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revista semanal
REVISTA
SEMANAL
22 a 28/março/2014 - ANO 17 - Nº 883 - R$ 5,00 - www.brasiliaemdia.com.br
À moda russa
conversa
com o leitor
O
tempo encurtou. Bem o sabemos. O tempo encurtou
ao ponto de nos esquecermos da validade de um bom
transporte público na capital federal. Não só com ônibus, mas com um outro meio cuja urgência clama por soluções imediatas: metrô na Asa Norte.
Estamos falando da capital do Brasil. Estamos falando do modelo no qual deveriam se inspirar todos os municípios deste
país, mas, que infelizmente, em se tratando de transporte público, precisa de projetos tanto quanto.
As pessoas acostumam-se então a comprarem seus carros –
um para cada membro da família –, que seguem para pontos
diversos da cidade. A média chega a um carro para cada quatro pessoas. O tempo nas ruas dobra, triplica, mas os cidadãos
continuam comprando seus carros. Se por um lado isso denota
a evolução das condições financeiras do brasileiro, por outro
apresenta um cenário carente de medidas alternativas para se
diminuir o fluxo no trânsito.
Fundadora:
SOCORRO LEITÃO FORMIGA
26 de outubro de 1996
MARCONE FORMIGA
Editor-Geral
AFFONSO HELIODORO
Presidente do Conselho Editorial
Ilustração:
WILLIAM
BRUNA SOARES
Chefe de Redação
Kelen Anselmo
Gerente Financeiro
Conselheiros:
ANCHIETA HÉLCIAS / ALFREDO
BRANDÃO / BERNARDO CABRAL /
BRASIL HELOU / DJANIRA FIALHO
MOREIRA / ERISTON CARTAXO /
FERNANDO ANTÔNIO MIRANDA /
IVES GANDRA MARTINS / JARBAS
PASSARINHO / JOSÉ ALBERTO COUTO
MACIEL / JOSÉ MERIDERVAL XAVIER/
JOSÉ FRANCISCO DAS CHAGAS
VIANA ROBERTO MACEDO / KARLHEINZ NEUMANN / LUIS CARLOS
ALCOFORADO /PAULO CASTELO
BRANCO / Ubirajara Formiga /
WILLIAM MEDEIROS
Colaboradores:
CARLOS CHAGAS /CÉSAR FONSECA /
CLÁUDIA PEREIRA /DÉRCIO GARCIA
MUNHOZ / JOSÉ GUILHERME /
KARINA BONER /LEONARDO MOTA
NETO / NEY LOPES /PAULO CASTELO
BRANCO / REGINA STELLA /
WALTER GOMES
Correspondentes:
ZÉLIA CARDOSO DE MELLO
(Nova Iorque)
Com quantas pessoas nos comunicamos diariamente para organização de grupos de carona, que lotem cada veículo com
quatro pessoas que podem até não se conhecer, mas que estarão indo para o mesmo local? Esta é uma das alternativas mais
viáveis com as quais podemos trabalhar, até que tenhamos resolvida a questão do transporte público na capital federal.
LAURA BIAGIO
(São Paulo)
Brasília merece todo o cuidado, todo zelo, de cada um de seus
habitantes. Não só no que tange ao fluxo de veículos em suas
ruas, mas até mesmo com relação à manutenção de sua estrutura original projetada especialmente na Esplanada dos Ministérios, que pode vir a ter um estacionamento subterrâneo.
Se o tempo não desacelerar, a tendência é que isto e muito
mais torne-se uma realidade na rotina de todos. Como sabemos que da parte da lei dos relógios não haverá trégua, cabe
a nós mesmos nos incluirmos em meio à lista de regras desta
dança com habilidade e rapidez.
Projeto Gráfico:
MONUMENTA
Impressão:
EDITORA GRÁFICA IPIRANGA
Pré-impressão:
STUDIO PRODUÇÕES GRÁFICAS
ALISSON COSTA
Designer Gráfico
WELSON SANTOS
Logística
Apoio:
Amanda Bartolomeu /
JURACIARA RODRIGUES
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Brasília Em Dia não se responsabiliza por conceitos
emitidos em matérias e colunas assinadas
CONFRONTO
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Crimeia
é russa
ENERGIA
16
Água e energia
em risco
AVIAÇÃO
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Mistério no ar
INTERNACIONAL
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Para que quem não
esqueceu
E-mail ao editor
Escreva para: [email protected]
Os criminosos parecem estar governando o País
desde que Brasília foi dominada pelo PT. No
Rio de Janeiro, nem as UPPs resolveram a questão e são atacadas pelos traficantes. Há uma sucessão de roubos, sequestros, mortes, arrastões,
etc. Funcionários públicos e de estatais recebendo
propinas, num ritmo crescente; afinal, o exemplo
vem de cima. Vê-se na TV que criminosos presos em flagrante levados às delegacias, prestam
declarações e são soltos. Há carência de presídios.
Lei “di menor” e cumprimento de só 1/6 da
pena. No Judiciário, os processos levam anos e
muitos prescrevem. No STF, aparelhado pelos
políticos, os magistrados exibidos na TV levam
horas para dar sua opinião/sentença; isso precisa ser mudado para só duas palavras: culpado
ou inocente.
Mário A.
[email protected]
Dona Dilma disse que iria fazer o diabo para
ganhar a eleição. Seu vaticínio começou, ela esticou a corda para o Congresso, ajoelhou-se diante
do blocão e satisfez a fome voraz dos seus aliados.
Não existe almoço grátis, muito menos em Brasília. O custo Brasil está um caos. O aumento da
energia elétrica ficou para 2015. Após as eleições
tudo pode acontecer: o aumento dos combustíveis,
o aumento da inflação, o aumento de impostos, o
desemprego e a crise social. O ano de 2015 promete grandes e importantes mudanças. Se para
melhor ou pior, vai depender do voto do cidadão.
Izabel Avallone
[email protected]
A Polícia Federal não descansa! Só nos últimos
dias, tivemos notícias de que investiga cartel dos
trens que também atuou na área federal – em
Belo Horizonte e Porto Alegre – além de apurarem ações suspeitas na Petrobras. O recebimento
de propina por funcionários da empresa vinda da
fornecedora holandesa e o caso da compra da refinaria americana Pasadena, sem pé nem cabeça,
causando prejuízo enorme, e mais um expediente
de muitos que não citarei pois a lista é extensa,
volta à tona o caso Rosemary Noronha, amiga
“íntima” de Lula, denunciada por tráfico de influência, comércio de pareceres emitidos por agências reguladoras, mais formação de quadrilha.
Tem Polícia Federal para investigar tantas falcatruas do PT? Só espero que não sejam julgados
pelo STF, pois, com a maioria de circunstâncias
lá formada, como acusou Joaquim Barbosa em
um de seus mais brilhantes momentos de heroísmo, a tendência é todos ligados ao poder petista
serem absolvidos.
Myrian Macedo
[email protected]
Os principais jornais do Brasil têm um time de
colunistas extremamente preparados. Muitos deles são expoentes em suas áreas de atuação. Assuntos como Economia e Política, entre outros,
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são dissecados e as opiniões expostas com tanta
clareza que programas de governo poderiam ser
tranquilamente formados a partir de suas opiniões. Com menos espaço, vimos também leitores
expondo suas idéias. As autoridades dos três
poderes, porém, ignoram solenemente as criticas e
sugestões. Favorável a eles aparecem esporadicamente uma ou outra opinião, porém a fraqueza
dos argumentos não resiste à uma análise mais
rigorosa. Isto me leva a crer que o que interessa
aos governantes é o voto dos analfabetos e dos
que dependem de seus programas sociais. Seus
orçamentos domésticos não permitem que comprem jornais e quando têm acesso a qualquer
periódico, o usam para embrulhar lixo ou dejetos pessoais. Este processo faz parte do jogo
do governo para “cubanizar” ou “bolivarizar”
o pais. É lamentável.
Paulo Henrique C. de Oliveira
[email protected]
A palhaçada da propaganda oficial se revela a
cada dia. Exemplo perfeito é a anunciada pacificação dos morros cariocas, aliás, as favelas, que
carinhosamente a mídia oficial chama de comunidades. São o berço e o quartel dos traficantes de
drogas e armas, os agentes dos crimes, incêndios a
ônibus e arrastões pelas praias cariocas e dizem,
mídias e governo, que foram pacificadas! Tal pacificação resulta em mortes semanais de policiais
em serviço, pobres condenados que sobem os morros, entram nas favelas, acreditando que aqueles
antros estejam de fato “pacificados”. Palhaçada.
E, novamente, com palco no nosso Rio, cidade
maravilhosa e palco do auge do crime no país.
Pobres coitados que pensaram que o BOPE do
cinema lhes garantiria sobrevivência. Qual nada,
as armas que ali estão “pacificadas” fazem inveja
a qualquer armada americana de última geração
e o pobre brasileiro pensa que as tais comunidades ficaram de uma hora para outra pacificadas.
Pobre policia, pobre Rio e pobre Brasil.
Ronaldo Parisi
[email protected]
Conforme noticiado, a abertura da Copa do
Mundo não terá discursos da presidente Dilma
Rousseff e nem do presidente da Fifa, Joseph
Blatter, para evitar que os dois sejam vaiados,
como aconteceu durante a Copa das Confederações em junho 2013. Para os brasileiros que
acham que a Fifa interfere nos problemas internos do país, sempre é bom lembrar que não foi a
Fifa que pediu ao Brasil para sediar a Copa. E
mais: as exigências da Fifa sobre os estádios, bem
como a melhoria na infraestrutura das cidades-sede, são normas da entidade que foram aplicadas em todos os países onde esse evento esportivo
foi realizado. O Brasil estava bem ciente disso em
outubro de 2007 quando apresentou a proposta
à Fifa .
Edgar Gobbi
[email protected]
entrevista
Alberto Alves de Faria
O impasse da
preservação
Por Bruna Soares
A
cada ano que passa, assistimos ao monstruoso crescimento de Brasília, que tem
sofrido alterações em seu plano
original e alimentado insatisfações
em muitos cidadãos. O projeto da
construção de um estacionamento
subterrâneo na Esplanada dos Ministérios trouxe à tona mais uma
discussão que permeia o desafio de
preservar a cidade em meio às demandas de um tráfego de veículos
que caminha para o caos. O presidente do Conselho de Arquitetura
e Urbanismo do Distrito Federal,
Alberto Alves de Faria, esclarece
para o leitor quais são os principais
posicionamentos dos arquitetos da
capital com relação à proposta do
Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub)
que voltou a ser discutida em meio
à críticas e contradições. Ele afirma
que Brasília deverá inevitavelmente
sofrer mudanças, mas que antes de
dar importância a quais serão elas,
deve se considerar muito bem os
locais onde serão aplicadas.
22 a 28 de março de 2014
Se quisermos sair da
UnB e pegar um ônibus
para o Plano Piloto,
não acharemos uma
parada adequada, uma
informação sobre a
linha que passará, nem
o horário. Isto mostra o
nível do descaso com o
transporte na
capital federal
- O que acha da proposta de um estacionamento subterrâneo na Esplanada dos Ministérios?
- Hoje temos um modelo na capital que
é muito baseado no transporte individual. Tivemos um desenvolvimento nas cidades brasileiras que privilegiou este tipo
de transporte e, quando Lúcio Costa escreve o Plano Piloto em 57, 56, ele já fala
numa escala rodoviária. Quando ele propõe todas aquelas tesourinhas, passagens
de níveis, ele apresentou toda uma crítica
contra os sistemas viários das cidades tradicionais, que já não permitia o livre trânsito dos automóveis. A expectativa era que
com isso pudéssemos ter um sistema viário adequado, fluído. Afinal, havia também
a ideia de que Brasília nunca precisaria ter
sinal e assim o trânsito poderia fluir. Este
modelo, ao longo dos últimos cinquenta
anos, foi se aprofundando e, paralelamente, nossos governantes não trabalharam
em investimentos no transporte coletivo.
- Quais acredita que tenham sido as
consequências disso?
- Enquanto os países mais avançados procuraram trabalhar com diversos modais
de transporte, como passagens de trens,
bondes, ônibus e vans que desestimulam
o transporte individual, o Brasil e, particularmente Brasília, ficaram defasados.
Os órgãos técnicos que deveriam trabalhar com isso acabaram não produzindo estes estudos e tiveram suas funções
diminuídas em sua importância, como é
o caso do DETRAN, do Departamento
Metropolitano de Transportes Urbanos.
Ou seja, em Brasília a gente perdeu esta
oportunidade e tivemos esse acréscimo
impressionante de veículos em uma cidade que estava planejada para uma determinada situação, que hoje se vê com problemas sérios de estacionamentos, sem
nenhuma solução racional.
- Quais seriam as soluções?
- Primeiro, obviamente, é procurarmos fazer com que o transporte coletivo funcione com segurança, tranquilidade e condições para chegar aos locais. Se quisermos
sair da UnB e pegar um ônibus para o Plano Piloto, não acharemos uma parada adequada, uma informação sobre a linha que
passará, nem o horário. Isto mostra o nível
do descaso com o transporte na capital federal. Simplesmente falar que o transporte
coletivo vai diminuir o individual também
é um discurso um pouco hipócrita porque
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isto não acontece no mundo inteiro. A
própria cidade de Paris fechou o centro e
deu transporte gratuito para todos. Estamos falando de uma cidade que tem uma
rede que atende uma população superior.
Aqui no DF assistimos aos moradores
queimando os ônibus, diante do descaso
com que são tratados. Nos últimos anos,
o transporte coletivo ficou nas mãos de
pessoas que não tinham o menor compromisso além do compromisso com o
lucro. Essas medidas com mais vagas na
Esplanada não são novas. Já existiram estudos mais contextualizados que propuseram que ao lado da plataforma rodoviária, onde temos o cruzamento dos Eixos,
fossem construídas garagens na parte de
baixo. Ali é todo um local vazio, que não
tem terra. Seria uma possibilidade para
quase quatro andares que poderiam servir
de garagens.
- Há outros locais onde também poderiam ser construídas mais garagens?
- Nas vias N1 e S1 também há desníveis
que poderiam abrigar garagens. Há discursos e há uma necessidade de se ofertar
vagas. A discussão que fazemos é de que
na posição prevista na Esplanada, onde
está sendo colocada a ideia, poderá causar
um acréscimo de trânsito e de comprometimento da qualidade muito maior do
que se for colocada nestes lugares. Temos
um entendimento de que o local não é
adequado, pois contribuirá para um fluxo
ainda maior, fazendo com que tenhamos
em Brasília uma coisa que eu acho muito ruim: colocar as pessoas em subsolos,
locais que requerem um sistema de ventilação e iluminação que certamente serão
serviços pagos. O questionamento não é
com relação à oferta de vagas.
- Com o que seria?
- O sistema de transportes coletivos precisa mudar urgentemente. Sem isso teremos
cada vez mais pessoas procurando carros
e se desenvolvendo um sistema que é absurdo. Para se ter uma ideia, cada vaga de
estacionamento tem mais ou menos 25
metros quadrados. Imagine se cada um
nós que ocupamos 1 metro quadrado precisaremos andar com 25 nas costas para
poder parar um carro? Não há cidade, não
há espaço físico que comporte isso. Nós
fizemos um estudo no Campus universitário que analisou que se fôssemos atender
à toda demanda no terreno do Campus,
não haveria espaço suficiente. As alternati-
vas passam por mais ofertas de vagas, por
estacionamentos rotativos, que desestimulem o transporte individual. Há que se desestimular e alterar este sistema.
- Mas haveria uma diminuição do tráfego no Eixo Monumental...
- Exatamente, mas seria transferido um
tráfego da parte superior para a parte inferior, com mais necessidade de sistemas
de ventilação, iluminação e segurança.
Imagine o mesmo fluxo que existe hoje
nos horários de pico no subsolo, com
emissão de gases, entre outros problemas. Entendemos que existem outras
áreas que poderiam receber estas vagas
e ter melhores condições de ventilação e
abertura que são as encostas, laterais, das
vias N1 e S1, por exemplo.
- Será um serviço oferecido para o servidor do governo ou para o cidadão?
- Não é algo para o povo, mas de qualquer
maneira é preciso, sim, ofertar as vagas de
uma forma adequada. Nós não achamos
que aquele local seja o adequado, mas estacionamentos rotativos, transportes públicos gratuitos, poderiam ser estimulados.
Teremos que chegar a estas condições
porque o Plano Piloto tem 300 mil habitantes que dormem nele, enquanto que
os que amanhecem são 800 mil. Há uma
diferença grande nisso, o que também requer uma descompressão de atividades.
- O PPCub não deveria preservar ao
invés de modificar?
- Uma cidade é uma organização social dinâmica. As cidades precisam mudar e vão
mudar. Não podemos ter a percepção de
que algum planejamento vai permanecer
assim para sempre, estático. Do relatório
do Lúcio Costa para a inauguração em
1960 houve várias mudanças e ajustes necessários para se fazer as mudanças que
temos aqui. Mas o que o Plano não pode
realmente perder de vista é justamente
esta palavra: preservação. Existe uma conceituação básica deste Plano que deve permanecer como exemplo para as gerações
que virão, mas também desenvolvimentos
mais intensos que virão a acontecer fora
deste Plano. Este é o principal ponto de
discussão que temos no Conplan (Conselho de Planejamento Urbano e Territorial). Há uma percepção de que haviam
várias medidas que criariam mais áreas
dentro do Plano Piloto, fazendo com que
os prédios ficassem mais altos, mais com-
pactos. O plano original de Águas Claras,
por exemplo, era um plano para dois andares e uma determinada população. Sem
nenhuma preocupação maior que não
fosse meramente o lucro e o aumento do
potencial de venda dos terrenos, foram liberados prédios de 30 andares com a mesma rua, a mesma capacidade de garagem,
duplicou-se, triplicou-se a população. O
foco que temos colocado é exatamente
não perder de vista este cuidado porque
é como se estivéssemos em Ouro Preto,
uma cidade que é Patrimônio. Se começarmos a mudar, a descaracterizar, perderemos muito do benefício que Brasília tem
por ser Patrimônio, imagem reconhecida
de turismo, entre vários outros fatores que
são positivos para nós.
- O tombamento neste caso estaria em
risco?
- O tombamento não estaria em risco, mas
a população de Brasília e os dirigentes podem contribuir para uma descaracterização do que foi tombado e isso sim será
um risco. Nós já tivemos discussões duras
sobre sétimo andar, ocupação de pilotis...
Todas discussões que a longo prazo descaracterizam a cidade. Afinal, Brasília é o
que Lúcio Costa queria: algo que não se
encontra em outros lugares, um exemplo
muito representativo do urbanismo do século 20. Há, portanto, características que
podem, sim, ser colocadas em risco se forem permitidos prédios mais altos, maior
ocupação de pessoas e de veículos. A descaracterização daquela praça em frente ao
gramado, que é um espaço que foi colocado para se ter uma percepção do governo
federal, dos Ministérios, do Congresso,
dos Três Poderes, da Catedral, deve ficar
congelado, mantido e preservado para que
outras gerações possam reconhecer aquilo como um esforço cultural brasileiro de
uma geração que construiu uma cidade no
meio do país.
- Devemos evitar uma privatização?
- Não acredito que o PPCub queira privatizar, até porque esta privatização acontece de várias maneiras. Por exemplo, um
morador que cerca pilotis de um bloco
para fazer uma garagem é privatização.
O compartilhamento de espaços públicos é também perceber que estes espaços
não são para apropriação. Ainda estamos
num processo e o que se percebe é que
em determinadas situações, as propostas
do PPCub favoreciam a valorização arti-
ficial da terra para beneficiar poucos. As
propostas, por exemplo, de se transformar
os lotes das escolas em lotes comerciais,
enchendo o local com shoppings centers
e centrinhos comerciais, descaracterizaria
totalmente o Plano Piloto porque um lote
comercial gera um movimento diferente,
pessoas diferentes, uma vida diferente do
que na escola. Vamos trabalhar com o potencial que a cidade tem e não descaracterizá-la aos pouquinhos. A quadra 901 na
Asa Sul tem patamar baixo. Na Asa Norte
a ideia era pegar as quadra e mudá-las de
18 metros de altura para 60. Ou seja, vai se
descaracterizando, descompensando, tornando desigual aquilo que o Plano queria
que fosse igual. O conceito de privatizar é
mais amplo do que se imagina.
- Há muitas pessoas que são contra
quaisquer mudanças em Brasília. O
que fazer?
- Toda a cidade tem que mudar. Não é
possível acharmos que aquela área que
vai do Memorial JK até a Rodoferroviária
tem que ser um gramado, uma coisa aban22 a 28 de março de 2014
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donada como está hoje. A cidade ainda
precisa de museus, de centros culturais. O
próprio Memorial JK é um centro cultural
e é uma referência. Então, aquela região é
propícia para isso e o PPCub propôs para
ela um determinado uso. Para museus, cultura, e não para um shopping center. Isso
é uma discussão diferente. A ocupação
tem que se dar dentro daquilo que ajuda
a preservar.
- Qual é a importância da atuação do
PPCub?
- Um dos compromissos que o governo
tem com a Unesco é o de apresentar as
medidas efetivas que são tomadas para
preservação. Essas medidas não podem
ser aleatórias e têm que estar articuladas
dentro de um conjunto. Este conjunto
passa por uma visão do todo. O PPCub é
uma obrigação legal, institucional e é necessário para que percebamos o limite, a
percepção do todo que é criado no Plano. Às vezes circulo por algumas cidades,
acabo dando algumas palestras, e observo que há uma dispersão espacial forte
em Brasília com pessoas que moram em
Taguatinga, Ceilândia e Samambaia que
nunca vieram para o Plano Piloto. Não
podemos permitir que pessoas do Distrito Federal não se reconheçam como seus
membros e responsáveis por ele. As cidades foram crescendo e desenvolvendo
sua autonomia, sua característica cultural.
Acho que não são mais cidades satélites e
sim cidades. Mas não podem ficar tão isoladas como se aqui fosse algo tão distante
para onde as pessoas não possam vir.
- Quais são suas expectativas quanto
à questão do estacionamento subterrâ-
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Para se ter uma
ideia, cada vaga de
estacionamento tem
mais ou menos 25
metros quadrados.
Imagine se cada um nós
que ocupamos 1 metro
quadrado precisaremos
andar com 25 nas costas
para poder parar um
carro? Não há cidade,
não há espaço físico que
comporte isso
neo e qual é o posicionamento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo?
- O Conselho tem o posicionamento a
favor de uma discussão mais ampla do
PPCub para que nesta discussão enxerguemos a possibilidade de um consenso
maior. Temos a posição de que os estudos
técnicos que subsidiam o plano devem ser
mais transparentes, divulgados e debatidos de forma mais ampla. No caso desta
garagem, pensamos que existem outras
alternativas mais adequadas. Defendemos
que estes estudos possam ser mais debatidos para que mais contribuições possam
ser feitas para que, de fato, este diálogo
que o Conplan e o Conselho permitem
possa resultar num produto maior. O PPCub ainda vai à Câmara Legislativa, mas a
expectativa que temos é a de que ele abandone muitas das propostas que visam somente uma expansão de terra, um adensamento do plano, a criação de mais áreas e
que reflita mais o conceito de preservação.
- Brasília terá que se adaptar às mudanças?
- Este congelamento é uma ideia contrária
à proposta do tombamento. Vemos cidades que têm elementos tombados com dinâmicas próprias. O que se pretende não
é impedir o desenvolvimento, mas mantê-lo dentro dos limites que foram pensados
para que, a partir do esgotamento deste
limite, o desenvolvimento possa acontecer de forma mais harmônica. A população tem que atuar. Não podemos deixar
que decisões importantes sejam tomadas
sem que todos avaliem as consequências.
Precisamos ordenar o território. Afinal, já
perdemos mais de 50% da vegetação do
cerrado.
- Qual é o conselho para o arquiteto
que quer manter a estrutura original
de Brasília?
- Esta questão de manter a visão original
de Brasília deve também nos levar a focar
os conceitos mais importantes que temos e
trabalhar com alternativas para uma maior
valorização dos espaços. As escalas, por
exemplo. O prédio está no meio do verde.
Isto é o que mundo inteiro quer hoje. Ninguém quer mais cidades como São Paulo.
Isso precisa ter um bom sistema de calçadas, de ciclovias, de segurança, pois quando uma região assim é mal cuidada há um
impedimento para que as pessoas a utilizem. O sistema de valorização da área verde e dos espaços públicos ainda é um bom
desafio para o arquiteto de hoje. Como
faço uma calçada boa para ir do Hotel Nacional ao Teatro Nacional? Sabemos que
é descendo pelo meio do Conic, passando
por locais sem a menor percepção de praticidade. Então há ainda muitos casos que
merecem soluções produtivas.
- Qual é a principal missão do Conselho para este ano?
- O Conselho é uma autarquia federal e
tem alguns limites específicos de atuação
porque é um órgão regulamentado por
uma lei. É possível termos mais arquitetos trabalhando junto aos moradores
que precisam. Procuramos então levar a
atividade do Conselho para os condomínios, para os edifícios, fazendo trabalhos
de orientação, de informação, mostrando
que a função de arquiteto não é elitista.
Trabalhamos com a Câmara Legislativa
para a instituição de um programa chamado Arquitetura Pública, que é um modelo com o qual pretendemos ofertar assistência técnica a moradores que não têm
condições de entrar em contato com o
arquiteto. Assim, ele terá no fim um bom
produto, que é a habitação dele, com mais
qualidade. Esta é uma das nossas principais metas para este ano.
ÀS PORTAS DA
DESAGREGAÇÃO
FINAL
Trata-se de um fenômeno novo em nossa realidade,
iniciado em junho do ano passado com as primeiras
manifestações populares de protesto e multiplicado
até hoje, trazendo em seu bojo excessos, violências e
confronto entre o cidadão comum e a autoridade pública
O
Comentarista do SBT e Rádio
Jovem Pan, coluna publicada
em 25 jornais, membro da
ABI, foi diretor do jornal
Estado de São Paulo, de
1972 a 1988, também foi
Secretário de Imprensa da
Presidência da República, no
governo Costa e Silva, em
1969 e conquistou o Prêmio
Esso de Jornalismo, em 1970.
[email protected]
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país parece haver chegado ao limite. Não há uma cidade, uma região ou um estado onde a população tenha deixado de manifestar sua indignação diante da má
prestação de serviços públicos, de episódios de violência policial contra pessoas,
de corrupção envolvendo recursos públicos ou atividades privadas e até de deficiência
no funcionamento das instituições nacionais. Trata-se de um fenômeno novo em nossa
realidade, iniciado em junho do ano passado com as primeiras manifestações populares
de protesto e multiplicado até hoje, trazendo em seu bojo excessos, violências e confronto entre o cidadão comum e a autoridade pública.
Tornou-se rotina assistir o povo ir para a rua, interromper o tráfego, erigir barricadas,
queimar lixo, pneus e material de toda espécie, protestando porque uma bala perdida
tirou a vida de um inocente, uma patrulha policial exorbitou de suas obrigações, uma
determinada linha de ônibus ou um trecho do metrô não funcionou. Ou uma quadrilha
apropriou-se de seus direitos elementares. Em ritmo maior ou menor, segmentos cada
vez maiores impõem sua resistência diante da má qualidade das obrigações que o Estado
última hora
deveria prestar às custas de extorsivos impostos e taxas cobrados em ritmo sempre
maior. Claro que em meio a essas manifestações infiltram-se bandidos empenhados
em depredar, invadir e até matar. Para não falar que o crime organizado aproveitase de cada episódio para tirar partido da impotência do poder público em garantir
a lei e a ordem, ampliando sua ação perversa e deletéria.
SENTIMENTO DO BASTA
Do que se fala hoje é da evidência de um sentimento de basta, de chega, levado dos
corações de cada um para a explosão de todos. Tome-se Brasília, nas duas últimas
semanas. Rodovias interrompidas, ônibus saqueados e incendiados, trabalhadores
impedidos de locomover-se, famílias obrigadas a refugiar-se, autoridades públicas
desmoralizadas e sitiadas em locais onde seu resgate torna-se mais humilhante do
que a impotência demonstrada em manter a lei e a ordem. A hora é do “cada um
por si”, diante da falência do poder público.
Indaga-se onde tudo isso vai dar. A resposta surge clara: no caos. Na impossibilidade
de continuar indefinidamente o processo de desagregação social corroendo os
princípios básicos da convivência civilizada. Em pleno Século XXI retornamos
à barbárie, da qual escapam apenas os privilegiados, por ironia os maiores
responsáveis pela débâcle que nos assola. Até justiça pelas próprias mãos começou
a ser feita pelos incapazes de conter a própria indignação.
Devem tomar cuidado os chamados poderes constituídos, em pleno processo de
desagregação. Já não conseguem mais preservar a autoridade, sequer os locais onde
se encastelam. Não é de hoje que as multidões tentam invadir os palácios, depois
de haver tomado conta das ruas. O pior é que agem assim sem ideologia, sem
partidos políticos, muito menos sem planos, propostas e programas definidos.
São impulsionadas pelo descrédito no que existe à sua volta e pelo desespero de
não poder erigir alternativas. Não demora chegará a desagregação final.
HIPÓTESE ESDRÚXULA
Uma vez ou outra aparecem na política especulações inviáveis. Uma delas, desta
semana, é de que Aécio Neves gostaria de ter Fernando Henrique Cardoso como
seu companheiro de chapa. Seria a unidade tucana entre Minas e São Paulo.
Comenta-se que o ex-presidente teria dado seu aval.
Aqui para nós, dois galos num terreiro só fariam o horror das galinhas.
Dilma venceria no 1º turno, indica pesquisa Ibope
Pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira atribui 40% das
intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff se a eleição presidencial fosse hoje. O segundo colocado é o senador Aécio Neves
(PSDB-MG), que aparece com 13%, e o terceiro, o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 6%. Pastor Everaldo
(PSC) registrou 3% e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL), 1%.
Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB) não pontuaram. Nesse cenário, o mais provável, Dilma venceria no primeiro
turno porque a soma das intenções de voto dos adversários não supera o percentual que ela obteve. A pesquisa indica que 12% dos
entrevistados não responderam ou não sabem em quem vão votar.
Os que disseram que votarão em branco ou nulo somaram 24%. Os
candidatos que disputarão a eleição serão oficialmente conhecidos
em junho, quando os partidos terão de realizar convenções para definição dos nomes. O Ibope ouviu 2.002 eleitores entre 13 e 17 de
março. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais
para mais ou para menos.
Juíza concede liberdade provisória a policiais
O laudo do IML indicou que a causa da morte de Claudia Silva
Ferreira foi o tiro que atingiu o tórax dela. A juíza Ana Paula Monte
Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar, concedeu
liberdade provisória e mandou expedir o alvará de soltura dos três
policiais militares que estavam no carro que arrastou Cláudia Silva
Ferreira. A decisão da juíza acolheu pedido do Ministério Público, que
na noite de quarta-feira pediu a libertação dos PMs. Os subtenentes Rodney Miguel Archanjo e Adir Serrano Machado e o sargento
Alex Sandro da Silva Alves estão presos na penitenciária Bangu 8,
na Zona Oeste do Rio. Eles socorreram a auxiliar de serviços gerais
após ela ter sido baleada em um tiroteio entre PMs e traficantes no
morro da Congonha, em Madureira, na Zona Norte, no último domingo. Cláudia foi colocada no porta-malas do carro e foi arrastada por
250 metros quando o compartimento se abriu.
Ex-presidente da Petrobras contradiz Dilma
O ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, afirmou que a
cláusula que obrigou a estatal a comprar por um alto valor uma refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é comum em aquisição de
empresas. Gabrielli estava à frente da petroleira quando as negociações para a compra da refinaria, iniciadas em 2006, ocorreram. A
presidente Dilma, que na época presidia o conselho da Petrobras,
divulgou nota dizendo que aprovou o negócio com base em um relatório “falho”, que omitia essa cláusula. A operação é investigada no
Tribunal de Contas da União (TCU), na Polícia Federal e no Ministério Público, por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas.
Na nota, Dilma fez referência à cláusula chamada de Put Option, que
determinava que, em caso de desacordo entre os sócios, a outra parte seria obrigada a adquirir o restante das ações. Foi o que aconteceu
entre a Petrobras e a belga Astra Oil. A Astra Oil comprou a refinaria
de Pasadena em 2005, por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, a
estatal brasileira decidiu adquirir 50% da refinaria ao custo de US$
360 milhões, e se tornou sócia da emprega belga.
Metade do arsenal químico da Síria foi destruído ou retirado
do país
Mais da metade do arsenal de armas químicas declarado pela
Síria foi enviado para fora ou destruído dentro do país, disse nesta
quinta-feira, 20, a chefe da equipe internacional que supervisiona o
processo de desarmamento. Segundo Sigrid Kaag, chefe da missão
conjunta da Organização das Nações Unidas e da Organização
para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), 54% das toxinas foram removidas ou eliminadas. O processo, com o qual o governo do
presidente Bashar Assad concordou depois que um ataque químico
matou centenas de pessoas ao redor de Damasco no ano passado, está com meses de atraso, mas Sigrid disse que o novo impulso
“permitirá a conclusão em tempo hábil”. A Síria já perdeu o prazo de
5 de fevereiro para entregar ou destruir todas as 1.300 toneladas de
agentes químicos que declarou possuir no ano passado. Na semana passada, o país não cumpriu o prazo para destruir uma dezena
de instalações de produção e armazenamento. O governo de Assad
atribui os atrasos a problemas de segurança para transportar os produtos químicos através do território, em conflito há 3 anos, até o porto
mediterrâneo de Latakia.
A edição foi fechada às 20h55 do dia 20/03/2014
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confronto
Crimeia é
russa
Por Amanda Bartolomeu
O
presidente russo, Vlamidir Putin, assinou o decreto que integra
Crimeia à Rússia, contrariando
a União Europeia (UE) e os Estados
Unidos. O clima em Criméia depois da
votação era de festa e alegria por parte
da maioria das pessoas. Os EUA e a UE
decidiram restringir vistos e bens para
personalidades russas e ucranianas. O
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presidente Barack Obama afirmou que
ampliará as punições. Ambos anunciaram as sanções que incluíam restrições de
viagens e bloqueios de bens de pessoas
vinculadas ao movimento de separação
da península. Moscou, por sua vez, comemora e se prepara para anexação da
península ucraniana às fronteiras russas.
Desde 1954, a Criméia, que até então fazia parte da Rússia, foi cedida à Ucrânia.
Com este argumento, Putin justificou
uma anexação que sabemos que vai além
das razões mencionadas. O presidente
russo ressaltou em seu discurso sobre o
peso que a Rússia tem no mundo e indagou a hipocrisia dos países ocidentais.
Por outro lado, a tensão com a Ucrânia cresce. Em um bombardeio feito à
uma base militar em Simferopol, capital
da Crimeia, um soldado ucraniano foi
morto. O ataque ocorreu quando tropas
russas que ocupam a região deram uma
baixa na guarda. O governo ucraniano
classificou o ataque como crime de guerra e autorizou os soldados ucranianos a
revidar com tiros, caso haja nova tentativa de invasão em Kiev.
Putin declarou que o referendo que aprovou a separação de Crimeia da Ucrânia
aconteceu “em plena conformidade com
os procedimentos democráticos”. Ele
demonstrou não se importar com as
ameaças de punições quanto à efetivação
da separação, vindas da UE, EUA e Nações Unidas, que exigem o recuo de suas
tropas. A Rússia também é ameaçada de
ser expulsa do G8 se persistir no conflito
com a Ucrânia.
Moscou reafirmou que não voltará atrás
quanto à anexação da Crimeia ao seu
território. Em nota, o chanceler russo,
Sergei Lavrov, declarou ao americano
John Kerry que não mudarão de ideia na
O presidente russo ressaltou em seu discurso
sobre o peso que a Rússia tem no mundo e
indagou a hipocrisia dos países ocidentais.
Por outro lado, a tensão com a Ucrânia
cresce. Em um bombardeio feito à uma base
militar em Simferopol, capital da Crimeia, um
soldado ucraniano foi morto
decisão de unir a península. As tensões
separatistas pioraram após a deposição
do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, o que só agravou as relações que já
não eram das melhores. Mais tensão e perigo para a região foi o resultado.
Após as tropas pró-russas ocuparem
cerca de quatro instalações da Ucrânia,
o governo interino ucraniano decretou
a retirada de sua força militar. O secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, Andrii Parubi, anunciou:
“Estamos elaborando um plano que nos
permita remover os soldados e suas famílias da península, para que sejam levados
rápida e eficientemente para a Ucrânia
continental”. A perda de Crimeia para a
Rússia parece ser irreversível. E como se
já não bastasse, Kiev anunciou sua saída
da Comunidade de Estados Independen-
tes (CEI), estabelecendo a exigência de
visto para que cidadãos russos possam
ingressar na Ucrânia. O secretário-geral
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse que a separação da Crimeia do
território ucraniano para a união com a
Rússia é, sem dúvidas, a maior ameaça de
estabilidade europeia, desde o término
da Guerra Fria. “Isso é um alerta. Para
Otan, para todos aqueles compromissados com a Europa, com a liberdade e
com a paz”, declarou. Rasmussen relembrou que a cooperação da Rússia com a
Otan foi suspensa, interrompendo também seus planejamentos de missão para
a destruição das ramas químicas da Síria.
O secretário não levantou hipóteses para
uma ação militar e enfatizou: “Não existe saída rápida e fácil para reagir contra
agressores globais”.
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política
Evitando
conflitos
Marco Civil da Internet atende demandas dos parlamentares
N
a tentativa de amenizar os conflitos
que aconteceram entre PT e PMDB
e que colocaram em xeque a aliança
entre os dois partidos, o governo decidiu
ceder na votação do Marco Civil da Internet, que foi transferida para semana que
vem. A manutenção da neutralidade da
rede será mantida e o decreto presidencial
terá de ater ao texto e ser submetido à avaliação do Comitê Gestor da Internet (CGI)
e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Um possível autoritarismo do governo
será desta forma evitado, já que não poderá ser definido pelo Executivo o que poderá ou não ser transmitido na rede. A presidente Dilma continuará com o mesmo
instrumento legal para definir os critérios
técnicos e as exceções à neutralidade, mas
deverá seguir a legislação que será aprova-
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da pelo Congresso. A CGI e a Anatel terão
que analisar e aprovar o decreto antes que
a norma entre vigor. A palavra “decreto”,
inclusive, será substituída no texto pela
expressão “de acordo com o que prevê a
Constituição”.
Líderes de partidos e alguns ministros decidiram acertar esta modificação. “A regulamentação por decreto é um poder que jamais poderia ser tirado do Executivo, mas,
para que não haja dúvida, estamos construindo um texto em que o decreto será
constituído em estrita consonância com
a lei”, afirmou o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo.
O governo havia dito que esta questão
de neutralidade seria inegociável, mas
o líder do governo na Câmara, Arlindo
Chinaglia (PT-SP), tentou minimizar a
alteração. “A Constituição Federal determina que o governo faça o decreto. Havia uma preocupação de isso caracterizar
poder excessivo, mas o ministro concordou em produzir uma redação ‘induvidosa’”, afirmou.
O clima entre os parlamentares permanece
rejeitando quaisquer influências do
Executivo sobre o Legislativo. A votação,
porém, ficou marcada para terça-feira.
“Preparem-se para uma longa votação,
similar à MP dos Portos”, avisou o
presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), referindo-se às mais
de 40 horas da sessão no ano passado.
A presidente Dilma, enquanto isso, deu
posse a seis novos ministros sem a presença de representantes da Câmara, especialmente Alves, presidente da Casa. Os peemedebistas não se mostraram satisfeitos
com as escolhas da presidente para os Ministérios do Turismo e Agricultura.
Vinícius Lages foi escolhido para o Turismo, Néri Geller (PMDB) ocupou Agricultura e Clélio Campolina Diniz ocupou
Ciência, Tecnologia e Inovação. Gilberto
Occhi ocupou a pasta das Cidades, Eduardo Lopes (PRB) a da Pesca e Miguel Rossetto (PT) a pasta do Desenvolvimento
Agrário. De olho no PMDB, a oposição
tucana começou a garimpar a possibilidade de novas alianças. O PSDB de Minas
Gerais tenta agora atrair o PMDB à campanha do ex-ministro Pimenta da Veiga ao
governo do estado, já que o governador
Antonio Anastasia anunciou que deixará
o cargo no dia 4 de abril para dedicar-se
à coordenação e elaboração do plano de
governo de Aécio Neves à presidência.
Em seu lugar entrará o vice Alberto Pinto Coelho (PP). Anastasia já ofereceu aos
peemedebistas a vaga de vice-governador
de Minas e secretarias, caso as alianças sejam frutíferas no Estado.
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energia
Por Bruna Soares
D
epois das indicações de que a situação energética do país não está tão
segura quanto pensamos, o governo brasileiro resolveu entrar com medidas
de socorro em prol do setor, que estava
à beira de apresentar um reajuste assustador para o cidadão consumidor. Não se
imaginava que este assunto seria tratado
tão cedo de forma preocupante, como
também o da escassez de água em alguns
pontos do país.
A Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) aprovou recursos que cobrirão
as despesas no setor elétrico. As
distribuidoras de energia elétrica terão
acesso à Conta de Energia de Reserva
(Coner), que é destinada ao suprimento
de fontes alternativas do sistema
elétrico, pago pelas empresas e pelos
consumidores através de tarifas. Tratase de R$ 2,9 bilhões até o fim do ano,
além de outros R$ 12 bilhões anunciados
na semana passada, que amenizarão os
prejuízos do alto custo da energia no
mercado. “A audiência pública já havia
sido aberta, portando já consideramos a
previsão de saldo existente e arrecadação
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Água e
energia
em risco
da Coner no ano”, informou o diretor
geral da Aneel, Romeu Rufino. O ministro
de Minas e Energia, Edison Lobão,
prometeu maior aproximação do governo
com os empresários, que afirmam que
há uma possibilidade de o racionamento
de energia elétrica chegar a 3% até o
fim do ano. O governo garante que a
possibilidade está abaixo de 5%, mesmo
depois de afirmar que o risco de falta de
suprimento passou de “baixíssimo” para
“baixo”. Representantes do mercado
chegaram a falar em risco de 24%, o que
reafirma a ideia de que a previsão, assim
como a das chuvas, é muito incerta.
Além do auxílio dado às distribuidoras de
energia, houve uma liberação por parte
do governo de outros bilhões de reais
para se evitar aumento nas contas de luz,
gasolina e diesel. O montante chega a
R$ 63 bilhões, de acordo com o Centro
Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), e
pode prejudicar a Petrobras, o etanol e
o consumo de eletricidade em caso de
racionamento. O Ministério nega que o
valor seja um subsídio, pois o Tesouro terá
que ser ressarcido em até cinco anos. “Os
aportes do Tesouro estão sendo chamados
erroneamente pelo mercado de subsídios.
São empréstimos”, afirmou o secretárioexecutivo, Márcio Zimmermann. Quem
pagará será o consumidor, a partir de
2015, quando as contas de luz terão seus
preços elevados por tarifas. A presidente
Dilma Rousseff havia prometido em 2012
que as tarifas cairiam. Faltou, então, as
chuvas e as termoelétricas tiveram que
ser ativadas, cujo custo é superior ao das
hidrelétricas. Investimentos em outras
alternativas de geração, como eólica,
biomassa e solar, até agora, nenhum.
“Não podemos transformar energia em
tomates, que quando tem seca, sobe”,
afirmou Zimmermann na Câmara dos
Deputados, referindo-se aos preços.
Como as chuvas continuam fracas, o
nível dos mais importantes reservatórios
do país – Sistema Sudeste/Centro Oeste
– demonstraram que a previsão de
armazenamento pode ser reduzida neste
mês de 41,3% para 38,5%, de acordo
com o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS). As termelétricas serão a
solução para o período seco, que vai de
maio a outubro, o que elevará os custos
e os riscos também. As bacias dos Rios
Tietê, Grande, Parnaíba e São Francisco,
onde estão as principais hidrelétricas,
tiveram chuvas fracas nas últimas semanas
e não há expectativas ou certezas para os
próximos dias.
Além da ausência de chuvas, do alto custo
que gerarão as termoelétricas, do preço
que o consumidor pagará e da falta de
planejamento do governo em buscar
outras alternativas e, principalmente, de se
prevenir, a poluição aumenta nos rios do
Sul e Sudeste. Um levantamento realizado
pela Fundação SOS Mata Atlântica em
96 rios, córregos e lagos de sete estados
dessas regiões indicou que 40% deles estão
com suas águas poluídas, com qualidade
avaliada em péssima ou ruim. Apenas
11% estão com água de boa qualidade,
onde as matas não foram depredadas. “As
estações de tratamento de esgoto terão de
ser preparadas para enfrentar os efeitos
da mudança climática, principalmente nos
rios com menor vazão de água”, afirmou a
coordenadora da Rede das Águas da SOS
Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
A procura por alternativas chegou ao ponto
de cogitar a captação de água da bacia do
Rio Paraíba do Sul, o que comprometeria
a irrigação de lavouras, empresas, além do
abastecimento das casas de milhões de
pessoas na Região Metropolitana do Rio
de Janeiro. A presidente Dilma vê agora
que as rédeas não estão somente em suas
mãos. Falta planejamento e disciplina
no Brasil, em todos os setores. A falta
de um preparo para previsões como
a que estamos passando agora poderá
resultar em sério problemas num futuro
que permanecerá sem educação, sem
ensinamentos básicos de preservação do
meio ambiente, e com pessoas cheias de
contas a pagar. “De um lado chove muito,
como é o caso de Rondônia e do Acre.
E, do outro lado chove pouco, como é o
caso do Sudeste e do Centro-Oeste, então
eu queria dizer isto: que São José nos dê
uma mãozinha”, afirmou a presidente
no Ceará, para inauguração do quinto e
último trecho do Eixão das Águas.
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É ritmo...
O carnaval já passou, mas o noticiário político reflete uma coisa nitidamente. Por exemplo,
muita gente no governo está dançando valsa em ritmo de carnaval.
Sapatão, não!
A moda agora são as garotas de sapatos que se dividem em um novo grupo, o das
bonitinhas, novinhas com tudo em cima. Estão recebendo um rótulo menos grosseiro que
o de “sapatão”.
É a tal das sandalinhas, que voltaram com tudo.
Recrutas zero
A vaca está ficando mais uma vez mais magra para os militares, como se não bastasse o
soldo despencando ladeira abaixo, a falta de dinheiro é até para a compra da munição. O
Exército poderá dispensar todos os alistados este ano.
Afinal, não tem dinheiro para alimentar os recrutas zero.
Quase parando
Mesmo com todo esforço do Palácio do Planalto em demonstrar que uma paralisa
administrativa não atinge o país, a verdade é que todas as decisões ficaram adiadas como se
o ano sequer tivesse começado na Esplanada dos Ministérios.
2014 está andando devagar, quase parando - mesmo.
Redator-Chefe da revista
Brasília Em Dia, iniciou
sua vida profissional na
Paraíba, nos anos 70, vindo
para Brasília, onde cobriu
o Congresso Nacional
e depois o Palácio do
Planalto, acompanhando
a efervescência política
direcionada para o fim
da ditadura militar. Entre
outros livros, publicou “Em
Nome da Verdade”. Também
foi colunista do Correio
Braziliense
[email protected]
Por que melhorar?
O Brasil é mesmo um país surrealista, cheio de contrastes sociais. Falta agilidade e não é
possível achar normal que ações subam e desçam. É grande a distância do cidadão comum
com relação à Justiça, que só é procurada quando não há mais nada a fazer.
Em sua época, Pedro, o Grande, adotava administrativamente esse modelo promovendo
reformas por etapas para conferir eficácia. Por que não?
Chioro perdeu
Pegou mal para o ministro da Saúde, Arthur Chioro,
o esclarecimento sobre o programa Mais Médicos aos
deputados federais durante uma audiência pública.
O ministro assegurou que todos os médicos que se
inscreviam sabiam o que estavam fazendo, quanto
ganhariam, entre todas outras informações.
O pior foi o que aconteceu depois: o carro de Chioro
ficou estacionado em uma vaga destinada a deficientes
físicos. Seu motorista parou na vaga sem saber que
havia ocupado uma vaga proibida. Cadê o exemplo, hein?
E as contas públicas?
O desempenho das contas do Tesouro Nacional, INSS e Banco Central deve registrar
déficit no resultado de fevereiro devido à frustração na arrecadação. A tentativa de reforçar
a credibilidade da política fiscal brasileira e de evitar o risco de rebaixamento do rating
do país já havia sido feita com o anúncio do bloqueio de R$ 44 bilhões nas despesas do
Orçamento e da meta fiscal de 1,9% do PIB.
Queda da bolsa e alta dos juros do dólar foram os resultados.
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Tchau, XP
Em boa hora
Pelo menos o ministro Guido
Mantega teve a chance de saber que
os Estados Unidos têm a intenção
de se aproximar comercialmente
do Brasil. O secretário do Tesouro
americano, Jacob Lew, veio ao
país para discutir uma ampliação
das relações econômicas, depois
das denúncias de espionagem da
presidente Dilma.
“Temos uma relação em expansão,
rápida e baseada em valores comuns.
Os dois países reconhecem os
benefícios de trabalharem juntos e
vão explorar novos tipos de parcerias
bilaterais”, afirmou Lew. Neste dia
Mantega foi feliz para casa.
Transporte em
Brasília
A insatisfação dos cidadãos do Entorno com a ausência de ônibus gerou problemas para os carros que iam
para o Plano Piloto na última semana.
Se todo mundo continuar comprando carros para todos os membros da
família, não há vias que comportem
tamanho tráfego que tenderá a atrasar
a vida de todos. Sejamos todos práticos, governo e cidadãos.
Daqui três semanas o Windows XP não receberá
mais atualizações. O suporte será encerrado pela
Microsoft no dia 8 de abril. Como o risco de fraudes, hackers e vírus aumentará, os bancos
estão mexendo seus pauzinhos para atualizar todos os caixas eletrônicos do país. Isso deve
dar um trabalho. Mas Bill Gates sabe o que faz.
Mais mordomia
Delúbio Soares já mostrou que é um homem de poderes. Condenado a 6 anos e 8 meses de
prisão, ele deixará o Complexo da Papuda para voltar ao Centro de Progressão Penitenciária
(CPP), local onde os presos em regime semiaberto ficam e trabalham fora durante o dia.
Ele teve o trabalho na CUT restabelecido pela Vara de Execuções Penais (VEP) na função
de assessor sindical, com salário de R$ 4,5 mil. Só para quem pode...
Longe?
José Dirceu não é mais Papai Noel, mas anda mesmo de saco cheio com essas especulações
de que pretende sair o mais rápido da prisão. São coisas dos desafetos que desejam vê-lo
bem longe.
Paradão
Como o Brasil está passando por uma crise, não se usa o único caminho de resolução, que
é aumentar a produção cada vez mais. Reduzir os feriados no calendário, que paralisam a
atividade econômica, seria um bom começo. Basta apenas conferir a produção de descansos
do brasileiro.
Dilma I
A situação da presidente se complicou agora que os holofotes se voltaram para a compra
da refinaria de Pasadena. Ela disse por meio de nota oficial que não teve acesso à toda a
documentação, pois, se o tivesse, jamais teria efetuado a compra de 50% da refinaria em
2006, quando era chefe da Casa Civil. Mas os dirigentes da Petrobras disseram o contrário:
que justamente por ser presidente do Conselho de Administração, tinha acesso a todos os
documentos e pareceres jurídicos, antes de tomar a decisão. E agora, hein?
Todo cuidado
Quando a humanidade cair em si e
perceber a importância de se preservar o planeta de maneira séria e urgente, pode ser tarde. É o que informou a Nasa na última semana, através
de um estudo inspirado nos trabalhos
de um matemático da Universidade
de Maryland, que analisou ciências
ambientais e sociais, concluindo que
a modernidade não livrará o homem
do caos. O consumo desenfreado e
o descaso com o meio ambiente poderão resultar no colapso do planeta,
que não terá mais recursos suficientes para atender à toda a população.
O prazo é curto e 97% dos cientistas
alertam para a influência do homem
sobre o clima, enquanto 58% dos
americanos não sabem que os cientistas estão convencidos de um aquecimento, ainda de acordo com o estudo.
Dilma II
A oposição viu nesta situação um prato cheio para dar continuidade à troca de provocações
entre partidos. O PSDB apresentou, através do senador Aloysio Nunes (SP), um
requerimento à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e
Controle para investigar a negociação. “É essa a função que ocupa o responsável, segundo
a presidente da República, por induzi-la a assinar, sem qualquer tipo de questionamento,
não obstante seu profundo conhecimento em relação à matéria, um parecer técnica
e juridicamente falho, com informações incompletas”, embalou Aécio Neves (MG). A
verdade sempre vem à tona. E não é só para Dilma.
Ficou para depois
Aqueles que estavam esperando o julgamento do pagamento dos precatórios terão que
esperar um pouco mais. O STF adiou a decisão pela busca de uma solução para a efetivação
dos pagamentos que somam R$ 94,3 bilhões. Três ministros já votaram a favor da ideia de
que os precatórios deverão ser corrigidos pela inflação desde março de 2013 e que o prazo
de quitação deverá ser até o fim de 2018. A conferir.
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Frases da semana
“A intervenção militar
e a violação das leis
internacionais levarão a um
aumento dos custos para a
Rússia”.
Jay Carney, porta-voz da Casa
Branca.
“O PMDB não está em
confronto. Temos uma
posição e a nossa posição nós
vamos manter, só mudaremos
se a bancada decidir”.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
deputado federal.
“Trataram ela como um
bicho. Nem o pior traficante
do mundo deveria ser tratado
assim”.
Alexandre Silva, marido de Cláudia
Silva Ferreira, que foi arrastada por
250 metros pelo carro da Polícia
Militar do Rio de Janeiro.
“Aqueles que não dão
importância para as pessoas
que não têm casa própria é
porque nasceram em berço
esplêndido e aqueles que não
valorizam o cartão do Minha
Casa Melhor é porque nunca
ralaram de sol a sol para
comprar uma geladeira, um
fogão e uma cama”.
Ainda a presidente Dilma Rousseff,
sobre protesto em evento do Minha
Casa Minha Vida, no Tocantins.
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“Dou algumas horas como
prazo para que vocês voltem
para suas casas. Se não, irei
eu mesmo liberar Altamira”.
“Os aportes do tesouro estão
sendo chamadas erroneamente
pelo mercado de subsídios. São
empréstimos”.
Nicolás Maduro, presidente da
Venezuela, sobre a ocupação da
Praça Altamira.
Márcio Zimmermann, secretárioexecutivo do Ministério de Minas e
Energia, sobre os recursos do governo
destinados ao setor energético.
“Adotaremos um sistema
para adaptar os preços. Não
estou falando em subir, mas
em começar a cobrar. E a
Venezuela toda estará de
acordo com isso”.
“O governo russo tem
pânico do exemplo da
Ucrânia, onde o povo
venceu um regime totalitário.
É o verdadeiro motivo da
agressão”.
Ainda Nicolás Maduro, sobre
reajuste na gasolina.
Oleksander Turchinov, presidente
interino da Ucrânia, sobre
reconhecimento da independência
da Crimeia.
O povo
é sábio
e sabe
muito bem quem
está do lado dele
A presidente
Dilma Rousseff,
durante a posse
dos seis novos
ministros
Greg Salibian
Frank Plitt
Apesar da
velha política
D
ilma Rousseff tenta sair das cordas. O ringue político é para profissional. Portanto, nada a ver
com a mineira-gaúcha. Mas, como tem conselheiros capazes – alguns capazes de tudo –, mudou
de estratégia.
■■■
Causou-lhe derrotas o confronto com a base aliada na Câmara. E, na busca da recomposição, danos
na imagem. Para evitar o agravamento da situação incômoda, a caminho de possível crise institucional,
a senhora Rousseff orientou-se pelo mapa das concessões e seguiu o catecismo franciscano: é dando
que se recebe. A Presidente liberou recursos de emendas parlamentares, nomeou ministros de partidos
palacianos e ofereceu cargos de segundo e terceiro escalões.
■■■
Para dizer tudo numa só frase: foi obrigada a hastear a bandeira branca. Mesmo assim, perduram dificuldades. Mais no Parlamento do que nas ruas. Enfim, os desafiantes de sua recandidatura continuam
retardatários na corrida ao Planalto.
Luta de gaúchos
Sucessão no Rio Grande do Sul.
Dois dos quatro ou cinco postulantes ao Palácio Piratini confirmaram a
presença no embate.
O prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), foi o primeiro a
declarar-se desafiante da recandidatura do governador Tarso Genro (PT).
■■■
Aguarda-se para o próximo mês a manifestação da senadora Ana Amélia
(PP), apontada nas pesquisas de opinião como a principal concorrente de
Genro, petista da linha dura em dois quesitos: bravura e honradez.
Versão que vale
Anote para conferir no momento certo.
Fernando Henrique Cardoso não será candidato a vice de Aécio Neves nem Lula da Silva formará
chapa com Dilma Rousseff.
■■■
Os dois ex-presidentes do Brasil participarão da campanha de seus pupilos como cabos eleitorais.
E dos bons.
Leitura dinâmica
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Apesar da tentativa de aproximar o parentesco dos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Aécio Neves (PSDB-MG), os jornalistas apressados são desautorizados pela realidade. Nada de tio e
sobrinho, Dornelles e Aécio são primos em segundo grau.
Do ministro Luís Roberto Barroso, há pouco chegado ao Supremo: “Desejo que o saldo do Mensalão produza transformações políticas.”
Veja o resultado da inflação persistente e dos juros exorbitantes. Amplia-se o cadastro de brasileiros inadimplentes. São ao redor de 50 milhões, dizem analistas de crédito. A nova classe média é
a principal vítima, reconhece o governo central.
Itamaraty informa: Paulo Cesar Meira de Vasconcellos segue para Abu Dhabi. Vai representar o
Brasil nos Emirados Árabes Unidos.
Marcada para 14 de abril, em plena lua cheia, o anúncio oficial da chapa presidencial do PSB. Foi
combinada pela dupla que vai à caça do voto: Eduardo Campos e Marina Silva. Será em Brasília,
mas falta definir o auditório.
Legislativo (bancada feminina no Congresso) e Executivo (Ministério das Mulheres) anunciam
parceria na campanha a ser lançada: Mais Mulheres no Poder.
Titular do Banco Central sob o governo Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga usa o adjetivo ‘esquizofrênica’ ao opinar a respeito da política econômico-financeira da presidente Dilma
Rousseff. A economia do país “está na faixa de alto risco”, afirma o pessimista Fraga.
Chega a quase US$ 100 bilhões o déficit da conta do turismo externo brasileiro. Período: 19902013.
Neste domingo, no Recife, o PTB recebe o apoio oficial do PT à candidatura de Armando Monteiro, neto, ao governo de Pernambuco. Em contrapartida, fecha a dobradinha com João Paulo,
deputado petista aspirante ao Senado.
Potiguar de Natal, 72 anos,
é jornalista há 55. Trabalhou
como repórter no Jornal
do Brasil, foi redator de O
Globo, como também editor
do jornal Tribuna do Norte,
no Rio Grande do Norte, da
Tribuna do Ceará e colunista
do Correio Braziliense. Assina
uma coluna na revista Brasília
Em Dia, em O Jornal de Hoje
(RN) e em O Povo (CE).
[email protected]
Para refletir: “A vida vai ficando
cada vez mais dura perto do topo”
(Friedrich Nietzsche, filósofo alemão)
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Fatos com fotos
Aguenta
coração!
O humorista Renato Aragão
comemorou o aniversário de
quinze anos de sua filha. A emoção foi tamanha, que o ator sofreu um enfarto e teve que ser
hospitalizado. Renato foi internado no Hospital Barra D’Or e
segundo informações do hospital ele sofreu um infarto agudo
do miocárdio. A informação oficial foi repassada em uma nota
na tarde de domingo. De acordo
com familiares, o estado de saúde dele é estável, mas devido aos procedimentos que serão feitos,
deverá ficar mais alguns dias no hospital. O estado do humorista
é “estável hemodicamente”, divulgou a nota da unidade.
Sem “papas na
língua”
A jornalista Rachel Sheherazade foi criticada e denunciada
ao Ministério Publico, por fazer
apologia ao crime. A denúncia
partiu da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A parlamentar alega que a jornalista âncora do SBT tenha cometido
apologia às torturas e linchamentos. Shehezarade ficou conhecida pelas opiniões fortes que emite aos finais das matérias e também pela coragem de expressar tão claramente sua opinião. Em
nota, a deputada Jandira disse: “Não se pode confundir liberdade
de expressão com incitação ao crime. A gente luta pela liberdade
de expressão há décadas! A jornalista fez clara menção contra
os direitos humanos, propagando uma mensagem de ódio e intolerância, incitando-os na sociedade. E isso tudo com recursos
públicos”. A jornalista ainda não se manifestou a respeito.
Saia justa
O ator Caio Castro declarou
em uma entrevista que “não
gosta de ler e nem de ir ao teatro”. Isso gerou inúmeras manifestações repletas de críticas.
Na tentativa de justificar o comentário, Caio Castro afirmou:
“A opinião é direito de cada um.
Acho que a palavra chave é respeito pelo próximo. Esperava mais
respeito dos mais velhos, pessoas mais maduras e educadas do
que eu. Eu disse que não gosto muito, por isso estou errado?” . O
ator Carlos Vereza defendeu Caio Castro da polêmica e ainda elogiou sua sinceridade. Mas, sim, ele estava errado. Em se tratando
de Brasil, a última coisa que se pode manifestar é um afastamento
da leitura e do conhecimento da cultura nacional. Ou não?
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Amor
eterno
O ator Paulo Goulart faleceu na última quinta-feira.
Sua morte comoveu a todos que o
admiravam e acompanhavam seus trabalhos. Fãs amigos
e, principalmente, a
família, lamentaram
muito a perda. Nicete Bruno, esposa de Goulart, após saber da notícia, diz ter se
despedido e dito tudo o que queria falar para o marido antes da
partida: “Amor enorme, te amo eternamente”. O velório do ator
foi realizado no Teatro Municipal de São Paulo. Além da família,
que lá estava visivelmente abalada,
amigos próximos
como os atores
Marcos Caruso, Lúcia Veríssimo e Ney
Latorraca também
compareceram para
se despedir do amigo. Nicete Bruno
e os filhos Paulo
Goulart Filho, Bárbara Goulart e Beth Goulart estavam muito emocionados com a
perda deste grande homem, pai, amigo e exemplo de pessoa. “Foi
um final dolorido, mas uma passagem muito em paz, com muito
amor e todos os filhos e netos ao lado dele. Eu de mãos dadas
com ele, porque nosso amor é eterno. Vamos ter esse momento
de separação, mas estaremos juntos sempre. É muito difícil para
mim nesse momento falar alguma coisa porque a emoção é muito grande e forte. A dor é grande”, disse Nicete, muito abalada
com a partida de seu marido e, mais do que isso, amigo e amor
para eternidade, como declarou a atriz. O dois foram casados por
60 anos. Paulo Goulart morreu aos 81 anos de idade.
Suspeita de
suicídio
L’Wren Scott, designer de 49
anos e namorada do cantor Mick
Jagger, foi encontrada morta em
seu apartamento, em Nova York.
Policiais suspeitam de suicídio,
de acordo com uma análise prévia. Segundo jornais e TVs locais, o estado do cantor é lamentável. Mick Jagger se encontra
“completamente chocado e devastado” com a morte da namorada. O casal estava junto desde 2001. Scott ficou conhecida após
ter vestido as atrizes Nicole Kidman, Amy Adams e Penélope
Cruz para o tapete vermelho.
O avião, o
homem e Deus
D
esculpe o leitor, caso o mistério
abordado no artigo já tenha sido
desvendado. Mesmo assim, será válido
refletir sobre a vulnerabilidade do ser humano,
evidenciada no recente desaparecimento do
avião malasiano.
Quase trinta nações ofereceram apoio tecnológico para localizar a aeronave. Utilizaram-se
os métodos tecnológicos mais avançados e as
dúvidas persistiram. Teria sido acidente fatal?
Sequestro? Ação de maníacos? Falha técnica?
Falha humana?
Os dias se passaram e um Boeing 777, com
centenas de toneladas e quase 300 passageiros, não se encontravam nem vestígios ou
indícios. Seria normal admitir que com os
avanços tecnológicos modernos, facilmente
tudo fosse desvendado. A realidade mostrou
o contrário.
Bom tema para reflexão!
Nos últimos tempos, o homem realmente
avançou em inventos e descobertas. Os cientistas Richard Dawiskins e Stephen Hawking
chegaram a disparar recentemente: “Deus é
uma invenção da humanidade”.
Tais cientistas e seus seguidores entenderam
que a ciência explicaria tudo, sem recurso sobrenatural e apoiaram as suas convicções em
inventos como o de Ray Kurzweil, criador
de um software capaz de imitar a atividade
dos neurônios do neocórtex, região do cérebro onde ocorre o pensamento. Ele chamou
de inteligência artificial que possibilitaria a
“aprendizagem automática”.
Na área da biodiversidade, o homem desafia
até princípios da diversidade genética, com a
indicação em laboratórios de sequências de
genomas mesmo antes do nascimento. Os
testes detectam Síndrome de Down e outras
doenças cromossômicas, em bebês ainda no
útero. No campo da economia, a tecnologia
cria robôs industriais que substituem a mão
de obra humana. Tais robôs recebem instruções para pegar objetos, percebem obstáculos
e aproximação de pessoas, têm braços flexíveis e exibem a sua própria fisionomia, através de uma tela LCD.
Na medicina chega-se a pensar em implante
eletrônico para recuperar a memória humana. Seriam instalados chips no cérebro para
possibilitar a restauração da capacidade da
criação da memória. A tecnologia poderá revolucionar a vida de pessoas com Alzheimer,
por exemplo.
No passado, cientista como Albert Einstein
ampliou as concepções astrofísicas da época e
gerou polêmica entre estudiosos.
O médico sul-africano Christiaan Barnard
fez em 1976, o primeiro transplante de coração. Todos recordam a ovelha Dolly, o
primeiro mamífero clonado em laboratório,
através da engenharia genética. Os cientistas
Ian Wilmut e Keith Campbell foram os inventores do processo.
O satélite artificial - Sputnik - entrou em órbita pioneiramente em 1957. Era lançada à
época ao espaço, a cadela Laika. O primeiro
homem a sair da atmosfera foi Yuri Gagarin,
em 1961.
Mesmo com tantos avanços e invenções nota-se que a ciência continua ilimitada para as
pesquisas, porém o homem tem limites. Da
mesma forma que o avião malaio desafiou
os sofisticados instrumentos de buscas, até
hoje a humanidade não sabe, por exemplo,
o significado do imenso objeto eletromagnético, que apareceu nos céus da Noruega, em
novembro de 2009.
O site WikiLeaks, que divulgou milhares de
documentos sigilosos de vários países, mostrou que os esforços combinados da Rússia,
os Estados Unidos e a China não foram suficientes, até hoje, para descobrir o que aconteceu nos céus noruegueses. Pensou-se terem
sido testes de mísseis soviéticos, o que foi desmentido. Persiste o mistério!
Ney Lopes, 66 anos,
advogado em Natal,
Brasília e São Paulo, foi
presidente do Parlamento
Latino-Americano Parlatino, e deputado
federal durante seis
legislaturas.
[email protected]
Em meio às dúvidas e teorias contemporâneas, o físico teórico Michio Kaku, um dos cientistas mais importantes da atualidade, defende
a teoria da existência de uma força de atração “que rege tudo”. Ele explica que estamos
em um plano regido por regras criadas, e não
moldadas pelo acaso universal. Essa força se
chama Deus.
O episódio do avião malasiano e o insucesso
das buscas, mesmo com o uso de tecnologias ultra avançadas, conduz a essas reflexões,
acerca dos limites da tecnologia. A verdadeira
conclusão é que o “ser supremo será sempre
Deus e não o homem”.
ACESSE: www.blogdoneylopes.com.br
22 a 28 de março de 2014
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aviação
Mistério
Trajeto do voo e as possíveis mudanças na rota
Por Amanda Bartolomeu
O
avião da Malaysia Airlines que sumiu
durante um voo que fazia na rota de
Kuala Lumpur a Pequim continua
envolto em mistérios quanto ao seu desaparecimento. A aeronave desapareceu após
perder contato aéreo, duas horas após a decolagem. A bordo estavam 239 pessoas. No
momento do desaparecimento, o avião se
encontrava localizado no espaço aéreo do
Vietnã onde teria feito seu último contato.
No Boeing B777-200 estavam 227 passageiros e 12 funcionários da tripulação. Após o
misterioso sumiço do voo, a maior companhia de viagens da Ásia publicou seus esclarecimentos, alegando “não fazer ideia de
onde a aeronave está”, mas que logo iniciariam as buscas.
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Há mais de uma semana do desaparecimento e não há sequer uma pista. Ao longo
da semana, as Forças Armadas tailandesas
procuraram pelo avião, porém não obtiveram resultado algum. Nenhum rastro foi
deixado, o que dificulta ainda mais os indícios para uma possível direção. Mais de 20
países se juntaram às buscas e vão da Austrália à Ásia. O último contato feito do avião
para a torre foi à 1h19, quando o co-piloto
disse: “Tudo certo, boa noite”. Esse tipo de
comunicação é feita através de um aparelho
eletrônico que emite respostas com dados
como, por exemplo, identificação, velocidade, altitude e até mesmo a posição, sempre
que recebe um sinal de radiofrequência.
Outro contato deveria ser feito à 1h37, mas
não foi o que aconteceu.
A última foi realizada às 8h11 (21h11, horário oficial de Brasília), de acordo com a
confirmação do satélite e teria continuado a
voar por sete minutos após o último contato oficial. Seguindo o plano original de rota,
o voo deveria ter seguido ao noroeste pelo
Camboja e Vietnã, por isso a busca se iniciou no Mar do Sul da China, bem ao sul
da península vietnamita em Ca Mau. Mas,
segundo investigações americanas (sob anonimato), uma possível mudança na rota não
pode ser descartada, através de uma curva
acentuada para o oeste, logo que perderam
o contato. Antes de fazer a suposta curva, o
avião teria subido 45 mil pés acima do limite
permitido, algo inapropriado para o modelo
da aeronave. Depois disso, teria caído para
23 mil pés, perto da ilha Penang, na Malásia.
no ar
A possibilidade de a nave ter sido pilotada
por alguém que não faça parte da tripulação
alimenta ainda mais a hipótese de sequestro terrorista, pois dois passageiros fizeram
o embarque e entraram no voo com passaportes roubados. A China estendeu seu
território para buscas, após ter associado
o desaparecimento a um tremor que ocorreu nos mares entres a Malásia e o Vietnã.
Iniciou as buscas em seu próprio território.
As operações começaram em Pequim pelo
corredor aéreo norte, que seria uma das trajetórias possíveis e tem como foco a cabine
dos pilotos, pois, de acordo com as investigações, no exato momento em que o último
contato foi feito pelo piloto, todos os principais sistemas comunicacionais da aeronave foram desligados. Muitas questões giram
em torno deste curioso sumiço como, por
exemplo, das pessoas à bordo não terem entrado em contato com seus familiares, afinal
de contas, o mundo se encontra hoje em
tempos de plena tecnologia avançada em
termos comunicacionais, já que além das
ligações, os novos aparelhos acessam facilmente as redes sociais. Na China, familiares
arrasados ameaçaram fazer greve de fome
caso as autoridades da Malaysia Airlines não
forneçam notícias e informações mais claras e precisas da situação.
Apesar de não saberem onde a aeronave
está, ou atém mesmo qual o caminho que o
avião seguiu, os celulares das vítimas ainda
chamam, o que não quer dizer que estejam
funcionando. Tudo indica que o avião sobrevoou uma zona coberta por uma rede.
Essas tentativas de contatos que os familiares estabeleceram com os celulares das
vitimas a bordo, podem ajudar quanto ao
caminho, o trajeto em que o voo seguiu. Porém, o rastreamento dos celulares (a partir
da última chamada efetuada pelos passageiros) só pode ser feita se a aeronave estiver
perto de alguma torre.
Seguindo o raciocínio de estudiosos na área
da informática, nenhum aparelho celular é
capaz de se conectar no meio do oceano. As
teorias são inúmeras e vão desde sequestro
terrorista até abdução alienígena. Uma aeronave desaparecer assim do nada, sem deixar
nenhuma pista ou sequer rastros, pode ter o
caso associado à todas essas teorias. Como
pode uma tragédia dessas acontecer e completar uma semana sem noticias, sem indício factual algum, mesmo com a avançada
tecnologia e grandes profissionais capacitados trabalhando no caso? Será que é preciso
contratar também um profissional de outro
planeta (como supostamente Barack Obama fez) para se obter respostas?
22 a 28 de março de 2014
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internacional
Para que
quem não
esqueceu
Por Amanda Bartolomeu
O
clima continua tenso na Síria. A
guerra já completa três anos. Na
última quarta-feira, Israel bombardeou o país e, de acordo com o governo
israelense, esses ataques foram em resposta aos bombardeios sírios que atingiram
as montanhas de Golán, e que acabou
por ferir quatro soldados israelenses. Essa
nova ação teria como alvo os terroristas.
As Forças Armadas sírias divulgaram que,
com este novo bombardeamento, uma
pessoa morreu, pelo menos sete ficaram
feridas. Ainda advertiram que a região se
encontra em total desestabilidade.
Em um comunicado, o exército sírio alertou Israel sobre a situação: “Advertimos
contra as tentativas desesperadas que inci-
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tam a escalada da tensão. A repetição dos
atos agressivos ameaça a segurança da região”. O governo israelense alertou quanto à possível ideia de que o governo sírio
apoiava terroristas. Em nota, o primeiro-ministro de defesa Israel, Moshe Yaalon,
afirmou: “Consideramos o regime de Assad responsável pelo que está acontecendo. Caso continue cooperando com terroristas, o faremos pagar um preço muito
alto”. Já o primeiro ministro de Israel,
Benjamin Netanyahu, advertiu em uma
reunião política “com força” às explosões em Golán. “Recentemente, a fronteira com a Síria se encheu de jihadistas
e membros do Hezbollah, que significam
um desafio para nós”, disse. “Conseguimos manter a calma na fronteira da Síria,
apesar da atual guerra civil, mas atuaremos
com firmeza se for necessário para manter
a segurança de Israel”, completou. Tropas
sírias fecharam passagem de fronteira com
o Líbano (país que abriga quase 1 milhão
de refugiados sírios).
Fortes confrontos estavam acontecendo
na área e 12 pessoas morreram. Em relatos, autoridades e ativistas afirmaram
que inúmeros feridos foram obrigados a
atravessar a fronteira para pedir socorro
ao Líbano, pois as batalhas no lado sírio
foram intensas e atingiram alguns pontos
na região próxima à fronteira. Um homem libanês foi atingido e teve que ser
levado às pressas ao hospital mais próximo. Jornais locais informaram também
que duas casas foram incendiadas, que
balas perdidas atingiram um posto do
Exército libanês. A agência de notícias
NNA do Líbano informou que a Síria só
fechou a passagem da fronteira devido
aos violentos embates, enquanto 45 pessoas feridas foram levadas para o Líbano
para serem tratadas. A aldeia al-Hosn registrou a morte de 12 pessoas.
Pessoas do mundo inteiro pedem por paz
na Síria. Em Roma, manifestantes foram
às ruas com bandeiras do país clamando
pelo fim da guerra civil que perdura por
lá há três anos. Outros protestos foram
feitos pela Europa e Estados Unidos. Em
Londres, um grupo saiu às ruas marchando em prol do encerramento da batalha.
Em 14 anos no poder, Bashar al-Assad
não fez uma anunciação oficial sobre se
vai ou não se eleger ao cargo novamente
(como se precisasse), porém declarou que
existem grandes chances para isso acontecer. Uma lei votada no parlamento sírio,
foi aprovada para al-Assad se reeleger, mas
sob condição de excluir candidatos que são
contrários ao regime ditatorial do país.
O que fica claro é que, para o parlamento
sírio, tampouco importa se a guerra continuará ou não ou se 9 milhões de pessoas fugiram dela e vivem hoje sem condições alguma, enfrentando fome e miséria.
Boa parte dos aniquilados e massacrados
foram crianças que não tiveram culpa alguma nesta lamentável e injusta ditadura.
Tampouco importa também se a mulher
do presidente gasta milhões com futilidades. Mas o que fica bem nítido nisso tudo
é a banal preocupação que o governo sírio
necessita de manter o poder, o regime, o
controle. Mesmo que para isso, só restem
eles mesmos para governar.
CIDADE
Brasília: referência
em prestação de
contas do Mundial
A
transparência dos investimentos
de Brasília para a Copa do Mundo da FIFA™ é referência para o
país. A lisura nos dados da capital federal
foi atestada por uma pesquisa do projeto não governamental Jogos Limpos na
Copa. O relatório coloca Brasília no topo
do ranking com pontuação de 77,26, em
uma escala de 0 a 100, seis pontos acima
da segunda colocada. Além da capital federal, apenas Porto Alegre e Belo Horizonte atingiram índices de transparência
considerados “altos” pelo instituto.
O levantamento foi feito em dezembro
pelo Instituto Ethos, entidade não governamental que tem como missão auxiliar
na gestão de negócios e na construção de
uma sociedade justa e sustentável.
Brasília recebeu nota máxima em três
quesitos: ouvidoria, participação popular
e audiência pública. Segundo a coordenadora nacional do Projeto Jogos Limpos,
Angélica Rocha, a parceria estabelecida
entre a sociedade civil e o Governo do
Distrito Federal (GDF) foi fundamental
para consolidar esse resultado. “A cidade empenhou um grande esforço técnico
para tornar públicas as informações sobre os custos do estádio”, afirmou, em
entrevista ao Portal Brasília na Copa.
“Brasília criou uma ouvidoria que funciona, de fato, para atender aos cidadãos.
É uma estrutura permanente, que fica de
legado”, completou.
O projeto Jogos Limpos Dentro e Fora
dos Estádios (www.jogoslimpos.org.br/)
acompanha e fiscaliza os investimentos
das três esferas de governo (federal, estadual/distrital e municipal).
A coordenadora nacional do projeto
aponta, ainda, que o indicador de transparência cumpre dois papéis: informar a
sociedade e ajudar o governo a criar novas ferramentas. “Quando criamos parâmetros objetivos, a própria gestão consegue aperfeiçoar suas práticas. O GDF
foi um dos governos mais receptivos
com o nosso projeto”, sinaliza. O Instituto Ethos testou os canais de comunicação do GDF da perspectiva do cidadão
comum. “A gente ligou e encaminhou
questões normais, como qualquer pessoa
faria. E fomos bem atendidos, principalmente em comparação a outras cidades”,
diz Angélica Rocha.
A prestação de contas de todos os investimentos feitos no Distrito Federal –
relacionados ou não à Copa do Mundo
da FIFA™ – está cada vez mais clara.
O Portal Transparência na Copa (www.
transparencia.df.gov.br/copa) reúne informações sobre as licitações, os investimentos e o andamento de todas as obras
relacionadas ao Mundial, como o Estádio
Nacional de Brasília Mané Garrincha e a
ampliação da rodovia DF-047.
Para os próximos meses, o desafio é tornar o conteúdo cada vez mais acessível,
com as informações mais didáticas para o
cidadão que não domina a linguagem técnica. O acesso à informação por dispositivos móveis (tablets e celulares) e em outros idiomas também está nos planos da
Secretaria de Transparência, e deve entrar
no ar nos próximos meses.
22 a 28 de março de 2014
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empresas & negócios
Mais segurança para
seu pet
Dois empresários Startups criaram um dispositivo capaz de auxiliar e facilitar na busca de animais de estimação perdidos. Dois
sites zelam pela segurança dos animais e
aderiram à nova tecnologia: Meu Peludo
e a TagPet. Trata-se da QR codes – códigos quadrados que podem ser lidos por
dispositivos móveis com câmeras –, que
contribuem para identificação e rapidez na
devolução do pet ao seu dono. O Meu Peludo foi criado por Sérgio Oliveira e Philipe
Coutinho, que uniram tecnologia e amor aos seus bichinhos de estimação junto à preocupação e segurança. A venda dos dispositivos é feita pelo Meu Peludo. Cada animal
recebe uma QR code diferente, pois, em caso de desaparecimento, a pessoa que o encontrar poderá obter mais informações com uma simples leitura do código – lembrando que
os aparelhos só fazem a leitura do código se tiverem o leitor de QR instalado. Quando a
leitura for realizada por um celular, tablet ou até mesmo por um notebook com câmera,
o QR code disponibiliza e direciona o usuário para uma página na internet especial para
o animal. As informações que o endereço eletrônico disponibiliza são: nome, raça, sexo
e a idade do bichinho, juntamente com as informações para contato. Sobre o protótipo,
Sérgio Oliveira diz: “Quando alguém faz a leitura do código, o dono recebe por e-mail
um alerta com a geolocalização do animal”. Cada um custa R$ 19,90 com frete grátis.
Mas de acordo com Oliveira, o empreendimento irá aumentar e disponibilizará os produtos também em lojas parceiras.
Sobem juros para cheque especial e
empréstimos
O Procon-SP relatou que neste mês de março voltou a subir o valor do juro cobrado
pelos bancos devido a empréstimos pessoais, em relação ao mês passado. Uma comparação realizada no dia 6 mostrou que em fevereiro a taxa média cobrada de cheque
especial obteve um aumento significativo de 8,66% para 8,81%. A taxa média mensal de
empréstimo pessoal teve uma elevação de 5,44% para 5,46%. O levantamento apresenta
as taxas mínimas quanto aos clientes (pessoa física) não preferenciais. As organizações
financeiras que se encontram na atual situação são Bradesco, Caixa Econômica e HSBC.
Já para a o aumento da cobrança do cheque especial estão Bradesco, Caixa Econômica,
HSBC Itaú e Santander.
Empreendedor poderá ter sua própria
empresa em até cinco dias
O governo brasileiro está avaliando um processo para diminuir a burocracia, de acordo
com o pedido feito pela presidente Dilma Rousseff, em prol dos empreendedores e
empresários que encontram muitas dificuldades para montar sua empresa. Esta iniciativa
aconteceu durante o encontro da Federação do Comércio do Paraná. “Sei que abrir um
negócio no Brasil é uma verdadeira via sacra”, afirmou a presidente, que solicitou ao
ministro Guilherme Afif Domingos a criação da chamada “Rede Sim”, o que facilitaria a
vida dos empreendedores. “Vamos construir um cadastro único. Sabemos que a empresa
é uma só, que o cidadão também é um só, então por que ter tantos números?”, questionou, fazendo uma critica à dificuldade dos municípios com as inscrições estaduais
para se criar uma empresa. Esclareceu também sobre o tempo médio para a abertura e
fechamento de uma empresa e declarou que para se abrir uma empresa no Brasil leva-se
150 dias e que para o fechamento da mesma o processo é também muito difícil. “Hoje
existem milhões de CNPJ sem movimento, esperando uma autorização para que a empresa seja fechada. E nós temos o compromisso de acabar com isso. Vamos garantir que
o Simples tenha a maior universalização possível.
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Empresa lança tênis
impresso
A empresa espanhola Recreus lançou um
modelo de tênis produzido por uma impressora 3D. O fundador da empresa, Ignacio Garcia, se inspirou em filmes como
“De volta ao Futuro” e “Guerra nas
Estrelas” para a criação do seu modelo.
Para impressão do tênis, o empreendedor
criou um material especial, o filamento
Filaflex de 1,75 milímetros, que garante
maior conforto, flexibilidade e mais maciez do que os plásticos rígidos que geralmente são utilizados nas impressões
3D. O modelo de tênis pode ser baixado
gratuitamente em diversas cores. Em caso
de customização do usuário pelo site da
Recreus, é necessário que se compre o
material utilizado, ou seja, os filamentos
que custam em média R$ 75 o rolo.
Jaqueta salva-vidas
A Seymourpowell, uma empresa britânica,
elaborou uma jaqueta com tecido inteligente que pode manter o usuário à temperatura corporal em condição aceitável
em caso de temperaturas extremas. Life
Tech – como é chamada – possui elementos funcionais preparados para salvar vidas
em temperaturas adversas. Em sua composição, existem três camadas que resistem ao vento forte, suporta a água, possui
um revestimento respirável e por fim uma
camada térmica interna feita com a tecnologia inteligente Heatex (um sistema que
usa a energia armazenada pela jaqueta para
manter a temperatura do corpo em níveis
seguros). É integrada também com um
próprio gerador, capar de produzir energia
ao longo do dia, quando afixado ao corpo,
pode conectar dispositivos móveis, como
smatphones e até GPS. A tecnologia foi
desenvolvida para uma marca coreana de
roupas esportivas. A jaqueta foi feita em
cores amarelo e verde e também possui
cintas permitindo ao usuário carregar outra pessoa em casos de extrema urgência,
juntamente com um kit de primeiros socorros que vem acoplado à roupa.
22 a 28 de março de 2014
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O brasileiro, de
fato, não
é amigo
das leis.
Não é à toa que
ele inventou
o “jeitinho”, o
modo nacional
de desacreditar as leis
do país.
Pesquisa recente da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que
82% dos entrevistados reconhecem que
é fácil desobedecer
às leis no Brasil.
A maioria dos
brasileiros quer
levar uma vida
honesta, mas admite que a falta
de punição estimula desvios.
Fontes: jornal Correio Braziliense, 24/4/2013; site da FGV; Roberto DaMatta, in: Fórum sobre Corrupção – Revista de História, 5/3/2009.
Jeitinho O brasileiro, de fato, não é amigo das leis. Não é à toa que ele inventou o “jeitinho”, o
modo nacional de burlar ou, até mesmo, desacreditar as leis do país. Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 82% dos entrevistados reconhecem que é fácil desobedecer às leis no Brasil. Segundo a professora da FGV, Luciana de Oliveira, a pesquisa mostrou que
existe, entre os brasileiros, a necessidade de relação custo-benefício, enquanto em outro países,
como a Alemanha, por exemplo, as leis são cumpridas porque são leis.
ConveniênCias O relatório apontou também que quanto maior a escolaridade e a renda,
mais pessimista as pessoas são em relação à própria sociedade e à possibilidade de que as leis
sejam cumpridas. Segundo o sociólogo Mário Sérgio Ferrari, as leis são feitas para um propósito
coletivo, mas o estudo provou que as pessoas encaram as normas conforme suas conveniências.
Justiça e PolíCia Entre as infrações mais recorrentes estão a travessia de ruas fora da faixa
de pedestre, comprar produtos piratas, fazer barulho sem se preocupar com os vizinhos. Outro
dado interessante da pesquisa revela que enquanto 81% dos entrevistados afirmam ser dever
moral cumprir as decisões da Justiça, esse índice cai para 43% quando se trata de acatar uma
ordem policial.
Bacharel em Sociologia
pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, com pósgraduação em Antropologia
pela UNB. Em 1981, associouse à Candango Promoções
Artísticas através da qual
produziu, dirigiu, roteirizou
e atuou em filmes, peças
teatrais e shows musicais.
Em 1991, fundou a Gabinete
C, agência de propaganda
que este ano comemora 22
anos criando campanhas
publicitárias premiadas e
consolidando marcas fortes.
[email protected]
vantagem A lógica nacional que avaliza a compra de produtos piratas está ancorada na
ideia de levar vantagem, isto é, poder comprar dois produtos pelo preço de um. O curioso é
que o comprador desse tipo de produto reconhece a baixa qualidade da peça, mas mesmo
assim faz a escolha em função do preço. Parece que o fator preço, associado à quantidade, se
sobrepõe ao fator qualidade. Comprar dois, pelo preço de um, tem mais efeito do que obter um
de melhor qualidade.
temores Vale lembrar que um alto percentual de entrevistados apontou como condutas reprováveis duas questões importantes: dirigir após ter ingerido bebida alcoólica (88%) e subornar
um policial ou um fiscal (87%). Eles também temem ser punidos por furtar itens baratos (80%),
dirigir embriagados (79%) e por estacionar em local proibido (78%). Diante desses percentuais,
acredito que o medo de dirigir embriagado, assim como o temor de estacionar em local proibido,
estão diretamente ligados a perdas financeiras, isto é, receber multas. Quanto ao primeiro item
de temor – furtar objetos baratos –, provavelmente esteja associado ao vexame de ser pego roubando tão pouco.
FiCção JurídiCa Em entrevista para a Revista de História, o doutor em Antropologia Roberto DaMatta falou que, no Brasil, a República fez “(...) no papel e em cima de um regime social
aristocrático, a revolução igualitária (...) mas inventou o “jeitinho” e o “você sabe com quem está
falando?” como duas pernas de uma mesma ficção jurídica. Que ficção é essa? Ora, é o faz de
conta de que todos obedecem à lei quando todos sabemos que os velhos aristocratas e os donos
poder (burocratas e altos funcionários) são mais donos do que o povo”.
CorruPção e transgressão O professor DaMatta avalia ainda que “(...) o jeitinho se confunde com corrupção e é transgressão porque desiguala o que deveria ser obrigatoriamente tratado com igualdade (...). O que nos enlouquece hoje no Brasil não é a existência do jeitinho como
ponte negativa entre a lei e a pessoa especial que dela se livra, é a persistência de um estilo de
lidar com a lei que induz o chefe, o diretor, o dono, o patrão, o governador e o presidente a passar
por cima da lei”.
desobediênCia De modo geral, o problema do “jeitinho” é que ele desmoraliza a lei fazendo
com que aqueles que a cumprem sejam vistos como otários ou subcidadãos. Nascida de um
sistema desigual, a legislação brasileira sofre de dois defeitos congênitos: o descrédito e a ineficiência, dois males que contaminaram todo o tecido social brasileiro e estão instalados na visão
nacional das regras, valores e ordens. No Brasil, quando o assunto é lei, tudo pode e deve ser
flexibilizado, desde que seja conveniente ao freguês. Não por acaso 82% dos entrevistados da
pesquisa da FGV consideram fácil desobedecer às leis no Brasil e 79% optam pelo “jeitinho” em
vez de seguir a lei.
Falta de Punição Esses dados, coletados para o Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Escola de Direito de São Paulo, foram colhidos a partir de 3,3 mil entrevistas, aplicadas entre 2012
e 2013, em oito unidades da Federação – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul, Bahia, Pernambuco, Amazonas e Distrito Federal – e revelam que a maioria dos brasileiros
quer levar uma vida honesta, mas admite que a falta de punição estimula desvios.
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Cinema
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
(Twelve Years a Slave). EUA/Reino Unido, 2013. Direção: Steve McQueen.
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch, Michael Fassbender, Brad Pitt.
O inferno de um homem livre
Steve McQueen é homônimo do ator (19301980) conhecido por ter feito Fugindo do
Inferno, Bullitt e o emblemático Sete Homens e
um Destino. Mas as semelhanças terminam por
aí. McQueen, o diretor negro, já fez 26 filmes,
dos quais 24 são curtas. De longas, este é o seu
2º filme. E aqui, não é demais dizer que ele se
supera. Até porque a história é baseada numa
narrativa do personagem principal.
Enfrentando a opressão, sem perder
Em 1841, o negro alforriado Solomon Northup
a humanidade
(Ejiofor), homem bem-sucedido, casado e pai
de dois filhos, é ilegalmente abduzido e levado
a um mercado de escravos – como se fica sabendo, essa mercancia ilegítima era costumeira nas décadas
que antecederam a abolição da escravatura –, onde é vendido a um rico fazendeiro chamado Williams
(Cumberbatch), que se revela bastante humano no trato com os seus escravos e empregados. Depois
de algum tempo, porém, Northup é ameaçado de morte pelo marceneiro da propriedade, e Williams
o vende a outro fazendeiro, Edwin Epps (Fassbender, na contramão dos seus habituais personagens).
O que transcorre nos 120 minutos seguintes não é para pessoas de coração fraco. Epps é um indivíduo
vicioso, implacável, sem qualquer resquício de humanidade, que se embriaga, chicoteia pessoalmente
seus escravos e prevarica com uma de suas servas preferidas. E o regime a que Northup é submetido,
não só pessoalmente, mas pelo que é obrigado a ver e a compartilhar em sua insuportável condição
de escravo, põe à prova os seus nervos e a sua determinação de sobreviver a esse inferno e retornar
à condição de homem livre. Os desempenhos que vemos na tela contribuem para criar esse clima
degradante, deprimente, desumano, principalmente os de Ejiofor e Fassbender. Levou o Oscar® de
Melhor Filme. 8.5/10.
ELA
(Her). EUA, 2013. Direção/Roteiro: Spike Jonze.
Elenco: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Olivia Wilde,
Scarlett Johansson (voz).
A desumanização das
relações sociais
Felicidade real, causa virtual...
até quando?
Quem não gostaria de ter, em seu computador
pessoal, um SO (sistema operacional) interativo, que
conhecesse todos os seus pensamentos, obedecesse
a todas as suas ordens e adivinhasse todos os seus desejos? E que, ainda por cima, tivesse a voz
sensualmente cálida de Scarlett Johansson? Uma espécie de agradável alter ego a HAL 9000, o inteligente,
porém mal-intencionado, computador de 2001: Uma Odisséia no Espaço? Creio que a resposta sensata
seria que as pessoas sociáveis, comunicativas, bem resolvidas, ou, numa palavra, “normais”, não, não
gostariam de ter esse tipo de programa em seus laptops. Não precisariam, certo?
Mas Theodore Twombly (Phoenix) não é uma pessoa “normal”. Seu sobrenome, em inglês, parece
remeter a alguém atrapalhado, desajeitado, e é isso que ele demonstra ser. Depois de vários anos casados,
ele e a mulher se separam [e ele não para de se culpar por isso]. Ele é um indivíduo extremamente
solitário, que tem colegas no trabalho, mas não tem amigos. E quando seus colegas marcam um
encontro com uma bela jovem (Wilde), ele põe tudo a perder. Theodore mora sozinho num belo apê
em LA e, fora do trabalho, só se comunica com seu celular e seu laptop.
Até que, num telão, ele vê o anúncio futurista desse SO e o instala em seus equipamentos. Interagindo
com essa nova “entidade”, tão totalmente virtual quanto para ele se mostra extremamente real, seu
humor e sua atitude perante a vida mudam. Não lhe passa pela cabeça que essa perigosa lua-de-mel
pode chegar a um desagradável desenlace. Assustadoramente moderna, a parábola de Spike Jonze
(Oscar® 2014 de Melhor Roteiro Original) toca com inteligência na “computadorização” das emoções
e afetos, das relações sociais e interindividuais no nosso dia-a-dia. Um ensaio brilhante, um alerta
dramático. Imperdível. 9/10.
Crítico de cinema de Brasília.
Desembargador Substituto
do TJDFT, membro da 3ª
Turma Criminal. Membro da
Associação dos Críticos de
Cinema do DF. Também é
escritor, e atualmente tem
no prelo um livro de mais
de mil e setecentas páginas
sobre Ética na magistratura.
[email protected]
Nota: Continuo aqui a
nova seqüência de Notas:
“Grandes atores esnobados pela
Academia”. Apesar de suas
brilhantes carreiras e excelentes
performances, eles jamais
levaram um Oscar®. A “bola da
vez” é Samuel L. Jackson. A
seguir...
[2001-2014: 13 anos de coluna
com o melhor do Cinema em
Brasília!].
22 a 28 de março de 2014
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coisas da corte
Até quando?
Não compartilhamos da guerra civil síria ou ucraniana, mas arrastar uma mulher presa
a um carro por 250 metros em plena luz do dia é, no mínimo, uma atitude igualmente
ignorante quanto a de atirar a sangue frio. Os três policiais que estavam no carro já
estão presos e disseram que já a haviam encontrado ferida.
Cláudia Ferreira levou dois tiros quando estava indo comprar pão. Ao chegar ao hospital estava morta.
Mulher, brasileira, mais uma vítima das falhas de um sistema que escraviza a todos
com o medo da violência, que parte até daqueles que deveriam fazer justiça.
Investigação na Petrobras
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro decidiu que investigará os contratos
da Petrobras com a empresa holandesa SBM Offshore, que teriam sido efetuados sob
suspeita de corrupção. A procuradoria vai apurar pagamentos de propinas de até R$
139 milhões a funcionários da estatal.
Entre os crimes investigados estão os de corrupção passiva e ativa, evasão de divisas,
tráfico de influência, violação de sigilo funcional e concussão. Uma auditoria está sendo feita na Petrobras para colher informações sobre o caso. A conferir.
Só na mordomia...
Viagens, hospedagens e alimentação por conta da casa? No Senado é assim. O levantamento do jornal “O Globo” revelou que os gastos com estas despesas entre os senadores chegou a R$ 499 mil em 2013. Há descrição de casos de senadores que passaram
quase 20 dias na Europa e, ao voltarem, limitaram-se a dizer apenas os nomes de algumas cidades e o de algumas autoridades com as quais possivelmente tenha se reunido.
O correto é que seja entregue um relatório ao retornar, bem como a confirmação de
uma autorização do plenário para sair.
Mas, no Senado, claro que não é assim.
Mão de ferro
Queira ela ou não, a presidente Dilma Rousseff aumenta a cada dia sua fama de “mão
de ferro”, principalmente com sua base aliada. A forma centralizadora com que conduz seu governo já gerou insatisfações – e não foram poucas. O deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) parece agora apenas tornar público a insatisfação de muitos dos
colegas políticos. A necessidade de se negociar questões importantes para o país, ao
invés de simplesmente impor sua opinião, deveria ser mais estudada pela presidente.
Hegemonia?
Uma coisa é certa: será difícil para o PT
dar continuidade à sua dominação que parece sutil, mas já está mais do que clara.
Não só nos governos dos estados e ministérios, mas principalmente no Congresso
Nacional.
Impedir esta façanha é o principal objetivo do “blocão”, de acordo com os próprios integrantes. O PT é acusado de ter um projeto hegemônico de poder e aumentar
as bancadas na Câmara e no Senado. O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou para
o jornal “O Estado de S. Paulo” que este é o objetivo de todos os partidos. Mas qual
tem forças para competir com o PT? A resposta já sabemos.
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Ela está na área
Marina Silva dobrou as mangas e colocou as mãos na massa, literalmente. Suas
viagens começaram e os ataques contra
a presidente Dilma também. Sua candidatura ainda não foi formalizada, mas a
tendência é de que seu parceiro Eduardo
Campos (PSB), governador de Pernambuco, anuncie em abril sua posição como
vice na chapa do partido na corrida presidencial. “Nós já temos muitas coisas
resolvidas. Agora, anunciamos uma solução no Amazonas. Temos muito tempo
até junho para muitas coisas serem resolvidas. Só quatro meses para tratar disso
é pouco. Não chegou o tempo de a direção nacional atuar”, afirmou Campos
em seminário no Rio de Janeiro. Ele sabe
que a presença de Marina nos estados é
o que ajudará – e muito – o aumento de
sua popularidade em todo o país.
Bananas na
Esplanada
O governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), se adiantou nos comentários quanto à distribuição dos Ministérios
na última semana e soltou esta: “Todos
nós entregamos à presidente a chance
para que ela fizesse com que o Brasil seguisse mudando e melhorando, mas o que
aconteceu é que ela não soube fazer aquilo para o qual estava predestinada, e nós
não podemos deixar o Brasil derreter na
inflação, no populismo, entregando cargos como se tivesse distribuindo bananas
e laranjas”. O governador falou para uma
plateia de 400 pessoas em Surubim (PE)
alfinetou a presidente quanto às atitudes
realmente errôneas de escolher seus ministros sem nem ao menos suas formações acadêmicas.
Economia no Brasil
FGTS para pensão
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s esteve no Brasil para avaliar junto à analistas privados e membros
do governo se rebaixarão ou não a nota
brasileira. Além da economia, a política
no Congresso, eleições e as manifestações populares também estiveram entre
as questões da agência. O ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, recebeu
a comitiva e garantiu aos visitantes que a
crise política terá fôlego curto, pois tudo
se resolverá. É o que os Ministérios sempre dizem, não?
Para aqueles que pagam pensão alimentícia, a notícia é boa: o FGTS poderá ser utilizado para a despesa.
Inquérito encalhado
Desde 2005 está parado um inquérito de
investigação de contratos efetuados entre o governo tucano de Aécio Neves em
Minas Gerais com empresas de Marcos
Valério. Nove anos se passaram e não
houve nenhuma conclusão a respeito do
caso. A previsão é de que não terá. Aécio defendeu-se dizendo que as contas
de seu governo não apresentavam irregularidades, pois sempre foram aprovadas pelo Tribunal de Contas. Os valores
pagos às agências de Valério chegaram
a R$ 27 milhões entre 2004 e 2005. Uns
20 anos pelo menos seriam necessários
para a prescrição. Se nove já se passaram,
falta pouco para mais esta história ficar
pra depois.
Lula disse
Depois de se reunir com alguns empresários no Paraná, o ex-presidente Lula,
defensor de Dilma, comparou Campos
a Fernando Collor de Mello, de forma
indireta. “A minha grande preocupação
é repetir o que aconteceu em 1989: que
venha um desconhecido, que se apresente muito bem, jovem... e nós vimos
o que deu”, afirmou. Já dá pra se ter
uma ideia da troca de argumentos que
vêm por aí.
É o que afirmou a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais
na última semana, aqui na capital. Mesmo não estando na legislação, a medida poderá
beneficiar muitos cidadãos endividados. É o “jeitinho”...
Chega de luxo
Luxo na prisão é só para quem pode. Como sabemos que mensaleiro pode tudo, não
é de se espantar que os condenados tenham até banheiro privativo. Sem contar os
cardápios e horários de visitas especiais.
O Ministério Público questionou a construção da “Ala Genoino”, como ficou conhecida, diante de tantos benefícios que não são encontrados em outras celas na Papuda.
Mas mensaleiro pode, afinal são “inocentes presos políticos” que contribuíram para a
construção da história do país. Não para a maioria.
Alta de combustíveis
Cuidado com o álcool e a gasolina. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) avaliou que
nas últimas três semanas o preço do litro da gasolina subiu 0,77%, pelo menos no Rio
de Janeiro, enquanto o álcool subiu 4,02%.
Em São Paulo o aumento foi de 1,4% e 5% respectivamente. Isso porque o governo
queria segurar os reajustes devido à inflação. A previsão, no entanto, é de que o etanol
deve ficar em alta até o mês de abril.
Congresso Consad
O VII Congresso Consad de Gestão
Pública acontece entre os dias 25 e 27
de março, no Centro de Convenções
Ulysses Guimarães, em Brasília. Nesta edição, o evento tem como tema
a gestão sustentável e conta também
com a participação de gestores/acadêmicos da Austrália e dos Estados
Unidos, que compartilham experiências e analisam os principais desafios
da administração pública no século
XXI. Geoff Gallop, ex-governador do Estado da Austrália do Oeste e atual diretor de
cursos de pós-graduação da Escola de Governo da Universidade de Sydney, ministra
a conferência magna, no dia 25 de março, sobre “Para onde deve caminhar agora a reforma do setor público?”. Já Stephen Goldsmith, ex-prefeito de Indianápolis, ex-vice-prefeito de Nova York e professor de Governança e Inovação da Escola de Governo
da Universidade de Harvard, é o responsável pela conferência de encerramento do
congresso, no dia 27 de março, sobre “Como as novas tecnologias estão mudando a
forma de governar e o papel da inovação”.
A expectativa, segundo Eduardo Diogo, presidente do Consad, é de que mais de 2
mil pessoas – entre palestrantes, pesquisadores, secretários de Estados, dirigentes do
setor público e estudantes –, de todos as regiões do Brasil, marquem presença neste
que é considerado o maior evento da América Latina acerca do tema. Em debate,
modelos de administração pública gerencial, orientada para resultados e comprometida com a qualidade dos gastos e dos serviços prestados aos cidadãos. “É uma
oportunidade de atualização, de intercâmbio e de formação de redes que aceleram o
processo de disseminação da inovação da gestão pública em todos os cantos do País”,
avalia o presidente.
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PLANO DE PRESERVAÇÃO
DO CONJUNTO
URBANÍSTICO DE BRASÍLIA
“Rodrigo. A única defesa para Brasília
está na preservação de seu plano
piloto. Pensei que o tombamento do
mesmo podia constituir elemento
seguro, superior à lei que está no
Congresso e sobre cuja aprovação
tenho dúvidas.
Peço-lhe a fineza de estudar esta
possibilidade ainda que forçando um
pouco a interpretação do Patrimônio.
Considero indispensável uma barreira
às arremetidas demolidoras que já se
anunciam vigororosas.
Grato pela atenção, abraços
Juscelino, Brasília 15.6.1960”
E
ste bilhete do presidente Juscelino Kubitischeck endereçado a Rodrigo de
Andrade, diretor SPHAN - Serviço do
Patrimônio Histórico e Artistico Nacional
está no livro “Lucio Costa - Inventor de Brasília” de autoria de sua filha, arquiteta Maria
Elisa Costa, que foi lançado na semana passada no Clube do Choro, em Brasília.
Advogado e escritor, foi
presidente do Tribunal de
Ética e Disciplina da OABDF, foi também, Secretário
Executivo da Comissão de
Ética na Política do Conselho
Federal da OAB. Em 1999
exerceu o cargo de Secretário
de Segurança Pública no
Distrito Federal. É membro
da Academia Brasiliense de
Letras e do Instituto Histórico
e Geográfico do Distrito
Federal.
[email protected]
A preocupação de JK com a preservação do
projeto da nova capital do Brasil é a síntese
do seu pensamento sobre a possibilidade de
futuros administradores da cidade pretenderem modificar o Plano Piloto de Brasília.
Juscelino tinha razão, e o governador José
Aparecido de Oliveira, mais de vinte anos
depois da inauguração de Brasília, conseguiu
fazer valer a vontade de JK, sem precisar
forçar um pouco a interpretação do Patrimônio. Zé Aparecido, com o seu demolidor
secretariado, encurralou os vigorosos opositores e conseguiu, não só o tombamento
distrital e federal, como o reconhecimento
pela UNESCO de Brasília como Patrimônio
Cultural e artístico da Humanidade.
Durante anos, até mesmo o governador
mais longevo no exercício do mandato, Joaquim Roriz, protegeu o plano original de
Lúcio Costa e as obras de Oscar Niemeyer,
além de construir monumentos criados por
Niemeyer.
Roriz é muito criticado pela criação de inúmeras cidadades nas proximidades da capital
que, afinal, favoreceram a descaracteriza-
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ção da proposta de Juscelino que imaginava
Brasília como pólo indutor de progresso no
centro-oeste.
A concentração urbana determinou a prestação de serviços públicos à população que
exigia moradia, saúde, educação e trabalho;
com isso, o Distrito Federal se transformou
em tudo o que JK não queria: um território
com todos os problemas das demais cidades
brasileiras.
Agora, tudo indica que o descompromissado
governo do Distrito Federal se juntou, não a
nós cidadãos brasilienses, mas ao grupo que
entende que progresso é a ocupação das cidades com prédios imensos, áreas restritas
de diversão ao ar-livre, aumento das áreas
comerciais nas entrequadras e conjuntos residenciais espremidos entre vias estreitas.
A arrogante aprovação do inimaginável
“Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília” é uma agressão brutal
aos interesses dos moradores de Brasília, e
mostra que este governo decidiu fazer tudo
o que ninguém previa. O poder depositado
nas mãos do governador através das urnas
num momento desastroso da nossa história,
se desvirtuou depois do controle da Câmara
Legislativa, com a utilização de métodos ainda envoltos na penumbra e o aparelhamento
da administração pública com a nomeação
de aliados escolhidos por indicação política
e não através do constitucional concurso público que iguala os direitos dos cidadãos.
Os brasilienses esperam que o Congresso
Nacional, o Governo Federal, o Ministério
Público, a Ordem dos Advogados do Brasil
e a mídia, se juntem às entidades civis que estão na trincheira da cidadania — indispensável barreira às arremetidas demolidoras que
ressurgiram vigorosas —, como diria JK se
ainda estivesse entre nós.
No meu blog está disponível a 2ª edição do
livro de minha autoria “Brasília 2030 - A
Recontrução”. A lastimável previsão está se
concretizando a passos largos, e 2030 está
bem próximo.
ACESSE: www.paulocastelobranco.com.br