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Boletim ANO I Nº 2 SÃO PAULO Editorial A Associação Paulista para o Estudo do Fígado, com o apoio de vários laboratórios farmacêuticos, vem desenvolvendo suas atividades, conforme o cronograma planejado. Concluímos o primeiro semestre do Curso de Educação Continuada em Hepatologia em novo local, que se mostrou confortável e acolhedor. Os alunos têm participado ativamente, principalmente na discussão de Casos Clínicos, como se vê na foto acima. No resultado da avaliação das diferentes atividades em cada módulo, predominam os graus 4 e 5, correspondendo a muito bom e ótimo. As sugestões propostas (graus 2 ou 3), mesmo sendo da minoria, são sempre levadas em consideração. No website da APEF, já em elaboração, disponibilizaremos todas as aulas ministradas no Curso, desde que autorizadas pelos palestrantes. Neste Boletim divulgamos as diferentes categorias de membros da APEF, as normas para tornar-se membro de nossa associação, além de seus direitos e deveres. A programação do Curso no segundo semestre sofreu algumas modificações recentemente, que estão incorporadas neste programa, como o adiantamento do horário de início para 9h00. No segundo semestre teremos o nosso Curso Monotemático sobre Esteatose e Esteatohepatite não alcoólica, com todos convidados confirmados e programa definido (ver página 6). Em setembro acontece em Campos do Jordão o Congresso Paulista de Gastroenterologia, e a APEF foi convidada a organizar um Curso pré-Congresso, que versa sobre “Atualização Terapêutica em Hepatologia”, também à disposição dos leitores deste Boletim, com palestrantes confirmados. O segundo semestre de 2007 está bastante movi- Boletim APEF ANO I Nº2 AGOSTO/2007 mentado, ganhando destaque o Congresso Brasileiro de Hepatologia, que será em Ouro Preto, Minas Gerais, sob a presidência do Dr. João Galizzi Filho. Outros eventos de Hepatologia deste semestre também foram alencados, com as informações necessárias àqueles que queiram participar. O Caso Clínico deste Boletim, fornecido pela nossa ex-presidente Maria Lucia Ferraz, é de extrema importância, pois considera as dificuldades diagnósticas e a conduta em paciente com Hepatite C aguda. Finalmente, em 4 de julho deste ano, o Prof. Luiz Caetano da Silva completou 80 anos, merecendo de todos nós, hepatologistas de São Paulo, uma justa homenagem por seu pioneirismo em hepatologia, sua brilhante carreira acadêmica, sua excelente atividade didática e, particularmente, pela extrema dedicação aos pacientes, que perdura até o momento. Edna Strauss Neste Boletim Pág. 1 Pág. 2 Pág. 3 Pág. 4 Pág. 5 Pág. 6 Pág. 7 Pág. 9 Pág. 10 Editorial Estatuto da APEF Curso de Educação Continuada Monotemático de “Esteatose e Esteatohepatite não alcoólicas” Congresso Paulista de Gastroenterologia – Curso PréCongresso APEF WebSite da APEF em elaboração Conduta na Hepatite Aguda C Homenagem da APEF aos 80 anos do Prof. Luiz Caetano da Silva Agenda de Eventos 2007 Estatuto da Associação Paulista para o Estudo do Fígado – APEF CAPÍTULO III DOS MEMBROS Art. 4o. - A APEF será constituída de membros diplomados em Medicina ou áreas afins, que possuam em comum o interesse pelo estudo e pesquisa no campo da Hepatologia. Art. 5o. - A APEF terá as seguintes categorias de membros: A) Membros Fundadores B) Membros Titulares C) Membros Associados D) Membros Eméritos E) Membros Beneméritos SEÇÃO I Art. 6o. - São Membros Fundadores aqueles que compareceram e assinaram a ata de fundação da APEF. SEÇÃO II Art. 7o. - São Membros Titulares todos aqueles que: A) Possuem Título de especialista em Hepatologia, emitido pelo SBH/AMB, ou B) São Membros Titulares da SBH, ou C) Possuem Título de Mestre ou Doutor em Medicina com dissertação ou tese na área de Hepatologia, ou D) Possuem, a critério da Diretoria, referendado pela Assembléia, reconhecido e notório saber e experiência em Hepatologia. SEÇÃO III Art. 8o. - São Membros Associados aqueles que, embora não se enquadrem nos itens do Art. 7o. da Seção II, respeitem fielmente o prescrito no Art. 4o. deste estatuto. SEÇÃO IV Art. 9o. - São Membros Eméritos aqueles que, por julgamento da Diretoria, referendados pela Assembléia tenham dado relevantes contribuições científicas para a área da Hepatologia. Parágrafo Único:- Os Membros Eméritos, tanto nacionais quanto internacionais, gozarão dos direitos dos Titulares e estarão isentos das anuidades e eventuais contribuições. SEÇÃO V Art. 10o. - São Membros Beneméritos as pessoas físicas ou jurídicas que tenham feito contribuições valiosas e significativas à APEF, sempre encaminhados pela Diretoria e referendados pela Assembléia. Parágrafo Único:- Os Membros Beneméritos estão isentos das anuidades, bem como do direito de voto, mas terão o direito de participar e colaborar com as atividades científicas da APEF. SEÇÃO VI Art. 11o. - São consideradas as seguintes condições para tornar-se sócio da APEF: A) Que o candidato não possua nada de desabonador em sua conduta; B) Que o candidato seja apresentado por dois Membros Titulares; C) Que a proposta de filiação do candidato seja apreciada pela Diretoria e referendada em Assembléia Geral. Art. 12o. - É direito do associado demitir-se quando julgar necessário, protocolando junto à Secretaria da APEF seu pedido de demissão. Art. 13o. - A Diretoria da APEF poderá adotar medidas de caráter punitivo, desde que referendado pela Assembléia, em relação à conduta de seus associados, quando julgar assim necessário. Para este fim, são consideradas as seguintes medidas: A) Advertência B) Suspensão C) Exclusão Parágrafo Único:- Na hipótese de exclusão do associado, caberá este recurso à Assembléia Geral. Art. 14o. - São deveres dos membros da APEF: A) Cumprir e fazer cumprir o presente estatuto; B) Respeitar e cumprir as decisões da Assembléia Geral; C) Zelar pelo bom nome da APEF; D) Defender o patrimônio e os interesses da APEF. Art. 15o. - São direitos dos membros da APEF participar da Assembléia Geral e das demais atividades, na forma e condições previstas neste estatuto, bem como gozar dos benefícios oferecidos pela entidade. Diretoria Biênio 2007/2008 Edna Strauss - Presidente Edison Roberto Parise - Vice-Presidente Maurício F.A. Barros - 1º Secretário Regina Helena G. M Mattar - 2ª Secretária Mário Guimarães Pessoa -1º Tesoureiro Maria de Fátima G.S. Ribeiro - 2ª Tesoureira Conselho Fiscal: Hoel Sette Junior Edson Cartapatti Claudia Marques Oliveira 2 Boletim APEF ANO I Nº2 Curso de Educação Continuada em Hepatologia da APEF - programa do segundo semestre de 2007 Data: 11/08/07 Data: 24/11/07 Tema da Manhã - Fibrose e Cirrose Hepática Tema da Manhã - Transplante de Fígado (9h00 às 11h45) - Patogênese da fibrose hepática - Avaliação da fibrose hepática: histologia x novos testes - Síndrome metabólica nas doenças hepáticas e relação com fibrose - Cirrose hepática: classificação e etiologias - Classificações funcionais da cirrose (9h00 às 11h45) - Conceituação e caracterização de “doença hepática terminal” - Necessidade de transplante fora dos critérios de gravidade? - Avaliação de resultados antes e após utilização do MELD - Inovações cirúrgicas de interesse prático - Como evitar a recidiva da doença original após o transplante Tema da Tarde - Hipertensão Portal: Complicações Sistêmicas (13h15 às 16h00) - Disfunção circulatória na cirrose - Insuficiência renal e tipos de síndrome hepato-renal - A síndrome hepatopulmonar e a hipertensão portopulmonar - A hiponatremia e suas conseqüências - Infecções bacterianas na cirrose Data: 15/09/07 Tema da Manhã - Hipertensão Portal: Hemorragia Digestiva e Ascite (9h00 às 11h45) - Importância da Circulação hiperdinâmica - Mecanismos que propiciam a hemorragia digestiva - Condutas terapêuticas antes, durante e após o sangramento - Fisiopatologia da ascite - Cuidados fundamentais nas ascites de grande volume Tema da Tarde - Doenças Metabólicas (13h15 às 16h00) - Doenças metabólicas na infância - A deficiência de alfa 1 anti-tripsina na criança e no adulto - Patogênese e clínica da hemocromatose - Tratamento das desordens do metabolismo do cobre - Fibrose cística e suas manifestações hepato-biliares Data: 27/10/07 Tema da Tarde - Casos Clínicos e Avaliação Final (13h15 às 16h00) - Discussão de “casos clínicos problemáticos” previamente preparados pelos alunos - Avaliação interativa de final do Curso Alunos que tiveram bom aproveitamento do curso, no primeiro semestre: - Adriana Zuolo Coppini - Adrina Porta - Antonio Cesar de Azevedo Pedro - Antonio Nagib Arbex Filho - Carla Zonelotto Neves - Fabio Luiz Maximiano - Francisco Augusto Porto Ferreira - Hugo Ricardo Amaral da Silveira - Jader Luiz Araujo Godinho - Joaquim Graf - Juliana Ramalho de Vasconcelos - Ligia Cristina Pereira Dias Biagini - Marilia Tavares Campos de Oliveira Gaboardi - Michel Laks - Michelle Zicker - Paula Tuma - Raul Carlos Wahle - Silas Rocha das Neves Tema da Manhã - Nódulos Hepáticos (9h00 às 11h45) - Exames de imagem e seus critérios diagnósticos - Nódulos benignos: sua origem e evolução - Qual a contribuição efetiva de dados clínico-laboratoriais? - Contribuições do exame anátomo-patológico - Conduta terapêutica: cirurgia x não cirurgia Tema da Tarde - Carcinoma Hepatocelular (13h15 às 16h00) - Exames de rastreamento e sua relevância - Importância dos diferentes métodos de imagem - Contribuição da histologia em nódulos pequenos x grandes - Tratamentos invasivos não-cirúrgicos - Época e tipo de cirurgia a ser proposta 10 pontos (freqÜência e aproveitamento) Local do Curso: Rua Mato Grosso 306, 19º andar. Higienópolis, SP. Inscrições e Informações: Cidinha: fone (11) 9750 5620 e e:mail [email protected] 3 Boletim APEF ANO I Nº2 Programa do Curso Monotemático de “Esteatose e Esteatohepatite não alcoólicas” 10h45 / 11h10 Debate: Necessidade de Biópsia em DHGNA · Argumentação contrária · Argumentação favorável 11h10 / 11h35 Conferência: A Esteatose Pode Ser Tóxica à Célula Hepática? Data: 18/08/07 Horário: das 08h00 às 17h00 Local: Hotel Blue Tree Towers Comissão Organizadora: Edison Parise, Claudia Oliveira e Edna Strauss 8h00 Inscrições e credenciais 8h30 Abertura: Importância Epidemiológica da “Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica (DHGNA)” 8h45 / 10h30 Mesa Redonda: Conceito, Diagnóstico e História Natural da DHGNA · Conceituação e diagnóstico anátomo-patológico da DHGNA · Conceito de síndrome metabólica e sua relação com DHGNA · História natural da DHGNA · A DHGNA na criança · Marcadores indiretos de esteatose, esteatohepatite e fibrose · Discussão Intervalo Patrocinadores: 11h35 / 12h30 Mesa Redonda: Fisiopatogênese da DHGNA · A esteatose hepática e sua relação com resistência insulínica · Papel das citocinas e do estresse oxidativo no desenvolvimento de esteatohepatite · Aspectos moleculares da DHGNA · Discussão 12h30 / 14h00 Almoço 14h00 / 15h00 Mesa Redonda: Hepatite C e DHGNA · Esteatose e hepatite C · Papel da resistência insulínica na hepatite C · Relevância dos achados histológicos na associação entre hepatite C e DHGNA · Discussão 15h00 / 15h20 Conferência: Presente e Futuro da DHGNA Intervalo 15h40 / 17h00 Mesa Redonda: Tratamento da Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica · Tratamento não medicamentoso · Tratamento medicamentoso · Cirurgia bariátrica · Novas perspectivas terapêuticas · Discussão Apoio: 4 Boletim APEF ANO I Nº2 Congresso Paulista de Gastroenterologia Curso pré-Congresso da APEF Atualização Terapêutica em Hepatologia Módulo 1 – Hepatites por Vírus Moderadora – Edna Strauss 8h30 – Tratamento da Hepatite Crônica C – Hoel Sette 8h50 – Tratamento da Hepatite Crônica B – Zuzane Ono-Nita 9h10 – Tratamento da Co-infecção HIV-HCV – Mario Gonzalez 9h30 – Discussão Módulo 2 – Hepatopatias Crônicas Moderadora: Claudia Oliveira 9h45 – Tratamento da Hepatite Auto-imune – Gilda Porta 10h05 – Tratamento da Esteato-Hepatite – Edison Parise 10h25 – Tratamento das Colestases Crônicas – Eduardo Cançado 10h45 – Discussão 11h00 – 11h15 – Intervalo Módulo 3 – Nódulos Hepáticos Moderador: Hoel Sette Jr. 11h15 – Conduta em Nódulos Hepáticos Benignos – Eduardo Carone 11h35 – Tratamento Não Cirúrgico do Hepatocarcinoma – Flair Carrilho 11h55 – Indicações de Cirurgia ou Transplante em Nódulos Hepáticos – Maurício Barros 12h15 – Discussão 12h30 – 13h30 – Intervalo para Almoço Módulo 4 – Complicações da Hipertensão Portal Moderador: Edison Parise 13h30 – Tratamento da Ascite – Maria de Fátima Ribeiro 13h50 – Tratamento de Urgência na Hemorragia Digestiva – Alberto Farias 14h10 – Tratamento Farmacológico Eletivo e Profilático – Elza Cotrin Soares 14h30 – Dicussão 14h40 – Tratamento da Peritonite Bacteriana Espontânea – Wanda Caly 15h00 – Tratamento da Encefalopatia Hepática – Edna Strauss 15h20 – Discussão 15h30 - ENCERRAMENTO 5 Boletim APEF ANO I Nº2 WebSite da APEF em elaboração Previsão de funcionamento para agosto/2007 apefigado.org.br ou spfigado.org.br Conteúdo proposto Institucional 1) Diretoria atual e anterior 2) Estatutos completos 3) Lista de sócios adimplentes (nome, endereço, telefone, etc.) com link para o endereço www, desde que autorizado 4) Boletins APEF (arquivos PDF) Eventos 5) no país – todos os Eventos em que consta a Hepatologia 6) no exterior – a lista de Eventos relacionados com Hepatologia fora do Brasil, suas datas e informações gerais 7) Eventos da APEF – curso monotemático de NASH, Curso Continuado Anual e o Curso pré-Congresso da Associação Paulista de Gastro – com os respectivos programas Atualização científica 8) Trabalhos Científicos – trabalhos de membros (PDF) selecionados poderiam ter destaque de capa 9) Aulas do Curso Continuado em Hepatologia (PDF) 10) Aulas do Monotemático e do Pré-Congresso (PDF) Interativo - Fórum (grupo de discussão) para os membros da APEF 11) Notificação de Casos de Hepatite Fulminante, formulário e exposição 6 Boletim APEF ANO I Nº2 Discussão Clínica Conduta na Hepatite Aguda C Paciente feminina, de 49 anos, natural e procedente de São Paulo, manicure, procurou serviço médico por ter notado que seus olhos ficaram amarelos e a urina ficou escura. A paciente referia estar assintomática desde 1 semana antes da consulta, quando começou a apresentar desconforto abdominal, astenia e, a seguir, notou icterícia, colúria e acolia fecal. Negava prurido ou dor importante acompanhando o quadro. Como antecedentes, referia ter sido submetida à cesárea há 19 anos e abdominoplastia há 8 anos; nesta última cirurgia referia ter recebido transfusão de sangue. Negava outras doenças associadas ou uso de medicamentos. Ao exame físico, constatou-se altura de 1,61 m e peso de 58 Kg. Encontrava-se em bom estado geral, ictérica 2+/4. O fígado estava palpável a 3 cm do RCD. Frente a esta história, levantou-se a hipótese de hepatite aguda, possivelmente de natureza viral, uma vez que não havia suspeita de icterícia obstrutiva (ausência de quadro doloroso) e outros antecedentes, sobretudo de exposição a drogas e medicamentos. Outra hipótese a se considerar seria a de uma manifestação aguda de doença hepática crônica subjacente, como pode ocorrer na hepatite auto-imune ou nas hepatites crônicas virais. O antecedente de transfusão há 8 anos poderia suportar a última hipótese. Exames laboratoriais foram solicitados, buscando esclarecer a etiologia do quadro. Os exames laboratoriais iniciais mostraram: AST=588 UI/L (nl=32), ALT=1460 UI/L (nl=31), Bilirrubina total=6,1 mg/dL (BD=4,8 e BI=1,3 mg/dL), Fosfatase alcalina=182 UI/L (nl=250), gama-GT=101 UI/L (nl=24). No hemograma, Hb=13,6 g/L, leucócitos=5.300/mm3, plaquetas=340.000/mm3 . O ultra-som de abdômen constatou somente hepatomegalia. Foi solicitada sorologia, que revelou: HBsAg negativo, anti-HBc IgM negativo, anti-HBs negativo; anti-HAV IgM negativo, anti-HCV negativo. Os achados bioquímicos foram compatíveis com hepatite aguda, com ALT elevada em cerca de 50 vezes o limite superior da normalidade. Entretanto, as sorologias foram todas negativas. Devido ao antecedente desta paciente, de eventual exposição parenteral por ser manicure, foi solicitada pesquisa de HCV-RNA, que resultou POSITIVA. Esta evolução sorológica pode ocorrer, em casos de hepatite aguda, pelo vírus C, com aparecimento tardio do anticorpo, que pode levar de 8 a 12 semanas para se tornar positivo. Assim, quando existe forte suspeita do diagnóstico de infecção aguda pelo vírus C, a pesquisa do HCV-RNA, por técnica de PCR, pode auxiliar no diagnóstico. A paciente foi orientada quanto ao diagnóstico de infecção aguda pelo vírus C e foi recomendado repouso relativo, com afastamento temporário de sua atividade habitual. Após 30 dias, os exames mostravam: AST=84 UI/L, ALT=257 UI/L, Bilirrubina total = 1,5 mg/dL (BD=0,8 e BI=0,7 mg/dL). Foi realizada nova determinação de anti-HCV, que resultou novamente negativa; o HCV-RNA persistia positivo. A questão que se impõe neste momento é a conduta frente a uma hepatite aguda pelo vírus C. Estaria indicado o tratamento? Se sim, quando e como? É sabido que a infecção pelo HCV tende a se tornar crônica em grande percentual de indivíduos agudamente infectados (figura 1). Devido a este fato, muitos estudos se preocuparam em avaliar o efeito do tratamento, durante a fase aguda, sobre a erradicação viral, no sentido de prevenir a evolução para a cronicidade. Uma metanálise, publicada em 2003 (Liccata A. et al. Journal of Hepatology. 2003;39:1056) reuniu 12 trabalhos, envolvendo 640 pacientes: 320 tratados e 320 não tratados. A análise claramente demonstrou-se favorável ao tratamento, alcançando índices de resposta sustentada superiores aos obtidos de forma espontânea (figura 2). Em relação ao momento ideal para iniciar a terapia, havia dúvida se o tratamento deveria ser iniciado tão logo quando feito o diagnóstico, ou se seria oportuno 7 Boletim APEF ANO I Nº2 esperar alguns meses, buscando uma eventual resolução espontânea. Respondendo a esta questão, há um trabalho que demonstra que o clareamento espontâneo, na hepatite C aguda, é maior nas primeiras semanas, mas nunca ocorre após 16 semanas (Gerlach JT et al. Gastroenterology. 2003;125:80) (Figura 3). Com base neste e em outros estudos com achados semelhantes, atualmente recomenda-se que se aguarde 12 semanas (3 meses) após o início do quadro. Se o HCV-RNA persistir positivo após este período, iniciar o tratamento. com IFN, com fase de indução, da forma como foi feita para a paciente em questão, é um esquema com alto índice de sucesso. No estudo de Jaeckel (Jaeckel E et al. N Engl J Med. 2001;345:1452) a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) foi de 98%, embora o estudo tenha incluído grande número de mulheres, jovens, com quadros ictéricos, situações que cursam com maiores índices de resolução espontânea. Os estudos com IFN peguilado (Khamal et al, Gastroenterology, 30:632-8, 2006; Khamal et al, Hepatology. 2004;39:1721) também demonstraram altos índices de resposta (80 a 95%), e não conseguiram demonstrar a vantagem da associação de ribavirina. Assim sendo, atualmente tem sido empregada a monoterapia com IFN convencional, com esquema de indução, por 6 meses. Seis meses após o tratamento, a paciente apresentava os seguintes exames: AST=27 UI/L, ALT=28 UI/L. O HCV-RNA tornou-se indetectável, caracterizando RVS. Após 1 ano foi novamente avaliada, permanecendo com ALT e AST normais, e o HCV-RNA continuava negativo. O quadro 1 resume a conduta na hepatite aguda C, de acordo com os conceitos apresentados neste caso. Após 3 meses a paciente estava assintomática e apresentava os seguintes exames: AST=36 UI/L, ALT=46 UI/L, Bilirrubina total = 0,7 mg/dL (BD=0,3 e BI=0,4 mg/dL). Nesta ocasião o anti-HCV resultou, pela primeira vez, positivo. E o HCV-RNA persistia positivo (tabela 1). Com estes resultados, foi iniciada monoterapia com Interferon convencional, 6 MU/dia, por 4 semanas. A seguir recebeu IFN 3 MU 3 vezes/semana por mais 5 meses. O esquema de tratamento para hepatite C aguda tem sido bastante discutido na literatura. A monoterapia 8 Boletim APEF ANO I Nº2 Homenagem da APEF aos 80 anos do Prof. Luiz Caetano da Silva O Prof. LUIZ CAETANO DA SILVA realizou o curso médico na FMUSP, de 1946 a 1951, tendo iniciado seus primeiros contatos com a clínica em 1948. Em 1958 recebeu bolsa do “BRITISH COUNCIL” para estágio no “POSTGRADUATE MEDICAL SCHOOL, HAMMERSMITH HOSPITAL”, em Londres, no Serviço da Profa. SHEILA SHERLOCK. Retornando ao Brasil, o Prof. CAETANO desenvolveu estudos sobre HEPATOLOGIA, os quais resultaram em sua tese de Doutoramento intitulada “ESTUDO DA HIPERBILIRRUBINEMIA PÓS-ANASTOMOSE PORTO-CAVA EM PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE HEPATO-ESPLÊNICA E CIRROSE HEPÁTICA” defendida em 1961. Seu livro “CIRROSE HEPÁTICA”, da Editora Sarvier, foi publicado em 1969. Em 1968, com a oportunidade de maior aproximação entre clínicos e cirurgiões, o Prof. Caetano passou a colaborar na orientação clínica de pacientes cirúrgicos do Prof. Silvano Raia. Tornava-se, assim, concreta a possibilidade de se constituir uma Unidade de Fígado nos moldes da existente em Londres. Com este objetivo, tratou de dividir a Hepatologia em setores e convidou colegas interessados e preferencialmente com experiência. Como resultado do pleno entrosamento entre as áreas clínicas e cirúrgicas, foram criadas diversas linhas de investigação que culminaram com a publicação de trabalhos no país e no exterior, além de dissertações de mestrado e teses de doutoramento. O contínuo interesse pela Hepatologia conduziram-no à eleição para Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia e da Sociedade Latino-Americana de Hepatologia nos biênios 19701971 e 1971-1972, respectivamente. Muito mais tarde, quando da criação da APEF, amplamente apoiada por ele, participou da primeira Diretoria, como Membro do Conselho Fiscal. Em 1978 assumiu a responsabilidade do Curso de Pós-Graduação em Gastroenterologia Clínica, Disciplina de Hepatologia Clínica (FMUSP). O curso realizou-se regularmente, abrangendo temas ligados a aspectos básicos como imunologia, etiopatogenia e mecanismos de lesão do hepatócito e fisiopatologia das principais síndromes em doenças hepáticas, além dos aspectos terapêuticos em Hepatologia. Em 1976 foi convidado pelo então Ministro da Saúde, Dr. PAULO DE ALMEIDA MACHADO, para observação e análise do Plano Especial de Combate à Esquistossomose (PECE) iniciado na cidade de Touros, Rio Grande do Norte. Desde então, passou a interessar-se também por aspectos epidemiológicos da enfermidade e pelo PECE, particularmente no Estado de Alagoas, tendo se deslocado várias vezes para o interior daquele Estado, com intuito de observar o andamento do projeto. Durante sua vida acadêmica, além da publicação de trabalhos científicos e apresentações em Congressos, ele orientou teses em todos os níveis e participou no desenvolvimento de Centros de ensino e pesquisas, na formação de discípulos, muitos dos quais ocupando posições importantes em nosso país. Além de médico clínico, gastroenterologista, hepatologista, pesquisador e cientista, professor e orientador, a convivência com LUIZ CAETANO me mostrou outros aspectos que merecem ser mencionados: · a mentalidade jovem e o gosto pela convivência com os jovens, pela vida e pelo que faz; · o contagiante estímulo que dá aos seus discípulos (líder natural); · o comportamento ético que impõe no relacionamento com os doentes, seus pares e na condução de seus trabalhos científicos; · a permanente acolhida aos colegas iniciantes ou mesmo aos mais experientes provenientes de vários pontos do Brasil e da América Latina que demonstraram interesse em aprender Hepatologia; · a humildade de ouvir e o respeito à opinião dos colegas, mesmo os mais jovens, nas discussões de casos clínicos e projetos de pesquisa. Completando 80 anos de vida e com mais de 50 anos de dedicação à Hepatologia, nada mais justo do que render uma Homenagem a esta figura humana ímpar, que deve servir de exemplo a todos os médicos que se dedicam ao estudo das doenças do fígado. Prof. Dr. Flair José Carrilho Ex-Presidente da APEF 9 Boletim APEF ANO I Nº2 Agenda de Eventos 2007 04 a 06 de julho de 2007 V HEPGASTRO - Gastroenterologia - Hepatologia Endoscopia Digestiva - Informações: Eventus System Tel.: 71.2104-3477 28 a 30 de setembro de 2007 V Congresso Paulista de Gastroenterologia Campos do Jordão - SP - Informações: Paradigma Eventos - Tel.: 11 3813-8896 / fax: 3815-2285 E-mail: [email protected] 17 a 18de agosto de 2007 IV Simpósio de Hepatologia e Cirurgia Hepática Maringá-PR - Informações: Fone/Fax: (44) 3262-0066 E-mail: [email protected] 17 a 20 de outubro de 2007 XIX Congresso Brasileiro de Hepatologia Parque Metalúrgico - Centro de Artes e Convenções da UFOP - Ouro Preto - MG - Informações: Tel.: 31 3273-1121 E-mail: [email protected] www.sbhepatologia.org.br 18 de agosto de 2007 Monotemático “Esteatose e Esteatohepatite Não Alcoólicas” Hotel Blue Tree Towers Av. Brig. Faria Lima, 3989 Informações: Fone: 11 3812-3253 E-mail: [email protected] 02 a 06 de novembro 2007 The Liver Meeting® - Boston, Massachusetts John B. Hynes Convention Center www.aasld.org 10 Boletim APEF ANO I Nº2 11 Boletim APEF ANO I Nº2