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REVISTA SEMANAL 22 a 28/março/2014 - ANO 17 - Nº 883 - R$ 5,00 - www.brasiliaemdia.com.br À moda russa conversa com o leitor O tempo encurtou. Bem o sabemos. O tempo encurtou ao ponto de nos esquecermos da validade de um bom transporte público na capital federal. Não só com ônibus, mas com um outro meio cuja urgência clama por soluções imediatas: metrô na Asa Norte. Estamos falando da capital do Brasil. Estamos falando do modelo no qual deveriam se inspirar todos os municípios deste país, mas, que infelizmente, em se tratando de transporte público, precisa de projetos tanto quanto. As pessoas acostumam-se então a comprarem seus carros – um para cada membro da família –, que seguem para pontos diversos da cidade. A média chega a um carro para cada quatro pessoas. O tempo nas ruas dobra, triplica, mas os cidadãos continuam comprando seus carros. Se por um lado isso denota a evolução das condições financeiras do brasileiro, por outro apresenta um cenário carente de medidas alternativas para se diminuir o fluxo no trânsito. Fundadora: SOCORRO LEITÃO FORMIGA 26 de outubro de 1996 MARCONE FORMIGA Editor-Geral AFFONSO HELIODORO Presidente do Conselho Editorial Ilustração: WILLIAM BRUNA SOARES Chefe de Redação Kelen Anselmo Gerente Financeiro Conselheiros: ANCHIETA HÉLCIAS / ALFREDO BRANDÃO / BERNARDO CABRAL / BRASIL HELOU / DJANIRA FIALHO MOREIRA / ERISTON CARTAXO / FERNANDO ANTÔNIO MIRANDA / IVES GANDRA MARTINS / JARBAS PASSARINHO / JOSÉ ALBERTO COUTO MACIEL / JOSÉ MERIDERVAL XAVIER/ JOSÉ FRANCISCO DAS CHAGAS VIANA ROBERTO MACEDO / KARLHEINZ NEUMANN / LUIS CARLOS ALCOFORADO /PAULO CASTELO BRANCO / Ubirajara Formiga / WILLIAM MEDEIROS Colaboradores: CARLOS CHAGAS /CÉSAR FONSECA / CLÁUDIA PEREIRA /DÉRCIO GARCIA MUNHOZ / JOSÉ GUILHERME / KARINA BONER /LEONARDO MOTA NETO / NEY LOPES /PAULO CASTELO BRANCO / REGINA STELLA / WALTER GOMES Correspondentes: ZÉLIA CARDOSO DE MELLO (Nova Iorque) Com quantas pessoas nos comunicamos diariamente para organização de grupos de carona, que lotem cada veículo com quatro pessoas que podem até não se conhecer, mas que estarão indo para o mesmo local? Esta é uma das alternativas mais viáveis com as quais podemos trabalhar, até que tenhamos resolvida a questão do transporte público na capital federal. LAURA BIAGIO (São Paulo) Brasília merece todo o cuidado, todo zelo, de cada um de seus habitantes. Não só no que tange ao fluxo de veículos em suas ruas, mas até mesmo com relação à manutenção de sua estrutura original projetada especialmente na Esplanada dos Ministérios, que pode vir a ter um estacionamento subterrâneo. Se o tempo não desacelerar, a tendência é que isto e muito mais torne-se uma realidade na rotina de todos. Como sabemos que da parte da lei dos relógios não haverá trégua, cabe a nós mesmos nos incluirmos em meio à lista de regras desta dança com habilidade e rapidez. Projeto Gráfico: MONUMENTA Impressão: EDITORA GRÁFICA IPIRANGA Pré-impressão: STUDIO PRODUÇÕES GRÁFICAS ALISSON COSTA Designer Gráfico WELSON SANTOS Logística Apoio: Amanda Bartolomeu / JURACIARA RODRIGUES Setor Hoteleiro Sul Qd. 06 - Conj. A Bl. E Salas 926/927 - Ed. Business Center Park Complexo Brasil 21 - CEP 70.316-000 – Brasília-DF Fone: (61) 3321-7900 - Fax: (61) 3322-5681 E-mail: [email protected] www.brasiliaemdia.com.br Twitter: @BrasiliaEmDia Facebook.com/brasiliaemdia Brasília Em Dia não se responsabiliza por conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas CONFRONTO 12 Crimeia é russa ENERGIA 16 Água e energia em risco AVIAÇÃO 24 Mistério no ar INTERNACIONAL 26 Para que quem não esqueceu E-mail ao editor Escreva para: [email protected] Os criminosos parecem estar governando o País desde que Brasília foi dominada pelo PT. No Rio de Janeiro, nem as UPPs resolveram a questão e são atacadas pelos traficantes. Há uma sucessão de roubos, sequestros, mortes, arrastões, etc. Funcionários públicos e de estatais recebendo propinas, num ritmo crescente; afinal, o exemplo vem de cima. Vê-se na TV que criminosos presos em flagrante levados às delegacias, prestam declarações e são soltos. Há carência de presídios. Lei “di menor” e cumprimento de só 1/6 da pena. No Judiciário, os processos levam anos e muitos prescrevem. No STF, aparelhado pelos políticos, os magistrados exibidos na TV levam horas para dar sua opinião/sentença; isso precisa ser mudado para só duas palavras: culpado ou inocente. Mário A. [email protected] Dona Dilma disse que iria fazer o diabo para ganhar a eleição. Seu vaticínio começou, ela esticou a corda para o Congresso, ajoelhou-se diante do blocão e satisfez a fome voraz dos seus aliados. Não existe almoço grátis, muito menos em Brasília. O custo Brasil está um caos. O aumento da energia elétrica ficou para 2015. Após as eleições tudo pode acontecer: o aumento dos combustíveis, o aumento da inflação, o aumento de impostos, o desemprego e a crise social. O ano de 2015 promete grandes e importantes mudanças. Se para melhor ou pior, vai depender do voto do cidadão. Izabel Avallone [email protected] A Polícia Federal não descansa! Só nos últimos dias, tivemos notícias de que investiga cartel dos trens que também atuou na área federal – em Belo Horizonte e Porto Alegre – além de apurarem ações suspeitas na Petrobras. O recebimento de propina por funcionários da empresa vinda da fornecedora holandesa e o caso da compra da refinaria americana Pasadena, sem pé nem cabeça, causando prejuízo enorme, e mais um expediente de muitos que não citarei pois a lista é extensa, volta à tona o caso Rosemary Noronha, amiga “íntima” de Lula, denunciada por tráfico de influência, comércio de pareceres emitidos por agências reguladoras, mais formação de quadrilha. Tem Polícia Federal para investigar tantas falcatruas do PT? Só espero que não sejam julgados pelo STF, pois, com a maioria de circunstâncias lá formada, como acusou Joaquim Barbosa em um de seus mais brilhantes momentos de heroísmo, a tendência é todos ligados ao poder petista serem absolvidos. Myrian Macedo [email protected] Os principais jornais do Brasil têm um time de colunistas extremamente preparados. Muitos deles são expoentes em suas áreas de atuação. Assuntos como Economia e Política, entre outros, 4 www.brasiliaemdia.com.br são dissecados e as opiniões expostas com tanta clareza que programas de governo poderiam ser tranquilamente formados a partir de suas opiniões. Com menos espaço, vimos também leitores expondo suas idéias. As autoridades dos três poderes, porém, ignoram solenemente as criticas e sugestões. Favorável a eles aparecem esporadicamente uma ou outra opinião, porém a fraqueza dos argumentos não resiste à uma análise mais rigorosa. Isto me leva a crer que o que interessa aos governantes é o voto dos analfabetos e dos que dependem de seus programas sociais. Seus orçamentos domésticos não permitem que comprem jornais e quando têm acesso a qualquer periódico, o usam para embrulhar lixo ou dejetos pessoais. Este processo faz parte do jogo do governo para “cubanizar” ou “bolivarizar” o pais. É lamentável. Paulo Henrique C. de Oliveira [email protected] A palhaçada da propaganda oficial se revela a cada dia. Exemplo perfeito é a anunciada pacificação dos morros cariocas, aliás, as favelas, que carinhosamente a mídia oficial chama de comunidades. São o berço e o quartel dos traficantes de drogas e armas, os agentes dos crimes, incêndios a ônibus e arrastões pelas praias cariocas e dizem, mídias e governo, que foram pacificadas! Tal pacificação resulta em mortes semanais de policiais em serviço, pobres condenados que sobem os morros, entram nas favelas, acreditando que aqueles antros estejam de fato “pacificados”. Palhaçada. E, novamente, com palco no nosso Rio, cidade maravilhosa e palco do auge do crime no país. Pobres coitados que pensaram que o BOPE do cinema lhes garantiria sobrevivência. Qual nada, as armas que ali estão “pacificadas” fazem inveja a qualquer armada americana de última geração e o pobre brasileiro pensa que as tais comunidades ficaram de uma hora para outra pacificadas. Pobre policia, pobre Rio e pobre Brasil. Ronaldo Parisi [email protected] Conforme noticiado, a abertura da Copa do Mundo não terá discursos da presidente Dilma Rousseff e nem do presidente da Fifa, Joseph Blatter, para evitar que os dois sejam vaiados, como aconteceu durante a Copa das Confederações em junho 2013. Para os brasileiros que acham que a Fifa interfere nos problemas internos do país, sempre é bom lembrar que não foi a Fifa que pediu ao Brasil para sediar a Copa. E mais: as exigências da Fifa sobre os estádios, bem como a melhoria na infraestrutura das cidades-sede, são normas da entidade que foram aplicadas em todos os países onde esse evento esportivo foi realizado. O Brasil estava bem ciente disso em outubro de 2007 quando apresentou a proposta à Fifa . Edgar Gobbi [email protected] entrevista Alberto Alves de Faria O impasse da preservação Por Bruna Soares A cada ano que passa, assistimos ao monstruoso crescimento de Brasília, que tem sofrido alterações em seu plano original e alimentado insatisfações em muitos cidadãos. O projeto da construção de um estacionamento subterrâneo na Esplanada dos Ministérios trouxe à tona mais uma discussão que permeia o desafio de preservar a cidade em meio às demandas de um tráfego de veículos que caminha para o caos. O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal, Alberto Alves de Faria, esclarece para o leitor quais são os principais posicionamentos dos arquitetos da capital com relação à proposta do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) que voltou a ser discutida em meio à críticas e contradições. Ele afirma que Brasília deverá inevitavelmente sofrer mudanças, mas que antes de dar importância a quais serão elas, deve se considerar muito bem os locais onde serão aplicadas. 22 a 28 de março de 2014 Se quisermos sair da UnB e pegar um ônibus para o Plano Piloto, não acharemos uma parada adequada, uma informação sobre a linha que passará, nem o horário. Isto mostra o nível do descaso com o transporte na capital federal - O que acha da proposta de um estacionamento subterrâneo na Esplanada dos Ministérios? - Hoje temos um modelo na capital que é muito baseado no transporte individual. Tivemos um desenvolvimento nas cidades brasileiras que privilegiou este tipo de transporte e, quando Lúcio Costa escreve o Plano Piloto em 57, 56, ele já fala numa escala rodoviária. Quando ele propõe todas aquelas tesourinhas, passagens de níveis, ele apresentou toda uma crítica contra os sistemas viários das cidades tradicionais, que já não permitia o livre trânsito dos automóveis. A expectativa era que com isso pudéssemos ter um sistema viário adequado, fluído. Afinal, havia também a ideia de que Brasília nunca precisaria ter sinal e assim o trânsito poderia fluir. Este modelo, ao longo dos últimos cinquenta anos, foi se aprofundando e, paralelamente, nossos governantes não trabalharam em investimentos no transporte coletivo. - Quais acredita que tenham sido as consequências disso? - Enquanto os países mais avançados procuraram trabalhar com diversos modais de transporte, como passagens de trens, bondes, ônibus e vans que desestimulam o transporte individual, o Brasil e, particularmente Brasília, ficaram defasados. Os órgãos técnicos que deveriam trabalhar com isso acabaram não produzindo estes estudos e tiveram suas funções diminuídas em sua importância, como é o caso do DETRAN, do Departamento Metropolitano de Transportes Urbanos. Ou seja, em Brasília a gente perdeu esta oportunidade e tivemos esse acréscimo impressionante de veículos em uma cidade que estava planejada para uma determinada situação, que hoje se vê com problemas sérios de estacionamentos, sem nenhuma solução racional. - Quais seriam as soluções? - Primeiro, obviamente, é procurarmos fazer com que o transporte coletivo funcione com segurança, tranquilidade e condições para chegar aos locais. Se quisermos sair da UnB e pegar um ônibus para o Plano Piloto, não acharemos uma parada adequada, uma informação sobre a linha que passará, nem o horário. Isto mostra o nível do descaso com o transporte na capital federal. Simplesmente falar que o transporte coletivo vai diminuir o individual também é um discurso um pouco hipócrita porque 6 www.brasiliaemdia.com.br isto não acontece no mundo inteiro. A própria cidade de Paris fechou o centro e deu transporte gratuito para todos. Estamos falando de uma cidade que tem uma rede que atende uma população superior. Aqui no DF assistimos aos moradores queimando os ônibus, diante do descaso com que são tratados. Nos últimos anos, o transporte coletivo ficou nas mãos de pessoas que não tinham o menor compromisso além do compromisso com o lucro. Essas medidas com mais vagas na Esplanada não são novas. Já existiram estudos mais contextualizados que propuseram que ao lado da plataforma rodoviária, onde temos o cruzamento dos Eixos, fossem construídas garagens na parte de baixo. Ali é todo um local vazio, que não tem terra. Seria uma possibilidade para quase quatro andares que poderiam servir de garagens. - Há outros locais onde também poderiam ser construídas mais garagens? - Nas vias N1 e S1 também há desníveis que poderiam abrigar garagens. Há discursos e há uma necessidade de se ofertar vagas. A discussão que fazemos é de que na posição prevista na Esplanada, onde está sendo colocada a ideia, poderá causar um acréscimo de trânsito e de comprometimento da qualidade muito maior do que se for colocada nestes lugares. Temos um entendimento de que o local não é adequado, pois contribuirá para um fluxo ainda maior, fazendo com que tenhamos em Brasília uma coisa que eu acho muito ruim: colocar as pessoas em subsolos, locais que requerem um sistema de ventilação e iluminação que certamente serão serviços pagos. O questionamento não é com relação à oferta de vagas. - Com o que seria? - O sistema de transportes coletivos precisa mudar urgentemente. Sem isso teremos cada vez mais pessoas procurando carros e se desenvolvendo um sistema que é absurdo. Para se ter uma ideia, cada vaga de estacionamento tem mais ou menos 25 metros quadrados. Imagine se cada um nós que ocupamos 1 metro quadrado precisaremos andar com 25 nas costas para poder parar um carro? Não há cidade, não há espaço físico que comporte isso. Nós fizemos um estudo no Campus universitário que analisou que se fôssemos atender à toda demanda no terreno do Campus, não haveria espaço suficiente. As alternati- vas passam por mais ofertas de vagas, por estacionamentos rotativos, que desestimulem o transporte individual. Há que se desestimular e alterar este sistema. - Mas haveria uma diminuição do tráfego no Eixo Monumental... - Exatamente, mas seria transferido um tráfego da parte superior para a parte inferior, com mais necessidade de sistemas de ventilação, iluminação e segurança. Imagine o mesmo fluxo que existe hoje nos horários de pico no subsolo, com emissão de gases, entre outros problemas. Entendemos que existem outras áreas que poderiam receber estas vagas e ter melhores condições de ventilação e abertura que são as encostas, laterais, das vias N1 e S1, por exemplo. - Será um serviço oferecido para o servidor do governo ou para o cidadão? - Não é algo para o povo, mas de qualquer maneira é preciso, sim, ofertar as vagas de uma forma adequada. Nós não achamos que aquele local seja o adequado, mas estacionamentos rotativos, transportes públicos gratuitos, poderiam ser estimulados. Teremos que chegar a estas condições porque o Plano Piloto tem 300 mil habitantes que dormem nele, enquanto que os que amanhecem são 800 mil. Há uma diferença grande nisso, o que também requer uma descompressão de atividades. - O PPCub não deveria preservar ao invés de modificar? - Uma cidade é uma organização social dinâmica. As cidades precisam mudar e vão mudar. Não podemos ter a percepção de que algum planejamento vai permanecer assim para sempre, estático. Do relatório do Lúcio Costa para a inauguração em 1960 houve várias mudanças e ajustes necessários para se fazer as mudanças que temos aqui. Mas o que o Plano não pode realmente perder de vista é justamente esta palavra: preservação. Existe uma conceituação básica deste Plano que deve permanecer como exemplo para as gerações que virão, mas também desenvolvimentos mais intensos que virão a acontecer fora deste Plano. Este é o principal ponto de discussão que temos no Conplan (Conselho de Planejamento Urbano e Territorial). Há uma percepção de que haviam várias medidas que criariam mais áreas dentro do Plano Piloto, fazendo com que os prédios ficassem mais altos, mais com- pactos. O plano original de Águas Claras, por exemplo, era um plano para dois andares e uma determinada população. Sem nenhuma preocupação maior que não fosse meramente o lucro e o aumento do potencial de venda dos terrenos, foram liberados prédios de 30 andares com a mesma rua, a mesma capacidade de garagem, duplicou-se, triplicou-se a população. O foco que temos colocado é exatamente não perder de vista este cuidado porque é como se estivéssemos em Ouro Preto, uma cidade que é Patrimônio. Se começarmos a mudar, a descaracterizar, perderemos muito do benefício que Brasília tem por ser Patrimônio, imagem reconhecida de turismo, entre vários outros fatores que são positivos para nós. - O tombamento neste caso estaria em risco? - O tombamento não estaria em risco, mas a população de Brasília e os dirigentes podem contribuir para uma descaracterização do que foi tombado e isso sim será um risco. Nós já tivemos discussões duras sobre sétimo andar, ocupação de pilotis... Todas discussões que a longo prazo descaracterizam a cidade. Afinal, Brasília é o que Lúcio Costa queria: algo que não se encontra em outros lugares, um exemplo muito representativo do urbanismo do século 20. Há, portanto, características que podem, sim, ser colocadas em risco se forem permitidos prédios mais altos, maior ocupação de pessoas e de veículos. A descaracterização daquela praça em frente ao gramado, que é um espaço que foi colocado para se ter uma percepção do governo federal, dos Ministérios, do Congresso, dos Três Poderes, da Catedral, deve ficar congelado, mantido e preservado para que outras gerações possam reconhecer aquilo como um esforço cultural brasileiro de uma geração que construiu uma cidade no meio do país. - Devemos evitar uma privatização? - Não acredito que o PPCub queira privatizar, até porque esta privatização acontece de várias maneiras. Por exemplo, um morador que cerca pilotis de um bloco para fazer uma garagem é privatização. O compartilhamento de espaços públicos é também perceber que estes espaços não são para apropriação. Ainda estamos num processo e o que se percebe é que em determinadas situações, as propostas do PPCub favoreciam a valorização arti- ficial da terra para beneficiar poucos. As propostas, por exemplo, de se transformar os lotes das escolas em lotes comerciais, enchendo o local com shoppings centers e centrinhos comerciais, descaracterizaria totalmente o Plano Piloto porque um lote comercial gera um movimento diferente, pessoas diferentes, uma vida diferente do que na escola. Vamos trabalhar com o potencial que a cidade tem e não descaracterizá-la aos pouquinhos. A quadra 901 na Asa Sul tem patamar baixo. Na Asa Norte a ideia era pegar as quadra e mudá-las de 18 metros de altura para 60. Ou seja, vai se descaracterizando, descompensando, tornando desigual aquilo que o Plano queria que fosse igual. O conceito de privatizar é mais amplo do que se imagina. - Há muitas pessoas que são contra quaisquer mudanças em Brasília. O que fazer? - Toda a cidade tem que mudar. Não é possível acharmos que aquela área que vai do Memorial JK até a Rodoferroviária tem que ser um gramado, uma coisa aban22 a 28 de março de 2014 7 donada como está hoje. A cidade ainda precisa de museus, de centros culturais. O próprio Memorial JK é um centro cultural e é uma referência. Então, aquela região é propícia para isso e o PPCub propôs para ela um determinado uso. Para museus, cultura, e não para um shopping center. Isso é uma discussão diferente. A ocupação tem que se dar dentro daquilo que ajuda a preservar. - Qual é a importância da atuação do PPCub? - Um dos compromissos que o governo tem com a Unesco é o de apresentar as medidas efetivas que são tomadas para preservação. Essas medidas não podem ser aleatórias e têm que estar articuladas dentro de um conjunto. Este conjunto passa por uma visão do todo. O PPCub é uma obrigação legal, institucional e é necessário para que percebamos o limite, a percepção do todo que é criado no Plano. Às vezes circulo por algumas cidades, acabo dando algumas palestras, e observo que há uma dispersão espacial forte em Brasília com pessoas que moram em Taguatinga, Ceilândia e Samambaia que nunca vieram para o Plano Piloto. Não podemos permitir que pessoas do Distrito Federal não se reconheçam como seus membros e responsáveis por ele. As cidades foram crescendo e desenvolvendo sua autonomia, sua característica cultural. Acho que não são mais cidades satélites e sim cidades. Mas não podem ficar tão isoladas como se aqui fosse algo tão distante para onde as pessoas não possam vir. - Quais são suas expectativas quanto à questão do estacionamento subterrâ- 8 www.brasiliaemdia.com.br Para se ter uma ideia, cada vaga de estacionamento tem mais ou menos 25 metros quadrados. Imagine se cada um nós que ocupamos 1 metro quadrado precisaremos andar com 25 nas costas para poder parar um carro? Não há cidade, não há espaço físico que comporte isso neo e qual é o posicionamento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo? - O Conselho tem o posicionamento a favor de uma discussão mais ampla do PPCub para que nesta discussão enxerguemos a possibilidade de um consenso maior. Temos a posição de que os estudos técnicos que subsidiam o plano devem ser mais transparentes, divulgados e debatidos de forma mais ampla. No caso desta garagem, pensamos que existem outras alternativas mais adequadas. Defendemos que estes estudos possam ser mais debatidos para que mais contribuições possam ser feitas para que, de fato, este diálogo que o Conplan e o Conselho permitem possa resultar num produto maior. O PPCub ainda vai à Câmara Legislativa, mas a expectativa que temos é a de que ele abandone muitas das propostas que visam somente uma expansão de terra, um adensamento do plano, a criação de mais áreas e que reflita mais o conceito de preservação. - Brasília terá que se adaptar às mudanças? - Este congelamento é uma ideia contrária à proposta do tombamento. Vemos cidades que têm elementos tombados com dinâmicas próprias. O que se pretende não é impedir o desenvolvimento, mas mantê-lo dentro dos limites que foram pensados para que, a partir do esgotamento deste limite, o desenvolvimento possa acontecer de forma mais harmônica. A população tem que atuar. Não podemos deixar que decisões importantes sejam tomadas sem que todos avaliem as consequências. Precisamos ordenar o território. Afinal, já perdemos mais de 50% da vegetação do cerrado. - Qual é o conselho para o arquiteto que quer manter a estrutura original de Brasília? - Esta questão de manter a visão original de Brasília deve também nos levar a focar os conceitos mais importantes que temos e trabalhar com alternativas para uma maior valorização dos espaços. As escalas, por exemplo. O prédio está no meio do verde. Isto é o que mundo inteiro quer hoje. Ninguém quer mais cidades como São Paulo. Isso precisa ter um bom sistema de calçadas, de ciclovias, de segurança, pois quando uma região assim é mal cuidada há um impedimento para que as pessoas a utilizem. O sistema de valorização da área verde e dos espaços públicos ainda é um bom desafio para o arquiteto de hoje. Como faço uma calçada boa para ir do Hotel Nacional ao Teatro Nacional? Sabemos que é descendo pelo meio do Conic, passando por locais sem a menor percepção de praticidade. Então há ainda muitos casos que merecem soluções produtivas. - Qual é a principal missão do Conselho para este ano? - O Conselho é uma autarquia federal e tem alguns limites específicos de atuação porque é um órgão regulamentado por uma lei. É possível termos mais arquitetos trabalhando junto aos moradores que precisam. Procuramos então levar a atividade do Conselho para os condomínios, para os edifícios, fazendo trabalhos de orientação, de informação, mostrando que a função de arquiteto não é elitista. Trabalhamos com a Câmara Legislativa para a instituição de um programa chamado Arquitetura Pública, que é um modelo com o qual pretendemos ofertar assistência técnica a moradores que não têm condições de entrar em contato com o arquiteto. Assim, ele terá no fim um bom produto, que é a habitação dele, com mais qualidade. Esta é uma das nossas principais metas para este ano. ÀS PORTAS DA DESAGREGAÇÃO FINAL Trata-se de um fenômeno novo em nossa realidade, iniciado em junho do ano passado com as primeiras manifestações populares de protesto e multiplicado até hoje, trazendo em seu bojo excessos, violências e confronto entre o cidadão comum e a autoridade pública O Comentarista do SBT e Rádio Jovem Pan, coluna publicada em 25 jornais, membro da ABI, foi diretor do jornal Estado de São Paulo, de 1972 a 1988, também foi Secretário de Imprensa da Presidência da República, no governo Costa e Silva, em 1969 e conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1970. [email protected] 10 www.brasiliaemdia.com.br país parece haver chegado ao limite. Não há uma cidade, uma região ou um estado onde a população tenha deixado de manifestar sua indignação diante da má prestação de serviços públicos, de episódios de violência policial contra pessoas, de corrupção envolvendo recursos públicos ou atividades privadas e até de deficiência no funcionamento das instituições nacionais. Trata-se de um fenômeno novo em nossa realidade, iniciado em junho do ano passado com as primeiras manifestações populares de protesto e multiplicado até hoje, trazendo em seu bojo excessos, violências e confronto entre o cidadão comum e a autoridade pública. Tornou-se rotina assistir o povo ir para a rua, interromper o tráfego, erigir barricadas, queimar lixo, pneus e material de toda espécie, protestando porque uma bala perdida tirou a vida de um inocente, uma patrulha policial exorbitou de suas obrigações, uma determinada linha de ônibus ou um trecho do metrô não funcionou. Ou uma quadrilha apropriou-se de seus direitos elementares. Em ritmo maior ou menor, segmentos cada vez maiores impõem sua resistência diante da má qualidade das obrigações que o Estado última hora deveria prestar às custas de extorsivos impostos e taxas cobrados em ritmo sempre maior. Claro que em meio a essas manifestações infiltram-se bandidos empenhados em depredar, invadir e até matar. Para não falar que o crime organizado aproveitase de cada episódio para tirar partido da impotência do poder público em garantir a lei e a ordem, ampliando sua ação perversa e deletéria. SENTIMENTO DO BASTA Do que se fala hoje é da evidência de um sentimento de basta, de chega, levado dos corações de cada um para a explosão de todos. Tome-se Brasília, nas duas últimas semanas. Rodovias interrompidas, ônibus saqueados e incendiados, trabalhadores impedidos de locomover-se, famílias obrigadas a refugiar-se, autoridades públicas desmoralizadas e sitiadas em locais onde seu resgate torna-se mais humilhante do que a impotência demonstrada em manter a lei e a ordem. A hora é do “cada um por si”, diante da falência do poder público. Indaga-se onde tudo isso vai dar. A resposta surge clara: no caos. Na impossibilidade de continuar indefinidamente o processo de desagregação social corroendo os princípios básicos da convivência civilizada. Em pleno Século XXI retornamos à barbárie, da qual escapam apenas os privilegiados, por ironia os maiores responsáveis pela débâcle que nos assola. Até justiça pelas próprias mãos começou a ser feita pelos incapazes de conter a própria indignação. Devem tomar cuidado os chamados poderes constituídos, em pleno processo de desagregação. Já não conseguem mais preservar a autoridade, sequer os locais onde se encastelam. Não é de hoje que as multidões tentam invadir os palácios, depois de haver tomado conta das ruas. O pior é que agem assim sem ideologia, sem partidos políticos, muito menos sem planos, propostas e programas definidos. São impulsionadas pelo descrédito no que existe à sua volta e pelo desespero de não poder erigir alternativas. Não demora chegará a desagregação final. HIPÓTESE ESDRÚXULA Uma vez ou outra aparecem na política especulações inviáveis. Uma delas, desta semana, é de que Aécio Neves gostaria de ter Fernando Henrique Cardoso como seu companheiro de chapa. Seria a unidade tucana entre Minas e São Paulo. Comenta-se que o ex-presidente teria dado seu aval. Aqui para nós, dois galos num terreiro só fariam o horror das galinhas. Dilma venceria no 1º turno, indica pesquisa Ibope Pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira atribui 40% das intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff se a eleição presidencial fosse hoje. O segundo colocado é o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que aparece com 13%, e o terceiro, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 6%. Pastor Everaldo (PSC) registrou 3% e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL), 1%. Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB) não pontuaram. Nesse cenário, o mais provável, Dilma venceria no primeiro turno porque a soma das intenções de voto dos adversários não supera o percentual que ela obteve. A pesquisa indica que 12% dos entrevistados não responderam ou não sabem em quem vão votar. Os que disseram que votarão em branco ou nulo somaram 24%. Os candidatos que disputarão a eleição serão oficialmente conhecidos em junho, quando os partidos terão de realizar convenções para definição dos nomes. O Ibope ouviu 2.002 eleitores entre 13 e 17 de março. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Juíza concede liberdade provisória a policiais O laudo do IML indicou que a causa da morte de Claudia Silva Ferreira foi o tiro que atingiu o tórax dela. A juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar, concedeu liberdade provisória e mandou expedir o alvará de soltura dos três policiais militares que estavam no carro que arrastou Cláudia Silva Ferreira. A decisão da juíza acolheu pedido do Ministério Público, que na noite de quarta-feira pediu a libertação dos PMs. Os subtenentes Rodney Miguel Archanjo e Adir Serrano Machado e o sargento Alex Sandro da Silva Alves estão presos na penitenciária Bangu 8, na Zona Oeste do Rio. Eles socorreram a auxiliar de serviços gerais após ela ter sido baleada em um tiroteio entre PMs e traficantes no morro da Congonha, em Madureira, na Zona Norte, no último domingo. Cláudia foi colocada no porta-malas do carro e foi arrastada por 250 metros quando o compartimento se abriu. Ex-presidente da Petrobras contradiz Dilma O ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, afirmou que a cláusula que obrigou a estatal a comprar por um alto valor uma refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é comum em aquisição de empresas. Gabrielli estava à frente da petroleira quando as negociações para a compra da refinaria, iniciadas em 2006, ocorreram. A presidente Dilma, que na época presidia o conselho da Petrobras, divulgou nota dizendo que aprovou o negócio com base em um relatório “falho”, que omitia essa cláusula. A operação é investigada no Tribunal de Contas da União (TCU), na Polícia Federal e no Ministério Público, por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. Na nota, Dilma fez referência à cláusula chamada de Put Option, que determinava que, em caso de desacordo entre os sócios, a outra parte seria obrigada a adquirir o restante das ações. Foi o que aconteceu entre a Petrobras e a belga Astra Oil. A Astra Oil comprou a refinaria de Pasadena em 2005, por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, a estatal brasileira decidiu adquirir 50% da refinaria ao custo de US$ 360 milhões, e se tornou sócia da emprega belga. Metade do arsenal químico da Síria foi destruído ou retirado do país Mais da metade do arsenal de armas químicas declarado pela Síria foi enviado para fora ou destruído dentro do país, disse nesta quinta-feira, 20, a chefe da equipe internacional que supervisiona o processo de desarmamento. Segundo Sigrid Kaag, chefe da missão conjunta da Organização das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), 54% das toxinas foram removidas ou eliminadas. O processo, com o qual o governo do presidente Bashar Assad concordou depois que um ataque químico matou centenas de pessoas ao redor de Damasco no ano passado, está com meses de atraso, mas Sigrid disse que o novo impulso “permitirá a conclusão em tempo hábil”. A Síria já perdeu o prazo de 5 de fevereiro para entregar ou destruir todas as 1.300 toneladas de agentes químicos que declarou possuir no ano passado. Na semana passada, o país não cumpriu o prazo para destruir uma dezena de instalações de produção e armazenamento. O governo de Assad atribui os atrasos a problemas de segurança para transportar os produtos químicos através do território, em conflito há 3 anos, até o porto mediterrâneo de Latakia. A edição foi fechada às 20h55 do dia 20/03/2014 22 a 28 de março de 2014 11 confronto Crimeia é russa Por Amanda Bartolomeu O presidente russo, Vlamidir Putin, assinou o decreto que integra Crimeia à Rússia, contrariando a União Europeia (UE) e os Estados Unidos. O clima em Criméia depois da votação era de festa e alegria por parte da maioria das pessoas. Os EUA e a UE decidiram restringir vistos e bens para personalidades russas e ucranianas. O 12 www.brasiliaemdia.com.br presidente Barack Obama afirmou que ampliará as punições. Ambos anunciaram as sanções que incluíam restrições de viagens e bloqueios de bens de pessoas vinculadas ao movimento de separação da península. Moscou, por sua vez, comemora e se prepara para anexação da península ucraniana às fronteiras russas. Desde 1954, a Criméia, que até então fazia parte da Rússia, foi cedida à Ucrânia. Com este argumento, Putin justificou uma anexação que sabemos que vai além das razões mencionadas. O presidente russo ressaltou em seu discurso sobre o peso que a Rússia tem no mundo e indagou a hipocrisia dos países ocidentais. Por outro lado, a tensão com a Ucrânia cresce. Em um bombardeio feito à uma base militar em Simferopol, capital da Crimeia, um soldado ucraniano foi morto. O ataque ocorreu quando tropas russas que ocupam a região deram uma baixa na guarda. O governo ucraniano classificou o ataque como crime de guerra e autorizou os soldados ucranianos a revidar com tiros, caso haja nova tentativa de invasão em Kiev. Putin declarou que o referendo que aprovou a separação de Crimeia da Ucrânia aconteceu “em plena conformidade com os procedimentos democráticos”. Ele demonstrou não se importar com as ameaças de punições quanto à efetivação da separação, vindas da UE, EUA e Nações Unidas, que exigem o recuo de suas tropas. A Rússia também é ameaçada de ser expulsa do G8 se persistir no conflito com a Ucrânia. Moscou reafirmou que não voltará atrás quanto à anexação da Crimeia ao seu território. Em nota, o chanceler russo, Sergei Lavrov, declarou ao americano John Kerry que não mudarão de ideia na O presidente russo ressaltou em seu discurso sobre o peso que a Rússia tem no mundo e indagou a hipocrisia dos países ocidentais. Por outro lado, a tensão com a Ucrânia cresce. Em um bombardeio feito à uma base militar em Simferopol, capital da Crimeia, um soldado ucraniano foi morto decisão de unir a península. As tensões separatistas pioraram após a deposição do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, o que só agravou as relações que já não eram das melhores. Mais tensão e perigo para a região foi o resultado. Após as tropas pró-russas ocuparem cerca de quatro instalações da Ucrânia, o governo interino ucraniano decretou a retirada de sua força militar. O secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, Andrii Parubi, anunciou: “Estamos elaborando um plano que nos permita remover os soldados e suas famílias da península, para que sejam levados rápida e eficientemente para a Ucrânia continental”. A perda de Crimeia para a Rússia parece ser irreversível. E como se já não bastasse, Kiev anunciou sua saída da Comunidade de Estados Independen- tes (CEI), estabelecendo a exigência de visto para que cidadãos russos possam ingressar na Ucrânia. O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse que a separação da Crimeia do território ucraniano para a união com a Rússia é, sem dúvidas, a maior ameaça de estabilidade europeia, desde o término da Guerra Fria. “Isso é um alerta. Para Otan, para todos aqueles compromissados com a Europa, com a liberdade e com a paz”, declarou. Rasmussen relembrou que a cooperação da Rússia com a Otan foi suspensa, interrompendo também seus planejamentos de missão para a destruição das ramas químicas da Síria. O secretário não levantou hipóteses para uma ação militar e enfatizou: “Não existe saída rápida e fácil para reagir contra agressores globais”. 22 a 28 de março de 2014 13 política Evitando conflitos Marco Civil da Internet atende demandas dos parlamentares N a tentativa de amenizar os conflitos que aconteceram entre PT e PMDB e que colocaram em xeque a aliança entre os dois partidos, o governo decidiu ceder na votação do Marco Civil da Internet, que foi transferida para semana que vem. A manutenção da neutralidade da rede será mantida e o decreto presidencial terá de ater ao texto e ser submetido à avaliação do Comitê Gestor da Internet (CGI) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Um possível autoritarismo do governo será desta forma evitado, já que não poderá ser definido pelo Executivo o que poderá ou não ser transmitido na rede. A presidente Dilma continuará com o mesmo instrumento legal para definir os critérios técnicos e as exceções à neutralidade, mas deverá seguir a legislação que será aprova- 14 www.brasiliaemdia.com.br da pelo Congresso. A CGI e a Anatel terão que analisar e aprovar o decreto antes que a norma entre vigor. A palavra “decreto”, inclusive, será substituída no texto pela expressão “de acordo com o que prevê a Constituição”. Líderes de partidos e alguns ministros decidiram acertar esta modificação. “A regulamentação por decreto é um poder que jamais poderia ser tirado do Executivo, mas, para que não haja dúvida, estamos construindo um texto em que o decreto será constituído em estrita consonância com a lei”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O governo havia dito que esta questão de neutralidade seria inegociável, mas o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), tentou minimizar a alteração. “A Constituição Federal determina que o governo faça o decreto. Havia uma preocupação de isso caracterizar poder excessivo, mas o ministro concordou em produzir uma redação ‘induvidosa’”, afirmou. O clima entre os parlamentares permanece rejeitando quaisquer influências do Executivo sobre o Legislativo. A votação, porém, ficou marcada para terça-feira. “Preparem-se para uma longa votação, similar à MP dos Portos”, avisou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), referindo-se às mais de 40 horas da sessão no ano passado. A presidente Dilma, enquanto isso, deu posse a seis novos ministros sem a presença de representantes da Câmara, especialmente Alves, presidente da Casa. Os peemedebistas não se mostraram satisfeitos com as escolhas da presidente para os Ministérios do Turismo e Agricultura. Vinícius Lages foi escolhido para o Turismo, Néri Geller (PMDB) ocupou Agricultura e Clélio Campolina Diniz ocupou Ciência, Tecnologia e Inovação. Gilberto Occhi ocupou a pasta das Cidades, Eduardo Lopes (PRB) a da Pesca e Miguel Rossetto (PT) a pasta do Desenvolvimento Agrário. De olho no PMDB, a oposição tucana começou a garimpar a possibilidade de novas alianças. O PSDB de Minas Gerais tenta agora atrair o PMDB à campanha do ex-ministro Pimenta da Veiga ao governo do estado, já que o governador Antonio Anastasia anunciou que deixará o cargo no dia 4 de abril para dedicar-se à coordenação e elaboração do plano de governo de Aécio Neves à presidência. Em seu lugar entrará o vice Alberto Pinto Coelho (PP). Anastasia já ofereceu aos peemedebistas a vaga de vice-governador de Minas e secretarias, caso as alianças sejam frutíferas no Estado. 22 a 28 de março de 2014 15 energia Por Bruna Soares D epois das indicações de que a situação energética do país não está tão segura quanto pensamos, o governo brasileiro resolveu entrar com medidas de socorro em prol do setor, que estava à beira de apresentar um reajuste assustador para o cidadão consumidor. Não se imaginava que este assunto seria tratado tão cedo de forma preocupante, como também o da escassez de água em alguns pontos do país. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou recursos que cobrirão as despesas no setor elétrico. As distribuidoras de energia elétrica terão acesso à Conta de Energia de Reserva (Coner), que é destinada ao suprimento de fontes alternativas do sistema elétrico, pago pelas empresas e pelos consumidores através de tarifas. Tratase de R$ 2,9 bilhões até o fim do ano, além de outros R$ 12 bilhões anunciados na semana passada, que amenizarão os prejuízos do alto custo da energia no mercado. “A audiência pública já havia sido aberta, portando já consideramos a previsão de saldo existente e arrecadação 16 www.brasiliaemdia.com.br Água e energia em risco da Coner no ano”, informou o diretor geral da Aneel, Romeu Rufino. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, prometeu maior aproximação do governo com os empresários, que afirmam que há uma possibilidade de o racionamento de energia elétrica chegar a 3% até o fim do ano. O governo garante que a possibilidade está abaixo de 5%, mesmo depois de afirmar que o risco de falta de suprimento passou de “baixíssimo” para “baixo”. Representantes do mercado chegaram a falar em risco de 24%, o que reafirma a ideia de que a previsão, assim como a das chuvas, é muito incerta. Além do auxílio dado às distribuidoras de energia, houve uma liberação por parte do governo de outros bilhões de reais para se evitar aumento nas contas de luz, gasolina e diesel. O montante chega a R$ 63 bilhões, de acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), e pode prejudicar a Petrobras, o etanol e o consumo de eletricidade em caso de racionamento. O Ministério nega que o valor seja um subsídio, pois o Tesouro terá que ser ressarcido em até cinco anos. “Os aportes do Tesouro estão sendo chamados erroneamente pelo mercado de subsídios. São empréstimos”, afirmou o secretárioexecutivo, Márcio Zimmermann. Quem pagará será o consumidor, a partir de 2015, quando as contas de luz terão seus preços elevados por tarifas. A presidente Dilma Rousseff havia prometido em 2012 que as tarifas cairiam. Faltou, então, as chuvas e as termoelétricas tiveram que ser ativadas, cujo custo é superior ao das hidrelétricas. Investimentos em outras alternativas de geração, como eólica, biomassa e solar, até agora, nenhum. “Não podemos transformar energia em tomates, que quando tem seca, sobe”, afirmou Zimmermann na Câmara dos Deputados, referindo-se aos preços. Como as chuvas continuam fracas, o nível dos mais importantes reservatórios do país – Sistema Sudeste/Centro Oeste – demonstraram que a previsão de armazenamento pode ser reduzida neste mês de 41,3% para 38,5%, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). As termelétricas serão a solução para o período seco, que vai de maio a outubro, o que elevará os custos e os riscos também. As bacias dos Rios Tietê, Grande, Parnaíba e São Francisco, onde estão as principais hidrelétricas, tiveram chuvas fracas nas últimas semanas e não há expectativas ou certezas para os próximos dias. Além da ausência de chuvas, do alto custo que gerarão as termoelétricas, do preço que o consumidor pagará e da falta de planejamento do governo em buscar outras alternativas e, principalmente, de se prevenir, a poluição aumenta nos rios do Sul e Sudeste. Um levantamento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em 96 rios, córregos e lagos de sete estados dessas regiões indicou que 40% deles estão com suas águas poluídas, com qualidade avaliada em péssima ou ruim. Apenas 11% estão com água de boa qualidade, onde as matas não foram depredadas. “As estações de tratamento de esgoto terão de ser preparadas para enfrentar os efeitos da mudança climática, principalmente nos rios com menor vazão de água”, afirmou a coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro. A procura por alternativas chegou ao ponto de cogitar a captação de água da bacia do Rio Paraíba do Sul, o que comprometeria a irrigação de lavouras, empresas, além do abastecimento das casas de milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A presidente Dilma vê agora que as rédeas não estão somente em suas mãos. Falta planejamento e disciplina no Brasil, em todos os setores. A falta de um preparo para previsões como a que estamos passando agora poderá resultar em sério problemas num futuro que permanecerá sem educação, sem ensinamentos básicos de preservação do meio ambiente, e com pessoas cheias de contas a pagar. “De um lado chove muito, como é o caso de Rondônia e do Acre. E, do outro lado chove pouco, como é o caso do Sudeste e do Centro-Oeste, então eu queria dizer isto: que São José nos dê uma mãozinha”, afirmou a presidente no Ceará, para inauguração do quinto e último trecho do Eixão das Águas. 22 a 28 de março de 2014 17 É ritmo... O carnaval já passou, mas o noticiário político reflete uma coisa nitidamente. Por exemplo, muita gente no governo está dançando valsa em ritmo de carnaval. Sapatão, não! A moda agora são as garotas de sapatos que se dividem em um novo grupo, o das bonitinhas, novinhas com tudo em cima. Estão recebendo um rótulo menos grosseiro que o de “sapatão”. É a tal das sandalinhas, que voltaram com tudo. Recrutas zero A vaca está ficando mais uma vez mais magra para os militares, como se não bastasse o soldo despencando ladeira abaixo, a falta de dinheiro é até para a compra da munição. O Exército poderá dispensar todos os alistados este ano. Afinal, não tem dinheiro para alimentar os recrutas zero. Quase parando Mesmo com todo esforço do Palácio do Planalto em demonstrar que uma paralisa administrativa não atinge o país, a verdade é que todas as decisões ficaram adiadas como se o ano sequer tivesse começado na Esplanada dos Ministérios. 2014 está andando devagar, quase parando - mesmo. Redator-Chefe da revista Brasília Em Dia, iniciou sua vida profissional na Paraíba, nos anos 70, vindo para Brasília, onde cobriu o Congresso Nacional e depois o Palácio do Planalto, acompanhando a efervescência política direcionada para o fim da ditadura militar. Entre outros livros, publicou “Em Nome da Verdade”. Também foi colunista do Correio Braziliense [email protected] Por que melhorar? O Brasil é mesmo um país surrealista, cheio de contrastes sociais. Falta agilidade e não é possível achar normal que ações subam e desçam. É grande a distância do cidadão comum com relação à Justiça, que só é procurada quando não há mais nada a fazer. Em sua época, Pedro, o Grande, adotava administrativamente esse modelo promovendo reformas por etapas para conferir eficácia. Por que não? Chioro perdeu Pegou mal para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o esclarecimento sobre o programa Mais Médicos aos deputados federais durante uma audiência pública. O ministro assegurou que todos os médicos que se inscreviam sabiam o que estavam fazendo, quanto ganhariam, entre todas outras informações. O pior foi o que aconteceu depois: o carro de Chioro ficou estacionado em uma vaga destinada a deficientes físicos. Seu motorista parou na vaga sem saber que havia ocupado uma vaga proibida. Cadê o exemplo, hein? E as contas públicas? O desempenho das contas do Tesouro Nacional, INSS e Banco Central deve registrar déficit no resultado de fevereiro devido à frustração na arrecadação. A tentativa de reforçar a credibilidade da política fiscal brasileira e de evitar o risco de rebaixamento do rating do país já havia sido feita com o anúncio do bloqueio de R$ 44 bilhões nas despesas do Orçamento e da meta fiscal de 1,9% do PIB. Queda da bolsa e alta dos juros do dólar foram os resultados. 18 www.brasiliaemdia.com.br Tchau, XP Em boa hora Pelo menos o ministro Guido Mantega teve a chance de saber que os Estados Unidos têm a intenção de se aproximar comercialmente do Brasil. O secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, veio ao país para discutir uma ampliação das relações econômicas, depois das denúncias de espionagem da presidente Dilma. “Temos uma relação em expansão, rápida e baseada em valores comuns. Os dois países reconhecem os benefícios de trabalharem juntos e vão explorar novos tipos de parcerias bilaterais”, afirmou Lew. Neste dia Mantega foi feliz para casa. Transporte em Brasília A insatisfação dos cidadãos do Entorno com a ausência de ônibus gerou problemas para os carros que iam para o Plano Piloto na última semana. Se todo mundo continuar comprando carros para todos os membros da família, não há vias que comportem tamanho tráfego que tenderá a atrasar a vida de todos. Sejamos todos práticos, governo e cidadãos. Daqui três semanas o Windows XP não receberá mais atualizações. O suporte será encerrado pela Microsoft no dia 8 de abril. Como o risco de fraudes, hackers e vírus aumentará, os bancos estão mexendo seus pauzinhos para atualizar todos os caixas eletrônicos do país. Isso deve dar um trabalho. Mas Bill Gates sabe o que faz. Mais mordomia Delúbio Soares já mostrou que é um homem de poderes. Condenado a 6 anos e 8 meses de prisão, ele deixará o Complexo da Papuda para voltar ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP), local onde os presos em regime semiaberto ficam e trabalham fora durante o dia. Ele teve o trabalho na CUT restabelecido pela Vara de Execuções Penais (VEP) na função de assessor sindical, com salário de R$ 4,5 mil. Só para quem pode... Longe? José Dirceu não é mais Papai Noel, mas anda mesmo de saco cheio com essas especulações de que pretende sair o mais rápido da prisão. São coisas dos desafetos que desejam vê-lo bem longe. Paradão Como o Brasil está passando por uma crise, não se usa o único caminho de resolução, que é aumentar a produção cada vez mais. Reduzir os feriados no calendário, que paralisam a atividade econômica, seria um bom começo. Basta apenas conferir a produção de descansos do brasileiro. Dilma I A situação da presidente se complicou agora que os holofotes se voltaram para a compra da refinaria de Pasadena. Ela disse por meio de nota oficial que não teve acesso à toda a documentação, pois, se o tivesse, jamais teria efetuado a compra de 50% da refinaria em 2006, quando era chefe da Casa Civil. Mas os dirigentes da Petrobras disseram o contrário: que justamente por ser presidente do Conselho de Administração, tinha acesso a todos os documentos e pareceres jurídicos, antes de tomar a decisão. E agora, hein? Todo cuidado Quando a humanidade cair em si e perceber a importância de se preservar o planeta de maneira séria e urgente, pode ser tarde. É o que informou a Nasa na última semana, através de um estudo inspirado nos trabalhos de um matemático da Universidade de Maryland, que analisou ciências ambientais e sociais, concluindo que a modernidade não livrará o homem do caos. O consumo desenfreado e o descaso com o meio ambiente poderão resultar no colapso do planeta, que não terá mais recursos suficientes para atender à toda a população. O prazo é curto e 97% dos cientistas alertam para a influência do homem sobre o clima, enquanto 58% dos americanos não sabem que os cientistas estão convencidos de um aquecimento, ainda de acordo com o estudo. Dilma II A oposição viu nesta situação um prato cheio para dar continuidade à troca de provocações entre partidos. O PSDB apresentou, através do senador Aloysio Nunes (SP), um requerimento à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle para investigar a negociação. “É essa a função que ocupa o responsável, segundo a presidente da República, por induzi-la a assinar, sem qualquer tipo de questionamento, não obstante seu profundo conhecimento em relação à matéria, um parecer técnica e juridicamente falho, com informações incompletas”, embalou Aécio Neves (MG). A verdade sempre vem à tona. E não é só para Dilma. Ficou para depois Aqueles que estavam esperando o julgamento do pagamento dos precatórios terão que esperar um pouco mais. O STF adiou a decisão pela busca de uma solução para a efetivação dos pagamentos que somam R$ 94,3 bilhões. Três ministros já votaram a favor da ideia de que os precatórios deverão ser corrigidos pela inflação desde março de 2013 e que o prazo de quitação deverá ser até o fim de 2018. A conferir. 22 a 28 de março de 2014 19 Frases da semana “A intervenção militar e a violação das leis internacionais levarão a um aumento dos custos para a Rússia”. Jay Carney, porta-voz da Casa Branca. “O PMDB não está em confronto. Temos uma posição e a nossa posição nós vamos manter, só mudaremos se a bancada decidir”. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado federal. “Trataram ela como um bicho. Nem o pior traficante do mundo deveria ser tratado assim”. Alexandre Silva, marido de Cláudia Silva Ferreira, que foi arrastada por 250 metros pelo carro da Polícia Militar do Rio de Janeiro. “Aqueles que não dão importância para as pessoas que não têm casa própria é porque nasceram em berço esplêndido e aqueles que não valorizam o cartão do Minha Casa Melhor é porque nunca ralaram de sol a sol para comprar uma geladeira, um fogão e uma cama”. Ainda a presidente Dilma Rousseff, sobre protesto em evento do Minha Casa Minha Vida, no Tocantins. 20 www.brasiliaemdia.com.br “Dou algumas horas como prazo para que vocês voltem para suas casas. Se não, irei eu mesmo liberar Altamira”. “Os aportes do tesouro estão sendo chamadas erroneamente pelo mercado de subsídios. São empréstimos”. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, sobre a ocupação da Praça Altamira. Márcio Zimmermann, secretárioexecutivo do Ministério de Minas e Energia, sobre os recursos do governo destinados ao setor energético. “Adotaremos um sistema para adaptar os preços. Não estou falando em subir, mas em começar a cobrar. E a Venezuela toda estará de acordo com isso”. “O governo russo tem pânico do exemplo da Ucrânia, onde o povo venceu um regime totalitário. É o verdadeiro motivo da agressão”. Ainda Nicolás Maduro, sobre reajuste na gasolina. Oleksander Turchinov, presidente interino da Ucrânia, sobre reconhecimento da independência da Crimeia. O povo é sábio e sabe muito bem quem está do lado dele A presidente Dilma Rousseff, durante a posse dos seis novos ministros Greg Salibian Frank Plitt Apesar da velha política D ilma Rousseff tenta sair das cordas. O ringue político é para profissional. Portanto, nada a ver com a mineira-gaúcha. Mas, como tem conselheiros capazes – alguns capazes de tudo –, mudou de estratégia. ■■■ Causou-lhe derrotas o confronto com a base aliada na Câmara. E, na busca da recomposição, danos na imagem. Para evitar o agravamento da situação incômoda, a caminho de possível crise institucional, a senhora Rousseff orientou-se pelo mapa das concessões e seguiu o catecismo franciscano: é dando que se recebe. A Presidente liberou recursos de emendas parlamentares, nomeou ministros de partidos palacianos e ofereceu cargos de segundo e terceiro escalões. ■■■ Para dizer tudo numa só frase: foi obrigada a hastear a bandeira branca. Mesmo assim, perduram dificuldades. Mais no Parlamento do que nas ruas. Enfim, os desafiantes de sua recandidatura continuam retardatários na corrida ao Planalto. Luta de gaúchos Sucessão no Rio Grande do Sul. Dois dos quatro ou cinco postulantes ao Palácio Piratini confirmaram a presença no embate. O prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), foi o primeiro a declarar-se desafiante da recandidatura do governador Tarso Genro (PT). ■■■ Aguarda-se para o próximo mês a manifestação da senadora Ana Amélia (PP), apontada nas pesquisas de opinião como a principal concorrente de Genro, petista da linha dura em dois quesitos: bravura e honradez. Versão que vale Anote para conferir no momento certo. Fernando Henrique Cardoso não será candidato a vice de Aécio Neves nem Lula da Silva formará chapa com Dilma Rousseff. ■■■ Os dois ex-presidentes do Brasil participarão da campanha de seus pupilos como cabos eleitorais. E dos bons. Leitura dinâmica • • • • • • • • • Apesar da tentativa de aproximar o parentesco dos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Aécio Neves (PSDB-MG), os jornalistas apressados são desautorizados pela realidade. Nada de tio e sobrinho, Dornelles e Aécio são primos em segundo grau. Do ministro Luís Roberto Barroso, há pouco chegado ao Supremo: “Desejo que o saldo do Mensalão produza transformações políticas.” Veja o resultado da inflação persistente e dos juros exorbitantes. Amplia-se o cadastro de brasileiros inadimplentes. São ao redor de 50 milhões, dizem analistas de crédito. A nova classe média é a principal vítima, reconhece o governo central. Itamaraty informa: Paulo Cesar Meira de Vasconcellos segue para Abu Dhabi. Vai representar o Brasil nos Emirados Árabes Unidos. Marcada para 14 de abril, em plena lua cheia, o anúncio oficial da chapa presidencial do PSB. Foi combinada pela dupla que vai à caça do voto: Eduardo Campos e Marina Silva. Será em Brasília, mas falta definir o auditório. Legislativo (bancada feminina no Congresso) e Executivo (Ministério das Mulheres) anunciam parceria na campanha a ser lançada: Mais Mulheres no Poder. Titular do Banco Central sob o governo Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga usa o adjetivo ‘esquizofrênica’ ao opinar a respeito da política econômico-financeira da presidente Dilma Rousseff. A economia do país “está na faixa de alto risco”, afirma o pessimista Fraga. Chega a quase US$ 100 bilhões o déficit da conta do turismo externo brasileiro. Período: 19902013. Neste domingo, no Recife, o PTB recebe o apoio oficial do PT à candidatura de Armando Monteiro, neto, ao governo de Pernambuco. Em contrapartida, fecha a dobradinha com João Paulo, deputado petista aspirante ao Senado. Potiguar de Natal, 72 anos, é jornalista há 55. Trabalhou como repórter no Jornal do Brasil, foi redator de O Globo, como também editor do jornal Tribuna do Norte, no Rio Grande do Norte, da Tribuna do Ceará e colunista do Correio Braziliense. Assina uma coluna na revista Brasília Em Dia, em O Jornal de Hoje (RN) e em O Povo (CE). [email protected] Para refletir: “A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo” (Friedrich Nietzsche, filósofo alemão) 22 a 28 de março de 2014 21 Fatos com fotos Aguenta coração! O humorista Renato Aragão comemorou o aniversário de quinze anos de sua filha. A emoção foi tamanha, que o ator sofreu um enfarto e teve que ser hospitalizado. Renato foi internado no Hospital Barra D’Or e segundo informações do hospital ele sofreu um infarto agudo do miocárdio. A informação oficial foi repassada em uma nota na tarde de domingo. De acordo com familiares, o estado de saúde dele é estável, mas devido aos procedimentos que serão feitos, deverá ficar mais alguns dias no hospital. O estado do humorista é “estável hemodicamente”, divulgou a nota da unidade. Sem “papas na língua” A jornalista Rachel Sheherazade foi criticada e denunciada ao Ministério Publico, por fazer apologia ao crime. A denúncia partiu da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A parlamentar alega que a jornalista âncora do SBT tenha cometido apologia às torturas e linchamentos. Shehezarade ficou conhecida pelas opiniões fortes que emite aos finais das matérias e também pela coragem de expressar tão claramente sua opinião. Em nota, a deputada Jandira disse: “Não se pode confundir liberdade de expressão com incitação ao crime. A gente luta pela liberdade de expressão há décadas! A jornalista fez clara menção contra os direitos humanos, propagando uma mensagem de ódio e intolerância, incitando-os na sociedade. E isso tudo com recursos públicos”. A jornalista ainda não se manifestou a respeito. Saia justa O ator Caio Castro declarou em uma entrevista que “não gosta de ler e nem de ir ao teatro”. Isso gerou inúmeras manifestações repletas de críticas. Na tentativa de justificar o comentário, Caio Castro afirmou: “A opinião é direito de cada um. Acho que a palavra chave é respeito pelo próximo. Esperava mais respeito dos mais velhos, pessoas mais maduras e educadas do que eu. Eu disse que não gosto muito, por isso estou errado?” . O ator Carlos Vereza defendeu Caio Castro da polêmica e ainda elogiou sua sinceridade. Mas, sim, ele estava errado. Em se tratando de Brasil, a última coisa que se pode manifestar é um afastamento da leitura e do conhecimento da cultura nacional. Ou não? 22 www.brasiliaemdia.com.br Amor eterno O ator Paulo Goulart faleceu na última quinta-feira. Sua morte comoveu a todos que o admiravam e acompanhavam seus trabalhos. Fãs amigos e, principalmente, a família, lamentaram muito a perda. Nicete Bruno, esposa de Goulart, após saber da notícia, diz ter se despedido e dito tudo o que queria falar para o marido antes da partida: “Amor enorme, te amo eternamente”. O velório do ator foi realizado no Teatro Municipal de São Paulo. Além da família, que lá estava visivelmente abalada, amigos próximos como os atores Marcos Caruso, Lúcia Veríssimo e Ney Latorraca também compareceram para se despedir do amigo. Nicete Bruno e os filhos Paulo Goulart Filho, Bárbara Goulart e Beth Goulart estavam muito emocionados com a perda deste grande homem, pai, amigo e exemplo de pessoa. “Foi um final dolorido, mas uma passagem muito em paz, com muito amor e todos os filhos e netos ao lado dele. Eu de mãos dadas com ele, porque nosso amor é eterno. Vamos ter esse momento de separação, mas estaremos juntos sempre. É muito difícil para mim nesse momento falar alguma coisa porque a emoção é muito grande e forte. A dor é grande”, disse Nicete, muito abalada com a partida de seu marido e, mais do que isso, amigo e amor para eternidade, como declarou a atriz. O dois foram casados por 60 anos. Paulo Goulart morreu aos 81 anos de idade. Suspeita de suicídio L’Wren Scott, designer de 49 anos e namorada do cantor Mick Jagger, foi encontrada morta em seu apartamento, em Nova York. Policiais suspeitam de suicídio, de acordo com uma análise prévia. Segundo jornais e TVs locais, o estado do cantor é lamentável. Mick Jagger se encontra “completamente chocado e devastado” com a morte da namorada. O casal estava junto desde 2001. Scott ficou conhecida após ter vestido as atrizes Nicole Kidman, Amy Adams e Penélope Cruz para o tapete vermelho. O avião, o homem e Deus D esculpe o leitor, caso o mistério abordado no artigo já tenha sido desvendado. Mesmo assim, será válido refletir sobre a vulnerabilidade do ser humano, evidenciada no recente desaparecimento do avião malasiano. Quase trinta nações ofereceram apoio tecnológico para localizar a aeronave. Utilizaram-se os métodos tecnológicos mais avançados e as dúvidas persistiram. Teria sido acidente fatal? Sequestro? Ação de maníacos? Falha técnica? Falha humana? Os dias se passaram e um Boeing 777, com centenas de toneladas e quase 300 passageiros, não se encontravam nem vestígios ou indícios. Seria normal admitir que com os avanços tecnológicos modernos, facilmente tudo fosse desvendado. A realidade mostrou o contrário. Bom tema para reflexão! Nos últimos tempos, o homem realmente avançou em inventos e descobertas. Os cientistas Richard Dawiskins e Stephen Hawking chegaram a disparar recentemente: “Deus é uma invenção da humanidade”. Tais cientistas e seus seguidores entenderam que a ciência explicaria tudo, sem recurso sobrenatural e apoiaram as suas convicções em inventos como o de Ray Kurzweil, criador de um software capaz de imitar a atividade dos neurônios do neocórtex, região do cérebro onde ocorre o pensamento. Ele chamou de inteligência artificial que possibilitaria a “aprendizagem automática”. Na área da biodiversidade, o homem desafia até princípios da diversidade genética, com a indicação em laboratórios de sequências de genomas mesmo antes do nascimento. Os testes detectam Síndrome de Down e outras doenças cromossômicas, em bebês ainda no útero. No campo da economia, a tecnologia cria robôs industriais que substituem a mão de obra humana. Tais robôs recebem instruções para pegar objetos, percebem obstáculos e aproximação de pessoas, têm braços flexíveis e exibem a sua própria fisionomia, através de uma tela LCD. Na medicina chega-se a pensar em implante eletrônico para recuperar a memória humana. Seriam instalados chips no cérebro para possibilitar a restauração da capacidade da criação da memória. A tecnologia poderá revolucionar a vida de pessoas com Alzheimer, por exemplo. No passado, cientista como Albert Einstein ampliou as concepções astrofísicas da época e gerou polêmica entre estudiosos. O médico sul-africano Christiaan Barnard fez em 1976, o primeiro transplante de coração. Todos recordam a ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado em laboratório, através da engenharia genética. Os cientistas Ian Wilmut e Keith Campbell foram os inventores do processo. O satélite artificial - Sputnik - entrou em órbita pioneiramente em 1957. Era lançada à época ao espaço, a cadela Laika. O primeiro homem a sair da atmosfera foi Yuri Gagarin, em 1961. Mesmo com tantos avanços e invenções nota-se que a ciência continua ilimitada para as pesquisas, porém o homem tem limites. Da mesma forma que o avião malaio desafiou os sofisticados instrumentos de buscas, até hoje a humanidade não sabe, por exemplo, o significado do imenso objeto eletromagnético, que apareceu nos céus da Noruega, em novembro de 2009. O site WikiLeaks, que divulgou milhares de documentos sigilosos de vários países, mostrou que os esforços combinados da Rússia, os Estados Unidos e a China não foram suficientes, até hoje, para descobrir o que aconteceu nos céus noruegueses. Pensou-se terem sido testes de mísseis soviéticos, o que foi desmentido. Persiste o mistério! Ney Lopes, 66 anos, advogado em Natal, Brasília e São Paulo, foi presidente do Parlamento Latino-Americano Parlatino, e deputado federal durante seis legislaturas. [email protected] Em meio às dúvidas e teorias contemporâneas, o físico teórico Michio Kaku, um dos cientistas mais importantes da atualidade, defende a teoria da existência de uma força de atração “que rege tudo”. Ele explica que estamos em um plano regido por regras criadas, e não moldadas pelo acaso universal. Essa força se chama Deus. O episódio do avião malasiano e o insucesso das buscas, mesmo com o uso de tecnologias ultra avançadas, conduz a essas reflexões, acerca dos limites da tecnologia. A verdadeira conclusão é que o “ser supremo será sempre Deus e não o homem”. ACESSE: www.blogdoneylopes.com.br 22 a 28 de março de 2014 23 aviação Mistério Trajeto do voo e as possíveis mudanças na rota Por Amanda Bartolomeu O avião da Malaysia Airlines que sumiu durante um voo que fazia na rota de Kuala Lumpur a Pequim continua envolto em mistérios quanto ao seu desaparecimento. A aeronave desapareceu após perder contato aéreo, duas horas após a decolagem. A bordo estavam 239 pessoas. No momento do desaparecimento, o avião se encontrava localizado no espaço aéreo do Vietnã onde teria feito seu último contato. No Boeing B777-200 estavam 227 passageiros e 12 funcionários da tripulação. Após o misterioso sumiço do voo, a maior companhia de viagens da Ásia publicou seus esclarecimentos, alegando “não fazer ideia de onde a aeronave está”, mas que logo iniciariam as buscas. 24 www.brasiliaemdia.com.br Há mais de uma semana do desaparecimento e não há sequer uma pista. Ao longo da semana, as Forças Armadas tailandesas procuraram pelo avião, porém não obtiveram resultado algum. Nenhum rastro foi deixado, o que dificulta ainda mais os indícios para uma possível direção. Mais de 20 países se juntaram às buscas e vão da Austrália à Ásia. O último contato feito do avião para a torre foi à 1h19, quando o co-piloto disse: “Tudo certo, boa noite”. Esse tipo de comunicação é feita através de um aparelho eletrônico que emite respostas com dados como, por exemplo, identificação, velocidade, altitude e até mesmo a posição, sempre que recebe um sinal de radiofrequência. Outro contato deveria ser feito à 1h37, mas não foi o que aconteceu. A última foi realizada às 8h11 (21h11, horário oficial de Brasília), de acordo com a confirmação do satélite e teria continuado a voar por sete minutos após o último contato oficial. Seguindo o plano original de rota, o voo deveria ter seguido ao noroeste pelo Camboja e Vietnã, por isso a busca se iniciou no Mar do Sul da China, bem ao sul da península vietnamita em Ca Mau. Mas, segundo investigações americanas (sob anonimato), uma possível mudança na rota não pode ser descartada, através de uma curva acentuada para o oeste, logo que perderam o contato. Antes de fazer a suposta curva, o avião teria subido 45 mil pés acima do limite permitido, algo inapropriado para o modelo da aeronave. Depois disso, teria caído para 23 mil pés, perto da ilha Penang, na Malásia. no ar A possibilidade de a nave ter sido pilotada por alguém que não faça parte da tripulação alimenta ainda mais a hipótese de sequestro terrorista, pois dois passageiros fizeram o embarque e entraram no voo com passaportes roubados. A China estendeu seu território para buscas, após ter associado o desaparecimento a um tremor que ocorreu nos mares entres a Malásia e o Vietnã. Iniciou as buscas em seu próprio território. As operações começaram em Pequim pelo corredor aéreo norte, que seria uma das trajetórias possíveis e tem como foco a cabine dos pilotos, pois, de acordo com as investigações, no exato momento em que o último contato foi feito pelo piloto, todos os principais sistemas comunicacionais da aeronave foram desligados. Muitas questões giram em torno deste curioso sumiço como, por exemplo, das pessoas à bordo não terem entrado em contato com seus familiares, afinal de contas, o mundo se encontra hoje em tempos de plena tecnologia avançada em termos comunicacionais, já que além das ligações, os novos aparelhos acessam facilmente as redes sociais. Na China, familiares arrasados ameaçaram fazer greve de fome caso as autoridades da Malaysia Airlines não forneçam notícias e informações mais claras e precisas da situação. Apesar de não saberem onde a aeronave está, ou atém mesmo qual o caminho que o avião seguiu, os celulares das vítimas ainda chamam, o que não quer dizer que estejam funcionando. Tudo indica que o avião sobrevoou uma zona coberta por uma rede. Essas tentativas de contatos que os familiares estabeleceram com os celulares das vitimas a bordo, podem ajudar quanto ao caminho, o trajeto em que o voo seguiu. Porém, o rastreamento dos celulares (a partir da última chamada efetuada pelos passageiros) só pode ser feita se a aeronave estiver perto de alguma torre. Seguindo o raciocínio de estudiosos na área da informática, nenhum aparelho celular é capaz de se conectar no meio do oceano. As teorias são inúmeras e vão desde sequestro terrorista até abdução alienígena. Uma aeronave desaparecer assim do nada, sem deixar nenhuma pista ou sequer rastros, pode ter o caso associado à todas essas teorias. Como pode uma tragédia dessas acontecer e completar uma semana sem noticias, sem indício factual algum, mesmo com a avançada tecnologia e grandes profissionais capacitados trabalhando no caso? Será que é preciso contratar também um profissional de outro planeta (como supostamente Barack Obama fez) para se obter respostas? 22 a 28 de março de 2014 25 internacional Para que quem não esqueceu Por Amanda Bartolomeu O clima continua tenso na Síria. A guerra já completa três anos. Na última quarta-feira, Israel bombardeou o país e, de acordo com o governo israelense, esses ataques foram em resposta aos bombardeios sírios que atingiram as montanhas de Golán, e que acabou por ferir quatro soldados israelenses. Essa nova ação teria como alvo os terroristas. As Forças Armadas sírias divulgaram que, com este novo bombardeamento, uma pessoa morreu, pelo menos sete ficaram feridas. Ainda advertiram que a região se encontra em total desestabilidade. Em um comunicado, o exército sírio alertou Israel sobre a situação: “Advertimos contra as tentativas desesperadas que inci- 26 www.brasiliaemdia.com.br tam a escalada da tensão. A repetição dos atos agressivos ameaça a segurança da região”. O governo israelense alertou quanto à possível ideia de que o governo sírio apoiava terroristas. Em nota, o primeiro-ministro de defesa Israel, Moshe Yaalon, afirmou: “Consideramos o regime de Assad responsável pelo que está acontecendo. Caso continue cooperando com terroristas, o faremos pagar um preço muito alto”. Já o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertiu em uma reunião política “com força” às explosões em Golán. “Recentemente, a fronteira com a Síria se encheu de jihadistas e membros do Hezbollah, que significam um desafio para nós”, disse. “Conseguimos manter a calma na fronteira da Síria, apesar da atual guerra civil, mas atuaremos com firmeza se for necessário para manter a segurança de Israel”, completou. Tropas sírias fecharam passagem de fronteira com o Líbano (país que abriga quase 1 milhão de refugiados sírios). Fortes confrontos estavam acontecendo na área e 12 pessoas morreram. Em relatos, autoridades e ativistas afirmaram que inúmeros feridos foram obrigados a atravessar a fronteira para pedir socorro ao Líbano, pois as batalhas no lado sírio foram intensas e atingiram alguns pontos na região próxima à fronteira. Um homem libanês foi atingido e teve que ser levado às pressas ao hospital mais próximo. Jornais locais informaram também que duas casas foram incendiadas, que balas perdidas atingiram um posto do Exército libanês. A agência de notícias NNA do Líbano informou que a Síria só fechou a passagem da fronteira devido aos violentos embates, enquanto 45 pessoas feridas foram levadas para o Líbano para serem tratadas. A aldeia al-Hosn registrou a morte de 12 pessoas. Pessoas do mundo inteiro pedem por paz na Síria. Em Roma, manifestantes foram às ruas com bandeiras do país clamando pelo fim da guerra civil que perdura por lá há três anos. Outros protestos foram feitos pela Europa e Estados Unidos. Em Londres, um grupo saiu às ruas marchando em prol do encerramento da batalha. Em 14 anos no poder, Bashar al-Assad não fez uma anunciação oficial sobre se vai ou não se eleger ao cargo novamente (como se precisasse), porém declarou que existem grandes chances para isso acontecer. Uma lei votada no parlamento sírio, foi aprovada para al-Assad se reeleger, mas sob condição de excluir candidatos que são contrários ao regime ditatorial do país. O que fica claro é que, para o parlamento sírio, tampouco importa se a guerra continuará ou não ou se 9 milhões de pessoas fugiram dela e vivem hoje sem condições alguma, enfrentando fome e miséria. Boa parte dos aniquilados e massacrados foram crianças que não tiveram culpa alguma nesta lamentável e injusta ditadura. Tampouco importa também se a mulher do presidente gasta milhões com futilidades. Mas o que fica bem nítido nisso tudo é a banal preocupação que o governo sírio necessita de manter o poder, o regime, o controle. Mesmo que para isso, só restem eles mesmos para governar. CIDADE Brasília: referência em prestação de contas do Mundial A transparência dos investimentos de Brasília para a Copa do Mundo da FIFA™ é referência para o país. A lisura nos dados da capital federal foi atestada por uma pesquisa do projeto não governamental Jogos Limpos na Copa. O relatório coloca Brasília no topo do ranking com pontuação de 77,26, em uma escala de 0 a 100, seis pontos acima da segunda colocada. Além da capital federal, apenas Porto Alegre e Belo Horizonte atingiram índices de transparência considerados “altos” pelo instituto. O levantamento foi feito em dezembro pelo Instituto Ethos, entidade não governamental que tem como missão auxiliar na gestão de negócios e na construção de uma sociedade justa e sustentável. Brasília recebeu nota máxima em três quesitos: ouvidoria, participação popular e audiência pública. Segundo a coordenadora nacional do Projeto Jogos Limpos, Angélica Rocha, a parceria estabelecida entre a sociedade civil e o Governo do Distrito Federal (GDF) foi fundamental para consolidar esse resultado. “A cidade empenhou um grande esforço técnico para tornar públicas as informações sobre os custos do estádio”, afirmou, em entrevista ao Portal Brasília na Copa. “Brasília criou uma ouvidoria que funciona, de fato, para atender aos cidadãos. É uma estrutura permanente, que fica de legado”, completou. O projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios (www.jogoslimpos.org.br/) acompanha e fiscaliza os investimentos das três esferas de governo (federal, estadual/distrital e municipal). A coordenadora nacional do projeto aponta, ainda, que o indicador de transparência cumpre dois papéis: informar a sociedade e ajudar o governo a criar novas ferramentas. “Quando criamos parâmetros objetivos, a própria gestão consegue aperfeiçoar suas práticas. O GDF foi um dos governos mais receptivos com o nosso projeto”, sinaliza. O Instituto Ethos testou os canais de comunicação do GDF da perspectiva do cidadão comum. “A gente ligou e encaminhou questões normais, como qualquer pessoa faria. E fomos bem atendidos, principalmente em comparação a outras cidades”, diz Angélica Rocha. A prestação de contas de todos os investimentos feitos no Distrito Federal – relacionados ou não à Copa do Mundo da FIFA™ – está cada vez mais clara. O Portal Transparência na Copa (www. transparencia.df.gov.br/copa) reúne informações sobre as licitações, os investimentos e o andamento de todas as obras relacionadas ao Mundial, como o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e a ampliação da rodovia DF-047. Para os próximos meses, o desafio é tornar o conteúdo cada vez mais acessível, com as informações mais didáticas para o cidadão que não domina a linguagem técnica. O acesso à informação por dispositivos móveis (tablets e celulares) e em outros idiomas também está nos planos da Secretaria de Transparência, e deve entrar no ar nos próximos meses. 22 a 28 de março de 2014 27 empresas & negócios Mais segurança para seu pet Dois empresários Startups criaram um dispositivo capaz de auxiliar e facilitar na busca de animais de estimação perdidos. Dois sites zelam pela segurança dos animais e aderiram à nova tecnologia: Meu Peludo e a TagPet. Trata-se da QR codes – códigos quadrados que podem ser lidos por dispositivos móveis com câmeras –, que contribuem para identificação e rapidez na devolução do pet ao seu dono. O Meu Peludo foi criado por Sérgio Oliveira e Philipe Coutinho, que uniram tecnologia e amor aos seus bichinhos de estimação junto à preocupação e segurança. A venda dos dispositivos é feita pelo Meu Peludo. Cada animal recebe uma QR code diferente, pois, em caso de desaparecimento, a pessoa que o encontrar poderá obter mais informações com uma simples leitura do código – lembrando que os aparelhos só fazem a leitura do código se tiverem o leitor de QR instalado. Quando a leitura for realizada por um celular, tablet ou até mesmo por um notebook com câmera, o QR code disponibiliza e direciona o usuário para uma página na internet especial para o animal. As informações que o endereço eletrônico disponibiliza são: nome, raça, sexo e a idade do bichinho, juntamente com as informações para contato. Sobre o protótipo, Sérgio Oliveira diz: “Quando alguém faz a leitura do código, o dono recebe por e-mail um alerta com a geolocalização do animal”. Cada um custa R$ 19,90 com frete grátis. Mas de acordo com Oliveira, o empreendimento irá aumentar e disponibilizará os produtos também em lojas parceiras. Sobem juros para cheque especial e empréstimos O Procon-SP relatou que neste mês de março voltou a subir o valor do juro cobrado pelos bancos devido a empréstimos pessoais, em relação ao mês passado. Uma comparação realizada no dia 6 mostrou que em fevereiro a taxa média cobrada de cheque especial obteve um aumento significativo de 8,66% para 8,81%. A taxa média mensal de empréstimo pessoal teve uma elevação de 5,44% para 5,46%. O levantamento apresenta as taxas mínimas quanto aos clientes (pessoa física) não preferenciais. As organizações financeiras que se encontram na atual situação são Bradesco, Caixa Econômica e HSBC. Já para a o aumento da cobrança do cheque especial estão Bradesco, Caixa Econômica, HSBC Itaú e Santander. Empreendedor poderá ter sua própria empresa em até cinco dias O governo brasileiro está avaliando um processo para diminuir a burocracia, de acordo com o pedido feito pela presidente Dilma Rousseff, em prol dos empreendedores e empresários que encontram muitas dificuldades para montar sua empresa. Esta iniciativa aconteceu durante o encontro da Federação do Comércio do Paraná. “Sei que abrir um negócio no Brasil é uma verdadeira via sacra”, afirmou a presidente, que solicitou ao ministro Guilherme Afif Domingos a criação da chamada “Rede Sim”, o que facilitaria a vida dos empreendedores. “Vamos construir um cadastro único. Sabemos que a empresa é uma só, que o cidadão também é um só, então por que ter tantos números?”, questionou, fazendo uma critica à dificuldade dos municípios com as inscrições estaduais para se criar uma empresa. Esclareceu também sobre o tempo médio para a abertura e fechamento de uma empresa e declarou que para se abrir uma empresa no Brasil leva-se 150 dias e que para o fechamento da mesma o processo é também muito difícil. “Hoje existem milhões de CNPJ sem movimento, esperando uma autorização para que a empresa seja fechada. E nós temos o compromisso de acabar com isso. Vamos garantir que o Simples tenha a maior universalização possível. 28 www.brasiliaemdia.com.br Empresa lança tênis impresso A empresa espanhola Recreus lançou um modelo de tênis produzido por uma impressora 3D. O fundador da empresa, Ignacio Garcia, se inspirou em filmes como “De volta ao Futuro” e “Guerra nas Estrelas” para a criação do seu modelo. Para impressão do tênis, o empreendedor criou um material especial, o filamento Filaflex de 1,75 milímetros, que garante maior conforto, flexibilidade e mais maciez do que os plásticos rígidos que geralmente são utilizados nas impressões 3D. O modelo de tênis pode ser baixado gratuitamente em diversas cores. Em caso de customização do usuário pelo site da Recreus, é necessário que se compre o material utilizado, ou seja, os filamentos que custam em média R$ 75 o rolo. Jaqueta salva-vidas A Seymourpowell, uma empresa britânica, elaborou uma jaqueta com tecido inteligente que pode manter o usuário à temperatura corporal em condição aceitável em caso de temperaturas extremas. Life Tech – como é chamada – possui elementos funcionais preparados para salvar vidas em temperaturas adversas. Em sua composição, existem três camadas que resistem ao vento forte, suporta a água, possui um revestimento respirável e por fim uma camada térmica interna feita com a tecnologia inteligente Heatex (um sistema que usa a energia armazenada pela jaqueta para manter a temperatura do corpo em níveis seguros). É integrada também com um próprio gerador, capar de produzir energia ao longo do dia, quando afixado ao corpo, pode conectar dispositivos móveis, como smatphones e até GPS. A tecnologia foi desenvolvida para uma marca coreana de roupas esportivas. A jaqueta foi feita em cores amarelo e verde e também possui cintas permitindo ao usuário carregar outra pessoa em casos de extrema urgência, juntamente com um kit de primeiros socorros que vem acoplado à roupa. 22 a 28 de março de 2014 29 O brasileiro, de fato, não é amigo das leis. Não é à toa que ele inventou o “jeitinho”, o modo nacional de desacreditar as leis do país. Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 82% dos entrevistados reconhecem que é fácil desobedecer às leis no Brasil. A maioria dos brasileiros quer levar uma vida honesta, mas admite que a falta de punição estimula desvios. Fontes: jornal Correio Braziliense, 24/4/2013; site da FGV; Roberto DaMatta, in: Fórum sobre Corrupção – Revista de História, 5/3/2009. Jeitinho O brasileiro, de fato, não é amigo das leis. Não é à toa que ele inventou o “jeitinho”, o modo nacional de burlar ou, até mesmo, desacreditar as leis do país. Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 82% dos entrevistados reconhecem que é fácil desobedecer às leis no Brasil. Segundo a professora da FGV, Luciana de Oliveira, a pesquisa mostrou que existe, entre os brasileiros, a necessidade de relação custo-benefício, enquanto em outro países, como a Alemanha, por exemplo, as leis são cumpridas porque são leis. ConveniênCias O relatório apontou também que quanto maior a escolaridade e a renda, mais pessimista as pessoas são em relação à própria sociedade e à possibilidade de que as leis sejam cumpridas. Segundo o sociólogo Mário Sérgio Ferrari, as leis são feitas para um propósito coletivo, mas o estudo provou que as pessoas encaram as normas conforme suas conveniências. Justiça e PolíCia Entre as infrações mais recorrentes estão a travessia de ruas fora da faixa de pedestre, comprar produtos piratas, fazer barulho sem se preocupar com os vizinhos. Outro dado interessante da pesquisa revela que enquanto 81% dos entrevistados afirmam ser dever moral cumprir as decisões da Justiça, esse índice cai para 43% quando se trata de acatar uma ordem policial. Bacharel em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com pósgraduação em Antropologia pela UNB. Em 1981, associouse à Candango Promoções Artísticas através da qual produziu, dirigiu, roteirizou e atuou em filmes, peças teatrais e shows musicais. Em 1991, fundou a Gabinete C, agência de propaganda que este ano comemora 22 anos criando campanhas publicitárias premiadas e consolidando marcas fortes. [email protected] vantagem A lógica nacional que avaliza a compra de produtos piratas está ancorada na ideia de levar vantagem, isto é, poder comprar dois produtos pelo preço de um. O curioso é que o comprador desse tipo de produto reconhece a baixa qualidade da peça, mas mesmo assim faz a escolha em função do preço. Parece que o fator preço, associado à quantidade, se sobrepõe ao fator qualidade. Comprar dois, pelo preço de um, tem mais efeito do que obter um de melhor qualidade. temores Vale lembrar que um alto percentual de entrevistados apontou como condutas reprováveis duas questões importantes: dirigir após ter ingerido bebida alcoólica (88%) e subornar um policial ou um fiscal (87%). Eles também temem ser punidos por furtar itens baratos (80%), dirigir embriagados (79%) e por estacionar em local proibido (78%). Diante desses percentuais, acredito que o medo de dirigir embriagado, assim como o temor de estacionar em local proibido, estão diretamente ligados a perdas financeiras, isto é, receber multas. Quanto ao primeiro item de temor – furtar objetos baratos –, provavelmente esteja associado ao vexame de ser pego roubando tão pouco. FiCção JurídiCa Em entrevista para a Revista de História, o doutor em Antropologia Roberto DaMatta falou que, no Brasil, a República fez “(...) no papel e em cima de um regime social aristocrático, a revolução igualitária (...) mas inventou o “jeitinho” e o “você sabe com quem está falando?” como duas pernas de uma mesma ficção jurídica. Que ficção é essa? Ora, é o faz de conta de que todos obedecem à lei quando todos sabemos que os velhos aristocratas e os donos poder (burocratas e altos funcionários) são mais donos do que o povo”. CorruPção e transgressão O professor DaMatta avalia ainda que “(...) o jeitinho se confunde com corrupção e é transgressão porque desiguala o que deveria ser obrigatoriamente tratado com igualdade (...). O que nos enlouquece hoje no Brasil não é a existência do jeitinho como ponte negativa entre a lei e a pessoa especial que dela se livra, é a persistência de um estilo de lidar com a lei que induz o chefe, o diretor, o dono, o patrão, o governador e o presidente a passar por cima da lei”. desobediênCia De modo geral, o problema do “jeitinho” é que ele desmoraliza a lei fazendo com que aqueles que a cumprem sejam vistos como otários ou subcidadãos. Nascida de um sistema desigual, a legislação brasileira sofre de dois defeitos congênitos: o descrédito e a ineficiência, dois males que contaminaram todo o tecido social brasileiro e estão instalados na visão nacional das regras, valores e ordens. No Brasil, quando o assunto é lei, tudo pode e deve ser flexibilizado, desde que seja conveniente ao freguês. Não por acaso 82% dos entrevistados da pesquisa da FGV consideram fácil desobedecer às leis no Brasil e 79% optam pelo “jeitinho” em vez de seguir a lei. Falta de Punição Esses dados, coletados para o Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Escola de Direito de São Paulo, foram colhidos a partir de 3,3 mil entrevistas, aplicadas entre 2012 e 2013, em oito unidades da Federação – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Amazonas e Distrito Federal – e revelam que a maioria dos brasileiros quer levar uma vida honesta, mas admite que a falta de punição estimula desvios. 30 www.brasiliaemdia.com.br Cinema 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO (Twelve Years a Slave). EUA/Reino Unido, 2013. Direção: Steve McQueen. Elenco: Chiwetel Ejiofor, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch, Michael Fassbender, Brad Pitt. O inferno de um homem livre Steve McQueen é homônimo do ator (19301980) conhecido por ter feito Fugindo do Inferno, Bullitt e o emblemático Sete Homens e um Destino. Mas as semelhanças terminam por aí. McQueen, o diretor negro, já fez 26 filmes, dos quais 24 são curtas. De longas, este é o seu 2º filme. E aqui, não é demais dizer que ele se supera. Até porque a história é baseada numa narrativa do personagem principal. Enfrentando a opressão, sem perder Em 1841, o negro alforriado Solomon Northup a humanidade (Ejiofor), homem bem-sucedido, casado e pai de dois filhos, é ilegalmente abduzido e levado a um mercado de escravos – como se fica sabendo, essa mercancia ilegítima era costumeira nas décadas que antecederam a abolição da escravatura –, onde é vendido a um rico fazendeiro chamado Williams (Cumberbatch), que se revela bastante humano no trato com os seus escravos e empregados. Depois de algum tempo, porém, Northup é ameaçado de morte pelo marceneiro da propriedade, e Williams o vende a outro fazendeiro, Edwin Epps (Fassbender, na contramão dos seus habituais personagens). O que transcorre nos 120 minutos seguintes não é para pessoas de coração fraco. Epps é um indivíduo vicioso, implacável, sem qualquer resquício de humanidade, que se embriaga, chicoteia pessoalmente seus escravos e prevarica com uma de suas servas preferidas. E o regime a que Northup é submetido, não só pessoalmente, mas pelo que é obrigado a ver e a compartilhar em sua insuportável condição de escravo, põe à prova os seus nervos e a sua determinação de sobreviver a esse inferno e retornar à condição de homem livre. Os desempenhos que vemos na tela contribuem para criar esse clima degradante, deprimente, desumano, principalmente os de Ejiofor e Fassbender. Levou o Oscar® de Melhor Filme. 8.5/10. ELA (Her). EUA, 2013. Direção/Roteiro: Spike Jonze. Elenco: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Olivia Wilde, Scarlett Johansson (voz). A desumanização das relações sociais Felicidade real, causa virtual... até quando? Quem não gostaria de ter, em seu computador pessoal, um SO (sistema operacional) interativo, que conhecesse todos os seus pensamentos, obedecesse a todas as suas ordens e adivinhasse todos os seus desejos? E que, ainda por cima, tivesse a voz sensualmente cálida de Scarlett Johansson? Uma espécie de agradável alter ego a HAL 9000, o inteligente, porém mal-intencionado, computador de 2001: Uma Odisséia no Espaço? Creio que a resposta sensata seria que as pessoas sociáveis, comunicativas, bem resolvidas, ou, numa palavra, “normais”, não, não gostariam de ter esse tipo de programa em seus laptops. Não precisariam, certo? Mas Theodore Twombly (Phoenix) não é uma pessoa “normal”. Seu sobrenome, em inglês, parece remeter a alguém atrapalhado, desajeitado, e é isso que ele demonstra ser. Depois de vários anos casados, ele e a mulher se separam [e ele não para de se culpar por isso]. Ele é um indivíduo extremamente solitário, que tem colegas no trabalho, mas não tem amigos. E quando seus colegas marcam um encontro com uma bela jovem (Wilde), ele põe tudo a perder. Theodore mora sozinho num belo apê em LA e, fora do trabalho, só se comunica com seu celular e seu laptop. Até que, num telão, ele vê o anúncio futurista desse SO e o instala em seus equipamentos. Interagindo com essa nova “entidade”, tão totalmente virtual quanto para ele se mostra extremamente real, seu humor e sua atitude perante a vida mudam. Não lhe passa pela cabeça que essa perigosa lua-de-mel pode chegar a um desagradável desenlace. Assustadoramente moderna, a parábola de Spike Jonze (Oscar® 2014 de Melhor Roteiro Original) toca com inteligência na “computadorização” das emoções e afetos, das relações sociais e interindividuais no nosso dia-a-dia. Um ensaio brilhante, um alerta dramático. Imperdível. 9/10. Crítico de cinema de Brasília. Desembargador Substituto do TJDFT, membro da 3ª Turma Criminal. Membro da Associação dos Críticos de Cinema do DF. Também é escritor, e atualmente tem no prelo um livro de mais de mil e setecentas páginas sobre Ética na magistratura. [email protected] Nota: Continuo aqui a nova seqüência de Notas: “Grandes atores esnobados pela Academia”. Apesar de suas brilhantes carreiras e excelentes performances, eles jamais levaram um Oscar®. A “bola da vez” é Samuel L. Jackson. A seguir... [2001-2014: 13 anos de coluna com o melhor do Cinema em Brasília!]. 22 a 28 de março de 2014 31 coisas da corte Até quando? Não compartilhamos da guerra civil síria ou ucraniana, mas arrastar uma mulher presa a um carro por 250 metros em plena luz do dia é, no mínimo, uma atitude igualmente ignorante quanto a de atirar a sangue frio. Os três policiais que estavam no carro já estão presos e disseram que já a haviam encontrado ferida. Cláudia Ferreira levou dois tiros quando estava indo comprar pão. Ao chegar ao hospital estava morta. Mulher, brasileira, mais uma vítima das falhas de um sistema que escraviza a todos com o medo da violência, que parte até daqueles que deveriam fazer justiça. Investigação na Petrobras O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro decidiu que investigará os contratos da Petrobras com a empresa holandesa SBM Offshore, que teriam sido efetuados sob suspeita de corrupção. A procuradoria vai apurar pagamentos de propinas de até R$ 139 milhões a funcionários da estatal. Entre os crimes investigados estão os de corrupção passiva e ativa, evasão de divisas, tráfico de influência, violação de sigilo funcional e concussão. Uma auditoria está sendo feita na Petrobras para colher informações sobre o caso. A conferir. Só na mordomia... Viagens, hospedagens e alimentação por conta da casa? No Senado é assim. O levantamento do jornal “O Globo” revelou que os gastos com estas despesas entre os senadores chegou a R$ 499 mil em 2013. Há descrição de casos de senadores que passaram quase 20 dias na Europa e, ao voltarem, limitaram-se a dizer apenas os nomes de algumas cidades e o de algumas autoridades com as quais possivelmente tenha se reunido. O correto é que seja entregue um relatório ao retornar, bem como a confirmação de uma autorização do plenário para sair. Mas, no Senado, claro que não é assim. Mão de ferro Queira ela ou não, a presidente Dilma Rousseff aumenta a cada dia sua fama de “mão de ferro”, principalmente com sua base aliada. A forma centralizadora com que conduz seu governo já gerou insatisfações – e não foram poucas. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) parece agora apenas tornar público a insatisfação de muitos dos colegas políticos. A necessidade de se negociar questões importantes para o país, ao invés de simplesmente impor sua opinião, deveria ser mais estudada pela presidente. Hegemonia? Uma coisa é certa: será difícil para o PT dar continuidade à sua dominação que parece sutil, mas já está mais do que clara. Não só nos governos dos estados e ministérios, mas principalmente no Congresso Nacional. Impedir esta façanha é o principal objetivo do “blocão”, de acordo com os próprios integrantes. O PT é acusado de ter um projeto hegemônico de poder e aumentar as bancadas na Câmara e no Senado. O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou para o jornal “O Estado de S. Paulo” que este é o objetivo de todos os partidos. Mas qual tem forças para competir com o PT? A resposta já sabemos. 32 www.brasiliaemdia.com.br Ela está na área Marina Silva dobrou as mangas e colocou as mãos na massa, literalmente. Suas viagens começaram e os ataques contra a presidente Dilma também. Sua candidatura ainda não foi formalizada, mas a tendência é de que seu parceiro Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, anuncie em abril sua posição como vice na chapa do partido na corrida presidencial. “Nós já temos muitas coisas resolvidas. Agora, anunciamos uma solução no Amazonas. Temos muito tempo até junho para muitas coisas serem resolvidas. Só quatro meses para tratar disso é pouco. Não chegou o tempo de a direção nacional atuar”, afirmou Campos em seminário no Rio de Janeiro. Ele sabe que a presença de Marina nos estados é o que ajudará – e muito – o aumento de sua popularidade em todo o país. Bananas na Esplanada O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), se adiantou nos comentários quanto à distribuição dos Ministérios na última semana e soltou esta: “Todos nós entregamos à presidente a chance para que ela fizesse com que o Brasil seguisse mudando e melhorando, mas o que aconteceu é que ela não soube fazer aquilo para o qual estava predestinada, e nós não podemos deixar o Brasil derreter na inflação, no populismo, entregando cargos como se tivesse distribuindo bananas e laranjas”. O governador falou para uma plateia de 400 pessoas em Surubim (PE) alfinetou a presidente quanto às atitudes realmente errôneas de escolher seus ministros sem nem ao menos suas formações acadêmicas. Economia no Brasil FGTS para pensão A agência de classificação de risco Standard & Poor’s esteve no Brasil para avaliar junto à analistas privados e membros do governo se rebaixarão ou não a nota brasileira. Além da economia, a política no Congresso, eleições e as manifestações populares também estiveram entre as questões da agência. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, recebeu a comitiva e garantiu aos visitantes que a crise política terá fôlego curto, pois tudo se resolverá. É o que os Ministérios sempre dizem, não? Para aqueles que pagam pensão alimentícia, a notícia é boa: o FGTS poderá ser utilizado para a despesa. Inquérito encalhado Desde 2005 está parado um inquérito de investigação de contratos efetuados entre o governo tucano de Aécio Neves em Minas Gerais com empresas de Marcos Valério. Nove anos se passaram e não houve nenhuma conclusão a respeito do caso. A previsão é de que não terá. Aécio defendeu-se dizendo que as contas de seu governo não apresentavam irregularidades, pois sempre foram aprovadas pelo Tribunal de Contas. Os valores pagos às agências de Valério chegaram a R$ 27 milhões entre 2004 e 2005. Uns 20 anos pelo menos seriam necessários para a prescrição. Se nove já se passaram, falta pouco para mais esta história ficar pra depois. Lula disse Depois de se reunir com alguns empresários no Paraná, o ex-presidente Lula, defensor de Dilma, comparou Campos a Fernando Collor de Mello, de forma indireta. “A minha grande preocupação é repetir o que aconteceu em 1989: que venha um desconhecido, que se apresente muito bem, jovem... e nós vimos o que deu”, afirmou. Já dá pra se ter uma ideia da troca de argumentos que vêm por aí. É o que afirmou a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais na última semana, aqui na capital. Mesmo não estando na legislação, a medida poderá beneficiar muitos cidadãos endividados. É o “jeitinho”... Chega de luxo Luxo na prisão é só para quem pode. Como sabemos que mensaleiro pode tudo, não é de se espantar que os condenados tenham até banheiro privativo. Sem contar os cardápios e horários de visitas especiais. O Ministério Público questionou a construção da “Ala Genoino”, como ficou conhecida, diante de tantos benefícios que não são encontrados em outras celas na Papuda. Mas mensaleiro pode, afinal são “inocentes presos políticos” que contribuíram para a construção da história do país. Não para a maioria. Alta de combustíveis Cuidado com o álcool e a gasolina. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) avaliou que nas últimas três semanas o preço do litro da gasolina subiu 0,77%, pelo menos no Rio de Janeiro, enquanto o álcool subiu 4,02%. Em São Paulo o aumento foi de 1,4% e 5% respectivamente. Isso porque o governo queria segurar os reajustes devido à inflação. A previsão, no entanto, é de que o etanol deve ficar em alta até o mês de abril. Congresso Consad O VII Congresso Consad de Gestão Pública acontece entre os dias 25 e 27 de março, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Nesta edição, o evento tem como tema a gestão sustentável e conta também com a participação de gestores/acadêmicos da Austrália e dos Estados Unidos, que compartilham experiências e analisam os principais desafios da administração pública no século XXI. Geoff Gallop, ex-governador do Estado da Austrália do Oeste e atual diretor de cursos de pós-graduação da Escola de Governo da Universidade de Sydney, ministra a conferência magna, no dia 25 de março, sobre “Para onde deve caminhar agora a reforma do setor público?”. Já Stephen Goldsmith, ex-prefeito de Indianápolis, ex-vice-prefeito de Nova York e professor de Governança e Inovação da Escola de Governo da Universidade de Harvard, é o responsável pela conferência de encerramento do congresso, no dia 27 de março, sobre “Como as novas tecnologias estão mudando a forma de governar e o papel da inovação”. A expectativa, segundo Eduardo Diogo, presidente do Consad, é de que mais de 2 mil pessoas – entre palestrantes, pesquisadores, secretários de Estados, dirigentes do setor público e estudantes –, de todos as regiões do Brasil, marquem presença neste que é considerado o maior evento da América Latina acerca do tema. Em debate, modelos de administração pública gerencial, orientada para resultados e comprometida com a qualidade dos gastos e dos serviços prestados aos cidadãos. “É uma oportunidade de atualização, de intercâmbio e de formação de redes que aceleram o processo de disseminação da inovação da gestão pública em todos os cantos do País”, avalia o presidente. 22 a 28 de março de 2014 33 PLANO DE PRESERVAÇÃO DO CONJUNTO URBANÍSTICO DE BRASÍLIA “Rodrigo. A única defesa para Brasília está na preservação de seu plano piloto. Pensei que o tombamento do mesmo podia constituir elemento seguro, superior à lei que está no Congresso e sobre cuja aprovação tenho dúvidas. Peço-lhe a fineza de estudar esta possibilidade ainda que forçando um pouco a interpretação do Patrimônio. Considero indispensável uma barreira às arremetidas demolidoras que já se anunciam vigororosas. Grato pela atenção, abraços Juscelino, Brasília 15.6.1960” E ste bilhete do presidente Juscelino Kubitischeck endereçado a Rodrigo de Andrade, diretor SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional está no livro “Lucio Costa - Inventor de Brasília” de autoria de sua filha, arquiteta Maria Elisa Costa, que foi lançado na semana passada no Clube do Choro, em Brasília. Advogado e escritor, foi presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OABDF, foi também, Secretário Executivo da Comissão de Ética na Política do Conselho Federal da OAB. Em 1999 exerceu o cargo de Secretário de Segurança Pública no Distrito Federal. É membro da Academia Brasiliense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. [email protected] A preocupação de JK com a preservação do projeto da nova capital do Brasil é a síntese do seu pensamento sobre a possibilidade de futuros administradores da cidade pretenderem modificar o Plano Piloto de Brasília. Juscelino tinha razão, e o governador José Aparecido de Oliveira, mais de vinte anos depois da inauguração de Brasília, conseguiu fazer valer a vontade de JK, sem precisar forçar um pouco a interpretação do Patrimônio. Zé Aparecido, com o seu demolidor secretariado, encurralou os vigorosos opositores e conseguiu, não só o tombamento distrital e federal, como o reconhecimento pela UNESCO de Brasília como Patrimônio Cultural e artístico da Humanidade. Durante anos, até mesmo o governador mais longevo no exercício do mandato, Joaquim Roriz, protegeu o plano original de Lúcio Costa e as obras de Oscar Niemeyer, além de construir monumentos criados por Niemeyer. Roriz é muito criticado pela criação de inúmeras cidadades nas proximidades da capital que, afinal, favoreceram a descaracteriza- 34 www.brasiliaemdia.com.br ção da proposta de Juscelino que imaginava Brasília como pólo indutor de progresso no centro-oeste. A concentração urbana determinou a prestação de serviços públicos à população que exigia moradia, saúde, educação e trabalho; com isso, o Distrito Federal se transformou em tudo o que JK não queria: um território com todos os problemas das demais cidades brasileiras. Agora, tudo indica que o descompromissado governo do Distrito Federal se juntou, não a nós cidadãos brasilienses, mas ao grupo que entende que progresso é a ocupação das cidades com prédios imensos, áreas restritas de diversão ao ar-livre, aumento das áreas comerciais nas entrequadras e conjuntos residenciais espremidos entre vias estreitas. A arrogante aprovação do inimaginável “Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília” é uma agressão brutal aos interesses dos moradores de Brasília, e mostra que este governo decidiu fazer tudo o que ninguém previa. O poder depositado nas mãos do governador através das urnas num momento desastroso da nossa história, se desvirtuou depois do controle da Câmara Legislativa, com a utilização de métodos ainda envoltos na penumbra e o aparelhamento da administração pública com a nomeação de aliados escolhidos por indicação política e não através do constitucional concurso público que iguala os direitos dos cidadãos. Os brasilienses esperam que o Congresso Nacional, o Governo Federal, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil e a mídia, se juntem às entidades civis que estão na trincheira da cidadania — indispensável barreira às arremetidas demolidoras que ressurgiram vigorosas —, como diria JK se ainda estivesse entre nós. No meu blog está disponível a 2ª edição do livro de minha autoria “Brasília 2030 - A Recontrução”. A lastimável previsão está se concretizando a passos largos, e 2030 está bem próximo. ACESSE: www.paulocastelobranco.com.br