E dar uma pausa para o descanso
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E dar uma pausa para o descanso
bancários 10 minutos para você – sua saúde vale mais Tempo de se cuidar E dar uma pausa para o descanso Todo o conteúdo desta revista e mais informações sobre saúde e condições de trabalho você encontra no site do Sindicato. www.spbancarios.com.br editorial Sob seus cuidados L esões ósseas e musculares, insônia, irritabilidade, anEste conhecimento dará ainda mais solidez às negociações siedade e depressão, perdas de audição e da fala. Os entre os trabalhadores e os setores patronais, no sentido de problemas de saúde de maior incidência entre as ati- eliminar as condições prejudiciais à saúde, reduzindo os riscos vidades do setor financeiro – do qual os serviços de te- ao mínimo. leatendimento são parte integrante – e os dramas que Na prática, isso significa reorganizar a gestão empresarial, produzem se tornaram bastante conhecidos. humanizando as relações de trabalho, de modo que a busca Já está largamente comprovado que o adoecimento da cate- pelos lucros não seja mais importante que a própria vida dos goria bancária – que até para os órgãos públicos de assistência funcionários. Ou seja, aí vem luta. A mesma dedicação dada à à saúde já são tratados como verdadeiempresa e ao emprego será necessáA mesma dedicação dada ra epidemia - está diretamente relacioà empresa e ao emprego será ria para que não se perca a saúde pernado à sobrecarga e à repetição sem seguindo o cumprimento das metas e necessária para que não se descanso das rotinas diárias, ao lado da perca a saúde perseguindo o os lucros bilionários dos bancos. cumprimento das metas e os pressão psicológica pelo cumprimento Muitos passos já foram dados e balucros bilionários dos bancos de metas que permeia o cotidiano destalhas vêm sendo diariamente travases trabalhadores, teleatendentes incluídos. das. Uma nova frente está se abrindo neste momento: é urgenAs contribuições de especialistas de áreas distintas, como mé- te que os bancos – e suas prestadoras de serviços contratadas dicos, psicólogos e advogados, formam a base científica e legal – estabeleçam pausas de dez minutos a cada 50 minutos traque comprovam que as empresas em geral – e os bancos em balhados. particular – impõem regimes de horários, intensidade de tarefas Esta medida não elimina os riscos à saúde impostos pelas e cobrança de desempenhos que contribuem dramaticamente condições de trabalho no sistema financeiro, mas pode redupara o adoecimento de seus funcionários. zir significativamente seu impacto sobre a integridade física e Paralelamente, a legislação do País aos poucos inicia a cria- mental da categoria. ção de jurisprudência própria para coibir e punir devidamente Nesta revista, tratamos sobre a importância das pausas reguas práticas empresariais que retribuem a dedicação e empenho lares para que o trabalhador recupere e mantenha seu potencial dos seus funcionários com o prejuízo de sua saúde e de sua ca- produtivo – continuando apto, portanto, a gerar seu sustento e pacidade produtiva. E para tentar ressarcir minimamente o pre- o de sua família com alguma qualidade. E, de resto, reforçamos juízo daqueles que perderam parcial ou totalmente seu mais a mensagem: sua saúde é seu bem mais importante e é a você valioso e muitas vezes único patrimônio: sua força de trabalho. que cabe a responsabilidade de zelar por ela. abril de 2007 Publicação do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. Rua São Bento, 413, Centro, São Paulo, CEP 01011-100, tel. (11) 31885200. Telefones: Sede: 3188-5200. Oeste: 3814-2583. Norte: 6979-7720. Leste: 6191-0494. Sul: 5641-6733. Paulista: 3284-7873. Osasco: 3682-3060. Centro: 3188-5295. Presidente: Luiz Cláudio Marcolino. Diretor de Saúde: Walcir Previtale Bruno. Diretor de Imprensa: Ernesto Shuji Izumi. Diretoria: Adozinda Praça de Almeida, Adriana Oliveira Magalhâes, Aladim Takeyoshi Iastani, Alexandre de Almeida Bertazzo, Alexandro Tadeu do Livramento, Ana Paula da Silva, Ana Tércia Sanches, André Luis Rodrigues, Antonio Alves de Souza, Antônio Inácio Pereira Junior, Antonio Joaquim da Rocha, Antonio Saboia Barros Junior, Bruno Beneduce Padron, Camilo Fernandes dos Santos, Carlos Miguel Barreto Damarindo, Clarice Torquato Gomes da Silva, Claudio Luis de Souza, Cleuza Rosa da Silva, Daniel Santos Reis, Daniela Santana da Costa, Edison José de Oliveira, Edson Carneiro da Silva, Edvaldo Rodrigues da Silva, Elaine Cutis Gonçalves, Elias Cardoso de Morais, Flavio Ferraz Dutra, Flávio Monteiro Moraes, Hugo Tomé Aquino, Irinaldo Venancio de Barros, Ivone Maria da Silva, Jackeline Machado, João de Oliveira, João Gomes da Silva, João Paulo da Silva, João Vaccari Neto, José do Egito Sombra, José Osmar Boldo, Jozivaldo da Costa Ximenes, Juarez Aparecido da Silva, Juvandia Moreira Leite, Karina Carla Pinchieri Prenholato, Leandro Barbosa da Silva, Leonardo Martins Pereira, Luiz Carlos Costa, Manoel Elidio Rosa, Marcelo Defani, Marcelo Gonçalves, Marcelo Peixoto de Araujo, Marcelo Pereira de Sá, Marco Antonio dos Santos, Marcos Antonio do Amaral, Marcos Roberto Leal Braga, Maria Cristina Castro, Maria Cristina Corral, Maria do Carmo Ferreira Lellis, Maria Helena Francisco, Maria Selma do Nascimento, Mario Luiz Raia, Marta Soares dos Santos, Mauro Gomes, Neiva Maria Ribeiro dos Santos, Nelson Ezidio Bião da Silva, Nelson Luis da Silva Nascimento, Onísio Paulo Machado, Osmar Rodrigues de Carvalho Junior, Paulo Roberto Salvador, Paulo Rogério Cavalcante Alves, Rafael Vieira de Matos, Raimundo Nonato Dantas de Oliveira, Raquel Kacelnikas, Ricardo Correa dos Santos, Ricardo de Almeida, Rita de Cassia Berlofa, Rogerio Castro Sampaio, Roseane Vaz Rodrigues, Rubens Blanes Filho, Sandra Regina Vieria da Silva, Tania Teixeira Balbino, Vagner Freitas de Moraes, Valdir Fernandes, Vera Lucia Marchioni, Washington Batista Farias, William Mendes de Oliveira. Diretores honorários: Ana Maria Érnica, José Ricardo Sasseron, Maria da Glória Abdo, Sérgio Francisco da Silva. Editor: Fábio M. Michel. Editor de arte: Vander Fornazieri. Computação gráfica: Urbania. Impressão: Bangraf. sindicato dos b ancários especial saúde Pausa importante Saúde e trabalho nos planos do mundo Bancos enquadrados: MTE humaniza telesserviços Foi publicada no Diário Oficial da União de 2 de abril a aprovação do Anexo II da Norma Regulamentadora 17 (NR-17) sobre Teleatendimento/Telemarketing, que trata da organização do trabalho nas centrais telefônicas. A aplicação das disposições da NR 17 é obrigatória a todos os empregadores, sem exceção. A NR estabelece parâmetros que levam à adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Ou seja, adequar os locais de trabalho às limitações humanas e não o contrário, forçar as pessoas além de seus limites, para se adaptarem às exigências físicas e psicológicas das empresas. Tratase de uma grande vitória dos trabalhadores em geral, comemorada pelo Sindicato mas que vai demandar muita luta para ser respeitada pelas empresas. O Anexo II da NR-17 estabelece intervalos de 20 minutos para lanche durante a jornada de trabalho, além de duas pausas de 10 minutos para descanso; fica garantida também a permissão para o livre uso dos banheiros a qualquer momento da jornada, sem prejuízo das avaliações e remunerações dos funcionários, entre outras conquistas. De maneira geral, as empresas têm 90 dias (até 02 de julho, portanto), para cumprir as determinações do Ministério do Trabalho e Emprego referentes à organização do trabalho e de até cinco anos para implementar as exigências em equipamentos e mobiliários. A aprovação da norma envolveu um embate acirrado entre representantes dos trabalhadores (entre os quais o Sindicato, ao lado das principais entidades de categorias profissionais, das centrais sindicais, do Ministério Público do Trabalho e outros) e dos patrões. O conteúdo integral da NR-17, pode ser conhecido pelo site do Sindicato: www.spbancarios.com.br . especial saúde sindicato dos b ancários Não só as questões ambientais mobilizam cidadãos ao redor do planeta. Tão importante quanto garantir a preservação das espécies é a urgência de controlar, reduzir e buscar ha erradicação do adoecimento nos locais de trabalho, garantindo a saúde e a qualidade de vida da população mundial, composta em sua esmagadora maioria de gente que depende de sua capacidade de trabalho para sobreviver. Assim, têm sido freqüentes a organização de eventos como o 2º Congresso Internacional de Saúde e Trabalho, que reuniu governos, entidades sindicais, médicos e militantes de vários países do mundo, realizado entre os dia 12 e 16 de março, na capital de Cuba, Havana. O Sindicato compôs a representação dos trabalhadores brasileiros, ao lado dos Químicos de São Paulo. Participou, junto a representantes da Espanha, Argentina, EUA e Itália, entre outros do painel sobre assédio moral em que, além de ampliar e repassar conhecimentos, definiu que o Brasil deverá sediar um congresso internacional sobre o tema, no ano que vem. No encontro de Havana foi estabelecida ainda a colaboração permanente entre o Brasil (representado por uma comitiva do ministério da Saúde) e Cuba na área de preservação da saúde do trabalhador. O Sindicato foi um dos signatários do protocolo. “O que antes eram queixas localizadas de exploração do trabalho, agora tem proporções intercontinentais e certamente levará à transformação da realidade perversa experimentada pelos trabalhadores de todos os setores e de todas as culturas”, comentou Walcir Previtale Bruno, secretário de Saúde do Sindicato. Assim como o aquecimento global, a saúde do trabalhador desperta a atenção mundial gerardo lazzari SXC Anexo II da NR17 estabelece intervalos de 20 minutos Solidariedade, apoio e luta gerardo lazzari Reunião de formação do Grupo de Ação Solidária em Saúde do Sindicato Em 31 de março passado, o Sindicato organizou o Grupo De Ação Solidária em Saúde, aprovado e lançado em encontro que reuniu mais de 100 bancários no Auditório Azul da entidade. Quase todos os presentes à primeira reunião do grupo eram trabalhadores vitimados por doenças e lesões ocupacionais. O objetivo é discutir, trocar experiências e dramas e, principalmente, contribuir para a construção das soluções para os problemas de adoecimento que ameaçam a categoria. A bancária do Unibanco Claudia Regina de Oliveira foi e gostou. “Conheço as histórias do meu banco, mas não as do Bradesco, do Itaú, do Banco do Brasil. Vai ser uma oportunidade de trocar experiências importantes que vão ajudar a aliviar o sofrimento das pessoas e mostrar que a gente não está sozinha.” Os interessados em fazer parte do grupo podem entrar em contato com a Secretaria de Saúde do Sindicato, pelo 3188-5200. Nexo epidemiológico já vigora Desde o dia 2 de abril está em vigor o novo critério epidemiológico para a concessão de benefício acidentário, conforme lei 11.430, de 26 de dezembro de 2006, decreto 6042, de 12 de fevereiro de 2007 e Instrução Normativa do INSS nº 16, de 27 de março de 2007. No caso dos bancários, a maioria das doenças do sistema músculo-esquelético (LER/Dort) e dos transtornos psíquicos são atribuídos, por princípio, às condições de trabalho. Assim, se o motivo do afastamento do trabalho for um dos males relacionados na lei e na IN (veja no www.spbancarios.com.br), o INSS utilizará o critério epidemiológico e indicará a concessão do auxílio-doença acidentário (B91), independentemente da emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho. O perito é obrigado a registrar no sistema os relatórios médicos e os exames complementares, se existirem. “Foi uma das mais importantes conquistas da categoria em sua luta pelo respeito à sua saúde, pois ficou atestado que o trabalho em bancos, adoece”, disse a secretária-geral do Sindicato Juvandia Moreira (foto). Márcio sindicato dos b ancários especial saúde artigo A saúde, o sistema e o sistema de saúde É preciso que as empresas assumam sua parcela de cidadania em relação à sociedade Por Gilson Carvalho N SXC ossa saúde depende de nós mesmos e do ambiente e tipo de trabalho que desenvolvemos. Precisamos lembrar o conceito usual de saúde como o estado de bem estar das pessoas na dimensão física, social e mental. Este estado tem dependência e condicionamento multifatorial. Do ponto de vista individual podemos incluir neste rol a genética de cada um, a história biológica e o estilo de vida. Na determinância mais geral para o estado de nossa saúde, usamos citar as condições econômicas, sociais e materiais do A maior parte das doenças ocupacionais acontece quando os profissionais se encontram na faixa dos 27-35 anos ambiente em que se vive e até mesmo da existência e eficiência de ações e serviços de saúde. A saúde do trabalhador está também relacionada às condições e tipo de trabalho. Dentro das condições gerais, o ambiente de trabalho, com todas as suas variáveis (espaço, posição, ventilação, temperatura, produção, chefia, colegas, responsabilidade, jornada e intervalos diários, descanso semanal, férias etc.); dentro das condições do trabalhador, a história de vida (ge- especial saúde sindicato dos b ancários nética, biologia, hábitos), as capacidades e limitações individuais, o estado de espírito atual. É preciso que as empresas assumam sua parcela de cidadania em relação à sociedade. Temos em relação à saúde, uma arrecadação de recursos que segue a lógica da solidariedade onde, de cada um, se arrecada conforme sua disponibilidade e se garante a cada um conforme sua necessidade. Um princípio socialista que foi aplicado à saúde, na Constituição. Entretanto, as empresas, além desta contribuição conforme faturamento e lucro têm obrigações relacionadas ao risco de agravos à saúde que possam desencadear próxima ou remotamente. Os riscos, que não devem ser avaliados de maneira linear e simplista, podem não ser apenas os físicos, mas também os da mente, do espírito. Ambos muito danosos às pessoas. Sou a favor de que cada vez mais as pessoas entendam a busca do bem-estar como a razão de ser de nosso viver. É preciso aplicar este conceito a toda e qualquer situação de suas vidas, inclusive em relação ao posto de trabalho. Se criarmos a consciência do bem-estar geral, não só o nosso, mas também o de todos os outros, cada um de nós tomaremos atitudes para conter ao máximo as doenças ocupacionais, independentemente do posto que ocuparmos – como patrão, ou empregado; chefe ou subalterno. Existe ainda uma situação muito comum em várias profissões (e com os bancários certamente não é diferente). A maior parte das doenças ocupacionais acontece quando os profissionais se encontram na faixa dos 27-35 anos (em linhas gerais), ou seja, no auge de suas capacidades produtivas e ainda muito distantes de suas aposentadorias por tempo de serviço, causando custos sociais altíssimos para o Estado e verdadeiros dramas individuais e familiares. Quando se é jovem, arrisca-se mais, expõe-se mais, pensando “comigo nada acontecerá no futuro. Sou diferente!” A juventude comporta uma maior capacidade de supor- SXC tar situações indesejáveis ou de risco. No entanto, se SUS, que é de todos. O SUS carece de apoio e pressão não pensarmos a médio e longo prazo, baseados em para que funcione melhor. Se as categorias organizaestudos, pesquisas e na experiência pessoal dos mais das optam pelo sistema privado estão, no mínimo, velhos e vivenciados, podemos “queimar “, hoje, nospensando apenas no presente. Enquanto são produso potencial de vida saudável para o futuro. O pensar tivos, brigam pelo sistema privado e, mais à frente, apenas no tempo imediato, pode nos levar a avaliaquando dependerem exclusivamente do sistema púções incorretas e a corrermos sérios riscos, principalblico, vão amargar suas insuficiências e ineficiências. mente futuros. Gostaria muito que os trabao Estado deveria patrocinar Finalmente, acredito campanhas permanentes junto lhadores mais organizados e que o próprio Estado deaos setores patronais no sentido com capacidade de mobilizade zelar pelas condições físicas veria patrocinar campação e pressão lutassem pelo e psíquicas do trabalho nhas permanentes junto SUS, que não cuida apenas de aos setores patronais no sentido de zelar pelas conpessoas doentes, mas de todos, mesmo aqueles que dições físicas e psíquicas do trabalho, de modo a extêm planos de saúde ou dinheiro para garantir sua por a saúde de seus funcionários aos mínimos riscos assistência individual. O SUS está diretamente ligado possíveis. Isso é primordial, principalmente no Braà qualidade do meio ambiente, do ar, da água e dos sil, onde garantir a saúde das pessoas é um dever do alimentos, da produção e comercialização de medicaEstado. Pela Constituição Brasileira foi criado o SUS mentos, pelo destino de dejetos, controle de vetores – Sistema Único de Saúde – que é responsável por e pela vacinação pública. Todos nós usamos o SUS e garantir este direito à população. Infelizmente, temos todos devemos defendê-lo. Inclusive os trabalhadovisto as categorias trabalhadoras mais organizadas, res do sistema financeiro, os bancários. com maior poder de pressão e com mais direitos conquistados buscarem sempre, em suas negociações Gilson Carvalho é médico pediatra e de saúde com os patrões, a garantia de um plano de saúde pública ([email protected]). O autor adota a política do copyleft podendo este texto privado. É um direito do trabalhador, mas tem contriser copiado e divulgado, independentemente de buído para aumentar o desinteresse em defender o autorização e desde que sem fins comerciais sindicato dos b ancários Os riscos, que não devem ser avaliados de maneira linear e simplista, podem não ser apenas os físicos, mas também os da mente, do espírito especial saúde Conscientização Dez minutos em seu nome Pequenas pausas podem poupar sua saúde e evitar uma parada obrigatória no futuro para recuperá-la Por Fábio M. Michel O s nomes dos bancários envolvidos nas histórias aqui contadas serão preservados. Os dos bancos que os submeteram e continuam a submeter seus funcionários à insanidade, não. Aos vinte e poucos anos, S.A.C. foi admitido como atendente no Telebanco, do Bradesco, e cumpria suas tarefas com dedicação. Jamais se negava a, quase diariamente, permanecer na PA em média de três a quatro horas além da jornada diária que seu contrato de trabalho estipulava. Sua dedicação o fazia também cumprir com rigor as únicas paradas permitidas durante a jornada: um intervalo para a refeição e um tempo-relâmpago para a pausa toalete (banheiro, no original em francês, usado provavelmente para aliviar a insensatez da regra). especial saúde Gerardo lazzari Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato: “O lucro das empresas não pode justificar o desrespeito ao direito dos bancários de exercerem sua profissão sob condições físicas e psíquicas saudáveis” “Nas horas extras, não tinha pausa, a quantidade de ligações era tão grande que ninguém podia se levantar, eram ordens da supervisão”, lembra. Sete anos depois, S.A.C. havia desenvolvido uma labirintite, provocada pela exposição excessiva e quase sem interrupção dos ouvidos à pressão acústica dos fones. “Comecei a ouvir um zunido constante. Depois tive vertigens, perdia o equilíbrio, foi horrível”, lembra. O passo seguinte foi uma sensível perda de audição. No início de 2006, veio a demissão. O corte aconteceu depois de S.A.C. ter dado claras demonstrações de sua insatisfação com as condições impostas às pessoas. “Comecei no banco em perfeitas condições físicas e mentais. Foi o trabalho que me fez ficar doente. Eles não gostaram de ouvir reclamações e resolveram me demitir”. sindicato dos b ancários Conseguiu novo emprego, ganhando menos. Livre atividades, sem que o trabalhador seja esgotado física da pressão e da insalubridade a que era submetido e mentalmente pelas imposições da organização”. no Telebanco, recuperou boa parte da audição (“mas S.A.C. teria aprovado e se sente à vontade para fanunca vou sarar completamente”) e sente os sintolar em nome dos muitos colegas que viu adoecer ao mas da labirintite com freqüência cada vez menor. longo dos anos em que serviu incondicionalmente ao O que, para seus médicos, comprova que os males Bradesco. “Quando você sabe que vai parar dali a um foram causados pelas pressões e más condições em tempo, parece que o corpo e o cérebro aprendem a que trabalhava. relaxar. Se não tem descanso, você passa o dia todo Diminuir a repetição de hisacelerado, fica exausto e chetórias tão ou mais graves que Com o lema 10 Minutos Para ga em casa irritado, não conVocê, o Sindicato lançou, em as de S.A.C. no sistema finan- fevereiro, uma campanha segue dormir direito”, avaceiro passa por uma reformude esclarecimento da categoria lia, mostrando também que, lação completa nos modelos além dos problemas fonoaude gestão atualmente em vigor nas empresas. Uma diológicos, acabou desenvolvendo transtornos menluta de várias batalhas. tais relevantes, que poderiam ter evoluído para um Uma delas é a institucionalização de pausas para quadro de depressão, com conseqüências imprevisídescanso em intervalos determinados de dez minutos veis. a cada 50 trabalhados. Com o lema 10 Minutos Para Assim como S.A.C., a maioria dos bancários não Você, Sua Saúde Vale Mais, o Sindicato dos Bancários sabe avaliar os futuros estragos resultantes da peride São Paulo, Osasco e Região, lançou, em fevereiro gosa soma entre a vontade (e necessidade) de evoluir passado, uma campanha de esclarecimento e organina carreira e a ganância dos bancos. Estes, ao perzação da categoria, percorrendo diversas agências e seguirem inconsequentemente o crescimento dos luconcentrações para debater o problema. cros, obriga seus funcionários a trabalhar em regimes A adoção dessa medida, se não elimina completasemelhantes à semi-escravidão e o que é pior, conmente a exposição dos bancários e teleatendentes a vencendo-os de estarem no caminho correto. condições insalubres de trabalho, certamente irá con“É da lógica capitalista que as empresas busquem tribuir para uma sensível redução dos danos, como sao lucro. O que precisamos conquistar é que os bancálienta a médica Maria Maeno, pesquisadora da Funrios tenham respeitado seu direito – não benefício – de dacentro. exercer sua profissão sob condições físicas e psíquicas “Durante a jornada diária, é preciso ativar a circusaudáveis. É preciso adequar os locais de trabalho às lação sanguínea, movimentar as articulações, aliviar limitações humanas em vez de obrigar as pessoas ao a concentração, descansar os ouvidos e olhos, enfim, esgotamento. O nível de adoecimento na categoria afastar-se das circunstâncias de trabalho o mais possíbancária tem, hoje, caráter de verdadeira epidemia”, vel. É assim que as condições físicas e mentais podem diz o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, ser recuperadas plenamente para a continuidade das baseado em dados da Previdência Social. (FMM) O descanso necessário n Cada vez mais, as doenças ocupacionais vêm se tornando um problema de saúde pública no Brasil. Entre a categoria bancária, o crescente número de afastamentos registrados a cada ano, comprova: atualmente, trabalhar em banco é tão perigoso para a saúde quanto em uma siderurgia, hospital ou mineradora. doenças ocupacionais jamais imaginaram que isso poderia lhes acontecer um dia. n Essa realidade acaba de ser comprovada pelo próprio INSS ,que atestou que os bancos estão entre as empresas que m ais adoecem os funcionários. Por isso, é importante primeiro que todos se conscientizem de sua vulnerabilidade – todos os trabalhadores que contraíram n Muito importante: não basta apenas parar e permanecer no seu local de trabalho, esperando calmamente o tempo passar para que a pausa de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados contribuam efetivamente para a prevenção das doenças ocupacionais. n Programar pausas de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados é mais uma das lutas necessárias para a conquista da plena dignidade dos bancários e requer disposição para enfrentar a resistência do setor patronal. n Especialistas alertam e orientam que é preciso, neste intervalo, desenvolver outras atividades, caminhar, fazer alongamento, pequenos exercícios, relaxar, conversar etc. n A partir daí, a mobilização tem de ser ampliada. É preciso uma atuação consistente da Cipa, além de promover no ambiente da empresa debates entre os funcionários e com as chefias, procurando instalar um ambiente de diálogo e negociação construtivos, pelo bem de todos, trabalhadores, empresa e sociedade, para que as pausas preventivas sejam incorporadas ao cotidiano do trabalho. sindicato dos b ancários especial saúde Como isso foi acontecer comigo? SXC saúde mental Por não temerem o perigo, os jovens formam uma parcela cada vez maior de bancários ameaçados por transtornos mentais A lberto caiu em depressão profunda há dois passou a cobrar dela desempenhos cada vez maiores anos. Extremamente competente, sentiae a maltratá-la publicamente e com freqüência. Resisse orgulhoso de si cada vez que o Santantiu à insensatez da situação por dois anos e meio até der promovia cortes de pessoal em massa, sentir os primeiro sinais de ruptura. Após uma reunião mas o mantinha empregado. No entanto, em que a humilhação se repetiu, chorava no banheipassou a acumular as responsabilidades dos ex-coro quando sentiu “um formigamento nas mãos e nos legas e a pressão sobre o seu desempenho o levou pés, tontura. Perdi o controle. Saí gritando e quis bater a viver constantemente no limite. Um dia, perto de nele”. Há três anos afastada, hoje Marilda não consecompletar três anos de um ritmo alucinante – quangue mais passar à frente de uma agência sem sentir do já não dormia direito e vivia irritado com a família tremores e palpitações. Tem sonambulismo crônico, - acordou, ele conta, “com um nó está 12 quilos acima do peso e se A Previdência Social já na garganta; pus o pé na agência acha um fardo para as duas filhas trata o tema em termos e tive uma crise de choro e muita pré-adolescentes e o marido. de saúde pública tristeza”. Foi levado ao médico e Dramas resultantes de distúrbios veio o diagnóstico: não tinha condições emocionais mentais relacionados às condições de trabalho no sede continuar trabalhando. Está afastado e gasta mais tor financeiro se contam aos milhares. A Previdência da metade da sua renda em remédios. “Não sei o que Social já trata o tema em termos de saúde pública: aconteceu, acho que um dia vou acordar e ver que tudo entre 1999 e 2002, os afastamentos de bancários por foi um pesadelo.” esse tipo de dano à saúde chegaram a 7.997 casos, Marilda sofre de síndrome do pânico. Depois de três segundo dados do sistema único de benefícios. Uma anos no Itaú como uma talentosa batedora de metas, análise do mesmo estudo dispara o alerta: é na cateassumiu uma gerência de contas, com o mesmo o goria bancária que, silenciosamente, a incidência de pique e dedicação. Mas então seu superior imediato transtornos psíquicos mais aumenta a cada ano, supe10 especial saúde sindicato dos b ancários SXC rando profissões em que a tensão emocional é recocados, são largamente difundidos entre a moçada que hoje ocupa mais nhecidamente elevada, como as do transporte aéreo da metade dos empregos nos bancos. Ajudam a impulsionar a venda de e em hospitais. produtos contribuindo, porém, para que não se avalie adequadamente A maioria destes transtornos guarda algumas caracos riscos da sobrecarga de comprometimento. terísticas em comum: atingem predominantemente “Os profissionais jovens querem mostrar todo o seu potencial para sebancários entre 30 e 39 anos (faixa etária em que se rem aceitos na instituição, mas geralmente possuem um entendimenconcentram perto de 45% dos empregos no setor) e, to irrealístico sobre o que podem e o que não podem fazer, sendo fresegundo especialistas, são resultado de um processo de qüentes as frustrações profissionais”, ensina a especialista em Psicologia esgotamento que pode leOrganizacional e Gestão de Pessoas Cristiane É na categoria bancária que var anos até o limiar, isto é, da Rosa, estudiosa da chamada síndrome do a incidência de transtornos psíquicos começam quando se tem esgotamento profissional (também chamada mais aumenta a cada ano entre 20 e 29 anos e o burnout). auge da vitalidade. Além disso, estão fortemente liÉ dessa vitalidade inconseqüente, ao lado de um mercado de trabalho gados ao ritmo e à intensidade com que as vítimas se escasso e competitivo, que os bancos (e as terceirizadas) se aproveitam dedicaram às suas tarefas, quando em atividade. perversamente. Não à-toa, o número de cargos de gerentes na categoria Alberto se arrepende, Marilda também. “Se tivesse bancária, que compunha 5,79% do total de empregos no setor em 1986, pensado um pouco teria percebido que aquilo tudo havia subido a 13,2% em 2004, segundo o Dieese. Elevados aos chamados era muito abuso. Acho que é por isso que eles não te cargos de confiança, estes profissionais passam a se sentir valorizados o deixam parar nem um instante”, ele avalia. A bancásuficiente para aceitar todo tipo de incumbência, sem noção do perigo a ria opina sobre a atual campanha do Sindicato, instique expõem sua integridade física e mental, ao trabalhar sem descanso tuir pausas de dez minutos a cada 50 minutos trabae descansar pensando no trabalho. lhados: “Acho que se estivesse na ativa, dificilmente “As empresas se apresentam como benfeitoras e formadoras do futuentenderia o quanto é importante ter um tempo para ro desses jovens, dizem que são uma solução contra o desemprego, mas aliviar a cabeça e respirar fundo. Mas eu gostaria de o fato é que os trabalhadores manifestam uma série de queixas. O que ter tido a chance”. ocorre é o adoecimento cada vez maior dessa mão-de-obra jovem”, sen“Coisa de gente fraca”, ou “pra trabalhar em bantencia o médico Airton Marinho da Silva, mestre em saúde pública pela co tem que ser forte”, entre outros conceitos equivoUniversidade Federal de Minas Gerais. (FMM) sindicato dos b ancários especial saúde 11 telesserviços Alô, alguém me escute Sob a aparência da modernidade, as centrais telefônicas escondem condições cada vez mais insalubres de trabalho A SXC s relações que as empresas do sistema financeiro mantêm com as operadoras e operadores das centrais telefônicas chegam à semi-escravidão. É a melhor maneira de se traduzir um trabalho controlado pelas mais rígidas (e perversas) ferramentas de gestão atuais, capazes, por exemplo, de registrar e advertir automaticamente qualquer um que tenha ultrapassado alguns segundos do tempo permitido para ir ao banheiro. E ainda emitir uma notificação da advertência à supervisão, para que esta possa exercer seu poder de pressão, reforçando a bronca. 12 especial saúde sindicato dos b ancários E isso sob um regime de trabalho, em condições normais, de seis horas e 15 minutos diários, sendo esta última fração de tempo reservada para a alimentação. A satisfação das necessidades fisiológicas básicas e o sagrado descanso, devem tomar, no máximo, mais dez minutos diários e recebem o singelo nome de pausa toalete.* Os mesmos sistemas eletrônicos que controlam o tempo de lanche e banheiro, verificam também a duração das chamadas atendidas e o intervalo entre o fim de uma ligação e o início de outra. Permitem que os chefes ouçam os diálogos e ainda gravam tudo, acrescentando o conteúdo às informações acumuladas sobre cada funcionário e que contribuirão para decidir quem continuará empregado. Os salários se enquadram entre os mais baixos pagos às categorias profissionais de nível técnico. Leve-se em conta que cerca de 85% da mão-deobra em telemarketing é composta por mulheres, tradicionalmente mais exploradas. E que o pessoal também tem metas de vendas às quais sua remuneração está diretamente associada. Tem-se algumas das mais sombrias e alarmantes estatísticas de adoecimento entre os teleatendentes ligados aos bancos, direta ou indiretamente (exceções existem, mas também não chegam a ser exemplo de boa prática empresarial). Entre as maiores implicações à saúde resultantes da intensidade e das condições indignas de trabalho impostas nas centrais estão os impactos causados à fala e à audição. Um trabalho da pesquisadora Carla Oda, apresentado ao Instituto de Psicologia da USP em 2004, mostrou que, dos operadores e operadoras de centrais telefônicas entrevistados, 85% apresentavam sinais de exaustão daqueles sentidos, com sintomas como zumbidos nos ouvidos e rouquidão crônica. A fonoaudióloga Luisa de Afonso é taxativa ao avaliar os riscos a que está exposta a saúde de quem trabalha nessa área. “Quando falar ao telefone é uma tarefa rotineira, pode causar danos irreversíveis ao trabalhador, pode leva-lo à surdez e à disfonia (alterações vocais) e à aposentadoria por invalidez”. Entre as muitas razões que fazem do teleatendipode gerar impactos - sociais e previdenciários – de mento um dos grandes inimigos da saúde dos trabagrandes proporções. lhadores, Carla Oda cita o desrespeito à regulamentaPreservar o potencial produtivo desta imensa parceção específica do setor. “Há o limite estabelecido de la de cidadãos (a atividade emprega cerca de 700 mil 36 horas semanais e o direito a uma pausa a cada 50 pessoas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de minutos trabalhados, mas não se encontram empresas Telemarketing, ABT) significa transformar as diretrizes que sigam essas determinações”, afirma. organizacionais das empresas, por ora exclusivamente L.C.A., que por quase quatro anos submeteu-se à interessadas em lucrar sem limites, nem respeito. semi-escravidão imposta pelo Telebanco, do Bradesco, “Instituir uma parada de 10 minutos a cada 50 relata o sofrimento vivido por grande parte da cateminutos trabalhados é uma ação e uma necessidagoria. “O tempo todo eu de urgente para o teleA demanda por esse tipo de serviço sentia dores de garganmarketing hoje. A cada aumenta, sem que as empresas ta, sem falar das costas e assumam a responsabilidade pela dia a demanda por esse dos braços. Muitas vezes integridade das pessoas que contratam tipo de serviço aumenta, eu quis parar, mas era só sem que as empresas asme levantar que já vinham me perguntar se a cadeira sumam a responsabilidade pela integridade das pestinha prego, essas coisas”, lembra, sem saudade. soas.” O diagnóstico é da socióloga da Unicamp Selma Com pouco mais de 18 meses no emprego, L.C.A. Venco, que há anos estuda o potencial de problemas desenvolveu problemas na fala (“eu vivia rouca”) e inerentes a esse trabalho. solicitou acompanhamento fonoaudiológico ao banco. “A pausa seria muito proveitosa. Tenho certeza que Até seu pedido de demissão, mais de dois anos depois, muitos problemas seriam evitados, talvez até o meu. jamais foi atendida. E não daria tanta razão aos supervisores, que quando L.C.A., de 24 anos, insere-se ainda no que é, talvez você diz que precisa descansar respondem que o houm dos aspectos mais preocupantes da profissão, em rário tem que ser cumprido e ponto final”, L.C.A rerelação aos riscos que representa: cerca de 80% dos comenda. (FMM) atendentes é de jovens com idade entre 21 e 30 anos. * Leia na página 4 sobre a importante resolução do MTE, Além dos insuperáveis dramas pessoais, a displicênque aprovou o Anexo II da NR 17, que humaniza as condições cia com que se tratam os riscos à saúde desse pessoal de trabalho em telesserviços Quando o trabalho adoece Selma Venco A pressão no trabalho tem comprovadamente provocado episódios lamentáveis de desgaste físico e emocional em trabalhadores dos quatro cantos do mundo. Tomemos o exemplo das centrais telefônicas ligadas às empresas. Aparentemente bem instaladas em salas e galpões com ar condicionado e cadeiras estofadas, as centrais de atendimento, mais conhecidas no Brasil como telemarketing, produzem a imagem de um trabalho sem desgaste físico. Na verdade, essas centrais ocultam diversos aspectos associados ao controle. Seja pela máquina, que registra todos os movimentos dos operadores (pausas, quantidade de ligações feitas e recebidas), grava todas as suas ligações (que serão ouvidas posteriormente pelas chefias), distribui automaticamente as ligações, sem espaço para uma recomposição física e mental entre uma e outra; seja pela supervisão, que pressiona constantemente pela superação das metas - porque apenas o cumprimento das metas não é mais suficiente, é necessário ultrapassá-las sistematicamente; seja também pela insistência na redução do tempo de atendimento; e seja pelos clientes que, protegidos pela distância, freqüentemente tratam a estes teleoperadores de forma desrespeitosa. O trabalho em telemarketing é extremamente padronizado e conforma um conjunto de regras que condiciona o comportamento e a disciplina para o trabalho, chegando-se ao limite de obrigar a solicitar formalmente o uso do toillete. Ser capaz de trabalhar sob extrema pressão é condição sine qua non para ingressar nesta profissão e nela permanecer. Desta forma, este setor está, nas palavras de um dirigente sindical, criando um exército de jovens doentes. A incidência de síndrome do pânico e depressão entre esses trabalhadores é alta. Entre os entrevistados na pesquisa que realizamos, todos mencionaram esses males, se não em si mesmos, entre colegas. É importante lembrar os inúmeros estudos que associam altas taxas de morbidade às profissões para as quais as empresas ou as chefias exigem muita rapidez no desenvolvimento das tarefas. Na central francesa Francetelecom havia, em 2004, o registro de 4 suicídios. Entretanto, mesmo com a adoção de uma verdadeira “pedagogia do medo” praticada pelas centrais de atendimento no Brasil - com ameaças explícitas de demissão - e com alto índice de desemprego nesta faixa etária, esses jovens profissionais abandonam as empresas por não suportarem as condições de trabalho, resultando em altos índices de rotatividade e de absenteísmo. Encerramos adaptando uma proposição de Luciano Vasapollo: só a classe trabalhadora poderá defender a tese de que “um outro telemarketing é possível”. Selma Venco é socióloga, mestre e doutora pela UNICAMP. Autora do livro Telemarketing nos bancos: o emprego que desemprega (Edunicamp, 2003). sindicato dos b ancários especial saúde 13 Ler/Dort Estica,estica até romper um número cada vez maior de excelentes funcionários tem sua carreira interrompida bruscamente, e para sempre H fotos: Gerardo Lazzari Silmara manteve o pique, o cumprimento de metas e sua contribuição para os lucros do banco, até que as dores se tornaram insuportáveis á cerca de 40 anos, previa-se um mundo sem trabalho, resultado da automação e do surgimento dos computadores, que poria as máquinas a serviço do homem proporcionando aos cidadãos mais horas para o lazer, a família, o aprimoramento intelectual e espiritual. No entanto, daquela teoria, só o desenvolvimento tecnológico se concretizou, contribuindo decisivamente para o aumento da produção e da produtividade, em todos os setores da economia. O surgimento de novas máquinas, que propiciou a criação de atividades econômicas que antes não existiam, como a avançada intermediação financeira dos dias de hoje, não reduziu a necessidade de se dedicar a vida ao trabalho em regime praticamente integral (como padrão, ainda se trabalha oito horas por dia, como já se fazia 80 anos atrás). Nem o impacto que o ganha-pão gera sobre a saúde das pessoas mudou, pelo contrário. Assim como a quase totalidade dos colegas de profissão bancária, Sérgio era obrigado, “por questão de sobrevivência”, como diz, a se entregar integralmente ao trabalho para o Bradesco – uma empresa que se orgulha de seus avanços e pioneirismo em automação e tecnologia. Apesar disso, porém, a modernidade do equipamento que operava sem descanso não o poupa- 14 especial saúde sindicato dos b ancários va de sentir fortes dores no braço ao fim dos dias. Julgou – erroneamente, percebeu, tarde demais – que não poderia parar, que o problema era seu e não do banco, que não devia comunicar o problema. Passou a tomar remédios para diminuir a dor, enquanto via a quantidade de trabalho crescer a cada dia. Apesar de o banco crescer ininterruptamente, queria mais, sem ligar – nem querer saber –, para a saúde dos ‘colaboradores’. Um dia, em 2006, a musculatura de seu braço simplesmente se rompeu e remédio nenhum devolveria mais a sua capacidade de superar as metas e a si mesmo. Desde então, sem emprego e sem condições de trabalhar, o drama só aumenta. “Tenho dívidas até na farmácia, não posso ficar sem remédios e não sei como fazer”, se desespera, ao lembrar o quanto sua vida agora depende de familiares e amigos. A alta intensidade do ritmo de trabalho, a execução de grande quantidade de movimentos repetitivos em grande velocidade, a sobrecarga de determinados grupos musculares, a ausência de controle sobre o modo e ritmo de trabalho, a ausência de pausas, a exigência de produtividade etc., continuam tão presentes na vida dos trabalhadores quanto no fim do século 19, independentemente do setor econômico em que atuem. E estas condições são as principais responsáveis pelo crescimento alarmante e epidêmico da incidência cada vez maior das muitas modalidades de LER/Dort entre os trabalhadores em geral, e entre os quais, os bancários ocupam infelizes lideranças. Uma série de estudos apontam que algo em torno de 60% dos casos de LER/Dort no sistema financeiro acontecem quando se tem entre 30 e 39 anos e cerca de 19% abaixo de 30 anos. Comprovadamente, as LER/Dort constituem um grupo de doenças que vitima trabalhadores relativamente jovens, em plena fase produtiva e longe de suas aposentadorias por tempo de serviço. Elas estão diretamente relacionadas ainda à permanência e repetição de certos tipos de atividade por um tempo prolongado e às condições físicas e psíquicas do local de trabalho, isto é, pouco tempo para muitas tarefas e uma cobrança sem descanso por desempenho e produtividade. Foram estas características que incapacitaram definitivamente a ex-funcionária do Itaú Silmara, que após os primeiros sinais de lesões considerou que seria forte o suficiente para não ter de procurar tratamento adequado, manteve o pique, o cumprimento de metas e sua contribuição para os lucros do banco, até que as dores se tornaram insuportáveis. Afastou-se e retornou, mas não para sua ocupação anterior. Passou a ser obrigada a trabalhar em pé (“queriam que eu pedisse a conta”). A auto estima abalada contribuiu para que novas complicações surgissem, inclusive mentais. Foi dada como incapacitada para o trabalho e aposentada por invalidez. A pensão mal lhe permite contribuir para as receitas da casa e a educação das filhas. As maiores armas para combater as LER/Dort nos locais de trabalho é a informação e a organização dos trabalhadores. É essencial que os bancários desenvolvam a percepção sobre determinados sintomas e procurem assistência rapidamente. As lesões têm caráter epidêmico e são frequentemente incapacitantes”, ensina a médica Maria Maeno, pesquisadora da Fundacentro. Com isso, um contingente cada vez maior de jovens bancários, a maioria do gênero feminino (características predominantes nos escalões mais baixos das empresas, em que a exigência pelas metas é maior e costuma ser mais abusiva) estão perdendo ou ameaçados de perder a capacidade produtiva. “Os jovens se atiram ao trabalho com muita energia e não acham que terão seus músculos e ossos afetados pelo excesso de atividade e a extrema pressão que encontram nos bancos. O fato é que as formas de se trabalhar impostas nas empresas são determinantes e têm levado um contingente cada vez maior de excelentes funcionários a interromper sua carreira, muitas vezes, para sempre”, completa Maeno. (FMM) Sérgio era obrigado, “por questão de sobrevivência”, como diz, a se entregar integralmente ao trabalho para o Bradesco Saúde como meta no trabalho Por Maria Maeno Quem nunca foi abordado por um operador de telemarketing, um caixa ou gerente de banco, oferecendo um seguro de vida ou um investimento imperdíveis? O que antes era sutil virou explicitamente um pedido de socorro dos bancários, que precisam vender os produtos dos bancos em que trabalham. Chegam mesmo a telefonar e assediar vizinhos e familiares à noite, nos fins de semana, feriados, festas e encontros de amigos para mostrar os “grandes negócios” que eles podem fazer. Esse comportamento obsessivo vem se tornando comum entre os bancários. Gerentes, chefes ou simples funcionários, todos são obrigados a cumprir suas metas – quando não, ultrapassá-las. E essa “missão” pode atormentá-los 24 horas por dia. Em suas empresas, encaram uma seqüência de cobranças de cima para baixo, nem sempre adequadas. São comuns as queixas sobre as situações de humilhação para os obrigar a vender e vender, as comparações constrangedoras entre colegas, além das ameaças, veladas ou explícitas, de demissão. Sem contar os impactos dos cada vez mais freqüentes assaltos e seqüestros em bancos, com inúmeros casos de estresse pós-traumático. Essas situações têm preço para a saúde. O número de bancários apresentando episódios depressivos, quadros de ansiedade, perturbação do sono, sensações de angústia e insegurança, síndrome do esgotamento profissional (burn-out) é preocupante. Desde 1999 são todos distúrbios oficialmente reconhecidos pelo Ministério da Saúde, que os descreveu no Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde – Doenças Relacionadas ao Trabalho, publicado em 2001. Também a Previdência Social os listou no anexo II do Decreto 3.042, (1999), reconhecendoos como relacionados ao trabalho. No entanto, na prática, o percentual desses transtornos associados ao trabalho é muito pequeno. No ramo bancário, segundo a Previdência Social, o adoecimento mental é mais freqüente do que em outras atividades, mas não identificado como ocupacional na grande maioria das vezes. Outro grupo de doenças, antigas conhecidas dos bancários, são as Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT): tendinites, tenossinovites, síndromes compressivas de nervos periféricos, cervicobraquialgias. Apesar de estarem entre as doenças re- lacionadas ao trabalho mais registradas em vários ramos econômicos, entre os quais, o sistema financeiro, a freqüência com que ocorrem não são exatamente conhecidos. Isso porque as empresas, com grande destaque para os bancos, não notificam os serviços públicos de saúde como deveriam, tentando esconder a dura realidade que impõem aos funcionários. Ambos os grupos de adoecimento, de evolução crônica, têm causas comuns na organização do trabalho, cujas características atuais são nocivas à saúde. São altamente relacionados a afastamentos prolongados, a grande sofrimento entre trabalhadores e seus familiares, além de implicar custos elevados ao Sistema Único de Saúde e à Previdência Social. É, portanto, urgente que se consolide um acordo entre trabalhadores e empresas que tenha como foco a mudança das condições de trabalho e como objetivo a erradicação desse adoecimento. Maria Maeno é médica sanitarista, pesquisadora da Fundacentro, mestre pela FSP/USP e co-autora do protocolo de LER/Dort do Ministério da Saúde sindicato dos b ancários especial saúde 15 Na mira da Justiça gettyimages Assédio Moral A violência moral nos locais de trabalho começa a ser, enfim, punida A violência psicológica, o constrangimento denunciou que 12 milhões de pessoas da União Euroe a humilhação foram incorporados despéia haviam relatado situações humilhantes em suas de sempre às formas de se obter dos funempresas, que acarretaram distúrbios de saúde física cionários o atendimento às exigências de e mental. O fenômeno se repete fortemente também lucro dos respectivos patrões. nos Estados Unidos. Isso nunca significou, porém, que tal prática seja No Brasil, os pioneiros estudos feitos à mesma correta e apropriada. O que impera nas relações de época pela médica do trabalho Margarida Barreto trabalho, na verdade, é uma impunidade secular, que (leia artigo de sua autoria ao lado) constataram que apenas recentemente começa a ser devidamente es42% dos entrevistados haviam sido vítimas de viotudada, denunciada e, o que é melhor, combatida e lência moral nos locais de trabalho. Assim, uma sépunida pelos rigores da lei. Mais enfaticamente na rie de iniciativas desenvolvidas por médicos, médicos última década, os relatos do trabalho, psicólogos, O funcionário é humilhado diante de associando adoecimenadministradores de emtodos por não ter atingido as metas, tos físicos e mentais, rerecebe “presentes” que o ridiculariza presas, advogados e sultando em afastameneconomistas, entre outos do trabalho e um grande impacto nas contas dos tros vem tornando possível delinear e conceituar o serviços públicos e de assistência à saúde despertaassédio moral. ram o interesse de estudiosos de áreas distintas. No No caso brasileiro, esses trabalhos inter e multidisBrasil e no mundo. ciplinares provocaram a elaboração de grande quantiSim, é verdade. Até mesmo nos países que já condade de projetos de lei em diferentes cidades do País quistaram avanços sociais significativos, a prática do (atualmente, segundo o Tribunal Superior do Trabalho, assédio moral incomoda e apaga o brilho das estatísjá são mais de 80, de praticamente todos os Estados). ticas relacionadas ao bem-estar da população. Muitas dessas cidades – por exemplo, São Paulo, CasA organização Internacional do Trabalho (OIT), basecavel (PR), Salvador e Campinas (SP) – já transformaada em ampla pesquisa realizada em 1996, detectou e ram os projetos em lei. 16 especial saúde sindicato dos b ancários Desta forma, nesses municípios, as empresas devem ultrapassando os limites da dignidade e da legalidade. coibir as ações constrangedoras e humilhantes nas re“No modelo atual de produtividade imposto pelas empresas, não existe lações com seus funcionários. Caso contrário, cabe aos a noção de impossível e não se admite obstáculos na corrida por ultrapastrabalhadores denunciar e exigir na Justiça a punição e sar as metas. Os conflitos nas relações entre as pessoas resultam dessa o devido ressarcimento pelos danos causados. loucura e essa imposição, que submete e tortura a todos os funcionários Em muitos casos, porém, a Justiça Trabalhista vem se indiscriminadamente, deve ser banida “, explica Margarida Barreto (leia adiantando e se posicionado favoravelmente aos traartigo de sua autoria nesta página). balhadores, sem espeNo entanto, a prática diária mostra que Os bancários estão subordinados a um rar a promulgação de a vitória do direito sobre o poder econôcontexto de pressão e opressão constante, leis específicas. “A temico ainda está longe e não virá de cima, o que revela a forma de administrar o oria do assédio moral apesar de alguns esforços pontuais, mespessoal pelo medo, ameaças e injúrias se baseia no direito à mo que já se tenham conquistado signidignidade humana, que por sua vez está previsto no ficativos avanços. artigo 1º, inciso 3, da Constituição Federal”, ensina a É necessário dizer, mais uma vez, que os principais interessados na transjuíza e ministra do TST Maria Cristina Peduzzi. formação – as vítimas de um modelo econômico sob todos os aspectos A magistrada cita ainda que as resoluções sobre a equivocado, os trabalhadores – precisam assumir a dianteira. violência moral nos locais de trabalho são baseadas A forma imediata de incorporar-se à luta pela humanização das relações também em outros princípios incluídos na Constituisociais nas empresas é notificar – aos sindicatos e/ou aos serviços públição. “O artigo 6º confere a todo cidadão brasileiro o dicos de assistência ao trabalhador e à saúde – os episódios de repetição reito à saúde (mais especificamente à saúde mental), sistemática de atos humilhantes e constrangedores nos locais de trabalho, enquanto o artigo 5º, inciso 10, prevê o direito à honra. seja por parte das chefias, seja dos colegas de mesmo nível hierárquico. São todos direitos, portanto, invioláveis”, diz. É a partir daí, ampliando a base de informações, que as entidades sinEstá claro que, aos olhos da Justiça, cada vez mais a dicais, médicos, advogados, psicólogos, magistrados, legisladores e todos perseguição do cumprimento e da superação das meos interessados em humanizar definitivamente as condições de trabalho tas de produtividade, regra que orienta as empresas terão cada vez mais subsídios para avançar em seus estudos e reivindiem geral, e em particular as do sistema financeiro, está cações, pela saúde e bem estar geral. (FMM) Recuperar o sentido do trabalho Por Margarida Barreto A exploração dos trabalhadores atingiu um grau de eficiência historicamente novo, a partir do projeto econômico neoliberal e das novas tecnologias: fechamento de vagas, demissões em massa e intensificação do ritmo de trabalho, exclusivamente para aumentar a lucratividade e o poder patronal. Ao lado das terceirizações crescentes e subcontratações, passou-se à procura detalhada do novo funcionário, que agora deve possuir saúde perfeita, excelência, competência, habilidade e conhecimentos tecnológicos apurados. O “crescimento” em muito se deve aos sacrifícios impostos à classe-que-vive-do-trabalho. O que predomina em diferentes setores da economia é a pressão para ultrapassar a meta diária. Nos bancos não é diferente. Mesmo que, em sua grande maioria, possuam alta qualificação profissional e competência técnica, os bancários estão subordinados a um contexto de pressão e opressão constante, o que revela a forma de administrar o pessoal pelo medo, ameaças e injúrias. Todos estão cotidianamente expostos à violência, na medida em que são desqualifi- cados, pressionados e desmoralizados se não “venderem”. E se alguém contesta, critica, sugere novas formas de administrar ou adoece em conseqüência da pressão, passa a ser considerado uma “pessoa problemática”, sendo sistematicamente criticado, o que o leva a duvidar de suas qualidades profissionais. Não percebe, muitas vezes, que está sendo forçado, indireta e sutilmente, a renunciar “voluntariamente” à empresa e ao emprego. Sob o comando de chefias que manipulam o medo, intensificando o desgaste e sofrimento, a tensão e a sujeição aumentam. E aqueles que testemunham, se calam. Quando usados repetitivamente palavras e gestos que desqualificam, rebaixam e menosprezam, causam adoecimentos e transtornos psíquicos variados. Para as vítimas, o trabalho, aos poucos, vai perdendo o sentido. A violência institucionalizada manifesta-se de diferentes formas: atos discriminatórios, intolerância e abuso de poder. É o caso das políticas de premiações negativas, em que o funcionário é humilhado diante de todos por não ter atingido as metas, recebe “presentes” que o ridiculariza, ouve comentários irônicos e desmoralizantes. São atos que ferem a dignidade, oprimem e colocam em risco a saúde mental e física, a segurança e a vida dos trabalhadores, acarretando prejuízos práticos e emocionais para as vítimas, a organização e o Estado. O tema tem sido motivo de amplas discussões, pesquisas, seminários, encontros, cartilhas e sucessivas negociações entre bancários e patrões. Para combater essa forma de tortura no trabalho, é necessário organizar, intensificar os laços de amizade e confiança, dar visibilidade social ampla aos atos de assédio perpetrados. E compreender, acima de tudo, que a violência moral se insere no contexto das novas políticas de gestão e organização das empresas. Na medida em que constitui uma ferramenta de gestão, a luta contra o assédio moral diz respeito a todos e requer ação coletiva e sensibilização de toda a categoria. Margarida Barreto é médica do trabalho e doutora em Psicologia Social pela PUC-SP sindicato dos b ancários especial saúde 17 sindicato Em benefício de todos, é preciso parar O INSS relaciona a incidência de doenças ocupacionais às condições de trabalho; respeito à saúde conquista vitórias mas há muito a fazer O Walcir, secretário de Saúde do Sindicato: “O cotidiano do sistema financeiro representa tanto risco à saúde quanto o trabalho em construção civil” 18 número de bancários afastados por Bruno, secretário de Saúde do Sindicato. problemas de saúde e acidentes de A nova metodologia irá contribuir para a redução trabalho é tamanho que a Previdência da subnotificação das doenças ocupacionais, que por Social “elevou” os bancos à categoria de muito tempo vem sendo o artifício usado pelos bancos alto risco. Isso quer dizer que as instituições justamente para escapar do enquadramento pelo financeiras, que antes repassavam 1% sobre a folha INSS, e continuar a sacrificar impunemente a saúde de pagamento ao INSS, a título de seguro acidente de dos bancários. trabalho, terão essa alíquota elevada a 3%, a partir de Conquistas como essas são resultado de muita 2008, conforme prevê decreto assinado recentemente persistência e obstinação, nem sempre reconhecidas pelo presidente Lula. pelos maiores beneficiados, os próprios trabalhadores. Além de reenquadrar as empresas em três categorias É árduo mobilizar as pessoas para a luta pelo de risco de exposição a acidentes – leve, médio e alto, respeito, preservação e reabilitação da saúde nos correspondendo respectivamente bancos. Ninguém costuma dar o Ninguém costuma dar o a 1%, 2% e 3% da folha – o decreto verdadeiro valor à sua saúde, até verdadeiro valor à sua muda o procedimento para a saúde, até perdê-la, total perdê-la, total ou parcialmente. concessão de benefícios. Todos A atual campanha lançada pelo ou parcialmente os brasileiros vítimas de acidentes Sindicato – 10 Minutos Pra Você, de trabalho não terão mais que esperar sua empresa Sua Saúde Vale Mais – é mais uma destas iniciativas reconhecer a doença ocupacional para ter acesso ao obstinadas que visa o bem estar de cada um. E requer benefício do INSS. a persistência de todos para mostrar ao setor patronal O decreto lista uma série de doenças e sua relação que os bancários não querem mais ser explorados até com o ramo de atividade. Bastará o diagnóstico positivo o esgotamento total, para depois serem simplesmente para que o auxílio acidente de trabalho seja concedido trocados e lançados para um futuro totalmente diverso automaticamente ao segurado, sem depender mais da daquele que o fizeram crer que teriam, ao se lançar emissão, por parte das empresas, da Comunicação de incondicionalmente ao trabalho. Acidente de Trabalho (CAT). Por isso, é essencial que se conquiste um tempo “Sem dúvida é mais um grande avanço. A para descansar durante a jornada. E convencer seus abordagem dos médicos peritos não terá mais caráter colegas a debater a questão no local de trabalho. apenas individual, mas principalmente coletivo. No “A realidade é que hoje o bancário adoece e, de caso dos bancários, a confirmação de que muitos maneira geral, o cotidiano do sistema financeiro sofrem de LER/Dort passará a ter grande peso para representa tanto risco de prejuízo à saúde quanto o a manutenção de direitos como a estabilidade de trabalho em construção civil, siderurgia ou plataformas emprego e recolhimento do FGTS, além de forçar os de petróleo. Preservar-se do excesso de trabalho é bancos a rever objetivamente o seu descaso com a essencial, para que se mantenha a capacidade de saúde dos funcionários”, comenta Walcir Previtale trabalhar ”, avalia Walcir. (FMM) especial saúde sindicato dos b ancários sites, telefones e Endereços Central de Atendimento do Sindicato Tel.: (11) 3188-5200 Rua São Bento, 413, Centro, São Paulo www.spbancarios.com.br Referências, estudos e serviços de assistência ao trabalhador e à saúde pública Cadernos de Saúde Pública e publicação periódica de estudos www.scielo.br/csp Fundação Oswaldo Cruz www.fiocruz.br Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp www.eco.unicamp.br Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo www.fsp.usp.br Comissão Internacional para a Saúde Ocupacional www.icohweb.org Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro www.contrafcut.org.br Conselho Nacional de Saúde http://conselho.saude.gov.br Departamento de Informação do SUS www.datasus.gov.br Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos www.dieese.org.br Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social www.dataprev.gov.br Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho www.fundacentro.gov.br Grupo Interinstitucional de Comunicação e Educação em Saúde de Santa Catarina www.gices-sc.org Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo www.ip.usp.br Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort www2.uol.com.br/prevler Ministério da Previdência Social www.previdencia.gov.br Ministério da Saúde www.saude.gov.br Ministério do Trabalho e Emprego www.mte.gov.br Organização Internacional do Trabalho www.oit.org.br Portal de Segurança e Saúde no Trabalho www.saudeetrabalho.com.br Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo www.saude.sp.gov.br Site sobre Assédio Moral www.assediomoral.org Centros de Referência em Saúde do Trabalhador de São Paulo-SP Freguesia do Ó Av. Itaberaba, 1210/1218, tel.: 3975-0707 e-mail: [email protected] Mooca Av. Paes de Barros, 872 – tel.: 6604-7277/6605-0222 e-mail: [email protected] Praça da Sé R. Frederico Alvarenga, 259, 5º andar, tel.: 3106-8908/3257-5155 e-mail: [email protected] Santo Amaro R. Adolfo Pinheiro, 581 – tel.: 5523-5382/5522-5180 e-mail: [email protected] Lapa R. Cotoxó, 664, tel.: 3865-2077 / 3865-2213 e-mail: [email protected] Pare por 10 minutos a cada 50 trabalhados.
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