Apostila do 1º Encontro Espírita de Mediunidade - Tema

Transcrição

Apostila do 1º Encontro Espírita de Mediunidade - Tema
1o E E M E D - 1 9 9 4
1o. ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDIUNIDADE
TEMA: A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
Em 26 de junho de 1994
A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
“Tudo está em observar com cuidado e isso todos podem fazer
nós, desde que se não limitem a observar efeitos, sem lhes procurarem
as causas. Se a nossa fé se fortalece, de dia para dia, é porque
compreendemos. Tratai, pois, de compreenderdes, se quiserdes fazer
prosélitos sérios.”
ALLAN KARDEC
“O LIVRO DOS MÉDIUNS” - item 149
SUMÁRIO
CONTEÚDO
PÁGINA
Temário para o 1o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade (1o. EEMED)
Explicações sobre a Apostila
Programa para o 1o. EEMED
Índice
Mensagens psicográficas dos Diretores Espirituais do CELD para o
Encontro
Roteiro para o estudo:
- Conceito e definições kardequianas
- Manifestações dos Espíritos
- Comunicações dos Espíritos
- Tipos de comunicações
- Quadro sinóptico dos diferentes modos de manifestação e comunicação
dos Espíritos
Comunicações através da escrita:
- A Escrita Direta ou Pneumatografia
- A Psicografia ou Escrita Manual
Kardec e a Mediunidade Psicográfica:
- Primeiros contatos
- Os médiuns psicógrafos e as revelações sobre a missão de Kardec
- Os médiuns psicógrafos e as orientações sobre a conclusão do trabalho da
Codificação
- A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e seus Médiuns
Estudo sobre as variedades dos médiuns escreventes, segundo Kardec
A Prática da Mediunidade Psicográfica:
- Desenvolvimento Mediúnico
- Dificuldades
- Tipos de médiuns escreventes
- Quadro sinóptico das variedades dos médiuns escreventes
- A obsessão na Psicografia
Mecanismo da Mediunidade e Médium sem o Saber
Mecanismos da Psicografia:
- Introdução
- Pensamentos e Ondas
- Transmissão
- Comunicação entre os Homens
- Os tipos de médiuns psicógrafos e os Mecanismos da Comunicação
- A Comprovação pela Grafoscopia
Desenvolvimento do Programa para o 1o. EEMED
Roteiro para o Estudo dos Médiuns Escreventes
Conclusão
Dados Históricos
Avaliação do 1o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade
003
004
De 005 a 006
007
De 008 a 014
De 015 a 019
De 020 a 032
De 032 a 038
(*)
De 039 a 051
De 052 a 081
De 082 a 147
De 148 a 154
De 155 a 156
(*) Ver o Quadro sinóptico das variedades dos médiuns escreventes, inserido às pp. 044 a 047
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TEMÁRIO
Tema Geral
A Mediunidade Psicográfica
Tema 1:
Kardec e a Mediunidade Psicográfica
Tema 2:
A Psicografia, a Pneumatografia e os Médiuns Psicográficos
Tema 3:
Mecanismo da Mediunidade Psicográfica
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CELD - CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
1o. ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE EM 26/06/1994
TEMA: A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
“Tudo está em observar com cuidado e isso todos podem fazer como nós, desde que se não
limitem a observar efeitos, sem lhes procurarem as causas. SE A NOSSA FÉ SE FORTALECE DIA
PARA DIA, É PORQUE COMPREENDEMOS. TRATAI, POIS, DE COMPREENDER, SE
QUISERDES FAZER PROSÉLITOS SÉRIOS (grifo nosso). Ainda outro resultado decorre da
compreensão das causas: o de deixar riscada uma linha divisória entre a verdade e a
superstição.” (Kardec, LM item 149)
APOSTILA DO DINAMIZADOR
Este trabalho é resultado da pesquisa sobre a Mediunidade Psicográfica realizada pelo Grupo
de Planejamento do 1o. EEMED.
Destina-se também a fornecer subsídio para a dinamização dos Temas.
NÃO EXCLUI O ESTUDO DA BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
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Programa para o 1o. EEMED
1o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade – 26/06/1994
Tema: A Mediunidade Psicográfica
1.1 Definição
1.2 Variedades de tipos de médiuns escreventes (LM, itens 178/184)
1.2.1 Destaque para mediunidade receitista (LM, item 193)
1.3 Da natureza das comunicações (LM, itens133/138)
1.4 Pneumatografia (LM, itens 149/177)
- (Ernesto Bozzano 1 (monografias ditadas em LUCE E OMBRA, a principal revista
italiana de Espiritismo, tradução de Francisco Klörs Werneck, edição O CLARIM – Matão)
“ O Caso Jonathan Koons”
- (Bases Científicas do Espiritismo – Epes Sargent – FEB) Capítulo I, p. 29
- (Fatos Espíritas – William Crookes – FEB, p. 43)
2. Os Médiuns Psicógrafos
2.1 Os médiuns imperfeitos e Bons Médiuns
2.2 Da influência moral do médium
2.3.1 A influência moralizadora que os bons médiuns exercem sobre o público através da
ação deles próprios na Sociedade em que vivem.
2.3.2 A influência moralizadora que os médiuns exercem sobre os trabalhadores espíritas
[SEMPRE através da psicografia]
2.4 Os grandes médiuns psicógrafos que mexeram com o público mas por não serem
espíritas não deixaram uma mensagem que modificasse a mente do público para as obras do Bem.
2.5 A prática da mediunidade psicográfica
2.5.1 Sinais de chamada (LM, itens 152/158)
- Desenvolvimento
- Dificuldades
- Diferenciação entre: (LM, itens 178/183)
- Médiuns mecânicos
- Médiuns semi-mecânicos
- Médiuns intuitivos
- Médiuns receitistas (LM, item 193)
2.5.2 O medo de ser considerado
- Charlatão
- Falso
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- Mentiroso
- De só dizer o que sabe
homem
2.5.3 A obsessão na psicografia
- Escrever sem parar
- Livros ruins
- Livros ditados por obsessores
- Livros que a nada conduzem
- Livros atribuídos aos Espíritos quando são apenas frutos do trabalho do
(conhecer a personalidade do comunicante)
2.5.4 A vitória
- Ter sido útil ao próximo
- Ter servido a Jesus
- Ter sido instrumento dócil nas mãos dos Bons Espíritos
3. Níveis de atuação da mediunidade psicográfica
3.1 Atingir os pontos de direção de uma Casa Espírita trazendo instruções gerais e
particulares (Exemplo:Yvonne Pereira)
3.2 Atingir instruções conceituais sobre pontos doutrinários obscuros
(Exemplo: Erasto/Sr. D’Ambel)
3.3 Atingir os seres humanos através instruções moralizadoras e de caráter pessoal
(Exemplo: Chico Xavier)
3.4 O socorro a pessoas estranhas ao meio Espírita
- Mensagens de força
- Mensagens instrutivas para uma determinada situação
- Mensagens de consolação (sobre desencarnados ou pessoais)
- Mensagens que mudam o rumo das pessoas
- Mensagens que mudam o rumo das situações
- Mensagens que causam surpresa mas não transformação
4. Bases Científicas
(Perandréa - A Psicografia à Luz da Grafoscopia)
4.1 Como os Espíritos atuam no cérebro mediúnico
4.2 Como os Espíritos conduzem o braço
4.3 Como os Espíritos se fazem conhecidos
4.4 Como os Espíritos transmitem “as imagens” que querem transmitir ao público
4.5 O desgaste orgânico (fluídico) e o neuronal
5. Estímulo ao trabalho
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ÍNDICE
01. Mensagem psicográfica dos Diretores Espirituais do CELD para o 1o. EEMED.
Demais mensagens.
02. Programa para o 1o. EEMED
03. Roteiro para o estudo
Conceito e definições kardequianos
04. Manifestações dos Espíritos
05. Comunicações dos Espíritos
06. Tipos de comunicações
07. Quadro sinóptico dos diferentes modos de manifestações e comunicações dos
Espíritos.
08. Comunicações através da escrita: A Escrita direta ou Pneumatografia
09. Comunicações através da Escrita : - A Psicografia ou Escrita Manual.
10. Kardec e a mediunidade psicográfica
- Primeiros contatos: com a mediunidade
com a escrita direta
com a psicografia
- Os médiuns psicógrafos e o Livro dos Espíritos
- Os médiuns psicógrafos e as revelações sobre a missão de Kardec
- Os médiuns psicógrafos e as orientações sobre a conclusão do trabalho da Codificação
(época do aparecimento das obras, revisão dos livros, auto-de-fé de Barcelona, a
publicação da Revista Espírita)
- A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE) e seus médiuns
11. Estudo sobre as variedades dos médiuns escreventes, segundo Kardec, apresentado em o
LM (O Livro dos Médiuns) e complementado com informações da Revista Espírita (RE).
12.. A Prática da Mediunidade Psicográfica
- Desenvolvimento mediúnico
- Dificuldades
- Tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos
- A Obsessão na Psicografia
13. Mecanismos da psicografia
14. Dados Históricos.
15. Conclusão e avaliação.
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Mensagem para o Encontro
1a Mensagem
Meus irmãos!
Na oportunidade da realização do 1o. Encontro sobre a Mediunidade dirigimo-nos a todos
estimulando-os ao estudo e sua conseqüência imediata que é o trabalho no Bem.
Trabalhadores: mediunidade é sublime desenvolvimento das forças da alma. Todos os
homens são chamados a desenvolver, ou seja, a sensibilizar os dons de comunicação entre os seres.
Para isso, primeiramente devemos orar e pedir a Jesus que nos ajude neste ministério.
Com o senso de elevação melhorado, dirigiremos nossas antenas psíquicas para os seres e os
pontos elevados impedindo o acesso de forças más, indiferentes ou perversas.
Trabalharemos nossa sensibilidade e nossa vontade para alcançarmos os dons desejados. A
luz se apresenta para todos mas só os que sabem utilizá-la convenientemente são capazes de tirar
proveito dela.
No que refere ao trabalho específico da mediunidade psicográfica, entendemos que é dom dos
mais sublimes, por permitir a livre difusão de idéias, dos conceitos e dos conhecimentos.
Preferentemente dirigida às classes mais conscientes, a psicografia
perpetua,
convenientemente, os ideais e a cultura espiritual além da consolação. Através dela sublima-se no
homem o estudo e a conscientização.
Estudemos sempre a mensagem confortadora, a de paz e a de luz e teremos precioso auxiliar
do progresso.
Neste 1o. Encontro, desejamos que todos entendam que a psicografia é a porta aberta para as
comunicações estáveis e duradouras destinadas a perpetuar o pensamento da espiritualidade.
LUIZ, BALTAZAR, HERMANN e outros Espíritos do Bem
(Mensagem psicografada, em 16/04/94, pelo médium Altivo Pamphiro)
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2a. Mensagem
Em todos os tempos o homem se apropriou do Invisível para transmitir seus próprios
sentimentos atribuindo a Deus ou aos Espíritos os seus conceitos pessoais.
Em todas as épocas o Mundo dos Espíritos surgiu apresentado como maravilhoso e por falta
de conhecimentos atribuíram-se aos Espíritos valores que estes não possuem realmente.
Com Kardec os fenômenos analisados nos mostram um mundo palpável, com limites de ação
e uma extrema simplicidade.
Os meios de se comunicar ficaram mais definidos.
Os sentimentos dos Espíritos comunicantes foram levados em conta.
Os valores morais dos médiuns passaram a contar.
O ambiente das sessões passou a ser lugar de maiores cuidados e comunicantes e ouvintes
passaram a ser vistos com outros olhos - os da conclusão do conteúdo das mensagens e aplicação
dos bons frutos.
A Doutrina Espírita explicando e mostrando onde o médium pode e deve atuar tem esta
vantagem. Limita a ação daqueles que não fazem o trabalho corretamente e abre novas e poderosas
frentes de ação para aqueles que muito desejam produzir.
Estudemos o Livro dos Médiuns, verdadeiro manancial de valores do conhecimento, e
aplicando-o na atividade mediúnica da Casa Espírita teremos, resplandecendo, um poderoso meio
de instrução para todos nós.
Luiz
(Mensagem psicográfica em .... /05/94, pelo médium Altivo Pamphiro)
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1a. Vibração para o 1o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Trata-se de uma experiência impar no campo do estudo da Mediunidade, esta a de que vocês
irão participar.
Por isso será o centro de atenção de muitas pessoas. Criaturas irão observar não só o
conteúdo como também o próprio comportamento dos dinamizadores, monitores, participantes de
um modo em geral que deverão passar de forma sucinta mas eficiente, demonstrando conhecimento,
aquilo que sabem sobre a mediunidade psicográfica.
Tentaremos liberar algumas idéias, alguns preconceitos, algumas conceituações errôneas sobre
o assunto e, simultaneamente, iremos demonstrar às pessoas que nos buscarem como devem agir
perante o fato mediúnico psicográfico.
Por isso, não só todo o cuidado no conteúdo, como também o cuidado na exposição, a fim de
ensinar sem ferir, e mostrar os erros sem agredir.
Culminando com o trabalho, lembrem-se de que a Bondade de Jesus que a todos socorre e
ampara, abre caminho para aqueles médiuns mesmo que ainda estão em fase de adaptação,
mostrando que tais médiuns iniciantes terão uma oportunidade de serviço adequado, na medida que
se dedicarem ao trabalho.
Que, portanto, ninguém diminua o valor de ninguém, mesmo encontrando erros ou
absurdidades naqueles que vos falarem.
Mas procurem agir com prudência, ensinando adequadamente a todos que estiverem desejosos
de aprender.
Agora, ao terminar o encontro desta vibração pedimos a todos que orem a Jesus, buscando
forças para se dedicarem completamente ao serviço que vai ser realizado brevemente.
Que Deus ilumine a todos, fortaleça a todos e a todos conduza agora e sempre.
Graças a Deus.
Que assim seja.
Hermann
(Mensagem psicofônica, em 08/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)
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2a. Vibração para o 1o. Encontro sobre Mediunidade
A finalidade das nossas vibrações em torno do trabalho que se há de fazer, recordemos a
necessidade de uma confiança muito grande por parte de todos os monitores durante o Encontro e
também por parte de todos os dinamizadores.
Alguns temem falar de algum assunto que não é do pleno domínio da criatura; provoca uma
sensação de mal estar falar de algum assunto que não é do pleno domínio da criatura; provoca uma
sensação de mal estar falar de um assunto eminentemente técnico e com isso provoca um estado de
ânimo descompensado. Creio que todos devem manter a confiança em Deus, em Jesus, estudar e
partir confiantemente para a realização da tarefa que lhe está proposta. Não tema. Caminhe.
Todas as dificuldades serão naturalmente resolvidas, desde que vocês estudem, leiam e
estudem o material que lhes foi dado. Algumas vezes, é certo, falta o conhecimento a vocês, mas
se aquele que não estudou (devido a uma) dificuldade real, aquele que não pode melhorar o
conhecimento, por dificuldade explicável, para esses estaremos nós, juntos, socorrendo pela
inspiração para que as palavras saiam explicadas e explicadoras sem maiores dificuldades. Acredito
que se o coração de vocês se colocar definitivamente ao lado do Cristo e decididamente ao lado da
Doutrina Espírita todo o trabalho transcorrerá em clima de paz e de realizações. Portanto, nossa
palavra aos dinamizadores, aos monitores e a todos os demais companheiros é que mantenham
intacta em vocês a idéia do trabalho no Bem, com firmeza de propósito.
Que o Senhor da Vida nos ajude agora e sempre.
Hermann
(Mensagem psicofônica, em 15/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)
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3a. Vibração para o 1o. Encontro sobre Mediunidade
Meus prezados irmãos, prontos para a oportunidade de servir, devemos estar sempre
preparados para o serviço que é fruto do esforço de cada um. Saber conviver com as dificuldades,
com as lutas e as perguntas que fizerem a vocês é resultado de uma espécie de experiência, de uma
espécie de convivência com as dificuldades para que a gente saiba responder convenientemente as
dúvidas daqueles que nos falam.
Estar ligado com a Espiritualidade é também o resultado de um esforço contínuo por parte de
cada um de nós, esforço esse que resulta da vontade, do conhecimento e do merecimento também,
porque não dizer.
Assim, todos aqueles que aqui estão devem estar conscientizados de que junto à vontade de
servir, junto aos conhecimentos devem procurar desenvolver a convivência, a experiência com a
convivência e também devem procurar sustentar a própria fé num convívio mais efetivo com os seu
Mentores Espirituais, pelo menos até o dia do trabalho.
De nossa parte estamos todos prontos, da parte de vocês evidentemente, há algumas pessoas
que não estão devidamente preparadas, mas peço a todos que aproveitem esses dias restantes para
estudarem e se prepararem intimamente para que o Encontro corresponda ao atendimento daqueles
que aqui vêm retirar da conversa com vocês novos conceitos, novas oportunidades de
aprendizagem.
Não esqueçam, conheçam, estudem, porque muito naturalmente alguns dos que visitarão
vocês podem até ter alguma experiência a mais do que alguns dos dinamizadores. Por isso que o
estudo será conveniente ser levado às conseqüências.
Que Deus ajude a vocês, ampare, proteja, prepare, ensine a Humildade e que cada um seja
muito feliz no trabalho do Bem.
Que Deus fique com vocês agora e sempre.
Muita Paz para seus espíritos.
Hermann
(Mensagem psicofônica, em 22/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)
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4a. Vibração para o 1o. Encontro sobre Mediunidade
Não só para proteger o trabalho, mas também para estimular todos aqueles que de uma
maneira ou de outra desejam participar dos trabalhos a serem feitos nos Encontros, envolvemos
inúmeros Espíritos integrados às espécies da transmissão do conhecimento doutrinário, nas reuniões
públicas. Além desses, juntamos companheiros encarregados do socorro, no trabalho da
misericórdia e também aqueles inúmeros médicos espirituais que ajudam no processo da cura de
doenças nas reuniões de estudos, nos cursos, aqueles que dedicam-se a ensinar.
Atendendo a um desejo de todos movimentamos recursos de acordo coma solicitação.
Assim, convidamos vocês todos a orar e a decidir pelo trabalho, pela integração do trabalho
no Bem, porque se assim o fizerem haverá resposta da Espiritualidade.
Não esperem de nossa parte que venhamos apenas convocar, pelo contrario; compareceremos
segundo a intensidade de seus pensamentos.
Para o próximo Encontro intensifiquem em vós mesmos o desejo de estudar e o Plano Maior
com os Bons Espíritos acorrerão ao chamamento.
Que todos orem, se preparem bem, estudem mais para o bom andamento do próximo trabalho.
Hermann
(Mensagem psicofônica, em 25/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)
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Mensagem para o 1o. Encontro sobre a Mediunidade
Meus amigos, Jesus nos ajude e abençoe agora e sempre.
No âmbito das atividades de um Centro existe a tarefa de um Encontro, trabalho feito com
carinho e dedicação dos trabalhadores encarnados e desencarnados, usando promover a educação
simultaneamente a convivência fraternal em torno de um assunto.
Seres afins se unem pelos valores que os tornam iguais, sentimento gerando sentimento,
conhecimento gerando conhecimento, amizade criando amizade e trabalho atraindo trabalho.
Assim, cada Encontro deve ser encarado como a uma oportunidade impar para todos aqueles
que dele participam.
De nossa parte vemos com satisfação a aproximação dos homens encarnados e tenham a
certeza que todos aqueles que trabalham vêem com satisfação a aproximação de Espíritos
Benfeitores que hão de conduzi-los, ajudá-los sempre.
A mais importante é a tarefa da convivência como elemento que criou o clima de trabalho.
Assim no Livro dos Espíritos temos a beleza, a tranquilidade, a certeza da presença das
vibrações de Allan Kardec por nós. No encontro de Eurípides Barsanulfo, o encontro de Léon
Denis, de Bezerra e de todos os demais Encontros também temos a certeza da presença, da vibração
de todos esses generosos Amigos.
E tudo isso por que? Para criar em cada ser não só o conhecimento, para criar em cada ser
não só a cultura capaz de conduzi-los naquele sentido de aprendizado, mas principalmente, criar a
condição de viver ao lado dos inspiradores dos Encontros.
Assim caros filhos, entendo que nos dias de Encontro não somente estudamos, mas
principalmente vivemos o clima mental daqueles que estão crescendo, desse modo, aproveitam essa
oportunidade. É a chance de encontrarmos com homens generosos que lutaram, cresceram e
fizeram crescer muitas outras criaturas.
É o momento de Luz do qual não podemos perder a oportunidade de participar.
Que Deus os ajudem e sua Luz os abençoe e os conduza agora e sempre.
Vosso irmão
Antonio de Aquino
(Mensagem psicofônica transmitida pelo médium Altivo Pamphiro, na reunião de 25.06.64, no CELD)
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Introdução ao estudo da Mediunidade Psicográfica
Definições kardequianas:
1o. MANIFESTAÇÃO DOS ESPÍRITOS
O que é?
Quais são os tipos conhecidos?
2o. COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS
O que é?
Como são classificadas?
SISTEMATIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES ESPÍRITAS SEGUNDO ALLAN KARDEC
Sematologia
Tiptologia
Psicografia
Alfabética
Interior
Direta ou Manual ou Escrita Involuntária
Indireta
Espiritografia ou Pneumatografia ou Escrita Direta
Espiritologia
Mediata
Direta (Pneumatofonia)
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MANIFESTAÇÕES
“Os Espíritos atestam sua presença de várias maneiras, conforme sua aptidão, vontade e maior
ou menor elevação ... Para facilitar a compreensão dos fatos julgamos, pois, um dever ... [fazer] um
quadro das diversas formas de manifestações:
1o.
2o.
3o.
4o.
5o.
6o.
Ação oculta
Ação patente ou manifestação
Manifestações físicas ou materiais
Manifestações visuais ou aparições
Manifestações inteligentes
As comunicações
Ação oculta; nada tem de ostensivo. Exemplos: as inspirações ou sugestões de pensamentos,
os avisos íntimos, a influência sobre os acontecimentos, etc. ...
Ação patente ou manifestação:
presença.
é a maneira provável [possível].do espírito atestar sua
Manifestações físicas ou materiais: se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como ruídos,
aparecimentos ou deslocamentos de objetos. Não trazem freqüentemente nenhuma mensagem; só
tem por fim chamar a atenção para qualquer coisa e nos convencer da presença de um poder
sobre-humano.
Manifestações visuais ou aparições: o Espírito se mostra sob uma forma qualquer, sem
nenhuma das propriedades conhecidas da matéria.
Manifestações inteligentes: revelam um pensamento. Tem sentido. Mesmo quando não passa
de simples movimento ou ruído, ao acusar certa liberdade de ação, corresponde a um pensamento ou
obedece a uma vontade, é uma manifestação inteligente. As há em todos os graus.
COMUNICAÇÕES
Comunicações: manifestações inteligentes com permuta regular e continuada de pensamentos
entre o homem e os espíritos.
Classificação das comunicações:
1o. Frívolas: procedem de espíritos levianos, zombeteiros e travessos, mais malandros que
maus.
Nada de indecoroso encerram.
Compõe-se de tiradas espirituosas e mordazes, e por entre facécias vulgares dizem, não raro,
duras verdades, que quase sempre ferem com justeza.
As pessoas que geralmente se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão
acesso aos Espíritos levianos e falaciosos.
Não há preocupação com a verdade por parte do comunicante.
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OBS.: (LE 103) Espíritos levianos vulgarmente taxados de demônios, trasgos, diabretes,
gnomos.
2o. Grosseiras: procedem de Espíritos inferiores (OBS.: LE 101).
Na linguagem de que usam se lhes revela o caráter. Todo espírito que, em suas
comunicações, trai um pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente,
todo mal pensamento que nos é sugerido vem de um Espírito desta ordem.
Chocam o decoro.
3o. Sérias: procedem de Espíritos sérios, isto é, são ponderosas quanto ao assunto e elevadas
quanto à forma. Toda comunicação, que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil,
ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Entretanto como
nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos podem enganar-se de boa-fé. A razão e a
mais rigorosa lógica serão os crivos a que se submetam todas as comunicações.
Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência das mais falsas
idéias e dos mais absurdos sistemas, à sombra da elevação da linguagem e adornando-se com os
mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados. Esse um dos maiores escolhos da ciência
prática.
(Estudar LM Cap. XXXI Comunicações Apócrifas).
4o. Instrutivas: são comunicações sérias cujo principal objetivo consiste num ensinamento
qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos
profundas, conforme o grau de elevação, de desmaterialização do Espírito. Para se retirarem frutos
reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança
(grifo nosso).
“UNICAMENTE PELA REGULARIDADE E FREQUÊNCIA DAQUELAS COMUNICAÇÕES
[INSTRUTIVAS] SE PODE APRECIAR O VALOR MORAL E INTELECTUAL DOS ESPÍRITOS
QUE AS DÃO E A CONFIANÇA QUE ELES MERECEM” (grifo nosso).
“São variadíssimos os meios de comunicação: aparições, impressões tangíveis, visíveis, ou
ocultas, ruídos, odores sem causa conhecida.
O que devemos examinar com cuidado são os diversos meios de obterem comunicações, isto
é, uma permuta regular e continuada de pensamentos.
Esses meios são: as pancadas, a palavra e a escrita.”
Referências bibliográficas:
- (RE) janeiro de 1958, editora EDICEL, p. 06, - Diferentes formas de manifestações
- Livro dos Médiuns (LM):
Cap. X da Natureza das Comunicações
Cap. XXXI Dissertações Espíritas (Comunicações Apócrifas)
- Livro dos Espíritos (LE): Escala Espírita, item 100 e seguintes
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VÁRIOS MODOS DE COMUNICAÇÃO
“Primeiro modo de comunicação”
“Os sinais consistem no movimento significativo de certos objetos e, mais freqüentemente,
nos ruídos ou golpes vibrados. Daremos a este modo de comunicação o nome de SEMATOLOGIA
ESPÍRITA, expressão que dá uma perfeita idéia e compreende todas as variedades de comunicação
por sinais, movimento de corpos ou pancadas. À comunicação primeiro de pancadas dá-se o
nome de TIPTOLOGIA.
Chama-se TIPTOLOGIA ALFABÉTICA às que consiste em serem as letras do alfabeto
indicadas por pancadas. Chama-se TIPTOLOGIA INTERIOR às pancadas produzidas na própria
madeira da mesa, usada nas manifestações, sem nenhuma espécie de movimento”.
(Para maiores detalhes ver LM Cap. XI Da Sematologia e da Tiptologia)
“O segundo modo de comunicações é a escrita doravante designada PSICOGRAFIA”
Pode ser DIRETA ou MANUAL ou ESCRITA INVOLUNTÁRIA quando é obtida pela mão
do médium que segura diretamente o lápis. Chama-se PSICOGRAFIA INDIRETA aquela obtida
pela imposição da mão do médium sobre um objeto colocado de modo conveniente e munido de um
lápis ou qualquer outro instrumento para escrever (pranchetas, cestas, etc.)
Os Espíritos transmitem por vezes certas comunicações escritas sem intervenção direta (do
médium). Os caracteres são traçados espontaneamente por um poder extra-humano, visível ou não.
Chamaremos a tal modo de comunicação escrita ESPIRITOGRAFIA ou PNEUMATOGRAFIA ou
ESCRITA DIRETA.
“O terceiro modo de comunicação é a palavra”
Certas pessoas sofrem nos órgãos vocais a influência de um poder oculto, semelhante ao que
faz se sentir na mão dos que escrevem. Transmitem pela palavra tudo aquilo que os outros fazem
pela escrita. Chama-se ESPIRITOLOGIA MEDIATA a este gênero de comunicação.
Como as escritas, as comunicações verbais se dão por vezes sem a mediação corpórea.
Palavras e frases podem soar nos nossos ouvidos e em nossos cérebros sem causa física aparente.
Os Espíritos também podem aparecer em sonho ou em estado de vigília e dirigirem-nos a palavra
para nos darem avisos e instruções. Chamaremos ESPIRITOLOGIA DIRETA à palavra que
provem diretamente do Espírito.
Em o LM (item 150) Kardec designa como PNEUMATOFONIA
o gênero de
ESPIRITOLOGIA DIRETA em que os Espíritos podem fazer se ouçam (no estado de vigília) gritos
de toda espécie e sons vocais que imitam a voz humana.
Os SONS PNEUMATOFÔNICOS exprimem pensamentos e nisso está o que nos faz
reconhecer que são devidos a uma causa inteligente e não acidental.
Pode se estabelecer, como princípio, que os efeitos notoriamente inteligentes são os únicos
capazes de atestar a intervenção dos Espíritos.
Referências bibliográficas:
- RE, janeiro de 1858, p. 06, editora EDICEL, Vários modos de comunicação
- LM: Cap. XI Da Sematologia e da Tiptologia
Cap. XII Da Pneumatografia ou Escrita direta e da Pneumatofonia
Cap. XIII Da Psicografia
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QUADRO SINÓPTICO DOS DIFERENTES MODOS DE MANIFESTAÇÕES
E COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS (SEGUNDO KARDEC)
Ação oculta
Ação Patente ou Manifestações
Manifestações Físicas ou Materiais
Manifestações Visuais ou Aparições
Manifestações Inteligentes
Manifestações
Sematologia
Comunicações
Tiptologia
Alfabética
Interior
Psicografia
Direta ou Manual ou Escrita Involuntária
Indireta
Pneumatografia ou Escrita Direta ou Espiritografia
Espiritologia
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Mediata
Direta (Pneumatofonia)
COMUNICAÇÕES ESPÍRITAS ATRAVÉS DA ESCRITA
“A ciência espírita há progredido como todas as outras ciências e mais rapidamente do que
estas. Alguns anos apenas nos separam da época em que se empregavam esses meios primitivos e
incompletos, a que trivialmente se dava o nome de “mesas falantes”, e já nos achamos em
condições de comunicar com os Espíritos tão fácil e rapidamente, como o fazem os homens entre
si e pelos mesmos meios: a escrita e a palavra. A escrita, sobretudo, tem a vantagem de assinalar,
de modo mais material, a intervenção de uma força oculta e de deixar traços que se podem
conservar, como fazemos com a nossa correspondência.” (LM, item 152)
COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA ESCRITA
Introdução
Meio de comunicação entre os homens e os Espíritos que utiliza a escrita.
Permite exame e re-exame. Serve de prova da intervenção de uma força oculta, inteligente,
independente dos médiuns e assistentes. Repete a caligrafia e mesmo a assinatura que o
comunicante tinha em vida tornando-se poderoso meio de identificação do Espírito. Deixa traços
que se podem comprovar.
Sistematização das comunicações escritas:
I. Pneumatografia ou Escrita direta ou Espiritografia
(LM, itens146/149)
a) Definição
b) Exemplos históricos
c) Resumo das considerações de Kardec sobre a escrita direta
d) Resumo do estudo de Epes Sargent sobre a escrita direta em sua obra: “BASES
CIENTÍFICAS DO ESPIRITISMO”, editora FEB, (cap. I - As bases - a
clarividência e a escrita direta p. 43)
e) Resumo de outros estudos sobre a escrita direta:
- William Crookes em “FATOS ESPÍRITAS”, editora FEB, à p. 43.
- “ERNESTO BOZZANO 1”, Ernesto Bozzano, O caso Jonathan Koons à p. 43,
editora O CLARIM
f) Resumo sobre a Pneumatografia
II. Psicografia (LM itens152/159)
direta ou manual ou involuntária
indireta
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PNEUMATOGRAFIA
Definição
A pneumatografia é a escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário algum;
difere da psicografia, por ser esta a transmissão do pensamento do Espírito, mediante a escrita feita
com a mão do médium.
Exemplos históricos de escrita direta
BÍBLIA DE JERUSALÉM
Livro do Êxodo 24:12
Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim no monte, e fica lá: e dar-te-ei tábuas de pedra, e
a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para os ensinar.
Êxodo 31:18
“Quando ele terminou de falar com Moisés no Monte Sinai, entregou-lhe duas tábuas do
Testemunho, tábuas de pedra escrita pelo dedo de Deus.”
Êxodo 32: 15,16
“Moisés voltou-se e desceu a montanha com as duas tábuas do Testemunho nas mãos, tábuas
escritas nos dois lados: estavam escritas em uma e outra superfície. As tábuas eram obras de Deus,
e as escrituras eram obra de Deus, gravadas nas tábuas.”
Deuteronômio 4:13
Ele vos revelou a Aliança que vos ordenara cumprir: as Dez Palavras, escrevendo-as em duas
tábuas de pedra.”
Deuteronômio 5:22
“Tais foram as palavras que, em alta voz, Iaweh dirigia a toda vossa assembléia no monte, do
meio do fogo, em meio as trevas, nuvens e escuridão. Sem nada acrescentar, escreveu sobre duas
tábuas de pedra e as entregou a mim.”
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Deuteronômio 9:10
“Iaweh deu-me então as duas tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus. Sobre elas estavam
todas as palavras que Iaweh falara convosco na montanha, do meio do fogo, no dia da assembléia.”
Deuteronômio 10: 1-5
“Iaweh disse-me então: “Corta duas tábuas de pedra como as primeiras e sobe até a mim, na
montanha. Faze também uma arca de madeira. Escreverei sobre as tábuas as palavras que estavam
sobre as primeiras tábuas que quebraste e tu as colocarás na arca.” Fiz um arca de madeira de
acácia, cortei duas tábuas como as primeiras e subi à montanha, com as duas tábuas na mão. Ele,
então, escreveu sobre as tábuas o mesmo texto que havia escrito antes, as Dez Palavras que Iaweh
vos tinha falado na montanha, do meio do fogo, no dia da Assembléia. A seguir Iaweh entregou-as
a mim. Depois voltei-me, desci da montanha e coloquei as duas tábuas na arca que eu havia feito.
E elas permanecem lá, conforme Iaweh me ordenara.”
Daniel 5:5
“De repente, apareceram dedos de mão humana que se puseram a escrever, por detrás do
lampadário, sobre o estuque da parede do palácio real, e o rei viu a palma da mão que escrevia.”
Daniel 5: 25, 26, 27, 28
“A inscrição assim traçada, é a seguinte: Mane, Mane, Tecel, Parsin. E esta é a interpretação
da coisa: Mane: Deus mediu o teu reino e deu-lhe fim; Tecel: Tu foste pesado na balança e foste
julgado deficiente; Persin: Teu reino foi dividido e entregue aos medos e aos persas.”
Resumo das considerações de Kardec sobre a escrita direta
A escrita direta ou pneumatografia
Obtida, como, em geral, a maior parte das manifestações espíritas NÃO ESPONTÂNEAS,
(isto é, provocadas, ver LM itens 60 e 62), por meio da concentração, da prece e da evocação.
É relatado por Kardec (LM, item 147) o aparecimento das três palavras célebres, na sala do
festim de Baltazar como um dos primeiros registros históricos de escrita direta. Entretanto, sendo a
possibilidade de escrever sem intermediário um dos atributos do Espírito (ver LM “Ação do Espírito
sobre a matéria” - Cap. I da 2a. Parte, itens 52 a 59), uma vez que os Espíritos sempre existiram desde todos
os tempos e que desde todos os tempos se hão produzidos os diversos fenômenos que conhecemos,
o da escrita direta igualmente se há de ter operado na antiguidade, tanto quanto nos dias atuais.
No século XIX foram registrados por Kardec os seguintes casos de escrita direta:
a) na RE, agosto de 1859, editora EDICEL, p. 229 - as experiências obtidas pelo Abade
Faria, em 1800;
b) na RE, maio de 1860, editora EDICEL, p. 163 - as comunicações de Channing à Srta.
Huet e ao Sr. X em 11/12/1863;
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c) na RE julho de 1861, editora EDICEL, p. 212 - o relato de escrita direta sobre ardósia
produzido por um Espírito vivo durante momento de emancipação e que ocasionou o salvamento
das vítimas de um naufrágio em 1825.
Num médium escrevente a mão é um instrumento, mas a sua alma, o Espírito nele encarnado,
é o intermediário, o agente, o intérprete do Espírito estranho, que se comunica; na Pneumatografia é
o próprio Espírito estranho quem escreve diretamente, sem intermediário.
O Barão de Guldenstubbé foi o primeiro estudioso sério da escrita direta em sua obra “A
REALIDADE DOS ESPÍRITOS E DE SUAS MANIFESTAÇÕES, DEMONSTRADA
MEDIANTE O FENÔMENO DA ESCRITA DIRETA” (La Realité des Esprits et de leurs manifestations,
démonstrée par le phenomène de l’ecriture directe - RE, agosto de 1859, pp. 228/233).
Médiuns pneumatógrafos são os que têm aptidão para obter a escrita direta, o que não é
possível a todos os médiuns escreventes (LM, item 177). É faculdade muito rara. Conforme seja
maior ou menor o poder (fluídico) do médium obtém-se simples traços, sinais, letras, palavras,
frases e mesmo páginas inteiras. Encontra-se entre as variedades de médiuns especiais para os
efeitos físicos pois que “a ação do médium é aqui toda material, ao passo que no médium
escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel ativo.”
“OS EFEITOS INTELIGENTES SÃO AQUELES PARA CUJA PRODUÇÃO O ESPÍRITO
SE SERVE DOS MATERIAIS EXISTENTES NO CÉREBRO DO MÉDIUM, O QUE NÃO SE
DÁ NA ESCRITA DIRETA” (LM, item 189)
“Para escrever dessa maneira, o Espírito não se serve das mesmas substâncias, nem dos
nossos instrumentos. Ele próprio fabrica a matéria e o instrumento de que lhe é mister, tirando
para isso, os materiais precisos, do elemento primitivo universal, que, pela ação da sua vontade,
sofre as modificações necessárias à produção do efeito desejado. Possível lhe é, portanto, fabricar
tanto o lápis vermelho, a tinta de imprimir, a tinta comum, como o lápis preto, ou, até, caracteres
tipográficos bastante resistentes para darem relevo à escrita” (LM, item 148).
(Para estudo do mecanismo da comunicação, ver LM Cap. VIII “Do Laboratório do Mundo Invisível”, itens 127,
128).
Podemos assim resumir o mecanismo da pneumatografia:
“O Espírito atua sobre a matéria; da matéria cósmica universal tira os elementos de que
necessita para formar, a seu bel-prazer, objetos que tenham a aparência dos diversos corpos
existentes na Terra. Pode igualmente, pela ação da sua vontade, operar na matéria elementar uma
transformação íntima que lhe confira determinadas propriedades. Esta faculdade é inerente à
natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo instintivo, quando necessário, sem disso se
aperceber. Os objetos que o Espírito forma, tem existência temporária, subordinada à sua vontade
ou a uma necessidade que ele experimenta. Pode faze-los e desfaze-los livremente.” (LM, item 129).
“Os traços da escrita direta não desaparecem por se tratar de sinais que, por ser útil
conserva-los, são conservados.” (LM, item 128, 18a.)
A escrita direta foi minuciosamente estudada a partir de 13 de agosto de 1856, pelo Barão
Luis Guldenstubbé, falecido em 27 de maio de 1873, na sua residência em Paris, 29 Rue de Trévise,
aos 53 anos de idade. Suas investigações e experiências pneumatográficas estão documentadas em
sua principal obra “La Realité des Esprits et le Phenomène merveilleux de leur l’écriture directe” (A
Realidade dos Espíritos e fenômeno maravilhoso de suas escrita direta), 1o. volume in-8º , com 15
estampas e 93 fac-símiles, publicado em Paris por Dr. Franck em 1857.
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Resumo do estudo de Epes Sargent
Epes Sargent em sua obra “BASES CIENTÍFICAS DO ESPIRITISMO”, editora FEB,
capítulo I (As bases - a clarividência e a escrita direta) traz extensos extratos da obra, assim como
dados biográficos do autor.
As considerações seguintes foram extraídas livremente do capítulo e obra supracitada.
Alicerçado em mais de quinhentas experiências de pneumatografia obtidas sem a presença de
médiuns conhecidos, em diferentes locais (no Louvre, na catedral de São Denis, em diferentes
igrejas e cemitérios de Paris, bem como na própria residência de Guldesntubbé, na Chemin de
Versailles, 74); em folhas de papel fornecidas por mais de cinquentas pessoas diferentes; a sós ou,
em presença de ilustres e honras testemunhas, como o Conde d’Ourches e o General Barão de
Bréwern o autor declara: “Toda a minha vida tem sido consagrada ao estudo do sobrenatural e
das suas relações com a natureza visível e material. Escolhi para único fim e objeto da minha vida
a irrevogável demonstração da imortalidade da alma, da intercessão direta dos Espíritos, da
revelação e do milagre pelo método experimental.”
Todas (ess)as manifestações (os fenômenos da inspiração, do transe, da invisível atração
mediúnica, dos misteriosos golpezinhos, e o movimento dos objetos inertes e inanimados) estavam
longe de serem conclusivos, podendo, no máximo, revelar-nos a existência de forças e de leis ainda
desconhecidas. Somente a escrita direta nos revela a realidade de um mundo invisível, donde
emanam as revelações religiosas e os milagres. A esperança renasce, portanto, agora no coração da
humanidade, ficando plenamente firmadas suas idéias religiosas a respeito da imortalidade da alma,
base de todas as verdades. ...
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“A descoberta da escrita diretamente sobrenatural (?) é mais preciosa, porque poderá ser
provada por experiências repetidas pelo autor na presença dos incrédulos, os quais podem mesmo
fornecer o papel, a fim de afastar a absurda objeção que o materialismo céptico tem apresentado
quanto à probabilidade de o papel empregado ter sido quimicamente preparado. E precisamente
na aplicação do método experimental aos fenômenos diretos sobrenaturais (?) ou milagres, que
reside a originalidade e a força desta descoberta, sem precedente nos anais da Humanidade, pois
que não tem a pretensão de ser admitida como uma revivência dos milagres.
“Hoje, quando todas as ciências procedem pelo método experimental, os resultados da
observação mais perfeitamente verificados e os mais fortes testemunhos se mostram impotentes,
tratando-se desse fenômeno extraordinário, que não pode ser explicado pelas leis físicas do mundo.
O homem transviado pelas experiências palpáveis dos físicos, não dá mais crédito ao testemunho
histórico, principalmente quando se refere aos misteriosos fenômenos reveladores da existência de
potências invisíveis e superiores às forças e às leis da matéria inerte”.
“Hoje, tanto no que refere à moral como às ciências exatas, todos querem fatos, e nós os
damos em abundância.”
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“O público letrado bem sabe que as ciência naturais não tinham feito verdadeiro progresso
enquanto não interrogaram a Natureza pelo método experimental. O mesmo se dá com o
Espiritismo; esta experiência das causa invisíveis só se tornará ciência positiva seguindo o
caminho experimental. Cumpre-nos recorrer a esse método para suplantar e reduzir ao silêncio a
arrogância dos físicos, que presumem poder usurpar o domínio das ciências morais e da mais alta
filosofia. Certamente nada pode haver mais absurda que a posição de juizes competentes, que os
físicos desejam assumir nas questões metafísicas e psicológicas.
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Sargent afirma que Guldenstubbé não se considerava médium, apesar dos fenômenos
pneumatográficos e outros que se produzira em sua presença. Suas primeiras experiências para
obter a escrita direta eram precedidas de interessantes preces, julgando-as um elemento próprio para
provar-lhe a imortalidade da alma.
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Guldenstubbé a ninguém havia confiado sua intenção de obter o fenômeno da escrita direta.
“Depositou alguns pedaços de papel e um lápis aguçado em uma caixinha que fechou,
guardando sempre consigo a chave. Em vão esperou durante doze dias. Nem o menor traço de
lápis apareceu no papel.
“Qual não foi, porém, o seu espanto, quando, no dia 13 de agosto de 1856, descobriu certos
caracteres misteriosos traçados no papel !
“Por dez vezes, durante esse dia, com intervalos de hora e meia, conseguiu o mesmo
resultado, substituindo de cada vez o papel.
“Em 14 de agosto de 1856 obteve o mesmo fenômeno por vinte vezes, conservando a caixinha
aberta e sem afastá-la de sua vista. Foi então que notou estarem os caracteres e as palavras, na
linguagem estônia, formados ou gravados no papel sem o emprego do lápis. Desde então,
parecendo-lhe supérfluo o lápis, deixou de colocá-lo sobre o papel, limitando-se a por um pedaço
de papel branco sobre a mesa do seu próprio quarto, ou sobre o pedestal de uma estátua antiga, ou
de uma urna, no Louvre, em São Denis e em outras igrejas. O resultado foi idêntico quanto às
experiências feitas nos diversos cemitérios de Paris.”
Quatro anos antes da primeira edição de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, são
notáveis as semelhanças entre as hipóteses aventadas por Guldenstubbé para explicar o mecanismo
da pneumatografia e aquelas apresentadas em o LM (Cap. VII da 2a. Parte - “Do Laboratório do Mundo
Invisível”, itens 127, 128 (18a.), 129).
Relatos de Guldenstubbé:
“Apesar dos efeitos da influência dos Espíritos livres corresponderem aos efeitos produzidos
pelos Espíritos encarnados, devemos confessar que seus meios de ação podem diferir dos nossos,
visto não serem embaraçados pela matéria.”
“É provável que a ação e a influência dos Espíritos ofereçam alguma analogia com os
fenômenos da criação, visto serem eles apenas imagens finitas de Deus que é Espírito Absoluto por
excelência.
“Certamente, num estado de existência em que o tempo se abisma na eternidade e o espaço
desaparece no Infinito, não se pode fazer questão dos meios capazes de produzirem efeito material
qualquer, como a escrita direta, etc. A vontade criadora basta para agir sobre a matéria {(mens
agitat molem - a mente (a inteligência) agita (move) a matéria (a montanha)}. O Espírito do
homem, depois de libertar-se do corpo físico pela morte e repelir os liames da matéria entra em um
estado menos imperfeito.”
“Neste caso, é racional supor-se que os serem tem poderes sobre os elementos da Natureza e
os seus conhecimentos das leis que a governam, devem estar ampliados.”
“É, contudo, possível que os Espíritos, que se envolvem freqüentemente em uma substância
sutil, com um corpo etéreo, segundo todas as tradições da autoridade (o que torna explicável a
realidade objetiva das aparições), possam concentrar, por sua força de vontade e auxílio de seu
corpo sutil, uma corrente de eletricidade sobre um objeto qualquer, tal como um pedaço de papel, e
neste gravar letras, justamente como a luz do Sol imprime a imagem dos objetos na chapa
fotográfica.
“Por isso, Moisés, referindo-se às tábuas do Decálogo (Êxodo, 32: 15-16), disse: “As tábuas
foram escritas de ambos os lados pelo próprio Deus; a escrita foi gravada por Deus.”
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“A maior parte dos escritos diretos dos Espíritos, por mim obtidos, parece ter sido feita com
lápis; em cerca de trinta, parece que foi empregada uma tinta azul escura.”
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Ainda Guldenstubbé:
“O reflexo dos pensamentos (dos médiuns) em nada influi nos fenômenos. Em primeiro
lugar, o Espírito que desejamos, geralmente não se apresenta para escrever; vem em seu lugar um
outro no qual não pensamos e cujo nome, às vezes, nem mesmo nos é conhecido. Quanto aos
Espíritos simpáticos, eles dificilmente se apresentam nessas experiências.
Os Espíritos
freqüentemente escreviam páginas inteiras, ora com um lápis comum, ora com a tinta, quando eu
me ocupava de outras coisas. A idéia da ação reflexa contradiz minhas quinhentas experiências,
porque, geralmente, eu não evocava um determinado Espírito.”
“Nenhum raciocínio, diz ele, poderá persuadir-nos da não existência de um fato
completamente provado; com certeza, nenhum cristão deve recusar tal prova, ao mesmo tempo
moral e material, da imortalidade da alma, como nos fornece a escrita direta espiritual. Os fatos
maravilhosos que apresento, são análogos aos fenômenos sobre os quais se basearam todas as
tradições sagradas e todas as mitologias das nações.
“As minhas conclusões estão de acordo com as crenças de dezesseis séculos: foi somente no
décimo oitavo e no décimo nono séculos que se começou a professar idéias diametralmente opostas
ao Espiritismo. Assevero que assentei os primeiros fundamentos da ciência positiva do Espiritismo
em fatos irrefutáveis...
“Certamente há de chegar o dia em que a Humanidade abandonará com compassivo desdém
esses materialistas que se acreditam os únicos conhecedores das leis da Natureza, mas que só
conhecem as manifestações materiais.
“Infelizmente, a demonofobia dos sacerdotes e dos pastores, de um lado, e do outro o
materialismo, o cepticismo, o racionalismo e o excessivo estudo das ciências ditas exatas, quase
extirparam do coração do homem os germens do sentimento religioso. Há verdadeiramente,
porém, um fenômeno direto, ao mesmo tempo inteligente e material, independente da vontade e da
imaginação, como a escrita direta dos Espíritos, vindos sem serem evocados, que pode
fornecer-nos um prova irrecusável da existência de um mundo super-sensorial.”
No seu esclarecedor livro “Bases Científicas do Espiritismo” Epes Sargent refere-se a outros
precursores da escrita direta, desde 1 848. Diz que antes dos fenômenos ocorrerem em Paris foram
verificados em diversas localidades americanas tais como Hydesville, Rochester, Buffalo e Auburn.
A escrita direta parece ter sido fenômeno tão popular quanto os “raps” àquela época.
Henry Slade, o Dr. Francis W. Monck, o Sr. Carlos E. Watkins são alguns dos médiuns em
cuja presença deu-se o fenômeno presenciado por dezenas de honradas testemunhas.
Alfred Russell Wallace, eminente naturalista inglês e Zöllner, cientista alemão, foram
testemunhas e estudiosos dos fenômenos ocorridos com Slade. Escreveu o Dr. George Wyld, de
Londres (obra “Theosophy and the Higher Life”- Frübuer - Cia., 1880):
“Não há fenômeno espírita que mais poderosamente me tenha impressionado que o da escrita
direta na lousa. Slade e suas escritas na lousa foram para mim objeto de absorvente interesse.
Tudo se passou publicamente e foi exposto à luz. A certeza de ser a escrita produzida por
uma Inteligência espiritual sem interseção de mãos humanas, foi esmagadora, e, diante dele, o
materialismo de três mil anos foi refutado em cinco minutos.”
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Resumo de outros estudos sobre a escrita direta
1o - William Crookes em “FATOS ESPÍRITAS” (editora FEB), à p. 43, traz sua contribuição
ao estudo da escrita direta que foi por ele presenciado em diversas ocasiões, durante o estudo da
mediunidade da Sra. Fox. Refere ter obtido por várias vezes “palavras e comunicações escritas em
papel marcado com o seu sinete particular.” Em outra ocasião “mão luminosa desceu do teto da
sala e, ... tomou(-lhe) o lápis, escrevendo rapidamente numa folha de papel.”
2o - Jonathan Koons, proprietário de uma granja no condado de Athens, Ohio, pai de 8 filhos,
a partir de 1852, tornou-se alvo da curiosidade geral, na América devido aos ostensivos fenômenos
mediúnicos que ocorriam na sua presença e de Nahoun, seu filho de 18 anos. Manifestações de
efeitos físicos, pneumatografia, pneumatofonia e materializações estão muito bem documentados
por Ernesto Bozzano na monografia “O Caso Jonathan Koons” em ERNESTO BOZZANO 1
(editora O CLARIM).
Nesse relato, Bozzano data de 1850 o primeiro fenômeno de “escrita direta” registrado na
casa do Hon. James F. Simmons, Senador dos EUA para o distrito de Rhode Island.
“Os “Espíritos-guias” responsáveis pelas manifestações no círculo de Koons diziam ter
estado encarnados milhares de anos antes da época assinalada na história pela lenda de Adão e
Eva; faziam-se chamar pelo nome genérico de Kings (Reis), porque se achavam na direção de
diversas hierarquias espirituais. Informaram terem recebido a missão de encaminhar os homens
para a demonstração experimental da existência e sobrevivência da alma. Disseram ainda que,
levando em conta a falta de preparo espiritual dos homens, não viam outro meio para atingir o seu
fim senão o de ferir antes a sua imaginação por meio de fenômenos psíquicos diversos e potentes e
que, com esse propósito, haviam reunido falanges de espíritos inferiores, muito materializados e
atraídos pelo mundo dos vivos, porque só eles estavam em condições de manipular os fluídos que se
desprendiam dos médiuns, empregando-os na produção dos fenômenos, sob a direção e a
vigilância de espíritos superiores. ... O chefe das falanges desses espíritos inferiores disse ter
vivido na Inglaterra no tempo de Carlos III, de ter sido um famoso corsário de sobrenome
“Morgan” e falecido como cavaleiro da Coroa Inglesa e governador da Jamaica. Tomava o nome
de “John King.” Teria sido o mesmo que se manifestou mais tarde pelo médium a Srta. Florence
Cook, declarando-se pai de Katie King.
“Os Espíritos-guias tiveram o cuidado de avisar que as manifestações objetivas não tinham
nenhum calor do ponto-de-vista de missão espiritual que lhes havia sido confiado, exceto como
uma introdução necessária à missão mesma. Elas não estavam destinadas senão a impressionar os
homens de maneira a abalar-lhes o cepticismo e a leva-los a refletir sobre os mistérios do ser.
John King diz ter escolhido Jonathan Koons como médium por causa das faculdades
mediúnicas, magnéticas e clarividentes que o mesmo possuía. Isto permitiria aos espíritos exprimir,
de viva voz ou por escrito os seus pensamentos, sem expor muito a vê-los deformados pelas idéias
preconcebidas dos médiuns ou mal transmitidas por causa de sua ignorância.
As mensagens obtidas por “escrita direta”, de teor moral, didático, científico e filosófico eram
levadas pelas consulentes. Certo número delas foi publicada por Dr. J. Everett. O próprio Koons
publicou, por sua vez, um resumo geral dos ensinamentos nelas contidos.
Essas mensagens concordam, admiravelmente, com as conclusões às quais chegou-se mais
tarde, relativamente à solução mais racional de alguns enigmas do mediunismo.
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“No círculo de Koons as mensagens pneumatográficas eram obtidas através de u’a mão
materializada e fosforescente que tomava do lápis, e escrevia na frente de numerosas testemunhas.
A mão se deixava tocar, mostrava-se tão sólida quanto a de um vivo, ainda que mortalmente fria e
dissolvia-se em vapor, logo se reconstituindo se tentavam aprisioná-la.”
“Os “espíritos-guias” alinham dificuldades que interferem na obtenção das mensagens
espirituais:
1a. A dificuldade do espírito transmitir, aos vivos sem nenhuma alteração, o seu pensamento,
porque os órgãos cerebrais de que servem não estão sempre em condições de assimilar as idéias
espirituais que lhe são transmitidas, seja por causa da cultura geral deficiente dos médiuns ou dos
preconceitos enraizados na sua mente.
2a. A linguagem humana é um meio muito imperfeito para transmissão de concepções
espirituais.
3a. Os espíritos, situados há muito tempos nas esferas, perdem o hábito de se exprimir pela
linguagem humana.
4a. O magnetismo do médium limita e deforma os pensamentos transmitidos pelos espíritos,
mesmo no caso da “escrita direta”, isso, embora, aparentemente, toda participação da faculdades
intelectuais dos médiuns, nessa operação pareça estar excluida.”
“Em resumo: os “espíritos-guias” afirmavam que as mensagens espirituais transmitidas aos
vivos tem muito da mentalidade do médium, às vezes, pela forma e às vezes pela substância, como
as feições de uma forma materializada se assemelham quase sempre às do médium” (Esta última
analogia é de Bozzano).
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Resumo dos conceitos sobre a ESCRITA DIRETA ou PNEUMATOGRAFIA
Definição
É manifestação espírita não espontânea, isto é, provocada por meio da concentração, da prece
e da evocação (LM, Item 62).
É escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário algum (LM, item 146).
Médium psicógrafo
São os que têm aptidão de obter a escrita direta. Faculdade muito rara.
A produção varia com o maior ou menor poder do médium (LM, item 74, 19a.). Obtém-se simples
traços, sinais, letras, palavras, frases e mesmo páginas inteiras.
A prece e o recolhimento são condições essenciais.
Pertence a categoria dos médiuns de efeitos físicos (Nota de Kardec ao item 189 do LM).
Mecanismo do fenômeno
O mesmo das manifestações de efeitos físicos quando há participação mediúnica (LM, Cap. II,
item 74, 14a., 15a.).
“O fluido próprio do médium se combina com o fluido universal que o Espírito acumula.
Muitas pessoas, sem que o suspeitem, servem de auxiliares aos Espíritos. Delas haurem os
Espíritos, como de uma fonte, o fluido animalizado de que necessitam.
“Sobre os elementos materiais disseminados por todos os pontos do espaço, na nossa
atmosfera, tem os Espíritos um poder que estais longe de suspeitar. Podem, pois, eles concentrar à
sua vontade esses elementos e dar-lhes a forma aparente que corresponda à dos objetos materiais”
(LM Cap. VIII, item 128, 4a.).
“Poderia o Espírito extrair do elemento universal os materiais que lhe são necessários à
produção da escrita” (LM Cap. VIII, item 128, 17ª).
Registros históricos da escrita direta
1.
2.
3.
4.
5.
Moisés no Monte Sinai, ao receber as tábuas de pedra “escritas” pelo dedo de Deus
A inscrição que surgiu no festim de Baltazar
O caso de Jonathan Koons (1852/1856)
As experiências do Barão de Guldenstubbé, a partir de 13/08/1856
Relatos de Kardec nas RE, de agosto de 1859, de maio de 1860, de julho de 1861 (editora
EDICEL)
6. O médium Slade estudado pelo Dr. Zöllner
- 29 -
Importância da pneumatografia
“Somente a escrita direta nos revela a realidade de um mundo invisível, donde emanam as
revelações religiosas e os milagres... A esperança renasce portanto, agora, no coração da
Humanidade, ficando plenamente firmadas suas idéias religiosas a respeito da imortalidade da
alma, base de todas as verdades...” (Guldenstubbé)
Pode ser provocada, experimentalmente.
As condições da experimentação podem ser controladas pelo observador, isto é,:
1a. lacre das folhas de papel em local reservado; lacres de lousa de ardósia, etc.
2a. independência do pneumatografado;
3a. arquivo do material (mensagem) o que possibilita o estudo e re-exame à vontade.
Conclusão:
“A pneumatografia dá-nos a evidência de uma força inteligente produzindo mensagens
escritas.
“A conclusão legítima é que há, em todos os homens, um organismo natural e um espiritual, e
que este último só se manifesta em certas condições, anormais ou excepcionais.
“Convencidos da existência de uma ação inteligente e extra-corporal, independente dos
músculos mortais, de um cérebro materialmente palpável, ou de qualquer esforço físico conhecido,
podemos racionalmente concluir que ela não se limita a produzir os dois principais fenômenos (a
clarividência e a escrita direta), porém, que coexiste com a vida, e a sua continuação não está na
dependência de nenhum organismo materialmente visível. Outros fenômenos transcendentais dão a
isso ampla confirmação e provam que as manifestações da vida e da alma são variadas quão
inexplicáveis, se não admitirmos a existência de uma força diversa da que pode normalmente
proceder do nosso organismo material. De um simples osso Cerrier deduzir a osteologia do animal
a que esqueleto pertença; do mesmo modo, de um fenômeno do Espiritismo, rigorosamente
demonstrado, pode ser cientificamente deduzido o grande fato da existência de uma força
inteligente, independente de qualquer organismo visível.
“Se ele (o Espiritismo) for uma verdade, tornar-se-á o maior evento da história do mundo, e
virá dar imperecível lustre de glória ao século décimo nono ... Se as pretensões do Espiritismo tem
fundamento racional, nenhum trabalho mais importante poderá ser pelo homem empreendido que
não seja a sua verificação (Scientific American - N. York)”
“Os fenômenos da escrita direta e da clarividência foram escolhidos para servir de base
científica, porque não se encontra brecha, nem dúvida concebivel, no método experimentativo pelo
qual eles foram e são claramente verificados e confirmados.
“Pode haver outros fenômenos mais surpreendentes, a cujo conhecimento uma cabal
convicção destes nos pode com segurança levar; nenhum, porém, que o saibamos, impressionará
melhor os sentidos e a razão do cientista que busca a sua confirmação.” (grifo nosso)
Sejam todos os médiuns da escrita direta apanhados em fraude, isso não invalidará os
fenômenos, até provar-se que um prestidigitador perito, sem ter faculdades mediúnicas, possa
produzi-los em idênticas condições. Isso, pela natureza do fato, não se pode dar, visto envolver o
exercício de uma faculdade, ao mesmo tempo anormal e transcendente, sem a qual o fato seria
inexplicável.” (Epes Sargent, “BASES CIENTÍFICAS DO ESPIRITISMO”, editora FEB, Cap. I e II - 1880).
- 30 -
A PSICOGRAFIA
Definição
História do Espiritismo
- Kardec e a mediunidade psicográfica
- Primeiros contatos com a mediunidade (as mesas girantes), a escrita direta e a psicografia.
- Os médiuns psicógrafos e O Livro dos Espíritos
- A mediunidade psicográfica e as orientações para o trabalho da Codificação (época do
aparecimento de obras, revisão de livros, auto-de-fé de Barcelona, a publicação da Revista
Espírita)
- A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE) e seus médiuns.
“Salute física, stima publica, pace in famiglia, fiorente condizioni economiche, grado sociale,
soddisfazioni e trionfi, nula di tutto ciò che ci occupa e ci preoccupa ogni giorno, e per cui tolliamo
come di cose senza della quali la vita sarebbe un tormento, nulla può assumere il valore che ha il
sapere che cosa avverrà di noi dopo la morte”
Gino Trespioli
“Saúde física, estima pública, paz em família, florescentes condições econômicas, dignidade
social, satisfações e triunfos, nada do que nos ocupa e preocupa todos os dias e por que lutamos
como por coisas sem as quais a vida seria um tormento, nada pode representar o valor que há em
saber-se o que nos sucederá depois da morte.”
Tradução de Carlos Imbassahy
(A MISSÃO DE ALLAN KARDEC, Carlos Imbassahy, Edição da Federação Espírita do Paraná, 1988)
- 31 -
A PSICOGRAFIA
“De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples , mais cômodo e,
sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforços, porquanto permite se
estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre
nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os Espíritos revelam melhor
sua natureza e o grau de seu aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que
encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos
facultam julgá-los e apreciar-lhes o valor.
Para o médium a faculdade de escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se
pelo exercício.” (LM, item 178)
Natureza das comunicações (RE, janeiro de 1858, pp. 6 e 8, editora EDICEL)
Definição de Mediunidade Psicográfica:
É a comunicação dos Espíritos pela escrita. (RE, janeiro de 1858, p. 9, editora EDICEL)
Pode ser direta ou indireta.
A psicografia direta ou manual é obtida pela mão do médium.
O Espírito que se comunica atua sobre o médium que, debaixo dessa influência, move
maquinalmente o braço e a mão para escrever, sem ter (é pelo menos o caso mais comum) a menor
consciência do que escreve. ...
De todos os meios de comunicação a escrita manual, que alguns denominam escrita
involuntária, é, sem contestação, a mais simples, a mais fácil e a mais cômoda, porque nenhum
preparativo exige e se presta, como a escrita corrente, aos maiores desenvolvimentos (LM, item 157).
Chama-se psicografia indireta a escrita obtida pela só imposição das mãos do médium sobre
um objeto colocado de modo conveniente e munido de um lápis ou qualquer outro instrumento para
escrever. Os objetos mais geralmente empregados são as pranchetas ou as cestas convenientemente
preparadas. A força oculta que age sobre a pessoa transmite-se ao objeto, o qual se torna, destarte,
uma espécie de apêndice da mão e lhe imprime um movimento necessário para traçar os caracteres
(RE, janeiro de 1858, p. 09, Editora EDICEL).
“O que importa se conheça não é a natureza do instrumento e, sim, o modo de obtenção. Se
a comunicação vem por meio da escrita, qualquer que seja o aparelho que sustente o lápis, o que
há, para nós, é psicografia”. (LM, item 158)
Os Espíritos transmitem por vezes certas comunicações espíritas sem intervenção direta.
Neste caso os caracteres são traçados espontaneamente por um poder extra-humano, visível ou não.
Chamaremos a tal modo de comunicação de escrita espiritografia para distinguir da psicografia ou
escrita obtida por um médium. Na psicografia a alma do médium representa, necessariamente, um
certo papel, pelo menos como intermediário (RE, janeiro de 1858, pp. 09 e 10, editora EDICEL).
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KARDEC E A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
Primeiros contatos de Kardec com a mediunidade psicográfica
HISTÓRICO
Em 1854 Rivail ouve falar pela primeira vez, das “mesas girantes”, através do Sr. Fortier,
magnetizador, com o qual mantinha relações devido aos seus estudos sobre magnetismo. O amigo
lhe diz que as mesas não só giram, como falam respondendo inteligentemente às questões que se
lhes façam.
Rivail replica que só acreditaria no fenômeno vendo com seu próprios olhos e quando lhe
provassem que uma mesa teria cérebro para pensar, nervos para sentir e poderia tornar-se
sonâmbula.
Pelo mês de maio de 1855, em casa da Sra. Roger, sonâmbula, em companhia do Sr. Fortier,
seu magnetizador, encontrou o Sr. Pâtier e o Sr. Plainemaison que residia à rua Grange-Batelière nº.
18, onde se realizavam sessões espíritas nas quais testemunhou o fenômeno das mesas girantes e
assistiu a alguns ensaios muito imperfeitos de escrita mediúnica sobre uma lousa, com auxílio de
uma cesta.
Em casa da Sra. Plainemaison conheceu a família Baudin, que habitava então na Rua
Rochechouart. As senhoritas Baudin, adolescentes que escreviam com o auxílio de uma cesta,
chamada carrapeta. Eram as médiuns através das quais ocorriam os fenômenos e das quais Rivail se
utilizou para verificar se as comunicações dos Espíritos reunidas em mais de cinquenta cadernos,
obtidas nos últimos cinco anos pelos amigos Carlotti, René Tallandier, Tildeman-Manthèse,
Victorian Sardou, Didier, eram concordantes com as respostas obtidas em casa da família Baudin
(“VIDA E OBRA DE ALLAN KARDEC” - André Moreil, editora Edicel).
“Muitas vezes nos foram dirigidas perguntas sobre a maneira por que foram obtidas as
comunicações (grifo nosso) que constituem O Livro dos Espíritos ... Tudo foi obtido pela escrita,
por intermédio de diversos médiuns psicógrafos. Nós mesmos preparamos as perguntas e
coordenamos o conjunto da obra; as respostas são textualmente (grifo nosso), as que nos deram os
Espíritos. A maior parte delas foram escritas sob as nossas vistas, outras foram todas por
correspondentes ou que colhemos aqui e ali, onde estivemos fazendo estudos”.
Os primeiros médiuns que concorreram para o nosso trabalho foram as senhoritas Baudin,
cuja boa vontade jamais nos faltou. O livro foi quase todo escrito por seu intermédio e em presença
de numeroso público que assistia as sessões, nas quais tinha o mais vivo interesse. Mais tarde os
Espíritos recomendaram uma revisão completa em sessões particulares, tendo-se feito, então, todas
as adições e correções julgadas necessárias. Esta parte essencial do trabalho foi feita com o
concurso da senhorita Japhet (rua Tiquetonne, 14) a qual se prestou com a melhor boa vontade e o
mais completo desinteresse a todas as exigências dos Espíritos, porque eles que marcavam o dia e a
hora para suas lições. A senhorita Japhet é também uma notável sonâmbula”. (RE, janeiro de 1858, pp.
34 e 35, editora EDICEL)
As comunicações eram transmitidas com auxílio da cesta de bico (psicografia indireta).
Pelos fins do ano de 1856, as duas senhoritas se casaram e a família se dispersou.
(OBRAS PÓSTUMAS - A minha iniciação no Espiritismo, pp. 270/271, editora LAKE).
- 33 -
Até a fundação da SPEE em 1o. de abril de 1858, realizaram-se reuniões em casa de Allan
Kardec, na rua dos Mártires,18, com a senhorita Ermance Dufaux, como médium principal, na
presença de até trinta pessoas.
(O PRINCIPIANTE ESPÍRITA - biografia de Kardec por Henri Sausse, edição LAKE)
A senhorita Dufaux, era boa médium psicógrafa e escrevia com grande facilidade tendo
recebido na idade de catorze anos a “História de Joana d’Arc ditada por ela própria”. A faculdade da
senhorita Dufaux se prestava a evocação de qualquer Espírito. Comunicações pessoais foram
transmitidas a Kardec através de sua mediunidade. Mas, sua especialidade era a História. Ela
escreveu do mesmo modo a de Luís XI e a de Carlos VIII (RE janeiro de 1858, p. 30, editora EDICEL).
{Médiuns historiadores: os que revelam aptidão especial para as explanações históricas.
Esta faculdade, como todas as demais, independe de conhecimento do médium, por quanto não é
raro verem-se pessoas sem instrução e até crianças tratar de assuntos que lhes não estão ao seu
alcance. Variedade rara dos médiuns positivos (LM, item 193)
Médiuns positivos: suas comunicações têm, geralmente, um cunho de nitidez e precisão, que
muito se presta às minúcias circunstanciadas, aos informes exatos. Muito raros (LM, item193)}
“A senhorita Defaux recebeu a instrução das meninas de família decente, educadas com
cuidado, mas, ainda quando tivesse uma memória fenomenal, não seria nos livros clássicos que iria
encontrar documentos íntimos, dificilmente encontradiços nos arquivos da época. A História de
Joana d’Arc ditada por ela própria à senhorita Ermance Dufaux é uma narração completa e
seguida, como o faria um historiador, e contendo uma infinidade de detalhes pouco ou nada
conhecidos sobre a vida da heroína.
Para nós, que vimos o médium operar, a origem do livro, não pode ser posta em dúvida”.
Sobre a história de Luís XI ditada por ele mesmo à senhorita Dufaux, Kardec registrou na RE
março de 1858 à partir da p. 73, editora EDICEL:
“Bastaram quinze dias para ditar a matéria de um grosso volume. É notável a lembrança tão
precisa que pode um Espírito conservar de acontecimentos da vida terrena. Este trabalho, um dos
mais precisos no gênero, contem documentos precisos do ponto de vista histórico. Nele Luís XI se
mostra o profundo político que conhecemos; além disso, dá-nos a chave de vários fatos até aqui
inexplicáveis sob o ponto de vista da História e do fenômeno das manifestações a obra de Ermance
Dufaux é notável. A vida desse rei tal qual foi ditada por ele próprio, é incontestavelmente o mais
completo que possuímos e, podemos dizer, a mais imparcial. O estado do Espírito Luís XI lhe
permite hoje apreciar as coisas em seu justo valor”.
A RE dezembro de 1859 à p. 387 traz a primeira comunicação de Carlos IX à Ermance aonde
pergunta-se-lhe se poderia escrever a história de seu reino através do médium como fizera Luís IX e
outras. Fica assentada então a realização da obra.
Com Ermance passou-se um curioso fenômeno. A princípio, era boa médium psicógrafo e
escrevia com grande facilidade; pouco a pouco tornou-se médium falante e, à medida que esta
faculdade se desenvolveu, a primeira se atenua; hoje escreve pouco e com dificuldade; mais o que é
original é que, falando, sente a necessidade de estar com um lápis na mão e fingir que escreve. É
necessário uma outra pessoa para registrar suas palavras, como as da Sibila. Como todos os
médiuns favorecidos pelos bons Espíritos, jamais recebeu comunicações que não fossem de ordem
elevada. (RE janeiro de 1858, p. 30, editora EDICEL)
- 34 -
A mediunidade psicográfica foi a mais estudada por Kardec. Toda a sua obra foi obtida dessa
maneira, através de diversos médiuns.
Através da psicografia obteve importantes revelações sobre sua vida passada, segundo relato
de Imbassahy em “A MISSÃO DE ALLAN KARDEC” (à p. 42):
“A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Julio Cesar data de 1856;
a de ter sido João Huss veio em 1857. Ambas por via mediúnica: a primeira pela cestinha
escrevente de Baudin, com a médium Caroline; a última por psicografia de Ermance Dufaux.”
Da mesma forma Kardec tomou conhecimento de sua missão e da proteção espiritual que o
envolve e dirige para a realização de sua tarefa.
- 35 -
Resumo da Vida Espírita de Allan Kardec
Dezembro de 1854 - encontra com o Sr. Fortier, magnetizador.
Convite para sessão da mesa girante em casa da Sra. Roger, sonâmbula lúcida, vidente.
06 de janeiro de 1855 - encontro com Antonio Carlótti.
Convite para sessão de mesa girante.
01 de maio de 1855 - encontro com o Sr. Pâtier, magnetizador, com a Sra. Plainemaison,
médium auditivo inspirado, em casa da Sra. Roger.
08 de maio de 1855 - reunião em casa da Sra. Plainemaison, na Rue Grange-Batelière 18,
reunião de efeitos físicos, ensaios de Pneumatografia.
01 de agosto de 1855 - contato com as reuniões na residência de Émile-Charles Baudin.
Caroline, 18 anos, e Julie, 16 anos, filhas do Sr. Baudin e Clémentine eram as médiuns que às
quartas e sábados, na Rue Rochechouart, serviam de intermediárias aos fenômenos de psicografia
indireta, servindo-se da cesta de bico ou “tupia”.
As meninas Baudin foram responsáveis por mais de um ano pela elaboração das repostas às
questões que Kardec fazia aos Espíritos nestas reuniões. O conjunto deste trabalho constitui a
essência dos ensinamentos espíritas contidas em O Livro dos Espíritos. (grifo nosso) Caroline e
Ruth eram médiuns psicógrafas mecânicas.
Em casa do Sr. Baudin Kardec travou conhecimento com o casal Canu, ele, médium
inconsciente, ela, médium falante. Aí, ainda conheceu o casal Leclerc e Clèment. A Sra. Clèment
era médium falante e vidente. Foi o Sr. Leclerc que o levou à casa do Sr. Japhet, à Rue Tiquetonne
14.
11 de dezembro de 1855 - o Sr. Baudin transmite à Kardec mensagem de Zèphyr sobre a
existência de “um homem justo de muita sabedoria” que é o seu anjo de guarda e protetor.
1856 - contato com a família Japhet, residente à Rue Tiquetonne 14; o Sr. Japhet era médium
intuitivo. Sua filha Ruth-Celine, foi responsável pela revisão de O Livro dos Espíritos realizada
entre junho e dezembro de 1856, nos dias e horas marcados pelos Espíritos para essa finalidade.
25 de março de 1856 - através da Srta. Baudin Kardec entra em contato com o Espírito
Verdade, diretor da codificação da Doutrina Espírita.
09 de abril de 1856 - através da Srta. Baudin o Espírito Verdade anuncia pela primeira vez a
divulgação futura dos ensinos Espíritas.
30 de abril de 1856 - Em casa do Sr. Roustain, pela médium Srta. Japhet, é dada a Kardec a
Primeira Revelação da missão dele.
07 de maio de 1856 - em casa do Sr. Roustain, magnetizador, a Srta Japhet revela-lhe a sua
missão de Codificador da Nova Revelação.
12 de junho de 1856 - a Srta. Aline Carlótti, filha do Sr. Carlótti,
confirmação da missão de Kardec sendo intermediária do Espírito Verdade.
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é a portadora da
Durante todo o ano de 1856 Kardec recebe em casa do Sr. Baudin comunicações do Espírito
Verdade e orientações para o plano de O Livro os Espíritos.
06 de maio de 1857 - em casa da Sra. de Cardone, quiromante, frequentadora das sessões do
Sr.Roustain, novo aviso sobre sua missão especial.
O ano de 1857 encontra Kardec em contato com a mediunidade de Ermance Dufaux.
- 37 -
A SOCIEDADE PARISIENSE DE ESTUDOS ESPÍRITAS E SEUS MÉDIUNS
Fundada em 1o. de abril de 1858 realizou reuniões todas as terças-feiras em compartimento
alugado no Palais Royal, galeria de Valois, durante um ano. Surgiu da superlotação das sessões
realizadas em casa de Kardec, à rua dos Mártires (rue des Martyrs), no semestre anterior, onde a
Srta. Ermance Dufaux era o médium principal.
Após um ano transferiu-se para um dos salões do restaurante Donix, no mesmo Palais Royal,
galeria Montpensier, onde as sessões se realizavam às sextas-feiras até 1o. de abril de 1860.
Nesta data instalou-se em sede própria à rua Passagem Sant’Ana, 59.
O Espírito São Luís assume a presidência espiritual da Sociedade (RE, fevereiro de 1861, editora
EDICEL, p. 38).
Ermance Dufaux é a médium que freqüentemente traz suas comunicações filosófica,
moralistas e religiosas. As mensagens obtidas e/ou estudadas na sessões da SPEE são um dos
elementos essenciais das obras sobre o Espiritismo: foram aproveitadas em o LE e o LM, nas quais
são classificadas segundo o assunto (RE, fevereiro de 1861,editora EDICEL, pp. 39 e 40)
A RE de agosto de 1858 estuda a mediunidade de Victorien Sardou, médium desenhista,
responsável por notáveis desenhos de Júpiter, sob a inspiração de Bernard Palissy, célebre oleiro do
século XVI, habitante de Júpiter.
A mediunidade psicográfica dos Srs. Adrien, Roget e Cardun são também estudadas nesse
volume. O Sr. D. (Didier ?) revelou-se hábil psicógrafo polígrafo. Sua caligrafia natural é muito
má. Sob a influência dos Espíritos adquire um caráter especial, distinto conforme o Espírito que se
manifesta (p. 204). O Sr. D. é considerado um dos médiuns mais completos para receber ditados
psicográficos, não só pela grande facilidade de execução, como por sua aptidão em servir de
intérprete a todos os Espíritos, mesmo os das mais elevadas categorias. É, portanto, médium
psicógrafo, polígrafo, maleável, e bom médium. Sua psicografia reproduz a escrita que o Espírito
tinha em vida. É médium mecânico.
Antes do auto-de-fé de Barcelona (09.10.1861) Kardec consultou o Espírito Verdade através
do Sr. d’A (d’Ambel ?), médium de Erasto, em 21.09.1861, sobre a melhor atitude a tomar quando
da apreensão pelo bispo de Barcelona, das obras espíritas enviadas àquela cidade aos cuidados do
Sr. Lachâtre.
O Sr. d’A foi o intermediário de diversas comunicações orientadoras sobre a marcha da
Doutrina Espírita, sobre a necessidade de um sucessor de Kardec na orientação da Doutrina, sobre a
época de dar publicidade aos novos livros que iam sendo compostos; à medida em que se
avolumavam as informações e ensinos dos Espíritos sobre determinado ponto doutrinário.
Outros médiuns, anônimos, em Paris, em Lion, na SPEE prestaram-se ao papel de
mensageiros das instruções dos Bons Espíritos a Kardec sobre a marcha do Espiritismo.
(Consultar a sequência de mensagens incluídas na 2a. parte do livro OBRAS PÓSTUMAS).
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A PRÁTICA DA MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
-
Desenvolvimento mediúnico
Dificuldades
Tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos
A Obsessão na Psicografia
Desenvolvimento mediúnico
... “Por nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possa
ter essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de
infalíveis.” ... “Só existe um meio de lhe comprovar a existência. É experimentar.”
“...O processo é dos mais simples: consiste unicamente em a pessoa tomar de um lápis e de
papel e colocar-se na posição de quem escreve, sem qualquer outro preparativo. Entretanto, para
que alcance bom êxito, muitas recomendações se fazem indispensáveis.” (LM, item 200).
“Como disposição material, recomendamos se evite tudo o que possa embaraçar o
movimento da mão. É mesmo preferível que esta não descanse no papel. A ponta do lápis deve
encostar neste o bastante para traçar alguma coisa, mas não tanto que ofereça resistência. Todas
essas precauções se tornam inúteis, desde que se tenha chegado a escrever correntemente, porque
então nenhum obstáculo detém mais a mão. São meras preliminares par o aprendiz.” (LM, item 201)
“É indiferente que se use da pena ou do lápis.” (LM, item 202)
“Todo aspirante a médium deve, porém, moderar a sua impaciência de poder confabular com
os Espíritos das pessoas que lhe são caras; porquanto a comunicação com determinado Espírito
apresenta muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. Para que
um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que
nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se desenvolve, é que o
médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito
que se apresente. Pode dar-se, pois, que aquele com quem o médium deseje comunicar-se, não
esteja em condições propícias a fazê-lo, embora se ache presente, como também pode acontecer
que não tenha possibilidade, nem permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido. Convém,
por isso, que no começo ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão de
qualquer outro, pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais
facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o encarnado. Antes, pois, de pensar em
obter comunicações de tal ou tal Espírito, importa que o aspirante leve a efeito o desenvolvimento
de sua faculdade, para o que deve fazer um apelo geral e dirigir-se principalmente ao seu anjo
guardião.”
“Não há para esse fim, nenhuma fórmula sacramental. ... “Contudo, a evocação deve sempre
ser feita em nome de Deus.”... “Formulada a súplica, é esperar que um Espírito se manifeste,
fazendo escrever alguma coisa. Pode acontecer venha aquele que o impetrante deseja, como pode
ocorrer também venha um Espírito desconhecido ou o anjo de guarda. Qualquer que ele seja, em
todo caso, dar-se-á a conhecer, escrevendo o seu nome.”
“Quando queira chamar determinados Espíritos, é essencial que o médium comece por se
dirigir somente aos que ele sabe serem bons e simpáticos e que podem ter motivos para acudir ao
apelo, como parentes, ou amigos.” ... “Não é menos necessário que as primeiras perguntas sejam
concebidas de tal sorte que as respostas possam ser dadas por um sim ou não, como por exemplo:
Estás aí? Queres responder-me? Podes fazer-me escrever? etc. Mais tarde essa precaução se
torna inútil. No princípio, trata-se de estabelecer assim uma relação. O essencial é que a
pergunta não seja fútil, não diga respeito a coisas de interesse particular e, sobretudo, seja a
- 39 -
expressão de um sentimento de benevolência e simpatia para com o Espírito a quem é dirigida.”
(LM, item 203)
O Cap. XVII (Da Formação dos Médiuns) traz ainda outras recomendações kardequianas para
o desenvolvimento da mediunidade psicográfica mecânica.
1o. “calma, e o recolhimento;
2o. “desejo ardente e firme vontade de conseguir-se o intuito;
3o. “vontade séria, perseverante, contínua, sem impaciência, sem febricitação
“A solidão, o silêncio e o afastamento de tudo o que possa ser causa de distração favorecem
o recolhimento. Então, uma só coisa resta a fazer: renovar todos os dias a tentativa, por dez
minutos, ou um quarto de hora, no máximo, de cada vez, durante quinze dias, um mês, dois meses
ou mais, se for preciso.” (LM, item 204)
Para se evitarem tentativas inúteis, pode consultar-se, por outro médium, um Espírito sério e
adiantado”... “... aconselhamos se dirigir o interrogante (com questões diretas, específicas) a
Espíritos esclarecidos, que, geralmente, respondem de boa-vontade a essas perguntas e indicam o
melhor caminho a seguir-se, desde que haja possibilidade de bom êxito.” (LM, item 205)
“Pode empregar-se, como auxiliar de ocasião, um bom médium escrevente, maleável já
formado”. A magnetização da mão e do braço do aspirante à mediunidade psicográfica favorece a
eclosão da faculdade. A ação da faculdade do magnetizador desempenha também papel
importante no fenômeno.
“O concurso de um guia experimentado é, além disso, muito útil, às vezes, para apontar ao
principiante uma porção de precauçõezinhas que ele freqüentemente despreza, em detrimento da
rapidez de seus progressos.” (LM, item 206)
O desenvolvimento da mediunidade pode ser tentada em conjunto por vários candidatos.
“Os que se reúnem com um intento comum formam um todo coletivo, cuja força e
sensibilidade se encontram acrescidas por uma espécie de influência magnética, para auxiliar o
desenvolvimento da faculdade. Entre os Espíritos atraídos para esse concurso de vontades estarão,
provavelmente, alguns que descobrirão nos assistentes o instrumento que lhes convenha. ...
“Este meio deve sobretudo ser empregado nos grupos espíritas a que faltam médiuns, ou que
não o possuam em número suficiente.” (LM, item 207)
“O primeiro indício de disposição para escrever é uma espécie de frêmito no braço e na mão.
Pouco a pouco, a mão é arrastada por uma impulsão que ela não logra dominar. Muitas vezes,
não traça senão riscos insignificantes; depois, os caracteres se desenham cada vez mais
nitidamente e a escrita acaba por adquirir a rapidez da escrita ordinária. Em todos os casos, devese entregar a mão ao seu movimento natural e não oferecer resistência, nem propeli-la .
“As primeiras comunicações obtidas devem considerar-se meros exercícios, tarefa que é
confiada a Espírito secundários. Não se lhes deve dar muita importância, visto que procedem de
Espíritos empregados, por assim dizer, como mestres de escrita, para desembaraçarem o médium
principiante. Não creiais sejam alguma vez Espíritos elevados os que se aplicam a fazer com o
médium esses exercícios preparatórios; acontece, porém, que se esse médium não colima um fim
sério, esses Espíritos continuam e acabam ligando-se-lhe. Quase todos os médiuns passaram por
esse cadinho, para se desenvolverem; cabe-lhes fazer o que seja preciso a captarem a simpatia dos
Espíritos verdadeiramente superiores.” (LM, item 210)
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Dificuldades
“O escolho com que topa a maioria dos médiuns principiantes é o de terem de haver-se com
Espíritos inferiores e devem dar-se por felizes quando não são Espíritos levianos. Toda atenção
precisam por em que tais Espíritos não assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem
sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles.”
“A primeira condição é colocar-se o médium, com fé sincera, sob a proteção de Deus e
solicitar a assistência do seu anjo de guarda, que é sempre bom, ao passo que os Espíritos
familiares, por simpatizarem com as suas boas ou má qualidades, podem ser levianos ou mesmo
maus.”
“A segunda condição é aplicar-se, com meticuloso cuidado, a reconhecer, por todos os
indícios que a experiência faculta, de que natureza são os primeiros Espíritos que se comunicam e
dos quais manda a prudência sempre se desconfie. Se forem suspeitos esses indícios, dirigir
fervoroso apelo ao seu anjo de guarda e repelir, com todas as forças, o mau Espírito, provando-lhe
que não conseguirá enganar, a fim de que ele desanime. Por isso é que indispensável se faz o
estudo prévio da teoria, para todo aquele que queira evitar os inconvenientes peculiares à
experiência.” ... “Além da linguagem, podem considerar-se provas infalíveis da inferioridade dos
Espíritos: todos o sinais, figuras, emblemas inúteis, ou pueris; toda escrita bizarra, irregular,
intencionalmente torturada, de exageradas dimensões, apresentando formas ridículas e
desusadas.” (LM, item 211)
“Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência de maus Espíritos, ainda
mais importante é que não caia por espontânea vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado
desejo de escrever não o leve a considerar indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo
para mais tarde se livrar dele, caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja
para o que for, a assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague
caro os serviços.” (LM, item 212)
“Quando a escrita é habitualmente ilegível, mesmo para o médium, este chega quase sempre
a obtê-la mais nítida, por meio de exercícios frequentes e demorados pondo nisso uma vontade
forte e rogando com fervor ao Espírito que seja mais correto.” (LM, item 213)
O Cap. XXV de O LM (Das Evocações) discute as vantagens e desvantagens das
comunicações espontâneas e das provocada por evocação de determinado Espírito. Contribui para a
compreensão de outras dificuldades da prática da mediunidade tais como:
1o. causas que podem impedir (a manifestação de um Espírito): (LM, itens 275 e 277)
1.1 as ocupações e missões que esteja desempenhando e das quais não pode afastar-se,
para ceder aos nossos desejos;
1.2 o estado de encarnação pode representar obstáculo à manifestação de Espíritos
habitantes de mundos superiores à Terra ou ainda pouco desmaterializado;
1.3 a natureza do médium
1.4 a intenção dos assistentes à comunicação
1.5 o meio à comunicação
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1.6 o objetivo da comunicação
1.7 o desenvolvimento da faculdade mediúnica
2o. necessidade do estabelecimento de relações entre médium flexível e comunicante para que
se estabeleçam as comunicações regulares; (LM, item 272)
3o. respeito devido aos comunicantes (LM, item 273 e Nota de Kardec ao item, 282, 20 a.)
“Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência de maus Espíritos, ainda
mais importante é que não caia por espontânea vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado
desejo de escrever não o leve a considerar indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo
para mais tarde se livrar dele, caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja
para o que for, a assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague
caro os serviços.” (LM, item 212)
“Quando a escrita é habitualmente ilegível, mesmo para o médium, este chega quase sempre
a obtê-la mais nítida, por meio de exercícios frequentes e demorados pondo nisso uma vontade
forte e rogando com fervor ao Espírito que seja mais correto.” (LM, item 213)
Tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos
“Todas as instruções anteriores se aplicam à escrita mecânica. Isto é, a atuação direta do
Espírito sobre a mão do médium. O Espírito lhe dá uma impulsão de todo independente da vontade
deste último. Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium, enquanto o Espírito tem
alguma coisa que dizer, e pára, assim que acaba.
Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor
consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta, tem-se os médiuns
chamados passivos ou mecânicos. É preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma
sobre a independência do pensamento daquele que escreve.” (LM, itens 178 e 189)
“Porém, raríssimo é o mecanismo puro; a ele se acha freqüentemente associada, mais ou
menos, a intuição.” (LM, item 214)
“A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou melhor, de
sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso,
atua sobre a alma. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis. ... O Espírito livre
não se substitui à alma. ... Domina-a, mau grado seu, e lhe imprime a sua vontade. Em tal
circunstância, o papel da alma não é de inteira passividade; ela recebe o pensamento do Espírito
livre e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima
o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo.” (LM, item 180)
“Tendo consciência do que escreve, o médium é naturalmente levado a duvidar da sua
faculdade; não sabe se o que lhe sai do lápis vem do seu próprio, ou de outro Espírito. Não tem
absolutamente que se preocupar com isso e, não obstante, deve prosseguir. Se se observar a si
mesmo com atenção, facilmente descobrirá no que escreve uma porção de coisas que lhe não
passavam pela mente, e que até são contrárias às suas idéias, prova evidente de que tais coisas não
provêm do seu Espírito. Continue, portanto, e com a experiência, a dúvida se dissipará.” (LM, item
214)
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“Desde que, após inúteis experimentações, efetuadas seguidamente durante algum tempo,
nenhum indício de movimento involuntário se produz, ou os que se produzem são por demais fracos
para dar resultado, não deve ele hesitar em escrever o primeiro pensamento que lhe for sugerido,
sem se preocupar com o saber se esse pensamento promana do seu Espírito, se de uma fonte
diversa: a experiência lhe ensinará a distinguir.
“Dissemos acima haver casos em que é indiferente saber o médium se o pensamento vem de
si próprio, ou de outro Espírito. Isso ocorre quando, sendo ele puramente intuitivo ou inspirado,
executa por si mesmo um trabalho de imaginação. Pouco importa atribua si próprio um
pensamento que lhe foi sugerido; se lhe acodem boas idéias, agradeça ao seu bom gênio, que não
deixará de lhe sugerir outras. Tal a inspiração dos poetas, dos filósofos e dos sábios.” (LM, item
215)
“Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento,
comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, por ser incluído na categoria de médiuns
inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da mediunidade intuitiva, com a diferença
que a intervenção de uma força oculta é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda
é mais difícil distinguir, o pensamento próprio do que lhe é sugerido. ... A prova de que a idéia que
sobrevem, é estranha à pessoa de quem se trate está em que, se tal idéia se lhe existira na mente,
essa pessoa seria senhora de, a qualquer momento, utilizá-la e não haveria razão para que ela se
não manifestasse à vontade.
“Também se podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência
fora do comum e sem saírem do estado normal, tem relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes
dá momentaneamente desabitual facilidade de concepção e de elocução e, em certos casos, o
pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, que com acerto se chamam de inspiração, as
idéias abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior
nos vem ajudar e que o nosso espírito se desembaraçou de um fardo.” (LM, item 182)
“Os médiuns de pressentimentos constituem uma variedade dos médiuns inspirados.” (LM,
item 184)
“No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium
intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo; o pensamento procede-o. O médium
semi-mecânico participa de ambos os gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau
grado seu, mas ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se
formam. Estes médiuns são os mais numerosos.” (LM, item 181)
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QUADRO SINÓPTICO DAS VARIEDADES DOS MÉDIUNS ESCREVENTES
SEGUNDO O MODO DE EXECUÇÃO
Escreventes ou psicógrafos
Escreventes mecânicos
Escreventes semimecânicos
Escreventes intuitivos
Escreventes polígrafos (RE julho de 1858 pp. 185 e 204, Sr. D)
Escreventes poliglotas
Escreventes e iletrados
SEGUNDO O DESENVOLVIMENTO DA FACULDADE
Médiuns novatos
Médiuns improdutivos
Médiuns feitos ou formados
Médiuns lacônicos
Médiuns explícitos (Sra. Cazemajoux)
Médiuns experimentados
Médiuns maleáveis (para evocação) (RE fevereiro de1861 p. 64, Srta. Eugênia)
Médiuns exclusivos
Médiuns para evocação (RE abril de 1862, p. 118, Sra. Cazemajoux)
Médiuns para ditados espontâneos (RE abril de 1859, p. 105, Sr. Croz)
SEGUNDO O GÊNERO E A PARTICULARIDADE DAS COMUNICAÇÕES
Médiuns versejadores (RE abril de 1862 p 120 Sra. Cazemajoux; RE junho, julho, agosto de
1866 Sr. Vavasseur)
Médiuns poéticos (RE janeiro de 1862, p. 26, comunicações Béranger)
Médiuns positivos historiadores (RE 1858, janeiro p. 30; março p. 73; dezembro de 1859
p. 387, Srta. Ermance Dufaux)
Médiuns literatos
Médiuns incorretos
Médiuns historiadores (RE 1858 Srta. Ermance Dufaux)
Médiuns científicos (RE, setembro de 1862, Camille Flammarion)
Médiuns receitistas (RE 1862, p. 301, Sra. Condessa de Clerambert Adèle)
Médiuns religiosos (RE janeiro de 1862, p. 27, Sra. H. Dozen)
Médiuns filósofos e moralistas (RE fevereiro de 1862, p. 54, Sra. Cazemajoux)
(“Todos estes matizes constituem variedades de aptidões dos médiuns bons.”
(LM, item 193, Erasto)
Médiuns de comunicações triviais e obscenas (LM, item 193)
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SEGUNDO AS QUALIDADES FÍSICAS DO MÉDIUM
Médiuns calmos
Médiuns velozes (RE fevereiro de 1861, p. 64, Srta. Eugênia)
Médiuns convulsivos (RE fevereiro de 1861, pp. 49 e 50, Sr. Bach)
SEGUNDO AS QUALIDADES MORAIS DO MÉDIUM
Médiuns imperfeitos
obsidiados
fascinados
subjugados
levianos
indiferentes
presunçosos
orgulhosos
suscetíveis
mercenários
ambiciosos
de má-fé
egoístas
invejosos
Bons médiuns
sérios
modestos
devotados
seguros
“Todas estas variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua intensidade.
Muitos há que, a bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser
efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a faculdade de um médium
rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium, pode sem dúvida, ter muitas aptidões,
havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se.
Em erro grave incorre quem queira forçar de todo modo o desenvolvimento de uma faculdade que
não possua. Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir os germens. Procurar
ter as outras é, acima de tudo, perder tempo e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com
certeza, as de que seja dotado.” (LM, item 198)
“O estudo da especialidade dos médiuns não só lhes é necessário, como também ao
evocador. Conforme a natureza do Espírito que se deseja chamar e as perguntas que se lhe quer
dirigir, convém se escolha o médium mais apto ao que se tem em vista. Interrogar o primeiro que
apareça é expor-se a receber respostas incompletas, ou errôneas.
“Cumpre, além disso, notar que os matizes que a mediunidade apresenta e aos quais outros
mais se poderiam acrescentar, nem sempre guardam relação com o caráter do médium. Assim, por
exemplo, um médium naturalmente alegre, jovial, pode obter comumente comunicações graves,
mesmo severas e vice-versa. É ainda uma prova evidente de que ele age sob a impulsão de uma
influenciação estranha.” (LM, item 199)
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Em o Livro dos Médiuns, Kardec comenta a “Teoria de todos os gêneros de manifestações, os
meios de comunicações com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade”, etc., baseado
nas observações do trabalho dos médiuns psicógrafos que teve oportunidade de acompanhar.
A notável classificação dos Médiuns Escreventes encontrada no cap. XVII e que se estende
dos itens 191 a 197, foi elaborada a partir de observação do trabalho de diversos médiuns.
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CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS MEDIÚNICOS
“O Livro dos Médiuns”, Cap. XVI.
Quadro sinóptico das diferentes espécies de médiuns
MÉDIUNS ESPECIAIS
(Capítulo XVI)
EFEITOS FÍSICOS
SENSITIVOS, NATURAIS
E FACULTATIVOS
(Item 189)
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
(Item 188)
EFEITOS INTELECTUAIS
Tiptólogos
Motores
Translação-Suspensão
Efeitos Musicais
Aparições
Transporte
Noturnos
Pneumatógrafos
Curadores
Excitadores
(Item 187)
APTIDÕES DIVERSAS
ESCREVENTES
Segundo o modo
de Execução
(Item 191)
Segundo o
Desenvolvimento
da Faculdade
(Item 192)
(Item 190)
•
•
•
•
•
•
•
Escreventes ou Psicógrafos
Escreventes Mecânicos
Escreventes Semimecânicos
Intuitivos
Polígrafos
Poliglotas
Iletrados
• Audientes
• Falantes
• Videntes
• Inspirados
• Pressentimentos
• Proféticos
• Sonâmbulos
• Extáticos
• Pintores ou Desenhistas
• Músicos
• Novatos
• Improdutivos
• Feitos ou Formados
• Lacônicos
• Explícitos
• Experimentados
• Maleáveis
• Exclusivos
• Para Evocação
• Para Ditados Espontâneos
Segundo o Gênero • Versejadores
e a Particularidade • Poéticos
das Comunicações • Positivos
(Item 193)
•
•
•
•
•
•
•
•
Literários
Incorretos
Historiadores
Científicos
Receitistas
Religiosos
Filósofos e Moralistas
Comunicações Triviais e Obscenas
Segundo as
• Calmos
Qualidades Físicas • Velozes
• Convulsivos
do Médium
(Item 194)
Médiuns Imperfeitos
Segundo as
Qualidades Morais (Item 196)
• Obsidiados • Orgulhosos
dos Médiuns
(Item 195)
•
•
•
•
•
Fascinados
Subjugados
Levianos
Indiferentes
Presunçosos
•
•
•
•
•
•
Suscetíveis
Mercenários
Ambiciosos
De má-fé
Egoístas
Invejosos
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Bons Médiuns
(Item 197)
•
•
•
•
Sérios
Modestos
Devotados
Seguros
A Obsessão na Psicografia
“A obsessão ... é um dos maiores escolhos da mediunidade e também um dos mais frequentes.
Por isso mesmo, não serão demais todos os esforços que se empreguem para combatê-la,
porquanto, além dos inconvenientes pessoais que acarreta, é um obstáculo absoluto à bondade e a
veracidade das comunicações. A obsessão, de qualquer grau, sendo sempre efeito de um
constrangimento e este não podendo jamais ser exercido por um bom Espírito, segue-se que toda
comunicação dada por um médium obsidiado é de origem suspeita e nenhuma confiança merece.
Se nelas alguma coisa de bom se encontrar, guarde-se isso e rejeite-se tudo o que for simplesmente
duvidoso.” (LM, item 242)
“Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:
1ª. Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela
audição, pela tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;
2ª. Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e
o ridículo das comunicações que recebe;
3ª. Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que,
sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;
4ª. Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se
comunicam;
5ª. Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
6ª. Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;
7ª. Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
8ª. Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar
a seu mau grado;
9ª. Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o
objeto. (LM, item 243)
“A fascinação e a subjugação corporal quando exercidos sobre o médium psicógrafo
apresentam características específicas.
“A fascinação pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas,
como se fossem a única expressão da verdade (LM, item 239)
“Há Espíritos obsessores sem maldade, mas, dominados pelo orgulho do falso saber. Têm
suas idéias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia, e
querem fazer que suas opiniões prevaleçam. Para esse efeito, procuram médiuns bastante crédulos
para os aceitar de olhos fechados e que eles fascinam, a fim de os impedir de discernirem o
verdadeiro do falso. São os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tomar
cridas as mais ridículas utopias. Como conhecem o prestígio dos grandes nomes, não
escrupulizam em se adornarem com um daqueles diante dos quais todos se inclinam, e não recuam
sequer ante o sacrilégio de se dizerem Jesus, a Virgem Maria, ou um santo venerado. Procuram
deslumbrar por meio de uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de
termos técnicos e recheada das retumbantes palavras - caridade e moral. Cuidadosamente
evitarão dar um mau conselho porque bem sabem que seriam repelidos. Daí vem que os que são
por eles enganados os defendem, dizendo: Bem vedes que nada dizem de mau. A moral, porém,
para esses Espíritos é simples passaporte, é o que menos o preocupa. O que querem, acima de
tudo, é impor suas idéias por mais disparatadas que sejam (LM, item 246) (Ler o LM, item 247).
“A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a
seu mau grado. Numa palavra: O paciente fica sob um verdadeiro jugo.
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A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, ... é como uma fascinação.
No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários.
Traduz-se, no médium escrevente, por uma necessidade de escrever, ainda nos momentos menos
oportunos. Vimos alguns que, à falta de pena ou lápis, simulavam escrever com o dedo, onde quer
que se encontrassem, mesmo nas ruas, nas portas, nas paredes (LM, item 240)
A RE, outubro de 1858, editora EDICEL, a partir da p. 276, no artigo “Obsedados e
subjugados” estuda minuciosamente a obsessão na psicografia. Destacamos as seguintes
observações de Kardec:
“O Espiritismo apresenta um perigo real: (a obsessão). É aos próprios adeptos, àqueles que
o praticam, pois que para estes é que há perigo. Para quem quer que esteja bem informado da
Ciência, tal perigo não existe; existe apenas para aqueles que tem a presunção de saber, isto é,
como em todas as coisas, para aqueles que não possuem a necessária experiência.
“Um desejo muito natural em todos aqueles que começam a se ocupar do Espiritismo é ser
médium, principalmente, psicógrafo. É realmente o gênero que tem mais atração, dada a
facilidade das comunicações e por ser o que melhor se desenvolve com o exercício. Compreende-se
a satisfação que deve experimentar quem pela primeira vez vê a própria mão formar letras, depois
palavras, depois frases em respostas aos seus pensamentos. Essas respostas que traça
maquinalmente, sem saber o que faz, o mais das vezes estão fora de qualquer idéia pessoal, não lhe
podem deixar nenhuma dúvida quanto a intervenção de uma inteligência oculta”.
Kardec adverte que da alegria muito natural de poder entreter-se com os seres de além-túmulo,
parentes e amigos, conversas com eles, saber se são felizes, conhecer aquilo que fazem, desejam e
trocam amabilidades, enfim, compreendem que a separação não é eterna, e o intenso desejo de tudo
conhecer através de perguntas dirigidas aos Espíritos vai curta distância.
“Quem quer que se dê ao trabalho de estudar a Ciência Espírita jamais se deixará seduzir
por esses sonhos de explorar os Espíritos em benefício de sua fortuna”.
Três pontos são indispensáveis à compreensão do exercício da mediunidade:
1º. o conhecimento da relatividade do poder e sabedoria dos Espíritos. “Como não passam
de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade
maior que a que encontramos entre os homens na Terra, por isso que vêm de todos os mundos, e
porque entre os mundos a Terra nem é o mais atrasado, nem o mais adiantado”;
2º. a natureza, e
3º. o objetivo das relações que se podem estabelecer com os Espíritos.
Estando incessantemente cercado por nuvens de testemunhas invisíveis o homem tem ao seu
lado Espírito que espiam seus atos, lêem seus pensamentos e influenciam para o bem ou para o mal
de acordo com seus sentimentos.
Pela posição de nosso globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais
numerosos que os superiores.
“Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós, que agem mais
particularmente sobre o nosso pensamento, aconselhando-nos, e cujo impulso seguimos sem nos
apercebermos; felizes se escutarmos a voz dos bons.
“Em alguns médiuns o progresso da faculdade é lento, mesmo muito lento; por vezes se
submetem à prova a sua paciência. Noutros, é rápido, e em pouco tempo chega ao médium a
escrever com tanta facilidade e, às vezes, com mais presteza do que o faria sem condições
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ordinárias.” Daí advir o perigoso entusiasmo que secundados por uma convicção e uma confiança
que lhe permitem vencer todos os obstáculos conduz o médium à crença cega e irrefletida na
superioridade dos Espíritos que se comunicam. Daí à confiança cega nos ditados dos Espíritos vai
um passo.
“Os Espíritos hipócritas vendo o entusiasmo e o amor próprio do médium, ou ainda
fascinando-o usam de diversos subterfúgios para serem acreditados. Nomes venerandos, títulos
pomposos, doçuras nas frases, meiguice, expressões carinhosas, protestos de dedicação tudo é
utilizado de forma a captar a confiança do médium nos conselhos do Espírito. Onde está o perigo?
“O perigo está nos conselhos perniciosos que dão, aparentando benevolência, nos movimentos
ridículos, intempestivos ou funestos, que nos levam a empreender”.
Observando as etapas do processo obsessivo em mergulhou o Sr. F. e a luta de Kardec contra
o Espírito obsessor, François Dillois, atentemos às conclusões:
“Grave erro seria pensar que os Espíritos não exercem sua influência senão pelas
comunicações verbais ou escritas. Essa influência é constante e a ela, tanto quanto os outros,
acham-se expostos aqueles que não acreditam, pois não tem contrapeso.
“Regra geral: Quem quer que obtenha más comunicações Espíritas orais ou escritas,
acham-se sob má influência. Esta se exerce sobre ele, quer escreve, quer não, isto é, seja ou não
médium”.
“A escrita oferece um meio de assegurarmos da natureza dos Espíritos que atuam sobre ele e
de os combater, o que, se faz com tanto maior sucesso quanto mais é conhecido o motivo que o leve
a agir. Se ele for bastante cego para não o compreender, outros podem abrir-lhe os olhos. Aliás
não é necessário ser médium para escrever absurdos. E quem nos diz que entre essas elocuções
ridículas ou perigosas não haverá algumas cujos autores são impulsionados por Espíritos
malévolos? Três quartas partes de nossas ações más e de nossos pensamentos são partes dessa
sugestão oculta”.
“Toda criatura de boa vontade e simpática aos bons Espíritos podem sempre, com o auxílio
destes, paralisar uma influência perniciosa. Dizemos que deve ser simpática aos bons Espíritos
porque se ela atrai os inferiores, é evidente que lobo não come lobo.”
“Em resumo, o perigo não está propriamente no Espiritismo, desde que este, ao contrário,
pode servir de controle, preservando-nos daquilo a que malgrado nosso, estamos expostos; o
perigo está na presunção de certos médiuns para mui levianamente, se crerem instrumentos
exclusivos de Espíritos superiores e da espécie de fascinação que não os deixa compreender as
tolices de que são intérpretes. Aqueles mesmos que não são médiuns podem ser arrastados”.
Recomenda Kardec:
“Todo médium deve prevenir-se contra o inevitável empolgamento que o leva a escrever sem
cessar e até mesmo em momento inoportuno; deve ser senhor de si e não só escrever senão quando
o quer.
“Não dominamos os Espíritos superiores, nem mesmo aqueles que, não sendo superiores,
são bons e benevolentes; mas podemos dominar e domar os Espíritos inferiores. Aquele que não é
senhor de si não o pode ser dos Espíritos.
“Os Espíritos, como os homens, são julgados por sua linguagem, a toda expressão, todo
pensamento, todo conceito, toda teoria moral ou científica que choque o bem senso ou não
corresponda à idéia que fazemos e um Espírito puro e elevado, emana de um Espírito mais ou
menos inferior.
“Os Espíritos superiores tem sempre a mesma linguagem com a mesma pessoa e jamais se
contradizem.
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“Não devemos julgar os Espíritos por sua forma material nem pela correção da linguagem,
mas sondar-lhes o íntimo, perscrutar sua palavras, pesá-las friamente e sem prevenção: qualquer
folga ao bom senso, à razão e à sabedoria, não pode deixar dúvidas quanto à sua origem, seja qual
for o nome com que se mascare Espírito.
“Aquele que em tudo age tendo em sua vista o bem, eleva-se acima das vaidades humanas,
expele do coração o egoísmo, o orgulho, a inveja, o ciúme e o ódio e perdoa aos seus inimigos,
pondo em prática esta máxima do Cristo: “Fazer aos outros o que quereria fosse feito a si
mesmo” simpatiza com os bons Espíritos, enquanto que os maus o temem e dele se afastam.”
Em o LM (Cap. XX, item 230) Erasto adverte para o reflexo da influência moral do
médium sobre o seu trabalho do seguinte modo:
“Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui,
pelas que lhe são pessoais, as idéias que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir e também quando
tira de sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação
intuitiva. É de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do
médium. Dá-se mesmo o fato curioso de mover-se a mão do médium, quase mecanicamente, às
vezes, impelida por um Espírito secundário e zombeteiro. É essa a pedra de toque contra qual vem
quebrar-se as imaginações ardentes; por isso que arrebatados pelos ímpetos de suas próprias
idéias, pelas lantejoulas de seus conhecimentos literários, os médiuns desconhecem o ditado
modesto de um Espírito criterioso e, abandonando a presa pela sombra, o substituem por uma
paráfrase empolada. Contra esse escolho terrível vem igualmente chocar-se as personalidades
ambiciosas que, em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam apresentam suas
próprias obras como sendo desses Espíritos. Daí a necessidade de serem, os diretores dos Grupos
Espíritas, dotados de fino trato, de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas das
que não o são e para não ferir os que se iludem a si mesmos”.
- 51 -
MECANISMO DA MEDIUNIDADE
“De todos os gêneros de médiuns, o mais comum é o psicógrafo: e isso por ser a modalidade
mais fácil de se adquirir pelo exercício. Eis por que, e com razão, para ele se dirigem geralmente os
desejos e os esforços dos aspirantes. Também apresenta duas variedades, igualmente encontradas
nas outras categorias: os escreventes mecânicos e os escreventes intuitivos.
Nos primeiros o impulso da mão independe da vontade: ela se move por si, sem que o
médium tenha consciência de que escreve; seu pensamento pode até mesmo ser dirigido para outra
coisa. No médium intuitivo o Espírito age sobre o cérebro: seu pensamento atravessa, se assim
podemos dizer, o pensamento do médium, sem que haja confusão. Em conseqüência, ele tem
consciência do que escreve, mesmo uma consciência prévia, porque a intuição precede o movimento
da mão, entretanto, o pensamento expresso não é o do médium. Uma comparação muito simples nos
dá a compreender o fenômeno. Quando queremos conversar com alguém cuja língua não sabemos,
servimo-nos de um intérprete; este tem consciência do pensamento dos interlocutores; ele deve
entendê-lo, para o poder expressar e, portanto esse pensamento não é dele. Assim o papel do
médium intuitivo é o mesmo de um intérprete entre nós e o Espírito.
Com o médium intuitivo a dificuldade está em se distinguir os seus pensamentos daqueles que
lhe são sugeridos. Essa dificuldade existe também para ele. O pensamento sugerido lhe parece tão
natural que ele o toma às vezes por seu e põe em dúvida a sua faculdade. O meio de o convencer e
convencer aos outros é um exercício freqüente. Então, no número das evocações de que participará
se apresentarão mil e uma circunstâncias, uma porção de comunicações íntimas, de particularidades
das quais não poderia ter nenhum conhecimento prévio e que, de maneira irrecusável, demonstrarão
a inteira independência do seu Espírito.”
(Revista Espírita, março de 1859, p. 61,- Estudo sobre os médiuns -, editora: EDICEL)
MÉDIUNS SEM O SABER
“Aliás constantemente os Espíritos que nos cercam, que exercem sobre nós, malgrado nosso,
uma influência incessante, aproveitam as disposições que encontram em certos indivíduos para as
transformar em instrumentos das idéias que querem exprimir e levar ao conhecimento dos homens.
Tais indivíduos são, sem o saber, verdadeiros médiuns, e para isto não necessitam possuir a
mediunidade mecânica. Todos os homens de gênio, poetas, pintores e músicos estão neste caso;
certamente seu próprio Espírito pode produzir por si mesmo, caso seja bastante adiantado para tal;
mas muitas idéias também lhe podem vir de uma fonte estranha. Pedindo inspiração, não parece que
estejam fazendo um apelo? Ora, o que é a inspiração senão uma idéia sugerida? Aquilo que tiramos
do nosso próprio íntimo não é inspirado: possuímo-lo e não temos necessidade de o receber. Se o
homem de gênio tirasse tudo de si mesmo, porque então lhe faltariam idéias exatamente no
momento em que as busca? Não seria ele capaz de as tirar de seu cérebro, como aquele que tem
dinheiro o tira de seu bolso? Se nada encontra em dado momento é porque nada tem. Porque,
quando menos espera, as idéias brotam como por si mesmas?
Segundo a Doutrina Espírita, o cérebro pode sempre produzir aquilo que está dentro dele. Por
isso é que o homem mais inepto acha sempre alguma coisa a dizer, mesmo que seja uma tolice. Mas
as idéias das quais não somos os donos, não são nossas, elas nos são sugeridas; quando a inspiração
não vem é porque o inspirador não está presente ou não julga conveniente inspirar...
Poder-se-ia objetar que o cérebro não produzindo não devia fatigar-se. Isto seria um erro: o
cérebro não deixa de ser o canal por onde passam as idéias estranhas, o instrumento que executa. O
cantor não fatiga seus órgãos vocais, embora a música não seja de sua autoria? Porque não se
- 52 -
fatigaria o cérebro ao exprimir idéias que está encarregado de transmitir, embora não as tenha
produzido? Sem dúvida é para lhes dar repouso necessário à aquisição de novas forças, que o
inspirador lhe impõe um intervalo.
Pode ainda objetar-se que esse sistema tira ao produtor o mérito pessoal, ao lhe atribuir idéias
de uma fonte estranha. A isto respondemos que, se as coisas assim se passassem, não saberíamos o
que fazer e não teríamos muita necessidade de nos enfeitar com penas de pavão. Mas essa objeção
não é séria, porque de início não dissemos que o homem de gênio nada possa de si mesmo; em
segundo lugar, porque as idéias que lhe são sugeridas se confundem com as suas próprias e nada as
distingue. De modo que ele não é censurado por atribuir a sua paternidade, a menos que as tenha
recebido a título de comunicação espírita constatada e quisesse ter a glória das mesmas. Isto,
entretanto, poderia levar os Espíritos a fazê-lo passar por algumas decepções. Diremos, enfim, que
se os Espíritos sugerem grandes idéias a um homem, dessas idéias que caracterizam o gênio, é
porque o julgam capaz de as compreender, de as elaborar e de as transmitir. Eles não tomariam um
imbecil para seu intérprete.
Podemos, pois, sentir-nos honrados de receber uma grande e bela missão, sobretudo se o
orgulho não a desviar do seu objetivo louvável e não nos fizer perder o seu mérito.”
(Revista Espírita, novembro de 1859, p. 316, editora: EDICEL).
- 53 -
MECANISMOS DA PSICOGRAFIA
1. INTRODUÇÃO
“DÍNAMO ESPIRITUAL - Ainda mesmo que a Ciência na Terra, por longo tempo,
recalcitre contra as realidades do Espírito, é imperioso convir que, no comando das associações
atômicas, sob a perquirição do homem, prevalecem as associações inteligentes de matéria mental.
O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo
complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças
mento-eletromagnéticas, forças essas que guardam consigo no laboratório das células em que
circulam e se harmonizam, a propriedades de agentes emissores e receptores, conservadores e
regeneradores de energia.
Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos, imaginemo-lo como sendo um
dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mesmo tempo, com capacidade de assimilar
correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente.” (André Luiz - “MECANISMOS DA
MEDIUNIDADE”, editora: FEB, Cap. V -.Corrente Elétrica e Corrente Mental)
A comunicação entre encarnados e desencarnados sempre esteve presente na História da
Humanidade, embora muitos não admitam essa realidade. A nós espíritas cabe o dever de alertá-los
para o fato de que, esses fenômenos são tão maravilhosos quanto uma transmissão de rádio,
televisão ou qualquer outro meio de comunicação à distância, como por exemplo o telex, o telefone,
o fax e etc. Em todos há em comum a emissão de um sinal (som e/ou imagem) modificado ou não, o
seu transporte, por meio físico ou pelo espaço, a sua recepção e finalmente a sua reconstituição à
forma original. A grande diferença está na superioridade da máquina humana em comparação com
os dispositivos criados pelo Homem, o cérebro é ao mesmo tempo emissor e receptor. Possui ainda
um sistema de conversão de sinais e um banco de memória com capacidade infinita de
armazenamento ao qual chamamos perispírito, é através dele que ocorrem todos os fenômenos
relacionados com a mediunidade. Gerenciando todo o sistema está o Espírito, que é o grande
responsável por esse complexo, “o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa”, como
bem definiu Kardec no livro “Obras Póstumas”.
Para entender esses mecanismos, é necessário ver o pensamento como um fluxo de ondas de
múltiplas freqüências que podem ser transmitidas, captadas e decodificadas pelas criaturas, desde
que haja sintonia.
- 54 -
2. PENSAMENTOS E ONDAS (1)
“ONDA HERTZIANA - Examinando sumariamente as forças corpusculares de que se
constituem todas as correntes atômicas do Plano Físico, podemos compreender, sem dificuldade, no
pensamento ou radiação mental, a substância de todos os fenômenos no espírito, a expressar-se por
ondas de múltiplas freqüências.
Valendo-se de idéia imperfeita, podemos compará-lo , de início, à onda hertziana, tomando o
cérebro como sendo um aparelho emissor e receptor ao mesmo tempo”. (André Luiz - “MECANISMOS
DA MEDIUNIDADE”, Cap. XI – Fluxo Mental)
Do fluido elementar e da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo
energético de cada uma dessas criaturas, a se graduarem nos mais diversos tipos de ondas, desde os
raios super-ultra-curtos, em que se exprimem os seres angélicos, através de processos ainda
inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas e que se
exterioriza a mente humana, até às ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica ainda em
germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.
Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o
pensamento por agente essência. Entretanto, ele ainda é matéria, - a matéria mental, em que as leis
de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido,
compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual
surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos conhecidos no
mundo.
Temos, ainda aqui, as formações corpusculares , com bases nos sistemas atômicos em
diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no plano físico, quanto no plano
mental, como associações de cargas positivas e negativas.
Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de “núcleos, prótons, nêutrons,
posítrons, elétrons ou fótons mentais”, em vista da ausência de terminologia analógica para
estruturação mais seguras de nossos apontamentos
Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas
sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei
dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem freqüência e
cor peculiares.
Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da
vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.
Em condições normais a criatura humana produz uma excitação normal nos átomos mentais,
emitindo assim ondas longas, ou seja, de grande comprimento e de baixa freqüência,
conseqüentemente, de baixa energia, ondas de simples sustentação da individualidade
correspondendo à manutenção do calor. Em estados menos comuns da mente, quais sejam os de
atenção ou tensão pacífica em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos, por
força da agitação causada pelos elétrons mentais, nas órbitas da mesma natureza, vai se expressar
em ondas de comprimento médio (maior freqüência e energia do que as longas), representando
aquisição de experiência por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior.
E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações extraordinárias da
mente, quais sejam, as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e persistentes
concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios
mais curtos (pequeno comprimento de onda, alta freqüência e alta energia) ou de imenso poder
transformador do campo espiritual, teoricamente semelhantes aos que se aproxima dos raios gama.
Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos,
obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na esfera física,
demonstrando a divina unidade de plano do Universo.
- 55 -
Para um melhor entendimento acerca da indução mental, imaginemos a criatura emitindo
conscientemente seus pensamentos, visando influenciar as outras criaturas.
Essa corrente de partículas mentais exterioriza-se de cada Espírito com qualidade de indução
mental, tanto maior quanto mais amplos se evidenciem as faculdades de concentração e o teor de
persistência no rumo dos objetivos que demande.
Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual
um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contacto
visível, no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, porquanto a corrente
mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se
lhe sintonize. E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de
ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.
Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade,
atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou
dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem
turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para
si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota,
infortúnio ou felicidade.
E é por esse mecanismo que as criaturas influenciam e são influenciadas, obedecendo sempre
à lei de afinidade. Essa influenciação magnética pode ser exercida de perto ou de longe, tanto no
plano visível quanto no invisível, quer por Espíritos encarnados ou por desencarnados.
O magnetismo, considerado em seu aspecto geral é a utilização, sob o nome de fluído
magnético da força psíquica, por aqueles que abundantemente a possuem.
É pois a qualidade dos nossos pensamentos que determina o tipo de ondas que emitimos, e em
conseqüência a nossa faixa de sintonia.
Observemos o resumo nos quadros anexos.
(1) Esse texto é baseado no Cap. IV - Matéria Mental - do livro “MECANISMOS DA
MEDIUNIDADE”, de André Luiz)
- 56 -
Deus, Espírito e Matéria
Matéria – modificação do elemento material primitivo
Molécula – modificação da molécula elementar
O Homem – ser integral
Espírito
Perispírito
Corpo Físico
Figura 3.1
- 57 -
TÚNICA ELETROMAGNÉTICA
- 58 -
MEDIUNIDADE E ELETROMAGNETISMO
SPINS OPOSTOS
CAMPO MAGNÉTICO NULO
SPINS PARALELOS
CAMPO MAGNÉTICO ATIVO
Os pares de elétron tem movimentos de translação chamados de órbita e movimentos de rotação
chamados “SPINS”.
Se o movimento de spin dos elétrons giram no mesmo sentido, formam pequenos domínios
magnéticos, que têm como resultado um campo magnético ativo - Ímãs.
Se giram em sentido contrário, o campo magnético formado é nulo, matematicamente quase zero –
Outros materiais.
Descompensação vibratória –
“Sem obstáculo, reconhecemos que a mediunidade ou capacidade de sintonia está em todas as
criaturas, porque todas as criaturas são dotadas de campo magnético particular, campo esse, porém,
que é sempre mais pronunciado naquelas que estejam em regime de “descompensação vibratória”.
(Mecanismos da Mediunidade – André Luis)
- 59 -
PENSAMENTO - é um fluxo energético produzido pelas
criaturas, através da excitação da matéria mental, em seus vários
níveis.
1 - ÁTOMO
2 - ELÉTRON
EEELÉTRON
3 - NÚCLEO
EELÉTRON
POSIÇÃO MENTAL COMUM.
SUSTENTAÇÃO DA
INDIVIDUALIDADE E MANUTENÇÃO
DE CALOR .
ATENÇÃO OU TENSÃO PACÍFICA.
AQUISIÇÃO DE EXPERIÊNCIA DA
ALMA COM PRODUÇÃO DE LUZ
INTERIOR.
EMOÇÕES PROFUNDAS, DORES
INDIZÍVEIS, LABORIOSAS
CONCENTRAÇÕES MENTAIS OU
SÚPLICAS AFLITIVAS.
TRANSFORMAÇÃO DO CAMPO
ESPIRITUAL.
(+) = (1)  (2)  (3)
(-) = (3)  (2)  (1)
- 60 -
3. TRANSMISSÃO
“HOMENS E ONDAS” – Simplificando conceitos em torno da escala das ondas,
recordemos que, oscilando de maneira integral, sacudidas simplesmente nos elétrons de suas
órbitas ou excitados apenas em seus núcleos, os átomos lançam de si ondas que produzem calor e
som, luz e raios gama, através de inumeráveis combinações. Assim é que entre as ondas da corrente
alternada para objetivos industriais, as ondas do rádio, as da luz e dos raios X, tanto quanto as que
definem os raios cósmicos e as que se superpõem além deles, não existe qualquer diferença de
natureza, mas sim de freqüência, considerado o modo em que se exprimem.
E o homem, colocado na faixa desse imenso domínio, em que a matéria quanto mais estudada
mais se revela qual feixe de forças em temporária associação, somente assinala as ondas que se lhe
afinam com o seu modo de ser.
Temo-lo, dessa maneira, como viajante do Cosmo, respirando num vastíssimo império de
ondas que se comportam como massa ou vice-versa, condicionado, nas suas percepções, à escala do
progresso que já alcançou, progresso esse que se mostra sempre acrescentando pelo patrimônio de
experiência em que se gradua, no campo mental que lhe é característico, em cujas dimensões revela
o que a vida já lhe deu, ou tempo de evolução, e aquilo que ele próprio já deu à vida, ou o tempo
de esforço pessoal na construção do destino. Para a valorização e enriquecimento do caminho
que lhe compete percorrer, recebe dessa mesma vida, que o acalenta e a que deve servir, o tesouro
do cérebro, por intermediário do qual exterioriza as ondas que lhe marcam a individualidade, no
concerto das forças universais, e absorve aquelas que com as quais pode entrar em sintonia,
ampliando os recursos do seu cabedal de conhecimento, e das quais se deve aproveitar, no
aprimoramento intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação”.
(André Luiz – “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”, Cap I - Ondas e Percepção)
3.1 Conceitos Básicos

Onda – é uma perturbação (vibração) que se propaga em um meio. As características
de uma onda são: amplitude, comprimento de onda e freqüência.

Amplitude – é o tamanho da oscilação, é o que determina a força da onda.

Comprimento de onda – é a distância entre duas oscilações, medida entre duas cristas
consecutivas.

Freqüência – é o número de vezes que ocorre o fenômeno na unidade de tempo; suas
unidades são: rotação por minuto (RPM) e ciclos por segundos, chamada de Hertz
(Hz).

Faixa de freqüência audível para o ser humano – 20Hz a 20KHz.

Faixa de operação do AM – 540KHz a 1600KHz.

Faixa de operação do FM – 88MHz a 108 MHz.

Antena – equipamento utilizado para transmitir ou receber os sinais.
- 61 -
3.2 - Meios de Transmissão de um Sinal
Quando se deseja escolher um meio de transmissão, alguns fatores devem se analisados para
uma correta adequação do meio aos objetivos desejados. Desta forma, devemos levar em
consideração o número de canais a serem transmitidos, a distância ente os locais que desejam se
comunicar, as características geométricas e também a confiabilidade do sistema ideal.
Basicamente podemos dividi-los em dois grupos:
a) Via rádio (espaço)
b) Via linha (meio físico)
3.2.1 - Configuração Básica de um sistema de Transmissão Via rádio (espaço)
O esquema mostrado na figura a seguir, expõe a configuração básica da ligação entre duas
localidades feitas por meio de um sistema de rádio.
A estação de rádio é composta basicamente de um transmissor, um receptor, um modulador,
um demodulador e as antenas de transmissão e recepção.
O transmissor produz vibrações eletromagnéticas que são enviadas ao espaço pela antena
transmissora. A antena receptora se sensibiliza com estas vibrações e envia esta informação para o
equipamento receptor, estabelecendo assim a comunicação.
Para que a informação seja enviada ao espaço, é necessário que esteja preparada para tal.
Assim sendo, o transmissor enviará para o espaço ondas eletromagnéticas com frequência fixa, de
tal forma que um receptor sintonizado nesta frequência saiba que o transmissor está em
funcionamento.
A esta onda eletromagnética damos o nome de portadora. Porém, esta onda apenas estabelece
o contacto, através do espaço, entre o transmissor e o receptor, não possuindo informação a ser
transmitida.
Para que possamos transmitir o sinal que contém a informação é preciso modular este sinal. A
modulação consiste em variarmos um das características da onda portadora (amplitude, freqüência
ou fase), de acordo com as variações do sinal que contém a informação, chamada de sinal
modulante. Desta forma a modulação em amplitude (AM) é obtida fazendo-se a amplitude da
portadora variar proporcionalmente as variações do sinal modulante. S sinal obtido após este
- 62 -
processo chama-se sinal modulado, sendo então enviado à estação receptora. O equipamento que
produz o sinal modulado é o modulador. Na estação receptora, quem reconstitui a informação
original em função das variações da portadora é o demodulador.
Visualizando o processo como um todo, temos a informação original processada pelo
modulador transmissor, fazendo com que tenhamos uma onda portadora modulada na antena da
transmissora. Esta onda é captada pela antena da receptora, sendo processada pelo receptor
demodulador, reconstituindo a informação original.
3.2.2.1 Classificação dos Sistemas de Rádio
A propagação das ondas eletromagnéticas varia de acordo com sua freqüência e com a camada
da atmosfera em que ela se propaga. Valendo-se destas características foram desenvolvidos meios
de transmissão para a propagação de sinal de um ponto a outro, sub-divididos em faixas de
freqüências que definem a utilização destes sinais. O quadro a seguir mostra a classificação
internacional destas faixas de freqüências.
Faixa de
freqüência
300Hz - 3 KHz
Designação
Técnica
E.L.E.
Propagação
V.L.F.
L.F.
Designação
Leiga
Ondas extremamente
longas
Ondas muito longas
Ondas longas
3KHz - 30KHz
30KHz - 300KHz
300KHz - 3MHz
3MKz - 30MKz
M.F.
H.F.
Ondas médias
Ondas curtas
Ionosférica
Ionosférica
30MKz - 300MKz
300MKz - 3GHz
3GHz - 300GHz
300 GHz - 3THz
300THz - 3000THz
V.H.F.
U.H.F.
S.H.F.
E.F.F.
Infra-vermelho
Microondas
Microondas
-
Troposférica e Radar
Troposférica e Radar
Troposférica e Radar
Troposférica e Radar
Troposférica e Radar

Terrestre
Terrestre
Terrestre
Propagação terrestre
A antena transmissora emite ondas esféricas que se propagam em todas as direções
acompanhando a curvatura da terra, são freqüências baixas, por isso com longo alcance e muita
freqüência.

Propagação ionosférica
As ondas que se propagam em direção ao espaço se expandem e encontram a ionosfera a uma
altura de aproximadamente 80 a 150 km da superfície da Terra. As ondas retornam à Terra devido a
refração ionosférica por mudança de índice de refração. Este processo é chamado de “Reflexão
Ionosférica”.
- 63 -

Propagação do sistema VHF/UHF
Ao se utilizar faixas de freqüências mais elevadas, as características de propagação se
modificam. Quando se trabalha nas faixas de VHF (30 a 300MHz) e UHF baixa (300 a 900MHz), a
ionosfera passa a ser transparente para estas freqüências, não refratando o sinal para a Terra. Nestas
freqüências as ondas de rádio se comportam como a luz, isto é, propagam-se em linha reta e
refletem-se em obstáculos. Tais características permitem que estas ondas somente sejam
focalizadas por antenas convenientes, portanto, o mecanismo de comunicação envolve a colocação
de antenas de tal forma que a antena receptora esteja na linha de vista da antena transmissora.

Propagação em microondas
Quando se opera na região de microondas (900 a 30.000 MHz), as ondas de rádio assumem
características de propagação, praticamente idênticas às características de propagação das ondas de
luz. Esta forma propaga-se em linha reta e pode ser focalizada por antenas convenientes. O
processo envolve a colocação de antenas distanciadas de no máximo 50 a 60 km, colocadas em
pontos elevados de tal forma que não haja intercepção do feixe por obstáculos.

Sistema rádio tropo-difusão
Embora seja um sistema de microondas, não utiliza a vista direta. Emprega a troposfera para
refletir as suas ondas.

Sistema de satélite
Este sistema utiliza como repetidora um satélite artificial em órbita estacionária com a Terra.
Esta órbita estacionária é conseguida fazendo-se com que o satélite gire com a mesma velocidade
angular que a Terra. Desta forma o satélite permanece estacionário a uma altura de 36000km da
superfície. Nos satélites estão instalados receptores e transmissores que recebem, ampliam e
retransmitem os sinais de volta à Terra.
3.2.2 Configuração Básica de um Sistema de Transmissão Via Linha (meio físico)
São divididas em bifiliares e coaxiais. Fisicamente as linhas bifiliares são constituidas por
dois condutores idênticos e paralelos, usualmente de cobre ou alumínio, separados por um material
isolante. As linhas coaxiais são constituidas por um condutor interno, envolvido por outro externo,
ambos de forma cilíndrica, separados por um isolante; normalmente os condutores são de cobre e o
material isolante o polietileno.
Nos sistemas de transmissão de rádio, a informação original necessitava ser modulado para ser
transmitido. Nas linhas físicas transmite-se diretamente a própria informação original.
3.3 Gravação de dados
Tudo começou da necessidade que o homem tinha em armazenar informações, pois até então
o único meio utilizado era o da escrita (papel e etc.). Então o que fazer para documentar
informações, ocupando menos espaço, utilizando um método mais eficiente e rápido? Vários
aparelhos apareceram, porém o mais simples e eficiente que se tem notícia foi o de Thomas Edson.
- 64 -
É simples; se tratava de um cilindro de cera, que girava fixado em um eixo, tocando na superfície do
cilindro atinha uma agulha bem fina, que era fixada em um funil. Conforme a pessoa ia falando na
boca do funil, a agulha sensibilizava a superfície do cilindro, assim era a gravação. Na reprodução,
passava-se novamente a agulha sobre o que havia sido gravado e as ondas sonoras eram
reconstituídas e ouvidas através do funil. Certamente esse foi o primeiro gramofone. Este método é
utilizado até hoje nos LP’s (disco vinil), só que bem mais aperfeiçoado. Fitas magnéticas e CD’s,
também são utilizados em gravações de audio e vídeo. Para o armazenamento de dados são
utilizadas fitas magnéticas, disquetes, cartuchos, discos rígidos e etc.
3.4 Codificação de dados
Basicamente o processo é sempre o mesmo. Tem-se um codificador que modula a informação
de tal forma que, somente um decodificador específico poderá reconstituir a informação original, ou
seja, há uma correlação entre um sinal emitido e um caracter ou um comando. É assim que se
processa a relação homem X computador; para que o computador execute uma operação desejada,
temos que emitir um sinal que esteja associado a tal operação. Quando montamos vários arquivos
na memória do equipamento, eles são identificados com sinais característicos (onmes) e gravados
em locais distintos (diretórios). Esses arquivos só serão acessados quando chamados pelos nomes
correspondentes dentro do ambiente em que se encontram.
- 65 -
4. COMUNICAÇÃO ENTRE OS HOMENS
Gerador do cérebro - “Erguendo-se sobre os vários departamentos do corpo, a
funcionarem por motores de sustentação, o cérebro, com as células especiais que lhe são próprias,
detém verdadeiras usinas microscópicas, das quais as pequenas partículas de germânio, na
construção do transistor, nos conjuntos radiofônicos miniaturizados, podem oferecer imperfeita
expressão
É aí, nesse microcosmo prodigioso, que a matéria mental, ao impulso do Espírito, é
manipulada e expressa, em movimento constante, produzindo correntes que se exteriorizam, no
espaço e no tempo, conservando mais amplo poder na aura personalidade em que se exprime,
através de ação e ração permanentes, como acontece no gerador comum, em que o fluxo energético
atinge o valor máximo, segundo a resistência integral do campo, diminuindo de intensidade na
curva de saturação.
Nas reentrâncias de semelhante cabine, de cuja intimidade a criatura expede as ordens e
decisões com que traça o próprio destino, temos, no córtex, os centros da visão, da audição, do tato,
do olfato, do gosto, da palavra falada e escrita, da memória e de múltiplos automatismos, em
conexão com os mecanismos da mente, configurando os poderes da memória profunda, do
discernimento, da análise, da reflexão, do entendimento e dos multiformes valores morais de que o
ser se enriquece no trabalho da própria sublimação.”
(André Luiz - “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”, Cap IX – Cérebro e Energia)
4.1 Vocalização
A fala particularmente envolve o sistema respiratório, mas compreende também os centros
específicos de controle da fala no córtex cerebral, os centros respiratórios do tronco cerebral, as
estruturas de articulação e ressonância da boca e as cavidades nasais.
Basicamente, a fala se compõe de duas funções mecânicas distintas:


Fonação - realizada pela laringe;
Articulação - realizada pelas estruturas da boca.
4.1.1 Fonação
A laringe está especialmente adaptada para agir como um vibrador. O elemento vibrátil é
constituído pelas cordas vocais, que são pregas situadas ao longo das paredes laterais da laringe,
estiradas e posicionadas por vários músculos específicos, nos limites da própria laringe.
Cada corda vocal está estirada entre as cartilagens tireóide e aritenóide.
4.1.1.1 Vibração das cordas vocais
Poder-se-ia suspeitar de que as cordas vocais deveriam vibrar na direção do fluxo do ar.
Entretanto, não é esse o caso. Pelo contrário, elas vibram lateralmente. A causa da vibração é a
seguinte: quando as cordas vocais são aproximadas e o ar é expirado, a pressão do ar, proveniente
de baixo, empurra e separa as cordas vocais, o que permite o fluxo rápido de ar entre suas margens.
A seguir, o fluxo rápido do ar cria, imediatamente, um vácuo parcial entre as cordas vocais, que
tende a aproximá-las novamente. Isso faz para o fluxo de ar, surge uma certa pressão através das
cordas e estas se abrem novamente, persistindo, assim, em um padrão de vibração.
- 66 -
4.1.1.2 Freqüência de vibração
A altura do som emitido pela laringe pode ser mudada de duas diferentes maneiras:
a) Pelo estiramento ou relaxamento das cordas vocais
Toda a laringe se move para cima pela ação dos músculos laríngeos externos que ajudam a
esticar as cordas quando se deseja emitir um som de freqüência muito alta, e a laringe se move para
baixo, com relaxamento correspondente das cordas vocais, quando se deseja emitir um som muito
baixo.
b) Alteração da forma e do volume das cordas vocais
Quando se emite sons de freqüência muito alta, as bordas das cordas vocais tornam-se finas e
agudas, enquanto que, quando as freqüências baixas são emitidas, as bordas tornam-se irregulares e
de grande volume se aproximam.
4.1.2 Articulação e ressonância
Os três órgãos principais da articulação são: os lábios, a língua e o palato mole.
Os ressonadores incluem a boca, o nariz com os seios nasais associados, a faringe, e até
mesmo a própria cavidade torácica.
A função dos ressonadores nasais é ilustrada pela mudança na qualidade da voz quando uma
pessoa está com resfriado intenso que bloqueia as passagens aéreas para esses ressonadores.
(inserir, aqui, a figura que está na folha original)
4.2 Sentido da audição
4.2.1 Membrana timpânica e sistema ossicular

Condução de sons da membrana timpânica à cóclea
A membrana timpânica (comumente denominada tímpano), tem forma cônica, com a
concavidade para baixo e para fora em direção ao canal auditivo. Aderido ao centro da membrana
timpânica está o cabo do martelo. Este, acha-se firmemente unido por ligamentos, pelo seu outro
extremo, à bigorna, de maneira que, sempre que o martelo se move, a bigorna move-se em sincronia
com ele. O extremo oposto da bigorna articula-se com a haste do estribo, e a sua base descansa
sobre o labirinto membranoso na abertura da janela oval, onde as ondas sonoras são transmitidas ao
ouvido interno, ou seja, à cóclea . Os ossículos do ouvido médio são suspensos por ligamentos, de
tal maneira que o martelo e a bigorna atuam juntos como uma só alavanca. A articulação da bigorna
com o estribo faz com que este último avance contra o líquido coclear, cada vez que o cabo do
martelo se movimenta para dentro e para fora da base, ao nível da janela oval. O cabo do martelo é
tracionado constantemente para dentro por ligamentos e pelo músculo tensor do tímpano, que
- 67 -
mantém a membrana timpânica. Isto permite que as vibrações sonoras em qualquer porção da
membrana timpânica sejam transmitidas ao martelo,o que não ocorreria se ela estivesse relaxada.
(atenção: incluir aqui a figura f.61.1 A membrana timpânica....)
4.2.2 Cóclea

Anatomia funcional da cóclea
A cóclea é um sistema de tubos enrolados, com três tubos diferentes enrolados, uma ao lado
do outro, denominados: escala vestibular, escala média e escala timpânica. A escala vestibular e a
escala média são separadas entre si pela membrana de Reissner (também denominada membrana
vestibular), e a escala timpânica e a escala média são separadas uma da oura pela membrana
basilar. Na superfície da membrana basilar encontra-se uma estrutura, o órgão de Corti, que contém
uma série de células sensíveis a estímulos mecânicos chamadas células ciliadas. Estas células
constituem os órgãos receptores que geram impulsos nervosos em resposta às vibrações sonoras. A
membrana de Reissner é importante porque mantém um líquido especial, na escala média, que é
necessário para o funcionamento normal das células ciliadas receptoras de som. As vibrações
sonoras penetram na escala vestibular pela base do estribo ao nível da janela oval. A base cobre
essa janela e está conectada às bordas da mesma por um ligamento anular relativamente frouxo, de
modo que pode se moer para dentro e para fora, de acordo com as vibrações sonoras. O movimento
para dentro faz com que o líquido se mova no sentido das escalas vestibular e média, o que
imediatamente aumenta a pressão em toda a cóclea, causando protusão da janela redonda para fora.
As partes distais das escalas vestibular e timpânica se comunicam entre si através de uma abertura, o
helicotrema. Quando o estribo se move muito lentamente para dentro, o líquido da escala vestibular
é empurrado através do helicotrema para a escala timpânica, e isso faz com que a janela redonda
sofra uma protusão para fora. Entretanto, se o estribo vibrar rapidamente em ambas as direções, o
líquido simplesmente não terá tempo de passar através do helicotrema, chegar à janela oval e voltar
à janela oval entre duas vibrações sucessivas. Ao invés disso, a onda líquida toma um atalho
através da membrana basilar, fazendo-a arquear-se a cada vibração sonora.
(inserir aqui as figuras de nos. 51-4 e 61.3 sobre esta matéria e que está na folha original)

Transmissão de ondas sonoras na cóclea - “onda viajante”
Se a base do estribo se move instantaneamente para dentro, a janela redonda também deve
fazer proeminência instantânea para fora, porque a cóclea é limitada em todos os seus lados pro
paredes ósseas. Como a onda líquida não terá tempo de percorrer todo de percorrer o caminho da
janela oval até o helicotrema e de volta à janela redonda, o efeito inicial é fazer a membrana basilar
se arquear, bem na base da cóclea, em direção à janela redonda. Contudo,a tensão elástica
desenvolvida nas fibras basilares, quando elas se dobram em direção à janela redonda, inicia uma
onda que “viaja” ao longo da membrana basilar para o helicotrema.

Padrão de vibração da membrana basilar para sons de diferentes freqüências
Existem vários padrões de transmissão para ondas sonoras de diferentes freqüências. Cada
onda é relativamente débil no início, porém torna-se potente quando alcança a porção da membrana
basilar, que tem uma freqüência do som correspondente. Nesse ponto, a membrana basilar pode
vibrar com tal facilidade que a energia da onda se dissipa por completo. Em conseqüência, a onda
termina nesse ponto e já não viaja o resto da distância ao longo da membrana basilar. Assim, uma
onda sonora antes de alta freqüência viaja apenas a uma pequena distância ao longo da membrana
- 68 -
basilar antes de alcançar o seu ponto de ressonância e desaparecer. Uma onda sonora de freqüência
média viaja cerca da metade da distância e então desaparece; e por fim, uma onda sonora de
freqüência muito baixa, viaja toda a distância ao longo da membrana.
 Função do Órgão de Corti
O órgão de Corti, é o órgão receptor que gera impulsos nervosos em resposta à vibração da
membrana basilar. Ele encontra-sena superfície das fibras basilares e da membrana basilar. Os
verdadeiros receptores sensoriais do Órgão de Corti são as células internas e as externas.
4.3 Mecanismos auditivos centrais

Função do córtex cerebral na audição
O córtex auditivo situa-se, principalmente, no lobo temporal. Neste, existem duas áreas
distintas, o córtex auditivo primário e o córtex de associação auditiva (também denominado córtex
auditivo secundário). O córtex auditivo primário é diretamente excitado por projeções nervosas,
enquanto o córtex auditivo secundário é executado secundariamente por impulsos nervosos do
córtex auditivo primário.
4.4 A função do cérebro na comunicação e na audição

Mecanismo
1. Recepção na área auditiva primária dos sinais sonoros que codificam a palavra.
2. Interpretação da palavra na área de Wernicke, porção temporal da área
interpretativa geral – são áreas de associação somática visual e auditiva, e encontra-se
mais desenvolvida do lado esquerdo.
3. Determinação da emissão da palavra, que também ocorre na área de Wernicke.
4. Transmissão de sinais da área de Wernicke para a área de Broca que situa-se na
região facial pré-motora do córtex, feita pelo fascículo arqueado.
5. Ativação dos programas motores especializados na área de Broca para o controle da
formação de palavras.
6. Transmissão dos sinais apropriados ao córtex motor para controlar os músculos da
fala.
Analisando estas informações, podemos observar que, mesmo na comunicação de encarnado
para encarnado há emissão, recepção e decodificação de ondas; tudo isso serve para encararmos
mais naturalmente o fenômeno da comunicação mediúnica e também para confirmar o quanto
maravilhosa é esta máquina chamada corpo humano.
- 69 -
5. OS TIPOS DE MÉDIUNS PSICÓGRAFOS E OS MECANISMOS DAS
COMUNICAÇÕES
“Em todos os processos medianímicos não podemos esquecera máquina cerebral como órgão
de manifestação da mente”. ...
“Bastar-nos-á sucinto exame da vida intracraniana, onde estão assentadas as chaves de
comunicação entre o mundo mental e o mundo físico”. (Instrutor Áulus)
“Centralizando a atenção, através de pequenina lente que Áulus nos estendeu, o cérebro de
nossa amiga pareceu-nos poderosa estação radiofônica, reunindo milhares de antenas e condutos,
resistências e ligações de tamanho microscópico, à disposição das células especializadas em
serviços diversos, a funcionarem como detectores e estimulantes, transformadores e ampliadores da
sensação e da idéias,cujas vibrações fulguravam aí dentro como raios incessantes, iluminando um
firmamento minúsculo.
O Assistente observou conosco aquele precioso labirinto, em que a epífise brilhava como
pequenino sol azul, e falou:
- Não nos convém relacionar minudências relativas ao cérebro e ao sistema nervoso em geral,
com as quais se encontram vocês familiarizados nos conhecimentos humanos comuns.
Nesse instante, reparei admirado os feixes de associação entre as células corticais, vibrando
com a passagem do fluxo magnético do pensamento.”
(André Luiz – “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”. editora FEB, Cap. 3 – Equipagem mediúnica)
Os Espíritos utilizam constantemente como exemplo as transmissões de rádio e televisão, com
a finalidade de nos fazer entender os mecanismos envolvidos nas comunicações mediúnicas. O
mecanismo de chegada das informações é o mesmo para a mediunidade de efeitos intelectuais, o
que há de diferente é a forma de exteriorização utilizada, que pode sr oral ou escrita.
E é por esta associação de idéias, ainda que incompletas, que observaremos o fenômeno da
escrita mediúnica.
As comunicações psicográficas podem ser transmitidas basicamente de duas formas:
a) Por transmissão das ondas pensamento via espaço, tendo como meio de propagação o
fluido cósmico universal e como receptor o chakra coronário (idem transmissão de rádio).
b) Por transmissão das ondas pensamento via ligação direta, tendo como ponto de contato
o chakra umeral, que comanda os movimentos dos braços, antebraços e dedos (idem transmissão via
cabo).
Em ambos os casos o fenômeno ocorre no corpo espiritual, ou seja, no perispírito. Como
numa transmissão comum, temos que analisar também o aparelho receptor, pois é pela sua
característica que é definido o tipo de transmissão mais adequada.
- 70 -
5.1 Tipos de médiuns psicógrafos (O Livro dos Médiuns)
a) Médiuns mecânicos
‘Quando atua diretamente sobre a mão, o Espírito lhe dá uma impulsão de todo independente
da vontade deste último (o médium). Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium,
enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e pára, assim ele acaba.
Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor
consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta, têm-se os médiuns
chamados passivos ou mecânicos.” (LM, item 179)
b) Médiuns intuitivos
“A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou melhor, de
sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso,
não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual
se identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis”. (LM, item 180)
c) Médiuns semimecânicos
“No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade: no médium
intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de ambos
esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo,
tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro, o pensamento
vem depois do ato da escrita: no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. Estes últimos
médiuns são os mais numerosos.” (LM, item 181).
Por essas definições vemos que no caso do médium mecânico e do semimecânico a
transmissão é por meio de ligação direta, sendo que o primeiro é inconsciente e o segundo pode ter
ou não consciência da mensagem recebida. Já com o médium intuitivo a transmissão é de
pensamento a pensamento através do espaço, atendo o médium consciência da mensagem.
5.2 Aparelho receptor - o homem/o médium
Analisando o homem segundo a ótica da Doutrina Espírita, reconheceremos três elementos
básicos:

Espírito - princípio inteligente, com uma constituição que desconhecemos.

Corpo físico - que é matéria, e como tal constituída de moléculas, átomos e etc.

Perispírito - que é também matéria, porém numa apresentação mais etérea, menos
densa, sendo constituída consequentemente por moléculas mais sutis.
Segundo André Luiz o corpo espiritual, ainda retrata em si o corpo mental que preside a sua
formação e tem ainda um envoltório mais denso ligando-o ao corpo físico, chamado duplo etérico
ou corpo etérico.
Do mesmo modo que a ciência, a cada dia, penetra nas profundezas da estrutura atômica,
descobrindo novas partículas, os Espíritos nos revelam que entre o Espírito e o corpo físico, há
camadas intermediárias compostas de matéria com diferentes densidades, e que na verdade o
- 71 -
perispírito é um conjunto que envolve o princípio inteligente, e é constituído de vários corpos.
Então, temos ainda:

Corpo mental - envoltório sutil do mente.

Corpo etéreo ou duplo etérico - corpo formado de eflúvios vitais na sua maior parte
emanados do neuropsiquismo do corpo físico. Desaparece após a morte.
É através dessas camadas, representadas na figura abaixo, que ocorrem as comunicações
mediúnicas.
Por analogia devido à constituição material deste envoltório, temos a presença de elétrons, que
formam pelos seus movimentos denominados “SPINS”, campos magnéticos que podem estar
anulados (pessoas com sensibilidade normal) ou não (médiuns), dependendo da constituição íntima
da matéria, tal como acontece no magnetismo mineral. Mas temos uma diferença fundamental
quando se trata de magnetismo humano, que é a presença do princípio inteligente modificando seu
envoltório sutil através de pensamentos palavras e atos, dando um caráter dinâmico ao campo
magnético formado podendo torná-lo ativo ou não, de acordo com as circunstâncias do momento.
Cada um de nós emite radiações que variam de intensidade e amplitude de acordo com as
nossas disposições mentais. Essas radiações formam em torno de nós, camadas concêntricas que
constituem uma espécie de atmosfera fluídica, é o que chamamos de Aura Humana.
Observamos através da fotografia Kirlian, que todos os corpos dos três reinos possuem um
envoltório, o qual chamamos de Aura Material, que é o produto da vibração da matéria.
Para maior esclarecimento e sustentação, transcrevemos dois textos de André Luiz
- 72 -
Aura Humana
“Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em
conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações celulares emitam
radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se constituírem de
recursos que podemos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exteriorizam.
“Todos o seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um
“halo energético” que lhes corresponde à natureza
“No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada
pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe
modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas
escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura.
“Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja,
circula o pensamento, colorindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em
primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e
das metas que demanda.
“Aí temos, nessa conjugação de forças fisico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a
cada indivíduo, interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo
ovóide, não obstante a feição irregular em que se configura, valendo por espelho sensível em que
todos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se
evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança, como no
cinematógrafo comum.
“Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo
a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos
respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes.”
(André Luiz, “Evolução em Dois Mundos” editora FEB, Cap. XVII - Mediunidade e Corpo Espiritual)
Campo da Aura
“Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações
celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida
na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que
lhe são peculiares.
“Evidenciam essa irradiações, de maneira condensada, até um ponto determinado de
saturação, contendo as essências e imagens que lhe configuram os desejos no mundo íntimo, em
processo espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a sua onda mental se alonga adiante,
atuando sobre todos os que com ela se afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que
se lhe revelem simpáticos.
E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo, proposto por Eisntein,
diminui com a distância do fulcro consciencial emissor, tornando-se cada vez menor, mas a
espraiar-se no Universo infinito.”
(André Luiz, “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”, editora FEB, Cap. X Fluxo Mental)
Como vimos, todos nós temos esse campo magnético, que pode estar nulo ou não. Nas
pessoas com sensibilidade comum esse campo está reduzido, pois os movimentos dos elétrons estão
em sentido contrário (spins opostos). Nos médiuns ele apresenta-se ativo, devido a uma
“descompensação vibratória”, ou seja, os elétrons apresentam movimentos no mesmo sentido (spins
paralelos). Sendo assim, a mediunidade ou capacidade de sintonia, está em todas as criaturas,
porque todas têm campo magnético particular, só que é mais pronunciada nos chamados médiuns,
que funcionam como verdadeiras antenas. Esta descompensação é fruto das atividades do Espírito
nas diversas encarnações, tem como causa a constância do trabalho no bem ou ainda a persistência
- 73 -
no caminho do mal. Pela evolução moral dos habitantes do nosso planeta, é fácil concluir que
poucos possuem mediunidade de caráter missionário. Como nós ainda não fazemos parte desse
grupo de Espíritos, que descem à Terra para ajudar a humanidade a evoluir, devemos ver na nossa
mediunidade uma grande oportunidade para nos rearmonizarmos com as leis divinas.
5.3
O papel de algumas peças importantes no mecanismo

Chakras – através dos chakras (centros de força que atravessam todas as camadas perispirituais)
que o Espírito comunica-se com o corpo físico, utilizando-se da sua linguagem – o pensamento,
que como já foi visto, são ondas de múltiplas freqüências. Os órgãos recebem essas radiações
pelos plexos, completando assim a ligação.

Chakra coronário – é o sintonizador das ondas do plano mental, vindas dos Espíritos
desencarnados ou da própria criatura encarnada. Está situado no alto da cabeça.

Chakra umeral – comanda os movimentos dos braços, antebraços, mãos e dedos. Está situado
entre os omoplatas.

Plexos – pontos de entrelaçamento de células nervosas, formando uma espécie de rede
compacta. São pontos de contato entre os chakras e o corpo físico.

Plexo braquial – enerva toda a região das espáduas, dos braços, das mãos, com suas fibras
motoras e sensitivas.

Epífise – é glândula da vida espiritual do homem, ponto de contato entre o chakra coronário e o
corpo físico. Recebe as ordens da mente, por princípios eletromagnéticos, e as passa para os
departamentos celulares através das redes nervosas. É também a ponte de ligação entre todas as
nossas existências. O médium, por ter o seu campo eletromagnético ativado, é uma verdadeira
antena. Na atividade mediúnica a epífise representa o papel mais importante. É através das suas
forças equilibradas, que a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de ondas da
esfera espiritual. A epífise funciona de forma semelhante à galena, material utilizado na
recepção de ondas hertizianas.

Mente – órgão do corpo mental que emite vibrações provocadas pelo pensamento do Espírito.
É a sede da memória integral do Espírito, é uma molécula única e permanente.

Cérebro – órgão material usado pelo Espírito para coordenar o corpo físico. É o local onde são
armazenados os conhecimentos da existência atual, que posteriormente são transferidos para a
memória integral do Espírito.

Córtex cerebral – capa que envolve o cérebro, composta de neurônios (corticais), onde
situam-se as células em que são gravadas as experiências da vida atual.

Neurônios – células nervosas que executam todo o processo de comunicação entre o cérebro e
os demais órgãos. São como fios condutores de ondas eletromagnéticas.

Tálamo – corpo cinzento ovalado situado em cada um dos hemisférios cerebrais. É ele que
permite ou não que o impulso recebido pelo córtex seja conscientizado pelo encarnado, funciona
como um “relais”. O Espírito comanda-o através do corpo espiritual.
- 74 -
5.4 O mecanismo das comunicações
5.4.1 Na transmissão de pensamento via espaço
Este mecanismo é característico dos médiuns intuitivos.

Sintonia
Como já foi visto, o primeiro passo a ser dado para que uma comunicação ocorra, é
estabelecera sintonia entre transmissor e receptor. Isto equivale a dizer que o Espírito comunicante
e o médium têm que estar emitindo pensamentos coma mesma freqüência. Geralmente
encontramos o médium tentando elevar seus pensamentos através da prece, e o Espírito
comunicante baixando seu teor vibratório, revestindo-se de matéria mais densa, sendo que esta
funciona como um atenuador das ondas emitidas. Se o comunicante é um Espírito de grande
elevação, um ou mais Espíritos podem agir como se fossem ondas repetidoras, recebendo a
mensagem e repassando-a com uma freqüência mais baixa.

Transmissão
O Espírito comunicante emite o seu pensamento, que é irradiado por todas as direções. Este
propaga-se pelo espaço, com as características de uma onda de rádio cuja freqüência depende da
elevação do pensamento emitido e cuja amplitude é proporcional à força deste. É por este motivo
que vários médiuns podem receber a mesma mensagem no mesmo instante, até estando em lugares
diferentes.

Recepção
As ondas pensamento emitidas pelo Espírito comunicante, são captadas pelo Espírito do
médium (alma) através da mente e transmitidas para a epífise pelo chakra coronário.

Interpretação
A idéia do pensamento recebido é interpretada pelo Espírito do médium, que vai dar-lhe uma
característica própria, de acordo com o banco de dados disponível na sua memória atual (gravada no
córtex) e/ou na (memória) integral (gravada no corpo mental).

Mensagem
O cérebro do médium envia sinais eletromagnéticos através dos neurônios, comandando assim
os músculos da mão. A comunicação transforma-se em mensagem escrita,cuja forma apresentará
características do médium, mesmo que as idéias transmitidas lhe sejam alheias.
- 75 -
Mecanismo da mediunidade intuitiva
Neste tipo de comunicação o médium é sempre consciente. A mensagem recebida passa pelo
córtex, impressionando os neurônios e fazendo com que o médium tenha registro da mensagem na
consciência atual. Devido a sutileza deste mecanismo, o médium muitas vezes toma como seu o
pensamento do Espírito comunicante.
O fato de o médium possuir no cérebro conhecimentos adquiridos na vida atual e o Espírito
rico em conhecimentos latentes, facilita as comunicações e dá ao Espírito comunicante, material
para que o seu pensamento (do Espírito comunicante) seja transmitido com maior fidelidade.
5.4.2
Na transmissão de pensamento via ligação direta
Este mecanismo é característico da mediunidade mecânica e da semimecânica, com alguma
diferença.

Sintonia
São válidos os mesmo princípios da transmissão de pensamento via espaço.

Transmissão
O Espírito comunicante liga-se fluidicamente ao médium, através do chakra umeral. Via
plexo braquial passa a comandar a mão do médium, escrevendo contra a vontade deste. O Espírito
comunicante utiliza-se dos arquivos do médium (o atual e o integral) à sua revelia.
Sendo assim, o pensamento emitido, embora estranho ao médium, sempre será revestido com
as características inerentes à sua personalidade. É por este motivo, que mesmo na mediunidade
mecânica, o conteúdo da mensagem na maioria das vezes faz parte do arquivo do médium, pois em
caso contrário, a mensagem teria que se transmitida palavra por palavra, e se ainda estas lá não
estiverem, letra por letra. Daí conclui-se que quanto mais conhecimentos possuir a “Alma” do
médium, mais fácil torna-se o trabalho dos Espíritos.
- 76 -
Mecanismo da mediunidade semi-mecânica
Mecanismo da mediunidade mecânica
- 77 -
No médium semimecânico o Espírito comunicante impulsiona-lhe a mão, contra a sua
vontade, não mais através do chakra umeral e sim através do cérebro do médium.
Como a mensagem passa pelo seu cérebro, o médium pode ter consciência do seu conteúdo,
no momento em que a palavra é escrita. O Espírito comunicante pode atuar no tálamo do médium,
impedindo que a mensagem passe pelo córtex, não permitindo assim, a sua gravação na memorial
atual. Alguns médiuns possuem naturalmente este mecanismo de inibição, e só têm consciência da
mensagem recebida, quando esta chega ao fim.
QUADRO SINÓPTICO
SITUAÇÃO
INTUITIVO
SEMIMECÂNICO
MECÂNICO
Mensagem passa pelo
cérebro do médium?
Quando tem
consciência da
mensagem?
O controle da mão
depende da vontade do
médium?
Caligrafia
Progresso intelectual
(do médium)
Sim
pode passar ou não
Não
Antes da escrita
durante a escrita
após a escrita
Sim
Não
não
não muda
Facilita
admite mudança
facilita
admite mudança
facilita
- 78 -
6. A COMPROVAÇÃO PELA GRAFOSCOPIA
“Mudança da caligrafia – Um fenômeno muito comum nos médiuns escreventes é a
mudança de caligrafia, conforme os Espíritos que se comunicam. E o que há de mais notável é que
uma certa caligrafia se reproduz constantemente com determinado Espírito, sendo às vezes idêntica
à que este tinha em vida. Veremos mais tarde as conseqüências que daí pode se tirar, com relação à
identidade dos Espíritos. A mudança de caligrafia só se dá com os médiuns mecânicos ou
semimecânicos, porque neles é involuntário o movimento da mão e dirigido unicamente pelo
Espírito. O mesmo não sucede com os médiuns puramente intuitivos, visto que, neste caso, o
Espírito apenas atua sobre o pensamento, sendo a mão dirigida, como nas circunstâncias ordinárias,
pela vontade do médium. Mas, a uniformidade da caligrafia, mesmo em se tratando de um médium
mecânico, nada absolutamente prova a sua faculdade, porquanto a variação da forma da escrita não
é condição absoluta, na manifestação dos Espíritos: deriva de um aptidão especial de que nem
sempre são dotados os médiuns, ainda os mais mecânicos. Aos que a possuem damos a
denominação de médiuns polígrafos.” (LM, item 219)
“Da identidade dos Espíritos - ... Igualmente se pode incluir entre as provas de identidade a
semelhança da caligrafia. ... mas, além de que nem a todos os médiuns é dado obter esse resultado,
ele não representa, invariavelmente, uma garantia bastante. Há falsários no mundo dos Espíritos,
como os há neste. Aí não se tem, pois, mais do que uma presunção de identidade, que só adquire
valor pelas circunstâncias que a acompanhem..”... (LM, item 260)
6.1 Definição de grafoscopia
“Pode se definida como um conjunto de conhecimentos norteadores dos exames gráficos, que
verifica as causas geradoras e modificadoras da escrita, através de metodologia apropriada, para a
determinação da autenticidade gráfica e da autoria gráfica.
Dois são, portanto os objetivos da grafoscopia:

Exames para verificação de autenticidade, que podem resultar em falsidade gráfica ou
autenticidade gráfica.
 Exames para verificação da autoria, aplicáveis para a determinação da autoria de
grafismos naturais, grafismos disfarçados e grafismos imitados.”
(Extraído do livro “A PSICOGRAFIA À LUZ DA GRAFOSCOPIA”, de Carlos Augusto Perandréa, editora
FOLHA ESPÍRITA)
6.2 A escrita como forma de identificação
A grafoscopia é um valioso instrumento de identificação do autor da escrita, esteja ele
encarnado ou não, devido ao fato de que a análise grafoscópica, não procura igualdade perfeita dos
traços, e sim, igualdade nas características presentes na produção da escrita.
Quando se trata de assinaturas, há uma premissa básica que diz o seguinte: se duas assinaturas
são perfeitamente iguais, uma das duas é falsa ou as duas são cópias de uma terceira, que é a
original. Isto porque o ato de escrever não é puramente mecânico. Os comandos são dados pelo
“cérebro”, o que torna as produções gráficas da criatura, um traço característico, pois ninguém
consegue repetir um determinado momento mental, no ato da escrita. Observemos que apesar de
- 79 -
não ter a visão de que o cérebro é um instrumento, que transmite as ordens do Espírito, a
grafoscopia admite a característica de individualidade , mesmo achando que as ordens tem origem
no cérebro.

A escrita do médium
Um dos problemas encontrados na análise de mensagens psicografadas, é a presença de traços
característicos do médium, misturados com os do Espírito comunicante. Este fato pode ser
entendido, a partir do que acontece nos casos de escrita com mão guiada e mão auxiliada.

A interferência dos conhecimentos do médium
Este problema também pode se melhor entendido, observando-se que o fato de termos a
presença de traços característicos do médium em algumas mensagens, é sinal da interferência do
médium (Alma ou Espírito), e está ligado ao fato dele possuir conhecimentos sobre o conteúdo da
mensagem. Para melhor esclarecimento vamos transcrever o relato de experiências feitas pelo prof.
Perandréa, no livro citado.
6.3 Experiências com mão guiada e mão auxiliada
a) Mão guiada
As experiências são realizadas com escritores (guia e guiado) de igual cultura gráfica e
condições físicas normais O guiado é orientado no sentido de manter a mão inerte, não interferindo
no ato de escrever. São três as situações:
O guiado desconhece o teor do texto, e não se atém ao ato de escrever - A escrita apresenta
características gráficas genéticas do punho do guia, com relativas alterações da forma, em virtude da
situação anormal.
O guiado desconhece o teor do texto mas fica atento ao ato de escrever - As características
da gênese gráfica ainda é do guia, e as alterações formais acentuam-se nos momentos em que o
guiado, conscientizando-se do andamento da mensagem, dificulta os movimentos
inconscientemente.
O guiado conhece o teor do texto - Características genéticas também do guia, com
frequência maior de distorções formais ocasionadas pelo guiado, em decorrência do conhecimento
prévio da mensagem a ser grafada. O guiado, mesmo orientado para não intervir, interfere quase
num impulso natural, como que desejando participar, sem no entanto faze-lo, mas ocasionando uma
interferência que fica registrada graficamente, com aumento de distorções formais, ocasionadas pela
resistência momentânea.
b) Mão auxiliada
Experiências realizadas com escritores (auxiliar e auxiliado) de igual cultura gráfica em
condições físicas normais, mas com simulação por parte do auxiliado, como se necessitasse de
ajuda, tendo um braço amparado. São três as situações:
- 80 -
O auxiliar desconhece o teor do texto e não se concentra no desenvolvimento da
mensagem ao ser grafada - A escrita apresenta características gráficas do auxiliado, com
deformações, inclusive com simplificação dos gestos gráficos, ocasionada pela situação anormal.
O auxiliar desconhece o teor do texto, mas acompanha o desenvolvimento da mensagem
ao ser grafada - As resultantes são as mesmas anteriores, com aumento das deformações nos
instante em que o auxiliar, conscientizando-se do conteúdo da mensagem, freava em alguns
instantes os movimentos.
O auxiliar conhece o teor do texto e acompanha o desenrolar da mensagem ao ser
grafada - As mesmas resultantes do item anterior, mas com aumento significativo das deformações,
em decorrência dos impulsos do auxiliar.
Em nova experiência, na mesma situação, o auxiliado foi orientado para tentar acompanhar o
ritmo rápido do ditado, o que resultou em hibridismo em alguns trechos, com características gráficas
de ambos os escritores, principalmente quando foram ditadas, em trechos diferentes, as palavras
“wolkswagen”e “beckenbauer”.
6.4 A imitação da escrita
A análise superficial de uma produção gráfica, pode levar o examinador a um laudo errado, e
isto acontece com muita freqüência até mesmo com pessoas que lidam diariamente com conferência
de escrita. Um exemplo, é a quantidade de assinaturas falsas em cheques, que são aceitas até nos
próprios estabelecimentos bancários, isto porque a maioria dos caixas, por ainda não terem noções
de grafoscopia, procuram a perfeita igualdade das assinaturas e dão por verdadeiras assinaturas
falsas. Há muitas técnicas de falsificação e também muitas pessoas com habilidade para executá-las
com perfeição. As falsificações são descobertas, quando são analisadas as características da grafia
do falsificador vai aparecer no meio do texto, toda vez que ele, por descuido, escrever liberando as
suas características normais, e isso quase sempre ocorre, mesmo que seja em poucas letras, o que já
é suficiente para um laudo. Como no plano espiritual estas pessoas continuarão a executar essas
peripécias, até o dia em que se conscientizarem do erro, corremos o mesmo risco, quando tratamos
de mensagens psicográficas. A maior facilidade de identificação ocorre quando lidamos com
mensagens de Espíritos contemporâneos, por termos mais material para servir como padrão gráfico.
De qualquer modo só pelo fato de ser um método científico de análise, reconhecido
oficialmente como identificador de autoria, e por admitir a individualidade da produção gráfica de
cada um de nós, a grafoscopia já presta um grande serviço à psicografia.
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PROGRAMA PARA O 1o EEMED
1. Estudo dos conceitos e definições kardequianas sobre a Mediunidade que fundamentem a
discussão sobre Mediunidade Psicográfica.
2. O papel da Mediunidade Psicográfica na Doutrina Espírita.
Análise a partir dos históricos que permitem a avaliação da Literatura Mediúnica no
contexto doutrinário.
3. Estudo sobre os médiuns escreventes.
A partir das definições kardequianas
4. A prática da Mediunidade Psicográfica
5. Estudo dos médiuns escreventes
Psicógrafos Espíritas
Fernando de Lacerda
Francisco Cândido Xavier
Divaldo Pereira Franco
Zilda Gama
Yvonne A Pereira
Alayde de Assunção e Silva
Lúcia Maria Secron Pinto
Irene Pacheco Machado
Psicógrafos Receitistas Espíritas
Frederico Júnior
Ignácio Bittencourt
Eurípedes Barsanulfo
Psicógrafos não espíritas
Stainton.Moses
Anthony Borgia
Vale Owen
6. O mecanismo da Mediunidade Psicográfica.
7. Conclusões.
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Médiuns do
Espírito
Luiz Sérgio
ROTEIRO PARA O ESTUDO DOS MÉDIUNS ESCREVENTES
1. Dados biográficos (Retrato falado)
Análise / informação dos sinais de chamada ao trabalho mediúnico.
2. O desenvolvimento mediúnico
2.1 - Modo de trabalho do médium (isolado X em instituições)
2.2- Temores do médium principiante (o medo de ser considerado charlatão, falso,
mentiroso)
2.3 - Os Espíritos comunicantes (interelacionam o médium, compromisso
pré-reencarnatório)
2.4 - A mensagem (idéia diretora do trabalho)
2.5 - As dificuldades encontradas pela repercussão do seu trabalho sobre a sociedade e as
idéias de seu tempo.
3. A produção mediúnica
3.1 - Tipo de obras
3.2 - Gênero de mensagem
3.3 - Temas principais.
4. Níveis de atuação da mediunidade psicográfica.
4.1 - Fora do meio Espírita.
Mensagens de força
Mensagens para uma determinada situação
Mensagens de consolo (noticia de desencarnados, conselhos pessoais)
Mensagens que mudam o rumo das pessoas
Mensagens que causam surpresa, mas não transformação.
4.2 - Dentro do meio Espírita
Mensagens que determinam diretrizes para as organizações e direção de uma Casa
Espírita e/ou tarefas assistenciais, etc.
Mensagens sobre pontos doutrinários obscuros
4.3 - Mensagens que atingem a todas as criaturas por seu teor moralizante e de orientação
para a conduta pessoal
5. A influência moralizadora que os bons médiuns exercem sobre o publico através da ação
deles próprios na Sociedade em que vivem
6. A influência moralizadora que os médiuns exercem sobre os trabalhadores espíritas
7. Conclusão
7.1 LM, Cap. XX, itens 226, 227 e 228
7.2 LM, Cap. XVI, itens 196 e 197
LM, Cap. XX, item 230
7.3 LM, Cap. XX, item 229
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS
FERNANDO DE LACERDA
DADOS BIOGRÁFICOS
Fernando Augusto de Lacerda e Melo nasceu às 7 horas do dia 06 de agosto de 1865, em
Loures, Portugal. Foi o primogênito da prole de doze filhos do casal Francisco Augusto de Lacerda
e Melo e Maria de Gertrudes Rita. O pai foi merceeiro(1) e tabelião.
(1) merceeiro – dono de mercearia
Seu tio Joaquim Ciríaco acolhe-o em Lisboa dos 13 aos 19 anos para ajudá-lo nos estudos.
Torna-se militante republicano mas afasta-se do Partido, aos 18 anos ao “incitar-lhe alguém um dia
a que roubasse um seu tio em casa de quem morava”.
Em 1884 retorna a Loures colaborando na educação dos irmãos mais novos, órfãos de mãe.
Viu desencarnar oito irmãos durante a sua vida. Além das atividades profissionais que garantem o
sustento dos seus, funda a Associação de Bombeiros Voluntários de Loures e colabora em vários
jornais do país, o Bejense e o Jornal do Bombeiro. É bem-quisto e respeitado, pelo caráter reto,
altruísta e responsável.
É professor em classe de alfabetização gratuita para bombeiros voluntários.
Em 1899 está estabelecido em Lisboa, como comerciante, a gerenciar a Fábrica a Vapor de
Baguetes e Galerias, inicialmente situada à Costa do Castelo nos. 79 a 92, herança do tio Joaquim.
Ao transferir o negócio para o Largo do Intendente, 35 (edifício conhecido pelo Palácio do
Conde da Graça) estabelece moradia em quartos da própria fábrica com entrada pela Travessa do
Maldonado e Travessa da Cruz dos Anjos, nos. 1 e 28.
Em 1898 ingressava como contínuo no Serviço Público, na polícia administrativa do Governo
Civil.
De 1886 a 1 891 é colaborador em jornais.
A partir de 1899 aparece a mediunidade psicográfica mecânica. E, em 1906, traz a psicografia
consoladora e esclarecedora através das cartas que figuras conhecidíssimas em Portugal e no mundo
inteiro dirigem à Sociedade que deixaram pelo mecanismo da morte.
Por mérito havia Fernando de Lacerda chegado à posição de subinspetor de polícia em Lisboa.
O ano de 1908, ano do regicídio de D. Carlos e do príncipe herdeiro D. Luis Felipe, traz a
queda de Monarquias e estabelecimento de República. Com mudanças, os ................, as lutas de
interesse mesquinho, as perseguições pessoais de que Fernando de Lacerda não escapou.
Fernão do Amaral Botto Machado, jornalista, deputado às Constituintes e outras legislaturas,
solicitador encartado(2) é o desencadeador da campanha pública de descrédito contra Fernando de
Lacerda.
(2) solicitador encartado: procurador habilitado legalmente para requerer em juízo ou promover o andamento de
negócios forenses. (Lello Universal, vol. IV)
Tenta pela calúnia, ligá-lo a irregularidades administrativas do organismo policial. O móvel é
o ódio gratuito pela probidade de Fernando Pessoa.
O subinspetor põe seu cargo à disposição e solicita inquérito administrativo para apuração das
denúncias.
Licenciado, embarca para o Brasil em 10.07.1911. À 24.07.1911 recebe a notícia de sua
demissão.
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Desta época até o seu desencarne em 07.08.1918 é o exílio, a saudade, as dores físicas e
morais acarretadas pela miséria, constantes em sua vida. Mesmo o carinho e o apoio das famílias
espíritas brasileiras não logra suavizar o quadro doloroso.
Entretanto o médium permanece fielmente em seu posto, curando e orientando Espíritos em
reuniões de esclarecimento, publicando estudos espíritas nos maiores jornais da época e ditando as
mensagens que sem interrupção lhe chegam “Do País da Luz”.
2. O DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
A partir de 1899 surge a mediunidade psicográfica mecânica debaixo do assédio de um
Espírito inferior que havia conhecido em sua vida e que o obriga, mesmo contra a sua vontade, a
traçar escritos, mensagens, cujo conteúdo é a malevolência e a injúria dirigida contra o que lhe é
mais caro. A assinatura e a letra permitiram a identificação do comunicante que o assedia por mais
ou menos 6 anos.
Dispunha de outras faculdades: a clariaudiência, a vidência e de cura. Era doutrinador em
reuniões de desobsessão ministrando passes com regularidade em compartimento para este fim,
destinado em sua casa.
Em 28.10.1906 começa a fase consoladora e esclarecedora da sua mediunidade mecânica.
É Camilo Castelo Branco que inaugura esta fase que haveria de tornar o trabalho do médium
lido e discutido em todo lugar que falasse Português. Os contatos entre Camilo e Fernando de
Lacerda estão descritos na obra “MEMÓRIAS DE UM SUICIDA”, psicografia de Yvonne do A
Pereira, às pp. 175, 176, 377/378 e 386/389. Estabelecidas a relação entre o comunicante e médium
durante os momentos de sono do corpo físico resolve Camilo, “antes de tudo, voltar a esclarecer
aos antigos amigos, colegas, editores, e até aos adversários, que o suicídio não lograra decepar-me
a vida, a inteligência e a ação”.
Após o assassínio do Rei D. Carlos, a mudança do regime é acompanhada de intensas
convulsões políticas, nas idéias, etc. A República estabelece-se na Pátria de Camões acompanhada
pela negação da idéia de Deus, pelo Positivismo. A calúnia, a difamação fazem vítimas entre gente
honesta, e ocorre a maior época de suicídios em Portugal.
A produção psicográfica de Fernando de Lacerda editada em quatro volumes, intituladas “DO
PAÍS DA LUZ” (editora: FEB), é a coletânea de mensagens, cartas pessoais dirigidas ao médium e a
outras pessoas, poesias que incitam à religação com a idéia de Deus, à revivência dos padrões
morais, à negação da idéia do nada.
Espíritos que foram homens conhecidos em Portugal e em todo mundo de vida pública,
muitos deles suicidas, vêm através da mediunidade polígrafa de Fernando provar a sobrevivência da
alma e relatam as condições atuais da sua existência ultra-tumba.
3. A REPERCUSSÃO DA OBRA DE FERNANDO DE LACERDA
Fernando de Lacerda foi o médium português mais discutido que até hoje apareceu.
Os jornais da época criticaram, negaram, aceitaram e defenderam simultaneamente sua
mediunidade. Foi injuriado, tachado de mistificador, etc.
Os próprios comunicantes, em várias oportunidades, vêm animar o médium descoroçoado
frente às situações que se vê obrigado a retratar.
“Perdes facilmente a serenidade, amigo!...
“Pois queres discussão e não queres ser discutido?
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“Pois queres entrar de chofre no mundo com cartas, tuas ou de outrem, de uma singular
contextura, revelando bem estranhas e singulares formas de pensar e de dizer, e não queres que
esses que vais despertar da sua sonolência e atacar no seu conservantismo ou na sua filáucia(3) te
respondam com dúvidas, com repelões, com vaias ou com insultos?...
“És um ingênuo!
“O sucesso será a discussão; será o ataque à troça..., o insulto, a perseguição”.
(Cap. I, 1o. volume de “DO PAÍS DA LUZ” – Eça de Queiroz)
(3) filáucia: amor-próprio, egoísmo, vaidade, presunção
As edições se sucedem a partir de 1907 e o médium, ingenuamente se presta a demonstrações
públicas de sua mediunidade.
Solicita abertamente aos críticos e literatos da época a opinião do seu trabalho. Mas como
relatou Fialho de Almeida, Espírito, em uma comunicação mais tarde na série, a propósito da reação
da inteligência da época:
“A cambada recuou de medo. Não de medo de você, não se desvaneça, mas medo das
conclusões que o assunto prometia.” (Cap. VII, 4o. volume de “DO PAÍS DA LUZ” – Fialho de Almeida).
4. A INFLUÊNCIA MORALIZADORA QUE OS BONS MÉDIUNS EXERCEM
- sobre o público através da ação deles próprios na sociedade em que vive
Se a obra psicografada era debatida, atacada, desacreditada o mesmo não sucedia ao médium.
Sua probidade e honradez eram sobejamente conhecidas.
A 04.10.1908 o jornal “A Palavra” publica:
“É geralmente conhecido o Sr. Fernando Lacerda pelo “passa culpas”(4).
“Multas ... paga-as do seu bolso quando não pode livrar delas os desgraçados.
“Órfãos, não só os protege, como os tem em casa, dando-lhes leite, pão, instrução e
educação.
“Não se lhe conhece um acto indigno. Nunca ninguém o procurou em vão para uma obra
piedosa.
“Profundamente religioso, é profundamente justo. Todos os desgraçados quando mais aflitos,
vão colher uma esperança e um alento junto dele.
“Dá colocação aos sem-trabalho, esmolas valiosas e constantes aos que dele se abeiram
envoltos em lágrimas,... às vezes de crocodilo.
“Ajuda todos como pode, sem os sugar – o que é raro.
“Pode ter entrada nos lares honestos. Nunca os manchou... por causa da grande teoria
do“amor livre”.
“Nunca protegeu mulher nenhuma, para lhe impor uma torpeza.
“É digno, é puro, é bom.
“Tão inteligente como honesto, os próprios inimigos que afinal, são poucos, não lhe negam
nenhuma daquelas qualidades.
“Um “defeito” lhe apontam: ser fraco pela sensibilidade que o leva à maior abnegação”.
(Do livro: “FERNANDO DE LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS” autora: Manuela
Vasconcelos; editora: Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, 1992)
(4) passa culpas – pessoa que desculpa com facilidade, que é muito indulgente.
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Desejo mostrar a independência entre o médium e a obra presta-se a todo tipo de provas.
Procure a opinião de estudiosos da Doutrina como Dr. José Alberto de Souza Couto, advogado,
fundador e diretor da Revista “Estudos Psíquicos” (21.05.1909), que prefaciou os 2 primeiros
volumes da série, analisando, no 1o. volume minuciosamente o médium e o fenômeno com absoluta
isenção. Particularmente, no 2o. volume analisa os críticos à repressão da obra.
- sobre os trabalhadores espíritas
Exilado no Brasil, em 1911, após a campanha de difamação que lhe moveu Fernão Botto
Machado, é recebido pela Comunidade Espírita Brasileira, agradecida pelas lindas obras.
Sua presença no Rio de Janeiro estimula a publicação de mensagens psicografadas no
“Correio da Manhã”, assim como livros que estudam as conseqüências espirituais do suicídio: suas
causas e seus efeitos.
O 4o. volume da série de aprendizado é publicado após seu desencarne.
5. O SOCORRO A PESSOAS ESTRANHAS AO MEIO ESPÍRITA
Mensagens psicografadas por Fernando de Lacerda e publicadas em 4 volumes intitulados
“DO PAÍS DA LUZ” (editora: FEB)
5.1 Mensagens de consolação
(livros: “FERNANDO DE LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS”, Manoela Vasconcelos,
pp. 71/74, e “DO PAÍS DA LUZ”, de Fernando de Lacerda, pp. 76 e 236, vol. 1).
Comunicação dada pelo Espírito que em vida “fora um desdenhoso da imortalidade da alma
do homem”.
“O Espírito pediu ao Sr. Fernando de Lacerda para procurar a Sra. Dna. Angelina Vidal e
transmitir-lhe algumas palavras confidenciais.
“À proporção que Fernando de Lacerda falava, aquela escritora subia de comoção, em parte
incompreensível para o Sr. Fernando de Lacerda. É que a comoção daquela senhora era enorme,
extraordinária, profunda, intensíssima, indescritível.
“E o Sr. Fernando de Lacerda soube, depois, a razão daquele tamanho espanto: - é que a
comunicação feita pelo Sr. Fernando de Lacerda à Sra. Dona Angelina Vidal, incluía uma
referência que só podia ser conhecida desta senhora e do espírito em questão”.
“De mais ninguém.
“Deste ato, conclui-se que o episódio ali narrado deve ser autêntico, e que realmente, o
espírito da pessoa falecida aparecera e falara ao Sr. Fernando de Lacerda, pois este nunca vira a
pessoa do que narrara, não o conhecia, e por completo ignorava que a Sra. Dna. Angelina Vidal
estivesse com essa pessoa em determinado dia e hora, e que com ele tivesse especial conversa”
(jornal “O País”, 22.11.1906, 2a. página).
O comunicante foi Heliodoro Salgado {08.07.1861 (Bougado, Santo Tirso) – 12.11.1906}.
Maçom, livre-pensador, jornalista, colaborador de quase todos os jornais da sua época.
Republicano.
Em notas à p. 76 do 1o volume da série “DO PAÍS DA LUZ” Fernando de Lacerda refere-se a
H.S. do seguinte modo:
“Ele era o porta estandarte do ateísmo, o mais denodado defensor da negação, ... interesse
de conhecer o estado da alma de um ateísta desencarnado”.
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5.2. Mensagens que mudam o rumo das pessoas, que mudam o rumo das atitudes
Comunicações de Camilo Castelo Branco a Manuel da Silva Pinto iniciados em 28.10.1906.
Manoel José da Silva Pinto nascido em Lisboa a 14.04.1848, republicano, jornalista, literato
foi amigo pessoal, querido e estimado do suicida Camilo que por diversas vezes, em cartas abertas
vem adverti-lo das conseqüências típicas do suicídio na alma. Foi diretor da Casa de Correção para
crianças.
Essas comunicações encontradas em “DO PAÍS DA LUZ”, (vol. 1, caps. II, V, X, XVIII; vol.
2 cap. XXXVI), a mensagem de Camilo a Silva Pinto agora convicto da imortalidade da alma,
solicita:
“Ainda lhe falta alguma coisa, ainda lhe falta; - é o dizer estentorosamente como ele sabe
fazê-lo, por modo que se repercuta pelas gerações como o eco pelas quebradas, aquilo que a sua
alma proclama, em cântico de missa nova no templo do seu cérebro, e a sua boca diz baixinho ao
receptáculo íntimo das pessoas amigas.
“Diga isso; confesse às gerações apedantadas de efebos(5) intelectuais, que crê na existência
de Deus, na existência da Alma, na existência da Justiça, na existência da Bondade, e poderá
adormecer tranquilo sobre a montueira das suas heresias, sobre a peçonha da sua crítica, que o
despertar lhe será mais ledo(6) e tranqüilo do que foi o meu”.
(5) efebo – homem jovem, mancebo
(6) ledo – risonho, contente, alegre, jubiloso
A carta do Exmo. Sr. Silva Pinto ao Sr. Fernando de Lacerda que integra páginas iniciais do
volume 2 de “DO PAÍS DA LUZ”, é a confissão pública de conversão à crença na sobrevivência da
alma, de repúdio ao ateísmo, que evitou que Silva Pinto seguisse na morte o caminho de Camilo.
5.3. Mensagens que causam surpresas, mas não transformação
A psicografia de Fernando de Lacerda foi um fenômeno conhecido por todos que liam em
português. A surpresa de sua época publicava e comentava as cartas por ele recebidas. As edições
de “DO PAÍS DA LUZ” se sucediam; grande best-seller à sua época.
Entretanto tantos que presenciaram a recepção das mensagens, que sobre elas se detiveram
assim comentaram:
“Os fatos chamados de espiritismo não são novos... mas o que é indubitável, parece, é que
esses fenômenos, por mais insensatos que se afigurem à nossa inteligência de hoje, existem
realmente...
“Ficamos neutrais limitando-nos à apuração de episódios que nos últimos dias, a propósito
de fatos recentes sucedidos em Lisboa, a que vagamente nos referimos, nos tem enviado muitos
leitores...
“A crítica, deixamo-la ao leitor entendido... crente ou descrente. Falta-nos autoridade, tanto
para combater como para defender, quando sábios como Crookes, Lombroso, Wallace,
Flammarion, Richet, etc., defendem, não podemos nós lealmente contestar e quando sábios como
Hartman e outros, atacam, não nos é lícito, pelo mesmo modo, defendê-la.
“Narremos somente.’’ (artigo publicado em “O País”, de 16.11.1906, e transcrito no livro “FERNANDO
DE LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS”).
O mesmo livro traz relato de “O País”, de 20.11.1906
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“Relatemos agora o episódio sensacional... por mais extraordinário que ele seja e, por mais
insensato que ele pareça em fase dos nossos atuais conhecimentos científicos, não podemos lícito e
dignamente ocultá-lo desde que os fatos correlacionando-se, afirmam sua autenticidade, e dos que,
também, mais de uma pessoa, com a sua boa-fé e a sua sinceridade, abonam esses fatos.
“O articulista reconhece a realidade dos fatos mediúnicos, o testemunho comprado de
diversas pessoas, a comoção em reencontrar nas mensagens amigos de outras épocas, estuantes de
lógica, mas,“Como explicar o fenômeno? E também é certo que, pela nossa parte, isto é, pela parte
de quem isto escreve, nós nada temos de espíritas, nada, absolutamente nada”. (“FERNANDO DE
LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS”, p. 70)
Tipos de mediunidade de Fernando de Lacerda
Audiente
Psicografia mecânica
especular
Vidência
Cura
Sua ação pessoal, digna, honesta, foi penhor do seu trabalho. Respeitando o homem não se
pode levianamente julgar os fenômenos.
Sua fidelidade à tarefa é exemplo para todo trabalhador espírita.
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
DADOS BIOGRÁFICOS
“Nascido em 02.04.1910, na pequena cidade Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e filho de um
operário pobre e inculto que viveu 90 anos e faleceu em 06.12.1960, chamado João Cândido Xavier
e de uma lavadeira chamada Maria João de Deus, morta em 29.09.1915, quando o filho contava
apenas cinco anos de idade. Como órfão de mãe em tenra idade, o menino sofreu muito em casa de
pessoas de coração duro”.
(“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, editora: IDE)
2. SINAIS DE CHAMADA
Chico Xavier foi residir com a madrinha Rita, já que seu pai não tinha recursos para cuidar de
nove filhos. Rita dava-lhe 3 surras por dia, com hora marcada e quando Chico teve seu contato com
a mãe desencarnada e falou para a madrinha sobre o que acontecera, passou a levar surra extra e
pagar penitência de mil Ave-Marias, sendo esta a orientação do padre Sebastião Scarzolli, com
quem Chico se confessava de 2 em 2 meses.
A madrinha de Chico Xavier, quando ele ainda era pequeno, “castigava-o colocando garfos
amarrados em sua barriga, de tal maneira que as pontas dos garfos lhe penetravam na carne.
Ferido, acabavam-se transformando em calos doloridos.”
“Certa ocasião, tendo o filho da madrinha uma ferida na perna, alguém dissera que se um
cachorro lambesse a ferida, esta sararia. Chico foi obrigado a lamber a ferida nas três semanas
seguintes, em completo jejum. Antes de cumprir a tarefa, desesperado, ele ia ao quintal procurar a
ajuda da mãe. Ele conseguiu conforto e quando iniciava a atividade que a madrinha lhe obrigava
a fazer, via sua mãe colocando um pó na ferida, que aos poucos fechou.”
(“CHICO XAVIER E OS GRANDES GÊNIOS”, Ranieri (Rafael Américo Ranieri), p. 13, editora: ECO, e “NO
MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 27, editora: IDE).
A permanência de Chico Xavier com a madrinha durou dois anos. Seu pai casou-se
novamente com uma moça humilde chamada Cidália, que fez questão de reunir sob suas asas os
filhos do primeiro casamento do Sr. João Cândido Xavier, mudou-se e foram mais ou menos dez
anos de compreensão e muito carinho, apesar de ter que trabalhar desde os oito anos de idade, sendo
aprendiz em uma fábrica de fiação de tecelagem, servente de cozinha no bar de Claudovino Rocha e
caixeiro do armazém do Sr. José Felizardo Sobrinho.
“Vale ressaltar que somente em 1933 o administrador da fazenda Modelo, do Ministério da
Fazenda, em Pedro Leopoldo, Dr. Rômulo Joviano, deu ao jovem Xavier uma modesta função na
fazenda e lá se tornou ele pequeno funcionário público e trabalhou até 17 de janeiro de 1961,
quando foi afastado como inválido, por sofrer uma doença incurável nos olhos; aposentado, vive
até hoje da pensão da aposentadoria como amblíope”.
(“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 13/14, editora: IDE)
Chico Xavier coloca com simplicidade as suas lutas no campo do estudo:
“Nunca pude aprender senão alguns rendimentos de aritmética, história e vernáculo, como o
são, as lições das escolas primárias. É verdade que em casa, sempre estudei o que pude, mas meu
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pai era completamente avesso à minha vocação para as letras e muitas vezes, tive o desprazer de
ver os meus livros e revistas queimados”, isso afirma Chico Xavier, sem reclamar, “apenas
declarando da sua passagem pelo Grupo Escolar São José e suas tentativas de busca do
conhecimento, com dificuldades com as quais convivi no meio familiar”.
Sempre foi considerado um menino estranho, pois relatava suas experiências em relação ao
Mundo Espiritual e era chamado de mentiroso ou perturbado mental, sendo repreendido por seu pai.
Certa vez, havendo um concurso instituido pelo governo de Minas para os alunos da rede
escola sobre “Brasil”, em comemoração ao centenário da Independência, Chico pega a caneta para
escrever e um vulto de homem ao seu lado, passa a ditar. “O menino, em sua honestidade, consulta
a professora Dona Rosália. Ela não sabe o que dizer e manda que ele prossiga a sua prova....
Mais tarde, quando o júri do concurso confere ao Chico Xavier uma menção honrosa, os
estudantes de Pedro Leopoldo passaram a acusar aquele estranho menino. Muita discussão se travou
e a classe pediu a professora que fizesse um exame público com o pequeno Francisco Xavier.
“Nesse exato instante, tornei a ver o homem que os outros não viam e ele me disse: estás pronto
para escrever?”
O tema seria “areia”. Na lousa, o pequeno Chico Xavier escreve: “Meus filhos, ninguém
escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo
o sol de Deus...”
(“PINGA FOGO COM CHICO XAVIER”, p. 22 editora: EDICEL, e “NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, pp.
13 e 14)
Na verdade, sua mediunidade manifestou-se, quando ele estava com 4 anos de idade, pela
clarividência e clariaudiência, dialogando inclusive com sua própria genitora, passando a ser a
maior dificuldade de Chico Xavier, considerar a doutrina católica, que lhe era imposta, com as
primeiras informações que passou a ter, com o tempo, sobre o Espiritismo.
Apesar da opinião geral e até mesmo da família, Chico recebia apoio de diferentes formas,
como de sua própria madrasta, Dona Cidália Batista, que o adotara por filho do coração:
“Chico, do que você escute ou veja fora da vida natural, nada conte a seu pai ou às outras
pessoas a não ser ao Padre Sebastião, que nos confessa perante Deus, e a mim, que me sinto sua
mãe. Você não é louco, nem está perturbado. Não compreendo bem o que você me descreve, mas o
padre saberá entender o que você diz... Não se aflija. Alguma pessoa no futuro saberá o que vem a
ser tudo isto que nós não compreendemos. É preciso esperar” (“LUZ BENDITA”, Rubens Silvio
Germinhasi, p. 9, editora: IDEAL).
“Ressaltamos, que Francisco Cândido Xavier recorda que o próprio Padre Sebastião, apesar
das penitências indicadas, sempre o tratava paternalmente e a ele “ensinava a rezar e a confiar em
Deus, a respeitar a escola e cultivar o trabalho, a fazer novenas pelo descanso dos mortos e a
esquecer as más palavras dos espíritos infelizes quando as escutava.”
“Diz Chico Xavier: - “Lembro-me de que uma vez debaixo da perseguição de um espírito
sofredor, quando eu ia completar quinze anos chorei muito na confissão, rogando a ele para
livrar-me... Ele interrompeu as minhas palavras e mandou que eu esperasse... me disse que eu não
devia chorar ou desesperar-me com as visões e vozes que me procuravam e acrescentou que se elas
viessem da parte de Deus, que Deus abençoaria e me daria forças para fazer o que devia ser
feito...”
(Acrescentar depoimento constante do livro “LUZ BENDITA”, p. 226 - O confessor de Chico Xavier, Padre
Sebastião Scarzolli - e o do “NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 27/28).
A própria professora, D. Rosália Laranjeira, apesar de não ter conhecimentos espíritas era
católica fervorosa, com profunda compreensão mostrava e dava ao seu aluno escritos católicos para
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ele, infundia-lhe profundo respeito aos ofícios da religião, o argüia sobre o catolicismo e o ensinava
a orar. “Preocupada com Chico Xavier, ela o ouvia sempre com bondade e sem preconceitos.
Coloca o médium, que quando estava perto da professora, só via e ouvia espíritos amigos e nobres,
com abençoados ensinamentos e colocações”, para ele próprio.
(“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 29/30)
3. INICIAÇÃO NA DOUTRINA ESPÍRITA
Com todas essas circunstâncias, a partir dos 17 anos é que o médium em pauta, começa a ler
sobre a doutrina dos espíritos, ao mesmo tempo em que a sua 2a. mãe retorna à Pátria Espiritual,
sendo o episódio decisivo que originou a opção de Chico Xavier ao Espiritismo, a obsessão sofrida
por uma de suas irmãs, D. Maria Xavier Pena.
Nessa oportunidade, em contato mais direto com o casal Perácio, espíritas convictos, não só
alcançam a cura da irmã de Chico, como ele e familiares passam a freqüentar reuniões de estudos e
tratamento.
Chega 21.06.1927 e forma-se o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, passando
o Sr. José Hermínio Perácio e sua esposa D. Carmen Pena Perácio, a residir na cidade, por
orientação do Plano Espiritual, objetivando a iniciação do mandato mediúnico de Chico Xavier.
Eles saíram da Fazenda de Maquiné, no município de Curvelo, onde moravam e praticavam a
mediunidade com Jesus.
4. A ECLOSÃO DA MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA
“... nessas reuniões que me desenvolvi como médium escrevente, semimecânico, sentindo-me
muito feliz... datando daí o ingresso do meu humilde nome nos jornais espíritas, para onde comecei
a escrever sob a inspiração dos bondosos mentores espirituais que nos assistiam...”
“Fala Chico Xavier: - Meu irmão José Cândido Xavier e alguns amigos de Pedro Leopoldo,
como por exemplo, Ataliba Ribeiro Vianna, achavam que as páginas deviam ser publicadas com o
meu nome, já que não traziam assinaturas e essas publicações começaram no jornal espírita
“Aurora” do RJ, que era dirigido, nessa época pelo nosso confrade Ignácio Bittencourt a quem
Ataliba escreveu perguntando se havia inconveniente em lançar as citadas páginas com meu
nome...”
O “Jornal das Moças”, do Rio, o “Almanaque de Lembranças”, de Portugal, o Suplemento
Literário de “O Jornal”, foram órgãos não espíritas que também publicavam muitas dessas páginas e
sonetos.
Diz Elias Barbosa em “PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, pp. 84/86, que “... surgiu a
colaboração de F. Xavier, como poeta e escrevendo também algumas crônicas.” ... “Para nós, F.
Xavier era o poeta espírita que desabrochava em Pedro Leopoldo, com seus dezessete anos de
idade, publicando os seus trabalhos em três órgãos , na então capital da República: “Aurora”,
“Gazeta de Notícias” e “Jornal das Moças”. O soneto RENASCER, dedicado ao adorado Espírito
de Stefania Rocha; ROSAS DO PERDÃO, para o ilustre amigo José Tosta”. ... “sonetos do poeta
médium que vinham surgindo na beleza de sua modéstia”.
Publicações de páginas e sonetos psicografados pelo médium: o soneto “Nossa Senhora da
Amargura”, do Espírito Auta de Souza, e outros.
- 92 -
Vale lembrar que a sessão de 08.07.1927 marcou a vida mediúnica de Chico Xavier, que lá
recebeu a primeira mensagem. A sessão foi presidida pelo Sr. Perácio tendo D. Carmen como
auxiliar mediúnica; graças a sua mediunidade de vidência, então em desenvolvimento. Ressalta D.
Carmen, que foi o Espírito Emannuel quem lhe transmitiu a ordem de dizer a Chico que pegasse o
lápis..., “foram 17 páginas psicografadas sob título “Deveres Espíritas”.
O Sr. Antonio Barbosa Chaves, com 76 anos, quase cego, morando na mesma cidade,
participava daquela reunião e pôde declarar, ainda agora, aos confrades do jornal “O Espírita
Mineiro”: “Eu vi o Chico receber a primeira mensagem”.
Assim de 1927 a 1931, Chico Xavier recebeu centenas de mensagens que foram inutilizadas
depois, a pedido do Espírito Emmanuel, “por se destinarem apenas a exercícios de psicografia,
faculdade importante para o trabalho mediúnico que a espiritualidade planejara”.
(“LUZ BENDITA”, Rubens Germinhasi, pp. 213/217; Revista PLANETA, 4 a. edição; “PINGA FOGO COM
CHICO XAVIER”, p. 23 editora: EDICEL e “NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 14)
Portanto, “durante 6 anos o casal Perácio morou em Pedro Leopoldo realizando sessões com
Chico, e D. Carmen conta que os fenômenos de transporte de pétalas de rosa e de perfume já se
verificavam naquele tempo. Por motivos particulares, o casal teve de mudar-se para Belo
Horizonte, ficando na presidência do Centro Espírita Luiz Gonzaga, o irmão de Chico de nome José
Cândido Xavier, até o ano de 1939 quando desencarnou, deixando a esposa Geni e filhos sob os
cuidados de Chico Xavier”. (“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 149)
Com o tempo, passam a chegar os poemas transcritos na 1a. obra psicografada pelo médium e
editada em 1932: “PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”, onde Chico Xavier demonstra a existência
da alma e da sua individualidade e as possibilidades de comunicação do mundo invisível com o
mundo visível, trazendo versos da autoria de poetas famosos já desencarnados.
5. PRIMEIRAS PUBLICAÇÕES
Fala-nos o General Michelena (Roberto Pedro Michelena), em “PRESENÇA DE CHICO
XAVIER”, Elias Barbosa, p. 37, o seguinte:
“Em 1931, enquanto ultimávamos o Curso do Instituto Geográfico Militar, desfrutávamos a
preciosa amizade de Manoel Quintão, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Um dia,
após o almoço conjunto, fomos à sala daquela instituição, onde ele atendia o receituário
homeopático a seu cargo e que secretariávamos. Na correspondência, sobre a mesa, um enorme
envelope recheado, despertando-nos a curiosidade. Aberto, verificou-se ser o remetente, um jovem
mineiro de 21 anos de idade. Dizia ele: “Sr Quintão: tenho deficiente instrução primária, o que
não me impede de perpetrar alguns versos de pé quebrado. Sucede, porém, que, há alguns anos,
mas especialmente agora, ao termo das sessões mediúnicas de cura de um parente próximo, venho
recebendo vasta coletânea de versos cuja autoria não é minha, mesmo porque, em suas assinaturas,
figuram nomes de consagrados poetas brasileiros e portugueses, já mortos. Sabendo-o filólogo e
também poeta, venho pedir-lhe valioso testemunho seu, em relação à eventual fidelidade dos
variados estilos daqueles autores. Isso porque, repito, os versos, em absoluto, não são meus - uma
vez que nenhum esforço mental me exigiram, salvo quanto à simples grafia intuitiva e
semi-mecânica”.
Quintão, pela primeira vez, no Rio, leu para nós aquelas jóias poéticas de um Augusto dos
Anjos, um Casimiro, um Guerra Junqueiro, um Castro Alves. ... Entusiasmado, saiu pelas salas
contíguas, a deliciar, com aquelas primícias, os companheiros presentes. Resposta para o Chico: “Mande tudo que tiver aí! São legítimos os estilos dos versos. Quero-os para a primeira edição do
PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, que, se Deus quiser, sairá muito em breve!”
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6. A REPERCUSSÃO
Por todas essas informações, acopladas a todos os depoimentos quanto a atividade mediúnica
de Francisco Cândido Xavier, é ele considerado pelos literatos de renome, um fenômeno, visto que
o estilo, a forma, a pontuação exata, as reticências, os termos empregados não poderiam ser de um
homem com cultura simples e humilde.
“Desconheço os fenômenos, mas reconheço os estilos. Isso espanta-me mas encanta-me!”,
coloca Zeferino Brasil em sua crônica dominical no “Correio do Povo” em Porto Alegre.
(“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 38)
“PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”, uma coletânea de 56 poesias ditadas por 14 nomes
famosos da literatura brasileira ... Hoje em dia, somadas às centenas de novas edições enviadas ao
médium no decorrer dos anos, o Parnaso compõe-se de 259 poesias atribuídas a 56 poetas.
Alguns poucos especialistas, como o romancista mineiro João Dornas Filho, duvidam da
autenticidade dos poemas psicografados por Chico.
Em 1935, recebeu textos psicografados, do escritor brasileiro Humberto de Campos. Um dos
melhores amigos de Humberto em vida, Agrippino Grieco, declarou publicamente que o estilo das
obras era “puro Humberto”. A viúva do escritor reclamou direitos autorais e Chico Xavier foi
chamado a depor, sugerindo então ao juiz, uma sessão pública de psicografia, para poder provar a
situação. O magistrado recusou e encerrou o caso declarando: os mortos não tinham direitos. Muita
polêmica foi estabelecida na época, pois pagar os direitos à viúva, era aceitar a comunicação com os
espíritos e não fazê-lo era consagrar Chico Xavier, como fenômeno literário e ter lugar na Academia
Brasileira de Letras, garantido.
Humberto de Campos, passa portanto, a assinar suas obras enviadas via mediunidade
psicográfica de Chico sob o pseudônimo de Irmão X, lembrando o Conselheiro de suas crônicas em
vida. (“LUZ BENDITA”, acrescentar os depoimentos de Humberto de Campos em vida e do filho, às pp. 165 e 180,
respectivamente, e das pp. 213/217; Revista PLANETA, 4 a. edição, p. 47)
Nos livros “CHICO XAVIER MEDIUNIDADE E CORAÇÃO”, editora IDEAL, Carlos A
Bacelli (Carlos Antonio Bacelli), à p. 19; e Ranieri, em “O PRISIONEIRO DO CRISTO, fatos da
vida de Francisco Cândido Xavier”, p. 141, editora LAKE, os autores nos informam:
Humberto de Campos - gente, em sua coluna literária do “Diário Carioca”, quando era o
Presidente da Academia Brasileira de Letras declarava solenemente, em 10 de julho de 1932, na
crônica “Poetas do outro mundo”:
“Eu faltaria, entretanto, ao dever que me é imposto pela consciência, se não confessasse que,
fazendo versos pela pena do Sr. Francisco Cândido Xavier, os poetas de que ele é intérprete
apresentam as mesmas características de inspiração e expressão que os identificam neste planeta.
Os temas abordados são os que os preocuparam nesta vida. O gosto é o mesmo e o verso obedece,
ordinariamente, à mesma pauta musical.
Frouxo e ingênuo em Casimiro, largo e sonoro em Castro Alves, sarcástico e variado em
Junqueiro, fúnebre e grave em Antero, filosófico e profundo em Augusto dos Anjos - sente-se, ao ler
cada um dos autores que veio do outro mundo para cantar neste instante, a inclinação do Sr.
Francisco Cândido Xavier para escrever à la maniere de ... ou para traduzir o que aqueles altos
espíritos sopraram ao seu”.
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Várias e diversificadas opiniões a respeito de Chico Xavier foram vinculadas.
Reproduziremos o depoimento de Mario Donato, jornalista e membro da Associação Brasileira de
Escritores:
“Dei-me ao trabalho de examinar grande número de mensagens psicografadas por Chico
Xavier e vários médiuns; e francamente, como não posso admitir que um homem, por mais
ilustrado que seja, consiga “pastichar” tão magnificamente autores como Humberto de Campos,
Antero de Quental, Augusto dos Anjos, Guerra Junqueiro e, se não me engano, Vitor Hugo e
Napoleão Bonaparte, opto pela explicação sobrenatural, que não satisfaz à minha consciência, é
verdade, mas apazigua a minha humaníssima vaidade de literato.”
(“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 140/141).
É pública, que não só nas letras, sua presença é considerada como de respeito e merecedora de
consideração. Em outubro de 1979, o jornal “Folha Espírita”, divulgava: “o juiz aceitou o
depoimento psicografado e absolveu o réu”. Tratava-se do caso do jovem José Divino Nunes, que
três anos antes matara seu amigo Maurício Henriques com um disparo de revolver em Goiana de
Campinas, próximo à capital. Os pais do jovem, receberam uma mensagem através de Chico
Xavier, onde Maurício inocentava o amigo. O processo contra José Divino seguiu normalmente até
que a mensagem da vítima chegou às mãos do Juiz, que absolveu o réu com base naquele
documento. (Revista PLANETA, 4a. edição)
Ao se referir a Chico Xavier, D. Benedito Ulhoa Vieira, arcebispo de Uberaba, fez-lhe
restrições doutrinárias; no entanto, não pode deixar de reconhecer que ele “goza de estima geral e o
seu conceito é o de um homem bom, que se interessa pelos pobres...”
É verdade que este reconhecimento não é unânime: o velho presidente da Academia Brasileira
de Letras, Austregésilo de Athayde (Belarmino Maria Austregésilo de Athayde), declarava
solenemente: “Aqui na Academia, não conheço ninguém que se interesse pelos livros dele”.
7. FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E O DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE
O processo de desenvolvimento e exercício da mediunidade, o próprio Chico Xavier
considera passível da divisão em 3 períodos:
a) 1915 a 1927
“O primeiro, de incompreensão para mim, é aquele, dos cinco anos de idade, quando via a
minha mãe desencarnada, a proteger-me, até os dezessete anos, época em que me via sob influência
de entidades felizes e infelizes, até que a Doutrina Espírita, por intermédio do Senhor, penetrou
nossa casa, em maio de 1927 (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 18/19)
Portanto, uma fase inicial, com as primeiras manifestações, ansiedades, medos, dúvidas e
instabilidade. Ocorre a clarividência, clariaudiência. Sua genitora é o Espírito que Chico
mais de perto percebe.
b) 1927 a 1931
“... aprendizagens e ensaios ..., psicografei centenas de mensagens que os Benfeitores
Espirituais mais tarde, determinaram fossem inutilizados porque, na opinião deles, essas
mensagens eram esboços e exercícios de entidades diversas que, caridosamente, me adestravam
para as tarefas em perspectiva.” (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER ’’, Elias Barbosa, pp. 18/19)
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8. EMMANUEL, DIRETOR DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER
D. Carmem Perácio relata que o Espírito Emmanuel, tanto em 08.07.1927 como em
10.07.1927, se faz presente à ela: primeiro para transmitir a ordem de Chico pegar o lápis,
psicografar as mensagens sobre deveres espíritas; da segunda vez, para trazer as idéias de D. Maria
João de Deus, mãe de Chico Xavier. Já para o médium ...
... “lembro-me de que, em 1931 numa de nossas reuniões habituais, vi ao meu lado, pela
primeira vez, o bondoso Espírito Emmanuel. Eu psicografava, naquela época, as produções do 1o.
livro mediúnico concebido através de minhas humildes faculdades...
“Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na
suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia
visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz. Às minhas
perguntas naturais, respondeu o bondoso guia: - “Descansa! Quando te sentires mais forte,
pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus
passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos
pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas
raízes na noite profunda dos séculos...”
Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e desde esta época, sinto constantemente a
presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas atividades mediúnicas, está sempre ao
nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a raciocinar melhor no caminho da existência
terrestre...” (“EMMANUEL”, Francisco Cândido Xavier, pp. 14/15, editora: FEB)
Coloca-nos Clóvis Tavares, em “AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL”, pp. 20/21
(editora: IDE):
“Esclareceu-nos o abnegado médium que sua primeira visão de Emmanuel se deu numa
reunião de preces que costumava ele fazer, às vezes em companhia de duas confreiras de Pedro
Leopoldo, já desencarnadas, D. Joaninha Gomes e D. Ornélia Gomes de Paula – nas tardes de
domingo, ao ar livre, em local próximo ao Ribeirão da Mata. Quando as duas irmãs não podiam
comparecer, o jovem lá ia sozinho até aquele bucólico recanto das proximidades do Açude, para o
espiritual encontro com os Amigos da Eternidade”.
“Emannuel não apareceu a Chico com o aspecto com que atualmente se apresenta, de
Públius Lentulus, que o famoso retrato de Delfino Filho tão amplamente difundiu. Apareceu-lhe
com a expressão de sua última encarnação terrestre.
“Segundo as lembranças do caro médium conforme me revelou, foi um pouco antes da
psicografia do livro “Há Dois Mil Anos” que se deu, gradativamente, a transição. E a
personalidade de Públius Lentulus se fixou na clarividência de Chico”.
Assim sendo, a partir daí, a mediunidade psicográfica de Chico Xavier passou da fase da
indecisão para a fase de segurança, bem como, todo o desenvolvimento mediúnico consegue
ser dirigido e educado, sempre nos parâmetros da Doutrina Espírita.
Fala-nos Chico: “Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, Emmanuel me
preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de
tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais, que, se um dia,
ele Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e
Kardec, que devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.” (“NO MUNDO DE
CHICO XAVIER”, pp. 44/46/47)
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Ressaltamos que, em 18.01.1929, D. Carmem Perácio torna a dar informações a Chico Xavier
sobre a sua missão, ao contar após a sessão do Centro Espírita Luiz Gonzaga, o quadro espiritual
que tivera: “... vira muitos livros em torno de mim, trazidos por amigos desencarnados...”
c) Então, através da psicografia a partir de 1931, na 3a. fase das atividades mediúnicas de
Chico Xavier, com a direção direta do Espírito Emmanuel, vamos encontrar as obras:
“PARNASO DE ALÉM-TÚMULO” (diversas poesias de autores famosos)
“CARTAS DE UMA MORTA”, 1935 (mensagens da mãe de Chico, D. Maria João de Deus)
“PALAVRAS DO INFINITO”, 1936
“CRÔNICAS DE ALÉM-TÚMULO”, 1937 (dissertações de Humberto de Campos)
“EMMANUEL”, 1938, ... e tantas outras até nossos dias.
(“TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER”, Clóvis Tavares, p. 47, editora: IDE).
“... quando o Espírito Emmanuel assumiu o comando de minhas modestas faculdades, tudo
ficou mais claro, mais firme. Ele apareceu em minha vida mediúnica assim como alguém que viesse
completar a minha visão real da vida. Tenho a idéia de que até a chegada de Emmanuel, minha
tarefa mediúnica era semelhante a uma cerâmica em fase de experiência, sem um técnico eficiente
na direção. Depois dele, veio, a orientação precisa, com o discernimento e a segurança de que eu
necessitava e de que aliás todos nós precisávamos em Pedro Leopoldo” (“NO MUNDO DE CHICO
XAVIER”, Elias Barbosa, p. 20).
9. OUTRAS FACULDADES MEDIÚNICAS
Bem, assim foram caminhando as faculdades mediúnicas de Chico Xavier:
“À medida que fui trabalhando na psicografia os Benfeitores Espirituais a pouco e pouco, me
abriram outras possibilidades de observação, como sejam as que se relacionam com a
clarividência e a clariaudiência, a psicofonia, as faculdades curativas e o serviço espiritual à
distância, conquanto Emmanuel, o instrutor que nos orienta desde 1931, considere que a
psicografia é o meu setor particular de trabalho, da qual não devo desviar a atenção.”
Fala-nos Chico Xavier que a mediunidade psicográfica, ele não sabe definir tecnicamente:
“Sei apenas que os Espíritos amigos tomam o meu braço e escrevem o que desejam e, de
1931 para cá, sempre sob a supervisão de Emmanuel... Quando escrevo psicograficamente, vejo,
ouço e sinto o Espírito desencarnado que está trabalhando por meu braço, e muitas vezes, registro
a presença do comunicante sem tomar qualquer conhecimento da matéria sobre a qual está ele
escrevendo.” (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 121)
“Devo explicar que sou também médium para serviço de doutrinação a entidades
perturbadas e sofredoras. Desde 1928, freqüento sessões de desobsessão e, há muitos anos, esse
meu esforço é semanal. Em Pedro Leopoldo, participei das reuniões dessa modalidade que se
realizavam no Centro Espírita Luiz Gonzaga e, depois no Grupo Espírita Meimei. Atualmente
(1967), nas noites de quarta-feira, partilho as sessões para desobsessão que se efetuam na
Comunhão Espírita Cristã, aqui em Uberaba.
“Um dia, em Pedro Leopoldo, três soldados traziam com muito esforço, um possesso que
resistia de maneira impressionante. Vi o Chico aproximar-se e mansamente colocar a mão sobre a
cabeça do louco, que se transformou num cordeiro, de tão tranqüilo. Confesso que fiquei
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profundamente admirado, quase não acreditava no que via. A força que emana desse homem, de
sua bondade de santo, é algo inexplicável. Ele afirma que Emmanuel é que lhe dá tamanha força”.
Tais dizeres são de Clóvis Tavares, pessoa que conviveu com Chico Xavier (“AMOR E
SABEDORIA DE EMMANUEL”, Clóvis Tavares, p. 56 editora: IDE) .
Obs.: Acrescentar o caso contado em “TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER”, Clóvis
Tavares, editora: IDE, às pp. 56/59, 132/137, 142/144 e 234/235
Exemplos no campo de clarividência, clariaudiência, pp. 104/107 do livro “CHICO XAVIER,
40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE”, Roque Jacinto, editora: LUZ NO LAR.
Recordemos que, a mediundade de efeitos físicos de Chico Xavier, apesar de ser
experimentadas com bons resultados nas reuniões íntimas de 1952 a 1954, foi orientada por
Emmanuel para que fosse encerrada, da forma como vinha sendo conduzida: “Acrescentou, ainda,
que o serviço do livro mediúnico, em que me encontro, é também, tarefa de materialização – a
materialização dos pensamentos do Mundo Espiritual.”
(“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 47 e 80)
Obs.: Acrescentar o caso “CHICO XAVIER, O SANTO DOS NOSSOS DIAS”, Ranieri, pp.
56 e 58, (editora: ECO); “CHICO XAVIER, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE”,
Roque Jacintho (editora: LUZ NO LAR), pp. 115 a 114 no caso de trabalhos de passe/desobsessão e
Mediunidade de Transporte: pp. 115 a 120, quanto a Materialização.
10. FASES DA PRODUÇÃO PSICOGRÁFICA DE CHICO XAVIER
1a. Fase: “PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”
Páginas inéditas de conhecidos autores desencarnados que através da mediunidade polígrafa
de Chico Xavier atestam a continuidade da vida, a comunicabilidade dos chamados mortos.
A repercussão é semelhante àquela provocada por Fernando de Lacerda e sua obra “DO PAÍS
DA LUZ”.
O caso Humberto de Campos:
a) Ver “NOVAS MENSAGENS”, editora: FEB (comentário de Almerindo Martins de Castro
sobre o comunicante e o médium – os 2 artigos finais).
b) Em “LUZ BENDITA”, temos:
- Testemunho de Agrippino Grieco, p. 165
- Comentários de Humberto de Campos, encarnado, sobre a mediunidade de Chico
Xavier.
- À p. 171, Monteiro Lobato (José Bento Monteiro Lobato) atesta a impressão produzida
por estas obras:
“Se o homem produziu tudo aquilo por conta própria, então ele pode ocupar quanta cadeiras
quiser na Academia.”
2a. Fase – “Emmanuel, o quinto evangelista”
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3a. Fase – Revelações sobre a realidade do Mundo Espiritual
A cargo de André Luiz e suas obras:
Estas revelações incompreendidas por muito tempo viriam solidificar o raciocínio
sobre a continuidade natural entre a vida terrena e o além-túmulo.
4a. Fase – Mensagens identificadoras de desencarnados
5a. Fase – O convite ao trabalho junto ao próximo
11. O SOCORRO A PESSOAS ESTRANHAS AO MEIO ESPÍRITA
11.1. Mensagens de consolação
Livro: “AMOR E LUZ”, de Rubens Germinhasi, editora: IDEAL
Testemunho de Lélia de Amorim Nogueira, pg. 48.
“A nossa alegria é constante, pois quando sentimos saudades, recorremos às mensagens e
nos reanimamos com as palavras que nos dão força para o trabalho. Não que nos faltem outras
fontes de sustentação, mas ali estão representadas as presenças de suas imagens.”
11.2. Mensagens que mudam o rumo das atitudes e das pessoas
Livro: “AMOR E LUZ” de Rubens Germinhasi (editora: IDEAL)
Testemunho de Wady Abrahão, p. 28
“Pessoa muito amiga e conhecedora do nosso problema (desencarne do filho), sugeriu à
Axima, minha filha, que procurássemos Chico Xavier... Ela, temerosa, não sabia como nos falar,
pois católicos que éramos e sem conhecermos nada de espiritismo, achou que não aceitaríamos a
sugestão. Ao, contrário, Jandira, minha esposa, numa ansiedade atroz, queria a todo custo
encontrar algo que nos tirasse daquele sofrimento. Havíamos até combinado em pôr termo à nossa
existência. Dentro do meu descontrole, cheguei a dormir dentro do jazigo com meu filho.
“À noite desculpava-me com os meus familiares e dizia ir à minha indústria e desviava-me
para o cemitério. Ludibriava o vigia e sorrateiramente introduzia-me em sua sepultura,
deitando-me na lápide superior. Ficava horas junto dele. Achava que Wadizinho tinha medo de
dormir sozinho. Várias vezes fui surpreendido, traído pela fumaça dos cigarros que fumava
durante o tempo que ali ficava. Certa feita até a Rádio Patrulha foi solicitada, quando tive de
justificar minha atitude.
“No meu sofrimento não admitia e não aceitava nada. Além do que não tinha interesse em
dialogar com ninguém...
“Com a experiência adquirida na minha juventude e no transcorrer de minha vida, em vista
de minha mãe ter estado doente por mais de 13 anos, vi-me obrigado a percorrer e procurar tudo o
que fosse possível para restabelecê-la. Fui a lugares inimagináveis. Coisas absurdas me
apareceram.
“Mesmo assim, fiquei no firme propósito que nenhum de nós falasse ou comentasse algum
ponto sobre o desencarne, com qualquer pessoa. Muito menos com Chico. Meus familiares, fiz
questão de que ficassem junto de mim, para que pudesse fiscalizá-los. No hotel, coloquei o telefone
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perto de minha cama, sem que percebessem meu intento, pois achava que poderiam telefonar para
alguém. Tomei todas as providências para que não houvesse o mínimo contato.
... “Chico psicografou. Quando terminou e leu a mensagem ficamos muito surpresos.
Wadizinho trazia sua mensagem. Seu conteúdo era todo esperança, dissipava a saudade,
mostrava-nos a realidade.
“Pedia que transmitíssemos seus agradecimentos aos colegas do Colégio e do grupo da
Comunidade Unida a Cristo, na qual era coordenador.
“Incentivava-nos a construirmos um Natal Feliz, junto às criancinhas, pois sabíamos de sua
programação no Orfanato Irmã Albertina.
“Na qualidade de pai que sabe o que representa o amor a um filho, o incentivo para a vida
me foi devolvido! Chico na sua mediunidade mostrou-me, apesar de toda a experiência e vivência
que pensávamos ter, que meu filho está entre nós mais do que nunca”.
11.3. Mensagens que causam surpresas, mas não transformação
Livro: “CHICO XAVIER, MEDIUNIDADE E AÇÃO” (autor: Carlos A. Bacelli, editora:
IDEAL)
David Nasser, repórter, Jean Manzon, fotógrafo, e Henrique Natividade, piloto de avião,
dirigem-se incógnitos à cidade de Uberaba para entrevistar Francisco Cândido Xavier. O
repórter e o fotógrafo se fazem passar por correspondentes estrangeiros da Imprensa, servindo o
piloto supostamente de intérprete. Ninguém os conhecia. Seus nomes verdadeiros não são
declinados.
Recebem do Chico Xavier livros autografados ao se retirar da cidade.
Já no Rio de Janeiro ao abrir os livros encontram psicografia de mensagem-dedicatória de
Emmanuel chamando-os pelos respectivos nomes.
Os três profissionais produziram e vincularam através da revista “O Cruzeiro” reportagem
injuriosa sobre a figura do médium tentando lançar descrédito sobre o Espiritismo.
O inexplicado fato não modificou-lhes a atitude preconceituosa em relação à mediunidade ou
à Doutrina Espírita.
12. A INFLUÊNCIA MORALIZADORA QUE OS BONS MÉDIUNS EXERCEM
12.1 - sobre o público através da ação deles próprios na sociedade em que vivem
Exemplos: Obras Assistenciais no trabalho de Chico Xavier
Livro “AMOR E LUZ”, depoimento de Alberto Ferrante Filho (p. 166)
Trabalho assistencial com Franca desenvolvido a partir da observação da peregrinação
semanal de Chico Xavier.
“Amigos, depois que conheci Chico, minha vida transformou-se por completo. Do gênio
violento que eu tinha, passei a compreender melhor as coisas, dedicando-me mais aos necessitados.
Sim, ali estava o verdadeiro sentido, o exemplo vindo do Evangelho aplicado. Para os que o
conhecem há muito tempo, vêem nele sempre o mesmo exemplo de conduta moral, de amor, de
trabalho, de tolerância, na humildade que gostaríamos de exemplificar em nossa vida.”
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12.2 - sobre os trabalhadores espíritas
a) livro “AMOR E LUZ”, p. 203, depoimento de José Gonçalves Pereira:
“Motivado por todo este aprendizado e exemplos de amor e dedicação de Chico Xavier e,
através das mensagens recebidas dos nossos Benfeitores Espirituais, trouxe-nos a necessidade de
ampliarmos nosso programa da Federação Espírita do Estado de São Paulo, levando-nos a criação
da Casa Transitória, baseada nas obras mediúnicas de André Luiz, nos volumes do “Nosso Lar” e
“Obreiros da Vida Eterna”, quando recebemos a mensagem de Batuíra, que nos trouxe orientação
e incentivo mencionando a necessidade urgente da construção desta obra.”
b) livro: “LUZ BENDITA”, p. 23, depoimento de Detzi de Oliveira
“Era espírita, criado por pais espíritas, mas, depois da convivência, mais adulto e lendo os
livros psicografados por Chico Xavier, interessei-me ainda mais pela Doutrina Espírita, com os
preceitos trazidos como ensinamentos por Emmanuel, Maria Dolores, André Luiz e tantos outros
mestres Espirituais.”
12.3 - mensagens orientadoras das tarefas da Casa Espírita
Livro: “AMOR E LUZ”, depoimento de Jorge Manuel Gaio à p. 210:
“A mediunidade de Chico, muito nos tem ajudado nos trabalhos da Fundação (Marieta Gaio)
pois, através dela nos chegaram vários bilhetes de Dr. Bezerra de Menezes, trazendo recados de
minha mãe, na orientação de nossa obra.
“Com sua mensagem e seus recados, conscientizamo-nos ainda mais, que a nossa
responsabilidade para com a obra, se fez patente...”
12.4 - mensagens renovadoras de caráter pessoal
Livro: “AMOR E LUZ”, p. 104, depoimento de Ediné Almeida de Paiva
“Quando da morte de Lúcio (marido), apesar de ser espírita, desesperei-me chegando mesmo
a pensar diariamente em suicídio. Não entendia o porque daquela provação. Achava injusta a
passagem de Lúcio.
“... Quando Chico recebeu sua mensagem, chorei muito. O público ali presente ficou
impressionado, em presenciar a profundidade e o número de páginas psicografadas, totalizando 94
páginas.
“Lúcio tinha o dom da oratória, e gostava muito de escrever. Acredito que foi o motivo pelo
qual o Chico sofreu todo esse tempo de hora e meia, para trazer a mensagem.
“Depois disso, senti-me completamente reabilitada, conformada.
“Tive a convicção de que Lúcio estava bem. Criei novas forças.”
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Fontes de pesquisa:
AMOR E LUZ, Rubens Silvio Germinhasi, editora IDEAL
AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL, Clóvis Tavares, editora IDE
CHICO XAVIER, MEDIUNIDADE E AÇÃO, Carlos A Bacelli, editora IDEAL
CHICO XAVIER MEDIUNIDADE E CORAÇÃO, Carlos A Bacelli, editora IDEAL
CHICO XAVIER E OS GRANDES GÊNIOS, Ranieri, editora ECO
CHICO XAVIER, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE, Roque Jacintho, editora
LUZ NO LAR
CHICO XAVIER, O SANTO DOS NOSSOS DIAS, Ranieri, editora ECO
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier, editora FEB
LUZ BENDITA, Rubens Silvio Germinhasi, editora IDEAL
NO MUNDO DE CHICO XAVIER, Elias Barbosa, editora IDE
NOVAS MENSAGENS, Irmão X, editora FEB
O PRISIONEIRO DE CRISTO, fatos da vida de Francisco Cândido Xavier, Ranieri, editora
LAKE
PINGA FOGO COM CHICO XAVIER, editora EDICEL
PRESENÇA DE CHICO XAVIER, Elias Barbosa, editora IDE
REVISTA PLANETA, 4a. edição, editora TRES
TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER, Clóvis Tavares, editora IDE
REVISTA PLANETA Nº 94, Julho de 1980, editora TRES
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS
DIVALDO PEDREIRA FRANCO
DADOS BIOGRÁFICOS
Divaldo Pereira Franco nasceu em Feira de Santana, na Bahia, em 05.05.1927. Caçula de uma
família humilde, teve 13 irmãos. Seus pais Francisco Pereira Franco e Ana Alves Franco
trabalhavam: ele era negociante de fumo, ela cuidava do lar. Eram católicos praticantes. Divaldo
chegou a ser coroinha da Igreja que freqüentavam.
Estudou o curso primário e ginasial. No ano de 1943 entrou para a Escola Normal Rural de
Feira de Santana e formou-se em professor primário, obtendo licença para lecionar em escolas
interioranas. Por falta de recursos financeiros não deu prosseguimento aos estudos.
2. MANIFESTAÇÕES VISUAIS
Sua mediunidade manifestou-se aos 4 anos quando começou a ver a figura de uma senhora
que se apresentava como D. Senhorinha Rodrigues e dizia ser sua avó materna. Esta senhora
insistia para que Divaldo desse um recado à sua mãe, D. Ana, mas sempre que o menino falava no
assunto sua mãe não acreditava e achava que era imaginação de criança. O menino descrevia sua
avó com riqueza de detalhes, mas D. Ana não havia conhecido sua mãe. D. Senhorinha
desencarnara ao dar à luz a D. Ana. De tanto o menino insistir, D. Ana o levou à casa de sua irmã
mais velha, D. Edwiges, e lá o menino descreveu sua avó com riqueza de detalhes. Sua tia se
admirou, pois a descrição correspondia a de sua mãe antes de desencarnar, e disse que não poderia
ser imaginação de criança, pois não havia nem uma fotografia de sua mãe. Só podia mesmo ser sua
mãe, D. Senhorinha Rodrigues.
Outro espírito que sempre aparecia era o de um menino índio de nome Jaguaraçu
(Onça-Grande). Este menino se tornou uma presença constante; sempre aparecia para brincar com
Divaldo. Quando Divaldo fez 12 anos, seu amigo apareceu muito triste dizendo que precisava
reencarnar, despediu-se e não mais voltou. O menino Divaldo não entendeu o que se passava e
achou que o amigo tinha se aborrecido com ele.
3. ECLOSÃO DA MEDIUNIDADE
Após o desencarne de seu irmão José, Divaldo começou a adoecer. Apareceu-lhe uma
semi-paralisia, febre alta, que aos poucos deixou-o imobilizado, completamente preso no leito. Os
médicos tentaram de tudo que estava ao seu alcance, e o jovem de 17 anos, não dava sinais de
melhora. Eles então desistiram e desenganaram o paciente. O corpo doía, sentia calafrios, e a febre
provocava delírios e pesadelos. Era a mediunidade que estava em desequilíbrio querendo eclodir.
Depois de muito sofrer, a família recebeu a visita de uma amiga, Ana Ribeiro Borges, médium
dotada de grandes dons (vidência, psicofonia, sonambúlica, intuição), que ao vê-lo, reconhece que
sua doença é de fundo obsessivo, e esclarece a família dizendo que Divaldo é médium de
incorporação, e, o que está acontecendo, é que seu irmão José desencarnou, mas, não tomou
conhecimento deste fato e se apegou ao irmão que é extremamente sensível e bloqueou-lhe o centro
dos movimentos. Ana então fez uma prece e viu quando os amigos do Plano Espiritual vieram
buscar José para afastá-lo de Divaldo. É feito, então, o desligamento dos dois. Em seguida,
mandou que Divaldo andasse pelo quarto. Após alguns momentos de indecisão, passos trôpegos,
Divaldo voltou a andar normalmente, para espanto da família que rezava o tempo todo.
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A família era de crença católica e achou que o menino estava possuído pelo Demônio. D. Ana
Borges esclareceu então o que estava acontecendo e convidou Divaldo para comparecer a uma
reunião no Centro Espírita. Divaldo aceita o convite e vai acompanhado de sua mãe. Durante todo
o caminho permanece rezando e não larga o terço. Quando o presidente inicia a sessão, lê a prece
de Cáritas, e Divaldo entra em transe com a beleza dos dizeres e incorpora seu irmão José. Após
conversar um pouco com sua mãe, José diz: “a morte não existe”. Após tudo retornar ao normal é
explicado a Divaldo o processo de incorporação e ele é convidado a freqüentar o centro.
Quando completa 18 anos, Divaldo viaja para a capital Salvador, e se hospeda na casa de D.
Ana Borges.
4. DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
Divaldo começa a participar de sessões espirituais na casa do professor Malézio de Paula e
sua esposa Maurina.
Começaram a fazer sessões também na casa de D. Ana Borges, mas o número de participantes
estava aumentando. D. Etelvina Perroni cedeu uma ampla sala para que fizessem as sessões com
mais espaço e comodidade.
Em agosto de 1945 o Espírito Manoel da Silva assistia Divaldo, como seu Mentor Espiritual,
e veio em incorporação pelo próprio assistido e avisou o grupo que a partir de então iria reencarnar,
mas que outro Espírito iria se responsabilizar pela tarefa. E logo após outro Espírito se incorporou
em Divaldo e começou a falar sobre o Cristo e o seu Amor pela humanidade. No final da reunião
apresentou-se como “Um Espírito Amigo”. A impressão que todos tiveram foi de um espírito dócil,
generoso, e Divaldo percebeu em sua tela mental, uma marca luminosa, como um vulto deslizando
suavemente em volta. Sentiu-se ligado a esse espírito por uma amizade profunda.
Em março de 1947 Divaldo fez sua primeira conferência em Aracaju. Aconteceu que ele
havia estudado uma página de Humberto de Campos “A Lenda da Guerra”, psicografada por Chico
Xavier, mas na hora em que foi chamado a dar início a reunião, Divaldo esqueceu tudo o que havia
estudado, sentou-se novamente e tentou se concentrar. Neste instante apareceu um Espírito e se
apresentou a ele como o próprio Humberto de Campos e lhe disse que todo aquele que deseja servir
ao Cristo não pode ficar de cabeça baixa, que ele se levantasse, pois o próprio Humberto iria
ajudá-lo a falar. Após a conferência esse Espírito aconselhou Divaldo a escrever para Chico Xavier,
e lhe disse que a ética do dever espírita era a responsabilidade, por isso deveria se preparar pelo
conhecimento, e pela vivência.
Os amigos conseguiam fazer uma boa divulgação da Doutrina Espírita juntamente com
Divaldo, e foi através de várias campanhas que conseguiram comprar uma propriedade, uma casa
simples, porém acolhedora. Transferiram para esta casa o novo centro espírita. No dia 07.09.1947
foi fundado o Centro Espírita Caminho da Redenção.
No dia da sua fundação o guia de Divaldo, Um Espírito Amigo, diz aos presentes que a
palavra deveria estar respaldada no trabalho. Recomendou a Divaldo que lesse o “Livro dos
Espíritos” de Allan Kardec.
Na noite de 19.09.1947 apareceu-lhe um Espírito dizendo ser Auta de Souza e lhe pediu que
fosse visitar as famílias carentes de Alagoas para levar-lhes víveres, evangelização e preces, e assim
foi criada a Caravana Auta de Souza, para dar assistência aos flagelados da seca.
5. DESDOBRAMENTO
No ano de 1948 Divaldo estava voltando de uma viagem de trem, quando teve um
desdobramento onde se via idoso, em uma área arborizada, rodeado de crianças... ouviu então uma
voz que lhe disse que aquela era a sua tarefa a ser executada junto às crianças.
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Em 1949, em uma sessão mediúnica, o guia de Divaldo incorporou e fez uma abordagem das
tarefas a serem executadas junto ao menor carente. Por inspiração da Entidade foi dado o nome de
Mansão do Caminho. Neste local deveriam ser recebidas crianças em adoção.
Divaldo conheceu Chico Xavier pessoalmente em 1950. Durante 3 anos travaram
correspondências.
6. EXERCÍCIO DA FACULDADE
Em fevereiro de 1949, Divaldo já estava caminhando na Doutrina e na tarefa espírita. Foi
convidado pelos amigos Hilda e Rafael Veiga a passar o período do carnaval em sua casa, em
Muritiba.
No domingo de carnaval Divaldo amanheceu com uma dor muito forte no braço direito. Era
uma sensação de cãibra, semelhante ao re a fazerem uma prece. Todos sentaram-se em volta da
mesa e o Sr. Abel pediu que fosse providenciado papel e lápis. Na residência não havia papel
ofício, foi improvisado então um bloco feito com papel de pão. Começaram então a ler o
“Evangelho Segundo o Espiritismo” com muita concentração e começaram a orar. Enquanto a
prece era proferida, a mão de Divaldo não parava quieta. Lembrando-se da posição de Chico Xavier
ao psicografar, Divaldo sentiu que ia fazer o mesmo naquele momento; colocou a mão esquerda na
testa e começou a escrever no papel que estava à sua frente com uma velocidade que surpreendeu a
todos, até a ele próprio, pois estava escrevendo sobre um assunto de que não tinha nenhum
conhecimento. Após escrever várias páginas, o Espírito que escrevia por seu intermédio assinou o
nome de Marco Prisco. A mensagem foi “Na Subtração e na Soma” e está no livro “EMENTÁRIO
ESPÍRITA”.
Neste mesmo ano de 1949, um outro Espírito certa noite apareceu para Divaldo. Durante esta
aparição Divaldo ouvia uma música de uma beleza indefinível, tocada por uma espécie de cítara. O
Espírito se apresentou como Rabindranath Tagore, disse que era poeta na Índia, e desejava que
Divaldo grafasse alguns pensamentos. Divaldo pegou o material e começou a trabalhar. Enquanto
escrevia os versos de Tagore ouvia uma melodia penetrante e bela, que a partir desta noite, durante
todo tempo que Tagore vinha ditar seus pensamentos, se repetia. Esses pensamentos constituíram
seu primeiro livro “FILIGRANAS DE LUZ”, que só foi publicado em 1965.
7. AS DIFICULDADES
Quando Divaldo estava com 18 anos foi para a capital Salvador. Pretendia trabalhar para
ajudar a família. Seguiu acompanhado de D. Ana Borges, e em sua casa se hospedou.
Empregou-se em uma companhia de seguros marítimos. Após trabalhar 13 dias foi demitido
junto com outros funcionários. O abalo que sentiu foi muito forte. Desgostoso e desesperado,
tornou-se receptivo à idéia do suicídio. Assim sendo, subiu no elevador Lacerda e aproximou-se do
parapeito com a intenção de se atirar. No momento que vai consumar o ato lhe aparece o Espírito
de sua irmã Nair, que se suicidara em 1939 ingerindo dose fatal de tóxico, e lhe diz com voz
autoritária para que ele não faça isso, que a morte não existe e o suicídio não resolve nada. Após
essa visão Divaldo desmaia e é socorrido por pessoas que estavam visitando o ponto turístico.
Divaldo está já em tarefas e, em 1957, tinha ligado a ele um Espírito que o ameaçava de na
primeira oportunidade exterminar-lhe o corpo físico. Tal Espírito tinha a capacidade de transmitir a
visão de um incêndio. Em uma noite conseguiu transmitir esse pensamento a Divaldo, que
dominado pelo pavor viu o quarto onde dormia em chamas. Neste quarto dormia um outro amigo
seu. Divaldo se desesperou, pois não queria morrer queimado. Viu então a janela aberta, e sentiu
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que aquela era a única saída; pular a janela e escapar. Só que para fazê-lo teria que pisar na cama e
depois pular. Quando ficou de pé sobre a cama, a Misericórdia Divina despertou seu amigo que ao
sentir o que ele pretendia fazer o agarrou e o fez se acalmar.
No ano de 1954 Divaldo era ainda muito assediado por um Espírito inimigo seu. Foi
convidado a fazer uma palestra em Curitiba, na Federação Espírita do Paraná. Esse Espírito
aproveitava os momentos de sono para obsidiá-lo. Numa noite acordou com o quarto pegando fogo.
Acordou muito assustado, pulou a janela e saiu correndo pela rua. Vestia somente a calça do
pijama. Era uma noite de abril e estava uma noite um pouco fria demais para quem estava
acostumado ao clima quente da Bahia. Quando chegou à Alameda Cabral, foi que se deu conta do
que estava acontecendo e lembrou-se de que estava em uma cidade estranha e não sabia como
voltar. Por esse tempo, Divaldo era assistido por vários Espíritos amigos, e os Bons Amigos
Espirituais tinham designado um jovem pernambucano que havia desencarnado, jovem ainda, para
acompanhar Divaldo e assisti-lo mais de perto. Ele o chamava de “O Correio”, mas seu nome era
Valter. No momento em que Divaldo se deu conta da situação, fez uma prece e Valter lhe apareceu
e lhe disse que não precisava se preocupar, pois iria levá-lo de volta para casa; era só ele ter fé em
Deus. Seguiram caminhando, e quando chegaram ao Albergue, Valter lhe disse que ele deveria
entrar da mesma forma como havia saído: pela janela. Divaldo ficou assustado, pois alguém
poderia vê-lo e interpretar mal a situação. Valter o tranqüilizou e disse que ia montar guarda. Foi
dos dois lados da casa e verificou se havia alguém por perto. Quando viu que estava tudo tranqüilo,
sinalizou e Divaldo pulou a janela retornando assim ao seu quarto.
Quando criança, Divaldo pensava em ser padre; sendo sua família de origem católica, este fato
sempre foi aceito com naturalidade. O menino cresceu, tornou-se homem, e seguiu o caminho do
Espiritismo. Assim sendo, Divaldo começou a ser perseguido por um sacerdote romano que lhe
dizia que se não seguisse suas diretrizes iria destruir-lhe o corpo. Essa Entidade dava-lhe assistência
negativa. À medida que o tempo passava, Divaldo se afeiçoava mais à Doutrina Espírita. Essa
Entidade perturbava tanto Divaldo que se tornou uma situação dolorosa. Nos momentos difíceis da
vida de Divaldo essa Entidade estava sempre presente.
Uma noite Divaldo tentou o suicídio por que tinha visões desagradáveis. Sofreu um desses
fenômenos e quando estava dormindo ouviu uma voz que o chamava e o hipnotizou. Essa voz dizia
que a solução dos seus problemas era a destruição do corpo, porque na Terra sofria muito, e após a
morte iria ser imensamente feliz pois iria viver no Mundo Espiritual, onde estavam as pessoas que o
amavam de verdade. Nessa época Divaldo morava perto da praia. Acordou no meio da noite,
saltou pela janela e foi andando pela praia, por indução hipnótica em direção ao mar. Era madrugada
e não havia ninguém por perto. Nilson (Nilson de Souza Pereira) percebeu o que estava
acontecendo e foi acompanhando Divaldo de longe. Notou quando ele entrou no mar e continuou a
andar até que uma onda lhe bateu no rosto, provocando um choque e Divaldo acordou. Ao se dar
conta da situação ficou desesperado: estava vestido só com a calça do pijama, dentro d’água, sem
saber nadar. Nilson que estava o tempo todo ao seu lado, em prece, quando percebeu que Divaldo
havia acordado, resgatou-o e trouxe-o de volta para a praia. Ao chegarem na areia, a Entidade
estava aguardando e avisou que iria acabar com ele de qualquer jeito; que poderia demorar, mas que
um dia realizaria seu intento. Essa Entidade perseguiu Divaldo por mais de 30 anos, sendo seu
obsessor diário. Estava o tempo todo presente e não perdia uma oportunidade de provocar uma
situação embaraçosa e humilhante para Divaldo.
Divaldo passou mais de trinta anos sofrendo esse tipo de assédio. Certo dia apareceu na
Mansão do Caminho uma criança que havia sido abandonada pelos pais. Naquela época estavam
impossibilitados de receber novos candidatos, pela falta de espaço e de recursos. Quando Divaldo
viu a criança e a tomou nos braços e percebeu o seu estado de abandono, debilidade orgânica,
sofrimento e miséria, se comoveu, e lembrou-se de Jesus e perguntou-se mentalmente o que Jesus
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faria naquela situação. A consciência disse que Ele a receberia. Foi o que Divaldo fez.
Imediatamente convocou os colaboradores residentes e a criança foi encaminhada a uma das casas
da Mansão do Caminho. Neste mesmo dia, à noite, a Entidade obsessora que tanto perseguia
Divaldo apareceu e lhe contou muito emocionado que iria deixar Divaldo em paz, porque ele o
havia convencido de sua bondade e amor ao próximo, pois aquela criança que ele recebera era sua
mãe que estava de volta ao corpo. Disse também que só podia amar a quem iria ajudá-la na sua
tarefa de redenção. Pediu que o ensinasse também amar a Jesus, da maneira correta, e se Deus lhe
desse vida, pudesse retornar e vir receber o afago das mãos de Divaldo na Mansão. Após esse
entendimento o Sacerdote Romano foi afastado de Divaldo e não mais o importunou.
8. DÚVIDAS
Em 1949, quando os tormentos obsessivos assaltavam Divaldo, ele travou conhecimento com
um rapaz que havia desencarnado em São Paulo. Todas as tardes tinha o hábito de sentar-se no
quintal de sua casa. Desse quintal ele via uma região que chamavam de “Invasões”, onde centenas
de casebres eram construídos sobre o lamaçal. Era um problema sócio-econômico. Um dia estava
olhando esse local distraidamente, quando viu o rapaz pela primeira vez. Este jovem tinha fundas
marcas na aparência física. Um dos pés, parecia ter os dedos amputados, estava envolto em gaze,
com deformidade visível. O corpo alquebrado, na cabeça tinha marcas de cicatrizes, o nariz
deformado, sem o septo nasal, e uma expressão de profunda melancolia. Olhava para Divaldo com
enternecimento e carinho comovedor. Mas Divaldo, julgando pela aparência muito feia, achou que
ele fosse um obsessor, e começou a fazer uma prece para que ele fosse embora. Então esse rapaz
lhe esclareceu que não era um bem-aventurado como Divaldo, mas que também não era nenhum
obsessor. Apresentou-se como Jésus Gonçalves e lhe informou que havia desencarnado em um
sanatório para leprosos em Pirapitingui, em São Paulo. Enquanto Jésus contava sua história de
sofrimentos ao longo de várias reencarnações, foi metamorfoseando-se na presença de Divaldo, e
voltou a ter um “corpo” normal. Esclareceu que havia se aproximado para tentar um contato com
uma amiga querida. Pediu a Divaldo que fizesse visitas à Colônia de Leprosos no subúrbio de
Águas Claras.
Divaldo ficou assustado, pois naquela época as pessoas não tinham esclarecimentos e
achavam que a lepra era algo aterrador. Divaldo se desculpou, mas disse que não poderia ir, pois
não tinha coragem de entrar em um local onde vivem leprosos. Jésus então o esclareceu que era
melhor ele ir lá, do que ir para lá. Após pensar alguns instantes, decidiu que o melhor era ir lá.
Então Jésus lhe disse que iria tomar as providências para que fossem juntos. O Espírito se diluiu e
Divaldo ficou a sentir uma enorme sensação de bem-estar.
À noite antes de iniciar os trabalhos no Caminho da Redenção, Divaldo contou o fato aos
amigos que estavam assistindo à palestra e perguntou se dentre os presentes alguém conheceu ou
havido ouvido falar em Jésus Gonçalves. Levantou-se uma senhora muito bonita e bem vestida, o
que demonstrava uma condição social privilegiada, e disse que havia sido amiga deste jovem. A
Sra. Zaira Pitt em companhia de outros amigos estavam acostumados a fazerem visitas aos
leprosos, bem como ajudar a suas famílias com distribuição de víveres para alguns.
Após a reunião Divaldo conversou com os amigos e ficou sabendo que a doença não era tão
fácil de contaminar os outros. A Sra. Zaira lhe esclareceu que há muito fazia aquele tipo de trabalho
e nunca nada havia lhe acontecido. Divaldo se sentiu um pouco envergonhado com sua falta de
coragem, e depois juntou alguns colaboradores e começaram a visitar os enfermos na Colônia de
Águas Claras. Até hoje os internos são visitados pelos amigos do Caminho da Redenção.
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9. FASE DA PRODUÇÃO MEDIÚNICA
No ano de 1964 Joanna de Ângelis sugeriu que as mensagens que havia escrito através de
Divaldo fossem reunidas em um pequeno livro, ao qual deu o nome de “MESSE DE AMOR”, que
foi lançado em 05.05.1964, no Ministério da Fazenda, no Rio de Janeiro.
Em abril de 1970, Divaldo estava hospedado na casa de uns amigos que tinham o hábito de
fazer o Evangelho no Lar aos domingos. Neste dia exato, Divaldo estava impossibilitado de
participar, pois estava com uma febre muito alta, em conseqüência de gripe muito forte.
Permaneceu o tempo todo de repouso no quarto. No momento em que o Culto se iniciava,
apareceu-lhe um Espírito e se apresentou como Victor Hugo. Contou-lhe que já havia algum tempo
estava entrando em contato psíquico com Divaldo e o inspirava na narração de alguns fatos nas
conferências para gerar um clima de sintonia. Contou que tinha uma tarefa a lhe propor. Queria
escrever através dele 10 (dez) romances. Achando-se impossibilitado para fazer (Victor Hugo era
um escritor muito famoso em vida) Divaldo achou que estava delirando e recusou a tarefa; pensava
que era algum novo obsessor para lhe tirar a paz.
Nunca havia pensado que poderia ser médium para escrever romances, principalmente de um
escritor tão ilustre. Victor Hugo pediu que ele se levantasse e providenciasse material para o
trabalho. E Divaldo mais uma vez relutou. Então apareceu Joanna de Ângelis que lhe garantiu a
veracidade da personalidade ali presente. Divaldo então lhe diz que está muito doente, quase morto
e que não tem condições de trabalhar. Joanna então lhe esclarece que está morta, e nem por isso
deixou de trabalhar. Vendo-se sem argumentos Divaldo levantou e pediu aos donos da casa que lhe
arrumassem material, pois iria trabalhar. Victor Hugo esclareceu que o estado enfermo era
providencial e facilitaria uma maior maleabilidade no intercâmbio; mandou que ele sintonizasse
com determinado tipo de faixa para facilitar a incorporação. Enquanto os presentes liam o
“Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, Divaldo psicografou o primeiro capítulo do
livro “PÁRIAS EM REDENÇÃO”, a parte que fala sobre o duque Giovanni di Bicci Di M.
Ao terminar a psicografia Divaldo estava completamente curado, bem disposto. Haviam
passado a febre e a indisposição.
Durante 10 anos Amélia Rodrigues o inspirou, ajudando em suas palestras com temas que lhe
inspirava. Foi o período de treinamento. Por essa época ela informou a Divaldo que já tinha
permissão de selecionar aqueles temas que haviam pregados juntos e escrevê-los em forma de
livros. Assim surgiu o livro “PRIMÍCIAS DO REINO”. Passaram-se alguns anos e em 1981,
quando Divaldo foi a Israel Amélia Rodrigues foi sua cicerone. Ela o levou aos lugares em que ele
já conhecia pelas descrições que ela plasmara durante as conferências que proferiam.
A convite de Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda veio trazer sua contribuição
em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão.
Foi o próprio Manoel que contou para Divaldo que durante sua vida na terra havia trabalhado
na União Espírita Baiana, atual Federação, tendo exercido vários cargos, dedicando-se
especialmente à tarefa do estudo da mediunidade e da desobsessão. Fora uma pessoa que havia
trabalhado com escrituração mercantil, ligada à área de informações da natureza geral sobre o
comércio. Mas tendo convivido com Petitinga, Manoel havia aprimorado os conhecimentos
lingüísticos que levara da Terra com vistas a uma programação de atividades a Doutrina Espírita e
pela Mediunidade no futuro.
Miranda ficou quase 30 anos realizando pesquisas e estudos, elaborando trabalhos que mais
tarde iria enfeixar em livros. Ao travar contato com Divaldo pela primeira vez, lhe comunicou que
gostaria escrever. Levou-o a uma reunião no Mundo Espiritual onde vive, e lhe mostrou como eram
realizadas as experiências de prolongamento da vida física através de transfusão de energia
utilizando-se do perispírito. Após uma convivência, de mais ou menos um mês, aparecendo
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diariamente para facilitar o intercâmbio psíquico entre ambos, começou a escrever “NOS
BASTIDORES DA OBSESSÃO”, que são relatos em torno da vida espiritual, das técnicas
obsessivas e de desobsessão. Ditou ainda “GRILHÕES PARTIDOS”, “NAS FRONTEIRAS DA
LOUCURA”, “PAINÉIS DA OBSESSÃO” e “TRAMAS DO DESTINO”.
10. A SOCIEDADE E O MEIO CULTURAL
No ano de 1971, Divaldo foi convidado a fazer uma conferência em Angola, e após a palestra,
psicografou no dialeto local, uma página que foi assinada por Monsenhor Manoel Alves da Cunha.
Por esse feito foi acusado de pregador suspeito e foi proibido de retornar as terras portuguesas. Em
1973, a convite de Portugal, retornou para novas palestras.
Em maio de 1976, Divaldo estava dando uma entrevista na TV Gaúcha, e pela primeira vez,
psicografou uma mensagem de Joanna de Ângelis diante das câmeras de TV, ao vivo e em inglês.
Em 1977, quando esteve em Roma fazendo uma série de palestras e usando para isso um
tradutor, Joanna de Ângelis apareceu e pediu que ele liberasse o rapaz de fazer a tradução e falasse
normalmente, em português. Divaldo ficou muito assustado, mas fez o que foi mandado. O
auditório inteiro entendeu a palestra em italiano; houve uma impregnação psíquica feita pelos
Espíritos.
11. MANSÃO DO CAMINHO - A OBRA
Em 1960, com ajuda dos amigos e colaboradores, Divaldo conseguiu transferir a Mansão do
Caminho para a rua Barão de Cotegipe 124, em Pau da Lima. Com campanhas, rifas e vendas de
livros por ele psicografados, conseguiram terminar as obras da Mansão.
Atualmente a Mansão atende a mais de 2.000 pessoas diariamente, dando às crianças
instrução fundamental, educação e ensinamentos morais e espirituais. Atende a 180 velhinhas. A
Mansão tem um atendimento clínico, odontológico, enfermagem. Tem convênios com governos:
estaduais, municipais e federal. A Escola Allan Kardec atende a 400 crianças e a Escola Jesus
Cristo a 420 crianças diariamente. O Centro Espírito Caminho da Redenção oferece aos
necessitados remédios, alimentação e instrução espiritual. Há o Jardim de Infância Esperança com
260 crianças, Escola de Datilografia Joanna de Ângelis, Escola de Evangelização para crianças,
Juventude Espírita Nina Arueira, Caravana Auta de Souza que ampara a 110 famílias irrecuperáveis
socialmente, a Casa da Cordialidade que ampara 156 famílias recuperáveis socialmente, Livraria
Espírita Alvorada (LEAL), Panificadora Jubileu, Círculo de Leitura, Marcenaria Renascença,
Creche “A Manjedoura”, com 200 crianças; 360 famílias recebem ajuda e orientação em regime de
reintegração à sociedade. Conta ainda com 8 médicos e 10 dentistas.
Toda obra é mantida pelos esforços de muita gente, são vários colaboradores que fazem
campanhas, gente que ajuda de todos os cantos do Brasil, e alguns ajudam do exterior. São
vendidos livros em conferência, o governo colabora, enfim, o trabalho é de quem deseja ajudar.
12. NÍVEIS DE ATUAÇÃO
Divaldo tem muitos livros psicografados por vários Espíritos. Cada um trouxe sua
colaboração de uma maneira particular, continuando na outra vida, o que fizeram nesta.
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Joanna de Ângelis traz, como sua Mentora Espiritual, livros doutrinários, consoladores, onde
de uma maneira simples e direta tenta impulsionar os homens a caminharem mais rápido e de
maneira mais acertada na sua evolução espiritual.
Rabindranath Tagore, apresenta sua obra de maneira poética e lírica, apresentando poesias
orientais.
Vianna de Carvalho, passou muitos anos intuindo Divaldo em algumas sessões doutrinárias,
trouxe sua contribuição através dos estudos doutrinários sobre mediunidade.
Eros, é o pseudônimo de um Espírito, que em sua última encarnação foi mulher, e escreve
contos sobre sentimentos.
Amélia Rodrigues, passou muito tempo, principalmente no começo, a intuir Divaldo nas
conferências, e depois juntou esses temas em forma de livros doutrinários e consoladores.
Marco Prisco, o romano que psicografou pela primeira vez com Divaldo, traz em sua bagagem
ensinamentos preciosos para quem desejar entender melhor Kardec.
Manoel Philomeno de Miranda, que em vida carnal foi Presidente da Federação Espírita
Baiana, traz sua contribuição ao estudo da mediunidade, da obsessão e desobsessão.
Victor Hugo, que foi atraído para escrever romances, e assim dar continuidade ao seu talento
de escritor.
E tantos outros que colaboraram com mensagens estimulantes, como Otília Gonçalves, João
Cléofas, Francisco de Monte Alverne, Simbá, Ignotus. Todos os livros são de cunho doutrinário e
consoladores, podem vir como poesia ou romance, mas sempre demonstram um lado de
ensinamento para a Humanidade.
13. MENSAGENS DE DESENCARNADOS
Divaldo foi convidado para visitar um senhor que havia tido derrame cerebral e estava
hemiplégico. Assim que chegou a casa, a esposa o recebeu, chorosa; dizia que não sabia o que fazer
da sua vida, pois o marido era a única pessoa que trabalhava na casa, as reservas haviam acabado e
o que restava estava sendo consumido com a compra de remédios. Divaldo a acalmou, se
concentrou e começou a fazer uma prece. Em seguida leu o Evangelho e depois aplicou-lhe passes.
No momento em que aplicava os passes apareceu o Dr. Bezerra de Menezes e lhe disse que no caso
daquele irmão, o melhor remédio era uma doença prolongada, que Divaldo se limitasse apenas a
atender a família e os apoiar no que melhor pudesse, para que pudessem ter forças para atravessar
aquela crise, mas que Divaldo não rogasse o apoio da cura. Não entendendo o motivo daquela
resposta, voltou todos os dias para lhe aplicar passes. Com o passar do tempo, o homem foi fazendo
fisioterapia e tomando os passes, ele melhorou. Ficou encantado com a terapêutica dos efeitos
mediúnicos e passou então a freqüentar o Centro em todas as reuniões. Essa assiduidade foi
diminuindo cada vez mais, até que um dia não mais voltou ao Centro. Divaldo não estranhou, mas
tomou conhecimento de que esse amigo estava progredindo na vida financeira. Certo dia o
encontrou na rua e ele lhe contou que, por conta dos prejuízos que tivera durante o tempo em que
ficou doente, estava tendo que trabalhar dobrado para pagar todas as contas. Divaldo aceitou a
explicação e não mais tocou no assunto. Deu graças a Deus pelo irmão ter se acertado na vida.
Esse irmão ao acumular haveres, deixou-se fascinar também por outras ilusões. Arrumou uma
amante e um problema sério. Um dia Divaldo estava lendo o jornal e viu uma fotografia deste
irmão. Ficou feliz ao pensar que ele estava tendo uma projeção social, mas quando leu a nota da
reportagem, sentiu muita tristeza. Nesta nota dizia que ele havia matado a esposa em uma briga de
ciúmes, e que sua amante havia sido o motivo da desavença entre eles. Após uma discussão muito
acalorada ele havia dado dois tiros na esposa. Divaldo fechou o jornal e fez uma prece por esse
irmão. Apareceu novamente o Dr. Bezerra de Menezes e lhe disse que havia dito desde o começo
que para aquele irmão o melhor remédio era a doença. Com esta lição Divaldo aprendeu a respeitar
a sabedoria das Leis Divinas.
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No ano de 1954, estava Divaldo de férias do seu emprego no IPASE e viajou para São Paulo.
Hospedou-se na casa de um amigo José G. Pereira e este lhe ofereceu a oportunidade de visitar o
Paraná. Divaldo deveria ir para fazer uma palestra na Federação Espírita em Curitiba. Através da
entidade ficou estabelecido que todos os detalhes seriam resolvidos, vôo, hora de chegada, tudo.
Divaldo embarcou feliz. Lá teria que se encontrar com o Sr. João Ghignone. Seu amigo havia lhe
dado a descrição física do homem, mas durante o vôo um medo terrível o assaltou; imaginou o que
faria se o referido senhor não aparecesse. Apareceu então o Espírito Lins de Vasconcelos que na
Terra havia sido amigo do Sr. João e o tranqüilizou, dizendo que quando Divaldo se aproximasse
dele, ele (Lins) o diria para que se apresentasse à pessoa certa. A descrição do homem que lhe foi
fornecida era de um homem baixo, gordinho, e que usava bigode. Divaldo percebeu que quase
todos correspondiam a essa descrição. No saguão do aeroporto quase entrou em pânico novamente.
Lins de Vasconcelos se aproximou e apontou o homem certo para Divaldo. O Sr. João não
entendeu como Divaldo se aproximou dele e se apresentou com tanta segurança. Divaldo então
esclareceu que quem havia lhe dito fora Lins de Vasconcelos; então o Sr. João sentiu-se muito
emocionado por receber notícias de um amigo tão querido, de uma pessoa totalmente estranha.
Em 1971 Divaldo estava viajando pela África do Sul, e em Lourenço Marques, precisou de
um intérprete. Arrumaram um jovem de Cabo Verde, mas não conseguiam se entender direito, pois
a pronúncia de Divaldo era mais aberta. Este jovem falava inglês fluentemente. Como não
conseguiriam arrumar outro eles treinaram e conseguiram se entender após algumas horas de
exercícios juntos.
Durante a palestra, Divaldo percebeu que os assistentes não estavam dando demonstrações de
estarem entendendo muito bem o que era traduzido, Divaldo começou a se inquietar, os assistentes
estavam cada vez mais perdidos. Então apareceu o amigo Vianna de Carvalho e lhe disse para
liberar o tradutor, pois iria incorporar em Divaldo e fazer a palestra. Divaldo se inquietou, pois não
sabe falar inglês. A palestra se iniciou bem e foi um grande sucesso, satisfazendo a todos os
presentes. Quando terminou, todos foram cumprimentar Divaldo pelo sucesso, só que ele não
entendia o idioma e pediu ajuda ao tradutor, que após vê-lo falar muito bem o inglês, se virou e foi
embora achando que queriam lhe pregar uma peça.
Em 1979 Divaldo estava em Londres e participava o Congresso Espiritualista Internacional.
Encontrou-se casualmente com um médium brasileiro, Gasparetto; conversaram um pouco e
combinaram que durante o tempo em que Divaldo estivesse proferindo a conferência, Gasparetto
iria fazer uma pintura mediúnica. Durante a palestra apareceu um Espírito que se apresentou como
Ian, disse que era holandês e que havia desencarnado de maneira violenta, em um acidente
automobilístico. Seu pai era proprietário de uma oficina, e havia consertado o carro no qual ele se
acidentara, por isso se achava culpado do acidente. Isso provocou na família um doloroso impacto.
Neste Congresso estava presente um representante da Holanda; este senhor trazia uma fotografia de
Ian, e iria pedir, no final da reunião, que alguém através da clarividência desse alguma notícia do
rapaz. Ian contou que aquele dia, seria o dia do seu aniversário, se vivo fosse, e que gostaria de
mandar uma lembrança para sua família através do Sr. Zeeven; essa lembrança poderia ser a pintura
mediúnica. Gasparetto, naquele momento, em transe, estava fazendo um quadro por um dos
pintores modernos, de nome Monet.
Enquanto o jovem Ian contava seu drama, Gasparetto pintava. Pediu que, ao terminar a
reunião Divaldo contasse aos assistentes a sua história. Ao fazer isso Divaldo apontou o presente
que gostaria de enviar a família e que o senhor que estava na platéia e conhecia os detalhes desta
mesma história se identificasse. Quando o Sr. Zeeven levantou-se e se aproximou da tribuna quase
caiu, pois estava retratado ali o rosto do jovem Ian. Ele estava trazendo uma fotografia do jovem
para que alguém desse notícias, e os traços fisionômicos eram iguais. Divaldo então retirou o
quadro do cavalete e pediu que ele enviasse à família do jovem.
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Quando esteve em Nova York, Divaldo foi incumbido pelo professor Pastorino de entregar
uma encomenda a um amigo seu, Sr. Jayme Beltran. O professor lhe deu o endereço do referido
amigo, Divaldo foi procurá-lo, mas lá chegando soube que o senhor em questão havia se mudado de
endereço, e nenhum vizinho sabia para onde havia se mudado. Divaldo resolveu então enviar a
encomenda de volta para o Brasil pelo correio. Porém quando chegou ao hotel foi surpreendido pela
presença de um Espírito de um jovem que se apresentou como Telêmaco; ele contou que havia
desencarnado no Rio de Janeiro, e se ofereceu para conduzir Divaldo até a casa do Sr. Jayme, se
este o desejasse, pois queria ajudá-lo. Divaldo ficou contente e aceitou o convite; assim que o
jovem se retirou fez uma prece e um outro amigo apareceu para lhe acalmar; disse também que as
intenções do rapaz eram verdadeiras.
No dia seguinte Telêmaco levou-o ao condado de Queens. Na rua, por indicação do Espírito,
entrou no metrô que o levaria ao bairro onde morava Jayme. Divaldo foi conduzido à residência
certa, e ao tocar a campainha uma senhora o atendeu. Divaldo se apresentou, perguntou pelo dono
da casa, e explicou o motivo pelo qual ali viera. A esposa do Senhor Jayme confirmou tudo, só
ficou um pouco surpresa por Divaldo ter acertado a casa com tanta facilidade, pois nem o professor
Pastorino tinha o novo endereço do casal. Divaldo então esclareceu que quem o havia levado até ali
fora Telêmaco. Ela ficou muito sensibilizada e telefonou ao marido, que estava trabalhando.
Divaldo então conversou com ele pelo telefone e para surpresa sua, o Sr. Jayme contou que seu
amigo Telêmaco e ele haviam feito um “pacto”, de quando um dos dois morresse assim que
estivesse em condições voltasse para contar ao outro de que a vida realmente continuava do outro
lado. O Sr. Jayme avisou que há muito esperava por esse recado.
14. PRODUÇÕES LITERÁRIAS
Divaldo tem muitos livros publicados. Diversos Espíritos usaram da sua condição de médium
bem adestrado e disposto ao trabalho para escrever.
Há livros para todos os gostos: Victor Hugo escreveu seus romances; Joanna de Ângelis,
livros consoladores e doutrinários; Tagore escreveu poesias; Vianna de Carvalho, estudos sobre
mediunidade; Eros escreveu contos belíssimos; Amélia Rodrigues poemas e poesias; Marco Prisco,
ensinamentos doutrinários elucidativos; Manoel P. Miranda, estudos sobre obsessão e desobsessão,
e tantos outros contribuíram para que a obra psicografada por Divaldo se tornasse tão extensa.
15. A HISTÓRIA DE JOANNA
A história de Joanna é muito antiga ... começa (segundo suas próprias narrativas) na época
em que ela seguia o Cristo.
Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, nas cidades onde se conjugavam interesses
vitais de comerciantes e de pescadores. Joana possuía verdadeira fé, contudo, não conseguiu apagar
de sua vida várias angústias. O esposo não tolerava a doutrina do Mestre, era alto funcionário de
Herodes, em perante contato com o Império. Repartia as suas preferências religiosas de acordo com
seus interesses pessoais. O Mestre aconselhou a Joana que a melhor maneira de Lhe demonstrar
amor seria amar a seu marido, que era quem mais precisava de ajuda e partiu. Os anos se passaram
e o esforço perseverante lhe multiplicou os bens da fé, na marcha laboriosa do conhecimento da
vida. Seu marido, porém, caiu em desgraça e começaram as perseguições políticas à família.
Inconformado pelo seu declínio, numa noite tempestuosa, o marido de Joana entregou sua
alma, voltando para a Pátria final. Joana tornou-se empregada, tinha que ganhar o sustento para si e
seu filho. Os anos se passaram e a perseguição aos cristãos aumentava. Joana foi presa juntamente
com seu filho e levada presa para a praça central, onde permaneceu amarrada, vendo seu filho ser
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queimado, enquanto os carrascos mandavam que ela negasse o Cristo. Seu filho pedia desesperado
que ela fizesse isso, mas Joana manteve-se fiel ao Mestre e também morreu queimada.
Juana de Asbaje, viveu no século dezessete. Aos quinze anos entrou para a Ordem de São
Jerônimo, no México, e adotou o nome de Juana Inés de La Cruz. Foi poetisa, uma das mais
formosas da literatura hispânica, a primeira feminista das Américas, foi o orgulho do povo
mexicano. Juana desde muito cedo, aos 3 anos, aprendeu a ler, e aos 6 anos dominava o idioma
pátrio perfeitamente, além de possuir habilidades para a costura e outros afazeres comuns às
mulheres de sua época.
Sua vontade de aprender era tamanha, que entrou para um Convento de Carmelitas Descalças,
aos 16 anos, só que não agüentou a rigidez ascética e retornou a casa. Seguindo a orientação de seu
confessor, foi para a Ordem de São Jerônimo da Conceição, que tinha menos obrigações religiosas.
Durante o tempo que lá esteve, escreveu muitos poemas, ensaios de peças e músicas. Com o passar
do tempo foi repreendida pelos superiores e abandonou a literatura, indo cuidar dos enfermos. Em
1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante dia e noite as suas irmãs
religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos
poucos, uma a uma as suas assistidas. Ela abatida e doente tombou vencida aos 44 anos de idade.
Joana Angélica de Jesus foi uma mulher acostumada a pensar e a escrever. No Brasil, sua
última encarnação, fora viver em uma ordem de religiosas, na qual entrou como noviça e exerceu
todas as funções até se tornar Abadessa. Joana Angélica, aqui no Brasil, também entrou para a
História, pois viveu no Convento da Lapa, e no ano de 1822, durante as brigas pela Independência
do Brasil, o convento foi atacado por um pelotão desvairado. Joana quando percebeu o que poderia
acontecer com as jovens que estavam sob sua guarda, deu um jeito de as esconder e ficou sozinha
no convento a esperar pelo que pudesse acontecer. Durante as batalhas travadas do lado de fora, os
soldados ensandecidos invadiram o convento e Joana lhes disse que só passariam pela porta se a
matassem. Eles não pensaram duas vezes e a mataram com golpes de baioneta. A pobre freira caiu
no chão sem vida; os soldados entraram a procurar as freiras e muito frustrados perceberam que
haviam matado a Madre por nada, pois não haviam encontrado ninguém dentro do convento.
Retiraram-se envergonhados.
Joana Angélica despediu-se da vida carnal, mas entrou com um brilho a mais no Mundo
Espiritual, pois mais uma vez entregava sua vida, para que outras pudessem viver.
Essas histórias só foram contadas a Divaldo após 10 anos de trabalho intenso, por que antes
disso ela só se apresentava como “Um Espírito Amigo”.
16. A IDÉIA DIRETORA DO TRABALHO
Quando desencarnou, em 1822, o Consolador estava programado para o Brasil e ela foi
convidada a fazer parte da equipe do Espírito de Verdade. Foi levada para o contato com os
Espíritos da Codificação e para uma adaptação do pensamento cristão, que estava deturpado pelos
conceitos dogmáticos, ao cristão liberado que devia vir no Espiritismo. Passou por uma adaptação
mental para pensar em termos cósmicos e não em termos terrenos. Começou daí a participar das
tarefas, porém já pensando nessa obra que viria muitos anos depois: a Mansão do Caminho.
Joanna dá sua contribuição ao ajudar a escrever o “EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO” e assinou duas páginas: uma foi “A Paciência”, no cap. IX, item 7 e “Dar-se-á
àquele que tem”, no cap. XVIII , item 13 a 15.
Espírito líder, segundo observação de Ismael Gomes Braga, convidou Entidades elevadas para
participarem de sua equipe. Na literatura surgem Tagore, Victor Hugo, Manoel Philomeno de
Miranda, Amélia Rodrigues, Marco Prisco, Vianna de Carvalho, e outros. Na área da desobsessão
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convida Simbá; para atender à mediunidade vem João Cléofas; na orientação espiritual e no
receituário reúne médicos e enfermeiros como Dr. Bezerra de Menezes, Scheilla e outros abnegados
servidores. No campo da Assistência Social convida Anália Franco, Fabiano de Cristo e mais
inúmeros Espíritos experientes no serviço ao próximo.
Os temas das conferências, são em geral, inspirados a Divaldo no momento em que se
apresenta em público. Os espíritos sempre preferem uma abordagem de acordo com as
necessidades dos auditórios para os quais Divaldo se apresenta. São temas que falam sobre a
evolução do homem, os direitos humanos, as necessidades espirituais, e as respostas que o
Espiritismo tem para os problemas que afligem a todos na atualidade.
Divaldo é o que se pode chamar de “Embaixador do Espiritismo”, pois através de vários
convites, já viajou para muitos países estrangeiros, levando até a povos ignorados a Doutrina
Espírita.
Fontes de Pesquisa
A VENERANDA JOANNA DE ÂNGELIS, Celeste Santos e Divaldo Pereira Franco (editora:
LEAL)
DIVALDO E CHICO EM UBERABA, Carlos A Bacelli. (editora: LEAL)
ELUCIDAÇÕES ESPÍRITAS, Divaldo Pereira Franco (editora: SEJA)
MOLDANDO O 3o. MILÊNIO, Fernando Worm (editora: LEAL)
NAS PEGADAS DO NAZARENO, Miguel de Jesus Sardano (editora: LEAL)
O PEREGRINO DO SENHOR, Altiva Glória F. Noronha (editora LEAL)
O SEMEADOR DE ESTRELAS, Suely Caldas Schubert (editora: LEAL)
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS
ZILDA GAMA
ZILDA GAMA – O MÉDIUM DE VICTOR HUGO
Coube ao feliz Estado de Minas Gerais a sublime glória de ser o berço dos três maiores
médiuns brasileiros: Zilda Gama, de Juiz de Fora; Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo; e
Yvonne do Amaral Pereira, de Lavras, pela ordem em que se projetaram no cenário espírita com as
suas lindas produções literárias.
Zilda Gama foi incontestavelmente a precursora das grandes novelas mediúnicas e a ela se
deve apreciável número de adeptos do Espiritismo. Foi a antecessora de Francisco Cândido Xavier,
Yvonne Pereira, Divaldo Pereira Franco e outros tantos médiuns que despontaram posteriormente.
Zilda Gama se projetou como um das mais notáveis médiuns brasileiras. Com uma dilatada
existência terrena de quase 91 anos, sempre direcionou a sua vida pelos ensinamentos evangélicos,
tornando-se mesmo um modelo para todos aqueles que encaram a mediunidade como um
sacerdócio dos mais edificantes e autênticos.
Zilda Gama foi a pioneira entre os médiuns espíritas do sexo feminino a receber no Brasil, tão
vasta literatura oriunda do Mundo Maior.
O seu nascimento ocorreu no dia 11 de março de 1878, em Três Ilhas, município de Juiz de
Fora – MG, vindo a desencarnar no dia 10 de janeiro de 1969, no Rio de Janeiro.
Segunda filha do casal Augusto Cristino Gama e D. Eliza Emilia Klörs da Gama, ele, escrivão
de paz e ela, professora estadual, Zilda Gama tinha 10 irmãos, a saber: Maria Antonieta, Manuel,
Adélia Maria, Agenor Waldemar, Hercília Olga, Augusta Eliza, Olinda, Aprígio, Maria Dolores e
Francisca Odete.
Uma curiosidade para o nosso ambiente espírita é que Zilda Gama foi registrada com nome
duplo como quase todas suas irmãs: seu nome originário era Zilda Yolanda.
Em 1901 desencarna sua irmã Maria Antonieta Gama, que era musicista e poetisa, conhecida
pelo pseudônimo de Marieta, nome bastante conhecido na imprensa de Minas Gerais.
Em 1902, seus pais foram residir em Pirapetinga (MG), e num espaço de 4 meses vieram a
falecer assumindo Zilda Gama a direção da família.
Em face da dificuldade de escola no interior de Minas Gerais, tendo somente estudado com
sua mãe, matricula-se na Escola Normal de São João Del Rei e 1 ano e 4 meses após, diploma-se e
começa a exercer o magistério público, no município de Além Paraíba no mesmo Estado natal,
tendo assumido, por vezes, a direção dos Grupos Escolares “Castelo Branco” e “Sales Marques”
após ter obtido duas promoções.
A esta mulher extraordinária estavam reservadas duas grandes provas, as quais venceu com
galhardia, mostrando o seu amadurecimento espiritual.
A primeira, foi quando, às vésperas do casamento, depois de prolongado noivado, o noivo
casou-se com outra jovem.
A segunda, em 1920, foi a desencarnação de sua irmã Adélia Maria, deixando-lhe a
responsabilidade de criar e educar cinco sobrinhos, para os quais foi mãe carinhosa enfrentando
lutas e problemas, com o seu modesto salário de professora. Não esmoreceu com a sobrecarga e
essas crianças se tornaram o alvo principal de muitas lutas e sofrimentos.
Mudando o seu domicílio para Belo Horizonte, ali continuou a exercer o magistério primário
no Grupo Escolar Afonso Pena, o que fez até 1938 quando se jubilou.
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Em 1940 transfere-se para a cidade do Rio de Janeiro no antigo Distrito Federal.
Em 1955 muda-se para Mesquita, município de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro.
Em 1957 passa a viver em companhia de seu sobrinho e filho de criação Mário Ângelo de
Pinho, no então Distrito Federal.
Devido aos enormes encargos que teve de assumir e a sua disposição de colocar-se a serviço
das Verdades Evangélicas, Zilda Gama não contraiu matrimônio.
Desde 1959 vive numa cadeira de rodas, ou presa ao leito, após ter sofrido derrame cerebral.
A desencarnação de Zilda Gama ocorreu no Rio de Janeiro no dia 10 de janeiro de 1969, aos
91 anos de idade, depois de longa e pertinaz enfermidade que a prostrou na cama por mais de 10
anos.
Zilda Gama era prima-irmã do grande escritor e tradutor Francisco Klörs Werneck.
2. OS SINAIS PRECURSORES (Sinais de Chamada)
Embora Zilda Gama estivesse vendo com a faculdade psíquica, dentro daquele desígnio
providencial, a mediunidade não se lhe apresentou nos primeiros momentos de vida terrestre, e sim
de modo ostensivo mais ou menos quando ela estava com 17 para 18 anos, em reflexos ineludíveis.
Quando Zilda Gama, com 17 anos de idade, começou a experimentar reflexos psíquicos, a
coletividade estava subordinada ao impacto de intolerância, e da insensatez daqueles que não podem
usufruir os climas espirituais e que também impediam que outros o fizessem.
Zilda Gama começou suas atividades mediúnicas quando completou 17 anos de idade, porém
sua formação católica e as críticas severas contra o Espiritismo fizeram-na se resguardar.
Aos 24 anos de idade, seus pais foram residir na cidade de Pirapetinga. Prova contundente de
que a mediunidade se desabrochou em alguém que não vinha de nomenclatura Espírita, envolvida
pelos problemas psíquicos, Zilda Gama se filiou à Irmandade do Sagrado Coração de Jesus porque
pensava em se libertar daqueles problemas, o que não ocorreu de forma alguma.
Foi assim que aflorou a mediunidade de Zilda Gama.
Quando ainda se considerava adepta do Catolicismo, embora já tivesse ouvido falar em
Espiritismo, teve a ocasião de ser apresentada, em uma obscura vila mineira ao Dr. Cunha Sales,
que era médico e músico.
Achava-se ela perto do piano que o Dr. Cunha Sales tocava com maestria, quando este lhe
perguntou se ela era Espírita, ao que ela respondeu negativamente.
Cunha Sales deu um riso algo irônico e encarando Zilda Gama demoradamente lhe disse: “A
Sra. não só é Espírita, como mais tarde será uma grande propagandista da Doutrina, pois
publicará livros que justificarão essa profecia” – profecia que Zilda Gama guardou de memória
embora considerasse um tanto impossível.
No entanto, só em 1912, forçada pelo longo sofrimento nos embates da vida, pode meditar e
coordenar suas forças interiores, ocorrendo nessa ocasião as grandes provas de sua mediunidade
quando, sem saber como, era impelida a transcrever para o papel a torrente de seus pensamentos, em
estado completamente anômalo.
Zilda Gama muito sofreu quando se lhe manifestou a mediunidade porque realmente havia um
desencontro entre a .............. e a vida contingente.
Combalida por íntimos dissabores, sentiu que alguma Entidade do Mundo Invisível desejava
com ela corresponder-se.
Zilda Gama pega do lápis e prontamente lhe vem pela psicografia, salutar conselho dado por
seu pai (desencarnado em 1903) e outro por sua adorada irmã Maria Antonieta da Gama (poetisa e
violinista desencarnada em 1901). Esses Espíritos a orientaram por alguns dias fazendo-a tomar
deliberações que lhe não haviam ocorrido à mente.
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Pouco depois, passava ela a grafar mensagens de Mercedes, Entidade que lhe foi de
inexcedível dedicação, consócia de todos os seus instantes de dor e de raras alegrias, enfim, um dos
mais desvelados Guias espirituais que lhe revelava a importante missão que o Alto lhe reservava no
Espiritismo.
Com surpresa, ainda no ano de 1912, Zilda Gama psicografou a primeira mensagem de Allan
Kardec.
“Sobre a tua fronte está suspenso um raio luminoso que te guiará através de todas as
dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua glória ou a tua condenação, conforme o
desempenho de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua redenção ou a tua
condenação, conforme o desempenho que deres aos teus encargos psíquicos. Cinge-te de coragem,
fé, benevolência; cumpre sem desfalecimentos e sem deslizes, todos os teus deveres sociais e divinos
e conseguirás ser triunfante”.
Em 1916, alguns Espíritos transmitiram-lhe a informação de que passaria a psicografar uma
novela, fato que a surpreendeu.
O Espírito de Victor Hugo passou então a escrever por seu intermédio e dentro de pouco
tempo, a primeira obra “NA SOMBRA E NA LUZ” estava completa.
3. AS DIFICULDADES
Exercendo o magistério público e particular, das 7:00 às 20:00 horas, e ainda cuidando
primeiramente de suas irmãs e, mais tarde de cinco filhos órfãos de uma delas pouco ou nenhum
tempo lhe resta para arquitetar enredos e lançá-los no papel.
Com enorme sacrifício, sacrificando as poucas horas que tinha para descansar, Zilda Gama
atendia à enorme correspondência que lhe era dirigida diariamente, por tanta gente procurando
conforto para os males físicos, morais e espirituais sacrificando as poucas horas que tinha para
descansar de suas tarefas domésticas, escolares e mediúnicas.
Zilda Gama evitou buscar a mediunidade, por medo, pois que os adversários do Espiritismo
costumam desconfiar dos médiuns.
Zilda Gama também foi rudemente citada por um sacerdote.
4. AS FASES DA PRODUÇÃO MEDIÚNICA
Os livros mediúnicos de Zilda Gama fizeram época na literatura espírita, além de terem o
mérito de suavizar muitas dores e estancar muitas lágrimas.
Em “NA SOMBRA E NA LUZ”, Victor Hugo mostra facetas do destino, ensinando-nos que a
dor desperta os corações humanos, mostrando que ela possui uma faculdade profundamente
criadora, embora não possa ser entendida, de imediato, pelo Ser, em virtude de sua imaturidade.
Em “DO CALVÁRIO AO INFINITO”, o Espírito de Victor Hugo nos mostra que realmente
através da dor, a criatura pode ressarcir ou recompor o seu ontem de miserabilidades,
encaminhando-se, para novos rumos, perspectivas outras, mostrando que do calvário se abriam
possibilidades de luz para a Humanidade inteira, que Cristo brilha do Evangelho e resplandece na
exemplificação.
O autor de “OS MISERÁVEIS” obsequiou-nos, ainda, com “DOR SUPREMA”, através de
Zilda Gama, mostrando a concepção da dor, não através da filtragem materialista, mas por
intermédio de entendimento espiritual.
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Em “REDENÇÃO”, romance psicografado por Zilda Gama, Victor Hugo reforça no romance
psíquico a redenção de que nos fala a Doutrina Espírita.
Além dos romances maravilhosos que nos foram ofertados pela mediunidade de Zilda Gama,
é interessante referendarmos, aqui, um livro pouco conhecido nos anuais espíritas, porque surgiu em
1929, e que se intitula “DIÁRIO DOS INVISÍVEIS” (editora: Pensamento), onde pontificam
maravilhosos Seres do Mundo Invisível, trazendo, também, seus judiciosos ensinamentos, o estilo, a
técnica de que eram capazes para demover o pensamento materialista, para fecundar a vida
espiritualista, para alertar o homem que ele é o artífice de sua própria imortalidade.
É nesse livro “DIÁRIO DOS INVISÍVEIS”, que se encontra uma mensagem que vibra em
todo o seu esplendor, em toda a sua autenticidade, porque Zilda Gama quando recebeu esta obra,
estava em fase áurea de mediunidade.
Outras publicações foram produzidas por Zilda Gama, além das já mencionadas: “DOR
SUPREMA”, “ALMAS CRUCIFICADAS”, “NO SOLAR DE APOLO”, “NA SEARA
BENDITA”, “NA CRUZADA BENDITA” e “ELEGIAS DOURADAS”, esta última do Espírito de
sua irmã Maria Antonieta Gama.
É Francisco Klörs Werneck, primo-irmão de Zilda Gama, quem nos fala da demora da
publicação de “NA SEARA BENDITA ”:
“Zilda Gama, alma carinhosa por excelência, ofereceu a um confrade em São Paulo, que
queria editar um romance mediúnico seu, os originais de Na Seara Bendita. Quando o livro já se
achava em composição, o referido confrade desencarnou e os originais e provas permaneceram na
tipografia, até que, por certas circunstâncias foram achados e entregues a meu irmão residente na
capital paulista”.
Quando Zilda Gama recebeu de volta os originais de “NA SEARA BENDITA”, estava com
73 anos de idade e era um médium já cansado e que já sintonizava com dificuldade.
Didata por excelência, Zilda Gama organizou ainda os seguintes livros:
“O LIVRO DAS CRIANÇAS” (leitura escolar); “OS GAROTINHOS” (literatura
intermediária); “O MANUAL DAS PROFESSORAS (estudos pedagógicos); “O PENSAMENTO”
(monografia psicológica); “VIBRAÇÕES” (poesia); “ÚLTIMOS HARPEJOS” (poesia e prosa).
5. A INSERÇÃO NA SOCIEDADE – NO MEIO CULTURAL
Em 1927, Zilda Gama tomou parte no Congresso de Instrução, realizado em Belo Horizonte.
Em 1929 obteve o primeiro lugar em concurso promovido pela Secretaria de Educação do Estudo de
Minas Gerais, apresentando um trabalho sobre “Aulas-Modelos”, sendo inscrita na Escola de
Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, concluindo o curso, em 1931.
Ainda em 1931, no Congresso Feminino presidido pela Dra. Elvira Kamel, apresentou uma
tese sobre o direito do voto feminino, que pouco tempo depois, teve a aprovação oficial.
Continuou a exercer o magistério primário, agora no Grupo Escolar Afonso Pena, daquela
cidade, até 1938, ano em que se jubilou.
Zilda Gama era culta, e jovem ainda, colaborou, com poesias e contos, em vários jornais de
Juiz de Fora, Ouro Preto, São Paulo, Rio de Janeiro, dentre eles o “Jornal do Brasil”, a “Gazeta de
Notícias” e a “Revista da Semana”, periódicos da então Capital Federal.
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6. A INFLUÊNCIA
Os livros mediúnicos de Zilda Gama fizeram grande época na literatura espírita e ainda hoje
são grandemente procurados e acatados pelos leitores sedentos de aprendizado moral-espírita,
consolando corações, abrindo roteiro de esperanças para os sofredores de boa-vontade.
Foi ela no Brasil, a primeira médium feminina a obter do Espaço uma vasta literatura espírita,
tendo causado sensação as suas obras mediúnicas quando apareceram, quer nos meios espíritas, quer
entre os leitores leigos, apreciadores da boa leitura, e numerosos foram os seus discípulos do
Espiritismo, aqueles cujos corações e mentes ela soube instruir e orientar para uma vida nova, vida
de ressurgimentos e disciplinas renovadoras, tão necessárias ao verdadeiro adepto da Doutrina
Espírita.
É D. Yvonne Pereira quem nos lembra (em “Zilda Gama – Homenagem”, palestra proferida
em 11.06.69, na União Espírita Suburbana – Méier (RJ), edição CELD, março de 1975), de que ela,
Yvonne Pereira, “martirizada em sua juventude pela conseqüência dos desacertos de uma passada
existência os livros de Zilda Gama foram benefícios de refrigério para os conflitos íntimos que lhe
acicatava”. Foram os livros de Zilda Gama, portanto, o precioso estímulo que a levou a aceitar o
convite do Mundo Espiritual para testemunhar ao mundo o pensamento e a vontade dos Espíritos
nossos instrutores.
“Zilda Gama, pelo que realizou no Movimento Espírita do Brasil, é recebida por nós e pelo
Mundo Espiritual como aquela irmã bem amada, digna de seu Salário Espírita”. (Newton
Boechat).
A médium de Victor Hugo, em 1920 teve o seu nome buscado para uma escola que fora criada
pela poetisa Rosália Sandoval, na cidade de Maceió, capital de Alagoas, e que é uma organização
que pertence ao “Centro Espírita Melo Maia”. Zilda Gama em sua vida material, nunca pode dispor
da possibilidade de ir a Maceió, para conhecer a escola, cujo teto abriga tantos infortunados da
sorte.
Zilda tirava de seu fraco ordenado de professora primária,dinheiro que lhe faltava para
completar as despesas da casa e gastava em papel, envelope e selos para atender a pedidos de toda
sorte. Muitas vezes contemplava, aflita, a correspondência de resposta que se avolumava, sem
poder postá-la, até que um ser caridoso que lhe fazia um pedido lhe enviava vários selos.
7. A IDÉIA DIRETORA DO TRABALHO
“Zilda Gama, médium poeta, versejador e psicógrafo, assistida pelo Espírito de Victor Hugo,
apresentou obras que hoje deleitam o leitor e, versos que não chegaram a se impor ao
conhecimento do público, dado que a médium, dedicando-se mais à psicografia dos livros e lutando
contra duas provações, não se pode dedicar, como seria necessário, ao difícil labor da psicografia
em versos”.
(Yvonne Pereira, “CÂNTICOS DO CORAÇÃO” vol. I, editora: CELD)
Zilda Gama:
Médium de Victor Hugo
Pioneira entre os médiuns espíritas do sexo feminino a receber tão vasta literatura do Mundo
Maior.
Precursora das grandes novelas mediúnicas.
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Roteiro – Trilha Humana de ZILDA GAMA
1878 - Nascimento de Zilda Gama.
1895 - Início da manifestação mediúnica.
1901 - Desencarne de sua irmã primogênita MARIA ANTONIETA GAMA
1902 - Seus pais se mudam para Pirapetinga.
- Filia-se à Irmandade do Sagrado Coração de Jesus para se libertar de problemas
psíquicos.
1902/3 - Perde seus pais e assume a direção da família.
- Diploma-se e começa a exercer o magistério público no município de Além Paraíba
(MG).
1903/12 - Cunha Sales, médico, profetiza que Zilda Gama, será grande propagandista da
Doutrina Espírita, embora não ostensivamente.
- Pela psicografia recebe conselho de seu pai e sua irmã, Maria Antonieta,
desencarnados.
- Recebe algumas comunicações mediúnicas de um Espírito que se assina
Mercedes.
- Psicografa em Além Paraíba a 1a. mensagem assinada por Allan Kardec.
1916 - As entidades do além informam ao médium que ela viria psicografar uma novela, fato
que a deixa perplexa.
1917 - Zilda Gama psicografa “NA SOMBRA E NA LUZ” romance que é assinado por
Victor Hugo.
1918 - Zilda medita e coordena suas forças interiores ocorrendo nessa ocasião as grandes
forças de sua mediunidade.
1920 - Sua irmã Adelaide desencarna e lhe deixa cinco órfãos que ela assume.
1927 - Toma parte no Concurso de Instrução como membro permanente.
1929 - Obtém o 1o. lugar na classificação do Concurso “Aulas-Modelos”.
Publicação do livro “DIÁRIO DOS INVISÍVEIS”.
1931 - Apresenta tese para o voto feminino.
1940 - Zilda Gama transfere-se para a cidade do Rio de Janeiro, antigo DF.
1955 - Muda-se para Mesquita, município de Nova Iguaçu - RJ.
1957 - Retorna à Capital Federal.
1959 - Vive numa cadeira de rodas vítima de um derrame cerebral.
1969 - Desencarne de Zilda Gama.
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Fontes de Pesquisa:
Jornal Espírita, edição de julho de 1992.
Livreto, 1a. edição em março de 1975 do CELD: Palestra proferida em homenagem a Zilda
Gama, em 14.06.69, na União Espírita Suburbana – Méier (RJ), por Yvonne Pereira/Newton
Boechat.
REFORMADOR, edição de abril de 1969, (ano 87, no. 4).
REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO (ano 84, no. 4), de maio de 1979
Edição que se refere ao centenário de nascimento de Zilda Gama – Paulo Alves Godoy
NOVA ALVORADA, edição no. 35 (jan/fev) - ano IV
NA SEARA BENDITA, edição de 1966 (editora: EDICEL)
Prefácio: Francisco Klörs Werneck.
CÂNTICOS DO CORAÇÃO (vol. I), cap. IV.
Yvonne Pereira (editora: CELD) - de 1994
- 121 -
MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS
YVONNE DO AMARAL PEREIRA
BIBLIOGRAFIA
Nascida no Rio de Janeiro, aí passa sua infância até que se muda para Minas Gerais, onde
passa sua vida até a época em que passa a habitação no Méier (RJ).
Por revelação dos Espíritos, principalmente Charles e Roberto, Espíritos esses ligados a ela
por laços fraternos de amor e carinho, fica sabendo de seu ato (que irá lhe custar muitas dores) – o
suicídio cometido em sua vida passada.
Assim diz ela em seu livro de recordações de suas vidas como médium e de espírita,
“RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE”, à pg. 44 do 3º. capítulo (Reminiscências de vidas
passadas).
“Minha primeira infância destacou-se pelo traço de infortúnio, que foi certamente a
conseqüência da má atuação de meu livre arbítrio em existências passadas. E uma das razões de
tal infortúnio foi a lembrança muito significativa, que em mim permaneceu da última existência que
tivera (...)”
Suas dores e sofrimentos se iniciam em estado cataléptico (estado esse que irá se repetir várias
vezes durante sua vida e servirá como mecanismo facilitador para o desempenho da Mediunidade
Psicográfica), causando em seus familiares a tristeza e o pesar (por acharem que estivesse morta), e
esse sofrimento se estende durante sua vida. Desde muito cedo tem a percepção dos espíritos
desencarnados; em sonhos experimenta a angústia de lembranças de seus pesares de quando estava
ainda no Plano Espiritual em regiões de suicidas.
Portadora de aquilo que ela chama de uma “mediunidade positiva”, ou seja, “Os médiuns
positivos são aqueles que possuem grau das forças intermediárias (eletro-magnetismo, vitalidade,
intensidade vibratória de sensibilidade superior, vigor mental em diapasão harmônico com as
forças físico-cerebrais)”, irá fazer de seu mediunato a ferramenta pela qual serve a Deus, na
execução de seus desígnios junto aos menos afortunados, e pela qual expia suas faltas pretéritas.
Sendo espírita de berço, pois seu pai era espírita mesmo antes dela nascer, e portadora de
várias mediunidades, desenvolve um “currículo” cheio de testemunhos e por que não dizer, de
vitórias.
A seguir reproduzo duas colocações feitas por ela, que demonstram o profundo amor que
desenvolve pela Doutrina Espírita e pela sua mediunidade.
“As únicas horas de alegria e felicidade que desfrutei neste mundo devo à prática da
Doutrina dos Espíritos exposta por Allan Kardec, e ao convívio espiritual com entidades habitantes
do Além. O mundo nada me concedeu a não ser o ensejo para resgatar antigas faltas. Por isso
mesmo amo essa Doutrina, sirvo-a com amor, consoante as minha forças, e certa estou da verdade
que ela encerra, pois o Além tem me concedido tesouros morais-espirituais inalienáveis”. (Rio,
21.03.1975)
“Obrigada, meu Deus, pela benção da mediunidade que me concedeste como ensejo para a
reabilitação do meu espírito culpado. A chama imaculada que do Alto me mandaste como
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revelação dos pontos de tua Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu a devolvo,
no fim da tarefa cumprida, pura e imaculada conforme a recebi: amei-a e respeitei-a sempre; não
adulterei com idéias pessoais porque me renovei com ela afim de servi-la; não a conspurquei, dela
me servindo para incentivo às próprias paixões, nem negligenciei no cultivo para benefício do
próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação. Perdoa, no entanto,
Senhor, se melhor não pude cumprir o dever sagrado de servi-la, transmitindo aos homens e aos
espíritos menos esclarecidos do que eu o bem que ela própria me concedeu...”
(“RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE”, editora: FEB)
Yvonne do Amaral Pereira nasceu a 24 de dezembro de 1900, num sítio nos arredores da Vila
de Santa Tereza, hoje cidade de Rio das Flores, no Município de Valença (município fluminense)
RJ; filha de Manoel José Pereira e Elizabeth do Amaral Pereira, tendo cinco irmãos mais moços e
um mais velho, do primeiro matrimônio de sua mãe.
Viveu até os 10 anos com a avó paterna, já apresentando fenômenos mediúnicos em sua vida
de menina. Mais tarde, a partir dos 10 anos habitou com os pais, voltou a residir no Estado do Rio
de Janeiro (no Méier). Sobretudo na residência de uma irmã casada (Amália Pereira Lourenço), de
vez que ela mesma permaneceu solteira.
Embora desejasse, não conseguiu fazer o curso normal, por dificuldades econômicas.
Desencarnou em 09 de março de 1984, vítima de trombose, numa cirurgia de emergência no
Hospital da Lagoa, às 11:40h.
2. CONVICÇÃO ESPIRITUAL
O contexto com a vida espiritual se deu desde muito cedo e daí adveio a convicção, que se
consolidou com o profundo e cerrado estudo dos conceitos da Doutrina Espírita, parecendo que ela
nunca chegou a duvidar dessa vida espiritual (nesta encarnação).
3. COMO SE DESENVOLVEU O TRABALHO
Yvonne desde muito nova travou contato com a mediunidade, porém, a psicografia
desenvolveu inicialmente com o auxílio do Espírito Roberto (que a acompanhava desde criança e
que esteve ligado a ela em encarnação anterior); esse Espírito serviu para ela (como diz Kardec) de
mestre da escrita , como aquele espírito que vem “abrir” a mediunidade psicográfica junto ao
médium, para “adestrá-lo” no exercício da Psicografia. Diz ela em “RECORDAÇÕES DA
MEDIUNIDADE” (cap. 3 – Reminiscências de vidas passadas):
“Aos doze anos de idade já produzia literatura profana sob seu controle mediúnico (essa
Entidade nunca produziu literatura doutrinária, embora me concedesse copiosa literatura
profana), sem contudo eu mesma estar certa do fenômeno. Sob seu influxo eu escrevia febrilmente,
sem nada pensar, completamente desperta, sem orar previamente, apenas sentindo o braço
impulsionado por força incontrolável. Tratava-se de estilo literário vivo, apaixonado, veemente,
muito positivo, impossível de pertencer à menina de dez anos de idade. Ao que parece a dita
entidade foi literato e poeta, e posteriormente essas produções mediúnicas foram publicadas em
revistas e jornais do interior, sem, todavia, ser esclarecida a sua verdadeira origem. Explicava ele,
então, que me preparava para futuros desempenhos literários-espíritas.”
Além da Mediunidade Psicográfica possuía as seguintes faculdades mediúnicas: Vidência,
Incorporação, Desdobramento, Transfiguração, Materialização e Cura.
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4. PRODUÇÃO
Apresentavam-se junto a sua mediunidade vários Espíritos, entre eles: Victor Hugo, Leon
Tolstoi, Francisco Chopin, Léon Denis, Ignácio Bittencourt, Camilo Castelo Branco, D. Pedro de
Alcântara, Padre Vítor, Dr. Augusto Silva, César Gonçalves e outros, inclusive suicidas.
No campo da mediunidade psicográfica veio com a tarefa de trazer a público o drama e o
sofrimento dos suicidas, assim como o Vale dos Suicidas e o socorro dado a eles, em “MEMÓRIAS
DE UM SUICIDA” (editora FEB). Por “acréscimo de misericórdia” foi-lhe concedido, fazendo
dessa mesma mediunidade, trazer à luz outras obras, romances ditados pelos Espíritos Charles,
Bezerra de Menezes e Leon Tolstoi.
O diretor de sua mediunidade era o Espírito Charles, que a acompanhava desde antes de sua
encarnação. E a idéia central de seu trabalho era: o esclarecimento acerca do suicídio e suas
conseqüências, a divulgação, o esclarecimento e estudos acerca da Doutrina Espírita assim como
dos mecanismos de reajustes perante as Leis de Deus.
5. MECANISMO DA MEDIUNIDADE
A mediunidade psicográfica de D. Yvonne era mecânica em alguns casos e intuitiva em
outros, tendo ainda uma característica interessantíssima de que os Espíritos a tiravam do corpo
através do sono provocado, e em desdobramento, lhe mostravam os quadros dos acontecimentos
que mais tarde iria ela transcrever, ainda sobre o influxo dos Espíritos. Sendo assim, ela lembrava
do que tinha visto e servir de intérprete do Espírito.
Quanto ao desenvolvimento da faculdade era ela: médium explícito, médium positivo,
médium historiador, médium receitista.
Segundo a qualidade moral: bom médium, médium sério, médium seguro, médium devotado.
6. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E EXERCÍCIO DA FACULDADE
Inicia seus trabalhos mediúnicos isoladamente, porém, devido ao fato de seu pai ser espírita e
sendo ela espírita, passa a freqüentar os Centros Espíritas, para estudos e desenvolvimento de sua
mediunidade. Inicialmente em Lavras e depois no Rio de Janeiro.
7. O EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE (FASE PRODUTIVA)
Exerceu sua mediunidade até, mais ou menos, o ano de 1982. Após o recebimento (através da
psicografia) e publicação de seus livros, passou a escrever em jornais espíritas e para o
“REFORMADOR”.
8. A INFLUÊNCIA MORALIZADORA
Suas obras tiveram e têm grande importância sobre o meio espírita e não espírita. A obra
“MEMÓRIAS DE UM SUICIDA”, trouxe para nós encarnados novos e esclarecidos conhecimentos
acerca do martírio por eles (suicidas) experimentados e o auxílio que recebem do Plano Espiritual.
Mesmo as pessoas que não são espíritas sentem e sofrem os sofrimentos dos suicidas,
adquirindo a percepção e a compreensão da inutilidade e gravidade desse ato.
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9. NÍVEIS DE ATUAÇÃO
9.1 Instruções/Livros
Seus livros tiveram um cunho doutrinário e consolador. Doutrinários devido ao fato de
divulgar com grande apuro e primor a Doutrina Espírita, assim como a sua aplicabilidade junto aos
espíritos encarnados (principalmente) plena noção da Misericórdia e Justiça de Deus. Mostrando
por um lado que se somos herdeiros de nossos atos bons ou maus, por outro um dia seremos
vitoriosos sobre as nossas más tendências.
9.2. Produções literárias
Sua produção literária constitui-se dos romances:
AMOR E ÓDIO – Charles
O CAVALEIRO DE NUMIERS – Charles
O DRAMA DA BRETANHA – Charles
NAS VORAGENS DO PECADO – Charles
DEVASSANDO O INVISÍVEL
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA – Camilo Castelo Branco
NAS TELAS DO INFINITO – Bezerra de Menezes
RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE
DRAMAS DA OBSESSÃO – Leon Tolstoi
RESSURREIÇÃO E VIDA – Leon Tolstoi
SUBLIMAÇÃO – Leon Tolstoi e Charles
A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA – Bezerra de Menezes
Sua produção de “literatura profana” (como ela designa) do início de seu exercício
psicográfico produzida pelo Espírito Roberto, foi publicada obras especializadas, porém não citadas.
- 125 -
MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS
MÉDIUNS DO ESPÍRITO LUIZ SÉRGIO
Luiz Sérgio de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, capital, em 17 de novembro de 1949, filho
de Júlio de Carvalho e de Zilda Neves de Carvalho. Passou três anos de sua meninice em São
Paulo, retornando ao Rio de Janeiro em 1957. Aos onze anos de idade, transferiu-se com seus
familiares para Brasília, onde fixaram residência.
Na madrugada de 12 de fevereiro de 1973, nas proximidades de Cravinhos, Estado de São
Paulo, desencarna em virtude de acidente automobilístico.
Luiz Sérgio desencarnou jovem com pouco mais de 23 anos, devido a um acidente com o
veículo em que viajava junto com o irmão e mais dois amigos quando retornavam à Brasília, onde
moravam, depois de um passeio em São Paulo. Importante observar que ele induziu seus
companheiros de viagem a utilizarem, como ele, o cinto de segurança. Apesar deste cuidado seu
passamento foi inevitável, tendo seu irmão ficado paraplégico e seus companheiros nada sofreram.
O motivo deste desencarne violento ele relata no seu segundo volume (NOVAS MENSAGENS)
com o título de “A Revelação”, em que narra o episódio com clareza e emoção.
Seus pais apesar de religiosos e utilizando as orações para diminuir suas dores e sofrimentos,
achavam que o tinham perdido para sempre e que nunca o teriam de volta. Novo pensamento
tiveram quando receberam a primeira mensagem de Luiz Sérgio que foi psicografada por sua prima
paulista Alayde de Assunção e Silva, passados apenas quatro meses de sua morte física.
Luiz Sérgio conhecera a médium Alayde oito meses antes da primeira mensagem, juntamente
com outros parentes de São Paulo que foram visitá-los em Brasília. Tivesse esta visita demorado
um pouco mais e ele não teria conhecido a pessoa que lhe serviria de intermediário com os
chamados “vivos”. Conheceu também nesta oportunidade outra prima de nome Valquíria com
quem vinha mantendo correspondência até o seu desencarne.
Luiz Sérgio já havia procurado seus pais tentando informar-lhes que ainda vivia, que a morte
tal qual conhecemos não existe, mas não conseguiu. Entendeu então que o meio de comunicação
entre “vivos e mortos” não era o mesmo do que entre vivos. Tentou do mesmo modo se comunicar
com Valquíria: também não teve êxito. Lembrou então da prima Alayde que sabia espírita, quem
sabe ela poderia ajudar?
Com efeito, a comunicação era possível, e, na primeira oportunidade deixa uma mensagem
para Valquíria, incentivando-a a seguir em frente com sua vida mesmo sem ele.
Alayde, hoje está com 64 anos de idade, é professora aposentada, natural de São Bernardo do
Campo - SP. Quando, com 30 anos, apresentava-se constantemente enferma, sem motivos
aparentes: eram os sinais da mediunidade a lhe convocar para as tarefas mediúnicas. Com formação
católica, porém, enfrentou grandes dificuldades, pois era censurada e advertida constantemente por
sua mãe D. Ernestina. Vencendo esta barreira começou o trabalho mediúnico, em centro espírita de
sua cidade, atuando em frentes assistenciais. Colaborava no hospital psiquiátrico Bezerra de
Menezes. Encontra-se doente, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) e está impossibilitada de
falar. Curioso notar que sua mãe D. Ernestina, que tanto lhe dificultou os trabalhos mediúnicos,
provavelmente por desconhecimento da Doutrina, é o Espírito que recebe, no Plano Espiritual, a
Luiz Sérgio, após o desencarne.
De mensagem em mensagem, foram publicados seus dois primeiros livros: “O MUNDO QUE
EU ENCONTREI”, e “NOVAS MENSAGENS”. Estes volumes relatam as novas experiências de
Luiz Sérgio na Pátria Espiritual, suas dúvidas, receios e aprendizado; sua leitura nos mostra
claramente o seu progresso espiritual, queimando etapas, vencendo dificuldades, dizendo que seus
- 126 -
pais se sentiriam felizes ao saberem que ele era considerado um “Aluno” de bom aproveitamento.
Relata também que se decidiu a transmitir aos “vivos” tudo que aprendia, para facilitar a vida destas
pessoas, tendo sido apoiado e estimulado pelo seu Mentor e por Amigos Espirituais.
O segundo volume de sua obra foi prefaciado por Deolindo Amorim, então presidente do
Instituto de Cultura Espírita do Brasil, que comentou:
“Não conheci Luiz Sérgio pessoalmente, mas identifiquei através de suas primeiras
mensagens, o equilíbrio e a generosidade do jovem que, pouco depois de desencarnado, vinha
trazer a certeza de sua presença em linguagem simples, franca e segura”, e continua: “Aí estão as
lições, nas quais se refletem os traços da sua personalidade, sua linguagem familiar, seu modo de
encarar determinados problemas, que, ainda estudante na Terra, já lhe despertavam curiosidade
científica. É um Espírito que continua estudando, aprendendo e trabalhando. Não há nenhuma
fantasia, mas a realidade do Mundo Espiritual”.
Com o estudo, aprendizado e trabalho, vem o progresso, e com o progresso, novas
oportunidades. Foi o que aconteceu com Luiz Sérgio, que passou a ser também responsável pelo
Culto do Evangelho do Lar na casa de Olinda Sobreira Evangelista. Nestes cultos ele ditava
mensagens através da médium Lúcia Maria Secron Pinto, que juntas com outras mensagens através
da prima Alayde formam o terceiro volume de sua obra (“INTERCÂMBIO”). Neste livro o teor das
mensagens modifica-se, nos trazendo esclarecimentos e conforto relacionados às vicissitudes que a
vida material apresenta às pessoas que estão aqui na Terra.
Prefaciando este 3o. volume, Luciano dos Anjos, entre outras considerações esclarece a
tendência de Luiz Sérgio em combater o problema da toxicomania e conclui: “Confiemos em que
ele alcance o seu objetivo ainda que seja para recuperar ou prevenir uma única alma jovem”.
D. Olinda tomou conhecimento das mensagens de Luiz Sérgio através do suplemento “O
Mundo Azul”, do Jornal dos Sports, que circulava nas edições de domingo, quando soube que a mãe
de Luiz Sérgio precisava de colaboradores para distribuição do primeiro volume de sua obra.
Colocou-se à disposição de D. Zilda para esta tarefa. Ao mesmo tempo conheceu Lúcia Maria
Secron Pinto, irmã de sua inquilina, que na época já era espírita e fazia o Culto do Evangelho no
Lar. Participou de várias reuniões na casa de Lúcia e mais tarde foi aconselhada a realizá-los em
sua própria casa. Dada a sua ligação com a obra de Luiz Sérgio, desejava tê-lo como mentor de sua
reunião. Foi-lhe sugerido pela própria Lúcia a entrar em contato com a mãe de Luiz Sérgio, para
que esta através da médium Alayde, pudesse obter a opinião do próprio Espírito sobre o caso. Luiz
Sérgio consentiu e recomendou que na primeira reunião estivesse presente um médium psicógrafo.
Lúcia foi convidada por D. Olinda, mas como se sentiu envolvida por toda a situação, achou melhor
que o presidente do Centro Espírita Amaral Ornelas que freqüentava, indicasse outros médiuns para
a tarefa; entretanto, no dia aprazado, o médium indicado por motivo de força maior não
compareceu. Lúcia é então convocada e mesmo estando doente (recuperava-se de uma hepatite),
psicografa a primeira mensagem de Luiz Sérgio. Logo após o término da reunião, Lúcia liga para os
pais de Luiz Sérgio, lê a mensagem, e tem a confirmação de que o conteúdo, sem dúvida, pertencia
a Luiz Sérgio.
Lúcia Maria Secron Pinto, professora, nascida no Rio de Janeiro, em 27.05.1943, nasceu em
família de várias idéias religiosas. Ela e a irmã, desde meninas, optaram pelo catolicismo e
participaram de muitas atividades desta corrente religiosa, como cantar no coro da igreja, etc.
Já adolescente e cursando o normal dava aulas particulares a crianças da vizinhança e como
uma das jovens estava com dificuldades, ela dava aulas até aos domingos. Certo domingo conheceu
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o pai da jovem que era espírita. Este lhe presenteou com o “Evangelho Segundo o Espiritismo” de
Allan Kardec e disse-lhe: “Um dia você vai ser espírita”.
Por sua formação católica, em que os padres sempre condenavam as práticas espíritas, ficou
apavorada, mantendo este precioso livro escondido por 5 (cinco) anos.
Mais tarde, já formada, reencontra colegas de escola que eram espíritas, recebe novos
convites, mas ainda resiste. Com o passar de algum tempo, já começando a sentir alguns efeitos de
sua mediunidade (mal estar, tontura, arrepios e principalmente sonhos) resolve então freqüentar uma
reunião espírita de um pequeno grupo do qual participavam suas colegas. Mais tarde, começa
participar das reuniões da mocidade do Centro Espírita Elias. Na primeira reunião já é convidada a
comentar trechos do livro “A Gênese”. Passadas algumas reuniões o presidente desta Casa lhe
oferece um lápis e ela começa a psicografar, a princípio palavras soltas, depois algumas frases e em
poucas semanas já completava páginas. Começou a trabalhar então nas reuniões mediúnicas do C.
Espírita Elias.
Era o ano de 1967, contava 23 anos. Após seu casamento e com a vinda das filhas teve que se
afastar das tarefas mediúnicas, pois os deveres profissionais, de família e a distância da casa espírita
não se harmonizavam, ficando então impedida de continuar sua tarefa.
Tão logo sentiu necessidade de ter suas filhas evangelizadas segundo a Doutrina Espírita
procurou o Centro Espírita Amaral Ornelas, mais próximo de sua residência, com este intento, mas
logo se reintegrou às atividades mediúnicas, participando da desobsessão como doutrinadora e
inclusive na diretoria desta Casa.
É importante ressaltar que desde a primeira semana de seu casamento até os dias atuais
sempre manteve a prática do Culto do Evangelho no Lar.
Em 03.08.1978 com 35 anos psicografa a primeira mensagem de Luiz Sérgio. Seguiram-se
muitas outras, algumas na casa de D. Olinda, outras no Centro Espírita Amaral Ornelas. Estas
mensagens deram origem ao livro “INTERCÂMBIO”.
Mais tarde foi convidada a retornar ao Centro Espírita Elias, pois alguns antigos
companheiros já haviam partido e ela devido às suas ligações com esta Casa, aceitou. Hoje exerce a
presidência desta Instituição.
Sua mediunidade psicográfica começou como semi-mecânica, tornando-se mais tarde
intuitiva; também trabalha através psicofonia, passes de cura e desobsessão. Sente a presença de
um Mentor Espiritual mas não sabe identificá-lo. As mensagens psicografadas por ela são sempre de
caráter geral e muitas de orientações para médiuns. Psicografou algumas mensagens de Joanna de
Ângelis, Aura Celeste e Scheilla nos momentos de decisões na direção do Centro Espírita.
Psicografou algumas poesias.
Sua afinidade com Luiz Sérgio mantém-se firme, e este amigo se apresenta sempre que se
torna necessário seu concurso para dirimir dúvidas, orientar médiuns e direcionar os trabalhos da
Casa.
Deixou de psicografar as mensagens de Luiz Sérgio de modo regular devido a problemas
familiares e profissionais.
O Espírito, entretanto, não pára de evoluir e Luiz Sérgio precisava dar continuidade ao seu
trabalho.
Entra em cena neste momento a figura da médium Irene Pacheco Machado, que começa a
psicografar mensagens de Luiz Sérgio e como algumas mensagens anteriores haviam sido
publicadas no suplemento “O Mundo Azul”, do Jornal dos Sports, de todos os domingos, a médium
Irene percebe que elas (as mensagens) se identificam, e tenta um contato com os pais de Luiz
Sérgio. Há um primeiro contato, mas só mais tarde, quando os pais de Luiz Sérgio retornam à
Brasília por motivos profissionais é que Luiz Sérgio, em novas mensagens, fornece subsídios para
acabar com qualquer possibilidade de dúvidas de seus pais, fazendo referências às suas roupas, à
caixa que guardava documentos e às suas brincadeiras com uma cadela que pertencia à família.
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Começa então nova fase no trabalho deste Espírito, trabalho este que se refere no livro
“INTERCÂMBIO” como “estando sendo preparado”.
Neste contato com a médium Irene, surge sua maior produção literária com a edição de dez
livros, pela ordem: “NA ESPERANÇA DE UMA NOVA VIDA”, “NINGUÉM ESTÁ SOZINHO”,
“OS MIOSÓTIS VOLTAM A FLORIR”, “O VÔO MAIS ALTO”, “UM JARDIM DE
ESPERANÇA”, “MÃOS ESTENDIDAS”, “CONSCIÊNCIA”, “CHAMA ETERNA”, “LÍRIOS
COLHIDOS”, “DRIBLANDO A DOR”, “DEIXE-ME VIVER”.
Quase um livro por ano. Estes livros mostram o aprimoramento deste Espírito, e seus relatos
sempre visam o combate aos vícios, ao problema da resignação, o esforço constante que devemos
ter para vencer nossas dificuldades, e deveres e cuidados que os médiuns devem ter no cumprimento
de suas tarefas. São lições de grande importância para todos nós, visando facilitar o nosso trabalho,
dando a real medida da responsabilidade que devemos ter em nossas tarefas.
D. Irene Pacheco Machado, médium psicógrafa-mecânica, já servia a Luiz Sérgio há algum
tempo, quando, impulsionada por uma amiga, resolveu entrar em contato com seus pais, Sr. Júlio e
D. Zilda. Então já havia psicografado as mensagens que originaram o quarto volume “NA
ESPERANÇA DE UMA NOVA VIDA”, foi preciso, como falamos anteriormente, o fornecimento
de algumas provas para que os pais de Luiz Sérgio, tivessem a convicção da origem das mensagens.
Irene era católica e tinha muita dificuldade em aceitar as idéias espíritas. Começou a psicografar em
sua própria casa, e seu protetor Lázaro José, lhe recomendou o estudo de obras como o “Livro dos
Espíritos”, “Ernesto Bozzano”, e também procurasse a Comunhão Espírita de Brasília, para ser
melhor orientada no uso de sua mediunidade. Atuou nesta Casa por muitos anos. Mais tarde
fundou em sua própria residência o Centro Espírita Recanto de Maria (REMA), que realiza um
trabalho assistencial de grande importância, para a região através de artesanato e bazar. Sua
mentora Francisca Tereza (uma freira) lhe auxilia nesta tarefa no grupo Recanto de Maria. Realiza
estudos sistemáticos das obras de Kardec. Pode também servir à Espiritualidade através da vidência
e psicofonia. Psicografou obras de autores espirituais. Por sua humildade, nunca compareceu a
lançamentos de livros de Luiz Sérgio, pois julga que “só segurou o lápis, quem escreveu foi o
Espírito”. Preocupa-se com a educação mediúnica e nunca deixa de lembrar que a vaidade é o
grande perigo para os médiuns, por isso a necessidade de estudo, aplicação, seriedade e disciplina,
aliás, os mesmos valores que Luiz Sérgio não cansa de repetir, como no livro “NA ESPERANÇA
DE UMA NOVA VIDA”, em que diz: “com que carinho e senso de responsabilidade os Espíritos
Obreiros se postam junto às Instituições do Plano Material, muitas horas antes do início dos
trabalhos. Lamentavelmente, porém, nem sempre os seareiros encarnados correspondem às
expectativas, comparecendo sem o devido preparo prévio! ...”
O Instrutor Gumercindo, que ajuda a Luiz Sérgio e outros Espíritos a progredirem e
aprenderem, define da seguinte maneira as suas obras, à p. 112 de “UM JARDIM DE
ESPERANÇA”.
“Para alguns o teu linguajar é muito pobre, mas encontra muito boa vontade na maioria dos
leitores. O teu modo de ser, sem ares de santo, oferece a cada pecador, esperança de um dia
encontrar o mundo em que hoje vives. Alguns, às vezes, acham-te por demais infantil; outros te
preferem menos humilde, mas nós os teus amigos, te queremos como és, verdadeiro e corajoso,
lutando para dar àqueles que ficaram, a certeza de que todos temos condições de trabalhar para o
bem do próximo, em qualquer plano de vida”.
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS RECEITISTAS
FREDERICO JÚNIOR
Aos 30 de agosto de 1914, após dolorosa enfermidade, desencarnava, com a resignação e a
confiança do verdadeiro espírita o célebre médium brasileiro Frederico Pereira da Silva Júnior,
cuja vida, como escreveu Pedro Richard, seu grande amigo e companheiro de 32 anos, “foi muito
mais acidentada e grandiosa do que a de Mme. Esperance, contada por ela própria em seu livro
NO PAÍS DAS SOMBRAS (editora: FEB)”.
O primeiro contacto dele com o Espiritismo foi em 1878, na “Sociedade de Estudos Espíritas
Deus, Cristo e Caridade”, aí levado pelo seu padrinho Luís Antônio dos Santos. Desejava Frederico
obter notícias de uma pessoa querida desencarnada havia algum tempo. Para surpresa geral, ele
próprio cai em transe sonambúlico, influenciado por um Espírito. Data daí a sua iniciação como
médium na mencionada Sociedade.
Convertido, também em 1878, o Dr. Antônio Luís Sayão ao Espiritismo, pouco tempo depois
um ilustre amigo dele, o professor de Filosofia, J. Rodrigues de Macedo, soube, com tristeza, do
fato e, talvez com o objetivo de desmascarar o “embuste”, pediu-lhe para assistir a uma sessão
mediúnica. Comparecendo a ela, eis que, por intermédio de Frederico Júnior, o pai do referido
professor, falecido havia anos, dirigiu ao visitante uma saudação afetuosa, em letra firme, caligrafia
que foi imediatamente reconhecida pelo filho, emocionado e assombrado.
Quando a “Sociedade de Estudos Psíquicos” tomou, em 1879, rumo puramente científico,
constituindo-se na “Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, dela se desligou um grupo de
elementos, entre os quais se achavam Bittencourt Sampaio, Antônio Luís Sayão e Frederico Júnior,
e fundaram, em 1880, o “Grupo Espírita Fraternidade”, de orientação evangélica, e que ficou
memorável pelos seus notáveis trabalhos de desobsessão, ali se estudando, nas sessões ordinárias, o
Evangelho de Jesus segundo a Revelação dada a J.B. Roustaing.
Em 1882, já havia nesta última Sociedade um seleto número de médiuns, destacando-se
Frederico, quer pela variedade de dons mediúnicos, quer pela extrema dedicação ao trabalho na
Seara Espírita.
Não apenas ao referido Grupo prestou Frederico a sua colaboração mediúnica. Em 06 de
junho de 1880, o Doutor Antônio Luís Sayão, depois de, em vão, tentar unir, em torno de um
mesmo ideal, os membros das duas Sociedades dissidentes, fundou, sob a inspiração do Guia do
Espiritismo no Brasil, um pequeno grupo destinado ao estudo e à prática dos Evangelhos, conhecido
por “Grupo dos Humildes” ou “Grupo Sayão”, mais tarde (quando se incorporou à Federação
Espírita Brasileira) denominado “Grupo Ismael”. Em sua primeira sessão, no dia 15 de julho de
1880, Frederico Júnior atuou como médium, tendo recebido longa mensagem do elevado Espírito de
Ismael, a falar de suas esperanças ante os novos esforços para a reabilitação do Espiritismo em
terras do Brasil. Desse novo núcleo constam como fundadores, além dos nomes citados, os
seguintes médiuns de ilibada moral: Isabel Maria de Araújo Sampaio, João Gonçalves do
Nascimento, prodigioso médium curador, Manuel Antônio dos Santos Silva e Francisco Leite de
Bittencourt Sampaio. Quase todos eles faziam parte também do “Grupo Espírita Fraternidade”.
Durante 34 anos Frederico Júnior exerceu assiduamente suas funções mediúnicas no Grupo
Ismael, tendo recebido, em 11 de junho de 1914, a sua última comunicação do Além.
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Por seu intermédio contam-se centenas de curas de obsessões, limitando-se, mais tarde, os
trabalhos no referido grupo quase somente à doutrinação de poderosos e diabólicos Espíritos,
altamente intelectualizados, chefes de grandes falanges do mal.
Em 1893 o Dr. Antônio L. Sayão dava a público o volume “Trabalhos Espíritas”,
repositório de instrutivas mensagens de Espíritos elevadíssimos, obtidas no “Grupo Ismael”, em sua
maior parte pelo médium Frederico. Em 1897, mais uma obra organizada por Sayão saía a lume:
“Estudos dos Evangelhos”, que desde a segunda edição (1902) ganhou o novo título:
“Elucidações Evangélicas” (editora: FEB). A segunda parte deste livro (hoje excluída, a fim de
torná-lo acessível à bolsa dos confrades) encerrava quase uma centena de belas comunicações, todas
igualmente recebidas no “Grupo Ismael”, pela mediunidade sonambúlica de Frederico.
“Elucidações Evangélicas” é, em síntese, “um resumo de Roustaing, com as vantagens de Allan
Kardec”. E por ser – segundo as palavras de Bezerra de Menezes – “uma obra preciosa em que
transluzem os clarões da Verdade”, ela continua a merecer a atenção dos estudiosos do Evangelho.
Bittencourt Sampaio desencarnara em 1895. Dois anos depois, o seu sublime Espírito,
encontrando em Frederico Júnior o instrumento maleável à expansão dos seus ideais cristãos,
começou a ditar, por seu intermédio, três obras em que sobressaem belíssimas páginas literárias e
doutrinárias e que foram publicadas pela FEB nesta ordem: “Jesus perante a Cristandade”
(1898), “De Jesus para as Crianças” (1901) e “Do Calvário ao Apocalipse” (1907). Em todas
elas reconhecia-se o mesmíssimo estilo do autor de “A Divina Epopéia”, apesar de serem ditadas
pela boca de um homem iletrado, que mal conhecia a gramática. Nascera e crescera o médium num
meio de operários, sem recursos e tempo para cursar colégios. Rodeado de boêmios até a
adolescência, jamais se deixou arrastar pelos excessos ou desvios desses últimos.
Médium passivo por excelência, conseguiam os Espíritos identificar-se facilmente por ele, e,
muitas vezes, antes de terminar a mensagem, todos os presentes já sabiam qual o autor dela.
Numa apreciação ao primeiro livro ditado pelo Espírito de Bittencourt Sampaio ao médium
Frederico, o ilustre político, literato e publicista Dr. Eunápio Deiró, católico extremado, chamou
para o fato a atenção do bispo da cidade do Rio de Janeiro, nos seguintes termos: “Tome, Sr. Bispo,
cuidado, porque quem não conhece o inimitável estilo de Bittencourt Sampaio não pode deixar de
reconhecê-lo neste livro que, da outra vida, veio firmado pelo próprio Bittencourt Sampaio”.
Bem conhecidas dos espíritas brasileiros são as oportuníssimas instruções que o Espírito de
Allan Kardec transmitiu no “Grupo Espírita Fraternidade”, pelo médium Frederico Júnior.
Conquanto recebidas em fins do século passado, tais instruções ainda conservam, perenes, o
valor, a importância e a beleza de sua mensagem, ainda se ajustam perfeitamente aos dias atuais, daí
estarem até hoje no opúsculo “A Prece”, de Allan Kardec, incluídas que foram pela Federação
Espírita Brasileira.
Frederico Júnior era um bom, querido de todos, sendo muitos os que lhe deviam gratidão por
um que outro serviço, e, como funcionário público, estimadíssimo pelos seus colegas. “Era de um
desprendimento e dedicação verdadeiramente evangélicos” – afirmou Pedro Richard,
acrescentando: “Frederico não podia parar em casa, com o sentido nos seus doentes. Logo ao
amanhecer saía de sua residência para visitar os enfermos. E nisso estava o seu maior consolo e o
seu bem-estar”.
Com graves responsabilidades no meio espírita, grande era sobre ele o assédio dos aborrecidos
da Luz, que do outro plano da vida o perseguiam tenazmente. “Ele só por si” – escreveu Pedro
Richard – “constituía um exército que assombrava as falanges inimigas da Luz, e por isso mesmo
era o alvo predileto das setas venenosas dos adversários de Jesus. Até da pouca benevolência de
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confrades foi Frederico Júnior vítima, máxima dos que muito exigem dos outros, mas que nada, ou
quase nada produzem”.
Nos últimos dez anos de existência terrena, mais intensa e persistente foi a perseguição que
lhe moveram do Espaço, por vezes ficando ele totalmente subjugado. Certa vez, os Espíritos das
Trevas tentaram até incendiar-lhe a casa. E graças aos seus Guias protetores e ao Espírito de sua
primeira esposa, Frederico não sucumbiu ao suicídio.
A tuberculose pulmonar acompanhou-o nos derradeiros anos de vida. Sem uma queixa e
achando justo o seu sofrimento, o prodigioso médium purgava as faltas de encarnações passadas,
remindo assim o seu espírito.
Pressentindo, afinal, o seu desenlace, reuniu a família e, após pronunciar sentida prece, fechou
os olhos ao mundo em sua residência à rua Navarro, 121, aos 56 anos de idade, sendo sepultado no
Cemitério de São Francisco Xavier (Caju).
Foi assim que partiu para a Espiritualidade o grande médium Frederico Pereira da Silva
Júnior, que, servindo à Federação Espírita Brasileira, através do “Grupo Ismael”, tantos benefícios
espalhou por toda a parte, fazendo jus, portanto, à página com que lhe recordamos a passagem por
este planeta de provas e expiações.
Fonte de pesquisa:
“GRANDES ESPÍRITAS DO BRASIL”, autor: Zéus Wantuil (editora: FEB)
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS RECEITISTAS
IGNÁCIO BITTENCOURT
Nascido na Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, Freguesia da Sé de Angra do Heroísmo,
Portugal, aos 19 de abril de 1862, com apenas 13 anos, emigrou para o Brasil. Sozinho, sem
proteção nem amparo, empregou-se em Botafogo, em 1875, poucos dias após sua chegada à antiga
capital federal.
Deixou as bancas escolares com apenas 10 anos de idade, um pouco do conhecimento que
havia granjeado, aliado ao forte anseio de saber, fez-se ele um autodidata.
Ignácio Bittencourt não foi somente o jornalista que procedeu a ampla divulgação do
Espiritismo, foi o homem dotado de invulgar vontade de praticar o bem, cumprindo fielmente a
ordenação do Grande Mestre Nazareno, no sentido de ir por toda a parte apregoar o Evangelho,
expulsar os maus espíritos, levantar os alquebrados da alma e curar os doentes do corpo e do
Espírito.
Aos vinte anos de idade era, como tantos outros rapazes de sua época, um livre-pensador.
Contraiu matrimônio aos 22 anos e nesse mesmo ano, 1885, ao ler “O Livro dos Espíritos”, de Allan
Kardec, se fez espírita.
Foi quando, enfermo, o levaram a um médium chamado Cordeiro, residente na Rua da
Misericórdia, no Rio de Janeiro, por cuja interferência a sua saúde foi restabelecida. Achando
aquilo muito estranho, e curioso que era, voltou ao velho médium a fim de indagar:
- “Não sendo o senhor médico, não perguntando quais os meus padecimentos e não tendo
auscultado ou apalpado, como pode me curar?”
E a resposta veio incontinente e simples, como devem ser as respostas de todos os espíritas:
- “Leia “O Evangelho” e “O Livro dos Espíritos”. Medite bastante e encontrará a resposta
para a sua indagação”.
Ignácio Bittencourt não hesitou um só instante: dedicou-se à leitura daquelas obras de Allan
Kardec. Tornou-se um espírita bastante conceituado e popular no Rio de Janeiro.
Fundou a 1º. de maio de 1912 e dirigiu durante 33 anos o tradicional semanário “Aurora”,
jornal que disseminou a Doutrina Espírita, imprimindo inclusive as primeiras psicografias de Chico
Xavier.
Sob a sua direção, foi fundado, em 1º. de janeiro de 1919, o “Abrigo Tereza de Jesus”, velha
casa de caridade ainda funcionando no Rio de Janeiro, com benefícios prestados a crianças
desamparadas de ambos os sexos.
Colaborou ativamente para a fundação da União Espírita Suburbana e do Círculo Cáritas. Da
primeira, chegou a ser presidente.
Ignácio findou sua gloriosa missão terrena completamente pobre. Ele poderia ter alcançado
posições de relevo, inclusive na política, como deputado federal. Entretanto, preferiu distanciar-se
dos movimentos alheios à caridade.
Ignácio foi também presidente do Centro Humildade e Fé, em cuja instituição foi editado o
jornal Tribuna Espírita, do qual ele foi o responsável durante algum tempo.
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Na Federação Espírita Brasileira exerceu, durante dois anos, o cargo de Vice-Presidente. No
campo da assistência social, foi ainda um dos diretores do Asilo Legião do Bem.
Embora fosse um homem pobre, com a família numerosa, não lhe faltava tempo para
dedicar-se, com afinco, a tarefa de divulgar a Doutrina Espírita e de praticar a assistência social.
Escrevia para numerosos órgãos espíritas, dentre eles “O Reformador”, além do seu trabalho
assíduo na direção do periódico “Aurora”.
Possuindo a mediunidade receitista e curadora, trouxe-lhe algumas vezes processos por
exercício ilegal da medicina, porém foi sempre absolvido, inclusive, em 1923, por decisão do
Supremo Tribunal Federal, em 27 de outubro.
Uma crônica na época, publicada em um vespertino do Rio de Janeiro, chegou mesmo a
firmar:
“Perante a lei foi contraventor, perante a Humanidade, um benfeitor”.
A 18 de fevereiro de 1943, Ignácio Bittencourt, com mais de 80 anos de idade, retornou ao
Plano Espiritual.
Fonte de pesquisa:
“GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO”, Paulo Alves Godoy, editora: FEESP
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS RECEITISTAS
EURÍPEDES BARSANULFO
Nasceu Eurípedes Barsanulfo na cidade de Sacramento (MG), a 1o. de maio de 1880; foram
seus pais Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida, ambos a princípio, pobres
de haveres materiais, mas ricos de virtudes cristãs.
Cresceu e viveu ao lado dos pais, para os quais foi um verdadeiro arrimo. Trabalhador dócil,
cursou as aulas do Colégio Miranda, dirigido pelo hábil educador João Derwil de Miranda.
Quando estudante, auxiliava os professores, lecionando aos seus condiscípulos e até mesmo
aos seus próprios irmãos.
Aos 12 anos, foi co-fundador do “Asilo São Vicente de Paulo” e, aos 17 anos, fundou uma
farmácia homeopática, com o objetivo de ajudar na doença de sua mãe em prol das pessoas
necessitadas.
Em janeiro de 1902, fundou o Liceu Sacramento, Instituto de ensino primário e secundário,
onde exerceu a cátedra por 5 anos seguidos, lecionando, quando se fazia necessário, todas as
matérias do curso.
Concomitantemente, com a fundação do referido Liceu, surgiu a “Gazeta de Sacramento”, que
saia aos domingos e foi por ele redigido durante 2 anos. Nessa folha, Barsanulfo fez a sua estréia
como jornalista, escrevendo artigos sobre economia política, direito público, métodos educacionais,
literatura, filosofia, etc. Colaborou, igualmente em diversos jornais.
Graças a sua inteligência e ao seu próprio esforço, chegou a possuir cultura tal que os seus
biógrafos a consideram verdadeiramente assombrosa. Tinha profundos e largos conhecimentos de
Medicina e Direito. Dissertava sobre astronomia, filosofia, matemática, ciências físicas e naturais,
literatura, sem possuir nenhum diploma de escola superior.
A probidade de seu caráter, o fez ídolo de seus conterrâneos. Estes, desejosos de o terem no
cenário da política local elegeram-no Vereador, “cargo de que se aproveitara para dotar a terra
natal do que ali existe de melhor em matéria de legislação”. Pelo espaço de 6 anos exerceu o
mandato, dotando Sacramento de força, luz e bondes elétricos, água encanada, cemitério público
tanto para esta como para a povoação de Conquista.
Mas a política não era o que aspirava. Depois de prestar-lhes serviços, dela se afastou
espontaneamente.
Certo dia, tendo conhecimento de espantosas curas realizadas no campo do Espiritismo,
resolveu saber o que de verdade havia nesses relatos. Como seus parentes de Santa Maria pregavam
e praticavam o Espiritismo no Centro Espírita Fé e Amor, ele rumou para lá com o objetivo de
investigar os fatos.
Observando, em várias sessões, fenômenos de tiptologia, comunicações de alta expressão
filosófica, curas maravilhosas, estudou-os cuidadosamente e, de volta a sua terra natal, trouxe
consigo as obras Kardequianas; afinal em 1905, converteu-se ao Espiritismo. Desde então,
tornou-se o maior propagandista naquela região mineira, especialmente pelo exemplo.
Durante 12 anos e 7 meses foi presidente do Grupo Espírita Esperança e Caridade, por ele
fundado. Como dependência desse Grupo, surgiu, em 02 de abril de 1907 o magnífico e grande
Colégio Allan Kardec, cuja matrícula chegou a cerca de 200 alunos.
Milhares de pobres e órfãos, de ambos os sexos, ali receberam gratuitamente a instrução
intelectual e moral. Todas as quartas-feiras pregava o Evangelho de Jesus aos alunos do Colégio.
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Discorrendo com muita facilidade sobre diferentes assuntos filosóficos e religiosos, nunca
deixou de responder do alto da tribuna as diabrites proferidas contra o Espiritismo, tendo
oportunidade de debater a Doutrina Espírita em praça pública com o famoso pregador católico
Padre Feliciano Yague. Num certo coreto em frente a Matriz de Sacramento, diante de uma
assistência de 2.000 pessoas, ocorreu a polêmica entre Eurípedes e o Padre. Tal foi a superioridade
de Eurípedes que o povo o carregou em triunfo. Os padres do lugar, que assistiram ao debate,
deram parabéns a ele.
Sustentou, também, pelo jornal “A Alavanca”, brilhante polêmica religiosa, defendendo com
galhardia a tese - “Deus não é Jesus e Jesus não é Deus”.
Nessas polêmicas, sempre saiu vitorioso, jamais teve no íntimo o menor lampejo de vaidade,
jamais guardou mágoa, jamais fez retaliações pessoais.
Eurípedes era dotado de diversas faculdades mediúnicas, tais como: médium curador,
receitista, auditivo, vidente, intuitivo, falante e psicógrafo. Era com muita facilidade que ele se
desdobrava de um lugar para outro.
Foi o refúgio para todos os aflitos e abandonados da sorte. Centenas de desenganados pela
ciência da Terra encontraram em Sacramento o lenitivo para os seus males. Com o auxílio dos
Espíritos Superiores, entre eles, Bezerra de Menezes, o nosso Barsanulfo curava quase todas as
enfermidades. A cidade de Sacramento desenvolveu-se com essa romaria, e chegou a possuir muitos
hotéis e mais de vinte pensões.
Nas suas horas de folga, saia ele para curar doentes.
Em razão de tudo isso, ele gozava de grande popularidade em sua terra natal e até mesmo em
todo o Estado de Minas. Ainda hoje, apesar de uma existência de apenas 38 anos, Barsanulfo
continua a ser relembrado.
Manteve durante 15 anos uma farmácia e os pobres que iam ali, não pagavam o aviamento das
receitas.
Eurípedes Barsanulfo desencarnou no dia 1o. de novembro de 1918.
Fontes de pesquisa sobre a vida e a obra de Eurípedes Barsanulfo:
A GRANDE ESPERA, Corina Novelino (editora IDE)
A PERSEGUIÇÃO POLICIAL CONTRA EURÍPEDES BARSNULFO, Freitas Nobre
(editora EDICEL)
DE SACRAMENTO A PAMELO, Agnelo Morato (edições CORREIO FRATERNO)
EURÍPEDES BARSANULFO O APÓSTOLO DA CARIDADE, Jorge Rizzini (edi
CORREIRO FRATERNO)
EURÍPEDES O ESPÍRITO E O COMPROMISSO, Alzira Bessa França Amui (editora A
NOVA ERA)
EURÍPEDES - O HOMEM E A MISSÃO, Corina Novelino (editora IDE)
EURÍPEDES O MÉDIUM DE JESUS, Grupo Espírita Esperança e Caridade (editora:
ESPERANÇA E CARIDADE)
GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO, Paulo Alves Godoy, editora FEESP
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS NÃO ESPÍRITAS
WILLIAM STAINTON MOSES
Obra: ENSINOS ESPIRITUALISTAS, publicado pela FEB (3.ª edição)
Autor: WILLIAM STAINTON MOSES (encarnado)
Prefácio: E. DAWSON ROGERS
Biografia: CHARLTON TEMPLEMAN SPEER
Introdução: WILLIAM STAINTON MOSES
Tradução: OSCAR D’ARGONNEL
Finalidade da obra: Revelação da existência de Deus, da sobrevivência da alma após a morte
e, sobretudo a importância da fé.
1a. Edição publicada pelo Conselho da Aliança Espiritualista de Londres.
1. BIOGRAFIA
Nome: William Stainton Moses
Nasceu na cidade de Domington, Lincolnshire, na Inglaterra, a 05.11.1839.
Filiação: Pai: William Moses, reitor da Escola de Gramática.
Mãe: era filha de Tomas Stainton, nascida na cidade de D’Alford, Lincolnshire.
Formação religiosa: ortodoxa, com profundo conhecimento teológico das igrejas católica,
protestante e anglicana.
Em 1855 entrou para Exeter College Oxford, no começo da época de São Miguel. Em 1858,
o excesso de trabalho o fez adoecer; na convalescença consagrou-se a percorrer o continente durante
o ano.
Aos 23 anos Stainton Moses voltou para Oxford e aí, recebendo o diploma, deixou a
Universidade em 1863.
Sempre debilitado da saúde, o médico aconselhou-lhe a vida do campo, o que o induziu a
aceitar um curato em Maughold, perto de Ramsey, Ilha de Man, onde permaneceu quase cinco anos
substituindo o Reitor.
Uma epidemia de varíola pôs em relevo os seus conhecimentos da medicina: o jovem pastor
tratou dos corpos e das almas de suas ovelhas; porém a saúde volta a incomodar-lhe, não podia
suportar as obrigações impostas pela administração de duas paróquias, obrigando-o a procurar uma
outra residência.
Stainton Moses retirou-se pesaroso para ocupar, em 1868, o Curato de Saint-Georges em
Douglas, Ilha de Man, onde caiu gravemente doente.
Em 1869, Moses abandonou o curato; passou então a desempenhar interinamente por alguns
meses funções eclesiásticas em Langton, e em um Curato das Dioceses de Salisbury. Uma moléstia
de garganta, rapidamente agravada, obrigou o pastor a renunciar ao ministério, pois que o médico o
proibiu de pregar.
Partiu para Londres; permaneceu por um ano, como hóspede do Dr. Stanhope Speer e da Sra.
Speer.
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Entre fins de 1870 e começo de 1871 Stainton obteve o lugar de professor de inglês da
University College School, cargo que ocupou até 1889.
Durante o período ativo de sua mediunidade, Stainton Moses ocupou-se assiduamente em
formar sociedades cujo fim era o de estudar o Espiritualismo e todas as questões a ele concernentes.
Contribui para criar: a Associação Nacional Britânica dos Espiritualistas em 1873; a
Sociedade Psicológica da Grã-Bretanha em abril de 1875; a Sociedade das Pesquisas Psíquicas em
1882. Enfim, fundou a Aliança Espiritualista de Londres, da qual foi o primeiro presidente, cargo
que esse que se conversou até a morte. Dirigiu também a publicação do “Light”, jornal
espiritualista. A sua atividade mediúnica quanto aos fenômenos físicos cessou completamente, mas
até a morte conservou a faculdade de escrever automaticamente.
Fora do Espiritualismo, Stainton Moses oferecia um conjunto de qualidades raras vezes
reunidas em um só indivíduo. Justo, cordato, de um julgamento reto e são, nunca outro homem teve
o coração mais cálido, simpatias mais ardentes, nem foi mais empenhado em ajudar por conselhos
àqueles que lhe dirigiam.
Stainton Moses gostava do retiro e fugia de exibir-se em público para falar ou presidir
“meetings”.
Desencarnou a 5 de setembro de 1892, em Londres, Inglaterra.
2. CONVICÇÃO ESPIRITUAL
2.1 REVELAÇÃO
Em 1859, Stainton Moses recuperando-se de uma enfermidade, passou seis meses no velho
mosteiro grego do monte Atos. Anos depois soube que fora influenciado por amigos invisíveis que
o dirigiram para lá com o fim de ajudar a sua educação espiritual.
Em 1870, Moses teve sua atenção atraída para o Espiritualismo, durante o tempo em que
residiu na casa do Dr. Speer, em Londres. Ambos tendiam gradualmente para idéias pouco
ortodoxas, quase gnósticas (sistema teológico e filosófico, cujos partidários dizem ter conhecimento
sublime da natureza e dos atributos divinos). Mas, como se estivessem cada vez menos satisfeitos
com as doutrinas existentes, queriam a absoluta verdade sobre a vida futura e a imortalidade.
Começou a estudar Espiritualismo assistindo a varias sessões onde se achavam médiuns; a sua
primeira experiência, digna de ser citada, realizou-se na primavera de 1872 com Lottie Fowler.
Nessa época, o poder mediúnico de Stainton Moses começou a desenvolver-se.
É importante notar que nunca se produziam menos de dez espécies diferentes de
manifestações no decurso dessas sessões:
grande variedade de pancadas;
pancadas respondendo conexa e claramente à perguntas formuladas;
inúmeros clarões;
perfumes variados;
inúmeros e variados sons musicais;
recebíamos muitas vezes a escrita direta;
suspensão de corpos pesados, mesas, cadeiras, etc.;
passagem da matéria através da matéria;
emanação vocal diretamente do Espírito.
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2.2 MEDIUNIDADE
“Em 30 de março de 1873, que essas comunicações começaram a ser traçadas pelo meu
punho, cerca de um ano depois das minhas primeiras investigações sobre o espiritualismo. Antes de
escrever, tinha eu recebido várias comunicações e esse meio foi adotado já por ser o mais
cômodo”.
3. COMO SE DESENVOLVEU O TRABALHO
A escrita era sempre direta. O começo foi difícil, pois era preciso adquirir com hábito, o
mecanismo, e, quando isso se realizou, as páginas encheram-se rapidamente.
Quando o médium insistia em se ocupar dos efeitos físicos, era advertido por seu Guia
Espiritual (Imperátor), que lhe dizia da importância de manter-se afastado de tais fenômenos, pois,
destes, só se ocupavam Espíritos inferiores.
4. PRODUÇÃO
Em geral se recolhia ao insulamento, se posicionando o mais passivo possível facilitando
assim as comunicações. Mais tarde, as condições eram várias, no início com dificuldades, com o
hábito se tornaram mais fácil.
As primeiras comunicações foram assinadas por Doctor, (que ele denominou de O Instrutor);
durante anos sucederam essas comunicações sem qualquer alteração da escrita. As frases eram
sempre breves, com individualidade determinada.
Espíritos estreantes que não conseguiam influenciar-lhe a mão, solicitavam o auxílio de um
Espírito, Rector (o Secretário), que escrevia com mais desembaraço. Essas comunicações
produziam-lhe uma tensão dolorosa no sistema nervoso, devido ao grande desgaste, produzido pela
falta de esclarecimento dos Espíritos. Rector funcionava como secretário dos Espíritos, às vezes até
de grupos associados.
Por ter o médium conduta exemplar, os Espíritos que se apresentavam davam sempre
comunicações de caráter puro e elevado.
A escrita impressionava a vista com um trabalho perfeito de caligrafia.
“A mão açoitava, o braço batia e eu tinha consciência de que as ondas de força passavam
por mim. Terminada a comunicação, fiquei exausto de cansaço, com violenta dor de cabeça na
base do cérebro”.
Com o passar do tempo, o exercício constante fez Moses observar que a influência que o
envolvia dominava-o a ponto de excluir “todas as outras comunicações”.
“Jamais pude dirigir a escrita, que aliás se manifestava espontaneamente, sendo que, quando
eu a desejava, era a maior parte das vezes incapaz de obtê-la. Um repentino impulso, vindo não sei
como, me obrigava a sentar-me e a preparar-me para escrever.”
“Jamais depois disso mantive uma dúvida séria, mesmo nos desvarios do meu espírito
extremamente céptico”.
Certa vez, Moses estando ocupado fora de sua casa, foi obrigado, contra a sua vontade a ceder
à impulsão de escrever breve comunicação.
Este caso o levou a uma conversa com seus Guias, a cerca do poder exercido pelos Espíritos
na Terra, e casos de obsessão absoluta.
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Em uma reunião, Stainton Moses teve a sessão perturbada por manifestações irregulares;
tentou obter outras informações sendo sempre inteligíveis, foi obrigado a parar. Isso se deu, devido
ao seu estado de perturbação e fadiga física.
Em 1874, deixaram de continuar regularmente as comunicações. As séries estavam completas
e o fim atingido. O poder voltava às vezes, sem nunca atingir o vigor sustentado. Entretanto, muita
coisa foi escrita com interrupções cada vez mais freqüentes, até 1879, época em que esta forma de
comunicação foi praticamente abandonada para dar lugar a um modo mais simples e mais fácil.
5. COMUNICANTES
Imperátor: Guia Espiritual, profundo conhecedor das leis morais e doutrinárias
Doctor: denominado Espírito instrutor, admirado por sua excelente caligrafia.
Rector: denominado Espírito secretário.
Prudens: caligrafia de um arcaísmo muito particular, quase indecifrável.
6. DIRETOR DA MEDIUNIDADE: Imperátor foi sempre o condutor da mediunidade.
7. IDÉIA CENTRAL: revelação da existência de Deus, da sobrevivência da alma após a
morte, e sobretudo a importância da fé.
8. MECANISMO DA MEDIUNIDADE: mecânico.
9. REPERCUSSÃO:
“Tem-se falsamente afirmado que temos enchido os hospitais e conduzido os médiuns a
loucura, por que homens cegos e ignorantes acusam de dementes todos aqueles que se arriscam a
proclamar a sua relação conosco e com nossos ensinos; argumenta-se se uma prova de demência o
estar em comunicação com o Mundo Espiritual”. (Imperátor).
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS NÃO ESPÍRITAS
MÉDIUM: ANTHONY BORGIA
Comunicante: MONSENHOR ROBERT HUGH BENSON, filho de Edward White Benson,
ex-Arcebispo de Cantuária,
Obra: A VIDA NOS MUNDOS INVISÍVEIS (editora: Pensamento)
RELAÇÃO ENTRE O MÉDIUM E O COMUNICANTE
1. “Somos velhos amigos” (segundo relato do médium, na Introdução). Em 1909, cinco anos
antes do desencarne do comunicante se conheceram.
O médium não faz referência ao gênero de psicografia de que é portador. Esclarece somente
que houve necessidade de “aguardar a época adequada” para servir de intermediário ao amigo.
Haviam dificuldades na comunicação, assinalados por outros Espíritos.
2. “O fato de ter sido um sacerdote não me impediu de receber visitas daqueles que a Igreja
preferiu chamar demônios, se bem que jamais tivesse visto, devo confessar, qualquer coisa que
remotamente se parecesse como tal”. ...
“Eu considerava perturbadora essa intromissão de faculdades psíquicas em meu ministério
sacerdotal, visto como se chocava contra as minhas idéias ortodoxas”.
Na primeira parte da obra, no capítulo intitulado “Minha Vida na Terra”, revela as lutas entre
os preconceitos e os fatos, aos quais o comunicante sucumbiu durante a existência terrena.
Sacerdote e médium não recebeu qualquer apoio em seu meio para o exercício produtivo da
faculdade.
“A atitude da Igreja: insensível, inflexível, estreita e ignorante admitindo que tais atividades
têm sua origem sua origem no demônio” – foi o fator importante no receio ante as conseqüências
dos fatos.
Confessa Monsenhor Robert:
“Eu estava amarrado pelas leis dessa Igreja, administrando seus sacramentos, enquanto o
mundo do Espírito batia à porta de minha própria existência, tentando mostrar-me, para que eu
mesmo visse, o que não poucas vezes havia contemplado – a nossa vida futura”.
A posição conivente com as idéias preconcebidas não foi o único obstáculo à divulgação dos
fatos mediúnicos que eram parte integrante de sua vida.
Monsenhor Robert foi autor de livros religiosos em que relatando muitas de suas experiências
psíquicas, torna as narrativas no sentido da religião ortodoxa. Confessa que
- 141 -
...“a verdade estava lá, mas o sentido e a finalidade foram deformados”, pois achava que
“devia defender a Igreja contra o assalto daqueles que acreditavam na sobrevivência da alma após
a morte do corpo e julgavam possível a comunicação dos espíritos.
“Nesse trabalho atribuí ao demônio – contra o meu melhor julgamento – aquilo que eu
realmente conheci como sendo a atividade de leis naturais, acima e independente de qualquer
religião ortodoxa, e não de origem maligna”.
“Para seguir as minhas próprias inclinações eu teria que infligir à minha vida uma completa
revolução, a renúncia às idéias ortodoxas, e muito provavelmente, um grande sacrifício material,
visto que eu possuía também boa reputação como escritor. Tudo quanto já havia escrito iria perder
o seu valor, desde então, aos olhos dos leitores e além disso eu seria isolado como um louco ou
herege.”
O remorso, a exata noção da perda da oportunidade só lhe chegou com a morte.
Confessa ter deixado passar a maior oportunidade de sua vida, compreendendo que a verdade
estivera ao seu alcance e a deixara escapar-se por trazer um relato realista das condições da vida
após a morte.
A mediunidade de Anthony Borgia é o auxiliar nesta tarefa. Ela lhe permitiu ainda retificar a
visão de seus leitores sobre diversos dogmas da Igreja.
A reputação ao dogma do dia do julgamento encontra-se à página no. 39.
A apreciação da História particularmente da História da Igreja, do ponto de vista das
realizações espirituais encontra-se à p. no. 49.
Em determinado setor da cidade espiritual que visitou encontrou o “Edifício da Literatura”.
Esta Biblioteca continha a história de povos e homens não só relatando fatos mas intenções.
A surpresa e o desencanto dos autores que negaram a realidade da volta do Espírito e a
existência do Mundo Espiritual são desconcertantes.
Através de interessantes capítulos o comunicante refere-se a aspectos externos e morais do
Mundo Invisível como se fosse a primeira vez que para eles atentava na sua trajetória de Espírito
milenar.
A dificuldade de traduzir o espiritual em termos terrenos encontra-se por toda a obra.
O comunicante esforça-se por fazer seu leitor afastar-se por momentos da vida terrena e
mergulhar, ainda que pela imaginação no realismo do Mundo Invisível.
3. CONSEQÜÊNCIA DA OBRA
Não são conhecidos relatos do impacto causado pelo trabalho de Borgia e Robert Hugh
Benson.
A influência das revelações, baseadas exclusivamente nas experiências do comunicante não
parece ter alcançado grandes limites.
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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS NÃO ESPÍRITAS
MÉDIUM: GEORGE VALE OWEN
Obra: A VIDA ALÉM DO VÉU, editado pela FEB (3a. edição)
Prefácio: G. Vale Owen
Prefácio do Tradutor: Carlos Imbassahy
Biografia: W. Engholm
Tradução: Carlos Imbassahy
Finalidade da obra: Revelação da vida após a morte.
1. BIOGRAFIA
Nome: George Vale Owen (Reverendo)
Nascimento: Em 1869, na cidade de Birmingham – Inglaterra
Educado no Instituto de Midland e no Colégio da Rainha (Queen’s College). Naquela cidade
foi ordenado pelo bispo de Liverpool, e nomeado para o Curato de Seaforth, em 1893.
Sucessivamente foi cura Fairthfield, em 1865, e de Matthews, Scotland Road, 1897, ambos de
Liverpool.
No ano de 1900 nomearam-no em comissão para Orford, Warrington. Tornou-se o primeiro
vigário da Igreja de Orford, edificada em 1908.
Nessa altura dos acontecimentos ele já estava trabalhando na lides espíritas e havia se
integrado entre os homens de renome que deram grandes passos no sentido de implantar as idéias
espíritas naquele país.
No propósito de buscar um contato mais íntimo com o mundo espiritual, lembrou-se de
“Batei e abrir-se-vos-á” dos ensinamentos evangélicos e, com isso, viu desabrochar a sua
mediunidade, graças à interferência de sua mãe, desencarnada em 1909, e que começou a dar suas
primeiras manifestações em 1913.
A princípio ele relutou em aceitar a realidade dos atos, dado a seu excessivo apego à verdade.
Não tardou muito em ter as provas mais convincentes, o que fez com que se convertesse
inteiramente ao Espiritismo.
2. CONVICÇÃO ESPIRITUAL
“Fez-se mister um quarto de século para que eu me convertesse; dez anos, de que a
comunicação dos espíritos era um fato, e quinze de que este fato era verdadeiro e bom”.
“Desde o momento dessa comunicação, começou a desvendar-se o problema”.
“Primeiramente, foi em minha mulher que se desenvolveu o poder da escrita automática.
Depois por seu intermédio, recebi a comunicação de que devia sentar-me, calmamente, com o lápis
a mão e receber todos os pensamentos que viessem ao meu espírito, projetados por uma
personalidade externa, e não originados do exercício de minha própria mentalidade”.
- 143 -
3. COMO SE DESENVOLVEU O TRABALHO
O efeito daquilo que talvez pudéssemos denominar operações puramente mecânicas, como
lançar a idéia no cérebro humano, já os transmissores o descreveram pormenorizadamente.
As vibrações provocadas por eles e projetadas através do véu, atingem o alvo,
impressionando a mentalidade do instrumento humano e são produzidas deste lado, o que é, em
verdade, uma espécie de clarividência e clariaudição. Encarada inversamente, do ponto de vista
do instrumento em si, toma, mais ou menos, o seguinte aspecto: “as cenas que eles descrevem
parecem vir como que por uma corrente de vibrações de raio“x” e são recebidas pela faculdade da
visão, isto é, essas cena são vistas em imaginação”.
As palavras das mensagens parecem transmitir-se por uma corrente telefônica celeste
mundial.
4. PRODUÇÃO
“As quatro ou cinco primeiras mensagens flutuaram, indistintamente, de um assunto a outro.
“Por essa ocasião o desenvolvimento e a prática seguiam passo a passo.
“Quando terminou toda a série de mensagens, calculei e verifiquei que tinha mantido uma
velocidade média de 24 (vinte e quatro) palavras por minuto.
“Em duas ocasiões únicas tive a ligeira idéia do assunto a ser tratado, e isso quando a
mensagem anterior ficou indevidamente incompleta.
“De outras vezes, esperava fosse abeirada uma questão; ao apanhar o lápis, porém, o curso
do pensamento desviava-se em direção inteiramente oposta”.
Vale Owen numerava sempre muitas folhas de papel antes de começar a escrever.
Colocava-as em maço, diante de si, na mesa da sacristia; quedava, depois, de lápis em punho, a
esperar que sentisse a influência que o fazia escrever.
Uma vez manifestada a influência, mantinha-se sem parar, até que a mensagem ficasse
concluída por parte do mensageiro.
5. COMUNICANTES
A Sra. Owen: mãe do vigário, autora da maior parte das comunicações deste livro, morreu a 8
de julho de 1909, com a idade de 63 anos, nunca durante a sua vida, mostrara interesse algum pelas
comunicações espíritas.
Sua última mensagem foi datada de 20 de outubro de 1913.
Kathleen: ouviu-se pela primeira vez falar em Kathleen em 28 de julho de 1917, quando a
mãe do Sr.Vale Owen fazia funcionar a prancheta. Kathleen, vinha sempre, acompanhada de
amigos.
Astriel: as suas comunicações eram sobre assuntos de fé religiosa, e de matéria filosófica e
científica.
6. DIRETOR DA MEDIUNIDADE: A Sra. Owen (sua mãe) foi sempre quem dirigiu a
mediunidade de Vale Owen.
- 144 -
7. IDÉIA CENTRAL: a sobrevivência do Espírito após a morte, e como é viver no Mundo
dos Espíritos.
8. MECANISMO DA MEDIUNIDADE: Psicografia semi-mecânica.
REPERCUSSÃO: No livro não há registros.
Em “GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO”, Paulo Alves Godoy (editora: FEESEP),
encontra-se a seguinte matéria:
“As publicações do Correio Semanal (jornal de circulação da época) contendo tais escritos,
despertaram inusitados interesses, tanto na Inglaterra como em outros países, o que aliás redundou
num ataque sistemático por parte das Igrejas, que movimentaram todos os seus recursos materiais
com o objetivo de minorar os catastróficos efeitos que estavam produzindo em todas as camadas da
sociedade os escritos de Vale Owen”.
- 145 -
Conclusão
7.1 LM, itens 226 (ver o texto no LM), 227 e 228
“Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia,
influência muito grande sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar com os Espíritos o
médium desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode
verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma
exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da
semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons, e os maus com os maus,
donde se segue que as qualidades morais do médium exercerem influência capital sobre a natureza
dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os
Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos que por ele se comunicam.”
(LM. - Cap. XX, item 227)
“Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos.
A que, porém eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos
confessa a si mesmo.
O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais
necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à
veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e
na infalibilidade do Espírito que lhes dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é
que julgam ter privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os
Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se
houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo,
afastando-se de seus amigos e de quem lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los,
nenhum apreço lhes dão as opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma
profanação. Aborrecem-se com o menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às
vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que têm prestado serviço. Por favorecerem a esse
insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se
comprazem em lhes conservar as ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais
polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém, desprezo pelo
que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho,
suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas,
crédito em suas aptidões apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos.
Devemos também convir em que, muitas vezes o orgulho é despertado no médium pelos os
que os cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado, gabado e entra a
julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu
concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns,
com o intuito de os animar.” (L.M. Cap. XX - item 228)
7.2 - Livro dos Médiuns Cap. XVI
item 196
item 197
Médiuns Imperfeitos
Bons Médiuns
Livro dos Médiuns Cap XX, item 230
“Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui,
pelas que lhe são pessoais as idéias que os Espíritos se esforçam por lhes sugerir e também quando
tira da sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação
intuitiva, é de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do
- 146 -
médium. Dá-se mesmo o fato curioso de mover-se a mão do médium, quase mecanicamente às
vezes, impelida por um Espírito secundário e zombeteiro. É essa a pedra de toque contra a qual vêm
quebrar-se as imaginações ardentes por isso que, arrebatados pelo Espírito de suas próprias idéias,
pelas lentejoulas de seus conhecimentos literários, os médiuns desconhecem o ditado modesto de
um espírito criterioso e, abandonando a presa pela sombra, o substituem por uma paráfrase
empolada. Contra este escolho terrível vêm igualmente chocar-se as personalidades ambiciosas que,
em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam, apresentam suas próprias obras
como sendo desses Espíritos. Daí a necessidade de serem, os diretores dos grupos espíritas, dotados
de fino tato, de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas das que não o são e para
não ferir os que se iludem a si mesmo.” (L.M. Cap. XX, item 230)
7.3 - Livro dos Médiuns Cap. XX, item 229
A par disto, ponhamos em evidência o quadro do médium verdadeiramente bom, daquele em
que se pode confiar. Supor-lhe-emos, antes de tudo, uma grandíssima facilidade de execução, que
permita se comuniquem livremente os Espíritos, sem encontrarem qualquer obstáculo material. Isto
posto, o que mais importa considerar é de que natureza são os espíritos que habitualmente o
assistem, para o que não devemos ater aos nomes, porém, à linguagem. Jamais deverá ele perder de
vista que a simpatia, que lhe dispensam os bons Espíritos, estará na razão direta de seus esforços por
afastar os maus. Persuadido de que a sua faculdade é um dom que só lhe foi outorgado para o bem,
de nenhum modo procura prevalecer-se dela, nem apresentá-la como demonstração de mérito seu.
Aceita as boas comunicações, que lhe são transmitidas, como uma graça, de que lhe cumpre
tornar-se cada vez mais digno, pela sua bondade, pela sua benevolência e pela sua modéstia. O
primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos superiores; este outro se humilha, por se
considerar sempre abaixo desse favor. (LM Cap. XX item 229)
- 147 -
DADOS HISTÓRICOS PARA COMPREENSÃO DO PANORAMA
SÓCIO-POLÍTICO-ECONÔMICO DO SÉCULO XIX E PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO XX
O CAPITALISMO INDUSTRIAL OU 2a. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O extraordinário crescimento da industrialização ocorrido durante a 2a. metade do século é
comumente chamada de Segunda Revolução Industrial. Este crescimento foi possível devido a
novas invenções descobertas científicas, tais como: o motor de combustão, o uso de energia elétrica
e a química industrial.
Esta 2a. Revolução Industrial caracterizou-se pela nova organização do sistema capitalista . O
mundo entra na era das grandes indústrias, dos grandes bancos. Nesta nova ordem, nós temos a
Inglaterra como o maior país capitalista do mundo e a principal nação imperialista do mundo.
Há uma competição exacerbada entre os países pelo mercado consumidor, a burguesia
enriquece, o operariado explorado torna-se cada vez mais insatisfeito, surgem as doutrinas
socialistas e há o fortalecimento da filosofia materialista.
Neste período nós temos a América Latina já delineada em nações, fornecedora de matéria
prima, enquanto que a América anglo-saxônica se industrializa. O Brasil Império é totalmente
dependente da Inglaterra e como conseqüência teremos um grande atraso em nosso processo de
industrialização.
O Espiritismo surge neste contexto de grandes modificações sociais, políticas e econômicas e revive os
conceitos cristãos que estavam esquecidos por uma Europa eminentemente capitalista e materialista.
Neocolonialismo
A propagação da industrialização por vários países gerou uma forte competição por mercados
consumidores e por matéria prima. Os países industrializados criaram tarifas protetoras para
garantirem para si o monopólio do mercado interno e com isto aconteceu um excedente de
produção.
A solução era distribuir este excedente nos mercados africanos, asiáticos e
latino-americanos. Houve nesta época uma verdadeira corrida colonial, principalmente em direção
à Ásia e África.
A Europa industrializada tornava-se senhora do mundo africano e asiático e em menor escala
da América Latina, que já havia firmado anteriormente sua independência política mas totalmente
submissa do capital inglês. Era o caso do Brasil.
É verdade que o neocolonialismo proporcionou aos países subdesenvolvidos um certo
progresso, em função da possibilidade de vender sua produção agrícola e matérias primas. No
entanto as disparidades nas relações de compra e venda entre os países capitalistas e as nações
colonizadas proporcionaram maior acúmulo de riquezas para a alta burguesia imperialista.
Primeira Guerra Mundial
O imperialismo e o neocolonialismo, gerados pela industrialização, iniciados na segunda
metade do século XIX, geraram grande disputa por mercados consumidores entre os países
industrializados e tornara inevitável o conflito internacional. Eles foram os responsáveis pela
Primeira Guerra Mundial.
- 148 -
A Alemanha, após sua unificação, teve um processo de industrialização muito acelerado, que
a transformou, no final do século XIX, na primeira potência industrial da Europa. Havia uma
grande rivalidade entre Alemanha e Inglaterra. A burguesia industrial e financeira passou a
alimentar e divulgar a necessidade de destruir a Alemanha. O estopim do conflito foi o assassinato
do herdeiro do trono austríaco, o arquiduque Francisco Fernando e sua esposa em 28 de junho de
1914 em Sarajevo, capital da Bósnia.
Os Estados Unidos só entram no conflito em 1917, apesar de emprestar capitais e vender
armamentos desde o início para a Inglaterra, sua aliada natural. A entrada dos Estados Unidos foi
seguida por outros países americanos, como por exemplo, o Brasil.
Esfomeado e cansado, o povo alemão se revoltou e os soldados e operários forçaram o Kaiser
(imperador) a abdicar e tomaram o poder. Formou-se um governo provisório: a República de
Weimar. Em novembro de 1918 o novo governo formalmente assinou a rendição alemã e em 1919
é que a paz geral se firmava com o Tratado de Versalhes.
- 149 -
OS MOVIMENTOS POLÍTICOS E SOCIAIS DOS SÉCULOS XIX/XX
CAPITALISMO INDUSTRIAL
(2ª Revolução Industrial)
EUROPA ATRELADA A
INGLATERRA
AMÉRICA
ANGLO-SAXÔNICA
INDUSTRIALIZAÇÃO
NEOCOLONIALISMO
AMÉRICA LATINA FORNECEDORA DE
MATÉRIA PRIMA
1ª GUERRA MUNDIAL
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA
DISPUTA DE MERCADO ENTRE
POTÊNCIAS
REVOLUÇÃO RUSSA
2ª GUERRA MUNDIAL
GUERRA FRIA
FIM DA U.R.S.S.
ESTADOS UNIDOS X U.R.S.S.
- 150 -
MUNDO CONTEMPORÂNEO OU PÓS-GUERRA
1.1 O Mundo Pós-Guerra é um mundo conflitante, onde a cada dia se acentuam as
diferenças entre os países ricos e pobres.
No Extremo Oriente os japoneses viram seu país ser dominado pelos norte-americanos
liderados pelo general MacArthur. Após a 2a. Guerra Mundial o mundo na verdade estava dividido
em dois blocos: o bloco socialista e o capitalista, ou seja, os EUA e a URSS, eram as duas maiores
potências mundiais e dividiam a influência sobre os demais países.
1.2 A Guerra-Fria: disputa pela liderança mundial entre os EUA e a URSS, que passaram a
intervir direta ou indiretamente nos assuntos internos dos demais países, geraram a chamada Guerra
Fria, um dos fatores responsáveis pela grande tensão pós-guerra.
Entende-se por Guerra Fria a guerra ideológica entre a superpotência capitalista (EUA) e a
socialista (URSS), cada qual procurando ampliar suas áreas de influência no mundo, em defesa de
seus interesses ideológicos, políticos e econômicos.
Para alguns estudiosos do assunto, a Guerra Fria começou em 1947, ano em que foram
lançados a doutrina do presidente Truman dos EUA e o plano Marshall.
A essência da doutrina Truman é a idéia de que todas as nações devem escolher livremente
“uma forma de vida baseada na vontade da maioria”. A doutrina Truman colocava os EUA como
guardião da liberdade dos povos e defendia a liderança internacional desse país para garantir a paz
mundial. Pouco depois da doutrina Truman, foi lançado o plano Marshalll, pelo qual os EUA
concediam ajuda econômica a Europa Ocidental, devastada pela guerra, e onde crescia a influência
dos países de esquerda, devido às manifestações populares, provocadas pelo desemprego, falta de
alimentos e crise econômica generalizada.
Com o plano Marshall os norte-americanos pretendiam garantir os mercados consumidores
europeus para seus produtos e impor a hegemonia econômica dos EUA sobre a Europa. Assim o
plano Marshall uniu a Europa contra o avanço socialista e a integrou ao mercado capitalista
mundial.
A URSS reagiu, reforçando seu domínio econômico e político sobre o Leste Europeu.
Portanto, a doutrina Truman, o plano Marshall e o expansionismo soviético são considerados
os principais fatores da Guerra Fria.
A Guerra Fria foi acompanhada pelo desenvolvimento das armas atômicas, pela disputa
diplomática de pontos estratégicos e por conflitos armados, principalmente na Ásia. A Europa se
recuperou rapidamente dos efeitos desastrosos da 2a. Guerra, graças ao plano Marshall e as
organizações econômicas de auxílio mútuo que foram formadas, tais como o Mercado Comum
Europeu (MCE).
1.3 A descolonização Afro-asiática foi conseqüência da 2a. Guerra, pela crise do sistema de
dominação sobre as colônias das metrópoles arruinadas pela guerra. O processo de descolonização
se deu de maneira lenta e gradual, prosseguindo até hoje. As colônias conseguiram sua
independência através da luta armada ou pelo reconhecimento puro e simples de sua emancipação
pura e simples pela metrópole.
1.4 A descolonização da Ásia – muito mais do que na África – foi marcada por uma série de
conflitos que colocaram em risco a paz mundial. Entre estes conflitos podemos destacar: a Guerra
da Coréia, a Guerra do Vietnã e as Guerras no Oriente Médio entre árabes e judeus.
a) Guerra da Coréia – a Coréia tornou-se independente do Japão após a 2a. Guerra. Pouco
mais tarde foi dividida entre Coréia do Norte e Coréia do Sul. Em 1950 a Coréia do Norte invadiu a
Coréia do Sul. Era uma rivalidade ideológica que contribuiu para aumentar a tensão internacional e
- 151 -
acirrar a Guerra Fria. Esta guerra se prolongou até 1953 quando as forças das Nações Unidas
acabaram com a Guerra.
b) Guerra do Vietnã – foi o mais sério conflito no processo de descolonização da Ásia.
A Indochina, onde se localizavam o Vietnã, o Laos e o Camboja pertenciam à França desde o
século XIX. Em 1954, após lutas e ocupações nesta região, a França, na Conferência de Genebra,
reconheceu a independência do Vietnã em Norte (socialista) e Sul (capitalista). Por volta de 1960
iniciou-se um movimento socialista de reunificação dos dois Vietnãs com a invasão do Vietnã do
Sul pelas tropas norte-americanas. Os invasores tinham o apoio da China e mais uma vez a
expansão socialista afetava os interesses norte-americanos.
Em 1961 os EUA intervieram na Guerra do Vietnã, com homens e armas. O povo vietnamita
do norte e do sul sofreram muito com a intervenção das tropas estrangeiras em seus assuntos
internos. Em 1973, os EUA, derrotados, se retiraram da Indochina. As lutas no entanto
prosseguiram até 1975, quando os comunistas derrubaram os governos do Camboja e do Vietnã do
Sul. Em 1976 os dois países se reuniram e formaram a República Socialista do Vietnã.
Ampliava-se o regime socialista na Ásia, declinava a influência capitalista.
1.5 As Guerras no Oriente Médio a razão mais evidente dos choques entre árabes e judeus é
chamada Questão Palestina.
No século I, depois de Cristo, os judeus foram expulsos da Palestina pelos romanos. Este
episódio é conhecido como Diáspora, isto é, dispersão dos judeus pelo mundo. Os judeus
permaneceram sem pátria durante aproximadamente dezenove séculos.
No final do século XIX, iniciou-se entre os judeus um movimento chamado Sionismo. Este
movimento defendia a criação de um estado judaico. O local escolhido foi a Palestina, sua antiga
pátria. Mas a Palestina já havia sido ocupada pelos árabes desde o século VII. Os judeus iniciaram
um movimento de migração em direção a Palestina, que aumentou muito após a ascensão do
nazismo na Alemanha. Os árabes e os palestinos não viam com bons olhos a “invasão” judaica de
suas terras.
Em 1948, por determinação da ONU, foi criado o Estado de Israel. Os judeus voltaram a ter
uma pátria mas transformou os palestinos em um povo sem pátria.
Começaram as guerras entre árabes e judeus, em 1948, 1956, 1967 e 1973, que permitiram aos
judeus conquistar outros territórios e ampliar suas fronteiras. Os palestinos refugiaram-se por vários
países árabes e criaram a Organização de Libertação da Palestina (OLP).
1.6 A Revolução Chinesa – fora da Europa, a primeira grande região a vivenciar uma
revolução socialista foi a China. O Partido Comunista Chinês atuava desde 1921, mas foi durante a
2a. Guerra, que as condições tornaram-se propícias para a revolução. Os japoneses tinham invadido
a China e os comunistas resistiram bem mais que as tropas do governo tentou esmagar os
comunistas, mas estes gozavam de grande apoio popular que lhes permitiu a vitória em 1949. Mao
Tsé-Tung assumiu o poder. Foi realizada a reforma agrária, adotando-se a criação das comunas
rurais. Ao mesmo tempo a economia era estatizada. Na década de 60, teve lugar a “Revolução
Cultural” onde a liderança de Mão foi reafirmada.
1.7 Crises Atuais
a) Glasnost e Perestroika – na década de 80, o nome de Mikhail Gorbachov torna-se
conhecido mundialmente. Empossado em 1985 ele trazia um discurso diferente dos líderes
- 152 -
anteriores. Perestroika ou reestruturação e Glasnost (grito livre) passaram a designar a abertura
política. As razões para estas mudanças econômicas e políticas, estão sem dúvida, na estagnação
econômica da URSS. As resistências às reformas foram muito grandes pois muitos setores da
burocracia não querem perder seus privilégios.
Em 1991 houve uma tentativa de golpe contra Gorbachov, mas o golpe fracassou e as antigas
repúblicas soviéticas estão buscando seus próprios caminhos, com lutas internas e separatistas.
b) Na China as mudanças econômicas estão ocorrendo desde a década de 70, mas não se
faziam acompanhar de modificações políticas.
Os dirigentes esmagaram violentamente os protestos estudantis da Praça da Paz Celestial em
1989. Muitos manifestantes foram mortos ou enviados para as prisões.
c) O Terceiro Mundo – denomina-se Terceiro Mundo o conjunto de países considerados, do
ponto de vista econômico como subdesenvolvidos. São fundamentalmente os países da América
Latina, da África e da Ásia.
Os elementos comuns a estes países são:
baixo padrão de desenvolvimento econômico;
dívida externa;
analfabetismo;
alto índice de subempregos na cidade e no campo;
enormes deficiências sociais, bolsões de pobreza e verdadeiras “ilhas de prosperidades”.
Favelas e mansões lado a lado;
concentração de renda com uma minoria.
BRASIL
Apesar do crescimento industrial, acelerado nos anos 70 e 80 e de possuir matéria-prima e
mão-de-obra abundantes e baratas, estamos presos por vínculos de dependência ao capital
internacional. Isto se deve ao fato de que o crescimento industrial se fez através de empréstimos
externos, da compra de tecnologia estrangeira e de várias concessões feitas às multinacionais.
Em 1985, chegou ao fim o longo ciclo de governos militares no Brasil, com a eleição de
Tancredo Neves e José Sarney, a eleição foi de forma indireta e com a morte de Tancredo Neves, o
vice-presidente José Sarney assumiu a presidência; foi elaborada uma nova Constituição, em 1988,
e as primeiras eleições diretas ocorreram em 1989, sendo eleito Fernando Collor de Melo, que
assumiu em 1990. Mas os problemas econômicos permaneceram, uma vez que o modelo
concentrador de renda favorece o empobrecimento de amplas camadas da população.
- 153 -
BRASIL
1º IMPÉRIO
- Fornecedora de matéria-prima
- Dependência da Inglaterra
2º IMPÉRIO
- Fornecedora de matéria-prima
- Atraso no processo de industrialização
REPÚBLICA VELHA
(de 1889 a 1930)
GETÚLIO VARGAS
- Governo provisório
- Governo constitucional
- Estado Novo
(1937/45–aproximação c/ o nazismo)
- Dívida externa
- Coronelismo
- Oligarquias
DOMÍNIO DO CAPITALISMO
1964 - Ditadura militar
1985 - Eleição de Tancredo Neves
1989 - Eleições diretas
1990 - Assume Fernando Collor
1992 - Renúncia de Fernando Collor
- Começa a industrialização
- Presidente Dutra
- Presidente Juscelino
- Presidente Jânio
- Presidente João Goulart
BIBLIOGRAFIA
- O populismo
OS CAMINHOS DO HOMEM – Editora LÊ
Adhemar Marques
Flávio Berutti
Ricardo Faria
HISTÓRIA GERAL – Editora Moderna
Francisco de Assis Silva
HISTÓRIA DO BRASIL – Editora Ática
Nelson Piletti
- 154 -
Avaliação do 1o. Encontro sobre Mediunidade
Pela graça infinita de Deus, Paz.
Baltazar, pela graça de Deus.
Meus amigos, trata-se de avaliar este 1o. Encontro sobre a Mediunidade.
Em realizado o Encontro, feito com um prazo de tempo quase exíguo, embora quase todos
devessem conhecer o assunto de modo a não ter excessos de dificuldades durante o trabalho que
fazer.
Entendemos que o Encontro foi bastante razoável, dada a esta circunstância. Acreditamos que
providências maiores visando facilitar o próprio trabalho do dinamizador, tipo manual, para que
todos falem a mesma linguagem, é uma necessidade que vai ser estudada com maior carinho.
Entendemos que o treinamento de tais dinamizadores deva ser feito de maneira maior, mais
consciente, e porque não dizer com mais aprimoramento. Às vezes vimos e pressentimos
dinamizadores que praticamente estavam tomando conhecimento, se adestrando para o seu trabalho
naquele momento, naquele instante. Como se um trabalho deste tipo pudesse ser feito assim tão
fragilmente, tão inseguramente; mas não só o tempo, como a necessidade da leitura, de uma leitura
maior, devem ser analisados e devem buscar-se, todos devem buscar o elemento que favoreça o
trabalho, que indique as criaturas exatamente como fazer o trabalho.
Ora, o que vemos nós? Vemos pessoas totalmente interessadas para produzir, pessoas
totalmente dispostas a produzir, pessoas voltadas para o desejo de produzir, mas por não terem
tempo, por estarem despreparadas e por não disporem de todo material que lhes facilitasse o
trabalho não puderam dar tudo que tinham para dar. Esta é uma necessidade que será ou deverá ser
sanada no próximo Encontro.
Também entendemos que as próprias divisões por entre vários médiuns se facilitaram de um
lado o serviço, trouxeram um pouco de falhas, poucas opções. Acredito que para facilitar ao
Encontrista, em cada sala se analisará apenas um médium dando-se opção para que sejam analisados
2 (dois) médiuns, Se no próximo Encontro teremos médiuns assim em número suficiente para ser
analisados é um outro assunto, mas vamos falar a vocês que vocês terão muito ..........
Mas se essa atividade pode ser sanada com facilidade, a atividade geral, isto é, do estudo,
sempre teremos um pouco mais de dificuldade porque as criaturas não se dispõem a estudar ou,
apenas são capazes de deixar para a última hora alguma coisa que deveria ser feita
.............................
Enfatizamos com a direção, a coordenação do trabalho que descubra meios de estimular as
pessoas a desde cedo a começarem a estudar para o trabalho.
No que se refere ao assunto do próximo Encontro será estudado a Mediunidade de
Incorporação em seus variados aspectos fenomênicos todos dentro da única ótica de comunicação os
Espíritos, .......................................
Junto às crianças, junto aos jovens o trabalho correu como deveria correr. .......................
..................................................................................................... porque o objetivo a ser
atendido não está inteiramente ao alcance de suas mentes.
Na parte de secretaria, de documentos, vamos dizer assim, de secretaria tudo correu como
pode correr . ................... e apenas necessitando naturalmente estes ajustes.
E .......................... podemos dizer que a parte Espiritual que a (?) equipe médico-espiritual
funcionou a contento.
Que Deus nos ajude, nos abençoe nos proteja agora e sempre lembrando que os esforços
contínuos .......................................... não só no campo do estudo também no campo também da
cozinha, no campo da livraria, no campo da limpeza, em todas as áreas sem exceção. Todos foram
muitíssimo .....................
- 155 -
Deus nos ..................
E agora estamos preparados para as perguntas.
Comece você.
P - Irmão Baltazar, estudando temas específicos de Mediunidade.
1. Qual exatamente o objetivo principal de um Encontro sobre a Mediunidade?
B - Mostrar a eles .........................................., mostrar a finalidade da Mediunidade. Mostrar
as finalidades significa mostrar ..................................... . Como exatamente foi dito no início: mostre
o fenômenos e conclua ......................................
2. Sempre através dos exemplos dos médiuns?
B - Sempre através dos exemplos dos médiuns que é a melhor maneira das pessoas
compreenderem a extensão do serviço.
3.
...................................................................
B - Não acredito que seja necessário. Você poderá fazer assim. Talvez seja a mesma coisa.
Talvez ....................... chegar (?) aos objetivos que você quer atingir.
A Mediunidade de Incorporação. O que é? Como se manifesta? Através de quem se
manifesta?
Pesquisa. Estudo TUDO sobre incorporação. Tudo que existir sobre incorporação.
Faça assim. A partir daí você estudará o fenômeno mediúnico para que as pessoas entendam o
que vem a ser o fenômeno de incorporação.
E depois você terminará com os exemplos mostrando os médiuns no seu aspecto de
execução, de facilidade de execução e de trabalho contínuo. ........................................ você colocará
os médiuns que recebem Espíritos nas sessões de desobsessões, os que podem confortar e consolar
através de orientações, seriam os médiuns conselheiros, através da incorporação e aqueles que
podem receitar também através da incorporação receitar e curar.
Apesar de ser duas coisas diferentes você pode fazer ...........................................
Finalmente os efeitos morais como sempre. Como os médiuns são capazes de registrar ..........
Qual a me ...............................
E finalmente como conviver com a sua própria mediunidade em meio a uma sociedade
perversa?
Baltazar
(Mensagem psicofônica, em 28/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)
- 156 -
KARDEC, OBRIGADO
Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar nosso preito
singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exalçam a obra gigantesca nos domínios da
libertação espiritual.
Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de Jesus que
possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do
tempo.
Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que
desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos fastos sociais, da glória que te
ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente
o exato valor de teus créditos humanos.
Reportar-nos-emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem
e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade
Superior. E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades em que, a fim de reacender a luz
do Evangelho, superaste injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o carinho
e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e na sabedoria da vida.
O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos
que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!...
Diante de ti, enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à loucura e ao suicídio
com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da obsessão com o esclarecimento
salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinqüentes, e os
filhos agoniados que se encontraram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade
dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação;
os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de
angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas
sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos e
que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência,
insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso
do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver; os que
aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros
da Humanidade que lhes apunhalaram o espírito, a golpes de insultos e ingratidão; os que te
ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumento de
redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crime, abraçando-te as
páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas...
- 157 -
Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da
vida, estamos também diante de ti!... E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados
admiradores e como os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te
rogamos permissão para dizer: “Kardec, obrigado!... Muito obrigado!”...
Irmão X
Livro: HISTÓRIAS E ANOTAÇÕES
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora Cultura Espírita União (CEU)
- 158 -
LEITURA ESPÍRITA
Conquanto o Espiritismo - ou Doutrina dos Espíritos, - tenha surgido da palavra dos próprios
Espíritos, luminares da evolução e do aprimoramento da Humanidade, não será lícito esquecer o
trabalho paciente e valioso daqueles espíritos outros, denodados pioneiros do progresso e da
felicidade dos homens, reencarnados na Terra, para a elevada missão de fixar-lhes os ensinamentos.
Compreende-se que a mente popular se emprenhe à procura do verbo revelador que flui da
espiritualidade pelos canais medianímicos, acostumada que se acha a encontrar por esse processo,
há mais de um século, instruções e lições seguras, desde que “O Livro dos Espíritos” apareceu por
monumento básico da Verdade, em que o homem interroga e os espíritos respondem sobre as mais
transcendentes questões da Vida e da Natureza.
Forçoso, no entanto, reconhecer o mérito dos agentes humanos que dignificam os princípios
espíritas, a comentá-los, desenvolvê-los, interpretá-los e iluminá-los.
*
Sem Allan Kardec, não teríamos a autoridade terrestre, reunindo fatos e deduções na formação
da Doutrina e, depois do Codificador, tivemos no mundo toda uma plêiade de missionários
corporificados na forma física, organizando empreendimentos e realizações que honram todos os
setores do Espiritismo, erguido à condição de Cristianismo redivivo.
A eles devemos construções doutrinárias inesquecíveis, quais sejam:
As interpretações científicas dos fenômenos.
As experiências inatacáveis.
As análises filosóficas.
As ilações religiosas.
Os relatórios seguros.
A organização do intercâmbio espiritual.
A literatura da Nova Revelação.
A escola e o ensino kardequianos.
As observações precisas.
A história do Espiritismo.
A imprensa renovadora.
Os boletins informativos.
Os simpósios permanentes de estudo.
Os conclaves de orientação.
As teses santificantes.
Os apelos à sublimação da alma.
Os planos das obras espíritas.
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Indubitavelmente é imperioso creditar a eles - devotados seareiros da luz, precioso e
inestimável trabalho na sementeira e difusão das verdades que abraçamos, razão por que,
tributar-lhes consideração e estímulos, lendo-lhes as páginas edificantes e louvando-lhes o serviço
benemérito é para nós inalienável dever.
*
Companheiros!
Honremos os livros dos espíritos, nas letras mediúnicas que desdobram os primores da
Codificação, à luz do Evangelho, mas reverenciemos também os livros dos espíritas valorosos e
sinceros que são na Terra, abnegados apóstolos do Senhor!
André Luiz
Livro: SOL NAS ALMAS
Psicografia: Waldo Vieira
Edição Comunhão Espírita Cristã (CEC)
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