projeto PESQUISA BIOTECKMinisterio da Saude
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projeto PESQUISA BIOTECKMinisterio da Saude
Dados do projeto Título: Desenvolvimento de biomateriais e estudo de marcadores moleculares para seleção de células-tronco adultas com potencial osteogênico para terapia celular Instituição: Instituto de Biociências (I.B.), Universidade de São Paulo (USP) Unidade: Departamento de Genética e Biologia Evolutiva Dados do pesquisador candidato Nome e titulação: Roberto Dalto Fanganiello, Bacharel em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. Doutorando do programa de Doutorado Direto em Biologia/Genética do Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo com período sanduíche no Departamento de Ortopedia e Reabilitação da Universidade de Yale, Connecticut, EUA. A conclusão do doutorado está prevista para outubro de 2009. Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de acesso): http://lattes.cnpq.br/0863279559059369 Endereço residencial: Rua Dr. Melo Alves, 265, apto 113, Cerqueira Cesar. CEP: 01417-010 Telefone residencial: 11 + 30851349 Endereço profissional: Rua do Matão, 277, sala 200, Cidade Universitária, Butantã. CEP: 05508-090 Telefone profissional: 11 + 3091 9910 Telefone celular: 11 + 6665 0009 1 Fax: 11 + 3091 7966 ramal 29 e-mail: [email protected] Dados do preceptor Nome, titulação e vínculo com a IES: Professora Doutora Maria Rita dos Santos e PassosBueno, Professora Titular do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Coordenadora de Transferência de Tecnologia do Centro de Estudos do Genoma Humano (CEPID / FAPESP), Bacharel em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Doutora em Biologia / Genética pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Pós-Doutorado pela Universidade de Oxford, Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – nível 1A. Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de acesso): http://lattes.cnpq.br/4063718580685742 Endereço profissional: Rua do Matão, 277, sala 200, Cidade Universitária, Butantã. CEP: 05508-090 Telefone profissional: 11 + 3091 9910 Fax: 11 + 3091 7966 ramal 29 e-mail: [email protected] 2 Introdução e eixos temáticos A maioria dos procedimentos cirúrgicos voltados a reconstrução crânio-maxilo-facial são feitos para a substituição de tecido ósseo danificado ou para a construção de estruturas esqueléticas perdidas por motivos cirúrgicos, de trauma, de infecção, neoplásicos ou de malformação congênita. Os métodos biológicos tradicionais regularmente empregados incluem o transplante ósseo autólogo e o alotransplante. O transplante autólogo é considerado o “padrão ouro” atualmente e implica na obtenção de tecido ósseo de outras regiões que não as danificadas (sítios doadores, como crista ilíaca e costelas). Desvantagens que permeiam este procedimento são: morbidade e quantidade significativa de dor e hematoma no sítio doador, quantidade limitante de osso proveniente de sítios doadores, possibilidade de incompatibilidade anatômica, estrutural e de formato, o que é particularmente importante quando tratamos do complexo craniofacial e alta reabsorção óssea durante a cicatrização (Glowacki e Mulliken, 1985; El-Ghannam, 2004). Estas características desfavoráveis contribuem para que sejam reportadas taxas de insucesso de até 30% associadas ao transplante ósseo autólogo (Jackson, Helden et al., 1986; Scheller, Krebsbach et al., 2009). O uso de alotransplante (enxerto de tecido ósseo proveniente de outros indivíduos, mantidos em bancos de ossos) tem as desvantagens de poder suscitar reações imunológicas e risco de transmissão de doenças, tanto virais quanto bacterianas (Buck, Malinin et al., 1989). Além disso, temos de ressaltar que a manutenção inicial in vivo destes enxertos ósseos é dependente de difusão de nutrientes. Dessa forma pode haver falha na integração do osso transplantado ao sítio cirúrgico, principalmente quando tratamos de um defeito de grande 3 dimensão, além de demandarem um longo tempo de cicatrização, o que limita a projeção da evolução clínica (Burg, Porter et al., 2000). Pesquisas conduzidas nos Estados Unidos mostram que cerca de 500.000 a 600.000 enxertos ósseos são realizados por ano naquele país, sendo 6% de ordem craniofacial (Greenwald, Boden et al., 2001; Eppley, Pietrzak et al., 2005). Ainda, dados do “US Health Cost and Utilization Project” registraram 12.700 enxertos ósseos cranianos em 2001 para o reparo de defeitos craniofaciais infantis, a um custo total de 549 milhões de dólares (Steiner, Elixhauser et al., 2002). Pesquisas realizadas a cada cinco anos pelo “Japanese Orthopaedic Association Committee on Tissue Transplantation and Regenerative Medicine” desde 1985 em hospitais japoneses mostram que a cada ano há um aumento relativo do uso de substitutos ósseos sintéticos e uma conseqüente diminuição relativa da proporção do uso de transplantes ósseos autólogos e de alotransplantes, embora a maior parte dos transplantes ósseos ainda sejam autólogos e alotransplantes (Urabe, Itoman et al., 2007). O desenvolvimento de biomateriais que substituam os implantes ósseos proporcionam vantagens fundamentalmente importantes do ponto de vista econômico, de saúde individual e de saúde pública, tais como prevenção de cirurgias adicionais para a remoção de osso autólogo, diminuindo expressivamente o tempo cirúrgico, prevenção de transmissão de doenças no caso de alotransplante, prevenção de reação imunológica em alotransplantes, além de serem extremamente úteis no caso de pacientes que não podem prover tecido ósseo em quantidade suficiente para transplante autólogo ou de pacientes que não podem prover tecido ósseo saudável em virtude de osteoporose (Legeros, 2002; Okuda, Ioku et al., 2007). Além disso, vantagens do uso de material sintético com parâmetros e produção otimizados para a regeneração óssea incluem a facilidade e o controle de sua síntese, oferta ilimitada, forma e características pré- 4 determinadas, tanto com relação à macro-estrutura (formato tridimensional, diâmetro dos poros) quanto com relação à micro-estrutura (porosidade, interconectividade dos poros) (Behravesh, Yasko et al., 1999; Lendlein e Langer, 2002; Gunatillake e Adhikari, 2003). O papel do molde de biomaterial na bioengenharia de tecidos é o de funcionar como uma matriz extracelular inicial em que as células nele aderidas cresçam e auxiliem na cicatrização/ formação do órgão ou tecido em questão (Abukawa, Papadaki et al., 2006). A configuração geométrica específica deste molde também pode ditar a macro e a micro-estrutura do tecido a ser gerado (Langer e Vacanti, 1993). Um molde ideal para a bioengenharia de tecido ósseo deve ser tanto osteocondutivo, guiando a restituição óssea em local que não cicatrizaria naturalmente (auxiliando na capilarização e invasão de células do hospedeiro), quanto osteoindutivo, tendo habilidade de induzir a diferenciação de células pluripotentes, nele contidas ou circundantes, em osteoblastos e osteócitos (Burg, Porter et al., 2000). De forma mais específica, um molde ideal deve atender às seguintes necessidades: • Estrutura e constituição química de superfície apropriadas para facilitar a penetração, absorção, distribuição, proliferação e diferenciação de células (Crane, Ishaug et al., 1995; Sachlos, Reis et al., 2003) • Permeabilidade ao meio de cultura (Glowacki, 2001) • Porosidade interconectada possibilitando integração adequada com o tecido e vascularização in vivo (Frerich, Lindemann et al., 2001; Smith, Peters et al., 2004) • Manutenção do fenótipo osteoblástico (Muschler, Nakamoto et al., 2004) • Dureza e propriedades mecânicas adequadas (Williams, Adewunmi et al., 2005) • Facilidade e rapidez na fabricação (Hutmacher, 2001; Abukawa, Papadaki et al., 2006) 5 Até o momento há uma miríade de moldes sintéticos desenvolvidos e testados para regeneração óssea, tais como cerâmicas com base em fosfato ou sulfato de cálcio (Ohgushi, Okumura et al., 1990; Yoshikawa, Ohgushi et al., 1996; Zuk, 2008) , co-polímeros de ácidos glicólico e poli-L-láticos (Vacanti, Kim et al., 1993; Ishaug-Riley, Crane et al., 1997), polifosfazenos (Laurencin, El-Amin et al., 1996), colágenos (Krebsbach, Kuznetsov et al., 1997) e ligas metálicas tratadas, principalmente de titânio e tântalo (Zuk, 2008), dentre outros, mas um molde com propriedades ótimas que cumpra todos os requisitos supracitados ainda não foi desenvolvido. Independente do crescimento exponencial que a área de bioengenharia de tecidos tem sofrido nos últimos 20 anos, não há dúvida de que esta não é uma tarefa trivial, uma vez que envolve a convergência de estratégias e de tecnologias provenientes de áreas bem distintas como biologia molecular e celular, química de polímeros, ciência dos materiais, engenharia mecânica, ciências clínicas e genética molecular. Cerâmicas com base em fosfato de cálcio são consideradas excelentes biomateriais, com propriedades bioativas e osteocondutivas, uma vez que se ligam ao osso e aceleram a formação óssea. As formas mais usadas de cerâmicas de fosfato de cálcio são as de β-tricálcio fosfato [Ca3(PO4)2 , TCP] e de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2, HA]. Cerâmicas de β-tricálcio fosfato apresentam a vantagem de serem altamente bio-reabsorvíveis, porém sua atividade osteoindutiva é limitada, ficando comumente restrita ao uso em regeneração de defeitos ósseos menores (Anker, Holdridge et al., 2005; Komaki, Tanaka et al., 2006; Okuda, Ioku et al., 2007). Já as cerâmicas de hidroxiapatita (HA), que já foram usadas por muitas décadas como substitutos ósseos em defeitos mandibulares, apresentam estrutura molecular igual à fase mineral do osso (os ossos são constituídos por aproximadamente 70% de hidroxiapatita), o que as faz altamente osteocompatíveis (El-Ghannam, 2004; Rosso, Marino et al., 2005). Além disso, a 6 adsorção de proteínas e fatores de crescimento à superfície das cerâmicas de hidroxiapatita é um evento de natureza eletrostática e acredita-se que os íons Ca2+ e PO43- desempenhem função de sítios de ligação destas proteínas, o que torna estes biomateriais muito propícios para abrigarem crescimento celular (Villarreal, Sogal et al., 1998; Zeng, Chittur et al., 1999; Rosengren, Pavlovic et al., 2002; Rouahi, Gallet et al., 2006). Devido ao comportamento piezelétrico exibido pelos ossos (Kon, Muraglia et al., 2000), com a indução de tensão mecânica há a promoção de potenciais elétricos na estrutura óssea, o que influencia diretamente a atividade de crescimento ósseo (Livingston, Ducheyne et al., 2002). Desta maneira, a propriedade piezelétrica é fundamental para esta classe de biomateriais. O material piezelétrico CaTiO3 é um forte candidato para formar interface entre HA e implantes de titânio (Webster, Ergun et al., 2003), comumente utilizados em cirurgias ortopédicas. Webster et al. (Webster, Ergun et al., 2003), a partir de testes de citocompatibilidade, verificaram que houve um aumento da adesão de osteoblastos sobre materiais que continham CaTiO3 em relação a HA pura. A partir dos resultados obtidos, os autores concluíram que revestimentos ortopédicos que formam CaTiO3 podem aumentar a integração óssea com o implante, resultando em maior adesão de osteoblastos. Ergun et al. (Ergun, Liu et al., 2007) verificaram que a adesão dos osteoblastos para o sistema HA:CaTiO3 é 4,5 vezes maior que para a HA pura. Um dos fatores que limitam o uso mais abrangente deste material é a baixa osteoindutividade a ele associado e o pouco conhecimento a respeito das estratégias ideais de síntese e de parâmetros ótimos de macro e de micro-estrutura. Embora não sejam naturalmente osteoindutivos, podem ser combinadas a células-tronco para incorporarem potencial osteogênico (Ohgushi, Dohi et al., 1993; Legeros, 2002). 7 Recentemente foi identificada uma enorme quantidade de fontes de onde podem ser isoladas células-tronco adultas, dentre elas medula óssea (Friedenstein, Piatetzky et al., 1966), tecido adiposo (Zuk, Zhu et al., 2001; Zuk, Zhu et al., 2002), músculo esquelético (Noth, Tuli et al., 2002; Wada, Inagawa-Ogashiwa et al., 2002), músculo orbicular labial (Bueno, Kerkis et al., 2009), músculo cardíaco (Warejcka, Harvey et al., 1996), polpa dentária (Gronthos, Mankani et al., 2000), derme (Toma, Akhavan et al., 2001), sangue de cordão umbilical (Campagnoli, Roberts et al., 2001), trompa de falópio (Jazedje, Perin et al., 2009) etc., sendo que duas delas foram isoladas e identificadas neste ano por grupos de pesquisa do CEGH / USP (Bueno, Kerkis et al., 2009; Jazedje, Perin et al., 2009). Até o momento as fontes que foram mais bem caracterizadas quanto à possibilidade de aplicação para engenharia de tecido craniofacial são medula óssea e tecido adiposo. Vários estudos já constataram formação de osso a partir de células-tronco provenientes de medula óssea (BMSCs) combinadas com moldes tridimensionais de cerâmica de hidroxiapatita ou de hidroxiapatita associada a tricálcio-fosfato em defeitos cranianos de roedores, cães, coelhos e ovelhas (Ohgushi, Goldberg et al., 1989; Bruder, Kraus et al., 1998; Kon, Muraglia et al., 2000; Arinzeh, Peter et al., 2003; Ge, Baguenard et al., 2004), além de haverem sido associadas a outros tipos de biomateriais também com finalidade de reposição de tecido ósseo em roedores, porcos, ovelhas e cães (Krebsbach, Mankani et al., 1998) (Bidic, Calvert et al., 2003) (Weng, Wang et al., 2006) (Shang, Wang et al., 2001), dentre outros. Devemos, entretanto, ressaltar a existência de algumas desvantagens quanto ao uso destas células para reconstrução de tecidos em humanos, como a dor, o estigma e a invasividade do procedimento cirúrgico de punção associados ao acesso e à aspiração estéril da medula óssea e 8 também à pequena quantidade de células obtidas a cada coleta (1MSC / 104 – 106 células de estroma (Kadiyala, Young et al., 1997). Outra opção é o uso de células-tronco provenientes de tecido adiposo (AMCs), tendo em vista tanto a relativa facilidade de obtenção destas células como produto de lipoaspiração, principalmente em indivíduos adultos, e a grande quantidade em que podem ser obtidas, embora possam também ser cultivadas e expandidas in vitro quando necessário (Zuk, Zhu et al., 2001; De Ugarte, Morizono et al., 2003; Cowan, Shi et al., 2004). O potencial de ossificação in vivo destas células foi menos estudado que o das BMSCs, mas resultados positivos foram descritos quando AMCs foram combinadas a diversos biomateriais para testar seu potencial osteogênico em diferentes situações, incluindo a aplicação destas células com chips ósseos de crista ilíaca para a regeneração de defeitos calvariais em um paciente (Lee, Parrett et al., 2003) (Hicok, Du Laney et al., 2004) (Dragoo, Choi et al., 2003; Dragoo, Lieberman et al., 2005) (Cowan, Shi et al., 2004) (Lendeckel, Jodicke et al., 2004). Contudo, existem estudos conflitantes, onde o potencial de ossificação das AMCs mostrou-se, como quando AMCs foram associadas a moldes gelatinosos e implantadas em defeitos calvariais de coelhos (Dudas, Marra et al., 2006). Dessa forma, o uso destas células associadas a biomateriais para regeneração de tecido ósseo é promissor e ainda precisa ser melhor explorado. Outras fontes celulares também precisam ser exploradas quanto ao potencial uso para regeneração óssea. Por exemplo, o uso de células-tronco de polpa de dente (DPSCs) é interessante para reconstrução óssea uma vez que podem ser isoladas de forma fácil e por procedimento não invasivo, principalmente no caso de dentes decíduos de indivíduos jovens, sem a necessidade de punção medular ou de lipoaspiração. Trabalhos mostram que estas células são de certa forma análogas a células osteogênicas, uma vez que expressam marcadores 9 osteogênicos e respondem a muitos fatores de crescimento para diferenciação osteoodontogênica (Hanks, Sun et al., 1998; Unda, Martin et al., 2000; Ueno, Kitase et al., 2001). Além disso, DPSCs mostraram uma maior potencial proliferativo in vitro, tornando-as mais fáceis de expansão quando comparadas a BMSCs sob as mesmas condições, o que foi atribuído a uma maior expressão de kinase 6 dependente de ciclina, um ativador de ciclo celular (Shi, Robey et al., 2001). Somado a isto, nosso grupo recentemente demonstrou que estas células também tem potencial osteogênico in vivo quando associadas a uma membrana de colágeno e implantadas em defeito crítico de ratos não imunossuprimidos (De Mendonca Costa, Bueno et al., 2008) Com base neste cenário geral percebemos que muitas questões ainda precisam ser abordadas, principalmente com relação ao melhor biomaterial a ser empregado em diferentes situações de reconstrução óssea, à caracterização e otimização do tipo ou subpopulação celular mais eficiente para este propósito e ao melhor sistema experimental a ser usado para testarmos a eficiência do biomaterial em questão e das células selecionadas. Além disso, é também fundamental que entendamos quais instruções as células precisam para que se organizem no tecido em questão e quais células devemos escolher para esta tarefa. Este controle é complexo e envolve sinalização parácrina, autócrina e endócrina, interações na matriz celular e contato célula-célula. Como apontado em (Scheller, Krebsbach et al., 2009) a caracterização e o entendimento do funcionamento de cada elemento desta tríade ( células / moldes / sinais) é fundamental para aperfeiçoarmos a regeneração e a engenharia de tecidos funcionais. Além disso, esta abordagem tripartite é necessária para identificarmos a forma mais adequada de cada um destes constituintes em cada caso específico de bioengenharia óssea. 10 O controle de parâmetros de macro e de micro-estrutura de biomateriais de hidroxiapatita é possível e extremamente necessário. Por exemplo, o delineamento da porosidade (porcentagem de poros) ótima, da distribuição de diâmetros ideais dos poros e da melhor interconectividade destes poros é fundamental para a formação de tecido ósseo uma vez que estas variáveis influenciam diretamente na infusão, migração e proliferação de osteoblastos e de células mesenquimais no interior do biomaterial, assim como a vascularização do tecido neoformado. Maior porosidade e maior tamanho de poros levam a maior formação de ossos e maior vascularização in vivo. Entretanto, com o aumento da porosidade em biomateriais de hidroxiapatita há a desvantagem de uma conseqüente diminuição das propriedades mecânicas do material. (Karageorgiou e Kaplan, 2005). Dependendo do sítio ósseo a ser regenerado, isso pode ser contornado associando proteínas como colágeno tipo 1 a este biomaterial, com o intuito de torná-lo menos quebradiço. Mesmo variações sutis em parâmetros como composição, topologia, rugosidade e cristalinidade podem levar a variações significativas nas taxas de adesão e de proliferação celular, de síntese protéica, transcrição gênica, diferenciação celular e formação de tecido (Ohgushi, Okumura et al., 1990; Puleo, Holleran et al., 1991; James, Levene et al., 1999; Zreiqat, Evans et al., 1999; Chou, Huang et al., 2005; Hartman, Vehof et al., 2005). A degradação in vivo de cerâmicas de hidroxiapatita é lenta , o que permite uma boa osteointegração do material no sítio de interesse, proporcionando tempo suficiente para as atividades osteocondutivas e osteoindutivas e não gerando derivados químicos indesejáveis e desfavoráveis à atividade osteogênica na região. Além disso, a taxa desta degradação pode ser controlada alterando parâmetros como a razão Ca2+ / PO43- e a porosidade da porção interna (Zuk, 2008). 11 O entendimento e a caracterização do tipo celular mais apropriado a ser usado associado ao biomaterial escolhido também é de suma importância (Caplan, 1991; Bianco e Robey, 2001; Mao, Giannobile et al., 2006). Sabemos que independente da fonte, as populações celulares isoladas pelos métodos usuais são heterogêneas, o que pode levar a variações em propriedades de crescimento e osteogênese em grupos celulares da mesma fonte mas de diferentes doadores (Phinney, Kopen et al., 1999) ou a discrepâncias entre os potenciais osteogênicos in vitro e in vivo (Mendes, Tibbe et al., 2004). Por exemplo, pela inspeção de colônias individuais de BMSCs nota-se uma diferença em formato e tamanho, taxas de proliferação e de crescimento, além de poucas colônias expressarem marcadores osteogênicos iniciais, como fosfatase alcalina, ou apresentarem alguma marcação positiva para oil red O (marcador adipogênico)(Kuznetsov, Krebsbach et al., 1997; Derubeis e Cancedda, 2004). Ademais, estudos demonstraram que diferentes sub-populações clonais de células BMSCs apresentam diferentes níveis de potencial de diferenciação: poucas sub-populações clonais mostraram potencial tríplice in vitro,para diferenciar em osteoblastos, condrócitos e adipócitos, enquanto outros grupos apresentaram apenas potenciais condro-osteogênicos ou ainda somente potencial osteogênico (Owen e Friedenstein, 1988; Muraglia, Cancedda et al., 2000). Ainda, foi demonstrado que somente 60% de sub-populações clonais de BMSCs associadas a moldes de biocerâmica e implantadas de forma subcutânea em camundongos imunocomprometidos deram origem a osso e, dentre estes, apenas 65% diferenciaram tanto em osso quanto em estroma hematopoiético (Kuznetsov, Krebsbach et al., 1997). Atualmente existe a possibilidade de usarmos estratégias de citometria de fluxo para o isolamento de sub-populações celulares cada vez mais homogêneas baseando-nos em marcadores (proteínas) de superfície celular, como seleção positiva por “microbeads” combinados com FACS (fluorescence activated cell sorting) ou MACS (magnetic-activated cell 12 sorting) (Mao, Giannobile et al., 2006). Existe, por exemplo, a opção de selecionarmos células STRO-1 positivas e Hoescht negativas para termos enriquecimento de células-tronco mais primitivas, mas esta seleção não é específica para células osteogênicas e não implica que todas tenham potencial de ossificação. Há também resultados iniciais que mostram que a os níveis de osteocalcina secretados para o meio de cultura em condições osteoindutivas pode ser um indicativo do potencial osteogênico de BMSCs mas, para este potencial ser acessado, é obrigatória a etapa de diferenciação in vitro destas células (Nakamura, Dohi et al., 2009). Assim sendo, não são conhecidos ainda quais os marcadores que poderíamos usar para filtrá-las e selecionar as células com potencial ideal de ossificação. Objetivos e resultados esperados Os objetivos gerais são gerar biomateriais com base em hidroxiapatita e colágeno tipo I que, quando associados a células tronco adultas de polpa de dente ou de tecido adiposo, possibilitem uma reconstrução eficaz de defeitos ósseos cranianos. Pretendemos também identificar um painel de marcadores moleculares ou celulares que nos permitam identificar e selecionar previamente as células com o melhor potencial osteogênico. Temos por objetivos específicos: I) Encontrar parâmetros ótimos (porosidade, diâmetro e interconectividade dos poros) do biomaterial escolhido que confiram a ele melhor osteointegração, osteocondutividade e osteoindutividade. 13 II) Encontrar as sub-populações celulares, provenientes de tecido adiposo ou de polpa dentária, que apresentam os melhores potenciais osteogênicos in vitro e in vivo (neste último caso associadas ao biomaterial). III) Caracterizar estas sub-populações com relação ao perfil de expressão gênica a procura de uma assinatura de expressão que as confira identidade molecular. IV) Melhor elucidar o conjunto de eventos moleculares e as vias transcricionais envolvidas com a predisposição destas células-tronco adultas à melhor diferenciação osteogênica. V) Gerar um painel de marcadores moleculares que permitam selecionarmos as células com este potencial. Justificativa e Impacto Previsto Para a bioengenharia de tecidos funcionais devemos prover às células (tanto contidas no biomaterial quanto circundantes, do hospedeiro) sinais espaciais e temporais adequados que permitam o crescimento, diferenciação e síntese de matriz extracelular em volume suficiente. Este estudo visa, com o destino final de aplicação, identificar e entender alguns destes fatores fundamentais para a bioengenharia de tecido ósseo da porção craniofacial, tais como sinais envolvidos no processo de biogênese de tecido ósseo, parâmetros ideais de micro e macroestrutura do biomaterial e tipo e/ou subpopulação ideal de células com maior potencial de ossificação. 14 As finalidades últimas deste projeto, como detalhadas na seção “objetivos e resultados esperados”, são: I) Encontrar um conjunto de características ideais do biomaterial selecionado que maximizem suas propriedades osteocondutivas e osteoindutivas; II) Encontrar o grupo / subpopulação celular que melhor responda à formação óssea in vivo; III) Entender qual a assinatura de expressão das células com maior propensão à ossificação; IV) Estabelecer uma forma de pré-seleção que otimize a ossificação in vivo. Os intuitos são os de potencialmente gerarmos um protocolo de procedimentos ou um kit que nos permita identificar as células com maior potencial de ossificação e usá-las, associadas ao biomaterial desenvolvido, para regeneração óssea craniofacial. Devemos ressaltar que, de acordo com o edital número 12/2009 Capes/MEC e MS/SCTIE/Decit, lançado em 24/07/2009 no Diário Oficial da União, o presente projeto abrange tanto a área de pesquisa científica quanto a de inovação tecnológica, atendendo duas linhas de apoio para 2009: 1.2.1 – I, “Pesquisa Biomédica – Células-tronco” e 1.2.3 – I, “Desenvolvimento de produtos industriais em saúde – Desenvolvimento de equipamentos e materiais de uso em saúde”, envolvendo o item “implante ortopédico”, presente na lista de produtos/materiais estratégicos definida pela Portaria MS no 978, de 16 de maio de 2008. Ainda citando a portaria acima referida, lemos “... a balança comercial da indústria brasileira de saúde mostra-se frágil e dependente, sem competitividade internacional expressiva, contribuindo para a vulnerabilidade da política social, com alto grau de impacto sanitário e orçamentário para o 15 Sistema Único de Saúde”. Este é claramente o quadro que encontramos no país no que concerne a área de biomateriais para implantes ósseos e ortopédicos. Uma simples busca, feita em 10/08/2009, na base de patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), banco que reúne um volume aproximado de 24 milhões de documentos de patentes, dá apenas 26 resultados brasileiros para a entrada “implante ósseo” e apenas 6 resultados para a entrada “implante ortopédico”. Como consideração final, acreditamos também que o financiamento deste projeto é fundamental para reforçar a estrutura e firmar os alicerces do Centro de Terapia Celular recentemente formado, sob a coordenação da Profa Dra Maria Rita Passos-Bueno e para podermos contribuir de forma efetiva e edificante para o crescimento desta área de bioengenharia de tecidos, ainda emergente e pouco explorada no país. Ações previstas (metodologia) 1) Síntese do material biocerâmico HA:CaTiO3 1.1) Preparo das Suspensões e Processamento Para a obtenção do sistema HA:CaTiO3, inicialmente será utilizado o método de coprecipitação. Desta maneira serão obtidas suspensões, baseadas na hidrólise de um alcóxido ou sal dos íons de interesse (Ca2+, P5+, Ti4+ e Eu3+). O primeiro passo é dissolver o reagente de partida em um solvente (por exemplo, água) sob constante agitação. 16 A seguir, será adicionada ao frasco contendo os reagentes de partida uma base, tal como NH4OH, (NH2)2CO (uréia) ou KOH, para precipitação dos respectivos cátions na forma de hidróxidos. A escolha da base, bem como sua concentração dependerá dos resultados obtidos em relação à formação de fase, tamanho e forma das partículas. A mistura reacional resultante da precipitação dos hidróxidos será então transferida a uma autoclave de teflon a ser acoplada a um forno de microondas doméstico (2.450 MHz). Este dispositivo foi montado, tomando-se como base um forno de microondas doméstico Panasonic®, Modelo MN-S46B, com freqüência de 2.450 MHz e 800 W de potência. Deste equipamento, a magnétron (válvula termiônica para gerar microondas) foi desligada do controle do painel e então ligada a um controlador externo de temperatura. Desta forma, o controle de envio de potência à magnétron passou a ser feito pelo controlador acoplado. A célula reacional foi construída em Teflon® (politetrafluoretileno) espesso com furos passantes para sua vedação. Uma tampa, em aço inox, em conjunto com uma junta de silicone e a arruela inferior para os parafusos passantes, proporciona o fechamento da célula. Uma vez que a mistura reacional encontra-se no interior da célula, um sistema contendo uma válvula de segurança e um manômetro com selo de diafragma fecha hermeticamente a célula reacional, deixando-a pronta para processamento de hidrotermalização por microondas. Durante o processamento, as microondas emitidas pela antena são espalhadas dentro da cavidade do forno de microondas, perpassando a célula de Teflon e aquecendo a mistura reacional em seu interior. As suspensões precursoras para os pós de interesse serão tratadas a temperaturas de aproximadamente 140°C, em diferentes tempos e taxas de aquecimento, a fim de verificar qual a melhor condição de tratamento para a obtenção das nano e mesopartículas individualmente. 17 O produto final será lavado com água até o ajuste do pH da suspensão se aproximar de 7. Posteriormente, as partículas em suspensão serão submetidas à centrifugação para remoção do sobrenadante, secas em estufa e caracterizadas. Em momento inicial iremos sintetizar pastilhas de HA:CaTiO3 associadas a colágeno tipo I, com diâmetros médios de poros de 100 µm, 300 µm e 500 µm e com porosidades de 30%, 50% e 80% respectivamente. A depender do desempenho destes materiais quando acoplados a células-tronco adultas para o fechamento de defeitos ósseos, re-avaliaremos estes parâmetros de forma a otimizá-los. 1.2) Caracterização do biomaterial sintetizado Após a obtenção da fase HA:CaTiO3 pelo processamento hidrotermal assistido por microondas serão realizadas as seguintes caracterizações: a) Difração de raios X (DRX) Os ensaios de difração de raios X (DRX) serão realizados em um equipamento Rigaku, modelo DMax 2500PC, utilizando radiação Cu Kα, para determinação da fase cristalina obtida e verificar a ausência de fases secundárias. As condições usadas para as análises serão escolhidas de acordo as necessidades de cada sistema, visando otimizar resultados e uso do equipamento. As análises de DRX serão realizadas no LIEC/DQ/UFSCar. b) Espectrofotometria na região do infravermelho A espectrofotometria na região de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) será utilizada para confirmar ausência, ou a presença de espécies adsorvidas na superfície da fase 18 de interesse (HA:CaTiO3). Nesta análise será empregado o módulo de refletância difusa em um equipamento Bruker, modelo Equinox 55. As análises de FTIR serão realizadas no LIEC/DQ/UFSCar. c) Espectroscopia óptica nas regiões ultravioleta e visível (UV-Vis) A análise por espectroscopia óptica nas regiões das radiações ultravioleta e visível (UVVis) é um tema muito importante para estudos de bandas eletrônicas. Sendo possível a observação de efeitos quânticos relacionados a alterações na energia do gap com a redução no tamanho das partículas, por meio de espectros de absorção. As caracterizações por UV-Vis serão realizadas em um equipamento Cary, modelo 5G no LIEC/DQ/UFSCar. d) Espectroscopia Raman A espectroscopia Raman será utilizada como técnica complementar à DRX, devido a esta ser mais sensível a mudanças de parâmetros de rede, ou seja, de ordem local. A espectroscopia Raman, fornece uma resposta analisando o material em uma ordem a curta e média distâncias dos átomos no retículo cristalino, assim tornando as duas técnicas complementares na análise de formação de fases. Sobretudo, em relação ao efeito de pequenas concentrações de dopantes no retículo cristalino, como é o interesse do presente projeto com a adição de CaTiO3 à HA. Os dados de espectroscopia Raman serão obtidos em um equipamento RFS/100/S Bruker FT-Raman. As análises serão realizadas no LIEC/DQ/UFSCar. e) Método de Brunnaner-Emmett-Teller (BET) 19 As análises de adsorção e dessorção de nitrogênio pelo método BET (Brunauer, Emmett e Teller) para obtenção dos valores de área de superfície específica serão realizadas em um equipamento Micromeritcs, modelo ASAP 2000. As análises serão realizadas no LIEC/DQ/UFSCar. f) Microscopia Eletrônica de Transmissão Varredura Para a determinação de forma, tamanho e distribuição das partículas é essencial o uso da microscopia eletrônica. Neste trabalho será usado um microscópio eletrônico de transmissão varredura com fonte de emissão de campo, STEM-FEG (Scanning Transmission Electron Microscopy - Field Emission Gun) Zeiss, modelo Supra 35. As análises serão realizadas no LIEC/DQ/UFSCar. g) Espectroscopia de Fotoluminescência A resposta da propriedade fotoluminescente do material obtido será analisada em comprimentos de onda de excitação da ordem de 350 nm, empregando-se um espectrômetro Thermal Jarrel-Ash Monospec 27. A espectroscopia de luminescência associada a outras técnicas de caracterização estrutural permite uma avaliação do grau de ordem e desordem imposta ao sistema durante a síntese e processamento. As medidas serão executadas no IFSC - Instituto de Física de São Carlos/GFO - Grupo de Fotônica da Universidade de São Paulo (USP). 2) Comitê de ética Para a utilização destas células tronco adultas (CTA) para pesquisa, os pais ou responsáveis destes indivíduos assinarão o termo de consentimento livre e esclarecido. Além disso, o projeto 20 está sendo submetido à avaliação do comitê de Ética Humano do IB-USP. Assim que for aprovado enviaremos, se necessário, esta documentação. A utilização do modelo animal de defeitos críticos na calota craniana de ratos Wistar (modelo animal escolhido) já foi aprovada pelo comitê de ética animal do IB-USP (protocolo 037/2006). Esta documentação pode ser apresentada em qualquer momento que for julgado necessário. 3) Obtenção de material biológico, cultura e caracterização de células: Os procedimentos de coleta de tecido adiposo e de isolamento e cultivo de células-tronco deles derivadas já está padronizado por nosso grupo (De Mendonca Costa, Bueno et al., 2008; Bueno, Kerkis et al., 2009). Iremos obter 6 culturas primárias de células de tecido adiposo de diferentes indivíduos e 6 culturas primárias de polpa dentária, também de diferentes indivíduos. Após implantadas, expandidas e com alíquotas congeladas após a primeira passagem, as células terão seu imunofenótipo (proteínas específicas de superfície celular) caracterizado. Serão usados anticorpos primários, conjugados com PE, FITC ou Cy3, específicos de linhagens mesenquimais, hematopoiéticas e endoteliais: 1) Mesenquimais - anti-CD29, anti-CD90 (Becton Dickinson, NJ, USA), anti-SH2 e anti-SH3 (Case Western Reserve University, Cleveland, Ohio, USA); 2) Hematopoiéticos: anti-CD45, anti-CD117 (Becton Dickinson, NJ, USA); 3) Endotelial: antiCD31 (Becton Dickinson, NJ, USA). A fluorescência das células será adquirida com o uso do equipamento “EasyCyte flow cytometer” (Guava Technologies) e os dados analisados com o uso do software “Guava ExpressPlus”. 4) Experimentos de diferenciação osteogênica e expansão clonal in vitro: 21 Os protocolos de diferenciação serão conduzidos em triplicatas para cada uma das amostras (triplicatas técnicas). Para a diferenciação osteogênica as replicatas biológicas e técnicas, das células referidas acima serão tratadas com meio de proliferação (DMEM Low Glicose) suplementado com 50 µM de ascorbate-2-phosphate, 10 mM de β-glicerofosfato (Sigma), e 0,1 µM de dexametasona por 21 dias. A diferenciação osteoblástica será constatada por marcação de fosfatase alcalina no 9o dia e a diferenciação osteogênica será demonstrada por acúmulo de matriz extracelular de cálcio por coloração de de Alizarin Red. As imagens serão fotografadas em microscópio invertido, com aumentos de 5X, 10X e 20X e registradas e a ossificação será quantificada por remoção da coloração de Alyzarin Red de cada uma das amostras, quantificação da absorbância da solução em espectofotômetro e comparação com estes mesmos dados provenientes do controle negativo (as mesmas células, marcadas com Alyzarin Red, mas não tratadas com meio de diferenciação osteogênica). Com o intuito de caracterizarmos a possível heterogeneidade celular, a partir das amostras que apresentarem melhor potencial de ossificação in vitro derivaremos 10 clones individuais e caracterizaremos cada um com relação à morfologia celular, proliferação e diferenciação. As expansões clonais serão feitas de acordo com protocolo de diluições limitantes. De forma geral as células em terceira passagem, numa confluência de 80 % em garrafas de 25 mL serão tripsinizadas, contadas em câmara de Neubauer e diluídas em séries de 10 X até obtermos uma concentração final de 100 células em 10 mL. Neste momento usaremos uma placa de 96 poços e plaquearemos 100 uL por poço, o que dá uma quantidade média de 1 célula por poço. A partir desta célula, geraremos as colônias, necessárias para o estudo de heterogeneidade celular 22 5) Experimentos de ossificação in vivo O modelo in vivo usado será de fechamento de defeito crítico calvarial em ratos Wistar, já estabelecido por nosso grupo. Acreditmos que este modelo seja mais fidedigno que o modelo de ossificação de enxertos subcutâneos de biomaterial, muito usado em uma série de trabalhos, uma vez que é mais próximo da realidade cirúrgica (tanto quanto ao osso envolvido quanto com relação ao procedimento). Usaremos 8 ratos Wistar NIS para cada experimento (machos, de 2 meses de idade, com peso corpóreo de no máximo 200 g cada), não imunossuprimidos. Até o momento da cirurgia e no período pós-cirúrgico os animais serão mantidos em estantes ventiladas (Alesco, Brazil), com condições padronizadas de temperatura, arejamento e iluminação (22ºC, ciclagem de 12 horas de claridade por dia), com acesso livre a água e ração. Um total de 106 células por amostra selecionada será diluído em 100 uL de meio de cultura e infundido em pastilhas circulares de 5 mm de diâmetro dos biomateriais (pastilhas de diâmetros médios de poros de 100 µm, 300 µm e 500 µm e com porosidades de 30%, 50% e 80% respectivamente) com o suporte de placas de 35 mm (6-well plate, Corning). As células ficarão em contato com o biomaterial por 2 horas e, em seguida, as placas serão suplementadas com 2,5 mL de meio de cultura de células e as pastilhas serão incubadas a 37ºC, 5% CO2 por 24 horas antes do transplante. A princípio os experimentos serão realizados em triplicatas técnicas e biológicas. Se necessário o número amostral será aumentado em momento subseqüente. Antes das cirurgias os animais serão anestesiados com injeção intraperitonial (0,3mL/100g de massa corpórea) com uma combinação de hidroclorido de ketamina (5%) e xilasina (2%). Durante o procedimento cirúrgico será feita uma incisão de linha média desde a região frontonasal até a protuberância occiptal externa. A pele, o periósteo craniano e a 23 musculatura temporal serão rebatidos lateralmente, de forma a deixarmos exposta a região calvarial. Dois defeitos cranianos simétricos com diâmetro de 5mm (defeito crítico neste modelo) serão feitos na região parietal, lateralmente à sutura sagital, entre as suturas occiptais e as coronais, com o uso de uma broca e constante irrigação com solução fisiológica. A dura-mater será mantida intacta, evitando sangramento excessivo e lesões nas outras meninges e no encefálo. No momento do transplante, os materiais infundidos de células serão transferidos para o defeito ósseo do lado esquerdo e materiais livres de células mas submetidos ao mesmo tratamento de meio de cultura serão transferidos para o defeito do lado direito dos animais. Dessa forma teremos o experimento e o controle no mesmo animal. Após 30 e 60 dias da cirurgia, 3 animais serão sacrificados para cada grupo, em câmara de CO2. As regiões parietais submetidas ao estudo serão dissecadas, removidas e fixadas em formol 10% por 24 horas, depois serão descalcificadas em acido fórmico 5% por 48 horas e embebidas em parafina. Serão obtidos cortes de 5µm e corados com hematoxilina e eosina. A preparação histológica será realizada em colaboração com a Dra Marilia T. Martins, do Departamento de Patologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. 6) Experimento de microarray de expressão gênica As análises da expressão das células que foram triadas para maior potencial de ossificação in vitro e in vivo serão realizadas por microarrays com a lâmina Human Gene 1.0 ST (Affymetrix). Após três passagens em garrafas de 25 mL, as células contidas nas garrafas serão lisadas e o RNA total será extraído de acordo com a técnica de extração de RNA isolado a partir 24 de linfócitos com o uso de TRIzolTM (Invitrogen), adaptado para a extração de RNA de células em cultura. O RNA total será diluído em água tratada com DEPC (dietil pirocarbonato) e a qualidade do RNA será averiguada por meio de eletroforese (100 volts por 60 minutos) em gel de agarose (0,6% de agarose, 2%. de brometo de etídeo diluídos em tampão 1 X TBE). As bandas de RNA serão visualizados com o uso de luz ultravioleta e o gel fotografado. De forma geral, o GeneChip® Whole Transcript Sense Target Labeling (Affymetrix) é designado para gerar DNAs senso amplificados e marcados com biotina, resultantes da expressão de todo o genoma. A partir de 100 ng do RNA total, o cDNA dupla fita é sintetizado com hexâmeros randômicos contendo uma cauda de T7, que age como uma seqüência promotora. O cDNA dupla-fita é subseqüentemente utilizado como molde e amplificado pela polimerase T7 RNA (Affymetrix), produzindo muitas cópias de cRNA anti-senso. No segundo ciclo de síntese do cDNA, hexâmeros randômicos são utilizados como oligonucleotídeos iniciadores para a transcrição reversa do cRNA, resultando em DNA simple-fita. Durante o segundo ciclo da transcrição reversa, é também adicionado dUTP à reação. O DNA simples-fita é então tratado com uma combinação de DNA uracil glicosilase (UDG) e endonuclease apurínica/apiridímica 1 (APE 1), que reconhecem especificamente os resíduos de dUTP e quebram a fita de DNA. Em seguida, o DNA é marcado pela transferase deoxinucleotídeo terminal (TdT) com DNA Labeling Reagent (Affymetrix), que é covalentemente ligado à biotina. Este cDNA é hibridado por 17 horas à lâmina Human Gene 1.0 ST com o auxílio de um forno de hibridação a 45 ˚C a 60 rpm. O processo de marcação por Streptavidina e de lavagem da lâmina ocorre na estação fluídica (GeneChip® Fluidics Station 450), comandada por um computador. Por fim, as lâminas são 25 escanedas pelo GeneChip® Scanner 3000 7G System e um relatório de controle de qualidade é gerado pelo Affymetrix® Expression Console™ Software. Os dados serão normalizados com o método RMA (Robust Multi-array Average) do pacote Affy do projeto Bioconductor (Gentleman et al., 2004). Para a seleção dos genes diferencialmente expressos serão utilizados dois algoritmos, o Limma (Smyth, 2004) e o RankProd (Hong et al., 2006), ambos também disponibilizados no Bioconductor do programa R. Em seguida serão adicionadas a cada arquivo de normalização as informações de anotação disponibilizadas pela ferramenta NETAFFX da Affymetrix (http://www.affymetrix.com/). O programa GeneSpring GX 10.0 também será usado para a mineração de dados e para procedimentos de clusterização. Redes de interação e enriquecimento funcional dos genes diferencialmente expressos funcionais serão analisados com os softwares Ingenuity Pathway Analysis (Ingenuity Systems) e DAVID Bioinformatics Database Analysis (http://david.abcc.ncifcrf.gov/). Com identificação do perfil diferencial de expressão gênica das células com maior potencial de ossificação pretendemos delinear um método seguro de seleção destas células. Caracterização dos docentes / pesquisadores participantes Além do preceptor e do pesquisador candidato, estarão também envolvidos diretamente neste projeto os pesquisadores abaixo relacionados. Nome: Elson Longo 26 Titulação: Professor Emérito e Titular do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos e diretor do Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CEPID - FAPESP) Tipo de Vínculo: Desenvolvimento e manufatura dos biomateriais a serem usados Publicações nos últimos 5 anos (a partir de 2005): 309 publicações em periódicos de impacto internacional, que podem ser verificadas na Plataforma Lattes (endereço colocado abaixo). Linhas de pesquisa / projetos a que se vinculam: Desenvolvimento de cerâmicas para bioengenharia de tecidos Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de acesso): http://lattes.cnpq.br/9848311210578810 _____________________________________________________________________________ Nome: Elaine Cristina Paris Titulação: Doutora em Química pela Universidade Federal de São Carlos, pós-doutorado pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista de pós-doutorado Júnior do CNPq junto ao Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos. Tipo de Vínculo: Desenvolvimento e manufatura dos biomateriais a serem usados. Publicações nos últimos 5 anos (a partir de 2005): 11 publicações em periódicos de impacto internacional, que podem ser verificadas na Plataforma Lattes (endereço colocado abaixo). 27 Linhas de pesquisa / projetos a que se vinculam: Desenvolvimento de cerâmicas para bioengenharia de tecidos Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de de Materiais acesso): http://lattes.cnpq.br/8475640212486290 Nome: Mário Lúcio Moreira Titulação: Mestre em Engenharia e Ciência pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG. Atualmente realiza seu doutoramento junto ao Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, sendo bolsista CNPq. Tipo de Vínculo: Desenvolvimento e manufatura dos biomateriais a serem usados. Publicações nos últimos 5 anos (a partir de 2005): 7 publicações em periódicos de impacto internacional, que podem ser verificadas na Plataforma Lattes (endereço colocado abaixo). Linhas de pesquisa / projetos a que se vinculam: Desenvolvimento de materiais cerâmicos por método químico Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de acesso): http://lattes.cnpq.br/6395095165722635 ______________________________________________________________________________ Nome: Daniela Franco Bueno 28 Titulação: Doutora em Genética pelo Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. Bolsista de pós-doc da FAPESP Tipo de Vínculo: Isolamento e caracterização de células-tronco de polpa de dente Publicações nos últimos 5 anos (a partir de 2005): 8 publicações em periódicos de impacto internacional, que podem ser verificadas na Plataforma Lattes (endereço colocado abaixo). Linhas de pesquisa / projetos a que se vinculam: Uso de células-tronco adultas para bioengenharia de tecidos Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de acesso): http://lattes.cnpq.br/8605096417282301 _____________________________________________________________________________ Nome: Meire Aguena Titulação: Doutora em microbiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Bolsista de Desenvolvimento de Tecnologia Industrial do CNPq, Nível 1 (Processo – 380683 / 2009) Tipo de Vínculo: Isolamento, caracterização e expansão de células-tronco adultas Publicações nos últimos 5 anos (a partir de 2005): 2 publicações em periódicos de impacto internacional, que podem ser verificadas na Plataforma Lattes (endereço colocado abaixo). 29 Linhas de pesquisa / projetos a que se vinculam: Uso de células-tronco adultas para bioengenharia de tecidos Currículo na Plataforma Lattes (endereço eletrônico de acesso): http://lattes.cnpq.br/7814711850749998 Detalhamento da infra-estrutura física e tecnológica a ser utilizada A porção do trabalho envolvendo a síntese do biomaterial de hidroxiapatita e colágeno tipo 1, o controle dos parâmetros de micro e macro-estrutura envolvidos neste processo e os testes de qualidade do material serão executado no Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (Araraquara / São Carlos). Esta porção será supervisionada pelo Prof. Dr. Elson Longo, Professor Emérito e Titular do Departamento de Química da UFSCar, diretor do Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC) e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 1A. Este grupo tem excelência nas áreas de estudo, implementação e desenvolvimento de materiais cerâmicos para diversos usos. O CMDMC possui amplas instalações para processamento e caracterização de materiais cerâmicos, tais como Fluorescência e Difração de Raios X, Microscopia Eletrônica de Varredura, Microscopia Eletrônica Transmissão-Varredura com Canhão de Emissão de Campo, Reômetro, Análise Térmica Diferencial e termogravimétrica, Dilatômetro, Porosímetro de Mercúrio, Análisador de Adsorção Física (BET), Espectroscopia em várias Regiões do Espectro Eletro- 30 Magnético e infraestrutura computacional para realização de cálculos teóricos mecânicoquânticos. A parte envolvendo o isolamento e o cultivo celular, ensaios de diferenciação celular in vitro e in vivo serão realizados no Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do IB – USP e no Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. A parte executada junto a estes centros será supervisionada pela preceptora, Prof a Dr a Maria Rita dos Santos e Passos-Bueno, Professora Titular do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do IB – USP, Coordenadora de Transferência de Tecnologia do Centro de Estudos do Genoma Humano e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 1A. Estes centros dispõe de salas de cultura de células equipadas com cabines de fluxos laminares, estufas de precisão, microscópios ópticos, invertidos e de fluorescência, biotério para armazenamento dos animais, equipamentos para experimentos de microarrays de expressão da Affymetrix, Agilent e Codelink (GE HealthCare), infra-estrutura computacional, softwares e know-how para análise de dados de microarrays, equimapentos para PCR em tempo real (Applied Biosystems 7500 e Roche LightCycler 480 II), citômetro de fluxo (Guava Technologies EasyCyte), NanoDrop ND 1000. O grupo em questão têm excelência nas áreas de terapia celular, células-tronco e biologia regenerativa, o que pode ser constatado pelos manuscritos publicados nos últimos 10 anos. Devemos deixar aqui explicitado que os grupos acima relacionados tem infra-estrutura suficiente e capacidade plena para o desenvolvimento das atividades do projeto proposto. 31 Linhas gerais do cronograma a ser cumprido 1o ano: Padronização das condições ideais de síntese do biomaterial; obtenção, cultivo e caracterização do imunofenótipo das linhagens celulares primárias; condução de experimentos de diferenciação osteogênica in vitro e de expansão clonal in vitro. 2o ano: Condução de experimentos de ossificação in vivo; experimentos de microarrays para delineamento de perfil de expresssão gênica; análise de resultados. O cronograma dos próximos anos será elaborado com base nos resultados obtidos até o final do segundo ano, quando será apresentado. Orçamento A planilha orçamentária foi juntada a este projeto como Anexo I. Os preços nela discriminados para material permanente e para material de consumo foram feitos com base em orçamentos obtidos em agosto / setembro de 2009. Preços em dólar foram convertidos para reais usando a taxa de conversão de 1 de setembro de 2009 (1 dolar = 1,9 reais). A planilha orçamentária para os anos 4 e 5 dependerá de resultados obtidos nos primeiros anos, quando será juntada a esta primeira planilha. Referências Bibliográficas 32 Abukawa, H., M. Papadaki, et al. The engineering of craniofacial tissues in the laboratory: a review of biomaterials for scaffolds and implant coatings. Dent Clin North Am, v.50, n.2, Apr, p.205‐16, viii. 2006. Anker, C. J., S. P. Holdridge, et al. Ultraporous beta‐tricalcium phosphate is well incorporated in small cavitary defects. Clin Orthop Relat Res, n.434, May, p.251‐7. 2005. Arinzeh, T. L., S. J. Peter, et al. Allogeneic mesenchymal stem cells regenerate bone in a critical‐sized canine segmental defect. J Bone Joint Surg Am, v.85‐A, n.10, Oct, p.1927‐35. 2003. Behravesh, E., A. W. Yasko, et al. Synthetic biodegradable polymers for orthopaedic applications. 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