Artigo - Plasmídeos suicidas e Contenção de Organismos
Transcrição
Artigo - Plasmídeos suicidas e Contenção de Organismos
PROCITROPICOS - Programa Cooperativo de Investigación e Innovación Agrícola para los Trópicos Suramericanos Artigo - Plasmídeos suicidas e Contenção de Organismos Transgênico (Em Português) Categoria : Procitropicos Informa Publicado por Monica em 03/3/2015 Compilado e organizado por Daniel Epifânio Marques, Keiny Wallace Santos (alunos do Curso de Licenciatura em Biologia da UEA/CEST) e Afonso Celso Candeira Valois (Professor-Orientador) Introdução Na medida em que os organismos geneticamente modificados (OGM) ou transgênicos vão encontrando um maior número de aplicações, tanto na indústria como em biorradiação e na agricultura, torna-se cada vez mais urgente encontrar soluções práticas, eficientes e econômicas para impedir sua disseminação descontrolada na natureza, onde pode vir a causar algum tipo de impacto negativo, mesmo que ainda desconhecido até o momento. A partir de então, tem-se assistido a um progresso espantoso, nunca imaginado, da aplicação de ferramentas biotecnológicas. Através da engenharia genética fragmentos específico de DNA que codificam funções de interesses são cortados e inseridos nos chamados vetores de clonagem (geralmente plasmídeos e vírus) e após a transformação genética, esses genes passam a se expressar em outros organismos. A engenharia genética possibilita a transferência e expressão de material hereditário entre os mais diferentes organismos, passando a utilizar diferentes hospedeiros de vetores de expressão dos mais variados genes que hoje estão sendo produzidos por processo fermentativo. O resultado foi a produção, a partir de bactérias geneticamente modificadas, de hormônio de origem humana: a insulina e o hormônio de crescimento. OGM e Biossegurança Ao longo das conquistas, o cotidiano tem possibilitado aos pesquisadores novas descobertas utilizando os OGM para a melhoria das condições de vida do ser humano, mas correndo o risco de acontecerem impactos ambientais e perda de controle sobre esses organismos, que podem escapar do domínio humano e causar desastres de médio e longo prazo. Uma limitação adicional que se agrava é a falta de controle sobre a transferência de material genético de um organismo para outro, fenômeno corriqueiro, principalmente entre bactérias através de processos como: conjugação, tradução e transformação (Stotzky, 1989; Lorenz & Wackernagel, 1993). O sucesso da transformação genética responsável pela transferência horizontal de material genético entre diferentes espécies de bacterianas foi recentemente comprovado. A célula Escherichia coli demonstra ser portadora de um plasmídeo conjugativo capaz de transferir com alta frequência esse plasmídeo para células de Saccharomyces cerevisiae. O Desenvolvimento do Sistema de Contenção de OGM O objetivo absoluto do sistema biológico de contenção de OGM consiste na eliminação de determinada população introduzidas nos ecossistemas, uma vez que sua função já foi completada. Existem duas abordagens diferentes que se apresentam para o estabelecimento desses sistemas de confinamento: 1º) Um mecanismo passivo baseado na delimitação da linhagem, tornando-a capaz de sobreviver muito tempo fora das condições de laboratório. Ex: construção da linhagem mutante X1776 de Escherichia coli, que para a construção da parede celular, necessita do ácido diaminopimélico, molécula raramente encontrada na natureza; 2º) Um mecanismo ativo, pelo qual o tempo de vida da linhagem seja controlado através da indução proposital de uma proteína letal, http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:32 / Page 1 sendo que seu desenvolvimento é normal até ao momento em que ela comete suicídio, chamado de “Terminator Technology”. Ex: nas plantas transgênicas elas contêm um sistema genético adicional que, em resposta ao estímulo externo desencadeado por atuação do ser humano, provoca sua esterilidade. Tais sistemas suicidas de contenção biológica poderiam ser, portanto como uma solução alternativa para a situação de impasses causados pela crescente disseminação de OGM no meio ambiente. Poder-se-ia dar obrigatoriedade para que todo organismo transgênico contivesse um mecanismo de autodestruição programada, que pudesse ser acionado em determinadas condições, de modo a provocar a sua morte. Principais Características dos Sistemas Suicidas 1 – Estabilidade; 2 – Regulação da Expressão Gênica – Promotores; 3 – Proteínas Assassinas. Estabilidade A estabilidade da informação clonada é um dos fatores mais importantes para o sucesso do sistema suicida, com genes que codificam proteínas tóxicas e permanentemente vivem nas células. Consequentemente, há o uso de plasmídeos epissomais, podendo se perder durante o crescimento em ambientes fora do laboratório. Nesse caso, os vetores mais indicados são aqueles capazes de inserir cromossomos nas células hospedeiras, como os plasmídeos integrativos e os transposons. Regulação da Expressão Gênica – Promotores De importância crucial para a construção de um sistema suicida eficaz é a regulação da expressão dos genes assassinos. Durante a escolha do promotor de transcrição para esses genes se deve considerar cuidadosamente, os mecanismos de repressão da expressão do gene letal. É muito importante que haja vazamento da expressão do gene clonado para manter a vitalidade da cultura e também para evitar o aparecimento de indivíduos resistentes na população. Diferentes situações indesejáveis podem ocorrer: 1º) A ocorrência de seleção de células resistentes à atividade da proteína assassina, em decorrência de mutações ocorridas no próprio gene letal ou no seu promotor, ou ainda no alvo de ação da proteína em questão; 2º) A célula, ao identificar a presença de um gene cujo produto lhe é tóxico, pode desenvolver mecanismos de inativação desse gene, como, por exemplo, através da pesada metilação das regiões promotoras; 3º) A proteína ser altamente tóxica e matar a célula antes do momento adequado, mesmo quando presente em baixas concentrações. Em laboratórios, o controle eficaz da expressão gênica pode ser facilmente obtido, existindo vários promotores disponíveis (Molin et al., 1993). Uma limitação encontrada é a identificação da expressão dos genes no ambiente, porque a maioria das células fica a maior parte do tempo em ressonância. Mecanismo de Controle Químico Este tipo de controle baseia-se na indução da expressão do gene assassino através da adição de determinados compostos, por exemplo, o IPTG (β-D-tiogalactopironosídeo), que foram utilizados para a construção dos primeiros sistemas suicidas (Molin, et al., 1987; Bej et al., 1988). Outra opção consiste em relacionar o sistema suicida a um repressor, cuja expressão seja facilmente induzida apenas em condições laboratoriais. Mecanismo de Controle Físico A contenção de microrganismos recombinantes por um sistema de controle físico baseia-se no clássico sistema de expressão de E. coli, com o grupo de promotores do fago lambda regulado pelo repressor cI (Sussman & Jacob,1962). O isolamento de uma variante termossensível permitiu o desenvolvimento do sistema de expressão regulado pela temperatura. Mecanismo de Controle por Estresse Através da ativação de genes específicos, os microrganismos desenvolvem respostas adaptativas a estas condições extremamente desfavoráveis, que inclui mudanças de morfologia, fisiologia, esporulação, desenvolvimento de resistência à temperatura e outros fatores. Mecanismo de Ativação Recombinacional Trata-se de sistemas suicidas baseados na resolvase do plasmídeo RP4, uma http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:32 / Page 2 recombinase sítio-específica, cuja função normal é de reparar multímeros de moléculas de plasmídeos através de recombinação ao nível de uma sequência de DNA conhecida como sítio res. Mecanismo de Controle Estocástico A indução estocástica da expressão gênica consiste num modo de controle mais relevante para a população do que para a célula individual; exemplo é o uso de promotores investíveis responsáveis pelo fenômeno de variação de fase das fimbrias de tipo 1 de E. coli (Freitag et al., 1985). Proteínas Assassinas Para o desenvolvimento de sistema de contenção, do tipo suicida, é primeiramente necessário identificar genes que codifiquem proteínas cujo alvo de ação seja estruturas essenciais da célula, tai como, a membrana celular, ribossomos, ácidos nucleicos etc. Proteínas que Alteram as Funções da Membrana Celular São proteínas tóxicas que afetam a morfologia das células, tornando-as transparentes devido à perda de substâncias celulares relacionada à desestabilização da membrana celular, resultando na parada da respiração (Gerdes et al., 1986ª). Nucleases Apesar do sucesso dos sistemas suicidas utilizando proteínas da família Gef, uma séria limitação ainda persiste do ponto de vista da biossegurança: a liberação do material genético para o ambiente, mesmo depois da morte da célula, uma vez que as proteínas Gef atuam na membrana, acabando por liberar o conteúdo celular para o meio. Proteínas que Interferem na Síntese Proteica Uma possibilidade para o estabelecimento de sistemas suicidas consiste no aproveitamento de genes cujos produtos bloqueiam o processo celular de síntese de proteínas. A colina E3-RNAse, codificada pelo gene colE3, é responsável por uma clivagem especifica do RNA ribossômico 16S numa região extremamente conservada entre todos os organismos, sendo inativada pela formação de um complexo com a proteína de imunidade E3, codificada pelo gene imm3 (Diaz et al., 1994). Foi construído um sistema, no qual o gene colE3 está localizado num plasmídeo promíscuo e o gene imm3 inserido dentro do cromossomo da célula hospedeira, de tal modo que a probabilidade de cotransferência de ambos para outra bactéria é extremamente baixa. Assim, ocorrendo a transferência do plasmídeo portador do gene colE3 para uma outra bactéria não portadora do gene imm3, esta seria inativada. Uma família de toxinas de plantas extensivamente estudada e que já foi utilizada como suicida para células do sistema nervoso (Pangalos et al., 1991; Contestabile & Stirpe, 1993; Robert et al., 1993), consiste das proteínas conhecidas como RIP (ribosome inactivating proteins), capazes de danificar ribossomos de eucariotos (Frankel et al., 1990; Stirpe et al., 1992). A maioria delas apresenta-se em forma de cadeias simples (RIP do tipo I) ou cadeias duplas ligadas covalentemente (RIP do tipo II). Ricina é a mais estudada. Trata-se de uma proteína heterodimérica encontrada em sementes de mamona (Ricinus communis), que apresenta a cadeia A (RTA) ligada à cadeia B (RTB) através de uma ponte dissulfídica (Olsnes & Pihl, 1982). Estreptavidina A estreptavidina, uma proteína tetramérica codificado pelo gene stv de Streptomyces avidinii (Argaraña et al., 1986), tem como alvo de ação o metabolismo do carbono, ao nível de oxidação do carbono, sequestrando um grupo postético essencial, a D-biotina ou vitamina H. A ação letal da estreptavidina advém da ligação irreversível que ela realiza com a D-biotina. A morte celular resulta da consequente inativação de carboxilases, descarboxilases e transcarboxilases dependentes de biotinas (Fall, 1979). A inativação destas enzimas bloqueia o primeiro passo da biossíntese de ácidos graxos e afeta a gliconeogênese, o metabolismo dos aminoácidos, o ciclo de Klebs etc. Exemplos de Sistemas Suicidas Os plasmídeos desenvolvidos por Molin e colaboradores constituem os primeiros sistemas de suicidas descritos na literatura. Subsequentemente, uma série de diferentes sistemas foi desenvolvida, sempre utilizando a expressão controlada de um gene cujo produto é tóxico para a célula. PLASMÍDEO PNWL7 (MOLIN ET AL., 1987) O gene hok do plasmídeo R1 foi clonado de maneira a ter a sua expressão http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:32 / Page 3 controlada pelo promotor ptrp de E. coli. Este promotor é reprimido quando as células de E. coli são cultivadas em presença de triptofano, o qual forma um complexo repressor ativo com o repressor trpR. De fato, a indução de células de E. coli portadora deste plasmídeo em fase exponencial de crescimento acarreta a sua rápida inativação, embora 0,1% das população sobreviva. Os sobreviventes foram analisados e, como não se encontraram mutações do gene hok, os autores atribuíram a sobrevivência a uma quantidade limitante de proteína Hok. Como uma possível solução, os autores propõem que seja removida do plasmídeo uma sequência atenuadora do ptrp. PLASMÍDEO PLKP26 (MOLIN ET AL.,1987) Com o intuito de verificar se o fenômeno também se aplicaria para bactérias Gram-positivas, o gene hok foi clonado sob o controle do promotor plac no plasmídeo bi-funcional E. coli – Bacillus subtilis pSI-1. A indução do promotor neste caso é efetuada por adição de IPTG. O tratamento com IPTG de células de B. subtilis portadora do plasmídeo resultante pLKp26 levou à morte imediata cerca de 75% da população. PLASMÍDEO PSM910 (KLEMM ET AL., 1995) Este sistema suicida baseia-se na expressão, ao acaso, do gene gef, promovida pelo promotor fimA de E. coli. O promotor fimA consiste de um segmento de DNA que pode ser invertido e que determina a expressão periódica da fíbria do tipo 1 de E. coli. A inversão do promotor fimA é controlada em trans através dos produtos de genes regulatórios fimB e fimE (Klemm, 1986), os quais agem antagonicamente. O plasmídeo PSM910 contém uma cópia dos genes fimB e FimE, além do gene gef sob o controle do promotor fimA. A fusão foi inserida no transposon Tn5 que, por sua vez, foi inserido no plasmídeo pSUP202, um derivado de pBR325 mobilizável por conjugação. Quando as células transformadas com o plasmídeo PSM910 são cultivadas em meios ricos, não se nota diferença na taxa de crescimento em relação às células-controle. Entretanto, em meios pobres ou em fase estacionária, as células portadoras do plasmídeo vão morrendo exponencialmente, enquanto as células-controle permanecem num platô ao longo de duas semanas. PLASMÍDEO PBAP19H (BEJ ET AL, 1988) Este plasmídeo foi desenvolvido como alternativa apresentados por Molin et al (1987), sendo que a sua característica diferencial é o promotor plac de E. coli, relativamente mais forte, reprimido pelo repressor LacI e indutível por adição de IPTG ao meio de cultivo. O fragmento contendo o gene hoc do plasmídeo pPR633 foi clonado sob o controle do promotor plac no vetor pTZ19, que é portador do gene de resistência à carbenicilina. Só se conseguiram transformantes quando se empregaram linhagens portadoras do gene lacIp, que codifica o repressor LacI em excesso, 10 vezes mais do que lacI. A adição do IPTG no inicio da fase exponencial de crescimento de células transformadas pelo plasmídeo pBAP19h induz rapidamente o gene hok; o efeito letal se manifesta 1-2 horas após a adição do IPTG. O problema deste sistema foi o grande número de sobreviventes, devido à alta instabilidade do plasmídeo. PLASMÍDEO PKGR (RECORBET ET AL., 1993) Este sistema combina o uso de cassete nptI-SacR-B, que é induzido por sacarose, e a sua integração no cromossomo de E. coli, visando estabilizar as funções que acarretarão a morte celular. O cassete nptI-SacR-B (Ried & Collmer, 1987) confere sensibilidade à sacarose em bactérias Gram-negativas. A atividade da enzima levanosacarase, uma enzima codificada pelo gene sacB da Bacillus subtilis, a transcrição da qual é induzida na presença de sacarose, resulta na síntese de quantidades letais de levano, cujo acúmulo no periplasma causa a lise celular (Gay et al., 1985). Para evitar a perda do plasmídeo na ausência pressão seletiva, o cassete nptI-SacR-B foi intregado no cromossomo da E. coli. A integração foi obtida pelo emprego do plasmídeo pKGR sem a origem de replicação. O vetor não replicado traz o cassete suicida flanqueado por sequências-alvo (tdb) do cromossomo de E. coli, além do gene cet que confere resistência ao cloranfenicol. A integração cromossomal do cassete pode utilizar um simples evento de crossing over, que provoca a integração completa do vetor ao nível do gene tdb. Um segundo evento de recombinação entre as sequências duplicadas do http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:32 / Page 4 gene-alvo, permitirá a excisão completa do vetor ou uma excisão parcial, levando apenas à perda do marcador cat. Em comparação ao controle, o crescimento das linhagens portadores do vetor integrado foi inibido após duas horas à adição de sacarose, mostrando a indução do gene sacR-B. Após a adição de sacarose, enquanto as células de controle continuavam a crescer exponencialmente, as culturas do transformante apresentaram lise celular. A eficiência do sistema suicida foi de 99,9% obtida na ausência de seleção por antibiótico. Das células que sobreviveram à indução pela sacarose, 96% eram resistentes ao cloranfenicol, indicando que inserção cromossômica continuava presente, apesar da pressão letal. PLASMÍDEO PSK360 (KNUDSEN ET AL., 1995) Uma das principais causas da ineficiência dos sistemas suicidas é a inativação do gene assassino, provocada pela ocorrência de mutações, seguida de uma rápida seleção e predominância dos mutantes na população. Como resultado, uma fração considerável de células sobrevive, mesmo após a indução do sistema suicida. Knudsen & Karlström (1991) verificaram que a taxa de mutação de uma única função suicida baseada no gene relF de E. coli sob o controle do promotor lac atingiu 10- por célula por geração. Buscando contornar esta situação, esses pesquisadores construíram um sistema de contenção baseado em dois plasmídeos contendo a mesma função suicida ou funções suicidas duplicadas num mesmo plasmídeo. PLASMÍDEO PAH12 (AHRENHOLTZ ET AL., 1994) Diferentemente dos sistemas descritos até agora, que se baseiam na clonagem de genes que codificam proteínas tendo por alvo a parede celular, nesse trabalho foi utilizada uma nuclease como agente suicida. O gene nuc de Serratia marcescens codifica uma potente nuclease secretada pela célula de atividade inespecífica contra RNA e DNA. O plasmídeo pAH12 é portador do gene nuc deletado na sua região amino terminal que codifica o peptídeo-sinal da enzima, sob regulação do promotor pL do lambda. Para o controle da expressão gênica, a linhagem de E. coli hospedeira é portadora da mutação cI857, que codifica um repressor termossensível do promotor pL. Nesta construção genética, a morte celular ocorre quando as células são incubadas a 42ºC, uma vez que o repressor pL é inativo e o gene nuc que passa a ser expresso. Quando transferido de 28ºC para 42ºC, em fase exponencial de crescimento, as células contendo o plasmídeo pAH12 apresentaram sobrevivência de apenas 2x10-. PLASMÍDEO PWWO (ROCHEL ET AL., 1995) Os plasmídeo TOL de Pseudomonas putida contêm genes envolvidos no catabolismo de toluenos, xilenos e hidrocarbonetos via benzoatos e toluatos. A transcrição deste operon requer o produto do gene regulatório xyLS que, na presença de 3-metilbenzoato (3MB), ou outros efetores alquilaromáticos, ativa a transcrição a partir do promotor Pm, o promotor geral desta via. Nesse trabalho foi construído um sistema suicida baseado em dois vetores: um que carrega, além do gene xyLS, o gene lacI ( que codifica o repressor do operon lactose), sob o controle do promotor Pm, e outro, que compreende a fusão entre o promotor Plac (reprimido pela proteína LacI) e o gene gef, o qual codifica a função de morte. PLASMÍDEOS PCC-SO5/PRO-ILP (SZAFRANSKI ET AL., 1997) A função da morte neste sistema baseia-se na ligação irreversível que a estreptavidina com a D-biotina (Weber et al.,1989). A morte celular resulta da ausência da biotina livre e da inibição direta de uma série de enzimas que requerem a biotina para a sua atividade (Fall. 1979). Szafranski et al, (1997) empregaram a estreptavidina como agente suicida num sistema desempenhado para que espécies transgênicas de bactérias do solo Pseudomonas putida sofressem inativação assim que terminassem de degradar os poluentes aromáticos desejados. Visando aumentar a eficiência do sistema suicida, a expressão do gene stv, que codifica a estreptavidina, foi colocada sob duplo controle, efetivando através da transformação da bactéria com dois diferentes plasmídeos especialmente construídos, pCC-s05 e pRO-ilp. O plasmídeo pCC-s05 é portador do gene stv, lacI e xylS, enquanto o plasmídeo pRO-ilp é portador do gene da RNA polimerase e da lisozima do bacterófago T7. PLASMÍDEO PUBNUC (BALAN, 1999) Balan (1999) construiu um sistema suicida para leveduras, baseado no sistema http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:32 / Page 5 inicialmente desenvolvido para bactérias por Ahrenholtz et al, (1994). Embora as leveduras sejam utilizadas industrialmente para produção de uma grande quantidade de produtos heterólogos, ainda não existiam sistemas de contenção descritos para este microrganismo eucariótico, visando sua liberação para o ambiente após a fermentação nas dornas. A ideia, portanto, foi de construir um plasmídeo suicida para Saccharomyces cerevisiae que fosse ativa somente ao fim do processo fermentativo. Para tal, o gene nuc de Serratia marcescens, sem região codificadora peptídeo-sinal, foi clonado sob a regulação do promotor híbrido da levedura ADH2/GAPDH. Este sistema é o que apresenta maior grau de contenção. Por outro lado, este sistema de suicida poderia também ser aproveitado para a produção de Proteína de Célula Única (SCP) de leveduras, permitindo a obtenção de massa proteica já destituída de ácidos nucleicos, representando um avanço tecnológico considerável, já que o principal impedimento do uso de SCP para a alimentação humana é o seu alto teor de ácido nucleico. Impedimentos Relacionados aos Sistemas Suicidas Dentre os fatores que limitam a eficiência dos sistemas suicidas, destacam-se o aparecimento de mutações que tornam a célula insensível à proteína assassina e a seleção nas populações de células com tal fenótipo. O fenótipo sobrevivente pode resultar principalmente de mutação no próprio gene letal, no seu promotor ou ainda em outros genes que inativem a função destes. Quando as mutações ocorrem no próprio gene letal, transferindo-se o plasmídeo para outra célula, pode-se facilmente identificar a limitação. Uma maneira interessante de contornar o efeito das mutações consiste em duplicar o sistema suicida. Para contornar a limitação da repressão incompleta que a maioria dos promotores apresenta, a introdução de circuitos regulatórios envolvendo além do controle ao nível de transcrição e outro ao nível de tradução, como aquele descrito por Szafranski et el, (1997) pode aumentar notavelmente a eficiência do sistema suicida. Referências AHRENHOLTZ, I.; LOREZ., M.G.; WACKERNAGEL., W.A conditional suicide-system in Escherichia cole based on the intracellular degradation of DNA. Applied and Environmental Microbiology, v.60, p.3743-3751, 1994. ARGARANÑA, C.E.; KUTZ, I. D.; BIRKEN, S.; AXEL, R.; CANTOR, C.R. Molecular cloning and nucleotide sequence of the streptavidin gene. Nucleic Acids Research, v.14, p. 1871, 1986. BALAN, A.; SCHENBERG, A. C. G. Plasmídeos suicidas e seu uso na contenção de organismos geneticamente modificados. In: MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C.; NASS, L. L.; VALOIS, A. C. C. (Ed.) RECURSOS GENÉTICOS E MELHORAMENTO-MICRORGANISMOS. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2002, p. 541-567. CONTESTABILE, A.; STIRPE, F. Ribosome inactivating proteins from plants as agents for suicide transport and immunolesionin in the nervous system. European Journal of Neuroscience, v.5, p.1292-1301, 1993. DIAZ, E.; MUNTHALI, M.; DE LOREZO, V.; TIMMIS. K. M. Universal barrier to lateral spread of specific genes among microorganisms. Molecular Microbiology, v.13, p.855-861, 1994. EIKLID, K.; OLSNES, S.; PHIL, A. Entry of lethal doses of abrin, ricin and modeccin into the cytosol of HeLa cells. Experimental Cell Reseach, v. 126, p. 321-326, 1980. ENDO, Y.; MITSUI, K.; MOTISUKI, M.; TSURUG, K. The mechanism of action of ricin and reclated toxic lectins on eukaryotic ribosomes. The journal of Biological Chermistry, v. 262, p. 5908-5912, 1987. FALL, R.R. Analysis of microbial biotin proteins. Methods in Enzymology, v.62, p. 390-398, 1979. FRANKEL, A.; WELSH, P.; RICHARDSON, J.; ROBERTUS, J. D. Role of arginic 180 and glutamic acid 177 of ricin toxin A chain in enzymatic inactivation of ribosomes. Molecular and Cellular Biology, v. 10, p. 6257-6263, 1960. KNUDSEN, S. M.; SAADBYE, P.; HANSEN, L. H.; COLLIER, A.; JACOBSEN, B. L.; SCHLUNDT, J.; KARLSTRÖM, O. H. Development and testing of improved suicide functions for biological http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:32 / Page 6 containment of bacteria. Appliend and Environmental Microbiology, v. 61, p. 985-991, 1995. MOLIN, S.; KLEMM, P.; POULSEN, L. K.; BIEHL, H.; GERDES, K.; ANDERSSON, P. Conditional suicide systen for containment bacteria and plasmids. Bio/Technology, v. 5, p. 1315-1318. 1987. PANGALOS, M. N.; FRANCIS, P. T.; PEARSON, R. C. A.; MIDLLEMISS, D. N.; BOWEN, D. M. Destruction of a sub-population of cortical neurones by suicide transport of volkensin, a lectin from Adenia volkensii. Journal Neuroscience Methods, v. 40, p. 17-29, 1991. STIRPE, F.; BARBIERI, L.; BATELLI, M. G.; SORIA, M.; LAPPI, D. A. Ribosome-inactivating proteins trom plants: present status and future prospects. Bio/Technology, v.10, p.405-412, 1992. SZAFRANSKY, P.; MELLO, C. M.; SANTO, T.; SMITH, C. L.; KAPLAN, D. L.; CANTOR, C. R. A new approach for containment of microorganisms: dual control of streptavidin expression by antisense RNA and the T7 transcription systen. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 94, p. 1059-1063, 1997. http://www.procitropicos.org.br 01/10/2016 08:47:33 / Page 7