Dissertacao_Heliana Faria Mettig Rocha

Transcrição

Dissertacao_Heliana Faria Mettig Rocha
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ARQUITETURA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
HELIANA FARIA METTIG ROCHA
VISUALIZAÇÃO URBANA DIGITAL:
SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E HISTÓRICAS
PARA O BAIRRO DO COMÉRCIO - SALVADOR
Salvador
2007
ii
HELIANA FARIA METTIG ROCHA
VISUALIZAÇÃO URBANA DIGITAL:
SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E HISTÓRICAS
PARA O BAIRRO DO COMÉRCIO - SALVADOR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura,
Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em Arquitetura.
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Corso Pereira
Salvador
2007
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
iii
Rocha, Heliana Faria Mettig
Visualização Urbana Digital: Sistema de Informações Geográficas e Históricas para o
Bairro do Comércio - Salvador / Heliana Faria Mettig Rocha. – Salvador, 2007.
168p. il.
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Corso Pereira.
Dissertação (mestrado) – Faculdade de Arquitetura – Universidade Federal da Bahia,
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2007.
1. Visualização Urbana. 2. SIG Histórico. 3. Representação Digital do Espaço. 4. Modelo
Urbano 3D. 5. Bairro do Comércio/ Salvador.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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AGRADECIMENTOS
Manifesto minha gratidão aos que contribuíram para o andamento da pesquisa que originou
esta dissertação.
À FAPESB, pelo importante auxílio da bolsa de mestrado.
Ao meu orientador, Professor Gilberto Corso Pereira, por me acolher no LCAD, pelo
incentivo à minha pesquisa, e também pela leitura, discussão, apontamentos e indicações.
À Professora Ângela Maria Gordilho Souza, tenho a maior gratidão, por ter me estimulado a
ingressar na vida acadêmica, desde quando participei de sua pesquisa, como bolsista de
iniciação e aperfeiçoamento científico .
Ao Professor Arivaldo Leão de Amorim, pela ajuda e conselhos durante a etapa de
desenvolvimento do projeto de pesquisa.
À gentileza do Professor Mário Mendonça de Oliveira, ao facilitar o acesso ao AHEx Arquivo Histórico Militar do Exército no Rio de Janeiro e disponibilizar sua biblioteca
particular.
À Professora Elisabetta Romano, por aceitar prontamente o convite de fazer parte da banca de
defesa da dissertação, contribuindo com o meu trabalho.
Ao Professor Francisco Sena, que, várias vezes, atendeu-me, disponibilizando seu vasto
conhecimento sobre a história da arquitetura e da Cidade.
Ao historiador Cyd Teixeira, pelo incentivo na escolha do estudo de caso.
Ao Professor Stephen Sheppard, da Universidade de British Columbia - Canadá, pelo material
bibliográfico e entrevista cedidos.
Aos professores, Silvana Sá de Carvalho, Jaine de Carvalho e Natalie Groetelaars, pela
presteza em me auxiliar no que foi preciso.
Ao bolsista de iniciação científica, Emanoel Ferreira, pela sua disponibilidade e auxílio.
À Professora Mariely Santana, pelo apoio e pelo empréstimo das fotografias do CEAB.
Aos funcionários do Arquivo Público do Estado da Bahia, do Museu Tempostal, da Fundação
Gregório de Matos e da biblioteca da Faculdade de Ciências Humanas da UFBA, pelo prontoatendimento.
A todos que gentilmente cederam exemplares de suas coleções.
Aos colegas que leram e discutiram meus textos e à Carol, em particular, pela amizade e
cumplicidade durante o curso de Mestrado.
A José Inácio e família pela acolhida, no Rio de Janeiro, pelo carinho e disponibilidade.
A meus pais, irmã e a toda a minha família, pelo constante apoio ao meu desenvolvimento
profissional e acadêmico.
A Paulo Sérgio, pela paciência, apoio e incentivo no caminho.
A Deus, por tudo.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................................vii
ABSTRACT ............................................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................ix
LISTA DE MAPAS....................................................................................................................x
LISTA DE VISUALIZAÇÕES 3D ............................................................................................x
LISTA DE QUADROS .............................................................................................................xi
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..............................................................................xii
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
1.1. PROPÓSITO DO ESTUDO........................................................................................1
1.2. OBJETIVOS................................................................................................................2
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................6
2. A REPRESENTAÇÃO DIGITAL DO ESPAÇO URBANO ..............................................8
2.1. TEORIAS DE PERCEPÇÃO VISUAL E MÉTODOS DE APREENSÃO DA
FORMA URBANA .....................................................................................................9
2.2. ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL...........................................................................15
2.3. REPRESENTAÇÕES DIGITAIS .............................................................................16
3. TECNOLOGIAS DIGITAIS APLICADAS À VISUALIZAÇÃO DE ÁREAS
HISTÓRICAS.....................................................................................................................19
3.1. REALIDADE VIRTUAL (RV) ................................................................................23
3.2. REALIDADE AUMENTADA (RA) ........................................................................26
3.3. SISTEMAS DE SUPORTE AO PLANEJAMENTO ...............................................28
3.4. SISTEMAS PARA PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ....................................................29
3.5. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS e HISTÓRICAS ...................31
3.6. SÍNTESE CRÍTICA E INDICAÇÕES PARA O ESTUDO .....................................41
4. BAIRRO DO COMÉRCIO, CIDADE BAIXA, SALVADOR..........................................49
4.1. OBJETO DE ESTUDO .............................................................................................49
4.2. CONTEXTO HISTÓRICO E URBANO ..................................................................51
5. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E HISTÓRICAS PARA O BAIRRO
DO COMÉRCIO – SALVADOR ......................................................................................56
5.1. OBJETIVOS DO SISTEMA.....................................................................................57
5.2. MODELOS................................................................................................................57
5.3. PROTÓTIPO .............................................................................................................59
5.4. MODELAGEM CONCEITUAL...............................................................................60
5.4.1. Modelo de Dados.............................................................................................63
5.4.2. Dicionário de Dados ........................................................................................67
5.5. AQUISIÇÃO E CONVERSÃO DE DADOS ...........................................................73
5.5.1. Fontes de Informação ......................................................................................74
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
vi
5.5.2. Processo de Conversão de Dados ....................................................................87
5.6. INTERPRETAÇÃO DA ICONOGRAFIA ...............................................................92
5.7. MODELAGEM GEOMÉTRICA TRIDIMENSIONAL...........................................97
6. VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES ........................................................................100
6.1. MAPAS TEMÁTICOS .............................................................................................100
6.2. VISUALIZAÇÕES TRIDIMENSIONAIS ...............................................................103
6.3. OUTROS TIPOS DE VISUALIZAÇÃO ..................................................................122
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................125
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................129
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................................134
GLOSSÁRIO..........................................................................................................................138
APÊNDICE A: Principais funcionalidades dos programas pesquisados ...............................143
APÊNDICE B: Quadro de Eventos sobre a Cidade Baixa e o frontispício de Salvador,
desde o século XVI ao século XX ...............................................................152
APÊNDICE C: Levantamento de fotografias e postais ….………........................................161
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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RESUMO
A visualização urbana digital de áreas históricas, através de aplicações de Sistemas de
Informações Geográficas (SIG) foi o tema principal desta dissertação. Este foi trabalhado
através da criação de um protótipo de SIG histórico para um determinado bairro, enquadrando
o trabalho na categoria de estudo de caso. O bairro do Comércio foi escolhido por ser uma
área significativa do patrimônio urbano de Salvador, a primeira cidade colonial no Brasil,
estabelecida formalmente em 1549 pelos portugueses, em dois níveis – Cidade Alta e Cidade
Baixa. Atualmente, este bairro localizado na Cidade Baixa, possui uma variada tipologia
arquitetônica, que coexiste por séculos. Muitas “transformações e permanências” são
reveladas pela forma urbana, mas nem sempre são indicadas nos mapas de evolução urbana,
geralmente manipulados por planejadores da cidade. Além disso, a área está abandonada, por
muito tempo, pela maioria de seus negócios tradicionais, que se moveram para áreas
comerciais mais recentes. Isto implica em uma necessidade crítica de novas iniciativas para a
preservação do patrimônio. O valor do bairro do Comércio está em seu legado arquitetônico
particular, sendo o lugar onde nasceu a cidade de Salvador, e mais importante, a primeira
capital do Brasil. As aplicações de SIG possibilitam unir um grande número de informações
existentes sobre uma determinada área geográfica em um sistema único que permite a
exposição de diversas questões através de produtos visuais, tais como mapas temáticos e
visualizações tridimensionais. A metodologia aplicada ao SIG histórico foi desenvolvida com
base em conceitos de paisagem urbana, tais como percepção visual, imagem da cidade e
apreensão da forma urbana. Estes conceitos foram utilizados para interpretar a iconografia
antiga (mapas, cartões-postais, desenhos e perfis) para construir a base de dados histórica
deste bairro, sendo composta por dados espaciais e não-espaciais. Os dados espaciais são
provenientes dos mapas antigos de cada período analisado, aplicados no Modelo Digital de
Terreno (MDT), elaborado a partir do levantamento aerofotogramétrico mais atual (2002). Os
dados não-espaciais são informações detalhadas sobre os elementos urbanos mais relevantes.
O modelo conceitual do sistema detalha as feições, seus atributos e seus relacionamentos,
integrando os dados históricos e temporais coletados. Finalmente, a partir do modelo urbano
tridimensional, são geradas as visualizações que representam a forma desta área da cidade em
diferentes períodos ao longo dos anos, desde o século XVI à sua forma atual. Os diversos
produtos gerados pelo sistema podem igualmente ser utilizados em aplicações voltadas para a
preservação do patrimônio e para o planejamento urbano participativo. Além disso, o
protótipo permite ser atualizado e sua metodologia possibilita futuros usos, em outros bairros
ou cidades.
Palavras-chave: Visualização Urbana; SIG Histórico; Representação Digital do Espaço;
Modelo Urbano 3D; Bairro do Comércio/ Salvador.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
viii
ABSTRACT
The digital urban visualization of historical areas, through Geographic Information Systems
(GIS) applications was the main subject of this Master’s thesis. This subject was treated
through the creation of a historical GIS prototype for a specific district, fitting the work in the
category of case study. The Commercial District is a significant heritage area in Salvador,
which was the first colonial city in Brazil, formally established in 1549 by the Portuguese.
Currently, the Commercial District maintains a variety of typologies of architectonical units,
which have coexisted for centuries. Many “transformations and permanencies” are revealed
by the urban form, but are not always displayed on urban evolution maps, which are usually
manipulated by city planners. Furthermore, the area has long been abandoned by most of its
traditional businesses, which have moved to more modern commercial areas, and it is in
critical need of heritage preservation initiatives. The Commercial District’s value lays on its
particular architectural legacy, being the place of birth of the City of Salvador, and more
importantly, the place of birth of Brazil. GIS technology offers the ability of putting together a
great number of information of this historic area in a unique system, and it allows the display
of several queries through visual outputs, such as thematic maps and 3D visualizations. The
Historical GIS methodology developed was based on urban landscape concepts, such as
visual perception, image of the city and urban form apprehension. These concepts were used
to interpret old iconography (old maps, post-cards, drawings and elevations) and to build the
historical database for the study area, which is composed of non-spatial and spatial data. The
non-spatial data are detailed information about the most relevant urban elements. Likewise,
the spatial data proceeds from old maps of each period analyzed, applied on the Digital
Terrain Model (DTM), produced from the current aerophotometric survey (2002). The
conceptual model of the system details the features, attributes and their relationships,
integrating all the historical and temporal data collected. Finally, they generate digital models
that represent the city in different periods throughout the years. Therefore, the historical GIS
prototype developed for the Master’s thesis allows for the 3D visualization of the urban space
from its XVI century form to its current form. The system’s diverse urban visualization
products can also be used in applications for heritage preservation and participatory urban
planning. Moreover, it allows for updating, and its methodology enables future uses, such as
in other neighborhoods or cities.
Key words: Urban Visualization; Historical GIS; Digital Representation of Space; 3D Urban
Model; Commercial District/ Salvador.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa da forma visual de Boston.............................................................................10
Figura 2 – Plano de Estruturação da Orla Marítima de Salvador, baseado no estuda da imagem
da cidade. Visões dos técnicos, da comunidade e dos empresários – Jardim dos
Namorados..............................................................................................................12
Figura 3 – Postal do início do século XX, com enfoque no novo Porto de Salvador. .............17
Figura 4 – Gráfico da concentração de usuários de telefonia celular em Roma. Maio, 2006. .19
Figura 5 – Cenários do jogo SIMCITYTM 4 que simula a construção de cidades....................21
Figura 6 – Projeto Timescope I: quiosque e simulação, no sítio histórico, da visualização por
RA, através do monitor do computador, que fica dentro do quiosque. ..................27
Figura 7 – Archeoguide: simulação da visualização por realidade aumentada através do uso de
óculos digital e um computador portátil. ................................................................28
Figura 8 – Ambiente visual imersivo do Landscape Immersive Lab (LIL), Forest Resources
Management, UBC. ................................................................................................31
Figura 9 – Ciberarqueologia: técnica que agrega recursos digitais à arqueologia. ..................32
Figura 10 – Modelos digitais históricos: Expansão do sistema viário em Havana e Rio de
Janeiro, em 1808.....................................................................................................35
Figura 11 – Projeto Missões: reconstituição virtual. ................................................................36
Figura 12 – Saint Louis Virtual City Project: cidade virtual voltada para educação, na
Internet. ..................................................................................................................39
Figura 13 – SIG-3D do centro histórico de Cantu, Itália, com análise histórica, grau de
conservação e transformação das edificações. .......................................................40
Figura 14 – Transformações na paisagem urbana de Kyoto. ...................................................41
Figura 15 – Os cinco níveis de detalhe (LOD), definidos pelo CityGML. ..............................45
Figura 16 – Localização geográfica do sítio escolhido: Bairro do Comércio – Cidade Baixa –
Salvador. .................................................................................................................52
Figura 17 – Cais das Amarras, 1886.........................................................................................53
Figura 18 – Fotografias de 1890-1920-1930-1940...................................................................54
Figura 19 – Modelo conceitual de agregação das edificações..................................................62
Figura 20 – Modelo de Dados ..................................................................................................65
Figura 21 – Visualização de tela do ArcScene com os sucessivos trechos de aterro, aplicados à
foto aérea de 2002 e ao MDT. ................................................................................75
Figura 22 – Atlas Parcial da Cidade de Salvador de 1956 – trecho do bairro do Comércio. ...77
Figura 23 – Planta de 1894 – trecho do bairro do Comércio....................................................78
Figura 24 – Original da Planta de 1779, dividida em seis partes, durante processo de
montagem da imagem.............................................................................................79
Figura 25 – Planta de 1779 – trecho da Cidade Baixa..............................................................79
Figura 26 – Desenho de 1638 – trecho da Cidade Baixa..........................................................80
Figura 27 – Postais – Praça Marechal Deodoro em 1912 e em 1920.......................................83
Figura 28 – Processo de georreferenciamento do Mapa de 1779.............................................90
Figura 29 – Análise seqüencial e percurso. ..............................................................................93
Figura 30 – Parte do mapa base de 1956 mostrando as edificações de séculos diferentes. .....96
Figura 31 – Parte do mapa base de 2002 mostrando as edificações de séculos diferentes. .....96
Figura 32 – Fase de interpretação iconográfica: identificação dos edifícios-marcos e quadras
sem construção no, bairro do Comércio, séc. XX, década de 30. ..........................96
Figura 33 – Edificações até 1936 e atlas de 1956, aplicado sobre MDT. ................................97
Figura 34 – Edificações-marco com modelagem no nível de detalhe intermediário LOD2. ...99
Figura 35 – Seqüência Temática 1638-1779-1894-1956-2002 – Visualização do frontispício
de Salvador, simulando o mesmo ponto de vista da Figura 36. ...........................122
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
x
Figura 36 – Parte da fotografia panorâmica de Salvador, ano estimado: 1900. .....................122
Figura 37 – Consulta informativa...........................................................................................123
LISTA DE MAPAS
01 – Ano 2002 ....................................................................................................................
02 – Ano 1956 ....................................................................................................................
03 – Ano 1894 ....................................................................................................................
04 - Ano 1779 .....................................................................................................................
05 - Ano 1638 .....................................................................................................................
06 - Transformações e Permanências .................................................................................
102
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LISTA DE VISUALIZAÇÕES 3D
07 – Ano 2002 ....................................................................................................................
08 – Ano 1956 ....................................................................................................................
09 – Ano 1894 ....................................................................................................................
10 – Ano 1779 ....................................................................................................................
11 – Ano 1638 ....................................................................................................................
12 – Transformações e Permanências ................................................................................
13 – Classes das Edificações ..............................................................................................
14 – Edificações Militares – 1779 ......................................................................................
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Quadro de Eventos sobre a Cidade Baixa e o frontispício de Salvador, desde o
século XVI ao século XX (Apêndice B). ..............................................................86
Quadro 2 – Dados utilizados na modelagem do sistema. .........................................................92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Níveis de detalhe de 0 a 4, ou LOD 0-4, do CityGML com seus requerimentos de
precisão...................................................................................................................46
Tabela 2 – Esquema dos dados do sistema...............................................................................66
Tabela 3 – Tabela de dados alfanuméricos – Edificações-marco.............................................72
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AHEx
AR
CAD
CALP
CASA
CEAB
CECRE
CityGML
CODEBA
CONDER
CONDURB
EPSRC
FAUFBA
FOLDOC
GDI NRW
GIS
GML
GPS
GSD
GVIS
IBGE
IBM
INFORMS
IPHAN
LAURD
LCAD
LIDAR
LIL
LOD
LOUOS
MDT
MIT
NCG
OCEPLAN
OGC
PDI
PMS
PPGAU
PPGIS
PSS
RMS
SEPLAM
SICAR
SIG
Arquivo Histórico do Exército
Augmented Reality - Realidade Aumentada
Computer Aided Design – Projeto Auxiliado por Computador
Collaborative for Advanced Landscape Planning
Centre for Advanced Spatial Analysis
Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia
Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Monumentos e
Conjuntos Históricos
City Geography Markup Language
Companhia das Docas do Estado da Bahia
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano
Engineering and Physical Sciences Research Council
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia
Free On-line Dictionary of Computing (Imperial College London.)
Geodata Infrastructure North-Rhine Westphalia
Geographic Information Systems
Geography Markup Language
Global Positioning System – Sistema de Posicionamento Global
Harvard Graduate School of Design
Geographic Visualization
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
International Business Machine
Sistema de Informações Geográficas Urbanas da RMS
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Laboratório de Análises Urbanas e Representação Digital da UFRJ
Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao Desenho
LIght Detection And Ranging
Landscape Immersive Lab
Level Of Detail – nível de detalhe
Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo
Modelo Digital de Terreno
Massachusetts Institute of Technology
Núcleo de Computação Gráfica da UNISINOS
Órgão Central de Planejamento
Open Geospatial Consortium
Processamento Digital de Imagem
Prefeitura Municipal de Salvador
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Public Participatory Geographic Information System – Sistema de
Informação Geográfica em Participação Pública
Planning Support Systems - Sistemas de Suporte ao Planejamento
Região Metropolitana de Salvador
Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente
Sistema Cartográfico da RMS
Sistemas de Informações Geográficas
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xiii
SIG-3D
SIG-4D
TIN
UBC
UCL
UDMS
UFBA
UFRJ
UNISINOS
UTM
VR
VRML
3D
Sistema de Informação Geográfica 3D
Sistema de Informação Geográfica 4D
Triangular Irregular Network
University of British Columbia
University College of London
Urban Data Management Society
Universidade Federal da Bahia
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Universal Transverse Mercator
Virtual Reality - Realidade Virtual
Virtual Reality Modeling Language
três dimensões ou tridimensional
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1. INTRODUÇÃO
1.1.
PROPÓSITO DO ESTUDO
Foi em 1996, em Barcelona, em uma mostra intitulada “Cerdà – Urbis i Territore”1, a qual se
destacou pela variedade das formas de apresentação dos estudos realizados sobre a cidade de
Barcelona, que foram identificadas diversas possibilidades tecnológicas já existentes
aplicáveis à análise urbana até aquele momento. Havia modelos tridimensionais físicos e
digitais2, assim como representações temporais, através de sobreposição de imagens, dentre
outras diversas mídias eletrônicas. Todas representavam análises e sínteses sobre os projetos
urbanísticos de Ildefons Cerdà entre os anos de 1815 e 1876. Esse conteúdo foi intensamente
explorado em painéis, projeções, maquetes e publicações durante a exposição.
A imagem e a estrutura da cidade são constantemente sujeitas a um processo dinâmico de
mudança e continuidade. A cidade de Salvador, nos seus 458 anos de história, contém muitas
superposições no seu ambiente construído, por meio de reformas, reconstruções, demolições e
renovações urbanas, enquanto algumas áreas permaneceram intactas, muitas vezes por motivo
de abandono. Assim, surge o interesse de explorar estes aspectos de Salvador, utilizando o
recurso de visualização urbana digital - ato ou efeito de tornar conceitos abstratos visíveis,
através da representação visual e numérica do espaço urbano. Recursos visuais como
fotografias, mapas históricos, planos de cidades, desenhos e postais registraram as mudanças,
na imagem da cidade, ao longo dos anos. Com base nessas fontes de pesquisa, o propósito
deste estudo concentra-se em como esse processo de mudança e continuidade é visualmente
revelado pela Cidade.
Deste modo, foi eleito o tema da Representação Digital relacionado à linha de pesquisa
“Linguagem, Informação e Representação do Espaço” deste Mestrado para estudar as
linguagens e tecnologias para a representação no espaço urbano e geográfico, incluindo
aspectos tecnológicos e instrumentais e suas aplicações no planejamento urbano. Neste
trabalho, a tecnologia foi aplicada como instrumento de análise e crítica do espaço urbano
1
Mostra patrocinada pelo Departament de Política Territorial i Obres Públiques de la Generalitat de Catalunya,
Espanha.
2
O termo “digital” é derivado de dígito, caracterizando a representação numérica discreta de um dado ou de uma
grandeza física. (TEIXEIRA; CHRISTOFOLETTI, 1997, p.84)
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
2
construído, através do desenvolvimento de um estudo histórico da dinâmica da estruturação e
da transformação de um trecho da cidade.
De certa forma, a metodologia desenvolvida, durante a investigação, relaciona-se com outros
trabalhos, contribuindo com os estudos de macro-análise interativa em desenvolvimento no
Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao Desenho (LCAD), da
Faculdade de Arquitetura da UFBA, acrescentando nova faceta a projetos de pesquisa em
andamento. Este estudo também colabora na relação entre os campos de conhecimento da
história e da tecnologia de informação aplicada ao urbanismo.
Nesse sentido, acredita-se que, aprofundar os estudos sobre representação e visualização
digital, amplia as possibilidades de análise espacial praticada por arquitetos, planejadores
urbanos e comunidades, que podem ser estendidas à prática do planejamento participativo3.
Além disso, a pesquisa pode alimentar futuros estudos voltados à interpretação do patrimônio
urbano, com objetivos mais amplos de documentação histórica e geração de dados para uma
prática de educação patrimonial no meio acadêmico e na comunidade em geral.
1.2.
OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho foi aprofundar estudos sobre a linguagem e a expressão gráfica
de informações urbanas espaciais e temporais, em busca de uma representação digital para
elementos estruturais do espaço urbano, dando suporte ao planejamento e preservação de
áreas urbanas de valor histórico, pelo ponto de vista da percepção visual.
A aplicação da metodologia do estudo de caso foi escolhida como forma de criar e
experimentar esse processo de investigação, em apenas uma área da cidade, possibilitando
avaliar cada especificidade do método desenvolvido. Assim, o bairro do Comércio, na Cidade
Baixa de Salvador, foi selecionado como caso mais representativo dentre os critérios
estabelecidos, visando aprofundar o objeto do estudo.
O período estudado englobou, desde o século XVI ao século XX, sendo considerados alguns
dados até o ano 2006. Essa extensão de tempo justifica-se pela possibilidade de representar as
3
Nesse contexto, o conceito de planejamento participativo envolve a estratégia política e educacional que busca
uma visão múltipla, integrada e sustentável de desenvolvimento.
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diversas interferências registradas na paisagem urbana, que somente são percebidas
visualmente, de forma concentrada, em determinados períodos ao longo desses séculos.
No percurso, alguns objetivos mais específicos foram sendo perseguidos, como os
relacionados a seguir:
Resgate dos dados representativos deste trecho da cidade de Salvador na iconografia
existente levantada;
Levantamento dos dados sobre estudos existentes em representação digital de cidades
históricas no mundo e as tecnologias aplicadas;
Estudo da teoria da percepção da imagem da cidade, aplicada em um contexto
histórico;
Elaboração de modelos digitais urbanos para representar a configuração do espaço ao
longo do tempo;
Produção de informações de fácil visualização e manipulação sobre o bairro do
Comércio, utilizando recursos digitais tridimensionais (3D) em aplicações de
Geoprocessamento;
Aprofundamento do estudo físico-ambiental da área portuária de Salvador, sua
evolução urbana, características estruturais e simbólicas.
Nesta pesquisam, durante o levantamento do estado da arte sobre representações digitais de
cidades históricas, constatou-se uma escassez de trabalhos deste tipo no Brasil, sendo estes
destacados no Capítulo 3. Entretanto, nos diversos trabalhos, realizados no exterior, foram
identificadas algumas aplicações tecnológicas para áreas urbanas de caráter histórico. A
grande maioria envolvia técnicas de visualização, utilizando desde programas para Realidade
Virtual4, em busca de maior grau de realismo e simulações de percurso, até modelagens
urbanas utilizando tecnologia de laser scanning5, com aplicação de texturas produzidas por
imagens capturadas in loco. Já as aplicações que envolviam questões de precisão cartográfica,
4
Realidade Virtual é a técnica avançada de interface que permite ao usuário realizar imersão, navegação e
interação em um ambiente sintético 3D gerado por computador, utilizando canais multi-sensorais. (AZEVEDO;
CONCI, 2003)
5
Laser scanning – tecnologia de levantamento cadastral de alta definição que utiliza dispositivo de entrada 3D
(scanner 3D) que mapeia objetos através da coleta de nuvens de pontos com coordenadas (x,y,z). Também
chamada LIDAR - Light Detection And Ranging. Disponível em: <http://www.leica-geosystems.com>. Acesso
em: 4 jan. 2007.
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relações topológicas ou mesmo cruzamento de dados espaciais e não-espaciais, utilizavam
tecnologias de Geoprocessamento.
Ao analisar, mais profundamente, essas opções tecnológicas, constatou-se que as aplicações
que utilizam SIG demonstram ter um maior número de funcionalidades. Englobam, em um só
sistema, as funções de documentação, análise, representação, visualização e monitoramento,
que podem auxiliar o estudo da evolução da forma urbana e suas respectivas interferências na
paisagem. Por esse motivo, esta tecnologia foi definida como a mais adequada para
desenvolver a aplicação proposta. Assim, foi possível fazer cruzamentos de informação com
dados temporais, capturados a partir da iconografia antiga, de pouca precisão cartográfica,
relacionando-os com dados da atualidade, com maior precisão.
Além da precisão cartográfica ser uma questão importante, para este trabalho, a idéia principal
foi focar na interoperabilidade do sistema e não na busca do fotorrealismo6, diferente do foco
da maioria dos casos pesquisados. Atualmente, nota-se a tendência universal do
desenvolvimento de modelos de cidades em 3D, onde a interoperabilidade do modelo passa a
ter mais importância do que sua verossimilhança (BODUM, 2006) Neste contexto, o autor
explica o conceito de verossimilhança como o alto grau de semelhança com a realidade do
modelo geométrico 3D, baseado nos princípios de modelagem das tecnologias CAD,
construídos com foco no fotorrealismo. Em contrapartida, interoperabilidade significa, neste
caso, quando cada objeto do modelo pode ser reutilizado em outro sistema, tornando-o útil
para outros propósitos, que não visualização.
Além disso, com base nos conceitos apresentados na teoria da percepção da imagem da
cidade, indicados por Lynch (1960), e no método de apreensão da forma do espaço urbano,
detalhada por Kohlsdorf (1996), foi interpretado parte do material iconográfico, encontrado
sobre o bairro do Comércio em todo o período estudado. Essa fundamentação teórica
possibilitou tratar a paisagem como um conjunto de elementos visuais identificáveis, que
permitiu embasar visualizações digitais urbanas em três dimensões de forma legível.
Durante o levantamento bibliográfico, foi identificado o estudo do Plano Urbanístico da Orla
de Salvador, publicado em 1978 pelo Órgão Central de Planejamento da Prefeitura Municipal
6
Fotorrealismo é a característica da representação gráfica que objetiva aproximar-se ao máximo do aspecto real.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
5
de Salvador (OCEPLAN), atual Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio
Ambiente (SEPLAM). Esse Plano teve como objetivo principal a normatização e o controle
do espaço urbano, através do estudo aprofundado dos aspectos físico-ambientais da orla da
cidade. A análise desse Plano trouxe algumas indicações de como utilizar as teorias de
percepção visual para objetivos de análise urbana distintos. No caso desta dissertação, a
finalidade foi interpretar informações provenientes de material iconográfico de forma a
possibilitar cruzamentos de dados em períodos diferentes de tempo. Assim, o estudo voltou-se
para o campo da documentação histórica como suporte ao planejamento. Nesse sentido, foram
elaborados procedimentos metodológicos, baseados nessas teorias para representar o espaço e
o tempo no contexto urbano, expostos no Capítulo 5 desta dissertação.
Investigar o universo pouco explorado da iconografia antiga como fonte de informação
implicou atenção redobrada à interpretação das imagens coletadas. Assim, foram tomados
alguns depoimentos de arquitetos, urbanistas e historiadores para auxiliar na compreensão
desses dados. Dentre eles, os professores Cyd Teixeira, Francisco Senna e Mário Mendonça
de Oliveira. A partir de então, foi necessário abandonar alguns caminhos previstos
inicialmente e eleger o que pareceu mais pertinente para organizar os dados e compor esta
pesquisa. Como, por exemplo, foi sugerido, sempre que possível, buscar dados primários,
relacionando a iconografia com documentos textuais. Assim como, relacionar mapas e perfis
do mesmo período para confirmar os dados coletados.
Nesse percurso, surgiram algumas questões, que foram tratadas ao longo desta dissertação,
como: - Qual o nível de detalhe (Level Of Detail - LOD) seria o mais adequado para a
visualização urbana de uma área, com base nos objetivos do estudo? Como usar o método da
apreensão da forma urbana para interpretar espaços urbanos não mais existentes? Como
trabalhar com dados espaciais e temporais em um Sistema de Informações Geográficas? Qual
a melhor área da cidade para ser representada por um protótipo de sistema? Que períodos de
tempo mais representativos seriam escolhidos?
Uma das contribuições, esperadas na pesquisa, foi a possibilidade de integração de dados
históricos do patrimônio edificado, suas respectivas representações espaciais planas e modelos
geométricos tridimensionais, relacionados com a dimensão do tempo, compondo uma
representação conceitual da realidade. Esta proposição de resgate da memória da cidade, de
forma interativa, pode gerar inúmeros desdobramentos. Por exemplo, um dos problemas mais
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
6
difíceis é detectar a essência das decisões tomadas pela administração pública. Isso incita
questões, como: - Em que extensão as “transformações e permanências”7 da cidade são
resultados de escolhas deliberadas da gestão urbana? Em que extensão as iniciativas
autônomas são resistentes às intervenções públicas? Essas questões, dentre outras,
são
geralmente analisadas com base em representações gráficas tradicionais, que acompanham o
Plano de Desenvolvimento Urbano da Cidade, como: planta baixa, planta de ocupação e uso
do solo, perfis e elevações, que contêm as características das fachadas da área estudada. Para
análises mais apuradas, um material visual tridimensional e interativo poderia ser adicionado,
expondo informações de caráter histórico com as mudanças que aconteceram na cidade ao
longo do tempo e, até mesmo, simulando intervenções possíveis.
1.3.
ESTRUTURA DO TRABALHO
A estrutura desta dissertação é composta por sete capítulos, sendo o Capítulo 1, esta
Introdução.
O Capítulo 2 - A REPRESENTAÇÃO DIGITAL DO ESPAÇO URBANO descreve um breve
histórico sobre o tema e evidencia o referencial teórico-metodológico da pesquisa, além de
tratar da questão das representações digitais do espaço.
O Capítulo 3 - TECNOLOGIAS APLICADAS À VISUALIZAÇÃO DE ÁREAS
HISTÓRICAS contêm o levantamento do estado da arte sobre as tecnologias mais utilizadas,
comentadas detalhadamente nos subitens do capítulo. E, como referencial empírico, são
apresentadas as contribuições das aplicações pesquisadas para o objeto em estudo.
No Capítulo 4 - ESTUDO DE CASO: BAIRRO DO COMÉRCIO, CIDADE BAIXA,
SALVADOR justifica-se a aplicação da metodologia do estudo de caso e a escolha do bairro
do Comércio, que é caracterizado e contextualizado historicamente.
O Capítulo 5 - SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E HISTÓRICAS
documenta os procedimentos práticos da pesquisa. É discutida a implementação do sistema,
7
Refere-se ao título do livro de VASCONCELOS (2002): Salvador: Transformações e Permanências (15491999). Neste contexto, a expressão foi utilizada referindo-se às transformações ocorridas na
Cidade através de reformas e reconstruções urbanas e às áreas intocadas (ou ditas permanentes).
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
7
considerando as fontes de informação, a preparação dos modelos digitais, as metas e fases do
estudo, a descrição do sistema proposto e sua modelagem conceitual.
O Capítulo 6 - VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES - apresenta os mapas e modelos
temáticos, seus respectivos comentários e outras possibilidades de visualização e consultas à
base de dados.
O Capítulo 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS - relata os resultados do estudo e uma análise do
conjunto apresentado na dissertação. Enfim, os tópicos levantados, desde o início da pesquisa,
são reconsiderados e também são apresentados possíveis desdobramentos para trabalhos
futuros.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
8
2. A REPRESENTAÇÃO DIGITAL DO ESPAÇO URBANO
A representação do espaço é uma necessidade do homem que nos remete à antiguidade. Desde
esse tempo, o homem reproduz referências de lugares conquistados ou descobertos como
forma de extensão da memória e da comunicação entre seus iguais. Além da representação de
lugares, através da imagem, desenho ou pintura, ele também sempre representou fatos,
objetos, idéias e pessoas.
Na busca por uma leitura mais ampla do espaço urbano, Andrade (1993) comenta que “o
discurso sobre a cidade inventa uma outra cidade, que só existe no texto, embora se espelhe
na cidade real”. Com isso, ele tenta demonstrar a importância da leitura do espaço da cidade
por quem nela vive, sendo estas “marcadas essencialmente pelo devaneio que acolhe a
experiência empírica e projeta fantasias e preocupações teóricas”, mas que não,
necessariamente, refletem a plena realidade.
Da mesma forma, a representação da cidade pode ser sintetizada, de acordo com o
conhecimento e a linguagem utilizada pelo seu mediador ou intérprete, através de desenhos,
maquetes e de técnicas de computação gráfica. Deste modo, não há como reproduzir uma
cidade, nem mesmo em meio digital, exatamente como ela é, “embora se espelhe na cidade
real”. No processo de busca da aproximação da realidade, em princípio, é estabelecido um
modelo conceitual com um determinado propósito, onde são especificados os elementos
estruturais mais importantes que vão gerar a representação da cidade. Nos estudos de Lynch
(1960), o termo “image of the city”8 refere-se a esta representação, que ele demonstra poder
ser individual ou coletiva, e que, sendo consistente, pode ser utilizada para descrever ou
restabelecer a própria cidade, na sua ausência.
A representação do tempo também é uma necessidade revelada pelo homem desde que
procurou representar imagens seqüenciadas e representações conceituais sobre o tempo. A
rica e vasta iconografia da coleção de livros manuscritos, ocidentais, organizada por
Nascimento (2000) para a exposição no Museu Calouste Gulbenkian, mostra que o homem
tem utilizado diversas formas de representação da passagem do tempo, ao longo dos séculos,
8
“imagem da cidade”.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
9
no contexto de cada uma de suas comunidades, integrando os padrões e fronteiras que servem
de medida até os dias atuais.
Com a atual variedade de técnicas de representação digital, é possível representar o espaço
urbano de forma a aproximar-se cada vez mais de sua configuração real, dependendo do
objetivo de cada situação estudada. As tecnologias de mídia digital, que lidam com essas
representações, também incorporam a dimensão do tempo, tais como a Realidade Virtual
(RV) e os Sistemas de Suporte ao Planejamento, que podem ou não integrar tecnologias de
SIG e modelos geométricos tridimensionais. Algumas aplicações dessas tecnologias serão
tratadas no Capítulo 3 desta dissertação.
2.1.
TEORIAS DE PERCEPÇÃO VISUAL E MÉTODOS DE APREENSÃO DA
FORMA URBANA
Objetivando intervir na cidade, alguns autores aprofundaram conceitos sobre o espaço urbano,
que agregam categorias de análise distintas, mas complementares. Conceitos como percepção
visual, apreensão da forma do ambiente construído, imagem da cidade e espaço cognitivo são
essenciais para esse entendimento.
A teoria da percepção espacial e os conceitos elaborados por Kevin Lynch, em seu primeiro
livro, “The Image of the City”, publicado em 1960, delinearam, naquele momento, uma forma
diferente de interpretar o espaço da cidade. Uma de suas inovações foi aplicar o conceito de
legibilidade do lugar, significando a facilidade com que as pessoas entendem a distribuição
de elementos no ambiente urbano. Introduzindo essa idéia, Lynch foi capaz de isolar
determinados elementos visuais de uma cidade e estudar o quê, especificamente, poderia fazêla legível ou não para as pessoas. Ele demonstrou que, para perceber visualmente o espaço
urbano, em princípio, as pessoas criam um mapa mental. Nesse contexto, mapas mentais são
representações do que uma cidade contém e sua estrutura espacial, de acordo com a
interpretação de cada indivíduo. Essas representações contêm vários elementos visuais únicos,
que são definidos por Lynch como uma rede de vias, limites, bairros ou setores, pontos nodais
e marcos (LYNCH, 1960, p. 2).
Outro termo, introduzido na leitura da cidade por Lynch, foi imaginabilidade, que constitui a
qualidade de algo que oferece ao observador uma imagem intensa e vívida. Ele explica que
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
10
uma cidade, com alta imaginabilidade, seria formada de partes bem distintas e seria
instantaneamente reconhecida pelos habitantes em geral. Ele ilustrou também que uma “boa
forma” da cidade seria altamente dependente do elemento mais predominante nessa cidade suas vias. Entretanto, todos os elementos visuais contribuem, favoravelmente, para a
imaginabilidade, quando estes são significativos, distintos e perceptíveis. Esses elementos,
quando bem dispostos em uma cidade, ampliam a habilidade humana de ver e de recordar
padrões, e são esses padrões que a tornam mais fácil de apreender (LYNCH, 1960, p. 9).
Em seu livro, exemplificou os “mapas da forma visual das cidades”, confirmando sua hipótese
sobre a percepção visual parcial da cidade a partir do indivíduo, assim como a existência de
uma imagem visual coletiva. De fato, conceitua “imagem da cidade” como um quadro mental
generalizado do mundo físico exterior que cada indivíduo é portador, sendo produto tanto da
sensação imediata quanto da lembrança de experiências anteriores. A princípio, esse conceito
remetia a uma imagem mais estática da cidade, mas em seus estudos posteriores mostrou que
há várias imagens mentais em uma mesma cidade (LYNCH, 1999). Essa idéia dinâmica é
mais apropriada à realidade urbana deste estudo, que leva em consideração a análise do
ambiente urbano, através da identificação dos elementos estruturais da imagem urbana,
indicados por Lynch, mas não necessariamente suas implicações teóricas.
Figura 1 – Mapa da forma visual de Boston.
Fonte: (LYNCH, 1960, p.19)
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
11
Essa idéia é reafirmada por Alkhoven (2003) quando busca ressaltar que “a imagem e a
estrutura de uma cidade estão constantemente sujeitas a um processo dinâmico de mudança e
continuidade. Reparos, relocações, reabilitações, lançamentos, demolições e renovações
urbanas acontecem em todas as cidades, enquanto algumas áreas, entretanto, são deixadas
intocadas por períodos de tempo” .
Mesmo tendo despertado uma nova forma de leitura da cidade, Lynch sofreu muitas críticas,
tanto em questões teórico-metodológicas quanto em questões operacionais, principalmente,
por aqueles que tentaram utilizar seus conceitos para uma análise visual urbana em cidades
muito diferentes dos padrões americanos. Segundo Sampaio (1986), parece discutível a
separação feita por Lynch entre a “imagem da cidade” e o processo da prática social. Para ele,
Lynch evidenciou que a imagem não era derivada das práticas e ideologias existentes no
plano social, mas sim da lógica da forma da estrutura urbana, enquanto arranjos espaciais.
Nesse aspecto, Sampaio (1986) demonstrou o desencontro desta teoria com a de Castells
(1974) em que “a simbólica urbana só existe a partir da utilização das formas espaciais como
emissores, retransmissores e receptores das práticas ideológicas gerais”. Por este ponto de
vista, afirmou que “a imagem mudaria com o tempo, em função das mudanças ideológicas
pelas práticas sociais, assim como o espaço urbano não poderia nunca ser tomado como um
texto escrito pronto e acabado para os diferentes extratos de população que compõem a
cidade” (SAMPAIO, 1986).
Outras críticas a Lynch referem-se às prováveis amostras tendenciosas, escolhidas por ele ao
estudar apenas três cidades americanas, em termos quantitativos e qualitativos, reconhecida
como uma ausência de representatividade estatística, por ele próprio. A aplicabilidade de seu
método à análise do ambiente urbano da cidade de Salvador foi comentada por Sampaio
(1986) referindo-se ao Plano de Estruturação da Orla Marítima de Salvador, elaborada pela
Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente de Salvador (SEPLAM)
em 1988. Este Plano foi um estudo de análise ambiental urbana para a Orla Marítima de
Salvador, baseada em uma adaptação da metodologia de análise da imagem da cidade, criada
por Lynch para uma realidade local. Durante o trabalho foram comparadas, para efeito de
planejamento, as visões dos técnicos, da comunidade e dos empresários, e foram geradas
novas propostas de ocupação. Segundo Sampaio (1986), houve dificuldades operacionais e
necessidades de adaptação ao caso concreto. Por exemplo, o conceito de “marco” parecia
aplicar-se a elementos distintos na configuração dos espaços, e o conceito de “bairro”
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
12
(district) gerou problema na identificação de seus possíveis “limites”, criando a necessidade
de utilizar outro conceito, o de “zona”, determinada por características fisiográficas das áreas
estudadas, mais apropriado à realidade da cidade de Salvador.
Figura 2 – Plano de Estruturação da Orla Marítima de Salvador, baseado no estuda da imagem da cidade. Visões
dos técnicos, da comunidade e dos empresários – Jardim dos Namorados.
Fonte: (PMS, 1988).
A imagem urbana de Salvador também foi estudada, anteriormente, em 1978, como parte do
Plano de Desenvolvimento Urbano (PLANDURB), desenvolvido pela OCEPLAN. O objetivo
era obter um modelo físico-territorial, buscando delimitar sub-unidades espaciais da cidade, a
morfologia do sítio, a tipologia construtiva, a trama viária, os aspectos naturais, os bairros e as
zonas de proteção ambiental. Estes elementos foram cruzados com os dados anteriormente
mapeados para identificar zonas de proteção para a cidade. Naquele momento, a análise
dessas zonas serviu como referência para gerar recomendações para a legislação urbanística,
evitando-se, assim, uma uniformização das exigências urbanísticas nas diversas áreas da
cidade (PMS, 1978).
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
13
Focalizando a área do bairro do Comércio, as principais recomendações citadas por este Plano
foram a necessidade de um estudo de urbanização dos galpões e armazéns do porto de
Salvador entre a pista e o mar. Isso permitiria uma relocação de usos para atividades
vinculadas ao setor hoteleiro e turístico, além de especificar que “tais volumes deviam ter o
pavimento térreo vazado e não ultrapassar dois pavimentos de altura, com redução da atual
taxa de ocupação”. Havia uma observação para o entorno próximo aos marcos visuais da área,
que deveriam obedecer a restrições específicas, em maior grau de detalhe, como a Praça
Cayru, Elevador Lacerda, Mercado Modelo, Igreja da Conceição da Praia, Casarios e Forte de
São Marcelo. Em relação às Zonas Construídas, o trecho do Comércio recebeu
recomendações especiais quanto à preservação das visuais para a Baía de Todos os Santos e
vice-versa, “constituindo em um invulgar valor simbólico da Cidade em sua silhueta” (PMS,
1978). Foi citado o controle rigoroso da tipologia das novas edificações, não permitindo
volumetrias que viessem a competir com a escala dos marcos significativos existentes, tanto
na altura quanto nas dimensões em planta. Recomendou-se manter a identidade das
edificações no caso de restituição ou não havendo esta possibilidade, apelar-se para a
substituição tipológica com base no cadastro em maquete. Além disso, sugeriu-se o
impedimento de penetração de novas vias primárias; criação de um sistema especial de
aprovação de projetos nessas áreas; necessidade de se fazer um cadastro físico atualizado e
rigoroso das áreas, incluindo estrutura fundiária e regime de propriedade e dar prioridade à
circulação de pedestres e de transportes coletivos especiais e definição de uma sinalização
indicativa dos lugares com base em um projeto de comunicação visual (PMS, 1978).
Percebe-se que esse estudo, com enfoque na imagem ambiental urbana, foi uma experiência
de êxito no campo da normatização e do controle urbano. No caso desta dissertação, os
mesmos conceitos foram aplicados na área de visualização digital urbana e documentação
histórica, sendo utilizados como meio de interpretação da iconografia antiga e como base
referencial para os modelos digitais urbanos, desenvolvidos por período de tempo.
Também, no Brasil, Kohlsdorf (1996), através de uma leitura específica de Sitte (1992),
Lynch (1960), Trieb (1985) e outros autores que estudaram as formas de percepção do espaço,
procurou “ler” a cidade de um modo mais pragmático e detalhado, ampliando o conceito de
legibilidade como sendo “a capacidade dos lugares de serem decodificados, em termos de
identificação e localização, por seus usuários”. Considerou a forma dos lugares como meio de
aprendizado dos mesmos, respondendo a expectativas estéticas de grupos sociais, criadas pelo
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
14
próprio processo de conhecimento. Realizou estudos aprofundados sobre as sensações, a
percepção, a imaginação, a intuição e sobre a formação da imagem mental e da noção de
espaço. Suas pesquisas contribuíram, de modo efetivo, na apreensão da forma do espaço
urbano, na documentação do patrimônio histórico de diversas cidades, sendo difundido como
metodologia para diversas outras iniciativas no Brasil.
Como base teórica, os estudos de percepção da cidade originaram outros mais específicos no
campo da paisagem urbana e da apreensão do espaço construído em todo o mundo. Estas
investigações passaram a ser implementadas, globalmente, em diversas operações de
planejamento urbano. Em geral, quando uma cidade se forma, ou quando as existentes se
expandem, os habitantes têm se beneficiado, cada vez mais, com o uso de elementos mais
“imagináveis”9 e um desenho urbano mais claro.
Para compreendermos o processo de comunicação da informação espacial, precisamos
entender o conceito de cognição espacial, ou seja, é a forma pela qual uma pessoa entende ou
pensa sobre informação espacial. Segundo Parsons (1994), a compreensão ou cognição do
ambiente é resultado de experiências ou vivências no espaço geográfico. Uma maneira de
possibilitar essa experiência é a técnica da visualização digital, que, através de aplicações
específicas, permitem a exploração do ambiente pelo usuário, em um processo dinâmico e
interativo.
Por sua vez, no campo da geografia, também existe a busca de como representar o mundo real
e interpretá-lo através das tecnologias digitais. Nesse caso, a cognição espacial pode ser
considerada um sistema de processamento da informação para o estudo da representação em
mapas. No livro “How Maps Work: Representatiom, Visualization, and Design”10,
MacEachren (2004), ao tratar desse tema, explica que a visão “processa” informação e não
necessariamente “reage” à informação. Do ponto de vista da percepção aplicada em um
estudo de imagem urbana, alguns aspectos tornam-se mais relevantes do que outros, como por
exemplo, em um modelo espacial é importante que o lugar seja reconhecido por quem observa
a representação sem dificuldades, ou seja, o modelo deve ser legível e esta legibilidade não
pode perder-se na medida em que o usuário se desloca no espaço ou no tempo.
9
Neste contexto, o conceito de “imaginável” refere-se àquilo de que se pode representar na imaginação,
relembrar, ou seja, elementos mais “fáceis de recordar”.
10
“Como Mapas Funcionam: Representação, Visualização e Design”.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
15
2.2.
ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL
Durante as aulas do workshop “Percepção Visual em Espaços do Patrimônio Histórico”,
realizado em setembro de 2004, pelo Curso de Especialização em Conservação e Restauração
de Monumentos e Conjuntos Históricos (CECRE), na Faculdade de Arquitetura da UFBA, a
Professora Maria Elaine Kohlsdorf definiu que o objetivo maior da “Apreensão da Forma da
Cidade”, título de seu livro, era a busca da articulação entre suas estruturas morfológicas e sua
percepção visual para resgatar a memória. As técnicas elaboradas e testadas por ela foram
utilizadas parcialmente em três fases deste trabalho: a interpretação da iconografia antiga, a
análise visual da área estudada in loco e o estudo do percurso, através de filmagens.
Segundo Kohlsdorf (1996, p.10 e 133), “a explicação dos fenômenos não depende do
instrumental utilizado, mas da submissão de suas informações a teorias e, posteriormente, à
verificação por intermédio da prática”, ou seja, “as melhorias no processo do conhecimento
dão-se por maior aproximação da realidade objetiva, e isso depende, basicamente, de
adequação da teoria às hipóteses explicativas adotadas”. Foi, nesse contexto, que esta
dissertação buscou recriar realidades objetivas do passado para subsidiar seu entendimento no
presente e o planejamento dessas áreas para o futuro.
Dessa forma, este estudo está inserido no campo do desenho urbano e da aplicação de
tecnologias computacionais, pela busca da visualização do processo dinâmico da cidade, ao
longo do tempo. O fato de agentes influenciarem na organização do espaço da cidade e
sofrerem com a interferência do momento histórico, em que os fatos ocorrem, pressupõe-se a
importância da dimensão do tempo nesse tipo de análise. Por esse motivo, essa questão foi
tratada, desde a concepção do modelo conceitual do protótipo do sistema desenvolvido neste
trabalho, de forma a contemplar inúmeras variáveis passíveis de representação digital.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
16
2.3.
REPRESENTAÇÕES DIGITAIS
Representações gráficas sempre revelam interferências de seu mediador ou de quem as
solicita, principalmente ao tratar-se do uso de tecnologias digitais. Por isso, muitas vezes,
estas sofrem críticas quanto à sua autenticidade. De forma comparativa, o uso de modelos
urbanos digitais para planejamento de cidades sofreu o mesmo tipo de crítica do que a
utilização de mapas antigos como fontes de informação primária para pesquisas científicas.
Monmonier (1996), em seu livro “How to Lie with Maps”11, discorre sobre esse tema,
mostrando a característica tendenciosa da elaboração dos mapas, segundo os interesses
envolvidos de seus contratantes e o momento histórico que os originou. Porém, em nenhum
momento descarta sua validade como fonte de pesquisa.
A iconografia coletada para esta pesquisa tem considerável importância histórico-documental,
porém, como muitas delas são gravuras, desenhadas e pintadas à mão, possivelmente, trata-se
de representações tendenciosas de acordo com o período histórico em que foram produzidas,
o país que contratou e o próprio desenhista – mediador dos interesses envolvidos. Nem
mesmo as fotografias e os postais podem ser considerados fontes totalmente garantidas, pois
também sofrem influências reais de quem as encomendou. Por exemplo, um fato interessante
é que não se vêem cartões-postais antigos (e quase nunca atuais) de áreas degradadas e, nem
mesmo, fotografias históricas que documentam essas áreas. Em geral, no século XIX, estas
imagens foram produzidas com o objetivo de documentar e divulgar a cidade para os
estrangeiros, que, mais tarde, viriam habitar Salvador. Essa característica tendenciosa também
foi comentada na dissertação defendida neste Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo (PPG-AU) por Mello (2004), “o reflexo dos acontecimentos históricos do final do
século XIX – Abolição da Escravatura e Proclamação da República, e da conseqüente
transição política”, refletem-se nas “questões pertinentes à imagem construída para a cidade
do Salvador, levantando as contradições entre a cidade real e a imagem, que lhe era atribuída
como cidade ideal, revelando uma Bahia modernizada e europeizada aos olhos do mundo, na
primeira metade do século XX”.
11
“Como Mentir com Mapas”.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
17
Figura 3 – Postal do início do século XX, com enfoque no novo Porto de Salvador.
Fonte: CEAB.
Por esse motivo, o uso da iconografia, como fonte de pesquisa para gerar representações
digitais sobre cidades históricas, é um recurso que necessita de comprovação com o maior
número possível de documentos, incluindo os textuais, mas que, por sua vez, também são
tendenciosos (ALKHOVEN, 2003). Geralmente, os mapas ou plantas têm baixa precisão
cartográfica e cadastral ao serem comparados com a cartografia atual, baseada em
levantamentos aerofotogramétricos, mas podem passar por um processo de retificação ou
alinhamento. Esta técnica permite a correção geométrica, relativamente precisa, entre o mapa
antigo e o atual para posterior manipulação, detalhado no Capítulo 5 desta dissertação.
A validade das representações digitais comprova-se pela diversidade de aplicações voltadas
para quase todas as áreas do conhecimento. Essa cultura digital complementa, e
eventualmente, substitui os meios convencionais, porém modifica as formas nas quais se
podem manipular as informações.
Representation, in fact, has become the dominant sign of digital culture
beginning more than half a century ago with numerical representation,
extending into words and pictures with the development of the personal
computer from the 1980s on, and now moving rapidly into sound, touch and
other human senses (BATTY, 2006, p. 46).12
12
Representação, de fato, tornou-se o símbolo dominante da cultura digital, iniciada há mais da metade do
século passado com a representação numérica, estendendo-se para textos e imagens com o desenvolvimento do
computador pessoal desde 1980 em diante, e agora, movendo-se rapidamente para o som, tato e outros sentidos
humanos.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
18
Ainda assim, uma vez que um fenômeno é representado digitalmente, este pode ser copiado e
manipulado diversas vezes e pode ser distribuído praticamente sem limitações. No campo da
comunicação, as representações digitais podem ser utilizadas e adaptadas para mais de uma
mídia, como webpages13, jogos eletrônicos, criação de mundos virtuais e formas variadas de
animação e interatividade. A combinação com outros dados ou a busca por diferentes
propósitos pode agregar valor à representação original, possibilitando uma diversidade de
transformações digitais.
13
Webpages são páginas residentes em um servidor conectado à Internet, com conteúdo específico. É um
recurso de informação condicionado à Web (World Wide Web) e pode ser acessado através do web browser. Essa
informação está geralmente nos formatos HTML ou XHTML, e podem vincular navegação para outras
webpages, via links de hipertexto. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Web_page>. Acesso em: 28 dez.
2006.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
19
3. TECNOLOGIAS DIGITAIS APLICADAS À VISUALIZAÇÃO DE ÁREAS
HISTÓRICAS
Ao levantar-se o estado da arte das tecnologias digitais que estão sendo aplicadas para o
desenvolvimento de modelos geométricos tridimensionais de cidades, percebe-se o grande
número de enfoques e técnicas diferenciadas de representação. Por esse motivo, é muito
difícil tentar agrupá-las, ou mesmo, classificá-las. Algumas cidades apresentam aspectos de
sua infra-estrutura registrados e monitorados por equipamentos específicos, assim como
edificações e sistemas de tráfego têm sido automatizados. Em outras cidades, o movimento
das pessoas, no tecido urbano, está sendo monitorado, através de tecnologias remotas e de
coleta de informação pessoal, por telefonia celular, capturando, até mesmo, a dinâmica de
uma cidade inteira, como no projeto Real Time Rome, desenvolvido pelo SENSEable City
Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para a Bienal de Veneza, em 2006. Este
projeto agregou dados de telefones celulares (obtidos através da plataforma Lochness da Itália
Telecom), ônibus e táxis em Roma e gerou mapas seqüenciados de mobilidade sobre
referências geográficas e socioeconômicas. O projeto pretendeu revelar o ritmo da cidade
atualizado constantemente, enquanto ele acontecia, ou seja, em tempo real
Figura 4 – Gráfico da concentração de usuários de telefonia celular em Roma. Maio, 2006.
Fonte: Disponível em: <http://senseable.mit.edu/realtimerome>. Acesso em: 10 abr. 2007.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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No contexto estudado, optou-se por selecionar apenas os exemplos de aplicações para áreas
históricas, apesar de ter sido feito um levantamento exaustivo de diversas outras aplicações
que envolviam modelagens de cidades, enquanto se buscavam estes mais específicos.
Analisando-os, segundo Batty (2006, p.47), nos últimos trinta anos esse tema progrediu de
três formas diferentes e interligadas entre si:
Computer Aided Design14 (CAD)
No início dos anos 1990, uma grande variedade de modelos urbanos digitais surgiu com a
representação de edificações e da paisagem natural. Em geral, estes foram desenvolvidos para
visualizar o impacto de novos projetos arquitetônicos, com o mesmo objetivo que os modelos
de mídia convencional tinham sido utilizados por muitas gerações, como as maquetes físicas e
perspectivas coloridas com aerógrafo15.
Segundo a forma utilizada para gerar as geometrias, os sistemas CAD tridimensionais podem
utilizar modeladores de sólidos, de superfícies ou híbridos. Os primeiros utilizam operações
booleanas16 que geram modelos geométricos com centro de gravidade e volume. Os de
superfície geram formas geométricas complexas de superfícies sem espessura. Os híbridos
utilizam complexos algoritmos matemáticos, possibilitando usufruir os recursos das duas
classes anteriores, aplicando a modelagem mais adequada para cada situação específica.
Jogos eletrônicos (Games)
O desenvolvimento de games tem espaço para inovação, improvisação e adaptação,
caracterizando seus modelos como totalmente flexíveis. Apesar de não serem aplicações
científicas, ampliaram o campo das representações digitais, em termos de qualidade
gráfica, fly-throughs17 em tempo real e interatividade nas cidades virtuais. Esta busca
14
Projeto Auxiliado por Computador.
15
Aerógrafo é a ferramenta de pintura que utiliza a técnica de uso do fluxo de ar associado à tinta. No caso, o ar
torna-se o "pincel".
16
Operações booleanas são operações matemáticas executadas segundo a Álgebra Booleana, desenvolvida por
George Boole. Os operadores lógicos incluem os termos AND, OR, NOTe XOR (excluindo OR). (TEIXEIRA,
CHRISTOFOLETTI, 1997, p. 49)
17
Fly-through é o recurso de animação que permite a visualização de um percurso determinado, através de um
modelo geométrico tridimensional.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
21
constante pelo melhor resultado visual incentivou o desenvolvimento de melhores
visualizações 3D, em outros pacotes de software, para aplicações voltadas para as
tecnologias CAD e SIG, possibilitando experiências mais ricas em simulações de
ambientes urbanos.
Em geral, as técnicas de modelagem geométricas para games utilizam aplicações de
texturas em sólidos simples e simulam ambientes com o uso de imagens, evitando
modelos geométricos complexos.
Figura 5 – Cenários do jogo SIMCITYTM 4 que simula a construção de cidades.
Fonte: Disponível em: <http://simcity.ea.com>. Acesso em: 04 dez. 2005.
Sistemas de Informações Geográficas (SIG)
São conjuntos de hardware18, software19 e dados geográficos para aquisição,
armazenamento, análise, gerenciamento e visualização de dados, espacialmente
referenciados com a superfície da Terra. De uma forma mais genérica, os SIG são
ferramentas que permitem aos usuários criar consultas interativas (buscas criadas pelos
usuários), com enfoque na análise e edição da informação espacial. Ou seja, refere-se ao
processo de gerar novas informações através do processamento de dados espaciais por
tecnologias computacionais (PEREIRA, 1999). Essa tecnologia automatiza tarefas
18
Hardware é a parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos, circuitos
integrados e placas, que se comunicam através de barramentos.
19
Software é a sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redirecionamento ou
modificação de um dado/informação ou acontecimento. Em contraposição ao hardware, o software é o conjunto
de instruções e dados que é processado pelos circuitos eletrônicos do hardware.
É o aplicativo ou programa de computador.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
22
realizadas manualmente e facilita a realização de análises complexas, através da
integração de dados de diversas fontes e da criação de um banco de dados geo-codificado.
As diversas funcionalidades que os SIG permitem não existem em aplicações CAD nem
mesmo em games. Quando englobam modelos geométricos, estes são gerados a partir de
expressões matemáticas que transformam superfícies planas com atributo de altura em
sólidos simples, com um identificador. Por sua vez, estão associados a dados espaciais e
não-espaciais. Alguns programas são compatíveis com modelos geométricos mais
elaborados importados de outros aplicativos, que, ao serem incorporados ao SIG, também
passam a ter um identificador específico.
Os SIG apresentam a cidade virtual, em um domínio diferente, onde profissionais podem
interagir com a cidade, de forma analítica e visual, voltados para o planejamento urbano.
Muitas vezes, produzem representações cartográficas mais abstratas, mas de domínio
público, como mapas, visualizações tridimensionais e gráficos. Algumas vezes, permitem
mais interatividade e são mais precisos em termos de interface20 com o usuário. De certa
forma, as tecnologias SIG-3D e CAD têm convergido, consideravelmente, nesse campo
até o momento. Outros dois temas também vem sendo integrados, como a Web21 e a
Realidade Virtual, tornando esses sistemas mais amplamente utilizados pelo público em
geral.
A seguir, estão expostas algumas tecnologias e aplicações pesquisadas, voltadas para a
visualização digital urbana. A maioria dos exemplos tem o objetivo de gerar documentação
histórica ou dar suporte ao planejamento. Para cada uma, são destacados: o conceito da
tecnologia utilizada, o local onde foi realizado o estudo, o objetivo perseguido, os resultados e
a fonte de referência do exemplo dado.
20
Nesse contexto, interface com o usuário refere-se à visualização dos dados na tela do computador. Em um
sistema computacional, conjunto de elementos de hardware e software destinados a possibilitar a interação com
o usuário.
21
World Wide Web, ou Web ou WWW – significa “rede de alcance mundial" – é a rede de computadores na
Internet, que fornece informação em forma de hipermídia. É o sistema de informação e um dos muitos serviços
oferecidos na Internet, empregando-a como meio de transmissão de hipermídia, como vídeos, sons, hipertextos e
figuras.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
23
3.1.
REALIDADE VIRTUAL (RV)
As técnicas de RV utilizam o processo de simulação de situações do cotidiano, fazendo o
usuário participar, não apenas através da percepção visual, mas também dos outros sentidos.
Muitos exemplos de visualização tridimensional, voltados para documentação histórica,
utilizam esse recurso vinculado à multimídia e à Internet22, pois, assim, disponibilizam seus
produtos para maior número de usuários. Podem ter diversos usos, tais como: educativos,
voltados para a academia ou para o turismo. Através da pesquisa, percebe-se que ao utilizar as
técnicas de RV como suporte ao planejamento, em geral, estas são vinculadas a programas
mais específicos e completos, como os que compõem um SIG, para manipular um maior e
mais complexo número de informações.
Estudos realizados por Imdat As (2005) e o Prof. Daniel Schodek, ambos da Harvard
Graduate School of Design (GSD), ao analisar um extenso número de aplicações de realidade
virtual disponíveis em websites23 e multimídias gravadas em CD-ROM ou DVD, que
abordavam a visualização de edificações ou sítios históricos significantes, geraram a
classificação desses exemplos em ambientes virtuais imersivos e não-imersivos. Os imersivos,
nos quais o usuário fica inserido no ambiente virtual, usando equipamentos como luvas,
capacetes e óculos, ou utilizam recursos de “cave” – espaço similar a uma cabine com uma
tela ampla, que engloba todo o campo visual do usuário, dando a sensação de completa
imersão no espaço virtual. Os não-imersivos utilizam apenas o recurso da tela do computador.
Estes ambientes virtuais, voltados para aplicações de caráter histórico, foram classificados,
em quatro áreas principais, com alguns exemplos:
Reconstruções Virtuais: Esse tipo de aplicação RV reconstrói edificações e/ou sítios
arquitetônicos que não existem mais ou aqueles ameaçados de extinção. Ajudam a
audiência a conectar-se a uma parte da história que não existe mais fisicamente.
Entretanto, na maioria dos casos, são reconstruções hiper-realistas24, que simulam a
22
Internet – é um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados pelo
endereço único global, baseado no Protocolo de Internet (IP) ou suas subsequentes extensões, que permite o
acesso a informações e transferência de dados.
23
Website – é um conjunto de páginas Web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP na
Internet.
24
Hiper-realismo, também conhecido como realismo fotográfico ou fotorealismo, é o estilo de representação
gráfica, que busca mostar uma abrangência muito grande de detalhes, tornando-a quase idêntica à fotografia ou à
cena da realidade.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
24
textura, proporções, condições de iluminação, aspecto e estado de conservação dos
materiais, para dar à audiência informações suficientes que auxiliem na criação de
conteúdo significativo no reconhecimento de uma sequência histórica. Recursos
virtuais como reconstruções digitais, animações e ferramentas interativas, em geral,
são bem integrados. Um exemplo é o “The Theban Mapping Project”25, liderado por
Kent Weeks e sua equipe na Universidade do Cairo. A meta principal foi preparar uma
base de dados arqueológica do Vale dos Reis, na região de Tebas, no Egito. O projeto
contém reconstruções virtuais através de modelos geométricos 3D interativos
vinculados à uma base de dados, uma compilação de imagens, ferramentas de
navegação e medição sobre mapas detalhados, elevações e seções. Também inclui
tours narrativos.
Museus Virtuais: É um tipo de cenário RV, onde o público, em geral, pode visitar o
museu sem o confinamento do espaço e do tempo e recebe informações em diversas
formas. O principal propósito dos museus virtuais é certamente permitir o acesso ao
museu sem a necessidade de estar presente no local. Como exemplo, tem-se o “Eternal
Egypt”26, uma versão online do Museu Egípcio do Cairo. O projeto foi desenvolvido
com a colaboração do Egyptian Center for Documentation of Cultural and Natural
Heritage (CultNat) e a IBM. Apresenta para o público um aplicativo hipermídia sobre
histórias, representações dos lugares e objetos da cultura egípcia.
Tour Virtuais: Geralmente esse recurso de tour virtual oferece walking tour27
interativos e/ou panoramas. Estes são montagens de fotografias, em uma seqüência
visual de 180o ou 360o, que dão uma sensação de inserção no ambiente, visualizando-o
a vista total do ambiente a partir de um ponto fixo central. São, particularmente, de
lugares ou edificações existentes. Essencialmente, têm o objetivo de permitir que os
usuários percebam o lugar a distância; é uma maneira de sítios históricos importantes
25
Disponível em: <http://www.thebanmappingproject.com>. Acesso em: 03 dez. 2005. Não é necessária a
instalação de nenhum aplicativo ou ambiente específico para sua visualização.
26
Disponível em: <http://www.eternalegypt.org>. Acesso em: 03 dez. 2005. Para sua visualização, é necessário
instalar o programa de visualização QuickTime, da Apple.
27
Walking tour – são percursos predefinidos no modelo urbano 3D, que equivalem ao passeio virtual, do ponto
de vista do pedestre.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
25
alcançarem ampla audiência sem danificar o lugar. Um exemplo é o Tour Virtual,
apresentado em “The Alhambra”28, em um palácio medieval com influência islâmica,
na Espanha. O website foi desenvolvido pelo Visual Media Center da Columbia
University, Departamento de História e Arqueologia, dirigido por Robert Carlucci e
sua equipe de pesquisa. O website tem tours virtuais, pequenos vídeos, levantamentos
fotográficos e um mapa animado.
Reconstruções Virtuais imersivas: Nesse tipo de aplicação, os visitantes experimentam
um senso de participação e responsabilidade pelos eventos que acontecem com eles no
curso de suas explorações. Nesse caso, a instalação RV é um ambiente para um único
usuário e a interatividade é provida através de programação em VRML29 - Virtual
Reality Markup Language. A interação acontece através de vários sensores e
complexos mecanismos de saída. Como exemplo, tem-se o “Beyond Manzanar”30. Foi
desenvolvida pelos artistas visuais, Tamiko Thiel e Zara Houshmand, junto à Gifu
International Academy of Media Arts and Sciences, Japan e a revista Wired. Mostra
uma narrativa sobre os japoneses americanos, aprisionados no campo de internamento
“Manzanar”, no leste da Califórnia durante a 2a Guerra Mundial e faz ligações com os
iranianos americanos, ameaçados, da mesma forma, durante a crise dos reféns em
1979-80. Nesse caso, é, basicamente, uma instalação do tamanho de um quarto onde
imagens sintetizadas são projetadas em uma tela na escala de um pra um, tipo “cave”.
Em outras aplicações desse tipo, o campo visual pode ser envolvido totalmente com
imagens sintetizadas, não somente pela frente, mas também por todos os lados, topo e
base, usando a tecnologia de filmagem em panorama. Com essa aplicação, os autores
objetivaram exprimir o drama das pessoas nos campos de concentração e envolver as
pessoas em seus trabalhos de arte, através da imersão.
28
Disponível em: <http://www.mcah.columbia.edu/alhambra>. Acesso em: 04 dez. 2005. Para a sua
visualização, são necessários os programas QuickTime, da Apple e Flash, da Adobe.
29
VRML - Virtual Reality Modeling Language – é uma linguagem que nos possibilita descrever objetos 3D e
agrupá-los, de modo a construir e animar cenas ou "verdadeiros mundos virtuais". As cenas criadas são, em
geral, disponibilizadas na Web e suas áreas de aplicação são bastante diversificadas, indo desde aplicações na
área científica e tecnológica até entretenimento e educação, passando por representações artísticas e em
multimídia.
30
Disponível em: <http://www.mission-base.com/manzanar/demos.html>. Acesso em: 04 jan. 2005. Para a sua
visualização, é necessário instalar os programas blaxxun Contact 5.1 VRML browser plugin30, também
disponível no website.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
26
3.2.
REALIDADE AUMENTADA (RA)
Uma definição bastante difundida é que ela é a sobreposição visual de objetos virtuais,
gerados por computador em um ambiente real, utilizando, para isso, algum dispositivo
tecnológico (Milgram, 1994), ou seja, é um acréscimo visual, em relação ao mundo real,
através da superposição de imagens sintetizadas, no campo visual do usuário, em tempo real.
Facilita a análise e a interação com gráficos e a exploração de aspectos cognitivos, visando à
maior compreensão da informação.
Imdat As (2004), da Universidade de Harvard, fez um levantamento de grupos de pesquisa
como o Fraunhofer Institute, no MIT Media-Lab, o Hughes Research Laboratorie, na
Califórnia e o Laboratório de Computação Gráfica e User Interface, na Nova Zelândia,
exemplos de pesquisadores, que trabalham com aplicações RA. Esta área de aplicação é bem
extensa, compreende desde a medicina à engenharia, desde aplicações voltadas para o lazer e
a educação, assim como para o patrimônio urbano cultural. Em cenários RA, é muito
importante a exatidão do posicionamento entre a representação digital e o mundo real. Um
pequeno desalinhamento espacial, temporal, de intensidade, cor ou resolução pode não ser
convincente para o usuário e pode, até mesmo, fazê-lo sentir-se fisicamente desconfortável. A
correspondência do imaginário artificial com o mundo visual depende de uma série de
parâmetros, que primeiro reconhece a posição e orientação do usuário em relação ao mundo
visual e, em segundo lugar, a localização do ponto de vista em si, dentro da coordenada global
do sistema. As aplicações RA têm um complexo sistema de seqüência e posicionamento, que
localiza a posição exata, focalizando o usuário e seu entorno, mas, nem sempre, as posições
são suficientemente precisas. O autor classifica as aplicações RA em dois tipos: Fixed Point
(Pontos Fixos) e Mobile (Móvel), explicadas a seguir.
Fixed Point – Esse tipo de aplicação refere-se a um “ponto fixo”, ou seja, um local fixo onde
o usuário se estabelece para utilizar o aplicativo, em geral, um quiosque com equipamentos.
Tem como exemplo o “Timescope – Ename 942 Project”31, desenvolvido pelo Belgian
Institute for Archaeological Heritage e a IBM. Através do uso de realidade virtual e
multimídia, o projeto permite que os visitantes percorram reconstruções digitais de estruturas
precisamente sobrepostas às áreas de escavações arqueológicas. O projeto objetiva auxiliar no
31
Disponível em: <http://www.ename974.org/Eng/pagina/index.html>. Acesso: em 01 dez. 2006.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
27
entendimento dos remanescentes do local e na visualização de como as estruturas originais
deviam se parecer quando reposicionadas virtualmente. O sistema consiste em uma câmera de
vídeo, um computador, dois monitores e um touch screen32. A câmera de vídeo foi
direcionada para uma seção particular dos remanescentes arqueológicos e transmitia imagens
de vídeo, em ´tempo real´, para os monitores do quiosque. O usuário poderia olhar, através de
uma abertura do quiosque, e ver o que realmente estava lá, ao lado, ou, alternativamente,
assistir, no monitor, a informações auxiliares, separadas em camadas, daquele ponto de vista
em particular. No caso de uma aplicação RA, desse tipo, não há nenhuma necessidade de
sistemas complexos de seqüência nem posicionamento, porque a sobreposição ocorre somente
em uma perspectiva pré-selecionada. O maior problema, nesse caso, é a necessidade de
montar uma estrutura, com quiosque relativamente grande e muito visível, podendo até
interferir na estética arquitetônica do lugar.
Figura 6 – Projeto Timescope I: quiosque e simulação, no sítio histórico, da visualização por RA, através do
monitor do computador, que fica dentro do quiosque.
Fonte: (PLETINCKX, 2000, p.46).
Mobile (MARS – Mobile Augmented Reality Systems) – refere-se ao tipo de aplicação,
que permite a interação do usuário com um equipamento acoplado a seu corpo,
enquanto ele movimenta-se. O objetivo é permitir a exploração de um local com
informações educativas em ´tempo-real´. Um exemplo dessa aplicação é o projeto
Archeoguide33 - um guia presencial sobre o patrimônio cultural, baseado em realidade
aumentada, elaborado por um consórcio europeu de provedores de tecnologia e o
Ministério da Cultura Helênica na Grécia. Nesse projeto foi utilizado um sistema
misto que envolve o posicionamento e a seqüência de movimento do usuário. A ênfase
32
Touch screen – é a tela de exibição que pode ser usada como dispositivo de entrada de dados através do toque
do usuário, substituindo os periféricos padrões de entrada de dados. Disponível em: <http://foldoc.org> Acesso
em: 28 dez. 2006.
33
Disponível em: <http://archeoguide.intranet.gr >. Acesso em: 04 dez. 2005.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
28
foi dada no desenvolvimento da interface, e, mesmo o sistema correspondendo ao
mundo real em escala, posição e perspectiva, é desconectado da realidade imediata.
Corresponde a um servidor de informações sobre o sítio, composto por um banco de
dados relacionado com uma ferramenta de escolha de conteúdos e uma interface de
acesso remoto, que funciona através de uma rede wireless34. A unidade móvel que fica
com o usuário (um óculos digital e um computador portátil) tem uma interface
wireless e um sensor de posição que mostra uma imagem superposta virtualmente no
local visualizado.
Figura 7 – Archeoguide: simulação da visualização por realidade aumentada através do uso de óculos digital e
um computador portátil.
Fonte: Disponível em: <http://archeoguide.intranet.gr>. Acesso em: 04 dez. 2005.
3.3.
SISTEMAS DE SUPORTE AO PLANEJAMENTO
Os Sistemas de Suporte à Decisão35 são sistemas construídos sob fundamentos teóricos
matemáticos, focados na estrutura e comportamento das entidades urbanas, no processo de
planejamento e nas teorias de representação espacial. Essas teorias são refletidas em sistemas
que perseguem objetivos como: estudos de uso do solo, intervenções na área de transportes,
análise fiscal e análise de meio-ambiente, dentre outros. Podem gerar análises espaciais de
cenários do presente, passado e futuro, simulações, assim como gerar dados para embasar
intervenções urbanas. Este tipo de sistema é geralmente utilizado pela administração pública
34
Wireless – tipo de conexão por ondas de rádio entre computadores ou entre o servidor e outros receptores.
35
Planning Support Systems (PSS), em inglês.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
29
ou privada para organizar e visualizar informações, de acordo com as atividades e os recursos
que permeiam o planejamento urbano (BRAIL; KLOSTERMAN, 2001, p.xi).
Exemplos desse tipo de aplicação são numerosos, na área de análise urbana, com simulação e
construção de cenários futuros. Alguns autores descrevem modelos urbanos complexos, que
incorporam SIG, como por exemplo, o METROPILUS – the METROpolitan Integrated Land
Use System, desenvolvido pelo professor Steven Putman e pesquisadores da Universidade da
Pennsylvania, com o objetivo de realizar simulações de planejamento regional. Foi utilizado
em oito das dez cidades mais populosas dos Estados Unidos. É um sistema que integra
modelos de locação residencial, de empregos e de uso do solo no programa ArcMap em uma
interface gráfica de fácil compreensão. O sistema prevê acréscimos de análise de dados e
capacidade de manipulação ao integrar-se com pacotes de planejamento de transporte e é
muito utilizado para previsão de impactos ambientais, mas não utiliza dados tridimensionais
(BRAIL; KLOSTERMAN, 2001, p. 99).
Outro exemplo é o “Tranus” - Plano Integrado de Transporte e Uso do Solo. Foi um dos
poucos em operação até o ano de 2001, utilizado na criação de um modelo da cidade de
Swindon, na Inglaterra e financiado pelo Engineering and Physical Sciences Research
Council (EPSRC) “Sustainable Cities”. É um modelo de sistema que integra e opera três
módulos – uso do solo, transporte e análise espacial. Tem a capacidade de simular cenários
alternativos, incluindo dados sobre oferta e demanda de trabalho, distribuição da população e
mudanças de ocupação do solo, além de oferta de terra e de transporte sobre a área estudada.
(BRAIL; KLOSTERMAN, 2001, p. 129 e 144).
Até o momento, nessa abordagem do tipo PSS, prevalecem as representações digitais
baseadas em modelos urbanos bidimensionais estruturados nos conceitos de SIG.
3.4.
SISTEMAS PARA PARTICIPAÇÃO PÚBLICA
O programa CommunityViz36, com seus módulos Scenario Constructor e Town Builder 3D é
um dos mais divulgados como Sistema de Suporte à Decisão para planejamento e
36
Disponível em: <http://www.communityviz.com/>. Acesso em: 27 dez. 2006.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
30
administração de recursos, voltado para participação pública - PPGIS37. Permite análises
baseadas em SIG e na modelagem geométrica 3D do mundo real. Auxilia na visualização de
alternativas de uso do solo e no entendimento dos impactos potenciais, explorando opções e
criando possibilidades, examinando cenários de todos os ângulos – ambiental, econômico e
social. Normalmente, é utilizado como método que permite às pessoas atuarem como
cidadãos nas escolhas que definirão o planejamento do espaço de sua própria comunidade,
através do emprego da linguagem da visualização.
Uma aplicação utilizada na University of British Columbia (UBC), em Vancouver, Canadá,
foi o uso de ambientes virtuais para auxílio no processo de tomada de decisão participativa
como técnica auxiliar de mediação entre as comunidades e o poder público. Esse tipo de
aplicação pode ter diferentes aproximações, como demonstrar propostas diferentes de
modificações no tecido urbano, simular possíveis alternativas e suas respectivas
conseqüências físicas, e até mesmo, agregar projeções socioeconômicas aos dados espaciais.
A descrição desse processo foi desenvolvida e detalhada por Sheppard (2004) no livro sobre
Landscape Visualization38 e em pesquisas sob sua coordenação, realizadas no Collaborative
for Advanced Landscape Planning (CALP), laboratório de pesquisa da Faculty of Forestry da
UBC. Exemplificou o uso de aplicações típicas de visualização da paisagem no planejamento
urbano e na administração de recursos ambientais, podendo ser identificados elementos de
fácil reconhecimento como terreno, vegetação, corpos de água e edificações, entre outros.
Também contextualizou culturalmente o tema, com o objetivo de estender a capacidade do
recurso de visualização para aplicação junto às comunidades rurais e os nativos canadenses,
chamados First Nations. Em sua pesquisa, foi utilizado o programa CommunityViz, que
integra SIG e Landscape Visualization, mas ressaltou que as barreiras potenciais para uma
implementação bem sucedida são, principalmente, devido à complexidade técnica do
programa disponível até aquele momento da pesquisa. Este e outros programas serão
descritos, com mais detalhes, no Apêndice A deste trabalho.
37
PPGIS – Public Participatory Geographic Information System: sistemas de informações geográficas utilizados
por membros da sociedade, tanto como indivíduos ou grupos, para participação no processo de gestão ou
planejamento público (coleta de dados, mapeamento, análise e/ou tomada de decisão).
38
Landscape Visualization, nesse contexto, refere-se ao processo de visualização da paisagem natural, por tratarse de estudos da Faculty of Forestry.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
31
Figura 8 – Ambiente visual imersivo do Landscape Immersive Lab (LIL), Forest Resources Management, UBC.
Fonte: (SHEPPARD; LEWIS; AKAI, 2004, p.26)
A representação gráfica também vem sendo tratada por planejadores urbanos de modo a
simular intervenções urbanas, no contexto da prática de planejamento, iniciada em Nova York
e na Califórnia nos anos 1960: o que foi chamado de planejamento “just-in-time”, por
Kwartler (1998). Este conceito refere-se à articulação de um período inicial de
experimentação, onde as intervenções propostas são tratadas via simulação computacional em
níveis de abstração distintos. Naquele momento, como alternativa à prática tradicional, foi
proposto um experimento continuado de controle do planejamento do uso do solo com
participação pública, que integrava técnicas de performance e de feedback. Estas técnicas são
comprovadamente eficientes e são utilizadas, normalmente, no campo da administração e
gestão de pessoas para obter um retorno positivo ou negativo das equipes de trabalho para os
gestores e viceversa. Nesse caso, foram adaptadas às simulações computacionais para
planejamento urbano.
3.5.
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS e HISTÓRICAS
Dentre as aplicações apresentadas neste subitem, nem todas possuem características de um
SIG, por não contemplarem as diversas possibilidades de cruzamento de dados que um SIG
permite, principalmente pela falta de associação dos objetos modelados com uma base de
dados espaciais. Durante o desenvolvimento de muitos desses trabalhos, essa tecnologia ainda
era incipiente. Mesmo assim, estão aqui relacionados, por se aproximarem ao estudo
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
32
desenvolvido nesta pesquisa, possuindo caráter de documentação histórica e resgate da
memória, com base na existência de documentação e iconografia histórica.
A partir de dados de diversas procedências documentais e iconográficas, podem-se elaborar
modelos digitais no computador. Dentre as técnicas de modelagem de cidades, que têm sido
desenvolvidas em todo o mundo, há aplicações com inúmeras finalidades. Segundo Novitski
(1998), estas podem estar voltadas para o passado – espaços urbanos que existiram ou que
poderiam ter existido; voltadas para o futuro – espaços urbanos que podem vir a existir; e
voltadas para o presente – espaços urbanos existentes.
Pode-se simular a construção de cidades inteiras, ou de partes, que já não existem mais, por
terem sido destruídas ou modificadas, com o objetivo de experimentar algo que já foi perdido
(MITCHELL, 1998, p. 9). Como exemplo de aplicação desse tipo, tem-se o modelo digital de
auxílio à arqueologia realizado por Antonieta Rivera, durante seu curso de pós-graduação na
UBC, Canadá. A cidade asteca de Tenochtitlán, especificamente seu sítio cerimonial –
Teocalli, foi reconstruído digitalmente através de modelagem geométrica em ferramentas
CAD (Figura 9). Nessa situação, várias suposições foram necessárias para preencher lacunas
de informação, gerando mais de um modelo de simulação. Os dados procederam de
escavações arqueológicas, templos próximos ainda existentes, documentos e desenhos
antigos. Foi significativa a possibilidade de criar uma percepção clara de todo o conjunto
urbano-arquitetônico, que ainda não se tinha, apesar das escavações do local estarem
ocorrendo há décadas, além de ter-se compreendido melhor a geometria aplicada à astronomia
utilizada na locação dos templos da capital asteca.
Figura 9 – Ciberarqueologia: técnica que agrega recursos digitais à arqueologia.
Fonte: (NOVITSKI, 1998, p.59)
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
33
Muito se pode compreender sobre a história e a evolução urbana de um determinado local a
partir de representações que remontam épocas específicas na vida de uma cidade. Seguindo
esse conceito, o projeto de Cicconetti e outros (1991) desenvolveu a modelagem geométrica
de um trecho da cidade medieval de Gênova, na Itália, em meados do século XV. Houve uma
profunda pesquisa histórica sobre a tipologia e morfologia das edificações medievais. Buscouse na bibliografia específica, informações sobre a cidade e as regras de composição, que
regiam sua arquitetura, tomando-se como base alguns edifícios cujas fachadas estavam
preservadas. A partir do modelo criado, foi possível gerar novas interpretações sobre aspectos
da cidade medieval e de sua sociedade.
Outra aplicação relevante dos modelos tridimensionais para o contexto urbano foi o trabalho
de Alsayyad e outros (2006), da Universidade de Berkeley, Califórnia: o estudo da evolução
urbana da cidade do Cairo, no Egito. Foram construídos três modelos digitais da cidade em
períodos marcantes em sua história – 969, 1169 e 1517 d.C. No entanto, não havia o objetivo
de alcançar o fotorrealismo, utilizando-se apenas as informações disponíveis a respeito do
objeto, representando edifícios ricos em detalhes (aqueles que ainda existiam), ao lado de
edifícios representados, de forma simplificada, apenas pelo seu volume, em nada
prejudicando os objetivos do estudo: compreender a evolução urbana da cidade do Cairo.
Segundo Tenório (1999, p. 64) é importante ter em mente que nenhum tipo de simulação
histórica é precisa. Quanto mais antigo o objeto-modelo, mais raras são as referências a ele, e
mais imprecisos são os modelos resultantes. Entretanto, é inegável sua importância e valor
histórico, muitas vezes, resultando em documentários e aplicações hipermídia ou mesmo
sendo utilizados em cenários de games (Figura 5, p.19). A garantia de sua validade histórica
só ocorre quando os dados são fundamentados em pesquisas baseadas em fontes confiáveis.
Contudo, a partir de dados iniciais escassos mas de qualidade, se bem trabalhados, pode-se
alcançar resultados inesperados e enriquecedores.
Atualmente, existem muitos modelos de cidades, sendo desenvolvidos. O centro de pesquisas
CASA da UCL, de Londres, realizou uma revisão crítica sobre os tipos de modelagem
geométrica tridimensional, utilizados em mais de sessenta casos, escolhendo oito cidades para
uma análise mais detalhada: Tokyo, New York, Berlim, Glasgow, Helsinky, Philadelphia,
Washington D.C. e Jerusalém. Nessa pesquisa, foram identificadas três direções distintas para
os tipos de modelagem de cidades, cada qual baseada em pontos de vista e especialidades
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
34
diferentes: aquelas que utilizam ferramentas CAD; as baseadas em métodos fotogramétricos
de captura de dados e as aplicações de Sistemas de Informações Geográficas. Não se percebeu
estratégia preferida para o desenvolvimento dos modelos e também nenhum método
emergente como o mais apropriado. A pesquisa concluiu que a definição da tecnologia para
cada projeto depende dos dados disponíveis e da finalidade do estudo.
Neste centro de pesquisa, foi construído o modelo geométrico tridimensional da cidade de
Londres, na Inglaterra. O projeto Virtual London39 tem suporte da municipalidade e vem
sendo utilizado por arquitetos e planejadores urbanos para testar o impacto visual de grande
número de propostas desenvolvidas para a cidade. Foi desenhado para uso profissional, mas
também tem o objetivo de atingir um público mais amplo, através de vários processos de
participação pública, por intermédio da World Wide Web.
Caracteriza-se por utilizar
tecnologias CAD e SIG, mas, atualmente, estão sendo experimentadas diversas técnicas de
imagens fotorrealísticas e métodos de captura de dados por fotogrametria, para cenários mais
detalhados. Também está sendo pesquisado, em projeto simultâneo, como o modelo pode ser
distribuído para usuários externos, usando software livre, através da interface do Google
Earth e do ArcExplorer.
No Brasil, existem alguns exemplos de estudos históricos, com objetivos distintos. No
Laboratório de Análises Urbanas e Representação Digital (LAURD) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a coordenação geral do professor Roberto Segre, existe a
pesquisa “Evolução dos Sistemas Simbólicos das Cidades Latino-Americanas”, que teve
como um dos objetivos desenvolver um aplicativo hipermídia, analítico, que possibilita ao
usuário a leitura do significado das estruturas simbólicas, em termos do seu valor cultural,
especialmente edifícios e espaços públicos, que definem a evolução das cidades, sua forma e a
imagem urbana. Assim, foi desenvolvida a aplicação, “A cidade que não existe: reconstrução
hipermídia para compreender as cidades latino-americanas”40, que apresenta os modelos
digitais históricos de duas cidades latino-americanas: Havana e Rio de Janeiro. Os modelos
reconstroem a estrutura urbana das cidades em diferentes períodos históricos e apresentam
diferentes escalas de visualização: o plano geral, os quarteirões ou quadras, as ruas, dos
espaços públicos e os espaços arquitetônicos.
39
Disponível em: <http://www.casa.ucl.ac.uk/projects/projectDetail.asp?ID=55>. Acesso em: 19 abr. 2007.
40
Disponível em: <http://www.fau.ufrj.br/prourb/cidades/vsmm99/index-p.htm>. Acesso em: 04 jan. 2006.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
35
Figura 10 – Modelos digitais históricos: Expansão do sistema viário em Havana e Rio de Janeiro, em 1808.
Fonte: Disponível em: <http://www.fau.ufrj.br/prourb/cidades/vsmm99/index-p.htm>. Acesso em: 04 jan. 2007.
Na Universidade Federal de Santa Catarina, foi desenvolvida uma aplicação hipermídia com
alguns modelos geométricos 3D, como o da Fortaleza de Anhatomirim41, seu entorno, e
informações acumuladas, durante mais de cinco anos de pesquisa arqueológica na região,
além de imagens de fortalezas de todo Brasil. No Rio Grande do Sul, na Universidade do Vale
do Rio dos Sinos (UNISINOS), foi desenvolvido o Projeto Missões42, a partir de 1990,
utilizando técnicas de representação gráfica para a reconstituição digital da “Redução de São
Miguel Arcanjo”, permitindo ao público um passeio virtual, através do conjunto na época de
sua fundação, em 1687. Teve como base a iconografia antiga disponível, o levantamento
gráfico e fotogramétrico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e
os testemunhos remanescentes construtivos e arqueológicos. A partir de então, o Núcleo de
Computação Gráfica (NCG) da UNISINOS deu continuidade a outras pesquisas,
desenvolvendo ambientes virtuais interativos.
41
Disponível em: <http://fortalezasmultimidia.com.br/santa_catarina/>. Acesso em: 01 out. 2006.
42
Disponível em: <http://ncg.unisinos.br/missoes>. Acesso em: 01 out. 2006.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
36
Figura 11 – Projeto Missões: reconstituição virtual.
Fonte: Disponível em: <http://ncg.unisinos.br/missoes>. Acesso em: 01 out. 2006.
Esse é um exemplo de estudo de reconstituição virtual de espaços arquitetônicos de interesse
histórico-cultural que utilizou metodologia específica de levantamento de dados e modelagem
tridimensional de sítios históricos. Este trabalho utilizou ferramentas CAD, programas de
renderização43, de animação e de RV, com o objetivo de produzir um aplicativo hipermídia
em CD-ROM, que contemplou toda a base de dados do acervo digital coletado para a
pesquisa.
No caso de Salvador, a abordagem que prevalece na Universidade e na Prefeitura Municipal é
a dos Sistemas de Informações Geográficas, sendo que a Prefeitura desenvolveu aplicações
que disponibilizam informações sobre os logradouros e sobre a Lei de Ocupação e Uso do
Solo (LOUOS), baseados em programas de Geoprocessamento. No LCAD, na Faculdade de
Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA), foi desenvolvido um trabalho
sobre a Cidade, utilizando técnicas computacionais de representação 3D. Há um protótipo de
aplicação hipermídia, que auxilia o entendimento do espaço intra-urbano da cidade do
Salvador, usando cartografia interativa, animações, modelos urbanos tridimensionais, imagens
43
Renderização é o termo utilizado para descrever o desenho, rascunho, plano ou outro trabalho artístico que
representa algo tridimensional no papel ou outra mídia. Também chamado de acabamento. Em computação
gráfica, é a geração de uma imagem a partir do objeto tridimensional, por meio de programas específicos de
computador, a partir de informações de geometria, ângulo de visão, textura e iluminação. O produto final é a
imagem digital ou raster.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
37
de sensoriamento remoto, fotografias e textos, que permitem ao usuário construir
visualizações específicas para uma determinada demanda. Pereira (2002) aponta que mais
estudos ainda são necessários sobre a integração de modelos de cidades e sistemas interativos
para abrir possibilidades para diversos tipos de uso em projeto e planejamento urbano em
Salvador. Para ele, “os sistemas hipermídia têm um grande potencial para transmitir
informações espaciais para profissionais ou habitantes, para que possam entender facilmente
seu meio ambiente, comunicando informações diversas em um único documento, produzindo
uma única visualização urbana”. Uma das vantagens desse tipo de sistema é a possibilidade de
reunir dados provenientes de diferentes fontes e formatos.
Algumas tecnologias e aplicações destacaram-se por tratarem da dimensão do tempo, de
forma similar ao propósito desta pesquisa. Na sua maioria, apresentam soluções que
envolvem tecnologia SIG, nem sempre utilizando recursos de RV ou RA. O principal motivo,
que definiu a escolha desta tecnologia, foi desenvolver um modelo urbano 3D, com
características geográficas espaciais e não-espaciais, levando em conta o atributo “tempo”,
além da necessidade de manipulação de dados raster44, provenientes da iconografia antiga.
Nessa lógica, quatro trabalhos recentes destacaram-se e estão resumidos em seguida.
Na pesquisa sobre a reconstrução da cidade de Heusden, elaborada por Alkhoven (2003) da
National Library of the Netherlands, a autora dá exemplos do uso de mapas para criar
reconstruções 3D de cidades. Ela ressalta que a arte de representar cidades, em três
dimensões, não depende apenas da tradicional arte de modelar maquetes, mas da arte e técnica
da criação de mapas. A definição do nível de detalhe do modelo digital depende do objetivo
final da modelagem. No caso de construir um modelo histórico de uma área urbana a partir de
mapas, pode-se modelar a sua forma atual, inicialmente, usando mapas precisos. E,
posteriormente, modelar as mudanças ocorridas no tecido urbano e seus objetos em
retrospectiva. De forma oposta, pode-se iniciar por mapas antigos e compará-los com os
atuais, cronologicamente. Ao usar documentos históricos e iconografia antiga, é importante
saber interpretar o propósito do mapa original, se, no caso, foi gerado para proteção ou
fortificação, registro histórico, informação ou cadastro, planejamento estratégico comercial,
44
Raster é a estrutura de representação de dados espaciais em que os elementos são codificados na forma de uma
matriz (grid). Quanto menor for o tamanho da quadrícula dessa matriz, maior será a semelhança da representação
com o elemento. O tamanho da quadrícula deve ser função da escala de trabalho e do nível de detalhe desejado.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
38
um projeto ou plano urbanístico. Ou, até mesmo, se há uma finalidade cadastral de
mapeamento SIG, com imagens terrestres ou aéreas. A obtenção de dados válidos requer a
determinação do nível de precisão e da confiabilidade de cada um desses mapas, da análise da
informação original e da comparação de cada mapa com outras fontes, além de cruzar dados
com fontes textuais. Sabe-se que, geralmente, os modelos urbanos, gerados podem servir de
fontes para pesquisas posteriores, por isso, a documentação dessas fontes utilizadas e das
decisões tomadas, no processo de modelagem, são de extrema importância.
Outro projeto de reconstrução de cidades existente é o “Arnhem3D” 45, diferente de outros que
representam apenas o presente. Tem o objetivo de representar a cidade antiga de Arnhem, na
Holanda, como era antes de sua destruição durante a segunda guerra mundial. O resultado
final permitiu aos usuários rever parte da realidade urbana da cidade do passado, desde o
século XVII ao século XX. Este projeto utilizou, principalmente, recursos de realidade virtual
com base em uma vasta fonte de informação iconográfica.
O projeto desenvolvido pela Washington University em Saint Louis utiliza recursos da Web,
de forma interativa, para explorar a história da cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, e
representa, digitalmente, as décadas de 1850 e 1950. Os modelos urbanos espaço-temporais,
produzidos foram construídos por modelagem geométrica 3D das edificações mais
importantes e por extrusão46 das poligonais, formando simples “blocos de edificações”, com
aplicação de bitmaps47, nas fachadas. As linhas de tempo são apresentadas, separadamente,
para que se possa escolher o período a ser visualizado. É uma aplicação voltada para o ensino
de história da arquitetura e do urbanismo nesta universidade. Na interface gráfica, os temas
são visualizados, “horizontalmente”, através da cidade, em uma determinada década e,
“verticalmente”, através do tempo, em outras décadas.
45
Disponível em: <http://www.arnhem3d.nl>. Acesso em: 01 out. 2005.
46
Extrusão é uma das técnicas de modelagem também chamada de varredura translacional. O objeto extrudado é
obtido pela translação de uma superfície, por uma certa distância, ao longo de um vetor ou geratriz. (AZEVEDO;
CONCI, 2003, p.145).
47
Bitmap é a imagem digital, imagem raster, arquivo de dados ou estrutura que representa um retângulo de
pixels, ou pontos de cores, no monitor do computador, papel, ou outra mídia. Também chamado de mapa de bits.
No contexto desta pesquisa, corresponde à imagem de fotografia digital aplicada à fachada de determinado
edifício.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
39
Figura 12 – Saint Louis Virtual City Project: cidade virtual voltada para educação, na Internet.
Fonte: Disponível em: <https://fusion.umsl.edu/virtualstl>. Acesso em: 10 out. 2005.
O estudo da evolução do centro histórico de Cantu, na Itália, foi uma pesquisa elaborada por
Brumana e outros (2006, p. 101-108). Trata-se de um modelo urbano gerado em uma
aplicação SIG-3D, para representação do centro histórico desta cidade. O trabalho foi
desenvolvido em várias etapas: estruturação dos dados censitários do centro histórico,
aquisição de dados provenientes dos mapas históricos de caráter cadastral, modelagem
conceitual e implementação do SIG e formulação dos mapas e dos modelos temáticos 3D,
relacionando os diversos dados das edificações, por períodos. Como as cidades antigas
italianas são muito complexas, principalmente pelas diferentes formas dos telhados das
edificações, foi necessário desenvolver uma base de dados com atributos de altura. Nesse
estudo de caso, as fontes de dados principais foram: o mapa topográfico atual da cidade em
formato vetorial, que permitiu gerar o Modelo Digital do Terreno (MDT), por interpolação48
das curvas de nível, a informação da altura das edificações constantes nos mapas antigos, e as
fotografias aéreas, que auxiliaram na interpretação dos dados. Logo após a modelagem
conceitual do SIG, o primeiro passo foi criar o MDT para servir como base geográfica aos
edifícios. As superfícies planas dos telhados e os modelos geométricos das edificações foram
representados com maior nível de detalhe. Os elementos-base foram as poligonais das
edificações com seus atributos de altura. A partir desta feição, foi gerada a feição multipatch49
48
Interpolação é o processo em que se determina o valor da função em um ponto interno de um intervalo, a partir
dos valores da função nas fronteiras desse intervalo.
49
Multipatch – feição tridimensional ou volumétrica. É um tipo de shapefile, ou formato de dado vetorial da
feição geográfica, que remete às especificações originais sobre a compactação do objeto, originado em uma
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
40
de cada edificação, onde foram aplicadas bitmaps. Essas edificações foram armazenadas em
uma base de dados geográficos, através de uma chave primária ou identificador,
correspondente a cada tema catalogado. No momento, a pesquisa está em fase de expansão, na
busca de divulgar a aplicação em vários ambientes, perseguindo a potencialidade atual do
Web GIS, ou GIS online.
Figura 13 – SIG-3D do centro histórico de Cantu, Itália, com análise histórica, grau de conservação e
transformação das edificações.
Fonte: <http://www.ricercaitaliana.it/prin/unita_op-2004087132_004.htm>. Acesso em: 20 abr. 2007.
O projeto “Virtual Time-Space of Kyoto”, por Yano (2006), da Ritsumeikan University, em
Kyoto, Japão, teve como objetivo principal alcançar um entendimento temporal, em
conseqüência das propostas de planejamento da cidade, como por exemplo, a construção de
arranha-céus. Para isso, foi necessário buscar um meio de comunicar esses planos para os
investidores locais, de forma a estabelecer um consenso com os anseios da sociedade. Para
isso foi desenvolvido um modelo de representação digital espaço-temporal, usando
tecnologias SIG e RV. Diversos cenários futuros foram projetados, gerando modelos
temáticos, que, posteriormente, tornaram-se recursos úteis no processo de tomada de decisão.
Nesta pesquisa de Kyoto, foi desenvolvido, inicialmente, um modelo da cidade atual com
base nos dados vetoriais existentes. Em seguida, foi gerado um cenário da cidade, no passado,
usando recursos como antigos mapas topográficos, fotografias aéreas e mapas da estrutura
superfície
plana,
para
se
obter
a
feição
3D.
help.com/newsletter/13/newsletter13.htm>. Acesso em: 03 jan. 2007.
Disponível
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
em:
<http://www.gis-
41
urbana do início do período Taisho (1912-1926). Finalmente, foram reconstruídas as
alterações no “cityscape“ ou paisagem urbana de Kyoto em uma plataforma, chamada pelo
autor de 4D, pelo fato de introduzir a dimensão do tempo no sistema de visualização 3D.
Nesse sentido, o autor designou seu trabalho como um SIG-4D, que permitiu a transformação
de mapas em um sistema de informações sobre o planejamento da paisagem da cidade, ao
longo do tempo, de forma a tornar-se uma ferramenta de auxílio na busca de um consenso
social entre investidores e comunidade.
Figura 14 – Transformações na paisagem urbana de Kyoto.
Fonte: (TAKASE e outros, 2004)
3.6.
SÍNTESE CRÍTICA E INDICAÇÕES PARA O ESTUDO
Procurando fazer alguns comentários sobre as aplicações levantadas, percebe-se que a maioria
delas tem objetivos específicos bem definidos, porém distintos entre si. Mesmo assim, podese dizer que as que mais se aproximam deste estudo têm um objeto comum: a análise espacial
da cidade, utilizando tecnologias SIG, recursos de visualização 3D e informações históricas.
Assim, pode-se analisar a complexidade e a repercussão dos sistemas desenvolvidos, assim
como as técnicas utilizadas.
A complexidade dos sistemas relatados, com certeza, determinou a necessidade de
planejamento para suas implementações. Isso se deve ao fato, principalmente, de tratar-se da
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
42
manipulação de grande número de informações procedentes de iconografia antiga, que
precisaram passar por processos de conversão de dados antes de serem integrados ao sistema.
Além disso, existe a etapa de modelagem de dados, que organiza as feições e os atributos
vinculados a elas. Os objetivos de cada pesquisa guiaram estas etapas de estruturação e
puderam direcioná-las para diversos fins, como por exemplo: educacional, análise espaçotemporal, evolução urbana, auxílio na tomada de decisões, documentação histórica,
concentração de informações e unificação da visualização urbana.
As repercussões das pesquisas, em seus raios de influência, mostraram-nas inovadoras e de
extremo valor, abrindo espaço para novas investigações e aplicações cada vez mais
direcionadas a resultados, em todos os campos de pesquisa.
Mesmo que as técnicas utilizadas nos projetos tenham sido diferentes, confirma-se o fato de
todos eles terem possibilitado o processamento de dados espaciais e não espaciais, produzindo
a visualização dos resultados de forma tridimensional e interativa. Na verdade, a maioria dos
pacotes de software de SIG permite a modelagem de superfícies de terreno e a visualização de
feições em 3D, mas alguns ainda utilizam o recurso da dimensão 2.5D50. Estas feições não são
consideradas tridimensionais, pois são feições bidimensionais, nas quais se aplica uma função
de extrusão, como em alguns projetos supracitados. Nesses casos, a estrutura de dados do
sistema armazena apenas o atributo de altura do objeto, e, no momento da visualização, este é
representado. Recentemente, a última geração de software já permite a administração de
feições 3D simples, do tipo multipatch, em ambiente SIG, como o ArcGIS 9.0.
Percebe-se que alguns projetos utilizaram técnicas de RV para gerar visualizações
tridimensionais interativas, relativas aos SIG desenvolvidos. Este recurso, normalmente, exige
grandes investimentos de hardware para obter-se um bom resultado na visualização final.
Pacotes de software mais recentes já disponibilizam extensões que possibilitam gerar
visualizações com recursos semelhantes, como o ArcScene do ArcGIS 9.0, podendo, também,
exportar dados para programas de RV.
50
A dimensão 2.5D refere-se àqueles objetos que têm duas dimensões (planas) com atributo de altura, podendo,
eventualmente, serem visualizados em três dimensões.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
43
Outra questão relevante é a diferenciação dos modelos pelos seus níveis de detalhe, uma
característica que pode ser graduada, de acordo com a finalidade e os recursos disponíveis
para a pesquisa, que está detalhada em seguida.
O foco na interoperabilidade tem feito com que muitos grupos de pesquisa internacionais
organizem-se em consórcios na busca de uma prototipagem para modelos digitais de cidades,
tornando-os intercambiáveis e de fácil compreensão, no campo da visualização digital.
Através da análise crítica das aplicações estudadas e buscando compreender o processo de
elaboração de um SIG, com a complexidade tratada aqui nesta dissertação, pode-se dividi-lo
nas seguintes etapas (CÂMARA e outros, 1996) e (CARVALHO, 2002):
Modelagem do mundo real: engloba a modelagem conceitual de processos e de dados
a partir de questões sobre o fenômeno do mundo real;
Criação do banco de dados geográficos: coleta de dados relativos aos fenômenos de
interesse, identificados na modelagem conceitual, tratamento e georreferenciamento
dos dados;
Análise Espacial: processo de análise das localidades, atributos e relações das feições
de dados espaciais, através de sobreposição de camadas e outras técnicas analíticas,
para responder uma questão ou gerar conhecimento. A análise espacial extrai e cria
nova informação, a partir de dados espaciais armazenados, reconstruindo visões da
realidade;
Saída de dados, associada à visualização cartográfica: instrumento de auxílio no
entendimento de fenômenos, processos e estruturas espaciais, além da função de
comunicação entre planejadores, técnicos, administradores, pesquisadores e cidadãos.
As visualizações podem ser feitas, através de seleções, consultas e classificações,
representando objetos espaciais 2D e 3D, além de permitir a composição de layout
através de funções de interface gráfica, como elaboração de legendas, inserção de
escalas, preenchimento de cores, uso de simbologia, funções de análise espaçotemporal. O sistema de visualização não somente expõe resultados, como também
oferece facilidade para manipulação dos elementos visualizados ao permitir a
construção de novas consultas.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
44
As características principais de um SIG-3D são a utilização de elementos, como a superfície
do terreno e de blocos multipatch ou volumétricos, cada qual com seu respectivo código
identificador – ID, que identifica cada feição51 do sistema e aplica-se em cruzamentos com
outros dados espaciais e não-espaciais do modelo digital. Segundo alguns autores, essa
tecnologia é chamada de SIG-4D, os sistemas de informações geográficas e históricas que
englobam a dimensão do tempo (TAKASE e outros, 2004).
A maioria dos modelos digitais de cidades têm sido considerados pelo Centro de Análises
Espaciais Avançadas (CASA) como puramente gráficos ou geométricos, negligenciando
aspectos semânticos e topológicos. Portanto, esses modelos quase que somente podem ser
usados com o propósito de visualização, mas não para processos de análise espacial. Segundo
Gröger e outros (2006, p. 6), por causa da reutilização limitada dos modelos há uma inibição
do uso mais amplo dos modelos geométricos 3D de cidades. Portanto, uma abordagem mais
geral deve ser feita para satisfazer as necessidades de informação dos diversos campos de
aplicação. Membros do Special Interest Group 3D (SIG 3D)52, de iniciativa do Geodata
Infrastructure North-Rhine Westphalia (GDI NRW) na Alemanha, desde 2002, vem
desenvolvendo o City Geography Markup Language (CityGML), uma tentativa de
padronização da informação semântica para representação de modelos 3D urbanos que podem
ser utilizados em aplicações distintas. Define as classes e relações para os objetos
topográficos de cidades e regiões mais relevantes, com respeito às suas propriedades
geométricas, topológicas, semânticas e de aparência física. A importância dessa iniciativa está
na busca da redução de perdas durante a troca de informação entre diferentes sistemas de
Geoprocessamento e usuários. Esta proposta, que ainda vem sendo discutida e testada, pode
ser utilizada para modelos digitais de vários níveis de detalhe, desde os mais simples sem
relações topológicas aos mais complexos com visualizações fotorrealísticas.
Tomando essa informação como base, pode-se tentar responder a uma questão inicial desta
pesquisa: – Qual o nível de detalhe que o modelo deve satisfazer para alcançar o objetivo do
estudo? A versão não definitiva do texto produzido pelo grupo CityGML aponta cinco
51
Feição é a representação do objeto do mundo real em um mapa.
52
SIG 3D – Special Interest Group é o grupo aberto, que consiste em mais de setenta companhias,
municipalidades e institutos de pesquisa, que trabalha no desenvolvimento e exploração comercial de modelos
geométricos 3D inter-operantes e visualização geográfica. Disponível em: <http://www.citygml.org>. Acesso
em: 10 fev. 2007.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
45
possíveis níveis de detalhe (LOD- level of detail)
para implementação dos modelos
tridimensionais de cidades.
Figura 15 – Os cinco níveis de detalhe (LOD), definidos pelo CityGML.
Fonte: Disponível em < http://www.citygml.org>. Acesso em: 10 fev. 2007.
Como exemplo, essa metodologia foi testada, na construção do modelo geométrico 3D da
cidade de Berlin (DÖLLNER e outros, 2006, cap.9, p.77), onde foram representados mais de
250 km² da cidade e a geometria espacial das edificações foram capturadas e processadas por
tecnologia de laser scanning. As edificações são representadas, em vários níveis de detalhe,
incluindo modelos de terreno (LOD-0), modelos de blocos (LOD-1), modelos geométricos
(LOD-2), modelos arquitetônicos (LOD-3) e modelos detalhados internamente (LOD-4).
Explicando melhor o termo “nível de detalhe”, Lemmens (2006) o compara com “escala”, e
diz que são sinônimos. Depois da criação da base de dados geográficos, o mapa, na tela do
computador ou manuscrito, perde sua função de meio de armazenagem de informações e
passa a ter apenas sua função original de apresentação visual. Para tanto, o modelo pode ser
visualizado, em escalas mais ou menos detalhadas, dependendo da informação disponível na
base de dados e do nível de zoom, que se aplica no modelo, ou seja, a escala de visualização
desejada.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
46
Tabela 1 – Níveis de detalhe de 0 a 4, ou LOD 0-4, do CityGML com seus requerimentos de precisão
LOD0
LOD1
LOD2
LOD3
LOD4
Descrição da escala
regional,
cidade, região
Bairros,
Modelos
modelos
do modelo
paisagem
projetos
arquitetônicos
arquitetônicos
natural
(exterior),
(interior)
edificaçãomarco
Classes de precisão
mais baixo
baixo
intermediário
alto
muito alto
Precisão absoluta do
menos do que
5/5m
2/2m
0.5/0.5m
0.2/0.2m
ponto 3D (posição/
LOD1
altura)
Generalização
máxima
como blocos
como objetos
objetos
construtivo
de objetos
conforme o
real
generalização
feições
feições
feições;
> 2*2m/1m
elementos e
(classificação do uso
generalizadas; generalizadas;
aberturas são
do solo)
> 6*6m/3m
> 4*4m/2m
representadas
Edificações
efeitos
forma real do
representativos objeto
do exterior
Forma e estrutura do
não
plano
tipo e
forma do
forma do
telhado
orientação do
objeto real
objeto real
telhado
Partes projetadas do
n.a.
n.a.
sim
telhado
Mobiliário urbano
objetos
protótipos
forma real do
forma real do
importantes
objeto
objeto
Únicos objetos de
objetos
protótipos
protótipos
protótipos com
vegetação
importantes
mais altos que mais altos que a forma real
6m
2m
dos objetos
Abrangência
>50*50m
>5*5m
< LOD2
<LOD2
… para ser continuado
por outros temas
Fonte: Albert e outros (2003), citado por Groger, G. e outros (2006). (tradução nossa)
Para efeito deste trabalho, foram adotados três níveis de detalhe:
Baixo: para propósitos educativos, de planejamento regional, ou de visão geral;
Intermediário: modelos de terreno com edificações;
Alto: inclui mapeamento de texturas nos objetos modelados, podendo incluir efeitos
de luz e de movimento, úteis para reconstruções de monumentos e edifícios
individuais, em menor escala e visualização aproximada. Esse nível de detalhe tem um
custo muito alto para a modelagem de cidades inteiras. Entretanto, é viável para
menores áreas que necessitam de maior detalhe e efeitos realísticos para, por exemplo,
permitir comparações com cenários alternativos do mesmo espaço em épocas
diferentes.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
47
Essa classificação auxiliou o processo de definição das características do modelo digital que
foi implementado como protótipo, neste trabalho, definindo-se que, em uma aplicação voltada
para o estudo da variação da imagem da cidade, pode-se usar um nível de detalhe
intermediário para o modelo geral e um nível de detalhe alto para representar as edificaçõesmarco que servem de referência visual para sua leitura.
Outra questão levantada, desde o princípio, foi sobre a precisão da fonte iconográfica e seu
uso potencial como mapa-base em um SIG. Nesse sentido, Alkhoven (2003) focalizou parte
de sua pesquisa no uso de mapas como fonte de dados e o quanto precisos eles eram,
questionando: – Existe um método comum, proposta ou técnica para interpretar e extrair
informações úteis – tanto de dimensões quanto de conteúdo – dos mapas? Em sua busca
exaustiva sobre aplicações de SIG históricos, ela confirmou que há muito pouca informação
sobre como os modelos foram construídos, que mapas foram usados como base, qual sua
precisão e em que pontos foram submetidos à interpretação. Mas, apontou que há uma clara
convergência de técnicas para representação tridimensional de cidades históricas, desde as
ferramentas CAD, SIG e as tecnologias de RV. Dessa forma, a combinação de técnicas é
capaz de permitir maior controle sobre todos os planos de informação, incluindo os de
documentação iconográfica que exigem interpretação visual e comparação com dados
cartográficos mais precisos.
Ao usar a cartografia, como fonte de informação visual sobre a história urbana e sua
reconstrução, surge a questão de sua origem. As informações visuais, retiradas de mapas,
antes de serem consideradas úteis e confiáveis, precisam ser cuidadosamente estudadas. Cada
tipo de mapa tem seu propósito específico, convenções de traçado, representação, símbolos e
planos de informação (temas). Mapas para uso em estratégia militar, em geral, são
relativamente precisos em dimensão, já que o sucesso da estratégia depende de mapas
confiáveis. Nesse caso, as dimensões e as distâncias das fortificações são baseadas no estado
da arte em artilharia. Mas, já que planos de fortificação são normalmente projetos para as
novas fortificações e suas extensões, eles, nem sempre, mostram sistemas viários e a tipologia
das edificações. Entretanto, estes planos, freqüentemente, mostram representações detalhadas
das fortificações existentes (ALKHOVEN, 2003). Também era usual desenhar planos ou
projetos de intervenção sobre mapas antigos. Isso geralmente traz dificuldades em interpretar
corretamente as informações do mapa.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
48
A autenticidade, significando neste contexto, o grau de semelhança com o mundo real, de
mapas urbanos retirados de livros do tipo “Atlas”, freqüentemente, depende de quem os
publicou. O caráter comercial desse tipo de livro, no passado, evidenciava que eram copiados
de outros mapas mais antigos. O processo de reprodução ou cópia, logicamente, não é a forma
mais confiável de se produzir mapas. Às vezes, pequenos erros, gerados em mapas mais
antigos, foram copiados diversas vezes, persistindo por décadas, ou mesmo, séculos.
Quando se trata de modelos digitais, a autenticidade explicita-se através da documentação que
descreve a metodologia e os procedimentos utilizados para sua execução. As representações
digitais, levantadas e descritas anteriormente, têm em comum a busca pelo apuro das fontes
de informação que as geraram. Do mesmo modo, para esta pesquisa, foram coletadas e
selecionadas as fontes de iconografia antiga mais representativas para o período estudado e
esclarecedoras para servir de base para o modelo urbano digital implementado.
De forma geral, a maioria das representações digitais pesquisadas demonstrou ser adequada às
metas esperadas para cada caso específico. Como limitações, é importante ressaltar que, para
cada tipo de pesquisa, o nível de detalhe alcançado depende diretamente do nível de
informação existente sobre o assunto. Assim como, depende também da disponibilidade de
equipamentos para aquisição de dados, do pacote de software utilizado na pesquisa e da
capacidade técnica e interdisciplinar da equipe envolvida.
Pelo ponto de vista da tecnologia, as visualizações, que utilizam recursos de Realidade Virtual
e da Realidade Aumentada, possibilitam uma maior aproximação do usuário com o modelo
digital construído. Por exemplo, os projetos, que utilizam RA, podem ser considerados os que
mais reproduzem esta sensação de proximidade, por utilizarem dispositivos eletrônicos, que
reproduzem as sensações percebidas pelos sentidos humanos, ampliando a interatividade dos
usuários com o sistema. Por outro lado, os Sistemas de Informações Geográficas têm a
característica de serem extremamente precisos quanto à localização geográfica, refletindo uma
melhor acurácia, nesse aspecto. Mas, nem sempre, têm o objetivo de alcançar um alto grau de
visualização da realidade.
Essas indicações foram de extrema importância para a fase de estruturação da metodologia e
da elaboração dos procedimentos necessários para desenvolver o estudo de caso, objeto deste
trabalho.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
49
4. BAIRRO DO COMÉRCIO, CIDADE BAIXA, SALVADOR
4.1.
OBJETO DE ESTUDO
Como estratégia para alcançar os objetivos específicos deste trabalho, escolheu-se o
método do estudo de caso. Assim, pôde-se desenvolver um protótipo de SIG-3D
histórico, voltado para aplicação em uma área específica da cidade, o bairro do
Comércio, na cidade baixa de Salvador. Esta escolha permitiu validar a metodologia
empregada neste trabalho, pois vários processos foram testados e modificados durante o
uso da aplicação. Trata-se de uma investigação qualitativa ao se aproximar do
conhecimento da evolução da forma da cidade e suas interferências na paisagem urbana
e natural. Nesse sentido, a metodologia apoiou-se sobre as questões de representação
digital tridimensional, estudos de imagem da cidade e técnicas de apreensão da forma do
espaço urbano.
Dessa forma, as possíveis descrições históricas de caráter físico-territorial não se
restringem à representação da evolução urbana da área, mas permitem uma diversidade
de consultas e classificações espaço-temporais, além de estudos volumétricos que
auxiliam na apreensão da forma urbana. Existe, também, a motivação documental desse
processo, pois o potencial de informação iconográfica sobre a região é vasto, mas pouco
catalogado e classificado, tendo sido necessário dedicar tempo ao levantamento de
dados e sua interpretação.
Justifica-se a abordagem metodológica do estudo de caso como a mais apropriada para a
pesquisa, pois, nesse tipo de estudo, examina-se o caso em detalhe e em profundidade,
no seu contexto natural, reconhecendo-se a sua complexidade e recorrendo-se, para isso,
a todos os métodos que se revelaram apropriados. Segundo Stake (1995), as
características-chave dessa estratégia são:
O caso tem fronteiras em termos de tempo, eventos ou processos, precisando
definí-las de forma clara e precisa;
É um “caso” sobre algo que há que identificar, para conferir foco e direção à
investigação;
Preservar o caráter único do caso;
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
50
A investigação decorre em ambiente adequado;
São utilizadas diversas fontes de dados e métodos: observações diretas e
indiretas, entrevistas, registros de vídeo, documentos, iconografia, etc;
Para aferir sua credibilidade, definem-se critérios de aferição.
O estudo de caso criterioso tem a necessidade da descrição detalhada e abundante de
todo o processo de investigação, sendo fundamental utilizar o melhor tempo da pesquisa
na análise dos melhores dados (STAKE, 1995, p. 84). “O ponto crítico na investigação
qualitativa não é tanto acumular dados, mas “filtrar” a grande parte dos dados que
acumula. A solução está em descobrir essências e revelar essas essências com suficiente
contexto, sem contudo ficar obcecado em incluir tudo o que potencialmente é passível
de ser descrito” (WOLKOT, 1990, citado por STAKE, 1995, p. 84).
Assim, foi importante escolher alguns critérios para validar o estudo de caso e seu
objetivo, o que facilitou sua definição:
Critérios de escolha e validação do estudo de caso:
O caso, objeto de estudo, deve ser uma área urbana de caráter histórico;
O relevo deve ter características morfológicas que se modificaram com o tempo;
A ocupação urbana deve ter sofrido modificações com o tempo;
A volumetria das edificações foi alterada ao longo do tempo;
O período de tempo escolhido para o estudo deve contemplar mudanças físicas e
espaciais na área estudada;
É necessária a existência de dados históricos sobre as modificações físicas da
área estudada;
É necessária a existência de cartografia atualizada de caráter cadastral, em
formato digital;
O período de análise deve ser escolhido em função da existência de fontes
iconográficas passíveis de interpretação e conversão digital.
Em resposta a todos esses critérios, pôde-se confirmar a escolha do caso, como sendo o bairro
do Comércio, na Cidade Baixa, em Salvador, que equivale aproximadamente à área da antiga
freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Principalmente por sua peculiaridade em
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
51
termos de transformações territoriais e da volumetria de sua ocupação desde a fundação da
cidade à atualidade. A esta área foi somada uma parte da Cidade Alta (parte da Rua Chile),
por ser visível no frontispício da cidade, a partir do mar.
4.2.
CONTEXTO HISTÓRICO E URBANO
A paisagem natural sempre foi uma característica predominante do sítio da Cidade do
Salvador desde 1549. Marcada com uma extensa falha geológica de um pouco mais de
sessenta metros de altura em relação ao nível do mar, que separa a estreita faixa costeira do
platô superior. Assim, a paisagem urbana adaptou-se aos dois níveis de implantação – a
Cidade Baixa e a Cidade Alta.
A sua geografia condiciona sua forma, e a Cidade desenvolve-se paralela ao
mar... A Cidade Alta segue paralela à Baixa, sobre a escarpa. Até o século
XIX, ambas mantêm a mesma divisão funcional dos séculos anteriores, e os
limites da Cidade são os mesmos desde o século XVIII. (PINHEIRO, 2002,
p.181 e 182)
Desde os tempos da fundação da cidade, sua paisagem vem sendo citada por viajantes que a
descrevem como a mais bela que já haviam presenciado. No século XIX, a cidade continuava
deslumbrante para os viajantes, mas perdia-se um pouco do encanto no desembarque no porto,
pois a insalubridade prevalecia. Havia uma reduzida faixa de terra, com edifícios de quatro,
cinco andares, lojas e armazéns, em uma única rua longitudinal, tortuosa e estreita.
A cidade na beira mar representava um impressionante conjunto arquitetônico
e ao mesmo tempo um buliçoso labirinto de becos e ruas estreitas e tortuosas
que vinham dos sopés dos morros e cortavam verticalmente a grande rua
longitudinal. (MATTOSO, 1978, p. 173 e 174)
Apesar de ainda ser considerada surpreendente para os que chegam pelo mar, ao longo dos
séculos, esta área histórica da Cidade tem sofrido diversas transformações e, principalmente,
descuidos que comprometem a preservação do patrimônio urbano e cultural desta Cidade
mais antiga do Brasil.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
52
Figura 16 – Localização geográfica do sítio escolhido: Bairro do Comércio – Cidade Baixa – Salvador.
Fonte: Google Earth, 2007.
Observa-se que a forma da expansão urbana de Salvador ocorreu, inicialmente, pela
necessidade de proteção contra possíveis ataques indígenas, posteriormente, estrangeiros,
sendo consolidada com a construção das fortalezas, acompanhadas pela grande concentração
de irmandades religiosas, seus conventos e Igrejas. Em seguida, em torno de uma crescente
função comercial voltada para a exportação, dentro de um contexto colonial. No início do
século XVIII, a economia da Colônia era mais importante que a da Metrópole (60,6% das
exportações portuguesas eram de produtos brasileiros) e Salvador era o maior porto
exportador do Brasil, perdendo para o Rio de Janeiro, somente a partir de 1798, depois da
mudança da capital. Na Cidade Baixa, encontravam-se o Arsenal da Marinha, a Alfândega, a
Associação Comercial e os consulados, ao lado de armazéns, trapiches, mercados – inclusive
o de escravos –, comércio atacadista e varejista, escritórios de importadores e exportadores,
pequenas indústrias e agências marítimas. Comércio, lugar de mercancia, negócios,
transações, onde tudo se vendia e se comprava (TEIXEIRA, 2004).
Estes fatores de expansão foram diminuindo de importância, até o início do século XIX, com
a mudança da capital de Salvador para o Rio (1763), a chegada da família real ao Brasil
(1808), os tratados de comércio com a Inglaterra (1810/1827) e a proclamação da
Independência do Brasil (1822). O porto passou a gerar rendimentos diretos para a província;
as fortalezas passam a sediar outras funções; há um aumento da imigração européia; um
grande avanço nos transportes com o calçamento das principais vias do Comércio e, a partir
de 1850, as linhas de bonde e a iluminação a gás.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
53
A expansão territorial da Cidade Baixa ocorreu pelos diversos aterros, algumas vezes,
financiados pelo setor religioso, mas, em geral, pelo comercial e o Governo. Os aterros
distribuíram-se, ao longo dos séculos, desde 1549 até 1920 (CÂMARA, 1988) e continuam
existindo na medida das necessidades portuárias. O período de expansão do século XIX
finalizou, em 1889, até quando os comerciantes implantaram, na beira da baía, prédios
considerados magníficos, de padrão uniforme com cinco andares, em estilo pombalino, antes
dos aterros para ampliação do porto (Figura 17). Ao longo do século XIX, a Cidade passou
por transformações significativas.
Figura 17 – Cais das Amarras, 1886.
Fonte: Bahia Velhas Fotografias (autor desconhecido).
De 1800 a 1869, grandes aterros foram realizados pelo Governo: o aterro do Arsenal,
deslocando a ribeira das Naus para o sul; o aterro da Alfândega; e o aterro que vai da
Igreja do Corpo Santo até a prumada da Ladeira do Taboão. De 1860 a 1894, novos e
significativos aterros se realizam: em frente a Igreja da Conceição da Praia; o
Arsenal de Marinha avança a linha da costa até o alinhamento da rotunda da
Alfândega; o Cais Dourado avança mar adentro quase alinhando com a Praça do
Comércio e todo o cais desse ponto até a Alfândega (CÂMARA, 1988 p.124).
A expansão mais marcante para o mar, no entanto, foi no início do século XX, quando foram
aterrados e urbanizados oitenta hectares de área conquistada da Baía de Todos os Santos,
permitindo uma ampliação da oferta de terrenos, em padrão em quadrícula, em um dos
trechos mais valorizados da cidade, do ponto de vista comercial.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
54
Figura 18 – Fotografias de 1890-1920-1930-1940.
Fonte: CEAB.
A economia da província alterava-se, ao longo dos séculos, com a queda e a ascensão da
matéria-prima, produzida na Bahia, como o açúcar, o café, o fumo, o cacau e a borracha. E
também com a implantação tardia das indústrias de tecidos, chapéus, calçados e rapé. Além
disso, o tráfego de escravos, que suportou a economia, desde a fase colonial, somente
terminou em 1889, com a Proclamação da República. Mesmo assim, ainda no início do século
XX, a Bahia era o segundo Estado brasileiro, em volume de exportações, característica, que se
espelhava na área portuária, bairro do Comércio, até meados do século. Nos anos 1970 e
1980, a abertura dos Shopping Centers causaram grande impacto no comércio tradicional da
área central da cidade. E, mesmo com a Cidade Baixa tendo seu acesso melhorado, vários
órgãos estaduais foram transferidos para o Centro Administrativo da Bahia (CAB), causando
um esvaziamento da área. O eixo de expansão da cidade passou a ser o litoral oceânico da
Cidade, assim como as estradas para o interior, com a implantação do Centro de
Abastecimento de Salvador (CEASA), na estrada entre o Centro Industrial de Aratu e o
aeroporto (CIA-Aeroporto). A última atividade, que resistiu ao declínio na Cidade Baixa, foi a
de centro financeiro regional, com grande número de estabelecimentos bancários e financeiros
até a atualidade.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
55
Durante o século XX, a sociedade civil organizou-se e tornou-se mais complexa. Várias
instituições foram criadas, neste período, como: institutos, clubes, hospitais, associações,
sindicatos e cinemas. Muitas das grandes residências, sem o trabalho escravo, tornaram-se
escolas, asilos, prédios públicos, casas de cômodo ou cortiços. A população de Salvador
duplicou de tamanho, em quase cinquenta anos, entre os séculos XVIII e XIX, fato que
influenciou o crescimento irregular da Cidade. Salvador passou a crescer pouco no período
inicial do século XX, sendo ultrapassada, em 1900, por São Paulo. Contudo, em 1950, houve
a influência de um novo ciclo migratório para a Cidade, ultrapassando um milhão de
habitantes em 1970.
Essas transformações, nos limites do território estudado, comportaram um variado número de
edificações construídas, em estilos distintos, em uma seqüência de demolições, construções e
reconstruções que, até hoje, convivem na mesma área. A paisagem urbana atual já não tem
mais as mesmas características de sua conformação inicial, mas ainda registra aspectos que
permitem remontar uma história arquitetônica e urbana de extremo valor patrimonial para a
cidade do Salvador e para o Brasil. Em uma visita a esse bairro, hoje, no início do século
XXI, observa-se que essas feições estão-se perdendo pelo abandono e pela conseqüente
desvalorização. A interferência dos órgãos públicos, que atuam em prol do patrimônio, não é
suficiente para garantir a preservação da memória urbana desse lugar, um dos poucos
tesouros, que ainda poderiam ser preservados para as futuras gerações.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
56
5. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E HISTÓRICAS PARA O
BAIRRO DO COMÉRCIO – SALVADOR
O conceito de Sistema de Informações Geográficas pertence ao campo mais amplo, conhecido
como Geoprocessamento, que é definido como o conjunto de tecnologias, métodos e
processos para entrada, manipulação, armazenamento e análise de dados e informações
geográficas, possuindo abrangência interdisciplinar (Pereira, 1999). O SIG, no entanto, é uma
das tecnologias associadas ao Geoprocessamento e tem muitas possíveis definições. Pode ser
explicado como uma ferramenta computacional, usada para coletar, armazenar, fazer
consultas, análises estatísticas e visualizar dados geográficos, indexados a uma base de dados.
Em um sentido mais amplo, integra hardware, software e profissionais, conjugando dados de
diversas fontes, tais como, topográficos, demográficos, utilitários, serviços, infra-estrutura,
imagens e outros recursos geograficamente referenciados.
Tratando-se de SIG histórico, pode-se inferir que predominam dados de caráter histórico,
como no caso desta pesquisa, dados relativos ao tempo de existência das edificações, ano de
início da construção, ano de sua demolição, nomes antigos atribuídos às ruas, características
físicas das construções modificadas com o tempo e modelos digitais que representam a cidade
em períodos diferentes, ao longo dos anos. Assim como, utilização de mapas antigos como
mapa-base53 dos períodos estudados.
Com o objetivo de desenvolver um protótipo de SIG, foi delineada uma metodologia
apropriada para visualização de áreas históricas. O desdobramento do trabalho seguiu,
aproximadamente, esta seqüência, intercalada com o registro dos procedimentos
metodológicos de cada etapa:
1) Pesquisa bibliográfica sobre modelos de cidades históricas e sobre a área do bairro
do Comércio de Salvador;
2) Levantamento de dados sobre software de visualização urbana;
3) Definição do estudo de caso e delimitação da área;
4) Definição dos objetivos do sistema;
5) Modelagem conceitual;
53
Mapa-base, nesse contexto, significa o desenho, planta ou mapa antigo selecionado para servir de referência
para cada período estudado.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
57
6) Aquisição e conversão de dados;
7) Interpretação da iconografia;
8) Modelagem tridimensional;
9) Visualização de informações;
10) Análise dos resultados e desdobramentos da pesquisa.
5.1.
OBJETIVOS DO SISTEMA
O objetivo principal da pesquisa foi elaborar uma metodologia para representação
digital tridimensional de áreas urbanas históricas. De forma mais específica, o objetivo
foi alcançado pela elaboração de um protótipo de SIG, a partir da elaboração de um
banco de dados histórico, extraído da iconografia antiga do bairro do Comércio.
A partir dessa metodologia, o objetivo do sistema foi servir de instrumento para a
análise espaço-temporal da paisagem urbana e natural da Cidade Baixa de Salvador,
que, ao passar do tempo, acumulou “transformações e permanências”, termo utilizado
por Vasconcelos (2002) para descrever as mudanças formais da Cidade. Esse registro
pode ser visualizado, interativamente, em séculos diferentes, através de mapas e
modelos temáticos e da exploração de outros tipos de saída. No decorrer do trabalho,
questões sobre os temas de representação digital, cidades virtuais e percepção visual
urbana foram sendo redimensionadas, testadas e respondidas, conforme a descrição que
se segue.
5.2.
MODELOS
Conforme Gomes e Velho (1990), objetos reais são idealizados no contexto de um
espaço de modelagem e representados concretamente por meio de símbolos. O conceito
de modelo é sempre reducionista. “E de fato tem que ser assim, pois, se o modelo
tivesse todas as características do objeto concreto, seria o próprio objeto concreto”
(SERRA, 1995, p.10). Para entender o processo de modelagem, este pode ser dividido
em três níveis, que correspondem, respectivamente, aos objetos do mundo físico, aos
modelos abstratos e às suas representações.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
58
Especificamente, a modelagem geométrica tem o potencial de representar produtos,
processos ou sistemas, incluindo informações necessárias para análise e simulação de
operações com o mesmo, pois descreve o produto tanto matematicamente (simbólico)
quanto visualmente (icônico). Dessa forma, o modelo geométrico 3D possui um banco
de dados tridimensional que permite produzir um conjunto completo de documentos
para sua reprodução, além de visualizações para sua apresentação.
No contexto desta pesquisa, alguns produtos do SIG foram os modelos urbanos digitais
para cada século e os possíveis cruzamentos com os temas existentes. Estes foram
gerados como uma visão da realidade manipulável e simplificada, servindo de referência
para a análise espacial pretendida. Basearam-se em uma descrição formal de objetos,
relações e processos. Além disso, permitiram, com a variação de determinados
parâmetros, simular os efeitos de mudanças do fenômeno representado, no decorrer do
tempo.
De forma geral, a classificação dos modelos pode ser feita com base em três aspectos:
sua finalidade; de que forma é construído e como considera o tempo. (ECHENIQUE,
1975, citado por SERRA, 1995), como se segue:
Finalidade: Descritivo, Predictivo (Extrapolativo ou Condicional), Explorativo
ou de Planejamento;
Forma de construção: Físicos (Icônicos ou Analógicos) ou Conceituais (Verbais
ou Matemáticos);
Consideração do tempo: Estáticos ou Dinâmicos.
Batty e Longley (2003, p.5) confirmam que todas as representações através de modelos,
inclusive as que utilizam SIG, são abstrações seletivas e também simplificações da
realidade. O que é escolhido para ficar fora da representação pode ser tão importante
quanto os aspectos da realidade que são escolhidos para pertencer a ela, pois “... the
essence of a model is to gain understanding through simplification”54 Para os autores,
há uma diferença entre modelos icônicos e simbólicos, pois, enquanto os icônicos
tendem a ser versões de menor escala do objeto real, os simbólicos são representações
54
“... a essência do modelo é ganhar entendimento através da simplificação”.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
59
abstratas do sistema e baseiam-se em relações lógicas, usualmente, matemáticas e
estatísticas, em que atributos menos óbvios do sistema são modelados ou simulados.
Consideram que os mapas manuscritos são icônicos, enquanto os mapas digitais,
voltados para análise espacial, são simbólicos, já que a noção de escala não é limitada
pelo computador. Portanto, segundo estas classificações, o modelo elaborado, nesta
pesquisa, pode ser classificado como descritivo, pois visa compreender e explicar a
realidade; físico, pois as suas características são as mesmas ou análogas as do real,
sendo representadas através de mapas e modelos temáticos; simbólico, enquanto
representação abstrata do trecho da Cidade; icônico, enquanto modelo geométrico das
feições físicas que representam o bairro do Comércio e tem sua escala modificada em
relação ao objeto real; e dinâmico, pois reflete o estado do sistema ao longo dos anos,
representando a evolução urbana.
Percebe-se, no entanto, que o conceito de modelo para as tecnologias SIG refere-se a
duas situações distintas. O modelo da representação simbólica do próprio sistema e o
modelos geométricos das representações físicas que coexistem no sistema, combinandose através de relações espaciais. Essa é uma das características que torna o SIG tão
poderoso (BATTY e LONGLEY, 2003, p.6).
Assim, neste caso, o modelo é a representação que tenta capturar as relações espaciais e
topológicas do objeto real (a forma de uma edificação, por exemplo) e entre este objeto
com outros do cenário (a distribuição das edificações). Os atributos desses objetos
fazem parte do modelo e são apresentados, na forma de tabelas, pertencentes ao banco
de dados do SIG.
5.3.
PROTÓTIPO
Neste contexto, protótipo é uma versão parcial e preliminar do novo sistema, destinado a
teste e aperfeiçoamento. Para viabilizar sua execução, foi necessário seguir os
procedimentos da pesquisa, testá-los e aprimorá-los, ao longo do seu desenvolvimento.
A base de dados do protótipo deste sistema é composta por dados geográficos e
alfanuméricos, ou dados espaciais e não-espaciais. Os dados não-espaciais encontram-se
associados por um identificador comum aos objetos representados pelos dados espaciais.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
60
Desta forma, selecionando um objeto, pode-se saber o valor dos seus atributos, e,
inversamente, selecionando um registro da base de dados, é possível saber a sua
localização e apontá-la em um mapa. Além disso, o SIG permite compatibilizar a
informação proveniente de diversas fontes. Neste caso, as fotografias aéreas, os mapas
antigos e de cadastros técnicos, baseados em levantamento aerofotogramétrico.
O planejamento de um sistema SIG passa por um processo de modelagem conceitual,
baseado nos objetivos propostos, nas fontes de pesquisa existentes; na aquisição e
conversão de dados; na preparação dos modelos digitais; nas consultas e classificações e
na análise dos dados obtidos. Esses procedimentos estão relatados a seguir.
A proposta dessa pesquisa foi, a partir de um estudo de caso, construir um protótipo de
SIG-3D, capaz de produzir uma representação digital tridimensional, a partir de uma
base de dados histórica. Esse enfoque não teve como objetivo reduzir a história do
centro econômico de Salvador, até o século XX, a seus aspectos físico-territoriais. Um
sistema de visualização dinâmico do espaço construído, ainda que necessário como
instrumental, é um recurso que permite coletar, armazenar, analisar e manipular dados
geográficos, além de ser um sistema aberto a constantes atualizações e acréscimos.
5.4.
MODELAGEM CONCEITUAL
A concepção do protótipo do SIG histórico considerou os seguintes itens principais:
Modelo de dados: define as feições que compõem a base de dados, suas
relações, formas de representação e seus atributos associados;
Dicionário de dados: descreve a forma de representação, atributos, tipo e a
forma de implementação física do dado.
O protótipo do sistema foi desenvolvido, com dados geográficos, os mapas disponíveis
no LCAD convertidos e dados alfanuméricos (não-espaciais), levantados para esta
pesquisa e sintetizados no Quadro de Eventos (Apêndice B), conforme descritos
anteriormente. Foi uma premissa básica deste trabalho a tentativa de usar um único
pacote de software do início ao fim, verificando todas as possibilidades e restrições do
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
61
programa escolhido. Neste caso, o ArcGIS 9.0 e suas extensões que fossem necessárias.
O objetivo foi sintetizar as informações levantadas em uma única ferramenta SIG e
apresentá-las visualmente, de forma interativa, na tela do computador. Esses produtos
foram também impressos como mapas e visualizações 3D, sendo de extrema
importância para subsidiar análises espaciais e temporais sobre as interferências do
processo de transformação da paisagem urbana.
O modelo conceitual foi desenvolvido para permitir responder a questões como: - Que
aspectos da realidade devem estar representados no(s) modelo(s) digital(is)? Dado que a
representação refere-se ao mesmo espaço, em diferentes períodos, quais são as feições
relevantes para a percepção visual deste espaço e que revelam a passagem do tempo –
transformação – e o sentido de lugar – permanência?
Para responder à primeira questão, o modelo foi baseado em conceitos de
imaginabilidade e legibilidade, no contexto da paisagem urbana, que auxiliaram na
definição dos elementos estruturais - vias; limites; bairros; pontos nodais e marcos como entidades geográficas do sistema (LYNCH, 1960). Com o objetivo de facilitar a
apreensão da forma urbana, também foram utilizados, como camadas de informação, os
condicionantes da imagem urbana, delimitados previamente pelo estudo do órgão de
planejamento da cidade (PMS, 1978), dentre eles: o relevo e sistema de vales; aspectos
naturais (mar, vegetação, dunas e etc.); marcos visuais (lugares); trama viária; tipologia
das edificações e bairros, relacionados na Tabela 2 - Dicionário de Dados.
A primeira fase do desenvolvimento do SIG histórico foi a representação mais atual da
área estudada, com a base cadastral de 1998 atualizada para 2002, através de modelo
tridimensional, gerado por extrusão dos polígonos da feição EDIFICAÇÕES no ArcGIS,
na extensão ArcMap e visualizados na extensão ArcScene. Na seqüência, foram
construídos pelo mesmo processo os modelos digitais urbanos de referência dos outros
séculos, que representam o mesmo espaço, regressivamente no tempo. Somente as
edificações, que mudaram de forma ou volumetria ao longo do tempo, aparecem em
layers ou temas separados (EDIF_1956; EDIF_1894, EDIF_1779 e EDIF_1638). Nesses
casos, em que houve transformação, acrescentamos um registro na coluna “observação”
da feição EDIFICAÇÕES. Assim, ao investigar a forma antiga da edificação em outro
período, pode-se carregar o layer indicado neste campo, podendo ocorrer que outra
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
62
edificação esteja, no mesmo espaço, em outro período. A figura abaixo mostra que os
outros layers são, na verdade, subconjuntos, ou antes, especializações da feição
EDIFICAÇÕES, conforme os atributos de tempo de início e de fim de cada edificação,
que definem o período de sua existência.
1549-2002
EDIFICAÇÕES
1549-1956
EDIF_1956
1549-1894
EDIF_1894
1549-1779
EDIF_1779
1549-1638
EDIF_1638
Figura 19 – Modelo conceitual de agregação das edificações.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha - 2007
Seguindo esse raciocínio, a feição EDIFICAÇÕES sempre registra a data inicial (ou
data da construção) da representação mais atual. Assim, qualquer busca dentro do
período de tempo de sua existência retorna esta edificação específica. A feição
EDIFICAÇÕES é o conjunto completo e contém todas as edificações dos períodos
anteriores, que permaneceram até a atualidade sem alterações visualmente marcantes, as
outras vão servir para abrigar os casos, em que ocorreram transformações de forma e/ou
volumetria, sendo consideradas uma edificação diferente, onde podem ser visualizadas
mais de uma representação, no mesmo espaço, em períodos diferentes de tempo. Assim,
para cada edificação, que sofreu transformações em sua forma e/ou volume, existe um
período correspondente, por exemplo, se há uma edificação que tinha uma determinada
forma até 1955 e outra forma a partir de 1956, esta será representada por duas feições
diferentes: EDIF_1956 e EDIFICACOES. Em cada uma haverá informação nos campos
de data de “Início” e “Fim” que justifica sua presença ou não nos respectivos conjuntos.
Cada elemento físico corresponde a uma feição, representada na base de dados, que tem,
entre seus atributos, a definição do período de tempo válido para aquele elemento.
Assim, através de mecanismos de seleção na base de dados, podem ser selecionados
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
63
elementos que têm em comum determinado atributo e/ou intervalo de tempo. As
seleções podem utilizar, simultaneamente, critérios de restrição geográficos e/ou
temporais. Dentro de um mesmo contexto, podem-se viabilizar diversas visualizações do
modelo digital, segundo diferentes critérios, como por exemplo, restrições temporais
(visualizar elementos que existiram entre os anos 1920 e 1980), restrições geográficas
(visualizar os elementos próximos a determinado marco) ou, até mesmo, por uma
combinação de ambos. As visualizações podem gerar modelos tridimensionais ou
plantas, cortes, vistas, perspectivas e simulações de percursos. Outros atributos podem
vir a compor a base de dados, associados aos diversos elementos, tais como informações
textuais e imagens anexadas aos elementos urbanos, que se alteram ou não ao longo do
tempo. Assim, o modelo conceitual do SIG desenvolvido organizou um conjunto de
planos de informação, layers ou temas. Organizou, também, o conjunto de dados raster,
como imagens de mapas, bem como o de dados vetoriais, como feições: pontos, linhas,
polígonos, superfícies e volumes.
5.4.1.
Modelo de Dados
O modelo de dados consiste na apresentação das principais entidades espaciais, seus
atributos e relacionamentos para implementação da base de dados do bairro do
Comércio.
As informações de interesse da base de dados estão dispostas, de acordo com a
modelagem conceitual do sistema, de forma a permitir melhor entendimento do que é
necessário para o cruzamento dos dados, a geração de consultas e classificações.
O objetivo é estabelecer o escopo dos dados do projeto, a partir de uma visão conceitual
de seus objetos geográficos e não geográficos, explicitando a forma de representação e
as relações entre esses objetos.
Os dados do sistema podem ser classificados, considerando tema, função, operações e a
forma de conversão dos mesmos e estão dispostos na Figura 20 da seguinte forma:
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
64
Conjunto 1 – REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
Dados que representam a área estudada, em determinado período. É composto pelos
mapa-base de cada século, que permitiram a representação do espaço e a localização
geográfica das edificações nos diferentes períodos estudados. Assim como, as
informações que geraram a superfície do terreno.
Conjunto 2 – REPRESENTAÇÃO DOS OBJETOS NO ESPAÇO
Dados sobre as feições que representam os temas e objetos, no espaço, nos diferentes
períodos estudados.
No esquema que se segue, cada feição é representada por um retângulo vertical que
contém três informações: o nome da feição, a forma da representação e os atributos
associados:
(Nome da
feição)
(Forma de
representação)
(Atributos
associados)
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
65
Modelo de dados
Salvador
contém
Limite_do_
estudo
Polígono
Polígono
contém
sobre
Foto aérea
2002
Atlas 1956
imagem
imagem
Mapa 1894
imagem
Mapa 1779
Mapa 1638
imagem
imagem
Aterros
MDT do
terreno
Polígono
Superfície
Superfície
início
fim
período
área
contém
Curvas
mestras
Linha
REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
cota
sobre
Quadras
Edificações
Polígono
Polígono
Volume
Início; tipo
Fim; uso
período
classe
pavimentos
altura; obs
início
fim
período
Praças
Polígono
início
fim
período
Edif_1956
Edif_1894
Edif_1779
Edif_1638
Polígono
Volume
Polígono
Volume
Polígono
Volume
Polígono
Volume
início; fim
tipo; uso
período
classe
pavimentos
altura; obs
início; fim
tipo; uso
período
classe
pavimentos
altura; obs
início; fim
tipo; uso
período
classe
pavimentos
altura; obs
início; fim
tipo; uso
período
classe
pavimentos
altura; obs
REPRESENTAÇÃO DE OBJETOS NO ESPAÇO
Figura 20 – Modelo de Dados
Elaboração: Heliana F. M. Rocha - 2007
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
Eixos de
Logradouros
Linha
início; fim
período; notas
toponímia
hierarquia
histórico; perfil
nome popular
nome antigo
EdificaçõesMarco
Polígono
Volume
início
fim
período
classe
imagem
tipo; obs
66
Esta tabela apresenta o esquema dos dados do sistema, elaborado a partir da análise e
abstração dos conceitos dos elementos da percepção visual adaptados de Lynch (1960) que
definiram a implementação física do SIG. Identifica os elementos, sua descrição, as
representações gráficas de cada feição, sua descrição e seus atributos.
Tabela 2 – Esquema dos dados do sistema
Elementos
Descrição
Representação
Feições
(implementação física)
Atributos
Eixos de
Logradouros
Canais de circulação, ao longo dos Linha
quais, o observador se locomove de
modo habitual, ocasional ou
potencial.
EIXOS_ LOGRADOUROS
Início; Fim; Período;
Nome Popular; Nome
Antigo; Hierarquia;
História; Histórico;
Toponímia; Perfil
Setores ou
Bairros
Partes da cidade, reconhecíveis por Polígono
possuírem características comuns
que as identificam, tanto a partir do
lado interno quanto como
referência externa, quando visíveis
de fora.
LIMITE_DO_ESTUDO
ATERROS
Início; Fim; Período;
Comprimento; Área
Limites
Fronteiras entre duas fases, quebras Polígono
de continuidade lineares. Conferem
unidade a áreas diferentes, como no
contorno de uma cidade por água
ou parede.
LIMITE_SALVADOR;
LIMITE_ESTUDO
Comprimento; Área
Marcos
visuais ou
Edificaçõesmarco
Referências externas p/ o
Polígono/ Volume EDIF_MARCOS
observador: edifícios. Distantes ou
próximos são chaves de identidade,
pois permitem leitura e orientação
na estrutura espacial.
Início; Fim; Período;
Classe; Observações
Edificações
Qualquer construção, isolada ou
em grupo, que se eleva em uma
determinada área; casa, prédio.
Polígono/ Volume EDIFICACOES;
EDIF_2002;
EDIF_1956;
EDIF_1894;
EDIF_1779;
EDIF_1638
Início; Fim; Período;
Classe; Observações;
Uso; Tipo; Pavimentos;
Altura
Terreno
Superfície que representa as
diferenças de nível do terreno:
montanhas, vales, planícies,
depressões, etc.
Superfície
MODELO DIGITAL DO
TERRENO - MDT;
ATERROS
Início; Fim; Período;;
QUADRAS;
PRAÇAS
Início; Fim; Período;
Observações
Quadras e
Praças
Distância entre uma esquina e outra Polígono
do mesmo lado da rua; porção de
solo com ou sem edificações,
geralmente quadrada ou retangular,
contornada por ruas.
Observações(ATERRO
S)
Elaboração: Heliana F. Mettig Rocha – 2007
Fonte: Lynch (1960), Kohlsdorf (2000, p. 121-126) e Panerai (2006, p. 30-35)
Em seguida, serão detalhadas as feições do sistema, incluindo a descrição dos seus
atributos. As feições que fazem parte do sistema, mas têm apenas função auxiliar não
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
67
serão visualizadas nem detalhadas. Entre elas estão a malha UTM - Universal
Transverse Mercator 55, malha de coordenadas geográficas utilizada como referência de
posicionamento geográfico e meio de correspondência entre os diversos mapas
trabalhados e as curvas de nível mestras, de cinco em cinco metros, que forneceram os
dados altimétricos para geração do MDT.
5.4.2.
Dicionário de Dados
O dicionário de dados consiste na descrição da forma de representação, o tipo e a
implementação física do dado, detalhando possíveis classificações associadas aos campos
de informação das feições.
Salvador
Descrição: área continental do território municipal de Salvador, limite da costa no
bairro do Comércio (equivale a um perímetro maior do que a área estudada).
Representação: polígono
Implementação física: arquivo shapefile LIMITE_SALVADOR.shp
Limite do Estudo
Descrição: área delimitada para o estudo
Representação: polígono
Implementação física: arquivo shapefile LIMITE_DO_ESTUDO.shp
Quadras
Descrição: quadras do município de Salvador, no trecho do Comércio
Representação: polígono
Implementação física: arquivo shapefile QUADRAS.shp e arquivo dBase
QUADRAS.dbf
55
Sistema de coordenadas projetadas: SAD 1969 UTM Zone 24S; sistema de coordenadas geográficas:
GCS_South_American_1969.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
68
Atributo
OBJECTID
Descrição
Identificador da edificação
Nome físico
Id
Início
Fim
Período
OBS
Ano inicial
Ano final
Período
Observação
Ano_inicio
Ano_fim
Periodo
OBS
Tipo
OID (objeto
identificador)
Número – Integer
Número – Integer
Texto – String
Texto – String
Praças
Descrição: áreas pavimentadas de uso público, no trecho do Comércio
Representação: polígono
Implementação física: arquivo shapefile PRAÇAS.shp e arquivo dBase
PRAÇAS.dbf
Atributo
OBJECTID
Início
Fim
Período
OBS
Descrição
Identificador do canteiro
Ano inicial
Ano final
Período
Observação
Nome físico
Id
Ano_inicio
Ano_fim
Periodo
OBS
Tipo
OID
Número – Integer
Número – Integer
Texto – String
Texto – String
Eixos de Logradouros
Descrição: eixos dos logradouros do município de Salvador, no trecho do
Comércio
Representação: linha
Implementação física: arquivo shapefile EIXO_LOGRADOUROS.shp e arquivo
dBase EIXO_LOGRADOUROS.dbf
Atributo
OBJECTID
CODLOG
NOME_ANT
HISTÓRICO
ORIGEM
PERFIL
NOMEPOPULA
HISTORIA
NOTAS
TOPONIM
HIERARQ
Início
Fim
Período
OBS
Descrição
Identificador da linha
Código dos logradouros
Nome antigo
Histórico
Origem
Perfil
Nome popular
Historia
Notas
Nome do logradouro
Classificação hierárquica
das vias
Ano inicial
Ano final
Período
Observação
Nome físico
Id
Codigo_lg
Nome_antigo
Historico
Origem
Perfil
Nome_popular
Historia
Notas
Toponimia
Hierarquia
Tipo
OID
Número – Integer
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Texto– String
Ano_inicio
Ano_fim
Periodo
OBS
Número – Integer
Número – Integer
Texto – String
Texto – String
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
69
Hierarquia de vias:
ART I – arterial I
ARTII – arterial II
COLI – coletora I
COLII – coletora II
Edificações (Edif_1956; Edif_1894; Edif_1779; Edif_1638)
Descrição: localização das edificações existentes em cada século, no trecho do
Comércio
Representação: polígono e volume (no caso das EDIFICAÇÕES)
Implementação física: arquivos shapefile EDIFICACOES.shp, EDIF_1956.shp;
EDIF_1894.shp;
EDIF_1779.shp;
EDIFICACOES.dbf,
EDIF_1638.shp
EDIF_1956.dbf;
e
EDIF_1894.dbf;
arquivos
dBase
EDIF_1779.dbf;
EDIF_1638.dbf.
Atributo
OBJECTID
Pavimentos
Descrição
Identificador da edificação
Número de pavimentos
Nome físico
Id
Num_pav
Altura
Altura da edificação
Altura
Tipo
Uso
Classe
Início
Fim
Período
OBS
Tipo da edificação
Uso da edificação
Classe da edificação
Ano inicial
Ano final
Período
Observação
Tipo
Uso
Classe
Ano_inicio
Ano_fim
Periodo
OBS
Usos da edificação:
Tipos de edificação:
COM - comercial
EDF – edifício
RES – residencial
MER – mercado
MIL – militar
MIL – militar
REL – religiosa
REL – religioso
INS – institucional
ELE – elevador
PUB – público
MON – monumento
TUR – turismo
TRA – transporte
CUL – cultural
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
Tipo
OID
Número – Short
Integer
Número – Short
Integer
Texto – String
Texto – String
Texto – String
Número – Integer
Número – Integer
Texto – String
Texto – String
70
Classe da edificação:
IN – Inexistência: não existem mais até o modelo de 2002;
PE – Permanência: existem, com a mesma forma e volume, até o modelo de 2002;
TR – Transformação: existem até o modelo de 2002, mas sofreram transformações de
forma e/ou volume.
Edificações-Marco ou 3D Modelos
Descrição: localização das edificações notáveis, símbolos ou marcos, no trecho do
Comércio (Igrejas, fortificações, monumentos, edificações de valor histórico)
Representação: polígono e multipatch (poligonais, com cota Z, baseadas no
modelo digital de terreno, exportadas para o SketchUp, remodeladas e importadas
novamente para o ArcMap/ArcScene como multipatch, ou seja, volume)
Implementação física: arquivo shapefile EDIF_MARCOS.shp e 3D_Modelos.shp
e arquivo dBase EDIF_MARCOS.dbf e 3D_Modelos.dbf
Atributo
OBJECTID
Tipo
Classe
Início
Fim
Período
OBS
Imagem
Descrição
Identificador do marco
Tipo do marco
Classe da edificação
Ano inicial
Ano final
Período
Observação
Foto de referência
Nome físico
Id
tipo
classe
ano_inicio
Ano_fim
Periodo_marco
OBS
Imagem
Tipo
OID
Texto – String
Texto – String
Número – Integer
Número – Integer
Texto – String
Texto – String
Blob
Classe da edificação-marco:
IN – Inexistência: não existem mais até o modelo de 2002;
PE – Permanência: existem, com a mesma forma e volume, até o modelo de 2002;
TR – Transformação: existem até o modelo de 2002, mas sofreram transformações de
forma e/ou volume.
Aterros
Descrição: localização das áreas aterradas por períodos, no trecho do Comércio
Representação: polígono e superfície
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
71
Implementação física: arquivo shapefile ATERROS.shp e arquivo dBase
ATERROS.dbf
Atributo
OBJECTID
Shape_Area
Início
Fim
Período
Descrição
Identificador do aterro
Área do aterro
Ano inicial da execução
Ano final da execução
Período
Nome físico
Id
Area
Ano_inicial
Ano_final
Periodo_aterro
Tipo
OID
Número – Double
Número – Integer
Número – Integer
Texto – String
Arquivo TIN: Modelo Digital do Terreno - MDT
Descrição: superfície TIN – Triangular Irregular Network, no trecho do bairro do
Comércio
Representação: superfície
Implementação física: arquivo TIN, tin_ssa_comercio.tin
Para expor como esses dados ficam armazenados, na base de dados do sistema, em seguida,
está apresentada a Tabela 3. Refere-se aos dados alfanuméricos, ou não-espaciais, da feição
Edificações-Marco.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
72
Tabela 3 – Tabela de dados alfanuméricos – Edificações-marco
OIDField SUInstanceName
1 ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
10 MERCADO MODELO
IGREJA DE N. SRA. DA
11 CONCEIÇÃO DA PRAIA
MONUMENTO DE MÁRIO
12 CRAVO
13 ELEVADOR LACERDA
15 PALÁCIO RIO BRANCO
Início
Fim
Período
EDF
OBS
Antigo prédio da Bolsa; 1811: demolição do Forte de São Fernando; 1814:
COM início construção prédio sobre as fundações do Forte
1861 2006 1861-2006
MER
1849-1861: construção da nova Alfândega, em estilo neoclássico; 1968:
incêndio; 1971: antiga Alfândega transforma-se em MERCADO MODELO;
COM 1984: incêndio (reconstruído em 9 meses com 260 boxes comerciais); tombado
1956_Modelo.jpg
TRANSFORMAÇÃO
1739 2006 1739-2006
REL
REL
2006_IgConceicao.jpg
TRANSFORMAÇÃO
1970 2006 1970-2006
MON TUR
2004_Lacerda_MarioCravo.jpg
PERMANÊNCIA
1930 2006 1930-2006
ELE
1930_1977_Lacerda_GM
TRANSFORMAÇÃO
Palacio_secXX.jpg
TRANSFORMAÇÃO
1818 2006 1818-2006
1551 1917 1551-1917
Tipo
EDF
Uso
TRA
1739-1765: reconstrução sobre a capela (aspecto atual)
Fonte da Rampa do Mercado, no local do antigo Mercado Modelo incendiado;
em processo de tombamento
1930: 1ª reforma c/ mais 2 cabines e energia elétrica (atual); 1930: Sorveteria
Cubana no térreo; 2004: reforma- 4 elevadores c/ percurso de 11 seg. e
transportam mais de 20 mil passageiros ao dia; 2006: em processo de
tombamento; tombado
INS
Palácio Thomé de Souza ou do Governador; 1663: reconstrução do Palácio dos
Governadores, em estilo barroco; 1687-1690: reformas; 1811: 1ª. Biblioteca
Pública no Palácio; 1878: praça do Palácio alargada, grade de ferro, 19 estátuas
e candelabros à gás; 1890/1900: reforma;1912: ala esquerda do Palácio
incendiada, juntamente com a Biblioteca Pública
Imagem
Classe
2006_AssComercial.jpg
PERMANÊNCIA
2006_Camara.jpg
TRANSFORMAÇÃO
INS
(Cadeia e Senado da Câmara); PAÇO MUNICIPAL; 1660/1701: reforma; 1798:
reforma; 1883: reforma em estilo renascentista; 1956: Prefeitura Municipal;
1968: restauração ao estilo renascentista original
1918: reformas descaracterizam o prédio do Palácio (fachada atual); 2003:
FUNDACAO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA - FUNCEB
Palacio_secXIX.jpg
TRANSFORMAÇÃO
Se_frente_secXIX.jpg
INEXISTÊNCIA
1970_Terreiro_GM.jpg
PERMANÊNCIA
1962_InstCacau_BB2.jpg
PERMANÊNCIA
CÂMARA DOS
16 VEREADORES
1551 2006 1551-2006
EDF
PUB
17 PALÁCIO RIO BRANCO
1918 2006 1918-2006
EDF
18 IGREJA DA SÉ
1553 1933 1553-1933
REL
REL
IGREJA DA SÉ PRIMACIAL; 1553: início da construção; 1714: Sé com 2
torres; 1757: demolição de 1 torre; 1770: demolição do frontão da Sé; 1785:
demolição da 2a. torre; 1815: a Sé estava abandonada; “era um templo mais
magnífico do que a catedral” (Imperador); 1933: demolição
19 CATEDRAL BASÍLICA
1736 2006 1736-2006
REL
REL
1657/1736: construção da Ig. dos Jesuítas(58,7x26,6)m; 1923: Ig. de São
Salvador elevada à basílica
20 INSTITUTO DO CACAU
1936 2006 1936-2006
EDF
INS
22 FORTE DE SÃO MARCELO
1811 2006 1811-2006
MIL
ELEVADOR CONCEIÇÃO23 PARAFUSO
1873 1929 1873-1929
ELE
CUL
Um dos pioneiros da arquitetura modernista, símbolo da importância do
principal cultivo na época
1650: Eng. Felipe Guiton c/ projeto de planta aproximadamente circular, com
uma grande torre central rodeada de aberturas c/ os canhões de defesa; 16571663: construção; 1724-1728: reforma; 1772: reforma; 1810-1812: construído
um paredão externo mais alto, em forma de anel, com salas em seu interior, pois
os tiros disparados pelos invasores ricocheteavam na torre, atingindo os
artilheiros pelas costas; 2006: Centro Cultural LG-Insinuante
1975_ForteSaoMarcelo_GM.jpg TRANSFORMAÇÃO
TRA
1873: Elevador Hidráulico da Conceição Parafuso, que 3 anos depois passou a
se chamar Elevador Lacerda
1873_Lacerda.jpg
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2007.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
TRANSFORMAÇÃO
73
5.5.
AQUISIÇÃO E CONVERSÃO DE DADOS
No desenvolvimento deste trabalho, diferentes tipos de mapas sobre a cidade do Salvador
foram coletados, como planos urbanos para uso em estratégia militar, planos de fortificações,
gravuras artísticas que objetivavam descrever a cidade e plantas topográficas. Assim como
fotografias, desenhos e postais antigos. A ênfase ocorreu, principalmente, nos mapas
considerados representativos de cada século na história e que mostravam informações mais
detalhadas sobre a morfologia urbana de Salvador. O propósito foi estabelecer uma base
sólida para representar a estrutura e a forma da cidade, como reflexo da história, com a
intenção de compreender o modo com que os mapas refletiam a própria imagem da cidade em
cada período.
Em relação à análise temporal, a pesquisa utilizou a técnica de reconstituição dos modelos
digitais dos períodos estudados, a partir da atualidade e voltando para o passado. Dessa forma,
percorreram-se cinco séculos como em um “filme rodado ao contrário, no qual as imagens
mais recentes da cidade deveriam desaparecer dando lugar as mais antigas” (CÂMARA,
1988, p. 104). Foi utilizada a cronologia inversa para manter uma precisão relativa e melhor
compatibilidade entre os mapas-base. Essa técnica baseou-se em mapas antigos, para a
informação bidimensional; e perfis, fotografias e postais antigos, para gerar a informação
tridimensional. Na prática, a análise espaço-temporal aconteceu simultaneamente.
Uma das atividades realizadas foi compatibilizar a iconografia antiga e a base cadastral atual.
Deste modo, procurou-se obter uma precisão aceitável dos dados, utilizando-se técnicas que
garantiram a consistência dos dados ao compatibilizar os mapas antigos e a base cartográfica
atual, através de processos de conversão de dados, descritos logo após a discriminação das
fontes de dados.
O processo de aquisição e conversão de dados provenientes dos mapas-base de cada período
foi essencial para a construção da base de dados do sistema. Foi a etapa, que envolveu dados
planimétricos, de formato raster e vetorial; e também dados de altimetria, sobre o relevo do
terreno e a altura das edificações. Estas obtidas através da interpretação da iconografia e de
documentos textuais.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
74
5.5.1.
Fontes de Informação
A escolha das fontes de pesquisa sobre o bairro do Comércio, na Cidade Baixa de
Salvador, foi realizada de acordo com alguns critérios de busca, como:
Mapas históricos, com melhor qualidade e exatidão cartográfica, dentro da relativa
precisão dos instrumentos de sua época;
Um mapa de referência, válido para cada século, registrando o território e a
ocupação urbana;
Fotografias, postais, desenhos e gravuras antigas como referência da ocupação
urbana, tipologias das edificações, em períodos diferentes;
Registros descritivos de viajantes sobre a paisagem urbana da cidade em períodos
diferentes;
Estudos e interpretações já realizadas sobre aspectos históricos da área.
A coleta desses dados foi dividida em mapas-base e documentos, descritos a seguir:
5.5.1.1.
Mapas-base
As informações categorizadas como mapas-base foram assim denominadas, pois
serviram, efetivamente, para a elaboração da representação espacial dos modelos
digitais urbanos, viabilizando a comparação da ocupação urbana e territorial, entre os
períodos estudados, assim como a vetorização de dados relevantes para o sistema.
A princípio, buscou-se um mapa representativo de cada um dos cinco séculos de
existência da área estudada. A escolha desses mapas foi feita dentro de um universo de
inúmeros mapas, plantas e planos de caráter militar, comercial ou de exploração. O
critério de seleção foi, em primeiro lugar, a função cadastral, normalmente alcançada
por mapas de origem militar. Além disso, necessitavam ter uma precisão mínima
aceitável para comparação com o levantamento aerofotogramétrico mais atual. A parte
relativa ao trecho da Cidade Baixa na base cartográfica de 1991 da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), foi atualizada com as
fotografias aéreas coloridas do ano de 2002 para ser utilizada no processo de
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
75
georreferenciamento dos mapas dos períodos anteriores. Dessa forma, a precisão dos
mapas e sua representatividade, em cada século, foram importantes critérios de seleção
para a escolha dos anos de 1956, 1894, 1779 e 1638. Outro dado de grande valor
informativo e que pôde ser cruzado, durante a interpretação da iconografia levantada,
foi o “Mapa da Evolução dos Aterros no Comércio”, na escala de 1:3.000,
desenvolvido por Câmara (1988, p. 187-189), a partir da “estimativa das áreas
aterradas nos diferentes períodos de evolução das freguesias de Conceição e Pilar” e
reproduzido por Sampaio (2005, p. 48). Este foi adaptado para o formato digital do
modelo urbano, desenvolvido para este estudo.
Figura 21 – Visualização de tela do ArcScene com os sucessivos trechos de aterro, aplicados à foto aérea de 2002
e ao MDT.
Fontes: Dados sobre aterros: (SAMPAIO, 2005, p. 48). Elaboração do modelo de visualização 3D: Heliana F.
M.Rocha, 2007.
Como o estudo se limita à área do bairro do Comércio, na Cidade Baixa, os mapasbase foram limitados, espacialmente, utilizando um recurso do software de
Geoprocessamento. Foi demarcado um raio de dois quilômetros a partir da posição
central do Forte de São Marcelo, delimitando uma área circular, por onde todos os
planos de informação foram também delimitados, reduzindo o volume de informações
do município de Salvador para a área estudada.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
76
Os mapas-base utilizados estão descritos a seguir:
Ano-base 2002:
Fonte: Base Sicar/RMS56: planialtimetria, sistema viário, toponímia, malha de eixos
de logradouros, cadastro georreferenciado de pontos notáveis. Salvador: CONDER,
1991, 2002, 2003. Escala 1:2.000.
Conteúdo: planialtimetria, sistema viário, toponímia (1991), malha de eixos de
logradouros, (2002), e cadastro georreferenciado de pontos notáveis (2003). Escala
1:2.000.
OBS: Base cadastral de 1991, atualizada para o trecho do Comércio, através de
georreferenciamento, durante este trabalho, pelas fotos aéreas verticais coloridas de
2002, com os seguintes níveis de informação: curvas de nível, eixos de logradouros,
toponímia, quadras, edificações, canteiros pavimentados, canteiros verdes, linha de
borda, malha UTM.
Aquisição e conversão de dados: Dados vetoriais, obtidos, através de arquivos do
MapInfo, com seleção circular da área estudada, exportados para ArcMap como
shapefile, contendo feições de planimetria e altimetria; geração do TIN, a partir das
curvas de nível, contidas no shapefile Curvas Mestras.shp
Ano-base 1956:
Fonte: Atlas Parcial da Cidade de Salvador. Salvador: PMS, 1956. 1 atlas. Escala
1:1.333.
Conteúdo: O atlas corresponde as 117 folhas do levantamento da planta
aerofotogramétrica, executada pelo “Serviço Aéreo Cruzeiro do Sul” na escala de
1:1.000 e publicada na escala reduzida de 1:1.333. Possui uma malha de 250 m x 250
m e alta precisão cartográfica.
OBS: realizada pela Diretoria de Tributação e Cadastro Municipal por intermédio da
seção da Planta Cadastral e Atualização da Carta da Cidade.
Aquisição e Conversão de dados: Dado raster, obtido por scanning das folhas relativas
à área estudada; tratamento de imagem; georreferenciamento e retificação com quatro
pontos de controle (edificações-marco), pela malha de 250 m x 250 m desta planta
com a malha UTM de 1000 m x 1000 m da base SICAR, para a primeira imagem; as
56
Sistema Cartográfico da RMS.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
77
outras três foram retificadas pelos pontos de controle das bordas da primeira;
vetorização das poligonais das edificações não existentes nos mapas posteriores.
Figura 22 – Atlas Parcial da Cidade de Salvador de 1956 – trecho do bairro do Comércio.
Fonte: Prefeitura Municipal de Salvador – PMS.
Ano-base 1894:
Fonte: LOS RIOS, Adolfo Morales de. Planta da Cidade do Salvador. 30 mar.1894.
1 planta, color, 100 cm x 70 cm. Planta reproduzida na exposição permanente do Forte
de São Marcelo. Escala aproximada: 1:5.000. (Reproduzida, também, no livro
“Grande Salvador, Posse e Uso da Terra”, 1978)
Conteúdo: Planta com identificação das edificações principais, na cor vermelha e das
edificações religiosas, na cor preta; nomenclatura das ruas; quadras.
OBS: Considerada de ótima qualidade e detalhe, por Câmara (1988).
Aquisição e conversão de dados: Dado raster, obtido por fotografia digital com
resolução de 7,2 megapixels do painel supracitado; georreferenciamento e retificação,
no programa ArcMap, tendo como referência a base da SICAR de 1991,
complementadas pelas fotos aéreas verticais coloridas de 2002; vetorização das
poligonais das edificações não existentes nos mapas posteriores.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
78
Figura 23 – Planta de 1894 – trecho do bairro do Comércio.
Fonte: Prefeitura Municipal de Salvador – PMS.
Ano-base 1779:
Fonte: Planta Ichonografica da Cidade de Sam Salvador na Bahia de Todos os
Santos na América Meridional aos 13 Graos de Latitude, e 315 Graos e 36
Minutos de Longe. Desenho atribuído a José Antônio Caldas. Bahia, 21 abr. 1779.
Uma planta dividida em seis partes, colorida, 280 cm x 140 cm. Planta arquivada no
Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro. Escala aproximada: 1:1.150.
Localização: Série: NE; Sub-série: BA; Mapoteca 23; Gaveta 03; No do Mapa 239
(dividido em 6 partes)
Conteúdo: Quadras; legenda numérica das principais edificações; escala gráfica em
braças.
OBS: Segundo Oliveira (2004), a planta semicadastral foi produzida, possivelmente,
pelo Sargento-mor José Antônio Caldas, e tem um grande valor histórico pela sua
precisão cartográfica. “Garimpando, no Arquivo Militar do Rio de Janeiro,
encontramos uma planta de Salvador, com mais de dois metros de comprimento, feita
em 1779, com uma riqueza de detalhes extraordinária, mas que não está assinada por
ninguém. Esta planta está fragmentada, em seis pedaços, mas tem uma precisão
notável para a época, quando utilizamos a verificação pela sua escala gráfica,
comparando-a com o levantamento aerofotogramétrico atual” (OLIVEIRA, 2004,
p.127 e 128).
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
79
Aquisição e conversão de dados: Dado raster, obtido por fotografia digital com
resolução de 7,2 megapixels de cada uma das seis partes da planta; tratamento
individual das imagens, retirando as imperfeições e manchas; georreferenciamento e
retificação, usando pelo menos quatro pontos de controle no centro e extremidades
(edificações-marco) de cada imagem (a borda da primeira serviu de referência para as
outras imagens), no programa ArcMap com recurso de transparência do layer, tendo
como referência a sobreposição, no mapa-base do ano de 2002, com suas fotos aéreas
verticais e feições de edificações, eixos de logradouros, quadras e aterros; vetorização
das poligonais das edificações existentes nessa planta e não existentes nos mapas
posteriores. (Erro estimado entre 10 e 20 metros)
Figura 24 – Original da Planta de 1779, dividida em seis partes, durante processo de montagem da imagem.
Fonte: AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro
Figura 25 – Planta de 1779 – trecho da Cidade Baixa.
Fonte: AHEx – Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
80
Ano-base 1638:
Fonte: Desenho das Forteficações e Trincheiras que se Fizerão em Deffença do
Inimigo. 1638 (data aproximada). 1 desenho, color. 90 cm x 40 cm. Desenho
arquivado no Museu Algemeen Rijksarchief de Haia, Holanda. Escala aproximada:
1:30.000. Reproduzida em (OLIVEIRA, 2004, p. 202 e 203).
Conteúdo: Retrata as obras de defesa em destaque, junto aos prédios da Cidade Baixa;
legenda numérica com as principais edificações; escala gráfica em braças.
OBS: A planta foi produzida possivelmente por um engenheiro militar português
desconhecido. As fortificações são detalhadamente comentadas em (OLIVEIRA,
2004, p. 202 e 203)
Aquisição e conversão de dados: Dado raster, obtido por cópia de arquivo digital com
resolução de 2600 x 1110 pixels57; georreferenciamento e retificação, usando pelo
menos quatro pontos de controle no centro e extremidades (edificações-marcos) de
cada imagem, no programa ArcMap, com recurso de transparência do layer, tendo
como referência a base da SICAR de 1991, complementadas pelas fotos aéreas
verticais coloridas de 2002, com suas feições de edificações, eixos de logradouros,
quadras e aterros; vetorização das poligonais das edificações existentes nessa planta e
não existentes nos mapas posteriores.
Figura 26 – Desenho de 1638 – trecho da Cidade Baixa.
Fonte: (OLIVEIRA, 2004, p. 202 e 203)
57
Pixel é a menor unidade gráfica visualizada na tela do computador, que pode ser controlada individualmente e
que contém informações sobre cores e intensidade (brilho). Palavra criada a partir da expressão em inglês picture
element. (AZEVEDO; CONCI, 2003, p. 21)
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
81
Comparando a aquisição e conversão dos dados dos mapas supracitados, registraram-se
algumas peculiaridades. Para a reconstituição do ano de 1956, não foram necessárias
interpretações, pois a planta tinha caráter cadastral, produzida a partir de um
levantamento aerofotogramétrico. Nesse caso, foi apenas necessária a vetorização, em
tela das edificações, com forma e volumetria diferentes existentes nesse ano e não
existentes no ano de referência (2002). Ao executar, por exemplo, a reconstituição de
1894, sobre a base da SICAR de 1991, atualizada pelas fotos aéreas verticais coloridas
de 2002, o trabalho resumiu-se à vetorização, em tela, das edificações diferentes
existentes nesse ano e não existentes no ano de referência (2002), a partir da análise
detalhada da planta desenhada por Adolfo Morales de Los Rios (1894). Ao reconstituir
o mapa subseqüente, já com base nas informações do mapa de 1779, o trabalho foi
realizado a partir daquela já reconstituída para o ano de 1894, vetorizando, em tela, toda
a ocupação ocorrida apenas naquele espaço de tempo diferente de 1894.
Para evitar que o processo deixasse margem de dúvidas, a planta histórica de 1779,
única que não tem caráter cadastral, e a planta de 1894, de caráter semicadastral,
passaram pelo processo de georreferenciamento e foram retificadas sobre a base
cartográfica digital de 1991. Apesar de, após o processo, ainda apresentarem algumas
deformações, em relação ao levantamento aerofotogramétrico, estas não influenciaram
na identificação das edificações que permaneceram ou transformaram-se entre essas
datas. Por exemplo, o traçado das ruas e a forma dos quarteirões sofreram alterações
possíveis de serem detectadas. Além disso, vários prédios pareceram ter sido
construídos sobre o mesmo local, quase sempre com a implantação no terreno, diferente
daquela do prédio anterior. Por esta razão, optamos por representar na feição de
edificações de cada ano, apenas as que tiveram forma e posição diferentes entre si, ou
seja, que sofreram alterações relevantes. Esse método também foi utilizado para as
edificações-marco, sobre as quais havia menos dúvidas com relação à sua implantação
histórica, devidamente confirmada por especialistas no assunto.
5.5.1.2.
Iconografia
As reconstituições dos modelos digitais tiveram que ser complementadas também com
a memória iconográfica proveniente de desenhos, postais e fotografias (a partir de
meados do século XIX). Há muitos dados sobre conjuntos históricos em estado de
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
82
ruína. Esses dados, muitas vezes, estão em condições precárias de armazenamento e,
nem sempre, organizados e disponíveis para consulta. Explorar estas informações
sempre enriquece a atuação dos arquitetos planejadores e cidadãos. Decidiu-se, então,
usar a iconografia existente para visualizar o conjunto urbano ao longo dos séculos e
contribuir com a representação de áreas que não têm mais a sua conformação urbana
original.
A iconografia levantada, apesar de extensa, não é integral. A escolha dos acervos
pesquisados deu-se, em função da disponibilidade e da possibilidade de reprodução do
material existente sobre a área do Comércio, desde a fundação da Cidade até o final do
século XX, sendo eles:
Centro de Estudos de Arquitetura da Bahia – CEAB
Arquivo Histórico da Fundação Gregório de Matos
Museu Tempostal – Templo dos Postais
Arquivo Público do Estado da Bahia
Arquivo Histórico do Exército – AHEx, no Rio de Janeiro
O levantamento das fotografias e postais do CEAB originou uma tabela numerada
com os seguintes campos e suas descrições (Apêndice C):
Título: título registrado
Ano referência: ano registrado ou estimado
Local: referência de localização
Tipo: se foto, desenho, ou postal
Fototeca: anotação referente à organização interna do CEAB, se cadastrado
Autor: Autor da fotografia ou do desenho, se conhecido
Original: biblioteca ou publicação de origem, se informado
OBS: anotações registradas durante este trabalho
A aquisição dos dados foi, através do processo de scanning com resolução de 600
dpi58, sendo armazenados em arquivos de imagem do tipo tif.
58
Dpi – dots per inch, é a medida de resolução para impressão, especificamente, o número de pontos individuais
de tinta que a impressora pode produzir em uma linha com uma polegada de comprimento.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
83
A iconografia encontrada na Fundação Gregório de Matos caracterizou-se,
principalmente, por fotografias de alguns monumentos e edificações-marco, durante
seus processos de construção, contribuindo com uma visão específica de suas
tipologias e períodos de construção.
No Museu Tempostal, geralmente, os postais são compostos por fotografias ou
desenhos. Estes complementaram o levantamento de forma peculiar, por esse tipo de
iconografia apresentar, em sua maioria, o objetivo de promover a cidade. Em geral,
são registros urbanos que demonstram a prosperidade e o progresso da cidade do
Salvador para quem foram enviados (MELLO, 2004). Foram selecionados aqueles que
mostravam a abertura de novas praças, a construção das primeiras edificações, nos
novos aterros, como o Instituto do Cacau, as vistas aéreas de conjunto, a implantação
dos armazéns e o cais do porto.
Figura 27 – Postais – Praça Marechal Deodoro em 1912 e em 1920.
Fonte: Tempostal.
No Arquivo Público do Estado da Bahia, a iconografia, que predominou no
levantamento foram mapas antigos originais, os quais foram registrados através de
fotografia digital com resolução de 1660 x 2320 pixels. Foram eles, o “Mappa
Topographica da Cidade de S. Salvador e seus Subúrbios”, por Carlos Augusto Weill,
impresso em Sttutgard, assim como o “Mapa do Sistema Viário de Salvador”, de
1969.
No Arquivo Histórico do Exército – AHEx, no Rio de Janeiro, foi realizada a busca
específica da Planta de 1779 (já mencionada), por orientação do Professor Mário
Mendonça de Oliveira, o qual lhe atribuiu extremo apuro cartográfico para a época.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
84
A iconografia coletada foi utilizada como referência para identificar a volumetria do
conjunto da ocupação urbana nos períodos estudados e para visualizar a tipologia das
edificações, auxiliando na identificação dos períodos em que foram construídas. Além
disso, as referências fotográficas, a partir de 1856 (data da primeira fotografia coletada
para o trabalho), foram priorizadas em relação às outras fontes de iconografia
produzidas durante o século XVIII. Estas foram selecionadas e comentadas,
detalhadamente, em entrevistas realizadas com o Professor Francisco Senna, arquiteto
e professor de História da Arquitetura, nesta Faculdade. A partir destes encontros,
foram anotadas referências específicas para cada fotografia, localizando-as no tempo,
regulado por uma margem de erro de dez anos. Este processo baseou-se,
essencialmente, na configuração urbana e sua relação com as edificações existentes.
5.5.1.3.
Documentos
Assim como a memória iconográfica, a memória bibliográfica foi utilizada para
complementar as reconstituições dos modelos digitais, desde narrativas, censos
demográficos, avaliações e artigos de caráter histórico.
A partir desse levantamento e do cruzamento de ambas as fontes - iconográfica e
documental, foi elaborado para este estudo um Quadro de Eventos sobre a Cidade
Baixa e o Frontispício de Salvador, desde o século XVI ao século XX. Este quadro
permitiu organizar e sintetizar as informações que alimentaram a base de dados
históricos do sistema proposto, englobando, de forma sintética, o conteúdo que reflete
a dinâmica urbana dessa área, em contraposição aos acontecimentos históricos de
maior relevância, sempre datados. Este recurso facilitou a compreensão e o
cruzamento de dados, durante a elaboração do protótipo do sistema. Como este
assumiu grandes proporções, encontra-se, em sua versão completa, no Apêndice B
desta dissertação, mas tem a configuração inicial, exemplificada no Quadro 1,
apresentado a seguir.
O conteúdo deste quadro é o conjunto de informações sobre a evolução da cidade do
Salvador, de forma cronológica, e foi organizado por temas de interesse para este
trabalho, dispostos nas seguintes colunas:
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
85
Período: século estudado;
Contexto político: dados sobre governadores, acordos internacionais, guerras;
Iconografia e documentos: fontes de pesquisa;
Configuração urbana e limites: informações urbanísticas e legislações;
Porto e aterros: história da implantação do porto de Salvador e configuração
dos sucessivos aterros realizados na Cidade Baixa;
Vias, transportes e infra-estrutura: história dos transportes e dados sobre a
implantação de vias e obras de infra-estrutura;
Edificações e marcos: dados sobre as fortificações de Salvador e sobre as
edificações mais marcantes do bairro do Comércio e arredores;
Sociedade, economia e educação: questões socioculturais no processo de
entendimento dos acontecimentos históricos no bairro do Comércio.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
Período
Séc.
XVI
Séc.
XVII
Contexto Político
Quadro 1 – Quadro de Eventos sobre a Cidade Baixa e o frontispício de Salvador, desde o século XVI ao século XX (Apênd
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Porto e Aterros
Vias, Transportes e
Limites
Infraestrutura
1549: Tomé de Souza – 1º
Governador Geral do Brasil –
Fundação de Salvador
1560-1567: Mem de Sá, 3º
Governador do Brasil
1580-1640: período filipino
1536: “Francisco Pereira Coutinho,
1º. Donatário da Bahia. Sua
Fortaleza, Povoação e Sesmaria”,
documento
1549: Planta de Restituição de
Salvador, por Theodoro Sampaio
(1949)
1550-1570: “Arredores da Cidade de
Salvador da Bahia de Todos os
Santos” restituição de Theodoro
Sampaio, em 1949 – registradas as
localidades de Vila Velha,Graça e
Vitória, Rio Vermelho, aldeia de São
Paulo (Brotas)
1551: Carta do mestre de obra Luís
Dias (a parte baixa da cidade tinha
apenas uma rua)
1583: Cardim descreve a cidade
1587: publicada a 1ª descrição geral
da cidade por Gabriel Soares de
Souza “...da banda do norte tem as
casas do negócio da Fazenda,
alfândega e armazéns,...”
1549: Fundação da cidade e uma
única rua na Cidade Baixa, onde
foram implantados os primeiros
prédios ligados ao porto
1551:cerca de muros de taipa com
“dois baluartes ao longo do mar e
quatro da banda da terra” (Soares de
Souza,1987:129-30);
Crescimento inicial em forma linear;
segundo Luis Dias: construção de
moradias da Ribeira do Goes até o pé
da Lad. da Preguiça; construção do
baluarte de Santa Cruz na Ribeira dos
Pescadores
2ª metade séc.: ancoradouro como
porto
1549: a área do porto, na Ribeira do
Góes foi protegida por um baluarte
de madeira, em cima de um rochedo
(Mapa de 1638)
1550: um estaleiro já funcionava na
Ribeira do Góes, em frente à ermida
da Conceição
1591: o novo estaleiro e o arsenal
foram concluídos
1549-1553: Abertura da Lad. da
Conceição e da Preguiça
1587: da Praça principal desciam d
caminhos em direção à Cidade Ba
1624: 1ª invasão holandesa –
demoliram 2 fortificações, construíram
o 1º dique e traçaram as bases de
novas fortificações; ocupação do
Forte de São Marcelo pelos
holandeses
1638: ataque comandado por Nassau
1640: os governantes passam a ter o
título de Vice-Rei
1654: Capitulação dos holandeses em
Pernambuco
1653: as terras da cidade foram
tombadas
1689: Revolta dos Terços (atraso de 9
meses do pagamento da tropa)
1600: “Cidade do Salvador com o
litoral da Preguiça no Ano de 1600”,
reconstituição do séc.XX, vista a
partir do mar (Paulo Lachenmayer,
Wanderley Pinho)
1605 (publicada em 1625): 1ª planta
conhecida de Salvador, de João
Teixeira Albernaz I, mostra a cidade
2x maior que em 1549 com seus
limites
1609: Relatório e iconografia de
Diogo Moreno
1609-1612(e): “Perfil da Cidade do
Salvador da Bahia de Todos os
Santos...”, 1º. perfil da cidade,
atribuída ao Eng. Cristóvão Alves
(construções baixas e proporções
reduzidas de algumas igrejas,
Conceição da Praia ainda sem torre)
1610:1º relato de um viajante
estrangeiro, Pyrard de Laval
1612: “Livro que dá razão ao Estado
do Brasil”, por
Diogo de Campos Moreno (visão do
sistema defensivo da cidade)
1624: Estampa (fronstispício) “S.
Salvador”, Ilustração do Roteiro do
Rico Brasil (Reys-Bock...), autor
1605: cidade de traçado relativamente
regular, respeitando a topografia
acidentada
1623: criada a freguesia da
Conceição da Praia, confirmando o
desenvolvimento da parte baixa da
cidade
1640-1650: primeiras trincheiras fora
dos muros (expansão da cidade)
(Pinheiro Lobo)
1671: desabamento na Lad. da
Conceição e na Misericórdia
1693: as trincheiras da cidade foram
refeitas
1695: primeira provisão de
alinhamento estabelecida, visando
“evitar os danos e torturas das ruas
em que se fazem casas
ordinariamente nos arrebaldes...”
estipulando 30 dias de cadeia
1650-1763: período em que foram
implantados os principais edifícios do
conjunto arquitetônico e urbanístico
de caráter monumental
1651: autorizada a construção do
Arsenal da Marinha, onde a partir de
1717 uma provisão real determinou a
construção de um navio c/ 60
canhões por ano com os recursos da
dízima da Alfândega
1655: início do Estaleiro Real c/ a
construção de naus de grande
dimensão
1676: Dellon, em sua visão de
conjunto, mostrou o porto como um
dos maiores e cômodos do oceano,
uma grande baía e observa pesca de
baleias
1696: todo comércio era feito em
navios portugueses (Dampier,
viajante)
1610: “havia um mecanismo que
descia e subia as mercadorias” (La
1626: As Carmelitas solicitaram
sesmarias na Cid. Baixa para insta
seu guindaste
1628: Fonte dos Padres, no Taboã
foi remodelada com a construção d
bicas
1699: os escravos tinham a função
cavalos e transportavam as
mercadorias mais pesadas
87
5.5.2.
Processo de Conversão de Dados
O processo de conversão de dados utilizado na elaboração deste trabalho foi classificado
com base no tipo do resultado que produziram: dados raster ou vetoriais.
5.5.2.1.
Dados raster
Imagens descritas pelo conjunto de células em um arranjo espacial bidimensional, ou
seja, uma matriz (AZEVEDO; CONCI, 2003, p. 15). Os dados raster também são
chamados de bitmap, que significa mapa de bits em inglês.
Neste trabalho, alguns dados raster já existiam e outros tiveram que ser obtidos
através da aquisição de imagens por fotografia digital e scanning. Após esta
conversão, algumas passaram por processamento através de técnicas de tratamento e
utilização de filtros. Outras passaram pelo processo de registro de imagens, também
chamado de georreferenciamento.
Fotografia digital
A fotografia digital é uma forma rápida e eficiente de obterem-se dados raster. A
máquina fotográfica digital gera arquivos de imagem que podem ser gravados em
diversos formatos (neste caso, jpg ou tif). Estas imagens são posteriormente editadas,
em programas de tratamento de imagens, como o Adobe Photoshop e, em seguida,
inseridas como dado raster, em programas que usam tecnologia SIG, como o ArcMap,
extensão do ArcGIS.
Este tipo de fotografia foi utilizada, especificamente, para capturar uma informação
muito importante para a pesquisa – a digitalização da Planta de Salvador de 1779. A
planta original encontra-se dividida em seis partes, no Arquivo Histórico do Exército,
todas individualmente aplicadas sobre cartolina, com tamanho um pouco maior do que
as partes.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
88
Dessa forma, para reproduzir o mapa, foi necessário montar um tripé como suporte
para posicionar a máquina digital com precisão e distância adequadas. A máquina
digital foi configurada para utilizar sua maior resolução, ou seja, 7,2 megapixels,
contra a luz matinal natural procedente da janela. Cada uma das seis partes foi
posicionada, em frente da máquina na posição vertical, em uma distância constante em
relação à máquina. Assim, foram retiradas as seis fotografias digitais. Em seguida,
foram anotadas todas as referências bibliográficas do Mapa, assim como sua escala
gráfica. Posteriormente, no laboratório, foi realizado o tratamento individual de cada
imagem fotográfica.
Em seguida, foi realizado o georreferenciamento das imagens sobre a base
cartográfica digital de 1991, complementada pelas fotos aéreas verticais coloridas de
2002, que serviu como referência. Este processo resultou em uma imagem montada,
contendo todas as seis partes do original, que precisou passar novamente pelo
processo de tratamento de imagem, no programa Adobe Photoshop, obtendo-se uma
imagem única com aproximadamente 5500 x 2800 pixels.
Scanning59 de imagens
A digitalização de dados raster é automática, através do uso do scanner, como
dispositivo de entrada. Seu nível de precisão depende da resolução do sensor ótico do
scanner e da qualidade do documento original. O scanner mede a reflectância de cada
pixel. Quanto maior o pixel, mais rápida é a rasterização e menor a quantidade de
dados processados. Ao contrário, quanto menor o pixel, maior a resolução espacial, e
conseqüentemente, o processo de rasterização torna-se mais lento, gerando ainda um
volume maior de dados.
Para esta pesquisa, o processo de rasterização do Atlas Parcial da Cidade do Salvador
de 1956 foi realizado com a configuração de 600 dpi na resolução do scanner, para
que houvesse nitidez, na leitura dos dados, após a digitalização. Para garantir a melhor
reprodução, o atlas foi desencadernado e suas folhas foram digitalizadas,
individualmente, em um scanner de formato A4 - mesmo formato da folha original.
59
Scanning – rasterização.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
89
Dessa forma, pôde-se garantir o mínimo de deformação no processo. Em seguida, as
informações do tipo raster foram georreferenciadas no programa ArcMap.
Georreferenciamento e retificação de imagens
Dados provenientes de scanning ou de fotografias aéreas nem sempre contêm
referência espacial. Por isso, para utilizá-los em conjunto com outros dados espaciais,
é preciso georreferenciar a imagem.
O processo de georreferenciamento de dados raster também é chamado de retificação
ou registro. É feito, através do alinhamento digital da imagem, por meio de pontos de
controle (mínimo de três), associados, ponto a ponto, a um sistema de coordenadas
geográficas, que são coletadas em uma base vetorial existente, ou seja, pontos de
localização conhecida, para facilitar a visualização. Podem equivaler às interseções de
vias e arestas de edificações. O sistema de coordenadas de um mapa é definido,
usando uma projeção cartográfica (um método em que a superfície curva da Terra é
desenvolvida em uma superfície plana). Em seguida, o programa ArcMap realizou o
ajuste da imagem. Esse processo corrige a imagem fotográfica e adiciona um sistema
de coordenadas geográficas. Georreferenciar dados raster permite que sejam
visualizadas, questionadas e analisadas com outros dados geográficos. No caso das
fotos aéreas verticais de Salvador, já georreferenciadas, somente foi necessário
converter os dados para um padrão compatível com o software utilizado, mantendo as
referências geográficas existentes.
Em geral, quanto maior a sobreposição entre a imagem e o “mapa alvo”60, melhores
são os resultados do processo, porque há um número mais abrangente de pontos para
georreferenciar esta imagem.
Pode-se inferir que a imagem georreferenciada é
somente tão acurada quanto a base utilizada como referência. Para minimizar erros, é
importante utilizar referências com a mais alta resolução e maior escala possível, de
acordo com as necessidades do estudo.
60
“Mapa alvo”, nesse contexto, refere-se ao mapa-base de maior precisão, utilizado como referência para o
registro da imagem em um processo de georreferenciamento.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
90
Durante a pesquisa, foi necessário georreferenciar os mapas de 1956, 1894, 1779 e
1638. Em seguida, também foi realizada a retificação, ou seja, a transformação de
forma permanente de cada imagem georreferenciada. Ao retificar um mapa, cria-se um
novo arquivo raster que contém o registro das coordenadas geográficas do mapa alvo.
Este pode ser salvo como arquivo de imagem com extensão tif. Não é um processo
obrigatório para o ArcMap, pois este permite a visualização do mapa georreferenciado,
mesmo sem ter sido retificado. Neste trabalho, foi importante utilizar o processo de
registro para que pudesse ser feito o tratamento da imagem resultante, posteriormente,
em outro pacote de software, que, normalmente, não reconhece as informações do
registro de coordenadas geográficas, criado pelo ArcMap. Neste caso, foi utilizado o
Adobe Photoshop.
Figura 28 – Processo de georreferenciamento do Mapa de 1779.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2007.
Coleta de fotografias aéreas
As fotografias aéreas verticais da CONDER foram utilizadas como base de
informação para atualização e conferência dos dados da base SICAR de 1991, assim
como parte da referência ou “mapa alvo” para o processo de registro dos mapas de
1956, 1779 e 1638.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
91
A CONDER divulga o conteúdo do Sistema de Informações Geográficas Urbanas do
Estado da Bahia (INFORMS), através de seu website61. O sistema é composto por
dados gráficos, alfanuméricos e imagens, agrupados em cinco segmentos: dados
cartográficos, de cadastro técnico, demográficos e socioeconômicos, institucionais e
físico-ambientais.
As fotografias aéreas verticais do Sistema Cartográfico da RMS, utilizadas neste
trabalho, foram adquiridas em formato digital jpg. As mais atuais são disponibilizadas,
coloridas, na escala de 1:8.000, datadas do ano 2002. Também foram utilizadas, como
referência, as fotografias em preto e branco, na escala de 1:8.000, datadas do ano
1998.
5.5.2.2.
Dados vetoriais
Dados vetoriais são compostos por pontos referenciados a sistemas de coordenadas e
podem formar linhas e polígonos. Em um Sistema de Informações Geográficas,
representam feições. Estas são associadas a um conjunto de atributos que define sua
aparência e a um conjunto de dados que define sua geometria. Foram obtidos, a partir
da base de Cartografia Sistemática da SICAR/RMS e dos dados cadastrais gerados
pela CONDER, contendo dados de planimetria e altimetria, disponibilizados pelo
LCAD.
A técnica de vetorização manual, em tela, foi utilizada para registrar as poligonais das
edificações sobre os mapas antigos, utilizando a extensão ArcMap do ArcGIS. A
seleção das feições foi feita, visualmente, sobre a tela do computador, tomando-se
como critério desenhar apenas aquelas diferentes da base cadastral da SICAR de 1991.
A maior parte dos dados raster e vetoriais foi disponibilizada pelo LCAD/FAUFBA,
levantados em pesquisas anteriores. Estes dados apresentam-se, no Quadro 2, que
mostra, para cada tema utilizado na modelagem, a sua fonte, mídia, tipo, formato, em
que se encontra, escala, sistema cartográfico e data de atualização, permitindo uma
visão geral dos dados utilizados no sistema proposto.
61
Disponível em: <http://www.conder.ba.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2006.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
92
Quadro 2 – Dados utilizados na modelagem do sistema.
Fonte
Mídia
Tipo
Formato
Escala
Sistema
cartográfico
CONDER Digital
raster
JPG
1/8000
**
Data de
atualização
2002
LCAD*
LCAD*
LCAD*
LCAD*
UTM/SAD 69
UTM/SAD 69
UTM/SAD 69
UTM/SAD 69
1991
1991
1991
1991
LCAD
Digital
vetorial AutoCAD 1/1
***
Sistema viário LCAD*
Digital
vetorial MapInfo
1/5000
UTM/SAD 69
* Base digitalizada a partir das folhas SICAR/CONDER, 1991.
** Escala de vôo.
*** Planta digitalizada a partir de (CÂMARA, citado por SAMPAIO, 2005, p. 48).
2004
Tema
Foto aérea
colorida de
Salvador
Limite SSA
Edificações
Quadras
Mapa
Topográfico
de Salvador
Aterros
5.6.
Digital
Digital
Digital
Digital
vetorial
vetorial
vetorial
vetorial
MapInfo
MapInfo
MapInfo
MapInfo
1/12500
1/5000
1/5000
1/12500
1991
INTERPRETAÇÃO DA ICONOGRAFIA
A interpretação da iconografia antiga levou em consideração os conceitos utilizados em
análise visual urbana. São instrumentos, que ajudaram a estabelecer diretrizes para
representação digital e que podem gerar desdobramentos para estudos de intervenção urbana,
avaliação de desempenho e impacto visual. Segundo Kohlsdorf (2000, p. 48-96), no que diz
respeito mais estritamente à morfologia do espaço urbano, os instrumentos de análise devem
considerar a maioria dos elementos possíveis que a constituem. Além dos elementos
arquitetônicos, deveriam ser considerados também, elementos do sítio físico, como relevo,
vegetação e águas de superfície; o traçado urbano, em termos de malha, espaços construídos,
abertos e semi-abertos, macro e microparcelamento; as silhuetas internas e externas,
produzidas pelos planos verticais; as relações intervolumétricas entre os edifícios e destes
com o espaço público; além de elementos complementares como veículos de propaganda, de
sinalização e mobiliário urbano. Enfim, a estrutura do espaço, em termos das unidades
morfológicas, que contém e das diversas temáticas configurativas, que apresenta, inclusive,
com relação às conexões visuais e físicas que estas mantêm entre si e com o entorno.
As fontes iconográficas foram de extrema importância durante a pesquisa, principalmente,
para extrair informações sobre altura e volumetria das edificações do tecido urbano antigo e
não mais existente, mudanças na configuração urbana e na morfologia. Foi utilizada a técnica
de análise seqüencial, nas vias mais relevantes do bairro do Comércio, com o objetivo de
levantar informações das edificações para a atualidade, confirmando dados relativos à
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
93
permanência, transformação ou inexistência das mesmas. Além disso, pôde-se verificar a
tipologia das edificações e inferir o período em que foram construídas. Esta técnica foi
adaptada da metodologia de análise espacial descrita em Kohlsdorf (1996, p. 80), que se apóia
sobre uma série de eventos agrupados em três conjuntos, descritos a seguir:
Eventos gerais: são as estações das seqüências – momentos durante o trajeto onde há
registro perceptivo, correspondem à seleção de instantes e pontos de observação. A
velocidade do observador estabelece parâmetros à quantidade de estações. No caso, a
seqüência foi filmada a partir de um carro em movimento e as estações demarcadas
em função dos estímulos visuais durante o percurso, obtendo-se intervalos diferentes;
Campos visuais: porção de espaço, em forma de cone, abrangida pela vista do
observador em cada estação, sendo três campos principais: frontal, lateral esquerdo e
lateral direito;
Efeitos visuais: a maneira como a realidade chega à percepção, através da busca das
superfícies estruturais da cena através de representações topológicas e perspectivas. Os
efeitos topológicos podem ser de alargamento e estreitamento; envolvimento e
amplidão; alargamento e estreitamento lateral. Os efeitos perspectivos são de
direcionamento; visual fechada; impedimento; emolduramento; mirante conexão;
realce e efeito em “Y”.
Figura 29 – Análise seqüencial e percurso.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2007.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
94
A partir de uma filmagem com câmara digital em um carro em movimento, essas seqüências
foram capturadas e, posteriormente, associadas aos eixos de logradouros da base cartográfica
da área do Comércio. Assim como também foram definidas as estações, de acordo com os
pontos de observação onde havia informações visuais relevantes.
As filmagens foram agrupadas por nomes de ruas, equivalendo aos percursos da análise
seqüencial. Fazendo uma análise, em câmera lenta de cada vídeo, puderam-se perceber as
características visuais de cada rua no Comércio. Esse recurso também foi necessário para
identificar os blocos de edificações das áreas com menor informação no modelo digital mais
atual e identificar, especificamente nelas, suas características tipológicas que pudessem trazer
subsídios para estimar o período em que foram construídas. Esses dados empíricos foram
confirmados através de visita orientada no campo e entrevista com o Professor Francisco
Sena. Além disso, os dados também foram cruzados com informações sobre os períodos dos
aterros.
Durante a elaboração da modelagem conceitual do sistema, os elementos estruturais da
imagem urbana formaram a base dos modelos digitais, dentre eles, as vias, os setores, os
limites, os pontos focais e os marcos visuais. Em alguns casos, o elemento correspondeu à
uma feição específica do modelo com seus atributos, como por exemplo, as vias que
corresponderam aos eixos de logradouros e os marcos visuais que corresponderam às
edificações-marco.
A interpretação da iconografia antiga ocorreu de forma simultânea ao desenvolvimento dos
modelos digitais, perfazendo os seguintes procedimentos metodológicos para cada um dos
cinco modelos digitais gerados:
1) Feições planimétricas: poligonais, representando os edifícios com seus respectivos
atributos. Foram transformadas em volumes através do processo de extrusão,
utilizando a informação de altura contida no atributo “altura” das edificações. Foram
visualizadas na extensão ArcScene do ArcGIS;
2) Feições de superfície: modelo digital de terreno (MDT), gerado por interpolação das
curvas de nível de cinco em cinco metros;
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
95
3) Feições tridimensionais: edificações-marco, modeladas no programa SketchUp, no
nível de detalhe intermediário (LOD2), com aplicação de texturas e exportadas para o
ArcScene como multipatch;
4) Representação da superfície: sobre o MDT aplicaram-se as imagens que serviram de
mapas-base, de acordo com cada século representado:
Foto aérea vertical colorida de 2002;
Mapa cadastral de 1956;
Mapa de 1894;
Mapa de 1779;
Mapa de 1638
5) Representação tridimensional: a informação sobre altura é um atributo do objeto
edifício, onde o campo “altura” é baseado no número de pavimentos de cada
edificação multiplicado pela altura estimada de cada pavimento e para cada século
(antes do século XX, os pavimentos foram estimados com quatro metros de altura e a
partir de 1930, passaram a ser estimados com três metros de altura);
6) Interpretação da iconografia: fotografias, postais, perfis ilustrados e mapas antigos
foram fontes importantes de dados para interpretação volumétrica da configuração
urbana de cada período. Tomou-se como base o formato da planta da edificação,
constante na planta cadastral de cada século, em comparação com as fotos antigas do
mesmo local, permitindo estimar a altura e a data de início e fim da edificação
existente em determinado lote;
7) Interpretação documental: documentos textuais auxiliaram na confirmação de dados
obtidos na interpretação iconográfica, pois, muitas vezes, descreviam o período, as
edificações e a tipologia das mesmas, como por exemplo, descrições da paisagem
urbana feitas por viajantes e alguns dados dos Censos Eclesiásticos de 1718/1724,
1757, 1759, 1774 e 1810, citados por Vasconcelos (2002);
8) Apreensão da forma do espaço urbano: comparando com a base cadastral atual, foram
percebidos alguns amembramentos de lotes e construções de edificações de maior
número de pavimentos, mudando a configuração urbana da área e, principalmente, a
silhueta interna e externa das quadras, vista a partir das vias e também do mar. Muitas
praças foram implantadas, no início do século XX, diferenciando o traçado urbano
com a reserva de espaços abertos e semi-abertos, preenchidos por vegetação, como por
exemplo, a Praça Marechal Deodoro, em 1910; a Praça Visconde de Cayru, em 1914 e
a Praça da Inglaterra, por volta de 1920;
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
96
Figura 30 – Parte do mapa base de 1956
mostrando as edificações de séculos diferentes.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2007.
Figura 31 – Parte do mapa base de 2002 mostrando
as edificações de séculos diferentes.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2007.
Algumas observações foram registradas durante a execução desses procedimentos. A maior
diferença percebida, entre os mapas de 1894 e de 1956, foram as novas construções edificadas
nos aterros, principalmente, a partir da grande renovação do porto, em 1906, a qual
modificou, definitivamente, a paisagem urbana do bairro, visto a partir do mar. Dentre as
modificações ocorridas, há a construção dos armazéns do porto, logo após o término do aterro
iniciado em 1920, que engloba as atuais Avenida Estados Unidos e Avenida da França; e a
construção do Instituto do Cacau, em 1936, primeiro prédio em estilo modernista e o único na
área aterrada durante alguns anos.
Figura 32 – Fase de interpretação iconográfica: identificação dos edifícios-marcos e quadras sem construção no,
bairro do Comércio, séc. XX, década de 30.
Fonte: CEAB
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
97
Figura 33 – Edificações até 1936 e atlas de 1956, aplicado sobre MDT.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2007.
Através da fotografia da década de 1930 (Figura 32), percebem-se, ainda, a existência do
antigo Mercado Modelo, os quarteirões do aterro, realizado entre 1920 e 1940, ainda vazios, a
existência do armazém no1 e a predominância de edificações de meia altura (até cinco
pavimentos) na área do Comércio. Em contorno na cor laranja, as edificações-marco que
aparecem nessa fotografia.
5.7.
MODELAGEM GEOMÉTRICA TRIDIMENSIONAL
Foi realizada a modelagem geométrica tridimensional das edificações-marco, com o objetivo
de tornar os modelos digitais mais legíveis, ou seja, mais fáceis de interpretação para os
possíveis usuários do sistema. A escolha desses marcos, também chamados de ícones, foi
feita, a partir de uma análise visual perceptiva do espaço urbano, em conjunto com
informações culturais locais. Para o século XX, foram escolhidos o Mercado Modelo, a Igreja
da Conceição da Praia, o Elevador Lacerda, a Escultura de Mário Cravo, a Associação
Comercial, o Instituto do Cacau, o Forte de São Marcelo, o Palácio dos Governadores e a
Câmara dos Vereadores. Todos estes são marcos que permaneceram no tecido urbano desde a
construção de cada um deles até os dias de hoje.
Como existem modelos digitais, que representam cada século, as edificações-marco também
tiveram que ser modeladas, segundo suas características predominantes nestes períodos, como
por exemplo o Elevador Lacerda, com forma e volumetria bem diferente do seu original, o
antigo Elevador Conceição-Parafuso, inaugurado em 1873.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
98
A escolha do programa para fazer a modelagem geométrica tridimensional foi baseada na sua
compatibilidade com o ArcGIS, utilizado desde o início do estudo. Portanto, o Google
SketchUp foi escolhido por ser um programa caracterizado pela sua facilidade e rapidez no
manuseio, além de possuir essa interrelação com o ArcGIS da ESRI. Isso é possível, através
de um plugin de exportação de arquivos em formato mdb, que registra as coordenadas
geográficas aos modelos, chamado ArcGis Plugin. Além disso, foi utilizado outro plugin,
chamado GML Texturizer. Sua função é ajustar e aplicar fotografias das fachadas às faces
correspondentes no modelo no SketchUp, de forma simples e com relativa precisão. Este
plugin foi testado e verificou-se sua aplicabilidade, mas ainda não é compatível com o ArcGIS
– durante a exportação perdem-se os bitmaps aplicados.
Contudo, pode-se resumir o processo de modelagem geométrica tridimensional, aplicada
neste trabalho, da seguinte forma:
1) Exportação das poligonais da feição EDIFICAÇÕES-MARCO, a partir da base
cartográfica existente, do ArcMap/ ArcGIS para o SketchUp, através do ArcGIS
plugin, que transfere as coordenadas geográficas das poligonais;
2) Modelagem geométrica 3D das edificações-marco, utilizando essas poligonais como
referência, no SketchUp, mantendo a posição geográfica dos modelos sólidos gerados;
3) Aplicação de cores básicas e/ou texturas nos modelos;
4) Agrupamento individual de cada modelo;
5) Exportação como arquivo em formato mdb para o ArcScene, como uma feição
multipatch;
6) Abertura do arquivo em formato mdb no ArcMap;
7) Edição da tabela de atributos, inserindo os dados de cada campo de informação.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
99
Figura 34 – Edificações-marco com modelagem no nível de detalhe intermediário LOD2.
Elaboração: Heliana F M. Rocha – 2007.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
100
6. VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
O ponto crítico na investigação qualitativa não é tanto acumular dados, mas “filtrar” a
grande parte dos dados que acumula. A solução está em descobrir essências e revelar
essas essências com suficiente contexto, sem contudo ficar obcecado em incluir tudo
o que potencialmente é passível de ser descrito. (WOLKOT, 1990, citado por
STAKE, 1995, p. 84)
A visualização de informações foi um dos produtos deste trabalho, permitindo maior
entendimento e conhecimento do espaço físico e urbano da área estudada. Está apresentada,
principalmente, através de “Mapas e Modelos Temáticos”, em separado. Estes podem ser
utilizados, simultaneamente, na interpretação dos dados, pois somente em conjunto,
demonstram aproximadamente, a visualização interativa que pode ser manipulada na tela do
computador.
Para a análise espacial urbana, foi empregada a técnica da sobreposição de camadas (overlay)
utilizando-se, inicialmente, o aplicativo ArcMap, do ArcGIS, que é um programa gerenciador
de bancos de dados geográficos de grande porte, que executa seleções e operações de análise
espacial relacionadas ou não a dados alfanuméricos. O aplicativo ArcMap permite trabalhar
com informações bidimensionais, enquanto a extensão ArcScene, com as tridimensionais. A
preparação da apresentação impressa dos “Mapas e dos Modelos Temáticos” foi realizada, no
ArcMap, através do recurso de visualização de Layout. É simulado um formato de papel e
inseridos os elementos necessários para apresentação de produtos de informação geográfica,
como legendas, coordenadas geográficas e escalas, de forma semi-automática.
6.1. MAPAS TEMÁTICOS
Os mapas temáticos são visualizações cartográficas bidimensionais que representam temas
específicos. São gerados, a partir de consultas e classificações à base de dados, que podem ser
feitas, em separado ou simultaneamente, permitindo análises mais ou menos complexas, que
exigem legendas e observações específicas. Os mapas, a seguir, apresentam os dados usados
na análise espacial e a síntese das consultas realizadas, com legendas que mostram a
classificação por período de tempo de existência das edificações e dos aterros ocorridos,
sucessivamente, na Cidade Baixa, da mesma forma que serão apresentados os “Modelos
Temáticos” tridimensionais no próximo subitem.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
101
Os “Mapas Temáticos” estão apresentados, de forma ordenada, em formato A3, com a
seguinte descrição:
Mapas Temáticos 01 a 05: Referem-se a cada século estudado, com seus respectivos mapasbase e a camada dos aterros, com nível de transparência de sessenta por cento. O comentário
sobre a interpretação dos dados está mais detalhado, no próximo item, que se refere aos
“Modelos Temáticos”, pois foi desenvolvido com base na análise de ambas as informações bi
e tridimensionais.
Mapa Temático 06: “Transformações e Permanências”
Refere-se às edificações de todos os períodos, sendo distinguidas por hachuras e níveis de
transparência. Este equivale a um “Mapa da Evolução da Ocupação Urbana”, visualizando-se
as edificações de todos os séculos de forma conjunta. Este mapa apresenta o atributo “tempo”,
nesse caso, “ano de início” - da existência da edificação - em hachuras com dez por cento de
transparência, sobrepostas às cores das edificações de existência mais recente. Assim, podemse visualizar aquelas que sofreram transformações ou as que permaneceram sem alterações ao
longo dos séculos estudados.
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6.2. VISUALIZAÇÕES TRIDIMENSIONAIS
Os Sistemas de Informações Geográficas geram “Mapas Temáticos” como produtos de
visualização cartográfica. Outro produto, de igual importância, são as “Visualizações 3D”,
que podem ser visualizados, de forma interativa, diretamente na tela do computador,
utilizando o aplicativo ArcScene do programa ArcGIS ou através da visualização dos cenários
escolhidos em mídia impressa.
O cruzamento de informações foi realizado, através de consultas de seleção e de
classificações, visualizadas por um conjunto de modelos temáticos com o propósito de
auxiliar no estudo das transformações da paisagem urbana no Comércio.
Neste trabalho, cada visualização 3D consiste em uma representação digital, aproximada da
paisagem urbana da cidade para cada ano determinado. As edificações são classificadas,
qualitativamente, pelo dado “ano de início”, referindo-se ao ano de sua inauguração, algumas
vezes, estimado. Os intervalos de tempo entre os mapas pesquisados equivalem aos cinco
séculos representados. Estas são consultas lógicas (querys) que restringem a visualização de
acordo com o período escolhido ou com tema específico.
As edificações são representadas em três dimensões em um nível de detalhe intermediário,
mais especificamente “LOD-1”, ou seja, através de modelo de blocos caracterizados por
telhados de forma plana e precisão de cinco metros, tanto na posição quanto na altura. A
visualização desses blocos tridimensionais é feita, no programa ArcScene, que utiliza o
atributo “Altura” da edificação, no processo de extrusão das poligonais, em planta das
edificações. Já as edificações, consideradas como “marcos”, estão representadas em um nível
de detalhe também intermediário, mas um pouco mais detalhado como o“LOD-2”, através de
modelos geométricos, caracterizados por tipos específicos de telhados, aberturas, fechamentos
e precisão de dois metros, para posição e altura.
Estes “Modelos Temáticos” são tridimensionais e estão apresentados, a seguir, de forma
ordenada. Estão em formato de papel A3, classificados por legenda de cores, referente ao
período de existência das edificações e dos sucessivos aterros ocorridos na Cidade Baixa.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
109
Apresentam-se, em cronologia inversa, do ano 2002 para o ano 1638, retornando à intenção
de manter uma precisão relativa e uma melhor compatibilidade entre as bases cartográficas.
Em todos os modelos temáticos, o dado iconográfico referente a cada ano estudado foi
utilizado como mapa-base, em formato raster, aplicada ao modelo digital de terreno.
Cada visualização 3D tem um comentário de interpretação, onde são especificados dados
sobre:
Ano de referência: refere-se ao ano representado;
Dados cartográficos : referem-se aos dados utilizados;
Fonte: referência bibliográfica ou localização do dado;
Classificação: refere-se ao tipo de classificação, realizada no ArcGIS;
Consulta: refere-se ao tipo de consulta lógica gerada pelo ArcGIS.
Visualizações 3D - 07 a 11: Referem-se a cada século estudado, com seus respectivos mapasbase e a camada dos “Aterros”, com transparência de sessenta por cento, descritos
detalhadamente a seguir.
Visualizações 3D - 12 a 14: Referem-se a classificações e consultas específicas à base de
dados.
07 – Ano 2002
Mapa-base:
Foto aérea vertical colorida de 2002, aplicada sobre MDT
Referência:
CONDER
Classificação: Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos de
tempo, através de cores
Consulta:
Layer EDIFICAÇÕES: [Início] ≤ 2002 AND NOT [Fim] < 2002
Nota-se a presença de edificações com as cores de todos os séculos estudados,
comprovada in loco pela existência de exemplares de cada período da história urbana
da cidade: coloniais, ecléticas (neoclássicas, art déco, art noveau), modernistas,
brutalistas, dentre outras. Visualiza-se o Elevador Lacerda, como edificação-marco, a
partir de 1930. Muitas das novas edificações, em sua maioria construídas na década de
1970, têm onze pavimentos, ou seja, em torno de trinta e três metros de altura,
escondendo metade do desnível da encosta. A análise da transformação do perfil da
cidade comprova o crescimento deste bairro comercial desde o século XVIII e a
análise detalhada do estado de conservação das edificações comprova a sua decadência
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
110
durante o século XX. Motivo este que, de certa forma, conservou exemplares tão
distintos em uma área bem delimitada. Atualmente, as edificações-marco têm,
essencialmente, caráter turístico, como por exemplo o Mercado Modelo, a Fonte da
Rampa do Mercado (também conhecida como “escultura de Mário Cravo”) e o
Elevador Lacerda.
08 – Ano 1956
Mapa-base:
Atlas Parcial da Cidade do Salvador de 1956 (digitalizado pela autora)
aplicada sobre MDT
Referência:
PMS
Classificação: Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos de tempo
Consulta:
Layer EDIFICAÇÕES: [Início] ≤ 1956 AND NOT [Fim] < 1956
Layer ATERROS: [Fim] ≤ 1940
Notam-se edificações de cor amarela (1551-1638), verde-claro (1639-1779), verdeescuro (1780-1894) e azul-claro (1895-1956). Todos os aterros, até 1940, estão
representados pelas cores relativas aos períodos de ocorrência, segundo a legenda.
Verificam-se terrenos ainda vazios na área aterrada mais recente (1920-1940) e a
implantação dos Armazéns do porto ao longo do cais. Edificações de maior porte
surgem entre as edificações de períodos anteriores, contrastando em altura e
proporção. A área, atrás da Alfândega, já se apresenta desocupada, conforme reformas
do período do governo de J.J. Seabra (1912-1916), que também influenciou no
formato das novas edificações reconstruídas sobre quarteirões antigos, com quinas
chanfradas e, em sua maioria, de características ecléticas. Em relação à encosta e ao
mar, antes, eram totalmente visualizados pelos viajantes (que vinham do mar) e pelos
pedestres (que circulavam no bairro do Comércio). Neste período, ambas as visuais
começavam a sofrer transformações que continuam presentes na paisagem natural e
urbana da cidade.
09 – Ano 1894
Mapa-base:
“Planta da Cidade do Salvador”, por Adolfo Morales de Los Rios
aplicada sobre MDT
Referência:
Reprodução do livro “Grande Salvador, Posse e Uso da Terra”, 1978
Classificação: Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos de tempo
Consulta:
Layer EDIFICAÇÕES: [Início] ≤ 1894 AND NOT [Fim] < 1894
Layer ATERROS: [Fim] ≤ 1860
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
111
Notam-se edificações amarelas (1551-1638), verde-claras (1639-1779) e verde-escuras
(1780-1894). O mapa de Los Rios destaca os prédios públicos, em vermelho e os
religiosos, em preto, facilitando a correspondência com o modelo digital e registra,
como já ocupados, os dez quarteirões novos ao longo do cais, onde os comerciantes
implantaram prédios de padrão uniforme, com cinco andares, antes dos aterros para
ampliação do porto (Figura 17), na atual Rua Miguel Calmon. Também são desse
período a ponte da Lloyd, o Plano Inclinado, a Ladeira da Montanha concluída e o
Arsenal da Marinha. Quatro períodos de aterro são visualizados, conforme a legenda.
Na Cidade Baixa, somam-se às edificações-marco, a Alfândega e o prédio da Bolsa
(Associação Comercial). O Forte de São Marcelo já se encontra semelhante à sua
forma atual, com sua muralha circundante aumentada (OLIVEIRA, 2004, p. 212). Na
encosta, visualiza-se o Elevador Hidráulico Conceição-Parafuso (Elevador Lacerda)
em seu aspecto antigo, datado de 1873.
10 – Ano 1779
Mapa-base:
“Planta Ichonografica da Cidade de Sam Salvador na Bahia detodos
os Santos...” (atribuída à Caldas, por OLIVEIRA (2004, p. 127 e
128)) aplicada sobre MDT
Referência:
Planta digitalizada pela autora, do original encontrado no Arquivo
Histórico do Exército - AHEx, Rio de Janeiro
Classificação: Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos de tempo
Consulta:
Layer EDIFICAÇÕES: [Início] ≤ 1779 AND NOT [Fim] < 1779
Layer ATERROS: [Fim] ≤ 1801
Nota-se a presença de edificações de cor amarela (1551-1638) e verde-claro (16391779). Na Cidade Alta, destacam-se a Igreja da Sé, concluída desde 1694, com uma de
suas torres demolida em 1757 e a Praça Municipal, composta pelo Palácio dos
Governadores, Casa de Câmara e Cadeia, Casa da Moeda e Tribunal da Relação. Dois
períodos de aterros já estão representados nas cores vermelho (1550-1630) e laranja
(1631-1715), mostrando o avanço da cidade para o mar e a construção de casas de até
quatro pavimentos nos novos quarteirões, intercalados com alguns armazéns e
trapiches. Na Cidade Baixa, destacam-se a Igreja da Conceição da Praia, já com seu
aspecto atual desde 1765 e o forte de São Marcelo, ainda com sua torre central em
evidência. O crescimento do bairro do Comércio ainda não compromete a visão da
encosta, comprovado por Caldas em seu Frontispício de 1758 e Planta de 1777,
cruzados com o Perfil de 1779, de Carlos Julião, tendo como base a referida Planta de
1779.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
112
11 – Ano 1638
Mapa-base:
“Desenho das forteficações e trincheiras que se fizerão em deffença
do inimigo”, planta das fortificações de Salvador em torno de 1638, do
acervo do Museu Algemeen Rijkarchief de Haia, Holanda, pelo
Engenheiro militar português desconhecido, aplicada sobre MDT
Referência:
OLIVEIRA, 2004, p. 202 e 203
Classificação: Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos de tempo
Consulta:
Layer EDIFICAÇÕES: [Início] ≤ 1638 AND NOT [Fim] < 1638
Nota-se que as edificações têm cor amarela, representando o período, em que foram
construídas, entre 1551 e 1638. A malha urbana da Cidade Alta já está definida, onde
se concentram edificações públicas e religiosas com maiores dimensões. Na Cidade
Baixa, prevalecem as fortificações militares, assim como “casas de fazendas e
Alfândega, armazéns e ferrarias” (Luís Dias), localizadas próximas à encosta, com
uma média de dois pavimentos, ou seja, oito metros de altura, resumindo-se a uma
única rua. A encosta de sessenta metros de altura é totalmente visível, a partir do mar,
com a paisagem natural predominando sobre a urbana. Uma das edificações de
destaque é o Forte da Laje (da Ribeira, de São Felipe ou de São Tiago), ainda envolto
pelo mar. Também são identificadas as estâncias de São Diogo e Santo Alberto,
baseadas no cruzamento de dados da gravura “Sanct Salvador” de 1627, de Hessel
Gerritsz, onde a artilharia é mostrada com a fumaça do disparo dos canhões e o
Relatório de 1609, anterior ao Livro que da Razão, de Diogo Moreno. (citado por
OLIVEIRA, 2004, p. 179).
12 – “Transformações e Permanências”
Classificação em cores, distinguindo as edificações por período, com ou sem
sobreposição de edificações “fantasmas”62 dos séculos anteriores.
Mapa-base:
Referência:
Classificação:
Consulta:
Foto aérea vertical colorida de 2002, CONDER aplicada
sobre MDT
CONDER
Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos
de tempo
Layer EDIFICAÇÕES: [Fim] < 2002 = transparentes
62
A expressão “Edificações fantasmas” foi o termo criado nesta pesquisa para descrever aquelas edificações que
existiram, em um certo espaço e período de tempo, mas que não existem mais, e estão sendo visualizadas em
períodos posteriores.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
113
As transformações e permanências, registradas até o momento atual, são visualizadas,
através da representação com grau de transparência das edificações não mais
existentes, como edificações “fantasmas”, permitindo uma análise mais específica.
Este modelo apresenta o atributo “tempo”, nesse caso, “ano de início” - da existência
da edificação - com a respectiva cor referente ao seu período, ainda assim, com
transparência, para diferenciá-la das edificações de existência mais recentes. Dessa
forma, podem ser visualizadas aquelas que sofreram transformações, as que
permaneceram sem alterações ao longo dos séculos estudados e as que não existem
mais.
13 – “Classes das Edificações”.
Refere-se a todas as edificações, categorizadas pelo valor único do campo “Classe”,
com legenda relativa às edificações das classes “Inexistência”, “Permanência” e
“Transformação”.
14 – “Edificações Militares - 1779”.
Refere-se à consulta por Tipo da Edificação, sendo escolhido o tipo “Militar” sobre o
Mapa de 1779, aplicado ao MDT.
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6.3. OUTROS TIPOS DE VISUALIZAÇÃO
Existem diversas formas de visualização de dados, a partir dos recursos existentes no ArcGIS,
assim como outros diversos tipos de cruzamentos de dados, desde que haja a necessidade de
se obter a informação e seja possível compor bases de dados compatíveis com o sistema.
Dentre as possibilidades, podem-se citar diversas maneiras de exportação em formatos
VRML, de vídeo, do GoogleEarth. Além disso, dentro da extensão ArcScene, é possível gerar
animações, visualizações em seqüências temáticas e consultas informativas com associação de
imagens.
Podem-se exemplificar alguns desses tipos de visualização gerados pelo sistema, como, por
exemplo: Sequência Temática: Evolução urbana - séculos XVI a XX
Figura 35 – Seqüência Temática 1638-1779-1894-1956-2002 – Visualização do frontispício de Salvador,
simulando o mesmo ponto de vista da Figura 36.
Elaboração: Heliana F. M. Rocha - 2007
Figura 36 – Parte da fotografia panorâmica de Salvador, ano estimado: 1900.
Fonte: Guilherme Gaensly. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro em SAMPAIO (2005, p. 10 e11).
A seqüência dos modelos temáticos inicia-se, em 1638, com base na cartografia antiga e
finaliza, em 2002, com base na cartografia digital atual, demonstrando o quanto a cidade
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avançou para o mar. Esse aumento territorial ocorreu, na Cidade Baixa, devido ao
crescimento do setor comercial e à falta de espaço nessa área da cidade, sempre caracterizada
como área portuária ou “porta de entrada” de Salvador, sua área portuária. Esta perde seu
papel quando o governo opta pelo transporte rodoviário, gerando graves conseqüências para o
bairro do Comércio, onde se concentravam depósitos e armazéns que foram transferidos para
a estrada BR-324, deixando-o abandonado em sua maior parte. Na atualidade, início do século
XXI, o porto ainda recebe navios de passageiros. No bairro do Pilar, encontra-se o terminal do
ferry-boat para transporte de carros e passageiros para a Ilha de Itaparica e, em Água de
Meninos, ocorrem embarques e desembarques de mercadorias de grande porte, como os
veículos da fábrica Ford.
Comparando a foto panorâmica de Gaensly, aproximadamente do ano de 1900, com o perfil
de 1894, gerado pelo sistema e o “Visualização 3D” de 1894, percebem-se claramente as
semelhanças na volumetria das edificações representadas e a identificação das edificaçõesmarco destacadas no modelo.
Consulta Informativa: Edificação-marco
Figura 37 – Consulta informativa.
Elaboração: Heliana F, M. Rocha – 2007.
Mapa-base:
Referência:
Foto aérea vertical colorida de 2002, aplicada sobre MDT
CONDER
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Classificação: Quantitativa, dados do campo ano de “Início” por intervalos de tempo
Consulta:
Layer EDIFICAÇÕES: [Início] ≤ 2002 AND NOT [Fim] < 2002
Identify: Elevador Lacerda, com sua tabela de atributos e hyperlink63 para
uma fotografia.
Com a aproximação a uma determinada edificação-marco, como por exemplo o Elevador
Lacerda, nota-se a possibilidade da aplicação de bitmaps, nas superfícies do modelo
geométrico tridimensional, permitindo melhor reconhecimento do elemento com menor grau
de abstração. Trata-se do nível de detalhe “LOD-2”. Demonstra-se a opção Identify, que, ao
clicar o mouse na edificação, surge uma caixa de diálogo sobre a tela do programa, com os
dados alfanuméricos relativos à seleção. Outra opção é fazer um hiperlink do objeto com uma
determinada imagem. Este, ao ser selecionado, visualiza-se uma nova caixa de diálogo com a
referida imagem. Neste caso, uma fotografia da edificação selecionada, com data
correspondente ao período pesquisado.
63
Hyperlink é a referência ou elemento de navegação de um documento para outra seção do mesmo documento,
que automaticamente traz a referida informação para o usuário quando o elemento de navegação é selecionado.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho apoiou-se nas áreas de conhecimento de história e das tecnologias
computacionais com a finalidade de embasar uma aplicação voltada para visualização urbana.
Para alcançar esse objetivo, foi necessário desenvolver uma metodologia apropriada, que
destacasse os aspectos da imagem ambiental urbana em uma análise interpretativa da
iconografia antiga existente. De forma didática, foi necessária a escolha de uma área da
Cidade, como estudo de caso, pois, assim, o modelo conceitual do sistema pôde ser analisado
e alterado durante o processo. O trecho escolhido foi o bairro do Comércio, na Cidade Baixa
de Salvador, onde iconografia e documentos textuais relatam o quanto essa área foi alterada,
ao longo dos séculos, pelo seu avanço territorial para o mar e pela volumetria variada de sua
ocupação no tecido urbano.
A pesquisa inicial deste trabalho demonstrou que a representação digital está cada vez mais
presente nos estudos urbanos e que, ao incorporar a dimensão do tempo, podem ser
alcançadas análises enriquecedoras de importância documental para o resgate da memória da
cidade. Outro aspecto também comprovado foi uma maior flexibilidade na visualização das
informações, até então, muito complexas para se fazer cruzamentos de dados. Com o sistema
proposto, dados espaciais, temporais, textuais e imagens são gerenciados e manipulados de
forma a permitir inúmeros produtos para a análise urbana, principalmente para estudos sobre a
forma, a ocupação, a paisagem e a história da cidade. Especificamente, este trabalho
concentrou-se nas diversas possibilidades de visualização digital tridimensional que o sistema
pôde produzir e nos aspectos da paisagem ambiental urbana, apresentados durante a evolução
do bairro do Comércio. Com os resultados, foram identificadas as sobreposições,
transformações e permanências dos elementos da estrutura urbana, formando uma imagem
dinâmica desta área da cidade de fácil compreensão, visualizada tridimensionalmente.
Como previsto inicialmente, o trabalho foi focado na interoperabilidade do sistema e não,
necessariamente, na busca do fotorrealismo, não dando alta prioridade apenas ao impacto
visual dos modelos digitais, mas sim a sua compatibilidade dentro do próprio sistema e com
outras possíveis aplicações.
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Desse modo, as diversas possibilidades de cruzamentos dos temas trabalhados podem ser
ampliadas. Em geral, podem ser realizadas consultas ao sistema para análise da forma urbana
e da ocupação do espaço. Entretanto, dados podem ser acrescentados para possibilitar
cruzamentos mais específicos como, por exemplo, informações sobre uso do solo, legislação,
tipologia e estilos arquitetônicos das edificações, estado de conservação, ou mesmo,
informações sobre imóveis de valor significativo para preservação. Assim como os dados dos
Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), novas
categorias de análise também podem ser exploradas, como as relações de fluxos e distâncias,
acessos, circulação, espaço público x espaço privado, uso do solo – habitação x comércio x
serviços, sendo representados como camadas de informação que variam no tempo.
Além disso, este trabalho pode contribuir integrando-se ao modelo da cidade do Salvador,
construído em projeto anterior no LCAD, através de uma aplicação interativa que deverá
permitir ao usuário uma navegação no espaço urbano e no tempo.
Ao longo desse percurso, foram identificadas outras fontes, que podem ser consultadas
posteriormente, para ampliar o sistema. Por exemplo, levantar os planos urbanísticos e
legislação de cada período estudado, fazendo cruzamentos com os dados já disponíveis.
Certamente, nem todas as possibilidades foram implementadas por limitações de custo e de
tempo.
Entretanto, a metodologia aplicada foi legitimada pelo processo e pelos resultados obtidos,
podendo trazer contribuições para pesquisas futuras. Os produtos gerados pelo sistema,
principalmente as visualizações 3D, também se basearam em experiências próprias, sendo
analisados e representados de uma maneira não somente precisa e coerente, mas também
permitindo um sentido intuitivo no manuseio dos dados.
Em relação às tecnologias utilizadas no desenvolvimento do estudo, foi mantida a intenção
inicial de se aplicar apenas um pacote de software para evitar um grande número de conversão
de dados. Dessa forma, procurou-se utilizar o ArcGIS com seus aplicativos ArcMap para
manipulação de informações bidimensionais e o ArcScene para visualização tridimensional.
Além desses, foi utilizado o programa SketchUp com um plugin de conversão para ArcGIS
para a criação dos modelos geométricos tridimensionais das edificações-marco, que serviram
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127
de referência visual na análise dos modelos digitais gerados. Essa estratégia foi considerada
apropriada, durante todo o estudo, correspondendo às expectativas iniciais deste trabalho.
Em relação aos fundamentos teóricos deste trabalho, identificou-se que a metodologia,
embasada nas teorias da percepção e da imagem da cidade, pode ser utilizada não somente em
atividades como a busca de um novo desenho urbano, voltado para normatização e controle,
como no Plano de Estruturação da Orla Marítima de Salvador (PMS, 1988), mas também para
criar meios de interpretação de informações provenientes de uma grande quantidade de
iconografia antiga, sintetizando alguns dados e possibilitando seu cruzamento, em épocas
diferentes, com dados mais complexos e interdisciplinares da atualidade. Foi assim que o
método da apreensão da forma urbana foi aplicado como referência para interpretar espaços
urbanos não mais existentes.
Este registro espaço-temporal tridimensional tem qualidade documental para o patrimônio
físico e urbano da cidade, podendo agregar valor social e educativo à comunidade. Além
disso, como protótipo, antecipa um sistema de suporte a decisões de planejamento urbano,
que pode ser utilizado no processo de participação comunitária64, pelas qualidades de
flexibilidade nas consultas e em seus diversos níveis de visualização. Essa proposta pode ser
implementada, agregando-se a tecnologia web ao sistema original, ampliando sua
interatividade e disponibilizando a informação a um número maior de usuários, nesse caso, os
cidadãos.
Enfim, as tecnologias de Geoprocessamento foram utilizadas em uma nova abordagem,
focadas na representação digital do urbano de caráter histórico. Dessa forma, abrem-se novas
oportunidades em aplicações para preservação e documentação do patrimônio e para
processos de planejamento urbano participativo, utilizando a técnica da simulação de cenários
sobre o passado, presente e futuro. Esses cenários poderão ser gerados através da
implementação de um Sistema de Informações Geográficas e Históricas que gere modelos
temáticos tridimensionais de períodos de tempo distintos, com base na metodologia
desenvolvida e aplicada nesta dissertação.
64
Segundo a Lei No 3.345/83, publicada pela SEPLAM, o processo de participação comunitária é o conjunto de
procedimentos, definidos por normas específicas e apreciadas previamente pelo CONDURB – Conselho de
Desenvolvimento Urbano, que assegura a articulação entre a Administração, a Câmara Municipal e a
Comunidade, no sentido de fazer com que os interesses coletivos consubstanciem as diretrizes e metas do
planejamento urbano.
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Uma das contribuições, obtidas nesta dissertação, foi a possibilidade de integrar dados
históricos, suas respectivas representações espaciais planas e modelos tridimensionais,
relacionados com a dimensão do tempo. Isso pode auxiliar no resgate da memória da Cidade,
de forma interativa, dando suporte a temas, como, por exemplo, estudos de interferência
visual sobre monumentos. Outra possibilidade é a utilização dos produtos do SIG – mapas
temáticos e visualizações 3D – como material visual, que pode ser adicionado aos Planos de
Desenvolvimento Urbano das cidades, mostrando visualizações das mudanças, que
aconteceram na cidade ao longo do tempo, como auxílio à decisão.
Entre as tendências apontadas, a possibilidade de divulgar informações e resultados de
pesquisas que utilizam SIG através do World Wide Web, é uma das mais perseguidas, pela
existência de pacotes de software de Geoprocessamento que, no momento, já incluem essas
ferramentas, o ArcExplorer é a extensão do ArcGIS que permite essa aplicação. Essa
tecnologia está sendo chamada de Web GIS.
Outra forte tendência é o uso da tecnologia SIG, com recursos de visualização 3D
fotorrealísticos, para apoiar estudos sobre o aquecimento global, objetivando envolver o maior
número possível de pessoas no processo de conscientização ecológica.
Acima de tudo, a síntese de toda informação coletada no Sistema de Informações Geográficas
e Históricas para o Bairro do Comércio e os procedimentos metodológicos da pesquisa podem
ser estendidos e, posteriormente, aplicados em outras áreas urbanas que possuam informações
históricas com objetivos semelhantes, como por exemplo, outros bairros e, até mesmo, outras
cidades, permitindo gerar novos estudos de interpretação sobre a evolução da Cidade.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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GLOSSÁRIO
Análise espaço-temporal – técnicas analíticas associadas ao estudo da localização das
entidades geográficas e do período de tempo em que elas ocorrem, conjuntamente com seus
atributos.
Atributo alfanumérico – propriedade ou característica de um determinado elemento, por
meio de caracteres alfanuméricos, normalmente armazenados em forma tabular e relacionados
ao elemento por uma chave (link) definida pelo usuário. São também chamados de nãoespaciais, em oposição aos de natureza gráfica, que contemplam cores, padrão, símbolos,...
Banco de dados – coleção integrada de dados inter-relacionados, organizados em meios de
armazenamento de tal forma que podem ser tratados simultaneamente por diversos usuários,
com diversas finalidades.
Base de dados – coleção de dados de um sistema de informações geográficas.
Bitmap – é uma imagem digital ou imagem raster, arquivo de dados ou estrutura que
representa um retângulo de pixels, ou pontos de cores, no monitor de um computador, papel,
ou outra mídia. Também chamado de mapa de bits.
Cityscape – paisagem urbana.
Computação gráfica – é a área da ciência da computação que estuda a transformação dos
dados em imagem. Esta aplicação estende-se à recriação visual do mundo real por intermédio
de fórmulas matemáticas e algoritmos complexos.
Digital – termo derivado de dígito, caracterizando a representação numérica discreta de um
dado ou de uma grandeza física.
Dpi – dots per inch, é uma medida de resolução para impressão, especificamente, o número
de pontos individuais de tinta que uma impressora pode produzir em uma linha com uma
polegada de espessura.
Extrusão – técnica de modelagem também chamada de varredura translacional. O objeto
extrudado é obtido pela translação de uma superfície, por uma certa distância, ao longo de um
vetor ou geratriz.
Fly-through – recurso de animação que permite a visualização de um percurso determinado
através de um modelo geométrico tridimensional.
Feição – representação de um objeto do mundo real em um mapa
Feições 2.5D – termo que remete à feições de duas dimensões (planas) com atributo de altura,
podendo eventualmente ser visualizadas em três dimensões.
FOLDOC – Free On-line Dictionary of Computing. É um dicionário de assuntos sobre
computação, fundado em 1985 por Denis Howe. Fica hospedado no Imperial College London.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
139
Fotorrealismo – característica de uma representação gráfica que objetiva aproximar-se ao
máximo da situação real.
Georreferência – referência com as coordenadas geográficas da superfície da Terra.
Hardware – é a parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos,
circuitos integrados e placas, que se comunicam através de barramentos.
Hiper-realidade – aquilo que vai além do mundo, um mundo que é mais real do que real, que
pressupõe e precede o real (segundo Baudrillard).
Hiper-realismo – também conhecido como realismo fotográfico ou fotorealismo é um estilo
de representação gráfica, que busca mostar uma abrangência muito grande de detalhes,
tornando-a quase idêntica a uma fotografia ou a uma cena da realidade.
Hyperlink – referência ou elemento de navegação de um documento para outra seção do
mesmo documento, que automaticamente traz a referida informação para o usuário quando o
elemento de navegação é selecionado.
Interface com o usuário – em um sistema computacional, conjunto de elementos de
hardware e software destinados a possibilitar a interação com o usuário.
Internet – é a tecnologia de informação e comunicação que envolve um conglomerado de
redes em escala mundial de milhões de computadores interligados que permite o acesso a
informações e todo tipo de transferência de dados.
Interpolação – processo em que se determina o valor duma função em um ponto interno dum
intervalo a partir dos valores da função nas fronteiras desse intervalo
Landscape Visualization – refere-se ao processo de visualização da paisagem natural.
Laser scanning – tecnologia de levantamento cadastral de alta definição que utiliza
dispositivo de entrada 3D (scanner 3D) que mapeia objetos e cenas através da coleta de
nuvens de pontos com coordenadas (x,y,z). Também chamada LIDAR - Light Detection And
Ranging.
LIDAR - Light Detection And Ranging, relativo à laser scanning, processo de captura de
dados tridimensionais utilizando tecnologia de scanner tridimensional.
Multipatch – feição tridimensional ou volumétrica. É um tipo de shapefile, ou formato de
dado vetorial de uma feição geográfica, que remete de volta às especificações originais. São
especificações sobre a compactação do objeto, originado em uma superfície plana, para se
obter uma feição 3D.
Overlay – técnica de sobreposição de camadas, normalmente utilizada para análises espaciais
que envolvem temas diferentes..
Panorama – montagem de imagens dispostas de forma circular ou esfericamente em ângulos
de 180o ou 360o que dão uma sensação de inserção no ambiente, visualizando-o a partir de um
ponto fixo central às imagens.
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140
Pixel – menor unidade gráfica visualizada na tela do computador, que pode ser controlada
individualmente e que contém informações sobre cores e intensidade (brilho). Palavra criada a
partir da expressão em inglês picture element.
Plugin – é um programa de computador que serve normalmente para adicionar funções a
outros programas para prover alguma função particular ou muito específica.
PPGIS – Public Participatory Geographic Information System: sistemas de informações
geográficas utilizados por membros da sociedade, tanto como indivíduos ou grupos, para
participação no processo de gestão ou planejamento público (coleta de dados, mapeamento,
análise e/ou tomada de decisão).
Raster – estrutura de representação de dados espaciais em que os elementos são codificados
na forma de uma matriz (grid). Quanto menor for o tamanho da quadrícula dessa matriz,
maior será a semelhança com a representação vetorial do elemento. O tamanho da quadrícula
é função da escala de trabalho e do nível de detalhe desejado.
Rasterização ou Scanning – processo de transformar um mapa do formato analógico para o
formato digital, utilizando a estrutura raster. A codificação é feita atribuindo-se a cada
quadrícula o valor correspondente ao atributo estudado.
Realidade Aumentada – é a sobreposição visual de objetos virtuais gerados por computador
em um ambiente real, utilizando para isso algum dispositivo tecnológico.
Realidade Virtual – é uma técnica avançada de interface que permite ao usuário realizar
imersão, navegação e interação em um ambiente sintético 3D gerado por computador,
utilizando canais multi-sensorais. (AZEVEDO; CONCI, 2003)
Renderização – termo utilizado para descrever um desenho, rascunho, plano ou outro
trabalho artístico que representa algo no papel ou outra mídia. Também chamado de
acabamento. Em computação gráfica, pode ser a geração de uma imagem a partir de um
modelo tridimensional, por meio de programas de computador, podendo conter informações
de geometria, ponto de vista, textura e iluminação. O produto final é uma imagem digital ou
raster.
Shapefile – formato de dado vetorial de uma feição geográfica, usado originalmente pelo
software ArcView, da ESRI, e que tornou-se padrão para a maioria dos pacotes de software
utilizados em geoprocessamento.
Software – sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação,
redirecionamento ou modificação de um dado/informação ou acontecimento. Em
contraposição ao hardware, o software é a parte lógica, ou seja, o conjunto de instruções e
dados que é processado pelos circuitos eletrônicos do hardware. Programa de computador.
Software livre – refere-se a todos os programas de um sistema de computador gratuitos,
normalmente, distribuídos pela Web.
Touch screen – é uma tela de exibição que pode ser usada como dispositivo de entrada de
dados através do toque do usuário, substituindo os periféricos padrões de entrada de dados.
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141
VRML – Virtual Reality Modeling Language – é uma linguagem que descreve as seqüências
de imagens de cenas geradas a partir de modelos tridimensionais e as interações de possíveis
usuários que as manipulam. Aplica-se à Web, onde o usuário interage por visualização,
movimento, rotação, interagindo com uma cena, aparentemente em 3D, como se estivesse no
espaço real.
Walking tour – são percursos predefinidos no modelo urbano digital, que equivalem a um
passeio virtual do ponto de vista do pedestre.
Web GIS, ou GIS online – tecnologia de Sistemas de Informações Geográficas aplicadas e
disponibilizadas via Web.
Webpage – página que é disponibilizada na internet com conteúdo específico. É um recurso
de informação condicionado à Web (World Wide Web) e pode ser acessado através de um
Web browser. Essa informação está geralmente nos formatos HTML ou XHTML, e podem
vincular navegação para outras webpages, via links de hipertexto.
Website – é um conjunto de páginas Web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente pelo
protocolo HTTP, no World Wide Web.
Wireless – uma rede de computadores, onde não há conexão física entre o servidor e o
receptor, mas por transmissão de ondas de rádio.
World Wide Web, ou Web ou WWW – significa “rede de alcance mundial" – recurso ou
serviço oferecido na internet (rede mundial de computadores), e que consiste em um sistema
distribuído de acesso a informações, as quais são apresentadas na forma de hipertexto, com
elos entre os documentos e outros objetos (menus, índices), localizados em pontos diversos da
Rede. O conjunto de todos os sites públicos existentes compõem a World Wide Web.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
Apêndice
143
APÊNDICE A: Principais funcionalidades dos programas pesquisados
SketchUp
NOME DO PROGRAMA:
Pro 5
VERSÃO ESTUDADA:
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa que permite criação, modelagem 3D e
visualização
Tipo: Independente
Histórico: Primeira versão criada em 1999, pela Last Software
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: Google Inc.
Distribuidor: Google Inc.
Endereço: 1433 Pearl St., Suíte 100 – Boulder, CO 80302
Fone/fax: (1) 303.245.0086 (Online Store)
Página na Internet: www.sketchup.com
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows ou Macintosh
Compatibilidade: Arquivos formato .skp: exporta .mdb c/ ArcGIS plugin;
exporta .3ds, .kmz
Preço: US$ 495 (versão simplificada Google SketchUp, disponível
gratuitamente na web)
Equipamento necessário: Windows NT (SP 3, no mínimo), 2000 e XP ou Mac OSX
(10,3 min)
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de representação: Em 2D e 3D, simultaneamente.
Recursos de manipulação: Integração entre 2D e 3D.
Recursos de visualização: Visualizações estáticas (vistas ortogonais e modelo 3D) e
dinâmicas (visualização do ponto de vista em tempo real e
geração de animações).
Interface Gráfica: Apresenta clareza e é de fácil aprendizado com uma janela
de visualização 3D, podendo ser acionadas outras janelas.
Representação e Modelagem feita por superfícies formadas por faces, arestas e
Gerenciamento dos Dados: vértices. Recurso para modelagem de terreno por superfície
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
ArcGIS (extensões: ArcMap - visualização 2D e ArcScenevisualização 3D)
VERSÃO ESTUDADA:
9.0
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa completo de Geoprocessamento que permite
visualização, mapeamento, gerenciamento e análise de
dados.
Tipo: Independente
Histórico: Versão 9.0 criada em 2004
Nacionalidade: americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: ESRI
Distribuidor: ESRI Distributors World Wide
Endereço: 380 New York Street
Redlands, CA 92373-8100
Fone/fax: (1) 909-793-2853 ext. 1-1235/ (1)909-307-3070
Página na Internet: www.esri.com/software/arcgis/index.html
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Arquivos formato .shp; plugins p/ SketchUp e Google Earth.
Preço: US$ 2.500 por cada extensão, em média.
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de representação: Em 2D e 3D, simultaneamente. É composto por aplicações,
como ArcMap; ArcScene; ArcCatalog; ArcGlobe;
ArcReader e por extensões adquiridas a parte, como 3D
Analyst; Spatial Analyst; Tracking Analyst, entre outros.
Recursos de manipulação: Integração entre 2D e 3D; georreferência.
Recursos de visualização: Visualizações estáticas (mapas temáticos 2D e modelos
temáticos 3D) e dinâmicas (fly-through e walk around).
Interface Gráfica: É necessária a compreensão da lógica de interrelação entre
as diversas aplicações e extensões do programa.
Representação e Modelos 3D gerados por inserção da cota Z nas feições
vetoriais planas. Modelagem digital de terreno por nós,
Gerenciamento dos Dados:
arestas, triângulos, polígonos e topologia. Utiliza layers.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
145
NOME DO PROGRAMA:
Autodesk Map 3D
VERSÃO ESTUDADA:
2007
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Permite a criação e edição de dados espaciais, integrando
CAD e SIG. Contém todos os recursos e funcionalidades do
AutoCAD 2007.
Tipo: Independente
Histórico: primeira versão do Autodesk Map 3D criada em 2005
Nacionalidade: americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: Autodesk
Distribuidor: Autodesk Authorized Resellers
Endereço: Autodesk, Inc.
111 McInnis Parkway
San Rafael, CA 94903 USA
Fone/fax: 1-800-440-4198/ 1-415-507-4933
Página na Internet: http://usa.autodesk.com
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Arquivos formato .sdf; importa/exporta aquivos da maioria
dos programas SIG (.shp, .mif, .mid, .tab, .dgn) e XML.
Preço: US$ 5.295
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de representação: Em 2D e 3D, simultaneamente. Possui extensões como o
SQL Server e o Discovery Web Server.
Recursos de manipulação: Integração entre 2D e 3D; georreferência.
Recursos de visualização: Visualizações estáticas e dinâmicas. O render é feito com a
aplicação Display Manager.
Interface Gráfica: Similar ao AutoCAD, facilitando o aprendizado para os
usuários familiarizados com este.
Representação e Relaciona dados raster e vetoriais. Conecta-se ao Oracle
Gerenciamento dos Dados: para gerenciar dados.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
MapInfo Professional
VERSÃO ESTUDADA:
7.0
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de Geoprocessamento que permite visualizar a
integração entre dados e geografia.
Tipo: Independente
Histórico: Fundação da empresa em 1986
Nacionalidade: americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: MapInfo
Distribuidor: MapInfo
Endereço: One Global View
Troy, NY 12180
Fone/fax: 1-518-285-6000/ 1-518-285-6070
Página na Internet: http://www.mapinfo.com
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Arquivos formato .mif como Universal Translator.
Preço: US$ 1.495,00
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de representação: Em 2D. Possui extensões como MapPLOT e GeoAS
MapCAD.
Recursos de manipulação: Georreferência.
Recursos de visualização: Visualizações estáticas (mapas temáticos).
Interface Gráfica: Apresenta clareza e é de fácil aprendizado com uma janela
de visualização 2D, podendo ser acionadas outras janelas.
Representação e Utiliza o recurso de workspace e layers para visualizar parte
Gerenciamento dos Dados: do banco de dados no desktop.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
CommunityViz
VERSÃO ESTUDADA:
3.2
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de Geoprocessamento que permite visualizar,
analisar e comunicar importantes decisões sobre o uso do
solo. Explora alternativas de uso do solo, analisa impactos
potenciais e modela visões de futuro para comunidades.
Tipo: Extensão do ArcGIS (versões anteriores independentes).
Histórico: Primeira versão do CommunityViz Suíte 1.2 criada em 2001
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: Orton Family Foundation
Distribuidor: Placeways
Endereço: PO Box 295
Manchester Village, VT 05254
Fone/fax: 866.953.1400
Página na Internet: http://www.communityviz.com/
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Compatível com ArcGis 9.2; Plugjns p/ SketchUp e Google
Earth; Internet.
Preço: Scenario 360 e SiteBuilder = US$ 279
ModelBuilder = US$ 745
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Em 3D. Extensões: Scenario 360, para análises interativas;
representação: SiteBuilder 3D e ModelBuilder 3D para visualizações 3D.
Recursos de manipulação: Georreferência.
Recursos de visualização: Visualizações 3D interativas (fly-through, walk around).
Interface Gráfica: Similar ao ArcGis, facilitando o aprendizado.
Representação e Utiliza layers e gera janelas para comparação de cenários;
Gerenciamento dos Dados: opção Timescope (linha do tempo) e gráficos.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
Visual Nature Studio
VERSÃO ESTUDADA:
2.5
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de visualização 3D fotorrealística de cenários
urbanos, rurais e paisagens, modelos de terrenos, rendering e
animação, com precisão e flexibilidade para aplicações SIG.
Tipo: Independente.
Histórico: Empresa fundada em 1996. Lança o WCS.
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: 3D Nature, LLC
Distribuidor: 3D Nature, LLC
Endereço: 13195 West Chenango Ave, Morrison, CO USA 80465
Fone/fax: (303) 659-4028/ (303) 904-9533
Página na Internet: http://3dnature.com
Email:
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Suporta vários formatos de terreno, objetos 3D, dados
vetoriais, pontos, imagens, seqüência de imagens e dados
diretos de SIG. Com Scene Express 2, exporta-se p/ Google
Earth, ArcExplorer, OpenFlight, VRML, entre outros.
Preço: US$ 2.475 (Scene Express = US$ 520)
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Proporciona diversos níveis de detalhe. Forestry Edition é
representação: uma extensão que auxilia a apresentação de projetos sobre o
meio ambiente, articulando com uma maior audiência.
Recursos de manipulação: Georreferência.
Recursos de visualização: Visualizações 3D estáticas e dinâmicas com uso de
biblioteca de objetos 3D sobre paisagem natural e urbana.
Interface Gráfica: Amigável.
Representação e São oferecidas aplicações para rendering e rendering em
Gerenciamento dos Dados: rede para melhorar a performance do acabamento.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
World Construction Set
VERSÃO ESTUDADA:
6
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de visualização 3D de cenários urbanos, rurais e
paisagens, em um nível conceitual, com pouca precisão
científica e acurácia geográfica. Mais artístico.
Tipo: Independente.
Histórico: Primeira versão do WCS em 1996.
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: 3D Nature, LLC
Distribuidor: 3D Nature, LLC
Endereço: 13195 West Chenango Ave, Morrison, CO USA 80465
Fone/fax: (303) 659-4028/ (303) 904-9533
Página na Internet: http://3dnature.com
Email:
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Suporta vários formatos de terreno, objetos 3D, dados
vetoriais, imagens, seqüência de imagens e dados diretos de
SIG. Com Scene Express 2, exporta-se p/ Google Earth,
ArcExplorer, ArcMap, OpenFlight, VRML, entre outros.
Preço: US$ 500 (Scene Express = US$ 350)
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Rendering georreferenciado, pós-processamento de imagens
representação:
Recursos de manipulação: Ferramentas de animação; Módulo multi-usuário
Recursos de visualização: Pode-se aplicar a quantidade de detalhe necessária para cada
tipo de projeto.
Interface Gráfica: Galeria de componentes/objetos; controle por joystick de
visualizações OpenGL em tempo real
Representação e Scene-at-a-glance – permite a visualização de toda a cena do
Gerenciamento dos Dados: projeto em uma única lista
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
VistaProRenderer
VERSÃO ESTUDADA:
4.2.7
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de visualização 3-D, rendering de cenários
fotorrealísticos e animação.
Tipo: Independente.
Histórico: Primeira versão em 2004.
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: Virtual Reality Laboratories
Distribuidor: Monkey Byte Development
Endereço:
Fone/fax: 805/545-8515
Página na Internet: http://www.vendornation.com
Email:
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Exporta .dxf
Preço: US$ 49.99
Equipamento necessário: Windows 95/98/Me/NT/2000/XP
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Permite criar seqüências complexas de animação usando um
representação: determinado veículo.
Recursos de manipulação: Ajusta posição e ângulo da câmera, iluminação, nuvens,
terreno, atmosfera, entre outros.
Recursos de visualização: Renderização rápida de imagens estáticas e animações
Interface Gráfica: Desenha cenários fractais.
Representação e Utiliza mapas geológicos reais e/ou criações.
Gerenciamento dos Dados:
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
Envision
VERSÃO ESTUDADA:
2.20 (desde 2004)
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de visualização 3-D e rendering de cenários
fotorrealísticos, aplicável a projetos de grandes dimensões.
Tipo: Independente.
Histórico: Primeira versão em 1999.
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: USDA Forest Service, Pacific Northwest Research Station
Distribuidor: USDA Forest Service
Endereço:
Fone/fax:
Página na Internet: http://forsys.cfr.washington.edu/envision.html
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade:
Preço: Gratuito.
Equipamento necessário: Windows 95 , 98, NT, com OpenGL
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Não permite representar mudanças na paisagem ao longo do
representação: tempo.
Recursos de manipulação: Permite criar simulações e fotomontagens com o uso de um
modelo de câmera virtual geometricamente correta.
Recursos de visualização: Simula a posição do Sol e efeitos da atmosfera.
Interface Gráfica: Amigável.
Representação e Seus componentes básicos incluem um modelo digital de
Gerenciamento dos Dados: terreno, cores e texturas para a superfície, polígonos, linhas e
pontos e objetos (ou atores) da cena. O cenário é definido
por uma imagem de fundo, ponto de vista /câmera.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
152
NOME DO PROGRAMA:
SmartForest
VERSÃO ESTUDADA:
II
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Simulador 3D de ecossistemas. O usuário pode interagir ao
plantar árvores, ver seu crescimento e assistir processos de
ataques de insetos, incêndio e monitorar a biodiversidade,...
Tipo: Independente.
Histórico: Primeira versão em 1999.
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: The Imaging Systems Laboratory (Imlab) - Department of
Landscape Architecture - Pennsylvania State University: US
(PA)
Distribuidor: The Imaging System Laboratory - Pennsylvania State
University: US (PA)
Endereço:
Fone/fax: 814-865-0991/ 814-863-8137
Página na Internet: http://www.imlab.psu.edu/smartforest/
Email: [email protected]
Ambiente(s): Está sendo desenvolvido para Windows 95/98/NT.
Compatibilidade:
Preço: Gratuito.
Equipamento necessário: Unix com plataforma IBM RS/6000.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Está sendo criada uma extensão para o ArcMap /ArcGis.
representação:
Recursos de manipulação: Permite analisar o estado do ecossistema e de cada árvore.
Recursos de visualização: Os usuários podem visualizar os impactos de decisões de
planejamento ambiental.
Interface Gráfica: Janelas de visualização 3D, elevação e tabela de árvores.
Representação e Cada símbolo de árvore representa dados como tipo,
Gerenciamento dos Dados: dimensão e vigor.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
153
NOME DO PROGRAMA:
Ecomodeler
VERSÃO ESTUDADA:
3.0
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Programa de visualização de dados de SIG-3D com rapidez e
precisão.
Tipo: Requer o software World Construction Set 5 Special Edition.
Histórico: Primeira versão em 2003.
Nacionalidade: Canadense
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: Viewscape3D Graphics Ltd.
Distribuidor: Viewscape3D Graphics Ltd.
Endereço: #218-475 Birch Ave. S.,Box 220,
100 Mile House, British Columbia
Canada V0K 2E0
Fone/fax: 1-250-395-4676/ 1-250-395-1855
Página na Internet: http://viewscape3d.com/
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: Importa dados de elevação em .dxf , .shp (ESRI) e .dgn
(Microstation); converte informação geoespacial e atributos
ambientais p/ World Construction Set 5 Special Edition
(WCS 5 SE) ou Visual Nature Studio Special Edition (VNS
SE)
Preço: Ecomodeler 3.0 = US$1900; Ecoviewer = gratuito
Equipamento necessário: Windows XP ou 2000, com GeForce 4 128 MB
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Os módulos 3D viewer e Ecoviewer são extensões p/
visualização. O GeoData Editor é uma ferramenta
representação:
independente de conversão de dados p/ construir modelos 3D
de dados SIG.
Recursos de manipulação: Modela de forma precisa as espécies, alturas e densidades de
florestas. Posiciona automaticamente arquivos de imagens
georreferenciadas do tipo .bmp and .tiff .
Recursos de visualização: Representa terrenos, água e florestas, detalhadamente.
Interface Gráfica:
Representação e Possui editor de layers, possibilitando controle de layers
Gerenciamento dos Dados: temáticos.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
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NOME DO PROGRAMA:
LandXplorer Studio Professional
VERSÃO ESTUDADA:
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Modela cidades virtuais e ecossistemas complexos, em um
sistema de integração SIG-3D. Oferece novos conceitos e
soluções para apresentação, exploração, análises, edição,
documentação e comunicação de geoinformação, interligadas
a banco de dados específicos.
Tipo: Independente.
Histórico: A 3D Geo GmbH é parte do Hasso Plattner Institute, de 1998
Nacionalidade: Alemã
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: 3D Geo GmbH
Distribuidor: Virtual City Systems
Endereço: Virtualcitysystems GmbH
Annaberger Strasse 73
09112 Chemnitz
Fone/fax: 0049.(0)371.40097-65/ 0049.(0)371.40097-19
Página na Internet: http://www.3dgeo.de/
Email: [email protected]
Ambiente(s): Windows; opcional Linux
Compatibilidade: XML, VRML, formatos CAD, ESRI, formatos 3D, MapInfo
Preço: 3.439,00 €
Equipamento necessário: Windows XP, 2000; NVidia GeForce FX; ATi Radeon 9800
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Cria documentos 3D interativos como objetos-base.
Visualiza e comunica os resultados interativamente.
representação:
SmartBuildings – módulo p/ produção interativa de modelos
em níveis de detalhe diferentes.
Recursos de manipulação: A coleção de módulos opcionais suporta texturas de terrenos
de larga escala, modelos de cidades 3D de larga escala,
animação e direitos digitais.
Recursos de visualização: Visualização em diversos níveis de detalhe (LOD).
Interface Gráfica: Similar ao ArcGis.
Representação e A estrutura de dados geográficos ou geodatabase 3D
gerencia os dados interligados a metadados, qualificando-os
Gerenciamento dos Dados:
para diversas aplicações técnicas específicas e apresentações.
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
155
NOME DO PROGRAMA:
E&S RAPIDsite
VERSÃO ESTUDADA:
Não se aplica
CARACTERIZAÇÃO:
Aplicações: Permite criação rápida de modelos 3D fotorrealísticos e de
visualização interativa na escala de desenvolvimento urbana
e suburbana. É uma coleção de programas que aceitam dados
e modelos de programas SIG e CAD e usam imagens
fotográficas como fonte de materiais para criar modelos
completos de terrenos existentes com elementos urbanos
como edificações, vegetação e panorama de fundo.
Tipo: Independente.
Histórico: Evans and Sutherland, fundada em 1968.
Nacionalidade: Americana
DADOS DO FABRICANTE:
Nome: Evans & Sutherland Computer Corporation
Distribuidor: Evans & Sutherland Computer Corporation
Endereço: Evans & Sutherland Computer Corporation 600 Komas
Drive Salt Lake City, UT 84108 USA
Fone/fax: 1- 801-588-1000
Página na Internet: http://www.es.com
Email:
Ambiente(s): Windows
Compatibilidade: USGS DEM e SDTS; .shp da ESRI e arquivos .dwg do
AutoCAD; conversão para .AVI.
Preço: RAPIDsite Creator = US$ 5,990;
RAPIDsite Explorer = US$1,995
Equipamento necessário: Windows NT, 2000; Open GL
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
Recursos de Cria modelos a partir de CAD, SIG e imagens. Inclui
terrenos 3D, vegetação, biblioteca e panoramas de fundo.
representação:
Recursos de manipulação: Os usuários podem criar, editar, armazenar, gerar animações
e imagens estáticas de qualquer ponto de vista
Recursos de visualização: As cenas podem ser visualizadas interativamente,
renderizadas com alta resolução, de forma estática ou
convertidas em vídeos digitais
Interface Gráfica: É preparado p/ modelar e texturizar uma área de 500m de
largura, c/ um perímetro menos detalhado de até 2000m.
Representação e Trabalha c/ extensões: Building Modeler, Cutout Modeler,
Gerenciamento dos Dados: Picture Modeler, Panorama Modeler, Terrain Modeler,
Perimeter Texture Tool, Site Layout Tool e Site Texture Tool
Heliana Faria Mettig Rocha - 2007
APÊNDICE B: Quadro de Eventos sobre a Cidade Baixa e o Frontispício de Salvador, desde o século XVI ao século XX
Período
Séc.
XVI
Séc.
XVII
Contexto Político
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
1549: Tomé de Souza – 1º
Governador Geral do Brasil –
Fundação de Salvador
1560-1567: Mem de Sá, 3º
Governador do Brasil
1580-1640: período filipino
1536: “Francisco Pereira Coutinho,
1º. Donatário da Bahia. Sua
Fortaleza, Povoação e Sesmaria”,
documento
1549: Planta de Restituição de
Salvador, por Theodoro Sampaio
(1949)
1550-1570: “Arredores da Cidade de
Salvador da Bahia de Todos os
Santos” restituição de Theodoro
Sampaio, em 1949 – registradas as
localidades de Vila Velha,Graça e
Vitória, Rio Vermelho, aldeia de São
Paulo (Brotas)
1551: Carta do mestre de obra Luís
Dias (a parte baixa da cidade tinha
apenas uma rua)
1583: Cardim descreve a cidade
1587: publicada a 1ª descrição geral
da cidade por Gabriel Soares de
Souza “...da banda do norte tem as
casas do negócio da Fazenda,
alfândega e armazéns,...”
1549: Fundação da cidade e uma
única rua na Cidade Baixa, onde
foram implantados os primeiros
prédios ligados ao porto
1551:cerca de muros de taipa com
“dois baluartes ao longo do mar e
quatro da banda da terra” (Soares de
Souza,1987:129-30);
Crescimento inicial em forma linear;
segundo Luis Dias: construção de
moradias da Ribeira do Goes até o pé
da Lad. da Preguiça; construção do
baluarte de Santa Cruz na Ribeira dos
Pescadores
2ª metade séc.: ancoradouro
como Porto
1549: a área do porto, na Ribeira
do Góes foi protegida por um
baluarte de madeira, em cima de
um rochedo (Mapa de 1638)
1550: um estaleiro já funcionava
na Ribeira do Góes, em frente à
ermida da Conceição
1591: o novo estaleiro e o
arsenal foram concluídos
1549-1553: Abertura da Lad. da Conc
e da Preguiça
1587: da Praça principal desciam dois
caminhos em direção à Cidade Baixa
1624: 1ª invasão holandesa –
demoliram 2 fortificações, construíram
o 1º dique e traçaram as bases de
novas fortificações; ocupação do
Forte de São Marcelo pelos
holandeses
1638: ataque comandado por Nassau
1640: os governantes passam a ter o
título de Vice-Rei
1654: Capitulação dos holandeses em
Pernambuco
1653: as terras da cidade foram
tombadas
1689: Revolta dos Terços (atraso de 9
meses do pagamento da tropa)
1600: “Cidade do Salvador com o
litoral da Preguiça no Ano de 1600”,
reconstituição do séc.XX, vista a
partir do mar (Paulo Lachenmayer,
Wanderley Pinho)
1605 (publicada em 1625): 1ª planta
conhecida de Salvador, de João
Teixeira Albernaz I, mostra a cidade
2x maior que em 1549 com seus
limites
1609: Relatório e iconografia de
Diogo Moreno
1609-1612(e): “Perfil da Cidade do
Salvador da Bahia de Todos os
Santos...”, 1º. perfil da cidade,
atribuída ao Eng. Cristóvão Alves
(construções baixas e proporções
reduzidas de algumas igrejas,
Conceição da Praia ainda sem torre)
1610:1º relato de um viajante
estrangeiro, Pyrard de Laval
1612: “Livro que dá razão ao Estado
do Brasil”, por
Diogo de Campos Moreno (visão do
sistema defensivo da cidade)
1605: cidade de traçado relativamente
regular, respeitando a topografia
acidentada
1623: criada a freguesia da
Conceição da Praia, confirmando o
desenvolvimento da parte baixa da
cidade
1671: desabamento na Lad. da
Conceição e na Misericórdia
1693: as trincheiras da cidade foram
reedificadas
1695: primeira provisão de
alinhamento estabelecida, visando
“evitar os danos e torturas das ruas
em que se fazem casas
ordinariamente nos arrebaldes...”
estipulando 30 dias de cadeia
1650-1763: período em que
foram implantados os principais
edifícios do conjunto
arquitetônico e urbanístico de
caráter monumental
1651: autorizada a construção do
Arsenal da Marinha, onde a partir
de 1717 uma provisão real
determinou a construção de um
navio c/ 60 canhões por ano com
os recursos da dízima da
Alfândega
1655: início do Estaleiro Real c/ a
construção de naus de grande
dimensão
1676: Dellon, em sua visão de
conjunto, mostrou o porto como
um dos maiores e cômodos do
oceano, uma grande baía e
observa pesca de baleias
1696: todo comércio era feito em
navios portugueses (Dampier,
viajante)
1610: “havia um mecanismo que desc
subia as mercadorias” (Laval)
1626: As Carmelitas solicitaram sesm
na Cid. Baixa para instalar seu guinda
1628: Fonte dos Padres, no Taboão, f
remodelada com a construção de 2 bi
1699: os escravos tinham a função de
cavalos e transportavam as mercador
mais pesadas
Período
Contexto Político
Iconografia e Documentos
1711: Motim do Maneta – população
pobre se revoltou contra as taxas
sobre os produtos importados
(liderado por João de Figueiredo
Costa – o “Maneta”)
1712: trincheiras foram levantadas
para defesa da cidade contra um
possível ataque francês
1714-1718: vice-reinado de D. Pedro
de Noronha, conde Vila Verde e
Marques de Angeja
1728: Revolta contra a Justiça Militar
1750-1777: Reinado de D. José em
Portugal, regime pombalino
1759: expulsão dos Jesuítas
1763:transferência da capital de
Salvador p/ o Rio
1765:criado o Corpo Regular de
Artilharia
1768/69: Marquês de Lavradio
(governador da Bahia)
Vereeniging Nederlandsh
Scheepvaart Museum, de Amsterdã
(fronstispício com artilharias
mostradas com a fumaça do disparo
dos canhões)
1631: “Planta da Restituição da
Bahia”, por João T. Albernaz (linha de
costa do início séc.XVII)
1638: “Desenho das forteficações e
trincheiras que se fizerão em deffença
do inimigo”, por Eng. Militar português
desconhecido (retrata as obras de
defesa em destaque junto aos prédios
da Cid.Baixa); (acervo do Museu
Algemeen Rijksarchief de Haia,
Holanda); data aproximada
1647: “Civitas S. Salvatoris”, mapa
holandês mais esquemático, mostra o
dique
1676: visão de conjunto, por Dellon
1696: “St. Salvador. Ville Capitale du
Brésil” (frontispício), por François
Froger (destaca-se um navio em
construção e o Forte de S. Marcelo);
chegou num momento em que uma
frota de 45 navios estava sendo
carregada
1699: Dampier encontrou uma frota
com mais de 30 navios europeus
protegidos por 2 navios de guerra e
outros 2 navios destinados a negociar
na África
No período, não temos ainda mapas
precisos de Salvador, mas os
frontispícios compensam
parcialmente, dando uma visão de
conjunto
1714: Mapa, Perfil e Frontispício
“Plan de la Ville de St. Salvador
capitale du Bresil”, por Frezier: já
mostra a Sé c/ 2 torres; indica o fort
Praya (São Marcelo), uma Baterie du
Port Chaloupes, e uma Batterie de
lÁrsenal; a fortaleza do Campo da
Pólvora (construída em 1682 e
demolida em 1702)
1715: “Planta da Cidade da Bahia”,
mapa com proposta de novo sistema
de fortificações, pelo Brigadeiro João
Massé (não implementado);
(identificação dos aterros do séc.XVII
1631-1715)
1716: “Vue de la Ville de St. Salvador
Séc.
XVII
Séc.
XVIII
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
Freguesias da Conceição da Praia e
do Pilar. Mudança nos limites da
cidade.
Cid. Baixa: reduzida faixa de terra,
com edifícios de 4, 5 andares, lojas e
armazéns, numa única rua
longitudinal, tortuosa e estreita
(armazéns, trapiches, mercados –
inclusive o de escravos –, comércio
atacadista e varejista, escritórios de
importadores e exportadores,
pequenas indústrias e agências
marítimas)
1714: forma da cidade radioconcêntrica e compacta, tendo em
vista os limites à expansão: ao leste,
o Dique do Tororó; ao norte, o Forte
de Santo Antônio; ao sul, pelos Fortes
de São Pedro, São Paulo e a Casa da
Pólvora
1721: desabamento na Lad. da
1737: Jesuítas constróem seu
cais próprio p/ fins comerciais,
entre o Cais do Lixo e o do Sodré
1781: o comércio de exportação
na Bahia era maior do que nas
outras cidades do Brasil
1785 e 1798: os mapas mostram
um alargamento da freguesia da
Conceição com os aterros
efetuados sobretudo na área em
frente ao antigo colégio dos
jesuítas
1795: Porto de Salvador como
uma escala importante
1796-1797: Salvador ainda era o
maior porto exportador do Brasil
(a partir de 1798 passou para o
2º lugar, após o porto do Rio)
1791: permitido o comércio intercolonial
1706: construído armazém para depós
de farinha
1763: ladeira do Pilar à Cruz da Rede
Período
Séc.
XVIII
Contexto Político
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
de fim de regime monárquico);
Conjuração Mineira
1791: rebelião escrava no Haiti
(exemplo p/ os escravos brasileiros)
1797: instalação do serviço postal
com as outras capitanias, pelo Estado
1798: Sedição dos Alfaiates, em
Salvador (influência da Revolução
Francesa)
(evolução construtiva da cidade ao
comparar com os Frontispícios de
1696 e 1714); 2 torres na Sé (apesar
de 1 já demolida); os principais
trapiches de particulares e um da
Congregação de São Felipe Néri; cais
especializados pertencentes a
particulares e a Jesuítas; prédios em
frente à baía com 5 andares; Casa da
Inspeção e Intendência e a
Alfândega; Ig. da Conceição da Praia
(em construção), Fortes de S.
Francisco, do Mar, a bateria da
Ribeira, o Arsenal e a bateria de São
Paulo; Mosteiro de S.Bento; Forte de
São Pedro em destaque; destaca o
Forte de Sto. Antônio; Capela de
N.Sra. da Conceição dos Pardos sem
suas torres; Ig. do Rosário dos Pretos
sem suas torres
1759: Livro do Censo, por Eng. José
Antônio Caldas (quantitativo do clero
regular e das principais irmandades
leigas), sobre o “Governo Militar”
1774/1775: Censo Eclesiástico
(população, raça, profissão)
1777: Planta por José Antônio Caldas
(identificação da çinta de costa e
grandes aterros 1715-1777; facilita a
compreensão da ocupação
quantificada pelos Censos de 1757,
1759 e 1774)
1779: “Elevasam, e Fasada, que
mostra em prospecto pela marinha a
Cidade do Salvador ...”, por Carlos
Julião
1779: “Planta Ichonografica da
Cidade de Sam Salvador na Bahia
detodos os Santos na América
Meridional aos 13 graos de latitude, e
315 graos e 36 minutos de longe”
(atribuída à Caldas, por OLIVEIRA
(2004:127,128))
1782: “La Baye de Tous les Saints.
Ancienne Capitale du Brésil”, por
Albert Dufourcq
1785: “Planta da Cidade do
Salvador”, por José Azevedo Galeão aterros na parte baixa e extensão do
desenvolvimento urbano (da Calçada
à São Pedro e Palma; detalha a Cid.
Alta, antes das demolições
realizadas, inclusive os pátios
internos de alguns quarteirões. O vale
como as de 1695
1759: proibido o uso de rótulas; a
cidade contava com 9 freguesias
1768: “o sítio chamado a praia, que é
aonde há a maior parte do comércio é
bastante fúnebre, e são terribilíssimas
as ruas...” (Marquês de Lavradio)
1769: Marquês do Lavradio tentou
modernizar a cidade: proibiu uso das
“esteiras” (persianas) nas portas e
janelas e o uso de chapéus
“desabados”; ordenou que as
quitandas fossem retiradas do meio
das ruas e que as ruas fossem limpas
todos os dias
1780: ordenada a demolição das
Portas do Carmo (ainda aparecem no
mapa de 1785)
1782: Marquês de Valença proibiu a
venda ambulante na cidade
1784-1788: muralha de proteção à
“montanha”, entre o Taboão e a
Misericórdia e instalados os currais de
São José, no Barbalho
1795: 13 casas desabaram na
encosta da Montanha
1796: derrubada das Portas de São
Bento (lado sul) – atual Praça Castro
Alves
1797: desabamentos
1799: “os edifícios não são da melhor
arquitetura, nem da mais sólida
construção, ..., as ruas são limpas,
mas não regulares” (Gov. Fernando J.
de Portugal)
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
Período
Contexto Político
Iconografia e Documentos
No início do séc. XIX começou o ciclo
de levantes africanos
1808: Chegada da família real no RioBrasil (corte=entre 8 a 15 mil pessoas)
– fuga da invasão das tropas
napoleônicas
1810: Tratados de Comércio e
Navegação com a Inglaterra, direitos
de Alfândega no Brasil (taxas
inferiores às portuguesas) – dificulta a
industrialização brasileira; Tratado de
Aliança com a Inglaterra, limitando o
tráfico de escravos ao interior
1811: levante popular contra a
carestia
1815: elevação do Brasil a Reino
Unido; encerrada a “Carreira das
Índias”, onde Salvador era uma das
paradas
1817: Revolução Pernambucana
1820/1821: Movimento
Constitucionalista, forçando o retorno
do rei a Portugal
1821: extinção da Inquisição
portuguesa; iniciadas as lutas em
Salvador pela Independência;
Convento do Carmo transformado em
quartel p/ a Legião Lusitana e invasão
do Convento da Lapa pelas tropas
portuguesas
1822: Independência do Brasil (as
tropas portuguesas foram enviadas p/
Salvador)
1823(2julho): os portugueses se
retiraram de Salvador levando todo o
ouro arrecadado (10 meses após a
proclamação da independência
brasileira) – muitos comerciantes
portugueses também; as Capitanias
foram transformadas em
províncias
1824: os EUA foram a 1ª. potência a
reconhecer a independência
brasileira; movimento da
Cidade Capital de São Salvador na
Baía de Todos os Santos”, por
Joaquim Vieira da Silva
complementadas pelo Frontispício de
Vilhena (identificação dos aterros nos
40 anos anteriores); destaca a
cobertura vegetal (do Forte de São
Pedro até a Soledade e ao dique do
Tororó)
Aumento dos depoimentos, devida À
entrada livre dos estrangeiros após
1808
1801: “Prospecto, que pella parte do
mar faz a Cidade da Bahia...”
(frontispício), por Vilhena (de Monte
Serrat à Santo Antônio da Barra; Sé
sem as 2 torres e c/ fachada
demolida; marcas do desabamento
da Ig. São Pedro dos Clérigos;
Celeiro Público já representado;
mostra o fortinho de Santo Alberto
(“dos franceses”; capela dos Aflitos;
capela de N.Sra. do Rosário; Ig.
Rosário dos Pretos já com 2 torres))
1805/1807: Censo Eclesiástico
(população, raça)
1810: Censo
1819/1820: “Panorama da Bahia”
(frontispício parcial), pelo tenente R.
Pierce (da Vitória à Soledade) bem
detalhado em aquarela
1844: Vista panorâmica da cidade do
Salvador, pintura pelo alemão Eduard
Hildebrandt (de Mont Serrat até o
Unhão, com destaque p/ o Forte de
São Marcelo e o casario da Preguiça)
1851: “Mappa Topographica da
Cidade de S. Salvador e seus
suburbios”, pelo Eng. Carlos A. Weyll
(corresponde aos anos de 1845/46)
(mostra um alargamento na Cid.
Baixa, com 4 a 5 ruas paralelas aos
cais; Alambique do lado sul; a
“Praynha do Peixe”, a Praça São
João, na área aterrada; o novo cais,
em frente à atual rua Miguel Calmon,
no qual são indicadas “Casas Novas”;
o Consulado; a Praça do Comércio e
a Alfândega)
1860: Planta semi-cadastral por
Carlos Augusto Weill esc.1:5.000
complementadas com as de Hugh
Wilson e Damázio (aterros do séc.
Séc.
XVIII
Séc.
XIX
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
1802/1803: “uma elevada cercadura
de montanhas, no alto das quais a
cidade está construída, com exceção
de uma única rua, que corre paralela
à praia” “as igrejas são os edifícios de
maior relevo,... as ruas são apertadas,
estreitas, miseravelmente
pavimentadas, nunca estão limpas”
“grandes e elegantes mansões...” “
choças cobertas de telhas e sem
forro, dotadas de uma única janela de
rótula...”(Thomas Lindley,
contrabandista inglês)
“na praia no sítio da Preguiça até a
Jiquitaia, com uma rua tortuosa, mas
continuada com propriedades de
casas de três, e quatro andares, e
outros grandes edifícios,...” (Vilhena)
1811: Câmara indica um tipo uniforme
de construções de grande porte no
litoral do Comércio, obedecido pelos
construtores
1817: “a sua parte mais importante
está situada no alto, e a parte
restante, habitada principalmente por
mercadores, está situada a beiramar...” “o interior dessa grande
cidade não oferece... aspecto
agradável; não se nota ali nem
asseio, nem ordem, nem gosto. A
arquitetura é pesada...; as casas são
todas construídas com os mais
diversos estilos...” (Maximiliano de
WiedNeuwied, príncipe alemão
naturalista)
1818: “ao longo da praia, só há
espaço para uma única rua principal,
cortada no meio por alguns becos...”;
comentam sobre vastas fachadas de
trapiches e armazéns à beira mar
(Von Spix e Von Martius)
1820/1821: a Bahia perdeu a comarca
de Sergipe, que tornou-se autônoma
1827: Pernambuco perdeu para a
A freguesia da Conceição da
Praia foi transformada
completamente, tornando-se a
principal parte da cidade, devido
aos novos aterros e às melhorias
do sistema viário (principais
ligações p/ o norte)
1800-1869: o aterro do Arsenal,
deslocando a ribeira das Naus
para o sul; o aterro da Alfândega;
e o aterro que vai da Igreja do
Corpo Santo até a prumada da
Ladeira do Taboão
1801: acabou o monopólio do sal
e da pesca da baleia
1808: abertura dos portos ao
comércio internacional
1816-1822: início da
modernização do porto com
novos aterros
1818: início da Praça de São
João (atual Praça da Inglaterra),
na área aterrada
1843: início do aterro da
Alfândega
1845: fundação da Capitania dos
Portos da Bahia
1845 e 1847: retomada das
obras do porto de Salvador
1852: Cia de Navegação Sta.
Cruz (norte e sul do Brasil)
1858: 1ª. linha de navegação à
vapor (Inglaterra-Brasil);
Salvador perde sua importância
p/ Porto de Recife; Cia do Bonfim
(Recôncavo); Cia de Navegação
à vapor (Recôncavo)
1860-1894: aterro em frente a Ig.
da Conceição da Praia; o Arsenal
de Marinha avança a linha da
costa até o alinhamento da
rotunda da Alfândega; o Cais
Dourado avança mar adentro
quase alinhando com a Praça do
Ladeira desde a Capela da Conceição
ladeira de São Bento, perto da Porta d
Sta. Luzia; Ladeira da Preguiça; Lade
Misericórdia; Ladeira do Taboão; “Cam
Novo”; Ladeira da Cruz do Cosme; ma
tarde, Ladeira da Montanha
1802: as estradas que davam acesso
cidade eram 3: a das Boiadas, a de B
Cabula e a do Rio Vermelho (Vilhena)
1810: Ladeira das Galés, com o aterro
dique
1811: conclusão da estrada do
Rio Vermelho (atual Av. Cardeal da S
1813: demolição do guindaste dos
Beneditinos por ordem da Câmara
1815: introduzida a máquina à vapor n
Bahia, no engenho; o príncipe autorizo
construção da estrada entre Salvador
Rio
1819: 1ª viagem de navio à vapor entr
Salvador e Cachoeira
1827: iniciados os correios marítimos
províncias
1828: inaugurada a iluminação pública
com lampiões de azeite de baleia
1829: parte do revelim do Forte de Sã
Pedro foi desmanchado p/ a construçã
Rua das Mercês (indica perda da
importância no sistema de defesa do s
da cidade, porém ativo durante a
Sabinada)
1830: cavalos e burros, cadeirinhas de
arruar, caleches e carroças de tração
animal
1836: transporte hidroviário com dois
navios de propulsão a vapor que parti
da rampa do Mercado, na praça Cayru
iam até o Porto do Bonfim, com parad
Água de Meninos
1839: navegação a vapor concedida p
Estado p/ João Diogo Sturtz, com 4 ba
p/ “transporte gratuito das pessoas e
objetos do serviço público”
1842-1855: início do calçamento das r
Período
Séc.
XIX
Contexto Político
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
1830: assassinato do Presidente da
Província, Visconde de Camamu;
implantado o novo Código Criminal
1831: abdicaçãp do Imperador D.
Pedro I, início da Regência; criada a
Guarda Nacional; movimento
“Matamaroto”, contra os portugueses;
revolta no forte do Barbalho e
renúncia do Presidente da Província;
revolta do 20º. Batalhão de Caça do
Piauí, no forte de São Pedro, contra
os portugueses, resultando na
demissão do Vice-Presidente da
Província e do Comandante de
Armas; revolta do Regimento de
Artilharia; insurreição popular no
bairro de Santo Antônio;
1833: grave levante federalista no
forte do Mar, com a ocupação por 80
prisioneiros, resultando no
bombardeio do centro da cidade
(danos na Sé e nos prédios da Praça
Mucicipal)
1834: os Conselhos Gerais das
Províncias foram substituídos pelas
Assembléias Legislativas
1835: Rebeliãp Malê, de caráter
islâmico, maior revolta negra em
Salvador, culminando os movimentos
de 1826, 1828 e 1830
1836: “Cemiterada”, movimento de
irmandades leigas que destruiu o 1º.
Cemitério do Campo Santo
(reconstruído no ano seguinte)
1837-1838: “Sabinada”, grande
movimento federalista quando foi
proclamada a independência da
Bahia; revolta da “Cabanagem” no
Pará e a “Farroupilha” no RS
1839: criação da Tesouraria da Caixa
e Renda Provincial
1841: Cia. p/ Introdução de Fábricas
Úteis – industrias (de sabão, de moer
trigo, de papel, têxtil)
1843: implantação da 1ª. tarifa
protecionista
1844: expira o tratado com a
Inglaterra
1844-1846: Francisco José de Souza
Soares de Andréa (Presidente da
Província)
1845: Ato de Aberdeen, pelo
Parlamento Inglês, proibindo o tráfico
internacional de escravos; 1ª. Adm
Mendes (limitada ao litoral da baía)
1871: “Planta da Cidade Baixa da
Bahia, entre Unhão e a Igreja de São
Francisco de Paula” , planta semicadastral, pelo Eng. inglês Hugh
Wilson (plano de combate aos
incêndios na Cid. Baixa) (além dos
detalhes da escala, anotação das
atividades realizadas nos principais
prédios; nova “vitrine” da cidade,
espaço mais valorizado da cidade,
(atual R. Miguel Calmon); Correios
atrás da Alfândega; no Largo das
Princesas (atual R. da Bélgica), a
capela do Corpo Santo e o Hotel
Mullem); localiza todos os escritórios,
bancos e seguradoras da Cid. Baixa;
Mercado
Santa Bárbara (em frente ao Hotel
das Nações); após a Praça
Riachuelo, localiza os trapiches, o
cais Dourado, o Mercado do Ouro, à
beira d’água e trapiche Barnabé
(limite c/ a freguesia do Pilar)
1871: Planta de parte da Cid. Baixa
por Eng. H. Matteo
1872: 1º. Censo Nacional
1875: Panorama Fotográfico, por
Marc Ferrez (ponte de atracação da
Alfândega concluída, Elevador
Hidráulico)
1883: “Plan de la ville de Bahia
(Brésil). Partie centrale”, anexa ao
Relatório do Consulado Francês
(entre os Fortes de São Pedro, Santo
Antônio (norte), Lapa e Barris (leste);
mostra a Rua da Vala - (relevo,
prédios públicos, religiosos,
residências francesas) (bem preciso
na Cid. Baixa, mostra o novo Cais
Dourado e o novo alinhamento de
quarteirões entre a Alfândega e a
Associação Comercial, indica a Lad.
da Montanha e as linhas de bonde)
1890: Censo
1893: Francisco Vicente Vianna,
diretor do Arquivo Público, descreve o
Estado da Bahia c/ informações
estatísticas e cada freguesia
1894: Mapa “Bahia (S. Salvador)”, por
Elisée Reclus, (Itapagipe até a Barra
e Rio vermelho, parece baseado no
de Mouchez de 1867); “Planta da
Cidade do Salvador”, por Adolfo
no antigo campo de manobras do
Terço dos Henriques, na frente da Ig.,
no lado da baía
1850/1889: O crescimento espacial da
cidade foi possibilitado pelas novas
linhas dos transportes coletivos
1857: 1ª. demarcação do perímetro
urbano
1889: o comércio achava-se
localizado perto do cais, onde “todas
as ruas são calçadas e as principais
cortadas por linhas de bondes...”
(Aguiar)
1878/1883: reconstrução do Cais
Dourado
1891: as obras do porto foram
concedidas à Cia. Docas e
Melhoramentos da Bahia
diligências ligando a Cid. Alta à Barra;
mapa de Weyll: observa-se todo um
sistema viário de cumeadas: cumeada
Garcia (atual Leovigildo Filgueiras), o
da Barra (atual lad. da Barra), a
Graça(atual Corredor da Vitória) e o R
vermelho (atual Av. Cardeal da Silva);
indicação do Canal da Jequitaia, 3 via
principais partindo de Roma à Montse
(atual Luis Tarquínio); a “Calçada do
Bonfim” e a atual Caminho de Areia,
ligando à Penha, e passando pela
Massaranduba; duas 1as. linhas de
diligência (gôndolas)
1852: Cia do Queimado – 21 chafarize
forneces água p/ cidade
1858: iluminação à óleo
1859: Estrada 2 de Julho, ligando a Fo
Nova ao Rio Vermelho, ao longo do va
do Lucaia
1860: inaugurada a linha ferroviária B
& São Francisco Railroad, com 14 km
a Calçada até Aratu
1862: iluminação à gás
1865: serviço de limpeza de Salvador
1866: 1ª. linha de bondes de tração
animal, o ferrocarril, com carruagens d
ferro que iam de Muganga, hoje Coqu
de Água de Meninos, até a Baixa do
Bonfim. Foi a 1ª a operar no Brasil e a
no mundo
1868: inaugurada uma linha de bonde
por animais, entra a Conceição da Pra
o Bonfim; 1ª. linha locomotiva à vapor
entre Bonfim e Itapagipe
1870: locomóvel, conhecido como
"Borracha do Rocha" - locomotiva sob
pneus que puxava um vagão de
passageiros, ligando a Ig. da Conceiç
Praia ao Largo do Teatro, na Praça Ca
Alves, para a Ladeira da Conceição
1873: Elevador da Conceição, no Tab
(Cia de Transportes Urbanos) e Eleva
Hidráulico (Lacerda)
1874: telégrafo
1878/1881: construção da Lad. da
Montanha
1880: barragem de Mata Escura, artic
com a estação do Queimado
1884: telefone
1885: 1ª. iluminação elétrica no Brasil
Terreiro de Jesus (retomada da
importância do centro)
1889: inauguração do Plano Inclinado
Período
Séc.
XIX
Contexto Político
1864/1866: Guerra do Paraguai
(18.725 baianos)
1868: Junta Comercial
1869: Canal de Suez
1875: pedido de empréstimo à
Inglaterra (Brasil)
1881: 1º. Pedido de empréstimo
externo pela Província
1888: Abolição da Escravatura
1889: Queda do Império e a
implantação da República
1889/1891: Encilhamento Político
Financeiro, patrocinado por Rui
Barbosa
1889/1930: “República Velha”
1891: deposição do governador
J.G.Silva, por um movimento liderado
por Cezar Zama
1892: Tribunal da Apelação e Revista,
substituindo o Tribunal da Relação
1897/1898: rebelião religiosa e
popular de Canudos
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
percorrida pelo Pilar, na Cidade Baixa
bairro de Santo Antônio Além do Carm
na Cid. Alta; Guindaste dos Terésios e
Guindaste da Praça (ambos de existê
curta); começou a funcionar o Elevado
Tabuão (elevador hidráulico, com torre
ferro de 29m de altura, c/ material
importado da Inglaterra
Período
Séc.
XX
Contexto Político
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
1906: Convênio de Taubaté – política
de valorização do café, principal
produto de exportação do país
1912: rebelião militar com bombardeio
de parte da Cid. Alta, a partir dos
fortes de São Pedro, de São Marcelo
e do Barbalho
1913: J.Joaquim Seabra
1914/1918: abertura do Canal do
Panamá (diminui a importância do
porto de Salvador; 1ª. Guerra Mundial
(Am. Latina na órbita econômica
norte-americana em detrimento dos
capitais britânico e alemão); o
comércio da Bahia ficou praticamente
paralisado, já que a Alemanha era o
maior comprador
1915: criado o Tribunal Superior de
Justiça
1917: Revolução Russa
(desdobramentos ideológicos);
editado o 1º. Código Civil brasileiro,
extinguindo os “aforamentos
perpétuos” tornando-se
“arrendamentos”
1918: extinção da Guarda Nacional
(maior repercussão no interior do
país)
1919: greve pela jornada de trabalho,
pelo Sindicato dos Pedreiros e
Carpinteiros; greve de funcionários
públicos
1926: Pós-Guerra: importações dos
EUA maiores do que da Inglaterra
1927: Lei de defesa do Patrimônio
Histórico e Artístico 1929: crise
econômica mundial (repercussões
graves na economia exportadora –
1928: Indicador e Guia Prático da
Cidade do Salvador, Bahia, por Lauro
Sampaio (histórico da cidade,
levantamento de prédios por subdistritos, principais monumentos e
igrejas (67 católicos), associações e
instituições, cemitérios, hospitais,
cinemas, clubes, jornais(8), escolas,
arrabaldes, linhas de bonde, agências
de navegação(36), agências
bancárias(11) e consulados(20)
1939: sociólogo americano Donald
Pierson, escreveu um livro sobre
Salvador baseado em estudos de
ecologia humana da Escola de
Chicago (pesquisa entre 1935 e 1937
sobre “topografia social”, diferenças
de classe, pobreza na periferia,
denominou partes da cidade segundo
a predominância da cor dos
habitantes)
1940: Censo do IBGE
1941: austríaco Stefan Zweig em seu
livro comenta duas 2 viagens ao
Brasil: “... reconhecemos quão rica já
foi essa cidade ... ela não decaiu.
Estacionou apenas ...”
1942: Eng. Américo Simas escreveu
o artigo “Sugestões para a
organização do Plano Diretor da
Cidade do Salvador”, “uma proposta
de luta por uma cidade higiênica,
artística e pitoresca, com ruas largas
e grandes parques”, propondo
alargamento de ruas, construção de
viadutos e uma avenida de encosta
ligando a Cid. Baixa à Barra (reflexo
do ideário modernista da época);
1903: grande reforma urbana de
Pereira Passos no Rio, servindo de
modelo às demais cidades brasileiras
1908: o quarteirão dos Cobertos,
perto do Tabuão, foi incendiado
1912/1916: Governo do Estado, com
J.J.Seabra implementa reformas
urbanas “haussmanianas”, com os
recursos do cacau, seguindo modelo
das reformas do Rio; demolição da
Sé, da Ig. da Ajuda. Da matriz de São
Pedro e do Rosário
1925: aprovado o 1º. Projeto de
loteamento da cidade, o da Cia.
Comercial Imóveis e Construções,
com 123 lotes no Bonfim
1930:
estavam
aterrados
e
urbanizados
80 ha, de
área
conquistada da baía de Todos os
Santos, permitindo uma ampliação da
oferta de terrenos, num padrão em
quadrícula, num dos trechos mais
valorizados da cidade, no ponto de
vista comercial
1930/1940: os loteamentos indicam o
crescimento espacial: 70 loteamentos
deram entrada na PMS nos anos 30,
e 50 nos anos 40
1935: Semana do Urbanismo (1ªs.
propostas de park-ways p/ a cidade)
1940: o mapa do EPUCS registra a
concentração de indústrias entre a
Calçada, Boa Viagem, e Ribeira
1942: assinatura do contrato com o
Eng. Mário Leal Ferreira p/
elaboração do 1º. Plano p/ a cidade; o
Mapa do Exército registra o cais na
sua dimensão atual, c/ 9 dos 12
“um aspecto negativo dos aterros
realizados na Cid. Baixa foi o fato
de “esconder” os belíssimos
prédios do séc. XVIII, que
compunham a fachada de
Salvador, e que foram, em sua
quase totalidade, demolidos na
posterior verticalização da área”
(Vasconcelos, 2002:306)
A opção pelo transporte
rodoviário gerou graves
conseqüências para a área
portuária, a “porta de entrada” de
Salvador deixou de ser o seu
porto; a concentração de
depósitos e armazéns foram
transferidas p/ a BR-324.
O porto ainda recebe navios de
passageiros e no Pilar, o terminal
do ferry-boat
1906/1930: grandes obras de
modernização do Porto pelo
Governo Federal
1907: as obras do porto foram
concedidas à Societé Portuaire
de Bahia, para o Governo
Federal (interesse de
companhias estrangeiras)
1911: aprovada a planta de
remodelação do Comércio e toda
a área foi declarada de utilidade
pública
1913: Inauguração do 1º trecho
do Cais da Alfândega, 360 m de
cais e 3 armazéns
1920:modernização do porto,
realização de aterros que mais
que duplicaram a área da Cid.
início séc.: carruagens de ferro, bo
de tração animal que davam atendim
aos dois níveis da cidade. As linha
rampa do Mercado e do Largo do Pa
se constituíam em duas áreas
transbordo dos dois sistemas
funcionavam de forma independen
Rede de Bondes da Cidade B
operada
pela
Companhia
Veí
Econômicos, e Rede de Bonde da C
Alta, operada pela Companhia
Transportes Urbanos e pela Comp
Circular Carris da Bahia. Nessa é
havia ainda a Companhia dos T
Centrais, cujas linhas partiam de
rampa localizada próximo à Igrej
Barroquinha.
Final séc.: O turismo tem transformad
área sul com a construção da Bahia
Marina e a transformação de trapiches
restaurantes. Estudos estão sendo
realizados para a criação de uma via
náutica, para fins turísticos.
1901:1º. Automóvel circulou em Salva
1902: a Rua Santos Dumont foi alarg
foi reedificada a fachada da cape
Corpo Santo; a Rua Direita do Pa
passou a ser chamada Rua Chile
1903: inauguração do serviço de en
elétrica, na Rua Chile (Cie. D’Eclairag
Bahia)
1905: serviço de esgotos (com The
Sampaio); obras de saneamento da
central
1909: Elevador do Tabuão foi eletrifica
1910: Elevador Lacerda e o
Inclinado Gonçalves foram eletrificado
1912/1922: abertura da Av. Oceânica
Período
Séc.
XX
Contexto Político
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
1947: independência do
subcontinente indiano, levando à
formação do “Terceiro Mundo”
1949: Vitória Comunista na China
1950/1953: Guerra da Coréia
1952: fundação do Banco do Nordeste
visando facilitar o crédito na região;
grande seca no interior do estado,
sendo registrados 118.000 emigrantes
baianos em São Paulo
1954/1975: Guerra do Vietnã
1955: Comissão para o Planejamento
Estadual – CPE para elaborar estudos
p/ o desenvolvimento do Estado
1956: início da produção
automobilística no Brasil c/ maior
impacto no sul; fundação do Fundagro
(em 1966 transformado em
Desenbanco)
1957: processo de formação do
Mercado Comum Europeu
1959: Revolução Cubana influencia
uma série de golpes militares na
América Latina, inclusive no Brasil;
criação da SUDENE, dando início ao
planejamento regional, visando
industrializar a região Nordeste, o
investimento do Governo Federal se
deu mais na infraestrutura industrial
1960: transferência da capital do Rio
para Brasília
1960/1970: a Bahia absorveu 47%
dos investimentos realizados no
Nordeste
1962/1965: Concílio Vaticano II
modifica a Ig. Católica
1964: Golpe Militar, implantando um
regime autoritário no país, conforme a
realidade da Guerra Fria
1965: criação da Urbis para a
construção de grandes conjuntos
populares, correspondendo à Cohabs
do sistema BNH
1967: criado o Centro Industrial de
Aratu pelo governo da Bahia, em
Candeias e Simões Filho; criação da
Fundação do Patrimônio Artístico e
Cultural, posterior Instituto, IPAC
1968: Ato Institucional Número 5,
agravando a situação política interna;
o novo governo criou uma série de
mecanismos e instituições que
interferiram no processo de
crescimento das cidades, como o
Ruth Landes (pesquisa entre 1938 e
1939 sobre o papel das mulheres no
candomblé na Bahia)
1951: “Salvador, plan de la Ville”, por
Aroldo de Azevedo (Itapagipe ao Rio
Vermelho, destacando as vias de
cumeada e ligação da Barra ao Rio
Vermelho)
1952: Mapa “Transportes Coletivos”,
publicado o Roteiro Turístico da
Cidade de Salvador, pela PrefeituraPMS (registra 7 consulados, 17
bancos, 5 jornais, 3 estações de rádio
e as linhas de bonde); “Mapa da
Cidade. Salvador”, PMS (sub-distritos
da Sé, da Conceição da Praia (1952),
do Passo (1953), do Pilar (1954) e de
Nazaré (1955))
1953: pesquisa de Thales de
Azevedo mostrou a permanência da
estratificação social e étnica na
cidade; “Mapas dos Subúrbios de
Salvador”, onde representou as várias
etapas de ocupação, desde o núcleo
inicial, em 1549 até o território
ocupado em 1957; “Mapa da
Ocupação do Espaço Urbano –
Centro da Cidade de Salvador”, em
cores (indica as áreas de comércio de
luxo, do comércio grosso e depósito,
do varejo pobre, do comércio de
transição e artesanato, da
alimentação, e os armazéns. Destaca
os edifícios públicos e religiosos,
assim como as áreas de
deterioração)
1956: Atlas Parcial da Cidade de
Salvador, pela PMS (mais preciso do
que o de Aroldo de Azevedo) Os
demais mapas, na escala de 1:1.000,
registram os sub-distritos, sendo um
registro importante antes da
implantação das avenidas de vale e
da Av. Contorno; Guia de Viagem
sobre a Bahia, preparado para o
Congresso Internacional de
Geografia, por Domingos e Keller;
1958: “Hipsométrico de Salvador”,
“Utilização do Espaço Urbano”, por
Domingos e Keller; tese do geógrafo
Milton Santos “O Centro da Cidade de
Salvador” e “Cartograma da
Distribuição dos Guichês Bancários”,
limitou seu estudo aos distritos da Sé,
das avenidas de vale)
1947: 1ª. invasão de terrenos na
cidade, o “Corta Braço”, no Pero Vaz;
outras invasões como as de Alagados
e a do Nordeste de Amaralina, dando
início à formação de importantes
bairros populares (Brandão estimou
14.000 casas levantadas sem licença
entre 1940 e 1950)
1948: criação da Comissão do Plano
de Urbanismo da Cidade de Salvador
(CPUCS), substituindo o EPUCS, sob
a direção de Diógenes Rebouças;
início da invasão de Alagados,
contando com 8.875 hab em 1960
Anos 50: 128 projetos de loteamento
deram entrada na Prefeitura. Foram
implantados 8 loteamentos populares
e 2 clandestinos
1954: o território municipal passou a
ser dividido em Distritos e SubDistritos, que se apoiaram nos limites
das antigas freguesias
195Distritos
1957: redução do território municipal
de Salvador com a emancipação de
Candeias, de Simões Filho (em 1961),
de Lauro de Freitas (em1962)
1959: criação da Superintendência de
Urbanização da Capital (SURCAP)
para a construção das avenidas de
vale
Anos 60: 47 projetos de loteamentos
na PMS, 10 loteamentos populares, 2
clandestinos e ocorreram 10
invasões, das quais 3 foram
erradicadas
1960: foi aprovada a divisão do
município em bairros
1967: implantação de novo sistema
viário, sob inspiração das diretrizes do
EPUCS, com a construção da Av.
Costa e Silva, e da Av. Castelo
Branco (1968), e as demais após
1970
Anos 70: a Construtora Odebrecht
lançou um grande loteamento
industrial e atacadista, o “Porto Seco
Pirajá”, ao longo da BR-324; até os
anos 70, Salvador possuía uma
estrutura mononuclear, o centro
tradicional (bipolar, Cid. Baixa e Cid.
Alta)
1970: criação da OCEPLAN
1970: Companhia sob
intervenção federal
Anos 70: realização de parte das
propostas do EPUCS de
construção das avenidas de vale
1971: início da construção do
porto de Aratu para atender as
empresas do CIA e do futuro
Pólo Petroquímico
1977: criação da CODEBA
1938: 162 bondes elétricos e 36 ô
“marinetes”; alargamento da Rua da A
1939: Rodovia Rio-Bahia (integraçã
economia nacional e facilita a migraç
o sudeste); 1.028 automóveis
1942: alargamento da Rua Carlos Go
início da construção da estrada Amar
Itapuã, abrindo a orla oceânica
urbanização; início da verticalizaçã
cidade com a construção de prédio
apartamentos
1944: Aeroporto de Ipitanga; conclu
Estrada do Aeroporto, abrindo o inter
península p/ chácaras
1948: a cidade era ainda “provinc
circulavam apenas 2.044 autom
particulares em Salvador
1949: construída a 1ª. avenida de va
Av. Centenário; concluída a estrad
longo da orla atlântica, entre Amaralin
aeroporto
1951: inaugurada a Hidroelétrica de
Francisco, permitindo a industrializ
das capitais nordestinas
1952/1966: Túnel Américo Simas
1954: Barragem do Rio Joanes
1955: a Prefeitura encapou a Cia. Ci
Carris da Bahia e criou o Serviço Mun
de Transporte Coletivo (SMTC),
manteve sempre um papel complem
às empresas privadas
1956: 5.183 automóveis e 398 ôn
superando os 140 bondes ainda existe
1958/1970: Av. Contorno
1959: sistema de ônibus elétricos, cob
o mesmo trajeto dos bondes elétricos
1960: 1ª. estação de TV de Salvador,
Itapuã; ampliação da estação de água
Bolandeira
1961: extinção do serviço de bondes
1965: o IBGE registrou 30.201 autom
na cidade
1966/1975: Av. ACM, fazendo a ligaçã
entre a Pituba e a área do atual Iguate
1970: Empresa de Transportes Urban
Salvador (Transur), incorporou tod
patrimônio da SMTC
Anos 80: Plano Inclinado LiberdadeCalçada
1963: pavimentação da rodovia Rio-B
(BR-116), reforçando a integração da
economia da Bahia aos estados do Ce
Sul
1967: conclusão da Av. Oscar Pontes
Período
Séc.
XX
Contexto Político
Iconografia e Documentos
Configuração Urbana e
Limites
núcleos das 9 regiões do país
1985: o Brasil voltou à
redemocratrização, num período de
crise econômica conhecido como a
“década perdida”; Salvador foi
declarada “Patrimônio Histórico da
Humanidade”, pela UNESCO
1986: a Caixa Econômica Federal
assumiu as atividades do BNH,
reduzindo a participação do Estado na
construção residencial, com impacto
no desenvolvimento das cidades, que
passaram a resultar sobretudo da
ação dos agentes provados e da
autoconstrução popular
Anos 90: o Governo Federal
intensificou o processo de
privatização do patrimônio federal,
iniciando pela Rede Ferroviária do
Leste Brasileiro
1993: reunião dos Estados IberoAmericanos em Salvador, com a
inauguração parcial dos trabalhos de
reforma no Pelourinho
1999: a Prefeitura realizou concursos
p/ o planejamento do conjunto de
subúrbios; implantação da Ford em
Camaçari com a previsão de um
importante impacto indireto em
Salvador
Anos 2000: criação do Escritório de
Revitalização do Comércio, intervindo
na ocupação e mudança de função
das edificações do bairro
prédios do Banco do Brasil e do
Instituto do Cacau)
1975: Inventário, exemplar do
levantamento do patrimônio
arquitetônico de Salvador, por Paulo
Ormindo de Azevedo que coordenou
para todo o Estado
1977: Plantas da Cidade do Salvador,
da Plandurb, anexos ao Inventário de
Loteamentos, da PMS, escala
1:20.000 (loteamentos aprovados até
essa data; mostra a Salvador “formal”
e da “informal”)
1980: Censo do IBGE
1983: Mapa “RMS. Município de
Salvador”, da CONDER, escala
1:25.000, de Uso do Solo (zonas de
habitação formal, de habitação
popular, de ocupação espontânea,
áreas de comércio e serviço, zona
portuária, zona industrial, além de
vários tipos de uso do solo não
urbano, espaços verdes e principais
equipamentos)
1984: Mapa “Distritos e Sub-Distritos”
de Salvador, da CONDER
1985: Mapa “Cidade do Salvador”, da
CONDER, escala 1:10.000
1987: Mapa de Salvador da
CONDER, na escala de 1:10.000
(equipamentos importantes recentes,
como a Estação da Lapa, Shopping
Piedade, Estação do Aquidabã,
Shopping Iguatemi, Hipermercadom
Shopping Itaigara, Pituba Parque
Center, Hospital Aliança,
estabelecimentos de ensino, o
Acesso Norte, as principais casas de
candomblé da cidade,...)
1999: Mapa de Salvador, da Geocad,
escala 1:30.000 (localiza os principais
prédios públicos e, sobretudo, dos
novos prédios garagem construídos
na área; apresenta um destaque da
área central com indicações das
transformações ocorridas no
Pelourinho, com as praças internas, e
destaca os principais
estabelecimentos)
2000: Censo Empresarial do
Comércio; início do processo de
revitalização do Comércio, liderado
pela prefeitura em parceria com a
Associação Comercial da Bahia,
1977: concluído o Projeto Urbanístico
Integrado de Cajazeiras,
correspondendo ao planejamento de
enorme área de 1.600 há. No interior
da península
Anos 80: 8 loteamentos populares e
ocorreram 37 invasões, das quais 3
foram erradicadas
1981: convênio entre a Prefeitura e o
Estado p/ implantação do Dinurb –
Distrito Industrial Urbano, ao longo da
BR-324
1982: invasão das Malvinas em
terrenos de elevado valor entre a Av.
Paralela e a orla oceânica
1983: 1.883 famílias das Malvinas
foram removidas p/ Coutos, nos
subúrbios ferroviários
1984: A OCEPLAN foi transformada
em SEPLAN; aprovada a Lei de
Ordenação do Uso do Solo Urbano
(LOUS) p/ o município
1985: aprovado o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Salvador
(PDDU)
1987: ocorreu nova invasão nas
Malvinas, que em 1991 alcançava
4.000 unidades habitacionais
1990: A SEPLAN foi transformada em
COM
1997: 357 favelas levantadas,
~590.000 hab, 118.000 unidades
residenciais, numa área de 1.473 há,
sendo 61% em áreas públicas
(Ângela Gordilho Souza)
Porto e Aterros
Vias, Transportes e Infraestrut
ligando Salvador à ilha de Itaparica e
sul do Brasil; Vale do Bonocô; Av.
Contorno
1971: Av. Suburbana; Av. Pinto de Ag
entre a orla e o Centro Administrativo
1973: prédio do Detran; início do aterr
Cana Brava (finalizado em 1979)
1974: Vale do Canela; 2ª. pista da Av.
Vasco da Gama; Av. Magalhães Neto
Paralela(desde1972); construção da n
Estação Rodoviária
1975: Emissário Submarino do sistem
esgotamento de Salvador entrou em
funcionamento no Rio Vermelho; Vale
Barris; Av. Antônio Carlos Magalhães
1977: Av. Garibaldi; Av. Orlando Gom
ligando a Av. Paralela à orla atlântica;
Paripe-CIA, com 9km de extensão
1978: Av. Juracy Magalhães, ligando a
Garibaldi ao Rio Vermelho; Vale do O
1979: criação da Transur, empresa de
transportes urbanos municipais,
substituindo a SMTC; criados os aterr
em Alagados e em seguida, os planos
urbanização
Anos 80: ampliação do Aeroporto de
Salvador, tornando-o internacional;
paralisação do Plano Inclinado do Pila
prejudicando o comércio local
1981: Plano Inclinado Liberdade-Calç
1983: Estação da Lapa
1984: reforma do Aeroporto 1989: iníc
construção do terminal de transportes
Iguatemi (obra inacabada e recuperad
final dos anos 90)
1995: “Programa Bahia Azul”, grande
trabalho de saneamento;
obras de embelezamento de locais
turísticos como o Dique do Tororó, Ja
dos Namorados, Unhão, Parque do C
Azul, ...
1999: nova ampliação do Aeroporto c/
novo sistema viário
APÊNDICE C: Levantamento de fotografias e postais.
Num
Foto
Título
Ano ref
Local
Tipo
Foto331 mapa3
Geográfica Topografica da Cidade Capital de S.
Salvador Bahia de Todos os Santos
séc.XVIII
2
Foto Conceição da Praia
0
Conceição da Praia
Foto
3
Vista Geral - Forte São Marcelo - Porto
0
Cidade Baixa e Cidade Alta - lateral
Foto
4
Rua Conselheiro Dantas
0
Comércio
Foto-postal
5
Comércio
0
Rua
Foto
6
Cidade Baixa - Porto
0
Aterro
Foto
7
Conceição da Praia
0
Elevador Lacerda
Foto
8
Vista parcial do Cais do Porto de Salvador
0
Aterro visto da Cidade Alta
Foto
9
Fototeca
Fotógrafo
Mapa
État de la Bahia
0
Vista da Bahia de Todos os Santos
Foto-postal
10
Um aspecto do bairro comercial Bahia
0
Rua
Foto-postal
11
Comércio
1915
Rua
Foto
12
Vista parcial da cidade baixa - Bahia
0
13
Rua Conselheiro Dantas
0
Rua
Foto-postal
14
Rua Conselheiro Dantas
0
Cidade Baixa
Foto-postal
15
Panorama do Porto
0
Vista da Cidade Alta
Foto-postal
16
Comércio - Porto
0
Aterro e Igreja da Sé
Foto
17
Cidade Baixa - Bahia
0
Comércio
Foto-postal
18
Vista do Porto
0
Comércio - Aterro e Porto
Foto
19
Cidade Baixa - Bahia
0
Comércio - Aterro e Porto
Foto-postal
20
Praça Cayrú - Bahia
0
21
Comércio
0
22
Praça Cayrú
0
23
Trecho da Rua Lopes Cardoso - Comércio
0
encosta
Foto
24
Praia da Gamboa
0
Vista da Cidade Alta
Foto
25
Rua Conselheiro Lafaiete
0
Comércio
Foto
26
Comércio
0
Rua
Foto
27
Rua Lopes Cardoso
0
Comércio
Foto
João Legal Leal
28
Rua Pedro Bandeira
0
Comércio
Foto
João Legal Leal
29
Rua Portugal
0
Comércio
Foto
Foto6330 com
Foto64-
Praça da Inglaterra - Bahia
~1930
Reforma
Foto-postal
A.Santos
Foto-postal
Foto-postal
Rua com bêbado
Foto
Foto
Centro Histórico
João Legal Leal
Num
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
Foto
Foto74com
Foto75com
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Foto78com
Foto79com
Foto80com
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Foto82com
Foto83com
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53 com
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Foto9663 com
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Foto9966 com
Título
Ano ref
Local
Tipo
Fototeca
Fotógrafo
Nadir Gomes
Franco Lima
Vista Aérea - Porto
~1950
Comércio - Praça da Inglaterra
Foto
Rua Conselheiro Dantas - Comércio - Bahia
~1920/1930
Rua com linha de bonde
Foto-postal
Cais do Porto - Zona do Comércio
déc. 1960
Vista Regata
Foto-postal
Rua Conselheiro Dantas
déc. 1910
Rua com linha de bonde
Foto
Igreja da Santíssima Trindade
déc. 1920
Aterro
Foto
Praça Deodoro da Fonseca
1912
Vista Geral
Foto-postal
Vista da Rua Manoel Vitorino e da Conceição
1944
Rua e Trapiche Adelaide
Foto
Cais do Porto - Zona do Comércio
déc. 1920
Docas da Bahia
Foto
Rua Conselheiro Dantas
déc. 1930
Vista depois do alargamento
Foto-postal
Rua Pinto Martins
1a. Metade séc. XX
Rua
Foto-postal
Rua Conselheiro Dantas
1920/1930
Rua
Foto
Vista do Porto e Comércio
~1920
Ladeira da Montanha
Foto
Rua Nova das Princesas - vista
0
Rua Portugal - Comércio
Foto
Comércio
1920/1930
Rua Conselheiro Dantas
Foto
Comércio
~séc. XX
Rua com linha de bonde no aterro
Foto
Vista da Cidade Alta
1920-1950
Forte de São Marcelo
Foto
Vista da Cidade Alta
2a. Metade séc. XIX
Comércio
Foto
Rua Pinto Martins
0
Travessa da Montanha
Foto-postal
Comércio
final déc. 1940
Instituto do Cacau, Plano Gonçalves
Foto
Bahia - Panorama
déc. 1940
Vista geral - Zona do Comércio
Foto-postal
Banco Inglês
final déc. 1920
British Bank of South America
Foto
Antiga Rua da Preguiça
final déc. 1940
Conceição da Praia e Elevador Lacerda
Foto
Voltaire Fraga
Conceição da Praia
final déc. 1940
Ladeira da Montanha - Comércio
Foto
Arsenal da Marinha (antiga Preguiça)
déc. 1940
Rua e Trapiche Adelaide
Foto
Área fronteira à Conceição da Praia
~1930/1940
Escola de Aprendizes de Marinheiros
Foto
Voltaire Fraga
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Rua das Princesas
~1910
Comércio
Foto
Nadir Gomes
Franco Lima
Travessa da Montanha
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Lindermann
Edgard Antunes
Nadir Franco
Lima
Num
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
Foto
Foto112com
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Título
Ano ref
Local
Tipo
Comércio
1a. Déc. Séc. XX
Rua de paralelo e linha de bonde
Foto
Cidade Baixa
final séc. XIX
Alfândega
Foto
Bairro da Preguiça
final séc. XIX
Solar do Unhão e bairro da Preguiça
Foto
Rua Conselheiro Dantas
déc.1940
Vista
Foto-postal
Praça Deodoro da Fonseca
déc.1920
Vista Geral
Foto-postal
Rua Conselheiro Dantas
início séc. XX
Foto
Vista da Cidade Baixa
déc. 1940
Rua de paralelo e linha de bonde
Palácio do Governo 1919 e Mercado
Modelo
Elevador Lacerda
~1910
Elevador e Palácio do Governo
Foto
Elevador Lacerda
1873/1890
Elevador e Palácio do Governo
Foto
Elevador Lacerda
1900/1910
Praça Municipal (Tomé de Souza)
Foto
Vista antiga Alfândega e Elevador
1900/1910
Palácio do Governo e Elevador Lacerda
Foto
Elevador Lacerda
final déc. 1920
Elevador em construção
Foto
Elevador Lacerda
~1930
Elevador em final de construção
Foto-postal
Elevador Lacerda
déc. 1920
Fila para o Elevador Lacerda
Foto
Elevador Lacerda
déc. 1920
Rua Conselheiro Dantas
final séc. XIX
Vista antes do alargamento
Foto
Vista da Cidade Alta
déc. 1940
Comércio - Instituto do Cacau(1936)
Foto
Elevador Lacerda
déc. 1940
Instalação nova - 64m de altura
Foto
Praça Municipal de Salvador
1900/1910
Elevador Lacerda
Foto
Elevador Lacerda
1900/1910
Elevador Lacerda
1900/1910
Praça Cayrú ?
Foto-postal
Elevador Lacerda
início séc. XX
antiga instalação
Foto
Elevador do Taboão
final séc. XIX
Vista interna
Foto
Elevador do Taboão
final séc. XIX
Vista interna
Foto
Elevador Lacerda
final déc. 1920
Elevador em final de construção
Foto
Fototeca
Fotógrafo
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Nadir Franco
Lima
Foto
Perfil da Cidade de
Salvador
Nadir Franco
Lima
Diversos
Foto-postal
Airton
Nadir Franco
Lima
Panorama - Foto 1
Nadir Franco
Lima
Foto
Nadir Franco
Lima
Diversos
Num
Foto
Título
Ano ref
Local
Tipo
Fototeca
115
Vista Aérea
Órfãos de São Joaquim
Foto
Comércio
116
Vista Aérea
Porto
Foto
Comércio
117
Vista Aérea
Porto e Instituto do Cacau
Foto
Comércio
118
Vista Aérea
Porto e Instituto do Cacau
Foto
Comércio
119
Vista Aérea
Porto e Instituto do Cacau
Foto
120
Vista Aérea
Órfãos de São Joaquim
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Foto144140 lacerda
2a. Metade séc. XIX
Porto e Docas da Bahia
Desenho/Proposta
Vista Antiga da Cidade do Salvador
séc. XIX
Bahia de Todos os Santos
Desenho
Vista da Cidade do Salvador - Invasão Holandesa
1624/1625
Bahia de Todos os Santos
Desenho
Vista da Cidade do Salvador - Invasão Holandesa
Vista Parcial de Gravura Holandesa - Invasão
Holandesa
Vista Parcial de Gravura Holandesa - Invasão
Holandesa
1624
Bahia de Todos os Santos
Desenho
1624
da Ajuda à São Bento
Desenho
1624
da Lad. da Conceição à Lad. da Preguiça
Desenho
Perfil da Cidade do Salvador
~1910
Fac. De Medicina à antiga Igreja da Sé
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
1900/1906
Elevador Lacerda e Alfândega
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
~1900
Boqueirão do Passo
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
início séc. XX
Órfãos de São Joaquim
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
1900/1906
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
final anos 1940
Misericórdia à Conceição da Praia
Conceição/ Palace Hotel/ Palácio dos
Desportos
Perfil da Cidade do Salvador
1950/1960
The Caloric Company
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
~1920
do Carmo à Catedral
Foto
Perfil da Cidade do Salvador
década de 1850
Praça da Sé ao Teatro João
Desenho
Cidade Baixa e Cidade Alta
Foto-postal
Foto
Desenho
Planta do Engenheiro Jean Massé
1718
Desenho/Projeto
Elevador Lacerda
déc. 1940
Foto-postal
Elaboração: Heliana F. M. Rocha – 2006.
Fonte: CEAB.
Comércio
Comércio
Bahia: Harbour and Graving Docks
Perfil da Cidade do Salvador
~1960
Topografica da Cidade Capital de São Salvador Bahia
de Todos os Santos
1798
Fotógrafo
Perfil da cidade
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Perfil da Cidade do
Salvador
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Nadir Gomes
Franco Lima
Joaquim Vieira da
Silva