Congregação dos Oblatos de São José no Brasil

Transcrição

Congregação dos Oblatos de São José no Brasil
Uma abordagem histórica da
Congregação dos
Oblatos de São José
no Brasil
1919 - 2009
Organização:
FERNANDO KLEIN
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Uma abordagem histórica da
Congregação dos
Oblatos de São José
no Brasil
1919 - 2009
Organização:
FERNANDO KLEIN
Revisão:
LEONICE APARECIDA BERTOLIN
Diagramação:
CLAUDEMIR DE LIMA
Impressão:
NONONONNNON
Esta publicação foi preparada e editada
pela Província Nossa Senhora do Rocio –
Congregação dos Oblatos de São José
Rua João Bettega, 796 – Bairro Portão
81070.000 – Curitiba – PR
SETEMBRO DE 2009
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Sumário
Introdução ...................................................................................................................................................
Mensagem do Superior Geral ..................................................................................................................
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PRIMEIRA PARTE
A CHEGADA DOS OBLATOS AO PARANÁ
1 – A viagem desgastante .........................................................................................................................
2 – Primeiros campos de Apostolado .....................................................................................................
3 – Chegada do segundo grupo de religiosos ao Brasil .......................................................................
4 – Grandes dificuldades no início da missão .......................................................................................
5 – Aventuras em alto mar e nas florestas fechadas .............................................................................
6 – Novos rumos na missão brasileira ....................................................................................................
7 – Dias de luto: Congregação chora seus mortos ................................................................................
8 – Esperança que se renova após a Grande Guerra ............................................................................
9 – Vale do Ivaí: um campo promissor de apostolado .........................................................................
10 – Primeiro padre josefino brasileiro ...................................................................................................
SEGUNDA PARTE
CONSOLIDAÇÃO DA MISSÃO BRASILEIRA
1 – Armando Círio: um sacerdote com olhos para o futuro ...............................................................
2 – Os josefinos deixam a Catedral de Apucarana ...............................................................................
3 – Morte de Severino Cerutti é sentida pelos Oblatos ........................................................................
4 – Os difíceis anos 70 no Brasil ...............................................................................................................
5 – Idas e vindas: o desafio de manter o foco ........................................................................................
6 – Josefinos brasileiros: a semente plantada gera frutos ....................................................................
7 – Reorganização administrativa e foco nas pastorais .......................................................................
8 – Uma Província aberta para o futuro .................................................................................................
TERCEIRA PARTE
CAMINHO VOCACIONAL
Introdução ...................................................................................................................................................
1 – Animação vocacional ..........................................................................................................................
2 – Ourinhos: marca do caminho vocacional dos Oblatos ..................................................................
3 – Estágios de formação ...........................................................................................................................
3.1 – Pré-seminário .....................................................................................................................................
3.2 – Seminário Menor ...............................................................................................................................
3.3 – Seminário Menor de Vocações Adultas ........................................................................................
3.4 – Noviciado ...........................................................................................................................................
3.5 – Filosofia ...............................................................................................................................................
3.6 – Teologia ..............................................................................................................................................
4 – Nossos seminários ...............................................................................................................................
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QUARTA PARTE
NOSSAS PARÓQUIAS
Introdução ...................................................................................................................................................
1 – Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão – Curitiba ..........................................................................
2 – Paróquia Nossa Senhora do Loreto – São Paulo .............................................................................
3 – Paróquia Nossa Senhora de Fátima – São Paulo ............................................................................
4 – Paróquia-Santuário Santa Edwiges – São Paulo .............................................................................
5 – Paróquia-Santuário Nossa Senhora de Guadalupe - Ourinhos (SP) ...........................................
6 – Paróquia São João Batista - Ourinhos (SP) .......................................................................................
7 – Paróquia Nossa Senhora do Carmo - Londrina (PR) .....................................................................
8 – Paróquia-Santuário São José - Apucarana – (PR) ...........................................................................
9 – Paróquia São José Operário - Cascavel (PR) ....................................................................................
10 – Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Três Barras do Paraná (PR) ...........................................
11 – Paróquia São Francisco de Assis- Aripuanã (MT) ........................................................................
12 – Paróquia Sagrada Família - Colniza (MT) .....................................................................................
13 – Paróquias atendidas ao longo da história ......................................................................................
13.1. – Paraná ..............................................................................................................................................
13.2. – São Paulo .........................................................................................................................................
13.3. – Santiago do Chile ...........................................................................................................................
QUINTA PARTE
JOSEFINOS: VOCAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO
Introdução ...................................................................................................................................................
1 – Primeira experiência em Paranaguá .................................................................................................
2 – Colégio São José, 60 anos de dedicação à educação .......................................................................
2.1 – Escola Paroquial São José na década de 40 ...................................................................................
2.2 – Novo prédio construído na metade da década 50 .......................................................................
2.3 – Reforma escolar .................................................................................................................................
2.4 – Pioneirismo e dificuldades ..............................................................................................................
2.5 – Tempos atuais ....................................................................................................................................
2.6 – Filosofia do colégio ...........................................................................................................................
5.7 – Padre José Canale ..............................................................................................................................
2.8 – Três gerações ......................................................................................................................................
2.9 – Depoimentos ......................................................................................................................................
2.9.1 – Padre José Antonio Bertolin ........................................................................................................
2.9.2 – Professor Paulo Aparecido Kisner ..............................................................................................
2.9.3 – Professora Rosiney Pimenta .........................................................................................................
2.9.4 – Zeladora Juraci Rodrigues de Oliveira ......................................................................................
3 – Colégio Bagozzi: tradição e excelência no ensino ..........................................................................
3.1 – Padre João Bagozzi, um educador nato ........................................................................................
3.2 – Depoimentos ......................................................................................................................................
3. 2.1 – Professora Vânia da Fonseca Turra ..........................................................................................
3. 2.2 – Walter Sérgio Stavitzki ................................................................................................................
3.2.3 – Professora Maria Lúcia P. Martynyszyn ....................................................................................
4 – Faculdade Bagozzi, um novo espaço para a educação em Curitiba ...........................................
5 – Outras experiências na área de educação ........................................................................................
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SEXTA PARTE
MISSÕES JOSEFINAS
Introdução ...................................................................................................................................................
1 – Uma missão no Chile ...........................................................................................................................
2 – Aripuanã: uma missão josefina na Amazônia ................................................................................
2.1 – Realidade local ..................................................................................................................................
2.2 – Início oficial da missão mato-grossense ........................................................................................
2.3 – Reconhecimento do terreno .............................................................................................................
2.4 – Violência agrária ...............................................................................................................................
2.5 – Os últimos anos .................................................................................................................................
2.6 – Colniza ................................................................................................................................................
SÉTIMA PARTE
GRANDES OBLATOS
1. – José Calvi, o “Padre Santo” ...............................................................................................................
1.2 – No Sanatório ......................................................................................................................................
2 – Padre Pedro Bianco ..............................................................................................................................
3 – Padre Natale Brusasco ........................................................................................................................
4 – Padre Pedro Magnone .........................................................................................................................
5 – Padre Mário Tésio ................................................................................................................................
6 – Padre Bernardino Baccolo ..................................................................................................................
7 – Padre Mário Briato ...............................................................................................................................
8 – Padre Severino Cerutti ........................................................................................................................
9 – Padre José Canale .................................................................................................................................
10 – Irmão Pietro Cuffini ...........................................................................................................................
11 – Padre Carlos Ferrero .........................................................................................................................
12 – Padre Duílio Liburdi .........................................................................................................................
OITAVA PARTE
APOSTOLADO JOSEFINO
1 – A importante contribuição dos leigos ..............................................................................................
2 – Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana ..............................................................................
3 – O trabalho com a juventude ...............................................................................................................
4 – A Congregação das Oblatas de São José ..........................................................................................
5 – As Obras Sociais ...................................................................................................................................
NONA PARTE
SUPERIORES DA PROVÍNCIA NOSSA SENHORA DO ROCIO .....................................................
BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................................................
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Introdução
A Congregação dos Oblatos de São José foi fundada no dia 14 de março de 1878 em Asti,
norte da Itália, pelo então padre José Marello. Preocupado com o abandono em que viviam os
jovens de seu tempo, o padre Marello reuniu um grupo formado por quatro pessoas dispostas
a dedicar suas vidas pela educação cristã da juventude. Nos anos seguintes muitos outros
juntaram-se àquela obra. Em 1889, José Marello tornou-se bispo da Diocese de Ácqüi (Itália) e
faleceu em 1895, aos 51 anos de idade. No entanto, a família josefina continuou a crescer e
tornar-se presente em outros países. Hoje, somam cerca de 500 membros e encontram-se na
Itália, Filipinas, Brasil, Estados Unidos, Peru, Bolívia, México, Polônia, Índia, Nigéria e Austrália.
Os Oblatos chegaram ao Brasil em 1919, convidados pelo bispo de Curitiba Dom João
Francisco Braga. O primeiro campo de apostolado da Congregação foi Paranaguá, onde os
padres atendiam todo o litoral paranaense. Hoje, a instituição está presente em numerosas
cidades dos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso.
Este livro tem como propósito narrar de forma resumida a trajetória da Província Nossa
Senhora do Rocio, o braço da Congregação dos Oblatos de São José no Brasil, desde os primeiros anos no litoral do Paraná e em Curitiba até os dias de hoje, com os novos desafios na
missão do Mato Grosso, em uma região cortada pela floresta amazônica, nas cidades de
Aripuanã e Colniza, sem esquecer o trabalho de evangelização voltado à educação na região
do Vale do Ivaí, Ourinhos, Curitiba e São Paulo (capital). Este trabalho pretende servir de
suporte de conhecimento para as comunidades atendidas pela Congregação, que poderão
encontrar nessas páginas um resumo detalhado dessa trajetória de fé e abnegação, iniciada
em 1878 com a Congregação fundada por São José Marello e conduzida até os dias de hoje por
seus religiosos em unidade com os leigos josefinos, que têm São José como o protetor por
excelência.
O autor
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Mensagem do Superior Geral
Pe. Miguel Piscopo
Superior Geral dos Oblatos de São José
Uno-me a todos os Oblatos de São José da Província Nossa Senhora do Rocio para agradecer a Deus pelos 90 anos de presença dos filhos espirituais de São José Marello no Brasil e
pelos 60 anos do trabalho evangelizador deles no Vale do Ivaí. Foram realmente longos anos
de graça, nos quais Deus manifestou a todos o seu amor e sua proximidade. Posso dizer que
no decorrer desses anos o Senhor Jesus acompanhou o ministério de inúmeros Oblatos que
deram suas vidas pelo Reino. Lembro com bastante saudade dos seis anos que passei no Brasil, os quais serviram para me fazer crescer na fé e sempre mais na busca ao Senhor.
Como não lembrar o pequeno grupo dos cinco primeiros missionários Oblatos que chegaram ao litoral de Paranaguá com muita pobreza e humildade, mas muito ricos de fé e de
vontade de levar o evangelho aqueles habitantes? Eles colocaram suas vidas nas mãos da
Divina Providência e viveram com muito entusiasmo e vontade a própria vocação em meio a
inúmeras dificuldades: saúde, trabalho, adaptação ao clima, viagens, comida, solidão, dificuldades com a língua e com a nova cultura... Viveram entre o povo pobre e simples e foram
amados, estimados e respeitados. Foram missionários heróicos e sacrificados pelo evangelho.
De seu sangue, de seu suor e de seu zelo apostólico nasceram as novas gerações dos Oblatos.
Aquilo que eles “semearam entre lágrimas”, agora outros Oblatos estão “recolhendo com alegria”. Todos vocês Oblatos, Oblatas e Leigos Josefinos Marellianos, sejam filhos espirituais
deles e os imitem. Lembrem-se de que os filhos dos missionários não podem ser senão missionários.
Missionário é aquele que é “íntimo” de Jesus, é aquele que tem, como afirma São Paulo,
“os mesmos sentimentos de Jesus”. Missionário é aquele que faz do evangelho o centro de sua
vida e da oração o seu alimento constante. É aquele que se “encarna” na realidade e na cultura
do povo, que carrega Jesus em sua vida concreta todos os dias. É aquele que sofre com quem
sofre, que se alegra com quem é feliz, que é capaz de dar a sua vida para os pobres e necessitados. O missionário não está surdo ao “grito silencioso” do povo que pede para ser alimentado
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pela Palavra e pela Eucaristia, e também pelo pão cotidiano; de ter uma moradia digna, um
trabalho estável e de ser respeitado em seus direitos fundamentais. O coração do missionário
é sensível a tudo isso e procura dar uma resposta paterna e fundada na fé no Senhor Jesus.
Penso em tantos Oblatos que ao longo destes anos construíram o Reino de Deus no Brasil. Muitos deles já estão gozando da visão de Deus e outros continuam no trabalho
evangelizador. Imagino-os passando pelas ruas para visitar as famílias, as crianças e os doentes; imagino-os celebrando os sacramentos, catequizando e enxugando as lágrimas derramadas pela dor de tantos irmãos; imagino-os animando os fracos, escutando e orientando os
jovens, formando as consciências das pessoas e dando indicações éticas para todos. Mas eles
não poderiam ter feito muito sem a colaboração e co-participação dos leigos, dos verdadadeiros
cristãos, abertos e desejosos em propagar o evangelho.
Caros Oblatos, Oblatas e Leigos Josefinos Marellianos, membros da única e grande família dos filhos espirituais de São José Marello, desejo-lhes por ocasião destas duas bonitas comemorações, dos 90 e dos 60 anos, que tenham a capacidade de colocar sempre mais o Cristo
eucarístico no centro de suas vidas e de seus compromissos. A vida sacramental e a meditação
bíblica leve-os sempre mais ao Coração de Jesus, a fim de que sejam sempre seus profetas no
mundo de hoje. A variedade de seus carismas e de suas vocações (religiosa e laical), unidas,
demonstrarão toda a riqueza e a unidade da Igreja. Se vocês colocarem como fundamento de
suas vidas a contemplação da misericórdia de Deus, terão a capacidade de ver ao seu redor os
necessitados e serão solidários com cada um deles, sem fazer diferenças, assim como agia
Jesus. Compartilhando as responsabilidades, de acordo com a vocação específica de cada um
de vocês, haverão de demonstrar a todos que a Família do Santo Marello é guiada pelo Espírito Santo. Sejam profetas fidedignos do amor de Deus, semeadores de esperança neste mundo,
digam a todos que a morte, o sofrimento, as doenças, o egoísmo, o mal não são as últimas
palavras na história pessoal ou comunitária do ser humano. A vida e o bem hão de triunfar
porque Cristo sofreu, morreu, mas ressuscitou.
Peço a Deus que em todos vocês cresça a “paixão por Cristo” e a satisfação em serem
filhos do Santo Marello. Vendo estes primeiros 90 anos de presença no Brasil e de 60 no Vale
do Ivaí, posso dizer com toda sinceridade e do profundo do meu coração: “Estou orgulhoso
em ser filho do Santo Marello juntamente com todos vocês”. Que a Igreja do Brasil torne-se
sempre maior, mais unida e mais evangelizadora, através do carisma e da espiritualidade de
São José Marello e de todos vocês, queridos confrades, irmãs e leigos. Invoco para vocês a
intercessão de Maria, mãe de nossa vocação, de São José e de São José Marello. Mas a flor mais
bonita e mais pura que os Oblatos fizeram florescer no Brasil é aquela do Servo de Deus, o
nosso confrade Pe. José Calvi. Se ele se tornou santo no Brasil, também vocês poderão ser
santos no Brasil. Acompanho-os com amor e estima. Quero bem a todos e os trago em meu
coração.
Pe. Miguel Piscopo
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Primeira parte
A chegada dos Oblatos ao Paraná
1 - A viagem desgastante
Porto de Paranaguá na década de 20: cidade foi um dos primeiros campos de apostolado dos josefinos no Brasil
O navio corta os mares do Oceano Atlântico rumo ao Brasil, deixando para trás o Porto
de Gênova, na Itália, ponto de partida da longa viagem em direção aos trópicos sul-americanos. A embarcação baila sobre as ondas agitadas e violentas, formando um espetáculo único
para os passageiros. No convés, com os olhos voltados para o horizonte que procura desvendar, um homem vestido de batina preta, ainda bastante jovem, exclama no idioma italiano aos
quatro companheiros de travessia, batizando o navio do qual não poderiam se separar durante vinte dias até o desembarque no Rio de Janeiro:
- Parece uma bailarina dos mares!
O homem de batina preta e de olhar penetrante é o padre Emílio Martinetto, de 32 anos,
integrante da Congregação dos Oblatos de São José de Asti, na Itália. Os companheiros de fé e
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de família religiosa são os também padres Pedro Bianco, 50; José Adamo, 43; e Francisco
Omegna, 43; além do irmão Camilo Mellino, 53.
O ano é 1919. O navio “Ballerine del Mare”, apelido que virou nome oficial na brincadeira entre os religiosos italianos, partiu de Gênova no dia 15 de setembro rumo ao Brasil, onde
aportaria no dia 5 do mês seguinte.
Irmão Camilo Mellino
Pe. José Adamo
Emilio Martinetto
Pe. Francisco Omegna
Pe. Pedro Bianco Pe.
Os cinco primeiros missionários Oblatos
que iniciaram a missão josefina no Brasil
Os padres e o irmão carregam na bagagem algumas peças de roupas, livros de oração
dos quais não podem separar-se, poucas liras no bolso e uma enorme missão pela frente: fincar, no Brasil, as raízes da Congregação dos Oblatos de São José.
O destino do grupo italiano é Curitiba, no Paraná. Nenhum dos padres e tampouco o
irmão dominam a língua portuguesa. O território brasileiro, inóspito e carente de religiosos
para pregar a Palavra de Deus, é um mistério para esses cinco homens. Mesmo sem conhecer
a fundo o país que abraçariam, aceitaram o desafio de plantar as sementes da Congregação no
Brasil, devotando amor e gratidão à Igreja e, especialmente, a São José, seu padroeiro e modelo inspirador.
Esses homens sabiam claramente os propósitos da missão e a responsabilidade que a
eles cabia. Na fé em Deus, buscavam reunir forças para o desígnio; na devoção a São José,
colocavam o espírito para propagar o ideal de humildade e abnegação em solo brasileiro, sem
esperar recompensa.
O grupo tinha vivo na memória todo o percurso que culminou no início da viagem. Essa
importância da missão fortalecia os religiosos italianos e enchia os seus corações de alegria.
No fundo, todos sabiam que fariam parte da história. No início de 1919, o bispo de Curitiba,
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Dom João Francisco Braga, escreveu um relatório à Santa Sé implorando o envio de padres
para a Diocese. Apresentou-se como um “mendigo em busca de sacerdotes” e também um
“bispo sem padres”.
Essa necessidade chegou ao conhecimento do padre João Batista Cortona, então Superior Geral da Congregação dos Oblatos de São José em Asti. O pedido veio ao encontro da
instituição que também desejava expandir a sua atuação para a América Latina. Cortona e o
bispo curitibano se encontraram na Itália, quando acertaram a vinda de integrantes da Congregação para o Brasil, que foi autorizada oficialmente pela Santa Sé no dia três de maio de
1919. Quatro meses depois, Bianco, Adamo, Omegna, Martinetto e Mellino partiam para o
Brasil com essa nobre e árdua missão, de tornar presente a Congregação nesse País, e também
de levar fé a um povo carente de quem lhe ensinasse a verdadeira Palavra de Deus. A chegada
ocorreu no dia cinco de outubro no Rio de Janeiro e no dia 17 deste mesmo mês em Curitiba.
A viagem foi cansativa e quase todos os religiosos passaram mal a bordo, especialmente
o padre Bianco, designado Superior da missão brasileira.
- É um mal de mar, é um mal de mar – repetia o padre, logo após a chegada ao Rio de
Janeiro. Bianco permaneceu seis dias sem comer no navio. O mar agitado mexeu com o seu
organismo. O estômago e a cabeça doíam com o barulho das ondas e a maresia. A indisposição sugou-lhe as forças.
No Rio de Janeiro, o grupo ficou por dez dias para recompor-se da travessia dos mares.
Em 15 de outubro, a última etapa da viagem teve início. Em vez do navio, o trem foi o veículo
de transporte dos religiosos italianos. Após 48 horas, os padres e o irmão chegavam a Curitiba,
onde foram acolhidos no Seminário Diocesano, administrado na época pelos vicentinos.
Em 1919, o Paraná tinha cerca de 400 mil habitantes. A extensão do Estado chamou atenção dos religiosos italianos, que observaram que o território paranaense era maior do que a
Itália Setentrional, mas pouco habitado. Em Curitiba, moravam 70 mil pessoas. Apenas a colônia italiana representava 5 mil moradores da capital do Estado.
O Seminário Diocesano foi a casa dos Oblatos de São José por três meses, prazo suficiente para que o grupo pudesse aclimatar-se aos trópicos e enfrentar os primeiros desafios da
nova língua, o que não foi nada fácil. O tempo também foi utilizado para os treinos de montaria. O cavalo seria o principal meio transporte dos padres nos primeiros anos de missão no
Brasil e dominar o animal era atributo essencial para percorrer trilhas na mata a caminho das
comunidades que atenderiam. A equitação foi o forte do padre Omegna, ao contrário do
idioma.
- Quanto mais estudamos, menos sabemos – admitiu o padre durante os estudos, em
desespero com a dificuldade em domar os verbos.
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2 – Primeiros campos de Apostolado
A Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Paranaguá, representou o primeiro campo de atuação dos josefinos no
Brasil
Três meses após a chegada a Curitiba, em janeiro de 1920, os padres Adamo e Martinetto
embarcaram para Paranaguá, no litoral do Estado. Este foi o primeiro campo de apostolado
assumido pelos Oblatos de São José no Paraná. A viagem de trem durou três horas e meia. No
percurso de 123 quilômetros, os religiosos italianos surpreenderam-se com a topografia da
região. O trem serpenteava por pontes altíssimas, à beira de precipícios e também em longos
túneis escuros. O primeiro a viajar foi o padre Adamo. Três dias depois, partiu Martinetto. Na
sequência, o irmão Camillo juntou-se aos padres para o trabalho no litoral.
Paranaguá contava com 15 mil habitantes. O seu porto recebia navios de grande porte. A
Paróquia Nossa Senhora do Rosário (atual Catedral de Paranaguá), indicada pelo bispo Dom
João Braga aos aventureiros italianos, estava há algum tempo sem assistência devido à retirada dos padres carmelitas. Na cidade, havia um hospital e um educandário dirigidos pelas
irmãs josefinas franciscanas.
O padre Bianco permaneceu em Curitiba, onde assumiu a comunidade de Água Verde,
na periferia da capital. O religioso ficou em uma região habitada quase exclusivamente por
imigrantes italianos, que, em 1888, haviam construído no local uma pequena capela dedicada
ao Sagrado Coração de Jesus. Uma escultura de São José ornamentava a capela do local, fazendo com que o padre Bianco estimulasse ainda mais a devoção ao santo entre os fiéis da
localidade.
Omegna foi designado para uma paróquia em São José da Boa Vista, no Norte do Paraná.
Permaneceu no local apenas seis meses, sendo chamado para voltar a Curitiba, onde assumiu
a colônia de italianos de Umbará. A distância da capital pode ser apontada com o principal
motivo do retorno do religioso.
Água Verde, Paranaguá e Umbará foram, portanto, os três primeiros campos de atuação
dos Oblatos de São José no Paraná. O amplo raio territorial de ação fez com que os religiosos
pedissem ao Superior Geral, na Itália, que mandasse mais sacerdotes para ampliar a força de
trabalho da Congregação em solo brasileiro.
Em Paranaguá, o padre Martinetto deparou-se com uma realidade diferente, especial12
mente nos costumes dos nativos. Ao percorrer as casas dos pescadores e do povo simples que
habitava o local, percebeu que os moradores, especialmente os adolescentes e jovens, eram
carentes do ensino religioso e afeitos a práticas de misticismo.
Em uma porta de uma casa rudimentar, Martinetto olhou com curiosidade para um pé
de arruda plantado no quintal.
- Para que serve essa planta? – perguntou ao morador em sua primeira visita.
- É para afugentar os maus espíritos – respondeu o homem, na sua simplicidade.
Ao olhar ao redor, o padre percebeu que a arruda não era o único item místico que ornamentava o local. Uma ferradura de cavalo também estava pendurada no umbral da casa e no
peito do homem uma figa descia pelo pescoço.
Ao conversar com o colega Adamo e o irmão Camillo, o padre Martinetto decidiu relatar
esse aspecto peculiar dos moradores e solicitou com urgência, ao Superior Geral, o envio de
livros para levar a verdade da religião para os pescadores do litoral. Entre as obras solicitadas
destacavam-se o “Tratado contra o Protestantismo e o Espiritismo”, o “Tratado sobre o Matrimônio Civil” e especialmente o “Catecismo da Doutrina Cristã”, entre outros títulos.
A dimensão territorial do litoral era outro desafio aos padres. Além de administrar a
paróquia da cidade e também o Santuário do Rocio, os religiosos italianos precisavam atender
os fiéis em uma imensidão de 200 quilômetros de comprimento e 50 de largura, a partir de
Paranaguá, centro de referência da missão naquela área litorânea. Faziam parte da abrangência
as praias de Guaratuba e Guaraqueçaba, além das colônias do Rio das Pedras e Tagaçaba.
Onde havia uma igreja e uma capela em toda aquela região, os padres por lá passavam no
lombo de um cavalo ou enfrentando horas a fio dentro de uma canoa. A urgência de novos
sacerdotes em Paranaguá era grande e os três religiosos se desdobravam para fixar as raízes
da Congregação naquele pedaço de terra e água.
3 – Chegada do segundo grupo de religiosos ao Brasil
Oblatos durante reunião em Paranaguá, em 1927, da esquerda para a direita: padre José Calvi, irmão Teodoro
Boiocchi e irmão Pedro Cuffini (em pé); padre João Siccardi, padre José Adamo, padre Emilio Martinetto e padre
Carlos Ferrero (sentados)
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No início de 1921, a missão brasileira recebeu o reforço de mais três religiosos. Desembarcavam no Estado os padres Natale Brusasco, 49, e João Siccardi, 41, e o irmão Pedro Cuffini,
41. A vinda dos colegas trouxe alívio para os missionários. Os três reliigiosos foram designados imediatamente para Paranaguá. Entretanto, ainda em 1921, o padre Pedro Bianco voltou
para a Itália, quando foi eleito Superior Geral durante o 1º Capítulo Geral da Congregação dos
Oblatos de São José, não mais retornando ao País. Brusasco assumiu a comunidade de Água
Verde e também o cargo de superior da missão brasileira.
O trabalho dos Oblatos no litoral era intenso e desgastante. Os padres acordavam às
cinco horas da manhã e embrenhavam-se em trilhas pelo mato e também nas canoas em alto
mar para atender a população ribeirinha e das cidades que margeavam todo o litoral, sem
hora para retornar para casa. Viviam reclusos, sem contato com os familiares, dedicando-se
exclusivamente ao trabalho de missionários. Muitas vezes, permaneciam até duas semanas
em viagem, enfrentando as intempéries do tempo dentro das canoas e as armadilhas da mata
fechada, convivendo dias inteiros com os moradores, dividindo a comida escassa e também as
camas de tábuas duras dos ribeirinhos.
Os padres não tinham sequer tempo de escrever os relatórios para a sede da Congregação na Itália, o que era uma regra dentro da instituição. As cartas chegavam a Asti em intervalos bastante longos e, quase sempre, solicitavam o envio de mais religiosos para o Brasil.
Padre Martinetto era o mais contundente nas reivindicações e também em algumas reclamações. Os Oblatos não possuíam ainda definitivamente o controle das paróquias onde
estavam instalados e isso era motivo de aflição.
- Não podemos guiar nunca o nosso cavalo como queremos, pois as rédeas estão nas
mãos do bispo, que olha somente o bem da Diocese, prejudicando muitas vezes a nós e à
Congregação – reclamou o padre, em uma das cartas enviadas a Asti.
Martinetto foi nomeado superior da missão em setembro de 1924 e mostrou-se obstinado em fixar, definitivamente, os Oblatos em Paranaguá. Reorganizou o colégio que havia sido
abandonado pelos carmelitas ao custo de sete mil contos, arrecadados em doações junto aos
paroquianos da cidade. O padre Siccardi assumiu a administração da escola e a coordenação
dos professores contratados pelos religiosos.
Além disso, Martinetto concentrou seus esforços no Santuário de Nossa Senhora do Rocio,
situado na própria paróquia em Paranaguá. O santuário era ponto de passagem para os visitantes do litoral devido ao belo panorama e a sua história de graças à população. Uma torre
alta garantia uma visão privilegiada para a baía de Paranaguá e para as montanhas verdejantes
que cercavam a cidade, distante 3 quilômetros do local. O santuário foi construído em 1902,
em louvor à Virgem Santíssima. O povo creditava à santa o desaparecimento da peste que
assolava a população naquela época. Todos os anos, o local era palco de uma grande festa
religiosa, que reunia fiéis de toda aquela região paranaense e de outras partes do Estado.
Por isso, Martinetto queria mais atenção para esse santuário tão importante e, inclusive,
reiteradas vezes reivindicou à sede da Congregação em Asti que enviasse novos sacerdotes
para auxiliar no trabalho. O padre queria transformar o Santuário do Rocio em sede oficial da
Congregação dos Oblatos de São José no Paraná e solicitava à Diocese que oficializasse a responsabilidade pela administração do local aos josefinos, o que ocorreu apenas em março de
1933.
Martinetto mostrou-se um superior preocupado em garantir à Congregação locais definitivos para que, a partir daí, a instituição pudesse alastrar a sua abrangência pelo Estado.
Reclamou por diversas vezes da obrigatoriedade de enviar recursos à Itália, quando o dinheiro poderia ser empregado em Paranaguá ou em Curitiba, especificamente no Portão, na construção de um seminário e em outras melhorias para a missão brasileira.
Devido à insistência de Martinetto, a Congregação enviou ao Brasil mais um missionário. O padre Fidelis Rota, 39, partiu para o Paraná no dia 05 de janeiro de 1925 e se instalou em
Umbará. Entretanto, a vinda do padre Fidelis não aliviou a situação e Martinetto seguiu enviando cartas duras à Itália, reivindicando, com veemência, o envio de mais sacerdotes para o
Brasil.
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4 – Grandes dificuldades no início da missão
Além do extenso campo de trabalho e da aflição de não garantir oficialmente as paróquias junto à Diocese, o padre Martinetto sentia na pele a dificuldade em estender o trabalho dos
missionários. A partir de 1925, os Oblatos de São José precisaram, a contragosto, negar vários
convites para que assumissem paróquias em outros estados brasileiros. Mariana (MG), Jequitibá
(MG) e Nova Pompei (RS) foram as primeiras regiões oferecidas para a Congregação. Martinetto
recusou todas as propostas por falta de pessoal.
- Não sei o que responder. É uma pena não termos sacerdotes – escreveu em uma das
cartas, em resposta ao pedido dos bispos que cuidavam dessas paróquias.
O campo de trabalho era, portanto, imenso. Os convites para assumir capelas e propostas de outros tipos de trabalho se multiplicavam. Em 25 de janeiro de 1926, a missão, após
algumas hesitações, atendeu convite do governo do Estado e passou a administrar o Abrigo
para Menores em Curitiba. Martinetto comoveu-se com a situação das crianças.
- Talvez, essa seja a obra de caridade mais linda que se possa fazer em nome dessas
pobres vítimas, que só sabem chorar, antes mesmo de conhecer a vida – escreveu Martinetto,
que deixou Paranaguá para assumir o educandário em Curitiba, juntamente com o padre
Omegna, substituído em Umbará pelo padre Rota.
Martinetto continuou incansavelmente sua luta para trazer mais sacerdotes ao Brasil. Ao
assumir o abrigo, ele também firmou compromisso com o governo do Estado em aumentar o
número de padres e trazer, especialmente, um músico. O governo paranaense pagaria os custos da viagem e de alojamento. No dia 20 de julho de 1926, Martinetto foi à Itália, onde participou do 2º Capítulo Geral em Asti para a escolha do sucessor do padre Pedro Bianco, que foi
um dos precursores da missão brasileira e que havia morrido em janeiro daquele ano.
Em Asti, Martinetto levou pessoalmente suas reivindicações e conseguiu bons resultados nos seus pleitos. No dia 16 de setembro de 1926, partiam mais quatro religiosos para o
Brasil: os padres Giacomo Rivellino, conhecido no Paraná como Alfonso, 55; Carlo Ferrero, 30;
e Giuseppe Calvi Júnior, 25; além do irmão Teodoro Boiocchi, 34.
Com o reforço da equipe, Martinetto decidiu aceitar um dos inúmeros convites para assumir paróquias fora do Paraná. A cidade escolhida foi Jundiaí (SP), onde existia uma grande
colônia italiana. Para lá, foram designados os padres Siccardi e Fidelis, no dia 27 de janeiro de
1927.
Essa fase próspera durou pouco. A missão brasileira ficou abalada logo em seguida com
duas perdas. Adoecido, o padre Omegna voltou em definitivo para a Itália, onde acabou falecendo no dia 23 de agosto de 1927. Cinco meses depois, outro abalo. O padre Alfonso, que
estava no Brasil há apenas 15 meses, morreu em virtude de uma infecção. Alfonso foi o primeiro padre josefino enterrado no cemitério da Água Verde, em Curitiba. Na sequência, o
carismático padre Calvi precisou ser internado às pressas no Sanatório de São Sebastião da
Lapa, a 62 quilômetros da capital, acometido de tuberculose. Ele trabalhava com os meninos
no educandário e precisou ficar afastado das funções, retornado meses depois. Debilitado pela
doença, padre Calvi foi um exemplo de dedicação à missão e admirado pelos fiéis, que o batizaram de “padre santo”.
Com essas perdas, a Congregação precisou abrir mão de Jundiaí e dedicou-se com afinco
às atividades em Paranaguá, Água Verde, no Abrigo para Menores e em Umbará. Frustrou-se,
na ocasião, a primeira tentativa de expansão da instituição para fora dos domínios do Paraná.
Esse foi um momento de crise para a missão brasileira. Padre Martinetto, que se mostrava duro nas exigências com a sede da Congregação, que nem sempre podiam ser cumpridas
por problemas práticos e também do pós-guerra, pediu demissão do cargo de superior no
Brasil. Nesta época, ocorreu uma grande discussão interna. Em debate, estavam gastos que
teriam sido excessivos por parte de Martinetto, segundo a visão do então Superior Geral, padre Luigi Garberoglio. Por outro lado, o padre no Brasil contestava pedidos de envio de dinheiro para a Itália e destacava a dedicação e o sacrifício dos religiosos no Paraná.
- Nunca vi religiosos tão pobres como estes. Que fale o povo de Paranaguá, que me viu,
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durante sete anos, percorrer as ruas da cidade com sapatos rasgados e roupas surradas –
esbravejou em uma de suas famosas cartas.
Esse debate mostrava, acima de tudo, o interesse comum em fazer a Congregação prosperar e fixar raízes em solo brasileiro. Discussões calorosas à parte, tanto Martinetto quanto
Garberoglio buscavam o bem da Congregação e, para isso, não mediam esforços. Com a saída
de Martinetto, o padre Adamo assumiu o cargo de superior da missão brasileira no dia 30 de
agosto de 1927.
5 – Aventuras em alto mar e nas florestas fechadas
Padre Emílio Martinetto a cavalo durante visita a comunidades no litoral do Paraná
Para desbravar as matas fechadas e enfrentar o mar bravio, os padres viveram muitas
aventuras para pregar a Palavra de Deus e estender as raízes da Congregação dos Oblatos de
São José no Paraná.
Em uma dessas ocasiões, o padre Siccardi seguiu à baía de Guaratuba a cavalo, em um
percurso de 25 quilômetros sobre a areia. Rezou missa em uma capela de uma colônia conhecida como “Pereira” e seguiu para Guaratuba. A viagem demorou vários dias, porque a passagem de um padre por essas localidades remotas era um verdadeiro acontecimento. Padre
Siccardi andava um trecho e era parado para realizar batismos ou casamentos.
Quanto cruzou, de barco, a baía de Guaratuba e chegou a esta cidade, foi recebido com
festa e fogos de artifício. No dia seguinte, enfrentou ondas gigantes para chegar a Caiobá,
onde mais uma vez fez dezenas de batizados e alguns casamentos. Com uma carroça, andou
mais 50 quilômetros, sempre com paradas frequentes para atender a população e rezar missas. Depois tomou uma canoa para fazer o restante da viagem de volta à Paranaguá. Com
ajuda de hábeis canoeiros, enfrentou as ondas e, dez dias após ter saído, retornou para casa.
Outra viagem do padre Siccardi ocorreu em direção à localidade de Ararapira. Apoiado
novamente por incansáveis canoeiros, o religioso deixou Paranaguá às 10 horas e quando a
noite o envolveu, ainda não havia chegado a seu destino. Às 23 horas, pararam em uma
venda à beira de um rio que fazia parte do trajeto e pediram abrigo. O dono, que não gostava
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de padres, assentiu a contragosto. Pelo meio da noite, o padre e os canoeiros despertaram com
gritos de que a canoa estava sendo levada rio abaixo. Acordaram em sobressalto e viram que
era mentira. O dono da venda os queria longe dali.
Padre Siccardi e os canoeiros decidiram seguir viagem. Era inverno, mês de julho, o céu
estava sereno e com estrelas brilhantes. Siccardi comoveu-se com o espetáculo da natureza.
Ajeitou-se na canoa e começou a cantar uma música da sua terra natal.
- Acredito que talvez seja a primeira vez que o piemontês ressoou no silêncio da noite, às
margens do Rio Varadouro – escreveu em uma de suas cartas.
Essas viagens longas e desgastantes eram frequentes para os padres. Os religiosos raramente deixaram registrados em escritos essas aventuras. O padre Siccardi foi um dos poucos
que detalhou suas viagens pelo litoral paranaense, mostrando os desafios que enfrentavam
para atender a população ribeirinha.
6 – Novos rumos na missão brasileira
Padres Oblatos participam de encontro em Apucarana no ano de 1962. Da esquerda para a direita, em pé: Agostinho Cola, Orlando Piva, Francisco Guffi, José Canale, João Bagozzi, Bernardino Bacollo, Dom Armando Círio,
Alfeu Picardi, Pedro Magnone, Dário Zampiero, Mário Briatore, Duílio Liburdi e Severino Cerutti. Ajoelhados:
Ermínio Di Gioia e Vicente Verulli.
Em 1928, os Oblatos deixam a Paróquia de Umbará e assumem a capela de Bom Jesus do
Portão. Para a Congregação, essa mudança foi providencial. O Portão ficava a apenas quatro
quilômetros da Água Verde e os religiosos faziam esse percurso de bicicleta ou de charrete.
No dia 13 de março de 1929, os padres deixam também de administrar o Abrigo para Menores, devolvendo-o para o controle do governo do Estado.
Em 1933, o Vice-Superior Geral da Congregação em Asti, padre Eugênio Gherlone, veio
ao Brasil como visitador da missão. Tomou parte das negociações que previam a expansão
para Rio Capinzal (SC), a pedido do bispo de Lajes, Dom Daniel Hostin.
Após vários meses de negociações, os Oblatos aceitaram o convite, já que a proposta do
bispo era de erguer um seminário naquela localidade. Esta seria a segunda tentativa de levar
a Congregação para fora do Paraná. Os padres Adamo e Ferrero dirigiram-se para Santa
17
Catarina. O Vice-Superior Geral de Asti, que ficou algum tempo junto aos missionários, definiu o padre Natale Brusasco como novo superior da Congregação no Paraná e redistribuiu os
padres nas paróquias. Padre Brusasco ficou em Paranaguá, acompanhado dos padres
Martinetto e Fidelis e do irmão Camillo; Padre Siccardi, na Água Verde, acumulando funções
no Portão, com o reforço do padre Calvi e do irmão Cuffini; e os padres Adamo e Ferrero, em
Rio Capinzal.
Porém, essa distribuição durou pouco tempo. Em julho de 1934, um ano depois de assumir a paróquia em Rio Capinzal, a Congregação se retirou definitivamente de Santa Catarina,
devido ao descumprimento do acordo com o bispo de Lajes e às dificuldades de relacionamento com os padres daquela localidade. Mais uma vez, a tão esperada expansão dos josefinos
se frustrava. A primeira tentativa havia ocorrido em 1927, na cidade de Jundiaí (SP).
Apesar dos percalços, os Oblatos não desistiam de ampliar o raio de atuação. Uma nova
tentativa foi feita, desta vez, dentro do território paranaense. A Congregação assumiu a paróquia de Teixeira Soares, na região de Ponta Grossa. O padre Rota permaneceu nove anos naquela localidade.
7 – Dias de luto: Congregação chora seus mortos
O período entre 1939 e 1943 foi de grandes dificuldades para a missão brasileira. A Europa estava envolvida na Segunda Grande Guerra e as comunicações dos missionários com a
Congregação em Asti foram raras nessa época. O padre Siccardi assumiu o cargo de Superior
da missão.
Apesar dos problemas, em 1939, a Congregação mandou para o Paraná mais dois religiosos. Chegaram ao Estado os padres João Bagozzi, 27, e Alfeu Piccardi, 29. Porém, o reforço
não foi suficiente. A missão brasileira vivia uma das suas maiores crises em 20 anos. A instituição religiosa mantinha, no Paraná, nove padres dos doze enviados nesse período e dois dos
três irmãos que chegaram ao Estado. Três padres haviam morrido. Das sete localidades assumidas, apenas quatro estavam nas mãos dos Oblatos.
Com a guerra, a situação piorou e, em 1945, a Congregação precisou abandonar o primeiro lar no Paraná: a cidade de Paranaguá. Os padres Adamo e Ferrero, já envelhecidos, não
tinham mais forças para trabalhar naquela extensa faixa territorial. Por esse motivo e também
a pedido dos próprios josefinos, o então bispo Dom Ático Eusébio da Rocha repassou o Santuário do Rocio, administrado há vários anos pelos josefinos, aos redentoristas canadenses.
Além disso, o padre Fidelis, alegando cansaço, pediu para deixar o município de Teixeira
Soares e voltar para Itália, onde queria viver de forma isolada, esperando o último chamado
de Deus.
Com a saída de Paranaguá e o receio de perder outras paróquias, os padres decidiram,
apesar das grandes dificuldades, expandir as atividades e aceitaram uma paróquia em Botucatu
(SP), na chamada Vila dos Lavradores. Para o local, foram os padres Ferrero e Bagozzi, em
1941.
De Teixeira Soares, os josefinos saíram definitivamente em 1943. Os padres que estavam
naquela localidade foram para o Portão, em Curitiba, onde a Congregação montou o seu ponto de equilíbrio nesses momentos difíceis. O Portão tornou-se a casa oficial dos Oblatos no
Paraná nesta época.
Os problemas, porém, continuavam grandes e pioraram no segundo semestre de 1943.
No dia oito de agosto, a missão brasileira enfrentava o gosto amargo de perder mais um de
seus integrantes, quando morria o padre Siccardi, aos 63 anos, então Superior da missão no
Brasil. Um mês e dezenove dias depois, mais um abalo. A Congregação perdia também o
padre Calvi, precisamente no dia 26 de setembro de 1943, no Sanatório de São Sebastião da
Lapa. Calvi viveu oito anos no sanatório, onde, mesmo doente, pregava o evangelho e levava
palavras de conforto aos enfermos.
Com a morte de Siccardi, o padre Brusasco assumiu o cargo de Superior da missão em
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1945. Porém, pouco depois de iniciar seus trabalhos, enfrentou a perda de mais um missionário. Padre Martinetto, que fez um trabalho incansável no Brasil, falecia no dia 3 de março de
1945, aos 61 anos de idade.
O fim da guerra era visto como esperança para reorganizar a missão brasileira e tirá-la
do estado de letargia que se encontrava.
8 – Esperança que se renova após a Grande Guerra
Padres josefinos reunidos na década de 50. Da esquerda para a direita, em pé: Pe. Orlando Piva, Pe. João Barbieri,
Pe. Justino Parigi, Pe. Segundo Piotti, Pe. Ermínio Di Gióia e Pe. Duílio Liburdi. Sentados: Pe. Armando Círio,
Pe. Carlos Ferrero, Pe. Bernardino Baccolo, Pe. Alfeu Piccardi e Pe. José Canale
Com o final dos horrores da Segunda Guerra Mundial, a missão brasileira renasceu após
um momento difícil. A Congregação dos Oblatos de São José iniciou nova fase de expansão
pelo mundo, mandando sacerdotes para o México, Peru e Bolívia. A instituição, porém, não
esqueceu do Brasil. No dia 13 de janeiro de 1947, partiu do Porto de Gênova, na Itália, mais
um grupo de missionários que tinha como objetivo reorganizar a missão brasileira, esmorecida
pelos anos de guerra e também pelas dificuldades do trabalho de evangelização nos primeiros
anos em terras brasileiras.
Desembarcaram no Paraná os padres Pedro Magnone, 30; Mário Briatore, 31; José Canale,
27; Armando Círio, 31; Giovanni Barbieri, 27; e Umberto Zanca, 33. O vigário geral, Eugênio
Gherlone, acompanhava o grupo, em sua terceira visita ao Brasil. Reunindo padres jovens,
esse novo grupo revigorou a missão brasileira, formada, naquele momento, por sacerdotes
idosos e já bastante cansados.
Com o final da guerra, passou-se a perseguir violentamente os carrascos nazistas. O grupo de religiosos veio em um navio repleto de refugiados e também de supostos criminosos de
guerra. Sem motivo algum, o padre Briatore foi confundido com Karl Adolf Eichmann, um
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carrasco nazista. Precisou passar por extenuantes julgamentos até ser liberado.
Enquanto o grupo viajava para o Brasil, a Congregação perdia, em Curitiba, o padre
Adamo, que tinha passado os últimos 27 anos da vida em solo brasileiro, sem jamais retornar
à Itália. Assim, os cinco novos padres chegaram ao Paraná e encontraram na ativa apenas
cinco sacerdotes e dois irmãos, cuja responsabilidade era cuidar de quatro grandes paróquias.
Apesar das perdas dos religiosos que estavam no Brasil, o novo grupo de missionários,
cheio de vitalidade, representou um salto no trabalho realizado no Brasil. Em fevereiro de
1947, um sonho dos josefinos do Brasil estava prestes a se tornar realidade: a construção de
um seminário. Inicialmente, o objetivo era construir a obra em Curitiba, mas o projeto acabou
sendo desenvolvido em Ourinhos (SP), graças ao apoio da Diocese daquela localidade. O padre Pedro Magnone, nomeado Superior da missão pouco tempo após sua chegada ao País, foi
morar em Ourinhos, se responsabilizando pelo trâmite das obras. No dia 6 de janeiro de 1948,
o momento histórico: o início da construção do seminário.
Imagem aérea do seminário e da paróquia de Ourinhos, na década de 50: primeira casa de formação dos josefinos
no Brasil
Animada pelas boas novas, a sede da Congregação na Itália decide enviar mais dois
padres para a missão brasileira: Orlando Piva e Vittorio Canavese, ambos com 27 anos de
idade e recém-ordenados.
Em maio de 1948, os Oblatos de São José começam a chegar ao Norte do Paraná, região
onde seriam abençoados com grandes obras e onde fixariam definitivamente as suas raízes. A
primeira cidade assumida pela Congregação foi Marilândia do Sul, então conhecida como
Araruva. Os padres Ferrero e Orlando assumiram a paróquia da cidade, que envolvia dez
capelas e abrangia cerca de 50 mil habitantes.
A dificuldade de locomoção nas estradas que levavam a Marilândia era enorme. Não
foram poucas as oportunidades em que os padres ficaram atolados na lama, com dificuldades
em seguir viagem para Ourinhos (SP). Por isso, o superior da missão brasileira pediu ao bispo
da Diocese de Jacarezinho a Paróquia de Apucarana. Antes de assumir a cidade, mais uma
baixa nos josefinos. O padre Brusasco morria em Curitiba, aos 76 anos de idade.
Dessa forma, os primeiros religiosos vindos ao Brasil já tinham deixado a missão. Mesmo entristecidos, os padres que permaneceram, a maioria jovens, deram impulso ao trabalho.
20
Em novembro de 1948, os josefinos assumem a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em
Apucarana, em substituição ao padre Francisco Korner, que havia ajudado a desbravar a cidade. Apucarana possuía apenas uma capela de madeira no meio de uma praça poeirenta. A
partir daí, Apucarana foi o centro da missão no Norte do Paraná. Os josefinos marcaram presença também em outras cidades do Vale do Ivaí e receberam mais dois jovens reforços: os
padres Francisco Guffi, 29, e Secondo Piotti, 28.
No final de 1948, a realidade da Congregação em território brasileiro era outra e muito
mais animadora. Em Curitiba (PR), os padres Fidelis, Bagozzi e Canavese, auxiliados pelos
irmãos Cuffini e Camilo, pregavam no Portão e na Água Verde; o padre Canale estava sozinho em Botucatu (SP); Piccardi permanecia em Quatá (SP); Manduri (SP), próximo a Quatá,
era atendida pelo padre Zanca; Briatore era o responsável pelo atendimento em Salto Grande
(SP); Ferrero e Orlando atendiam em Marilândia do Sul (PR); os padres Círio, Barbieri e Canale
estavam em Apucarana (PR); em Ourinhos (SP), o padre Magnone supervisionava a construção do seminário. Portanto, eram 13 padres e dois irmãos para atender uma população aproximada de 190 mil pessoas.
No início de 1950, a Congregação abria o ano letivo dos novos seminaristas em Ourinhos,
no “Seminário Nossa Senhora de Guadalupe”. O centro de formação de novos religiosos foi
inaugurado oficialmente no dia 15 de abril desse ano. No dia 15 de março de 1951, os josefinos
perdem a companhia do padre Vittorio Canavese que se torna o primeiro padre da Congregação a abandonar o sacerdócio no Brasil.
Em contrapartida, no dia 15 de março deste mesmo ano, chegava ao país mais um reforço: o padre Ângelo Casagrande, designado para Marilândia do Sul. No dia 26 de janeiro do
ano seguinte, o padre Duílio Liburdi também desembarcava no país, indo trabalhar em
Ourinhos. Briatore, porém, saía do Brasil rumo à Bolívia, mantendo seu trabalho de missionário – ele voltaria anos mais tarde ao Paraná. Já Magnone voltava para Itália, onde foi designado ecônomo geral da Congregação em Asti.
Eram dias de idas e vindas. Uma mudança significativa foi a saída dos josefinos da comunidade de Água Verde, uma das primeiras assumidas pela instituição no Paraná, em 1919.
Os Oblatos permaneceram apenas no Portão, em Curitiba.
Em outubro de 1955, a Congregação recebe mais dois reforços que marcariam grande
trajetória, especialmente no Vale do Ivaí: os padres Severino Cerutti, 31, e Dário Zampiero, 29.
9 – Vale do Ivaí: um campo promissor de apostolado
Padres chegam de jipe para assembleia em Apucarana na década de 50: incursão no Vale do Ivaí
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A década de 50 foi marcante para a missão brasileira. Os confrades josefinos foram envolvidos pelo clima do país, no momento em que o presidente da República Juscelino
Kubitscheck prometia crescimento econômico de “50 anos em 5” no Brasil. Foram tempos de
muitas obras dos Oblatos no Paraná.
Porém, o início dessa década marcou a perda de mais dois religiosos. O irmão Mellino,
remanescente do primeiro grupo de missionários, morria aos 88 anos no dia primeiro de junho de 1954. Quatro dias depois, mais uma baixa que entristeceu a Congregação. Aos 68 anos
de idade, padre Fidelis Rota também falecia. O vazio foi preenchido com o envio de mais dois
sacerdotes para o Brasil: os padres Ermínio Di Gióia, 28, e Cláudio Bocasso, 33. O último saiu
da Congregação alguns meses depois.
Em outubro de 1954, a Congregação obtém a oportunidade de oficializar sua presença
no Vale do Ivaí. Por sugestão da Diocese de Jacarezinho, os Oblatos assumem as paróquias de
Bom Sucesso e Jandaia do Sul. As duas paróquias representavam um grande número de capelas em localidades que hoje são municípios. A de Jandaia do Sul, por exemplo, abarcava
Marumbi, Kaloré, São Pedro do Ivaí, Novo Itacolomi, entre outras.
O trabalho nessas paróquias do interior do Paraná era intenso. Faltavam padres e a vinda de religiosos era aguardada com muita ansiedade. Um dos exemplos dessa demanda pode
ser analisada a partir de um balanço de atividades do padre Ferrero. Em 30 anos no Brasil, ele
administrou 25 mil batizados, 5 mil casamentos, 4 mil unções dos enfermos e 20 mil primeiras
comunhões.
10 – Primeiro padre josefino brasileiro
Geraldo Bortolocci da Silva
foi o primeiro padre josefino brasileiro
Com esse visível crescimento em solo brasileiro, os
Oblatos não podiam mais ser considerados como simples
missionários. A lei também não o permitia. Por isso, no dia
dois de agosto de 1956 registravam-se, em Ourinhos, os estatutos sociais da “Congregação dos Oblatos de São José”. A
partir daí, a cidade paulista passava a ser a sede da delegação
– não mais missão - no Brasil.
A delegação crescia no país. Em 1957, mais três religiosos desembarcaram em solo brasileiro para ampliar o trabalho: Agostinho Cola, Giuseppe Ruiu e Vincenzo Cianfriglia.
O último não se adaptou ao país e retornou à Bolívia, onde
estivera até o momento.
No início de agosto, o Brasil dava à Congregação, pela segunda vez, o Superior Geral,
durante 7º Capítulo da instituição: o padre Pedro Magnone. O religioso voltou, assim, para a
Itália, assumindo o novo cargo à frente da Congregação. Em 1959, padre Armando Círio passa
a comandar a delegação dos josefinos no Brasil, iniciando um projeto dinâmico e prático de
ação. Em setembro desse ano, a Congregação comemora com grandes novenas, procissões e
conferências os 40 anos de atuação no Brasil.
Em 14 de maio de 1960, mais um dia de festa para os josefinos. Armando Círio era indicado bispo, assumindo a diocese de Toledo, no Oeste do Estado. Estimado em Apucarana
pelo seu trabalho, o novo bispo recebeu, um mês depois da nomeação, o título de cidadão
honorário do município.
O dia cinco de março de 1961 também foi de festa para a Congregação no Paraná. Neste
dia, a delegação ordenou o primeiro padre josefino brasileiro, fruto do seminário de Ourinhos.
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Geraldo Bortolocci da Silva tornava-se sacerdote, mostrando que a semente plantada pela
Congregação no país começava a dar seus frutos. Ordenado, Bortolocci foi trabalhar na paróquia do Portão, em Curitiba. Em 1964, já eram quatro josefinos brasileiros.
Em 1962, mais uma boa notícia para a Congregação. A delegação foi comunicada que
receberia um novo seminário, desta vez com noviciado. Era uma grande reivindicação da instituição no Brasil. Assim, 42 anos após o início das atividades no país, a Congregação poderia
concluir a formação de sacerdotes sem a necessidade de enviá-los para a Itália. A obra foi
iniciada já a partir de outubro de 1962, no bairro do Xaxim, em Curitiba. O noviciado foi inaugurado oficialmente no dia 11 de fevereiro de 1963, com doze noviços.
Em 26 de dezembro de 1964, Apucarana tornou-se Diocese. Os josefinos deixaram a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, escolhida como Catedral. Os Oblatos ficaram apenas na
“Paróquia São José”, também construída Congregação na cidade.
Portanto, no início da década de 60, a delegação mostrava-se consolidada no Brasil. Mais
religiosos italianos chegaram, como os padres Mário Tésio e Tarcisio Saviori, entre outros,
que se uniram aos sacerdotes formados no Brasil. Os josefinos estavam em 13 paróquias e
contavam com 32 religiosos, sendo 22 sacerdotes e 12 clérigos. A Congregação administrava
ainda dois colégios grandes, o Bagozzi, em Curitiba, e o São José, em Apucarana. O Seminário
de Ourinhos era a “menina dos olhos”. Além disso, a delegação brasileira cedeu à sede em
Asti o padre Pedro Magnone como Superior Geral por dois mandatos. Outra comemoração
nesta fase foi a escolha do padre Armando Círio como bispo. Portanto, uma etapa da história
da Congregação dos Oblatos de São José que mostrou a sedimentação no País, graças à garra
e à dedicação dos religiosos que vieram da Itália e também dos novos sacerdotes formados em
terra brasileira.
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Segunda parte
Consolidação da Missão Brasileira
1 - Armando Círio: um sacerdote com olhos para o futuro
Armando Círio:
primeiro bispo josefino no Brasil
Dom Armando Círio é um das figuras mais importantes da Congregação dos
Oblatos de São José, especialmente por
sua trajetória em Apucarana. Arcebispo
emérito de Cascavel, o religioso assumiu
a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes em
Apucarana, em 1948, e também foi o principal responsável pela construção da Catedral, hoje símbolo maior do município.
Dom Armando Círio foi um dos párocos josefinos da atual catedral que mais
tempo permaneceu na função. Chegou a
Apucarana apenas dois anos após ter desembarcado no Brasil, vindo de Asti, na
Itália.
A Paróquia Nossa Senhora de
Lourdes foi criada no dia 8 de dezembro
de 1943, por Dom Ernesto de Paula, bispo de Jacarezinho. A instalação ocorreu no dia 18 de
março de 1944, tendo como primeiro pároco o padre Francisco Korner, que permaneceu na
função por quatro anos.
O padre Armando Círio assumiu a paróquia no dia 14 de novembro de 1948. Neste dia,
ele chegou ao município na companhia de seu superior, o padre Pedro Magnone. Dom Armando conta que os dois não eram conhecidos na cidade nem traziam algum documento por
parte do bispo de Jacarezinho autorizando que poderiam assumir a paróquia. Esse problema
burocrático criou um impasse, pois o então pároco, padre Francisco, recusou acolhê-los. A
solução encontrada foi o padre Pedro tomar o trem e ir buscar, com o bispo de Jacarezinho, a
documentação necessária, enquanto padre Armando o aguardava hospedado numa pensão
da cidade.
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A população de Apucarana crescia com a chegada dos pioneiros que vinham ocupar as
terras compradas da Colonizadora Norte do Paraná. Por isso, o padre Armando viu a necessidade, logo no início de seu trabalho, de aumentar a igreja. Esta era a segunda construção feita
de madeira, pois a primeira tinha sido uma capelinha edificada em 1941, derrubada por um
vendaval.
A segunda igreja foi então ampliada, passando a ter duas torres, por iniciativa de padre
Armando Círio. O novo pároco, porém, sonhava com uma nova, moderna e ampla igreja em
alvenaria para a cidade e manifestou seu desejo ao bispo, Dom Geraldo de Proença Sigaud. O
bispo acatou imediatamente a ideia e dispôs seu irmão, Eugênio de Proença Sigaud, que era
arquiteto, para idealizar a planta na nova matriz.
Contente com o início da nova construção, padre Armando deparou-se com o primeiro
desafio: a posição da frente da igreja. Profissionais de engenharia da época expressaram o
parecer que era aconselhável construir a nova Igreja com a frente para Jandaia do Sul, de onde
a sua fachada poderia ser avistada, e não por Arapongas e Londrina.
O bispo de Jacarezinho aceitou essa sugestão, acatada pelos padres josefinos, que também levaram em conta as condições de vento. Alguns comerciantes foram contra essa mudança arquitetônica, pois gostariam que a fachada estivesse voltada para os seus comércios.
No dia 22 de fevereiro de 1949, o padre Armando lançou a pedra fundamental daquela
que agora é a Catedral Nossa Senhora de Lourdes. Devido à sua grandeza e arquitetura para
uma cidade pequena, houve quem dissesse com ironia:
- Se esta construção não levar 100 anos, levará 99.
Em resposta, o padre Armando disse publicamente aos críticos:
- Nós acreditamos no futuro promissor desta cidade e na generosidade do seu povo.
Construção da Catedral de Apucarana foi iniciada em 1949, graças ao esforço dos josefinos
Com muito trabalho e auxiliado pelo padre José Canale, as obras iniciaram. Dom Armando contou com a ajuda generosa da comunidade com festas, campanhas de cereais, especialmente do café e com o livro ouro. Assim, em pouco tempo, o novo templo ficou pronto.
O padre Armando permaneceu 12 anos à frente da paróquia Nossa Senhora de Lourdes.
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No dia 28 de agosto de 1960, foi chamado ao episcopado, sendo consagrado bispo em uma
bela cerimônia na Catedral que ajudou a construir, sendo designado para a Diocese de Toledo,
no Oeste do Paraná.
Em seu lugar assumiu o padre Mário Briatore, sacerdote josefino, proveniente do Peru.
O novo pároco continuou os acabamentos da nova matriz e instalou nela os atuais três grandes sinos da sua torre e o relógio, o qual foi doado à paróquia pela colônia japonesa de
Apucarana.
Em cada um dos sinos há uma inscrição. No maior: “Em homenagem ao Papa João XXIII
e ao Concílio Vaticano II sob a invocação de Nossa Senhora de Lourdes”. No médio: “Em
homenagem à paróquia, à prefeitura e à câmara de vereadores, sob a invocação de São José”.
No menor: “Em homenagem aos diretores e professores das escolas e aos estudantes, sob a
invocação de Santa Maria Goretti: “Rogai pelas moças”.
Em 1964, foi formada uma comissão para organizar o nascimento da nova Diocese de
Apucarana. Faziam parte desse grupo o bispo de Londrina, Dom Geraldo Fernandes, o padre
Mário Briatore e alguns leigos da comunidade. O bispo de Jacarezinho exigia para a criação da
nova diocese, certa quantia em terrenos para construir a casa do bispo, três paróquias e um
seminário.
Guiados pelo padre Briatore, a comissão pró-diocese se empenhou com muito trabalho
e, antes do decreto de autorização, as exigências do bispo já haviam sido cumpridas. Entretanto, não bastavam os terrenos. O padre Briatore tinha também como desafio encontrar as condições econômicas e o ambiente adequado para o seu funcionamento.
Para isso, precisava contar com a ajuda da paróquia da qual era pároco. Assim, colocouse de corpo e alma na organização de festas, promoções, leilões, envolvendo a comunidade e
as colônias japonesa, portuguesa e ucraniana. Serviu--se dos meios de comunicação para lançar as campanhas e depois de um trabalho duro para organizar a nova Diocese, Apucarana
recebeu, no dia 28 de março de 1965, o seu primeiro bispo, Dom Romeu Alberti.
Após a tomada de posse, Dom Romeu nomeou o padre Briatore como Pró-Vigário Geral
da Diocese e depois seguiu para Roma a fim de participar da quarta e última sessão do Concílio Vaticano II. Depois de ter cumprido suas atribuições na preparação e organização da
nova diocese, padre Briatore deixou sua função, sendo substituído na Catedral em março de
1966.
2 – Os josefinos deixam a Catedral de Apucarana
A Congregação dos Oblatos de São José entregou oficialmente a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, de Apucarana, ao bispo Dom Romeu Alberti no dia 28 de maio de 1965. A saída
dos josefinos causou certo descontentamento na cidade. A população não compreendia o que
estava ocorrendo e julgava ser simplesmente uma decisão do bispo. Na verdade, a iniciativa
partiu da própria Congregação. Os josefinos entendiam que a paróquia deveria ficar à inteira
disposição do bispo, pois seria sede da Catedral.
Um sentimento forte de solidariedade aos josefinos brotou entre os moradores de
Apucarana, que iniciaram uma mobilização de solidariedade aos religiosos da Congregação
na cidade. Um exemplo dessa mobilização é uma crônica divulgada na Rádio Cultura, no dia
15 de março de 1965, pelo médico Wolfgand Wetterer:
- Esta nossa Apucarana não pode ser mais imaginada sem a Congregação dos Padres
Josefinos. Ninguém mais do que esses padres devotos, abnegados, no fervor da fé, deram a
nossa cidade a sua feição. Apucarana não seria a mesma sem os padres josefinos.
Wetterer destacava ainda as obras e as conquistas dos josefinos em Apucarana, especialmente a construção da Catedral, coordenada pelo então padre Armando Círio.
- Londrina e Maringá, cidades mais ricas, não possuem Catedral, porque não possuem
padres josefinos.
Preocupado com o clima instalado na cidade, o padre Erminio Di Gioia, então superior
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da delegação, escreveu uma carta ao bispo, apaziguando a situação. Relatou a trajetória da
Congregação em Apucarana e mostrou que a cessão da Catedral era justa e também defendida pela Congregação. A carta era assinada pelos demais padres josefinos:
- Não deixamos de agradecer ao povo de Apucarana as demonstrações de apreço aos
padres josefinos, mas entendemos que o maior serviço que se pode prestar à Igreja é fazer a
vontade de Deus na forma em que ela se apresentar, desejando que o povo de Apucarana
esteja sempre unido e submisso ao bispo e aos seus padres, como membros de uma única
família e de um único rebanho.
3 – Morte de Severino Cerutti é sentida pelos Oblatos
Padre Severino Cerutti coordenou a construção do novo prédio
do Colégio São José
O dia 31 de janeiro de 1967 foi trágico para a
Congregação dos Oblatos de São José no Paraná. O
padre Severino Cerutti foi assassinado brutalmente
dentro do Colégio São José, em Apucarana, deixando em choque os confrades e também toda a comunidade local. O padre Severino havia saído com um
grupo de amigos e, ao chegar ao colégio, por volta
das 23 horas, foi atacado por um ex-detento, que procurava roubar-lhe o carro e o feriu várias vezes na
cabeça com uma chave de fenda. Preso, contou que
pretendia roubar o carro, mas não tinha a intenção
de matar o religioso.
O funeral do padre Severino Cerutti lotou a Catedral de Apucarana, pois o sacerdote era
muito estimado em toda a cidade. Em sua homenagem, o então prefeito de Apucarana, Saul
Guimarães da Costa, decidiu denominar como “Rua Padre Severino Cerutti” o trecho da Rua
Ponta Grossa que passa em frente ao Colégio São José. O padre Leonardo Prota substituiu
Severino Cerutti na direção do Colégio São José, onde implantou o ensino secundário.
A morte do padre Severino Cerutti ocorreu em um momento bastante delicado para a
Congregação. Além de deixar a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes alguns anos antes, a Congregação perdia alguns padres que deixavam o sacerdócio ou tornavam-se diocesanos. Além
disso, outras duas perdas foram bastante doloridas para a Congregação. A morte do padre
Ângelo Casagrande, que havia passado pelas cidades de Marilândia do Sul e Bom Sucesso.
Ele faleceu após 36 horas em coma, em consequência de um reumatismo que lhe afligiu por
praticamente toda a vida. Quatro dias após a morte de Casagrande, a Congregação também
perdia o irmão Pedro Cuffini, aos 86 anos, em Salto Grande. O religioso chegou com o segundo grupo de missionários e trabalhou incansavelmente em várias cidades, dedicando a vida
aos interesses de Jesus na imitação de seu protetor São José.
Com as perdas, a Congregação mantinha em 1968, no Brasil, 23 sacerdotes em atividade.
Apesar das baixas seguidas e que se tornaram corriqueiras, a Congregação mandava, sempre
que podia, novos padres para o Brasil. Além disso, os Oblatos vinham formando novos sacerdotes brasileiros, mantendo, assim, um número razoável de pastores nas cidades que em que
a Congregação mantinha paróquias, colégios e seminários.
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4 – Os difíceis anos 70 no Brasil
A Congregação dos Oblatos de São José iniciou a década de 70 com 28 sacerdotes, um
diácono e dois teólogos em estudos em Roma. A instituição mantinha onze sedes distribuídas
no Paraná e em São Paulo: Curitiba (Paróquia do Portão, Colégio Bagozzi, com 700 alunos, e o
Seminário do Xaxim), Apucarana (Paróquia São José e o Colégio São José, com 930 alunos,
sendo 80 em regime de internato), Londrina (Paróquia Nossa Senhora da Luz), Jandaia do Sul
(Paróquia João Batista), Bom Sucesso (Paróquia Divino Espírito Santo), Califórnia (Paróquia
São Francisco de Assis), Ourinhos (Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe e Seminário Menor, com 42 seminaristas), Salto Grande (Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio) e São Paulo
(Paróquia Nossa Senhora do Loreto, na Vila Medeiros, e Paróquia São Miguel, em São Miguel
Paulista). Apesar das dificuldades nos anos anteriores, a situação dos josefinos era bastante
positiva no território brasileiro.
Apucarana, que concentrava uma paróquia, um colégio e um internato, era a cidade com
o maior número de confrades: sete religiosos com ampla atuação nas diversas atividades.
Apesar da consolidação, foram anos difíceis. Alguns padres deixaram a Congregação
por motivo de saúde ou crise de identidade religiosa. Além disso, o Colégio São José passava
por algumas dificuldades financeiras, especialmente após a implantação do Segundo Grau no
estabelecimento. Por outro lado, os josefinos comemoravam a ordenação de padres brasileiros. Ou seja, eram dias de avanços e recuos na delegação brasileira, o que deixava o clima um
pouco intranquilo. Mesmo assim, a Congregação mantinha-se firme no propósito de atender
os fiéis.
Essas mudanças repentinas permearam o início da década de 70. Eram idas e vindas
frequentes. Em julho de 1974, mais um baque na missão oblata do Brasil. Um dos padres mais
carismáticos morria em Londrina. José Canale foi encontrado morto em sua cama, na Paróquia Nossa Senhora da Luz, em Londrina. Ele faleceu vítima de parada cardíaca, entristecendo toda a comunidade josefina. Canale chegou ao Brasil em 1947 e ajudou a dinamizar o
Colégio São José em Apucarana. Em dezembro desse mesmo ano, o padre Carlos Ferrero era
vítima de derrame. O problema deixou-o paralítico. Alguns meses depois, já em Asti, ele partia definitivamente. Outra perda significativa ocorreu em fevereiro de 1975. Pedro Magnone
faleceu após uma grande luta pela vida, tendo enfrentado duas cirurgias.
Era, portanto, um momento muito complicado para a Congregação dos Oblatos de São
José. As mortes, aliadas às desistências, tornavam o trabalho muito difícil, principalmente
devido à falta de pessoal para atender todas as casas.
5 - Idas e vindas: o desafio de manter o foco
Os últimos anos da década de 70 reservaram boas notícias para a Congregação, após
vários anos de perdas e desânimo. Em novembro de 1976, os josefinos estavam em festa com
a ordenação de novos padres: José Antonio Bertolin e Fausto Cuccu. Pela primeira vez em
muito tempo, a maioria dos confrades reuniu-se para compartilhar esse momento importante.
Em fevereiro de 1977, outro motivo de alegria para a Congregação foi o início do noviciado em Curitiba. Quinze jovens começaram suas atividades religiosas na capital paranaense.
Em junho, foi dado um grande passo para aumentar os laços josefinos com a comunidade,
com o início da circulação do periódico “José, o Justo”.
Neste mesmo ano, a Congregação dava início à construção do “Girassol” em Apucarana.
O estabelecimento de ensino surgiu para atender especificamente o Jardim da Infância, sob
coordenação do padre Álvaro de Oliveira. A inauguração, prestigiada pelo bispo Dom Armando Círio, ocorreu no dia 18 de março de 1977. O “Girassol” foi um grande passo para
aumentar ainda mais a qualidade da educação, uma das grandes vocações dos josefinos. Com
o estabelecimento, as crianças ganhavam um atendimento específico e de mais qualidade.
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Em 9 de abril de 1977, mais uma mobilização que mostrou a força dos josefinos em
Apucarana. Cerca de 900 jovens de várias regiões participaram, na cidade, de um encontro
organizado pelo Jocap, o grupo de jovens da Paróquia São José. Participaram jovens das
dioceses de Apucarana, Maringá e Londrina. O evento foi um sucesso e foi repetido por vários
anos, fomentando a fé entre os jovens.
O final da década de 70, portanto, foi frutífero no que diz respeito à vocação. Dessa forma, a Congregação iniciou os anos 80 com 28 religiosos perpétuos e 25 sacerdotes contra 18
religiosos perpétuos e 18 sacerdotes contabilizados em 1975. Em 1981, a instituição possuía
14 casas, atendendo uma população de 250 mil pessoas. As dívidas e os problemas financeiros
foram amenizados, colocando os josefinos em uma nova etapa de sua caminhada no Brasil.
A Congregação seguiu entre idas e vindas entre os anos de 1980 a 1990. Enquanto alguns
padres deixavam a vida religiosa, outros abraçavam a vocação. Foram anos de muitas dúvidas, mas que os josefinos mantiveram-se firmes no seu propósito de evangelização. Procurou-se melhorar o planejamento das ações religiosas, através de projetos para os anos seguintes, além de reuniões e retiros mais frequentes entre os confrades. Estimulou-se também a
criação de jornais para levar o espírito de José Marello à comunidade.
Os momentos difíceis ocorreram, especialmente, com a perda de muitos religiosos, sendo alguns por morte e outros por desistência da vida religiosa. Esse tipo de acontecimento
entristecia e lançava algumas nuvens escuras sobre a Congregação. Para se ter uma ideia da
provação pela qual a instituição passou, foram 21 padres que abandonaram a batina para se
casarem ou viverem como cidadãos comuns, sem as obrigações da vida religiosa.
Em 1987, precisamente no dia 5 de fevereiro, uma nova tragédia abalou o coração dos
josefinos. Morria em um acidente de carro o padre Mário Tésio, então delegado da Congregação no Brasil. Em viagem com dois irmãos italianos para o litoral do Estado, o seu veículo Fiat
Spazio foi atingido em cheio por uma carreta, vindo o religioso e os seus irmãos a falecerem.
Foi mais um momento difícil para os confrades.
6 – Josefinos brasileiros: a semente plantada gera frutos
Até o início dos anos 90, a Congregação confirmou sua consolidação no país, especialmente com a formação de padres brasileiros. Foram anos de muitas conquistas e também de
provações. Porém, os josefinos mantiveram-se firmes na caminhada em defesa das lições do
fundador José Marello.
As mortes seguidas também abalaram a Congregação. Foram doze sacerdotes que faleceram, enlutando os josefinos. Entre eles, os padres Severino Cerutti e Mário Tésio, que morreram de forma trágica. Partiram também o padre Carlos Ferrero e o irmão Cuffini, últimos
elos com os primeiros missionários que desembarcaram trazendo o nome de José Marello
para o Brasil. Além disso, faleceram os padres Pedro Magnone, José Canale, Segundo Piotti,
entre outros.
Por outro lado, a formação de religiosos brasileiros era uma forma de mostrar que a
instituição mantinha-se firme e que as sementes plantadas em solo nacional haviam frutificado. De 1960 a 1990, a Congregação dos Oblatos de São José formou 27 padres e dois irmãos
brasileiros. Além disso, mais oito sacerdotes italianos reforçaram o trabalho dos josefinos no
Brasil.
Ao contrário de anos anteriores, em que a Congregação sofria com a falta de pessoal, a
partir da década de 60, este não foi o principal problema. Se a Congregação perdia alguns de
seus integrantes mais antigos ou aqueles em dúvida com sua vocação, novos religiosos eram
formados praticamente todos os anos, mantendo firme a Congregação e seus propósitos de
levar a fé e as lições de simplicidade ao povo paranaense e também paulista, em suas 21 obras,
conforme balanço de 1989. Eram 13 paróquias (Apucarana, Curitiba, São Paulo (3), Ourinhos,
Jandaia do Sul, Londrina (2), Cascavel, Três Barras do Paraná, São Pedro do Ivaí e Bom Sucesso); 4 seminários (Curitiba, Ourinhos, São Paulo e Londrina); 1 noviciado (Londrina); 2 colégios (Apucarana e Curitiba) e uma frente missionária em Aripuanã, no Mato Grosso.
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7 – Reorganização administrativa e foco nas pastorais
Conduzida pelo padre Pedro Magnone desde o final do ano de 1972, a delegação tinha
recebido um grande incentivo de sua parte, graças, sobretudo, à grande experiência como
Superior Geral da Congregação por 12 anos e também como ecônomo geral por um longo
período.
Contando com 22 sacerdotes e 12 clérigos filósofos, padre Magnone implementou a formação inicial com os seminaristas maiores, dividindo-os em três grupos: o primeiro passou a
fazer uma experiência nova em São Paulo, na paróquia recém-criada de Santa Edwiges, assumida sob a direção do padre João Batista Cerutti; o segundo foi designado para estudar em
Roma e o terceiro continuou em Curitiba, no seminário do Xaxim. Ao mesmo tempo, deu
abertura ao terceiro noviciado da delegação com seis noviços em Jandaia do Sul.
Outra preocupação de padre Magnone foi a vida religiosa em comunidade e, para isso,
criou reitorias em São Paulo, Ourinhos, Curitiba e Apucarana. Todos os seus projetos para a
delegação não tiveram, contudo, a continuidade em suas mãos, pois faleceria repentinamente, aos 58 anos, no mês de fevereiro de 1975.
Sucedeu-lhe o padre Ciriaco Bandinu, o qual procurou dar continuidade aos seus projetos. Logo depois de voltar de Roma, onde estivera como membro do 10º Capítulo Geral, Bandinu
decidiu dar muita ênfase à unidade dos confrades, estabelecendo a criação dos setores religiosos, divididos em Curitiba, São Paulo, Ourinhos e Apucarana, os quais passaram ter um
coordenador e um secretário, além de reuniões mensais.
O delegado procurou alimentar a Congregação com muitos subsídios disponibilizados
num opúsculo de circulação bimestral denominado “José, o Justo”, que se tornou, ao longo
desses anos, uma pre-ciosidade em material para reflexão sobre a vida religiosa e sobre assuntos de pastoral e da própria instituição.
A partir de então, “José, o Jus-to”, tornou-se uma publicação que fazia parte da vida
josefina e possuía até um funcionário contratado pela delegação que se dedicava a ele quase
que em tempo integral. Padre Ciríaco se preocupou também com a administração do colégio
Bagozzi, de Curitiba, que se tornava cada vez mais uma referência na educação dentro da
capital paranaense.
Ao padre Ciríaco, a delegação deveu o resgate da identidade da Congregação dos Oblatos
de São José, quando organizou com solenidade, na igreja Senhor Bom Jesus do Portão, a celebração do centenário da Congregação, no dia 14 de março de 1978. Para marcar essa data tão importante, o delegado instituiu também uma escola no Estado de São Paulo, funcionando na igreja
Nossa Senhora do Loreto, ligada ao Colégio Bagozzi, a qual foi denominada “Escola Centenário”, com capacidade para 350 alunos. Esta ficou sob a direção da delegação durante oito anos.
Foi também de grande valia o instrumento de conscientização vocacional produzido pelos
seminaristas, denominado “Jangada”. Na sua gestão ainda, o Papa João Pau-lo II elevou a
Diocese de Cascavel à Arquidiocese e Sede Metropolitana e elevou igual-mente Dom Armando Círio à categoria de arce-bispo metropolitano. Sua posse como arcebispo ocorreu em 27 de
janeiro de 1980. Padre Ciríaco encerrou seus seis anos como delegado com um saldo positivo
de nove ordenações sacerdotais e apenas dois campos de pastoral fechados.
No dia 7 de outubro de 1981, Padre Mário Tésio assumiu a condução da delegação. Homem ascético, amante da Congregação e conhecido por sua rigidez no tocante à prática da
vida religiosa, conduziu a delegação, nos seus quase seis anos de administração, com muita
capacidade, paciência e, sobretudo, com bastante trabalho. Seus esforços foram recompensados. Muito foi realizado neste período. Contudo, apesar de todo o seu empenho, não foram
anos fáceis, mas de muitas provações e sofrimentos. A delegação não navegou em águas tão
tranquilas como as do sexênio anterior.
Uma de suas primeiras providências foi a busca de solução para a situação econômica do
Colégio São José, de Apucarana, e, para isso, decidiu entregar a admi-nistração deste a um
grupo de professores que, após quatro anos, devolveu a direção do colégio à delegação, já em
condições de ser administrado e, a partir de então, mesmo com dificuldades, conseguiu-se
reduzir a sua gran-de sangria econômica.
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Padre Tésio empenhou-se de maneira contínua para que a delegação tivesse como prioridade a formação dos seminaristas menores e houvesse uma vivência empenhativa da vida
consagrada dos religiosos, tendo a comunidade local como lugar privilegiado e essencial de
comunhão e participação na vida e no apostolado josefino. Para isso, fortaleceu as reitorias e
constituiu os reitores nas comunidades, assim como deu prosseguimento aos encontros mensais dos reitores.
Em sua gestão deu-se início à organização das pastorais josefinas específicas, estabelecendo encarregados para a pastoral josefina, juvenil e vocacional. Esta organização proporcionaria um frutuoso resultado em suas respectivas áreas: criação das Fraternidades de São
José; subsídios variados para o conhecimento de São José e de Marello; instituição do encontro
dos leigos josefinos em Apucarana, todos os anos por ocasião do dia 1º de maio; trabalho com
a juventude viabilizando acompanhamento aos grupos de jovens paroquiais; festivais de
mensagem; criação dos grupos vocacionais paroquiais; acompanhamento personalizado aos
vocacionados, etc.
Nesse período também foi criada a revista “Horizonte Josefino”, que passava a abordar
assuntos vocacionais, josefinos e juvenis. Sua tiragem era de 1.700 exemplares e tinha, no início, aproximadamente mil assinantes. Destaca-se ainda em sua gestão o esforço para criar
fraternidade entre os religiosos da delegação, com a criação dos encontros por faixas etárias,
instrumento muito válido para partilhar a vida e passar uma semana de descanso e estudos
entre os confrades da mesma faixa etária.
Padre Tesio não conseguiu ver todos os seus projetos realizados, pois no dia 5 de fevereiro de 1987, morria vítima de um acidente automobilístico. Em seu lugar assumiu o vice-delegado, padre José Antonio Bertolin, que procurou conduzir a delegação na mesma linha já
estabelecida pelo plano trienal do antecessor. Antes de entregar o cargo ao novo delegado,
Bertolin escreveu, demonstrando o momento atual da Congregação:
- Assim se encerrou mais uma longa página da história da delegação brasileira. Este
sexênio foi, sem dúvida, um dos mais férteis para a delegação brasileira, embora com muitos
problemas. Nele, a exemplo do anterior, ordenaram-se também nove padres, houve um aumento de cinco padres e de dois religiosos em relação ao se-xênio anterior. Em compensação,
três padres deixaram o sacerdócio, três se desligaram da Congregação, tornando-se seculares,
e outros três faleceram. Além disso, um diácono pronto para ser ordenado deixou a Congregação. Na verdade, perdemos dez sacerdotes. Foi um período de grande despertar para o
apostolado Jo-sefino-Marelliano e vocacional. Publicaram-se inúmeros subsídios em ‘José, o
Justo’, na “Jangada”, e no “Horizonte Josefino”. Foram incontáveis as reuniões de todos os
níveis no interior da Delegação. Foi um tempo forte de conscientização sobre o ser religioso
Josefino, sobre a vida comunitária e sobre a necessidade da fraternidade e da partilha. Foi
também um sexênio marcado por dores, sofrimentos, mortes, decepções e até fracassos. Porém, sem sombra de dúvida, foi um sexênio que influiu fortemente na história de nossa Congregação no Brasil.
Assumiu em seguida a direção da delegação o padre João Erittu, o qual buscou o fortalecimento das comunidades religiosas, a fortificação das pastorais josefinas específicas, inclusive com a iniciação do centro juvenil josefino com o objetivo de proporcionar estudos, debates,
pesquisas e assuntos relacionados à juventude, além do assessoramento aos líderes dos grupos de jovens. Naturalmente, tudo isso feito em consonância com as características da
espiritualidade de São José, conforme o carisma oblato. Iniciou também o centro de
espiritualidade josefina que viria concretizar os sonhos acalentados há alguns anos na delegação de levar aos leigos o carisma Josefino. Este se colocava como um ponto de irradiação do
carisma de São José para toda a delegação.
Padre Erittu implementou a difusão do Horizonte Josefino, órgão de comunicação
delegacional; valorizou muito o fortalecimento dos setores religiosos e deu grande ênfase à
pastoral vocacional da delegação, liberando pela primeira vez um religioso responsável em
tempo integral para a animação vocacional. A ele também se deve a abertura da missão no
Mato Grosso, em Aripuanã, e a recuperação do cunho missionário na delegação. Com Erittu,
os encontros dos confrades por faixa etária continuaram muito valorizados, assim como os
festivais de música mensagem realizados em Apucarana.
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Grupo de leigos josefinos
Houve também uma abertura para a formação dos leigos josefinos, particularmente com
a realização do I Congresso Latino-Americano, em Londrina, no ano de 1993, com a participação 80 leigos do Brasil e outros provenientes dos países latino-americanos, Peru, Bolívia, México e Estados Unidos, com seus respectivos delegados. O encontro visou ao enriquecimento
de todo o trabalho das delegações latino-americanas, proporcionando trocas de experiências
entre os países participantes e a aprovação dos diretórios comuns para as Fraternidades
Josefinas e para o trabalho Juvenil.
No dia 22 de fevereiro de 1994, o padre José Antonio Bertolin assumiu a função de Provincial, pois a Congregação do Oblatos de São José tinha apenas realizado seu XIII Capítulo
Geral, no qual elevara a delegação do Brasil na condição de Província e, consequentemente, o
delegado passava a ser denominado Provincial. Padre Bertolin permaneceu por nove anos
consecutivos no cargo de Provincial e se tornava o 17º superior da Congregação na história
dos josefinos no Brasil.
Os primeiros anos de sua gestão foram dedicados a um esforço coletivo para disciplinar
e reorganizar as atividades da Província com uma série de iniciativas, incluindo as que já
vinham sendo desenvolvidas e dando um destaque especial para as pastorais josefinas específicas (Juvenil, Josefina, Missionária, Catequética, entre outras). Bertolin definiu essa nova
etapa em uma frase enviada aos confrades.
- Vamos buscar sempre em tudo, até nas pequenas coisas, a perfeição, conforme era o
desejo de nosso fundador.
O número de sacerdotes continuava crescendo. O balanço feito em 1997 mostra que os
josefinos reuniam 37 religiosos contra 31 de 1994. O investimento em novas casas ou na
reformulação destas também seguia firme no início dessa década. Portão, em Curitiba, tornou-se a nova sede Provincial da Congregação. Três Barras do Paraná ganhava um seminário
menor e o Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana era dinamizado em Apucarana, além
de uma nova creche e um Centro Social para assistência a menores carentes que passava a ser
mantido pelos josefinos em Curitiba.
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Em Londrina, a Congregação deixava a paróquia Nossa Senhora da Luz, mas passava a
trabalhar em outra paróquia na cidade. Outro esforço para a Província brasileira foi assumir
uma missão no Chile, na periferia da capital, Santiago. Para este país os religiosos da Província dedicaram seus esforços, pessoal e financeiro, produzindo em pouco tempo uma significativa e apreciada presença oblata entre os chilenos.
Em 2001, a Congregação comemorou uma nova conquista em Apucarana. Desde 1987, a
Paróquia São José passava por uma grande reforma, sendo concluída em 2000. No ano seguinte, em 2001, veio a coroação desse esforço, com a elevação da Paróquia São José à condição de
Santuário Diocesano São José. A festa aconteceu no dia 18 de março com a presença do bispo
de Apucarana, Dom Domingos Gabriel Wisniewski. O Santuário Diocesano São José foi o
primeiro no Brasil com o título de São José. No mesmo ano, no dia 25 de novembro, os membros da Congregação dos Oblatos de São José tinham a alegria de ver seu pai fundador, o
bispo José Marello, ser elevado às honras do altar, numa emocionante cerimônia presidida
pelo papa João Paulo II, na Basílica de São Pedro em Roma. Destacaram-se ainda, dentre as
muitas atividades realizadas nas três gestões consecutivas do padre Bertolin, a criação dos
santuários de Santa Edwiges, em São Paulo, e de Nossa Senhora de Guadalupe, em Ourinhos;
e os encontros bianuais com os pais e parentes dos religiosos brasileiros, com a finalidade de
aproximá-los mais da família josefina. Foram também organizados dois encontros de ex-seminaristas com a mesma finalidade.
Destacou-se ainda, nesta gestão, a grande profusão de subsídios produzidos pela Província como apoio para a formação inicial e permanente, sobretudo, o conhecimento da Teologia religiosa josefina e a pessoa de José Marello, fundador. Com esse objetivo, dois grandes
encontros de formação com todos os religiosos foram organizados, um voltado para o conhecimento da pessoa e espiritualidade do fundador, e outro para dar início ao processo de
“refundação” na Província, sob a frase motivadora “soltando as amarras”. Outro momento
forte de unidade de toda a Província, sobretudo com os seminaristas, foi a celebração dos 50
anos de caminhada formativa dos Oblatos no Brasil.
Sucedeu o padre Bertolin na condução da Província, o padre Mário Guinzoni. Ao novo
Provincial coube a tarefa de preparar os religiosos da Província para a celebração do XV Capítulo Geral da Congregação, tendo o próprio padre Guinzoni como participante desse evento
de grande importância para a família religiosa dos Oblatos de São José. O Provincial conduziu
os religiosos da Província no caminho já iniciado da refundação da vida religiosa, por isso, as
assembleias por ele guiadas passaram a ter uma conotação preponderantemente para a atuação da sequela Christi.
Paralelamente ao empenho de valorização da vida religiosa e oblata, Guinzoni voltou
suas atenções para a parte administrativa, seja com o funcionamento da Faculdade Bagozzi,
iniciada em Curitiba, seja com a preocupação com as questões administrativas no colégio
Bagozzi. Guinzoni permaneceu apenas um triênio como Provincial, pois, desejoso de ajudar a
Congregação na Itália, no campo vocacional, dedicou três anos de sua vida para esse trabalho
na Província São José Marello da Itália, voltando depois disso para o Brasil, no início de 2009,
reiniciando as atividades pastorais, desta vez como mestre de noviços em Cascavel..
Em julho de 2006, o padre Antonio Ramos de Moura Neto assumiu a condução da Província Nossa Senhora do Rocio. O trabalho dos josefinos, nos últimos anos, segue mantendo a
tradição de cultivar novas vocações e também de incentivar as pastorais, com trabalhos voltados para os jovens.
Outra atividade incentivada, guiada pelo padre Neto, é o investimento na educação, especialmente da Faculdade Bagozzi, em Curitiba. O estabelecimento de ensino superior vem
apostando nos cursos superiores de graduação e também de pós-graduação, mantendo a preocupação josefina com a educação, agora de nível superior. Outro destaque fica por conta do
trabalho no Centro Social Marello, que desde quase uma década, vem prestando um grande
atendimento a crianças carentes na capital do Paraná. Com padre Neto, a missão mantida
pela Província no Mato Grosso recebeu um reforço de dois sacerdotes filipinos, cedidos pela
Província filipina, que chegaram para atuar diretamente no campo missionário.
Coube ainda ao padre Neto a reorganização da parte administrativa e econômica da
Província, dando à gestão administrativa mais unidade e organicidade. Por fim, seguindo a
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linha de valorização da vida religiosa e josefina, já motivo de ocupação das gestões anteriores,
o atual Provincial vem se empenhando com todo entusiasmo para proporcionar aos confrades,
divididos em seis grupos, um encontro de dez dias no projeto denominado de “Revitalização
da vida religiosa josefina”.
8 – Uma Província aberta para o futuro
Atual Provincial da Congregação dos Oblatos de São José, o padre Antonio Ramos de
Moura Neto faz abaixo um balanço dos 90 anos de atuação da instituição no Brasil. Padre
Neto destaca a importância das realizações alcançadas nesse longo período e projeta os desafios dos Oblatos para o futuro:
“Fundada por São José Marello no dia 14 de maio de 1878, em Asti, norte da Itália, a
Congregação dos Oblatos de São José cresceu e espalhou-se pelo mundo. Hoje, os josefinos
formam uma família religiosa formada por padres, irmãos, irmãs e leigos na Itália, Filipinas,
Brasil, Estados Unidos, México, Peru, Bolívia, Índia, Polônia, Nigéria e, neste ano, também na
Austrália.
“A Congregação mantém firme o seu propósito de anunciar a Palavra de Deus ao povo,
fortalecendo-o com os sacramentos, reunindo-o em comunidades, realizando a promoção
humana, atendendo os pobres e educando a juventude, tendo como inspiração São José, Pai
de Jesus.
“E desta forma, a Congregação dos Oblatos de São José chega aos seus 90 anos de presença e atuação no Brasil, feliz com suas realizações e desejando poder continuar realizando
seu trabalho sempre com mais intensidade, significado religioso e social.
“Em 90 anos de história, a Província Nossa Senhora do Rocio está aberta para o futuro,
sem se esquecer da árdua trajetória e da clareza de que conseguiu chegar até aqui graças a
Deus e ao esforço, trabalho e vida doada de muita gente. Tem a certeza de que o respeito
adquirido diante do povo de Deus, da Igreja e dos bispos deu-se pelo empenho e pelo zelo de
todos os Oblatos, que trabalharam em nome da Congregação e no estilo desejado pelo seu
fundador, assim como de que o patrimônio alcançado é herança de trabalho e da generosidade de muita gente que apostou no carisma josefino e na sua funcionalidade para a Igreja e
sociedade.
“A Congregação dos Oblatos de São José conta hoje com 50 religiosos e atua em doze
paróquias, distribuídas em sete dioceses. A atuação da Província abrange uma população de
500 mil habitantes. Além disso, a instituição mantém dois colégios e uma faculdade, com a
missão concreta de educar integralmente cerca de cinco mil alunos, em parceria com 500 funcionários.
“A alegria do caminho feito nos estimula a continuar caminhando. Estamos convictos de
que as necessidades sociais e eclesiais são muitas e interpelantes. Somos portadores de um
carisma e espiritualidade Josefino Marelliana atuais e únicos, que colocados a serviço podem,
unidos a outros tantos carismas, contribuir para a elevação moral da sociedade. Cremos que a
difusão dessa espiritualidade entre os leigos pode ajudar muitos a crescerem e concretizarem
melhor suas vidas e respostas cristãs.
“Apesar da crise de valores, do relativismo ético, da desintegração familiar, do crescimento de tantos males que afetam a família e, sobretudo a juventude, temos muito a continuar a oferecer na área da educação cristã e moral da juventude, através de nossas entidades
educativas e seminários com o estilo de educar de José de Nazaré. Trabalhando para formar
lideranças e profissionais de forma integral, que tenham compromisso com a vida e a humanidade como alternativa de agir. Diante dos apelos eclesiais e sociais perante o aumento da
pobreza e sofrimento do povo, podemos melhorar ainda mais na acolhida e canalização de
nossas forças e estruturas para o serviço, para a promoção humana e o atendimento aos mais
carentes das cidades e dos campos.
“No continente da esperança e no país que foi o mais católico do mundo, mas que hoje
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vive a necessidade da Evangelização Missionária, podemos nos comprometer ainda mais na
comunhão com as Igrejas onde estamos inseridos, na busca de novos métodos, ardor, expressão e sensibilidade missionária. Num mundo cada vez mais moderno, marcado pelo avanço
da tecnologia, sentimos a necessidade de avançarmos ainda mais numa administração mais
profissional e centrada nos valores éticos cristãos que assegure a continuidade e o crescimento de nosso agir evangelizador na sociedade. E como sabemos que esses desafios são grandes
e precisarão de muito esforço e participação, estamos abertos a acolher a presença e atuação
de outros membros que queiram co-dividir conosco esse mesmo ideal.”
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Terceira parte
Caminho vocacional
Seminaristas josefinos na década de 50: Congregação sempre investiu
na formação de novos sacerdotes
Introdução
O ser humano foi criado por Deus à sua imagem e
semelhança. Recebeu Dele a missão fundamental de ser
seu colaborador nesse mundo. Sob o aspecto teológico, a
vocação é um diálogo entre Deus que chama e o homem
que responde em vista de uma missão. Viver a vocação
humana à luz da fé e da mensagem de Cristo, dando continuidade a sua missão de evangelizar, buscando a santidade e sendo membro ativo na comunidade, dando testemunho do Reino, eis o que chamamos de vocação cristã.
Os caminhos para se concretizar isso são vários, pois
dentro da grande vocação cristã, existem várias vocações específicas, como a leiga, religiosa,
sacerdotal e missionária. Existe um momento da vida em que as pessoas se sentem chamadas,
interpeladas, inclinadas e atraídas para um determinado estado de vida e missão. Dessa maneira, a vocação é uma experiência de duas grandes liberdades: de um Deus que chama e de
uma pessoa que responde.
1 – Animação vocacional
O caminho vocacional inicia pelo desejo de descobrir e conhecer a própria vocação. O
Serviço de Animação Vocacional, hoje em dia presente e bem mais organizado em quase todas as dioceses e congregações religiosas, tem como papel geral despertar e animar as diversas vocações que o Espírito suscita na Igreja e sociedade. E como missão mais específica, ajudar as pessoas a reconhecer sua própria vocação, incentivá-las e acompanhá-las na busca de
serviço como leigo, sacerdote, religioso e missionário para responder às necessidades da Igreja-Mundo, partindo dos dons e carismas pessoais.
Quando o adolescente ou jovem, após este acompanhamento vocacional, decide para a
vocação sacerdotal ou religiosa, está apto a ingressar no seminário. Na casa de formação, ele
encontra uma equipe de formadores, ambiente adequado e um itinerário formativo que contempla as dimensões humana, espiritual, intelectual e pastoral, unidas pela dimensão religiosa e carisma específico.
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As etapas formativas são as seguintes: seminário menor (ensino fundamental e médio),
noviciado (para ordens e congregações religiosas – após o ensino médio), seminário maior
(estudo universitário de Filosofia e Teologia) e estágio pastoral.
Nesses 90 anos de presença e atuação dos Oblatos de São José, a preocupação com as
vocações e o seu acompanhamento aconteceram de formas diversas e variadas, bem como
com intensidades diferentes. No início da missão no Brasil, a Congregação não percebeu tanto
interesse nem muita possibilidade de preocupação com as vocações, dado o muito trabalho e
o número pequeno de missionários. Na segunda metade, no entanto, os Oblatos decidiram
investir na questão vocacional, com a construção de seminários e no investimento de pessoas
para a condução deste trabalho, trazendo como conseqüência, o crescimento e desenvolvimento da missão.
2 – Ourinhos: marca do caminho vocacional dos Oblatos
Depois de consolidar sua presença no Brasil, a Congregação dos Oblatos de São José
investiu também na formação de padres josefinos brasileiros. Nesses 90 anos de atuação, foram abertos nove seminários. Além de aumentar o número de sacerdotes, a Congregação via
nos seminários uma maneira de firmar ainda mais as raízes dos Oblatos no Brasil. Com esse
objetivo, grandes esforços financeiros e humanos foram colocados nesses projetos nos Estados em que a instituição mantinha seus confrades.
O primeiro investimento ocorreu em Ourinhos, no Seminário Nossa Senhora de
Guadalupe, a partir de 1948. A construção da casa de formação foi conduzida pelo padre Pedro
Magnone, enviado especialmente a Ourinhos para tratar do assunto. O prédio foi erguido na
Vila Perino, em um terreno doado por um morador local, que abriu o loteamento onde surgiria a vila.
A ideia de construir um seminário em Ourinhos surgiu no dia 2 de fevereiro de 1947,
durante uma viagem dos padres Pedro Magnone e Eugênio Gherlone por aquela região de
São Paulo. Ao pararem em Ourinhos, foram informados do loteamento.
Procuraram a família Perino no dia seguinte e receberam a promessa de doação do terreno para o seminário. Após os trâmites legais de doação, os padres Pedro Magnone e Mário
Briatore fixaram moradia em Ourinhos, em uma casa simples de madeira, na área onde seria
construído o prédio, que naquela época não passava de um grande cafezal. Eles viveram
nesta casa durante os dois anos da construção do seminário.
A obra revolucionou a recém-criada Vila Perino, que em poucos anos foi crescendo e se
tornando um bairro importante de Ourinhos. A pedra fundamental do Seminário Nossa Senhora de Guadalupe foi lançada no dia 6 de janeiro de 1948.
A obra marcou também o início da tão sonhada expansão dos josefinos. Ourinhos foi a
primeira cidade fora do Paraná em que a Congregação conseguiu estender e fixar em definitivo as suas raízes, após algumas experiências frustradas. Por isso, não foram medidos esforços
nesse projeto. Além de contribuições da comunidade local, a construção foi financiada com a
venda de um terreno dos Oblatos entre o Portão e a Água Verde, em Curitiba.
Em março de 1948, são recebidos os primeiros seminaristas. O prédio ainda não estava
concluído, mas a casa de formação dava início às suas atividades. Da primeira leva de apenas
seis seminaristas, um tornou-se padre: Geraldo Bortolocci. Em abril de 1950, o nome Seminário Nossa Senhora de Guadalupe foi oficializado durante uma cerimônia religiosa, em homenagem ao Santuário de Guadalupe no México.
Em setembro de 1948, o padre Magnone é transferido para Marilândia do Sul. Mesmo de
longe, continuou arrecadando dinheiro para a obra em Ourinhos.
O centro de formação foi inaugurado provisoriamente no dia 15 de abril de 1950, na
presença de autoridades religiosas e de 26 seminaristas matriculados. Porém, ainda em 1950,
a casa já contava com 85 jovens. O padre João Barbieri foi designado diretor no primeiro ano.
A inauguração oficial ocorreu no dia 26 de janeiro de 1952, com 120 seminaristas das
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dioceses de Assis e Jacarezinho. No dia 1º de março mais um acontecimento importante: lançava-se a pedra fundamental da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe.
Nesses anos, vários padres passaram pelo seminário, ocupando desde a direção, formação até as funções de assistente. Em 1955, o seminário enviava os seus três primeiros jovens
para o noviciado na Itália, o que passou a ocorrer, praticamente, a partir de todos os anos
seguintes.
Em agosto de 1956, em Ourinhos, foram oficializados os estatutos da Congregação dos
Oblatos de São José e a cidade paulista tornou-se a sede dos josefinos no Brasil.
O momento mais esperado na história do seminário de Ourinhos chegou no dia 5 de
abril de 1961, com a ordenação do primeiro padre josefino brasileiro. A cerimônia de ordenação foi muito comemorada, pois a semente dos josefinos havia germinado no Brasil. Geraldo
Bortolocci consagrava-se padre em uma bonita celebração em Ourinhos. Em 1964, já eram
quatro sacerdotes formados pelos josefinos no Brasil.
No dia 11 de fevereiro de 1963, a Congregação festejou a inauguração do Noviciado dos
Oblatos de São José, em Curitiba. Com essa nova casa de formação, os seminaristas não tinham mais necessidade de efetuarem essa etapa formativa na Itália. O noviciado tornava-se,
assim, o fruto do trabalho realizado na etapa formativa de Ourinhos.
A partir de 1968, os seminaristas começaram a frequentar as escolas públicas, em vez de
estudarem dentro do seminário. A inovação mostrou-se eficaz. Em 1972, os seminaristas foram
transferidos para Apucarana e passaram a fazer, nessa cidade, os ensinos médio e técnico.
No final da década de 70, a preocupação com as vocações adultas buscou possibilitar o
seguimento de Cristo para as vocações tardias da área rural e periferia das grandes cidades; a
matrícula dos adultos em cursos supletivos e formação personalizada no seminário. A preocupação com os estudos levou os seminaristas menores a estudarem no Colégio São José em
Apucarana e, num segundo momento, no Colégio Marista em Londrina.
No ano de 1973, a busca de uma formação teológica com cunho mais pastoral e popular
junto aos pobres, fez com que os seminaristas fossem levados a estudar no Itesp, em São Paulo, morando junto à Paróquia Santa Edwiges.
Início da década de 80, o esforço do padre Mário Tésio em valorizar a formação desde a
pastoral vocacional se concretiza com a liberação, pela primeira vez na Província, de um animador vocacional, na pessoa do padre Mário Guinzoni.
No final da década de 80, a formação de uma equipe de formadores preparada foi levada
a termo com o investimento humano e financeiro de confrades na escola para formadores. Por
fim, a conclusão da elaboração do Plano Formativo da Província como aplicação da Ratio
Formationis à nossa realidade brasileira no ano de 1999.
3 – Estágios de formação
3.1 - Pré-seminário
A Congregação dá o nome de “pré-seminário” à etapa preparatória para o caminho da
formação. Trata-se de um ambiente formativo destinado a adolescentes e jovens que por algum motivo (idade, acompanhamento vocacional, deficiência escolar, imaturidade humana e
cristã, etc) necessitem de uma preparação mais específica para o futuro ingresso no seminário.
Essa etapa aconteceu pela primeira vez em Três Barras do Paraná, em 1991, com a finalidade de sanar a grande carência em nível escolar dos candidatos ao sacerdócio, provenientes
do oeste do Paraná. Em 1992, o pré-seminário iniciou suas atividades na casa paroquial de
Três Barras, com 11 vocacionados. Após serem preparados com um ensino básico, os jovens
eram enviados para formação em Ourinhos e Londrina. Em 1993, a Congregação deu início à
construção da sede própria do seminário. O seu funcionamento ocorreu no ano de 1994. Em
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1996, o pré-seminário tornou-se oficialmente o Seminário Padre Mário Tésio, finalizando suas
atividades no ano de 2003.
Com o florescer das vocações nas missões do Mato Grosso, foi aberta novamente esta
etapa na cidade de Aripuanã, com o nome de Pré-Seminário São José, oferecendo espaço para
a formação de até 10 jovens carentes de acompanhamento vocacional, oriundos das diversas e
longínquas comunidades da região. Esses jovens se preparam ali num período de um ano e
depois são transferidos para o seminário menor de Ourinhos. Os formadores dessa etapa,
desde o início de seu funcionamento, foram os padres Celso Fernandes Griffo, Mário Roberto
Rocha, Jayson Chaves Endaya e Paulo Sérgio Rodrigues.
3.2 - Seminário Menor
A etapa do seminário menor é destinada a adolescentes e jovens estudantes do ensino
Fundamental e Médio. Teve sua sede, nestes 90 anos, quase sempre na cidade de Ourinhos
(SP), no Seminário Nossa Senhora de Guadalupe, o primeiro seminário da Província, inaugurado em 1950 e que serviu de casa para seminaristas josefinos e diocesanos da região.
Entre os anos de 1970 a 1987, o seminário menor de Ourinhos recebeu uma extensão, com
sede em Apucarana, criando assim, o Seminário Padre José Canale, com a finalidade de atender
os seminaristas que estavam cursando os ensinos clássico e científico (atual Ensino Médio). A
ideia de criar uma casa de formação surgiu da necessidade de se atender jovens do Norte do
Paraná. Ali, numa casa de madeira anexa ao colégio São José, passaram muitos seminaristas.
Em 1989, essa etapa de formação foi transferida para Londrina, onde passou a funcionar
no prédio do antigo noviciado, já que este foi transferido integralmente para Curitiba. Os
seminaristas frequentavam o Colégio Marista e, em Londrina, essa casa de formação permaneceu até os anos 2000.
Grupo de seminaristas menores no seminário Nossa Senhora de Guadalupe - Ourinhos
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3.3 - Seminário Menor de Vocações Adultas
Na década de 70, após um bom período de trabalho no norte do Paraná, começaram
aparecer muitas e boas vocações de jovens já amadurecidos, oriundos, na sua maioria, da área
rural ou das periferias das cidades, com uma característica em comum: idade acima dos 18
anos, o desejo de seguir a Cristo como sacerdote e religioso e estarem atrasados nos estudos
(não terem concluído o Ensino Médio). Os padres, preocupados com essas vocações, abriram
o Seminário de Vocações Adultas. Em 1972, alguns vocacionados adultos foram acolhidos no
Seminário Padre José Canale em Apucarana e, em 1977, em Jandaia do Sul, seguido também
por dois anos em São Pedro do Ivaí, onde funcionou ao lado da casa paroquial.
Em 1982, os vocacionados adultos foram transferidos para Ourinhos, onde o seminário
chegou a ter cerca 40 seminaristas. No ano de 1997, os seminaristas adolescentes foram transferidos de Londrina para Ourinhos e esta etapa voltou novamente para o Seminário Padre
José Canale, em Londrina, mas por pouco tempo, visto que em seguida cessou a experiência
com vocações adultas.
3.4 - Noviciado
Esta etapa é obrigatória para aqueles que querem ser religiosos. Tem duração de um ano
completo, com ambiente, estrutura e formadores apropriados a favorecer o discernimento e a
clareza da vocação à consagração a Deus. Trata-se de um ano de experiência de Deus, de vida
comunitária e estudos sobre a vida religiosa e sobre o instituto onde se deseja ingressar. A
etapa é concluída com profissão dos votos religiosos de pobreza, castidade e obediência.
Em 1955, foram enviados os primeiros noviços brasileiros para cursarem o noviciado na
Itália e ali davam continuidade à sua formação. A ideia da construção de um seminário em
Curitiba foi discutida pelos padres em 1962, por iniciativa dos padres Pedro Magnone e Mário
Briatore. A construção da obra foi dirigida pelo padre Bernardino Baccolo e o noviciado teve
início no dia 13 de fevereiro de 1963 com sede em Curitiba, no recém-inaugurado seminário
do Xaxim, tendo como mestre o padre Bernardino Baccolo, contando com 12 noviços.
O segundo grupo de noviços, contendo 12 formandos realizou o seu noviciado no ano de
1971, tendo como mestre o padre Ciriaco Bandinu. Já no ano de 1973, o noviciado foi realizado
em Jandaia do Sul. Tendo o padre Giocondo Bronzini como mestre, o noviciado seria realizado por alguns meses em Ribeirão do Sul, visto que nesse período se preparava uma nova sede
para o noviciado na cidade de Londrina, no bairro no Shangri-lá B, ao lado da Paróquia Nossa
Senhora do Carmo.
Essa etapa formativa voltou a ter sua sede em Curitiba, no Seminário do Xaxim, no ano
de 1994, mas no mesmo ano foi transferida para Cascavel, no bairro Recanto Tropical, onde
permanece até hoje, com o nome Noviciado Padre José Calvi.
No decorrer destes anos a Província brasileira teve os seguintes mestres de noviços: padres Bernardino Baccolo, Ciriaco Bandinu, Giocondo Antonio Bronzini, José Valdir Rodrigues,
João Batista Erittu, Hilton Carlos Soares e Mário Guinzoni.
3.5 – Filosofia
A formação filosófica de nossos seminaristas, no final da década de 50, deu-se totalmente na Itália, visto que neste período ainda não se tinha estrutura nem formadores para realizar
essa etapa de formação no Brasil. A partir da década de 60, ao invés de enviar seus formandos
para a Filosofia na Itália, estes passaram a estudá-la em Curitiba, morando no seminário Dom
José Marello.
Os seminaristas inicialmente frequentaram a Filosofia no Seminário Palotino (1965-1965),
Seminário Diocesano São José em Órleans (1966-1969), Bom Jesus (1970- 1975), Faculdade Católica de Curitiba (1976-1978), Instituto Vicentino de Filosofia (1982-1986), Studium OSBM do
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Seminário “São Basílio Magno” (1987-2002) e Faculdade Padre João Bagozzi (a partir de 2002).
Os formadores dessa etapa formativa foram os padres: João Battista Ceruti, Mário Tésio,
João Erittu, Alberto Thomal, Mike de Alcântara, Giocondo Antonio Bronzini, Alberto Santiago, Fernando Baptistute, Antonio Ramos de Moura Neto, Ailton Ferreira de Almeida, Orestes
Monteiro de Melo, Mário Roberto Rocha, Paulo Siebeneichler e Valdinei Pini.
3.6 - Teologia
Após concluir a etapa da filosofia, o candidato ao presbiterado está apto a ser admitido à
etapa da Teologia, preparação específica para a formação presbiteral. A formação teológica e
pastoral dos seminaristas josefinos aconteceu como a formação filosófica. Inicialmente no final da década de 50, os seminaristas da Província eram enviados para a Itália onde cursavam
a Filosofia e Teologia; depois, na década de 60, a formação passou a ser desenvolvida quase
que exclusivamente em Curitiba até que no ano de 1973, um grupo de seis seminaristas foi
transferido para estudar a Teologia em São Paulo, com o intuito de proporcionar a eles uma
formação ligada a uma experiência pastoral mais inserida nos meios populares.
Os seminaristas passaram a morar na Paróquia Santa Edwiges, mas a experiência durou
pouco mais de dois anos, pois em 1976 foram transferidos para o Seminário Maior Dom José
Marello, em Curitiba, onde permaneceram até o ano de 1987, quando voltaram novamente a
São Paulo, inicialmente na Vila Medeiros e, um mês depois, com a morte do Padre Mário
Tésio, passaram definitivamente para Paróquia de Santa Edwiges. Neste último local, permaneceram até 1999, quando, no dia 30 de maio, ainda na capital paulista, foi inaugurada a casa
de Teologia recebendo o nome de Seminário Padre Pedro Magnone, em homenagem ao grande missionário oblato, responsável por uma série de iniciativas e pelo desenvolvimento da
Província brasileira.
Neste novo período na cidade de São Paulo, os seminaristas estudaram Teologia no Itesp
(1973-1974), no Instituto Teológico Pio XI (1987-1991), no Itesp (1992-2003) e na Faculdade
Nossa Senhora da Assunção (a partir de 2003 ).
Foram formadores desta etapa os padres: João Cerutti, Mário Tésio, Eurípes Alves, Eurico
Dedino, Álvaro de Oliveira Joaquim, Hilton Carlos Soares, Antonio Ramos de Moura Neto,
Alberto A. Santiago, Fernando Baptistute, João Erittu, Mário Guinzoni, João Batista da Silva e
Mauro Negro.
4 – Nossos seminários
Seminário Nossa Senhora de Guadalupe – Ourinhos – Vila Perino
Pioneiro na formação de josefinos brasileiros, o
Seminário Nossa Senhora de Guadalupe foi criado em 1949. A casa de formação foi sede de várias
etapas, desde seminário menor, propedêutico,
postulantado até vocações adultas. O seminário
foi também o endereço da sede Provincial da Congregação por mais de 30 anos.
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Seminário Dom José Marello – Curitiba - Xaxim
Localizado no bairro Xaxim, em Curitiba, o Seminário
Dom José Marello foi criado em 1963 para atender o
noviciado. No entanto, a casa de formação também recebeu o propedêutico, o postulantado, a filosofia e a teologia. Em 1977, o seminário foi instituído como a sede
da Província dos Oblatos de São José no Brasil, em substituição a Ourinhos, permanecendo nessa condição por
mais de 20 anos. Atualmente, a sede da Província fica
no bairro Portão, também em Curitiba.
Seminário Padre José Canale – Londrina – Shangrilá-B
(Centro Juvenil Vocacional)
Inicialmente o Seminário Padre José Canale foi criado
em Apucarana para atender os seminaristas que estavam cursando os ensinos clássico e científico (atual Ensino Médio), em 1970. A ideia de criar uma casa de formação surgiu da necessidade de se ter um centro
formativo no Norte do Paraná. Em 1989, a casa de formação foi levada definitivamente para Londrina, no bairro Shangrilá B. O seminário foi sede das etapas do noviciado, seminário menor e de vocações adultas e atualmente é o Centro Juvenil Vocacional.
Seminário Padre Pedro Magnone – São Paulo - Sacomã
O Seminário Padre Pedro Magnone surgiu em 1973,
com o objetivo de garantir uma nova formação teológica
aos clérigos, em São Paulo. A casa de formação é a sede
das etapas de teologia e formação de irmãos josefinos.
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Pré-Seminário São José – Aripuanã – Vila Operária
O Pré-Seminário São José, de Aripuanã, foi criado no
ano de 2007, com o objetivo de atender o grande número de vocações nas missões do Mato Grosso. Localizado
na Vila Operária, a casa tem como objetivo preparar os
seminaristas para o seminário menor de Ourinhos.
Noviciado Padre José Calvi - Cascavel O Noviciado Padre José Calvi foi criado em 1994, na
cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná. Até então, os
noviços haviam passado por casas de formação em
Curitiba, Ribeirão do Sul, Jandaia do Sul e Londrina.
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Quarta parte
Nossas Paróquias
Introdução
Os Oblatos de São José, fiéis ao carisma recebido e cientes de seu carisma no mundo,
continuam a missão dentro da Igreja, conscientes de que são chamados a servir aos interesses
de Jesus, conforme as indicações da Divina Providência. Por isso, abertos às inspirações que o
Espírito suscita, acolhem a itinerância como um movimento normal no trabalho missionário,
formando comunidades, deixando-as preparadas para outros ocuparem seus lugares e voltando-se para outras instâncias sempre que necessário.
Em 90 anos de trajetória, a Congregação dos Oblatos de São José no Brasil atendeu inúmeras paróquias, desde os primeiros campos de apostolado em Paranaguá até a última comunidade assumida em Colniza, no Mato Grosso. Trata-se de uma história de muitos esforços,
desafios e luta, com o propósito central de levar a evangelização à população necessitada de
espiritualidade, segundo o espírito do carisma dos Oblatos de São José.
Atualmente, a Província mantém atuação firme em 12 paróquias no Paraná, São Paulo e
Mato Grosso. Em todos esses locais, o trabalho de evangelização segue pontilhado com a preocupação voltada à formação da juventude, com a ajuda às Igrejas particulares, com a difusão
da devoção a São José e com o apostolado josefino-marelliano voltado para a formação de
leigos cristãos conscientes, sem o descuido com a formação de novos sacerdotes e com o trabalho social, seja nas grandes cidades, seja nos ambientes rurais.
No Vale do Ivaí, os josefinos chegaram a atuar em uma dezena de municípios. São Paulo
e várias cidades do estado também tiveram a presença dos religiosos da instituição, assim
como diferentes regiões do Paraná e até de Santa Catarina. Em cada uma dessas casas que
ficou para trás está a semente josefino-marelliana.
1 – Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão – Curitiba
Paróquia do Portão foi uma das primeiras assumidas
pelos Oblatos no Brasil
Os Oblatos começaram a atuar na Paróquia Bom Jesus do Portão, na capital Curitiba,
em 1928, assumindo oficialmente a administração no dia 15 de dezembro de 1936. A história dessa comunidade, no entanto, data do
início de 1900, quando se fala da existência
de uma pequena capela dedicada ao Senhor
Bom Jesus na Rua República Argentina. Documentos na Cúria Metropolitana relatam que
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em 1914 já existia uma comissão para a construção de uma igreja no bairro Portão. As obras
foram iniciadas em 1916. Em 1928, a comissão entrega ao bispo, Dom João Francisco Braga, a
igreja pronta. O bispo coloca no altar-mor a imagem do Bom Jesus (que ainda hoje está na
Igreja).
A partir de 1936, quando os josefinos assumiram a paróquia, a igreja passou por uma
série de reformas. Mais recentemente, nos anos 90, a igreja antiga foi tombada pelo patrimônio
histórico do município. Com o passar dos anos, o templo tornou-se cada vez menor em relação ao crescimento do bairro. Por isso, ainda na década de 90, foi iniciada a construção de uma
nova igreja, mais ampla e moderna. Assim, a igreja antiga passou a ser usada durante a semana e a nova, sobretudo, aos finais de semana e em grandes celebrações.
A Paróquia do Portão sempre foi um dos pontos de referência quando o assunto é a juventude. Famosa nos anos 80, a paróquia “exportava” e dava aulas sobre esse trabalho para toda a
Congregação. Atualmente, existe um grupo de jovens bastante atuante na comunidade.
Outro destaque é o trabalho com os pobres, por meio da pastoral social. Nos anos 90,
com a instalação da chamada “ferrovila”, que foi uma invasão de terrenos que passavam ao
lado da Paróquia do Portão, o trabalho com os necessitados se intensificou.
Saiba mais
Nome: Paróquia Senhor Bom Jesus
Endereço: Igreja antiga: Praça Pe. João Bagozzi, s/n –
Portão – 80.610-260 - Igreja nova: Rua João Bettega, 206
– Portão – 81.070-000
Telefones: (41) 3329-3468 e 3079-4940
E-mail: [email protected]
Data da criação: 15 de dezembro de 1936
População atendida: Cerca de 35 mil habitantes.
Arquidiocese: Arquidiocese de Curitiba
Nome do Bispo: Dom Moacyr José Vitti (Auxiliares Dom
Dirceu Vegini e Dom João Carlos Seneme)
Pastorais e movimentos: Pastoral Josefina, Ministros
Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC),
Catequese, Pastoral Social, Pastoral Familiar, Conselho
de Assuntos Econômicos Paroquiais (CAEP), Movimento de Conscientização Cristã – Casais (MCC), Pastoral
da Pessoa Idosa, Pastoral Litúrgica, Pastoral do Dízimo,
Renovação Carismática Católica, Apostolado da Oração,
Movimento das Capelinhas, Oficinas de Oração e Vida,
Pastoral da Juventude, Pastoral dos Coroinhas, Leigos
Josefinos, Congregação Mariana.
Párocos ao longo da história:
- Pe. Natale Brusasco
- Pe. João Siccardi
- Pe. Fidelis Rota
- Pe. João Bagozzi
- Pe. Dário Zampiero
- Pe. Bernardinbo Baccolo
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Segundo Piotti
- Pe. Mário Briatore
- Pe. Antonio Toloczko
- Pe. Ciríaco Bandinu
- Pe. Giovanni Battista Erittu
- Pe. José Antonio Bertolin
- Pe. Hilton Carlos
- Pe. Alfeu Leônidas Teodoro
- Pe. Miguel Angel Zárate Macias
- Pe. Alexandre Alves dos Anjos Filho
Vigários paroquiais:
- Pe. João Sicardi
- Pe. Carlos Ferrero
- Pe. José Adamo
- Pe. Emílio Matrineto
- Pe. José Calvi
- Pe. Roberto Palotto
- Pe. Vitório Canavese
- Pe. Eurico Dedino
- Pe. Antonio Maldonado
- Pe. Mário Briatore
- Pe. Euripes Alves de Oliveira
- Pe. Bernardino Baccolo
- Pe. Alberto Antonio Santiago
- Pe. Sérgio José de Sousa
- Pe. Roberto Agostinho
- Pe. Ailton Ferreira de Almeida
- Pe. Fernando Baptistute
- Pe. Valdinei Pini
- Pe. João Batista Erittu
- Pe. João Batista da Silva
- Pe. Ermínio di Gioia
- Pe. Dário Zampiero
- Pe. Vincenzo Cianfriglia
- Pe. Djalmo Alves
- Pe. Jacob Xavier Kayalaparambil
- Mauro Negro
- Nelson Federovicz
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2 – Paróquia Nossa Senhora de Loreto – São Paulo
Paróquia Nossa Senhora de Loreto representou o início da Congregação na capital paulista
A Congregação dos Oblatos de São José
assumiu a Paróquia Nossa Senhora de Loreto,
na Vila Medeiros, em São Paulo, em 1954. Na
época, a Vila Medeiros possuía apenas uma
capela de madeira e os moradores do bairro
viviam sem infraestrutura básica. Não havia
luz elétrica, água e faltavam linhas de transporte coletivo.
A Paróquia de Nossa Senhora de Loreto
representou o início do trabalho dos josefinos
em São Paulo. Com o decorrer dos anos, a
comunidade foi crescendo e o bairro recebeu
melhorias. Hoje, a Vila Medeiros tem uma
grande densidade populacional e encontra-se
numa área valorizada da capital paulista.
Com o esforço dos primeiros padres,
com destaque para Duílio Liburdi e João
Barbieri, e também da comunidade, uma nova
igreja foi construída no local, além de uma boa
infra-estrutura para o funcionamento de atividades pastorais.
A veneração à Nossa Senhora do Loreto surgiu na região em 1948. Segundo os moradores,
na época, um acidente aéreo envolveu um pequeno avião. O piloto, em apuros, teria invocado
Nossa Senhora do Loreto antes de pular de pára-quedas. Ele sobreviveu ao acidente e, num
gesto de gratidão, trouxe uma imagem da santa para doar à igreja que seria erguida no bairro.
Saiba mais
Nome: Paróquia Nossa Senhora de Loreto
Endereço: Avenida Nossa Senhora do Loreto, 914, Vila
Medeiros
Telefone: (011) – 22010392
Email: [email protected].
Data da criação: 11/07/1954
População atendida: Aproximadamente 85 mil pessoas.
Arquidiocese: São Paulo
Nome do Bispo: Cardeal Odilo Pedro Scherer
Dom Joaquim Justino Carreira
Comunidade atendida: Imaculada Conceição
Pastorais e movimentos: Catequese, Liturgia, Dízimo,
Ecumenismo, pastorais da Idade, Juventude, Saúde,
Criança e Apostolado da Oração; Coroinhas, Promoção Humana, Trabalhos Manuais, Fraternidade
Josefina, RCC, ECC, Legião Maria, Batismo,
Missionária e Capelinhas.
Párocos ao longo da história:
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Bernardino Bacolo
- Pe. Vicente Verulli
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- Pe. Segundo Piotti
- Pe. João Barbieri
- Pe. Roberto Pallotto
- Pe. João Batista da Silva
- Pe. Geraldo S. de Alvarenga
Vigários paroquiais:
- Pe. Orlando Piva
- Francisco Guffi
- Pe. Tarcísio Saviori
- Pe. Leonardo Prota
- Pe. Aristides Pimentel
- Pe. Francisco dos Santos
- Pe. Segundo Piotti
- Pe. Agostinho Cola
- Bernardino Baccolo
- Pe. Mário Briatore
- Pe. Mário Guinzoni
- Pe. José Valdir
- Pe. Denis P. Oldack
- Pe. Eurípes Alves Oliveira
- Pe. Milton Bim
- Pe. Mauro Negro
3 – Paróquia Nossa Senhora de Fátima – São Paulo
Paróquia Nossa Senhora de Fátima foi desmembrada
da Paróquia Nossa Senhora do Loreto
A Paróquia Nossa Senhora de Fátima foi
criada em 1976, como desmembramento da
Paróquia Nossa Senhora do Loreto, em São
Paulo. Com a superpopulação da região, a
Congregação dos Oblatos de São José optou
por uma divisão do campo de evangelização.
O objetivo era garantir àquela ampla região
paulistana um trabalho mais dinâmico e
abrangente. Assim, os padres permaneceram
em contato mais direto com os moradores.
Localizada na Vila Sabrina, a Paróquia
Nossa Senhora de Fátima surgiu sem a existência de uma igreja para atender os fiéis. O
templo, porém, foi imediatamente construído
a partir de um trabalho dedicado do primeiro
pároco, o padre Orlando Piva.
A paróquia completa 33 anos em 2009.
Em um trabalho conjunto ao realizado na Vila
Medeiros, garante um ambiente de fraternidade religiosa dos Oblatos na Vila Medeiros e também presta um grande serviço ao atendimento dessa região tão populosa de São Paulo.
Saiba mais
Nome: Paróquia Nossa Senhora de Fátima
Endereço: Avenida João Simão de Castro 260, 02141000, Vila Sabrina, São Paulo (SP)
Párocos ao longo da história:
- Pe. Orlando Piva (1976-1997)
Telefone: (11) 2201-3884
- Giovanni Cerutti (1998-2007)
Email: [email protected]
- Pe. Roberto Palotto (2007-2008)
Data da criação: 15-10-1972
- Pe. Miguel Angel Zarate Macias (2009)
População atendida: Aproximadamente de 30 mil pessoas.
Vigários paroquiais:
Arquidiocese: São Paulo
Nome do Bispo: Cardeal Odilo Pedro Scherer
Bispo auxiliar regional: Dom Joaquim Justino Carreira
- Pe. João Battista Cerutti
- Pe. Orlando Piva
- Pe. Denis O. Paixão
- Pe. Djalmo Alves da Silva
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4 - Paróquia-Santuário Santa Edwiges – São Paulo
Paróquia-Santuário Santa Edwiges é importante centro formador de novos religiosos
josefinos
A criação da Associação Beneficente de Santa Edwiges, entre os anos
de 1923 e 1924, representa o embrião da Paróquia-Santuário Santa
Edwiges. A partir da criação da entidade, ocorre a doação de um terreno
para a construção de uma capela em homenagem à santa. Em 1926, foi
lançada a pedra fundamental da primeira construção. No entanto, a obra
não foi adiante e, em 1953, surge a Sociedade Católica de Santa Edwiges,
que, em março de 1955, inicia novamente o projeto.
Por decreto do Arcebispo Carlos Carmelo de Vasconcellos, a paróquia é oficialmente criada no dia 21 de abril de 1960. Os josefinos assumem a comunidade no dia 14 de setembro de 1973, sendo primeiro pároco o padre João Batista Cerutti. Com a presença oblata, ocorre a expansão da devoção de Santa Edwiges, com a ampliação dos serviços e
atendimento aos romeiros que acorrem à igreja. Em 1983, com a liderança do padre Dedino,
inicia-se a construção do novo templo.
Em 18 de abril de 1997, Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns elevou a Paróquia à condição
de Santuário, e no dia 06 de dezembro de 1998, Dom Antonio Celso de Queiroz, bispo auxiliar
da região episcopal Ipiranga, fez a Consagração da Igreja. Em 1999 foi edificada a Capela da
Reconciliação e no dia 16 de maio, com a presença do Arcebispo Dom Cláudio Cardeal
Hummes, foi aberta ao público para o atendimento das confissões e sala de promessas. O
Santuário-Paróquia atende uma grande população carente do Heliópolis.
A paróquia atuou como centro de formação de teólogos da Congregação até 1979, quando os estudantes deixavam Curitiba para estudar em São Paulo, frequentando o Seminário
Pedro Magnone. Após um período em Curitiba, os teólogos voltaram para a comunidade em
1987, onde permanecem até hoje.
Saiba mais
Nome: Paróquia-Santuário Santa Edwiges
Endereço: Estrada das Lágrimas, 910 – Sacomã – São Paulo/SP
Telefones: (11) 2274.28.53 / 2274.8646 Fax: 2215.6111
E-mail: [email protected]
Site: www.santaedwiges.org.br
Data da criação: 21 de abril de 1960
População atendida : Aproximadamente 83 mil pessoas.
Arquidiocese: São Paulo / Região Ipiranga / Setor Anchieta
Nome do responsável: cardeal Odilo Pedro Scherer
Nome do bispo auxiliar: Dom Tomé Ferreira da Silva
Comunidade: Capela Nossa Senhora Aparecida
Pastorais e Movimentos: Catequese do Batismo, Catequese 1ª
Eucaristia, Catequese da Crisma, Catequese de Adultos, Curso de Noivos, Coroinhas, Banda Busco, AJUC louvando
ADONAI, COJOSE, Pastoral Matrimonial, Jornal Santa
Edwiges, Vicentinos, Canto Liturgia, Dízimo, Infância
Missionária, Pastoral Missionária, Pastoral da Saúde, Pastoral
da Família, SAV, Ministros da Eucaristia, Ministros da Palavra, Ministros da Acolhida, Ministros do Altar, Apostolado da
Oração, Fraternidade São José, Grupo de Oração, Grupo Aliança de Cristo Rei e Grupo Luar de Prata - 3ª Idade.
Obras atendidas: OSSE (Obra Social Santa Edwiges) – atendimento às pessoas carentes; Lar Sagrada Família – casa de
repouso de senhoras; Casa da Criança Santa Ângela – atendimento a 400 crianças a nível escolar
Párocos ao longo da história:
- Pe. Afonso Hansch (23/12/1960)
- Pe. Regino Garcia (25/10/1962)
48- Pe. Miguel Conde Zubieta (04/10/1963)
- Pe. Belisário Campanile (10/02/1966)
- Pe. João Batista Cerutti (14/09/1973)
- Pe. Duílio Liburdi (janeiro/1975 a junho /1975)
- Pe. Segundo Piotti (06/1975)
- Pe. Eurico Dedino (19/02/1983)
- Pe. Álvaro de Oliveira Joaquim (05/02/1988)
- Pe. Miguel Piscopo (06/04/1994)
- Pe. Eurico Dedino (10/04/2000)
- Pe. Alfeu Leônidas Teodoro (12/02/2003)
- Pe. Devanil Ferreira (21/12/2006)
Vigários Paroquiais:
- Pe. Mário Guinzoni
- Pe. Arlindo de Souza Trindade
- Pe. Mário Briatore
- Pe. Hilton Carlos Soares
- Pe. Antonio Ramos de Moura Neto
- Pe. Dênis Oldak Paixão e Silva
- Pe. Alberto Antonio Santiago
- Pe. Agostinho Cola
- Pe. Fernando Baptistute
- Pe. Mauro Negro
- Pe. João Batista da Silva
- Pe. João Batista Erittu
- Pe. Orlando Piva
- Pe. José Valdir Rodrigues
- Pe. Alexandre Alves dos Anjos Filho
- Pe. Giovanni Batista Erittu
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Sérgio José de Souza
- Pe. Orestes Monteiro de Melo
- Pe. Paulo Siebeneichler
- Pe. Roberto Palotto
5 – Paróquia-Santuário Nossa Senhora de Guadalupe - Ourinhos (SP)
Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe surgiu a partir da
criação do Seminário de Ourinhos
A comunidade Nossa Senhora do Guadalupe surgiu em 1954, a partir de uma necessidade criada com a
construção do Seminário Nossa Senhora de Guadalupe,
em Ourinhos, São Paulo. Sem a possibilidade inicial de
construção de uma igreja, a paróquia funcionava nas
próprias dependências do seminário, sob a direção dos
padres que coordenavam o centro de formação.
No dia 27 de abril de 1958, a paróquia foi instalada
definitivamente em Ourinhos e a comunidade ganhou
uma ampla e moderna igreja dedicada à Virgem de
Guadalupe, padroeira da América Latina. Por ter nascido à sombra de um seminário, a paróquia sempre contou com um bom número de sacerdotes. Essa abundância de padres fez com que a igreja fosse muito procurada
pelos fiéis, sobretudo para confissões e atendimento espiritual, o que continua ocorrendo até os dias de hoje.
No dia 12 de dezembro de 1961, o então prefeito
de Ourinhos, Antônio Luiz Ferreira, elegeu oficialmente Nossa Senhora de Guadalupe como
“Rainha de Ourinhos”, após uma consulta feita ao povo ourinhense, resultando num abaixoassinado com quase 24 mil assinaturas.
Nas festividades do ano 2000, o Bispo da Diocese de Ourinhos, Dom Salvador Paruzzo,
proclama a paróquia como Santuário Nossa Senhora de Guadalupe. Com o título de santuário, a comunidade passou a ser, aos poucos, um ponto de referência para a devoção mariana,
particularmente na diocese de Ourinhos.
Saiba mais
Nome: Paróquia Santuário Nossa Senhora de Guadalupe
Endereço: R. Amazonas, 1119 – Vila Perino - Ourinhos
– SP - CEP: 19911-711
Telefone: (14) 3335.2222
E-mail: [email protected]
Data da Criação: 27/04/1958
População atendida: Aproximadamente 35.000 habitantes
Diocese: Ourinhos – São Paulo
Nome do Bispo: Dom Salvador Paruzzo
Comunidades: Comunidade São Luiz Gonzaga – Comunidade Nossa Senhora de Fátima – Comunidade
Sagrado Coração – Comunidade São José – Comunidade São Carlos.
Pastorais e movimentos: Catequese, Ministros extraordinários da Comunhão, Dízimo, Familiar,
Coroinhas, Núcleo de Orientação Pietá (atendimento
às pessoas que estão com depressão), SAV, Liturgia,
Juventude, Saúde, Social, Comunicação, Missionária
e Grupos de Vivência nas famílias;RCC – Cursilho –
Fraternidade Josefina – Apostolado da Oração, Legião
de Maria – Marianos – Capelinhas de Nossa Senhora
– Oficinas de Oração e Vida.
Obras atendidas: Sopão para os irmãos de rua / Famílias carentes nas comunidades.
Párocos ao longo da história:
- Pe Bernardino Baccolo (1958 a 1959)
- Pe Duílio Liburdi (1959 a 1965)
- Pe João B. Cerutti (1965 a 1966)
- Pe Bernardino Baccolo (1966 a 1982)
- Pe Valdir Panont (1983 a 1984)
- Pe José Julião Rodrigues da Silva (1985 a 1988)
- Pe José de Oliveira (1989 a 1991)
- Pe Duílio Liburdi (1992 a 1994)
- Pe Milton Bim (1994 a 2003)
- Pe Sergio José de Souza (2004 a 2006)
- Pe Antonio Luiz de Oliveira – 2006... (A partir de
12/12/2006 e atual pároco)
Vigários paróquias:
- Pe. João Battista Cerutti
- Pe. Mário Tésio
- Pe. João Batista Erittu
- Pe. Francisco Guffi
- Pe. Francisco dos Santos
- Pe. Alfeu Piccardi
- Pe. Orestes Monteiro de Melo
- Pe. Pedro Gonçalves Sobrinho
- Pe. Valdir Pantont
- Pe. Fernando Baptistute
- Pe. Ailton Ferreira de Almeida
- Pe. Devanil Ferreira
- Pe Hilton Carlos Soares
- Pe Bennelson da Silva Barbosa
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6 – Paróquia São João Batista - Ourinhos (SP)
Paróquia São João Batista surgiu a partir da divisão do
Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe
Devido à extensão territorial do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, em
Ourinhos, foi necessária a criação de uma
nova comunidade. Por vontade do bispo
diocesano de Ourinhos, Dom Salvatore
Paruzzo, uma nova paróquia foi criada na região, a qual passou a ser dirigida por um
oblato a partir de maio de 2008, com o nome
de “Paróquia São João Batista”.
A Paróquia São João Batista atua em uma
comunidade antiga e muito ativa, localizada
numa região que nos últimos anos foi
urbanizada, aumentando consideravelmente
a sua densidade populacional. A paróquia
conta com duas comunidades urbanas, além
da matriz e duas comunidades rurais.
Saiba mais
Nome: Paróquia São João Batista
Endereço: Rua Maria Pulcinelli Pelegrino, 374 – Jd Europa – Ourinhos – SP
Telefone: (14) 3325 1469
Data da criação: 11 de maio de 2008
População atendida: Aproximadamente 25 mil habitantes.
Diocese: Ourinhos – SP
Nome do Bispo: Salvador Paruzzo
Comunidades: São João Batista (Matriz), São José
Marello, Nossa Senhora Aparecida, Santo Antônio (rural) e São Sebastião (rural)
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Pastorais e Momentos: Catequese, Liturgia, Dízimo,
CPP, CAE, Batismo, Familiar, Comunicação, Grupos
de Vivência, Juventude, Ministros, Ação Social; Movimentos: Capelinhas, RCC, Legião de Maria, TLC,
Cursilho.
Obras atendidas: Parceria com a ação social da Prefeitura na distribuição de cestas básicas e leite.
Párocos ao longo da história:
- Pe. Sebastião Daniel Pedroso Ribas
- Pe. Nelson Federovicz
7 – Paróquia Nossa Senhora do Carmo - Londrina (PR)
Paróquia Nossa Senhora do Carmo
fica localizada em Londrina
A Congregação dos Oblatos de São José
assumiu a comunidade Nossa Senhora do
Carmo, em Londrina, a partir de 1978. Três
anos mais tarde, em 1981, a paróquia foi oficializada pela Diocese de Londrina e entregue
pelo bispo diocesano aos cuidados dos
Oblatos de São José. Com uma densidade
populacional baixa, esta é uma das menores
comunidades administradas pela Congregação. Foi desmembrada da Paróquia Nossa
Senhora da Luz, na época ainda sob administração dos josefinos. A partir daí, a comunidade foi enriquecida com a presença do noviciado dos Oblatos ao lado da igreja.
Em 1984, os josefinos fundaram, no bairro, a Irmandade do Carmo, uma associação
religiosa voltada à vida comunitária e pastoral da região. Os religiosos Oblatos que formam a comunidade religiosa dentro dessa paróquia são responsáveis também pelo Cento
Juvenil- Vocacional.
Saiba mais
Nome: Paróquia Nossa Senhora do Carmo
Endereço: Rua Darcírio Egger, 568, Jardim ShangriláB – CEP.86070-070 – Londrina – PR
Telefone: (43) 3327-7575
E-mail: [email protected]
Data da criação: Por volta do final de 1978, com publicação do decreto oficial de criação em 14-04-1981
Arquidiocese: Londrina (PR)
Nome do Bispo: Dom Orlando Brandes
Comunidades: Capela José Marello e Comunidade
Nossa Senhora Aparecida (Quati).
Pastorais e Movimentos: Ministros, Dízimo,
Catequese, Acolhida, Batismo, Liturgia, GBR (Grupos
Bíblicos de Reflexão), Música, Adolescente e RCC (Renovação Carismática Católica).
Obras atendidas: Comunidade Nossa Senhora
Aparecida (Favela do Quati)
Párocos ao longo da histórica
- Pe Giocondo Antonio Bronzini
- Pe. João Battista Cerutti
- Pe. Hilton Carlos Soares
- Pe. Valdir José Panont
- Pe. Leontino Teodoro da Silva
- Pe. Antonio Maldonado
- Pe. Milton Bim
- Pe. Eurico Dedino
- Pe. Alfeu Leônidas Teodoro
- Pe. Jorge Arias
- Pe. Djalmo Alves da Silva
- Pe. Pedro Gonçalves Sobrinho
- Pe. Antonio Luiz de Oliveira
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Eurípes de Oliveira
Vigários paroquiais:
- Pe. Tarcisio Saviori
- Pe. Giocondo Antonio Bronzini
- Pe. José Valdir Rodrigues
- Pe. Euripes de Oliveira
- Pe. Fernando Baptistute
- Pe. Denis O. Paixão
- Pe. Antonio Luiz de Oliveira
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8- Paróquia-Santuário São José - Apucarana – (PR)
Paróquia-Santuário São José, um centro de difusão da
devoção a São José
A Paróquia São José, de Apucarana, foi
criada no dia 22 de fevereiro de 1960. O decreto da criação foi promulgado por Dom
Geraldo Fernandes, bispo da Diocese de Londrina. A partir da década de 40, a Congregação “desbravou” a região, assumindo várias
comunidades, desde Marilândia do Sul, passando por Bom Sucesso, Jandaia do Sul,
Marumbi até São Pedro do Ivaí, entre outros
municípios que compõem o Vale do Ivaí. Em
Apucarana, os Oblatos chegaram em 1948, quando assumiram a Paróquia Nossa Senhora de
Lourdes, que anos depois se tornou catedral da nova Diocese.
A criação da Paróquia São José veio atender a maior demanda da cidade. Naquela época,
apenas a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes atendia toda a população e sentiu-se a necessidade de criar uma nova comunidade católica. O primeiro pároco foi o padre Bernardino Báculo. Ele tomou posse no dia seis de março de 1960. A primeira igreja era antiga e de madeira,
localizada no pátio do Colégio São José. Muito rapidamente, devido ao crescimento da cidade
e ao desenvolvimento da paróquia, foi necessário construir um novo templo, mais amplo e
moderno, que ficou pronto em 1973.
A Paróquia São José foi elevada, no dia 18 março de 2001, à condição de “santuário”.
Mantém semanalmente a novena ao padroeiro assim como mensalmente, todos os dias 19,
celebra de manhã, à tarde e à noite, a novena de São José. Da mesma forma, todos os anos, no
Dia de São José Operário (1º de maio), promove uma grande celebração religiosa reunindo
devotos provenientes de várias cidades do estado do Paraná e de São Paulo e particularmente
de Apucarana. O santuário é enriquecido com a presença do Centro de Espiritualidade JosefinoMarelliana, órgão difusor da espiritualidade e da devoção josefina.
Saiba mais
Nome: Paróquia-Santuário São José
Endereço: Rua Dom José Marello, 39 – Vila Feliz – 86808-040 –
Apucarana (PR)
Telefones: (43) 3033-1899 / 3033-1898
E-mail: [email protected]
Site: www.santuariosaojose.com.br
Data da criação: 22 de Fevereiro de 1960
População atendida: Aproximadamente 60 mil habitantes.
Diocese: Diocese de Apucarana
Nome do Bispo: Dom Luiz Vicenzo Bernetti
Comunidades: Distrito de Vila Reis, Santa Luzia, DER, Núcleo Habitacional Adriano Correia e Barreiro.
Pastorais e Movimentos: Pastoral dos Coroinhas, Pastoral Social – Vicentinos, Pastoral Vocacional, Pastoral da Saúde,
Cristma Coordenador, Pastoral da Criança, Pastoral do Dízimo,
Grupos de Vivência, Renovação Carismática Católica – RCC,
Pastoral da Terceira Idade, Ministros da Eucaristia, Pastoral
Familiar, Movimento das Capelinhas, Cursilho, Pastoral
Missionária, Apostolado da Oração, Pastoral do Batismo, Pastoral do Adolescente, Pastoral da Juventude, Pastoral da
Catequese e Pastoral Litúrgica.
Párocos ao longo da história:
- Pe. Bernardino Baccolo
- Pe. Geraldo Bortolocci
- Pe. João Batista Cerutti
- Pe. Roberto Palotto
52- Pe. Hilton Carlos Soares
- Pe. Valdir Panont
- Pe. José Antonio Bertolin
- Pe. João Batista Erittu
- Pe. Eurico Dedino
- Pe. Mario Roberto Rocha
- Pe. José de Oliveira
- Pe. Mauro Negro
- Pe. Eurico Dedino
- Pe. Sergio José de Sousa
- Pe. Milton Bim
- Pe. João Batista da Silva
Vigários paroquiais
- Pe. Leonardo Prota
- Pe. Djalmo Alves da Silva
- Pe. Pedro Magnone
- Pe. Mario Tésio
- Pe. Álvaro de Oliveira Joaquim
- Pe. Fernando Batistute
- Pe. Nelson Federovicz
- Pe. João Batista da Silva
- Pe. Alexandre Alves
- Pe. Fausto Cucco
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Alexandre Alves Anjos Filho
- Pe. Iziquel Radvanskei
- Pe. Mauro Negro
- Pe. Pedro Gonçalves Sobrinho
- Pe. José Antonio Bertolin
- Pe. Sebastião Daniel P. Ribas
9 – Paróquia São José Operário Cascavel (PR)
Paróquia São José Operário surgiu juntamente com a
criação do noviciado dos Oblatos em Cascavel
A Paróquia São José Operário foi criada
a pedido do arcebispo Dom Armando Círio,
em Cascavel, no Oeste do Paraná, em 1987.
No dia oito de março daquele ano, o arcebispo, juntamente com os padres José Valentim
Grapéggia e José Antonio Peruzzo, apresentou como encarregado para a instalação da
futura paróquia o padre josefino Roberto
Palotto.
A comunidade surgiu a partir do
desmembramento das Paróquias Santo Antonio e Nossa Senhora de Fátima. Formou-se
logo uma comissão que deu início, em dezembro de 1988, a construção do salão paroquial.
No ano seguinte, foram estruturadas várias
pastorais e a comunidade assumiu, com o
pároco, a administração da construção da igreja matriz.
Várias campanhas foram realizadas para
erguer o templo. Quando os josefinos chegaram não havia sequer o terreno disponível para a obra. No primeiro momento, as celebrações
eram realizadas em um barracão cedido por uma empresa, que depois foi adquirido pela Congregação. Em 25 de Março de 1992, a Paróquia São José Operário foi criada oficialmente. Em
abril de 1994, o padre Roberto Palotto foi transferido, assumindo o padre Giovanni Battista
Cerutti, que deu continuidade às obras da igreja. O novo templo foi inaugurado no dia 17 de
agosto de 1997, com a presença do arcebispo Dom Lúcio Ignácio Baumgaertner, o arcebispo
emérito Dom Armando Círio e o então superior Provincial da Congregação dos Oblatos de
São José, padre José Antonio Bertolin.
Saiba mais
Nome: Paróquia São José Operário
Endereço: Avenida Manaus, 4344 – Recanto Tropical
– Cascavel (PR). Telefone: 45-3226-4660
E-mail: [email protected]
Data da criação: 07 de março de 1987
População atendida: Aproximadamente 10 mil pessoas.
Arquidiocese: Cascavel
Nome do Bispo: Dom Mauro Aparecido dos Santos
Comunidades: Rainha da Paz, Bairro Parque Verde,
Nossa Senhora de Lourdes, Sede Alvorada, São Pedro,
São José, Novo Horizonte, Sagrado Coração de Jesus,
Nossa Senhora Aparecida e São Roque.
Pastorais e Movimentos: Catequese; Dízimo; Criança; Juventude; Esperança; Batismo; Coroinhas;
Litúrgica; Pastoral da 3ª Idade; Pastoral Missionária;
Pastoral Vocacional; Apostolado da Oração;
Catecumenato; Campanha da Fraternidade; Convívio;
Cursilho; Pastoral do Matrimonio; Fraternidade São
José; Lareira; Ministros; Música; Oficina de Oração;
RCC Rosário Perpétuo; Zeladoras de Capelinhas; CPP.
Párocos ao longo da história
- Pe. Roberto Palotto
- Pe. Giovanni Battista Cerutti
- Pe. Mário Roberto Rocha
- Pe. Antonio Carlos Gerolomo
- Pe. Giovanni Battista Erittu
- Pe. Ciriaco Bandinu
Vigários paroquiais
- Pe. João Battista Erittu
- Pe. Miguel Angel Zárate Macias
- Pe. Mario Guinzoni
- Pe. Hilton Carlos Soares
- Pe. Ciríaco Bandinu
- Pe. Antonio Carlos Gerolomo
- Pe. Mário Briatore
53
10 - Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Três Barras do Paraná (PR)
Paróquia Nossa Senhora Aparecida, um campo de pastoral rural no Oeste do Paraná
A Província dos Oblatos de São José assumiu a Paróquia Nossa Senhora Aparecida,
em Três Barras do Paraná, no Oeste do Estado, a pedido do arcebispo Dom Armando
Círio. Três Barras foi a primeira cidade do
Oeste do Paraná onde os josefinos atuaram.
Essa necessidade foi reforçada justamente a
partir da presença de Dom Armando Círio em
Cascavel, o que tornava imprescindível uma
obra na região onde o primeiro bispo Oblato
no Brasil atuava.
Além disso, as características do Oeste
do Paraná eram interessantes no quesito
vocacional, pois tratava-se de um povo eminentemente de origem rural e de grande fé católica.
A Paróquia Nossa Senhora Aparecida é
de grande extensão territorial, abrangendo 35
capelas de localidades rurais. A partir da paróquia, a Congregação instalou, no município, o
pré-seminário Mário Tésio, com a meta de cultivar o bom número de vocações religiosas naquela região, que funcionou entre os anos e 1991 até 2002.
Saiba mais
Nome: Paróquia Nossa Senhora Aparecida
Endereço: Avenida Brasil, 144, Centro – Três Barras
(PR) - CEP 85485 000
Telefone:(45) 91486957 ou (45)32351216
E-mail: [email protected]
Data da criação: 08 de fevereiro de 1974
População atendida: 12 mil habitantes.
Arquidiocese: Arquidiocese de Cascavel
Nome do Bispo: Dom Mauro Aparecido dos Santos
Comunidades: a paróquia atende 35 capelas, a maioria na zona rural.
Pastorais e Momentos: Pastoral da Criança, Pastoral
do Batismo, Pastoral Familiar, Pastoral Vocacional,
Pastoral Catequética, Pastoral dos Coroinhas, Leigos
Josefinos, Ministros da Eucaristia, Cursilho, Convívio
Damasco e Tabor, Apostolado da Oração e Renovação Carismática.
Párocos ao longo da história
- Pe. Domingos Paza
- Pe. João Battista Cerutti
- Pe. Mário Roberto Rocha
54
- Pe. José de Oliveira
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Alberto Antonio Santiago
- Pe. Devanil Ferreira
- Pe. Mário Roberto Rocha
- Pe. Sérgio José de Sousa
Vigários paroquiais
- Pe. Leontino Teodoro da Silva
- Pe. Marcos Francisco Kuceki
- Pe. Antonio Maldonado
- Pe. Pedro Gonçalves Sobrinho
- Pe. Eurico Dedino
- Pe. José Valdir Rodrigues
- Pe. Mário Briatore
- Pe. Sebastião Daniel Pedroso Ribas
- Pe. Denis Oldack Paixão e Silva
- Pe. Celso Fernandes Griffo
- Pe. Jacob Xavier Kayalaparambil
- Pe. Fernando Baptistute
- Pe. Miguel Angel Zarate Macias
11 – Paróquia São Francisco de Assis- Aripuanã (MT)
Paróquia São Francisco de Assis, o primeiro
campo de apostolado Oblato na missão matogrossense
A Paróquia São Francisco de Assis está situada na cidade de Aripuanã, no Mato Grosso,
na região onde começa a Amazônia. A instalação oficial ocorreu no dia 25 de março de 1990.
Aripuanã, a mil quilômetros de distância de
Cuiabá, representa uma das primeiras frentes
missionárias assumidas oficialmente pela Província dos Oblatos de São José no Brasil.
Apesar da instalação só ocorrer em março de 1990, a presença josefina naquela região
já completava dez anos naquela época, graças aos esforços do padre Duílio Liburdi, que
permaneceu vários anos trabalhando em favor daquela população carente de ajuda governamental e também espiritual.
Até 1998, a Paróquia São Francisco de
Assis pertencia à Diocese de Ji-Paraná (RO).
Atualmente, está vinculada à Diocese de Juína (MT). Nos primeiros anos, atendia a toda uma
extensão territorial de aproximadamente 120.000 km, onde hoje estão outros municípios que
foram desmembrados de Aripuanã, como Juruena, Cotriguaçu, Colniza e Rondolândia, além
de Guariba e Nova União de Cotriguaçu.
A criação da paróquia de Aripuanã foi um marco para a comunidade formada por fazendeiros, madeireiros, comerciantes, seringueiros e posseiros vindos de várias partes do país,
especialmente do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Mais do que uma comunidade paroquial, Aripuanã representa para a Congregação dos
Oblatos de São José um desafio e o cumprimento do carisma josefino de evangelização e da
abnegação em favor dos mais necessitados. Pelas grandes dificuldades, particularmente nos
primeiros anos dessa missão, a presença dos religiosos Oblatos nesta região tornou-se uma
bênção para os mais pobres. (Leia mais sobre Aripuanã na sexta parte deste livro).
Saiba mais
Nome: Paróquia São Francisco de Assis
Endereço: Avenida Padre Ezequiel Ramim, 415 – Centro – Aripuanã (MT)
Telefone: (66) 3565-1351
E-mail: [email protected]
Data da criação:
05 de Setembro de 1982
População atendida: Cerca de 50 mil habitantes.
Diocese: Juína
Nome do Bispo: Dom Neri José Tondello
Comunidades: A paróquia atende atualmente 57 comunidades, sendo 47 na zona rural e 8 na área urbana.
Pastorais e Momentos: Capelinhas, RCC, Catequese,
Batismo, Criança, Saúde, Caritas, 3ª. Idade, Família,
Lareira, Coroinhas, Ministros, Juventude, Apostolado
da Oração.
Párocos ao longo da história
- Pe. Eduardo Goes
- Pe. Eduardo Bogo
- Pe. Mario Guinzoni
- Pe. Sebastião Daniel P. Ribas
- Pe. Antonio Ramos de Moura Neto
- Pe. Paulo Siebeneichler
- Pe. Antonio Carlos Gerolomo
- Pe. Mario Roberto Rocha
Vigários Paroquiais
- Pe. Duílio Liburdi
- Pe. Antonio Carlos Gerolomo
- Pe. Sebastião Daniel Pedroso Ribas
- Pe. Antonio Ramos M.Neto
- Pe. Paulo Siebeneichler
- Pe. Geraldo Soares de Alvarenga
- Pe. Jayson de Chaves Endaya
- Pe. Paulo Sérgio Rodrigues
55
12 – Paróquia Sagrada Família - Colniza (MT)
Paróquia Sagrada Família, campo fértil da missão no
Mato Grosso
A Paróquia Sagrada Família de Colniza,
no Mato Grosso, foi criada no dia 21 de fevereiro de 1999, após ser desmembrada da Paróquia São Francisco de Assis, de Aripuanã.
Foi a segunda paróquia assumida pela Província dos Oblatos de São José neste campo
missionário.
A presença dos josefinos, assim como
Aripuanã, já era realidade em Colniza no final da década de 80, graças ao trabalho missionário do padre Duílio Liburdi. Apesar das
dificuldades de transporte, frequentemente o
padre celebrava missas na localidade, atendendo os moradores daquela ampla região
cortada pela mata amazônica.
A primeira missa foi celebrada pelo padre Duílio no dia 10 de agosto de 1986, em uma serraria. Sendo dia da festa de São Lourenço,
a comunidade foi dedicada em nome do santo. Os cultos celebrados na pequena comunidade
que começava a se organizar aconteciam num barracão, onde hoje é o Mercado Central no
município.
Em 1997, as irmãs da Fraternidade Esperança abriram uma comunidade em Colniza e
deram continuidade à organização das comunidades de base, preparando o povo para a criação da nova paróquia. Em 1998, com apoio dos madeireiros, a construção da casa paroquial
começou.
E no dia 21 de fevereiro de 1999 criou-se oficialmente a Paróquia Sagrada Família. Seu
primeiro pároco foi o padre Mario Guinzoni. A construção da nova igreja começou em 2002.
Para apoiar a missão, em 2007, a Província filipina da Congregação enviou padre Ian Adona
Yacat, para Colniza.
Saiba mais
Nome: Paróquia Sagrada Família
Endereço: Avenida Tarumã, 233, Centro – CEP 78335000 – Colniza (MT)
Telefones: (66) 3571 1181 e (66) 3571 2240
E-mail: [email protected]
Site: www.psfcolniza.com.br
Data da criação: 21 de fevereiro 1999
População atendida: Aproximadamente 42 mil pessoas.
Diocese: Juína
Nome do Bispo: Dom José Néri Tondello
Comunidades: A paróquia atende 52 comunidades, a
maioria na zona rural.
Pastorais e Momentos: Pastoral dos Adolescentes,
Pastoral do Batismo, Pastoral da Careceria, Pastoral
da Catequese, Pastoral dos Coroinhas, Pastoral da
Criança, Pastoral do Crisma, Pastoral do Dízimo, Pastoral da Juventude, Pastoral Litúrgica, Pastoral do Matrimônio, Pastoral dos Ministros Extraordinários da
Comunhão Eucarística, Pastoral da Saúde, Pastoral
56
Vocacional, Grupos da Reflexão, CAEP, Fraternidade
Josefino-Marelliana, Escola de Formação Paroquial e
Comissão da Pastoral da Terra.
Párocos ao longo da história
- Pe. Mário Guinzoni
- Pe. Miguel Angel Zarate Macias
- Pe. Nelson Federovicz
- Pe. Orestes Monteiro de Melo
Vigários paroquiais:
- Pe. Antonio Carlos Gerolomo
- Pe. Iziquel Radvanskei
- Pe. Orestes Monteiro de Melo
- Pe. Ian Adona Yacat
- Pe. Pedro Sobrinho
13 – Paróquias atendidas ao longo da história
Durante os 90 anos de atuação no Brasil, a Congregação dos Oblatos de São José passou
por dezenas de paróquias. Os josefinos foram pioneiros em muitas regiões, especialmente no
Vale do Ivaí, onde chegaram a atuar em praticamente todos os municípios. Abaixo algumas
das paróquias atendidas pela instituição ao longo da história.
13.1. Paraná
Paróquia São Francisco de Assis, Xaxim - Curitba
Paróquia Sagrado Coração de Jesus (construção atual), Água Verde - Curitiba
Paróquia Divino Espírito Santo, Bom Sucesso
Paróquia São João Batista, Jandaia do Sul
Paróquia São Pedro Apóstolo, São Pedro de Ivaí
Paróquia São José, Cambira
57
Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Apucarana
Paróquia Santo Antônio de Pádua, Pirapó
Paróquia São Francisco de Assis de Califórnia, Califórnia
58
Paróquia Nossa Senhora das Dores, Marilândia do Sul
Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Rio Bom
Paróquia Nossa Senhora da Luz, Londrina
Paróquia São Tiago, Londrina
Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Paranaguá
Santuário Nossa Senhora do Rocio, Paranaguá
59
13.2. São Paulo
Paróquia São Miguel, São Miguel Paulista, São Paulo
13.3. Santiago do Chile
Paróquia San Gregório, Santiago do Chile
60
Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, Salto Grande
Quinta parte
Josefinos: vocação para a educação
Introdução
A preocupação com o desenvolvimento harmonioso das capacidades morais, éticas, individuais, religiosas e físicas das crianças, adolescentes e jovens faz parte da filosofia de trabalho da Congregação dos Oblatos de São José. Esse ideal voltado à educação integral foi semeado em 1878, quando São José Marello fundou a instituição religiosa em Asti, na Itália. A ideia
de Marello de amadurecer no público escolar o senso de liberdade e responsabilidade no contexto comunitário floresceu com o trabalho desenvolvido pela Congregação ao longo da história, na administração de colégios em praticamente todas as cidades onde os Oblatos atuaram e atuam.
Para garantir bons resultados, os josefinos sempre procuraram priorizar a qualidade em
todos os detalhes, partindo inicialmente do bom exemplo e da boa formação dos educadores.
São os professores que conduzem os estudantes para o bom caminho, a partir de demonstrações concretas de suas habilidades profissionais. Agindo com essa preocupação, os estabelecimentos de ensino mantidos pelos Oblatos são fundamentados no cultivo de um ambiente
escolar humano e cristão.
A história da Província Nossa Senhora do Rocio está intimamente ligada com a educação. Os primeiros padres que chegaram ao Paraná trouxeram vivas no coração as lições de
educação integral de São José Marello, instalando já nos primeiros anos no país, uma escola
em Paranaguá. Atualmente, a Província mantém estabelecimentos de ensino tradicionais no
Estado, como os colégios São José, em Apucarana, e Padre João Bagozzi, em Curitiba.
A Congregação não está presa apenas às fronteiras dos ensinos Infantil e Médio, mas
também ingressou com muita propriedade no ensino superior, com a criação da Faculdade
Bagozzi, em Curitiba, que oferta cursos de graduação e também de pós graduação.
Inspirados nos princípios da Congregação dos Oblatos de São José, fundada por São José
Marello, os estabelecimentos educativos da entidade religiosa propõem a formação integral
de seus alunos de uma maneira atual, consistente e abrangente, entendendo que, além da
preocupação pela transmissão do conhecimento, devem capacitar os alunos ao amor pela ciência e pela qualidade de vida humana e cristã.
As escolas josefinas buscam suas inspirações na pedagogia Marelliana, com o objetivo
claro de formar os seus alunos para que construam, de acordo com suas condições (de idade,
psicológica ou social), as próprias personalidades, capacitando-os a serem elementos transformadores da sociedade. A filosofia pedagógica procura sempre o desenvolvimento harmonioso de todas as potencialidades dos alunos, introjetando valores autênticos, criando a consciência de uma educação libertadora, tornando-os agentes responsáveis do próprio processo
educativo, particularmente, suscitando os valores básicos do amor, da amizade, da honestidade, da solidariedade, da cordialidade, da alegria e do respeito à pessoa humana.
Por ser uma instituição católica, seus estabelecimentos se empenham em transmitir os
princípios cristãos aos seus alunos na procura da descoberta de Deus, fundamentada no co61
nhecimento de sua Palavra e nos ensinamentos da Igreja, sempre com o intuito de formá-los
para a vida de conformidade com o desenvolvimento dos princípios evangélicos.
Na tarefa educativa, os alunos serão sempre incentivados a serem os artífices da própria
formação e do próprio conhecimento, agindo como protagonistas e envolvendo-se ativamente no processo educativo. Na consecução destes objetivos, alunos e educadores procuram uma
vivência integradora, por meio da participação, do espírito de diálogo e de corresponsabilidade.
Educar com os valores e para os valores supõe uma arte que não prioriza eminentemente
o acesso à cultura cujo resultado pode ser atingido pela instrução, mas requer-se que o educando seja o próprio agente do processo educativo, tomando consciência de suas
potencialidades e de sua dimensão pessoal, social e transcendente. Cientes disso, as instituições educativas Josefinas proporcionam aos seus alunos a instrução e a experiência do sentido
cristão da vida, oferecendo-lhes uma sólida formação na fé que os leve a exprimirem, pelo
testemunho de uma vida pessoal e comunitária, os valores cristãos.
Para garantir esses resultados, as escolas josefinas atuam em parceria com a comunidade, desde os professores, pais, alunos até os funcionários. Todos têm a possibilidade e a obrigação de colaborar na formação dos estudantes. Assim, eles são incentivados a participarem e
a se comprometerem no processo educativo, segundo as suas próprias responsabilidades e
capacidades, sempre visando proporcionar o melhor ambiente educativo e formativo.
As escolas josefinas estão sob a responsabilidade da Província Nossa Senhora do Rocio,
da Congregação dos Oblatos de São José. A Província é dirigida pelo seu Provincial e Conselho Provincial com atribuições de nomear, para as respectivas escolas, os superintendentes, os
diretores e vice-diretores.
Os superintendentes serão sempre religiosos, membros da Congregação dos Oblatos de
São José, os quais são responsáveis pelas respectivas escolas em nome da Congregação.
Diretores e vice-diretores poderão ser religiosos Oblatos ou leigos. Estes são respectivamente responsáveis e corresponsáveis pela sua área específica na referida escola.
O Conselho de Coordenação Pedagógica e Educacional Provincial é constituído pelo Provincial, pelo coordenador nomeado pelo Provincial, por um coordenador religioso Oblato,
que trabalha na escola, e por dois leigos de cada um dos estabelecimentos.
1 – Primeira experiência em Paranaguá
Paranaguá, no litoral do Estado, foi um dos primeiros campos de apostolado dos josefinos
no Brasil. Os padres Adamo, Martinetto e o irmão Camillo chegaram à cidade no início de
1920 para assumir a paróquia local, mas passaram também a administrar um colégio que, na
época, estava sob controle de irmãs.
O padre Adamo assumiu a direção do colégio. Ele reorganizou o estabelecimento e também iniciou um trabalho junto à população local com o intuito de construir novas instalações
para receber os alunos. O colégio foi o primeiro da Congregação dos Oblatos de São José no
Brasil, iniciando uma história de dedicação à educação, seguindo os princípios do fundador
São José Marello.
Neste trabalho pioneiro, as marcas da educação integral já estavam vivas na pedagogia
dos josefinos em Paranaguá. Além do ensino religioso e das letras, o colégio ofertava ensino
de artes cênicas. As peças eram uma atração à parte no palco do salão paroquial. Em datas
cívicas, os estudantes garantiam ao povo simples da localidade, naquela época, o conhecimento de obras famosas e também de versos de grandes poetas.
Além dos padres, a escola contava com os professores Randolfo Arzua, grande pianista;
Manoel Viana; Abigail Guimarães, que tocava violino; Adelaide Pinto; e Carmem Gebran
Dacheux. Os professores foram contratados pelo padre Adamo e colaboraram muito com o
colégio, que passou a receber, já nos primeiros anos, um grande número de estudantes de
Paranaguá.
62
2 – Colégio São José, 60 anos de dedicação à educação
2.1 - Escola Paroquial São José na década de 40
Sede da Escola Paroquial São José, em frente de onde ficam hoje os Correios em Apucarana
A loja de secos e molhados está vazia. Atrás do balcão, o proprietário do estabelecimento
confere alguns números em uma caderneta. Talvez, cheque algumas contas atrasadas ou o
movimento do mês. O ano é 1951. Apucarana não passa de um pequeno vilarejo. O vento
forte arrasta pelas casas e imóveis comerciais a poeira que irrita donas de casa e pedestres.
No fundo do comércio, o estudante João Baptista Mareze, de 22 anos, trabalha na organização de algumas mercadorias. Havia sido contratado há apenas dois meses e, como todo
empregado iniciante, sempre arrumava algo para fazer quando o movimento era pequeno.
Como uma rajada de vento típica de Apucarana, um homem de batina entra rapidamente na loja. É um cliente diferente e pouco usual. Está atrás de um outro tipo de produto, mais
caro do que qualquer um à venda no local. O homem que entrou na loja, sem cerimônia, é o
padre Armando Círio. O comerciante o reconheceu na hora e o cumprimentou com respeito.
Armando Círio chegou à cidade em 1948, juntamente com o padre João Barbieri, que um
ano depois foi substituído pelo padre José Canale. Os sacerdotes, da Congregação dos Oblatos
de São José, vieram assumir a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Apucarana. Até então,
a Igreja Católica da cidade era conduzida pelo padre Francisco Korner, em uma capela simples, de madeira, na Praça Rui Barbosa. Ao lado da casa paroquial, funcionava uma pequena
escola particular, também de madeira, mantida por irmãs, onde lecionavam alguns professores e havia poucos alunos matriculados.
Os Oblatos decidiram também administrar a escola, que foi repassada aos religiosos juntamente com a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. Durante os primeiros anos, a dificuldade
em encontrar professores era muito grande. Poucos jovens estavam formados ou estudando o
então chamado Curso Normal.
O padre Armando Círio estava pensando nesse problema quando entrou na loja de secos
63
e molhados. Não queria nenhum produto que estava dependurado no local. Estava atrás de
um professor e o alvo da sua visita era o empregado João Baptista Mareze, estudante do segundo ano da Escola Normal Regional, que funcionava no Colégio Estadual Santos Dumont.
Ao chegar à loja, o padre anunciou ao comerciante:
- Vim aqui atrás de uma coisa que o senhor tem e que eu preciso muito – disse Armando
Círio.
- Pois não. É só falar. Temos de tudo aqui – respondeu o comerciante, realmente não
entendendo o que o padre queria dizer.
- Estou precisando de um professor para a escola. Você tem um jovem de quem preciso
trabalhando com você – anunciou o padre.
O dono da loja de secos e molhados não pôde recusar o pedido de Armando Círio para
liberar o funcionário, que estava há menos de dois meses trabalhando como balconista no
local. Afinal, esse também era o desejo do jovem que ouvia a conversa no fundo do estabelecimento, sem esconder a ansiedade de um favorável desfecho daquela conversa.
Ainda em 1951, João Baptista Mareze assumiu a função de professor na Escola Paroquial
São José, como foi rebatizado o estabelecimento de ensino pelos josefinos. O pequeno colégio
funcionava em um imóvel simples de madeira, localizado na Rua Osório Ribas de Paula, em
frente ao prédio onde atualmente estão atualmente os Correios. O espaço era reduzido. Apenas quatro salas, sendo uma destinada à direção e três para as aulas em período matutino e
vespertino. As salas tinham as suas portas de entrada pela Rua Ponta Grossa, enquanto a sala
da direção podia ser acessada pela Rua Osório Ribas de Paula, onde hoje funciona um prédio
comercial, ao lado do Hotel Maxsinm Doral.
O padre José Canale foi indicado para a direção da Escola Paroquial São José em 1949,
após ser enviado a Apucarana pelo então Superior da missão brasileira dos josefinos, padre
Pedro Magnone, em substituição ao padre João Barbieri, que havia sido designado para assumir o seminário de Ourinhos.
Em 1951, Mareze foi indicado para assumir o primeiro ano do primário. Ainda normalista
e sem experiência, o professor não se adaptou:
- Pedi para que me colocassem na segunda série. Então, deu tudo certo. Fiquei com esses
alunos depois na terceira e quarta séries – lembra o professor.
Mareze trabalhava juntamente com outros dez professores, que se revezavam na escola,
no atendimento de cerca de 100 estudantes de Apucarana e região. Junto com ele, trabalhava
a professora Zebina Lopes de Souza, que também marcou época junto aos alunos que se formaram no estabelecimento administrado pelos josefinos. Também fizeram parte da história
dos primeiros anos do “São José” de Apucarana as professoras Dirce Candeo, Percília Vaz
Margraff e Elza Cacuri, entre outros docentes.
A fama de qualidade que o Colégio São José conserva até hoje foi construída desde os
primeiros anos. O professor João Mareze conta que, naquela época, os formandos do primário
passavam por um rigoroso exame da Inspetoria de Ensino, órgão que hoje se equipara ao
Núcleo Regional de Educação, vinculado à Secretaria de Estado de Educação do Paraná.
- A prova consistia de dois exames, um oral e outro escrito, que cobravam o conteúdo
ministrado no ano inteiro. Quem não passasse, precisava repetir o ano. A Escola Paroquial
São José aprovou 100% dos alunos no exame. A repercussão foi muito grande em Apucarana
e, a partir daquele dia, o estabelecimento ficou reconhecido pela sua qualidade de ensino –
conta o professor aposentado.
Mareze permaneceu, na primeira passagem pelo “São José”, entre 1951 até 1967, atuando no ensino primário. O professor voltou ao estabelecimento em 1972, quando trabalhou
com os alunos do ginásio e Segundo Grau até 1985, atuando na disciplina de Matemática.
64
2.2 – Novo prédio construído na metade da década 50
Colégio São José na década de 60 em Apucarana: região ainda desabitada
A Escola Paroquial São José obteve o funcionamento reconhecido oficialmente pela Secretaria de Educação do Paraná em 1951. Com a vinda do padre José Canale, o estabelecimento de ensino começou a receber centenas de alunos de Apucarana e região.
Com o fortalecimento da agricultura, especialmente da cultura de café, a demanda por
vagas solicitadas por filhos de agricultores e também de comerciantes da cidade aumentou
bastante, o que obrigou a direção da escola a estudar a construção de um novo imóvel para
abrigar as salas de aula. As antigas instalações, de madeira na Rua Osório Ribas de Paula, não
conseguiam mais suprir as necessidades, principalmente porque o “São José” tornou-se referência em qualidade de ensino em Apucarana e na região.
Além desse problema de espaço físico, a construção de uma nova escola foi sugerida
pelo bispo de Jacarezinho, Dom Geraldo de Proença Sigaux. Percebendo que a sua diocese
seria dividida e com os apelos de pais de alunos, Sigaux pediu à Congregação dos Oblatos de
São José que construísse um novo colégio, grande o suficiente para atender a demanda de
Apucarana e de todo o Vale do Ivaí, e que servisse de referência na educação do ensino primário e do ginásio. Na sugestão, o bispo mencionou a ideia de construir um espaço com regime
de internato masculino, voltado para os alunos de outras cidades da região.
O pedido do bispo foi atendido imediatamente pelo então pároco da cidade, o padre
Armando Círio, hoje bispo emérito de Cascavel. Armando Círio conseguiu um terreno de 20
mil metros quadrados na periferia da cidade de Apucarana, na atual Rua São Paulo. Em seguida, delegou ao padre Severino Cerutti a incumbência de dar início à construção de um grande
e ousado edifício que fosse moderno e funcional em sua arquitetura.
Na época, muitos moradores de Apucarana consideraram uma loucura dos josefinos a
construção de um prédio tão grande para um colégio em Apucarana. O imóvel seria erguido
em uma área ainda desabitada na cidade. A mesma impressão ocorreu quando a Congregação, alguns anos antes, também iniciou a construção da imponente Catedral Nossa Senhora
de Lourdes. Décadas depois, a população percebeu que os josefinos foram visionários nesses
dois empreendimentos e, principalmente, otimistas em apostar no crescimento de Apucarana
e de toda a região.
A tarefa do padre Severino Cerutti não foi fácil. O grande empreendimento demandou
muitos recursos e muito suor dos josefinos. Apesar dos sacrifícios, a obra foi iniciada com o
65
lançamento da pedra fundamental no dia 11 de fevereiro de 1956, sendo concluída em 1959.
No dia 1º de maio daquele ano, a Escola Paroquial São José passou a funcionar no novo edifício, com o nome de “Ginásio Dr. Joaquim Vicente de Castro”, em homenagem ao pioneiro de
Apucarana que doou o terreno para a construção do colégio e sempre foi um colaborador fiel
da Congregação dos Oblatos de São José em Apucarana.
No novo edifício, além das salas de aulas regulares, uma sala contígua passou a abrigar
rapazes em regime de internato. Os estudantes vinham de várias partes do Paraná para estudar no município. Anualmente, cerca de 100 internos eram matriculados. A direção do internato ficou sob responsabilidade do padre Severino Cerutti, um dos principais responsáveis
para que esse grande esforço resultasse em êxito.
Durante as décadas de 60 e 70, o estabelecimento de ensino passou por vários momentos
de reestruturação, mesmo assim, sempre teve como premissa manter a qualidade de ensino.
A morte do padre Severino Cerutti provocou um grande golpe. No dia 31 de janeiro de
1967, o religioso foi assassinado barbaramente dentro das instalações da escola. (leia mais sobre
a morte do padre na Segunda Parte deste livro)
O crime chocou os integrantes da Congregação, a comunidade escolar e a população de
Apucarana. E também trouxe algumas mudanças internas. O padre Leonardo Prota assumiu
a direção do estabelecimento, que, em homenagem ao homem que ajudou a erguer o empreendimento, foi batizado de Colégio Padre Severino Cerutti.
Leonardo Prota implanta, no final da década de 60, o segundo ciclo, com os cursos científico e clássico (o atual Ensino Médio). Em 1973, o internato é desativado e o estabelecimento
volta a se chamar “Colégio São José”, nome que não seria mais alterado. Nesta década, o
Colégio São José passou por inúmeras dificuldades financeiras. Porém, reestruturações seguidas fizeram com que as contas do estabelecimento fossem administráveis e o colégio conseguiu manter-se.
2.3 – Reforma escolar
O padre Álvaro de Oliveira assumiu o Colégio São José em 1971, em substituição ao
padre Antônio Toloczko que, inicialmente, aceitou a nomeação, mas depois desistiu e foi nomeado pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus, no bairro Portão, em Curitiba. Toloczko havia
substituído o padre Leonardo Prota, que deixara a Congregação dos Oblatos de São José e a
vida religiosa.
O padre Álvaro conta que o seu maior desafio na função era a inexperiência:
- Havia sido ordenado padre poucos meses antes. E havia outro padre que era diretor do
“primário”, que funcionava à tarde. Era o padre José Canale, grande educador, mas que era
considerado extremamente rigoroso. Não era tão fácil o entendimento entre nós, pois ele considerava o “ginásio” e o “colégio” muito indisciplinados – conta.
O padre Álvaro lembra que Apucarana era uma cidade sem identidade naquela época,
ainda muito dependente de Londrina. O que complicava também a vida dos estabelecimentos
de ensino de Apucarana.
- Para o apucaranense, orgulho era ter um filho estudando em Londrina. Também por
isso, eram muito poucos os alunos do Segundo Grau, dividido na época em dois cursos: científico e clássico. Em consequência, o colégio tinha dificuldades para manter em dia o pagamento dos professores. Num final de ano, tive que vender o carro do colégio para pagar os
professores. Em outro, tive que fazer empréstimos bancários, com dificuldades para encontrar avalistas. Hoje, a cidade de Apucarana tem a sua identidade e não precisa imitar ou depender de outra para se autoafirmar- assinala o ex-diretor do “São José”.
Apesar das dificuldades, ele lembra como grandes conquistas da sua gestão a implantação da reforma do ensino, que aconteceu com a Lei 5692/71. Todo o ensino passou a ser denominado de Primeiro e Segundo Graus. O Terceiro Grau era o ensino superior. Além disso, o
Segundo Grau passou a ser profissionalizante. Padre Álvaro trouxe para Apucarana cursos de
66
Auxiliar de Enfermagem, de Técnico em Eletricidade, o que, segundo o religioso, foi uma grande
conquista para a cidade.
O padre Álvaro marcou a história do Colégio São José e até hoje é lembrado pelo seu
trabalho, principalmente na área didática.
- Creio que consegui elevar o nível educacional do colégio e ampliar o número de alunos.
Não consegui acabar com as dívidas, embora as deixasse sob controle, pois contratei uma
empresa de São Paulo para fazer uma auditoria e um replanejamento financeiro. Em todo esse
tempo sempre houve uma especial atenção aos alunos carentes, que recebiam descontos especiais nas mensalidades e, por vezes, a isenção completa – comenta.
Mesmo lembrando todos os desafios nos anos em que dirigiu o colégio, entre 1917 e
1978, na primeira passagem, e depois entre 2000 e 2003, o padre Álvaro observa que o Colégio
São José manteve, ao longo de sua trajetória, a preocupação com a qualidade de ensino.
- O Colégio São José – desde o tempo em que era Escola Paroquial São José- primou pela
seriedade de sua direção e corpo docente e pelo alto nível da educação oferecida. Os alunos
do “São José” sempre estavam entre os melhores classificados nos vestibulares de Londrina,
Curitiba e Joinville. Por ter sido, por algum tempo, também internato, o São José era muito
conhecido e estimado em toda a região do Norte do Paraná, de Cornélio Procópio a Paranavaí
até Campo Mourão – cita.
Essa qualidade de ensino, na opinião do padre Álvaro, garantiu a longevidade do Colégio São José. Mesmo com dificuldades, em toda a sua história, afirma o religioso, o estabelecimento de ensino segue como uma instituição firme no propósito de garantir uma educação de
qualidade. Ele elogia o trabalho desempenhado atualmente pelo padre José Antônio Bertolin,
diretor do Colégio, pelo corpo docente e pelos funcionários. Também destaca o pioneirismo
da Congregação dos Oblatos de São José:
- Em Apucarana, os Oblatos de São José foram pioneiros no trabalho pastoral (a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e, depois, a Paróquia São José) e foram pioneiros também na
educação particular. Muitos passaram nessas duas missões, mas todos se unificam no “carisma
josefino” da humildade e dedicação ao povo de Deus, sem buscar os próprios interesses, exatamente como São José.
Em 1978, o padre Álvaro foi um dos responsáveis pela inauguração do “Girassol”, voltado especialmente para a educação infantil. Com uma área de sete mil metros quadrados, sendo 700 metros quadrados de área construída, o local tem capacidade para acolher 200 crianças
do Maternal, Jardim e Pré.
2.4 – Pioneirismo e dificuldades
O professor Antonio Reenilson Rivatto dedicou 30 anos de sua vida ao Colégio São José.
Formado em Filosofia, História e Ciências sociais, com mestrado e doutorado em Antropologia Social, atuou no estabelecimento entre 1974 e 2004.
Em 1974, Rivatto assumiu as disciplinas de Geografia e História no cursinho pré-vestibular, implantado pelo padre Álvaro de Oliveira, então diretor. O cursinho do Colégio São
José foi pioneiro em Apucarana, sendo depois copiado pelos outros estabelecimentos de ensino da cidade. O professor lembra que o cursinho foi uma estratégia bem sucedida na época:
- O Colégio São José sofria com a falta de alunos no Segundo Grau e, por isso, enfrentava
dificuldades financeiras. Com o cursinho, o “São José” atraiu muitos alunos e resolveu, em
parte, o problema da falta de estudantes – conta Rivatto.
O professor lembra que a cultura dos moradores de Apucarana, na época, era mandar os
filhos para fazerem o Segundo Grau em Londrina. Aliado a isso, o Colégio São José começou
a enfrentar a concorrência de outros estabelecimentos de ensino.
Rivatto assinala também que professores de outras cidades foram contratados e a iniciativa, no primeiro momento, mostrou-se positiva para ajudar a amenizar o problema de salas
vazias. Muitos anos depois, os professores de fora, mais caros, acabaram se tornando um pro67
blema no estabelecimento e essas contratações foram revogadas.
No final da década de 70, Rivatto presenciou uma das maiores crises financeiras do Colégio São José. O estabelecimento investiu pesado em várias áreas. Além do cursinho, implantou uma moderna gráfica, construiu o Girassol, montou uma grande fanfarra, incentivou escolas de balé, caratê, entre outros projetos. Se por um lado esses investimentos aproximaram
o colégio da comunidade de Apucarana, por outro provocaram um abismo financeiro, que
culminou, no início da década de 80, com a saída da Congregação dos Oblatos de São José da
administração do “São José”. O colégio passou a ser administrado por um grupo de professores apucaranenses. Os padres arrendaram o estabelecimento e esses docentes conduziram por
cerca de um ano toda a parte administrativa da escola. A experiência não deu certo e a Congregação reassumiu o colégio, com a dura missão de saldar os graves problemas financeiros e
pagar as dívidas.
Apesar das dificuldades, o Colégio São José manteve sua qualidade de ensino e também
suas inovações. No campo didático, o estabelecimento adotou, em 1983, a apostila do Sistema
Positivo, de Curitiba. O material é reconhecido nacionalmente e no exterior pela sua excelente
qualidade, adotado por 2.300 escolas conveniadas em todo o Brasil.
Na relação com a comunidade, o “São José” sempre foi destaque. O professor Rivatto é o
pai das gincanas em Apucarana, nos anos 80. As atividades movimentavam todo o colégio e
também a comunidade de Apucarana e região. Todos os anos, os alunos realizavam entre si
uma competição saudável, sempre encerrada com apresentações artísticas e com a famosa
caça ao tesouro. A partir de 1993 o evento foi batizado de Giolímpica, quando as festas juninas
passaram a ser realizadas ao mesmo tempo.
Até então, a gincana e a festa junina eram organizadas em dias separados. A última também reunia um grande público com o “Sinhozinho e a Sinhozinha”, e o “São José” era famoso
por seus grandes eventos abertos à comunidade. A ideia das gincanas foi copiada por outros
colégios e hoje ocorrem praticamente em toda a cidade de Apucarana e região.
O professor Rivatto acompanhou também o acirramento da concorrência entre as escolas privadas, a partir da década de 90, demonstrada especialmente em certa rivalidade surgida
em competições interescolares; e também uma nova crise, a partir dos anos 2000, com inúmeros processos trabalhistas enfrentados pelo colégio.
Em 30 anos de “São José”, Rivatto é uma marca registrada do estabelecimento de ensino,
mesmo tendo atuado em vários outros estabelecimentos da rede estadual.
- Devo muito ao Colégio São José, pois foi a partir dali que eu entrei no mundo profissional. Hoje, tenho mais de 40 anos de profissão – conta o veterano professor.
2.5 – Tempos atuais
Colégio São José no início do ano 2000: Escola completa 60 anos em 2009
68
O padre José Antonio Bertolin assumiu a direção do Colégio São José em 2003. Considerado um dos grandes patrimônios culturais de Apucarana, o estabelecimento de ensino mantém, atualmente, uma infraestrutura física invejável, com um amplo espaço verde; um grande
pátio de recreação; dois ginásios de esportes cobertos com quadras polivalentes; um campo
de futebol; espaço interno para estacionamento; ônibus para os alunos desenvolverem atividades extracurriculares; uma moderna piscina semiolímpica coberta e com aquecimento; um
laboratório de informática moderno, ligado à Internet 24 horas, e à disposição dos alunos para
aulas de informática e pesquisas; uma moderna academia de ginástica e musculação; uma
confortável capela para os alunos; uma pequena chácara com cozinha, refeitório, dormitórios,
salas para encontros, piscina campo de futebol, etc, e, ainda, em parceria com o Centro de
Espiritualidade Josefino-Marelliana, tem disponibilizado uma cozinha, um refeitório, várias
salas e um outro pátio para estacionamento com 4.000 metros quadrados. O Colégio São José
dispõe também de uma escola infantil (Girassol), localizada num amplo terreno arborizado e
com uma invejável infraestrutura, desde capela e piscina até campo de futebol, cancha coberta, parquinho infantil, etc.
2.6 - Filosofia do colégio
O Colégio São José é, antes de tudo, uma escola católica. Na fidelidade ao homem e à
pessoa, e, portanto, ao Evangelho e à Igreja, propõe-se a educar o aluno a partir dos preceitos
cristãos, orientando-o na sua realização integral e integrada como ser consciente e agente de
sua história.
Propõe-se a colaborar com a família na educação dos alunos, integrando fé e vida, cultura e Evangelho, inteligência, corpo e alma.
A filosofia do Colégio São José baseia-se numa educação integrada, onde têm particular
importância as relações humanas, a busca sincera da verdade, o ensino de qualidade e a visão
cristã do mundo.
O Colégio São José não quer ter simplesmente uma função intelectual ou crítica. Ele quer
ir além, isto é, favorecer o crescimento integral da pessoa, em todas as dimensões necessárias
e possíveis para construir o homem todo.
O projeto educativo do Colégio São José nasce de uma reflexão conjunta sobre o sentido
da pessoa, da realidade que vivemos e da razão de ser da Congregação dos Oblatos. O projeto
educativo, formulado em princípios e definidos por objetivos, manifesta o espírito e a filosofia da escola que devem ser vivenciados através de um programa coerente e realizável.
A Congregação dos Oblatos de São José, na área do ensino, busca não somente os fins
culturais de toda a escola, mas ao mesmo tempo, a formação integral dos alunos, educando-os
para uma visão das pessoas e das coisas iluminadas pela fé.
É tarefa apostólica de cada Oblato e de seus colaboradores desenvolver harmoniosamente nos jovens, adolescentes e crianças, as faculdades físicas, morais e intelectuais, procurando aprimorar neles, através de uma educação global, o senso de liberdade e responsabilidade no meio da sociedade.
No Colégio São José, fazer o aluno ascender à cultura, significa torná-lo capaz de formar
uma imagem justa de si mesmo, compreender o mundo e a História, colocar-se no coração do
universo, cooperando com Deus numa criação contínua.
69
5.7 - Padre José Canale
Padre José Canale, diretor da Escola Paróquia São José
O padre José Canale foi o fundador e primeiro diretor da Escola Paroquial São José, o
embrião do Colégio São José. José Canale nasceu em Alba (Itália) em 1915 e chegou ao Brasil como missionário, no dia 26 de janeiro de
1947, com 32 anos. Veio para Apucarana em
1948, como vigário paroquial na Paróquia
Nossa Senhora de Lourdes.
Além de fundador e diretor da Escola
paroquial, o padre Canale fez parte também
do corpo docente do Colégio Nilo Cairo. Depois de muitos anos dedicados ao ministério
sacerdotal e à educação das crianças e da juventude, transferiu-se para Londrina como
pároco da paróquia Nossa senhora da Luz,
onde veio a falecer no dia 23 de julho de 1974.
Como reconhecimento dos seus trabalhos
prestados em Apucarana, o colégio estadual
situado no Jardim América de Apucarana recebeu o nome de “Colégio Estadual Padre José Canale”. Ele é lembrado também com o nome
de uma rua no Jardim Monte Castelo.
2.8 – Três gerações
O Colégio São José ajudou a formar milhares de estudantes em Apucarana, nesses 60
anos de história. Gerações inteiras foram educadas pela filosofia dos Oblatos de São José,
desde a Escola Paroquial, nos anos 50, até o colégio como hoje o conhecemos.
A família Basso, de Apucarana, é um dos exemplos. Três gerações já passaram pelo Colégio São José. O patriarca Moisés estudou na Escola Paroquial, que ainda funcionava na esquina das ruas Osório Ribas de Paula e Ponta Grossa, no centro da cidade. A esposa Neusa
iniciou seus estudos em 1967, na atual sede do colégio.
Neusa lembra que fez a matrícula para o ginásio, pessoalmente com o padre Severino
Cerutti, algumas semanas antes de o religioso ter sido covardemente assassinado dentro do
próprio colégio. Ela conta que integrou a primeira turma dessa segunda fase do “São José”.
Quando o estabelecimento mudou para a Rua São Paulo, apenas meninos cursavam o primário e o ginásio, em virtude do regime de internato iniciado no colégio.
- Recordo que era muito bom estudar no colégio, naquela época. Mesmo coordenado por
religiosos e sendo rígido, tínhamos a liberdade para brincar e vivenciar essa nossa etapa da
vida de forma saudável.
Neusa conta que amigas da época, com quem ainda se relaciona, costumam rememorar
alguns momentos passados naquele ambiente escolar.
Os três filhos do casal estudaram no Colégio São José: Daniela, Luiz Fernando e Júnior.
Hoje já adultos, formados, os filhos percorreram todos primeiros anos de educação no estabelecimento, frequentando desde o Girassol até o Segundo Grau.
- Como estudamos no Colégio São José e conhecemos a seriedade com que os padres
conduziam a formação dos alunos, foi natural que os meus filhos fossem matriculados lá –
70
afirma Neusa.
A terceira geração no Colégio São José é formada pelos netos Bruno, de 13 anos, e Beatriz,
de 16. Bruno estuda na sexta série e Beatriz está no segundo ano do Ensino Médio. Eles também iniciaram sua vida escolar no pré do Girassol.
A mãe de Bruno e Beatriz tem presença atuante no colégio. Daniela participa da Associação de Pais e Mestres (APM) e ajuda a organizar a Giolímpica, que em 2008 chegou a sua 15ª
edição. O “São José” tem uma importância muito grande na sua vida.
- Foi em uma gincana do colégio que conheci o meu marido – lembra.
O esposo, Márcio Martinelli, também estudou alguns anos no Colégio São José.
Assim como a família Basso, centenas de famílias têm sua trajetória ligada ao estabelecimento. Uma prova de que a longevidade do colégio se deve à qualidade de ensino e à educação moral pregada pela Congregação dos Oblatos de São José.
2.9 - Depoimentos
2.9.1 – Padre José Antonio Bertolin
Padre José Antônio Bertolin assumiu a direção do Colégio São José em 2003
“No decorrer de meus anos de sacerdócio, tive a graça de Deus de desempenhar dentro da minha Congregação quatro diferentes
atividades: formador de seminaristas, pároco nas cidades de Apucarana e Curitiba, Provincial e ultimamente, diretor do Colégio São
José. Todas foram muito gratificantes para
mim, mas a última, dentro do Colégio São José
e “O Girassol”, proporcionou-me a alegria de
exercer um trabalho bastante diversificado no
contato com os alunos, na interação com os
professores e funcionários, na atenção aos pais
dos alunos, na administração e na condução
do nosso colégio.
“Agradeço a todos os confrades de minha Congregação que se dedicaram, ao longo dessas seis décadas, a esta nossa importante instituição educativa. Cada um deles, a começar pelo
padre Severino Cerutti, que construiu esse bonito edifício que abriga a nossa instituição
educativa, deixou um pouco de seus trabalhos e dedicação. Agradeço também aos professores e funcionários do passado e do presente que com seus trabalhos fizeram e fazem a grandeza do Colégio São José e “O Girassol”.
“Agradeço aos pais que acreditaram na nossa instituição, confiando nela seus filhos, que
são seus bens mais preciosos. Agradeço aos milhares de alunos que beberam dessa fonte e que
hoje forjam a nossa sociedade nas mais diferentes realidades. Agradeço aos nossos colaboradores, especialmente ao Dr. Joaquim de Castro (in memoriam), que ao doar o terreno do colégio confiou que a Congregação dos Oblatos de São José faria com essa sua generosidade um
marco referencial de educação para a cidade de Apucarana e região.
“Hoje podemos dizer com alegria que o Colégio São José e “O Girassol” são um patrimônio
marcante e indispensável na educação da cidade de Apucarana e que estão destinados cada
vez mais a contribuírem para excelência na educação de nossas crianças, adolescentes e jo71
vens. Com as graças de Deus e a proteção de São José, nosso modelo de educador, continuaremos nossa tarefa educativa com saudades, sim, do passado que revivemos, mas também com
a esperança que alimenta o nosso futuro.”
2.9.2 – Professor Paulo Aparecido Kisner
“Iniciei meu trabalho no Colégio São José em 1989, como técnico de basquetebol, trabalhando em duas quadras abertas em asfalto. Em 1992, passei a dar aulas de educação física e,
no ano seguinte, tornei-me assessor na área de educação física do colégio, iniciando com treinamentos nas modalidades de basquete, vôlei, xadrez, handebol, futsal, futebol, judô e dança.
“Os anos passaram e a área de educação física do colégio cresceu muito, basta lembrar
que no início dispunha de um compartimento debaixo de uma das escadarias, que servia para
guardar o material esportivo. Depois, houve o progresso quando recebemos uma sala dentro
do ginásio de esportes, que passou a ser chamada de sala do DEF (Departamento de Educação
Física). Em 2006, as coisas melhoraram mais ainda, quando recebemos uma moderna sala
administrativa dentro do complexo da piscina, toda equipada com telefone, internet banda
larga, etc. A partir daí passamos a ser denominados CESJ (Centro Esportivo São José), tendo
em vista que, com a ampliação e cobertura de uma cancha externa, a construção da piscina
semiolímpica aquecida e a academia, houve aumento do número das modalidades esportivas
e dos alunos.
“No decorrer desses anos, juntamente com os professores de educação física que coordeno, sentimos muitas alegrias pelas nossas inúmeras vitórias nas diferentes modalidades esportivas, com os diferentes títulos que nossos alunos conquistaram em Apucarana e região,
basta dizer que fomos nove vezes campeões gerais nas diferentes modalidades, e em 1994,
nosso aluno Rodrigo Ruiz foi campeão mundial de judô na categoria leve, dirigido pelo técnico Delmiro César Schimidt, nos Estados Unidos, o que prova a nossa importância no esporte
na cidade e região.
“Coordeno há 15 anos a área de educação física e dos esportes no Colégio São José e ‘O
Girassol’ e sinto-me feliz em fazer parte dessa família educativa, não apenas pelo nosso trabalho em proporcionar aos alunos uma ‘mente sã num corpo são’, mas também por constatar
nosso crescimento e fortalecimento, tornando-nos significativos e importantes para a nossa
cidade e região.”
2.9.3 – Professora Rosiney Pimenta
“Temos o coração marcado pela gratidão à sociedade e a todos que participaram da história do Colégio São José e de ‘O Girassol’ nesses 60 anos, fazendo com que essa instituição
pudesse ofertar um ensino com qualidade e fosse uma referência ética e de formação integral
aos seus alunos, começando com os “tesourinhos” da Educação Infantil, chegando até os nossos jovens na busca de suas responsabilidades e compromisso com a cidadania.
“O Colégio São José, sempre preocupado com o melhor na educação, criou um espaço
adequado para a qualidade de vida da primeira infância, reunindo o que há de melhor para o
desenvolvimento, aprendizado e lazer de suas crianças, proporcionando um desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos, complementando as ações da família e da comunidade.
“O espaço nasceu de um sonho, e como todo sonho sonhado junto, tornou-se realidade
aos dezoito dias do mês de março de 1978, com o nome “Jardim de Infância O Girassol”,
inaugurado com a bênção de Dom Armando Círio. A escola foi construída numa ampla área
verde, podendo ser considerada uma chácara equipada para a recreação e a educação de ‘nossos pequenos’.
“Com uma equipe sempre comprometida com as questões educacionais, todos que fize72
ram parte dessa história se envolveram na busca de novos horizontes, enfrentando desafios
para manter em movimento e desenvolvimento crescente. E assim, ‘O Girassol’ cresceu e continua crescendo.
“Lembro-me de todas as pessoas que foram essenciais para que essa história se realizasse até aqui. Pessoas importantes que, de certo modo, também me motivaram a participar de
momentos bonitos de uma história de amor e dedicação à educação. Dentre muitos, lembro o
meu pai com quem tive o meu primeiro contato com os pequeninos, quando ainda menina
ajudando-o a cuidar das crianças que iam de Kombi para ‘O Girassol’; era o motorista ‘Tio
Lazinho’, meu pai. E foi assim que comecei a me encantar e participar da formação dos
pequeninos.
“Desde 1987, com apenas 14 anos de idade, quando iniciei o curso de Magistério, assumi
uma turma de Jardim II no Centro de Educação Infantil ‘O Girassol’. Hoje, com muito orgulho, continuo fazendo parte desta história. Atuo como Coordenadora Pedagógica no Ensino
Fundamental I e acompanhei uma parte da trajetória desta instituição de ensino que não deixou a desejar, buscando sempre novos horizontes e fiel à apaixonante missão de educar. Neste ano, o nosso o Colégio, juntamente com ‘O Girassol’, comemora seu sexagenário, tornando
realidade o desenvolvimento integral dos alunos fundamentando-se nos valores humanos e
cristãos.”
2.9.4 – Zeladora Juraci Rodrigues de Oliveira
A zeladora Juraci Rodrigues de Oliveira trabalha no Colégio São José desde 1970. Nos
primeiros anos, atuou no período noturno, na época em que professores de Apucarana arrendaram o estabelecimento para dar aulas em um curso de supletivo. Em 38 anos de Colégio São
José, a dona Juraci é uma das funcionárias mais queridas do estabelecimento.
Sempre prestativa e carismática, ela conta que já está aposentada, mas não consegue se
imaginar fora do Colégio São José. Mãe de três filhos e avó de uma neta, Juraci assinala que o
estabelecimento de ensino cresceu muito nas últimas décadas.
Construído a partir de 1956, no formato de uma âncora (âncora que foi símbolo do “São
José” por vários anos), o colégio hoje conta com uma estrutura invejável entre as escolas particulares de Apucarana. Mais trabalho para Juraci, que diz adorar o que faz e, principalmente,
a convivência diária com professores e estudantes. Antes mesmo de trabalhar no local, o colégio já fazia parte da vida de dona Juraci.
- Quando era criança, vinha brincar nas escadarias do “São José”. Tinha 11 anos de idade
e morava aqui por perto. Vi o início da construção e estou aqui até hoje acompanhando o
crescimento do colégio – lembra.
Como funcionária, Juraci acompanhou a construção do “O Girassol”, da nova igreja da
Paróquia São José, entre outras conquistas, mas também esteve presente em vários momentos
difíceis.
- Vi muitos alunos chegarem pequenos, com medo do primeiro dia de aula; os vi perderem o medo, fazerem amizades, confiarem nos professores, cumprimentarem os funcionários,
até se sentirem à vontade, gostarem do ambiente, correrem, brincarem, estudarem; enfim,
ajudarem a escrever a história do colégio e vencerem junto com ele – destaca a zeladora.
Juraci viu alunos virarem professores ou funcionários. Filhos e netos de alunos antigos
iniciarem os estudos.
- O que me deixa mais feliz é reconhecer e ser reconhecida por aqueles tantos meninos e
meninas que corriam pelo pátio. Muitos me perguntam por que continuo a trabalhar aqui, mesmo depois de aposentada, se é por necessidade ou por prazer. Eu respondo que por necessidade
talvez, mas também por prazer. Sinto-me bem trabalhando, gosto do que faço, do lugar e das
pessoas. Enquanto Deus me permitir, quero continuar aqui, acompanhando o crescimento dessas novas gerações, vendo a algazarra mos intervalos, a calmaria nos horários de aula, o medo
nos dias de prova e a alegria das aprovações. Não sei se consigo viver sem isso – diz.
73
Juraci Rodrigues de Oliveira, uma funcionária que dedicou a vida pelo Colégio São José,
é tão importante, na sua simplicidade, quanto muitos outros que também marcaram a história da escola nesses 60 anos em Apucarana.
3 - Colégio Bagozzi: tradição e excelência no ensino
Colégio Bagozzi, de Curitiba, um dos principais estabelecimentos de ensino privado do Paraná
O desenvolvimento chegou a Curitiba na década de 30. No bairro do Portão, onde está
localizada até hoje a casa dos Oblatos de São José, linhas de bondes elétricos eram substituídas por automóveis e ruas asfaltadas. Casas ganhavam instalações de energia elétrica e saneamento básico.
Curitiba vivia uma fase desenvolvimentista. A cidade crescia vertiginosamente nas décadas de 40 e 50 e a educação funcionava como espelho do progresso da cidade. Apenas no
bairro Portão havia quatro estabelecimentos de ensino. Sem nunca esquecer o carisma josefino,
a Congregação também fazia parte desse processo de desenvolvimento da capital e administrava um desses estabelecimentos.
O padre João Bagozzi, pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão, dirigia a “Escola
Paroquial Imaculada Conceição”, criada pela Congregação no mês de fevereiro de 1955. O
nome escolhido foi uma homenagem ao centenário do dogma de Nossa Senhora, proclamado
pelo Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854.
O padre josefino trabalhou ardorosamente na organização do estabelecimento de ensino que,
aos poucos, foi crescendo e precisou ser ampliado. No final da década de 50, padre Bagozzi liderou
junto à comunidade local a construção de um novo prédio para a escola. No entanto, a morte do
padre provocou um grande choque na comunidade religiosa e também escolar de Curitiba.
Bagozzi faleceu no dia 12 de outubro de 1960, em um acidente de trânsito. Porém, a
semente plantada por ele gerou muitos frutos. Em 1963, três anos após a sua morte, foi implantado o Ginásio Padre João Bagozzi. Em 1971, houve a fusão do curso primário Imaculada
Conceição com o Ginásio Padre João Bagozzi e, assim, nasceu o Colégio Padre João Bagozzi.
A obra representou um grande salto para a educação em Curitiba. O estabelecimento de
74
ensino cresceu e hoje é um dos principais colégios privados do Paraná. Localizado no coração
do bairro do Portão, o colégio tem uma importância estratégica para Curitiba, pois facilita o
acesso de estudantes de toda a cidade. O Colégio Bagozzi é hoje um nome e também um
patrimônio de Curitiba, especialmente do bairro do Portão (o maior da capital).
O crescimento do colégio vai além do campo de formação educacional, pois abrange
também o campo físico. Distribuído em vários blocos, onde funcionam separadamente os ensinos Infantil e Médio, além do Centro Social Marello e da Faculdade Bagozzi.
3.1 – Padre João Bagozzi, um educador nato
Padre João Bagozzi, Diretor do Colégio Bagozzi no início da década 60
O padre João Bagozzi foi um educador nato. Giovanni
Bagozzi, seu verdadeiro nome, nasceu na cidade de Castel
Condino (Trento), na Itália, no dia 12 de dezembro de 1912.
Ele ingressou para a Congregação dos Oblatos de São José
com 14 anos de idade, depois de ter feito o ginásio. Foi ordenado sacerdote em Asti, em 1936, e desenvolveu o seu primeiro apostolado na paróquia de Riposto, na Sicília, Itália.
No final de 1939 chegou ao Brasil, onde desenvolveu a
sua atividade sacerdotal sucessivamente em Paranaguá,
Botucatu e Curitiba, no bairro de Água Verde. Em 1951, tornou-se pároco na igreja Senhor Bom Jesus do Portão, em
Curitiba. Ao lado da igreja paroquial, construiu um colégio
para acolher crianças na escola primária. Com o objetivo de
abrir a escola também para as séries seguintes, abrangendo
primeiro e segundo graus, ele tinha começado a estudar na
Universidade Federal do Paraná para conseguir o diploma.
Quando estava quase terminando seus estudos, justamente
a caminho da Universidade com sua motocicleta, foi atropelado por um caminhão que lhe
causou morte instantânea. Faleceu em Curitiba aos 48 anos de idade, no dia 12 de outubro de
1960. Ele foi sepultado no túmulo da Congregação, em Curitiba.
Além do colégio, a praça localizada em frente à igreja Senhor Bom Jesus do Portão também leva o nome do padre João Bagozzi. O padre Ciríaco Bandinu, que conviveu com Bagozzi,
lembrou, em um discurso que marcou os 50 anos da escola, que o colégio era um sonho do
confrade. Ele lembrou que o religioso disse, de forma decidida, certo dia:
- Quero uma escola ao lado da Igreja do Portão!
A partir de então, ele não mediu esforços para colocar em prática a ideia, como acrescentou o padre Ciríaco:
- Na Itália se diz que, quando um camponês trentino quer alguma coisa, nada nem ninguém pode detê-lo. Tanto é verdade que a Escola Imaculada Conceição foi fundada e construída.
A morte de Bagozzi promoveu uma grande comoção popular. Um jornal da época resumiu perfeitamente o caráter do religioso:
- Pe. Giovanni, italiano de nascimento e brasileiro de coração, conseguiu ser amigo de
todos, popular e muito querido pela modéstia de sua vida, bondade de coração e jovialidade
espiritual.
Quando os padres Pedro Magnone e Ângelo Casagrande chegaram à Itália e comunicaram à mãe o falecimento do filho, esta, entre lágrimas, conseguiu somente dizer:
- Também Nossa Senhora perdeu o seu filho.
Bagozzi foi um grande Oblato que ajudou e muito a construir a história da Congregação
no Brasil.
75
3.2 - Depoimentos
3. 2.1 - Professora Vânia da Fonseca Turra
“Faço parte de uma família católica e tradicional do bairro do Portão, cujos avós, tios e
primos sempre estavam presentes na comunidade religiosa da Igreja Bom Jesus do Portão,
junto ao Colégio Padre João Bagozzi. Meus pais casaram-se ali e construíram a minha família,
composta por quatro filhos, que se criaram nessa comunidade, se formaram e viram a escola
crescer aos poucos, sem perder sua identidade cristã, afetuosa e familiar.
“Lembro-me do meu primeiro dia de aula, fevereiro de 1975. Tinha cinco anos e estava
iniciando minha carreira estudantil. Entrei, muito assustada, de mão dada com minha mãe.
Junto estava a minha irmã mais velha, que já estudava no colégio há dois anos. Ao entrar, já
me senti em casa, pois fui acolhida com muito carinho pelas profissionais que ali estavam:
desde o padre Ciríaco, Dona Hilde, a Tia Terezinha da portaria, Tia Lourdes da secretaria, Tio
Osni do financeiro e, claro, os afetuosos professores.
“Fui recebida pela minha primeira professora, Tia Ana Maria; lembro-me até hoje do seu
sorriso me recebendo todos os dias. Isso jamais será esquecido da minha memória e do meu
coração. O tempo passou e o Colégio Bagozzi segue cada vez mais presente em minha vida,
pois ali fiz minha primeira Eucaristia com a Irmã Mônica e o Padre Joãozinho. Depois fiz
minha crisma com a Irmã Ofélia, e conheci meu marido. Hoje, tenho minha família composta
por três filhos que já estão dentro do colégio, desde os quatro meses de idade.
“É extremamente emocionante falar do Colégio Padre João Bagozzi onde, também profissionalmente, minha carreira está sendo construída há mais de 20 anos. Fiz Magistério e,
com 14 anos, já estava trabalhando dentro do ‘Bagozzi’ como estagiária, onde a minha 1ª função foi de “tia” do ônibus; recebia e entregava, todos os dias, as crianças nas suas famílias.
Logo após, trabalhei na cantina, na secretaria do Bloco F e, quando formada, comecei como
Professora do Jardim I.
“Atuei como professora por 10 anos e fui convidada para assumir o cargo de Coordenação Pedagógica do Ensino Fundamental das séries iniciais; nos últimos cinco anos, estava atuando como Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e, em 2009, assumi a função de
Assessora Pedagógica do Colégio Bagozzi. Sinto orgulho de fazer parte desta grande história
educacional e religiosa, fazendo parte desta grande família Bagozziana junto com meus filhos.”
3. 2.2 - Walter Sérgio Stavitzki
“Nossa história começa com a visão do padre João Bagozzi, que percebeu que o bairro do
Portão precisava de uma escola que atendesse as necessidades das crianças e dos jovens de
forma integral e, em 1954, pensou em fazer funcionar junto à paróquia uma pequena escola,
que ele chamou de ‘Escola Imaculada Conceição’.
A escola começou a funcionar em fevereiro de 1955, com apenas quatro salas, sendo uma
na casa paroquial. Com sua determinação e empenho, a escola cresceu com grande rapidez e,
no ano seguinte, começaram as obras para sua ampliação. Infelizmente, ele não pôde ver a
semente que plantou desenvolver-se, pois faleceu em um trágico acidente no dia 12 de outubro de 1960, mas já havia percebido que seu empreendimento caminhava a passos largos.
“Padre João Bagozzi foi substituído pelo Padre Dario Zampiero, que, em 1963, concluiu
a obra de ampliação da escola, dando-lhe mais seis salas onde hoje funciona o bloco”A”.
Promoveu outras melhorias como uma cancha de esportes, onde hoje é o pátio entre os blocos ‘B’,’C’ e ‘D’ e salas de apoio embora pequenas, onde atualmente é o bloco ‘D’.
“Em 1971, Padre Dario Zampiero foi substituído pelo Padre Ciríaco Bandino, que assu76
mia o cargo como superintendente representante da entidade mantenedora. Lembrando que
a primeira diretora foi Iria Pereira Dudek (1963) e depois professor Zildo Manoel da Cruz
(1964-1969) e, em 1970, a Professora Hildegard Sondahl, cuja vida confunde-se com a vida do
próprio colégio e de seus alunos, professores e funcionários.
“Em 1973, chega ao colégio Padre Roberto Palotto (1973-1976), o qual deu continuidade
às obras construindo o Bloco ‘B’, promovendo ainda mais o crescimento do colégio. No mesmo ano deu-se a fusão da Escola Imaculada Conceição com o Ginásio Padre João Bagozzi,
nascendo oficialmente o Colégio Padre João Bagozzi. Em 1977, foram autorizados os cursos
supletivos (1º e 2º graus) e magistério, e no ano seguinte foi implantado o curso de
Processamento de Dados. Em 1994, foram criados os cursos MPA (Máximo Por Área), cursos
profissionalizantes para quem tinha o 2º grau, nas áreas de processamento de dados, contabilidade e transações imobiliárias.
Em 1985, Padre Ciríaco deu inicio a construção do Bloco ‘F’ e, em seguida, do Bloco ‘H’,
onde funcionou até 2007 o ‘Terceirão’. Sucederam depois outras obras, tais como a construção
do Centro Esportivo Marello, inaugurado em 1992, a chácara do colégio e o Centro de Educação Infantil Bagozzi, inaugurado em 1995, onde primeiramente foi pensado a construção do
‘Lar dos meninos’. Seguiram depois a construção do Centro Esportivo Bagozzi, inaugurado
em 2002 e, por fim, a construção do prédio da Faculdade Bagozzi, a partir de 1999.
Em 1994, em função do falecimento da professora Hilde, assumiu a direção a professora
Vanessa Rodrigues Santa Maria, que permaneceu no cargo até 1998. Em janeiro de 1999, assumiu a direção do colégio o padre Roberto Agostinho.
“Talvez, a força e a glória do Colégio Bagozzi estejam escondidas em seu estilo de vida:
um ensino que procura não elitizar e um relacionamento familiar, sem requintes e diferenciações, como sonhou o Padre João Bagozzi”.
3.2.3- Professora Maria Lúcia P. Martynyszyn
“Iniciei meus trabalhos profissionais em 1968, na época recém-formada da Escola Normal. Trabalhava no período da manhã, numa turma de terceira série só para meninos. A escola era pequena, sem nenhuma estrutura administrativa. Nosso diretor, na época o padre Dário
Zampiero, um homem muito dinâmico, alegre, andando pelo pátio com sua batina esvoaçante,
conversando, brincando e rezando com os alunos na entrada das aulas. Ele cuidava sozinho
de toda a escola e nossas provas eram organizadas por ele, num mimeógrafo a álcool.
“Passado alguns anos, a antiga Escola Imaculada Conceição tornou-se o que é hoje o
Colégio Padre João Bagozzi. Tive a alegria de conhecer este padre que deu nome ao colégio,
pois estudei na escola quando o mesmo era diretor, chegando a acompanhar o seu enterro. A
escola continuava crescendo e o bairro do Portão aumentando, enquanto fazia a faculdade e
começava a lecionar para o primeiro e segundo graus, além do supletivo, o qual funcionava à
noite.
“Nossos diretores também foram mudando, assim como os superintendentes do clégio.
Dona Hildegard Sondahl, professora de História, foi uma brilhante diretora, que a todos conhecia pelo nome e muito atualizada quanto aos conhecimentos em educação, métodos e
técnicas, sempre os mais avançados. Pessoa sábia, uma grande empreendedora, trabalhando
arduamente para o colégio e conquistando a simpatia de todos, pois na época e durante alguns anos, nossas matrículas eram em torno de mais de seis mil alunos. Colégio organizado,
crescendo em todos os aspectos e na área de educação física, o ‘Bagozzi’ competia e participava de todos os torneios municipais e estaduais, em praticamente todas as modalidades esportivas.
“Padre Roberto Palotto também esteve à frente da direção do colégio, inovando e
trabalhando, pois foi ele que, com a ajuda de outros órgãos, construiu o bloco ‘B’. Nesta época, o colégio precisava aumentar o espaço físico, pois era a grande a quantidade de matriculas.
O padre Ciríaco Bandinu também tem presença muito importante. Com sabedoria, alegria e
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disposição, esteve à frente do colégio mais de 35 anos. Com uma visão progressista, conseguiu construir a faculdade Bagozzi, a chácara para lazer cultural, espiritual e esportivo. Lá
existe uma maravilhosa capela e ao lado um dos mais modernos planetários.
“Os anos foram transcorrendo e eu sempre trabalhando com muito amor, dedicação e
carinho a esta grande entidade cultural e religiosa. Trabalhei em sala de aula durante 29 anos,
e após este período, já um pouco desgastada por trabalhar com os alunos tão seguidamente,
fui convidada a trabalhar na editoração, coordenando as provas e trabalhos realizados pelos
professores. Estive 11 anos nesta função, quando finalmente trabalhei um ano na secretaria e,
em julho de 2008, deixei o estabelecimento.
“Tive o privilégio de criar meus filhos e educá-los dentro de uma fé cristã, pois todo o
conhecimento deles devo a formação que receberam neste colégio, que para mim é como se
fosse minha casa, pois como diz seu lema: ‘Educar é educar para a fraternidade’.”
4 – Faculdade Bagozzi, um novo espaço para a educação em Curitiba
Faculdade Bagozzi foi construída no início do ano 2000 no bairro do Portão, em Curitiba
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Criado em 1955, o Colégio Bagozzi se notabilizou por preparar os estudantes de forma
integral, desde a creche, Ensino Infantil até o Ensino Médio. Assim, surgiu a necessidade de
complementar esse trabalho, ofertando também educação em nível superior. Com esse propósito, a Congregação decidiu criar a Faculdade Bagozzi. Além de suprir a demanda na capital, a instituição de ensino superior veio atender uma reivindicação dos pais, que gostariam
de ver seus filhos prosseguindo seus estudos a partir da filosofia pedagógica Marelliana.
A Faculdade Padre João Bagozzi foi autorizada a funcionar pelo Ministério da Educação
e Cultura no dia 4 de julho de 2001, pela Portaria Ministerial nº 1.396. No primeiro momento,
foram reconhecidos três cursos: Filosofia (Licenciatura), Administração (Ênfase Administração de Empresas) e Pedagogia. Este último, ainda com o nome Normal Superior, estava inicialmente ligado ao Instituto Superior de Educação Padre João Bagozzi, que passou a integrar a
Faculdade Bagozzi. Em 2008, a faculdade também foi autorizada para o curso de Serviço
Social.
O principal objetivo da Faculdade Padre João Bagozzi é formar profissionais aptos a
atuarem de forma eficiente no mundo dos negócios, por meio de um ensino de qualidade,
com princípios éticos, conhecimentos teórico-práticos e formação ética e humanística ampla.
Com isso, a faculdade busca contribuir para a evolução da sociedade e a democratização do
conhecimento, transformando o ser humano e, consequentemente, a sociedade.
A instituição de ensino superior josefina nasceu da proposta e do carisma Marelliano de
dar uma contribuição ao desenvolvimento da sociedade por meio da educação. Assim, a Faculdade Bagozzi trabalha na democratização do saber, ofertando cursos de graduação, articulando pesquisas com extensão.
A faculdade está em franca expansão. Mais três cursos estão em fase de autorização:
História, Geografia e Letras. Além disso, a instituição vem apostando na área de pós-graduação, com mais de 40 opções para os recém-formados.
5 – Outras experiências na área de educação
Além de Paranaguá, Curitiba e Apucarana, a Congregação dos Oblatos de São José também administrou escolas ou trabalhou com afinco para que as cidades onde os padres josefinos
atuassem também tivessem uma preocupação com a educação.
Um dos exemplos ocorreu em Salto Grande (SP). No dia 8 de maio de 1961, a Congregação inaugurava o “Colégio Padre Mário Briatore”, em homenagem ao sacerdote josefino que
muito lutou naquela cidade para a instalação de uma escola secundária. No mesmo ano, começou também a funcionar a escola “São José”, na Vila Medeiros, em São Paulo, também a
partir de mobilização dos josefinos junto às autoridades locais.
Mais uma escola com o nome “São José” foi instalada em Londrina, a partir de 1966,
quando a Congregação assumiu uma paróquia na cidade. Naquele ano, o padre Briatore foi
indicado para a Paróquia Nossa Senhora da Luz. Algum tempo depois, ele conseguiu adquirir
um terreno no Jardim Leonor, onde uma igreja hoje denominada Paróquia de São José foi
erguida, tendo ao lado um estabelecimento de ensino com o mesmo nome.
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Sexta parte
Missões Josefinas
Introdução
As missões fazem parte do carisma dos josefinos e da própria história da Congregação.
A instituição religiosa sempre priorizou a atenção a regiões carentes de religiosidade, não
importando as dificuldades geográficas ou econômicas.
O caráter missionário está na essência da Congregação, que chegou ao Brasil em 1919. O
país é o segundo atendido pelos josefinos desde a criação da instituição por São José Marello,
em Asti, no ano de 1878. Antes, os Oblatos chegaram nas Filipinas, em 1915.
Atualmente, a Congregação mantém suas atividades com presença em onze países: Itália, Filipinas, Brasil, Estados Unidos, Peru, Bolívia, México, Polônia, Índia, Nigéria e Austrália.
Em cada josefino espalhado pelo mundo está presente o sentimento de missionário.
No Brasil, a Província Nossa Senhora do Rocio realizou algumas experiências missionárias,
com destaque principal para o trabalho desenvolvido em Aripuaña e Colniza, no Mato Grosso, e também da tentativa de missão josefino-brasileira no Chile.
1 – Uma missão no Chile
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Em julho de 1996, uma assembleia foi realizada na cidade de Ourinhos para decidir sobre uma nova missão dos josefinos. A aprovação da proposta foi imediata em relação à medida. No entanto, houve algumas divergências quanto ao destino. Alguns confrades preferiam
uma missão no Brasil, enquanto outros optavam por um trabalho no exterior. A partir dessa
assembleia, a Congregação decidiu fazer algumas visitas para definir onde o trabalho missionário seria desenvolvido. A primeira viagem de estudos ocorreu no Paraguai, na Diocese de
Caacupé, em outubro de 1996. A segunda teve como destino o Chile, em Santiago, e foi a mais
promissora.
Os padres Álvaro, Ciríaco, Duílio e Bertolin seguiram rumo ao Chile, no Boing 747 da
Companhia Aérea LAN Chile, no dia 27 de novembro de 1996. Os assentos, em sua maioria,
estavam tomados por brasileiros que viajavam em férias. Os josefinos, entretanto, seguiam
em uma viagem de estudos, com o objetivo de implantar a missão josefina-brasileira em terras chilenas.
Após quatro horas de viagem, o grupo desembarcou no Aeroporto Internacional de Santiago, na capital do Chile, e, na sequência, seguiu até a Rua Vergara, onde os religiosos foram
recebidos pelo padre Francisco Pentrilla, junto à sede da delegação e seminário da “Orden
Madre de Dios”.
No dia seguinte, os josefinos se reuniram com o Núncio Apostólico, Dom Piero Biggio,
e também com o bispo auxiliar, Dom Sérgio Valech Aldunate. No encontro, os bispos apresentaram quatro possibilidades de paróquias que a Congregação poderia assumir na capital
chilena.
O Chile é um país eminentemente católico. Na Diocese de Santiago, por exemplo, vivem cerca de um milhão de pessoas. São 36 paróquias e 25 colégios católicos de 1º e 2º graus.
Após algumas reuniões, os josefinos brasileiros definiram três possibilidades da missão:
Paróquia de San Gregório, de San Columbano e dos Doze Apóstolos. Destas, a mais organizada e populosa era a de San Gregório. A Diocese tinha interesse em ceder esta paróquia e os
josefinos também se interessaram imediatamente por ela.
Os quatro padres josefinos permaneceram uma semana no Chile, preparando a futura
missão. O desafio se mostrava grande, pois a paróquia oferecida abrangia um bairro pobre,
populoso, de trabalhadores e praticamente abandonado. Seria o local ideal para uma missão,
dentro do carisma josefino de trabalhar em locais mais necessitados.
O parecer dos padres que visitaram o Chile apontava para a missão naquele país. E assim foi feito. Em dezembro de 1996, a Diocese de Santiago aceita a vinda dos confrades para a
Paróquia San Gregório.
Oito meses depois, no dia 31 de agosto de 1997, a Congregação dos Oblatos de São José,
em nome da Província Nossa Senhora do Rocio - Brasil, assumiu oficialmente o trabalho missionário na capital chilena de Santiago.
O padre Hilton Carlos Soares assumiu a Paróquia San Gregório como pároco e o padre
Juventino Ferreira, como vigário paroquial. Cerca de 500 pessoas, provenientes das cinco capelas e da própria comunidade sede, participaram da celebração eucarística. O cardeal Carlos
Ovada presidiu a cerimônia que foi concelebrada por Monsenhor Rafael Hernandez Berrios,
pelos nossos dois missionários, o Provincial padre José Antonio Bertolin, além dos padres
Nelson Federovicz e Miguel Piscopo.
A Paróquia San Gregorio é bastante extensa, com aproximadamente 60 mil habitantes.
É composta de cinco capelas ou comunidades, mais a matriz. Estão presentes três comunidades religiosas femininas: Irmãs dos Sagrados Corações, Irmãs de Nevers e Irmãs de Santa
Ana. Há também uma comunidade religiosa dos Irmãos de La Salle, que dirigem um pequeno colégio de propriedade de Arquidiocese.
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Paróquia San Gregório – Santiago do Chile
Apesar de algumas dificuldades quanto à adaptação, costumes, língua, alimentação, tipo
de pastoral, os padres designados para a missão trabalharam com otimismo e esperança, superando todos os entraves. A presença Oblata brasileira no Chile foi uma graça para a Província, porque levou a Congregação a abrir-se para novos horizontes desafiadores fora do país e,
com isso, a viver uma realidade diferente.
Também proporcionou uma desinstalação não apenas para os “missionários”, que começaram a ser “chilenos com os chilenos”, mas também para toda a instituição que, a partir
de então, passou a olhar com uma saudável preocupação um outro ângulo do mundo que
também depende dela. No final do ano 2003, a experiência do trabalho missionário no Chile
foi encerrada com o objetivo de fortalecer mais o campo missionário no Mato Grosso, porém,
ficou a gratificante constatação de que os seis anos de presença dos Oblatos de São José no
país serviram para exercitar o espírito missionário tão característico dos filhos de São José
Marello no decorrer do século XX.
82
2 – Aripuanã: uma missão josefina na Amazônia
2.1 – Realidade local
Dom Franco della Valle e irmão Antonio Barbosa com paroquianos em Colniza (MT)
A Congregação dos Oblatos de São José assumiu a paróquia de Aripuanã, no Mato Grosso, em março de 1990. A cidade fica em uma região cortada pela Floresta Amazônica, em uma
área de 65.895 km2. Ao norte, limita-se com o Estado do Amazonas e, ao oeste, com o Estado
de Rondônia.
Historicamente, a região era exclusivamente povoada por indígenas. A partir de 1911,
começou a receber os primeiros imigrantes e migrantes. A chegada do peruano Alexandre
Lopes deu início ao povoamento. O município de Aripuanã foi criado em 1943. Mesmo assim,
permaneceu vários anos isolado, devido à sua distância.
A partir da década de 50, a região ganhou muitos migrantes, basicamente dos Estados do
Sul do Brasil. Iludidos por promessas de empresas colonizadoras, essas pessoas chegaram a
Aripuanã e encontraram uma realidade de muita pobreza e abandono. A região foi muito
explorada por garimpeiros e comerciantes de madeira.
A presença da Congregação dos Oblatos na região deve-se inicialmente ao sentimento
missionário do padre Duílio Liburdi. Entre os anos de 1980 e 1986, antes dos josefinos se instalarem oficialmente em Aripuanã, o sacerdote permaneceu trabalhando naquela área cortada pela Floresta Amazônica a serviço da Diocese de Ji-Paraná.
Foi pároco na cidade de Juína, mas seu campo missionário abrangia também Juruena,
Castanheira e Aripuanã, onde atuou como pároco, morando juntamente com o padre salesiano
Eduardo Bogo.
Padre Duílio Liburdi foi um verdadeiro desbravador. As poucas referências históricas da
sua passagem solitária por aquela região são marcadas por muitos sacrifícios e desafios, principalmente ameaças de morte devido ao conflito agrário constante e os perigos das doenças,
especialmente a malária, que tirou a vida de muitos migrantes na Região Amazônica.
O clima era tenso naquela época, devido ao confronto dos grandes fazendeiros com os
migrantes. Padre Duílio sentiu na pele esse conflito agrário que vitimou centenas de pessoas.
83
Muitas famílias foram expulsas e perderam todos os seus bens.
Conseguir o direito de posse da terra era muito difícil. O padre josefino fazia o papel de
mediador, tentando garantir, pela diplomacia, o direito legal dos posseiros que vinham do Sul
e de outros Estados do País. Por isso, foi várias vezes ameaçado de morte. Muitos trabalhadores eram despejados na beira das rodovias, sem nenhuma atenção do governo.
Durante esses anos, padre Duílio lutou contra os latifundiários, que oprimiam e exploravam o povo, atuando como donos da verdade e da Justiça naquele território abandonado pela
lei. Esse trabalho abnegado do sacerdote é até hoje lembrado pelas famílias que conseguiram
resistir. Sua presença na região é marcada pela luta contra os poderosos e apoio aos mais
necessitados, desde pequenos agricultores, índios, garimpeiros, seringueiros, entre outros.
Esses problemas continuam até hoje, porém, em menor escala. As doenças tropicais, a
constante pressão dos grandes fazendeiros, a precariedade do atendimento à saúde e educação, são desafios que a Congregação dos Oblatos de São José ajuda a enfrentar na região até os
dias atuais.
2.2 – Início oficial da missão mato-grossense
O dia 19 de março de 1990, dia de São José, marca oficialmente o início da missão dos
josefinos em Aripuanã. O padre Mário Guinzoni, juntamente com o seminarista Reginaldo,
parte para o Mato Grosso.
No coração do padre Guinzoni está vívido o sentimento de missionário e o objetivo de
ajudar as pessoas, nunca pensando em seu conforto. Um dia antes de viajar, essas foram algumas de suas palavras:
- Como estou me sentindo? Passada a euforia da certeza, da primeira notícia, agora veio
a realidade. Estou agarrado com todas as forças à fé, fé nua, fé-cruz! Sinto por um lado uma
voz que me diz : “... ei, você é louco, você é doido! Deixar tudo...” e, por outro lado, uma voz
clara me diz: “Vai”. Creio que aprendi mais sobre fé nesses últimos tempos do que nos tratados de Teologia e nas meditações de anos a fio – escreveu.
A data de partida foi significativa. Viajaram para a missão no dia de São José, como um
sinal de desapego, desprendimento e vocação. Depois de 60 horas de viagem de ônibus, o
padre Mário e o seminarista Reginaldo juntaram-se ao padre Duílio, ao jovem Geraldo Batista
dos Santos e ao seminarista João Cordeiro, que já estavam em Aripuanã. Esta equipe começou
então a trabalhar oficialmente em favor dos menos privilegiados da região, levando ao povo
sofrido da Floresta Amazônica a palavra de Deus e o exemplo edificante de fé, manifestado
por São José.
No dia 25 de março de 1990, a Congregação dos Oblatos de São José assumia oficialmente a Paróquia São Francisco de Assis, em Aripuanã, em uma celebração presidida pelo bispo
de Ji-Paraná, dom Antonio Possamai, com a presença do então Provincial dos josefinos no
Brasil, padre João Battista Erittu.
O padre Mário sentiu-se tocado durante a celebração, especialmente na profissão de fé, e
expressou esse sentimento em belas palavras:
- Naquele momento, segurando a Bíblia Sagrada, perante este povo sofrido, só queria
dizer uma coisa: comprometer-se com esta palavra, comprometer-se com o pobre e explorado, o índio, o último. A palavra queima mesmo; abrasa o coração, ou a aceitamos inteira, ou,
sobretudo, aqui, é trair Cristo, o pobre; é ser falso.
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2.3 - Reconhecimento do terreno
Início da Missão os Oblatos de São José em Aripuanã
Os primeiros dias de missão foram destinados ao planejamento. Auxiliados por quatro
irmãs da Congregação Fraternidade Esperança, e também com a ajuda do “professor Honório”,
um seringueiro com mais de 60 anos de experiência na Floresta Amazônica, os josefinos procuraram conhecer ao máximo a realidade local. O trabalho do padre Duílio no local, durante
10 anos, também foi importante.
Além das disputas agrárias e da pobreza do povo, o isolamento da região também era
preocupante. O correio, por exemplo, não funcionava. Uma carta demorava muitos meses
para chegar. O telefone era caro e de funcionamento precário. Não havia jornais e basicamente
o único contato com o mundo exterior se dava pela Rádio Nacional da Amazônia.
Em um mês, a missão de Aripuanã já sofria com desfalques. O seminarista João Cordeiro
não se adaptou ao local e deixou a região. Temia a malária e a violência. Por falar em malária,
o padre Duílio enfrentou a doença várias vezes e ficou fora de ação por um tempo. O padre
Mário também adoeceu, em decorrência de outros problemas de saúde.
As estradas precárias eram outro desafio. Em uma oportunidade, padre Mário e o seminarista Reginaldo ficaram por quase um dia inteiro perdidos no meio da mata, após o carro
onde estavam ter atolado e eles decidirem seguir a pé até a localidade de Cidade Morena, a 50
quilômetros de Aripuanã.
Foram muitas aventuras. Em viagens a várias comunidades que faziam parte da grande
extensão paroquial, os missionários precisavam redobrar os preparativos, como diesel de reserva, bons estepes para a Toyota, machados, motosserras, comida à vontade e, principalmente, um bocado de sorte para enfrentar as vicissitudes do caminho. Pelo rio acima ou pelo
mato adentro, os josefinos tinham como companhia o som e a beleza incomparáveis dos bichos; o verde e o cantar das araras; os voos rasantes das garças brancas; o barulho intermitente
dos macacos.
85
A pobreza era grande por toda aquela região. Os moradores viviam em barracos à beira
do rio, em condições precárias de vida, sem condições de higiene e sem atendimento médico.
Índios e seringueiros não se diferenciavam muito pelos hábitos, que apenas mantinham na
região uma cultura de subsistência, sem pensar no amanhã. Guariba é o nome do povoado
limite da missão, onde cerca de 30 famílias receberam do governo mato-grossense terras virgens no meio da mata, porém, foram abandonadas à própria sorte e enganadas pela promessa
de uma infraestrutura digna para viver. Ao mesmo tempo, fazendas de até 100 quilômetros
de comprimento se encontravam no local. De propriedade de ricos latifundiários, contrastavam com a pobreza das comunidades ribeirinhas.
Nesse campo rude de atuação, a presença dos missionários é um lenitivo para a alma das
pessoas. Eles não podem ter nenhum bem material, vivem sem estrutura alguma, mas têm
firme no coração uma riqueza que ninguém pode lhes tomar: o amor de Cristo. E os josefinos
são os mensageiros dessa palavra em um lugar onde apenas o sofrimento parece ser digno de
nota.
Guariba, Cidade Morena, comunidades do “Além Rio”, são os locais de trabalho dos
missionários na região de Aripuanã. Uma experiência que os josefinos enfrentam e que descrevem em palavras, como estas do padre Mário:
- Estar em Guariba é viver em contato com a cruz, cruz nos ombros do povo pobre, humilde e abandonado. Cruz que se chama desespero e, às vezes, resignação e impotência. Cruz
diante dos desafios da precariedade, dos mosquitos, do calor, dos perigos, do cansaço.
A experiência em Aripuanã era a primeira após os anos iniciais dos josefinos no Brasil,
principalmente com os desafios no litoral do Paraná, na década de 20 e no Norte do Estado, a
partir da década de 40. Assim, muitos jovens da Congregação não tinham essa oportunidade
de trabalhar nas missões. Aripuanã representou essa chance para os religiosos. Um deles foi o
padre Antonio Carlos Gerolomo que decidiu partir para o Mato Grosso e onde permaneceu
por algum tempo, ajudando a combater as injustiças sociais.
O ano de 1990 foi de contato com a realidade local. Nos primeiros meses de 1991, o padre
Duílio deixou Aripuanã para tratar de um grave problema de saúde em São Paulo. Assim, o
trabalho missionário ficou a cargo do padre Mário Guinzoni e do irmão Antonio Barbosa Soares. Dessa forma, padre Gerolomo, que já havia conhecido Aripuanã, foi designado para
reforçar o trabalho no Mato Grosso por alguns anos. Em agosto, o padre Mário Rocha chega
de Apucarana para passar dois meses com os confrades.
Com apoio do padre vindo de Apucarana, começou a mobilização para a construção de
uma nova igreja na Paróquia São Francisco de Assis. A atual era de madeira e pouco espaçosa.
Após um longo debate, decidiu-se que apenas os integrantes da comunidade ajudassem na
construção, sem auxílio de fazendeiros ou madeireiros.
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2.4 – Violência agrária
Oblatos durante visita a casa de seringueiro na região
de Colniza
Os josefinos seguiam seu trabalho em
Aripuanã, lutando contra as dificuldades com
força e fé em Deus, sempre amparados por
São José. Em novembro de 1994, ocorreu um
dos maiores desafios para a Congregação no
Mato Grosso.
Algumas pessoas com certos interesses
que moravam em Aripuanã comandaram
uma grande reação violenta contra os índios
Araras e os missionários. A discórdia foi motivada pela abertura de uma estrada considerada estratégica em Aripuanã, pois ligaria o
município com o Espigão do Oeste, em
Rondônia, e Apuí, no Amazonas.
Os missionários e os índios foram contra a estrada, que tinha como objetivo central
facilitar o escoamento de madeira nobre da
região. O projeto foi aprovado na Câmara de
Vereadores em setembro de 1993 e, durante os conflitos, boa parte da via já havia sido aberta.
Pelo projeto, a estrada passaria por dentro da reserva indígena Arara, o que é proibido
pela Constituição Federal. Além de facilitar o escoamento, a intenção dos fazendeiros era grilar
parte da reserva, obtendo do local madeira nobre e minérios.
Os padres Mário Guinzoni e Antonio Carlos Gerolomo iniciaram uma ampla mobilização
contra a estrada, pedindo ajuda em várias esferas, contra o projeto. O clima de tensão foi
grande na região e não demorou para que os religiosos fossem ameaçados de morte e, em
decorrência disso, o padre Mário Guinzoni retirou-se por alguns dias em Cuiabá
Estando em Cuiabá, padre Mário não desistiu de lutar em favor da causa de Aripuanã.
Deu entrevistas a jornais e emissoras de TV; falou com o governador do Estado; viajou até
Brasília, levando o caso ao Ministério da Justiça e a deputados, no Congresso...
O bispo de Ji-Paraná, Dom Antonio Possamai, foi a Aripuanã tentar apaziguar os ânimos, mas não obteve sucesso. A tensão era grande, tanto é que um abaixo-assinado foi enviado ao Núncio Apostólico pedindo que a paróquia local passasse a ser atendida pela Diocese
de Diamantino. O bispo de Ji-Paraná também passou a ser alvo dos ataques.
Quando o padre Mário Guinzoni voltou do seu “exílio forçado”, o clima ainda estava
tenso e as ameaças de morte prosseguiram. Em maio de 1995, os ânimos amainaram após um
acordo assinado entre os índios, a Funai, a Câmara de Vereadores de Aripuanã, a Prefeitura,
representantes dos moradores e a Polícia Federal. A ponte sobre o Rio Brando foi construída,
mas o acesso público não tirava o direito de propriedade da terra dos índios Arara. Esse acordo era objeto principal de luta dos missionários e foi obtido após meses de ameaças, discussões e polêmicas.
Esta, porém, foi uma das batalhas naquele ano. A Gleba 1º de Maio, em Colniza, foi alvo
de uma nova disputa. Dezenas de famílias pobres estavam sendo despejadas de seus pedaços
de chão e os josefinos encamparam um movimento para evitar a retirada dos colonos. A
mobilização surtiu mais uma vez efeito positivo.
No final de junho de 1995, o Superior Geral da Congregação, Vito Calabrese, fez uma visita
a Aripuanã. Admirado com a extensão territorial, com a riqueza das terras, inclusive rica em
minérios, e com a natureza de exuberante beleza, ele propôs a criação de uma rádio AM para
poder evangelizar todo aquele território que sofria com as dificuldades de comunicação.
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Apesar de todos esses conflitos e tentativas de denegrir a imagem da igreja, a população
ficou do lado dos josefinos em Aripuanã. Em dezembro de 1995, o padre Gerolomo deixou
Aripuaña, voltando para a região Sul do País. Mário Guinzoni permaneceu no município,
mostrando que não pretendia mais sair do local.
2.5 – Os últimos anos
A situação de Aripuanã hoje é bastante diferente da encontrada pelos josefinos, especialmente na infraestrutura. A cidade já dispõe de alguns serviços qualificados, como telefonia,
internet e agências bancárias.
Segundo o censo de 2000, Aripuanã contabiliza 16 mil habitantes. No entanto, o número
de moradores é maior, especialmente com a criação do assentamento Conselvan, que conta
atualmente com sete mil pessoas e mais o assentamento Milagrosa, também implantado recentemente.
Os josefinos trabalham em 40 comunidades no interior do município, oito na área urbana e mais dez distribuídas nos dois novos assentamentos. A cidade vem crescendo muito nos
últimos oito anos. Desde o censo de 2000, surgiram muitos novos bairros, como o Planalto 1, 2
e 3, entre outros.
Em 2008, a Congregação dos Oblatos de São José iniciou o trabalho de construção do PréSeminário São José, em Aripuanã cujo objetivo é cultivar as vocações religiosas na região, que
têm se mostrado bastante promissoras no trabalho desenvolvido nos últimos anos.
2.6 – Colniza
O desenvolvimento chegou à região de Aripuanã nos últimos anos, o que provocou algumas mudanças geográficas. Antigo distrito de Aripuanã, Colniza emancipou-se política e
administrativamente em 1998, desmembrando-se do município-mãe.
Com uma população de cerca de 30 mil habitantes, a cidade também sofreu por vários
anos com a violência agrária. Ao todo, são mais de 50 comunidades atendidas pelos josefinos,
sendo apenas três na cidade e as demais na área rural, algumas a dezenas de quilômetros de
distância.
A partir da emancipação, a Congregação dos Oblatos de São José assumiu uma nova
paróquia para atender exclusivamente a região de Colniza, que até então era apenas uma
capela vinculada a Aripuanã. A Paróquia Sagrada Família foi criada oficialmente no dia 21 de
fevereiro de 1999, tendo como primeiro pároco o padre Mário Guinzoni.
88
Sétima parte
Grandes Oblatos
1. José Calvi, o “Padre Santo”
1.1- Um sacerdote convicto da própria vocação
Aos 11 anos de idade, um adolescente de Cortemilia, cidade
plantada entre duas colinas ao norte da Itália, arranca risos de seus
colegas durante uma aula de catecismo ao se recusar a estudar o
sacramento do matrimônio. Ao ser questionando sobre os motivos
desse descumprimento de ordem, o menino responde:
- Porque não quero me casar.
Essa resposta não era uma afronta. Pelo contrário, uma decisão
firme de propósito que os colegas e os padres que o acompanhavam naquele dia compreenderiam anos mais tarde. Seu nome era José Calvi, futuro padre da Congregação dos Oblatos de
São José de Asti, na Itália, que viria ao Brasil como missionário, transformando-se para todos
os josefinos no maior exemplo de humildade e entrega ao longo de sua trajetória no Paraná.
Desde criança, Calvi mostrava-se decidido a dedicar-se à vida religiosa. Participava com
assiduidade das atividades de sua paróquia. Embora de saúde frágil desde os primeiros anos
de vida, sempre fora um menino dedicado, estudioso e, acima de tudo, de uma bondade imensa.
Calvi nasceu no dia primeiro de maio de 1901. Até os 13 anos de idade, viveu com os pais
em Cortemilia, uma bela cidade conhecida pelo bom vinho e os saborosos cogumelos, trufas e
nozes. Em 1914, Calvi realizava o sonho que acalentava desde a mais tenra idade: havia recebido a declaração de boa conduta, necessária naquela época para ingressar no seminário.
Assim, José Calvi partia para a preparação rumo ao sacerdócio na Congregação dos
Oblatos de São José em Asti, cidade localizada a cem quilômetros de distância de Cortemilia.
Em uma manhã de agosto, Calvi apresenta-se no seminário trazendo consigo apenas um
pacote de roupas debaixo do braço. Na casa de formação, é recebido pelo Irmão Pedro Cuffini,
que no futuro voltaria a encontrar em sua viagem ao Brasil, nos primeiros anos da missão
josefina.
Assim como era desde pequeno, Calvi mostrou-se dedicado e responsável na sua vida
de seminarista. Destacava-se dos demais pela bondade, piedade e reverência aos ritos e objetos sacros.
- Adentrei ao seminário sempre com o desejo de ser bom, de me preparar seriamente
para ser um sacerdote santo – disse Calvi, já padre, muitos anos depois, no Paraná.
O jovem Calvi conquistava os colegas de seminário com seu carisma. Eles viam naquele
adolescente frágil, vítima de problemas respiratórios congênitos, sinais claros de um espírito
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devotado e, por isso, o respeitavam:
- Víamos nele algo de superior, porque a sua bondade se impunha – reconheceu em uma
oportunidade José Binello, colega de seminário de Calvi.
Em virtude da guerra e das dificuldades de manter o seminário, alguns jovens tiveram
seu noviciado antecipado. Assim, José Calvi iniciou seu noviciado no dia primeiro de setembro de 1917. As qualidades vistas desde o seu ingresso no seminário continuaram se manifestando, como atesta João Berchmans, que foi seu assistente por três anos e seu prefeito em
Santa Chiara por um ano:
- Em todo esse período devo afirmar não ter notado nele nenhum defeito que se pudesse
dizer voluntário. Era de caráter bastante tímido, mas sabia também mostrar-se corajoso. Não
tinha nada de extraordinário exteriormente, mas fazia tudo com toda precisão e exatidão, e
este seu comportamento lhe era tão habitual que lhe parecia natural. Ele foi extraordinário nas
coisas ordinárias.
Essas características bem particulares faziam com que os colegas e os superiores alimentassem uma certa reverência a Calvi, vislumbrando estarem defronte de um verdadeiro santo.
Assim afirmou em uma oportunidade Giuseppe Barbano.
- Todas as vezes que me encontrava diante dele, era movido por sentimentos de admiração e de santo afeto, quase de devoção e veneração, porque parecia encontrar-me diante, não
somente de um jovem bom, dócil, inocente e respeitoso, mas de um anjinho, de um santo.
No dia primeiro de outubro de 1919, Calvi emitiu os votos temporários de pobreza, obediência e castidade. Como clérigo, foi enviado para Roma, onde permaneceu dez meses, aproveitando esse tempo para restabelecer-se de sua saúde delicada. Atuou como sacristão na
Igreja de San Lorenzo in Fonte. Nesse período, Calvi procurou vivenciar a santidade.
- O religioso que não busca a santidade e não se santifica será uma pedra, pois esse deve
ser embebido de santidade – escreveu o padre anos mais tarde.
Calvi voltou a Asti em agosto de 1920 para cursar Filosofia. A saúde frágil fez com que
ele perdesse várias disciplinas. Porém, mantinha-se sempre firme no propósito de servir ao
Senhor e seu comportamento sempre humilde era intransponível. Seu coração era uma fortaleza para suportar os males da saúde e as dificuldades que muitas vezes os seus problemas
lhe traziam.
Ainda clérigo, Calvi manifestava seu desejo de participar das missões. Esse comportamento surpreendia os superiores, como manifestou em uma oportunidade o então Superior
Geral da Congregação dos Oblatos de São José, Luigi Garberoglio.
- De saúde muito frágil, surpreendeu-me quando manifestou a ideia e o desejo de partir
para as missões, contudo ele estava certo de que era Deus que o inspirava e o convidava para
esta tarefa.
O grande dia na vida de José Calvi, enfim, chegou: a ordenação sacerdotal. No dia 26 de
julho de 1919, tornava-se ministro de Cristo. Emocionado, redigiu para o dia seguinte uma
oração para sua primeira missa:
- Ó Jesus, preservai-me, por toda a vida, do pecado mortal, do pecado venial e da tibieza,
senão levai-me. Dai-me a graça de ter grande consideração pelas almas amáveis a vós e fazei
com que eu ame cada uma a mim confiada. Ó Jesus, não te peço consolações e sucessos que
possam fazer-me crer que sou importante, mas que eu me alegre por ver-me pobre, um nada,
para recorrer continuadamente a vós e tudo atribuir a vós – dizia um trecho da oração.
Algumas semanas após a sua ordenação, ainda sentindo vibrar no coração a emoção do
sacerdócio que tanto ansiava e que vaticinou desde a infância, padre Calvi viu os primeiros
missionários partirem de Asti rumo ao Brasil. Sentiu atração especial por essa missão e decidiu-se também viajar para trabalhar pela Congregação dos Oblatos de São José.
Porém, a realização de seu propósito esbarrava em dois obstáculos: primeiro, a saúde
frágil; segundo, a obrigação de prestar o serviço militar na Itália. Mesmo assim, Calvi não
desistiu. A Congregação solicitou formalmente ao Ministério da Guerra da Itália a dispensa
do Exército para as missões, que, com muito custo, foi deferida. No Exército, os médicos o
liberaram para o serviço militar, o que para muitos foi considerado um absurdo.
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Calvi estava decidido a partir para o Brasil, embora muitas pessoas o aconselhassem do
contrário, devido à sua debilidade física, motivada por seus problemas respiratórios que o
afligiam desde a mais tenra infância. Apesar desses conselhos, o seu ardor missionário falava
mais alto.
- Se sou hábil para o serviço militar, significa que posso também ser missionário em
terras distantes – argumenta padre Calvi.
No dia 16 de setembro de 1926, padre Calvi, então com 25 anos de idade, parte rumo ao
Brasil, acompanhado dos padres Emílio Martinetto, Alfonso Rivellino e Carlos Ferrero, além
do irmão Teodoro Boiochi.
Depois de onze dias de navegação, o grupo desembarcou no Rio de Janeiro, no dia 28 de
setembro. Quatro dias depois, Calvi e os demais padres josefinos chegavam a Paranaguá,
onde a missão dos Oblatos já estava instalada desde 1919, portanto, há sete anos. No dia 4 de
outubro, Calvi seguia para Curitiba, onde permaneceria nos seus primeiros meses de missão.
Em Curitiba, Calvi trabalhou no Abrigo dos Menores como vice-reitor. Administrado
pela Congregação em parceria com o governo do Paraná, o estabelecimento recolhia órfãos.
Neste local, os meninos recebiam educação, instrução religiosa e formação profissional. Quando
Calvi assumiu sua função de vice-reitor, no dia 7 de outubro de 1926, o abrigo atendia cerca de
100 crianças.
O trabalho foi difícil para padre Calvi. De índole quieta e mais propenso para o cultivo
da vida interior, precisou se adequar ao convívio com uma centena de crianças. Mesmo assim,
manteve-se firme no propósito de servir de exemplo, sendo, em pouco tempo, um pai para
aquelas crianças. Adotou a sua pedagogia amável, de trabalhar de corpo e alma, ganhando
aos poucos o coração daqueles menores. Sempre mantendo a sua humildade e coerência:
- Estou sempre aqui, com meus meninos; estou muito contente e de nada me lamento, a
não ser o pouco talento para fazer melhor. Algumas vezes sinto um pouco de tristeza por não
conseguir fazer bem tudo o que é preciso – manifestou em seus seguidos manuscritos.
Padre Calvi procurava, mesmo com a dificuldades que tinha com o português, incutir
nos adolescentes algumas devoções, especialmente à Eucaristia, à Nossa Senhora e a São José.
Um ano após ter iniciado seu trabalho no Abrigo do Menor, a saúde de padre Calvi começou a dar sinais de maior fragilidade. Mesmo assim, o religioso mantinha-se fiel em suas
funções no estabelecimento. A atividade educacional exigia vigor físico que Calvi não possuía. Apesar dos problemas, o padre não se abatia e continuava desempenhando o seu papel
sem reclamações. Além do abrigo, trabalhava seguidamente em atividades ministeriais fora
do estabelecimento.
Como veio ao Brasil com apenas o terceiro ano de Teologia concluído, com uma licença
especial da Congregação, fez todo o esforço para concluir o curso em Curitiba e também em
obter o ministério da reconciliação, que lhe permitia realizar confissões.
Calvi mostrou, em toda a sua vida, sua veneração por Maria. Vários trechos dos seus
escritos são de devoção à Virgem.
Em 1928, com o fim do mandato do governador Munhoz da Rocha, os Oblatos deixaram
a administração do Abrigo dos Menores de Curitiba. A essa altura, padre Calvi sentia o peso
de sua doença e decidiu internar-se imediatamente no Sanatório São Roque, na cidade de
Lapa.
1.2 – No Sanatório
O motivo de sua transferência para o Sanatório São Roque, na Lapa, foi sua saúde
fragilizada, agravada principalmente por seu esforço aquém de suas forças, durante o trabalho no Abrigo dos Menores e outras funções em Curitiba. Os confrades de Calvi comentavam
que o religioso atuava também em pregações e confissões, não restando praticamente nenhum tempo livre para o descanso.
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Antes de chegar ao sanatório, padre Calvi mantinha-se no seu trabalho de missionário,
ignorando os sinais do corpo e as recomendações médicas. Porém, no dia 28 de agosto de
1928, com a gravidade de seu estado, o religioso foi conduzido à Lapa para internamento
médico.
Uma prova do seu caráter pode ser notada em uma carta enviada aos familiares após os
primeiros dias de internamento:
- Agora me encontro provisoriamente fora de Curitiba, no interior, descansando um pouco.
Os meus bons superiores me mandaram para cá e, imaginem vocês, o que devo fazer por
obediência: ficar à-toa, estar alegre, comer e dormir muito e engordar bastante. Talvez fique
aqui um mês.
Em outra carta ao Superior Geral, o padre Calvi implorou para que o liberasse do sanatório e, assim, pudesse voltar a trabalhar. Entretanto, o religioso não estava em férias no local.
Para Calvi, deixar suas funções era muito difícil, por isso, ele não aceitava reconhecer a gravidade de sua doença.
Informada sobre o quadro de saúde, a família de Calvi pediu a permissão para que ele
voltasse à Itália a fim de se recuperar. A permissão foi concedida, mas o religioso disse que
preferia permanecer no Brasil “com os seus caros doentes”. Em uma carta à irmã Valentina, o
padre explicou as suas razões:
-Para vocês é bom e para mim não é ruim que eu retorne à Itália. Aliás, seria uma coisa
boa e agradável, mas o Senhor promete no evangelho que terá maiores graças e salvará mais
almas quem por amor a Ele deixar a casa e os parentes. O que nos resta então a fazer?
Mesmo doente, Calvi reorganizou as práticas religiosas no sanatório. Instituiu a Associação do Apostolado do Sofrimento, que foi difundido com a ajuda de uma publicação de um
folheto mensal, redigido pelo próprio padre e, embora com muito sacrifício, celebrava missas
e nunca deixou de atender os moribundos.
Calvi permaneceu, entre idas e vindas, nove anos no sanatório e até os últimos dias de
sua vida pregou a palavra de Deus entre os internos sempre mostrando muita fé e resignação.
Doente entre os doentes, foi anjo, apóstolo, pai, irmão e amigo dos enfermos. Nos últimos
dias de vida, celebrava a missa diariamente para não privar-se da comunhão eucarística. Fazia a celebração com sacrifício, com muita dor, mas não abria mão desse seu dever de sacerdote. Também mantinha o atendimento espiritual aos doentes.
Após 16 meses consecutivos no sanatório, Calvi deixou o local depois um desentendimento entre a direção do estabelecimento e as irmãs que trabalhavam na unidade. Elas saíram
do sanatório e padre Calvi, em solidariedade, partiu para junto de seus confrades em Curitiba,
permanecendo na capital até que suas forças o permitiam. Na verdade, Calvi aproveitou esse
momento para sair, julgando-se curado de sua doença.
Em Curitiba, ficou por alguns dias no bairro da Água Verde. Em todos os momentos, o
religioso mostrou que não saiu do sanatório por desobediência, colocando-se à disposição
para voltar ao local, caso os superiores assim o quisessem, o que não ocorreu de fato.
No dia primeiro de maio de 1929, Calvi passou a integrar o trabalho de evangelização
em Paranaguá. Permaneceu no litoral do Estado por três anos em atividades de pregação,
catecismo e confissão. Entretanto, a preocupação dos confrades com a sua saúde era grande.
Ele se dedicava de corpo e alma ao trabalho, esquecendo-se dos cuidados com a saúde. Vendo
isso, os superiores decidiram interferir e o transferiram para o bairro da Água Verde, em
Curitiba, onde não precisaria mais expor-se a um trabalho tão extenuante quanto o desempenhado no litoral.
Em Curitiba, o seu estado de saúde piorou novamente, agravado, talvez, pelo esforço
que insistia em manter para auxiliar o trabalho missionário da Congregação, que, naquela
época, sentia a falta do envio de mais padres para o Brasil. Assim, em 1935, o religioso voltou
a ser internado na Lapa, mas obteve novamente alta em maio desse mesmo ano.
Entretanto, o tempo fora do sanatório foi curto. Oito meses depois, no dia 24 de janeiro
de 1936, padre Calvi teve uma recaída no seu grave quadro de tuberculose e voltou à Lapa, de
onde não sairia mais. Os seus pulmões estavam muito afetados, especialmente porque o religioso insistia em manter a sua atividade ministerial, muitas vezes enfrentando o frio e a chu92
va do inverno em Curitiba para atender os fiéis.
Em uma carta enviada ao então Superior Geral, Calvi reconhece a gravidade de sua situação:
- O pulmão direito está um pouco comprometido e o esquerdo, na parte de cima, não
está totalmente livre. Peço ao Senhor a graça de não morrer sufocado, tendo a tosse, que às
vezes me impede de respirar.
Apesar dos problemas, Calvi mantinha-se fiel ao propósito de atender aos moribundos.
O médico-diretor do sanatório na época, Pedro Chavier Gonçalves, chegou a afirmar que o
padre não obtinha a cura definitiva porque, de madrugada, saía para atender os doentes. Sua
bondade era extrema. Deixava de comer para dar aos doentes. Tudo o que ganhava distribuía
entre os moribundos. Sua presença tornou viva a palavra de Deus no sanatório.
No final de 1942, uma notícia abalou o padre Calvi. Sete meses antes escreveu ao Superior Geral uma carta solicitando informações da família. Sua mãe e seu pai haviam falecidos na
Itália.
Dois meses antes de sua morte, um doente que estava em um quarto em frente ao seu
veio a falecer. Devido ao seu estado frágil de saúde, Calvi não foi informado. Ao ver o corpo
sendo retirado, pediu a um enfermeiro que o levasse ao necrotério. Carregado nos braços e
embrulhado em uma coberta, o padre administrou como pôde a unção dos enfermos ao homem já morto, na câmara mortuária.
Mesmo em situação muito difícil, Calvi ia todos os dias à capela para rezar. No dia 26 de
setembro de 1943, às 14h30, o padre veio a falecer. Tinha em suas mãos um crucifixo. Dias
antes, pediu que arrumassem a sua cama com esmero. Queria que seu encontro definitivo
com Deus ocorresse de forma decorosa e disse aos seus pares que não queria escândalos com
seus possíveis espasmos na hora da morte. Entretanto, Calvi morreu repentinamente, de forma serena. As crianças do sanatório foram as primeiras a exclamar: “Morreu o santo padre
José”. Seu corpo foi sepultado no túmulo dos Oblatos de São José, no bairro da Água Verde,
em Curitiba.
2 – Padre Pedro Bianco
O padre Pietro Bianco tornou-se missionário no
Brasil com a idade de 50 anos. Dirigiu, como superior,
o primeiro grupo de missionários que abriu a missão
brasileira em 1919. Instalou sua sede em Curitiba, na
periferia, onde cuidou da capela no bairro de Água
Verde, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. A comunidade atuava como um centro religioso da colônia
italiana.
À sua responsabilidade foi também confiada a
paróquia de Umbará (outra colônia italiana distante 18
km de Curitiba). Frequentemente, devia encontrar-se
com os confrades, que trabalhavam em Paranaguá,
Guaratuba e Guaraqueçaba.
O padre Bianco, juntamente com os companheiros de trabalho missionário, vivenciou situações precárias, tais como falta de pessoal, velhice,
sobrecarga de trabalho, exposição a doenças próprias do lugar, pouquíssimos recursos, falta
de uma casa própria e distância dos confrades nos campos de trabalho. Não obstante a tudo
isso, ele sempre se demonstrou afeiçoado ao seu Brasil e chorou quando o Capítulo Geral da
Congregação nomeou-o como o segundo Superior Geral do Instituto, em julho de 1921, arrancando-o da missão que ele tanto amava.
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3 – Padre Natale Brusasco
Com um aspecto, à primeira vista, um tanto quanto
austero, o padre Natale Brusasco era, na verdade, de caráter alegre, sereno e brincalhão, e o seu modo de se comunicar granjeava a simpatia de todos.
Entrou na Congregação em 1886 e, dois anos depois,
foi transferido no primeiro grupo dos Oblatos de São José
do Michelerio para Casa Mãe de Santa Chiara. Na festa da
Imaculada de 1887, o fundador, José Marello, impôs-lhe o
hábito religioso com o novo nome de Anastasio.
Realizou seus estudos no seminário diocesano de Asti
e na casa mãe, sendo ordenado sacerdote em 1897. Permaneceu por alguns anos na casa Mãe da Congregação, como
professor dos seminaristas e exercendo o ministério nas paróquias do Astigiano. Depois, foi
encarregado dos órfãos que tinham sido transferidos para Canelli.
De 1919 a 1921, tornou-se conselheiro geral. Em 1921, com a idade de 50 anos, tomou
parte no segundo grupo de missionários enviados ao Brasil, tornando-se disponível para substituir um confrade que no momento da partida não se sentiu preparado para a nova missão.
Por 27 anos trabalhou na missão do Brasil como pároco em Paranaguá, em Curitiba, no
bairro Água Verde, e como superior da missão. Uma característica marcante do padre Brusasco
foi a sensibilidade para com os doentes, para os quais tinha um cuidado quase materno. Visitou com freqüência o padre José Calvi, no sanatório, e o assistiu nos últimos momentos de sua
vida. Esta característica foi evidenciada na sua lembrança de falecimento, onde se lia: “Imitando o Divino samaritano Jesus, foi incansável na assistência e na consolação dos sofredores e moribundos, tratando-os com afetuosa delicadeza e modos admiráveis”.
4 – Padre Pedro Magnone
Padre Pedro Magnone fez parte do grupo, cujos missionários embarcaram no primeiro navio que logo depois
da última guerra mundial navegou para o Brasil. Foi designado superior da missão. Antes disso, foi responsável e
também professor dos seminaristas na casa mãe de Asti e,
em seguida, também formador e professor dos clérigos filósofos em Armeno. A sua índole serena, a sólida piedade
e a sensível intuição dos problemas o faziam um guia seguro para os confrades.
Durante passagem por Ourinhos, ofereceram-lhe um
terreno para construir um seminário e, no dia 06 de janeiro
de 1948, iniciou-se o trabalho de construção desta casa de
formação que ele acompanhou de perto. Aos 14 de abril de 1950, foi celebrada, na capela do
novo seminário, denominado de “Nossa Senhora de Guadalupe”, em Ourinhos, a primeira missa com a participação de 26 seminaristas. No Capítulo de 1952, o padre Magnone foi eleito
ecônomo geral e por isso não pôde voltar ao Brasil.
Nesta função, serviu-se da experiência adquirida no Brasil, enfrentando os problemas
concretos de administração, de busca de meios para o sustento das casas de formação e para
as construções. Ele conseguiu obter a confiança do então Superior Geral, padre Luigi Rosso,
para realizar em Roma a construção da Casa Geral e do “Studentato Internacionale”, e também a reconstrução de alguns lugares da casa mãe de Asti.
No dia 05 de agosto de 1958 foi escolhido Superior Geral, sendo reeleito para este encargo no VIII Capítulo Geral de 1964. Com o IX Capítulo Geral, terminava a sua tarefa de Supe94
rior Geral e, em 1972 voltava ao Brasil. Os superiores o nomearam delegado da missão. Morreu repentinamente em Londrina, depois de uma cirurgia de vesícula.
5 – Padre Mário Tésio
Padre Mário Tésio foi um Oblato de São José de grandes
dotes. Era inteligente, sereno e expansivo. Dele lembramos a sua
pronta disponibilidade de ir ao México para tornar-se assistente
dos seminaristas josefinos, no seminário de Toluca, e a única garantia que ele pedia aos superiores era de um ambiente sério que
o ajudasse a manter vivo o seu fervor para a preparação ao sacerdócio.
Foi ordenado sacerdote no México, mas no ano sucessivo à ordenação, teve que transferir-se para o Brasil com toda a
sua carga de entusiasmo. Na missão do Brasil dedicou os seus 25
anos de sacerdócio na formação dos seminaristas, primeiro em Ourinhos, depois em Apucarana
e por fim em Curitiba. Na tarefa formativa soube harmonizar a firmeza e a suavidade. Manifestava a exigência de uma discreta preparação à vida religiosa e de uma atualização nas diretrizes conciliares. Demonstrou-se sensível à ação vocacional, e quando foi nomeado pároco de
Jandaia do Sul, foi responsável, juntamente com o encargo de pároco, também de um seminário para vocações adultas.
Desenvolveu responsabilidade na delegação do Brasil também como conselheiro e, em
1981, foi nomeado superior da delegação brasileira. Distinguiu-se pelo seu intenso empenho
em criar harmonia e respeito para com cada um dos confrades. A menina dos seus olhos eram
as vocações e a difusão da espiritualidade josefina para os leigos, e por isso, empenhou-se em
criar a pastoral vocacional com confrades designados para esta e deu prioridade para o trabalho com leigos, organizando-se em “Fraternidades de São José.
Esforçava-se para aprofundar o conhecimento do fundador São José Marello e para transmitir informações aos seminaristas do Brasil. As esperanças que se nutriam sobre sua pessoa
terminaram com a sua trágica morte ocorrida no dia 05 de fevereiro de 1987, juntamente com
seu irmão e tio, que também morreram em um acidente.
6 – Padre Bernardino Baccolo
Padre Bernardino é considerado, na Província brasileira, o
Oblato que mais se esforçou para transmitir, com seus exemplos, o espírito religioso do fundador e das primeiras gerações
de josefinos.
Dedicou os seus 68 anos de sacerdócio ao trabalho, primeiramente por 13 anos na manutenção da casa de formação em
Porto Maurizio, na Itália, onde fez as maiores peripécias de sua
vida durante o período de guerra para dar de comer aos estudantes, chegando, inclusive, a encaminhar, em meio ao policiamento severo dos soldados alemães, um vagão de batatinhas para a cidade.
Depois, outros 55 anos dedicados no Brasil, onde atuou como superior da missão Oblata
e, sobretudo, no trabalho pastoral nas paróquias Nossa Senhora de Loreto, em São Paulo,
Nossa Senhora de Guadalupe, em Ourinhos e São José, em Apucarana, como pároco; depois
por 16 anos como vigário paroquial na paróquia Senhor Bom Jesus do Portão, em Curitiba,
onde se distinguiu pela sua piedade e grande dedicação ao ministério do atendimento às confissões e aos doentes.
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Ao padre Bernardino se deve a obrigação da construção do Seminário Dom José Marello,
de Curitiba, e o encargo como mestre do primeiro noviciado dos Oblatos de São José no Brasil.
Homem de saúde frágil, padre Bernardino nunca renunciou ao trabalho e ao seu estilo de vida
enérgico, consciente de que entrou na Congregação para se fazer santo. Terminou os últimos
seis anos de sua vida na Casa di Riposo Marello, em Asti, Itália.
7 – Padre Mário Briatore
Padre Mário Briatore é tido pela Congregação dos
Oblatos de São José, como o missionário dos três países da
América do Sul: Brasil, Bolívia e Peru. Viveu intensamente os seus 87 anos de vida, dos quais 33 anos no Brasil.
Seu coração missionário soube encontrar espaços para
outros lugares, além do Brasil. Primeiro na Bolívia, onde,
por três anos, atuou junto aos índios Aymaras, em Guaqui,
às margens do Lago Titicaca. Nesse país dividiu seu tempo entre a direção da missão e o trabalho pastoral, em especial na promoção humana, inclusive com uma fundação
a qual a denominou de Escola São José.
No Peru, padre Briatore atuou por quinze anos, especialmente em Huaraz e Pomabamba, onde teve a oportunidade de exercitar sua grande paixão de trabalhar com os pobres, instituindo uma escola de apicultura e de artesanato, além de
uma escola materna e outra de carpintaria, dando oportunidade a centenas de jovens aprenderem uma profissão e terem a própria subsistência.
Os 33 anos vividos no Brasil foram de intensa atividade, trabalhando em paróquias nas
cidades de Salto Grande, Curitiba, Ourinhos, São Paulo, Cascavel, Três Barras do Paraná e
Apucarana, onde não apenas teve a incumbência de terminar a construção da igreja matriz da
cidade, como também de preparar a nova diocese. Destaca-se neste sacerdote o seu grande
amor pelos pobres, a sua dedicação à Congregação e seu forte espírito missionário.
8 – Padre Severino Cerutti
O padre Severino Cerutti sempre teve uma inclinação para o trabalho com a juventude. De fato, logo depois
de ordenado sacerdote em Asti, trabalhou na formação dos
jovens no Instituto Michelerio de Asti e, em seguida, no
colégio Fulgor da mesma cidade, onde foi encarregado das
Associações juvenis.
Chamado para a missão no Brasil, no ano de 1952, trabalhou nas paróquias de Borrazópolis e Califórnia, mas em
seguida, seguindo seu carisma, assumiu a direção do Colégio São José, de Apucarana, onde não apenas será lembrado como professor e amigo dos alunos, como também administrador que levou para frente a construção do novo
edifício do referido colégio, que apenas tinha sido iniciado.
Foi assassinado barbaramente no pátio do próprio colégio em que trabalhava. Sua morte levou a cidade de Apucarana a decretar luto oficial de três
dias, suscitando grande comoção do povo, que o considerava pela sua inteligência vivaz, pela
sua generosidade e caráter aberto.
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9 – Padre José Canale
O padre José Canale entrou na Congregação dos
Oblatos de São José com apenas 11 anos de idade e, imediatamente, manifestou seus excelentes dotes de inteligência. Depois de ordenado sacerdote em 1938, permaneceu
por 10 anos trabalhando na Itália como formador e professor dos seminaristas, distinguindo-se como exímio professor de latim.
Depois da Segunda Guerra Mundial, fez parte do grupo dos cinco primeiros missionários Oblatos que partiram
para o Brasil, onde trabalhou nas paróquias de Apucarana
e de Londrina. Particularmente, dedicou-se de corpo e alma
à educação, assumindo a direção da escola paroquial São
José de Apucarana, a qual se desenvolveu graças ao seu esforço, tornando-se o Colégio São
José.
Na escola, dedicou grande parte de sua vida, juntamente com o padre Severino Cerutti,
especialmente como professor de latim, granjeando o carinho e admiração dos alunos e pais.
Por sua dedicação no campo da educação, recebeu a honra de dar nome a uma das escolas
estaduais de Apucarana: Colégio Estadual Padre José Canale.
10 – Irmão Pietro Cuffini
O irmão Pietro Cuffini entrou para a Congregação dos
Oblatos de São José no ano de 1914, quando eclodia a Primeira Guerra Mundial. Tinha seus 33 anos de idade e grande experiência de trabalho no campo, pois era lavrador. A
guerra o impediu de prosseguir os estudos e quando pôde
voltar a estudar, percebeu que, apesar de sua boa vontade,
não conseguia acompanhá-los devido ao peso dos anos.
Homem prático e acostumado aos desafios, aceitou o
convite de se tornar missionário no Brasil, para onde partiu em 1921, e nunca mais voltou para sua pátria. Trabalhou ajudando na pastoral em Paranaguá, Curitiba, Salto
Grande e Ourinhos. Morreu em outubro de 1967, aos 86
anos, dos quais 46 vividos no Brasil, onde se destacou sempre nos trabalhos humildes, seja no cuidado da sacristia, no trabalho na horta e no atendimento aos pobres. Ficaram célebres, inclusive, certas “receitas médicas” do irmão Pietro, consideradas prodigiosas, embora parecessem pouco ortodoxas, pois era feitas à base de creolina.
11 – Padre Carlos Ferrero
Padre Carlos será lembrado na Província Oblata do
Brasil como um religioso verdadeiramente josefino. Em
1926, partiu como missionário e dedicou 50 anos de sua
vida no Brasil num contínuo apostolado, sempre em posição humilde e subordinado, não aceitando nunca lugares
de destaque ou de comando.
Seu caráter sincero, aberto e sua grande disponibilidade e humildade, fizeram com que se tornasse o religio97
so que estava sempre com as malas preparadas para ir onde quer que os superiores determinassem.
Esta sua característica fez com que trabalhasse, durante todo tempo em que viveu no
Brasil, em todos os lugares onde a missão se ocupava dos trabalhos pastorais. Sua docilidade
cativava todos e sua bondade de coração fez com que deixasse marcas de reconhecimento e de
amizade em todos os lugares. Sua profunda religiosidade e ortodoxia aos princípios o tornam
um exemplo digno do estilo dos primeiros josefinos. Sua característica o fará também um
apreciado confessor e diretor espiritual, não apenas dos seminaristas, mas de muitos bispos.
12 – Padre Duílio Liburdi
O padre Duílio Liburdi nasceu em Roma, no ano de
1926, e aos onze anos entrou no seminário da Congregação dos Oblatos de São José, em Asti, na Itália. Em 1951
ordenou-se sacerdote e, logo no ano seguinte, com 26 anos
de idade, partiu como missionário para o Brasil, iniciando
seu primeiro trabalho como reitor do seminário Nossa Senhora de Guadalupe, de Ourinhos (SP).
Passados dois anos, tornou-se pároco da paróquia
Nossa Senhora de Loreto (SP) e, a partir daí, começou sua
peregrinação em diversas paróquias, nas quais, sempre
como pároco, desempenhou seu ministério sacerdotal com
grande dedicação e capacidade. Beneficiaram-se com sua
presença as paróquias de São Miguel, em São Miguel
Paulista; de Nossa Senhora do Patrocínio, em Salto Grande (SP); de Nossa Senhora de
Guadalupe, em Ourinhos (SP); de Santa Edwiges, em São Paulo; de São Sebastião, em Jandaia
do Sul (PR); de Nossa Senhora Aparecida, em Três Barras do Paraná (PR); de São José, em
Apucarana (PR) e de Nossa Senhora do Carmo, em Londrina (PR) .
Seu espírito missionário e seu amor pelos pobres sempre o deixou inquieto, por isso, no
ano de 1980, recebeu a permissão para trabalhar nas missões, inicialmente em Vilhena, no
Estado de Rondônia, depois em Juína e Aripuanã, no Estado de Mato Grosso. Neste campo de
trabalho missionário, tornou-se uma presença profética durante um tempo muito difícil. Sofreu os desafios da falta de estradas e dos meios mais necessários para desenvolver seu trabalho, assim como perseguições e ameaças de morte, por defender os pobres, os seringueiros, os
índios e camponeses daquela região.
Debilitado na saúde devido às inúmeras malárias contraídas, deixou, depois de 12 anos
de atividades, o trabalho da missão mato-grossense, mas continuou ainda por 16 anos servindo a Igreja em diversas localidades, conforme as solicitações de seus superiores. Debilitado na
saúde voltou a Roma, sua cidade natal, onde morreu depois de ter dedicado 57 anos de sua
vida ao trabalho no Brasil.
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Oitava parte
Apostolado Josefino
1 – A importante contribuição dos leigos
Grupo de leigos josefinos, reunidos no Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana
No decorrer da caminhada dos Oblatos de São José, a presença dos leigos sempre foi
importante para a ajuda na vivência do carisma da Congregação. Por isso, os leigos josefinomarellianos são todos aqueles que, por escolha pessoal, acompanham as atividades da instituição nos campos de apostolado que os religiosos josefinos exercem.
Inspirados no estilo de São José e com orientação dos Oblatos, esses homens e mulheres
procuram reproduzir na comunidade onde estão inseridos o testemunho cristão, empenhando-se na difusão da espiritualidade josefina e no aprofundamento da josefologia. Particularmente, a Província Nossa Senhora do Rocio sempre contou com leigos afeiçoados e simpatizantes do estilo Oblato. No entanto, a organização formal dos leigos na Província ocorreu na
metade da década 80 do século passado, com a implantação da Pastoral Josefina e,
consequentemente, com a formação de grupos de leigos que se reuniam nas “Fraternidades
Josefinas” para vivenciarem a espiritualidade josefina.
Um outro passo no caminho dos leigos josefinos foi dado no ano de 1999, quando, a
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partir da autorização do Superior Geral dos Oblatos de São José, padre Lino Mela, e o acompanhamento de padre Eurico Dedino, alguns leigos passaram a se reunir como “agregados”.
Esses leigos começaram ter uma formação mais específica para o conhecimento do carisma da
Congregação.
O trabalho específico com os leigos josefinos dentro da Província levou a três deles a
participarem do “Primeiro Congresso Internacional dos Leigos Josefinos” no ano de 2001, em
Asti, Itália. No ano de 2005, outros onze leigos participaram do “Segundo Congresso Internacional dos Leigos”, na cidade de Barlleta, Itália.
A experiência dos leigos josefinos na Congregação obteve bons resultados e, por isso, em
2006, por ocasião do XV Capítulo Geral dos Oblatos, leigos das Províncias oblatas participaram de algumas partes do encontro como ouvintes. Três anos depois, a Congregação organizou em Tagaytay, nas Filipinas o “Terceiro Congresso de Leigos Josefinos” e os leigos da
Província brasileira tiveram dois representantes. Hoje, os leigos josefinos têm uma sede organizada em Curitiba, que conta com coordenadores e assessor religioso.
2 - Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana
Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana, localizado em Apucarana (PR)
A Província Nossa Senhora do Rocio, fiel ao carisma do fundador São José Marello, criou,
no ano 2000, o Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana na cidade de Apucarana. O objetivo deste espaço é ser um centro de convergência e irradiação da espiritualidade josefina e
dos estudos da Teologia de São José, assim como de conhecimento e valorização de São José
Marello, de organização e apoio para as pastorais específicas da Província, colocando-se como
um laboratório de práxis das mesmas.
O embrião desse projeto surgiu no ano de 1985, numa iniciativa para oferecer subsídios
ao trabalho com os leigos na linha da vivência da espiritualidade josefina e também aos jovens na linha do desejo do fundador São José Marello, na educação da juventude. Organizado
dentro de um ambiente muito josefino, ou seja, ligado ao Santuário São José e ao Colégio São
José de Apucarana, o Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana se coloca hoje como a
única organização no Brasil que divulga a Teologia de São José em língua portuguesa, publicando trimestralmente e distribuindo para o Brasil, a revista “Estudos Josefinos”, assim como
promove a cada três anos, a “Semana teológica-pastoral sobre São José”, proporcionando a
100
inúmeras pessoas o conhecimento da verdadeira josefologia, mediante palestras de teólogos e
josefólogos do Brasil e do exterior.
O Centro de Espiritualidade proporciona, além disso, diversos subsídios para o conhecimento de São José e da espiritualidade josefina, inclusive alimentando os leigos josefinos da
Província que constituindo-se nas “Fraternidades de São José”, têm como vivência espiritual
a espiritualidade josefina. Em vista disso, os Oblatos de São José mantém uma pastoral específica denominada de “josefina”, com o objetivo de transmitir aos leigos, nos respectivos campos de apostolado onde atuam, a espiritualidade de São José e o conhecimento da teologia
josefina. Não se trata de uma atividade a mais, transmitida aos nossos leigos, mas de um
compromisso de fidelidade ao carisma dos Oblatos de São José que têm o intuito de fazer com
que cresça, nos cristãos, o amor, a imititação e a devoção ao Guarda do Redentor.
3 – O trabalho com a juventude
Jovens Josefinos durante um encontro formativo
A preocupação de Marello com a juventude não foi uma teoria, mas uma opção que
partiu de sua própria experiência juvenil. Já no seu tempo, ele viu a necessidade da educação
da juventude, partindo justamente de uma orientação religiosa que pudesse oferecer efetivamente critérios válidos para a vida destes jovens.
Assim, o fundador quis, desde as primeiras regras, que os membros de sua Congregação
tivessem como objetivo a educação cristã da juventude, da maneira como Deus dispusesse,
seja acolhendo os jovens em casas específicas, seja trabalhando como professores nas escolas
dos municípios ou ainda, sendo catequistas nas paróquias.
Os primeiros missionários Oblatos, desde que chegaram aqui no Brasil, em 1919, já em
Paranaguá, dedicaram-se à evangelização e promoção da juventude. No litoral paranaense,
trabalharam com uma gráfica e com a catequese, e também apoiando a Igreja local nos seus
trabalhos juvenis. Na década de 40, foi fundado o colégio São José, em Apucarana, e nos anos
50, o Colégio Bagozzi, em Curitiba. O exercício da educação da juventude está até hoje nesses
dois colégios e, atualmente, também trabalham com o ensino superior na Faculdade Bagozzi.
101
Na década de 60, padre João Erittu deu-se início, na paróquia de Ourinhos, ao trabalho
juvenil como uma pastoral organizada, o que resultou, aos poucos, no surgimento de assessores religiosos Oblatos e na organização dessa pastoral nas paróquias e obras Oblatas. A partir
daí, houve um crescimento na organização do trabalho com a juventude, dentro da Província.
Um dos pontos marcantes foi o Festival de Música Mensagem, que teve 24 edições e acontecia
em Apucarana. As cidades vizinhas e outras dezenas de várias partes do Brasil descobriram
neste festival um espaço de celebração e evangelização.
Com este evento, amadureceu em Apucarana uma comunidade de vida chamada Nova
Criação e esta impulsiona o surgimento de inúmeros trabalhos por várias cidades onde os
Oblatos se fazem presentes. O Nova Criação, com seu jeito de evangelizar, chegou até a fazer
uma turnê pelas casas Oblatas na Itália e assim se concretiza um projeto Brasil-Itália, onde
alguns jovens brasileiros se fazem presentes nas comunidades italianas, ajudando a Pastoral
Juvenil e partilhando a rica experiência do Brasil. Já neste tempo, na cidade de Apucarana,
funcionava o CJJ – Centro Juvenil Josefino, tendo secretária e leigos voluntários, desenvolvendo inúmeros projetos de evangelização, formação e apoio.
Na década de 90, os Oblatos começaram a investir na formação técnica dos assessores
que trabalham com juventude. No ano de 1998, aconteceu em Curitiba o I Encontro Internacional da Pastoral Juvenil Oblata, com a participação de representantes de toda a Congregação,
surgindo a partir dele, um primeiro documento com o objetivo de direcionar este trabalho:
“Novos caminhos: os Oblatos e a Juventude”. A partir daí, a Província passou a investir concretamente em assessores religiosos possibilitando, a vários de seus membros, frequentarem
cursos pelo Brasil a fim de aprimorarem o trabalho juvenil.
No ano de 2004, houve a liberação do padre Iziquel Radvanskei para assumir a assessoria da juventude, e com isso, abriu-se um horizonte novo em relação ao trabalho com esta
pastoral, na Província. As prioridades traçadas já desde o início foram: formação de líderes,
apoio aos grupos e organização da secretaria da pastoral. No final deste mesmo ano, foi organizado em Apucarana o XXI Festival de Música Mensagem. Em 2005, a formação de líderes
deu-se através de projetos arrojados como a Escola de Educadores, e também de momentos
formativos específicos, contidos nas diversas atividades desenvolvidas. O apoio aos grupos
aconteceu não só por meio de visitas e acompanhamento do próprio assessor liberado, como
também com religiosos presentes nas diversas realidades juvenis da Província. Neste mesmo
ano, aconteceu a I Mostra de Dança de São Paulo e o XXII Festival de Música Mensagem foi
realizado na cidade de Curitiba, em comemoração aos 50 anos do Colégio padre João Bagozzi.
Seguindo esta necessidade de prestar um trabalho significativo à juventude, no mês de
setembro de 2005, em Asti, Itália, a Congregação preparou o II Encontro Internacional da Juventude Oblata, com o tema: “O caminho dos Jovens Marellianos no Terceiro Milênio”. Nesse encontro, foi escrito o segundo documento direcionador do trabalho Oblato com a Juventude: “Passo a Passo” que foi assumido, em sua íntegra, pela Congregação no XV Capítulo Geral, realizado em fevereiro de 2006, em Paestum, Itália.
No primeiro semestre de 2006, houve redução nas atividades devido à transferência do
assessor para a cidade de Londrina e o fato do mesmo ter assumido a assessoria de mais uma
pastoral (Serviço de Animação Vocacional), o que demandou um período de organização e
adaptação. Mesmo assim, os projetos foram desenvolvidos, porém de forma mais descentralizada, como: o Projeto Passo a Passo e a II Mostra de Dança, coordenados pelos jovens do
Setor São Paulo, e o XXIII Festival de Música de Apucarana, coordenado por jovens de
Apucarana em parceria com a Secretaria da Pastoral Juvenil.
No ano de 2007, foram desenvolvidos, no Centro Juvenil, projetos de formação, como
Passo a Passo Pé Vermelho e também o apoio às demais atividades da Província, tais como a
III Mostra de Dança de São Paulo e a I Jornada da Juventude Josefina realizada em Curitiba,
esta última, envolvendo toda a juventude da Congregação. Já o ano de 2008 foi escolhido pela
Congregação como “Ano da Juventude”, visando possibilitar uma revisão da opção dos Oblatos
pelas juventudes e à ampliação dos trabalhos com estes e por estes. O objetivo, sobretudo, foi
abrir os corações e as obras para a acolhida a todos os jovens e adolescentes. Neste ano, o
Centro Juvenil foi aberto para atividades em parceria com a Arquidiocese de Londrina, e vários projetos de formação foram desenvolvidos: Passo a Passo, Ofício Divino da Juventude,
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Projeto de Vida, Oficina de Dança, etc. O apoio aos grupos e às atividades da Província continuou e, em São Paulo, foi realizada a IV Mostra de Dança.
Aos poucos, a secretaria da Pastoral Juvenil foi se estruturando na cidade de Londrina,
no Centro Juvenil Vocacional, onde se encontra também a Secretaria do Serviço de Animação
Vocacional. O Centro tem como objetivo principal ser um espaço de apoio à juventude local e
principalmente o ponto de convergência e difusão de todas as atividades e informações envolvendo a juventude da Província. Espera-se desenvolver ali vários projetos de apoio à juventude, como por exemplo: Ofícios, Escolas de Formação, Estudo Bíblico, Retiro de
aprofundamento da espiritualidade Josefino-Marelliana, Missão Jovem, etc. É também uma
prioridade, a continuidade do acompanhamento aos grupos da Província, provavelmente através de visitas às paróquias a fim de conhecer a realidade atual dos mesmos e propor um
trabalho de apoio que corresponda às suas necessidades.
4 -– A Congregação das Oblatas de São José
Integrantes do grupo das Irmãs Oblatas no Brasil
Para vivenciar o carisma josefino haurido das
inspirações de São José Marello, o qual no dia 14 de
março de 1878, fundou a Congregação do Oblatos de
São José, padre Eurípes Alves realizou no mês de julho de 1988, com a permissão do Superior Geral, padre Vito Calabrese, e a autorização do arcebispo de
Curitiba, Dom Pedro Fedalto, o primeiro encontro com
algumas candidatas à vida religiosa para dar início ao
ramo feminino das Oblatas de São José. Dois anos mais
tarde, entre os dias 17 a 23 de julho de 1990, na cidade de Londrina, era constituído o primeiro
grupo de vocacionadas Oblatas, o qual foi aprovado pelo Superior Geral, dando início, desta
maneira, ao caminho formativo das futuras Oblatas de São José no Brasil.
Por ocasião da realização do XIII Capítulo Geral dos Oblatos de São José (1993-1994),
a experiência do ramo feminino na Congregação foi acolhida e autorizou aos Provinciais o
cultivo vocacional em suas respectivas Províncias, em vista da constituição da futura Congregação das Irmãs Oblatas de São José. A partir daí, no ano de 1997, foi constituído, com o
objetivo de unidade de fundação, unidade de formação e de carisma, na Via Urbana, 50, junto
ao São Lorenzo em Fonte, o primeiro Centro Internacional da recém-nascente Congregação
das Irmãs Oblatas de São José.
Assumiu como assistente eclesiástico o padre Severino Dalmaso e como responsável pela comunidade, Deise Murakami (do Brasil), que, juntamente com três noviças brasileiras, iniciaram a primeira comunidade em Roma. Em seguida, esta comunidade tornou-se internacional, recebendo três candidatas do Peru e, mais tarde, sob a orientação de Emy (das
Filipinas), recebeu candidatas daquele país.
Deus tem abençoado o nascimento e fortalecimento dessa nova instituição religiosa,
hoje presente em 6 países (Brasil, Itália, Filipinas, Peru, Nigéria e México). Na Província do
Brasil, as Oblatas de São José estão presentes em Londrina, onde têm a casa central de formação, tendo também uma casa de encontros. Em Apucarana, trabalham na casa de abrigo, Lar
Sagrada Família, assistindo, em média, 30 crianças e apoiando suas famílias.
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5 - As Obras Sociais
Centro Social Marello – Curitiba
A preocupação social sempre foi uma marca da atuação dos josefinos. Durante os 90
anos de trajetória da Congregação no Brasil, a instituição investiu esforços financeiros e humanos na manutenção de espaços voltados para as pessoas mais necessitadas. Desde as primeiras iniciativas nessa área, como o abrigo do menor em Curitiba, os josefinos mantém ações
em praticamente todas as regiões atendidas. Dois trabalhos merecem destaque especial: o
Centro Social Marello e o Centro Infantil Menino de Nazaré, ambos em Curitiba.
O Centro Social Marello foi fundado pela Congregação no dia 30 de maio de 1995, no
bairro Portão, com o objetivo de atender, acompanhar e dar uma educação diferenciada para
adolescentes e jovens de 12 a 17 anos, em situação de violência doméstica e vulnerabilidade
social. São adolescentes e jovens vindos de famílias de baixa renda, que, em sua maioria, passavam grande parte do dia nas ruas da capital, sem ocupação, vulneráveis à marginalidade.
Com o objetivo de auxiliar e garantir um futuro melhor a esse público, o Centro Social
Marello desenvolve atividades para 130 adolescentes e jovens em dois turnos, de manhã e à
tarde. O trabalho é desenvolvimento através de oficinas, como formações humanas, violão,
teclado, bateria, canto, dança, teatro, reforço e tarefa escolar, artesanato e catequese. Além
disso, é oferecida alimentação: café da manhã, almoço e café da tarde.
A Congregação entende que esse trabalho tem como principal benefício a prevenção.
Sendo assim, a instituição iniciou, em 2009, um projeto com crianças e adolescentes de 6 a 14
anos para dar continuidade ao trabalho desenvolvido nos Centro de Educação Infantil e para
garantir a eles segurança e um futuro melhor.
Já a criação do Centro de Educação Infantil Menino de Nazaré, também no Portão, foi
inspirada nesses mesmos princípios e tem como valores filosóficos e morais, a acolhida ao
outro, o respeito à dignidade humana, e a valorização da pessoa enquanto ser essencialmente
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criativo e participante ativo da caminhada histórica da humanidade. Nos seus anos de existência, o Centro de Educação Infantil Menino de Nazaré tem se mantido fiel aos seus princípios fundadores e, ao mesmo tempo, assumido o seu compromisso de educar e preparar as
crianças para conviver e interagir num mundo em constante mudança.
Ao fundar a Congregação dos Oblatos de São José em Asti, em 1878, São José Marello foi
movido pelo ideal cada vez mais claro de que o mundo precisava de homens que vivessem
para educar de forma integral, que levassem a mensagem salvadora e libertadora de Cristo a
todos os povos e fizessem conhecer a figura sublime de José de Nazaré. O Centro de Educação
Infantil Menino de Nazaré assume esses desafios que vêm ao encontro do carisma dos Oblatos
de São José, ao buscar condições de vida mais digna para as crianças de 6 meses a 5 anos que
assiste semanalmente
Além das referidas obras sociais mantidas pela Província na cidade de Curitiba, os Oblatos
se dedicam a um outro grande trabalho dirigindo a OSSE (Obra Social Santa Edwiges), na
cidade de São Paulo, onde são atendidas pessoas carentes no bairro de Heliópolis. Mantém
ainda o Lar Sagrada Família, uma casa de repouso para senhoras idosas, e outra obra denominada Casa da Criança Santa Ângela, com atendimento de aproximadamente 400 crianças no
nível escolar.
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Nona parte
Superiores da Província
Nossa Senhora do Rocio
Em 90 anos de história, a Congregação dos Oblatos de São José contou com 20 religiosos
na função de superiores responsáveis pela instituição. Abaixo, a relação destes, que ajudaram
a construir a história da instituição no desempenho desta especial função.
1º Superior da Missão
1919-1921
2º Superior da Missão
1921-1924/ 1933- 1939
Pe. Pedro Bianco
Nascido em S. Marzano Olivetto - Itália
No dia 27-09-1869
Ordenado sacerdote em 21-03-1896, em
Genova - Itália
Pe. Natal Brusasco
Nascido em Piepasso - Itália
No dia 24 de dezembro de 1872
Ordenado sacerdote em 1897, em Asti Itália
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3º Superior da Missão
1924-1927
6º Superior da Missão
1944 - 1946
Pe. Emilio Martinetto
Nascido em Castel Alfero - Itália
No dia 31 de maio de 1884
Ordenado sacerdote em 1919 – Asti - Itália
Pe. Fidelis Rota
Nascido em Mirabello Monferrato – Itália
No dia 8 de junho de 1886
Ordenado Sacerdote1912 em Asti - Itália
4º Superior da Missão
1927-1933
7º Superior da Missão
1947-1952
Pe. José Adamo
Nascido em Castel d’ Annone - Itália
No dia 29-08-1876
Ordenado sacerdote em 10-12-1899 - Asti - Itália
Pe. Pedro Magnone
Nascido em Zanco - Itália
No dia 12 de junho de 1917
Ordenado sacerdote em 1941 em Asti - Itália
5º Superior da Missão
1939 - 1943
8º Superior da Missão
1953-1958
Pe. João Siccardi
Nascido em Villa S. Secondo - Itália
No dia 20-05-1880
Ordenado sacerdote em 24-01-1904
Pe. Bernardino Baccolo
Nascido em Saló - Itália
No dia 29 de outubro de 1914
Ordenado sacerdote em 14 de abril de 1940
em Asti - Itália
107
9º Superior da Missão
1959-1960
12º Superior Delegado
1965-1969
Pe. Armando Círio
Nascido em Calamandrana - Itália
No dia 30-04-1916
Ordenado sacerdote em 29-06-1940 em AstiItália
Pe. Ermínio di Gioia
Nascido em Ruvo di Puglia - Itália
No dia 21-11-1926
Ordenado sacerdote em 28-06-1953 em Asti
– Itália
10º Superior da Missão
1960-1962
13º Superior Delegado
1970-1972
Pe. João Barbieri
Nascido em San Lazzaro PC - Itália
No dia 09-09-1920
Ordenado sacerdote em 23-06-1946 em Asti
– Itália
Pe. Geraldo Bortalocci da Silva
Nascido em Quatá (PR) – Brasil
No dia 20-05-1935 - Ordenado sacerdote em
05-03-1961 em Ourinhos (SP)
11º Superior da Missão
1962-1965
Pe. Mário Briatori
Nascido em Bistagno - Itália
No dia 16 de julho de 1916
Ordenado sacerdote em 1943 em Asti - Itália
108
14º Superior Delegado
1975-1981
Pe. Ciríaco Bandinu
Nascido em Bitti - Itália
No dia 10-10-1939
Ordenado sacerdote em 19-03-1966 em
Roma – Itália
15º Superior Delegado
1981-1987
18º Superior Provincial
2003- 2006
Pe. Mário Tésio
Nascido em Alba - Itália
No dia 1º de janeiro de 1936
Ordenado Sacerdote na Cidade do México
Pe. Mário Guinzoni
Nascido em Armeno – Itália
No dia 05-02-1949
Ordenado Sacerdote em 27-06-1976 em
Armeno – Itália
16º Superior Delegado
1987-1994
Pe. João Erittu
Nascido em Dorgali - Itália
No dia 28-10-1938
Ordenado sacerdote em 19-03-1965 em
Roma – Itália
19º Superior Provincial
2006- 2010
Pe. Antonio R. de Moura Neto
Nascido em São Paulo (SP) – Brasil
No dia 24-01-1965
Ordenado Sacerdote no dia 10-03-1991 em
São Paulo
17º Superior Provincial
1994-2003
Pe. José Antonio Bertolin
Nascido em Ribeirão Claro - Brasil
No dia 12 de julho de 1949
Ordenado Sacerdote em Bom Sucesso (PR) Brasil
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Referências Bibliográficas
BERTOLIN, José Antonio. A Congregação dos Oblatos de São José no Brasil. Curitiba: Província
Nossa Senhora do Rocio, 1989. v.1,2,3,4 e 5.
BERTOLIN, José Antonio. Histórico dos Nossos Seminários. Curitiba: Província Nossa Senhora
do Rocio, 1999.
BERTOLIN, José Antonio. Aripuaña, uma missão josefina matogrossense. Curitiba: Província Nossa
Senhora do Rocio, 1997.
BERTOLIN, José Antonio. Padre José Calvi, um apóstolo entre os tuberculosos. Curitiba: Província
Nossa Senhora do Rocio, 2005.
JUBILEU de prata do Colégio São José. Apucarana: [s.n], 1975.
Outras referências
- Dados dos Livros de Tombo das Paróquias
- Arquivo Geral da Congregação dos Oblatos do São José, em Roma, Casa Geral da Congregação dos Oblatos de São José
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