MARIA IZABEL BATISTA VIEIRA SILVA - DEE
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MARIA IZABEL BATISTA VIEIRA SILVA - DEE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA EÓLICO DE PEQUENO PORTE PARA INTERLIGAÇÃO À REDE ELÉTRICA Maria Izabel Batista Vieira Silva Fortaleza, novembro de 2010 ii Maria Izabel Batista Vieira Silva ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA EÓLICO DE PEQUENO PORTE PARA INTERLIGAÇÃO À REDE ELÉTRICA Monografia submetida à Universidade Federal do Ceará como parte dos requisitos para obtenção do grau de Graduado em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Dr. Souza Oliveira Júnior Fortaleza, novembro de 2010 Demercil de iii iv “Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita e é bonita! Viver, e não ter a vergonha de ser feliz! Cantar e cantar e cantar A beleza de ser um eterno aprendiz Eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será Mas isso não impede que eu repita É bonita, é bonita e é bonita!” Gonzaguinha “Don’t worry, be happy!” Bob Marley v AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus! Pelas bênçãos em minha vida, e pela força que Ele me deu para que eu chegasse até aqui. Ao professor Demercil, pela oportunidade de trabalho, pela motivação no curso, pela PACIÊNCIA, pelos conhecimentos repassados, pela amizade, pela confiança depositada em mim e pela disponibilidade sempre que precisei de uma orientação. Muito obrigada! Gostaria de agradecer também aos outros professores do Departamento de Engenharia Elétrica que contribuíram para a minha graduação. Em especial ao professor Fernando Antunes e professora Ruth Leão, pela amizade, atenção, disposição e motivação no curso. Aos amigos e colegas que fiz durante esses 5 anos. À Janaína, pela amizade, confiança, pelas risadas, pelos conselhos e confidências e por estar sempre ao meu lado, seja nos momentos tristes, felizes ou de desespero. Ao Babal, não por me perturbar o juízo, mas pela amizade e pela oportunidade de conviver com tamanha loucura. Ao Hertz, por todas as reuniões com shisha na casa dele, que ajudaram a encontrar a paz, felicidade e tranqüilidade para desenvolver esse trabalho (by hertz). Ao Dante, pela paciência e por sempre me ajudar quando precisei. Ao James, Luique e Gino pelo companheirismo, pelas palhaçadas e piadas sem graça que me fazem rir muito. E à todos que não citei os nomes mas que tiveram presentes nos momentos de desespero, nas noites viradas, nos momentos de diversão juntos e novamente nas palhaçadas. Aos meus amigos e amigas não engenheiros, por me fazerem esquecer por alguns momentos o stress, pela amizade e pelos momentos divertidos juntos. À minha família. Minha mãe que sempre esteve presente e me incentivando, seja nos estudos ou na vida. À minha irmã por sempre acreditar em mim. Aos meus tios, tia Tereza, tia Kátia, Baby, tio Fernando e tio Jorge, pela imensa ajuda nos meus estudos, seja na faculdade ou no colégio, pela confiança e por acreditarem no meu potencial. E à todos os outros familiares que não foram aqui citados, mas que tem uma grande importância para mim. Aos que por motivo de esquecimento não estão citados, peço desculpas. vi RESUMO Resumo da monografia apresentada à Universidade Federal do Ceara como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Graduado em Engenharia Elétrica. ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA EÓLICO DE PEQUENO PORTE PARA INTERLIGAÇÃO À REDE ELÉTRICA Maria Izabel Batista Vieira Silva Este trabalho apresenta um sistema de processamento de energia para a interligação de um aerogerador à rede elétrica. As principais características desse sistema são baixo custo, robustez e simplicidade. A topologia consiste em um gerador síncrono de ímã permanente conectado a um retificador trifásico semi-controlado operando em modo descontínuo de condução. Para a conexão do retificador à rede, é utilizado um inversor monofásico que injeta corrente na rede com fator de potência unitário e baixa distorção harmônica. O retificador opera com uma tensão de entrada e freqüência variáveis, a potência nominal é de 1.6kW quando a tensão de entrada é 220V. O controle do inversor também tem a função de entregar à rede uma corrente em fase com a tensão, ou seja, com fator de potência unitário e com baixo THD. Para comprovar a análise teórica, foram feitas as simulações e obteve-se os resultados experimentais do retificador. Numero de paginas:.78 Palavras chaves: Eletrônica de Potencia, sistema eólico, retificador trifásico semi-controlado, inversor monofásico, correção de fator de potência. vii ABSTRACT Abstract of dissertation presented at Federal University of Ceará as partial of fulfillment of the requirements for the Graduated degree in Engineering. STUDY AND DEVELOPMENT OF A GRID-CONNECTED SMALL WIND ENERGY CONVERSION SYSTEM Maria Izabel Batista Vieira Silva This work proposes a electronic system in order to connect small wind turbines to the power grid. The main characteristics of this system are low cost, robustness and simplicity. The topology consists of a permanent magnet synchronous generator connected to a semi-controlled three-phase rectifier operating in discontinuous conduction mode. For the connection of the rectifier to the grid, it is used a single-phase inverter that injects current in the grid with high power factor and low harmonic distortion. The rectifier operates with an input voltage and frequency variables, the power rating is 1.6kW when the input voltage is 220V. The generator is responsible for the maximum power point track, and the control of the bus voltage is done by the inverter. The inverter control also has the function to deliver a current in phase with the voltage to the grid, with unity power factor and low THD. To prove the theoretical analysis, simulations were made and obtained experimental results of the rectifier. Number of pages:.78 Keywords: Power Electronics, wind energy system, three-phase semicontrolled rectifier, single-phase inverter, power factor correction. viii SUMÁRIO SUMÁRIO .......................................................................................................... 8 LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ 11 LISTA DE TABELAS ....................................................................................... 14 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 1 CAPÍTULO 2 ENERGIA EÓLICA ...................................................................... 5 2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 5 2.2 MECANISMOS DE GERAÇÃO DOS VENTOS..................................................... 5 2.3 MOVIMENTO DAS MASSAS DE AR ................................................................. 6 2.4 O APROVEITAMENTO DA ENERGIA DO VENTO ............................................... 7 2.5 SISTEMAS DE CONVERSÃO DE ENERGIA EÓLICA ......................................... 10 2.5.1 WECS baseado em um conversor Boost ....................................... 10 2.5.2 WECS baseado em um retificador PWM totalmente controlado .... 11 2.5.3 WECS baseado em um retificador PWM totalmente controlado a 4chaves ..................................................................................................... 12 2.5.4 Sistema Proposto ........................................................................... 12 2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 13 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DO RETIFICADOR TRIFÁSICO SEMI-CONTROLADO EM MODO DESCONTÍNUO ............................................................................ 14 3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14 3.2 MODO DE OPERAÇÃO DO RETIFICADOR ..................................................... 15 3.2.1 Primeiro estágio.............................................................................. 17 3.2.2 Segundo estágio............................................................................. 17 3.2.3 Terceiro estágio .............................................................................. 17 3.3 MODELO MATEMÁTICO DO RETIFICADOR .................................................... 19 3.4 ESFORÇOS NOS SEMICONDUTORES ........................................................... 22 3.4.1 Esforços de tensão e corrente nos diodos superiores .................... 22 3.4.2 Esforços de tensão e corrente nos interruptores ............................ 22 ix 3.4.3 Esforços de tensão e corrente sobre o diodo anti-paralelo das chaves ....................................................................................................... 23 3.5 CONTROLE DO RETIFICADOR ..................................................................... 25 3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 25 CAPÍTULO 4 ANÁLISE DO INVERSOR MONOFÁSICO EM PONTE COMPLETA ..................................................................................................... 26 4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 26 4.2 MODULAÇÃO DO INVERSOR ....................................................................... 26 4.2.1 Modulação Bipolar .......................................................................... 27 4.2.2 Modulação Unipolar........................................................................ 28 4.3 ETAPAS DE OPERAÇÃO DO INVERSOR ........................................................ 29 4.3.1 Semi-ciclo positivo da tensão da rede ............................................ 30 4.3.1.1 - Primeira etapa de operação .................................................. 30 4.3.1.2 – Segunda etapa de operação ................................................ 30 4.3.1.3 – Terceira etapa de operação ................................................. 30 4.3.2 Semi-ciclo negativo da tensão da rede........................................... 30 4.3.2.1 - Primeira etapa de operação .................................................. 30 4.3.2.2 – Segunda etapa de operação ................................................ 31 4.3.2.3 – Terceira etapa de operação ................................................. 31 4.4 EQUACIONAMENTO DO INVERSOR .............................................................. 32 4.4.1 Cálculo do indutor de filtro do inversor ........................................... 33 4.4.2 Cálculo do capacitor de filtro do inversor........................................ 33 4.4.3 Cálculo do capacitor do barramento ............................................... 33 4.5 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS NOS INTERRUPTORES DO INVERSOR ........... 34 4.6 CONTROLE DO INVERSOR ......................................................................... 34 4.6.1 Modelagem do inversor .................................................................. 36 4.6.2 Definição do controlador................................................................. 36 4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 37 CAPÍTULO 5 PROJETO DO SISTEMA PROPOSTO ..................................... 39 5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 39 5.2 DADOS DO SISTEMA .................................................................................. 39 5.3 ESTÁGIO DE POTÊNCIA DO RETIFICADOR ................................................... 40 5.3.1 Cálculo do indutor de entrada do retificador ................................... 41 x 5.3.2 Dimensionamento dos diodos superiores do retificador ................. 41 5.3.3 Dimensionamento dos interruptores do retificador ......................... 42 5.3.4 Dimensionamento dos diodos em anti-paralelo das chaves........... 42 5.4 ESTÁGIO DE POTÊNCIA DO INVERSOR ........................................................ 43 5.4.1 Cálculo da indutância de filtro do inversor ...................................... 44 5.4.2 Cálculo da capacitância de filtro do inversor .................................. 44 5.4.3 Cálculo do capacitor do barramento cc .......................................... 45 5.4.4 Dimensionamento dos interruptores do inversor ............................ 45 5.5 ESTÁGIO DE CONTROLE DO INVERSOR ........................................................ 46 5.5.1 Projeto da malha de corrente ......................................................... 47 5.5.1.1 Projeto do compensador de corrente ...................................... 48 5.5.2 Projeto da malha de tensão ............................................................ 51 5.5.2.1 Projeto do compensador de tensão......................................... 52 5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 54 CAPÍTULO 6 SIMULAÇÕES E RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................ 55 6.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 55 6.2 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO DO RETIFICADOR SEMI-CONTROLADO COM O INVERSOR COMO CARGA .................................................................................. 55 6.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DO RETIFICADOR SEMI-CONTROLADO COM CARGA RESISTIVA. ........................................................................................... 57 6.4 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO DO INVERSOR MONOFÁSICO EM PONTE COMPLETA ALIMENTADO PELO RETIFICADOR SEMI-CONTROLADO EM MODO DESCONTÍNUO ...... 60 6.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 65 CONCLUSÃO GERAL ..................................................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 68 APÊNDICE 1 PROJETO FÍSICO DO INDUTOR DE ENTRADA DO RETIFICADOR ................................................................................................. 70 APÊNDICE 2 PROJETO FÍSICO DO INDUTOR DE FILTRO DO INDUTOR .. 74 xi Lista de Figuras Figura 2.1 – Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar.6 Figura 2.2 – Volume de ar no cilindro fictício...................................................... 7 Figura 2.3 – Gráfico de Cp versus a razão v2/v ................................................. 9 Figura 2.4 - WECS com um conversor Boost intermediário ............................. 10 Figura 2.5 – WECS baseado em um retificador e inversor PWM ..................... 11 Figura 2.6 – WECS baseado em um retificador e inversor PWM a 8 chaves .. 12 Figura 2.7 – WECS baseado em um retificador semi-controlado ..................... 12 Figura 3.1 – Retificador Trifásico Semi-Controlado .......................................... 14 Figura 3.2 – Setores das tensões de entrada .................................................. 16 Figura 3.3 – Estágios de operação do retificador semi-controlado em modo descontínuo ...................................................................................................... 18 Figura 3.4 – Circuitos equivalentes referentes aos estágios do modo descontínuo ...................................................................................................... 18 Figura 3.5 – Envoltório senoidal das correntes das fases a, b e c ................... 20 Figura 3.6 – Envoltório senoidal da corrente do indutor de uma das fases ...... 20 Figura 3.7 – Correntes dos indutores das fases a, b e c .................................. 21 Figura 3.8 – Corrente de saída do gerador ...................................................... 21 Figura 4.1 – Inversor monofásico em ponte completa...................................... 26 Figura 4.2 – Pulsos de comando das chaves na modulação bipolar................ 27 Figura 4.3 – Etapas de operação na modulação bipolar, sendo (a) e (b) no semi-ciclo positivo da tensão da rede e (c) e (d) no semi-ciclo negativo .......... 28 Figura 4.4 – Pulsos de comando das chaves na modulação unipolar.............. 29 Figura 4.5 - Etapas de operação do inversor no semi-ciclo positivo da tensão da rede. ................................................................................................................. 30 Figura 4.6 – Etapas de operação do inversor no semi-ciclo negativo da tensão da rede. ............................................................................................................ 31 Figura 4.7 – Tensão Vab e a fundamental da tensão de saída na modulação unipolar ............................................................................................................ 31 Figura 4.8 – Diagrama de blocos do controle por corrente média .................... 35 Figura 4.9 – Controlador PI .............................................................................. 37 xii Figura 5.1 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de corrente ................................................ 48 Figura 5.2 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de corrente ................................................ 48 Figura 5.3 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência da malha de corrente compensada. ................................................................................. 50 Figura 5.4 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência da malha de corrente compensada. ...................................................................................... 50 Figura 5.5 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de tensão .................................................. 51 Figura 5.6 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de tensão .................................................. 52 Figura 5.7 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência da malha de tensão compensada. ................................................................................... 53 Figura 5.8 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência da malha de tensão compensada. ........................................................................................ 53 Figura 6.1 – Circuito de potência do retificador semi-controlado...................... 55 Figura 6.2 – Corrente e tensão de entrada do retificador ................................. 56 Figura 6.3 – Espectro harmônico das correntes de entrada ............................. 56 Figura 6.4 – Envoltório senoidal das correntes dos indutores .......................... 57 Figura 6.5 – Estágios de operação do retificador. ............................................ 57 Figura 6.6 – Tensão e corrente de entrada do retificado. ................................. 58 Figura 6.7 – Espectro harmônico da corrente de entrada experimental ........... 58 Figura 6.8 – Corrente no indutor de entrada e tensão na chave em baixas freqüências. ...................................................................................................... 59 Figura 6.9 – Corrente no indutor e tensão na chave em altas freqüências. ..... 59 Figura 6.10 – Eficiência do retificador. ............................................................. 60 Figura 6.11 – Circuito de potência do inversor ................................................. 60 Figura 6.12 – Controlador de tensão. ............................................................... 61 Figura 6.13 – Controlador de corrente ............................................................. 61 Figura 6.14 – Circuito de modulação unipolar. ................................................. 61 Figura 6.15 – Tensão no barramento cc .......................................................... 62 Figura 6.16 – Corrente drenada do barramento cc .......................................... 62 Figura 6.17 – Tensão VAB e corrente no indutor. ............................................ 63 xiii Figura 6.18 – Tensão de controle comparada com a triangular. ...................... 63 Figura 6.19 – Tensao no link cc durante um degrau na entrada. ..................... 64 Figura 6.20 – Tensão da rede e corrente injetada na rede. ............................. 64 Figura 6.21 – Espectro harmônico da corrente injetada na rede ...................... 64 xiv Lista de Tabelas Tabela 3.1 – Setores das correntes de entrada ............................................... 15 Tabela 3.2 – Setores das correntes de entrada devido ao modo descontínuo 16 Tabela 5.1 – Especificações de projeto ............................................................ 39 Tabela 5.2 – Parâmetros físicos de construção do indutor de entrada ............ 41 Tabela 5.3 – Especificações dos diodos superiores do retificador ................... 42 Tabela 5.4 – Especificações das chaves utilizadas no retificador .................... 43 Tabela 5.5 – Parâmetros físicos de construção do indutor de entrada ............ 44 Tabela 5.6 – Especificações das chaves utilizadas no inversor ....................... 46 1 Capítulo 1 Introdução Acredita-se que foram os egípcios os primeiros a fazer uso prático do vento. Em torno do ano 2800 AC, eles começaram a usar velas para ajudar a força dos remos dos escravos. Eventualmente, as velas ajudavam o trabalho da força animal em tarefas como moagem de grãos e bombeamento de água. O império da Babilônia de Hammurabi planejou turbinas eólicas para irrigação no século XVII A.C [1]. Deste modo, com o desenvolvimento da habilidade em velejar, os navios movidos à vento possibilitaram o descobrimento do chamado Novo Mundo[1]. A força do vento logo se tornou uma importante fonte de energia mecânica medieval inglesa. Durante esse período, os holandeses contaram com a força do vento para bombeamento de água, moagem de grãos e operações de serraria [2]. No final do século XIX, foram realizadas pesquisas na Dinamarca para sistemas de carregamento de baterias para lugares remotos. A turbina eólica utilizada era ligada a um gerador DC de 12kW construído nos EUA. Porém, à medida que a rede elétrica se expandia, esses sistemas isolados foram sendo esquecidos [1,2]. O repentino aumento no preço do petróleo em 1973 fez com que fossem retornados os investimentos em pesquisa sobre geração eólica. A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976, na Dinamarca [2]. Nesta época, havia muitas incertezas a respeito do tipo da turbina e sua arquitetura [2]. O protótipo mais aceito, principalmente para turbinas de grande porte, foi o modelo dinamarquês de três pás com controle stall e ligado a uma máquina de indução. A partir do momento em que o tamanho das turbinas foi crescendo muito, o uso da caixa de engrenagens para ligar a rotor à máquina de indução foi se tornando um problema. Dessa forma, houve a troca pela máquina síncrona, que não precisa 2 de caixa de engrenagem [2]. Porém, é necessário um maior tratamento da tensão de saída desses geradores, já que não se tem um controle da freqüência de rotação das pás, logo, não se tem o controle da freqüência da tensão de saída do gerador. Segundo [4], em se tratando especificamente de energia elétrica, o consumo anual de energia crescerá a uma taxa média de 2,4% ao ano, passando de 16.424 bilhões de KWh em 2004 para 30.364 bilhões de KWh em 2030. Com a previsão desse grande aumento na demanda mundial por energia elétrica, o esgotamento da geração hidráulica, o aumento do preço do petróleo e as crescentes preocupações ambientais, novas formas de geração de energia estão sendo estudadas. As formas mais comuns atualmente de obtenção de energia elétrica trazem algumas desvantagens, o carvão e o petróleo liberam o gás carbônico na atmosfera, sendo o principal causador do efeito estufa, as usinas nucleares geram o lixo atômico, e até hoje ainda não se sabe ao certo onde “despejar” esses resíduos, no caso do Brasil, onde a principal forma de energia é classificada como limpa, a energia hidráulica, as desvantagens são a formação de grandes reservatórios de água e o possível remanejo de populações inteiras que ficariam submersas. Dessa forma, os investimentos em formas alternativas de gerar energia elétrica estão crescendo vertiginosamente. No caso da eólica, houve um crescimento de potência instalada de 4,8 GW em 1995 para 58 GW em 2005 [3]. E no caso do Brasil, onde o potencial eólico é muito grande, cerca de 143,5GW, esse crescimento deverá ser bem maior [5]. Estima-se que em 2020 o mundo terá 12% da energia elétrica gerada pelo vento, com uma capacidade instalada de mais de 1.200GW [6]. O custo dos equipamentos e da energia gerada pelos aerogeradores sempre foi o maior entrave para a utilização dos mesmos comercialmente no Brasil. Mas recentes desenvolvimentos tecnológicos, tais como na aerodinâmica, estratégias de controle e sistemas avançados de transmissão, fizeram com que o custo de instalação e da energia dos parques eólicos diminuísse consideravelmente. Outro aspecto importante que deve ser levado em consideração para que haja um aumento nos investimentos em energia eólica é o fato de a matriz energética brasileira ser pouco diversificada. Cerca de 70% de toda a energia gerada pelo Brasil provém de usinas hidroelétricas [7], o que torna necessária a 3 transmissão dessa energia por vários quilômetros. Essa transmissão é cara e gera muitas perdas nas linhas. Com o uso da geração distribuída em um sistema interligado como é o brasileiro, a eficiência do sistema seria bem maior, visto que as perdas de transmissão seriam bem menores, devido à proximidade da geração à carga. A confiabilidade do sistema também será bem maior, pois ocorrendo uma falta em alguma linha, essas gerações de menor porte podem suprir algumas cargas do sistema, além de “aliviar” o sistema hidroelétrico em horários de pico. O objetivo desse trabalho é detalhar o estudo, o projeto e os resultados de um sistema de processamento da energia de um gerador eólico para a interligação desse com a rede elétrica. Será estudado um gerador síncrono de ímã permanente (PMSG – Permanent Magnetic Synchronous Generator), cujas vantagens em relação ao gerador de indução são a não necessidade da caixa de engrenagens, devido ao elevado número de pólos da máquina, o que resulta em menores volumes na turbina, menores custos de instalação e manutenção, e maior confiabilidade do sistema. Uma outra vantagem da máquina síncrona é a maior facilidade de atingir o ponto ótimo de energia, já que esse ponto máximo ocorre para um valor constante da razão entre a velocidade da turbina e a velocidade do vento. Porém, devido ao fato de o gerador entregar uma tensão de amplitude e freqüência variáveis, há a necessidade do tratamento dessa energia a fim de que ela possa ser entregue à rede elétrica de acordo com as normas internacionais, IEEE 1547/2003, ou seja, com fator de potência unitário e taxa de distorção harmônica inferior a 5%. Esse trabalho irá detalhar o sistema de processamento dessa energia, que consiste em um retificador trifásico que transforma a energia vinda do gerador em um barramento de tensão contínua, esse irá alimentar um inversor trifásico que injetará essa energia na rede. A estrutura da monografia segue da seguinte forma: No Capítulo 1, é feita uma introdução geral à utilização dos ventos como fonte de energia. Após isso há uma análise cronológica dos avanços tecnológicos obtidos no desenvolvimento de aerogeradores. É feita também um estudo estatístico do consumo de energia elétrica e do crescimento dos investimentos em energia eólica. A apresentação dos objetivos desse trabalho também é realizada neste capítulo. 4 No Capítulo 2, é realizado um estudo teórico da energia dos ventos e das formas de aproveitamento dessa energia. É feito também um estudo bibliográfico sobre possíveis topologias que podem ser aproveitadas para o projeto e ao final é mostrada a topologia eleita para compor o sistema do trabalho. No Capítulo 3 é realizado um estudo detalhado do Retificador Trifásico Semi-Controlado em modo de condução descontínuo, o qual é responsável pela correção do fator de potência e por gerar o barramento cc para alimentação do inversor. É apresentado nesse capítulo o princípio de funcionamento bem como seu equacionamento e os esforços nos seus componentes. No Capítulo 4 é realizado um estudo detalhado do Inversor Monofásico em Ponte Completa, o qual é responsável pela injeção da corrente na rede elétrica com fator de potência elevado, baixo THD e pelo controle da tensão do barramento. É apresentado seu princípio de funcionamento bem como seu equacionamento e os esforços nos seus componentes. No Capítulo 5 são usados os equacionamentos feitos nos capítulos 3 e 4 para o dimensionamento dos sistemas de potência e controle do retificador e do inversor. São calculados os esforços de tensão e corrente, bem como as especificações dos indutores, capacitores e das chaves utilizadas. No Capítulo 6 é realizada a comprovação dos estudos teóricos do sistema com os resultados de simulação do sistema completo, e com os resultados experimentais do retificador. 5 Capítulo 2 Energia Eólica 2.1 Introdução O deslocamento das massas de ar causado pelas diferenças de pressão e temperatura na superfície terrestre é denominado vento [8]. O sol é a maior fonte de energia da terra, sendo responsável por uma incidência de energia que alcança cerca de 1,39kW/m². Uma estimativa da energia total disponível nos ventos ao redor do planeta pode ser feita a partir da hipótese de que, aproximadamente, 2% da energia solar absorvida pela Terra é convertida em energia cinética dos ventos. Este percentual, embora pareça pequeno, representa centenas de vezes à potência anual instalada nas centrais elétricas do mundo [9]. 2.2 Mecanismos de Geração dos Ventos Como já foi dito anteriormente, os ventos são causados devido às diferenças de temperatura e também devido ao formato da Terra, a inclinação do seu eixo em relação ao sol e aos movimentos de rotação e translação. Os raios solares incidem mais inclinados na região dos pólos, e perpendicularmente à superfície nas regiões tropicais. Dessa forma, o ar da região equatorial acaba sendo mais quente e conseqüentemente menos denso que o ar da região polar, logo, o ar menos denso dos trópicos tende a se deslocar pelas regiões mais altas da atmosfera em direção ao pólos, esse ventos são chamados de ventos contra-alísios, e o ar mais pesado dos pólos, desloca-se para os trópicos nas camadas inferiores da atmosfera, sendo chamado de ventos alísios [13]. A Figura 2.1representa esse mecanismo. 6 Figura 2.1 – Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. Os ventos também são influenciados por centenas de outros fatores. São eles o atrito com a superfície, distância do litoral, formato do contorno litorâneo, topografia e outros. Essas influências geram ventos localizados, um exemplo desses ventos são as brisas. Durante o dia, o solo aquece mais que a água, devido ao calor específico da água ser bem maior que o da areia, dessa forma, os ventos partem do mar para a terra. Durante a noite, ocorre o contrário, a terra resfria-se mais rápido que a água, fazendo com que o vento mude de direção, e sopre da terra para o mar. Em regiões onde a topografia da região é muito acidentada, como em montanhas, nas primeiras horas do dia, o sol bate primeiro no topo, fazendo com que as partes mais altas fiquem mais quentes que as partes inferiores, logo, o vento sopra de cima para baixo. À medida que as partes baixas vão ficando mais quentes, os ventos mudam de direção e passam a soprar dos vales para o topo [9]. 2.3 Movimento das Massas de Ar O vento na superfície terrestre está sujeito a variações que são chamadas turbulências. Dessa forma, matematicamente, descreve-se a velocidade instantânea do vento como a soma de um valor médio com uma pequena variação: + = (2.1) 7 Onde V é a velocidade instantânea, é a velocidade média e é a flutuação. A maioria dos instrumentos de medição filtra essas variações da velocidade e retorna apenas o valor médio. Outro aspecto importante que deve ser levado em consideração no projeto de um parque eólico é a direção predominante dos ventos. Dessa forma, tem-se uma maior eficiência da turbina, facilitando o controle das pás. Um exemplo é o caso de parques eólicos construídos no litoral, como é o caso dos parques aqui do Ceará. A direção dos ventos muda durante o dia e a noite, e deve-se ter uma média de velocidade dos ventos para um projeto mais eficiente do parque. 2.4 O Aproveitamento da Energia do Vento A energia do vento consiste na energia cinética da massa de ar em movimento. Dessa forma, pode-se expressar a energia cinética do vento como sendo: = (2.2) Sendo m a massa de ar em deslocamento e v sua velocidade [9,11]. Considerando que o vento possui velocidade e direção fixas, pode-se desenvolver uma equação da potência relacionada a uma determinada área através do cilindro fictício abaixo: Figura 2.2 – Volume de ar no cilindro fictício A Figura 2.2 mostra uma massa de ar que entra numa área A, que é igual a área varrida pelas pás da turbina e percorre um comprimento L. Dessa forma, a massa pode ser representada pelo produto do volume dentro do cilindro pela densidade do ar: 8 = (2.3) Com isso, a energia cinética pode ser representada por: = (2.4) Deriva-se então a equação 2.4 em relação ao tempo para achar a potencia disponível do vento. Dessa forma, sendo v uma velocidade constante, a derivada ⁄ vai ser o próprio valor de v, assim sendo, tem-se que a potência disponível é: = (2.5) Sendo a área varrida pelas pás igual a , e sendo R o comprimento da pá, tem-se: = (2.6) Da equação 2.6 pode-se concluir que a potência disponível no vento é proporcional ao quadrado do comprimento da pá e ao cubo da velocidade do vento. Daí a importância de conhecer com precisão a velocidade média dos ventos no local onde será instalada a turbina, pois uma pequena variação na velocidade do vento pode ocasionar uma grande variação na potência de saída do gerador [9,11]. Porém, estudos mostram que a potência disponível no vento não é totalmente convertida em potência elétrica. Existe um coeficiente de potência que é a razão entre a potência mecânica fornecida pelo rotor do gerador e a potência do vento que é dado em função das velocidades do vento à montante e à jusante da turbina [10]. A equação em questão é a seguinte: = = − " # $ % + & (2.7) 9 Onde é a velocidade do vento à jusante do rotor, ou seja, a velocidade do vento após perder a energia que foi para o rotor. Com essa equação, obtém o seguinte gráfico para Cp: Cp 0.6 0.4 0.2 0 0 0.2 0.4 v2/v 0.6 0.8 1 Figura 2.3 – Gráfico de Cp versus a razão v2/v A partir do gráfico e da equação 2.7, pode-se inferir que quando a velocidade de saída do rotor é igual a de entrada, não há absorção de energia pelo rotor, percebe-se também que se a velocidade do vento na saída do rotor é nula, o Cp é 0,5, ou seja, metade da potência presente no vento foi absorvida pelo rotor e a outra metade foi dissipada. Observa-se também que há um ponto máximo no gráfico, o valor desse ponto pode ser obtido derivando a equação 2.7 e igualando a zero obtém-se que o valor da razão ⁄ vale 1/3, logo, o valor máximo de Cp é 0,593. Esse valor corresponde ao máximo rendimento que pode ser obtido idealmente. Dessa forma, sabe-se que em uma turbina em operação, parte da potência do vento é convertida pelo rotor, parte é dissipada e a outra parte segue ainda como potência do vento. A relação entre a velocidade linear na ponta da pá e a velocidade do vento é outro parâmetro muito importante para analisar o desempenho aerodinâmico do rotor, e é denominada velocidade específica [10]. '= ( (2.8) 10 Onde f é a freqüência de rotação do rotor. Com isso, cada turbina, tem um )* +, diferente, dependendo do material e do comprimento das pás, das suas características aerodinâmicas, entre outros fatores. Dessa forma, é mais vantajoso que o rotor opere livre, ou seja, que ele possa girar com velocidade de rotação variável, permitindo o ajuste de , que garanta o máximo Cp para a velocidade do vento disponível [11]. 2.5 Sistemas de Conversão de Energia Eólica Várias são as topologias que podem ser propostas para a interligação de um aerogerador à rede elétrica, essas são denominadas de Wind Energy. Conversion System, ou simplesmente WECS. Nesta seção serão apresentadas algumas dessas topologias e analisadas suas vantagens e desvantagens. Também será levado em consideração que o gerador utilizado é um gerador síncrono de íma permanente. Ele é capaz de gerar energia para qualquer freqüência de rotação das pás e intensidade do vento, ou seja, a tensão de saída desse gerador não possui freqüência nem amplitude fixas, permitindo, assim, que ele esteja operando com Cp máximo. 2.5.1 WECS baseado em um conversor Boost Esse sistema consiste em um estágio DC entre um retificador convencional e o inversor para a interligação à rede. A Figura 2.4 representa detalhadamente essa topologia. Figura 2.4 - WECS com um conversor Boost intermediário Algumas desvantagens dessa topologia são que o estágio retificador apresenta baixo fator de potência, pois introduz distorção harmônica na corrente e na tensão do gerador, o que pode causar alguns efeitos indesejáveis, tais como: aumento na emissão de ruído audível, eventual ocorrência de oscilações mecânicas, 11 aquecimento devido às perdas no aço e no cobre devido às freqüências harmônicas, redução na eficiência da máquina e dificuldades com a produção de torque [12]. Uma forma de corrigir esses problemas de distorção e emular uma carga resistiva para a máquina é usando um conversor cc-cc na saída do retificador, através de uma modulação correta, ele é capaz de corrigir o fator de potência e garantir um nível de tensão adequada no link cc [4]. Porém, a presença de 3 chaves semicondutoras no caminho da corrente também faz com que as perdas com essa topologia aumentem diminuindo a eficiência do conversor. Além disso, vale salientar também que a correção do fator de potência só é conseguida no modo de condução descontínua. 2.5.2 WECS baseado em um retificador PWM totalmente controlado Essa topologia representa uma opção para aumentar o fator de potência do conversor. Ela é a mais usada em sistemas de alta potência, já que, por possuir 6 semicondutores em cada estágio, a potência total fica distribuída entre todas as chaves. Percebe-se também que há chaves conectadas em série, fazendo com que o sistema de controle seja bem mais complexo, a fim de evitar curto-circuito nos braços do estágio retificador ou inversor. A Figura 2.5 representa essa topologia [11]. Figura 2.5 – WECS baseado em um retificador e inversor PWM Essa é uma estrutura que permite o fluxo bidirecional de potência, sendo, dessa forma, denominada de conversor back-to-back. Nesse caso, no estágio retificador, há apenas dois semicondutores no caminho da corrente de cada fase, é uma melhoria em relação à topologia anterior. 12 2.5.3 WECS baseado em um retificador PWM totalmente controlado a 4chaves A vantagem dessa topologia em relação à anterior é o fato de serem usadas apenas 8 interruptores. Isso faz com que o custo seja reduzido. A figura 2.6 mostra essa topologia. Figura 2.6 – WECS baseado em um retificador e inversor PWM a 8 chaves Em contrapartida, essa topologia aumenta os esforços de tensão sobre as chaves, e também pode haver um desequilíbrio das tensões individuais sobre os capacitores do link cc, aumentando o grau de complexidade do sistema de controle [11]. 2.5.4 Sistema Proposto A Figura 2.7 representa a topologia proposta por esse trabalho: Figura 2.7 – WECS baseado em um retificador semi-controlado Esse sistema é composto por um retificador semi-controlado operando em modo descontínuo de condução. Esse retificador é composto por 3 IGBTs e 3 diodos. Algumas vantagens do uso dessa topologia são: 13 • Os 3 IGBTs são ligados à mesma referência, o que simplifica o circuito de comando; • A presença dos diodos na parte superior do conversor faz com que não haja perigo de curto-circuito nos braços; • O modo descontínuo de operação diminui o tamanho dos componentes magnéticos, já que os valores de corrente são menores do que os no modo contínuo de operação; • Há apenas 2 semicondutores no caminho da corrente em cada fase, o que aumenta a eficiência do conversor; • O modo descontínuo de operação também não necessita de sensores de corrente e permite a operação do conversor em malha aberta mantendo-se a razão cíclica constante. O estágio dc-ac será composto por um inversor monofásico em ponte completa com modulação unipolar. 2.6 Considerações Finais Este capítulo definiu alguns conceitos relacionados aos ventos e ao aproveitamento dessa energia na forma de energia elétrica. Foram relatados também os conceitos de máximo aproveitamento da energia do vento pela turbina, a fim de uma maior eficientização do processo de conversão de energia. Com essa base teórica, foram descritas algumas topologias de condicionamento da energia elétrica gerada pelo aerogerador, analisadas suas vantagens e desvantagens e então descrita a topologia que será detalhada nesse trabalho. 14 Capítulo 3 Análise do Retificador Trifásico Semi-Controlado em Modo de Condução Descontínuo 3.1 Introdução Como dito no capítulo anterior, a topologia proposta para a execução desse projeto é composta de dois estágios. O primeiro é o retificador, ele é responsável por transformar a tensão de saída do gerador, que tem freqüência e amplitude variáveis, em uma tensão contínua e de valor aproximadamente constante. Essa tensão de saída do retificador servirá como o barramento de tensão de entrada do segundo estágio do sistema, o inversor para interligação à rede. O retificador tratado nesse trabalho tem as características de um Boost, ou seja, de um elevador de tensão. Tendo em vista que o objetivo é a interligação à rede, há a necessidade de uma alta tensão na saída do retificador. A opção de um retificador semi-controlado se fez pela sua simplicidade e facilidade de comando, além da robustez, da confiabilidade, já que não é possível haver um curto de braço devido à ausência de interruptores em série, e da alta eficiência, já que existem apenas dois semicondutores no caminho da corrente. Outra vantagem do sistema, é que ele será operado no modo descontinuo, ou seja, os esforços de corrente e tensão nas chaves serão reduzidos e também não haverá a necessidade de utilização de sensores de corrente. A seguir será descrito o funcionamento, as etapas de operação e a dinâmica desse conversor. A Figura 3.1 representa essa topologia. D1 D2 S1 S2 D3 PMSG S3 Figura 3.1 – Retificador Trifásico Semi-Controlado 15 3.2 Modo de Operação do Retificador O funcionamento deste conversor é semelhante ao do conversor boost. As principais diferenças são devido à topologia proposta ser um sistema trifásico sem neutro e com tensões defasadas de 120°, dessa forma, sempre haverá pelo menos uma das tensões de entrada operando no semi-ciclo positivo, como mostra a Figura 3.2. Há uma primeira etapa de armazenamento de energia e uma segunda etapa onde essa energia é entregue à carga. Na primeira etapa, quando as chaves S1, S2 e S3 estão fechadas, a corrente flui pelo respectivo indutor e cresce linearmente, enquanto os diodos D1, D2 e D3 estão reversamente polarizados, e o capacitor Cf supre a carga do retificador. Ao abrirem as três chaves, a energia passa a ser transferida para a carga, a corrente passa a decrescer linearmente pelos indutores e passar pelos diodos D1, D2 ou D3, dependendo do sentido da corrente da fase, o retorno dessa corrente é feito pelo diodo em anti-paralelo do IGBT da fase em que a corrente está no sentido oposto [12]. Para um melhor entendimento desse fato, as tensões de entrada podem ser divididas em setores, dependendo da combinação das mesmas. Como elas podem assumir os estados positivo (+) e negativo (-), haverá oito combinações possíveis para essas tensões, porém apenas seis delas são fisicamente possíveis, já que a soma das três correntes deve ser nula, então elas não podem ter, todas, o mesmo sentido. A Tabela 3.1 mostra todos os setores possíveis para as correntes senoidais de entrada. Tabela 3.1 – Setores das correntes de entrada Setores Ia Ib Ic Setor 1 + - + Setor 2 + - - Setor 3 + + - Setor 4 - + - Setor 5 - + + Setor6 - - + 16 A Figura 3.2 ilustra os setores da tensão de entrada. As correntes de entrada terão um envoltório seguindo a forma de onda da respectiva tensão da fase, ou seja, as correntes de entrada são compostas por uma componente de baixa freqüência senoidal e por uma componente pulsada na freqüência de comutação. Figura 3.2 – Setores das tensões de entrada Devido ao modo descontínuo, incluem-se mais seis setores possíveis para as correntes do retificador, esse acréscimo se dá devido ao fato de que uma das correntes poderá ser nula enquanto as outras duas estão em sentidos opostos, respeitando sempre o fato de que a soma delas deve ser zero. Todos os setores realizáveis para as correntes do retificador estão mostrados na Tabela 3.2 [11]. Tabela 3.2 – Setores das correntes de entrada devido ao modo descontínuo Setores Ia Ib Ic Setor 1 + - + Setor 2 + - Zero Setor 3 + Zero - Setor 4 + + - Setor 5 + - - Setor 6 - - + Setor 7 - + - Setor 8 - + Zero Setor 9 - Zero + Setor 10 - + + Setor 11 Zero + - Setor12 Zero - + Setor 13 Zero Zero Zero 17 Dessa forma, pode-se fazer a análise do retificador considerando apenas os setores 1 e 2 acima mostrados, sendo que o setor 1 engloba dois estágios de operação e o setor 2 representa o terceiro. O quarto estágio de operação se dá durante o setor 13. 3.2.1 Primeiro estágio Nesse primeiro estágio os interruptores S1, S2 e S3 estão todas fechadas. As correntes Ia e Ic crescem linearmente através dos indutores La e Lc e passam pelos interruptores S1 e S3, e a corrente Ib decresce linearmente através do indutor Lb e passa pelo diodo em anti-paralelo do interruptor S2. Nesse estágio, há o armazenamento de energia nos indutores e a carga é alimentada pelo capacitor Cc. A Figura 3.3(a) mostra o caminho das correntes no retificador, e a Figura 3.4(a) mostra o circuito equivalente do retificador nesse estágio. 3.2.2 Segundo estágio Nesse segundo estágio, os interruptores S1, S2, e S3 abrem. As correntes Ia e Ic decrescem linearmente pelos indutores La e Lc passando pelos diodos D1e D3, e a corrente Ib cresce linearmente pelo indutor Lb e passando pelo diodo em antiparalelo do interruptor S2. Nesse estágio, o próprio retificador passa a suprir sua carga, os indutores estão sendo descarregados e o capacitor do barramento, Cc, está sendo carregado. A Figura 3.3(b) mostra o caminho das correntes no retificador, e a Figura 3.4(b) mostra o circuito equivalente do retificador nesse estágio. 3.2.3 Terceiro estágio Nesse terceiro estágio, a corrente Ic torna-se nula, logo, para que a soma das correntes de entrada permaneça zero, a corrente Ib torna-se igual a -Ia. A corrente Ia continua decrescendo linearmente pelo indutor La e passando pelo diodo D1 enquanto a corrente Ib continua crescendo linearmente passando pelo indutor Lb e pelo diodo em anti-paralelo do interruptor S2, porém, em módulo essas correntes são iguais. Como no segundo estágio, o retificador continua suprindo a carga. A Figura 3.3(c) mostra o caminho das correntes no retificador, e a Figura 3.4(c) mostra o circuito equivalente do retificador nesse estágio. 18 3.2.4 Quarto estágio Há um quarto estágio que ocorre devido ao modo descontinuo de operação, é o estagio onde as três correntes tornam-se nulas, e o capacitor Cc começa a suprir a carga novamente. A Figura 3.3(d) e a Figura 3.4(d) mostram o retificador e o circuito equivalente nesse estágio. Figura 3.3 – Estágios de operação do retificador semi-controlado em modo descontínuo Figura 3.4 – Circuitos equivalentes referentes aos estágios do modo descontínuo 19 A partir desses estágios, pode-se obter o modelo matemático do retificador, equacionando cada um deles. 3.3 Modelo Matemático do retificador A partir da Figura 3.4, podem-se obter as equações das correntes para todos os três estágios do retificador [17]. No primeiro estágio, as correntes partem de zero e crescem linearmente pelos indutores, as equações desse estágio estão descritas abaixo. −V p V cos( wt ) + p cos( wTs1 ) i1 = wL wL Vp π −V π cos wt + + p cos wTs1 + i 2 = 3 wL 3 wL Vp π −V π cos wt − + p cos wTs1 − i3 = 3 wL 3 wL (3.1) Onde Vp é a tensão de pico de entrada, TS1 No segundo estágio, as correntes passam a ter um valor inicial, definido pelo valor final dessas correntes ao final do primeiro estágio, vale também salientar que esse estágio inicia-se após a abertura das chaves, ou seja, depois de um tempo D.TS. As equações que definem esse segundo estágio estão abaixo. −V0 (t − (Ts1 + DTs ) 3V p 3V p − cos( wt ) + cos( w(Ts1 + DTs )) + K i1 = 3L w w 2V0 (t − (Ts1 + DTs ) 3V p π 3Vp π + cos wt + − cos w(Ts1 + DTs ) + + K i 2 = 3L w 3 w 3 −V (t − (T + DT ) 3V p π 3Vp π s1 s + cos wt − − cos w(Ts1 + DTs ) − + K i3 = 0 w 3L 3 w 3 (3.2) Quando uma das correntes chega a zero, as outras duas que estão com sentidos opostos passam a ter o mesmo módulo, sendo t2 o tempo que leva até que uma das correntes se anule. Supondo que a corrente I1 se anule primeiro, as equações que definem esse terceiro estágio estão abaixo. 20 i1 =0 i 2 = -i3 i = 1 −V p cos wt − π + V p cos wt − π + V ( t − t ) + K 2 2 0 3 2 L w 2 w 2 (3.3) A partir dessas equações, podem-se obter os gráficos das correntes teóricas com o auxílio do software MATLAB. Em baixas freqüências, as formas de onda das correntes dos indutores de entrada do retificador estão mostradas nas Figura 3.5 e Figura 3.6. 15 10 5 0 -5 -10 -15 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 -3 x 10 Figura 3.5 – Envoltório senoidal das correntes das fases a, b e c 40 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 -3 x 10 Figura 3.6 – Envoltório senoidal da corrente do indutor de uma das fases 21 Em altas freqüências, pode-se observar de forma bem clara a presença dos quatro estágios de operação, com duas correntes crescendo linearmente quando as chaves estão fechadas e logo após decrescendo, observa-se também a mudança na inclinação das correntes quando uma delas chega a zero. A Figura 3.7 representa essas correntes. Figura 3.7 – Correntes dos indutores das fases a, b e c A corrente de saída do gerador, antes de passar pelo filtro formado pela impedância interna e pelos capacitores C1, C2 e C3, é senoidal, sem as componentes de alta freqüência. Porém, tem uma taxa de distorção considerável. A Figura 3.8 mostra as correntes de entrada do retificador. 6 4 2 0 -2 -4 -6 0 0.005 0.01 0.015 Figura 3.8 – Corrente de saída do gerador 22 3.4 Esforços nos Semicondutores Nessa seção serão calculados os esforços de tensão e correntes nos componentes semicondutores do retificador. Serão usados para os cálculos os piores casos de cada semicondutor. 3.4.1 Esforços de tensão e corrente nos diodos superiores O maior esforço de corrente dos diodos superiores é quando apenas uma das três correntes está positiva. É nesse estágio onde ocorre o máximo de corrente sobre um diodo. A corrente que passará por cada um deles será a corrente de saída durante o período bloqueio dos interruptores. Pode-se observar isso na Figura 3.3. Dessa forma, tem-se que a corrente média máxima sobre o diodo será: -./0 = - / (3.4) Onde Icc é a corrente no barramento cc. A tensão máxima sobre os diodos será a própria tensão do barramento cc. A tensão máxima está na equação 3.5. .23 = (3.5) 3.4.2 Esforços de tensão e corrente nos interruptores A corrente que passa pelos interruptores é a própria corrente do indutor durante o período de condução da chave. Nesse caso, pode-se aproximar a corrente pulsada por uma senoidal, cujo valor de pico é dado pela seguinte expressão: -45/0 = .67 95 8 . <. 0< 67 : -45/0 = . . 95 . (7 . (3.6) (3.7) 23 Aplicando a definição de valor médio sobre a função obtida, obtém-se a seguinte expressão: -4/0 = . . 95 8 . 7/=(?<)0< : . (7 . ABCDE = F . G*H 2. JK . (3.8) (3.9) A tensão máxima sobre as chaves será a própria tensão sobre o barramento. 423 = (3.10) 3.4.3 Esforços de tensão e corrente sobre o diodo em anti-paralelo das chaves O diodo anti-paralelo das chaves para de conduzir apenas durante o quarto estágio de operação do retificador. Dessa forma, como o tempo desse estágio é bem pequeno, desconsidera-se no cálculo da corrente média. Logo, a corrente que passa pelo diodo anti-paralelo no pior caso é a própria corrente da carga. A mesma aproximação por uma senoide feita no cálculo dos esforços sobre os interruptores é feita nessa etapa. -.45/0 M .67 67 95 − 95 . <. 0<N = L8 . <. 0< + 8 67 : .67 -.45/0 95 ( − . ) ( − . ) = − . (7 . . (7 . (3.11) (3.12) Calculando o valor médio dessa corrente, tem-se: -.4/0 95 ( − . ) O − . P = 8 − 7/=(?<)0< : . (7 . . (7 . (3.13) 24 -.4/0 = 95 ( − . ) O − . P − . (7 . . . (7 . . (3.14) A tensão máxima sobre os diodos será a própria tensão sobre o barramento. .423 = (3.15) 3.4.4 Cálculo dos indutores de entrada Tem-se que: 95 = . Logo: 95 = . 0- 0< -5 .. 67 (3.16) (3.17) Como a corrente de pico da entrada é equivalente à corrente média que passa pelo diodo-antiparalelo, já que o filtro de entrada deixa passar apenas o valor médio, tem-se: -95 = 95 ( − . ) O − . P − . (7 . . . (7 . . (3.18) A corrente de pico no indutor será: -5 = -95 . (3.19) Onde D é a razão cíclica. Substituindo 3.18 em 3.19, e o resultado em 3.17, obtém-se que o indutor será: = 95 . . -95 . (7 Onde Vipk é a tensão de pico de entrada do retificador. (3.20) 25 3.5 Controle do Retificador Como já foi dito anteriormente, o retificador semi-controlado não necessita de controle, ele atua perfeitamente em malha aberta. O que é uma vantagem do uso desse conversor, pois o comando dos interruptores fica bem mais simplificado. 3.6 Considerações Finais Este capítulo tratou do retificador trifásico semi-controlado operando em modo descontínuo. Foi feita uma análise do funcionamento dessa topologia, após isso, pôde-se dividir as etapas de funcionamento para obter o equacionamento do mesmo. A partir dessa modelagem matemática, observou-se as formas de onda teóricas. Observou-se também que essa topologia tem menos perdas quando comparada com as topologias mais comuns de retificadores, já que há apenas dois semicondutores no caminho da corrente, o que aumenta o rendimento do sistema. Esse conversor é capaz de corrigir o fator de potencia apenas com três chaves semicondutoras, sendo mais econômica quando comparada com a topologia do retificador trifásico totalmente controlado. A desvantagem do retificador apresentado é produzir uma corrente na saída do gerador com THD aceitável, porém, esse fato não altera o funcionamento do sistema onde o conversor será empregado. 26 Capítulo 4 Análise do Inversor Monofásico em Ponte Completa 4.1 Introdução Para a interligação do link cc com a rede elétrica, optou-se pela utilização de um inversor monofásico em ponte completa. A opção de uma estrutura monofásico ao invés de uma trifásica se fez pelo fato de que o inversor trifásico necessita de uma maior tensão no barramento cc em relação ao monofásico [14], o que facilita a implementação do retificador, também não há a necessidade de se preocupar com o equilíbrio da tensão no ponto médio do barramento. A escolha de uma topologia em ponte completa foi feita pelo fato de que os esforços de tensão e corrente nas chaves são menores quando comparada com a meia ponte [14]. Com isso, pode-se utilizar interruptores mais baratos. A Figura 4.1 ilustra essa topologia. Figura 4.1 – Inversor monofásico em ponte completa 4.2 Modulação do Inversor Existem duas formas de comandar os interruptores de um inversor monofásico em ponte completa. Essas técnicas são denominadas de modulação unipolar e modulação bipolar. A seguir será apresentado o funcionamento de ambas as formas [4]. 27 4.2.1 Modulação Bipolar Nesse tipo de modulação, são gerados apenas dois pulsos complementares entre si, e cada um comanda duas chaves, ou seja, as chaves S1 e S4 recebem o mesmo sinal, enquanto as chaves S2 e S3 recebem o complementar desse sinal. O primeiro pulso é gerado a partir da comparação da tensão de controle com a triangular, a partir deste, faz-se seu complementar e então obtém o pulso de comando das outras duas chaves. A Figura 4.2 representa as formas de onda que irão comandar os quatro interruptores do inversor. Figura 4.2 – Pulsos de comando das chaves na modulação bipolar Pode-se observar que a modulação bipolar faz o conversor operar em duas etapas em cada semi-ciclo da corrente de saída. A Figura 4.3 mostra as quatro etapas de operação do inversor. É importante observar que cada etapa de funcionamento leva à comutação dos quatro interruptores. 28 Figura 4.3 – Etapas de operação na modulação bipolar, sendo (a) e (b) no semi-ciclo positivo da tensão da rede e (c) e (d) no semi-ciclo negativo 4.2.2 Modulação Unipolar Para a geração dos pulsos de comando das chaves interruptoras, será utilizada a modulação unipolar, que consiste em gerar pulsos complementares para as chaves de um mesmo braço, e as chaves do outro braço recebem os mesmos sinais defasados de 180° elétricos. Na prática, serão gerados dois pulsos, e com a complementação desses, serão gerados os quatro pulsos das chaves. Para isso, toma-se a tensão de controle da corrente e compara-se com uma tensão triangular para gerar o primeiro pulso, e depois a mesma tensão de controle será comparada com uma tensão triangular defasada de 180° em relação à anterior e gera-se o pulso do outro braço, e com os complementares tem-se os quatro pulsos. A Figura 4.2 representa as formas de onda dos quatro pulsos que irão comandar as chaves S1...4. 29 Figura 4.4 – Pulsos de comando das chaves na modulação unipolar Apesar de uma maior complexidade em relação à modulação bipolar, a modulação unipolar tem uma vantagem que é a necessidade de uma indutância 50% menor, já que a freqüência da tensão VAB é o dobro na modulação unipolar em relação à bipolar, resultando em menores dimensões e peso do indutor. Ou então ter menores perdas por comutação, já que a cada etapa, na modulação bipolar ocorrem quatro comutações, enquanto na bipolar ocorre apenas uma. 4.3 Etapas de Operação do Inversor A partir da Figura 4.4, pode-se observar que há seis etapas de operação associadas ao inversor ponte completa operando com modulação unipolar, sendo três durante o semi-ciclo positivo da tensão da rede e os outros três durante o semiciclo negativo [4,15]. 30 4.3.1 Semi-ciclo positivo da tensão da rede 4.3.1.1- Primeira etapa de operação Nessa primeira etapa, as chaves S1 e S3 estão conduzindo. A tensão VAB zera, e a corrente passa a fluir pelo diodo de roda livre D3 e pela chave S1, de acordo com a Figura 4.5(a). 4.3.1.2– Segunda etapa de operação Nessa segunda etapa de operação, os interruptores S1 e S4 estão conduzindo. A tensão VAB iguala-se à +Vcc e a corrente flui pelo indutor L de acordo com a Figura 4.5(b). 4.3.1.3– Terceira etapa de operação Nessa terceira etapa, as chaves S2 e S4 estão conduzindo. A tensão VAB zera, e a corrente passa a fluir em roda livre pelo diodo em anti-paralelo de S2 e pela chave S4, de acordo com a Figura 4.5(c). Figura 4.5 - Etapas de operação do inversor no semi-ciclo positivo da tensão da rede. 4.3.2 Semi-ciclo negativo da tensão da rede 4.3.2.1- Primeira etapa de operação Nessa primeira etapa, as chaves S1 e S3 estão conduzindo. A tensão VAB zera, e a corrente passa a fluir pelo diodo de roda livre D1 e pela chave S3, de acordo com a Figura 4.6(a). 31 4.3.2.2– Segunda etapa de operação Nessa segunda etapa de operação, as chaves S2 e S3 estão conduzindo. A tensão VAB iguala-se à –Vcc e a corrente flui pelo indutor L de acordo com a Figura 4.6(b). 4.3.2.3– Terceira etapa de operação Nessa terceira etapa, as chaves S2 e S4 estão conduzindo. A tensão VAB zera, e a corrente passa a fluir em roda livre pelo diodo em anti-paralelo da chave S4 e pela chave S2, de acordo com a Figura 4.6(c). Figura 4.6 – Etapas de operação do inversor no semi-ciclo negativo da tensão da rede. A Figura 4.7 mostra as formas de onda mais importantes desse inversor. A tensão VAB assume os valores +VCC, zero e –VCC, e dessa forma, a componente fundamental da corrente do indutor também estámostrada na figura. Figura 4.7 – Tensão Vab e a fundamental da tensão de saída na modulação unipolar 32 4.4 Equacionamento do Inversor A título de dimensionamento do inversor, será realizado nesta seção um equacionamento dos parâmetros do inversor bem como dos esforços em seus componentes. Sendo a tensão de saída do inversor a tensão da rede, tem-se que: (<) = 5 . 7/=(?: <) (4.1) Um parâmetro importante que deve ser analisado no inversor é o seu índice de modulação (Ma), como mostra a equação 4.2: Q2 = 5 (4.2) Sendo Vcc a tensão do barramento de entrada. Como a corrente de saída tem o mesmo formato, porém defasada de 180° elétricos, da tensão da rede, a corrente de saída pode ser definida como: - (<) = -5 . 7/=(R: < + ) (4.3) Sendo os valores eficazes da tensão e da corrente de saída são iguais a: /( = -/( = 5 √ -T5 √ (4.4) (4.5) A potência de saída do inversor é dada por: T = /( . -/( . U (4.6) Porém, o fator de potência do inversor em questão (FP) é unitário, já que o controle atua justamente para que a corrente de saída esteja em anti-fase com a tensão de saída. Outro parâmetro importante que deve ser anteriormente especificado para o projeto é a ondulação de corrente aceitável no indutor de interface. Essa será 33 denominada de ∆IL. Porém, como não há capacitor de filtro, a corrente do indutor é a mesma corrente que será injetada na rede, logo, pode-se definir a ondulação de corrente como ∆Io. 4.4.1 Cálculo do indutor de interface do inversor Com essas definições, pode-se calcular o indutor de filtro do inversor [15]. ( = O − 5 P. Q2 . (7 . ∆-T . -5 (4.7) Onde Vcc é a tensão do barramento de entrada e fs é a freqüência de chaveamento do PWM das chaves. 4.4.2 Cálculo do capacitor de filtro do inversor Vale salientar também que nesse inversor não há a necessidade de um capacitor de filtro de saída, já que ele será diretamente ligado à rede. Porém, para a filtragem de ruídos e de altas freqüências na corrente injetada na rede, coloca-se, na montagem do conversor, um capacitor em paralelo com a rede. Esse capacitor pode ser calculado de acordo com a equação 4.8 [14]. ( = ( . (. . (7 ) (4.8) 4.4.3 Cálculo do capacitor do barramento O cálculo do capacitor de barramento pode ser feito de acordo com a seguinte equação [15]: = T . Q2 . √. /( . ( . ∆ . (4.9) Onde fr é a freqüência da rede e ∆Vcc é a variação aceitável da tensão do barramento. 34 4.5 Determinação dos esforços nos interruptores do inversor Todos os semicondutores do inversor estão submetidos aos mesmos esforços de tensão e corrente. Logo, será calculado nessa seção os esforços para uma chave e as outras terão os mesmo resultados. A corrente que passa pelas chaves é igual à corrente do indutor quando estão no seu intervalo de condução. A corrente média que passa pelas chaves pode ser obtida a partir da aplicação da definição do valor médio na corrente do indutor durante o período de condução da chave. Com isso, obtém a seguinte equação [15]: Q2 -4/0 = -5 . W + Y X (4.10) Da mesma forma como se obteve a corrente média, pode-se obter a corrente eficaz. A expressão obtida esta na equação 4.11 abaixo. -7/( = -5 ]Z [. W\Q2 + Q + Y Z 2 (4.11) A tensão máxima nos terminais de cada chave é igual a tensão de entrada do inversor, logo: 423 = 4.6 (4.12) Controle do Inversor O estágio inversor é responsável por controlar a tensão no barramento, ou seja, para qualquer velocidade do vento, a tensão no barramento deverá ser constante. Outra finalidade do controle do inversor é fazer com que a energia entregue à rede tenha fator de potência unitário, ou seja, que a forma de onda da corrente seja igual à da tensão da rede e defasada de 180°. Uma técnica muito utilizada para isso é a do controle por corrente média. Ela consiste em uma malha de corrente interna à malha de tensão. A malha de corrente é responsável por manter a corrente injetada na rede com a mesma forma de onda da tensão e com fator de potencia unitário. Já a malha de tensão é responsável por 35 controlar a tensão do barramento com a quantidade de corrente injetada na rede, ou seja, havendo uma variação na velocidade do vento, o controle de tensão faz com que essa variação não seja refletida no barramento, e sim na corrente de saída [16]. Através de uma realimentação de tensão do link cc, obtém-se um ganho para o compensador de tensão. Esse ganho é definido por: ^ = /( (4.13) Onde Vref é uma tensão de referência usada para controlar a tensão do barramento. A tensão da rede serve como referencia para a malha de corrente, já que o objetivo principal da malha é fazer com que a corrente injetada siga a forma de onda da tensão. Dessa forma, uma amostra da tensão da rede é multiplicada pela tensão da saída do controlador de tensão. Essa tensão resultante é usada como referencia para a malha de corrente. A realimentação de corrente é feita através de um sensor. Esse sensor gera um sinal de tensão com as mesmas características da corrente de saída e com um ganho. A tensão de controle da saída do compensador de corrente é então comparada com a triangular para gerar os pulsos PWM na modulação unipolar. A Figura 4.8 representa o diagrama de blocos do controle por corrente média. Figura 4.8 – Diagrama de blocos do controle por corrente média Onde Cv(s) é o compensador de tensão, Ci(s) é o compensador de corrente, Fm(s) é o inverso da tensão de pico a pico da triangular, Gv(s) representa a planta de tensão, Vcc/Ir, Gi(s) representa a planta de corrente do inversor, Ir/d, onde d é a razão cíclica, Hv(s) é o ganho de realimentação da malha de tensão, dado por uma amostra da tensão do barramento de entrada e Hi(s) é o ganho de realimentação da malha de corrente, dada por uma amostra da tensão da rede. 36 A malha de tensão deve ser bem mais lenta que a malha de corrente, para que não seja transferido para a corrente de saída nenhum ruído de alta freqüência. Deste modo, a malha de corrente funciona como um ganho para a malha de tensão. 4.6.1 Modelagem do inversor A função de transferência simplificada que relaciona a corrente de saída com a razão cíclica Gi(s) está mostrada na equação 4.14 [4]. _9 (7) = 9 7 (4.14) A função de transferência simplificada que relaciona a tensão do barramento cc com a corrente de saída Gv(s) está mostrada na equação 4.15 [4]. _ (7) = 9 . 9 . 0 . 7 + 9 (4.15) 4.6.2 Definição do controlador Os principais objetivos do controlador são que o erro em regime permanente seja nulo, garantir a estabilidade do sistema e uma resposta rápida. Observando as funções de transferência da planta nas equações 4.14 e 4.15, observa-se que há apenas um pólo em ambas. Optaram-se então pelo uso do controlador PI em ambas as malhas pelos seguintes motivos: • Garante o erro em regime permanente nulo devido à presença do pólo na origem • Garante a estabilidade do sistema devido à presença de um zero que, dependendo de onde for alocado, garante que o sistema compensado cruze em -20db/dec. • Garante a rapidez de resposta através do ganho que é responsável por garantir o cruzamento do sistema na freqüência de cruzamento desejada. A equação 4.16 representa a função de transferência do controlador PI. 37 (7) = `. 7 + ?a 7 (4.16) A Figura 4.9 representa o controlador Proporcional-Integral. Figura 4.9 – Controlador PI A equação 4.17 representa a função de transferência do controlador em função das resistências e capacitâncias. (7) = . . 7 + . . 7 (4.17) Com essa função, pode-se calcular os valores dos componentes do controlador. Primeiramente define-se um valor para R1, após isso utiliza-se as seguintes equações para o cálculos dos outros componentes: = = 4.7 ` . ?a (4.18) (4.19) Considerações Finais Visando-se um sistema simples, robusto e de baixo custo, optou-se pela utilização de um inversor monofásico em ponte completa para a interligação do link cc à rede. A modulação utilizada foi a unipolar, pois garante menores volume e peso no indutor de filtro além de menores perdas por comutação. 38 Foi feito neste capítulo o equacionamento do sistema bem como os cálculos dos componentes de filtro e dos esforços nas chaves. O controle utilizado para o inversor foi o controle por corrente média. Pois ele é capaz de controlar a corrente injetada na rede a fim de mantê-la no mesmo formato da tensão da rede e com fator de potencia unitário. Optou-se para o compensador das malhas o uso de controladores Proporcionais-Integrais, pela garantia de estabilidade, rapidez de resposta e erro em regime permanente igual a zero do sistema. 39 Capítulo 5 Projeto do Sistema Proposto 5.1 Introdução Nos capítulos anteriores foi feita uma análise do funcionamento, da modelagem matemática e das técnicas de controle utilizadas para o projeto do sistema. Nesse capítulo, será detalhado todo o projeto e os resultados obtidos com o sistema proposto. 5.2 Dados do sistema As especificações utilizadas no projeto do retificador e do inversor estão detalhadas a baixo. Tabela 5.1 – Especificações de projeto Retificador Tensão de linha Freqüência da tensão de entrada 220V 15 - 60Hz Tensão de saída 400V Freqüência de chaveamento 50kHz Potência nominal 1.6kW Variação da tensão no barramento 5% Razão cíclica máxima 0,3 Inversor Potência nominal 1.6kW Tensão de fase da rede 220V Freqüência de saída 60Hz Freqüência de comutação 50kHz 40 5.3 Estágio de Potência do Retificador Nesta seção serão dimensionados todos os componentes do sistema de potência do retificador. A tensão de pico máxima fase-neutro de saída do gerador é: 9 = √. b = X: (5.1) A corrente de saída do retificador é dada por: - = ]:: = Z Z:: (5.2) A corrente de pico na entrada do retificador é calculada pela seguinte equação: -95 = √. ]:: √. : = c, \X (5.3) A corrente de pico no indutor é dado de acordo com a equação 3.19 e seu valor é dado por: -5 = c, \X = \, b\ :, (5.4) A corrente eficaz que passa pelo indutor é: -/( = -5 . √. √ = b, ]b (5.5) 41 5.3.1 Cálculo do indutor de entrada do retificador O instante em que a tensão de pico da entrada é aplicada sobre o indutor é o mesmo instante onde se tem a razão cíclica máxima e a corrente de pico no indutor. Logo, pode-se calcular a indutância pela equação 3.14: = 95 . . = cbe^ -95 . (7 (5.6) Porém, foram usados três indutores acoplados magneticamente na montagem do circuito. Esse fato faz com que a indutância requerida pelo sistema seja 33% menor em cada fase, ficando no valor de 38uH cada. A Tabela 5.2 mostra os parâmetros físicos de construção do indutor. Tabela 5.2 – Parâmetros físicos de construção do indutor de entrada Indutância 38uH Núcleo utilizado NEE – 55/28/21 Densidade de fluxo máxima Bmax = 0,15T Número de espiras N = 12 esp Densidade de corrente no enrolamento J = 300A/cm² Fio de cobre AWG 21 Número de fios em paralelo n=3 Perdas no núcleo Pn = 1,211W Perdas no cobre Pc = 1,18W 5.3.2 Dimensionamento dos diodos superiores do retificador De acordo com a equação 3.4, tem-se a corrente média que passa pelos diodos superiores do retificador será: -./0 = - = , (5.7) A tensão máxima sobre os diodo será a própria tensão do barramento, 400V. Com esses dados, foram usados dois diodos MUR160 em paralelo em cada braço do retificador. A Tabela 5.3 mostra as principais características elétricas do diodo escolhido, obtidas na sua folha de dados. 42 Tabela 5.3 – Especificações dos diodos Boost do retificador MUR160 DIODO Ultra fast Tensão máxima catodo-anodo VR=600V Queda de tensão limiar VF=,25V Corrente média máxima IF=1A Corrente reversa máxima a 100°C IRR=250mA Pico máximo de corrente repetitiva IFSM=35A 5.3.3 Dimensionamento dos interruptores do retificador Como os interruptores que serão usadas no projeto são IGBTs, não se faz necessário os cálculos de corrente eficaz. De acordo com a equação 3.9, obtém-se o valor da corrente média que passa pelos interruptores. ABCDE F . G*H = = :, \:c 2. JK . (5.8) A tensão máxima sobre o interruptor será a própria tensão do barramento, 400V. 5.3.4 Dimensionamento dos diodos em anti-paralelo das chaves A corrente média que passará pelos diodos é calculada de acordo com a equação 3.14: -.4/0 95 ( − . ) O − . P = − = c, ]ZX . (7 . . . (7 . . (5.9) A tensão máxima sobre o diodo em anti-paralelo será a própria tensão do barramento, 400V. Com esses dados, foi usado o IGBT do tipo IRGP50B60PD. A Tabela 5.4 mostra as especificações do IGBT escolhido. 43 Tabela 5.4 – Especificações das chaves utilizadas no retificador IGBT – Tipo IRGP50B60PD IGBT Ultra rápido Tensão máxima coletor-emissor VCE = 600V Corrente média máxima de coletor Imed = 45A/100°C Tensão máxima coletor-emissor de saturação VCE(on) = 2V Resistência térmica junção-cápsula RJC = 0,32°C/W Resistência térmica cápsula-dissipador RCS = 0,5°C/W Tempo de subida Tr = 13ns Tempo de descida Tf = 15ns DIODO Tensão máxima reversa de pico repetido VRRM = 600V Corrente média máxima do diodo Imed = 15A/100°C Resistência térmica junção-cápsula RJC = 0,64°C/W 5.4 Estágio de Potência do Inversor Nesta seção serão dimensionados todos os componentes do sistema de potência do inversor. A tensão de pico da rede é dada por: 5 = :. √ = (5.10) A taxa de modulação do inversor é calculada pela seguinte expressão: Q2 = = :, bbX Z:: (5.11) A corrente eficaz injetada na rede considerando fator de potência unitário. - = ]:: = b, b : A corrente de pico injetada na rede: (5.12) 44 -5 = - . √ = :, Xc (5.13) 5.4.1 Cálculo da indutância de filtro do inversor Considerando uma variação na corrente de 5%, pode-se calcular o indutor de filtro pela seguinte expressão [4]: ( = O − 5 P. Q2 = , c^ . (7 . ∆-( . -5 (5.14) Onde Vcc é a tensão do link cc, ∆If é a variação da corrente de saída aceitável e fs é a freqüência de chaveamento. Tabela 5.5 – Parâmetros físicos de construção do indutor de entrada Indutância 1.35mH Núcleo utilizado NEE – 65/33/26 Densidade de fluxo máxima Bmax = 0,35T Número de espiras N = 79 esp Densidade de corrente no enrolamento J = 400A/cm² Fio de cobre AWG 21 Número de fios em paralelo n=5 Perdas no núcleo Pn = 0,9W Perdas no cobre Pc = 5,6W 5.4.2 Cálculo da capacitância de filtro do inversor Essa capacitância é utilizada na confecção do conversor apenas a título de filtragem de ruídos. Na simulação não se faz necessária. Para o cálculo da capacitância, é necessário definir a freqüência de corte do filtro. Ela será posta uma década abaixo da freqüência de chaveamento para evitar que ruídos de alta freqüência passem para a corrente de saída. A frequencia de corte será definida por ff. 45 (( = (7 c (5.15) Ela é calculada de acordo com a seguinte expressão: ( = ( . O. . (( P = bc:, c=U (5.16) Na montagem do conversor será utilizada uma capacitância de 1uF. 5.4.3 Cálculo do capacitor do barramento cc O capacitor do barramento será calculado de acordo com a equação 4.9: = ]::. :, X . √. :. ]:. :, :c. Z:: = , ]bU (5.17) Logo, será utilizado um capacitor de 1,5mF. 5.4.4 Dimensionamento dos interruptores do inversor Aplicando a equação 4.10 da corrente média que atravessa o IGBT obtém-se o seguinte valor: Q2 -4/0 = -5 . W + Y = , ]Z X (5.18) Aplicando a equação 4.11 da corrente eficaz nas chaves, obtém-se o seguinte valor: -7/( -5 ]Z [. W\Q2 + = Q + Y = Z, X Z 2 (5.19) O valor da tensão sobre as chaves será o mesmo valor da tensão do barramento cc. Logo, a tensão sobre as chaves será de 400V. 46 Como serão utilizados interruptores do tipo IGBT, o modelo IRGB20B60PD1 satisfaz as condições de projeto. As principais especificações desse interruptor estão relacionadas abaixo. Tabela 5.6 – Especificações dos interruptores utilizados no inversor IGBT – Tipo IRGB20B60PD1 IGBT Tensão máxima coletor-emissor VCE = 600V Corrente média máxima de coletor ICmed = 22A Tensão máxima coletor-emissor de saturação VCE(sat) = 2,05V Resistência térmica junção-cápsula RSjc = 0,58°C/W Resistência térmica cápsula-dissipador RScd = 0,5°C/W Tempo de subida Tr = 5ns Tempo de descida Tf = 6ns DIODO Tensão máxima reversa de pico repetido Corrente média máxima no diodo IDmed = 4A Resistência térmica junção-cápsula 5.5 VRRM = 600V RDjc = 0,5°C/W Estágio de controle do inversor Para o projeto do controle, foram definidas algumas especificações, tais como os ganhos de realimentação das malhas de corrente e tensão, as freqüências de cruzamento desejadas para cada malha e a tensão de pico a pico da onda triangular para geração do PWM. O ganho da realimentação de corrente é definido como Hi, e vale: ^9 = :, ]c (5.20) O ganho da realimentação de tensão é definido como Hv, e vale: ^ = :, ::c (5.21) A tensão de pico a pico da triangular é dado por Vpp e o valor utilizado foi: 47 = : (5.22) O ganho de modulação é dada por: U = (5.23) A malha de corrente necessita ser bem rápida, para seguir a referência e reduzir o THD. Para isso, optou-se por uma freqüência de cruzamento de um quinto da freqüência de chaveamento, para evitar o sobrechaveamento. A malha de tensão deve ser bem mais lenta, já que o objetivo dela é controlar a tensão do barramento através da corrente de saída sem introduzir distorção, logo, deve estar bem abaixo da freqüência da rede. No caso, optou-se por uma freqüência de cruzamento vinte vezes abaixo da freqüência da rede. Dessa forma, essas componentes de alta freqüência são atenuadas pelo controlador e não passam para a corrente, deixando-a com baixa distorção. 5.5.1 Projeto da malha de corrente A função de transferência de laço aberto é dada pela função de transferência da planta multiplicada pelo ganho de corrente e ganho de modulação. Das equações 4.14, 5.21 e 5.24 obtém-se: U69(7) = _9 (7). U . ^9 (5.24) O diagrama de Bode da função de transferência em malha aberta da planta está mostrado na Figura 5.1. 48 100 65 20⋅ log( FTLA ( s) ) 30 0 −5 − 40 1 10 3 100 1×10 4 5 1×10 1×10 s 2⋅ π Figura 5.1 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de corrente A Figura 5.2 mostra o diagrama de Bode da fase da planta. 100 60 20 arg( FTLA ( s) ) ⋅ 0 180 π − 20 − 60 − 100 − 140 − 180 10 100 3 1×10 4 1×10 5 1×10 s 2⋅ π Figura 5.2 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de corrente 5.5.1.1Projeto do compensador de corrente A escolha da freqüência de cruzamento da malha de corrente foi feita a um quinto abaixo da freqüência de chaveamento. 49 (9 = (7 = :5^a c (5.25) O zero do controlador PI será alocado uma década abaixo da freqüência de cruzamento a fim de garantir a estabilidade do sistema. ?a9 = . . ( = ]X, : (5.26) Com isso, obtém-se a função de transferência do compensador de corrente que está mostrado na equação 4.16. 9 (7) = 7 + ?a9 7 (5.27) O ganho do compensador de corrente na freqüência de cruzamento desejada é dado por: `9 = |U69 (. (9 ). 9 (. (9 )| = :, \] (5.28) Dessa forma, a função de transferência de laço aberto compensado é dada por: U69(7) = U69(7). 9 (7). `9 (5.29) A Figura 5.3 mostra o diagrama de Bode da função de transferência da malha de corrente. 50 100 65 20⋅ log( FTLACi ( s) ) 30 0 −5 − 40 1 10 3 100 1×10 4 5 1×10 1×10 s 2⋅ π Figura 5.3 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência da malha de corrente compensada. Como pode-se observar, até a freqüência de 1kHz, a função decrescia a 40db/dec. Ao encontrar o zero do compensador, essa inclinação passou a ser de 20db/dec, e o cruzamento deu-se exatamente em 10kHz, o que garante uma resposta rápida e a estabilidade do sistema. A Figura 5.4 mostra o diagrama de Bode da fase do sistema compensado. Figura 5.4 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência da malha de 100 60 20 arg( FTLACi ( s) ) ⋅ 0 180 π − 20 − 60 − 100 − 140 − 180 10 100 3 1×10 s 2⋅ π corrente compensada. 4 1×10 5 1×10 51 Assim, de acordo com a Figura 4.9 do controlador PI, e definindo-se o resistor R1=10kΩ. A partir das equações 4.18 e 4.19, obtém os valores dos outros componentes do controlador. Esses valores são: g = 10jΩ = 33jΩ )g = 4,7op 5.5.2 Projeto da malha de tensão A função de transferência de laço aberto é dada pela função de transferência da planta multiplicada pelo ganho de tensão e dividida pelo ganho de corrente, já que a malha de corrente é interna à de tensão e atua como um ganho para a mesma. Das equações 4.15, 5.21 e 5.21 obtém-se: U6(7) = _ (7). ^ ^9 (5.30) O diagrama de Bode da função de transferência em malha aberta da planta. 5 − 16.25 20 log( FTLA ( s ) ) − 37.5 0 − 58.75 − 80 0.1 1 10 100 3 1×10 s 2⋅ π Figura 5.5 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de tensão 52 A Figura 5.6 mostra o diagrama de Bode da fase da planta. 100 60 20 arg( FTMA ( s ) ) ⋅ 180 π − 20 − 60 0 − 100 − 140 − 180 10 3 100 1×10 4 1×10 5 1×10 s 2⋅ π Figura 5.6 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência em laço aberto não compensado da malha de tensão 5.5.2.1Projeto do compensador de tensão A escolha da freqüência de cruzamento da malha de tensão foi de vinte vezes abaixo da freqüência da corrente de saída, ou seja, 60Hz. ( = ]: = ^a : (5.31) O pólo da planta é ωp=167,67. O zero do controlador PI foi alocado bem próximo ao pólo da planta, e na metade da freqüência da rede, dessa forma ele impede o efeito do pólo da planta e garante a estabilidade do sistema com a queda da função de transferência em 20db/dec. ?a = \ (5.32) Com isso, obtém-se a função de transferência do compensador de tensão que está mostrado na equação 4.16. O ganho do compensador de tensão é dado por: 53 ` = |U6 (. ( ). (. ( )| = :, ] (5.33) Dessa forma, a função de transferência de laço aberto compensado é dada por: U6(7) = U6(7). (7). ` (5.34) A Figura 5.7 mostra o diagrama de Bode da função de transferência da malha de tensão. 35 16.25 20⋅ log( FTMA ( s) ) − 2.5 0 − 21.25 − 40 0.1 1 10 100 s 2⋅ π Figura 5.7 – Diagrama de Bode do ganho da função de transferência da malha de tensão compensada. Como pode-se observar, a inclinação da função é sempre -20db/dec, não sofrendo alteração alguma devido ao zero do compensador ou ao pólo da planta. Afigura 5.8 mostra o diagrama de Bode da fase do sistema compensado. 100 60 arg( FTMA ( s) ) ⋅ 0 180 20 π − 20 − 60 − 100 − 140 − 180 0.1 1 10 100 s 2⋅ π Figura 5.8 – Diagrama de Bode da fase da função de transferência da malha de tensão compensada. 54 Assim, de acordo com a Figura 4.9 do controlador PI, e definindo-se o resistor R1=10kΩ. A partir das equações 4.18 e 4.19, obtém os valores dos outros componentes do controlador. Esses valores são: g = 10jΩ = 68jΩ )g = 82op 5.6 Considerações Finais Conclui-se com este capítulo que com o equacionamento feito nos capítulos 3 e 4 é possível realizar o correto dimensionamento de cada componente do sistema, apenas sendo conhecidas as especificações de tensão de saída do gerador e da rede bem como a potência do sistema a ser dimensionado. 55 Capítulo 6 Simulações e Resultados Experimentais 6.1 Introdução O sistema demonstrado e projetado nos capítulos anteriores foi simulado. Os resultados de simulação juntamente com a comparação desses resultados com os valores projetados serão mostrados nesse capítulo. 6.2 Resultados de simulação do Retificador Semi-Controlado Semi Controlado com o inversor como carga A Figura 6.1 mostra diagrama de simulação do circuito de potência do retificador. Foram usadas fontes de tensão na entrada. Para a montagem ntagem e simulação do sistema, usou-se se no retificador os três indutores acoplados magneticamente. Isso faz com que a indutância requerida pelo sistema seja 33% menor que a calculada no capítulo anterior. Dessa forma, o valor da indutância ficou em 38uH. E o núcleo usado foi o NEE 55/28/21. 55/28/21 Observa-se que o volume total dos indutores diminui significativamente. Figura 6.1 – Circuito de potência do retificador semi-controlado controlado 56 A Figura 6.2 mostra a forma de onda da corrente de entrada do retificador juntamente com a tensão de entrada. Como previsto nos estudos teóricos, o retificador drena uma corrente bastante distorcida do gerador. O THD da corrente obtido foi de 19%. Observa-se também uma característica forte do conversor em estudo, apesar da distorção harmônica, o fator de potência é bem próximo da unidade. Figura 6.2 – Corrente e tensão de entrada do retificador A Figura 6.3 mostra o espectro harmônico das correntes de entrada do retificador. Observa-se a forte presença da quinta harmônica na corrente. Figura 6.3 – Espectro harmônico das correntes de entrada A Figura 6.4 mostra as correntes dos três indutores acoplados. Observa-se o envoltório senoidal característico do modo descontínuo de condução. 57 Figura 6.4 – Envoltório senoidal das correntes dos indutores A Figura 6.5 mostra as correntes dos indutores com a visível presença dos quatro estágios de operação do retificador. Observa-se a forte mudança na inclinação das correntes quando uma chega a zero, comprovando os estudos teóricos e o equacionamento. Figura 6.5 – Estágios de operação do retificador. 6.3 Resultados experimentais do Retificador Semi-Controlado com carga resistiva. A Figura 6.6 mostra as formas de onda da corrente de entrada do retificador e da tensão de entrada. A distorção harmônica da corrente obtida estava em 22,6%, com predominância da 5ª harmônica. Vale ressaltar o fato de que as tensões de entrada do retificador utilizadas foram as da rede, que já é uma tensão distorcida, dessa forma, o THD da corrente tende a aumentar, e houve essa discrepância do valor simulado e experimental. A distorção harmônica da tensão de entrada foi 3,2%. 58 Figura 6.6 6 – Tensão e corrente de entrada do retificado. retificado A Figura 6.7 mostra o espectro harmônico obtido experimentalmente. experimentalmente. Como nos resultados de simulação, observa-se observa a predominância da quinta harmônica na corrente. Figura 6.7 – Espectro harmônico da corrente de entrada experimental A Figura 6.8 mostra a corrente no indutor da fase a, bem como a tensão no IGBT1. O envoltório senoidal em baixas freqüências característico do modo descontínuo de operação. 59 Figura 6.8 – Corrente e no indutor de entrada e tensão na chave em baixas freqüências. A Figura 6.9 mostra a forma de onda da corrente no indutor da fase a e a tensão no IGBT1 em altas freqüências. Observa-se Observa se perfeitamente a presença dos d três estágios de operação, com a mudança a angulação após uma outra corrente ter chegado a zero. Figura 6.9 – Corrente no indutor e tensão na chave em altas freqüências. A eficiência do conversor calculada calculada experimentalmente está na Figura 6.10. Observa-se se que a eficiência máxima foi obtida na potência nominal e vale 94,34%. Esse gráfico crescente ocorre devido ao fato de que na potência nominal, o retificador está operando no ponto crítico, ou seja, quase operando no modo contínuo de condução, e como a potência só é transferida para a carga durante o 60 período onde os interruptores estão em aberto, uma maior potência é transferida, aumentando a eficiência. Nas potências potências mais baixas, menos potência é transferida, EFICIÊNCIA diminuindo assim a eficiência do conversor. 0,95 0,945 0,94 0,935 0,93 0,925 0,92 0,915 0,91 0,905 0 500 1000 1500 2000 POTÊNCIA Figura 6.10 – Eficiência do retificador. 6.4 Resultados de simulação do Inversor monofásico em ponte completa alimentado tado pelo retificador semi controlado semi-controlado em modo descontínuo A Figura 6.11 mostra o circuito de potência do inversor. Figura 6.11 – Circuito de potência do inversor A Figura 6..12 mostra o circuito de controle de tensão, juntamente com o circuito de realimentação de tensão. 61 Figura 6.12 – Controlador de tensão. A Figura 6.13 mostra o circuito de controle de corrente juntamente com o circuito de realimentação de controle. Figura 6.13 – Controlador de corrente A Figura 6.14 mostra o circuito da modulação PWM unipolar. Figura 6.14 – Circuito de modulação unipolar. 62 A Figura 6.15 mostra a tensão no barramento cc. Observa-se que a tensão está bem regulada em 400V, a variação observada é de 398V à 406V, resultando em uma tensão média de 402V. Essa variação corresponde a 2% da tensão, o que está dentro do projetado. Figura 6.15 – Tensão no barramento cc A Figura 6.16 mostra a corrente drenada do link cc. Essa corrente pulsada ocorre devido ao inversor ser uma carga não linear. Observa-se que a tensão no barramento não é afetada por essa corrente. Figura 6.16 – Corrente drenada do barramento cc A Figura 6.17 mostra a tensao VAB e a corrente do indutor. Ela comprova o fato de a modulação PWM unipolar gerar uma tensao VAB assumindo os valores de +VCC, -VCC e zero, e de a fundamental da corrente ser como foi mostrado na Figura 4.7. 63 Figura 6.17 – Tensão VAB e corrente no indutor. A Figura 6.18 mostra a tensão de controle da malha de corrente sendo comparada com a triangular para gerar os pulsos PWM. Observa-se que a tensão de controle está dentro da taxa de modulação projetada, garantindo a estabilidade do sistema. Figura 6.18 – Tensão de controle comparada com a triangular. Analisando uma situação de queda na velocidade do vento, tem-se que o controlador de tensão atua no barramento, mantendo-o constante. A Figura 6.19 mostra o barramento cc sendo controlado durante um degrau na entrada 64 Figura 6.19 – Tensao no link cc durante um degrau na entrada. A Figura 6.20 mostra corrente injetada na rede defasada de 180° elétricos da tensão. Observa-se que o fator de potência do sistema é bem próximo da unidade, como previsto no projeto, bem como a forma de onda da corrente que segue perfeitamente a forma de onda da tensão da rede. A taxa de distorção da corrente injetada é de 4,69%, o que está dentro da norma internacional do IEEE 1547/2003, que especifica que o THD máximo para a injeção de corrente à rede elétrica é de 5%. Figura 6.20 – Tensão da rede e corrente injetada na rede. A Figura 6.21 mostra o espectro harmônico da corrente injetada na rede elétrica. Observa-se que há basicamente a presença da freqüência fundamental, caracterizando uma baixa distorção harmônica. Figura 6.21 – Espectro harmônico da corrente injetada na rede 65 6.5 Considerações Finais Observa-se que os resultados de simulação estão completamente de acordo com os esperados devido aos estudos teóricos realizados nos capítulos anteriores. É importante observar também que o uso dos indutores de entrada acoplados do retificador não alterou o funcionamento correto do sistema. O que traz vantagens para a confecção do protótipo, já que diminui consideravelmente o volume e o peso. A corrente injetada na rede está com fator de potência unitário e defasada de 180° elétricos da tensão. A taxa de distorção está em 3,5%, dentro dos limites das normas vigentes. 66 Conclusão Geral O sistema eólico estudado nesse trabalho é destinado reduzir o consumo de energia através da rede elétrica. Por isso optou-se por um sistema simples, robusto, confiável e de baixo custo. O gerador usado para converter a energia dos ventos em elétrica é o PMSG. Devido ao baixo custo, pela não necessidade do uso de caixa engrenagens, pequeno volume e ao elevado número de pólos, o que possibilita a geração de energia mesmo a baixas velocidades do vento. Ou seja, ele é capaz de absorver a energia mecânica da turbina de forma otimizada. Algumas topologias foram estudadas para a realização desse trabalho. A topologia adotada nesse projeto foi a de um retificador trifásico semi-controlado operando em modo descontínuo de condução ligado a um inversor monofásico em ponte completa. A conexão desses estágios é feita por meio de um barramento cc. A escolha dessa topologia foi feita pelo fato de essa ser uma topologia unidirecional. A presença dos diodos superiores no retificador impossibilita a ocorrência de curto-circuito nos braços, tornando a topologia mais robusta. A ausência de um conversor cc-cc no link cc aumenta a eficiência do sistema, já que haverá menos semicondutores no caminho da corrente. O inversor monofásico em ponte completa necessita de uma menor tensão no barramento para seu funcionamento quando comparada com uma topologia trifásica. O fato de ser em ponte completa diminui os esforços nas chaves, fazendo com que essa topologia seja de menor custo. O uso de apenas três chaves no retificador diminui as perdas por comutação, aumentando a eficiência. O controle utilizado no inversor foi o por corrente média. Ele possibilita o controle da corrente injetada na rede, fazendo com que a mesma tenha a mesma forma de onda da tensão, ou seja, com fator de potência unitário e baixa distorção harmônica. Ele também controla a tensão no link cc a partir da corrente de injetada na rede, fazendo com que não haja variações na tensão do barramento, garantindo a estabilidade do inversor. Uma vantagem desse sistema é a não necessidade de controle no retificador, já que a tensão do barramento cc é controlada pelo inversor e o máximo ponto de 67 extração da potência do vento é controlado pelo gerador. Isso torna o circuito de comando das chaves mais simples. O sistema eólico foi projetado e simulado. Os resultados da simulação foram satisfatórios. O controle do inversor atua perfeitamente, controlando a tensão do barramento e deixando a corrente de saída com fator de potência unitário e baixa distorção harmônica. O retificador foi testado experimentalmente. Os resultados foram os esperados. A distorção da corrente de entrada obtida foi de 22,6%. Isso se deve ao fato de estar sendo usada a tensão da rede como entrada, essa tensão já é por si distorcida, o que aumenta a distorção na corrente. 68 Referências Bibliográficas [1] Gary L. Johnson, Wind energy systems, Edição Eletrônica, 2006. Disponível em <http://eece.ksu.edu/~gjohnson/Windbook.pdf>. Acessado em 19 de agosto de 2010. [2] T. Burton, D. Sharpe, N. Jenkins, E. Bossanyi, Wind energy handbook, John Wiley & Sons, Ltd, Nova York, USA, 2001. [3] Global Wind Energy Outlook 2006. Global Wind Energy Council, Bruxelas, 2006. Disponível em <http://www.gwec.net/fileadmin/documents/Publications/Global_Wind_ Energy_Outlook_2006.pdf>. Acessado em 11 out. 2010. [4] Silva, C. E. de Alencar. “Estudo e desenvolvimento experimental de um sistema eólico interligado à rede elétrica”, Fortaleza, maior 2009. Qualificação (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Ceará, Brasil. [5] Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. Centro de Referencia para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito, CRESESB. Disponível em <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/atlas_eolico_brasil/atlas.htm>. Acessado em 10 de agosto de 2010. [6] WINDPOWER; EWEA; GREENPEACE, 2003; WIND FORCE, 2003 [7] Banco de Informações de Geração. Agencia Nacional de Energia Elétrica (Brasil), Brasilia, 2010. Disponível em <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp>. Acessado em 02 de outubro de 2010. [8] Bezerra F. M., “Geração Anemoelétrica: Uma Alternativa para o Ceará”, Anais do primeiro seminário de Tecnologia da Coelce, Companhia Energética do Ceará (COELCE), pp. 442-458. 69 [9] Daher, S. “Um sistema baseado em gerador de indução trifásico para aproveitamento da energia eólica”, Fortaleza, setembro de 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) . Universidade Federal do Ceará, Brasil. [10] P.Carvalho, “Geração Eólica. Fortaleza”, Imprensa Universitária, 2003. [11] Reis, M. M. “Sistema eólico de pequeno porte para interligação à rede elétrica”, Fortaleza, marco 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Ceará, Brasil. [12] D. S. Oliveira Jr., L. H. S. C. Barreto, F. L. M. Antunes, M. I. B. V. Silva, D. L. Queiroz, A. R. Rangel, “A DCM Three-Phase High Frequency Semi-Controlled Rectifier Feasible for Low Power WECS Based on a Permanent Magnet Generator”. COBEP; 2009. [13] Custódio, R. dos Santos, “Energia Eólica para produção de energia elétrica”, Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2009. [14] Martins, D. C., Barbi, I. “Introdução ao estudo dos conversores CC-CA” 2ª edição. Florianópolis, 2008. [15] Menezes, L. M. “Projeto Inversol – Desenvolvimento de uma fonte ininterrupta de energia com possibilidade de uso em sistema fotovoltaico”, Fortaleza, julho de 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Ceará, Brasil. [16] Mello, L. F. P., “Análise e Projeto de Fontes Chaveadas” Editora Érica, 1996. [17] D. S. Oliveira Jr., A. R. Rangel, D. L. Queiroz, E. F. Oliveira, G. J. M. Sousa, L. P. C. Santos, L. F. A. Fontenele, M. I. B. V. Silva, P. A. M. Bezerra. “2009 International Future Energy Challenge – Final Report” Fortaleza, julho 2009. [18] THORNTON: Disponível em < http://www.thornton.com.br/produtos/nee.htm>. Acesso em 01 de outubro de 2010. 70 Apêndice 1 Projeto físico do indutor de entrada do retificador Dados de projeto: • L = 57uH • ILpk = 15A • ILef = 2,66A Alguns parâmetros foram definidos para o cálculo físico do indutor, eles estao relacionados abaixo [16, 18]: Bmax := 0.15 (Máxima densidade de fluxo, em Tesla) Ku := 0.7 (Fator de utilização da janela do núcleo, valor padrão) x := 0.12 (Constante que depende do formato do núcleo (núcleos EE) KT := 63.35 (Constante empírica tabelada, válida para os núcleos EE) ∆T := 40 (Acréscimo de temperatura, acima da ambiente) Kj := KT⋅ ∆T 0.5 −7 µ o := 4⋅ π ⋅ 10 (Constante empírica que depende do acréscimo de temperatura) (Permeabilidade magnética do ar) Cálculo do produto das áreas do núcleo 1 L ⋅ Ip⋅ I ⋅ 104 0 rms A p := K ⋅K ⋅B u j max 1 −x A p = 0.5 Núcleo escolhido De acordo com o produto das áreas obtido, o núcleo escolhido para o indutor é o EE58/28/21. As características desse núcleo esta relacionadas abaixo: A p := 13.3 (Produto da área do núcleo escolhido) Ae = 3.54 (Área efetiva) −9 Al := 4000 ⋅ 10 (Fator de indutância sem gap) CME = 11.6 (Comprimento médio de uma espira) Papx := 44 (Peso aproximado em gramas, para cada núcleo de ferrite) 71 Cálculo do número de espiras L ⋅ Ip⋅ ( 1.05) ⋅ 104 0 N := B ⋅ Ae = 11.27 max Logo serão usadas 12 espiras. Cálculo do entreferro 2 lg := N ⋅ ILpk ⋅ µ o ⋅ 10 Bmax O entreferro em cada lado do núcleo será de lg/2, que será 0,21cm. Densidade de corrente no fio: J := Kj⋅ Ap −x O valor da densidade obtido foi de 294 A/cm², porém será utilizado para o projeto o valor de J=300 A/cm². Área de cobre necessária Acu := ILef J A área de cobre necessária para suportar essa corrente é de 0,01064cm². Escolha do fio Para a escolha do fio que será utilizado, optou-se por dividir a corrente por alguns fios em paralelo, apenas pela facilidade de enrolar o indutor, já que fios muito grossos são mais difíceis de manipular e acomodar durante a confecção do indutor. O fio escolhido foi o AWG 21. As especificações desse fio estão relacionadas abaixo. 72 dfio := 0.08 (diâmetro do fio em cm) Acu_fio := 0.004105 (área de cobre do fio em cm) 2 Acu_fio_iso := dfio (área do fio com o isolamento em cm²) Rfio := 0.000561 (resistência do fio em Ω/cm à 100°C) Cálculo do número de fios em paralelo n f := A cu = 2.59 A cu_fio Logo, para que a corrente seja suportada com a densidade de corrente exigida, serão utilizados 3 fios em paralelo. Cálculo do comprimento do fio CME lfio := N ⋅ 100 O comprimento do fio será de 1,39m. Teste de viabilidade Primeiramente calcula-se a área de cobre necessária no projeto. An := N ⋅ Acu_fio_iso ⋅ nf A utilização do núcleo será dada pela multiplicação da área de cobre necessária pela área efetiva, e dividida pelo produto das áreas do núcleo. Utilização:= An ⋅ Ae Ap A utilização conseguida com esse projeto foi de 0,1. Essa utilização muito baixa se deve ao fato de que serão, em cada braço do magnético, enrolados outros indutores iguais, logo, a área da janela será menor. Outro fator importante na 73 determinação da ocupação do indutor é a produção em escala industrial, onde se pede uma utilização de 0,5. Cálculo das perdas no indutor Perdas no núcleo Pt := 2 ⋅ Papx (Peso aproximado dos dois núcleos E em gramas) Pt = 88 ∆B := Bmax 2 Pv := ∆B ⋅ 4 ⋅ 10 2.4 −5 ⋅ fs + 4 ⋅ 10 − 10 ⋅fs 2 (Perdas por grama de ferrite W/g) Pv = 0.014 Pn := Pv ⋅ Pt (Perdas no núcleo em W) Pn = 1.211 Perdas no cobre 2 Pcu := ILef ⋅ N ⋅ CME⋅ Rfio nf (Perdas no cobre em W) Pcu = 1.18 Variação de temperatura no indutor ( ∆Temp := RT ⋅ Pcu + Pn ∆Temp = 31.16 ) [°C] 74 Apêndice 2 Projeto físico do indutor de filtro do inversor Dados de projeto: • L = 1,35mH • ILpk = 10,3A • ILef = 7,27A Alguns parâmetros foram definidos para o cálculo físico do indutor, eles estão relacionados abaixo [16, 18]: Bmax := 0.35 (Máxima densidade de fluxo, em Tesla) Ku := 0.7 (Fator de utilização da janela do núcleo, valor padrão) x := 0.12 (Constante que depende do formato do núcleo (núcleos EE) KT := 63.35 (Constante empírica tabelada, válida para os núcleos EE) ∆T := 40 (Acréscimo de temperatura, acima da ambiente) Kj := KT⋅ ∆T 0.5 −7 µ o := 4⋅ π ⋅ 10 (Constante empírica que depende do acréscimo de temperatura) (Permeabilidade magnética do ar) Cálculo do produto das áreas do núcleo 1 L⋅I ⋅I ⋅104 Lpk Lef Ap := K ⋅K ⋅B u j max 1 −x A p = 14.1 Núcleo escolhido De acordo com o produto das áreas obtido, o núcleo escolhido para o indutor é o EE/42/21/20. As características desse núcleo esta relacionadas abaixo: A p := 29.1 (Produto da área do núcleo escolhido) A e := 5.32 (Área efetiva) −9 A l := 4000⋅ 10 CME = 14.8 Papx ≔ 58 (Fator de indutância sem gap) (Comprimento médio de uma espira) (Peso aproximado em gramas, para cada E) 75 Cálculo do número de espiras 4 N := Lb⋅ ILbpico⋅ ( 1.05) ⋅ 10 Bmax⋅ A e = 78.305 Logo serão usadas 79 espiras. Cálculo do entreferro 2 lg := N ⋅ ILpk ⋅ µ o ⋅ 10 Bmax O entreferro em cada lado do núcleo será de lg/2, que será 0,15cm. Densidade de corrente no fio: J := Kj⋅ Ap −x O valor da densidade obtido foi de 267 A/cm², porém será utilizado para o projeto o valor de J=400 A/cm². Área de cobre necessária Acu := ILef J A área de cobre necessária para suportar essa corrente é de 0,018183cm². Escolha do fio Para a escolha do fio que será utilizado, optou-se por dividir a corrente por alguns fios em paralelo, apenas pela facilidade de enrolar o indutor, já que fios muito grossos são mais difíceis de manipular e acomodar durante a confecção do indutor. O fio escolhido foi o AWG 21. As especificações desse fio estão relacionadas abaixo. 76 dfio := 0.08 (diâmetro do fio em cm) Acu_fio := 0.004105 (área de cobre do fio em cm) 2 Acu_fio_iso := dfio (área do fio com o isolamento em cm²) Rfio := 0.000561 (resistência do fio em Ω/cm à 100°C) Cálculo do número de fios em paralelo n f := A cu A cu_fio = 4.429 Logo, para que a corrente seja suportada com a densidade de corrente exigida, serão utilizados 5 fios em paralelo. Cálculo do comprimento do fio CME lfio := N ⋅ 100 O comprimento do fio será de 11,69m. Teste de viabilidade Primeiramente calcula-se a área de cobre necessária no projeto. An := N ⋅ Acu_fio_iso ⋅ nf A utilização do núcleo será dada pela multiplicação da área de cobre necessária pela área efetiva, e dividida pelo produto das áreas do núcleo. Utilização:= An ⋅ Ae Ap A utilização conseguida com esse projeto foi de 0,462. Para indutores, a utilização máxima para que o projeto seja executável é de 0,7. Porém, nesse caso onde existem vários fios em paralelo, a acomodação desses fios é mais complicada, logo, esse valor de ocupação obtido está viável. Outro fator importante na 77 determinação da ocupação do indutor é a produção em escala industrial, onde se pede uma utilização de 0,5. Cálculo das perdas no indutor Perdas no núcleo RT := 23⋅ A p − 0.37 Pt := 2⋅ Papx RT = 6.61 (Resistência témica do núcleo) Pt = 116 [g] (Peso aproximado dos dois E`s) ∆B := 0.1Bmax Pv := ∆B 2.4 ⋅ 4⋅ 10 −5 − 10 ⋅ fs + 4⋅ 10 ⋅ fs Pn := Pv ⋅ Pt 2 Pv = 0.01 [W/g] Pn = 0.89 [W] Perdas no cobre 2 Pcu := ILef ⋅ N ⋅ CME⋅ Rfio nf (Perdas no cobre em W) Pcu = 5.7 Variação de temperatura no indutor ( ∆Temp := RT ⋅ Pcu + Pn ∆Temp = 43.59 ) [°C] Logo, necessita-se de ventilação forcada sobre o indutor. (Perdas no núcleo)