em percentagem 24 5,0 0,0 -5,0 -10,0 -15,0 2005 Fonte: FMI 2006 2007 E – Estimativa 2008 2009E 2010P P - Previsão SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 25 A contracção da actividade económica a nível mundial iniciada no final de 2008 e que persistiu pelo menos na primeira metade de 2009 teve importantes reflexos negativos nos mercados de trabalho mundiais. Por todo o mundo, milhões de empregos foram destruídos desde finais de 2008 e os anúncios de despedimentos em larga escala ainda persistem em algumas economias. Adicionalmente, as ofertas de novos empregos reduziram-se substancialmente. Segundo as mais recentes estimativas do International Labour Office (Maio de 2009), o aumento mundial do número de desempregados entre 2007 e 2009 terá oscilado entre 29 e 59 milhões (cenário central 39 milhões). O número total de desempregos no mundo em 2009 oscilará entre 210 e 239 milhões (220 milhões cenário central). A taxa de desemprego mundial, que em 2007 foi de 5,7 por cento, situar-se-á em 2009 entre 6,5 e 7,4 por cento (6,8 por cento cenário central). A destruição de empregos em larga escala e a falta de novas oportunidades de emprego têm levado ao aumento significativo das taxas de desemprego - ainda que com ritmos diferenciados entre países - bem como à deterioração de outros indicadores laborais, como sejam o disparar de formas vulneráveis de emprego e dos níveis de pobreza entre trabalhadores. Estes últimos aspectos são especialmente significativos nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde os mecanismos de apoio social são incipientes ou inexistentes. Os maiores aumentos do número de desempregados têm ocorrido nalgumas das economias desenvolvidas, em particular nos EUA e alguns países da área euro; na região do Centro e Sudeste Europeu (não UE) incluindo a Federação Russa; e nas economias asiáticas emergentes fortemente orientadas para a exportação de mercadorias. De acordo com as estimativas do International Labour Office (ILO), as economias desenvolvidas são responsáveis por cerca de 35 a 40 por cento do aumento global do desemprego em 2009, apesar de representarem apenas cerca de 16 por cento 26 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS da força de trabalho mundial. De facto, o número de desempregados nos EUA mais do que duplicou desde o início da recessão em Dezembro de 2007, ascendendo, em Outubro de 2009, a 15,7 milhões, correspondente a uma taxa de desemprego de 10,2 por cento, a mais alta em 26 anos. Na área euro, a taxa de desemprego em 2009 deverá aumentar em 2 pontos percentuais, situando-se em 9,5 por cento, de acordo com as previsões de Outono da Comissão Europeia. No entanto, este aumento tem sido bastante desigual entre países. Países que sofreram choques imobiliários particularmente significativos registam acréscimos assinaláveis da taxa de desemprego. Os casos mais notáveis são a Espanha, onde a taxa de desemprego terá subido 10,8 pontos percentuais entre Outubro de 2007 e Outubro de 2009 atingindo 19,3 por cento em Outubro de 2009, e a Irlanda, com um aumento da taxa de desemprego de 4,6 por cento em Outubro de 2007 para 12,8 por cento em Outubro de 2009. Noutros países, como por exemplo a Alemanha, o aumento da taxa de desemprego terá sido bastante mais moderada, apesar da significativa quebra do PIB. Desemprego 2005 2006 2007 2008 2009E Mundo 6,3 6 5,7 5,9 6,8 - 7,4 Economias desenvolvidas 6,8 6,3 5,7 6,1 7,8 - 9,0 Economias emergentes e em desenvolvimento 4,2 4 3,9 4,3 4,6 - 5,8 Fonte: FMI e ILO E – Estimativa A Comissão Europeia estima que a contracção do PIB em 2009 na Alemanha terá atingido os 5 por cento enquanto a taxa de desemprego em 2009 (7,7 por cento) situar-se-á abaixo do valor de 2007 (8,4 por cento). Dos restantes 13 países da área euro, 7 terão registado aumentos das taxas de desemprego inferiores a 1 ponto percentual entre 2007 e 2009. Esta evolução é em parte o reflexo de uma maior propensão de várias economias europeias para responderem a quebras de procura pela via da redução das horas trabalhadas em vez da redução de trabalhadores, uma prática particularmente encorajada por políticas governamentais especialmente concebidas para o efeito neste período. O conjunto formado pela Federação Russa e países fora da União Europeia do Centro e Sudeste Europeu, apesar de representar apenas 6 por cento da força de trabalho mundial, terá sido responsável, de acordo com as estimativas do ILO, por 12 por cento do aumento mundial do número de desempregos em 2009. Nestes SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 27 países, e de acordo com a mesma fonte, o número de desempregados em 2009 terá aumentado cerca de 35 por cento. Nas economias asiáticas emergentes de vocação exportadora, o significativo aumento do número de desempregados nas indústrias exportadoras terá sido parcialmente compensado pelos extensos programas governamentais de estímulo da procura interna, com especial destaque para a China. Embora as lacunas de informação aumentem a incerteza das estimativas, quanto ao aumento do número de desempregados, o ILO aponta para uma estimativa de taxa de desemprego na região em 2009 entre 4,6 e 5,8 por cento, a qual se situou em 3,9 em 2007. Nesta região, como noutras economias emergentes e em desenvolvimento, a principal preocupação reside no aumento de formas vulneráveis de emprego e dos níveis de pobreza dos trabalhadores, que o ILO estima afectarem cerca de 57 por cento dos trabalhadores da região em 2009 (53 por cento em 2008). Apesar dos sinais positivos, a recuperação económica mundial iniciada na segunda metade de 2009 é ainda irregular e as condições para um crescimento económico sustentado no futuro próximo permanecem frágeis. Três principais factores contribuem para alguma incerteza quanto à robustez da recuperação económica. Por um lado, as condições de crédito continuam relativamente apertadas em muitas economias desenvolvidas. Por outro, a recuperação da procura interna impulsionada pelas políticas de estímulo corre o risco de não ser auto-sustentável. A persistência de elevadas taxas de desemprego mundiais, o efeito de riqueza negativo gerado pela crise financeira, e a maior propensão à poupança das famílias e empresas no intuito de reequilibrarem activos e passivos, são alguns dos factores que podem condicionar significativamente a recuperação sustentada da procura interna, sobretudo nas economias desenvolvidas. Em terceiro lugar, os desequilíbrios macroeconómicos globais - que em muito contribuíram para o despoletar da crise financeira - estão longe de estar resolvidos, pelo que o espectro de uma nova onda de instabilidade financeira não está de todo afastado. Acresce que a experiência de recessões anteriores mostra que a recuperação do emprego é desfasada face à recuperação do crescimento económico e por uma 28 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS margem temporal significativa. Os exemplos de crises anteriores demonstram igualmente que o desfasamento entre a recuperação da actividade económica e recuperação do emprego é tanto maior quando maior for o ajustamento à crise pela via da redução das horas trabalhadas e não apenas pela via de destruição de empregos. Na presente crise, e segundo as estimativas de Outubro de 209 do FMI, nas economias desenvolvidas e emergentes uma parte significativa do ajustamento laboral tem sido feito pela via da redução das horas trabalhadas, pelo que a destruição de empregos terá sido menor do que a contracção da actividade mundial deixaria antever. Em consequência, mesmo confirmando-se o cenário de consolidação da recuperação económica em 2010, é expectável que esta seja acompanhada de um aumento das taxas de desemprego nas economias desenvolvidas e de persistência das condições de pobreza nas economias em desenvolvimento. Num contexto de recuperação económica, as empresas tendem primeiro a aumentar as horas trabalhadas pelos actuais trabalhadores e só quando tal não é suficiente para fazer face ao aumento da procura criam novos empregos. As perspectivas para 2010 apontam para uma recuperação lenta da actividade económica global, insuficiente para gerar já em 2010 a criação de empregos suficientes para absorver o aumento da população activa. Em resultado, as perspectivas apontam para o continuar do agravar das taxas de desemprego, sobretudo nas economias desenvolvidas. No conjunto da União Europeia as estimativas da Comissão Europeia apontam para um aumento da taxa de desemprego de 9,1 por cento em 2009 para 10,3 por cento em 2010, e de 9,5 por cento para 10,7 por cento na área euro. Nos EUA, as mesmas estimativas apontam para um aumento da taxa de desemprego de um valor médio anual de 9,2 por cento em 2009 para 10,1 por cento em 2010. No Japão a taxa de desemprego deverá aumentar de 5,8 por cento em 2009 (3,9 por cento em 2007) para 6,3 por cento em 2010. De facto, as mais recentes perspectivas do FMI para 2010 apontam para um crescimento económico global próximo dos 3,1 por cento (-1,1 por cento em 2009), impulsionado pelas economias emergentes cujo crescimento previsto é de SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 29 5,1 por cento (1,7 por cento em 2009). O crescimento das economias emergentes deverá ser liderado pela China, Índia e algumas outras economias asiáticas emergentes. As perspectivas apontam para uma tímida recuperação das economias desenvolvidas, cujo crescimento do PIB, no seu conjunto, não deverá ir além dos 1,3 por cento em 2010, depois de uma contracção de 3,4 por cento em 2009. A expectativa de uma lenta e gradual recuperação da actividade económica aponta para o prolongamento de um cenário de baixa inflação em 2010, em particular nas economias desenvolvidas. 3.2. Economia portuguesa Portugal regista, desde 2001, um crescimento económico inferior à média da área euro e caracterizado por um persistentemente baixo crescimento da produtividade, degradação da competitividade externa, desemprego crescente e um défice externo considerável. A actual crise financeira e económica veio exacerbar este fraco desempenho da economia portuguesa na última década. Sob o impacte da crise internacional, o PIB português começou a cair logo na parte final de 2008, revertendo a ténue tendência ascendente verificada na primeira metade desse ano. Em resultado, o PIB português estagnou em 2008. Para 2009, a Comissão Europeia (CE) projecta uma contracção de 2,9 por cento, com todas as componentes da despesa a regredirem, excepto o consumo público, impulsionado pelo programa de estímulo à economia e pelo aumento das despesas de protecção social e de apoio ao desemprego. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Produto Interno Bruto 6 4 em percentagem 2 0 -2 -4 Portugal Área euro Fonte: Eurostat E – Estimativa 2010P 2009E 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 -6 1996 30 P - Previsão Para 2009, as exportações, investimento e importações deverão apresentar quebras bastante significativas, acima dos dois dígitos, enquanto a quebra no consumo privado será relativamente moderada (-0,9 por cento). Esta evolução em 2009 corresponderá à maior contracção da actividade económica registada nas últimas décadas. De acordo com o Banco de Portugal, desde 1953 apenas em 1975 se verificou uma contracção mais forte do PIB português (-5,1 por cento). A crise internacional acentuou significativamente a tendência de aumento do desemprego iniciada em 2002, invertendo os ligeiros sinais de melhoria evidenciados nos últimos meses de 2007. Em Outubro de 2009 o número de desempregados em Portugal aumentou 30 por cento - 125 mil pessoas – em termos homólogos, atingindo os 558 mil desempregados. A taxa de desemprego situou-se em 10,2 por cento, o valor mais alta em várias décadas. A taxa de desemprego em Portugal era, em Outubro de 2009, a terceira mais alta da área euro, depois da Espanha (19,3 por cento) e Irlanda (12,8 por cento). A CE SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 31 estima que em 2009 e emprego total em Portugal sofra uma redução de 2,3 por cento, a maior quebra em várias décadas. Taxa de Desemprego 12,0 em percentagem 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 Jun-09 Ago-08 Jan-09 Área euro Out-07 Mar-08 Fev-06 Jul-06 Abr-05 Set-05 Nov-04 Jan-04 Jun-04 Mar-03 Ago-03 Mai-02 Out-02 Fev-01 Jul-01 Dez-01 E – Estimativa Fonte: Eurostat Dez-06 Mai-07 Portugal 0,0 P - Previsão De acordo com o Inquérito ao Emprego do INE, a redução generalizada do emprego nos três primeiros trimestres de 2009 foi mais significativa no sector da construção e na indústria transformadora que, no conjunto, terão representado aproximadamente 70 por cento da diminuição do emprego. Emprego 4,0 2,0 1,0 0,0 -1,0 E – Estimativa P - Previsão 2010P 2009E 2008 2007 2006 2005 2004 2002 Área euro 2001 1998 1997 Fonte: Eurostat 2000 Portugal -3,0 2003 -2,0 1999 em percentagem 3,0 32 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS No entanto, e apesar do mau desempenho do emprego, nem todo o ajustamento do mercado de trabalho à quebra de actividade estará a fazer-se pela redução do emprego. Uma parte não negligenciável do ajustamento parece estar a ocorrer pela via da redução da produtividade. De acordo com as previsões de Outono de 2009 do Banco de Portugal, a produtividade aparente do trabalho no sector privado deverá diminuir em 0,3 por cento em 2009, depois de uma diminuição de 0,6 por cento em 2008 que inverteu um ciclo de crescimentos positivos, ainda que moderados, com mais de uma década. Um número significativo de empresas estará a manter os empregos, eventualmente reduzindo as horas trabalhadas, apesar da quebra acentuada da actividade. As perspectivas para 2010 apontam para um cenário de estagnação da actividade económica. De acordo com as projecções de Outono da CE, a melhoria da economia internacional iniciada na segunda metade de 2008 permitirá à economia portuguesa apresentar um crescimento em 2010 ligeiramente positivo (0,3 por cento), depois da forte contracção em 2009 (-2,9 por cento). Mas a ligeira recuperação do PIB perspectivada para o próximo ano não será suficiente para evitar o continuar da degradação dos indicadores laborais. O emprego em 2010 deverá voltar a reduzir-se em cerca de 0,4 por cento e a taxa de desemprego deverá manter-se em níveis historicamente altos. A tímida recuperação da actividade económica prevista para 2010 será impulsionada por uma ligeira recuperação do consumo privado e das exportações, enquanto o investimento deverá continuar a contrair-se. Apesar da recuperação do comércio internacional que se espera que ganhe robustez em 2010, a recuperação das exportações portuguesas de bens e serviços será ténue, com um crescimento previsto de apenas 0,7 por cento em volume, no seguimento de uma quebra de 14 por cento em 2009. O fraco cenário SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 33 perspectivado para as exportações portuguesas em 2010 resulta da combinação de dois factores. Exportações 10,0 em percentagem 5,0 0,0 -5,0 -10,0 -15,0 Fonte: Eurostat E – Estimativa 2010P 2009 (E) 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 -20,0 P - Previsão Primeiro, a expectativa de uma fraca recuperação da procura dos principais parceiros comercias, nomeadamente da Espanha, que representa cerca de um quarto das exportações portuguesas. Em segundo lugar, é esperada nova deterioração da competitividade das exportações portuguesas, traduzida numa quebra das exportações nacionais superior à quebra da procura nos principais mercados de destino. De facto, e segundo as previsões do Banco de Portugal, em 2009 a quota de mercado das exportações portuguesas terá voltado a diminuir em linha com a evolução recente – desde o início da década, apenas em 2007 este indicador registou uma variação positiva. A forte contracção das exportações em 2009 resulta em parte de razões estruturais que decorrem da deterioração da posição competitiva do país e que limitam a capacidade de expansão das exportações, e por consequência do crescimento económico, no médio prazo. O investimento deverá continuar a contrair-se em 2010 (-4,1 por cento), mais forte na componente de investimento empresarial (-6,8 por cento). As perspectivas de uma recuperação muito incipiente da procura interna e externa, a expectativa de manutenção de baixas margens de lucros, e uma maior preocupação com o equilíbrio entre activos e passivos num contexto de condições de crédito mais apertadas, são alguns dos factores que contribuirão para um comportamento SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS especialmente desfavorável do investimento empresarial em Portugal no próximo ano. Formação Bruta de Capital Fixo 10,0 5,0 em percentagem 0,0 -5,0 -10,0 -15,0 -20,0 Fonte: Eurostat E – Estimativa 2010P 2009 E 2008 2007 2006 2005 2004 Equipamento empresarial 2003 2001 2002 Total -25,0 2000 34 P - Previsão A evolução desfavorável da competitividade de custos continua a dar um importante contributo para a deterioração da posição competitiva da economia portuguesa. O aumento dos custos unitários do trabalho em Portugal continua a ser superior à maioria dos seus parceiros comerciais e é expectável, segundo as previsões da CE, que tal tendência se mantenha em 2010. Dois factores contribuem de forma cumulativa para tal resultado: crescimento da produtividade abaixo do verificado nos parceiros comerciais e um aumento dos salários acima do crescimento da produtividade. O crescimento da produtividade aparente do trabalho em Portugal tem sido diminuto na última década, conduzindo a um alargamento do já significativo diferencial de produtividade face à área euro. A CE prevê que este desfasamento continue a ampliar-se em 2010, uma vez que a produtividade aparente do trabalho deverá aumentar em apenas 0,8 por cento, bastante abaixo da média da área euro (2,1 por cento). Por outro lado, a evolução dos salários em Portugal tende a não acompanhar a evolução da produtividade e este cenário é expectável que permaneça em 2010. Após um forte crescimento em 2009 (4,7 por cento), o aumento da compensação por trabalhador deverá abrandar em 2010 para 2 por cento, ainda assim bastante acima do aumento estimado para a produtividade (0,8 por cento). SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 35 Depois de uma quebra no nível dos preços em 2009 (-1,0 por cento), é de esperar que a inflação retorne a terreno positivo atingindo 1,3 por cento em 2010. A confirmarem-se as projecções da CE, o diferencial negativo de inflação entre Portugal e a área euro observado em 2008 e 2009 deverá voltar a ser positivo em 2010. 4. BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 39 4. BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS Os exemplos internacionais de políticas de redução de custos laborais postas em prática no contexto da mais recente crise económico-financeira revelam que o recurso ao despedimento não é necessariamente a primeira opção. Várias são as razões pelas quais as empresas tentam evitar o despedimento em primeira instância. Certamente que os custos associados aos despedimentos e, nalguns casos, os constrangimentos legais que lhes estão associados são uma forte motivação para que as empresas tentem evitar tal prática. Mas, mesmo em economias com enquadramentos laborais relativamente flexíveis, o despedimento está hoje longe de ser a primeira opção. As experiências internacionais conhecidas demonstram que são muitas as empresas que têm presente os resultados de crises anteriores em que o recurso ao despedimento acabou por não resultar na redução de custos ou aumento da performance a prazo. Um número considerável de empresas está hoje consciente de que: Não raras vezes o despedimento significa perder pessoal qualificado e experiente, cujas competências específicas demoram muito tempo e custam caro a reconstruir quando numa fase económica positiva a empresa tiver que recrutar novos colaboradores. Conscientes da importância de reter o talento e qualificações que lhes permitam recuperar a sua produtividade logo que a retoma económica tenha lugar, muitas empresas - sobretudo nas economias desenvolvidas da Europa e América do Norte – demonstraram, na presente conjuntura, dar prioridade a estratégias mais ou menos criativas de redução de custos laborais que não impliquem despedimentos, ou pelo menos que limitem o número de despedimentos. 40 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A presente secção apresenta uma análise de exemplos internacionais de práticas empresariais de redução de custos laborais que privilegiam a sustentação do emprego. A selecção dos exemplos relatados teve por base dois critérios principais. PRIMEIRO SEGUNDO Tratarem-se de exemplos divulgados publicamente em fontes de informação credíveis e disponíveis em língua inglesa, francesa ou portuguesa. Tratarem-se de exemplos com algum carácter criativo e/ou inovador que possam servir de exemplo para outras empresas. Estratégias amplamente utilizadas em Portugal desde há largos anos – como por exemplo, o recurso às reformas antecipadas – é importante serem mencionadas mas dispensam ilustração prática por se enquadrarem naquilo que é já prática tradicional em Portugal. Embora a pesquisa de exemplos de boa práticas se tenha estendido a qualquer país do mundo, dentro dos critérios acima descritos, os exemplos encontrados são maioritariamente provenientes de empresas localizadas nas economias desenvolvidas da Europa e América do Norte. É muito escassa a informação disponível em fontes credíveis de língua inglesa relativa às economias da Ásia – Pacífico ou da América Latina. Ainda assim, os exemplos encontrados nestas regiões provêm fundamentalmente do Japão. Em termos genéricos, as estratégias internacionais identificadas podem agrupar-se em duas grandes categorias: Aquelas que visam a redução dos custos laborais mas preservando o vínculo com o trabalhador; Aquelas em que a redução dos custos laborais está associada à redução de trabalhadores embora não havendo lugar a despedimentos. As duas subsecções seguintes analisam cada uma destas categorias de estratégias. As Tabelas 1 e 2 sistematizam os vários exemplos internacionais aí identificados e discutidos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 41 4.1. Reduzir custos laborais sem desperdiçar capital humano Perante quebras cíclicas ou conjunturais da actividade, são hoje muitas as empresas que privilegiam estratégias de redução de custos laborais que não ponham em causa o vínculo existente com o trabalhador. Existe em muitas empresas a convicção de que é benéfico a prazo a preservação da sua força de trabalho, seja porque a empresa investiu muito tempo e dinheiro no seu recrutamento e formação; ou porque essas pessoas são detentoras de competências específicas às funções desempenhadas que demoram tempo e custam dinheiro a adquirir por outrem; ou porque já interiorizaram a cultura da empresa; ou ainda porque existe entre os empregados e entre estes e os gestores da empresa um relacionamento interpessoal consolidado que é facilitador do fluxo de ideias e informação dentro da empresa. Exemplos internacionais recentes demonstram que, pelo menos nos mercados desenvolvidos, muitas são as empresas que estão conscientes de quão importante é não destruir/desbaratar o seu capital humano, para que estejam aptas a responder de forma competitiva às exigências do mercado logo que o ciclo de conjuntura económica desfavorável se inverta. Os vários exemplos internacionais de medidas adoptadas visando reduzir custos laborais sem desperdiçar capital humano podem genericamente agrupar-se em dez tipologias: Politicas remuneratórias mais restritivas; Redução salarial pura; Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução salarial; Licenças (parcialmente) remuneradas; Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária; Suspensão temporária do trabalho; Banco de horas; Partilha temporária de trabalhadores; Reafectação funcional; Participação dos Governos no esforço das empresas de sustentação do emprego. Políticas remuneratórias mais restritivas Em muitos dos casos analisados, uma primeira onda de medidas de contenção/redução de custos laborais prende-se com a adopção das tradicionais medidas de contenção salarial como sejam: o congelamento dos salários de empregados e/ou corpo de gestão; o congelamento de promoções; ou ainda a redução/eliminação de bónus, prémios e outros benefícios aos empregados e/ou corpo de gestão. 42 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Redução salarial pura Vários são os exemplos internacionais de acordos de redução salarial em que se mantém inalterado o tempo de trabalho. Nalguns casos, esta redução corresponde a uma redução salarial efectiva, podendo ou não envolver algum tipo de compensação diferida, como sejam a atribuição de acções da empresa ou tempo adicional de férias. Os exemplos que a seguir se descrevem ilustram as práticas mais comuns nesta matéria. A finlandesa Nokia, por exemplo, apelou em Março último a alguns dos seus trabalhadores para que aceitassem tempo de férias em vez de dinheiro como pagamento pelo tempo de trabalho realizado ao longo de 2009. O grupo de media irlandês Independent Newspapers negociou com os sindicatos um pacote de cortes salariais escalonado de acordo com o salário anual como estratégia para evitar despedimentos. Empregados auferindo menos de 40 mil euros por ano veriam o salário congelado. Para montantes salariais superiores seriam feitos cortes salariais, de forma progressiva, até um máximo de 10 por cento, aplicável a salários superiores a 100 mil euros anuais. Estes últimos também veriam eliminados os seus bónus em 2009. Em contrapartida, cada trabalhador receberia opções sobre acções da empresa na proporção do corte salarial sofrido. A empresa norte-americana 415 Productions, por exemplo, acordou com os seus empregados uma redução de 5 por cento no salário sem redução do tempo de trabalho. Alternativamente, os empregados podiam optar por reduzir o horário de trabalho em um dia por semana com a correspondente redução salarial. A norte-americana Acxiom Corporation implementou uma redução coerciva de 5 por cento do salário, acrescida de uma redução voluntária de mais 5 por cento, compensadas por uma atribuição adicional de ―stock options‖. A FedEx procedeu a uma redução permanente dos salários em 5 por cento para 36 mil dos seus trabalhadores; entre 7.5 por cento e 10 por cento para os executivos; e 20 por cento para o CEO. Os Co-CEOs da Motorola prescindiram do bónus de 2008 e voluntariaram-se para uma redução de 25 por cento no salário base de 2009. Por sua vez, a Hewlett Packard Co reduziu os salários entre 2.5 por cento e 20 por cento, consoante o salário base auferido pelo trabalhador. A companhia aérea irlandesa, Aer Lingus, cujo processo de reestruturação em curso é anterior à sua privatização em 2006, no final de 2008 acordou com os sindicatos um programa invulgar de opção de ―saída e regresso‖ com vista à redução de custos laborais. Cerca de 850 trabalhadores poderiam optar por receber uma verba única à cabeça como contrapartida de deixarem a empresa, mas com o compromisso por parte da companhia que regressariam mais tarde, mas com salário e benefícios reduzidos. Cerca de 80 por cento dos trabalhadores elegíveis aderiram ao acordo. Noutros casos, a redução salarial é feita de forma indirecta, seja pela via do aumento do tempo de férias não remunerado, ou de licenças igualmente não remuneradas, sejam elas voluntárias ou coercivas. As norte-americanas FedEx, Dell, Motorola, e Hewlett Packard Co, por exemplo, implementaram recentemente um programa de férias não remuneradas, em conjugação com outras medidas de contenção de custos laborais, numa tentativa de minimizar o número de despedimentos. Os escritórios da Ernest & Young na China ofereceram aos seus 9000 empregados a possibilidade de tirarem um mês de licença não remunerada durante o primeiro semestre de 2009, ao que aderiram 90% dos auditores. A empresa química norte-americana Ashland, Inc. estabeleceu, no início de 2009, duas semanas de licença não remunerada SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS envolvendo quase todos os seus empregados nos EUA e Canadá. A Massachusetts Bay Transportation Authority impôs uma licença não remunerada de cinco dias aos empregados que auferem mais de $100 mil anualmente. Aos empregados auferindo um salário anual inferior foi imposta uma licença não remunerada de três dias. Trabalhar gratuitamente por um período de tempo é outra das formas de redução salarial indirecta que tem sido usada por diversas entidades. Por exemplo, em várias universidades norteamericanas (entre outras, a Arizona State 43 University, a University of Maryland ou a Clemson University), os colaboradores, incluindo o corpo docente, aceitaram prescindir de um mês de salário nuns casos, e de uma a três semanas noutros, sem alteração do horário de trabalho nem qualquer recompensa diferida, como contributo para uma estratégia global de reequilíbrio económico-financeiro da instituição. A British Airways, em Junho passado, solicitou a milhares dos seus colaboradores que trabalhassem gratuitamente durante um mês de Verão como estratégia para evitar o despedimento de milhares de trabalhadores e garantir a sobrevivência da empresa. Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução salarial Outro tipo de estratégia largamente difundida internacionalmente é a redução do tempo de trabalho com correspondente redução salarial. Esta redução do tempo de trabalho pode assumir diversas formas, como sejam a redução do número de horas de trabalho diário, o número de dias de trabalho por semana, o número de dias de trabalho por mês, corte nas horas extraordinárias, ou a redução do número de turnos. São diversos os exemplos práticos deste tipo de acordos trabalhador - empresa. Por exemplo, entre o pacote de estratégias de redução dos custos laborais que a British Telecom divulgou recentemente consta a oferta de um pagamento único de mil libras a quem estiver interessado em mudar do regime de trabalho a tempo inteiro para trabalho a tempo parcial. A KPMG acordou com 86 por cento dos seus colaboradores do Reino Unido a passagem para a semana de quatro dias de trabalho com a correspondente redução salarial. Estratégia semelhante foi adoptada pela britânica Pearson, editora do Financial Times, que deu aos trabalhadores a possibilidade de optarem por uma semana de trabalho de três dias ou de quatro dias, com a correspondente redução salarial, entre os meses de Junho e Agosto. O fabricante de painéis de vidro plano norteamericano Corning no Outono de 2008 mudou os seus trabalhadores para semanas de quatro dias de trabalho com correspondente redução salarial. A empresa LDV Vans (Reino Unido) reduziu a semana de trabalho para três dias com um corte de 10 por cento nos salários. A empresa londrina de advocacia Norton Rose instituiu a semana de quatro dias com salário a 85 por cento dando aos trabalhadores a possibilidade de optarem, em alternativa, por uma licença sabática de doze semanas recebendo 30 por cento do salário. A R.D. Jones, uma firma de design de interiores de Baltimore (EUA), instituiu a semana de quatro dias de trabalho com redução de 20 por cento do salário, após duas semanas de licença não remunerada. Várias das empresas europeias do sector da siderurgia têm optado por um misto entre 44 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS redução do trabalho extraordinário, eliminação dos turnos nocturnos e semanas de três e quatro dias de trabalho, com o correspondente corte salarial. No Japão, país em que um misto de tradições culturais e imposições legais privilegiam a preservação do emprego, a prática mais comum de redução de custos laborais neste período de crise entre empresas industriais como a Toyota Motor Corp., Mazda Motor Corp., Toshiba Corp., ou Fujitsu Inc., tem sido a redução do tempo de trabalho de cada trabalhador, por recurso à partilha de posto de trabalho. O trabalho que em condições normais era desenvolvido por uma só pessoa a tempo inteiro é agora desenvolvido por duas ou três pessoas em tempo parcial, sofrendo cada uma delas a redução salarial correspondente à redução do tempo de trabalho. Nas fábricas da Fujitsu Inc., por exemplo, os habituais dois turnos de 12 horas foram convertidos em três turnos de 8 horas de modo a que cada trabalhador reduza as horas trabalhadas em um terço, com a correspondente redução salarial. Licenças (parcialmente) remuneradas As licenças parcialmente remuneradas são outro exemplo de estratégias de manutenção do capital humano ao mesmo tempo que permitem reduzir os custos laborais. Por exemplo, recentemente a Accenture ofereceu um programa de sabática voluntária denominado ―Flexleave‖ a cerca de 1400 consultores, maioritariamente nos EUA. O programa oferece 20 por cento do salário e a manutenção dos benefícios sociais por um período de seis a doze meses. Em contrapartida, apesar de durante o período de licença sabática os empregados poderem aceitar outro emprego, não podem trabalhar para um concorrente. Os serviços financeiros da KPMG em Londres deram a cerca dos seus 11 mil trabalhadores a opção por uma licença sabática entre um e três meses recebendo em contrapartida 30 por cento do salário. Em alternativa os colaboradores poderiam optar pela mudança para semanas de quatro dias com uma redução salarial de 20 por cento. O banco irlandês Irish Life & Permanent propôs-se pagar €20 mil euros aos trabalhadores que aderissem a uma licença não remunerada por dois anos e €35 mil no caso de licenças por três anos. Ainda no sector bancário, o espanhol BBVA ofereceu aos 30 mil funcionários do grupo em Espanha a possibilidade de tirarem uma licença por um período máximo de cinco anos recebendo, em contrapartida, 30 por cento do salário. A empresa de advocacia norte-americana Skadden Arps propôs aos seus associados uma licença sabática por um ano recebendo, em contrapartida, um terço da remuneração anual. A Cisco Systems ofereceu a 8500 trabalhadores dispensados em Abril último a possibilidade de participarem num programa em que a empresa assegura um terço do salário e todos os benefícios sociais durante um ano se, em contrapartida, os trabalhadores se disponibilizarem para trabalhar para uma organização sem fins lucrativos associada à empresa. Já em 2001, no rescaldo do rebentamento da ―bolha‖ tecnológica, a Cisco Systems tinha permitido aos trabalhadores interessados entrarem em licença sabática recebendo um terço do salário. No mesmo sentido, recentemente a British Telecom propôs a dezenas de milhares dos seus 106 mil empregados uma licença entre um e doze meses com uma redução de 75 por cento do salário base mensal. Para encorajar a adesão ao programa, a empresa propôs que o SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS salário reduzido fosse pago numa tranche única recebida à cabeça. No sector automóvel, a General Motors em Inglaterra propôs aos seus dois mil 45 trabalhadores a oportunidade de tirarem uma licença sabática entre Janeiro e Setembro de 2009 ficando a receber 30 por cento do salário. Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária Várias empresas têm criado programas de licenças não remuneradas em que a compensação reside sobretudo no pagamento total ou parcial de um programa de formação por um período mais ou menos longo, geralmente não inferior a um ano. A norte-americana Charles Schwab Corp., por exemplo, custeia, durante um período máximo de dois anos, até $20 mil em propinas por cada trabalhador que adira ao programa de licenças não remuneradas. Na Irlanda e Reino Unido várias empresas, sobretudo bancos e empresas de consultoria, decidiram atribuir bolsas para mestrado ou pósgraduação aos trabalhadores que aceitem entrar em licença não remunerada. Outras empresas, optam por manter os trabalhadores ao serviço mesmo que não estando a trabalhar, sendo o tempo ocupado em acções de formação. Por exemplo, a Toyota Motor North America mantém os salários dos seus trabalhadores durante as quebras de produção sendo o tempo ocupado com sessões de treino e formação. Suspensão temporária do trabalho (Lay-off) A suspensão temporária do trabalho e correspondente redução salarial (vulgo lay-off), tem sido uma prática bastante comum nos países da Europa e da América no Norte no presente período de crise económica. A aplicação prática da modalidade de suspensão temporária do trabalho tem assumido diferentes formas. Desde logo, quanto ao período de suspensão do trabalho. Os exemplos internacionais revelam casos de suspensão de trabalho por um período contínuo seguido do regresso à normalidade – o lay-off contínuo. Por exemplo, um pouco por toda a Europa, muitas das grandes companhias do sector automóvel suspenderam a produção durante as semanas do Natal com o correspondente corte salarial. Foi o caso da Aston Martin, Mini, Bentley e GM no Reino Unido, da Daimler na Alemanha, e da Ford em França. Solução semelhante foi adoptada pela Renault Trucks que anunciou o encerramento temporário de três das suas fábricas em França durante três meses em 2009. Existem também casos de lay-offs intercalados, com suspensão da actividade durante um determinado número de horas por dia, dias por semana, ou dias por mês. Por exemplo, a companhia aérea finlandesa, Finnair, anunciou em Dezembro último a colocação de 1700 membros de cabine em layoff intercalado entre Abril e Maio de 2009 com duração de duas a três semanas por pessoa afectada. Esta estratégia é parte de um plano 46 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS mais vasto de reestruturação da empresa em curso há vários anos e que envolveu já o despedimento de pelo menos mil pessoas. As formas de lay-off também variam em função do número de trabalhadores envolvidos. Algumas empresas optam por colocar em lay-off todos os trabalhadores. Outras, por colocar em lay-off apenas os trabalhadores adstritos a funções mais afectadas pela quebra de actividade, ao mesmo tempo que os restantes trabalhadores continuam em regime de trabalho completo. Outras empresas preferem o designado ―rotating lay-off‖ em que todos os trabalhadores da empresa são abrangidos pelo mesmo período de lay-off em regime de rotatividade. Nos EUA, por exemplo, esta prática tem sido amplamente utilizada por empresas do sector da construção. Banco de horas O recurso ao banco de horas tem sido outra das práticas utilizadas, sobretudo no sector industrial. Por exemplo, esta foi uma solução encontrada pelo construtor automóvel Honda na sua fábrica de Swindon (Reino Unido) para fazer face à forte quebra da procura. Perto de 2500 dos 3700 trabalhadores suspenderam o seu trabalho durante quatro meses, entre Fevereiro e Maio, mantendo a totalidade do salário nos dois primeiros meses e recebendo 60 por cento nos dois meses seguintes. Em contrapartida, estes trabalhadores comprometeram-se a trabalhar horas extraordinárias não remune- radas a partir de Junho, quando a fábrica regressasse à laboração em pleno. Estratégia semelhante foi seguida pelo construtor de carros de luxo Aston Martin, que acordou com os sindicatos um regime de semana de três dias de trabalho durante um período com direito a salário completo, ficando os trabalhadores obrigados a compensar as horas não trabalhadas sem qualquer pagamento extraordinário logo que a fábrica regressasse à laboração normal. O recurso ao banco de horas foi também usado pela Bentley na sua fábrica de Crewe (Reino Unido). Partilha temporária de trabalhadores A cedência temporária de trabalhadores a clientes, distribuidores, ou mesmo empresas vizinhas de outros ramos de actividade é um exemplo interessante de uma prática de manutenção dos recursos humanos reduzindo ao mesmo tempo os custos laborais em períodos de crise. Por exemplo, a norte-americana Texas Instruments iniciou um programa de ―cedência‖ de colaboradores aos seus distribuidores por um período máximo de oito meses. O acordo prevê que durante o período de cedência o distribuidor custeia o salário do colaborador cedido, findo o qual o trabalhador regressa ao emprego original na Texas Instruments. Do acordo faz parte o compromisso do distribuidor em não oferecer ao colaborador cedido um emprego permanente. A empresa Rhino Foods, fabricante das bolachas usadas no gelado Ben & Jerry, localizada SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS em Vermont (EUA), acordou ceder quinze trabalhadores fabris a uma empresa vizinha fabricante de bálsamo labial (Autumn Harp) durante uma semana para fazer face a um pico de procura. O salário continuou a ser pago pelo empregador (Rhino Foods) que depois facturou as horas trabalhadas à vizinha Autumn Harp. Os exemplos de cedência de trabalhadores não se limitam a trabalhadores directamente produtivos. Há também alguns exemplos bem sucedidos de partilha de quadros técnicos e administrativos. 47 A empresa de recrutamento Roswell na Geórgia (EUA), por exemplo, acordou com o seu gestor de projectos de marketing a partilha de funções com outra empresa da região de outro sector. Outro exemplo, a empresa de logística novaiorquina Logistic Dynamics recrutou um gestor de recursos humanos em parceria com outra empresa situada no mesmo edifício, cada uma custeando cerca de metade do seu salário. Reafectação funcional Várias empresas têm vindo a converter colaboradores de funções mais afectadas pela crise para outras, em complemento ou não com estratégias de congelamento de novas admissões ou de substituição de colaboradores que deixaram a empresa (sejam saídas voluntárias ou despedimentos). A norte-americana Hypertherm, por exemplo, deslocou empregados em excesso de alguns departamentos para outros onde havia necessidade de recursos humanos, em alternativa à contratação de novos empregados. A Canadiana Luxury Retreats, uma agência de arrendamento de ―villas‖ em Montreal, mudou 8 dos seus 75 empregados de áreas como o desenvolvimento de produtos para a área de vendas, e a assistente pessoal do CEO da empresa para o departamento de contabilidade. Na sequência da quebra em 71 por cento das vendas no último trimestre de 2008, o fabricante de aço norte-americano Nucor reduziu o tempo de produção para três dias por semana. Durante o tempo de inactividade, os empregados fabris puderam continuar a auferir o salário base fazendo, em compensação, a manutenção dos equipamentos e participando em acções de formação. A cadeia de hotéis Marriott implementou um programa de ―treino cruzado‖ que lhe tem permitido, por exemplo, usar algum do pessoal administrativo dos seus escritórios na região de Washington D.C. (EUA) para ajudarem em banquetes e outros eventos de grande dimensão. A empresa de aviação holandesa KLM acordou com os pilotos a possibilidade de estes exercerem outras funções, entre as quais o manuseamento das bagagens. Participação dos Governos no esforço das empresas para sustentação do emprego Vários Governos têm desenvolvido políticas no sentido de contribuírem positivamente para o esforço das empresas de redução de custos evitando despedimentos. Na Europa, dados os 48 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS diferentes regimes de legislação laboral e de contratação colectiva entre Estados Membro, existem diferenças consideráveis quanto ao grau e modo de envolvimento dos Governos no facilitar da adopção de medidas de redução custos laborais sem despedimento. No Reino Unido, onde a negociação é largamente descentralizada, a maioria das medidas de redução de custos sem despedimentos implementadas resultam de negociações ao nível da empresa, entre gestores e sindicatos. Com efeito, o Reino Unido não criou qualquer programa governamental de ajuda às empresas nos seus esforços de manutenção do emprego com redução de custos laborais. Outros Estados Membro como a Áustria, Alemanha, França e Holanda, criaram programas de apoio às empresas que lhes permitem beneficiar temporariamente de ajuda estatal no pagamento de uma parte do salário dos trabalhadores abrangidos por reduções do horário de trabalho e/ou de suspensões de trabalho (vulgo lay-off). Em regra, o recurso a estes programas está condicionado a acordos negociados entre os parceiros sociais e podem ser obtidos apenas nos casos em que as empresas são severamente afectadas pelas condições de mercado ou por quebras significativas no volume de vendas. Na maioria dos casos, tais apoios enquadram-se num contexto mais vasto de acordos colectivos de flexibilização do tempo de trabalho. Em França, por exemplo, foi criado um fundo público que garante o pagamento de 60 por cento do salário mínimo aos trabalhadores afectados por reduções temporárias do tempo de trabalho. As empresas pagam directamente aos empregados e são reembolsados pelo Estado tendo por base valores/hora de referência. Na Alemanha, onde existe uma larga tradição na utilização de bancos de horas e regimes flexíveis de trabalho, as empresas podem receber um apoio correspondente a 67 por cento do salário dos trabalhadores afectados pela redução de horário ou suspensão de trabalho, mas o esquema só entra em funcionamento depois de esgotados todos os mecanismos de flexibilidade decorrentes dos contratos colectivos. O esquema austríaco é bastante semelhante ao alemão, mas menos generoso. O benefício é calculado por referência ao subsídio de desemprego e não ao salário e o acesso ao apoio está dependente da existência de acordo entre a empresa e os representantes dos trabalhadores. O governo holandês alargou o esquema de apoio ao desemprego à cobertura de 70 por cento dos custos salariais de trabalhadores permanentes temporariamente afectados por suspensão ou redução do tempo de trabalho. Também em dezoito dos cinquenta estados norte-americanos, entre os quais Texas, Califórnia, Florida, Rhode Island e Missouri, o governo estadual dispõe de programas de atribuição de um subsídio de desemprego parcial aos trabalhadores afectados por suspensão temporária do trabalho ou redução do tempo de trabalho de forma a compensar a redução salarial correspondente. Por exemplo, a Megavolt, fabricante de equipamento agrícola localizada no estado do Missouri, reduziu em dez horas as horas de trabalho semanais, sendo os trabalhadores compensados da redução salarial por um complemento estadual de subsídio de desemprego. A Pella Corp acordou com os trabalhadores a suspensão do trabalho por uma semana em cada quatro a seis semanas, sendo a redução salarial compensada pelo subsídio estadual de apoio ao desemprego. Uma diferença significativa entre os esquemas estaduais de apoio norte-americanos e regimes semelhantes dos países europeus é que nos EUA os trabalhadores têm que solicitar o complemento junto do governo estadual, o qual lhes é pago directamente pelo governo. Nos países europeus as empresas continuam a assegurar o salário aos trabalhadores recebendo depois o apoio governamental correspondente. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 49 Tabela 1 (continua) BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO MEDIDAS ADOPTADAS EXEMPLOS INTERNACIONAIS Políticas remuneratórias mais restritivas Redução salarial pura Nokia Independent Newspapers 415 Productions Acxiom Corporation FedEx Motorola Hewlett Packard Co Aer Lingus Dell Ernest & Young Ashland, Inc. Massachusetts Bay Transportation Authority Várias universidades norte-americanas, British Airways Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução salarial British Telecom KPMG Pearson (editora do Financial Times) Corning LDV Vans Norton Rose R.D. Jones Várias das empresas europeias do sector da siderurgia Toyota Motor Corp. Mazda Motor Corp. Toshiba Corp. Fujitsu Inc. Licenças (parcialmente) remuneradas Accenture KPMG Irish Life & Permanent BBVA Skadden Arps Cisco Systems British Telecom General Motors Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária Charles Schwab Corp. Várias empresas, sobretudo bancos e empresas de consultoria (Irlanda e Reino Unido) Toyota Motor North America 50 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 1 (continuação) BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO MEDIDAS ADOPTADAS EXEMPLOS INTERNACIONAIS Suspensão temporária do trabalho (Lay-off) Muitas das grandes companhias do sector automóvel (Europa) Aston Martin Mini Bentley GM Daimler Ford Renault Trucks Finnair Empresas do sector da construção ( EUA). Banco de horas Sobretudo no sector industrial. Honda Aston Martin Bentley Partilha temporária de trabalhadores Texas Instruments Rhino Foods (cedeu a Autumn Harp) Roswell Logistic Dynamics Reafectação funcional Hypertherm Luxury Retreats Nucor Marriott KLM Participação dos Governos no esforço das empresas de sustentação do emprego Reino Unido Áustria Alemanha França Holanda Dezoito dos cinquenta estados norte-americanos SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 51 4.2. Redução de trabalhadores sem despedir Muitas empresas têm também adoptado práticas de redução de trabalhadores sem recorrer a despedimentos. Internacionalmente, as práticas deste tipo mais vulgarmente utilizadas têm sido a reforma antecipada voluntária, os estímulos às saídas voluntárias e os congelamentos de novas admissões. No entanto, em alguns países, como é o caso do Japão onde recentemente passou a ser possível a contratação de trabalhadores a termo, muitas empresas que recorreram à dispensa de pessoal fizeram-no pela via da não renovação de contratos a termo. Tabela 2 BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS PARA REDUZIR TRABALHADORES SEM DESPEDIR MEDIDAS ADOPTADAS REDUZIR TRABALHADORES SEM DESPEDIR EXEMPLOS INTERNACIONAIS Japão – medida recente Europa e EUA – medida comum e transversal a vários sectores 52 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 4.3. Referências bibliográficas Referências bibliográficas sem menção de autor As Layoffs Spread, Innovative Alternatives May Soften the Blow (2008), in Knowledge@Wharton, Wharton School, University of Pennsylvania, Edição electrónica em formato digital PDF BES e BPI chumbam proposta que impede despedimentos (2009), in diarioeconomico.com, S.T. & S. 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Entre os casos analisados, é possível identificar medidas de natureza distinta que foram agregadas em três grandes tipos: Medidas conjunturais de redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos; Medidas conjunturais que não de redução de custos laborais; Medidas estruturais de manutenção/reforço da competitividade da empresa. A presente análise das boas práticas identificadas nos casos nacionais estudados está organizada segundo estas três tipologias. Para cada uma das 42 empresas estudadas foi elaborado um breve estudo de caso que se encontra disponível no sub-capítulo 5.2. Este sub-capítulo apresenta no início uma lista com o nome das 20 empresas industriais e 22 empresas de comércio tradicional entrevistadas. Os estudos de caso estão organizados por ordem alfabética do nome das empresas, primeiro para as empresas industriais, seguindo-se as do comércio tradicional. Dentro de cada uma das três tipologias de boas práticas nacionais, as medidas implementadas pelas empresas industriais de moldes e plásticos não raras vezes diferem substancialmente das postas em prática pelas empresas de comércio tradicional lisboeta. Sempre que tal acontece, a indústria e o comércio são analisados separadamente. Medidas conjunturais de redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos As medidas de curto prazo adoptadas pelas empresas industriais e comerciais estudadas, visando reduzir custos laborais sem recorrer a despedimentos cobrem 9 das 11 categorias identificadas no capítulo 4 como boas práticas internacionais. São elas: Politicas remuneratórias mais restritivas; Redução salarial pura; Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução salarial; Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária; Suspensão temporária do trabalho; 60 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Flexibilização do tempo de trabalho; Reafectação funcional; Participação dos Governos no esforço das empresas de sustentação do emprego; Redução de trabalhadores sem despedir. Ao contrário do verificado nos exemplos de práticas internacionais, entre os casos nacionais analisados não foram identificadas quaisquer medidas conjunturais de redução de custos laborais que se enquadrem nas seguintes categorias: Licenças (parcialmente) remuneradas; Partilha temporária de trabalhadores com fornecedores, clientes, distribuidores, concorrentes, ou empresas vizinhas, ainda que de ramos de actividade distintos. A Tabela 3 enumera os casos em que foram identificadas práticas nacionais enquadráveis em cada uma das 9 categorias acima descritas, distinguindo entre empresas da indústria e do comércio. Esta tabela tem uma dupla finalidade. Por um lado, permite identificar quais são as medidas conjunturais de contenção de custos laborais mais frequentes, tanto na indústria como no comércio. Por outro lado, indica as empresas industriais e comerciais que adoptaram tais práticas. Informação mais detalhada pode ser consultada nos estudos de caso das respectivas empresas que constam do subcapítulo 5.2. Tabela 3-A (continua) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO MEDIDAS ADOPTADAS Políticas remuneratórias mais restritivas ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA COMÉRCIO Iberomoldes Imoplastic Inteplástico Intermolde Ipil ITM Metavil Molde Matos Moldoeste Plasdan Promoplás Sistec Somema TJ Moldes Afari Arispa Casa Macário E. E. de Sousa e Silva Horto do Campo Grande Instanta Joalharia Ferreira Marques Loja do Banho Londres Salão Mucofran Ourivesaria Portugal Prim Santos & Celestina XL Moda 14 14 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 61 Tabela 3-A (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO ESTUDOS DE CASO NACIONAIS MEDIDAS ADOPTADAS Redução salarial pura Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução de custos laborais INDÚSTRIA Imoplastic 1 0 10 0 0 0 1 0 Embalnor Iberomoldes Inteplástico Intermolde Ipil Metavil Planimolde Promoplás Sistec TJ Moldes Licenças (parcialmente) remuneradas Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária Embalnor Suspensão temporária do trabalho (Lay-off) Ipil Flexibilização do tempo de trabalho Carfi Iberomoldes Inteplástico Intermolde Ipil ITM Molde Matos Moldoeste Planimolde Promoplás Sistec Somema TJ Moldes Partilha temporária de trabalhadores COMÉRCIO Arispa 1 1 Afari Casa Macário E. E. de Sousa e Silva Horto do Campo Grande Loja do Banho Londres Salão Ourivesaria Sarmento Santos & Celestina Tevel 13 0 9 0 62 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 3-A (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO MEDIDAS ADOPTADAS Reafectação funcional ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA COMÉRCIO Carfi Iberomoldes Molde Matos Plasdan Promoplás Somema Arispa E. E. de Sousa e Silva Horto do Campo Grande Instanta Loja do Banho Londres Salão Ourivesaria Sarmento Prim Santos & Celestina Sapataria Jandaia Tevel XL Moda 6 Participação dos Governos no esforço das empresas de sustentação do emprego Carfi Intermolde Planimolde Somema 12 Afari Agacri Couture Casa Macário Londres Salão Joalharia Ferreira Marques Ouro Vivo Santos & Celestina Sapataria Jandaia 4 8 Tabela 3-B BOAS PRÁTICAS NACIONAIS PARA REDUZIR TRABALHADORES SEM DESPEDIR ESTUDOS DE CASO NACIONAIS MEDIDAS ADOPTADAS INDÚSTRIA REDUZIR TRABALHADORES SEM DESPEDIR COMÉRCIO Iberomoldes Inteplástico Intermolde Ipil Molde Matos Planimolde Promoplás Somema Agacri Couture Arispa Instanta Loja do Banho Londres Salão Ourivesaria Sarmento Prim Santos & Celestina 8 8 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 63 As subsecções seguintes discutem, para cada categoria de medidas conjunturais de contenção de custos laborais sem recurso a despedimentos, a frequência com que tais práticas foram adoptadas e quais as medidas concretas em que se traduziram. A análise distingue os casos da indústria dos casos do comércio tradicional urbano sempre que tal é justificável. Políticas remuneratórias mais restritivas INDÚSTRIA Nas empresas industriais analisadas, as políticas remuneratórias mais restritivas são a forma mais comum de contenção de custos laborais, sendo referidas por 14 empresas das 20 analisadas. Os exemplos mais frequentes de medidas de contenção salarial postas em prática na sequência da crise económica actual são: Não aumento salarial em 2009, generalizado a todos os trabalhadores e corpos de gestão; Aumento salarial em 2009 limitado aos escalões remuneratórios mais baixos, sendo nulo para os escalões mais altos e corpos de gestão; Redução ou mesmo eliminação da atribuição de bónus e prémios a trabalhadores e corpos de gestão em 2009; Não distribuição de lucros aos sócios/ accionistas em 2009; Aumentos salariais em 2009 aplicados à generalidade dos trabalhadores e corpos de gestão, mas de menor magnitude que nos anos anteriores. Merecem especial destaque práticas que, sendo pouco frequentes, possuem elementos inovadores, pelo que são passíveis de constituir exemplos interessantes a seguir, como sejam: Substituição do aumento salarial de 2009 por um prémio anual excepcional aplicável a todos os trabalhadores; Substituição do prémio anual fixo por trabalhador produtivo por prémio variável, escalonado em função da produção da empresa em 2009; Redução ou não aumento do salário base compensada por um aumento da componente variável cuja atribuição e montante dependem do cumprimento de objectivos previamente estabelecidos. A opção pela redução ou pelo não aumento do salário base está dependente de este se situar acima ou ao nível do valor mínimo legalmente estabelecido para a categoria. COMÉRCIO Também entre as empresas do comércio tradicional o recurso a medidas de contenção salarial em 2009 foi uma prática muito comum entre as empresas analisadas, tendo sido referidas por 14 empresas das 22 analisadas. As medidas mais amplamente adoptadas são em larga medida coincidentes com as verificadas na indústria, a saber: Não aumento salarial em 2009, generalizado a todos os trabalhadores e corpos de gestão; Aumento salarial em 2009 limitado aos escalões remuneratórios mais baixos, sendo nulo para os escalões mais altos e corpos de gestão; Redução ou mesmo eliminação da atribuição de bónus e prémios a 64 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS trabalhadores e corpos de gestão em 2009; Não distribuição de lucros aos sócios em 2009; Aumentos salariais em 2009 aplicados à generalidade dos trabalhadores e corpos de gestão, mas de menor magnitude que nos anos anteriores; Aumento salarial dos empregados mas não dos gerentes. Esta descriminação positiva dos trabalhadores face aos gerentes, que são na maioria das vezes também proprietários, é bastante comum entre as empresas de comércio analisadas, mas nunca foi identificada entre as empresas da indústria. Duas políticas remuneratórias menos vulgares, entre as empresas de comércio tradicional estudadas, merecem destaque: Adopção de uma política de prémios por trabalhador, em função de objectivos de vendas definidos por trabalhador mas indexados ao volume de vendas anual da empresa; Pagamento de compensações adicionais ao salário base – horas extraordinárias, prémios, bónus, ou comissões – de forma desfasada, face ao momento a que respeitam, para coincidirem com períodos de maior liquidez. Redução salarial pura Entre as 42 empresas nacionais da indústria e comércio analisadas, em nenhuma delas foram identificadas medidas directas de redução salarial pura mantendo inalterado o tempo de trabalho. Tal resultado contrasta com a experiência internacional em que, tal como exemplificado no capítulo 4, são diversos os exemplos de acordos entre empresas e trabalhadores no sentido da redução salarial mantendo inalterado o tempo de trabalho, como forma de fazer face à quebra de actividade sem recorrer a despedimentos. A única prática identificada entre as empresas estudadas que de algum modo se aproxima de uma redução salarial pura respeita a 1 empresa industrial e tem que ver com a forma de remuneração das horas extraordinárias. A empresa em causa acordou com os seus trabalhadores que, durante este período de forte quebra da actividade, sempre que seja necessário recorrer a horas extraordinárias estas são remuneradas com um acréscimo inferior ao estabelecido contratualmente. Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução salarial INDÚSTRIA A redução do número de horas trabalhadas acompanhada de alguma redução salarial (proporcional ou não) é uma prática largamente utilizada pelas empresas industriais estudadas, tendo sido identificada em 13 empresas das 20 analisadas. No entanto, em nenhum dos casos se tratou de redução do horário regular de trabalho acompanhada da correspondente redução do salário SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS base. Todos os casos identificados correspondem à redução de tempo de trabalho extraordinário e/ou à redução do recurso a trabalho temporário. A redução do tempo de trabalho assume várias formas, sendo os exemplos mais frequentes a redução do número de turnos, a redução do número de horas por turno, a redução do número de pessoas por turno, ou a redução das horas extraordinárias (sobretudo no caso de empresas que não trabalham por turnos). 65 sidades de recursos humanos adicionais não pela contratação de novos trabalhadores mas por recurso a trabalho extraordinário e/ou a trabalho temporário. Esta política permite-lhes dispor, na prática, de flexibilidade de ajustamento entre as horas trabalhadas e as necessidades de produção, apesar da rigidez das normas laborais aplicáveis, nesta matéria, aos trabalhadores contratados. COMÉRCIO Na generalidade das indústrias de moldes e plásticos analisadas as empresas têm como política disporem de um quadro estável de recursos humanos ajustados ao nível “mínimo” de produção. Sempre que a produção supera este “mínimo”, as empresas suprem as neces- Entre as empresas de comércio tradicional analisadas nenhuma empresa indica ter posto em prática qualquer medida conjuntural que se traduzisse na redução, directa ou indirecta, do tempo de trabalho, acompanhada de redução salarial. Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária A formação enquanto forma de ocupação temporária ou como contrapartida remuneratória não é de todo uma prática frequente entre as empresas estudadas. De facto, das 42 empresas analisadas, apenas 1 empresa industrial pôs em prática um programa de formação como forma de ocupação temporária dos trabalhadores durante o período de menor actividade. Trata-se de um programa de formação genérica destinado a elevar para o 9º ou 12º ano os níveis de escolaridade dos trabalhadores das áreas de produção. Durante o período de menor actividade este programa funciona durante o horário regular de trabalho. Quando a actividade da empresa recuperar para níveis normais, funcionará em horário pós-laboral. Genericamente e sobretudo na indústria, as empresas analisadas têm uma elevada preocupação com a formação dos seus colaboradores. As acções de formação que decorreram durante o período 2008/2009 continuaram a desenvolver-se sobretudo em horário póslaboral, à semelhança do que anteriormente sucedia e de acordo com o plano originalmente traçado. Uma explicação frequentemente avançada foi que a quebra de actividade era vista como temporária, sobretudo concentrada na parte final de 2008 e primeira metade de 2009, havendo perspectivas de encomendas mais positivas para a segunda metade de 2009, pelo que não se justificava a alteração dos planos de formação já delineados. 66 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Suspensão temporária do trabalho (Lay-off) A suspensão temporária da actividade é também uma prática muito pouco frequente entre as empresas nacionais estudadas. Foram apenas identificadas 2 empresas, 1 da indústria e 1 do comércio, que recorreram à suspensão temporária do trabalho. Em ambos os casos trata-se de empresas em situação económica difícil e que, numa derradeira tentativa de salvar a empresa, recorreram à suspensão temporária da actividade, ao abrigo do previsto na legislação laboral. O formato da suspensão temporária é, portanto, conforme com o estabelecido no Código Laboral vigente. Os casos nacionais identificados de suspensão temporária de trabalho contrastam substancialmente com os exemplos internacionais por dois principais motivos. Em primeiro lugar, os exemplos internacionais identificados seguem formatos variáveis, decorrentes da negociação entre empresas e trabalhadores, pelo que bastante ajustados ao contexto de quebra de actividade específico a cada empresa. Nos casos nacionais o formato está em larga medida pré-definido pela legislação em vigor, dispondo a empresa de pouca margem de manobra para ajustamentos consentâneos com as necessidades impostas pelo actual contexto económico. Em segundo lugar, nos exemplos internacionais o recurso ao lay-off tem um carácter essencialmente preventivo, visando evitar que a empresa entre em situação económico-financeira difícil. Em Portugal, a legislação vigente só permite o recurso a tal prática quando a empresa se encontra em situação económica comprovadamente difícil. Flexibilização do tempo de trabalho Apesar de não recorrerem propriamente à figura do “banco de horas” que, embora prevista na legislação laboral, é de aplicabilidade prática difícil, várias das empresas estudadas foram capazes de engendrar formas alternativas de conseguir finalidade semelhante. Tanto no caso da indústria como do comércio, vários são os exemplos de práticas mais ou menos criativas que, dentro das contingências da legislação laboral, permitem às empresas trabalhar menos horas nos períodos de menor actividade e mais horas quando a nível de actividade recuperar, sem custos adicionais. INDÚSTRIA Na indústria, 13 empresas das 20 analisadas puseram em prática medidas conjunturais de flexibilização do tempo de trabalho neste período de crise, de onde se destacam: Acordo com os trabalhadores para deslocação de horas de trabalho de períodos de menor actividade para horas extraordinárias em períodos de maior actividade, mantendo inalterada a remuneração; Deslocação dos períodos de férias para as épocas do ano afectadas por uma maior quebra de actividade; Substituição do habitual encerramento para férias – habitualmente no Verão e/ou no Natal - por férias flexíveis ao longo do ano de modo a manter a empresa em laboração todo o ano para SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS poder responder a eventuais encomendas de última hora; Horas extraordinárias integralmente compensadas com folgas ou férias adicionais; Horas extraordinárias remuneradas em parte e compensadas com folgas ou férias adicionais na parte restante. COMÉRCIO Nas empresas do comércio tradicional a adopção de medidas de flexibilização do tempo de trabalho foi referida por 9 empresas das 22 estudadas, sendo as seguintes as práticas identificadas: 67 Deslocação dos períodos de férias para as épocas do ano afectadas por uma maior quebra de actividade; Alargamento do horário diário e/ou semanal de abertura ao público sem custos laborais adicionais, pela implementação do horário de trabalho flexível para todos os trabalhadores, com horas de entrada, saída, pausas para almoço e folgas desfasadas entre trabalhadores; Trabalho extraordinário em períodos de pico de procura, como por exemplo o Natal, compensado com folgas ou férias adicionais, em alternativa à compensação monetária. Reafectação funcional Outra prática relativamente comum entre as empresas nacionais estudadas, visando a redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos, tem que ver com medidas de reafectação funcional de trabalhadores. Estas medidas visam dois objectivos principais. Por um lado, absorver as funções exercidas por colaboradores que voluntariamente deixaram a empresa e/ou trabalhadores temporários dispensados. Por outro, suprir picos de actividade em departamentos ou áreas específicas da empresa sem ter que recorrer a horas extraordinárias, trabalho temporário, ou novas contratações. INDÚSTRIA Entre as empresas industriais 6 empresas das 20 analisadas implementaram as seguintes medidas de reafectação funcional de trabalhadores: Acumulação de novas funções com as já anteriormente exercidas, em simul- tâneo ou em regime de alternância. Nalguns casos, trata-se de funções relativamente simples, que não exigem conhecimentos específicos pelo que a transição entre funções é fácil e sem necessidade de formação prévia. São exemplos: a acumulação da operação simultânea de mais de uma máquina ou a alternância entre operação de máquinas e outras tarefas como a montagem de peças, serigrafia, embalamento especial ou armazenagem; Formação visando a aquisição de competências para permitir a polivalência de funções e a mobilidade de trabalhadores entre tarefas que requerem conhecimentos específicos; Realização de operações de manutenção de equipamentos e/ou remodelação das instalações, sendo parte destas tarefas exercidas pelos colaboradores da empresa desocupados. 68 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS COMÉRCIO Entre as empresas de comércio tradicional a reafectação funcional foi mais frequente que entre as empresas industriais, sendo referida por 12 empresas das 22 estudadas. As práticas identificadas foram: Acumulação de funções com as já anteriormente exercidas, em simultâneo ou em regime de alternância de acordo com as necessidades. Os principais exemplos identificados são: acumulação das funções de atendimento com o arranjo de montras; acumulação do atendimento com funções administrativas e de armazém; acumulação do atendimento com a limpeza da loja; acumulação de funções de armazém e/ou limpeza com entrega domiciliária das compras; acumulação de atendimento com serviços de assistência técnica e reparações; Conversão de trabalhadores de funções de retaguarda – escritório ou armazém, por exemplo – para tarefas de atendimento ao público; Transferência de trabalhadores afectos às vendas de lojas mais afectadas pela quebra de vendas para lojas menos afectadas e/ou com necessidade de reforço da equipa de vendas. Participação dos Governos no esforço das empresas de sustentação do emprego Entre as 42 empresas estudadas, 4 empresas industriais e 8 empresas do comércio tradicional recorreram a medidas de apoio estatal especificamente criadas para apoiar as empresas no seu esforço de sustentação do emprego em períodos de crise. As medidas mais frequentemente utilizadas pelas empresas analisadas foram as mediadas de apoio ao emprego criadas no âmbito da segurança social em Janeiro de 2009, de entre as quais merecem destaque por serem as mais frequentemente utilizadas: “Apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, que consiste na redução em 3 pontos percentuais da taxa contributiva para a segurança social a cargo do empregador relativa aos trabalhadores com 45 ou mais anos; “Apoio à contratação sem termo de jovens, de desempregados de longa duração e de públicos específicos”, que atribui um apoio de 2 mil euros acumulável com a isenção do pagamento de contribuições para a segurança social a cargo do empregador pelo período máximo de 24 meses; “Apoio à redução da precariedade no emprego de jovens até 35 anos”, que consiste na atribuição de um apoio de 2 mil euros acumulável com a isenção do pagamento de contribuições para a segurança social a cargo do empregador pelo período máximo de 24 meses; “Apoio à contratação a termo de trabalhadores com 55 ou mais anos e de públicos específicos”, traduzido na redução em 50 por cento da taxa contributiva para a segurança social a cargo do empregador durante a vigência do contrato. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 69 Redução de trabalhadores sem despedir A redução de custos laborais pela via da redução de trabalhadores sem despedimentos é outra prática bastante comum entre as 42 empresas nacionais estudadas, sendo mencionada por 8 empresas da indústria e 8 empresas de comércio tradicional. Em ambos os sectores, indústria e comércio, e à semelhança do verificado nos exemplos internacionais, as práticas deste tipo mais vulgarmente utilizadas são: Reformas antecipadas voluntárias e/ou reformas regulares não (integralmente) compensadas com novas admissões; Saídas voluntárias não (integralmente) compensadas com novas admissões; Não renovação de contratos a termo; Não substituição de trabalhadores em baixa médica/licença de parto durante a sua ausência; Congelamento de novas admissões. Medidas conjunturais que não de redução de custos laborais Várias das empresas nacionais analisadas, tanto da indústria como do comércio tradicional, adoptaram também outras medidas conjunturais de que não de contenção/redução de custos laborais que indirectamente contribuíram para que as empresas evitassem ou minimizassem os despedimentos. As diversas medidas identificadas neste âmbito podem ser agregadas em 4 grupos: Redução/eliminação da subcontratação de tarefas; Redução de custos com serviços externos; Redução de margens comerciais; Gestão de stocks mais criteriosa. A Tabela 4 enumera as empresas da indústria e do comércio que adoptaram medidas conjunturais que não de redução/contenção de custos laborais. Os estudos de caso individuais, apresentados no ponto 5.2 deste capítulo, fornecem uma descrição exaustiva das medidas postas em prática por cada uma destas empresas. 70 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 4 BOAS PRÁTICAS NACIONAIS OUTRAS MEDIDAS CONJUNTURAIS QUE NÃO DE REDUÇÃO DE CUSTOS LABORAIS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS MEDIDAS ADOPTADAS Redução/eliminação da subcontratação de tarefas INDÚSTRIA COMÉRCIO Famolde Inteplástico ITM Moldoeste Promoplás Somema 6 Redução de custos com serviços externos Tecmolde Ex: vitrinismo, limpeza, telecomunicações, redução de nº viagens, poupança nos combustíveis, renegociação das condições contratuais com centros comerciais, despesas com a publicidade e promoção Redução de margens comerciais (aumento do preço final não acompanha aumento dos custos) 0 Arispa Horto do Campo Grande Londres Salão Mucofran Sapataria Jandaia 1 Imoplastic Planimolde Sistec Tecmolde 5 Horto do Campo Grande Loja do Banho Ourivesaria Sarmento Mucofran 4 Imoplastic 4 Agacri Couture E. E. Sousa & Silva Joalharia Ferreira Marques Ourivesaria Portugal Sapataria Jandaia Santos & Celestina Tevel Gestão de stocks mais criteriosa Ex: vender primeiro encomendar depois, stock apenas de artigos com grande rotação, “just in time”… 1 7 Redução/eliminação da subcontratação Uma prática relativamente comum entre as empresas industriais estudadas, visando simultaneamente reduzir custos (não laborais) e evitar despedimentos, foi passar a realizar internamente tarefas que em períodos de actividade normal seriam subcontratadas a outras empresas. Das 42 empresas estudadas, 6 empresas industriais recorreram a tal prática neste período de crise. Como seria expectável, nenhuma empresa do comércio adoptou qualquer medida desta natureza. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 71 Redução de custos com serviços externos A renegociação de contratos de prestação de serviços e algum cuidado com a contenção de custos de transporte, por exemplo, são outro tipo de medidas implementadas neste período de crise, menos frequente entre as empresas industriais do que entre as do comércio tradicional urbano. INDÚSTRIA Na indústria, apenas 1 empresa das 20 analisadas adoptou estratégias deliberadas de contenção de custos com serviços externos, de que são exemplos: Negociação de tarifários mais vantajosos com o operador de comunicações; Implementação de medidas de contenção de custos com deslocações internas – por exemplo, conciliar deslocações automóveis de modo a reduzir o número de viaturas a circular e o número de quilómetros percorridos – e internacionais – privilegiando viagens em classe turística em vez de executiva e, sempre que possível, em companhias low cost. COMÉRCIO No comércio tradicional, 5 empresas das 20 estudadas implementaram estratégias deliberadas de contenção de custos não laborais que envolvem: Redução de custos com vitrinismo, seja porque se privilegia o reaproveitamento de decors anteriores na criação de novos decors e/ou porque essa função passou a ser executada por empregados da loja; Redução dos custos de limpeza, passando a mesma a ser assegurada pelos empregados da loja; Renegociação dos contratos de arrendamento das lojas, sobretudo das localizadas em centros comerciais; Redução das despesas com publicidade e promoção substituídas por práticas promocionais tendencialmente gratuitas ou de baixo custo como seja o correio electrónico, por exemplo; Negociação de tarifários mais baratos com o operador de telecomunicações. Redução de margens comerciais Oito das 42 empresas analisadas, 4 da indústria e 4 do comércio, optaram pela redução de margens comerciais como forma de combater a quebra de vendas. Os exemplos identificados, genericamente comuns à indústria e comércio tradicional, são: Não fazer reflectir no preço final o acréscimo de custos com as matériasprimas, consumíveis ou mercadorias durante este período de menor procura; Não incorporar no preço final o aumento da taxa normal de IVA de 19 por cento para 21 por cento (mais recentemente reduzida para 20 por cento). Esta medida assume particular relevância no comércio, uma vez que são residuais as vendas das empresas industriais estudadas ao consumidor final; 72 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Redução absoluta das margens de lucro para aumentar a competitividade de custos dos produtos fabricados/ comercializados. Gestão de stocks mais criteriosa INDÚSTRIA Entre as empresas industriais apenas 1 empresa das 22 analisadas pôs recentemente em prática uma política de compras de ferramentas e utensílios de desgaste rápido que assegura um maior ajustamento entre aquisição e utilização, reduzindo assim o investimento em stocks. COMÉRCIO As estratégias visando uma maior racionalização de stocks são mais frequentes entre as empresas de comércio tradicional, sendo referidas por 7 empresas das 20 analisadas. As medidas identificadas incluem: nação ou um stock limitado a um artigo por modelo, como mostruário; Stocks apenas de artigos com grande rotação; Política de encomendas mais directamente associada à rotação dos produtos; Negociação com fornecedores de prazos de entrega mais curtos, de modo a minimizar o tempo de espera do cliente após a venda; Celebração de acordos com fornecedores. No sentido de assegurar um fluxo de fornecimento das colecções ao longo da época e em função da procura, em substituição de um fornecimento único no início da época. Vender primeiro e encomendar depois, usando catálogos, artigos em consig- Medidas estruturais de manutenção/reforço da competitividade Os estudos de caso realizados revelam que a resiliência das empresas ao actual contexto de crise, embora influenciada pelas medidas conjunturais de redução de custos nomeadamente laborais, é em larga medida função das medidas estruturais que, ao longo do tempo, as empresas foram capazes de implementar, visando o reforço e/ou manutenção da sua competitividade. Tais medidas estruturais, em regra implementadas ao longo de vários anos e continuamente adaptadas e ajustadas às novas circunstâncias, quando bem sucedidas revelamse determinantes na capacidade das empresas de sustentar os empregos neste período de crise. Justifica-se assim que, pese embora vá para além do âmbito original deste trabalho, se dedique alguma atenção à análise das principais medidas estruturais SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 73 bem sucedidas de manutenção/reforço da competitividade das empresas que foram objecto de estudo de caso. Tal como as medidas conjunturais, nomeadamente as que visam a redução dos custos laborais sem despedimentos, medidas estruturais bem sucedidas de reforço da competitividade empresarial nos sectores da indústria de moldes e plásticos e do comércio tradicional podem constituir exemplos de boas práticas para empresas destes e outros sectores. A Tabela 5 apresenta uma sistematização das medidas estruturais bem sucedidas de manutenção/reforço da competitividade empresarial identificadas nos 42 estudos de caso realizados, distinguindo entre empresas da indústria e do comércio e identificando as empresas que puseram em prática tais medidas. Uma explicação detalhada das medidas concretas implementadas por cada empresa pode ser encontrada nos estudos de caso individuais apresentados no subcapítulo 5.2. Tabela 5 (continua) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE MEDIDAS ADOPTADAS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA Diversificação de fornecedores para minimizar riscos de atrasos de entrega Diversificação de actividades pela exploração de economias de gama (rentabilização da capacidade produtiva das máquinas e trabalhadores) Diversificação de mercados geográficos e/ou de produtos e serviços COMÉRCIO Agacri Couture 0 1 1 0 Famolde Carfi Embalnor Famolde Grandupla Imoplastic Inteplástico Intermolde Ipil ITM Promoplás Molde Matos Moldoeste Planimolde Plasdan Tecmolde TJ Moldes Afari Casa Macário Dropelar E.E. Sousa & Silva Instanta Liberjóia Loja do Banho Ourivesaria Sarmento Prim Joalharia Ferreira Marques Santos & Celestina 16 11 74 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 5 (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE MEDIDAS ADOPTADAS Diversificação de clientes dentro dos mesmos mercados Reestruturação e/ou modernização produtiva e tecnológica Aumento da capacidade de produção Subida na cadeia de valor ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA COMÉRCIO Carfi Imoplastic Metavil Molde Matos Moldoeste Planimolde Promoplás TJ Moldes Mucofran 8 1 10 0 3 0 2 0 Carfi Embalnor Famolde Grandupla Imoplastic Intermolde Metavil Promoplás Sistec Somema Metavil Embalnor Famolde Tecmolde TJ Moldes Horto do Campo Grande Instanta Milefiore Prim Tevel XL Moda Encerramento de lojas não rentáveis 0 6 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 75 Tabela 5 (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE MEDIDAS ADOPTADAS Processos de controle de qualidade exigentes ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA COMÉRCIO Famolde Planimolde Tecmolde Instanta 3 Aumento da qualidade dos produtos/serviços Melhoria da eficiência produtiva Inovação de produtos/serviços Inovação nos processos de produção I&D Embalnor Grandupla Molde Matos Planimolde Sistec 1 Agacri Couture Arispa E.E. Sousa & Silva Loja do Banho Londres Salão Mucofran Sapataria Jandaia XL Moda 5 8 5 0 Carfi Embalnor Metavil Moldoeste TJMoldes Carfi Embalnor Famolde Grandupla Iberomoldes Inteplástico Intermolde Planimolde Plasdan Sistec Somema Tecmolde Casa Macário Horto Campo Grande Instanta Joalharia Ferreira Marques Liberjóia Loja do Banho Londres Salão Ourivesaria Sarmento Santos & Celestina 12 9 76 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 5 (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE MEDIDAS ADOPTADAS Formação contínua ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA COMÉRCIO Embalnor Famolde Iberomoldes Sistec Somema Afari Agacri couture Dropelar Horto Campo Grande Instanta Joalharia Ferreira Marques Liberjóia Ourivesaria Portugal Ouro Vivo Milefiore 5 Estabilidade do corpo de colaboradores com conhecimentos técnicos específicos à actividade Embalnor Iberomoldes Metavil Promoplás Tecmolde TJ Moldes 10 Dropelar E.E. Sousa & Silva Instanta Joalharia Ferreira Marques Londres Salão Ourivesaria Portugal Santos & Celestina 6 Envolvimento dos colaboradores na melhoria da eficiência e organização funcional Embalnor Grandupla Promoplás TJ Moldes 7 Afari Dropelar E.E. Sousa & Silva Instanta Joalharia Ferreira Marques Liberjóia Ourivesaria Portugal Santos & Celestina 4 Contratação de pessoal especializado para desenvolver actividades especificas Carfi Famolde Grandupla Intermolde Somema 8 Casa Macário Loja do Banho Sapataria Jandaia 5 3 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 77 Tabela 5 (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE MEDIDAS ADOPTADAS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS INDÚSTRIA COMÉRCIO Promoplás Sistec Somema Tecmolde Afari Agacri Couture Arispa E.E. Sousa & Silva Horto do Campo Grande Instanta Joalharia Ferreira Marques Liberjóia Loja do Banho Londres Salão Milefiore Ourivesaria Portugal Ouro Vivo Prim Sapataria Jandaia Santos & Celestina Tevel XL Moda Atendimento personalizado Redução dos prazos de entrega Fiabilidade dos prazos de entrega Outras formas de fidelização do cliente: - pagamento a prestações - aumento do prazo de pagamento - descontos de fidelização - cartão cliente - oferta de estacionamento - possibilidade de pagamento a crédito - entregas ao domicílio - entregas no estrangeiro - oferta gratuita de serviços adicionais complementares ao negócio (convites de casamento, presentes aos noivos, arranjos gratuitos…) - informação técnica - assistência em casa 4 18 6 0 Iberomoldes Inteplástico Planimolde Promoplás Somema Tecmolde Imoplastic Plasdan Afari Agacri Couture Casa Macário E.E. Sousa & Silva Joalharia Ferreira Marques Liberjóia Loja do Banho Londres Salão Ourivesaria Sarmento Ourivesaria Portugal Prim Santos & Celestina Tevel XL Moda 2 14 78 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 5 (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE ESTUDOS DE CASO NACIONAIS MEDIDAS ADOPTADAS Promoção e marketing: INDÚSTRIA Carfi Metavil - publicidade nos media - participação em feiras para divulgação de produtos - dinamização cultural do espaço de loja – música, desfiles de moda, teatro… - divulgação em guias e sites turísticos - campanhas sazonais - layout das embalagens - mensagens electrónicas - mailing lists - publicidade em autocarros - vales de desconto e descontos de quantidade - divulgação junto de postos turísticos - alargamento dos períodos de saldos e promoções - melhoria do espaço de exposição,vitrinismo Promoção empresarial e de produtos online COMÉRCIO Afari Agacri Couture Casa Macário Dropelar E.E. Sousa & Silva Instanta Joalharia Ferreira Marques Loja do Banho Londres Salão Ourivesaria Sarmento Ouro Vivo Prim Santos & Celestina Sapataria Jandaia Tevel 2 Carfi Embalnor Famolde Grandupla Iberomoldes Imoplastic Inteplastico Intermolde Ipil Metavil Molde Matos Moldoeste Plasdan Planimolde Promoplás Somema Tecmolde TJ Moldes 15 Agacri Couture Dropelar E.E. Sousa & Silva Horto do Campo Grande Instanta Joalharia Ferreira Marques Liberjóia Loja do Banho Milefiore Mucofran Ouro Vivo Ourivesaria Portugal Ourivesaria Sarmento Tevel XL Moda 18 15 Afari E.E. Sousa & Silva Joalharia Ferreira Marques Loja do Banho Vendas online 0 4 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 79 Tabela 5 (continuação) BOAS PRÁTICAS NACIONAIS MEDIDAS ESTRUTURAIS DE MANUTENÇÃO/REFORÇO DA COMPETITIVIDADE ESTUDOS DE CASO NACIONAIS MEDIDAS ADOPTADAS Consolidação/Desenvolvimento de rede de parcerias com fornecedores e/ou clientes e/ou concorrentes INDÚSTRIA COMÉRCIO ITM Promoplás Planimolde Tecmolde Horto Campo Grande Loja do Banho Ourivesaria Sarmento Sapataria Jandaia 4 Parcerias com centros de investigação, estabelecimentos de ensino, centros tecnológicos e museus Carfi Embalnor Famolde Intermolde Inteplásticos Planimolde 4 Instanta Londres Salão Ourivesaria Sarmento 6 3 Genericamente e de forma necessariamente simplificada, é possível identificar 7 tipologias de medidas estruturais bem sucedidas de manutenção/reforço da competitividade empresarial que em muito contribuíram para a capacidade de sustentação dos empregos durante este período de crise, por parte das empresas de moldes e plásticos e do comércio tradicional de Lisboa alvo de estudos de caso. São elas: Diversificação de clientes e mercados; Reestruturação e modernização; Inovação, I&D e qualidade; Capital humano e formação contínua; Fidelização do cliente; Promoção e marketing; Redes e parcerias. Diversificação de clientes e mercados INDÚSTRIA Várias das empresas industriais entrevistadas viram a sua competitividade reforçada pelo facto de terem adoptado no passado recente estratégias de diversificação de mercados geográficos e/ou de produtos e serviços. Este tipo de estratégias foi mencionado por 16 empresas das 20 indústrias estudadas. 80 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Ainda neste âmbito, 8 empresas implementaram também estratégias de diversificação de clientes ainda que dentro dos mesmos mercados geográficos e/ou de produtos, no sentido de reduzir a dependência face a um número reduzido de importantes clientes. COMÉRCIO Também entre as empresas de comércio tradicional, aquelas que foram capazes de implementar estratégias de diversificação do leque de produtos e serviços oferecidos (11 empresas das 22 estudadas) encontram-se hoje mais bem posicionadas para fazer face à quebra de actividade sem ter necessariamente que recorrer a despedimentos. Igualmente interessante, algumas das empresas de comércio tradicional foram capazes de alargar e/ou diversificar os mercados geográficos em que operam, quer pela abertura de lojas em zonas mais dinâmicas da cidade de Lisboa (acompanhadas, ou não, do encerramento de outras em zonas menos dinâmicas), quer pelo alargamento a outras zonas do país ou mesmo ao estrangeiro sobretudo pela via das vendas online. Reestruturação e modernização INDÚSTRIA COMÉRCIO As 10 empresas industriais que oportunamente implementaram estratégias de reestruturação e/ou modernização produtiva e tecnológica e as 2 empresas que foram capazes de subir na cadeia de valor ao dedicarem-se à produção de produtos semelhantes mas com maior valor acrescentado, dão mostras de que estas estratégias melhoraram as suas vantagens competitivas e contribuíram para aumentar a sua resiliência perante o presente ciclo económico adverso. De igual modo, as empresas de comércio tradicional que atempadamente identificaram a fraca rentabilidade de algumas das lojas da cadeia e souberam encerrar a tempo viram reforçada a sua capacidade competitiva por essa via. Entre as 22 entrevistadas, 6 empresas de comércio referem ter encerrado lojas não rentáveis nos últimos tempos mas nem todas o fizeram no momento oportuno, de modo a evitar que os maus resultados prejudicassem significativamente a actividade global da empresa. Inovação, I&D e qualidade A aposta na inovação, de produtos e serviços mas também de processos de produção e/ou comercialização, aparece destacadamente como o factor mais marcante na criação/ manutenção de vantagens competitivas, tanto das empresas industriais como de comércio tradicional. De facto, das 42 empresas analisadas, 12 da indústria e 9 do comércio encontram-se relativamente bem posicionadas para responder à actual crise económica sem recorrer a despedimentos ou minimizando-os, em larga medida porque foram capazes de inovar e, sobretudo no caso das empresas industriais, porque têm investido significativamente em SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS investigação e desenvolvimento aplicados à actividade produtiva. O aumento da qualidade dos produtos e serviços prestados aparece igualmente como um factor distintivo em 5 empresas da indústria e 9 do comércio, contribuindo também para o reforço/manutenção da capacidade competitiva 81 destas empresas. Da mesma forma, a implementação de processos de controlo de qualidade mais exigentes revelou-se uma importante vantagem competitiva para 3 empresas da indústria e 1 do comércio das 42 empresas analisadas. Capital humano e formação contínua Entre os estudos de caso realizados, o capital humano das empresas surge como outro dos importantes factores competitivos das empresas. Sem capital humano qualificado a capacidade de inovação e de investigação e desenvolvimento das empresas, um dos mais importantes factores competitivos identificados nos estudos de caso, como atrás referido, estaria fortemente limitada. O capital humano das empresas está também intimamente relacionado com a capacidade de envolvimento dos colaboradores na melhoria da eficiência produtiva e da organização funcional da empresa, um importante factor competitivo para 4 empresas da indústria e 8 do comércio, entre as 42 estudadas. A acumulação de capital humano nas empresas estudadas provém fundamentalmente de três fontes: Da manutenção de um corpo estável de colaboradores, o que permite acumular conhecimentos específicos à actividade da empresa, facilita um maior entrosamento com a cultura da empresa, e ainda um cultivar de relações mais fortes e duradouras com clientes, mas também com fornecedores e outros parceiros, tais como estabelecimentos de ensino, centros de investigação e centros tecnológicos. Dos estudos de caso realizados, em 6 empresas industriais e 7 do comércio a manutenção de um corpo estável de colaboradores surge como uma importante vantagem competitiva; Da aposta na formação contínua, seja facultada no próprio posto de trabalho, seja por recurso a formação externa à empresa, em muitos dos casos providenciada por centros de formação especializados, tanto no sector dos moldes e plásticos como no sector do comércio. A aposta na formação aparece como um elemento fundamental da competitividade das empresas em 5 empresas industriais e 10 do comércio; Pela contratação de colaboradores especializados com competências técnicas específicas ajustadas às necessidades da empresa e que lhe permitem melhorar a sua capacidade de inovar nos produtos e serviços oferecidos, bem como nas formas de atendimento, na organização da produção ou nas formas de comercialização. 82 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Fidelização do cliente A capacidade de fidelização do cliente é outro dos factores competitivos que tem ajudado à resiliência de muitas das empresas entrevistadas, tanto da indústria como do comércio. vidade da empresa em 6 das 20 indústrias estudadas. COMÉRCIO INDÚSTRIA Nas indústrias de moldes e plásticos entrevistadas, foram identificadas duas formas particularmente importantes de fidelização dos clientes: No comércio, as estratégias bem sucedidas de fidelização dos clientes prendem-se com: Assegurar um atendimento personalizado, identificado como crucial à sustentação da empresa por 18 das 22 empresas de comércio estudadas; Outras formas de fidelização do cliente como sejam: pagamento a prestações; alargamento dos prazos de pagamento; possibilidade de pagamento a crédito; descontos de fidelização; cartão cliente; oferta de estacionamento; oferta gratuita de serviços adicionais complementares ao negócio; entregas ao domicílio; e entregas no estrangeiro. Um atendimento personalizado traduzido no acompanhamento do cliente desde a ideia, passando pela concepção, fabrico e teste do produto final. Esta é considerada uma mais-valia da empresa por 4 das 20 empresas industriais estudadas; A capacidade de assegurar prazos de entrega curtos, bem como a fiabilidade no cumprimento dos prazos de entrega. Trata-se de um aspecto identificado como essencial à competiti- Promoção e marketing INDÚSTRIA Embora relativamente menos importante na indústria que no comércio, em 18 das empresas industriais estudadas as estratégias de promoção da empresa e do seu portfolio de produtos online e em feiras da especialidade surgem como uma mais-valia importante à empresa. COMÉRCIO Entre as empresas de comércio tradicional, o recurso a estratégias inovadoras e criativas de promoção e marketing parecem fazer a diferença na capacidade das empresas para resistirem a uma conjuntura económica desfavorável. Das 20 empresas estudadas, 15 adoptam regularmente estratégias de promoção e marketing. Entre os exemplos encontrados de estratégias de promoção e marketing bem sucedidas merecem destaque pela sua originalidade: Dinamização cultural do espaço de loja, com música, desfiles de moda e representações teatrais; Divulgação da empresa em guias e sites turísticos; SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Publicidade distribuída em postos de turismo, autocarros turísticos e cruzeiros com escala em Lisboa. Como exemplos de estratégias promocionais mais comuns encontram-se: Publicidade nos media; Layout das embalagens e embrulhos mais criativos; Envio regular de correspondência e/ou mensagens electrónicas a clientes anunciando campanhas promocionais e lançamento de novos produtos; 83 Atribuição de vales de desconto e desconto de quantidade. Das 22 empresas de comércio tradicional entrevistadas, 15 possuem página na internet e usam-na como meio regular de promoção da empresa, dos produtos em comercialização e das campanhas promocionais em vigor. No entanto, apenas 4 das 22 empresas de comércio dispõem da funcionalidade de vendas online. Redes e parcerias INDÚSTRIA A manutenção de laços de confiança com clientes, com fornecedores, bem como com empresas parceiras, aparece como outra das vantagens competitivas de 4 das 20 empresas industriais estudadas. Nestes casos, os produtos são muitas vezes desenvolvidos através de um processo interactivo e em rede que envolve o cliente, o designer, o técnico de desenvolvimento de produto, o fabricante, o serigrafista, etc. Não raras vezes a empresa não possui internamente todas as competências necessárias. Conseguir que a rede de fornecimentos intermédios funcione eficientemente é, pois, crucial à satisfação do cliente. As parcerias com universidades, centros de investigação e centros tecnológicos são igualmente um factor competitivo importante na medida em que reforçam a capacidade de inovação e de desenvolvimento de produtos das empresas. COMÉRCIO As parcerias com fornecedores visando, sobretudo, a redução de prazos de entrega das encomendas e um fluxo de fornecimento ajustado ao ciclo de vendas, aparecem também como importante mais-valia em 4 das 20 empresas de comércio tradicional. Igualmente interessantes são algumas experiências de parcerias entre lojas de comércio tradicional e museus e centros de design, com a tripla finalidade de desenvolvimento conjunto de artigos – nomeadamente de joalharia –, animação do espaço de loja e divulgação de novos criativos. 84 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 5.2. Estudos de caso INDÚSTRIA COMÉRCIO CARFI AFARI EMBALNOR AGACRI COUTURE FAMOLDE ARISPA GRANDUPLA CASA MACÁRIO IBEROMOLDES DROPELAR IMOPLASTIC E.E. SOUSA & SILVA INTEPLÁSTICO HORTO CAMPO GRANDE INTERMOLDE INSTANTA IPIL JOALHARIA FERREIRA MARQUES ITM LIBERJOIA METAVIL LOJA DO BANHO MOLDE MATOS LONDRES SALÃO MOLDOESTE MILEFIORE PLANIMOLDE MUCOFRAN PLASDAN OURIVESARIA PORTUGAL PROMOPLÁS OURIVESARIA SARMENTO SISTEC OUROVIVO SOMEMA PRIM TECMOLDE SANTOS E CELESTINA TJ MOLDES SAPATARIA JANDAIA TEVEL XL MODA SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS CARFI 85 Reforço da formação; Capacidade de inovação e de desenvolvimento de novos produtos 1. Caracterização da empresa Designação CARFI - Fábrica de Plásticos e Moldes, S.A. Localização Amieirinha - Marinha Grande Web site http://www.carfi.pt/index.php Antiguidade 33 anos Actividade principal Fabrico de Plásticos e Moldes Número de trabalhadores 101 Trabalhadores com formação superior 11 Número de Estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Pessoas individuais (5) Gestão da empresa Accionista Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Escalão “5º a 9º ano” 2. Evolução recente da actividade da empresa Depois de um processo de reconversão que vinha sendo desenvolvido há algum tempo e que teve um novo impulso em 2006, para compensar a redução em cerca de um terço das encomendas do seu principal cliente, que foi absorvido por outra empresa, a Carfi é hoje uma empresa com uma carteira de clientes diversificada, tanto em termos geográficos, como de produtos. Actualmente, a empresa exporta 97% da sua produção para países tão diversificados como a Alemanha, França, Holanda, Irlanda, Inglaterra, Suíça, Bélgica, Itália, Polónia, Japão, Índia, Brasil e Líbia. 86 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em termos de produtos, actualmente a empresa concebe e produz produtos tecnologicamente complexos, que envolvem capacidade de inovação e de desenvolvimento de produtos próprios, muitas vezes a partir de uma mera ideia ou esboço facultado pelo cliente, para novos sectores tão diversos como energias renováveis, indústria médica, segurança anti-fogo ou telecomunicações. No entanto, a Carfi não deixou de trabalhar para segmentos mais tradicionais e de produção em série, onde se incluem os produtos para a indústria automóvel, de electrodomésticos, de manutenção industrial, da domótica, construção ou jardinagem. A produção de produtos mais estandardizados e em grande escala é hoje efectuada, sobretudo, na sua unidade produtiva na Polónia, a Carfi Polska, por razões de custo de produção, mas também de proximidade ao cliente final do centro e norte da Europa, embora a engenharia, concepção e desenvolvimento do produto seja sempre feita na Marinha Grande. Este salto qualitativo só foi possível graças a um processo de reconversão assente tanto na vertente comercial – traduzida num intenso esforço de prospecção de novos mercados – como ao nível da modernização produtiva e organizacional - através de: melhoria do sistema de controlo de qualidade; modernização tecnológica dos equipamentos; modernização do processo de controlo de gestão, investimento nas áreas da concepção e desenvolvimento de produtos; contratação de recursos humanos especializados e aquisição de novos softwares e equipamentos. Em resultado deste esforço de melhoria da capacidade competitiva, as vendas da Carfi em 2008 e primeiro semestre de 2009 recuperaram fortemente posicionando-se ao nível dos melhores anos da história recente da empresa. O ano de 2008 foi, aliás, o melhor ano financeiro da empresa e foi premiada com o estatuto de PME Líder atribuído pelo IAPMEI. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O bom desempenho que a Carfi tem vindo a registar desde 2008, em larga medida decorrente da sua estratégia de reposicionamento competitivo iniciada há já alguns anos, não foi afectado pela presente conjuntura económica desfavorável. Ao invés, a evolução recente tem sido de tal forma favorável que, em 2008, a empresa teve que de recorrer à contratação de pessoal em regime de trabalho temporário para fazer face ao acréscimo de actividade. Adicionalmente, a Carfi tenciona, entre 2009 e 2010, contratar um gestor de marketing e aumentar o número de recursos humanos especializados em mais 3 pessoas, nomeadamente nas áreas de desenvolvimento de produtos e de engenharia. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 87 Apesar desta evolução favorável, a Carfi tem conduzido a sua actividade com ponderação, não descurando eventuais oportunidades para adoptar algumas medidas de contenção de custos laborais, de que são exemplos: O recurso à subcontratação e ao trabalho temporário como forma de responder ao acréscimo de actividade recente, em detrimento da contratação mais duradoura de pessoal. A empresa prefere esperar por uma maior estabilização da actividade antes de assumir compromissos laborais mais duradouros; O aproveitamento da medida de apoio estatal que prevê a redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos. Igualmente numa atitude pró-activa, a Carfi não descurou a oportunidade para testar e aplicar outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, de onde se destacam: No âmbito das medidas de racionalização e modernização produtiva e organizativa, a Carfi tem promovido, com algum sucesso, a mobilidade de trabalhadores dentro da empresa. Quando necessário, se algum sector tem uma quebra de actividade, os trabalhadores, numa lógica de polivalência e complementaridade, são deslocados para os sectores onde a actividade é maior; Uma preocupação ainda maior na harmonização dos períodos de férias que, sendo normalmente ajustadas em função da vontade dos trabalhadores, têm também tido em conta as necessidades dos clientes da empresa; Na Carfi existe um plano anual de formação interna, que tem vindo a ser redesenhado neste período de crise no sentido de reforçar a polivalência de funções dos seus colaboradores. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Carfi desenvolveu nos últimos anos uma estratégia de alargamento e diversificação da oferta, mas também e, sobretudo, uma estratégia de capacitação da empresa com competências próprias de inovação, desenvolvimento de produtos, engenharia de moldes e prototipagem. A empresa conta hoje com um gabinete de desenvolvimento de produtos sofisticado e tecnologicamente avançado; uma equipa de design e engenharia de produto altamente qualificada; contando ainda com o apoio de centros de investigação externos, como o Instituto Politécnico de Leiria, com o qual tem um protocolo ao abrigo do qual a empresa recebe bolseiros 88 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS na empresa a trabalhar na área de desenvolvimento de produtos, alguns dos quais acabam por mais tarde integrar os quadros da empresa. A exemplo da sofisticação tecnológica do seu departamento de desenvolvimento de produtos, refira-se que a Carfi tem hoje capacidade para produzir protótipos que permitem validar o projecto a 3 dimensões, em relação à forma, função e aparência do modelo físico. No conjunto, a Carfi é uma empresa capaz de oferecer um vasto conjunto de produtos e serviços integrados na área da concepção, desenvolvimento, prototipagem e fabricação de moldes, o que permite que, nos períodos em que uma das suas áreas de actividade decresce, os seus impactes sejam diluídos na globalidade das suas actividades. Nessa estratégia de alargamento, a Carfi criou a Carfi Tools (também na Marinha Grande), que surge como resposta ao crescimento da carteira de clientes e à diversidade dos mercados da empresa, ocupando-se de projectos que exigem uma resposta rápida e acompanhamento permanente na engenharia e construção de moldes e ferramentas. Ainda na óptica de inovação, a Carfi criou na sua subsidiária da Polónia (Carfi Polska) uma tool shop, vocacionada para a reparação de moldes, evitando assim as quebras de produção e permitindo o cumprimento dos prazos de entrega. Embora grande parte dos produtos desenvolvidos pela Carfi decorram de encomendas colocadas pelos clientes e sejam desenvolvidos em parceria com estes, a empresa tem igualmente desenvolvido produtos próprios inovadores. A exemplo disso, em 2009 a empresa tem vindo a trabalhar no desenvolvimento de dois produtos inovadores de elevada base tecnológica, um para registo de patente e outro para registo da marca, respectivamente na área da domótica e construção e na área da manutenção industrial. Neste âmbito, a Carfi aproveitou as oportunidades de financiamento proporcionadas pelo QREN, apresentando uma candidatura à medida “SI - Investigação e Desenvolvimento Tecnológico” num montante de investimento e de apoio global de quase meio milhão de euros. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS EMBALNOR 89 Redução de trabalho temporário; Diversificação de produtos e aumento dos níveis de eficiência 1. Caracterização da empresa Designação EMBALNOR – Embalagens Normalizadas, Lda. Localização Pousos – Leiria Web site http://www.embalnor.pt/ Antiguidade 12 anos Actividade principal Injecção de componentes técnicas em plástico Número de trabalhadores 42 Trabalhadores com formação superior 5 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 4 sócios (todos da mesma família) Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “entre 30 e 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura e MBA 2. Evolução recente da actividade da empresa A Embalnor foi fundada em 1997, sendo a sua principal actividade a injecção em plástico de componentes técnicos. Algum tempo após a sua criação, desenvolveu uma linha de embalagens direccionada para a área alimentar, tornando-se esse o seu core business, alargado mais tarde às embalagens para produtos químicos. No decorrer dos anos de 2006 e 2007, a Embalnor atravessou sérias dificuldades devido ao aumento do preço da matéria-prima que provocou uma diminuição da margem bruta para metade. Face a esta realidade, e por os responsáveis da empresa à época defenderem que a redução de pessoal não iria resolver o problema, optaram por proceder a uma reestruturação profunda da empresa. Esta reestruturação teve três principais vertentes. 90 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em primeiro lugar, uma mudança da gestão para a geração seguinte. Os actuais 4 sócios da empresa, todos filhos de um dos sócios fundadores e gestores altamente qualificados e/ou com grande experiência no ramo, resolveram abandonar carreiras bem sucedidas em empresas do sector na região, e abraçar o desafio de tornar a empresa da família rentável e competitiva. Em segundo lugar, um alargar do leque de produtos para além das embalagens para a indústria alimentar. A nova gestão focou a actividade da empresa, para além do fabrico de embalagens para a indústria alimentar, também nas embalagens para a indústria química e de construção civil, dois mercados que à data indiciavam potencial para garantir alguma estabilidade de encomendas. Em terceiro lugar, uma reestruturação do processo produtivo, resolvendo alguns problemas graves de ineficiência produtiva e, fundamentalmente, preparando tecnologicamente a empresa para operar em níveis de eficiência de excelência, tendo como objectivo atingir os mais altos níveis de eficiência do mercado. Como resultado da implementação daquela estratégia, a Embalnor aposta desde então em mercados de elevado grau de inovação e tecnologia na área dos plásticos de embalagem, privilegiando produtos que sirvam vários mercados geográficos e relativamente fáceis de reajustar para diferentes indústrias. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Este processo de reestruturação teve efeitos altamente positivos na actividade da empresa. Em 2008 o volume de negócios aumentou cerca de 10%. Talvez por isso, a presente crise económica fez-se sentir de forma significativa, mas passageira. Nos primeiros meses de 2009 o volume de negócios registou uma quebra de aproximadamente 25% em termos homólogos. No entanto, e em larga medida como resultado da estratégia de diversificação de produtos, no início do terceiro trimestre de 2009 a empresa apresentava já resultados superiores aos de igual período de 2008. O objectivo para 2009 é um crescimento de 15% e para 2010 atingir os 20% de crescimento. Este período de crise trouxe também algumas vantagens para a empresa, na medida em que levou a uma redução no preço internacional das matérias-primas, por um lado, e, por outro, impôs a necessidade de procurar nichos de mercado mais imunes à crise, mas também mais exigentes do ponto de vista tecnológico, para os quais a Embalnor estava bem posicionada e dos quais acabou por beneficiar. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 91 A Embalnor foi, portanto, capaz de manter inalterado o número trabalhadores em 2009, e não viu necessidade de tomar outras medidas conjunturais de contenção de custos laborais, para além de: Redução substancial do recurso a trabalho temporário. A empresa tem por política manter um quadro regular de pessoal produtivo ajustado a uma utilização de nível médio-alto da sua capacidade produtiva. Sempre que há picos de produção não acomodáveis apenas por recurso a horas extraordinárias, tem por política recorrer a empresas de trabalho temporário; Formação enquanto forma de ocupação temporária. A formação é uma aposta clara da empresa. Em 2009 a empresa pôs em prática um plano de formação genérica, destinado a melhorar os níveis de escolaridade dos trabalhadores produtivos que, sobretudo nos primeiros meses de 2009, decorreu durante o horário de trabalho, como forma de compensar a menor actividade. À parte estas medidas, a empresa manteve inalterada a sua política de recursos humanos, quer ao nível da política de remunerações, como em termos de horário de trabalho e férias, quer ainda, e sobretudo, ao nível da política de recrutamento. Em 2010 a empresa prevê aumentar o número de trabalhadores em aproximadamente dez, em virtude do crescimento crescente e das boas perspectivas que a carteira de encomendas permite antever para o futuro próximo. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A estratégia de reestruturação da Embalnor pretende ir para além dos objectivos já alcançados desde 2007 – aposta em produtos plásticos mais sofisticados, complexos e destinados a indústrias diversificadas; modernização tecnológica e melhoria da eficiência produtiva. Numa visão prospectiva, a empresa considera que o necessário reforço da sua competitividade futura passa por uma aposta em quatro principais áreas. Em primeiro lugar, pela introdução de melhorias adicionais ao nível da eficiência do processo produtivo. Para isso, a empresa considera estratégico investir em novas instalações, mais modernas e eficientes, que permitirão uma optimização do layout produtivo e com isso melhorar a eficiência produtiva. A mudança para novas instalações levará a Embalnor a mudar-se de Pousos para a Marinha Grande. Ainda no âmbito da melhoria da eficiência produtiva, a empresa está a desenvolver um novo sistema informático que permita monitorizar todo o processo produtivo. 92 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em segundo lugar, apostar na integração vertical pela via do alargamento da actividade da empresa também ao fabrico de moldes para plásticos. As futuras instalações da Embalnor serão desenvolvidas na fábrica que actualmente pertence a um fabricante de moldes para plástico, na Marinha Grande. Após o redimensionamento, adaptação e reorganização, a Embalnor pretende manter a secção de fabrico de moldes, passando assim a dispor de capacidade própria de concepção e fabrico de moldes. Em terceiro lugar, uma aposta clara na inovação e na diferenciação como forma de ganhar a preferência dos clientes. Para isso, a empresa tem vindo a fazer um esforço de criação de competências na área do I&D, dispondo já de uma equipa especializada e polivalente. A empresa colabora também com entidades externas, com destaque para o Instituto Politécnico de Leiria, em vários projectos conjuntos de investigação e desenvolvimento. Desta colaboração têm já resultado vários projectos de I&D interessantes, de que é exemplo o desenvolvimento de uma máquina de serigrafia- a Serigraftec – projecto que ficou concluído em 2006. Esta tecnologia - o primeiro equipamento de serigrafia a 4 cores do mercado - permitiu não só aumentar os índices de produtividade e de qualidade do processo de pintura por serigrafia, como sobretudo permitiu à Embalnor cumprir com os requisitos de qualidade e segurança impostos por alguns dos seus clientes. Em quarto lugar, a Embalnor reconhece que o sucesso de um posicionamento de mercado assente em produtos inovadores, diversificados, e de elevada qualidade passa por dispor de uma força de trabalho imbuída desta cultura e fortemente motivada. Para isso, é fundamental a aposta no capital humano da empresa, sendo a formação, especializada mas também a de largo espectro, ferramentas amplamente utilizadas pela empresa. Por exemplo, em 2009 a empresa apostou significativamente na melhoria das competências genéricas dos seus colaboradores, garantindo que todo o pessoal produtivo com baixas qualificações atingisse pelo menos o 9ºano. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS FAMOLDE 93 Reorientação para novos segmentos de mercado; Reforço da capacidade inovadora e de desenvolvimento de novos produtos 1. Caracterização da empresa Designação FAMOLDE, Fabricação e Comercialização de Moldes, S.A. Localização Albergaria – Marinha Grande Web site http:\\www.famolde.pt Antiguidade 25 anos Actividade principal Fabricação de moldes para a indústria de plásticos Número de trabalhadores 80 Trabalhadores com formação superior 8 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sociedade Anónima Gestão da empresa Accionista maioritário Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Antigo curso comercial e industrial 2. Evolução recente da actividade da empresa A Famolde foi criada em 1984, numa época de grande prosperidade do negócio dos moldes em Portugal, em virtude da reconhecida qualidade dos produtos e da capacidade dos seus técnicos. Inicialmente dedicada ao fabrico de moldes para brinquedos de plástico, evoluiu posteriormente para moldes com maiores exigências técnicas e tecnológicas, designadamente para as indústrias eléctrica, electrónica e automóvel. Após um período mais conturbado, em que a empresa foi adquirida por uma multinacional americana cujo projecto não resultou bem, a empresa foi de novo adquirida, em 2001, por um dos seus sócios fundadores, que pôs em prática um processo de reconversão da empresa, 94 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS visando a subida na cadeia de valor para o fabrico de moldes mais complexos para as indústrias eléctrica, electrónica e automóvel. Importante no sucesso deste processo de reconversão da empresa foi a aposta na qualificação dos recursos humanos, na compra de novos equipamentos, na procura de novos mercados e numa nova mentalidade baseada na inovação, na formação permanente e no contínuo “upgrade” tecnológico. Actualmente a Famolde é considerada uma indústria de moldes tecnologicamente avançada. A actividade da Famolde tem revelado bastante resiliência à actual crise económica, visível tanto na relativa estabilidade do volume de negócios como na estabilidade do número de colaboradores em 2008 e 2009, existindo inclusive a expectativa de um ligeiro aumento, em 2010, do número de colaboradores, designadamente com formação superior para a área de projecto. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A grande dependência da Famolde da indústria automóvel e a crise que este sector atravessa levou a uma diminuição da procura de moldes por parte dos clientes que trabalham para a indústria automóvel, principalmente dos EUA. Em larga medida numa tentativa de minimização do impacte da crise na indústria automóvel na actividade da empresa, a Famolde vem implementando algumas medidas conjunturais que não de redução de custos laborais, de entre as quais se destacam: A realização de alguns trabalhos internamente que em condições normais recorreria a subcontratação, designadamente trabalhos tecnicamente mais simples; A realização de trabalhos de injecção de plásticos, desenvolvendo e produzindo ela própria produtos plásticos de utilidade doméstica, rentabilizando a capacidade produtiva disponível - tanto de máquinas e recursos humanos - na secção da empresa destinada a testar os moldes que produzem para os fabricantes de plásticos seus clientes; Uma estratégia bem sucedida de busca de novos segmentos de mercado, que resultou numa reorientação em 2009 de parte da produção de moldes para as indústrias biomédica e energias renováveis. Em resultado, e apesar da quebra das encomendas do sector automóvel, o volume de vendas global da Famolde em 2008 e 2009 não foi afectado. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 95 Perante um contexto conjuntural que afinal se revelou favorável, a empresa não necessitou de adoptar quaisquer medidas de contenção de custos laborais, ao contrário do que a quebra das encomendas provenientes do sector automóvel fazia antever. Ao invés, e a par da manutenção do número de colaboradores -, a política de aumentos salariais não sofreu qualquer alteração em 2009,e as horas extraordinárias realizadas foram integralmente pagas, não havendo necessidade de recorrer à compensação por folgas. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Consciente da necessidade de reduzir de forma sustentada o peso relativo da indústria automóvel na sua actividade, e depois de algumas experiências bem sucedidas de diversificação para outros segmentos de mercado, a Famolde tem em curso uma estratégia de reforço da sua posição competitiva assente em três grandes áreas. Por um lado, no reforço da estratégia de diversificação da actividade para outros segmentos de mercado. Neste contexto, a empresa pretende intensificar a aposta nos segmentos de moldes para as indústrias de biomédica e das energias renováveis, mas igualmente continuar a explorar a produção própria de plásticos de injecção, em ambos os casos tirando partido das experiências bem sucedidas entretanto desenvolvidas. A estratégia da Famolde passa também pelo reforço da sua capacidade de inovação e desenvolvimento de novos produtos. Neste sentido, e a par de uma aposta contínua na formação e qualificação dos seus quadros, a Famolde pretende, num futuro próximo, reforçar o seu quadro de pessoal com colaboradores altamente especializados para as áreas de inovação e desenvolvimento de produtos. Ainda neste âmbito, a empresa tem em curso a construção e certificação de uma “sala limpa” com o objectivo de criar um Centro de Investigação Técnica. Nesse sentido, a Famolde estabeleceu já uma parceria com o Instituto Politécnico de Leiria visando daí retirar sinergias que potenciem a investigação e o desenvolvimento tecnológico de novos e melhorados métodos de trabalho aplicados à indústria dos moldes. O terceiro pilar da estratégia da Famolde consiste na modernização tecnológica dos seus equipamentos, visando colocar a Famolde entre as empresas tecnologicamente mais avançadas da Europa. A exemplo disso, no início de 2009 ficou concluído um investimento de um milhão de euros, com o apoio do QREN, para a aquisição de equipamento (o primeiro na Europa) que permite o polimento de micro esferas por bombardeamento de electrões. 96 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Este equipamento, adquirido no Japão, permite à Famolde dar resposta a exigências de clientes que anteriormente não conseguia e constitui uma mais-valia face as outras empresas que não dispõem de tal tecnologia. Os resultados em termos de novas encomendas são já visíveis, estando a trabalhar com novos clientes da Alemanha e tendo já recebido pedidos de outros países como a Bulgária. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS GRANDUPLA 97 Reforçar a capacitação da empresa, tanto do ponto de vista técnico, como humano 1. Caracterização da empresa Designação GRANDUPLA - Fábrica de Plásticos, S.A. Localização Pero Neto - Marinha Grande Web site http:// www.grandupla.com Antiguidade 53 anos Actividade principal Fabrico de embalagens de plástico Número de trabalhadores 185 Trabalhadores com formação superior 14 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 3 accionistas individuais Gestão da empresa O accionista maioritário é o Presidente do Conselho de Administração, sendo apoiado pelos outros 2 accionistas, que repartem entre si as áreas financeira, comercial e produtiva Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Formação superior 2. Evolução recente da actividade da empresa A Grandupla é uma empresa criada em 1997 como resultado da fusão de duas prestigiadas empresas nacionais de embalagens em plástico: a Upla - Fábrica Universal de Plásticos, S.A. e a Fábrica de Plásticos Grandarte, Lda.. Actualmente, a Grandupla produz embalagens de plástico moldadas e sopradas, sobretudo para o mercado nacional e para diversos sectores de actividade, como o alimentar, o farmacêutico, a cosmética e, embora residual, a indústria automóvel. No seu processo produtivo conta, igualmente, com tecnologias de impressão/acabamento, o que lhe permite executar também a rotulagem dos produtos. Dispõe ainda de meios técnicos e 98 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS humanos para o desenvolvimento de produtos, tendo capacidade para, em parceria com os seus clientes, desenvolver produtos à medida das necessidades destes. A empresa detém ainda capacidade para produzir moldes pouco complexos para as suas próprias necessidades. Acresce a estas valências o facto de a Grandupla deter cerca de 75% do capital da Aquaplásticos, empresa que produz garrafas de plástico para água. Através desta, a Grandupla garante a gestão dedicada e especializada de unidades de produção de garrafas, instaladas junto das linhas de enchimento de águas das empresas do sector. Apesar de serem empresas autónomas, as duas empresas operam em estreita ligação, nomeadamente ao nível da mobilidade de pessoal, o que permite que, fruto das oscilações do volume de actividade sazonal, pontualmente uma absorva o excesso de pessoal da outra. A evolução da Grandupla neste período de crise é marcada, desde logo, pela entrada de novos accionistas que, no início de 2008, adquiriram a posição maioritária que o grupo Jerónimo Martins detinha na Grandupla desde 1985. Esta mudança de accionistas veio reforçar, ainda mais, o bom desempenho que a empresa tem vindo a registar há alguns anos, o qual tinha tido grande impulso em 2001, quando a empresa se mudou para as novas instalações que hoje ocupa e fez um significativo investimento na capacitação técnica e humana, bem como na procura constante de novos clientes. A empresa criou, assim, condições para que, perante uma fase desfavorável do ciclo económico internacional, a sua actividade não fosse particularmente afectada. Com efeito, até meados de 2009 a empresa não registou quebras de vendas significativas, estando mesmo, neste período, a conseguir aumentar a sua carteira de clientes nacionais. Por isso, e não obstante o período de crise, a Grandupla continua a funcionar em laboração contínua, com 4 turnos. O registo desta fase positiva é igualmente visível na evolução do emprego, que aumentou de 144 trabalhadores em 2008 para 185 em 2009. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A estratégia seguida pela Grandupla de reforço da sua capacitação técnica e humana e na pesquisa constante de novos clientes criou condições para aumentar a resiliência da empresa a uma conjuntura económica desfavorável. Facto que justifica a ausência, nesta fase de crise, de tomada de medidas de contenção de custos laborais, ou mesmo de outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 99 Porém, merece aqui destaque a manutenção da política de gestão da empresa, nomeadamente pela persistência em algumas opções/medidas que, não sendo novas, tiveram continuação ou mesmo reforço neste período. Por exemplo: Permaneceu inalterada a habitual política de aumentos salariais anuais; Manteve-se a política de recrutamento, tendo entrado para a empresa mais 41 pessoas, sobretudo, para reforço das equipas de produção, mas também para substituição de saídas voluntárias e reformas; Apesar de não se ter registado a entrada de nenhum quadro superior para a empresa no último ano, manteve a opção de recorrer a programas como o InovJovem e a estágios profissionais, sempre que há necessidade; A empresa continuou a recorrer a horas extraordinárias, quando necessárias, as quais são integralmente compensadas de forma monetária; Continuou, igualmente, sempre que se registam picos pontuais de produção, a recorrer a pessoal em regime de trabalho temporário, fundamentalmente para as tarefas menos exigentes tecnicamente; A empresa manteve inalterada a laboração contínua em 4 turnos. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Grandupla é hoje uma empresa competitiva nos segmentos de mercado em que opera, fruto, em larga medida, de um rigoroso plano de desenvolvimento estratégico de médio prazo, que tem vindo a ser adoptado nos últimos anos e que assenta nos seguintes pilares: Instalações novas e bem dimensionadas, concebidas de raiz para acolher a especificidade da sua actividade industrial, potenciando situações de excelência ao nível das condições de trabalho, do layout e dos fluxos produtivos; Modernos e adequados equipamentos e meios auxiliares de produção; Tratamento automático de informação, integrado e em tempo real, cobrindo as variáveis determinantes, desde a área financeira à monitorização dos equipamentos produtivos, passando pelos recursos humanos e pela função comercial; Recursos humanos preparados e motivados; Certificação do sistema de garantia da qualidade; Disponibilização de um gabinete próprio de desenvolvimento e inovação, que lhe confere capacidade de concepção, desenvolvimento e melhoramento de produtos. 100 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS O reforço da competitividade da Grandupla resulta, igualmente, da procura permanente de oportunidades de financiamento. Neste sentido, viu aprovado recentemente um projecto, no âmbito do Sistema de Incentivos do Plano Operacional Factores de Competitividade, do QREN. Trata-se de um projecto de inovação produtiva, apoiado pelo SI Inovação, que obteve um incentivo de quase 2 milhões de euros, num projecto com cerca de 3,5 milhões de euros de investimento elegível. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 101 IBEROMOLDES Flexibilidade nas horas trabalhadas; Capacitação técnica; Prazos curtos 1. Caracterização da empresa Designação IBEROMOLDES, S.A. Localização Picassinos - Marinha Grande Web site http://www.iberomoldes.pt Antiguidade 34 anos Actividade principal Sociedade detentora de participações sociais em 16 empresas ligadas à produção de moldes e produtos de plástico Número de trabalhadores O grupo tem cerca de 1000 trabalhadores, distribuídos por 16 empresas (400 nas de moldes e 600 nas de plásticos) Trabalhadores com formação superior ≈80 Número de estabelecimentos 1 que funciona como holding das 16 empresas Sócios / Accionistas Sócio individual único Gestão da empresa Proprietário Idade do(s) gestor(es) 63 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Lic. em Engenharia Electromecânica 2. Evolução recente da actividade da empresa A Iberomoldes lidera hoje um dos maiores e tecnologicamente mais avançados grupos mundiais de engenharia de moldes e de desenvolvimento de produto. Caminhando no sentido de uma SGPS, a empresa Iberomoldes em si mesmo não produz quaisquer produtos ou serviços directamente associados à actividade de moldes e plásticos. A sua função é, fundamentalmente, funcionar como interlocutor único entre os clientes e as restantes 16 empresas que integram o grupo, essas sim dedicadas à engenharia e desenvolvimento de moldes, ao fabrico de moldes, bem como ao fabrico de produtos plásticos. 102 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS No seu conjunto, o grupo liderado pela Iberomoldes dispõe de uma força de trabalho de cerca de 1.000 pessoas, distribuídas pelas 16 empresas participadas, todas enquadráveis no conceito dimensional de PME, à excepção de uma. De facto, 15 das 16 empresas do grupo têm uma dimensão entre os 25 e os 123 trabalhadores. Apenas a unidade de produção de componentes plásticos para a indústria automóvel, em Pombal, ultrapassa os 250 trabalhadores. As empresas do grupo Iberomoldes localizam-se maioritariamente em Portugal, mas também na China e Suécia - departamentos de engenharia de produtos – e no Brasil – unidades de fabrico. As exportações representaram sempre mais de 95% da actividade global do grupo Iberomoldes. No entanto, nos anos mais recentes houve uma alteração significativa na importância relativa dos mercados de destino, com uma redução significativa da importância dos EUA, compensada por um aumento da importância relativa dos restantes países europeus. A actividade recente do Grupo Iberomoldes, no seu conjunto, não foi particularmente afectada pela actual fase desfavorável do ciclo económico, pese embora o impacte tenha sido diferenciado entre as diversas áreas de negócio do grupo. Tipicamente, a indústria de moldes, por estar na primeira linha da cadeia de produção, é a primeira da cadeia a sentir o impacte das oscilações do ciclo económico. No entanto, o grupo Iberomoldes desenvolve e produz, não só moldes mas também plásticos, para indústrias diversificadas, diferentemente afectadas pela presente crise, o que terá ajudado a mitigar o impacte global da actual conjuntura desfavorável nos resultados globais do grupo. No mesmo sentido, também em termos de emprego, o grupo como um todo não foi especialmente afectado, mantendo praticamente inalterado o número de trabalhadores nos últimos tempos. Houve, no entanto, alguma mobilidade de pessoal entre empresas do grupo, sobretudo decorrentes de reestruturações organizacionais e modernização tecnológica de algumas unidades de negócio. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A antevisão de que se perspectivava como uma fase negativa da actividade da empresa levou a que o grupo Iberomoldes adoptasse, por antecipação, algumas medidas de contenção de custos laborais, entre as quais: A adopção de uma política remuneratória restritiva, na medida em que apenas os trabalhadores com vencimentos mais baixos beneficiaram de aumentos salariais em 2009; SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 103 Redução das horas trabalhadas pela via da suspensão da laboração por turnos em alguns departamentos não essenciais para garantir o cumprimento de prazos de entrega; Redução das horas trabalhadas pela via do recurso mais intensivo a uma prática, já habitual desde há 2 anos, de “banco de férias”, segundo o qual o trabalho extraordinário em períodos de mais actividade é compensado com dias de férias adicionais em períodos festivos como Natal e Ano Novo e em caso de pontes. No contexto actual, os trabalhadores de áreas mais afectadas por uma diminuição significativa da actividade tem vindo a gozar dias de férias adicionais a compensar e/ou como compensação de trabalho extraordinário em períodos de pico de actividade; Reafectação de trabalhadores entre áreas de negócio do grupo, deslocando pessoas de empresas e/ou departamentos afectados por alguma quebra de actividade para departamentos com maior dinamismo; Redução significativa do recurso a trabalhadores em regime de trabalho temporário, na medida em que as tarefas desempenhadas por estes - normalmente de menor exigência técnica - são asseguradas por outros trabalhadores da empresa, num sistema de flexibilidade e polivalência; A não renovação dos contratos a termo tem sido outra das medidas a que têm recorrido no contexto da presente conjuntura económica. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Iberomoldes, sendo a continuação natural da empresa Aníbal Abrantes (também ela da Marinha Grande), a mais antiga empresa de moldes da Europa, conduziu muita da evolução que o sector foi conhecendo ao longo dos anos. Foi neste contexto, por exemplo, que foram criando muitas das carreiras profissionais do sector dos moldes, que foram formando quadros técnicos até então inexistentes no mercado e que os foram disseminando pelas empresas do grupo. Na Iberomoldes sempre houve a consciência de que a qualidade técnica dos seus recursos humanos é um elemento essencial à competitividade do grupo, ao nível da concepção e engenharia de moldes, mas também das áreas produtivas. Para isso a empresa criou um centro de formação próprio, sendo talvez a única empresa do género, a nível mundial, que tem o seu próprio centro de formação. Até agora as empresas do grupo têm absorvido todos os profissionais que saem do centro de formação. Porém, à medida que esses profissionais, mais tarde, optam por deixar a Iberomoldes, 104 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS vão criando outras empresas ou integrando-se em empresas já existentes, disseminando o valor criado pelo centro de formação da Iberomoldes ao restante sector. A capacidade para oferecer prazos muito curtos no desenvolvimento dos produtos é outra vantagem competitiva da Iberomoldes, num mercado que valoriza cada vez mais a rapidez dos processos. A estratégia de competitividade da Iberomoldes passa, também, pelo melhoramento contínuo dos produtos existentes e o desenvolvimento de novos produtos, por inovar constantemente, por se apetrecharem com a mais avançada tecnologia e, ainda, por prestar maior atenção nas compras, sendo cada vez mais cuidadosos na prospecção dos melhores preços das matériasprimas nos mercados internacionais. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS IMOPLASTIC 105 Política remuneratória mais restritiva; Diversificação de mercados geográficos e de áreas de negócio 1. Caracterização da empresa Designação IMOPLASTIC – Indústria de Moldes e Plásticos, Lda. Localização Pero Neto - Marinha Grande Web site http://www.imoplastic.pt Antiguidade 28 anos Actividade principal Fabrico de moldes para plásticos para a indústria automóvel e de utilidades domésticas Número de trabalhadores 58 Trabalhadores com formação superior 4 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 4 sócios individuais Gestão da empresa Partilhada pelos 4 sócios, em cada um é responsável por uma área distinta: produção, comercial, projecto e financeira Idade do(s) gestor(es) 2 no Escalão “30 a 50 anos”; 2 no Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) 2 no Escalão “10º a 12º ano”; 2 no Escalão “licenciatura ou superior” 2. Evolução recente da actividade da empresa A Imoplastic é uma empresa que se dedica à produção de moldes para plásticos, tendo na indústria de componentes plásticos para o sector automóvel os seus principais clientes. Este sector representa cerca de 70% do volume de negócios da empresa. A Imoplastic é uma empresa essencialmente exportadora, cujos mercados de destino se dispersam por países da Europa e América Central e do Sul. 106 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Complementarmente, a Imoplastic produz moldes para outros sectores, como sejam as indústrias de componentes plásticos para a área eléctrica, electrodomésticos, embalagens, jardinagem, utilidades domésticas e, mais recentemente, também para a área médica. Desde meados da década de 90, altura em que foi adquirida pelos actuais proprietários, que a Imoplastic tem vindo a investir em equipamento e software informático e centros de maquinação. Este investimento, nomeadamente os centros de maquinação de alta velocidade, permitiram reduzir simultaneamente os prazos de entrega (em cerca de 1/3) e os custos de produção. Ao mesmo tempo, a capacitação técnica e competências adquiridos foram permitindo produzir moldes cada vez mais sofisticados, podendo dar resposta a encomendas mais complexas. Exemplo disso é a produção actual de moldes para plásticos na área da medicina. No início de 2009 a actual crise económica teve efeitos significativos na actividade da Imoplastic, tanto pela via da redução de encomendas, sobretudo do sector automóvel, como pelos pedidos de adiamento e cancelamento de projectos anteriormente programados. Em resultado, no início de 2009 a administração da empresa chegou a ponderar recorrer ao lay-off. Contudo, à medida que o ano foi avançando, o volume de encomendas recuperou, o que permitiu evitar o recurso àquela medida. Ainda assim, e em termos globais, os resultados até meados de 2009 apontam para uma quebra de 25% no volume de facturação face a 2007, fundamentalmente resultante da diminuição das encomendas, mas também da redução das margens de lucro. Segundo a Imoplastic, até final de 2009 não se perspectiva uma recuperação suficiente para compensar os resultados negativos dos meses anteriores. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar de ter sentido a actual crise de forma significativa, a Imoplastic foi conseguindo manter todos os postos de trabalho. Neste contexto, definiu um plano de contenção de custos que passou, inevitavelmente, pela contenção de custos laborais. Estas medidas de contenção de custos laborais centraram-se sobretudo na política remuneratória da empresa que, em 2009, tem sido mais restritiva na medida em que: A empresa recorreu ao congelamento de aumentos salariais; As horas extraordinárias estão a ser pagas com um acréscimo de apenas 50%, como resultado de um acordo entre a empresa e os trabalhadores; SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 107 As bonificações e outros prémios de produtividade deixaram de ser pagos desde o final de 2008. A Imoplastic implementou ainda outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, que visaram igualmente fazer face à quebra da actividade sem recorrer a despedimentos. De entre estas medidas, salientam-se: A descida das margens de lucro, com o duplo objectivo de não perder clientes habituais e angariar mais e novos clientes; O aumento dos prazos de pagamento por parte dos clientes, igualmente como estratégia para manter a fidelização de antigos clientes e atrair mais e novos clientes; A redução de stocks de ferramentas e acessórios, algumas delas de desgaste rápido, como por exemplo fresas e brocas, o que permite a redução do capital investido. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Apesar de atravessar actualmente por um período económico menos favorável, a Imoplastic continua a tentar reforçar a sua competitividade actuando em duas vertentes fundamentais: modernização produtiva e diversificação de mercados geográficos e de áreas de negócio. No âmbito da modernização produtiva a empresa viu aprovadas recentemente duas candidaturas no âmbito do QREN. Uma em 2008, de inovação produtiva, à qual foi atribuído quase meio milhão de euros, para um investimento elegível de um pouco mais de um milhão de euros. Outra, já em 2009, para a qualificação da empresa, com o qual beneficiaram de um incentivo de pouco mais de 190 mil euros, num investimento elegível de cerca de 460 mil euros. Os esforços da Imoplastic de procura de novos mercados geográficos têm-se voltado sobretudo para países do Norte de África (p.e. Marrocos, Argélia e Líbia), Rússia, e Europa de Leste, para onde se está a deslocar alguma produção de artigos plásticos. Quanto à diversificação de áreas de negócio, os esforços da empresa têm ido em dois sentidos. Por um lado, para a captação de novos clientes de moldes para plásticos na área da medicina, uma área de actividade recente na empresa. Por outro lado, para a abertura a novas áreas de negócio, como a produção de moldes para componentes plásticos da indústria aeronáutica. Esta prospecção de novos mercados e novas áreas de negócio passa sobretudo pelo contacto directo com potenciais clientes. 108 . SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS INTEPLÁSTICO 109 Flexibilização do horário de trabalho; Diversificação da carteira de produtos 1. Caracterização da empresa Designação Inteplástico, S.A. Localização Zona Industrial - Marinha Grande Web site http://www.inteplastico.pt/ Antiguidade 16 anos Actividade principal Componentes termoplásticos moldados por injecção para a indústria automóvel Número de trabalhadores 232 Trabalhadores com formação superior ≈30 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Grupo francês Bourbon Fabi Gestão da empresa Presidente do Conselho de Administração, anteriormente accionista relevante e um dos fundadores da empresa Idade do(s) gestor(es) Mais de 50 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura e formação avançada em gestão 2. Evolução recente da actividade da empresa Actualmente a Inteplástico trabalha quase exclusivamente para fabricantes automóveis localizados na Europa (ou seus fornecedores). Os contratos de fornecimento, embora com duração igual ao ciclo de vida de um modelo automóvel, normalmente 8 anos, prevêem que as quantidades a fornecer sejam definidas numa base quase semanal. A forte quebra nas vendas automóveis na Europa no final de 2008 e primeiros meses de 2009,em consequência da crise económica, causou uma forte quebra nas encomendas da empresa. Nos meses de Outubro de 2008 a Março de 2009 a facturação mensal da empresa foi cerca de 40% inferior ao valor normal. Desde Março de 2009, em parte em resultado das 110 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS medidas de estímulo à compra automóvel, implementadas pelos governos de vários países europeus, as encomendas começaram a recuperar mas, em Julho de 2009, a facturação mensal estava ainda 20% abaixo do normal. Perante tão significativa redução da produção, a empresa foi forçada a implementar medidas de redução de custos, nomeadamente custos laborais. No entanto, o despedimento de colaboradores com vínculo permanente não esteve entre as medidas implementadas. O despedimento de colaboradores com vínculo permanente foi uma alternativa deliberadamente não equacionada pela empresa, por três grandes ordens de razão. Primeiro, a empresa está consciente do quão importante é o seu capital humano para a manutenção das suas vantagens competitivas. Porque o seu processo produtivo envolve muitas funções que exigem conhecimentos específicos, bem como o uso de máquinas bastante sofisticadas, a empresa investe de forma significativa e regular na formação profissional de todos os seus colaboradores. Despedir um colaborador permanente é equivalente a desperdiçar um recurso humano altamente qualificado, o que tem um elevado custo directo e indirecto para a empresa. Segundo, a procura automóvel é por natureza pró-ciclica, pelo que quebras e picos de encomendas são habituais para a empresa, e estes tendem a acompanhar o ciclo económico, razão pela qual são encarados pela empresa como essencialmente fenómenos conjunturais. Terceiro, a empresa tem consciência de que o concelho da Marinha Grande, até recentemente quase sem desemprego, foi fortemente afectado pela crise económica, debatendo-se hoje com problemas económicos significativos e com um nível de desemprego elevado. Consciente desta situação e da responsabilidade social da empresa, a Inteplástico tentou conjugar a redução de custos laborais com a maximização de sustentação do emprego. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Entre as medidas de contenção de custos laborais implementadas pela empresa destacamse: A adopção de uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento de salários em 2009; A redução do tempo de trabalho, que se traduziu nomeadamente na redução de três para dois turnos de trabalho nas linhas de pintura e montagem. Esta redução do tempo de trabalho ocorreu por duas vias. Por um lado, via redução do número de horas extraordinárias trabalhadas e, por outro, pelo recurso à figura da “flexibilização do SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 111 horário de trabalho”, prevista no código laboral. Esta figura permite alguma flexibilidade na deslocação de horas de trabalho de semanas com baixa produção para serem utilizadas em semanas de maior produção. Ainda assim, o limite de horas legalmente estabelecido (máximo 10 horas por semana) e o prazo máximo de compensação das mesmas (não pode ultrapassar o período de 6 meses), não permitiram que esta medida, por si só, fosse suficiente. Inicialmente, a empresa tinha acordado directamente com os trabalhadores a adopção de um “banco de horas” que permitiria um melhor ajustamento às necessidades produtivas. Contudo, pelo facto de esta figura não estar ainda regulamentada em sede da Convenção Colectiva de Trabalho para o sector, o acordo entre empresa e trabalhadores foi considerado ilegal pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), inviabilizando a utilização do sistema de “banco de horas” nesta fase de menor actividade. Em consequência, a empresa equacionou o recurso ao lay-off, também previsto no código laboral. Tal só não aconteceu porque em Maio de 2009, fruto das medidas governamentais de impulso à compra automóvel implementadas em vários países europeus, as encomendas começaram a recuperar; A não renovação do contrato a termo a cerca de 65 trabalhadores, em Outubro último, dos quais 35 foram novamente contratados em meados de 2009, quando as encomendas deram sinais de recuperação. A Inteplástico implementou outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, visando simultaneamente fazer face à quebra de encomendas e manter o seu capital humano. Entre elas é de realçar a redução do recurso à subcontratação de fases mais simples do processo produtivo a outras empresas, as quais passaram a ser realizadas na Inteplástico. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Inteplástico opera num mercado - fabricação de componentes em plástico para a indústria automóvel utilizando a técnica de moldagem por injecção de termoplásticos – altamente sofisticado e exigente, quer em termos de capacidade de desenvolvimento do produto, de qualidade, quer ainda de fiabilidade no cumprimento de prazos de entrega. Neste mercado, a competição não é tanto pelo baixo preço, mas pela capacidade de desenvolvimento de produtos sofisticados e complexos, com qualidade, e fiabilidade de entrega, praticando preços competitivos. 112 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A existência de capacidade técnica interna é, portanto, crucial para a competitividade da empresa, pelo que ela conta com um sofisticado departamento de desenvolvimento de produtos, 35 colaboradores com formação superior, predominantemente na área da engenharia, recorrendo sempre que adequado a centros de investigação externos, como seja o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) da Universidade do Minho. A forte dependência da empresa face ao sector automóvel, cuja procura é altamente pro-cíclica, é uma das fragilidades da empresa. A Inteplástico está a tentar reduzir esta dependência através da diversificação do seu leque de produtos para áreas onde anteriormente já esteve presente e com bastante sucesso, como sejam as peças técnicas para a indústria eléctrica e electrónica. Geograficamente, a empresa tem como alvo aceder aos mercados Francês, Espanhol e Alemão de tais produtos. A empresa prossegue também no esforço de manutenção das vantagens competitivas na indústria automóvel, estando para isso, através do seu gabinete de investigação e desenvolvimento, e da colaboração com o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) e da Universidade do Minho, a trabalhar no sentido de tentar substituir algumas matériasprimas por outras de menor custo, desde que permitam manter as características físicas do produto final e cumprir os requisitos de qualidade do fabricante. Trata-se de um processo moroso, uma vez que definida a composição do produto, esta tem de ser homologada pelo fabricante antes de poder ser utilizada. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS INTERMOLDE 113 Aposta contínua na modernização; Pesquisa de novos clientes 1. Caracterização da empresa Designação INTERMOLDE - Moldes Vidreiros Internacionais, Lda. Localização Marinha Grande Web site http://www.intermolde.pt Antiguidade 36 anos Actividade principal Fabrico de moldes e acessórios para a indústria vidreira de produção de garrafas Número de trabalhadores 90 Trabalhadores com formação superior 15 Número de Estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sociedade familiar – pai e 2 filhos Gestão da empresa A cargo dos 2 filhos do Presidente (o pai), sob a supervisão deste. Têm também a assessoria de um professor universitário, com quem fazem reuniões bimensais. Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Formação superior 2. Evolução recente da actividade da empresa Quando a Intermolde surgiu, em 1973, foi pioneira em Portugal na produção de moldes para a indústria vidreira de produção de garrafas. Até ali, a maioria dos moldes utilizados na indústria vidreira em Portugal eram importados. Essa marca de pioneirismo subsiste ainda hoje, uma vez que é dos poucos grupos europeus que junta as várias competências desta fileira: fundição, desenvolvimento do produto, fabrico de moldes e respectivos acessórios e assistência técnica. 114 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em 2008, a Intermolde facturou quase 11 milhões de euros, dos quais cerca de 48% foram exportações. Este volume de negócios distribui-se, por um lado, pela produção de moldes e respectivos acessórios e, por outro, pela prestação de serviços de assistência técnica. O facto de ser uma empresa sólida, moderna e experiente, não a deixou imune à crise. Com efeito, de 2007 para 2008 a Intermolde registou quebras significativas na actividade que se traduziram numa redução de 8,4% de facturação e uma quebra de 13,7% das exportações. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar da relativa solidez financeira da Intermolde, perante a significativa quebra conjuntural da actividade, a empresa tomou algumas medidas de contenção de custos laborais, ainda que sem recorrer a despedimentos, de onde se destacam: Adopção de uma política remuneratória mais restritiva, traduzida na não actualização dos salários em 2009; A não renovação dos contratos a termo terminados em 2009; A não substituição dos trabalhadores que se reformaram ou que saíram por vontade própria; A Intermolde manteve a política de privilegiar a contratação de jovens para primeiro emprego quando em 2009 decidiu contratar um licenciado em marketing para reforço das actividades de prospecção de novos mercados. Tal permitiu-lhe beneficiar do Programa de Apoio à contratação sem termo de jovens, criado em 30 de Janeiro de 2009, que prevê a isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador, no caso de contratação, sem termo, de jovens até 35 anos à procura do primeiro emprego. A Intermolde adoptou neste período várias outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais que, embora não sendo exclusivas deste período de crise, merecem aqui referência por contribuírem para a manutenção dos empregos na actual conjuntura: A manutenção da laboração contínua em três turnos, apesar da quebra de procura, como forma de evitar o aumento dos custos de laboração, ao evitar o recurso a horas extraordinárias em situações pontuais; O não encerramento para férias durante o Verão de forma a ter capacidade de resposta a encomendas não programadas em qualquer altura do ano. Porém, uma vez que no Verão há mais pessoal de férias, é habitual nestas circunstâncias a empresa recorrer à SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 115 contratação de jovens estudantes que querem trabalhar durante as férias escolares, o que também aconteceu em 2009. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Desde há 10 anos, altura em que o actual Presidente da Intermolde assumiu o comando da empresa, tem vindo a ser implementada uma estratégia de longo prazo, visando tornar a Intermolde numa empresa moderna, competitiva, e sustentável a prazo. Esta estratégia assenta, sobretudo, em três pilares. Em primeiro lugar, no aumento da capacidade de inovação e desenvolvimento de produtos, sendo hoje capaz de fazer produtos distintos e diferenciados da concorrência. A empresa dispõe de um departamento de desenvolvimento de produto, com capacidade para executar qualquer tipo de projecto de molde para vidro de garrafa. A empresa está ainda dotada da capacidade de desenvolver todo o tipo de protótipos de garrafa em acrílico, simulando na perfeição o vidro branco e de qualquer outra cor. Ainda neste âmbito, a empresa mantém uma política de colaboração permanente com Universidades e Centros Tecnológicos da região. Em segundo lugar, no investimento na modernização tecnológica e na operacionalidade e funcionalidade das suas instalações fabris. A empresa possui um moderno parque de 50 máquinas CNC (Controle Numérico Computadorizado), de elevada qualidade e fiabilidade. Além disso, e já em 2009, a Intermolde investiu cerca de 6 milhões de euros em robotização, ainda no âmbito de um projecto apoiado pelo Programa PRIME. No final do primeiro semestre de 2009 ficou também concluída a terceira fase da construção do novo pólo fabril, que permite um layout optimizado das linhas de produção. Estes novos investimentos permitiram à Intermolde a redução da desvantagem de preço face a concorrentes asiáticos de 70% para 20%. Em terceiro lugar, num esforço na diversificação da carteira de clientes, através da permanente procura de novos mercados. Neste contexto, contrataram recentemente um licenciado em marketing, para apoiar este esforço de prospecção de mercados e divulgação da empresa a potenciais clientes. 116 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS IPIL 117 Lay-off; Política remuneratória mais restritiva 1. Caracterização da empresa Designação IPIL - Indústria Picassinense de Plásticos, Lda. Localização Picassinos - Marinha Grande Web site http://www.ipil.pt Antiguidade 50 anos Actividade principal Fabrico de plásticos Número de trabalhadores 25 Trabalhadores com formação superior 0 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sociedade familiar – pai e 2 filhos Gestão da empresa A cargo do pai, embora auxiliado pelos filhos Idade do(s) gestor(es) 72 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Antigo Curso Comercial e Industrial 2. Evolução recente da actividade da empresa A Ipil é uma empresa exclusivamente voltada para o fabrico, sob marca própria, de plásticos relativamente estandardizados, de média-baixa complexidade de concepção e fabrico, destinados sobretudo a utilidades domésticas - caixas, saladeiras, baldes, jarros e similares. Actualmente o comércio grossista e retalhista nacional são o principal mercado da empresa. As exportações representam cerca de um terço das vendas e destinam-se, fundamentalmente, ao mercado francês. O outro mercado de exportação, Espanha, tem um peso diminuto na actividade da empresa. A Ipil opera, portanto, num mercado em que a concorrência se faz essencialmente pelo preço, mais do que pela qualidade, design ou originalidade do produto. Os prazos de entrega também não são uma restrição importante. Os clientes deste tipo de produto com relativa facilidade conseguem prever as suas necessidades a médio prazo podendo, por isso, confiar as 118 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS encomendas a fabricantes que pratiquem prazos mais longos, desde que o preço seja competitivo e a qualidade standard. A concorrência pelo preço de fabricantes asiáticos vem tendo, pois, um impacte significativo na actividade da Ipil. Pese embora a empresa ao longo dos anos tenha feito um esforço no sentido de se manter tecnologicamente actualizada – introduzindo as tecnologias de bi-injecção e de serigrafia de plásticos – tal não tem sido suficiente para compensar a desvantagem de custos face a fabricantes asiáticos. A quebra de vendas, que em 2008 e primeiros meses de 2009 se situou em cerca de 20%, foi apenas marginalmente consequência da presente crise económica. A crise económica teve, no entanto, consequências graves para a actividade da empresa pela via do aumento dos prazos médios de recebimento e, sobretudo, do agudizar dos problemas de atraso e incumprimento de pagamentos por parte dos clientes. Actualmente, a empresa tem cerca de 350 mil euros em dívidas de clientes que já considera incobráveis. Os prazos médios de pagamento de clientes nacionais e espanhóis passaram de 30-60 dias para 120-180 dias em poucos meses. A conjugação destes dois factores colocou a empresa numa situação financeiramente difícil pela primeira vez nos seus 50 anos de história. A quebra de vendas e dificuldades de recebimento trouxeram graves dificuldades de tesouraria que, por sua vez, têm impedido a empresa de honrar os compromissos para com os seus fornecedores. Em consequência, em 2009 a empresa tem tido muitas dificuldades em adquirir matérias-primas. A situação financeira difícil tem inviabilizado a obtenção de crédito bancário, obrigando ao adiamento da concretização dos seus projectos de investimento e modernização. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar desta quebra de actividade e das dificuldades financeiras da empresa, a Ipil tem conseguido evitar os despedimentos. Para isso, implementou um vasto leque de medidas de contenção de custos laborais, de onde se destacam: Uma politica remuneratória mais restritiva traduzida no não aumento dos salários em 2009 e na eliminação do pagamento de bónus e outros prémios monetários; A redução das horas trabalhadas pela via da eliminação das horas extraordinárias e da dispensa de pessoal em regime de trabalho temporário; O recurso à figura jurídica do lay-off, traduzido na redução da semana de trabalho em 2 dias e em vigor desde o início de 2009; O encerramento para férias em Agosto, contrariamente ao habitual; SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 119 A não substituição de um colaborador que se reformou; A não contratação de ninguém para assegurar as tarefas de uma colaboradora que se encontra em licença de parto, recaindo sobre os sócios da empresa esse papel. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa As desvantagens competitivas da empresa são essencialmente de duas naturezas. Por um lado, operar num mercado de produtos de baixa complexidade tecnológica, relativamente estandardizados, onde a concorrência se faz sobretudo pelo preço, e onde a concorrência de fabricantes internacionais com custos de produção mais baixos é feroz e difícil de igualar. Em segundo lugar, a elevada incerteza quanto aos prazos de recebimento e, mais grave, a elevada taxa de dívidas incobráveis entre os clientes nacionais. Consciente destas duas realidades a empresa traçou um plano que visa combater ambas as desvantagens pela via da focalização em novos mercados, tanto de produtos como geográficos. No que respeita a novos produtos, a empresa desenvolveu um projecto destinado à instalação de uma linha de produção de artigos plásticos para a indústria automóvel. A Ipil submeteu uma candidatura ao QREN – SI INOVAÇÃO, no EIXO I do MAIS CENTRO, para apoio ao financiamento do projecto. A candidatura foi aprovada, sendo a 2ª melhor candidatura da Marinha Grande, mas não veio a ser assinado contrato devido à má classificação da empresa junto do sistema bancário. Como os pareceres preliminares tinham sido favoráveis, a Ipil iniciara os investimentos (sobretudo em obras de remodelação, mas também em equipamentos) mas viu-se obrigada a suspender o projecto, por falta de fundos próprios e incapacidade de recorrer ao crédito bancário. No que concerne à diversificação de mercados geográficos a empresa tem feito esforços no sentido de aumentar as exportações. Até ao momento existem contactos com o mercado Moçambicano. No entanto, a preocupação primordial da empresa é, não apenas vender, mas ter garantias de recebimento atempado e regular. 120 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS ITM 121 Flexibilidade de produção; Plano de recuperação com resultados encorajadores 1. Caracterização da empresa Designação ITM – Indústria Técnica de Moldes, Lda. Localização Zona Industrial da Marinha Grande Web site n.d. Antiguidade 22 anos Actividade principal Fabricação de moldes para a indústria de plásticos Número de trabalhadores 42 Trabalhadores com formação superior 2 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 3 sócios Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “Mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) 9º ano de escolaridade 2. Evolução recente da actividade da empresa A ITM foi criada em 1987 por 6 trabalhadores da indústria de moldes do concelho da Marinha Grande. Inicialmente contavam apenas com 4 colaboradores numas instalações pequenas e com poucas máquinas. A empresa foi evoluindo de forma positiva e gradual, levando à mudança para a zona industrial, em 1998, tendo chegando a atingir os 60 trabalhadores. Actualmente, a empresa dedica-se à fabricação de moldes para a indústria dos plásticos, designadamente para a indústria automóvel. Em 2007, como resultado de uma crescente dificuldade em receber dos seus clientes os pagamentos em atraso, a empresa não conseguiu evitar um processo de insolvência com plano de recuperação, tendo por essa ocasião acordado a saída de um grande número de colaboradores. Em 2008 a empresa contava com apenas 37 colaboradores. 122 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS O plano de recuperação da empresa tem a duração de 10 anos e encontra-se em implementação desde o início de 2009, tendo sido integralmente cumprido no primeiro semestre. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A ITM sentiu fortemente o impacte da crise económica, com maior impacte no primeiro trimestre de 2009 o que, associado à difícil situação financeira que atravessava, criou grandes dificuldades de gestão aos seus responsáveis e obrigou à adopção de medidas adicionais de contingência. Entre elas, foram adoptadas algumas medidas de contenção de custos laborais traduzidas sobretudo na adopção de uma política remuneratória mais restritiva. Em 2009 apenas ocorreram aumentos salariais em casos pontuais. A empresa recorreu ainda a outras medidas de contenção que não de custos laborais visando igualmente fazer face à quebra de actividade e evitar despedimentos adicionais. De entre elas merecem realce: A antecipação de períodos de férias para a primeira parte do ano, altura em que a quebra de encomendas foi especialmente significativa. Esta medida visou aumentar a flexibilidade de produção da empresa, na medida em que lhe permite ter os trabalhadores operacionais na segunda parte do ano, quando se perspectivava uma recuperação das encomendas; A forte redução da subcontratação de trabalho a terceiras empresas. No segundo trimestre de 2009 verificou-se um aumento do volume de encomendas o que, associado à continuação de uma política de contenção das subcontratações, levou a empresa a contratar alguns colaboradores. Actualmente contam com 42 colaboradores. A tendência será de manter este número durante o próximo ano. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A ITM trabalha quase exclusivamente para intermediários, sendo grande parte do seu trabalho escoado para dois grandes clientes, empresas portuguesas que lhes subcontratam trabalhos de fabrico de moldes para posterior exportação para os mercados norte-americano e europeu. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 123 Até aqui a empresa tinha apostado pouco na prospecção e angariação de novos clientes, sobretudo clientes finais. No entanto, impulsionada pelas dificuldades que atravessa e decidida a fazer resultar o plano de recuperação traçado no âmbito do processo de insolvência, a ITM tem como grande objectivo a internalização da fase da comercialização e distribuição de modo a chegar directamente ao cliente final. Para isso, a estratégia de recuperação da empresa aposta fortemente na vertente comercial. Esta estratégia permitir-lhe-á não só reduzir a grande dependência dos seus dois maiores clientes, mas também aumentar a margem de lucro de cada encomenda que passará a ser negociada directamente com o cliente final. A ITM reconhece que a área de negócio em que se insere requer uma constante actualização da tecnologia utilizada. Uma vez que, actualmente, a empresa não dispõe de recursos financeiros para o fazer por si só, tem vindo a estabelecer contactos com clientes no sentido de se tornarem sócios ou entrarem em parcerias que permitam a modernização tecnológica. Estas medidas têm por objectivo aumentar a produção e garantir um volume de encomendas que permita manter a actividade da ITM. No entanto, na sequência da presente crise económica, tais conversações preliminares e negociações encontram-se suspensas. 124 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS METAVIL 125 Redução das horas extraordinárias; Aumento da eficiência produtiva; Expansão dos mercados geográficos 1. Caracterização da empresa Designação Metavil - Empresa Transformadora Metalo Vidreira, Lda. Localização Marinha Grande Web site http://www.metavil.pt/ Antiguidade 32 anos Actividade principal Fabricação de moldes para a indústria vidreira Número de trabalhadores 32 Trabalhadores com formação superior 3 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 2 familiares Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Escola Industrial e Comercial da Marinha Grande 2. Evolução recente da actividade da empresa A Metavil desde há muito tempo que se afirmou como uma referência na engenharia e fabrico de moldes de precisão e acessórios para a indústria do vidro de embalagem. Da gama de produtos fazem parte, por exemplo, sofisticados moldes para embalagem de perfumaria. A empresa exporta cerca de 30% da sua produção, sendo os seus principais mercados geográficos Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Rússia, Brasil, Panamá, Arábia Saudita, Angola e Moçambique. Os restantes 70% da produção destinam-se ao mercado português, concentrando-se em alguns clientes de grande dimensão. 126 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em 2005 a METAVIL, com o objectivo de aumentar a sua capacidade produtiva e simultaneamente a sua produtividade, procedeu a uma reestruturação profunda do seu layout, permitindo-lhe agrupar algumas operações e introduzir mais um turno. O ano de 2007 foi um ano muito positivo para a METAVIL, tendo atingido resultados financeiros acima da média dos anos anteriores. Em 2008 os valores baixaram ligeiramente face ao ano anterior, tendo-se agravado esta tendência no primeiro semestre de 2009, com um decréscimo no volume de negócio em cerca de 20% face ao ano anterior. O início do 2º semestre indicava já sinais de recuperação, estando o volume de negócios em Agosto de 2009 ao nível do ano de 2008. No decorrer do ano de 2008, o número de trabalhadores manteve-se estável. Apesar do decréscimo acentuado do volume de encomendas no primeiro trimestre de 2009, a empresa não equacionou a dispensa de trabalhadores, até porque encarou esta quebra como conjuntural. Para o futuro a empresa perspectiva um aumento do número de colaboradores, em virtude de novas instalações que a empresa adquiriu e que implicam alguns reajustes. Nas velhas instalações fica apenas a unidade de fabricação de moldes de plástico, sendo todos os outros departamentos transferidos para as novas instalações. Este novo projecto de investimento implica por isso uma reorganização interna ao nível dos recursos humanos, existindo a possibilidade de se contratar 1 a 2 colaboradores para a área de projecto e maquinação. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Dado o seu bom desempenho recente, a METAVIL não necessitou de tomar medidas muito drásticas de redução dos custos laborais para evitar despedimentos. Houve, no entanto que tomar algumas medidas conjunturais de contenção de custos laborais para ajustar à quebra de encomendas do primeiro trimestre de 2009 e, sobretudo, para acomodar a maior instabilidade de actividade que se perspectiva neste período, como sejam: Política remuneratória mais restritiva, limitando os aumentos salariais a situações pontuais; Redução das horas totais trabalhadas, uma vez que, face à redução do volume de encomendas no início do ano, deixaram de recorrer a horas extraordinárias desde então. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 127 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A estratégia da METAVIL para fazer face à situação actual e garantir a sua competitividade passa por duas principais vertentes. Primeiro, pela procura activa de novos clientes. A empresa dispõe de uma base de dados de potenciais clientes que, mediante uma estratégia concertada pela gerência, são contactados para envio de alguma informação sobre a empresa e os seus produtos. Trata-se de uma aposta forte na prospecção de novos clientes, agora intensificada devido ao decréscimo no volume de encomendas. A empresa encontra-se apostada em novos mercados como o Brasil e o México, ainda relativamente pouco explorados por outras empresas concorrentes nacionais. Em segundo lugar, melhorar a eficiência produtiva. O novo projecto de investimento da METAVIL inclui, para além de novas instalações, a aquisição de novos equipamentos mais eficientes, permitindo assim aumentar a sua eficiência produtiva para além de também aumentar a capacidade produtiva da empresa. No entanto, apesar desta expansão levar à mudança de 2 para 3 turnos, o número de colaboradores vai manter-se praticamente inalterado estando prevista apenas a contratação de 1 ou dois colaboradores adicionais para reforço das áreas de projecto e maquinação. Esta estratégia de expansão visa sobretudo tornar a empresa mais especializada e eficiente naquele que é o actual portfolio de produtos da empresa. A empresa não prevê, no âmbito desta estratégia, desenvolver novos e distintos produtos. A aposta centra-se exclusivamente na procura de novos clientes para o portfolio de produtos actual, melhorando a eficiência com que esses produtos são produzidos e aumentando a capacidade produtiva. 128 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 129 MOLDE MATOS: Flexibilização do tempo de trabalho; Diversificação de mercados geográficos 1. Caracterização da empresa Designação Molde Matos, S.A. Localização Marinha Grande Web site http://www.moldematos.pt (em construção) Antiguidade 41 anos Actividade principal Fabricação de Molde para a indústria dos plásticos Número de trabalhadores 28 Trabalhadores com formação superior 3 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Família Matos Gestão da empresa Conselho de Administração constituído pelo sócio fundador e 3 filhos Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura em engenharia 2. Evolução recente da actividade da empresa Dedicada à produção de moldes metálicos para a indústria de plásticos, a Molde Matos é a mais antiga das quatro empresas da família Matos, operando as restantes em segmentos especializados do fabrico de plásticos técnicos, que vão desde os acessórios para canalizações em PVC (Plimat), às válvulas plásticas (Plimex), até aos termoplásticos técnicos por injecção (Matosplás). A Moldes Matos tem nas empresas do grupo os seus principais clientes, de onde se destaca a Plimat, empresa dedicada às peças em PVC para canalização e irrigação. Fora do grupo, os seus clientes são sobretudo empresas estrangeiras, nomeadamente Francesas e Belgas. 130 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A actividade da Molde Matos não foi grandemente afectada pela crise económica, para o que em larga medida contribui o facto de os seus principais clientes serem precisamente as restantes empresas do grupo. Estas, porque se dedicam a actividades muito diversas dentro do sector dos plásticos, não foram todas afectadas de igual forma pela actual conjuntura económica, pelo que no conjunto continuam a assegurar um fluxo de encomendas de moldes à Moldes Matos relativamente estável. No entanto, o número de trabalhadores da Molde Matos reduziu-se substancialmente nos últimos anos devido a uma reestruturação levada a cabo pela administração, em consequência de um grande projecto de investimento realizado em meados de 2001 cujos resultados ficaram muito aquém das expectativas. Em consequência, houve a necessidade de redimensionar a Molde Matos, adaptando-a às necessidades do grupo e do mercado, sendo que dos 120 colaboradores que então possuía conta agora com 28, tendo os restantes na sua maioria sido transferidos para outras empresas do grupo. No último ano o número de colaboradores manteve-se mais ou menos estável, devendo-se as pequenas oscilações a saídas voluntárias e reformas. No futuro próximo, a perspectiva da Administração é que o número de trabalhadores da Molde Matos não sofrerá oscilações significativas. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A Molde Matos, apesar de não ter sentido grande impacte da actual crise económica na sua actividade, tem vindo a adoptar algumas medidas simples, enquadradas na sua estratégia de gestão do grupo, com o objectivo de garantir a sua estabilidade e viabilidade. Assim, algumas das medidas conjunturais de contenção de custos laborais tomadas pela Molde Matos, no sentido de equacionar optimização do capital humano existente com controlo de custos de pessoal, foram: Adopção de uma política remuneratória mais contida, tendo-se aplicando em 2009 aumentos salariais apenas em casos pontuais; Flexibilização do tempo de trabalho, designadamente a compensação de horas extraordinárias, em períodos de pico de trabalho, com folgas em períodos de menos trabalho, em vez da habitual compensação monetária. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 131 A Molde Matos tem vindo a implementar outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais com o objectivo de manter o capital humano e simultaneamente os níveis de rentabilidade da empresa, designadamente: A reorganização interna da produção, numa aposta na optimização dos recursos humanos disponíveis, passando alguns trabalhadores a operar mais de uma máquina simultaneamente. Estas alterações permitiram aumentar a produtividade e manter os postos de trabalho da unidade de produção e foi, na sua generalidade, bem aceite pelos trabalhadores; A possibilidade de retomar a antecipação de períodos de férias para períodos de decréscimo significativo do volume de trabalho, já praticada no decorrer do ano de 2007. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Na empresa Molde Matos não se têm verificado, nem se perspectivam num futuro próximo, grandes investimentos em tecnologia, isto porque consideram que o nível tecnológico de que a empresa dispõe é suficiente para as necessidades da empresa e do grupo. No entanto, ao nível do grupo verifica-se uma grande aposta na vertente comercial, na procura contínua de novos clientes e novos mercados, designadamente na Europa, para os moldes, e África e ex-URSS, para os plásticos. A estratégia de marketing do grupo passa pela participação em diversas feiras nacionais e internacionais e pela visita directa a clientes. Esta estratégia temse revelado positiva, tendo o grupo entrado recentemente em novos mercados como Marrocos, Argélia e Angola. No sentido de manter a sua competitividade, a estratégia do grupo passa ainda por dois vectores: a qualidade dos seus produtos como uma mais-valia face à concorrência, designadamente de mercados em grande expansão como o da China; e o desenvolvimento de novos e variados produtos que se adaptem continuamente às necessidade do mercado. 132 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS MOLDOESTE 133 Flexibilização do horário de trabalho; Melhoria dos níveis de eficiência 1. Caracterização da empresa Designação MOLDOESTE – Indústria de Moldes Lda. Localização Zona Industrial da Marinha Grande Web site http://www.moldoeste.pt/ Antiguidade 21 anos Actividade principal Produção de moldes para a indústria de plásticos Número de trabalhadores 32 Trabalhadores com formação superior 4 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sociedade familiar (marido e esposa) Gestão da empresa A cargo do casal proprietário Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 - 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa A Moldoeste foi fundada em 1988, com sede na localidade de Trutas na Marinha Grande, e dedicava-se à produção de moldes para a indústria dos plásticos exclusivamente para clientes locais. Em 1997 a empresa foi adquirida por um dos seus funcionários, que é o actual proprietário da empresa. Um ano mais tarde a Moldoeste transfere-se para novas instalações na zona industrial da Marinha Grande e realiza avultados investimentos em tecnologia, o que lhe permite, a partir dessa altura, concretizar alguns negócios de exportação. Actualmente a Moldoeste dedica-se à produção de moldes de alta precisão de pequena e média dimensão para a indústria automóvel, e exporta 80% da sua produção. Para além da Moldoeste, o seu proprietário possui ainda outra empresa, a Moldoeste II – Indústria de Plásticos Lda., indústria que se dedica à injecção de plásticos, permitindo assim testar os moldes produzidos na Moldoeste e noutras empresas que requisitem estes serviços. A 134 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Moldoeste II dedica-se, para além da indústria automóvel, ao teste de moldes para plásticos destinados à indústria farmacêutica e de pequenos utensílios. O ano de 2008 foi, ao nível de volume de encomendas e facturação, um ano bastante positivo para a Moldoeste. No entanto, os resultados obtidos no primeiro semestre de 2009, face ao período homólogo do ano anterior, evidenciaram uma redução de aproximadamente 50%. Esta redução do volume de trabalho conduziu a empresa a algumas dificuldades de tesouraria que conduziram ao não pagamento à Segurança Social. Actualmente a empresa encontra-se a avaliar a sua situação financeira e a estudar hipóteses de solucionar os seus problemas sem haver necessidade de recorrer a despedimentos. Uma hipótese passa por implementar um plano extrajudicial de conciliação para pagamento faseado da dívida à Segurança Social. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A grande dependência da Moldoeste da indústria automóvel que, especialmente no início de 2009, atravessou uma grave crise, bem como a entrada da China na indústria dos moldes também para a indústria automóvel, levou a empresa a atravessar sérias dificuldades face à acentuada diminuição da procura dos seus produtos. Com o objectivo de evitar despedimentos, a Moldoeste implementou algumas medidas conjunturais de contenção de custos laborais, de entre as quais se destacam: Adopção de uma política remuneratória mais contida, tendo aplicado em 2009 aumentos salariais apenas em casos pontuais, seja em reajustes dos salários mais baixos ou por mérito do colaborador; A flexibilização do tempo de trabalho, designadamente a dispensa dos trabalhadores nos períodos de menos trabalho, posteriormente compensadas em períodos de maior trabalho, sem haver lugar a redução salarial. A Moldoeste implementou ainda outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais mas com o objectivo de manter os postos de trabalho, designadamente: A antecipação de períodos de férias para períodos de decréscimo significativo do volume de trabalho; Redução da subcontratação de serviços a empresas externas, de forma a manter níveis aceitáveis de ocupação da sua unidade industrial. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 135 A empresa encontra-se a avaliar a possibilidade de se reorganizar internamente, com o objectivo de optimizar os recursos humanos e equipamentos disponíveis, eventualmente passando alguns trabalhadores a operar mais de uma máquina simultaneamente. Nesse sentido, estão a desenvolver um trabalho exaustivo de caracterização da unidade produtiva e de quantificação dos custos, tendo para esse efeito contratado dois novos colaboradores das áreas financeira e de recursos humanos. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A estratégia da Moldoeste de reforço da sua competitividade centra-se na conquista de novos mercados e clientes e também no desenvolvimento de novos produtos, encontrando-se neste momento a desenvolver esforços no sentido de entrar no mercado da indústria aeronáutica. A aposta na procura de novos mercados passa pela participação em feiras e prospecção de novos clientes apresentando como mais-valia da empresa a qualidade dos seus produtos e o cumprimento de prazos. Na procura de novos mercados, a aposta da Moldoeste dirige-se sobretudo para os países recentemente integrados na União Europeia. Não obstante a conquista de novos clientes, a empresa está empenhada no trabalho que tem vindo a desenvolver no sentido de reduzir os custos operacionais e de melhorar a eficiência produtiva. Paralelamente, a resolução da dívida à Segurança Social assume grande relevância na medida em que só com esta situação solucionada poderão candidatar-se a apoios financeiros aos quais actualmente não têm acesso. 136 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS PLANIMOLDE 137 Redução de horas extraordinárias: Procura de novos clientes 1. Caracterização da empresa Designação PLANIMOLDE, S.A. Localização Pedrulheira - Marinha Grande Web site http://www.planimolde.pt Antiguidade 31 anos Actividade principal Produção de moldes para a indústria automóvel, eléctrica e utilidades domésticas Número de trabalhadores Escalão “10 a 49” Trabalhadores com formação superior 5 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Accionistas individuais e empresa/grupo de que faz parte (LN Moldes) Gestão da empresa Um dos accionistas individuais Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Escalão “5º a 9º ano” 2. Evolução recente da actividade da empresa A Planimolde é hoje uma fabricante de moldes fortemente vocacionada para a indústria automóvel, depois de um processo de reposicionamento de mercado e subida na cadeia de valor que lhe permitiu evoluir do fabrico de moldes para plásticos relativamente simples, como brinquedos e ménage, para moldes mais sofisticados e complexos como os moldes para plásticos da indústria automóvel. Actualmente, o sector automóvel representa cerca de 70% do volume de facturação da empresa, enquanto há 10 anos atrás a empresa não tinha qualquer cliente ligado ao sector automóvel. Esta alteração no padrão de especialização está também associada a uma alteração de mercados geográficos. Até há uma década atrás a Planimolde tinha nos EUA o seu principal 138 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS mercado geográfico, para onde exportava maioritariamente moldes para ménage e para brinquedos. Actualmente trabalha maioritariamente para clientes localizados em países da União Europeia, e ligados sobretudo às indústrias automóvel, eléctrica e doméstica. A Planimolde não passou imune à recente crise económica. A redução das encomendas, sobretudo da indústria automóvel, só não foi crítica porque a empresa respondeu à forte pressão para a diminuição dos preços por parte de vários clientes, sendo levada a aceitar encomendas com margens praticamente nulas, se não mesmo negativas: na dupla perspectiva de manter ocupada a capacidade produtiva e, sobretudo, não perder clientes para a concorrência. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A redução de encomendas, particularmente significativa por parte dos clientes ligados à indústria automóvel, forçou a que no último ano a Planimolde adoptasse algumas medidas de contenção de custos laborais, de onde se destacam: A redução do número de trabalhadores mas sem recurso a despedimentos, através da negociação de reformas antecipadas de trabalhadores afectos às áreas produtivas menos exigentes em termos de especialização técnica; A redução do tempo total de trabalho pela via da redução das horas extraordinárias, que neste período de crise praticamente não foram necessárias; O aproveitamento da medida de apoio estatal “apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado em 30 de Janeiro último, que prevê a redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos. No caso da Planimode foram abrangidos por esta medida 15 trabalhadores; Se a crise se prolongar, a Planimolde admite a possibilidade de recorrer à negociação de redução de salários, possivelmente ainda em 2009, porque a empresa tem vindo a pagar acima dos valores médios praticados pelas empresas concorrentes; A empresa admite ainda recorrer à figura do “banco de horas” prevista na actual legislação laboral. Porém, têm consciência que tal será de difícil implementação, pois, não estando ainda regulamentado pela Convenção Colectiva de Trabalho para o sector, a sua aplicação prática passa primeiro pela aceitação dos sindicatos. Até ao momento, a experiência de outras empresas do sector tem revelado falta de aceitação dos sindicatos. A Planimolde adoptou ainda outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais para fazer face a esta situação particularmente difícil, merecendo especial destaque: SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 139 A aceitação de encomendas com margens de lucro muito reduzidas visando não só manter ocupada a capacidade produtiva, mas principalmente, manter os laços de fidelização com os clientes; A manutenção da disponibilidade permanente para os seus clientes, pelo que a empresa continua a não fechar para férias. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Planimolde goza de uma imagem de empresa sólida e altamente competitiva. Desde há muito que faz assentar as suas vantagens competitivas em dois principais factores: elevada qualidade dos moldes produzidos e prazos de entrega curtos. A concorrência é, no entanto, bastante significativa, não só de fabricantes europeus mas hoje também e de forma crescente, de fabricantes asiáticos, nomeadamente da China. Pese embora estes fabricantes ainda concorram essencialmente pelo preço e em segmentos de menor qualidade, estão a subir na cadeia de valor a passos largos, contribuindo significativamente para o avolumar das incertezas a prazo, por um lado, e para o aumento da necessidade de procurar mercados alternativos, por outro. No sentido de antecipar as consequências de uma maior intensificação da concorrência, sobretudo no segmento dos moldes para a indústria automóvel, por parte de fabricantes asiáticos, a Planimolde tem vindo a desenvolver uma estratégia de reforço da sua competitividade que passa essencialmente por duas vias. Por um lado, reduzir a dependência em relação à indústria automóvel, diversificando a produção de moldes para outros sectores de complexidade e sofisticação pelo menos semelhante. Neste sentido, a empresa tem vido a desenvolver esforços para entrar em mercados como a indústria aeronáutica, tendo já estabelecido contactos com a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica). Outra das apostas passa, ainda, por participar regularmente em feiras internacionais, de modo a manter-se atenta a novos potenciais clientes e/ou segmentos de mercado. O segundo pilar desta estratégia assenta no reforço da capacidade interna de inovação e desenvolvimento de novos produtos. Para isso, a empresa tem desenvolvido diversas parcerias com Universidades, Escolas Superiores e Escolas Secundárias (p.e. Universidade do Minho, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Profissional e Artística da Marinha Grande, 140 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Escola Secundária Eng.º Acácio Calazans Duarte), mantendo também uma estreita colaboração com a Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL) e com o Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (CENTIMFE). Ainda neste âmbito, a empresa está atenta à abertura de candidaturas para apoio à inovação das empresas, nomeadamente ao abrigo do QREN. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS PLASDAN 141 Cortes na remuneração da administração; Plano de recuperação ancorado na capacidade de inovação e conhecimento do mercado 1. Caracterização da empresa Designação PLASDAN, S.A. Localização Trutas - Marinha Grande Web site http://www.plasdan.pt Antiguidade 20 anos Actividade principal Fabricação de sistemas de injecção e moldes para a indústria de plásticos Número de trabalhadores 7 Trabalhadores com formação superior 5 Número de Estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sociedade Anónima Gestão da empresa Accionista Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 e 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa A Plasdan dedicou-se inicialmente à comercialização de máquinas de injecção e equipamento associado, tendo mais tarde estendido a sua actividade para a engenharia de moldes e gestão de projectos. No seguimento de uma estratégia de alargamento do negócio dos moldes, a Plasdan adquiriu em 1996, a Inamol – indústria Nacional de Moldes, que posteriormente, em 2001, criou um departamento de desenvolvimento e construção de unidades de moldes em multi-injecção e mesas rotativas, tornando-se líder de mercado na área. Em 2001, o já Grupo Plasdan apostou na internacionalização investindo no Brasil, na Holanda e Alemanha. O projecto de expansão internacional acabou por se revelar desastroso para a 142 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS empresa, o que levou ao encerramento das três unidades no estrangeiro e à reconcentração da actividade produtiva em Portugal com um prejuízo acumulado de 5 milhões de euros. Apesar disso, o Grupo Plasdan continuou a apostar na inovação e desenvolvimento de novas tecnologias para a indústria de moldes e em 2004 desenvolveu, para além de outras tecnologias, uma versão combinada da sua unidade eléctrica de multi-injecção de moldes, permitindo aos seus clientes alterar a utilização vertical para horizontal e vice-versa em pouco tempo. Investiu também em novas instalações e maquinaria na empresa Inamol. O Grupo Plasdan estava nesta altura apto para produzir moldes de grande dimensão, principalmente para a indústria automóvel. A grande dependência da indústria automóvel (cerca de 50% da sua produção) onde as quebras de encomendas no último ano foram de cerca de 30%; o aumento substancial dos prazos médios de pagamento dos seus clientes; e os ainda não absorvidos prejuízos acumulados no investimento no exterior colocaram o Grupo Plasdan numa situação financeira difícil. Face a estas dificuldades a empresa Inamol deixou de ter capacidade de pagar à Segurança Social e posteriormente aos seus fornecedores. Em Setembro de 2008 os accionistas pediram insolvência da Inamol. Como consequência da insolvência da Inamol, a outra empresa do grupo, a Plasdan deixou de ter acesso a crédito bancário e, sobretudo, a garantias bancárias, essenciais ao assegurar de encomendas neste sector. Em consequência, a empresa Plasdan foi arrastada para uma situação financeira difícil, acumulando um prejuízo de 1,4 milhões de euros em 2008, o que a forçou a entrar num processo de insolvência com plano de recuperação já em 2009. Este plano está a ser desenvolvido pela Plasdan, para ser apresentado aos seus credores, e a estratégia passa pela entrada de novos accionistas para capitalização da empresa. Face às dificuldades apresentadas, e por se encontrar em processo de insolvência, embora com plano de recuperação, a empresa Plasdan viu-se obrigada a dispensar vários colaboradores, tendo reduzido de 16 para 7 colaboradores em 2009. Caso o plano de recuperação seja aprovado pelos credores, a empresa Plasdan prevê voltar aos 16 colaboradores ou até aumentar este número, tendo em conta os projectos que estão a ser pensados no plano de viabilização da empresa. Por se tratar de uma empresa de elevado nível tecnológico, todos os seus colaboradores são altamente especializados, possuindo todos eles, à excepção de um, formação superior. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 143 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise As dificuldades financeiras atrás descritas, que conduziram à situação de insolvência definitiva da Inamol, empresa do grupo, e à entrada em processo de insolvência com recuperação da própria Plasdan, não permitiram evitar alguns despedimentos. Contudo, algumas medidas de contenção de custos laborais foram tomadas no sentido de garantir os empregos dos restantes colaboradores, designadamente: A adopção de políticas remuneratórias mais restritivas, traduzida no congelamento do salário do seu administrador; Os colaboradores que se mantêm na empresa, considerado o mínimo essencial para manter a sua actividade até ver o seu plano de recuperação aprovado, vêem-se agora obrigados desempenhar todas as tarefas necessárias, desde o projecto até à maquinação. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A administração da empresa Plasdan acredita que as dificuldades actuais da empresa são fundamentalmente dificuldades financeiras. Na sua essência, a empresa é economicamente viável e tecnologicamente competitiva: dispõe de elevada capacidade tecnológica; de capital humano capaz de desenvolver produtos e soluções inovadores; de um vasto conhecimento das necessidades do mercado; de flexibilidade para se adaptar às exigências e necessidades dos seus clientes com rapidez; e de uma imagem consolidada de produtos de elevada qualidade. Por isso, a empresa Plasdan acredita no plano de recuperação e reestruturação que definiu e que espera ver aprovado. Do ponto de vista financeiro, como já se disse, o plano de recuperação da empresa passa pela capitalização da empresa, com a entrada de novos accionistas. Do ponto de vista da estratégia de negócio, o plano de recuperação e reestruturação da empresa prevê reforçar a viabilidade económica da empresa pela via da segmentação da sua actividade em três áreas distintas: máquinas para a indústria de moldes; moldes para a indústria de plásticos; e moldes para as indústrias de energias renováveis. Esta última constitui uma das grandes apostas da empresa. 144 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Na área de marketing, enquanto o processo de recuperação e reestruturação não é aprovado, a empresa Plasdan tem em prática uma estratégia de preservação da ligação aos principais clientes, a par de um esforço de pré-angariação de novos clientes, que passa sobretudo por apostar na visita directa a clientes, explicando o plano da empresa para os diferentes segmentos de mercado. Actualmente há perspectivas interessantes de novos negócios. Enquanto estratégia de imagem da empresa, o plano de reestruturação prevê manter a marca “Plasdan” por ser uma marca reconhecida a nível internacional pela qualidade dos seus produtos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS PROMOPLÁS 145 Flexibilidade de produção; Procura de novos clientes 1. Caracterização da empresa Designação Promoplás – Promoção e Transformação de matérias plásticas, Lda. Localização Zona Industrial - Marinha Grande Web site http://www.promoplas.pt/ Antiguidade 27 anos Actividade principal Plásticos domésticos e técnicos p/ electrodomésticos e iluminação Número de trabalhadores 26 Trabalhadores com formação superior 0 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Familiares – pai e 2 filhos Gestão da empresa Os sócios – pai e 2 filhos Idade do(s) gestor(es) 57, 32 e 29 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Antigo curso comercial; Licenciatura Gestão; Engenharia Gestão Industrial 2. Evolução recente da actividade da empresa A recente crise económica afectou negativamente actividade da Promoplás, empresa dedicada ao fabrico de plásticos para utilidades domésticas, iluminação e componentes de electrodomésticos, sobretudo entre final de 2008 e os primeiros meses de 2009. Apesar de alguma recuperação desde meados do ano, em Agosto a empresa tinha ainda cerca de 25% da sua capacidade produtiva não utilizada. Em final de 2008 a empresa estabeleceu um plano de contenção de custos onde o recurso ao despedimento não constava entre as medidas a implementar. 146 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A Promoplás entendeu esta crise como uma fase menos favorável, passível de ser invertida ou, pelos menos, minorada a curto/médio prazo se a empresa tomasse uma atitude proactiva. Para tal, a par com o plano de contenção de custos, a empresa definiu uma estratégia de captação de novos clientes e de acesso a novos mercados de produtos a por em prática nos primeiros meses de 2009. Esta estratégia assentou em duas linhas fundamentais. Primeiro, captar novos clientes que ajudassem a compensar a quebra de encomendas de dois dos seus principais clientes habituais. Fundamental para a captação de novos clientes foi a existência de um forte “cluster” no sector dos plásticos na Marinha Grande que é apoiado por uma forte tradição de parcerias e relações mais ou menos informais entre fabricantes, clientes, fornecedores e intermediários de negócios. Esta densa rede de contactos, troca de informações e parcerias foi fundamental à Promoplás nos seus esforços de obtenção de encomendas de clientes até então desconhecidos à empresa. A empresa definiu como segunda linha estratégica ajustar a capacidade produtiva disponível de forma a ser capaz de responder à previsível recuperação das encomendas provenientes de clientes habituais, perspectivada para os meses de Verão e seguintes. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O plano de contenção de custos da empresa passou necessariamente pela contenção de custos laborais, mas sem incluir despedimentos. As medidas de contenção de custos laborais envolveram: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento de salários, pela primeira vez em vários anos. Ainda assim, a empresa manteve inalterada a política de pagamento de bónus; A redução do tempo de trabalho, através da redução do número de horas extraordinárias trabalhadas ao fim de semana. Contudo, a empresa não teve necessidade de alterar o horário normal de funcionamento, mantendo a laboração contínua (24 horas), 5 dias por semana, em 3 turnos (2 turnos com 4 pessoas e 1 turno com 5 pessoas); A não substituição de dois trabalhadores que voluntariamente saíram da empresa (por reforma); A prática de flexibilidade funcional de alguns trabalhadores de modo a absorver as funções anteriormente exercidas pelas duas pessoas que saíram da empresa por reforma. Em particular, os mesmos trabalhadores estão agora afectos tanto às tarefas de serigrafia como de montagem, embalamento especial e armazenagem, trocando de SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 147 funções consoante as necessidades. Em todas as funções as tarefas são relativamente simples, não exigindo conhecimentos específicos, pelo que a transição entre funções é fácil e sem necessidade de formação prévia. A Promoplás implementou outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, visando igualmente fazer face à quebra de actividade e evitando os despedimentos. Entre elas destacam-se: A redução do recurso à subcontratação de produção a outras empresas; O gozo de férias durante o período de maior quebra de actividade compensado com o não encerramento da actividade durante o habitual período de Verão. No início do ano a empresa acordou com os funcionários o gozo das férias, de forma intercalada, durante o período entre Janeiro e Maio, altura em que a quebra das encomendas foi mais significativa. Habitualmente, a empresa encerra completamente a actividade durante 3 semanas no Verão, entre Julho e Agosto. Com esta estratégia, a empresa não só evitou ter trabalhadores desocupados como assegurou ter a sua capacidade produtiva disponível a 100% durante todo o ano, nomeadamente no Verão, altura em que perspectivava uma recuperação das encomendas de dois dos seus principais clientes. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Promoplás vê a manutenção de um quadro de colaboradores estável e com vínculo duradouro como uma mais-valia importante para manutenção e reforço de uma das suas principais vantagens competitivas: a flexibilidade de produção e fiabilidade no cumprimento de prazos de entrega. A empresa opera num sector onde a qualidade e sofisticação do produto é relativamente standard e o preço praticado é relativamente semelhante entre empresas concorrentes. Ser capaz de responder com rapidez e fiabilidade, assegurando uma qualidade standard e a um preço competitivo é, pois, um dos principais factores distintivos da Promoplás. Os prazos curtos associados a muitas das encomendas obrigam ao reajustamento da capacidade produtiva, por vezes de uma semana para a outra. Um quadro de pessoal estável e permanente (15 anos de antiguidade, em média), com o qual existe um bom relacionamento interpessoal, permite à Promoplás contar com a colaboração dos 148 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS empregados no esforço de ajustamento quase instantâneo da capacidade produtiva, sem pôr em causa a causa os níveis de qualidade exigidos. A manutenção de laços de confiança com os clientes, com fornecedores, bem como com empresas parceiras, é outra das vantagens competitivas da empresa. Os produtos são muitas vezes desenvolvidos através de um processo interactivo e em rede que envolve o cliente, o designer, o técnico de desenvolvimento de produto, o fabricante de moldes, o serigrafista, etc. Não raras vezes a empresa não possui internamente todas as competências necessárias. Conseguir que a rede de fornecimentos intermédios funcione eficientemente é, pois, crucial à satisfação do cliente. Esta é também outra importante vantagem competitiva da Promoplás a qual lhe permite enfrentar este período de crise com maior tranquilidade. A preocupação com a diversificação do leque de produtos fabricados, de modo a produzir produtos cuja procura é pró-ciclica e outros cuja procura é contra-cíclica, é outra estratégia competitiva que tem ajudado a empresa a enfrentar esta e outras fases de ciclo económico menos favorável. Por exemplo, os componentes plásticos para máquinas de café – um importante mercado para a Promoplás - são negativamente afectados num contexto de crise económica. Em compensação, as encomendas de plásticos para campanhas promocionais (de iogurtes, bolachas, gelatinas…) – outro importante mercado para a empresa - aumenta em períodos de crise. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SISTEC 149 Actualização e inovação permanentes 1. Caracterização da empresa Designação SISTEC - Tecnologia de Moldação de Plásticos, Lda. Localização Estrada Nacional 242 – Barreirinha, Martingança Web site n.d. Antiguidade 19 anos Actividade principal Teste de Moldes Número de trabalhadores 15 Trabalhadores com formação superior 1 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 4 pessoas individuais e uma empresa (Tecmolde) Gestão da empresa 1 dos sócios individuais Idade do(s) gestor(es) 53 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Escalão “10º a 12º ano” 2. Evolução recente da actividade da empresa Tendo em conta a especificidade da actividade desenvolvida pela Sistec (testar os moldes que outros produzem), é inevitável que sempre que o sector dos moldes defronta dificuldades, a actividade da empresa seja igualmente afectada. A Sistec apresenta uma situação menos desfavorável neste contexto, sobretudo quando comparada com outras empresas de testes de moldes da Marinha Grande, para o que em muito contribui o facto de ser uma empresa participada da Tecmolde, uma das maiores empresas portuguesas exportadoras de moldes, que se dedica fundamentalmente à intermediação – angariação de encomendas de moldes cuja produção subcontrata a fabricantes ou empresas de testes, entre as quais a sua participada Sistec. Este facto, aliado a um conjunto de medidas conjunturais e estruturais adoptadas recentemente pela empresa e que a seguir se explicam, permitiram à Sistec não só evitar despedimentos, como até aumentar o seu quadro de pessoal em um elemento nos últimos meses. 150 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Ainda assim, a actividade da Sistec tem sido significativamente afectada pelo presente ciclo económico desfavorável. Com efeito, desde 2008 que a Sistec tem vindo a verificar um crescimento do número de anulações e/ou adiamentos de trabalhos previamente programados, por vezes com apenas um dia de antecedência, o que torna muito complicada a programação da actividade da empresa, nomeadamente no que respeita à gestão de recursos humanos. Simultaneamente, a Sistec tem vindo a registar alguma redução no número de novas encomendas, apesar de ter aumentado o número de pedidos de orçamentos, complicando ainda mais a programação da actividade e da afectação de recursos humanos. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise As dificuldades de programação no curto e mesmo no muito curto prazo, decorrentes do elevado número de desistências e/ou adiamentos de encomendas firmadas a poucos dias da sua concretização, bem como do elevado número de pré-encomendas e pedidos de orçamento que acabam por não se concretizar, têm limitado a Sistec nas opções de políticas de ajustamento dos custos laborais à quebra de actividade. Assim, as medidas de contenção de custos laborais que a empresa pôs em prática neste período de crise, num esforço deliberado para evitar despedimentos, resumem-se a: Não aumento dos salários em 2009; Redução do tempo de trabalho pela via da eliminação do trabalho em horas extraordinárias. Até 2008 era prática frequente para assegurar o cumprimento dos prazos; Ajustamento dos períodos de férias dos trabalhadores aos momentos de quebra da actividade. A Sistec encara esta fase desfavorável do ciclo económico como transitória, pelo que opta por uma estratégia de redução das margens de lucro neste período de crise em alternativa ao recurso a medidas mais drásticas de redução dos custos com pessoal, como sejam a suspensão temporária da actividade ou mesmo de redução de pessoal. Os seus colaboradores são em grande parte altamente qualificados e especializados, pelo que difíceis de substituir sem incorrer em custos de formação e treino avultados e descontinuidades no normal funcionamento da empresa uma vez retomado o nível normal de actividade. O recurso a formas diversas de suspensão temporária da laboração foi também considerado pela empresa SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 151 como desadequada às circunstâncias actuais, vistas como conjunturais, pelo risco potencial que acarretam de perda de contacto com importantes clientes. Assim, a empresa adoptou recentemente algumas medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, visando minorar os impactes da quebra de actividade, mas sustentando os empregos, ainda que com implicações significativas na redução das margens de lucro. Entre estas merecem especial destaque, pelo impacte efectivo na actividade da empresa, as seguintes: Aceitar encomendas para pequenas produções, apesar dos elevados custos fixos associados que não são integralmente reflectidos no preço final ao cliente; Aceitação de trabalho com margens de lucro muito reduzidas, e por vezes até abaixo do custo. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Sendo a Sistec uma empresa especializada no teste de moldes, a sua competitividade está altamente dependente da capacidade de resposta às exigências, cada vez maiores e mais sofisticadas, das empresas a montante e a jusante na cadeia de produção de moldes. A preservação das suas vantagens competitivas está largamente dependente da sua actualização tecnológica, por um lado, mas também da sua capacidade em encontrar internamente soluções inovadoras que vão ao encontro das solicitações dos seus clientes. Para isso, a empresa tem ancorado a sua estratégia de negócio em três grandes pilares: Investimento permanente em modernização tecnológica, de que é exemplo o recente investimento em robotização, que lhe permite uma laboração mais automatizada capaz de assegurar prazos de execução mais curtos, bem como aceder a outros nichos de negócio Forte aposta em inovação interna. Como parte integrante desta estratégia, a empresa tem investido fortemente em formação, seja formação avançada, seja em pequenas acções de formação interna, visando preparar os seus colaboradores para darem respostas inovadoras, criativas e eficazes, capazes de responder às exigências dos seus clientes. Neste campo, sempre que possível a empresa tem privilegiado a formação on-job, pois considera que é a que produz melhores e mais rápidos resultados. 152 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Desenvolvimento do trabalho em estreita colaboração com os clientes, tanto clientes intermédios como clientes finais. A Sistec aposta na prestação de serviços de teste e melhoramento de moldes acompanhado de perto por representantes da empresa que os produziu, de quem os encomendou, bem como de intermediários no processo (se os houver). Esta estratégia não só cria laços de confiança entre a empresa e os seus clientes, como permite a prestação de um serviço de maior qualidade e num prazo de tempo mais curto, pois os eventuais ajustamentos são discutidos no próprio momento em que são detectadas as falhas e, sempre que possível, corrigidos imediatamente. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SOMEMA 153 Flexibilização do tempo de trabalho; Modernização tecnológica e organizativa 1. Caracterização da empresa Designação SOMEMA - Sociedade Metalúrgica Marinhense, Lda. Localização Guarda Nova – Marinha Grande Web site http://www.somema.pt Antiguidade 50 anos Actividade principal Fabrico de moldes para plásticos das indústrias automóvel, electrónica, eléctrica e de utilidades domésticas Número de trabalhadores 70 Trabalhadores com formação superior 15 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 3 sócios individuais Gestão da empresa Partilhada pelos 3 sócios, sendo um dos quais o responsável financeiro Idade do(s) gestor(es) - Escolaridade do(s) gestor(es) 2 dos sócios têm formação superior 2. Evolução recente da actividade da empresa A Somema é uma das mais antigas empresas de moldes da Marinha Grande tendo, desde há muito, orientado a sua actividade fundamentalmente para a concepção e produção de moldes para plásticos da indústria automóvel. Acessoriamente, desenvolve também moldes para plásticos da indústria electrónica, de electrodomésticos e de utilidades domésticas. A Somema exporta cerca de 95% da sua produção para empresas do sector automóvel, localizadas maioritariamente na Europa e marginalmente no continente americano. 154 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS No ano 2000, em resultado de um MBO (Management Buy Out), os actuais 3 sócios adquiriam a empresa aos anteriores 5 proprietários, dos quais eram empregados e familiares, tendo iniciado nessa altura um processo de modernização da empresa, que assentou, sobretudo, na substituição de máquinas antigas por outras mais eficientes e no reforço da formação. A actual crise teve efeitos muito significativos na actividade da Somema. Com efeito, em meados de 2009 a quebra no volume de negócios da empresa ultrapassava os 40% em relação ao período homólogo de 2008. Adicionalmente, a empresa, não espera qualquer retoma da actividade antes de meados de 2010. As dificuldades financeiras resultantes da quebra do volume de negócios, motivada pela quebra das encomendas do sector automóvel, principal cliente da Somema, têm vindo a ser agravadas pelo facto dos clientes da Somema estarem a atrasar pagamentos. A diminuição de actividade teve reflexos no quadro de pessoal, que entre meados de 2008 e meados de 2009 registou uma redução líquida de 10 pessoas, em resultado de reformas antecipadas e saídas voluntárias não integralmente substituídas. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar da forte redução da actividade durante este período de crise económica, a Somema tem mantido o princípio de não proceder a despedimentos. Houve, no entanto, necessidade de ajustar os custos laborais à redução da actividade. Para isso, a Somema tem vindo a implementar várias medidas de contenção de custos laborais, de onde merecem especial destaque: A adopção de um regime de flexibilidade do tempo de trabalho. Esta modalidade traduz-se em trabalhar mais horas por dia quando há maior volume de trabalho, a serem compensadas com folgas em períodos de menor actividade, em detrimento do pagamento de horas extraordinárias. A adopção desta prática, negociada com os trabalhadores há já algum tempo atrás e amplamente utilizada nesta fase de menor actividade, não foi totalmente pacífica, tendo conduzido, em 2008 e primeiro semestre de 2009, à reforma antecipada de 10 trabalhadores que não se mostraram disponíveis para aderir ao sistema; A não substituição, na mesma proporção, do pessoal que abandonou voluntariamente a empresa ou que se reformou; SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 155 O aproveitamento da uma medida de apoio estatal que prevê a redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos. Ao mesmo tempo, a Somema teve necessidade de implementar outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais visando igualmente a manutenção dos empregos sem pôr em risco a competitividade da empresa, de onde se destacam: Redução, quase por completo, do recurso à subcontratação de alguns projectos mais pequenos. Exceptuam-se os casos em que, devido a determinadas especificações técnicas, a empresa tem mesmo de recorrer à subcontratação; O ajustamento dos períodos de férias aos períodos de menor actividade da empresa, o que significou concentrar uma parte significativa das férias em períodos mais desfasados dos interesses dos trabalhadores. Ainda assim, houve relativo consenso na aceitação desta medida; O aproveitamento desta fase de menor produção para remodelar as instalações e fazer manutenções preventivas ao equipamento, sendo algumas destas tarefas realizadas pelos colaboradores da empresa, evitando assim ter pessoal desocupado nesta fase de menor actividade. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Somema, numa busca permanente de maior qualidade dos serviços prestados e de reforço da competitividade, nos últimos anos tem vindo a implementar uma estratégia de modernização da sua capacidade produtiva, a três níveis fundamentais. Por um lado, pela substituição dos equipamentos antigos por máquinas modernas, mais eficientes e com maior capacidade produtiva. Em segundo lugar, pelo reforço da formação do pessoal em novas áreas de competência, com vista à execução de projectos mais complexos. Em terceiro lugar, pela modernização das instalações fabris, que contam já com 44 anos, num processo de remodelação que se encontra actualmente em curso. Este esforço de modernização da empresa conta com o apoio do QREN. Em 2009 a empresa viu aprovado um projecto no âmbito do Sistema de Incentivos do Plano Operacional Factores de Competitividade. Trata-se de um projecto para obras e modernização de equipamentos, apoiado pelo SI Qualificação PME, que obteve um incentivo de mais de 11 mil euros, num projecto com quase 15 mil euros de investimento elegível. 156 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS O prazo de entrega, assim como a fiabilidade no seu cumprimento, é o segundo factor competitivo mais importante, a seguir ao binómio qualidade/preço, no segmento de mercado em que a Somema actua. Por isso, a empresa tem vindo a implementar medidas que lhe permitam assegurar prazos de execução mais curtos. Entre estas destacam-se, para além da modernização dos equipamentos, a adopção, sempre que tal se justifica, do trabalho em dois turnos. A qualidade do trabalho executado beneficia bastante de uma política de gestão que privilegia o desenvolvimento do produto em estreita colaboração com o cliente, desde a fase de concepção até à fase de teste do produto final. Para isso, a Somema dispõe de um gabinete de desenvolvimento de produtos, dotado de equipamentos sofisticados e de pessoal técnico altamente especializado, que lhe permite realização de protótipos, nomeadamente para a indústria automóvel. Neste sentido, a Somema tem apostado na contratação de jovens altamente qualificados também para esta área, alguns deles por recurso ao programa Inov-Jovem, que apoia a realização de estágios profissionais em PME de jovens com uma qualificação superior em áreas relevantes para a inovação e a gestão das empresas. Ainda ao nível da política de recursos humanos, a Somema tem vindo a implementar medidas que contribuam para ter um quadro de pessoal mais motivado. Assim, desde há cerca de 5 anos que deixaram de fazer aumentos com base numa percentagem igual para todos. As actualizações salariais são vistas caso a caso, em função do mérito/produtividade do trabalhador. Cumulativamente, a Somema premeia os seus colaboradores em função do cumprimento de objectivos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS TECMOLDE 157 Controle de custos operacionais; Fidelização de clientes e fornecedores pela prestação de serviços técnicos especializados 1. Caracterização da empresa Designação TECMOLDE - Centro Técnico de Moldes para Plásticos, Lda. Localização Marinha Grande Web site http://www.tecmolde.com Antiguidade 41 anos Actividade principal Fabrico de Moldes Número de trabalhadores 40 Trabalhadores com formação superior 4 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 2 sócios individuais Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) 64 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Antigo Curso Industrial 2. Evolução recente da actividade da empresa A Tecmolde é uma empresa especializada na concepção, engenharia e gestão de projectos de moldes para plásticos, operando como o interface entre o cliente final e uma vasta rede de fabricantes de moldes nacionais com os quais trabalha em regime de parceria e/ou acordos de produção conjunta. Acessoriamente, a Tecmolde fabrica também alguns dos moldes por si concebidos. Tendo iniciado a sua actividade como mero intermediário de negócios entre clientes estrangeiros e as pequenas unidades de produção de moldes da região, com o decorrer dos anos a Tecmolde criou também competências internas ao nível da concepção e engenharia dos moldes produzidos na sua rede de fornecedores. Actualmente, a empresa projecta mais de 500 moldes 158 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS para plásticos por ano, integralmente destinados à exportação e para indústrias de elevada exigência e complexidade técnica: mais de 50% destinam-se ao sector automóvel; 30% ao sector das embalagens plásticas, e cerca de 20% para peças técnicas sobretudo das indústrias eléctrica e electrónica. Em termos geográficos, a Tecmolde trabalha fundamentalmente com clientes localizados na Europa, Estados Unidos da América, Rússia e Médio Oriente. A Tecmolde conta já com um histórico de cerca de 12 mil moldes, sendo (de acordo com dados da própria empresa) a oitava maior empresa do Distrito de Leiria em volume de exportações. Em 10 anos, a empresa exportou cerca de 200 milhões de euros. Só no primeiro semestre de 2009 deu orçamentos no valor de 98 milhões de euros. A presente crise económica teve, pois, impactes mínimos na actividade da Tecmolde, para o que em muito contribuiu a elevada diversificação da actividade, tanto em termos de mercado de produtos como de mercados geográficos. Em consequência, o seu quadro de recursos humanos, essencialmente constituído por técnicos altamente especializados, não sofreu qualquer alteração por efeito da presente crise económica. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Pelo facto de grande parte da actividade de fabrico de moldes ser desenvolvida em empresas parceiras e, sobretudo, porque não registou quebras significativas de encomendas de projectos de moldes, apesar da actual crise, a Tecmolde não viu necessidade de ponderar a implementação de qualquer medida de contenção de custos laborais para evitar ou minimizar a dispensa de pessoal, e muito menos dispensar qualquer colaborador. Porém, a Tecmolde tem vindo a implementar outras medidas conjunturais de contenção de custos nomeadamente custos operacionais, visando preservar a capacidade de resiliência da empresa à actual conjuntura económica desfavorável. Dentre estas, merecem especial destaque: A renegociação com o operador de telecomunicações dos contratos de fornecimento de serviços, de forma a ajustar os mesmos às reais e actuais necessidades da empresa e a conseguir obter tarifários mais vantajosos para a empresa; A implementação de medidas de contenção dos custos com deslocações, tanto internas (p.e., conciliar deslocações automóveis de modo a reduzir o número de viaturas na rua e quilómetros percorridos), como internacionais (p.e. privilegiar viagens em classe turística em vez de executiva e, sempre que possível, em companhias low cost); SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 159 Uma maior preocupação em conciliar os momentos de cobrança dos clientes de fora da zona euro com momentos de cotação cambial mais favorável. Tendo sido sempre uma preocupação, esta área merece agora especial atenção num contexto de valorização do euro sobretudo em relação ao dólar norte-americano, outra importante moeda de transacção comercial para a Tecmolde; Alguma redução das margens brutas e encurtamento de prazos, de modo a manter a fidelização dos clientes numa altura em que, dadas as dificuldades económicas, muitos concorrentes estão a usar estes e outros mecanismos para captarem novos negócios. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Tecmolde é hoje uma empresa com uma sólida implantação em segmentos altamente sofisticados e tecnologicamente exigentes da indústria dos moldes para plásticos. Esta performance é resultado, por um lado, da capacidade da empresa em potenciar vantagens competitivas de longa data. De facto, a Tecmolde tem desde há muito uma vasta experiência e conhecimento dos mercados externos e uma vasta carteira de clientes. Contudo, a empresa foi capaz evoluir de mero intermediário de negócios entre clientes estrangeiros e fabricante nacionais, para parceiro de negócio de alta incorporação de valor acrescentado, ao desenvolver capacidades próprias de concepção, desenvolvimento, engenharia e gestão de projectos de moldes. Ao mesmo tempo, a Tecmolde consolidou uma rede de 60 parceiros, fabricantes de moldes qualificados, com os quais trabalha em estreita colaboração e aos quais presta um conjunto de serviços técnicos - gestão de produção, centro técnico de ensaios, validação e verificação da qualidade – que garante altos padrões de qualidade e fiabilidade dos moldes fabricados. Os benefícios desta parceria falam por si: os clientes finais da Tecmolde têm acesso a preços mais competitivos, a prazos de entrega mais reduzidos e a uma estrutura qualificada de fornecedores de moldes através de um único contacto. Por sua vez, os fabricantes de moldes não só têm acesso a clientes a que dificilmente acederiam por meios próprios, como também estão à altura de produzir moldes com padrões de qualidade e exigência tecnológica acima do que potencialmente conseguiriam fora desta parceria. Apesar de ser interlocutor único, acompanhando os clientes do primeiro ao último momento do contrato, a Tecmolde opera com total transparência, sendo do conhecimento dos seus clientes quais as empresas que são envolvidas na produção dos moldes. Esta política de total 160 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS transparência tem sido bem sucedida. A Tecmolde orgulha-se de nunca ter perdido um cliente, fruto da excelente assistência técnica prestada aos clientes e do relacionamento saudável que mantém com os fabricantes de moldes. Mas, a Tecmolde tem sido igualmente capaz de desenvolver novas vantagens competitivas adequadas às novas realidades. Com efeito, não obstante trabalhar em rede com mais de 60 fornecedores de moldes qualificados e independentes, entendeu ser uma vantagem competitiva para a empresa, dispor de uma unidade de produção própria (Sedlom), onde podem, por exemplo, construir moldes com maior grau de confidencialidade. Da mesma forma, a empresa percebeu que era estratégico dispor de um centro técnico de diagnóstico e ensaios próprio (Sistec) em detrimento de confiar esta fase do processo a entidades externas, ou não fosse esta uma das fases mais sensíveis na validação de moldes. A Tecmolde dispõe ainda de um laboratório de metrologia (Tecnomolde), onde todas as amostras plásticos produzidas pelos seus moldes são submetidas a criteriosos processos de controlo de qualidade. A pesquisa de novos mercados, como forma de renovar vantagens competitivas, é outra estratégia da Tecmolde. Neste sentido, a empresa tem vindo a desenvolver esforços para entrar em mercados geográficos relativamente menos saturados e menos procurados pela concorrência mas com potencial, como sejam Israel, Perú ou Arábia Saudita. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS TJ MOLDES 161 Redução do tempo de trabalho; Criação do banco de horas 1. Caracterização da empresa Designação TJ Moldes Localização Embra – Marinha Grande Web site http://www.tj-moldes.pt/ Antiguidade 24 anos Actividade principal Fabricação de moldes para a indústria de plásticos Número de trabalhadores 139 (TJ Moldes - 37; TJ Aços – 49; ITL – 44; RTJ – 9) Trabalhadores com formação superior ≈10 Número de estabelecimentos 4 Sócios / Accionistas Sociedade Anónima constituída por 6 sócios Gestão da empresa Sócios Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Entre 10º e 12º ano 2. Evolução recente da actividade da empresa A TJ Moldes foi fundada há 24 anos por seis sócios dedicando-se, à data, à fabricação de moldes de diversos tipos e dimensões para a indústria dos plásticos. Com a evolução do negócio, a empresa sentiu a necessidade de especializar o fabrico dos moldes por peso e especificidades. Nesse sentido foram criadas várias unidades de produção independentes em função da dimensão dos moldes de forma a permitir uma optimização do seu funcionamento e dos custos associados, reorganizando-se a actividade do grupo assim formado da seguinte forma: TJ Moldes – criada em 1985, dedica-se à fabricação de moldes de pequena dimensão e concentra toda a área comercial do grupo por se tratar do nome mais conhecido pelo mercado; TJ Aços – criada em 1991, dedica-se à fabricação de moldes de média dimensão; ITJ – criada em 1997, dedica-se à fabricação de moldes de grande dimensão; 162 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS O grupo dispõe ainda de uma unidade de injecção de plásticos, a RTJ Plásticos, criada em 1991 com o objectivo de testar os moldes das unidades anteriores. O grupo TJ Moldes tem continuamente adaptado a sua estratégia às condicionantes externas de forma a garantir a viabilidade das suas empresas. Após a adesão de Portugal à CEE, a empresa apostou fortemente no mercado europeu e particularmente na indústria automóvel. Esta orientação permitiu um desenvolvimento sustentável e altamente favorável da empresa. Em 1992 verificou-se uma grave crise na indústria dos moldes na Europa e o grupo decidiu reorientar-se para o Brasil, tendo o negócio sido muito vantajoso durante cerca de 6/7 anos. No entanto, as altas tarifas aduaneiras sobre os produtos importados e a acentuada desvalorização da moeda deste país levaram a que a exportação para o Brasil deixasse de ser atractiva, reorientando-se os negócios novamente para a Europa. O ano de 2008 foi um ano positivo para o grupo ao nível das encomendas e as perspectivas para 2009 eram positivas. Nesse sentido, a empresa desenvolveu um plano de investimento de 2,5 milhões de euros em nova tecnologia de forma a atingir maiores níveis de eficiência. Como resultado da crise económica mundial e em particular das dificuldades do sector automóvel, no primeiro semestre de 2009 a empresa acabou por apresentar uma redução de 30% no volume de encomendas. No entanto, o início do segundo semestre já revelou sinais animadores, com o volume de encomendas a aumentar em resultado de algum optimismo dos seus clientes. Em Agosto a empresa já apresentava uma taxa de ocupação de 100%. No decorrer do último ano não houve a necessidade de contratar e/ou dispensar colaboradores no grupo, e prevêem que assim se mantenha para o próximo ano. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Sendo objectivo prioritário evitar despedimentos e perante a forte quebra de encomendas na primeira metade de 2009, o grupo TJ Moldes implementou algumas medidas conjunturais de contenção de custos laborais, de entre as quais se destacam: Alteração da política remuneratória, traduzida num prémio suplementar atribuído no final de 2008 e visando substituir o aumento salarial de 2009, com o objectivo de não aumentar os custos fixos; Redução do tempo de trabalho, designadamente a redução dos turnos de 8 horas com direito a subsídio de turno de 15% para turnos de 7 horas de trabalho sem direito ao SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 163 respectivo subsídio. Esta medida foi no entanto temporária, estando já restabelecidos os turnos de 8 horas de duração; Redução do número de horas extraordinárias como resultado do decréscimo de trabalho; Criação de um banco de horas, em que alguns colaboradores foram enviados para casa em períodos máximos de uma semana mantendo a totalidade do salário, sendo essas horas compensadas no prazo máximo de 6 meses. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa O Grupo TJ Moldes apresenta uma capacidade instalada que dificilmente será absorvida por outra indústria que não a automóvel pelo que é sua pretensão continuar neste ramo, complementando a sua actividade com a indústria eléctrica e electrónica. A aposta do grupo no reforço da sua competitividade centra-se no aumento da sua carteira de clientes mediante a participação anual na principal feira mundial do sector e na prospecção de novos clientes por visita directa. As mais-valias do Grupo TJ Moldes são a sua capacidade de produzir moldes de tamanhos muito variados e para funcionalidades muito distintas (poucas empresas no mundo a possuem), aliada à capacidade técnica, para além de uma grande flexibilidade, disponibilidade e know-how dos seus recursos humanos. Apesar das dificuldades do primeiro semestre de 2009, a empresa possui alguma estabilidade financeira que lhe permite ter uma boa capacidade de negociação com os seus fornecedores, garantir o pagamento pontual aos seus colaboradores e evitar despedimentos em situações de maior dificuldade. 164 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS AFARI 165 Práticas laborais flexíveis; Diversificação de produtos 1. Caracterização da empresa Designação Afari, Lda. Localização Loja de rua – Rua Augusta, Baixa Pombalina, Lisboa Web site www.afari-portugal.com Antiguidade 75 anos Actividade principal Comércio e serviços de fotografia, cinema e vídeo Número de trabalhadores 8 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 2 proprietários – pai e filha Gestão da empresa 2 proprietários Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” e escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa Fundada em 1939, a Afari operou sempre no campo da comercialização de material fotográfico e prestação de serviços de fotografia. Mais tarde, em 1982, quando comprada pelos actuais proprietários, estes relançaram a loja, dando um maior destaque ao vídeo e cinema, mas sempre com a fotografia como cartão-de-visita da loja. Tendo em conta que o tipo de produtos e serviços que a Afari oferece são bens dispensáveis, em tempo de quebra do poder de compra das famílias portuguesas a empresa vem-se debatendo com especiais dificuldades. Embora nos últimos anos o volume de negócios da Afari venha seguindo a tendência decrescente que tem caracterizado grande parte do comércio tradicional da Baixa Pombalina, cujas vendas estão positivamente associadas ao volume de tráfego de pessoas na zona, a recente crise económica foi responsável por uma redução mais significativa das vendas em 2008 e 2009 que em anos anteriores. 166 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar dos efeitos negativos da presente crise económica nas vendas, as medidas de ajustamento à crise que a Afari tem implementado não passam, ainda, pela redução do seu quadro de recursos humanos, que se mantém estável há já vários anos. Obrigaram, no entanto à adopção de algumas medidas de contenção de custos laborais, que não despedimentos, que se traduzem em: Pagamento desfasado das comissões em relação à altura em que são devidas. Uma parte do salário base dos colaboradores da Afari corresponde a comissões sobre as vendas. Porém, a quebra das receitas tem obrigado a empresa a ajustar as datas de pagamento destas comissões fazendo-as coincidir com os períodos do mês de maior entrada de fluxos de caixa; Aproveitamento da medida de apoio estatal “apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado a 30 de Janeiro último, que prevê a redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos, o que abrange 1 trabalhador. Paralelamente, a Afari, num esforço de minimização dos impactes da crise nas vendas, adoptou outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, entre as quais se destacam: Uma maior adesão a campanhas e descontos neste período, sendo que os descontos agora praticados atingem valores muito acima dos anteriormente praticados; Uma diversificação da oferta de produtos e serviços tendo em vista atingir o segmento de mercado dos turistas, hoje uma parte importante da pessoas que circulam pela Baixa e frequentam as suas lojas. A Afari atenta às necessidades deste segmento de mercado, decidiu incluir no seu leque de produtos: óculos de sol; pequenos objectos de cortiça destinados a presentes com imagens turísticas estampadas; e a possibilidade de impressão de fotos em novos materiais, como por exemplo bases de cortiça; Uma aposta nas vendas online, sendo que até ao final do ano esperam ter esta modalidade disponível no seu site. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 167 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A capacidade da resistência da Afari perante as adversidades com que o comércio tradicional, em particular o da Baixa Pombalina, se tem debatido nos últimos anos, provém essencialmente das mudanças que a empresa foi adoptando no sentido de se ajustar às exigências das circunstâncias de cada momento e de que são exemplos: O alargamento do horário de funcionamento até às 20 horas nos meses de Abril a Outubro, época em que é maior o fluxo de turistas na Baixa Lisboeta; A criação de campanhas promocionais especiais em épocas em que as pessoas são naturalmente mais propensas à compra, como o início do ano escolar e o Natal, oferecendo um leque de serviços e produtos que nestas épocas são mais procurados a preços mais atractivos como molduras, álbuns, composições fotográficas em tela, tshirts com fotos estampadas, ou ainda bolsas, pastas ou estojos personalizados, por exemplo; A introdução, há alguns anos atrás, da possibilidade de vendas a crédito, em particular nos equipamentos fotográficos de maior valor, visando uma maior satisfação e fidelização do cliente; Remodelação frequente da decoração e layout da loja, de forma a dinamizar o espaço e dar visibilidade alternada aos produtos e serviços mais apelativos em cada momento. Apesar da remodelação do exterior da loja ser igualmente desejável e necessária, e as diligências da Afari nesse sentido tenham sido várias, dificuldades burocráticas de âmbito Camarário têm dificultado a concretização do projecto; O forte espírito de equipa entre os colaboradores da Afari tem-se revelado um importante pilar na manutenção do negócio. Este espírito de equipa e de inter-ajuda tem permitido uma política de flexibilização laboral que é positiva tanto para a empresa como para os próprios empregados. Por exemplo, sucede com frequência troca de turnos entre colegas, ou um colega fazer horas a mais por outro que posteriormente o compensará. Para que estas situações sejam possíveis, todos os empregados estão devidamente preparados para manusear todos os equipamentos e assumir as tarefas dos restantes colegas. Apesar desta flexibilidade, sazonalmente, no Verão, época de maior concentração das férias dos empregados e, simultaneamente, um dos períodos de pico de vendas, a Afari tem por política contratar um funcionário com contrato a prazo de 3 meses. A formação recebida constantemente por parte dos fornecedores acerca dos materiais comercializados, tem-se revelado um factor relevante para que a Afari continue a conseguir prestar um serviço de excelência e um atendimento personalizado. 168 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS AGACRI COUTURE 169 Racionalização na gestão de stocks; Reforço da quota de mercado 1. Caracterização da empresa Designação Agacri Couture Localização Lojas de Rua em Lisboa (Praça do Chile) e Vila Franca de Xira Web site n.d. Antiguidade 35 anos Actividade principal Comércio de moda, nomeadamente confecção de vestuário para festas como vestidos de noiva, baptizados, comunhões e toilettes Número de trabalhadores 11 Número de Estabelecimentos 3 Sócios / Accionistas Proprietária e irmão Gestão da empresa Proprietária Idade do(s) gestor(es) Escalão “ de 30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa A Agacri Couture é uma loja de comércio de rua, situada na Praça do Chile, que se dedica ao comércio de moda, nomeadamente de vestuário para festas, como vestidos de noiva, toilettes, baptizados e comunhões. Posicionando-se num nicho de mercado muito específico, esta é essencialmente uma loja de destino. Os clientes da Agacri Couture deslocam-se à loja com o propósito de adquirirem o produto que procuram, maioritariamente vestidos de noiva. A sua actividade está, por isso, fortemente dependente do ritmo de eventos como casamentos, baptizados e festas de alguma dimensão. Sendo um facto que em épocas de crise o número deste tipo de eventos tende a diminuir, também é verdade que nestas ocasiões as pessoas manifestam maior propensão para gastar. 170 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS É neste sentido que a presente crise económica se reflecte na actividade da Agacri Couture. Não de forma especialmente significativa, mas ainda assim visível. Se há 5 anos atrás as pessoas não hesitavam em despender verbas avultadas numa ocasião festiva como um casamento, actualmente são bastante mais moderadas. Além disso, são vários os casos de adiamento de datas de casamento, por falta de dinheiro ou na esperança de uma maior estabilidade financeira. Em consequência, e apesar de nos últimos 5 anos se ter registado um ligeiro decréscimo nas vendas, este último ano revelou uma quebra maior que a habitual, mas ainda assim não especialmente significativa. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O pouco impacte que a presente crise económica tem tido na actividade da Agacri Couture, em larga medida decorrente do facto das suas vendas estarem fortemente associadas a ocasiões festivas em que as pessoas tendem a gastar dinheiro com mais facilidade, tem permito à Agacri Couture enfrentar a presente crise económica sem recorrer a significativas medidas de contenção de custos laborais. Inclusivamente, o habitual aumento anual manteve-se em 2009 e, embora recentemente tenha ocorrido a saída voluntária de um empregado, este foi prontamente substituído. Portanto, as poucas medidas adoptadas traduziram-se em: Suspensão do plano de novas contratações, que previa o aumento de quadro de pessoal em mais 2 empregados. Contudo, o plano não foi de todo abandonado; Aproveitamento da medida de apoio estatal “apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado a 30 de Janeiro de 2009, que contempla a redução de 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos, o que abrange 8 dos 11 funcionários da empresa. Sempre com o objectivo de contornar qualquer impacte de maior relevância que possa advir da actual conjuntura económica, a Agacri Couture adoptou recentemente algumas medidas conjunturais, que não de contenção de custos não laborais, tais como: Uma gestão mais controlada dos stocks. Anteriormente poderiam existir vários números do mesmo modelo prontos a entregar. Hoje existem em stock poucas unidades do mesmo modelo, com o principal intuito de servirem de mostruário, privilegiando-se o princípio de “vender primeiro e encomendar depois”; Num esforço para minorar o impacte desta política no prazo de entrega ao cliente, a Agacri Couture tem procurado não só negociar prazos de entrega mais curtos com fornecedores habituais, como também diversificar o seu leque de fornecedores para SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 171 minimizar o risco de incumprimento. Acautelar o risco de incumprimento é especialmente relevante nesta época em que vários dos fornecedores nacionais habituais se encontram em situação económica difícil. Por isso, a estratégia de diversificação de fornecedores tem passado sobretudo pela busca de fornecedores estrangeiros; A oferta de vários serviços adicionais, como convites, um presente aos noivos, ou arranjos. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Até hoje a actividade da Agacri Couture tem dependido largamente de um tipo de evento festivo – casamentos. No entanto, tendências estruturais como o envelhecimento populacional e alterações culturais com implicações no conceito tradicional de casamento estão na base de uma expectável redução estrutural deste tipo de eventos. Esta mudança estrutural é já visível. Actualmente realizam-se menos cerca de 20.000 casamentos por ano que há 5 anos atrás, quebra que, pela sua magnitude, não é de todo integralmente explicada pela conjuntura económica menos favorável dos últimos tempos. Consciente da alteração estrutural em curso e do impacte potencialmente desastroso na sua actividade se nada for feito, a Agacri Couture tem vindo implementar um conjunto de medidas estruturais que visam sobretudo reforçar e consolidar a sua posição no mercado do vestuário para casamentos a longo prazo, e não tanto diversificar a actividade para outros nichos de mercado. Entre estas estratégias estruturais de consolidação da e reforço da posição no seu mercado habitual destacam-se: A adopção de um conceito de “consultor da noiva”, o que passa não só pela prestação de um atendimento mais personalizado, mas também mais extensivo, acompanhando e auxiliando a noiva desde o início do processo da compra até à data do casamento, em tudo o que respeita o vestuário e acessórios. A empresa acredita que uma noiva bem atendida é a melhor estratégia de marketing e promoção neste ramo; O reforço do serviço de assistência em casa, actualmente praticado de forma mais ou menos pontual, pois a necessidade de arranjos de costura podem surgir quando o vestido já saiu da loja. Esta medida, complementada com a criação de um serviço de entrega em casa, visa reforçar a estratégia de acompanhamento personalizado antes, durante e após a compra, até à data do casamento; 172 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS O lançamento da possibilidade de pagamento fraccionado, à medida que se vão realizando as provas do vestido, terminando o pagamento com a saída da peça da loja; Uma maior aposta em publicidade e promoção da imagem da loja. Actualmente a Agacri Couture tem publicidade em 3 revistas da especialidade, uma das quais em Luanda. É também presença habitual em feiras de Noivados e Casamentos; investe regularmente na publicação de catálogos; mantém o site em constante actualização; e todos os anos tenta renovar a sua imagem, mantendo contudo a “traça” original que distingue a marca. Para 2010 pretende reforçar esta estratégia de promoção com um investimento em publicidade radiofónica; Reforço da estratégia de formação do pessoal, não apenas no atendimento, mas também nas técnicas de vitrinismo e de costura; Paralelamente a estas medidas de reforço da qualidade do serviço e como parte integrante da estratégia de reforço da quota de mercado, a Agacri Couture pondera a abertura de um novo espaço, também em Lisboa. Contudo, a concretização deste investimento já em 2010 está dependente da evolução da conjuntura económica. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS ARISPA 173 Redução dos encargos salariais com os sócios; Aconselhamento especializado para fidelizar clientes 1. Caracterização da empresa Designação Arispa Localização Lojas de rua: Marquês de Pombal (Rodrigo da Fonseca) Web site n.d. Antiguidade 1984 Actividade principal Comercio de artigos eléctricos ferragens e ferramentas. Aluguer de equipamentos Número de trabalhadores 2 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Pais e filhos Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos ” Escolaridade do(s) gestor(es) Escalão “10º a 12º ano” 2. Evolução recente da actividade da empresa A Arispa é uma loja de comércio de rua Lisboeta, situada no coração da cidade, entre o Marquês de Pombal e as Amoreiras, que se dedica à venda de artigos eléctricos, ferragens, ferramentas e ao aluguer de equipamentos para a construção civil. A Arispa posicionou-se, desde sempre, como um estabelecimento generalista do sector de materiais eléctricos, ferragens e ferramentas, servindo não só o segmento de consumidores finais mas também o segmento profissional. O segmento de consumo final foi aquele que sofreu mais cedo o efeito da concorrência pelo preço, por parte das grandes superfícies, com o início da era dos hipermercados. Anos depois, o 174 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS mesmo veio a acontecer com o segmento profissional, com o surgimento das grandes superfícies especializadas em materiais de construção e remodelação. Esta mudança estrutural no mercado da distribuição de materiais eléctricos, ferragens e ferramentas teve consequências significativas na actividade da Arispa. Em tempos uma loja de referência no local, que chegou a contar com 4 colaboradores, é hoje uma empresa que se depara com bastantes dificuldades. A redução da actividade tem sido uma constante desde 2004. A presente crise económica veio apenas agravar esta tendência, traduzindo-se numa redução das vendas na ordem dos 10% entre 2008 e 2009, uma quebra mais significativa que a quebra média anual registada nos últimos anos. A empresa tem respondido à quebra estrutural das vendas com uma redução sucessiva da dimensão. Dos 4 colaboradores da empresa, existem hoje apenas 2. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A sucessiva quebra de actividade ao longo dos últimos anos levou a Arispa a optar por uma política de ajustamento sucessivo que tem combinado despedimentos, redução de custos laborais, e aumento da flexibilidade dos recursos humanos que continuam. Entre as medidas de contenção de custos laborais que a empresa tem vindo a adoptar para fazer face à quebra de actividade destacam-se: Redução dos encargos laborais da empresa, pela via da redução do salário do gerente e reforma de um dos sócios, apesar de continuar a colaborar na empresa; A reafectação funcional, a tempo parcial, da funcionária administrativa que acumula agora com funções de atendimento ao balcão, dada a redução do serviço de escritório; O recurso ao regime de suspensão temporária do trabalho (vulgo lay-off) ao abrigo do previsto no código laboral, contemplando a redução de 50% no horário de trabalho e nos salários dos seus colaboradores. Esta medida, iniciada em Setembro de 2009 e com uma duração de 6 meses, é encarada pela empresa como um derradeiro esforço no intuito de preservar o vínculo dos actuais colaboradores à empresa. Paralelamente, a Arispa tem adoptado outras medidas conjunturais que não de contenção de custos laborais, visando minimizar as dificuldades desde há muito sentidas e agravadas com a actual crise económica. Entre elas destacam-se: SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 175 A empresa deixou de fazer qualquer tipo de acções promocionais ou publicitárias, de que é exemplo o fim da promoção nas páginas amarelas; Sendo o negócio de aluguer de equipamentos relativamente marginal na sua actividade, a empresa tem vindo a aliená-los como forma de se capitalizar. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A distribuição de materiais eléctricos, ferragens e materiais de construção de grande consumo sofreu mudanças estruturais profundas nos últimos anos. Para combater a concorrência pelo preço das grandes superfícies, genéricas e mais especializadas, a Arispa tem apostado naquilo em que estas são mais frágeis: produtos de maior qualidade, atendimento personalizado e aconselhamento especializado. Esta combinação tem permitido a sobrevivência da empresa, embora não esteja a ser suficiente para garantir a sua rentabilidade e sustentabilidade a prazo. No segmento de mercado de material eléctrico, ferragens e ferramentas de grande consumo, os produtos tendem a ser relativamente estandardizados, pelo que o aconselhamento técnico e atendimento personalizados, sendo factores importantes, não são suficientemente valorizados pelo cliente em geral a ponto de compensar a desvantagem de preço face às grandes superfícies. A sobrevivência sustentada da empresa impõe, por isso, mudanças estratégicas profundas e, particularmente, o repensar do segmento de mercado em que o “saber-fazer” acumulado da empresa melhor pode ser rentabilizado. 176 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS CASA MACÁRIO 177 Segmentação de mercado: Inovação num novo modelo de negócio 1. Caracterização da empresa Designação Macário Morais Ferreira, Lda. - «Casa Macário» Localização Rua Augusta – Baixa Pombalina, Lisboa Web site n.d. Antiguidade 96 anos Actividade principal Comércio de produtos alimentares regionais Número de trabalhadores 6 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Familiares Gestão da empresa Um dos sócios Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa Fundada em 1913, a Casa Macário é uma das mais prestigiadas mercearias finas – hoje loja gourmet - de Lisboa. Inicialmente dedicada à torra, moagem e comércio de cafés e comércio de chás, nos anos 70, altura em que foi comprada pelos actuais proprietários, família Torres, introduziu no seu portfólio o Vinho do Porto ― que é hoje responsável por 50% das vendas da casa ―, vinhos de mesa, whiskies, doces e produtos regionais. Em 2008, em plena crise económica com consequências significativas na quebra de poder de compra das famílias portuguesas, a Casa Macário registou o seu melhor ano de vendas desde 1995. Este desempenho contra-corrente é o resultado de uma estratégia de médio prazo delineada para inverter a tendência de quebra de vendas dos últimos 13 anos e não particularmente para fazer face a mais uma crise conjuntural como a actual. Uma gestão passiva, combinada com a 178 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS quebra de atractividade da Baixa Pombalina enquanto destino de compras dos lisboetas, justificavam o lento definhar da actividade da Casa Macário. Decidida a inverter tal rumo, ao longo dos últimos 3 anos a Casa Macário delineou e pôs em prática mudanças profundas no modelo de negócio, ancoradas na exploração dos pontos fortes de uma marca de prestígio centenária, localizada na zona turística lisboeta por excelência, e na minimização de factores adversos como a menor afluência de lisboetas à Baixa Pombalina. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Uma vez que grande parte do período 2008-2009 foi utilizado para testar e introduzir novas práticas de negócio, visando substituir o já esgotado modelo, a Casa Macário não adoptou propriamente medidas conjunturais específicas para fazer face à presente crise. As medidas implementadas neste período tiveram um alcance mais profundo. Desta forma, como única medida de contenção de custos laborais adoptada na presente conjuntura há apenas a registar o aproveitamento da medida de apoio estatal “apoio ao emprego em micro e pequenas empresas” criado em 30 de Janeiro último, que prevê a redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos, e que na Casa Macário abrange 2 dos seus 6 empregados. Ao invés, e como consequência da implementação da estratégia de redefinição do modelo de negócio, a Casa Macário aumentou os custos laborais, por várias vias: Pelo aumento do número de empregados. Em Outubro de 2007 a empresa contava com 4 colaboradores, ao que se juntaram duas novas contratações em 2008; Um aumento salarial de 5% em 2009; Alteração da política de prémios. Anteriormente os prémios correspondiam a um mês de salário e a partir de 2008 passaram a ser variáveis, correspondendo a uma percentagem sobre a facturação acima do objectivo estabelecido no início do ano. Em 2008 a facturação superou o objectivo e os prémios individuais também superaram o correspondente a um mês de salário; Pagamento de trabalho extraordinário, decorrente da abertura ao domingo à tarde, conforme adiante se explica. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 179 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A estratégia de redefinição do modelo de negócio da Casa Macário teve como elemento central a redefinição do seu segmento de mercado alvo: os turistas, sobretudo estrangeiros, que visitam Lisboa. Localizada numa zona turística de Lisboa por excelência, a Baixa Pombalina, e detentora de uma imagem de loja de tradição e autenticidade tão apreciadas por visitantes estrangeiros, a Casa Macário capitalizou estas vantagens, redesenhando o seu modelo de negócio de modo a ir de encontro das necessidades e gostos deste público-alvo. Esta reconfiguração do modelo de negócio actuou sobretudo em duas frentes: alteração no portfolio de produtos e mudança na forma de venda e atendimento. Em concreto, foram implementadas as seguintes mudanças estruturais ao modelo de negócio: Alargamento do horário de funcionamento, com abertura até às 20h nos dias de semana e abertura aos domingos das 14h às 20h. Cerca de 80% dos clientes da Casa Macário são turistas, que tendem a passear-se pela Baixa próximo da hora de jantar. Acresce que com o aumento das viagens low cost, são cada vez mais os turistas que visitam Lisboa apenas durante o fim-de-semana e que aproveitam para fazer compras aos Domingos à tarde, antes de partirem; Contratação de novos funcionários fluentes em mais que uma língua, sobretudo inglês e alemão; Diversificação da oferta de produtos e serviços, como bolachas, azeite, compotas e conservas típicas de cada região do país; Investimento em vitrinismo, tornando as montras mais atractivas através da utilização de novos equipamentos ― como uma roda giratória recheada de produtos ― com o intuito de causar maior impacte; Envio de produtos para o estrangeiro a pedido do cliente/turista, serviço que iniciaram durante o ano corrente; Política intensa de promoção e marketing, usando meios de comunicação com forte impacte nos turistas como sejam os autocarros panorâmicos da Carris Tour (com a compra do bilhete cada cliente recebe um vale com 10% de desconto em compras de valor superior a 30€ na Casa Macário) e os operadores de cruzeiros, em que os panfletos da Casa Macário fazem parte da documentação sobre Lisboa entregue aos viajantes. Na implementação da sua estratégia de redefinição do modelo de negócio, a Casa Macário foi apoiada por um consultor de marketing, contratado para o efeito, com o qual a gestão da 180 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS empresa manteve reuniões mensais entre Janeiro e Outubro de 2008, durante a implementação de grande parte destas medidas. Desta forma, sem medo de inovar e experimentar, a Casa Macário está a encontrar não só uma solução para evitar o impacte da actual crise económica, mas sobretudo para criar condições duradouras de sustentação e expansão do negócio. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS DROPELAR 181 Gestão prudente; Política de recursos humanos inclusiva 1. Caracterização da empresa Designação Dropelar Localização Armazém: Lisboa e Grande Lisboa (Famões) Web site http://www.dropelar.pt/ Antiguidade 23 anos Actividade principal Cooperativa abastecedora na área do D.P.H., bem como materiais de bricolage, utilidades para o lar e média e alta perfumaria Número de trabalhadores 14 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas 120 cooperantes Gestão da empresa Director Geral Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Frequência da licenciatura de gestão de empresas 2. Evolução recente da actividade da empresa A Dropelar, cooperativa sem fins lucrativos, foi criada em 1986, por um grupo de 50 comerciantes. Situada na freguesia de Famões - Odivelas, desde 1989, esta cooperativa desenvolve a sua actividade comercial na área do D.P.H. (Drogaria, Perfumaria e Higiene), abastecendo várias drogarias no país, entre outros pequenos e médios comerciantes. No armazém da Dropelar, com cerca de 2000 m2, os cooperantes podem encontrar, para além de produtos do DPH, materiais de bricolage, utilidades para o lar e média e alta perfumaria. A crise económica recente não se fez sentir na Dropelar, que registou em 2009 um aumento nominal das vendas de 2,5%. Tal facto decorre, em parte, de uma política de recursos humanos inclusiva onde se procura que os colaboradores tenham papel activo na vida da cooperativa, e da prática de uma gestão prudente que se tem revelado uma forte aliada na contenção dos 182 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS custos de operação no contexto da actual crise, sem contudo prejudicar a relação qualidade/preço oferecida aos seus cooperantes nem a melhoria contínua do serviço prestado. A prudência na gestão é visível a vários níveis. Por um lado, na política, há muito implementada, de só vender a pronto pagamento. Num período de crise, em que os atrasos de pagamento e o crédito mal parado tendem a aumentar, esta política torna a cooperativa mais imune aos consequentes problemas de falta de liquidez e risco de não pagamento. Em segundo lugar, a cooperativa não tem força de vendas própria, pelo que não sentiu necessidade de ajustar a estrutura de venda aos factores condicionantes do negócio na presente conjuntura. Em terceiro lugar, a cooperativa segue a política de não vender ao consumidor final nem fazer entregas, minimizando assim os custos de disposição dos artigos na loja, bem como os custos de distribuição, transporte, distribuição e entregas. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A estratégia da Dropelar de, por um lado, corresponder ao interesse primordial dos seus cooperantes – oferta de um sortido sempre adequado à mudança dos hábitos de compra do consumidor final a um preço competitivo – e, por outro, minimizar os custos de operação, tem-lhe permitido resistir sem problemas à presente crise económica. Consequentemente, a Dropelar não sentiu necessidade de proceder a ajustamentos conjunturais significativos na sequência da actual crise económica. Ao invés, a evolução positiva da actividade levou a cooperativa a contratar dois novos empregados no segundo trimestre de 2009, para desempenharem tarefas de natureza administrativa e de expediente geral, sendo intenção da cooperativa contratar mais dois funcionários para realizarem tarefas de descarga, conferência e colocação dos produtos nos locais correctos de armazenagem, no decorrer do quarto trimestre de 2009. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 183 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Dropelar tem vindo a aumentar a sua oferta para todo um conjunto de produtos que fazem parte do dia-a-dia dos consumidores, a preços competitivos, de marcas nacionais e internacionais. Complementarmente, a formação tem sido uma aposta contínua da empresa ao longo dos anos, bem como, a criação de um corpo de colaboradores relativamente estável e competente. A maioria dos colabores estão na cooperativa há já vários anos, o que não só potencia os resultados do investimento em formação, como também facilita a comunicação entre dirigentes e colaboradores. A Dropelar tem por princípio incentivar todos os seus colaboradores a apresentarem sugestões e a apontarem lacunas, seja de forma informal ou formalmente, como por exemplo no decurso de reuniões semanais entre os chefes de secção e o Director Geral da Cooperativa. A Dropelar aposta ainda numa estratégia de promoção desenhada à medida do perfil dos seus cooperantes. Estas actividades, de âmbito publicitário e promocional, são concebidas e desenvolvidas internamente. Futuramente, a cooperativa irá actualizar o actual sitio na internet, a fim disponibilizar conteúdos e informação ajustados às necessidades dos seus associados. 184 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS E.E. SOUSA & SILVA 185 Práticas laborais flexíveis; Alargamento do mercado geográfico 1. Caracterização da empresa Designação E. E. de Sousa e Silva, Lda. Localização Rua do Ouro – Baixa Pombalina, Lisboa Web site www.eess.coordenadaw.pt Antiguidade 190 anos Actividade principal Carimbos, sinetes, prensas de selos brancos, gravações e sinalética em papel e chapa. Comércio retalhista de malas, artigos de viagem e marroquinaria. Número de trabalhadores 4 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Família Igrejas que adquiriu o negócio em 1986 Gestão da empresa Sócio-Gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Ensino secundário 2. Evolução recente da actividade da empresa Com uma longa história na feitura de carimbos, a E. E. de Sousa & Silva, fundada em 1819 como a primeira empresa de carimbos em Portugal e gravador da Casa Real durante mais de 80 anos, tem conseguido impor-se como uma loja de referência na feitura de sinetes, selos brancos, carimbos e todo o tipo de gravações, graças à sua forte capacidade técnica e saber-fazer acumulado ao longo de quase dois séculos de experiência. Ainda assim, esta tradicional loja de comércio situada na histórica Baixa Pombalina e detentora da insígnia “Loja de Tradição”, não tem sido imune aos problemas estruturais que o comércio tradicional lisboeta em geral e, em particular, a Baixa Pombalina têm sofrido nas últimas duas décadas. A forte concorrência pelo preço de cadeias de lojas de grande consumo, aliada aos problemas de falta de atracção de clientes da Baixa Pombalina, retirou à E. E. de Sousa & Silva 186 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS o segmento de mercado de baixo preço mas também de maior quantidade, nos carimbos, gravações e sinaléticas. Esta redução foi só parcialmente compensada com a diversificação para produtos complementares como a marroquinaria de escritório, malas e artigos de viagem. Em resultado, a empresa tem hoje um volume de negócios anual que, em termos nominais, é cerca metade do que registava há uma década atrás. A presente crise económica reforçou a tendência de quebra de vendas da E. E. de Sousa & Silva. Em 2008 a empresa registou uma redução nominal do seu volume de negócios de 8%, cerca do dobro da quebra anual média verificada nos anos imediatamente anteriores, e não perspectiva um cenário mais positivo para 2009. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar da tendência de redução das vendas que, embora mais acentuada nesta situação conjuntural, persiste desde há cerca de uma década, a estratégia da empresa nunca passou pela redução do seu quadro de recursos humanos, estável há mais de 10 anos. A principal explicação reside no facto da empresa já ter o seu quadro de pessoal optimizado para o mínimo necessário ao assegurar do regular funcionamento da secção técnica e da prestação de um atendimento personalizado. Reduzir pessoal implicaria eliminar alguns serviços considerados vitais à sobrevivência empresa. O fácil relacionamento interpessoal entre os colaboradores e entre estes e a gestão da loja tem facilitado a adopção de práticas laborais flexíveis desde há vários anos, como sejam: Acumulação de horas trabalhadas em períodos de maior actividade, como por exemplo no Natal, compensadas com folgas em épocas de menor movimento; Ajustamento do horário de trabalho aos picos da procura, sendo que, para além da abertura regular à hora de almoço, na época natalícia estende o horário de abertura até às 21h; Partilha de funções entre funcionários, estando os 4 funcionários preparados para exercer funções de balconistas ou de área técnica. Tal flexibilidade funcional tem permitido à empresa manter o regular funcionamento sem necessidade de contratar um quinto colaborador para substituir uma saída ocorrida há cerca de dez anos atrás. A prática de tais medidas desde há vários anos, conjugada com um quadro de recursos humanos limitado ao mínimo necessário, não deixa à empresa grande margem para a adopção de medidas laborais conjunturais de ajustamento ao presente ciclo económico desfavorável. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 187 Assim, como medida de contenção de custos laborais tomada pela E. E. de Sousa & Silva em resposta à presente conjuntura económica apenas se assinala o não aumento de salários em 2009, pela primeira vez na história recente da empresa. A profundidade do impacte da presente crise económica nas vendas da empresa levou a E. E. de Sousa & Silva a outras medidas conjunturais de ajustamento, de onde merece especial destaque uma gestão de stock mais rigorosa, dispondo em stock apenas um número limitado de unidades de cada variedade mais relevante, visando sobretudo servir como mostruário que, complementado com o catálogo de produtos, são a base de uma política de “vender primeiro e encomendar depois”. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa O incremento da concorrência pelo preço no seu negócio nuclear – carimbos, sinetes, selos brancos, gravações e sinalética em papel e metal - forçou a E. E. de Sousa & Silva uma maior especialização num segmento de mercado mais exigente, que procura um produto de maior qualidade técnica, distinto e personalizado, complementado por um atendimento atencioso, profissional e competente. Tratando-se de um segmento de mercado bastante reduzido, a fidelização do cliente é um aspecto crucial da estratégia da empresa. Para o sucesso de tal estratégia em muito tem contribuído a competência profissional, especialização, conhecimento do mercado e relacionamento personalizado com os clientes que caracterizam os colaboradores da empresa, o que só é possível com um quadro de pessoal motivado e relativamente estável. Com efeito, os seus 4 colaboradores estão na empresa há pelo menos 15 anos. Mas, porque este segmento de mercado é reduzido, a E. E. de Sousa & Silva implementou há alguns anos uma estratégia de alargamento do seu mercado geográfico a outras zonas do país, tirando partido do peso histórico e imagem de qualidade e tradição de que a empresa beneficia e que faz dela uma empresa de referência reconhecida em praticamente todo o país. Tal estratégia assenta fundamentalmente em duas vertentes: Uma forte aposta na venda online de produtos já em catálogo, bem como a possibilidade de colocação de encomendas online de sinaléticas, selos brancos, carimbos ou gravações. As vendas online representam já cerca de 30% das vendas destes produtos; 188 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Criação de uma rede de agentes comerciais em vários pontos do país, nomeadamente nas Regiões Autónomas da Madeira e Açores, regiões que hoje têm já uma importância significativa nas vendas da empresa. Esta estratégia de diversificação dos mercados geográficos tem sido acompanhada de uma política de comunicação e promoção mais intensa, que passa pela actualização contínua do site, sobretudo do catálogo e mostruário de produtos aí disponível; pelo envio frequente de newsletters a clientes actuais e potenciais; bem como pela publicitação – sobretudo via site e newsletter - de acções relacionadas com os produtos comercializados, com o lançamento de novos produtos ou de eventuais campanhas promocionais, a decorrer no estabelecimento. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS HORTO DO CAMPO GRANDE 189 Diversificação de serviços e parcerias comerciais 1. Caracterização da empresa Designação Horto do Campo Grande Localização Lojas de rua em Lisboa (Campo Grande e Hospital Sta. Maria); 2 lojas em centros comerciais da Grande Lisboa (Alfragide e Setúbal); 1 viveiro em Sintra e 1 centro de jardinagem em Fernão Ferro Web site www.hortodocampogrande.com Antiguidade 30 anos Actividade principal Comércio de flores, plantas ornamentais e artigos de jardinagem; prestação de serviços de jardinagem Número de trabalhadores 186 Número de estabelecimentos 6 Sócios / Accionistas Sociedade Anónima Gestão da empresa Gestor contratado para o efeito Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Frequência universitária 2. Evolução recente da actividade da empresa A Horto do Campo Grande é uma referência da cidade de Lisboa enquanto empresa vocacionada para o comércio de flores, plantas ornamentais e toda a gama de acessórios relacionados com a jardinagem e decoração de jardins. Mas é igualmente uma referência nacional na prestação de serviços de jardinagem, que vão desde a manutenção de espaços verdes até à sua concepção e concretização de raiz, em espaços de interior ou exterior, com carácter temporário ou permanente, e independentemente das áreas e especificações. Em 2008 a empresa aderiu ao programa FINCRESCE, criado pelo IAPMEI, cujo propósito é apoiar empresas que pretendam prosseguir estratégias de crescimento e de reforço da sua base competitiva, no âmbito do qual recebeu do IAPMEI a distinção de PME Líder. 190 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A implementação de algumas dessas estratégias foi, no entanto, suspensa em face dos duros efeitos que a presente crise económica tem tido na actividade da empresa. No conjunto do ano de 2008, o volume de negócios da empresa registou uma quebra nominal de cerca de 30%, o que a levou a suspender os projectos de expansão do número de lojas e até ao encerramento de uma das lojas já existentes – situada no Outlet de Alcochete - devido aos baixos índices de rentabilidade que vinha registando nos últimos tempos. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Apesar da forte redução nas vendas em 2008, a Horto do Campo Grande vê este resultado como essencialmente conjuntural. Apostando num cenário mais positivo em 2010, a empresa não só se tem recusado a proceder a despedimentos, como inclusivamente decidiu manter os 40 colaboradores contratados para as lojas cuja abertura foi suspensa, mas nos quais a empresa tinha já investido significativamente em formação inicial. No balanço entre reduzir hoje custos com pessoal, desperdiçando o investimento feito em formação, o que implicaria em breve novo investimento na formação de novos colaboradores, e manter o capital humano entretanto acumulado, ainda que tal signifique, no imediato, um número de colaboradores acima dos necessários, a empresa apostou na segunda alternativa. Num esforço para conciliar a política de manutenção de empregos com a tão significativa quebra das vendas, a empresa adoptou um conjunto de medidas de redução de custos, entre as quais algumas medidas de contenção de custos laborais, de onde se destacam: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no congelamento dos salários e no cancelamento dos habituais bónus e prémios anuais; Na redução indirecta do tempo de trabalho, sendo que o período de trabalho fora do horário regularmente estabelecido (nomeadamente, Sábados à tarde, Domingos, feriados e dias de semana depois das 20 horas), apenas 50% é compensado monetariamente, e os restantes 50% são convertidos em horas de folga equivalentes; A reafectação funcional de colaboradores, nomeadamente pelo deslocando de empregados de alguns departamentos mais afectados pela crise (como a loja que encerraram) para outros onde tem existido necessidade de recursos humanos adicionais. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 191 Em paralelo com as medidas de contenção de custos laborais, a Horto do Campo Grande redefiniu o seu Plano de Gestão e introduziu outras medidas conjunturais, visando especificamente inverter a forte quebra das vendas, de onde se destacam: A redução dos preços, embora sem campanhas ou saldos, pois estes nunca foram política da casa; Um melhor e mais eficaz atendimento ao cliente, sendo que os chefes de departamentos se encontram agora mais disponíveis para acompanhar directamente o cliente; A redução das despesas com a promoção e imagem da empresa, apesar de continuarem a marcar presença nas duas feiras habituais do sector ― Salão Imobiliário de Lisboa e Intercasa ―, o que só acontece porque a FIL (local onde decorrem as feiras) lhes cedeu gratuitamente o espaço; A instalação de sistemas de GPS na frota automóvel da empresa, de forma a controlar os veículos quando estes não se encontram ao serviço, com o intuito de poupar nos custos com combustíveis. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Ao longo dos anos, a Horto do Campo Grande tem sabido afirmar-se como a mais forte empresa nacional no ramo da jardinagem e serviços relacionados. Para este sucesso em muito tem contribuído, por um lado, a capacidade de inovação contínua da Horto do Campo Grande no leque de serviços oferecidos, de que é exemplo o recentemente criado serviço de gestão e manutenção de campos de golfe em regime de outsourcing. Em segundo lugar, a Horto do Campo Grande tem desenvolvido uma política de parcerias comerciais com empresas de sector que actuam em segmentos de mercado mais específicos – de que são exemplo a Bonsais de Campolide, a Jardim Flor, Jardim Primavera, a Tecnirelva, ou a Teleflora - tirando partido das sinergias de negócio de que daí resultam. Na mesma linha, a empresa tem continuamente mantido parcerias com outro tipo de entidades, como grandes empresas de distribuição, operadores turísticos, ou imobiliárias, visando sobretudo a promoção da marca “Horto do Campo Grande”. Um terceiro elemento crucial à estratégia de sucesso da Horto do Campo Grande tem sido a sua política de contínuo investimento em formação dos recursos humanos. O esforço em formação contínua passa não apenas pela adequação do pessoal às novas técnicas de gestão de processos e organização interna, entretanto implementados, mas também formação em técnicas 192 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS de gestão de equipas, em técnicas de atendimento ao público, e na actualização de conhecimentos sobre novos produtos comercializados. Apesar dos efeitos negativos da actual situação económica, a Horto do Campo Grande mantém a convicção de que em 2010 estarão reunidas as condições para dar continuidade ao plano de expansão da actividade entretanto suspenso, admitindo que para o efeito novos colaboradores venham a ser recrutados. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS INSTANTA 193 Inovação e qualidade de serviço 1. Caracterização da empresa Designação Instanta, Localização Lojas de rua em Lisboa (Chiado, Castilho, Fontes Pereira de Melo e Campo de Ourique); lojas em centros comerciais da Grande Lisboa (Amoreiras, Odivelas, Oeiras e Cascais) Web site www.instanta.pt Antiguidade 72 anos Actividade principal Fotografia e material fotográfico Número de trabalhadores 30 Número de estabelecimentos 8 Sócios / Accionistas Pai e dois filhos (não familiares do fundador) Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Formação técnica avançada em laboratório fotográfico 2. Evolução recente da actividade da empresa A presente crise económica não afectou particularmente a actividade corrente da Instanta, empresa vocacionada para a comercialização de material fotográfico de marcas de prestígio e prestação de serviços de fotografia. Ao invés, a empresa está em fase de recrutamento e selecção de pessoal em algumas das suas lojas. Oferecendo a Instanta produtos e serviços não essenciais e com um valor médio por compra relativamente baixo, é aparentemente surpreendente este aumento de actividade, num contexto de redução do rendimento disponível das famílias portuguesas. Tal facto explica-se, em larga medida, pela capacidade que a Instanta tem revelado de absorver quota de mercado de alguns dos seus principais concorrentes que, fortemente afectados pela crise, estão a encerrar lojas ou mesmo a desaparecer do mercado. 194 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A relativa resiliência interna da Instanta, conjugada como a sua capacidade de absorver parte do mercado anteriormente pertencente a concorrentes em desaparecimento, permitiu-lhe enfrentar a actual crise económica sem necessidade de proceder a ajustamentos conjunturais significativos. Portanto, como medidas de contenção de custos laborais adoptadas neste período de crise há apenas a registar o menor aumento salarial praticado em 2009 por comparação com anos anteriores. Contudo, a empresa mantém inalterada a habitual política de bónus e prémios. A actual conjuntura económica levou, no entanto, a Instanta a adoptar outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais. Em particular, perante a actual conjuntura, a empresa decidiu suspender o ciclo de expansão para novas localizações, cuja continuidade está agora dependente da evolução do poder de compra em diferentes zonas da Grande Lisboa nos tempos mais próximos. A empresa tem por política fazer uma avaliação regular da rentabilidade de cada uma das lojas para avaliar da sua continuidade ou encerramento. A estratégia tem sido encerrar uma loja logo que é evidente que esta deixou de ser rentável, para que os maus resultados de uma não contagiem os resultados globais. Em simultâneo, a empresa está sempre atenta a novas localizações de modo a estar presente onde os clientes potenciais (em número e em poder de compra) estão presentes. Actualmente tal plano de expansão está suspenso, mas não foi de todo abandonado. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Ao longo dos anos a Instanta tem tido como estratégia afirmar-se como uma loja de retalho especializado. O objectivo tem sido posicionar-se num segmento do retalho fotográfico onde as cadeias de grande distribuição do ramo fotográfico não competem: clientes que querem produtos e serviços e de qualidade, mas que querem também aconselhamento técnico e atendimento profissionalizado e competente. Para tal, a empresa tem apostado fortemente na criação de um corpo de colaboradores relativamente estável, competente e tecnicamente especializado. A formação, tanto ao nível técnico (características dos produtos, suas funcionalidades, etc) como de atendimento, tem sido uma aposta contínua da empresa ao longo dos anos. A maioria dos colabores estão na empresa SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 195 há já vários anos, o que não só potencia os resultados do investimento em formação, como também facilita a comunicação entre dirigentes e colaboradores. A empresa tem por princípio incentivar todos os seus colaboradores a apresentarem sugestões e a apontarem lacunas, formal ou informalmente, como por exemplo no decurso das visitas regulares que o gestor da empresa faz a todas as lojas. Neste segmento de mercado o cliente é sobretudo sensível à qualidade. Por isso, a estratégia da empresa tem sido de uma aposta forte na qualidade dos produtos que comercializa e nos serviços que presta. No que respeita a material fotográfico, a empresa especializou-se na comercialização de marcas de grande qualidade e prestígio. Nos serviços fotográficos, impõe a si própria elevados requisitos de qualidade, usando apenas materiais de primeira qualidade, repetindo o trabalho as vezes necessárias até satisfazer elevados padrões de qualidade e investindo fortemente na actualização tecnológica dos equipamentos, bem como na manutenção assídua durante a sua vida útil. A fidelização dos clientes é outro importante pilar da estratégia de negócio da Instanta. Num mercado como o retalho fotográfico, em que o valor unitário das compras é relativamente baixo mas a frequência de compras é elevada, a fidelização dos clientes é crucial ao sucesso da empresa. A aposta na qualidade do serviço prestado pela Instanta (técnica e atendimento) tem sido um factor determinante no sucesso da sua estratégia de fidelização dos clientes. A empresa não descura, contudo, o recurso a técnicas de promoção e comunicação, como sejam o envio de mailings personalizados aos clientes em ocasiões especiais, o lançamento de campanhas promocionais ou, ainda, campanhas de lançamento de novos produtos ou novos serviços. A alteração tecnológica ocorrida no sector fotográfico nos últimos anos, com a difusão das câmaras digitais, tem colocado grandes desafios às empresas do sector. A revelação fotográfica é hoje quase residual. A Instanta tem sabido dar resposta a esta mudança, respondendo com o lançamento de serviços fotográficos diversificados e inovadores bem aceites pelos clientes. A disponibilização de uma loja virtual online, bem como a criação de serviços de álbuns digitais e produtos associados, são alguns exemplos. Outro exemplo é a constituição de uma equipa dedicada à reportagem social de eventos. Um bom exemplo de inovação é a criação de estúdios clássicos para fotografia. Em cinco das suas lojas, a Instanta tem hoje à disposição de fotógrafos profissionais, criativos ou escolas de fotografia, um espaço que estes podem alugar à hora para fazerem fotografia num ambiente profissional e munido das mais modernas condições técnicas. Estes estúdios podem igualmente ser utilizados por clientes que queiram apenas ser fotografados num ambiente que garante uma foto de grande qualidade, contando para tal com os fotógrafos especializados da empresa. 196 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS JOALHARIA FERREIRA MARQUES 197 Política salarial restritiva; Fidelização do cliente; Diferenciação na oferta 1. Caracterização da empresa Designação Joalharia Ferreira Marques Localização Lisboa - Santa Justa Web site Em construção Antiguidade 78 anos Actividade principal Ourivesaria e Relojoaria Número de trabalhadores 4 Número de Estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sócios individuais descendentes do fundador Gestão da empresa Bisneto do fundador Idade do(s) gestor(es) 38 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa A Joalharia Ferreira Marques é uma loja de comércio de rua, localizada na Baixa Pombalina Lisboeta, que comercializa um sortido de produtos no domínio da ourivesaria, joalharia e relojoaria onde impera a qualidade e a exclusividade. A imagem de uma loja de requinte e elegância, associada à localização na zona histórica da cidade, reflecte-se no decor aprimorado dos seus interiores e na elegante fachada do seu estabelecimento. Nos seus 78 anos de existência a Joalharia Ferreira Marques conseguiu-se como uma loja de destino o que em muito tem contribuído para uma certa estabilidade das vendas ao longo dos últimos anos, apesar dos conhecidos problemas de falta de atractividade geral da Baixa enquanto destino de compras. 198 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A crise económica recente, com efeitos significativos no poder de compra dos portugueses, teve reflexos negativos na actividade da Joalharia Ferreira Marques. Na época Natalícia de 2008, por excelência a época alta para as vendas da empresa, as vendas reduziram-se em um terço, por comparação com igual período de 2007. No entanto, este parece ter sido um efeito conjuntural, uma vez que as vendas de 2009 registam já uma melhoria face a 2008. A relativa estabilidade da actividade da Joalharia Ferreira Marques tem sido acompanhada por uma estabilidade do seu quadro de pessoal, o qual não tem sofrido alterações nos últimos anos e que é composto por 4 elementos, o mínimo que a empresa considera necessário para a manutenção do nível de serviço que a caracteriza. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O actual quadro económico, aliado à inexistência de margem de manobra para a adopção de medidas extraordinárias de redução de custos laborais, fizeram com que as poucas medidas de contenção de custos laborais adoptadas neste período de crise não fossem para além de: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento dos salários para o corrente ano de 2009; O aproveitamento da medida de apoio estatal “apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado em 30 de Janeiro último, que prevê a redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos. A Joalharia Ferreira Marques implementou ainda outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, visando minimizar os impactes da actual crise económica na actividade da empresa. Entre elas destacam-se: A oferta de um sortido adequado à maior preferência actual por artigos menos dispendiosos; A aposta numa gestão parcimoniosa dos stocks e das encomendas, preterindo a aquisição de colecções arrojadas em favor de produtos com um maior índice de rotação; Privilegiar e aperfeiçoar as técnicas utilizadas na montagem de vitrinas a fim de valorizar melhor os produtos expostos; O diferimento da realização de investimentos de grande monta, tal como a recuperação da fachada exterior do estabelecimento. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 199 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A localização da Joalharia Ferreira Marques é hoje, talvez, mais uma desvantagem que uma vantagem competitiva para este tipo de negócio. A falta de atractividade da Baixa Pombalina enquanto destino de compras dos lisboetas, por um lado, e a forte concorrência de outras joalharias de qualidade em localizações com melhor acessibilidade e mais próximas do local de residência/trabalho, por outro, colocam importantes desafios à competitividade da Joalharia Ferreira Marques. Acresce que os potenciais clientes que mais abundam na Baixa Pombalina, os turistas, não constituem um segmento de mercado particularmente importante para a Joalharia Ferreira Marques. A Joalharia Ferreira Marques tem contrariado o efeito negativo destes factores desenvolvendo esforços no sentido de continuar a ser uma loja de destino no segmento médio-alto e alto da joalharia, ourivesaria e relojoaria de Lisboa. A capacidade de fidelizar clientela é, no contexto desta estratégia, um factor crucial. Para isso, a empresa tem implementado um conjunto de medidas que visam o reforço daqueles que são os seus elementos diferenciadores: um serviço esmerado, uma oferta diferenciada, e uma ambiência de requinte, elegância e distinção. A garantia de um serviço de elevada qualidade só é possível através do empenho e a dedicação dos seus colaboradores. O capital humano da empresa, fruto dos muitos anos de experiência e de uma forte identificação com a cultura do estabelecimento, são elementos essenciais ao assegurar de tais factores distintivos. A preservação dos colaboradores de longa data e o investimento em formação têm sido, pois, apostas estratégicas. A garantia de uma oferta diferenciada é conseguida com um esforço no sentido de manter-se actualizada em relação ao que de mais recente está disponível no mercado, tentando corresponder e antecipar necessidades, actuais e futuras, dos clientes. Mas passa também por ser capaz de assegurar uma oferta inovadora. Para isso, a empresa está neste momento a desenvolver uma linha exclusiva de produtos para comercialização no futuro sítio na internet da empresa. A expansão dos canais de distribuição é outra importante aposta da Joalharia Ferreira Marques. Neste sentido, a empresa está a desenvolver um sítio na internet que irá funcionar como um novo ponto de venda mas também como meio promocional da loja. Para além disso, a empresa está actualmente a negociar a abertura de um novo espaço comercial numa unidade hoteleira de prestígio. 200 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A elegância da arquitectura histórica do estabelecimento é um importante elemento diferenciador da Joalharia Ferreira Marques e que em muito contribui para a imagem de requinte e elegância que tem caracterizado este estabelecimento. A preservação e potenciação desta importante mais-valia, numa era de massificação e uniformização, constitui, portanto, uma aposta séria da empresa. Para isso, não só tem em projecto a recuperação da fachada exterior do edifício como devota particular cuidado à preservação do decor interior da loja. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS LIBERJÓIA 201 Serviço esmerado; Oferta diferenciada 1. Caracterização da empresa Designação Liberjoia (Belo Fio, LDA.) Localização Lojas em centros comerciais da Grande Lisboa (Centro Colombo, C. C. Dolce Vita, Dolce Vita Tejo). Web site n.d. Antiguidade 16 anos Actividade principal Cadeia de ourivesaria e relojoaria Número de trabalhadores 9 Número de estabelecimentos 3 Sócios / Accionistas Mãe e duas filhas Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Escalão “10º a 12º ano” 2. Evolução recente da actividade da empresa A Liberjoia é uma cadeia de ourivesaria tradicional portuguesa e de relojoaria que comercializa um vasto leque de produtos, tais como alianças, anéis de noivado, colares, relógios e ainda uma diversidade de outro tipo de jóias. A empresa privilegia a ourivesaria tradicional portuguesa, em especial algumas variantes como seja filigrana em prata. A Liberjoia colabora ainda com equipas especializadas na produção e desenvolvimento de alianças personalizadas. A crise económica recente fez-se sentir na Liberjoia, embora não de forma particularmente incisiva. Tal facto decorre, em parte, do dinamismo comercial da cadeia, que oferece um desconto de 10% a todos os portadores do cartão cliente. Acresce a circunstância de a empresa apenas estar presente em galerias e centros comerciais, pois estes espaços providenciam aos 202 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS lojistas um serviço de segurança, tão importante neste ramo de negócio, bem como os benefícios inerentes à existência de tráfego significativo de pessoas. Note-se ainda que a clientela habitual da Liberjoia é sobretudo da classe média, um dos segmentos particularmente afectados pela fase menos favorável do actual ciclo económico, o que atesta a resiliência da empresa. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O actual quadro económico teve como principal consequência imediata na actividade da Liberjoia a suspensão do plano de abertura de novos estabelecimentos. A única excepção foi a loja recentemente inaugurada no novo centro comercial Dolce Vita Tejo, fruto das condições irrecusáveis oferecidas pelo promotor. A empresa acredita que os tempos de crise são, igualmente, momentos propícios para se desenvolverem esforços que visem o reforço das suas vantagens competitivas: um serviço esmerado e uma oferta diferenciada e, consequentemente, a aposta na expansão do seu negócio, sempre as condições assim o justifiquem. Assim, para além da medida conjuntural, acima mencionada. a Liberjoia não implementou outras medidas, nomeadamente de contenção de custos laborais. Na verdade, constatou-se exactamente o oposto com a contratação de 4 novos colaboradores no mês de Agosto do presente ano, com a abertura do estabelecimento no Dolce Vita Tejo. A Liberjoia, antes de abrir um futuro ponto de venda, realiza estudos de mercado para avaliar a futura rendibilidade do mesmo, de modo a suportar a tomada de decisão e validar a opção tomada. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Liberjoia procura diferenciar a sua oferta da concorrência, quer apostando na comercialização de produtos em regime de exclusividade, quer na oferta de uma gama de produtos que combine SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 203 as últimas novidades e tendências de joalharia e relojoaria, tradicional portuguesa e contemporânea. Para isso, a estratégia da Liberjoia passa por se manter actualizada em relação ao que de mais recente está disponível no mercado, frequentando com regularidade os certames e as feiras nacionais e internacionais do sector. Além disso, a empresa detém contratos de distribuição exclusiva com alguns fabricantes de artigos de ourivesaria tradicional portuguesa e colabora com equipas especializadas na produção e desenvolvimento de alianças personalizadas - um dos principais produtos da empresa. Nos artigos de joalharia e relojoaria importados, a Liberjoia esforça-se por ser uma das primeiras lojas nacionais a dispor das últimas novidades. A fidelização do cliente é outra aposta central da estratégia de negócio da Liberjoia. Para isso, a empresa complementa a oferta de novos estilos e produtos diferenciados com a prestação de um serviço de atendimento personalizado e primoroso, na convicção de que tais elementos são indispensáveis para uma experiência de compra positiva e, por inerência, para a repetição da compra. Como parte integrante desta estratégia de qualidade de serviço, a Liberjoia investe continuamente na formação dos seus quadros, em técnicas de vendas, produtos ou outras, fazendo a direcção da empresa questão de também frequentar tais acções de formação, juntamente com os seus colaboradores. A Liberjoia acredita que as empresas têm também uma função social e, como tal, dá facilidades aos colaboradores que procurem valorizar-se através de acções de formação, frequência de cursos superiores, ou similares. Esta aposta, a par da convicção dos responsáveis da empresa de que, quando uma empresa contrata, tem que levar em conta questões de índole social e económica - a Liberjoia contratou, anteriormente, uma colaboradora cega de uma vista - não só potencia a criação do espírito de corpo na empresa, como também facilita a comunicação entre dirigentes e colaboradores. 204 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS LOJA DO BANHO 205 Redimensionamento e diversificação da carteira de produtos e serviços 1. Caracterização da empresa Designação Loja do Banho Localização Lisboa – Largo Conde Barão (Santos) Web site www.lojadobanho.pt Antiguidade 95 anos Actividade principal Materiais decorativos para casa de banho Número de trabalhadores 6 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Terceira geração de familiares do fundador (neto) Gestão da empresa Proprietário e neto do fundador Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa A Loja do Banho é desde há duas décadas uma loja especializada no comércio a retalho de produtos decorativos para a (re)construção de casas de banho, depois de em 1987 ter procedido a um reposicionamento de mercado que a levou a abandonar a tradicional actividade de fabrico de tubos de chumbo para canalizações, torneiras e outros acessórios técnicos para casas de banho iniciada em 1914 e reforçada em 1958. No mercado de materiais decorativos para casa de banho a empresa especializou-se sobretudo num segmento médio-alto e alto, oferecendo aos seus clientes apenas produtos de grande qualidade e um atendimento profissional e personalizado. A recente crise económica teve impactes notáveis na actividade da Loja do Banho, pese embora a quebra no volume de negócios tenha já alguns anos, acompanhando a tendência de abrandamento da actividade de construção civil nos últimos anos em Portugal. 206 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em consequência, em 2009 a empresa despediu três colaboradores. Anteriormente, a empresa tinha já sido forçada a um redimensionamento significativo da actividade, implementado gradualmente desde 2000, que envolveu o encerramento da segunda loja de Lisboa, da loja do Porto e da loja do Funchal. Neste processo, a Loja do Banho reduziu o número de colaboradores de 24 em 2000 para 8 em meados de 2008. Actualmente, a empresa mantém apenas a loja original, localizada em Santos, no Largo Conde Barão. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O processo de redimensionamento, a que se juntou o efeito adicional da actual crise económica, tem obrigado a Loja do Banho à adopção de uma política de ajustamento gradual dos custos laborais, que não conseguiu evitar o despedimento de vários dos colaboradores com vínculo permanente. Assim, entre as medidas de contenção de custos laborais adoptadas pela empresa nos tempos mais recentes destacam-se: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento da componente fixa das remunerações em 2009, parcialmente compensada com o aumento da componente variável, isto é, das comissões sobre as vendas; A não renovação do contrato a termo de 2 colaboradores durante o ano 2009; O reforço da política de partilha de funções entre colaboradores. Sendo já uma prática pontual os colaboradores mais ligados a funções de armazém ou administrativa também exercerem funções no sector das vendas sempre que a procura o exigia, essa prática foi agora institucionalizada. Todos os colaboradores da empresa estão agora primordialmente afectos ao sector das vendas, exercendo as funções administrativas e de armazém de forma supletiva e durante os períodos de menor actividade no sector das vendas. Paralelamente, a Loja do Banho adoptou outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, com o intuito de aumentar as vendas e minimizar os impactes adicionais da actual crise económica na já decrescente actividade da empresa. Entre elas destacam-se: O alargamento da prática da política de descontos a arquitectos a clientes habituais, ou clientes novos cujas compras ultrapassem um determinado montante; Contenção no aumento de preços das linhas de produtos já habituais, pela via do não acompanhamento integral do aumento dos preços no produtor/distribuidor, tendo por contrapartida o esmagamento das margens de comercialização. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 207 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Como forma de inverter a quebra de vendas que a Loja do Banho tem vindo a sofrer ao longo da última década, a empresa implementou, ao longo dos anos, estratégias de dinamização das vendas que têm passado pela diversificação do leque de produtos oferecidos, pela inovação nos serviços oferecidos ao cliente e por esforços de projecção e dinamização cultural da zona em que a loja está situada. Exemplo disso é a oferta de uma linha de produtos de banho que complementa os materiais decorativos de casa de banho, e que inclui produtos como géis, sabonetes e velas decorativas. Também nesta linha de produtos há a preocupação de oferecer produtos adequados às exigências, gostos e preferências do segmento médio-alto e alto em que a Loja do Banho se posiciona. Ainda entre as estratégias de diversificação da linha de produtos, a Loja do Banho passou recentemente a incluir entre as linhas de produtos comercializados produtos de fabricantes nacionais, desde que apresentem elevados padrões de qualidade e consigam assegurar prazos de fornecimentos adequados. Esta estratégia visa ter disponíveis linhas de produtos com uma qualidade média-alta e alta a preços mais em conta que os de concorrentes internacionais. No âmbito dos serviços prestados ao cliente, a empresa lançou, recentemente, a possibilidade de vendas online conjugada com a criação de um site mais apelativo e que permite uma maior interacção do cliente com os produtos que a empresa oferece, suas características, funcionalidades e potenciais aplicações. Muito embora o número de pessoas que se movimenta no meio virtual seja cada vez maior, o segmento de mercado em que a empresa está posicionada privilegia um atendimento personalizado e, sobretudo, procura um aconselhamento não apenas técnico mas também funcional e estético. Assim, esta medida visa sobretudo contribuir indirectamente para o aumento das vendas, ao criar estímulo para a compra no decurso do processo de exploração online dos produtos e serviços da Loja do Banho. Para o sucesso da estratégia é fundamental a qualidade do site a desenvolver, razão pela qual a Loja do Banho contratou recentemente um especialista em web design. Ainda no âmbito dos serviços oferecidos, a Loja do Banho desde há já alguns anos que implementou o serviço Credibanho, uma linha de crédito que permite o pagamento em 12 meses, e aplicável a compras de valor acima de determinado montante. Mais recentemente, a empresa foi ao encontro de uma necessidade de mercado, ao criar um serviço inovador designado PackBanho. O conceito passa por oferecer ao cliente 5 packs alternativos para a remodelação integral de uma casa de banho até 4 m2. Os packs distinguem- 208 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS se pela variedade de produtos incluídos (com ou sem banheira de hidromassagem, com ou sem móvel de lavatório, com ou sem secador de toalhas, entre outros), mas todos eles têm preços pré-estabelecidos e que variam entre o mínimo de 1000€ e o máximo de 3000€. O cliente mantém a possibilidade de escolha dos materiais, dentro de um determinado leque de opções, de acordo com o seu gosto pessoal, tendo igualmente à partida a certeza de quanto irá gastar. Tendo consciência de que a zona da localização da loja – Bairro de Santos - se vinha debatendo com sérias dificuldades de atracção de possíveis consumidores, o proprietário da Loja do Banho, juntamente com outros comerciantes da zona, fundaram recentemente uma associação que visa dinamizar o comércio nesta zona, a Santos Design District. Esta associação, em conjunto com as autoridades e parceiros estratégicos, promove a melhoria e reconversão dos espaços públicos, a dinamização cultural e a criação de infra-estruturas com o propósito de tornar o Bairro de Santos um destino de referência na cidade de Lisboa, no segmento da decoração com design. A abertura da loja aos Sábados à tarde, bem como a manutenção da prática de abertura à hora de almoço, vai ao encontro de uma expectativa de intensificação de tráfego de passeio nesta zona durante os fins-de-semana, hora de almoço e quando tempos livres. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS LONDRES SALÃO 209 Fidelização do cliente; Inovação nos serviços 1. Caracterização da empresa Designação Quadros, Lda. (Londres Salão) Localização Lisboa - Baixa Pombalina Web site n.d. Antiguidade 59 anos Actividade principal Tecidos para confecção de qualidade, sobretudo confecção senhora Número de trabalhadores 6 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Segunda geração de familiares do fundador Gestão da empresa Neto do fundador Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura em gestão. Mestrado em marketing 2. Evolução recente da actividade da empresa A Londres Salão é uma loja de comércio de rua da Baixa Pombalina Lisboeta, que se dedica ao comércio de tecidos de qualidade e vocacionada sobretudo para confecção de senhora. É essencialmente uma loja de destino. Os clientes dos produtos da Londres Salão deslocam-se propositadamente à loja para os adquirir. Não se trata, portanto, de uma loja cujas vendas estejam dependentes da existência de tráfego significativo de pessoas nas imediações. Talvez (também) por isso a localização na histórica zona comercial da cidade de Lisboa, hoje debatendo-se com sérias dificuldades de atracção de potenciais consumidores, não é de todo uma menos valia. Ao invés, o prestígio da zona, a história e tradição que a envolve, a elegância, autenticidade e charme que emanam das instalações são certamente mais-valias para uma loja de destino e de prestígio como a Londres Salão. 210 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A crise económica recente fez-se sentir na Londres Salão, embora não de forma particularmente incisiva. No primeiro semestre de 2009 a quebra nas vendas não foi além dos 3.5% em termos nominais, por comparação com igual período do ano passado. Vários factores podem ajudar a explicar esta aparente resiliência das vendas da Londres Salão. Primeiro, e talvez mais importante, a crise no comércio tradicional de Lisboa, em particular no comércio tradicional da Baixa Pombalina, tem causas estruturais e conta já com uma história de quase duas décadas. As empresas que têm sabido resistir, como é o caso da Londres Salão, viram ainda assim as suas vendas reduzirem-se sustentadamente ao longo sobretudo da última década. A maioria dos actuais clientes da Londres Salão é constituída por clientes de longa data e bastante fiéis à loja. Acresce, em segundo lugar, que o produto que a Londres Salão comercializa se posiciona num segmento de mercado médio-alto e alto, precisamente os segmentos menos afectados por fases menos favoráveis do ciclo económico. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O ajustamento à crise estrutural que o comércio tradicional vem vivendo há já duas décadas tem forçado a Londres Salão a uma política de ajustamento gradual dos custos laborais ao longo dos anos, nomeadamente pela não substituição de trabalhadores entretanto reformados, reconversão funcional, flexibilização do horário de trabalho e alteração da política de bónus (como seja o fim da participação dos empregados nos lucros da empresa). Em parte porque já pouca é a margem de manobra para reduções adicionais dos custos laborais sem que isso signifique despedimento, ao que acresce um impacte não muito significativo da actual crise nas vendas da empresa, as poucas medidas de contenção de custos laborais adoptadas neste período de crise traduziram-se em: Aumento salarial menor que em anos anteriores e concentrado sobretudo na componente de “subsídio de almoço”, de modo minorar o impacte nos custos com pessoal; Continuação da política de não distribuição de lucros aos sócios, pelo terceiro ano consecutivo; Alguma reafectação funcional, consubstanciada na utilização do empregado de armazém para ajudar nas entregas domiciliárias de encomendas, um serviço ao cliente já existente mas reforçado recentemente; Aproveitamento da medida de apoio estatal “apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado em 30 de Janeiro último, que prevê a redução em 3 pontos SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 211 percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 e mais anos, o que abrange os seis trabalhadores da empresa. Paralelamente, a Londres Salão adoptou outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, visando minimizar os impactes da actual crise económica na actividade da empresa. Entre elas destacam-se: Racionalização de outros custos, como por exemplo os custos com vitrinismo (por exemplo, privilegiando a reciclagem e reaproveitamento de “decors” anteriores na criação de novos “decors”); Adopção de políticas de pagamento mais favoráveis e de descontos, mas sempre de forma pontual, precedido de uma avaliação casuística e apenas a bons e antigos clientes; Saldos com mais frequência, embora mantendo a política de não saldar numa estação artigos da própria estação. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A sobrevivência da Londres Salão à tendência de decadência do comércio tradicional Lisboeta em geral e, em particular, o da Baixa Pombalina, foi conseguida, em larga medida, porque desde o início dos anos 90 a empresa soube interpretar os sinais do mercado, estar atenta as novas necessidades dos clientes e ser capaz de inovar na tradição, oferecendo aos seus clientes um produto de qualidade envolvido num conjunto de serviços personalizados e inovadores. Esta estratégia teve início nos anos 90, altura em que a empresa se redimensionou e procedeu a um reposicionamento de mercado, abandonando definitivamente o mercado de grande consumo - em queda acelerada – para se concentrar no segmento médio-alto e alto. Desde então, a empresa soube preservar e fortalecer as suas tradicionais vantagens competitivas neste segmento: produto de qualidade acompanhado de um serviço de atendimento personalizado e especializado, capaz de fidelizar uma clientela que, sendo reduzida em número absoluto, tem uma elevada despesa per capita. Para isso em muito tem contribuído a preservação de um quadro de pessoal competente, com um enorme capital humano acumulado com os muitos anos de experiência e que trabalha na empresa há vários anos. Mas a empresa tem igualmente sabido ser criativa e inovadora na fidelização e satisfação da clientela ao longo dos anos. Por exemplo, desde há vários anos que ajustou o horário de funcionamento às necessidades da maioria dos clientes, abrindo mais tarde de manhã, mas estando aberta à hora do almoço e Sábados à tarde (excepto nos meses de Julho e Agosto). 212 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Outro exemplo é a oferta gratuita da entrega domiciliária das compras, em casa da cliente ou na sua modista. Adicionalmente, a empresa oferece uma hora de estacionamento gratuito a cada um dos seus clientes. A Londres Salão tem ainda apostado significativamente numa estratégia de comunicação e imagem desenhada à medida do perfil da sua clientela. Neste âmbito destacam-se a aposta no vitrinismo, com recurso a profissionais especializados, bem como nos mailings personalizados aos principais clientes por altura do Natal, aniversário, chegada de novas colecções, ou início da época de saldos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS MILEFIORE 213 Saída gradual do mercado de retalho; Concentração no negócio nuclear de comércio por grosso 1. Caracterização da empresa Designação Milefiore Localização Lojas em centros comerciais da Grande Lisboa Web site http://www.milefiore.pt Antiguidade 6 anos Actividade principal Componentes para bijutaria “faça você mesmo” e acessórios de moda Número de trabalhadores 12 Número de estabelecimentos 3 Sócios / Accionistas Dois sócios individuais (Marido e Esposa) Gestão da empresa Sócios-gerentes (Marido e Esposa) Idade do(s) gestor(es) 38 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura e Mestrado 2. Evolução recente da actividade da empresa A Milefiore é actualmente uma cadeia com três lojas de comércio de componentes para bijutaria “faça você mesmo”, acessórios de moda, e retrosaria, em centros comerciais da Grande Lisboa. O conceito de negócio distingue-se bastante do convencional comércio tradicional Lisboeta. Desde logo, pela imagem de marca. A empresa apostou numa imagem de marca moderna, arrojada, forte e apelativa. A forma de atendimento é, também ela, pouco convencional. Privilegia-se o self-service, como forma de permitir ao cliente dar largas à sua criatividade na selecção dos acessórios que irão compor a peça de bijutaria. O aconselhamento e apoio "técnico" é prestado apenas quando solicitado. 214 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Inicialmente voltada apenas para o comércio por grosso de componentes para a indústria têxtil e empresas de bijutaria, a empresa abriu em 2003, numa lógica de "evolução natural", a sua primeira loja de comércio a retalho no Chiado (loja de rua) e poucos meses depois outra em centro comercial (Amoreiras). Seguiu-se um período de expansão da rede, com abertura de várias lojas, todas em centros comerciais da Grande Lisboa. Em 2006, as dificuldades inerentes à gestão de uma rede de comércio a retalho com alguma dimensão, para a qual a empresa não dispunha de experiência anterior, por um lado, aliadas a um certo declínio da procura final, por outro, levaram a gestão da Milefiore a repensar a sua estratégia de negócio, recentrando-se naquilo que era o seu negócio nuclear, o comércio por grosso, e abandonando o comércio a retalho. Desde então a empresa tem vindo a proceder ao encerramento da cadeia de lojas de comércio a retalho, de forma necessariamente gradual, fruto das obrigatoriedades contratuais assumidas com as galerias e centros comerciais onde ainda se encontra localizada. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Consequentemente, a actual crise económica não veio afectar particularmente a actividade de retalho da Milefiore, uma vez que esta área de negócio se encontrava já, por razões de estratégia de negócio, em processo de encerramento. Em consequência, a Milefiore não teve necessidade de proceder a ajustamentos conjunturais como forma de ajustamento à actual crise económica. A empresa tem programado para 2010 uma redução do número de empregados dos actuais 12 para 8, mas que vem no seguimento do cumprimento do programa gradual de encerramento de lojas há muito traçado. Entretanto, a empresa mantém praticamente inalterada a sua política de recursos humanos, nomeadamente no que respeita a remunerações, aumentos salariais, ou escalas de serviço em cada uma das lojas ainda em funcionamento. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 215 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Enquanto permanece no mercado de retalho, a Milfiore tem primado por continuar a prestar um serviço de qualidade aos seus clientes. Para isso, a empresa complementa um sortido variado com a prestação de um serviço de atendimento personalizado, na convicção de que tais elementos são indispensáveis para uma experiência de compra positiva, e por inerência para a repetição da compra. Porque as tendências da moda e as características dos produtos alteram rapidamente, a Milefiore continua a investir na formação do pessoal afecto ao atendimento, como forma de garantir que estes estão à altura de prestar um aconselhamento adequado e um atendimento de qualidade. A médio e longo prazo, a empresa não descarta a possibilidade de voltar a direccionar-se para o comércio a retalho, mas em moldes e circunstâncias diferentes das actuais, apostando no desenvolvimento de um conceito de franchising. 216 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS MUCOFRAN 217 Política remuneratória comedida; Redução de margens comerciais 1. Caracterização da empresa Designação Mucofran Localização Loja de rua: Lisboa e Grande Lisboa (Reinaldo Ferreira) Web site http://www.mucofran.com.pt/ Antiguidade 31 anos Actividade principal Comércio de móveis, utilidades e cozinhas Número de trabalhadores 3 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Marido e Esposa Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) 48 anos Escolaridade do(s) gestor(es) Curso Superior de Assistente Social (Esposa) 2. Evolução recente da actividade da empresa A Mucofran é uma empresa dedicada à comercialização e fabrico de cozinhas de tendência contemporânea, apostando em design e materiais modernos. Implantada no mercado desde 1978, a Mucofran Lisboa tem estado sempre vocacionada para o segmento de consumidores finais. A clientela profissional tem maior expressão noutro estabelecimento, com a mesma insígnia, localizado em Portimão, e da qual actualmente a Mucrofan Lisboa é apenas co-proprietária. A empresa é gerida por um ex-funcionário da Mucrofan. O segmento de consumo final de mobiliário de cozinha tem vindo a sofrer mudanças estruturais profundas, fruto não só do aumento do número de empresas nacionais a operar no sector mas, sobretudo, da concorrência pelo preço das grandes superfícies especializadas. Neste processo, a Mucofran tem vindo a assistir a uma redução das vendas, de uma forma gradual mas 218 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS continuada, desde 2005. Entre 2005 e 2008 vendas anuais da Mucofran contraíram-se em cerca de 20%. Dada a magnitude da contracção da actividade, a empresa não conseguiu evitar os despedimentos, tendo passado de 7 para 4 trabalhadores, entre 2005 e 2008. A presente crise económica veio apenas acentuar esta tendência de quebra de actividade e agravar ainda mais a situação económico-financeira já de si difícil em que a Mucofran se encontrava. A empresa prevê para 2009 um volume de vendas substancialmente inferior ao de 2008. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A sucessiva quebra de actividade ao longo dos últimos anos levou a Mucofran a optar por uma política de ajustamento sucessivo que tem combinado despedimentos, redução de custos laborais, e aumento da flexibilidade dos recursos humanos que continuam. Entre as medidas de contenção de custos laborais que a empresa tem vindo a adoptar para fazer face à quebra de actividade destacam-se: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento dos salários desde o ano de 2005; A saída sem substituição de um trabalhador, em 2009, o que significou uma redução do número total de empregados de 4 para 3. Paralelamente, a Mucofran tem adoptado outras medidas conjunturais que não de contenção de custos laborais, visando minimizar as dificuldades desde há muito sentidas e agravadas com a actual crise económica. Entre elas destacam-se: A redução das margens comerciais para potenciar o incremento das vendas; A eliminação de qualquer tipo de acções promocionais ou publicitárias que acarretem custos, de que é exemplo o fim de inserções de publicidade em revistas de decoração ou na apelidada “imprensa cor-de-rosa”. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 219 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa O mercado de consumidores finais de mobiliário e utilidades de cozinha sofreu mudanças estruturais profundas nos últimos anos. Numa tentativa de minimizar os impactes da concorrência das grandes superfícies especializadas, bem como a concorrência de um número maior de empresas nacionais com um posicionamento semelhante ao seu, a Mucofran tem vindo a apostar naquilo em que os demais concorrentes são mais frágeis: produtos de maior qualidade comparativa e aproveitamento da experiência de quem já está há muitos anos no mercado. A Mucofran tem procurado tirar partido de uma vasta carteira de clientes, sobretudo semiprofissionais, estando a desenvolver mecanismos para futuro contacto regular com gabinetes técnicos de engenharia, arquitectura ou afins, oferecendo-lhes uma margem de intermediação pelas vendas angariadas. Estes mecanismos privilegiarão o uso de meios electrónicos. No mesmo sentido, a empresa está a melhorar o actual sítio da empresa na Internet, de modo a incrementar a sua eficácia enquanto meio promocional de serviços e produtos. 220 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS OURIVESARIA PORTUGAL 221 Moderação salarial; Racionalização na gestão de stocks 1. Caracterização da empresa Designação Ourivesaria Portugal Localização Loja de rua (Rossio) e Centro Comercial (Amoreiras) Web site www.ourivesaria-portugal.com Antiguidade 67 anos Actividade principal Relógios, jóias, faqueiros Número de trabalhadores 10 Número de estabelecimentos 2 Sócios / Accionistas Família Cunha: pai (filho do fundador), mãe e dois filhos Gestão da empresa Um dos co-proprietários (neto do fundador) Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Licenciatura 2. Evolução recente da actividade da empresa A Ourivesaria Portugal conta com 67 anos na história da ourivesaria e relojoaria portuguesa. Situada no Rossio, zona de prestígio do centro de Lisboa, e num dos mais antigos centros comerciais lisboetas, Amoreiras, a Ourivesaria Portugal destaca-se, desde a sua fundação, pela elegância e distinção dos estabelecimentos e do atendimento. Representantes de marcas topo de gama, a Ourivesaria Portugal já atingiu um estatuto no panorama comercial, no segmento em que actua, que lhe permitiu enfrentar a actual crise económica, sem necessitar de recorrer a alterações de maior quer estruturais, quer conjunturais. Contudo, as vendas da Ourivesaria Portugal, embora não significativamente, sofreram uma redução no decurso da corrente crise. 222 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Consciente de que a situação económica do país é desde há alguns anos vacilante, a Ourivesaria Portugal tem vido a adoptar uma gestão bastante prudente, o que lhe tem permitido acomodar a quebra nas vendas sem necessitar de recorrer a medidas extraordinárias de redução de custos laborais, nem tão pouco pôr em causa qualquer dos postos de trabalho da empresa. Desta forma, as únicas medidas de contenção de custos laborais adoptadas neste período de crise a registar foram: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento salarial em 2009; O cancelamento da habitual política de bónus e prémios, prática habitual da empresa desde há já alguns anos. No entanto, perante uma conjuntura económica periclitante que se arrasta há alguns anos, e seguindo os princípios de precaução que desde há muito têm caracterizado a gestão da Ourivesaria Portugal, a empresa tem tomado outras medidas conjunturais que não de contenção de custos laborais, de onde se assinalam: Uma gestão de stocks mais comedida e rigorosa, o que se traduz num menor número de unidades de cada marca e/ou modelo em stock, sobretudo de marcas mais caras, a par de uma gestão criteriosa do número de unidades em stock das marcas e modelos mais vendáveis, de modo a conseguir um compromisso entre servir sempre o cliente sem avultados investimentos em stock; Um maior cuidado no serviço pós-venda, nomeadamente pela prestação de um serviço mais célere mas sempre de elevada qualidade, como forma de aumentar a satisfação e fidelização do cliente; Uma maior disponibilização para a prática de descontos do que anteriormente sucedia. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Ourivesaria Portugal tem sabido manter-se firme num mercado cada vez mais difícil e competitivo, para o que tem contribuído uma política de ir ao encontro das necessidades dos seus clientes. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 223 Exemplo disso foi a decisão de abertura de um segundo estabelecimento em centro comercial. Apesar de o Rossio ser uma zona de prestígio do centro de Lisboa, tal como toda a Baixa Pombalina tem vindo a perder capacidade de atrair clientes lisboetas. Ao invés, os centros comerciais são cada vez mais o local de destino dos lisboetas para compras. Consciente disto, a Ourivesaria Portugal acompanhou os seus clientes, abrindo um estabelecimento naquele que é um dos centros comerciais de maior distinção da cidade de Lisboa – o Centro Comercial das Amoreiras. Outro elemento central da estratégia da Ourivesaria Portugal tem sido a sua continuada aposta na satisfação dos seus clientes, não apenas no momento da compra, mas ao longo da vida útil dos produtos adquiridos. Os clientes da Ourivesaria Portugal sabem que em qualquer altura podem regressar à loja para qualquer arranjo, alteração, ou conserto de uma peça ali adquirida. Contudo, e visando sempre melhorar e inovar, a Ourivesaria Portugal tem invariavelmente continuado a apostar em formação, interna e externa, de forma a acompanhar de perto todas e quaisquer alterações que ocorram no mercado. Os seus colaboradores recebem formação contínua por parte dos fornecedores relativa às características, utilização e forma manutenção dos produtos por estes comercializados. Internamente, a empresa procura facultar formação regular em de estratégias de vendas e técnicas de atendimento. A preservação da estabilidade no seu quadro de recursos humanos, que propicia o acumular de experiência no atendimento e de conhecimentos dos produtos comercializados, tem sido também uma mais-valia para que a Ourivesaria Portugal se mantenha como uma loja de referência no sector. A flexibilidade e familiaridade existente entre os elementos que constituem o quadro da empresa são factores essenciais para o sucesso desta empresa. 224 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS OURIVESARIA SARMENTO 225 Reposicionamento de mercado com marketing inovador 1. Caracterização da empresa Designação Ourivesaria Sarmento, Lda. Localização Rua do Ouro – Baixa Pombalina, Lisboa Web site n.d. Antiguidade 139 anos Actividade principal Retalhista de ourivesaria e joalharia Número de trabalhadores 2 – ambos filhos do proprietário Número de Estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Família Sarmento Gestão da empresa Sócio-Gerente – Filho do proprietário Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Ensino secundário 2. Evolução recente da actividade da empresa Situada num histórico edifício pombalino, a Ourivesaria Sarmento é, desde há 140 anos, uma referência na joalharia e relojoaria de luxo Lisboeta. Desde sempre uma empresa de gestão familiar, actualmente na quinta geração, é hoje uma empresa onde só trabalham membros da família. A falta de capacidade de atracção de clientes da Baixa Pombalina, alguma alteração das preferências dos consumidores, a que se junta a redução de poder de compra que Portugal vem vivendo há já alguns anos, são factores que em muito têm contribuído para a redução de vendas que a empresa tem sofrido nos últimos anos. A presente crise económica veio apenas reforçar esta tendência, registando a empresa em 2008 uma quebra de vendas mais acentuada que nos anos anteriores. 226 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Uma vez que, desde 2004, ano em que se reformou o último colaborador não familiar, a gestão e operação da empresa está exclusivamente a cargo do proprietário e familiares directos – filhos -, as possibilidades de contenção adicionais de custos laborais para fazer face à presente crise económica são bastante limitadas. No entanto, ao longo dos últimos anos, a Ourivesaria Sarmento foi adoptando um conjunto de práticas de ajustamento à menor procura que envolveram tanto medidas de contenção de custos laborais, como também práticas laborais mais flexíveis. Entre elas destacaram-se: Não substituição de trabalhadores que foram saindo da empresa por reforma; Total flexibilidade de funções, sendo que as duas filhas do proprietário são simultaneamente balconistas e responsáveis pelas áreas comercial e administrativa da empresa; Ajustamento do horário de funcionamento da loja aos picos de procura, com abertura aos sábados de tarde na época natalícia, e estendendo o horário de encerramento, quando se justifica. Durante o resto do ano a loja encontra-se aberta à hora de almoço, encerrando às 19 horas nos dias de semana e às 13h aos sábados. A magnitude dos efeitos cumulativos de redução das vendas dos últimos anos obrigou todavia a Ourivesaria Sarmento a adoptar outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, como forma de minorar os impactes da actual crise, de onde se destacam: A oferta da possibilidade de pagamentos a prestações; O reforça da política de descontos, privilegiando contudo os clientes habituais, e muito raramente feitos num primeiro contacto; A não incorporação de alguns aumentos de custos no preço final ao cliente, como foi o caso, por exemplo, da alteração da taxa normal de IVA de 19% para 21%. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A Ourivesaria Sarmento reconhece que está em curso uma tendência de fundo no sentido da alteração dos gostos e preferências dos consumidores de produtos de joalharia, que hoje preferem maior diversidade e variedade de peças, mais cor e designs mais contemporâneos, SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 227 tendências a que a moderna bijutaria de qualidade tem vindo a responder melhor que a ourivesaria tradicional. Consciente desta realidade, a Ourivesaria Sarmento tem em curso uma estratégia de reposicionamento de mercado no sentido de continuar a oferecer qualidade e distinção, mas associados a uma ideia de contemporaneidade. Esta estratégia passa sobretudo por promover uma imagem de loja de tradição com modernidade, onde a ourivesaria – tradicional mas também a moderna – se combinam com cultura. Entre as várias iniciativas que integram esta estratégia de promoção e marketing, destacam-se: A partir de 2010, a Ourivesaria Sarmento albergará nas suas instalações, tirando partido das excelentes qualidades arquitectónicas do espaço, uma galeria de arte onde artistas emergentes dentro do ramo da joalharia e ourivesaria poderão expor as suas obras a custo zero; Transformar a experiência pontual de colaboração com o Museu do Design, em Junho e Julho de 2009, numa parceria efectiva. Neste âmbito, a Ourivesaria Sarmento disporá de uma área de exposição permanente onde artistas patrocinados pelo Museu do Design exporão as suas colecções. O Museu do Design, por sua vez, poderá vir a expor peças do catálogo da Ourivesaria Sarmento que se ajustem às suas exposições temporárias; Dedicar maior espaço de exposição e promover uma maior divulgação das peças de baixo custo que já comercializam, como pulseiras e brincos de prata que actualmente podem custar entre 30 a 40 euros, de forma a ajudar a dissipar a ideia de que a ourivesaria tradicional “ é apenas para ricos”; Em 2010, aproveitando as celebrações dos seus 140 anos, durante todo o ano a Ourivesaria Sarmento terá a decorrer no estabelecimento um programa de animação, que envolverá actividades como: Desfiles de moda, com peças comercializadas pela loja; Peças de teatro, com temáticas aliadas à história não só da Baixa Pombalina, mas também da própria empresa; Músicos convidados; Montra interactiva, com temas e divulgações ajustadas ao plano de festas e catálogo. Manutenção da habitual estratégia de publicidade, sobretudo através da divulgação da loja em guias turísticos e sites de promoção turística de Lisboa. No próximo ano, esta estratégia será reforçada com acções de divulgação das festividades comemorativas dos 140 anos, que passarão pela criação de postais e calendários de distribuição gratuita cujo fundo de layout é inspirado em obras que integram a colecção do catálogo da ourivesaria. 228 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tendo consciência da importância da internet enquanto forma de comunicação, promoção e divulgação, a Ourivesaria Sarmento aderiu à maior rede social virtual – Facebook - com relativo sucesso, uma vez que o número de visitantes da sua página aumenta diariamente. A empresa está em fase construção da sua página na internet, ainda sem data prevista de abertura. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS OURO VIVO 229 Qualidade de atendimento; Sinergias de Grupo 1. Caracterização da empresa Designação Ouro Vivo Localização Lojas em centros comerciais em vários pontos do país Web site http://www.orovivo.ch/pt Antiguidade 18 anos Actividade principal Cadeia de ourivesaria e relojoaria Número de trabalhadores 130 Número de estabelecimentos 24 Sócios / Accionistas Grupo Francês Christian Bernard Gestão da empresa Gestores contratados (áreas operacionais). Áreas estratégicas a cargo da empresa-mãe Idade do(s) gestor(es) Não aplicável Escolaridade do(s) gestor(es) Não aplicável 2. Evolução recente da actividade da empresa A Ouro Vivo é a primeira cadeia de joalharia e relojoaria a integrar no mesmo grupo o desenho, fabrico e distribuição das suas colecções. Ao longo de 18 anos, a empresa foi expandindo a actividade, iniciada na Suíça, a outros países europeus, dispondo actualmente de uma rede de 170 lojas distribuídas por quatro países: Suíça, Alemanha, Portugal e Espanha. Em Portugal, a Ouro Vivo tem vindo a desenvolver uma política de expansão sustentada, baseada na realização de estudos periódicos de controlo de custos e de índices rentabilidade dos seus estabelecimentos. Sendo essencialmente uma loja de tráfego, a empresa procura estar presente em localizações que assegurem um elevado fluxo de pessoas. Por esta razão, privilegia a localização em centros comerciais do litoral e que disponham de um número de significativo de lojas âncora. 230 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS A actual crise económica não afecta particularmente a actividade corrente da Ouro Vivo em Portugal, ao contrário do que seria previsível, tendo em conta que a natureza do seu negócio tende a ressentir-se do decréscimo de rendimento disponível das famílias, o que tem sido visível entre os agregados familiares portugueses. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise Uma possível explicação para esta a resiliência das vendas da Ouro Vivo à quebra do poder de compra das famílias portuguesas decorre, essencialmente, da capacidade que a empresa tem demonstrado em explorar as sinergias de grupo na sua estratégia de expansão nacional: a Ouro Vivo é uma das insígnias do grupo Christian Bernard, o qual desenvolveu processos de desenho e de controlo de fabrico próprios, a par da sua própria rede de distribuição e retalho de produtos de ourivesaria e relojoaria, genéricos ou licenciados. A empresa é, por isso, capaz de oferecer produtos com design atraente, criativo e moderno, de qualidade média e com uma atractiva relação qualidade/preço, que têm agradado bastante ao público português, cultural e tradicionalmente propenso à compra de objectos de ourivesaria e relojoaria. Em consequência, a Ouro Vivo não sentiu a necessidade de proceder a ajustamentos conjunturais significativos, decorrentes da actual crise económica. Como medidas conjunturais de contenção de custos laborais, há apenas a registar o recurso ao apoio Estatal “Apoio à contratação a termo de trabalhadores com 55 anos ou mais e de públicos específicos”, aplicada a todos os funcionários das lojas com idade igual ou superior a 55 anos. Note-se, ainda, que para além da medida acima referida, a Ouro Vivo tem apostado na melhoria da qualidade do serviço prestado ao cliente, de forma continuada, bem como, na avaliação regular da rendibilidade de cada um dos seus pontos de venda, iniciativas que na actual conjuntura económica contribuem, indirectamente, para evitar ou minimizar despedimentos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 231 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A cadeia Ouro Vivo tem aumentando a sua oferta para nela incluir colecções exclusivas, a par de produtos de ourivesaria e relojoaria de design contemporâneo e relação qualidade/preço bastante atractiva. Junta-se uma rede de retalho próxima dos clientes, que pretende igualmente proporcionar uma experiência de compra agradável aos clientes através de um atendimento simpático, afável e competente. Para tal, a empresa faz da aposta na formação, tanto ao nível das técnicas de vendas como de produto e motivação, providenciadas internamente ou por outsourcers, um pilar fundamental da sua estratégia de negócio. A direcção comercial é constituída por 1 director comercial e 3 supervisoras de loja que superintendem um determinado número de lojas, de acordo com a sua localização geográfica, abarcando todo o território nacional. As supervisoras de loja prestam apoio in loco aos diversos estabelecimentos, o que lhes permite identificar na origem possíveis problemas e tomar prontamente medidas correctivas, sempre que possível, ou, quando a circunstância é mais complexa, reportar directamente a questão ao escritório central em Lisboa. Igualmente central na estratégia de negócio da Ouro Vivo é a política deliberada de fidelização do cliente. Para tal, a Ouro Vivo procura que as técnicas de promoção e comunicação, a experiência de compra dos clientes e os ambientes dos pontos venda, sejam complementares e indissociáveis, de modo a potenciar o aumento da frequência de compras, tentando corresponder e antecipar necessidades, actuais e futuras, dos clientes. A Ouro Vivo tem ainda apostado significativamente numa estratégia de comunicação e imagem desenhada à medida do perfil da sua clientela nacional. Apesar de ser uma empresa multinacional, tem a preocupação de desenhar estratégias de promoção e marketing feitas à medida das preferências da clientela de cada país. Neste âmbito destacam-se sobretudo a aposta no vitrinismo. Futuramente, a Ouro Vivo irá actualizar a presente insígnia para Oro Vivo a fim de alinhar a designação dos estabelecimentos nacionais com as demais lojas situadas nos outros países onde a cadeia também está presente, tendo inclusive já utilizado este denominação nas lojas inauguradas nos tempos mais recentes. 232 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS PRIM 233 Encerramento de lojas; Política remuneratória mais restritiva 1. Caracterização da empresa Designação Prim, Unipessoal, Lda. Localização Loja em Galeria Comercial – Galerias Atlanta Park Web site n.d. Antiguidade 11 anos Actividade principal Comércio de moda Número de trabalhadores 3 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Proprietária única Gestão da empresa Proprietária Idade do(s) gestor(es) Escalão “mais de 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Pós-Graduação 2. Evolução recente da actividade da empresa A loja Prim é desde há 11 anos uma loja especializada no comércio de moda, nomeadamente em peças de vestuário de marcas topo de gama. Com o intuito de apostar num público classe alta, a localização da Prim foi estrategicamente pensada, pois as galerias nas quais a loja está situada estão localizadas numa zona habitacional de Lisboa de elevado poder de compra. Apesar de vocacionada para um segmento de mercado médio-alto e alto, a Prim vem registando desde há alguns anos uma quebra nas vendas, tendência que se agravou de forma significativa com a presente crise económica. De facto, depois de em 2007 ter encerrado dois dos então três estabelecimentos por baixa facturação, em 2008 o volume de negócios sofreu de novo uma quebra em cerca de 50% comparativamente a 2007. A ligeira melhoria verificada em 2009, não tem sido suficiente para compensar tamanha quebra. 234 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise O combate à presente crise económica na Prim tem passado pela adopção de medidas conjunturais que combinam contenção de custos laborais com estímulo das vendas. Entre as medidas de contenção de custos laborais adoptadas neste período de crise destacam-se: Uma política remuneratória mais restritiva, comprovada no não aumento do salário, ou seja, houve um congelamento salarial; A não renovação do contrato a termo de 2 colaboradores durante o ano de 2008, embora ambos os postos de trabalho tenham sido novamente ocupados em 2009; O reforço da política de reafectação funcional que, apesar de já ser uma prática pontual entre os funcionários da Prim, foi institucionalizado neste período particularmente conturbado. Por exemplo, o facto de qualquer um dos elementos da loja poder efectuar a limpeza da mesma, no final do dia, permite a contenção nos custos relativos à contratação de uma empresa de limpezas. A forte acentuação das quebras de vendas na empresa levou a Prim a adoptar, ainda, outras medidas conjunturais que não de contenção de custos laborais, visando um aumento nas vendas, entre as quais se destacam: O alargamento dos períodos destinados a promoções e saldos, que embora já fossem política da casa, nunca o tinham sido por tanto tempo consecutivo; A eliminação da possibilidade de pagamentos a prestações anteriormente praticada. Actualmente são apenas efectuadas vendas a pronto pagamento, política que foi adoptada pela necessidade de geração de liquidez; A oferta de serviços adicionais de pós-venda, como por exemplo, arranjos gratuitos até um mês após a compra; A diversificação do leque de produtos oferecidos, que passou a integrar, para além das marcas de prestígio e elevado preço, produtos de marcas mais económicas; Uma maior exigência de produtividade aos colaboradores. Notou-se uma diferença comportamental, num ambiente que sempre fora caracterizado como familiar, para um ambiente que, não deixando de manter características familiares, se tornou mais “empresarial”, de forma a evitar facilitismos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 235 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa A situação actual da loja Prim é o resultado de uma crise de há cerca de uma década, não sendo propriamente conjuntural. Contudo, nunca as quebras de vendas haviam chegado aos 50% como em 2008. Em resposta a esta tendência de fundo, a estratégia central da empresa tem sido reduzir a actividade, tentar aceder a segmentos de mercado de menor poder de compra e cortar nalgumas das condições oferecidas aos clientes que acarretem custos à empresa. De facto, nos últimos anos a Prim encerrou dois dos três estabelecimentos originais, logo que se tornou visível que eles deixaram de ser lucrativos, seguindo o princípio de evitar um efeito de contaminação dos resultados globais da empresa. Estes nunca foram substituídos pela abertura de novos estabelecimentos, noutras zonas e/ou vocacionados para outros segmentos ou de mercado. Por outro lado, a principal estratégia de diversificação de actividade a registar foi implementada recentemente e consistiu em integrar produtos de marcas não topo de gama e, por isso, mais baratas entre a sua oferta de produtos. O facto de a empresa dispor actualmente de um estabelecimento único e de dimensão regular, contribui para que não seja tão evidente quanto o desejável para o cliente de passagem que a empresa operou de facto esta segmentação de mercado. As estratégias de fidelização do cliente, preocupação constante da Prim, têm passado tanto pela prestação de um serviço de atendimento personalizado e profissional aliado a uma oferta de serviços complementares. Neste âmbito, a estratégia recente da empresa tem passado pela oferta de serviços com custo marginal tendencialmente nulo para a empresa, de que é exemplo a oferta serviços de arranjos gratuitos até um mês após a compra. Medidas desta natureza ajudam a compensar a supressão de outras que acarretam custos à empresa, como o fim da facilidade de pagamento a prestações, que a empresa se viu obrigada a implementar fruto das dificuldades económicas actuais. 236 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SANTOS & CELESTINA 237 Redimensionamento gradual; Intensificação das campanhas promocionais; Gestão de stocks prudente 1. Caracterização da empresa Designação Santos & Celestina Localização Lisboa - Santa Catarina Web site n.d. Antiguidade 49 anos Actividade principal Perfumaria, drogaria e artigos de higiene Número de trabalhadores 3 Trabalhadores com formação superior 14 Número de estabelecimentos 1 Sócios / Accionistas Sociedade Familiar Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) Frequência da licenciatura de gestão de empresas 2. Evolução recente da actividade da empresa A Santos & Celestina é uma drogaria, situada na Baixa Pombalina, que comercializa um sortido variado de produtos de drogaria, perfumaria e higiene pessoal e doméstica. Como outras lojas de rua cuja actividade depende significativamente do tráfego de potenciais clientes na zona, também a Santos e Celestina tem vindo a ressentir-se da perda de habitantes, por um lado, e da falta de atractividade enquanto destino de compras dos habitantes da cidade, por outro, problemas que têm caracterizado o coração da cidade de Lisboa em geral e muito particularmente a zona da Baixa Pombalina. Ao longo da última década as vendas da empresa têm vindo a reduzir gradualmente. 238 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em consequência, a empresa foi ajustando a dimensão do seu quadro de pessoal à redução da actividade, sobretudo pela via da não substituição dos empregados que, entretanto, se reformaram ou optaram por sair voluntariamente da empresa. Em 2008, o quadro de pessoal era já composto por apenas 3 elementos, número que a empresa considera o mínimo necessário para assegurar o normal funcionamento da actividade. A presente crise económica recente não agravou de forma particularmente significativa a tendência geral de contracção da actividade nos últimos anos. Talvez em larga medida porque, num esforço para estancar a quebra das vendas, a empresa tem vindo, desde há algum tempo, a adoptar uma gestão prudente e mais cuidadosa quanto à oferta de produtos, tentando um melhor ajustamento entre stocks e necessidades dos clientes, sem descurar a relação qualidade/preço, bem como o nível de serviço oferecido. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise No contexto de um quadro de pessoal reduzido ao mínimo necessário ao normal funcionamento da sua actividade, foram poucas as medidas conjunturais de contenção de custos laborais postas em prática: Em 2009 a empresa adoptou uma política remuneratória mais restritiva, não tendo procedido a quaisquer aumentos salariais; Foi reforçada a polivalência de funções, incrementada nos últimos anos, desempenhando os colaboradores não só as habituais funções de atendimento e armazém, mas também funções de apoio a medidas de dinamização das vendas e promoção adiante detalhadas. Numa tentativa de contrariar os efeitos negativos adicionais do presente ciclo económico, a Santos & Celestina pôs em prática outras medidas conjunturais, que não de contenção de custos laborais, visando sobretudo a dinamização das vendas de onde se destacam: Incremento de campanhas e outros mecanismos promocionais, de modo a potenciar os índices de rotação dos produtos seleccionados para o efeito; Aposta no vitrinismo, como meio de aumentar atractividade dos artigos expostos. Para tal, os colaboradores tem recebido formação/motivação por parte do sócio-gerente para executarem estas tarefas; Racionalização dos custos com stocks, através de uma política de encomendas mais directamente associada à rotação dos produtos. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 239 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa Apesar de afectada pela falta de atractividade da Baixa Pombalina, enquanto zona de destino de compras dos lisboetas, a Santos & Celestina tem conseguido resistir à tendência de decadência do comércio tradicional da Baixa Alfacinha, porque a empresa tem sabido interpretar os sinais do mercado, estar atenta às novas necessidades dos clientes, e ser capaz de inovar na tradição. Assim, a Santos & Celestina tem alterado o portfólio dos produtos oferecidos, reduzindo o pendor dos artigos de drogaria e focalizando a oferta mais para produtos de higiene e perfumaria com elevado índice de notoriedade mas com uma relação qualidade/preço atractiva. Igualmente central na estratégia de negócio da empresa é a política de fidelização do cliente. Para tal, a Santos & Celestina procura estar atenta às técnicas de promoção e comunicação dos concorrentes directos, das cadeias de supermercados e hipermercados, bem como, das últimas campanhas e lançamentos de produtos de drogaria, perfumaria e higiene, de modo a replicar as boas práticas passíveis de serem implementadas numa pequena loja de rua. Procura ainda disponibilizar as novidades mais recentes, de forma a atrair os clientes à loja e a potenciar o aumento da frequência de compras. A política de fidelização dos clientes passa também pela aposta no serviço e na qualidade de atendimento, que é precisamente onde o comércio tradicional tem vantagens sobre a grande distribuição. A simpatia, afabilidade e competência são elementos distintivos desta loja, para o que contribui a preservação dos colaboradores de longa data, que conhecem muitos dos clientes pelo nome e que estão profundamente identificados com a cultura da empresa. Por exemplo, a Santos & Celestina tem por princípio incentivar todos os seus colaboradores a apresentarem sugestões e a apontarem lacunas, formal ou informalmente, no sentido de melhorar o serviço prestado ao cliente. A aposta na polivalência e a adaptação dos horários de funcionamento ao fluxo de tráfico de pessoas, são elementos fundamentais desta estratégia. 240 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SAPATARIA JANDAIA 241 Aposta na qualidade de atendimento; Promoção da marca 1. Caracterização da empresa Designação Sapataria Jandaia Localização Lojas de rua: Lisboa - Av. da Igreja. Lojas em centros comerciais de Lisboa e Grande Lisboa: Amoreiras, Colombo, Odivelas Parque. Web site n.d. Antiguidade 31 anos Actividade principal Cadeia de sapatarias Número de trabalhadores 12 Trabalhadores com formação superior 4 Número de estabelecimentos Sociedade familiar Sócios / Accionistas Familiar do proprietário Gestão da empresa Escalão “30 a 50 anos” Idade do(s) gestor(es) Licenciatura ou superior. Escolaridade do(s) gestor(es) Lic. em Engenharia Electromecânica 2. Evolução recente da actividade da empresa A sapataria Jandaia é uma cadeia de sapatarias para homem e senhora, com pontos de venda em centros comerciais e uma loja de rua. A cadeia posiciona-se num segmento médio, primando por oferecer aos seus clientes um atendimento personalizado num ambiente de loja distinto. Depois de, nos últimos três anos, 2006 a 2008, a empresa ter registado uma evolução positiva da actividade, o ano de 2009 está a revelar-se desfavorável. Até ao final do terceiro trimestre de 2009 a quebra de vendas atingiu os 4% face a período homólogo de 2008. A empresa estima que esta situação poderá vir a agravar-se até ao final do ano, com uma previsão de decréscimo de 5% a 7.5% para o conjunto do ano. Os reflexos da crise económica no poder de compra das 242 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS famílias portuguesas e muito particularmente na classe média, segmento alvo da Jandaia, é a principal explicação para o mau comportamento das vendas em 2009. Ainda assim, a empresa não só evitou a dispensa de pessoal como, enquadrada numa estratégia de aposta na qualidade, reforçou a sua equipa de vendas com a contratação de um novo elemento em 2009. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A retracção nas vendas nos primeiros meses de 2009 e a expectativa de que a tendência se mantenha pelo menos até ao final do ano, levou a Jandaia a optar por uma política de ajustamento que tem combinado um esforço de minimização custos, renegociação de condições contratuais e optimização da afectação de recursos humanos entre as lojas da cadeia. Entre as medidas de contenção de custos laborais que a empresa tem vindo a adoptar para fazer face à quebra de actividade destacam-se: Redistribuição dos recursos humanos afectos às vendas entre as lojas da cadeia Jandaia, deslocando trabalhadores das lojas mais afectadas pela quebra de vendas para as lojas menos afectadas e/ou com necessidade de reforço das equipas de vendas; Recurso ao apoio estatal “à redução da precariedade no emprego dos jovens”, criado em Janeiro de 2009, abrangendo jovens que já colaboravam com a empresa mas em regime de contrato a termo, prestação de serviços ou estágio. Paralelamente, a Jandaia tem adoptado outras medidas conjunturais que não de contenção de custos laborais, visando minimizar as dificuldades decorrentes da actual crise económica. Entre elas destacam-se: Renegociação das condições contratuais com administrações de centros comerciais (Odivelas Parque e Colombo), o que permitiu o não encerramento do estabelecimento localizado no Centro Comercial Odivelas Parque; Celebração de acordos com fornecedores no sentido de assegurar prazos de entrega menores e um fluxo de fornecimento ao longo da época em função da procura, em substituição de um fornecimento único no início da época. Esta modalidade permite reduzir substancialmente o investimento em stocks e minimizar o número de artigos que no fim da época têm que ser saldados; SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 243 Adopção de medidas de promoção e comunicação, visando alcançar outros segmentos de mercado, nomeadamente o turista, através da reformulação do layout das embalagens e promoção da marca em brochura “TaxFree”; Racionalização de outros custos, nomeadamente os custos com telecomunicações, através da renegociação das condições contratuais com o operador de telecomunicações. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa O sector do comércio de calçado sofreu mudanças importantes nos últimos anos. Hoje é particularmente intensa a concorrência, sobretudo pelo preço, de grandes cadeias especializadas na distribuição de calçado, mas também das pequenas lojas de rua de produtos asiáticos. A Jandaia tem respondido a esta concorrência pelo preço apostando naquilo em que tais concorrentes são mais frágeis: produtos de maior qualidade e atendimento personalizado. Para isso, a empresa tem procurado a fidelização da clientela através de medidas que aumentem a satisfação do cliente, reforcem a ligação afectiva entre o cliente e a cadeia de lojas e, em última analise, que estimulem a repetição da compra. As principais medidas recentemente adoptadas, neste âmbito, têm sido: Reforço da equipa de vendas, através da contratação de um novo colaborador, em 2009; Desenvolvimento de parcerias com diversas entidades, tais como ACP, Ordem dos Médicos, e organização de funcionários do BES, com o objectivo de oferecer descontos aos seus associados. 244 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS TEVEL 245 Aposta na divulgação e promoção; Experiência de expansão da rede mal sucedida e revertida 1. Caracterização da empresa Designação Tevel Localização Lojas de rua Lisboa e Grande Lisboa: Av. Roma, R. Conde Sabugosa, Cacém Web site http://www.tevel.pt/epages/219467.sf Antiguidade 51 anos Actividade principal Comércio de ferragens decorativas e de construção, torneiras, acessórios de casa de banho e bricolage Número de trabalhadores 21 Número de estabelecimentos 3 Sócios / Accionistas 2 Gestão da empresa Sócio-gerente Idade do(s) gestor(es) Escalão “30 a 50 anos” Escolaridade do(s) gestor(es) 9º ano de escolaridade 2. Evolução recente da actividade da empresa A Tevel é uma cadeia de lojas de rua que comercializa produtos do sector de ferragens decorativas e de construção, torneiras, acessórios de casa de banho, varões e bricolage. A empresa, que comemorou 50 anos de existência em 2008, foi fundada num pequeno espaço em Lisboa, sendo desde sempre conhecida por oferecer todo o leque de materiais necessários para o mercado das ferragens e similares, especialmente vocacionada para o segmento profissional. A redução da actividade da empresa tem sido uma constante desde 2000. Entre 2000 e 2008 as vendas da empresa contraíram-se em cerca de 70%. A presente crise económica veio apenas 246 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS agravar esta tendência. Em resultado, a Tevel é hoje uma empresa que se depara com bastantes dificuldades. Esta circunstancia deriva da evolução estrutural do mercado de ferragens para construção civil, carpintaria e móveis. A Tevel não conseguiu fazer face aos efeitos da forte concorrência, pelo preço e pela variedade, das grandes superfícies. Esta concorrência remonta ao início da era dos hipermercados, sendo mais tarde intensificada com a abertura de grandes superfícies especializadas em materiais de construção e remodelação, que aliam um sortido variado a um baixo preço. A Tevel foi igualmente incapaz de fazer face à intensificação da concorrência no mercado grossista de ferragens, particularmente significativa após entrada de Portugal na União Europeia. Neste processo, a empresa viu reduzirem-se praticamente a zero as suas vendas de ferragens para carpintarias e móveis, em especial para a indústria de mobiliário do centro do país, um dos seus importantes mercados. Actualmente, a Tevel apenas serve o mercado particular. No entanto, a estratégia de ampliação dos pontos de venda vocacionados para este segmento de mercado também não foi bem sucedida, vendo-se se forçada a desinvestir e a encerrar os estabelecimentos no Freeport Outlet Alcochete e no Palácio Sotto Mayor, que detinham baixíssimos índices de rentabilidade. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A sucessiva quebra de actividade ao longo dos últimos anos levou a Tevel a optar por uma política de ajustamento sucessivo que tem combinado a não substituição de trabalhadores que se despediram voluntariamente, com o aumento da flexibilidade dos recursos humanos que continuam. Logo, a única medida de redução adicional dos custos laborais adoptada neste período de crise cingiu-se a alguma reafectação funcional dos funcionários adstritos ao escritório, com flexibilização de funções. A Tevel tem adoptado outras medidas conjunturais que não de contenção de custos laborais, visando minimizar as dificuldades desde há muito sentidas e agravadas com a actual crise económica. Entre elas destacam-se: SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 247 Racionalização dos custos, como por exemplo os custos com encomendas, através da rotação dos produtos actualmente em stock, em detrimento da aquisição de novos artigos; Adaptação do horário de funcionamento às necessidades dos clientes, não encerrando à hora do almoço nos meses de Julho e Agosto. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa O mercado de ferragens para construção civil, carpintaria e móveis sofreu mudanças estruturais profundas nos últimos anos. Para combater a concorrência das grandes superfícies, a Tevel tem apostado naquilo em que estas são mais frágeis: atendimento personalizado e aconselhamento especializado do cliente particular. Consequentemente, a empresa tem procurado a fidelização e satisfação da clientela, apostando na disponibilização de serviços de venda directa, complementados com informações técnicas e de aplicação dos artigos comercializados, bem como em acções de divulgação e promoção. As principais medidas neste âmbito adoptadas recentemente têm sido: De 15 em 15 dias é feita uma acção promocional através do envio de mensagens electrónicas para clientes, câmaras municipais e empresas dedicadas à reabilitação urbana. Futuramente irá ser feito um esforço promocional semelhante, por meio de correio postal; Criação de cartão de cliente com 10% de desconto; Inserção de publicidade no jornal Correio da Manhã; Promoção de produtos e serviços no sítio da empresa na Internet. Estas iniciativas têm permitido a sobrevivência da empresa, embora não estejam a ser suficientes para garantir a sua rentabilidade e sustentabilidade a prazo. No segmento de mercado das ferragens para construção civil, carpintaria e móveis, os artigos tendem a ser relativamente homogéneos, pelo que o atendimento personalizado e aconselhamento especializado, sendo factores importantes, não são suficientemente valorizados, pelo cliente em geral, a ponto de compensar a desvantagem de preço face às grandes superfícies, genéricas ou mais especializadas. 248 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS XL MODA 249 Maior qualidade; Atendimento personalizado para fidelizar clientes 1. Caracterização da empresa Designação XL Moda Localização Lojas de rua: Amadora, Benfica, Morais Soares, Pascoal Melo Web site http://www.xlmoda.com Antiguidade 21 anos Actividade principal Moda (vestuário e bijutaria) Número de trabalhadores 8 Número de estabelecimentos 4 Sócios / Accionistas Dois sócios individuais (Marido e Esposa) Gestão da empresa Sócios-gerentes (Marido e Esposa) Idade do(s) gestor(es) 53 (Esposo) Escolaridade do(s) gestor(es) 4º ano (Esposo) 2. Evolução recente da actividade da empresa A XL Moda é uma cadeia de lojas de rua, dedicadas ao comércio de vestuário e bijutaria feminina que aposta nas tendências da moda francesa e italiana. Possui 4 estabelecimentos, 3 localizados em zonas mais antigas da cidade de Lisboa – Pascoal de Melo, Morais Soares e Benfica – e 1 no centro antigo da cidade da Amadora. A forte concorrência dos centros comerciais, por um lado, com horários mais alargados e localizações com melhor acessibilidade, e das lojas chinesas, por outro, tem vindo a colocar importantes desafios à competitividade da XL Moda. Sendo uma cadeia de lojas de rua e de centro de cidade, sente com particular incidência a concorrência aguerrida dos estabelecimentos da comunidade chinesa radicada em Lisboa, que aliam um sortido variado a um baixo preço, factores particularmente atractivos num período de significativa retracção económica. Além disso, estes estabelecimentos praticam, em regra, horários mais alargados que a generalidade do comércio tradicional. 250 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Esta mudança dos hábitos de consumo e das condições concorrenciais no sector de pronto-avestir de comércio de rua tem afectado significativamente a actividade da XL Moda. A redução da actividade tem sido uma constante ao longo de mais de uma década. A presente crise económica veio apenas agravar esta tendência, traduzindo-se num decréscimo ainda mais acentuado das vendas. Até porque a clientela habitual da XL Moda é sobretudo de classe média, um dos segmentos mais afectados pelo actual ciclo económico. A XL Moda tem respondido à quebra estrutural das vendas com uma redução da dimensão. Em Março de 2008 encerrou o estabelecimento localizado em Odivelas, despedindo o respectivo colaborador. Apesar da quebra de vendas ser transversal a todas as lojas, a empresa tem feito um esforço para evitar dispensar os colaboradores afectos às lojas em funcionamento. 3. Medidas conjunturais de ajustamento à crise A sucessiva quebra de actividade ao longo dos últimos anos levou a XL Moda a optar por uma política de ajustamento sucessivo que tem combinado um esforço de minimização da redução de pessoal, redução de custos laborais, e aumento da flexibilidade dos recursos humanos que permanecem na empresa. Entre as medidas de contenção de custos laborais que a empresa tem vindo a adoptar para fazer face à quebra de actividade destacam-se: Uma política remuneratória mais restritiva, traduzida no não aumento dos salários no ano de 2008, embora se tenha verificado um ligeiro aumento no corrente ano de 2009; Nalguma reafectação funcional, consubstanciada na utilização de uma funcionária para apoiar as diversas lojas sempre que necessário, quer ao nível do atendimento, quer a nível logístico. 4. Estratégias estruturais de reforço da competitividade da empresa O sector do comércio de pronto-a-vestir sofreu mudanças estruturais profundas nos últimos anos. Para combater a concorrência pelo preço, dos lojistas chineses, bem como a atractividade SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 251 e comodidade oferecida pelas galerias e centros comerciais, a XL Moda tem apostado naquilo em que estas são mais frágeis: produtos de maior qualidade, em termos comparativos, e um atendimento personalizado. Consequentemente, a XL Moda tem procurado a fidelização e satisfação da clientela através de medidas que aumentem a satisfação do cliente, reforcem a ligação afectiva entre o cliente e a cadeia de lojas e, em última análise, que estimulem a repetição da compra. As principais medidas adoptadas recentemente, neste âmbito, têm sido: A criação do cartão de cliente XL Moda. Por cada 150 euros de compras, são atribuídos ao cliente vales oferta convertíveis em compras a efectuar em qualquer dos estabelecimentos da cadeia. O cartão cliente assegura ainda o acesso privilegiado a períodos de descontos e saldos antecipados, assim como o recebimento periódico de informação sobre novidades e promoções; Promoção de produtos, colecções e serviços no sítio da empresa, na Internet. Esta pró-actividade tem permitido a sobrevivência da empresa, embora não esteja a ser suficiente para garantir a sua rentabilidade e sustentabilidade, a prazo. No segmento de mercado de pronto-a-vestir os artigos tendem a ser relativamente homogéneos, pelo que a qualidade e o atendimento personalizado, sendo factores importantes, não são suficientemente valorizados pelo cliente, em geral, a ponto de compensar a desvantagem de preço, face às lojas de produtos orientais, ou a desvantagem de atractividade ou comodidade proporcionada pelas galerias e centros comerciais. 6. CONCLUSÕES SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 255 6. CONCLUSÕES 6.1. Enquadramento internacional e nacional A economia mundial sofreu, em 2009, a maior contracção pós Segunda Guerra Mundial e, apesar dos sinais positivos na parte final do ano, as condições para uma recuperação sustentada da economia mundial permanecem frágeis. Tanto a produção industrial mundial como o comércio internacional registaram quebras sem precedentes nas últimas décadas, tendo sido a indústria automóvel um dos sectores industriais mais afectados. As consequências nos mercados de trabalho mundiais – embora desiguais entre países - assumiram proporções sem paralelo recente. Entre 2007 e 2009 o aumento do número de desempregados no mundo terá oscilado entre os 29 e 59 milhões3. Apesar disso, os indicadores laborais demonstram que uma parte significativa do ajustamento nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento está a ser feito pela via da redução das horas trabalhadas4. Assim sendo, e mesmo confirmando-se o cenário de consolidação da recuperação económica mundial em 2010, é expectável que esta seja acompanhada de um aumento das taxas de desemprego nas economias desenvolvidas e de persistência das condições de pobreza nas economias em desenvolvimento, pois a experiência de recessões anteriores mostra que a recuperação do emprego tende a ser desfasada face à recuperação do crescimento económico, sendo tanto maior o desfasamento quando maior for o ajustamento à crise pela via da redução das horas trabalhadas. Em Portugal, a crise internacional iniciada em 2008 veio exacerbar o fraco desempenho da economia portuguesa ao longo da última década e agravar as suas consequências, nomeadamente em termos de mercado de trabalho. Portugal regista, desde 2001, um crescimento económico inferior à média da área euro caracterizado por um persistentemente baixo crescimento da produtividade, degradação da competitividade externa, desemprego crescente e um défice externo considerável. A crise internacional veio agravar este cenário. Em 2009 a actividade económica em Portugal deverá registar a maior contracção pós-1975; o emprego deverá sofrer uma redução de 2,3 por cento; o número de desempregados atingiu os 558 mil e a taxa de desemprego os 10,2 por cento em Outubro de 2009, os piores resultados em várias décadas. Em termos sectoriais, a redução generalizada do 3 4 Segundo as mais recentes estimativas do International Labour Office de Maio de 2009. De acordo com as estimativas de Outubro de 2009 do FMI. 256 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS emprego em 2009 terá sido mais significativa na indústria transformadora e na construção. No entanto, e apesar do mau desempenho, nem todo o ajustamento do mercado de trabalho à quebra de actividade em Portugal estará a fazer-se pela redução do emprego. Uma parte não negligenciável do ajustamento parece estar a ocorrer pela via da redução da produtividade que em 2009 deverá diminuir 0,3 por cento, depois de uma diminuição de 0,6 por cento em 2008, que inverteu um ciclo de crescimentos positivos, ainda que moderados, com mais de uma década. Um número significativo de empresas portuguesas estará a manter os empregos, eventualmente reduzindo as horas trabalhadas, apesar da quebra acentuada da actividade. Esta é precisamente uma das ilações que resulta do comportamento recente dos mercados laborais (para maior detalhe, ver capítulo 3). Tanto em Portugal como em várias das restantes economias desenvolvidas e em desenvolvimento, a destruição de empregos estará a ser menor do que a contracção da actividade deixaria antever tendo por referência a relação histórica entre emprego e actividade económica em crises anteriores. Este resultado significa que, diferentemente do verificado em crises anteriores, também um pouco por todo o mundo um número significativo de empresas estará a manter empregos, apesar da quebra acentuada da actividade. Sendo certo que os custos associados aos despedimentos e, nalguns casos, os constrangimentos legais que lhes estão associados são uma forte motivação para que as empresas tentem evitar o recurso aos despedimentos, só por si tal facto não justifica esta maior preponderância do ajustamento pela via das horas trabalhadas na presente crise. A evidência ao nível das empresas, tanto nacionais como internacionais, indicia que pelo menos dois outros factores estarão a contribuir para um maior recurso por parte das empresas a outras medidas de ajustamento à quebra de actividade que não necessariamente despedimentos. Por um lado, as políticas de apoio governamental especificamente desenvolvidas para este efeito. Por outro, uma opção deliberada das empresas visando evitar desperdiçar capital humano que lhe garantirá uma resposta mais rápida quando da retoma. 6.2. Objectivos e âmbito do estudo Embora vários exemplos recentes revelem que, actualmente, o recurso ao despedimento para fazer face à crise não é necessariamente a primeira opção mesmo em economias com enquadramentos laborais flexíveis, é um facto que muito poucos (se alguns) estudos existem – internacionais ou nacionais - que identifiquem e sistematizem as práticas empresariais bem sucedidas de SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 257 manutenção do emprego sem pôr em risco a capacidade competitiva das empresas. O presente estudo visa precisamente contribuir para colmatar esta lacuna. O objectivo central deste trabalho é identificar, por recurso a estudos de caso, boas práticas nacionais de sustentação do emprego em períodos de crise, estabelecendo a comparação possível com boas práticas internacionais. Os constrangimentos de tempo e recursos impedem a realização de um estudo nacional abrangente e representativo, a nível geográfico, sectorial e de dimensão das empresas. A necessidade de restrição do âmbito de análise levou a que este trabalho se centrasse em apenas dois sectores – indústrias de moldes e plásticos directa ou indirectamente ligadas ao sector automóvel e comércio tradicional urbano. Em termos de dimensão, privilegiaram-se as PME – no caso das indústrias de moldes e plásticos – e micro empresas – no caso do comércio tradicional urbano. Geograficamente, o âmbito do estudo foi limitado ao concelho da Marinha Grande – no que respeita às indústrias de moldes e plásticos - e à cidade de Lisboa – no que concerne ao comércio tradicional urbano. A escolha destes dois sectores de actividade prende-se com dois factores primordiais. Como se viu no capítulo 3, a presente crise internacional afectou fortemente as indústrias transformadoras de vocação exportadora em geral com particular incidência nas indústrias ligadas ao sector automóvel. É, portanto, pertinente analisar o que algumas das indústrias nacionais mais expostas à produção automóvel internacional foram capazes de fazer para, sem prejudicar a competitividade, evitar desperdiçar o capital humano da empresa. Por outro lado, entendeu-se ser igualmente interessante analisar o tipo de resposta a uma conjuntura económica desfavorável por parte de um sector eminentemente voltado para o mercado interno e que se debate desde há muito com problemas estruturais, sendo que o comércio tradicional urbano surge como uma escolha mais ou menos natural. Como metodologia de execução este trabalho utiliza duas abordagens complementares: (i) (ii) Estudos de caso de empresas nacionais, 20 na indústria e 22 no comércio, de empresas que conseguiram manter os níveis de emprego ou minimizar os despedimentos sem prejudicar substancialmente a sua competitividade; Levantamento de exemplos internacionais de boas práticas empresariais de redução de custos laborais associadas à sustentação de empregos nesses e noutros sectores de actividade. Embora a explicação detalhada da metodologia deste trabalho conste do Anexo 1, importa aqui destacar três implicações com relevância para a interpretação dos resultados nacionais e internacionais. 258 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Em primeiro lugar, os resultados nacionais reflectem um retrato das práticas bem sucedidas adoptadas por um conjunto de empresas que podem, com os devidos ajustamentos, servir de exemplo para outras empresas. Os resultados não podem ser generalizados a estes ou outros sectores porque não representam de modo algum tendências gerais do que está a ser feito pelas empresas dos sectores estudados e muito menos do conjunto das empresas nacionais. Relembre-se que neste trabalho se segue uma abordagem de estudo de caso e não de uma amostra representativa do universo nacional que resulte de cruzar os critérios dimensão, sector e localização geográfica. Ao invés, do universo que resulta de cruzar estes três critérios, foram escolhidas, pelos critérios acima referidos, 42 empresas que de algum modo constituem bons exemplos de empresas que evitaram os despedimentos sem prejudicarem substancialmente a competitividade, porque adoptaram medidas mais ou menos criativas de contenção de custos, laborais e outros, e/ou medidas de reforço da competitividade do lado dos produtos e dos processos. Em segundo lugar, e pelas mesmas razões metodológicas, da leitura dos estudos de caso não é possível retirarem-se ilações quanto à solidez ou fragilidade económico-financeira das empresas daqueles sectores e muito menos das empresas nacionais. Em terceiro lugar, as comparações entre as boas práticas nacionais de redução de custos laborais sem despedir e os exemplos recolhidos de boas práticas internacionais devem ser feitas com algumas cautelas porque os universos empresariais não são directamente comparáveis. Por opção metodológica, os estudos de caso nacionais privilegiam micro, pequenas e médias empresas, enquanto a recolha de boas práticas internacionais de redução de custos laborais sem despedir se baseou em informação disponível em fontes secundárias onde predominam os exemplos de grandes empresas e de empresas multinacionais. Os exemplos de boas práticas de empresas internacionais de menor dimensão, porque mais dispersos e de impacte individual menor, recebem relativamente menos destaque nas fontes de informação em geral. Acresce que não é do nosso conhecimento que tenha sido realizado nos tempos mais recentes qualquer estudo sistemático, a nível internacional ou nacional, de identificação de boas práticas de sustentação dos níveis de emprego sem prejuízo da capacidade competitiva das empresas focalizado em empresas de pequena ou média dimensão. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 259 6.3. Boas práticas empresariais nacionais e internacionais Os exemplos estudados permitem inferir que um número considerável de empresas, nacionais e internacionais, está hoje consciente de que não raras vezes despedir significa perder pessoal qualificado e experiente, cujas competências específicas demoram muito tempo e custam caro a reconstruir quando numa fase económica positiva a empresa tiver que recrutar novos colaboradores. Conscientes da importância de reter o talento e qualificações que lhes permitam recuperar a sua produtividade logo que a retoma económica tenha lugar, muitas empresas - sobretudo nas economias desenvolvidas da Europa e América do Norte – mostram, na presente conjuntura, dar prioridade a medidas conjunturais mais ou menos criativas de redução de custos laborais que não impliquem despedimentos, ou pelo menos que limitem o número de despedimentos. Embora mais fáceis de implementar em economias com enquadramentos laborais flexíveis, os exemplos proporcionados pelos estudos de caso nacionais detalhadamente analisados no capítulo 5 revelam que, também em enquadramentos menos flexíveis como é o caso de Portugal, práticas de sustentação dos empregos acompanhadas de redução de custos laborais e preservação da competitividade empresarial são não só possíveis, como têm sido uma opção deliberada de várias empresas. Aqui, o diálogo social nas empresas, sobretudo o de carácter informal, desempenha um papel fundamental. Como se viu nos exemplos de medidas de flexibilização do tempo de trabalho ou de práticas remuneratórias mais restritivas identificadas nos estudos de caso nacionais (para maior detalhe, ver capítulo 5), o diálogo social informal, que assume particular relevância nas empresas de menor dimensão, torna possível, na prática, medidas de flexibilização laboral que vão para além do que o enquadramento legislativo deixaria antever. Os exemplos de práticas bem sucedidas de sustentação do emprego em períodos de crise, identificados nos estudos de caso nacionais (ver capítulo 5), incluem medidas conjunturais de redução de custos laborais sem despedir mas não se esgotam neste tipo de medidas, sendo possível identificar dois outros tipos de medidas: medidas conjunturais que não de redução de custos laborais e medidas estruturais de manutenção/reforço da competitividade da empresa. Por seu turno, o exercício de identificação de boas práticas internacionais de sustentação do emprego em períodos de crise apenas foca medidas de redução de custos laborais sem despedir. Portanto, o paralelo entre medidas nacionais e internacionais só é possível para esta tipologia de medidas. 260 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Medidas conjunturais de redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos Apesar de não ter sido objectivo do trabalho a representatividade do comportamento de todo o universo empresarial, nem nacional nem internacional, e da não comparabilidade dos universos estudados, parece-nos útil, para uma maior visibilidade das boas práticas encontradas, a Tabela 6 que sistematiza os principais exemplos de medidas de curto prazo visando reduzir custos laborais sem despedir dentro de cada uma das 11 categorias identificadas. Para cada categoria, a tabela apresenta os principais exemplos identificados nos estudos de caso nacionais (capítulo 5) e no exercício de identificação de boas práticas internacionais (capítulo 4). Tabela 6-A (continua) BOAS PRÁTICAS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO EXEMPLOS INTERNACIONAIS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS Políticas remuneratórias mais restritivas Congelamento dos salários generalizado Congelamento dos salários limitado aos escalões mais altos Congelamento dos salários exclusivos ao corpo de gestão Não aumento salarial compensado com prémio anual pontual Aplicadas a empregados e/ou corpo de gestão Menores aumentos salariais do que em anos anteriores Congelamento dos salários Congelamento de promoções Redução/eliminação: - Bónus - Prémios - Outros benefícios Redução/eliminação: - Bónus - Prémios - Distribuição de lucros aos sócios/accionistas Alteração da política de prémios em função de objectivos de vendas/produção Redução/congelamento da parte fixa do salário compensada com o aumento da parte variável, em função dos objectivos Pagamento de horas extraordinárias, prémios, bónus e/ou comissões de forma desfasada para coincidir com períodos de maior liquidez SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 261 Tabela 6-A (continuação) BOAS PRÁTICAS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO EXEMPLOS INTERNACIONAIS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS Redução salarial pura Aplicada voluntária e/ou coercivamente Redução salarial mantendo o tempo de trabalho inalterado Redução salarial escalonada: - Maior para escalões mais altos - Nula ou mínima para escalões mais baixos Redução salarial indirecta: - Trabalhar gratuitamente - Tempo de férias não remunerado - Licenças não remuneradas Horas extraordinárias remuneradas só em parte, por acordo com os trabalhadores “Saída e Regresso” - Verba única à cabeça como contrapartida de deixar a empresa, com o compromisso de regressar mais tarde Nalguns casos acompanhada de compensações temporárias Tempo adicional de férias diferidas Tempo de férias em substituição de pagamento Acções ou opções sobre acções da empresa Redução do tempo de trabalho acompanhada de redução de custos laborais Redução de: - Horas de trabalho diário - Dias de trabalho por semana - Dias de trabalho por mês - Horas extraordinárias - Turnos - Horas por turno Passagem de trabalho a tempo inteiro para tempo parcial Partilha do mesmo posto de trabalho por mais do que 1 pessoa Redução de: - Horas extraordinárias - Turnos - Horas por turno - Pessoas por turno Redução/eliminação do recurso ao trabalho temporário 262 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 6-A (continuação) BOAS PRÁTICAS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO EXEMPLOS INTERNACIONAIS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS Licenças (parcialmente) remuneradas “Sabática voluntária” com garantia de parte do salário e manutenção dos benefícios sociais Pagamento à cabeça de um montante fixo por licença Trabalhar para uma organização sem fins lucrativos, associada à empresa, como compensação da remuneração Formação enquanto contrapartida remuneratória ou ocupação temporária Ocupação dos trabalhadores ao serviço com sessões de treino e formação Pagamento total ou parcial de: - Programas de formação fora da empresa - Propinas para diferentes graus de ensino - Bolsas para mestrado ou pós-graduação Pagamento total ou parcial de programas de formação fora da empresa Suspensão temporária do trabalho (Lay-off) Formas de Lay-off: - Contínuo - suspensão do trabalho por período contínuo seguido do regresso à normalidade - Intercalado - suspensão da actividade durante um determinado número de horas por dia, dias por semana, ou dias por mês - Para todos os trabalhadores - Para os trabalhadores com funções mais afectadas pela quebra de actividade - Todos os trabalhadores da empresa são abrangidos pelo mesmo período mas rotativamente (“rotating lay-off”) De acordo com o formato previsto no Código Laboral. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 263 Tabela 6-A (continuação) BOAS PRÁTICAS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO EXEMPLOS INTERNACIONAIS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS Banco de horas Flexibilização do tempo de trabalho Suspensão do trabalho por um período de tempo, com manutenção integral ou parcial do salário Compensação posterior das horas não trabalhadas, sem qualquer pagamento adicional Deslocação de horas de trabalho de períodos de menor actividade, para períodos com necessidade de trabalho extra, sem lugar a remuneração extraordinária Alteração das férias para épocas com menor trabalho Substituição do encerramento para férias por férias flexíveis mantendo a laboração todo o ano Horas extraordinárias integralmente compensadas com férias/folgas adicionais – “banco de férias” Horas extraordinárias remuneradas em parte e compensadas com férias adicionais na parte restante Alargamento do horário diário e/ou semanal de funcionamento, sem aumento de custos laborais, por recurso à flexibilização do horário de trabalho Recurso a trabalho temporário para responder a acréscimos pontuais de actividade Partilha temporária de trabalhadores Cedência temporária de trabalhadores a clientes, distribuidores ou outras empresas Manutenção do posto de trabalho Transferência temporária do custo do trabalhador Aplicada a: - Trabalhadores directamente produtivos - Quadros técnicos Reafectação funcional Transferência/Conversão de colaboradores para outras funções Transferência/Conversão de colaboradores para outras funções Transferência inter-departamental com funções semelhantes Transferência inter-departamental com funções semelhantes “Treino Cruzado”: - Aquisição de competências para polivalência de funções - Em áreas distintas dentro do mesmo negócio “Treino Cruzado”: - Aquisição de competências para polivalência de funções Remodelação e manutenção de equipamentos em alturas de menor actividade 264 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Tabela 6-A (continuação) BOAS PRÁTICAS PARA REDUZIR CUSTOS LABORAIS SEM DESPERDIÇAR CAPITAL HUMANO EXEMPLOS INTERNACIONAIS ESTUDOS DE CASO NACIONAIS Participação dos Governos no esforço das empresas de sustentação do emprego Políticas de apoio às empresas para redução de custos laborais evitando despedimentos Aplicadas a situações de: - Lay-off - Banco de horas e regime flexível de trabalho Aplicadas a situações de: - Lay-off Tipo de apoio: - Ajuda estatal temporária à empresa no pagamento de uma parte do salário - Pagamento parcial de subsídio de desemprego ao trabalhador correspondente ao período não trabalhado Tipo de apoio: - “Apoio ao emprego em micro e pequenas empresas” - redução em 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 ou mais anos - “Apoio à contratação a termo de trabalhadores com 55 ou mais anos e de públicos específicos” redução em 50 por cento da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, durante a vigência do contrato - “ Apoio à contratação sem termo de jovens, de desempregados de longa duração e de públicos específicos” para jovens até 35 anos à procura do primeiro emprego – apoio de 2.000€ acumulável com a isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador, pelo período máximo de 24 meses - “Apoio à redução da precariedade no emprego dos jovens até 35 anos” que se encontrem com vínculo precário à empresa - apoio de 2.000€ acumulável com a isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador, pelo período máximo de 24 meses SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 265 Tabela 6-B BOAS PRÁTICAS PARA REDUZIR TRABALHADORES SEM DESPEDIR EXEMPLOS INTERNACIONAIS Reforma antecipada voluntária Estímulo às saídas voluntárias Congelamentos de novas admissões Não renovação de contratos a termo ESTUDOS DE CASO NACIONAIS Reforma antecipada voluntária Congelamentos de novas admissões Saídas voluntárias não compensadas com novas contratações. Não renovação de contratos a termo Não substituição de trabalhadores em licença de parto/baixa médica A análise conjunta dos exemplos nacionais e internacionais de medidas de curto prazo de redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos permite onze principais ilações. Primeiro, os exemplos nacionais de práticas remuneratórias mais restritivas são muito variados, mais variados mesmo que os exemplos identificados internacionalmente, sendo alguns deles práticas interessantes de flexibilização das remunerações – ainda que apenas na componente variável – visando um melhor alinhamento das remunerações com o desempenho da empresa. Note-se que, tal como foi dito no capítulo 5, a prática de políticas remuneratórias mais restritivas aparece nos estudos de caso nacionais como a forma mais comum de contenção de custos laborais, tanto entre os estudos de caso da indústria de moldes e plásticos como entre os do comércio tradicional urbano. Segundo, os exemplos internacionais de flexibilização do tempo de trabalho identificados consistem naquilo que vulgarmente se designa por “banco de horas”, isto é, suspensão do trabalho por um período de tempo, nuns casos com manutenção integral noutros com manutenção parcial do salário, sendo as horas não trabalhadas compensadas posteriormente sem que haja lugar a qualquer remuneração adicional. Entre os estudos de caso nacionais, embora não recorrendo à figura do “banco de horas” que, apesar de prevista na legislação laboral, é de aplicabilidade prática difícil, os vários exemplos identificados revelam práticas alternativas capazes de conseguir finalidade semelhante. Tanto no caso da indústria como do comércio, há exemplos de práticas mais ou menos criativas que, dentro das contingências da legislação laboral, permitem às empresas 266 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS trabalhar menos horas nos períodos de menor actividade e mais horas quando a nível de actividade recuperar, sem custos adicionais. Terceiro, e como se pode ver na tabela 6 os exemplos nacionais de redução de custos laborais sem recorrer a despedimentos, envolvendo a reafectação funcional de trabalhadores e/ou a acumulação de funções, são bastante semelhantes aos exemplos internacionais identificados. Nos exemplos nacionais e internacionais encontrados, estas medidas surgem normalmente associadas a outras medidas de contenção de custos laborais, numa lógica de complementaridade. Em regra, as medidas de reafectação funcional visam dois objectivos principais. Por um lado, absorver as funções exercidas por colaboradores que voluntariamente deixaram a empresa e/ou trabalhadores temporários dispensados. Por outro, suprir picos de actividade em departamentos ou áreas específicas da empresa sem ter que recorrer a horas extraordinárias, trabalho temporário, ou novas contratações. Quarto, os exemplos internacionais de práticas de redução das horas trabalhadas acompanhadas de alguma redução salarial (proporcional ou não) incluem formas de redução do tempo de trabalho extraordinário, mas também do tempo de trabalho regular, através da redução do número de horas de trabalho diário, do número de dias de trabalho semanal, do número de dias de trabalho por mês, a passagem de trabalho a tempo inteiro para tempo parcial e a partilha do mesmo posto de trabalho por mais do que uma pessoa. Ao invés, os exemplos nacionais apenas incluem formas de redução do trabalho extraordinário. Não existem propriamente medidas de redução do trabalho regular. A redução do número de turnos, número de horas ou número de pessoas por turno, aparecem sempre associadas a outras medidas como a eliminação de trabalho temporário ou a não substituição de trabalhadores que deixaram a empresa voluntariamente. Além disso, os exemplos nacionais deste tipo referem-se todos a empresas industriais, não tendo sido identificado qualquer exemplo entre as empresas de comércio tradicional urbano. Quinto, são igualmente semelhantes os exemplos nacionais e internacionais de medidas de diminuição de custos laborais pela via da redução de trabalhadores mas sem que haja lugar a despedimentos. Tanto entre os exemplos nacionais como internacionais, as práticas identificadas correspondem à não renovação de contratos a termo; reformas regulares não (integralmente) compensadas com novas admissões; saídas voluntárias não (integralmente) compensadas com novas admissões; não substituição de trabalhadores em baixa médica/licença de parto e congelamento de novas admissões. Sexto, os exemplos internacionais de suspensão temporária da actividade enquanto forma de redução de custos laborais com manutenção do emprego são substancialmente distintos dos exemplos nacionais por dois principais motivos. Em primeiro lugar, os exemplos internacionais identificados seguem formatos variáveis, decorrentes da negociação entre empresas e trabalhadores, pelo que bastante ajustados ao contexto de quebra de actividade específico a cada empresa. Nos casos nacionais o formato está em larga medida pré-definido pela SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 267 legislação em vigor, dispondo a empresa de pouca margem de manobra para ajustamentos consentâneos com as necessidades impostas pelo actual contexto económico. Em segundo lugar, nos exemplos internacionais o recurso ao lay-off tem um carácter essencialmente preventivo, visando evitar que a empresa entre em situação económico-financeira difícil. Em Portugal, a legislação vigente só permite o recurso a tal prática quando a empresa se encontra em situação económica comprovadamente difícil. Sétimo, entre as boas práticas internacionais identificadas são vários os exemplos de oferta de utilização da formação, total ou parcialmente custeada pela empresa, enquanto contrapartida remuneratória e/ou ocupação temporária dos trabalhadores. Este tipo de exemplos não abunda entre os estudos de caso nacionais realizados, tendo sido identificado apenas um caso de uma empresa industrial que pôs em prática um programa de formação genérica destinado a elevar para o 9º ou 12º ano os níveis de escolaridade dos trabalhadores das áreas de produção, como forma de ocupação temporária durante o horário regular de trabalho em períodos de menor actividade. Quando a actividade da empresa recuperar para níveis normais, funcionará em horário pós-laboral. Tal não significa que entre os estudos de caso realizados as empresas não tenham por política investir na formação dos seus colaboradores. Ao invés, e sobretudo nos estudos de caso da indústria, as empresas analisadas têm uma elevada preocupação com a formação dos seus colaboradores. Oitavo, são muito variados os exemplos internacionais de medidas de redução salarial pura, isto é, manutenção das horas trabalhadas mas reduzindo-se a remuneração auferida pelo menos durante este período de crise. Nuns casos trata-se de medidas resultantes de acordos entre trabalhadores e empresa, noutros de medidas implementadas unilateralmente pela empresa. Nos estudos de caso nacionais não foram identificados quaisquer exemplos deste tipo de práticas. Genericamente, os exemplos internacionais foram identificados em países com enquadramentos laborais bastante flexíveis. Nono, o mesmo se pode dizer dos exemplos de licenças (parcialmente) remuneradas, em que o trabalhador abandona a empresa por um período de tempo, recebendo alguma compensação monetária, com o compromisso, por parte da empresa e do trabalhador, de regressar logo que terminado o período de licença. Novamente, este tipo de medidas foi identificado em países com enquadramentos laborais bastante flexíveis e não foi identificado qualquer exemplo entre os estudos de caso nacionais realizados. Décimo, entre as boas práticas internacionais foram identificados vários exemplos de medidas de partilha temporária de trabalhadores entre empresas, aplicáveis tanto a trabalhadores directamente produtivos como a quadros técnicos. O trabalhador é temporariamente cedido a outra(s) empresa(s), a tempo inteiro ou tempo parcial, sendo os encargos remuneratórios partilhados entre empresas na proporção do tempo trabalhado em cada uma delas. Normalmente a empresa partilha trabalhadores com clientes, fornecedores ou distribuidores, mas também 268 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS com outras empresas, em regra localizadas nas proximidades. Os exemplos identificados dão conta desta medida ter sido aplicada tanto por empresas de alguma dimensão como por pequenas empresas. Entre os estudos de caso nacionais realizados não foram identificados quaisquer exemplos de medidas desta natureza. Finalmente, tanto nos exemplos nacionais como internacionais é visível que muito raramente as empresas põem em prática medidas isoladas de contenção de custos laborais visando evitar despedimentos. Como se pode ver nas Tabelas 1 e 2 (capítulo 4) e na Tabela 3 (sub-capítulo 5.1), em regra a mesma empresa aplica não uma mas um mix de medidas conjunturais de redução de custos laborais numa tentativa de evitar ou minimizar os despedimentos. Medidas conjunturais que não de redução de custos laborais Como se viu no capítulo 5, entre os estudos de caso nacionais são vários os casos de empresas que adoptaram outras medidas conjunturais que não de contenção/redução de custos laborais que indirectamente contribuíram para evitar ou minimizar despedimentos. Os exemplos identificados nos estudos de caso nacionais podem agregar-se em 4 grupos: redução/eliminação da subcontratação de tarefas; redução de custos com serviços externos; redução de margens comerciais; e gestão de stocks mais criteriosa. Novamente, estas medidas conjunturais não aparecem, em regra, de forma isolada. Na generalidade dos casos surgem associadas a outras medidas conjunturais, sejam de redução de custos laborais ou não, ou a medidas estruturais de manutenção ou reforço da competitividade da empresa. Isso mesmo é atestado pelas Tabelas 3, 4 e 5 (sub-capítulo 5.1) em que a mesma empresa nacional surge várias vezes nas três tabelas. Três conclusões ressaltam da análise feita às medidas desta natureza identificadas nos estudos de caso nacionais (capítulo 5). Primeiro, a redução ou eliminação da subcontratação de tarefas, enquanto medida de combate aos despedimentos, surge apenas entre os estudos de caso da indústria de moldes e plásticos – onde a subcontratação de tarefas é uma prática comum –, não existindo qualquer exemplo entre as empresas de comércio tradicional urbano. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 269 Segundo, embora identificados em ambos os conjuntos de estudos de caso da indústria e do comércio, os exemplos de redução de custos com serviços externos e de práticas de gestão de stocks mais criteriosa são mais diversificados entre os estudos de caso das empresas de comércio tradicional urbano. Terceiro, os exemplos de práticas de redução de margens comerciais, enquanto forma de combater a quebra das vendas e/ou aumentar a competitividade de custos dos produtos fabricados/comercializados, são idênticos, em natureza e em frequência, entre os estudos de caso da indústria de moldes e plásticos e do comércio tradicional urbano. Medidas estruturais de manutenção/reforço da competitividade Os estudos de caso nacionais sugerem que medidas de natureza estrutural que promovam o reforço ou manutenção da competitividade podem ser determinantes na capacidade das empresas de sustentar os níveis de emprego durante fases desfavoráveis do ciclo económico. Justifica-se, por isso, e pese embora esteja para além do âmbito original deste projecto, que o presente relatório discuta, de forma necessariamente sumária, os melhores exemplos de medidas estruturais de reforço e manutenção da competitividade identificados nos estudos de caso nacionais. Da breve análise realizada no sub-capítulo 5.1 e sistematizada na Tabela 5 ressaltam duas principais conclusões. Em primeiro lugar, as medidas estruturais raramente consistem na aplicação de uma medida isolada. Antes, as estratégias competitivas bem sucedidas resultam, em regra, da adopção de um mix integrado e coerente de medidas estruturais que se auto-reforçam. Isso mesmo se percebe pela análise da Tabela 5 onde o nome da mesma empresa aparece associado a várias categorias de medidas estruturais. Além disso, em muitos dos estudos de caso realizados as medidas conjunturais que directa ou indirectamente contribuem para a sustentação dos empregos fazem parte deste mix integrado e só podem ser entendidas no contexto de uma estratégia estrutural mais vasta visando o reforço ou manutenção da posição competitiva da empresa. A leitura da generalidade dos estudos de caso, constantes do sub-capítulo 5.2, deixa isso bem claro. Em segundo lugar, apesar das medidas específicas às estratégias das várias empresas serem diversas, casuísticas e largamente dependentes do sector de actividade, dimensão da empresa, ou segmento de mercado onde opera, entre outros factores, existem, de um modo geral, traços comuns a muitos dos exemplos bem sucedidos, de onde ressaltam: 270 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Capacidade de diferenciação da concorrência pela forma inovadora como promovem produtos e serviços, fidelizam clientes, desenvolvem novos processos de comercialização ou produção, ou desenvolvem novos ou diferentes produtos e serviços; Qualidade dos produtos, serviços e atendimento oferecidos; Capacidade de diversificar clientes dentro dos mesmos segmentos de mercado, diversificar mercados geográficos ou posicionar-se em novos segmentos de mercados; Modernização tecnológica; Aposta no capital humano da empresa e na formação contínua; Capacidade de estabelecer redes e parcerias com clientes, fornecedores, concorrentes, centros tecnológicos, instituições de ensino e investigação, entre outras instituições. 6.4. Papel das políticas públicas na sustentação do emprego A análise global dos vários exemplos nacionais e internacionais identificados permite concluir que as políticas públicas exercem um papel determinante na sustentação do emprego empresarial e a diferentes níveis. Desde logo, pela via do enquadramento legislativo e institucional do mercado de trabalho. Conforme se viu nos muitos exemplos nacionais e internacionais analisados nos capítulos 4 e 5, diferentes enquadramentos institucionais promovem a adopção de diferentes tipos de medidas conjunturais de redução dos custos laborais com preservação de empregos e de outras medidas conjunturais que directa ou indirectamente contribuem para a preservação de empregos em períodos de crise. Ainda que indirectamente, o enquadramento institucional e legislativo influencia também as medidas estruturais de reforço ou manutenção da capacidade competitiva das empresas. As práticas resultantes de acordos directos entre as empresas e os seus colaboradores são mais comuns em países onde as contratações colectivas e os enquadramentos legislativos em matéria laboral permitem maior liberdade negocial às partes. Por exemplo, muitos dos relatos de licenças não remuneradas ou parcialmente remuneradas, ou ainda de acordos de reduções salariais provêem sobretudo dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Irlanda, onde a negociação directa de soluções entre empresa e trabalhadores é a regra. Entre os países da Europa continental tendem a prevalecer medidas de redução de custos laborais com preservação dos empregos suportadas por esquemas de financiamento governamentais, como sejam a subsidiação da redução ou suspensão temporária de actividade ou ainda, como no caso português, medidas de incentivo à manutenção dos empregos e à criação de novos empregos através da redução do SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 271 esforço contributivo das empresas para a segurança social. Estas últimas, alvo de atenção específica no âmbito deste estudo são, como se viu no capítulo 5, bastante frequentes entre os estudos de caso nacionais realizados. Importa ainda referir que outras políticas públicas que não as especificamente vocacionadas para apoiar as empresas nos seus esforços de sustentação do emprego acabam por influenciar as práticas empresariais de sustentação dos empregos em períodos de crise. Entre elas, encontram-se as políticas públicas de apoio à formação, ao recrutamento de quadros qualificados, à reestruturação e modernização empresarial, à inovação, ou à investigação e desenvolvimento, por exemplo. Analisar em que medida estas e outras políticas públicas terão influenciado as boas práticas identificadas nos estudos de caso nacionais, está, no entanto, fora do âmbito do presente estudo. 6.5. Considerações finais Os exemplos de práticas nacionais e internacionais revelam ainda que o mix de estratégias mais adequado depende largamente de qual o tipo de problema a empresa está a tentar resolver e do modo como as empresas encaram a extensão e duração da crise – conjuntural e de curto prazo, ou estrutural e mais duradoura. Se as empresas estiverem preocupadas com o que acontecerá quando a economia recuperar, aquelas que foram capazes de suster os seus trabalhadores estarão em melhores condições de beneficiar da fase económica favorável, do que aquelas que levaram a cabo dispensas de pessoal significativas. Por outro lado, se a empresa antecipa que a recuperação ocorrerá brevemente, é mais provável que opte por estratégias mais “suaves”, como sejam a redução de horário de trabalho, ou o recurso ao banco de horas, do que por estratégias mais drásticas porque mais propensas a criar disfunções na actividade da empresa, como sejam o lay-off ou as reformas antecipadas. No entanto, estas medidas mais drásticas poderão ser as mais adequadas caso a recuperação económica tarde em chegar. Em síntese, a capacidade das empresas de antever correctamente a extensão e duração da fase desfavorável é um factor crucial na escolha do mix de estratégias mais adequado à preservação da sua competitividade. Em períodos de grande incerteza e imprevisibilidade quanto à evolução futura da actividade económica, sistemas que premeiem a flexibilidade e a adaptabilidade das estratégias tendem a revelar-se mais eficazes. 7. A EMPRESA E A EQUIPA SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 275 7. A EMPRESA E A EQUIPA A IPI Portugal, fundada em Lisboa em 1999, integra hoje uma rede internacional de pequenas empresas de consultadoria de excelência, com ética, dimensão e procedimentos análogos, a IPI Consulting Network, que está actualmente presente em Portugal, França, EUA, Espanha e Angola. Esta rede desenvolve uma política de integração e complementaridade que é, também, apoiada num conjunto de parcerias com instituições públicas e privadas e outras empresas. Actuando, inicialmente, no âmbito da consultadoria económica, focada em questões associadas à sustentabilidade, ao emprego e ao desenvolvimento das microempresas, a IPI Portugal tem procurado inovar, de modo a facultar aos seus clientes soluções que os tornem mais sustentáveis, resilientes e competitivos. A IPI Consulting Network disponibiliza as seguintes áreas de competência: Estudo, Monitorização e Implementação de Políticas e Iniciativas Optimização de Procedimentos e Metodologias de Avaliação Estudo dos Impactes Económicos Directos, Indirectos e Induzidos Construção de Índices Coincidentes e Previsionais Construção de Projecções Demográficas Inteligência Económica e Informação Estratégica Identificação de Desafios e Elaboração de Análises de Contexto Acompanhamento de Acções Colectivas Gestão e Acompanhamento de Serviços de Informação Estratégica Bolsas de Pensamento a Nível de Cidades, Regiões e Países Gestão de Projectos Internacionais Construção de Redes e Parcerias Internacionais Gestão de Projectos Europeus Identificação e Análise de Boas Práticas Análise de Competências e do Quadro Europeu de Formação Planos de Difusão e de Comunicação a nível Europeu 276 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Actividades de Formação e Criação de Competências Elaboração e Apoio à Implementação de Planos de Formação Engenharia de Formação Organização e Realização de Actividades de Formação, Seminários e Colóquios Concepção e Gestão de Ferramentas de Formação à Distância (eLearning) A IPI Consulting Network providencia os seguintes serviços: Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial Planos de Desenvolvimento Local: da Estratégia à Implementação Dinamização de Clusters e de Estratégias de Especialização produtiva Marketing Territorial Avaliação de Políticas Públicas Economia Verde, Sustentabilidade e Ambiente Agendas 21 Local e Relatórios de Sustentabilidade Estratégias de Gestão para a Eficiência Energética ao Nível Local e Regional Apoio à Implementação de Actividades Ligadas às Energias Renováveis Determinação da Pegada de Carbono e do Balanço Energético Novas Práticas Ambientais e de Gestão Florestal Inovação e Empreendedorismo Apoio à Inovação de Processos e Produtos nas Empresas Identificação das Necessidades em Novas Competências e o Desenho e a Adequação dos Programas de Formação Apoio à Criação, Implementação e Funcionamento de Centros de Microempresas e do Tecido Microempresarial Apoio a Iniciativas de Economia Social e de Voluntariado Apoio à Internacionalização de Redes de Micro e Pequenas Empresas Indústrias Criativas, Património e Turismo Estratégias de Valorização Económica, Cultural e Social do Património e Integração em Redes Europeias de Cidades Apoiar a Preparação, Difusão e Dinamização das Artes e Ofícios Tradicionais Idealização, Concepção, Programação e Estudo dos Impactes Económicos de Museus e de Centros e Organizações Culturais Planos de Dinamização do Potencial Turístico SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 277 Na constituição das suas equipas, a IPI escolhe pessoas com carreiras e experiências profissionais consolidadas e reconhecidas na vida académica, na administração pública e na administração de empresas. A nossa rede de consultores permite-nos, ainda, mobilizar as pessoas com as competências e as tecnologias necessárias para ajudar os nossos clientes a incrementarem a sua performance em outras áreas para além das já mencionadas, nomeadamente nas TIC. Hoje em dia, a IPI Portugal é uma empresa de consultadoria que se afirma pelas suas soluções criativas, tanto para o sector público, como para o privado, desde o conceito até à implementação. Colaboraram neste trabalho: Coordenação: Carlos Laranjo Medeiros António Lourenço Pinheiro Conselho consultivo: Roberto Carneiro Acácio Catarino Miguel Cruz Consultor especialista: Sónia Sousa (autoria dos capítulos 3, 4, 5 e 6) Consultores: Ana Maria Lopes (entrevistas) Célia Louro (entrevistas) Isabel Silva (elaboração de tabelas e paginação) Jorge Medeiros (entrevistas) Mário Barroqueiro (entrevistas) 8. AGRADECIMENTOS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 281 8. AGRADECIMENTOS A equipa deste trabalho está extremamente grata aos responsáveis das empresas que constituíram os estudos de caso, quer pela disponibilidade que demonstraram, quer pela abertura com que responderam às questões que lhes foram levantadas. Os nomes dos entrevistados não são mencionados, em virtude do pedido nesse sentido formulado por alguns deles. Importa, também agradecer à União de Associação do Comércio e Serviços, nomeadamente ao seu presidente, Vasco Linhares de Lima Alvares de Melo, e aos seus colaboradores, Milena Campante e Isabel Vinagre, que orientaram a escolha dos estabelecimentos comerciais e participaram activamente na marcação das respectivas entrevistas. A sua colaboração e o seu empenhamento foram essenciais para que este trabalho fosse possível. Queremos, igualmente, deixar o nosso agradecimento a Luís Guerra Marques, Alberto Cascalho e Rui Tocha que connosco discutiram a conjuntura empresarial da Marinha Grande, colaboraram na escolha das empresas industriais do concelho entrevistadas e nos ajudaram na tarefa de conseguir as marcações das respectivas entrevistas. Do mesmo modo, é ainda devido um agradecimento a José Tavares, com quem discutimos a problemática do comércio tradicional e o guião das entrevistas deste sector. É ainda devido expressar o nosso agradecimento ao Conselho Consultivo pelas suas úteis observações e sugestões que enriqueceram este estudo. ANEXO 1 METODOLOGIA SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 285 ANEXO 1 – METODOLOGIA Foi objectivo geral do estudo “Sustentação do emprego em períodos de crise: boas práticas empresariais” a identificação, para posterior difusão, de boas práticas empresariais de manutenção do emprego sem prejuízo da capacidade competitiva das empresas, no actual contexto de elevado ritmo de destruição de empregos e níveis de desemprego crescentes. Na carta-convite à apresentação de proposta para realização deste estudo, endereçada à IPI – Inovação, Projectos e Iniciativas, Lda., o IAPMEI considerou que “a situação económicofinanceira de crise tem reflexos visíveis ao nível do emprego, o que afecta todo o tecido empresarial, nomeadamente as PME, em especial as microempresas, com relevo para os clusters industriais com ligação à indústria automóvel e para o comércio tradicional”. Assim sendo, a identificação e análise das estratégias e medidas adoptadas por empresários nacionais para sustentar o emprego privilegia estes dois sectores. Adicionalmente, foi ainda objectivo deste estudo confrontar tais estratégias nacionais com boas práticas internacionais seguidas nesses e noutros sectores através de um exercício de benchmarking. Como metodologia de execução, este trabalho utiliza duas abordagens complementares: (i) Estudos de caso de empresas nacionais que procuram manter os níveis de emprego dos sectores dos moldes e plásticos ligados à indústria automóvel, e do comércio tradicional urbano; (ii) Benchmarking internacional de boas práticas empresariais de sustentação de empregos nesses e noutros sectores de actividade. Os estudos de caso (com 20 na indústria e 22 no comércio) assentam fundamentalmente em entrevistas suportadas por um guião definido para o efeito e discutido com o Conselho Consultivo deste projecto (composto pelos especialistas Eng. Roberto Carneiro, Dr. Acácio Catarino e Prof. Doutor Miguel Cruz). No Anexo 2 apresentam-se os guiões de entrevista utilizados. As entrevistas foram conduzidas por duas equipas, uma responsável pelo sector dos moldes e plásticos e outra pelo comércio tradicional urbano. Coube igualmente a cada equipa o tratamento dos dados recolhidos, tendo em vista a produção de estudos de caso sectoriais. Cada equipa foi constituída por dois consultores. 286 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS O levantamento de exemplos internacionais de práticas empresariais de redução de custos laborais que privilegiam a sustentação do emprego teve por base dois critérios principais. Primeiro, tratarem-se de exemplos divulgados publicamente em fontes de informação credíveis e disponíveis em língua inglesa, francesa ou portuguesa. Segundo, tratarem-se de exemplos com algum carácter criativo e/ou inovador que possam servir de exemplo para outras empresas. A pesquisa de dados internacionais esteve a cargo de outro consultor. A coordenação das entrevistas, a redacção dos estudos de caso sectoriais e a realização do exercício de levantamento de exemplos de boas práticas internacionais foram desenvolvidas por um consultor sénior, a Mestre Sónia Sousa, actualmente doutoranda em Políticas Públicas, na George Mason University, nos EUA. A coordenação geral do trabalho coube ao Prof. Dr. Carlos Laranjo Medeiros e ao Eng. António Lourenço Pinheiro. O Conselho Consultivo A primeira reunião do Conselho Consultivo teve lugar a 4 de Agosto de 2009, depois do início das entrevistas aos sectores dos moldes e plásticos ligados à indústria automóvel, uma vez que, tratando-se de empresas industrias, era urgente completar as entrevistas até ao fim de Julho. A primeira reunião do Conselho Consultivo teve a seguinte Ordem de Trabalhos: 1. Apreciação geral e comentários sobre os objectivos do trabalho; 2. Análise da amostra confirmada para o sector de empresas de moldes e plásticos da Marinha Grande e informação sobre as primeiras entrevistas realizadas; 3. Informação sobre as diligências feitas para constituição da amostra do sector do comércio tradicional urbano em Lisboa; 4. Análise dos guiões de entrevista para os dois sectores em causa; 5. Outras questões. Em relação ao ponto 2, foi dada prioridade ao sector nele referido pelos motivos acima referidos. Ficou, no entanto acordado que poderão ser colocadas novas questões que se afigurem pertinentes. A reunião permitiu validar a abordagem que está a ser seguida no estudo, sendo recolhidas sugestões quanto aos guiões de entrevista que serão referidas no ponto seguinte. Registaram-se também sugestões quanto à constituição da amostra do sector do comércio tradicional urbano em Lisboa que foram seguidas na posterior definição desta amostra tal como referido no ponto respectivo. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 287 No último ponto foram abordadas as condicionantes legais à utilização de práticas internacionalmente utilizadas, como, por exemplo, os bancos de horas. A segunda reunião do Conselho Consultivo teve lugar a 23 de Dezembro de 2009, e teve a seguinte Ordem de Trabalhos: 1. Apresentação genérica do documento de trabalho com a substância do estudo; 2. Apresentação do projecto de conclusões; 3. Apreciação geral e comentários sobre o trabalho; 4. Outras questões. A reunião permitiu registar o bom acolhimento geral do documento de trabalho previamente distribuído, sendo recolhidas sugestões quanto à ressalva da não comparabilidade dos universos de recolha de boas práticas, nacional e internacional e à vantagem da explicitação das medidas que, embora empresariais, beneficiaram de um enquadramento favorável das políticas públicas. Registaram-se também sugestões sobre o projecto de Conclusões, designadamente a vantagem de incluir os quadros sintéticos apresentados. As sugestões referidas foram tidas em conta nesta versão final. Empresas seleccionadas para estudo de caso Indústria de moldes e plásticos A selecção das empresas do sector dos moldes e plásticos directa ou indirectamente ligadas ao sector automóvel que serão alvo de estudos de caso teve por base dois pré-requisitos: (i) (ii) Tratarem-se sobretudo de pequenas e médias empresas (PME); Localizarem-se na região da Marinha Grande. A opção por privilegiar pequenas e médias empresas vai de encontro ao interesse da entidade adjudicante - o IAPMEI – expressamente manifestado na carta-convite à apresentação de proposta para realização do presente estudo, endereçada à IPI – Inovação, Projectos e Iniciativas, Lda. em 17 de Junho de 2009. Por seu lado, a IPI dispõe de um vasto conhecimento da estrutura empresarial do concelho da Marinha Grande, em virtude de no passado recente ter realizado vários projectos de consultoria naquele município (nomeadamente, a Agenda 21 288 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Local do Município da Marinha Grande e o Relatório de Sustentabilidade do Município), razão pela qual optou pela selecção de empresas localizadas na região da Marinha Grande. A identificação das empresas em concreto a entrevistar foi feita com base no conhecimento do terreno de que a IPI dispõe, coadjuvada pela opinião de responsáveis locais com vasto conhecimento sobre as empresas da região, nomeadamente o antigo Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Luís Guerra Marques e o Director Geral do CENTIMFE, Dr. Rui Tocha. Deste esforço conjunto resultou a lista de 20 empresas que consta do Quadro 1. Esta lista foi previamente apresentada ao IAPMEI, para verificação, e posteriormente validada pelo Conselho Consultivo na reunião de 4 de Agosto de 2009. A inclusão de um número, necessariamente limitado, de estudos de caso de grandes empresas prende-se com o interesse reconhecido de verificar se havia diferenças em função da dimensão dos grupos a que as empresas pertencem pois, na realidade estes grupos são constituídos por diversas empresas de dimensões semelhantes às restantes. Das consideradas PME algumas não respeitam integralmente os critérios da Recomendação da Comissão Europeia mas considera-se que isso não contraria os objectivos do estudo. Comércio tradicional urbano A selecção das empresas de comércio tradicional objecto de estudo de caso foi feita tendo por base os seguintes critérios: (i) (ii) (iii) (iv) (v) (vi) (vii) Tratarem-se de empresas que operam sobretudo na região de Lisboa; Apenas empresas de comércio a retalho, pelo que ficam excluídos o comércio por grosso e a distribuição automóvel; Tratarem-se de micro e pequenas empresas; Sejam empresas com não menos que três pessoas ao serviço, para além do(s) proprietário(s) e familiares directos; Não pertençam aos seguintes ramos de actividade: farmácia; restauração; ou distribuição alimentar que não mercearias; Não excluir lojas em regime de franchising desde que o lojista disponha de flexibilidade de gestão nomeadamente no que respeita à política de recursos humanos; Considerar empresas só com lojas de rua, só com lojas em centro comercial e empresas com lojas de rua e de centro comercial. Esta preocupação visa dois propósitos. Primeiro, captar distintas abordagens empresariais de ajustamento às exigências da procura. Segundo, captar diferenças que possam existir em termos de impacte do enquadramento laboral consoante o tipo de loja. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 289 No processo de selecção das empresas de comércio tradicional urbano a IPI – Inovação, Projectos e Iniciativas, Lda. contou com a colaboração empenhada da UACS – União de Associações de Comércio e Serviços, nomeadamente do seu Presidente, Dr. Vasco de Melo e Dra. Milena Campante. O vasto e profundo conhecimento que esta instituição possui do comércio tradicional de Lisboa foi crucial não só para a definição dos critérios de selecção acima enunciados, mas também para a escolha das empresas a entrevistar, contacto e marcação das entrevistas. Aliás, o contacto das empresas, bem como a marcação das entrevistas foi gentilmente assegurado pela equipa da UACS. A lista das empresas ligadas ao comércio tradicional urbano objecto de estudo de caso é apresentada no Quadro 2. A lista contém 22 empresas e é uma evolução, por dificuldades de marcação de entrevistas da inicialmente apresentada ao IAPMEI para verificação. Esta não fora objecto de validação pelo Conselho Consultivo pois, à data da reunião (4 de Agosto de 2009) ainda não estava disponível. Quadro 1 (continua) EMPRESAS DE MOLDES E PLÁSTICOS, SELECCIONADAS PARA ESTUDO DE CASO Designação CARFI - FÁBRICA DE PLÁSTICOS E MOLDES, S.A. EMBALNOR FAMOLDE FABRICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE MOLDES, S.A. GRANDUPLA - FÁBRICA DE PLÁSTICOS, LDA. IBEROMOLDES, S.A. IMOPLASTIC-INDÚSTRIA DE MOLDES E PLÁSTICOS, LDA. INTEPLÁSTICO INDÚSTRIAS TÉCNICAS DE PLÁSTICOS, S.A. Localização Rua 1º Janeiro, Amieirinha Apartado 90 2430-901 Marinha Grande t: 244 572 900 f: 244 572 901 Rua Prof. Abílio de Brito - AP 606 Pousos 2410-201 Leiria t: 244 800 200 R. Moinho Cima Pav 1 - Albergaria 2430-076 MARINHA GRANDE t: 244 575 390 Estrada Principal, Pero Neto Apartado 15 2431-901 Marinha Grande t: 244 572 340 f: 244 572 341 R. Augusto Costa – Picassinos PO Box 33 2431-956 Marinha Grande t: 244 573 180 f: 244 573188 Estrada Pero Neto - Pero Neto 2430-403 MARINHA GRANDE t: 244 572 222 f: 244 572 220 Zona Industrial - Casal da Lebre 2431-904 Marinha Grande t: 244 545 262 f: 244 541 010 Sector Dimensão Plástico e Moldes PME Plásticos PME Moldes PME Plásticos PME Moldes Grande Moldes PME Plásticos Grande 290 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Quadro 1 (continuação) EMPRESAS DE MOLDES E PLÁSTICOS, SELECCIONADAS PARA ESTUDO DE CASO Designação INTERMOLDE - MOLDES VIDREIROS INTERNACIONAIS, LDA. IPIL - INDÚSTRIA PICASSINENSE DE PLÁSTICOS, LDA. ITM-INDÚSTRIA TÉCNICA DE MOLDES LDA. METAVIL - EMPRESA TRANSFORMADORA METALO-VIDREIRA, LDA. MOLDE MATOS,S.A. MOLDOESTE INDÚSTRIA DE MOLDES, LDA. PLANIMOLDE - FABRICO E COMÉRCIO DE MOLDES, S.A. PLASDAN - MÁQUINAS PARA PLÁSTICOS, LDA. PROMOPLÁS SISTEC - TECNOLOGIA DE MOLDAÇÃO DE PLÁSTICOS, LDA. SOMEMA - SOCIEDADE METALÚRGICA MARINHENSE, LDA. TECMOLDE - CENTRO TÉCNICO DE MOLDES PARA PLÁSTICOS, LDA. TJ MOLDES, S.A. Localização Rua de Leiria, 95 - Apartado 103 Marinha Grande t: 244 575 500 f: 244 575 550 Picassinos 2430-454 Marinha Grande t: 244 566 019 Z.I.Marinha Grande, R.Filandia Lt.43 2430-000 - MARINHA GRANDE t: 244 545 780 f: 244 545 785 Travessa das Andorinhas 2431-902 Marinha Grande t: 244 572 960 f: 244 572 969 Molde Matos, SA P.O.BOX 59 2430 - 959 Marinha Grande t: 244 545 700 f: 244545701/2 Rua da Alemanha, Lote 16 Zona Industrial da Marinha Grande 2431-905 Marinha Grande t: 244 575 090 f: 244 575 091 PLANIMOLDE, S.A. Rua do Lamarão – Pedrulheira 2430-119 Marinha Grande t: 244 574 850 f: 244 574 851 Rua 52 n.º 44 Trutas Marinha Grande t: 244 572 110 f: 244 572 112 Zona Industrial Rua de Espanha, lote 20 Marinha Grande t: 244 545 230 f: 244 575 121 Vale - Moita 2430-033 Marinha Grande t: 244 586 535 Rua de Angola, 13 – Guarda Nova 2430-158 Marinha Grande t: 244 575 120 f: 244 575 121 Estr. da Nazaré 138 2430-033 MARINHA GRANDE t: 244 545 454 f: 244 545 455 Apartado 198 – Embra 2431-966 Marinha Grande t: 244 572 500 Sector Dimensão Moldes PME Plásticos PME Moldes PME Moldes PME Moldes PME Moldes PME Moldes PME Moldes PME Plástico e Moldes PME Moldes e Plásticos PME Moldes PME Moldes PME Moldes PME SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 291 Quadro 2 EMPRESAS DE COMÉRCIO TRADICIONAL URBANO, SELECCIONADAS PARA ESTUDO DE CASO Designação Localização Sector Dimensão AFARI Rua Fotografia Micro AGACRI COUTURE Rua Noivas Pequena ARISPA Rua Ferragens Micro CASA MACÁRIO Rua Mercearia Gormet Micro DROPELAR Grossista DHP Pequena EE SOUSA & SILVA Rua Malas Micro HORTO CAMPO GRANDE Misto (R+CC) Plantas Média INSTANTA Misto (R+CC) Fotografia Pequena JOALHARIA FERREIRA MARQUES Rua Ourivesaria Micro LIBERJOIA Centro Comercial Ourivesaria Micro LOJA DO BANHO Rua Prod. Casa de Banho Micro LONDRES SALÃO Rua Tecidos Micro MILEFIORE Centro Comercial Acessórios de moda Pequena MUCOFRAN Rua Electrodomésticos Micro Misto (R+CC) Ourivesaria Pequena Rua Ourivesaria Micro OUROVIVO Centro Comercial Ourivesaria Média PRIM Centro Comercial Vestuário Micro SANTOS E CELESTINA Rua Drogaria Micro SAPATARIA JANDAIA Misto (R+CC) Sapataria Pequena TEVEL Rua Ferragens Pequena XL MODA Rua Vestuário Micro OURIVESARIA PORTUGAL OURIVESARIA SARMENTO 292 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Guiões de entrevista Nesta secção apresentam-se os dois guiões de suporte das entrevistas às empresas alvo de estudo de caso dos sectores dos moldes e plásticos e do comércio tradicional urbano. Ambos os guiões foram desenvolvidos de raiz pela equipa técnica deste projecto, tendo em vista o objectivo a que se propõem: identificar, por recurso a estudos de caso, boas práticas de sustentação do emprego em períodos de crise. Ambos os guiões estão organizados em quatro grandes blocos: (i) (ii) (iii) (iv) Identificação e caracterização da empresa; Evolução recente do volume de emprego e perspectivas para o futuro próximo; Estratégias empresariais recentes ou previstas que visem manter/reforçar a competitividade da empresa e, por essa via, contribuem indirectamente para evitar ou minimizar os despedimentos; Medidas conjunturais recentes ou previstas visando directamente evitar ou minimizar os despedimentos. Tratando-se de dois sectores de actividade bastante distintos, houve a preocupação de assegurar que os guiões reflectissem estratégias empresariais e medidas conjunturais ajustadas a cada caso, conforme se pode ver pela comparação dos respectivos conteúdos. Os guiões de entrevista foram primeiramente enviados ao IAPMEI com pedido de sugestões, prontamente incluídas, sendo posteriormente discutidos na reunião do Conselho Consultivo deste projecto ocorrida no dia 4 de Agosto de 2009. Para além da validação genérica dos guiões de entrevista propostos, dessa reunião resultaram também os seguintes contributos adicionais, incorporados na versão final dos guiões: (i) (ii) (iii) Na condução das entrevistas, introduzir primeiro as questões relacionadas com as estratégias de competitividade empresariais que indirectamente contribuem para a manutenção do emprego e só depois introduzir as questões relativas às medidas conjunturais directamente relacionadas com a manutenção do emprego ou minimização do desemprego; Na caracterização da empresa, para além do grau educacional dos corpos gerentes e da percentagem de empregados com formação superior, averiguar também do grau de qualificação e especialização profissional dos recursos humanos da empresa; Ainda entre os aspectos de caracterização da empresa, questionar a empresa sobe a sua política de formação. SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS (iv) 293 No guião de entrevistas ao comércio tradicional urbano, introduzir no bloco de questões relacionadas com a evolução recente do emprego questões que permitam aferir do tratamento diferenciado de eventuais colaboradores imigrantes. Encontram-se em Anexo 2 as versões finais dos guiões que têm estado a ser utilizados. ANEXO 2 GUIÕES DE ENTREVISTAS ÀS EMPRESAS NACIONAIS SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 297 ANEXO 2 – GUIÕES DE ENTREVISTAS ÀS EMPRESAS NACIONAIS GUIÃO DE ENTREVISTA INDÚSTRIA DE MOLDES E PLÁSTICOS 298 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS I. Identificação da empresa 1. Nome: __________________________________________________________________ 2. Responsável para contacto:__________________________________________________ 3. Actividade principal: _______________________________________________________ II. Caracterização da empresa 4. Estrutura do grupo empresarial/empresa: ________________________________________________________________________ 5. Número de trabalhadores: 1a9 10 a 49 50 a 249 250 ou mais Ns/Nr 6. Antiguidade da empresa: Menos de 2 anos 2 a 5 anos 5 a 10 anos 10 ou mais anos Ns/Nr 7. Gestão da empresa: Sócio/Accionista Outro____________________________ Colaborador contratado para o efeito Ns/Nr 8. Idade do responsável pela gestão da empresa: Menos de 30 anos 30 a 50 anos mais de 50 anos Ns/Nr 9. Escolaridade do responsável pela gestão da empresa: 4º ano 5º a 9º ano 10º a 12º ano Licenciatura ou superior Ns/Nr 10. Qualificação profissional/educacional dos trabalhadores: _______________________________________________________________________ 11. Investimento em formação profissional? _______________________________________________________________________ SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 299 III. Evolução recente do emprego: 12. No último ano (Julho 08-Julho 09), como evoluiu o número de empregados da empresa? Emprego total: Reduziu Aumentou Manteve Nº de empregados com contrato permanente: Ns/Nr Reduziu Aumentou Manteve Nº de empregados com contrato a termo (a tempo integral): Na Ns/Nr Reduziu Aumentou Nº de empregados em tempo parcial: Manteve Na Ns/Nr Manteve Na Ns/Nr Reduziu Aumentou Explique (ex: porquê o aumento/diminuição dos empregados com contrato permanente, a termo, ou a tempo parcial; houve ou não substituição de contratos permanentes por contratos a termo e/ou a tempo parcial ou vice-versa,…) 300 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 13. Como perspectiva que evolua o número de empregados da empresa durante o próximo ano (Julho 09-Julho 10)? Emprego total: Redução Aumento Manutenção Nº de empregados com contrato permanente: Ns/Nr Redução Aumento Manutenção Nº de empregados com contrato a termo (a tempo integral): Ns/Nr Redução Aumento Nº de empregados em tempo parcial: Manutenção Na Ns/Nr Manutenção Na Ns/Nr Redução Aumento Explique (ex: porquê o aumento/diminuição dos empregados com contrato permanente, a termo, ou a tempo parcial; haverá ou não substituição de contratos permanentes por contratos a termo e/ou a tempo parcial ou vice-versa,…) SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 301 IV. Estratégias recentes ou previstas que indirectamente contribuem para evitar ou minimizar os despedimentos: Orientações: Em que consiste/consistirá? Quando foi implementada/está prevista a sua implementação? De que forma ajudou/poderá ajudar a manter o emprego/minimizar os despedimentos? Que resultados gerou até agora (se aplicável)? Que resultados se esperam alcançar com esta medida ao longo do próximo ano? Estratégias de reforço da penetração de mercado (aumento da quota de mercado nos produtos/mercados geográficos onde a empresa já está presente) Descrição da estratégia Diversificação de mercados geográficos Descrição da estratégia 302 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Diversificação de produtos (novos produtos, novas funcionalidades, novas aplicações,…) Descrição da estratégia Estratégias para redução de custos operacionais e/ou melhoria da eficiência produtiva (melhorias de processos produtivos, deslocalização de fases do processo produtivo, racionalização de portfolio de produtos ou clientes,…) Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Estratégias de marketing (preços, promoção,…) Descrição da estratégia Outras (descreva) 303 304 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Nenhuma estratégia em particular foi adoptada /está prevista Orientações: Não há necessidade; optou/vai optar por fazer despedimentos; tenciona encerrar a actividade brevemente. Porquê SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 305 V. Estratégias recentes ou previstas visando directamente evitar ou minimizar os despedimentos: Orientações: Em que consiste/consistirá? Quando foi implementada/está prevista a sua implementação? De que forma ajudou/poderá ajudar a manter o emprego/minimizar os despedimentos? Que resultados gerou até agora (se aplicável)? Que resultados se esperam alcançar com esta medida ao longo do próximo ano? Redução do número de horas trabalhadas (ex: redução do número de horas de trabalho diárias; redução do número de dias de trabalho por semana; aumento do tempo de férias/ licenças compulsivas; redução do número/duração dos turnos; redução das horas extraordinárias,…) Descrição da estratégia: (Contrapartida: redução salarial correspondente? Redução salarial parcial? Compromisso para compensação das horas não pagas com horas extraordinárias não remuneradas no futuro, isto é, recurso a bancos de horas? Formação com apoio do Estado? Outro apoio do Estado? Outra?) Recurso ao apoio Estatal “Apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Redução de 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 ou mais anos por empresas até 49 trabalhadores. Aplicável apenas se a empresa mantiver o nível de emprego durante o ano de 2009 por referência a 01 de Janeiro de 2009.) Descrição da estratégia 306 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Recurso ao apoio Estatal “Apoio à contratação sem termo de jovens, desempregados de longa duração e públicos específicos”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador por um período de 36 meses, ou 24 meses acrescido de uma verba de 2000€ por trabalhador, no caso de contratação, sem termo, de: jovens até 35 anos à procura do 1º emprego; desempregados de longa duração; desempregados há mais de 6 meses com 55 ou mais anos; ou beneficiários do Rendimento Social de Inserção ou similar. Para beneficiar deste apoio a empresa tem que manter o contrato de trabalho por pelo menos 36 meses e, simultaneamente, durante 3 anos aumentar o número de empregados a trabalhar na empresa – criação líquida de emprego – por comparação com o número de empregados em 01 de Janeiro de 2009.) Descrição da estratégia Recurso ao apoio Estatal “Apoio à contratação a termo de trabalhadores com 55 anos ou mais e de públicos específicos”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Redução de 50% da taxa de Segurança Social a cargo do empregador durante a vigência do contrato, em caso de contratos a termo certo com desempregados há mais de 6 meses com 55 ou mais anos, ou beneficiários Rendimento Social de Inserção ou similar.) Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 307 Recurso ao apoio Estatal “Apoio à redução da precariedade no emprego dos jovens ”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador por um período de 36 meses, ou 24 meses acrescido de uma verba de 2000€ por trabalhador, no caso da celebração de contratos, sem termo, durante o 1º semestre de 2009, com jovens até 35 anos que se encontrassem a colaborar ou tivessem colaborado com a empresa (estágio, “recibos verdes”, contrato de trabalho temporário). Para beneficiar deste apoio a empresa teria que manter o contrato de trabalho por pelo menos 36 meses e, simultaneamente, durante 3 anos aumentar o número de empregados a trabalhar na empresa – criação líquida de emprego – por comparação com o número de empregados em 01 de Janeiro de 2009) Descrição da estratégia Recurso ao apoio Estatal “Apoio à redução da precariedade no emprego”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Redução de 50% da taxa de Segurança Social a cargo do empregador pelo período de 36 meses, nos casos de conversão de contratos de prestação de serviços em contratos sem termo e a tempo completo, celebrados no 1º semestre de 2009. Para beneficiar deste apoio a empresa teria que manter o contrato de trabalho por pelo menos 36 meses e, simultaneamente, durante 3 anos aumentar o número de empregados a trabalhar na empresa – criação líquida de emprego – por comparação com o número de empregados em 01 de Fevereiro de 2009) Descrição da estratégia 308 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Redução salarial e/ou congelamento de aumentos salariais compensados, ou não, com outros benefícios (ex: participações nos lucros, acções da empresa, prémios de desempenho...) Descrição da estratégia Redução de bónus, prémios e outros benefícios aos trabalhadores Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Redução de salários e/ou benefícios e bónus dos gestores/sócios/proprietários Descrição da estratégia Período de trabalho não remunerado Descrição da estratégia 309 310 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Reconversão para outras funções dentro da empresa ou de empresas associadas envolvendo, ou não, acções de qualificação ou formação profissional Descrição da estratégia Flexibilidade de funções, isto é, a mesma pessoa desempenhar tarefas distintas consoante as necessidades da empresa (ex: produção e embalagem) Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 311 Atribuição de bolsa para formação (mestrados, pós-graduações,…) pagas total, ou parcialmente, pela empresa, associadas a licenças não remuneradas Descrição da estratégia Outras (descreva) 312 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Nenhuma estratégia em particular foi adoptada /está prevista Orientações: Não há necessidade; optou/vai optar por fazer despedimentos; tenciona encerrar a actividade brevemente. Porquê SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 313 ANEXO 2 – GUIÕES DE ENTREVISTAS ÀS EMPRESAS NACIONAIS GUIÃO DE ENTREVISTA COMÉRCIO TRADICIONAL URBANO 314 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS I. Identificação do estabelecimento 1. Nome:__________________________________________________________________ 2. Endereço (rua/bairro):_____________________________________________________ 3. Responsável para contacto:_________________________________________________ II. Caracterização do estabelecimento 4. Número de trabalhadores remunerados ao serviço, para além dos proprietários: 1 2 ou 3 4 ou 5 6a9 10 a 49 50 ou mais Ns/Nr 5. Antiguidade do estabelecimento: Menos de 2 anos 2 a 5 anos 5 a 10 anos 10 ou mais anos Ns/Nr 6. Gestão do estabelecimento: Proprietário Familiar do proprietário Outro____________________________ Colaborador contratado para o efeito Ns/Nr 7. Idade do responsável pela gestão do estabelecimento: Menos de 30 anos 30 a 50 anos mais de 50 anos Ns/Nr 8. Escolaridade do responsável pela gestão do estabelecimento: 4º ano 5º a 9º ano 10º a 12º ano Licenciatura ou superior Ns/Nr 9. Sector de actividade: Higiene, saúde e beleza (farmácia, para-farmácia, ópticas, ortopedia, perfumaria e cosmética,…) Lar (electrodomésticos, mobiliário, decoração, iluminação, têxteis-lar, retrosaria, materiais de construção, drogaria…) Cultura e lazer (livros, discos, papelaria, quiosque, tabacaria, material fotográfico, desporto…) Moda (vestuário, calçado, bijutaria, ourivesaria e relojoaria…) Produtos alimentares (mercearia, frutaria, padaria…) Restauração (restaurante, cafés/pastelaria, fast food, snack-bar, bar…) Informática e telecomunicações Flores e animais de companhia Outro (especificar):______________________________________________________ 10. Natureza jurídica: SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 315 Empresário em nome individual/Sociedade unipessoal Sociedade por quotas Sociedade anónima Outro (especificar):______________________________________________________ 11. Formato do estabelecimento: Loja de rua. Quantas?____________________________________________________ Loja em centro comercial/galeria comercial. Quantas?__________________________ Outra:_________________________________________________________________ 12. Integração do estabelecimento em redes comerciais: Nenhuma. Loja independente Agência ou “franchising” de insígnia nacional Agência ou “franchising” de insígnia estrangeira Outro__________________________________________________________________ 13. Investimento em formação? ________________________________________________________________________ 14. Qual a qualificação profissional e académica dos trabalhadores? ________________________________________________________________________ 316 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS III. Evolução recente do emprego: 15. No último ano (Julho 08-Julho 09), como evoluiu o número de pessoas a trabalhar no estabelecimento (assalariadas ou familiares não remunerados)? Emprego total (empregados e familiares não remunerados): Reduziu Aumentou Manteve Ns/Nr Nº empregados com contrato permanente (incluindo familiares remunerados): Reduziu Aumentou Manteve Nº empregados com contrato a termo (a tempo integral): Na Ns/Nr Reduziu Aumentou Nº empregados em tempo parcial: Manteve Na Ns/Nr Reduziu Aumentou Familiares não remunerados: Manteve Na Ns/Nr Reduziu Imigrantes: Aumentou Manteve Na Ns/Nr Reduziu Aumentou Manteve Na Ns/Nr Explique (ex: porquê o aumento/diminuição dos empregados com contrato permanente, a termo, a tempo parcial; porquê aumento/diminuição de familiares não remunerados; houve ou não substituição de empregados por familiares não remunerados ou vice-versa; houve ou não substituição de contratos permanentes por contratos a termo e/ou a tempo parcial, ou vice-versa,…) SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 317 16. Como perspectiva que evolua o número de pessoas a trabalhar no estabelecimento durante o próximo ano (Julho 09-Julho 10)? Emprego total (empregados e familiares não remunerados): Redução Aumento Manutenção Ns/Nr Nº de empregados com contrato permanente (incluindo familiares remunerados): Redução Aumento Manutenção Nº de empregados com contrato a termo (a tempo integral): Ns/Nr Redução Aumento Nº de empregados em tempo parcial: Manutenção Na Ns/Nr Redução Aumento Familiares não remunerados: Manutenção Na Ns/Nr Redução Imigrantes: Aumento Manutenção Na Ns/Nr Redução Aumento Manutenção Na Ns/Nr Explique (ex: porquê o aumento/diminuição dos empregados com contrato permanente, a termo, a tempo parcial; porquê aumento/diminuição de familiares não remunerados; haverá ou não substituição de empregados por familiares não remunerados ou vice-versa; haverá ou não substituição de contratos permanentes por contratos a termo e/ou a tempo parcial, ou vice-versa,…) 318 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS IV. Estratégias recentes ou previstas que indirectamente contribuem para evitar ou minimizar os despedimentos: NOTA: introduzir a conversa perguntado como tem evoluído o negócio e como a empresa se tem ajustado com estratégias empresariais gerais. Orientações: Em que consiste/consistirá? Quando foi implementada/está prevista a sua implementação? De que forma ajudou/poderá ajudar a manter o emprego/minimizar os despedimentos? Que resultados gerou até agora (se aplicável)? Que resultados se esperam alcançar com esta medida ao longo do próximo ano? Redução de preços (campanhas, promoções, descontos, saldos,…) Descrição da estratégia Adopção de condições de pagamento mais apelativas Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 319 Melhoria do serviço pós-venda (entrega em casa, montagem e instalação, assistência pósvenda,…) Descrição da estratégia Melhoria na qualidade do serviço prestado ao cliente, nomeadamente as estratégias de atendimento. Houve/Há formação em atendimento? Descrição da estratégia 320 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Alargamento do horário de funcionamento do estabelecimento (ex: antecipação do horário de abertura, abertura à hora de almoço; prolongamento do horário de encerramento; prolongamento do período de funcionamento durante o fim de semana) Descrição da estratégia Diversificação da oferta de produtos/serviços (alargamento do leque de produtos, de serviços ou de marcas oferecidas,…) Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 321 Políticas de imagem e promoção (decoração de interiores, animação do ponto de venda, marketing e publicidade…) Descrição da estratégia Alteração das técnicas de venda (venda “on-line”,…) Descrição da estratégia 322 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Diversificação dos mercados geográficos (abertura de lojas noutros pontos da cidade, noutras cidades, num centro comercial…) Descrição da estratégia Outras (descreva) SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 323 Nenhuma estratégia em particular foi adoptada /está prevista Orientações: Não há necessidade; optou/vai optar por fazer despedimentos; tenciona encerrar a actividade brevemente. Porquê 324 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS V. Estratégias recentes ou previstas visando directamente evitar ou minimizar os despedimentos: Orientações: Em que consiste/consistirá? Quando foi implementada/está prevista a sua implementação? De que forma ajudou/poderá ajudar a manter o emprego/minimizar os despedimentos? Que resultados gerou até agora (se aplicável)? Que resultados se esperam alcançar com esta medida ao longo do próximo ano? Redução do número de horas trabalhadas (ex: redução do número de horas de trabalho diárias; redução do número de dias de trabalho por semana; aumento do tempo de férias/licenças compulsivas; redução do número/duração dos turnos; redução das horas extraordinárias,…) Descrição da estratégia: (Contrapartida: redução salarial correspondente? Redução salarial parcial? Compromisso para compensação das horas não pagas com horas extraordinárias não remuneradas no futuro, isto é, recurso a bancos de horas? Formação com apoio do Estado? Outro apoio do Estado? Outra?) SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 325 Redução salarial e/ou congelamento de aumentos salariais compensados, ou não, com outros benefícios (ex: participações nos lucros, acções da empresa, prémios de desempenho...) Descrição da estratégia Redução de bónus, prémios e outros benefícios aos trabalhadores Descrição da estratégia 326 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Redução de salários e/ou benefícios e bónus dos gestores/sócios/proprietários Descrição da estratégia Período de trabalho não remunerado Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 327 Reconversão para outras funções dentro estabelecimento ou outros estabelecimentos associados envolvendo, ou não, acções de qualificação ou formação profissional Descrição da estratégia Flexibilidade de funções, isto é, a mesma pessoa desempenhar tarefas distintas consoante as necessidades do estabelecimento (ex: caixa e reposição de stocks) Descrição da estratégia 328 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Atribuição de bolsa para formação (mestrados, pós-graduações,…) pagas total, ou parcialmente, pela empresa, associadas a licenças não remuneradas Descrição da estratégia Recurso ao apoio Estatal “Apoio ao emprego em micro e pequenas empresas”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Redução de 3 pontos percentuais da taxa de Segurança Social a cargo do empregador, relativa a trabalhadores com 45 ou mais anos por empresas até 49 trabalhadores. Aplicável apenas se a empresa mantiver o nível de emprego durante o ano de 2009 por referência a 01 de Janeiro de 2009.) Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 329 Recurso ao apoio Estatal “Apoio à contratação sem termo de jovens, desempregados de longa duração e públicos específicos”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador por um período de 36 meses, ou 24 meses acrescido de uma verba de 2000€ por trabalhador, no caso de contratação, sem termo, de: jovens até 35 anos à procura do 1º emprego; desempregados de longa duração; desempregados há mais de 6 meses com 55 ou mais anos; ou beneficiários do Rendimento Social de Inserção ou similar. Para beneficiar deste apoio a empresa tem que manter o contrato de trabalho por pelo menos 36 meses e, simultaneamente, durante 3 anos aumentar o número de empregados a trabalhar na empresa – criação líquida de emprego – por comparação com o número de empregados em 01 de Janeiro de 2009.) Descrição da estratégia Recurso ao apoio Estatal “Apoio à contratação a termo de trabalhadores com 55 anos ou mais e de públicos específicos”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Redução de 50% da taxa de Segurança Social a cargo do empregador durante a vigência do contrato, em caso de contratos a termo certo com desempregados há mais de 6 meses com 55 ou mais anos, ou beneficiários Rendimento Social de Inserção ou similar.) Descrição da estratégia 330 SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS Recurso ao apoio Estatal “Apoio à redução da precariedade no emprego dos jovens ”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo do empregador por um período de 36 meses, ou 24 meses acrescido de uma verba de 2000€ por trabalhador, no caso da celebração de contratos, sem termo, durante o 1º semestre de 2009, com jovens até 35 anos que se encontrassem a colaborar ou tivessem colaborado com a empresa (estágio, “recibos verdes”, contrato de trabalho temporário). Para beneficiar deste apoio a empresa teria que manter o contrato de trabalho por pelo menos 36 meses e, simultaneamente, durante 3 anos aumentar o número de empregados a trabalhar na empresa – criação líquida de emprego – por comparação com o número de empregados em 01 de Janeiro de 2009) Descrição da estratégia Recurso ao apoio Estatal “Apoio à redução da precariedade no emprego”, criado em 30 de Janeiro de 2009 (Redução de 50% da taxa de Segurança Social a cargo do empregador pelo período de 36 meses, nos casos de conversão de contratos de prestação de serviços em contratos sem termo e a tempo completo, celebrados no 1º semestre de 2009. Para beneficiar deste apoio a empresa teria que manter o contrato de trabalho por pelo menos 36 meses e, simultaneamente, durante 3 anos aumentar o número de empregados a trabalhar na empresa – criação líquida de emprego – por comparação com o número de empregados em 01 de Fevereiro de 2009) Descrição da estratégia SUSTENTAÇÃO DO EMPREGO EM PERÍODOS DE CRISE – BOAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS 331 Outras (descreva) Nenhuma estratégia em particular foi adoptada /está prevista Orientações: Não há necessidade; optou/vai optar por fazer despedimentos; tenciona encerrar a actividade brevemente. Porquê