ABNT - UNOPAR
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ABNT - UNOPAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO ADRIANE ROCHA SCHULTZ POSSÍVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE HÁBITOS ALIMENTARES E VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENÍGNA EM IDOSOS: A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO E TRATAMENTO Londrina 2014 ADRIANE ROCHA SCHULTZ POSSÍVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE HÁBITOS ALIMENTARES E VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENÍGNA EM IDOSOS: A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO E TRATAMENTO Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Ciências da Reabilitação. Orientadora: Profª Drª Luciana Lozza de Morais Marchiori. Londrina 2014 ADRIANE ROCHA SCHULTZ POSSÍVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE HÁBITOS ALIMENTARES E VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENÍGNA EM IDOSOS: A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO E TRATAMENTO Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO, área e concentração em Fonoaudiologia e Nutrição como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores: CCccoo BANCA EXAMINADOR _________________________________________ Profª Drª Luciana Lozza de Moraes Marchiori UNOPAR _________________________________________ Profª Drª Rejane Dias Neves-Souza UNOPAR _________________________________________ Profª Drª Viviane de Souza Pinho Costa UNOPAR Londrina, _____de ___________de 20___. Dedico este trabalho a todas as pessoas que se empenham na arte de ensinar e curar, e que o mesmo de alguma forma, venha oferecer uma pequena parcela de ajuda na caminhada do conhecimento científico. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que me permitiu estar aqui, fazendo parte do aprendizado e da construção do conhecimento, à minha orientadora, não só pela paciência e constante orientação neste trabalho, mas sobretudo pela sua credibilidade, confiança e determinação, auxiliando-me na realização deste sonho que custou acontecer, por causa dos tantos obstáculos encontrados no caminho.... Agradeço a todos os professores do mestrado, que de forma impar colaboraram na construção do conhecimento, em cada matéria dada. Agradeço também a Profº. Dra. Rejane, que humildemente prestou grande auxílio nos links deste estudo, orientando-me na bela arte de ensinar. Ao meu marido Paulo Hilton, que sempre me apoiou e, nas grandes dificuldades, teve paciência com a minha ausência... Aos colegas, que muitas vezes me fizeram dar continuidade e não desistir da trajetória do ensino científico. Gostaria de agradecer também algumas pessoas que contribuíram para realização deste trabalho em especial a Nutricionista Cinthia Sisti que tanto me estímulou, a Pollyana Cela que me acudiu quando ficou pesado, e a Carmen Silvia que me ajudou com tanto carinho, disponibilidade e presteza. Aos meus pais João e Luiza, que sempre estiveram presentes nas maiores dificuldades, aos meus sogros Maurício e Leni, que moraram comigo alguns meses, enquanto realizava este trabalho, em especial à minha sogra, que Deus levou durante a estadia conosco. E não poderia esquecer de minhas filhas amadas, Polyanna e Nycole, minhas jóias raras, me incentivando a jamais desistir e sempre fazendo-me acreditar que o querer focado é sempre possível. “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. Charles Chaplin SCHULTZ, Adriane Rocha. Possível associação entre hábitos alimentares e vertigem posicional paroxística benígna em idosos: a importância da reabilitação e tratamento. 2014. 83 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Reabilitação) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014. RESUMO Introdução: O envelhecimento está associado ao declínio das funções fisiológicas do corpo humano, que pode ser agravado pelo estado nutricional do idoso, por isso a importância de uma dieta equilibrada. A adoção de bons hábitos alimentares por meio da educação nutricional, contribui com a prevenção e o tratamento da vertigem. Objetivo: Associar hábitos alimentares com a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) em idosos. Método: Estudo Transversal com idosos, com uma vida independente avaliados pela história alimentar, utilizando o recordatório 24 horas para verificar os hábitos alimentares e, pela manobra de Dix-hallpike para verificar a presença de VPPB. Resultados: Com base em uma amostragem de 487 indivíduos, verificou-se 117 diagnosticados com VPPB. Dentre os 117 pacientes idosos com VPPB, 37 (31,62%) tinham alimentação inadequada. Dos 370 indivíduos sem VPPB, 97 (26,21%) tinham alimentação inadequada. Não se observou associação significativa entre hábitos nutricionais e VPPB na população total (p=0.3064). Contudo, houve significante relação entre VPPB e consumo insuficiente de fibras (p=0,0315), consumo inadequado de carboidrato (p=0.0419) e alto consumo de ácidos graxos poliinssaturados (p=0,0084). Conclusão: Esses dados indicam associação entre a VPPB com dislipidemia e hipertrigliceridemia. A partir disso indica-se a redução da ingestão de gorduras e carboidratos e o aumento à ingestão de fibras, para estabilizar os triglicerídeos e, assim, minimizar os efeitos nocivos sobre o ouvido interno. Sugere-se readequação dos hábitos alimentares dos pacientes com VPPB, ao longo do trabalho de uma equipe multidisciplinar, a fim de melhorar a qualidade de vida dos idosos. Palavras-chave: Vertigem. Envelhecimento. Hábitos alimentares. SCHULTZ, Adriane Rocha. Possible association between food habits and benign paroxysmal positional vertigo in the elderly: the importance of rehabilitation and treatment. 2014. 83 p. Dissertation (Master in Rehabilitation Science) - North Paraná Univerity, Londrina, 2014. ABSTRACT Introduction: Aging is associated with decline in physiological functions of the human body, which can be aggravated by the nutritional status of the elderly, so the importance of a balanced diet. Adopting good eating habits through nutrition education, contributes to the prevention and treatment of vertigo. Objective: Associate food habits with benign paroxysmal positional vertigo (BPPV) in the elderly. Method: Cross-sectional study with the elderly, with an independent life assessed by dietary history, using 24 hours dietary recall to check and eating habits, the Dix-Hallpike maneuver to verify the presence of BPPV. Results: Based on a sample of 487 individuals was found 117 diagnosed with BPPV. Among the 117 elderly patients with BPPV, 37 (31.62%) had inadequate nutrition. Of the 370 individuals without BPPV, 97 (26.21%) had inadequate nutrition. No significant association between nutritional habits and BPPV in the total population (p = 0.3064) was observed. However, there was a significant relationship between BPPV and insufficient fiber intake (p = 0.0315), inadequate intake of carbohydrate (p = 0.0419) and high consumption of polyunsaturados fatty acids (p = 0.0084). Conclusion: These data indicate an association between BPPV with dyslipidemia and hypertriglyceridemia. From this indicates the reduced intake of fats and carbohydrates and increasing the intake of fiber to stabilize triglycerides and thus minimize harmful effects on the inner ear. It is suggested adjustment of food in patients with BPPV, throughout the work of a multidisciplinary team in order to improve the quality of life for seniors. Key words: Vertigo. Aging. Food habits. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Anatomia do sistema auditivo .................................................................. 16 Figura 2 - Anatomia do sistema vestibular ............................................................... 18 Figura 3 - Labirinto ósseo direito .............................................................................. 19 Figura 4 - Anatomia do Labirinto Membranoso......................................................... 20 Figura 5 - Células Ciliadas da mácula respondendo à inclinação. ........................... 21 Figura 6 - Ductos semicirculares .............................................................................. 22 Figura 7 - Movimentação Cefálica ............................................................................ 23 Figura 8 - Teste de Dix Hallpike ............................................................................... 31 Figura 9 - A ilustração representa as conexões neurais excitatórias que dão origem aos três reflexos oculovestibulares tridimensionais .................... 32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS OMS Organização Mundial da Saúde ATP Adenosina trifosfato BPPV Benign Paroxysmal Positional Vertigo GMD Glucose metabolic disorder VPPB Vertigem Posicional Paroxística Benigna EELO Estudos sobre o Envelhecimento e Longevidade SNC Sistema Nervoso Central CSC Canal Semicircular MDH Manobra de Dix-Hallpike SUS Sistema Único de Saúde RV Reabilitação Vestibular RDA Recommended Dietary Allowance ou Ingestão dietética recomendada GMD Distúrbio de glicose metabólica IMC Índice de massa corporal DRI Dietary Reference Intakes ou "Ingestão Alimentar de Referência” TMB Taxa de metabolismo basal VCT Valor calórico total IOM The Institute of Medicine OR Odds Ratio- (razão de chances) RRR Rank reduced regression ARR Absolute Risk Reduction (Absoluta Redução do Risco) NNH Number needed to harm (número necessário para causar dano) AG Acidos Graxos WHO World Health Organization TG Triglicerídeos VLDL Very Low Density Lipoprotein (lipoproteina de baixa densidade) NCEP National Cholesterol Education Program LDL Low Density Lipoprotein (lipoproteinas de baixa densidade) CHO Carbohidrates RBCs Red cells SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO ........................ 16 2.1 ANATOMIA DO SISTEMA AUDITIVO .............................................................. 16 2.1.1 Sistema Auditivo Periférico..................................................................... 17 2.1.2 Sistema Auditivo Central ........................................................................ 17 2.2 ANATOMIA DO SISTEMA VESTIBULAR .......................................................... 17 2.2.1 Sistema Vestibular Periférico ................................................................. 18 2.2.1.1 Labirinto ósseo ....................................................................................... 19 2.2.1.2 Labirinto membranoso ............................................................................ 20 2.2.1.2.1 Sáculo e utrículo..................................................................................... 20 2.2.1.2.2 Ductos Semicirculares ............................................................................ 21 2.2.2 Sistema Vestibular Central ..................................................................... 23 2.3 EQUILÍBRIO............................................................................................... 24 2.4 TONTURA E VERTIGEM .............................................................................. 25 2.4.1 A Vertigem Postural Paroxística Benigna ............................................... 27 2.4.2 Fisiopatologia da VPPB .......................................................................... 28 2.4.3 Avaliação e Diagnóstico da VPPB.......................................................... 29 2.4.3.1 VPPB de canal semicircular posterior .................................................... 29 2.4.3.2 VPPB de canal semicircular horizontal ................................................... 31 2.4.4 Tratamento da VPPB ............................................................................. 32 2.5 NUTRIÇÃO BALANCEADA............................................................................ 33 2.5.1 A Importância da Nutrição Saudável na Terceira Idade ......................... 35 2.5.2 Classificação dos Nutrientes .................................................................. 37 2.5.2.1 Alimentação normoglicídica.................................................................... 38 2.5.2.1.1 Divisão dos carboidratos ........................................................................ 38 2.5.2.1.2 Digestão, absorção e metabolismo dos carboidratos ............................. 39 2.5.2.2 Alimentação normoproteica .................................................................... 40 2.5.2.2.1 Digestão, absorção e metabolismo das proteínas.................................. 41 2.5.2.3 Alimentação normolipídica ..................................................................... 41 2.5.2.3.1 Digestão, absorção e metabolismo dos lipídios ..................................... 42 2.5.3 Correlação Entre Carboidratos, Proteínas e Lipídios ............................. 44 2.5.4 Fibra Alimentar ....................................................................................... 44 2.5.5 Indicadores Nutricionais ......................................................................... 46 2.5.6 Metabolismo Basal ................................................................................. 46 2.5.7 Características Alimentares Relevantes do Consumidor Idoso, Realizado Em Estudos no Brasil, Mato Grosso109 .................................. 47 2.5.7.1 Região sudeste ...................................................................................... 49 2.6 RELAÇÃO ENTRE A VPPB E HÁBITOS ALIMENTARES .................................... 49 3 ARTIGO ................................................................................................. 51 CONCLUSÃO GERAL .............................................................................................. 68 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69 APÊNDICES ............................................................................................................. 77 Apêndice A - Questionário ....................................................................................... 78 ANEXOS ............................................................................................................... 80 Anexo A – Normas de publicação do periódico ........................................................ 81 12 1 INTRODUÇÃO O crescimento da população mundial tende a confirmar as projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) que prevê para o ano 2025, 30 milhões de idosos, o que corresponderá a 10% da população brasileira. Essas cifras levarão o país a ocupar a sexta posição entre os países com maior número de idosos do mundo1. Faz-se necessário estudar e olhar para esta população. Pois o processo de envelhecimento consiste na deterioração lenta e progressiva das diversas funções orgânicas e, à medida que aumenta o tempo de vida do indivíduo, mais evidentes ficam as deficiências funcionais2. Dentre estas deficiências, a tontura é considerada um dos sintomas mais comuns em idosos, abrangendo uma variedade de sensações de perturbação do equilíbrio corporal, sendo mais frequentes as sensações de vertigem (tontura rotatória), desequilíbrio, instabilidade, desorientação espacial, flutuação, nebulosidade na cabeça e sensação de embriaguez 2. Sabe-se também que os idosos estão em risco com relação aos distúrbios nutricionais, incluindo nutrição inadequada e as deficiências nutricionais. Uma série de fatores físicos, clínicos, econômicos e sociais, relacionados com a idade, podem comprometer o estado nutricional. Além disso, as mudanças na composição corporal dos idosos e estilos de vida sedentários podem alterar as necessidades energéticas e a sua ingestão nutricional diária. A natureza e o consumo de componentes da dieta estão altamente correlacionados, e com isto, torna-se difícil avaliar os efeitos específicos, mediante estudos observacionais3,4. O envelhecimento está associado com um declínio no número de funções fisiológicas que podem ser afetado pelo estado nutricional, incluindo redução da massa magra do corpo, alterações na citocinas e níveis hormonais, o esvaziamento gástrico retardado, mudanças na regulamentação dos líquidos eletróliticos e a sensação diminuída do olfato e do paladar. A inadequação nutricional pode desempenhar um papel nas causas patológicas, como doença crônica, depressão, medicamentos e isolamento social. Padrões alimentares foram considerados fatores de risco para 13 diversas alterações metabólicas e circulatórias que causam vários sintomas, incluindo as tonturas, principalmente nos indivíduos em processo de envelhecimento5,6. Tontura é uma mudança no equilíbrio caracterizada pela ilusão do movimento individual ou no ambiente que os rodeia. Quando uma pessoa adquire tontura rotatória é chamado vertigem7. Este sintoma é altamente prevalente em todo o mundo, afetando cerca de 2% de adultos jovens, 30% nos idosos com 65 anos ou até 50% em idosos acima de 85 anos8. Especialmente em idosos, a falta de atividade física regular, baixo nível de aptidão física e distúrbios nutricionais são fatores de risco para diversas alterações metabólicas e circulatórias, que causam vários sintomas, como tontura e vertigem posicional paroxística benigna 3,9. Evidências atuais mostram que ao melhorar os hábitos alimentares de pessoas com idade avançada, aumenta a sua qualidade de vida. Entretanto, a prevalência da desnutrição está aumentando na população idosa, porque aparecem declínios em: função muscular prejudicada, diminuição da massa óssea, disfunção imunológica, anemia, função cognitiva reduzida, má cicatrização, recuperação tardia de cirurgias, e as taxas de readmissão hospitalar bem como a mortalidade, ficam mais elevadas10. A desnutrição é definida como um estado em que uma deficiência, excesso ou desequilíbrio de energia, de proteína e outros nutrientes provocam efeitos adversos sobre a forma do corpo, a função e sua evolução clínica11. As pessoas mais velhas são mais suscetíveis a desenvolver problemas com fluidos e equilíbrio eletrolítico, devido à insuficiência renal fisiológica e mudanças na percepção de sede. Este equilíbrio de fluidos e eletrólitos é prejudicado devido a vários fatores, incluindo a redução da taxa de filtração glomerular, a diminuição da capacidade de concentrar a urina, a capacidade de conservação de sódio é menos eficiente, ocorrendo redução da capacidade de excretar a carga de água e a sensação de sede é alterada12,13. Medições diretas de dispersão dos marcadores da endolinfa sugerem que na endolinfa, o estado normal é mantido sem um envolvimento significativo do fluxo de volume do todo. Íons parecem ser transportados para 14 dentro e para fora do espaço endolinfático de uma maneira semelhante a que uma única célula, e cada processo de transporte de íons, contribui para o equilíbrio de eletrólitos. Nos estados de volume anormal, no entanto, o fluxo de volume longitudinal de endolinfa pode contribuir para a homeostase. Embora a evidência ainda seja limitada, o saco endolinfático parece agir como um sistema de "estouro bidirecional". Embora distúrbios de volume provenientes de processos fora do equilíbrio de transporte em qualquer lugar do labirinto possa ser corrigido pelo mesmo, é provável que a disfunção do próprio saco tenha um efeito substancial sobre o estado de endolinfa14. O sistema circulatório está diretamente associado ao transporte de oxigênio e Capilar de fluxo sanguíneo adicional, ou seja, o seu abastecimento depende da nutrição para a integridade funcional do coração e vasos sanguíneos. Há evidências que sugerem: hábitos alimentares, como o baixo teor de sódio, podem alterar a homeostase dos fluidos do ouvido interno e a função auditiva. As experiências indicam que o compartimento da endolinfa tem um mecanismo integrado para a manutenção de uma baixa concentração de sódio, mantendo o equilíbrio iônico com o soro e a perilinfa circundantes. Neste estudo, foram avaliadas as concentrações de sódio e potássio, utilizando a fotometria de chama. Foram encontrados no soro aumento da concentração de sódio, nos líquidos cefalorraquidiano e na perilinfa timpânica. Nenhuma mudança significativa foi observada no soro, em escala vestibular da perilinfa ou escala média da endolinfa. Estes aumentos de sódio foram consideradas um resultado do processo de desidratação causada pelo agente osmótico glicerol. Aumentos na concentração de potássio foram encontrados somente na escala vestibular da perilinfa15,16,17. O sistema labiríntico, que depende do fornecimento contínuo de energia, sofre influência dos níveis circulantes de glicose e hormônios, que dependem da geração de energia pelo ATP. Dados da literatura estimam que a ocorrência do distúrbio de glicose metabólica (GMD) é de 42% a 80% em pacientes com zumbido e tontura, considerando que 2,5 a 15% da população apresenta hipoglicemia assintomática ou algum efeito de tolerância em curvas de glicose. No Brasil, GMD já tem sido considerada a causa mais frequente de disfunções metabólicas labirínticas18,19. 15 A vertigem é o tipo mais comum de tontura em vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), sendo a causa mais comum em adultos, e estima-se que a prevalência é de 3,2% nas mulheres, e de 1,6% no sexo masculino. É considerada a causa mais comum de tontura em idosos, uma vez que 30% das pessoas tinham a condição de pelo menos ter tido uma vez20,21 . Nos Estados Unidos, a VPPB tem uma prevalência estimada de 2,4% na população adulta em geral e, apesar de esse distúrbio atingir pessoas em toda a sua vida, tende a afetar os indivíduos com idades compreendidas entre 50 a 70 anos e, portanto, tem destaque nos encargos sociais e de saúde 22. Com base nas considerações apresentadas, este estudo teve como objetivo investigar a possível associação entre a presença de vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) com a prática de hábitos alimentares inadequados em pacientes idosos do projeto EELO. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 ANATOMIA DO SISTEMA AUDITIVO O sistema auditivo é formado pelo órgão sensorial da audição, pelas vias auditivas do sistema nervoso e por estruturas cerebrais que recebem, analisam e interpretam as informações sonoras, sendo frequentemente requisitado em situações de comunicação 23. As estruturas da orelha são adaptadas para coletar ondas sonoras, converter as vibrações das ondas em vibrações mecânicas e, por fim, converter as vibrações do líquido em impulsos nervosos. O ouvido humano é sensível apenas aos sons na faixa entre 20 Hz e 20 KHz. As frequências abaixo de 20 Hz são chamadas de infra-sônicas e acima de 20 KHz de ultrasônicas. No que se refere à intensidade, o ouvido humano limita-se entre 0 e 120 dB. Sendo que apenas parte da orelha externa se encontra alojada dentro do osso temporal. É constituída pelo pavilhão auricular, pelo meato acústico externo com suas porções óssea e cartilaginosa, e pela membrana timpânica24. Figura 1 - Anatomia do sistema auditivo Fonte: Netter 25 17 2.1.1 Sistema Auditivo Periférico O sistema auditivo periférico é constituído pela orelha externa, orelha média e orelha interna. O mecanismo transdutor da orelha interna está localizado na cóclea, onde se situam os receptores dos impulsos sonoros (Órgão de Corti). Existe uma relação entre a localização da célula sensorial na cóclea e a frequência à qual um receptor é mais sensível. A partir da base do órgão até seu ápice, a frequência que mais excita uma célula sensorial muda sistematicamente de alta para baixa. Esta diferença quanto a sensibilidade da célula sensorial ao longo da cóclea é a base da organização tonotópica da via auditiva 26. 2.1.2 Sistema Auditivo Central As células sensoriais do órgão de Corti são inervadas pelos prolongamentos distais de neurônios bipolares sensitivos, localizados no gânglio espiral (neurônios I da cadeia neuronal auditiva). Os prolongamentos centrais destes neurônios constituem a porção coclear do nervo vestíbulococlear (VIII par craniano), o qual deixa o meato acústico interno e entra no tronco encefálico lateralmente, no nível do sulco bulbo-pontino. A partir daí, a via auditiva segue todo seu trajeto dentro do sistema nervoso central. Os núcleos cocleares são os primeiros relés sinápticos para as informações auditivas, constituindo-se de uma massa de substância cinzenta, de aspecto triangular, localizada na transição entre o bulbo e ponte (neurôniosII). O núcleo coclear ventral recebe informações (ipsilaterais) provenientes do ápice da cóclea, e o núcleo coclear dorsal recebe informações da base da cóclea 26. 2.2 ANATOMIA DO SISTEMA VESTIBULAR O sistema vestibular é um dos responsáveis pela sensação e controle do movimento e manutenção do equilíbrio corporal, uma vez que os sinais vestibulares combinam com informações provenientes do sistema visual, auditivo e dos receptores proprioceptivos para controlar o processo motor que 18 mantém o equilíbrio e compensa os efeitos dos movimentos da cabeça. Este sistema fornece informações ao Sistema Nervoso Central (SNC) sobre a orientação do corpo no espaço, juntamente com as informações somatossensoriais 27. O sistema vestibular está localizado na orelha interna e podese dividir em periférico e central. O sistema vestibular periférico é composto pelos órgãos otolíticos, responsáveis pelo equilíbrio estático, que nos fornece a noção exata da posição do corpo e da cabeça, com espaço à nossa volta e pelos canais semicirculares os quais detectam acelerações angulares, vestíbulo e nervo vestibular (VIII par craniano). O sistema vestibular central é composto pelos núcleos vestibulares e suas conexões com outras estruturas encefálicas 28. Figura 2 - Anatomia do sistema vestibular Fonte: Netter 25 2.2.1 Sistema Vestibular Periférico O labirinto localiza-se na orelha interna, a qual é margeada lateralmente pela orelha média (preenchida por ar) e medialmente pela porção petrosa do osso temporal. O sistema vestibular periférico inclui o labirinto ósseo e o labirinto membranoso 29. 19 2.2.1.1 Labirinto ósseo O labirinto ósseo, que contém a perilinfa (líquido semelhante a composição do liquor), é constituído pela cóclea, o vestíbulo e os canais semicirculares. A cóclea está posicionada ântero-inferior ao vestíbulo e é constituída por tubos espiralados com aspecto de caracol, perfurada por inúmeras aberturas para a passagem de filetes da porção coclear do nervo vestíbulococlear. Composta pelo ducto coclear (relacionada à audição) e no seu interior estão localizadas as células sensoriais (células ciliadas), envoltas por células de sustentação, constituindo o órgão de Corti 30. O vestíbulo é uma câmera central de forma ovóide, medindo aproximadamente 4mm de diâmetro, parte mais volumosa do labirinto, situado entre a cóclea e os canais semicirculares, apresentando duas vesículas membranosas, o sáculo e o utrículo. Já os canais semicirculares apresentamse como três estruturas ou canículos ósseos, que envolvem os ductos semicirculares do labirinto membranoso e dispõem-se de tal modo a ocupar os três planos geométricos, formando entre si ângulo de 90º 30,31. Figura 3 - Labirinto ósseo direito Fonte: Netter 25 20 2.2.1.2 Labirinto membranoso O labirinto membranoso, considerado a parte funcional do aparelho vestibular, contém a endolinfa (difere pouco da perilinfa, é produzido pelas estrias vasculares), está suspenso dentro do labirinto ósseo por fluido e pelo tecido conectivo de suporte33. As várias partes do labirinto membranoso formam um sistema fechado de sacos e ductos, os quais se comunicam de forma contínua: o ducto coclear na cóclea, o sáculo e o utrículo no vestíbulo, e os ductos semicirculares nos canais30. Figura 4 - Anatomia do Labirinto Membranoso Fonte: Netter 25 2.2.1.2.1 Sáculo e utrículo O sáculo e utrículo são denominados órgãos otolíticos e cada um é formado por uma membrana basal sustentando as células ciliadas. Sobre essas células sensoriais há uma estrutura acessória de aspecto gelatinoso em 21 que estão mergulhados os cílios das células sensitivas. A massa gelatinosa contém muitos cristais de carbonato de cálcio, de pequenas dimensões formando a membrana otolítica34. Os órgãos otolíticos diferem dos canais semicirculares em duas características: eles reagem ao movimento linear e não ao angular e também respondem à aceleração, e não à velocidade. Os órgãos otolíticos convertem a velocidade cefálica no deslocamento para ativar adequadamente as células ciliadas das cristas, os otolíticos não precisam de nenhum sistema hidrodinâmico especial. A sensibilidade extraordinária à gravidade e à aceleração linear é obtida pela incorporação da massa das otocôndrias na membrana otolítica. Diferente dos canais, que possuem um órgão sensorial para cada eixo de movimento angular, nos órgãos otolíticos existem apenas dois órgãos sensoriais para os três eixos de movimento linear 29. Figura 5 - Células Ciliadas da mácula respondendo à inclinação. Fonte: Raposo 35 2.2.1.2.2 Ductos Semicirculares Os ductos semicirculares, contidos no interior dos canais semicirculares, apresentam disposição e denominação similares às dos canais29. Os canais semicirculares são responsáveis pela mensuração de acelerações angulares, causadas pela rotação da cabeça ou do corpo. Cada ducto tem um máximo de sensibilidade ao movimento angular, em um eixo perpendicular à sua posição 29. 22 Figura 6 - Ductos semicirculares 36 Fonte: Timothy Durante o movimento rotatório, a endolinfa adquire velocidade idêntica a do ducto semicircular. Com a parada do movimento, e pelo princípio da inércia, a endolinfa continua a se deslocar no mesmo sentido do movimento giratório, até se deter. Essa corrente endolinfática desloca a cúpula e os cílios da crista ampular, produzindo as sensações subjetivas e objetivas da rotação 34, 37 . No momento que a cabeça é submetida a uma aceleração angular no plano horizontal, por exemplo, quando rodamos a cabeça ou inclinamos para frente e para trás, existe o deslocamento da endolinfa, afetando a cúpula. O deslocamento da endolinfa é oposto ao da rotação da cabeça, constituindo uma corrente de endolinfa em direção à ampola (ampulípeta), no canal horizontal do lado da rotação. No canal oposto, a endolinfa deslocará em direção oposta à ampola (corrente ampulífuga) 33. Quando a cabeça é girada para a esquerda, a corrente ampulípeta será no canal horizontal esquerdo, e esta determinará um deslocamento da cúpula em direção ao utrículo. Acarretando um deslocamento dos estereocílios em direção ao cinocílio, esse padrão de inclinação dos cílios da crista ampular direita por forças tangenciais provocará alterações da permeabilidade da membrana das células sensoriais e enfraquecerá o potencial negativo da membrana pela entrada na célula de íons positivos. Consequentemente, uma despolarização que leva ao aparecimento de um 23 potencial de ação, acarretando em uma estimulação positiva. A frequência de descarga de repouso que existia nos neurônios aumenta devido a estimulação, e o SNC é informado de que a cabeça girou para o lado esquerdo 33. Figura 7 - Movimentação Cefálica Fonte: Raposo 35 2.2.2 Sistema Vestibular Central Os núcleos vestibulares situam-se na parte posterior do tronco encefálico, no assoalho do IV ventrículo. Apresentam comunicações com estruturas importantes do equilíbrio. Assim, o fascículo longitudinal medial constitui as vias oculomotoras, no sentido ascendente, e as descendentes representam as vias para medula espinhal; ao cerebelo, algumas fibras do gânglio de Scarpa se dirigem diretamente. Ao contrário de muitos gânglios, os de Scarpa são difusos, não compactos, tornando difícil a lesão completa durante procedimentos cirúrgicos. Porém, a maioria da conexão vestibulococlear ocorre dos núcleos vestibulares para o cerebelo. A porção vestibular no nervo craniano VIII, a qual inerva o labirinto vestibular, possui o nervo vestibular superior que inerva os canais anterior e horizontal e o utrículo.Já o nervo vestibular inferior inerva o canal posterior e o sáculo 28,31. O Sistema Nervoso Central (SNC) processa as informações combinando-as entre si e gera respostas por meio de reflexos que melhoram o o nervo vestibular superior que inerva os canais anterior e horizontal e o utrículo. Já o nervo vestibular inferior inerva o canal posterior e o controle postural e a orientação do corpo em relação ao espaço, permitindo que o 24 indivíduo realize suas atividade de vida diária38. 2.3 EQUILÍBRIO O controle postural é um processo em que o sistema nervoso central após ter recebido e processado informações vestibulares, visuais e somatossensoriais geram respostas em forma de atividade muscular para regular a relação entre o centro de massa corporal e a base de suporte 38. O equilíbrio corporal tem a habilidade de manter-se ereto ou executar movimentos com o corpo, sem oscilações ou quedas, é essencial para adotar e manter as posturas, além de realizar movimentos com harmonia e conforto físico e mental 39. O complexo sensório-motor é gerado pela integração de informações pelo sistema visual, somatossensorial e vestibular no sistema nervoso central40,41. As interações das informações ocorrem nos núcleos vestibulares do tronco encefálico. O SNC processa e organiza as informações sensoriais e se encarregam do controle do planejamento motor, desencadeando reflexos oculares e espinhais adequados para manutenção automática e inconsciente do equilíbrio corporal e a orientação estática e dinâmica42. Distúrbios que comprometem o equilíbrio geram manifestações clínicas importantes como: desequilíbrio, desvio da marcha, instabilidade, sensação de flutuação,quedas e tontura39. Os reflexos mais importantes são: O reflexo vestíbulo-ocular que permite a estabilização do olhar durante o movimento cefálico e o reflexo vestíbulo-espinhal que gera movimento corpóreo de compensação com o objetivo de manter a estabilidade da cabeça e do corpo evitando quedas 43. Os movimentos da cabeça agitam a endolinfa, estimulando os receptores sensoriais a máculas e a crista ampular que exercerá pressão em direção oposta à do movimento. Os impulsos aí originados são levados ao tronco encefálico pelas fibras da porção vestibular do VIII par craniano e vão ao cerebelo, levando informações sobre a posição e os movimentos da cabeça44. As conexões reflexas do sistema nervoso central, conjugam o movimento da cabeça com os movimentos dos olhos, mecanismo primordial 25 para fixação do olhar, já que a visão nítida exige que os raios luminosos caiam sobre a mácula da retina. Associados com a manutenção do equilíbrio e da postura do individuo, as informações recebidas do cérebro é correlacionada e integrada com impulsos captados no órgão da visão e nos receptores proprioceptivos localizados nos tendões musculares e cápsulas articulares, gerando uma resposta muscular reflexa que mantém o equilíbrio44. O indivíduo parado, os impulsos nervosos que chegam ao cérebro fornecem a orientação da sua posição, enquanto que a pressão da gravidade exercida na orelha interna ajuda a manter o equilíbrio 45. A destruição da porção vestibular do órgão vestíbulo-coclear provoca a inabilidade para manter o equilíbrio. O aumento da excitabilidade da porção vestibular do ouvido interno causa o enjôo44. 2.4 TONTURA E VERTIGEM A tontura é a ilusão de movimento do próprio indivíduo ou do ambiente que o circunda. Este sintoma pode ser causado por uma disfunção em qualquer segmento dos sistemas relacionados ao equilíbrio corporal. Quando a tontura adquire caráter rotatório é denominada vertigem46. Estes sintomas têm alta prevalência na população mundial, estima-se que aproximadamente 2% dos adultos jovens, 30% nos idosos de 65 anos e até 50% nos idosos acima de 85 anos apresentam queixa de tontura, sendo que 85% dos casos localizados no sistema vestibular47,48. Além disso, há artigos que reportam uma prevalência de 20% ao ano e incidência de 3% para as tonturas e vertigem em uma população geral, com casos notificados superior em mulheres do que nos homens49. A prevalência varia entre diferentes estudos por diversos fatores, como as diferenças na idade dos participantes, o tipo de sintomas para inclusão no estudo, a duração e frequência de sintoma e se a amostra foi retirada de comunidade de idosos, instalações de cuidados primários especializadas. Para os idosos acima de 85 anos, o número de adultos com tonturas aumenta cerca de 50% e além disso, a prevalência destes sintomas é maior em mulheres50. 26 Tais manifestações da senilidade são atribuídas ao aumento crescente dos distúrbios das funções sensoriais, da integração das informações periféricas e centrais, bem como a senescência dos sistemas neuromusculares e da função esquelética 51. A tontura constitui problema de grande relevância, uma vez que associa ao risco de quedas, importante fator relacionado à morbidade e mortalidade nesta faixa etária e pode se manifestar como desequilíbrio, vertigem e/ou outros tipos de tonturas 51. Os indivíduos mais idosos que sofrem de tonturas parecem estar em risco significativamente maior de quedas acidentais e consequentes comorbidades. Estima-se que cerca de 30% dos adultos mais de 65 anos cairá pelo menos uma vez por ano, e cerca de 50% dos que caíram, irão cair novamente 50 . As consequências de tais quedas são devastadores. As quedas são as principais causas de acidente com morte em pessoas acima de 65 anos. Lesões relacionadas as quedas podem levar a restrições de mobilidade, perda de independência e até mesmo restringir o paciente ao leito 50 . Além dos custos físico e emocional, estas lesões também transportam um pesado fardo financeiro, sendo que, a cada ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas, em 2009, foram R$ 57,61 milhões com internações 52. A vertigem consiste na sensação em que o paciente acredita estar girando em torno dos objetos (vertigem subjetiva), ou os objetos estarem girando em torno dele (vertigem objetiva). É uma sensação angustiosa, geralmente acompanhada de perda do equilíbrio, causando quedas, náuseas, vômitos e zumbidos auriculares. A vertigem é sempre de natureza labiríntica e os menores movimentos da cabeça, acarretando o deslocamento da endolinfa, são capazes de despertar novas crises vertiginosas, a sua intensidade e a duração do seu estado vertiginoso dependem do fator etiológico desencadeante, em geral a vertigem surge subitamente, sob a forma aguda, mas também pode instalar-se insidiosamente 53. As crises podem apresentar em caráter intermitente, com períodos de acalmia mais ou menos longos, assim como sob forma subentrante, quase continua, sendo que são acompanhadas de perturbações 27 do equilíbrio e desvios da marcha 53,54. 2.4.1 A Vertigem Postural Paroxística Benigna A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é a causa mais comum de vertigem em adultos, com prevalência de 20 a 30% em clínicas especializadas, com uma incidência de 0,6% ao ano, afeta mais as mulheres, sendo a prevalência quase sete vezes maior acima dos 60 anos de idade, com pico de idade entre 70 e 78 anos 55,56 . É considerada a causa mais comum de vertigem no idoso, uma vez que, 30% das pessoas apresentaram a afecção pelo menos uma vez 57,58. Nos Estados Unidos, entre 17 e 42% dos pacientes com vertigem têm o diagnóstico de VPPB e embora esse distúrbio atinja pessoas em toda a sua vida útil, tende a afetar os indivíduos com idades entre 50 a 70 anos e, portanto, tem destaque nos encargos sociais e em saúde56,57. Oghalai et al.59 fizeram um estudo para determinar a prevalência de VPPB em uma população de idosos, e encontrou 9% com VPPB, 61% com queixa de tontura e 77% de desequilíbrio. A prevalência e a incidência de VPPB variam de acordo com a população estudada e, ainda, muitos casos são subnotificados, visto que diversos casos passam despercebidos e ainda existam profissionais que não sentem-se suficientemente habilitados para avaliar tal condição patológica e nem mesmo tratá- la55. A VPPB caracteriza-se clinicamente por um quadro de episódios de vertigens habitualmente intensas, rotatórias, com segundos de duração e tipicamente desencadeadas, por determinados movimentos cefálicos. Estes sintomas e sinais são determinados pela presença indevida no labirinto de partículas de carbonato de cálcio resultantes do fbracionamento de estatocônios da mácula utricular 60. Pode-se encontrar dois tipos de VPPB, a canalitíase (ou ductolitíase), que é a forma mais frequente, nesta há detritos flutuando livremente na endolinfa do canal, e a cupulolitíase, forma mais rara, onde os detritos estão aderidos à cúpula do canal. Na canalitíase, quando a cabeça é 28 colocada na posição provocadora, os detritos de carbonato de cálcio se movem com a endolinfa e empurram a cúpula aumentando o índice de disparo dos neurônios deste canal. A latência das respostas é associada ao tempo necessário, para que a cúpula seja defletida pela atração da endolinfa, e a redução dos sintomas ocorre à medida que a posição é mantida, pois há cessação do movimento da endolinfa55. Na cupulolitíase, uma vez que os cristais estão aderidos à cúpula, esta permanece defletida por todo o tempo em que o paciente fica na posição que a provoca, o nistagmo e a vertigem continuam, mesmo que a intensidade possa decair ligeiramente por causa da adaptação central55. Os pacientes com VPPB geralmente relatam que a vertigem é desencadeada quando estão deitados, mudam de posição na cama, inclinam o tronco para frente ou olham para cima. As situações comuns em que a vertigem é provocada incluem levantar-se da cama, praticar jardinagem, lavar os cabelos no chuveiro, ir ao dentista ou ao salão de beleza. Outras queixas associadas à VPPB incluem problemas de equilíbrio que podem durar horas ou dias após a interrupção do episódio, assim como sensações mais vagas, como a tontura ou uma sensação de flutuar60,61. 2.4.2 Fisiopatologia da VPPB Apesar de ser idiopática na maioria dos casos, a VPPB pode ser ocasionada por traumatismo crânio-encefálico, insuficiência vertebrobasilar, pós-cirurgia otológica, hidropisia endolinfática, neurite vestibular ou doença de orelha média60. Muitos fatores aparentemente predispõe a VPPB, entre eles a idade avançada, inatividade física, e outras doenças da orelha ou cirurgias59. A causa da ocorrência de VPPB é o deslocamento de pequenos cristais de carbonato de cálcio, provenientes de fracionamento de estatocônias da mácula utricular, que flutuam pelo fluido da orelha interna e golpeiam os terminais nervosos sensíveis da cúpula e existentes no término de cada canal semicircular e ampolas61. Aproximadamente 94% dos casos de VPPB envolvem o canal semicircular posterior e cerca de 5 a 15% dos casos ocorre comprometimento 29 do canal horizontal61. A VPPB clássica – do Canal Semicircular Posterior - é a variedade mais comum e é caracterizada por nistagmo geotrópico com a orelha afetada para baixo, fase predominantemente rotatória rápido para o ouvido acometido, latência (alguns segundos) de limitada duração (< 20 s), reversão após o retorno à posição vertical e resposta ao declínio de provocação repetitivo62. 2.4.3 Avaliação e Diagnóstico da VPPB O diagnóstico desta condição deve ser baseado na história clínica e no exame físico e, normalmente, não há queixas auditivas. A história típica se caracteriza por episódios de vertigem à mudança de posição da cabeça, ao rolar para um dos lados na cama, ao se levantar, ao olhar para cima, ao se inclinar para baixo, podendo ser acompanhado ou não de náusea ou vômito. Pode-se encontrar, também, instabilidade e desequilíbrio. Os sintomas tendem a se resolver espontaneamente depois de algumas semanas ou meses, podendo ou não haver recidiva63. O comprometimento do sistema vestibular pode ser aferido por meio da avaliação otoneurológica, a qual pode incluir pesquisa de vertigem e nistagmo posicional semiespontâneo, autorrotação e de movimentos cefálica, prova posicionamento, oculares calórica, nistagmos sacádicos, entre outras. espontâneo rastreio O e pendular, nistagmo de posicionamento pode ser identificado com o uso de Lentes de Frenzel ou VNG (videonistagmografia), permitindo o reconhecimento do canal envolvido e excluindo o efeito inibidor da fixação ocular sobre o nistagmo vertical e horizontal63. 2.4.3.1 VPPB de canal semicircular posterior O diagnóstico da VPPB do Canal Semicircular (CSC) posterior envolve atenção cuidadosa da história da vertigem associada com mudanças na posição da cabeça, confirmados pelas manobra de Dix-Hallpike (MDH). A 30 MDH é considerada o critério de teste-padrão de diagnóstico, cujo teste provocativo culmina em nistagmo após estimulação do CSC posterior da orelha interna. O paciente é colocado na posição supina com a cabeça virada lateralmente a 45 graus para o lado a ser testado, com uma leve extensão de cervical de 20 graus. O teste é considerado positivo quando há nistagmo vertical rotatório em direção da orelha avaliada. Outro critério inclui a latência de início do nistagmo de não mais do que 15 segundos, com uma duração total menor de 60 segundos57. Quando há envolvimento do ducto posterior, o nistagmo de posicionamento vertical para cima tem componente rotatório anti-horário na lesão do labirinto direito e rotatório horário na lesão do labirinto esquerdo. No envolvimento do ducto anterior direito e esquerdo, o nistagmo vertical para baixo tem componente rotatório anti-horário na lesão do labirinto direito e rotatório horário na lesão do labirinto esquerdo. Na ductolitíase, a duração do nistagmo de posicionamento é fugaz, menor do que um minuto; na cupulolitíase, a duração é prolongada, superior a um minuto64. A MDH, unida a história clínica, são consideradas padrão-ouro para o diagnóstico da VPPB (sensibilidade de 82% e especificidade de 71%), já que nenhum outro confiabilidade55,65. teste clínico ou de imagem possui a mesma 31 Figura 8 - Teste de Dix Hallpike 36 Fonte: Timothy 2.4.3.2 VPPB de canal semicircular horizontal Quando o CSC lateral é comprometido, o diagnóstico pode ser realizado de acordo com os seguintes passos: a) o paciente deita-se na posição supina com a cabeça fletida (aproximadamente 20°); b) gira rapidamente a cabeça para um dos lados (verificar vertigem e nistagmo de direção horizontal); c) volta a cabeça lentamente à posição supina, e d) as etapas b) e c) da pesquisa são efetuadas para o outro lado. O nistagmo de posicionamento horizontal tem alguns segundos de latência, a sua duração é prolongada, sendo fatigável ou não, batendo na direção do solo (geotrópico, quando há ductolitíase) ou não (ageotrópico, na cupulolitíase)64. 32 Figura 9 - A ilustração representa as conexões neurais excitatórias que dão origem aos três reflexos oculovestibulares tridimensionais Fonte: Frohman 66 2.4.4 Tratamento da VPPB São várias as formas de tratamento para VPPB, podendo ser indicados desde tratamento cirúrgico e/ou terapia medicamentosa, a reabilitação vestibular e manobras de reposicionamento das partículas de estatocônias57. A VPPB é benigna e pode se resolver sem tratamento em semanas a meses, e alguns tem argumentado que a simples observação é eficaz. Por outro lado, trata-se de semanas ou meses de desconforto e vertigem, com o perigo de quedas e outros acidentes de ataques de vertigem episódica. E ainda, as evidências recentes de alta qualidade apoiam o tratamento ativo e rápido como as manobras de reposicionamento canalicular. O tratamento com as manobras de reposicionamento elimina a vertigem, melhora a qualidade de vida, e reduz os riscos de queda e é a primeira escolha no tratamento da VPPB57. A medicação vestíbulo supressora não é recomendada para o tratamento da VPPB, com exceção para a gestão de curto prazo dos sintomas vegetativos, tais como náusea e vômitos em um paciente severamente 33 sintomático. Se prescritos devem ter indicações muito específicas, e os médicos devem também prestar aconselhamento que os níveis de disfunção cognitiva, sonolências, quedas, interações medicamentosas, e acidentes de trânsito podem aumentar com uso de supressores de sistema vestibular57. A reabilitação vestibular (RV) é um recurso terapêutico aplicado em pacientes com distúrbios do equilíbrio corporal de origem vestibular e seus exercícios visam melhorar a interação vestibulovisual durante a movimentação cefálica e ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que produzem informações sensoriais conflitantes. É uma terapia não invasiva que pode ter sucesso depois de longos períodos. Os pacientes podem ser instruídos em exercícios de Cawthorne, que caracterizam-se por movimentos de cabeça, pescoço e olhos; exercícios de controle postural em várias posições (sentado, em apoio bipodal e unipodal, andando); uso de superfície de suporte macia para diminuição do input proprioceptivo; exercícios com olhos fechados para abolição da visão que parecem ajudar a dispersar as partículas de carbonato de cálcio67. Embora o tratamento da VPPB seja multiprofissional, longo e oneroso, algumas medidas vêm sendo tomadas com o intuito de torná-lo mais eficaz e menos exaustivo ao paciente. Logo, a manobra de reposicionamento de Epley constitui uma forma de tratamento com boa viabilidade, baixo custo e índice de efeitos colaterais praticamente insignificantes. Esta é uma técnica simples e bem tolerada de terapia física que pode aliviar a vertigem em grande maioria dos pacientes. A literatura científica da área vem demonstrando que, cerca de 80% de pacientes ficam livres dos sintomas com apenas uma manobra61,68,69 . Evidências científicas sugerem que uma abordagem multifatorial da tontura, bem como intervenções para a melhoria da capacidade funcional e prevenção de quedas de idosos, são muito importantes70. 2.5 NUTRIÇÃO BALANCEADA O estado nutricional se define como o estado de saúde de uma população ou de um indivíduo, como consequência da ingestão e absorção, 34 utilização e excreção de nutrientes71. Uma alimentação bem variada e balanceada, a prática regular de exercícios físicos, o controle do estresse, a adoção de um comportamento preventivo e o hábito de não usar drogas, são comportamentos da categoria estilo de vida, que podem ser modificados para viver melhor, com qualidade72. A nutrição como ciência comprovou que uma alimentação balanceada, adequada a cada indivíduo, de acordo com a faixa etária, sexo e atividade ocupacional, auxilia na prevenção de doenças, tornando o indivíduo saudável. A dieta também possui papel terapêutico, ou seja, a combinação de certos alimentos ou a exclusão de outros da dieta, podem trazer resultados significativos no estado de saúde das pessoas73. Deve-se respeitar o direito de escolha dos alimentos, pois é fundamental garantir informações e orientação sobre a suas necessidades e seus efeitos, bem como a importância da alimentação no desenvolvimento físico, psíquico e emocional, no aprendizado, na capacitação de trabalho, e ainda na prevenção de doenças. Faz-se necessário explanar e ensinar que muitas das doenças ligadas à alimentação surgirão apenas após os 50-60 anos, apesar de terem surgido desde o nascimento, pois o ser humano está vinculado ao tipo de alimentação ingerida, ao meio ambiente e à sua genética74. Informação, orientação e educação alimentar integram um processo que deve ser desenvolvido diariamente em todos os lugares, casas, escolas, no trabalho e em toda a comunidade. Os meios de comunicação bombardeiam continuamente as pessoas com propagandas de alimentos, mas pouco ensinam sobre o que deve ser uma dieta balanceada. O estilo de vida atual favorece o sedentarismo e a falta de atividade física, os quais influenciam-na de forma negativa74. A importância e a gravidade das doenças crônico- degenerativas na população brasileira, se aproximam do preocupante cenário mundial, com pouca qualidade de vida75. Investigações realizadas no Brasil mostraram que o gênero, o poder aquisitivo e a escolaridade/informação são determinantes para a alimentação equilibrada em populações idosas76. 35 Diversos estudos têm mostrado a ingestão inadequada de micronutrientes entre idosos, residentes tanto em asilos como em seus próprios domicílios, seja pelas condições socioeconômicas, presença de doenças, alterações no modo de vida dessa população ou pelo hábito alimentar inadequado76,77. Por exemplo, quando a ingesta calórica excede o gasto energético, o excesso é armazenado como tecido adiposo e predispõe os idosos a doenças cardiovasculares e outras78. 2.5.1 A Importância da Nutrição Saudável na Terceira Idade Pesquisas indicam, de maneira cada vez mais enfática, a importância da dieta. Como fatores de risco na etiologia de doenças cardiovasculares ateroscleróticas de maior importância estão a hipertensão arterial, as dislipidemias, obesidade, diabetes mellitus e hábitos relacionados ao estilo de vida, como dieta rica em calorias, gorduras saturadas, colesterol e sal, tabagismo e sedentarismo. A dieta também está presente na etiologia das dislipidemias e obesidade75. Nas recomendações de uma alimentação equilibrada para a população brasileira, especificamente para a região sul, foi abordada a necessidade de preferir as frutas ao invés de doces; reduzir o consumo de açúcar e sal e incluir vegetais no almoço e jantar, entre outras orientações79. Acumulam-se evidências de que as características qualitativas da dieta são igualmente importantes na definição do estado de saúde, em particular no que se refere a doenças crônicas da idade adulta. A maior parte dos estudos sobre a relação entre características da dieta e obesidade evidencia uma associação positiva entre proporção da energia procedente de gorduras e risco de obesidade80. À medida que a idade avança, grande parte das funções corporais declina, e com isso a maioria das pessoas come menos e, em consequência, a ingestão de nutrientes fica abaixo da recomendação. Pesquisas mostram que o principal fator que determina o potencial de longevidade é a nutrição adequada81. Isto faz crer que o tipo de alimentação pode estar diretamente associado à qualidade de vida do indivíduo82, pois uma 36 alimentação adequada pode diminuir o risco de incidência de certas doenças. Existem índices nutricionais, específicos para cada idade e gênero, recomendados para a manutenção da boa nutrição em pessoas saudáveis, RDA1 (Recommended Dietary Allowances, 1989). Para idosos, os RDA devem manter o estado ótimo da função fisiológica e prevenir as doenças e desordens dependentes da idade83. Entre as técnicas utilizadas para identificar os hábitos alimentares, pode ser citado o método recordatório de 24 horas84, o qual foi utilizado na presente pesquisa. Consiste em fazer com que o indivíduo recorde todos os alimentos e as bebidas ingeridas nas últimas 24 horas com vistas a estabelecer a quantidade de energia alimentar que deve ser ingerida para compensar o gasto energético compatível com o estado de saúde, idade, peso e altura do indivíduo, conforme as recomendações RDA. A partir da aplicação desse método, os estados patológicos que surgem podem ser orientados para não ocorrer deficiência alimentar de nutrientes essenciais ou ingestão excessiva, que podem apresentar riscos de saúde, em todos os ciclos biológicos da vida84. A ingestão diária recomendada (RDA) de proteína é de 0,8 g de proteína/kg de peso corporal por dia em adultos, em qualquer idade85. Esta é a quantidade mínima de ingestão de proteínas necessárias para evitar a perda progressiva de massa magra (músculos, ossos, tendões e líquidos corporais). A evidência revelou que a ingestão de proteína, maior do que a RDA, ajuda a melhorar a massa muscular, força e função em pessoas mais velhas. Além disso, este consumo pode melhorar o estado imunológico, cicatrização de feridas e pressão arterial81. As preocupações sobre os efeitos prejudiciais no aumento do consumo de proteínas na saúde óssea, função renal, função neurológica e função cardiovascular carecem de mais fundamentos. Foi recomendado que a ingestão RDA de 1,5 g de proteína / kg de peso corporal por dia, seria um consumo razoável em pessoas mais velhas, o que otimiza a saúde e suas funções82. 37 2.5.2 Classificação dos Nutrientes Os nutrientes contidos nas substâncias alimentares são classificados como: 1-) Macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e micronutrientes (minerais e vitaminas)85,86. De acordo com as funções que exercem, dividem-se em: construtores (proteínas); energéticos (lipídios e carboidratos) e reguladores (minerais e vitamínicos)86. A predominância de nutrientes construtores: 1º grupo: Carnes (mamífero, aves, pescados, etc.), miúdos ou vísceras, ovos e ovas, leguminosas secas; e 2º grupo: leites, coalhadas e queijos. Predominância de nutrientes reguladores: 3º grupo: Hortaliças (verduras e legumes), cogumelos; e 4º grupo: Frutas (cítricas e outras). Predominância de nutrientes energéticos: 5º grupo: Cereais e seus derivados (inclusive pão, macarrão, bolacha), feculentos (batata, mandioca...), cana de açúcar e derivados, mel; e 6º grupo: Gorduras: animais e vegetais86. Os alimentos que compõem os quatro primeiros grupos são também chamados de alimentos protetores, pois protegem o organismo contra as enfermidades de carências. Devem constar em todas as dietas, mesmo as de emagrecimento. Não fornecem muita caloria, e sim os elementos necessários para manter a integridade do organismo86. Os outros alimentos, do 5º e 6º grupos, são chamados de suplementares e proporcionam energia; são menos onerosos que os alimentos protetores, porém não podem substituí-los, podendo ocasionar danos à saúde 86. Os macronutrientes, quando metabolizados nas células, fornecem a energia de que necessitamos. Isso é medido em calorias, e os carboidratos e proteínas fornecem 4 calorias por grama, os lipídios 9 calorias por gramas86. 38 2.5.2.1 Alimentação normoglicídica A alimentação normoglicídica refere-se à quantidade normal de carboidratos em uma alimentação, que segundo os valores da Dietary Reference Intakes (DRis), que são valores numéricos estimados de consumo de nutrientes para uso no planejamento e avaliação de dietas para pessoas aparentemente saudáveis, quando representa entre 55 a 65% do valor calórico consumido. Abaixo de 55% denomina-se hipoglicídica e acima de 65% hiperglicídica87. A função principal dos carboidratos na alimentação humana é proporcionar energia. O homem normal deve ingerí-los na quantidade necessária para manter suas atividades. Quando há excesso de ingestão e esgota-se a capacidade de armazenar a glicose sob forma de glicogênio, esse excesso transforma-se em gordura, depositando-se sob a forma de tecido adiposo subcutâneo e visceral, causando a obesidade. Em um processo inverso, quando não há glicose ou glicogênio disponível, o organismo utiliza essa gordura para o fornecimento de energia, causando o emagrecimento 86. O valor calórico da alimentação do idoso, deve ser suficiente para manter seu vigor e sua atividade, sem que provoque o aumento ou a redução de seu peso corporal, sendo que a partir dos 60 anos deve ser reduzida em 20% 86. 2.5.2.1.1 Divisão dos carboidratos Os carboidratos podem ser divididos em três grupos: 1) Monossacarídeos (açúcares simples, não precisam sofrer transformação para serem absorvidos pelo organismo); a) Glicose (dextrose): circula no sangue para fornecer energia. No metabolismo humano, todos os demais tipos de açúcares se transformam em glicose. b) Frutose é o açúcar das frutas. c) Galactose é o açúcar do leite, mas pode estar presente em dietas. 2) Dissacarídeos (açúcares duplos) são combinações de açúcares simples que sofrem desdobramentos através da ação das enzimas (sacarose: 39 açúcar da cana, lactose: açúcar do leite, e maltose: açúcar do malte e da cevada); 3) Polissacarídeos (carboidratos complexos compostos de muitos monossacarídeos) são: a) Os amidos, que estão armazenados nas sementes, raízes, tubérculos, frutos, caule e folhas dos vegetais. A cocção de substâncias ricas em amido melhora seu sabor, suaviza e rompe suas células, que facilita a digestão, e durante a digestão o amido se transforma em dextrina (polissacarídeo) e em seguida em maltose. b) A pectina: é indigerígel. Encontrada nas frutas, tem a densidade como as geleias. c) Celulose: é uma forma de polissacarídeo resistente à digestão e auxilia no peristaltismo intestinal. Encontrado na parede da célula em todos os vegetais. d) Glicogênio: forma de armazenamento de glicose; nos tecidos animais, em especial no fígado e nos tecidos musculares 86 . Há carboidratos estruturais: Celulose, hemicelulose e pectina, são insolúveis (o líquido absorve e aumenta o volume). E não estruturais: são gomos e mucilagem (B glucana), que são solúveis (dissolve e forma um gel), ex. aveia , chia86. 2.5.2.1.2 Digestão, absorção e metabolismo dos carboidratos A digestão inicia-se na boca, a mastigação fraciona o alimento e mistura-o com a saliva. A amilase salivar é ativada e começa a ser secretada pelas glândulas salivares, com isso inicia a degradação do amido em maltose. No estômago o pH ácido bloqueia a atuação das amilases impedindo sua ação. No entanto, até que o alimento se misture completamente com o suco gástrico, 30% do amido foi degradado em maltose. No duodeno, a enzima amilase pancreática (produzida pelo o pâncreas), completa a digestão do amido em maltose. Já no intestino delgado, onde se faz mais intensamente a digestão dos carboidratos, as células intestinais secretam as enzimas 40 maltase, frutase e lactase. Que degradam os dissacarídeos em glicose, frutose e galactose para serem absorvidos e levados à corrente sanguínea. Frutose e galactose são convertidas em glicose e a glicose restante é convertida a glicogênio para reserva. O glicogênio é constantemente reconvertido a glicose de acordo com as necessidades de cada organismo 86 . O consumo excessivo de açúcar branco refinado, arroz polido, farinhas refinadas e dos alimentos feitos com os mesmos (pão branco, biscoitos, doces, massas), é nocivo ao organismo, pela ausência de minerais e vitaminas. Por esta razão, é aconselhável o uso de cereais, farinhas e pão integral e a substituição do açúcar refinado pelo mel. O consumo destes nutrientes, atinge níveis elevadíssimos, uma vez que são abundantes e baratos, tornou-se um problema de excesso, por ter o poder de saciedade. A pessoa parece estar bem nutrida, mas está com excesso de peso, e a obesidade não é saudável 86. 2.5.2.2 Alimentação normoproteica Alimentação normoproteica, refere-se à quantidade adequada às necessidades de proteina em uma alimentação, que segundo os valores da DRIs, está entre 10-15% do VCT. Abaixo é considerado dieta hipoproteica, e quando > 1,1 g/kg/peso, encontra-se acima das necessidades, é chamada alimentação hiperproteica. A recomendação de 1,5 g de proteína / kg de peso corporal por dia, como consumo aos idosos, otimiza a saúde e suas funções 86, 87 . As proteínas são elementos formativos essenciais de células, hormônios e enzimas, e muitos contêm ainda fósforo, ferro, cobre, manganês e enzimas. Na composição são constituídos de 22 aminoácidos, os quais dividem-se em essenciais (não podem ser sintetizados, são recebidos pela alimentação) e não essenciais, os quais o organismo pode elaborar, e são desnecessários ao crescimento e desenvolvimento). Uma proteína tem alto valor biológico quando possui aminoácidos essenciais, em proporções adequadas 86. Além da função construtora (promove o crescimento pela 41 formação de células novas e conserva os tecidos na reposição de células gastas), proporcionam aminoácidos para outras substâncias essenciais, tais como as enzimas e os hormônios 86. 2.5.2.2.1 Digestão, absorção e metabolismo das proteínas As proteínas não sofrem digestão na boca, mas a mastigação e as salivas formam uma massa semi-sólida que passa ao estômago, dando início à digestão química. A principal enzima que atua é a pepsina, ativada pelo ácido clorídrico, presente no suco gástrico. Sua ação decompõe as proteínas em proteoses e peptonas. Há outra enzima no suco gástrico, chamada de quimosina ou renina, que atua sobre a casina do leite, coagulando-a, a fim de permanecer mais tempo no estômago para sofrer a digestão. No duodeno, as enzimas pancreáticas, tripsina, quimotripsina e carboxipeptidase e as enzimas entéricas- aminopeptidase, e dipeptidase, agem sobre as proteínas, transformando-os em cadeias de peptídeos menos complexas, até chegar a aminoácidos, desta forma são então absorvidos e passam para a corrente sanguínea, de onde são retirados pelas células86. O organismo não possui órgãos que mantenham uma reserva estática de proteínas, sua perda se reflete por sinais ou sintomas de alterações estruturais 86. 2.5.2.3 Alimentação normolipídica Alimentação normolipídica é o parâmetro adequado às necessidades de lipídios em uma nutrição equilibrada, que pelos valores da DRIs enquadra-se entre 20-35% < 20, classifica-se como dieta hipolipídica, que pode ser responsável por carências de vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K), > 35% são consideradas hiperlipídicas, são indigestas e responsáveis pelo aumento do tecido adiposo. O homem sadio deve ingerir um grama de gordura, por quilo de peso, ou, em relação ao valor calórico, cerca de 25 a 40% das calorias devem ser procedentes de fontes lipídicas86,87. Os lipídios são substâncias orgânicas, de consistência untuosa, 42 que fazem parte dos tecidos animais e vegetais, de onde são retiradas para a alimentação humana. São divididos como: a- ácidos graxos essenciais quando o organismo não os elabora. São eles: ácidos linolêico, linolênico e araquidônico (insaturados). b- Ácidos graxos não essenciais - podem ser sintetizados pelo organismo, como ácido palmítico e o esteárico Na sua classificação: 1º- Lipídios simples : as (saturados). gorduras neutras (triciglicerídeos) e os óleos. 2º- Compostos: são várias combinações de gorduras neutras e outros componentes, dando origem aos fosfolipídios, glicolipídios e às lipoproteínas. 3º- Lípídios derivados, se produzem na hidrólize, são eles o colesterol (que se deposita anormalmente nas artérias) e o ergosterol ( precursor da vit. D) 86. As funções básicas no organismo são, produzir energia, proteger órgãos vitais e veículos das vitaminas lipossolúveis. 2.5.2.3.1 Digestão, absorção e metabolismo dos lipídios A digestão química das gorduras acontece quase totalmente no duodeno, mas o início ocorre nas partes anteriores do trato intestinal. Na boca ocorre a mastigação e a insalivação para umedecer, envia para o estômago, e lá apenas as gorduras emulsionadas (do leite e da gema do ovo) recebem a ação da lipase gástrica, desdobrando-as em ácidos graxos e glicerol. As demais gorduras são emulsionadas na bílis (produzida pelo fígado e armazenada pela vesícula biliar). Sob a ação da lipase pancreática e a entérica, as gorduras já emulsionadas decompõem-se em ácidos graxos e glicerol, para serem absorvidas. As que não são absorvidas servem de lubrificantes, facilitando a excreção intestinal 86. Ácidos graxos (AG) formam a unidade estrutural da molécula de gordura. Os elementos químicos básicos que compõem esta estrutura são: carbono, hidrogênio e oxigênio. Os ácidos graxos podem ser insaturados ou saturados, dependendo da presença ou ausência de duplas ligações entre os átomos de carbono 88. O AG é considerado saturado quando houver apenas ligações simples entre os carbonos. Óleos de cacau, coco e amêndoa são ricos em AG 43 saturados. Já o insaturado possui uma ou mais duplas ligações. Quando há apenas uma ligação dupla, diz-se que o AG é monoinsaturado. Os AG monoinsaturados podem ser encontrados, por exemplo, em óleo de oliva, canola, açafrão, amendoim, abacate e nozes. Se houver duas ou mais duplas ligações, o AG é chamado de poliinsaturado. AG poliinsaturados são encontrados em óleos de girassol, soja, milho, além de óleo de peixe, castanha e amêndoa89. Os ácidos graxos poliinsaturados são derivados do ômega-3 e ômega-6 e monoinsaturados são derivados do ômega-9. Os ácidos graxos poliinsaturados são cardioprotetores por inibirem a agregação plaquetária, estimularem a vasodilatação, inibirem a síntese de TG (triglicerídeos) em nível hepático bem como a secreção de VLDL (lipoproteina de baixa intensidade). Além de estimular o transporte reverso do colesterol e favorecer a captação deste pelo fígado. Os ácidos graxos monoinsaturados são responsáveis pela redução dos níveis de colesterol e inibição da agregação plaquetária (efeito antitrombótico)90,91. A maior parte dos ácidos graxos insaturados presentes nos alimentos existe na forma cis, significando que os hidrogênios estão do mesmo lado da dupla ligação. Os ácidos graxos trans (gorduras vegetais hidrogenadas, margarinas sólidas ou cremosas, cremes vegetais, biscoitos, sorvetes, pães, batatas fritas, pastelarias, bolos, tortas, massas, salgadinhos, molhos de salada entre outros alimentos), formados a partir dos insaturados, apresentam inversão na dupla ligação, colocando o hidrogênio na posição transversal e provocando a linearização da cadeia92. Os trans originam-se dos ácidos graxos insaturados no processo de hidrogenação (industrial: transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente, sendo um processo em que são misturados hidrogênio gasoso, óleos vegetais poliinsaturados e um catalisador, que geralmente é o níquel (Ni), e bio-hidrogenação, apresentando ação diferenciada destes. Diversas pesquisas ressaltam seu efeito hipercolesterolêmico, o bloqueio e inibição da biossíntese de ácidos graxos essenciais. A gordura trans age como a gordura saturada, ao elevar o nível da lipoproteína (concentração endoplasmática) de baixa densidade no sangue 44 (LDL ou "colesterol ruim"). Isso faz que os níveis de absorção da proteína de alta densidade HDL e do colesterol sejam pasteurizados, sendo que essa pasteurização é responsável pela remoção de HDL do sangue. Isso aumenta as chances do aparecimento de um ateroma, isto é, a placa de gordura no interior de veias e artérias, que pode causar infarto ou derrame cerebral. Recomenda-se a redução do consumo de alimentos que contenham gordura hidrogenada, adotando os limites de 2% a 5% de gorduras trans/energia totais, já empregados em outros países93. 2.5.3 Correlação Entre Carboidratos, Proteínas e Lipídios Esses nutrientes são interconversíveis, onde dão origem uns aos outros, através da degradação de seus componentes. Assim, a glicose pode ser transformada em ácidos graxos, e os aminoácidos podem ser transformados em glicose e ácidos graxos. Os carboidratos podem ser utilizados na síntese de aminoácidos não essenciais, porém só não constitui à falta de proteínas, a qual exige a presença de aminoácidos essenciais 86 . E quando ocorre um aumento significativo entre um deles, pode causar a chamada Síndrome Metabólica (SM), que é definida pela associação de diversos fatores os quais levam ao aumento do risco cardiovascular, como dislipidemia, obesidade abdominal, hipertensão arterial sistêmica, glicemia de jejum alterada. Todos estes fatores alterados estão relacionados com estado pró-trombótico (aumento no fibrinogênio, fator VII de coagulação e PAI-1) e pró-inflamatório (PCR)94. 2.5.4 Fibra Alimentar É a parte comestível de plantas ou carboidratos análogos que são resistentes à digestão e absorção no intestino delgado de humanos, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso95. As fibras alimentares compõem-se de carboidratos (estruturais, não estruturais) e lignina (encontrada na camada externa de grãos de cereais e no aipo). Podem ser agrupadas em: fibras solúveis, quando se dissolve, forma um gel (pectinas, gomas, mucilagens 45 e hemicleluloses). São encontradas em frutas, farelo de aveia, chia, cevada e leguminosas (feijão, lentilha, ervilha e grão de bico). E fibras insolúveis, ou seja, o líquido absorve e aumenta o volume (celulose, lignina e algumas hemiceluloses e mucilagens)93,95,96. A fibra solúvel é responsável pelo aumento do tempo de trânsito intestinal e está relacionada à diminuição do esvaziamento gástrico, ao retardo da absorção de glicose, diminuição da glicemia pós-prandial e redução do colesterol sangüíneo devido às suas propriedades físicas que conferem viscosidade ao conteúdo luminal96. No cólon, as fibras solúveis são fermentadas pelas bactérias intestinais, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (acético, butírico e propiônico)97. Estes ácidos graxos são responsáveis por regular a proliferação epitelial e diferenciação da mucosa colônica (butirato); aumentar o fluxo sangüíneo e produção de muco; constituir fonte energética preferencial para os colonócitos (butirato); reduzir o pH no cólon, com efeito no equilíbrio da microflora intestinal; estimular a absorção de sódio e água; exercer efeito sobre o metabolismo lipídico (propionato) e glicídico (acetato e propionato); estimular a secreção pancreática e de outros hormônios98,99,100. As fibras insolúveis contribuem para o aumento do volume do bolo fecal, redução do tempo de trânsito intestinal, retardo da absorção de glicose e retardo da hidrólise do amido96. Incluem a celulose, a lignina e algumas hemiceluloses e mucilagens. São encontradas em maior quantidade no farelo de trigo, nos cereais integrais e seus produtos, nas raízes e nas hortaliças93. Dentre as funções das fibras, destaca-se sua ação sobre a constipação intestinal, diabetes melittus, obesidade e benefícios em nutrição enteral101. Acredita-se que a fibra pode diminuir a biodisponibilidade de minerais. Entretanto, estudos indicam redução somente em casos de ingestão deficiente. Os oligossacarídeos não digeríveis têm sido associados ao aumento na biodisponibilidade de minerais com o ferro, cálcio, magnésio e zinco101,102. Para adultos, geralmente, recomenda-se ingestão de 20g a 35g de fibra alimentar por dia ou 10g a 13g de fibra alimentar por 1000 kcal97. 46 O programa norte-americano denominado National Cholesterol Education Program (NCEP) recomenda o consumo de 20g a 30g de fibras por dia, como parte da meta para mudanças terapêuticas de estilo de vida na redução do colesterol sérico. Para maior redução de LDL-colesterol, o NCEP recomenda o consumo de 10 g/dia a 25g/dia de fibras viscosas (solúveis)103. 2.5.5 Indicadores Nutricionais Os indicadores nutricionais capazes de avaliar o estado nutricional de uma pessoa são quantitativos e podem ser classificados como: antropométrico, avalia IMC (índice massa corporal) a partir do peso, e da altura; bioquímicos, efetuados por meio de exames hematológicos, séricos e urinários; clínicos, diagnosticados pela pressão sistólica e diastólica, e por limitações físicas; e dietéticos, pela identificação das alterações nutricionais, através da ingestão de alimentos e bebidas104. A alimentação e o estado nutricional podem estar associados com o processo de envelhecimento e estilo de vida 105. O IMC (índice de massa corporal) (Índice de Quetelet, 1869) mostra-se como um bom indicativo da quantidade de gordura e vem sendo utilizado como critério de diagnóstico do estado nutricional nas pesquisas inerentes ao processo de envelhecimento 106, cujos índices significam: < 22 baixo do peso; 22- 27 adequado; > 27 sobrepeso106. Estudos avaliando a proporção de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) da alimentação de idosos têm encontrado variações de 12% a 18% para proteína, 44% a 60% para carboidratos e 25% a 42% para gordura107. O Institute of Medicine (IOM)103 recomenda para adultos intervalos de distribuição aceitáveis dos macronutrientes, sendo considerada aceitável a variação de 10% a 35% para proteína, de 45% a 65% de carboidratos e 20% a 35% de lipídios108. 2.5.6 Metabolismo Basal Com o aumento da idade, há uma diminuição gradativa do 47 metabolismo basal (quantidade de energia a ser consumida) e, em consequência, necessita-se de menor quantidade energética. A taxa de metabolismo basal (TMB) pode ser estimada com relativa precisão por meio de equações empíricas que utilizam o peso e a altura. O metabolismo basal representa a perda inevitável de calor devido ao metabolismo celular e à manutenção das funções fisiológicas, como circulação, respiração, digestão e tônus muscular. Existe uma variação do metabolismo basal, dependente de fatores genéticos, massa corporal magra, quantidade de tecido adiposo, atividade física, entre outras. A energia recomendada destina-se a atender às necessidades de consumo de energia pelo organismo para cobrir as demandas do metabolismo em geral, tanto em condições de saúde como na doença. Essa energia é chamada de Valor Energético Total (VET) e é produzida pela combustão dos alimentos 71. A taxa de metabolismo basal aos 65 anos é 20% menor que aos 25 anos. De modo geral, pela redução de seu metabolismo e, sobretudo, pela menor atividade física, deve o idoso reduzir sua ingestão calórica diária, sob o risco de, não o fazendo, engordar e não ter um envelhecimento saudável. Conforme a RDA1 (1989), após 51 anos de idade a necessidade calórica para homens é de 600 kcal/dia e para mulheres é de 300 kcal/dia. A ingestão protéica diária, para ambos os sexos, fica em 0,8 g/kg, carboidratos em 45– 50% das calorias totais e lipídios em 30% e água em 30-35 ml/kg 71. 2.5.7 Características Alimentares Relevantes do Consumidor Idoso, Realizado Em Estudos no Brasil, Mato Grosso109 1) Grande parcela dos idosos (77,1%) faz entre três e quatro refeições ao dia. 2) O café da manhã, declarado pelos mesmos, é o tradicional, composto de lácteos, pão, frutas e café. Outros alimentos, como mel, aveia, bolachas, biscoitos e vitaminas somam 22,1% das preferências. Esses outros alimentos, bem como as frutas, fazem parte de um conjunto de alimentos que é bastante recomendado para o consumo pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição, elaborada pelo Ministério da 48 Saúde, e encontra-se no Guia Alimentar para a População Brasileira. Médicos e nutricionistas reforçam tal dieta, encontrá-la nesse discurso reforça a ação de normas sociais na determinação dos comportamentos de consumo dos indivíduos. Entretanto, resta saber se na prática tais produtos são efetivamente consumidos. Dessa forma, ressalta-se a ação cultural – imposição de normas e valores – àquilo que é consumido109. Os dados revelam que 15,7% dos entrevistados não possuem o hábito de jantar, substituindo esta refeição por um lanche, composto, principalmente, pelos seguintes alimentos: frutas (14,4%), pão (12,4%), bolachas e biscoitos (10,05%) e bebem leite (11,96%) ou suco (8,13%). Os idosos justificam tal comportamento afirmando que preferem comer algo mais leve, de fácil digestão109. Os tipos de carnes mais consumidos são a bovina e a de frango. Esta última não é consumida com tanta frequência como a carne bovina, mesmo assim o seu índice de consumo é alto, e os peixes são muito caros109. Cerca de 33% dos consumidores pertencentes à classe C consomem carne bovina todos os dias, não diferenciando muito da classe B (36,8%) e da classe A (37,5%). Portanto o maior consumo protéico foi ingerido por indivíduos de classes menos favorecidas109. Muitos idosos, pela alimentação inadequada sofrem de Distúrbios Metabólicos, que caracteriza a chamada Síndrome Metabólica (SM), é definida pela associação de diversos fatores que levam ao aumento do risco cardiovascular, como dislipidemia, obesidade abdominal, hipertensão arterial sistêmica, glicemia de jejum alterada. Todos estes fatores alterados estão relacionados com estado pró-trombótico (aumento no fibrinogênio, fator VII de coagulação e PAI-1) e pró-inflamatório (PCR) 94 . O aumento do triglicérides no sangue é chamado de Hipertrigliceridemia, ou seja o consumo alto de gorduras e carboidratos com baixa ingestão de fibras110, muito comum na mesa do consumidor idoso, que não segue padrões internacionais de nutrição 111. A qualidade nutricional e o preço dos produtos são os aspectos mais relevantes na decisão de compra. Arroz, feijão, carne e legumes e 49 verduras compõem o prato preferido do idoso. 55,2% dos entrevistados consomem produtos diet e light e, 95,8% deles fazem as refeições em casa durante a semana109. Contrariando a tendência da globalização alimentar, os idosos entrevistados preferem preparar suas refeições em casa. Além de ser um hábito adquirido na infância e adolescência, fazer as refeições com a família é visto pelos idosos, como uma forma de integração com os demais membros 94. Muito importante, no aspecto emocional, porém há de se conhecer, ampliar e praticar a dieta nutricional mais equilibrada nos idosos e para toda família, pois as recorrências alimentares são muito prejudiciais, como por exemplo a Síndrome Metabólica (SM), que levam ao aumento do risco cardiovascular, ou dislipidemias, ou a obesidade abdominal, ou hipertensão arterial sistêmica, bem como a glicemia de jejum alterada. 94. 2.5.7.1 Região sudeste Um outro estudo, realizado em São Paulo, sudeste do país, apresentou estas características: Dos reguladores, mais de 85% dos indivíduos têm por hábito consumir frutas, verduras folhosas e legumes, mas, ao se avaliar o consumo diário, verifica-se que a prática é maior na região de melhor nível sócio econômico. As informações dietéticas mostraram que os idosos analisados, apresentaram o mesmo padrão alimentar de outros grupos populacionais no tocante aos alimentos energéticos, porém, diferem quanto aos protéicos e reguladores 112. 2.6 RELAÇÃO ENTRE A VPPB E HÁBITOS ALIMENTARES O consumo insuficiente de fibras e excessos de carboidratos, chamou a atenção na relação existente entre a VPPB e a alimentação inadequada, pois se sabe, que na falta o organismo humano fica sem proteção, sem o equilíbrio da microflora intestinal, podendo causar desequilíbrios eletrolíticos. Além disso, o excesso de carboidratos transforma-se em gorduras, 50 no fígado 86, com isso aumenta o perfil lipídico, especialmente o colesterol total, e triglicerídios no sangue, que através deste, pode acarretar acúmulo de Sódio e Potássio (Na+ e K) no ouvido interno. A maioria da população consome acima do recomendado pela DRIs 86,87 , ou seja, quando a ingestão de nutrientes contendo ác.graxos poliinssaturados for > 35%, são consideradas dietas hiperlipídicas, responsáveis pelo aumento do tecido adiposo, podendo acarretar as dislipidemias 86,87, corroborando com o agravo do quadro na VPPB. Na associação entre e o consumo alto de gordura e carboidrato e baixo consumo de fibras, o indivíduo pode estar mais propenso a ter dislipidemias110. Esta relação sempre terá influência no ouvido interno, especialmente quando ocorrer hipertrigliceridemia, pois aumenta: a agregação plaquetária, a viscosidade sanguínea, ocorre rigidez nas hemácias e ocasiona aumento do fibrinogênio, causando redução do fluxo capilar na orelha interna com hipóxia tecidual e consequente prejuízo da bomba de sódio e potássio 110. Isso pode estar relacionado ao quadro de VPPB. 51 3 ARTIGO Possible association between food habits and Benign Paroxysmal Positional Vertigo in the elderly: The importance of rehabilitation and treatment (O artigo será submetido ao periódico: International Archives of Otorhinolaryngology (Journal) ISSN: 1809-9777) Adriane Rocha-Schultz (1), Rejane Dias Neves-Souza (2), Viviane de Souza Pinho Costa(3), Caroline Luiz Meneses-Barriviera (4), Pricila Rigotti Franco (5), Luciana Lozza de Moraes Marchiori (6) (1) Physiotherapist. Master’s degree (area: Rehabilitation Sciences) – UEL/UNOPAR (2) - Pharmacy Biochemistry PHD- (area: Food Science) – Centre of Biological and Health Sciences (CCBS), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brazil. (3) -Physiotherapist; PhD (area: Nursing) Research Centre in Health Sciences (CPCS), Centre of Biological and Health Sciences (CCBS), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brazil (4) Audiologist. Doctoral student (area: Rehabilitation Sciences) – degree (area: Rehabilitation Sciences) – UEL/UNOPAR (5) Audiologist. Master’s UEL/UNOPAR (6) Audiologist PHD- (area: Medicine and health sciences) - Research Centre in Health Sciences (CPCS), Centre of Biological and Health Sciences (CCBS), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR, Brazil Área: Correlata – Otoneurologia Tipo de manuscrito: Artigo Original de Pesquisa Título resumido: Poor nutritional habits and BPPV Conflito de Interesse: inexistente Correlated area - Neurotology Type of manuscript: Original Research Article Concise title: Poor nutritional habits and BPPV Conflict of Interest: absent 52 ABSTRACT Introduction: Poor diet habits and inadequate intake of nutrients are a concern about the elderly. Nutritional education with guidance may improve the results on the treatment of vertigo. Objective: Evaluate the presence Benign paroxysmal positional vertigo (BPPV) associated with feeding habits. Methods: Cross-sectional study with elderly people living independently. We evaluated nutritional habits through the method of dietary 24-hour recall and manipulation of Dix-Hallpike. Results: Based on a sample of 487 individuals it was found that 117 had BPPV. Among the 117 elderly patients with BPPV, 37 (31.62 %) had inadequate feeding. From those 370 individuals without BPPV, 97 (26.21%) had inappropriate. No significant association between nutritional habits and BPPV in the total population has been observed (p = 0.3064). However, there was significant relation between BPPV and inadequate carbohydrates intake (p = 0.0419), insufficient fiber intake (p = 0.03) and their diet was rich in polyunsaturated fatty acids (p = 0.0084). Conclusion: This data correlates with the dyslipidemia, and hypertriglyceridemia status, that is why it is extremely important to reduce the intake of fats and carbohydrates and increase the fiber intake to stabilize triglycerides and thus minimize harmful effects on the inner ear. It is suggested food readjustment in patients with BPPV, along with the work of a multidisciplinary team in order to improve the quality of the elderly. KEYWORDS: Dizziness, Aging, Nutrition 53 INTRODUCTION It is known that the elderly are at risk for nutritional disorders and malnutrition, including undernutrition, and nutrient deficiencies and imbalances. A number of age-related physical, clinical, economic and social factors can compromise nutritional status; furthermore, changes in the body composition of elderly people and sedentary lifestyles reduce energy requirements and daily energy intakes. The highly intercorrelated nature of the consumption of dietary components makes it difficult to evaluate specific unconfounded effects through observational studies (1, 2). Eating patterns have been considered risk factors for various metabolic and circulatory changes that cause several symptoms including dizziness, especially among individuals in the aging process (3, 4). Dizziness is a change in the balance characterized by illusion of the individual movement or the environment that surrounds them. When a character acquires rotational dizziness is called vertigo (5). This symptom is highly prevalent disorder worldwide, affecting approximately 2% of young adults, 30% in the elderly 65 years and up to 50% in the elderly over 85 years (6). Especially in elderly, lack of regular physical activity, low level of physical fitness and nutritional disorders are risk factors for several metabolic and circulatory changes that cause various symptoms, such as dizziness and even Benign paroxysmal positional vertigo (BPPV) (1, 7). Current evidence shows that good dietary habits to elder can improve their quality of life. The prevalence of malnutrition is increasing in this population and is associated with a decline in: functional status, impaired muscle function, decreased bone mass, immune dysfunction, anemia, reduced cognitive function, poor wound healing, delayed recovery from surgery, higher hospital readmission rates, and mortality (8). Malnutrition is defined as a state in which a deficiency, excess or imbalance of energy, protein and other nutrients causes adverse effects on body form, function and clinical outcome (9). Older people are more susceptible to develop problems with fluid and electrolyte balance due to physiological renal impairment and changes in thirst 54 perception. This impaired fluid and electrolyte balance is due to several factors, including reduced glomerular filtration rate, reduced ability to concentrate urine, less efficient sodium-conserving capacity, reduced ability to excrete water load and altered thirst sensation (10,11). Direct measurements of the dispersal of markers in endolymph suggest that in the normal state endolymph is maintained without a significant involvement of volume flow at all. Ions appear to be transported into and out of the endolymphatic space in a similar manner to that for a single cell, with each ion transport process contributing to the electrolyte pool. In abnormal volume states, however longitudinal volume flow of endolymph may contribute to homeostasis. Although evidence is still limited the endolymphatic sac appears to act as a "bidirectional overflow" system. While volume disturbances originating from out-of-balance transport processes anywhere in the labyrinth may be corrected by the sac, dysfunction of the sac itself is likely to have a substantial effect on endolymph status (12). Additional capillary blood flow and consequent oxygen transport are associated with the circulatory system, namely their supply depends on nutrition for functional integrity of the heart and blood vessels. There is evidence to suggest that dietary habits such as low-sodium can alter inner ear fluid homeostasis and auditory function. The experiments indicate that the endolymph compartment has a built-in mechanism for maintaining a low-sodium concentration while keeping ionic balance with the surrounding perilymph and serum. The sodium and potassium concentrations were assessed using microflame photometry. Increases in sodium concentration were found in the Serum, cerebrospinal fluids and the scala tympani perilymph; no significant changes were observed in the serum, scala vestibuli perilymph or the scala media endolymph. These sodium increases were considered to be a result of the dehydration process caused by the osmotic agent glycerol. Increases in potassium concentration were found only in the scala vestibuli perilymph (13,14,15). The labyrinth system, which depends on continuous supply of energy, suffers influenced of the circulating levels of glucose and hormones, which depend on the generation of energy by ATP. Literature data estimate that the 55 occurrence of glucose metabolic disorder (GMD) is between 42% and 80% in patients with tinnitus and dizziness, whereas 2.5 to 15% of the population presents asymptomatic hypoglycemia or some affection of glucose tolerance curves. In Brazil, GMD have already been considered the most frequent cause of labyrinthic dysfunctions of metabolic (16, 17) Vertigo is the most common type of dizziness and BPPV is the most common cause of vertigo in adults, it is estimated that the prevalence is 3.2% in females, 1.6% in males. It is considered the most common cause of dizziness in the elderly, since 30% of people had the condition at least once (18, 19). In the United States, BPPV has an estimated prevalence of 2.4% in the general adult population and although this disorder reaches people throughout your life, tends to affect individuals aged 50 to 70 years and therefore has highlighted in payroll taxes and health (20). Based on the considerations presented, this study aimed to investigate the possible association between the presence of Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV) with the practice of food habits in the elderly. METHOD This cross-sectional study (21) was approved by the Human Research Ethics Committee at the University of North Paraná. It is part of a broader investigation, the EELO Project which has been conducted in Londrina since 2009. The city of Londrina (approximately 500,000 inhabitants) is situated in the North region of Paraná state, Brazil. From a population of 43,610 elderly people enrolled in the 38 primary care units in the urban city area. The sample was a randomly stratified set, considering the gender and the five regions of the city (15% from the central region, 27% from the northern region, 23% from the southern region, 19% from the eastern region, and 16% from the western region). The study included individuals aged 60 years and over, of both genders who were living independently and classified at level 3 or 4 as proposed by Spirduso (22). This classification evaluates the independence level of the elderly, with level 1 indicating a lack of self-mobility and level 5 indicating athletes. Elderly who had any illness or limitation that would prevent the testing, such as physical or 56 mental disabilities were excluded from the sample. All the participants signed an informed consent form. One sample of 496 elderly were included in this part of the study. The dietary information was collected by means of the dietary 24-hour recall methods (23). The interviews were conducted on three different days, taking one day on the weekend and two mid-week. With the aid of photo album with pictures of portion sizes and foods, the interviews took place with notation of the food consumed in the order of dialed meals. The types of food, the quantities consumed and how they were prepared were registered. The quantities of these foods were reported in household measures and converted into grams or milliliters. Dietary data were processed and analyzed with the nutritional evaluation software Avanutri on line (24). The analysis of dietary intake of protein, carbohydrate, lipid, fiber and cholesterol taking into account the recommended Dietary Reference Intakes (DRIs) (25). The presence of vertigo was established through questions about vertigo (attacks, symptoms, and familiar history of vertigo), and the diagnosis of BPPV among study participants with vertigo was established with the Dix-Hallpike maneuver and answered the questionnaire about Vertigo (26). The chi-square test was performed p ≤ 0.05 was considered statistically significant. The significance of variables food habits and the variables: carbohydrates, polyunsaturated fat, monounsaturated fat, saturated fat, lipids, protein, and fiber were all considered. RESULTS: Based on a sample of 487 subjects, it was found that 117 BPPV and 370 did not. Of 117 elderly patients with BPPV, 37 (31.62%) had inadequate nutrition. Of the 370 without BPPV 97 (26.21%) had inadequate nutrition. We did not observe a significant association (p= 0.3064) between food habits and BPPV in the total population (odds ratio [OR] =1.3017 (Table 1). Of the 117 people who had BPPV, 102 (87.17%) presented Inadequate carbohydrates and 15 (12.82%) did not. And of the 370 people without BPPV, 330 (89.18%) presented Inadequate carbohydrates and 40(10.81%) presented normal. For statistical analysis between inadequate carbohydrates and BPPV 57 was performed the Mann-Whitney test through which we obtained the value of U = 19351.50 and p = 0.0419, thus has being considered a statistically significant difference (see table 2). Of the 117 people who had BPPV, 82 (70.08%) had fat polyunsaturates and 35 (29.91 %) did not. Of the 370 people without BPPV, 289 (78.10%) had fat polyunsaturates and 81 (21.89%) did not. For statistical analysis between fat polyunsaturates and BPPV was performed the Mann-Whitney test by which we obtained value of U = 18470.00 and p = 0.0084, thus has being considered a statistically significant difference (see table 3). We did not observe a significant association between inadequate protein intake (p= 0,78), inadequate intake of saturated fats (p=0, 97) inadequate intake of lipids (p= 0,43), inadequate intake of monounsaturated fats p= 0,79, but there was important significance between BPPV and inadequate fiber intake (p= 0,03) (Table 4). DISCUSSION In this study we observed the association of BPPV with inadequate carbohydrate intake, a diet rich in polyunsaturated fatty acids and insufficient fiber intake. Elderly often have reduced appetite and energy expenditure, which along a decline of biological and physiological functions, such as reduction of lean body mass, changes in cytokine and hormonal level. Changes in fluid electrolyte regulation, delay gastric emptying and diminish senses of smell and taste. In addition, pathologic changes of aging such as chronic diseases and psychological illness, develops the complex etiology of bad nutrition in elder people. Nutritional assessment is important to identify and treat patients at risk (8). Vertigo, tinnitus and hearing loss are common complaints among industrial countries population during the aging process. Numerous agents are known to incite vertigo, tinnitus, and hearing loss, such as hyperinsulinemia and hyperlipidemia. According to the study of Kaźmierczak and Doroszewska (27), to assess the occurrence of hyperinsulinemia and hyperlipidemia in patients suffering from vertigo, tinnitus, or hearing loss of unknown origin, only the 58 occurrence of hyperlipoproteinemia seemed not to be different between patients and control subjects. However, it concludes that disturbances of glucose like metabolism on diabetes mellitus and hyperinsulinemia, may be responsible for inner ear diseases, whereas the disturbances of lipid metabolism remains vague. Micronutrient insufficiency and high saturated fat intake have been associated with chronic diseases (28). The above study (28) reported that disturbances of glucose may be responsible for inner ear diseases, so that combined with our research. We also detected excess of carbohydrates, these nutrients are interconvertible, rising each other through degradation of its components: 85 % excess carbohydrate becomes fats (lipids) in the individual by the liver, increasing the lipids, cholesterol, and triglycerides in the blood, which may cause accumulation of sodium and potassium in the inner ear. Another data described by Huffman (28) confirms our study showing that lack of fiber lefts the human body unprotected, without the minimum number of regulators a good diet. The fibers have an effect on lipid metabolism (propionate) and glucose (acetate, propionate and butyrate), delaying absorption of glucose and starch hydrolysis, which helps to maintain electrolyte balance of blood capillaries and also assists the vestibule-cochlear apparatus health. British dietary recommendations are to decrease total fat intake to less than 30% of daily energy consume and saturated fat to less than 10%. The energy and fat intake seem to be reduced on the diet rich in polyunsaturated fatty acids. Insulin sensitivity and plasma low density lipoprotein cholesterol concentrations are improved with the diet rich in polyunsaturated fatty acids compared with the diet rich in saturated fatty acids (29). However, other literature (30) reported that the elderly interviewed in large urban centers of Brazil haven’t joined the new trend of developed countries, consumption of traditional foods were replaced by processed foods of easy preparation causing dyslipidemia and excess of sodium, damaging the natural physiology chemical level in the inner ear among other comorbidities. In this study we detected a diet high in polyunsaturated fatty acids (table 3). Reviewing the literature we could observe that among the polyunsaturated 59 fatty acids, when processed (hydrogenated), can be transformed into trans fats, harmful to health. However, we cannot analyze this information by itself, an individual who consumes excess fat, even being good fat, carbohydrate too, and still eat low concentration of dietary fibers, is likely to have dyslipidemia affects in the ear. Regarding disorders of lipid metabolism, eventhough is a subject with not many data in the literature, it can be observed that the ingestion of high amounts of polyunsaturateds fatty and trans fat could be related in part to lipid metabolism disorders (31). In another study, for the treatment of multiple sclerosis, in case of vomiting, is essential guide a light diet, as tolerated by the patient, it is important to guide a low sodium diet, 1-2 grams of salt per day (32).Observes through this research that is important to readjust the low sodium diet, BPPV, the accumulation of the same deposited via the bloodstream to the inner ear, providing electrolyte imbalances in the region. One study investigated the association between dietary pattern and hypertension using the rank reduced regression(RRR). It was a cross-sectional population-based study with a representative sample of 1,026 women living in the city of São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brazil. In order to identify dietary patterns, dietary variables from a dietary frequency questionnaire were used as predictors and sodium, potassium and saturated fat consumption were selected as response variables. The RRR identified three dietary patterns: Factor 1, Factor 2 and Factor 3. The association between hypertension and factors 1, 2 and 3, after adjustment for socio-demographic, behavioral and obesity variables, was not significant. After stratification by age, the association between hypertension and factor 2 was present in 40-60 year-old women (tertile 2 compared to 3 RP = 0.62, 95%CI: 0.43-0.91; p = 0,05). The new statistical method (RRR), proved to be a useful tool for identifying dietary patterns. In this study, healthier dietary pattern was directly associated with hypertension in women between 40 and 60 years of age. Reinforces the importance of the nutritional education, quality of life and health of this population with obesity, one of the comorbidities related to BPPV (33). One study conclude that BPPV is independently associated with a risk of subsequent ischemic stroke. More aggressive control of modifiable risk factors 60 for ischemic strokes should be conducted in patients with BPPV (34). Among the drugs that may be responsible for vertigo episodes are aminoglycosides, anticonvulsants (phenobarbital, phenytoin, carbamazepine), antidepressants, antihypertensives, chemotherapy and metals (35,36). In another study with vestibular disease, coffee has been the habit of most reported consumption by the elderly, among the most widely used drugs, the most prevalent were anti hypertensives (44%) and diuretics (33%) (37). Certain lifestyle habits, comorbidities, and some types of medications may be related with the complaints of elder vestibular disease, which can compromise the treatment and rehabilitation of their balance disorders and bring even more harm to health and quality of life of these women . It is suggested to perform a more detailed search to certain habits, comorbidities and types of drugs taken by the elderly with BPPV. Hypertension was reported by many researchers to cause changes in the heart and blood vessels. May cause balance disorders as a result, peripheral and/or central impairment of the vestibular system, because the supply of oxygen and nutrients in the maintenance of cell integrity deficit. Vascular changes increase blood viscosity, which reduces capillary blood flow and causes tissue hypoxia, leading to complaints or even hearing loss. That hypertensive individuals, who were not excluded from our study, can be corroborating with BPPV by tissue hypoxia, which can cause vessel occlusion.(38). Ferreira Junior (39) reported that among dyslipidemia, hypertriglyceridemia would take an increase of: platelet aggregation, blood viscosity, stiffness of the RBCs, increased fibrinogen, and also a decrease in capillary flow in the inner ear tissue hypoxia and consequent loss of Sodium and Potassium (39) pump. Based on the above study, we can affirm that in individuals with BPPV also occurred the same effect, thus underscoring the importance emphatic in food readjustment of the elderly in the present study. In another study, we saw that vertigo can cause considerable impairment in quality of life and lead to partial or total disability in the performance of professional and social activities of the elderly. Physical insecurity generated by 61 body balance disorder, usually the psychic insecurity, anxiety, depression and panic (40) leads. The need for deployment / implementation of food reeducation programs associated with the multidisciplinary treatment of speech therapy, psychology and physiotherapy in patients with BPPV would be helpful to them in their recovery. Martello (41) wrote that the changes in glucose metabolism, are cited as the main metabolic changes that lead to vestibulocochlear disorders. As the labyrinthine structures possess an intense metabolic activity, glucose is necessary for energy production and for maintaining proper concentrations of sodium and potassium in the endolymph (42). Some habits, such as alcohol, tobacco, sugar, salt, saturated fats and caffeine, in addition to physical inactivity, should be banned from the lives of patients with vertigo since they can exacerbate symptoms cochleovestibular and make vestibular compensation even slower (36). We suggest that the same procedures are taken in cases of BPPV, intensely studied here, for the same reasons cited above. Through these results, we emphasize the importance of a multidisciplinary care team, expanding the procedures and results to prevention and treatment, minimizing episodes of recurrent BPPV in the elderly. CONCLUSION The association between BPPV with inadequate carbohydrate intake, diet rich in polyunsaturated fatty acids and inadequate fiber intake has been observed. These associations deserve more in depth study. These data represent an important tool for better understanding of how the overall health of the elderly works and its comorbidities, assisting whit the reasoning and awareness of a necessary change in their lifestyle, through guidelines and nutritional treatments, alongside and multidisciplinary care, the team can help to decrease hearing symptoms of BPPV. This study showed the importance of the further studies associating the relationship between BPPV and the types of food habits. Further research is needed to develop a prevention and rehabilitation of BPPV with associate food habits. 62 REFERENCE 1. CorrêaLML, Nicolosi A, Cristina S, Hauser WA, Pugliese P, Nappi G. Dietary and nutritional patterns in na elderly rural population in Nothern and Southern Italy: (I). A cluster analysis of food consumption. Eur J ClinNutr. 2003;57(12):1514-21. 2. Jacques PF, Tucker KL. Are dietary patterns useful for understanding the role of diet in chronic disease?.Am J ClinNutr. 2001;73(1):1-2. 3. Léon-Munoz LM, Guallar-Castillón P, Graciani A, López-Garcia E, Mesas AE, Taboada JM. Dietary Habits of the hypertensive population of Spain: accordance with the DASH diet and the Meditarranean diet. J Hypertens. 2012;30(7):1373-82. 4. Marchiori LLM, Melo JJ, Possette FLF, Correa AL. 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(0.8272 – 2.0483); ARR= 5.41%; NNH= 19]; 0.3064) χ 2 corr % 26.21 73.78 = 1.303 (p= Table 2 - Full distribution of the number of patients with BPPV and inadequate carbohydrate consumption Carbohydrate BPPV inadequate carbohydrate YES NO Total YES 102 15 117 % 87.17 12.82 NO 330 40 370 % 89.18 10.81 U= 19351.50 (p= 0.0419) Table 3 - Full distribution of the number of patients with BPPV and diet rich in polyunsaturated fatty acids: Polyunsaturated fat polyunsaturated fat Total U= 18470.00 (p= 0.0084) BPPV Diet rich in polyunsaturated fatty acids Normal diet in polyunsaturated fatty acids YES % NO % 82 70,08 289 78,10 35 29,91 81 21,89 117 370 67 Table 4 - Frequency of BPPV in relation to inadequate consumption of frequency of BPPV in relation to inadequate intake of protein, saturated fats, monounsaturated fats, lipids and fibers: BPPV No BPPV Value n (%) n (%) p Inadequate nutrition 101 Protein inadequate a 325 p= 0.78 Saturated fat inadequateb 117 368 p=0.97 Lipids inadequate c 35 95 p= 0.43 266 p= 0.79 356 p= 0.03 Monounsaturated fat inadequate d 82 Inadequate fiber e a) 2 χ corr =0.186; 4.624 b) G (Yates) = 0.010; 117 c) χ 2 corr = 0.816 d) χ 2 corr = 0.142; e) G (Yates) = 68 CONCLUSÃO GERAL O presente estudo indica que há associação significativa entre a VPPB e hábitos alimentares como: o consumo alto de carboidratos, a dieta rica em ácidos graxos poliinsaturados e a ingestão insuficiente de fibras. É de suma importância reduzir o consumo de gorduras e carboidratos, bem como aumentar a ingestão de fibras, para estabilizar as dislipidemias e hipertriglicerídemias, que podem minimizar o efeito nocivo vestibulo coclear. Estes dados representam uma importante ferramenta para maior compreensão de como funciona a saúde geral do idoso, e suas comorbidades, auxiliando inclusive na fundamentação e conscientização de uma mudança necessária nos hábitos de vida, orientações e tratamentos, que podem contribuir para a diminuição de sintomas no ouvido interno. Sugere-se mais pesquisas da VPPB com dietas inadequadas, e as comorbidades: hipertensão, diabetes e obesidade. Bem como o uso de medicamentos e suplementos, que podem estar afetando o quadro . Conclui-se que, a reeducação alimentar e o atendimento multiprofissional, podem ampliar a prevenção e melhorar os resultados da VPPB. 69 REFERÊNCIAS 1. Dellaroza MSG, Pimenta CAM, Matsuo T. 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Saúde Pública 1994; 28:187 – 91. 77 APÊNDICES 78 Apêndice A - Questionário ANAMNESE AUDIOLÓGIA E DE VERTIGEM TEMÁTICO Nome:_________________________________________________________________ _____ Data da Avaliação:_____/_____/_______ I – INFORMAÇÕES SOBRE A AUDIÇÃO E CORRELACIONADOS Acha que ouve bem? ( )Sim ( ) Não_____________________________________ Escuta da mesma forma com os dois ouvidos? ( )Sim ( ) Não Em qual ouvido escuta pior? Direito ( ) Esquerdo ( ) Instalação da PA( ) congênita ( ) tardia__ anos de idade ( ) súbita ( ) progressiva Já fez alguma cirurgia no ouvido?( )Não ( ) Sim___________________________ Zumbido( ) Não ( ) Sim - no ouvido direito ( ) no ouvido esquerdo ( ) do tipo________________________________________________________________ Obs: ( no caso afirmativo aplicar o questionário de zumbido) Plenitude auricular? ( ) Sim_______________________ ( ) não Otorréia ( ) sim_______________________ ( ) não Otalgia ( ) sim ______________________ ( ) não Paralisia facial ( ) sim______________________ ( ) não Trabalho em ambiente ruidoso ( ) sim: local-_________________ ( ) não Tempo de exposição: ________ h Anos de exposição: _________ h História familiar de perda auditiva ( ) sim____________________________( ) não ______________________________________________________________________ _____ Uso de AASI ( ) não ( ) sim: ( ) binaural ( )monaural Qual? (marca, tipo e modelo): ___________________________________________________ Alterações circulatórias ( ) sim____________________________( ) não Alterações nasais ( ) sim____________________________( ) não Outros: II – SINTOMAS Tontura (Instabilidade/Desequilíbrio)?( ) Sim_______________________ ( ) Não Sensação de flutuação?( ) Sim___________________________________ ( ) Não Sensação de cabeça oca ou pesada? ( ) Sim_________________________ ( ) Não Escurecimento da visão? ( ) Sim_________________________________ ( ) Não Vertigem? ( ) Sim________________________________________ ( ) Não ( ) Constante_________( ) Em crises________( ) Aparecimento Súbito Vertigem postural?( ) Sim______________________________________( ) Não Fadiga?( ) Sim_______________________________________________( ) Não 79 Falta de concentração ou mememória?( ) Sim_____________________ ( ) Não Cefaléia ( ) Sim_____________________________________________( ) Não Dor cervical ( ) Sim ( ) Não Familiares com vertigem ( ) Não ( ) Sim_________________________________ III – EXAME CLÍNICO: Dix-Hallpike ( ) negativa ( ) positiva ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Mobilidade cervical (em caso de algias – detalhar as queixas / verificar atitude postural): ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Flexão cervical (0-65º): Flexão lateral D (0-40º): Extensão cervical (0-50º): Flexão lateral E (0- 40º): Rotação cervical D (0-55º): Rotação cervical E (0-55º): IV–ANEXOS E OBSERVAÇÕES: Exames: - Vectonistagmografia ( ) não ( ) sim - Tomografia ( ) não ( ) sim - Ressonância Magnética ( ) não ( ) sim - Avaliação audiológica ( ) não ( ) sim Outros exames______________________________________________________________ Estagiária Supervisora 80 ANEXOS 81 Anexo A – Normas de publicação do periódico 82 83