DIOGO NOGUEIRA AO VIVO EM CUBA – DVD/CD (EMI Music
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DIOGO NOGUEIRA AO VIVO EM CUBA – DVD/CD (EMI Music
DIOGO NOGUEIRA AO VIVO EM CUBA – DVD/CD (EMI Music) Desde 2007 que ele está acostumado a abrir caminhos, sempre colecionando façanhas. “Contando ninguém acredita” é uma expressão que se aplica a vários dos feitos de Diogo Nogueira. Mas está tudo bem documentado e comprovado: o golaço que fez depois de substituir ninguém menos que Lionel Messi, em jogo beneficente organizado por Deco, em 2010, no interior de São Paulo; as incríveis 400 mil unidades vendidas, entre CDs (três discos de ouro) e DVDs (um de platina; outro, certificado como platina dupla), dos títulos que começou a lançar em 2007; as sete músicas incluídas em trilhas de novelas e minisséries globais, o Grammy Latino por “Tô Fazendo a Minha Parte” (Melhor Álbum de Samba), as quatro vitórias consecutivas no concurso de sambas-enredo da Portela, o sucesso do programa “Samba na Gamboa” (exibido pela TV Brasil, já na terceira temporada), que tantos encontros especiais vem proporcionando... Com as fundações para uma carreira internacional semeadas em duas turnês (incluindo passagens por Londres, Paris, Lisboa, Chicago, Nova York, São Francisco, Los Angeles e Miami), ele realizou um velho sonho ao se apresentar em Havana, no histórico Teatro Karl Marx, em 1º de novembro de 2011, para gravar este que é o terceiro DVD – e quarto álbum – de sua trajetória: Diogo Nogueira Ao vivo em Cuba. O cantor pensava em conhecer a ilha desde a adolescência, quando ouvia o pai, João Nogueira (19412000), falar com admiração do país e de sua riquíssima cultura. E acabou concretizando o desejo em grande estilo: o consagrado grupo local Los Van Van faz uma participação especial na canção “El Cuarto de Tula”, que o Buena Vista Social Club tornou sucesso no mundo inteiro nos anos 90. Diogo recria o standard cubano em arranjo de seu cavaquinista e diretor musical, Henrique Garcia, com direito a uma versadinha, ao estilo do partido alto, em português, dialogando com o improviso dos vocalistas Armando Cantero, Yenisel Valdes e Abdel Rasalps. O rigoroso maestro do Los Van Van, Juan Formell, deu bons toques sobre a natureza do són cubano antes de aprovar o que ficou definido após corrido dia de ensaios. “Ficou a visão do brasileiro para a música deles, e a visão deles para o nosso show”, conta Diogo. Além do reforço de primeiro time e do charme da ambientação, o show tem um repertório que capricha nas novidades para os fãs. Eles vão poder ouvir várias músicas que Diogo canta com maestria ao vivo, mas jamais havia gravado. A começar por “Verdade Chinesa” (de Carlos Colla e Gílson), sucesso que abre os trabalhos, e “Ex-Amor”, de Martinho da Vila. Não faltam também grandes clássicos da música brasileira como “Que Maravilha” (Toquinho e Jorge Ben Jor), com sutis acenos à latinidad, e “Madalena” (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro), além da sinuosa “Tanta Saudade” (Djavan e Chico Buarque), que oferece espaço para os dotes do intérprete, e dois sambas arrasta-povo de Gonzaguinha (“É” e “O Que É, O Que É”), capazes de levantar instantaneamente qualquer roda. “São daquelas que o cara mal ouve a introdução e já abre os braços pra cantar junto”, define Diogo. Outro destaque é “Mineira” (homenagem de João Nogueira e Paulo César Pinheiro a Clara Nunes), com o tambor forte na introdução, no clima da santería que rolou na véspera do show em Havana, e que cresce na junção com a contemporânea “Samba de Arerê” (Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Mauro Jr.). “Hoje essa versão de ‘Mineira’ é a abertura do nosso show”, informa Diogo. O que mostra que, mais que uma escala em uma turnê, houve troca e influência musical. “O cubano é muito carinhoso. Desconfiado no primeiro passo, mas quando sente sinceridade, tem carinho, abraça que nem filho. Fiz amigos por lá. O motorista que trabalhou com a gente, Pedro, que a gente apelidou de “Pablito”, porque parecia o Pablo Milanés. E Lázara Herrera, produtora que abraçou nosso projeto, mesmo com o prazo mínimo.” Mais que um belo registro do espetáculo, o projeto entrega uma inovação em termos de formato: um DOC.SHOW, híbrido que agrega ao que aconteceu no palco belas imagens do cantor em contato com a cultura cubana. São momentos preciosos, como a visita ao Conservatório Guillermo Tomás, em Guanabacoa, onde o brasileiro testemunha a seriedade da educação musical no país e se impressiona com uma jovem, Annie Garcez, cantando “Habaname”, de autoria do cubano Carlos Varela. Diogo aparece também socializando com músicos locais em uma rumba no supercolorido Calejón de Hamel (uma vila de Havana que funciona como galeria de arte a céu aberto, com destaque para as obras do pintor e escultor Salvador González), com o descontraído clima equivalente ao dos pagodes de fundo de quintal e a força dos tambores da santería. Um dos diferenciais, tanto na captação do show (que foge saudavelmente dos clichês, buscando uma singularidade que é tradição no Icaic – Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos) quanto no que é mostrado no DOC.SHOW, é o olhar do diretor. Ismael Perdomo Fonseca é discípulo do importante documentarista Santiago Álvarez (1919-1998, admirado por Godard e tido como um dos precursores do videoclipe), de quem Lázara é viúva. Em mergulho intergeracional, ele mostra Diogo assistindo a um dos cultuados telejornais feitos por Santiago, Noticiero 1296, de 1986, que fala das relações entre os dois países. O projeto, idealizado e dirigido por Afonso Carvalho, empresário do cantor, exigiu muita agilidade e jogo de cintura. Foram apenas quatro dias na ilha, com outros dez para preparação, no Brasil, dos arranjos para as novidades no repertório. A banda viajou com formação completa, oito músicos – Henrique Garcia (cavaquinho), Wallace Peres (violão de 6), Everton Brandão (sax e flauta), Cacau de Castro (surdo, percussão e coro), Carlinhos de Castro (pandeiro, percussão e coro), Daniel Félix (congas e percussão), Sandro Araújo (bateria) e João Faria (baixo). E não faltaram tampouco os dois bailarinos do grupo, Carol Villanova e Rodrigo Marques (da companhia de Carlinhos de Jesus), que, mais que proporcionar dinâmica ao espetáculo, interagindo com Diogo no sucesso “Sou Eu” (de Chico Buarque e Ivan Lins), encantam brasileiros e caribenhos, especialmente durante “Homenagem Ao Malandro” (de Chico Buarque). Não é por acaso que, ao longo do show, as câmeras flagram as evoluções de casais cubanos e brasileiros. E, no final, não são poucos os brasucas que invadem o palco e partem para o abraço no cantor. Com mais esta pintura de gol – vale lembrar o lindo projeto gráfico de Gê Alves Pinto, Felipe Garzón e Pato Vargas no DVD -, Diogo Nogueira mostra inquietude e vontade de ir além do que o mercado e os próprios fãs esperam. Empolgado, ele já planeja projetos semelhantes em países musicalmente fascinantes como Cabo Verde e Moçambique. O samba brasileiro só tem a ganhar. Pedro Só Julho de 2012
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