Câncer de
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Câncer de
no6 | 2010 atualização A dor orofacial deve ser abordada de forma multidisciplinar Câncer de cabeça e pescoço constitui um problema de saúde pública mundial Dia da Parceria com a Comunidade chega à 14a edição Assim, o grupo Novartis/Sandoz tem dentro de seus valores institucionais o de reforçar o compromisso social não só por meio da qualidade de seus produtos, mas por generosas ações em prol dos indivíduos. São inúmeras as iniciativas realizadas no mundo, muitas delas no Brasil. Mas uma em particular, o Dia da Parceria com a Comunidade, ganha força, adeptos e em 2010 chegou à 14a edição. Sr. JoaCâncer de chim Mars, diretor de recursos humanos da Sandoz no Brasil, falou sobre esse assunto. No câncer de cabeça e pescoço, 80% dos constitui um problema de saúde tumores são de origem epitelial da via aérea pública mundial digestiva superior. O carcinoma epidermoide é o mais frequente, em mais de Dia da Parceria com a Comunidade chega à sua 14 edição 95% dos casos. Ele pode se originar em qualquer parte da via aérea superior, desenvolvendo-se desde a cavidade oral (lábios, língua, gengiva, mucosa jugal, área retromolar e palato duro), a garganta (orofaringe: amígdalas, base da língua, palato mole, úvula; laringe; hipofaringe) até o esôfago superior. Dr. José Guilherme Vartanian, cirurgião do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (Hospital do Câncer, A. C. Camargo), fala sobre a doença e as opções de tratamento atualmente preconizadas. Aproveitando a deixa, a equipe da DTM Care Odontologia está presente na seção Atualização com um artigo complementar sobre a importância do diagnóstico diferencial de lesões oromaxilofaciais e dor orofacial. Além da relevância do material, fica a lembrança sobre o significativo trabalho multidisciplinar entre médicos e dentistas. Praticada em grandes hospitais e universidades, a medicina integrativa está em ascensão no mundo ocidental. Até mesmo o cuidado paliativo, que a compõe, está presente no Código de Ética Médica recém-revisado (abril de 2010). Essa abordagem médica orientada para a cura do paciente visando à saúde, à qualidade de vida e ao autocuidado busca não apenas cura, mas mudança do padrão de hábitos que serão determinantes na recuperação. A jornalista Stella Galvão nos apresenta o Centro de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, um dos que adiantam a tendência no Brasil. Em Atualidades, confira as mais recentes pesquisas em farmacologia oncológica. no6 | 2010 atualização A dor orofacial deve ser abordada de forma multidisciplinar Ao buscar no dicionário o significado de palavras como filantropia, caridade e benfeitoria, o sentido de “generosidade para com outrem” sempre está associado. A promoção de ações sociais também combina com esse contexto. Não importa se quem o faz é uma única pessoa ou uma empresa, mas sim seu fim (e os beneficiados). Rua Anseriz, 27, Campo Belo 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 www.segmentofarma.com.br [email protected] Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Diretor médico: Marcello Pedreira CRM-SP 65377 Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Editora-chefe: Daniela Barros MTb 39.311 Diretor de criação: Eduardo Magno Gerente de negócios: Marcela Crespi Coordenadora editorial: Fabiana de Paula Souza Diretora de arte: Renata C. Variso Peres Revisora: Renata Del Nero Produtor gráfico: Fabio Rangel Cód. da publicação: 10184.06.10 O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Sandoz, em junho de 2010. Material de distribuição exclusiva à classe médica. sumário cabeça e pescoço a Uma ótima leitura! 4 13 16 20 matéria de capa espaço sandoz atualização atualidades Câncer de cabeça e pescoço José Guilherme Vartanian Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia, Hospital A. C. Camargo, doutor em Oncologia, Fundação Antonio Prudente, Hospital A. C. Camargo, professor da disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Centro Universitário Nove de Julho, São Paulo, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, membro associado do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, corresponding member da American Head & Neck Society CRM-SP 99.080 4 Introdução O câncer de cabeça e pescoço é um problema de saúde pública mundial, principalmente em países em desenvolvimento onde a maioria dos casos é diagnosticada em fase avançada, que, apesar do emprego de tratamentos mais agressivos e multimodais, resultam em sequelas funcionais, estéticas e psicossociais significativas e geralmente mau prognóstico1. A maioria das neoplasias malignas de cabeça e pescoço se localiza na mucosa das vias aerodigestivas superiores, que são vias comuns aos sistemas respiratório e digestório. Dessa forma, o termo “câncer de cabeça e pescoço” é utilizado, na maioria das publicações, como denominação dos tumores malignos de origem epitelial localizados nas mucosas do trato aerodigestivo superior, incluindo fossa nasal e seios paranasais, cavidade oral, faringe e laringe. Dentre esses subssítios, os tumores da cavidade oral são os mais prevalentes, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos2. Epidemiologia Segundo os dados divulgados pela International Agency for Research on Cancer (IARC), ocorreram 274.289 casos de câncer de boca em 2002 em todo o mundo, com 127.459 mortes no mesmo período, sendo a maioria (64,1%) no sexo masculino, representando o oitavo tipo de neoplasia maligna mais frequente nos homens e o décimo quarto nas mulheres2. No Brasil, segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), as estimativas de casos novos de câncer da cavidade oral para o ano de 2010 são de 14.120 casos, sendo 10.330 casos no sexo masculino e 3.790 casos no sexo feminino, correspondendo ao quinto tipo mais frequente de câncer nos homens e ao sétimo nas mulheres3. Além do câncer da cavidade oral, as neoplasias malignas da laringe também têm alta prevalência, principalmente no estado de São Paulo, com taxa de incidência de cerca de 15 casos novos para cada cem mil homens, o que está entre as maiores taxas de incidência do mundo4,5. Dentre as neoplasias malignas das vias aerodigestivas superiores o tipo histológico mais frequente (mais de 90% dos casos) é o carcinoma epidermoide. A história natural dessas neoplasias 5 demonstra uma tendência de disseminação linfática para linfonodos regionais (cervicais) em fases relativamente precoces, com a ocorrência de metástase a distância apenas em fases tardias de evolução. Esse comportamento biológico faz com que os tratamentos sejam direcionados tanto para a lesão primária quanto para os linfonodos regionais (tratamento locorregional). Os principais fatores de risco para o desenvolvimento das neoplasias epiteliais do trato aerodigestivo superior são o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, fatores estes presentes em mais de 75% dos casos6. Exposições profissionais a alguns agentes considerados carcinogênicos (como metais pesados, álcool isopropílico, indústria têxtil) além de má higiene bucal e consumo de mate também têm sido apontados como prováveis fatores de risco1. Os carcinomas epidermoides de cabeça e pescoço predominam em indivíduos do sexo masculino, a partir da quinta década de vida, que representa uma fase economicamente ativa dos indivíduos1, porém, nas últimas décadas, tem havido um aumento da incidência em indivíduos considerados jovens para essa neoplasia (indivíduos com menos de 45 anos de idade), sendo que muitos destes não apresentam exposição ao tabaco e ao álcool7. Nessa população, existem evidências de um provável papel etiológico do vírus do papiloma humano – HPV (geralmente o subtipo 16) na gênese desses tumores, principalmente em neoplasias da orofaringe8. Os sinais e sintomas dependem da localização e da extensão das lesões. Quadro de obstrução nasal unilateral com rinorreia sanguinolenta pode ser um sinal de alerta para neoplasias nasossinusais. As neoplasias de cavidade oral geralmente se manifestam como lesões ulceradas de aspecto infiltrativo ou nódulos submucosos, que não cicatrizam ou que apresentam crescimento progessivo, podendo apresentar dor e sangramento em fases mais tardias de evolução. Lesões laríngeas, na dependência do subssítio envolvido, podem ocasionar disfonias (lesões glóticas), odinofagia/disfagia (lesões supraglóticas) ou dispneia (lesões subglóticas). Lesões faríngeas geralmente cursam com odinofagia ou disfagia. Em grande parte dos indivíduos com neoplasias malignas de cabeça e pescoço, o diagnóstico é feito a partir da presença de linfonodomegalias cervicais, presentes em até 85% dos pacientes ao diagnóstico inicial. A biópsia, de preferência incisional, se faz mandatória para o diagnóstico definitivo dessas neoplasias. Em pacientes com lesões suspeitas e biópsia inicial negativa, devemos sempre repetir a biópsia para afastarmos com segurança o eventual diagnóstico de uma neoplasia maligna. Para realizar o estadiamento clínico desses pacientes, geralmente são utilizados exames de imagem, como tomografia computadorizada (TAC) ou ressonância nuclear magnética (RNM), os quais são importantes para melhor definir a extensão e o comprometimento de estruturas 6 Diagnóstico e estadiamento clínico adjacentes, assim como detectar linfonodos cervicais sus- A maioria das neoplasias malignas de cabeça e pescoço são inicialmente assintomáticas ou oligossintomáticas, fatores estes que contribuem para que grande parte dos indivíduos tenha seu diagnóstico realizado em fases avançadas1. Contribui também para o atraso diagnóstico o fato de a maioria dos indivíduos acometidos ser de classes socioeconômicas menos favorecidas, com dificuldade de acesso à assistência médica, principalmente em países subdesenvolvidos e em minorias étnicas que vivem em países desenvolvidos. tórax, por ser o pulmão o principal alvo de doença sistê- peitos. Exames para pesquisa de metástases a distância geralmente são limitados a raios X de tórax ou TAC de mica. Outros exames como TAC de abdômen superior ou cintilografia óssea são realizados apenas em casos com suspeita clínica. O papel do PET-CT como ferramenta para estadiamento inicial ainda permanece controverso. Após a realização de detalhado exame clínico e em associação com os achados de exames de imagem, classificamos os pacientes seguindo os critérios de estadiamento propostos pela AJCC/UICC, agrupados em estádios I a IV de acordo com a extensão local, regional e a distância. Tratamento Na maioria dos casos o tratamento é baseado em cirurgia, associado ou não à radioterapia (com ou sem quimioterapia) complementar. Nos pacientes acometidos pelas neoplasias malignas de cabeça e pescoço, pela própria localização dessas lesões, como consequências comuns de seu tratamento, os pacientes podem apresentar alterações de mastigação, deglutição, fala, aparência, perda de paladar, dor crônica no ombro, entre outras. Como consequência, essas sequelas podem alterar funções importantes relacionadas a alimentação, comunicação e interação social dos indivíduos, que podem afetar sua autoestima, limitar suas atividades e sua capacidade para o trabalho e restringir as relações dos indivíduos com seus familiares e amigos, geralmente resultando em um impacto negativo na qualidade de vida desses pacientes9. Além do tratamento cirúrgico, com o intuito de minimizar as sequelas cirúrgicas e na tentativa de melhorar os resultados de sobrevida, principalmente nas últimas duas décadas, houve um aumento na aplicação de modalidades terapêuticas não cirúrgicas, como a radioterapia associada à quimioterapia (de forma sequencial ou concomitante), principalmente com o intuito de preservação de órgãos10-12. Além disso, com os avanços recentes nos campos tecnológicos de métodos diagnósticos, refinamentos em técnicas cirúrgicas, principalmente com os avanços em técnicas de reconstrução (retalhos microcirúrgicos), avanços em aparelhos e técnicas de planejamento radioterápico, regimes alternativos de irradiação e novos quimioterápicos, incluindo os taxanos, e terapias alvo-moleculares, Tratamento para doença inicial O tratamento do câncer de cabeça e pescoço em fases iniciais (estádios clínicos I e II) geralmente é unimodal, utilizando-se cirurgia ou radioterapia, com chances de cura acima de 70% na maioria dos casos13. A opção entre as modalidades terapêuticas deve ser adequada a cada caso. Nas lesões iniciais de cavidade oral o tratamento preferencial é cirúrgico, evitando-se as sequelas radioterápicas como a xerostomia, principalmente pelo fato de o defeito cirúrgico ser mínimo, com pouca repercussão funcional e também por permitir um melhor estadiamento do pescoço (pois a maioria dos pacientes realizará esvaziamento linfonodal cervical). Nas lesões de oro-hipofaringe, os tratamentos cirúrgico ou radioterápico geralmente apresentam resultados de controle oncológico similares, sendo que a escolha dependerá basicamente da experiên cia da equipe médica e da disponibilidade de recursos. Nesses casos a preferência também tem sido o tratamento cirúrgico com reconstrução imediata, o que também propiciará um estadiamento regional mais detalhado pela realização de esvaziamento cervical concomitante ao tratamento da lesão primária em todos os casos operados. Nas lesões iniciais de laringe, as opções de radioterapia e cirurgia (aberta ou endoscópica) apresentam resultados também muito similares do ponto de vista de controle da doença, porém os resultados funcionais podem ser diferentes14. Geralmente os resultados de qualidade vocal para lesões glóticas iniciais são melhores com radioterapia quando comparados com cirurgia convencional. atualmente dispomos de diferentes modalidades terapêuticas para alguns subssítios tumorais, com resultados de sobrevida similares, porém com diferentes sequelas e resultados funcionais e estéticos. Entretanto, a escolha terapêutica depende fundamentalmente da localização e do estadiamento do tumor, das condições clínicas e da aceitação do paciente, assim como da experiência da equipe médica e de disponibilidade dos recursos técnicos, sendo que o tratamento deve ser adequado às necessidades de cada caso. Tratamento para doença locorregional avançada O tratamento nos estádios mais avançados não metastáticos (III, IVA e IVB) é baseado em abordagem multimodal, com a combinação entre cirurgia e radioterapia (com ou sem quimioterapia associada), ou radioterapia e quimioterapia (concomitante ou sequencial). Historicamente o tratamento cirúrgico complementado com radioterapia 7 8 era a abordagem-padrão para a maioria das neoplasias de cabeça e pescoço avançadas e permanece até hoje como o tratamento-padrão para lesões avançadas de cavidade oral, assim como para as lesões bastante avançadas de laringe e orofaringe (aquelas com destruição de cartilagem, osso hioide ou grandes invasões de partes moles)15. Porém um dos grandes avanços recentes ao arsenal terapêutico das lesões avançadas e lesões consideradas “intermediárias” [lesões de estádio clínico III ou algumas IVA (T1/2 N2)] foi a utilização de quimioterapia combinada à radioterapia (concomitante ou sequencial). As drogas mais utilizadas nesses pacientes têm sido as derivadas da platina, como cisplatina e carboplatina. Trabalhos pioneiros publicados no início da década de 1990 mostraram resultados equivalentes de sobrevida quando comparados dois grupos de tratamento (quimioterapia baseada em cisplatina seguida de radioterapia versus cirurgia seguida de radioterapia) em pacientes com lesões avançadas de laringe e hipofaringe. Nos grupos não cirúrgicos, uma porcentagem significativa de pacientes obteve o controle da doença e preservou suas laringes funcionantes10,16. Desde então, inúmeros trabalhos têm demonstrado o potencial benefício da associação de quimioterapia e radioterapia no tratamento de lesões avançadas de orofaringe, laringe e hipofaringe, reservando o tratamento cirúrgico como resgate. Importante salientar que em casos muito avançados, com tumores extensos acometendo estruturas ósseas e cartilagíneas dos órgãos-alvo, assim como grandes extensões para partes moles adjacentes, mesmo que o tratamento radioquimioterápico seja eficaz, haverá a destruição do órgão, o qual estará totalmente desfuncionalizado. Nesses casos, o tratamento cirúrgico seguido de radioterapia (com ou sem quimioterapia associada) tem sido a abordagem preferencial15. Em relação ao tratamento combinado de radio e quimioterapia, um trabalho importante publicado em 2003 definiu como melhor associação o uso concomitante de rádio e quimioterapia. O uso concomitante propiciou maiores taxas de preservação de laringe quando comparado ao uso sequencial de quimioterapia seguida de radioterapia em pacientes com neoplasias de laringe avançadas candidatos à laringectomia total17. O uso da associação de rádio e quimioterapia concomitantemente também se mostrou efetivo no cenário adjuvante. Em pacientes submetidos a tratamento cirúrgico, com a presença de margens de ressecção insatisfatórias ou com a presença de extensão extracapsular em linfonodos regionais metastáticos, o uso do tratamento adjuvante associando rádio e quimioterapia (baseada em platina) concomitantemente aumentou as taxas de controle locorregional e a sobrevida desses pacientes18. Apesar de os esquemas radioquimioterápicos baseados em cisplatina serem considerados como tratamento-padrão, uma série de outras drogas tem sido testada, com resultados promissores. O anticorpo cetuximabe (anticorpo monoclonal contra receptores do fator de crescimento derivado da epiderme – EGFR) em combinação com a radioterapia mostrou resultados de controle da doença avançada similares aos da combinação com cisplatina, com menor toxicidade e melhor tolerância dos pacientes19. O uso dos taxanos (paclitaxel ou docetaxel) também tem-se mostrado eficaz no tratamento das neoplasias de cabeça e pescoço em estádios avançados, ressecáveis ou irressecáveis. Os taxanos são drogas que estabilizam os microtúbulos bloqueando as células na fase M do ciclo celular, a qual é uma das fases mais sensíveis aos efeitos da irradiação, tornando essa classe de droga antineoplásica uma forte droga radiossensibilizadora. O uso do docetaxel como droga de indução associado à cisplatina e ao fluorouracil (TPF) resultou em melhores taxas de preservação de laringe e melhores taxas de sobrevida dos pacientes quando comparado ao uso de cisplatina e fluorouracil de forma isolada20. Dois trabalhos relativamente recentes (um europeu e outro americano), publicados em uma mesma edição do periódico New England Journal of Medicine em outubro de 2007, ressaltaram a importância da associação do docetaxel aos esquemas tradicionais de radioquimioterapia, com ganhos nas taxas de controle locorregional e ganhos nas taxas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global nos pacientes que receberam docetaxel em associação à cisplatina e ao fluorouracil21,22. O grupo europeu incluiu apenas pacientes com doença considerada irressecável e mostrou uma melhor sobrevida livre de progressão de doença (p = 0,007) e melhor sobrevida global (p = 0,02) no grupo com docetaxel21. O grupo americano Diversos estudos estão em andamento utilizando a combinação de diferentes drogas em esquemas alternativos, em associação sequencial ou concomitantemente à radioterapia, além de estudos com a associação de novas drogas e terapias alvo-moleculares aos esquemas mais tradicionias. Nesses estudos o objetivo sempre será o de proporcionar tratamentos cada vez mais efetivos no controle da doença, com menor toxicidade possível. incluiu pacientes com doença irressecável, mas também pacientes considerados ressecáveis, porém tratados com intenção de preservação de órgãos. Neste último trabalho foi evidenciado um melhor controle locorregional (p = 0,04) e melhor sobrevida global (p = 0,006) no grupo com docetaxel22. Atualmente tem sido estudado o uso do docetaxel também em esquemas concomitantes ao tratamento radioterápico, com resultados preliminares promissores23. Tratamento para doença recidivada/metastática Estima-se que cerca de 50% dos pacientes tratados por câncer de cabeça e pescoço apresentem recidiva locorregional ou a distância da doença, sendo a maioria nos primeiros dois anos após o tratamento inicial. Nos pacientes em que a doença recidivada locorregional é considerada ressecável, a cirurgia de resgate pode propiciar o controle da doença em até 30% dos casos, com morbidade aceitável24. Casos passíveis de reirradiação são mais infrequentes, mesmo com os avanços recentes de técnicas radioterápicas com a radioterapia com intensidade modulada do feixe (IMRT). Nesses casos, a maioria dos indivíduos com doença recidivada que não são passíveis de resgate cirúrgico e reirradiação ou nos casos de doença metastática, o tratamento quimioterápico é o mais utilizado. Monoterapia (com cisplatina, metotrexato, carboplatina, bleomicina) é a mais empregada, com intenção paliativa e eventual prolongamento de sobrevida. Nesse cenário, o uso de taxanos também tem demonstrado atividade significativa como monoterapia ou em associação com outras drogas, como a cisplatina e o fluorouracil, estas últimas consideradas como esquema-padrão nesse grupo de pacientes. O uso de docetaxel como monoterapia mostrou taxas de resposta que variam de 21% a 42%23. Os taxanos também têm sido utilizados como segunda linha em casos refratários à cisplatina e ao fluorouracil, porém com taxas de resposta menores quando comparados ao seu uso como primeira linha (10% a 25%). A escolha terapêutica em casos de recidiva e doença metastática dependerá basicamente da ressecabilidade da lesão, da realização (ou não) prévia de radioterapia e principalmente da performance clínica dos pacientes. Perspectivas futuras Diversos estudos estão em andamento utilizando a combinação de diferentes drogas em esquemas alternativos, em associação sequencial ou concomitantemente à radioterapia, além de estudos com a associação de novas drogas 9 e terapias alvo-moleculares aos esquemas mais tradicionias. Nesses estudos o objetivo sempre será o de proporcionar tratamentos cada vez mais efetivos no controle da doença, com menor toxicidade possível. Porém o que mais se espera das pesquisas clínicas e básicas envolvendo pacientes com neoplasias de cabeça e pescoço é a definição de marcadores ou perfis biomoleculares que possam predizer o prognóstico dos pacientes com mais exatidão e que possam ajudar a decisão terapêutica em cada caso em particular. Referências 1. Kowalski LP, Franco EL, Torloni H, Fava AS, de Andrade Sobrinho J, Ramos G, et al. Lateness of diagnosis of oral and oropharyngeal carcinoma: factors related to the tumour, the patient and health professionals. Eur J Cancer B Oral Oncol. 1994;30B:167-73. 2. Parkin DM, Bray F, Ferlay J, Pisani P. Global cancer statistics, 2002. CA Cancer J Clin. 2005; 55:74-108. 3. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativas 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro; INCA; 2009. 4. Mirra AP, Latorre MRDO, Veneziano DB. Incidência de câncer no município de São Paulo, Brasil: tendência no período 1969-1998. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001. 5. Wünsch FV. 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Joachim Mars – Esse envolvimento é muito importante, pois trata de uma ação que acaba em refletir a imagem da empresa. Além disso, acredito que é o dever de toda companhia assumir alguma responsabilidade social na região em que ela está instalada, não só referente aos funcionários e colaboradores, mas para a comunidade. Chymion – O senhor já atuou nas sedes da Sandoz e da Novartis localizadas na Suíça. A ação social é uma prática comum nesses países? Joachim Mars – Como a Novartis é uma companhia global ela é muito ativa mundialmente. Por exemplo, o Dia da Parceria com a Comunidade é realizado em mais de 130 países onde ela está instalada. Eu participei de trabalhos voluntários por vários anos. Por exemplo, nós desenvolvíamos ações em que nos reuníamos para pintar escolas, ajudávamos com a mão de obra para arrumar uma creche, para montar um jardim de infância, além das doações em medicamentos que a companhia fazia para lares de caridade. Na Suíça esse trabalho é bem grande e há, até mesmo, uma agência que o organiza. Ela identifica necessidades em uma comunidade e os colaboradores da Sandoz/Novartis se voluntariam para ajudar. 13 Eu participei de trabalhos voluntários por vários anos. Por exemplo, nós desenvolvíamos ações em que nos reuníamos para pintar escolas, ajudávamos com a mão de obra para arrumar uma creche, para montar um jardim de infância, além das doações em medicamentos que a companhia fazia para lares de caridade. Essa ajuda pode ser oferecida tanto em instituições quanto em grupos específicos. Havia um que auxiliava na poda da floresta que rodeia a Basileia. Ela precisa ser cortada, então os voluntários ajudavam os “zeladores da floresta” nessa tarefa. Fora o Dia da Parceria, a Novartis oferece vários outros programas. No dia 25 de abril último foi realizado o Dia da Malária. Essa doença mata anualmente mais de 700 mil crianças com idade inferior a 5 anos. Isso equivale a uma criança a cada 30 segundos. A empresa oferece medicamentos gratuitos em vários países do mundo, como a África. O medicamento é o Coartem®, primeira combinação à base de artemisinina. No Brasil, a Novartis promove a Carreta da Saúde, um caminhão que percorre o País no combate à hanseníase. O veículo itinerante possui cinco consultórios e um laboratório para atender a população das cidades por onde passa. E outro programa desenvolvido mundialmente é o do combate à tuberculose, também com distribuição gratuita de medicamentos. A Novartis e a Sandoz têm uma tradição em apoiar projetos de sustentabilidade. Eles incluem ajuda a escolas, crianças com necessidades especiais ou que necessitam de medicamentos. Chymion – Os funcionários costumam aderir ao Dia da Parceria com a Comunidade? 14 Joachim Mars – Temos muitos voluntários e não é difícil de incluir as pessoas, pois elas gostam de participar. No dia 20 de abril nós fomos a um lar beneficente em Cambé, preparamos um jantar especial para os mora- dores e levamos uma atração. Nós patrocinamos o grupo “Plantão Sorriso”, palhaços que vão ao hospital para alegrar crianças e pacientes. Eles estiveram presentes nesse dia conosco. Chymion – Quais outras ações sociais são realizadas ou apoiadas pela Sandoz no Brasil? Joachim Mars – Como a Sandoz ainda é nova no Brasil, já que ela foi uma fusão dos grupos Hexal e Sandoz, em 2005, ainda estamos estruturando nosso trabalho. Nosso intuito é aumentar o número de projetos na região. Temos um programa chamado Menor aprendiz, que visa auxiliar no desenvolvimento profissional e pessoal dos participantes. Queremos integrar o Menor aprendiz ao ambiente organizacional, consequentemente desenvolver suas competências e cumprir com a responsabilidade social na comunidade. Nós damos a oportunidade para que eles conheçam o mundo industrial. Muitos deles não teriam condições de ingressar numa companhia como a Sandoz. E, se a pessoa tiver um bom desempenho, ela pode até ser contratada. Para participar, o jovem deve ter entre 16 e 20 anos de idade, apresentar competências coorporativas e estar inserido em instituições de apoio que participam do projeto. Nós temos um processo de avaliação do desempenho e um plano de atividades. Desse modo, conseguimos identificar os talentos. Nós também temos um comitê socioambiental que se reúne mensalmente. Ele é formado por funcionários de várias áreas. Os membros trabalham com foco em novos projetos para ampliá-los à região de Cambé. Dia da parceria com a comunidade No final de abril o Grupo Novartis comemorou seu aniversário. Para marcar a data, foi realizado o Dia da Parceria com a Comunidade 2010, que teve como tema central “pessoas para pessoas”. Na sede da Sandoz, em Cambé (PR), um grupo de voluntários passou mais de um mês discutindo o formato do evento. “Queremos estar mais próximos de nossa comunidade local, entendendo suas necessidades e traçando uma ação que realmente faça a diferença para eles”, explica Fabrízio Ratier, gerente de bioequivalência e um dos membros do comitê do evento. As entidades escolhidas para a ação foram o Lar dos Vovôs e das Vovós de Londrina e o Lar Santo Antônio em Cambé, ambos voltados aos cuidados com idosos. Eles foram selecionados após visitas realizadas por voluntários. “Durante as visitas que realizamos às instituições, pudemos conhecer mais o trabalho deles e consultá-los sobre suas necessidades”, comenta Karina Iria, analista de recursos humanos, após a reunião com os responsáveis pelo Lar dos Vovôs e das Vovós. A partir das necessidades levantadas, o grupo de voluntários fez uma campanha de arrecadação de materiais de apoio, entre eles, fraldas geriátricas, produtos de higiene pessoal (escovas e pastas de dentes, sabonete, barbeadores, xampu), roupas e alimentos não perecíveis. Além disso, no dia 20 de abril, alguns dos voluntários visitaram o Lar Santo Antônio e prepararam um lanche especial, com cachorros-quentes. Toda a ação contou com mais de 30 pessoas trabalhando diretamente, além dos inúmeros colaboradores que contribuíram com doações. Para que isso tudo se tornasse possível, os voluntários foram agrupados em quatro oficinas: separação (organizar e dividir as arrecadações), logística (preparação do local e apoio de outras oficinas), cozinha (preparação dos alimentos) e comunicação (registrar os momentos do evento). Os frequentadores do Lar Santo Antônio ficaram surpresos e puderam contar um pouco sobre suas vidas. A alegria também tomou conta do lar com a presença do Plantão Sorriso. Sobre o Dia da Parceria com a Comunidade Nesta data é comemorado o aniversário do Grupo Novartis nos mais de 140 países onde atua. O espírito de comemoração é marcado pela doação de um dia de trabalho voluntário dos colaboradores para projetos e ações locais. Em 2010 o evento chega a sua 14ª edição. 15 16 Lesões oromaxilofaciais versus dor orofacial Diagnóstico diferencial: a grande questão O não reconhecimento de uma doença impossibilita a tomada de medidas terapêuticas adequadas precocemente Saúde Soc. 1995;4:1-2. Sônia Brandão Guimarães Cirurgiã dentista do Ambulatório de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diretora clínica da DTM Care, especialista em disfunção temporomandibular e dor orofacial (DTM e DOF) pela Unifesp, mestre pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) CRO-19032 Mariana Brandão Ferreira Cabrini Cirurgiã dentista do Ambulatório de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Hospital São Paulo (Unifesp), diretora clínica da DTM Care, especialista em DTM e DOF pela Unifesp, mestre em Ciências da Saúde pelo Departamento de Neurologia da USP CRO-81146 Giuliano Cossolin Especialista em DTM e DOF pela Unifesp e em Cirurgia Bucomaxilofacial pela Fundação Antonio Prudente do Hospital A. C. Camargo, mestre em cirurgia bucomaxilofacial CRO-61098 A evolução do estudo da dor orofacial exigiu uma abordagem multidisciplinar cada vez mais abrangente. Por se tratar de manifestação em área que agrega muitas estruturas anatômicas e funcionais, além de lidar com sintomas, algo subjetivo e influenciável por diversos fatores (como estado psicológico, qualidade do sono e hábitos cotidianos), seu diagnóstico preciso exige grande cabedal de conhecimento em áreas conexas e específicas. A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo coletivo que abrange um largo espectro de problemas clínicos da articulação e dos músculos na área orofacial; essas disfunções são caracterizadas principalmente por dor, sons na articulação e função irregular ou limitada da mandíbula. A DTM é considerada um subgrupo distinto das desordens musculoesqueléticas e reumatológicas e representa uma causa importante de dor não dental na região orofacial. Pelo fato de diversos componentes do “sistema da mastigação” estarem envolvidos, é apropriado que os dentistas especialistas na área se responsabilizem pelo diagnóstico e pelo tratamento das DTMs. A detecção precoce de alguma lesão que se manifeste (apresentando sinais) no complexo estomatognático ou cause dor orofacial, mesmo não sendo uma disfunção temporomandibular (DTM) propriamente dita, é de extrema importância para o paciente. Doen ças como enxaqueca, sinusite, artrite reumatoide, infarto agudo do miocárdio, pênfigo vulgar, osteogênese imperfeita, metástases, ameloblastoma e anquilose da articulação temporomandibular, estudadas pelas respectivas especialidades de neurologia, otorrinolaringologia, reumatologia, cardiologia, dermatologia, ortopedia, on- 17 cologia, estomatologia e cirurgia bucomaxilofacial, devem ser conhecidas pelo especialista em DTM, não com a finalidade de tratamento, mas sim de condução do paciente ao melhor destino possível. Além disso, comorbidades (doenças concomitantes) são comuns em pacientes com dor orofacial, podendo, até mesmo, diminuir o limiar de sensibilidade à dor. Deve-se salientar a importância do estudo das lesões oromaxilofaciais (até mesmo as de glândula salivar), pois podem causar dor orofacial ou DTM, além de poderem simular seus sinais e sintomas. Os sinais de DTM são dor na face, na região temporal e no ouvido, limi- tação de abertura de boca, dificuldade em executar os movimentos mandibulares, realizar mastigação e sons articulares. Além disso, os sintomas de dor orofacial podem ser dor espontânea, ao deglutir, mastigar, falar, abrir a boca ou ao realizar qualquer função do aparelho estomatognático e da mímica facial (independentemente do tipo e da intensidade da dor) (Sandro Palla, 2004). Os sinais e sintomas observados nas lesões oromaxilofaciais (Tabela 1) que causam confusão diagnóstica com DTM são limitação de abertura de boca, perda de função de alguma estrutura, aumento volumétrico em face, otalgia reflexa, dor tipo formigamento e parestesia de alguma região anatômi- ca. Torna-se de fundamental importância a anamnese e o exame clínico completo que direcionarão a necessidade ou não de exames complementares. A radiografia panorâmica é um excelente exame de imagem, no qual todas as estruturas ósseas maxilomandibulares podem ser observadas, embora não auxilie o diagnóstico da DTM, mas sim descarta possíveis lesões de outra etiologia. Também é comum a utilização de outros exames de imagem que facilitam a identificação das lesões de tecido mole, como o ultrassom, a tomografia com contraste e a ressonância magnética. A apresentação de um caso clínico ilustra a dificuldade diagnóstica que os profissionais e pacientes deparam. Tabela 1. Lesões cancerosas na região oromaxilofacial 18 REFERÊNCIA GÊNERO IDADE QUEIXA PRINCIPAL Gringrass, 19547 F 54 Dor na ATM e ao deglutir Lanier e Wilkinson, 19718 F 48 Dor ao deglutir Richter et al., 197413 M 75 Perda auditiva e dor ao deglutir Tullio e D’Errico, 197417 F 17 Dor ao deglutir Nortjé et al., 197612 M 40 Dor ao deglutir Sato et al., (Sudo) 197715 - - Dor Sato et al., (Kato) 197715 - - Dor ao deglutir e trismo Cadenat et al., 19792 F 60 Dor ao deglutir Morris et al., 198710 F 29 Cefaleia e dor ao deglutir Wasenko e Rosenbloom, 199018 F 49 Perda auditiva e dor ao deglutir Nitzan et al., 199311 F 36 Dor espontânea e ao deglutir Sesenna et al., 199716 F 70 Dor ao deglutir Batra et al., 19991 M 65 Perda auditiva e dor ao deglutir Mostafapour et al., 20009 F 23 Dor facial e ao deglutir Mostafapour et al., 20009 F 52 Aumento volumétrico do lado direito Gallego et al., 20076 M 54 Dor ao deglutir e trismo Caso clínico Paciente do sexo masculino, 44 anos de idade, feoderma, com queixa de dificuldade em abrir a boca, dor ao deglutir, dor ao movimentar a língua e ao alimentar-se, com evolução progressiva de 30 meses. Relata otalgia há seis meses, além de hábitos como tabagismo e etilismo por 25 anos. A história da doença consta de sucessivos tratamentos endodônticos e exodontias motivados pela dor que não cessou. Ao exame físico verifica-se limitação na abertura de boca, o que prejudica a inspeção intraoral. À palpação cervical notam-se linfonodos aumentados, fixos, irregulares, endurecidos e indolores, e à palpação intraoral sente-se uma lesão nodular profunda em borda de língua esquerda que se estende até região posterior desta, com sintomatologia dolorosa ao toque. A radiografia panorâmica mostra imagem mista em corpo e ramo de mandíbula esquerda, com característica aerada disseminada e espessamento ósseo. A tomografia computadorizada denota lesão mista em borda de língua esquerda e destruição óssea em corpo de mandíbula. Os cortes mais inferiores delimitam uma extensa lesão que alcança o terço posterior da língua e obstrui parcialmente a traqueia. Obteve-se o diagnóstico por meio de biópsia incisional seguida de histopatológico que revelou carcinoma epidermoide e posteriormente identificou-se metástase pulmonar. O estadiamento da neoplasia foi T4N2bM1, caracterizando-se uma doença sem possibilidade curativa. Realizaram-se quimioterapia e radioterapia concomitantes com fi- Os sinais de DTM são dor na face, na região temporal e no ouvido, limitação de abertura de boca, dificuldade em executar os movimentos mandibulares, realizar mastigação e sons articulares. nalidade de melhoria da qualidade de vida, porém a lesão cresceu e obstruiu totalmente a traqueia, necessitando traqueostomia. Após dois meses o paciente veio a óbito por complicações devidas à metástase pulmonar. Referências 1. Batra PS, Estrem SA, Zitsch RP, McDonald R, Ditto J. Chondrosarcomaof the temporomandibular joint. Otolaryngol Head Neck Surg. 1999Jun;120(6):951-4. 2. Cadenat H, Combelles R, Fabert G, Clouet M. Chondrosarcoma of the condyle (author’s transl). Rev Stomatol Chir Maxillofac. 1979;80(1):20-2. 3. Carlsson GE, Magnusson T, Guimarães AS; Tratamento das Disfunções Temporomandibulares na clínica odontológica; QUINTESSENCE; 2006. 4. Costa AW. Saúde Soc. 1995;4:1-2. 5. Fresno MF, Vicente JC. Chondrosarcoma of the temporomandibular joint. A case report and review of the literatureMed Oral Patol Oral Cir Bucal. 2009 Jan 1;14(1):E39-43. 6. Gallego L, Junquera Mostafapour SP, Futran ND. Tumors and tumorous masses presentingas temporomandibular joint syndrome. Otolaryngol Head Neck Surg. 2000 Oct;123(4):459-64. 7. Gingrass RP. Chondrosarcoma of the mandibular joint; report of case. J Oral Surg (Chic). 1954 Jan;12(1):61-3. 8. Lanier Jr. VC, Rosenfeld L, Wilkinson 3rd HA. Chondrosarcoma of the mandible. South Med J. 1971 Jun;64(6):711-4. 9. Mostafapour SP, Futran ND. Tumors and tumorous masses presenting as temporoman- dibular joint syndrome. Otolaryngol Head Neck Surg. 2000;123(4):459-64. 10. Morris MR, Clark SK, Porter BA, Delbecq RJ. Chondrosarcoma of the temporomandibular joint: case report. Head Neck Surg. 1987 NovDec;10(2):113-7. 11. Nitzan DW, Marmary Y, Hasson O, Elidan J. Chondrosarcoma arising in the temporomandibular joint: a case report and literature review. J Oral Maxillofac Surg. 1993 Mar;51(3):312-5. 12. Nortjé CJ, Farman AG, Grotepass FW, Van Zyl JA. Chondrosarcoma of themandibular condyle. Report of a case with special reference to radiographic features. Br J Oral Surg. 1976 Nov;14(2):101-11. 13. Richter KJ, Freeman NS, Quick CA. Chondrosarcoma of the temporomandibular joint: report of case. J Oral Surg. 1974 Oct;32(10):777-81. 14. Sandro Palla. Mioartropatias do Sistema Mastigatório e Dores Orofaciais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. 15. Sato K, Nukaga H, Horikoshi T. Chondrosarcoma of the jaws and facial skeleton: a review of the Japanese literature. J Oral Surg. 1977Nov;35(11):892-7. 16. Sesenna E, Tullio A, Ferrari S. Chondrosarcoma of the temporomandibula joint: a case report and review of the literature. J Oral Maxillofac Surg. 1997 Nov;55(11):1348-52. 17. Tullio G, D’Errico P. Chondrosarcoma of the mandible. Clinical and histological considerations. Ann Stomatol (Roma). 1974 OctDec;23(10-12):191-206. 18. Wasenko JJ, Rosenbloom SA. Temporomandibular joint chondrosarcoma: CT demonstration. J Comput Assist Tomogr. 1990 NovDec;14(6):1002-3. 19 Pesquisas em oncologia Carboplatina-gencitabina no tratamento do câncer de ovário avançado: considerações sobre a redução da dose Journal of Oncology Pharmacy Practice. 2010;16:63. A associação carboplatina-gencitabina é uma importante opção terapêutica para pacientes previamente tratados com ambas as drogas e sem tratamento prévio (CO). Na dosagem atualmente recomendada, sua toxicidade é hematológica e consiste em trombocitopenia, neutropenia (até mesmo a febril) ou anemia. O uso de transfusão de plaquetas, fator de estimulação de colônias de granulócitos (G-CSF) ou células sanguíneas vermelhas é frequentemente necessário para evitar atrasos no tratamento ou omissão de doses. Os investigadores que conduziram o estudo “Carboplatin-gemcitabine in the therapy of advanced ovarian cancer: dose reduction consideration” relatam a alta eficácia de baixas doses de gencitabina com 750 mg/m2 nos dias 1 e 8 em combinação com a carboplatina, AUC = 4, no dia 1, repetida em ciclos de 21 dias, com pequenos grupos de pacientes sem câncer de ovário (CO) metastático/avançado. Ao se usar o regime de doses supracitado, remissões completas e duráveis foram atingidas em todos pacientes da amostra entre 9 e 12 semanas, sem nenhum apoio de fator de crescimento e sem transfusões de componentes sanguíneos. Os pesquisadores acreditam que a redução das doses de carboplatina e gencitabia desde o início do tratamento garantiria a liberação no momento correto e níveis plasmáticos estáveis da droga no sangue. Em conclusão, a administração de carboplatina AUC = 4 e gencitabina 750 mg/m2 parece ser uma combinação segura e eficaz para o CO metastático/avançado, com toxicidade hematológica clinicamente tolerável. Soluços durante a quimioterapia: corticosteroides são a causa provável Journal of Oncology Pharmacy Practice. 2009;15(4):233-6. Os soluços geralmente são autolimitantes e duram pouco tempo. Aqueles que permanecem por mais de 48 horas ou que se repetem frequentemente são chamados de persistentes. São diversas as causas do soluço, e sua ocorrência em função de medicamentos é rara. Enquanto os soluços geralmente são de natureza benigna, crises graves podem levar a exaustão, dificuldades na alimentação e afetam a qualidade de vida. O presente estudo relata um caso de soluço grave em paciente recebendo quimioterapia (oxaliplatina, 5-fluorouracil, leucovorina) para câncer colorretal metastático. Os soluços começaram no dia seguinte à quimioterapia e continuaram constantemente por mais de 30 horas até que foram interrompidos pela ingestão de limonada. Situações semelhantes ocorreram nos outros dois ciclos de quimio. Prescreveu-se dexametasona como agente profilático contra êmese, e ela foi considerada a possível causa dos soluços. A manutenção da dexametasona no outro ciclo de quimioterapia fez com que os soluços cessassem e não houve um impacto no controle da náusea e do vômito. Alguns relatos de casos ligaram os corticosteroides, principalmente a dexametasona, à ocorrência de soluços. Ocasionalmente os agentes antineoplásicos são indicados como a causa de soluços, entretanto, na maioria dos casos, os corticosteroides, como parte do protocolo de tratamento ou como antieméticos, podem ser a causa mais provável. Esse caso serve como uma lembrança importante de que efeitos adversos que surgem durante a quimioterapia podem não ser necessariamente em função dos agentes antineoplásicos. No caso dos soluços, profissionais envolvidos na oncologia deveriam rever todas as medicações e fatores não relacionados às drogas antes de determinarem a causalidade. O papel do farmacêutico na otimização do uso de agentes estimuladores da eritropoetina Journal of Oncology Pharmacy Practice. 2010;16(1):33-7. Com as novas recomendações sobre o uso de agentes estimuladores da eritropoiese (ESAs, erythropoiesis-stimulating agents), o papel do farmacêutico como educador e comunicador expande-se e inclui uma avaliação pormenorizada do paciente para verificar eligibilidade ao tratamento e monitorar a resposta ou a toxicidade. A revisão publicada no Journal of Oncology Pharmacy Practice em março último explorou os benefícios e riscos ligados ao uso de ESAs e sua função. ESAs têm sido amplamente utilizados na quimioterapia — induzindo à anemia em função de seu efeito docu- mentado em reduzir a dependência da transfusão, porém seu uso tem sido associado com complicações tromboembólicas, progressão tumoral e redução da sobrevivência global. Essa revisão analisou as recomendações atuais e as diretrizes que regem o uso dos ESAs no cuidado paliativo de pacientes com câncer. Para minimizar ou prevenir as complicações associadas ao uso de ESAs, pacientes com câncer deveriam ser adequadamente monitorados. Isso reforça a importância do envolvimento do farmacêutico para otimizar o cuidado com o paciente. 21