Fernanda Boccuzzi Rodriques

Transcrição

Fernanda Boccuzzi Rodriques
COLÉGIO OFÉLIA FONSECA
50 ANOS DE DOCTOR WHO
Fernanda Boccuzzi Rodrigues
São Paulo
2013
Fernanda Boccuzzi Rodrigues
50 ANOS DE DOCTOR WHO
Trabalho realizado e apresentado sob a orientação do professor Alexandre Ogata,
da disciplina de Inglês.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por todo o apoio fornecido durante o processo de realização desta pesquisa.
Ao professor Alexandre Ogata, em especial, pela orientação e estímulo necessário para a
confecção deste trabalho.
Ao Sr. Stephen Rimmer, pela gentileza da atenção dedicada e pela comunhão de interesses
sobre o tema em questão.
Ao meu irmão Danilo Boccuzzi Rodrigues e amiga Luiza Cordeiro Stolf, por serem os
responsáveis pelo meu primeiro contato com a série Doctor Who promovendo, desta forma, um forte
entusiasmo pela série a ponto de me motivar o suficiente para o estudo deste tema.
RESUMO
Este trabalho estuda e analisa a relevância da série inglesa Doctor Who dentre os últimos
cinquenta anos do contexto televisivo internacional. Aponta causas e conseqüências das
razões pelas quais se mantém viva e atrativa a seu público até hoje. Para tanto, explora o
contexto histórico em que a série surgiu, bem como alguns de seus personagens marcantes
para permitir uma visão mais abrangente das características a serem desenvolvidas. Também
problematiza a valorização do futuro em relação ao presente e a influência do passado nesses
dois tempos, abordando a questão da ficção científica. Explica o que é tal gênero literário e
ilustra alguns de seus subgêneros, classificando Doctor Who em um deles. Finalmente conclui
analisando o motivo de ter durado cinquenta anos.
ABSTRACT
This task studies and analyses the relevance of the British series Doctor Who in the last fifty
years on the international television context. It points out causes and consequences of the
reasons why the series is still alive and attractive to its public. In order to do so, it explores the
historic context in which the series was born as well as some of its relevant characters to
allow a broader view of the characteristics to be developed. It also problematizes the value of
the future in relation to the present and the influence of the past in both periods, addressing
science fiction. It explains what is this literary genre and illustrates some of its subgenres,
sorting the Doctor Who series in one of them. Finally it concludes analyzing the reason why it
has last fifty years.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................07
1.1. Ficção Científica.................................................................................................08
1.1.1. Subgêneros.....................................................................................................11
1.2. Momento Histórico.............................................................................................12
1.3. BBC....................................................................................................................14
2. DESENVOLVIMENTO....................................................................................18
2.1. Doctor Who........................................................................................................18
2.2. Personagens........................................................................................................19
2.2.1. Doctor............................................................................................................20
2.2.2. Companions...................................................................................................22
2.2.2.1. Susan Foreman.............................................................................................22
2.2.2.2. Donna Noble.................................................................................................24
2.2.3. Inimigos.........................................................................................................26
2.2.3.1. Daleks...........................................................................................................26
3. CONCLUSÃO....................................................................................................29
4. ANEXO...............................................................................................................31
5. REFERÊNCIAS.................................................................................................32
1. INTRODUÇÃO
“People assume that time is a strict progression of cause and effect. But actually from a non-linear, nonsubjective viewpoint it’s more like a big ball of wibbly wobbly timey wimey stuff.” 1
Doctor
Como a visão do futuro é algo que norteia o pensamento das pessoas e também é alvo
de curiosidade e interesse por parte destas, acreditamos que a série televisionada pela BBC
chamada ‘Doctor Who’ merece ser objeto de análise e estudos, por trazer à tona um tema que
já foi imaginado, temido e questionado por todos. Apesar de apresentar uma visão futurística
diversificada, tal programa televisivo ainda não recebeu a merecida atenção, o que faz com
ele seja ainda desconhecido por alguns.
Esse estudo torna-se interessante e atraente visto que, ao retratar o tempo em seus
episódios, ‘Doctor Who’ constrói uma ponte, no presente, entre fatos históricos reais
ocorridos no passado e a ficção científica no futuro. A referida série desenvolve suas tramas
brincando com passado, futuro e presente de uma forma tão inovadora e destemida que se
torna merecedora de uma maior divulgação.
Assim, nosso objetivo em tornar tal tema alvo de nossa atenção está diretamente
ligado ao fato de acreditarmos que, por ser um programa de qualidade, merece um maior
conhecimento por parte daqueles que apreciam assuntos relacionados ao tempo.
Em cinquenta anos de existência, Doctor Who passou por diversas gerações,
contabilizou vários períodos históricos, atravessou inúmeras dificuldades e resistiu às grandes
modernidades da revolução tecnológica desses últimos tempos.
Sendo assim, só nos resta questionar como essa série é capaz de manter-se viva através
de tanto tempo e atravessando tantas mudanças, ou ainda, como consegue acompanhar a
evolução desses tempos mantendo-se sempre atrativa a seu público.
1
As pessoas assumem que o tempo é uma rígida progressão de causa e efeito. Mas, na verdade, de um ponto de
vista não linear e não objetivo é mais como uma grande bola de coisas confusas relacionadas ao tempo. (tradução
livre)
7
Para promover essa discussão, adotaremos o livro Doctor Who FAQ, de Dave Thompson
(2013), como principal fonte desta pesquisa, devido à certeza de que este enriquecerá o tema
através de seu conteúdo amplo e ilustrativo.
Apesar de Doctor Who ser uma série que trata da questão do tempo, ela mesma tornase atemporal, a partir do momento em que sobrevive através de décadas.
Para um melhor entendimento sobre tal problemática levantada, acreditamos tornar-se
necessária uma atenção maior sobre o contexto no qual Doctor Who está inserido, assim como
faz-se necessário também um estudo sobre o canal de televisão que lhe deu vida e o mantém
no ar até os dias de hoje. Desta forma, passaremos a avaliar mais detalhadamente o gênero
literário a qual esta série televisiva pertence e a analisar o contexto histórico em que está
inserido.
Para atingir nossos propósitos, criamos os capítulos que se seguem para uma melhor
visualização da problemática apontada.
1.1.
FICÇÃO CIENTÍFICA
“What you get in science fiction is what someone once called ‘the view from a distance star’. It helps us to
see our world from outside.”2
Frederik Pohl
Ficção científica é um gênero literário, cujo embasamento na ciência é imprescindível,
já que, inspira-se ou tem sua origem nesta. Em sua maioria, trata de temas futurísticos que
tentam, de certa forma, prever o que irá acontecer. Devido a essa tentativa de “adivinhação”, a
ficção científica já foi conhecida como a literatura da antecipação.
A origem de tal gênero literário começou com a obra Frankenstein escrita pela
britânica Mary Shelley em 1818, porém, já em 1726, o irlandês Jonathan Swift lança a sua
obra ‘Viagens de Gulliver’ com o objetivo de ser uma sátira política, que foi aclamada como
um clássico da literatura de aventuras e considerada uma das bases para a ficção científica.
2
O que se tem na ficção científica é o que um dia alguém chamou de ‘a visão que se tem a partir de uma estrela
distante’. Auxilia-nos a enxergar o mundo de fora. (tradução livre)
8
Apesar de já existir há muito tempo, o gênero ficção científica só foi reconhecido
como tal em 1926, quando Hugo Gernbasck criou a revista Amazing Stories, que de 1985 a
1987 rendeu uma série exibida na televisão americana, que foi idealizada pelo diretor e
produtor Steven Spielberg e que foi dedicada exclusivamente a histórias de ficção científica.
Ele foi o criador do termo scientifiction que, em português, seria equivalente a algo parecido
com “cientificção”, que posteriormente foi chamado de sciencefiction (ficção científica, em
português).
Figura 1: Capa da primeira edição de Amazing stories, publicada em abril de 1926.
Fonte: http://diffendaffer.com/scientifiction-planet-of-futuristic-art-discovered/
(acesso em 25 set. 2013)
A proposta inicial de Gernsback era a de educar seus leitores, entretendo-os. Conforme
o tempo foi passando, o público foi demonstrando seu interesse em histórias implausíveis e,
aos poucos, a revista afastava-se do propósito inicial de seu criador, porém isto não invalidou
a importância que Amazing Stories tem até hoje. A revista rendeu uma indústria editorial
inteira apenas sobre o gênero ‘ficção científica’.
Tal revista era inicialmente composta por histórias de consagrados autores como Julio
Verne, H. G. Wells e Edgar Allan Poe. Ela foi publicada, quase que ininterruptamente, por 79
anos e teve sua última edição publicada em março de 2005, quando foram suspensas
definitivamente. Em seus 79 anos de história, Amazing Stories já foi vendida e comprada
9
várias vezes. Logo no início foi comprada por Ziff-Davis e Raymond A. Palmer,
posteriormente vendida para Universal Sol Cohen Publishing Company e comprada
novamente pela TSR, Inc que, mais tarde, foi adquirida pela Wizards of the Coast.
Um fator importante para o pleno desenvolvimento do gênero se deve ao fato de que a
revista disponibilizava um espaço, as colunas de carta, para que houvesse uma comunicação
entre os fãs. Tal espaço favoreceu o desenvolvimento do fanatismo pelo gênero, o que
acarretou uma grande evolução nessa área.
Hugo Gernbasck foi um ícone tão importante para a formação da ficção científica que
o prêmio considerado o mais importante de tal gênero ficou conhecido como Hugo Awards
(Prêmio Hugo).
Apresentado anualmente desde 1955, o Hugo Awards visa consagrar as melhores
publicações, revistas, promessas do gênero e editores. O prêmio é concedido durante a World
Science Fiction Convention (Convenção Mundial de Ficção Científica) ou, como é
popularmente conhecida, ‘Worldcon’. Além de sediar a premiação, tal evento também é
responsável por sua administração.
Muitos escritores já foram premiados pelo Hugo Awards e, entre eles, está o célebre
Isaac Asimov, autor do famoso ‘Eu, robô’. Nascido na Rússia e naturalizado americano,
Asimov era formado em bioquímica pela Columbia University. Uma característica marcante
de suas obras é que Assimov era capaz de fazer explicações científicas utilizando-se de um
vocabulário mais simples e popular, o que tornou seus livros de uma compreensão mais fácil.
Ao lado de Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, Isaac Asimov foi considerado,
ainda em vida, um dos três grandes escritores da ficção científica.
Na história da ficção científica britânica é importante ressaltar a década de 70 que foi
considerada a “era de ouro”. Levou esse nome porque foi nesse período em que as produções
visavam retratar os problemas políticos e sociais da época. Com essa nova abordagem as
produções não se limitavam ao clichê do super-herói salvando o mundo. Iam muito além
disso ao explorar aspectos mais densos e complexos. Essa nova abordagem rendeu uma
reação positiva vinda do público e da crítica que apoiaram esse gênero fervorosamente. Tal
apoio foi o necessário para que várias produções se transformassem em Cult.
10
Como consequência desse fato, a ficção científica foi o gênero mais explorado e
utilizado pela televisão para chamar atenção da audiência.
1.1.1. SUBGÊNEROS
“Ficção Científica é a ficção na qual a Ciência é um dos personagens”
Pierluigi Piazzi
A ficção científica, assim como todos os outros gêneros literários existentes, ramificase em o que se chama de subgêneros. Não se sabe ao certo o número exato de subgêneros
provenientes do nosso alvo de estudo, porém é possível destacar os principais. É importante
ressaltar que, em alguns casos, a mesma obra pode ser classificada como pertencente a mais
de um subgênero. Exporemos aqui as principais: Soft, Hard e Space Opera.
Como Doctor Who, em um conceito geral, é classificada como ficção científica Soft,
começaremos nossa análise por esta. Tal subgênero caracteriza-se por focar sua trama nas
interações sociais entre seres não necessariamente pertencentes a um mesmo planeta. Retrata
também costumes e sociedades diferentes daquilo que já conhecemos, porém que se julga ser
possível. Nesse subgênero, o rigor em que os temas científicos são abordados não é tão
grande. O importante não é se as inovações científicas abordadas são plausíveis ou não, o
mais relevante é a maneira que as personagens encontrarão de utilizar tais inovações a seu
favor. Normalmente, este subgênero se baseia em áreas mais “leves” da ciência, como
Psicologia, Filosofia, Sociologia, etc.
Em contraposição ao subgênero acima apresentado, temos a ficção científica Hard.
Trata-se de uma tentativa em especular com a maior exatidão científica possível. A ciência,
nesse caso, é a principal personagem, ou seja, está em primeiro plano no desenrolar da
história. Portanto, é possível notar que ela se baseia na área das ciências exatas como Física,
Matemática, Química, etc.
Outro subgênero comum é o Space Opera, cuja história normalmente se passa em
outros planetas ou até no espaço. Surgiu na chamada “era de ouro” e é a mais assistida pelo
público. É importante ressaltar que este subgênero também tem como característica
importante um romance que vai se desenvolver durante toda a história. Star Trek e Star Wars
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são as produções mais famosas dentro deste subgênero e, fazendo jus a tal classificação,
apresentam armas de raio laser, espaçonaves, viagens intergalácticas, etc.
1.2.
MOMENTO HISTÓRICO
A inserção da série Doctor Who no contexto histórico mundial e, principalmente,
britânico em que ela nasce faz-se necessária para uma compreensão mais ampla e reveladora
sobre as razões que levaram tal série a permanecer ‘viva’ até os dias de hoje.
A primeira metade dos anos 60 foi palco de grandes e importantes mudanças no
contexto cultural, político, geopolítico e econômico.
No período pós-guerra, na década de 60, o capitalismo avançava mais que o
comunismo. A Inglaterra era o país que tinha a taxa de desenvolvimento mais baixa se
comparada a outros países capitalistas considerados desenvolvidos, tais como Japão, Estados
Unidos da América, que se tornava a maior potência mundial, e União Soviética, que era a
mais veloz no crescimento econômico que florescia na época.
Não havia uma preocupação real com a questão ambiental e ecológica, apesar de
algumas ações da Inglaterra parecerem poder solucionar qualquer excesso nessa área, pois
proibira o uso de carvão como combustível para dar um fim ao fog londrino e despoluir o rio
Tâmisa: atitudes que acabaram obtendo êxito.
Também foi nesse período de exuberância econômica que ocorreram guerras que
foram responsáveis por espalhar a fome, como as da Coréia, Vietnã e África. Nessa mesma
época a industrialização cega dos países capitalistas e o ‘boom’ das incorporadoras e
imobiliárias, principalmente nos Estados Unidos, tiveram uma ação devastadora que
provocaram o fim do crescimento econômico mundial e fizeram emergir uma nova
preocupação para todos: a poluição, que por sua vez trouxe graves problemas ecológicos.
Podemos citar como exemplo, a utilização do petróleo como fonte energética, pois se tratava
de uma energia barata, mas que causava grande impacto na natureza.
Como referência cultural da época, podemos citar o início da banda The Beatles (1962
-1963), cujo surgimento coincidiu com a queda do conservadorismo nos anos 60 na Inglaterra
e cuja eclosão representou uma revolução comportamental e musical. Com o grande sucesso
dos Beatles, sucesso este chamado de ‘British Invasion’, a Grã-Bretanha foi consagrada como
o centro do mundo pop, provocando assim o florescimento de talentos nunca vistos
anteriormente, fato que colocou Londres como centro criativo e irradiador de cultura no
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mundo. A partir desse momento, o mercado fonográfico aquecido pela influência britânica
explodiu.
A década de 60 caracterizou-se por um período de momentos libertários e estudantis
bastante conturbados e de uma evolução social desordenada e sem rumos definidos. Foi um
tempo de liberação de ânimos novos significantes que puderam ser facilmente observados e
refletidos em avanços culturais.
Também pode-se notar tais avanços em outras áreas. Na ciência, por exemplo, a
tecnologia tem o seu destaque com o início do uso da informática para fins comerciais, apesar
de ainda não ser utilizada de forma massificada. A IBM lança o chip, ou circuito integrado e
nasce a Arpanet, que mais tarde se tornaria a Internet. O homem pisa na lua pela primeira vez
e mais tarde um robô tem o mesmo destino, através da tecnologia soviética. Outros planetas
são explorados através de uma sonda americana em Marte e de um robô em Vênus.
Praticamente quase ao mesmo tempo, a televisão passa a se tornar um meio de comunicação
em massa e as transmissões de TV em cores no mundo acontecem. Assim, os canais de
televisão se prepararam para oferecer programas de conteúdo com apelo popular.
Foi nesse contexto histórico e cultural que, em 1963, nasceu a série Doctor Who,
talvez por inspiração nesse novo avanço tecnológico e futurista. Tal programa chegou com a
pretensão de ser algo que “pudesse educar os jovens com aulas de história, ciências,
tecnologias, viagens espaciais e no tempo, enquanto se divertiam vivendo uma aventura”.
Enfim, pretendia ser “uma série educacional, fugindo da abordagem escapista”. Tais
afirmações são verdadeiras, já que, de acordo com a pesquisa realizada por Tulloch e Jenkins
entre garotos de catorze anos “a série promovia um maior entretenimento quando tratava de
assuntos históricos já estudados na escola (...). Para esses garotos, a ficção científica como
gênero era divertida quando proporcionava reviravoltas interessantes com a matéria de
história do currículo escolar.” 3. Como resultado, a série acabou formando um público não
apenas de jovens como também de crianças e adultos. Ela atingiu o “auge de sua popularidade
na década de 70, quando conseguiu registrar uma média de audiência de 14 milhões de
telespectadores, um número muito alto para os padrões britânicos. Sua crescente popularidade
levou os canais a investir em outras séries de ficção científica”, o que impulsionou e
fortaleceu tal gênero cinematográfico. As séries de ficção científica que surgiram neste
período, de alguma forma, passaram a abordar problemas sociais e políticos da época, tais
3
“(...) the series was most ‘entertaining’ when it drew on their school knowledge of history. (…) For these boys,
science fiction as genre was enjoyable when it gave entertaining twists to the well-rehearsed history of the
formal curriculum.”
13
como as diferenças de classes sociais, tema bastante explorado pela TV britânica; a ideia do
totalitarismo; as preocupações com o meio ambiente, entre outras.
1.3.
BBC
Para uma melhor compreensão da trajetória de ‘Doctor Who’ ao longo de seus
cinquenta anos de existência, introduziremos um breve histórico do canal que deu vida a esta
série dentro do contexto da televisão britânica.
A produção televisiva britânica teve seu início em 1926, mas somente se tornou oficial
com o lançamento formal da BBC (British Broadcasting Corporation) em 1936. Graças à
Segunda Guerra Mundial, as transmissões foram suspensas em 1939 e só voltaram ao normal
em 1946.Quando esta interrupção ocorreu, o país tinha registrado uma média de 20 a 25 mil
televisores vendidos e, como a BBC era, de 1936 a 1955, o único canal de TV do Reino
Unido, sua audiência estava praticamente garantida. Em 1955, o primeiro canal comercial, a
ITV, surgiu no país.
A BBC tinha como público alvo a população de classe média a alta, e pretendia,
através de programas didáticos e informativos, propagar a cultura e a história da GrãBretanha. Para provar que tal pretensão era verdadeira, citamos como exemplos os episódios
produzidos em 2006, Tooth and Claw (segunda temporada, episódio dois), e o episódio
Victory of the Daleks (quinta temporada, episódio três), produzido em 2010. O primeiro
retrata uma tentativa ficcional de assassinato à Rainha Victoria enquanto que o segundo se
passa no período da Segunda Guerra Mundial, quando a Inglaterra estava sob ameaça nazista.
No referido episódio é mostrada a solução alternativa que Winston Churchill deu para
resolver o problema. E é evidente que tal solução envolvia a utilização de tecnologia
alienígena.
Sustentada pelo governo através de uma taxa cobrada daqueles que compravam um
aparelho de TV, a BBC só foi autorizada a vender espaços publicitários e ter um lucro direto
com seus programas quando os canais internacionais da década de 90 foram criados. Até
então, todo o lucro extra obtido provinha da venda de sua programação a outros canais
internacionais.
O sucesso e credibilidade obtidos no Reino Unido da produção massiva de minisséries
e séries pela televisão britânica foram tantos que influenciaram a televisão americana, hoje a
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dominadora na produção de séries no mercado internacional. Foi graças, portanto, ao sucesso
obtido no Reino Unido que os Estados Unidos começaram sua própria produção nesse
formato a partir da década de 70. Mesmo a TV inglesa tendo começado a produzir programas
regularmente 10 anos antes, os americanos, tendo evoluído ao longo de décadas, conquistaram
um espaço nesse segmento difícil de ser batido até hoje.
A BBC é uma emissora pública de rádio e televisão que, com aproximadamente vinte
mil funcionários, produz seus programas em treze estações distribuídas pela Inglaterra,
Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. O início da BBC se deve à decisão de criar uma
companhia para operar comercialmente uma inovação tecnológica: o rádio. Com a criação de
tal companhia, procurava-se resolver ao mesmo tempo dois problemas: um técnico e outro
político. Técnico porque evitava a proliferação de frequências e político por estabelecer um
interlocutor único da área de radiodifusão com o governo. Em 18 de outubro de 1922, surgiu
então oficialmente e, em 15 de dezembro do mesmo ano, a British Broadcasting Company
Limited que era constituída pelas seis empresas interessadas na comercialização de
equipamentos radiofônicos surgiu legalmente. As empresas eram a Marconi Company, a
Metropolitan-Vickers, a Western Electric Company, a Radio Communication Company, a
General Electric Company e a British Thomson-Huston Company. Posteriormente, o
Conselho Diretor foi formado por um representante de cada empresa com um coordenador
considerado “neutro” indicado pelo governo. Em 18 de janeiro de 1923, a BBC recebeu a
licença para funcionar com uma cláusula que ditava que ela poderia transmitir apenas as
notícias e informações compradas das agências de notícias. Além disso, a BBC concordou em
emitir seu primeiro boletim diário de notícias apenas às sete da noite, para que assim não
houvesse concorrência com as informações divulgadas pelos jornais.
Entre 1922 e 1926, período pelo qual a companhia é transformada em uma corporação
pública, as Big-Six (as seis empresas que compõem a BBC) vivem uma série de disputas ao
redor dos direitos sobre as patentes do rádio, o que contribui para sua dissolução. No dia
primeiro de janeiro de 1927 foi emitida a primeira Carta Real, documento legal que estabelece
a ligação da BBC com o Estado, criando a British Broadcasting Corporation e permitindo seu
funcionamento pelo período de dez anos.
Tornando-se uma emissora pública, a BBC deveria seguir alguns princípios. Estes
prezam que todos os que compõem a sociedade são cidadãos e não apenas consumidores, que
tem o direito de receber esse tipo de serviço público. Os programas exibidos devem apresentar
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a maior variedade possível, para que assim possam agradar diversos gostos e interesses.
Zelam também que as orientações públicas para a radiodifusão devem servir para dar mais
liberdade aos projetos dos produtores para que eles possam explorar todo seu potencial, assim
como o da rádio e televisão, sendo que, ao mesmo tempo, devem propiciar à população
informação entretenimento e educação.
A BBC não é apenas uma emissora de rádio e televisão. Ela é uma emissora que não
preza apenas para os números da audiência. Há uma preocupação sobre o que será transmitido
e para quem. Estava em discussão no Parlamento que, para permitir compras e fusões na
mídia, a quantidade de ações de cada proprietário não seja o único fator a ser levado em
consideração, mas também o volume de público que ele atinge, já que se pretende evitar
qualquer risco de quebra no princípio democrático da pluralidade da informação.
Na programação da BBC, havia um ‘espaço’ disponível entre dois programas:
Grandstand e Juke Box Jury. Foi então que Eric Maschwitz, assistente e conselheiro do
controle de programas, sugeriu preenchê-lo com um programa de ficção científica e, Donald
Wilson, que fazia parte do Departamento de Scripts, acatando à ideia de Maschwitz,
determinou alguns quesitos que este novo programa deveria seguir. Pedia-se que este fosse
voltado para o público familiar e que fosse atraente, porém ao mesmo tempo inteligente.
Também não deveria tratar seus espectadores como leigos, independentemente de suas idades.
Sydney Newman foi quem conseguiu juntar a ideia de Maschwitz às demandas de Wilson
com as próprias ideias sobre o que um programa de ficção científica deveria conter. Newman
achava que este novo programa daria conta de sustentar um de seus aspectos preferidos do
gênero científico: a habilidade de evidenciar, sem correr riscos, aspectos negativos sobre a
nossa sociedade. Além de que, o programa não deveria, sob nenhuma circunstância, recorrer
ao estereótipo pré-determinado de outros programas de ficção científica no que se refere a
alienígenas.
A somar com o apoio que já tinha, Newman saiu então à procura de mais alguém para
auxiliá-lo na produção do novo programa e, após várias recusas de funcionários da própria
empresa, ele foi obrigado a procurar por alguém fora das portas da BBC. Foi quando
encontrou Verity Lambert, de apenas vinte e sete anos, que aceitou o desafio apesar de sua
inexperiência no ramo e, juntamente com Newman, superou todas as dificuldades criando o
herói britânico ‘Doctor’. Não é à toa que no episódio Human Nature, de 2007, quando lhe é
16
lançada uma pergunta a respeito do nome de seus pais, o Doctor responde ‘Sydney and
Verity’.
Infelizmente uma tragédia imprevisível e de grande relevância ocorreu na véspera do
dia da grande estréia da série Doctor Who na BBC: o assassinato do presidente americano
John F. Kennedy, fato que captou todas as atenções da mídia, ofuscando assim seu
lançamento que ocorreria no dia 23 de novembro de 1963. Como naquele final de semana
todos os olhares estavam voltados para o referido acontecimento, a grande estreia não obteve
o êxito esperado. Desta forma, decidiu-se que o primeiro episódio, ‘An Unearthly Child’, seria
reapresentado na semana seguinte, seguido imediatamente pela estreia do segundo episódio,
‘The Cave Of Skulls’, numa tentativa de reconquistar a atenção do público.
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1.
DOCTOR WHO
“What is Doctor Who? My dear anon, Doctor Who is hope and adventures, magic and terror, it’s the feeling
of waking up on Christmas morn to discover Santa had delivered all the gifts you had wished for. It’s the
never-ending journey of a man who’s seen too much and had run too far, a perpetual story of intellect and
romance over brute force and cynicism.” 4
Anonymous
Doctor Who é uma célebre série britânica de ficção científica, televisionada pela BBC,
que retrata as aventuras de um alienígena da espécie Time Lord chamado ‘Doctor’, cujo
planeta natal é Gallifrey, que viaja no tempo e espaço com sua nave TARDIS (Time And
Relative Dimensions In Space).
Considerada parte da cultura britânica, a série já ganhou diversos prêmios como o
British Academy Television Award 2006 de melhor série de drama e o National Television
Awards durante cinco anos consecutivos (período entre 2005 e 2010). O ator Matt Smith que
atualmente interpreta o Doctor foi indicado, em 2011, ao prêmio BAFTA (British Academy of
Film and Television Arts) como melhor ator. Além de tudo isso, está presente no Guinness
Book (livro dos recordes) como a série de ficção científica de maior duração de todos os
tempos e também como a mais bem-sucedida série de tal gênero.
Apesar de inicialmente apresentar efeitos especiais, maquiagem e cenários muito
precários, a série foi de grande sucesso na Inglaterra, principalmente devido aos brilhantes
roteiros escritos e ao pioneirismo no uso da música eletrônica para a abertura da série. Tais
roteiros envolviam tanto ficção como fatos reais que ocorreram na História, como o sumiço de
Agatha Christie ou a Guerra Fria, o que levou a uma maior atração por parte do público.
Iniciada em 1963, a série foi suspensa em 1989 com vinte e seis temporadas já
produzidas, devido ao baixo orçamento da BBC na época e uma queda no número de
espectadores, porém com a promessa de que Doctor Who um dia voltaria às telas. Em 1996,
4
O que é Doctor Who? Meu querido anônimo, Doctor Who é esperança e aventura, magia e terror, é o
sentimento de acordar na manhã de Natal e descobrir que o Papai Noel trouxe todos os presentes que você pediu.
É a jornada sem fim de um homem que já viu muito e teve que fugir para muito longe, uma história perpétua de
intelecto e romance sobre a força bruta e o cinismo. (tradução livre)
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portanto, com o apoio da Fox, Universal Pictures, BBC e BBC Worldwide foi lançado um
filme estrelado pelo ator Paul McGann que, apesar de ter gerado muitas polêmicas, foi de
grande sucesso no Reino Unido, mas não nos Estados Unidos. Muitos fãs não consideram
McGann como uma de muitas faces do Doctor, pois ‘denunciam’ que ele fugiu do
personagem. O filme, portanto, não teve uma sequência. Apesar de não se ter uma série para a
TV, Doctor Who podia ser acompanhado por outras mídias como Doctor Who Magazine e
os áudio 0books da Big Finish. Muitos outros materiais que usaram o ator Paul McGann
foram produzidos e tiveram Russell T. Davies como o principal ‘líder’. Graças a estes
materiais, a série voltou em 26 de março de 2005 com o episódio ‘Rose’, tendo Davies como
roteirista. Finalmente, Doctor Who continua até os dias atuais e este ano completará cinquenta
anos.
A série já gerou alguns spin-offs como The Sarah Jane Adventures, que têm como
personagem principal a jornalista investigativa Sarah Jane Smith, uma de muitas companions
do Doctor em suas viagens. A série foi criada por Russell T. Davies e estreou em primeiro de
janeiro de 2007, porém foi encerrada após a morte da atriz Elisabeth Sladen, que interpretava
a protagonista. Outro spin-off é Torchwood (anagrama de Doctor Who), também idealizado
por Davies, que retrata as aventuras do Capitão Jack Harkness em uma instituição do governo
criada pela Rainha Vitória, que protege a Terra de qualquer ataque ou ameaça tanto alienígena
como sobrenatural. Tal série iniciou em 2006 e atualmente está paralisada.
2.2.
PERSONAGENS
Através da análise um pouco mais detalhada de alguns personagens poderemos obter
uma perspectiva um pouco mais reveladora sobre a série. Assim, passaremos a estudar quatro
componentes de fundamental importância para um melhor entendimento sobre o tema.
Retrataremos inicialmente o protagonista da série, pois trata-se do responsável pela
própria identidade do programa, cuja trama é tecida ao seu redor. Em seguida, discorreremos
sobre duas das muitas ‘companions’ que acompanharam o personagem principal em suas
viagens: Susan por ter sido a primeira coadjuvante da série, marcando o início oficial das
aventuras que viriam na sequência e Donna por ter se destacado das demais, deixando sua
marca não só no Doctor como também em diversas civilizações e planetas. E, finalmente,
estudaremos os Daleks por tratar-se da personificação do mal dentro da trama, motivando o
19
eterno conflito entre o bem e o mal, o que impulsiona e dá vida à série. Desta forma, o estudo
dos personagens nos aproximará da verdadeira essência de Doctor Who.
2.2.1. DOCTOR
“He’s like fire and ice and rage. He’s like the night, and the storm in the heart of the sun. He’s ancient and
forever. He burns at the centre of time and he can see the turn of the universe... And he’s wonderful.”5
Latimer, personagem da série
Doctor é o personagem principal de Doctor Who. Trata-se de um Time Lord nascido
em um planeta chamado Gallifrey, que foi destruído deixando pouquíssimos sobreviventes
após a guerra travada entre Time Lords e Daleks, originários do planeta Skaro. Não se sabe
muito sobre esta guerra que ficou conhecida como Time War, já que não existe
nenhumepisódio explicando diretamente o que foi a guerra ou o motivo dela ter ocorrido.
Tudo que se sabe baseia-se em comentários ou pequenas cenas que estão distribuídas ao longo
de alguns episódios, como o The Sound of Drums, exibido em 2007. Em 2013, no episódio
Journey to the Centre of the TARDIS, a atual companion do Doctor, Clara Oswald, se perde
dentro da TARDIS e acaba por descobrir a biblioteca da nave que contém um livro cujo nome
é The History of the Time War. Tal livro revela, inclusive, o verdadeiro nome do Doctor, já
que foi ele quem se auto intitulou. Clara lê o livro, mas devido às ocorrências do próprio
episódio acaba por esquecer todo seu conteúdo. É importante destacar que a Time War foi
criada pelos produtores da série com o intuito de ‘eliminar’ a raça Time Lord, para que assim
houvesse apenas um sobrevivente, o qual não sofreria interferência ou influência de outros
habitantes de Gallifrey. Além disso, com a extinção de sua raça, as aventuras do Doctor se
‘prenderiam’ mais à Terra, já que este sempre teve uma preferência por companions humanos,
alegando achá-los fascinantes.
Foi em 1966, quando o ator que interpretava o Doctor, William Hartnell, optou por
deixar a série devido a problemas de saúde, que surgiu a ideia de dar uma nova face ao
protagonista. Como se tratava de uma série de sucesso, os produtores tiveram que criar uma
5
Ele é como fogo e gelo e raiva. Ele é como a noite, e a tempestade no coração do Sol. Ele é antigo e eterno. Ele
domina a questão do tempo e é capaz de presenciar a reviravolta do universo... E ele é maravilhoso. (tradução
livre)
20
solução diante do problema apresentado, ocasião em que criou-se a ‘Regeneração’ do
personagem. Tal regeneração tinha o intuito de trocar o ator que interpretava o protagonista e
não a personagem. Foi definido então que os Time Lords poderiam se regenerar onze vezes
diante de situações de morte, fosse por idade ou por algum ferimento físico, porém poderia
ocorrer a morte caso o indivíduo fosse ferido gravemente antes da regeneração concluir-se.
Ao regenerar-se, um Time Lord troca todas as células de seu corpo, sofrendo alterações em
sua aparência e até em pequenas mudanças de sua personalidade.
Desde 1963, onze atores interpretaram o Doctor. Porém, para facilitar uma melhor
compreensão, denomina-se William Hartnell como o Primeiro Doctor, Patrick Troughton
como o Segundo Doctor, Jon Pertwee como o Terceiro e assim por diante. Um fato curioso é
que, originalmente, a mudança de ator do Primeiro para o Segundo Doctor era para ocorrer da
seguinte forma: o rosto de Hartnell estaria coberto por um cachecol e, quando este fosse
retirado, o rosto de Troughton apareceria. Mas, devido a uma falha na sala de edição, o
cachecol não apareceu e ocorreu uma sobreposição dos dois rostos. Essa ‘técnica’ foi utilizada
nas mudanças de atores que se seguiram na série, com exceção à do Segundo para o Terceiro.
Em junho de 2013, o Décimo-Segundo Doctor, Matt Smith, anunciou sua saída da
série e deixou todos os fãs ainda mais ansiosos para o especial de aniversário de cinquenta
anos, episódio cuja regeneração ocorreria. Como um Time Lord só pode se regenerar onze
vezes, muitos amantes da série estão preocupados com a possibilidade do término da série
mediante à saída de Matt Smith e à chegada do ‘novo’ Doctor que, em agosto de 2013, foi
anunciado que será interpretado pelo ator Peter Capaldi. Contudo, alguns ainda têm a
esperança de que os produtores criarão algum fato novo que possibilitará mais regenerações.
Tal preocupação por parte dos telespectadores nos leva a uma nova reflexão a respeito
da existência dessa série ao longo de tantos anos.
21
2.2.2. COMPANIONS
“The first nineteen years of my life, nothing happened. And then I met a man called the Doctor” 6
Rose Tyler
No contexto de Doctor Who, o termo companion, que em português se refere a algo
similar a “companheira”, diz respeito aquelas pessoas que acompanham o Doctor em suas
viagens e aventuras. Em sua maioria, as companions do Doctor são mulheres jovens e
atraentes, salvo algumas exceções como Rory Williams e Brigadier Lethbridge-Stewart, mais
conhecido como “the Brigadier”.
Ao longo dos cinquenta anos de exibição, a série já contou com a participação de
mais de 35 atores para interpretar tais companions.
2.2.2.1.
SUSAN FOREMAN
“One day, we’ll know all the mysteries of the skies...and we’ll tops our wondering” 7
Susan Foreman
Susan Foreman, interpretada pela atriz Carole Ann Ford, era a neta do Doctor e o
acompanhou durante a primeira temporada e os dois primeiros arcos da segunda, no período
de 1963 a 1964. Assim como o Doctor, ela é uma Time Lady que, para os padrões humanos,
aparenta ter por volta de quinze anos de idade. Seu verdadeiro nome em gallyfreyan é
Arkytior cujo significado é Rose. Tal nome serviu de inspiração para batizar a companion do
nono e décimo Doctor (Christopher Eccleston e David Tennant, respectivamente).
6
Nos primeiros dezenove anos da minha vida, nada aconteceu. Então eu conheci um homem chamado Doctor.
(tradução livre)
7
Um dia, conheceremos todos os mistérios dos céus...e iremos parar nossas indagações. (tradução livre)
22
A primeira aparição de Susan já se dá no primeiro episódio, An Unearthly Child,
quando seus professores Barbara e Ian, que lecionam no colégio Coal Hill School, estão
comentando sobre como a garota é extremamente inteligente para alguém de sua idade.
Chegam até a usar a palavra “gênio” e como o próprio Ian disse “Nós temos uma garota de
quinze anos que é absolutamente brilhante em algumas coisas e extremamente ruim em
outras” (tradução livre)8 se referindo às atitudes que uma garota “normal” de quinze anos não
deveria ter. Barbara então relata ao seu colega a sugestão dada a Susan de que ela deveria se
especializar em sua matéria, já que, seu conhecimento em História é excepcional. A
professora sugere que estaria disposta a ajudá-la a estudar em casa, porém, Susan logo rebate
alegando que isso seria impossível pois seu avô não gosta de receber estranhos em sua casa.
Preocupados com as atitudes estranhas e o relativo mal desempenho que a garota
vinha apresentando ultimamente os professores decidem então ir até sua casa para conversar
com o tal avô. Chegando lá, os professores conhecem o mal-humorado Doctor, descobrem
que Susan não é humana (daí o nome do episódio) e que sua “casa’ é na realidade a TARDIS.
Doctor também revela que ele e sua neta foram exilados de seu planeta natal e em sua saída
apressada, acabam por roubar a TARDIS. Resolvem então parar na Terra e enquanto o Doctor
descobria como usar a nave, sua neta frequentava a escola. Por tais motivos, os alienígenas se
instalaram na Terra, mas sempre com a esperança de que um dia voltariam à Gallifrey.
Com medo de que os “visitantes” revelassem o segredo de Susan e Doctor, ele se
recusa a libertá-los e os leva consigo para algumas das aventuras que se seguiram. Por Ian e
Barbara acompanharem o Doctor em várias viagens, muitos os consideram como os primeiros
companions humanos. E assim começa a jornada que rendeu, até agora, cinquenta anos de
história.
Assim como todos os outros companions do Doctor, em algum momento Susan teve
que “partir”. Isso ocorreu no final do arco The Dalek Invasion of Earth, na segunda
temporada, quando ocorreu, como o próprio nome diz, uma invasão dos Daleks à Terra. No
referido arco, Susan conhece David Campbell, um londrino do século XXII, e acaba se
apaixonando por ele. Ela deseja ficar com ele, porém, entende que precisa cuidar de seu avô e
resolve abandonar David. Ao perceber que Susan realmente amava o rapaz, era jovem e tinha
8
“We have a fifteen year-old girl who is absolutely brilliant at some things and excruciatingly bad at others” - Ian
Chesterton em An Unearthly Child, 1962
23
que viver sua própria vida, Doctor, em uma atitude altruísta, a tranca do lado de fora da
TARDIS e parte acompanhado apenas por Ian e Barbara.
Mesmo após a saída de Ford da série, ela voltou a interpretar sua personagem no
especial de vinte anos, The Five Doctors, exibido em 1983 e no de trinta, Dimensions in Time,
transmitido em 1993.
Apesar de sempre nos referirmos a Susan como companion, na época ela não recebia
esta denominação, ela era apenas a neta do Doctor. Com sua partida, o Time Lord sentiu muita
falta de sua neta e decidiu que “precisava” de um companion. A partir daí, o termo foi mais
comumente usado.
2.2.2.2.
DONNA NOBLE
“Oi! Watch it, spaceman!”9
Donna Noble
Donna Noble, interpretada pela atriz Catherine Tate, fez sua primeira aparição na série
em 2007 no Especial de Natal da segunda temporada. Doctor tinha acabado de se despedir de
sua companion anterior, Rose Tyler, e estava lamentando sua partida na TARDIS quando uma
mulher vestida de noiva se materializou dentro da nave. Sem entender os motivos para isso, o
Time Lord a levou de volta para Londres para que ela pudesse se casar, já que Donna tinha
sido teletransportada para a TARDIS enquanto fazia sua grande entrada na igreja. Entretanto,
conseguem apenas chegar na recepção do casamento, onde são novamente atacados por robôs
fantasiados de Papai Noel.
Com o decorrer dos eventos do episódio The Runaway Bride, Doctor, que nesse
período era interpretado por David Tennant, e Donna descobrem que Lance Bennet, seu
noivo, estava “envenenando-a” com partículas líquidas Huon que ele acrescentava
diariamente em seu café. Lance admite que se uniu à Imperatriz dos Racnoss, vilã que estava
por trás de tudo, e seu objetivo era o de usar Donna como uma “chave” para trazer a raça dos
9
Ei! Se liga, homem do espaço! (tradução livre)
24
Racnoss de volta, já que a Imperatriz era a última de sua espécie.Doctor e Donna a impedem
de fazer isso e Lance acaba morrendo no processo.
O episódio termina e se descobre que o motivo de Donna ter “aparecido” na TARDIS
era de que o excesso de partículas Huon em seu corpo a magnetizou, o que a levou até a nave
e a conhecer o Doctor. Ele propõe que Donna o acompanhe em suas viagens, porém ela
recusa dizendo que não aguentaria, psicologicamente, acompanhá-lo.
Passa-se uma temporada e Donna retorna como companion oficial do Doctor no
primeiro episódio, Partners in Crime, da quarta temporada. Ela relata que tentou seguir com
sua vida mas não conseguia sabendo que ele estava vagando pelo universo salvando vidas.
Desde então passou a investigar casos misteriosos, pois sabia que o Doctor estava sempre
envolvido neles, até que um dia finalmente conseguiu alcançar seu objetivo e se reencontrou
como Time Lord nas Indústrias Adipose. Começa então uma nova jornada do Doctor e sua
“nova” companion Donna, já que a anterior, Martha Jones, tinha partido há pouco tempo.
No episódio Journey’s End, uma sequência de eventos ocorre e Donna acaba virando
meio humana, meio Time Lord, ou seja, ela continua tendo anatomia de um ser humano mas
sua mente tem todo o conhecimento de um Time Lord. Como seu cérebro é humano, ele não
aguenta todas as informações contidas neste, logo fica extremamente sobrecarregado. Para
evitar que Donna entre em colapso e morra, Doctor apaga todas as memórias que ela tem
sobre os Time Lord, incluindo ele mesmo. Ele a leva para casa e deixa recomendações para a
mãe e avô de Donna para que eles jamais o mencionem ou algo que a faça lembrar, pois, se
isso acontecer, ela morreria. Donna, então, volta a sua vida normal achando que é uma
simples temporária que não é relevante e não faria a menor diferença a ninguém. Desde o
começo, a companion não se dava o valor que realmente merecia e o Doctor percebe isso
quando entra em sua mente. Portanto, ela segue sua vida sem ter a consciência de que, nas
palavras do Doctor, ela “foi a mulher mais importante em todo o universo”10, já que o salvou
enquanto viajava com ele. Diz também que “eles nunca vão esquecê-la, enquanto ela nunca
poderá se lembrar”11, se referindo a todas as civilizações que salvou.
Dessa maneira, a personagem Donna Noble deixa a série, porém reaparece em alguns
dos episódios seguintes da quarta temporada, sob a ameaça de lembrar tudo. Isso não acontece
e Donna tem seu final feliz ao se casar com Shau Temple
10
11
“They will never forget her, while she can never remember” - Doctor em Journey’s End, 2008
“She was the most important woman in the whole wide universe” - Doctor em Journey’s End, 2008
25
2.2.3. INIMIGOS
“And where would the Doctor be without monsters to fight and evil to vanquish?” 12
Desde o início da série em 1963 o Doctor enfrenta diversos inimigos, sendo que a maioria
deles é alienígena. A série praticamente se baseia no Time Lord salvando diversos mundos e
civilizações desses inimigos que, muitas vezes, querem apenas salvar a própria espécie,
porém, ao fazerem isso precisam destruir outra. Atitude esta que o Doctor não tolera.
Algumas espécies alienígenas aparecem apenas em um episódio, porém, outras
se fazem presentes em vários momentos da série. Desde seu início, Doctor já combateu
diversos inimigos, já que é praticamente um diferente a cada episódio produzido. Porém há
aqueles que aparecem mais de uma vez e, são justamente esses os mais famosos e mais
“perigosos”. Entre eles estão os Daleks, Cybermen, Sontarans, Silence e Master.
2.2.3.1.
DALEKS
“You will be exterminated!” 13
Daleks
Os Daleks são os inimigos mais antigos e temidos do Doctor, tendo aparecido pela
primeira vez no dia vinte e um de dezembro de 1963 na conclusão do episódio The Dead
Planet. Foram criados pelo roteirista Terry Nation e descritos pelo Terceiro Doctor como
“coisas vivas que transbordam ódio” 14 (tradução livre).
Originários do planeta Skaro, são a mutação de uma raça conhecida como
Kaled, que é, inclusive, um anagrama da palavra Dalek. Durante uma guerra entre os Kaleds e
os Thals, o cientista chefe dos Kaleds, Davros, criou os Daleks para acabar com a guerra e
para alcançar seu objetivo de se transformar em um grande ditador de todo o universo. Nessa
12
E o que seria do Doctor sem monstros para combater e o mal para derrotar? (tradução livre)
Você será exterminado! (tradução livre)
14
“Living, bubbling lumps of hate.” – Doctor em Death to the Daleks,1973
13
26
mutação que criou, Davros retirou todas as emoções que um ser vivo pode ter, para que assim
os Daleks se transformassem em uma máquina para matar. Além disso, “acrescentou” nessa
nova espécie o pensamento de que todas as outras raças são inferiores aos Daleks. Quando os
Kaleds refutaram a nova criação de Davros, ele, como vingança, revelou aos Thals a melhor
maneira de matar todos de sua espécie. A salvo em uma espécie de abrigo, Davros liberta os
Daleks para o universo, que logo em seguida se viram contra seu criador e o abandonam para
morrer em Skaro.
Figura 2: Davros (à esquerda) e a espécie que criou, os Daleks (à direita).
Fonte: http://www.fanpop.com/clubs/doctor-who/images/1595650/title/davros-hd-photoe
http://openbytes.wordpress.com/2010/01/17/if-microsoft-cant-charge-for-it-you-dont-get-it-bbc-iplayer-xmaswoe/, respectivamente
(Acesso em 02 de novembro de 2013)
Apesar de comemorarmos o aniversário de cinquenta anos da série no final de
2013, pode-se dizer que também comemoramos o “nascimento” dos Daleks, mesmo estes
terem aparecido na televisão britânica cinco semanas após a estréia oficial série. De acordo
com Dave Thompson, a série Doctor Who não teria sobrevivido cinquenta anos sem o
aparecimento dos Daleks. Tal raça alienígena atraiu tanta atenção por parte do público que o
plano inicial da BBC de exibir os Daleks apenas uma vez foi cancelado e, hoje tais criaturas
27
são os inimigos mais temidos do Doctor. Não são apenas os mais temidos, mas como também
são a mais antiga raça fictícia de alienígenas “viva” até os dias de hoje.
Através da média de audiência registrada, é possível notar que os Daleks representam
uma grande parte do motivo pela série estar viva até hoje. De acordo com o site ‘Plano
Crítico’, no primeiro arco An Unearthly Child registrou-se uma média de audiência de 5,9
milhões, enquanto que no segundo arco, The Daleks, uma média de 8,9 foi registrada, de
acordo com o site ‘Universo Who’. Foi neste segundo arco da primeira temporada que o
inimigo mortal do Doctor foi às telas pela primeira vez e rendeu à BBC um número maior que
o esperado de espectadores. Isso se repete quando, em 1964, exibe-se a segunda temporada da
série e, no nono arco Planet of Giants, marca-se uma média de 8,5 milhões de espectadores.
No arco seguinte, The Dalek Invasion of Earth, quando os Daleks aparecem pela segunda vez,
registra-se uma média de 11,9 milhões.
É possível notar um padrão quando os Daleks retornam no arco de número dezesseis,
The Chase, e, novamente, o número de espectadores aumenta. Apesar do aumento que
ocorreu desta vez não ter sido tão significativo quanto antes, já que, aumentou-se apenas
duzentos mil em comparação ao arco anterior, os Daleks atraíram mais público para a série.
28
3. CONCLUSÃO
“The distinction between past, present and future is only an illusion, however persistent”15
Albert Einstein
Acreditamos que o sucesso da série e a sua permanência na TV até os dias de hoje se
deve primordialmente ao fato dos escritores de Doctor Who serem profundos conhecedores da
humanidade, já que respeitam e procuram sempre seguir as expectativas humanas em relação
ao futuro, em diferentes gerações.
O passado são fatos conhecidos por todos que ocorreram em certo momento da
história do homem, ao passo que o futuro é algo totalmente desconhecido. Ao ligar esses dois
tempos tão distantes, Doctor Who consegue, no momento presente em que está sendo
transmitido, projetar as expectativas de seu público nesse remoto tempo do futuro. Porém, tais
expectativas, com o passar do tempo, vão se modificando dependendo do momento em que se
está. Em 1963, na época em que começou a ser transmitida, seria totalmente plausível criar-se
a expectativa de que no futuro houvesse grandes avanços na área da tecnologia da informação
ou até mesmo da comunicação, como a existência da internet ou a de smartphones, por
exemplo. Imaginar tais acontecimentos seria ‘pura ficção’, ao passo que nos dias de hoje essas
ocorrências já são fatos que pertencem à ’pura realidade’.
Os episódios que envolvem a História nos fazem refletir e é possível chegar à
conclusão de que a compreensão do futuro está diretamente ligada ao nosso conhecimento do
passado, já que as experiências já vividas nos ensinam e nos norteiam para um melhor
desempenho tanto no presente como no futuro.
Ao criar um link no presente entre o passado e o futuro, Doctor Who vai ao cerne da
questão respeitando a evolução dos tempos e dos fatos, conhecendo e buscando as
expectativas das várias gerações por que passou. Mostra-se conhecedor profundo de seu
público alvo do momento, tratando dos problemas da humanidade e de sua esperança por
tempos melhores.
15
A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão, porém persistente. (tradução livre)
29
Logo, ao lidar com essa fórmula que mistura três tempos tão significativos para o
homem e tecer entre eles uma trama tão delicada que envolve a realidade, as emoções
humanas e a imaginação, tal série torna-se, a nosso ver, uma fonte de atração inteligente e
envolvente, ao passo que possui como telespectadores um público que engloba todas as
idades. Público este que se sente hipnotizado ao ser completamente envolvido pelo enredo
construído cuidadosamente pelos personagens.
Doctor Who é considerada um marco da cultura popular britânica, pois atualmente é a
série responsável por promover a TV britânica mundo afora, além de influenciar gerações de
profissionais da televisão, os quais possivelmente cresceram assistindo a série.
Talvez por todas essas razões tal série tenha durado tanto tempo (completará 50 anos
de vida em 2013), o que garantiu sua inclusão no Guinness Book com o recorde de série de
ficção científica mais longa de todos os tempos.
Acreditamos que Doctor Who possui certo valor literário, já que consegue levar seu
telespectador a pensar e a questionar os valores humanos, trazendo-o para a realidade presente
através da exposição do futuro; o que proporciona um crescimento interior à medida que
promove uma visão diferenciada dos fatos. Além disso, diferente de outros programas, brinca
com a fantasia e a realidade, aproximando uma da outra, o que cria um forte vínculo com seu
telespectador que se torna fiel a seus episódios. Esse vínculo se fortalece ainda mais quando
algo novo sobre o Doctor e sua vida é revelado e, apesar de novo, faz referência a algum
episódio anterior. Os fãs de Doctor Who espalhados pelo mundo todo estão esperando
ansiosamente pela estreia do especial de aniversário de cinquenta anos justamente por esse
motivo. Ele revelará fatos e acontecimentos a respeito do Doctor e seu passado os quais foram
mantidos em segredo todo esse tempo. Espera-se a revelação desses segredos para que assim
o público consiga relacionar esses fatos novos com todos os outros que foram revelados aos
poucos ao longo de cinquenta anos.Dessa maneira, a série consegue fazer com que seu
público se mantenha fiel e, não é à toa, que durou meio século.
Acompanhar tal série significa conhecer o desconhecido, experimentar o que nunca foi
experimentado, despertar aquilo que ainda dorme dentro de si. É permitir que seu pensamento
voe livre por todos os lugares, por todas as culturas, por todos os tempos, além dos mais
distantes horizontes.
30
4. ANEXO
Figura 3: relógio representando o rosto dos 12 Doctors que fizeram e ainda farão, no caso do décimo
segundo, parte da série.
Fonte: http://www.pinterest.com/pin/555139091538807102/ (acesso em 07 nov. 2013)
31
5. REFERÊNCIAS
LIVROS
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Time Lord in the universe). Applause Theatre and Cinema Books, 2013. 338.
LEAL FILHO, Laurindo. O Modelo Britânico de Rádio e Televisão: a convivência
entre o público e o privado. São Paulo: USP/ECA, 1996. 167.
TULLOCH, John; JENKINS, Henry. Science fiction Audiences: watching Doctor
Who and Star Trek. New York: Routledge, 1995. 308.
RATCLIFFE, Susan. Dictionary of Quotations by Subject. 2ª edição, Great Britain:
Oxford University Press, 2000. 574.
SITES
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