15 Parecer Ibama
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15 Parecer Ibama
Serviço Público Federal MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA PARECER TÉCNICO PARECER TÉCNICO N° 71/2005 – IBAMA/DILIQ/CGLIC/COLI C Brasília, 04 de julho de 2005. Dos Técnicos: André Boclin – Analista Ambiental / IBAMA / Gerex / SC Antônio Claret Karas – Engenheiro Florestal / IBAMA / Sede Giancarlo Gregorio – Arquiteto / IBAMA / Sede Leonardo Belvino Póvoa – Analista Ambiental / IBAMA / Sede Luciana Brito Silva – Bióloga / IBAMA / Sede Luis Gustavo Mahler – Analista Ambiental / IBAMA / Gerex / RS Mônica de Arruda Camara – Economista / IBAMA / Sede Rideci Costa Farias – Engenheiro Civil / IBAMA / Sede Ao: Coordenador de Licenciamento Paulo Roberto Ribeiro Arruda Assunto: Licença de Operação da UHE de Barra Grande Processo IBAMA: Nº 02001.000201/98-46 I. INTRODUÇÃO Este Parecer Técnico visa fornecer subsídios à Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental quanto à pertinência da emissão da Licença de Operação relativa ao empreendimento Usina Hidrelétrica Barra Grande, na divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nos municípios de Anita Garibaldi (SC) e Esmeralda (RS), com potência de 708 MW. O aproveitamento hidrelétrico de Barra Grande irá contribuir para o sistema interligado, ao qual estará integrado através de duas linhas de transmissão de 230 kV para a subestação de Campos Novos - SC, distante cerca de 35 km do empreendimento. O empreendimento está situado em região de planalto, onde o rio Pelotas apresenta vales profundos e encostas declivosas. O lago terá 94 km2, com o N.A Máximo Normal na cota 647m, estendendo-se por cerca de 130 km, atingindo áreas dos municípios de Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro e Lajes em Santa Catarina e de Bom Jesus, Esmeralda, Pinhal da Serra e Vacaria no Rio Grande do Sul. 1 A área da bacia de drenagem é a do rio Pelotas, limitada à jusante, pelo reservatório da barragem de Machadinho e, à montante, pela área do pretenso AHE de PaiQuerê, que se encontra em fase de viabilidade ambiental. Neste Parecer, analisam-se os estudos ambientais pertinentes a esta fase do licenciamento, resultados das ações mitigadoras e o cumprimento das condicionantes da LI 129/2001 na fase de implantação deste empreendimento, sendo subsidiado pelos relatórios de vistorias técnicas, reuniões realizadas com os consultores responsáveis pela implantação dos programas e demais documentos pertinentes ao processo. II. HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO Para melhor conhecimento do processo, apresenta-se a seguir um breve histórico de seu andamento. Em 21/01/98 a empresa Engevix Engenharia S/C Ltda., solicitou ao Ibama Licença Prévia para implantação da Usina Hidrelétrica; Entre 16 e 20/03/98 foi realizada vistoria técnica à área de implantação do empreendimento e reunião com a participação dos técnicos da FEPAM, FATMA, GERASUL, ENGEVIX e Ibama/Sede; Em 22/06/98, o Ibama encaminha o Termo de Referência para elaboração do EIA/RIMA do referido empreendimento; Em 13/08/98 foi realizada reunião entre empreendedor e Ibama, para a apresentação e entrega do EIA/RIMA; Em 18/11/98 o Ibama solicitou aos órgãos estaduais (FATMA e FEPAM) os pareceres técnicos sobre o EIA/RIMA; Em 21/12/98, o Ibama publicou edital disponibilizando o RIMA para consulta nas SUPES/RS/SC e nos órgãos ambientais (FATMA e FEPAM); Em jan/99 o representante da ENGEVIX informou que estão sendo realizadas complementações a partir de análise realizada pela FEPAM; Em 15/01/99 o IPHAN informou que os estudos encaminhados foram considerados insuficientes e inadequados, por não terem sido realizadas atividades de campo até o momento, além de não ter havido solicitação de autorização ou permissão de pesquisa e não foram atendidas as diretrizes legais para o licenciamento arqueológico; Em 03/02/99 foi disponibilizado o RIMA aos municípios atingidos nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul; Em 10 e 11/06/99 foram realizadas Audiências Públicas em Anita Garibaldi/SC e Vacaria/RS, com a participação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), que se posicionou contrário ao empreendimento; Em 09/09/99 foi emitido parecer técnico pelo Ibama; Em 15/12/1999, foi emitida a Licença Prévia nº 059/99; Em 13/11/00 o grupo GEAB encaminha documento ao Ibama informando ter participado do Leilão Público para a concessão do referido empreendimento, sagrando-se vencedor do mesmo. Na oportunidade requereu a Renovação da Licença Prévia; Em 23/02/01 foi concedida a Renovação da Licença Prévia; Em 01/03/01 o GEAB entregou o requerimento para Licença de Instalação juntamente com o Plano Básico Ambiental – PBA; Em 27/03/01 foi requerida a Autorização para Supressão de Vegetação; 2 Em 27/06/01 foi emitida Licença de Instalação nº 129/2001; Em 13/07/01 foi emitida Autorização de Supressão de Vegetação nº 20/2001, para o canteiro de obras; Em out/01 foi realizada vistoria técnica ao empreendimento, no intuito de acompanhar a implantação dos programas ambientais; Em dez/01 o Ministério Público do Estado de Santa Catarina solicitou o comparecimento de representantes do IBAMA à Procuradoria Geral de Justiça, em função de uma ação movida pelas prefeituras municipais; Em mar/02 o Ministério Público do Estado de Santa Catarina solicita o comparecimento da equipe técnica desta diretoria, que acompanha os trabalhos do referido empreendimento, à Procuradoria Geral de Justiça, em função de uma ação movida pelas prefeituras municipais; Em abr/02 o Ministério Público Federal Procuradoria da República em Chapecó solicita informações acerca do andamento do processo de Licenciamento Ambiental; Em Maio/02 o Ministério Público do Estado de Santa Catarina solicitou o comparecimento da equipe técnica desta diretoria responsável pelo acompanhamento dos trabalhos do referido empreendimento à Procuradoria Geral de Justiça, em função de uma ação movida pelas prefeituras municipais. Foram realizadas várias reuniões com a participação do MPF, IBAMA, FATMA e FEPAM, e outras com os Prefeitos Municipais da área, resultando em assinatura de Termo de Compromisso entre Consórcio BAESA e Prefeituras; Em jul/02 é emitida renovação da Autorização de Supressão nº 20/2001, relativo ao canteiro de obras; Nos dias 18 e 19 de outubro/2002 foi realizada vistoria técnica no canteiro de obras do empreendimento, quando foi avaliado o atendimento às condicionantes da Autorização de Supressão de vegetação nº 20/2001; Em Janeiro/2003 foi requerida nova renovação da Autorização de Supressão nº 20/2001, relativo ao canteiro de obras, com vencimento em março/2004; Foi realizada vistoria técnica a área do empreendimento no período de 05 a 09 de maio de 2003, para acompanhamento dos programas ambientais; Em agosto/2003 foi requerida a supressão de vegetação para o reservatório através do expediente BAESA – 559/03 conjuntamente com a entrega do inventário florestal; Na data de 20 de agosto foi emitido o ofício Nº 71/2003 a BAESA, solicitando complementações ao Inventário Florestal; Em 8 de setembro foi protocolada cópia da resolução ANEEL nº 456, de 2 de setembro de 2003, que declara de utilidade pública para fins de desapropriação em favor da BAESA, as áreas necessárias à implantação do empreendimento; Emitida a Informação Técnica Nº 85/2003, de 19 de setembro, exarando que o Inventário Florestal fora considerado insatisfatório tecnicamente e carente das complementações solicitadas no Ofício Nº 71/2003, listando as principais deficiências constatadas nas análises; Emitida a Informação Técnica Nº 18/2003, de 14 de outubro, relatando o teor da reunião técnica realizada em 10/10/2003, quanto à análise do Inventário Florestal, informando que a reunião não atingiu os objetivos a que se propunha, na tentativa de lograr esclarecimentos acerca das complementações solicitadas pelo IBAMA. Foi dado ciência ao empreendedor desta Informação Técnica através do expediente 585/2003 – DILIQ/CGLIC/IBAMA, de 15 de outubro; Em novembro/2003 foi protocolado as complementações solicitadas no Ofício Nº 3 71/2003 e reiteradas na Informação Técnica Nº 18/2003, para o Inventário Florestal e os resultados do novo Modelo Matemático rodado para a bacia de acumulação do empreendimento; Por solicitação do MPF, foi realizada nova vistoria a área do empreendimento, nos dias 11 e 12 de dezembro de 2003, sendo realizada reunião com representantes do MAB, que resultou no envio de ofício ao empreendedor solicitando esclarecimento quanto aos casos apresentados; Em 5 de fevereiro/2004 foi emitido o ofício Nº 136/2004, dando ciência à BAESA que o Inventário Florestal e a Modelagem Matemática, atinente à documentação encaminhada e solicitada na IT Nº 18/2003, fora considerada satisfatória, aprovando os dois estudos citados; No período de 11 a 13/02/2004 foi realizada vistoria conjunta com a Diretoria de Florestas, para avaliar a área a ser suprimida no entorno do reservatório. Em 17/02/2004 foi emitida a Informação Técnica nº 04/2004, que identifica as distorções entre os dados contidos no EIA e no Inventário Florestal e suas complementações referentes as fitofisionomias dos maciços florestais, confirmadas em campo; Em 31/03/2004 foi emitido o parecer técnico nº 46/2004 acerca da solicitação para supressão de vegetação para o reservatório; Foi estabelecido pelo MMA e MPF a necessidade de assinatura de um Termo de Compromisso definindo as diretrizes básicas para a emissão da Supressão de Vegetação e continuidade das ações necessárias ao licenciamento ambiental. Após a realização de várias reuniões, estão sendo finalizados os termos finais do documento; O IBAMA finalizou a análise dos Relatórios Técnicos de Acompanhamento dos Programas de Monitoramento para o Resgate de Fauna e Flora, previstos no PBA; Finalizadas as análises e elaborados os Pareceres Técnicos referentes aos relatórios de fauna e flora em 14 de setembro; Assinado o Termo de Compromisso com o objetivo de dar continuidade ao processo de licenciamento do empreendimento (emissão da Autorização de Supressão de Vegetação), estabelecendo diretrizes gerais para elaboração do Termo de Referência para a Avaliação Ambiental Estratégica Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos localizados na bacia do Rio Uruguai em 15 de setembro de 2004; Emitida a Autorização de Supressão de Vegetação em 15 de setembro; Emitida liminar suspendendo os efeitos da Autorização de Supressão de Vegetação em 25 de outubro; Caçada a liminar anterior em 08 de novembro de 2004; Assinado em 22 de dezembro de 2004 o “Acordo Social” entre IBAMA, CGISE (Comitê de Gestão Integrada de Empreendimentos de Geração do Setor Elétrico), BAESA, MAB e MPF/Lages; Realizada vistoria de avaliação da supressão de vegetação em abril/2005, sendo emitida a Informação Técnica 05/2005; Realizada vistoria para avaliação do cumprimento das condicionantes da Licença de Instalação e da Autorização de Supressão de Vegetação entre os dias 2 e 7, e 17 e 20 de maio/2005. 4 III. DADOS DO EMPREENDEDOR EMPRESA: ENERGÉTICA BARRA GRANDE S/A - BAESA. CNPJ: 04.781.143-0001-39 ENDEREÇO: Rua Tabapuã, nº 1123 – 12º andar. CEP: 04533-014 CIDADE: São Paulo UF: SP TELEFONE: (11) 3709-2665. FAX: (11) 2122-0400. REGISTRO NO IBAMA: Processo Nº 02001.000201/98-46 IV. ATENDIMENTO DAS CONDICIONANTES DA LICENÇA DE INSTALAÇÃO Nº 129/2001 DE 27 DE JUNHO DE 2001. CONDIÇÕES GERAIS 1.1 Esta Licença de Instalação deverá ser publicada em conformidade com a Resolução nº 006/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, sendo que cópias das publicações deverá ser encaminhada ao IBAMA. 1.2 O IBAMA, mediante decisão motivada, poderá modificar as condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar esta Licença, caso ocorra: ▪ violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; ▪ omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da Licença; ▪ graves riscos ambientais e a saúde. 1.3 Qualquer alteração das especificações do projeto deverá ser precedida de anuência do IBAMA. 1.4 A empresa deverá requerer renovação desta Licença de Instalação, no prazo mínimo de 120 (cento e vinte) dias antes do término da validade desta; 1.5 Esta Licença de Instalação não autoriza a operação do empreendimento. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 2.1. Dar continuidade ao Programa de Monitoramento da Qualidade da Água, verificando-se o comportamento em função das alterações da estratificação e carga orgânicas. Comentários: Esta condicionante vem sendo atendida pelo Projeto Integrado de Monitoramento da Água que é composto pela hidrologia, hidrossedimentologia, limnologia e qualidade d’água, macrófitas aquáticas e modelagem matemática da qualidade d’água que se encontram em andamento, projetos 2.1, 2.3, 2.4 e 2,6. Importância maior, entre outras, está quanto ao Índice de Qualidade da Água que desde de agosto de 2002, início do monitoramento, até janeiro de 2005, tem-se comportado para todos os pontos monitorados (total de nove pontos), em sua maioria, de ótima a boa. Entretanto, o monitoramento deve ser continuado com o objetivo de se verificar possíveis anormalidades com a formação do reservatório e informar ao IBAMA de qualquer anomalia identificada. Conclusão: Condicionante Atendida. 5 Condicionante para a Licença de Operação: Analisar a qualidade da água do reservatório através do Modelo Matemático CE-QUAL-W2 e comparar com os resultados do monitoramento, a contar da data de expedição desta Licença de Operação por um período de trinta e seis meses, enviando os respectivos relatórios trimestrais ao IBAMA, informando de qualquer anormalidade identificada no monitoramento, propondo ações mitigadoras para atenuar eventuais impactos observados. 2.2. Detalhar o programa de comportamento dos taludes marginais ao reservatório. Comentários: O Programa de Monitoramento de Estabilidade dos Taludes Marginais foi apresentado e detalhado pelo Projeto 3.4, um dos programas previstos na Geotecnologia, bem como relatório referente à “segunda fase do projeto de monitoramento da estabilidade dos taludes marginais da área de influência do futuro reservatório do AHE Barra Grande” (Revisão 1 – Fevereiro de 2005). O Projeto de Monitoramento dos Taludes foi dividido em duas fases. A primeira fase consistiu na seleção das encostas naturais, cortes, aterros e fundações, cujo estado de equilíbrio pudesse ser fortemente comprometido com o enchimento do reservatório. Seus resultados possibilitaram o atendimento dos objetivos gerais da segunda fase, tais como: a) estabilização preventiva das encostas da orla e outras estruturas; b) monitoramento do estado de equilíbrio, antes e depois do enchimento, das encostas da orla e outras estruturas; c) e, em casos necessários, adoção de providências mitigadoras ou capazes de estabilizar corretivamente, durante e depois do enchimento, as encostas e outras estruturas ainda estáveis, todavia julgadas em processo de comprometimento. Inicialmente foram selecionadas 15 (quinze) encostas consideradas críticas, entretanto, atualmente, duas estão sendo monitoradas por meio de piezômetros e marcos topográficos. As restantes estão sendo vistoriadas visualmente. Os taludes monitorados por meio de instrumento são os definidos como: 01) Talude RS-1 (a02 H04-7) Localização: Coordenadas UTM (W 9.000481; N 6.926.600); Distância do barramento: 1,2 km. 02) Talude SC-1 (a02 I08) Localização: Coordenada UTM (W 483.900; N 6.925.700). Distância do barramento: 3,15 km. Conclusão: Condicionante Atendida. Recomendações: Apesar de até o presente momento os taludes monitorados e/ou vistoriados não demonstrarem indícios de instabilidades consideráveis, recomendase que se continue o monitoramento previsto no projeto, tanto por instrumentos, quanto por inspeções visuais e também de outros que sejam identificados e que possam estar sujeitos a rupturas, principalmente quando do primeiro enchimento e aos deplecionamentos a que estará sujeito o reservatório. Considerando ainda ser um reservatório inserido numa área onde há muitas encostas sujeitas a deslizamentos e que o enchimento e posterior operação desse reservatório poderá modificar as propriedades e condições de contorno, tanto hidrogeológicas quanto geotecnológica, das encostas localizadas na sua orla, faz-se necessário ainda mais seu monitoramento durante e após o enchimento para as 6 situações críticas mesmo que aparentemente estáveis, devendo ser monitoradas e realizadas as intervenções corretivas ou mitigadoras. Condicionante para a Licença de Operação: Dar continuidade ao Monitoramento dos Taludes Marginais ao Reservatório, devendo ser realizadas as intervenções corretivas ou mitigadoras necessárias aos que venham ser comprometidos pelo enchimento e operação do reservatório da UHE Barra Grande. 2.3. Dar continuidade à observação hidrossedimentológicas e sismológicas. das condições climatológicas, Comentários: Esta condicionante vem sendo atendida pelo Monitoramento Integrado da Água (Projetos 2.1; 2.3; 2.4 e 2.6) e também pelos Projetos 2.2 e 3.1 que se encontram em andamento e que serão apresentados, neste Parecer, quando de comentários específicos de cada Projeto. Tais Projetos são: Projeto 2.1 – Observação das Condições Hidrológicas; Projeto 2.2 – Observação das Condições Climatológicas; Projeto 2.3 – Monitoramento das Condições Limnológicas e de Qualidade da Água; Projeto 2.4 – Monitoramento das Macrófitas Aquáticas; Projeto 2.6 – Monitoramento das Condições Hidrossedimentológicas; Projeto 3.1 – Monitoramento Sismológico. Os relatórios entregues em março de 2005 trazem os respectivos monitoramentos até o mês de fevereiro, com diversas campanhas realizadas. Esses Programas prevêem uma série de ações bem como os resultados obtidos até o momento e os a serem obtidos com a continuidade dos monitoramentos. Para isso, recomenda-se que sejam cumpridas rigorosamente tais ações com seus respectivos prazos previstos e enviar ao IBAMA, os relatórios resultantes desses programas com as devidas conclusões de cada projeto. Condicionante para a Licença de Operação: Dar continuidade às observações das condições climatológicas, hidrossedimentológicas e sismológicas bem como enviar ao IBAMA os relatórios semestrais resultantes desses programas com as devidas conclusões de cada projeto. 2.4. Apresentar num prazo de 60 (sessenta) dias a avaliação do comportamento da qualidade da água do futuro reservatório da UHE Barra Grande em função das diversas cotas de vertimento. Comentários: Como esta solicitação necessitaria de processamento por simulação matemática da qualidade da água, da evolução e futuro comportamento da mesma, em função da formação do reservatório e de suas características operativas, e que os dados disponíveis naquele momento, mostraram-se insuficientes para servir de base para a modelagem, foi pedido o adiamento ao atendimento desta condicionante. Recentemente foi entregue a referida simulação com ao devidas análises e comentários apresentados quando de sua apreciação específica neste Parecer Técnico. Conclusão: Condicionante Atendida. 2.5. Apresentar em 60 (sessenta) dias, o detalhamento do Programa de Monitoramento do Aqüífero subterrâneo. Comentários: Esta condicionante foi atendida e o projeto de monitoramento dos 7 aqüíferos encontra-se em andamento. O Projeto 3.3 (Monitoramento dos Aqüíferos) trata das ações destinadas a monitorar a variação do nível estático e a qualidade dos aqüíferos que poderão ser afetados pelo futuro reservatório, bem como das ações mitigadoras para atenuar eventuais impactos observados. O programa consiste em realizar o acompanhamento, o diagnóstico e o controle das características físicas e químicas das águas dos aqüíferos da região, obtendo informações e estabelecendo vínculos com os demais projetos inter-relacionados. Se necessário, implementar as ações mitigadoras ou medidas compensadoras de eventuais impactos negativos atribuíveis ao reservatório. Foram cadastrados 57 poços, dos quais 10 (dez) estão sendo recomendados para serem adaptados para a fase de pré-monitoramento. Destes, quatro foram incluídos por critérios técnicos (cota e fundo abaixo do nível máximo operacional do futuro reservatório + 20 metros) e seis por critérios sociais (importância dos poços em relação às comunidades). Conclusão: Condicionante Atendida. Condicionante para a Licença de Operação: Dar continuidade ao Monitoramento dos Aqüíferos e informar ao IBAMA, semestralmente, de qualquer anormalidade identificada com ações mitigadoras para atenuar eventuais impactos observados. 2.6. Apresentar cronograma de enchimento do reservatório levando-se em consideração a exigência da manutenção da vazão a jusante. Comentários: Foi apresentado documento contendo gráficos, sem os devidos comentários, com o enchimento do reservatório a partir de 01 de abril de 2005. Entretanto, em função de não estar claro e ainda ter sofrido alteração no cronograma, entrou-se em contato com o consórcio empreendedor para a atualização e esclarecimentos quanto ao enchimento. Tais questionamentos foram enviados por e-mail e necessitam de protocolo para que tal documento seja oficial junto ao IBAMA. A seguir são descritos, de forma resumida, os comentários pertinentes ao enchimento do reservatório. Em função da série histórica hidrológica (existem registros desde 1931), estimam-se probabilidades de se atingir as respectivas diversas cotas do reservatório. Passada a oportunidade de se iniciar o enchimento no início do ano de 2005, ou mesmo no início da janela hidrológica da região sul (01/04/05), a probabilidade de se atingir a cota 647, ideal em termos de geração comercial, diminuiu consideravelmente. Em função disso, passou-se a trabalhar com a cota 617, ou seja, 30 metros abaixo e que corresponde à menor cota possível de geração. Para isso, caso o enchimento do reservatório fosse a partir de 01/06/2005, chega-se a conclusão que se teria uma probabilidade de 76% de se atingir a cota 617,00 até 30/09/2005. Dentro desta nova realidade (cota 617), o início do enchimento em 01/06/05, permitiria comissionar a primeira máquina durante o mês de outubro, mesmo que precariamente, com geração em 01/11/05. Salienta-se que o setor elétrico trabalha com probabilidades acima de 90% para qualquer consideração energética e se trabalha a 76% e com uma cota bastante inferior a desejável. Entretanto, é importante ressaltar que se deve manter a vazão residual de, no mínimo, 16 (dezesseis) m3/s. 8 Conclusão: Condicionante Atendida. Condicionante para a Licença de Operação: Informar ao IBAMA qualquer alteração quanto ao cronograma de enchimento do reservatório e manter a vazão residual de, no mínimo, 16 (dezesseis) m3/s a jusante. 2.7. Realizar os registros de campo, inventário cultural do Programa de Resgate e Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural, antes da relocação das famílias e de suas instalações atuais. Comentários: Segundo informações apresentadas pelo empreendedor a desocupação da área do canteiro de obras, primeira ação de relocação de famílias, foi iniciada em julho de 2001 e encerrada em novembro de 2001. No Relatório, apresentado pelo empreendedor, referente à SÍNTESE DAS AÇÕES REALIZADAS – PROJETO 1.3. RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICOCULTURAL consta à informação que o Projeto foi iniciado em 2002, e que as primeiras atividades foram desenvolvidas durante os meses de abril a julho de 2002. No Relatório não consta qualquer justificativa com relação ao cronograma do Projeto não ter acatado a recomendação: “O registro de campo deverá cobrir o ciclo completo do ano para que sejam incluídos o ciclo agrícola e o de festas. Sempre que possível, deverá ter início antes do deslocamento das famílias e de sua instalações atuais” (PROJETO 1.3. Resgate e Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural/PBA, volume II, página 37).grifo nosso; bem como, por não ter realizado os registro de campo, inventário cultural do Programa de Resgate e Preservação do Patrimônio-Cultural, antes da relocação das famílias e de suas instalações atuais como determina a condicionante estabelecida na Licença de Instalação 2.8. Encaminhar para análise a readequação do cadastro sócio-econômico, a definição das ações e o mapeamento das regiões para remanejamento Comentários: O documento denominado PROGRAMAS AMBIENTAIS – LICENÇA DE INSTALAÇÃO, apresentado pela BAESA, composto por planilha COMPROMISSOS ASSUMIDOS PELA BAESA e ANEXOS I a V. Na planilha é apresentada o encaminhamento dado a exigência expressa pela condicionante e no ANEXO V é apresentado cópia do ofício BAESA-151, de 26/03/2002, protocolizado no IBAMA. Nesse ofício a BAESA apresenta as questões referentes a readequação do Cadastro Sócio-econômico, definição de ações e mapeamento das regiões para remanejamento. Atualmente, a empresa mantém aberta a possibilidade de Estudo de Caso, desde que atendidos os critérios do Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002. Contudo, foi verificada a flexibilização na interpretação desses critérios ao longo da implantação do empreendimento e alguns casos negativados podem ser considerados positivos se analisados com a ótica atualmente adotada. Deverá ser recomendada a reanálise desses casos. 2.9. Identificar as espécies endêmicas, raras, ou ameaçadas de extinção a sua ocorrência relativa à área de influência direta e indireta do empreendimento. Comentários: O Projeto 4.1 Manejo e Salvamento de Flora e Fauna e os relatórios mensais de avanço dos trabalhos e os relatórios técnicos apresentados bimestralmente, apresentam inventário faunístico do período, identificando as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, incluindo metodologias e 9 esforços amostrais empregados, bem como procedimentos de manejo específicos para as mesmas. Ressalta-se que todos esses relatórios foram analisados pelos técnicos da CGFAU, sendo considerados tecnicamente satisfatórios. Conclusão: Condicionante Atendida. 2.10. Dar continuidade ao Programa de Compensação Ambiental. Comentários: Visando verificar o cumprimento desta condicionante, foram solicitadas informações perante a Câmara de Compensação Ambiental do IBAMA através do Memorando nº 134/2005 – COLIC/CGLIC/DILIQ/IBAMA de 28 de junho de 2005. Em resposta, foi enviado o Memorando nº 295/2005/CCA/DIRAF, em que consta o seguinte texto: “Informamos que o Empreendedor Empresas Associadas Barra Grande – BAESA, responsável pelo Empreendimento UHE Barra Grande vem cumprindo as determinações desta Secretaria Executiva da Câmara de Compensação Ambiental no que concerne ao cumprimento da condicionante 2.10 da LI 129/2001. O Termo de Compromisso a ser firmado encontra-se em fase final de elaboração, em análise na PROGE/IBAMA”. Entretanto, apesar das informações enviadas pela Câmara de Compensação, recomenda-se que se dêem os devidos acompanhamentos quanto ao andamento de tal assunto. Conclusão: Condicionante Atendida. 2.11. Apresentar a localização e distância das Unidades de Conservação já existentes. Comentários: O empreendedor apresentou um mapa na escala 1:750.000 contendo apenas duas unidades na região do empreendimento. Entretanto, sabe-se da existência de outras unidades nas áreas de influência direta e indireta. Neste sentido, novo mapa está sendo providenciado pelo empreendedor. Conclusão: Condicionante Parcialmente Atendida. 2.12. Apresentar o Programa da Faixa de preservação permanente, prevendo mapa de vegetação atualizado da área de influência direta, em que constem os limites da área a ser inundada e as Áreas no entorno a serem revegetadas. Comentários: O uso das áreas do entorno do reservatório (faixa de preservação permanente) conforme os ditames da Resolução CONAMA 302/02 estão sendo concluídos, onde serão apresentados para aprovação do IBAMA. Neste estudo estão incluídas as áreas a serem revegetadas. Conclusão: Condicionante Atendida. 2.13. Selecionar junto ao IBAMA às Instituições científicas e criadouros com a finalidade de destinação de animais provenientes do resgate. Comentários: O Plano de Resgate da Fauna integrante do Projeto 4.1 Manejo e Salvamento da Flora e Fauna apresenta uma listagem de instituições cadastradas e potencialmente receptoras de material resgatado, bem como as cartas de manifestação das mesmas. Em reunião realizada, em 25 de maio de 2005, no IBAMA, com técnicos da CGFAU, COLIC, consultora Bourscheid e representantes da BAESA foi definido que cada uma das instituições e, ou criadouros cadastrados junto à consultora e outros indicados pelos especialistas do IBAMA deverão ser consultados a cerca do 10 interesse em receber espécimes provenientes do resgate de fauna, indicando quantitativo e espécies preferenciais, desde que tenham suporte para receber o material destinado. Conclusão: Condicionante em Atendimento. Condicionantes para a Licença de Operação: Enviar os animais provenientes do resgate de fauna para instituições científicas e, ou criadouros somente após as devidas licenças emitidas pelo IBAMA. Propiciar condições para permanência de técnico cadastrado pelo IBAMA no acompanhamento das atividades de salvamento de fauna, a fim de dar os devidos encaminhamentos no que tratar das diretrizes ao envio de animais para instituições científicas e, ou criadouros e para as áreas destino. 2.14. Considerar as medidas inerentes ao resgate de fauna quando proceder ao desmatamento do reservatório, fora do período reprodutivo. Comentários: A Autorização de Supressão de Vegetação 012/2004 definiu condicionantes específicas inerentes à fauna; - o salvamento da fauna, nos períodos antecedentes e posteriores ao desmatamento e pré-enchimento do reservatório, e a apresentação de Licença para Captura, Coleta e Transporte de exemplares da fauna nativa, afeta ao desmatamento, emitida pela Coordenadoria Geral de Fauna. A supressão de vegetação teve início nas margens do rio Pelotas seguindo em direção às partes mais altas, direcionando desta forma a fauna através de corredores de vegetação existente. A orientação da direção do desmatamento permitiu, de modo geral, que na fuga os animais se dirigissem para as cotas mais seguras, onde hábitats propícios podem servir de abrigo para as espécies. Ressalta-se que antes do início da atividade de remoção da vegetação foram identificados corredores ecológicos e sua conectividade, e áreas destino para a soltura e monitoramento de animais a fim de que fosse definido o desenho de remoção; portanto, a própria atividade de desmatamento constituiu parte do processo de condução da fauna para os remanescentes situados acima da cota de inundação. Foram também elaborados manuais de procedimentos e treinamento para frentes de trabalho e para os auxiliares técnicos que participaram das atividades de salvamento de fauna. As atividades de acompanhamento de desmatamento ocorreram simultaneamente em duas frentes; uma no lado de Santa Catarina, no município de Anita Garibaldi e outra no Rio Grande do Sul, no município de Pinhal da Serra. Estas atividades tiveram início em outubro de 2004 e se estenderam até abril de 2005, com período de inatividade a partir do final de outubro, quando as áreas de trabalho foram bloqueadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, sendo reiniciadas em 27 de dezembro. Além do acompanhamento junto às frentes de desmatamento para resgate de material biológico, a atividade incluiu a triagem e destinação do material coletado, atualização do banco de dados, elaboração de relatórios, manutenção de equipamentos, material e do próprio Núcleo de Apoio ao Salvamento de Flora e Fauna - NASA, e atendimento à solicitação da comunidade quanto ao resgate individual de animais. Para cada situação foi analisada a condição do animal e 11 definidos os procedimentos mais adequados; recolhimento, quarentena, internação, aproveitamento científico ou soltura. Segundo o apresentado em relatório técnico, referente ao período de março a abril de 2005, foram coletados 282 animais (considerados indivíduos e lotes) e 499 enxames de heminópteros. A relocação foi realizada em áreas adequadas acima da cota de alagamento e nas Áreas Destino Monitoradas. O relatório técnico apresenta a lista de animais coletados nas áreas de desmatamento da AHE Barra Grande, identificando a espécie, o local de coleta, bem como o destino do espécime resgatado. Destaca-se que sinalização específica foi utilizada para identificação de vegetação indicada como área de proteção para ninho ou eventuais abrigos de espécies raras e, para coibição da caça e pesca na área de desmatamento. Conclusão: Condicionante Atendida. 2.15. Selecionar áreas para relocação de animais, a partir de estudos de capacidade de suporte, com a finalidade de posterior monitoramento. Comentários: A análise da paisagem realizada no início dos estudos gerou como principal produto o mapa de áreas prioritárias para monitoramento, que foi utilizado para o estabelecimento de Áreas Destino Preliminares - ADPs. Entre os meses de agosto de 2002 e fevereiro de 2003 foram efetuadas amostragens expeditas em 10 ADPs selecionadas, que tiveram como objetivo a seleção de áreas para o monitoramento contínuo. Estabeleceu-se então, a seleção de 4 (áreas) para monitoramento dentre as 10 (dez) preliminares, sendo 3 (três) passíveis de receber solturas e uma área controle, que não receberia animais na etapa de salvamento. Para a escolha dessas áreas foram avaliados alguns critérios, tais como: - riqueza, - presença de espécie ameaçada, rara, endêmica, exótica, restrita, migratória, especialista de hábitat, modificação antrópica, - presença de hábitats específicos e - prioridade da área, assim como outros considerados secundários, - similaridade e - acesso à área, a partir dos quais foi elaborada uma matriz . De acordo com os critérios avaliados obteve-se como resultado a seleção das ADPs 2, 6, 4 e 3, como as melhores para monitoramento, contudo a ADP4 foi descartada em conseqüência da circulação e permanência nesta área ser limitada pelo proprietário, selecionou-se então, a ADP8, localizada no trecho próximo ao barramento. As ADPs 2, 6 e 8 foram denominadas áreas destino (AD), pois receberão animais provenientes do salvamento e a ADP3, área controle (AC). Segundo o relatório, as demais áreas, delimitadas conforme a análise de paisagem, continuarão sendo consideradas como de caráter provisório, podendo vir a serem utilizadas para soltura de animais provenientes do salvamento. - AD2 – Campo Belo do Sul/ SC, fazenda de exploração madeireira GuamirimGateados; AC3 – Campo Belo do Sul/ SC, fazenda de exploração madeireira GuamirimGateados; AD6 – Bom Jesus/ RS; AD8 – Anita Garibaldi/ SC. 12 De março de 2003 a abril de 2005 foram executados os trabalhos de monitoramento pré-enchimento nas 4 (quatro) áreas selecionadas, com metodologias qualiquantitativas e esforços intensivos, que ao longo do período de monitoramento sofreram alguns ajustes; relatórios técnicos bimestrais apresentados indicaram os principais resultados obtidos e tiveram como objetivo subsidiar ações e diretrizes para o manejo e conservação da fauna terrestre nas próximas etapas do empreendimento. Durante este período de monitoramento, cada área foi amostrada em 2 ocasiões em cada estação (outono de 2003 e de 2004, verão de 2004 e de 2005). Segundo os relatórios apresentados a continuidade deste monitoramento está prevista até dezembro de 2005. Os relatórios apresentados foram analisados e avaliados pela equipe técnica do IBAMA/ CGFAU. Ressalta-se que os procedimentos a serem adotados em caso de relocação de indivíduos deverão obedecer estritamente às diretrizes do IBAMA para destinação de fauna, devendo ser observados os prazos de quarentena e os procedimentos adequados de manejo. Conclusão: Condicionante Atendida no Relatório de Seleção de Áreas Destino de Fauna. 2.16. Apresentar o layout das bases de resgate, mostrando os seus objetivos e a estrutura necessária ao seu funcionamento. Comentários: De acordo com o projeto as atividades de apoio ao monitoramento, salvamento de fauna e o processo de triagem e quarentena serão realizados no Núcleo de Apoio e Salvamento – NASA, já instalado no município de Campo Belo do Sul, no estado de Santa Catarina e localizado estrategicamente próximo ao centro da área do futuro reservatório. O NASA possui um centro operacional, depósito, alojamento e banheiros, e um Núcleo de Viveiros Temporários para Animais Salvos – NVTAS. Compreende uma área de aproximadamente 1300 m2 e tem o objetivo acomodar os animais capturados durante os trabalhos de acompanhamento do desmatamento e durante o enchimento de reservatório. O núcleo é composto de 6 (seis) módulos, construídos segundo a Instrução Normativa IBAMA 04 de 4 de março de 2002, totalizando 708 m2 de área construída: - centro de triagem/ laboratório, 2 (duas) salas destinadas a procedimentos semiológicos e clínicos, triagem e cadastro de animais recebidos; - módulo de carnívoros, 4 (quatro) recintos, solário e dormitório, área total 24 m2; - módulo de cervídeos, único recinto, solário, área total 48 m2; - módulo de primatas, 3 (três) recintos, área total 32 m2 , - galpão para pequenos mamíferos, com dimensões de 4 x 20 m e pé-direito de 2,20 m, com capacidade de acomodar em sua parede de fundo 20 gaiolas de 1,5 x 1,0 x 1,0 m; - galpão para aves, com capacidade para armazenar até 34 gaiolas, - galpão de répteis, composto por 10 (dez) módulos em alvenaria de 1,0 x 1,5 x 1,2 m. Ressalta-se que nos dias 09 e 10 de dezembro de 2004 e 03 de maio de 2005, técnicos do IBAMA realizaram vistoria no NASA, considerando suas instalações adequadas. 13 Conclusão: Condicionante Atendida no Projeto 4.1 Manejo e Salvamento de Flora e Fauna. 2.17. Relocar o excedente de animais provenientes da operação resgate para as áreas adjacentes à inundação, através de solturas brandas, lembrando que os animais deverão ser relocados para a mesma margem, acima das cotas do nível de enchimento e o mais próximo ao local encontrado. Comentários: O Plano de Resgate de Fauna apresentado indica uma estratégia de salvamento centrada no salvamento brando, no entanto, durante o desmatamento da área do reservatório utilizou-se o salvamento eventual, com ações de captura e destinação de indivíduos. Segundo o plano apresentado o destino da fauna resgatada é a soltura em áreas pré-determinadas e monitoradas e o aproveitamento científico, com envio de material para instituições de pesquisa biomédica, zoológicos, universidades, museus e criatórios comerciais e científicos, a partir da anuência do IBAMA. As espécies de interesse especial, raras, endêmicas e ameaçadas resgatadas durante o salvamento embarcado serão translocadas para as Áreas Destino monitoradas, de acordo com suas especificidades de hábitat; as demais espécies deverão ser remetidas para instituições científicas, no intuito de atingir o máximo aproveitamento possível da fauna. As solturas deverão ocorrer após marcação individual, em áreas próximas e, ou contíguas onde os animais foram capturados, devendo ser observados alguns critérios; - a área de soltura deve ser semelhante à área de ocorrência do espécime a ser solto, - o tamanho da área deve ser compatível com as exigências específicas e possuir conectividade com áreas vizinhas, - deve ser observada a ocorrência da espécie na área de soltura, - devem ser realizadas estimativas populacionais nas áreas de soltura, - deve ser mantida a estrutura social e soltura em áreas destino, baseada nos preceitos teóricos população/ área. Os animais que forem resgatados vivos deverão ter seu estado de saúde avaliado e ser soltos em áreas previamente selecionadas. Todos os indivíduos que forem soltos deverão receber marcação específica (tatuagem, brincos, chips, amputação de falanges, corte de escamas abdominais ou anilhamento). Cabe destacar que deverá ser realizada biometria de todos os animais resgatados. Os animais que forem encontrados mortos deverão ser fixados, identificados e enviados para instituições científicas. Ressalta-se que as Áreas Destino deverão ser continuamente monitoradas visto que, a capacidade suporte do ambiente, os efeitos do adensamento na estrutura das comunidades e o pouco conhecimento sobre a taxa de sobrevivência dos animais translocados podem acarretar prejuízos tanto para as espécies relocadas como para as residentes. Evidencia-se que em função do deslocamento da fauna das áreas que serão inundadas, em busca de novos ambientes, é imprescindível a manutenção de um Programa de Educação Ambiental para a população da área de influência do AHE Barra Grande, uma vez que este deslocamento poderá aumentar a pressão de caça e o aumento de animais peçonhentos, que poderá expor a população local à riscos de acidentes. Conclusão: Condicionante atendida. 14 Condicionantes para a Licença de Operação: Dar continuidade ao Monitoramento de Fauna por, pelo menos 4 anos, após a entrada em operação da UHE Barra Grande, sendo imprescindível, para fins de comparação dos resultados obtidos, que as metodologias empregadas e as áreas monitoradas sejam iguais as dos períodos pré e durante enchimento do reservatório. Em adição deverão ser previstas as seguintes técnicas de monitoramento; uso de anilhas coloridas para a avifauna, sobrevôos mensais, no mínimo 1 por mês, para a obtenção de dados de telemetria de mamíferos e aquisição de mais 4 (quatro) rádiocolares, visando incremento no monitoramento por telemetria de mamíferos de médio e grande porte. Implementar ações de salvaguarda da população contra zoonoses e acidentes com animais peçonhentos, durante e logo após o enchimento do reservatório, incluindo ampla campanha informativa à população, no âmbito do Programa de Comunicação Social, com o objetivo de esclarecer à população sobre a possibilidade de aumento de casos e procedimentos a serem adotados na ocorrência de acidentes. 2.18. Prever programa de monitoramento para as espécies relocadas, ilhadas ou ainda daquelas que naturalmente saíram do seu território por imposição do reservatório. Comentários: O Relatório Final de Monitoramento da Fauna relativo à Fase de PréEnchimento do Reservatório do AHE Barra Grande apresenta indicativos de que um estudo específico da região após o enchimento de reservatório é fundamental para assegurar a formação de áreas protegidas para fauna, possibilitando o trânsito desta ao longo dos remanescentes, sem desconsiderar a análise dos efeitos cumulativos e sinérgicos de todos os empreendimentos instalados na Bacia Hidrográfica. Segundo o relatório a continuidade do monitoramento da fauna no período de enchimento e pós-enchimento do lago com esforço e metodologias semelhantes aos até então realizados, tendo como objetivo a obtenção de informações sobre o real impacto causado pela construção do lago do AHE Barra Grande se faz necessário para que se possa estabelecer programas efetivos de proteção/ conservação da fauna. Ressalta que o uso de imagens aéreas do período de enchimento e pósenchimento poderá, através de sua interpretação, subsidiar de forma integrada as ações de conservação da região. De acordo com o relatório, atenção especial deve ser dada à metodologia referente ao projeto de anilhamento de aves e ao projeto de telemetria, que deve ser suplementado com localizações aéreas, em função das características de relevo, uso do solo e extensão das áreas monitoradas A implantação do programa de monitoramento durante e pós-enchimento do lago deve prever a disponibilização constante e imediata de seus resultados parciais, para subsidiar a definição de programas específicos de proteção/ conservação da fauna impactada – espécies relocadas, ilhadas ou daquelas que saíram do seu território por imposição de reservatório. Conclusão: Condicionante Atendida. Condicionante para a Licença de Operação: Apresentar detalhamento do Programa de Monitoramento de Fauna a ser implementado pós-enchimento do reservatório que deverá contemplar o monitoramento das espécies de interesse especial relocadas, bem como a 15 adaptabilidade da fauna na faixa de entorno do reservatório. 2.19. Apresentar cronograma de enchimento do reservatório considerando que deverá ser mantida uma vazão residual de, no mínimo, 16 (dezesseis) m3/s. Comentários: Esta exigência já foi comentada quando da análise da condicionante 2.6. Conclusão: Condicionante Atendida. 2.20. Dar continuidade às ações referentes a ictiofauna e prevenção de macrófitas. Comentários: O Projeto Monitoramento e Manejo de Ictiofauna tem como principais ações previstas; - monitoramento das espécies da ictiofauna no rio Pelotas e principais afluentes, - salvamento de peixes durante desvio do rio Pelotas, reprodução das espécies migratórias, - reprodução, larvicultura e alevinagem das espécies encontradas na bacia do rio Pelotas, - formação de banco in vivo e in vitro das espécies encontradas durante o monitoramento, sejam elas migratórias ou consideradas como potencial para piscicultura da região, - diagnóstico da atividade pesqueira da população da área de abrangência do empreendimento, -treinamento das equipes para execução das atividades de salvamento durante o desvio do rio e o enchimento do reservatório, - identificação dos pontos de amostragem por meio de mapeamento durante a fase de levantamento ictiofaunístico, - salvamento de peixes na área a jusante da barragem principal, durante o enchimento do reservatório Ressalta-se que algumas destas atividades ainda não apresentam resultados conclusivos, visto que ainda se encontram em andamento. De acordo com o apresentado em relatório referente ao Projeto Monitoramento e Manejo das Ictiofauna, até janeiro de 2005 foram realizadas 7 (sete) coletas visando o monitoramento qualitativo de espécies, verificação de espécies migradoras, coletas de indivíduos para a fixação e coleta de materiais genéticos. Segundo o relatório foram realizadas 5 (cinco) campanhas adicionais de amostragens durante o período de piracema, com o objetivo de capturar espécies consideradas grandes migradoras. Para monitoramento de ictiofauna, foram estabelecidos 7 (sete) pontos de coleta localizados na área de influência da UHE Barra Grande. Destaca-se que esta atividade terá continuidade durante o enchimento do reservatório. Conforme os resultados de monitoramento, não foi evidenciada a presença de espécies migratórias na área da UHE, como Salminus brasiliensis dourado, Leporinus obtusidens piapara ou Prochilodus lineatus curimbatá, no entanto, foram realizadas coletas de amostras de sêmen e óvulos de outras espécies consideradas de interesse. Em dezembro de 2002 foi concluída a operação de salvamento de cerca de 1,5 toneladas de peixes (aproximadamente 108.000 indivíduos) do rio Pelotas, no trecho onde está sendo implantada a UHE. O resgate foi executado com o uso de redes de arrasto, tarrafas e puçás, e os peixes, após triagem para seleção das matrizes, foram liberados a jusante dos túneis de desvio do rio, por equipe especializada. A atividade pesqueira não é utilizada como fonte de renda e subsistência pela grande maioria da população residente na região, segundo o relatório foi realizado um levantamento sucinto da produção pesqueira, por meio de entrevistas com pescadores ribeirinhos do rio Pelotas; os pescadores vem sendo utilizados como 16 fonte de informação sobre a existência de espécies na região e como ponto de apoio durante as atividades de coletas de peixes em campo. Foi elaborado Plano de Salvamento e Resgate da Ictiofauna no Fechamento dos Túneis de Desvio do Rio Pelotas para o Enchimento do Reservatório do AHE Barra Grande visando identificar a equipe técnica e a logística necessária para realização da atividade de salvamento da ictiofauna durante a fase de enchimento do reservatório na região de jusante. A fim de embasar o plano apresentado foram considerados o comportamento decorrente da vazão sanitária como sendo o de supressão total das vazões, o tempo mínimo, em torno de 0 a 4 dias, para o início da vazão sanitária e os dados técnicos apresentados como resultados da batimetria. O plano tem como objetivos; - efetuar o salvamento e o resgate dos peixes remanescentes no trecho afetado pelo efeito do fechamento, fazendo o transporte e a soltura em local adequado, - manter os parâmetros de qualidade de água das poças isoladas no trecho em condições que garantam a sobrevivência da biomassa apreendida, - avaliar quantitativa e qualitativamente as espécies encontradas. A região de salvamento será dividida em 4 (quatro) áreas. Até a foz do arroio da Glória serão três áreas de salvamento formadas por uma seção de corredeiras, de onde os peixes deverão ser resgatados e uma seção de poças onde, os animais resgatados poderão ser soltos. A quarta área, a jusante da foz do arroio da Glória, se encontra nos domínios do reservatório de Machadinho, onde as atividades de salvamento deverão se restringir a inspeções visuais periódicas e trabalhos esporádicos de salvamento. O salvamento será executado em etapas; - salvamento imediato, resgate de espécimes que estiverem fora da água, fora de fluxos, ou em qualquer situação extrema, transportando-os até tanques redes flutuantes distribuídos nos poços/ canais; - retirada e transporte de peixes, captura contínua dos animais que ficarem nas poças existentes nas áreas de salvamento até a redução significativa desta biomassa e; - monitoramento, verificação das condições de qualidade de água das poças, até a normalização da vazão no trecho crítico para garantir a sobrevivência da biomassa remanescente. Destaca-se que serão avaliados como parâmetros da qualidade da água; oxigênio dissolvido, temperatura, pH e amônia. De acordo com o plano apresentado, durante as etapas de salvamento deverão também ser coletados exemplares de peixes para a ampliação do plantel de reprodutores. Ressalta-se que o fechamento deverá ser realizado fora da ocorrência da piracema. O Levantamento e Monitoramento da Macrófitas Aquáticas constante do Programa de Monitoramento Integrado da Água teve como atividades, o reconhecimento da área e mapeamento das regiões alagadas, banhados, rios, córregos, tributários, sangas; identificação de espécies, histórica e potencialmente problemáticas nas bacias dos rios Pelota, Canoas e Uruguai, caracterização das áreas com presença de macrófitas, avaliação constante e ininterrupta por dois anos da flora aquática local, avaliação das condições sanitárias das macrófitas, determinação da biomassa das macrófitas, avaliação das condições e pressões de crescimento das plantas aquáticas, avaliação trimestral e mensal das infestações, avaliação do material 17 carregado pelas águas do rio Pelotas nas estações de cheia e seca. Ressalta-se que estão previstas atividades específicas para a avaliação dos riscos inerentes à explosão populacional das macrófitas no momento de enchimento do reservatório que consistem, na determinação da localização das fontes de macrófitas (áreas infestadas) e das espécies presentes, bem como uma avaliação da qualidade da água e comparação como os reservatórios das UHEs de Machadinho e Itá. O resultado dessas avaliações possibilitará a proposição de medidas mitigadoras e de controle de infestações antes do enchimento e de controle e erradicação de execução imediata no período de enchimento. Segundo os resultados obtidos, pode-se concluir que; - não há presença de quantidades detectáveis de macrófitas que possam vir a colonizar a área do futuro reservatório, - as plantas aquáticas presentes nas áreas úmidas do entorno do reservatório não possuem condições físicas e hidrológicas de atingi-lo, - dentre as espécies identificadas, a grande maioria é cosmopolita, toleráveis e muitas vezes desejáveis do ponto de vista ecológico do ecossistema de um reservatório, - a morfometria da área do futuro reservatório não pressupõe um ambiente de proliferação de macrófitas, - o reservatório da UHE Machadinho, atualmente o receptor de toda a carga hídrica e orgânica do rio Pelotas que formará o reservatório da UHE Barra Grande, não apresenta em sua composição florística, macrófitas aquáticas. Conclusão: Condicionante Atendida. Condicionantes para a Licença de Operação: Dar continuidade ao monitoramento da ictiofauna por, pelo menos, 3 anos, antes de se proceder a qualquer método de repovoamento, e apresentar relatórios semestrais de acompanhamento. Informar qualquer alteração do estoque pesqueiro para fins de acompanhamento pelo IBAMA. Realizar monitoramento das condições de crescimento das macrófitas imediatamente antes e durante o período de enchimento do reservatório. Apresentar Plano de Manejo de Macrófitas, a ser implementado após o enchimento do reservatório, com no mínimo levantamentos semestrais, considerando-se as condições da qualidade da água do reservatório. 2.21. Apresentar proposta visando atender o disposto no Decreto nº 95.722, de 12 de fevereiro de 1988, que prevê a necessidade de 1% destinado à prevenção ou a correção dos efeitos de caráter ambiental, cultural e social que este empreendimento possa causar ao meio ambiente. Comentários: O Empreendedor apresentou parecer jurídico, elaborado por BORGES SCHMIDT & ALMEIDA ADVOCACIA, no qual apresenta justificativa para o não cumprimento da condicionante. Foi enviado o memorando nº 253/05, de junho de 2005, solicitando a Procuradoria Geral do IBAMA parecer sobre as alegações apresentadas pelo empreendedor. Até a presente data não foi encaminhado nenhum pronunciamento da PROGE pertinente ao assunto. V. PROGRAMAS AMBIENTAIS 18 MEIO SÓCIOECONÔMICO Projeto 1.1 - Remanejamento e Compensação da População Atingida O objetivo geral do Programa foi mencionado no item 1, na página 12 do PBA: “compensar e recompensar a população atingida pelo empreendimento através de ações que minimizem os impactos sociais, econômicos e culturais”, de forma que as famílias pudessem “viabilizar a sua continuidade produtiva e reprodutiva no meio rural, urbano e rururbano”, incluindo “a readaptação e capacitação técnicoprofissional dos atingidos pelo empreendimento” e “promover, na nova propriedade, oportunidades equivalentes ou melhores em relação às que tinham antes do remanejamento”. Portanto, para que o Programa tivesse sucesso era fundamental que as diversas modalidades de remanejamento fossem bem executadas; que a realização da assistência técnica fosse adequada e realizada no momento correto, aliada a uma verba de manutenção distribuída enquanto a continuidade produtiva não pudesse ocorrer de forma plena. Verificamos em campo e através da análise dos relatórios da empresa que muitos daqueles que já foram reassentados manifestam satisfação em vários aspectos. Entretanto, verificamos também que a assistência técnica para a produção agrícola vem deixando muito a desejar, fato agravado pela estiagem que atinge a região há dois anos. O atraso na conclusão das diversas modalidades de remanejamento, notadamente os reassentamentos e as cartas de crédito, é outro fato extremamente grave, que precisa ser corrigido urgentemente. Os acordos com os representantes dos atingidos Em 2002, foi assinado o “Termo de Acordo para o Remanejamento da População Diretamente Atingida pelo Aproveitamento Hidrelétrico Barra Grande”, documento contendo diretrizes e critérios para o remanejamento da população atingida. Também foi assinado o Termo de Compromisso com o Movimento de Atingidos por Barragens para “Apoio à Produção Agrícola 2002/2003 e 2003/2004” para apoio às duas safras de cerca de 1000 famílias beneficiadas. Em 22 de dezembro de 2004 foi assinado o Acordo Social, cujos termos foram acordados com a participação do Ministério Público Federal, do Ministério das Minas e Energia, do IBAMA, FATMA, MAB e BAESA, que estabeleceu: • • • • • Doação de madeira da área de supressão seletiva para construção de casas; Atendimento a 199 famílias; Participação da BAESA em projeto de desenvolvimento regional; Retomada dos Projetos de RRCs e; Reavaliação do contrato de Assistência Técnica com a Associação do Desenvolvimento Agrícola Interestadual. Segundo a empresa, em fevereiro de 2005, todos os itens do acordo estavam em andamento. Status da desocupação do canteiro e reservatório – fevereiro de 2005 19 Segundo o “Relatório de Atividades – fevereiro de 2005 – Prestação de Serviços para Liberação da Área do Futuro Reservatório”, integrante do documento “Projeto 1.1 – Remanejamento e Compensação da População Atingida”, em sua página 3, haviam 702 propriedades em que haviam sido realizadas cadastro, levantamento físico, avaliação e apresentação de valores, de um total previsto de 723. Apenas 639 já haviam sido escrituradas. Propriedades dos canteiros Segundo o relatório, em seu anexo V, as propriedades do canteiro já foram todas escrituradas, com exceção daquela denominada “UHBG-E-10”, que se encontrava em processo de “desapropriação judicial”, em março de 2005. É necessário esclarecer o status atual da propriedade do canteiro de obras que, em março de 2005, ainda não estava escriturada. O anexo VI tratava da “Planta de Acompanhamento da Aquisição do Reservatório”. Segundo o documento, em outubro de 2004 uma série de propriedades ainda estavam em fase de “desapropriação judicial”. Deve ser atualizado o mapa de “Planta de Acompanhamento da Aquisição do Reservatório”, com escala mais apropriada. O Canteiro de Obras é composto por 25 imóveis, 12 da margem direita ( SC ) e 13 da margem esquerda ( RS ). Segue a situação das 66 famílias estudadas no canteiro: • • • • • • • • • • Indenização : 20 famílias optaram por indenização em dinheiro e todas já receberam. Reassentamento Rural Coletivo: 16 famílias tiveram sua opção por RRC, 15 foram remanejadas e 01 família recebeu benefício pelo Acordo Social e está com opção pelo RRC Esmeralda II em fase de implantação. Das 16 famílias, 04 eram proprietários e 12 não proprietários de imóveis do canteiro de obras. Destas, 14 famílias foram remanejadas para o RRC Esmeralda I, 01 família foi remanejada para o RRC Anita Garibaldi e 01 família em fase de remanejamento. As 15 famílias dos RRC’s Esmeralda I e Anita Garibaldi foram remanejadas em dezembro de 2003. Auto Reassentamento: 12 famílias tiveram sua opção por Carta de Crédito, 11 famílias foram beneficiadas pelo Termo de Acordo e todas remanejadas, a primeira família em 30/08/02 e a última em 26/05/04. A família beneficiada pelo Acordo Social está em fase de remanejamento. Terra : 04 famílias foram beneficiadas pelo Acordo Social com terra, todas estão em andamento. Terra + Casa : 05 famílias foram beneficiadas pelo Acordo Social com Terra e Casa, todas estão em andamento. Novos Estudos de Casos: 02 famílias solicitaram estudo de caso neste mês, portanto, estão em análise. Pareceres Negativos : 07 famílias não foram beneficiadas, pois tiveram seus pareceres negativos e não entraram no Acordo Social. 04 filhos que não comprovaram independência dos pais, 02 que não dependem da área e 01 que não possui vínculo anterior e posterior. Reassentamentos Rurais Coletivos – RRCs 20 São áreas parceladas em lotes rurais individuais, com infra-estrutura comunitária: estradas de acesso; rede elétrica; abastecimento de água; construção de casas e galpões; preparo, correção e conservação do solo e; benfeitorias de uso comunitário. Segundo o relatório da empresa, os RRCs de Esmeralda I, Anita Garibaldi e Campo Belo do Sul estavam quase concluídos (95%). Os RRCs Esmeralda II, Santa Catarina e Capão Alto eram os mais atrasados (apenas 5% realizado). O anexo VII referia-se a “Projetos dos Reassentamentos Rurais Coletivos” e incluía “Projetos de Estradas”, em escala extremamente reduzida. O anexo VIII é o “Relatório de Andamento dos Reassentamentos Rurais Coletivos”, de fevereiro de 2005. RRCs menos atrasados Segundo o relatório da empresa, nos RRCs de Campo Belo do Sul, Esmeralda I e Anita Garibaldi I já residiam as famílias beneficiadas e já haviam sido concluídas as seguintes ações relacionadas às atividades agrícolas: implantação do preparo e correção e conservação do solo; repasse de recursos de apoio à produção; implantação de hortas e pomar de subsistência; pagamento de verba de manutenção. Entretanto, ainda estavam em andamento, segundo o próprio relatório, a assistência técnica às famílias reassentadas e a celebração de convênio com a Associação de Desenvolvimento Agrário Interestadual (ADAI). Em vistoria constatamos que muitos com quem conversamos não receberam assistência técnica, inclusive orientação sobre o uso de agrotóxicos. Os três RRCs foram parcialmente implantados pelos próprios beneficiários: • As 37 famílias beneficiadas do RRC Campo Belo do Sul formaram a Associação dos Reassentados de Campo Belo do Sul (ARCASUL), que foi contratada pela BAESA para a realização dos trabalhos no sistema de mutirão; • As 34 famílias beneficiadas do RRC Esmeralda I formaram uma associação denominada ARE – Associação dos Reassentados de Esmeralda – que assumiu a responsabilidade de grande parte das atividades de implantação do reassentamento através de sistema de mutirão; • Segundo o relatório, as 15 famílias reassentadas do RRC Anita Garibaldi I filiaram-se à Associação dos Reassentados de Esmeralda (ARE). Sendo assim, parte das atividades de implantação do RRC Anita Garibaldi foram contratadas pela BAESA junto à ARE e executadas por sistema de mutirão pelos próprios reassentados. No RRC de Campo Belo do Sul, habitado desde dezembro de 2004, ainda havia algumas pendências: • Os beneficiários dos lotes 30 e 32 recusaram-se a assinar o Termo de Comodato e Aceitação de Lotes e Benfeitorias porque argumentam que as áreas estão divergentes com aquelas a que teriam direito. • Ainda não haviam sido finalizadas as benfeitorias comunitárias: os projetos arquitetônicos e demais documentos necessários ainda estavam em revisão; 21 além disso, os reassentados solicitavam que, além das benfeitorias previstas (Centro Ecumênico, Ginásio com Cancha de Bocha, Campo de Futebol e Reforma da Casa da Sede) fossem executados um cemitério e desmanche do galpão – para que no lugar deste fosse construído o ginásio e o campo de futebol. Segundo representantes da empresa e moradores, houve atraso por indefinição da comunidade. • A empresa responsável pela conclusão das estradas e das drenagens havia paralisado suas atividades, prejudicando o acesso de todas as famílias aos seus lotes; todos os trechos necessitavam de nova compactação e o cascalho espalhado obstruía a entrada dos galpões; os bueiros, em alguns pontos, estavam obstruídas por terra, prejudicando a drenagem. • Havia reclamações sobre a falta de assistência técnica para as lavouras, que apresentavam problemas de invasão de pragas e ervas daninhas, comprometendo a safra de milho, soja e feijão; havia uso de defensivos agrícolas sem equipamentos de proteção. • Uma área de empréstimo de cascalho utilizado para revestimento primário ainda não havia sido recuperada. Há ainda o compromisso da empresa fornecer 20m de lenha por família, mudas para formar reserva para extração de lenha, e melhorar a qualidade das estradas. Foi verificada em uma residência a incompatibilidade do programa, segundo a Sra. Nair Martins Varela que se apresentou incapacitada de cuidar da área recebida, uma vez que residia com os pais e contava com a ajuda da família, e a área era bem menor. No RRC de Esmeralda I as 34 (trinta e quatro) famílias estão residindo no local há quase dois anos, e segundo os reassentados, as áreas estão adequadas, as residências estão atendendo as necessidades das famílias, a infra-estrutura disponibilizada está condizente com as disponíveis em seus locais de origem e com as ofertadas pelo município (água, luz), pendente de adequação o trecho de acesso da rodovia ao RRC. Quanto à Assistência Técnica e Social, moradores informaram que nunca receberam qualquer orientação, somente no primeiro plantio, a verba de apoio à safra do ano passado e recentemente houve uma reunião para definir o projeto de apoio à safra deste ano. Foi observada a criação de suínos em condições inadequadas, comprometendo, inclusive, fontes naturais de água. Houve o relato de um pai que utilizou o agrotóxico na cabeça das filhas menores para matar piolhos, resultando internação e risco de vida, e outro agricultor relatou que já foi internado duas vezes no hospital por intoxicação, além do destino inadequado das embalagens verificado em diversos casos. Foi denunciada a ocorrência de arrendamento de terra, o que compromete o sucesso do projeto que visa à fixação do homem e a subsistência dessas famílias nas novas condições oferecidas. Ainda havia outros problemas no RRC de Esmeralda I: • A legalização dos lotes em favor dos beneficiários estava pendente; • Houve serviços de reforma que não foram aceitos pelos residentes. Deve ser esclarecido quais serviços são e quais os motivos da recusa; • As benfeitorias comunitárias estavam atrasadas: as terraplenagens ainda não haviam sido finalizadas; as fundações do centro ecumênico e do ginásio também não; ainda aguardava-se a chegada da fabricação da estrutura prémoldada de concreto para o ginásio de esportes; a comunidade ainda queria 22 negociar uma mudança no projeto do centro ecumênico e do piso do ginásio; o eucalipto vermelho adquirido para a execução da cancha de laço foi reprovado por apresentar rachaduras; • não havia rede elétrica para atender às benfeitorias comunitárias. O mais grave é o uso de “gato” (ligações clandestinas) para utilização de energia elétrica; • Não havia Anotação de Responsabilidade Técnica - ART e o alvará da prefeitura; • Operários, inclusive reassentados que trabalham na execução das obras, estavam trabalhando sem o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, em descumprimento da legislação em vigor. No RRC Anita Garibaldi I as seguintes pendências ainda ocorriam: • Os projetos arquitetônicos finais, memoriais descritivos, especificações técnicas gerais e os orçamentos detalhados das benfeitorias comunitárias haviam sido entregues apenas fevereiro e os equipamentos pré-existentes que deveriam ser readequados, como a sede antiga da propriedade, que será destinada a atividades comunitárias, ainda não foi iniciada, segundo informações, do representante da BAESA, está em andamento o processo de licitação da obra. • Havia necessidade de reforma dos açudes; entretanto, ainda não havia destinação definida para os mesmos. A assistência social deverá ser iniciada para facilitar o relacionamento entre o RRC Anita I e a comunidade Bela Vista, com a qual os reassentados deverão se integrar. Lideranças locais apontaram, também, a necessidade de recuperação e adequação dos equipamentos sociais da comunidade Bela Vista como sendo relevantes no sentido de propiciar local apropriado para os eventos destinados à integração entre as famílias. Deverão ser apresentados projetos de assistência social e de adequação dos equipamentos sociais da comunidade Bela Vista, à qual os beneficiários do RRC de Anita Garibaldi I deverão se integrar. RRCs mais atrasados No RRC de Esmeralda II há 60 (sessenta) lotes e não há famílias residindo, apenas a equipe do mutirão que está sediada no galpão, mas as obras estão bastante incipientes, o arruamento ainda está em fase de implantação. Foi colocada pelos representantes a preocupação com a distribuição dos terrenos, segundo eles, a empresa quer colocar um número maior de famílias nas áreas remanescentes, obrigando a diminuição do terreno e desrespeitando o Termo de Acordo assinado. Os trabalhos relativos a este RRC foram iniciados apenas em janeiro de 2004 para 47 famílias. A primeira etapa de implantação foi para o reassentamento de 23 famílias. Entretanto, a segunda etapa não possui ainda definição das outras famílias beneficiadas. O atraso da implantação do RRC Esmeralda II se reflete na não execução dos platôs de casa e galpão em cada lote – além disso, os beneficiários de alguns lotes mudaram a posição dos mesmos, o que seria refletido em alterações dos projetos das estradas, rede de abastecimento de água e rede elétrica, que já estavam em 23 fase de licitação – e no fato de que os projetos das benfeitorias comunitárias ainda não haviam sequer sido discutidas para a definição de quais seriam feitas. Foi observado durante as vistorias que operários, inclusive reassentados que trabalham na execução das obras, trabalhavam sem o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, em descumprimento da legislação em vigor. A exemplo do RRC Esmeralda II, a implantação do RRC Capão Alto foi dividida em duas etapas: a primeira para 21 famílias, que ainda residem em seu local de origem; e a segunda etapa, para 19 famílias, ainda aguarda a definição das famílias a serem beneficiadas, não foram adquiridas as áreas vizinhas para esta ampliação, e conseqüentemente não há projeto dos lotes nem cronograma para esta fase. Outras questões pendentes do RRC Capão Alto: • A infra-estrutura ainda não foi iniciada. Além do mais, vários beneficiários mudaram a posição dos platôs, o que provocava mudanças nos projetos de estradas, rede de abastecimento de água e rede elétrica; • O início das construções das benfeitorias individuais ainda não havia ocorrido nem na primeira etapa do RRC, pois os platôs tinham sido recentemente concluídos; • Ainda não havia definição das benfeitorias a serem construídas; • Operários, inclusive reassentados que trabalham na execução das obras, estavam trabalhando sem o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, em descumprimento da legislação em vigor. No RRC Anita Garibaldi II ou Santa Catarina foi constatado um atraso na implantação do reassentamento muito mais significativo que o verificado no Reassentamento Anita I. Neste reassentamento as obras das casas encontram-se em fase inicial, sendo que os platôs tinham sido recentemente concluídos e vários dos beneficiários mudaram a posição dos mesmos, segundo o relatório apresentado. A implantação da infra-estrutura foi iniciada. Segundo o representante da BAESA, foi implantada 80% da rede geral de distribuição de energia elétrica, falta à instalação dos hidrômetros da rede de distribuição de água, o poço de água já foi furado e as estradas internas foram iniciadas. Entretanto, a mudança dos locais dos platôs provoca mudanças nos projetos de estradas, rede de abastecimento de água e rede elétrica. Além disso, havia ainda negociação sobre a possibilidade de atender a alterações solicitadas pelos reassentados no traçado das estradas. O atraso se refletia também na indefinição das benfeitorias a serem construídas. Auto-reassentamentos (Cartas de Crédito) Segundo o relatório, até fevereiro de 2005, 202 famílias haviam optado por carta de crédito; e 197 destas já haviam recebido o benefício; e os imóveis de 171 já haviam sido adquiridos e escriturados; e 125 já residiam neles. Após a indicação do imóvel pretendido pela família, a BAESA verificava a adequação aos critérios definidos no Termo de Acordo para o Remanejamento da População Diretamente Atingida pelo AHE Barra Grande: tamanho do lote e das benfeitorias a que a família beneficiada tem direito e viabilidade produtiva e econômica, entre outros parâmetros. Só após a aprovação a BAESA emitia a carta de crédito. 24 Entretanto, em vistoria verificamos que há necessidade de ajustes nas Cartas de Crédito já concedidas: • liberação do saldo de algumas cartas de crédito; • implantação de todas as ações de assistência técnica e social, incluindo apoio à produção e calcário; e inserção dos reassentados na nova comunidade; • concessão de verba de manutenção a quem tenha este direito; • adequação de todas as propriedades ao critério de habitabilidade. Assistência Técnica O objetivo da assistência técnica é que, até o restabelecimento na nova propriedade, as famílias beneficiárias de Cartas de Crédito e áreas remanescentes recebam atendimento de equipe própria da BAESA. Os beneficiários dos RRCs deveriam ter assistência técnica, o que não foi constatado, junto aos reassentados, durante as vistorias realizadas. Segundo o relatório, até fevereiro de 2005, 149 famílias receberam assistência técnica da equipe da BAESA no local de origem, “onde foi realizado diagnóstico do perfil sócio-econômico das mesmas, além de apoio na busca e aquisição de novo imóvel, vistoria técnica para avaliação das áreas e acompanhamento das melhorias, quando necessárias”. Ou seja, em fevereiro de 2005, ainda não tinham sido sequer iniciados os trabalhos de assistência técnica para muitos beneficiários. Foram elaborados, segundo o relatório, 119 projetos técnicos para investimentos na produção agropecuária e 95 projetos para aplicação do saldo da carta de crédito. Entre os objetivos da assistência técnica estava a orientação na busca de incentivos financeiros, através do Pronaf e RSRural, entre outros. Entretanto, verificamos que havia pessoas que necessitavam de orientações suplementares sobre a dinâmica dos investimentos na área agrícola para que não houvesse angústia e insegurança enquanto os empréstimos ainda não haviam sido pagos. Em todos os reassentamentos implantados e cartas de crédito efetivadas, visitadas durante as duas vistorias realizadas pelo IBAMA, não foi constatada a implementação das ações previstas para assistência técnica e social. Este fato adicionado à frustração de safra ocorrida nos últimos dois anos resulta uma situação insustentável para a subsistência dessas famílias. Mesmo considerando o repasse de recursos ocorrido, a BAESA deverá ser acionada para disponibilizar imediatamente este serviço e oferecer medida compensatória a essas famílias. Recomendações para o Programa de Remanejamento da População Atingida • Reanalisar os casos negativados de pedido de inclusão no cadastro sócioeconômico, considerando os critérios estabelecidos no Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002 e todos os entendimentos mantidos posteriormente quanto ao vínculo com a terra, dependência com a fração de terra impactada e viabilidade do remanescente, classificando nas várias modalidades de apoio; • As propriedades destinadas aos beneficiários das modalidades de RRC, inclusive áreas do Reassentamento Esmeralda II, incluídos no Acordo Social assinado em dezembro de 2004, deverão respeitar os critérios, para definição 25 de tamanho, estabelecidos no Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002, sem prejuízo ao PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA, que visa garantir a sustentabilidade da atividade econômica; • Concluir, no prazo de 90 (noventa) dias, as obras de construção dos equipamentos sociais nos RRC; e, no prazo de 60 (sessenta) dias, as obras de construção dos equipamentos sociais nos RRC com beneficiários já residentes; • Concluir, no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, a implantação dos reassentamentos nas áreas já adquiridas cuja implantação ainda não foi finalizada; • Concluir, no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, a partir da data da aquisição, a implantação dos reassentamentos que ainda dependam da compra de novas áreas; • Proceder imediatamente ao preparo do solo nos reassentamentos, sem prejuízo do plantio para a próxima safra; • Viabilizar, no prazo de 90 (noventa) dias, condições para que os municípios que acolheram as famílias dos RRC procedam à adequação do sistema de transporte público coletivo para atender aos novos usuários; • Fornecer, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a adequação das máquinas e equipamentos agrícolas para os municípios prestarem o serviço de tratamento mecanizado do solo nos RRC da BAESA, necessário para manter a atividade agropecuária na área remanejada, respeitando a política administrativa de cada município; • Efetivar a aquisição das terras necessárias ao atendimento do Acordo Social, assinado em dezembro de 2004, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, devendo as famílias beneficiárias, preferencialmente, permanecerem nas comunidades onde residem e, no caso de RRCs, no prazo de 60 (sessenta) dias, implantar “micro-reassentamentos” (número reduzido de famílias) prioritariamente nas próprias comunidades, garantido o direito de opção dos beneficiários; as áreas destinadas aos beneficiários dos RRCs ainda não implantados deverão ser adquiridas no prazo máximo de 60 (sessenta) dias; • Apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, reestruturação do Projeto de Assistência Técnica e Social aos beneficiários das diversas modalidades de remanejamento, contendo: objetivo e metodologia; equipe técnica e seu respectivo registro no Conselho de Classe; cronograma de execução; área de atuação por equipe; mapa de localização georeferenciada com identificação dos beneficiários; interface com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL; e, relatório trimestral com a execução e resultados alcançados mensalmente; • Estender a Assistência Técnica e Social aos beneficiários da modalidade Carta de Crédito por mais 03 (três) anos, no limite de 200 km da Área de Influência Direta, e aos beneficiários do RRC para 05 (cinco) anos, respeitando o limite máximo de 30 (trinta) famílias por técnico para cada modalidade de assistência; • A Coordenação de Assistência Técnica agropecuária deverá ser conduzida 26 por profissional de nível superior em área afim e, para a Assistência Social toda a equipe deverá ser composta exclusivamente por técnicos com formação superior em área específica, devendo ser implantada em conformidade com as diretrizes da administração pública local; • Emitir relatório mensal de avaliação da inclusão social das famílias reassentadas em RRC e CC, após considerar a adaptação à nova condição imposta. Apresentar soluções para atenuar as distorções detectadas, inclusive o remanejamento das famílias; • Reavaliar a condição de habitabilidade nas residências das propriedades adquiridas por Carta de Crédito, e executar reforma e adequação quando não atender ao critério mínimo estabelecido, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias; • Apresentar projeto de adequação dos equipamentos sociais da comunidade Bela Vista, à qual os beneficiários do RRC de Anita Garibaldi I deverão se integrar; apresentar também projeto específico de assistência social para essa integração. Projeto 1.2 - Reestruturação e Revitalização das Comunidades Lindeiras O Programa foi elaborado pela necessidade de avaliação e mitigação e/ou compensação dos impactos gerados, nas comunidades lindeiras ao reservatório, como conseqüência da aquisição de terras para a formação do reservatório da UHE. As diversas interferências, nas comunidades lindeiras, poderão ser de natureza variada e com diferentes graus de intensidade, as seguintes situações tipológicas poderão ser verificadas: - a comunidade não necessita de ações de reestruturação físico-sociais significativas, uma vez que sua viabilidade mantém-se; - a comunidade sofre impactos físicos e sociais e necessita de um projeto de reestruturação e revitalização. Nessa tipologia, inserem-se a maioria dos casos e as intervenções serão particularizadas para as especificidades de cada núcleo; - a comunidade é extremamente afetada e recomenda-se até a indenização total, uma vez que não há possibilidade de restabelecer a sua viabilidade através de planos ou projetos de revitalização. (PROJETO BÁSICO AMBIENTAL, volume II, PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS, Introdução, página 32). O objetivo proposto é implantar ações para reestruturar e/ou revitalizar as comunidades lindeiras ao reservatório, nos planos psicossocial, econômico e físicoterritorial buscando um novo equilíbrio à vida comunitária. Considerando ainda que: Nesse processo, as comunidades lindeiras ficarão menores e, como conseqüência da redução do número de famílias, poderão ocorrer os seguintes impactos: # diminuição do número de usuários e de mantenedores dos equipamentos comunitários; # desativação parcial ou total de escolas, em função do número de alunos remanescentes, ocasionando, talvez a uma adequação de transporte escolar 27 ao novo contexto; # redução da freqüência de viagens diárias semanais no transporte convencional de passageiros (é uma atividade tradicionalmente comercial); # fusão de dois ou mais núcleos para servir a duas ou mais comunidades; # desativação do núcleo devido ao excessivo esvaziamento. A redução do número de famílias está diretamente associada à desestruturação social, assim como a desestruturação espacial está associada à inviabilidade de se restabelecer as relações com as comunidades vizinhas através da recomposição da infra-estrutura: as distâncias entre as comunidades poderão se tornar maiores, afetando o transporte escolar, o de passageiros e o comercial. Na maioria dos casos, a adoção de planos de revitalização e recomposição viabilizará a continuidade das comunidades. Porém será necessário realizar um diagnóstico bastante cuidadoso e abrangente que permita a formulação de proposta de reestruturação e revitalização consistentes. O empreendedor deverá ter segurança sobre a viabilidade ou não da comunidade. É fundamental que seja desenvolvido um trabalho de assistência social nas comunidades atingidas, complementar ao Plano de Recuperação das Comunidades Lindeiras (PRCL), criando um canal de comunicação social bidirecional, que será mais eficiente quanto maior for a confiança entre as partes envolvidas. Entende-se que o Plano de Recuperação/Revitalização das Comunidades Lindeiras (PRCL) deve ser elaborado com a participação da municipalidade. Devem também participar do processo os órgãos regionais de extensão rural e outras organizações aceitas pela comunidade, desde que capacitadas para contribuir no processo de forma inovadora e atuante. (PROJETO BÁSICO AMBIENTAL, volume II, PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS, Item 2. Atividades Gerais, página 33). Grifo nosso. O Programa estabeleceu diversas ações para a mitigação e/ou compensação dos impactos adversos, identificados em função da implantação da UHE, a saber: As principais atividades a serem desenvolvidas são: - definição de tipologias – estabelecer um marco conceitual que consiste na definição de comunidade e suas tipologias; - estabelecer a “comunidade-referência”, mesmo que idealizada; - Diagnóstico Territorial e das Comunidades – efetuar um diagnóstico amplo do território e de cada comunidade, sem e com a formação do reservatório, principalmente no campo sócio-econômico e físico-territorial, delimitando o espaço geográfico onde a mesma está inserida, conhecer quais as suas relações com as outras comunidades e com a sede municipal, identificando os conflitos internos, as lideranças e a natureza das expectativas individuais e coletivas; - estabelecer diretrizes de apoio e de comunicação social que serão prestadas às comunidades; - elaborar Critérios e Procedimentos para a Reestruturação e/ou Revitalização das Comunidades Lindeiras; - elaborar PRCL: elaborar plano, para a reestruturação e revitalização de todas as comunidades onde essas ações forem necessárias, incluindo os projetos de recomposição da infra-estrutura – elaborar os projetos de recomposição territorial 28 envolvendo toda a malha viária troncal e vicinal e o acesso às propriedades atingidas, redes de energia, redes de água, redes de telefonia, etc; - incorporar ao PRCL, plano de reestruturação e revitalização as oportunidades decorrentes do uso múltiplo do reservatório; - estabelecer critérios para a emancipação das comunidades incorporadas ao Plano. (PROJETO BÁSICO AMBIENTAL, volume II, PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS, Item 2. Atividades Gerais, página 34). Grifo nosso. O RELATÓRIO DE ATIVIDADES – PROGRAMAS SOCIOECONÔMICOS/Relatório nº 37, janeiro/2005 apresenta o andamento do PROJETO 1.2 – REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS e na descrição das ações realizadas é possível identificar a compatibilidade com as atividades previstas no PBA. Dentre as atividades desenvolvidas são relatadas, de forma sintética, a realização de reuniões com a população das comunidades lindeiras, associações e movimentos sociais. No Relatório nº 37 consta resumo de reunião realizada no dia 26 de maio de 2004, na Comunidade de Cachoeirinha, município de Anita Garibaldi/SC. Segundo o relatório as reivindicações apresentadas na reunião não foram contempladas, pois a Comunidade não se enquadra nos critérios de comunidade lindeira. O relato informa que as reivindicações foram comunicadas a BAESA, porém não foi encontrado nos relatórios qualquer procedimento de análise e avaliação dos problemas e a relação destes com a implantação do empreendimento. Deverá ser realizado trabalho de diagnóstico, análise, avaliação da comunidade de Cachoeirinha e, se pertinente, deverá ser apresentado projeto de mitigação e/ou compensação para os problemas diagnosticados e relacionados às obras de implantação da UHE Barra Grande. O empreendedor, também, apresentou ao IBAMA um Relatório com a situação atual dos compromissos assumidos, com a consolidação das informações apresentadas nos “Relatórios de Avanço da implantação do PBA”, sendo março de 2005 a data de referência adotada para atualização das informações. Constam deste Relatório, no Anexo I – RELATÓRIO FINAL DO DIAGNÓSTICO TERRITORIAL DAS COMUNIDADES LINDEIRAS, relatórios finais desenvolvidos para Levantamento, Diagnóstico e, ainda, proposição de Diretrizes para Reestruturação e Revitalização das Comunidades Lindeiras ao Reservatório. O primeiro relatório foi elaborado pela empresa SOCIOAMBIENTAL Consultores Associados Ltda e o segundo relatório pela empresa ANDRADE CANELLAS, este foi denominado MAPEAMENTO E DIAGNÓSTICO PARA NORTEAR A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO PARA REESTRUTURAÇÃO E OU REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS AO CANTEIRO DE OBRAS E RESERVATÓRIO DA UHE BARRA GRANDE e além de apresentar mapeamento, diagnóstico e informações necessárias para se planejar e executar ações mitigadoras dos impactos ocasionados pela construção do empreendimento sobre as comunidades lindeiras, o relatório teve como objetivos a ratificação e retificação do relatório elaborado pela SOCIOAMBIENTAL. Os relatórios apresentados desenvolveram os objetivos estabelecidos com relação à elaboração de Diagnóstico Territorial e das Comunidades e o trabalho realizado pela ANDRADE CANELLAS complementou o primeiro trabalho. 29 O Plano de Reestruturação e Revitalização das Comunidades Lindeiras – PRCL ao futuro reservatório da UHE Barra Grande apresentou o seguinte objetivo: ...conforme previsto no Projeto Básico Ambiental – PBA, tem como finalidade a elaboração de critérios, normas e procedimentos para a implantação de ações de reestruturação das comunidades localizadas na área de abrangência do empreendimento, buscando a participação dos envolvidos neste processo, respeitando o objetivo do projeto de comunidades lindeiras ao reservatório, nos planos psicossocial, econômico e físico-territorial buscando um novo equilíbrio à vida comunitária. (PRCL, OBJETIVO). E destaca que: Durante todo o processo de desenvolvimento das etapas de trabalho..., buscando a implantação das ações para a reestruturação e revitalização das comunidades será realizado o monitoramento do remanejamento das famílias diretamente atingidas pelo empreendimento, o qual será fundamental para a classificação das comunidades quanto ao nível de interferência, baixo, médio ou alto, detalhando a seguir. Cabe ressaltar que por ser uma atividade dinâmica, o grau de interferência poderá sofrer alterações, e caso isso ocorra, será avaliado futuramente para serem realizadas ações complementares de reestruturação e revitalização nestas comunidades. (PRCL, Item 2. Atualização e complementação do Diagnóstico Inicial, subitem 2.4 Monitoramento do remanejamento das Famílias). Este programa utilizou como metodologia a classificação por grau de impacto e participação social. Foram estipuladas três categorias para risco de impacto – baixo, médio e alto – e o enquadramento de cada comunidade foi considerado pelo número de famílias remanejadas. Para a definição do benefício foram realizadas reuniões na comunidade, com a participação significativa de seus membros. O resultado apresentado foi satisfatório em algumas comunidades, no geral, nas classificadas na categoria baixo impacto. No contato com a comunidade foi observado que a maior parte da população das comunidades lindeiras tem baixo nível de informações sobre o desenvolvimento da obra, seus programas ambientais, formação da APP no entorno do reservatório, questões diretamente relacionadas aos impactos nas comunidades, reserva legal das propriedades, desmatamento, técnicas de manejo agrícola e, observou-se ainda, diante dos questionamentos feitos, e das dúvidas apresentadas à equipe técnica do IBAMA, que algumas comunidades não receberam uma orientação consistente para elaboração dos projetos de reestruturação e/ou revitalização. Algumas comunidades também apresentaram reclamações em relação a itens referentes à recomposição da infra-estrutura. Deverão ser redefinidas, pelo empreendedor, as ações estabelecidas com o objetivo de informar e esclarecer as dúvidas sobre as questões já mencionadas, para diminuir a ansiedade da população e alcançar as metas estabelecidas no PBA e PRCL. O empreendedor deverá implantar um trabalho eficiente de assistência social nas comunidades atingidas, complementar ao Plano de Recuperação das Comunidades 30 Lindeiras – PRCL, criando um canal de comunicação social bidirecional, conforme previsto no PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS/PBA. A implantação do Plano de Reestruturação e/ou Revitalização das Comunidades Lindeiras, conforme o cronograma apresentado no PBA, foi prevista para iniciar na fase de implantação do Canteiro de Obras e para algumas comunidades, quando os estudos demonstrarem a necessidade, as atividades previstas poderão estender-se até um ano após o enchimento do reservatório. O Programa estabelece como parâmetro para encerramento das atividades a constatação da retomada de autonomia por parte das comunidades atingidas. O empreendedor deverá apresentar, conforme recomendação que consta do Relatório Final/SOCIOAMBIENTAL, janeiro/2003, um Plano de Monitoramento do impacto do empreendimento na vitalidade das comunidades lindeiras, através de controles periódicos de alguns indicadores, por município e localidade, balisados nos dados constantes nos relatórios/diagnósticos apresentados, onde se incluem fundamentalmente as preocupações ou problemas potenciais identificados pelas lideranças das localidades já apresentadas, e outros que venham a ser identificados. O Plano de Monitoramento, também como sugere o relatório mencionado, deverá agregar alguns indicadores, já apontados para o monitoramento dos impactos no Relatório Final de Adequação da infra-estrutura serviços de saúde, educação, lazer e segurança na área impactada pela UHE Barra Grande. O monitoramento será realizado com a finalidade de acompanhar o desenvolvimento das comunidades atingidas, avaliar a eficácia das medidas adotadas, corrigir erros e modificar cursos de ações quando necessário e, ainda, definir o momento de encerramento das atividades estabelecidas no PRCL, verificado quando da constatação da retomada de autonomia das comunidades atingidas. Durante as vistorias realizadas às comunidades, na área de influência do empreendimento, foi constatado atraso na implantação das medidas discutidas com as comunidades para mitigação dos impactos gerados. Os atrasos, considerados injustificados pelos representantes das comunidades, geram descontentamentos e descrédito da BAESA junto às lideranças e aos membros das comunidades. O Empreendedor deverá efetivar todas as ações já previstas, para as comunidades, no prazo de 90 (noventa) dias. Recomendações para o Programa de Reestruturação e Revitalização das Comunidades Lindeiras • Apresentar, no prazo de 60 (sessenta) dias, laudo detalhado das edificações, residenciais e ecumênicas, e propriedades rurais, localizadas nas comunidades de Capela São Miguel e Capela São Jorge, município de Pinhal da Serra, próximas a rodovia RS 456 e canteiro de obras, cujos proprietários reivindicam reparos por problemas ocorridos durante as obras de construção da usina e tráfego de veículos pesados; iniciar, prontamente, os devidos reparos nos danos apurados que o laudo vincular à implantação do empreendimento; • Efetivar todas as ações referentes ao Programa de REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS no prazo máximo de 90 (noventa) dias; 31 • Realizar monitoramento do impacto na vitalidade das comunidades lindeiras através de controles periódicos com base nos indicadores apresentados no Parecer Técnico do IBAMA e apresentar relatórios trimestrais nos primeiros 12 (doze) meses após o enchimento do reservatório e anual durante os primeiros 5 (cinco) anos de operação do empreendimento; • Implantar Programa de Assistência Social nas comunidades atingidas, complementar ao Plano de Recuperação das Comunidades Lindeiras – PRCL, conforme previsto no PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS/PBA; • Apresentar, no prazo de 30 dias, diagnóstico e avaliação da comunidade de Cachoeirinha, município de Anita Garibaldi/SC, acompanhado de projeto de mitigação e/ou compensação para os problemas diagnosticados que estejam relacionados às obras de implantação da UHE Barra Grande. Projeto 1.3 - Resgate e Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural O Programa foi estabelecido objetivando o patrimônio histórico-cultural de bens tangíveis e intangíveis (com exceção da paisagem) através de registro e estudo para fins de preservação, educação patrimonial e divulgação na área de abrangência do empreendimento, composta pelos municípios limítrofes ao reservatório da UHE Barra Grande: Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, e Lages, no Estado de Santa Catarina; Bom Jesus, Esmeralda, Pinhal da Serra e Vacaria, no Estado do Rio Grande do Sul. O Programa destacou a importância do registro de campo cobrir o ciclo completo do ano para contemplar o ciclo agrícola e o de festas. Destacou, também, a importância das ações serem realizadas preliminarmente ao deslocamento das famílias e de suas instalações. O Programa apresentou os seguintes temas como atividades: Constituem-se como principais atividades: - visão do patrimônio cultural como um conjunto de recursos herdados da tradição a serviço de desenvolvimento; - visão amplificada do patrimônio cultural, englobando sua relação com a paisagem (território), a pré-história e a história; - valorização dos bens históricos e culturais: organização de acervo de fotografias e de entrevistas e produção de texto para preservação da memória; apoio à criação de lugares de memória e apoio à preservação de bens móveis e imóveis; - divulgação: produção de material impresso, em vídeo e através de outros veículos para divulgação dos recursos culturais da área. (PROJETO BÁSICO AMBIENTAL, volume II, PROJETO 1.3. RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, item 2. Atividades Gerais, página 38) grifo nosso. As atividades previstas no Programa foram iniciadas no ano de 2002 e concluídas no ano de 2003, conforme informações apresentadas no último Relatório, data de referência março de 2005, da situação atual da implantação dos programas apresentados no PBA. A execução do Programa não contemplou às metas estabelecidas no Quadro 1.3. Cronograma de Atividades do Projeto de resgate e Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural, página 41 do PBA. O Relatório apresentou relação dos produtos gerados na execução das atividades 32 estabelecidas para o Programa. Contudo, não foi mencionada, na relação de produtos e, tampouco, foi constatada durante as vistorias realizadas, na área de abrangência do empreendimento, a preservação de bens móveis e imóveis conforme estabelecido na relação das principais atividades do Programa. O empreendedor deverá, para efetivação do Programa, realizar as etapas propostas para o PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, constantes do PBA, referentes ao apoio à preservação de bens móveis e imóveis. Considerando a importância da Araucária como símbolo regional e sendo o pinhão um dos principais ingredientes da culinária típica da região, e que o consumo é tão tradicional que serve inclusive de inspiração para um dos principais eventos culturais da região (FESTA NACIONAL DO PINHÃO – Lages/SC) e, ainda, a existência de pesquisas que demonstram a presença histórica do pinhão no cotidiano da população local, o Empreendedor deverá promover ações que incentivem o interesse e a manutenção da tradição, nas comunidades atingidas, para preservar e valorizar este patrimônio. Dentre as ações que serão propostas o Empreendedor deverá implantar projeto, articulado com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, que estabeleça parceria com as famílias reassentadas nos RRCs para o plantio de 30 (trinta) mudas de Araucárias por família, nas áreas das propriedades e/ou na área de Reserva Legal dos RRCs. O projeto deverá prever o plantio das mudas por membros das comunidades a serem beneficiadas pelo projeto, motivando a manifestação de vínculo afetivo com árvores a serem plantadas. O empreendedor deverá ser responsável pelo fornecimento das mudas, pelas orientações técnicas gerais para plantio, escolha das áreas de plantio e conservação das mudas, de forma a garantir o desenvolvimento das mudas até a idade adulta, inclusive procedendo ao replantio de mudas que não vingarem – durante o período de concessão do empreendimento, o empreendedor deverá apresentar relatório anual que demonstre a manutenção da relação de 30 (trinta) Araucárias por família reassentada. Contemplar no projeto atividades para difundir os usos não-madeireiros da Araucária, tais como: artesanato, uso do nó da madeira para confecção de utensílios; uso medicinal, o costume popular indica que o pinhão combate azia, anemia e debilidades do organismo; alimentação, os pinhões constituem um alimento muito nutritivo e energético para alimentação humana e pode, também, ser usado para alimentar alguns tipos de criações de animais domésticos (fonte informações: sítio da internet – http://www.ipef.br do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF). Os agricultores, no âmbito do projeto, também deverão ser informados do potencial da exploração econômica, em médio prazo – 15 a 20 anos –, decorrente da comercialização do pinhão. O projeto deverá conter: Objetivos; Justificativas; Metodologias a serem utilizadas; metas; estratégia de execução; cronograma físico-financeiro; responsabilidade de execução; recursos requeridos (humanos e materiais); resultados esperados; produtos; anexos; referências bibliográficas. 33 O IBAMA recebeu em 03 de junho de 2005, através da correspondência MAOS-CE0139 enviada pelo empreendedor, álbum fotográfico, em meio magnético (CD), com 100 (cem) imagens selecionadas dentre as 1500 fotografias obtidas ao longo dos trabalhos de campo, realizado no período compreendido entre os meses de março de 2002 e julho de 2003 e, também, o documentário FRONTEIRAS, editado em VHS e DVD. O livro “FRONTEIRAS SEM DIVISAS” em fase de elaboração e editoração, que apresenta todo o resgate do patrimônio histórico e cultural dos bens tangíveis e intangíveis na área de abrangência da UHE Barra Grande, deverá ser enviado, 3 (três) cópias, ao IBAMA tão logo sejam concluídos os trabalhos. Recomendações para o Programa de Resgate e Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural • Concluir a implantação das ações referentes à Casa da Memória e Centro de Atendimento Sócio Ambiental e contemplar uma unidade da Casa da Memória no município de Esmeralda/RS e realizar as etapas propostas para o PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, constantes do PBA, referentes ao apoio à preservação de bens móveis e imóveis; • Implantar projeto no PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, articulado com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, estabelecendo parceria com as famílias reassentadas nos RRCs para o plantio de 30 (trinta) mudas de Araucárias por família, nas áreas das propriedades e/ou na área de Reserva Legal dos RRCs; • Promover a integração do PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, divulgar os resultados e difundir o conhecimento produzido junto às famílias dos RRC, no resgate da identidade cultural. Projeto 1.4 - Resgate e Preservação do Patrimônio Paisagístico O Programa estabeleceu como objetivos: a realização de registro visual do patrimônio paisagístico da área do reservatório; integrar aos roteiros turísticos ou trilhas ecológicas os componentes paisagísticos expressivos e oferecer subsídios para ações de divulgação do patrimônio natural. O Programa incorporou a importância de registro não apenas da paisagem natural, mas também a paisagem decorrente das transformações realizadas pela ação humana, durante o processo de ocupação e uso do espaço físico, para a qual foram atribuídos valores estéticos e culturais. O Programa prevê para valores importantes, quando viável, o salvamento ou reaproveitamento desses valores. No item 2. Atividades Gerais, do PBA, são descritas as seguintes atividades: As atividades previstas para este projeto são: - programação temática do registro, levando em conta a paisagem natural e cultural; - registros do patrimônio paisagístico-antropológico da área do reservatório: # # # uso da terra; povoados, vilas e cidades; espaço construído: caminhos, pinguelas, pontes, propriedades rurais e 34 # # arquitetura; tipos humanos; flora e fauna. - organização do acervo registrado; - produção de material referencial; - divulgação do patrimônio paisagístico da área; - guarda e disponibilização do acervo. (PROJETO BÁSICO AMBIENTAL, volume II, PROJETO 1.4. RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO, item 2. Atividades Gerais, páginas 42 e 43) . O cronograma do Programa, apresentado no PBA, determinava o início do Programa para o segundo semestre de 2001 e a conclusão no primeiro bimestre de 2003. O Relatório da situação atual da implantação dos programas, apresentados no PBA, informa que o Programa foi iniciado em 2002 e concluído no segundo semestre de 2003. Como produto final o Programa apresentou extenso inventário fotográfico da paisagem na área do futuro reservatório sintetizados em slides e fotos (formato 30x40 cm). Os álbuns e fotos produzidos estão expostos nas CASA’s Caminhos da Serra de Anita Garibaldi/SC e Pinhal da Serra/RS, locais utilizados para divulgação do patrimônio paisagístico da região e guarda dos produtos. O Programa realizado e concluído, identificou áreas potenciais que deverão ser incluídas no Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do reservatório do AHE Barra Grande. Recomendações para o Programa de Resgate e Preservação do Patrimônio Paisagístico • Incluir no Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório do AHE Barra Grande ações que contemplem a integração aos roteiros turísticos ou trilhas ecológicas dos componentes paisagísticos expressivos registrados no PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO; Projeto 1.5 - Resgate e Preservação do Patrimônio Arqueológico O objetivo proposto no PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO foi o levantamento e salvamento, sistemático, dos vestígios materiais oriundos de grupos humanos pré-históricos que ocuparam a área, identificando o seu modo de vida e as relações que mantinham entre si e com o ambiente. Isto, em consonância com a legislação em vigor. As Atividades previstas no Programa foram previstas para serem executadas em três etapas, a saber: primeira etapa – Levantamento Detalhado, execução de levantamento detalhado na área de influência do empreendimento, contemplando todos os compartimentos ambientais, na busca de remanescentes de populações pretéritas; segunda etapa – Salvamento Arqueológico, onde será realizado o salvamento dos sítios arqueológicos identificados com apoio nas informações coletadas na etapa anterior; terceira etapa – Monitoramento Arqueológico, que 35 implica na identificação de sítios ou vestígios arqueológicos que não tenham sido observados nas etapas anteriores, ocorrerá na fase de implantação das obras. O cronograma do Programa, apresentado no PBA, determinava o início do Programa para o primeiro semestre de 2001 e a conclusão no quarto bimestre de 2003. O empreendedor apresentou relatório, em dois volumes: o volume 1/2 apresenta os resultados obtidos no levantamento arqueológico, na área de impacto direto do canteiro de obras; o volume 2/2 apresenta o relatório de encerramento das atividades de resgate na área de intervenção da UHE Barra Grande, desenvolvido em dois momentos, sendo o primeiro na área do canteiro de obras, encerrado em 2003 (Processo IPHAN nº 01510.000142/2001-79) e o segundo na área de inundação do empreendimento. Conforme consta do Relatório, os trabalhos foram executados em cumprimento às determinações da Lei Federal nº 3924/61, que prevê a proteção dos bens arqueológicos brasileiros, e da Portaria 007/88 que regula a pesquisa arqueológica em território nacional. Os trabalhos foram executados por profissionais habilitados e acompanhados pelo IPHAN. O IBAMA enviou o ofício nº 176/2005 – COLIC/CGLIC/DILIQ/IBAMA, em 03/06/2005, solicitando manifestação do IPHAN com relação à emissão de Licença de Operação para o empreendimento. O IPHAN até a presente data não respondeu a solicitação. Contudo, durante a vistoria técnica, realizada no período de 02 a 05 de maio de 2005, a representante do IPHAN afirmou não haver problemas com a execução do programa, porém, continua pendente a assinatura de convênio em compensação à destruição dos sítios da área do canteiro de obras ocorrido no início do empreendimento. Recomendações para o Programa de Resgate e Preservação do Patrimônio Arqueológico • Implementar medidas compensatórias para os sítios arqueológicos no entorno do futuro reservatório, no âmbito do PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, em conformidade com as recomendações da consultora responsável pelo programa, com acompanhamento do IPHAN e emissão de relatórios semestrais; • Apresentar, em 60 (sessenta) dias, a conclusão dos entendimentos com o IPHAN para a compensação dos sítios arqueológicos destruídos, na área do canteiro de obras, no início da implantação do empreendimento; Projeto 1.6 - Adequação da Infra-Estrutura de Serviços O Programa de Adequação da Infra-Estrutura de Serviços possui como objetivos: A) diagnosticar a infra-estrutura de serviços básicos de saúde, assistência social, educação, lazer e segurança pré-existente; B) dimensionar as demandas provocadas pelo empreendimento; e C) adequar a infra-estrutura, através de ações conjuntas com os órgãos públicos e instituições particulares. Com base na análise do documento, vistorias e reuniões realizadas com diversas partes interessadas, verifica-se que o Programa de Adequação da Infra-Estrutura de Serviços não atendeu a todos os seus objetivos: não houve um dimensionamento 36 adequado das demandas provocadas pelo empreendimento e, conseqüentemente, a adequação da infra-estrutura foi insuficiente. O objetivo do item A, diagnóstico da infra-estrutura pré-existente de serviços, foi encaminhado com as seguintes informações: • Diagnóstico de serviços de saúde existentes em cada cidade-sede dos municípios lindeiros, considerando serviços ambulatoriais, saúde pública, leitos hospitalares e capacidade de resolução; • Diagnóstico das potencialidades das cidades de Lages e Vacaria para prestação de serviços especializados de saúde não existentes nos outros municípios localizados na área de influência da obra; • Diagnóstico do serviço de educação existente, incluindo capacidade de ampliação. Segundo os relatórios da empresa, o diagnóstico dos serviços de saúde dos municípios, incluindo as potencialidades de Lages e Vacaria, foi concluído em 2002. O diagnóstico dos serviços existentes de educação, assistência social, segurança pública e lazer existentes também foi realizado para cada um dos municípios. Em relação aos objetivos item B, “dimensionar as demandas provocadas pelo empreendimento”, e item C, “adequar a infra-estrutura, através de ações conjuntas com os órgãos públicos e instituições particulares”, verificamos que não houve dimensionamento prévio, mas uma sugestão de que, à medida que a obra fosse ocorrendo, fosse feito um monitoramento das necessidades de reforço da infraestrutura; portanto, a adequação não levou em conta um dimensionamento quantitativo que estabelecesse as necessidades reais de cada município em cada fase da obra e após a conclusão da barragem. Em relação ao dimensionamento da demanda, o documento tratou individualmente cada município, avaliando a possibilidade da infra-estrutura de cada um ser afetada – mas sem um dimensionamento quantitativo – e sugere medidas a serem adotadas pelo empreendedor. Entretanto, a adequação realizada, expressa na primeira parte do documento listada por município, não foi baseada em um dimensionamento quantitativo e qualitativo nem nas medidas sugeridas no próprio documento, mas sim com base nas negociações do empreendedor com o poder público, embora não haja evidências de como foram realizadas tais negociações. E como não houve dimensionamento da demanda, não há evidências de que as negociações tenham atendido a todas as necessidades de infra-estrutura decorrentes do empreendimento. Atendimento do objetivo item C: Segundo o relatório de atendimento do PBA, foram firmados diversos convênios com as Prefeituras. A síntese das ações foi apresentada. Segundo o relatório, foram assinados Termos de Acordo para atendimento do pleito dos municípios de Anita Garibaldi, Cerro Negro, Campo Belo, Capão Alto, Esmeralda, Vacaria e Bom Jesus, sendo que teriam sido referendados pelo Ministério Público, possibilitando a formalização de Termos de Cooperação entre a BAESA e os municípios de Anita Garibaldi, Esmeralda, Cerro Negro, Vacaria e Campo Belo do Sul nas áreas de saúde, educação e infra-estrutura. Entretanto, não há cópias destes Termos de Acordo no relatório. Foram estabelecidos então diversas ações nos municípios da área de influência, descritas no relatório de demonstração do atendimento do programa. Entretanto, há 37 reclamações de prefeitos municipais, registradas no processo da UHE Barra Grande, sobre a insuficiência das medidas, além de exigências de que os prejuízos sejam compensados. Para a área de saúde, foram apresentadas sugestões de medidas mitigadoras em caráter regional no item 4.10: • Programa de Monitoramento do impacto no perfil epidemiológico da população, através de parceria entre a BAESA e os municípios da região. Devem ser apresentadas evidências da realização deste programa. • Foram sugeridas ações de identificação de doenças dos indivíduos provenientes de outras regiões. É necessário informar o resultado deste trabalho. • Programa de monitoramento de Aedes aegypti dentro dos limites do canteiro de obras, e áreas de reassentamentos; e de acionamento dos municípios para definição de estratégias conjuntas de controle e prevenção. É necessário informar o resultado deste trabalho. Faremos a análise das ações propostas e a das efetivamente realizadas nos municípios da área de influência do reservatório abaixo, nos itens “Municípios da circunvizinhança da barragem” e “Demais municípios”. Municípios da circunvizinhança da barragem Os municípios analisados neste tópico serão Anita Garibaldi (SC), Pinhal da Serra (RS) e Esmeralda (RS). Este último foi incluído nesta análise devido à proximidade com Pinhal da Serra – que se emancipou de Esmeralda recentemente – e com o canteiro de obras. O município de Esmeralda, além disso, recebeu RRCs que acolheram pessoas de outros municípios, o que acarretou novas demandas nas áreas de saúde e educação, principalmente. Entretanto, o relatório da empresa estima que a ocorrência de impactos na área de saúde seja pequena em função da baixa capacidade resolutiva dos serviços do município, o que direcionaria a nova demanda para os municípios de Anita Garibaldi, Lages e Vacaria. O quadro “ações implantadas nos municípios até fevereiro de 2005” destaca que a saúde de Esmeralda recebeu aportes mensais e ampliação do posto de saúde. Mesmo assim, o documento vai de encontro à preocupação do Prefeito Municipal, expresso em reuniões com a equipe técnica do IBAMA, no que diz respeito aos impactos dos reassentamentos Esmeralda I e II nos serviços de saúde do município. O relatório estima que, para o reassentamento de 35 famílias, ou aproximadamente 140 pessoas, em Esmeralda, haveria a demanda de contratação de 5 horas médico/mês e o estabelecimento de convênio com laboratório de análises clínicas para fornecimento dos exames gerados nas consultas (com 30% das consultas médicas gerando exames de patologia clínica e 10% gerando exames de radiodiagnóstico). Para o atendimento odontológico seria necessária a contratação de 40 horas odontólogo/mês. Deve ser atualizado o número total de famílias já reassentadas e a reassentar no município de Esmeralda, e redimensionar as ações para o novo contingente populacional. O próprio relatório então recomenda o apoio da empresa ao município para pleitear 38 aumento dos recursos para atenção básica, média e alta complexidade – Piso de Atenção Básica – PAB e Cota de AIHs. Além do mais, o relatório sugere que, como medida compensatória, a empresa forneça uma Unidade Móvel Médica e Odontológica para o atendimento das localidades rurais e contrate odontólogo, médico, auxiliar de consultório dentário e auxiliar de enfermagem, mas apenas durante o período das obras. Considerando que os reassentamentos continuarão demandando serviços de saúde, estas medidas devem ser efetivadas e continuadas após o fim das obras. Além das ações acima, o relatório recomenda uma parceria entre a BAESA e o município para o fornecimento de assessoria técnica para planejamento e programação das ações e serviços de saúde, respeitando as diretrizes do município. O quadro “ações implantadas nos municípios até fevereiro de 2005” destaca que, na área de educação, Esmeralda (RS) recebeu aportes mensais por 12 meses, ampliação da escola municipal e da creche municipal. Devem ser apresentados dados atualizados (não apresentados pelo relatório) sobre o número de crianças em idade escolar já residentes nos reassentamentos e as previstas; também sobre o número total de vagas ocupadas e não ocupadas nas escolas municipais e a verificação da possibilidade de atendimento aos reassentamentos; também devem ser apresentadas informações sobre há quanto tempo as crianças dos reassentamentos já utilizam as escolas e como foi o processo de readaptação, inclusive se houve perda de ano letivo. No caso das crianças dos reassentamentos que já utilizam escolas dos municípios, deve ser esclarecido como está sendo efetuado o transporte escolar, o tempo máximo de permanência de alunos no trajeto, e como o mesmo foi acordado entre BAESA e o município; e como se dará o transporte para as crianças ainda não reassentadas. Após o levantamento destes dados (que já deveriam estar equacionados), devem ser propostas soluções, entre as quais aquelas que o próprio relatório especifica: construção de unidade escolar nos reassentamentos; ou deslocamento dos alunos para escola existente no município; e solução para o transporte escolar, pois, segundo a Prefeitura faltam ônibus de propriedade do município. A solução para a educação deve respeitar as diretrizes do município. Pinhal da Serra, além de ser um dos dois municípios em cujos territórios localiza-se a barragem, foi aquele que recebeu o canteiro de obras e, portanto, boa parte dos impactos socioeconômicos decorrentes do afluxo de pessoas para a região. Entretanto, o quadro “ações implantadas nos municípios até fevereiro de 2005” destaca que, na área de saúde, Pinhal da Serra não recebeu ações. Não foram apresentados os impactos sofridos pelo município na área de saúde durante a construção da obra e nem os potenciais impactos após o início da operação, apesar do relatório destacar a pequena infra-estrutura existente e a grande circulação de pessoas durante a construção, com conseqüente aumento de prostituição. O quadro “ações implantadas nos municípios até fevereiro de 2005” destaca que na área de educação Pinhal da Serra também não recebeu ações. Entretanto, o relatório previa a perda de estudantes de Pinhal da Serra para um reassentamento em Esmeralda e acréscimo de alunos em função da imigração. O 39 relatório previa a necessidade de compensação financeira da BAESA para o município de acordo com o número de alunos perdidos e a ampliação da infraestrutura física e contratação de pessoal para atender a demanda de alunos migrantes. O relatório não apresentou evidência do cumprimento de tais recomendações. Com isso, o relatório previa a necessidade de monitoramento sobre a variação no número de alunos nas escolas do município. Se houvesse perda de alunos, a BAESA deveria compensar financeiramente o município, tendo por base o valor per capita/ano do FUNDEF (em torno de R$ 450,00 em valores da época do relatório). Caso houvesse alunos migrantes haveria necessidade de ampliação da infraestrutura física e da contratação de pessoal. A situação atual e as providências tomadas pela BAESA devem ser esclarecidas. O relatório fez recomendações semelhantes àquelas feitas para Esmeralda, mas segundo o relatório nada foi feito. Portanto, as mesmas solicitações sobre Esmeralda se aplicam a Pinhal da Serra, com exceção da questão dos reassentamentos Esmeralda I e II. Na área de Assistência Social, o relatório propõe a criação da Secretaria Municipal de Assistência Social de Pinhal da Serra, como medida compensatória, para atender às demandas sociais do município, através de programas de inclusão social, como programas de renda mínima e de atendimento aos segmentos mais vulnerabilizados. Deve ser esclarecido se foi feito e como os programas foram realizados. Em Pinhal da Serra (RS) houve um programa de monitoramento dos prostíbulos, além de Termo de Cooperação Mútua para o atendimento às crianças carentes do município e adequação na área de segurança. Esmeralda (RS) também recebeu adequação na área de segurança pública. Segundo o relatório, Anita Garibaldi (SC), o outro município em cujo território localiza-se a barragem, foi o município que recebeu o maior número de ações de adequação da infra-estrutura de serviços. Isso se deve ao fato de que houve grande afluxo de pessoas para o município incluindo a criação de reassentamentos que receberiam pessoas não só de Anita Garibaldi, mas também de municípios vizinhos. O relatório aponta que, na área de saúde, ocorreram aportes mensais ao município; aquisição de unidade odontomédica móvel; e repasse de verba para construção de barracão de depósito de lixo reciclável. O relatório considerava que a real dimensão do crescimento de atendimentos médicos e odontológicos só poderia ser estabelecida através de um programa de monitoramento. Não foram apresentadas evidências de que tal programa foi realizado. A empresa propunha como medida mitigadora que a empresa apoiasse o município para o pleito, junto às esferas estadual e federal para financiamento das ações de saúde com base no incremento populacional. Não foram apresentadas evidências de tal apoio. Na área de educação, o quadro “ações implantadas nos municípios até fevereiro de 2005” diz que Anita Garibaldi recebeu a construção de seis salas de aula, aportes mensais, aquisição de computadores e de micro ônibus. Da mesma forma que para os outros municípios, deverá haver a explicação sobre como a adequação das medidas para a área de educação baseou-se nas medidas 40 propostas no item “Avaliação de Impactos e Proposição de Medidas” específico para o município de Anita Garibaldi, constante no relatório. O relatório explicita que na área de assistência social, Anita Garibaldi (SC) recebeu um Centro de Apoio ao Migrante e que foram realizados convênios, principalmente para monitoramento dos prostíbulos no que diz respeito aos problemas de saúde, segurança e assistência social (apoio do Conselho Tutelar). Demais municípios Segundo o relatório, Campo Belo do Sul (SC), Capão Alto (SC) e Cerro Negro (SC) não sofreriam impactos na infra-estrutura de saúde, mas poderia haver acidentes devido ao aumento do tráfego, além do aumento de incidência de dengue e de afogamentos. Não foram dimensionados os impactos, nem previamente, nem depois. Portanto, os impactos devem ser dimensionados e as medidas necessárias para a mitigação e compensação destes impactos devem ser executadas. Os serviços de saúde e educação do RRC de Campo Belo do Sul estão a cargo do município que recebeu um ônibus para o transporte escolar e ampliação das salas de aula e posto de saúde. Segundo o prefeito municipal, houve um convênio de saúde que precisa ser renovado. O prefeito disse que os principais problemas em relação ao reassentamento são transporte escolar e melhoria das estradas de acesso. Segundo ele, as pendências estão documentadas e solicita a garantia do cumprimento após o enchimento do lago, inclusive a reforma do hospital que terá parte dos recursos da BAESA. Solicitou, ainda, a possibilidade de inclusão dos alunos da rede municipal em visitação à usina e à fazenda “Gateados”, incluindo palestra educativa. Para o município de Capão Alto (SC) só houve uma ação implantada – construção de nova ponte – segundo o relatório. Em reunião realizada no município, o prefeito entregou cópia de correspondência encaminhada a BAESA solicitando ampliação da escola, ônibus escolar, ampliação do posto de saúde e apoio para as equipes de saúde, patrulha agrícola e sanitários públicos. O recurso destinado às comunidades lindeiras de Santo Antônio do Pelotas, Santo Cristo, Paiquerê e Capão Verde será empregado na construção de uma escola em parceria com a prefeitura. Foi sugerido que a BAESA cumpra a parte dela e o município complemente de acordo com sua disponibilidade, visando garantir que não haja desvio dos objetivos. Segundo o relatório, não haveria impactos na área de saúde em Bom Jesus (RS). Lages (SC) e Vacaria (RS) poderiam sofrer impactos nas áreas de saúde nos procedimentos de média complexidade e internação hospitalar. O relatório sugeria que os recursos para esses procedimentos deviam ser pactuados e negociados com os municípios envolvidos, com apoio da BAESA, junto às Secretarias Estaduais de Saúde e Ministério da Saúde. Não foram dimensionados os impactos, nem previamente, nem depois. Também não foram apresentadas evidências da realização das ações propostas. Deve ser apresentado um relatório, para cada município, demonstrando o diagnóstico final das perdas ou ganhos de alunos e as ações já realizadas pela empresa em parceria com o poder público e aquelas ainda necessárias para a 41 resolução dos problemas. Monitoramento da proliferação de vetores O Programa possuía como objetivo também monitorar as condições potenciais para proliferação de vetores de doenças endêmicas. Para isso deveria ser feito um diagnóstico dos focos de endemias registrados na região e prognóstico sobre as probabilidades de sua ocorrência, identificando os locais mais favoráveis à proliferação de hospedeiros vetores das principais zoonoses; e convênios para o controle de zoonoses e vetores e vigilância sanitária. O atendimento a este objetivo foi documentado no anexo II do documento “Projeto 1.6 – Adequação da Infra-Estrutura de Serviços”, em um “Relatório Técnico Trimestral” de “Monitoramento de Espécies Animais relacionadas com Zoonoses e Vetores, na área do empreendimento”. Recomendações para o Programa de Adequação da Infra-Estrutura • Atender ao proposto no PBA de melhorar as estradas que ligam as cidades circunvizinhas ao empreendimento, com retificações de traçado e de sinalização, além de pavimentação com revestimento primário; as melhorias devem atender as especificações do DNIT, quanto às características geométricas, em função do tráfego previsto, principalmente de veículos pesados, com ênfase nas travessias em cursos d’água (obras de arte e especiais); e garantir a passagem interestadual sobre a barragem; • Promover, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, discussão com as prefeituras municipais da área de influência do empreendimento sobre a pavimentação de trechos da malha rodoviária da região; • Respeitar toda legislação federal, estadual e municipal na adequação e dimensionamento das estradas que sofreram interferência pelas obras da usina, inclusive as estradas criadas para atender aos Reassentamento Rurais Coletivos - RRC; • Firmar Termo de Cooperação Mútua entre a BAESA e os municípios de Anita Garibaldi/SC e Pinhal da Serra/RS para manutenção de todas as estradas de acesso ao reservatório e balsa, e redimensionar os serviços necessários para manter as condições de trafegabilidade aos usuários, inclusive da estrada que liga a Comunidade de Santo Antônio do Rincão à Comunidade de São José; • Reavaliar, no prazo de 60 (sessenta) dias, as ações implantadas e aferir os impactos negativos ocasionados em cada município da área de influência para identificar a necessidade de medidas mitigadoras adicionais, considerando as interferências nos sistemas de saúde, educação, segurança, assistência social, transporte, abastecimento de água, saneamento e viário durante a construção da usina e atividades de supressão de vegetação; apresentar diagnóstico e estimativa de demanda atualizados e, ainda, proposta de reforço e adequação considerando a nova distribuição de população após a conclusão do processo de remanejamento; • Incluir, no PROGRAMA DE ADEQUAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA DE SERVIÇOS, ações efetivas de mitigação dos impactos sobre a classe de professores, comércio e serviços, com prévia aprovação das ações pelo IBAMA, e proceder ao monitoramento por meio de levantamentos e coletas de dados na AID, por um período mínimo de 3 (três) anos após a formação do 42 reservatório, com emissão de relatório de conclusão 3 (três) meses após o enchimento do reservatório e de monitoramento semestral; • Propor compensações referentes aos gastos já realizados e documentados pelos municípios para incremento dos atendimentos em saúde, educação, assistência social, saneamento básico (água e esgoto) e coleta de lixo em decorrência do aumento populacional e dos remanejamentos verificados com o empreendimento, cujos custos não foram arcados pela empresa, incluindo proposta de compensação aos municípios de Vacaria/RS e Lages/SC pela pressão sobre os serviços de saúde durante as obras de implantação da usina e atividades de supressão de vegetação; • Adotar ações de monitoramento para prevenção de doenças transmitidas por animais silvestres, em especial, da hantavirose transmitida por ratos silvestres, durante e após o enchimento do reservatório, com ampla divulgação e esclarecimento à comunidade; • Assegurar a participação da FUNASA no que se refere à incidência de doenças endêmicas na região do reservatório; • Reavaliar conjuntamente com as prefeituras, no prazo de 60 (sessenta) dias, as ações implantadas e aferir os impactos negativos nos municípios de Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul e Capão Alto, pela implantação dos RRCs e conseqüente pressão sobre os serviços de educação, saúde e segurança com o aumento involuntário da população; • Iniciar, no prazo máximo de trinta dias, ações para a requalificação da mãode-obra com vistas ao suporte e a readequação do setor terciário nos municípios de Anita Garibaldi/SC, Pinhal da Serra e Esmeralda/RS após a desativação da infra-estrutura de apoio de implantação do empreendimento e saída dos trabalhadores envolvidos nas atividades de implantação do empreendimento; • Oferecer apoio à implantação de unidades do Corpo de Bombeiros nos município do eixo da barragem, necessárias ao suporte das operações de busca e salvamento no futuro lago e possíveis acidentes na região; • Firmar convênio com a Polícia Ambiental para adequação dos equipamentos necessários à fiscalização do reservatório; Projeto 1.7 - Educação Ambiental O Projeto de Educação Ambiental (item 1.7 do PBA), foi dividido em duas atividades: • Educação Ambiental Formal, restrita aos professores da rede pública e particular de ensino; • Educação Ambiental Não-formal, voltada para as comunidades dos municípios da área de abrangência do empreendimento. Responsável / fornecedor Para realização do projeto, o empreendedor contratou o Laboratório de Educação Ambiental (LabEA) da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) – Campus de Erechim, que desenvolveu o Programa de Formação de Professores/as em Educação Ambiental (EA) no período compreendido entre fevereiro de 2003 a outubro de 2004. A coordenação do projeto ficou ao encargo da 43 Professora Sônia B. B. Zakrzevski, junto à sua equipe técnica e monitores. O Projeto de Educação Ambiental Formal O Projeto de Educação Ambiental formal está concluído, embora ainda haja acompanhamento de seus produtos (projetos de Educação Ambiental nas escolas). Seu objetivo foi o de “promover um processo de sensibilização visando à conscientização sócio-ambiental, direcionado a proteção, conservação, preservação e recuperação do meio ambiente, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida e, compatibilizando as necessidades, as potencialidades, as motivações e anseios por meio da atuação participativa no contexto local e regional, incorporando dos diferentes públicos envolvidos pelo empreendimento”. O projeto desenvolveu-se a partir de um Programa de Formação de Professores/as em Educação Ambiental (EA) no período compreendido entre fevereiro de 2003 a outubro de 2004. A equipe do Laboratório de EA (LabEA) da URI atuou em oito municípios da área de abrangência do AHE Barra Grande: quatro gaúchos da região dos campos de cima da serra (Bom Jesus, Esmeralda, Pinhal da Serra e Vacaria) e quatro catarinenses da região do planalto serrano (Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro e Lages). Este trabalho contou com a parceria das prefeituras municipais, as equipes das Secretarias Municipais de Educação e Cultura (SMEC) dos oito municípios envolvidos, as direções das escolas e 183 docentes pertencentes à rede de ensino municipal, estadual e privada que freqüentaram o Programa de EA pertencentes a 75 escolas da rede pública e privada de ensino. O Projeto de Educação Ambiental Formal foi dividido em três fases: (1) Módulos teóricos: A primeira fase foi dividida em sete módulos e teve a duração de 96 horas/aula de atividades presenciais em cada uma das cinco turmas e mais 30 horas/aula de atividades à distância. Teve início no mês de abril de 2003 e foi concluída no mês de fevereiro de 2004. Os módulos da primeira fase do Curso de EA versaram sobre as seguintes temáticas: 1º Módulo: Fundamentos teóricos sobre Educação Ambiental, 2º Módulo: Problemas ambientais e estratégias éticas para solução, 3º Módulo: Educando para a conservação da Natureza, 4º Módulo: O patrimônio histórico-cultural, arqueológico, e paisagístico da região do empreendimento hidrelétrico, 5º Módulo: A construção do AHE Barra Grande na região: suas implicações e ações técnico-científicas do PBA e 6º e 7º Módulos: Metodologias para o trabalho com EA na escola. (2) Elaboração e implementação de projetos de EA nas escolas. A segunda fase, entre os meses de março e outubro de 2004, tratou-se de assessoria à elaboração e implementação dos projetos de EA nas escolas e teve duração de 30 horas/aula presenciais e 40 horas/aula de atividades à distância. (3) Realização de um seminário final para apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos professores (III Simpósio Gaúcho de Educação Ambiental). A terceira e última fase envolveu os/as professores/as dos oito municípios em um seminário final de EA, na URI – Campus de Erechim, com duração de 40 horas/aula. O Projeto de Educação Ambiental Não-Formal O projeto de EA não-formal está em andamento. Foi retomado no final de janeiro de 2005 devido à mudança das administrações municipais, quando foi realizado o planejamento de reuniões nos nove municípios atingidos pelo AHE Barra Grande no intuito de rediscutir a proposta de Educação Ambiental para a comunidade. 44 O público-alvo/beneficiários são a comunidade escolar e as lideranças comunitárias. Os objetivos, conforme consta nos relatórios, estão sendo definidos de maneira participativa com os beneficiários reunidos por município e incluem discussões sobre problemas ambientais locais, agenda 21 local e global, Agenda 21 escolar, proteção de fontes, saneamento básico (esgotamento sanitário, resíduos sólidos, zoonozes) educação alimentar, gênero etc. Considerações sobre o Programa de Educação Ambiental A partir da vistoria realizada e da análise dos documentos enviados: • Consideramos que o projeto e sua execução, apresentados nos relatórios, atendem às exigências para o fornecimento e regularização da Licença Ambiental, haja vista sua realização em consonância com os dispositivos legais referentes. • Consideramos que o referencial teórico filosófico do projeto está de acordo com a política (Lei 9.795/99), com o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA e com as diretrizes do IBAMA para a Educação Ambiental, na medida em que contempla ações a serem definidas em conjunto com as populações afetadas, direta ou indiretamente pelo empreendimento. Recomendações para o Programa de Educação Ambiental • Dar continuidade aos PROGRAMAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL e enfatizar a abordagem dos temas fiscalização e educação ambiental referente à coibição da caça e práticas de tratamento e uso do solo, e esclarecimentos sobre a Lei nº 9.605/98 (crimes ambientais), no que concerne à Área de Preservação Permanente, Reserva Legal e Licenciamento, voltada para a população do entorno do reservatório e famílias beneficiárias do programa de RRC e enviar as seguintes solicitações a DILIQ, em Brasília, e ao Núcleo de Educação Ambiental da Gerência Executiva do IBAMA/RS: • Relatórios técnicos mensais do Programa de Educação Ambiental em andamento, bem como dos demais programas socioeconômicos; • Cronograma de atividades para facilitar o monitoramento do processo por parte da equipe do órgão licenciador; • Material educativo distribuído na comunidade e entre os participantes dos projetos de EA para apreciação; • Orçamento completo e detalhado do programa por meta/atividade e por tipo de despesa; • Descrição detalhada da metodologia de monitoramento e avaliação, estabelecendo indicadores e elementos que demonstrem que os objetivos (geral e específicos) estão sendo alcançados ou apresentar metodologia de mapeamento das mudanças alcançadas. Definir claramente em que momentos serão realizadas atividades de monitoramento e avaliação, e quais serão os meios de verificação dos dados; • Reforçar as atividades de Educação Ambiental e de Assistência 45 Técnica Rural no interior dos assentamentos, tendo em vista os incidentes ocorridos com uso inadequado de agrotóxicos, com graves prejuízos à saúde dos assentados. Enviar proposta e informações a esse respeito. Projeto 2.7 – Ações Integradas de Conservação do Solo e da Água Os objetivos do projeto relacionavam-se à manutenção de uma qualidade de água desejável no reservatório e para isso, as atividades previstas para este projeto eram, segundo o PBA: • • • • • • divulgação e implantação de métodos para a minimização de perda de solos; controle da poluição de origem rural nas sub-bacias contribuintes, incluindo prevenção do uso indiscriminado de agrotóxicos, lixo domiciliar e outros dejetos; reflorestamento das áreas degradadas, das áreas de preservação e das áreas com aptidão agrícola restrita; assistência técnica e capacitação dos agricultores para maior produtividade da atividade agropecuária e difusão de técnicas para o melhoramento dos recursos naturais; formação de comitês conservacionistas; capacitação institucional local. Para o cumprimento dos objetivos do Programa, primeiramente foram mapeados os imóveis lindeiros ao reservatório; a partir de novembro de 2003 tiveram início as visitas aos imóveis; os cursos de capacitação para os agricultores teriam início em 2005. Recomendações para o Programa de Ações Integradas de Conservação do Solo e da Água • O Programa de Ações Integradas de Conservação do Solo e da Água deve ser continuado e devem ser apresentados cronograma e relatórios trimestrais com evidências de sua realização. Projeto 6.3 - Comunicação Social O Programa previa que a comunicação abordaria as modificações efetivamente percebidas pela comunidade, como a colheita da primeira safra e novas técnicas, adaptação ao novo ambiente e vizinhos, atividades pesqueiras, segurança na operação e impactos econômicos sobre a população. Para o atendimento a este objetivo foram realizadas inserções em rádios, palestras em escolas, participações em feiras, distribuição de folders, reuniões nas comunidades e criação de centros de visitantes. Havia previsão, ainda, de “apoio ao planejamento municipal, para que o poder público possa ter subsídios para a manutenção dos investimentos planejados e suporte aos empresários locais, reduzindo os efeitos adversos do fim das obras”, ou seja, auxílio visando à introdução de novas alternativas econômicas sustentáveis e estímulo à produção agrícola dos municípios. Previu-se, também, “executar e divulgar as estimativas de cálculo dos royalties da geração de energia elétrica, com comunicação às prefeituras beneficiadas, a fim de promover o planejamento da utilização dos recursos”. 46 Entretanto, não há evidências do cumprimento destas ações no relatório entregue: não houve apoio ao planejamento municipal para a introdução de novas alternativas econômicas sustentáveis nem estímulo à produção agrícola; não houve também divulgação das estimativas de cálculo dos royalties, que poderiam auxiliar no planejamento municipal. Recomendações para o Programa de Comunicação Social Portanto, considerando que os remanejamentos e compensações às comunidades atingidas e às modificações relacionadas continuam após a operação do empreendimento, são pertinentes as seguintes recomendações: • Orientar e garantir, imediatamente, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI aos trabalhadores das obras nos RRC, em cumprimento à legislação trabalhista; • Dar continuidade aos PROGRAMAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL e enfatizar a abordagem dos temas fiscalização e educação ambiental referente à coibição da caça e práticas de tratamento e uso do solo, e esclarecimentos sobre a Lei nº 9.605/98 (crimes ambientais), no que concerne à Área de Preservação Permanente, Reserva Legal e Licenciamento, voltada para a população do entorno do reservatório e famílias beneficiárias do programa de RRC; • Estabelecer um mecanismo de comunicação que garanta o acompanhamento e esclarecimento da população quanto ao cronograma e riscos na fase de enchimento do reservatório, a ser incluído no PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL; • Implementar, junto às propriedades lindeiras ao reservatório, RRC e CC, ações específicas de capacitação dos usuários de substancias agrotóxicas no manejo da lavoura, com campanhas de educação para o uso adequado do produto, armazenamento e disposição final das embalagens, e esclarecimentos sobre os riscos e malefícios à saúde humana, a serem executadas nos dois primeiros anos e campanhas anuais ao longo do período de concessão da usina para os RRC; e difundir os conhecimentos sobre as práticas de agricultura orgânica; • Adotar ações de monitoramento para prevenção de doenças transmitidas por animais silvestres, em especial, da hantavirose transmitida por ratos silvestres, durante e após o enchimento do reservatório, com ampla divulgação e esclarecimento à comunidade. Considerações Gerais Meio Socioeconômico A implantação da UHE Barra Grande gerou grandes impactos regionais impostos pela relocação de famílias, processo ainda não concluído, e ainda foram produzidos efeitos ambientais de considerável magnitude, não restritos ao espaço físico inundado, que são decorrentes das modificações entre o processo dinâmico existente e o novo estado criado pela implantação do empreendimento, a ser efetivado com o enchimento do reservatório e as atividades de geração da UHE. Os Programas propostos pelo PBA e condicionantes na Licença de Instalação (LI) foram estabelecidas para mitigação e/ou compensação dos impactos adversos prognosticados como conseqüência da implantação do empreendimento. Ressalvando que as ações propostas não são limitantes ou impeditivas para a 47 proposição e imposição de novas ações que devam ser implantadas, pelo empreendedor, quando por meio de reavaliações for constatado passivo decorrente de impactos negativos resultantes da ineficiência parcial ou total das ações executadas, pois o objetivo, até por imposição legal, é a eficiente mitigação e/ou compensação dos impactos adversos. As medidas adotadas para promover ajustes comportamentais visando suprir as necessidades de trabalho, nutrição, saúde e habitação e satisfazer as aspirações emocionais previstas nos Programas do PBA, relativos ao Meio Antrópico, deverá resultar na melhoria das condições de vida dos atingidos. Isto, sem desconsiderar que o deslocamento exige dos atingidos a superação de problemas, alguns de ordem emocional e afetiva, que ainda quando atenuados demandam a ação progressiva do tempo para serem absorvidos. A efetiva mitigação dos impactos ocorrerá quando os atingidos forem reintegrados às suas novas comunidades e aos novos ambientes, recuperando a auto-suficiência, o padrão de vida e restabelecerem suas atividades culturais. Durante as vistorias e reuniões realizadas na área de influência do empreendimento foi constatada forte reação contra a autorização para o enchimento do reservatório por parte de muitos dos atingidos pela UHE Barra Grande, dos movimentos sociais organizados e diversos segmentos da sociedade. Os motivos mais evidentes, constatados, dizem respeito a: divergências com relação ao estudo de casos de algumas pessoas que se consideram atingidas; ao encaminhamento relativo da questão da supressão vegetal; a falta de mecanismos de consulta e participação da sociedade, por parte do empreendedor, nas questões que afetam diretamente os interesses sociais; e, principalmente, a imprevisão do empreendedor na administração dos prazos de implantação do PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA. O atraso na implantação de vários Programas influencia a imagem do Empreendedor junto à sociedade atingida, mas esta ineficiência do Empreendedor na gestão do cronograma previsto para as obras do PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA e, em contrapartida, a demonstrada eficiência na administração dos prazos de execução das obras de engenharia da UHE Barra Grande, de maior complexidade evidente, gera intranqüilidade e conflitos alimentados pela necessidade de preservação dos direitos já conquistados pelos atingidos. A situação decorrente do atraso na implantação dos Programas Sociais no empreendimento UHE Barra Grande precisa ser revertida com presteza e eficiência pelo empreendedor, pela necessidade de modificar o cenário de instabilidade sóciopolítica detectada na região. Existe a necessidade dos interesses coletivos locais serem discutidos e solucionados com maior participação da população atingida, das administrações municipais da área de influência, dos movimentos sociais e ambientais, da sociedade local em geral. O processo participativo visa atenuar as tensões, diminuir as reações e buscar eficiência e celeridade na solução das questões sociais pendentes. O desenvolvimento econômico propiciado pelo empreendimento hidrelétrico no plano nacional precisa oferecer contrapartida, eficiente e negociada, a nível regional, face aos inúmeros impactos e modificações impostas ao meio ambiente em 48 decorrência das obras. É recomendável o aprimoramento do intercâmbio, a despeito das limitações da nossa tradição cultural, entre o empreendedor e a população atingida. A atuação dos órgãos estaduais e federais, no processo, também precisa ter agilidade para maior eficácia. A partir do início, passando pela implantação, até a conclusão dos programas do Projeto Básico Ambiental e, inclusive, no período de operação da UHE é fundamental monitorar, avaliar, aperfeiçoar e corrigir possíveis distorções detectadas nas medidas estabelecidas para mitigação e/ou compensação dos impactos adversos prognosticados como conseqüência da implantação do empreendimento. As exigências para a mitigação e compensação social dos impactos de um empreendimento de significativo impacto ambiental são tão importantes quanto às medidas necessárias para os meios físico e biótico. Para verificar isto, basta uma leitura atenta da Legislação Ambiental do Brasil e de seus instrumentos regulatórios, como a Política Nacional do Meio Ambiente e as Resoluções Conama 001/1986 e 237/1997. Por isso, os custos da mitigação e compensação dos impactos sobre o meio socioeconômico devem ser levados em consideração na avaliação da viabilidade econômica de um empreendimento, para que a viabilidade ambiental e a social não sejam comprometidas pela aplicação ineficiente e insuficiente de recursos. Além da utilização de recursos materiais para a adoção das medidas necessárias, é preciso empregar recursos humanos em quantidade suficiente, não apenas em qualidade. Após uma leitura atenta dos objetivos iniciais e atividades previstas para os diversos Projetos Ambientais para mitigação e compensação dos impactos sobre o meio socioeconômico, percebemos que houve um enorme hiato entre as propostas e as ações efetivamente realizadas. Os Projetos propostos, cuja aprovação pelo IBAMA proporcionou a emissão das Licenças Prévia e de Instalação, não foram executados por completo, apesar da experiência da equipe técnica disponível para a implementação dos mesmos. Entre os Projetos cujos objetivos não foram adequadamente alcançados, destacamse o Programa de Remanejamento e Compensação da População Atingida e o Programa de Reestruturação e Revitalização das Comunidades Lindeiras. Conclusões Meio Socioeconômico A deficiência da execução das propostas de compensação às comunidades lindeiras pela fragmentação das relações sociais pré-estabelecidas e as pendências relativas à implantação do PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA, além dos efeitos contrários já mencionados, determinam a proposição de ações complementares e a eficaz atuação do empreendedor na implantação destas e, também, das ações já assumidas e não executadas para a efetiva mitigação e/ou compensação dos impactos adversos gerados pela implantação do empreendimento. O Empreendedor tem a obrigação de implantar na totalidade as ações previstas e pendentes que estão relacionadas aos impactos gerados pela implantação da UHE Barra Grande. 49 Sob o aspecto técnico e considerando as questões suscitadas neste parecer, entendemos que a emissão da Licença de Operação desse empreendimento está condicionada às recomendações elaboradas com base nas situações identificadas na vistoria técnica e contatos com o poder público, movimentos sociais organizados e diversos segmentos da sociedade e comunidades atingidas, referentes às pendências relativas ao Meio Sócio-econômico, a saber: • Atender ao proposto no PBA de melhorar as estradas que ligam as cidades circunvizinhas ao empreendimento, com retificações de traçado e de sinalização, além de pavimentação com revestimento primário; as melhorias devem atender as especificações do DNIT, quanto às características geométricas, em função do tráfego previsto, principalmente de veículos pesados, com ênfase nas travessias em cursos d´água (obras de arte e especiais) e; garantir a passagem interestadual sobre a barragem; • Promover, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, discussão com as prefeituras municipais da área de influência do empreendimento sobre a pavimentação de trechos da malha rodoviária da região; • Respeitar toda legislação federal, estadual e municipal na adequação e dimensionamento das estradas que sofreram interferência pelas obras da usina, inclusive as estradas criadas para atender aos Reassentamento Rurais Coletivos - RRC; • Firmar Termo de Cooperação Mútua entre a BAESA e os municípios de Anita Garibaldi/SC e Pinhal da Serra/RS para manutenção de todas as estradas de acesso ao reservatório e balsa, e redimensionar os serviços necessários para manter as condições de trafegabilidade aos usuários, inclusive da estrada que liga a Comunidade de Santo Antônio do Rincão à Comunidade de São José; • Reanalisar os casos negativados de pedido de inclusão no cadastro sócioeconomico, que solicitarem recurso de reavaliação, considerando os critérios estabelecidos no Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002 e todos os entendimentos mantidos posteriormente quanto ao vínculo com a terra, dependência com a fração de terra impactada e viabilidade do remanescente, classificando nas várias modalidades de apoio; • As propriedades destinadas aos beneficiários das modalidades de RRC, inclusive áreas do Reassentamento Esmeralda II, incluídos no Acordo Social assinado em dezembro de 2004, deverão respeitar os critérios, para definição de tamanho, estabelecidos no Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002, sem prejuízo ao PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA, que visa garantir a sustentabilidade da atividade econômica; • Concluir, no prazo de 90 (noventa) dias, as obras de construção dos equipamentos sociais nos RRC; e, no prazo de 60 (sessenta) dias, as obras de construção dos equipamentos sociais nos RRC com beneficiários já residentes; • Concluir, no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, a implantação dos reassentamentos nas áreas já adquiridas cuja implantação ainda não foi finalizada; • Concluir, no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, a partir da data da aquisição, a implantação dos reassentamentos que ainda dependam da compra de 50 novas áreas; • Proceder imediatamente ao preparo do solo nos reassentamentos, sem prejuízo do plantio para a próxima safra; • Viabilizar, no prazo de 90 (noventa) dias, condições para que os municípios que acolheram as famílias dos RRC procedam à adequação do sistema de transporte público coletivo para atender aos novos usuários; • Fornecer, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a adequação das máquinas e equipamentos agrícolas para os municípios prestarem o serviço de tratamento mecanizado do solo nos RRC da BAESA, necessário para manter a atividade agropecuária na área remanejada, respeitando a política administrativa de cada município; • Apresentar projeto de adequação dos equipamentos sociais da comunidade Bela Vista, à qual os beneficiários do RRC de Anita Garibaldi I deverão se integrar; apresentar também projeto específico de assistência social para essa integração. • Efetivar a aquisição das terras necessárias ao atendimento do Acordo Social, assinado em dezembro de 2004, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, devendo as famílias beneficiárias, preferencialmente, permanecerem nas comunidades onde residem e, no caso de RRCs, no prazo de 60 (sessenta) dias, implantar “micro-reassentamentos” (número reduzido de famílias) prioritariamente nas próprias comunidades, garantido o direito de opção dos beneficiários; as áreas destinadas aos beneficiários dos RRCs ainda não implantados deverão ser adquiridas no prazo máximo de 60 (sessenta) dias; • Apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, reestruturação do Projeto de Assistência Técnica e Social aos beneficiários das diversas modalidades de remanejamento, contendo: objetivo e metodologia; equipe técnica e seu respectivo registro no Conselho de Classe; cronograma de execução; área de atuação por equipe; mapa de localização georeferenciada com identificação dos beneficiários; interface com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL; e, relatório trimestral com a execução e resultados alcançados mensalmente; • Estender a Assistência Técnica e Social aos beneficiários da modalidade Carta de Crédito por mais 03 (três) anos, no limite de 200 km da Área de Influência Direta, e aos beneficiários do RRC para 05 (cinco) anos, respeitando o limite máximo de 30 (trinta) famílias por técnico para cada modalidade de assistência; • A Coordenação de Assistência Técnica agropecuária deverá ser conduzida por profissional de nível superior em área afim e, para a Assistência Social toda a equipe deverá ser composta exclusivamente por técnicos com formação superior em área específica, devendo ser implantada em conformidade com as diretrizes da administração pública local; • O Programa de Ações Integradas de Conservação do Solo e da Água deve ser continuado e devem ser apresentados cronograma e relatórios trimestrais com evidências de sua realização. • Emitir relatório mensal de avaliação da inclusão social das famílias reassentadas em RRC e CC, após considerar a adaptação à nova condição imposta. Apresentar soluções para atenuar as distorções detectadas, 51 inclusive o remanejamento da família; • Reavaliar a condição de habitabilidade nas residências das propriedades adquiridas por Carta de Crédito, e executar reforma e adequação quando não atender ao critério mínimo estabelecido, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias; • Efetivar todas as ações referentes ao Programa de REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS no prazo máximo de 90 (noventa) dias; • Realizar monitoramento do impacto na vitalidade das comunidades lindeiras através de controles periódicos com base nos indicadores apresentados no Parecer Técnico do IBAMA e apresentar relatórios trimestrais nos primeiros 12 (doze) meses após o enchimento do reservatório e anual durante os primeiros 5 (cinco) anos de operação do empreendimento; • Implantar Programa de Assistência Social nas comunidades atingidas, complementar ao Plano de Recuperação das Comunidades Lindeiras – PRCL, conforme previsto no PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS/PBA; • Apresentar, no prazo de 30 dias, diagnóstico e avaliação da comunidade de Cachoeirinha, município de Anita Garibaldi/SC, acompanhado de projeto de mitigação e/ou compensação para os problemas diagnosticados que estejam relacionados às obras de implantação da UHE Barra Grande. • Apresentar, no prazo de 60 (sessenta) dias, laudo detalhado das edificações, residenciais e ecumênicas, e propriedades rurais, localizadas nas comunidades de Capela São Miguel e Capela São Jorge, município de Pinhal da Serra, próximas a rodovia RS 456 e canteiro de obras, cujos proprietários reivindicam reparos por problemas ocorridos durante as obras de construção da usina e tráfego de veículos pesados; iniciar, prontamente, os devidos reparos nos danos apurados que o laudo vincular à implantação do empreendimento; • Reavaliar, no prazo de 60 (sessenta) dias, as ações implantadas e aferir os impactos negativos ocasionados em cada município da área de influência para identificar a necessidade de medidas mitigadoras adicionais, considerando as interferências nos sistemas de saúde, educação, segurança, assistência social, transporte, abastecimento de água, saneamento e viário durante a construção da usina e atividades de supressão de vegetação; apresentar diagnóstico e estimativa de demanda atualizados e, ainda, proposta de reforço e adequação considerando a nova distribuição de população após a conclusão do processo de remanejamento; • Incluir, no PROGRAMA DE ADEQUAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA DE SERVIÇOS, ações efetivas de mitigação dos impactos sobre a classe de professores, comércio e serviços, com prévia aprovação das ações pelo IBAMA, e proceder ao monitoramento por meio de levantamentos e coletas de dados na AID, por um período mínimo de 3 (três) anos após a formação do reservatório, com emissão de relatório de conclusão 3 (três) meses após o enchimento do reservatório e de monitoramento semestral; • Propor compensações referentes aos gastos já realizados e documentados pelos municípios para incremento dos atendimentos em saúde, educação, 52 assistência social, saneamento básico (água e esgoto) e coleta de lixo em decorrência do aumento populacional e dos remanejamentos verificados com o empreendimento, cujos custos não foram arcados pela empresa, incluindo proposta de compensação aos municípios de Vacaria/RS e Lages/SC pela pressão sobre os serviços de saúde durante as obras de implantação da usina e atividades de supressão de vegetação; • Reavaliar conjuntamente com as prefeituras, no prazo de 60 (sessenta) dias, as ações implantadas e aferir os impactos negativos nos municípios de Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul e Capão Alto, pela implantação dos RRCs e conseqüente pressão sobre os serviços de educação, saúde e segurança com o aumento involuntário da população; • Iniciar, no prazo máximo de trinta dias, ações para a requalificação da mãode-obra com vistas ao suporte e a readequação do setor terciário nos municípios de Anita Garibaldi/SC, Pinhal da Serra e Esmeralda/RS após a desativação da infra-estrutura de apoio de implantação do empreendimento e saída dos trabalhadores envolvidos nas atividades de implantação do empreendimento; • Oferecer apoio à implantação de unidades do Corpo de Bombeiros nos município do eixo da barragem, necessárias ao suporte das operações de busca e salvamento no futuro lago e possíveis acidentes na região; • Orientar e garantir, imediatamente, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI aos trabalhadores das obras nos RRC, em cumprimento à legislação trabalhista; • Implementar, junto às propriedades lindeiras ao reservatório, RRC e CC, ações específicas de capacitação dos usuários de substancias agrotóxicas no manejo da lavoura, com campanhas de educação para o uso adequado do produto, armazenamento e disposição final das embalagens, e esclarecimentos sobre os riscos e malefícios à saúde humana, a serem executadas nos dois primeiros anos e campanhas anuais ao longo do período de concessão da usina para os RRC; e difundir os conhecimentos sobre as práticas de agricultura orgânica; • Dar continuidade aos PROGRAMAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL e enfatizar a abordagem dos temas fiscalização e educação ambiental referente à coibição da caça e práticas de tratamento e uso do solo, e esclarecimentos sobre a Lei nº 9.605/98 (crimes ambientais), no que concerne à Área de Preservação Permanente, Reserva Legal e Licenciamento, voltada para a população do entorno do reservatório e famílias beneficiárias do programa de RRC e atender às solicitações do Relatório do Núcleo de Educação Ambiental da Gerência Executiva do IBAMA no Estado do Rio Grande do Sul; • Estabelecer um mecanismo de comunicação que garanta o acompanhamento e esclarecimento da população quanto ao cronograma e riscos na fase de enchimento do reservatório, a ser incluído no PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL; • Adotar ações de monitoramento para prevenção de doenças transmitidas por animais silvestres, em especial, da hantavirose transmitida por ratos silvestres, durante e após o enchimento do reservatório, com ampla 53 divulgação e esclarecimento à comunidade; • Assegurar a participação da FUNASA no que se refere à incidência de doenças endêmicas na região do reservatório; • Implementar medidas compensatórias para os sítios arqueológicos no entorno do futuro reservatório, no âmbito do PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, em conformidade com as recomendações da consultora responsável pelo programa, com acompanhamento do IPHAN e emissão de relatórios semestrais; • Apresentar, em 60 (sessenta) dias, a conclusão dos entendimentos com o IPHAN para a compensação dos sítios arqueológicos destruídos, na área do canteiro de obras, no início da implantação do empreendimento; • Concluir a implantação das ações referentes à Casa da Memória e Centro de Atendimento Sócio Ambiental e contemplar uma unidade da Casa da Memória no município de Esmeralda/RS e realizar as etapas propostas para o PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, constantes do PBA, referentes ao apoio à preservação de bens móveis e imóveis; • Implantar projeto no PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, articulado com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, estabelecendo parceria com as famílias reassentadas nos RRCs para o plantio de 30 (trinta) mudas de Araucárias por família, nas áreas das propriedades e/ou na área de Reserva Legal dos RRCs; • Promover a integração do PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, divulgar os resultados e difundir o conhecimento produzido junto às famílias dos RRC, no resgate da identidade cultural; • Proceder à elaboração do Plano Diretor do Município de Vacaria/RS em atendimento ao § 1º, Artigo 41, da Lei nº 10.257/2001, e verificar, no prazo de 30 (trinta) dias, a necessidade de adequação do Plano Diretor do Município de Lages/SC; • Realizar, depois de transcorridos 6 (seis) meses do enchimento do reservatório, Pesquisa de Opinião com o objetivo de avaliar o grau de conhecimento sobre o empreendimento, programas ambientais, fiscalização e educação ambiental referente à coibição da caça, Lei de Crimes Ambientais, às áreas de preservação permanente e reserva legal, estabelecendo como universo a população atingida pelo empreendimento, em especial a população das comunidades lindeiras e as famílias beneficiárias do Programa de Remanejamento e Compensação da População Atingida; • Manter Unidade de Atendimento à População Atingida pela implantação do empreendimento, em local de acesso fácil, ao longo do período de concessão da Usina; deve ser dada ampla divulgação às partes interessadas; • Apresentar relatório mensal detalhando o andamento das ações que estão em execução para atendimento das condicionantes sócio-econômicas estabelecidas nesta licença; Considerando que a esta equipe compete a avaliação e o exame da matéria sob o 54 aspecto exclusivamente técnico das questões que são pertinentes à Licença de Operação; considerando que a emissão da Licença do Empreendimento UHE Barra Grande não se resume exclusivamente aos aspectos técnicos no âmbito socioeconômico relativos à implantação das medidas mitigadoras e, ainda, considerando que além dos aspectos técnicos socioeconômicos, o exame da matéria também envolve aspectos legais, submetemos à consideração superior a pertinência da liberação da Licença de Operação (LO) com as pendências apontadas, sob as condições enumeradas; a emissão desta com prazo de validade de 1 (um) ano; e, por fim, se cabível, a penalização, multa pecuniária, pelo atraso na implantação das medidas mitigadoras e/ou compensatórias. Documentos Analisados Pertinentes ao Meio Sócio Econômico 1. PROCESSO 02001.000201/98-46 volumes VIII a XII; 2. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA tomos I e II; 3. COMPLEMENTAÇÃO AOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL, volumes I, II, III e III-A; 4. RELATÓRIO DE IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE, julho/98; 5. PROJETO BÁSICO AMBIENTAL volumes I e II, fevereiro/2001 Documentos enviados por ENERGÉTICA BARRA GRANDE S/A – BAESA: • RELATÓRIO DE ATIVIDADES PROGRAMAS SOCIOECONÔMICOS Relatório nº37, janeiro/2005; • CONTRIBUIÇÕES DO EMPREENDIMENTO AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL; • UHE BARRA GRANDE – AÇÕES SOCIAIS, abril/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.1. REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA volumes 1/4 a 4/4, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.3. RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.4. RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.5. RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO volumes 1/2 e 2/2, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.6. ADEQUAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA DE SERVIÇOS, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 1.7. EDUCAÇÃO AMBIENTAL, data referência março/2005; 55 • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 2.7. AÇÕES INTEGRADAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 6.2. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PBA, data referência março/2005; • Relatório PROGRAMAS AMBIENTAIS – PROJETO 6.3. COMUNICAÇÃO SOCIAL, data referência março/2005. MEIO FÍSICO PROGRAMA 2 - Hidrologia, Climatologia e Qualidade da Água Este Programa agrega o Monitoramento Integrado da Água composto diretamente por 04 (quatro) Projetos (2.1; 2.3; 2.4; 2.6) e ainda do Projeto 2.2, que se encontram em andamento e têm como objetivos gerais diagnosticar, acompanhar e controlar as condições físicas, químicas e biológicas do ecossistema aquático, gerando informações e estabelecendo vínculos entre os demais projetos, de forma a possibilitar a mitigação e a compensação dos impactos decorrentes da implantação do empreendimento sobre esse componente ambiental, tais projetos são: Projeto 2.1 – Observação das Condições Hidrológicas; Projeto 2.2 – Observação das Condições Climatológicas; Projeto 2.3 – Monitoramento das Condições Limnológicas e de Qualidade da Água; Projeto 2.4 – Monitoramento das Macrófitas Aquáticas; Projeto 2.6 – Monitoramento das Condições Hidrossedimentológicas; Para fins de execução, eles foram agrupados, tendo os seguintes procedimentos básicos comuns: a) Levantamentos preliminares; b) Implantação e operação da rede de monitoramento; c) Modelagem matemática da qualidade da água. Os relatórios entregues em março de 2005 trazem os respectivos monitoramentos até o mês de fevereiro, com diversas campanhas realizadas. Esses Programas prevêem uma série de ações bem como os resultados obtidos até o momento e os serem com a continuidade dos monitoramentos. Para isso, recomenda-se que sejam cumpridas rigorosamente tais ações com prazos previstos e enviar ao IBAMA os relatórios resultantes desses programas com as devidas conclusões de cada projeto. Projeto 2.1 – Observação das Condições Hidrológicas Na primeira etapa dos trabalhos deste projeto foram identificadas todas as estações fluviométricas implantadas e em funcionamento na área de abrangência do reservatório a ser formado pela UHE Barra Grande. A partir desses dados foi realizado um planejamento, visando a instalação da nova rede de monitoramento, considerando-se possível desativação e/ou relocação das estações já existentes. Após definição da localização dos pontos da nova rede de estações, iniciou-se o processo de instalação das mesmas. A rede foi devidamente implantada, dando início ao processo de coleta de dados, tendo como principais 56 atividades desenvolvidas ou em desenvolvimento, a seguir: 01) Avaliação da possibilidade de relocação de estações fluviométricas existentes, passíveis de serem impactadas pela implementação do empreendimento; 02) Acompanhamento periódico das vazões nos diferentes pontos selecionados, durante as quatro estações do ano; 03) Instalação de novas estações fluviométricas na bacia afluente, fora da área de influência do reservatório, nos principais afluentes, possibilitando a caracterização do regime hidrológico das vazões afluentes ao aproveitamento, provenientes da bacia de contribuição lateral; 04) Análise das séries históricas de descarga de forma a detectar as alterações do regime hidrológico das vazões no local do aproveitamento. Dessa forma, haverá um monitoramento contínuo das vazões afluentes e efluentes. Encontra-se em andamento a telemetrização dos linígrafos, visando agilizar a obtenção dos dados do monitoramento. Para o monitoramento hidrológico da bacia de contribuição ao futuro reservatório da UHE de Barra Grande foram instalados 06 linígrafos digitais e dispositivos acessórios para a medição de níveis e vazões. A operação da rede consiste em visitas mensais para recolher os dados de níveis registrados pelos linígrafos, medir as descargas líquidas, fazer a manutenção das estruturas e verificar o funcionamento dos equipamentos. Projeto 2.2 – Observação das Condições Climatológicas Este programa busca subsidiar as informações a respeito do clima e suas constantes alterações compreendidas nas séries históricas já registradas e monitorar as possíveis alterações climáticas advindas da formação do lago do aproveitamento. As informações geradas por esse projeto serão úteis para a comunidade local, marginal ao reservatório, para a operação da usina, assim como para o desenvolvimento de atividades de outros programas ambientais. Assim sendo a rede climatológica na bacia e em operação foi totalmente aproveitada e complementada. O sistema de monitoramento das condições climatológicas conta com duas estações meteorológicas automáticas estrategicamente localizadas, coletando informações sobre os seguintes parâmetros: a) Pressão atmosférica; b) Temperatura do ar; c) Direção e velocidade do vento; d) Umidade relativa do ar; e) Temperatura do solo; f) Radiação e insolação; g) Evaporação; h) Precipitação. As atividades de instalação das estações de monitoramento climático foram finalizadas. Instalaram-se duas estações automáticas telemétricas, localizadas nos municípios de Campo Belo do Sul, em Santa Catarina, e outra em Pinhal da Serra, no Rio Grande do Sul. Ambas encontram-se em funcionamento, realizando o 57 monitoramento climático desde o dia 04 de fevereiro de 2004. Projeto 2.3 – Monitoramento das Condições Limnológicas e da Qualidade da Água Os levantamentos realizados objetivaram a implantação de uma nova malha de pontos para coleta de dados. Inicialmente, no Estudo de Impacto Ambiental, foram feitas campanhas utilizando-se seis pontos existentes na área do reservatório, sendo que um deles foi utilizado nas campanhas de qualidade da água da UHE Machadinho. A nova malha que foi definida considerou o número de pontos de coleta de amostras suficientes para atender aos 120 km de extensão do futuro reservatório da UHE Barra Grande, abrangendo os principais tributários existentes nesse trecho da bacia. Como forma de facilitar a seleção dos pontos de amostragem e monitoramento, foi feita a otimização com as estações de amostragem utilizados pelos outros monitoramentos, tais como o hidrológico, o hidrossedimentológico, o de macrófitas aquáticas e o de ictiofauna. Ressalta-se que um dos fatores que poderá influenciar a qualidade da água do futuro reservatório será a fitomassa que se encontra abaixo da cota de alagamento. Para avaliar esta influência foram feitas simulações de cenários de remoção da cobertura vegetal, de maneira a se proceder ao enchimento com o menor efeito possível na qualidade da água do futuro reservatório. A partir dos dados obtidos durante a realização do monitoramento, será possível identificar os fatores que condicionam a qualidade da água e as condições limnológicas do sistema, viabilizando a realização de estudos e prognósticos. Desta maneira poderão ser definidas as intervenções necessárias durante as diversas fases do empreendimento. A partir dos levantamentos em campo realizados e considerando-se a área de alagamento do futuro reservatório, foram definidos e estabelecidos 09 (nove) pontos de amostragem e coletas, apresentados nos relatórios entregue em março de 2005 ao IBAMA. Projeto 2.6 – Monitoramento das Condições Hidrossedimentológicas Para a execução dos serviços foi realizado um levantamento das estações hidrossedimentométricas e topobatimétricas existentes, bem como a proposição de novos pontos para instalação de novas estações, nos casos em que haja a necessidade de desativação daqueles já existentes. Após a definição e aprovação da nova rede de estações deu-se início à instalação da mesma, seleção e relocação daquelas que se fizerem necessárias, o que ocorreu no período compreendido entre agosto e outubro de 2002. Na seqüência, a rede de estações entrou em operação, dando início ao processo de coleta de dados. Além da manutenção periódica em cada uma das estações, foram realizadas duas medições de descarga líquida e sólida mensais, privilegiando-se, principalmente, no período úmido. Foram realizadas campanhas sistemáticas em todos os seis pontos fluviossedimentométricos (Pelotinhas, Pelotas montante, Santana, Socorro, Vacas Gordas e Tigre) que coincidem com as estações fluviométricas. 58 Entre outras conclusões, dos seis pontos monitorados, cinco refere-se aos tributários do Rio Pelotas, que irão contribuir para a descarga sólida que irá aportar no lago do reservatório. A variação de descarga sólida até agora medida nos tributários tem mostrado valores de descarga entre 0,20 t/dia até 65 t/dia, sendo que os tributários que mais se têm destacado em termos de valores de descarga sólida são o Rio Socorro e Rio Santana. Razões que explicam essa condição se devem ao tipo de uso das terras nessas duas bacias de contribuição. Projeto 3.1 – Monitoramento Sismológico O monitoramento sismológico na área do futuro reservatório da UHE Barra Grande visa a auscultar a provável ocorrência de atividade sísmica induzida, que possa ser provocada pelo reservatório, durante as etapas de enchimento e pós-enchimento. Ele está sendo concebido visando integrar a rede sismográfica implantadas nos reservatórios da UHE de Itá e Machadinho, localizados imediatamente a jusante, considerando ainda a implantação da UHE de Campos Novos, que está localizada às proximidades desses empreendimentos, e que possui um cronograma de implantação não muito diferente ao da UHE Barra. O monitoramento sismológico está sendo realizado por meio de uma estação sismológica “vigilante” e prevista uma rede composta por mais quatro estações, segundo recomendações do IPT, sendo duas para a UHE de Barra Grande e duas para a UHE de Campo Novos, instaladas nos períodos de enchimento e préenchimento dos reservatórios, que auscultarão, principalmente, a ocorrência de atividade sísmica local. O relatório enviado pelo empreendedor informa que os equipamentos já foram adquiridos e encontram-se em fase de aferição junto ao IPT. Os estudos informam que na área dos Empreendimentos Hidrelétricos de Barra Grande e Campos Novos, quanto a sismicidade natural, historicamente foram registrados quatro eventos com magnitude muito baixas e efeitos macrossísmicos de baixa-média intensidade. Eventos com epicentros na área expandida de pesquisa não chegaram a provocar efeitos em seu interior, exceto o sismo de 28/06/1939, com 5,5 de magnitude. Informa também que durante a fase de enchimento e operação do Reservatório de Machadinho (remanso no sítio da Barragem de Campos Novos) foi observada uma atividade sísmica restrita de baixa energia. Projeto 3.2 – Monitoramento da Explotação dos Recursos Minerais Este Projeto trata das ações destinadas a anular conflitos potenciais gerados pela interferência do empreendimento nas atividades mineiras localizadas nas áreas de impacto direto e indireto do futuro reservatório da UHE Barra Grande. Os estudos apresentados informam que não há interferências entre a área do empreendimento e as áreas com direitos minerários, legais ou ilegais. Há a apresentação do documento GEAB-241, sem assinatura, datado de 03 de agosto de 2001 em que se pede ao DNPM o bloqueio de alvarás na área de ocupação do futuro reservatório de Barra Grande. Projeto 3.3 – Monitoramento dos Aqüíferos Já comentado na condicionante 2.5 da Licença de Instalação, neste Parecer. Projeto 3.4 – Monitoramento da Estabilidade de Taludes Marginais Já comentado na condicionante 2.2 da Licença de Instalação, neste Parecer. Projeto 5.1 – Limpeza da Bacia de Acumulação e Projeto 5.2 – Gerenciamento e 59 Recomposição Ambiental das Áreas da Obra Entre os dias 2 e 7 de maio foi realizada vistoria de avaliação das atividades de supressão às áreas recomendadas para supressão total. Os trabalhos foram realizados com a utilização de um helicóptero, bem como, vistoria terrestre acompanhado por técnicos da BAESA. Em apenso, o relatório fotográfico exemplifica as situações circunstanciadas de campo. A Autorização de Supressão de Vegetação (ASV) Nº 12/2004, expedida em 15 de setembro, recomendava a supressão para um total de 2.687,28 ha nas ARST – Áreas Recomendadas para Supressão Total e 5.635,67 ha nas ANRST – Áreas Não Recomendadas para Supressão Total. Em decorrência do evento realizado em Brasília, entre os dias 23 e 25 de fevereiro de 2005 em Brasília, promovido pela Energética Barra Grande – BAESA, onde foi apresentado o status atual das obras do empreendimento supra referenciado, e o atendimento dos programas ambientais do PBA, atendimento às condicionantes da Licença de Instalação e da Autorização de Supressão de Vegetação Nº 12/2004, entre outros assuntos, foi solicitado a essa COLIC uma vistoria técnica com o objetivo de averiguar os trabalhos de supressão de vegetação do reservatório. A vistoria foi realizada no período entre 7 a 10 de março, utilizando-se um helicóptero contratado pela BAESA, como veículos do empreendedor. Foi dada prioridade para as áreas denominadas ARST. Foi realizada uma vistoria aérea e terrestre, bastante criteriosa nas demais áreas denominadas ANRST. Os trabalhos de campo tiveram acompanhamento do grupo técnico da empresa. Áreas Não Recomendadas para Supressão Total (ANRST) 60 Fonte: Inventário Florestal, FUNCATE. 2003. Em decorrência desta vistoria foi expedida a Informação Técnica Nº 5/2005, que relatou as atividades realizadas até o momento, comentários sobre a metodologia desenvolvida para supressão de vegetação, comentários sobre a modelagem matemática e sobre a supressão nas ANRST. A BAESA, por intermédio do expediente 0182/05, de 13 de maio, encaminhou o relatório final da supressão de vegetação das ARST. O relatório em questão, preparado pela equipe de gerenciamento da execução da supressão de vegetação, permite verificar a conformidade das atividades desenvolvidas com critérios, especificações técnicas e procedimentos executivos contidos no Projeto de Limpeza do Reservatório (Programa do Meio Físico), o qual foi previamente submetido e aprovado pelo IBAMA, através da emissão da autorização. Os parâmetros de avaliação para supressão foram as condicionantes, a modelagem matemática e os programas do meio físico. Objetivos do Desmatamento da Bacia de Acumulação A remoção planejada da cobertura vegetal possibilitou o direcionamento da migração da fauna terrestre para as áreas florestais remanescentes (áreas destino), antes do enchimento do reservatório, reduzindo assim, a mortalidade e o estresse causados pela manipulação dos animais durante o resgate no período de enchimento. Em uma região com alto grau de antropização, com recursos florestais já escassos, também é importante que seja promovido o máximo aproveitamento do material lenhoso, das áreas em que houve a supressão de vegetação. Neste caso os parques de armazenamento do material lenhoso estão em local livre do enchimento e mantidos com a presença de vigilantes nas 24 horas do dia. Somando-se a preocupação com a qualidade da água do futuro reservatório aos já mencionados, três são, portanto, os objetivos diretos a serem alcançados com o projeto de supressão de vegetação da bacia de acumulação: a) Diminuir os efeitos do alagamento sobre a fauna terrestre; b) Possibilitar o máximo aproveitamento do material florestal da área a ser desmatada; e c) Contribuir para a melhoria da qualidade da água do futuro reservatório. Além destes, pode-se citar outros objetivos indiretos da supressão de vegetação, entre os quais o aproveitamento científico do material botânico disponível na área, do germoplasma (sementes, mudas, rizomas e estacas) da biodiversidade vegetal existente, para os trabalhos de reflorestamento da faixa de proteção ciliar e de recuperação de áreas degradadas da obra, bem como garantir o uso múltiplo do reservatório. Descrição das Atividades Realizadas Foi realizado um sobrevôo nas áreas conforme o quadro a seguir: Áreas recomendadas para supressão total no Estado de Santa Catarina. Áreas Homogêneas AH-D-01, AH-D-02, AH-D-03, AH-D-05, AHD-16, perfazendo 1736,38 hectares. 61 Áreas recomendadas para supressão total no Estado do Rio Grande do Sul. Áreas Homogêneas AH-E-01, AH-E-02, AH-E-05, perfazendo 950,90 hectares. AH-E-13, Foi realizada uma reunião inicial com o empreendedor e sua equipe técnica para determinar a logística da vistoria, e apresentação atualizada das atividades de desmatamento nas ARST. Os quadros comparativos da evolução do corte foram apresentados, incluindo os croquis da macro e micro localização dos lotes e as respectivas fotografias, exemplificando as técnicas de supressão, traçamento, enleiramento, transporte, e deposição nos pátios de estocagem. Salientamos que até aquele momento, nenhum material lenhoso foi retirado em território catarinense. Durante a reunião com o empreendedor foi evidenciado que do total de 2.687,28 ha das ARST, 1.437 ha serão efetivamente desmatados, e os restantes 1.250,28 ha não deverão ser suprimidos por estarem em áreas restritivas, denotando grande risco de acidentes inerentes aos maquinários e trabalhadores braçais seja nas derrubadas, traçamento, empilhamento e transporte, conforme o relatório fotográfico demonstra claramente e perfeitamente confirmado em campo. Este procedimento foi analisado e aprovado no bojo do Parecer Técnico Nº 46/2004 – IBAMA/CGLIC/DILIQ. Foi solicitado que o material lenhoso disposto no solo seja traçado no intuito de promover uma decomposição (oxidação) mais rápida pelo enchimento do lago. A vegetação herbácea e arbustiva não foi roçada após a supressão do material arbóreo, centrando esforços nas frentes de desmatamento. Antecedentes O Aproveitamento Hidrelétrico Barra Grande situa-se no rio Pelotas, na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre os municípios de Pinhal da Serra (RS) e Anita Garibaldi (SC), nas coordenadas geográficas 27º46’ S e 51º13’ W. As características principais do futuro reservatório são: área total do reservatório de 95 km²; área de alagamento de 84 km²; altitude do nível altimétrico (NA) máximo operacional de 647 metros; amplitude máxima de depleção de 30 metros; perímetro da área de 616 km; altura do barramento de 185 metros e extensão do barramento ao remanso de 118 km. O clima local pela classificação de Koeppen é do tipo Cf, ou seja, temperado chuvoso de ambiente úmido. A média anual de precipitação e de 1.650 milímetros com máxima e mínima variando entre 2.500 e 1.200 milímetros, respectivamente. As chuvas são distribuídas em 120 dias por ano aproximadamente. A temperatura média anual fica em torno de 16,5 graus. O relevo predominante do local do empreendimento é constituído por planaltos com topo plano a suave ondulado formando campos recortados pelos vales das drenagens com diferentes graus de dissecação. Associados com as drenagens principais, são formados vales entalhados e profundos com vertentes íngremes em declive variando entre 20 e 60 graus. A vegetação é classificada por Floresta Estacional Decidual e Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista. Supressão da Vegetação na Bacia de Acumulação 62 A supressão da vegetação da bacia de acumulação do AHE Barra Grande é uma atividade constante do Projeto Básico Ambiental (PBA). Podemos encontrar na literatura especializada citações em comum de que o alagamento de uma área de mata e a conseqüente decomposição da vegetação pode tornar o ambiente séptico. Possivelmente o principal impacto causado pelo afogamento de abundante massa de vegetação seja o aumento da demanda de oxigênio, alterando a qualidade da água. A retirada da biomassa da bacia de acumulação em conjunto com os programas de proteção sanitária, tem como objetivo proporcionar uma melhor qualidade da água do futuro lago, diminuir os impactos sobre a fauna, possibilitar o aproveitamento de produtos florestais, facilitar a implementação de atividades de uso múltiplo, dentre outras. Caracterização das Áreas para Supressão da Vegetação Dos trabalhos técnicos executados pela empresa gerenciadora do empreendimento, constam que para classificação da cobertura vegetal tomaram-se por base as Resoluções CONAMA – 033/94 (para o Rio Grande do Sul) e a 004/94 (para Santa Catarina), que conceituam a vegetação primária e secundária e define os estádios inicial, médio e avançado de regeneração na formação vegetal de Mata Atlântica. Identificaram-se ainda outras áreas que não se enquadram nestas Classes de Uso do Solo, porém também ocorrem na área de influência do empreendimento, comumente originárias das ações antrópicas ao longo do processo de ocupação de terras da região. Nos documentos elaborados por equipes técnicas, constam trabalhos que revelam a existência de 8 (oito) classes diferentes de uso do solo, utilizadas no planejamento das estratégias e da execução dos serviços de supressão de vegetação, definidas por Vegetação Primária, Vegetação Secundária em seus estádios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração, Sarandi, Reflorestamento, Lavoura e Pastagem. Vegetação Primária - Trata-se da vegetação natural de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo mínimos os efeitos das ações antrópicas, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies. Esta fisionomia arbórea expressiva ainda apresenta uma altura total média superior a 20,00 m (vinte metros), DAP médio superior a 25,00 cm (vinte e cinco centímetros) e área basal média superior a 20 m2/ha (vinte metros quadrados por hectare). Vegetação Secundária - Vegetação secundária ou em regeneração é aquela resultante dos processos naturais de sucessão, após a supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária. Este tipo de vegetação é subdividido em três categorias, de acordo com os estádios sucessionais os quais são o Capoeirão, a Capoeira e a Capoeirinha. Vegetação Secundária em Estádio Inicial de Regeneração (Capoeirinha) Vegetação sucessora com fisionomia herbácea/arbustiva, altura total média de 3,00 m (três metros), Diâmetro a Altura do Peito (DAP) menor ou igual a 8,00 cm (oito centímetros) e área basal média de até 8,00 m2/ha (oito metros quadrados por hectare), podendo eventualmente apresentar dispersos na formação, indivíduos de porte arbóreo. Esta tipologia vegetal é denominada regionalmente de capoeirinha e apresenta ainda as seguintes características: (1) Epífitas, se existentes, são 63 representadas principalmente por liquens, briófitas e pteridófitas, com baixa diversidade; (2) Trepadeiras, quando presentes, são geralmente herbáceas; (3) Serapilheira, quando existente, forma uma camada fina, pouco decomposta, contínua ou não; (4) Diversidade biológica variável, com poucas espécies arbóreas ou arborescentes, podendo apresentar plântulas de espécies características de outros estádios; (5) Espécies pioneiras abundantes; (6) Ausência de sub-bosque e (7) Composição florística consistindo basicamente de: Andropogon bicornis (rabode-burro); Pteridium aquilinum (samambaia-das-taperas), Rapanea ferruginea (capororoca), Baccharis spp. (vassouras), entre outras espécies de arbustos e arvoretas. Vegetação Secundária em Estádio Médio de Regeneração (Capoeira) Vegetação sucessora com fisionomia arbustiva/arbórea predominando sobre a herbácea, podendo constituir estratos diferenciados, altura total média entre 3,00 m (três metros) e 8,00 m (oito metros), Diâmetro a Altura do Peito (DAP) máximo de 15,00 cm (quinze centímetros) e área basal média de até 15 m2/ha (quinze metros quadrados por hectare). Esta tipologia vegetal é denominada regionalmente de capoeira e apresenta ainda as seguintes características: (1) Cobertura arbórea variando de aberta a fechada com ocorrência eventual de indivíduos emergentes; (2) Epífitas ocorrendo em maior número de indivíduos em relação ao estádio inicial; (3) Trepadeiras, quando presentes, são geralmente lenhosas; (4) Serapilheira presente com espessura variável, conforme a estação do ano e localização; (5) Diversidade biológica significativa; (6) Sub-bosque presente; (7) Composição florística caracterizada pela presença de: Rapanea ferruginea (capororoca), Baccharis spp. (vassouras), Inga marginata (ingá-feijão), Bauhinia candicans (pata-de-vaca), Trema micrantha (grandiúva), Mimosa scabrella (bracatinga), Solanum auriculatum (fumobravo), entre outras. Vegetação Secundária em Estádio Avançado de Regeneração (Capoeirão) Vegetação sucessora com fisionomia arbórea predominando sobre os demais estratos, formando um dossel fechado, uniforme, de grande amplitude diamétrica, apresentando altura total média entre 8,00 m (oito metros) e 20,00 m (vinte metros), Diâmetro a Altura do Peito (DAP) máximo de 25,00 cm (vinte e cinco centímetros) e área basal média de até 20 m2/ha (vinte metros quadrados por hectare). Esta tipologia vegetal é denominada regionalmente de capoeirão e apresenta ainda as seguintes características: (1) Espécies emergentes, ocorrendo com diferentes graus de intensidade; (2) Copas superiores, horizontalmente amplas, sobre os estratos arbustivos e herbáceos; (3) Epífitas presentes em grande número de espécies e com grande abundância, especialmente na Floresta Ombrófila; (3) Trepadeiras em geral, lenhosas; (4) Serapilheira abundante; (5) Grande diversidade biológica; (6) Estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo; (7) Florestas neste estádio podem apresentar fisionomia semelhante à vegetação primária; (8) Sub-bosque geralmente menos expressivo do que no estádio médio; (9) A composição florística pode ser caracterizada pela presença de: Araucaria angustifolia (pinheiro-do-Paraná), Nectandra leucothyrsus (canela-branca), Schinus terebinthifolius (aroeira-vermelha), Cupania vernalis (camboatá-vermelho), Ocotea puberula (canela-gauicá), Piptocarpha angustifolia (vassourão-branco), Parapiptadenia rigida (angicovermelho), Patagonula americana (guajuvira), Matayba ealeagnoides (camboatábranco), Enterolobium contortisiliquum (timbaúva), entre outras. Sarandi - Vegetação natural existente nas margens dos rios ou recobrindo a superfície das ilhas fluviais da região. Apresenta como principal característica a 64 resistência à submersão por períodos prolongados de cheias, por esta razão ocorre somente numa estreita faixa sujeita a inundações. Caracteriza-se pela presença de espécies como a Callistene inundata (sarandi-branco), Cephalanthus glabratus (sarandi-colorado), Machaonia spinosa (sarandi-forquilha), Sebastiania schottiana (sarandi-vermelho), Terminalia australis (sarandi-amarelo), Phyllanthus sellowianus (sarandi), Pouteria gardneriana (mata-olho-de-rio) e Pouteria salicifolia (sarandimata-olho) entre outras. Reflorestamento - Plantios utilizando principalmente espécies exóticas do gênero Pinus sp. Apesar de existirem grandes extensões de reflorestamento nas áreas mais elevadas e planas da região, na área de alagamento a sua ocorrência representa apenas 0,65% do total, limitando-se a uma superfície de 52,97 ha (FUNCATE, 2003). Lavoura - Formadas com culturas temporais ou sazonais (milho, feijão, soja, mandioca etc.). Práticas de cultivo feitas em pequenas clareiras na vegetação primária ou secundária, denominadas localmente de “roças”. Pode-se observar maiores áreas de agricultura mecanizada presentes na região somente nos planaltos gaúchos e catarinenses, fora da área de influência do reservatório do AHE Barra Grande. Também foram incluídas nesta categoria as culturas perenes como os pomares (frutas cítricas, pêssego, maçã etc.), que também aparecem em pequena escala na área de inundação, apesar de ocorrerem de forma bem mais significativa nas partes mais altas e planas da região. Pastagem - As pastagens localizadas nas encostas dos vales do rio Pelotas e seus afluentes são originárias de semeadura ou plantio de espécies nativas locais ou introduzidas. Os campos nativos estão localizados nos planaltos, fora da área de inundação do futuro reservatório do AHE Barra Grande. No Estado do Rio Grande do Sul, essa região geográfica é conhecida como “Campos de Cima da Serra” e no Estado de Santa Catarina é denominada “Planalto Serrano”. Na bacia de acumulação do futuro reservatório existem 1.113,20 ha de pastagens, representando significativos 13,68 % do total dessa área. Na área de influência do futuro reservatório observa-se um maior grau de antropização, verificado pela introdução de áreas de lavouras e pastagens, nas porções mais próximas ao eixo do barramento, concentrando 78,49% das pastagens existentes na bacia de acumulação. O município de Anita Garibaldi, em Santa Catarina possui 548,27 ha e Pinhal da Serra, no Rio Grande do Sul, 325,45 ha (FUNCATE, 2003). Distribuição da Cobertura Vegetal em Classes de Uso do Solo Os estudos mostram ainda que através de mapeamentos da bacia de acumulação, pode-se obter como produto a Cobertura Vegetal por Classes de Uso do Solo descrita na tabela seguinte: Classe de Uso do Solo Área (ha) Área (%) Vegetação Primária Vegetação Secundária Est. Avançado Regeneração Vegetação Secundária Est. Médio Regeneração Vegetação Secundária Est. Inicial 2.077,45 2.158,50 25,53 26,52 1.492,94 18,34 922,45 11,33 65 Regeneração Sarandi Reflorestamento Lavoura Pastagens Solo Exposto TOTAL 151,11 52,97 126,72 1.113,20 43,13 8.138,48 1,86 0,65 1,56 13,68 0,53 100,00 Fonte: Caracterização das áreas Homogêneas para o Projeto de Supressão da Vegetação para o AHE Barra Grande (FUNCATE, 2003). Divisão da Área da Bacia de Acumulação em Áreas Homogêneas A possibilidade de execução dos trabalhos de supressão por meio dos acessos existentes dentro da bacia de acumulação mais a declividade do terreno, foram os fatores que balizaram a divisão da área total da bacia de acumulação em Áreas Homogêneas. A partir desse estudo se produziu uma Matriz de Interação com seis (6) parâmetros para definir dentre as trinta e uma (31) áreas obtidas, quais seriam recomendadas para supressão total (ARST) e não recomendadas para supressão total (ANRST). Como resultado da Interação dos Parâmetros, obteve-se cinco (5) ARSTs para a margem direita do Rio Pelotas que fica no estado de Santa Catarina e quatro (4) ARSTs para a margem esquerda no estado do Rio Grande do Sul. Dentro das ARST existem áreas que não serão suprimidas por possuírem Fatores Restritivos que foram objeto de estudo e analisados isolados ou em conjunto. Os parâmetros limitantes considerados neste estudo foram: Áreas importantes para refugio e alimentação da ictiofauna; Manutenção da estabilidade de taludes marginais; Corredores e áreas especiais para a fauna; Áreas especiais para o salvamento da flora; Preservação da integridade dos cursos hídricos; Áreas restritivas quanto à Segurança do Trabalho. Planejamento e Execução da Atividade de Supressão da Vegetação A atividade de Supressão esta autorizada pelo IBAMA através da ASV 12/2004. O gerenciamento da atividade de Supressão da Vegetação esteve a cargo da empresa Andrade & Canellas Ltda. A equipe de campo que faz o monitoramento das atividades é formada por dois (2) técnicos de Segurança do Trabalho, dois (2) técnicos de Meio Ambiente. Para execução dos trabalhos foram contratadas duas empresas, atuando uma em cada margem, sendo a Compensados Santa Catarina Ltda para margem direita e a Construtora Sercel Ltda para a margem esquerda. Dentre os trabalhos integrados com a Supressão da Vegetação o Salvamento da Fauna merece destaque por ser uma atividade que ocorre junto com a Supressão. A empresa contratada para o Salvamento da Fauna e Flora é a Bourscheid Engenharia Meio Ambiente S/A que conta com quatro equipes de campo, atuando duas em cada margem. Os trabalhos de Supressão da Vegetação na bacia de acumulação deverão estar integrados com outros programas do Projeto Básico Ambiental, como forma de mitigar os impactos causados por essa atividade. O planejamento das atividades de Supressão vai desde a preparação prévia de cada lote (ARST) até a estocagem do material lenhoso nos pátios. As Especificações Técnicas definidas para a atividade de Supressão foram objeto de monitoramento diário feito pelas equipes de campo da empresa gerenciadora, junto as equipes de execução das empresas contratadas. Preparação das Áreas para Supressão - As equipes de Salvamento previamente percorriam as áreas. Também junto às frentes de trabalho, essas equipes de 66 Salvamento atuaram de forma a atenuar os impactos exercidos sobre a fauna. Os trabalhos de Supressão são direcionados dentro de cada lote sempre da margem do Rio Pelotas para a cota 647 metros como meio de facilitar a fuga da fauna. Alguns fragmentos de vegetação dentro das ARST foram deixados para conclusão da supressão para mais adiante por motivo de infestação de abelhas, principalmente na margem esquerda. Atuam ainda nas ARST, também previamente aos trabalhos de Supressão, as equipes de salvamento da flora através da coleta de material botânico para subsidiar os programas de Recuperação de Áreas Degradadas, Variabilidade Genética, dentre outros. Abertura e Recuperação das Vias de Acesso – Os acessos existentes dentro de cada lote são recuperados e novas vias de acesso são construídas para escoar o material lenhoso que será produzido. Cuidados são tomados na abertura de acesso acima da cota de alagamento como forma de minimizar os impactos causados em Áreas de Preservação Permanente. Roçada e Roçada do sub-bosque – Os trabalhos nas áreas liberadas para supressão foram iniciados com a limpeza do sub-bosque. A roçada dessa área favorece o refugio da fauna além de facilitar a operação de derrubada com motosserras. Áreas tomadas por vegetação arbustiva mesmo sem material de aproveitamento (lenha e toras) são também roçadas em sua totalidade. Corte, Desgalhamento e Seccionamento de Árvores – Esta etapa das atividades objetiva preparar todo o material lenhoso para que seja recolhido, empilhado e transportado para os pátios de estocagem. A derrubada de árvores ocorre no sentido da margem do Rio Pelotas para a cota de alagamento. A Especificação Técnica relata que o corte deverá ser feito o mais rente possível do solo procurando obter cepas com altura máxima de 15 centímetros para DAP até 25 centímetros, e cepas com 30 centímetros para DAP maior que 25 centímetros. O material de aproveitamento como lenha terá diâmetro variando de 8 a 25 centímetros e deverá ser seccionado em comprimento de 1 metro. O corte rente ao solo devido a operacionalidade, nem sempre é conseguido, porém o material lenhoso de aproveitamento comercial, até mesmo aquele com diâmetro menor que 8 centímetros, foi totalmente recolhido. Toda galhada resultante dessa operação, foi picada e espalhada nas ARSTs. Recolhimento, Embandeiramento, Transporte e Estocagem – Após a etapa de seccionamento do material de aproveitamento o mesmo foi recolhido ou transportado manualmente para embandeiramento nas margens das vias de acesso. O material embandeirado foi transportado para os pátios de estocagem. Para controle de estoque, toda carga que chega nos pátios de estocagem é cubada e empilhada. As toras foram estocadas separadas por espécie para facilitar os trabalhos de cubagem que serão mostrados nas ATPFs. Controle do Avanço da Produção de Supressão da Vegetação Semanalmente as equipes de campo da gerenciadora, fizeram coleta de dados (medição) dos trabalhos realizados, sistematizam estes dados e elaboram tabelas do avanço da produção. As medições são feitas em cada ARST com a utilização do GPS, naquelas áreas em que os trabalhos já foram concluídos. Aquelas áreas denominadas de Áreas de Risco, em que a Supressão da Vegetação não foi executada por oferecer riscos para a segurança dos trabalhadores, são medidas e elaborado um documento de justificativa que vai endossado pelas equipes de Segurança do Trabalho das empresas gerenciadora e contratada. 67 Da Vistoria Em prosseguimento à programação da vistoria, foi realizada uma incursão aérea e posteriormente por terra às ANRST, sendo produzido farto material fotográfico. Os 22 lotes que compõe as ANRST estão situados em regiões do reservatório cuja declividade média está entre 20 e 55 graus, inexistindo acessos para retirada da madeira. Daqueles lotes apenas cinco são povoados por Araucaria angustifolia, sendo que, a totalidade dessa espécie vegeta em áreas de difícil acesso, de topografia bastante acidentada e com área de preservação permanente (APP) em estádio avançado a primário de regeneração. A inexistência total de vias de acesso é fator impeditivo a retirada das araucárias. Outro fator decisivo e determinante para a não derrubada dos pinheiros, ou indivíduos de outras espécies é a isodeclividade, cujos acessos teriam que vencer greides muito inclinados, necessitando de tratores e caminhões especialmente apropriados pra tais situações, necessitando conseqüentemente acessos e pavimentação apropriados. Aliando esses fatores à excelente conservação da APP, é recomendado que não seja realizada qualquer intervenção naquelas áreas, pelos motivos elencados. Há uma possibilidade, a ser profundamente estudada e avaliada, que é a retirada dos elementos arbóreos por via aquática, num período pré, durante e pósenchimento do reservatório. Tal plano, se levado a cabo, deverá anteceder pela aprovação técnica do IBAMA. Nos dias 8 e 9 de março de 2005, foram realizadas novas vistorias, pelo IBAMA e FATMA (SC), na área do futuro reservatório do AHE Barra Grande, objetivando inspecionar as Áreas Não Recomendadas Para a Supressão Total – ANRST, conforme denominação adotada no Projeto de Supressão de Vegetação Para o AHE Barra Grande (BAESA, 2003). Estas inspeções visaram, principalmente, verificar a real possibilidade de extração do material florestal ali existente. Os sobrevôos realizados evidenciaram que as áreas de vegetação mais preservadas do reservatório, são encontradas na sua porção central e na margem catarinense do rio Pelotas. Esse trecho inicia-se no Lajeado da Limeira, no município de Campo Belo do Sul, e vai até o lajeado do Diamante, no município de Capão Alto e compreende as duas maiores propriedades atingidas: A Florestal Gateados (BABGD-260), com uma área alagada de 417,7970ha e uma faixa de APP adquirida pelo empreendedor de 127,1673ha e a Fazenda Paequerê (BABG-D-296), com uma área inundada de 404,5319ha e faixa de proteção ciliar adquirida de 124,6651ha. Essa região de vegetação mais exuberante, equivale a 5 (cinco) das 31 (trinta e uma) Áreas Homogêneas descritas no Projeto de Supressão apresentado pela BAESA. São as áreas: AH-D-10, AH-D-11, AH-D-12, AH-D-13 e AH-D-14 cujas principais características, segundo o referido documento, são compiladas nos quadros a seguir: Tabela 01 – Principais características da AH-D-10 Tipologia vegetal Vegetação Primária Área (ha) 215,30 Fx. Declividade (º) Área (há) % 0a5 5,99 16,68 68 Capoeirinha Capoeira Capoeirão 0,00 0,00 43,09 5 a 10 10 a 15 15 a 20 0,56 3,75 20,52 Reflorestamento Lavoura Pastagem Sarandí Solo exposto Rios Total 0,00 0,00 0,00 13,02 0,00 6,91 278,32 APP Topos de morro Nascentes Encostas ≥ 45º Fx. ciliar de 30 m Fx. ciliar de 50 m Fx. ciliar de 100m Total Área (ha) 2,01 0,00 9,28 27,85 20,81 100,23 160,19 20 a 25 40,33 25 a 30 59,96 30 a 35 46,32 35 a 40 50,46 40 a 45 19,12 45 a 50 14,61 50 a 55 3,29 55 a 60 2,08 60 a 65 0,61 65 a 70 0,08 70 a 75 0,00 75 a 80 0,00 80 a 85 0,01 85 a 90 0,00 Total 278,32 Declividade média (º) 29,63 0,20 1,35 7,37 14,49 21,54 16,64 18,13 6,87 5,25 1,18 0,75 0,22 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 100 Fonte: Caracterização das Áreas Homogêneas para o Projeto de Supressão de Vegetação para o AHE Barra Grande (FUNCATE, 2003). Tabela 02 – Principais características da AH-D-11 Tipologia vegetal Área (ha) Fx. Declividade (º) Área (ha) Vegetação 102,16 0a5 18,21 Primária Capoeirinha 1,45 5 a 10 1,37 Capoeira 0,00 10 a 15 2,63 Capoeirão 19,72 15 a 20 15,36 Reflorestamento 0,00 20 a 25 23,74 Lavoura 0,00 25 a 30 22,70 Pastagem 0,00 30 a 35 8,33 Sarandí 0,01 35 a 40 15,78 Solo exposto 0,00 40 a 45 5,36 Rios 1,60 45 a 50 5,76 Total 124,93 50 a 55 3,08 55 a 60 2,62 APP Área (ha) 60 a 65 0,00 Topos de morro 1,02 65 a 70 0,00 Nascentes 0,00 70 a 75 0,00 8,36 75 a 80 0,00 Encostas ≥ 45º Fx. ciliar de 30 m 22,04 80 a 85 0,00 Fx. ciliar de 50 m 41,50 85 a 90 0,00 Fx. ciliar de 100m 0,41 Total 124,93 Total 73,33 Declividade média (º) 25,55 % 14,57 1,10 2,10 12,30 19,00 18,17 6,67 12,63 4,29 4,61 2,47 2,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100 Fonte: Caracterização das Áreas Homogêneas para o Projeto de Supressão de Vegetação para o AHE Barra Grande (FUNCATE, 2003). Tabela 03 – Principais características da AH-D-12 Tipologia vegetal Área (ha) Fx. Declividade (º) Área (ha) % 69 Vegetação Primária Capoeirinha Capoeira Capoeirão Reflorestamento Lavoura Pastagem Sarandí Solo exposto Rios Total 30,10 0,00 0,26 61,59 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 3,15 95,12 APP Topos de morro Nascentes Encostas ≥ 45º Fx. ciliar de 30 m Fx. ciliar de 50 m Fx. ciliar de 100m Total Área (ha) 0,00 0,00 2,57 9,16 50,52 0,08 62,33 0a5 13,69 5 a 10 0,55 10 a 15 1,11 15 a 20 8,17 20 a 25 11,20 25 a 30 17,26 30 a 35 12,21 35 a 40 14,00 40 a 45 6,80 45 a 50 6,94 50 a 55 2,41 55 a 60 0,82 60 a 65 0,00 65 a 70 0,00 70 a 75 0,00 75 a 80 0,00 80 a 85 0,00 85 a 90 0,00 Total 95,12 Declividade média (º) 27,70 14,39 0,58 1,16 8,59 11,77 18,14 12,83 14,72 7,14 7,29 2,53 0,86 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100 Fonte: Caracterização das Áreas Homogêneas para o Projeto de Supressão de Vegetação para o AHE Barra Grande (FUNCATE, 2003). Tabela 04 – Principais características da AH-D-13 Tipologia vegetal Vegetação Primária Capoeirinha Capoeira Capoeirão Reflorestamento Lavoura Pastagem Sarandí Solo exposto Rios Total Área (ha) 90,56 0,00 0,00 70,01 0,00 0,00 0,00 12,17 0,00 29,32 202,06 APP Topos de morro Nascentes Encostas ≥ 45º Fx. ciliar de 30 m Fx. ciliar de 50 m Fx. ciliar de 100m Total Área (ha) 0,00 1,58 13,08 17,55 0,13 119,18 151,51 Fx. Declividade (º) Área (ha) % 0a5 8,82 17,84 5 a 10 9,87 10 a 15 4,14 15 a 20 5,45 20 a 25 14,51 25 a 30 28,09 30 a 35 20,48 35 a 40 53,85 40 a 45 15,25 45 a 50 23,42 50 a 55 4,34 55 a 60 3,90 60 a 65 0,33 65 a 70 0,86 70 a 75 0,00 75 a 80 0,00 80 a 85 0,00 85 a 90 0,00 Total 202,06 Declividade média (º) 31,34 4,88 2,05 2,69 7,17 13,88 10,12 26,62 7,54 11,57 2,14 1,93 0,17 0,43 0,00 0,00 0,00 0,00 100 Fonte: Caracterização das Áreas Homogêneas para o Projeto de Supressão de Vegetação para o AHE Barra Grande (FUNCATE, 2003). 70 Tabela 05 – Principais características da AH-D-14 Tipologia vegetal Área (ha) Fx. Declividade (º) Área (ha) Vegetação 116,07 0a5 15,81 Primária Capoeirinha 0,00 5 a 10 2,98 Capoeira 0,00 10 a 15 3,95 Capoeirão 0,60 15 a 20 8,69 Reflorestamento 0,00 20 a 25 12,46 Lavoura 0,00 25 a 30 26,98 Pastagem 0,00 30 a 35 20,30 Sarandí 1,27 35 a 40 20,27 Solo exposto 0,00 40 a 45 8,17 Rios 6,43 45 a 50 2,40 Total 124,36 50 a 55 1,52 55 a 60 0,77 APP Área (ha) 60 a 65 0,00 Topos de morro 0,00 65 a 70 0,00 Nascentes 0,03 70 a 75 0,00 1,46 75 a 80 0,00 Encostas ≥ 45º Fx. ciliar de 30 m 20,96 80 a 85 0,00 Fx. ciliar de 50 m 0,00 85 a 90 0,00 Fx. ciliar de 100m 87,62 Total 124,36 Total 110,08 Declividade média (º) 26,47 % 12,72 2,40 3,18 6,99 10,02 21,71 16,33 16,30 6,57 1,93 1,22 0,62 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100 Fonte: Caracterização das Áreas Homogêneas para o Projeto de Supressão de Vegetação para o AHE Barra Grande (FUNCATE, 2003). Ainda que essas 5 (cinco) Áreas Homogêneas representem o que há de cobertura de vegetação mais preservada na futura área de inundação, na maior parte das Áreas Homogêneas AH-D-10, AH-D-13 e AH-D-14 não são observadas as características copas das araucárias, dominantes no dossel superior. Em algumas partes dessas áreas são vistas exemplares isolados ou pequenas concentrações de indivíduos desta espécie. O vale do rio Vacas Gordas, englobando as suas duas margens (Áreas Homogêneas AH-D-11 e AH-D-12), representa a única região do reservatório cuja cobertura vegetal ainda mantém as características originais da floresta ombrófila mista, ou seja, com a presença de agrupamentos de exemplares da espécie Araucaria angustifolia dominando o dossel superior. As duas Áreas Homogêneas em questão somam uma extensão territorial de 220,05ha. Isso equivale a dizer que o vale do rio Vacas Gordas representa 26,68% da área total inundada nessas duas fazendas (considerando a extensão de 824,79ha, que é a soma das 5 Áreas Homogêneas já referidas, considerando os rios internos), ou ainda, 2,64% da área inundada de todo o reservatório (considerando o total de 8.322,91ha, que é o somatório das 31 Áreas Homogêneas, também considerando-se os rios internos). Com relação às espécies encontradas no reservatório, pelo estudo realizado de inventário florestal na área da bacia de acumulação do futuro reservatório do AHE Barra Grande, podemos observar que a araucária não é uma das espécies de maior importância ou de maior cobertura, conforme é apresentado na Tabela a seguir, que mostra a densidade, a dominância e a freqüência das 105 espécies florestais encontradas pelo inventário. 71 Densidade, Dominância e Freqüência das 105 espécies florestais encontradas pelo inventário florestal da bacia de acumulação do futuro reservatório do AHE Barra Grande N Espécie 1Cupania vernalis 2Nectandra lanceolata 3Ocotea puberula 4Luehea divaricata. 5Nectandra megapotamica 6Parapiptadenia rigida 7Dalbergia frutescens 8Matayba elaeagnoides 9Nectandra grandiflora 10Sapium glandulatum 11Campomanesia xanthocarpa 12Sebastiania schottiana 13Rollinia sp. 14Albizia niopoides 15Allophylus edulis 16Lithraea brasiliensis 17Erythrina falcata 18Myrcianthes pungens 19Cedrela fissilis 20Allophylus guaraniticus 21Bauhinia forficata 22Myrcianthes gigantea 23Não identificada 24Myrocarpus frondosus 25Phytolacca dioica 26Patagonula americana 27Diatenopteryx sorbifolia 28Trichilia elegans 29Casearia decandra 30Ficus insipida 31Inga lentiscifolia 32Aspidosperma parvifolium 33Eugenia uniflora 34Stillingia oppositifolia 35Machaerium paraguariense. 36Prunus myrtifolia 37Ocotea pulchella 38Ruprechtia laxiflora 39Syagrus romanzoffiana 40Myrsine laetevirens 41Nectandra sp. 42Cipós 43Hovenia dulcis 44Zanthoxylum rhoifolium 45Ocotea sp. 46Celtis iguanaea 47Banara parviflora 48Campomanesia guazumifolia 49Gymnanthes concolor 50Baccharis punctulata 51Araucaria angustifolia Densidade - n/ha (%) 12,54 10,16 9,51 6,95 6,60 3,81 3,48 2,85 2,59 2,48 2,04 1,99 1,80 1,78 1,54 1,51 1,46 1,39 1,33 1,28 1,12 1,04 0,97 0,86 0,84 0,83 0,81 0,78 0,75 0,66 0,63 0,62 0,62 0,60 0,55 0,50 0,50 0,49 0,49 0,45 0,45 0,45 0,44 0,41 0,37 0,37 0,34 0,32 0,32 0,32 0,28 Espécie Nectandra lanceolata Luehea divaricata. Ocotea puberula Nectandra megapotamica Cupania vernalis Parapiptadenia rigida Nectandra grandiflora Cedrela fissilis Erythrina falcata Campomanesia xanthocarpa Dalbergia frutescens Myrcianthes gigantea Myrcianthes pungens Matayba elaeagnoides Phytolacca dioica Allophylus edulis Albizia niopoides Myrocarpus frondosus Sebastiania schottiana Lithraea brasiliensis Sapium glandulatum Patagonula americana Prunus myrtifolia Allophylus guaraniticus Não identificada Zanthoxylum rhoifolium Araucaria angustifolia Ruprechtia laxiflora Lamanonia ternata Ocotea sp. Ocotea pulchella Rollinia sp. Helietta apiculata Trichilia elegans Ficus insipida Aspidosperma parvifolium Syagrus romanzoffiana Eugenia uniflora Myrsine laetevirens Ocotea porosa Stillingia oppositifolia Casearia decandra Diatenopteryx sorbifolia Machaerium paraguariense. Bauhinia forficata Sloanea lasiocoma Nectandra sp. Hovenia dulcis Inga lentiscifolia Campomanesia guazumifolia Banara parviflora Dominância - g/ha (%) 10,78 10,03 9,79 9,56 8,52 5,01 3,78 3,63 3,14 2,06 2,04 1,76 1,71 1,68 1,41 1,40 1,35 1,35 1,21 1,19 1,10 1,03 0,83 0,80 0,72 0,70 0,70 0,67 0,66 0,62 0,61 0,60 0,52 0,50 0,49 0,48 0,47 0,47 0,42 0,41 0,39 0,38 0,36 0,33 0,28 0,27 0,24 0,24 0,20 0,16 0,15 Espécie Frequência - n UA / n total UA (%) Luehea divaricata. Cupania vernalis Parapiptadenia rigida Nectandra megapotamica Ocotea puberula Dalbergia frutescens Nectandra lanceolata Sebastiania schottiana Albizia niopoides Sapium glandulatum Rollinia sp. Campomanesia xanthocarpa Matayba elaeagnoides Cedrela fissilis Não identificada Allophylus guaraniticus Allophylus edulis Lithraea brasiliensis Erythrina falcata Phytolacca dioica Bauhinia forficata Myrocarpus frondosus Casearia decandra Eugenia uniflora Zanthoxylum rhoifolium Patagonula americana Prunus myrtifolia Nectandra grandiflora Inga lentiscifolia Myrcianthes pungens Aspidosperma parvifolium Diatenopteryx sorbifolia Myrsine laetevirens Syagrus romanzoffiana Stillingia oppositifolia Machaerium paraguariense. Ruprechtia laxiflora Campomanesia guazumifolia Cipós Ocotea sp. Solanum mauritianum. Ocotea pulchella Araucaria angustifolia Myrcianthes gigantea Eugenia involucrata Solanum pseudoquina Celtis iguanaea Banara parviflora Helietta apiculata Nectandra sp. Ateleia glazioviana 5,11 4,96 4,16 4,01 3,80 3,80 3,58 2,99 2,92 2,70 2,70 2,63 2,48 2,34 2,19 2,12 1,97 1,90 1,82 1,75 1,68 1,61 1,61 1,61 1,61 1,46 1,39 1,24 1,17 1,09 1,09 1,02 1,02 0,95 0,88 0,88 0,88 0,88 0,80 0,73 0,73 0,66 0,66 0,58 0,58 0,58 0,51 0,51 0,51 0,44 0,44 72 52Rollinia sylvatica 53Eugenia involucrata 54Trichilia catigua 55Solanum pseudoquina 56Ateleia glazioviana 57Solanum mauritianum. 58Citrus sp. 59Helietta apiculata 60Chrysophyllum gonocarpum 61Myrsine umbellata 62Banara tomentosa 63Trema micrantha 64Ocotea porosa 65Myrceugenia foveolata 66Lamanonia ternata 67Sloanea lasiocoma 68Blepharocalyx salicifolius 69Casearia sylvestris 70Styrax leprosus 71Coutarea hexandra 72Vitex megapotamica 73Myrcia obtecta 74Piptocarpha angustifolia 75Picrasma crenata 76Schinus terebinthifolius 77Randia armata 78Pinus sp. 79Trichilia claussenii 80Pilocarpus pennatifolius 81Maytenus ilicifolia 82Xylosma tweedianum 83Holocalyx balansae 84Faramea marginata 85Symplocos uniflora 86Acacia bonariensis 87Roupala asplenioides 88Matayba junglandifolia 89Plinia trunciflora 90Eugenia pyriformis 91Dicksonia sellowian 92Apuleia leiocarpa 93Zanthoxylum kleinii 94Eupatorium polystachyum 95Roupala cataractarum 96Ficus luschnathiana 97Persea americana 98Psidium cattleyanum 99Eugenia rostrifolia 100Mimosa scabrella. 101Ilex paraguariensis 102Miconia hyemalis 103Phyllanthus sellowianus 104Bauhinia microstachya 105Piper arboreum 0,26 0,24 0,23 0,21 0,19 0,19 0,19 0,18 0,18 0,18 0,16 0,15 0,13 0,13 0,11 0,11 0,11 0,11 0,10 0,10 0,10 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,06 0,06 0,06 0,06 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 Blepharocalyx salicifolius Cipós Celtis iguanaea Solanum pseudoquina Styrax leprosus Trichilia catigua Eugenia involucrata Coutarea hexandra Ateleia glazioviana Gymnanthes concolor Pinus sp. Chrysophyllum gonocarpum Myrsine umbellata Solanum mauritianum. Myrcia obtecta Citrus sp. Baccharis punctulata Banara tomentosa Piptocarpha angustifolia Trema micrantha Vitex megapotamica Casearia sylvestris Myrceugenia foveolata Picrasma crenata Roupala asplenioides Roupala cataractarum Rollinia sylvatica Schinus terebinthifolius Matayba junglandifolia Trichilia claussenii Pilocarpus pennatifolius Plinia trunciflora Xylosma tweedianum Eugenia pyriformis Dicksonia sellowian Holocalyx balansae Maytenus ilicifolia Ficus luschnathiana Randia armata Persea americana Psidium cattleyanum Eugenia rostrifolia Mimosa scabrella. Ilex paraguariensis Apuleia leiocarpa Zanthoxylum kleinii Faramea marginata Miconia hyemalis Phyllanthus sellowianus Symplocos uniflora Acacia bonariensis Eupatorium polystachyum Bauhinia microstachya Piper arboreum 0,15 0,13 0,13 0,13 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,11 0,10 0,09 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,07 0,07 0,06 0,06 0,05 0,05 0,05 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,00 0,00 Trichilia elegans Gymnanthes concolor Baccharis punctulata Myrsine umbellata Trema micrantha Lamanonia ternata Styrax leprosus Piptocarpha angustifolia Ficus insipida Banara tomentosa Myrceugenia foveolata Blepharocalyx salicifolius Casearia sylvestris Coutarea hexandra Randia armata Maytenus ilicifolia Hovenia dulcis Rollinia sylvatica Trichilia catigua Chrysophyllum gonocarpum Ocotea porosa Sloanea lasiocoma Picrasma crenata Schinus terebinthifolius Faramea marginata Symplocos uniflora Acacia bonariensis Citrus sp. Vitex megapotamica Myrcia obtecta Pilocarpus pennatifolius Xylosma tweedianum Roupala asplenioides Matayba junglandifolia Eugenia pyriformis Zanthoxylum kleinii Pinus sp. Trichilia claussenii Holocalyx balansae Plinia trunciflora Dicksonia sellowian Apuleia leiocarpa Eupatorium polystachyum Roupala cataractarum Ficus luschnathiana Persea americana Psidium cattleyanum Eugenia rostrifolia Mimosa scabrella. Ilex paraguariensis Miconia hyemalis Phyllanthus sellowianus Bauhinia microstachya Piper arboreum 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,29 0,29 0,29 0,29 0,29 0,29 0,29 0,29 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 73 EM NEGRITO ESTÃO ASSINALADAS 7 DAS 14 ESPÉCIES DE INTERESSE ESPECIAL REFERIDAS NO TC (O INVENTÁRIO ENCONTROU 7 DAS 14 ESPÉCIES, AS 7 ESPÉCIES RESTANTES, HERBÁCIAS E ARBUSTIVAS, FORAM ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DO PROJETO DE MANEJO E SALVAMENTO DE FLORA. Densidade Relativa - n/ha (%) = Número de indivíduos por ha em percentagem Dominância Relativa - g/ha (%) - Área basal por ha em percentagem Frequência Relativa - n UA / n total UA (%) - Número de Unidades Amostrais que a espécie é encontrada em relação ao número total de Unidades Amostrais Fonte: Inventário Florestal da Bacia de Acumulação do Reservatório do AHE Barra Grande (ETS, 2003). Ainda que a Araucaria angustifolia apresente apenas a 51ª Densidade Relativa (0,28%), a 27ª Dominância Relativa (0,70%) e a 43ª Freqüência Relativa (0,66%), entre as espécies listadas para a área de alagamento, no inventário florestal, há uma quantidade significativa de araucárias nas Áreas de Preservação Permanente do empreendimento (faixa adquirida de 30 metros) e em suas áreas adjacentes, principalmente no vale do rio Vacas Gordas e no vale do rio Pelotas, nas encostas das fazendas Guamirim/Gateados e Paequerê. Inspeções por terra também foram realizadas, no dia 9 de março, onde se pôde perceber a dificuldade de acesso ao local onde encontra-se a referida formação vegetal. Utilizou-se o único acesso existente, passando pelo interior da Fazenda Gateados, e que chega à foz do rio Vacas Gordas, pela sua margem direita. Este acesso é trafegável somente em dias secos e utilizando-se de veículos com tração nas 4 rodas, permitindo a passagem de um único veículo por vez. Apesar da existência dessa estrada, a retirada de material florestal do vale do rio Vacas Gordas exigiria a abertura de novas pistas. Para evitar danos à APP (ecossistemas remanescentes), essas pistas deveriam ser abertas somente na área de inundação, partindo de sua foz e seguindo à montante pela(s) sua(s) margem(ns), até o fim da área de alagamento nesse curso hídrico. Entretanto, cabe ressaltar que, além da declividade acentuada daquele local, existem inúmeros afloramentos rochosos que impediriam os trabalhos de abertura de estradas. Também foi verificado que a largura e o estado de conservação das pistas hoje existentes não permitem o trafego de veículos de grande porte, sem que sejam procedidos melhoramentos. As obras de melhoria dessas estradas, procedendo ao alargamento necessário, assim como a abertura de áreas de empréstimo de cascalho acarretariam um impacto considerável com a supressão de árvores nos remanescentes florestais localizados acima da cota máxima de inundação, que irão compor a futura APP do reservatório. Notou-se que, além da declividade acentuada desta pista, existe uma distância considerável a ser percorrida (aproximadamente 3.000 metros), da área de alagamento até o local onde as estradas são melhores e mais planas, permitindo o tráfego de caminhões. A supressão de vegetação constitui-se em atividade de alto risco de ocorrência de acidentes de trabalho. Estes riscos são consideravelmente potencializados quando se acrescenta o fator declividade acentuada e por se tratar de formações vegetais nativas, com a distribuição irregular dos indivíduos, fustes tortuosos e a presença de inúmeras espécies de lianas entrelaçando as suas copas. 74 Após as análises de todos os fatores envolvidos, em especial os danos que seriam causados nos remanescentes florestais localizados acima da cota máxima de alagamento, que abrigam a maior parte dos exemplares de araucária existentes na região, além do potencial de risco de acidentes de trabalho desta atividade, não se recomenda a extração de material florestal nessas áreas. ANÁLISE Conforme o modelo matemático, CE-QUAL-W2, rodado para a área do empreendimento, contém uma nova simulação para a água do reservatório. Em junho/2003 foi concluído o primeiro estudo sobre a qualidade da água utilizando o modelo CE-QUAL-R1, consolidado através do Relatório de Modelagem da Qualidade da Água do Reservatório da UHE Barra Grande (volume 1). O objetivo era o de avaliar os efeitos sobre a qualidade da água em decorrência das várias hipóteses de desmatamento. Naquele momento, como não havia sido concluído os trabalhos do Inventário Florestal da vegetação a ser inundada pelo empreendimento, utilizou-se de dados bibliográficos para a densidade de fitomassa alagada, recurso este comum em estudos similares. Os resultados da modelagem estão em apenso. Posteriormente, com a conclusão do Inventário Florestal, foi verificado que a vegetação da região apresentava uma densidade de fitomassa inferior a adotada anteriormente. Mesmo estando em favor da segurança, realizou-se uma nova simulação cujos resultados expressaram uma situação bastante similar ao do relatório anterior. Esta nova simulação resultou no Relatório Estudo Complementar de Modelagem Matemática da Qualidade da Água no Reservatório da AHE Barra Grande (volume II), de outubro/2003. O relatório apresentado não objetivava mais tanto a avaliação de cenários, mas sim começar a preparar um processo de modelagem para o acompanhamento do enchimento e da fase de estabilização do futuro reservatório, razão pela qual foi utilizado o modelo CE-QUAL-W2. Logicamente que a comparação entre os modelos seria inevitável, ainda mais que as condições aplicadas foram as mesmas, tendo os resultados apontados para uma forte similaridade entre as tendências verificadas tanto no R1 como no W2. Como próximo passo pretende-se acompanhar o enchimento do reservatório “alimentando” o modelo com valores reais de vazão, qualidade da água e das condições meteorológicas, mês a mês, até o 36º mês. O modelo CE-QUAL-W2 da US Army Engineer Waterways Experiment Station (WES) em sua primeira versão – Laterally Averaged Reservoir Model - LARM, foi apresentado em 1975 e não era capaz de representar situações estuarinas, nem casos complexos que envolvessem subdivisões no sistema pela sua característica unidimensional. Através de diversas melhorias na capacidade de representação em múltiplas divisões, incorporação ao seu conjunto de funções os algoritmos de qualidade da água, melhorias também nos processos de transporte e no cálculo dos balanços de energia chegou-se a versão atual do modelo, CE-QUAL-W2 Versão 3.1, que foi utilizada para as simulações da qualidade da água no futuro reservatório do AHE Barra Grande. Caracteriza-se como um modelo bidimensional da categoria dos modelos lateralmente homogêneos sendo amplamente utilizado em reservatórios de 75 profundidades crescentes e pouca variação entre as margens. Desta forma, a principal orientação para a análise numérica se dá para os processos longitudinais e de profundidade. Este modelo em sua versão 3.1 é bastante robusto e versátil, entretanto temos limitações em sua concepção teórica. Há também simplificações de homogeneidade lateral através das equações hidrodinâmicas e de transporte, onde são desprezíveis as variações de velocidades laterais, temperatura e concentrações de constituintes. Dentre as principais simplificações na representação dos ecossistemas estudados destacamos: a) Modelo não admite mais de um tipo de fitoplâncton; b) Desconsidera o zooplâncton e seus efeitos sobre a comunidade de algas e sobre a ciclagem dos nutrientes e, c) Desconsidera os efeitos das comunidades de macrófitas na hidrodinâmica e qualidade da água. Os dados requisitados pelo modelo CE-QUAL-W2 para a representação física e geotopográfica do reservatório são: a) b) c) d) e) f) Comprimento longitudinal em cada segmento definido (em metros); Ângulo, em relação ao leste, para cada segmento (em radianos); A elevação do nível de água para cada segmento (em metros) A espessura de cada camada definida (em metros); A largura na superfície de cada segmento (em metros); As larguras nas demais camadas para estes segmentos (em metros) Para a representação geométrica do sistema a ser modelo do futuro reservatório de Barra Grande, foi dividido em 24 seções ao longo do seu eixo longitudinal. As distâncias médias destes segmentos variaram em torno de 5 km. Através da restituição aerofotogramétrica executada pela Aeroconsult na escala 1:10.000, foi realizada a discretização destas seções transversais, obtendo-se as suas características batimétricas nos pontos onde os talvegues são interceptados por curvas de nível. Foram determinadas 40 camadas verticais com 05 metros, variando entre as cotas 475,0m e 665,0m, sendo que 02 (dois) segmentos são utilizados na resolução do sistema, sem significância geométrica. Para os estudos de simulação da qualidade da água a fração relevante da fitomassa é a rapidamente degradável, também chamada de “material verde”, representada pelas folhas, galhos, casca e serapilheira. A fração lenhosa da vegetação de maior porte é constituída de grande porcentagem de celulose que, embora sendo também matéria carbonácea, resiste muito mais a ação biológica aeróbia, provocando um consumo de oxigênio muito mais lento. Nesta simulação avaliou-se para as condições de vazões médias os mesmos 04 cenários de desmatamento do relatório anterior: Hipótese D1: Enchimento do reservatório até N.A. normal, sem retirada de biomassa vegetal na área a ser inundada. 76 Hipótese D2: Enchimento do reservatório até N.A. normal, com retirada de 13,2% da biomassa vegetal, correspondendo a um desmatamento de 17,1% na área a ser inundada. Hipótese D3: Enchimento do reservatório até N.A. normal, com retirada de 32,7 % da biomassa vegetal, correspondendo a um desmatamento de 43,5% na área a ser inundada. Hipótese D4: Enchimento do reservatório até N.A. normal, com retirada de 95,7 % da biomassa vegetal, correspondendo a um desmatamento teórico de 100,0 % na área a ser inundada. Todos os cenários consideraram o início do enchimento no mês de setembro/2004, vazão de descarga durante o enchimento de 16,0 m3/s, início de geração de energia com a primeira turbina em setembro/2005, segunda turbina em dezembro/2005 e terceira turbina em março/2006, com vazão de 165 m3/s para cada turbina. Para a caracterização do deplecionamento durante o período de operação, as simulações contemplaram a variação do nível do reservatório desde a cota máxima normal (cota 647,0 m) atingida no final do enchimento até a cota mínima de geração (cota 617,0 m). Desta forma, através da limitação da vazão turbinada garantiu-se a recuperação anual da cota máxima normal. Comparando-se os quatro cenários estudados, pode-se observar, para os primeiros 2 anos, um comportamento semelhante para as alternativas D1, D2 e D3, que apresentam uma região anóxica maior que a alternativa D4. Após este período, onde já ocorreu a degradação da matéria orgânica lábil incorporada não se verifica situações distintas entre os cenários. Conforme resultados anteriores o período crítico de anoxia ocorre durante a fase de enchimento do reservatório, prolongandose até o início da liberação das águas pela tomada d’água, coincidindo, assim, com o processo de incorporação de biomassa vegetal. Outra tendência que se manteve foi a de que os cenários praticamente se igualaram a partir de 02 anos do início de enchimento, havendo uma elevação nos níveis de oxigênio dissolvido da cabeceira do reservatório em direção ao barramento com uma lâmina média de mais de 50 metros a partir da superfície, logo após o enchimento (mês 10 após o início do enchimento) para os cenários D1, D2 e D3. Este efeito é causado pelo inicio do vertimento das vazões de excesso pela estrutura de saída da barragem (vertedor), localizado na cota 627,0 m e que proporciona estes níveis de aeração mais abaixo da linha de superfície. Para o cenário D4 temos a elevação nos níveis de anoxia a partir do primeiro ano do início de enchimento e igualando-se aos demais cenários a partir do segundo ano. Os perfis de oxigênio dissolvido também mostram que após o início de operação dos vertedores ocorre uma grande renovação das camadas superficiais do reservatório, introduzindo níveis de OD acima de 3,0 mg/l numa faixa variando entre 50 e 70 metros e tornando-se mais estabilizada a partir do segundo ano após o início de enchimento, quando já temos a operação das turbinas geradoras (em cota mais abaixo dos vertedores – cota 602,0 m). Especificamente durante o período de enchimento os cenários D1, D2 e D3 são bastante semelhantes e mostram que ainda durante este período temos a ocorrência de uma camada aeróbia entre 10 e 15 m, sendo que nas regiões da cabeceira do reservatório estes camadas são ainda maiores (aproximadamente 30 m) pela influência das maiores vazões aportadas pelo principal tributário, o rio Pelotas. Para 77 o cenário D1 temos o OD médio variando entre 0,03 e 0,31 mg/l, nas camadas superficiais junto ao barramento logo após o primeiro mês de enchimento e tendendo a sua elevação nos meses subseqüentes ao enchimento (chegando entre 4,0 e 7,0 mg/l no final do enchimento). O cenário D2 apresentou o OD médio entre 0,6 e 1,7 mg/l nas camadas superficiais logo após o primeiro mês de enchimento, chegando a 4,5 a 9,0 mg/l no final do enchimento, no terço final do reservatório junto ao barramento. Para o cenário D3 temos uma situação levemente melhor com OD médio entre 1,8 e 4,0 mg/l abaixo da superfície no primeiro mês de enchimento e crescendo para níveis de 6,0 a 9 mg/l no final de enchimento. Com relação a DBO temos que as concentrações deste constituinte para os cenários D1, D2 e D3 durante o período de enchimento sofrem pequenas diferenças e que após este período há uma tendência de ocorrência de maiores concentrações na região mais profunda e de anoxia do mesmo, uma vez que esta região sofre pouca renovação de suas águas pelas estruturas de saída de vazões e ainda há a ocorrência de processos de degradação de matéria orgânica. Gradativamente ao longo do tempo, percebemos que com os processos de degradação da matéria orgânica nesta região, temos a redução de seus valores tendendo a níveis mais próximos das cargas orgânicas incorporadas pelos aportes naturais da bacia de contribuição. A exemplo do comportamento do oxigênio dissolvido com o final do enchimento e início da geração temos uma redução nos níveis de DBO das camadas superficiais (em torno de 30 a 50m) apresentando um comportamento semelhante para os 4 cenários. Desta forma, semelhante ao CE-QUAL-R1 teremos as maiores DBO liberadas para jusante durante o período de enchimento, onde as vazões liberadas serão captadas na região mais profunda do reservatório. Logo após a chegada do nível d´água na cota máxima normal (647,0 m) as águas a serem liberadas serão captadas através dos vertedores e turbinas na porção mais elevada da coluna de água e portanto, liberarão valores de DBO bem menores e semelhantes ao cenário D4. A grande diferença neste caso está durante o enchimento onde temos para o cenário D4 a liberação de menores valores de DBO. Para os demais cenários o período crítico de liberação de concentrações altas de DBO ocorrem nos primeiros meses do enchimento, quando a vazão liberada para jusante é de 16 m³/s e tendem a igualar-se ao cenário D4 após o início de vertimento e geração. Entretanto, visto que estas vazões defluentes tem baixa magnitude não será configurado um grande comprometimento da qualidade das águas na região do final do remanso da UHE Machadinho, conforme resultados da modelagem anterior. Analisando-se o constituinte relacionado a problemas de eutrofização, verificou-se a partir da evolução das concentrações de nitrogênio amoniacal, que em todos os casos, ocorre uma evolução similar para as 4 alternativas a partir do segundo ano do início do enchimento, ocorrendo valores mais altos de concentrações para as alternativas D1, D2 e D3 nos dois primeiros anos. Conforme a DBO, após o início de vertimento e geração de energia as camadas de água acima da cota 580,0m sofrerão maiores renovações tendendo os cenários D1, D2 e D3 a valores compatíveis com o cenário D4 (100% desmatado). As maiores concentrações foram obtidas para a região mais profunda do reservatório, sendo esta ocasionada pelo elevado deplecionamento de oxigênio dissolvido nestas 78 camadas e teores de matéria orgânica a ser decomposta lentamente. As principais diferenças encontradas na qualidade da água no reservatório em função dos distintos percentuais de desmatamento encontrados, estão restritas ao período de enchimento. Após este período, com a incorporação da biomassa inundada rapidamente degradável, e com a renovação das águas do reservatório, as quatro alternativas simuladas apresentam um comportamento semelhante. As alternativas de desmatamento parcial estudadas e o cenário sem desmatamento não apresentaram diferenças significativas. Conforme mencionado, a adoção de valores médios para os dados hidrometeorológicos é suficiente para o presente estudo comparativo, devendo, no entanto, o comportamento limnológico do futuro lago ser condicionado pelas condições efetivamente que ocorram durante o período de enchimento, uma vez que o modelo mostrou-se sensível a estas alterações. Com relação ao trecho de jusante da barragem, fica limitado aos meses iniciais do enchimento o período de influência das vazões liberadas pela UHE Barra Grande. Neste período a UHE Machadinho estará sujeita a um acréscimo de demanda biológica de oxigênio – DBO, não devendo, no entanto haver comprometimento ambiental maior, visto que a vazão a ser liberada neste período possui baixa magnitude (16 m3/s). Para um acompanhamento efetivo da variação e comportamento dos parâmetros da qualidade da água analisados durante a fase de enchimento, sugere-se a realização de monitoramento diário ou no mínimo semanal de um ponto à montante da barragem (próxima ao eixo) e um à jusante. Para isso, os pontos já utilizados no monitoramento da fase de pré-enchimento devem ser relocados para que se disponha de um ponto junto ao corpo da barragem. Paralelamente, através dos resultados do monitoramento das condições da qualidade das águas liberadas para jusante (durante este período), deverá ser avaliado a necessidade de intensificar ações de controle de usos, que por ventura venham a ocorrer, junto à região imediatamente a jusante do barramento e no inicio do lago da UHE Machadinho. Novos estudos envolvendo modelagem matemática da qualidade da água, com a consideração de outros fatores e novas variantes operacionais, podem ser posteriormente elaborados para dar adequado subsídio à gestão do reservatório. Considerando os reservatórios existentes à jusante do barramento, recomenda-se que seja utilizado o mesmo modelo para os 3 reservatórios, e um modelo para cálculo de geração de cargas na bacia de contribuição que considere as cargas geradas pelos setores urbano, industrial e agropecuário. A utilização de um GIS acoplado ao modelos de geração de cargas e de qualidade da água, permitirá a consolidação de um instrumento para a gestão da Bacia do Rio Pelotas, podendo-se otimizar a utilização dos recursos hídricos da bacia em função das atividades sócioeconômicas observadas e ou planejadas. Vale lembrar que instrumento semelhante deverá ser desenvolvido pela futura agência de bacia, para dar subsídios ao Plano de Bacia, à outorga de captações e lançamento de efluentes, ao enquadramento dos cursos d’água e à definição dos valores de cobrança pelo uso da água pelos distintos segmentos de usuários. Calha salientar que está sendo finalizado o Plano de Uso do Entorno do Reservatório de Barra Grande, que dará subsídios à delimitação da futura APP. A orientação do IBAMA nos trabalhos de supressão foi aliado aos fatores proteção e preservação destas áreas. 79 Desta forma, consideramos a Hipótese D3 na definição dos quantitativos para supressão, considerando as análises posteriores atinentes às áreas a serem efetivamente desmatadas ou que deverão permanecer intactas, em confronto com as condições de segurança e ambientais que se façam restritivas. Os resultados dos cenários da Modelagem Matemática encontram-se em apenso. PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS DAS ATIVIDADES DE SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO Objetivos Gerais: a) evitar o excesso de nutrientes decorrentes da decomposição da vegetação submersa; b) diminuir o processo de eutrofização das águas do reservatório a ser formado; c) evitar odores desagradáveis provocados pelo gás sulfídrico decorrente da decomposição da vegetação submersa; d) propiciar o aproveitamento econômico da matéria prima florestal; e) aproveitar o material botânico disponível na área; f) contribuir para a ação estética do lago; g) minimiza os problemas de saúde pública (diminuindo focos e criadouros de vetores); e, h) reduzir drasticamente os problemas com a fauna no momento do enchimento. Objetivos Específicos: a) propiciar uma destinação econômica para o material lenhoso proveniente do desmatamento das áreas da obra e da área de inundação; b) reduzir ao mínimo a necessidade de resgate de fauna, estimulando a saída espontânea ou afugentamento mediante o desmatamento orientado e acompanhado por equipes de monitoramento e salvamento da fauna, reduzindo o estresse causado pelo resgate, os custos da operação e ampliando o sucesso dos programas voltados à conservação da fauna; c) salvaguardar remanescentes contíguos à faixa marginal e entorno, limítrofes da cota máxima de inundação, cuja finalidade será múltipla; d) possibilitar a utilização do reservatório em atividades de recreação e lazer, propostas em programa específico; e) eliminar possíveis focos de contaminação de organismos patogênicos à saúde humana nos recursos hídricos superficiais e nos aqüíferos; f) possibilitar o aproveitamento do matéria orgânica sem valor comercial (galhada, folhas, etc); g) propiciar o resgate brando da fauna; h) aproveitar as espécies de flora para a recomposição das margens e das áreas degradadas e, i) evitar entraves para a navegação durante o enchimento do reservatório. Metas a) retirar a vegetação existente nas áreas da obra e naquelas que serão alagadas, na quantidade a ser definida pelo Plano Geral de Desmatamento, o qual considerará os seguintes aspectos: b) declividade do terreno; c) possibilidade de acesso; d) resultados da modelagem matemática; e) estudos da ictiofauna; e, f) áreas de interesse estético e paisagístico. 80 Indicadores Ambientais a) os elementos relacionados a seguir serão utilizados como indicadores ambientais da eficiência do programa. b) percentual das áreas de inundação livres de vegetação; c) quantidade de áreas desvegetadas versus espécies da fauna migradas e/ou salvas; d) índices de Qualidade da Água compatíveis com a classe 2; e) inexistência de mortandade de peixes, após a formação do reservatório; f) ausência de "paliteiros"; g) pequena quantidade de material flutuante durante o enchimento do reservatório; h) pequena quantidade de macrófitas aquáticas; e, i) inexistência ou baixo índice de eutrofização da água. É importante salientar que a avaliação e o acompanhamento dos resultados da implantação do programa serão realizados a partir dos testes e análises da qualidade da água durante o enchimento e na fase operacional do AHE Barra Grande. As avaliações durante a implementação do referido programa serão realizadas a partir dos seguintes parâmetros: a) a retirada do material lenhoso será comprovada através da presença constante do Supervisor Ambiental, que realizará vistorias e acompanhará a execução dessas atividades; b) a ausência de material orgânico será constatada através de análises de nutrientes e patógenos do solo, até a obtenção de valores satisfatórios; c) a neutralização do pH em fossas será comprovada através de análises da água em aqüíferos próximos às áreas desinfectadas e, d) a ausência de focos de doenças será evidenciada através de análise da coleta de amostras de água em diversos trechos da área a ser alagada. No planejamento dos trabalhos de supressão de vegetação da bacia de acumulação do futuro reservatório, procurou-se seguir um conjunto de métodos que proporcionasse a necessária integração com os outros Programas/Projetos do PBA. Para isso, além de prever a metodologia a ser adotada nos trabalhos de supressão de vegetação (procedimentos de segurança e medicina do trabalho, de corte, segmentação, classificação, transporte, estocagem e destinação do material florestal obtido etc.), houve também o planejamento prévio de cada uma das etapas envolvidas, com o objetivo de se mitigarem os impactos advindos dessa atividade específica. Com relação ao meio físico e biótico, várias providências foram tomadas, com o sentido de integrar, às atividades de supressão, o atendimento dos demais Programas/Projetos do PBA. Desta forma, também se planejou a orientação do sentido da derrubada, em função do salvamento brando da fauna, determinando antecipadamente Áreas-destino e os procedimentos de manejo e relocação dos animais em cada lote de supressão. Foi priorizado, o salvamento antecipado da flora, com o aproveitamento de sementes, mudas e estacas para os trabalhos de recomposição da área de proteção ciliar do futuro reservatório e reflorestamentos, com espécies nativas, atendendo a outros Programas/Projetos específicos. Foi priorizado, de maneira antecipada, o salvamento dos patrimônios arqueológico, histórico, cultural e paisagístico, bem como os trabalhos de demolição, desinfecção e desinfestação das propriedades 81 adquiridas pelo empreendedor, entre outras atividades. CONSIDERAÇÕES Considerando que: a) As atividades de supressão de vegetação foram realizadas exclusivamente nas áreas determinadas pela ASV 12/2004 e abaixo da cota 647m, com efetivo acompanhamento por parte deste Instituto; b) O desmatamento ocorreu estritamente dentro das normas de segurança para a derrubada, traçamento, enleiramento, transporte e disposição final do material explorado; c) O cronograma de desmatamento acompanhou pari e passo o Projeto de Supressão apresentado e aprovado pelo IBAMA; d) A Modelagem Matemática elencou a Hipótese D3 como parâmetro da supressão de vegetação com retirada de 32,7 % da biomassa vegetal, correspondendo a um desmatamento de 43,5% na área de florestas a serem inundadas, apesar de que foi suprimida efetivamente uma área de 1.437 ha, em virtude dos motivos supra elencados no bojo desta Informação Técnica; e) As áreas restritivas localizadas nas ARST não foram suprimidas; f) A Modelagem Matemática evidenciou que as quatro hipóteses dos percentuais de supressão tendem a uma situação de similaridade após o 36º mês do início do enchimento do reservatório; g) As condicionantes da ASV 12/2004 e do Termo de Compromisso foram cumpridas na íntegra; h) A supressão não foi realizada nas áreas onde a topografia não oferecesse condições de segurança para trânsito dos equipamentos rodoviários, para o manuseio das motosseras e retirada dos indivíduos suprimidos; i) Independentemente da real supressão de vegetação que se aplicar na bacia de acumulação, a qualidade da água será praticamente a mesma, após o 36º mês, e durante toda a vida útil do empreendimento, prevista pata um mínimo de 30 anos; j) A supressão de vegetação coadunou com as Resoluções CONAMA 33/94, 04/94, 300/02 e 13/90 e com a Resolução ANEEL Nº 395, de 4 de dezembro de 1998; k) O empreendedor cumpriu o disposto na Medida Provisória 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, no que tange às medidas de caráter compensatório pela supressão da vegetação considerada de preservação permanente; l) Os povoamentos efetivamente atingidos de Araucaria angustifolia totalizam 220,05 hectares, equivalente a 2,64% dos quantitativos florestais da bacia de acumulação e, m) As condições de qualidade de água deverão ter acompanhamento através da Modelagem Matemática (CE-QUAL-W2), mesmo após o enchimento do lago como instrumento de gestão do aqüífero. Conclusão As atividades de Supressão da Vegetação iniciaram em outubro de 2004, ficando paralisadas nos meses de novembro e dezembro, reiniciando em janeiro de 2005. Apesar de todo o planejamento das atividades específicas pertinentes à supressão vegetal, foram constatados erros na execução das mesmas por parte das duas empresas contratadas, tais como de se fazer a derrubada de árvores e na seqüência se fazer o desgalhamento e seccionamento do material de aproveitamento 82 comercial. Ademais, as árvores derrubadas inteiras e por muitos dias, dificulta de forma acentuada o desgalhamento e seccionamento desse material. Guinchar árvores derrubadas inteiras em declives acentuados também não obteve sucesso na operação de supressão inicial, porem guinchar feixes do material seccionado foi aprovado e esta sendo atualmente utilizado. O uso de correntão nas condições de declividade também foi testado e desaprovado. Foram registrados três incêndios dentro das ARST`s, o primeiro atingindo uma área de dois hectares, o segundo de menor proporção atingindo ¼ hectare e um terceiro atingindo vinte hectares. O segundo foi constatado a proveniência por descuido de uma equipe de Salvamento da Fauna ao se fazer o resgate de um vespeiro usando o fogo. O primeiro e o terceiro podem ter sido de origem criminosa. Para os três casos fez-se Boletim de Ocorrência. Mesmo com erros e acertos por parte de todos envolvidos, espera-se a conclusão da atividade de Supressão da Vegetação para o inicio do mês de abril/2005. Todos esforços estão direcionados para o termino dos trabalhos dentro do período proposto sem contudo influenciar na qualidade do produto e segurança dos trabalhadores. Diante da minuciosa vistoria aérea e terrestre, do detalhamento técnico norteador dos trabalhos de campo e dos encaminhamentos adotados e considerados aceitáveis nos procedimentos de supressão de vegetação, concluímos que as áreas críticas de topografia e concentração florestal nas ARST, num total de 1.243,28 hectares, áreas consideradas restritivas, não deveriam sofrer intervenção. Evidenciamos que as ANRST não devem ser desmatadas, incluindo naquelas, as áreas povoadas por Araucaria angustifolia. Tal prerrogativa baseia-se no oferecimento de enorme risco à integridade humana e a futura APP, espelhado na isodeclividade, na ausência total de acessos viários e nos resultados irrefutáveis atribuídos à Modelagem Matemática. O relatório fotográfico atesta a veracidade da situação circunstanciada. Por fim, esclarecemos que em hipótese alguma o projeto deverá sofrer alteração quanto às cotas referentes ao NA MÍNIMO NORMAL e do NA MÁXIMO NORMAL, além da depleção já mencionada para a fase operação do aproveitamento. Após detalhada e conclusiva vistoria ao empreendimento, após a análise das condicionantes da ASV 12/2004 e após análise do Termo de Compromisso firmado em 15 de setembro de 2004, quanto às atividades de desmatamento e as obrigações do IBAMA, concluímos que não existem pendências técnicas quanto as atividades de supressão de vegetação e limpeza da bacia de acumulação, considerando o programa atendido. Documentos Analisados Referentes ao Meio Físico 01) PROGRAMA 2. HIDROLOGIA, CLIMATOLOGIA E QUALIDADE DA ÁGUA - Projeto 2.1 – Observação das Condições Hidrológicas; - Projeto 2.2 – Observação das Condições Climatológicas; - Projeto 2.3 – Monitoramento das Condições Limnológicas e de Qualidade da Água; - Projeto 2.6 – Monitoramento das Condições Hidrossedimentológicas; 02) PROGRAMA 3. GEOTECNOLOGIA - Projeto 3.1 – Monitoramento Sismológico; 83 - Projeto 3.2 – Monitoramento da Explotação de Recursos Minerais; - Projeto 3.3 – Monitoramento dos Aqüíferos; - Projeto 3.4 – Monitoramento da Estabilidade de Taludes marginais. Mais os seguintes documentos pertinentes ao Licenciamento do Empreendimento em questão: - Projeto 5.1 – Limpeza da Bacia de Acumulação; - Projeto 5.2 – Gerenciamento e Recomposição Ambiental das Áreas da Obra. - Licença de Instalação nº 129/2001; Conclusões Pertinentes ao Meio Físico As condicionantes da Licença de Instalação e os programas ambientais propostos para mitigação dos impactos para o Meio Físico, decorrentes da implantação do empreendimento, foram satisfatoriamente atendidos ou se encontram em atendimento, sendo tecnicamente viáveis para esta fase do Licenciamento. O cronograma de continuidade dos programas ambientais propostos para as fases subseqüentes é compatível com o enchimento do reservatório. Para a emissão da licença de operação devem ser consideradas as recomendações e condicionantes estabelecidas para o Meio Físico no corpo deste parecer técnico. Além disso, têm-se as seguintes recomendações a serem consideradas, com base na vistoria realizada no período de 02 a 07 de maio de 2005: 01) Executar recomposição e proteção dos taludes nos encontros das pontes afetadas pela implantação do empreendimento; 02) Monitorar os aterros nos encontros com as pontes, pois é possível que com o enchimento do reservatório ocorra acomodação dos mesmos; 03) Implementar sinalizações que objetivam tornar o reservatório e suas obras conhecidas considerando suas potencialidades e fragilidades ambientais e a necessidade de precauções para salvaguarda da vida humana; 04) Retirar os pilares da antiga ponte (próximo a ponte da BR 116 sobre o rio Pelotas) a fim de evitarem-se possíveis acidentes com embarcações; 05) Verificar possíveis deslocamentos de blocos de rochas do talude na margem da BR 116 (trecho novo), pois solturas de tais blocos podem provocar acidentes; 06) Dar continuidade ao Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. MEIO BIÓTICO Projeto 2.4 - Monitoramento de Macrófitas Aquáticas O Levantamento e Monitoramento da Macrófitas Aquáticas constante do Programa de Monitoramento Integrado da Água teve como atividades, o reconhecimento da área e mapeamento das regiões alagadas, banhados, rios, córregos, tributários, sangas; identificação de espécies, histórica e potencialmente problemáticas nas bacias dos rios Pelota, Canoas e Uruguai, caracterização das áreas com presença de macrófitas, avaliação constante e ininterrupta por dois anos da flora aquática local, avaliação das condições sanitárias das macrófitas, determinação da biomassa das macrófitas, avaliação das condições e pressões de crescimento das plantas 84 aquáticas, avaliação trimestral e mensal das infestações, avaliação do material carregado pelas águas do rio Pelotas nas estações de cheia e seca. O resultado dessas atividades vem possibilitando a proposição de medidas mitigadoras e de controle de infestações a serem implementadas antes do enchimento e de controle e erradicação de execução imediata no período de enchimento. Projeto 2.5 - Monitoramento e Manejo da Ictiofauna O Projeto Monitoramento e Manejo de Ictiofauna tem como objetivo a obtenção de informações sobre a dinâmica populacional da comunidade de peixes existentes na área de influência - AI do empreendimento, durante todas as suas fases, incluindo a condição natural do rio, o desvio do rio, o pré-enchimento e enchimento do reservatório, a fim de manter a diversidade genética das espécies ameaçadas de extinção em tanques de piscicultura e de sêmen criopreservado, com o desenvolvimento de tecnologia de reprodução, larvicultura e alevinagem. Os trabalhos foram divididos nas seguintes etapas; 1. implantação de rede de coleta de dados representativos da comunidade de peixes da AI do empreendimento; 2. avaliação e implementação das medidas necessárias para salvamento de peixes durante as operações de desvio do rio e enchimento do reservatório e 3. acompanhamento da dinâmica das populações de peixes após o enchimento do reservatório, buscando subsídios para implantação do programa de manejo. O projeto apresenta como atividades inerentes às etapas definidas; - monitoramento das espécies da ictiofauna no rio Pelotas e principais afluentes, - salvamento de peixes durante desvio do rio Pelotas, - reprodução das espécies migratórias, reprodução, larvicultura e alevinagem das espécies encontradas na bacia do rio Pelotas, - formação de banco in vivo e in vitro das espécies encontradas durante o monitoramento, sejam elas migratórias ou consideradas como potencial para piscicultura da região, - diagnóstico da atividade pesqueira da população da área de abrangência do empreendimento, -treinamento das equipes para execução das atividades de salvamento durante o desvio do rio e o enchimento do reservatório, identificação dos pontos de amostragem por meio de mapeamento durante a fase de levantamento ictiofaunístico, - salvamento de peixes na área a jusante da barragem principal, durante o enchimento do reservatório. Após a análise do projeto e dos resultados apresentados este foi considerado tecnicamente satisfatório. Ressalta-se que algumas das atividades previstas ainda não apresentaram resultados conclusivos, visto que ainda se encontram em andamento. Projeto 4.1 - Manejo e Salvamento de Flora e Fauna Este projeto foi subdividido em dois grandes grupos; Monitoramento e Salvamento de Fauna e Salvamento de Flora. O monitoramento e salvamento de fauna têm como objetivos; - reduzir os impactos da implantação do empreendimento sobre a fauna, garantindo a conservação de uma parcela significativa de espécies nativas, - propiciar o aumento do conhecimento atual sobre a fauna local, seu comportamento em função da implantação do empreendimento e - disponibilizar material zoológico à instituições científicas interessadas. 85 Para sua execução foram previstas como macroatividades, o monitoramento da fauna no período pré-enchimento e pós-enchimento do reservatório, o salvamento brando e eventual durante o desmatamento da bacia de acumulação e o salvamento embarcado para o enchimento do reservatório. Ressalta-se que as mesmas abordam os grupos dos mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nas atividades de salvamento o grupo de invertebrados também é abordado, visando à montagem de coleções científicas de referência e envio de exemplares para institutos de pesquisa. O projeto encontra-se em andamento, o monitoramento vem sendo realizado nas três Áreas Destino e uma Área-Controle selecionadas, a partir de campanhas de monitoramento nos diferentes grupos faunísticos, foram instaladas armadilhas de queda, redes de neblina, armadilhas de pequeno e grande porte e armadilhas fotográficas. A observação direta, o registro de áudio e a presença de vestígios, complementarmente, vêm auxiliando na identificação das espécies. Os resultados vêm sendo apresentados através de relatórios mensais de avanço das atividades e relatórios técnicos bimestrais desde agosto de 2002. Ressalta-se que foram apresentadas para cada campanha curvas de suficiência amostral para mastofauna, avifauna e herpetofauna em cada uma das áreas amostradas. Os relatórios vêm continuamente sendo analisados pela CGFAU/ IBAMA. As atividades vêm sendo executadas dentro dos prazos do cronograma e parâmetros exigidos. Projeto 4.2 – Reflorestamento O reflorestamento vem sendo realizado com a utilização de diferentes metodologias considerando cada um dos estágios sucessionais com intensidade proporcional ao atual estagio de regeneração das formações vegetais existentes de área marginal do futuro reservatório. O programa tem como objetivos: - conservar e, ou recompor as áreas adquiridas pelo empreendedor no entorno do reservatório e incentivar a recuperação das demais áreas, - compensar ou reduzir os impactos dos desmatamentos realizados no canteiro de obras e na bacia de acumulação, atenuando, simultaneamente, a redução na diversidade de espécies e a produtividade das formações naturais, contribuir para evitar maior degradação da qualidade da água represada, na medida em que constitui um obstáculo relativamente eficaz ao carreamento de sedimentos e defensivos agrícolas para dentro do corpo d´agua, - preservar as espécies vegetais raras ou ameaçadas de extinção, estabelecer uma condição estética de inestimável valor, que cresce em importância quando se consideram as possibilidades de aproveitamento do reservatório para lazer, recreação, turismo e outros, - preservar a biodiversidade da flora da região, contribuindo para abrigar e alimentar a fauna silvestre, minimizando o impacto do desmatamento sobra a fauna. Para o desenvolvimento das atividades necessárias a execução deste projeto foram contratados serviços de revegetação, adensamento e cercamento da área de proteção ciliar. De acordo com relatórios apresentados foram concluídos os estudos relativo à delimitação da Área de Preservação Permanente do entorno do reservatório. As atividades relativas a revegetação, adensamento e cercamento da área de proteção ciliar encontram-se em andamento, já foram plantadas aproximadamente 126 mil 86 mudas e construídos 45 Km de cerca. A partir do inverno de 2005, as atividades de plantio serão retomadas a fim de dar continuidade aos trabalhos Documentos Analisados relativos ao Meio Biótico 1. PROGRAMA 2 – HIDROLOGIA, CLIMATOLOGIA E QUALIDADE DA ÁGUA – Projeto 2.4. Monitoramento de Macrófitas Aquáticas e Projeto 2.5. Monitoramento e Manejo da Ictiofauna 2. PROGRAMA 4 – MEIO BIÓTICO – Projeto 4.1. Manejo e Salvamento da Flora e Fauna. 3. RELATÓRIOS TÉCNICOS – Programa de Monitoramento e Salvamento de Fauna nas Áreas de Abrangência do AHE Barra Grande - outubro/2004 e dezembrol/2005 4. SÍNTESE DOS RESULTADOS PRÉ-ENCHIMENTO – Monitoramento de Fauna 5. RELATÓRIO TÉCNICO DE PRÉ-ENCHIMENTO – agosto/2002 - abril/2005 6. RELATÓRIO TÉCNICO – Monitoramento e Salvamento de Fauna – Espécies de Interesse Especial – janeiro e fevereiro de 2005 7. RELATÓRIO TÉCNICO – Monitoramento e Salvamento de fauna – Espécies de Interesse Especial – março e abril de 2005 8. INFORMAÇÃO Nº 169/2005 – CGFAU/LIC, constante às folhas 2385 a 2387 do processo de licenciamento ambiental da UHE Barra Grande Conclusões Pertinentes ao Meio Biótico As condicionantes da Licença de Instalação e os programas ambientais propostos para mitigação dos impactos no meio biótico, decorrentes da implantação do empreendimento, foram adequadamente atendidos, sendo tecnicamente considerados satisfatórios. O cronograma de continuidade dos programas ambientais para as fases subseqüentes é compatível com o enchimento do reservatório. O empreendedor deve dar continuidade às ações e diretrizes para o manejo e a conservação da fauna terrestre e da ictiofauna após a entrada em operação da UHE Barra Grande. Para a emissão da licença de operação devem ser consideradas as recomendações e condicionantes estabelecidas para o meio biótico no corpo deste parecer técnico. VIII. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS O empreendimento UHE Barra Grande é uma realidade que se impõe à região de sua inserção, decorrente de transformações produzidas pela ação do homem sobre o meio ambiente, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento do país. Apresenta-se como o pivô de um novo ciclo de desenvolvimento para a região, que por força da ação antrópica, já experimentou outros ciclos desenvolvimentistas. As conseqüências decorrentes dos ciclos de desenvolvimento ocorridos, anteriormente, 87 na região resultaram em prejuízos significativos ao meio ambiente e às paisagens naturais da região. Contudo, não obstante este fato a região ainda possui um significativo remanescente de Mata Atlântica, importante Patrimônio Nacional. O compromisso assumido pelo empreendimento foi delimitado por preceitos de respeito às dinâmicas ambientais e sociais. O objetivo de gerar energia foi compromissado, pelo Empreendedor, com o propósito, a necessidade e a obrigação/dever de prevenir e mitigar as interferências não condizentes com o desenvolvimento sustentável e com a qualidade de vida das famílias da região de abrangência do empreendimento. Na documentação apresentada, o Empreendedor faz referência, assumindo como compromisso, a seguinte citação: “A Humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, garantindo as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades (Agenda 21)”. Obviamente, além de comprometer-se com as exigências estabelecidas pela Legislação Constitucional, Infraconstitucional, Normativas e demais diplomas legais em nível federal, estadual e municipal. As questões apresentadas nortearam a equipe técnica quanto às análises das ações, propostas no PBA e exigidas na Licença de Instalação nº129/2001, que foram e estão sendo implantadas pelo empreendedor para mitigação e/ou compensação de impactos adversos nos meios socioeconômico, biótico e físico decorrentes da execução da UHE Barra Grande. Na fase de instalação do empreendimento foram detectados problemas relacionados a importantes questões referentes, principalmente, aos meios socioeconômico e biótico, que na dinâmica do processo de licenciamento ambiental estão sendo contempladas com ações negociadas, sob a supervisão do IBAMA, entre o Empreendedor e os Atingidos, com a participação do Poder Judiciário, Ministério Público, Prefeituras, Movimentos Sociais, demais partes interessadas. Destacamos: Meio Biótico 1. Araucaria angustifolia Técnicos do licenciamento aprovaram os trabalhos de salvamento de germoplasma vegetal da araucária e das espécies-alvo que foram elaborados pela EMBRAPA/CENARGEN para toda a área de influencia direta do empreendimento. O salvamento foi levado a cabo para fins de criopreservação e conservação ex situ, coleta de sementes e material propagativo. Todo o desenvolvimento dos trabalhos foi acompanhado pelo IBAMA e considerado factível tecnicamente. Estes trabalhos, no entanto, terão continuidade por até um ano da assinatura do contrato com a BAESA. Termo de Compromisso, subscrito em setembro de 2004, que inclui, entre outros compromissos assumidos pela BAESA, a compra da área de floresta ombrófila mista, está sendo acompanhado por técnicos do IBAMA. A BAESA encaminhou ao IBAMA expediente contendo informações sobre a primeira área com florestas de araucária a ser vistoriada para aquisição, conforme estabelecido no referido Termo. 88 O IBAMA estará realizando vistoria aos locais para aprovação e posterior aquisição das áreas de terras em cumprimento ao Termo de Compromisso. 2. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO As atividades de desmatamento realizadas pela BAESA também foram aprovadas pelo IBAMA. O empreendedor encaminhou o relatório final das atividades de supressão de vegetação da área do reservatório conforme preconizava a Autorização de Supressão de Vegetação Nº 12/2004 e as Cláusulas do TC referentes a esta atividade. Foi realizada vistoria técnica às áreas desmatadas, onde se concluiu que os trabalhos de desmatamento foram realizados dentro dos padrões técnicos aceitáveis e dentro das normas de segurança do trabalho. Evidenciou-se que as áreas desmatadas restringiram-se ao autorizado na Autorização de Supressão de Vegetação 12/2004. As atividades de supressão pré-enchimento do reservatório foram consideradas concluídas. Cumpre registrar que o IBAMA determinou ao Empreendedor a apresentação de Programa de Desmatamento por via fluvial, a ser realizado durante o enchimento do reservatório. A exigência viabilizará o aproveitamento econômico de uma parcela significativa dos produtos florestais existentes na área de alagamento do futuro reservatório do AHE Barra Grande, oportunizando a participação de empresas do ramo madeireiro, sediadas na região. A retirada da madeira possibilitará, ainda, a efetivação de compromisso da BAESA referente à doação desta para a construção de casas populares, conforme ACORDO SOCIAL relatado na Ata de Reunião realizada na Sede do Ministério Público Federal de Florianópolis/SC, em 22 de dezembro de 2004, assinada por representantes do MPF, BAESA, IBAMA e MAB. 3. Dyckia distachya Foi apresentada denúncia, através do Ofício Nº 043/05, do dia 03/06/2005, protocolizada em 09/06/2005, constante às folhas 2266 a 2277 do processo de licenciamento ambiental, com o assunto “COMPLEMENTO – Usina Hidrelétrica de Barra Grande pode causar extinção de espécie”, contendo, em anexo, Relatório da Universidade Federal de Santa Catarina. Com relação ao documento supra citado, temos as considerações a seguir. Em 15/06 foi realizada reunião na Secretaria Executiva do MMA sobre a denúncia, com a presença de representantes de diversas instituições, conforme lista de presença constante à folha 2302 do processo. Ficou definido que deveriam ser visitados herbários da Região Sul do Brasil com objetivo de levantar todas exsicatas da Dyckia incluídas nos acervos; e, realizadas incursões em campo ao longo dos rios Uruguai e Pelotas, bem como em seus afluentes, com o objetivo de identificar possíveis ocorrências do gênero Dyckia, com especial atenção sobre a Dyckia distachya. Foi apresentada, ainda, uma dissertação da Universidade Federal de Santa Catarina, constante às folhas 2086 a 2182 do processo, denominada “Morfogênese in vitro, Métodos de Micropropagação e Conservação de Germoplasma de Dyckia distachya Hassler”, cujos resultados mostram o potencial de emprego das técnicas 89 de cultura de tecidos vegetais e a conseqüente manutenção da diversidade genética observada nas populações naturais da referida espécie. Foi apresentado ainda “Relatório Dyckia distachya”, elaborado pela Doutora Rafaela Campostrini Forzza, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, instituição vinculada ao MMA (folhas 2352 a 2354 do processo). Nos períodos de 21 a 24 de junho e 29 de junho a 02 de julho de 2005 foram realizadas duas incursões a campo, ao longo dos rios Uruguai e Pelotas, respectivamente, bem como de seus afluentes, com vistas a se identificar possíveis ocorrências do gênero Dyckia, com atenção especial à espécie Dyckia distachya. Em relação ao rio Uruguai foram percorridas suas margens entre os reservatórios das UHEs de Itá e Machadinho, por via aquática e terrestre não sendo observadas ocorrências naturais da espécie vegetal. Contudo nestes locais foram encontradas povoamentos de D. distachya introduzidas do salvamento de germoplasma da bacia de acumulação da UHE Itá, mais precisamente no córrego do Encanado. Junto ao viveiro da referida UHE foi evidenciada a produção de sementes da espécie. Já em relação ao rio Pelotas foi identificada uma nova ocorrência em área do futuro remanso da UHE Barra Grande, nas coordenadas UTM 0521193/6883613 SAD 69, a 614 metros, próxima a ponte da BR 116. Foram encontradas rosetas de Dyckia com mais de 1 metro de altura, vigorosas, associadas às fissuras de rochas de basalto ocorrentes no leito e margens do rio Pelotas naquele trecho (vistoria do IBAMA realizada entre 29 de junho e 02 de julho de 2005). A montante deste ponto não foi encontrada nenhuma ocorrência, apenas no Passo da Cadeia foi verificada a presença de plantas do gênero Dyckia, embora com características anatômicas e foliares bastante distintas da espécie D. distachya, levando-se, preliminarmente, a conclusão de que em altitudes maiores e de baixas temperatura haja incidência de outra espécie do mencionado gênero. Apenas estudos cromossômicos podem determinar de que se trata da mesma espécie. A Licença de Operação da UHE Barra Grande está condicionada à adoção das medidas recomendadas no documento encaminhado a esta Colic, em anexo ao Ofício 043/05, constante às folhas 2313 a 2324 do processo de licenciamento ambiental: Diante deste contexto, nossa equipe sugere que, se ocorrer o licenciamento, seja exigido algumas ações preventivas para que se possa estudar formas para a conservação desta espécie. Temos discutido muito sobre a melhor forma de resgate de uma população para uma espécie reófita, notadamente uma bromeliácea. Diante dos poucos conhecimentos que temos sobre a ecologia e fluxos gênicos destas espécies, consideramos, como pontos básicos: - Que seja salvo o maior número possíveis de indivíduos, envolvendo adultos e jovens, pois isto representaria uma forma de resgatar a maior variabilidade possível de cada uma das populações. - Que sejam mantidas isoladas e se possível nas mesmas distâncias em que se mantém na natureza, cada uma das populações. - Que sejam plantadas em um ambiente o mais parecido do original. Caso não hajam corredeiras disponíveis, que ao menos ocorra a inundação periódica das plantas e 90 que vivam sobre frestas de pedras como fazem todas as reófitas. - Que haja um programa de acompanhamento sobre a fenologia da espécie, taxas de cruzamento, produtividade de sementes de cada uma das populações e taxas de recrutamento de novos indivíduos (na conservação não tem sentido manter apenas os indivíduos tirados da natureza, mas será necessário que haja continuidade da dinâmica populacional e fluxo gênico da espécie. Para atender a estes quesitos básicos sugerimos que as populações sejam mantidas na borda do novo lago, na mesma posição do rio em que se encontram atualmente. Para isto seria necessário uma estruturação de rochas locais, de forma a fixar as plantas e posicioná-las de forma que o limite máximo do lago, no caso de enchentes, as plantas possam ficar submersas. Caso , próximo desses locais, esteja chegando um pequeno afluente, que estes sejam escolhidos como o local de reposição destas plantas. É fundamental que as plantas sejam mantidas nas mesmas condições de distância das populações atuais e estes poderiam comprovar se estariam ou não ocorrendo fluxo gênico e dinamismo populacional gerações futuras. Deve ser observado inclusive o que foi sugerido pela equipe da UFSC à folha 2321, de que haja: (...) o mais breve possível, a realização de um trabalho conjunto entre Brasil e Argentina para a restauração populacional desta espécie (...). Este trabalho deverá envolver as Hidrelétricas de Itá, Machadinho, Campos Novos e Barra Grande, no sentido de manter um fluxo de águas compatível com a fixação destas bromélias e todas as outras plantas reófitas desta área (...). Estas ações devem ser executadas no contexto dos objetivos da Avaliação Integrada da Bacia do Rio Uruguai e deve envolver os diversos atores participantes: Concessionários de Energia, Ministério de Minas e Energia, Ministério do Meio Ambiente, Ibama, órgãos estaduais de meio ambiente e Ministério Público Federal e dos Estados, entre outros. Meio Socioeconômico 1. ACORDO SOCIAL DE DEZEMBRO DE 2004 (estabelecido em reunião no dia 22 de dezembro de 2004). Foram acordados compromissos da BAESA referentes a: doação de madeira da área de supressão seletiva para construção de casas populares; atendimento a reivindicação de 199 famílias que foram contempladas com benefícios diferenciados conforme o caso; participação da BAESA em projeto de desenvolvimento regional; estabelecimento de índice de reajuste para os contratos de implantação dos RCC Anita Garibaldi II, Capão Alto e Esmeralda II; reavaliação do contrato de Assistência Técnica com a Associação do Desenvolvimento Agrícola Interestadual – ADAI; Isto posto, e ainda em referência a dinâmica do processo de licenciamento, a equipe técnica, suscitando as questões abordadas neste parecer técnico, elaborou e submete a consideração superior uma série de recomendações, a saber: 1. Atender, em 180 (cento e oitenta) dias, ao proposto no PBA de melhorar as estradas que ligam as cidades circunvizinhas ao empreendimento, com 91 retificações de traçado e de sinalização, além de pavimentação com revestimento primário; as melhorias devem atender às especificações do DNIT, quanto às características geométricas, em função do tráfego previsto, principalmente de veículos pesados, com ênfase nas travessias em cursos d´água (obras de arte e especiais) e; garantir a passagem interestadual sobre a barragem; 2. Promover, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, discussão com as prefeituras municipais da área de influência do empreendimento sobre a pavimentação de trechos da malha rodoviária da região; 3. Respeitar toda legislação federal, estadual e municipal na adequação e dimensionamento das estradas que sofreram interferência pelas obras da usina, inclusive as estradas criadas para atender aos Reassentamento Rurais Coletivos - RRC; 4. Firmar Termo de Cooperação Mútua, em 60 (sessenta) dias, entre a BAESA e os municípios de Anita Garibaldi/SC e Pinhal da Serra/RS para manutenção de todas as estradas de acesso ao reservatório e balsa, e redimensionar os serviços necessários para manter as condições de trafegabilidade aos usuários, inclusive da estrada que liga a Comunidade de Santo Antônio do Rincão à Comunidade de São José; 5. Reanalisar os casos negativados de pedido de inclusão no cadastro sócio- economico, que solicitarem recurso de reavaliação, considerando os critérios estabelecidos no Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002 e todos os entendimentos mantidos posteriormente quanto ao vínculo com a terra, dependência com a fração de terra impactada e viabilidade do remanescente, classificando nas várias modalidades de apoio; 6. As propriedades destinadas aos beneficiários das modalidades de RRC, inclusive áreas do Reassentamento Esmeralda II, incluídos no Acordo Social assinado em dezembro de 2004, deverão respeitar os critérios, para definição de tamanho, estabelecidos no Termo de Acordo assinado com os atingidos em 2002, sem prejuízo ao PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA, que visa garantir a sustentabilidade da atividade econômica; 7. Concluir, no prazo de 90 (noventa) dias, as obras de construção dos equipamentos sociais nos RRC; e, no prazo de 60 (sessenta) dias, as obras de construção dos equipamentos sociais nos RRC com beneficiários já residentes; 8. Concluir, no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, a implantação dos reassentamentos nas áreas já adquiridas cuja implantação ainda não foi finalizada; 9. Concluir, no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, a partir da data da aquisição, a implantação dos reassentamentos que ainda dependam da compra de novas áreas; 10. Proceder imediatamente ao preparo do solo nos reassentamentos, sem prejuízo do plantio para a próxima safra; 11. Viabilizar, no prazo de 90 (noventa) dias, condições para que os municípios que acolheram as famílias dos RRC procedam à adequação do sistema de transporte público coletivo para atender aos novos usuários; 92 12. Fornecer, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a adequação das máquinas e equipamentos agrícolas para os municípios prestarem o serviço de tratamento mecanizado do solo nos RRC da BAESA, necessário para manter a atividade agropecuária na área remanejada, respeitando a política administrativa de cada município; 13. Apresentar, em 30 (trinta) dias, projeto de adequação dos equipamentos sociais da comunidade Bela Vista, à qual os beneficiários do RRC de Anita Garibaldi I deverão se integrar; apresentar também projeto específico de assistência social para essa integração. 14. Efetivar a aquisição das terras necessárias ao atendimento do Acordo Social, assinado em dezembro de 2004, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, devendo as famílias beneficiárias, preferencialmente, permanecerem nas comunidades onde residem; no caso de RRCs, no prazo de 60 (sessenta) dias, implantar “micro-reassentamentos” (número reduzido de famílias) prioritariamente nas próprias comunidades, garantido o direito de opção dos beneficiários e concluir a aquisição das áreas destinadas aos beneficiários dos RRCs ainda não implantados; 15. Apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, reestruturação do Projeto de Assistência Técnica e Social aos beneficiários das diversas modalidades de remanejamento, contendo: objetivo e metodologia; equipe técnica e seu respectivo registro no Conselho de Classe; cronograma de execução; área de atuação por equipe; mapa de localização georeferenciada com identificação dos beneficiários; interface com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL; e, relatório trimestral com a execução e resultados alcançados mensalmente; 16. Estender a Assistência Técnica e Social aos beneficiários da modalidade Carta de Crédito por mais 03 (três) anos, no limite de 200 km da Área de Influência Direta, e aos beneficiários do RRC para 05 (cinco) anos, respeitando o limite máximo de 30 (trinta) famílias por técnico para cada modalidade de assistência; 17. A Coordenação de Assistência Técnica agropecuária deverá ser conduzida por profissional de nível superior em área afim e, para a Assistência Social toda a equipe deverá ser composta exclusivamente por técnicos com formação superior em área específica, devendo ser implantada em conformidade com as diretrizes da administração pública local; 18. O Programa de Ações Integradas de Conservação do Solo e da Água deve ser continuado e devem ser apresentados cronograma e relatórios trimestrais com evidências de sua realização. 19. Emitir relatório mensal de avaliação da inclusão social das famílias reassentadas em RRC e CC, considerando a adaptação à nova condição imposta; apresentar soluções para atenuar as distorções detectadas, inclusive o remanejamento da família; 20. Reavaliar a condição de habitabilidade nas residências das propriedades adquiridas por Carta de Crédito, e executar reforma e adequação quando não atender ao critério mínimo estabelecido, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias; 21. Efetivar todas as ações referentes ao Programa de REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS no prazo máximo de 90 (noventa) dias; 93 22. Realizar monitoramento do impacto na vitalidade das comunidades lindeiras através de controles periódicos conforme considerações apresentadas no Parecer Técnico do IBAMA e apresentar relatórios trimestrais nos primeiros 12 (doze) meses após o enchimento do reservatório e anual durante os primeiros 5 (cinco) anos de operação do empreendimento; 23. Implantar, em 60 (sessenta) dias, Programa de Assistência Social nas comunidades atingidas, complementar ao Plano de Recuperação das Comunidades Lindeiras – PRCL, conforme previsto no PROJETO 1.2. REESTRUTURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES LINDEIRAS/PBA; 24. Apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, diagnóstico e avaliação da comunidade de Cachoeirinha, município de Anita Garibaldi/SC, acompanhado de projeto de mitigação e/ou compensação para os problemas diagnosticados que estejam relacionados às obras de implantação da UHE Barra Grande. 25. Apresentar, no prazo de 60 (sessenta) dias, laudo detalhado das edificações, residenciais e ecumênicas, e propriedades rurais, localizadas nas comunidades de Capela São Miguel e Capela São Jorge, município de Pinhal da Serra, próximas a rodovia RS 456 e canteiro de obras, cujos proprietários reivindicam reparos por problemas ocorridos durante as obras de construção da usina e tráfego de veículos pesados; iniciar, prontamente, os devidos reparos nos danos apurados que o laudo vincular à implantação do empreendimento; 26. Reavaliar, no prazo de 60 (sessenta) dias, as ações implantadas e aferir os impactos negativos ocasionados em cada município da área de influência para identificar a necessidade de medidas mitigadoras adicionais, considerando as interferências nos sistemas de saúde, educação, segurança, assistência social, transporte, abastecimento de água, saneamento e viário durante a construção da usina e atividades de supressão de vegetação; apresentar diagnóstico e estimativa de demanda atualizados e, ainda, proposta de reforço e adequação considerando a nova distribuição de população após a conclusão do processo de remanejamento; 27. Incluir, em 60 (sessenta) dias, no PROGRAMA DE ADEQUAÇÃO DA INFRA- ESTRUTURA DE SERVIÇOS, ações efetivas de mitigação dos impactos sobre a classe de professores, comércio e serviços, com prévia aprovação das ações pelo IBAMA, e proceder ao monitoramento por meio de levantamentos e coletas de dados na AID, por um período mínimo de 3 (três) anos após a formação do reservatório, com emissão de relatório de conclusão 3 (três) meses após o enchimento do reservatório e de monitoramento semestral; 28. Propor, em 90 (noventa) dias, compensações referentes aos gastos já realizados e documentados pelos municípios para incremento dos atendimentos em saúde, educação, assistência social, saneamento básico (água e esgoto) e coleta de lixo em decorrência do aumento populacional e dos remanejamentos verificados com o empreendimento, cujos custos não foram arcados pela empresa, incluindo proposta de compensação aos municípios de Vacaria/RS e Lages/SC pela pressão sobre os serviços de saúde durante as obras de implantação da usina e atividades de supressão de vegetação; 29. Reavaliar conjuntamente com as prefeituras, no prazo de 60 (sessenta) dias, as ações implantadas e aferir os impactos negativos nos municípios de Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul e Capão Alto, pela implantação dos RRCs e 94 conseqüente pressão sobre os serviços de educação, saúde e segurança com o aumento involuntário da população; 30. Iniciar, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, ações para a requalificação da mão- de-obra com vistas ao suporte e à readequação do setor terciário nos municípios de Anita Garibaldi/SC, Pinhal da Serra e Esmeralda/RS após a desativação da infra-estrutura de apoio de implantação do empreendimento e saída dos trabalhadores envolvidos nas atividades de implantação do empreendimento; 31. Oferecer apoio, em 120 (cento e vinte) dias, à implantação de unidades do Corpo de Bombeiros nos município do eixo da barragem, necessárias ao suporte das operações de busca e salvamento no futuro lago e possíveis acidentes na região; 32. Orientar e garantir, imediatamente, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI aos trabalhadores das obras nos RRC, em cumprimento à legislação trabalhista; 33. Implementar, imediatamente, junto às propriedades lindeiras ao reservatório, RRC e CC, ações específicas de capacitação dos usuários de substâncias agrotóxicas no manejo da lavoura, com campanhas de educação para o uso adequado do produto, armazenamento e disposição final das embalagens, e esclarecimentos sobre os riscos e malefícios à saúde humana, a serem executadas nos dois primeiros anos e campanhas anuais ao longo do período de concessão da usina para os RRC; 34. Dar continuidade aos PROGRAMAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL e enfatizar a abordagem dos temas fiscalização e educação ambiental referente à coibição da caça e práticas de tratamento e uso do solo, e esclarecimentos sobre a Lei nº 9.605/98 (crimes ambientais), no que concerne à Área de Preservação Permanente, Reserva Legal e Licenciamento, voltada para a população do entorno do reservatório e famílias beneficiárias do programa de RRC e atender às solicitações do Relatório do Núcleo de Educação Ambiental da Gerência Executiva do IBAMA no Estado do Rio Grande do Sul; 35. Estabelecer, imediatamente, um mecanismo de comunicação que garanta o acompanhamento e esclarecimento da população quanto ao cronograma e riscos na fase de enchimento do reservatório, a ser incluído no PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL; 36. Adotar, imediatamente, ações de monitoramento para prevenção de doenças transmitidas por animais silvestres, em especial, da hantavirose transmitida por ratos silvestres, durante e após o enchimento do reservatório, com ampla divulgação e esclarecimento à comunidade; 37. Assegurar a participação da FUNASA no que se refere à incidência de doenças endêmicas na região do reservatório; 38. Implementar, em 90 (noventa) dias, medidas compensatórias para os sítios arqueológicos no entorno do futuro reservatório, no âmbito do PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, em conformidade com as recomendações da consultora responsável pelo programa, com acompanhamento do IPHAN e emissão de relatórios semestrais; 39. Apresentar, em 60 (sessenta) dias, a conclusão dos entendimentos com o IPHAN para a compensação dos sítios arqueológicos destruídos, na área do canteiro de obras, no início da implantação do empreendimento; 95 40. Concluir, em 90 (noventa) dias a implantação das ações referentes à Casa da Memória e Centro de Atendimento Sócio Ambiental e contemplar, em 180 (cento e oitenta) dias, uma unidade da Casa da Memória no município de Esmeralda/RS; realizar, em 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, as etapas propostas para o PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, constantes do PBA, referentes ao apoio à preservação de bens móveis e imóveis; 41. Implantar, em 180 (cento e oitenta) dias, projeto no PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL, articulado com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, estabelecendo parceria com as famílias reassentadas nos RRCs para o plantio de 30 (trinta) mudas de Araucárias por família, nas áreas das propriedades e/ou na área de Reserva Legal dos RRCs; 42. Promover a integração do PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL com o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, divulgar os resultados e difundir o conhecimento produzido junto às famílias dos RRC, no resgate da identidade cultural; 43. Proceder, imediatamente, à elaboração do Plano Diretor do Município de Vacaria/RS em atendimento ao § 1º, Artigo 41, da Lei nº 10.257/2001, e verificar, no prazo de 30 (trinta) dias, a necessidade de adequação do Plano Diretor do Município de Lages/SC; 44. Realizar, depois de transcorridos 180 (cento e oitenta) dias do enchimento do reservatório, Pesquisa de Opinião com o objetivo de avaliar o grau de conhecimento sobre o empreendimento, programas ambientais, fiscalização e educação ambiental referente à coibição da caça, Lei de Crimes Ambientais, às áreas de preservação permanente e reserva legal, estabelecendo como universo a população atingida pelo empreendimento, em especial a população das comunidades lindeiras e as famílias beneficiárias do Programa de Remanejamento e Compensação da População Atingida; 45. Manter Unidade de Atendimento à População Atingida pela implantação do empreendimento, em local de acesso fácil, ao longo do período de concessão da Usina; deve ser dada ampla divulgação às partes interessadas; 46. Apresentar relatório mensal detalhando o andamento das ações que estão em execução para atendimento das condicionantes sócio-econômicas estabelecidas nesta licença; 47. Apresentar, em 10 (dez) dias, cronograma, com análise integrada para os enchimentos das UHEs Barra Grande e Campos Novos, e os prognósticos ambientais a jusante, com e sem enchimento simultâneo, considerando vazão remanescente, qualidade de água e atendimento às necessidades das populações e demais usuários dos recursos hídricos; 48. Apresentar, num prazo máximo de 60 (sessenta) dias, o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório do AHE Barra Grande, conforme os ditames da Resolução CONAMA 302/02, para aprovação deste Instituto e posterior realização das audiências públicas; 49. Analisar a qualidade da água do reservatório através do Modelo Matemático CE- QUAL-W2 e comparar com os resultados do monitoramento, a contar da data de expedição desta Licença de Operação por um período de trinta e seis meses, 96 enviando os respectivos relatórios trimestrais ao IBAMA, informando de qualquer anormalidade identificada no monitoramento, propondo ações mitigadoras para atenuar eventuais impactos observados; 50. Dar continuidade ao Monitoramento dos Taludes Marginais ao Reservatório, devendo ser realizadas as intervenções corretivas ou mitigadoras necessárias aos que venham ser comprometidos pelo enchimento e operação do reservatório da UHE Barra Grande; 51. Dar continuidade às observações das condições climatológicas, hidrossedimentológicas e sismológicas bem como enviar ao IBAMA os relatórios semestrais resultantes desses programas com as devidas conclusões de cada projeto; 52. Dar continuidade ao Monitoramento dos Aqüíferos e informar ao IBAMA, semestralmente, de qualquer anormalidade identificada com ações mitigadoras para atenuar eventuais impactos observados; 53. Informar ao IBAMA qualquer alteração quanto ao cronograma de enchimento do reservatório e manter a vazão residual de, no mínimo, 16 (dezesseis) m3/s a jusante; 54. Implementar sinalizações que objetivam tornar o reservatório e suas obras conhecidas considerando suas potencialidades e fragilidades ambientais e a necessidade de precauções para salvaguarda da vida humana; 55. Executar recomposição e proteção dos taludes nos encontros das pontes afetadas pela implantação do empreendimento, bem como monitorar os aterros de contato dessas pontes e dar continuidade ao Programa de Recuperação de Áreas Degradadas; 56. Promover o resgate, concomitantemente ao enchimento do reservatório, da espécie Dyckia distachya, espécie vegetal rara e endêmica, que consta da Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, e tratar os resultados associados ao PROGRAMA DE RESGATE E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO e ao PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, conforme direcionamentos exarados no RELATÓRIO TÉCNICO Nº 2 “CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES REÓFITAS DE DYCKIA NO SUL DO BRASIL”, emitido pela Universidade Federal de Santa Catarina, maio de 2005. 57. Apresentar proposta de apoio ao programa, desenvolvido pelo Centro de Piscicultura de São Carlos (UFSC), município de São Carlos – SC, de estudos sobre a ecologia dos peixes migratórios e a preservação das espécies identificadas na AID da barragem, no prazo de 90 dias; 58. Apresentar proposta para intensificar a produção de alevinos no programa de repovoamento da bacia do rio Uruguai com espécie nativa, desenvolvida com as Bases Avançadas de Pesquisa em Chapecó e Lages, no prazo de 90 (noventa) dias; 59. Enviar os animais provenientes do resgate de fauna para instituições científicas e, ou criadouros somente após as devidas licenças emitidas pelo IBAMA; 60. Propiciar condições para permanência de técnico cadastrado pelo IBAMA no acompanhamento das atividades de salvamento de fauna, a fim de dar os devidos encaminhamentos no que tratar das diretrizes ao envio de animais para instituições científicas e, ou criadouros e para as áreas destino; 97 61. Dar continuidade ao Monitoramento de Fauna por, pelo menos 4 anos, após a entrada em operação da UHE Barra Grande, sendo imprescindível, para fins de comparação dos resultados obtidos, que as metodologias empregadas e as áreas monitoradas sejam iguais as dos períodos pré e durante enchimento do reservatório. Em adição deverão ser previstas as seguintes técnicas de monitoramento; uso de anilhas coloridas para a avifauna, sobrevôos mensais, no mínimo 1 por mês, para a obtenção de dados de telemetria de mamíferos e aquisição de mais 4 (quatro) rádio-colares, visando incremento no monitoramento por telemetria de mamíferos de médio e grande porte; 62. Para espécies incluídas em listas oficiais de fauna ameaçada de extinção pertencentes a Comitês ou Grupos de Trabalho Oficiais, deverão ser acatadas suas recomendações quanto ao manejo das espécies; 63. Considerando o grande número de espécies animais ameaçadas de extinção presentes na Área de Influência do empreendimento, o empreendedor deverá desenvolver projetos específicos de manejo de espécies ameaçadas, que deverão ser aprovados pela DIFAP/ IBAMA; 64. Considerando a grande riqueza de rapinantes ameaçados de extinção na Área de Influência do empreendimento, e suas características biológicas, o programa de salvamento de fauna durante o enchimento deverá contemplar a capacitação para o correto recolhimento e manutenção de ovos e filhotes no Núcleo de Salvamento de Flora e Fauna do empreendimento, até sua destinação final, consultado o IBAMA; 65. Implementar ações de salvaguarda da população contra zoonoses e acidentes com animais peçonhentos, durante e logo após o enchimento do reservatório, incluindo ampla campanha informativa à população, no âmbito do Programa de Comunicação Social, com o objetivo de esclarecer à população sobre a possibilidade de aumento de casos e procedimentos a serem adotados na ocorrência de acidentes; 66. Apresentar detalhamento do Programa de Monitoramento de Fauna a ser implementado pós-enchimento do reservatório que deverá contemplar o monitoramento das espécies de interesse especial relocadas, bem como a adaptabilidade da fauna na faixa de entorno do reservatório; 67. Dar continuidade ao monitoramento da ictiofauna por, pelo menos, 3 anos, antes de se proceder a qualquer método de repovoamento, e apresentar relatórios semestrais de acompanhamento; 68. Informar qualquer alteração do estoque pesqueiro para fins de acompanhamento pelo IBAMA; 69. Realizar monitoramento das condições de crescimento das macrófitas imediatamente antes e durante o período de enchimento do reservatório; 70. Apresentar Plano de Manejo de Macrófitas, a ser implementado após o enchimento do reservatório, com no mínimo levantamentos semestrais, considerando-se as condições da qualidade da água do reservatório; 71. Divulgar as informações constantes dos relatórios de fauna apresentados para os períodos de pré e durante o enchimento do reservatório, sob responsabilidade técnica da equipe que os elaboraram, no prazo máximo de 8 meses após a conclusão do enchimento do reservatório; 98 72. As informações constantes dos futuros relatórios de monitoramento de fauna pós-enchimento deverão ser divulgadas, sob forma escrita e sob responsabilidade técnica da equipe que os elaboraram, a cada 2 (dois) anos, a partir da emissão da Licença de Operação; 73. Promover seminário ou workshop para a divulgação e discussão dos programas de fauna executados na Área de Influência do AHE de Barra Grande; 74. Realizar supressão de madeira da área do reservatório por via fluvial no período de enchimento e deplecionamento do reservatório conforme Programa apresentado. Essas recomendações objetivam a correção das distorções e da imprevisão do empreendedor, verificada pela equipe técnica, na administração dos prazos de implantação de importantes medidas previstas no PBA, principalmente, na execução das propostas de compensação às comunidades lindeiras, pela fragmentação das relações sociais pré-estabelecidas e as pendências relativas aos diversos programas sociais, em especial à implantação do PROGRAMA DE REMANEJAMENTO E COMPENSAÇÃO DA POPULAÇÃO ATINGIDA. O atraso na implantação dos Programas determina um quadro de intranqüilidade e muita ansiedade na população atingida, resultando em cenário de instabilidade sóciopolítica, constatado nas vistorias realizadas na área de influência do empreendimento. A situação decorrente do atraso na implantação dos Programas Sociais precisa ser revertida com eficácia pelo empreendedor por intermédio da implantação das ações já previstas, e não implantadas, e de exigências baseadas nas recomendações consignadas neste parecer. O fim das obras de engenharia, que possibilita o enchimento do reservatório e posterior operação do AHE Barra Grande, não determina a conclusão do empreendimento, que tem no escopo de seus compromissos a mitigação e/ou compensação de impactos adversos sobre a população da área de influência e, ainda, o compromisso com o desenvolvimento regional. O desenvolvimento regional em função do empreendimento deverá, necessariamente, impor-se como o maior impacto na região. O caráter positivo deste impacto deverá ser capaz de resgatar os efeitos negativos dos significativos impactos adversos impostos pelo empreendimento ao meio ambiente e, conseqüentemente à população da região. O compromisso do empreendedor deverá propiciar benefícios socioambientais à região. Neste sentido foram elaboradas as recomendações das ações que deverão ser implantadas pelo empreendedor nos meios socioeconômico, biótico e físico. As medidas já elencadas visam à máxima preservação, no que factível, dos seres vivos, dos elementos e das estruturas físicas que compõem o ambiente natural e com igual preocupação, as medidas recomendadas, tratam das compensações necessárias as populações diretamente atingidas. Os resultados da implantação das medidas deverão garantir também um lago com a qualidade necessária para servir a usos múltiplos, que possa servir de instrumento para o incremento de atividades econômicas e de lazer, promovendo o desenvolvimento e bem-estar da população na região. 99 Considerando-se as questões suscitadas neste parecer técnico recomenda-se que o prazo de validade da Licença de Operação seja de 1 (um) ano, devendo este Instituto estabelecer um cronograma de monitoramento, na área de influência do empreendimento, com vistorias trimestrais durante o primeiro ano, a serem agendadas a partir do início do enchimento do reservatório. Concluindo, entende-se que a emissão da Licença de Operação do Empreendimento – AHE Barra Grande – fica condicionada ao atendimento das medidas mitigadoras e compensatórias estabelecidas, além da observância e análise dos aspectos legais, inclusive quanto à manutenção da espécie Dyckia distachya na natureza, visando assegurar a preservação da espécie. Neste sentido, submete-se à consideração superior à emissão da Licença de Operação, sob as condições elencadas nas recomendações, apontadas pela equipe técnica, no que concerne aos Meios Socioeconômico, Biótico e Físico; com prazo de validade de 1 (um) ano. Por fim, se cabível, que seja aplicada penalização, multa pecuniária, decorrente do atraso na implantação das medidas mitigadoras e/ou compensatórias. Ressaltamos, por oportuno, que as análises e conclusões deste Parecer Técnico coadunam com o Artigo 225 da Constituição Brasileira e com os Artigos 66, 67 e 68 da lei 9.605/98. André Boclin Antônio Claret Karas Analista Ambiental / Gerex-SC Engenheiro Florestal / IBAMA-Sede / Licenciamento Giancarlo Gregorio Luis Gustavo Mahler Arquiteto/Contrato Temporário – Nível V Analista Ambiental / Gerex-RS Leonardo Belvino Póvoa Analista Ambiental / IBAMA-Sede / Licenciamento Luciana Brito Silva Bióloga / IBAMA-Sede / Licenciamento Mônica de Arruda Câmara Rideci Costa Farias Economista / IBAMA-Sede / Licenciamento Engenheiro Civil/ Contrato Temporário – Nível V 100 101