PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO ITAJAÍ
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PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO ITAJAÍ
Comitê do Itajaí PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO ITAJAÍ DOCUMENTO SÍNTESE Realização: Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí Apoio: Programa Petrobras Ambiental, por meio do Projeto Piava; Universidade Regional de Blumenau, por meio de projetos de pesquisa financiados pelo CT-Hidro e pela FAPESC, Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável, por meio de trabalhos viabilizados pelo PRAPEM/Microbracias-2 Vale do Itajaí, maio de 2010 Comitê do Itajaí – Santa Catarina Instituído pelo Decreto Estadual 2109/97 Gestão 2009-2011 Presidente Tercílio Bonessi - Secretaria de Desenvolvimento Regional de Taió Vice-Presidente Maria Izabel Pinheiro Sandri - Associação Empresarial de Itajaí Secretária Executiva Beate Frank – Associação Brasileira de Recursos Hídricos Comissão Consultiva Associação de Municípios do Médio Vale do Itajaí Fabiana de Carvalho Rosa Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí Francisco Carlos do Nascimento Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Ibirama Ivan Pinto Associação de Municípios do Alto Vale do Itajaí Ivanor Boing Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina José Alberto Noldin Caixa Econômica Federal Leocarlos Sieves Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infra-estrutura de Itajaí Murilo José da Conceição Industrial e Agrícola Rio Verde Odair Fernandes Cooperativa de Energia Elétrica Santa Maria Geradora S.A. Oscar José Graf Demais membros Serviço Autônomo Municipal de Água - Blumenau Joseane Regina Cidral (titular) e Edson Schulze (suplente), Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infra-estrutura de Itajaí Maurina Voltolini (suplente), Companhia Catarinense de Águas e Saneamento Cesar Luiz Cunha (titular) e José Vilson Brassiani (suplente), Serviço Autônomo Municipal de Água de Brusque Franciele Cristina Junges (titular) e Nestor Edson Padilha de Carvalho (suplente), Consórcio Intermunicipal Serra São Miguel Jaime Juares Schulz (titular) e Jaqueline Selbmann de Liz e Souza (suplente), Consórcio Empresarial Salto Pilão Rubens Roberto Habitzreuter (titular) e Pedro Lomâco N. de Oliveira (suplente), Estação Indaial Energética AS Ivo Rischbieter (titular) e Sérgio Moises Rodrigues Batista (suplente), CELESC Geração AS Augusto José de Seixas Vargas (titular) e Alexandre Costa (suplente), Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí Harry Dorrow (titular) e Miguel Rech (suplente), Industrial e Agrícola Rio Verde Ltda Thomas Rolf Erbacher (suplente), Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico de Rio do Sul Aldo Kaestner (titular) e Paulo Cesar Maçaneiro (suplente), Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Ibirama Fábio Aires Marchetti (titular) e Joel Wippel (suplente), Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem e do Vestuário de Blumenau Renato Valin (titular) e Felipe Flesch Hoops (suplente), Associação Empresarial de Itajaí Sérgio Selke (suplente), Associação Empresarial de Rio do Sul Cleber Andrei Seemann Stassun (titular) e Dante Bonin (suplente), Unidade Secadora e Armazenadora de Cereais Voltapinho Bernardo Peron (titular) e Elésio Gregório Borghezan (suplente), Sociedade Armazenadora de Cereais Mirim Doce Fredi Bechtold (titular) e Harry Concentius (suplente), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Agronômica Walmor dos Santos Filho (titular) e Osmar Cattoni (suplente), Associação de Aquicultores de Braço do Trombudo Nildo Nelmestet (titular) e Eugenio Krueger (suplente), Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí Wilando Kurth (suplente), Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí Michele Prada (suplente), Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí Ralf Nort (titular) e Célio José Bernardino (suplente), Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí Valter Conrado Araújo (titular) e Diego Furtado (suplente), Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí Maria do Carmo Bauer Oliveira (suplente), Prefeitura Municipal de Taió Narciso José Broering (titular) e Guilherme Feijó Vieira (suplente), Câmara Municipal de Benedito Novo Pierro Antônio Campestrine (titular), Câmara Municipal de Trombudo Central Aldo Corrêa (titular) e Marcio Almeida (suplente), União das Câmaras de Vereadores do Alto Vale do Itajaí Iara Mariza Bonin (titular) e Mauri Fernando de Souza (suplente), Câmara Municipal de Ibirama David Vinci (titular) e Nilton José Pinto (suplente), Associação Catarinense de Preservação da Natureza Juliano Alaíde Albano (titular) e Rudi Ricardo Laps (suplente), Centro de Motivação Ecológica e Alternativas Rurais Alexandre Luiz Prada (titular) e Eveline Borges Araujo (suplente), Comissão Pastoral da Terra Ana Maria Vendrami (titular) e Irimar José da Silva (suplente), Fundação Praia Vermelha de Conservação da Natureza Katiuscia Wilhelm Kangerski (titular) e Rosemeri Carvalho Marenzi (suplente), Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina Aristheu José Formiga de Oliveira (titular) e Eumar Francisco da Silva (suplente), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Rolando Nunes Córdova (titular) e Paulo José Aragão (suplente), Associação Brasileira de Recursos Hídricos Gilberto Valente Canali (suplente), Fundação Universidade Regional de Blumenau Sandra Irene Momm Schult (titular) e Noemia Bohn (suplente), Centro Universitário de Brusque Nilton Bruno Tomelin (titular) e Glaucia Marian Tenfen (suplente), Comunidade Indígena Xokleng – Laklãnõ Aniel Priprá (titular) e Kanhã'a Moises Patte (suplente), Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina Ana Paula Lima (titular) e Jean Kuhlmann (suplente), Caixa Econômica Federal Valdonir Estivalet Teixeira (suplente), Departamento de Infra-Estrutura - Secretaria de Estado da Infraestrutura Sebastião Silveira (titular) e Luiz Antonio Vieira (suplente), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - Estação Experimental de Itajaí Paulo Warmling (suplente), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - Gerência Regional de Ituporanga Daniel Rogério Schmitt (titular) e Nivaldo Nicoladelli (suplente), Secretaria de Desenvolvimento Regional de Ibirama Jefferson Flores (suplente), Secretaria de Desenvolvimento Regional de Itajaí Raquel Fabiane Mafra Orsi (titular) e Odivete Gaya (suplente), Secretaria de Desenvolvimento Regional de Taió Heitor Borinelli (suplente), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável Carlos Alberto Rockenbach (titular) e Rui Batista Antunes (suplente), Fundação Nacional do Índio (não indicou representantes) Equipe Coordenação e articulação Ana Cristina Cancherini Brandt Beate Frank Colaboração Anja Meder Steinbach, Bióloga, Mestre em Desenvolvimento Regional Camila Schreiber, Bióloga, Mestre em Engenharia Ambiental Cleci Terezinha Noara, Assistente Social, Mestre em Desenvolvimento Regional Cristiano Galvão, Engenheiro Sanitário e Ambiental Danielle Scolaro, Arquiteta e Urbanista Dalva da Silva Assini, Bióloga Dirceu Luis Severo, Meteorologista, Doutor em Meteorologia Edmundo Schult, Arquiteto e Urbanista Eumar Francisco da Silva, Jornalista, Mestre em Comunicação Fabio Roberto Teodoro, Bacharel em Ciência da Computação Francieli Stano Torres, Bióloga, Mestre em Engenharia Ambiental Gelson Santos da Silva, Bacharel em Sistemas de Informação Germano Fuchs, Engenheiro Agrônomo Guarim Liberato, Jornalista, Mestre em Sociologia Política Hélio Puerta Neto, Jurista Juliano Albano, Biólogo, Mestre em Engenharia Ambiental Julio César Refosco, Engenheiro Florestal, Doutor em Sociedade e Meio Ambiente Katiuscia Wilhelm Kangerski, Cientista Social Lourdes Maria Pereira Sedlacek, Jornalista Lucas Rudolpho, Arquiteto e Urbanista Marcos Rivail da Silva, Químico, Doutor em Química Markus Zinkhahn, Estudante de Engenharia Ambiental Neudi José Bordignon, Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Ambiental Nicolau Cardoso Neto, Advogado, Mestre em Engenharia Ambiental Odirlei Fistarol, Engenheiro Florestal, Mestre em Engenharia Ambiental Pétrick Anderson Soares, Engenheiro Ambiental Rogério Goulart Júnior, Economista, Mestre em Engenharia da Produção Sandra Irene Momm Schult, Arquiteta e Urbanista, Doutora em Ciências Ambientais Sheila de Amorim, Química Sheila Mafra Ghoddosi, Bióloga, Mestre em Engenharia Ambiental Tatiana Montebeller, Ecóloga Elaboração dos mapas Odirlei Fistarol Revisão Luiz Otávio Cabral Nicolau Cardoso Neto Supervisão Câmara Técnica de Planejamento do Comitê do Itajaí Membros 2004-2006 Alex Wellington dos Santos - Consórcio Intermunicipal Salto Pilão Ana Cristina Cancherini Brandt – Fundação Municipal de Meio Ambiente de Itajaí Beate Frank – Universidade Regional de Blumenau Dalva da Silva Assini - Vigilância Sanitária de Blumenau Edmundo Schult – Caixa Econômica Federal - Coordenador George Wilson Aiub – Fundação Educacional de Brusque Germano Fuchs - Epagri - Gerencia Regional de Itajaí Marcos Charles Spiess - Serviço Autônomo Municipal de Águas e Esgotos, Blumenau Rolando Nunes Córdova – Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí Sérgio Rosa – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Blumenau) Membros 2006-2009 Alex Wellington dos Santos - Consórcio Intermunicipal Salto Pilão Ana Cristina Cancherini Brandt – Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do Itajaí Beate Frank – Universidade Regional de Blumenau Cristina Zierke - Centro Universitário de Brusque Edmundo Schult – Caixa Econômica Federal - Coordenador Edson Luiz Fronza – União dos Vereadores do Alto Vale do Itajaí Ênio Ribeiro Salles – Fundação de Meio Ambiente de Itajaí Juliano Alaíde Albano – Associação Catarinense de Preservação da Natureza Maria de Lourdes Arceno – Associação Empresarial de Rio do Sul Marli Conrado Ventura – Serviço Nacional da Indústria, Blumenau Thomas Erbacher – Ambiente Florestal LTDA Membros 2009-2011 Ari José Xavier Júnior - Associação de Engenheiros e Arquitetos do Alto Vale do Itajaí Beate Frank - Associação Brasileira de Recursos Hídricos Domingos Eberhardt - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Fabiana de Carvalho Rosa - Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí Guilherme Feijó Vieira - Associação Municípios do Alto Vale do Itajaí João Francisco Noll - Universidade Regional de Blumenau Moacir Warmling - Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí Ricardo Hübner – Serviço Nacional da Indústria (Blumenau) Wilando Sérgio Kurth - União de Câmaras de Vereadores do Alto Vale do Itajaí Presidente Apoio técnico e financeiro O desenvolvimento do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Itajaí contou com os seguintes subsídios técnicos e/ou financeiros: 1) Projeto COMBHI – Construção de uma visão compartilhada para o gerenciamento da bacia do Itajaí. Coordenadora: Beate Frank. Processo nº 503004/03-0 CNPq/CTHidro (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Fundo Setorial de Recursos Hídricos); 2) Projeto “Cadastro de usuários de água da bacia hidrográfica do rio Itajaí, um componente do sistema de informações de recursos hídricos”. Coordenadora: Beate Frank. Convênio nº 3075/2004/9 Furb/Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica de Santa Catarina); 3) Escritório de Negócios de Blumenau da Caixa Econômica Federal, que viabilizou o funcionamento da Câmara Técnica de Planejamento (CT-Plan) de 2004 a 2006; 4) Apoio técnico prestado pela Diretoria de Recursos Hídricos (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável, SDS) com base no “Estudo dos Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos para o Estado de Santa Catarina” através do sub-componente de Assistência Técnica para o Ajuste Estrutural do Estado do Programa de Recuperação Ambiental e de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (PRAPEM/Microbracias-2), financiado pelo Banco Mundial - Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) N° 4.660-BR. 5) Projeto Piava, sub-projeto “Sistema de Informações da Bacia do Itajaí”, executado pela Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí, apoiado pela FURB e patrocinado pela Petrobras entre 2005 e 2007, por meio do contrato nº 6000.0007158.04.2; 6) Projeto Piava, sub-projeto “Gestão de recursos hídricos”, executado pela Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí, apoiado pela FURB e patrocinado pela Petrobras, entre 2008 e 2010, por meio do contrato nº 6000.0040307.08.2. APRESENTAÇÃO O presente volume, intitulado PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO ITAJAÍ – DOCUMENTO SÍNTESE, apresenta de forma resumida o resultado do processo de construção do plano de bacia. Seu conteúdo é formado pelos principais itens do Plano de Bacia, descritos ao longo das mais de quinhentas páginas distribuídas entre a fase A, B e C. É, portanto, um extrato do documento completo, cuja íntegra está disponível em: http://www.comiteitajai.org.br/index.php/planorecursoshidricos/resumo-do-plano.html e que segue a seguinte estrutura: INTRODUÇÃO FASE A - DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DOS RECURSOS HÍDRICOS A1. Diagnóstico das disponibilidades hídricas da bacia hidrográfica A2. Diagnóstico e prognóstico das demandas hídricas A3. Cenário tendencial das demandas hídricas A4. Diagnóstico da dinâmica social da bacia A5. Processo participativo para a elaboração do plano Síntese do diagnóstico e prognóstico FASE B - COMPATIBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO B1. Alternativas de compatibilização das disponibilidades e demandas hídricas B2. Mobilização social para a compatibilização Síntese da compatibilização e articulação FASE C - ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS C1. Definição das metas e estratégias C2. Mobilização social para participação no sistema de gerenciamento de recursos hídricos REFERÊNCIAS ANEXOS Base legal dos planos de recursos hídricos Base legal da outorga de direito de uso dos recursos hídricos Base legal do enquadramento dos corpos d’água em classes Base legal da cobrança pelo uso da água Base legal do sistema de informações sobre recursos hídricos SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO (Síntese da Fase A do Plano de Bacia)....................................................... 21 SÍNTESE DA COMPATIBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO (Síntese da Fase B do Plano de Bacia)....................................................... 46 METAS E ESTRATÉGIAS (Capítulo C1 da Fase C do Plano de Bacia)............................................... 56 C1.1. Proposição de programas e projetos ................................................. 56 C1.2. Diretrizes para implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos na bacia ........................................................................... 81 C1.2.1.Sistema de informação sobre recursos hídricos da bacia hidrográfica ................................................................................ 83 C1.2.2. Re-enquadramento dos corpos de água da bacia ............ 84 C1.2.3. Outorga dos direitos de uso da água ............................... 89 C1.2.4. Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso da água ... 91 C1.3. Proposta organizacional para implementação do gerenciamento de recursos hídricos na bacia hidrográfica ..................................................... 94 INTRODUÇÃO O presente documento – Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Itajaí sintetiza o conhecimento produzido nos últimos anos sobre a Bacia do Itajaí e os resultados do processo de discussão e decisão das medidas necessárias para o desenvolvimento sustentável na bacia, no que tange à disponibilidade de água e à prevenção de desastres naturais. Essa introdução faz uma breve caracterização1 do espaço geográfico ao qual se destina esse Plano Diretor, e na sequência faz um breve apanhado do processo de planejamento e da estrutura do documento. O território catarinense se estende pelas regiões hidrográficas do Paraná, do Uruguai e do Atlântico Sul (Figura A0.1). É constituído por dois sistemas de drenagem: a vertente do interior e a vertente atlântica. A vertente do interior abrange todos os cursos de água que têm suas nascentes localizadas a oeste da Serra Geral e que integram as bacias hidrográficas do rio Uruguai e do rio Iguaçu, ou então, as regiões hidrográficas do Uruguai e do Paraná (Figura 1). A vertente do Atlântico abrange todas as bacias hidrográficas dos rios que nascem a leste da Serra Geral e tem sua foz no oceano Atlântico, incluindo a Bacia do Itajaí. Figura 1 – Representação das regiões hidrográficas brasileiras (esquerda) e do sistemas de drenagem de Santa Catarina (direita) da região hidrográfica do Atlântico Sul 1 Caracterização baseada em Frank e Refosco (2006), Pinheiro (2006), Santos (2006), Vibrans (2003) e Schettini (2001). 1 Situada entre as coordenadas 260o 27' e 270o 53' de latitude sul e 480 o 38' e 500 o 29' de longitude oeste (Figura 1), a bacia hidrográfica do rio Itajaí ou, simplesmente, Bacia do Itajaí, tem como limites geográficos, os estabelecidos pelas configurações fisiográficas da Serra Geral e da Serra dos Espigões a Oeste, das Serras da Boa Vista, dos Faxinais e do Tijucas ao sul, e das Serras da Moema e do Jaraguá ao norte, e pelo Oceano Atlântico a leste. Com uma área total de cerca de 15.000 km2, correspondendo a 16,15% do território catarinense e a 0,6% do território brasileiro, é o mais extenso sistema hidrográfico da vertente atlântica em Santa Catarina. O relevo da Bacia do Itajaí, observável pela hipsometria (Mapa 1), indica uma grande diversidade e complexidade geoecológica, susceptibilidade à dinâmica dos processos erosivos e fragilidade ambiental (SANTOS, 2006). Como descrevem Aumond et al (2009): “A paisagem atual é resultado de processos geológicos e climáticos, que formaram um relevo acidentado, com encostas muito inclinadas, extremamente dobradas, freqüentemente entalhadas em forma de ‘V’ fechado e geralmente associadas a pequenas e estreitas várzeas em torno de ribeirões e rios, sujeitas às inundações freqüentes. Nas encostas dos morros o solo pode atingir espessuras variáveis, sendo que em alguns pontos pode ser muito raso e em outros muito profundo. Quando o solo é espesso e poroso, a água infiltra com facilidade. A rocha abaixo do solo, entretanto, é muito pouco permeável. Por isso, quando chove, o solo fica encharcado facilmente e, a água, ao atingir uma superfície de rocha inclinada, segue o caminho preferencial nessa zona de contato, formando uma zona lubrificada que favorece o escorregamento do solo” (AUMOND e outros, 2009:27). “A forma da bacia e a declividade dos cursos d’água que compõem a rede de drenagem, contribuem significativamente para ocorrências de inundações. As cabeceiras dos rios Itajaí do Sul e Oeste se localizam na Serra Geral, em cotas entre 1000 e 900 m. A partir de Rio do Sul a altitude do rio é de 327 m, percorrendo um trecho de declividade acentuada de 5,21 (m/km) até a foz do rio Hercílio. A partir desse ponto, a altitude é de 129 m, mas as águas ainda percorrem um trecho com declividade mediana de 1,60 (m/km) até a Usina Salto em Blumenau, onde a altitude é de 18,5 m. Do centro urbano de Blumenau até a foz do rio Itajaí, a declividade é muito baixa, 0,013 (m/km). Essa característica física, a baixa declividade do rio Itajaí, particularmente no último trecho, é a responsável pela formação de grandes planícies de inundação, receptoras de sedimentos ao longo do tempo. Portanto, essas áreas são muito vulneráveis, com elevado risco de inundação, principalmente a partir de Blumenau” (AUMOND et al, 2009:25). 2 O clima na bacia do Itajaí é caracterizado por uma temperatura média anual entre 19 e 21º C, pelo seu verão quente e úmido e pelo inverno ameno. Sobre o regime de chuvas, SILVA & SEVERO (2006) detalham: “No Vale do Itajaí, a precipitação de origem convectiva predomina no verão enquanto que a frontal no inverno e, principalmente, na primavera. As chuvas de origem orográfica ocorrem próximo às encostas, com totais de chuva acima do valor da precipitação total anual.” Em média ocorrem 120 a 180 dias de chuva no ano2. Geadas são muito raras e a umidade relativa do ar, na média mensal, sempre maior que 80%. O maior curso d'água da bacia é o rio Itajaí-açu, formado pela junção dos rios Itajaí do Oeste e Itajaí do Sul, no município de Rio do Sul. A bacia do Itajaí se divide naturalmente em 7 sub-bacias hidrográficas principais (Mapa 2), que levam o nome do principal rio existente e estão caracterizadas na Tabela 1. Para diversos aspectos considerados no Plano da Bacia, essas sub-bacias servem como unidades de planejamento. Tabela 1 - Sub-bacias principais Sub-bacias Comprimento do rio (km) Itajaí do Sul Itajaí do Oeste Itajaí do Norte Benedito Luis Alves Itajaí-açu Itajaí Mirim 101,0 km 132,0 km 185,0 km 83,0 km 59,6 km 188,0 km 170,0 km Área da bacia (km2) 2.027,6 3.013,7 3.354,2 1.500,1 578,7 2.780,0 1.677,2 km2 km2 km2 km2 km2 km2 km2 A rede de drenagem da bacia hidrográfica do Itajaí é extremamente vasta. Na escala 1:50.000, registra-se uma extensão próxima de 25.000 km de cursos d’água. A densidade de drenagem é estimada em 1,55 km/km2. 2 Um estudo de chuvas intensas para as estações pluviométricas do Estado de Santa Catarina, aplicado à bacia do Itajaí, é apresentado em Pinheiro (2006). 3 4 5 As principais nascentes dos rios da bacia do Itajaí são: Nascente 1 - Corresponde à nascente da sub-bacia do Itajaí do Oeste. Ela fica no Arroio Verde (afluente do rio Verde, que, por sua vez, é afluente do rio Itajaí do Oeste) e se localiza no município de Rio do Campo, na Serra do Espigão, em uma cota topográfica de 1100 m (divisa com Papanduva). O comprimento do rio é de 320 km, desde esta nascente até a foz. Nascente 2 - É a nascente do rio Lajeado, afluente do Rio Itajaí do Sul, e está localizada no município de Alfredo Wagner, na Serra do Geral, em uma cota topográfica de 1050 m. O comprimento do rio é de 289 km, desde esta nascente até a foz. Nascente 3 - Esta é a nascente do rio Bonito (afluente do rio Iraputã, que, por sua vez, é afluente do Itajaí do Norte ou Hercílio), e está localizada no município de Papanduva, na Serra do Espigão, em uma cota topográfica de 1100 m (divisa com o município de Rio do Campo). Desta nascente até o rio Itajaí Açu têm-se 168 km e deste ponto até a foz, 334 km. Nascente 4 - É a nascente do rio Esperança, afluente do rio Benedito. Ela nasce na cota topográfica 1020 m, no município de Doutor Pedrinho. O comprimento do rio desde esta nascente até a foz é de 180 km. Nascente 5 - É a nascente do rio Itajaí Mirim, localizada no município de Vidal Ramos, na cota topográfica de cerca de 1000 m, na Serra dos Faxinais. O comprimento do rio desta nascente até a foz é de 177 km. A parte baixa do Rio Itajaí-açu é um estuário3 do tipo cunha-salina, sob um regime de micro-maré e regime fluvial variando drasticamente ao longo do ano (SCHETTINI, 2001). O Rio Itajaí-açu é o responsável pela maior parte do aporte fluvial para esse estuário, sendo responsável por aproximadamente 90% do total. Os 10% restantes são atribuídos ao Rio Itajaí Mirim, que aporta na bacia estuarina a 9 km da barra e a outros tributários menores, como o Rio Luis Alves. O estuário, que apresenta uma extensão aproximada de 70 km e uma área estimada em 14 km2, percorre uma planície costeira com formato afunilado iniciando na altura de Blumenau e abrindo para o oceano. Este trecho é bastante plano, apresentando declividade de 0,03 %, e para montante de Blumenau a declividade aumenta para 0,4 %, já havendo a 3 Estuário é o trecho do baixo curso de um rio que deságua no mar, em que a água doce e a água marinha coexistem, gerando uma dinâmica fluvial e ecológica própria. Estuários são caracterizados como filtros para uma fração significativa de materiais particulados e dissolvidos que são trazidos pelos rios em direção aos oceanos. 6 presença de corredeiras e pequenas quedas de água, caracterizando o limite superior do estuário. Segundo a projeção populacional para 2007, feita com base no censo de 2000 do IBGE, a população que ocupa a bacia é de aproximadamente um milhão e cem mil habitantes, que corresponde a 18,6% da população do Estado de Santa Catarina. Ela está distribuída em 53 municípios, dos quais 47 têm sua sede dentro da bacia (Mapa 3). Os municípios são associados por micro-regiões, formando as Associações de Municípios do Alto Vale do Itajaí (AMAVI), do Médio Vale do Itajaí (AMMVI) e da Foz do Rio Itajaí (AMFRI). As três micro-regiões – alto e médio vale e região da foz – representam os grandes compartimentos, tanto naturais como sócio-econômicos e culturais da bacia do Itajaí. Desde 2003, o Governo do Estado de Santa Catarina atua por meio de Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR), adotando um novo padrão de regionalização. Nove destas secretarias atendem os municípios da Bacia do Itajaí: as de Itajaí, Brusque, Blumenau, Timbó, Ibirama, Rio do Sul, Taió, Ituporanga e Mafra. Essa regionalização é apresentada no Mapa 4. A Tabela 2 relaciona os municípios, a localização das sedes em relação à bacia, sua área territorial na bacia, a população e a vinculação micro-regional em termos de associações de municípios e de regiões administrativas do Estado. Ela inclui também os municípios que não estão localizados estritamente na bacia, mas sim na região hidrográfica do Itajaí, estabelecida pela Lei Estadual Nº 10.949/98, bem como aqueles que detém parte do seu território dentro da bacia. 7 8 9 Tabela 2 - Municípios, suas características e vinculações regionais. N Município 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Agrolândia Agronômica Alfredo Wagner Apiúna Ascurra Atalanta Aurora Balneário Piçarras Benedito Novo Blumenau Botuverá Braço do Trombudo Brusque Chapadão do Lajeado Dona Emma Doutor Pedrinho Gaspar Guabiruba Ibirama Ilhota Imbuia Indaial Itaiópolis Itajaí Ituporanga José Boiteux Laurentino Lontras Luís Alves Mirim Doce Monte Castelo Navegantes Papanduva Penha Petrolândia Pomerode Pouso Redondo Presidente Getúlio Presidente Nereu Rio do Campo Rio do Oeste Rio do Sul Rio dos Cedros Localização4 Microregião Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Fora7 Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Fora Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Fora Dentro Fora Fora7 Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro AMAVI AMAVI outra6 AMMVI AMMVI AMAVI AMAVI AMFRI AMMVI AMMVI AMMVI AMAVI AMMVI AMAVI AMAVI AMMVI AMMVI AMMVI AMAVI AMFRI AMAVI AMMVI Outra8 AMFRI AMAVI AMAVI AMAVI AMAVI AMFRI AMAVI Outra8 AMFRI Outra8 AMFRI AMAVI AMMVI AMAVI AMAVI AMAVI AMAVI AMAVI AMAVI AMMVI SDRs5 Área(km2) Rio do Sul Rio do Sul Ituporanga Ibirama Timbó Ituporanga Ituporanga Itajaí Timbó Blumenau Brusque Rio do Sul Brusque Ituporanga Ibirama Timbó Blumenau Brusque Ibirama Blumenau Ituporanga Timbó Mafra Itajaí Ituporanga Ibirama Rio do Sul Ibirama Blumenau Taió Mafra Itajaí Mafra Itajaí Ituporanga Blumenau Taió Ibirama Ibirama Taió Rio do Sul Rio do Sul Timbó 185,298 114,063 722,713 486,731 111,772 82,885 226,744 99,070 378,725 512,081 299,432 91,711 278,550 124,012 180,458 366,013 352,822 170,152 261,011 256,885 85,113 415,205 1.295,32 287,326 334,463 397,818 64,805 193,550 256,634 336,153 561,732 104,120 759,832 58,783 257,141 212,157 372,820 288,039 222,100 500,687 243,491 255,431 529,297 População 2007 (IBGE) Total 9.080 4.677 9.754 10.270 6.761 3.317 5.399 13.760 9.841 292.972 4.127 3.288 94.962 2.749 3.441 3.280 52.428 16.095 16.716 11.552 5.501 47.686 19.725 163.218 20.577 4.840 5.483 9.180 8.986 2.545 8.113 52.638 17.056 20.878 6.064 25.261 13.722 13.651 2.259 6.042 6.795 56.919 9.685 Rural Urbana 3.418 5.662 3.110 1.567 6.816 2.938 6.237 4.033 827 5.934 2.095 1.222 3.675 1.724 1.263 12.497 4.511 5.330 19.865 241.943 3.106 1.021 1.432 1.856 2.759 92.203 2.362 387 1.878 1.563 1.435 1.845 10.069 42.359 1.073 15.022 2.654 14.062 4.603 6.949 3.213 2.288 1.879 45.807 9.964 9.788 6.287 156.931 7.495 13.082 3.381 1.459 1.534 3.949 2.970 6.210 6.347 2.639 1.433 1.112 3.536 4.577 2.764 48.874 8.181 8.875 1.839 19.029 4.158 1.906 3.260 22.001 5.808 7.916 4.497 9.154 1.526 733 3.624 2.418 3.746 3.049 3.671 53.248 5.149 4.536 4 Localização da sede do município em relação à bacia Designa a Secretaria de Desenvolvimento Regional à qual o município está vinculado. 6 Alfredo Wagner integra a Associação dos Municípios da Grande Florianópolis 7 Os municípios de Penha e Piçarras estão localizados fora da bacia hidrográfica do Itajaí, porém dentro da região hidrográfica do rio Itajaí. 8 Itaiópolis, Monte Castelo e Papanduva integram a Associação dos Municípios do Planalto Norte. 5 10 N Município 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 Rodeio Salete Santa Terezinha Taió Timbó Trombudo Central Vidal Ramos Vitor Meirelles Witmarsum Bom Retiro Massaranduba 55 56 57 58 Otacílio Costa Barra Velha Camboriú São João do Itaperiú TOTAL 11 Localização4 Microregião SDRs5 Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Dentro Fora Fora AMMVI AMAVI AMAVI AMAVI AMMVI AMAVI AMAVI AMAVI AMAVI Outra9 Outra10 Fora Fora Fora Fora Outra9 Outra AMFRI Outra Timbó Taió Taió Taió Timbó Rio do Sul Ituporanga Ibirama Ibirama São Joaquim Jaraguá do Sul Lages Joinville Itajaí Joinville Área(km2) 132,747 169,477 703,497 739,226 142,648 102,808 370,323 385,608 128,938 População 2007 (IBGE) Total 10.773 7.432 9.025 16.838 33.326 6.221 5.981 5.563 3.431 Rural Urbana 1.495 9.278 2.463 4.969 7.526 1.499 7.974 8.864 2.754 30.572 2.403 3.818 4.398 1.583 4.210 1.353 2.710 721 13433,68 1.120.351 Em síntese, a bacia hidrográfica do rio Itajaí abrange uma área de quase 15.000 km2, localizada na porção centro-leste de Estado de Santa Catarina, ocupada totalmente por 47 e parcialmente por outros 5 municípios, em que vivem mais de 1.100.000 pessoas. Desde 1997 a bacia do Itajaí conta com um Comitê de Gerenciamento. O Plano de Recursos Hídricos de uma bacia hidrográfica é o principal instrumento de trabalho do respectivo Comitê de Bacia, pois estabelece a política da água na bacia, em outras palavras, as prioridades de ação para o Comitê. O objetivo e as características gerais de um plano de recursos hídricos são estabelecidas pela Lei No 9433/97, a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Normas adicionais que orientaram a elaboração do presente PLANO são as apresentadas nos ANEXOS, destacando-se a Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) 17/2001, que estabelece diretrizes complementares para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos de bacias hidrográficas, especialmente o seu anexo, intitulado “Termos de Referência para Elaboração dos Planos de Recursos Hídricos”. Além do conjunto de normas acima referido, o presente Plano da Bacia foi balizado pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado pelo CNRH em janeiro de 2006, especialmente em relação à visão estratégica por este adotada. 9 Os municípios de Bom Retiro e Otacílio Costa integram a Associação dos Municípios da Região Serrana. Massaranduba integra a Associação dos Municípios do Vale do Itapocu. 11 Este total abrange a área e a população dos municípios cuja sede está localizada dentro da bacia. 10 11 A elaboração do PLANO iniciou por meio do desenvolvimento de um projeto de pesquisa intitulado “Construção de uma visão compartilhada para a gestão da bacia hidrográfica do rio Itajaí” (COMBHI), financiado pelo CT-Hidro entre 2004 e 2006, que abordou boa parte da fase de diagnóstico, e continuou por meio do Projeto Piava, nos períodos 2005-2007 e 2008-2010, tanto nos aspectos técnicos – sistema de informação, programas de intervenção e instrumentos de gestão – como também no aspecto da participação e da comunicação social. Durante a elaboração do PLANO, a CT-Plan do Comitê do Itajaí exerceu um papel essencial, tanto como supervisora do trabalho, como também na geração de contribuições específicas. Na troca de gestão da CT-Plan, em 2006, foi realizada uma viagem de estudos pela bacia, focada no reconhecimento dos usos da água. Dessa forma, três gestões da CT-Plan atuaram na elaboração deste PLANO. Ao longo desse período, de 2006 a 2010, o Comitê do Itajaí acompanhou a elaboração do PLANO por meio das consultas públicas realizadas em 2006 (diagnóstico) e 2007 (diretrizes do PLANO). O Comitê também discutiu e aprovou alguns dos seus componentes. Por exemplo, em 2007, definiu que o estabelecimento de novos empreendimentos hidrelétricos deve ser precedido de uma avaliação ambiental integrada da bacia, em 2008 aprovou os critérios de outorga de quantidade para águas superficiais, também em 2008 aprovou a visão de futuro da bacia, em setembro de 2009 aprovou o Plano Integrado de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais e em dezembro de 2009 selecionou a alternativa de enquadramento dos corpos da água. Mas, acima de tudo, o processo de construção do PLANO foi marcado pela diversidade e riqueza de contribuições e participações que surgiram ao longo dos quatro anos em que diversos aspectos foram publicamente discutidos, de 2006 a 2010. Os eventos públicos realizados para a construção do plano foram: 1. Diagnóstico participativo dos “rios do meu município” (Semana da Água 2006). Com o propósito de envolver a população da bacia no diagnóstico do plano de recursos hídricos, foi desenvolvido um diagnóstico que pudesse identificar a situação atual dos rios e ribeirões, por meio da participação das comunidades locais em todos os municípios localizados na bacia do Itajaí. Esse diagnóstico foi estruturado com base nos resultados do diagnóstico técnico-científico. As informações levantadas foram agrupadas por sub-bacia, em seis consultas públicas, e discutidas coletivamente desde a escala municipal até a escala da bacia 12 hidrográfica. Na realização desse “diagnóstico participativo” envolveram-se 45 municípios e cerca de 14 mil pessoas, levando à definição de 16 linhas de ação. 2. Seminário “A Resolução CONAMA 369/2006 e sua repercussão em face dos Planos Diretores”, promovido pelo Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (CME/MPE) e pelo Comitê do Itajaí, em Florianópolis, em outubro de 2006. O Seminário objetivou discutir aspectos jurídicos e técnicos relativos às Áreas de Preservação Permanente (APP), oriundas do Código Florestal, ao longo dos cursos de água em área urbana. Como encaminhamento do Seminário o CME/MP decidiu por manter a nota técnica 01/2005 que sugere às promotorias a aplicação do Código Florestal nas áreas urbanas excetuando-se as situações já consolidadas, em que cabe um estudo específico. 3. Oficina sobre as APP em áreas urbanas consolidadas na Bacia Hidrográfica do rio Itajaí, em novembro de 2006, promovida pelo Comitê do Itajaí e pelo CME/MPE, em Blumenau. O objetivo da oficina foi estabelecer critérios para a definição das APP em áreas consolidadas, tendo como parâmetro a Resolução CONAMA 369/2006, as funções ambientais das margens de rio e o histórico de ocupação. Participaram 47 pessoas. 4. Grupos de trabalho para elaborar as diretrizes do PLANO. As linhas de ação identificadas pelo diagnóstico participativo em 2006 tinham como propósito equacionar os problemas ambientais relativos à água e garantir água para os usos atuais e futuros. Essas linhas de ação deram origem a 10 temas, para os quais foram constituídos 10 grupos de trabalho. Cada grupo teve como objetivo definir melhor o problema e elaborar diretrizes para sua solução. Os grupos, dos quais participaram 190 pessoas, trabalharam entre outubro de 2006 e junho de 2007, gerando as diretrizes do plano. 5. Seminário para a construção de soluções para o Esgoto Sanitário da bacia hidrográfica do rio Itajaí, em conjunto com a Federação Catarinense de Municípios (FECAM) e o MPE, em 2007. O diagnóstico da qualidade da água apontara que o esgoto doméstico é o principal causador da baixa qualidade da água. Para iniciar o enfrentamento do problema, foi realizado o Seminário para a construção de soluções para o Esgoto Sanitário da bacia hidrográfica do rio Itajaí. O 13 objetivo foi desencadear uma discussão pública envolvendo MPE, FECAM, prefeituras, Comitê do Itajaí, instituições responsáveis pelo saneamento básico em Santa Catarina e sociedade civil na busca de soluções para o esgoto sanitário na região. Um dos principais produtos desse Seminário, do qual participaram 195 pessoas de 41 municípios e de outras 20 instituições, foram diversas diretrizes relativas ao esgoto, incorporadas às diretrizes do plano. 6. Divulgação do cadastro de usuários de água, em conjunto com a SDS. O cadastro de usuários de água na bacia do Itajaí foi lançado em 22 de março de 2007 por meio de edital da Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável e teve o apoio do Comitê do Itajaí na divulgação. Motivados pelo edital, ocorreram muitos eventos de disseminação do cadastro, da sua finalidade e operacionalização. Como consequência, mais de oito mil usuários se cadastraram nos primeiros seis meses, atingindo, em março de 2010, 10.627 usuários cadastrados. 7. Oficina para discussão dos cenários futuros para a bacia do Itajaí, em 2007. Essa oficina foi realizada para por em discussão as diretrizes para o plano de bacia e estruturar os possíveis cenários para a Bacia do Itajaí, a partir do estudo das incertezas críticas diagnosticadas. O ponto de partida para essa análise foram os cenários do Plano Nacional de Recursos Hídricos (Água para todos, Água para alguns e Água para poucos). A oficina contou com o apoio da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e teve 61 participantes. 8. Discussões públicas sobre os critérios de outorga, sobre as diretrizes do plano de bacia e sobre a visão de futuro para a bacia, na campanha “Chegou a hora de repartir a água da bacia” (Semana da Água 2007). A Semana da Água de 2007 estimulou discussões públicas sobre os critérios de outorga, as diretrizes do plano de bacia e a visão de futuro para a bacia do Itajaí. O resultado das discussões municipais foi sintetizado e aprimorado durante seis consultas públicas que ocorreram entre os dias 20 e 27 de setembro de 2007. Com base nos cenários futuros para a bacia do Itajaí foi estruturada a visão de futuro para cada sub-bacia, depois para a bacia. Estima-se que 513 pessoas participaram dessa mobilização. 9. Discussões públicas sobre as demandas para a gestão ambiental municipal: “As prefeituras vão cuidar dos nossos rios?” (Semana da Água 2008) Decorrente da visão de futuro da bacia, centrada na gestão ambiental municipal e na 14 participação, a Semana da Água de 2008 teve o objetivo de instigar os futuros gestores municipais a assumirem compromissos com a proteção da água no seu município. Para isso foram realizadas discussões públicas sobre as demandas da gestão ambiental municipal, partindo de (a) resultados do Diagnóstico da Gestão Ambiental Municipal feito pelo Projeto Piava em 2005, (b) resultados do diagnóstico participativo dos rios, (c) diretrizes do plano de bacia e (d) visão de futuro da bacia do Itajaí. Nesse ano 1625 pessoas participaram das atividades, mas a campanha foi bem além, pois houve discussões públicas municipais e uma campanha de mídia com o tema “Vote na água”. 10. Oficina para definição do programa municipal de conservação e recuperação de matas ciliares. Com o objetivo de tornar o apoio à recuperação da mata ciliar cada vez mais uma incumbência dos municípios, o Projeto Piava desenvolveu uma proposta de programa municipal de conservação e recuperação de matas ciliares, que foi submetido à discussão pública em novembro de 2008. Devido à ampla participação de técnicos das prefeituras (88 participantes representando 30 municípios), a proposta sofreu melhorias consideráveis antes de ser encaminhada para discussão e aprovação pelo Comitê do Itajaí. 11. Seminário sobre Gestão de Recursos Hídricos - Enquadramento e Cobrança, em 2009. Esse seminário foi realizado para disseminar no Vale do Itajaí dois dos instrumentos de gestão de recursos hídricos, o enquadramento e a cobrança. Contou com a participação de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e Governo do Rio de Janeiro e de comitês de bacia (do Rio Grande do Sul e de São Paulo), e permitiu discutir criticamente os trabalhos em andamento no Comitê do Itajaí visando a implementação desses instrumentos. Do seminário participaram 134 pessoas. 12. Oficinas de Gestão de Recursos Hídricos: metas de qualidade da água. O objetivo dessas oficinas, realizadas em 2009, foi desenvolver uma alternativa para o enquadramento dos cursos d’água em classes de qualidade, na prática chamada de “proposta de metas de qualidade da água para a bacia do Itajaí”. Esse objetivo se traduziu, na prática, na definição do “rio que queremos”, a partir do diagnóstico da qualidade de água (“rio que temos”) e do cadastro de usuários (“rio que precisamos”). Foram realizadas três oficinas, em Brusque, Timbó e Pouso Redondo, das quais participaram 94 pessoas. 15 13. Desencadeamento de mobilização social sobre a qualidade da água bruta, por meio de um monitoramento participativo da qualidade (Semana da Água 2009). A Semana da Água de 2009 teve como tema a “definição das metas de qualidade de água para a bacia do Itajaí”. Visando à educação, desencadeou o monitoramento participativo da qualidade da água dos rios, com o objetivo de envolver os municípios no acompanhamento da qualidade da água, tendo como pano de fundo as metas de qualidade estabelecidas pelo enquadramento. O compromisso de monitorar a qualidade da água foi acatado por 45 municípios da bacia que se propuseram a criar grupos de trabalho para discutir, divulgar e propor ações locais. Participaram do processo 770 pessoas. 14. Oficinas de Gestão de Recursos Hídricos: critérios para cobrança pelo uso da água na bacia do Itajaí, em 2009. Também em 2009, foi iniciada a discussão pública sobre os critérios para a cobrança pelo uso da água. Foram realizadas três oficinas, em Indaial, Ibirama e Ituporanga, para “discutir como resolver os conflitos pelo uso da água na bacia do Itajaí”, envolvendo principalmente os usuários de água. 53 pessoas participaram dessas oficinas. 15. II Seminário técnico: Propostas de gestão e intervenção ambiental urbana em margens de rios, promovido pelo Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais (NEUR/FURB) e pelo Projeto Piava, em 2009. O II Seminário técnico teve como objetivo atualizar o diagnóstico da situação das áreas de preservação permanente dos municípios da bacia do Itajaí e elaborar recomendações sobre a adequada gestão e intervenção das APPs. Como resultado, os participantes elencaram uma série de ações de intervenção buscando conservar as matas ciliares em ambientes urbanos e recriar a paisagem, Além, disso foram feitas recomendações para a gestão e intervenção em margens de rios nos municípios da bacia do rio Itajaí. Estiveram presentes neste evento 91 pessoas, oriundas de 23 municípios da região. 16. Atuação do Comitê Técnico de Avaliação, criado pelo Grupo Técnico-Científico (GTC), na elaboração do Plano Integrado de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais da Bacia do Itajaí. Em decorrência do desastre de novembro de 2008, o Governo de Santa Catarina criou o GTC, Grupo Técnico-Científico destinado a elaborar soluções para os desastres naturais que frequentemente assolam o estado. Em junho de 2009, esse GTC realizou uma oficina de trabalho para discutir propostas de solução originadas em diversas entidades, entre as quais a 16 proposta do Comitê do Itajaí e as críticas ao antigo Projeto da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Diante da discussão que se sucedeu, foi estabelecido o “Comitê Técnico de Avaliação das Propostas para o Vale do Itajaí”, composto de representantes de 20 instituições, das quais cinco do Vale do Itajaí. O Comitê assim formado realizou 10 reuniões, ao longo das quais elaborou o Plano de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais da Bacia do Itajaí (PPRD-Itajaí), aprovado pelo Comitê do Itajaí em setembro. 17. Processo de capacitação e envolvimento da comunidade indígena Laklãno. A capacitação da comunidade indígena Laklãno teve como principal objetivo envolver a comunidade no processo participativo da gestão de recursos hídricos da bacia do Itajaí. As atividades tiveram inicio em 2009 e foram focadas (a) no resgate cultural, (b) na gestão dos recursos hídricos, (c) na recuperação das matas ciliares e (d) na sustentabilidade ambiental. Participaram das oficinas 46 pessoas, entre lideranças comunitárias (caciques), integrantes da comunidade e profissionais que atuam na reserva (antropólogo, agentes de saúde e representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI)). 18. Oficina para discutir o modelo para a cobrança pelo uso da água, em 2010. Essa oficina teve como objetivo por em discussão o aprimoramento do modelo de cobrança pelo uso da água construído ao longo das discussões públicas realizadas em 2009. Estiveram presentes 37 pessoas, ligadas principalmente ao setor industrial. 19. Oficina de trabalho sobre o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, em 2010. Essa última oficina foi realizada para definir alguns encaminhamentos iniciais para um programa de pagamento por serviços ambientais para a Bacia do Itajaí, nos moldes do Programa Produtor de Água da ANA, e atendendo Lei Estadual No 15.133/2010, que institui o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais. Da oficina participaram 46 pessoas. 20. Audiências Públicas do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí, em 2010. Foram realizadas 06 audiências públicas, com a finalidade de dirimir dúvidas, obter dados, informações e sugestões acerca do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí. As audiências aconteceram nos municípios de Ituporanga, Rio do Sul, Ibirama, Timbó, Blumenau e Itajaí entre os dias 6 e 15 de 17 abril. Participaram 243 pessoas, oriundas de 32 municípios, dentre os quais 30 pertenciam à bacia do Itajaí, exceto Florianópolis e Criciúma. Desse conjunto de eventos participaram, segundo registros na secretaria do Comitê do Itajaí, 27.900 pessoas12. O processo participativo e de aprendizagem social, inovador em termos de gestão pública no Vale do Itajaí e em Santa Catarina, promoveu o diálogo, o entendimento sobre a bacia hidrográfica e seus segredos, a troca de experiências sobre as práticas de uso da água, e aproximou as instituições que trabalham e militam nessa região. Pode-se afirmar que o Plano da Bacia, produzido como resultado da contribuição de milhares de pessoas, representa a vontade e a disposição da sociedade do Vale do Itajaí em construir um futuro com base em mais conhecimento e autonomia, assumindo o compromisso intergeracional e com respeito pela natureza. Considerando o espaço de tempo dilatado para sua elaboração, foram estabelecidos os anos de 2015, 2020 e 2030 como horizontes temporais para o Plano da Bacia. Seguindo a orientação da Resolução CNRH 17/2001, o Plano da Bacia foi desenvolvido em três fases. A fase A, denominada Diagnóstico e Prognóstico, é a compilação e a síntese de estudos técnicos abrangentes, de várias áreas de conhecimento, descritivos da realidade da bacia hidrográfica, porém, focados no sentido de produzir elementos para aplicação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos. É a fase em que predominou o estudo, a pesquisa bibliográfica, o trabalho em gabinete. A fase B, denominada de Compatibilização e Articulação, foi a fase mais criativa, de manipulação dos dados disponíveis, de muita discussão, de negociação, para encontrar caminhos que sirvam como solução para os problemas detectados na fase A. É nessa fase que ocorreram praticamente todos os eventos que tornaram o Plano da Bacia tão participativo. A fase C, a Elaboração do Plano Diretor de Recursos Hídricos, é a fase estratégica, de organização e de síntese, e que no seu conjunto consubstancia a política de água para a bacia hidrográfica. A estrutura do documento também segue a orientação da Resolução CNRH 17/2001, abrangendo três partes e nove capítulos. A parte A constitui a fase de Diagnóstico e Prognóstico, com cinco capítulos. O capítulo A1 - Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas da Bacia Hidrográfica - ocupa-se com a disponibilidade hídrica da bacia, descrita em termos da quantidade de água existente em cada sub-bacia e da qualidade desta água. A água subterrânea também é considerada, porém a informação disponível ainda é pouca. O 12 Repetições não são consideradas nessa contagem. 18 capítulo A2 - Diagnóstico e Prognóstico das Demandas Hídricas - caracteriza o processo de desenvolvimento na bacia do Itajaí, seus reflexos sobre o uso do solo, os usos de água praticados na bacia do Itajaí e a estimativa das demandas por sub-bacia e totais por setor, para os anos de 2010, 2015, 2020, 2025 e 2030. Para completar o capítulo, foi estruturada uma matriz de problemas associados aos usos da água e uma matriz de conflitos de uso da água, com base em evidências científicas e na experiência dos profissionais que atuam na Câmara Técnica de Planejamento. O capítulo A3 - Cenário Tendencial das Demandas Hídricas – apresenta o confronto entre disponibilidade e demanda atual e futura, para diferentes cenários, o que evidencia a importância dos conflitos apontados no capítulo A2. O capítulo A4 - Diagnóstico da Dinâmica Social da Bacia – faz um apanhado das competências das instituições públicas que atuam na bacia, analisa a capacidade institucional dos municípios para a gestão da água, descreve os padrões culturais e antropológicos da região (desde a presença indígena e suas influências), caracteriza o potencial de mobilização da sociedade para a discussão do plano de bacia, e identifica os atores sociais estratégicos da bacia. Finalmente, o capítulo A5 - Organização e Condução da Mobilização Social para o Diagnóstico – trata das estratégias adotadas para que a sociedade participasse efetivamente da elaboração do Plano da Bacia e da síntese dos resultados alcançados. A parte B constitui a fase de Compatibilização e Articulação, contendo dois capítulos. O capítulo B1 apresenta as Alternativas de Compatibilização das Disponibilidades e Demandas Hídricas, incluindo a formulação dos cenários, da visão de futuro, das diretrizes, das intervenções prioritárias na bacia e seu custo, e os estudos visando à aplicação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos. O capítulo B2 apresenta a Mobilização Social para Compatibilização e Articulação, bem como os resultados dessa mobilização, que compreende discussões públicas sobre as diretrizes, os critérios de outorga, o enquadramento dos cursos d’água, a cobrança pelo uso da água e a visão de futuro da bacia do Itajaí, bem como as ações para o aprimoramento da gestão ambiental municipal. A parte C constitui a terceira e última fase, denominada Elaboração do PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS, em dois capítulos. O capítulo C1, intitulado Metas e Estratégias, apresenta os objetivos, metas e programas do Plano da Bacia; o programa de implementação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos; e uma proposta para operacionalizar as organizações criadas para atuar na gestão de recursos hídricos e assim viabilizar a implementação do Plano. O capítulo C2 apresenta a Mobilização Social para Participação no Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 19 Os objetivos mencionados no início de cada capítulo e/ou seção são os pré-definidos pela Resolução CNRH 17/2001, e que são em grande parte cumpridos. 20 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO Esta síntese objetiva apresentar de forma resumida os resultados da fase A do plano de bacia, permitindo uma rápida leitura das principais informações do diagnóstico e prognóstico dos recursos hídricos da bacia do Itajaí. As informações detalhadas são encontradas ao longo dos capítulos da Fase A do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí. Demandas hídricas As atividades usuárias de água cadastradas foram: abastecimento público, esgotamento sanitário, criação animal, indústria, aquicultura, irrigação, mineração, geração de energia e outros usos. Sendo que esta última abrange todas as atividades que não se enquadram nas anteriores. As figuras a seguir mostram as demandas de cada atividade por sub-bacia. ES AL V N BE LU IZ ED IT O U Ç JA Í-A IT A IT AJ AÍ M IR IM D JA Í IT A O D JA Í IT A O NO O ES O JA ÍD IT A SU L RT E 4.000.000 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 - TE M3/MÊS ABASTECIMENTO PÚBLICO - BACIA DO ITAJAÍ SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.2 – Abastecimento público por sub-bacia (Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC) 21 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 IT A ES AL V N BE LU IZ ED IT O U Ç JA Í-A IT A IT AJ AÍ M IR IM D IT A JA Í D JA Í O O NO O ES O JA ÍD IT A SU L RT E 1.000.000 500.000 - TE M3/MÊS ESGOTAMENTO SANITÁRIO - BACIA DO ITAJAÍ SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.4 – Esgotamento sanitário por sub-bacia (Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC) AL VE S LU IZ ED IT O IR IM M U BE N JA ÍD IT A IT AJ AÍ -A Ç IT AJ AÍ D IT AJ AÍ O NO O O IT AJ AÍ D SU L RT E 7.000.000 6.000.000 5.000.000 4.000.000 3.000.000 2.000.000 1.000.000 O ES TE M3/MÊS CRIAÇÃO ANIMAL - BACIA DO IATAJAÍ SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.5 – Criação animal por sub-bacia (Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC) INDÚSTRIA - BACIA DO ITAJAÍ 6.000.000 5.000.000 M3/MÊS 4.000.000 3.000.000 2.000.000 1.000.000 AL VE S LU IZ BE N ED IT O U IT AJ AÍ -A Ç IR IM IT AJ AÍ M SU L O D IT AJ AÍ NO O IT AJ AÍ D IT AJ AÍ D O O ES TE RT E (1.000.000) SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.7 – Demandas da indústria por sub-bacia (Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC) 22 AQUICULTURA - BACIA DO ITAJAÍ 3.000.000 2.500.000 M3/MÊS 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 LV ES A LU B IZ EN ED AJ AÍ -A IT IT IT O ÇU IM AJ AÍ M IR SU L IT IT IT AJ AÍ D O AJ AÍ DO AJ AÍ DO NO R O ES TE (500.000) TE - SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.9 – Demanda da aquicultura por sub-bacia (Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC) AL VE S LU IZ ED IT O BE N IT AJ AÍ -A Ç U IT AJ AÍ M IR IM O IT AJ AÍ D NO IT AJ AÍ D O O D IT AJ AÍ SU L RT E 8.000.000 7.000.000 6.000.000 5.000.000 4.000.000 3.000.000 2.000.000 1.000.000 O ES TE M3/MÊS IRRIGAÇÃO - BACIA DO ITAJAÍ SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.11 – Demandas da irrigação por sub-bacia. Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC MINERAÇÃO - BACIA DO ITAJAÍ 60.000 M3/MÊS 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 VE S AL LU IZ BE N ED IT O U IT AJ AÍ -A Ç IT AJ AÍ M IR IM SU L IT A JA Í D O NO O IT AJ AÍ D IT AJ AÍ D O O ES TE RT E - SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.13 – Demandas da mineração por sub-bacia. Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC 23 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 239,6 111,2 s m - Lu iz íM iri Al ve It a ja í-a çu o Be ne dit Su l It a ja íd o Oe ste It a ja íd o íd o It a ja 4,5 It a ja 30,1 11,5 No rt e MW Geração de Energia - Bacia do Itajaí Sub-Bacias Figura A2.16 – Geração de energia por sub-bacia. Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC OUTROS USOS - BACIA DO ITAJAÍ 3.000.000 M3/MÊS 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 AL VE S LU IZ ED IT O BE N IT AJ AÍ -A Ç U M IR IM IT AJ AÍ SU L D O IT AJ AÍ NO O D IT AJ AÍ IT AJ AÍ D O O ES TE RT E - SUB-BACIAS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.19 – Demandas de outros usos por sub-bacia (Fonte: Adaptado do cadastro de usuários da SDS/ SIRHESC) Em síntese, o cadastro fornece as informações sobre as demandas de água na bacia do Itajaí. A maior captação ocorre na bacia do Itajaí do Oeste, atingindo mais de 17 milhões de metros cúbicos por mês, como mostra a Figura A2.21, e a menor demanda ocorre na bacia do Itajaí do Norte. A Figura A2.22 apresenta esses mesmos dados, em percentuais da demanda total. 24 VE S LU IZ AL BE NE DI TO U JA Í-A Ç IT A IT AJ AÍ IT AJ AÍ D O M SU L RT E NO O JA ÍD IT A DO IT AJ AÍ IR IM 20.000.000 18.000.000 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 OE ST E M3/MÊS BACIA DO ITAJAÍ DEMANDA DOS USOS CONSUNTIVOS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.21 – Demandas (captação) de água por sub-bacia BACIA DO ITAJAÍ - DEMANDA POR SUB-BACIA ITAJAÍ DO NORTE 2% LUIZ ALVES 4% BENEDITO 8% ITAJAÍ DO OESTE 35% ITAJAÍ DO SUL 9% ITAJAÍ MIRIM 17% ITAJAÍ-AÇU 25% ITAJAÍ DO NORTE LUIZ ALVES BENEDITO ITAJAÍ DO SUL ITAJAÍ MIRIM ITAJAÍ-AÇU ITAJAÍ DO OESTE Figura A2.22 – Percentuais das demandas de água por sub-bacia Num esforço de síntese maior ainda, deve-se dizer que na bacia do Itajaí como um todo, o volume de água captada atinge o valor de 49.848.098 m3/mês, segundo os dados do cadastro em 14/07/2008. A irrigação é o uso de maior demanda, atingindo 18 milhões de metros cúbicos (Figura A2.44). Em segundo lugar está a criação animal, que demanda próximo de 9 milhões de metros cúbicos. Na mesma ordem de grandeza está o abastecimento público e a indústria, que captam pouco mais de 7 milhões de metros cúbicos cada. Do ponto de vista quantitativo, fica, pois reconhecida a importância dos diversos usos consuntivos na bacia. Essa importância relativa dos diversos usos se torna ainda mais evidente na Figura A2.45, que apresenta os percentuais dos volumes captados pelos diversos segmentos. Somando as demandas das atividades agropecuárias, observa-se que essas são responsáveis 25 por 62,15% da demanda. É necessário lembrar, porém, que esse resultado se baseia nos usuários cadastrados até julho de 2008. AB AS TE C ÃO IG AÇ R IR C O U M TR IN O S ER US O S AÇ ÃO AL IM AN RI AÇ ÃO D TO IM EN IN /E SG O LT UR U IC AQ U ÚS TR IA TO 20.000.000 18.000.000 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 - A M3/MÊS BACIA DO ITAJAÍ USOS CONSUNTIVOS CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CONSUMO Figura A2.44 –Usos múltiplos na Bacia do Itajaí. Fonte: Adaptado do Cadastro de Usuários da SDS/ SIRHESC CAPTAÇÃO DOS USOS CONSUNTIVOS OUTROS USOS 7,56% MINERAÇÃO 0,12% AQUICULTURA 8,37% IRRIGAÇÃO 35,91% ABASTECIMENTO 14,99% INDÚSTRIA 15,18% CRIAÇÃO ANIMAL 17,87% IRRIGAÇÃO CRIAÇÃO ANIMAL INDÚSTRIA AQUICULTURA OUTROS USOS MINERAÇÃO ABASTECIMENTO Figura A2.45 – Percentuais de participação das demandas dos usos consuntivos. Fonte: Adaptado do Cadastro de Usuários da SDS/ SIRHESC A distribuição espacial da soma das demandas, determinada com os dados cadastrados até 26/10/2009, é apresentada no Mapa 55. 26 27 Disponibilidade hídrica A identificação das vazões mínimas que ocorrem em todos os trechos dos rios de uma bacia hidrográfica é uma das informações mais importantes para o gerenciamento da água. No presente diagnóstico foram consideradas as vazões Q98, Q95 e Q90, para as pequenas bacias definidas pelos trechos do Mapa 5 (seção A1.1.1 – pág. 11 do Plano de Bacia). Estas vazões mínimas foram determinadas pelo tempo de permanência, ou seja, é a vazão que é igualada ou excedida em uma determinada porcentagem do tempo. Na Tabela A1.3 constam os valores dessas vazões mínimas para as sub-bacias e no Mapa 6 é apresentada a regionalização para a Q98. Tabela A1.3 - Vazões mínimas para a foz das sub-bacias do rio Itajaí Sub-bacia Itajaí do Sul Itajaí do Oeste Itajaí do Norte Benedito Luis Alves Itajaí Mirim Itajaí-açu Q98 (L/s) 4583,84 5763,83 5490,05 11.524,72 3649,97 20.696,62 146.325,46 Q95 (L/s) 6548,34 8234,04 7842,93 14.353,50 4692,82 25.692,36 181.645,39 Q90 (L/s) 8512,84 10.704,26 10.195,81 17.182,29 5909,48 30.688,10 216.965,34 É sabido que a cobertura florestal influencia o ciclo de água através dos processos de interceptação, evapotranspiração e infiltração da água precipitada. Um estudo sobre a evolução da cobertura vegetal da bacia do Itajaí foi desenvolvido por Vibrans (2006), utilizando diversos recursos técnicos. Com base em imagens de satélite, um importante resultado sobre os usos do solo para o ano 2000 foi obtido (Mapa 38). Não é difícil perceber que a cobertura florestal da bacia do Itajaí não é homogênea e nem contínua. Ela forma uma espécie de “colcha de retalhos”, composta por redutos de florestas pouco influenciadas pela atividade humana (florestas primárias intocadas) e por remanescentes explorados e alterados de forma mais ou menos intensiva (florestas primárias alteradas). Além destes, são importantes as formações florestais secundárias surgidas após um desmatamento, com ou sem uso agrícola, de idade e estado de desenvolvimento diversos, entremeadas por lavouras, pastagens, reflorestamentos e áreas urbanas. Esta colcha de retalhos está em permanente transformação. 28 29 30 Confronto entre disponibilidades e demandas hídricas O confronto entre as disponibilidades e as demandas hídricas para a bacia do Itajaí, foi realizado através de simulações para o atendimento das diversas demandas, sob determinados critérios, para as pequenas bacias definidas pelos trechos do modelo de regionalização apresentados no Mapa 5 (seção A1.1.1 – pág. 11 do Plano de Bacia). De posse das informações sobre as vazões de estiagem Q98, Q95, Q90 e das demandas de cada tipo de uso, provenientes dos dados fornecidos pelo cadastro de usuários de água do Estado de Santa Catarina, foi feito o balanço entre disponibilidade e demanda em cada pequena bacia. Para as simulações foram consideradas diferentes vazões de referência: Q98, Q95 e Q90, obtidas do Estudo de Regionalização de Vazões das Bacias Hidrográficas Estaduais do Estado de Santa Catarina (2006). Em cada simulação, a vazão outorgável foi considerada como sendo igual a 50% da vazão de referência. Isso significa que a vazão disponível para atender as demandas do ecossistema é representada pelos outros 50% da vazão de referência. Uma visão geral da simulação 1 (Vazão referencial = Q98; Vazão outorgável = 50% da Q98) é dada pelo Mapa 56, em que as áreas vermelhas são as pequenas bacias em que a demanda atual não é atendida, as áreas em amarelo queimado são as pequenas bacias em que a vazão excedente é baixa, e nas demais áreas não há problemas em relação à disponibilidade quantitativa de água, pelo menos nessa escala. 31 32 O estudo do atendimento das demandas projetadas para 2015, 2025 e 2030 foi realizado considerando as projeções dos principais segmentos de usuários de água da bacia e a vazão disponível em cada sub-bacia. A Tabela A3.7 mostra as projeções e a vazão disponível para as sub-bacias do rio Itajaí. Tabela A3.7 - Projeções de demandas para 2015, 2025 e 2030 e vazões disponíveis por sub-bacia Sub-bacia I. Sul Demandas m3/ano 2015 2025 2010 58.709.000 69.809.831 Vazão disponível m3/ano 50% Q90 50% Q95 50% Q98 2030 91.929.095 102.947.799 132.391.799 101.839.845 71.287.892 238.813.397 292.488.551 319.226.811 166.472.677 128.055.905 89.639.134 I. Oeste 211.875.845 I. Norte 11.579.716 12.882.534 15.478.500 16.771.680 158.565.235 121.973.257 85.381.280 Benedito 54.771.998 60.744.177 72.644.205 78.572.201 267.218.948 223.225.717 179.232.486 Luiz Alves 28.004.174 32.716.977 42.107.602 46.785.538 91.904.212 72.982.757 56.764.366 477.261.402 399.567.686 321.873.969 I. Mirim 146.399.613 160.065.740 187.296.553 200.861.573 I. Açu * 205.119.413 224.351.891 262.674.090 281.764.280 1.471.474.719 1.777.304.333 2.080.430.853 * Foi considerado a vazão incremental da sub-bacia do Itajaí-açu As sub-bacias que não apresentaram problemas de atendimento das demandas futuras necessitam de análises por trecho de rio para verificar se existem problemas localizados de falta de água. Essas análises são realizadas na implementação da outorga e poderão restringir a implantação de alguma atividade. Com o intuito de avaliar o impacto das mudanças climáticas, foi feita, para o ano de 2030, uma análise adicional, considerando-se uma redução de 10% na oferta de água. A Tabela A3.8 resume os resultados da simulação realizada. Tabela A3.8 - Projeções de demandas para 2015, 2025 e 2030 considerando mudanças climáticas Sub-bacia 2010 I. Sul 58.709.000 Demandas m3/ano 2015 2025 69.809.831 2030 Vazão disponível m3/ano 50% Q90 50% Q95 50% Q98 91.929.095 102.947.799 119.152.619 91.655.861 64.159.103 238.813.397 292.488.551 319.226.811 149.825.409 115.250.315 80.675.220 I. Oeste 211.875.845 I. Norte 11.579.716 12.882.534 15.478.500 16.771.680 142.708.711 109.775.932 76.843.152 Benedito 54.771.998 60.744.177 72.644.205 78.572.201 240.497.053 200.903.145 161.309.238 Luiz Alves 28.004.174 32.716.977 42.107.602 46.785.538 82.713.791 65.684.481 51.087.930 429.535.262 359.610.917 289.686.572 I. Mirim 146.399.613 160.065.740 187.296.553 200.861.573 I. Açu* 205.119.413 224.351.891 262.674.090 281.764.280 1.471.474.719 1.777.304.333 2.080.430.853 * Foi considerado a vazão incremental da sub-bacia do Itajaí-açu 33 Avaliação da qualidade das águas O monitoramento rotineiro da qualidade das águas não tem sido realizado em toda a bacia do Itajaí, porém, existe uma série de levantamentos e estudos cujos locais abrangidos por eles estão dispostos no Mapa 11. As investigações realizadas sobre a qualidade das águas na bacia do Itajaí contemplam apenas alguns parâmetros, sendo outros comumente negligenciados. Isto ocorre devido aos usos da água preponderantes na bacia, que levam ao estudo ou ao monitoramento dos parâmetros em geral mais afetados por tais usos. Com ajuda da interpretação do significado dos parâmetros estudados, esse conjunto permite, em síntese, dar a condição atual dos rios da bacia hidrográfica, e identificar os problemas mais relevantes de qualidade de água. A junção dessas informações gerou uma síntese do diagnóstico de qualidade representada no Mapa 34, “O rio que temos”. Sabe-se que a determinação de uma classe leva em consideração vários parâmetros, mas para efeito da identificação de “O rio que temos” o critério adotado foi utilizar sempre a pior classe de qualidade encontrada em cada seção de rio. 34 35 36 Enquanto as simulações de atendimento das demandas consuntivas avaliam se há água suficiente para todos os usos, as simulações para a diluição de efluentes servem para avaliar até que ponto esses podem ser diluídos sem afetar a qualidade de água do rio, de modo a permitir a prática continuada dos usos desejados da água. Essa avaliação é descrita detalhadamente na seção A3.1.2 do Plano de Bacia. O resultado pode ser constatado no Mapa 59, que aponta uma condição um pouco distinta do “rio que temos” (Mapa 34), mas mostra que os rios da bacia estão longe de atender o enquadramento estabelecido pela Resolução CERH 01/2008, que atribui a todos os rios classe 2. Parte dos rios estão em situação melhor, e parte está em situação pior. Mesmo no cenário dos esgotos tratados, muitos trechos de rio permanecem na faixa da classe de qualidade 3. 37 38 Problemas e conflitos A identificação de problemas associados aos usos da água baseia-se em revisão bibliográfica, em estudos em andamento e em informações coletadas pelos membros da Câmara Técnica de Planejamento, e consta na Tabela A2.28 (seção A2.2.4 – pag. 227 do Plano de Bacia). Nela, além dos usos de água classificados de acordo com o cadastro de usuários, são consideradas algumas outras atividades que têm relevância para a qualidade ou para a quantidade de água na bacia do Itajaí: limpeza de ribeirão e drenagem urbana (que pode ser considerado um uso não-consuntivo), aterros sanitários (não-consuntivo), uso do solo (não- consuntivo) e o sistema de contenção de cheias. Em conseqüência dos problemas assinalados, verificam-se diversos conflitos ou conflitos potenciais, apresentados na Tabela A2.32 a seguir. A leitura desta tabela deve ser feita de linha para coluna. Por exemplo, o conflito potencial indicado pela linha 1 e pela coluna 9 deve ser lido da seguinte forma: “O abastecimento público afeta a conservação ambiental devido ao lançamento de lodo das Estações de Tratamento de Água (ETAs)”. Os resultados mostram que o uso mais ameaçado é a conservação ambiental (fundo cor de abóbora), enquanto os usos que mais causam conflitos são: irrigação, criação de animais, indústria, piscicultura, diluição de esgotos, mineração e uso do solo (fundo amarelo). 39 Tabela A2.32 – Conflitos de uso da água e correlatos (os usos que causam os conflitos constam nas linhas, os usos prejudicados constam nas colunas) 1 2 3 4 5 8 9 11 12 AbasteciIrrigação Animais Indústria Aquicultura Atividade Conservação Geração Drenagem mento portuária Ambiental Energia urbana 1 Lançamento de Abastecimento lodo das ETAs 2 Altera a Altera a Altera a Altera a Irrigação qualidade e qualidade qualidade e quantidade quantidade e quantidade quantidade 3 Afeta a Afeta a Afeta a Afeta a Altera a Animais qualidade qualidade qualidade qualidade qualidade 4 Afeta Afeta Afeta Afeta Afeta Afeta Indústria qualidade qualidade qualidade qualidade qualidade qualidade 5 Afeta a Afeta a Afeta a Afeta a Afeta a Aquicultura qualidade qualidade qualidade qualidade qualidade 6 Provoca Mineração escorregamento de margens, alterando a dinâmica fluvial 7 Turismo e Lazer 8 Atividade Portuária 14 Uso do solo Proprietários ribeirinhos perdem terras devido aos desbarrancamentos Parques aquáticos degradam a paisagem Dragagem periódica da calha libera metais pesados contidos nos sedimentos. Descarte de rejeitos da limpeza das embarcações, água de lastro e 40 1 Abastecimento 2 Irrigação 3 Animais 4 Indústria 5 Aquicultura Altera a qualidade Altera a qualidade Altera a qualidade Altera a qualidade Altera a qualidade 10 Diluição de esgotos 11 Geração Energia 12 Drenagem urbana, incluindo limpeza de ribeirão 13 Aterros Sanitários 14 Uso do solo Afeta a qualidade da água 15 Sistema de previsão de Limpeza da barragem Afeta a qualidade da água Afeta a qualidade da água Afeta a qualidade da água Afeta a qualidade da água 8 Atividade portuária Terraplanagens geram aumento de sedimentos nos rios e ameaçam o porto 9 Conservação Ambiental vazamentos Deteriora a qualidade da água Vazão remanescente muito baixa em trechos de rio afetam ecossistema Degrada o curso d'água e o entorno, altera a dinâmica fluvial e afeta a biota aquática Falta de monitoramento dos sistemas de controles ambientais ameaçam qualidade de água Desmatamento em áreas de nascentes, suinocultura em áreas de APP, ocupação das margens de rios Destinação dos entulhos 11 Geração Energia 12 Drenagem urbana 14 Uso do solo Provoca limpeza de ribeirões e canalização Afeta a quantidade de água Terraplanagens geram sedimentos nos ribeirões exigindo dragagens Mau uso do solo aumenta os custos de manutenção da infraestrutura Barragem Norte gera 41 cheias 1 Abastecimento dificulta tratamento de água para abastecimento 2 Irrigação 3 Animais 4 Indústria 5 Aquicultura 8 Atividade portuária 9 Conservação Ambiental retirados periodicamente das barragens 11 Geração Energia 12 Drenagem urbana 14 Uso do solo conflitos entre índios e população atingida pelas cheias 42 Instituições estaduais que atuam na região A estrutura administrativa do Governo do Estado de Santa Catarina foi estabelecida pela Lei Complementar 381/2007, que define as autarquias e estabelece as atribuições dos órgãos da administração direta e indireta. Entre esses órgãos, os seguintes tem competência relacionada com a gestão de recursos hídricos: Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) Departamento Estadual de Defesa Civil Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) Fundação de Meio Ambiente (Fatma) Polícia Militar Ambiental Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) Comitê do Itajaí Grupo Técnico-Científico (GTC) Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) Análise do âmbito municipal13 A análise do papel do município na gestão de recursos hídricos com vistas à construção de uma gestão integrada da água considerou o contexto dos municípios em uma bacia urbano-rural e a sua problemática relativa, assim como a realidade do Comitê do Itajaí e do gerenciamento da água no Estado de Santa Catarina. O critério para o diagnóstico foi estabelecido a partir das políticas setoriais ligadas ao desenvolvimento urbano, desenvolvimento rural e meio ambiente. Foi considerada a capacidade de articulação dos municípios em diferentes níveis e com diferentes instituições, programas e projetos, incluindo 13 Esta análise se baseia no estudo desenvolvido por SCHULT (2006), a partir de um diagnóstico da gestão ambiental municipal realizado pelo Projeto Piava. 43 o Comitê do Itajaí. Os itens selecionados partem da análise das competências municipais e do papel do município na proteção da água, no âmbito destas políticas. O resultado desta análise, descrita com detalhes na seção A4.1.2 do Plano de Bacia, pode ser conferida no Mapa 68, que apresenta o nível de interação muncipal com vistas à construção da gestão integrada da água. 44 45 SÍNTESE DA COMPATIBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO Esta síntese objetiva apresentar de forma resumida os resultados da fase B do plano de bacia, permitindo uma rápida leitura das principais informações sobre a compatibilização e articulação para a gestão dos recursos hídricos da bacia do Itajaí. As informações detalhadas são encontradas ao longo dos capítulos da Fase B do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí. O cenário desejado e a visão de futuro da bacia do Itajaí O planejamento por meio da construção participativa de cenários tem sido amplamente utilizado por organizações públicas e privadas. Os cenários orientam o estabelecimento de regras coerentes com as especificidades da região. É a base para a definição de estratégias que protegem das situações adversas e conduzem ao futuro desejado. Para o plano da bacia do Itajaí foram construídos três cenários: “Bacia do Itajaí sustentável”, “SOS Itajaí” e “Como era rico o meu vale”. O cenário almejado pelo Plano da Bacia é o mais positivo dos três cenários construídos, apresentado a seguir. Bacia do Itajaí Sustentável Contexto geral: Sob influência de um mundo que cresce de maneira contínua, o Brasil adota, gradativamente, um modelo de desenvolvimento que caminha no sentido da redução da pobreza e das desigualdades sociais, graças ao forte índice de crescimento econômico e de políticas sociais consistentes e integradas. Do ponto de vista ambiental, as taxas de desmatamento caem, em grande parte pelas novas políticas adotadas, baseadas na lógica econômica e na cooperação entre os atores estatais, o mercado e a sociedade civil. Há também uma clara redução da poluição nas cidades. A educação ambiental estende-se a todas as escolas, permitindo que uma cultura de economia nos gastos energéticos e de recursos naturais se instale gradativamente no país. O relativo equilíbrio entre o aumento das atividades econômicas e a redução dos impactos sobre os recursos hídricos deve-se não apenas à adoção de novas práticas produtivas e novas tecnologias, mas também a uma gestão operativa implementada ao longo de mais de vinte anos, articulando os diversos entes federados em um pacto de controle (no enquadramento, na outorga e na cobrança que orientam o melhor uso e a proteção das águas), fiscalização (na produção e lançamento de dejetos, na proteção de nascentes) e, sobretudo, incentivos (crédito e redução fiscal), com a implantação de programas especiais de estímulo à adoção de práticas mais conservacionistas dos recursos hídricos e aos mecanismos de adesão voluntária voltados ao uso sustentável dos recursos hídricos. A participação social ganha relevância e condições favoráveis ao uso mais racional dos recursos hídricos. 46 Bacia do Itajaí Sustentável Manejo rural: Conservacionista As práticas agrícolas adotadas na bacia são realizadas respeitando as características naturais dos solos, reduzindo os impactos ambientais e aumentando a produtividade. As atividades produtivas são compatibilizadas com a proteção ambiental, garantindo o equilíbrio na relação solo-floresta-água. A permanência do agricultor no campo é incentivada pelo aumento da produtividade agrícola e através de políticas públicas. Existe uma interação social e econômica entre a agricultura familiar e as agroindústrias, estimulando a organização dos produtores em associações e cooperativas rurais. O setor rural participa ativamente da gestão dos recursos hídricos. Gestão ambiental municipal: Estruturada e atuante Os municípios têm seu conselho municipal de meio ambiente estruturado de acordo com a legislação. O conselho se reúne periodicamente e estabelece o planejamento ambiental para o município, em articulação com o plano de bacia, inclusive a aplicação dos recursos para a proteção ambiental. O município mantém uma equipe capaz de realizar a fiscalização ambiental, gerenciar programas de recuperação e proteção de nascentes e matas ciliares, atuar na educação ambiental, além de exercer as demais atribuições previstas nos convênios firmados com o Estado. Gestão ambiental estadual: Estruturada e atuante O órgão executivo da política de recursos hídricos está definido e a gestão se dá de forma descentralizada e articulada com a gestão ambiental e territorial. Essa articulação é possível porque os órgãos estaduais de meio ambiente – Secretaria Estadual, FATMA e Polícia Ambiental - encontram-se estruturados e atuantes. Instrumentos de gestão: Outorga e cobrança implementados Todos os usos da água praticados na bacia do Itajaí estão regulados, reduzindo consideravelmente o potencial de conflitos. Os valores arrecadados pela cobrança são destinados a programas de manejo rural conservacionista e gestão ambiental em todos os municípios da bacia do Itajaí. A gestão destes recursos é feita de forma transparente e a decisão sobre os investimentos é resultado de discussão com a sociedade. Tratamento de esgoto: Expansão mediana e economicamente viável Todos os municípios da bacia do Itajaí já possuem Política Municipal de Saneamento e o respectivo Plano Municipal de Saneamento Básico. No entanto, em função do alto déficit em investimentos em tratamento de esgoto, não se tem conseguido ainda atingir a cobertura universal preconizada. Por outro lado, os investimentos em obras estão priorizando os municípios que apresentam pior situação, baseado no diagnóstico da bacia. Além disso, os projetos implantados são sustentáveis e apresentam viabilidade econômica em razão da redução da desigualdade social. Verifica-se uma considerável melhora no quadro geral da região, no que se refere à qualidade da água associada à contaminação por esgoto e a tendência evidencia um aumento do ritmo de crescimento. Articulação do comitê de bacia com os governos estadual e federal: Forte As decisões do Comitê de Bacia são respeitadas pelo Governo do Estado e pelos órgãos federais que atuam na gestão de recursos hídricos. Todos os órgãos estaduais têm atuação importante no Comitê. O Comitê tem assento no Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O plano de bacia é do conhecimento da Assembléia Legislativa e é levado em consideração no plano plurianual do governo estadual. 47 Bacia do Itajaí Sustentável Gestão de cheias e de estiagens: Integrada A vulnerabilidade às cheias e estiagens é compreendida como sendo o resultado da intervenção humana na bacia e sua gestão leva esse fato em consideração. Em conseqüência, as ações de contenção de cheias e de minimização de estiagens são integradas às políticas municipais de ocupação do território, proteção florestal e gerenciamento de áreas de inundação. Para que esse cenário adquira significado, o estudo dos cenários foi utilizado para construir a visão de futuro da bacia do Itajaí. A declaração da visão de futuro, elaborada de forma participativa durante as consultas públicas realizadas na Semana da Água de 2007, e aprovada pelo Comitê em 2008, estabelece que: Na Bacia do Itajaí, em 2030, haverá água para a manutenção da vida e para os diferentes usos, de forma justa. Isto será possível porque a gestão ambiental pública estará estruturada, atuante e articulada com a gestão de recursos hídricos e a cultura de participação estará estabelecida. Diretrizes O Plano de Bacia deve estabelecer as diretrizes que permitem alcançar o cenário desejado na evolução da gestão de recursos hídricos. Essas diretrizes devem, pois, orientar a formulação de estratégias que conduzam a este cenário. As diretrizes foram propostas a partir dos problemas identificados e das ações consideradas prioritárias, como resultado das consultas públicas do diagnóstico, descritas no Capítulo A5. A esse conjunto de diretrizes foram incorporadas aquelas produzidas no “Seminário para a construção de soluções para o Esgoto Sanitário da bacia hidrográfica do rio Itajaí”, realizado pelo Comitê do Itajaí em conjunto com a FECAM e o MPE, em 2007, orientadas para o esgoto. Foram incorporadas ainda algumas das diretrizes do “Pacto de Prevenção e Controle de Enchentes”, estabelecido em 1999, orientadas para a questão das enchentes. Partindo do entendimento de que o Plano da Bacia equivale à implementação do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) na escala da bacia, as 62 diretrizes para a bacia do Itajaí foram estruturadas em cinco blocos, de acordo com os cinco conjuntos de macrodiretrizes do Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006): 48 • Inserção do país no contexto internacional; • Ordenamento Institucional; • Articulações do Plano; • Problemas Regionais; • Gerenciamento executivo. As diretrizes são as seguintes: • Inserção do país no contexto internacional: Esta diretriz trata da interface entre as relações comerciais internacionais, característica desta bacia hidrográfica, e a gestão dos recursos hídricos, em função da existência de dois portos exportadores. 1. Fortalecer as relações político-institucionais com os portos de Itajaí e Navegantes, com o objetivo de minimizar os impactos adversos sobre os recursos hídricos que afetam a atividade portuária, bem como aqueles inerentes a essa atividade. • Ordenamento Institucional: Estas diretrizes têm como objetivo o próprio ordenamento institucional da gestão integrada dos recursos hídricos, devendo contemplar o modelo institucional adotado no Brasil, os instrumentos de gerenciamento previstos e as ações de capacitação e de comunicação social que confiram suporte a todos os atores envolvidos e ao funcionamento do sistema. Estão organizadas em seis grupos. a) Estudos e pesquisas 2. Melhorar o conhecimento sobre ecologia fluvial visando à preservação, proteção e revitalização de rios. 3. Estimular e apoiar pesquisas que possibilitem um maior conhecimento e que permitam verificar a eficiência das faixas de proteção legal, com vistas à proteção dos recursos hídricos e corredores ecológicos. 4. Aprofundar o conhecimento sobre as Unidades de Conservação (UCs) existentes e sua importância para a proteção da água. 5. Desenvolver estudos para a elaboração de regras gerais de gestão das APPs na bacia, promovendo a integração dessas regras nos planos diretores municipais. 6. Detalhar as informações sobre as áreas de recarga no meio rural e meio urbano. 7. Promover estudos sobre a qualidade e a disponibilidade de águas subterrâneas, identificando possíveis fontes contaminadoras. 49 8. Desenvolver estudos para identificação dos impactos decorrentes da adoção de soluções de reservação de água para uso na área rural. 9. Desenvolver estudos sobre os aspectos qualitativos e quantitativos dos usos da água, visando o uso racional. b) Recursos financeiros 10. Fortalecer os municípios para a captação de recursos para projetos de gestão integrada dos recursos hídricos. 11. Identificar fontes de recursos para criação, implantação e manutenção de Unidades de Conservação. 12. Estimular a criação de programas de neutralização de carbono para financiar ações de proteção florestal. 13. Identificar fontes de recursos para o fortalecimento da Agência de Água do Vale do Itajaí, com ênfase na sua estruturação e manutenção de quadro técnico e administrativo. c) Políticas municipais 14. Criar mecanismos eficazes para evitar intervenções inadequadas nos cursos d’água. 15. Promover ações para proteger e revitalizar os cursos d’água. 16. Promover a consolidação das APPs como espaços territoriais protegidos, com vistas à sustentabilidade dos recursos hídricos, indistintamente em áreas urbanas e rurais. 17. Estimular a criação de políticas ambientais municipais voltadas para a preservação, conservação e recuperação ambiental, fortalecendo os órgãos e conselhos municipais de meio ambiente. 18. Apoiar a implantação e manutenção de viveiros para a produção de mudas nativas. d) Instrumentos (sistema de informações de recursos hídricos, outorga, cobrança, enquadramento) 19. Difundir a noção de que toda e qualquer informação levantada sobre recursos hídricos é pública. 20. Coletar, sistematizar e disseminar as informações de qualidade de água existentes nas diversas instituições públicas e privadas da bacia. 21. Durante a implantação da outorga (01 ano) atender preferencialmente os usuários já instalados. 22. Condicionar as outorgas para empreendimentos hidrelétricos ao desenvolvimento de uma Avaliação Ambiental Integrada de Bacia Hidrográfica. 23. Revisar os critérios de outorga até 2015. 24. Considerar vinculados o abastecimento de água e o esgotamento sanitário para fins de discussão da política de cobrança do uso da água. 25. Estabelecer metas progressivas de qualidade de água a serem atingidas segundo o enquadramento. 50 26. Elaborar o modelo de cobrança que irá definir quanto custa a água. 27. Elaborar a política de cobrança que irá definir o quanto se pagará pelo uso da água, levando em consideração as demais diretrizes do plano, especialmente as que se relacionam com o uso racional e os impactos sobre a água. e) Capacitação e educação 28. Fomentar a organização associativista para as captações coletivas de água para a agricultura. 29. Promover a capacitação e troca de experiências de gestão em recuperação de florestas nativas. 30. Capacitar gestores ambientais municipais. 31. Capacitar gestores de recursos hídricos. 32. Desenvolver programas de educação ambiental sobre ecologia de rios. 33. Desenvolver programas de educação ambiental sobre saneamento ambiental. 34. Promover a educação ambiental como processo contínuo e permanente, na ampliação da consciência, na formação do pensamento crítico e na apropriação do conhecimento sobre o uso e proteção das águas. 35. Difundir o conhecimento sobre as UCs. f) Participação 36. Promover a mobilização social como elemento chave para a organização e autogestão, pelas comunidades, principalmente nas práticas de conservação integrada solofloresta-água, fortalecendo os processos de desenvolvimento e da afirmação da coletividade. 37. Estimular e garantir a participação dos diferentes setores da sociedade na discussão e definição das prioridades locais de conservação integrada de florestas e águas. 38. Promover a participação da sociedade na criação, implantação e manutenção de UCs, priorizando a comunidade do entorno. • Articulações do Plano: Estas diretrizes tratam das articulações intersetoriais, inter e intra-institucionais do plano, reconhecidamente essenciais para a efetividade da gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH). Estão organizadas em cinco grupos. a) Mineração 39. Cumprir as recomendações do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Extração de Areia. 40. Propor ações que resultem na transparência do processo de uso e recuperação na atividade mineradora. 51 b) Esgoto sanitário 41. Apoiar o poder público municipal na universalização do saneamento básico com o objetivo de reduzir a carga de esgoto sanitário sem tratamento nos corpos d’água. 42. Incentivar o fortalecimento da gestão do esgoto no âmbito municipal 43. Viabilizar a elaboração dos Planos de Saneamento Básico, que compreendem drenagem, abastecimento de água, esgoto e resíduos, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais dos municípios 44. Estimular a busca de soluções alternativas de tratamento de esgoto sanitário. 45. Promover a melhoria da eficiência dos sistemas individuais de tratamento de esgoto. 46. Considerar as metas progressivas do enquadramento nos Planos Municipais de Saneamento Básico. 47. Propor regras para o licenciamento ambiental de estações de tratamento de esgotos e de estações de tratamento de água, que conduzam progressivamente ao cumprimento dos padrões estabelecidos na legislação ambiental. c) Manejo rural 48. Promover o controle sobre o uso de agrotóxicos. 49. Reverter a situação de degradação de áreas prioritárias para a conservação dos recursos hídricos, por meio da recuperação multifuncional de florestas nativas (sistemas agroflorestais). 50. Criar áreas de reservação de água para reuso na agricultura. 51. Promover formas de reter e armazenar água. 52. Estimular as atividades e técnicas produtivas que estejam compatibilizadas com a proteção ambiental, garantindo o equilíbrio na relação solo-floresta-água, com ênfase naquelas desenvolvidas por microbacias hidrográficas, como: Incentivar a adoção da Produção Integrada do Arroz (PIA); Difundir experiências bem sucedidas de uso sustentável da água na zona rural; Promover a valorização de produtos oriundos de “propriedades legais”; Estabelecer compensação financeira pelo uso adequado da água e do solo na agricultura familiar. 53. Estimular a incorporação dos objetivos de conservação dos recursos hídricos no processo de escolha e manutenção das reservas legais. d) Unidades de conservação e áreas protegidas 54. Estimular as ações que objetivem a recuperação da mata ciliar. 55. Fortalecer as UCs existentes. 56. Promover a criação e a implantação de áreas protegidas, de Reserva Legal e UCs, priorizando a preservação das áreas de recarga e nascentes. 52 57. Estimular o aumento da cobertura florestal por município, para atingir o índice mínimo de 35%, conforme previsto no Pacto de Prevenção e Controle de Enchentes, de 1999. e) Gestão costeira 58. Considerar os aspectos adicionais que devem ser incluídos nos planos de recursos hídricos de regiões que contenham trechos da zona costeira, estabelecidos pela resolução da Câmara Técnica de Integração da Gestão de Bacias Hidrográficas e dos Sistemas Estuarinos e Zonas Costeiras. • Problemas Regionais ou Gestão integrada de cheias: Estas diretrizes tratam das enchentes, questão especificamente regional, característica da bacia hidrográfica que a torna diferente das demais. 59. Promover estudos para o uso múltiplo das estruturas hidráulicas existentes incluindo o objetivo de proteção contra enchentes. 60. Analisar a viabilidade da instalação de pequenas “retenções” na escala da microbacia. 61. Propor soluções integradas com os planos diretores municipais para o problema das enxurradas (cheias urbanas). • Gerenciamento executivo: Esta última diretriz, única e de ordem geral, diz respeito ao modelo de gerenciamento executivo e de monitoramento e avaliação da implementação do Plano da Bacia, dado o seu caráter continuado, com atualizações periódicas previstas, decorrentes de possíveis mudanças de orientação, incorporação do progresso ocorrido, bem como de novas perspectivas, decisões e aprimoramentos que se fizerem necessários. 62. Desenvolver mecanismos de acompanhamento e avaliação da implantação do Plano da Bacia. 53 Intervenções necessárias na bacia Em função dos problemas apontados no diagnóstico, resumidos pelos Mapas 56 e 59, que indicam que é necessário aumentar a disponibilidade e melhorar a qualidade das águas da bacia do Itajaí, e em conformidade com as diretrizes apresentadas na seção B1.2, podem ser apontadas as seguintes medidas para o aumento da disponibilidade de água, para a redução da carga de resíduos e para a prevenção integrada de desastres. Para o aumento da disponibilidade e proteção da água são propostos: • criação e gerenciamento de unidades de conservação; • proteção e recuperação de APP; • planejamento e construção de reservatórios de água; • revitalização de rios; e • recuperação ambiental de áreas de extração mineral. Para a redução da carga de resíduos são propostos: • coleta e tratamento de esgotos domésticos; • controle do uso de agrotóxicos; • tratamento de dejetos animais, inclusive da aquicultura; • monitoramento do lançamento de efluentes industriais; • monitoramento dos aterros sanitários e industriais; e • adoção de critérios ambientais para a implantação de usinas hidrelétricas. Para a prevenção de desastres em geral e de enchentes em particular, é proposto um • sistema integrado de prevenção de desastres naturais. Entre essas medidas, as mais imediatas são as apontadas prioritariamente pelas comunidades por meio do diagnóstico participativo, descrito no Capítulo A5, quais sejam, a coleta e o tratamento de esgotos domésticos e a proteção e recuperação de APP. Paralelamente a essas ações, e em conformidade tanto com os resultados expressos no Mapa 59 do diagnóstico como com a visão de futuro, o fortalecimento da gestão ambiental relacionada com a proteção da água em âmbito municipal é uma ação crucial para a mitigação da maior parte dos problemas constatados. 54 Instrumentos de gestão Outros importantes estudos e discussões desenvolvidos na fase B do Plano de Bacia resultaram em critérios de outorga, alternativas de reenquadramento e um modelo de cobrança pelo uso da água. Também foi definida como será a estrutura do sistema de informações da bacia do Itajaí (SIBI). Estes estudos estão detalhados nas seções B1.3.2 a B1.3.5 do Plano de Bacia. A versão final, aprovada pelo Comitê do Itajaí, é apresentada na seção C1.2 adiante, sob o título diretrizes para implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos na bacia. 55 DEFINIÇÃO DAS METAS E ESTRATÉGIAS O objetivo geral deste capítulo é determinar as metas e as estratégias do Plano, incorporando o elenco de ações que contribuirão para o seu efetivo alcance, visando minimizar os principais problemas relacionados aos recursos hídricos e otimizar o seu uso múltiplo. C1.1 – Objetivos, proposição de programas e metas É objetivo desta seção apresentar, de forma ordenada, o elenco de ações a serem implementadas na bacia nos horizontes do Plano, traduzidas em programas, projetos e em medidas emergenciais, que deverão contribuir para o alcance das metas e estratégias estabelecidas para otimizar o uso dos recursos hídricos, numa perspectiva de proteção e conservação desse recurso. De acordo com o objetivo, essa seção apresenta os objetivos, derivados das diretrizes, sugere os programas pelos quais estes devem ser alcançados e apresenta as metas para os programas elaborados. Em seguida, apresenta uma síntese dos programas já elaborados. C1.1.1 – Objetivos A Tabela C1.1 apresenta os objetivos, em número de 28, e os associa às diretrizes, (apresentadas anteriormente) das quais foram derivados. Tabela C1.1 - Objetivos e sua relação com as diretrizes OBJETIVOS (os números entre parênteses referem-se aos das diretrizes) 01. Implantar os instrumentos de gestão de recursos hídricos: outorga, enquadramento e cobrança, com critérios estabelecidos de forma participativa (21, 22, 23, 25, 26 e 27) DIRETRIZES 21. Durante a implantação da outorga preferencialmente os usuários já instalados. (01 ano) atender 22. Condicionar as outorgas para empreendimentos hidrelétricos ao desenvolvimento de uma Avaliação Ambiental Integrada de Bacia Hidrográfica. 23. Revisar os critérios de outorga até 2015. 24. Considerar vinculados o abastecimento de água e o esgotamento sanitário para fins de discussão da política de cobrança do uso da água. 25. Estabelecer metas progressivas de qualidade de água a serem atingidas segundo o enquadramento. 56 OBJETIVOS (os números entre parênteses referem-se aos das diretrizes) DIRETRIZES 26. Elaborar o modelo de cobrança que irá definir quanto custa a água. 27. Elaborar a política de cobrança que irá definir o quanto se pagará pelo uso da água, levando em consideração as demais diretrizes do plano, especialmente as que se relacionam com o uso racional e os impactos sobre a água. 02. Aprimorar o sistema de informações da bacia do Itajaí (SIBI) (19, 20 e 58) 19. Difundir a noção de que toda e qualquer informação levantada sobre recursos hídricos é pública. 20. Coletar, sistematizar e disseminar as informações de qualidade de água existentes nas diversas instituições públicas e privadas da bacia. 58. Considerar os aspectos adicionais que devem ser incluídos nos planos de recursos hídricos de regiões que contenham trechos da zona costeira. 03. Fortalecer a gestão ambiental municipal (10 e 17) 10. Fortalecer os municípios para a captação de recursos para projetos de gestão integrada dos recursos hídricos. 17. Estimular a criação de políticas ambientais municipais voltadas para a preservação, conservação e recuperação ambiental, fortalecendo os órgãos e conselhos municipais de meio ambiente. 04. Criar mecanismos para a consolidação das áreas de preservação permanente como espaços territoriais protegidos, em áreas urbanas e rurais (5 e 16) 5. Desenvolver estudos para a elaboração de regras gerais de gestão das APPs na bacia, promovendo a integração dessas regras nos planos diretores municipais. 05. Estabelecer critérios para obras e intervenções em cursos d’água (14, 60) 14. Criar mecanismos eficazes para evitar intervenções inadequadas nos cursos d’água. 06. Reduzir a carga de esgoto sanitário sem tratamento nos corpos d’água de forma a atender o enquadramento dos corpos d’água (41 a 47). 41. Apoiar o poder público municipal na universalização do saneamento básico com o objetivo de reduzir a carga de esgoto sanitário sem tratamento nos corpos d’água. 16. Promover a consolidação das APPs como espaços territoriais protegidos, com vistas à sustentabilidade dos recursos hídricos, indistintamente em áreas urbanas e rurais 42. Incentivar o fortalecimento da gestão do esgoto no âmbito municipal 43. Viabilizar a elaboração dos Planos de Saneamento Básico, que compreendem drenagem, abastecimento de água, esgoto e resíduos, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais dos municípios 44. Estimular a busca de soluções alternativas de tratamento de esgoto sanitário. 45. Promover a melhoria da eficiência dos sistemas individuais de tratamento de esgoto. 46. Considerar as metas progressivas do enquadramento nos Planos Municipais de Saneamento Básico. 47. Propor regras para o licenciamento ambiental de estações de tratamento de esgotos e de estações de tratamento de água, que conduzam progressivamente ao cumprimento dos padrões estabelecidos na legislação ambiental. 07. Estimular as ações que objetivem a recuperação da mata ciliar (54) 54. Estimular as ações que objetivem a recuperação da mata ciliar. 08. Estimular a criação de programas municipais de recuperação de mata ciliar 57 OBJETIVOS (os números entre parênteses referem-se aos das diretrizes) DIRETRIZES (17 e 54) 09. Apoiar a manutenção de viveiros para a produção de mudas nativas (18). 18. Apoiar a implantação e manutenção de viveiros para a produção de mudas nativas. 10. Estimular as atividades e técnicas produtivas que estejam compatibilizadas com a proteção ambiental e garantindo o equilíbrio na relação solo-floresta-água. (48, 49, 52, 53) 48. Promover o controle sobre o uso de agrotóxicos. 49. Reverter a situação de degradação de áreas prioritárias para a conservação dos recursos hídricos, por meio da recuperação multifuncional de florestas nativas (sistemas agroflorestais). 52. Estimular as atividades e técnicas produtivas que estejam compatibilizadas com a proteção ambiental, garantindo o equilíbrio na relação solo-floresta-água, com ênfase naquelas desenvolvidas por microbacias hidrográficas, como: Incentivar a adoção da Produção Integrada do Arroz – PIA; Difundir experiências bem sucedidas de uso sustentável da água na zona rural; Promover a valorização “propriedades legais”; Estabelecer compensação financeira pelo uso adequado da água e do solo na agricultura familiar. de produtos oriundos de 53. Estimular a incorporação dos objetivos de conservação dos recursos hídricos no processo de escolha e manutenção das reservas legais. 11. Fortalecer as estruturas de defesa civil nos municípios (61) 61. Propor soluções integradas com os planos diretores municipais para o problema das enxurradas. 12. Promover a revisão dos planos diretores municipais em função das áreas de risco evidenciadas em desastres recentes (61) 13. Promover a instalação de pequenas “retenções” na escala da microbacia (60) 60. Analisar a viabilidade da instalação de pequenas “retenções” na escala da microbacia. 14. Promover estudos para o uso múltiplo das estruturas hidráulicas existentes incluindo o objetivo de proteção contra enchentes (59) 59. Promover estudos para o uso múltiplo das estruturas hidráulicas existentes incluindo o objetivo de proteção contra enchentes 15. Estabelecer medidas para a redução da produção de sedimentos na bacia hidrográfica (1, 39 e 40) 1. Fortalecer as relações político-institucionais com os portos de Itajaí e Navegantes, com o objetivo de minimizar os impactos adversos sobre os recursos hídricos inerentes à atividade portuária. 39. Cumprir as recomendações do EIA/RIMA da Extração de Areia. 40. Propor ações que resultem na transparência do processo de uso e recuperação na atividade mineradora. 16. Gerar informações sobre alternativas de reservação de água e seus impactos (8) 8. Desenvolver estudos para identificação dos impactos decorrentes da adoção de soluções de reservação de água para uso na área rural. 17. Criar projetos modelo de reservação de água (50 e 51) 50. Criar áreas de reservação de água para reúso na agricultura. 18. Promover o conhecimento sobre as UCs e a sua gestão participativa (35 e 38) 51. Promover formas de reter e armazenar água. 35. Difundir o conhecimento sobre as UCs. 38. Promover a participação da sociedade na criação, implantação e 58 OBJETIVOS (os números entre parênteses referem-se aos das diretrizes) DIRETRIZES manutenção de UCs, priorizando a comunidade do entorno. 19. Fortalecer as UCs existentes (11 e 55) 20. Promover a criação e a implantação de áreas protegidas priorizando a preservação das áreas de recarga e nascentes (11, 56 e 57) 11. Identificar fontes de recursos para criação, implantação e manutenção de Unidades de Conservação. 55. Fortalecer as UCs existentes. 56. Promover a criação e a implantação de áreas protegidas, de Reserva Legal e UCs, priorizando a preservação das áreas de recarga e nascentes. 57. Estimular o aumento da cobertura florestal por município, para atingir o índice mínimo de 35%. 21. Estimular a criação de políticas municipais de educação ambiental (34) 34. Promover a educação ambiental como processo contínuo e permanente, na ampliação da consciência, na formação do pensamento crítico e na apropriação do conhecimento sobre o uso e proteção das águas. 22. Estimular e garantir a participação da sociedade em todas as ações (28, 36, 37) 28. Fomentar a organização associativista para as captações coletivas de água para a agricultura. 36. Promover a mobilização social como elemento chave para a organização e autogestão, pelas comunidades, principalmente nas práticas de conservação integrada solo-floresta-água, fortalecendo os processos de desenvolvimento e da afirmação da coletividade. 23. Promover capacitação em temas necessários à gestão dos recursos hídricos na bacia do Itajaí (29 a 33) 29. Promover a capacitação e troca de experiências de gestão em recuperação de florestas nativas. 30. Capacitar gestores ambientais municipais. 31. Capacitar gestores de recursos hídricos. 32. Desenvolver programas de educação ambiental sobre ecologia de rios. 33. Desenvolver programas de educação ambiental sobre saneamento ambiental. 24. Integrar a comunidade indígena recursos na gestão dos hídricos (37) 37. Estimular e garantir a participação dos diferentes setores da sociedade na discussão e definição das prioridades locais de conservação integrada de florestas e águas. 25. Promover o acompanhamento e a avaliação da implantação do plano 62. Desenvolver mecanismos de acompanhamento e avaliação da implantação do plano 26. Aprofundar o conhecimento sobre assuntos relevantes à gestão dos recursos hídricos (2, 3, 4, 6, 7 e 9) 2. Melhorar o conhecimento sobre ecologia fluvial visando à preservação, proteção e revitalização de rios 3. Estimular e apoiar pesquisas que possibilitem um maior conhecimento e que permitam verificar a eficiência das faixas de proteção legal, com vistas à proteção dos recursos hídricos e corredores ecológicos. 4. Aprofundar o conhecimento sobre as UCs existentes e sua importância para a proteção da água 6. Detalhar as informações sobre as áreas de recarga no meio rural e meio urbano. 7. Promover estudos sobre a qualidade e a disponibilidade de águas subterrâneas, identificando possíveis fontes contaminadoras. 9. Desenvolver estudos sobre os aspectos qualitativos e quantitativos dos usos da água, visando o uso racional. 59 OBJETIVOS (os números entre parênteses referem-se aos das diretrizes) DIRETRIZES 27. Identificar fontes de recursos para o fortalecimento da Agência de Água do Vale do Itajaí (13) 13. Identificar fontes de recursos para o fortalecimento da Agência de Água do Vale do Itajaí, com ênfase na sua estruturação e manutenção de quadro técnico e administrativo. 28. Financiar ações de conservação e recuperação da mata ciliar (12) 12. Estimular a criação de programas de neutralização de carbono para financiar ações de proteção florestal. C1.1.2 – Proposição de programas A Tabela C1.2 classifica os objetivos do Plano Diretor de Recursos Hídricos em 13 temas. Por meio desta classificação constata-se que cinco dos temas correspondem a incertezas críticas para a bacia do Itajaí, parte daquelas a partir das quais foram montados os cenários futuros (seção B1.1). Trata-se dos temas: Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos, Gestão Ambiental Municipal, Tratamento de Esgotos, Manejo Rural e Desastres. Outros temas abordam questões mais específicas da relação água, solo e floresta: Recuperação de Matas Ciliares, Redução de Sedimentos, Reservação de Água e Unidades de Conservação. Os últimos quatro temas abordam os sujeitos e os meios da gestão: Educação Ambiental e Comunicação, Comunidade Indígena, Conhecimento e Gestão, e Captação de Recursos. A Tabela C1.2 também associa os objetivos aos programas que devem levar ao seu alcance. São 17 programas, incluindo o programa de implementação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos. Pelo fundo rosa são destacados os programas elaborados e apresentados adiante. Tabela C1.2 – Objetivos, temas e programas TEMAS Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos N OBJETIVOS PROGRAMAS 1 Implantar os instrumentos de gestão de recursos hídricos: outorga, enquadramento e cobrança 2 Aprimorar o sistema de informações da bacia do Itajaí (SIBI) 3 Fortalecer a gestão ambiental municipal 4 Criar mecanismos para a consolidação das áreas de preservação permanente como espaços territoriais protegidos, em áreas urbanas e rurais 5 Estabelecer critérios para obras e intervenções em cursos d’água Tratamento de Esgotos 6 Reduzir a carga de esgoto sanitário sem tratamento nos corpos d’água de forma a atender o enquadramento dos corpos d’água (3) Programa de Tratamento de Esgotos Recuperação 7 Estimular as ações que objetivem a recuperação da mata ciliar (4) Programa de Gestão Ambiental Municipal (1) Implementação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos (2) Programa de Apoio à Gestão Ambiental Municipal 60 TEMAS de Matas Ciliares Manejo rural N OBJETIVOS 8 Estimular a criação de programas municipais de recuperação de mata ciliar 9 Apoiar a manutenção de viveiros para a produção de mudas nativas 10 Estimular as atividades e técnicas produtivas que estejam compatibilizadas com a proteção ambiental e garantindo o equilíbrio na relação solo-floresta-água PROGRAMAS Recuperação de Matas Ciliares (5) Programa Produtor de Água (6) Programa de Regularização de Reservas Legais (7) Programa de Agroecologia (8) Programa de Produção Integrada de Arroz e Retenção de Água de Chuva Desastres 11 Fortalecer as estruturas de defesa civil nos municípios 12 Promover a instalação de pequenas “retenções” na escala da microbacia 13 Promover a revisão dos planos diretores municipais em função das áreas de risco evidenciadas em desastres recentes 14 Promover estudos para o uso múltiplo das estruturas hidráulicas existentes, incluindo o objetivo de proteção contra enchentes Redução de Sedimentos 15 Estabelecer medidas para a redução da produção de sedimentos na bacia hidrográfica (10) Programa de Redução de Sedimentos Reservação de Água 16 Gerar informações sobre alternativas de reservação de água e seus impactos (11) Programa de Reservação de Água 17 Criar projetos modelo de reservação de água 18 Promover o conhecimento sobre as UCs e a sua gestão participativa 19 Fortalecer as UCs existentes 20 Promover a criação e a implantação de áreas protegidas priorizando a preservação das áreas de recarga e nascentes 21 Estimular a criação de políticas municipais de educação ambiental. 22 Estimular e garantir a participação da sociedade em todas as ações 23 Promover capacitação em temas necessários à gestão dos recursos hídricos na bacia do Itajaí Comunidade Indígena 24 Integrar a comunidade indígena recursos na gestão dos hídricos (14) Programa para a Comunidade Indígena Conheciment o e gestão 25 Promover o acompanhamento e a avaliação da implantação do plano 26 Aprofundar o conhecimento sobre assuntos relevantes à gestão dos recursos hídricos (15) Programa de Gestão do Conhecimento da Bacia Hidrográfica Unidades de Conservação Educação Ambiental e Comunicação (9) Plano de Prevenção e Mitigação de Riscos de Desastres (12) Programa de Unidades de Conservação (13) Programa de Educação Ambiental e Comunicação 61 TEMAS Captação de Recursos N OBJETIVOS PROGRAMAS 27 Identificar fontes de recursos para o fortalecimento da Agência de Água do Vale do Itajaí (16) Programa de Captação de Recursos 28 Financiar ações de conservação e recuperação da mata ciliar (17) Programa de Neutralização de Carbono C1.1.3 – Metas Na Tabela C1.3 são apresentadas as metas correspondentes àqueles programas que já foram elaborados, quer porque o programa é resultado da atuação do Projeto Piava, quer pela urgência das soluções. Os programas de Apoio à Gestão Ambiental Municipal, de Recuperação de Matas Ciliares, de Educação Ambiental e Comunicação, de Gestão do Conhecimento da Bacia Hidrográfica e de Neutralização de Carbono se enquadram no primeiro grupo. O Programa de Tratamento de Esgotos e o Plano de Prevenção e Mitigação de Riscos de Desastres se enquadram no segundo grupo. Os demais programas, para os quais ainda não há uma instituição responsável, devem ser elaborados no prazo de um ano. Tabela C1.3 – Objetivos e metas N 1 OBJETIVOS Implantar os instrumentos de gestão de recursos hídricos: outorga, enquadramento e cobrança PROGRAMAS (1) Implementação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos METAS 1. Emissão de 600 outorgas por ano, ao longo de 5 anos 2. Conflitos equacionados em dois trechos críticos por ano 3. Critérios para instalação de empreendimentos hidrelétricos definidos com base em Estudos Ambientais por sub-bacia, acompanhados e aprovados pelo Comitê do Itajaí, no prazo de dois anos 4. Critérios para outorga de lançamento definidos no prazo de 1 ano (abril de 2011) 5. Cobrança regulamentada em 2011 6. Coeficiente setorial definido no prazo de seis meses após aprovado o plano 7. Coeficientes e preços unitários básicos revistos anualmente 8. Cobrança implementada 12 (doze) meses após a regulamentação, da seguinte maneira: prazo 1º ano 2º ano 3º ano % a ser cobrado 50% 50% 75% 62 N OBJETIVOS PROGRAMAS METAS 4º ano 5º ano 9. 2 Aprimorar o sistema de informações da bacia do Itajaí (SIBI) 75% 100% Qualidade de água alcançada em 5 anos, conforme Tabela B1.11: Classe 1 1665 km (56,75 %) Classe 2 477 km (16,26 %) Classe 3 491 km (16,73 %) Classe 4 254 km (8,66 %) 10. Sistema de informações de qualidade de água, implementado em 2010 11. Sistema de gerenciamento da recuperação de matas ciliares, implementado em 2011 12. Sistema de acompanhamento do plano, implementado em 2011 13. Atualização do sistema de alerta de cheias, implementado em 2010 3 Fortalecer a gestão ambiental municipal (2) Programa de Apoio à Gestão Ambiental Municipal 14. Estruturação de 10 órgãos ambientais municipais, a cada ano 15. Funcionamento regular de mais 10 Conselhos Municipais do Meio Ambiente (CMMA), a cada ano 16. Política Municipal Ambiental elaborada e aprovada em 10 municípios, a cada ano 4 Criar mecanismos para a consolidação das áreas de preservação permanente como espaços territoriais protegidos, em áreas urbanas e rurais 17. Normas de gestão de APPs e de intervenções em cursos d’água instituídas em 50 municípios, em 5 anos. 5 Estabelecer critérios para obras e intervenções em cursos d’água 6 Reduzir a carga de esgoto sanitário sem tratamento nos corpos d’água de forma a atender o enquadramento dos corpos d’água (3) Programa de Tratamento de Esgotos 7 Estimular as ações que objetivem a recuperação da mata ciliar (4) Programa de Recuperação de Matas Ciliares 8 Estimular a criação de programas municipais de recuperação de mata ciliar 21. Programa Municipal de Conservação e Recuperação de Matas Ciliares aprovado em 10 municípios, a cada ano 9 Apoiar a manutenção de viveiros para a produção de mudas nativas 22. Produção de 500.000 mil mudas de 100 espécies nativas em 5 viveiros, a cada ano 18. Estrutura de gestão de saneamento básico criado e em funcionamento nos 50 municípios, em 5 anos. 19. Tratamento de esgoto implantado nos municípios da bacia, conforme prioridades apresentadas nos mapas 76, 77, 78 e 79 20. Recuperação de 400 hectares ao ano na bacia do Itajaí 10 63 N OBJETIVOS 11 Fortalecer as estruturas de defesa civil nos municípios 12 Promover a instalação de pequenas “retenções” na escala da microbacia 13 Promover a revisão dos planos diretores municipais em função das áreas de risco evidenciadas em desastres recentes 14 Promover estudos para o uso múltiplo das estruturas hidráulicas existentes, incluindo o objetivo de proteção contra enchentes PROGRAMAS METAS (9) Plano de Prevenção e Mitigação de Riscos de Desastres 23. Capacitação de 30 técnicos/ano em gestão de riscos e temas associados, iniciando com municípios prioritários 24. Instituir e implementar 5 coordenadorias municipais de defesa civil / ano 25. Plano de alerta elaborado até 2011, incluindo o arranjo institucional do sistema de alerta formalizado e a expansão da rede telemétrica. 26. Cartografia disponível em 2012 27. Projeto de sistema integrado (multitemático e multi-institucional) de informações geográficas elaborado em 2012 28. Mapas de áreas de risco (incluindo manchas de inundação x danos) elaborados para 5 municípios a cada ano. 29. Revisão e adequação do plano diretor urbanístico tendo em vista as áreas de risco, para 5 municípios a cada ano 30. Projetos de lei para regulamentação de terraplanagem, em discussão em 2012 31. Projeto para realização do inventário das estruturas hidráulicas disponível em 2012 32. Projeto JICA em 2011 15 16 17 18 19 20 21 Estimular a criação de políticas municipais de educação ambiental. (13) Programa de Educação Ambiental e Comunicação 33. Política Municipal de Educação Ambiental (PMEA) aprovada em 10 municípios, a cada ano 22 Estimular e garantir a participação da sociedade em todas as ações 34. Participação de 50 municípios em ações de mobilização social, a cada ano 23 Promover capacitação em temas necessários à gestão dos recursos hídricos na bacia do Itajaí 35. Formação continuada em temas associados à gestão de recursos hídricos para 50 profissionais que atuam na gestão, 250 educadores e 30 comunicadores, a cada dois anos. 24 25 Promover o acompanhamento e a avaliação da implantação do plano 26 Aprofundar o conhecimento sobre assuntos relevantes à (15) Programa de Gestão do Conhecimento da Bacia Hidrográfica 36. Mecanismos de acompanhamento e de avaliação da implantação do plano definidos nos primeiros 06 (seis) meses após a aprovação do plano 37. Estudos e pesquisas relevantes à gestão dos recursos hídricos da bacia do Itajaí sendo 64 N OBJETIVOS PROGRAMAS gestão dos recursos hídricos METAS realizados 27 28 Financiar ações de conservação e recuperação da mata ciliar (17) Programa de Neutralização de Carbono 38. Obtenção de recursos para a recuperação de 70 hectares com espécies nativas de mata ciliar por ano. O cumprimento dessas metas cabe a diferentes agentes públicos e privados. Para visualizar o que cabe a cada nível de governo, elas são reapresentadas nas tabelas C1.4, C1.5 e C1.6, separadas para municípios, para órgãos estaduais e para órgãos regionais. Tabela C1.4 – Metas para os municípios (os números em parênteses correspondem à numeração das metas da Tabela C1.3) Desenvolvimento institucional Em até 5 anos Estruturação de órgão ambiental municipal (14) Estrutura de gestão de saneamento básico criado e em funcionamento (16) Funcionamento regular do Conselho Municipal de Meio Ambiente (15) Política Municipal de Meio Ambiente elaborada e aprovada (16) Política Municipal de Educação Ambiental (PMEA) aprovada (33) Programa Municipal de Conservação e Recuperação de Matas Ciliares aprovado (21) Normas de gestão de APPs e de intervenções em cursos d’água instituídas (17) Projetos de lei para regulamentação de terraplenagem aprovados (30) Capacitação de 3 técnicos em gestão de riscos e temas associados (23) Participação em formação continuada em temas associados à gestão de recursos hídricos para 1 profissional que atua na gestão, 5 educadores e 1 comunicador, a cada dois anos (35) Em até 10 anos Instituição e implementação da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (24) Revisão e adequação do plano diretor urbanístico tendo em vista as áreas de risco (29) Programas e ações Em até 5 anos Recuperação de 8 hectares de mata ciliar, ao ano (20) Participação em ações de mobilização social, a cada ano (34) Em até 10 anos Mapas de áreas de risco, incluindo manchas de inundação, elaborados (28) Em até 20 anos Tratamento de esgoto implantado (19) Tabela C1.5 – Metas para os órgãos estaduais Responsável Diretoria de Recursos Hídricos (da SDS) ou órgão sucedâneo Descrição Emissão de 600 outorgas por ano, ao longo de 5 anos (1) Critérios para instalação de empreendimentos hidrelétricos definidos com base em Estudos Ambientais por sub-bacia, acompanhados e aprovados pelo Comitê do Itajaí, no 65 Responsável Descrição prazo de dois anos (3) Cobrança regulamentada em 2011 (5) Cobrança implementada 12 (doze) meses após a regulamentação, da seguinte maneira (8): prazo 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano % a ser cobrado 50% 50% 75% 75% 100% Sistema de informações de qualidade de água, implementado em 2010 (10) Sistema de acompanhamento do plano, implementado em 2011 (12) FATMA GTC / FAPESC Qualidade de água alcançada em 5 anos (9): Classe 1 1665 km (56,75 %) Classe 2 477 km (16,26 %) Classe 3 491 km (16,73 %) Classe 4 254 km (8,66 %) Plano de alerta elaborado até 2011, incluindo o arranjo institucional do sistema de alerta formalizado e a expansão da rede telemétrica (25) Cartografia disponível em 2012 (26) Projeto de sistema integrado (multitemático e multi-institucional) de informações geográficas elaborado em 2012 (27) Projeto para realização do inventário das estruturas hidráulicas disponível em 2012 (31) Projeto JICA em 2011 (32) EPAGRI Apoio técnico na produção de 500.000 mil mudas de 100 espécies nativas, por ano (22) Tabela C1.6 – Metas para entidades regionais, articuladas por meio do Comitê do Itajaí Entidade Comitê do Itajaí Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí Programa Instrumentos de gestão de recursos hídricos Descrição da meta Conflitos (de água) equacionados em dois trechos críticos por ano (2) Critérios para outorga de lançamento definidos no prazo de 1 ano (4) Coeficiente setorial definido em seis meses após aprovado o plano (6) Coeficientes e preços unitários básicos revistos anualmente (7) Sistema de informações de qualidade de água, implementado em 2010 (10) Sistema de gerenciamento da recuperação de matas ciliares, implementado em 2011 (11) Sistema de acompanhamento do plano, implementado em 2011 (12) Atualização do sistema de alerta de cheias, implementado em 2010 (13) Gestão ambiental municipal Apoio na estruturação de 10 órgãos ambientais municipais, a cada ano (14) Apoio no funcionamento de mais 10 Conselhos Municipais do Meio Ambiente, a cada ano (15) 66 Entidade Programa Descrição da meta Apoio na elaboração da Política Municipal Ambiental em 10 municípios, a cada ano (16) Criação de normas de gestão de APPs e de intervenções em cursos d’água, em 1 ano (17) Criação de projetos de lei para regulamentação de terraplenagem, em discussão em 2012 (30) Recuperação da Mata Ciliar Apoio na recuperação de 400 hectares ao ano na bacia do Itajaí (20) Educação e comunicação ambiental Apoio na aprovação da Política Municipal de Educação Ambiental em 10 municípios, a cada ano (33) Apoio na implantação do Programa Municipal de Conservação e Recuperação de Matas Ciliares em 10 municípios, a cada ano (21) Ações de mobilização social, a cada ano (34) Oferta de formação continuada em temas associados à gestão de recursos hídricos para 50 profissionais que atuam na gestão, 250 educadores e 30 comunicadores, a cada dois anos (35) Capacitação de 30 técnicos/ano em gestão de riscos e temas associados (23) Acompanhamento do plano e captação de recursos Mecanismos de acompanhamento e de avaliação da implantação do plano definidos nos primeiros 06 (seis) meses após a aprovação do plano (36) Estimulação de estudos e pesquisas relevantes à gestão dos recursos hídricos da bacia do Itajaí (37) Obtenção de recursos para a recuperação de 70 hectares com espécies nativas de mata ciliar por ano (38) Prevenção de desastres Apoio na instituição e implementação de 5 coordenadorias municipais de defesa civil / ano (24) Plano de alerta elaborado até 2011, incluindo o arranjo institucional do sistema de alerta e a expansão da rede telemétrica (25) Projeto para realização do inventário das estruturas hidráulicas disponível em 2012 (31) AMAVI, AMMVI e AMFRI Esgotos Viveiros Recuperação da Mata Ciliar Apoio na criação das estruturas de gestão de saneamento básico nos 50 municípios, em 5 anos (18) Apoio na obtenção de recursos para tratamento de esgoto (19) Produção de 500.000 mil mudas de 100 espécies nativas, a cada ano (22) C1.1.4 – Descrição dos programas já elaborados Segue a descrição dos programas, com exceção do programa de implementação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos, tema da seção C1.2. O número entre parênteses que acompanha cada programa é o mesmo utilizado nas tabelas C1.2 e C1.3. 67 a) (2) Programa de Gestão Ambiental Municipal Apresentação O fortalecimento da gestão ambiental em âmbito municipal representa um conjunto de ações para mitigar os problemas relacionados com a água, relacionados basicamente com o uso do solo. O processo de gestão ambiental necessita de uma estrutura legal e administrativa, de articulação institucional nas diferentes escalas, de integração das políticas e seus instrumentos e da participação e do envolvimento dos atores sociais que compõem o cenário da gestão. O diagnóstico feito em 2008 mostrou que a necessidade de fortalecimento da estrutura de gestão ambiental e dos espaços de participação social é praticamente unanimidade. Os conselhos municipais de meio ambiente (CMMA) são espaços para participação e tomada de decisão sobre as questões ambientais. Com o intuito de fortalecer os CMMA e articulá-los com o Comitê do Itajaí, o Projeto Piava desenvolveu capacitações e assessorias orientadas para a gestão integrada dos recursos hídricos. Mas a atuação dos CMMA é limitada pela fragilidade do órgão executivo de meio ambiente. Por isso o Projeto Piava buscou estimular o aprimoramento da estrutura de gestão ambiental municipal, alinhada com a visão de futuro do Plano, que é: Na Bacia do Itajaí, em 2030, haverá água para a manutenção da vida e para os diferentes usos de forma justa. Isto será possível porque a gestão ambiental pública estará estruturada, atuante e articulada com a gestão de recursos hídricos e a cultura de participação estará estabelecida. O Programa visa ampliar e potencializar as estruturas municipais de gestão ambiental, dando continuidade ao trabalho iniciado pelo Projeto Piava. Objetivo Geral Potencializar a capacidade de atuação das instituições e dos atores sociais envolvidos no processo de gestão ambiental, visando melhorar a eficiência nos processos de licenciamento, construir políticas ambientais municipais e integrá-las com a gestão de recursos hídricos. Objetivos Específicos • Fortalecer a gestão ambiental municipal • Estabelecer critérios para obras e intervenções em cursos d’água 68 • Criar mecanismos para a consolidação das áreas de preservação permanente como espaços territoriais protegidos, em áreas urbanas e rurais Metas, ações e indicadores METAS AÇÕES 14. Estruturação de 10 órgãos ambientais municipais a cada ano Promover 2 cursos anuais para técnicos Assessorar a estruturação dos órgãos ambientais Realizar intercâmbios direcionados para gestores ambientais Promover a formação continuada de conselheiros de meio ambiente sobre gestão ambiental Assessorar os municípios na regulação dos CMMA Número de técnicos capacitados Número de órgãos ambientais estruturados Assessorar os municípios na formulação da Política Fomentar a discussão da Política no CMMA Assessorar a implementação da Política Número de municípios com a Política elaborada e aprovada Número de municípios assessorados Número de atas dos CMMA 15. Funcionamento regular de mais 10 Conselhos Municipais do Meio Ambiente (CMMA), a cada ano 16. Política Municipal Ambiental elaborada e aprovada em 10 municípios, a cada ano 17. Normas de gestão de APPs e de intervenções em cursos d’água instituídas em 50 municípios, em 5 anos. INDICADORES DE MONITORAMENTO Número de conselheiros de meio ambiente formados Número de CMMA assessorados Número de reuniões anuais do CMMA Número de encaminhamentos e deliberações do CMMA Responsáveis Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí Associações dos Municípios do Alto Vale, do Médio Vale e da Região da Foz b) (3) Programa de Tratamento de Esgotos Apresentação O programa de tratamento de esgoto visa fomentar a implementação de sistemas de tratamento de esgoto na bacia do Itajaí, contemplando as áreas rurais e urbanas de todos os municípios. O programa aqui concebido estabelece uma política de investimentos e consequente promoção do tratamento de esgoto, pautada na maximização da relação benefício/custo, tendo como principal objetivo a melhoria da qualidade da água dos rios da bacia. 69 De acordo com a Lei 11.445/07, o esgotamento sanitário faz parte do conjunto das ações de saneamento básico, que abrangem abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Adiante, de acordo com o Art. 9º desta Lei, o Município é o titular na gestão do saneamento, o que significa que cabe a ele criar uma estrutura de gestão do saneamento, incluindo política de saneamento, plano municipal de saneamento e agência reguladora. Essa é a condição para que o Município possa acessar recursos financeiros e renovar contratos de saneamento. A implantação da infraestrutura de esgotamento sanitário passa, portanto, pela criação das estruturas municipais de gestão do saneamento, por meio da mobilização e educação ambiental em saneamento, que também é o foco deste Programa. Objetivo Geral Reduzir a carga de esgoto sanitário sem tratamento nos corpos d’água, de forma a atender o enquadramento dos corpos d’água. Objetivos específicos • Fomentar a criação de estruturas municipais de gestão do saneamento básico • Buscar recursos para viabilizar a implantação da infraestrutura de esgotamento sanitário • Melhorar a qualidade dos corpos de água da bacia do Itajaí, através da promoção do tratamento de esgotos sanitários nos municípios. Metas, ações e indicadores METAS 18. Estrutura de gestão de saneamento básico criado e em funcionamento em 5 anos. AÇÕES Assessorar e apoiar os municípios na implementação da estrutura de gestão do saneamento básico INDICADORES DE MONITORAMENTO Estruturas de gestão municipal em saneamento criadas Número de conferências realizadas Número de pessoas envolvidas Número de políticas aprovadas Número de planos aprovados Número de municípios abrangidos por agências reguladoras Número de municípios com projetos de esgotamento sanitário disponíveis 70 METAS AÇÕES 19. Tratamento de esgoto implantado nos municípios da bacia, conforme prioridades apresentadas nos mapas 76, 77, 78 e 79 Investir gradualmente o valor de R$1.005 milhões na promoção do tratamento de esgoto urbano e rural dos municípios da bacia, no horizonte de 20 anos, de acordo com a priorização estabelecida INDICADORES DE MONITORAMENTO Qualidade da água medida pela DBO e Coliformes termotolerantes Número de Municípios com estação de tratamento de efluentes em operação População atendida Recursos investidos Custo estimado R$1.005 milhões, em 20 anos Responsáveis Associações dos Municípios do Alto Vale, do Médio Vale e da Região da Foz do Rio Itajaí Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável c) (4) Programa de Recuperação de Matas Ciliares Apresentação Em 2001 foi criado pelo Comitê do Itajaí o Programa de Recuperação da Mata Ciliar (PRMC), pelo qual foram capacitados grupos de trabalho para desenvolver projetos locais de recuperação. A experiência foi positiva, principalmente para os 10 municípios que apoiaram seus grupos de trabalho. Por meio do Projeto Piava, patrocinado pela Petrobras e executado pela Fundação Agência de Água entre 2005 e 2007, a metodologia original do PRMC foi aprimorada e disseminada. Nesse período, 34 municípios se envolveram em ações de recuperação, executando 1700 projetos locais, que representaram o início da recuperação em 600 ha em margens de rios e no entorno de nascentes. O resultado mostrou que o fortalecimento da ação local, sob responsabilidade do município, é o caminho mais seguro para ampliar o número de pessoas conscientizadas e envolvidas em ações permanentes de recuperação, e assim melhorar a qualidade da água de nascentes e pequenos rios. Com base nessa experiência, o Projeto Piava desenvolveu uma proposta de Programa Municipal de Conservação e Recuperação de Matas Ciliares, na forma de minuta de projeto de lei, aprovado pelo Comitê do Itajaí e encaminhado aos prefeitos em 2009. Até março de 2010 este programa municipal foi aprovado em 15 municípios. 71 O Programa Regional de Recuperação de Matas Ciliares é a maneira de dar continuidade às ações desenvolvidas na implementação dos programas municipais, de fortalecer a rede de produtores de mudas, de promover capacitações e de monitorar a recuperação de matas ciliares na bacia hidrográfica. Objetivo Geral Disseminar atitudes e competências para a recuperação das matas ciliares na bacia do Itajaí. Objetivos específicos • Estimular a criação de programas municipais de recuperação de mata ciliar • Estimular as ações que objetivem a recuperação da mata ciliar • Apoiar a manutenção de viveiros para a produção de mudas nativas. Metas, ações e indicadores META 20. Recuperação de 400 hectares de mata ciliar ao ano 21. Programa Municipal de Conservação e Recuperação de Matas Ciliares aprovado em 10 municípios, a cada ano 22. Produção de 500.000 mil mudas de 100 espécies nativas em 5 viveiros, a cada ano AÇÕES Capacitar Grupos de Trabalho Municipal Estimular o cadastro de proprietários interessados em recuperar Elaborar projetos de recuperação de acordo com o Manual Operativo Realizar reuniões de assessoria municipal para o Programa Fomentar a discussão do Programa nos conselhos municipais Assessorar a implementação do Programa. Estimular a marcação de novas árvores matrizes Estimular a coleta de sementes para abastecer o banco regional de sementes Elaborar sistema de gerenciamento para a coleta, armazenamento e produção de mudas de espécies nativas INDICADORES DE MONITORAMENTO Número de membros do Grupo de Trabalho capacitados Número de proprietários cadastrados Número de projetos executados Número progressivo de hectares recuperados Número de municípios com o Programa instituído Número de municípios com Manual Operativo decretado Número de municípios com Portaria de formação do Grupo de Trabalho Municipal emitida Número de mudas produzidas Número de espécies produzidas Número de matrizes marcadas Sistema de Gerenciamento de mudas em operação Custos Para executar o Programa é estimado um custo de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) por ano. 72 Responsáveis Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí Poder executivo municipal Viveiros municipais d) (9) Plano de Prevenção e Mitigação de Riscos de Desastres14 Objetivo geral Promover e integrar mecanismos ordenados e sistematizados para a prevenção e mitigação dos riscos de desastres naturais, proporcionando resiliência e segurança para a população, com base nos seguintes princípios: • A água é parte do todo. • A água deve ser armazenada tanto quanto possível. • Deve-se respeitar a dinâmica natural dos rios. • Os riscos existem e é preciso aprender e lidar com eles. • Na prevenção, o sucesso depende da integração e articulação de todas as ações. Objetivos específicos 1. Estimular o interesse e a co-responsabilidade dos diversos setores sociais e instâncias governamentais, para aprimorar as condições de governabilidade na prevenção e mitigação de riscos. 2. Incentivar a implementação e a operacionalização das coordenadorias municipais de Defesa Civil, em todos os municípios localizados na bacia hidrográfica. 3. Subsidiar os planos diretores municipais visando reduzir a ocupação de áreas de risco. 4. Priorizar as ações relacionadas com a prevenção e mitigação de desastres. 5. Promover a interação entre os órgãos governamentais e a comunidade, visando a uma resposta integrada de toda a sociedade. 6. Desenvolver a percepção de risco junto às comunidades, tornando-as mais participativas, informadas e preparadas. 14 O plano aqui apresentado é uma síntese do PPRD-Itajaí, disponível em http://www.comiteitajai.org.br/index.php/prevencaoenchentes/pprd-itajai.html 73 7. Promover a integração da Política Nacional, Estadual e Municipal de Defesa Civil com as demais políticas nacionais, estaduais e municipais associadas. 8. Promover a integração de recursos técnico-científicos para desenvolver as ações. Programas, linhas de ação e metas Programas Linhas de ação 1. Desenvolvimento institucional para preparação para emergências e desastres 1a) Capacitar recursos humanos em nível básico, intermediário e avançado 1b) Estruturar os órgãos de defesa civil e outros órgãos correlatos 2. Monitoramento, alerta e alarme 3. Percepção, comunicação, motivação e mobilização para resiliência e diminuição da vulnerabilidade 4. Avaliação de riscos de desastres 2a) Fortalecer institucionalmente o sistema de monitoramento, alerta e alarme 2b) Estruturar o sistema de alerta (equipamento, metodologias e apoio) 3a) Investir em educação formal e não formal para promover a resiliência 3b) Implementar mecanismos de participação social 3c) Estabelecer parcerias com os prestadores de serviços públicos e empresas particulares visando a ações de redução de riscos 3d) Estabelecer mudança de cultura e de atitudes em saúde e comunicação de estudos epidemiológicos decorrentes dos desastres naturais 4a) Desenvolver cartografia básica e temática 4b) Desenvolver sistema integrado de informações sobre desastres 4c) Cadastrar e avaliar riscos de desastres 4d) Avaliar a rede de drenagem 5. Redução dos riscos de desastres Gestão da ocupação e uso do solo 5.1a) Subsidiar o desenvolvimento de legislação municipal de desenvolvimento urbano 5.1b) Implementar fiscalização da ocupação e do uso do solo 5.1c) Estabelecer política habitacional para evitar ocupação de áreas de risco 5.1d) Melhorar e ampliar a cobertura florestal 5.1e) Adequar o uso do solo nas áreas rurais 5.1f) Destinar adequadamente os resíduos sólidos e entulhos 5.1 g) Implantar compensação financeira aos municípios com restrições do uso do solo. Manejo adequado dos cursos d’água 5.2a) Manter cursos d’água na sua configuração original e revitalizar cursos d’água alterados Metas 22. Capacitação de 30 técnicos/ano em gestão de riscos e temas associados, inciando com municípios prioritários 23. Instituir e implementar 5 coordenadorias municipais de defesa civil / ano 24. Plano de alerta elaborado até 2011, incluindo o arranjo institucional do sistema de alerta formalizado e a expansão da rede telemétrica. 25. Cartografia disponível em 2012 26. Projeto de sistema integrado (multitemático e multi-institucional) de informações geográficas elaborado em 2012 27. Mapas de áreas de risco (incluindo manchas de inundação x danos) elaborados para 5 municípios a cada ano. Gestão da ocupação e uso do solo 28. Revisão e adequação do plano diretor urbanístico tendo em vista as áreas de risco, para 5 municípios a cada ano 29. Projetos de lei para regulamentação de terraplenagem, em discussão em 2012 Manejo adequado dos cursos d’água 30. Projeto para realização do inventário das estruturas hidráulicas disponível em 2012 31. Projeto JICA em 2011 74 6. Recuperação de áreas afetadas por desastres 5.2b) Uso múltiplo das estruturas hidráulicas existentes 5.2c) Gerenciar águas de drenagem urbana 6a) Identificar as áreas afetadas 6b) Recuperar ambientalmente áreas ocupadas, em conjugação com obras civis (mantendo totalmente a ocupação atual) 6c) Recuperar ambientalmente áreas ocupadas, em conjugação com obras civis (mas removendo totalmente ou parcialmente a ocupação atual) Coordenação e articulação Grupo Técnico-Científico (GTC) vinculado à FAPESC Câmara Técnica de Prevenção de Desastres do Comitê do Itajaí e) (13) Programa de Educação Ambiental e Comunicação Apresentação A mobilização social e a participação cidadã têm um papel fundamental na gestão das águas, devido ao seu papel indutor na criação e implantação de políticas públicas. Na Bacia do Itajaí, vários são os mecanismos criados para a participação da sociedade. A Campanha de Cidadania pelas Águas do Vale do Itajaí, denominada Semana da Água, é praticada anualmente na bacia, com envolvimento intenso dos municípios. O reconhecimento de ações de proteção da água é realizado pelo Prêmio Otto Rohkohl, a cada dois anos. Como espaço de discussão, articulação e troca de experiências foi criada a Rede de Educação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí (REABRI), que congrega em torno de 600 educadores. A partir de 2005, as ações de educação e de comunicação ambiental realizadas pelo Projeto Piava proporcionaram a mobilização da sociedade em torno da proteção da água e foram responsáveis pela participação social que deu origem ao Plano da Bacia. Nesse período, foram atendidos 560 educadores com cursos de formação para o fortalecimento das ações educativas e 140 profissionais de equipes da estratégia saúde da família. Em decorrência das articulações promovidas, ocorreu a formação do Coletivo Educador da Bacia do Itajaí e Litoral Centro-Norte Catarinense (CEBILINC), com o compromisso de promover a melhoria ambiental. O Projeto Piava também construiu uma proposta de Política Municipal de Educação Ambiental (PMEA) para ser implementada nos municípios. Ela visa à consolidação da 75 Educação Ambiental como base para as mudanças sociais desejadas. Até o momento nove municípios aprovaram a PMEA. Todo esse conjunto de ações de Educação Ambiental é pautado nos princípios e objetivos da Lei No 9.795/99, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e da Lei No 9.433/97, a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Dentro dessa perspectiva, o Programa de Educação Ambiental e de Comunicação visa dar continuidade às ações educativas, de sensibilização e mobilização, apoiando a implantação e acompanhamento do Plano Diretor de Recursos Hídricos. Objetivo Geral Capacitar e ampliar o envolvimento da sociedade no cumprimento dos objetivos do plano Objetivos específicos • Estimular a criação de políticas municipais de educação ambiental • Estimular e garantir a participação da sociedade em todas as ações • Promover formação em temas necessários à gestão dos recursos hídricos Metas, ações e indicadores METAS 33. Política Municipal de Educação Ambiental (PMEA) aprovada em mais 10 municípios, a cada ano AÇÕES Fomentar a discussão da política em conselhos municipais Assessorar os municípios para a aprovação Assessorar os municípios para a implementação da política Promover encontro bianual presencial da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Itajaí REABRI INDICADORES DE MONITORAMENTO Número de municípios assessorados Número de municípios com a PMEA aprovada Número de grupos de trabalho municipais de EA instituídos Número de novos cadastros nas redes sociais Número de acessos às redes sociais Número de atores sociais envolvidos no encontro Número de experiências relatadas nas redes sociais 34. Participação de 50 municípios em ações de mobilização social, a cada ano Organizar e realizar as campanhas de mobilização social como a Semana da Água e o prêmio Otto Rohkohl Produzir e distribuir o Jornal do Comitê Produzir o boletim eletrônico Piava.com Número de municípios envolvidos nas ações da Semana da Água Número de inscrições no prêmio Otto Rohkohl Número de Jornal do Comitê impresso e distribuído Número de boletins Piava.com divulgados 76 METAS 35. Formação continuada em temas associados à gestão de recursos hídricos para 50 profissionais que atuam na gestão, 250 educadores e 30 comunicadores, a cada dois anos. AÇÕES Promover a formação continuada de educadores Promover a formação continuada para profissionais que atuam na gestão de recursos hídricos Promover a formação para comunicadores INDICADORES DE MONITORAMENTO Número de educadores formados Número de projetos locais de EA desenvolvidos Número de profissionais formados Número de comunicadores formados Número de inscrições no prêmio Otto Rohkohl Responsáveis Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí Coletivo Educador da Bacia do rio Itajaí e Litoral Centro Norte Catarinense (CEBILINC) Grupo de Trabalho em Educação Ambiental da Região Hidrográfica 07 (GTEARH07) f) (15) Programa de Gestão do Conhecimento da Bacia Hidrográfica Apresentação O Programa de Gestão do Conhecimento da Bacia Hidrográfica tem as funções de ampliar o conhecimento sobre a bacia e de monitorar a implementação do Plano da Bacia. Durante o desenvolvimento do plano foram identificados temas acerca dos quais as informações eram escassas ou inexistentes. Por conta disso, várias diretrizes definem que seja ampliado e aprofundado o conhecimento em aspectos hidrológicos, hidrogeológicos, de ecologia fluvial, entre outros, todos assuntos relevantes para a gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do Itajaí. Alinhando-se com o Plano Nacional de Recursos Hídricos, que tem um programa voltado exclusivamente ao seu Gerenciamento Executivo e ao Monitoramento e Avaliação da sua Implementação (BRASIL, 2006c), o Plano da Bacia do Itajaí tem uma diretriz voltada ao gerenciamento executivo e ao monitoramento e avaliação da implementação do plano. Este programa contempla as diretrizes de ampliação do conhecimento e de monitoramento e avaliação do Plano. Objetivos Gerais Promover o acompanhamento e a avaliação da implantação do plano. 77 Aprofundar o conhecimento sobre a bacia do Itajaí em assuntos relevantes à gestão dos recursos hídricos. Objetivos Específicos • Desenvolver mecanismos de acompanhamento e avaliação da implantação do plano • Desenvolver formas de uso racional da água • Gerar informações sobre a eficiência das faixas de proteção legal dos cursos d’água • Gerar informações sobre a relação entre área protegida na bacia e a quantidade e qualidade de água, inclusive da água subterrânea (áreas de recarga) • Gerar informações sobre práticas de revitalização de rios Metas, ações e indicadores de monitoramento METAS 36. Mecanismos de acompanhamento e avaliação da implantação do plano definidos nos primeiros 06 (seis) meses após a aprovação do plano 37. Estudos e pesquisas relevantes à gestão dos recursos hídricos da bacia do Itajaí sendo realizados AÇÕES Promover o estudo dos programas aprovados para identificação dos indicadores de monitoramento do plano e a partir daí definir os mecanismos INDICADORES DE MONITORAMENTO Indicadores de monitoramento do plano identificados Mecanismos definidos Definir mecanismos de acompanhamento dos processos de implantação da outorga, enquadramento e cobrança Indicadores de monitoramento dos instrumentos definidos Definir indicadores de acompanhamento do processo de homologação do plano Indicadores definidos Incentivar instituições de ensino e pesquisa, bem como órgãos públicos, para que promovam pesquisas que possibilitem: Cadastro de estudos/pesquisas contendo, pelo menos: a) verificar a eficiência das faixas de proteção legal, com vistas à proteção dos recursos hídricos e corredores ecológicos; - instituição de ensino; b) identificar formas de uso racional da água; c) aprofundar o conhecimento sobre as UCs existentes na bacia do Itajaí e sua importância para a proteção da água; - equipe; - período de realização; - resultados. d) obter um diagnóstico da disponibilidade e da qualidade das águas subterrâneas com a identificação das fontes contaminadoras e) detalhar as informações sobre as áreas de recarga no meio rural e meio urbano; f) melhorar o conhecimento sobre ecologia fluvial visando à preservação, proteção e revitalização de rios. 78 Responsáveis A coordenação deste programa é de responsabilidade da Fundação Agência de Água da Bacia e da Câmara Técnica de Planejamento do Comitê do Itajaí. g) (17) Programa de Neutralização de Carbono Apresentação O Programa Regional de Neutralização de Carbono, instrumentalizado por meio do Selo Piava de Neutralização de Carbono, é uma oportunidade para empresas investirem em responsabilidade social e ambiental na região da bacia do Itajaí, permitindo que se distingam no mercado pela sua contribuição no combate aos gases efeito estufa. O Programa de Neutralização articula as iniciativas do poder público (prefeituras) e da iniciativa privada (empresas), visando a apoiar e a viabilizar a recuperação de áreas de ambiente ciliar. O Programa é vinculado ao Programa de Recuperação de Matas Ciliares. Foi criado em 2009 pela Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí, como atividade do Projeto Piava, para ser incorporado agora ao Plano da Bacia. Objetivo Geral Captar recursos para custear ações de conservação e recuperação de matas ciliares. Objetivos específicos • Ampliar o número de atores envolvidos nas ações de recuperação de matas ciliares. • Contribuir com a conservação e a recuperação, com espécies nativas, das matas ciliares do Bioma Mata Atlântica. Metas, ações e indicadores METAS AÇÕES 38. Levantar recursos para a recuperação de 70 hectares anuais com mudas de espécies nativas de mata ciliar. Divulgar o Programa Regional de Neutralização de Carbono Instigar a adesão das empresas ao Programa Conceder o Selo Piava de Neutralização de Carbono Manter a empresa informada sobre o processo de recuperação e neutralização Manter os municípios interessados nas ações de recuperação Fomentar o cadastro de áreas prioritárias para a recuperação Elaborar projetos de recuperação para a neutralização de carbono das empresas INDICADORES DE MONITORAMENTO Recursos financeiros arrecadados Número de empresas certificadas pelo Selo Piava de Neutralização do Carbono Número de municípios conveniados ao Programa Número de proprietários beneficiados pelo Programa Número de propriedades 79 Adquirir mudas florestais de espécies nativas com qualidade e diversidade Envolver o proprietário no processo de recuperação da mata ciliar Monitorar a recuperação e o processo de neutralização do carbono Promover a melhoria da propriedade por meio de práticas de recuperação recuperadas pela neutralização de carbono Responsável Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí Parceiros Poder executivo municipal Pessoa física (proprietários ribeirinhos) 80 C1.2 – Diretrizes para implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos na bacia São objetivos dessa seção apresentar as diretrizes necessárias à implementação dos instrumentos de gestão na bacia, conforme previsto na Lei Federal nº 9.433/97, nas Seções II a VI. A implementação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos é distribuída por diversas instituições integrantes do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Após a homologação do Plano Diretor de Recursos Hídricos pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, cabe à SDS implementar a outorga e a cobrança; cabe à FATMA aplicar o re-enquadramento; e cabe à SDS e à Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí, em conjunto, desenvolver e manter o Sistema de Informações de Recursos Hídricos, pois as informações estão distribuídas entre o SIBI e o SIRHESC. Conforme consta da Tabela C1.3, as metas para a implementação dos instrumentos são as seguintes: 1. Emissão de 600 outorgas por ano, ao longo de 5 anos; 2. Conflitos equacionados em dois trechos críticos por ano; 3. Critérios para instalação de empreendimentos hidrelétricos definidos com base em Estudos Ambientais por sub-bacia, acompanhados a aprovados pelo Comitê do Itajaí, no prazo de dois anos; 4. Critérios para outorga de lançamento definidos no prazo de 1 ano; 5. Cobrança regulamentada em 2011; 6. Coeficiente setorial definido em seis meses após aprovado o plano; 7. Coeficientes e preços unitários básicos revistos anualmente; 8. Cobrança implementada 12 (doze) meses após sua regulamentação, da seguinte maneira: prazo 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano % a ser cobrado 50% 50% 75% 75% 100% 81 9. Qualidade de água alcançada em 5 anos, conforme Tabela B1.11: Classe Extensão de rios % da extensão de rios Classe 1 1665 km 56,75 % Classe 2 477 km 16,26 % Classe 3 Classe 4 491 km 254 km 16,73 % 8,66 % 10. Sistema de informações de qualidade de água, implementado em 2010 11. Sistema de gerenciamento da recuperação de matas ciliares, implementado em 2011 12. Sistema de acompanhamento do plano, implementado em 2011 13. Atualização do sistema de alerta de cheias, implementado em 2010 A seguir são apresentados os critérios e/ou a sistemática proposta para a implementação de cada um dos instrumentos. 82 C1.2.1 – Sistema de informação sobre recursos hídricos da bacia hidrográfica O Sistema de Informações da Bacia do Itajaí (SIBI) foi desenvolvido pelo Projeto Piava, e tem a estrutura apresentada na Figura B1.7. Ele atende tanto aos gestores como à sociedade em geral, permitindo consultas e inserção de informações. Até o momento ele é composto de sete módulos, conforme mostra aquela figura. Outros dois módulos devem ser desenvolvidos para atender as demandas do Plano da Bacia, conforme estabelecem as metas: • Sistema de informações de qualidade de água, a ser implementado em 2010; • Sistema de gerenciamento da recuperação de matas ciliares, a ser ampliado até 2011; • Sistema de acompanhamento do Plano da Bacia, a ser implementado até 2011; • Atualização do sistema de alerta de cheias. 83 C1.2.2 – Re-enquadramento dos corpos de água da bacia A proposta de re-enquadramento dos cursos d’água em classes de qualidade, sintetizada no Mapa 75, é a seguinte: a) Para águas superficiais (doces) RIOS DE CLASSE ESPECIAL • Rio Forcação e seus afluentes, a montante da confluência com o ribeirão Braço Forcação, em Doutor Pedrinho; • Ribeirão Baú e seus afluentes, dentro da área do Parque Botânico do Morro do Baú, em Ilhota; • Rio Itajaí Mirim, a jusante da confluência com o rio Pavão e até a confluência com o rio do Veado, em Vidal Ramos e Presidente Nereu; • Rio Areia e todos seus afluentes até a confluência com o rio Água Fria, em Vidal Ramos e Botuverá; • Ribeirão Lageado Alto ou Lageado Grande e todos seus afluentes dentro do Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Botuverá; • Rio Águas Cristalinas e todos seus afluentes dentro do Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Guabiruba; • Rio do Aimoré ou Guabiruba do Norte e todos seus afluentes dentro do Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Guabiruba; • Rio Brilhante e rio do Meio e todos seus afluentes dentro da Área de Preservação Ambiental do Serra do Brilhante, em Itajaí; • Ribeirão Jundiá, ribeirão do Bode ou São Luiz, ribeirão Warnow, rio Encano, ribeirão da Velha, rio Garcia, ribeirão Gaspar Grande e todos seus afluentes dentro do Parque Nacional Serra do Itajaí, nos municípios de Apiúna, Indaial, Blumenau e Gaspar. RIOS DE CLASSE 1 • Rio Forcação e seus afluentes, a jusante da confluência com o ribeirão do Braço até a confluência com o rio Nato, em Doutor Pedrinho; • Rio Perito, a montante da confluência com o rio Lageado, em Alfredo Wagner; • Rio Adaga e seus afluentes, a montante da confluência com o rio Lessa, em Alfredo Wagner; • Rio do Meio e seus afluentes, a montante da confluência com o rio Gabiroba, em Bom Retiro; • Rio Figueiredo, da nascente até o km 4, em Petrolândia (escala 1:50.000); • Rio Perimbó, da nascente ate o km 5, em Petrolândia (escala 1:50.000); • Ribeirão Garganta, a montante da confluência com o arroio dos Vargas, em Agrolândia; • Ribeirão Folhagem, da nascente até o km 6, em Braço do Trombudo (escala 1:50.000); • Rio das Pombas, a montante da confluência com o ribeirão do Veado, nos municípios de Otacílio Costa e Pouso Redondo; • Ribeirão das Pombinhas, da nascente até o km 5, nos municípios de Otacílio Costa e Pouso Redondo (escala 1:50.000); • Ribeirão Taió, a montante da confluência com o ribeirão Laranjeiras, nos municípios de Ponte Alta do Norte e Mirim Doce; • Rio do Rauem ou do Corisco, da nascente ate o km 9, em Taió (escala 1:50.000); 84 • • • • Rio Itajaí do Oeste, a montante da confluência com o arroio Cortezini, em Rio do Campo; Rio Preto, a montante da confluência com o arroio Tomazoni, em Rio do Campo; Rio do Campo, a montante da confluência com o arroio Tifa Seca, em Rio do Campo; Rio Itajaí do Norte e todos seus afluentes, da confluência com o rio Deneke até a confluência com o ribeirão Dollman, nos municípios de Vitor Meireles e José Boiteux; • Rio do Norte, a montante da confluência com o córrego do Porco, em Rio do Cedros; • Rio Palmeiras, a montante da confluência com o rio Boi Preto, em Rio dos Cedros; • Rio Ada, a montante da confluência com o rio Joana, em Rio dos Cedros; • Ribeirão São João, a montante da confluência com o Ribeirão Bonito, em Benedito Novo; • Ribeirão Capivari, da nascente até o km 4, em Doutor Pedrinho (escala 1:50.000); • Rio Bonito, a montante da confluência com o ribeirão Braço Direito da Santa Luzia, em Massaranduba; • Ribeirão Braço do Baú, a montante da confluência com o ribeirão Morro Azul, em Ilhota; • Ribeirão do Baú, do km 7 ao km 12, em Ilhota (escala 1:50.000); • Rio Itajaí Mirim e seus afluentes, a montante da confluência com o rio Garrafão, em Vidal Ramos; • Rio Garrafão, a partir de sua foz no rio Itajaí Mirim, em Vidal Ramos; • Ribeirão Alto Warnow, a partir de sua foz no rio Warnow Grande, até o limite do Parque Nacional Serra do Itajaí, em Indaial; • Rio Encano seus afluentes, a montante da confluência do rio córrego Hermem até o limite do Parque Nacional Serra do Itajaí, em Indaial; • Ribeirão da Velha e todos seus afluentes, do limite do Parque Nacional Serra do Itajaí em Blumenau até a confluência com o ribeirão do Cego, em Blumenau; • Rio Garcia e todos seu afluentes, do limite do Parque Nacional Serra do Itajaí até a confluência com o córrego Krooberger, em Blumenau ; Ribeirão Gaspar Grande e todos os seus afluentes, em um trecho de 2,5km a partir do limite do Parque Nacional Serra do Itajaí, em Gaspar (escala 1:50.000); • Rib. Alto Gasparinho, da nascente até o km 5,5, em Gaspar (escala 1:50.000); • Rio do Testo e todos os seus afluentes, a montante da confluência com o córrego Canudos, em Pomerode; • Rio Itoupava do Norte e todos os seus afluentes, a montante da confluência com o córrego Tatutiva Quatro, em Blumenau; • Ribeirão Belchior e todos seus afluentes, a montante da confluência com o córrego Fidélis, em Gaspar; • Ribeirão Arraial e todos seus afluentes, a montante da confluência com o córrego Santa Rosa, em Gaspar. CLASSE 1 (Rios fora da Bacia do Itajaí, mas localizados na região hidrográfica 07, ao norte da foz do Itajaí) • Rio do Peixe e todos seus afluentes, no trecho que vai da nascente até o km 4,5, em Barra Velha (escala 1:50.000); • Córrego Pendenga e todos seus afluentes, no trecho que vai da nascente até o km 2, em Balneário Piçarras (escala 1:50.000); • Rio Gravatá e todos seus afluentes, no trecho que vai da nascente até o km 1,5, na Penha (escala 1:50.000); • Córrego Guapuruma e todos os seus afluentes, da nascente até o km 1,5, em Navegantes (escala 1:50.000). RIOS DE CLASSE 2: os demais 85 86 b) Para águas superficiais (salobras) RIOS DE CLASSE 2 • Rio Itajaí-açu, a jusante da confluência com o rio Luiz Alves, nos municípios de Ilhota, Navegantes e Itajaí; • Canal do rio Itajaí Mirim, a jusante da barragem de captação de água da SEMASA, em Itajaí; • Rio Itajaí Mirim, a jusante da confluência com o rio Canhanduba, em Itajaí. RIOS DE CLASSE 2 (Rios fora da Bacia do Itajaí, mas localizados na região hidrográfica 07, ao norte da foz do Itajaí) • Ribeirão Gravatá, a jusante da confluência com o Córrego Guapuruma, na Penha; • Rio Lagoa do Furado, a jusante da confluência com arroio inominado, na Penha; • Rio Piçarras, em toda sua extensão, em Balneário Piçarras. c) Para águas subterrâneas Rasas CLASSE ESPECIAL: Em unidades de conservação de proteção integral CLASSE 1: Nas bacias de contribuição de rios classe 1 CLASSE 2: Nas demais bacias Profundas CLASSE ESPECIAL: Em unidades de conservação de proteção integral CLASSE 1: Nas demais áreas d) Metas progressivas As metas progressivas para atingir a qualidade almejada pela proposta de enquadramento, a cada 5 anos, são apresentadas na Tabela C1.4. Como se observa ao comparar as metas para 20 anos com a proposta de re-enquadramento, esta é superada em termos de rios classe 1 mas não alcançada em termos de rios classe 2. Isso é evidenciado mais uma vez na Tabela B1.12, abaixo reapresentada. Mas como discutido na seção B1.3, os estudos em que se baseia a proposta contém uma série de simplificações, e praticamente não teve dados de monitoramento como suporte. Por isso, propõe-se estabelecer prioritariamente um monitoramento mais sistemático da qualidade de água na bacia (meta do SIBI), e rever a atual proposta num prazo de 5 anos. 87 Tabela C1.4 - Metas progressivas do enquadramento dos corpos de água Classes Classificaçã o Adotada (DBO e coliformes) Classificaçã o salobra Metas Progressivas O rio que temos hoje 5 anos 10 anos 15 anos Enquadramento 20 anos km % km % km % km % km % km % Especial - - - - - - - - - - 161 5,48 Classe 1 1313 44,75 1345 45,84 1346 45,88 1346 45,88 1346 45,88 327 11,14 81,76 Classe 2 80 2,73 251 8,55 285 9,71 317 10,80 317 10,80 2399 Classe 3 118 4,02 488 16,63 523 17,83 657 22,39 686 23,38 - - Classe 4 1376 46,90 803 27,37 733 24,98 567 19,33 538 18,34 - - Classe 1 10 0,34 10 0,34 10 0,34 10 0,34 10 0,34 - - Classe 2 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 14 0,48 47 1,60 Classe 3 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 23 0,78 - - Classe 4 37 1,26 37 1,26 37 1,26 37 1,26 0 0,00 - - Tabela B1.12 - Mudanças desejadas e possíveis (com tratamento de esgoto) da qualidade de água Doce Classe 1 Melhorias em km desejadas em 20 anos -825 Melhorias em km que podem ser alcançadas com o tratamento de esgoto 33 Doce Classe 2 2319 237 Doce Classe 3 -118 568 Doce Classe 4 -1376 -838 Salobra Classe 1 -10 0 Salobra Classe 2 47 14 Salobra Classe 3 0 23 Salobra Classe 4 -37 -37 Classes Resultados 56,68 % 41,72 % 0,82 % 0,78 % 88 C1.2.3 – Outorga dos direitos de uso da água a) Critérios As outorgas de captação deverão considerar os seguintes critérios: a1) Vazão de referência = Q98 (vazão igualada ou superada em 98% do tempo) a2) Vazão outorgável = 50% da vazão de referência, subtraídos 10% da vazão incremental no trecho, a título de reserva técnica. Nas regiões críticas de disponibilidade não haverá reserva técnica. a3) Vazão insignificante para captações superficiais = 1.000 m3/mês por propriedade, obedecendo as seguintes condições: I. II. Considera-se, simultaneamente, usuário, propriedade e demanda; Ao usuário com mais de uma propriedade aplica-se este critério em cada uma de suas propriedades separadamente; III. Naquelas propriedades com mais de um ponto de captação, a avaliação da demanda considera a soma das captações superficiais e/ou subterrâneas, para o devido enquadramento como vazão insignificante. a4) Vazão insignificante para captações subterrâneas = 30% da vazão insignificante para águas superficiais. a5) Usos prioritários: 1o. Consumo humano; 2o. Dessedentação de animais; 3o. Indústria (incluindo utilização do potencial para geração de energia mecânica), Piscicultura, Criação animal, Irrigação, Outros usos; 4o. Geração de energia elétrica; 5o. Diluição. a6) Empreendimentos hidrelétricos devem atender dois critérios: I. A outorga preventiva e definitiva do direito de uso da água para fins de geração de energia elétrica será condicionada ao atendimento de critérios ambientais, definidos por meio de estudos ambientais por sub-bacia, acompanhados e aprovados pelo Comitê do Itajaí15. 15 Este critério é aplicado uma vez, à cada sub-bacia, e não por empreendimento. 89 II. A vazão outorgável aos empreendimentos hidrelétricos corresponde àquela que excede à soma da vazão outorgável com a vazão ecológica. Caso a vazão de referência seja alterada em decorrência da revisão dos critérios de outorga, esta alteração também será repassada ao setor hidrelétrico. a7) Processo de implantação da outorga I. A outorga deverá iniciar simultaneamente em toda a bacia hidrográfica com exceção das regiões críticas (trechos críticos); II. Serão consideradas regiões críticas os trechos com demanda maior do que a disponibilidade para outorga, ou seja, trechos críticos; III. Nesses trechos, onde já é possível identificar conflitos (Mapa 59), a outorga não será concedida até que os conflitos relacionados ao recurso hídrico sejam arbitrados pelo Comitê do Itajaí em primeira instância administrativa; IV. A vazão outorgável dos trechos críticos será considerada indisponível para outorga até que o conflito seja dirimido; V. Nos primeiros 12 meses, a partir do início da outorga na bacia do Itajaí, serão atendidos exclusivamente os usuários cadastrados no período de 22 de março a 22 de setembro de 2007; VI. Os cadastrados após 22 de setembro de 2007 serão atendidos no período subsequente, pela ordem cronológica do pedido de outorga, de acordo com a disponibilidade de água; VII. O cadastro de usuários de água será considerado solicitação de outorga a partir do encaminhamento da documentação exigida em instrumento regulador próprio, ficando desta forma, estabelecida como ordem de solicitação de outorga, a mesma ordem do cadastramento dos usuários. b) Metas • Emissão de 600 outorgas por ano, ao longo de 5 anos, a partir de 2011; • Conflitos equacionados em dois trechos críticos por ano; • Critérios para instalação de empreendimentos hidrelétricos definidos com base em estudos ambientais por sub-bacia, no prazo de dois anos; • Critérios para outorga de lançamento definidos no prazo de 1 ano. 90 C1.2.4 – Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso da água Pelo que foi apresentado na seção B1.3, o custo da recuperação da bacia do Itajaí foi estimado em R$1,305 bilhões. O horizonte do plano de recursos hídricos é de 20 anos. Valores precisos dos custos devem ser definidos anualmente, em função de programas e ações estabelecidos pelo Plano Diretor. Além de outras fontes de financiamento - projetos aprovados em fundos diversos - e repasses públicos (orçamentários), uma parcela deve vir da cobrança pelo uso da água. Considerando esse contexto, e com base nos estudos e discussões feitas, as diretrizes, critérios e metas para a cobrança são os descritos a seguir. a) Diretrizes 1) A cobrança será implantada progressivamente; 2) A cobrança só será implantada se houver a garantia do retorno do recurso arrecadado para a bacia; 3) Considerando que a cobrança destina-se a possibilitar a recuperação ambiental da bacia hidrográfica, pela qual todos os usuários serão beneficiados, deverá haver participação de todos os usuários na sua aplicação; 4) Para ampliar o número de usuários regularizados, os alvarás municipais devem passar a exigir o protocolo de registro no cadastro de usuários. b) Critérios b1) Modelo de cobrança Valor (R$) = [Pcap Vcap Kenq + Pcon Vcon + (PDBO . DBO + PMS . MS + PX . X)Kenq] KS – Vpa Sendo (valores anuais): Vcap = volume captado (m3) Vcon = volume consumido (m3) Vlan = volume lançado (m3), em que: Vcon = Vcap – Vlan DBO representa a demanda bioquímica de oxigênio, em kg, obtido pelo produto: concentração de DBO . Vlan 91 MS representa materiais sedimentáveis, em litros, obtido pelo produto: concentração de MS . Vlan X = quantidade de qualquer outro poluente a ser considerado, em kg, obtido pelo produto: concentração de X . Vlan Além disso: Pcap = preço unitário para a captação (R$/m3) Pcon = preço unitário para o consumo (R$/m3) PDBO = preço unitário para o lançamento de DBO (R$/kg) PMS = preço unitário para o lançamento de MS (R$/L) PX = preço unitário para o lançamento de X (R$/kg) Vpa = valor correspondente à produção de água pela propriedade usuária, a ser estabelecido de acordo com o Programa Produtor de Água. E os coeficientes: Kenq = coeficiente de enquadramento do corpo d’água onde é feita a captação; Ks = coeficiente setorial b2) Valores para o coeficiente de enquadramento do corpo d’água onde se faz a captação: Kenq = 1,5 onde a captação é feita em rio Classe Especial Kenq = 1,2 onde a captação é feita em rio Classe 1 Kenq = 1 onde a captação é feita em rio Classe 2 Kenq = 0,8 onde a captação é feita em rio Classe 3 Kenq = 0,6 onde a captação é feita em rio Classe 4 b3) Complementações O parâmetro Vpa será estabelecido em conformidade com o que for definido pelo Programa Produtor de Água. 92 c) Metas • Cobrança regulamentada em 2011; • KS definido em seis meses após a aprovação do plano; • Coeficientes e preços unitários básicos revistos anualmente; • Cobrança implementada 12 (doze) meses após a regulamentação, da seguinte maneira: prazo 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano % a ser cobrado 50% 50% 75% 75% 100% 93 C1.3 – Proposta organizacional para implementação do gerenciamento de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica O objetivo dessa seção é propor uma estrutura organizacional para o gerenciamento dos recursos hídricos da bacia, que compatibilize a estrutura institucional existente, as legislações pertinentes e os interesses das comunidades da bacia. Como discutido na Seção A4.1 do Diagnóstico, as organizações de gerenciamento de recursos hídricos da bacia do Itajaí foram criadas e efetivadas há 13 anos, no caso do Comitê do Itajaí (Decreto Estadual 2109/97), e há 9 anos, no caso da Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí, criada em 2001, após manifestação favorável do CERH. Em 2004, por meio de suporte financeiro do Projeto Piava, a Fundação passou a exercer, gradativamente, a secretaria executiva do Comitê do Itajaí. No cumprimento desse papel, a Fundação Agência de Água também foi a responsável pelo desenvolvimento do presente Plano de Recursos Hídricos. Portanto, na prática, a Fundação Agência de Água do Vale do Itajaí atua como ente do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, ilustrado na Figura C1.3. Legalmente, porém, ela não o integra, pois a Lei Estadual No 9022/93 não prevê agências de bacia dentro do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Figura C1.3 – Composição do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, incorporando o Sistema Estadual correspondente Em vista disso, a adoção do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Itajaí requer, do Comitê do Itajaí, as seguintes providências: 94 1. Gestionar, junto à ALESC, para que seja aprovado o PL 465.8/2009, que altera alguns dos artigos da Lei 9022/93, e insere os comitês de bacias e as agências de bacias no Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 2. Gestionar, junto à ALESC e ao Poder Executivo Estadual, para que seja criado um mecanismo legal em âmbito estadual, similar ao existente na esfera federal (Lei 10.881/2004 – Lei das entidades delegatárias), que permita ao órgão gestor de recursos hídricos, mediante aprovação do CERH, delegar as funções de agência de bacia por meio de contratos de gestão, a pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, com identidade na respectiva bacia e qualificadas para a função. 3. Gestionar para que o CERH aprove abertura de edital para a seleção da entidade que assumirá as funções de agência de bacia, na bacia hidrográfica do rio Itajaí. Tais medidas, em conjunto com a aprovação, pelo CERH, do novo regimento do Comitê do Itajaí, deliberado em dezembro de 2009 (Resolução 36), definem o arcabouço institucional necessário à implementação deste Plano de Recursos Hídricos e à efetiva gestão de recursos hídricos na bacia do Itajaí. Além dessas providências de caráter formal, a implementação do plano requer intensivo trabalho de articulação institucional, fazendo com que uma série de outras providências sejam tomadas. Tais medidas, a cargo do Comitê do Itajaí, incluem: 4. Gestionar para que o CERH homologue o Plano Diretor de Recursos Hídricos no prazo de dois meses; 5. Criar, no âmbito do Comitê do Itajaí, um grupo de trabalho permanente para ajustar e aplicar as diretrizes e os critérios da cobrança pelo uso da água; 6. Desenvolver medidas, no âmbito do Comitê do Itajaí, que condicionem o alvará municipal das empresas ao registro no cadastro de usuário de água; 7. Definir organizações responsáveis para elaborar os programas do Plano ainda não detalhados, e zelar para que sejam submetidos ao Comitê do Itajaí, até abril de 2011; 8. Gestionar junto ao GTC a coordenação e execução das ações do PPRD; 9. Promover a articulação do PPRD com os demais programas deste Plano Diretor da Bacia do Itajaí; 10. Incumbir à Câmara Técnica de Planejamento a tarefa de coordenar o acompanhamento do Plano; 95 11. Gestionar para que a Diretoria de Recursos Hídricos/SDS crie um grupo de trabalho com participação da FATMA e do Comitê do Itajaí, com o objetivo de preparar a implementação das metas de outorga e de re-enquadramento estabelecidas por este Plano Diretor; 12. Em relação ao cadastro de usuários de água, gestionar junto à SDS para que seja: a) providenciado o preenchimento dos dados qualitativos (lançamentos), b) estudada a possibilidade de inclusão das demonstrações financeiras das empresas industriais referentes ao ativo total, patrimônio líquido, receita operacional bruta e líquida, resultados bruto e líquido, quantidade de colaboradores, consumo de energia elétrica entre outros, para melhor fundamentar critérios de cobrança; 13. Gestionar para que a Diretoria de Recursos Hídricos/SDS crie um grupo de trabalho técnico jurídico, com participação da ALESC, do Comitê do Itajaí e dos demais comitês de bacia catarinenses, com o objetivo de promover a regulamentação da cobrança pelo uso da água; 14. Apresentar o Plano Diretor da Bacia do Itajaí aos candidatos ao governo do Estado em 2010. Blumenau, 6 de maio de 2010. 96