Insegurança dificulta atuação de juízes
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Insegurança dificulta atuação de juízes
InFormativo aMMa ano 5 • nº 47 • setembro de 2011 Insegurança dificulta atuação de juízes No Maranhão, magistrados estão atuando em suas comarcas sem as mínimas condições de segurança. Pelos levantamentos da AMMA, 24 fóruns foram arrombados nos últimos três anos, com furto e destruição de processos. Vários juízes relatam situações de perigo que vivenciaram. Pàginas 4, 5 e 6 Relação dos novos contemplados para Poupança AMMA Página 2 Juízes já podem indicar servidores para as varas Página 7 Pais homenageados com noite festiva na sede social Página 8 artigo dia-a-dia 2 O juiz, a comarca e o processo eletrônico Qual é a finalidade do sistema normativo: ocupar horas de estudo da comunidade jurídica ou resolver os reais problemas da sociedade? Como fenômeno histórico, a constituição de um país é fechada às variantes sociais, às novas tecnologias? Sem pretensões corporativistas, é com essas indagações que, com todo respeito, ouso discordar daqueles que empunham a bandeira do “extremismo constitucional”, no respeitante à exigência de o juiz ficar provando a todo momento que reside na comarca de que é titular, como fator de celeridade processual. O atraso na prestação jurisdicional não se resume unicamente à eventual (in)atuação do juiz. É notória a falta de infraestrutura física dos fóruns, não sendo exagero apontar que o Estado ainda peca na formação e no aperfeiçoamento dos servidores públicos. É retumbante a necessidade de a Administração adequar-se às novas tendências de gestão da coisa pública. Com a administração judiciária não pode ser diferente. Com efeito, à luz da inarredável e bem vinda invasão tecnológica na seara jurídica, fruto da evolução do pensamento humano, não me parece que a presença física do juiz na comarca seja a condição necessária e suficiente para a solução das “demandas de urgência” ou quaisquer outras demandas. O novo processo eletrônico baseado na internet e as ferramentas tecnológicas que estão sendo implantadas, como o PJE, o E-Proc, o PROJUDI, o DIGIDOC, a penhora “on line”, a audiência por videoconferência, os atos por fac-simile etc., referendam e endossam bem esse meu pensamento. Todos da comunidade jurídica sabemos que a Constituição Federal, no seu art. 93, VII, enuncia o princípio-regra segundo o qual “o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal”; mas isso realmente importa à sociedade ou ao novo “e-processo”? Esse realmente é um fator de celeridade processual? Creio que não! Pergunto: o que pretende a parte quando contrata um advogado para postular uma medida de urgência: ver o juiz cara-a-cara ou ver a decisão em mãos do oficial de justiça a caminho do cumprimento? Acaso é o juiz que deve diligenciar junto à parte demandada para o cumprimento da ordem proferida? Teria o magistrado tais poderes executórios? À luz das regras do processo judicial, essa tarefa cabe ao meirinho. Ao magistrado cabe despachar, decidir e sentenciar, atividades que, à sombra do processo eletrônico para onde caminhamos, não exigem a presença física do julgador na comarca. A meu ver e sentir, o art. 93, VII, da CRFB, não dispõe de natureza de norma materialmente constitucional a demandar tamanha higidez, sendo mais uma opção política do constituinte, com alto grau de mutabilidade e, portanto, deve ser interpretada à luz dos anseios sociais. Reconheço que uma constituição, enquanto norma suprema, deve ser estável; mas, novas condições de vida, fruto de novas tecnologias, exigem novas formas de pensamento. Sabemos que os processos formais de mudança das constituições são demorados e ocorrem, no mais das vezes, ao talante do interesse de cada classe representada nas Casas Constitucionais. Este fato, por si, sendo um fenômeno social, autoriza a comunidade jurídica a abreviar a busca por novos sentidos socialmente exigidos pela norma constitucional. Destarte, penso que o que está em jogo nesse debate jurídico não é o interesse de uma “corporação”, mas o interesse da sociedade enquanto credora dos serviços da Justiça. Daí, a comunidade jurídica deve lutar pela imediata informatização do processo judicial, nos termos do art. 8º da Lei n.º 11.419/2006. Eis um real fator de celeridade processual. Marco Aurélio Barrêto Marques Juiz de Direito AMMA realiza sorteio dos cotistas da Poupança Programada 2011 A Diretoria Executiva da AMMA realizou o sorteio da Poupança Programada de 2011. O novo grupo consorciado é formado por 24 componentes que contribuem, mensalmente, com cota de R$ 800,00. De acordo com a Resolução 11/2007, que se encontra disponível no site, o valor recolhido no primeiro mês será destinado à AMMA. Cada um dos integrantes deste novo grupo de Poupan- ça Programada terá direito a um prêmio no valor de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais), em virtude dos gastos mensais com o pagamento de tarifas bancárias, que correspondem ao total de R$ 200,00 (duzentos reais). Os contemplados receberão o valor no mês subsequente ao mês da contemplação. Confira, abaixo, a lista dos contemplados com o respectivo mês. OS CONTEMPLADOS 1º LUGAR (NOVEMBRO 2011) - MARIA DE RIBAMAR EWERTON 2º LUGAR (DEZEMBRO 2011) - LUCAS DA COSTA RIBEIRO NETO 3º LUGAR (JANEIRO 2012) - GILMAR DE JESUS EVERTON VALE 4º LUGAR (FEVEREIRO 2012) - JAIRON FERREIRA DE MORAIS 5º LUGAR (MARÇO 2012) - JOSÉ RIBAMAR DOS SANTOS VAZ 6º LUGAR (ABRIL 2012) - JACIRA OLINDA DA SILVA CALDAS 7º LUGAR (MAIO 2012) - JOSÉ RIBAMAR DOS SANTOS VAZ 8º LUGAR (JUNHO 2012) - FRANCISCO FERREIRA DE LIMA 9º LUGAR (JULHO 2012) - LEWMAN DE MOURA SILVA 10º LUGAR (AGOSTO 2012) - JOSÉ AMADEU PEREIRA 11º LUGAR (SETEMBRO 2012) - FRANCISCO FERREIRA DE LIMA 12º LUGAR (OUTUBRO 2012) - JOSÉ DE RIBAMAR CASTRO RAMOS 13º LUGAR (NOVEMBRO 2012) - JOSÉ RIBAMAR DOS SANTOS VAZ 14º LUGAR (DEZEMBRO 2012) - MÁRIO LIMA REIS 15º LUGAR (JANEIRO 2013) - CÍCERO DIAS DE SOUSA FILHO 16º LUGAR (FEVEREIRO 2013) - TALVICK AFONSO ATTA DE FREITAS 17º LUGAR (MARÇO 2013) - JOSCELMO SOUSA GOMES 18º LUGAR (ABRIL 2013) – JACIRA OLINDA DA SILVA CALDAS 19º LUGAR (MAIO 2013) - LÍCIA CRISTINA FERRAZ RIBEIRO 20º LUGAR (JUNHO 2013) - JOSÉ RIBAMAR DOS SANTOS VAZ 21º LUGAR (JULHO 2013) - ANELISE NOGUEIRA REGINATO 22º LUGAR (AGOSTO 2013) - TALVICK AFONSO ATTA DE FREITAS 23º LUGAR (SETEMBRO 2013) - CÍCERO DIAS DE SOUSA FILHO expediente Jornal Dia-a-Dia é o informativo mensal da Associação dos Magistrados do Maranhão - AMMA. Rua do Egito, 351 - Centro - CEP: 65010-190. Fones: (98) 3221-4414 / 3232-1947 / 3231-8073 E-mails: [email protected] • [email protected] Diretoria Executiva Presidente - José Brígido da Silva Lages 1º Vice-Presidente – José de Ribamar Castro 2º Vice-Presidente – Marcos Antonio Oliveira 3º Vice-Presidente – Roberto Abreu Soares Secretário Geral – Lícia Cristina Ferraz Ribeiro Secretário Adjunto – Larissa Rodrigues Tupinambá Castro Tesoureiro Geral – Alexandre Lopes De Abreu Tesoureiro Adjunto – José dos Santos Costa Conselho Fiscal Andréa Furtado Perlmutter Lago Carlos Henrique Rodrigues Veloso Paulo de Assis Ribeiro Sidarta Gautama Farias Maranhão Vicente Ferreira Lopes Suplentes Clênio Lima Corrêa José Edilson Caridade Ribeiro Márcia Cristina Coelho Chaves Jornalista Responsável: Jacqueline Barros Heluy - DRT 840 MA Assistente: Zaíra Almeida Fotos: Biné Morais Projeto Gráfico: Ideia Propaganda & Marketing Diretor de Arte: Márcio Veiga Diagramação: Wemerson Macêdo Falta de estrutura ainda persiste em comarcas do Maranhão Em dois dias de visitas às comarcas do Leste do Maranhão, o presidente da AMMA, juiz Brígido Lages, constatou que a realidade das condições de trabalho dos juízes maranhenses ainda está muito aquém do desejado e totalmente incompatível com as exigências que o CNJ impõe aos magistrados. Em muitas delas, os juízes continuam trabalhando em condições precárias e inadequadas ao Judiciário do século XXI. As visitas fizeram parte do Programa AMMA Itinerante, lançado em 2007 na gestão do então presidente Gervásio Santos, com o objetivo de avaliar as condições estruturais das Comarcas maranhenses e ouvir as necessidades dos juízes. Foram visitadas oito comarcas - Itapecuru, Vargem Grande, Chapadinha, Brejo, Santa Quitéria, São Bernardo, Tutoia e Araioses. VARGEM GRANDE Na Comarca de Vargem Grande, que possui 3.500 processos e distribuição mensal de 160, Brígido Lages conversou com a juíza Lorena Brandão, que relatou várias deficiências estruturais do Fórum. O prédio possui um único banheiro para atender aos funcionários e ao público, necessitando de reparos urgentes. A 2ª Vara de Vargem Grande já foi criada, mas até agora não instalada. CHAPADINHA Os juízes titulares Cristiano Simas e Mário Henrique Reis enfrentam como SANTA QUITÉRIA A juíza Elaine Carvalho atribuiu como maiores problemas do Fórum a falta de segurança, má conservação do prédio e número insuficiente de servidores. A comarca tem 1.200 processos e distribuição mensal de aproximadamente 60. Na visita realizada à Comarca de Santa Quitéria, em 2008, pelo ex-presidente Gervásio Santos, o fórum apresentava problemas estruturais graves e condições insalubres, dentre os quais urina de morcegos nas paredes, o que obrigava os servidores a usarem máscaras. Segundo o juiz Brígido Lages, o problema não foi solucionado e as condições insalubres do prédio persistem, três anos depois. SÃO BERNARDO As condições de trabalho enfrentadas pela juíza Jerusa de Castro Fontenele, em São Bernardo, são as piores possíveis. Faltam servidores e o prédio, que pertence à Prefeitura, está em estado de total insalubridade, com pisos quebrados, paredes rachadas, vazamentos e falta de equipamentos. Por várias vezes a magistrada ficou sem material de expediente para as atividades diárias da Secretaria do Fórum e teve que solicitar papel à Justiça Eleitoral. TUTOIA Na Comarca de Tutoia, que tem como termo o município de Paulino Ne- ves, o principal problema é a falta de segurança no Fórum. Outro problema grave no prédio são as infiltrações, que em época de chuva já fizeram o magistrado perder vários livros. No inverno, o juiz Márcio Costa e os servidores trabalham no molhado. Um dos funcionários reclamou que os processos aparecem no sistema do Tribunal com duas numerações distintas. ARAIÓSES O problema reclamado pelo juiz Marcelo Fontelene é com relação ao sistema Themis, cujo número de processos, segundo ele, não estaria correspondendo à realidade. Ele informou que existem 7 mil processos na Comarca e distribuição mensal de 170. No dia 5 de agosto, a Comarca de Araioses terá a 2ª Vara instalada. AMMA pede providências do Tribunal A AMMA ingressou com Pedido de Providências junto ao Tribunal de Justiça, requerendo a suplementação das carências das comarcas do Leste do Maranhão, visitadas pelo presidente Brígido Lages, como continuidade ao Programa AMMA Itinerante. No ofício, Brígido Lages argumentou que os problemas encontrados vêm prejudicando a entrega célere da prestação jurisdicional, o trabalho dos servidores e até mesmo a produção e operosidade mensais dos magistrados. “Não se pode admitir que em tempos de excessivas cobranças à Ma- gistratura de primeiro grau, até com pontadas de descrédito por parte de setores do próprio Poder Judiciário, a carência estrutural persista nas comarcas do Maranhão”, declarou. setembro/2011 maior dificuldade a falta de funcionários. Apesar da boa estrutura do Fórum, a demanda processual é alta e a celeridade do andamento processual fica dificultada pelo número insuficiente de servidores. 3 especial A difícil missão de distribuir justiça Sábado, 6 de maio de 2011, véspera do Dia das Mães. A juíza Rosângela Prazeres Macieira, com 12 de atuação na Magistratura maranhense, imaginava que aquele seria um domingo normal, como em anos anteriores, ao lado do marido e filhos. Um telefonema tirou-lhe a tranquilidade. A secretária judicial da Comarca de Rosário, a 69 Km de São Luís, informava que o Fórum havia sido arrombado, processos e a toga da magistrada furtados e atirados no rio Itapecuru, que banha a cidade. Nas paredes do gabinete, frases desconexas e ameaçadoras. Sexta-feira, 12 de agosto de 2011. A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, não esperava que, ao deixar o Fórum, aquele seria o seu último dia de trabalho e de vida. Por volta das 23h30, ao estacionar o veículo que dirigia em frente ao seu condomínio, em Nite- Magistrados observam a toga rasgada da juíza Rosângela Macieira rói (RJ), a magistrada recebeu 21 tiros à queima-roupa. No Maranhão, não houve assassinato de juiz, mas nos dois episódios, duas vítimas foram feridas de morte: Patrícia Acioli e a Magistratura brasileira. A juíza Rosângela Macieira não recebeu os tiros que tiraram a vida de Patrícia Acioli, mas sentiu a dor física e emocional de ver a Magistratura desrespeitada e ultrajada. “Os atos ocorridos em Rosário e em Niterói serviram para tornar pública a situação de insegurança e vulnerabilidade que estamos sujeitos, bem como a necessidade premente de melhoria das condições de trabalho não somente dos juízes, mas também dos servidores. Uma Justiça rápida, célere, moderna tem que dar garantias ao magistrado para que possa desenvolver suas funções com independência e imparcialidade”, desabafou Rosângela. O assassinato da juíza Patrícia Acioli revelou à nação brasileira uma chaga que até então sangrava, mas que a sociedade, as autoridades e as instâncias superiores do Poder Judiciário se recusavam enxergar: a total insegurança dos juízes no exercício da jurisdição. Quatro meses após a invasão do Fórum de Rosário, as investigações sobre o episódio praticamente não existem e a juíza Rosângela Macieira se ressente disso. Segundo ela, o que mais incomoda é que o Estado ainda não tenha dado a atenção devida ao problema, dotando a Delegada de Polícia, designada para presidir o inquérito, de condições para investigar. “Lamentável que até o momento as investigações não tenham avançado a ponto de se descobrir a motivação e a autoria criminosas. A demora, no meu entender, fomenta a instabilidade social e o sentimento de impunidade”, afirmou Rosângela. dia-a-dia Assaltantes invadem fórum e ameaçam juíza 4 O Estado do Maranhão desponta como um dos mais inseguros para o exercício da Magistratura, conforme relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Nos levantamentos da Associação dos Magistrados (AMMA), 23 Fóruns foram arrombados e invadidos de 2008 a 2011, com furto de armas, processos, drogas e até pedras preciosas. Não é coisa rara encontrar um juíz que atue nos Fóruns das Comarcas maranhenses que tenha episódios de violência e risco para contar. Eles trabalham em municípios sem estrutura, de difícil acesso e sem policiamento, nos quais os prédios do Judiciário não passam de pequenos imóveis locados, muitos deles sem muros ou grades de proteção nas portas e janelas. O dia 27 de agosto de 2009 ficará para sempre guardado na memória da juíza Lavínia Coelho, que à época exercia a jurisdição na Comarca de Carutapera, a 570 Km de São Luís. Aos seis meses de gestação do segundo filho, a magistrada conduzia uma audiência no meio da manhã, quando ouviu tiros em frente ao Fórum. Por prudência, suspendeu a audiência e recolheu-se, junto com outros funcionários, no banheiro do alojamento. Sete homens armados e encapuzados acabavam de assaltar uma agência bancária de Carutapera e, na fuga, dois deles invadiram o Fórum, exigindo levar a juíza como refém. O oficial de justiça Jorge Aélio Maia, sentindo a gravidade da situação, disse aos bandidos que a juíza não se encontrava e ofereceu-se para ir em seu lugar. Os assaltantes em fuga levaram Jorge e mais nove pessoas, liberando-as no meio da estrada. Lavínia disse que o fato por ela vivenciado mostrou o quanto o magistrado está exposto. Tiroteio Momentos de medo durante o exercício da jurisdição também já foram vividos pela juíza Lidiane Melo, na Comarca de Mirador, a 479 Km de São Luís. O epísódio aconteceu no dia 1º de dezembro de 2009, quando o Fórum no qual ela se encontrava esteve no epicentro de um tiroteio praticado por 15 homens que assaltaram uma agência do Banco do Brasil, localizada em frente à unidade judicial. O tiroteio resultou em duas pessoas feridas e 10 levadas como reféns pelo bando, inclusive crianças e idosos. A juíza e sete funcionários só conseguiram escapar porque fugiram pela porta dos fundos do Fórum e se esconderam no alojamento, que fica atrás do prédio. Ficaram todos completamente em silêncio e com as luzes apagadas, enquanto os bandidos vasculhavam a unidade judicial. “Foi um dos piores momentos da minha vida”, disse ela ao recordar o ocorrido. Julgar, sentenciar e decidir quem é detentor de um direito, quer seja em uma simples desavença entre vizinhos ou partilha de bens, não é tarefa fácil. Mais difícil ainda quando o juiz tem que condenar um perigoso traficante, assaltante de banco e gestores públicos que ainda não sabem ou fazem questão de não saber o que significa o principio da independência do Judiciário. No Maranhão, afastar um mau gestor público de suas funções é considerado ato de bravura, tamanha são as pressões que o juiz sofre. A juíza Lúcia Quadros sabe muito bem o que significa isso. Em maio de 2011, a magistrada concedeu liminar em Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público, afastando o prefeito da Comarca de Cururupu, José Francisco Pestana, pela prática de ato de improbidade administrativa. O prefeito é acusado pelo Ministério Público nos autos do processo de nº 846 - 57.2010.8.10.0084, de manter em atraso os salários dos funcionários públicos municipais desde o início da sua gestão, em 2009. especial Pressões e ameaças não intimidam magistrada Juíza Lúcia Quadros fala durante ato público de apoio ao seu trabalho A partir da decisão, a juíza Lúcia Quadros passou a se sentir ameaçada, solicitando da Associação dos Magistrados que interviesse junto ao Tribunal de Justiça e a Secretaria de Segurança Pública, para que lhe fosse designada segurança integral, o que foi prontamente atendido. Hoje, Lúcia é catalogada pelo Tribunal como um dos juízes com escolta policial no Maranhão. Cauteloso nas palavras e ciente da responsabilidade que o exercício da magistratura lhe exige, o juiz Pedro Holanda Pascoal mantém uma rotina um pouco diferenciada daquela que antecedia ao dia 8 de abril de 2011. Naquela madrugada ele teve a sua residência na Comarca de Tutum, a 364 Km de São Luís, alvejada a tiros de revólver. O atentado ainda está sob investigação, mas após denúncia ao Tribunal de Justiça, aos órgãos de Segurança Pública do Estado e ao CNJ, Pedro Holanda passou a andar sob escolta policial. De acordo com o Tribunal de Justiça, em dados já informados ao CNJ, quatro juízes estaduais do Maranhão estariam sob escolta policial após serem alvos de ameaças: Pedro Holanda Pascoal, Rosângela Prazeres Macieira, Lúcia de Fátima Quadros e Jamil Aguiar, titular da 1ª Vara de Execuções Penais de São Luís. Pedro Holanda garante que situações de ameaça não o intimidam, pelo simples fato de estar decidindo para o bem de toda a sociedade. “Mudei meus conceitos com relação a muitas coisas, porém nunca desisti de levar justiça para a população que tanto precisa”, afirmou. Diz que o fato de ter que andar com segurança armada para Ato público em apoio ao juiz Pedro Holanda na Comarca de Tuntum onde quer que vá tira um pouco da sua privacidade, mas sabe que é necessário. Ele considera a questão da segurança dos juízes algo crucial e que ainda requer muitos avanços, principalmente no que diz respeito à qualidade de trabalho que garanta a independência do Judiciário. “A Magistratura não pode sofrer desgaste por questões de insegurança, pois somos um Poder constituído pelo Estado”, assegurou. A juíza Rosângela Macieira esclareceu que a segurança armada está sendo mantida apenas no Fórum de Rosário. “A partir do término do expediente forense fica ao meu encargo os cui- dados com minha segurança no deslocamento para minha residência, pois não tenho escolta policial à minha disposição”, declarou. Apesar da ameaça que sofreu, Rosângela mantém a mesma rotina de trabalho na Comarca, como as diversas sessões do Tribunal do Júri, julgamento de inúmeros processos criminais de tráfico de drogas, roubo, latrocínio. Ela garantiu que todos os processos de gravidade extrema e de grande repercussão social de Rosário têm sido apreciados com a celeridade necessária para que a sociedade não se ressinta dos trabalhos da Justiça. Continua na página 6 Rosângela Prazeres durante manifestação contra violência em Rosário setembro/2011 Escolta policial para quatro juizes 5 especial amma denuncia e cobra providências desde 2008 Denunciar ao Tribunal de Justiça do Maranhão e aos órgãos de Segurança Pública do Estado a situação de insegurança dos juízes em suas Comarcas não é nenhuma novidade para a Associação dos Magistrados do Maranhão. Desde 2008, quando da invasão dos Fóruns de Açailândia e Montes Altos, que a AMMA vem cobrando policiamento diuturno e a instalação de equipamentos de monitoramento eletrônico nos Fóruns. Constam catalogados nos arquivos da AMMA cópias de 32 ofícios que foram encaminhados ao Tribunal de Justiça e à Secretaria de Segurança, relatando a invasão de Fóruns no período de 2008 a 2011. Também foi protocolado o Pedido de Providências nº 2009.10.00.005574-6 no CNJ relatando a situação e solicitando que fosse de- terminado o remanejamento dos policiais militares que guarneciam as residências dos desembargadores para as unidades judiciais do interior do Estado. A liminar neste PP foi concedida pelo CNJ em outubro de 2009. A AMMA também promoveu audiências públicas sobre o tema em várias Comarcas e em São Luís. “É lamentável que uma juíza tivesse que morrer para que a sociedade brasileira passasse a ver as reais condições estruturais e emocionais que os juízes trabalham. Demorou para que as providências fossem tomadas e muito do que está sendo feito e planejado agora são apenas medidas paliativas que não conseguem atender às reais expectativas estruturais da Magistratura”, declarou o presidente da AMMA, Brígido Lages. Corregedoria lança projeto para garantir segurança Fórum de Santa Luzia invadido e incendiado em 1º de janeiro de 2009 Comarcas que tiveram Fóruns invadidos no ma - de 2008 a 2011 dia-a-dia Açailândia Montes Altos Carolina Benedito Leite Buriticupu São Raimundo das Mangabeiras Loreto Paço do Lumiar Imperatriz São Mateus (quatro vezes) Rosário Santa Luzia (invadido e incendiado) Pinheiro Estreito Bequimão Barão de Grajaú Bacabal Magalhães de Almeida Carutapera Penalva Amarante do Maranhão São Bento Após o assassinato da juíza Patrícia Acioli e a comoção nacional que o fato causou, a Corregedoria Geral de Justiça do Maranhão resolveu dar um passo importante para garantir segurança aos juízes que atuam nos fóruns das 110 comarcas do Estado. Trata-se de um sistema privativo de monitoramento de áreas internas e externas dos prédios, com funcionamento simultâneo no gabinete do magistrado, delegacias de polícia e quartéis regionais da Polícia Militar. Em caso de ocorrência anormal, o dispositivo será acionado de imediato, o que vai assegurar prioridade de atendimento. Diante das ameaças comprovadas a juízes e das seguidas invasões a fóruns no Maranhão, o corregedor geral de Justiça, desembargador Guerreiro Júnior, disse que “o investimento é mais do que justificável” e que o Judiciário não pode ficar de braços cruzados à espera da próxima investida de bandidos. “Segurança é item básico na vida de todo cidadão. Juízes mexem com processos que desagradam a muita gente, o que os deixa claramente expostos”, lembra. A Corregedoria também fechou um acordo com autoridades das áreas de Segurança Pública e da Polícia Militar do Estado para que cada batalhão regional da PM monitore continuamente os fóruns sob sua jurisdição. Também ficou acertada ronda noturna na residência dos juízes. P ar t icipe ! Reconhecer as melhores práticas do judiciário é preciso. 6 Juízes já podem indicar servidores comissionados para Varas já ocupe cargo no Núcleo. A conquista de mais cargos para auxiliar nos trabalhos das unidades da capital é fruto de luta da AMMA iniciada em 2009, que resultou no PCA 000289779.2010.2.00.0000, protocolado junto ao Conselho Nacional de Justiça, em razão do descumprimento das recomendações emanadas do Relatório de Inspeção nº 25774/2009/ do CNJ, que versa sobre a diminuição dos cargos comissionados dos gabinetes dos desembargadores. Em face de determinação do CNJ, o Tribunal de Justiça publicou no dia 1º de agosto deste ano, a Resolução do TJMA, disponilizando 128 cargos cujos ocupantes serão de livre nomeação dos juízes. A distribuição, segundo a Resolução, se dará da seguinte forma: 24 cargos de secretário de administração disponibilizados para a Secretaria da Corregedoria Geral da Justiça; 24 cargos de assistente de informações para a Diretoria de Fórum da Comarca de São Luís e um cargo de assistente de administração para cada uma das varas e juizados de São Luís. Reunido com a Diretoria Executiva da AMMA, o presidente Brígido Lages relatou toda luta da entidade para sensibilizar o Tribunal de Justiça acerca da carência Luta pela gratificação para diretores de fórum A Associação dos Magistrados do Maranhão está mantendo diálogo junto à Assembleia Legislativa do Maranhão no sentido de sensibilizar os parlamentares quanto à legalidade do Projeto de Lei nº 005/2011, do Poder Judiciário, que institui a gratificação de 5% aos diretores de fóruns das comarcas do Maranhão. O projeto foi vetado pela governadora Roseana Sarney, que alegou sua inconstitucionalidade, mesmo após parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa e aprovação, por unanimidade, pelo plenário. O presidente da AMMA, José Brígido Lages, esteve no gabinete do presidente da Assembleia, Arnaldo Melo, acompanhado do 3º vice-presidente da entidade, Roberto Abreu, do tesoureiro geral, Alexandre Abreu, do tesoureiro-adjunto, José dos Santos Costa, Diretores da AMMA conversam com deoutados sobre projeto do membro do Conselho Fiscal, desembargador Vicente Ferreira Lopes, e da juíza da Comarca de Raposa, Rafaella Saif. Na ocasião, citou o art. 5º, II da Resolução nº 13/2006 do CNJ, pelo qual as verbas de caráter eventual ou temporário, entre as quais a investidura como Diretor de Foro, não estão abrangidas pelo subsídio e não são por ele extintas. Esta é a segunda vez que a gratificação para diretores de fóruns é preterida, por veto da governadora. Conforme consta no veto publicado no Diário Oficial da Assembleia, no dia 11 de agosto, “o referido projeto permitia o cálculo da gratificação, vinculando-o ao subsídio do magistrado, o que constitui vinculação da espécie remuneratória. Nesta matéria incide o art.37,XIII, da Constituição Federal”. de servidores nas unidades judiciais de todo o Estado, realidade esta que se confrontava com o excesso de servidores comissionados nos gabinetes dos desembargadores. A última solicitação da AMMA ao Tribunal de Justiça é datada do dia 4 de abril deste ano, quando foram solicitadas informações sobre as medidas já adotadas pelo TJMA para dar cumprimento à determinação do CNJ sobre a redistribuição dos cargos comissionados do Núcleo de Apoio para as unidades judiciais, ressaltando que o provimento dos referidos cargos dependia da livre indicação dos magistrados. amma quer impedir que magistrados sejam prejudicados pela ec nº 20/98 A AMMA entrou com requerimento junto ao Tribunal de Justiça do Maranhão, para abertura de procedimento próprio a fim de que seja apurado o tempo de contribuição real de todos os magistrados do sexo masculino que ingressaram na magistratura antes da promulgação da Emenda Constitucional nº. 20, de 15 de dezembro de 1998, incluindo o cálculo constitucional do tempo ficto de 17 %, previstos no art. 8º, inciso 3º. A intenção é garantir que os magistrados que ingressaram no serviço público antes da Emenda não sejam prejudicados pelo novo regime previdenciário. A AMMA também está requerendo que o Tribunal de Justiça encaminhe, a todos os magistrados, relatórios individuais informando-os sobre o tempo de serviço. setembro/2011 Os juízes da Comarca de São Luís já podem indicar os ocupantes dos cargos comissionados disponibilizados pelo Tribunal de Justiça às unidades jurisdicionais, conforme a Resolução 29/2011 do próprio TJMA, publicada em 1º de agosto deste ano. Ao todo, são 128 cargos em comissão oriundos do Núcleo de Apoio à Justiça de 1º Grau, cujos ocupantes, até então, estavam sob a livre nomeação dos desembargadores. Conforme determinação do CNJ, os ocupantes dos referidos cargos devem ser indicados pelo juiz e não pelo Tribunal, não sendo necessário que o novo servidor 7 Jantar dos pais em noite descontraída dia-a-dia Harmonia e descontração marcaram o jantar em homenagem ao Dia dos Pais oferecido pela AMMA, na sede social do Calhau. Ao som de voz e violão do cantor Marcos Garcês, a festa contou com a presença de magistrados associados e seus familiares e diretores da entidade, que externaram palavras de reconhecimento ao grandioso exercício da paternidade. O presidente Brígido Lages destacou o quanto é gratificante a missão de ser pai e como eles são importan- 8 tes à vida saudável dos seus filhos. Coube à juíza Edeuly Maia Silva fazer a saudação em nome de toda a Associação dos Magistrados, ocasião em que parabenizou todo os pais presentes e também enfatizou o que representa a figura do pai na estrutura familiar, sempre transmitindo segurança, amor e carinho. Em meio ao bate-papo descontraído no amplo espaço do restaurante da nova sede social, foi servido o jantar pelo Buffet Kátia Medeiros, seguido de sorteio de presentes com a participação de todos os pais associados. Coordenado pela juíza Márcia Chaves, que integra a Diretoria da AMMA, o sorteio agraciou os associados com várias surpresas, dentre elas um final de semana no Pestana Hotel, em São Luís, prêmio arrebatado pelo juiz Márcio do Carmo, e duas diárias com acompanhante no Resort Solare, na cidade de Barreirinhas, cujo vencedor foi o juiz Samuel Batista de Souza. Antes do encerramento da festa, foi servido o jantar.
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