UNIVERSIDADE PAULISTA
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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR MARCOS ALBERTO DE OLIVEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, para obtenção do título de Mestre. SÃO PAULO 2006 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR MARCOS ALBERTO DE OLIVEIRA Orientação: Prof. Dr Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto. Área de Concentração: Engenharia de Produção Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, para obtenção do título de Mestre. São Paulo 2006 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) III GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Dedicatória À minha família, por me proporcionar uma base sólida e harmoniosa que possibilitou o meu desenvolvimento pessoal e profissional. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) IV GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Agradecimentos Agradecimentos É muito bom ter a quem agradecer quando se encerra mais uma etapa de nossa vida. Agradeço a Deus por ter muitas pessoas especiais que de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. Não existem palavras para agradecer ao professor Doutor Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto, uma pessoa especial que com sua dedicação, amizade e respeito me conduziu neste trabalho de maneira impecável sempre com grande objetividade até o momento da conclusão deste trabalho. Espero que este seja o primeiro de vários outros trabalhos juntos. Gostaria de agradecer ao professor Doutor Oduvaldo Vendrametto pela forma toda especial que conduz o programa de pós-graduação em Engenharia de Produção da UNIP. Além da segurança e do compromisso com o curso, durante o exame de minha qualificação trouxe uma palavra sincera e de grande contribuição para este trabalho. Ao professor Doutor Carlos Henrique Pereira Mello que trouxe relevantes contribuições para a conclusão deste trabalho. Jamais esquecerei sua postura contributiva e a humildade com que apresentou tantas oportunidades de melhoria. Tenha a certeza, que este contato não se encerrará aqui. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) V GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Agradecimentos Á professora Doutora Celi Langhi pela paciência e rica contribuição na revisão deste trabalho. Ao professor Victor Mirshawka Junior pelo constante apoio e incentivo durante a realização deste trabalho. E por fim, aos meus pais Luiz e Cleusa, meus irmãos Luiz Ricardo e Paulo Roberto e à minha avó Lourdes pelo amor e constante incentivo e apoio. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) VI GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Conteúdo CONTEÚDO Resumo ........................................................................................................IX Abstract.........................................................................................................X Lista de Abreviaturas ..................................................................................XI Lista de Ilustrações....................................................................................XII CAPÍTULO 1: Introdução ........................................................................... 14 1.1 – Contextualização ............................................................................... 14 1.2 – Justificativas ........................................................................................ 15 1.3 – Objetivos ............................................................................................. 16 1.4 – Metodologia ....................................................................................... 17 1.5 - Estrutura do trabalho............................................................................ 18 CAPÍTULO 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade ............................ 21 2.1 – Um Breve histórico .............................................................................. 21 2.2 - O conceito de Qualidade..................................................................... 24 2.3 - Normalização ISO e sua evolução ....................................................... 33 2.3.1 – A evolução dos Sistemas Normalizados de Gestão ......................... 35 2.4 - A Norma série ISO 9000 ...................................................................... 36 2.5 - A Estrutura da Norma ISO 9001:2000 ................................................. 42 2.6 - Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade.................................. 48 2.6.1 - Responsabilidade da Direção ........................................................... 52 2.6.2 - Gestão de Recursos.......................................................................... 57 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) VII GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Conteúdo 2.6.3 - Realização do Produto ...................................................................... 59 2.6.4 - Medição, Análise e Melhoria ............................................................. 62 CAPÍTULO 3: Revisão de literatura – A busca da excelência................. 69 3.1 – A Evolução dos modelos de Excelência.............................................. 70 3.1.1 – O Prêmio Deming ............................................................................. 70 3.1.2 – O Prêmio Malcolm Baldrige.............................................................. 72 3.1.3 – O Prêmio Europeu de Qualidade ..................................................... 76 3.1.4 – O Prêmio Nacional da Qualidade ..................................................... 77 3.2 – A Metodologia Balanced Scorecard .................................................... 89 3.2.1 – A definição de Balanced Scorecard ................................................. 91 3.2.2 – A criação de Valor ............................................................................ 94 3.2.3 – As perspectivas do Balanced Scorecard .......................................... 97 A) Perspectiva Financeira ....................................................................... 98 B) Perspectiva dos Clientes ................................................................... 99 C) Perspectiva dos Processos Internos................................................ 101 D) Perspectiva do Aprendizado e Crescimento.................................... 104 3.2.4 – Os Mapas Estratégicos .................................................................. 108 CAPÍTULO 4: Revisão de Literatura – Serviços..................................... 113 4.1 – A Importância do Setor de Serviços .................................................. 113 4.2 – O Conceito de Serviços..................................................................... 116 4.3 – Tipologia de Serviços ........................................................................ 120 4.4 – Sistema de Operação de Serviço...................................................... 122 4.5 – Características dos Serviços ............................................................. 124 4.6 – Os Serviços como Processos............................................................ 129 4.7 – Serviços com Qualidade.................................................................... 130 4.8 – O Serviço Educação.......................................................................... 140 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) VIII GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Conteúdo CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa ................................................. 145 5.1 – Conceito de Método .......................................................................... 145 5.2 – Conceito de Pesquisa........................................................................ 146 5.2.1 – Pesquisa Quantitativa..................................................................... 147 5.2.2 – Pesquisa Qualitativa....................................................................... 148 5.3 – Tipos de Pesquisa............................................................................. 148 5.3.1 – Pesquisa Bibliográfica ou exploratória............................................ 149 5.3.2 – Pesquisa Descritiva ........................................................................ 149 5.3.3 – Pesquisa Experimental................................................................... 151 5.3.4 – Pesquisa-ação................................................................................ 152 5.4 – Estudo de caso como método de pesquisa....................................... 154 5.5 – Método de Pesquisa Escolhido ......................................................... 156 CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa ............................................. 158 6.1 – A Pós-Graduação da Instituição de Ensino Superior ........................ 158 6.2 – A decisão de implementar um Sistema de Gestão da Qualidade ..... 160 6.3 – Escolha da Entidade Certificadora .................................................... 162 6.4 – A implementação do sistema de gestão da qualidade ...................... 163 6.5 – A Elaboração da Documentação da Qualidade................................. 165 6.6 – Diferenciais do Sistema de Gestão da Qualidade ............................. 173 6.7 – Resultados Alcançados após a Certificação ..................................... 182 CAPÍTULO 7: Discussão .......................................................................... 185 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) IX GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Conteúdo CAPÍTULO 8: Conclusões e Considerações Finais............................... 196 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 199 ANEXOS .................................................................................................... 209 ANEXO 1.................................................................................................... 209 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) X GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Resumo OLIVEIRA, M. A. de. Gestão da Qualidade em Instituições de Ensino Superior. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Paulista, 2006. Palavras-Chave: qualidade; serviços; ensino superior. A dissertação procura trazer uma contribuição à discussão da problemática da gestão educacional através da proposta da implementação de um sistema de gestão da qualidade baseado nos critérios do padrão normativo ISO 9001:2000, como um modelo que pode trazer boas contribuições às Instituições de Ensino Superior que busquem melhorar o desempenho de sua gestão. Para tanto, apresenta-se um exemplo de sucesso da implementação de um sistema de gestão da qualidade certificado pela norma ISO 9001:2000, que servirá de apoio para a discussão das contribuições e dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino superior. Neste projeto de pesquisa, também outros critérios são avaliados, como a versão Excelsior do Prêmio Malcolm Baldrige norte americano para instituições de ensino, a metodologia Balanced Scorecard e o modelo proposto pelo Prêmio Paulista de Qualidade na Gestão, que corresponde, em sua versão mais utilizada, aos primeiros passos do Prêmio Nacional da Qualidade, buscando apresentar orientações para instituições educacionais que desejem trilhar o caminho da excelência administrativa. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) XI GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Abstract OLIVEIRA, M. A. de. Quality Management in Superior Education Institutions. Dissertation (Máster in Production Engineering) – Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Paulista, 2006. Key-words: quality; services; superior education. The dissertation looks for bringing a contribution to educational management problematical discussion through an implementation proposal of a quality management system based in normative standard criterious ISO 9001:2000, as a model that can bring good contributions to Superior Education Institutions that search to improve their management performance. For so much, it´s presented an successful example of a quality management system implementation certified by the standard ISO 9001:2000 that will be a very good support for the contributions and the faced difficulties discussion by the Superior Education Institutions. In this research project, other criterious are also evaluated, as a version Excelsior of the North American Malcolm Baldrige Premium for Education Institutions, the Balanced Scorecard methodology and the proposed model by the Paulista Premium of Quality in Management, that corresponds, in its more used version, to the Quality National Premium first steps, searching to present orientations for Educational Institutions that wish to go through the administrative excellence way. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) XII GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Lista de Abreviaturas Lista de Abreviaturas BSC Balanced Scorecard BVQI Bureau Veritas Quality International CNQC Company-wide Quality Control (Controle da Qualidade por toda a empresa) EFQM European Foundation for Quality Management (Fundação Européia para a Gestão da Qualidade) FNQ Fundação Nacional para a Qualidade INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial IPEG Instituto Paulista de Excelência na Gestão ISIC Standard Industrial Classification ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização) JUSE Japonese Union of Scientists and Engineers (União Japonesa de Cientistas e Engenheiros) MBNQA Malcolm Baldrige National Quality Award (Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige) MEC Ministério da Educação e Cultura ONU Organização das Nações Unidas PIB Produto Interno Bruto PNQ Prêmio Nacional da Qualidade PPQG Prêmio Paulista de Qualidade na Gestão TC 176 Techinical Comitee 176 (Comitê Técnico 176) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) XIII GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Lista de Ilustrações Lista de Ilustrações Lista de Figuras Figura 2.1 – Requisitos da Norma ISO 9001:2000 ...................................... 45 Figura 2.2 – Seqüência e interação dos Processos .................................... 49 Figura 2.3 – O desdobramento da Política da Qualidade............................ 54 Figura 3.1 – Modelo de Excelência na Gestão ............................................ 82 Figura 3.2 – Diagrama de Gestão ............................................................... 86 Figura 3.3 – Traduzindo a missão em resultados almejados....................... 95 Figura 3.4 – Definindo as relações de causa e efeito do BSC..................... 96 Figura 3.5 – A perspectiva financeira .......................................................... 98 Figura 3.6 – A perspectiva dos clientes ..................................................... 100 Figura 3.7 – A perspectiva dos processos internos ................................... 104 Figura 3.8 – A perspectiva de inovação, aprendizado e crescimento........ 106 Figura 3.9 – Mapa Estratégico................................................................... 109 Figura 4.1 – Pacotes de valor entregues ao cliente variam na proporção entre produtos físicos e serviços ......................................................................... 118 Figura 4.2 – Tipologia de serviços com base nos contínuos de volume e variedade/ customização do serviço .......................................................... 120 Figura 4.3 – Atividades de linha de frente e retaguarda ............................ 123 Figura 4.4 – Fatores que influenciam as expectativas do serviço ............. 132 Figura 4.5 – Triângulo do serviço .............................................................. 133 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) XIV GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR______ Lista de Ilustrações Figura 4.6 – A Instituição de Ensino Superior como um sistema............... 143 Lista de Quadros Quadro 2.1 – Histórico da Evolução dos Sistemas Normalizados de Gestão.................................................................................................... 35 Quadro 2.2 – Tipos de manual da Qualidade .............................................. 50 Quadro 3.1 – Comparativo dos critérios para as categorias do Prêmio Malcolm Baldrige.............................................................................. 74 Quadro 3.2 – A Estratégia na visão de Kaplan e Norton ............................. 90 Quadro 3.3 – O conceito de Balanced Scorecard por Kaplan e Norton ...................................................................................................... 93 Quadro 3.4 – Diferentes funções do Mapa Estratégico segundo Kaplan e Norton ........................................................................................ 110 Quadro 3.5 – Quadro Geral de Indicadores............................................... 111 Quadro 4.1 – Compreendendo a natureza dos atos do Serviço................ 130 Quadro 4.2 – Comparação entre as dimensões de Parasuraman et al (1988) e Garvin (2002) ...................................................................... 139 Quadro 6.1 – Lista Mestra de Documentos do SGQ ................................. 166 Quadro 6.2 – Objetivos da Qualidade ....................................................... 168 Quadro 6.3 – Resultados Anuais das Avaliações...................................... 177 Quadro 6.4 – Escala de Notas da Avaliação ............................................. 178 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 14 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução CAPÍTULO 1: Introdução 1.1 Contextualização Em um ambiente de alta competitividade entre as organizações, faz-se necessária, uma constante preocupação das organizações independente de seu porte e de seu segmento de atuação, com a eficiência e eficácia dos seus processos na busca da efetividade e da sustentabilidade de seu negócio. Porém, para que as organizações sejam cada vez mais competitivas, existe uma necessidade constante do aperfeiçoamento profissional de seus colaboradores. Com este contexto, as instituições de ensino superior ocupam um lugar importante neste cenário pois são uma das responsáveis pela disseminação dos conhecimentos ao lado das próprias organizações sempre na busca de melhores resultados de desempenho. Esta preocupação com os resultados, se aplica a qualquer tipo de organização. Desta forma, as instituições de ensino superior, também estão inseridas neste contexto e oferecer produtos e serviços com qualidade passa UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 15 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução a ser uma questão de sobrevivência em um mercado globalizado e de competitividade. 1.2 Justificativas Desta forma, a escolha do tema para esta dissertação de mestrado se fundamenta no interesse e participação profissional nas áreas de ensino superior e de engenharia de produção exercendo atividades voltadas à gestão da qualidade. Outro aspecto que influenciou a escolha, foi a experiência profissional adquirida nos últimos 10 anos em organizações do segmento industrial e de serviços de ensino superior exercendo atividades relacionadas à implementação de sistemas de gestão da qualidade. Embora reconhecendo que muito já foi feito para o desenvolvimento destas áreas de conhecimento, acredita-se que será dada mais uma contribuição para a solução dos problemas relacionados à gestão da qualidade para as instituições de ensino superior que desejem implementar um sistema de gestão da qualidade. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 16 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução Após intenso processo de análise, pesquisas e considerações sobre os modelos de gestão voltados à melhoria de desempenho dos processos de uma organização, foi definido o tema “Gestão da Qualidade em Instituição de Ensino Superior”. 1.3 Objetivos O objetivo geral deste trabalho é oferecer uma visão geral da problemática da busca da qualidade em instituições de ensino superior. Como objetivos específicos, podem-se destacar: - Estudar como os conceitos da Qualidade se aplicam na gestão de uma unidade de ensino; - Apontar as peculiaridades da Qualidade dos Serviços na educação; - Identificar e sugerir as ações necessárias num processo de busca da excelência na gestão. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 17 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução Desta forma espera-se, no âmbito acadêmico, contribuir para a Administração da Produção e Operações apresentando uma análise das possibilidades de implementação dos modelos de gestão da qualidade no setor de serviços, mais especificamente em instituição de ensino superior. Sob a ótica corporativa, espera-se apresentar a possibilidade de implementação de sistemas de gestão em instituições de ensino superior a partir da explanação de uma experiência de sucesso no setor. 1.4 Metodologia A metodologia empregada no desenvolvimento do trabalho fundamentase na pesquisa bibliográfica, onde efetua se uma análise e adequação de conceitos já consolidados na área da qualidade, de serviços e da Engenharia de Produção, para as necessidades específicas de uma instituição de ensino superior. Para a validação da proposta, apresenta-se uma pesquisa-ação realizada em uma instituição de ensino que possui um sistema de gestão da qualidade certificado pela norma ISO 9001:2000. Esta pesquisa pode ser UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 18 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução considerada uma pesquisa-ação devido à participação do autor na implementação de um sistema, que servirá como elemento de apoio para a validação da aplicabilidade dos conceitos apresentados. 1.5 Estrutura do Trabalho Para a elaboração desta dissertação, neste capítulo 1 apresentam-se as justificativas, os objetivos geral e específicos do trabalho, bem como a metodologia a ser utilizada para o desenvolvimento do trabalho. No capítulo 2, apresenta-se a base teórica sobre os modelos de gestão da Qualidade. Desta forma, destaca-se o modelo de gestão da qualidade baseado na norma ISO 9001:2000 e sua aplicabilidade em organizações da área de serviços. No capítulo 3, apresentam-se os modelos de gestão baseados nos critérios de excelência dos prêmios internacionais e nacionais, como o Prêmio Nacional da Qualidade e o Prêmio Paulista de Qualidade na Gestão, que são modelos voltados à excelência empresarial. Também é apresentada a UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 19 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução metodologia Balanced Scorecard como uma ferramenta importante na implementação dos modelos de gestão propostos. O capítulo 4 tem como objetivo fornecer a base teórica sobre a gestão de serviços e suas particularidades. Explica como as atividades educacionais se enquadram na prestação de serviços e como as ferramentas da gestão da qualidade baseadas na norma ISO 9001:2000 são passíveis de implementação em uma instituição de ensino superior. Em seqüência, o capítulo 5 apresenta um embasamento teórico sobre metodologia da pesquisa, para que se justifique a estrutura de pesquisa utilizada para o desenvolvimento deste trabalho. No capítulo 6, apresenta-se a adequação e implementação de um sistema de gestão da qualidade baseado no padrão normativo ISO 9001:2000 em uma instituição de ensino superior. Esta proposição constitui a peça fundamental deste trabalho, que levará ao cumprimento dos objetivos inicialmente estabelecidos. A análise do sistema de gestão da qualidade implementado será realizada com base na pesquisa-ação apresentada, onde valida-se a utilização UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 20 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução do sistema implementado, assim como as vantagens obtidas no campo da eficiência e eficácia, gerando a competitividade e a qualidade que as instituições de ensino necessitam nos dias atuais com os impactos sofridos com o processo da competitividade. No capítulo 7, são demonstrados como os modelos de gestão baseados nos critérios de excelência dos prêmios nacionais voltados à excelência empresarial e a metodologia Balanced Scorecard podem contribuir para a gestão de uma instituição de ensino superior. Desta forma, apresenta-se uma proposta de novas estratégias a serem adotadas pelas instituições de ensino que, após a certificação de seus sistemas de gestão da qualidade, pretendam continuar o aperfeiçoamento de seu modelo de gestão. Com base nos conceitos e modelos estudados, apresenta-se uma proposta de continuidade e desenvolvimento do modelo de gestão da instituição de ensino superior utilizando conceitos baseados nos critérios de excelência. Por fim, no capítulo 8, apresentam-se as considerações e os comentários finais sobre o estudo apresentado neste trabalho. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 21 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 1: Introdução Desta forma espera-se que, com uma eventual implementação da proposta apresentada, que as instituições de ensino superior, de maneira geral, venham obter melhorias em seus modelos de gestão. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 22 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade CAPÍTULO 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade 2.1 – Um Breve Histórico Desde os tempos mais remotos pode-se identificar a prática da gestão da qualidade. Conforme Oliveira O. (2004), por volta de 2150 a.C. o código de Hamurabi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender à sua finalidade e desabasse, o construtor seria penalizado com a própria vida. Outras evidências desta preocupação com a qualidade podem ser encontradas quando se estuda a história da humanidade. Sabe-se que apesar de uma grande evolução deste conceito ao longo dos anos, muito ainda podese melhorar quando se pretende estudar a questão relacionada à gestão da qualidade nas organizações. Para que se apresente uma visão temporal entre as principais tendências dos estudos e aplicações dos conceitos de qualidade, David Garvin (apud QUEIROZ, 1995) utiliza a seguinte classificação: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 23 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade a) Era da Inspeção: Neste período o interesse principal era a verificação. A visão da qualidade estava relacionada à solução de um problema, a ênfase estava na uniformidade do produto. Desta forma, utilizavam-se instrumentos de medição e o papel do profissional da qualidade estava diretamente relacionada à inspeção, classificação, contagem, avaliação e reparo. A responsabilidade ficava por conta do departamento de inspeção. b) Era do Controle Estatístico do Processo: Como o próprio nome já estabelece, o foco principal é o controle. A visão da qualidade também estava relacionada à solução de um problema, porém a ênfase estava na uniformidade do produto, só que com pouca inspeção. Para tanto, utilizavam-se ferramentas e técnicas estatísticas, tornando o papel do profissional da qualidade totalmente voltado para a solução de problemas e a aplicação de métodos estatísticos. A responsabilidade ficava por conta dos departamentos de controle de qualidade. c) Era da Garantia da Qualidade: O interesse principal estava na coordenação das ações. A visão da qualidade estava não só na solução do problema, como também na proatividade das ações para esta solução. A UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 24 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade ênfase estava em toda a cadeia de fabricação, desde o projeto até o mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais para impedirem falhas de qualidade. Os métodos utilizados eram os programas e sistemas, o que exigiu dos profissionais da qualidade um papel mais voltado para o planejamento, medição da qualidade e desenvolvimento de programas. A responsabilidade era de todos os departamentos, com a alta administração se envolvendo superficialmente no planejamento e na execução das diretrizes da qualidade. d) Era da Gestão Total da Qualidade: Esta é a era atual, em que o interesse passa a ser estratégico, a qualidade é vista como uma oportunidade de diferenciação da concorrência. O enfoque está nas necessidades do mercado e dos clientes. Os métodos utilizados são o planejamento estratégico com o estabelecimento de objetivos, e a mobilização da organização. Os profissionais da qualidade têm um papel importante no estabelecimento de metas, educação e treinamento, consultoria, e interação com outros departamentos e desenvolvimento de programas. Todos na empresa são responsáveis pela qualidade, sendo que a alta administração exerce forte liderança neste processo. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 25 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade 2.2 - O conceito de Qualidade Para se definir Qualidade, é necessário que se defina primeiro qual é o referencial pelo qual é observada. Segundo Prazeres (1996), a palavra qualidade vem do latim qualitas, qualitatis – o que caracteriza alguma coisa; o que faz com que uma coisa seja tal como se considera. Diversos especialistas estabeleceram ou propuseram conceitos sobre Qualidade: Armand Feigenbaum (apud PRAZERES, 1996) considera “qualidade como a composição total das características de marketing, engenharia, fabricação e manutenção de um produto ou serviço, através das quais o mesmo produto ou serviço, em uso, atenderá às expectativas do cliente.” Segundo Slack (2002), pode-se destacar as principais forças e fraquezas de cada abordagem: As principais forças da definição de Feigenbaum são as seguintes: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 26 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Fornece abordagem total ao controle de qualidade; - Enfatiza a importância da administração; - Inclui idéias de sistemas sócio-técnicos; - Promove a participação de todos funcionários. Porém, apresenta as seguintes fraquezas: - Não faz discriminação entre diferentes contextos de qualidade; - Não reúne diferentes teorias da administração em um todo coerente. J. M. Juran (apud PRAZERES, 1996) descreve que “qualidade é o nível de satisfação alcançado por um determinado produto no atendimento aos objetivos do usuário, durante o seu uso, é chamado de adequação ao uso”. As forças desta abordagem, segundo Slack (2002), são as seguintes: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 27 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Enfatiza a necessidade de deixar de lado a euforia exagerada e os slogans de qualidade; - Destaca o papel do consumidor externo e do consumidor interno; - Destaca o envolvimento e o comprometimento da administração. As fraquezas desta abordagem são: - Não se relaciona aos outros trabalhos sobre liderança e motivação; - Para alguns, desconsidera a contribuição do trabalhador ao rejeitar iniciativas participativas; - Visto como mais forte em sistemas de controle que nas dimensões humanas nas organizações. W. Edwards Deming foi considerado no Japão como o pai do controle de qualidade e sua visão em relação ao conceito é: “qualidade é a satisfação do cliente e melhoria contínua”. (PRAZERES, 1996) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Sua filosofia se baseia em 14 pontos para a melhoria da qualidade: 1 – Crie constância de propósito 2 – Adote nova filosofia 3 – Cesse a dependência de inspeção 4 – Evite ganhar negócio baseando-se em preço 5 – Melhore constantemente o sistema de produção e serviço 6 – Institua treinamento no trabalho 7 – Institua liderança 8 – Elimine o medo 9 – Rompa barreiras interdepartamentais 10 – Elimine slogans e exortações 11 – Elimine quotas ou padrões de trabalho 12 – Faça com que as pessoas sintam orgulho pelo trabalho 13 – Institua programas de educação e da automelhoria 14 – Coloque todos para trabalhar pelo atingimento de metas As principais forças desta abordagem são as seguintes (SLACK, 2002): 28 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 29 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Fornece lógica sistemática e funcional que identifica estágios da melhoria da qualidade; - Enfatiza que a administração antecede à tecnologia; - Liderança e motivação são reconhecidas como importantes; - Enfatiza o papel dos métodos estatísticos e quantitativos; - Reconhece os diferentes contextos do Japão e da América do Norte. Pode-se destacar como principais fraquezas desta abordagem: - O plano metodológico e os princípios de ação são, às vezes, vagos; - A abordagem de liderança e motivação é vista por alguns com aversão; - Não trata situações políticas ou coercitivas; Para Philip Crosby, (apud PRAZERES, 1996) “qualidade é conformidade com os requisitos”. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 30 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Suas máximas sobre Administração da Qualidade são (SLACK, 2002): - Qualidade é conformidade às exigências; - Prevenção, não inspeção; - O padrão de desempenho deve ser “zero defeito”; - Mensure o “preço da não-conformidade”; - Não existe a figura chamada problema de qualidade. Esta abordagem apresenta as seguintes forças: - Fornece métodos claros e fáceis de seguir; - A participação do trabalhador é reconhecida como importante; - Forte em explicar a realidade da qualidade e em motivar as pessoas a iniciar o processo de qualidade. As fraquezas são as seguintes: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 31 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Visto por alguns como culpando os trabalhadores pelos problemas da qualidade; - Visto por alguns como enfatizando slogans e lugares comuns, em vez de reconhecer dificuldades genuínas; - O programa defeito zero é visto, às vezes, como algo que evita o risco; - Insuficiente ênfase em métodos estatísticos. David Garvin (apud QUEIROZ, 1995) argumenta que a qualidade deve ser encarada como uma poderosa arma estratégica. Identifica cinco abordagens principais para se conceituar qualidade apresentadas a seguir: Visão Transcendental: qualidade é algo universalmente conhecido, uma propriedade que não se pode analisar, que se reconhece unicamente pela experiência. Segundo esta abordagem, qualidade só pode ser percebida após a exposição de uma sucessão de objetos com esta característica. A limitação desta abordagem é que ela oferece pouca ou nenhuma utilidade prática. Visão baseada no Produto: qualidade é uma variável precisa e mensurável. Diferenças na qualidade são vistas como diferenças na quantidade de algum ingrediente ou atributo possuído pelos produtos. Esta abordagem nos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 32 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade leva a hierarquizar os produtos segundo a quantidade de determinado material. A limitação deste enfoque é que essa correspondência qualidade versus quantidade – de algum material – nem sempre existe. Visão baseada no Usuário: esta definição parte do princípio de que a qualidade está nos olhos do observador. Os consumidores possuem diferentes necessidades ou preferências, e os bens que melhor satisfizerem suas preferências serão os que possuírem maior qualidade. Uma crítica a essa abordagem é como agregar preferências individuais, que variam amplamente, de modo a levar aos parâmetros que traduzam precisamente essa qualidade. Visão baseada na Produção: esta visão focaliza os conceitos de engenharia. A qualidade está relacionada com a conformidade com as especificações. Uma vez, estabelecido o projeto ou uma especificação, qualquer desvio implica uma redução da qualidade. A excelência é então considerada como atendimento às especificações e um dos preceitos dos seguidores dessa tendência é “fazer certo na primeira vez.” Um problema em relação a esta abordagem é que ela é demasiadamente interna à fábrica, não se importando muito com o mercado, nem mesmo com a função principal de qualquer empresa, que é vender os seus produtos/serviços. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 33 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Visão baseada no Valor: a qualidade é vista em termos de preços e custos. Deste modo, um produto possui qualidade se fornece desempenho ou conformidade a um preço ou custo aceitável. Apesar de sua importância, é difícil aplicar este enfoque na prática, pois ele relaciona dois conceitos distintos: excelência e valor. O resultado é híbrido – “excelência embutida” – que não proporciona limites bem definidos e é altamente subjetivo. Garvin (2002) também propõe oito dimensões da qualidade, que contribuem para uma mais completa avaliação de como a qualidade se manifesta. Esta abordagem será tratada neste trabalho, no capítulo de revisão da literatura sobre serviços. Com esta visão da evolução e de conceituação, pode-se entender como a gestão da qualidade é tratada pelas organizações nos dias atuais. Esta evolução trouxe a necessidade de utilização de um tipo especial de documento, o documento normativo. Norma é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 34 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto, conforme define o guia ISO/ IEC Guia 2 (ABNT, ISO/IEC Guia 2, 1998). 2.3 - Normalização ISO e sua evolução Esse organismo internacional de normalização, com sede em Genebra, na Suíça, constituído por mais de 150 países, é uma organização não-governamental e seu nome é International Organization for Standardization. O prefixo ISO, utilizado em todas as normas da organização nãogovernamental, deriva do prefixo grego isos, que significa mesmo, igual. Os princípios da normalização internacional são (CARVALHO et al., 2005): - Igualdade de direitos dos membros: qualquer membro da ISO tem direito de participar de qualquer comitê técnico que desenvolva normas que julgar de interesse para seu país. Cada país tem direito a um voto, independente do tamanho e da riqueza de sua economia. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 35 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Normas voluntárias: todas as normas desenvolvidas pela ISO são de caráter voluntário e são adotadas pelas empresas e nações apenas se o desejarem. - Direcionamento ao mercado: a ISO só desenvolve normas quando há interesse do mercado. São reunidos especialistas e representantes de agências governamentais e da academia, dos consumidores e de laboratórios, para a elaboração das mesmas. - Consenso: As normas ISO são desenvolvidas a partir do consenso das partes envolvidas, o que lhes dá, apesar do caráter voluntário, uma enorme penetração no mercado mundial. - Acordo Técnico: As normas ISO constituem-se em um acordo técnico que dá a base para uma tecnologia compatível internacionalmente. Dentro da ISO, as normas são desenvolvidas em comitês técnicos constituídos por organismos de normalização interessados, especialistas, representantes dos consumidores, governos e academia. Um dos comitês mais conhecidos é o TC 176, que trabalha com gestão da qualidade e garantia da UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 36 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade qualidade, responsável pelo desenvolvimento e pela atualização da série ISO 9000. 2.3.1 A Evolução dos Sistemas Normalizados de Gestão A origem dos sistemas de gestão está ligada ao fornecimento de materiais a governos e organizações militares, como mostra o Quadro 2.1: Quadro 2.1 – Histórico da Evolução dos Sistemas Normalizados de Gestão Ano Norma Origem 1963 MIL-Q-9858A Exército dos EUA 1969 AQAP Otan 1973 API 14 A American Petroleum Institute 1975 CSA Z299 Norma canadense 1975 AS 1821/22/3 Norma australiana 1979 BS 5750 Norma Britânica Fonte: Carvalho et al. (2005) Dentre as normas apresentadas, merecem destaque a norma CSA Z299, norma canadense que tinha como foco a garantia da qualidade em instalações nucleares e, a norma BS 5750, de origem inglesa, que foi utilizada para a avaliação do sistema de gestão da qualidade de fornecedores. A norma BS UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 37 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade 5750 Quality Systems, foi publicada em 1979 pela British Standards Institution, e serviu de base para a elaboração pela ISO da série ISO 9000. 2.4 - A Norma série ISO 9000 A série de normas ISO 9000 é um conjunto de normas e diretrizes internacionais para sistema de gestão da qualidade. Desde a sua primeira publicação, em 1987, ela tem obtido reputação mundial como base para o estabelecimento de sistemas de gestão da qualidade. Conforme Mello et al. (2002, p.15): Sistema de gestão refere-se a tudo o que a organização faz para gerenciar seus processos ou atividades [...] As normas de sistemas de gestão fornecem à organização um modelo a seguir para preparar e operar seu sistema de gestão. Esse modelo incorpora as características que especialistas da área concordaram que representam o estado-da-arte. Um sistema de gestão que segue o modelo, ou se ajusta à norma, é implementado com base no estado-da-arte das práticas da organização. A família da norma ISO 9000 consiste em quatro normas primárias apoiadas por um número reduzido de documentos de suporte (normas, diretrizes, cadernos, relatórios técnicos e especificações técnicas). As quatro normas primárias são: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 38 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - ISO 9000: Sistemas de gestão da qualidade – fundamentos e vocabulário; - ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade – requisitos; - ISO 9004: Sistemas de gestão da qualidade – diretrizes para melhoria de desempenho; - ISO 19001: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. A norma ISO 9001 é de adoção voluntária e se destina à certificação do sistema da qualidade da organização interessada. Está hoje em sua terceira versão, ISO 9001:2000, que sucede as anteriores, de 1987 e 1994. A norma ISO 9001:2000 foi desenvolvida com a utilização de termos que são facilmente reconhecidos por todas as áreas de negócios. É utilizada para fins contratuais e de certificação/registro por organizações que procurem reconhecimento de seu sistema de gestão da qualidade. A versão publicada em 2000 foi norteada pelos seguintes princípios (OLIVEIRA M., 2004): UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 39 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Organização focada no cliente: a preocupação em atender as necessidades atuais e futuras dos clientes se justifica pelas organizações dependerem de seus clientes. Desta forma, a norma tem foco na eficácia das ações. Para o atendimento a este princípio, a organização deverá primeiro entender todas as necessidades e expectativas do cliente relativos aos produtos, prazo de entrega, preço, confiabilidade, etc. Após este entendimento deve comunicar estas necessidades e expectativas dos clientes a toda a organização. A satisfação dos clientes deverá ser medida e, com base nos resultados obtidos, deve-se desdobrar as ações que se façam necessárias. Liderança: o líder deve criar um ambiente propício para a implementação do sistema de gestão da qualidade. É ele quem estabelece a unidade de propósitos e o rumo da organização. Para tanto, ele deve ser proativo, ter uma visão clara do futuro da organização, prover os recursos necessários para o sistema, entender e responder às mudanças no ambiente externo, construir a confiança entre todos os colaboradores e adequar objetivos e metas desafiadoras, implementando estratégias para alcançá-las. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 40 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade A verificação do desempenho do sistema de gestão da qualidade é realizada através das reuniões de análise crítica pela alta direção. Essas reuniões devem ser realizadas para que se possa avaliar os resultados obtidos com a implementação e manutenção do sistema. Com base nesta análise, podem-se estabelecer novas ações e diretrizes visando implementar as melhorias que se façam necessárias. Envolvimento das pessoas: pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização e seu total envolvimento possibilita que suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização. A cultura da qualidade deve ser disseminada e compreendida em todos os níveis da organização. Dessa forma, os colaboradores poderão aceitar a responsabilidade pela solução de problemas, buscar oportunidades para alcançar melhorias, para aumentar suas competências e compartilhar o conhecimento e a experiência em equipes e grupos, na busca do atendimento aos objetivos da organização. Abordagem de processo: um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são gerenciados como um processo. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 41 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Segundo Oliveira D. (2006), processo é um conjunto estruturado de atividades seqüenciais que apresentam relação lógica entre si, com a finalidade de atender e, preferencialmente, suplantar as necessidades e as expectativas dos clientes externos e internos da empresa. Desta forma, deve-se definir o processo para que se alcance o resultado desejado, identificar e mensurar as entradas e saídas deste processo, identificar suas interfaces com as funções da organização e estabelecer claramente a responsabilidade e a autoridade para gerenciar o processo. Não se pode deixar de identificar os clientes internos e externos, fornecedores e outras partes interessadas no processo. Abordagem sistêmica para a gestão: o objetivo de toda organização é buscar a eficiência e a eficácia de seus processos. Para o atendimento a este princípio, a organização deve identificar, compreender e gerenciar os processos inter-relacionados como um sistema. A organização deve definir o sistema por meio de identificação ou desenvolvimento de processos que afetam um objetivo, em seguida estruturar o sistema para alcançar o objetivo de forma mais eficiente, entendendo as UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 42 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade interdependências entre os processos do sistema. A mensuração e avaliação permitirá a implementação de melhorias. Melhoria Contínua: a melhoria contínua do desempenho global da organização deve ser um objetivo permanente. Portanto, a organização deve fazer com que a melhoria contínua dos produtos, processos e sistemas seja um objetivo de cada indivíduo da organização. Devem-se aplicar os conceitos básicos de melhoria, visando melhorar continuamente a eficácia e a eficiência dos processos, bem como utilizar medidas e objetivos estabelecidos para dirigir e rastrear oportunidades de melhorias. Abordagem factual para a tomada de decisão: todas as decisões são baseadas na análise de dados e informações. Portanto, se faz necessário medir e coletar dados e informações pertinentes aos objetivos da organização e garantir que os dados e as informações sejam suficientemente precisos, confiáveis e acessíveis. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 43 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade As informações e os dados obtidos devem ser analisados através de métodos válidos para que a tomada de decisões possa contribuir com os objetivos da organização. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: existe uma interdependência entre a organização e seus fornecedores; desta forma, uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em agregar valor para seus modelos de gestão. Para o atendimento a este princípio a organização deve identificar e selecionar fornecedores chaves para, com estes, estabelecer relacionamentos que equilibrem ganhos de curto prazo, com considerações de longo prazo para ambos e para a sociedade. A comunicação deve ser clara e aberta, possibilitando a implementação de melhorias em conjunto para os produtos, serviços e processos. 2.5 - A Estrutura da Norma ISO 9001:2000 A norma ISO 9001:2000 (ABNT, 2001) está estruturada em oito capítulos conforme se segue: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 44 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade 0. Introdução 1. Escopo 2. Referências Normativas 3. Termos e Definições 4. Sistema de Gestão da Qualidade 5. Responsabilidade da Direção 6. Gestão de Recursos 7. Realização do Produto 8. Medição, Análise e Melhoria Na Introdução, destaca-se que a norma pode ser utilizada para finalidade de certificação por partes internas ou externas à empresa. O item Escopo deixa claro que é uma norma de requisitos e, portanto, certificável, enfatizando os itens de atendimento aos requisitos do cliente e requisitos regulamentares (requisitos obrigatórios, autoridade, em geral por regulamentos, portarias ou leis). impostos por uma UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 45 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Nas Referências Normativas faz-se referência à norma ISO 9000, por ser a norma que trata dos fundamentos e do vocabulário aplicáveis ao conjunto de normas da série ISO 9000. O mesmo se aplica ao item Termos e Definições. Os requisitos são apresentados a partir do item 4 – Sistema de Gestão da Qualidade, onde são estabelecidos os requisitos globais para o sistema de gestão da qualidade. Deve-se observar que os conceitos apresentados servem de base para se estruturar a administração do sistema. Dentro do conceito de teoria dos sistemas, este tópico requer a caracterização do sistema. Para isso, é necessário identificar os processos, que são os componentes do sistema, sua interação, os recursos necessários e os controles; quais são as fronteiras do sistema definidas pelo seu escopo, com considerações e justificativas sobre exclusões. A Figura 2.1 demonstra o esquema proposto pela norma ISO 9001:2000 para um sistema de gestão da qualidade: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 46 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade ISO 9001:2000 4. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE MELHORIA CONTÍNUA 8. MEDIÇÃO, ANÁLISE E MELHORIA 7. REALIZAÇÃO DO PRODUTO ENTRADA SAÍDA CLIENTES 6. GESTÃO DE RECURSOS SATISFAÇÃO CLIENTES REQUISITOS 5. RESPONSABILIDADE DA DIREÇÃO PRODUTO Fluxo Informações Atividades que adicionam Valor Figura 2.1: Requisitos da Norma ISO 9001:2000 Fonte: (ABNT, 2001) Segundo Zacharias (2001), a norma ISO 9001 deve ser considerada como os requisitos mínimos para um sistema da qualidade. Implementar a ISO 9001 não significa automaticamente ter excelência em padrão de qualidade: depende muito da forma como foi implementado e, consequentemente, da cultura da organização. Porém, podem-se destacar benefícios obtidos com a ISO 9001 para as partes interessadas: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 47 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade a) Benefícios para os clientes: - Maior confiança nos produtos e serviços; - Melhor atendimento em caso de reclamações; - Redução dos custos de inspeção e recebimento: o cliente é praticamente desobrigado de inspecionar produtos adquiridos de fornecedores certificados, considerando o respectivo escopo. - Satisfação efetiva em relação aos produtos ou serviços adquiridos. b) Benefícios da implementação da ISO 9001 para a empresa: - Maior satisfação dos clientes; - Redução de custos ( custos de desperdícios, retrabalhos, etc.) - Cultura da qualidade; - Clima organizacional voltado à melhoria; - Maior facilidade de exportação, devido ao atendimento de exigências internacionais; - Fornecedor preferencial para empresas certificadas; UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 48 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Maior participação no mercado; - Maior competitividade e maior lucro. c) Benefícios intangíveis da implementação da ISO 9001 para a empresa: - Uniformização da terminologia, acabando com a confusão existente entre conceitos relativos a sistemas da qualidade; - Possibilidade de avaliação e certificação por terceiros, aumentando a confiabilidade das auditorias e reduzindo os custos, pois um processo de certificação atende a diversos clientes; - A norma exige a elaboração e implementação de procedimentos padronizados que, se bem direcionados, permitem o gerenciamento da rotina, indispensável na gestão da empresa; - Integração dos departamentos e padronização das atividades, pois o sistema atua sobre os principais processos da empresa; - Serve de base para melhores conhecimentos, o que contribui para que a empresa se torne mais competitiva. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 49 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Na seqüência são apresentados e comentados os requisitos da norma, divididos em seus quatro grandes blocos. 2.6 - Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade O requisito principal é que o sistema deve ser estabelecido, documentado, implementado, mantido e melhorado continuamente. Destaca-se que, mesmo definindo que o sistema de gestão da qualidade deve estar documentado é importante ressaltar que a quantidade de documentação deve ser a mínima necessária para manter a coerência do sistema ao longo do tempo, para que seja possível operá-lo, e que as alterações e melhorias possam ser realizadas de maneira controlada e conhecida. O sistema só será eficaz se estiver devidamente implementado. Esta implementação deve ser feita de forma que se consiga que todos os subsistemas da empresa contribuam para o objetivo global declarado. Para tanto, todos os processos e subsistemas devem estar mapeados e sob controle, medindo o seu desempenho por meio de indicadores relacionados com os objetivos globais. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 50 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Para uma adequada visualização das interações que ocorrem entre os processos de uma organização, é usual a elaboração de um diagrama representativo do macro processo, onde os processos que fazem parte do escopo de certificação possam ser facilmente visualizados e suas inter-relações compreendidas. Como ilustração, é apresentada a Figura 2.2 em que se pode entender a seqüência e a interação dos processos de um sistema genérico. Seqüência e Interação de Processos Processo PósVenda Processo de Projeto Processo de Venda Processo de Fabricação Processo de Entrega Processo de Aquisição Processos Terceirizados Processos de Apoio (Manutenção, Treinamento, Informática, etc.) Outros Processos de Apoio Figura 2.2 – Seqüência e Interação de Processos Fonte: Oliveira M. (2004) Em seus Requisitos de Documentação; a norma requer como documentação mínima: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 51 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Declarações da Política da Qualidade e dos objetivos da qualidade; - Manual da Qualidade: que é o documento que contém a especificação do sistema que está sendo gerido. Isso abrange o escopo, os processos e suas interações e a definição da documentação estabelecida para o sistema. Essa documentação pode ou não estar anexada ao manual, mas deve ser referenciada no mesmo. Mello et al. (2002) estabelecem dois tipos de manual da qualidade, apresentados no Quadro 2.2: Tipos de manual da Qualidade Fundamentação na Norma Auto-suficiente (stand alone ) O manual da qualidade inclui os procedimentos documentados. Referência (road map ) O manual da qualidade faz referências aos procedimentos documentados. Quadro 2.2 – Tipos de Manual da Qualidade Fonte: Mello et al. (2002) Um manual da qualidade deve incluir, no mínimo: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 52 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - O escopo do sistema de gestão da qualidade, incluindo detalhes e justificativas para qualquer exclusão de requisitos do sistema que não se aplicam à organização; - Os procedimentos documentados requeridos para o sistema de gestão da qualidade ou, ao menos, referência a eles; são obrigatórios procedimentos documentados para: - Controle de documentos - Controle de registros - Auditorias internas - Controle de produtos não conformes - Ações preventivas - Ações corretivas - A descrição da interação entre os processos do sistema de gestão da qualidade, ou seja, os macro processos apresentados anteriormente neste trabalho. Controle de documentos do sistema de gestão da qualidade: um sistema de gestão da qualidade deve estar descrito e consolidado em seus UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 53 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade procedimentos documentados. Portanto é fundamental que esses documentos sejam mantidos em boa ordem e atualizados. Controle de registros: registros são um tipo particular de documentos pois, enquanto os procedimentos descrevem como devem ser realizadas as operações e executados os processos, os registros contêm os dados históricos de como os procedimentos foram executados. Esses registros devem ser mantidos íntegros e disponíveis para consultas durante um período determinado. O padrão normativo requer controles para identificação, armazenamento, proteção, recuperação, tempo de retenção e descartes dos registros. 2.6.1 - Responsabilidade da Direção Segundo Oliveira M. (2004), para que se atenda a norma, é requerido que a alta administração forneça evidências de seu comprometimento com o desenvolvimento, a implementação e a melhoria contínua da eficácia do sistema de gestão da qualidade. A direção deve assegurar que os requisitos do cliente são determinados e cumpridos para que seja evidenciado o foco no cliente. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 54 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Em termos de estrutura do sistema de gestão, a direção deve estabelecer a política da qualidade e garantir que essa política forneça uma estrutura para definir e analisar criticamente os objetivos da qualidade. Esses objetivos devem ser estabelecidos nas funções e níveis pertinentes da organização e assegurem que tais objetivos sejam mensuráveis e estejam de acordo com a política da qualidade. É fundamental que seja realizado um planejamento para o sistema de gestão da qualidade, para que todas as etapas sejam devidamente respeitadas. Com relação à responsabilidade, autoridade e comunicação é um requisito da norma que requer que sejam definidas as responsabilidades e autoridades de cada processo dentro da organização. Isso faz parte do processo de comunicação que busca direcionar todos os processos rumo aos objetivos desdobrados da política. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 55 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade A Figura 2.3 demonstra como deve ser efetuado esse desdobramento de ações para a implementação e manutenção de um sistema de gestão da qualidade: Política da Qualidade Objetivos da Qualidade sd e D m ra b o to en quantificáveis Cada processo tem um tipo de monitoramento Estratégico Indicadores Tático Monitoramento Operacional Atingir Metas Conscientização do funcionário Criar o comprometimento Figura 2.3: O Desdobramento da Política da Qualidade Fonte: Oliveira M. (2004) Visando ter uma boa governança do sistema, define-se um representante da direção que terá a responsabilidade de cuidar do dia-a-dia do sistema, assegurando que os processos estejam alinhados com os objetivos e política. Esse representante também é responsável por fornecer a UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 56 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade realimentação à alta direção, para que possa ser feita a análise crítica do desempenho do sistema. A função controle deve ser exercida pela alta direção. A norma estabelece uma série de informações que devem ser consideradas na análise e relaciona as saídas da análise crítica. Pode-se observar uma ênfase na melhoria contínua nessas listas de informações requeridas. O requisito 5.6.2 (entradas para a análise crítica) da norma ISO 9001:2000 destaca os seguintes itens: - Resultados de auditorias: relatórios das últimas auditorias realizadas: sejam do cliente, internas ou por organismos independentes; - Realimentação do cliente: qualquer espécie de manifestação do cliente, como reclamações, elogios, esclarecimento de dúvidas etc.; UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 57 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Desempenho do processo e conformidade do produto: resultados de medições e monitoramentos realizados no processo e no produto; - Situações de ações corretivas e preventivas: número de ações abertas, concluídas e em andamento. Deve-se dar maior ênfase àquelas que necessitam de recursos da alta direção para sua conclusão; - Acompanhamento das ações oriundas de análises críticas anteriores pela direção: para não permitir que as decisões da alta direção fiquem apenas no papel. As ações somente podem ser concluídas depois que existem evidências de que as ações foram tomadas e foram eficazes; - Mudanças que possam afetar o sistema de gestão da qualidade: quando ocorrer mudanças organizacionais, alterações nos processos produtivos, ou na estratégia da empresa; UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 58 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Recomendações para melhoria: quaisquer sugestões recebidas para melhoria de produto, processo ou sistema de gestão da qualidade; - Treinamento: para acompanhar a situação do plano de treinamento em andamento; - Política e objetivos da qualidade: definir os objetivos da qualidade específicos com base na política e acompanhar/tratar o plano de ação estabelecido para alcançar os objetivos da qualidade. 2.6.2 - Gestão de Recursos Este requisito da norma ISO 9001:2000 define uma das maiores prioridades da alta direção dentro de um sistema de gestão da qualidade: a provisão dos recursos necessários para implementar e manter o sistema e melhorar continuamente sua eficácia, para aumentar a satisfação dos clientes mediante o atendimento a seus requisitos (MELLO et al, 2002). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 59 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Dentre os recursos necessários para o sistema de gestão, estão os recursos humanos. A organização deve garantir que o pessoal encarregado das atividades que afetam a qualidade do produto seja competente com relação à educação, treinamento, habilidade e experiência. Com relação à infra-estrutura, a organização deve determinar, prover e manter a infra estrutura necessária para alcançar a conformidade com os requisitos do produto (OLIVEIRA, M. 2004). A organização deve também dedicar atenção aos fatores do ambiente de trabalho que possam influenciar a conformidade durante a realização do produto. Dentre os fatores, pode-se destacar (OLIVEIRA, M. 2004): a) Fatores Humanos - Aspectos relacionados à ergonomia; - Instalações especiais para pessoas; - Regras e orientações de segurança; - Aplicação de métodos criativos de trabalho; - Aspectos que melhorem o envolvimento das pessoas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 60 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade b) Fatores Físicos - Calor e frio (preocupação com temperaturas extremas no ambiente); - Iluminação adequada nos centros de trabalho; - Limpeza do ambiente de trabalho; - Ventilação; - Poluição; - Umidade; - Higiene; - Outros. 2.6.3 - Realização do Produto É o tópico mais extenso da norma ISO 9001:2000 no qual se encontram as exigências ligadas mais intimamente à conformidade com os requisitos do produto. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 61 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Conforme Mello et al. (2002), esta seção oferece as estruturas necessárias para as operações da organização atingirem um resultado esperado, reforçando a abordagem de processo, incluindo os requisitos que vão desde o entendimento das necessidades e expectativas dos clientes, passando pelo projeto e desenvolvimento do produto, aquisição de matérias-primas e serviços, produção e fornecimento de serviço, até o controle dos dispositivos de medição e monitoramento. Oliveira M. (2004) destaca que este é a única cláusula da norma que permite a exclusão de um requisito, desde que não seja aplicável ao escopo de certificação. Esta exclusão deve estar devidamente justificada no manual da qualidade da organização. Este requisito da norma engloba os seguintes subitens: a) Planejamento da realização do produto: é a fase de elaboração do denominado plano da qualidade. Neste planejamento pedem-se os objetivos da qualidade e os requisitos para o produto, processos, documentos e recursos, verificação, validação, monitoramento, inspeção e ensaios, e registros. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 62 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade b) Processos relacionados a clientes: os requisitos relacionados ao produto são importantes, porém deve-se dar uma atenção especial aos requisitos não declarados pelo cliente, mas necessários ao uso especificado ou intencional. Outros pontos relevantes são os requisitos regulamentares (legais) que, mesmo não sendo especificados pelo cliente, devem ser atendidos pelo fornecedor. A organização deve analisar criticamente os requisitos, para verificar se é capaz de atendê-los e se não diferem do pedido original. c) Projeto e desenvolvimento: este é um requisito que muitas organizações efetivamente não praticam, sendo então considerado não aplicável. Porém, se o cliente não fornece todos os dados necessários para planejar os processos de realização do produto e se tem que definir esses dados como base em requisitos do cliente e/ou regulamentos, isso, por definição, é projeto e desenvolvimento. Mesmo quando um dos itens é subcontratado, a responsabilidade pelos resultados e o impacto na conformidade aos requisitos do cliente é da organização. d) Aquisição: a norma estabelece que a organização deve assegurar que o produto adquirido esteja conforme as especificações de aquisição. Para tanto, é necessário que se forneçam as informações necessárias para descrever adequadamente o produto a ser adquirido. A seleção de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 63 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade fornecedores deve ser baseada na capacidade de atender aos requisitos especificados. e) Produção e fornecimento do serviço: a base para a gestão dos processos de realização do produto é ter um adequado controle dos mesmos. Isso significa que os objetivos de desempenho dos processos devem estar alinhados com os objetivos da qualidade. f) Controle de dispositivos de medição e monitoramento: este requisito exige que, para cada medição e monitoramento a ser realizado em um produto para evidenciar sua conformidade contra os requisitos da qualidade, seja estabelecido um dispositivo de medição capaz de garantir essa qualidade. Para se determinar quais dispositivos devem estar sujeitos a confirmação metrológica (calibração e ajuste), principalmente os de monitoramento/controle de processo, é importante estabelecer, ao longo da linha de produção e inspeção, pontos críticos de controle. 2.6.4 - Medição, análise e melhoria A organização deve assegurar que as medições são eficazes e eficientes para garantir o desempenho de seus processos e a satisfação de UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 64 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade seus clientes. Para tanto, deve planejar e implementar os processos necessários de monitoramento, medição, análise e melhoria, para: - Demonstrar conformidade do produto; - Assegurar conformidade do sistema de gestão da qualidade; e - Continuamente melhorar a eficácia do sistema de gestão da qualidade. Para a realização adequada do monitoramento, se faz necessário a definição de indicadores para os processos. Um indicador é uma representação de uma medição, mas também pode ser definido como a comparação de dois dados logicamente relacionados. Normalmente são utilizados para monitorar resultados de processos (eficácia e eficiência), objetivos e metas da qualidade, rendimento de máquinas, entre outros. O requisito medição e monitoramento é dividido em quatro sub-itens: satisfação dos clientes, auditoria interna, medição e monitoramento: dos processos e dos produtos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 65 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade As medições da satisfação dos clientes são feitas com base na análise crítica de informações de clientes. O conhecimento da percepção e das atitudes dos clientes em relação aos negócios da organização tende a melhorar a oportunidade da direção em tomar as decisões mais acertadas. Outro requisito importante está relacionado às auditorias internas. Uma auditoria pode ser de primeira, segunda ou terceira parte. As auditorias de primeira parte, também chamadas auditorias internas, são conduzidas pela própria organização, ou em seu nome, para propósitos internos, e podem formar a base para uma auto-declaração de conformidade da organização (OLIVEIRA, M. 2004). As auditorias internas devem ser realizadas em intervalos planejados, de tal forma que se verifique se o sistema de gestão da qualidade está de acordo com as disposições planejadas, com os requisitos da norma e com os requisitos do sistema estabelecidos pela organização. Além disso, permite verificar se o sistema está sendo mantido e é eficaz. A medição e o monitoramento dos processos são realizados para demonstrar a capacidade deles em alcançar os resultados planejados. Quando necessário são tomadas ações corretivas. O mesmo se aplica aos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 66 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade produtos, porém com maior destaque, pois qualquer falha no produto atinge diretamente o cliente. O produto não-conforme requer providências especiais para que não seja indevidamente entregue ou utilizado. A norma estabelece as disposições para o produto não-conforme, que vão desde o uso sob concessão até a execução de ações para evitar o uso indevido. Segundo Mello et al. (2002), as disposições mais comuns conforme a norma ISO 9000 são: - Correção: ação para eliminar uma não-conformidade identificada. Essa correção pode dar-se por meio de: - Reclassificação: alteração da classe de um produto não conforme, a fim de torná-lo conforme a requisitos diferentes dos inicialmente especificados; - Retrabalho: ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo conforme aos requisitos; UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 67 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Reparo: ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo aceitável para o uso pretendido. Ao contrário do retrabalho, o reparo pode afetar ou alterar partes do produto não conforme. Normalmente, um reparo compreende ações reparadoras executadas sobre um produto previamente conforme, a fim de recondicioná-lo para o uso, por exemplo, como parte de uma atividade de manutenção. - Refugo: ação sobre um produto não conforme para impedir sua utilização prevista originalmente, como, por exemplo, destruí-lo ou enviá-lo para reciclagem. No caso de um serviço não-conforme, essa ação corresponderia à interrupção do serviço não conforme; - Concessão: permissão para usar ou liberar um produto que não atende a requisitos especificados. Em geral, uma concessão é geralmente limitada à entrega de um produto que tem características de nãoconformidade dentro de limites definidos, para dado período de tempo ou quantidade de produto acordados. A concessão deve ser feita com o aval do cliente. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 68 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade - Permissão de desvio: permissão, geralmente dada por alguma função interna da organização com autoridade para tal, para desviar-se dos requisitos originalmente especificados de um produto antes de sua realização, como se fosse uma aprovação condicional. Assim como no caso da concessão, a permissão de desvio é dada para uma quantidade limitada de produto, ou para um período de tempo limitado, e para um uso específico. Com relação à análise de dados, existe uma recomendação importante no sentido de que os dados sejam realmente analisados e não somente armazenados. Com essa análise, é possível realizar uma avaliação geral do desempenho do sistema de gestão em relação ao seu objetivo global. Aspecto de grande relevância para o sistema de gestão da qualidade está relacionado às melhorias do sistema. A melhoria contínua pode ser verificada por meio da evolução dos indicadores do sistema e dos processos em relação às metas estabelecidas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 69 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ Capítulo 2: Conceitos sobre Gestão da Qualidade Como resultado da análise das não-conformidades, temos a proposição das chamadas ações corretivas que têm como objetivo identificar as causas e evitar a repetição das não-conformidades. As ações preventivas se acrescem às corretivas para evitar que a nãoconformidade, ou dizem respeito a problemas potenciais. Esses são problemas que ainda não aconteceram, mas que poderão ocorrer, se as ações não forem tomadas. Neste capítulo é dada uma visão geral da problemática da qualidade e são apresentados os principais conceitos utilizados na implementação de um sistema de gestão da qualidade. No capítulo 3 serão apresentados os conceitos utilizados na busca da excelência em gestão. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 70 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Capítulo 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Uma evolução no conceito de gestão da qualidade aconteceu com a possibilidade de incorporar os diversos interesses das partes interessadas, os chamados stakeholders, de uma organização na busca da excelência do desempenho. Uma organização é constituída por pessoas e processos e deve estar estruturada em função das demandas e do atendimento das necessidades de seus diversos agentes internos e externos. O conceito de agentes internos e externos, ou em outras palavras, das partes interessadas no desempenho de uma organização é sintetizado no termo em inglês stakeholder (CARVALHO et al., 2005). Os modelos de excelência que compõem um prêmio da qualidade de nível nacional visam a avaliar a gestão de uma organização com relação às práticas de gestão utilizadas e os resultados organizacionais, de forma direcionada para atender as necessidades de seus stakeholders. Esses UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 71 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência modelos estabelecem um conjunto de critérios e itens que a organização deve cumprir por meio de suas práticas que conduzem a resultados de excelência. 3.1 – A Evolução dos modelos de Excelência A seguir, apresentam-se os principais prêmios da qualidade existentes no mundo: 3.1.1 – O Prêmio Deming O primeiro prêmio da qualidade lançado no mundo, visando a avaliar o desempenho das organizações, foi o prêmio Deming, criado no Japão na década de 1950. Este é um modelo diferente em relação aos existentes na atualidade, pois determina quais as práticas organizacionais devem ser utilizadas nas organizações (CARVALHO et al., 2005). Durante os primeiros anos, os prêmios concedidos foram pagos com recursos advindos de vendas de materiais de ensino preparados por William Edwards Deming para conferências, tradução e venda de seus livros (PRAZERES, 1996). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 72 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Atualmente, os prêmios são patrocinados pela JUSE – Japonese Union of Scientists and Engineers, concedidos em quatro categorias: - Indivíduos: concedido para uma pessoa que tenha feito notável contribuição para a teoria, as aplicações e os métodos de controle da qualidade, normalmente por meio de trabalhos publicados; - Prêmio de Aplicação Deming: (Deming Application Prize) prêmio que recebe maior parte da publicidade, destinado às empresas que aplicaram com sucesso o Controle da Qualidade por toda a empresa (CWQC – Company-wide Quality Control); - Prêmio Japonês de Controle da Qualidade: aberto somente para empresas já detentoras do Prêmio Deming, foi instituído em 1970, e contempla as empresas que apresentam práticas e padrões elevados de qualidade durante pelo menos cinco anos; - Prêmio Deming Estrangeiro: concedido a empresas não japonesas interessadas no processo de exame na implantação do Controle da Qualidade Total. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 73 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Diferentemente dos outros prêmios, os itens de verificação do Prêmio Deming são de natureza prescritiva, ou seja, eles indicam em grande parte deles quais as práticas que devem ser utilizadas, tais como métodos estatísticos, revisão de projeto, círculos de controle da qualidade, entre outros (CARVALHO et al., 2005). 3.1.2 – O Prêmio Malcolm Baldrige O Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige foi instituído em 1987 para melhorar a competitividade das empresas americanas (BROWN, 1995). O prêmio refere-se a bens e serviços norte-americanos e que tem como objetivo fazer frente à concorrência estrangeira. Foi instituído pelo Congresso norte-americano como Malcolm Baldrige National Quality Award (MBNQA). Batizado com o nome de um antigo Secretário do Comércio, o prêmio reconhece empresas norte-americanas pela sua excelência em negócios e pelo nível de qualidade atingida (COOPER & ARGYRIS, 2003). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 74 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Os critérios para o Prêmio Malcolm Baldrige são: liderança, planejamento estratégico, foco no cliente e no mercado, medição, análise e gestão do conhecimento, foco nos recursos humanos, gestão de processos e resultados do negócio (CARVALHO et al., 2005). Há três categorias de empresas que podem concorrer ao prêmio: - Negócios: (Business) subdividido em manufatura, serviços e pequenas empresas; - Saúde: (Health Care) - Educação (Education) incluindo instituições de ensino fundamental, básico e superior. Para uma melhor compreensão de como os critérios são examinados em cada categoria o Quadro 3.1 apresenta um comparativo: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 75 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Quadro 3.1 – Comparativo dos critérios para as categorias do Prêmio Malcolm Baldrige Negócios Saúde Educação 1 - Liderança 1 - Liderança 1 - Liderança 2 – Planejamento estratégico 2 – Planejamento estratégico 2 – Planejamento estratégico 3 – Foco no cliente e no mercado 3 – Foco nos doentes, outros 3 – Foco em alunos, partes consumidores e mercado interessadas e mercado 4 – Medição, análise e gestão do 4 – Medição, análise e gestão do 4 – Medição, análise e gestão do conhecimento conhecimento conhecimento 5 – Foco nos recursos humanos 5 – Foco nos médicos e 5 – Foco nos professores e funcionários funcionários 6 – Gestão dos Processos 6 – Gestão dos Processos 6 – Gestão de Processos 7 – Resultados do negócio 7 – Resultados da organização 7 – Resultados da organização Fonte: elaborado pelo autor Tendo em vista que o objetivo deste trabalho é estudar a problemática da utilização de modelos de gestão da qualidade em uma instituição de ensino superior, torna-se importante apresentar os critérios para a excelência do desempenho na educação de acordo com Baldrige National Quality Program, o Education Criteria for Performance Excellence (2005): 1 – Liderança: estabelecimento e disseminação de valores, diretrizes e expectativas de desempenho, promoção de ambiente que estimule comportamento ético e comunicação com professores e funcionários. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 76 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência 2 – Planejamento Estratégico: desenvolvimento de estratégias e planos de ação, acompanhamento e revisões, quando necessárias. 3 – Foco em Alunos, Partes Interessadas e Mercados: determinação de requisitos, expectativas e preferências de alunos, partes interessadas e mercados. Construção de relacionamentos e identificação de fatores de atração / retenção. 4 – Mensuração, Análise e Gestão do Conhecimento: como a organização seleciona, obtém, analisa e melhora seus dados, informações e conhecimentos. 5 – Gestão de Professores e Funcionários: como são proporcionadas condições para o desenvolvimento e utilização plena do potencial de professores e funcionários. Esforços para criar e manter um ambiente e um clima que conduzam a um desempenho, à plena participação e ao crescimento pessoal e da organização. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 77 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência 6 – Gestão de Processos: como os principais processos são projetados, executados, avaliados e melhorados, para atender as necessidades de alunos e outras partes interessadas. 7 – Resultados da Organização: evolução do desempenho em relação à aprendizagem de alunos, satisfação de alunos e partes interessadas, organizacional, situação liderança financeira, e mercado, responsabilidade pessoas, social. eficácia Níveis de desempenho em relação a informações comparativas pertinentes. 3.1.3 – O Prêmio Europeu de Qualidade O Prêmio Europeu de Qualidade foi introduzido pela EFQM – European Foundation for Quality Management. O modelo de Excelência da EFQM não é prescritivo e reconhece que existem diferentes formas de alcançar a excelência. Foi instituído em 1992, para reconhecer companhias ou organizações pela implementação da gestão da qualidade total. É promovido pela Comissão Européia, Fundação Européia para a Administração da Qualidade e Organização Européia para a Qualidade (PRAZERES, 1996). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 78 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Os critérios do Prêmio Europeu de Qualidade são: liderança, políticas e estratégias, pessoas, parcerias e recursos, processos, resultados dos clientes, resultados de pessoas, resultados da sociedade e resultados de desempenho (EFQM, 2006). Esse modelo de avaliação considera pessoas, processos e resultados. Processos são os meios através dos quais a companhia liberta o talento de seus funcionários para produzirem os resultados. Os processos e as pessoas são os “habilitadores”. A satisfação dos funcionários e dos clientes, o impacto sobre a sociedade e a prosperidade são os resultados. 3.1.4 – O Prêmio Nacional da Qualidade O Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) no Brasil é atualmente um instrumento importante para o incentivo à competitividade, na forma de avaliação de empresas que buscam alcançar reconhecimento em excelência daquilo que produzem e/ou comercializam, sejam produtos ou serviços. Alcançar a excelência na gestão organizacional significa atender plenamente as necessidades das partes interessadas no desempenho da organização, por UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 79 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência meio de práticas modernas de gestão, e alcançar os resultados positivos que essas práticas objetivam (CARVALHO et al., 2005). A Fundação Nacional para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) foi criada em outubro de 1991, como entidade sem fins lucrativos, por 39 organizações públicas e privadas, para administrar o prêmio e todas as atividades decorrentes do processo de premiação. A partir de 2005, passou a se chamar FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, a retirada da palavra “prêmio” do nome evidencia uma etapa importante pois passa pela missão da instituição que é “disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento das organizações e do Brasil” (FNQ, 2005). Atualmente, os fundamentos da excelência que servem de referencial para a conquista do prêmio são os seguintes (FNQ, 2005): • Visão interdependência Sistêmica: entre os entendimento diversos das relações componentes de de uma organização, bem como entre a organização e o ambiente externo. • Aprendizado Organizacional: busca o alcance de um novo nível de conhecimento, por meio de percepção, reflexão, avaliação e UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 80 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência compartilhamento de experiências, alterando princípios e conceitos aplicáveis a práticas, processos, sistemas, estratégias e negócios, e produzindo melhorias e mudanças na organização. • Proatividade: capacidade da organização de se antecipar às mudanças de cenários e às necessidades e expectativas dos clientes e demais partes interessadas. • Inovação: implementação de novas idéias geradoras de um diferencial competitivo. • Liderança e constância de Propósitos: comprometimento dos líderes com os valores e princípios da organização; capacidade de construir e implementar estratégias e um sistema de gestão que estimule as pessoas a realizar um propósito comum e duradouro. • Visão de Futuro: compreensão dos fatores que afetam o negócio e o mercado no curto e no longo prazo, permitindo o delineamento de uma perspectiva consistente para o futuro desejado pela organização. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 81 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência • Foco no Cliente e no Mercado: conhecimento e entendimento do cliente e do mercado, visando à criação de valor de forma sustentada para o cliente e maior competitividade nos mercados. • Responsabilidade relacionamento ético e Social: atuação transparente com baseada todas as em partes interessadas, visando ao desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando à diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. • Gestão baseada em Fatos: tomada de decisões com base na medição e análise do desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, incluindo os riscos identificados. • Valorização das Pessoas: compreensão de que o desempenho da organização depende da capacitação, motivação e bem-estar da força de trabalho e da criação de um ambiente de trabalho propício à participação e ao desenvolvimento das pessoas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 82 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência • Abordagem por Processos: compreensão e gerenciamento da organização por meio de processos, visando à melhoria do desempenho e à agregação de valor para as partes interessadas. • Orientação para Resultados: compromisso com a obtenção de resultados que atendam, de forma harmônica e balanceada, às necessidades de todas as partes interessadas na organização. O modelo de excelência proposto pelo prêmio é dividido em oito critérios, classificados da seguinte forma: 1. Liderança 2. Estratégias e planos 3. Clientes 4. Sociedade 5. Informações e conhecimento 6. Pessoas 7. Processos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 83 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência 8. Resultados Apresenta-se a seguir, a Figura 3.1 que ilustra os critérios de excelência para o ano de 2006: Modelo de Excelência de Gestão® Modelo de Gestão do PNQ Pós-Graduação 21 Figura 3.1: Modelo de Excelência na Gestão Fonte: FNQ, 2005 O critério Liderança examina como é o sistema de liderança da organização e o comprometimento pessoal dos membros da alta direção no estabelecimento, na disseminação e na atualização de valores e diretrizes organizacionais que promovem a cultura da excelência, levando em UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 84 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência consideração as necessidades de todas as partes interessadas. Também examina como é analisado criticamente o desempenho global da organização. Em Estratégias e Planos é examinado o processo de formulação das estratégias de modo que determine o posicionamento da organização no mercado, direcione as suas ações e maximize o seu desempenho, incluindo como as estratégias, os planos de ação e as metas são estabelecidos e desdobrados por toda a organização e comunicados interna e externamente. Também é examinado como a organização define seu sistema de medição de desempenho. O critério Clientes examina como a organização identifica, analisa e compreende as necessidades dos clientes e dos mercados e se antecipa a elas, como divulga seus produtos, suas marcas e suas ações de melhoria e estreita seu relacionamento com os clientes. Também examina como a organização mede e intensifica a satisfação e a fidelidade dos clientes em relação aos produtos e marcas. Para o critério Sociedade, examina-se como a organização contribui para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, de modo sustentável, por meio da minimização dos impactos negativos potenciais dos seus produtos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 85 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência e operações na sociedade e como a organização interage com a sociedade de maneira ética e transparente. O critério sobre Informações e Conhecimento examina a gestão e a utilização das informações da organização e de informações comparativas pertinentes, bem como a gestão do capital intelectual da organização. No critério Pessoas, examinam-se como são proporcionadas condições para o desenvolvimento e utilização plena do potencial das pessoas que compõem a força de trabalho, em consonância com as estratégias organizacionais. Também são examinados os esforços para criar e manter um ambiente de trabalho e um clima organizacional que conduzam à excelência do desempenho, à plena participação e ao crescimento pessoal e da organização. O critério Processos examina os principais aspectos da gestão dos processos da organização, incluindo o projeto do produto com foco no cliente, a execução e entrega do produto, os processos de apoio e aqueles relacionados aos fornecedores, em todos os setores e unidades. Também examina como a organização administra seus recursos financeiros para dar suporte à sua estratégia, seus planos de ação e a operação eficaz de seus processos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 86 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência O último critério chamado de Resultados examina a evolução do desempenho da organização em relação aos clientes e mercados, à situação financeira, às pessoas, aos fornecedores, aos processos relativos ao produto, à sociedade, aos processos de apoio e aos processos organizacionais. São também examinados os níveis de desempenho em relação às informações comparativas pertinentes. Os oito critérios são divididos em itens de enfoque e aplicação. Esses itens solicitam informações relacionadas ao sistema de gestão da organização, sem prescrever práticas, métodos de trabalho ou ferramentas, e os resultados solicitam, conforme o nome indica, a apresentação dos resultados, informações comparativas e explicações sobre eventuais tendências ou níveis atuais adversos (FNQ, 2005). A Figura 3.2 apresenta a estrutura dos critérios/itens de enfoque e aplicação propostos pelo PNQ: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 87 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Estrutura dos Critérios/Itens de Enfoque e Aplicação Definição das práticas e padrões Planejamento da Execução Execução Verificação Comparação com o Padrão Ação Melhoria Avaliação Figura 3.2: Diagrama da Gestão Fonte: FNQ, 2005 Os critérios do Prêmio Nacional da Qualidade podem ser utilizados por diferentes empresas dos diversos segmentos em planejamento estratégico, auto-avaliação, treinamento e demais ações que objetivem a implementação da qualidade total. Observa-se que, para a implementação de um sistema de gestão baseado nos critérios de excelência é necessária uma abordagem sistêmica com o envolvimento de todas as partes interessadas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 88 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência As organizações interessadas em implementar esse modelo de gestão mas que ainda não possuem uma estrutura capaz de atender a todos os requisitos propostos pelo PNQ, podem utilizar os critérios dos prêmios estaduais que são um desdobramento desses requisitos para um nível mais simples e menos detalhado, de tal forma, que organizações que estejam iniciando a implementação da cultura da excelência possam obter não só uma premiação como também uma orientação. O Instituto Paulista de Excelência da Gestão (IPEG) tem o apoio do Governo do estado de São Paulo para a realização do Prêmio Paulista de Qualidade na Gestão (PPQG). O PPQG se baseia nos mesmos critérios do PNQ, porém com uma escala de pontuação diferente, dividida em três níveis: nível I – 250 pontos, nível II – 500 pontos e nível III – 750 pontos. De acordo com o PPQG (IPEG, 2005), estratégia é o caminho escolhido para posicionar a organização de forma competitiva e garantir sua continuidade no longo prazo, com a subseqüente definição de atividades e competências interrelacionadas para adicionar valor de maneira diferenciada às partes UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 89 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência interessadas. É um conjunto de decisões que orientam a definição das ações a serem executadas pela organização. Para o setor público, existe um instrumento para a avaliação da gestão pública das organizações adesas ao Programa Nacional da Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA, bem como para avaliação dos relatórios da gestão das organizações que se candidatam ao Prêmio Nacional da Gestão Pública (GESPÚBLICA, 2006). Os critérios para a avaliação da gestão pública são os seguintes: liderança, estratégias e planos, cidadãos e sociedade, informação e conhecimento, pessoas, processos e resultados (GESPÚBLICA, 2006). A partir do resultado das avaliações baseadas nos critérios estabelecidos, é possível melhorar o sistema de gestão da organização avaliada de forma objetiva e consistente (GESPÚBLICA, 2006). Os critérios de excelência permitem uma visão do desempenho global da organização, porém se faz necessária uma ferramenta ou uma metodologia que possibilite a integração das ações entre as principais perspectivas da estrutura de uma empresa. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 90 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Como proposta de metodologia de apoio à implementação dos critérios de excelência em uma organização, neste trabalho propõe-se a metodologia proposta por Kaplan & Norton(1997), denominada Balanced ScoreCard. 3.2 - A Metodologia Balanced Scorecard O processo de gestão através de relatórios financeiros continua atrelado a um modelo contábil desenvolvido há séculos para um ambiente de transações isoladas entre entidades independentes. Porém, conforme Kaplan e Norton (1997), o ambiente da era da informação exige novas capacidades para assegurar o sucesso competitivo, tanto para as organizações do setor de produção quanto para as do setor de serviços. A capacidade de mobilização e exploração dos ativos intangíveis ou invisíveis tornou-se muito mais decisiva do que investir e gerenciar ativos físicos tangíveis. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 91 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência O ideal seria que o modelo da contabilidade financeira se ampliasse de modo a incorporar a avaliação dos ativos intangíveis e intelectuais de uma empresa, como produtos e serviços de alta qualidade, funcionários motivados e habilitados, processos internos eficientes e consistentes, e clientes satisfeitos e fiéis. Desta forma, a estratégia não deve ser vista como um atributo apenas da alta administração da empresa. O Quadro 3.2 apresenta a visão de Kaplan e Norton (1997) sobre estratégia: 1- O Conceito de Estratégia “Conceituamos estratégia como a escolha dos segmentos de mercado e clientes que as unidades de negócios pretendem servir, identificando os processos internos críticos nos quais a unidade deve atingir a excelência para concretizar suas propostas de valor aos clientes dos segmentos-alvo, e selecionando as capacidades individuais para atingir os objetivos internos, dos clientes e financeiros.” 2- A estratégia significa ter um foco “A arte da estratégia consiste em identificar e buscar excelência nos poucos processos críticos que reforçam a criação de valor para os clientes.” 3- A estratégia exige mudanças no status quo “A estratégia exige mudanças em praticamente todas as partes da organização. A estratégia demanda trabalho em equipe para a coordenação das mudanças.” 4- A estratégia concretiza a visão “A visão cria a imagem do destino. A estratégia define a lógica de concretização da visão. Visão e estratégia são complementos essenciais.” 5- A estratégia precisa ser mensurada “Meça a estratégia, significa que todos os objetivos e indicadores do balanced scorecard – financeiros e não-financeiros – devem emanar da visão e da estratégia da organização.” UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 92 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência 6- A estratégia reflete a proposição de valor “A proposição de valor para o cliente e a maneira como se converte em crescimento e rentabilidade para os acionistas são os fundamentos da estratégia.” Quadro 3.2 – A Estratégia na visão de Kaplan e Norton Fonte: Kaplan e Norton (1997) Para Herrero Filho (2005), na atual sociedade do conhecimento, marcada pela globalização, desregulamentação, internet, desintermediação, convergência entre os negócios e networking entre pessoas e empresas, medir apenas a saúde financeira de uma empresa não é mais suficiente. É preciso medir a saúde estratégica das organizações a longo prazo. Oliveira M. (2004) comenta que elaborar um planejamento estratégico requer o direcionamento dos esforços para que os recursos sejam otimizados em busca de resultados. Para a monitoração destes resultados devemos definir indicadores para que, periodicamente, a alta direção tenha condições de verificar em que estágio se encontra a implementação da estratégia. 3.2.1 - A Definição de Balanced Scorecard Para Kaplan e Norton (1997, p.20), o Balanced Scorecard é uma ferramenta (ou uma metodologia) que “traduz a missão e a visão das empresas UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 93 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica”. Para complementar as medições financeiras, o Balanced Scorecard estabelece avaliações sobre o cliente, identifica os processos internos que devem ser aprimorados e analisa as possibilidades de aprendizado e crescimento, como os investimentos em recursos humanos, sistemas e capacitação que poderão mudar e melhorar o desempenho das atividades da organização. A semelhança do Balanced Scorecard com os sistemas de gestão da qualidade normalizados e os modelos de gestão para a excelência está no fato de que em todos estes modelos é necessário medir o desempenho para o controle e a avaliação dos resultados. Rampersad (2004) coloca que no Balanced Scorecard, a missão, a visão e os valores essenciais recebem o nome de ambição organizacional compartilhada. Este conceito inclui a melhoria contínua e o controle dos processos de negócios e o desenvolvimento de estratégias que se concentram na conquista de vantagens competitivas para a empresa. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 94 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Este scorecard da organização é desdobrado e convertido em scorecards das unidades de negócios, em scorecards das equipes e em planos de desempenho para cada um dos empregados. A ênfase é no desenvolvimento e na implementação da estratégia. O quadro 3.3 apresenta o conceito de Balanced Scorecard em diferentes perspectivas: Quadro 3.3 – O conceito de Balanced Scorecard por Kaplan e Norton O BSC coloca a visão em movimento “A visão cria a imagem do destino, a estratégia define a lógica de concretização da visão. Os mapas estratégicos e o BSC fornecem as ferramentas para traduzir as declarações estratégicas genéricas em hipóteses, objetivos, indicadores e metas específicas.” O BSC conta a história da estratégia “O scorecard deve contar a história da estratégia, começando pelos objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-os depois à seqüência de ações que precisam ser tomadas em relação aos processos financeiros, dos clientes, dos processos internos e, por fim, dos funcionários e sistemas, a fim de que, a longo prazo, seja produzido o desempenho econômico desejado.” UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 95 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência O BSC cria a consciência estratégica nos colaboradores “As organizações focalizadas na estratégia exigem que todos os empregados compreendam a estratégia e conduzam suas tarefas cotidianas de modo a contribuir para o êxito da estratégia.” O BSC explicita o destino estratégico da organização “O processo de desenvolvimento do BSC dá à organização, normalmente pela primeira vez, uma clara visão do futuro e do caminho para chegar lá. Além de produzir e desenvolver um roteiro organizacional que viabiliza a sua visão, o processo de desenvolvimento do scorecard capta energia e o comprometimento de toda a equipe da alta administração.” O BSC estimula o diálogo na organização “O scorecard incentiva o diálogo entre as unidades de negócios e os executivos diretores da empresa, não apenas com relação aos objetivos financeiros de longo prazo, mas também com relação à formulação e implementação de uma estratégia destinada a produzir um desempenho excepcional no futuro.” Fonte: Kaplan e Norton (1997) apud Herrero Filho (2005) 3.2.2 - A Criação de Valor Para Rezende (2003) o scorecard descreve como ativos tangíveis e intangíveis são mobilizados e integrados para estabelecimento de diferenciais competitivos, em um cenário em que as proposições de valor para os diversos stakeholders são fundamentais para o desempenho geral de uma organização. A possibilidade de visualizar – por meio de mapas, placares, relatórios etc.- a forma como os diversos ativos se combinam oferece a executivos, UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 96 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência gestores, analistas e executores uma moldura conceitual sobre o valor adicionado, levando em consideração que: - Valor é indireto: a influência dos ativos intangíveis sobre o desempenho e a competitividade dificilmente é visível a olho nu; precisa ser relatada na forma de cadeias causais. - Valor é contextual: somente pode ser avaliado em decorrência imediata das necessidades e dos processos de relacionamento com os stakeholders. - Valor é potencial: a precificação de um ativo intangível somente é registrada, de fato e de direito, por uma transação a mercado, ou seja, os sistemas contábeis, por si só, ainda não são capazes de apurar com precisão o montante exato da riqueza existente em um produto ou em uma organização. A Figura 3.3 demonstra como é realizada a tradução da missão em objetivos para toda a organização. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 97 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Missão Por que existimos Valores Essenciais Em que acreditamos Visão O que queremos ser Estratégia Nosso plano de jogo Balanced Scorecard Implementação e Foco Iniciativas Estratégicas O que precisamos fazer Objetivos Pessoais O que eu preciso fazer Resultados Estratégicos Acionistas Satisfeitos Clientes Satisfeitos Processos Eficazes Força de Trabalho Motivada e Preparada Figura 3.3: Traduzindo a missão em resultados almejados Fonte: Kaplan e Norton (2000) A metodologia estabelece uma relação causa e efeito entre as quatro perspectivas: financeira, do cliente, processos internos e aprendizado e crescimento. Para cada perspectiva são definidos objetivos, indicadores para a medição do desempenho e metas a serem atingidas. Com base na análise de desempenho dos indicadores, são tomadas as iniciativas visando ao atendimento dos objetivos estabelecidos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 98 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência A Figura 3.4 demonstra a relação de causa e efeito entre as quatro perspectivas para a implementação da estratégia: Visão e Estraté gia Perspectiva Financeira “ Se form os bem -suced idos financeiram ente, com o cuidarem os de nossos acionistas?” P erspectiva do C liente “ P ara realizar a visão, com o devo cuidar dos clientes ?” P erspectiva Interna O bjetivos Indicadores M etas Iniciativas “ P ara satisfazer os c lientes, em que processos devem os ser exc elente ?” Aprendizado e Crescim en to “ P ara realizar a Visão, com o a O rgan ização deve aprender a m elhorar ?” Figura 3.4: Definindo as relações de causa e efeito do BSC Fonte: Kaplan e Norton (2000) Para Costa (2006), os objetivos contidos no BSC devem refletir a previsão dos gestores quanto à magnitude e à velocidade de resposta entre mudanças nos direcionadores de desempenho futuro e as mudanças a ela associadas em uma ou mais medidas de resultado. As estratégias são definidas a partir de premissas, de uma visão do mundo e de hipóteses sobre o relacionamento causa e efeito entre os fatores UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 99 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência de sucesso. Se houver erros nas premissas, a estratégia de longo prazo definida pode não ser a lucrativa. Nesse caso, pode-se ter um conjunto adequado de indicadores, corretamente inter-relacionados, que não será suficiente para orientar a gestão. Se houver erros nas hipóteses sobre o relacionamento causa e efeito entre as variáveis, pode-se ter estabelecido um conjunto de indicadores não apropriados para orientar a execução da estratégia estabelecida. 3.2.3 - As Perspectivas do Balanced Scorecard O Balanced Scorecard pode ser dividido em quatro perspectivas: a) Perspectiva financeira As medidas financeiras apontam as conseqüências econômicas imediatas de ações implementadas. Dessa forma, podemos visualizar se os resultados das ações estão contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros da organização. (OLIVEIRA, M. 2004) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 100 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Os objetivos financeiros normalmente estão relacionados à lucratividade. Neste caso, as medidas mais utilizadas são: a receita operacional, o retorno do capital empregado e o valor econômico agregado. A Figura 3.5 ilustra a concepção da perspectiva financeira: F in a n c e ir o C lie n te F in a n c e iro V is ã o e E s tra té g ia V a lo r do A c io n is ta d ir ig e e s tra té g ia s e m e d id a s fin a n c e ir a s : P ro c e s s o s In te rn o s as E s tra té g ia d e F lu x o d e C a ix a • C r e s c im e n to d e r e c e ita s • M a r g e n s o p e ra c io n a is In o v a ç ã o , A p r e n d iz a d o e C r e s c im e n t o E s tra té g ia d e u tiliz a ç ã o d a s P ro p r ie d a d e s e In v e s tim e n to s • C a p ita l d e G iro • E n d iv id a m e n to • ROI • EVA Figura 3.5: A perspectiva financeira Fonte: Oliveira M. (2004) b) A perspectiva do cliente Nesta perspectiva os gestores podem identificar os segmentos de clientes e mercados nos quais a unidade de negócios competirá e as medidas de desempenho da unidade de negócios nesses segmentos de clientes e mercados. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 101 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Para a medição desta perspectiva normalmente são utilizados os resultados da avaliação da satisfação dos clientes, retenção de clientes, a aquisição de novos clientes e a lucratividade destes. Segundo Herrero Filho (2005), esta perspectiva procura identificar qual é o valor do cliente para uma determinada empresa. O valor do cliente, apesar da dificuldade de mensuração, pode ser obtido a partir de seus dois componentes: - O valor vitalício de um cliente (lifetime value), segundo a perspectiva da empresa; e - O valor percebido pelo cliente em seu relacionamento com a organização. A perspectiva do cliente também deve levar em conta medidas específicas das propostas de valor para os seus clientes. Este aspecto é importante, pois identificando os valores dos clientes, será mais fácil a manutenção e a fidelização deles. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 102 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Para as empresas que possuem um sistema de gestão da qualidade certificado pela norma ISO 9001:2000, a definição de objetivos, indicadores e metas para esta perspectiva ficará mais fácil, já que esta norma tem como foco principal a satisfação dos clientes. A Figura 3.6 ilustra a perspectiva do cliente: Cliente Financeiro Visão e Estratégia Inovação, Aprendizado e Crescimento Processos Internos Cliente A base para geração de resultado a sua carteira de clientes; os principais indicadores incluem : • • • • Divisão de Mercado Retenção e aquisição de Clientes Satisfação do Cliente Vantagem do Cliente Figura 3.6: A perspectiva dos clientes Fonte: Oliveira M. (2004) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 103 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência c) Perspectiva dos processos internos Nesta perspectiva pode-se identificar quais são os processos críticos que deverão buscar a excelência de desempenho. Os processos devem gerar valor de maneira que sejam capazes de atrair e reter clientes. Isto será traduzido em retornos financeiros, o que deixará os acionistas satisfeitos. As empresas que possuem um sistema de gestão da qualidade certificado pela norma ISO 9001:2000 já realizam o monitoramento buscando a melhoria dos processos existentes (OLIVEIRA, M. 2004). O ciclo PDCA pode ser utilizado também para a implementação do BSC: (P) Planejar - Planeje antes de implementar a iniciativa. - Analise o impacto da iniciativa nos objetivos estratégicos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 104 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência - Preveja os diferentes resultados que a iniciativa pode gerar. (D) Desenvolver - Use a disciplina da execução para introduzir as iniciativas estratégicas. - Focalize a execução nas iniciativas que geram maior impacto nos resultados. - Verifique se as pessoas têm as competências para realizar a execução. (C) Controlar - Analise se o resultado esperado ocorreu. - Verifique a consistência das premissas estratégicas com os resultados obtidos. - Identifique necessidades de educação e treinamento dos colaboradores. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 105 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência (A) Agir - Promova a melhoria contínua se os resultados planejados foram atingidos. - Use o aprendizado com a execução para buscar novas iniciativas para atingir os objetivos estratégicos. A abordagem do scorecard busca a identificação de processos inteiramente novos, nos quais a organização deve atingir a excelência para alcançar os objetivos financeiros e dos clientes. Dessa forma, os objetivos dos processos internos destacam processos que, muitas vezes, não estão sendo executados e que são críticos para o sucesso da estratégia da organização. Este processo de inovação é extremamente importante para o sucesso a longo prazo. A Figura 3.7 demonstra a perspectiva dos processos internos: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 106 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Cliente Financeiro Visão e Estratégia Processos Internos Processos Internos Inovação, Aprendizado e Crescim ento • Custos • Operações • Serviço Pós-venda Figura 3.7: A perspectiva dos processos internos Fonte: Oliveira M. (2004) d) A Perspectiva do aprendizado e crescimento Esta perspectiva identifica a infra-estrutura que a empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo. A competitividade exige que as empresas busquem a melhoria constante de sua capacidade para oferecer valor aos clientes e acionistas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 107 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência As principais fontes de aprendizado e crescimento organizacionais são as seguintes: pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais. As três perspectivas apresentadas anteriormente revelam as lacunas entre as capacidades atuais das pessoas, sistemas e procedimentos e o que será necessário para alcançar um desempenho inovador. Para a medição nesta perspectiva, deverão ser utilizados resultados combinados para as fontes de aprendizado e crescimento. No caso dos funcionários, identificar a sua satisfação, a retenção dos talentos, os treinamentos realizados e habilidades pessoais. Esta perspectiva tem por objetivo avaliar qual é o valor do empregado para a empresa em três níveis de contribuição: como indivíduo, como membro de uma equipe de trabalho ou enquanto alguém integrado à cultura organizacional (OLIVEIRA, M. 2004). As medidas de procedimentos organizacionais podem examinar se os incentivos aos funcionários estão alinhados com as estratégias da organização e se os índices de melhoria dos processos internos considerados críticos para a organização estão voltados para os clientes. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 108 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência A Figura 3.8 apresenta uma visão da perspectiva de inovação, aprendizado e crescimento: Cliente Financeiro Visão e Estratégia Inovação, Aprendizado e Crescimento Processos Internos Inovação, Aprendizado & Crescimento As possibilidades de crescimento: • • • • Capacitação dos funcionários Competências Motivação, desenvolvimento e engajamento Figura 3.8: A perspectiva de inovação, aprendizado e crescimento. Fonte: Oliveira M. (2004) É a perspectiva de aprendizado e crescimento que torna possível a integração dos ativos intangíveis da organização com os ativos financeiros, que, em conjunto, são as atividades criadoras de valor para a empresa. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 109 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Também permite demonstrar grande integração existente entre o BSC e a Gestão do Conhecimento das empresas. O maior desafio das organizações é transformar o capital humano em capital estrutural e, consequentemente, em capital financeiro. Para os sistemas de informação podemos utilizar a disponibilidade em tempo real para os funcionários tomarem as decisões necessárias e a relevância das informações sobre os clientes e processos internos. Nos projetos de BSC, o capital da informação pode contribuir das seguintes maneiras: - Na melhoria contínua da eficiência dos processos e das operações empresariais; - Na entrega de proposta de valor para os clientes; - Na gestão do relacionamento com os clientes; - Na gestão da cadeia de suprimentos; - Reduzindo os custos da cadeia de valor; - Facilitando e melhorando a comunicação entre colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros de uma empresa; os UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 110 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência - Como apoio para a inovação e no desenvolvimento de novos produtos e serviços; - Como um facilitador dos processos de aprendizagem da equipe de colaboradores; - Implementando melhorias no processo de tomada de decisões da alta direção de uma organização; - Gerando e disponibilizando informações para a mensuração da performance nas quatro perspectivas de valor. É fundamental destacar que, a tecnologia da informação só produzirá resultados se forem realizados investimentos na capacitação e na educação das pessoas. 3.2.4 Os Mapas Estratégicos O mapa estratégico do Balanced Scorecard fornece um modelo que mostra como a estratégia liga os ativos intangíveis a processos que criam valor (KAPLAN & NORTON, 2004). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 111 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência O mapa estratégico demonstra com clareza os objetivos dos processos internos críticos que criam valor e os ativos intangíveis necessários para respaldá-los. Os objetivos serão traduzidos em indicadores e metas. Porém os programas definidos pela organização deverão criar condições para que as metas de todos os indicadores sejam realizadas. A Figura 3.9 demonstra um exemplo de mapa estratégico: ESTRATÉ ESTRATÉ GIA DE PRODUTIVIDADE Financeira Melhorar a estrutura de custos Expandir as Oportunidades de receita Aumentar a utilização dos ativos • Participação no mercado • Rentabilidade dos Clientes Preço Qualidade ESTRATÉ ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO Valor a longo prazo para os Acionistas • Conquista de Clientes • Participação na compra do Cliente Disponibilidade Seleção Funcionalidade Serviços Atributos do produto / Serviço Cliente Processos Internos Parcerias Marca Processos de Gestão Operacional Processos de Gestão de Clientes Processos de Inovação Processos Regulatórios e sociais Produzem e fornecem produtos e serviços Aumentam o valor para o Cliente Criam novos produtos e serviços Melhoram as comunidades e o meio ambiente - Seleção - Oportunidade de negócio - Produção - Conquista - Portifólio de P e D - Retenção - Projeto / Desenvolvimento - Gerenciamento de riscos Aprendizagem & Crescimento • Renteção de Clientes Relacionamento - Serviços Criar alinhame nto Aumentar o Valor para os Clientes - Crescimento - Lançamento - Segurança e saúde - Emprego - comunidade Agenda de mudanças organizacionais Portifólio estratégico de TI Funções Estratégicas Capital Humano - Meio ambiente + Capital da informação - Habilidades - Sistema - Treinamentos - Banco de dados - Conhecimentos - Redes + Criar prontidão Capital Organizacional Figura 3.9: Mapa estratégico Fonte: Kaplan e Norton (2004) apud Oliveira M. (2004) - Cultura Liderança Alinhamento Trabalho em equipe UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 112 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência A organização deve fornecer os recursos necessários, pessoas, financiamento e capacidade para a adequada realização do programa. Os programas são denominados iniciativas estratégicas. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 113 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência O Quadro 3.4 apresenta as diferentes funções do mapa estratégico segundo Kaplan e Norton (2004): Quadro 3.4 - Diferentes funções do mapa estratégico segundo Kaplan e Norton Mostrar o destino estratégico “O mapa estratégico possibilita que uma organização descreva e ilustre, em linguagem clara e geral, seus objetivos, iniciativas e alvos; os indicadores utilizados para avaliar seu desempenho e as conexões, que são o fundamento da direção estratégica.” Destacar o valor do capital intelectual “O mapa estratégico, ajustado à estratégia específica da organização, descreve como os ativos intangíveis impulsionam melhorias de desempenho dos processos internos da organização, que exercem o máximo de alavancagem no fornecimento de valor para os clientes, os acionistas e as comunidades.” Representar visualmente a estratégia “O mapa estratégico é a representação visual da estratégia, mostrando numa única página como os objetivos nas quatro perspectivas se integram e combinam para descrever a estratégia.” Ligar o trabalho individual à estratégia “Com o mapa estratégico, os empregados têm uma representação visual de como suas funções se conectam com os objetivos gerais da empresa, ao mesmo tempo em que os gerentes compreendem com mais clareza a estratégia e identificam os meios para detectar e corrigir os desvios de rumo.” Demonstrar o fluxo de valor “Os objetivos nas quatro perspectivas são conectados uns com os outros por relações de causa e efeito. A partir do topo, parte-se da hipótese de que os resultados financeiros só serão alcançados se os clientes-alvo estiverem satisfeitos.” Reforçar a importância do conhecimento “O fundamento de qualquer mapa estratégico é a perspectiva de aprendizado e crescimento, que define as competências e habilidades essenciais, as tecnologias e a cultura organizacional necessárias para suportar a estratégia da empresa.” Fonte: Kaplan e Norton (2004) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 114 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência Para o acompanhamento e visualização dos objetivos e indicadores para cada uma das perspectivas são elaborados quadros gerais que levam em conta os objetivos do mapa estratégico. Esses quadros permitem uma visualização de como serão conduzidas as atividades para o cumprimento das metas para cada perspectiva e conseqüentemente com a estratégia da organização. O Quadro 3.5 apresenta um exemplo de um quadro geral de indicadores: QUADRO GERAL DE INDICADORES Perspectivas Principais Objetivos Indicadores - Retorno sobre o investimento - Rentabilidade - Liderança de custo - Crescimento rentável - ROE - Margem líquida - Custo por produto - Volume e Receita - Encantar os clientes - Revendedores lucrativos - Fatia do mercado-alvo - Aumento do lucro Processos Internos - Produtos e serviços inovadores - Fornecedor competitivo - Qualidade e pontualidade - Taxa de aceitação - Níveis de estoque - Pedidos perfeitos Aprendizado e Crescimento - Motivação de funcionários - Desenvolvimento de habilidades - Divulgação da estratégia - Pesquisa interna - Disponibilidade de competências e Informações Crescimento Financeiro Cliente Quadro 3.5: Quadro Geral de Indicadores Fonte: Oliveira M. (2004) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 115 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 3: Revisão da Literatura – A Busca da Excelência De maneira geral, pode-se dizer que o Balanced Scorecard pode trazer contribuições para uma organização se utilizado como uma metodologia a ser implementada em busca da excelência empresarial. A conceituação apresentada será utilizada para a análise e sugestão de ações visando dar continuidade ao processo de busca de excelência na gestão da instituição de ensino superior estudada neste trabalho. A integração das ações entre as perspectivas permite uma visão do desempenho global da organização, o que está alinhado com os critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade apresentado neste capítulo. No próximo capítulo apresenta-se uma revisão de literatura sobre serviços. Esta pesquisa se faz necessária, para que se possa caracterizar o objetivo principal deste trabalho que é estudar a problemática da implementação de modelos de gestão da qualidade e de excelência em instituições de ensino superior. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 116 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Capítulo 4: Revisão da literatura - Serviços 4.1 – A importância do setor de serviços A participação do setor de serviços na economia vem aumentando nas últimas décadas. Esta evolução tem gerado uma participação crescente do setor de serviços no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Este crescimento ocorre porque em diversos países, o aumento da produtividade e da automação na agricultura e na indústria, combinado com a demanda crescente por serviços novos e tradicionais, resultaram, em conjunto, no aumento contínuo ao longo do tempo da porcentagem da mão-de-obra que é empregada em serviços (LOVELOCK & WIRTZ, 2006). Para Corrêa e Caon (2002) o setor de serviços, além de ser responsável pela maior parcela do PIB mundial, apresenta-se, talvez como a parcela mais dinâmica da economia, pois sua participação no PIB e o número de empregos no setor crescem a taxas mais elevadas do que nos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 117 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços demais setores econômicos. Os principais fatores responsáveis por esse dinamismo são de ordem político-social e tecnológica: - Urbanização, que torna necessários alguns serviços, como segurança e transporte urbano; - Mudanças demográficas que aumentam a quantidade de crianças e/ou idosos, que consomem mais intensamente maior variedade de serviços, como os de educação, entretenimento e saúde; - Mudanças sócio-econômicas, como o aumento da participação da mulher no trabalho remunerado e pressões sobre o tempo pessoal, que criam a necessidade de serviços domésticos, transporte escolar dos filhos, creches e outros, prestados por terceiros; - Aumento da sofisticação dos consumidores que leva a necessidades mais amplas de serviços, como acompanhamento psicológico, personal trainers e consultores de estilo; - Mudanças tecnológicas (como o avanço dos computadores e das telecomunicações) que têm aumentado a qualidade dos serviços, ou ainda criando serviços completamente novos, como os bancos eletrônicos e as informações e serviços pela internet, reservas UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 118 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços e emissão de passagens aéreas, download (gravação, pela internet) de músicas, jogos, livros, cursos de educação a distância, entre outros. Para efeito de compatibilização internacional, a maior parte das estatísticas dos países, na atualidade, utiliza a classificação definida pela Standard Industrial Classification (ISIC), formulada por uma grupo de especialistas de vários países, reunidos pela ONU em 1968 para esse fim. Esta classificação considera quatro categorias de empresas de serviços (KON, 2004): - Serviços distributivos: incluem a distribuição física de bens (comércio atacadista e varejista), a distribuição de pessoas e cargas (transportes) e a distribuição de informação (comunicação). - Serviços sem fins lucrativos: constituem serviços da administração pública e outras organizações como sindicatos, templos religiosos, instituições assistenciais, clubes. - Serviços às empresas: constituídos por serviços intermediários para os demais setores, nos quais se incluem as UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 119 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços atividades financeiras, serviços de assessoria legal, contábil, de informática e outras, e corretagem de imóveis. - Serviços ao consumidor: consistem em uma gama ampla de serviços sociais e pessoais oferecidos a um indivíduo, na maior parte para ressaltar a qualidade de vida, como os serviços de saúde, ensino, restaurantes, serviços de lazer e outros pessoais e familiares. 4.2 – O conceito de Serviço Serviço é a atividade caracterizada pela execução de tarefas, consideradas estas independentemente dos itens aos quais se refiram. É o resultado de atividades de interface entre fornecedor (interno ou externo) que tem por finalidade satisfazer as necessidades dos clientes (PRAZERES, 1996). Para Las Casas (2006), serviços constituem uma transação realizada por uma empresa ou por um indivíduo, cujo objetivo não está associado à transferência de um bem. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 120 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Lovelock e Wright (2002) definem serviço como um ato ou desempenho que cria benefícios para clientes por meio de uma mudança desejada no, ou em nome do, destinatário do serviço. Kotler e Keller (2006) definem serviço como qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada. A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um produto concreto. Pode-se notar que as definições citadas possuem em comum o aspecto da intangibilidade. Na verdade, praticamente em tudo há serviço. Corrêa e Corrêa (2005) destacam que atualmente são oferecidos pacotes de valor gerados e entregues pelas operações que são compostos de bens e serviços. Desses pacotes de valor constam bens físicos e aspectos sem materialidade, também conceituado como serviços. A parcela de valor oferecido referente aos bens físicos e aos serviços varia conforme o negócio analisado. A Figura 4.1 ilustra esta idéia. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 121 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços P ro d u to s S e r v iç o s 100 % 100% M in é r io d e F e rr o C a lç a J e a n s P lá s tic o s E s p e c ia is S u p e rm e rc a d o C o z in h a M o d u la r F ast F ood R e s ta u r a n te c o n v e n c io n a l R e s ta u ra n te d e L u x o A lfa ia te L in h a A é r e a P s ic a n á lis e Figura 4.1: Pacote de valor entregue ao cliente varia na proporção entre produtos físicos e serviços. Fonte: Corrêa e Corrêa (2005) Kotler e Keller (2006) apresentam cinco categorias do mix de serviços: a) Bem tangível: a oferta consiste principalmente em um bem tangível, como sabão, creme dental ou sal. Não há nenhum tipo de serviço associado ao produto. b) Bem tangível associado a serviços: a oferta consiste em um bem tangível associado a um ou mais serviços. Quanto mais UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 122 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços tecnologicamente sofisticado for o produto (por exemplo, um computador) mais suas vendas dependerão da qualidade e da disponibilidade de serviços ao consumidor (por exemplo, assistência técnica, instruções de uso, orientação de instalação e garantia). c) Híbrida: a oferta consiste tanto em bens como em serviços. Por exemplo, as pessoas freqüentam restaurantes pela comida e pelo serviço oferecido. d) Serviço principal associado a bens ou serviços secundários: a oferta consiste em um serviço principal com serviços adicionais ou bens de apoio. Por exemplo, passageiros de companhias aéreas compram o serviço de transporte, mas estão incluídos na viagem alguns itens tangíveis, como comidas e bebidas, o canhoto da passagem e a revista de bordo. A execução do serviço em si requer a operação de um bem extremamente caro, uma aeronave, mas o item principal é o serviço. e) Serviço puro: a oferta consiste essencialmente em um serviço. São exemplos os serviços de baby-sitter, psicoterapia e massagem. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 123 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços 4.3 – Tipologia de Serviços Os tipos de serviços podem ser classificados pelo volume e pela variedade em três grandes categorias: serviços profissionais, lojas de serviços e serviços de massa. A Figura 4.2 ilustra a matriz volume versus variedade para serviços. Grau de Contato/Customização Alta Média Serviços Profissionais Lojas de Serviços Serviços de Massa Baixa Volume de consumidores por período Figura 4.2 – Tipologia de serviços com base nos contínuos de volume e variedade/ customização do serviço Fonte: Silvestro et al. (1992) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 124 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços O resultado da análise das principais dimensões de um processo de serviço de alto e baixo grau apresenta a seguinte classificação (SILVESTRO, et al., 1992). Serviço de massa: compreendem transações com muitos clientes por unidade de tempo (alto volume), envolvendo tempo de contato limitado e alta padronização na prestação de serviço (baixa variedade). Esses serviços em geral são predominantemente baseados em equipamento e orientados para o produto, com a maior parte do valor adicionada no escritório de retaguarda (back office), com relativamente pouca atividade de julgamento exercida pelo pessoal da linha de frente (front office). São exemplos deste tipo: transporte urbano, cartão de crédito, supermercados, aeroportos. comunicações, emissora de televisão, serviço de polícia, etc; Lojas de Serviços: é o processo intermediário no contínuo entre os serviços profissionais e os serviços de massa. Este processo caracteriza-se por um volume maior de clientes processados por dia, como em hotéis, restaurantes, varejo em geral e no atendimento a pessoa física em bancos. Neste caso o valor do serviço é gerado tanto no front office (quarto e lobby dos hotéis, salão do restaurante e balcão UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 125 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços das lojas) como no back office (lavanderia e limpeza de quartos em hotéis, cozinha de restaurantes e setor de compras em lojas). Serviços Profissionais: são definidos como organizações de alto contato com os clientes, despendendo um tempo considerável no processo de prestação de serviço. São serviços que atendem a um número limitado de clientes e de forma personalizada. Como exemplos pode-se citar empresas de consultoria, projetos de engenharia especiais, advogados, arquitetos, auditores, serviços médicos especializados, e departamentos de bancos que gerenciam contas de alto valor. 4.4 – Sistema de Operação de Serviço Quando um cliente entra em contato com o processo de prestação de serviço, existe um grau de interação que varia de acordo com os aspectos da operação. Pode-se classificar essa interação da seguinte forma (CORRÊA & CAON, 2002): a) Atividades de “linha de frente” ou de “front office” – são as atividades em que o contato com o cliente é alto. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 126 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços b) Atividades de “retaguarda” ou de “back office” – são as atividades que ocorrem sem contato com o cliente. CLIENTE • F r o n t O f f ic e ( lin h a d e fr e n t e ) • • • • a lt o c o n t a t o c o m o c lie n t e in c e r t e z a v a r ia b ilid a d e d ifíc il c o n t r o le S a lã o d e R e s ta u r a n t e • B a c k O ffic e (re ta g u a rd a) • • • • b a ix o c o n t a t o c o m o c lie n t e p r e v is ib ilid a d e p a d r o n iz a ç ã o m e lh o r c o n t r o le C o z in h a d o R e s ta u r a n te Figura 4.3 – Atividades de linha de frente e retaguarda Fonte: Adaptado de Corrêa e Caon (2002) As três tipologias de serviços possuem ênfase diferente no que concerne à linha de frente ou à retaguarda. Os serviços profissionais têm maior ênfase nas atividades de linha de frente, já os serviços em massa enfatizam a retaguarda, sendo as lojas de serviços balanceadas entre a linha de frente e a retaguarda. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 127 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços 4.5 – Características dos Serviços Os serviços apresentam quatro características principais, que devem ser levadas em consideração pelas empresas, ao elaborarem suas estratégias de atuação no mercado, sendo elas: Intangibilidade: Segundo Hoffman e Bateson (2003), uma característica peculiar dos serviços que os torna incapazes de serem tocados ou sentidos da mesma maneira que os bens físicos. Para Kotler e Keller (2006), ao contrário dos produtos físicos, os serviços não podem ser vistos, sentidos, ouvidos, cheirados ou provados antes de adquiridos. Uma pessoa que se submete a uma cirurgia plástica no rosto não pode ver os resultados exatos antes da compra. Da mesma maneira, uma pessoa que passa a freqüentar um psiquiatra não consegue saber o efeito exato do tratamento. É por causa da intangibilidade dos serviços que as empresas encontram dificuldades de entender como os consumidores percebem seus serviços e avaliam a qualidade dos mesmos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 128 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Heterogeneidade ou Variabilidade: Para Hoffman e Bateson (2003), é a característica peculiar dos serviços que reflete a variação de consistência de uma transação de serviço para a seguinte. Os serviços têm características de heterogeneidade porque a sua performance sobre influência tanto de aspectos técnicos (conhecimentos, habilidades e suporte material), quanto emocionais (condições e características psicológicas), pelo lado do prestador de serviço. Para controlar a qualidade, Kotler e Keller (2006), propõem às empresas de prestação de serviços três providências: - Investir em bons processos de contratação e treinamento; - Padronizar o processo de execução do serviço em toda a organização; - Acompanhar a satisfação do cliente. Inseparabilidade: é uma característica distinta de serviços que reflete as interconexões entre o provedor de serviços, o cliente envolvido no UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 129 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços recebimento do serviço e outros clientes que compartilham a experiência do serviço (HOFFMAN & BATESON, 2003). Conforme Kotler e Keller (2006), os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente. A pessoa encarregada de prestar o serviço é parte dele. No caso do entretenimento e dos serviços profissionais, os compradores estão muito interessados em um prestador de serviço específico. Perecibilidade: característica peculiar dos serviços que não permite que eles sejam guardados, nem estocados, nem a capacidade não usada, pode ser recuperada (HOFFMAN & BATESON, 2003). A perecibilidade dos serviços não é um problema quando a demanda é estável, porém, quando a demanda oscila, as empresas prestadoras de serviços enfrentam problemas. Visando minimizar estes problemas Kotler e Keller (2006) propõem estratégias para estabelecer um equilíbrio melhor entre a demanda e oferta em uma prestadora de serviços. Em relação à demanda: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 130 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços - Preços diferenciados transferem alguma demanda dos períodos de pico para os de baixa. São exemplos os descontos oferecidos nos ingressos de cinema para alguns dias durante a semana, ou os descontos no aluguel de carros no fim de semana; - Períodos de baixa demanda podem ser aproveitados. Hotéis oferecem pacotes para o fim de semana em períodos de baixa temporada de férias; - Serviços complementares podem ser desenvolvidos durante o período de pico, a fim de oferecer alternativas aos clientes que estejam aguardando. Como exemplos podem-se citar os bares em restaurantes e os caixas eletrônicos em bancos; - Sistemas de reserva são uma maneira de gerenciar o nível de demanda. Como exemplos têm-se as companhias aéreas, hotéis e os consultórios médicos. Em relação à oferta: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 131 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços - Funcionários que trabalham meio período podem ser contratados para atender ao pico de demanda. Universidades contratam professores em regime parcial de trabalho, restaurantes contratam garçons para trabalhar meio período. - Rotinas de eficiência para o horário de pico podem ser introduzidas: os funcionários desempenham apenas tarefas essenciais durante os períodos de pico, paramédicos auxiliam os médicos nos momentos de alta demanda etc. - Uma maior participação do cliente pode ser estimulada. Os clientes preenchem suas fichas no consultório médico ou embalam suas compras no supermercado. - Serviços compartilhados podem ser desenvolvidos. Os hospitais podem compartilhar as compras de equipamentos médicos. - Instalações visando à expansão futura podem ser desenvolvidas. Um parque de diversões compra a área ao seu redor para expansão posterior. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 132 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços 4.6 – Os serviços como processos Para Lovelock e Wright (2002), o processo é um método particular de operação ou uma série de ações, normalmente envolvendo múltiplos passos que muitas vezes precisam acontecer em uma seqüência definida. Os processos de prestação de serviços vão de procedimentos relativamente simples que envolvem apenas alguns passos. Um processo envolve a transformação de insumos em produtos. Em serviços, duas categorias amplas são processadas: pessoas e objetos. Tomando os serviços de uma perspectiva puramente operacional, percebe-se que eles podem se classificados em quatro grupos gerais. O Quadro 4.1 mostra um esquema de classificação de quatro direções, com base em ações tangíveis, seja nos corpos das pessoas ou nos bens do cliente, e ações intangíveis nas mentes das pessoas ou em seus bens intangíveis. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 133 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Qual a natureza Quem ou o que é o destinatário direto do serviço? do Ato ou Serviço? Ações Tangíveis Ações Intangíveis Pessoas Bens (Processamento com pessoas) (Processamento com bens) Serviços dirigidos aos Serviços dirigidos Corpos das pessoas: a posses físicas: Transporte de passageiros Transporte de cargas Assistência médica Reparo e manutenção Hospedagem Armazenamento/estocagem Salões de beleza Serviços de zeladoria de edifícios Fisioterapia Distribuição de varejo Academias de Ginástica Lavanderias Restaurantes/bares Abastecimento de combustíveis Barbearias Paisagismo / jardinagem Serviços Funerários Remoção e reciclagem de lixo (Processamento com estímulo mental) (Processamento com informações) Serviços dirigidos às Serviços dirigidos mentes das pessoas: a bens tangíveis: Propaganda Contabilidade Artes e entretenimento Finanças Transmissões de rádio e televisão Processamento de dados Consultoria administrativa Transmissão de dados Educação Seguros Serviços de informação Serviços jurídicos Concertos de música Programação Psicoterapia Pesquisa Religião Investimentos Telefone Consultoria de software Quadro 4.1: Compreendendo a natureza dos atos do serviço Fonte: Lovelock e Wright (2002) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 134 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços 4.7 – Serviços com Qualidade Para Hoffman e Bateson (2003), a melhor maneira de abordar o assunto é talvez distinguir entre medição da qualidade do serviço e medição da satisfação do cliente. Para os especialistas, a satisfação do cliente é uma medida de curto prazo, específica da transação, ao passo que a qualidade do serviço decorre da avaliação geral, de longo prazo, de um desempenho. Os dois conceitos – satisfação dos clientes e qualidade do serviço – estão entrelaçados. O relacionamento entre eles, entretanto, não é claro pois alguns acreditam que a satisfação do cliente leva à percepção da qualidade do serviço, para outros, a qualidade do serviço resulta na satisfação do cliente. Segundo Lovelock e Wright (2002) as expectativas são padrões internos que os clientes utilizam para julgar a qualidade de uma experiência de serviço. Essas expectativas envolvem diversos elementos diferentes, inclusive serviço desejado, serviço adequado, serviço previsto e uma zona de tolerância que se estende entre os níveis de serviço desejado e adequado. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 135 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços A Figura 4.4 demonstra os fatores que influenciam as expectativas de serviço: N e c e s s id a d e s P e s s o a is S e r v iç o D e s e ja d o C re n ç a s s o b r e o que é P o s s ív e l A lte ra ç õ e s p e r c e b id a s n o s e rv iç o P r o m e s s a s e x p líc ita s e im p líc ita s d e s e r v iç o C o m u n ic a ç ã o b oca a b oca E x p e r iê n c ia P a s s a d a Zona de T o le r â n c ia S e r v iç o Adequado S e r v iç o P r e v is t o F a to r e s S itu a c io n a is Figura 4.4 – Fatores que influenciam as expectativas do serviço Fonte: Adaptado de Parasuraman et al. (1993) Para Karl Albrecht (1992), existem três fatores-chave para que a empresa realize um serviço excelente, são eles: - uma visão, ou estratégia do ”produto” serviço; - pessoal de linha de frente orientado para o cliente. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 136 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços - sistemas voltados para o cliente. A Figura 4.5 apresenta o triângulo do serviço, que é uma representação gráfica da interação entre esses três elementos críticos, que devem atuar conjuntamente para que se mantenha um nível mínimo de qualidade de serviço. E ST R A TÉG IA D E S ER V IÇ O C LIEN T E SISTEM A S PESSOAS Figura 4.5 – Triângulo do Serviço Fonte: Albrecht, 1992 Para Albrecht (1995), o elemento básico da qualidade de serviços é o conceito de momento da verdade. Na verdade, a expressão momento da verdade foi usada pela primeira vez neste contexto pelo consultor gerencial sueco Richard Normann, que a sugeriu a Jan Carlzon, executivo chefe da Scandinavian Airlines. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 137 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Momento da verdade, portanto, é qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com a organização e recebe uma impressão dos seus serviços (ALBRECHT, 1995). Albrecht (1995) considera o ciclo de serviço, como uma definição da experiência do serviço ainda mais válida com respeito ao cliente. Define ciclo de serviços como, a seqüência completa de momentos da verdade que um cliente experimenta para ter satisfeita uma necessidade. Zeithaml (1990) coloca que um serviço é avaliado em termos de dimensões ou características. Pode-se considerar como dimensões importantes as necessidades do cliente. Elas são as dimensões que os clientes usam para avaliar um serviço. As dimensões da qualidade destacadas são as seguintes: - Tangíveis: aparência das facilidades físicas, equipamentos, pessoal e comunicação material. - Atendimento: nível de atenção dos funcionários no contato com os clientes. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 138 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços - Confiabilidade: habilidade em realizar o serviço prometido de forma confiável e acurada. - Resposta: vontade de ajudar o cliente e fornecer serviços rápidos. - Competência: possuir a necessária habilidade e conhecimento para efetuar o serviço. - Consistência: grau de ausência de variabilidades entre a especificação e o serviço prestado. - Cortesia: respeito, consideração e afetividade no contato pessoal. - Credibilidade: honestidade, tradição, confiança no serviço. - Segurança: inexistência de perigo, risco ou dúvida. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 139 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços - Acesso: proximidade e contato fácil. - Comunicação: manter o cliente informado em uma linguagem que ele entenda. - Conveniência: proximidade e disponibilidade a qualquer tempo, dos benefícios entregues pelos serviços. - Velocidade: rapidez para iniciar e executar o atendimento/serviço. - Flexibilidade: capacidade de alterar o serviço prestado ao cliente. - Entender o cliente: fazer o esforço de conhecer o cliente e suas necessidades. Garvin (1984) também sugere a existência de oito dimensões de qualidade: desempenho, características, confiabilidade, conformidade, UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 140 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços durabilidade, atendimento, estética e qualidade percebida, que demonstram a importância da gestão estratégica da qualidade e que podem ser utilizadas para a avaliação da qualidade em serviços. - Desempenho: para um produto, refere-se às características básicas operacionais, e para o serviço, desempenho está relacionado com a velocidade de atendimento. - Características: são os “adereços” dos produtos, aquelas características secundárias que suplementam o funcionamento básico do produto. As características, como o desempenho do produto, envolvem atributos objetivos e mensuráveis; sua tradução em diferenças da qualidade é igualmente afetada por preferências pessoais. A distinção entre as duas é, em grande parte, uma questão de centralismo ou importância para o usuário. - Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau funcionamento de um produto ou de ele falhar num determinado período. Dentre as medidas mais comuns da confiabilidade temos o tempo médio para a primeira falha, o tempo médio entre falhas e a taxa de falhas por unidade de tempo. Como estas medidas exigem UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 141 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços que um produto esteja sendo usado durante algum tempo, são mais relevantes para os bens duráveis do que para produtos ou serviços consumidos na mesma hora. - Conformidade: o grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos. - Durabilidade: medida da vida útil do produto, possui dimensões econômicas e técnicas. Tecnicamente, pode-se definir durabilidade como o uso proporcionado por um produto até se deteriorar fisicamente. - Atendimento: rapidez, cortesia e facilidade de reparo. - Estética: a dimensão estética está relacionada com a abordagem da quantidade baseada no usuário, sendo descrita como a aparência de um produto, o que sente com ele, qual o seu som, sabor ou cheiro. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 142 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços - Qualidade percebida: também relacionada com a abordagem da qualidade baseada no usuário e é medida através de outros atributos, onde a qualidade se torna percebida com a comparação de produtos e serviços anteriores. Oliveira J. (2006) apresenta no quadro 4.2 uma comparação entre as dimensões de Parasuraman et al (1988) e Garvin (2002) onde percebe-se que a dimensão “Qualidade Percebida” definida por Garvin (2002) enquadrase em todas as características das dimensões sugeridas por Parasuraman et al (1988), o que demonstra que a percepção do cliente em relação à diferenciação dos produtos e serviços é altamente relevante. Dimensões da Qualidade aplicadas a Serviços Garvin Parasuraman Aspectos Tangíveis Desempenho, características, confiabilidade, estética e qualidade percebida Confiabilidade Confiabilidade e qualidade percebida Responsabilidade Desempenho, confiabilidade, conformidade e qualidade percebida Competência Desempenho, confiabilidade, conformidade, atendimento e qualidade percebida Cortesia Características e qualidade percebida Credibilidade Conformidade, atendimento, estética e Segurança Desempenho, conformidade, durabilidade e qualidade percebida Acesso Qualidade percebida Comunicação Características, atendimento e qualidade percebida Conhecimento do Cliente Desempenho, atendimento e qualidade percebida qualidade percebida Quadro 4.2: Comparação entre as dimensões de Parasuraman et al (1988) e Garvin (2002) Fonte: Oliveira J. (2006) UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 143 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Com base nas dimensões apresentadas neste trabalho é possível estabelecer diretrizes para a avaliação da satisfação do cliente de qualquer tipo de serviço. 4.8 – O Serviço Educação A Educação é classificada de acordo com a Standard Industrial Classification (ISIC), apresentada no início deste capítulo, como um serviço ao consumidor. Mirshawka (1994) trata a educação como um serviço especial e destaca que as instituições de ensino superior devem entender que possuem clientes como qualquer outro tipo de organização. Segundo Kon (2004), a característica básica inerente à natureza das atividades de serviços é representada pela simultaneidade entre fornecimento do serviço e consumo, ou seja, essas etapas estão contidas em períodos de tempo coincidentes e o produto desses serviços não se reveste de caráter aparentemente durável. As instituições de ensino superior com programas de educação continuada se enquadram nesse conceito de serviços. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 144 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Para Corrêa e Caon (2002), o ensino pode ser classificado como serviço de massa customizado, pois apesar de se encontrar em uma posição de volume correspondente a um serviço de massa, o uso de tecnologias educacionais e adequações dos programas oferecidos, criam no cliente, de forma automatizada, uma sensação de serviço customizado. Tachizawa e Andrade (1999) definem que a qualidade nas instituições de ensino deve ser entendida como uma filosofia que embasa o modelo de gestão proposto. Esse modelo de gestão é definido como o conjunto de decisões exercidas, sob princípios de qualidade preestabelecidos, com a finalidade de atingir e preservar um equilíbrio dinâmico entre objetivos, meios e atividades no âmbito das instituições de ensino. As Instituições de Ensino Superior devem estar focadas não só em oferecerem um ensino de qualidade como também em praticar uma gestão adequada e alinhada com as melhores práticas do mercado. Principalmente as instituições que oferecem programas de educação continuada tendo como público alvo, profissionais de mercado que busquem o aperfeiçoamento profissional. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 145 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços Esse público é muito exigente, pois convive em um mercado altamente competitivo influenciado por diversos fatores, sociais, políticos e econômicos, que os obrigam a buscar novas ferramentas e mais do que isso, a desenvolverem cada vez mais o seu senso crítico em relação aos modelos de gestão. Desta forma, a educação deve ser vista como um serviço de alto valor agregado onde o foco no cliente deve ser uma premissa básica e o aperfeiçoamento contínuo dos processos uma questão de sobrevivência. Para tanto, a gestão educacional também deve levar em conta os conceitos de gestão para que se torne cada vez mais focada nas tendências do mercado. Uma Instituição de ensino superior pode ser vista como um sistema composto por processos, que necessita de recursos para o seu adequado funcionamento e que consequentemente necessita de um modelo de gestão conforme demonstrado na Figura 4.6: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 146 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços A I E S c o m o u m S is t e m a C o m o M e lh o r a r e s t e S is t e m a ? A p o rte d e C a p it a l $ I n s t a la ç õ e s M a t e r ia is , E q u ip a m e n t o s P r o c e d im e n t o s O p e ra c io n a is (C o m o fa z e r) S is t e m a IES M o t iv a ç ã o SGQ E le m e n t o H u m a n o A p o rte d e C o n h e c im e n t o P r o f e s s o r e s , A lu n o s , P a is , S o c ie d a d e P o t e n c ia l I n t e le c t u a l Figura 4.6: A Instituição de Ensino Superior como um sistema Fonte: Barbosa et al. (1994) Nota-se que um sistema de gestão da qualidade (SGQ) pode ser proposto para auxiliar a gestão educacional tanto na abordagem dos processos operacionais como nos processos acadêmicos. Isso é possível porque uma instituição de ensino já utiliza uma gestão por processos. As instituições de ensino superior que já praticam sua gestão educacional baseada em processos, na maioria das vezes, não possuem um real monitoramento da percepção de seus alunos-clientes em relação a estes processos. Usualmente os modelos de avaliação são baseados em critérios UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 147 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 4: Revisão da Literatura – Serviços definidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) através de seus órgãos competentes. A principal questão que norteia este trabalho é que a gestão educacional pode ser realizada com foco no negócio e não somente com o foco acadêmico. A proposta não é a substituição da visão acadêmica pela visão de negócios, mas sim um enfoque complementar a visão da academia pela visão do ensino como um serviço como qualquer outro tipo de negócio. A utilização do modelo de gestão proposto pela norma ISO 9001:2000, pode trazer benefícios para uma instituição de ensino superior pois, pode trazer contribuições não só pela implementação dos princípios e da cultura na qualidade na gestão educacional, como também fornecerá subsídios para uma gestão mais alinhada com as necessidades do mercado de educação continuada. A implementação de um sistema de gestão da qualidade pode possibilitar um monitoramento dos processos, a efetiva análise crítica dos resultados desses monitoramentos e o mais importante, o desdobramento de novas ações com base nessas análises. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 148 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa Capítulo 5: Metodologia da Pesquisa Neste capítulo apresenta-se uma revisão da literatura sobre metodologia da pesquisa. O objetivo é caracterizar, quanto ao seu método, abordagem e técnicas, quais são as formas mais indicadas para o presente trabalho. Pesquisar faz parte do cotidiano das pessoas. Qualquer escolha ou busca de solução para problemas ou por mera curiosidade envolve, conscientemente ou não, uma atividade de pesquisa. (MICHEL, 2005) 5.1 – Conceito de Método Para Lakatos e Marconi (2005) método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 149 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa Para Cervo e Bervian (2002) método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um certo fim ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos empregados na investigação e na demonstração da verdade. 5.2 – Conceito de Pesquisa Para Demo (2000) pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto procedimento de aprendizagem, sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento. Gil (2002) define pesquisa como o procedimento racional que tem como objetivo buscar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. Lakatos e Marconi (2006) colocam que toda a pesquisa deve ser baseada em uma teoria. Isso serve como ponto de partida para a investigação bem sucedida de um problema. A teoria, sendo instrumento de ciência, é utilizada para conceituar os tipos de dados a serem analisados. Para ser válida, UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 150 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa deve apoiar-se em fatos observados e provados, resultantes da pesquisa. A pesquisa dos problemas práticos pode levar à descoberta de princípios básicos e, freqüentemente, fornece conhecimentos que têm aplicação imediata. Segundo Cervo e Bervian (2002) a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos. A pesquisa é um fenômeno de busca de conhecimento e pode ser classificada em pesquisa qualitativa e quantitativa. 5.2.1 – Pesquisa Quantitativa É a atividade da pesquisa que usa a quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento destas, através de técnicas estatísticas. São amplamente utilizadas quando a intenção é garantir a precisão dos resultados, evitando distorções de análise de interpretação e possibilitando, em conseqüência, uma margem de segurança quanto às inferências. Na pesquisa quantitativa o pesquisador descreve, explica e prediz (MICHEL, 2005). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 151 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa 5.2.2 – Pesquisa Qualitativa Na pesquisa qualitativa, a verdade não se comprova numérica ou estatisticamente, mas convence na forma da experimentação empírica, a partir da análise feita de forma detalhada, abrangente, consistente e coerente, assim como na argumentação lógica das idéias, pois os fatos em ciências sociais são significados sociais, e sua interpretação não pode ficar reduzida a quantificações frias e descontextualizadas da realidade. Na pesquisa qualitativa o pesquisador participa, compreende e interpreta (MICHEL, 2005). Para Severino (2002), uma dissertação de mestrado deve cumprir as exigências da monografia científica. Trata-se da comunicação dos resultados de uma pesquisa e de uma reflexão, que versa sobre um tema igualmente único e delimitado. 5.3 – Tipos de Pesquisa Usualmente, as pesquisas são classificadas com base em seus objetivos gerais. Assim, é possível classificar as pesquisas em grandes grupos: bibliográficas, descritivas e experimentais. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 152 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa 5.3.1 – Pesquisa Bibliográfica ou Exploratória A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema (CERVO & BERVIAN, 2002). O estudo exploratório ou pesquisa bibliográfica é uma fase da pesquisa cujo objetivo é auxiliar na definição de objetivos e levantar informações sobre o assunto objeto de estudo. Entretanto, o estudo exploratório ou pesquisa bibliográfica pode ser considerado uma forma de pesquisa, na medida em que se caracteriza pela busca, recorrendo a documentos, de uma resposta a uma dúvida, uma lacuna de conhecimento (MICHEL, 2005). 5.3.2 – Pesquisa Descritiva As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 153 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa estabelecimento de relações entre as variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática (GIL, 2002). Para Cervo e Bervian (2002), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Pode assumir diversas formas, entre as quais se destacam: - Estudos descritivos: trata-se do estudo e da descrição das características, propriedades ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada. - Pesquisa de opinião: procuram saber atitudes, pontos de vista e preferências que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões. - Pesquisa de motivação: busca saber as razões inconscientes e ocultas que levam, por exemplo, o consumidor a utilizar determinado produto comportamentos ou atitudes. ou que determinam certos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 154 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa - Estudo de caso: é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida. - Pesquisa documental: são investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. Estuda a realidade presente, e não o passado, como ocorre com a pesquisa histórica. 5.3.3 – Pesquisa Experimental A pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. (GIL, 2002) Para Michel (2005), é a pesquisa que se faz através do teste prático de possíveis idéias ou posições teóricas. Sua função é testar a teoria para descobrir novas realidades. Não deve prescindir da base teórica. Ela tem base UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 155 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa na experimentação, na comparação e verificação de condições favoráveis ou necessárias à sua comprovação. Enquanto a pesquisa descritiva procura classificar, explicar e interpretar os fenômenos que ocorrem, a pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é produzido (CERVO & BERVIAN, 2002). 5.3.4 – Pesquisa-ação Para Thiollent (1996), pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. O uso da pesquisa-ação requer cuidado com assuntos-chave, principalmente os relacionados a planejamento, desenvolvimento e avaliação, a qualidade da participação dos envolvidos no processo e a aprendizagem continuada (COUGHLAN e COGHLAN, 2002). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 156 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa O envolvimento do pesquisador na ação é parte integrante da pesquisa. Como técnica de observação, enquadra-se no tipo de observação participante. A pesquisa-ação é bem sucedida, na medida em que os testes das variáveis são aceitos e incentivados pelo grupo envolvido na proposta de solução do problema apresentado. Nas organizações, problemas que envolvam processos de trabalho, motivação, treinamento de pessoas, melhoria da qualidade do processo, vendas, etc. podem ser beneficiados com a pesquisa-ação (MICHEL, 2005). Uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação. Na pesquisa-ação os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função de problemas (THIOLLENT, 1996). Na fase de definição da pesquisa-ação, uma outra condição necessária consiste na elucidação dos objetivos e, em particular, da relação existente entre os objetivos de pesquisa e os objetivos de ação. Uma das especificidades da pesquisa-ação consiste no relacionamento desses dois tipos de objetivos (THIOLLENT, 1996): UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 157 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa - Objetivo prático: contribuir para o melhor equacionamento possível do problema considerado como central na pesquisa, com levantamento de soluções e proposta de ações correspondentes às soluções para auxiliar o agente (ou ator) na sua atividade transformadora da situação. - Objetivo de conhecimento: obter informações que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos, aumentar nosso conhecimento de determinadas situações (reinvidicações, representações, capacidades de ação ou de mobilização, etc.). 5.4 – Estudo de Caso como método de pesquisa O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2002). Conforme Lazzarini (1995), a pesquisa através de estudos de caso tem sido enquadrada no grupo de métodos denominados qualitativos, que se UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 158 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa caracterizam por um maior foco na compreensão dos fatos do que propriamente na sua mensuração. Para Donaire (1997) o estudo de casos pode ser implementado tanto numa pesquisa exploratória como numa descritiva ou explicativa. Yin (2001) define que a utilização do estudo de caso como estratégia de pesquisa pode ocorrer nas seguintes situações: - Política, ciência política e pesquisa em administração pública; - Sociologia e psicologia comunitária; - Estudos organizacionais e gerenciais; - Pesquisa de planejamento regional e municipal, como estudos de plantas, bairros ou instituições públicas; - Supervisão de dissertações e teses nas ciências sociais – disciplinas acadêmicas e áreas profissionais como administração empresarial, ciência administrativa e trabalho social. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 159 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa O estudo de casos pode incluir um único caso ou múltiplos casos. O estudo de um único caso deve ser feito quando ele representar um caso especial, extremo ou crítico, seja por seus aspectos positivos ou negativos, e venha a se transformar num caso revelador para o pesquisador (DONAIRE, 1997). A utilização de casos múltiplos apresenta vantagens e desvantagens em relação a um único caso. A evidência que resulta de vários casos é mais consistente e o estudo como um todo é visto como de melhor qualidade (DONAIRE, 1997). 5.5 – Método de Pesquisa Escolhido O presente trabalho utiliza a pesquisa qualitativa pois, de acordo com Michel (2005), o pesquisador participa, compreende e interpreta. Para a elaboração do trabalho utiliza-se a pesquisa bibliográfica e documental, pois realiza uma revisão da literatura sobre gestão da qualidade, serviços e modelos de gestão para a excelência. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 160 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 5: Metodologia da Pesquisa Também aplica a pesquisa descritiva pois, de acordo com Cervo e Bervian (2002), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Para a confrontação entre a teoria e a prática, utiliza-se uma pesquisaação que apresenta uma experiência de implementação de um sistema de gestão da qualidade em uma instituição de ensino superior. Conforme Thiollent (1996), na pesquisa convencional não há participação dos pesquisadores junto com os usuários ou pessoas da situação observada. A pesquisa-ação pressupõe participação e ação efetiva dos interessados. Desta forma, devido à participação do pesquisador como gestor do processo de implementação do sistema de gestão da qualidade, pode-se classificar a pesquisa realizada neste trabalho como pesquisa-ação. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 161 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Capítulo 6: Apresentação da Pesquisa Neste capítulo, apresenta-se uma pesquisa-ação que relata a experiência de sucesso com a implementação de um sistema de gestão da qualidade certificado pela norma ISO 9001:2000, do qual o autor participou ativamente na condição de coordenador da qualidade da instituição. 6.1 - A Pós-Graduação da Instituição de Ensino Superior Desde 1981, a Pós Graduação da Instituição de Ensino Superior (IES) capacita profissionais para o mercado e oferece cursos voltados inteiramente para o aperfeiçoamento profissional em nível de pós-graduação. Antever as mudanças de comportamento e as exigências crescentes dos cidadãos-consumidores e preparar as organizações para atuar em um mercado cada vez mais globalizado e desmassificado constitui a tarefa essencial da educação profissional. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 162 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Com esta visão do mercado global, aliada ao compromisso com seus alunos, para valorizar a boa relação escola-aluno, a Pós-Graduação tem como principal meta o sucesso pessoal e profissional do seu público alvo. Para tanto, oferece cursos de aperfeiçoamento, de pós-graduação Lato Sensu e MBA Profissional, entre outras atividades voltadas à capacitação profissional. Ultrapassando a marca de 1.300 turmas, o que corresponde aproximadamente a 40.000 alunos formados em cerca de 40 áreas do conhecimento, a Pós-Graduação prova que ter como missão buscar a excelência na prestação de serviços educacionais passa a ser uma questão de sobrevivência e de continuidade para uma história de trabalho. Dessa forma, a preocupação com a melhoria contínua e a busca pela excelência em seus produtos e serviços levaram a Pós-Graduação a certificar, em dezembro de 2001, o seu sistema de gestão da qualidade pelo padrão normativo ISO 9001:2000, através da entidade certificadora BVQI (Bureau Veritas Quality International), uma entidade credenciada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 163 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Pensando estrategicamente, além da acreditação do INMETRO, a PósGraduação obteve acreditações pelas seguintes entidades internacionais: - Inglaterra – UKAS (United Kingdom Accreditation Service) - Holanda – RvA (Raad voor Accreditatie) - Estados Unidos – ANAB – ANSI-ASQ (National Accreditation Board) - Alemanha – DAR (Deutschn Akkreditierung Rat) Obter as acreditações internacionais foi extremamente importante não só pelo reconhecimento das empresas multinacionais instaladas no Brasil que enviam seus funcionários à Pós-Graduação ou a contratam para a realização de cursos fechados, como também para a formação de alianças estratégicas com as Universidades do exterior em busca de aprimoramento contínuo dos cursos oferecidos. 6.2 - A Decisão de Implementar um Sistema de Gestão da Qualidade Com um público alvo composto de profissionais de mercado que buscam nos seus produtos e serviços um aperfeiçoamento profissional, a Pós- UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 164 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Graduação da IES sempre teve, ao longo de sua história, uma preocupação com a satisfação de seus alunos, denominados pela instituição como alunosclientes, ou seja, com todas as obrigações de um aluno de qualquer instituição de ensino, porém com o tratamento de um cliente. Um mecanismo importante, implementado muito antes de se tomar a decisão de buscar a certificação do sistema da qualidade, foram as chamadas avaliações para o monitoramento dos cursos. Os resultados desse monitoramento sempre foram utilizados como um dos principais indicadores para a medição do desempenho dos cursos, dos professores, da infra-estrutura e de outros serviços oferecidos. Este monitoramento sempre foi utilizado como base de informações para promover atualizações nos programas dos cursos existentes e para criar novos produtos e serviços. Porém o principal problema a ser solucionado com a implementação de um sistema de gestão da qualidade era a sistematização das ações implementadas para a melhoria dos processos. Diante desta constante preocupação com o desempenho dos cursos e alinhada com as mudanças e exigências do mercado, a direção da Pós UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 165 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Graduação da IES optou pela consolidação de seu sistema de gestão da qualidade. A decisão pela certificação ocorreu no final do ano de 2000, em que a direção e a coordenação da qualidade resolveram direcionar suas experiências vividas anteriormente (em indústrias da construção civil e de transformação, respectivamente) em prol de um objetivo inédito: certificar o sistema de gestão da qualidade de um centro de cursos de pós-graduação. Desta forma, foi elaborado um projeto que, aprovado sem restrições pela Diretoria Mantenedora da IES, foi colocado em prática conforme as etapas descritas a seguir. 6.3 - Escolha da Entidade Certificadora O primeiro passo foi a escolha da entidade certificadora, facilitada pelo fato de que tanto a direção como o coordenador da qualidade já possuíam experiências anteriores com a implementação de sistemas da qualidade. Portanto, desde o início do projeto foi descartada a necessidade de contratação de uma consultoria externa. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 166 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Para a escolha da certificadora foram levadas em conta a representatividade da entidade e a disponibilidade para esclarecimentos e negociação durante o processo decisório. Com base nesses critérios, foi escolhido o BVQI (Bureau Veritas Quality International), uma entidade de reconhecimento internacional e que, sem dúvida, estaria capacitada para a realização das auditorias. Definida a entidade certificadora e o gestor para o projeto, iniciou-se a elaboração do projeto de implementação. 6.4 - A Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade Para a implementação do sistema, além do gestor da qualidade, foi designada uma funcionária com dedicação exclusiva para o projeto, visando agilizar a digitação e a elaboração dos procedimentos documentados exigidos pelo padrão normativo, bem como o acompanhamento e o monitoramento das sistemáticas implementadas. O projeto para a implementação do sistema de gestão da qualidade foi realizado em seis meses. Um tempo considerado curto, onde não se pode deixar de ressaltar o alto envolvimento e dedicação da alta direção, do UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 167 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa representante da direção (coordenador da qualidade da Pós-Graduação da IES) e também de todos os envolvidos no processo (funcionários e professores). Este foi um fator muito positivo durante todo o processo de implementação do sistema de gestão da qualidade. O apoio da alta direção e o envolvimento das pessoas acabaram contribuindo bastante para o êxito das ações visando o atendimento aos requisitos do padrão normativo ISO 9001:2000. Pode-se destacar que a principal dificuldade encontrada pela organização foi a falta de referências de outras organizações com o mesmo escopo de certificação. A pós-graduação da IES foi o primeiro centro de pósgraduação do Brasil a obter a certificação do sistema de gestão da qualidade pela norma ISO 9001:2000. Para o cumprimento do cronograma das atividades a serem desenvolvidas, houve a preocupação de se elaborar um programa de treinamentos intensivos para a conscientização dos funcionários. Foram realizadas diversas palestras de no máximo duas horas, para que não se tornassem muito cansativas e, desta forma, promovendo a assimilação dos conceitos da maneira mais agradável possível aos colaboradores. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 168 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Este programa de treinamento teve como foco não só os conceitos de qualidade como também os aspectos motivacionais e comportamentais, para facilitar a implementação das mudanças e assimilação da cultura da qualidade. Inicialmente, os colaboradores demonstraram uma certa apreensão com relação à cultura da qualidade. A partir do momento em que começaram a entender os objetivos da implementação do sistema de gestão, passaram a contribuir de maneira mais efetiva o que resultou na certificação. 6.5 - A Elaboração da Documentação da Qualidade A Pós-Graduação da IES optou pela elaboração de um sistema de gestão simples, porém bastante robusto com relação às sistemáticas e aos procedimentos já existentes. Dessa forma, foram elaborados e documentados, pela coordenação da qualidade, os procedimentos mandatórios (obrigatórios) pelo padrão normativo, constituindo, além do manual da qualidade, mais dez procedimentos da qualidade. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 169 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Com esses documentos foi possível desenvolver um sistema de gestão da qualidade que atendesse aos requisitos estabelecidos pela norma ISO 9001:2000. O quadro 6.1 mostra a lista mestra de documentos do sistema de gestão da qualidade: Quadro 6.1 – Lista Mestra de Documentos do SGQ Sigla Documento MQ Manual da Qualidade PQ-01 Padrão de Documentação e Controle de Emissão de Documentos PQ-02 Controle de Registros da Qualidade PQ-03 Auditorias Internas PQ-04 Controle e Tratamento de Não-Conformidades PQ-05 Tomada de Ações Corretivas PQ-06 Tomada de Ações Preventivas PQ-07 Avaliação de Fornecedores PQ-08 Treinamento PQ-09 Descrição de Funções PQ-10 Tomada de Ações de Melhoria Fonte: IES (2006) Cada coordenação ficou responsável pela elaboração de suas instruções de trabalho em consonância com os requisitos de controle de documentos e UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 170 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa registros definidos pela coordenação da qualidade para atender ao padrão normativo. Com esta estratégia, todas as coordenações acabaram se envolvendo com a implementação do sistema, desenvolvendo suas instruções e entendendo as exigências do sistema com relação aos processos e seus devidos monitoramentos. A Política da Qualidade foi definida e aprovada pela alta direção e foram definidos os Objetivos da Qualidade alinhados com a política e desdobrados entre todos os níveis da organização da Pós-Graduação da IES. Política da Qualidade da Pós-Graduação da IES Prestação de serviços educacionais com qualidade, buscando a melhoria contínua dos processos e a satisfação dos clientes. Este desdobramento foi fundamental para que todos pudessem compreender o seu grau de contribuição para a manutenção e o atendimento à Política da Qualidade da Pós-Graduação da IES. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 171 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Com base na Política da Qualidade, foram definidos os objetivos da qualidade para o sistema de gestão da qualidade como um todo e, posteriormente esses objetivos foram desdobrados em objetivos específicos para os principais processos operacionais da Pós-Graduação. O Quadro 6.2 apresenta os objetivos da qualidade definidos pela instituição: Quadro 6.2: Objetivos da Qualidade Objetivo Indicadores Serviços Educacionais - % de cartas de referência dos cursos realizados In Company com Qualidade - % de ex-alunos que retornam para fazer outro curso - Desempenho do atendimento da Secretaria Satisfação dos Clientes - Qualidade das acomodações da Sala de Aula - Equipamentos Didáticos-Pedagógicos disponibilizados - Média de Desempenho dos Cursos Melhoria Contínua Processos dos - Média de Desempenho dos Instrutores - Média de Desempenho dos Coordenadores Técnicos - Média de Desempenho dos Representantes de Classe Fonte: IES (2006) Para o acompanhamento do nível de satisfação dos clientes, foi desenvolvido e implementado uma questionário para avaliação dos cursos. Neste questionário foram contempladas perguntas relacionadas à percepção dos alunos-clientes em relação ao curso, ao atendimento da secretaria, à infraestrutura (sala de aula, equipamentos disponibilizados), ao desempenho do UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 172 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa coordenador técnico do curso e de cada professor. O modelo de questionário encontra-se no Anexo 1. Com este mecanismo de avaliação, ao longo dos quase cinco anos de certificação, foi possível a implementação de melhorias em praticamente todos os processos, tanto sob o aspecto operacional, como sob o aspecto pedagógico levando em conta as sugestões e solicitações observadas nessas avaliações. Pode-se destacar como uma melhoria no aspecto operacional, a implementação do controle dos prazos para o atendimento a cada tipo de solicitação ao setor de atendimento da secretaria. Neste caso, inicialmente foi definido como indicador do processo, o prazo para o atendimento de cada solicitação e a meta de sete dias úteis para o cumprimento da solicitação. Após um período de monitoramento do processo, identificou-se que para cada tipo de solicitação existiam soluções muito distintas e que exigiam prazos diferenciados, ou seja, para alguns tipos de solicitações a meta de prazo de atendimento de sete dias úteis era atendida com folga enquanto que em alguns tipos de solicitação este prazo não era atendido. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 173 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Com uma análise mais detalhada que só foi possibilitada pelo adequado monitoramento proposto pelo sistema de gestão implementado foi possível mudar a forma de gerenciamento dos prazos para cada tipo de solicitação. Quanto aos aspectos pedagógicos pode-se destacar que nos resultados das avaliações é possível identificar qual é a percepção dos alunos em relação ao desempenho do curso como um todo, destacando sua aplicabilidade e utilidade dos assuntos abordados durante o curso. Estas informações são utilizadas pelos coordenadores técnicos de cada curso e pela coordenação pedagógica quando da revisão dos conteúdos programáticos dos cursos, bem como, quando do desenvolvimento de novos cursos. Com relação ao corpo docente, além do acompanhamento do desempenho individual de cada docente em cada turma em que atua, a coordenação pedagógica desenvolveu e implementou uma sistemática para a contratação de novos docentes, que se baseia além de titulação, na comprovação de experiência acadêmica e profissional na área em que o docente se candidatar para lecionar. É realizada uma aula teste onde o profissional tem a oportunidade de demonstrar suas habilidades aos coordenadores interessados em sua contratação. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 174 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Uma evidência deste aspecto foi a criação de curso de pós-graduação em Gestão de Marketing em Serviços que foi desenvolvido após a identificação através das avaliações preenchidas pelos alunos que a instituição poderia desenvolver um programa de marketing focado em serviços e atendimento. Relacionada aos aspectos operacionais pedagógicos, foi identificado através das avaliações dos cursos, que havia uma demora na divulgação das notas das disciplinas por parte dos professores. Com base nesta informação, foi definido um indicador para o monitoramento deste processo. Ficou definida a meta de trinta dias corridos, a partir do encerramento das aulas da disciplina, para que o professor faça o lançamento das notas no sistema acadêmico e, conseqüentemente, fique disponível aos alunos. Um outro aspecto que foi destacado com grande freqüência nas avaliações respondidas pelos alunos era a dificuldade em ter acesso às informações de notas nas disciplinas e do controle de freqüência, já que para a obtenção destas informações os alunos deviam efetuar uma solicitação junto à secretaria da pós-graduação. Diante desta constante solicitação, a instituição desenvolveu o portal pós online onde a base de dados para consulta é a mesma base de dados utilizada UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 175 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa pelo sistema de gestão acadêmica. Desta forma, os alunos têm acesso a todas as informações acadêmicas neste portal, eliminando totalmente este tipo de solicitação. O desenvolvimento deste portal também foi utilizado para a disponibilização, em meio eletrônico, de materiais didáticos e de apoio para a realização das aulas pois apesar da instituição fornecer os materiais didáticos para as aulas, como apostilas com os slides projetados pelos professores durante as aulas, e o fornecimento de livros textos possibilitando uma leitura complementar, uma constante solicitação identificada nas avaliações era o fornecimento de cópia digital do material utilizado em sala de aula. Inicialmente, o sistema foi totalmente desenvolvido e implementado em meio papel. Com a evolução e assimilação dos colaboradores, o sistema de gestão da qualidade passou para o meio eletrônico, eliminando grande parte da burocracia relacionada ao controle de documentos e registros, que passaram a ser disponibilizados e controlados via rede interna da instituição. Para o atendimento aos requisitos relacionados às auditorias internas, o coordenador da qualidade fez um curso de auditor líder para estar qualificado visando realizar um treinamento de formação de auditores internos para os UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 176 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa colaboradores, no sentido de disseminar ainda mais os conceitos da qualidade. Neste treinamento foram capacitados dez colaboradores de um total de 40 pessoas. Com relação às auditorias externas ou de manutenção, realizadas pelo BVQI, destaca-se que foram realizadas dentro da periodicidade semestral e todas as observações registradas pelos auditores foram analisadas pela coordenação da qualidade e pela direção nas reuniões de análise crítica. Anualmente, a coordenação da qualidade elabora um planejamento da qualidade onde são contempladas todas as ações necessárias para a adequada manutenção do sistema de gestão da qualidade. 6.6 - Diferenciais do Sistema de Gestão da Qualidade Para a adequada comunicação com os clientes, foi criada a função de Coordenação de Relacionamento e Ouvidoria, a qual ocupa papel importante. Essa função facilitou bastante a comunicação direta com os clientes, identificando suas necessidades e oportunidades de melhorias. As informações obtidas durante as visitas às salas de aula e em conversas com os alunos são UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 177 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa registradas e submetidas à análise da alta direção para o desdobramento de ações. Além deste canal de comunicação, foram implementadas outras ações visando ao adequado acompanhamento dos processos e, mais do que isso, foram criados mecanismos para que as informações obtidas pudessem ser comparadas, no sentido de implementar ações que realmente sejam eficazes para o desempenho do sistema. Estas ações envolveram os alunos, por meio de um representante de classe eleito pela turma, e os coordenadores técnicos de cada curso, que mensalmente realizam reuniões de acompanhamento dos cursos, promovendo assim um outro canal de comunicação com os clientes, além de ser uma ação preventiva. As reuniões possuem uma pauta que trata dos seguintes assuntos: - Andamento do curso - Material didático - Atendimento da Secretaria - Instalações / Acomodações - Divulgação de Notas UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 178 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa - Calendário de Aulas - Documentos e Faltas - Sugestões Desta forma, obrigatoriamente em cada reunião, todos os itens destacados são conversados com o representante de classe que apresenta em nome de sua turma, as solicitações, observações, críticas e elogios buscando contribuir para a melhoria dos processos. Estas atas são submetidas mensalmente à análise crítica do comitê da qualidade composto pelo coordenador da qualidade, pela coordenadora pedagógica, pelo coordenador de planejamento e TI, pelo assistente da diretoria e pelo diretor da pósgraduação. Portanto, o monitoramento da satisfação dos clientes passou a ser realizado com o uso de mecanismos que permitiram o total envolvimento dos alunos, seja através do preenchimento das avaliações, dos contatos com a Coordenação de Relacionamento e Ouvidoria ou dos contatos entre representantes de classe e coordenadores dos cursos. A mais importante de todas as ações é o seu principal objetivo: a satisfação dos clientes. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 179 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa A utilização de um mecanismo de avaliação quantitativo e qualitativo possibilita à instituição acompanhar de perto o desempenho de cada curso pois como a avaliação dos cursos é disponibilizada no portal pós online, o coordenador da qualidade tem a possibilidade de, a qualquer momento, identificar qual é o desempenho da avaliação de uma turma de um determinado curso, levando em conta cada requisito avaliado. Como a avaliação é eletrônica, pode-se facilmente obter a média da avaliação de uma turma, geral de um determinado curso, caso tenha mais de uma turma em andamento, geral da pós-graduação com a obtenção das médias finais levando em conta a avaliação de todas as turmas em andamento. O mesmo procedimento de tabulação das avaliações se aplica aos outros indicadores relacionados ao desempenho dos professores, dos coordenadores técnicos, dos representantes de classe, ao atendimento da secretaria, aos equipamentos didático-pedagógicos e à infra-estrutura de sala de aula. Para a parte qualitativa da avaliação, o aluno pode destacar os pontos positivos, os pontos negativos e dar sugestões de melhoria para qualquer processo. Visando o aproveitamento dessas informações, realiza-se uma UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 180 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa análise crítica identificando as solicitações com maior incidência para que sejam objeto de uma análise mais detalhada e possível implementação de ações. Anualmente são consolidados os resultados das avaliações de desempenho de cada indicador da qualidade. Esses resultados são utilizados nas reuniões de análise crítica pela direção para a tomada de decisões e para a implementação de ações de melhoria. A consolidação dos resultados finais anuais obtidos com as tabulações das avaliações respondidas pelos alunos pode ser visualizado no quadro 6.3: Objetivo Indicadores 2001 2002 2003 2004 2005 100% 100% 100% 100% 100% 5,0% 7,2 % 9,7 % 11,5 % 10,6 % 4,3 4,4 4,6 4,5 4,5 4,1 4,2 4,3 4,3 4,2 4,3 4,4 4,5 4,5 4,4 % de cartas de referência dos Serviços cursos realizados In Company Educacionais com % de ex-alunos que retornam para Qualidade fazer outro curso - Desempenho do atendimento da Secretaria Satisfação dos Clientes - Qualidade das acomodações da Sala de Aula - Equipamentos DidáticosPedagógicos disponibilizados UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 181 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa - Média de Desempenho dos Cursos -Média de Desempenho dos Melhoria Instrutores 4,2 4,3 4,3 4,3 4,3 4,4 4,4 4,3 4,4 4,5 4,3 4,5 4,5 4,6 4,6 4,3 4,6 4,4 4,5 4,5 Contínua dos Processos -Média de Desempenho dos Coordenadores Técnicos - Média de Desempenho dos Representantes de Classe Quadro 6.3: Resultados Anuais das Avaliações Fonte: elaborado pelo autor Para um melhor entendimento do quadro 6.3, vale destacar que o critério de notas para a avaliação está em uma escala de zero a cinco como mostra o quadro 6.4: Quadro 6.4: Escala de Notas da Avaliação Ótimo 5 Muito Bom 4 Bom 3 Regular 2 Insatisfatório 1 Fonte: elaborada pelo autor Analisando os resultados obtidos desde 2001, pode-se destacar alguns pontos de relevância para a gestão: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 182 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa - todos os projetos de cursos in company atenderam às necessidades das empresas solicitantes, o que resultou na obtenção de cartas de referência aos projetos desenvolvidos; - houve um aumento no índice de retorno de ex-alunos, justificado pela criação de novos cursos visando atender às demandas de conteúdos específicos, identificadas nas avaliações preenchidas pelos alunos. - observa-se um resultado estável na avaliação do atendimento da secretaria nos últimos dois anos. Isto se justifica pelo fato de que todos os processos administrativos são monitorados com relação ao prazo de atendimento. - observa-se que os resultados das avaliações em relação às acomodações de sala de aula e dos equipamentos didático-pedagógicos não sofreram uma pequena queda no ano de 2005. Isto desdobrou ações da instituição no sentido de adquirir novos computadores para as salas de aula, bem como, a implementação de rede wirelless em todo o campus. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 183 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa - com relação ao desempenho dos cursos, os resultados são bastante estáveis se for considerado que a instituição aumentou o portfólio de cursos oferecidos, e conseguiu manter o mesmo desempenho obtido anteriormente. - o desempenho dos professores apresenta uma evolução que se justifica pelo acompanhamento do desempenho individual de cada docente pelas coordenações pedagógica, da qualidade e técnica de cada curso, visando identificar melhorias no processo de realização da aula. - em relação ao desempenho da coordenação técnica de cada curso, observa-se um resultado estável e bastante adequado considerando a escala de notas utilizada, isto reflete a percepção dos alunos em relação ao envolvimento e atuação de cada coordenador durante a realização do curso. - a avaliação dos representantes de classe, também apresenta um resultado positivo. Neste item, cada turma tem a possibilidade de avaliar a atuação de seu representante eleito junto à sistemática proposta pelo SGQ da instituição. Quando um representante de classe recebe uma má avaliação, o coordenador técnico vai até a sala de aula para identificar os reais motivos da avaliação e, se necessário, há uma substituição do representante de classe. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 184 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa Outro aspecto de grande reconhecimento durante as auditorias de manutenção, realizadas pelo BVQI, são as atas de análise crítica pela alta direção. Este documento passou a ser o documento mais importante do sistema pela forma como todas as informações consolidadas são abordadas e utilizadas para a implementação de melhorias no sistema de gestão. As informações de entrada para a realização destas reuniões de análise crítica são as seguintes: - Relatórios de Auditoria Interna e da Auditoria de Manutenção; - Atendimento à Política da Qualidade, Análise e Revisão da Política da Qualidade e dos Objetivos da Qualidade; - Análise Consolidada das Ações Corretivas / Preventivas; - Análise dos resultados das Avaliações dos Cursos; - Análise Consolidada dos Relatórios de Atendimento Pessoal da Coordenação de Relacionamento e Ouvidoria; - Análise Consolidada dos Relatórios de Acompanhamento de Processos; - Análise do Desempenho dos Indicadores da Qualidade; UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 185 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa - Recomendações para Melhoria do Sistema da Qualidade; - Análise do orçamento para disponibilização de recursos para o Sistema da Qualidade. - Análise do desempenho dos fornecedores críticos. - Documentação do SGQ para revisão e revalidação. - Análise de Situações que possam impactar o SGQ. - Documentação de Origem Externa. - Ações oriundas de reuniões e atas anteriores consideradas em cada tópico da pauta da ata desta reunião. Com todas estas informações com dados de entrada para a realização da reunião semestral de análise crítica é possível implementar as ações necessárias para a manutenção e implementação de melhorias no sistema de gestão da qualidade. 6.7 - Resultados Alcançados após a Certificação Quando uma organização define como meta fazer a implementação de um sistema de gestão da qualidade, na verdade ela tem como principal objetivo UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 186 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa implementar ações de melhoria para atender às necessidades e aos requisitos dos clientes. Dessa forma, após a implementação, todos esperam ansiosamente o final de cada período de monitoramento para realizar a análise dos resultados obtidos. No caso da Pós-Graduação da IES, não foi diferente. Ao final de cada período, são realizadas as reuniões de análise crítica, em que a consolidação dos dados é devidamente analisada e o resultado desta análise é divulgado a todos os envolvidos. Observa-se que, desde a obtenção da certificação do seu sistema de gestão da qualidade, a Pós-Graduação tem apresentado resultados de melhoria de desempenho de seus cursos, professores e serviços oferecidos. Isso se justifica pelos resultados anuais obtidos por meio dos monitoramentos dos processos apresentados anteriormente no quadro 6.3.. Esse esforço e dedicação têm levado a Pós-Graduação da IES a receber muitos elogios espontâneos de seus alunos, assim como cartas de referência UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 187 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa das empresas onde são desenvolvidos projetos fechados, os chamados cursos in company. Considerando a gestão da instituição de ensino superior, pode-se destacar os seguintes resultados: - Implementação de melhorias no processo educacional através do acompanhamento e desdobramento de ações para melhorar o desempenho dos cursos e dos docentes atuantes nestes programas; - Monitoramento, controle e implementação de melhorias no processo de atendimento e de gestão acadêmica, em virtude da realização de auditorias internas e externas, acompanhamento dos indicadores e da implementação de sugestões dos alunos, professores, alunos e funcionários. - Disponibilização do sistema de gestão da qualidade em meio eletrônico aos envolvidos e interessados via intranet da pós-graduação. - Sistematização das ações implementadas para a melhoria dos processos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 188 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ CAPÍTULO 6: Apresentação da Pesquisa A tradução desta satisfação do cliente em um macro resultado é verificada através do crescimento da unidade, que, em razão do aumento do número de turmas, teve de criar novas unidades em São Paulo e nas cidades de São José dos Campos e Ribeirão Preto. Desta forma, pode-se afirmar que a implementação do sistema de gestão da qualidade foi um fator importante para o crescimento de forma estruturada da unidade de pós-graduação da IES. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 189 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão CAPÍTULO 7: Discussão Neste capítulo, apresenta-se uma análise da pesquisa-ação apresentada e das possibilidades para que uma instituição de ensino superior possa implementar melhorias em seu sistema de gestão certificado pela norma ISO 9001:2000. De acordo com a classificação definida pela Standard Industrial Classification (ISIC), formulada por um grupo de especialistas de vários países, reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1968 para esse fim, a educação é classificada como um serviço ao consumidor. Segundo a classificação proposta por Kotler e Keller (2006), o serviço educação se enquadra na categoria serviço principal associado a bens ou serviços secundários. A pesquisa-ação, apresentada no capítulo 6 deste trabalho, demonstra que o modelo de gestão proposto pela norma ISO 9001:2000 é passível de implementação, sem maiores problemas em instituições de ensino superior, sugerindo que também o seja em qualquer tipo de organização. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 190 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão Conforme Hoffman e Bateson (2003), a melhor maneira de abordar o assunto é, talvez, distinguir entre medição da qualidade do serviço e medição da satisfação do cliente. Para os especialistas, a satisfação do cliente é uma medida de curto prazo, específica da transação, ao passo que a qualidade do serviço decorre da avaliação geral, de longo prazo, de um desempenho. No caso dos serviços de educação, esta afirmação é aplicável na íntegra. De fato, conforme a pesquisa-ação apresentada, existe um mecanismo de avaliação da satisfação do cliente, bem como da avaliação do desempenho do sistema como um todo, que permite levar a cabo essas verificações conforme demonstrado anteriormente no quadro 6.3.(página 177 desse trabalho). Com esta perspectiva, pode-se fazer as seguintes considerações: a) A classificação sugerida por Garvin (1984) pode ser utilizada para o caso apresentado: - Desempenho: para um curso, refere-se primordialmente a conhecimentos e valores fornecidos pelo curso, como também qualidade do ensino e dos professores. Na avaliação utilizada pela UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 191 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão instituição em estudo, esta característica é controlada nas questões relacionadas ao desempenho do curso e dos docentes. - Características: são os “adereços” dos cursos, aquelas características secundárias que suplementam o funcionamento básico do curso. Assim, para o serviço de apoio, características está relacionada com a velocidade e eficácia do atendimento. Pode-se utilizar esta percepção em relação ao serviço de atendimento da secretaria da instituição de ensino que também é um item da avaliação utilizada pela instituição. - Confiabilidade: está muito relacionada à percepção da marca da instituição de ensino, que normalmente consegue esta percepção de marca através de produtos reconhecidos pelo mercado e pelos profissionais ex-alunos, que se destacam no mercado. Podese identificar esta característica no índice de retorno de ex-alunos para a participação em um novo curso. - Conformidade: o grau em que o projeto pedagógico é cumprido e as características operacionais de um curso estão de acordo com padrões preestabelecidos. Identifica-se o cuidado com UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 192 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão esta característica na avaliação dos docentes, onde são avaliados os requisitos: conhecimento e experiência no assunto, clareza ao expor, respostas adequadas aos alunos, planejamento das aulas e conteúdo e qualidade do material didático. - Durabilidade: está relacionado à aplicabilidade no tempo dos conteúdos abordados durante o curso. Esta característica pode ser observada pelo tempo de existência dos cursos, em virtude da aceitação dos alunos-clientes, identificada através das avaliações. - Atendimento: rapidez, cortesia e facilidade para pequenos ajustes durante o curso. Esta característica pode ser identificada através da avaliação dos coordenadores técnicos que são os gestores do processo de realização de um curso. - Estética: a dimensão estética está relacionada com o local onde são realizados os cursos. Desta forma, sala de aula com recursos adequados contribui diretamente para o atendimento a este requisito. A percepção desta característica é obtida pela avaliação nos itens relacionados às acomodações de sala de aula e aos equipamentos didático-pedagógicos disponibilizados. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 193 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão - Qualidade percebida: este item é o de maior importância para um processo educacional, pois destaca a percepção de todos os serviços oferecidos, tanto os relacionados aos processos pedagógicos como os relacionados aos processos de apoio. Esta característica é identificada na avaliação geral dos cursos e docentes, bem como através das consolidações anuais dos resultados de avaliação obtidos. b) A instituição de ensino superior estudada oferece um ensino de qualidade, bem como pratica uma gestão adequada e alinhada com as melhores práticas do mercado. Este é um diferencial competitivo, pois esta instituição oferece programas de educação continuada tendo como público alvo, profissionais de mercado que buscam o aperfeiçoamento profissional. Desta forma, estudando outros modelos de gestão, apresentados no capítulo três deste trabalho, pode-se sugerir a utilização do modelo de gestão proposto pelo Prêmio Paulista de Qualidade na Gestão, como um próximo passo a ser dado pela instituição na busca pela melhoria da qualidade. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 194 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão O modelo de excelência proposto pelo Prêmio Paulista de Qualidade na Gestão (PPQG) é dividido em oito critérios, classificados da seguinte forma: 1. Liderança 2. Estratégias e planos 3. Clientes 4. Sociedade 5. Informações e conhecimento 6. Pessoas 7. Processos 8. Resultados O critério Liderança não seria difícil de assimilação, tendo em vista que, em um modelo de gestão da qualidade, o envolvimento da direção é um requisito básico e, portanto, já se verifica na prática. Em Estratégias e Planos, a instituição de ensino deverá avaliar o seu processo de formulação das estratégias, de modo que determine o posicionamento da organização no mercado, direcione as suas ações e maximize o seu desempenho, incluindo como as estratégias, os planos de ação UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 195 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão e as metas são estabelecidos e desdobrados por toda a organização e comunicados interna e externamente. Também deverá examinar seu sistema de medição de desempenho. O critério Clientes examina como a organização identifica, analisa e compreende as necessidades dos clientes e dos mercados e se antecipa a elas, como divulga seus produtos, suas marcas e suas ações de melhoria e estreita seu relacionamento com os clientes. Também examina como a instituição mede e intensifica a satisfação e a fidelidade dos clientes em relação aos produtos e marcas. Este critério seria facilmente atendido, pois a organização já possui um sistema de gestão da qualidade onde o foco é a satisfação dos clientes. Para o critério Sociedade, a instituição de ensino deverá relatar como contribui para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, de modo sustentável, por meio da minimização dos impactos negativos potenciais dos seus produtos e operações na sociedade e como interage com a sociedade de maneira ética e transparente. O critério Informações e conhecimento será atendido pela instituição de ensino se ela definir e apresentar a gestão e a utilização das informações da UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 196 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão organização e de informações comparativas pertinentes, bem como a gestão do capital intelectual da organização. No critério Pessoas, a instituição de ensino deverá apresentar como são proporcionadas condições para o desenvolvimento e utilização plena do potencial das pessoas que compõem a força de trabalho, em consonância com as estratégias organizacionais. Também deverão ser apresentados os esforços para criar e manter um ambiente de trabalho e um clima organizacional que conduzam à excelência do desempenho, à plena participação e ao crescimento pessoal e da organização. O critério Processos será atendido com a apresentação dos principais aspectos da gestão dos processos da organização, incluindo o projeto do produto com foco no cliente, a execução e entrega do produto, os processos de apoio e aqueles relacionados aos fornecedores, em todos os setores e unidades. A instituição de ensino deverá evidenciar como administra seus recursos financeiros para dar suporte à sua estratégia, seus planos de ação e a operação eficaz de seus processos. O último critério, o de Resultados, será atendido se a instituição de ensino apresentar a evolução do desempenho da organização em relação aos UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 197 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão clientes e aos mercados, à situação financeira, às pessoas, aos fornecedores, aos processos relativos ao produto, à sociedade, aos processos de apoio e aos processos organizacionais. Também deverá apresentar os níveis de desempenho em relação às informações comparativas pertinentes. Acredita-se que este modelo de gestão é o mais adequado para a instituição de ensino na seqüência de seu aperfeiçoamento, pois baseia-se em uma abordagem por processos, como o modelo proposto pela norma ISO 9001:2000, o qual a instituição já utiliza. Portanto, não haverá a necessidade de grandes alterações no modelo já existente e sim uma ampliação da abordagem para o atendimento aos critérios do modelo de excelência. Numa etapa posterior, o desafio que se colocaria à instituição de ensino seria concorrer ao Prêmio Nacional da Qualidade. Os critérios de excelência permitem uma visão do desempenho global da organização, porém se faz necessária uma ferramenta ou uma metodologia que possibilite a integração das ações entre as principais perspectivas da estrutura de uma empresa. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 198 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão c) Visando contribuir para a implementação das estratégias estabelecidas pelo modelo de excelência, acredita-se que a utilização da metodologia proposta por Kaplan e Norton (1997, p.20), o Balanced Scorecard (BSC), será a ferramenta mais adequada, pois “traduz a missão e a visão das empresas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica”. Como a instituição de ensino já possui um modelo de gestão com objetivos claramente definidos, indicadores de desempenho para o monitoramento dos processos e um enfoque de melhoria contínua, buscar a implementação do BSC não será algo tão difícil, pois todos os envolvidos já estão alinhados com o modelo de gestão e possuem a cultura da qualidade. A metodologia do BSC estabelece uma relação de causa e efeito entre as quatro perspectivas: financeira, do cliente, processos internos e aprendizado e crescimento. Para cada perspectiva deverão ser definidos objetivos e indicadores para a medição do desempenho e metas a serem atingidas. Com base na análise de desempenho dos indicadores, são tomadas as iniciativas visando ao atendimento dos objetivos estabelecidos. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 199 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 7: Discussão Acredita-se que, com a manutenção do sistema de gestão da qualidade já implementado, com a utilização do Balanced Scorecard como a metodologia para a implementação das estratégias e para o monitoramento dos resultados obtidos, e com os critérios de excelência propostos pelo Prêmio Paulista da Qualidade na Gestão como estratégia a ser implementada, a instituição de ensino poderá obter, a médio prazo, ainda melhores resultados em sua gestão. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 200 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 8: Considerações Finais e Conclusões CAPÍTULO 8: Considerações Finais e Conclusões Esse trabalho teve como principal objetivo a apresentação da problemática da busca da qualidade em instituições de ensino superior. Os objetivos específicos foram: - Estudar como os conceitos da Qualidade são aplicados na gestão de uma unidade de ensino; - Apontar as peculiaridades da Qualidade dos Serviços na educação; - Identificar as ações necessárias num processo de busca da excelência na gestão. A revisão bibliográfica permitiu a identificação e classificação do ensino como um serviço que pode e deve ser devidamente gerenciado. Os modelos de gestão da qualidade apresentados neste trabalho, são passíveis de implementação em qualquer tipo de conseqüentemente em uma instituição de ensino superior. organização, e UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 201 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 8: Considerações Finais e Conclusões A apresentação de um estudo de caso de uma experiência positiva de uma instituição de ensino superior que implementou um sistema de gestão da qualidade, pode servir como um exemplo a ser seguido por outras instituições. Acredita-se, portanto que os objetivos propostos para este trabalho foram alcançados. E, desta forma, espera-se ter contribuído no âmbito acadêmico, para a Administração da Produção e Operações, pois se apresenta uma análise das possibilidades de implementação dos modelos de gestão da qualidade no setor de serviços, mais especificamente em instituição de ensino superior. Sob a ótica corporativa, apresenta-se a proposta de implementação de sistemas de gestão em instituições de ensino superior a partir da explanação de uma experiência de sucesso no setor da educação com a certificação ISO 9001:2000 e oferece outras possibilidades para a continuidade do aperfeiçoamento do sistema de gestão. Para a sociedade, existe um componente de responsabilidade social, tendo em vista que uma instituição de ensino tem um papel importante na formação profissional dos integrantes da sociedade. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 202 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR____ CAPÍTULO 8: Considerações Finais e Conclusões Por fim, a realização do presente trabalho suscitou as seguintes sugestões para outras pesquisas: - Estudar a possibilidade da implementação de um sistema de gestão ambiental em uma instituição de ensino; - Estudar a possibilidade da implementação da metodologia seis sigma nos processos de uma instituição de ensino; - Avaliar a possibilidade de implementação de um sistema de gestão da saúde e segurança no trabalho. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) 203 GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ____ Referências Bibliográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, K. Revolução nos Serviços: Como as empresas podem revolucionar a maneira de tratar os seus clientes. São Paulo: Pioneira, 1992. ____________. 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