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Título : Relatório da Investigação sobre o Problema Juvenil e o Projecto de Desenvolvimento do Serviço Juvenil na Região Administrativa Especial de Macau Entidade Mandante para a Investigação:Instituto de Acção Social da R.A.E.M. Entidade Investigadora : Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong Edição:Instituto de Acção Social do Governo da R.A.E.M. Impressão:Imprensa Oficial do Governo da R.A.E.M. Tiragem:200 exemplares Data de Edição : Janeiro de 2005 No de código do IAS : IAS/P-PUB021-01.2005-200exs. ISBN : 99937-52-21-5 Equipa de Investigação Investigador Principal: Dr Lo Tit-wing, Director do “Youth Studies Net” da “City University of Hong Kong. Membros do Grupo de Investigação: Dr.ª Au Liu S C Elaine, Sub-directora do “Youth Studies Net” da “City University of Hong Kong”. Dr. Wong S W Dennis, Secretário-Geral do “Youth Studies Net” da “City University of Hong Kong”. Dr. Christopher H K Cheng, Membro da “Comissão Executiva do Gabinete de Estudo Sobre os Jovens” da “City University of Hong Kong”. i Índice Sumário xii (A) Introdução xii (B) Análise sobre a Situação de Vida e Actos Desviantes dos Inquiridos xiii (C) Principais Tipos do Serviço Juvenil em Macau xviii (D) Propostas sobre o Projecto do Serviço Juvenil xx Capítulo I Projecto da Investigação 1 1.1 1.2 1.3 1.4 Prefácio 1 Objectivo da Investigação 1 Etapas da Investigação 1 1. ª Etapa – Inquérito por Questionário 3 1.4.1 Objectivo da investigação da 1.ª etapa 3 1.4.2 Tiragem de amostras e recolha de dados 3 1.4.3 Processo de recolha dos dados 4 1.4.4 Inquérito experimental por questionário 5 1.4.5 Elaboração do questionário 5 1.5 2.ª Etapa – Inquérito sobre as Opiniões de Prestadores do Serviço Juvenil 10 1.5.1 Objectivo da investigação da 2.ª etapa 10 1.5.2 Tiragem de amostras e recolha de dados 11 1.6 3.ª Etapa – Inquérito sobre as Opiniões de Dirigentes e Decisores das Instituições de Serviço Relativamente ao Serviço Juvenil 12 1.6.1 Objectivo da investigação da 3.ª etapa 12 1.6.2 Alvo da investigação e recolha de dados 12 Capítulo II Situação Geral de Vida dos Jovens 2.1 Dados de Identificação 2.2 Credibilidade da Escala 2.2.1 Auto-eficácia 2.2.2 Sentido de brio 2.2.3 Apoio sentimental e técnico dos pais 2.2.4 Modelos de educação dos pais 2.2.5 Conflito familiar ii 13 13 15 15 16 16 16 17 2.2.6 Relação com amigos 2.2.7 Influência negativa dos amigos 2.2.8 Dependência e interesse pela escola 2.3 Estado Psicológico 2.3.1 Problemas habitualmente encontrados 2.3.2 Pressão 2.4 Família 2.4.1 Com quem vive? 2.4.2 Tempo de conversa pai-filho e alojamento dos pais noutro local 2.5 Amigos 2.6 Comportamento geral, desviante ou delinquente 2.6.1 Comportamento geral e desviante 2.6.2 Comportamento delinquente 2.6.3 Prisão e condenação 2.7 Actividades Comunitárias 2.7.1 Situação da participação em actividades comunitárias ou dos centros de juventude 2.7.2 Actividades ou serviços comunitários ou dos centros de juventude em que gostam mais de participar ou de que têm a maior vontade de beneficiar 2.7.3 Motivos que levam os inquiridos a participarem nas actividades ou beneficiarem dos serviços 2.7.4 São suficientes as instalações? 2.7.5 São suficientes os serviços/associações? 2.8 Métodos de Pedido de Apoio 2.8.1 A quem pedir apoio para resolver os seus problemas? 2.8.2 Pedido de apoio a assistentes sociais nos últimos 3 meses? 2.8.3 Na sua opinião no que é que o assistente social pode ajudar? 2.9 Canais de aquisição dos conhecimentos sexuais 2.10 Conclusão 2.10.1 Estado psicológico individual 2.10.2 Família 2.10.3 Relação com os amigos 2.10.4 Comportamento 2.10.5 Opiniões dos jovens sobre o serviço comunitário 2.10.6 Métodos de pedido de apoio 2.10.7 Canais de aquisição dos conhecimentos sexuais iii 17 17 18 19 19 21 22 22 23 24 27 27 30 32 32 32 33 34 35 36 37 37 38 39 40 41 41 41 42 43 43 44 44 Capítulo III Situação da Vida de Encarregados de Educação 45 3.1 Dados de Identificação 45 3.2 Estado Psicológico 50 3.2.1 Problemas habitualmente encontrados 50 3.2.2 Pressão 51 3.3 Família 52 3.3.1 Alojamento noutro local 52 3.3.2 Dialogo entre pais e filhos 52 3.3.3 Relação entre o tempo de diálogo entre pais e filhos e os problemas habitualmente encontrados por filhos 53 3.3.4 Actividades quotidianas entre pais e filhos 54 3.4 Problemas dos Filhos 55 3.4.1 Preocupações com os filhos 55 3.4.2 Factores que afectam o crescimento de filhos 56 3.4.3 Serviços que o governo ou as instituições particulares devem aumentar com maior urgência 57 3.5 Actividades comunitárias 58 3.5.1 O que se espera obter das actividades desenvolvidas pelo Governo ou pelas organizações não governamentais 58 3.6 Métodos de Pedido de Apoio 59 3.6.1 A quem vai pedir apoio se tiverem problemas? 59 3.6.2 Pediu alguma vez apoio a assistentes sociais? 59 3.6.3 No seu entender, em que é que os assistente sociais podem ajudar ? 60 3.7 Comparação das respostas dadas pelos encarregados de educação e pelos filhos 61 3.7.1 Dificuldade económica familiar e recepção de subsídio 61 3.7.2 Situação do “tempo de diálogo entre pais e filhos” e do “alojamento de pais noutro local” 62 3.8 Conclusão 64 3.8.1 Estado psicológico individual 64 3.8.2 Família 65 3.8.3 Problemas de filhos 65 3.8.4 Métodos de pedido de apoio 65 Capítulo IV Análise dos Comportamentos Desviantes e Infracções 67 4.1 Relação dos comportamentos desviantes ou actos de delinquência com os diversos factores 67 iv 4.2 Relações da “Detenção pela Polícia” e da “Condenação pelo Tribunal” com os Diversos Factores 4.3 Análise sobre o Comportamento Desviante e da Delinquência nos Estudantes e a Situação Socio-económica dos Seus Pais 4.4 Relação do Problema de Jovens Estudantes Terem Sido ou Não Presos pela Polícia e Terem Sido ou Não Condenados com a Posição Socio-económica dos Seus Pais 4.5 Resumo 4.5.1 Comportamento Desviante 4.5.2 Comportamento delinquente 4.5.3 Ter sido preso pela polícia 4.5.4 Ter sido condenado pelo tribunal 4.5.5 Situação socio-económica dos pais Capítulo V Actual Situação dos Jovens de Macau e das Suas Famílias 5.1 Prefácio 5.2 Influências da Economia Social e do Sector do Jogo e Diversões sobre a Juventude 5.2.1 Falhas na legislação e na execução de leis 5.2.2 O jogo como profissão 5.3 Influências das sociedades secretas e do net bar sobre a juventude 5.3.1 Assiduidade por parte dos jovens ao net bar 5.3.2 Abuso de drogas 5.4 Actuais problemas que as famílias e os encarregados de educação de Macau enfrentam 5.4.1 Famílias em que os cônjuges estão todos empregados e origens dos problemas 5.4.2 A depressão económica destrui a relação familiar 5.4.3 Surgimento de famílias monoparentais e famílias monoparentais falsas 5.4.4 Impossibilidade do cuidado ou educação familiar 5.4.5 Choque que se verifica na família sob a cultura da sociedade 5.5 Educação 5.6 Trabalho 5.7 Resumo v 74 83 84 85 85 86 86 87 87 88 88 89 90 91 92 93 94 95 95 96 97 98 101 103 106 108 Capítulo VI Actual Situação do Serviço Juvenil em Macau 6.1 Serviço juvenil a cargo do governo 6.1.1 Direcção dos Serviços de Educação e Juventude 6.1.2 Instituto de Acção Social 6.1.3 Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça 6.2 Serviço juvenil promovido e apoiado financeiramente pelo governo e com cooperação das instituições particulares 6.2.1 Serviço de lar de jovens 6.2.2 Serviço de assistentes sociais na escola 6.2.3 Serviço extensivo ao exterior 6.3 Serviço juvenil a cargo de instituições particulares 6.4 Apoio financeiro e desenvolvimento do serviço juvenil 6.5 Coordenação do Serviço Juvenil 6.6 Resumo Capítulo VII Projecto de Desenvolvimento do Serviço Juvenil em Macau 7.1 Estrutura Teórica 7.2 Tratamento do problema juvenil por dois canais paralelos e integrados 7.3 Complexo de Apoio à Família 7.3.1 Actividades relativas ao desenvolvimento juvenil 7.3.2 Serviço de aconselhamento e apoio à juventude 7.3.3 Educação sobre a vida familiar e actividades para pais e filhos 7.3.4 Serviço de aconselhamento e apoio à família 7.3.5 Serviço de apoio à escola 7.4 Instalações Públicas de Desporto e Recreação 7.5 Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário 7.5.1 Trabalho extensivo ao exterior 7.5.2 Escola Especial 7.5.3 Serviço de apoio às crianças e jovens de famílias em crise 7.5.4 Apoio à execução da medida de triagem 7.6 Medidas de triagem 7.6.1 Admoestação Policial 7.6.2 Serviço de Apoio Comunitário 7.6.3 Reunião do Grupo Familiar 7.6.4 Execução das medidas de triagem vi 109 110 110 111 114 118 118 120 124 128 135 140 143 145 145 149 153 154 155 156 156 157 158 158 159 160 162 163 163 164 166 168 172 7.7 Outras Propostas 7.7.1 Estratégia de promoção do serviço de apoio complexo 7.7.2 Formação complementar 7.7.3 Avaliação 7.7.4 Coordenação dos serviços nas respectivas zonas 7.7.5 Instalação de novos lares do tipo casa para ajudar jovens delinquentes 7.7.6 Coordenação administrativa dos serviços públicos interessados 7.7.7 Revisão do processo judiciário 7.8 Conclusão 175 175 177 178 179 179 180 180 181 Bibliografia 184 Agradecimentos 190 vii Índice dos Mapas Capítulo I Mapa 1.1 Tipos de questionário 5 Capítulo II Mapa 2.1.1 Dados de identificação 14 Mapa 2.2.1 Credibilidade da escala 15 Mapa 2.2.4.1 Modelos de educação dos pais 17 Mapa 2.3.1.1 Problemas habitualmente encontrados nos 3 meses antes de serem inquiridos 20 Mapa 2.3.2.1 Relação entre o sentido de pressão e os problemas habitualmente encontrados 21 Mapa 2.4.1.1 Com quem vive? 22 Mapa 2.4.2.1 Situação sobre o tempo de conversa com os pais e sobre o alojamento dos pais noutro local, segundo as respostas dos estudantes do ensino secundário inquiridos 23 Mapa 2.5.1 Tipos de amigo 25 Mapa 2.5.2 Influências de amigos 26 Mapa 2.6.1.1 Comportamentos gerais/ desviantes 28 Mapa 2.6.2.1 Comportamentos delinquentes 31 Mapa 2.6.3.1 Situação dos inquiridos que foram presos pela polícia ou condenados pelo tribunal 32 Mapa 2.7.1.1 Situação da participação em actividades comunitárias ou dos centros de juventude 32 Mapa 2.7.2.1 Actividades juvenis em que desejam mais participar ou serviços de que desejam mais beneficiar 33 Mapa 2.7.3.1 Motivos principais que levam os inquiridos a participarem nas actividades ou beneficiarem dos serviços 34 Mapa 2.7.4.1 As actuais instalações são suficientes? 35 Mapa 2.7.5.1 Os actuais serviços/associações são suficientes? 36 Mapa 2.8.1.1 A quem pedir apoio para resolver os seus problemas? 37 Mapa 2.8.2.1 Pedido de apoio a assistentes sociais nos últimos 3 meses? 38 Mapa 2.8.3.1 Na sua opinião no que é que o assistente social pode ajudar? 39 Mapa 2.9.1 Donde obtém conhecimentos sexuais? 40 viii Capítulo III Mapa 3.1.1 Dados de identificação Mapa 3.2.1.1 Problemas habitualmente encontrados por encarregados de educação nos 3 meses dantes de serem inquiridos Mapa 3.2.2.1 Relação entre a pressão e os problemas habitualmente encontrados Mapa 3.3.1.1 Situação do alojamento dos inquiridos noutro local Mapa 3.3.2.1 Diálogo com os filhos Mapa 3.3.3.1 Relação entre o tempo de diálogo entre pais e filhos e os problemas habitualmente encontrados pelos filhos Mapa 3.3.4.1 O que os pais costumam fazer com os filhos ? Mapa 3.4.1.1 O que mais preocupa os encarregados de educação em relação aos seus filhos ? Mapa 3.4.2.1 Quais factores você sente que afectam mais o crescimento de filhos? Mapa 3.4.3.1 Serviços que no entender dos encarregados de educação inquiridos devem ser reforçados pelo governo ou pelas instituições particulares com maior urgência para ajudar os jovens Mapa 3.5.1.1 O que se espera obter das actividades desenvolvidas pelo Governo ou pelas organizações não governamentais Mapa 3.6.1.1 A quem vai pedir apoio se tiver problemas? Mapa 3.6.2.1 Os encarregados de educação inquiridos pediram ou não apoio a assistentes sociais nos três meses antes da realização do inquérito Mapa 3.6.3.1 No seu entender, em que é que os assistentes sociais podem ajudar? Mapa 3.7.1.1 Situação da dificuldade económica familiar e da recepção de subsídio do Governo nos três meses antecedentes ao inquérito Mapa 3.7.2.1 Situação das diferenças nas respostas dos encarregados de educação e de seus filhos às questões relativas ao “tempo de diálogo entre pais e filhos” e ao “alojamento de pais noutro local” 47 50 51 52 52 53 54 55 56 57 58 59 59 60 61 63 Capítulo IV Mapa 4.1.1 Relação dos comportamentos desviantes e dos actos delinquentes com os diversos factores 72 Mapa 4.2.1 Comparação das diferenças entre os jovens que foram ou não detidos pela polícia e os que foram ou não condenados pelo tribunal nos diversos aspectos (I) 77 ix Mapa 4.2.2 Comparação das diferenças entre os jovens que foram ou não presos pela polícia ou condenados pelo tribunal e os diversos aspectos (II) 79 Mapa 4.2.3 Relação do problema “ter sido ou não preso pela polícia” com os factores de sexo, habilitação literária, convivência com os pais e estado civil dos pais 80 Mapa 4.2.4 Relação do problema “ter sido ou não condenado pelo tribunal” com os factores de sexo, habilitação literária, convivência com os pais e estado civil dos pais 81 Mapa 4.2.5 Relação do problema “ter sido ou não preso pela polícia” com a atitude a adoptar para com o problema “Se encontrar algum problema, a quem vai pedir apoio” 82 Mapa 4.2.6 Relação do problema “ter sido ou não condenado pelo tribunal” e a atitude a adoptar para como o problema “Se encontrar problemas, a quem vai pedir apoio” 82 Mapa 4.3.1 Relação da acção desviante e da delinquente de jovens estudantes com a posição socio-económica de seus pais 83 Mapa 4.4.1 Relação do problema de jovens estudantes terem sido ou não presos pela polícia e de terem sido ou não condenados com a posição socio-económica dos seus pais 84 x Índice das Figuras Capítulo I Figura 1.1 Projecto da Investigação Figura 1.2 Áreas de análise de factores de crise e protecção 2 6 Capítulo VI Figura 6.1 Serviço juvenil de Macau 139 Capítulo VII Figura 7.1 Serviços juvenis que se completam mutuamente Figura 7.2 Diagrama de circulação dos diversos serviços 152 171 xi Sumário (A) Introdução Macau é uma cidade de pequenas dimensões onde coexistem a cultura chinesa e ocidental, com uma população de mais de 400 mil residentes. Actualmente, o seu desenvolvimento a nível político e económico é estável; a sua população geralmente coexiste em harmonia e tem uma vida familiar normal; a maioria dos jovens vivem com os pais e os irmãos, andam na escola onde se dão bem com os colegas e os professores, atingindo o nível aceitável o seu sentido de brio e auto-eficácia (self efficacy), não sendo alta a taxa da sua participação em acções desviantes e delinquentes nem sendo considerados graves essas acções. Apesar disso, através do inquérito do grupo de foco, a Equipa de Investigação descobriu que muitos inquiridos temiam que a transformação social pudesse chocar com os jovens, que não se sentiam optimistas perante o futuro, faltando-lhes a ambição, o objectivo e a esperança no futuro. É ainda mais preocupante que alguns factores do ambiente social afectam directamente a sua saúde física e psicológica, a relação inter-pessoal, o estudo na escola e desenvolvimento profissional. Por exemplo, a mudança da estrutura económica, o surgimento de famílias em que tanto o pai como a mãe são empregados, a redução do tempo de contacto e a rara comunicação entre os encarregados de educação e os filhos devido ao trabalho diário por longo tempo, etc. conduzem à debilitação da educação dirigida aos filhos e à insuficiência do intercâmbio sentimental entre eles. Alguns inquiridos do grupo de foco ainda temiam que o desenvolvimento socio-económico e o empreendimento do jogo e diversões afectassem o conceito do valor da juventude. Por falta de instalações de desporto em comunidades, parte de jovens e adolescentes estão “obsecados” pelo bar de Internet, karaoke, discoteca ou bar em geral e alguns mesmo têm o vício de abuso de drogas. xii (B) Análise sobre a Situação de Vida e Actos Desviantes dos Inquiridos Foram inquiridos por questionário 3.114 estudantes do ensino secundário, 2.512 encarregados de educação de estudantes do ensino secundário e 424 jovens e adolescentes que estavam internados em lares, vagueavam pelas ruas ou interromperam os seus estudos. Através destes inquéritos, foram recolhidos os seguintes dados detalhados: Situação de Vida dos Jovens em Geral Situação Psicológica Individual O sentido de brio e a auto-eficácia dos jovens inquiridos têm atingido um nível aceitável, embora o sentido de brio de alguns inquiridos seja relativamente fraco. As fontes principais da pressão que sentem têm a ver com os estudos, assim como com a relação com os familiares e amigos. No entanto, regra geral, o grau de angústia e aborrecimento não é muito alto. Família O resultado do inquérito mostra que o apoio dos pais aos filhos tem alcançado um nível aceitável. Em comparação com o apoio sentimental, o apoio técnico prestado pelos pais aos filhos é mais comum. Só 10% dos encarregados de educação adoptam o método de educação autoritativo (authoritative parental style), enquanto que mais encarregados de educação adoptam o método educativo autoritário (authoritarian parental style) ou o permissivo (permissive parental style). O conflito familiar não é grave, mas os jovens que não vivem com os pais, têm conflitos mais frequentes com a família. A maioria dos jovens vivem com os pais e os irmãos. Este grupo de jovens, geralmente, tem o sentido de brio mais forte, recebe melhores apoios dos encarregados de educação, mantém uma melhor comunicação com a família, alimenta maior sentido das responsabilidades e maior interesse pela vida escolar. Em relação aos jovens que não vivem com os pais, um maior número destes tem comportamentos desviantes e conflitos com a família, enquanto que a maior parte de encarregados de educação destes jovens costumam desatentar a educação dos mesmos. Além disso, xiii entre os jovens cujos pais não permanecem em casa todas as noites, um maior número deles tem contactos com as sociedades secretas e simultaneamente tem tendência para participar em actividades comunitárias ou de centros juvenis, o que mostra que estes jovens privados do acompanhamento dos pais, estão a ser influenciados pelas forças positivas e negativas, situação que é semelhante à de Hong Kong e de Singapura. Se o governo puder prestar maior atenção à educação destes jovens, a sua resistência contra os malefícios sociais poderá ser mais forte. Núcleos de Amigos A investigação mostra que os jovens são grandemente influenciados por amigos e colegas de estudo. Estas influências são geralmente positivas; no entanto, às vezes os amigos e colegas também podem trazer-lhes algumas influências negativas. Além disso, mais de 40% dos jovens têm pelo menos um “amigo íntimo do sexo oposto”, mais de 30% de jovens têm pelo menos um “amigo com ligação às sociedades secretas” e mais de 10% deles conhecem três ou mais elementos das sociedades secretas, o que reflecte que eles estão a enfrentar uma grande ameaça na roda do crime. Comportamento Desviante e Delinquente A investigação mostra que o comportamento desviante mais evidente por parte dos jovens inquiridos são “as ofensas verbais”, “jogar com apostas” e “comprar reproduções ”. Mostra ainda que cerca de 50% a 70% dos jovens inquiridos têm estes comportamentos. Além disso, o número dos jovens que “fumam” às vezes, frequentemente ou muito frequentemente e o número dos que praticam sexo antes do casamento ocupam respectivamente cerca de 4% do total dos inquiridos. Regra geral, o comportamento delinquente dos jovens inquiridos não é grave. Apesar de entre eles cerca de 8% a 10% terem roubado em casa, destruído instalações públicas ou perturbado, insultado ou agredido terceiros, só menos de 3% é que têm estes comportamentos muito frequentemente ou às vezes e só há 6,2% que foram presos pela polícia. Opinião de Jovens sobre o Serviço Comunitário A esmagadora maioria dos jovens não participam no serviço comunitário xiv e em outras actividades. As actividades preferidas dos jovens não são as relativamente sérias, tais como palestras, orientação para a realização de trabalho de casa, etc, mas sim as actividades recreativas, tais como o acampamento, excursão, navegação pela Internet, etc. Este fenómeno está relacionado com a causa principal por que optam pela actividade: quase 80% deles participam em actividades não com o objectivo de aumentar o seu próprio valor, mas para matar o tempo divertindo-se ou para travar amizade. Os jovens inquiridos manifestaram que a maioria das comunidades não tinham suficientes instalações públicas, faltando especialmente as de desporto e de recreação, como por exemplo, o campo de patinagem no gelo, campo de patinagem na tábua, campo de bicicletas artísticas, sala de desporto, etc. Além disso, ainda manifestaram que os serviços como “preparação da relação dirigente-dirigido/inter-pessoal”, “aconselhamento emocional/psicológico” e “orientação profissional” eram os mais insuficientes. Metodologia de Pedido de Apoio Ao encontrar-se em dificuldades, os jovens costuma pedir apoio, em primeiro lugar, a amigos e, em segundo lugar, a colegas de estudo, ou a resolvê-las com o seu próprio esforço. O número dos que pedem apoio aos pais e aos professores ocupam respectivamente menos de 50% e menos de 20% do total. O inquérito mostra que os jovens inquiridos obtêm conhecimentos sexuais principalmente através de amigos, colegas de estudo, caricatura, revista, jornal, televisão e rádio; às vezes também através de professores. Situação de Vida de Encarregados de Educação Estado Psicológico Individual Os encarregados de educação inquiridos sentem que a sua pressão vem principalmente do emprego e da receita, tendo a ver também com a sua relação conjugal ou com problemas de saúde. Regra geral, os problemas habitualmente encontrados por eles não são numerosos. Família A maioria dos encarregados de educação permanecem em casa a xv acompanhar os filhos durante a noite, mas geralmente só jantam e vêm filme junto com eles; os que podem trocar ideias com filhos ou prestar-lhes apoio espiritual ocupam menos de 30% do total. Há um fenómeno que merece atenção: muitos encarregados de educação expressaram que conversavam sincera e frequentemente com seus filhos, mas entre estes o número dos que têm a opinião idêntica à dos seus encarregados de educação é evidentemente menor. Além disso, o inquérito mostra que quanto mais tempo estiverem com os filhos e trocarem ideias com estes, menores são os problemas encontrados pelos jovens. Problemas com os Filhos Mais de 80% dos encarregados de educação preocupam-se mais com a classificação escolar dos seus filhos e com o tipo de amizades com elementos nocivos. Como muitos encarregados de educação opinam que a classificação escola é o factor importante que afecta o crescimento dos seus filhos, 60% deles julgam que é necessário realizar mais orientações do estudo na área escolar e 50% consideram que o objectivo principal de permitir aos seus filhos participarem em actividades comunitárias consiste em melhorar a sua classificação escolar, o que reflecte que eles desatendem o desenvolvimento dos seus filhos noutros aspectos. Metodologia de Pedido de Apoio 60% dos encarregados de educação expressaram quando encontram dificuldades, costumam pedir apoio ao cônjuge e só cerca de 5% disseram que pediam apoio a assistentes sociais quando se encontravam em dificuldades. Análise sobre Comportamentos Desviantes/ Delinquentes Comportamento Desviante O comportamento desviante dos jovens inquiridos tem uma relação estreita com o “contacto com amigos das sociedades secretas” e com o seu comportamento delinquente, o que mostra que quanto mais comportamentos desviantes, maior é o contacto com amigos das sociedades secretas e são mais os comportamentos delinquentes, ou vice-versa; quanto mais influências negativas dos jovens pelos seus amigos são ou quanto mais amigos com o pano de fundo das sociedades xvi secretas têm, mais comportamentos desviantes perpetram, ou vice-versa. Além do mais, os comportamentos desviantes por parte dos jovens estão também relacionados, em certa medida, com os problemas de terem sido presos ou não pela polícia, de terem sido condenados ou não pelo tribunal, se têm ou não dependência e interesse pela escola, assim como se há ou não colegas de estudo seduzindo-os a incorporar-se nas sociedades secretas. O inquérito também mostra que quanto mais conflitos familiares, mais são os comportamentos desviantes por parte dos jovens. Comportamento Delinquente Quanto mais comportamentos delinquentes têm os jovens, mais contactos têm com seus amigos na sociedade secreta e mais influenciados são por amigos de modo negativo ou mais amigos com o pano de fundo das sociedades secretas têm. O inquérito também mostra que a delinquência juvenil apresenta uma razão directa com o problema de terem sido presos ou não pela polícia ou de terem sido condenados ou não pelo tribunal. Os jovens que têm comportamentos delinquentes, têm habilitações académicas relativamente baixas. Quanto mais comportamentos delinquentes têm os jovens, mais conflitos familiares têm e mais apoio pedem a outras pessoas excluindo os familiares, amigos, professores ou assistentes sociais, quando se deparam com problemas. Problema de Terem Sido Presos pela Polícia O problema dos jovens terem sido presos ou não pela polícia está estreitamente relacionado com o problema de terem sido condenados ou não pelo tribunal. Entre os jovens que foram presos pela polícia, quase 80% são do sexo masculino, com habilitações académicas geralmente baixas, pertencentes na sua maioria a famílias monoparentais, tendo cometido muitos deles comportamentos desviantes ou delinquentes. Estes jovens são mais susceptíveis de serem influenciados por amigos de modo negativo, têm mais amigos geralmente com o pano de fundo das sociedades secretas e mais contactos com estes elementos, mas têm menos dependência e interesse pela escola, onde há bastantes colegas de estudo que os seduzem a incorporar-se na roda do crime. O que é interessante é que quando encontram problemas, pedem com maior frequência a assistentes sociais que os ajudem do que a colegas de estudo, o que reflecte o importante papel que os assistentes sociais desempenham quando estes jovens se encontram em crise. xvii Ter sido Condenado ou não pelo Tribunal 85% dos jovens condenados pelo tribunal são do sexo masculino. “Os comportamentos desviantes”, “contactos com amigos das sociedades secretas” e “comportamentos delinquentes” são mais frequentes do que os dos que só foram presos pela polícia. Posição Socio-económica dos Pais Os dados mostram que além do tipo de habitação dos pais, que tem certa relação com o comportamento delinquente de filhos, este não tem relação clara com outros aspectos da posição socio-económica dos pais, o que mostra que a posição socio-económica dos pais não influi directamente o comportamento dos filhos. (C) Principais Tipos do Serviço Juvenil em Macau O actual serviço juvenil em Macau divide-se principalmente em três tipos: O serviço juvenil a cargo do Governo, o serviço juvenil a cargo de instituições particulares com a promoção e apoio financeiro do Governo, e o serviço juvenil a cargo de instituições particulares. Serviço Juvenil a Cargo do Governo Por este serviço responsabilizam-se a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), o Instituto de Acção Social (IAS) e a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). O serviço juvenil a cargo da DSEJ é de carácter de desenvolvimento; o serviço juvenil a cargo do IAS, de carácter de prevenção da violação de regras e de carácter orientador; o serviço juvenil a cargo da DSAJ, de carácter de correcção e de prevenção de recaída. O Conselho da Juventude é responsável pela apresentação de pareceres relativos à política juvenil. Serviço Juvenil a Cargo de Instituições Particulares com a Promoção Activa e Apoio Financeiro do Governo Através da assinatura de acordos de cooperação, da prestação de apoio técnico ou apoio financeiro e da cedência de instalações, equipamentos xviii ou materiais, o IAS colabora com instituições particulares de Macau para abrir lares de crianças e jovens. O IAS também presta apoio financeiro a instituições particulares de solidariedade social para a promoção do serviço de apoio extensivo ao exterior. Além da gestão dos seus próprios centros juvenis e da organização de cursos de formação dos assistentes sociais escolares, a DSEJ também presta apoio financeiro a instituições particulares no seu desenvolvimento do serviço de aconselhamento na área escolar e na sua extensão do serviço de acção social escolar para as escolas secundárias e primárias privadas. Serviço Juvenil a Cargo de Instituições Particulares Nas décadas passadas, a intervenção das associações, sindicatos e organizações religiosas no serviço de assistência social de Macau era mais frequente do que a do Governo, razão por que o serviço juvenil não era conduzido pelo Governo, mas pelas instituições particulares. Durante o domínio colonial no passado, o desenvolvimento do serviço juvenil era lento, tendo que depender das instituições particulares para a organização espontânea de diversas actividades. Mas, devido ao acondicionamento de recursos e conhecimentos especializados, a maioria das actividades desenvolvidas eram recreativas e lúdicas. Dificuldades Encaradas pelo Serviço Juvenil Segundo os dados recolhidos do grupo de foco da investigação, o actual serviço juvenil de Macau enfrenta principalmente as seguintes dificuldades: z z z Os lares existentes são insuficientes para satisfazer a necessidade dos jovens internados nos mesmos; faltam também residências temporárias para jovens delinquentes que tenham saído do Instituto de Menores. O actual serviço de acção social na área escolar é insuficiente. Parte das escolas não têm plena confiança nos assistentes sociais que aí trabalham, o que dificulta muito o seu trabalho. xix z z z z z Como o problema juvenil é cada vez mais grave, o Governo deve lançar mais recursos no desenvolvimento do serviço extensivo ao exterior. Muitos trabalhadores das instituições particulares não têm recebido a formação na área de serviço social e aconselhamento especializado, razão por que têm técnicas insuficientes para prestar serviço de qualidade. As actividades realizadas pelos centros juvenis são frequentemente inconvenientes, prestando demasiada atenção ao carácter recreativo, mas desatentando a sua natureza experimental e inspiradora. O número das associações particulares é muito grande, o que torna bastante intensa a distribuição dos recursos, e perante esta situação o Governo também não tem um sistema completa de apoio financeiro ao seu desenvolvimento. No aspecto de prestação do serviço de apoio, não existe comunicação plena e coordenação eficaz entre as instituições particulares, escolas e organismos governamentais, o que conduz à sobreposição de alguns serviços e ao desperdício de preciosos recursos sociais, não dando resposta às necessidades especiais dos jovens. (D) Propostas sobre o Projecto do Serviço Juvenil As origens das dificuldades encaradas pela juventude de Macau são numerosas, cobrindo os diversos aspectos, nomeadamente, a família, a sociedade, a educação e o emprego. Todos estes aspectos ligam-se intrínseca e complicadamente, estando a influir o crescimento da juventude, e entre eles a família relaciona-se mais com o crescimento dos jovens. Por isso, o serviço juvenil deve ser desenvolvido tendo como centro a família. A Equipa de Investigação propõe a criação do Complexo de Apoio à Família e da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. As suas funções podem ser respectivamente as seguintes: xx (I) Complexo de Apoio à Família Este complexo trata-se de um centro de actividades, sediado no bairro social, tendo como objectivo prestar o serviço juvenil que se destina à família no seu conjunto, desempenhando o papel de prestador de apoio às famílias e escolas no bairro social. O centro terá um âmbito de serviço muito amplo, prestando aos utentes orientação no estudo, trabalho ou assuntos familiares, organizando diversas actividades, cujo conteúdo inclui os seguintes cinco tipos de serviço: Actividades de Desenvolvimento Juvenil Com o objectivo de permitir aos jovens estabelecerem uma boa relação familiar e inter-pessoal, os assistentes sociais estimulá-lo-ão a participarem em actividades que lhes permitam conhecer a si próprios, reforçar o sentido de brio e adquirir as técnicas de relação interpessoal. A fim de fazer com que os jovens tenham o sentido das responsabilidades sociais e capacidade de trabalho, o centro irá organizar actividades que permitam aos jovens adquirir técnicas de liderança. Além disso, o centro também irá ajudar os jovens a aprenderem como utilizar bem os tempos livres, mediante a disponibilização de uma sala de estudo e a organização de actividades recreativas. Serviço de Aconselhamento e Apoio à Juventude Através deste serviço, o centro poderá ajudar os jovens a enfrentarem e vencerem diversas dificuldades encontradas no processo do seu crescimento, elevando a sua capacidade de resolver problemas. Ainda poderá ajudar os jovens que se encontrem no ambiente desfavorável a elevarem a sua capacidade de adaptação social, fazendo com que possam encarar independentemente os mais diversos problemas encontrados nos diferentes meios ambientes. Educação sobre a Vida Familiar e Actividades entre Pai-Filho Para consolidar a função da família e prevenir o surgimento de problemas familiares, o centro organizará actividades de educação sobre a vida familiar, tais como, Workshop para encarregados de educação, curso de técnicas de comunicação entre pai-filho, etc. Outro objectivo da educação sobre a vida familiar é promover a abundante vida familiar e uma boa relação pai-filho. Através da organização de actividades pai-filho, será xxi promovida a interacção e comunicação entre os membros familiares, tornando assim mais harmoniosa a relação familiar. Serviço de Aconselhamento e Apoio à Família Para apoiar as famílias que se encontrem em dificuldades, o centro ajudá-las-á a resolverem as dificuldades através da orientação familiar, orientação individual, orientação em grupo e demais acções que visam remediar a situação. Além disso, ainda ajudará os encarregados de educação a organizarem grupos de apoio e ajuda mútua, permitindo-lhes deste modo receberem mais apoio comunitário e reforçarem a sua capacidade de tratamento da pressão e perturbação. Serviço de Apoio à Escola Além de fornecer lugares de actividade extra-escolar aos jovens estudantes, o centro poderá reforçar a cooperação entre os encarregados de educação e o corpo docente ou a escola para desenvolver actividades de formação complementar adequadas ao crescimento dos estudantes, actividades que contribuirão para o fortalecimento da sua capacidade de resistência às adversidades. (II) Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário Embora muitos jovens estejam a enfrentar dificuldades no processo do crescimento, não têm oportunidades, por diversos motivos, para utilizar as instalações de centros e receber aconselhamento ou beneficiar do serviço de assistentes sociais na área escolar. Estes jovens em crise necessitam de cuidados e serviços especiais. A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário servirá principalmente este grupo de jovens. Além de que, ainda prestará os seguintes três serviços e ajudará o IAS a executar a medida de triagem: Serviço Extensivo ao Exterior Os assistentes sociais de serviço extensivo ao exterior contactarão por iniciativa própria com os jovens que vagueiem frequentemente por locais públicos, sejam susceptíveis de serem influenciados por maus amigos e tenham comportamentos inadequados devido a diversos motivos ou motivos na ordem familiar. Através do aconselhamento individual, trabalho em grupo e trabalho comunitário, reforçarão a sua capacidade de xxii resolver problemas e de resistir às adversidades, levando-os assim progressivamente a bom caminho. Discutirão com os encarregados de educação dos jovens interessados como resolver os problemas. Sempre que necessário, poderão prestar-lhes o serviço de orientação. Escola Especial Será estabelecida a escola especial para os jovens que tenham interrompido os estudos e se encontrem à espera de emprego, aliviando assim a pressão e dificuldade surgidas por motivo da interrupção de estudos e ajudando-os a estabelecer o seu objectivo de vida. O conteúdo do serviço incluirá a educação complementar que seja necessária para a reintegração dos jovens no meio escolar, a prestação de serviços voluntários, a organização de actividades, tais como, campismo de aventura, treino em grupo, actividades para pais e filhos, etc. Além disso, a escola poderá organizar cursos de formação profissional para os jovens que se encontrem à espera de emprego, evitando que estes vaguearem por ruas e a serem aliciados pelas sociedades secretas para cometer crimes. Serviço de Apoio às Crianças e Jovens de Famílias em Crise A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário deve arraigar-se na comunidade, podendo assim descobrir oportunamente as famílias com crianças ou jovens infractores, que tenham dificuldades e necessidades especiais, e prestar aos seus pais os serviços de orientação, apoio e treino, permitindo-lhes aprenderem técnicas de como cuidar e educar os filhos e compreenderem a extrema importância da boa vida familiar e do cuidado adequado do encarregado familiar para o crescimento e desenvolvimento saudável dos filhos. Apoio à Execução da Medida de Triagem A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário também poderá apoiar as autoridades a praticar a medida de triagem de alguns jovens delinquentes do sistema judiciário. (III) Medidas de Triagem Além dos supracitados dois modelos de apoio social, a Equipa de Investigação ainda propõe as seguintes três medidas de triagem, a fim de identificar jovens delinquentes do sistema criminal e judiciário e xxiii apoiá-los a reformarem-se na comunidade. Estas três medidas de triagem são: a Admoestação Policial, o Serviço de Apoio Comunitário e a Reunião do Grupo Familiar. Admoestação Policial No tratamento dos jovens que tenham transgredido a lei pela primeira vez e de modo ligeiro, a polícia poderá não entregá-los imediatamente ao Ministério Público e ao Tribunal de Menores, mas sim admoestá-los primeiramente, no sentido de lhes dar uma oportunidade de se corrigirem e evitar que este grupo de jovens seja posto em destaque, eliminando os efeitos negativos assim causados. Serviço de Apoio Comunitário Além da execução da supracitada medida, a polícia também poderá transferir os jovens acima referidos para a comunidade, onde eles poderão beneficiar do projecto do Serviço de Apoio Comunitário, recebendo o aconselhamento comunitário e participando em diversas actividades de educação e formação, com a finalidade de fazer com que os participantes possam compreender gradualmente os seus erros e comportamentos transgressores, aprender a dominarem-se e a encarar a pressão e sedução dos maus amigos, e determinarem-se a emendarem-se para começar uma vida nova. Quando necessário, também poderão ser convidados os encarregados de educação para participar neste projecto de serviço. Reunião do Grupo Familiar Este tipo de serviço realçará a participação conjunta dos jovens transgressores e seus familiares, vítimas, apoiantes e outras pessoas interessadas no projecto de reabilitação, visando remediar a ferida causada pelos delinquentes às vítimas e promover as diversas partes a reunirem-se para construir uma sociedade magnânima e indulgente. Os jovens que tenham transgredido a lei poderão prestar serviços às vítimas e à sociedade para remediar e dar novos contributos, de maneira a que possam aprender a adquirir o sentido das responsabilidades e a respeitar a lei. Execução da Medida de Triagem Na execução das medidas de triagem acima mencionadas, o Instituto de Acção Social, a Polícia e o Ministério Público desempenharão xxiv respectivamente as seguintes funções importantes: z O Instituto de Acção Social será responsável pela coordenação do Serviço de Apoio Comunitário e da Reunião do Grupo Familiar, e a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário ajudará a executar as medidas. z A Polícia poderá admoestar, na medida do possível, os jovens que tenham cometido crimes ligeiros e, com base nisto, transferi-los para a comunidade onde receberão o Serviço de Apoio Comunitário, a fim de reduzir o trabalho de tratamento do Ministério Público. z O Ministério Público poderá pensar executar as medidas de triagem antes do tratamento do tribunal, transferindo os jovens delinquentes para a comunidade onde receberão o Serviço de Apoio Comunitário ou participarão na Reunião do Grupo Familiar, em vez do tratamento do tribunal. z O Tribunal de Menores também poderá transferir, no momento adequando, os jovens delinquentes para a comunidade onde receberão o Serviço de Apoio Comunitário ou participarão na Reunião do Grupo Familiar, em vez do tratamento do tribunal. (IV) Outras Propostas Para promover os modelos de apoio social e medidas de triagem acima mencionadas, a Equipa de Investigação têm ainda as seguintes propostas relacionadas: Estratégia sobre a Promoção do Serviço Complexo z O Complexo de Apoio à Família e a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário devem funcionar seguindo o modelo de apoio social acima referido, evitando demasiada dispersão dos serviços. Poderão ser criados em cada comunidade uma rede juvenil e familiar, um banco de dados e um depósito de conhecimentos, facilitando-se a prestação do serviço de aconselhamento e apoio eficaz. z Cada bairro social só tem uma instituição particular ou organismo governamental que se responsabiliza pelo funcionamento do Complexo de Apoio à Família e da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário, designando-se respectivamente um chefe inspector que xxv seja responsável pela inspecção da prestação de todos os serviços. z É necessário lançar mais recursos naquelas zonas com maiores necessidades e procuras. Ao fundar o contingente de serviço, é necessário ter em conta não só o total da população de cada zona, mas também o número dos jovens na zona, a intensidade populacional, a criminalidade juvenil, características comunitárias e outros factores relacionados. z Ao elaborar a norma do serviço, é necessário ter como objectivo a necessidade e procura do serviço, sendo conveniente consultar as normas do serviço estabelecidas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude para os assistentes sociais escolares, que poderão também ser normas do Complexo de Apoio à Família e da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. Segundo esta disposição, cada assistente ou orientador deve tratar pelo menos 45 casos por ano, dos quais, pelo menos, 10 devem ser tratados com êxito no fim do ano; devem ser organizadas anualmente, pelo menos, 40 actividades relacionadas com o aconselhamento ou apoio; devem ser atendidas pelo menos 250 pessoas que venham pedir informações. Também poderão ser tomadas como referência as normas definidas pelo Instituto de Acção Social para o serviço de apoio extensivo ao exterior, ou seja, cada assistente social tem que tratar anualmente 50 casos, dos quais 10 devem ser bem sucedidos; durante o ano devem ser organizadas oito actividades. z No que diz respeito ao apoio financeiro, poderá ser adoptado o modelo de atribuição de um subsídio de uma vez só, subsídio que se destina ao pagamento do vencimento dos empregados e das despesas de actividades. Entre os empregados do Complexo, deve haver um chefe inspector com experiências e qualificações especializadas; a proporção entre o chefe inspector e os trabalhadores competentes na linha da frente deve ser de 1:10. Formação Sistemática É necessário organizar cursos de formação adequados para o pessoal interessado, para corresponder à necessidade da realização dos supracitados diversos novos serviços e medidas. xxvi Avaliação É necessário estudar e avaliar periodicamente os novos serviços acima referidos, para verificar o sucesso destes serviços no meio ambiente da cultura específica de Macau e conhecer as dificuldades a enfrentar no processo da sua execução e tomar novas medidas para melhorar a qualidade de serviço e alcançar melhores resultados. Coordenação do Serviço a Nível de Bairro Social É necessário realizar periodicamente a “Reunião de Coordenação do Serviço” em cada comunidade, com a participação das entidades de serviço aos jovens, para a avaliação da necessidade do bairro social em causa e a troca de impressões sobre o plano de actividades e estratégia de desenvolvimento, alcançando o objectivo de utilizar eficazmente os recursos sociais. Criação de Novos Lares Tipo de Casa para Ajudar Jovens Delinquentes É necessário escolher lugares adequados para criar mais lares pequeno os ou de tipo de casa, fazendo com que os jovens delinquentes sem apoio familiar tenham temporariamente, na comunidade, um ambiente de vida protegido, cheio de calor e apoio sentimental, depois da sua saída do Instituto de Menores. Coordenação Administrativa dos Serviços Governamentais Relacionados O Instituto de Acção Social talvez necessite de aumentar pessoal extra ou ampliar suas funções para poder tratar da melhor forma os assuntos interessados. A Polícia também necessita de escolher algumas polícias especialmente responsáveis pelo tratamento dos jovens delinquentes, ou de criar alguns grupos de aconselhamento juvenil especialmente responsáveis pela admoestação policial e pela transferência relacionada. Revisão do Processo Judiciário Além de avaliar a viabilidade da supracitada medida de triagem e dos detalhes do seu funcionamento, as autoridades ainda devem pensar se for necessário rever a legislação em vigor, a fim de desenvolver um sistema judiciário para juventude, que seja adequado à política, sociedade e cultura de Macau, e definir os respectivos objectivos e normas. xxvii Capítulo I Projecto da Investigação 1.1 Prefácio O problema juvenil de Macau, incluindo especialmente o valor de desvio o comportamento transgressor e o fenómeno delinquente dos jovens marginalizados, cuja natureza se torna cada vez mais grave, preocupa muito a sociedade. Tendo em conta que a prestação de apoio aos jovens que não se adaptam à sociedade e se encontram em crise é a responsabilidade fundamental da família, da sociedade e do governo, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) convidou o Gabinete de Investigação Juvenil da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade da Cidade de Hong Kong (City University of Hong Kong) para realizar uma investigação sistemática e profunda dos respectivos problemas, cuja finalidade é definir o objectivo da política futura, planificar o serviço juvenil e elaborar o projecto de desenvolvimento concreto e directivo em questão. 1.2 Objectivo da Investigação I. Analisar o valor de desvio e a situação, características, motivos e tendência da acção transgressiva de jovens da RAEM; II. Investigar a situação de vida e a necessidade dos jovens marginalizados da RAEM; III. Avaliar os diversos serviços de apoio prestados aos supracitados jovens da RAEM e seus resultados; IV. Apresentar propostas sobre a princípio, política e planificação do serviço juvenil de Macau, sobretudo relativas ao seu desenvolvimento futuro, modelo de planificação, mecanismo de funcionamento e distribuição de recursos. V. Apresentar pareceres sobre os serviços relacionados prestados pelo Instituto de Acção Social do Governo da RAEM. 1.3 Etapas da Investigação A presente Investigação realizou-se através das seguintes três etapas e cinco investigações independentes: 1.ª etapa – Investigação I: Inquérito sobre a Situação de Vida dos Jovens de Macau; Investigação II: Inquérito sobre a Situação de Vida dos Jovens de Rua e dos Internados em lares de Macau; 1 Investigação III: Inquérito sobre as Opiniões de Encarregados de Educação Relativamente ao Serviço Juvenil de Macau 2.ª etapa – Investigação IV: Inquérito sobre as Opiniões de Prestadores do Serviço Juvenil; 3.ª etapa – Investigação V: Inquérito sobre as Opiniões dos Dirigentes e Decisores das Instituições Dedicadas a Este Serviço. A investigação destas três etapas foi efectuada respectivamente através do questionário, fórum, grupo de foco e entrevista. A 1.ª etapa incluiu as Investigações I, II e III, realizadas por meio de questionário. A 2.ª etapa foi a Investigação IV, realizada através do fórum sobre o serviço juvenil. A 3.ª etapa foi a Investigação V, realizada através do grupo de foco e da entrevista com dirigentes e decisores das instituições do serviço juvenil, que expressaram muitas opiniões originais e úteis para a nossa análise. Figura 1.1 Projecto da Investigação Objectivo da Investigação I Investigação I 1.ª etapa: Inquérito por questionário Investigação II Objectivo da Investigação II Investigação III Objectivo da Investigação IIII Investigação IV Objectivo da Investigação IV Objectivo da Investigação V Investigação V 2 2.ª etapa: Fórum sobre o Serviço Juvenil 3.ª etapa: Grupo de foco e entrevista 1.4 1. ª Etapa – Inquérito por Questionário 1.4.1 Objectivo da investigação da 1.ª etapa I. Analisar o valor de desvio e a situação, características, motivos e tendência de comportamentos transgressores dos jovens da RAEM; II. Investigar a situação de vida e a necessidade de serviço dos jovens marginalizados da RAEM; III. Apresentar pareceres sobre os serviços relacionados, prestados pelo Instituto de Acção Social do Governo da RAEM. 1.4.2 Tiragem de amostras e recolha de dados Em 10 de Abril de 2002 teve lugar uma reunião em que se apresentou resumidamente a todas escolas secundárias de Macau a presente Investigação a realizar principalmente através do inquérito por questionário, tendo sido convida a participação activa e a coordenação por parte de escolas. Mais tarde, em Abril e Maio, com o método de tiragem aleatória de amostras foram convidadas 70% a 80% das escolas secundárias a tempo inteiro de Macau para ser inquiridos por questionário. Finalmente, 20 destas escolas (no total 21 unidades escolares) receberam com êxito o inquérito, ocupando 51,3% do total das escolas secundárias de Macau. No fim do inquérito, a Equipa de Investigação recuperou 3.118 questionários (Tipo A) dos estudantes inquiridos, dos quais 4 foram inválidos e os restantes 3.114 válidos que poderiam ser usados na análise. Entretanto, foram recuperados 2.521 questionários de encarregados de educação, dos quais 9 foram inválidos e os restantes 2.512 válidos poderiam ser usados como dados complementares na análise dos questionários de estudantes. Na presente Investigação todos os inquiridos eram estudantes, dos quais a maioria tinha entre os 11 e os 19 anos de idade. Entre os dados recolhidos, há alguns fornecidos por estudantes entre os 20 e os 21 anos de idade. Além disso, os jovens internados em lares, os de rua e os que interromperam os seus estudos, cujas idades oscilavam entre os 11 e os 19 anos, foram também objectos da presente Investigação. Entre Julho e Setembro de 2002, todos os jovens que tinham as idades acima referidas e se encontravam no Estabelecimento Prisional de Macau, no Instituto de Menores ou nos lares de crianças e jovens também foram convidados para receber o inquérito por questionário. Foram conseguidos no total 284 questionários deste tipo, dos quais 15 foram de inquiridos com idades inferiores a 11 anos, 3 inválidos e os restantes 266 válidos. Quanto aos jovens de rua ou aos que interromperam os seus estudos, com o apoio do Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui e do Departamento de Reiserção Social, foram convidados estes tipos de 3 jovens que correspondiam à condição de idade acima mencionada para preencher os questionários. No final foram conseguidos com êxito 158 questionários preenchidos (dos quais 2 foram inválidos). Para comparar os dados dos dois grupos respectivamente respeitantes aos estudantes do ensino secundário inquiridos e aos jovens internados no lar, jovens de rua e que interromperam os seus estudos, a Equipa de Investigação estudou cuidadosamente a diferença entre os dados sobre os estudantes do ensino secundário inquiridos entre os 11 e os 19 anos de idade e os dados sobre os jovens internados no lar, jovens de rua e que interromperam seus estudos, todos estes inquiridos tinham a mesma idade que os ditos estudantes do ensino secundário. 1.4.3 Processo de recolha dos dados 1.4.3.1 Questionários para estudante do ensino secundário (Questionário A) ou para o encarregado de educação (Questionário B) a. O questionário foi recolhido depois de ter sido preenchido pelo próprio inquirido; b. Foi adoptado o método de tiragem aleatória para determinar as turmas a inquirirem numa escola que tinha recebido o inquérito; c. O investigador distribuiu os questionários pela turma determinada. Um exemplar de questionário incluía duas partes - parte A e parte B, mas com o mesmo número de ordem; d. A parte A foi preenchida pelo próprio estudante inquirido e foi colocada na caixa de recolha depois de ter sido bem preenchido; a parte B foi levada pelo estudante para casa para ser preenchida pelo encarregado de educação, e três dias depois, quando bem preenchido, foi trazido de regresso à escola e colocado na caixa indicada; e. Como todos os questionários A e B levavam determinados números ordenados, a fim de evitar que o estudante temesse a revelação dos seus dados de identificação, o questionário foi tirado voluntariamente por ele próprio. 1.4.3.2 Questionários para jovem internado no lar, para jovem de rua ou para jovem que abandonou os estudos (Questionários C a H) a. O questionário foi recolhido depois de ter sido preenchido pelo próprio inquirido; b. Como parte dos jovens de rua inquiridos tinham o nível cultural baixo, os questionários para esta parte de jovens inquiridos foram preenchidos com a ajuda de assistentes sociais da Equipa de Serviço Extensivo ao Exterior. 4 1.4.4 Inquérito experimental por questionário O inquérito experimental por questionários A e B teve lugar em Março de 2002. De entre as escolas secundárias da RAEM foi seleccionada de modo aleatório uma escola secundária a tempo inteiro para que recebesse o inquérito experimental. No final foram conseguidos com êxito 202 questionários para estudantes do ensino secundário (do 1.º ano do curso secundário geral ao 2.º ano do curso secundário complementar) e 136 questionários para encarregado de educação desse grupo de estudantes. O resultado deste inquérito experimental contribuiu para o aperfeiçoamento do questionário oficial, mas não se incluiu na análise da investigação oficial posterior. O inquérito experimental, por questionário, a jovens internados no lar, jovens de rua e os que interromperam os seus estudos, tomando como alvo os jovens acompanhados pelo Departamento de Reinserção Social, realizou-se em Julho de 2002. Conseguidos 12 questionários, o resultado deste inquérito experimental também não se incluiu na análise da investigação oficial posterior. 1.4.5 Elaboração do questionário Foram elaborados 8 tipos de questionário para a presente Investigação, conforme as diferentes situações dos inquiridos. Mapa 1.1 Tipos de questionário Tipos de Alvos questionário Questionário A Estudantes do ensino secundário Questionário B Encarregados de educação dos estudantes do ensino secundário Questionário C Jovens de rua Questionário D Jovens internados no lar de crianças e jovens Questionário E Jovens no Estabelecimento Prisional Questionário F Jovens acompanhados pelo Departamento de Reinserção Social Questionário G Jovens internados no lar do Instituto de Menores (semi-internamento) Questionário H Jovens internados no lar do Instituto de Menores (internamento) 5 1.4.5.1 Questionário para estudante do ensino secundário (Questionário A) O questionário A tem 151 questões, das quais 21 se referem aos dados de identificação, incluindo o “tipo de habitação”, “situação de habitação”, “zona de residência”, “Com quem vive?”, “tempo de conversa com os pais”, “relação matrimonial dos pais”, “situação de alojamento do pai noutro local”, “situação de alojamento da mãe noutro local”, “habilitação académica dos pais”, “profissão dos pais”, “receita familiar mensal”, “A família tem dificuldades económicas?”, “A família recebe o subsídio do Governo?”, “Você já foi preso pela polícia?” e “Você já foi condenado pelo tribunal?”. Além do mais, inclui ainda o “sexo”, “crença religiosa”, “data de nascimento”, “lugar de nascimento”, “anos de residência em Macau” e “ano em que estuda” do próprio estudante. Além de tudo acima referido, o questionário ainda tem o conteúdo referente às seguintes seis áreas consideradas como factores de análise da crise e protecção dos jovens interessados: a. Comportamento; b. Estado psicológico; c. Família; d. Amigo; e. Escola; f. Esperança sobre o serviço juvenil. Figura 1.2 Áreas de análise de factores de crise e protecção Dependência e interesse pela escola Família Pano de fundo individual Comportamentos desviantes e delinquentes Estado psicológico Amigos Comportamento O comportamento dos jovens foi medido através de 37 questões, em que estão incluídos conteúdos de três aspectos: comportamento geral; 6 comportamento desviante; comportamento delinquente. Foi tomado o número das vezes da prática destes comportamentos nos últimos três meses para a avaliação da situação do comportamento desviante e do delinquente. O questionário foi concebido com base nos dados relacionados de Hong Kong e de outros países (consultando sobretudo Baldry & Farrington, 2000; Hong Kong Council of Social Service, 1998; Soldz & Cui, 2001; Wong Seng Weng, Cheang Hon Kuong, 2000 ). Estado psicológico Inclui três aspectos: Avaliação de auto-capacidade, sentido de brio e pressão. A avaliação da auto-capacidade foi efectuada com base nos dez ítens expostos na versão chinesa da obra Self efficacy, actualizada por Schwarzer et al. em 1997. A avaliação do “sentido de brio” baseou-se nos oito ítens que compõem a escala “GS” (GS Scale) que Cheang Hon Kuong definiu na sua obra “Chinese Adolescent Self Esteem Scales (CASES)” (Cheng, 1997, 1998). Alem disso, a Equipa de Investigação projectou independentemente uma questão para conhecer a situação geral da pressão que sentia o inquirido e outras treze questões para explorar origens da pressão, cuja escala só seria contada segundo estas treze questões. Família A família foi avaliada através de três aspectos: apoio do encarregado de educação, modelo educativo adoptado pelos pais e conflito familiar. Por “apoio do encarregado de educação” designa-se a situação de apoio sentimental e técnico dos pais que o inquirido sente subjectivamente. Esta avaliação foi realizada com base na consulta dos doze pontos projectados por Wills et al. em 1992 e actualizados por ele em 1996, dos quais 5 referem-se ao apoio sentimental e os restantes 7, ao apoio técnico. O “modelo educativo adoptado pelos pais”, foi avaliado com base no Parental Authority Questionnaire, PAQ, projectado por Buri em 1991 e nos “quatro tipos do modelo educativo dos pais”, determinados por Baumrind (em 1971) que são: o “permissivo” (permissive), o “autoritário” (authoritarian), o “autoritativo” (authoritative) e o “negligente” (neglectful), incluindo-se no total doze questões, das quais quatro se referem respectivamente ao tipo “autoritário” e ao “autoritativo” ; três, ao “permissivo”; um, “negligente”. O “conflito familiar” foi avaliado através de três questões independentemente projectadas, o que permitiu conhecer a situação de harmonia e violência da família do inquirido. Amigos Este tema inclui quatro aspectos: “relação com os amigos”, “influência 7 negativa dos amigos”, “influências positivas dos amigos” e “tipos de amigos”. A “relação com os amigos” foi medida através de cinco questões, das quais três foram tiradas da Intimate Friendship Scale, projectada por Sharabany (em 1994) e as restantes duas, independentemente projectadas. A “influência negativa dos amigos” foi medida através de três pontos tirados do resultado dos estudos, projectados por Dalton (em 1999) e por Dielman et al. (em 1987). A “influência positiva dos amigos” e os “tipos de amigos” foram medidos respectivamente através de duas questões propriamente projectadas. Escola Este tema visava principalmente pesar o grau de “dependência e interesse pela escola” do inquirido. A avaliação foi efectuada através das treze questões tiradas da School Attachment-Commitment Scale, projectada por Simcha-Fagan & Schwartz (em 1986) e outras duas questões propriamente projectadas. Ao avaliar o “comportamento desviante”, também foi adoptada uma questão incluída na dita School Attachment-Commitment Scale. Esperança sobre o serviço juvenil Este tema foi inquirida através de cinco questões propriamente projectadas. A esperança sobre o apoio ao tratamento de problemas foi conhecida através de três questões. Quanto ao canal de aquisição de conhecimentos sexuais, foi apurado através de uma questão. 1.4.5.2 Questionários para jovem internado no lar, para jovem de rua e para jovem que abandonaram estudos escolares (Questionários C a H) O conteúdo destes questionários é basicamente igual ao do questionário A, tendo mudado a sua parte conforme os panos de fundos diferentes dos diversos tipos de inquiridos. Por exemplo, quanto aos problemas relativos ao “comportamento geral”, “comportamento desviante”, “comportamento delinquente”, “conflito familiar”, “dificuldade económica”, “recepção do subsídio do Governo”, “participação em actividades do centro comunitário/centro de crianças ou jovens” e “contacto com amigos das sociedades secretas”, os questionários para estudante do ensino secundário, para jovem do lar de crianças e jovens e para jovem de rua exige respostas sobre a situação dos “últimos três meses”, enquanto que os questionários dirigidos ao Departamento de Reinserção social, ao Instituto de Menores e ao Estabelecimento Prisional de Macau exigem respostas sobre a situação de “antes do cometimento último de crime ”. Quanto ao problema relativo à “pressão”, os questionários para estudantes 8 do ensino secundário, para jovens do lar de crianças e jovens e para jovens de rua exigem respostas sobre a sua “última” situação, enquanto que os questionários dirigidos ao Departamento de Reinserção social, ao Instituto de Menos e ao Estabelecimento Prisional de Macau exigem respostas sobre a situação de “antes do último cometimento de crime”. Além do acima referido, referindo-se às questões relativas ao “apoio sentimental dos pais”, “apoio técnico dos pais”, “modelo educativo dos pais”, “tempo de conversa entre pai-filho”, “alojamento dos pais noutro local”, “estado civil dos pais”, “relação com o amigo”, “influência negativa do amigo”, “Tem amigo na sociedade secreta?”, “Tem sido seduzido por algum colega de estudo na escola para se incorporar nas sociedades secretas?”, “dependência e interesse pela escola”, “Tem pedido apoio de assistentes sociais?”, “A quem costuma pedir apoio quando encontra algum problema?”, os questionários dirigidos ao Departamento de Reinserção Social, ao Instituto de Menores e ao Estabelecimento Prisional de Macau exigem respostas sobre a situação de “antes do último cometimento de crime”, enquanto que o questionário para estudantes do ensino secundário, para jovens do lar de crianças e jovens ou para jovens de rua exigem respostas sobre a sua situação actual ou de sempre. Se no acto de preenchimento do questionário, os inquiridos dos lares ou jovens de rua, tivesse deixado a escola já não andavam na escola, deveriam dar respostas sobre a sua situação quando era estudante. Ao referir-se à questão “Com quem vive?” (questão incluindo “Vive ou não com os pais?”, o questionário dirigido ao lar de crianças e jovens exige a resposta sobre a situação de “antes do internamento no lar”; o questionário dirigido ao Departamento de Reinserção Social, ao Instituto de Menores e ao Estabelecimento Prisional de Macau exige a resposta sobre a situação de “antes do último cometimento de crime”; o questionário para estudantes do ensino secundário ou para jovem de rua só exige a resposta sobre a situação actual. 1.4.5.3 Questionário para encarregado de educação (Questionário B) Este questionário tem 45 questões, das quais 18 referem-se aos dados de identificação, incluindo o “tipo de habitação”, “situação de habitação”, “zona de residência”, “Com quem vive?”, “estado civil”, “religião”, “lugar de nascimento”, “tempo (n.º dos anos) de residência em Macau”, “receita mensal da família”, “A família tem dificuldades económicas?”, “A família tem recebido subsídio do Governo? ”, assim como a “idade”, “habilitação académica”, “profissão” do inquirido e do cônjuge, e a situação do “alojamento dos pais noutro local”. Além de todo isso, ao entregar o questionário preenchido, era preciso notar a relação entre o 9 inquirido e o estudante que entregou o questionário, como por exemplo, mãe e filho ou outra relação. Além do mais, o conteúdo do questionário ainda inclui as seguintes áreas: Estado psicológico No questionário para encarregado de educação, o “estado psicológico” engloba 18 ítens, incluindo o “sentido de brio” e a “pressão”. Este questionário é concebido com base no conteúdo do questionário A, tendo sido introduzidas alterações em função do papel dos encarregados de educação/tutor. Relação com filhos No questionário há dois pontos referentes à relação entre o inquirido e os filhos: um é o tempo de conversa entre pai-filho; outro, actividades realizadas na altura em que os pais e os filhos andam juntos. Problemas com filhos Quanto a este tema, há três questões propriamente projectadas: “Quais são os problemas relativos aos filhos com que você se preocupa mais?” ; “Quais são os factores que afectam mais o crescimento dos filhos?”; “Quais suas esperanças sobre o serviço juvenil?” Outros conteúdos referem-se aos seguintes aspectos: esperança sobre o desenvolvimento de actividades comunitárias, compreensão sobre o trabalho dos assistentes sociais, canais de pedido de apoio, métodos de tratamento de problemas, etc. Todas as questões propriamente projectadas nos supracitados diversos questionários foram determinadas através de consultas com diversas partes, tendo-se adoptado, sobretudo, as propostas do Instituto de Acção Social e da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. 1.5 2.ª Etapa – Inquérito sobre as Opiniões de Prestadores do Serviço Juvenil 1.5.1 Objectivo da investigação da 2.ª etapa I. Avaliar os diversos serviços actualmente prestados aos jovens marginalizados na RAEM e os seus resultados; II. Apresentar propostas sobre a política, orientação e planificação do serviço juvenil, nomeadamente respeitantes ao seu desenvolvimento futuro, modelo de planificação, mecanismo de funcionamento e 10 distribuição de recursos; III. Apresentar pareceres sobre os serviços relacionados que presta o Instituto de Acção Social do Governo da RAEM. 1.5.2 Tiragem de amostras e recolha de dados O presente inquérito sobre as opiniões de fornecedores do serviço juvenil foi feito através da realização de um fórum sobre o serviço juvenil. Este fórum, intitulado “Fórum sobre o Projecto de Desenvolvimento do Serviço Juvenil da RAEM”, foi organizada pela Equipa de Investigação na biblioteca internacional da Universidade de Macau, em 29 de Junho de 2002 (sábado), com a coordenação do Instituto de Acção Social e da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça da RAEM, e da Universidade de Macau, e com a participação dos representantes de todas as instituições governamentais e não governamentais, dedicadas ao serviço juvenil, que foram convidadas. Na reunião os representantes discutiram a situação actual dos jovens de Macau e as dificuldades e desafios que o serviço juvenil enfrentava, assim como a concepção, orientação de investigação e o pano de fundo teórico da “Investigação sobre o Problema Juvenil e o Projecto de Desenvolvimento do Serviço Juvenil na RAEM” . O fórum durou um dia; tanto de manhã como à tarde realizaram-se palestras e discussões em grupo. O tema principal de manhã era “Apresentação da ‘Investigação sobre o Problema Juvenil e o Projecto de Desenvolvimento do Serviço Juvenil na RAEM’ e a Actual Situação e Perspectiva do Serviço Juvenil de Macau”; o tema principal à tarde era “Ver o Serviço de Apoio aos Jovens Marginalizados e Delinquentes em Macau, por Experiências Internacionais”. Tendo por objectivo recolher opiniões, o fórum decorreu através da discussão, em grupos, dos trabalhadores juvenis. A discussão de manhã concentrou-se na importância do serviço juvenil geral, referindo-se ainda a desafios, oportunidades, estratégia e orientação do serviço juvenil de Macau; a discussão à tarde concentrou-se no problema “Como prestar serviços aos jovens marginalizados e aos delinquentes?”, referindo-se também a desafios, oportunidades, estratégia e orientação do serviço de apoio a esta parte de jovens. Assistiram ao Fórum 136 pessoas, incluindo 67 dirigentes governamentais e funcionários públicos, 38 representantes das instituições particulares, 8 estudiosos dos círculos académicos, 20 estudantes universitários e 3 trabalhadores da comunicação social. Além disso, de manhã e à tarde ainda havia respectivamente 98 pessoas e 60 pessoas que participaram nas discussões de 15 grupos. 11 1.6 3.ª Etapa – Inquérito sobre as Opiniões de Dirigentes e Decisores das Instituições de Serviço Relativamente ao Serviço Juvenil 1.6.1 Objectivo da investigação da 3.ª etapa I. Avaliar os diversos serviços actualmente fornecidos aos jovens marginalizados na RAEM e os seus resultados; II. Apresentar propostas sobre a política, orientação e planificação do serviço juvenil, nomeadamente respeitantes ao seu desenvolvimento futuro, modelo de planificação, mecanismo de funcionamento e distribuição de recursos; III. Apresentar pareceres sobre os serviços relacionados que presta o Instituto de Acção Social do Governo da RAEM. 1.6.2 Alvo da investigação e recolha de dados O alvo da investigação desta etapa eram dirigentes das instituições de serviço e decisores do Governo da RAEM. A Equipa de Investigação convidou os responsáveis dos centros juvenis, centros comunitários e centros de apoio à família para participarem na reunião do grupo de foco que teve lugar em 18 de Outubro de 2002 (Sexta-Feira) no Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social, com objectivo de recolher suas opiniões sobre o serviço juvenil de Macau e ajustar o projecto de desenvolvimento do serviço juvenil ainda mais à mudança e necessidade da região de Macau. Houve um total de 15 participantes que vieram respectivamente de 12 instituições relacionadas. Além da realização da reunião do grupo de foco, a Equipa de Investigação visitou em Novembro de 2002 e em Janeiro de 2003 duas instituições particulares que prestavam respectivamente o serviço de acção social escolar e o serviço extensivo ao exterior. Para investigar a estratégia do serviço juvenil de Macau, o Equipa de Investigação visitou especialmente o Dr. Ip Peng Kin, Presidente do Instituto de Acção Social; o Dr. Luiz Amado de Vizeu, ex-Director dos Serviços de Educação e Juventude e Vice-Presidente do Conselho de Juventude. Além do mais, visitou ainda alguns funcionários governamentais do Instituto de Acção Social, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça e do Estabelecimento Prisional de Macau, trocando com eles pareceres sobre o problema juvenil de Macau e sobre a presente Investigação. Estas visitas permitiram a Equipa de Investigação conhecer ainda melhor a situação do serviço juvenil em Macau. 12 Capítulo II Situação Geral de Vida dos Jovens 2.1 Dados de Identificação Os dados de identificação estão registados no Mapa 2.1.1. Dentre os inquiridos, o sexo masculino ocupa 51% e o feminino, 49%; mais de 90% com idades compreendidas entre os 13 e os 19 anos; alguns estudantes são mais velhos, entre os 20 e os 21 anos de idade, ocupando 1,6% do total. Quanto às habilitações académicas dos inquiridos, os que frequentam o 1.º ano do curso secundário geral ao 2.º ano do curso secundário complementar ocupam respectivamente 20% e os que frequentam o 3.º ano do curso secundário complementar são poucos, ocupando apenas 2,9%. Cerca de 60% dos inquiridos manifestaram que não tinham nenhuma crença religiosa; os que crêem no budismo, cristianismo ou catolicismo ocupam respectivamente 10,7%, 9,2% e 6,8%, e os que prestam culto aos antepassados, Deus da Terra, Kun Iam, Deusa Celeste ou outras divindades ocupam 11,9% no total. A maioria dos inquiridos nasceram em Macau, ocupando 84,0%; os que nasceram no interior da China ou em Hong Kong ocupam respectivamente 11,1% e 4,2%. Quanto ao tempo de residência em Macau, 90,3% dos inquiridos residem em Macau há 11 anos ou mais; os restantes (ocupando 9,9%), menos de 10 anos, e entre estes os que só 2,8% residem há 3 anos ou menos, o que mostra que o número dos estudantes que imigraram em Macau nos últimos anos não é grande. 13 Mapa 2.1.1 Dados de identificação Itens Sexo Idade Habilitação académica Crença religiosa Masculino Feminino 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 1.º ano do curso secundário geral 2.º ano do curso secundário geral 3.º ano do curso secundário geral 1.º ano do curso secundário complementar 2.º ano do curso secundário complementar 3.º ano do curso secundário complementar Ateísmo Budismo Cristianismo Culto aos antepassados Catolicismo Culto a Deus da Terra/Kun Iam/Deusa Celeste Outras1 Lugar de nascimento Macau Interior da China Hong Kong Taiwan Outros Tempo de residência em Macau 1 ano ou menos 2 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 7 anos 8 a 10 anos 11 a 15 anos 16 anos ou mais 1 % (N) 51,0% 49,0% 100% (3035) 0,03% 5,6% 13,5% 14,3% 18,3% 19,5% 15,6% 8,1% 3,5% 1,5% 0,1% 100% (3080) 20,5% 19,1% 18,1% 22,1% 17,2% 2,9% 100% (3114) 60,1% 10,7% 9,2% 7,3% 6,8% 4,6% 1,3% 100% (3044) 84,0% 11,1% 4,2% 0,1% 0,6% 100% (3105) 0,4% 2,4% 1,5% 1,6% 4,0% 47,9% 42,4% 100% (3099) Designam o islamismo, confucionismo, tauísmo ou mais de uma religião ou um culto. 14 2.2 Credibilidade da Escala O projecto do questionário inclui 11 escalas e o número estatístico de cada delas vê-se no Mapa 2.2.1. A credibilidade interna destas escalas vai do grau aceitável ao muito alto, e o coeficiente de Cronbach’s Alpha tem alcançado o nível de 0,60 a 0,88. Mapa 2.2.1 Credibilidade da escala Escalas Auto-eficácia1 1 Sentido de brio Apoio sentimental dos pais1 Apoio técnico dos pais 1 Educação tipo 1 permissivo Educação tipo 1 autoritário Educação tipo 1 autoritativo Conflito familiar2 Diferença Coeficiente de estandarCronbach’s Alpha dizada 0,33 0,77 N.º de questão N Valor médio 10 3034 2,56 8 3058 2,75 0,24 0,82 5 3079 2,39 0,08 0,88 7 3078 2,63 0,36 0,79 3 3092 2,51 0,16 0,60 4 3094 2,60 0,16 0,68 4 3081 2,59 0,10 0,65 3 3097 1,03 0,57 0,73 1 Relação com o amigo 5 3101 3,16 0,19 0,76 Influência negativa do 3 3098 1,67 0,43 0,63 amigo3 Dependência e 15 3032 3,03 0,43 0,77 interesse pela escola1 1 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma concordo, 2=Não concordo, 3=Concordo, 4=Concordo absolutamente 2 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 3 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma posso, 2=Não posso, 3=Posso, 4=Posso com certeza 2.2.1 Auto-eficácia Esta escala está composta por 10 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 2,56 o seu valor médio, o que reflecte que a auto-eficácia dos inquiridos não é alta nem baixa. A credibilidade desta escala é bastante alta e o coeficiente de Cronbach’s Alpha tem alcançado 0,77. 15 2.2.2 Sentido de brio Esta escala está composta por 8 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 2,75 o seu valor médio, o que reflecte que o sentido de brio dos inquiridos se encontra ao nível médio. A credibilidade desta escala é muito alta e o coeficiente de Cronbach’s Alpha tem alcançado 0,82. 2.2.3 Apoio sentimental e técnico dos pais As escalas relativas ao apoio sentimental dos pais e ao apoio técnico estão compostas respectivamente por 5 e 7 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo respectivamente 2,39 e 2,63 os seus valores médios, o que reflecte que os encarregados de educação têm prestado maior atenção à orientação dos filhos no que respeita aos problemas práticos, mas desatendem relativamente às necessidades dos filhos no aspecto sentimental. Além disso, a credibilidade tanto da escala relativa ao apoio sentimental dos pais como da escala relativa ao seu apoio técnico é muito alta ou bastante alta, e os seus coeficientes de Cronbach’s Alpha têm alcançado respectivamente 0,88 e 0,79. 2.2.4 Modelos de educação dos pais Tipo permissivo Esta escala está composta por 3 questões, dos quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 2,51 o seu valor médio. A credibilidade desta escala tem alcançado o grau aceitável, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha é de 0,60. Tipo autoritário Esta escala está composta por 4 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 2,60 o seu valor médio. A credibilidade desta escala tem alcançado o grau aceitável, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha é de 0,68. Tipo autoritativo Esta escala está composta por 4 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 2,59 o seu valor médio. A credibilidade desta escala tem alcançado o grau aceitável, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha é de 0,65. 16 Tipo negligente Como a educação de tipo negligente não pode ser medida através da escala, é dispensável discutir a sua credibilidade. A situação dos modelos educativos adoptados pelos pais vê-se no seguinte Mapa 2.2.4.1. Mapa 2.2.4.1 Modelos de educação dos pais (N = 3041) Educação tipo autoritário Sim Não Educação tipo negligente Educação tipo negligente Sim Sim Educação tipo autoritativo Não Educação tipo permissivo Educação tipo permissivo Sim 20 (0,7%) Não 15 (0,5%) Sim 25 (0,8%) Não 227 (7,5%) Não 34 (1,1%) 73 (2,4%) 56 (1,8%) 510 (16,8%) Sim Não 59 (1,9%) 426 (14,0%) 27 (0,9%) 316 (10,4%) 83 (2,7%) 283 (9,3%) 214 (7,0%) 673 (22,1%) O Mapa de cima, 2.2.4.1, mostra-nos que os números dos encarregados de educação que adoptam unicamente o modelo de educação tipo autoritário ou o tipo autoritativo ocupam respectivamente 16,8% e 10,4%; o número dos que adoptam estes dois modelos ao mesmo tempo ocupa 29%; o número dos que adoptam ao mesmo tempo o tipo autoritativo e o permissivo ocupa 14% e o dos que adoptam simultaneamente o tipo autoritário e o negligente ocupa 7,5%. 2.2.5 Conflito familiar Esta escala está composta por 3 questões, das quais cada uma é medida pelo ponto zero (Não há) aos 4 pontos (Frequente), sendo 1,03 o seu valor médio, o que reflecte que os inquiridos vêem raramente conflitos familiares. A credibilidade desta escala é bastante alta, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha tem alcançado 0,73. 2.2.6 Relação com amigos Esta escala está composta por 5 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 3,16 o seu valor médio, o que reflecte que a relação dos inquiridos com o amigo é boa. A credibilidade desta escala é bastante alta, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha tem alcançado 0,76. 2.2.7 Influência negativa dos amigos Esta escala está composta por 3 questões, das quais cada uma é medida 17 por 1 ponto (De nenhuma forma posso) a 4 pontos (Posso com certeza), sendo 1,67 o seu valor médio, o que reflecte que os inquiridos raramente sofrem influências negativas do amigo. A credibilidade desta escala tem alcançado um grau aceitável, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha é de 0,63. 2.2.8 Dependência e interesse pela escola Esta escala está composta por 15 questões, das quais cada uma é medida por 1 ponto (De nenhuma forma concordo) a 4 pontos (Concordo absolutamente), sendo 3,03 o seu valor médio, o que reflecte que a dependência e o interesse pela escola por parte dos inquiridos é muito forte. A credibilidade desta escala é bastante alta, e o seu coeficiente de Cronbach’s Alpha tem alcançado 0,77. 18 2.3 Estado Psicológico 2.3.1 Problemas habitualmente encontrados A maioria dos inquiridos não encontram frequentemente os problemas a este respeito (Ver Mapa 2.3.1.1). Os problemas habitualmente encontrados pelos inquiridos estão relacionados com o seu estudo. Respectivamente 14,7% e 9,9% dos inquiridos expressaram que encontravam frequentemente “dificuldades no estudo” ou “problemas de insatisfação com a classificação escolar”, mas também há respectivamente 62,1% e 70,5% que expressaram que tinham problemas similares às vezes ou mesmo nunca os tinham. Um bom número dos inquiridos que expressaram que tinham que encarar problemas relacionados com a família. 9,7% deles disseram que tinham frequentemente a “relação insatisfatória com familiares”; 8,2% disseram que tinham que enfrentar frequentemente a “instabilidade da receita familiar” e 6,0% disseram que tinham que enfrentar frequentemente a “briga dos pais”. Apesar de 59,0% dos inquiridos terem exprimido que não tinham o “contacto com amigos com mau comportamento”, há também cerca de 15,3% que revelaram que tinham frequentemente “contacto com amigos com más acções”. Quanto às questões referentes à “discriminação por parte dos outros” e à “desadaptação ao ambiente de vida”, há respectivamente 55,4% e 54,1% que expressaram que não lhes tinham ocorrido estes casos, enquanto que há respectivamente 39,7% e 41,5% que expressaram que encontravam estes casos raramente ou às vezes. 19 Mapa 2.3.1.1 Problemas habitualmente encontrados nos 3 meses antes de serem inquiridos Problemas Não habitualmente encontrados 1 Dificuldade no estudo 6,7% Às Muito Valor médio Frequentemente vezes frequentemente (N) 17,1% 38,3% 23,2% 14,7% 21,0% 41,8% 19,6% 9,9% 28,4% 31,3% 11,0% 9,7% 31,1% 37,3% 11,2% 4,0% da 31,3% 26,9% 23,5% 10,0% 8,2% 38,1% 30,0% 20,0% 5,9% 6,0% Insatisfação da 7,7% classificação escolar Insatisfação da 19,6% relação com familiares Insatisfação da saúde 16,4% Instabilidade receita familiar Briga entre pais Raramente 2,22 (3099) 2,03 (3107) 1,63 (3109) 1,55 (3111) 1,37 (3105) 1,12 (3107) 1,03 (3108) Dificuldade na 38,0% 33,2% 19,6% 6,0% 3,2% comunicação com outros Desadaptação à vida 39,6% 32,3% 20,1% 4,9% 3,2% 1,00 escolar (3109) Insatisfação da 34,6% 41,6% 19,0% 3,5% 1,2% 0,95 relação com os (3107) amigos Problemas 52,2% 20,9% 17,4% 6,3% 3,2% 0,87 sentimentais entre o (3109) sexo masculino e o feminino Desadaptação ao 54,1% 28,8% 12,7% 2,6% 1,9% 0,69 ambiente de vida (3108) Discriminação por 55,4% 30,2% 9,5% 2,0% 2,9% 0,67 parte dos outros (3110) Contacto com amigos 59,0% 25,6% 10,9% 2,5% 1,9% 0,63 com más acções (3106) 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 20 2.3.2 Pressão O sentido de pressão dos inquiridos tem a relação evidentemente idêntica aos problemas que encontravam habitualmente, ou seja, quanto maior o problema encontrado, maior a pressão (Ver Mapa 2.3.2.1). O Mapa mostra que o “sentido de pressão” tem a maior relação com a “dificuldade no estudo” (o coeficiente correlativo = 0,31); além disso, tem também determinada relação com a “insatisfação da classificação escolar” e com a “insatisfação da relação com familiares” (o coeficiente correlativo é de cerca de 0,20); a relação entre o sentido de pressão e qualquer doutros factores não é estreita, sendo inferior a 0,20 o seu coeficiente correlativo. Mapa 2.3.2.1 Relação entre o sentido de pressão e os problemas habitualmente encontrados Senti grande pressão recentemente1 Problemas habitualmente encontrados2 Coeficiente correlativo3 Grau evidente (p) Dificuldade no estudo 0,31 *** Insatisfação da classificação escolar 0,21 *** Insatisfação da relação com familiares 0,20 *** Insatisfação da relação com os amigos 0,19 *** Desadaptação ao ambiente de vida 0,19 *** 0,18 *** Insatisfação com saúde 0,18 *** Desadaptação à vida escolar 0,18 *** Discriminação por parte dos outros 0,16 *** Briga entre os pais 0,16 *** Instabilidade da receita familiar 0,14 *** Dificuldade outros na comunicação com Problemas sentimentais entre o sexo 0,13 *** masculino e o feminino Contacto com amigos com mau 0,09 *** comportamento 1 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma concordo; 2=Não concordo; 3=Concordo; 4=Concordo absolutamente 2 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 3 Coeficiente Correlativo de Pearson vai de 0 a +1. *** p < 0,001 21 2.4 Família 2.4.1 Com quem vive? 85,1% dos inquiridos vivem com os pais ou irmãos/irmãs (ocupando 83,7%) e, 14,9% deles não crescem na estrutura familiar completa (ou seja, vivem com o pai e a mãe), e entre estes, 11,4% só vivem com o pai ou com a mãe e os restantes 3,5% não vivem com o pai nem com a mãe (Ver Mapa 2.4.1.1). Mapa 2.4.1.1 Com quem vive? Com os pais 85,1% Com irmãos/irmãs 83,7% Com os avós 11,9% Só com o pai ou a mãe 11,4% Com outros parentes 5,2% Não com os pais 3,5% Com outros 1,5% Com amigos 0,7% N=3085 Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas, excepto a assinalação da resposta relativa aos pais. 22 2.4.2 Tempo de conversa pai-filho e alojamento dos pais noutro local Entre os estudantes do ensino secundário inquiridos, 51% responderam que raramente ou mesmo nunca conversavam com os pais; os que conversavam frequentemente ou muito frequentemente com os pais ocupam apenas 14,8% do total. Quanto ao alojamento dos pais noutro local, 75,7% dos estudantes do ensino secundário inquiridos disseram que os seus pais raramente ou mesmo nunca se alojavam noutro local; 92,7% deles expressaram que as suas mães raramente ou mesmo nunca se alojavam noutro local. O resultado deste inquérito mostra que embora a maioria dos pais não se alojem noutro local, não conversam frequentemente com os filhos. (Ver Mapa 2.4.2.1) Mapa 2.4.2.1 Situação sobre o tempo de conversa com os pais e sobre o alojamento dos pais noutro local, segundo as respostas dos estudantes do ensino secundário inquiridos Grau de frequência dos seguintes casos encontrados pelos inquiridos nos últimos 3 meses Valor Muito Questões1 Nunca Raramente Às vezes Frequentemente médio Frequentemente (N) 40,9% 34,2% 11,1% 3,7% 1,57 Tempo de 10,1% conversa com os (3081) pais Alojamento do 49,9% 25,8% 8,1% 5,7% 10,4% 1,01 pai noutro local (2953) Alojamento da 68,0% 24,7% 2,9% 1,3% 3,0% 0,46 mãe noutro local (3000) 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 23 2.5 Amigos Regra geral, os inquiridos têm amigos de diversos tipos (Ver Mapa 2.5.1). Por uma parte, 95,3% deles têm “amigos aplicados” ; por outra parte, há respectivamente 51,7% e 52.2% que têm, cada um, pelo menos um(a) amigo(a) que gosta de ver “revistas/filmes eróticos” e “revistas/TV preconizando a violência”. O número dos que têm “amigos íntimos de sexo oposto” ocupam 40,9%. Merecem ainda maior atenção os seguintes resultados do inquérito: Há 30,2% dos inquiridos que têm “amigos com o pano de fundo das sociedades secretas” e 18,5% mesmo têm, cada um, 1 ou 2 amigos das sociedades secretas; 11,8% têm, cada um, 3 ou mais amigos das sociedades secretas; 5% tinham às vezes ou mesmo frequentemente contacto com amigos das sociedades secretas; 4% foram seduzidos por colegas de estudo na escola para se incorporar em sociedades secretas. Quanto à influência do amigo, o resultado do inquérito mostra que a maioria dos estudantes do ensino secundário inquiridos recebem influências positivas de amigos (Ver Mapa 2.5.2). Por exemplo, 90,1% dos inquiridos expressaram estarem dispostos a “acompanhar com bons amigos no cumprimento de exercícios/na revisão de lições” e 77,5% expressaram estarem dispostos a “fazer trabalhos voluntários com bons amigos”. No entanto, há também alguns estudantes do ensino secundário inquiridos que sofrem influências negativas de amigos (Ver Mapa 2.5.2). Por exemplo, 32,7% dos inquiridos expressaram que mesmo que tivessem que fazer preparativos para um exame, se algum amigo quisesse ou lhes pedisse para acompanhá-lo ao teatro, iriam decerto com ele; o número dos que expressaram que se surgisse aquele caso, poderiam não ir com o amigo ocupa apenas 19,0%. 24 Mapa 2.5.1 Tipos de amigo Nenhum Tipos de amigo amigo tem Amigo aplicado Amigo com o pano de fundo das sociedades secretas Amigo íntimo de sexo oposto Amigo que gosta de ver revistas/filmes eróticos Amigo que gosta de ver revistas/TV preconizando violência 1a2 3a4 5a6 7 ou mais N 4,7% 37,4% 27,5 % 11,3% 19,2% 3075 (100%) 69,8% 18,5% 4,7% 1,9% 5,2% 3067 (100%) 59,1% 31,4% 5,2% 1,6% 2,7% 3067 (100%) 48,3% 24,2% 10,6 % 3,2% 13,7% 3073 (100%) 47,8% 22,5% 11,9 % 4,0% 13,8% 3074 (100%) Nunca Raramente Muito frequentemente Valor médio Às Frequentemente vezes Tinha o contacto com amigos das sociedades 87,9% 7,3% 3,0% 0,7% 1,0% 0,20 (3104) secretas dentro de 3 meses antes de ser inquirido1 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 25 Mapa 2.5.2 Influências de amigos1 De nenhuma Influências positivas forma posso 1,7% Se um(a) amigo(a) seu (sua) pedir-lhe que o(a) acompanhe no seu cumprimento de trabalhos de casa/na sua revisão de lições, você vai fazê-lo? 5,0% Se um(a) amigo(a) seu (sua) pedir-lhe que o(a) acompanhe no seu serviço de trabalho voluntário, você vai fazê-lo? Influências negativas Valor médio (N) Não posso Posso Posso com certeza 8,2% 64,0% 26,1% 3,14 (3102) 17,5% 62,8% 14,7% 2,87 (3106) 48,3% 29,5% 3,2% 2,17 Se você pensar fazer revisão de 19,0% (3105) lições para preparar um exame e um(a) amigo(a) seu (sua) pedir-lhe que o (a) acompanhe ao teatro, você vai fazê-lo? 25,4% 7,1% 1,4% 1,44 Se um(a) “amigo(a) jurado(a)” seu 66,1% (sua) pedir-lhe que fume, você vai (3105) fazê-lo? Se um(a) “amigo(a) jurado(a)” seu 66,5% 27,5% 4,8% 1,1% 1,41 (sua) fazer gazeta às aulas, você (3106) também pode fazê-lo? 1 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma posso; 2=Não posso; 3=Posso; 4=Posso com certeza 26 2.6 Comportamento geral, desviante ou delinquente 2.6.1 Comportamento geral e desviante Aqui, o chamado “comportamento geral” de jovens designa suas acções quotidianas e úteis à saúde física e mental, tais como ver TV, passear por ruas, desenvolver actividades de desporto e de recreação, fazer trabalhos voluntários, etc. O “comportamento desviante”, designa acções que não são aceites pela norma social, desviando-se dos critérios de comportamento aceites pelo público social, tais como ultrajar outros, fazer gazeta às aulas, praticar sexo, etc. Quanto às questões sobre estes tipos de comportamentos dos estudantes do ensino secundário, pedimos aos inquiridos que as respondessem uma a uma, por ordem dos seus graus de frequência. Entre os comportamentos gerais, o mais frequente é “ver TV/escutar rádio”, que fazem 46,0% dos inquiridos frequentemente. Além disso, 25,3% deles “jogam o computador/jogam jogos electrónicos”1, enquanto que só há 24,4% que expressaram costumarem a “rever lições/ler livros”. Apesar disso, em geral, o número dos estudantes inquiridos que “revêem lições/lêem livros” frequentemente ou muito frequentemente é maior do que o dos que “jogam o computador/jogam jogos electrónicos” frequentemente ou muito frequentemente, ocupando respectivamente 52,2% e 43,0%. Além de que, 34,1% dos inquiridos expressaram que praticam desporto; 16,6% expressaram que faziam trabalhos voluntários/ participavam em serviços sociais às vezes ou mesmo frequentemente. (Ver Mapa 2.6.1.1) Quanto às questões sobre o comportamento desviante, 71,9% dos inquiridos responderam que costumavam “comprar objectos reproduzidos”; 56,1%, “maltratar os outros com palavras” e 48,2%, “jogar jogos com carácter de aposta”. Além do mais, 12,1% dos inquiridos têm contactos com amigos das sociedades secretas e o número dos que têm contactos frequentes ou muito frequentes com amigos das sociedades secretas ocupa 1,7% do total. Quanto às questões relativas ao tabagismo e ao sexo antes do casamento, há respectivamente 4,4% e 3,6% dos inquiridos que expressaram que tinham problemas a respeito. (Ver Mapa 2.6.1.1) 1 Entre os inquiridos que costumam a “jogar com o computador/jogar jogos electrónicos”, há ainda 54,0% que também costumam “navegar pela Internet para passar pelos olhos/jogar ICQ”. Os dados a este respeito não se incluem no presente Mapa. 27 Mapa 2.6.1.1 Comportamentos gerais/ desviantes Grau de frequência dos seguintes comportamentos/hábitos que têm tido os inquiridos nos últimos 3 meses Valor Muito Nunca Raramente Às vezes Frequentemente médio frequentemente (N) Comportamentos gerais1 3,13 Ver TV/escutar rádio 1,3% 4,6% 19,7% 28,4% 46,0% (3101) 2,60 Rever lições/ler livros 2,6% 11,5% 33,7% 27,8% 24,4% (3106) 2,24 Passear por 5,0% 20,7% 37,1% 20,0% 17,2% mercados/ruas (3102) Ler jornais/revistas e 2,21 7,0% 19,3% 37,1% 18,.9% 17,6% outras publicações (3107) Jogar jogos 2,20 informáticos/jogos 15,1% 18,0% 23,8% 17,7% 25,3% (3109) electrónicos Fazer actividades de desporto e de 2,06 21,2% 31,1% 14,4% 19,7% recreação, tais como 13,5% (3109) jogos de bola, a natação Navegar pela Internet 2,04 21,9% 16,3% 21,9% 15,4% 24,5% /jogar ICQ (3104) 1,83 Ler novelas/revistas 16,0% 25,0% 31,7% 14,1% 13,2% (3108) Ver 1,73 14,8% 26,3% 39,0% 11,0% 9,0% (3111) videocassetes/VCD 1,46 Ler desenhos 31,4% 23,7% 23,0% 10,9% 11,0% animados (3108) Aprender música/ 1,05 tocar instrumentos 51,1% 19,1% 13,0% 6,7% 10,0% (3106) musicais Fazer trabalho 0,67 voluntário/participar 56,8% 26,6% 11,7% 3,1% 1,8% (3108) no serviço social Comportamentos desviantes Comprar objectos reproduzidos (incluindo 1,49 28,1% 25,6% 26,0% 9,8% 10,5% carteiras/CD/VCD/ (3100) software de computador) Jogar jogos com 0,82 51,8% 25,4% 15,2% 3,9% 3,7% carácter de aposta (3103) Injuriar outros com 0,81 43,9% 37,5% 13,9% 3,2% 1,4% palavras (3106) Despejar 0,51 intencionalmente o 65,5% 23,5% 7,6% 1,5% 1,9% (3109) lixo/cuspir na rua 0,49 Tomar bebidas 67,4% 19,8% 10,3% 1,8% 0,8% alcoólicas (3101) Ultrajar outros com 0,40 71,3% 21,0% 5,6% 1,1% 1,0% (3091) acções reais 28 Não voltar a casa durante toda a noite sem a autorização dos pais Ver objectos eróticos (incluindo revistas/filmes/videocassetes/VCD/“home -page”) Gazetear/falta às aulas com frequência2 Contactar com amigos das sociedades secretas 78,3% 11,9% 5,3% 1,5% 3,0% 0,39 (3110) 77,2% 13,5% 6,3% 1,2% 1,8% 0,37 (3103) 75,4% 20,6% --- 2,8% 1,1% 0,34 (3103) 87,9% 7,3% 3,0% 0,7% 1,0% 0,20 (3104) 0,17 (3105) 0,12 Praticar sexo antes do 94,1% 2,3% 2,1% 0,6% 0,9% (3103) casamento 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente. 2 Os números codificados são diferentes dos doutros temas: 0=De nenhuma forma concordo; 1 =Não concordo; 3 =Concordo; 4 =Concordo absolutamente. Fumar 92,0% 3,6% 1,6% 29 0,8% 2,0% 2.6.2 Comportamento delinquente Quanto a uma série de questões sobre o comportamento delinquente de estudantes do ensino secundário de Macau, pedimos que os nossos inquiridos que respondessem segundo a situação das suas acções realizadas nos 3 meses antes de serem inquiridos. O resultado do inquérito mostra que 31,2% dos estudantes do ensino secundário tinham um ou mais comportamentos delinquentes dentro de 3 meses antes de serem inquiridos e entre estes, sendo 16 o número dos que só tinham um comportamento de infracção da lei. Além do mais, há 1,5% dos inquiridos que tinham 6 ou mais comportamentos delinquentes. Quanto aos tipos de comportamento delinquente, 8% a 10% dos inquiridos disseram que eram “roubar dinheiro em casa”, “destruir instalações públicas”, “perturbar outros, ultrajar outros ou brigar com outros na rua”, “gatafunhar/sujar paredes em locais públicos ” ou “entrar em casas de outros sem autorização”. Além disso, há respectivamente 4% a 5% dos inquiridos que responderam que eram “conduzir viatura sem licenças”, “tomar medicamentos ou drogas controlados sem prescrição médica”, “não pagar intencionalmente ao tomar autocarro” e “levar consigo armas para uso na briga”. Há ainda 1% a 2% dos inquiridos que reconheceram que tinham acções de “destruir casas ou lojas de outros”, “cometer roubos em casa de amigos”, “cometer roubos em lojas” ou “roubar coisas em viaturas”, nos 3 meses antes de serem inquiridos. (Ver Mapa 2.6.2.1) 30 Mapa 2.6.2.1 Comportamentos delinquentes Grau de frequência dos seguintes comportamentos/hábitos que têm tido os inquiridos nos últimos 3 meses Muito Valor Às Comportamentos Frequentemente Nunca Raramente frequentemente médio vezes delinquentes1 Roubar dinheiro 90,9% 6,4% 1,9% 0,3% 0,5% 0,13 (3104) em casa Destruir instalações 90,4% 7,9% 1,0% 0,4% 0,2% 0,12 (3109) públicas 6,1% 1,5% 0,4% 0,4% 0,12 (3106) Perturbar, injuriar 91,6% ou brigar com outros na rua Gatafunhar/sujar 91,6% 6,2% 1,6% 0,3% 0,3% 0,11 (3110) paredes em locais públicos Entrar em casa de 92,4% 6,1% ,9% 0,1% 0,4% 0,10 (3107) outros sem autorização Conduzir viatura 95,0% 2,6% 1,5% 0,3% 0,5% 0,09 (3106) sem licença Tomar 94,9% 3,3% 1,2% 0,4% 0,2% 0,08 (3097) medicamento/droga sob controlo sem prescrição médica Não pagar 95,1% 3,5% 0,8% 0,4% 0,2% 0,07 (3105) intencionalmente ao tomar autocarro 2,1% 1,1% 0,2% 0,5% 0,07 (3106) Levar consigo 96,1% armas para uso na briga Destruir casas ou 97,8% 1,5% 0,4% 0,1% 0,2% 0,03 (3097) lojas de outros Cometer roubos em 98,8% 0,7% 0,2% 0,1% 0,2% 0,02 (3105) casa de amigos Cometer roubos em 99,0% 0,6% 0,1% 0,1% 0,2% 0,02 (3110) lojas Roubar coisas em 99,2% 0,5% 0,2% 0,0% 0,1% 0,01 (3102) viaturas 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 31 2.6.3 Prisão e condenação Entre os estudantes do ensino secundário inquiridos, 2,9% foram presos pela polícia e dentre estes, 47,7% só foram presos uma vez; a percentagem dos inquiridos que foram condenados pelo tribunal é inferior a 1%; mas nesta proporção, 74,1% recusaram responder quantas vezes tinham sido condenados. (Ver Mapa 2.6.3.1) Mapa 2.6.3.1 Situação dos inquiridos que foram presos pela polícia ou condenados pelo tribunal Percentagem dos que foram presos pela 2,9% (n=88) N=3067 polícia 1 47,7% N.º de vezes de prisão 2 12,5% 3 4,5% 4 ou mais 3,4% Sem resposta 31,9% 100% (N=88) Percentagem dos que foram condenados pelo tribunal 1 N.º de vezes de Sem resposta condenação 0,9% (n=27) N=3068 25,9% 74,1% 100% (N=27) 2.7 Actividades Comunitárias 2.7.1 Situação da participação em actividades comunitárias ou dos centros de juventude Perguntados sobre a situação da participação em actividades comunitárias ou dos centros de juventude nos últimos 3 meses, 83,7% dos inquiridos responderam que o fizeram raramente ou mesmo nunca; só 5,5% expressaram que participaram frequentemente ou muito frequentemente (Ver Mapa 2.7.1.1). Mapa 2.7.1.1 Situação da participação em actividades comunitárias ou dos centros de juventude Nunca 57,4% Raramente 26,3% Às vezes 10,7% Frequentemente 3,3% Muito frequentemente 2,2% N 3109 (100%) 32 2.7.2 Actividades ou serviços comunitários ou dos centros de juventude em que gostam mais de participar ou de que têm a maior vontade de beneficiar Os inquiridos gostam mais de participar em actividades realizadas ao ar livre. 60,7% gostam mais de participar em “acampamento”; 56,2% gostam mais de participar em “acampamento diurno, viagem ou excursão”; 53,8 gostam mais de “computador/navegar pela Internet”. Além do mais, há 50,6% dos inquiridos que desejam ardentemente “participar na formação técnica”; 50,1%, “frequentar curso de interesse/estudo”; 41,1%, “usar salas/instalações musicais”. É de notar em particular que há ainda 13,0% dos inquiridos expressando que desejavam ardentemente “desabafar os seus problemas com assistentes sociais”, o que reflecte a sua procura do serviço de aconselhamento, mas o número dos que desejam mais participar em “palestras/seminários” ocupa apenas 4,9%. (Ver Mapa 2.7.2.1) Mapa 2.7.2.1 Actividades juvenis em que desejam mais participar ou serviços de que desejam mais beneficiar n % Acampamento 1885 60,7% Acampamento diurno, viagem ou excursão 1747 56,2% Computador/navegar na Internet 1673 53,8% Formação técnica 1572 50,6% Curso de interesse/estudo 1555 50,1% Usar salas/instalações musicais 1276 41,1% Competição desportiva/jogos de bola 1073 34,5% Trabalho voluntário/serviço comunitário 657 21,1% Utilizar sala de estudo/leitura 582 18,7% Convívio 577 18,6% Usar objectos/instalações de desporto e de recreação 556 17,9% Orientação de lições 552 17,8% Desabafar problemas com assistente social 405 13,0% Palestra/seminário 152 4,9% Nada 78 2,5% Outras 72 2,3% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas; o “n” é o número dos inquiridos que assinalaram esta resposta; N=3107 33 2.7.3 Motivos que levam os inquiridos a participarem nas actividades ou beneficiarem dos serviços Os motivos por que os inquiridos desejam participar nas actividades ou beneficiar dos serviços são os seguintes: “ocupar o tempo e divertir-se” (75,9%); “travar amizade” (74,2%); “aquisição dos conhecimentos e habilidades” (64,6%); “desenvolver o seu talento em diversas áreas” ( 62.5%); “preparar-se para o futuro emprego” (40,8%); “melhorar a classificação escolar” (31,9%); “compartilhar impressões e obter apoio emocional” (25,1%); “resolver problemas pessoais” (24,4%); “dar a mão a outros e servir a sociedade” (22,3%); “conhecer assuntos comunitários” (11,0%). (Ver Mapa 2.7.3.1) Mapa 2.7.3.1 Motivos principais que levam os inquiridos a participarem nas actividades ou beneficiarem dos serviços n % Ocupar o tempo e divertirem-se 2357 75,9% Travar amizade 2303 74,2% 2007 64.6% 1940 62,5% Prepararem-se para o futuro emprego 1268 40,8% Melhorar a classificação escolar 992 31,9% Compartilhar impressões e obter apoio emocional 778 25,1% Resolver problemas pessoais 757 24,4% Dar a mão a outros e servir a sociedade 692 22,3% Conhecer assuntos comunitários 342 11,0% Outros 67 2,2% Aquisição dos conhecimentos e habilidades Desenvolver o seu talento em diversas áreas Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N=3105 34 2.7.4 São suficientes as instalações? Em comparação com biblioteca/sala de estudo, instalações culturais ou parques, os inquiridos consideram que as instalações de desporto e de diversão são relativamente insuficientes (Ver Mapa 2.7.4.1). 72,6% dos estudantes do ensino secundário inquiridos consideram insuficiente ou muito insuficiente o número de “campo de patinagem no gelo/na tábua”; 69,2% consideram insuficiente ou muito insuficiente o número de “ginásio”; os que consideram insuficiente ou muito insuficiente o número de “campo de bicicletas artísticas”, “instalações para o acampamento recreativo ao ar livre” e “campo desportivo ao ar livre”, ocupam respectivamente 61,2%, 61,9% e 55,4%. A falar de modo relativo, os números dos que consideravam insuficientes as “instalações recreativas/exposições”, “biblioteca/sala de estudo” e “centro de juventude” são relativamente menores, ocupando respectivamente 42,6%, 40,5% e 38,8%. Mapa 2.7.4.1 As actuais instalações são suficientes? Muito Muito Suficiente Insuficiente Não sei suficiente insuficiente Campo de patinagem no 3,1% 12,1% 34,5% 38,1% 12,3% gel/ na tábua Campo de bicicletas 3,4% 11,5% 29,8% 31,4% 23,9% artísticas Ginásio N Valor médio1 3101 3,23 3090 3,17 3,0% 17,2% 35,9% 33,3% 10,5% 3100 3,11 2,3% 22,4% 40,7% 21,2% 13,5% 3090 2,93 4,5% 31,3% 36,4% 19,0% 8,8% 3106 2,77 3,9% 32,7% 38,8% 18,4% 6,1% 3097 2,76 11,1% 28,9% 28,2% 22,5% 9,3% 3096 2,69 6,5% 36,8% 29,4% 20,1% 7,2% 3094 2,68 Piscina 6,1% 38,9% 33,1% 15,9% 6,0% 3095 2,62 Instalações recreativas /exposição 5,5% 34,0% 29,1% 13,5% 17,9% 3097 2,62 Centro juvenil 3,9% 41,6% 29,4% 9,4% 15,6% 3094 2,53 Instalações para o acampamento recreativo ao ar livre Campo desporto ao ar livre Parque natural/lugar de passeio Instalações para a navegação na Internet Parque/campo de diversão ao ar livre Biblioteca/sala de 5,7% 46,4% 29,6% 10,9% 7,6% 3096 2,49 estudo 1 Valor médio: 1=Muito suficiente; 2=Suficiente; 3=Insuficiente; 4=Muito insuficiente (As respostas “Não sei” não se incluem no Mapa) 35 2.7.5 São suficientes os serviços/associações? Em comparação com as instalações comunitárias, há relativamente mais inquiridos que não sabem se são suficientes os serviços e associações relacionadas com o serviço social. 44,5% deles não sabem se é suficiente ou não o “serviço de apoio aos novos imigrantes”, seguindo-se-lhes os que não sabem se é suficiente ou não o “serviço de prestação de informações relativas às acções de formação” e o “serviço de orientação profissional”, ocupando respectivamente 35,9% e 35,0%. Há ainda 15,6% a 32,8% que não sabem se os outros tipos de serviços ou associações são suficientes ou não (Ver Mapa 2.7.5.1)? Além de que, o número dos inquiridos que consideram insuficiente o “serviço de aconselhamento emocional/psicológico” ocupa mesmo 52,4% (dos quais 21,5% não sabem este serviço). O número dos que consideram insuficiente ou mesmo muito insuficiente a “preparação na relação dirigente-dirigido/interpessoal” ocupa 47,7% (dos quais 32,8% não sabem este serviço); os que consideram insuficiente ou mesmo muito insuficiente o “serviço de orientação profissional” ocupa 43,5% (dos quais 35,0% não sabem este serviço). No entanto, quanto ao “escutismos”, 61,2% dos inquiridos consideram-no suficiente ou mesmo muito suficiente. Mapa 2.7.5.1 Os actuais serviços/associações são suficientes? Muito Muito Não sei Suficiente Insuficiente insuficiente suficiente Preparação na relação dirigente-dirigido/interpessoal Serviço de aconselhamento emocional/psicológico Serviço de orientação profissional Serviço de apoio aos novos imigrantes Serviço à família/educação sobre a vida familiar Serviço de prestação de informações relativas às acções de formação Serviço de apoio ao pedido por “Linha Aberta” telefónica Serviço de apoio a estudantes no seu estudo Serviço de assistentes sociais extensivo ao exterior N Valor médio1 2,5% 16,9% 32,4% 15,3% 32,8% 3070 2,90 3,0% 23,1% 36,4% 16,0% 21,5% 3065 2,83 2,6% 18,8% 30,6% 12,9% 35,0% 3069 2,83 3,6% 16,9% 25,0% 9,9% 44,5% 3066 2,74 3,2% 26,9% 32,1% 13,2% 24,6% 3065 2,73 2,6% 23,5% 27,9% 10,1% 35,9% 3072 2,71 3,7% 28,5% 28,9% 12,3% 26,6% 3074 2,68 4,4% 33,6% 35,5% 10,9% 15,6% 3070 2,63 3,6% 29,5% 31,9% 8,3% 26,9% 3074 2,61 Serviço de acção social escolar 4,7% 42,8% 28,6% 7,8% 16,1% 3074 2,47 Trabalho voluntário 6,0% 39,8% 25,5% 6,8% 21,9% 3067 2,43 Escoteiro 11,9% 49,3% 13,5% 4,4% 20,9% 3067 2,13 1 Valor médio: 1=Muito suficiente; 2=Suficiente; 3=Insuficiente; 4=Muito insuficiente (As respostas “Não sei” não se incluem no Mapa.) 36 2.8 Métodos de Pedido de Apoio Para conhecer os métodos dos jovens relativos ao pedido de apoio, a Equipa de Investigação elaborou uma série de questões incluindo: “Se encontrar algum problema, a quem você vai pedir apoio?”, “Tem pedido apoio a algum assistente social nos últimos 3 meses?” e “Que problemas você julga que o assistente social pode ajudar os jovens a resolverem?”. A análise das respostas a estas questões permite-nos apurar o seguinte: se os inquiridos vão pedir ou não apoio para resolver os seus problemas ou optam por resolvê-los por si próprios ou não pedem auxílio; se os inquiridos conhecem e compreendem ou não o trabalho dos assistentes sociais; o que é que eles esperam dos assistentes sociais. 2.8.1 A quem pedir apoio para resolver os seus problemas? A esta questão, 82,4% dos inquiridos responderam que pediam apoio a amigos; 59,8% responderam que pediam apoio a colegas de estudo; 52,5% resolviam por si mesmos; o número dos que expressaram que pediam apoio aos encarregados de educação ocupa apenas 44,5%, o que reflecte que o encarregado de educação não é o alvo principal do pedido de apoio por parte dos filhos; os números dos que expressaram que pediam apoio a professores ou assistentes sociais são ainda menores, ocupando apenas 20% e 7,0% respectivamente, o que reflecte que entre os inquiridos, quando encontrem dificuldades, poucos pedem apoio a adultos. 5,1% dos estudantes do ensino secundário inquiridos manifestaram que quando encontravam problemas adoptavam por não fazer caso deles. (Ver Mapa 2.8.1.1) Mapa 2.8.1.1 A quem pedir apoio para resolver os seus problemas? n % Amigos 2559 82,4% Colegas de estudo 1856 59,8% Resolviam com meios próprios 1631 52,5% Encarregados de educação 1383 44,5% Irmãos 943 30,4% Professores 610 19,6% Outros familiares 304 9,8% Assistentes sociais 216 7,0% Não faziam caso dele 159 5,1% Outras pessoas 58 1,9% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram e resposta correspondente e N=3106. 37 2.8.2 Pedido de apoio a assistentes sociais nos últimos 3 meses? Da análise das respostas a esta questão, descobrimos que de facto, 89,5% dos estudantes do ensino secundário inquiridos não tinham pedido apoio a nenhum assistente social nos 3 meses antecedentes à realização do presente inquérito. Apenas 0,8% deles pediam neste período frequentemente/muito frequentemente o apoio a assistentes sociais. (Ver Mapa 2.8.2.1) Mapa 2.8.2.1 Pedido de apoio a assistentes sociais nos últimos 3 meses? Não 89,5% Raramente 7,4% Às vezes 2,3% Frequentemente 0,4% Muito frequentemente 0,4% N 3094 (100%) 38 2.8.3 Na sua opinião no que é que o assistente social pode ajudar? Quanto à compreensão e à expectativa do trabalho/papel do assistente social, o resultado do inquérito mostra que 60,7% dos inquiridos consideram que o assistente social pode ajudá-los, em particular, a “tratarem os problemas emocionais ou relativos ao comportamento”. Há 49,0% deles que consideram o assistente social pode ajudá-los a “melhorar a técnica de relacionamento” ou “tratar dos problemas relativos à pressão ou aflição”. Ainda há respectivamente 42,1%, 37,9% e 37,3% que consideram que o assistente social pode ajudar a “melhorar a técnica de conviver com familiares”, “melhorar a técnica de se relacionarem com amigos” ou “ter auto-control”. Poucos inquiridos são da opinião que os assistentes sociais podem ajudar em resolver os seus problemas relativos ao “emprego” e às “finanças pessoais”, ocupando respectivamente 9,7% e 4,0%. 18,3% dos inquiridos não conhecem os serviços prestados pelos assistentes sociais e 18,0% acham que os assistentes sociais ajudam muito pouco, o que reflecte a compreensão limitada por parte dos inquiridos em relação aos trabalhos dos assistentes sociais, tendo estes dificuldades em resolver os problemas dos inquiridos.(Ver Mapa 2.8.3.1) Mapa 2.8.3.1 Na sua opinião no que é que o assistente social pode ajudar? N % Tratar os problemas emocionais ou relativos ao temperamento 1881 60,7% Melhorar a técnica de relacionamento com os outros 1519 49,0% Tratar os problemas relativos à própria pressão ou aflição 1517 49,0% Melhorar a técnica de conviver com familiares 1304 42,1% Melhorar a técnica de relacionamento com os amigos 1175 37,9% Auto-control 1155 37,3% Reforçar a confiança no tratamento independente de problemas 1034 33,4% Adaptarem-se à mudança da vida 644 20,8% Prosseguir nos estudos/aproveitamento escolar 646 20,8% Não conheço os serviços prestados pelos assistentes sociais 567 18,3% De facto sinto que o assistente social não pode ajudar muito 559 18,0% Emprego 302 9,7% Resolver problemas relativos às finanças pessoais 125 4,0% Outros problemas 40 1,3% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N=3099 39 2.9 Canais de aquisição dos conhecimentos sexuais Existem respectivamente 65,3%, 59,2% e 56,7% dos estudantes do ensino secundário inquiridos que têm conhecimentos sexuais através dos “amigos”, “colegas de estudo” ou “desenhos animados/revistas/jornais/TV/rádio”. 44,9% adquiriram-nos através dos “professores”. Além de que, 25,9%, 24,6% e 24,4% dos inquiridos obtêm-nos respectivamente de “VCD/DVD/videocassetes”, de “materiais na Internet/software de informática”, e de “encarregados de educação”. Os números dos que os obtêm de “organismos governamentais” ou de “assistentes sociais” ocupam 11,4% e 7,9%, respectivamente. (Ver Mapa 2.9.1) É de notar que os inquiridos que adquirem conhecimentos sexuais por parte dos “amigos” (25,3%), “colegas de estudo” (26,4%), “desenhos animados/revistas/jornais/TV/rádio”(18,4%), “VCD/DVD/videocassetes” ou “materiais na Internet/software de informática” (21,6%), obtêm-nos às vezes dos “encarregados de educação”, o que mostra que os encarregados de educação desempenham igualmente um papel bastante importante na transmissão de conhecimentos sexuais. Mapa 2.9.1 Donde obtém conhecimentos sexuais? n % Amigos 2021 65,3% Colegas de estudo 1831 59,2% Desenhos animados/revistas/jornais/TV/rádio 1755 56,7% Professores 1391 44,9% VCD/DVD/videocassetes Materiais na Internet/software de informática 801 25,9% 760 24,6% Encarregados de educação 756 24,4% Organismos governamentais 354 11,4% Irmãos/irmãs 322 10,4% Assistentes sociais escolares 243 7,9% Centros comunitários 134 4,3% Outros canais 67 2,2% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N=3095 40 2.10 Conclusão No decorrer da presente investigação foram inquiridos mais de 3.000 estudantes do ensino secundário, através do preenchimento dos 11 questionários, cujo conteúdo abarca os diversos aspectos, nomeadamente o “estado psicológico”, a “família”, os “amigos”, etc. A credibilidade das respostas dadas nos questionários é aceitável. A seguir, é a conclusão das condutas quotidianas dos estudantes inquiridos e das opiniões destes sobre o actual serviço comunitário de Macau. 2.10.1 Estado psicológico individual O sentido de brio e a auto-eficácia dos jovens de Macau já atingiram o nível geral aceitável. Porém, alguns jovens têm sentido de brio relativamente fraco. A pressão dos inquiridos tem origem, em primeiro lugar, no estudo e em segundo lugar, na relação com familiares e amigos não satisfatória. No entanto, de um modo geral, o grau da angústia por parte dos jovens de Macau não é excepcionalmente alto. 2.10.2 Família Além de conhecer a situação de alojamento dos estudantes inquiridos (isto é, se os inquiridos vivem com os pais, se passam frequentemente a noite fora de casa ou não, etc.), o questionário também se refere a uma série de outros problemas, sobretudo, o “apoio do encarregado de educação”, “modelo de educação dos pais”, “conflito familiar” e “comunicação entre pais e filhos”. O resultado da investigação mostra que o apoio dos pais é aceitável. Em comparação com a afectividade, o apoio técnico prestados pelos pais aos filhos é mais frequente. Segundo os estudos da área de psicologia, o modelo educativo mais ideal (que desempenha o papel activo no crescimento dos jovens) é o autoritativo (authoritative parenting style). Mas, a presente Investigação mostra que só há 10% dos encarregados de educação que adoptam este modelo educativo, enquanto que a maioria dos encarregados de educação adoptam modelos de educação desfavoráveis ao crescimento dos jovens, tais como, o tipo autoritário (authoritarian parenting style), o permissivo (permissive parenting style), etc., o que reflecte que o modelo educativo adoptado pelos encarregados de educação está por melhorar. Em relação ao conflito familiar, este não é grave, mas parece que os jovens e adolescentes que não vivem com os pais têm conflitos frequentes com a família. 41 A maioria dos jovens vivem com os pais e irmãos/irmãs (se os têm). Em comparação com os jovens que não vivem com os pais, eles comportam-se melhor em diversos aspectos, tendo sentido de brio mais alto, melhor apoio dos pais, melhor comunicação com os familiares, sentido de responsabilidade e de dedicação mais forte perante a escola, etc. Em relação aos jovens que não vivem com os pais, é mais frequente que tenham comportamento de desvio e conflitos com a família, o que leva os pais a desleixarem-se na educação dos filhos. Outro factor importante que afecta o crescimento dos jovens é a permanência dos pais, ou seja, o acompanhamento dos pais em casa durante a noite. Os dados relacionados mostram que os jovens cujos pais nem todas as noites permanecem em casa têm mais probabilidades de ter contacto com as sociedades secretas e, ao mesmo tempo, têm maior tendência para participarem em actividades comunitárias ou nos centros de juventude. O apuramento deste fenómeno leva a crer que esta parte de jovens são mais permeáveis, podendo ser influenciados tanto pelas sociedades secretas como pelos elementos positivos. Esta característica reflecte-se na vida quotidiana que estes jovens enfrentam tanto de crise como de protecção, situação que é semelhante à de Hong Kong e de Singapura. Se o governo puder reforçar estes factores de protecção, estes jovens poderão resistir à sedução por parte das sociedades secretas. 2.10.3 Relação com os amigos A relação com os amigos é o factor mais importante para o crescimento dos jovens, embora o papel da escola também seja bastante importante. A presente Investigação mostra que os valores dos factores referentes à “relação com amigos” e “influência negativa dos amigos” nos mapas relacionados são muito grandes, como por exemplo, os valores médios na escala de 4 pontos atingem 3,16 e 3,03, o que mostra os amigos e colegas de estudo exercem grande influência sobre os jovens. Estas influências são geralmente positivas, como por exemplo, os jovens “fazem trabalho voluntário com amigos”. Sem embargo, os amigos também podem trazer algumas influências negativas, como por exemplo, “ver filmes pornográficos/ler revistas eróticas na companhia dos amigos”. Além do mais, há ainda alguns números interessantes que merecem atenção: por exemplo, mais de 40% dos jovens inquiridos têm, pelo menos, um(a) “amigo(a) íntimo(a) de sexo oposto”; mais de 30% dos jovens têm pelo menos um(a) “amigo(a) com ligação às sociedades secretas”; mais de 10% dos inquiridos conhecem 3 ou mais elementos das sociedades secretas. Estes dados reflectem que os jovens estão em crise, o que merece a nossa atenção. Pelo que devemos esforçar-nos por 42 conduzi-los a seguir uma direcção correcta para o seu desenvolvimento. 2.10.4 Comportamento Durante a presente Investigação foi feita igualmente uma análise sobre os comportamentos dos jovens, nomeadamente sua conduta na vida quotidiana, comportamentos desviantes e infracções contra a lei. Os comportamentos desviantes mais evidentes são “injuriar outros com palavras”, “jogar jogos com apostas” e “comprar objectos piratas (incluindo carteiras/CD/VCD/software de informática”. Cerca de 50% a 70% dos jovens inquiridos admitiram ter esses comportamentos. Além de que, o número dos jovens que às vezes, muitas vezes ou frequentemente fumam ou têm relações sexuais antes do casamento, embora seja reduzido, alcança cerca de 4%. As infracções contra a lei por parte dos jovens não são graves. De entre os jovens inquiridos, cerca de 8% a 10% “roubaram dinheiro em casa”, “destruíram instalações públicas” ou “perturbaram, injuriariam ou brigaram na rua”, dos quais menos de 3% praticaram esses actos “frequentemente” ou “às vezes”. No entanto, entre os jovens que cometeram infracções contra a lei, houve apenas 6,2% que foram detidos/presos pela polícia, o que reflecte que a detenção/prisão não seja forçosamente uma medida dissuasora perante os jovens. 2.10.5 Opiniões dos jovens sobre o serviço comunitário Como a esmagadora maioria dos jovens não participaram em serviços ou actividades de centros comunitários, as suas opiniões só podem servir de referência, sendo difíceis de ser tomados como base para a avaliação dos serviços em questão. De entre as diversas actividades/serviços desenvolvidos, as que são mais acolhidas pelos jovens não são aquelas relativamente sérias como palestras e orientação no estudo, mas aquelas de carácter recreativo, tais como o “acampamento ao ar livre”, “excursão”, “navegação pela Internet”, etc., característica que se prende com os motivos por que eles optam por estas actividades, sendo perto de 80% dos inquiridos que participam nas actividades por matar o tempo com divertimentos e de travar amizade e não para enriquecimento de mais conhecimentos. Além dos centros comunitários e de juventude, na presente Investigação também foram inquiridos os jovens sobre suas opiniões relativas às instalações públicas comunitárias (tais como as bibliotecas e os parques) e aos serviços sociais (tal como o serviço de aconselhamento). De um modo geral, os jovens consideram insuficiente a maioria das instalações e 43 particularmente insuficientes as instalações desportivas e recreativas, tais como o campo de patinagem no gelo/na tábua, campo de bicicletas artísticas, ginásios, etc. Já a falta de instalações relacionadas com a educação, tais como as bibliotecas, salas de estudo e centros de juventude, não é tão grave. Quanto aos serviços sociais, o que mais falta aos jovens inquiridos são os conhecimentos acerca do “serviço de apoio aos novos imigrantes”, “serviço de prestação de informação relativas às acções de formação” e “serviço de orientação profissional”. No entanto, os inquiridos consideram mais insuficientes os serviços relativos ao “aconselhamento emocional/psicológico”, “preparação na relação dirigente-dirigido/ interpessoal” e “orientação profissional”. 2.10.6 Métodos de pedido de apoio Os jovens inquiridos, quando têm alguma dificuldade, costumam pedir apoio, em primeiro lugar, a “amigos” e, em segundo lugar, “colegas de estudo” ou “resolvê-la por si próprios”. Os inquiridos que pedem apoio aos pais ou professores ocupam menos de 50% e menos de 20% respectivamente. O inquérito mostra ainda que os assistentes sociais também não são os alvos principais a que os jovens recorrem, sendo 90% dos inquiridos que não pedem apoio a assistentes sociais, o que reflecte que os seus conhecimentos sobre os assistentes sociais são ainda limitados e não sabem quais os tipos de serviços prestados pelos mesmos profissionais. 2.10.7 Canais de aquisição dos conhecimentos sexuais Através da presente Investigação foi descoberto que os “amigos”, “colegas de estudo” ou “desenhos animados/revistas/jornais e revistas/TV/rádio” são fontes principais dos conhecimentos sexuais por parte dos jovens, seguindo-se-lhes os “professores”. São poucos os inquiridos que obtêm conhecimentos sexuais junto dos “organismos governamentais” ou “assistentes sociais escolares”. 44 Capítulo III Situação da Vida de Encarregados de Educação 3.1 Dados de Identificação A maioria dos encarregados de educação inquiridos2 é do sexo feminino, constituindo 64,1% do total, e os restantes do sexo masculino ocupam 35,9%. A idade média dos encarregados de educação inquiridos é de 45 anos; 93,2% deles têm idades oscilando entre os 35 anos e os 54 anos; 49,3%, entre os 35 anos e os 44 anos; 4,8% têm idades de 55 anos ou mais. A idade média dos cônjuges de encarregados de educação é de 46 anos e a sua distribuição etária é semelhante à dos encarregados de educação: 92,4% deles têm idades oscilando entre os 35 anos e os 54 anos, e entre estes a percentagem dos que têm 45 a 54 anos de idade é a maior, chegando a 49,3%, o que reflecte que genericamente, os encarregados de educação são um pouco mais jovens do que os cônjuges (Ver Mapa 3.1.1). As habilitações académicas dos encarregados de educação inquiridos (Ver Mapa 3.1.1) é a seguinte em traços largos: 30,4% deles têm curso primário ou inferior; 35,3%, possuem curso secundário geral; 27,1% com curso secundário complementar; 5,1%, têm curso de bacharelato ou curso superior. As habilitações académicas dos cônjuges dos encarregados de educação é um pouco inferior à deles: 37,1% têm curso primário ou inferior; 33,6% possuem curso secundário geral; 22,3%, com curso secundário complementar. No que diz respeito à religião, 28,6% dos encarregados de educação não têm crença religiosa; 24,3% deles têm o costume de render culto aos antepassados e 23,9% são budistas; 11,5% prestam culto a Deus da Terra/Kun Iam/Deusa Celeste; o número de encarregados de educação cristãos ou católicos é evidentemente menos do que o dos alunos do curso secundário, ocupando 2,9% e 2,0% respectivamente (Ver Mapa 3.1.1). Quanto ao estado civil, 84,5% dos encarregados de educação são casados; 10,1% deles separados, divorciados ou viúvos, o que mostra que provavelmente 10% das famílias de Macau são monoparentais. Quanto ao lugar de nascimento, 70,8% dos encarregados de educação nasceram no interior da China e 23,3%, em Macau. Quanto ao tempo de residência em Macau, os encarregados de educação residem em Macau há 26 anos em média; 5,1% deles, menos de 10 anos; 31,5%, 11 a 20 anos; 37,3%, 21 a 2 Entre os inquiridos 1,6% são tutores. 45 30 anos; 14,5%, 41 a 50 anos, o que mostra que a percentagem dos estudantes provenientes das famílias de novos imigrantes não é grande em relação ao total dos estudantes (Ver Mapa 3.1.1). 96,1% dos encarregados de educação inquiridos vivem com filhos e 85,2%, com cônjuges; há ainda 4,7% que vivem com parentes não em linha recta ou amigos (Ver Mapa 3.1.1). No tocante à receita familiar, a diferença entre as famílias em termos de receita mensal (em patacas) é muito grande (Ver Mapa 3.1.1). Os que têm a receita mensal mínima de MOP0 a 2.999 ocupam 8,7%; os que têm a receita mensal de MOP3.000 a 4.999, 20,3%; os que têm a de MOP5.000 a 6.999, 16,9%; os que têm a de MOP7.000 a 8.999, 14,7%; os que têm a de MOP9.000 a 10.999, 10,1%; os que têm a de 11.000 a 14.999, 11,7%; os que têm a de MOP15.000 a 29,999, 12,7%; os que têm a de MOP30.000 ou mais, 5%. Nisso vê-se que tanto os que só têm a receita mensal de MOP2.999 ou menos como os que têm a receita mensal de MOP30.000 ou mais ocupam uma determinada percentagem, o que reflecte a enorme disparidade entre os pobres e os ricos na sociedade de Macau. Além disso, quase metade dos inquiridos (45,9%) tem receita mensal total 3 inferior a MOP6.999. Entre os inquiridos os que expressaram terem dificuldades económicas nos três meses anteriores a serem inquiridos ocupam 43,9%; 9,6% dos inquiridos recebem subsídios do Governo (Ver Mapa 3.1.1). 3 Segundo dados fornecidos pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, a mediana das receitas individuais do 2.º trimestre de 2002 (mais ou menos equivalente ao período do nosso inquérito) era de MOP4.575. 46 Mapa 3.1.1 Dados de identificação Sexo Itens % (N) Feminino 64,1% Masculino 35,9% 100% (2465) Idade (Média: 45anos) 24 anos ou menos 1 0,5% 25-34 anos 1,5% 35-44 anos 49,3% 45-54 anos 43,9% 55-64 anos 4,1% 65 anos ou mais 0,7% 100% (2458) Idade de cônjuge (Média: 46anos) 21-24 anos 0,2% 25-34 anos 1,2% 35-44 anos 43,1% 45-54 anos 49,3% 55-64 anos 5,3% 65 anos ou mais 0,9% 100% (2194) Habilitações académicas Nunca frequentaram a escola 2,1% Curso primário ou habilitações académicas inferiores 30,4% Curso secundário geral 35,3% Curso secundário complementar 27,1% Cursos superiores de bacharelato/licenciatura ou habilitações académicas superiores 5,1% 100% (2439) Habilitações de cônjuge académicas Nunca andavam na escola 2,9% Curso primário ou habilitações académicas inferiores 37,1% Curso secundário geral 33,6% Curso secundário complementar 22,3% Cursos superiores de bacharelato/licenciatura ou habilitações académicas superiores 4,1% 100% (2241) (Continua na seguinte página) 47 (Continuação da página anterior) Religião Não têm crença nenhuma 28,6% Rendem culto aos antepassados 24,3% Budistas 23,9% Adoram a Divindade da Terra/Kun Iam/Deusa Celeste, etc. 11,5% Católicos 2,9% Protestantes 2,0% Outros2 6,7% 100% (2458) Estado civil Casados 84,5% Viúvos 3,9% Divorciados 3,7% Separados 2,5% Vivem juntos 3,6% Solteiros 1,7% 100% (2475) Lugar de nascimento Interior da China 70,8% Macau 23,3% Outros lugares 4,1% Hong Kong 1,9% 100% (2469) Tempo de residência em Macau (Média: 26anos) 1 a 10 anos 5,1% 11 a 20 anos 31,5% 21 a 30 anos 37,3% 31 a 40 anos 8,8% 41 a 50 anos 14,5% 51 a 60 anos 2,5% 61 anos ou mais 0,2% 100% (2408) Com quem vivem 3 Filhos 96,1% Cônjuges 85,2% Pais/pais do cônjuge 11,3% Outros familiares 4,0% Amigos 0,7% Outras pessoas 0,8% N=2472 (Continua na seguinte página) 48 (Continuação da página anterior) Receita familiar mensal total (MOP) média 0 – 2.999 8,7% 3.000 – 4.999 20,3% 5.000 – 6.999 16,9% 7.000 – 8.999 14,7% 9.000 – 10.999 10,1% 11.000 – 12.999 7,6% 13.000 – 14.999 4,1% 15.000 – 16.999 3,1% 17.000 – 18.999 2,1 % 19,000 – 20,999 2,7% 21,000 – 22,999 1,8% 23.000 – 24.999 1,0% 25.000 – 26.999 1,2% 27.000 – 29.999 0,8% 30.000 ou mais 5,0% 100% (2420) Situação familiar económica Têm dificuldades económicas Recebem subsídios do Governo 1 43,9% (2451) 9,6% (2449) Como a idade mínima dos inquiridos é de 11 anos e a idade dos pais deveriam ser maiores em geral; este caso deve-se provavelmente ao preenchimento de questionários pelos irmãos dos inquiridos. 2 Outros: islamismo, confucionismo, tauísmo ou mais de uma crença, outros. 3 A esta questão, pode-se assinalar uma ou mais respostas. 49 3.2 Estado Psicológico 3.2.1 Problemas habitualmente encontrados Genericamente, os encarregados de educação têm frequentemente problemas relativos ao seu trabalho e à instabilidade da sua receita familiar (Ver Mapa 3.2.1.1). Os que têm frequentemente problemas relativos à “instabilidade da receita familiar” ocupam 18,4% e os que os têm muitas vezes ou às vezes ocupam 24,6%; os que têm frequentemente “problemas relativos ao trabalho” ocupam 8,6% e os que os têm muitas vezes ou às vezes ocupam 44,1%; os que têm frequentemente problemas relativos ao desemprego/espera do emprego/procura de emprego ocupam 11,2%. Quanto ao problema de saúde, os que têm às vezes ou mesmo frequentemente problemas relativos à saúde ocupam 48,9%, enquanto que 87,1% dos encarregados de educação expressam que nunca ou raramente têm problemas relativos à “discriminação por parte de outras pessoas”, 89,1% expressam que nunca ou raramente têm problemas relativos à “inadaptação ao ambiente de vida”. Quanto à relação familiar, 65,2% dos encarregados de educação inquiridos manifestam que raramente ou nunca têm problemas relativos à “má relação com cônjuges” e 66,7% dos que manifestam que raramente ou nunca têm problemas relativos à “má relação com filhos”. Mapa 3.2.1.1 Problemas habitualmente dantes de serem inquiridos Problemas habitualmente Não Raramente encontrados 1 Instabilidade da 32,6% 14,5% receita familiar Problemas no 27,2% 20,0% trabalho 28,7% 22,4% Saúde encontrados por encarregados de educação nos 3 meses Má relação com cônjuges Má relação com filhos Desemprego/ espera de emprego/procura de emprego, etc. Dificuldades na comunicação com outros Discriminação por parte de outras pessoas Inadaptação ao ambiente de vida 1 Escala de 5 frequentemente Às vezes Frequentemente Muito frequentemente 24,9% 9,7% 18,4% 32,4% 11,7% 8,6% 33,9% 8,1% 6,9% Valor médio (N) 1,67 (2401) 1,54 (2360) 1.42 (2388) 1,08 (2316) 1,05 (2365) 0,95 (2238) 41,5% 23,7% 24,9% 4,8% 5,0% 38,4% 28,3% 26,0% 4,5% 2,8% 61,5% 9,6% 12,9% 4,8% 11,2% 44,6% 31,5% 21,1% 1,5% 1,3% 0,83 (2302) 65,0% 22,1% 9,9% 1,5% 1,6% 0,53 (2332) 67,1% 22,0% 9,0% 1,3% 0,6% 0,46 (2328) pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito 50 3.2.2 Pressão A pressão que os encarregados de educação inquiridos sentem está estreitamente relacionada com os problemas habitualmente vividos por eles, ou seja, quanto mais grave o problema, maior a pressão (Ver Mapa 3.2.2.1). O “sentido de pressão” está relacionado estreitamente relacionado com os “problemas no trabalho” e a “instabilidade da receita familiar” (os coeficientes correlativos são respectivamente 0,34 e 0,33). Além disso, também está relacionado com os problemas relativos à “má relação com cônjuges”, à “saúde”, ao “desemprego/espera de emprego/busca de emprego” e à “má relação com o cônjuge” (os coeficientes correlativos são respectivamente 0,21 a 0,26); mas tem pouca relação com outros problemas (o coeficiente correlativo é inferior a 0,2). Em comparação com os estudantes do ensino secundário inquiridos (Ver Mapa 2.3.2.1.), os encarregados de educação sofrem maior pressão perante os problemas acima referidos, o que mostra que os encarregados de educação são mais susceptíveis de sentirem a pressão. Mapa 3.2.2.1 Relação entre a pressão e os problemas habitualmente encontrados Recentemente senti grande pressão1 Questões Problemas habitualmente encontrados 2 Coeficiente correlativo3 Grau evidente (p) Problemas no trabalho 0,34 *** Instabilidade da receita familiar 0,33 *** Má relação com o cônjuge 0,26 *** Saúde debilitada 0,26 *** Desemprego/à espera de emprego/ à procura de emprego 0,22 *** Má relação com filhos 0,21 *** Discriminação por parte das outras pessoas 0,17 *** Inadaptação ao ambiente de vida 0,17 *** Dificuldades na comunicação com as 0,14 *** pessoas 1 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma concordo; 2= Não concordo; 3=Concordo; 4=Concordo absolutamente 2 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 3 Coeficiente correlativo de Pearson: 0 a +1 *** p < 0,001 51 3.3 Família 3.3.1 Alojamento noutro local O resultado do inquérito sobre a situação do alojamento dos pais noutro local mostra que geralmente estes e os filhos não vivem/dormem no mesmo local, mas é mais frequente em relação ao pai do que em relação à mãe (Ver 3.3.1.1). De entre as famílias visitadas, 80,2% dos pais e 93,5% das mães raramente e mesmo nunca viveram noutro local, enquanto que há 9,8% dos pais vivem noutro local frequentemente ou muito frequentemente e só há 1,7% das mães que o fazem, o que reflecte que durante a noite a esmagadora maioria das mães permanecem em casa a desempenhar o papel principal no cuidado da família. Mapa 3.3.1.1 Situação do alojamento dos inquiridos noutro local Questões1 Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Muito frequentemente Valor médio (N) Alojamento de 0,88 pais noutro 47,0% 33,2% 9,9% 4,7% 5,1% (2025) local Alojamento de 0,49 mães noutro 59,8% 33,7% 4,7% 1,0% 0,7% (2028) local 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 3.3.2 Diálogo entre pais e filhos 41,5% dos encarregados de educação inquiridos disseram que conversavam frequentemente ou muito frequentemente com seus filhos, enquanto que há 18,1% só o faziam raramente, e há 2,0% que não o faziam nunca (Ver Mapa 3.3.2.1). Mapa 3.3.2.1 Diálogo com os filhos Questão1 Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Muito Frequentemente Valor médio (N) Tempo de diálogo entre os pais e os 2,46 filhos nos três 2,0% 18,1% 38,4% 14,8% 26,7% (2453) meses antecedentes ao inquérito 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente. 52 3.3.3 Relação entre o tempo de diálogo entre pais e filhos e os problemas habitualmente encontrados por filhos Da análise do tempo de diálogo entre pais e filhos e das dificuldades que os filhos costumam enfrentar, verificámos a existência óbvia de uma relação de proporção inversa, isto é, quanto mais tempo os pais disponibilizarem no diálogo com os seus filhos, menos serão os problemas destes (Ver Mapa 3.3.3.1). O “tempo de diálogo entre pais e filhos” está relacionado mais estreitamente com a “má relação com familiares”, relação essa que é razoável ( o valor correlativo = -0, 28), seguindo-se-lhe os problemas de “briga entre os pais” e “instabilidade originada pela receita familiar”, o que reflecte que a relação conjugal e a situação económica familiar também se relacionam de modo determinante com a comunicação entre pais e filhos (os valores correlativos são respectivamente -0,19 e -0,17. Quanto ao “contacto com amigos com comportamentos duvidosos” e ao “problema amoroso com namorados”, também estão ligeiramente conexos com o “tempo de diálogo entre pais e filhos” (o valor correlativo = -0, 15). Os valores correlativos doutros problemas com o “tempo de diálogo entre pais e filhos” são todos inferiores a -0,12. Mapa 3.3.3.1 Relação entre o tempo de diálogo entre pais e filhos e os problemas habitualmente encontrados pelos filhos Disponibilidade por parte dos pais para conversar com os Questões filhos, segundo as respostas dadas pelos mesmos pais1 Problemas habitualmente encontrados Graus evidentes (p) pelos filhos, segundo as respostas dadas Coeficientes correlativos2 pelos mesmos1 Ma relação com familiares -0,28 *** Briga entre pais -0,19 *** Instabilidade originada pela receita familiar -0,17 *** Contacto com amigos com comportamentos -0,15 *** duvidosos Problema amoroso com os namorados -0,15 *** Inadaptação ao ambiente de vida -0,12 ** Classificação escolar insatisfatória -0,10 *** Dificuldades encontradas no estudo -0,10 *** Saúde débil -0,09 ** Inadaptação à vida escolar -0,09 ** Discriminação por parte das outras pessoas -0,08 * Dificuldades na comunicação com outros -0,06 ** Má relação com amigos -0,06 * 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente. 2 Os valores do teste de associação não paramétrico são: 0 a +1 *** p <0,001 ** p < 0, 01 * p < 0, 05 53 3.3.4 Actividades quotidianas entre pais e filhos 87,9% dos pais inquiridos acompanham os filhos durante as refeições e 73,7% a ver televisão. 44,1% ficam ao pé dos filhos para lhes informar dos assuntos familiares/outros assuntos e 36,6% ficam com os filhos, encontrando-se estes e aqueles a ser absorvidos nas actividades próprias. 33,1% resolvem problemas com os filhos e 31,2% dedicam o tempo aos filhos nas visitas aos familiares ou amigos. Em termos relativos, são poucos os pais inquiridos que trocam impressões com os filhos sobre os seus sentimentos ou dão respostas às necessidades afectivas dos filhos (27,3%), que acompanham os filhos nos seus estudos ou dão orientações aos filhos para a realização de trabalhos de casa (24,0%) e que realizam actividades recreativas ou de lazer com os filhos (23,0%). Os pais que acompanham os filhos na aprendizagem de determinadas habilidades são em número ainda mais reduzido, ocupando somente 4,2% (Ver mapa 3.3.4.1). Mapa 3.3.4.1 O que os pais costumam fazer com os filhos? n % Fazem refeições juntos 2179 87,9% Vêem televisão juntos 1828 73,7% 1094 44,1% 908 36,6% Resolver problemas 820 33,1% Visitar familiares ou amigos 773 31,2% Conhecer assuntos sociais ou actualidades 745 30,1% 676 27,3% 596 24,0% 569 23,0% 104 4,2% 8 0,3% Informar os filhos dos assuntos familiares /outros assuntos Cada qual absorvido nas actividades próprias Trocar impressões sobre os sentimentos e apoio emocional Ajudar filhos na sua revisão de lições ou no seu cumprimento de trabalhos de casa Fazer actividades recreativas ou de lazer Aprender habilidades (tais como música, trabalhos manuais, etc.) a Outros Nota: A esta questão pode-se assinalar uma ou mais respostas e “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente. N=2479 54 3.4 Problemas dos Filhos 3.4.1 Preocupações com os filhos O que mais preocupa os encarregados de educação é o aproveitamento escolar dos filhos e o contacto destes com maus amigos (Ver Mapa 3.4.1.1). Há respectivamente 83,5% e 82,3% deles que se preocupam com a “má classificação escolar” dos filhos e com o seu “relacionamento com más companhias”; ainda há respectivamente 58,6% e 47,8% que se preocupam com a “saúde débil” do seus filhos e com seus “maus hábitos”. Além disso, os números dos que se preocupam com a “impossibilidade de arranjar emprego no futuro” por parte de seus filhos, com “infracção/criminalidade” ou com a sua “falta de técnica relativa ao relacionamento com outros” ocupam respectivamente 37,4%,36,4% e 36,4%, mas só 3,0% dos encarregados de educação preocupam-se com os filhos no que diz respeito à sua “inadaptação à vida de Macau”, o que tem a ver com o facto de quase 3% dos estudantes do ensino secundário estarem a residir em Macau só há três anos ou menos (Ver Mapa 2.1.1). Mapa 3.4.1.1 O que mais preocupa os encarregados de educação em relação aos seus filhos? n % Má classificação escolar 2072 83,5% Contacto com más companhias 2043 82,3% Saúde débil 1455 58,6% Maus hábitos 1186 47,8% Impossibilidade de arranjar emprego no futuro 929 37,4% Infracção/criminalidade 904 36,4% 903 36,4% Falta de habilidades 696 28,0% Contacto com amigos de sexo oposto 688 27,7% Sofrimento de ultrajes na escola 465 18,7% Inadaptação à vida de Macau 74 3,0% Outros problemas 27 1,1% Falta de técnica relativa relacionamento com outros ao Nota: A esta questão pode-se assinalar uma ou mais respostas e “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a correspondente resposta. N=2482 55 3.4.2 Factores que afectam o crescimento de filhos Na opinião dos encarregados de educação, entre os factores que afectam o crescimento dos seus filhos os principais são os seguintes: a “classificação escolar” (55,7%), a “vida familiar” (44,0%), a “personalidade dos filhos” (41,1%) e o “ambiente sócio-económico” (39,0%). Nisso vê-se que o “aproveitamento escolar” é o factor mais preocupante, pois quase 50% dos encarregados de educação inquiridos consideram-no o factor que afecta mais o crescimento dos seus filhos. Além disso, também há respectivamente 32,6% e 29,0% dos encarregados de educação que consideram que a “relação dos filhos com amigos” e os “jogos de fortuna e azar” de Macau podem afectar o crescimento dos seus filhos (Ver Mapa 3.4.2.1). Mapa 3.4.2.1 Quais factores você sente que afectam mais o crescimento de filhos? n % Classificação escolar 1374 55,7% Vida familiar 1087 44,0% Personalidade dos filhos 1014 41,1% Ambiente sócio-económico 962 39,0% Relação com amigos 805 32,6% Jogos de fortuna e azar 716 29,0% Comunicação social 637 25,8% Relação com professores 482 19,5% Outros factores 25 1,0% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N= 2468 56 3.4.3 Serviços que o governo ou as instituições particulares devem aumentar com maior urgência Os números obtidos no inquérito em relação a esta questão são semelhantes aos da questão relacionada com a preocupação dos pais para com o aproveitamento escolar dos filhos, sendo necessário reforçar o serviço de “orientação no estudo”, conforme a opinião dos 62,5% dos pais inquiridos. Além disso, há respectivamente 48,4%, 45,3%, 40,7%, 34,6%, 34,0%, 32,8% e 31,8% deles que consideram necessário o aumento dos serviços de “orientação profissional”, “organização de actividades desportivas e recreativas”, “fornecimento de oportunidade de formação aos jovens que tenham interrompido os estudos na escola”, “centros comunitários”, “divulgação de serviços sociais”, “reforço da patrulha policial” e “piscinas e campos desportivos”. É de notar que há 34,0% dos encarregados de educação inquiridos que consideram necessário o reforço das acções de promoção dos serviços sociais, o que reflecte que os encarregados de educação têm grande interesse em conhecerem quais os serviços sociais disponíveis na sociedade, bem como em aprofundarem esses conhecimentos com vista ao melhor aproveitamento dos recursos sociais (Ver Mapa 3.4.3.1). Mapa 3.4.3.1 Serviços que no entender dos encarregados de educação inquiridos devem ser reforçados pelo governo ou pelas instituições particulares com maior urgência para ajudar os jovens n % Orientação no estudo 1546 62,4% Orientação profissional 1198 48,4% Actividades desportivas e recreativas 1122 45,3% Fornecimento de oportunidade de formação aos jovens que tenham interrompido os estudos na escola 1007 40,7% Centros comunitários 857 34,6% Promoção de serviços sociais 843 34,0% Reforço de patrulha policial 812 32,8% Piscinas e campos desportivos 788 31,8% Parques/campos de diversão 472 19,1% Reuniões para encarregados de educação 459 18,5% Outros 32 1,3% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N=2477. 57 3.5 Actividades comunitárias 3.5.1 O que se espera obter das actividades desenvolvidas pelo Governo ou pelas organizações não governamentais 49,9% dos encarregados de educação inquiridos expressaram que se tivessem tempo para participar nas actividades a desenvolverem pelo Governo ou pelas organizações não governamentais, preferiam aderir àquelas que têm como objectivo “melhorar a classificação escolar de seus filhos”. Além disso, há respectivamente 41,4%, 34,7%, 32,2%, 31,9% e 10,3% deles que preferem participar nas actividades que lhes permitam “aprender como educar os filhos”, “ter mais oportunidades de emprego”, “adquirir conhecimentos e técnicas”, “beneficiar do apoio económico” e “partilhar os sentimentos com outrem e obter apoio de ordem emocional”. No entanto, entre os encarregados de educação inquiridos só há respectivamente 8,9% e 7,8% que têm interesse em participar nas actividades que ajudem a “desenvolver a capacidade de liderança” ou que os levem a “ficar a par dos assuntos comunitários”. Além de que ainda há 3,1% de encarregados de educação inquiridos que desejavam “adaptar-se à vida de Macau”, percentagem esta que é semelhante à (3%) dos que se preocupam com a inadaptação de seus filhos à vida de Macau (Ver Mapa 3.4.1.1). Mapa 3.5.1.1 O que se espera obter das actividades desenvolvidas pelo Governo ou pelas organizações não governamentais n % Melhorar a classificação escolar de filhos 1224 49,9% Aprender a educar os filhos 1018 41,4% Ter mais oportunidades de emprego 852 34,7% Adquirir conhecimentos e habilidades 790 32,2% Beneficiar de apoio económico 783 31,9% Matar o tempo e divertirem-se 561 22,8% Ajudar outros e servir a sociedade 475 19,3% Resolver problemas pessoais 354 14,4% Travar amizade 321 13,1% Partilhar sentimentos com outrem e beneficiar do apoio emocional 253 10,3% Desenvolver a capacidade de liderança 218 8,9% Ficar a par dos assuntos comunitários 191 7,8% Adaptarem-se à vida de Macau 75 3,1% Outros 18 0,7% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N=2455. 58 3.6 Métodos de Pedido de Apoio 3.6.1 A quem vai pedir apoio se tiverem problemas? Embora 85,2% dos encarregados de educação inquiridos vivam com os cônjuges (Ver Mapa 3.1.1), só 59,9% deles vão pedir apoio aos “cônjuges” se tiverem problemas e 40,5% vão “resolvê-los por si mesmos”, havendo respectivamente 37,8, 35,4%, 23,6% e 20,8% dos encarregados de educação inquiridos que vão pedir apoio a “amigos”, “irmãos”, “filhos” ou “outros familiares” para resolver os problemas. São apenas 5,3% dos encarregados de educação que vão pedir apoio a assistentes sociais quando se deparem com problemas (3.6.1.1). Mapa 3.6.1.1 A quem vai pedir apoio se tiver problemas? N % Cônjuge 1477 59,9% Resolver por si mesmo 998 40,5% Amigos 932 37,8% Irmãos 874 35,4% Filhos 582 23,6% Outros familiares 513 20,8% Assistentes sociais 131 5,3% Vizinhos 79 3,2% Não fizeram caso da questão 72 2,9% Outras pessoas 19 .8% Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que assinalaram a resposta correspondente e N=2467. 3.6.2 Pediu alguma vez apoio a assistentes sociais? Questionados se tinham experiências em pedir apoio a assistentes sociais nos três meses antes de serem inquiridos, 92,1% dos encarregados de educação inquiridos responderam que nunca tinham pedido apoio a assistentes sociais; só 1,3% que pediram apoio a assistentes muitas vezes ou frequentemente (Ver Mapa 3.6.2.1). Mapa 3.6.2.1 Os encarregados de educação inquiridos pediram ou não apoio a assistentes sociais nos três meses antes da realização do inquérito Nunca 92,1% Raramente 3,8% Às vezes 2,8% Frequentemente 0,6% Muito frequentemente 0,7% N 2427 (100%) 59 3.6.3 No seu entender, em que é que os assistente sociais podem ajudar? Em comparação com os estudantes do ensino secundário, é mais reduzido o número dos encarregados de educação inquiridos consideram que os assistentes sociais podem ajudar a revolver problemas. Mais de 1/4 dos encarregados de educação (27,6%) “julgam que os assistentes sociais não ajudam muito” (Ver Mapa 3.6.3.1); 45,6% “não sabem quais os serviços prestados pelos assistentes sociais”, percentagem essa que é muito superior à dos estudantes do ensino secundário inquiridos a quem foi colocada a mesma questão (Nota: 18,3% dos estudantes do ensino secundário inquiridos expressaram que não sabiam quais serviços os assistentes sociais prestam), o que reflecte que em comparação com os seus filhos, os encarregados de educação conhecem menos os serviços prestados pelos assistentes sociais, achando que eles não podem ajudá-los a resolver os seus problemas. Apesar disso, também há respectivamente 20,8%, 19,5%, 17,5% e 16,1% dos encarregados de educação que consideram que os assistentes sociais podem ajudá-los a tratarem os problemas relativos à “pressão ou ansiedade” ou relativos à “emoção ou temperamento”, a melhorar a situação sobre o “emprego” ou a “técnica de relacionamento com os familiares”. Os números dos encarregados de educação inquiridos que consideram que os assistentes sociais podem ajudá-los a “aumentarem a confiança no tratamento de assuntos com autonomia”, a “adaptarem-se às mudanças de vida” ou a tratarem o “problema relativo às finanças pessoais” são bastante pequenos, chegando apenas a 9,9%, 9,3% e 7,9% do total, respectivamente (Ver Mapa 3.6.3.1). Mapa 3.6.3.1 No seu entender, em que é que os assistentes sociais podem ajudar? n Não sei quais serviços prestados pelos assistentes sociais 1082 Julgo que os assistentes sociais não ajudam muito 654 Tratar os problemas relativos à sua pressão ou ansiedade 493 Tratar os problemas relativos à emoção ou temperamento 462 Arranjar emprego 416 Melhorar a técnica de relacionamento com os familiares 382 Melhorar a técnica de relacionamento com os outros 256 Aumentar a confiança no tratamento de assuntos com 234 autonomia Adaptarem-se à mudança de vida 220 Tratar problemas relativos à finanças pessoais 187 Outros problemas 33 Nota: Pode assinalar uma ou mais respostas. O “n” é o número dos inquiridos que resposta correspondente e N=2371. 60 % 45,6% 27,6% 20,8% 19,5% 17,5% 16,1% 10,8% 9,9% 9,3% 7.9% 1.4% assinalaram a 3.7 Comparação das respostas dadas pelos encarregados de educação e pelos filhos 3.7.1 Dificuldade económica familiar e recepção de subsídio Da análise da amostra das famílias, foi verificada que os pais/tutores inquiridos e os seus filhos têm uma compreensão diferente em relação à dificuldade económica (Ver Mapa 3.7.1.1): 43,9% dos pais/tutores expressaram que tinham dificuldades económicas nos três meses antecedentes ao inquérito, o que reflecte que as famílias inquiridas encaravam determinada pressão económica; mas, só 39,4% de seus filhos inquiridos manifestaram que suas famílias tinham dificuldades económicas, o que mostra que quanto a esta questão a compreensão dos filhos sobre este problema difere da dos seus pais e que alguns filhos não conhecem bem a situação económica das suas famílias. Quanto à recepção de subsídios do Governo, as respostas de ambas as partes são similares: 9,7% dos encarregados de educação inquiridos expressaram que as suas famílias receberam subsídios do Governo, enquanto que 11,5% dos seus filhos inquiridos deram respostas afirmativas a esta questão (Ver Mapa 3.7.1.1). Mapa 3.7.1.1 Situação da dificuldade económica familiar e da recepção de subsídio do Governo nos três meses antecedentes ao inquérito Respostas de Respostas de encarregados N estudantes de educação/ tutores Tinham dificuldade económica 39,4% 43,9% 2417 Receberam subsídios do Governo 11,5% 9,7% 2411 61 3.7.2 Situação do “tempo de diálogo entre pais e filhos” e do “alojamento de pais noutro local” Através da análise comparativa das respostas dos encarregados de educação e dos seus filhos, descobrimos que as opiniões de ambas as partes sobre o “tempo de diálogo entre pais e filhos” são diferentes: 26,5% dos pais expressaram que conversavam frequentemente com filhos, mas só 3,6% dos seus filhos deram respostas afirmativas a esta questão. Em contrário, há 49,0% dos filhos expressaram que raramente ou nunca conversavam com os pais (Ver Mapa 3.7.2.1). Esta diferença reflecte que os filhos/filhas desejam ter um melhor diálogo com os pais, embora estes aleguem terem satisfeito as necessidades de diálogo dos filhos. Sobre a questão relativa ao “alojamento de pais noutro local”, também existem diferenças entre as opiniões dos pais/mães e dos filhos: Para aquelas famílias cujos encarregados de educação se alojavam muito frequentemente/frequentemente noutro local, o número dos filhos que deram respostas afirmativas é muito maior do que o dos pais/mães que responderam a este questão de modo afirmativo. Por exemplo, só há 5,3% dos pais reconheceram que se alojavam muito frequentemente ou frequentemente noutro local, mas o número dos filhos que deram respostas a esta questão chegou a 7,8%; o caso semelhante também tem ocorrido às mães inquiridas: 1,3% delas consideram que se alojavam muito frequentemente/frequentemente noutro local, enquanto que o número dos filhos/filhas que consideram que suas mães se alojavam muito frequentemente/frequentemente noutro local chegou a 2,6% do total (Ver Mapa 3.7.2.1). 62 Mapa 3.7.2.1 Situação das diferenças nas respostas dos encarregados de educação e de seus filhos às questões relativas ao “tempo de diálogo entre pais e filhos” e ao “alojamento de pais noutro local” Grau de frequência dos seguintes casos ocorridos nos três meses antes da Teste realização do inquérito Questões comparativo T Às Mutio Valor (df) Nunca Raramente Frequentemente vezes frequentemente médio Tempo de conversação entre pais e filhos1 # Do ponto de vista dos pais 2,0% 18,1% 38,3% 15,0% 26,5% 2,46 Do ponto de vista dos filhos 9,.0% 40,0% 35,7% 11,7% 3,6% 1,61 Conforme as opiniões dos pais 50,5% 36,3% 7,9% 3,1% 2,2% 0,70 Conforme as opiniões dos filhos 57,6% 27,5% 7,1% 2,7% 5,1% 0,70 Resposta das mães 56,7% 36,0% 6,.0% 0,8% 0,5% 0,52 Resposta dos filhos 70,1% 24,7% 2,6% 1,0% 1,6% 0,39 35,00*** (2.361) Alojamento dos pais noutro local1 ^ ns (832) Alojamento das mães noutro local 1 & 1 6,62*** (1476) Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente. # A análise desta parte só tem em conta a confrontação das respostas dos pais (pai e mãe) no questionário B (que se destina aos encarregados de educação) com as dos seus filhos. ^ A análise desta parte só tem em conta a confrontação das respostas dos pais no questionário B (que se destina aos encarregados de educação) com as dos seus filhos. & A análise desta parte só tem em conta a confrontação das respostas das mães no questionário B (que se destina aos encarregados de educação) com as dos seus filhos. *** p<0,001 ns: Não é evidente. 63 3.8 Conclusão No presente inquérito foram inquiridos 2.400 encarregados de educação de estudantes do ensino secundário. O questionário referia-se aos aspectos de “estado psicológico”, “família”, “problema dos filhos”, etc. Referia-se também a métodos de pedido de apoio adoptados pelos encarregados de educação quando se deparavam com os problemas. O nível de instrução dos encarregados de educação inquiridos é geralmente baixo, havendo cerca de 70% com o curso secundário elementar ou inferior, e as habilitações académicas dos seus cônjuges são semelhantes. No aspecto de estado civil, cerca de 10% dos encarregados de educação inquiridos já se separaram, divorciaram ou são viúvos, o que significa que cerca de 10% das famílias de Macau são monoparentais. Embora só cerca de 25% dos encarregados de educação inquiridos que nasceram em Macau, só 5,1% deles residem na região há menos de 10 anos, o que quer dizer que entre os encarregados de educação inquiridos a percentagem dos que pertencem às famílias de novos imigrantes não é grande. No aspecto económico, as receitas familiares de Macau diferem grandemente: As famílias cuja receita mensal é inferior a MOP7.000 ocupam 50% enquanto que haja 5% das famílias cuja receita mensal tem excedido MOP30.000. No nosso inquérito 40% dos encarregados de educação expressaram que tinham dificuldades económicas, razão por que a situação económica é naturalmente um problema que preocupa os encarregados de educação em geral. 3.8.1 Estado psicológico individual A pressão que os encarregados de educação inquiridos sentem está relacionada primeiro com o “trabalho” e a “receita”, segundo com a má relação conjugal e a saúde débil. Genericamente, os problemas que os encarregados de educação inquiridos têm vindo a encontrar no quotidiano não são muitos. 64 3.8.2 Família O inquérito mostra que a maioria dos encarregados de educação costumam permanecer em casa durante a noite a acompanharem seus filhos/filhas. No entanto, apesar de muitos encarregados de educação terem expressado que conversavam frequentemente com seus filhos, o número dos filhos que também têm a mesma opinião é evidentemente menor, o que mostra que os encarregados de educação devem prestar maior atenção aos filhos, conversando mais tempo com eles. No presente inquérito também descobrimos: Quanto mais tempo os encarregados de educação conversam com seus filhos, menos problemas estes encontram em geral. Apesar de a maioria dos encarregados de educação permanecerem frequentemente com seus filhos, só tomam refeições e vêem TV com eles. Ao contrário, poucos (menos de 30%) só os que trocam ideias com eles ou prestam-lhes apoio sentimental, caso semelhante ao supracitado pelos filhos que consideram que seus pais raramente conversam com eles. 3.8.3 Problemas de filhos Mais de 80% dos encarregados de educação preocupam-se mais com a “classificação escolar” dos filhos e o seu “relacionamento com amigos”. A esmagadora maioria dos encarregados de educação consideram que a classificação escolar é o factor que exerce maior influência sobre o crescimento dos filhos, razão por que eles consideram necessário o aumento de serviços neste aspecto. 60% dos encarregados de educação consideram que o governo e/ou as instituições particulares devem prestar mais serviços de orientação aos jovens no seu estudo, enquanto que 50% dos encarregados de educação expressaram que o objectivo principal da sua participação nestas acções consistia em “melhorar a classificação escolar dos seus filhos”. O resultado do inquérito reflecte que no processo do crescimento dos seus filhos, os encarregados de educação prestam maior atenção ao seu estudo, desatendendo ao seu desenvolvimento noutros aspectos. 3.8.4 Métodos de pedido de apoio 60% dos encarregados de educação manifestaram que quando tivessem problemas, costumavam pedir apoio aos cônjuges, sendo apenas 5% que iriram pedir apoio a assistentes sociais. Tal como os jovens, os 65 encarregados de educação conheciam pouco sobre os serviços prestados pelos assistentes sociais. Houve mais de 40% dos encarregados de educação que exprimiram que não sabiam quais os serviços prestados pelos assistentes sociais. 66 Capítulo IV Análise dos Desviantes e Infracções Comportamentos Resumindo as respostas dos jovens inquiridos entre os 11 e os 19 anos de idade, estudantes do ensino secundário, internados em lares ou no Estabelecimento Prisional, beneficiários dos serviços extensivos ao exterior prestados por assistentes sociais ou serviços do Departamento de Reinserção Social, este Capítulo analisa principalmente os seus comportamentos desviantes ou infracções, casos em que os inquiridos foram detidos pela polícia ou condenados por actos criminosos, assim como o seu historial, comportamento, estado psicológico, famílias, amigos, escolas e as expectativas quanto aos serviços para jovens. 4.1 Relação dos comportamentos desviantes delinquência com os diversos factores ou actos de Os comportamentos desviantes, alvo da presente investigação incluem: comprar objectos reproduzidos ou de pirataria, participar em jogos de azar, agredir verbalmente os outros, humilhar com actos, deitar lixo/cuspir na rua de propósito, fumar, consumir bebidas alcoólicas, passar a noite fora de casa sem autorização dos pais, ver objectos ou materiais eróticos, gazetear, ter relacionamentos com amigos ligados às sociedades secretas e praticar sexo antes do casamento. Os “actos delinquentes” incluem: roubar dinheiro em casa, cometer roubos em casa de amigos, roubar lojas, furto dos objectos dentro das viaturas, destruir instalações públicas, fazer gatafunhos em locais públicos/graffitis nas paredes, destruir casas ou lojas de outros, injuriar/brigar na rua, uso de armas para o uso eventual em brigas, entrar em casa dos outros sem autorização, conduzir viaturas sem licença, consumir medicamentos/drogas controlados sem receita médica e apanhar meios de transporte sem pagar, etc. Os comportamentos desviantes e as infracções dos inquiridos estão obviamente relacionados com o historial pessoal, comportamento, estado psicológico, família, amigos, escola e a expectativa quanto aos serviços de apoio aos jovens (Ver Mapa 4.1.1). Entre os diversos factores, o “contacto com amigos ligados às sociedades 67 secretas” é o factor que tem uma relação mais estreita com os comportamentos desviantes dos jovens (o valor correlativo = 0,71), o que significa que os comportamentos desviantes estão ligados aos amigos das sociedades secretas: quanto mais contactos com este tipo de amigos ligados às sociedades secretas, maior será a tendência para os comportamentos desviantes. O que merece a nossa atenção é a relação estreita entre os comportamentos desviantes e as infracções (o valor correlativo = 0,67), o que significa que quanto mais forem os comportamentos desviantes, mais serão as infracções e vice-versa. Além disso, os comportamentos desviantes dos jovens também estão relacionados estreitamente com as “influências negativas dos amigos” e “contactos com amigos ligados às sociedades secretas” (os seus valores correlativos são respectivamente de 0,63 e 0,61). Igualmente, quanto mais susceptíveis de serem influenciados de modo negativo pelos amigos, ou quanto mais forem os amigos com ligação às sociedades secretas, mais serão os seus comportamentos desviantes. A “detenção pela polícia” ou a “condenação pelo tribunal”, a “dependência da escola e o interesse pelos estudos” e a “existência no meio escolar dos elementos que incitem os alunos a aderirem-se às sociedades secretas” também estão relacionados com os comportamentos desviantes. Quanto mais comportamentos desviantes por parte dos jovens, maiores serão as probabilidades de serem detidos pela polícia, condenados pelo tribunal ou seduzidos na escola por colegas de estudo para incorporarem-se em sociedades secretas (os seus valores correlativos são respectivamente de 0,54, 0,52 e 0,41). Em contrário, quanto mais comportamentos desviantes dos jovens, menos será a dependência da escola e o interesse pelos estudos (o valor correlativo = -0,51). Quanto à relação entre o sexo e os comportamentos desviantes dos jovens, a estatística mostra que a taxa dos comportamentos desviantes dos jovens (o valor médio = 0,73) é superior à das jovens (o valor médio = 0,42).(t = 8,30, p< 0,001, df = 2.825). Quanto à família, o “conflito familiar” tem uma relação relativamente estreita com os comportamentos desviantes por parte dos jovens. Quanto mais conflitos ocorrem na família destes jovens, mais é a probabilidade de comportamentos desviantes (o valor correlativo = 0,32). Os comportamentos desviantes dos jovens também têm algumas relações com os factores “apoio técnico dos pais”, “apoio afectivo dos pais”, “tempo de conversação entre pais e filhos” e “viver ou não com os pais”, 68 embora os seus valores correlativos sejam relativamente pequenos. Isto mostra que quanto mais apoios técnico e afectivo que os pais prestam aos filhos, ou quanto mais tempo conversarem com eles, ou quanto mais tempo viverem com eles, menor é a probabilidade de comportamentos desviantes (os seus valores respectivos são de –0,21, -0,18, -0,19 e 0,20). A presente Investigação mostra que os comportamentos desviantes dos inquiridos ainda têm determinadas relações com a sua atitude a adoptar face a seguinte questão: “Se encontrar dificuldades, a quem vai pedir apoio ou vai fazer caso delas ou não?” Entre estas relações, a relação com a atitude face a questão “Vai ou não pedir apoio ao encarregado de educação?” é a mais evidente (o valor correlativo = 0,25), seguindo-se-lhe as com a atitude face as questões “Vai ou não pedir apoio a colegas de estudo?” (o valor correlativo = 0,20), “Vai ou não fazer caso delas?”(o valor correlativo = 0,19) e “Vai ou não pedir apoio a professores?” (o valor correlativo = 0,18). As relações da “acção delinquente” dos jovens com os diversos factores ambientais são semelhantes à situação dos “comportamentos desviantes”, e a única diferença é que a correlação da “acção delinquente” com os diversos factores é menos estreita do que a dos “comportamentos desviantes” com os diversos factores (Ver Mapa 4.1.1). Tal como a análise dos comportamentos desviantes mostra, a “acção delinquente” tem a relação muito estreita com o “contacto com amigos ligados às sociedades secretas” (o valor correlativo = 0,55), ou seja, quanto mais actos delinquentes por parte dos jovens, mais contactos têm com amigos ligados às sociedades secretas, ou vice-versa. A acção delinquente dos jovens também tem bastante relação com os factores “ter sido ou não preso pela polícia” ou “ter sido ou não condenado pelo tribunal” (os dois valores correlativos são de 0,51), quer dizer, quanto mais acções delinquentes, mais possibilidades de os jovens serem presos pela polícia ou condenados pelo tribunal. A acção delinquente dos jovens tem igualmente uma relação muito estreita com os factores “sofrer influências negativas por parte dos amigos” e “ter amigos com historial ligado às sociedades secretas” (os seus valores correlativos são respectivamente de 0,42 e 0,39). Quanto mais acções delinquentes têm os jovens, estes são mais susceptíveis de serem influenciados negativamente pelos amigos e de conhecer mais amigos com ligação às sociedades secretas. Igualmente, 69 quanto mais susceptíveis são os jovens de serem influenciados de modo negativo pelos amigos ou quanto maior o número de amigos com ligação às sociedades secretas que os jovens têm, maior as acções delinquentes. Além do mais, a acção delinquente dos jovens ainda tem determinada relação com as “habilitações académicas”, a “dependência da escola e o interesse pelos estudos” e a “existência na escola de elementos a seduzir os alunos para se incorporarem nas sociedades secretas” (os seus valores correlativos são respectivamente de -0,32, -0,31 e 0,31). Isto significa que quem comete mais infracções são os jovens que possuem um nível de instrução mais baixo, o que mostra que eles deixam a escola mais cedo do que os outros jovens. Entretanto, verifica-se também nos jovens que cometem mais infracções um menor grau de dependência da escola e do interesse pelos estudos assim como um maior incidência de casos de sedução para a adesão às sociedades secretas. Concluímos também que se tivessem mais elementos na escola que incitem os alunos a aderir-se às sociedades secretas, seria menor o grau de dependência da escola e do interesse pelos estudos (o valor correlativo = -0,47). Quanto à relação entre a acção delinquente e o sexo, regra geral, as acções delinquentes do sexo masculino (o valor médio = 0,15) são mais do que as do feminino (o valor médio = 0,06). (t = 15,86, p< 0,001, df = 3.142) No que respeita à família, a acção delinquente de jovens têm relações mais estreitas com o “conflito familiar” e “viver ou não com os pais” (os seus valores correlativos são respectivamente de 0,24 e 0,18), o que significa: Quanto mais conflitos de educação ocorrem, mais acções delinquentes têm os jovens. Além de que, em comparação com os jovens que vivem com um dos progenitores, os que não vivem com o mesmo têm mais acções delinquentes, e em comparação com os jovens que vivem com ambos os progenitores, os que não vivem com os pais têm muito mais acções do género. A nossa investigação ainda mostra que a acção delinquente de jovens tem relação de grau menor com o “tempo de conversação entre pais e filhos”, “apoio técnico dos pais” ou “apoio afectivo dos pais” (os valores correlativos são respectivamente de –0,13, -0,10 e –0,08), relação que é relativamente não estreita, embora seja evidente em termos estatística. A presente Investigação mostra que a “acção delinquente” de jovens inquiridos tem também determinadas relações com o factor “Quando 70 encontrar algum problema, a quem vai pedir apoio?” “Faz caso ou não do problema?” De entre estas relações, a sua relação com o factor “Vai pedir ou não apoio a outros (ou seja, outras pessoas além dos seus familiares, professores, colegas de estudo, amigos, assistentes sociais)?” é mais evidente (o valor correlativo = 0.28), seguindo-se-lhe as relações com os factores “Vai ou não pedir apoio aos encarregados de educação?” (o valor correlativo = 0.20), “Vai ou não fazer caso do problema?” (o valor correlativo = 0.17) e “Vai ou não pedir apoio a colegas de estudo?” (o valor correlativo = 0.17). 71 Mapa 4.1.1 Relação dos comportamentos desviantes e dos actos delinquentes com os diversos factores Comportamentos Actos delinquentes2 desviantes1 Coeficiente Coeficiente Historial Individual correlativo correlativo Sexob Idade a b Habilitações académicas 0,20*** 0,04* -0,06*** -0,15*** -0,32*** ns 0,10 ns 0,10 ns 0,09 ns 0,06*** -0,01 ns 0,54*** 0,51*** 0,52*** 0,51*** 0,18*** 0,08*** --- 0,67*** 0,67*** --- 0,06*** 0,05** Sentido de brio -0,04* -0,02 ns Sentido de grande pressãoa 0,03 ns 0,00 ns -0,18*** -0,08*** -0,21*** -0,10*** -0,06** -0,02 ns 0,06*** 0,04* -0,13*** -0,08*** 0,14*** 0,09*** 0,32*** 0,24*** 0,20*** 0,18*** -0,19*** -0,13*** 0,10*** 0,06*** 0,13*** 0,08*** 0,15*** 0,14*** 0,16*** 0,12 ns 0,14* 0,15*** Religião b 0,31*** 0,12 Lugar de nascimentob Tempo de residência em Macaua Foram presos pela políciab Foram condenados pelo tribunal b Comportamento Comportamento gerala Comportamento desviantes Actos delinquentes a a Estado psicológico Auto-eficáciaa a Família Apoio afectivo dos paisa a Apoio técnico dos pais Educação tipo permissivo dos pais (permissive parenting) a Educação tipo autoritário dos pais (authoritarian parenting) a Educação tipo autoritativo dos pais (authoritativo parenting) a Falta de educação por negligência dos pais a a Conflito familiar Viver com os paisb Tempo de conversação com os pais Alojamento do pai noutro local a Alojamento da mãe noutro local Estado civil dos pais a a b Dificuldade económicab Receber subsídio do governo b (Continua na seguinte página) 72 (Continuação da página anterior) Comportamentos desviantes Acção delinquente -0,01 ns -0,06*** 0,63*** 0,42*** 0,71*** 0,55*** 0,61*** 0,39*** 0,41*** 0,31*** -0,51*** -0,31*** 0,19*** 0,17*** 0,03 ns 0,09*** 0,25*** 0,20*** 0,18*** 0,14** Amigo Relação com amigosa Influências negativas dos amigos a Contacto com amigos nas sociedades secretas a a Ter amigos com ligações às sociedades secretas Ter sido seduzido na escola por colegas de estudo para aderirem às sociedades secretas a Escola Dependência da escola e interesse pelos estudosa Perspectiva quanto ao serviço juvenil Pedir apoio a assistentes sociais a Ter participado em actividades de centros comunitários/centros de apoio às crianças e jovens a Pedir apoio ao encarregado de educaçãob Pedir apoio a professores b b Pedir apoio a assistentes sociais 0,13 b ns 0,16*** 0,14* 0,11 ns 0,11 ns 0,11 ns 0,14* 0,12 ns Pedir apoio a colegas de estudob 0,20*** 0,17*** b Resolvê-los independentemente 0,15*** 0,09 ns Pedir apoio a outrosb 0,16*** 0,28*** 0,19*** 0,17*** Pedir apoio aos irmãos Se encontrar Pedir apoio a outros familiaresb problemas, Pedir apoio a amigosb vai… b Desatendê-los b Sentir que os assistentes sociais não ajudam muito 0,14* 0,13* Não saber que serviços é que os assistentes sociais podem 0,14* 0,11 ns prestar b 1 N=3123-3373 2 N=3151-3395 a: O coeficiene correlativo deste factor é o Coeficiente Correlativo de Pearson (Pearson Correlation Coefficient), sendo de 0 a +1 b: O coeficiene correlativo deste factor é o teste não paramétrico de associação (non-parametric test of association), sendo de 0 a +1, com a excepção do factor “habilitação académica”, cujo coeficiente correlativo é de 0 a +1. *** p < 0,001 ** p < 0,01 * p < 0,05 ns: não significante 73 4.2 Relações da “Detenção pela Polícia” e da “Condenação pelo Tribunal” com os Diversos Factores No seguimento da análise de relações dos comportamentos desviantes e actos delinquentes com os diversos factores tais como historial individual, comportamento, estado psicológico, família, amigo, escola e perspectiva quanto ao serviço juvenil, vamos agora analisar a fundo as relações da “detenção pela polícia” e da “condenação pelo tribunal” com outros factores. Descobrimos que a correlação entre a “detenção pela polícia” e a “condenação pelo tribunal” é o mais evidente (X2= 1.928,44;df = 1)(Ver Mapa 4.2.1). Além disso, entre os jovens que foram detidos pela polícia, 83,1% é do sexo masculino (Ver Mapa 4.2.3). Entretanto, entre os que não foram detidos pela polícia, os do sexo masculino e os do feminino ocupam respectivamente 50,2% e 49,8%. É muito evidente que mais jovens do sexo masculino foram detidos pela polícia e levados ao processo judiciário. Além disso, as habilitações académicas dos jovens que foram detidos pela polícia são inferiores às dos que não foram detidos pela polícia. Entre os primeiros, os que têm habilitações académicas de escola primária ou inferior ocupam 21,3% do total, mas entre os últimos só 2,2% as têm. Merece nossa atenção outro fenómeno: entre os jovens que foram detidos pela polícia, só 65,1% vivem com seus pais, mas entre os que não foram detidos pela polícia, há 83,6% que vivem com seus pais. Quanto ao estado civil dos pais dos jovens inquiridos, entre os pais dos jovens que foram detidos pela polícia, 10,7% não são casados, mas vivem maritalmente; 14,4% já se separaram ou são divorciados; ainda há 5,7% viúvos. No entanto, no caso dos jovens que não foram detidos pela polícia, apenas 15,9% dos seus pais vivem juntos, separaram-se, divorciaram-se ou são viúvos. Os jovens que foram detidos pela polícia têm mais comportamentos desviantes ou delinquentes (Ver Mapa 4.2.2), são mais susceptíveis de serem influenciados de modo negativo pelos amigos, têm mais amigos ligados às sociedades secretas, têm mais contactos com amigos com ligação às sociedades secretas, têm menos dependência da escola e interesse pelos estudos ou são seduzidos, com mais facilidade, na escola por colegas de estudo para se incorporar nas sociedades secretas. E dentre 74 os jovens que foram detidos pela polícia, muitos pediram apoio a assistentes sociais (Ver Mapas 4.2.2 e 4.2.5), mas poucos pediram apoio a colegas de estudo (Ver Mapa 4.2.5). Entre as supracitadas relações, a “detenção pela polícia” tem uma relação mais estreita com “contacto com amigos ligados às sociedades secretas” e “amigos com ligação às sociedades secretas”. Entre os jovens que não foram detidos pela polícia, muito poucos apresentam a tendência para cometer acções delinquentes (Ver Mapa 4.2.2). Em comparação com os jovens que não foram detidos pela polícia, os que foram detidos pela Polícia têm mais comportamentos desviantes, comportamentos esses que acontecem raras vezes ou de vez em quando. Quanto ao problema de ter amigos ligados às sociedades secretas, os jovens que não foram detidos pela polícia têm em média menos amigos com ligação às sociedades secretas; os que foram detidos pela Polícia têm em média 3 a 4 amigos do género. No que diz respeita à situação do contacto com amigos ligados às sociedades secretas, os jovens que não foram detidos pela polícia, regra geral, raramente têm contactos com amigos ligados às sociedades secretas, mas os que foram detidos pela polícia têm mais contactos com os mesmos (Ver Mapa 4.2.2). A situação dos jovens que foram condenados pelo tribunal é semelhante à dos jovens que foram detidos pela polícia nos diversos aspectos acima referidos: entre os jovens que foram condenados, a maioria (86,5%) é do sexo masculino (Ver Mapa 4.2.4); o número dos que têm as habilitações académicas de escola primária ou inferior é muito maior, ocupando já 22,1% (entre os que não foram condenados esta percentagem só é de 2,8%); a minoria vive com os pais, e a maioria dos pais vivem maritalmente ou são divorciados ou viúvos (além dos casados legais, só a percentagem dos pais dos jovens que foram condenados, que se encontram separados, é inferior à dos pais dos jovens que não foram condenados. Os jovens que foram condenados pelo tribunal tinham mais comportamentos desviantes e delinquentes (Ver Mapa 4.2.2), sendo mais susceptíveis de serem influenciados negativamente pelos amigos, tendo mais amigos com o pano de fundo das sociedades secretas, mais contactos com amigos nas sociedades secretas, menos dependência e interesse pela escola onde eram seduzidos por mais colegas de estudo para se incorporarem nas sociedades secretas. Em comparação com 75 outros jovens, entre eles a percentagem dos que pediram apoio a assistentes sociais é maior (Ver Mapas 4.2.2 e 4.2.6), mas a dos que pediram apoio a colegas de estudo é menos (Ver Mapa 4.2.6). Entre as relações acima mencionadas, “ter sido ou não condenado” tem uma relação estreita com “comportamentos desviantes”, “actos delinquentes” e “contactos com amigos ligados às sociedades secretas” (Ver Mapa 4.2.2). Os jovens que não foram condenados têm muito poucos comportamentos desviantes, enquanto que, genericamente, os jovens que foram condenados têm a tendência de cometer este tipo de acções de vez em quando, e suas acções do género não só são muito mais frequentes do que as dos que não foram condenados, mas também mais frequentes do que as dos que foram presos pela polícia. No tocante à situação da relação com amigos das sociedades secretas, regra geral, os jovens que não foram condenados têm contactos muito raros com amigos nas sociedades secretas, mas os jovens que foram condenados têm a tendência de contactar de vez em quando com amigos ligados às sociedades secretas, e os seus contactos são mais frequentes do que os dos jovens que foram presos pela polícia. Além do mais, os jovens que não foram condenados não praticam actos delinquentes, em geral; mas os jovens que o foram têm geralmente este tipo de actos, cuja frequência não só é muito mais alta do que a das acções do género dos jovens que não foram condenados, mas também é mais alta do que a das dos que foram detidos pela polícia. 76 Mapa 4.2.1 Comparação das diferenças entre os jovens que foram ou não detidos pela polícia e os que foram ou não condenados pelo tribunal nos diversos aspectos (I) Foram detidos pela Foram ou não polícia condenado Valor do teste de Valor do teste de Pano de fundo individual significado significado Sexob 102,28*** 74,00*** Idadea 1,37ns 0,05 ns b Habilitações académicas 273,24*** 162,36*** Religiãob 15,89** 25.56*** Lugar de nascimentob 2,60 ns 0,08 ns a ns Tempo de residência em Macau 1,91 0,08 ns Foram detidos pela políciab --1928,44*** Foram condenados pelo tribunalb 1928,44*** --Comportamento Comportamento gerala 3,52*** 2,75** Comportamento desviantea 31,98*** 27,24*** Acto delinquentea 25,38*** 24,68*** Estado psicológico Auto-eficáciaa 2,86** 0,90 ns a ns Sentido de brio 1,17 1,34 ns a Sentiam grande pressão 2,82** 3,17** Família Apoio afectivo dos paisa 0,99 ns 1,52 ns Apoio técnico dos paisa 2,40* 0,42 ns a ns Educação tipo permissivo dos pais 0,38 1,44 ns a ns Educação tipo autoritário dos pais 0,91 2,11* Educação tipo autoritativo dos pais a 0,93 ns 0,55 ns Educação tipo negligente dos pais a 4,36*** 1,56 ns a Conflito familiar 6,42*** 3,18*** Vivem com os paisb 71,07*** 81,61*** Tempo de conversação com os paisa 4,63*** 1,40 ns Alojamento do pai noutro locala 2,08* 1,76 ns a Alojamento da mãe noutro local 4,64*** 4,97*** Estado civil dos paisb 43,50*** 36,03*** Dificuldade económicab 13,44*** 2,39 ns Receber subsídio do governob 22,60*** 12,06*** Amigo Relação com amigosa 1,75 ns 3,28*** a Influências negativas de amigos 23,24*** 18,65*** Contacto com amigos ligados às sociedades 31,34*** 25,28*** secretasa Têm amigos com pano de fundo das sociedades 26,62*** 19,39*** secretasa Têm colegas de estudo na escola a seduzirem 18,79*** 14,56*** para incorporarem-se nas sociedades secretasa Escola Dependência e interesse pela escolaa 14,86*** (Continua na seguinte pág.) 77 11,31*** (Continuação da página anterior) Ter sido ou não detidos pela polícia Ter sido ou não condenados Perspectiva quanto ao serviço juvenil Pediram apoio a assistentes 11,89*** 9,12*** sociaisa Participaram em actividades de centros comunitários/centros de 3,30*** 2,37* crianças ou jovensa Pedir apoio ao 28,62*** 6,56** encarregado de educaçãob Pedir apoio a 19,83*** 16,01*** professoresb Pedir apoio a 34,25*** 17,14*** assistentes sociaisb b Pedir apoio a irmãos 19,67*** 11,72*** Se encontrar- Pedir apoio a outros 1,50 ns 1,23 ns em algum parentesb problema, Pedir apoio aos 1,15 ns 3,99* vão… amigosb Pedir apoio a colegas 99,34*** 76,69*** de estudob Resolvê-la 14,97*** 21,10*** independentementeb Pedir apoio a outras 0,45 ns 0,57 ns pessoas b 3,47 ns 0,46 ns Desatendê-lab Sentem que os assistentes sociais 0,24 ns 2,18 ns não ajudam muitob Não sabem que serviços os 1,72 ns 3,53 ns assistentes sociais podem prestar b a O teste de significado (Significance test) do presente factor é o teste T (t-teste), df=3.253-3.415 b O teste de significado do presente factor é o teste não paramétrico χ2 (non-parametric χ2 test), df=1-5 , N=3195-3420 *** p <0,001 ** p <0,01 * p < 0,05 ns: Não significante 78 Mapa 4.2.2 Comparação das diferenças entre os jovens que foram ou não presos pela polícia ou condenados pelo tribunal e os diversos aspectos (II) Valor médio (diferença Valor médio (diferença normal) normal) Não foram Foram Não foram Foram presos pela presos pela ta tb condenados condenados polícia polícia Acção desviante1 0,51 (0,46) 1,56 (0,86) 31,98*** 0,53 (0,50) 1,70 (0,90) 27,24*** 1 Acção delinquente Influências amigos2 negativas 0,08 (0,22) 0,52 (0,63) 25,38*** 0,08 (0,23) 0,64 (0,70) 24,68*** de 1,68 (0,54) 2,49 (0,65) 23,24*** 1,71 (0,56) 2,55 (0,64) 18,65*** Contacto com amigos das 0,21 (0,65) 1,70 (1,49) 31,34*** 0,25 (0,73) 1,84 (1,51) 25,28*** sociedades secretas1 Têm amigos a fazerem parte 0,79 (1,74) 3,97 (2,97) 26,62*** 0,89 (1,88) 3,96 (2,97) 19,39*** das sociedades secretas3 Dependência e interesse pela 3,03 (0,36) 2,68 (0,39) 14,86*** 3,02 (0,37) 2,68 (0,40) 11,31*** escola4 Têm colegas de estudo na escola a pedirem para aderir 1,37 (0,59) 2,12 (0,95) 18,79*** 1,40 (0,63) 2,15 (0,91) 14,56*** às sociedades secretas4 Pediram apoio a assistentes 0,20 (0,59) 0,68 (0,99) 11,89*** 0,22 (0,61) 0,68 (1,02) 9,12*** sociais1 a df=3311-3406 df=3313-3409 1 Escala de 5 pontos: 0=Nunca; 1=Raramente; 2=Às vezes; 3=Frequentemente; 4=Muito frequentemente 2 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma posso; 2=Não posso; 3=Posso; 4=Posso com certeza 3 Escala de 5 pontos: 0=Nenhum/ma; 1=1 a 2; 3=3 a 4; 5=5 a 6; 7=7 ou mais 4 Escala de 4 pontos: 1=De nenhuma forma concordo; 2=Não concordo; 3=Concordo; 4=Concordo absolutamente *** p < 0,001 b 79 Mapa 4.2.3 Relação do problema “ter sido ou não preso pela polícia” com os factores de sexo, habilitação literária, convivência com os pais e estado civil dos pais Masculino Sexo Feminino Escola primária ou inferior Habilitações literárias 1.º a 3.º anos de escola secundária 4.º a 6.º anos de escola secundária Não vivem com os pais Situação sobre se vivem com Só vivem com o pai os pais ou a mãe Vivem com os pais Casados Vivem em união de facto Não foram presos pela polícia (N=3060) Foram presos pela polícia (N=255) 1.537 50,2%1 1.523 49,8% Não foram presos pela polícia (N=3129) 212 83,1% 43 16,9% Foram presos pela polícia (N=235) 69 50 2,2% 21,3% 1.807 157 57,8% 66,8% 1.253 28 40,0% Não foram presos pela polícia (N=3126) 11,9% Foram presos pela polícia (N=269) 127 36 4,1% 387 12,4% 2612 83,6% Não foram presos pela polícia (N=2951) 2.483 84,1% 13,4% 58 21,6% 175 65,1% Foram presos pela polícia (N=244) 169 69,3% 109 26 3,7% 70 2,4% Divorciados 183 6,2% Viúvos 106 3,6% 1 As percentagens no Mapa é de coluna (column %). *** p <0,001 Estado dos pais civil Estão separados 80 10,7% 8 3,3% 27 11.1% 14 5,7% χ2 (df) 102,28*** (1) χ2 (df) 273,24*** (2) χ2 (df) 71,07*** (2) χ2 (df) 43,50*** (4) Mapa 4.2.4 Relação do problema “ter sido ou não condenado pelo tribunal” com os factores de sexo, habilitação literária, convivência com os pais e estado civil dos pais Não foram Foram condenados χ2 condenados (N=155) (df) (N=3163) Masculino 1.617 134 74,00*** 51,1%1 86,5% Sexo (1) Feminino 1546 21 48,9% 13,5% Não foram Foram condenados χ2 condenados (N=131) (df) (N=3235) Escola primária ou 91 29 inferior 2,8% 22,1% Habilitações 1.º a 3.º anos de 1876 89 162,36*** Literárias escola secundária (2) 58,0% 67,9% 4.º a 6.º anos de 1268 13 escola secundária Masculino 39,2% 9,9% Não foram Foram condenados χ2 condenados (df) (N=161) (N=3237) Não vivem com os 138 26 pais 4,3% 16,1% Situação sobre 81,61*** 402 43 se vivem Só vivem com o pai (2) ou a mãe com os pais 12,4% 26,7% Vivem com os pais 2.697 92 83,3% 57,1% Não foram Foram condenados χ2 condenados (df) (N=141) (N=3056) Casados 2.560 93 83,8% 66,0% Vivem em união de 122 14 facto 4.0% 9.9% Estado civil 36,03*** Estão separados 75 3 dos pais (4) 2.5% 2.1% Divorciados 192 19 6.3% 13.5% Viúvos 107 12 3.5% 8.5% 1 As percentagens no Mapa é de coluna (column %). *** p <0,001 81 Mapa 4.2.5 Relação do problema “ter sido ou não preso pela polícia” com a atitude a adoptar para com o problema “Se encontrar algum problema, a quem vai pedir apoio” @ Não foram presos pela Foram presos pela polícia polícia χ2 Se encontrar problemas, (N=3144) (N=273) (df=1) vou… n (%b) n (%a) Pedir apoio a colegas de 1866 (59,4%) 77 (28,2%) 99,34*** estudo Pedir apoio a assistentes 263 (8,4%) 52 (19,0%) 34,25*** sociais @ : O inquirido pode assinalar uma ou mais respostas. a : Significa que a percentagem dos inquiridos que não foram presos pela polícia pode pedir apoio a pessoas enumeradas na coluna esquerda. b : Significa que a percentagem dos inquiridos que foram presos pela polícia pode pedir apoio a pessoas enumeradas na coluna esquerda. *** p <0,001 Mapa 4.2.6 Relação do problema “ter sido ou não condenado pelo tribunal” e a atitude a adoptar para como o problema “Se encontrar problemas, a quem vai pedir apoio” @ Não forma condenados Foram condenados Se encontrar problemas, χ2 (N=3255) (N=164) (df=1) vou… n (%b) n (%a) Pedir apoio a colegas de 1904 (58,5%) 39 (23,8%) 76,69*** estudo Pedir apoio a assistentes 284 (8,7%) 30 (18,3%) 17,14*** sociais @ : O inquirido pode assinalar uma ou mais respostas. a : Significa que a percentagem dos inquiridos que não foram condenados pode pedir apoio a pessoas enumeradas na coluna esquerda. b : Significa que a percentagem dos inquiridos que foram condenados pode pedir apoio a pessoas enumeradas na coluna esquerda. *** p <0,001 82 4.3 Análise sobre o Comportamento Desviante e da Delinquência nos Estudantes e a Situação Socio-económica dos Seus Pais Geralmente, a relação entre a situação socio-económica dos pais e os comportamentos desviantes e delinquentes dos seus filhos não são significantes (p>.05), só o tipo de habitação tem alguma relação com a acção delinquente (o valor correlativo é de 0,11, p< .01), o que reflecte que a posição socio-económica dos pais não é um factor importante para o comportamento desviante ou delinquente de seus filhos (Ver Mapa 4.3.1). Mapa 4.3.1 Relação da acção desviante e da delinquente de jovens estudantes com a posição socio-económica de seus pais Posição socio-económica dos pais b Acção desviante1 Acção delinquente2 Coeficiente correlativo Coeficiente correlativo Lugar de nascimento 0,12 ns 0,09 ns Tempo de residência em Macaua 0,00ns -0,02 ns Zona de residênciab 0,13 ns 0,10 ns Tipo de habitaçãob 0,13 ns 0,11** Situação de habitação 0,08 ns 0,05 ns Habilitação literáriab -0,01 ns 0,02 ns Profissãob 0,11 ns 0,09 ns Receita mensal familiara 0,02 ns 0,00 ns Dificuldade económicab 0,11 ns 0,11 ns Recepção de subsídio do governob 0,11 ns 0,06 ns b 1 N=2282-2404 N=2303-2426 a O coeficiente correlativo do presente factor é o de Pearson, sendo de 0 a +1. b O coeficiente correlativo do presente factor é o teste não paramétrico de associação (non-parametric test of association), sendo de 0 a +1, com a excepção do factor “habilitação literária”, cujo coeficiente correlativo é de 0 a +1. ** p < 0,01 ns: não significante 2 83 4.4 Relação do Problema de Jovens Estudantes Terem Sido ou Não Presos pela Polícia e Terem Sido ou Não Condenados com a Posição Socio-económica dos Seus Pais De acordo com a estatística, entre a posição socio-económica de pais e o problema de inquiridos terem sido ou não presos pela polícia e terem sido ou não condenados não apresenta uma relação significante (p>0,05; veja-se Mapa 4.4.1), o que reflecte que estes dois factores não são correlativos. Resumindo as análises acima expostas, vemos que o comportamento desviante ou delinquente de jovens e as consequências resultantes destes problemas (ou seja, terem sido presos pela polícia e ou condenados) não estão necessariamente relacionadas com a posição económica e social dos seus pais. De facto, sob as diferentes condições socio-económicas familiares existem possibilidades dos jovens cometerem actos desviantes ou delinquentes, que só têm uma pequena relação com o “tipo de habitação”, mas esta relação só se reflecte no comportamento e não tem como consequências o facto de serem presos pela polícia ou condenados. Mapa 4.4.1 Relação do problema de jovens estudantes terem sido ou não presos pela polícia e de terem sido ou não condenados com a posição socio-económica dos seus pais Foram presos ou não pela Foram ou não condenados polícia Valor do teste de Valor do teste de Posição socio-económica dos pais significado significado Lugar de nascimentob 2,58 ns 3,89 ns Tempo de residência em Macaua 1,35ns 0,60 ns Zona de residênciab 11,59 ns 5,11 ns Tipo de habitaçãob 4,36 ns 4,81 ns Situação de habitaçãob 1,31 ns 2,10 ns Habilitação literáriab 3,56 ns 1,23 ns Profissãob 9,23 ns 10,35 ns Receita mensal familiara 0,87 ns 0,48 ns Dificuldade económicab 3,07 ns 0,40 ns Recepção de subsídio do governob 0,17 ns 2,07 ns a O teste de significado (Significance test) do presente factor é o teste T (t-teste), df= 2374-2383 O teste de significado do presente factor é o teste não paramétrico χ2, df=1-8 , N=2311-2435 ns: Não significante b 84 4.5 Resumo Com base nos dados recolhidos das respostas de todos os inquiridos de 11 a 19 anos de idade, incluindo estudantes do ensino secundário, jovens que vivem nos lares de crianças e jovens, jovens que permanecem no Estabelecimento Prisional e jovens beneficiários do serviço extensivo ao exterior ou do serviço prestado pelo Departamento de Reinserção Social, o presente Capítulo tem analisado se o “comportamento desviante e/ou delinquente” e os problemas de “terem sido ou não presos pelo polícia” e de “terem sido ou não condenados”, estão relacionados ou não com os diversos factores incluindo o pano de fundo individual, comportamento, estado psicológico, família, amigos, escola e esperança sobre o serviço juvenil, assim como os seus graus de correlação no caso de existirem certamente relações entre eles. 4.5.1 Comportamento Desviante Em resumo, o “comportamento desviante” dos jovens está mais estreitamente relacionado com o “contacto com amigos das sociedades secretas” assim como o “comportamento delinquente”, o que significa: Quanto mais sejam os actos desviantes, mais serão os contactos com amigos das sociedades secretas e os actos delinquentes. O resultado da investigação mostra ainda que o comportamento desviante dos jovens também está estreitamente relacionado com a influência negativa de amigos e com o factor de os jovens terem amigos ligados às sociedades secretas. Isto quer dizer que a possibilidade de comportamentos desviantes aumenta, à medida que os jovens sofram mais influências negativas ou tenham mais amigos ligados às sociedades secretas. Além do mais, o comportamento desviante dos jovens estão relacionados com os seguintes factores “ter sido preso ou não pela polícia”, “ter sido condenado ou não pelo tribunal”, “ter ou não dependência e interesse pela escola” e “ter ou não colegas de estudo na escola a influenciarem para se incorporarem nas sociedades secretas”. Entretanto, quanto mais sejam os conflitos familiares, mais serão os comportamentos desviantes por parte dos jovens. 85 4.5.2 Comportamento delinquente A relação entre o comportamento delinquente e os diversos factores é semelhante à entre estes e o comportamento desviante. À semelhança da situação do comportamento desviante, quanto mais sejam os comportamentos delinquentes, os jovens terão mais contactos com os amigos das sociedades secretas; sofrerão mais influências negativas dos amigos; e terão mais amigos com ligação às sociedades secretas. Além disso, o inquérito também mostra que entre a acção delinquente e o factor de “ter sido preso ou não pela polícia” ou de “ter sido condenado ou não” se apresenta uma proporção directa. Os jovens com comportamentos delinquentes têm geralmente poucas habilitações literárias. Entretanto, quanto mais actos delinquentes praticarem, mais conflitos familiares têm. Merece ainda atenção o seguinte fenómeno: Quanto mais comportamentos delinquentes tenham os jovens, maior é o afastamento do apoio prestado por familiares, amigos, professores ou assistentes sociais. 4.5.3 Ter sido preso pela polícia Os dados mostram que entre o factor de “terem sido presos ou não pela polícia” e o de “terem sido ou não condenados” existe uma relação muito estreita. Entre os jovens que foram presos pela polícia, cerca de 85% são do sexo masculino. Em comparação com os jovens que não foram presos pela polícia, os que foram presos pela polícia possuiam un nível de instrução mais baixo, sendo a sua maioria pertencente às famílias monoparentais. Em relação aos jovens em geral, os jovens que foram presos pela polícia têm mais comportamentos desviantes e delinquentes; são mais susceptíveis de serem influenciados negativamente por amigos; têm mais amigos ligados às sociedades secretas e mais contactos com eles. Entretanto, têm menos dependência e interesse pela escola e têm mais colegas de estudo que os incentivam a se incorporarem na sociedade secreta. Interessa-nos o seguinte fenómeno: Quando encontram problemas, pedem com mais frequência apoio a assistentes sociais do que a seus colegas de estudo, o que reflecte que os assistentes sociais desempenham um papel muito importante quando os jovens se encontram em crise. 86 4.5.4 Ter sido condenado pelo tribunal A relação entre o factor de “ter sido condenado pelo tribunal” e o de “não ter sido condenado” é semelhante à existente entre o factor de “ter sido preso pela polícia” e o de “não ter sido”. Tal como a situação dos jovens que foram presos pela polícia, entre os jovens que foram condenados, cerca de 85% são do sexo masculino. No entanto, em comparação com os jovens que foram presos pela política, os jovens que foram condenados pelo tribunal têm maior probabilidades de ter “comportamentos desviantes”, “contactos com amigos das sociedades secretas” e “comportamentos delinquentes”. 4.5.5 Situação socio-económica dos pais A presente investigação também analisou se existia alguma certa relação entre a posição socio-económica familiar e os factores “comportamento desviante”, “comportamento delinquente”, “se ter sido preso ou não pela polícia” e “se ter sido condenado ou não”. Os dados mostram que além da existência de certa relação entre o “tipo de habitação dos pais” e a “acção delinquente”, todas as outras relações não são significantes. Daí se verifica que a situação socio-económica dos pais ou da família não exerce influência directa sobre o comportamento dos filhos. 87 Capítulo V Actual Situação dos Jovens de Macau e das Suas Famílias 5.1 Prefácio Para conhecer as características dos jovens contemporâneos de Macau, a Equipa de Investigação não só obteve através de inquéritos os respectivos dados, mas também escutou com atenção os pareceres dos trabalhadores da linha da frente do serviço social através das discussões de grupo no Fórum do Serviço Juvenil. O resultado do inquérito mostra que na área de aquisição de conhecimentos, os jovens de Macau estão a acompanhar o ritmo dos jovens de Hong Kong e de cidades ocidentais, mas o seu comportamento é geralmente mais simples, sincero e honesto. Como eles numa comunidade relativamente pequena, os trabalhadores juvenis podem contactar e prestar-lhes serviços com maior facilidade. No entanto, nos últimos anos o sistema social de Macau tem sofrido grandes mudanças, que têm sido bastante negativas para a juventude e têm causado à sociedade muitas crises latentes, fazendo com que a sociedade e famílias se deparem com diversos problemas e numerosos jovens não saibam para que lado se devam voltar, o que dá origem aos problemas a nível emocional e de comportamento desviante por parte dos jovens. Neste contexto, eles podem não acreditar facilmente em outras pessoas, mas logo que tiver estabelecido uma relação de inter-confiança com elas, tornar-se-ão muito dependentes delas. O inquérito ainda mostra que geralmente os jovens de Macau não tem confiança nem perspectiva de vida, assim como não têm objectivo nem esperanças no futuro. Como eles ainda se encontram no período de crescimento, costumam ter falta de autodomínio e capacidade de decidirem pelo melhor, o que leva uma parte deles a seguir por um caminho desviante, abusando de drogas, participando em jogos ou aderindo às sociedades secretas. Porquê que os jovens de Macau têm estes problemas? Porque as famílias e o sistema educacional não podem desempenhar as devidas funções? De facto, estes problemas referem-se a diversos sistemas sociais conexos que têm estreita relação entre si. A seguir, vamos dar a conhecer alguns dados recolhidos pela Equipa de Investigação nas discussões do Forum de Serviço Juvenil, factores que afectam o crescimento dos jovens. 88 5.2 Influências da Economia Social e do Sector do Jogo e Diversões sobre a Juventude O sector do jogo e diversões foi desde sempre a fonte principal da receita de Macau, sendo os casinos o principal símbolo da cidade de Macau. Nestas circunstâncias, muitos jovens consideram que no futuro poderão encontrar emprego neste sector. Por isso, é difícil evitar que os jovens tenham essa ideia na mente. Em 2002, a indústria do jogo de Macau foi liberalizada, o que assentou a base do seu desenvolvimento estratégico ulterior em Macau. Neste contexto, a legalização do jogo com o futebol e a abertura de mais casinos legais, incluindo a companhia de apostas e a do jogo de futebol, preocupam cada vez mais pessoas. Alguns inquiridos indicaram: “Acho que no futuro Macau continuará como no passado a ser uma sociedade com o turismo e o jogo como sectores predominantes. Tenho medo de que com a assinatura dos contratos de exploração de jogos de fortuna e azar do jogo, iria aumentar o número de casinos em Macau, existindo a possibilidade de no futuro haver jogos na Internet. Perto da minha casa funciona uma companhia do jogo de futebol, vi uma criança de 12 a 13 anos de idade a pedir a adultos que lhe ajudassem a comprar bilhetes de lotaria... O desenvolvimento social neste aspecto pode exercer influências negativas sobre a juventude, especialmente sobre o seu conceito do valor. Algumas crianças, quando vêem adultos fazer jogos, podem imitá-los.” (am1&2, caso 4) “A actividade do jogo existe em Macau desde sempre e nos últimos anos o jogo de futebol tem sido legalizado. Vejo muitos jovens vagueando perto de postos de aposta e alguns participam em acções de aposta na Internet. Ultimamente, por ocasião do Campeonato Mundial de Futebol, ouvi frequentemente que algumas crianças dizem que vão fazer grandes apostas... Daí vê-se que os partipantes no jogo são cada vez mais jovens e nós preocupamo-nos cada vez mais com este problema. Se uma criança de 11 ou 12 anos começar a entregar-se ao jogo, o estado psicológico de especulação poderá acompanhá-la no seu 89 crescimento, e quando for homem, poderá considerar erradamente que o jogo seja um canal para ganhar dinheiro, o que lhe trará possivelmente efeitos negativos na sua vida. ” (am3, caso 2) 5.2.1 Falhas na legislação e na execução de leis Embora seja proibida por lei a entrada no casino das pessoas que não tenham completado 18 anos, o casino, por sua vez, não exige às pessoas que nele entram a exibição do documento de identificação. Mesmo que seja interdita a sua entrada no casino, os menores têm muitos outros canais para participar no jogo. Por exemplo, à entrada das companhias do jogo com o futebol, vêem-se frequentemente crianças de 12 a 13 anos que estão lá à espera dos adultos para lhes pedir apoio no sentido de fazer apostas para elas. À medida que se torne cada vez mais frequentes as apostas na Internet, os jovens que não tenham completado 18 anos poderão encarregar os irmãos de os registar como membros do jogo com outros nomes; assim, eles terão os seus próprios estatutos para a participação nas apostas na Internet. As apostas no jogo de futebol na Internet são baratas, sendo suficientes 10 patacas cada vez, e tanto mais que eles possam reunir fundos para a aposta. Em resumo, a falha da legislação e o desenvolvimento da alta tecnologia farão com que a situação seja mais difícil de controlar. A este respeito um inquirido manifestou-se da seguinte forma: “Perto da minha casa há muitas casas que vendem doces. Actualmente parece que se realiza o Campeonato Mundial de Futebol. Frequentemente reúnem-se muitos estudantes à sua entrada; às vezes, vejo que eles estão muito excitados e ouço alguns dizerem ‘se eu ganhar, vou pagar doces a todos os presentes’, mas outros dizem ‘se eu perder, não consigo comer’... Na verdade, penso que no nosso sistema jurídico e na execução de leis existem problemas e os trabalhadores das companhias do jogo de futebol devem ser mais exigentes para com a idade dos apostadores. Além disso, a compreensão e consciência do público social sobre este problema também está por elevar. No fim de contas, a situação é muito preocupante. (am1&2, caso 2) 90 5.2.2 O jogo como profissão Em que direcção é que a nova geração vai desenvolver-se? De facto, os jovens gostam de imitar os adultos. Se o encarregado de educação perder no jogo, não vai levar em consideração os assuntos domésticos deixando seus filhos fazerem apostas. O conceito do valor detido pelos pais exercerá efeitos negativos sobre seus filhos e será arraigado pouco a pouco na sua mente. Há alguns encarregados de educação que trabalham em casinos. Embora tenham baixas habilitações académicas, ganham bastante, o que faz facilmente com que seus filhos considerem erradamente que não é importante estudar. Além disso, algumas personalidades sociais e mesmo deputados à Assembleia Legislativa também defendem o desenvolvimento do sector do jogo e diversões, o que encoraja jovens a aceitarem o jogo. Nos últimos anos, a taxa de desemprego de jovens tem vindo a ser alta, o que significa que não é garantida a saída profissional mesmo que possuam habilitações literárias suficientes. Neste contexto, muitos jovens sentem-se inquietos. Quanto aos jovens com insucesso escolar, sentem-se ainda mais inseguros, esperando apenas encontrar um trabalho qualquer, mesmo no sector do jogo. Tal como um inquirido manifestou: “A economia de Macau é muito especial, grande número de residentes encontram-se em estado de semi-emprego, muitos trabalham nos casinos e alguns deles fazem trabalhos desonestos. Este fenómeno é bem aceite pela cultura de Macau, razão por que desde pequenitos, muitas crianças sabem: mesmo que a sua classificação escolar não seja boa, no futuro poderão arranjar um trabalho qualquer no sector do jogo, e talvez possam ser bem colocados na vida.” (am3, caso 3) Daí vê-se que o conceito tradicional já não é considerado convincente e muitas pessoas já acreditam: “Quem tem dinheiro tem futuro.” Eis talvez a realidade social: Cada vez mais jovens não falam do sonho. 91 5.3 Influências das sociedades secretas e do net bar sobre a juventude Em Macau, as instalações de desporto e de recreação especialmente para os jovens são insuficientes (Veja-se Parte 7.4). Por um lado, como o sector do jogo e diversões é fácil de ser manobrado pelas sociedades secretas, a venda ilegal de medicamentos e drogas controlados por parte dela é frenética e as actividades eróticas são aliciantes. Por outro lado, como os jovens vão frequentemente a net bar, salas de karaoke e outros lugares de diversões, são susceptíveis de serem influenciados pelas forças das sociedades secretas. Alguns inquiridos disseram: “Actualmente em Macau, faltam lugares de diversão para os jovens, especialmente não há lugares para as diversões excitantes, tais como o jogo em tábuas deslizantes e a dança “Hip-hop”. Para satisfazer as suas necessidades em relação às diversões, os jovens levam meia dúzia de cartões para brincarem nos jardins mais próximos. Antigamente, o Jardim de Heong San era o único sítio frequentado pelos jovens para a realização dessas actividades relativamente radicais. Porém, como as autoridades consideravam que o número das pessoas que iam divertir-se aí era demasiado reduzido, mandaram fechar o mesmo recinto, que mais tarde foi transformado num campo de ténis.” (am6, caso 7) “Actualmente, os espaços para as actividades juvenis são insuficientes, especialmente nas nossas ilhas, onde não há muitas bibliotecas, campos desportivos, campos de basquetebol, etc. Por isso, em tempos extra-escolares, os jovens não têm lugares para se divertirem. Embora haja campos desportivos particulares de grande dimensão, os indivíduos não podem entrar ou podem entrar quando fazendo parte de uma associação e tem que fazer reserva antecipada. Acrescentando-se-lhe que nos tempos extra-escolares as escolas fecham-se, os estudantes não têm lugares adequados para conviver. Neste contexto, alguns têm que ir a net bar para jogar em máquinas electrónicas ou vaguear pelas ruas. Assim é fácil ocorrerem problemas juvenis.” (am4, caso 4) “Creio que através da televisão e dos jornais, as pessoas têm 92 conhecimento do fogo posto em automóveis praticado por jovens, tendo como pano de fundo as sociedades secretas, pois para além de queimarem automóvel, existe o tráfico de drogas. Actualmente a economia de Macau é difícil e muitos jovens não têm trabalho, pelo que a sua actividade criminal pode ser paga pelas sociedades secretas. Por isso, considero que a influência nefasta exercida pelas sociedades secretas sobre a juventude é grave especialmente em Macau.” (am4, caso 6) 5.3.1 Assiduidade por parte dos jovens ao net bar Actualmente, muitos jovens de Macau gostam de permanecer por longo período no net bar, razão por que o número de bares de Internet aumenta cada vez mais em Macau. Alguns jovens costumam ficar a jogar no net bar até às três horas ou às quatro da manhã e não têm energia para ir à escola ou para fazer outras coisas. A dissuasão do encarregado de educação não serve para nada. A maioria dos jogos na Internet refere-se à briga, homicídio ou aprendizagem de artes marciais para aplicarem em vinganças, exercendo efeitos negativos sobre o conceito do valor de jovens, porque estes jogos podem levar os jovens a pensar que a vida parece um jogo virtual, em que os jogadores podem brigar, matar pessoas ou vingarem-se à sua vontade. Mesmo que tenham morto, poderão ter duas ou três oportunidades de começar um novo jogo que se identifica com a sua vida. Nos net bares é muito comum fumarem e consumirem bebidas alcoólicas. Neste ambiente muitos jovens podem entregar-se inconscientemente à cultura de net bar. Como fumar passivamente é desagradável, muitos jovens que se encontram nesta situação expressam que a melhor maneira de se livrarem da situação de apanhar fumo de 2ª. mão é aprender a fumar. Além disso, elementos das sociedades secretas também aparecem frequentemente em net bares para provocar distúrbios e recrutar membros. As descrições dos inquiridos: “Na sociedade tem-se vindo a discutir: O net bar é ou não um viveiro do crime? Que efeitos trazem aos jovens que se entregam ao net bar? Recentemente, a polícia vai com frequência aos net bares para fazer rondas de inspecção, descobrindo que cada vez mais jovens se perdiam neste tipo de cultura, o que mostra a gravidade do problema. Apesar de todo o mundo se opor a este fenómeno, até hoje nenhuma solução viável foi encontrada” (am3, 93 caso 2) “O problema de fumar nos net bares é muito grave e muitos jovens que não fumam têm que fumar passivamente. O resultado do inquérito feito pelos meus alunos mostra que alguns jovens expressaram que fumar passivamente era extremamente desagradável e outros exprimiram que eles tinham aprendido a fumar em net bares, porque a cultura neles é apenas fumar e consumir bebidas alcoólicas, mas o problema consiste em que eles são todos menores. Além do mais, alguns inquiridos disseram que havia elementos das sociedades secretas que iam frequentemente aos net bares para criar problemas ou seduzi-los a incorporarem-se nas sociedades secretas.” (am1&2, caso 5.5) 5.3.2 Abuso de drogas Muitos jovens gostam de ir divertir-se aos lugares de diversão em Zhuhai, especialmente a discotecas, salas de karaoke ou bares, e alguns estudantes vão àqueles lugares assim que terminam as aulas. Nestes lugares é muito grave o consumo de drogas. Há jovens que dizem que aqueles estabelecimentos de diversão não só são espaçosos, dispõem de excelentes instalações e fornecem variedades de droga barata, muito mais barata do que em Macau, acrescentando-se-lhe que raramente a polícia aparece para fazer rondas de inspecção. Alguns jovens mesmo crêem que se uma vez houver cinco ou seis pessoas a passarem pela Alfândega levando consigo drogas, a Alfândega não poderá descobrir todos nem poderá detê-los todos, sendo certo que alguns deles poderão livrar-se, e outros crêem que existirá pouca possibilidade de eles próprios serem detidos pela posse de drogas ilegais ao passar pela Alfândega. Assim, eles conseguirão trazer drogas para Macau para o uso próprio ou para a revenda. Quanto a este problema, alguns inquiridos disseram o seguinte: “O meu trabalho concentra-se no tratamento do consumo de drogas por parte dos jovens e prestação de serviços neste aspecto. Muitos jovens aparecem nas discotecas onde consomem diversos tipos de drogas.” (am1&2, caso 9) “Depois de sair da escola, muitos estudantes vão a Zhuhai divertir-se, sobretudo em discotecas, salas de karaoke ou bares, 94 onde o problema relativo ao consumo de drogas é bastante grave. Eles dizem que o preço daí é muito mais barato do que em Macau e a polícia raramente vai para aí intervir, e alguns mesmo dizem que a polícia os ampara e por isso se sentem muito seguros. Pelo contrário, em Macau, se alguém for descoberto pela polícia, os seus pais vão inteirar-se do caso; por isso, eles sentem-se mais inseguros em Macau... Há ainda muitos jovens que trazem drogas de Zhuhai para Macau e as revendem a outras pessoas ou as consomem, porque o seu preço em Zhuhai é decerto muito mais barato. ” (am1&2, case 7) 5.4 Actuais problemas que as famílias e os encarregados de educação de Macau enfrentam As dificuldades e pressões encontradas pelas famílias de Macau nos últimos anos tendem a aumentar e a mudança da estrutura interna e externa da família pode afectar profundamente o crescimento da juventude. Os dados do Fórum do Serviço Juvenil também mostram a situação a que as famílias e encarregados de educação enfrentam actualmente. A seguir, vamos expor algumas delas de modo mais detalhado: 5.4.1 Famílias em que os cônjuges estão todos empregados e origens dos problemas Como é do conhecimento de todos, a família é um sistema muito importante na sociedade, e os outros sistemas sociais relacionam-se com ela, influenciando-se mutuamente. Nos últimos anos, a estrutura social e económica de Macau está a mudar e surgem cada vez mais famílias em que trabalham ambos os cônjuges, o que significa que tanto o pai como a mãe têm que sair para trabalhar. A ausência prolongada dos pais fora de casa reduz o tempo de comunicação entre os familiares, o que conduz frequentemente a que os pais não têm suficiente tempo para cuidar dos filhos ou tratar dos problemas deles, tal como alguns inquiridos disseram: “Como os pais têm que trabalhar dia e noite e não tem tempo para cuidar dos seus filhos, o que conduz a que eles de noite vagueiam pelas ruas e não voltem a casa para dormir.” (pm9, caso 5) 95 “A meu ver, o apoio familiar é muito fraco, problema principalmente causado pelo facto de tanto o pai como a mãe terem que se ausentar para trabalhar, problema que deve ser encarado por muitos prestadores de serviços. Embora esta situação seja de conhecimento de todos, nem todos se apercebem de que esta é justamente na origem principal do problema juvenil, pois os pais não estão em casa e os cuidados dispensados aos filhos são necessariamente poucos.” (pm2&5, caso 12) 5.4.2 A depressão económica destrui a relação familiar Se ambos os pais trabalharem, é mais difícil acompanharem e apoiarem os filhos no seu crescimento e desenvolvimento emocional. Além do mais, se a situação socio-económica não for boa e a taxa de desemprego aumentar, a economia familiar decresce, significa uma maior pressão na vida, na relação entre os pais e filhos, pelo que será fácil ocorrerem conflitos inter-pessoais e finalmente a relação familiar sofrerá efeitos negativos. Quanto a este problema, alguns inquiridos expressaram as seguintes opiniões: “Tudo isto tem sido motivado pelo problema económico, pois numa família tradicional chinesa, se o marido tiver a capacidade de sustentar a família, embora exista o problema de maus tratos à mulher ou o problema de família monoparental, a mulher poderá tolerar e a relação poderá continuar. Mas, se o marido não puder sustentar a família, será fácil surgir diversos problemas tanto a nível de situação económica da família como a nível de relação extraconjugal.” (am3, caso 11) “No que respeita ao desemprego, ainda existe um problema grave quando os pais desempregados ficam em casa costumam ser muitos críticos em relação aos filhos por qualquer coisinha. Por isso, as consequências de desemprego constituem um ciclo vicioso em que as crianças são as vítimas. Como os filhos não querem permanecer em casa e estar sujeitos aos maus tratos, são susceptíveis de sair e vaguear pelas ruas. Por vezes, as crianças não se importam de correr o risco quando se aventuram a roubar 20 patacas aos taxistas. O pior é que os pais transformaram o amor pela família em indiferença, o que faz com que estes optem 96 por permanecer em casa de amigos onde se sentem melhor do que na sua própria casa.” (am6, case 9) “Às vezes vimos algumas crianças muito miseráveis, pois têm sido ‘postas’ de lado, o que é devido aos problemas relativos ao casamento dos pais ou à comunicação entre eles. Para as famílias com dificuldades económicas, um pedaço de pão poderia dar origem aos conflitos familiares. Neste contexto, os filhos poderiam sentir a falta de atenção ou carinho por parte dos pais ou poderiam tornar-se violentos. Em virtude disso, propusemos alguma vez que as entidades prestadoras de serviço de orientação reforçassem as suas técnicas no sentido de convencer os encarregados de educação a pedir voluntariamente os seus serviços de apoio. Porem, eles têm forçosamente a necessidade de ganhar o pão e por isso, não podem participar na formação.” (pm3&4, caso 13) 5.4.3 Surgimento de famílias monoparentais e famílias monoparentais falsas Actualmente, o conceito do casamento é muito aberto e o conceito tradicional relativo ao respeito tem sofrido grandes alterações. Neste contexto, muitos casados optam pelo divórcio para solucionar o problema da vida conjugal. Especialmente nas circunstâncias actuais de depressão económica, em que alguns maridos não têm a capacidade de garantir à família o sustento quando surgem problemas na relação matrimonial; mulheres costumam não tolerar a situação e optam pelo divórcio para se livrarem dos problemas. Além de que, a pressão da vida, o afastamento da relação conjugal e a falta de comunicação e entendimento mútuo entre o marido e a mulher conduzem finalmente à ruptura da vida familiar, o que afecta gravemente o crescimento dos seus filhos, tal como um inquirido disse: “Frequentemente, primeiro surge o problema conjugal e depois, o juvenil, porque os problemas surgidos na relação conjugal, tal como o amor extramarital do marido e o facto deste não ter a capacidade de sustentar a família e a mulher ter que sair para trabalhar, podem conduzir facilmente ao descuido da educação e acompanhamento em relação aos filhos. Por isso, julgo que a 97 depressão económica e o problema familiar são principais origens do problema juvenil.” (am4, caso 8) Os jovens não só são influenciados por aqulio que os pais lhes transmitem e pelas suas acções, como também têm que encarar sem outra alternativa a desarmonia entre os pais. Por isso, estão sempre perturbados e não têm confiança nos outros, ou vão ao outro extremo, tornando-se muito dependentes das pessoas em que têm confiança. Além disso, em Macau ainda existem famílias monoparentais falsas, tal como um inquirido disse: “Quando trato problemas de estudantes, sobretudo os problemas relativos ao estudo escolar, descobro que a maioria destes estudantes são provenientes de famílias com problemas, ou seja de famílias monoparentais, ou seja das famílias monoparentais falsas, quer dizer, o pai ou a mãe permanece muito tempo fora de Macau. Às vezes, estes só se reunem com os filhos nos feriados do Ano Novo. Assim, os estudantes que conheço só podem encontrar-se com o pai ou a mãe uma vez por ano. Como tal, na maioria destas famílias há problemas e a maioria dos jovens destas famílias têm problemas.” (am1&2, case 1) 5.4.4 Impossibilidade do cuidado ou educação familiar Depois do regresso de Macau ao seio da Pátria, o número dos novos imigrantes aumentou sensivelmente e muitas famílias mudaram do interior da China para Macau. No processo de imigração, é frequente nem todos os membros de uma família poderem ser autorizados ao mesmo tempo a imigrar para Macau, sendo possível autorizar apenas o pai ou a mãe. Assim, surgem muitos casos em que um dos cônjuges, pai ou mãe, se separa dos filhos. Nestas circunstâncias, cada um dos cônjuges tem que assumir independentemente a responsabilidade pelo cuidado dos filhos e encarar independentemente a pressão da vida, agravando-se deste modo a comunicação entre familiares e afastando-se aos poucos a relação familiar. Com o passar do tempo, a relação conjugal e a relação entre pais e filhos ficam apenas de nome, perdendo-se de facto. Como a relação conjugal é difícil de se manter, ambos os cônjuges vêem-se obrigados a recorrer ao divórcio, o que conduz ao aumento de famílias monoparentais. Acrescentando a mudança do ambiente económico e o aumento do número de encarregados de educação que vão trabalhar para o interior da 98 China, a responsabilidade pelo cuidado de filhos tem que ser assumida por seus parentes da linha colateral. Citemos um exemplo ao respeito como se segue: “Descobrimos que depois de terem imigrado para Macau, alguns encarregados de educação, talvez devido à sua separação demasiado longa do cônjuge, sentiam uma grande distância entre os seus sonhos e a realidade. Em alguns casos, os familiares destes novos imigrantes, nomeadamente, suas esposas e filhos, conseguiram obter a autorização para imigrarem para Macau. Mas, neste momento eles, ou já estão desempregados, ou estão a encarar a ameaça do desemprego. Nestas circunstâncias a economia familiar vai a pique e tem que pedir subsídio ao governo. Há ainda os seguintes casos: por causa do regime do interior da China sobre aprovação do requerimento de imigração para Macau, algumas mulheres precisam de esperar durante dez anos antes que obtenham a autorização para ir a Macau. Mas, quando chegam a Macau, os maridos já morreram há pouco tempo ou há vários anos, ficando estas imediatamente sem nenhum meio de subsistência, inclusive lugar para viver. Além do problema relativo à adaptação da vida social, os novos imigrantes ainda têm que enfrentar problemas económicos. Dentre eles, alguns não têm dinheiro para requerer o bilhete de identidade no período inicial da sua chegada a Macau. Encontrámos alguns novos imigrantes que tinham que pedir dinheiro emprestado aos familiares para tratar dos pedidos do bilhete de identidade e do salvo conduto para conterrâneos da China e por isso regressaram imediatamente à China para arranjar dinheiro. As mães de alguns estudantes que trabalham em Gongbei confiam os filhos a parentes seus em Macau, para que lhes ajudem a cuidarem deles. Elas vão a Macau ver os filhos uma vez por semana. Este fenómeno pode originar graves problemas familiares.” (am7, caso 8) A actual situação obriga muitos pais a trabalharem durante o dia para manter os meios de subsistência. Alguns têm que sair de Macau para ganhar dinheiro noutras regiões. Neste caso não têm outro remédio a não ser confiarem os filhos a conterrâneos ou amigos para que deles cuidem. 99 Às vezes, só dão algum dinheiro a seus filhos para que eles cuidem de si mesmos. A este aspecto, tal como um inquirido disse: “Muitos dos novos imigrantes em Macau foram trabalhar a Taiwan, e antes de partir, encarregaram seus conterrâneos ou amigos de cuidar das suas famílias e alguns deixaram algum dinheiro aos seus filhos para que cuidassem de si mesmos, o que tem causado problemas respeitantes ao carácter e à estrutura familiar. ” (am3, caso 4) É claro que em Macau há muitas famílias em que tanto o pai como a mãe vivem com saúde e eles têm tempo e energia para cuidar e educar seus filhos, mas infelizmente é que entre eles alguns costumam a esquivar-se da responsabilidade pelo cuidado e educação de seus filhos, depositando apenas a sua esperança no professor da escola. Há alguns encarregados de educação que não sabem como educar seus filhos, outros adoptam uma atitude permissiva para com seus filhos e não dão exemplos com a sua própria conduta. Justamente como alguns inquiridos disseram ao respeito: “Quanto à educação dos filhos, também descobrimos que alguns encarregados de educação só confiam seus filhos à escola, porque eles consideram que a escola tem e deve ter a plena responsabilidade para tratar bem este problema.” (pm2&5, caso 11) “Em Macau há boas famílias, mas qual é a situação da qualidade dos encarregados de educação? Todos sabemos que a educação familiar é muito importante, mas que educação é que os encarregados destas famílias concedem aos seus filhos? Não só em jardins mas também em hospitais tenho descoberto que muitos encarregados de educação não sabem educar seus filhos para que observem as regras necessárias e o conceito do valor. Estou de acordo com a opinião de que o facto não é que eles não queiram educar seus filhos, mas é que não têm o nível de educação suficiente.” (am1&2, case o) Em Macau também existem alguns encarregados de educação que mimam os filhos. Nos bairros residenciais de Macau funcionam muitas 100 organizações para a prestação de explicações para estudantes. Imediatamente após as aulas na escola, muitos alunos são levados para as aulas de explicações pelos encarregados de educação, conduzindo automóveis ligeiros particulares para os levar. Os encarregados de educação permanecem à entrada dos estabelecimentos, ficando à espera dos filhos para os levar para casa aquando da conclusão das aulas de explicações. Há ainda outros encarregados de educação que são demasiado exigentes para com os seus filhos, ignorando frequentemente os seus sentimentos, o seu desejo e as suas necessidades de espaço para actividades pessoais. Parece que estes encarregados não sabem respeitar os filhos, confiar neles e formá-los com autonomia, o que conduz a que os filhos tenham falta da capacidade de enfrentar correctamente as diversas seduções sociais. 5.4.5 Choque que se verifica na família sob a cultura da sociedade A mudança do conceito do valor do casamento por parte de encarregados de educação de ambos os sexos origina cada vez mais casos de divórcio e, como consequência, cada vez mais famílias fragmentadas. Os dados mostram que algumas famílias de Macau estão a encarar o choque desta cultura social. Tal como um inquirido disse: “Este fenómeno talvez esteja relacionado com a mudança da cultura social, porque muitas pessoas da nova geração rendem-se perante os valores do Ocidente, o que difere muito da cultura tradicional chinesa, como por exemplo, relativamente ao casamento. Por isso, numerosas famílias monoparentais não dão importância ao casamento... Nos últimos anos o número dos casos de divórcio tanto em Hong Kong como em Macau aumentou? O factor principal da alteração nas regiões deve-se à absorção da cultura ocidental.” (am3, caso 3) Além do mais, membros de muitas famílias trabalham nos sectores relacionados com o jogo, o que conduz a que eles aceitam a cultura e acção do jogo. Este tipo de cultura transmite-se de geração em geração. Assim, estas famílias perdem aos poucos a função de educação. Quanto a este problema, justamente como alguns inquiridos disseram: 101 “O jogo não é ligado só aos adultos, mas também é comum em muitos menores. O problema mais grave é que muitos encarregados de educação também apoiam seus filhos a fazer aposta. Considero que é muito importante a família e a sociedade inculcarem o justo conceito do valor nos jovens, mas preocupo-me muito como poder concretizar este objectivo.” (am6, caso 1) “Os pais inculcam o conceito errado de valor nos filhos, e estes por sua vez transmitem aos seus filhos, transmitindo-se assim de geração em geração. Citemos como exemplo a nossa experiência. Após os nossos esforços, os jovens conseguiram corrigir os seus comportamentos e deixaram os lares. Porém, mais tarde, os seus vindouros vêm ficar internados em lares. Julgo que o jogo transmite às pessoas uma ideia de avidez e especulação que nunca pode ser satisfeita. Aqueles jovens com esta ideia pode dizer-nos: ‘Eu não preciso de ser aplicado. Porque é que todos os dias você me lembra para ser aplicado? No futuro eu posso abrir um casino ou arranjar um trabalho no sector do jogo. Já que assim, considero que não preciso de estudar.’” (am6, caso 6) “O factor jogo é muito preocupante. Os pais de uma família manifestaram com orgulho o facto de o seu filho mais velho ter ganho muito dinheiro no jogo e o seu filho mais novo, de apenas 15 anos, também se entregar a esta actividade. Quanto a isso, eles sentem que é vulgar. Daí vê-se que a cultura do jogo já está enraizada na mente de muitos encarregados de educação. As pessoas que adoram esta cultura já não consideram que o jogo é uma aposta, mas um instrumento de diversão. Como devemos enfrentar este problema?” (am6, caso 8) A informática contemporânea está em pleno desenvolvimento; a cultura digital está a popularizar-se e os jovens podem adquirir diariamente muitas informações da comunicação social ou da Internet. A tecnologia informática desenvolve-se do modo astronómico e muitos pais não conseguem alcançar o passo acelerado deste desenvolvimento, o que conduz ao afastamento da relação pai-filho e ao surgimento da barreira entre eles, e neste caso, os pais sentem grandes dificuldades em assumir a 102 responsabilidade pela educação dos filhos. 5.5 Educação O governo da RAEM fornece à população a educação obrigatória. Nos últimos anos o número das escolas primárias tem aumentado ligeiramente, podendo fornecer suficientes vagas às crianças. Mas, nos últimos anos o número dos estudantes do ensino secundário tem vindo a reduzir, surgindo casos em que jovens de idade escolar não se matricularam na escola. No regime de apoio financeiro também existem falhas. Mesmo nas escolas integradas na rede também existem encarregados de educação com dificuldades económicas que não conseguiram pagar as despesas extra-escolares ou a diferença que vai além do subsídio concedido, possivelmente será um valor de centenas de patacas, razão por que seus filhos perderam as vagas na escola. Ainda há encarregados que não prestam atenção à atitude por parte dos filhos ou não podem encontrar escolas ideais para os filhos, o que faz com que os filhos tenham o sentido de resistência ao sistema educacional, problema que pode conduzir à interrupção dos seus estudos. Sob o sistema educativo em vigor, os estudantes têm que enfrentar grande pressão, o que afecta o seu entusiasmo pelo estudo. Além do mais, a maioria das escolas só qualificam os estudantes segundo as classificações escolares obtidas, o que não só prejudica o brio dos estudantes, mas também preocupa e perturba parte dos encarregados de educação. No que respeita a este problema, alguns inquiridos disseram: “Penso que os alunos de Macau têm demasiadas cargas de estudo e não têm tempo para se divertirem. Em casa, os pais não só não os permitem divertir-se, mas também exigem-lhes que estudem, e por isso eles sentem uma grande pressão e falta de vontade em estudar.” (am3, caso 5) “Considero que a escola deve adoptar pelo método de estimular aos estudantes como forma de os educar e não deve criticá-los sempre; deve prestar atenção ao método educacional e não deve adoptar métodos simples e duros. Por exemplo, o professor não deve dizer a um aluno: ‘Você não pode fazer daquele modo’, mas 103 deve dizer-lhe: ‘Talvez seja melhor você fazer deste modo’. Assim, o resultado de educação talvez seja melhor, porque a psicologia demonstra que a criança não gosta de ouvir o termo ‘não’ , mas reage ao estímulo. No entanto, actualmente nas escolas, muitos professores não adoptam esta maneira educacional, sabendo apenas dizer ‘não’. A título de exemplo, quando se diz ‘Eu não gosto de você’, pode prejudicar o brio do aluno e até pode dar origem à prática de comportamentos desviantes por parte do aluno.” (am4, caso 5) “Na verdade, muitos encarregados de educação também não concordam com esta forma de educação, tendo medo de que seus filhos que não consigam suportar este tipo de pressão fiquem desanimados. Além do mais, muitos encarregados de educação não podem cuidar deles em casa nem lhes podem prestar apoio psicológico para os aliviar de depressão, não tendo possibilidades de encontrar soluções justas para isso.” (am4, caso 2) Actualmente, muitas escolas aplicam o regime de elite, admitindo exclusivamente os melhores estudantes, prática esta que provoca indirectamente os abandonos escolares. Consequentemente, estes não têm nada a fazer, ou permanecendo em casa ou vagueando pelas ruas. Nestas circunstâncias são susceptíveis de serem influenciados negativamente por amigos e cometem actos criminosos. A maioria das escolas não querem admitir estudantes com más classificações, embora muitas delas tenham vagas suficientes. Há jovens que não conseguem frequentar a escola, porque algumas escolas se recusam admitir alunos com antecedentes criminais. Neste caso, voltar a frequentar a escola normal é muito difícil para os jovens em risco que estão a ser acompanhados pela Equipa de Serviço Extensivo ao Exterior, Departamento de Reinserção Social, Instituto de Menores ou Divisão de Tratamento e Reinserção Social, devido aos seus actos delinquentes ou consumo de drogas. A seguir, são as propostas apresentadas pelos trabalhadores das entidades acima referidas: “De acordo com o sistema educacional em vigor, os alunos que têm más classificações devem desistir seus estudos. Creio que esta regra não é a melhor, pois se estes jovens continuarem a 104 estudar, terão menos oportunidades de cometerem crimes. Ao deixarem de frequentar a escola, eles não têm nada para fazer, o que pode levá-los a cometer actos desviantes. Segundo as nossas experiências, a percentagem dos casos ocorridos por este motivo é bastante alta. Mas, infelizmente é que não podemos convencer a escola a dar mais uma oportunidade àqueles estudantes, deixando-os a continuar a estudar.” (am4, caso 2) “Em relação aos jovens que se internaram no Instituto de Menores, após um período de tempo de vigilância efectuada pelos assistentes sociais e professores, o seu comportamento melhorou e tinham possibilidade de se reintegrarem na sociedade. Mas, muitas vezes não conseguimos encontrar uma escola para os colocar. Quando a direcção da escola tem conhecimento que os jovens vieram do Instituto de Menores, recusa imediatamente o seu requerimento de acesso, porque uma vez ouvido o nome do Instituto de Menores, não quer admitir os jovens que saem de lá.” (am4, caso 5) “As chamadas “escolas de boa fama” são mesmo boas? Estas escolas só sabem expulsar alunos, obrigando estes a andar à procura de outras. Neste caso, o que é que os encarregados de educação podem fazer? Tanto os filhos como os pais andam aflitos perante a situação em que todas as escolas querem ser escolas de boa referência, admitindo apenas alunos excelentes. Nesta situação, para onde vão os alunos com insucesso escolar?” (am7, caso 9) “Se os estudantes que consomem substâncias ilícitas forem expulsos da escola, os pais terão grandes dificuldades em encontrar outras escolas para eles.” (am1&2, caso 9) Nos últimos anos, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude tem prestado apoio financeiro a instituições particulares no seu desenvolvimento de alguns serviços, tais como a ‘Nova Força Motriz da Escola’, para apoiar os jovens que deixaram dos estudos. Embora este tipo de projecto tenha os seus próprios valores, algumas escolas não os reconhecem, continuando a recusar a admissão deste tipo de estudantes. 105 Por isso, ajudar os jovens expulsos da escola a voltarem à escola continua a ser um problema para resolver. Alguns inquiridos manifestaram-se da seguinte forma : “A ‘Nova Força Motriz da Escola’ é uma vantagem, porque segundo este projecto, antes de regressarem à escola, os estudantes expulsos têm oportunidade para voltarem a estudar. Mas, o problema reside no seguinte: com os esforços da DSEJ, quantos estudantes deste tipo conseguem voltar à escola no início das aulas? A chave é que as escolas normais querem ou não admiti-los. De facto, a DSEJ não tem poder para inspeccionar as escolas e, por isso, cada escola pode tomar independentemente a sua decisão de acordo com seus próprios regulamentos.” (pm3&4, caso 13) “Falamos sempre da cooperação entre a família, a escola e a sociedade. Mas esta cooperação é difícil de ser realizada, porque mesmo a DSEJ não tem a função de intervir nos assuntos internos das escolas, e neste caso cada escola tem a sua própria administração e gestão... No fim de contas, a DSEJ não tem o direito de exigir qualquer escola que admita os estudantes que deixaram de estudar.” (am8, caso 1) 5.6 Trabalho De acordo com a legislação do trabalho, os cidadãos que têm 16 anos completos podem trabalhar livremente na sociedade; os jovens que têm a idade inferior a 16 anos e superior a 14 anos, se quiserem trabalhar, devem ser autorizados pelos pais. Mas, de facto há muitos jovens com idade inferior a 16 anos que não querem andar na escola devido à má classificação escolar, mesmo que tenham oportunidade de continuar na escola. Alguns jovens, embora já tenham completado 16 anos, são por vezes impedidos de arranjar trabalho por causa da atitude dos pais. Por exemplo, alguns pais, com o objectivo de receber mais fundos de segurança social ou subsídio de desemprego não dão a conhecer ao governo a situação dos filhos ou impedem-nos de procurarem emprego a tempo inteiro ou outro emprego cujo registo no governo é necessário. Além do mais, embora o governo também tenha uma série de projectos 106 de formação profissional e apoio financeiro, todos estes projectos ainda não podem satisfazer a necessidade de todos os jovens. Por exemplo, os cursos de formação só podem ser frequentados pelos jovens que tenham terminado pelo menos o curso primário, mas talvez não haja nenhum projecto de formação destinado aos que não tenham o curso primário. Quanto a este problema, um inquirido: “Segundo estipulações da Direcção dos Serviços de Trabalho e Emprego, só aqueles que tenham completado 16 anos podem frequentar cursos de formação. Então, o que podem fazer os jovens com apenas 14 ou 15 anos de idade que abandonaram os estudos, se a DSEJ não lhes permitir frequentar a escola? Como esse grupo de jovens, por um lado, não podem frequentar a escola, e por outro, têm dificuldade em arranjar emprego, pergunta-se: o que vão fazer?!” (am4, caso 1) Sob o actual sistema educacional cheio de pressão, numerosos jovens não gostam de estudar, preferindo trabalhar. A actual economia de Macau encontra-se ainda em depressão e muitos jovens preocupam-se com o seu futuro, o que lhes pode causar efeitos negativos a nível psicológico ou aumentar o sentido de insatisfação e o descontentamento em relação à sociedade. Um inquirido disse a respeito: “Eles preferem trabalhar a ir à escola. Se não conseguirem encontrar trabalho, podem ir jogar as máquinas electrónicas ou praticar actos ilegais juntamente com os maus elementos. A meu parecer, já que eles não querem continuar a estudar, podem ser aprendizes, mesmo que sejam jovens de 14 anos de idade. Mas, a realidade actual diz-nos que esta minha opinião não é viável, pois a situação de desemprego é tão grave que não lhes permite encontrar trabalho.” (am3, caso 11) 107 5.7 Resumo Em Macau o sector do jogo e do turismo têm vindo a desenvolver-se desde sempre, promovendo certamente o desenvolvimento económico e trazendo grandes benefícios à Região. Mas, os efeitos negativos exercidos pelo jogo sobre os jovens também são óbvios e não devem ser ignorados. No fim de contas, o desenvolvimento da tecnologia informática, a cultura de consumo da sociedade e a azáfama diária dos pais para ganhar a vida dificultam cada vez mais a comunicação pai-filho. Além do mais, ainda existem outros problemas, tais como a proibição do jogo ilegal na Internet e a insuficiência de medidas para educar e apoiar jovens no seu emprego. O seguinte comentário de um inquirido talvez nos faça ver com maior clareza o ambiente social que os jovens de Macau enfrentam: “O ambiente para o crescimento dos jovens de Macau é mau e escuro e no sector de educação existem falhas que levem os jovens a terem falta de sonhos e ambição. Você pode perguntar a qualquer criança: O que vais fazer quando fores adulto? Geralmente, você pode receber a seguinte resposta: ‘Eu não sei.’ Isto faz-me sentir mal. O mais grave é que vivendo neste ambiente, enfrentamos uma grande dificuldade na educação da juventude, porque na nossa sociedade as coisas positivas são poucas, mas as negativas rodeiam-nos sempre.” (am4, caso 8) O problema juvenil está muito estreitamente relacionado com os mais diversos sistemas macroscópicos, tais como a família, a educação, a política de trabalho, a cultura social, etc. Todos estes sistemas estão ligados intimamente e influenciam-se uns aos outros. Devemos conhecê-los profundamente e prestar grande atenção às influências exercidas por eles sobre a juventude. Só assim, podemos ajudar eficazmente os jovens a crescer com saúde. 108 Capítulo VI Actual Situação do Serviço Juvenil em Macau Devido aos diversos factores relativos à história, tradição, ritmo do desenvolvimento social e política de Macau, o passado desenvolvimento da assistência social e do sistema educacional de Macau estava intimamente ligado às forças sociais locais, incluindo as diversas associações políticas, industriais, comerciais, religiosas e grupos sociais. Estas organizações não só preconizavam seus sonhos através de diversos canais, mas também criavam directamente casas de reunião, abriam escolas e organizavam diversos serviços e actividades. Já antes de 1988, ano em que o governo criou um Conselho da Juventude e começou a desenvolver iniciativas vocacionadas para a atenção activa ao problema juvenil, numerosas personalidades sociais tinham fundado diversas organizações ou centros de serviço, utilizando diversos tipos de recursos para desenvolver alguns projectos com o objectivo de satisfazer as necessidades dos residentes de Macau, incluindo crianças e jovens. No entanto, o serviço juvenil de Macau era muito disperso, tinha falta de um sistema unificado, embora a sua história de desenvolvimento não fosse fácil. No presente Capítulo não vamos dar retrospectiva à história do desenvolvimento do serviço juvenil de Macau, mas vamos debruçar-nos sobre o resumo e classificação do actual serviço juvenil, mostrando ao mesmo tempo alguns dados recolhidos do Fórum do Serviço Juvenil, dos grupos de foco e das entrevistas com inquiridos, com a finalidade de permitir aos leitores conhecerem a actual situação geral do serviço juvenil de Macau. Como os jovens são parte importante dos membros da sociedade, a maioria das políticas sociais e serviços públicos, designadamente relativos à educação, habitação, assistência médica, assistência social, serviços judiciários e do trabalho, podem ter a ver com a juventude. Consideramos difíceis a justa classificação e análise do serviço juvenil de Macau e a definição de que faz parte ao serviço juvenil e do que não faz. Por isso, o foco deste Capítulo só se concentra na exposição de alguns processos ou projectos de assistência social que tem os jovens como principal alvo de serviço, referindo-se também a alguns serviços indirectamente relacionados com os jovens. 109 De acordo com os dados documentais e os recolhidos do grupo de foco e das entrevistas especiais com alguns inquiridos, consideramos que o serviço juvenil de Macau podem dividir-se em três tipos principais: z Serviço juvenil a cargo do governo; z Serviço juvenil a cargo de instituições particulares com promoção activa e apoio financeiro do governo; z Serviço juvenil a cargo de instituições particulares. 6.1 Serviço juvenil a cargo do governo 6.1.1 Direcção dos Serviços de Educação e Juventude A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) tem duas subunidades de igual nível que mais se relacionam com o serviço juvenil que são o Departamento de Ensino e o Departamento de Juventude. O primeiro é o principal responsável pelo desenvolvimento do empreendimento educativo e fornecimento de vagas aos estudantes e o segundo pelo desenvolvimento dos assuntos juvenis e abertura de centros juvenis. Além disso, a DSEJ ainda dispõe de um Centro de Apoio Psico-pedagógico e Ensino Especial (que foi denominado oficialmente em 1992), que envia orientadores, assistentes sociais e terapeutas para as escolas oficiais e outras escolas necessitadas, concedendo subsídios a algumas associações; presta a estudantes serviços de aconselhamento, consulta e transferência; e fornece também serviços de apoio a encarregados de educação. Quanto ao serviço dos assistentes sociais na escola, veja-se a parte 6.2.2 (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002c). Actualmente em Macau existem cerca de 90 estabelecimentos de ensino não superior, incluindo os jardins de infância e as escolas primárias e secundárias, dos quais 15 estão directamente subordinados ao governo e os outros são particulares mas subsidiados pelo governo. Devido aos diversos factores tradicional, social e político, as escolas particulares dispõem de maior autonomia. Além de criação e gestão das escolas oficiais, o Departamento de Ensino é principalmente responsável pela elaboração da política educacional e pela articulação dos assuntos educativos (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002c). 110 O principal trabalho do Departamento de Juventude concentra-se no desenvolvimento dos assuntos juvenis e fornecimento de outros tipos de ambiente extra-escolar aos alunos para o desenvolvimento das suas aptidões especiais, incluindo a prestação de apoio financeiro a acções desenvolvidas pelo associativismo juvenil e por outras organizações juvenis. Sob tutela do Departamento de Juventude funcionam quatro centros de juventude e duas residências de jovens, prestando aos jovens serviços de apoio individual, serviços de grupo e organização de palestras temáticas. Entre os centros juvenis sob a tutela deste Departamento incluem-se o Centro de Juventude do Forum, Centro de Juventude da Caixa Escolar, Centro de Juventude da Areia Preta e Centro de Juventude do Bairro do Hipódromo. Quanto à residência juvenil funcionam actualmente a Residência de Jovens de Cheoc Van e a Residência de Jovens de Hac Sa (DSEJ, 2002a). Além do mais, a DSEJ criou o Centro de Educação Permanente na zona norte e o Centro de Actividades Educacionais na Taipa respectivamente em 1994 e 1998. Estes centros possuem locais reservados para o desporto e recreação de jovens e fornecem aos jovens espaço para a leitura de livros e revistas, para a orientação a trabalhos de casa e para a realização de cursos de interesse. Os centros acolhem membros de família a participarem conjuntamente em actividades educativas e recreativas organizadas por diversas comunidades nas noites de domingo, aos sábados, aos domingos e/ou nos feriados. O Centro de Actividades Educacionais da Taipa recentemente criado, seguindo experiências no funcionamento do Centro de Educação Permanente, fornece serviços relativamente completos, principalmente nas áreas de orientação e de educação; e dispõe também uma biblioteca, uma sala de treino para a orquestra e salas de desporto (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002c). 6.1.2 Instituto de Acção Social O Instituto de Acção Social (IAS) é responsável pelos assuntos da assistência social relacionados com a população, prestando principalmente serviços de apoio a famílias, idosos, pessoas deficientes, crianças e jovens, disponibilizando também serviços de apoio económico e de prevenção e tratamento da toxicodependência. Entre estes serviços 111 prestados, os de apoio a famílias, de prevenção e tratamento da toxicodependência e de apoio às crianças e jovens estão directamente relacionados com a juventude. O IAS dispõe de três subunidades que têm contactos mais frequentes com a juventude, que são: z Departamento de Família e Comunidade; z Divisão de Infância e Juventude, subordinada ao Departamento de Solidariedade Social, e z Divisão de Prevenção Primária, subordinada ao Departamento de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência. Sob tutela do Departamento de Família e Comunidade, funcionam cinco Centros de Acção Social (CASs) e um Gabinete da Acção Familiar (GAF), que são especialmente responsáveis pelos serviços de tratamento dos casos, de assistência social e de transferência. Estes cinco CASs estão instalados respectivamente na zona sul, zona central, zona de Tamagnini Barbosa, zona da Ilha Verde e zona das ilhas. Como estes Centros e o respectivo Gabinete prestam serviços principalmente a famílias no seu conjunto e os jovens não são os destinatários do seu serviço especial. Quando recebam os casos relacionados com jovens que necessitam de acompanhamento permanente (por exemplo, carecem do serviço do lar), irão transferi-los para a Divisão de Infância e Juventude. Nisso vê-se que os CASs não são locais onde se prestam principalmente o serviço de acção juvenil. Além disso, é também muito insuficiente a divulgação do serviço de acção familiar prestado pelo IAS, tal como um inquirido disse: “Considero que actualmente os residentes de Macau necessitam de mais serviços de apoio, mas na verdade muitas instituições e encarregados de educação não sabem muitas vezes a quem devem pedir apoio. Tenho alguns amigos que recentemente tinham alguns problemas familiares e necessitavam de apoio, mas não sabiam a quem deviam pedir. Então telefonaram-me para saber onde podiam pedir apoio. Penso que os diversos serviços prestados pelo governo e pelas instituições particulares devem ser amplamente divulgados, para que todo o público tenha conhecimento e, quando algum residente encontrar alguma dificuldade, sabe aonde vá pedir apoio.” (pm2&5, caso 7) 112 A Divisão de Infância e Juventude é a subunidade do IAS mais directamente responsável pelo tratamento dos assuntos juvenis, cabendo-lhe avaliar as crianças e jovens que se encontrem em crise e não se adaptem ao ambiente social, e elaborar os projectos para lhes prestar serviços de apoio. Além do mais, também apoia o tribunal a tratar os menores que necessitem da protecção social e supervisiona os sete lares de crianças e jovens e uma escola com internato que recebem frequentemente apoio financeiro ou técnico (IAS, 2002). Sendo indispensável a colaboração dos encarregados de educação no apoio dirigido aos jovens no ambiente desfavorável, caso os encarregados de educação não quiserem colaborar, será difícil concretizar o apoio em causa. Quanto a isso, um inquirido manifestou da seguinte forma: “Por motivos da situação económica, muitas famílias não têm meios para satisfazer as necessidades afectivas por parte dos filhos. Neste contexto, quando lhes são prestados diferentes apoios, elas são incapazes de colaborar, ou melhor, quando os assistentes sociais estejam disponíveis a intervir e coordenar, elas não respondem, porque o maior problema para elas reside nas dificuldades em obter pelo menos duas refeições por dia. Isto mostra que as preocupações destas diferem completamente da que atendemos. Talvez elas ainda mantenham o conceito tradicional: a criança é dada pelo Céu e deve ser criada pelo Céu. No passado, mesmo que os pais tivessem vinte ou trinta filhos, a coisa fazia-se sempre assim, e hoje em dia, um casal tem no máximo duas ou três crianças, e julgam que deve manter o conceito tradicional. Já que este conceito está bem radicado na mentalidade das pessoas, como é que elas podem colaborar com o nosso apoio que prestamos aos seus filhos? Sem a colaboração dos pais temos grande dificuldade em ajudar as crianças.” (pm9, caso 1) “De acordo com a legislação de Macau, todos os pais têm a obrigação de alimentar e educar os seus filhos. Mas, na verdade, não há medida coerciva a respeito, ou seja, mesmo que eles não cumpram a sua obrigação, não poderão ser tratados nos termos da lei. Por isso, até hoje muitos encarregados de educação continuam a agir à sua maneira.” (pm2&5, caso 3) 113 “Havia uma criança do sexo feminino, que abandonou a casa há muito tempo, que pediu o ingresso num lar, o IAS também podia prestar-lhe o respectivo serviço, mas os pais dela não concordaram, porque nos termos da legislação relacionada, uma criança só pode ingressar no lar com a autorização do encarregado de educação. A única coisa que podíamos fazer era levá-la de regresso ao parque onde se encontrava no passado e deixá-la continuar a vaguear. Que absurdo! Mas, o que mais poderíamos fazer?!” (am8, case 1) Além dos supracitados serviços, o IAS é também responsável pelo tratamento do trabalho relativo ao abuso de drogas. Embora o alvo do serviço da Divisão de Prevenção Primária sob a sua tutela não seja apenas a juventude, a maioria dos trabalhos desta Divisão está intimamente ligada ao serviço juvenil, devido ao facto de geralmente esta Divisão tomar os jovens com o alvo do seu trabalho e desejar sempre atingir o objectivo de “A prevenção vale mais do que o tratamento”. Desde 2002, a Associação dos Jovens Cristãos assume a responsabilidade pelo funcionamento do centro comunitário juvenil com o serviço de apoio à prevenção do abuso de drogas como tarefa principal. Originalmente este centro era da tutela do IAS. Contudo, o IAS continua a prestar-lhe apoio financeiro. 6.1.3 Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça O Instituto de Menores e o Departamento de Reinserção Social, subordinados à Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) são responsáveis pela prevenção da recaída de jovens em crimes e pela ajuda aos jovens delinquentes respectivamente. O seu trabalho inclui o apoio à execução das medidas de acolhimento e a prática das medidas de aconselhamento aos jovens que não tenham sido privados da liberdade. A base legal destas duas unidades vem do Decreto-Lei n.°65/99/M sobre o Regime Educativo e de Protecção Social de Jurisdição de Menores, que entrou em vigor em finais de 1999. Contudo, antes da entrada deste diploma, estava em vigor o Estatuto de Assistência Jurisdicional aos Menores do Ultramar. O referido Decreto-Lei regula o regime educativo e o regime de protecção social e separa nitidamente as providências de intervenção 114 jurisdicional dirigidas aos menores infractores (ou seja, o Regime Educativo) das de protecção dos menores que possam ser prejudicados (ou seja, o Regime de Protecção Social). O Regime Educativo é aplicável aos menores que, tendo completado 12 anos e antes de perfazerem 16, pratiquem actos que infrinjam a lei e é executado pela DSAJ; o Regime de Protecção Social é aplicável aos menores que, não tendo completado 12 anos, pratiquem um facto qualificado pela lei como crime, contravenção ou infracção administrativa, ou aos menores que se encontrem em crise e em estado de desadaptação social, é executado pelo IAS. Nisso vê-se que a DSAJ aplica principalmente o regime educativo, tendo por objectivo ajudar através de educação e de auxílio os menores que tenham praticado actos que infrinjam a lei a empreender o caminho certo, esforçando-se por evitar adoptar as providências de privação da liberdade e tomando como princípio a adopção de medidas que não afectem no futuro o desenvolvimento destes menores. Como por exemplo, o regime educativo é aplicável aos menores que tenham completado 12 anos mas ainda não tenham atingido os 16 anos. Para os menores que, tendo completado 16 anos e encontrando-se a cumprir medida do regime educativo, pratiquem crime, contravenção ou infracção administrativa puníveis com multa ou com pena de prisão até 2 anos, o regime educativo pode ser aplicado até o autor do facto completar 21 anos, tendo em conta as necessidades educativas do menor. Por outras palavras, o trabalho de acompanhamento dos organismos de reinserção social (ou seja, o Instituto de Menores e o Departamento de Reinserção Social) pode ser executado até quando o autor do facto completar 21 anos. Actualmente o regime educativo inclui as seguintes cinco medidas: z z z z z Admoestação; Imposição de condutas ou deveres; Acompanhamento educativo; Semi-internamento; Internamento. Ao Instituto de Menores cabem as principais atribuições de prestar o serviço de internamento e apoio aos menores que praticaram actos que 115 infrinjam a lei. Tendo em conta a necessidade educativa destes menores, o tribunal pode aplicar-lhes o regime educativo de internamento no Instituto de Menores (nos termos do Decreto-Lei n.º 65/99/M, sobre o regime jurisdicional de menores). Actualmente, em Macau só existe um Instituto de Menores que exerce as funções relacionadas. O apoio de internamento divide-se em dois tipos: o internamento e o semi-internamento. Por internamento designa-se que todas as actividades, estudo, e alojamento dos menores internados se realizam no interior do Instituto; o semi-internamento significa que de dia os menores internados podem ir à escola, ou saem para frequentar cursos de formação ou para fazerem trabalho profissional, mas devem voltar ao Instituto no tempo indicado. Merece atenção o seguinte facto: A oportunidade de frequentar a escola ou participar na formação por parte do menor internado determina a possibilidade da sua reintegração social. Quanto a este problema um inquirido disse: “As oportunidades de frequentar a escola ou participar em cursos de formação antes de se integrarem no mercado de trabalho são muito importantes para qualquer jovem. Mas, os jovens que permanecem no Instituto de Menores, se não se determinarem a emendarem-se para iniciarem uma nova vida, não podem voltar de novo ao recinto escolar nem podem voltar a ter oportunidade de participarem em cursos de formação. Sem estas oportunidades, ser-lhes-á mais difícil melhorar a sua situação. ” (am7, caso 5) O Instituto de Menores divide-se em duas partes: secção masculina e secção feminina e cada uma possui independentemente uma equipa de trabalho por turnos, a tempo inteiro. O serviço de correcção do Instituto inclui principalmente: (1) ensino/aprendizagem e formação profissional; (2) Aconselhamento individual; (3) Aconselhamento familiar. Este último tipo de serviço visa estimular familiares dos menores internados a aceitá-los e apoiá-los, de modo a que depois de sairem do Instituto estes possam reintegrar-se o mais rápido possível na família. Se surgirem problemas na família do menor em causa, a sua disposição de sair do Instituto será afectada, razão por que o aconselhamento familiar se reveste de suma importância. Um inquirido manifestou-se da seguinte forma: 116 “Geralmente no período inicial do seu ingresso no Instituto, os menores internados costumam portar-se mal e com o tempo vão melhorando. Mas, muitas vezes, o juiz pode ter em conta a sua situação: Se considerar que a situação familiar do menor em causa não é saudável, não lhe permitirá sair do Instituto. Penso que esta prática é uma forma de protecção para o menor internado. No entanto, talvez exista um problema. Na mente deste menor pode surgir uma ideia de resistência: Se continuar a permanecer no Instituto é porque a minha família tem problemas. Não é a minha conduta que faz com que eu não possa sair.” (pm9, caso 4) Para elevar a compreensão dos menores internados no Instituto sobre a comunidade e o seu sentido das responsabilidades sociais, o Instituto de Menores começou em meados do ano 2000 a desenvolver um projecto de serviço comunitário, visando fornecer-lhes oportunidades de trabalho voluntário sob a orientação de trabalhadores do Instituto. Através deste projecto, não só se pode elevar a consciência dos participantes a respeito do serviço social e a dedicação ao mesmo, mas também se pode elevar as suas qualidades, especialmente a autoconfiança, o sentido de brio, as técnicas para se relacionar com outros, a preocupação com outros, o respeito pela vida e a empatia, etc. Através dos dados acima mencionados, vemos que o serviço juvenil a cargo da DSEJ é vocacionado para o crescimento e desenvolvimento da juventude. O serviço juvenil a cargo do IAS é de carácter correctivo, visando prevenir a contravenção e infracção, e o serviço juvenil a cargo da DSAJ é o trabalho com a finalidade de auxílio e prevenção de recaída na criminalidade. A DSEJ e o IAS, além de promoção directa do serviço juvenil, prestam também apoios financeiro e técnico às instituições particulares na organização de acções de serviço juvenil. Como por exemplo, a DSEJ dá apoio financeiro às escolas para a realização do serviço de acção social, enquanto que o IAS concede apoio financeiro para o desenvolvimento do serviço externo de apoio aos jovens. Por isso, estes dois organismos governamentais são as principais entidades vocacionadas para promover o crescimento e desenvolvimento vigoroso da juventude e a reabilitação social, enquanto que a DSAJ é a principal entidade destinada à prestação do tratamento dos criminosos jovens. 117 De facto, além destes três organismos governamentais, a Direcção dos Serviços das Forças de Segurança também costumam intervir nas diversas escolas, associações e centros comunitários para promover e sensibilizar para a importância da prevenção do crime juvenil, admoestando os jovens a afastar-se do crime, droga e cultura erótica. O Centro de Formação Profissional especialmente criado para os desempregados, subordinado à Direcção dos Serviços de Trabalho e Emprego, também pode ajudar alguns jovens a arranjar emprego, prestando o serviço de orientação ao emprego. Como o alvo principal do trabalho destes últimos dois organismos governamentais não são jovens, o presente Relatório não vai tratar deles detalhadamente. 6.2 Serviço juvenil promovido e apoiado financeiramente pelo governo e com cooperação das instituições particulares. 6.2.1 Serviço de lar de jovens O antecessor do IAS denominava-se a Comissão para a Assistência e Beneficência, fundada em 1938, e destinava-se principalmente a prestar apoio financeiro a todas as organizações sociais que desenvolviam o serviço de assistência e, ao mesmo tempo, a fornecer o serviço de distribuição de subsídio à população carenciada e inspeccionar todas as instituições de solidariedade social que acolhiam órfãos, bebés abandonados e pessoas pobres (IAS, 2003a). Actualmente, através de diversas formas, tais como a assinatura de acordos de cooperação, a prestação de apoios técnico e financeiro e a cedência de instalações, equipamentos ou materiais, o IAS colabora com as associações particulares, tais como a Evangelize China Fellowship, Inc., Cáritas de Macau e associações voluntárias de assistência social, subordinadas à Diocese de Macau da Igreja Católica para abrir lares de crianças e jovens. Ao conceder terrenos às empresas investidoras, parte de terrenos concedidos é reservada para o desenvolvimento do serviço social e é entregue à DSEJ ou IAS que se responsabilizam pela sua distribuição por instituições particulares de solidariedade social (IPSS). Por “cedência de instalações” designa-se que nos casos acima mencionados o governo cede instalações e equipamentos a IPSSs, incluindo a primeira obra de remodelação, mas a manutenção e reparação destas instalações fornecidas ficam a cargo das instituições referidas. O chamado “apoio financeiro” 118 inclui a comparticipação nas despesas resultantes do funcionamento do equipamento em causa, nas despesas com os assistentes sociais, inspectores de lares ou pessoal especial, bem como nas despesas para o desenvolvimento de projectos e actividades. O chamado “apoio técnico” inclui a formação de empregados, a organização de reuniões regulares, a visita regular aos lares, realizada pelo menos de dois em dois meses, a prestação de instruções técnicas, a ajuda à elaboração de projectos ou propostas e a recepção e tratamento dos casos transferidos de acordo com a necessidade (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong). Actualmente, o IAS dá subsídio a sete lares de crianças e jovens (as idades dos seus utentes oscilam entre os zero anos e os 24 anos) e a um lar anexado à escola (IAS, 2002). Em Maio de 1999, o então governo promulgou as “Normas Reguladoras da Instalação e o Funcionamento de Lares de Crianças e Jovens”, visando melhorar as condições de funcionamento de todos os lares, fazendo com que os equipamentos de serviço social a serem instalados ulteriormente pudessem ter devidas condições para prestar serviços de qualidade. Para assegurar que os equipamentos de serviço social existentes possam funcionar em boas condições, a Divisão de Infância e Juventude não só mantém frequentes contactos e comunicação com as instituições subsidiadas, mas também faz visitorias regulares e irregulares a fim de superintender a situação de funcionamento destas instituições (IAS, 2002). No entanto, os dados da presente Investigação mostram que os lares existentes ainda não satisfazem completamente as necessidades dos jovens de que necessitam desse tipo de serviço. Além disso, também faltam residências temporárias para o apoio aos jovens delinquentes que tenham saído do Instituto de Menores, o que dificulta a sua reinserção social. E nestas circunstâncias, alguns deles retornam ao velho caminho. Quanto a este problema, uns inquiridos disseram: “Muitos (jovens) vagueiam por ruas. Penso que deve haver mais lares como o Centro Residencial ‘Arco-Iris’. Macau é decerto demasiado pequeno, os jovens talvez já se conheçam mutuamente e possivelmente todos são hostis uns com outros. Considero que se for possível, os lares devem ser dispersos na medida do possível. Assim, os utentes poderão viver separadamente e terão 119 um ambiente mais propício para passar este período em comum.” (pm2&5, caso 10) “Actualmente o número dos lares em Macau é limitado. Muitos jovens necessitados não conseguem encontrar lares adequados. Neste caso, naturalmente têm que vaguear por ruas e mesmo contactar com alguns jovens pouco recomendados, podendo assim empreender por uma via desonesta. Saídos do Instituto de Menores, os jovens com antecedentes, se não conseguem voltar à escola, não conseguem ter oportunidades de participar em cursos de formação ou receber apoio ao emprego, nem podem encontrar um lar para ingressarem. Como não há outra alternativa, retornam ao velho caminho.” (pm3&4, caso 9) 6.2.2 Serviço de assistentes sociais na escola Este serviço (incluindo o de aconselhamento a estudantes) é outro tipo de serviço juvenil subsidiado pelo governo e principalmente realizado por instituições particulares. Em 1994, o Centro de Apoio Psico-pedagógico e Ensino Especial da DSEJ começou a prestar apoio financeiro à Cáritas de Macau, para que esta forneça o serviço de orientação escolar. Em 1996, o serviço de orientação escolar estendeu-se das escolas oficiais para as particulares e o Centro envia directamente assistentes sociais ou orientadores que permanecem em tempos parciais nas escolas que tenham pedido este serviço, para lhes prestar o serviço in loco (Leong Wai Kei, 2001). Em 1998, começou a prestar apoio financeiro a outras IPSSs e hoje em dia já há cinco IPSSs que recebem o apoio financeiro da DSEJ para o desenvolvimento do serviço de orientação escolar e o serviço de assistentes sociais escolares já se estende para as escolas particulares, primárias e secundárias (DSEJ, 2002a; Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002e). Citemos como exemplo a Associação dos Jovens Cristãos de Macau (AJCM). Esta associação começou em 1998 a receber o apoio financeiro da DSEJ, que a ajudou a criar o serviço de assistentes sociais em escolas. Antes deste ano, quando a AJCM nunca tinha colaborado com o governo, ela só prestava a algumas escolas serviços a curto prazo, tal como a organização de reuniões semanais no recinto escolar. Na altura a AJCM só tinha um assistente social que servia a Escola Secundária Pui Ching e a 120 Escola da Igreja Baptista, ao passo que a Cáritas servia uma escola católica. Até 1999, o serviço de assistentes sociais escolares da AJCM estendeu-se para quatro escolas e até 2002 o seu serviço de assistentes sociais já cobria 14 escolas (primárias e secundárias), das quais duas não tinham assistentes sociais destacados permanentemente por terem estudantes em número reduzido (AJCM, 2002). Nisso se vê que o serviço de assistentes sociais escolares a cargo de instituições particulares só começou nos últimos anos. Em 2001, a DSEJ começou a enviar um assistente social a cada escola secundária cujo número de estudantes é superior a 1.000 ou a cada escola cujo número total de estudantes do ensino primário e secundário era superior a 1.500 e os assistentes sociais enviados prestavam o serviço de orientação 4 dias por semana e em Setembro de 2002 começaram a prestar este serviço 4 a 5 dias por semana (DSEJ, 2002a, 2002b). As escolas cujo número total de estudantes é inferior a 1.000, só tem direito ao serviço de 1/4 assistente social e este tipo de serviço chama-se “serviço de apoio”. Em suma, o serviço de assistentes sociais escolares é ainda insuficiente, justamente como alguns inquiridos disseram: “Actualmente, embora a DSEJ envie assistentes sociais para as escolas, uma escola só tem em média um assistente social e nalgumas escolas não há nenhum. Geralmente, um assistente permanece numa escola dois ou três dias por semana. Tudo isto mostra que o serviço de aconselhamento aos estudantes na escola é certamente insuficiente, mas o governo vai responder pela falta de pessoal qualificado e pela falta de fundos ?” (am8, caso 6) “De facto, um assistente social é incapaz de servir uma escola de mais de mil estudantes. Neste caso, só pode prestar serviços a parte de estudantes e não podem satisfazer todos os estudantes necessitados...E nalgumas escolas não existe ainda este serviço...” (am3, caso 10) “Como não há assistentes sociais em todas as escolas, possivelmente um assistente social tem que servir várias escolas, o que é uma grande pressão para ele. E nestas circunstâncias, alguns estudantes com problemas não podem encontrar oportunamente assistentes sociais, porque os assistentes só podem 121 aparecer nas escolas em determinados dias da semana, mas neste momento o caso talvez já tenha piorado...” (am7, caso 3) Actualmente, o apoio financeiro da DSEJ aos assistentes sociais escolares limita-se ao salário mensal e não inclui as despesas de orientação e administração. A pensão de reforma, assistência médica e aumento do vencimento dos assistentes sociais precisam de ser subsidiados pelas próprias instituições (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002e ). De um modo geral, no que concerne à prestação do serviço de assistentes sociais, a DSEJ costuma indicar a instituição que no seu entender seja mais apta para satisfazer as necessidades da escola em causa. Mas, todos os anos, a escola tem o direito a pedir a mudança da entidade fornecedora de assistentes sociais. Contudo, a escola continua a recorrer à mesma instituição que lhe prestava serviço no ano anterior. Além disso, a atitude das escolas para com o serviço dos assistentes sociais é muito diferente, parte delas não se adapta ao serviço de assistentes sociais e também não sabe como coordenar o trabalho deles. Como algumas escolas não têm plena confiança em assistentes sociais, estes sentem muitas limitações no seu trabalho. Por exemplo, alguns inquiridos disseram-nos: “Alguns professores dizem aos alunos: ‘Se vocês tiverem problemas, podem falar com colegas em vez de irem pedir apoio de assistentes sociais.’ Neste caso, os assistentes sociais enviados a estas escolas não têm outro remédio senão permanecer no gabinete que lhes foi atribuído quando voltam a estas escolas. Algumas escolas não apoiam na conversa entre os assistentes sociais e os estudantes no intervalo das aulas por terem medo de que isso poderia afectar o tempo das aulas. Pelo que, no intervalo, é proibido o diálogo entre os assistentes sociais e os alunos. Quando acabam as aulas, as autoridades escolares querem que os alunos voltem à casa o mais cedo possível. Daí se verifica que eles sofrem muitas limitações e este é um grave problema.” (am4, caso 1) “Algumas escolas acolhem entusiasticamente os assistentes sociais enviados e estes assistentes podem contactar abertamente com os estudantes, desempenhando assim o importante papel na 122 prestação do serviço juvenil naquelas escolas. Mas outras escolas, apesar de terem permitido o acesso aos assistentes sociais, não os permitem que exerçam aí as suas funções. Neste caso, os assistentes sociais nestas escolas só são de facto de nome.” (am7, caso 7) “A nossa escola tem um assistente social enviado pela DSEJ, mas o director da escola e o chefe administrativo raramente trocam impressões com ele sobre problemas da escola. Parece que eles têm medo de que o assistente social iria revelar o mesmo problema à DSEJ... A direcção da escola considera que o assistente social é um estranho. Por isso, como levar a escola a ter confiança no assistente social é um problema que merece grande atenção. ” (am4, caso 7) Por motivos históricos, existem em Macau três tipos de assistentes sociais escolares: primeiro, os directamente contratados e enviados pela DSEJ para as escolas; segundo, os contratados e enviados por instituições particulares com o apoio financeiro da DSEJ; terceiro, os contratados pelas próprias escolas ou são os professores que acompanham os comportamentos dos alunos ou os sacerdotes que exercem cumulativamente as funções de assistente social (Leong Wai Kei, 2001). Nos últimos anos o governo tem vindo a retirar de escolas os assistentes sociais directamente enviados, enquanto o número de assistentes sociais enviados por instituições particulares tem vindo a aumentar ligeiramente. De acordo com as instruções dadas pela DSEJ às instituições particulares e aos assistentes sociais das escolas públicas, o serviço dos assistentes sociais inclui o trabalho junto de estudantes e o trabalho dirigido a encarregados de educação. No processo de realização do primeiro tipo de trabalho, um assistente social escolar deve tratar pelo menos 45 casos por ano, dos quais pelo menos 10 devem ser bem sucedidos no fim do ano. Além disso, deve ainda organizar pelo menos 40 actividades de carácter orientador anualmente e atender pelo menos 250 pessoas/vezes por ano, relativamente ao pedido de informações e outros problemas relacionados com o serviço juvenil (DSEJ, 2002c). Apesar disso, alguns inquiridos também se manifestaram insatisfeitos com o regime em vigor: “Já passaram 10 anos, mas existe um bom regime que estimule ou 123 promova o desenvolvimento deste trabalho nas escolas? Penso que até hoje ainda não existe certamente... ” (am7, caso 10) 6.2.3 Serviço extensivo ao exterior A fim de prevenir que jovens caiam na criminalidade, em meados dos anos 90 do último século houve instituições (A Cáritas) que criaram com os fundos angariados por elas próprias uma equipa de serviço de apoio para jovens extensivo ao exterior, tendo como alvo de serviço os jovens de rua. Em 1994, a Cáritas contratou vários assistentes sociais que iam para as ruas contactar com jovens entre os 12 e os 16 anos de idade, cerca de 3 vezes por semana. Em 1997, a Associação Vida Positiva de Macau criou outra equipa do género também com os fundos angariados por ela própria, prestando serviços a crianças de rua na zona norte (Penny Chan, 1999). Nos últimos anos, o IAS tem vindo a subsidiar oficialmente as IPSSs na sua promoção do serviço extensivo ao exterior. Citemos como exemplo o Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui, que começou em 1999 a receber oficialmente o apoio financeiro do IAS para desenvolver o serviço do género a jovens que vagueavam pelas ruas na zona norte, principalmente nos bairros Iao Hon e Mong-Há da zona da Areia Preta. Actualmente, este centro conta com 6 trabalhadores. No entanto, há pessoas que considerem que o governo deve lançar mais recursos para o desenvolvimento do serviço de apoio aos jovens marginalizados, pois estes necessitem realmente da orientação profissional. Quanto a estes problemas, alguns inquiridos disseram: “Actualmente em Macau ainda é insuficiente o serviço extensivo ao exterior, pois muitas vezes, à noite, em campos de jogo reúnem-se muitos jovens marginalizados, mas é muito raro que haja pessoas que os levam aos centros de apoio.” (am10, caso 2) “A este problema o governo de Macau agora começa a prestar atenção. Mesmo assim, os recursos lançados e os serviços desenvolvidos neste aspecto ainda são insuficientes. Numa palavra, há numerosos jovens marginalizados, mas o serviço extensivo ao exterior ainda está em falta.” (pm9, caso 4) A maioria dos jovens com que os assistentes sociais contactem, têm entre os 14 e os 16 anos de idade, mas também há alguns com idades oscilando 124 entre os 18 e os 20 anos. Eles, na sua maior parte, dizem que têm como pano de fundo as sociedades secretas e têm cometido muitas acções de infracção disciplinar ou actos delinquentes, tais como abandono escolar, o abuso de drogas, a gravidez sem casamento, o roubo, etc. Os assistentes sociais costumam ir aos lugares (como net bar) onde jovens aparecem frequentemente, para os conhecer. Só depois de conhecer os jovens, eles podem desenvolver o trabalho junto deles. Além disso, para os jovens que andam na escola, a equipa vai organizar actividades de orientação de estudo, para ajudá-los a melhorar nos estudos. Nos últimos anos é muito comum o abuso de medicamentos por parte dos jovens e a equipa de serviço extensivo ao exterior costuma organizar acções de combate à droga, educando os jovens a não abusar dos medicamentos como a Ketamina, MDMA-Ecstasy, haxixe e heroína. Como os assistentes sociais prestam o serviço principalmente aos jovens marginalizados, muitos residentes costumam sentir que eles têm o ‘poder mágico’: “Muitas pessoas sentem que nós, equipa de serviço extensivo ao exterior, tratamos de todos os casos do género, tal como a transferência feita pelos assistentes sociais do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, e alguns encarregados de educação telefonam-nos, tratando-nos como uma equipa de procura de pessoas desaparecidas. Penso que a principal causa reside no facto de ninguém ter sensibilizado o que é acção social extensiva ao exterior, ou talvez a polícia de Macau não tenha nenhuma organização com aquele objectivo... Em resumo, o ambiente social de hoje precisa muito do serviço extensivo ao exterior.” (am9, caso 8) A equipa de serviço extensivo ao exterior também desenvolve alguns projectos de trabalho a título experimental. Por exemplo, a equipa de serviço extensivo ao exterior do Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui organizou um “Projecto de Experimentação da Vida e Trabalho”. Segundo este projecto que começou a ser realizado em 2001, desenvolvem-se duas edições de experimentação do género por ano (cada edição dura de dois a três meses), em que participam os jovens dos 14 aos 17 anos, que se encontrem à margem da interrupção dos seus estudos ou já os tenham interrompido mas ainda fiquem sem emprego. No processo da actividade, além de se formarem os participantes em 125 habilidade profissional, ainda são estimulados a reflectir sobre o seu próprio futuro. O serviço extensivo ao exterior também é prestado às pessoas do sexo feminino, especialmente às jovens grávidas e solteiras, a quem se podem fornecer serviços de orientação em colaboração com as Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor. Naturalmente a equipa de serviço extensivo ao exterior também presta atenção ao serviço familiar, porque muitos problemas juvenis estão relacionados com o pano de fundo familiar. Por isso, os encarregados de educação são também destinatários importantes do serviço. O trabalho ao respeito inclui a organização de palestras e actividades de grupo para os encarregados de educação. Merece atenção o facto de que o Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui de Macau (Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui, 2002) também tem pedido à DSEJ o apoio financeiro para organizar alguns projectos independentes, tal como o projecto de retorno à escola “Nova Força Motriz da Escola”. Os recursos lançados neste projecto vêm da DSEJ, sendo separados dos recursos relativos à administração, estrutura institucional e pessoal que o IAS forneceu à equipa de serviço extensivo ao exterior. O alvo do serviço são estudantes com idades inferiores a 15 anos que terminaram curso primário ou interromperam o curso secundário geral. Os utentes são obrigados a ir às aulas de 2.ª a 6.ª feira, na parte de manhã e de vez em quando, também na parte de tarde (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002d). No entanto, alguns inquiridos consideram insuficientes tanto as vagas de estudo como a promoção deste serviço: “Parece que actualmente o governo não tem soluções para apoiar os estudantes de idades inferiores a 16 anos que não querem ir à escola ou não querem retornar à escola. Só há algumas instituições particulares que organizam actividades para os jovens, como por exemplo, projecto de emprego para a futura colocação no mercado de trabalho, projecto “Nova Força Motriz da Escola”, etc. Mas elas não têm suficientes recursos nem podem fornecer suficientes vagas. Além do mais, a promoção deste serviço é também insuficiente; se for reforçada, será melhor.” (pm3&4, caso 11) 126 “A escola diz sempre: ‘Se não fores mau estudante, temos um lugar para ti, pois somos uma escola famosa.’ Isto significa que poucas escolas famosas podem admitir estudantes com classificações fracas; mesmo que alguns sejam admitidos finalmente, serão considerados da má categoria na escola em causa e todos pensarão que tenham vindo de más escolas.” (pm2&5, case 3) Os dados obtidos através da visita da Equipa de Investigação às equipas de serviço extensivo ao exterior mostram também que quase todos os trabalhadores das equipas da linha da frente sentem grandes dificuldades em arranjarem vagas escolares para os jovens de rua, especialmente para os de 15 a 16 anos de idade que tenham desistido dos estudos. Antigamente já não era muito o número das escolas que estavam dispostas a admitir os abandonos escolares. Agora, essas escolas até começaram a reduzir o número de vagas para esse grupo de alunos. Por isso mesmo, os assistentes sociais têm que aproveitar a relação pessoal para arranjar vagas para jovens de rua, mas este não é um método de longo alcance. Contudo, estas já estão a estabelecer restrições à admissão de estudantes do ensino secundário que abandonaram os estudos. Os jovens sem estudo nem trabalho irão vaguear pelas ruas e cometer acto desviante ou delinquente (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002d). Deste parecer funcionários da DSEJ desacordam. Um funcionário manifestou que apesar das dificuldades, a DSEJ conseguiu arranjar vagas escolares para os estudantes que tinham mudado de escolas várias vezes. Neste caso, o problema principal era que os próprios abanadonos escolares não queriam voltar à escola. Mesmo que alguns voltassem à escola, seria possível que desistissem dos estudos uma semana depois. Este funcionário considera que o problema fundamental consiste na falta de acompanhamento dos jovens por parte das suas famílias, acrescentando que mesmo que sejam encontradas vagas para eles, o problema não ficará assim resolvido, porque os jovens que desistiram dos estudos não têm a vontade de estudar e sentem que o estudo é muito duro e deprimente, razão por que mesmo que retornem à escola, poderão voltar a gazetear às aulas pouco depois. Acrescentando-se-lhe que seus pais não fazem caso disso e que muito possivelmente eles são de famílias monoparentais e têm que receber o 127 cuidado de parentes, o problema torna-se ainda mais difícil de resolver. Se acusarmos os pais por serem descuidados, então estes serão isolados muito possivelmente pelos seus pais. Este funcionário julga que não é difícil encontrar vagas para aqueles jovens, mas é difícil como fazer com que estes jovens fiquem na escola (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002c). 6.3 Serviço juvenil a cargo de instituições particulares Antes de nos debruçarmos sobre o serviço juvenil a cargo de instituições particulares, vamos conhecer a relação entre o pano de fundo social de Macau e o desenvolvimento do serviço juvenil. Por motivos históricos, políticos, económicos e culturais de Macau, a definição do serviço juvenil não é tão clara como em Hong Kong. O modelo de Hong Kong é que o governo concede integralmente o apoio financeiro à maioria dos serviços juvenis cujos âmbitos e conteúdo são nitidamente definidos. A situação a respeito em Macau é diferente e o apoio financeiro é pouco. Esta diferença talvez tenha a ver com os panos de fundo políticos, económicos e culturais. O modelo de Hong Kong era britânico e a maioria das políticas seguia o sistema da Inglaterra; o serviço juvenil tinha uma definição clara e regulamentos nítidos. Mas, o modelo de Macau era português: o governo prestava a sua atenção exclusivamente à administração e à política, e a assistência social e o trabalho de caridade eram postos nos lugares secundários do sistema português, sendo assumidos na sua maioria pelas instituições particulares e pela igreja e contando com pouco apoio finaceiro. A história mostra que os contactos dos portugueses com associações e sindicatos chineses eram bastante poucos. A história das últimas décadas, as associações particulares, sindicatos e organizações religiosas participaram na assistência social certamente muito mais do que o governo. Na Pequena Enciclopédia dos Recursos de Trabalhadores Orientadores de Jovens, conjuntamente publicados pela DSEJ e pelo IAS em Janeiro de 2000, vemos que o número das instituições fornecedoras de serviços juvenis não é pouco e estes serviços incluem os de escolas de pobres, casas de crianças, lares de crianças e jovens e escola com internato, assim como os serviços aos empregados jovens, a formação de voluntários jovens, o atendimento telefónico da 128 “Linha Aberta”, o apoio aos jovens que tenham desistido dos estudos, a orientação de lições, a organização de actividades de Verão, etc. Como o serviço juvenil de Macau é principalmente a cargo de instituições particulares e não do governo, o desenvolvimento da especialidade de assistente social e de orientação profissional é relativamente atrasado. Na camada de gestão de muitas instituições particulares não há assistentes sociais especializados em orientação profissional, e por motivos da limitação do predomínio administrativo, o desenvolvimento do serviço especializado encontra com alguns obstáculos: “Nas instituições particulares há muitas pessoas que não são profissionais da área de serviço social, mas dirigem os assistentes sociais. Por isso, ocorrem conflitos entre ambas as partes. Enquanto assistentes sociais, não temos autonomia em termos do exercício da nossa especialidade, e neste contexto há muitas coisas que não podemos fazer.” (am6, caso 8) “Como as instituições têm suas próprias características, alguns problemas são às vezes difíceis de resolver. Nestas circunstâncias, nós assistentes sociais temos que adaptarmo-nos à vontade e disposição da camada superior delas, embora algumas actividades organizadas por elas não contenham factores do serviço juvenil, temos que participar nelas. Estes são os pontos por melhorar.” (am5, caso 4) Como o desenvolvimento da acção social e da especialidade de orientação profissional é lento, muitos centros criados por instituições particulares não acompanham o nível de desenvolvimento da época. O problema mais grave é que muitos trabalhadores da instituição não têm prática suficiente de acção social ou orientação profissional para fornecer serviços de qualidade. No campo de inspecção também faltam orientadores técnicos da linha da frente, razão por que a qualidade do serviço não pode ser assegurada: “Os trabalhadores contratados, embora tenham títulos de bacharelato, não são todos formados em especialidade de acção social. Um problema actual é que os que se dedicam ao serviço juvenil talvez não sejam todos assistentes sociais, alguns são 129 talvez estudantes que trabalham e têm falta de profissionalismo.” (am7, caso 8) “Sabemos muito bem onde residem os problemas principais. Por um lado, o governo não tem definido claras normas e projectos de desenvolvimento sistemático do serviço, por outro, falta-nos a orientação técnica, o que conduz ao desequilíbrio do nível de serviço e à sobreposição de alguns serviços prestados. Frequentemente ocorre: um serviço simples que poderia ser realizado por uma ou no máximo duas instituições, foi distribuído por diversas instituições ou organismos governamentais. Consideramos que para os assistentes sociais a troca de experiências é naturalmente importante, mas o mais importante é a orientação técnica.” (am3, caso 6) Nos últimos anos começaram a desenvolver-se muitos novos tipos de serviços, que ainda não estão incluídos na Pequena Enciclopédia de Recursos dos Trabalhadores Orientadores de Jovens. Por exemplo, o Centro de Juventude Lazarus (Lazarus Youth Centre), subordinado ao Centro de Desenvolvimento da Missão Urbano-Cristã em Macau, criado em 2002, com o objectivo de servir crianças e jovens dos 6 aos 24 anos de idade, através da organização de reuniões e de palestras educativas, como por exemplo, sobre a educação sexual, ou através do trabalho de grupo (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002a). Como as instituições e associações relacionadas são numerosas, aqui só podemos debruçar-nos sobre algumas delas: Centros Comunitários subordinados à Associação Geral dos Operários de Macau O âmbito de serviço destes centros é amplo. Os seus destinatários incluem idosos, adultos e jovens. É igualmente prestado serviço temporário de vigilância. No aspecto do serviço juvenil, desenvolvem-se principalmente actividades de formação de voluntários através de planificação de iniciativas de educação de jovens, para que no processo do seu trabalho estes possam orientar os jovens a conviverem com outros e a crescerem com saúde. A Associação Geral dos Operários tem mais de 50 sindicatos sectoriais que nos últimos anos se têm admitido principalmente operários jovens. Um centro de jovens desta Associação já 130 tem uma história aproximada de 4 a 5 anos, concentrando seus esforços no trabalho junto dos empregados jovens (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002a). Centros Comunitários subordinados à União Geral das Associações dos Moradores de Macau Muitos organismos subordinados à União Geral dispõem de centros de serviço juvenil, tal como o Centro Comunitário de Mong-Há, que têm como destinatários idosos, adultos e jovens. As suas actividades incluem as actividades do grupo de mulheres, do grupo de voluntários jovens e do grupo de assistência social para jovens recentemente criado, vocacionado para os interesses públicos e composto de membros de 8 a 14 anos de idade. O conteúdo do serviço diurno do Centro inclui a orientação do estudo individual, a orientação da revisão de lições, o tratamento de casos individuais e a promoção da educação cívica, assim como a organização de actividades desportivas e recreativas com a participação de seus membros. Actualmente, a União Geral tem sete centros que prestam principalmente serviços a jovens e famílias (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002a). Centros de Jovens subordinados à Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora O Centro de Juventude “Catarina Moore” e o Centro de Juventude Helen, subordinados à Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora da Igreja Católica, dedicam-se especialmente ao trabalho educativo de jovens. Além da administração da escola, estão abertos aos domingos, de manhã, prestando serviços a jovens que vagueiam por ruas ou são susceptíveis de ser aliciados por maus elementos. Organizam para eles alguns grupos de interesse nos tempos livres para que eles possam aprender habilidades e receber formação moral e conceitos de valores. Além dos jovens e crianças, o alvo de serviço destes centros ainda inclui mulheres, membros das famílias monoparentais (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002a). Jardins Dom Versiglia da Sociedade de S. Francisco de Sales Criados em Novembro de 1999, estes Jardins substituíram o então Lar de Jovens da Escola D. Luís Versíglia, transformando o serviço juvenil da Escola num serviço independente do tipo lar. A criação destes Jardins tem 131 por objectivo ajudar jovens a estabelecerem o conceito de “família”, reconstruírem a dignidade humana, realizarem o equilíbrio psicológico e intelectual, ganharem a autonomia e ter o brio. O seu conteúdo de serviço inclui o aconselhamento individual, a visita a famílias, a orientação psicológica, a ajuda aos utentes a enfrentarem e tratarem dificuldades encontradas no seu processo de crescimento e a ajuda aos utentes a tratarem os conflitos com os familiares. Os destinatários de serviço destes Jardins são crianças e jovens com idades compreendidas entre os 9 e 18 anos, mas não se limitam aos alunos da então Escola D. Luís Versíglia (IAS, 2003c; DSEJ e IAS, 2000). Centro Residencial “Arco-Iris” da Cáritas de Macau É um lar de jovens de tipo de família, fundado com a finalidade de prestar cuidados a curto e longo prazo a jovens marginalizados que tenham sido abandonados pelos pais, faltem de cuidados familiares e tenham conflitos com famílias ou ambiente social, fazendo com que os utentes possam aprender a autonomia e a capacidade de autocuidado e reintegrar-se, em condições possíveis, nas suas próprias famílias. O seu conteúdo de serviço é prestar em forma de família os serviços incluindo o alojamento, refeições, aconselhamento individual ou em grupo, transferência de escolas, orientação profissional, organização de diversas actividades de grupos de interesse, aconselhamento familiar e transferência. Os seus destinatários destes serviços são jovens do sexo masculino e do feminino com a idade compreendida entre os 14 e os 24 anos. O pagamento mensal dos utentes é determinado segundo a receita das respectivas famílias (IAS, 2003b; DSEJ e IAS, 2000). Confraternidade Cristã Vida Nova de Macau É uma das instituições de Macau dedicadas ao tratamento evangélico da toxicodependência, fundada em 1996. Com base na crença de que a vida é a concessão de Deus e o sacrifício de Cristo e que a vida corrupta pode ser transformada em vida com um significado positivo, dedica-se a ajudar os toxicodependentes a acabarem com o vício, a reintegrarem-se na sociedade e a reconstruirem os seus próprios lares. No período inicial da sua criação, só prestava a residência temporária e formação profissional. Em 1997, aumentou o serviço de reabilitação de tipo hospitalar e em Novembro desse ano começou a receber o apoio financeiro do IAS. Com o aumento do número de utentes, instalou em 2000 um escritório de 132 serviço extensivo ao exterior, responsável pelo atendimento dos pedidos e visitantes (IAS, 2003d; DSEJ e IAS, 2000) Centro Pastoral Diocesano para a Juventude Presta o serviço juvenil com recursos da Igreja e raramente recebe o apoio financeiro do governo. No período inicial o Centro seguia duas linhas: (1) Formar os membros da Igreja; (2) Prestar aos jovens de Macau alguns serviços e ajudá-los a ter a responsabilidade perante a Igreja e a sociedade. No passado, o Centro organizou muitas actividades diversificadas, dirigidas principalmente a pessoas com idades superiores a 16 anos. De início, os destinatários de serviço do Centro eram principalmente operários, porque naquela altura havia em Macau muitas fábricas e muitos jovens incorporaram-se no contingente de operários. Baseando-se na crença de que cada pessoa tem a sua própria capacidade, esforça-se por estimular os jovens a estabelecerem a autoconfiança e a cultivar-se a capacidade de pensamento crítico. No passado, o Centro editou algumas revistas e organizou foruns para que a população de Macau discutisse problemas económicos e sociais. Além disso, o Centro ainda prestou cuidados a crianças que eram novos imigrantes em Macau, organizando um grupo de jovens profissionais para que se deslocassem semanalmente a escolas onde prestavam serviços aos alunos mais jovens, com o fim de os ajudar a reforçar a consciência social e a capacidade de introspecção. O Centro também presta grande atenção à família: os seus assistentes sociais fazem visitas aos familiares e conversam seriamente com encarregados de educação sobre a situação de filhos. O Centro, devido ao facto de raramente receber o apoio financeiro do governo, tem ampla liberdade no seu trabalho, tendo como foco de trabalho o desenvolvimento e elevação da consciência social, e adoptando principalmente o modelo de trabalho comunitário, diferente do modelo de desporto e recreação e do modelo de orientação profissional (Centro de Pastores Jovens da Diocese de Macau, 2003; Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002b). Em geral, o Governo de Macau tem lançado poucos recursos relativamente ao serviço juvenil desenvolvido pela instituições particulares, o que conduz à insuficiência de pessoal nesta área. Um inquirido disse: “Geralmente, um centro de Macau só tem um assistente social, mas em Hong Kong um centro tem pelo menos cinco assistentes 133 sociais. ” (am6). Além do mais, as actividades organizadas pelos centros comunitários ou pelos centros de juventude não correspondem às características da nossa época, prestando demasiada atenção ao seu carácter desportivo e recreativo, desatendendo a importância da experiência e a falta de alta qualidade e espaços de desenvolvimento livre para os jovens participantes. “Em Macau há muitos centros de jovens e desenvolvem-se muitas actividades desportivas, mas muitos conteúdos delas são superficiais e mesmo repetidos, considerando ao mesmo tempo demasiado à importância de desporto e de diversões.” (am3, caso 10) “Penso que é demasiado simples o ‘enquadramento’ dos serviços actuais de Macau, segundo o qual tanto os serviços prestados como as actividades desenvolvidas estão quase sempre relacionados com projectos desportivos como o jogo de futebol, mas estes talvez já não sejam completamente correspondentes à necessidade da sociedade, que necessita talvez de coisas que reflectam características da nossa época informática. Por isso, considero que o dito ‘enquadramento’ deve ser alargado.” (am10, caso 6) “Macau é um lugar insuficiente para eles ampliarem o campo de visão, mas não é dada nenhuma oportunidade para sairem para o exterior, pelo menos a Hong Kong.” (am10, caso 2) “O problema chave é que o campo de visão dos serviços promovidos se limita ao mundo dos adultos, segundo o qual os jovens devem agir deste modo ou daquele, e então eles são organizados para fazer visitas ou trabalhos experimentais, mas não lhes são fornecidos alguns espaços de desenvolvimento livre. Em Hong Kong e noutras regiões do mundo desenvolvem-se muitos serviços que fornecem aos jovens participantes algumas oportunidades para desempenhar livremente a sua autonomia.” (am10, caso 11) 134 6.4 Apoio financeiro e desenvolvimento do serviço juvenil Nos últimos anos a DSEJ tem prestado apoio financeiro às organizações que desenvolveriam projectos de serviço juvenil, mas este apoio dirigia-se principalmente às próprias actividades, excluindo as despesas permanentes, tais como as administrativas, vencimentos e benefícios dos empregados. Por exemplo, algumas organizações sociais, como associações de conterrâneos ou associações de danças, podem pedir ao Departamento de Juventude apoio financeiro para organizar uma série de actividades ou actividades independentes. Merece atenção a diferença deste apoio com o prestado pelo Departamento de Ensino aos assistentes sociais que trabalham em escolas: este último apoio é cem por cento, incluindo os vencimentos deles e os fundos das actividades por eles desenvolvidas nas escolas em que se encontram, excluindo no entanto as despesas administrativos e os gastos na inspecção das instituições relacionadas e na formação de trabalhadores em serviço (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002b, 2002e). Quanto à Divisão de Infância e Juventude do IAS, os seus destinatários são os jovens que se encontram em crise ou que estão desadaptados ao ambiente de vida social e, por isso, esta subunidade do IAS raramente concede apoio financeiro para o desenvolvimento das actividades juvenis, tal como um inquirido disse: “Nós, associações particulares, temos pouco dinheiro. O IAS diz-nos que pertencemos à esfera da competência do Departamento de Juventude, quer dizer, se nós quisermos pedir apoio financeiro, devemos apresentar o requerimento àquele Departamento, e o IAS não vai atribuir-nos verbas. Então, nós só podemos fazer coisas com estas verbas (fundos atribuídos pelo Departamento de Juventude). Mesmo que queiramos fazer uma coisa de maior dimensão, será impossível, porque não temos dinheiro suficiente.” (am8, caso 4) No entanto, como o problema juvenil tem sido cada vez mais grave nos últimos anos, é possível as acções de muitos jovens encontrarem-se entre a infracção e a não infracção e, teoricamente, não se separarem os jovens 135 que só necessitem do serviço de carácter de desenvolvimento, dos jovens que se encontrem em crise e não se adaptem ao ambiente de vida social. Por isso, no último ano o IAS já começou a prestar apoio financeiro às associações particulares que ajudavam jovens marginalizados que se encontravam em crise, com o método de trabalho extensivo ao exterior. O trabalho junto da família faz parte da competência do IAS e, por isso, muitas associações ou instituições particulares são subsidiadas por causa do desenvolvimento do serviço de apoio à família. Como os jovens são membros de família, o apoio financeiro recebido pelas associações ou instituições particulares é naturalmente canalizado para os jovens. Citemos como exemplo o Centro de Apoio à Família da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, sendo este licenciado e supervisionado pelo IAS. Apesar de ser um equipamento de apoio à família, este Centro também tem um grupo de voluntários jovens que pede à DSEJ o apoio financeiro para o desenvolvimento das suas actividades e a licença para abertura de uma sala de estudo. Daí se verifica que este Centro tem realizado muitas actividades juvenis. Quanto ao serviço de aconselhamento, entre os pedidos de apoio apresentados por famílias, também há muitos que se referiam ao serviço de apoio a crianças e jovens. Geralmente, os encarregados de educação sofrem problemas económicos, enquanto que seus filhos sofrem principalmente problemas psicológicos. (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002b). É certo que nas décadas passadas, a política social de Macau se desenvolveu devagar e, antes da criação do Conselho da Juventude, de nenhuma forma tinha sido definida a direcção de desenvolvimento do serviço juvenil. O antecessor do IAS tomava a concessão de subsídio como principal missão, porque a ideologia do então governo colonialista era que os pobres deviam receber subsídio e, por isso, não tinha políticas claras sobre o bem-estar da juventude. A história mostra que as organizações sociais começaram a desenvolver o serviço juvenil muito mais cedo do que o governo. Mesmo até agora, o governo ainda não elaborou uma definição para o serviço juvenil nem estabeleceu um sistema nítido para o apoio financeiro ao seu desenvolvimento. Alguns inquiridos consideram que a norma de deferimento do governo não é clara e que as formalidades administrativas complicadas afastam o 136 requerimento do apoio financeiro: “Às vezes, o governo também não nos autoriza a participar (na organização de actividades), mesmo que estamos dispostos a comparticipar no respectivo custo. O que é o seu princípio? Não sabemos porque não nos permite participar.” (am4, caso 6) “Quando estas instituições pedem ao governo o apoio financeiro, costumam encontrar dificuldades no tratamento das formalidades administrativas, como por exemplo, a necessidade de preencher um requerimento tão grosso como um livro. Estas dificuldades impedem a promoção de actividades.” (am1&2, caso 5.5) Nos últimos anos, em Macau há cada vez mais associações e nestas circunstâncias a distribuição de recursos é muito intensa. Actualmente, só o número das associações de jovens ou organizações subordinadas a associações juvenis, registadas na DSEJ, já atingiu cerca de cem unidades (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002f; DSEJ, 2003a, 2003b). Em relação ao passado, altura em que só havia umas dezenas de associações de jovens, agora é mais difícil obter apoio financeiro. Embora em Macau haja muitas organizações sociais, “o número das associações de jovens que organizam efectivamente actividades juvenis ou que organizam anualmente muitas actividades não é muito, e assim, a quantidade total dos recursos recebidos por elas é necessariamente pequena” (am8). Além disso, ainda há pessoas que são da opinião que com a criação dos centros de actividades juvenis subordinados à DSEJ, é inevitável que se tornem menos os recursos canalizados para as instituições particulares, sendo igualmente impossível distribuir os recursos segundo a necessidade dos serviços respectivos: “Actualmente, a DSEJ gosta de ‘monopolizar’ os serviços juvenis gerais. Como ela dispõe dos seus centros de actividades juvenis, irá canalizar muitos recursos para os mesmos. Quanto às instituições particulares, ela pode não fazer caso delas. Na prestação de apoio financeiro, a DSEJ pratica o igualitarismo, sendo quase igual o apoio financeiro concedido às diversas associações de jovens, não tendo em consideração os serviços 137 desenvolvidos pelas instituições em causa.” (am8, caso 5) Sobre esta opinião, a DSEJ tem a sua posição. Funcionários dela disseram: Os fundos para o funcionamento das associações de jovens são basicamente atribuídos pela DSEJ. Se alguma delas achar insuficientes os fundos para a organização de actividades, a DSEJ pode atribuir-lhe mais fundos. O governo apoia as instituições particulares a organizar as suas actividades de maneira a que as mesmas tenham maior liberdade e o governo não precise de intervir tanto. Quando o mecanismo de coordenação ou inspecção mais completo não for estabelecido; quando o desenvolvimento das associações particulares ainda não for maduro e a qualidade de serviço ainda não puder assegurada, o governo necessita de prestar serviços directos (Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002c). Para receber o apoio financeiro do governo, todas as instituições ou organizações particulares começam a esforçar-se por prestar mais diversos serviços, tais como o apoio à família, a acção social escolar, a execução de projectos para o desenvolvimento juvenil, etc. Assim, elas poderão ter mais oportunidades de receber o apoio financeiro do IAS ou da DSEJ. Para o efeito, os serviços promovidos pelas associações/organizações juvenis tornar-se-ão cada vez mais complexos e possivelmente excederão o limite do carácter de desenvolvimento, e o seu alvo também poderá ser cada vez mais diversificado. Em resumo, os tipos do actual serviço juvenil de Macau podem ser considerados bastante diversos, e entre estes serviços alguns visam promover o desenvolvimento da juventude, outros têm por objectivo prevenir o cometimento de crimes e ainda outros estão vocacionados para a correcção e salvamento dos jovens com infracções. A figura 6.1 tenta descrever por gráfico os diversos serviços e suas funções e classificações, de modo a que os leitores possam ter um conhecimento global sobre o serviço juvenil de Macau. 138 Fugura 6.1 Serviço juvenil de Macau Serviço de carácter de desenvolvimento Polícia Juvenil Centro de Juventude a cargo da DSEJ Centro de actividades/educação permanente para adultos a cargo da DSEJ Serviço preventivo/de apoio Lar de jovens anexado à escola Organização de uniformes Serviço de carácter de correcção e salvação Acção social escolar Lar de crianças Pousada de Juventude a cargo da DSEJ Divisão de Infância e Juventude do IAS e residências de jovens Departmento de Reinserção Social Serviço social extensivo ao exterior Coordenação central Divisão de Tratamento e Reinserção Social do IAS Centro comunitário a cargo de instituições particulares Educação sobre a prevenção da toxicodependência Centro de apoio à família a cargo de instituições particulares Instituto de Menores Centros de Acção Social/Gabinete de Acção Familiar subordianados ao IAS Centro pastoral sob tutela da Igreja z Conselho da Juventude Consulta Externa “Linha Aberta” telefónica para a juventude Instituição de tratamento da toxicodependência Serviço a jovens que tenham desistido dos estudos a meio caminho/retornem à escola Centro para jovens a cargo de instituições particulares 139 Formação profissional da DSTE Participação de jovens em projectos premiadores do serviço social Apoio social a novos imigrantes 6.5 Coordenação do Serviço Juvenil Nos termos do Regulamento Administrativo n.º 12/2002, o Conselho da Juventude é responsável pela elaboração da política juvenil e pela avaliação da situação de execução das políticas relacionadas. O presidente do Conselho é o Secretário que tutela a área da juventude e o vice-presidente é o Director dos Serviços de Educação e Juventude. Os vogais do Conselho incluem: o presidente do Instituto de Acção Social ou seu representante; o presidente do Instituto do Desporto ou seu representante; o director dos Serviços de Trabalho e Emprego ou seu representante; o subdirector dos Serviços de Educação e Juventude com competências nas área da juventude; os dirigentes de associações ou organismos das áreas juvenil, educativa, económica, cultural e de solidariedade social ou os respectivos representantes; e personalidades de reconhecido mérito. Compete ao Conselho emitir pareceres e fazer recomendações, designadamente, sobre: (1) Os objectivos fundamentais da política de juventude; (2) Os planos anuais da política de juventude; (3) Os projectos de diplomas respeitantes à política de juventude, e (4) Conhecimento e discussão de outros assuntos relacionados com a política de juventude. Embora já esteja instalado o Conselho da Juventude, parece que se responsabiliza, principalmente, pelo trabalho relativo à definição, deliberação e execução da política juvenil. Quanto à articulação e coordenação, alguns inquiridos consideram que o actual serviço juvenil falta de eficaz coordenação central, o que afecta a distribuição de recursos. Além do mais, entre os diversos serviços governamentais, entre os instituições particulares e entre estas duas partes, a comunicação, a coordenação e o apoio não são suficientes: “O ponto mais fraco é que em Macau não existe uma instituição unificada que assuma a responsabilidade pela solução de problemas juvenis.” (am1&2, caso 11) “Entre as associações ou centros de juventude não existe troca de informações, pelo que, estes não sabem o que tem feito ou está a fazer a parte oposta, nem sabem onde foram lançados os recursos. Considero que todos devemos conhecer: Quantas organizações de 140 juventude há em Macau? Que serviços elas prestam? Como é que os jovens beneficiam destes serviços? Por que canais as instituições podem conhecer-se mutuamente? Ou como se faz o serviço de transferência?...” (am8, caso 3) “Por falta de coordenação central, cada um actua à sua maneira. Alguns tratam dos assuntos das escolas e dos estudantes, desatendendo os assuntos não escolares. O IAS só é responsável pelo tratamento da toxicodependência e dos jovens com problemas. Mas, quem trata das questões dos outros jovens? Ninguém. Embora a DSEJ diga que as restantes questões relacionadas com os jovens também podem entrar nas suas competências, o mesmo serviço público trata apenas dos assuntos das associações juvenis. Se as instituições de juventude quiserem organizar actividades preventivas ou educativas, nenhum apoio ou orientação política será dado às mesmas.” (am8, caso 5) “Em Macau muitos serviços públicos esforçam-se por prestar serviços à juventude, mas cada organismo é demasiado independente, e entre eles falta uma instituição coordenadora de colaboração e apoio mútuo. Devido à falta deste tipo de instituição, os necessitados têm que depender da relação pessoal, amigos ou ex-colegas de estudo para resolver os seus problemas.” (am3, caso 2) Além do mais, alguns inquiridos ainda expressaram que o Conselho da Juventude não conhecia bem a necessidade real sobre o serviço juvenil. Depois da reorganização do Conselho, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) ainda não tem seu representante nele, razão por que considero que a sua representatividade não é muito completa, desatendendo a necessidade dos jovens com infracções: “O Conselho da Juventude empenha-se para a definição da política conforme a indicação superior, mas não conhece bem o nosso trabalho na linha da frente. Porque é que não se reune com alguns trabalhadores na linha da frente? Como o Conselho define a política no seu entender, a política assim elaborada será bem ajustada à realidade?” (am6, caso 5) 141 “Além dos representantes governamentais da DSEJ e do IAS, não há nenhum representante da DSAJ no Conselho. O serviço da DSAJ inclui o trabalho do Instituto de Menores e de outras áreas relacionadas, trabalho que é de carácter de correcção e salvação. Porque ela está excluída do Conselho? ” (am7, caso 10) Além de que a articulação e coordenação central precisa de continuar a melhorar, também existem problemas semelhantes na prestação de serviços por parte das instituições particulares sediadas nos bairros sociais, escolas e entidades públicas na linha da frente, tal como um inquirido disse: ‘Cada centro tem a sua própria caracterização e entre os diversos centros não existe nenhuma ligação, e o que falta em Macau é a coordenação.’ (am6, case 7). Estas palavras revelam o problema que encaram os trabalhadores na frente do serviço juvenil. Muitos inquiridos têm a opinião semelhante e ainda consideram que alguns serviços são demasiado repetidos, desatendendo necessidades especiais de jovens: “As instituições tanto governamentais, como particulares ou escolares, são de facto isolados e independentes, e entre estas existem poucas ligações, porque cada uma tem o seu próprio trabalho. Talvez os recursos sejam suficientes, mas cada uma actua à sua maneira, o que conduz à repetição de alguns serviços por elas prestados, o que significa que existem serviços de que ninguém necessita, enquanto algumas pessoas não conseguem receber os serviços de que necessitam.” (am7, caso 5) “Muitos serviços prestados por instituições são repetidos, como por exemplo, o serviço de voluntariado é desenvolvido em muitos lugares, penso que assim é talvez porque algumas instituições querem recorrer a este meio para obter alguns recursos do governo.” (am10, case 14) “Alguns problemas, como são difíceis de resolver, nunca foram abordados por ninguém; enquanto que outros problemas, como não são de facto importantes, têm vindo a ser abordados por todos.” (am5, caso 6) 142 “Os serviços prestados por alguns centros de juventude são sobrepostos e os alvos de serviço destes centros talvez sejam o mesmo grupo de jovens, mas os que necessitam efectivamente do serviço possivelmente não vêm beneficiar dele.” (am3, caso 1) As exposições de cima mostram-nos que a falta de coordenação tem vindo a conduzir à repetição de serviços prestados e mesmo à repetição de alvos de serviço, assim como ao desperdício de preciosos recursos sociais. Alguns inquiridos indicaram: “Às vezes, a divisão de trabalho é confusa e repetida. Acompanhei o problema de estudo de um utente, mas ao mesmo tempo um assistente social escolar também estava a acompanhá-lo. Isto é uma repetição de trabalho e desperdício de recursos. ” (am4, caso 1) “Houve um caso que foi acompanhado ao mesmo tempo por quatro partes: pela DSEJ, pelo IAS, pela escola onde ocorreu o caso, e finalmente por mim. No processo da minha conversação com o utente, descobri que então havia um assistente social de lar que estava a acompanhá-lo. Nisso vê-se que é grave a repetição do serviço e o desperdício de recursos . ” (am9, caso 9) “Este fenómeno é difícil enfrentar para um utente, porque ele não sabe para que lado se há de voltar: para o assistente social do lar? para o assistente social do Departamento de Reinserção Social? ou para o assistente social de outra instituição? Este é certamente um problema muito grave!” (am9, case 11) 6.6 Resumo Embora Macau seja uma região pequena, tem diversos serviços públicos e instituições particulares que prestam serviços à juventude. Estes serviços públicos são principalmente: a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), o Instituto de Acção Social (IAS) e a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). A sua divisão de trabalho é de facto muito clara: a DSEJ concentra os seus esforços no tratamento dos assuntos de desenvolvimento da juventude; o IAS presta 143 principalmente o serviço de carácter de apoio a jovens, e a DSAJ responsabiliza-se pela correcção e encaminhamento dos jovens delinquentes. Além deles, funciona ainda o Conselho da Juventude, cuja missão é apresentar pareceres sobre a política juvenil. Se for possível melhorar a organização e coordenação do serviço juvenil, a estrutura administrativa deste serviço em Macau será mais completa. Além do mais, Macau conta com um contingente de trabalhadores da linha da frente, que são jovens, cheios de vigor e gostam de estudar, o que mostra que os recursos humanos na região são suficientes. Se for possível organizar para estes cursos adequados de formação e prestar-lhes a orientação profissional, a qualidade do serviço será elevada. No entanto, sob a domínio do então governo colonialista, o serviço juvenil em Macau desenvolveu-se lentamente, dependendo quase completamente de um grande grupo de organizações sociais, que só podiam desenvolver actividades espontaneamente. Por exiguidade de recursos e conhecimentos profissionais, a maioria das actividades eram de carácter desportivo e recreativo. Apesar de o governo da RAEM já ter começado a prestar atenção ao desenvolvimento do serviço juvenil, a grande rede do serviço juvenil das instituições particulares tornou dispersos os recursos financeiros limitados. Além de que, alguns serviços são sobrepostos e os jovens com necessidades especiais têm sido desatendidos. Tudo isto são problemas que o governo tem que enfrentar. Actualmente, as autoridades de Macau devem tentar reajustar coordenar efectivamente o serviço juvenil. No último ano, a DSEJ já começou a transferir aos poucos a responsabilidade pelo serviço de acção social escolar para organizações sociais, transformando assim progressivamente o seu próprio papel de prestação de serviços no papel de apoio financeiro, orientação e inspecção. Este não só é o reajustamento correcto de direcção, mas também uma forma inovadora. Na presente Investigação, o Projecto concebido pelo Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong para o serviço juvenil da RAEM também é uma tentativa de reajustamento e coordenação da direcção de desenvolvimento do serviço juvenil. Partindo do princípio de manter, na medida do possível, a estrutura administrativa existente, a Equipa de Investigação propõe o reajustamento dos recursos, bem como a organização de um contingente de prestadores de serviço mais complexo e especializado, a fim de responder ao desafio do futuro. 144 Capítulo VII Projecto de Desenvolvimento do Serviço Juvenil em Macau 7.1 Estrutura Teórica Todos sabemos que a juventude faz parte do sistema social e é uma unidade da cultura social e civilização histórica. Desde que a Humanidade optou pela vida em sociedade e entrou na civilização, o homem já não é um indivíduo simples, mas uma pessoa no sistema social complicado. Cada pessoa assume sobre si a cultura histórica e regime social no processo de evolução da Humanidade, limites morais e normas de acção humana. Mas estes limites e normas não estão vocacionados só para a felicidade e interesses de cada pessoa, mas também para a felicidade e interesses globais do público, ou seja, para que toda a Humanidade possa viver numa sociedade harmoniosa. Através da evolução prolongada da cultura humana, o sistema familiar tem-se transformado no sistema social básico mais adequado à necessidade dos sentimentos humanos e mais favorável para obter a eficácia na sociedade. Com a cultivação do regime familiar, a Humanidade apercebe-se de que ela própria é um indivíduo que há de aprender a viver harmoniosamente com o ambiente ao seu redor. O conceito da Humanidade sobre a vida social baseia-se em experiências familiares acumuladas desde criança. Por isso, para compreender e servir ainda melhor a juventude, podemos tentar recorrer ao conceito do sistema social acima mencionado. Em primeiro lugar, vamos expor resumidamente várias noções teóricas do sistema social, que consideramos muito úteis: z Um sistema abrange o seu conjunto e as suas partes integrantes. z As características do seu conjunto são geralmente mais fortes do que as das suas diversas partes integrantes. z O conjunto decide a relação entre as partes integrantes. z As partes integrantes do sistema encontram-se em movimento constante e dependem umas das outras. z Logo que muda a relação entre as partes integrantes do sistema, o conjunto vai sofrer mudanças. Se usamos estes pontos de vista para analisar a relação entre a juventude e o sistema familiar, podemos chegar às seguintes conclusões úteis para o 145 estudo da juventude: z Sem o sistema familiar não há o sub-sistema juvenil; a juventude faz parte integrante da família e ela própria não pode existir sozinha. z A unidade e harmonia na família é fundamental para a juventude, especialmente quando ocorrem conflitos. Habitualmente, a juventude tem que assumir sobre si a responsabilidade de não sabotar o regime familiar e por isso, vê-se obrigada a abandonar algumas individualidades. z O papel da juventude e a sua acção dependem, em primeiro lugar, do grau de tolerância e aceitação da família. z Embora a juventude seja condicionada habitualmente pelo regime familiar, ela e outros sub-sistemas da família dependem sempre mutuamente e inter-actuam mutuamente. z O papel familiar da juventude muda sem cessar, podendo mesmo pôr em jogo a sua caracterização para conduzir à mudança da família e inclusive à da cultura social. Por exemplo, às vezes, a juventude pode fazer a renovação e pode mesmo acabar com o sistema existente. Tanto historicamente como actualmente, a juventude encontra-se sempre na dianteira da cultura moderna. Além da família, ainda existem vários sistemas sociais mais macroscópicos, tais como a educação, economia, política, trabalho, descanso, cultura, etc., sistemas estes que também exercem permanentemente influência sobre o sistema familiar e sobre o ambiente interno de cada jovem. Nisso vê-se que a qualidade do ambiente interno da juventude não é completamente decidida por ela própria, mas é o resultado da adaptação activa da juventude ao mundo exterior na etapa do seu crescimento e desenvolvimento e no período do seu estudo e procura da sua própria imagem. Se este resultado é positivo, isto significa que a sociedade reconhece a sua acção; se é negativo, significa que a sociedade deseja restringir a sua acção. Já que a dificuldade que a juventude enfrenta é o resultado da influência 146 mútua entre o sistema social macroscópico e a individualidade da juventude, devemos ter sempre em mente que o problema juvenil não é um “problema pessoal” ou um “problema da juventude”, porque estes termos podem enganar-nos facilmente, fazendo com que consideremos que a “origem” do problema reside na própria juventude e, com base nesta compreensão errada, tomemos um “método anormal de tratamento”. Caso contrário, se analisamos com a teoria do sistema social, podemos ver que nenhum problema pode ser definido como um problema pessoal, pois o problema pessoal é apenas um problema derivado da subsistência de um indivíduo, problema que dexiou de ser solucionado apesar da tentativa de se adaptar ao ambiente social por parte do indivíduo. Através da análise sobre a actual situação de jovens de Macau no Capítulo V, vemos que as origens dos problemas que eles enfrentam são numerosas, tais como: z A pressão de vida produzida sob a depressão económica conduz à intensidade da relação conjugal; a falta de comunicação e entendimento mútuo conduz à destruição de famílias. Como os pais correm atarefados para ganhar o pão, têm cada vez menos tempo para comunicar com os filhos. A informática contemporânea é desenvolvida e os jovens podem obter muitas informações da imprensa ou Internet; mas, muitos dos pais não conseguiram acompanhar o passo de desenvolvimento rápido da tecnologia, ampliando-se assim o abismo existente entre ambas as gerações. z Membros de muitas famílias imigrantes em Macau não conseguiram ser autorizados a virem estabelecer-se ao mesmo tempo, ou o pai tinha que sair trabalhar fora do Território. Todos estes factores conduzem ao surgimento de “famílias monoparentais falsas”. Nestas circunstâncias, habitualmente, tanto o pai como a mãe têm que encarar independentemente a pressão de cuidar de filhos e de ganhar a vida, e o mais grave é que entre os familiares surgem obstáculos de comunicação ou a sua relação vai-se afastando dia a dia. z Embora o jogo forneça saídas ao desenvolvimento económico de Macau, traz para os jovens efeitos negativos, excitando-os a aceitarem a acção do jogo. Assim, sob influência inconsciente deste estado psicológico, alguns jovens consideram erradamente que ir à 147 escola não tem importância, mesmo que actualmente a classificação escolar seja má, poderão ganhar a vida no sector do jogo. z A juventude está no período áureo de crescimento e gosta de actividades, mas falta-lhes o autodomínio, o pensamento independente e a capacidade de suportar as consequências. Face ao facto de a sociedade realçar a cultura divertida e consumidora, muitos jovens perdem-se nos estabelecimentos de diversão e consumo, sobretudo em bares de Internet, discotecas ou salas de karaoke. E nestes lugares têm oportunidades de contactar com elementos da sociedade secreta, consumir drogas ou participar no jogo. z O actual fenómeno de o número de estudantes do ensino secundário reduzir anualmente e parte de jovens de idade escolar não andar na escola mostra a resistência de alguns estudantes em relação ao sistema educativo, a má relação existente entre alguns estudantes e a escola, a má relação entre colegas de estudo ou a prática errada de escolas de “etiquetar” alguns alunos como “estudantes com más classificações” ou “maus elementos”. Todos estes são factores de crise conducentes a problemas juvenis. z A formação profissional não corresponde à necessidade do desenvolvimento juvenil. Por isso, muitos jovens manifestam-se preocupados com a sua saída profissional e o seu futuro e sentem grande pressão psicológica, o que aguça a sua insatisfação com a sociedade e a sua sensação de desorientação. Os factores acima referidos que se relacionam e se influenciam mutuamente, afectam o crescimento da juventude. Nisso vemos que a origem do problema juvenil está intrinsecamente ligada aos diversos sistemas sociais macroscópicos existentes na sociedade. É de realçar que a relação entre o problema juvenil e o problema familiar é extremamente íntima. Ao ajudar um jovem a tratar dos seus problemas, é também preciso ajudar a tratar dos problemas da sua família. Por isso: Qualquer serviço social polivalente ideal deve tomar a família como centro e o conteúdo e processo do serviço devem ter como base as actividades promotoras do desenvolvimento. Deste modo, 148 a função da família será reforçada, a capacidade educativa do encarregado familiar poderá ser elevada, a juventude poderá ter um ambiente de crescimento saudável e os idosos poderão receber melhor atenção e cuidados na posteridade. (Lou Tit Weng, 2002:16) 7.2 Tratamento do problema juvenil por dois canais paralelos e integrados Já que o problema juvenil é, essencialmente, um dos problemas surgidos no sistema social, a Equipa de Investigação considera que o projecto de desenvolvimento futuro do actual serviço juvenil deve ser concebido a partir dos seguintes dois grandes canais de serviço: Primeiro, o “Complexo de Apoio à Família”, cuja missão principal será prestar os diversos serviços às crianças, jovens e famílias necessitadas na comunidade, serviços estes que não só devem incluir os tradicionais prestados pelo centro de juventude e os de apoio à escola, mas também devem incluir os de apoio à família de jovens e o seu conteúdo poderá referir-se à educação sobre a vida familiar, orientação familiar e apoio ao encarregado de educação, e ainda devem incluir a estreita cooperação com outras organizações comunitárias, de modo a responder a necessidades comunitárias. A função relevante do Complexo de Apoio à Família residirá em coordenar, através da rede de serviço existente, os assistentes sociais e forças sociais para consolidar a função da família e prevenir a ocorrência de problemas familiares e juvenis. Segundo, a “Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário”, cuja missão principal será coordenar os diversos serviços de apoio aos jovens marginalizados e prestar serviços de aconselhamento e orientação aos jovens com acções injustas ou dificuldades emocionais e jovens que tenham desistido dos estudos que fiquem sem emprego ou vagueiem pela rua ou na possibilidade de caírem na criminalidade. Em virtude de que os alvos destes serviços serão os jovens em crise que vivam na comunidade, a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário concentrará seus esforços no conhecimento dos diversos bandos e facções locais e da situação do abuso de drogas e da criminalidade juvenil na comunidade; a coordenação dos diversos serviços contribuirá para o melhor desempenho do papel por parte dos trabalhadores da linha da frente, para a troca de 149 dados e informações, para o melhoramento de conhecimentos e técnicas sobre o serviço prestado aos jovens marginalizados, e para a elevação da eficácia e qualidade do serviço individualizado. A Equipa também deve prestar atenção a algumas famílias em crise, porque se elas não puderem receber os serviços necessários, as crianças e jovens destas famílias terão que encarar ainda maiores dificuldades. É claro que estas duas entidades de serviço devem instalar adequados mecanismos coordenadores, evitando a sobreposição dos serviços respectivos. Quando for necessário, ambas as partes ainda devem cooperar mutuamente. Além do mais, é ainda necessário estabelecer um regime de transferência para que os jovens e famílias que se tiverem livrado da crise possam evidentemente ser transferidos, gradualmente, de “exterior do centro” para o “interior do centro”, reunindo-se deste modo com os utentes do Complexo de Apoio à Família. Esta reunião deve ser realizada de modo estratégico, no sentido de melhorar o processo da reunião. Em resumo, a Equipa de Investigação considera necessária a criação do “Complexo de Apoio à Família” e da “Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário” para ajudar os jovens da comunidade a tratarem as dificuldades que enfrentam. Eis outros modelos do serviço juvenil propostos pela Equipa de Investigação seguindo a teoria do sistema social. Se estas duas estruturas de serviço conseguirem ser criadas, a divisão do trabalho de serviço juvenil em Macau poderá ser a seguinte: z Os centros de juventude e associações de jovens serão responsáveis pelas actividades desportivas e recreativas de jovens, fornecendo-lhes suficientes instalações de desporto e de recreação; z Os assistentes sociais escolares serão responsáveis pelo trabalho de aconselhamento, orientação e desenvolvimento dos jovens nas escolas; z Os lares de jovens continuarão a responsabilizar-se pelo trabalho de protecção aos jovens; z O Complexo de Apoio à Família será responsável pelo trabalho de desenvolvimento, orientação e apoio aos jovens e suas famílias na comunidade; z A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário será responsável pelo 150 trabalho de aconselhamento, orientação e apoio aos jovens em crise e a suas famílias; z A unidade de serviço subordinada à DSAJ será responsável pelo orientação dos jovens delinquentes, com o apoio da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. Estes tipos de serviço juvenil coexistirão, formando um enquadramento harmonioso (veja-se Figura 7.1). A Figura mostra duas partes de serviços: uma é os serviços recém-propostos; outra, os existentes. Os diversos serviços não podem ser separados, mas devem coordenar-se e completar-se mutuamente, permitindo assim aos jovens recebê-los conforme suas diferentes necessidades. O mecanismo de coordenação e transferência, descrito na Figura, poderá evitar a sobreposição de serviços e reforçar a cooperação entre os serviços, contribuindo para o fornecimento de serviços mais eficazes. Como os serviços existentes acima já expostos, a Equipa de Investigação vai concentrar-se na exposição detalhada do “Complexo de Apoio à Família” e da “Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário”, debruçando-se sobre as suas noções, serviços a prestar e medidas a tomar. 151 Figura 7.1 Serviços juvenis que se completam mutuamente Educação sobre a vida familiar e actividades para pais e filhos Assistentes sociais escolares Centros de juventude Associações de jovens Lares de jovens Coordenação e transferência Serviço de apoio às crianças e jovens de famílias em crise Trabalho extensivo ao exterior Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário Escola especial Medida de apoio à triagem Actividades de desenvolvimento juvenil Complexo de Apoio à Família Serviço de orientação e apoio à juventude Serviço de orientação e apoio à família Serviço de apoio à escola Instalações de desporto e recreação públicias Coordenação e transferência Assistentes sociais escolares Centros de juventude Associações de jovens Lares de jovens 152 Assistentes sociais escolares Centros de juventude Associações de jovens Lares de jovens Coordenação e transferência Serviço aos jovens delinquentes 7.3 Complexo de Apoio à Família Segundo a teoria sobre os sistemas acima mencionados, a família é parte matriz do sistema juvenil, o que mostra que na relação entre o sistema familiar e a juventude a parte principal e a secundária são claramente distinguidas. Nisso vê-se que o problema juvenil é essencialmente um problema referente ao sistema familiar. Por isso, ao conceber o projecto de serviço não se deve considerar somente como prestar serviços à juventude para evitar o mal-entendido da comunidade sobre o problema juvenil, mas deve-se fazer com que ela considere o problema juvenil como um problema respeitante ao sistema familiar. Para atingir este objectivo, o projecto ideal deve adoptar o modelo de complexo de apoio à família, de modo a estabelecer uma imagem integrada da comunidade e permitir aos jovens, membros de família e residentes comunitários conhecer o problema juvenil que se trata de um problema secundário, ou seja, um problema derivado do outro. O modelo de Complexo de Apoio à Família dará uma orientação macroscópica ao serviço juvenil de Macau. A Equipa de Investigação propõe que em cada comunidade, além do centro de juventude, associação de jovens e lar de jovens, seja criado um Complexo de Apoio à Família, cuja missão não só desenvolverá as actividades e serviços tradicionais que o centro de juventude desenvolve actualmente, mas também desempenhará o papel de apoio à família e à escola. Este modelo de serviço é semelhante ao de Singapura, mas diferente de Hong Kong, onde também existem problemas no regime de serviço juvenil, que se manifestam principalmente no facto de o serviço juvenil ser separado do serviço de apoio à família, o que resulta na falta de coordenação entre ambos os serviços. O Complexo de Apoio à Família será um centro de actividades com a vizinhança como base e prestará o serviço com a família como alvo principal e, com base nisto, servirá outros jovens e respectivas famílias da comunidade. O Complexo adoptará a forma de serviço “loja de cidadão”, descobrindo e contactando novos alvos com necessidade do serviço. Em seguida, o assistente social vai avaliar a sua necessidade e mais tarde fornecer-lhe-á serviços adequados. Como tal, o Complexo terá um âmbito de serviço muito amplo, podendo dar aos utentes a orientação e aconselhamento sobre o seu estudo, trabalho e família ou organizar para 153 eles acções formativas. Entretanto, o Complexo também poderá promover a vida familiar saudável, ajudando a juventude a crescer saudavelmente. Em resumo, o Complexo de Apoio à Família terá as seguintes cinco funções: z Organização de iniciativas para o desenvolvimento da juventude; z Prestação do serviço de aconselhamento e apoio à juventude; z Desenvolvimento da educação sobre a vida familiar e de actividades para pais e filhos; z Prestação do serviço de aconselhamento e apoio à família; z Prestação do serviço de apoio à escola. 7.3.1 Actividades relativas ao desenvolvimento juvenil Enquanto base de serviço na comunidade, o Complexo irá criar para a juventude um ambiente social favorável ao seu crescimento. De forma a estimular os jovens a participarem em actividades significativas, o Complexo vai ajudá-los a integrarem-se na sociedade, promovendo o seu crescimento e desenvolvimento individual. Os assistentes sociais do Complexo vão apoiá-los, estimulá-los e ajudá-los a estabelecerem uma boa relação não só inter-pessoal como familiar, organizando para eles actividades para enriquecer a sua vida social e formação sobre inteligências múltiplas, no sentido de elevar a sua autoconfiança, o sentido de brio e a capacidade de adaptação ao ambiente exterior. A fim de ajudar os jovens a estabelecerem o sentido de responsabilidade social e elevar a sua capacidade de servir a sociedade, o Complexo vai organizar para os mesmos cursos de formação no tratamento dirigente-dirigido, grupos de voluntários para conhecer a sociedade e cultivar o patriotismo. O Complexo ainda poderá fornecer-lhes uma sala de estudo e promover actividades desportivas e creativas, como as de grupo de interesse, de formação técnica, de diversão, excursão e acampamento de Verão, ajudando-os a aproveitarem bem os tempos livres e a participarem activamente em actividades úteis para a saúde física e mental. No presente inquérito têm sido recolhidas opiniões de estudantes do ensino secundário sobre o problema “Os diversos serviços são suficientes ou não?”. A maioria deles expressaram que a “formação no tratamento da relação dirigente-dirigida e da inter-pessoal” era insuficiente (veja-se 154 Mapa 2.7.5.1) e desejavam participar no “acampamento/acampamento ao ar livre”, “acampamento diurno, viagens e excursões”, “formação técnica” e “curso de interesse/estudo”. Também manifestaram grande vontade em ardentemente utilizar “computador/para navegar pela Internet” e “sala/instalações de música” (Veja-se Mapa 2.7.2.1). Nota-se que as actividades de desenvolvimento juvenil têm certa atracção. 7.3.2 Serviço de aconselhamento e apoio à juventude A fim de ajudar a juventude a enfrentar e vencer as dificuldades encontradas no processo de crescimento, o Complexo poderá prestar-lhe serviços de aconselhamento individual ou em grupo para formá-la na capacidade de análise, reflexão e solução de problemas, de modo a que possa encarar desafios a encontrar no processo do crescimento. Além do mais, ainda poderá prestar o serviço de apoio aos jovens que se encontrem em ambiente desfavorável, serviço que incluirá a organização de actividades de adaptação de novos imigrantes, o apoio aos jovens que fiquem desempregados, o apoio aos jovens que não tem cuidados por parte de familiares. Todas estas iniciativas visam elevar a sua capacidade de adaptação social e fazer com que possam enfrentar os diversos problemas encontrados. No presente inquérito também têm sido recolhidas opiniões de estudantes do ensino secundário sobre o problema “Os diversos serviços de aconselhamento e orientação são ou não suficientes?” A maioria deles expressaram que não eram suficientes o “serviço de aconselhamento emocional/psicológico”, o “serviço de orientação profissional” e o “serviço de apoio aos novos imigrantes” (veja-se Mapa 2.7.5.1). Durante os três meses que antecedem o inquérito, os inquiridos tinham pedido apoio de assistentes sociais raramente, porque muitos deles consideram que os assistentes sociais podem ajudá-los a resolverem problemas especialmente relativos ao estado de ânimo ou temperamento, a melhorarem técnicas de relacionamento com os amigos ou outrem, a tratarem a sua própria pressão ou aflição e a controlarem as suas atitudes (veja-se Mapa 2.8.3.1). Quanto ao serviço de aconselhamento, 13% dos inquiridos expressaram que desejavam “conversar sinceramente com assistentes sociais sobre seus próprios problemas”, o que reflecte que o serviço a respeito tem certa procura (veja-se Mapa 2.7.2.1). 155 7.3.3 Educação sobre a vida familiar e actividades para pais e filhos Um dos objectivos do Complexo de Apoio à Família será consolidar a função da família e evitar o seu desequilíbrio, prestar a orientação sobre a educação relativa a vida familiar para prevenir o surgimento de problemas familiares e fazer com que os jovens possam beneficiar do resultado do serviço e crescer com saúde. Para o efeito, o Complexo deve organizar actividades educativas da vida familiar, tais como Workshop para encarregados de educação sobre o desenvolvimento e educação de filhos, Workshop para pais, curso de formação sobre as técnicas de comunicação entre pais e filhos e gestão de stress dos pais, de modo a que os encarregados de educação participantes nestas actividades possam elevar a sua capacidade de educar seus filhos. Além disso, como a comunicação familiar exerce grandes influências sobre o desenvolvimento dos jovens, o Complexo deverá organizar diversas actividades em que os pais e seus filhos participem em conjunto e promover a vida familiar e harmonia na relação pai-filho, o conteúdo das actividades incluirá as viagens, competição, serviço comunitário, acampamento diurno e convívio, de modo a promover a interacção e comunicação entre os membros da família e fazer com que a relação familiar se torne harmoniosa. O Complexo também poderá publicar uma revista sobre a promoção da comunicação pai-filho, ajudando aos leitores a compreender os papéis e responsabilidades respectivas dos filhos e dos pais na família e na sociedade, estudando as diferentes opiniões, esperanças e necessidades. A presente Investigação mostra que o serviço de apoio à família e a educação sobre a vida familiar estão por melhorar. Muitos inquiridos expressaram que estes serviços eram insuficientes (veja-se Mapa 2.7.5.1). Por isso, o Complexo deve desenvolver actividades adequadas para promover o seu entendimento mútuo e ajudá-los a comunicarem de forma positiva e a melhorarem a relação pai-filho. 7.3.4 Serviço de aconselhamento e apoio à família O serviço de aconselhamento prestado às famílias é uma maneira de as ajudar. Porém, devemos reconhecer que o serviço social de carácter preventivo e educativo não pode eliminar todos os problemas. Estes, que não podem ser resolvidos pelo trabalho preventivo, são muitas vezes os mais difíceis de resolver. Por isso, o trabalho de remédio necessita de ter muitos conhecimentos profissionais e vários recursos como forte apoio. 156 Para responder ao desafio deste duro trabalho, o governo da RAEM deve reforçar a formação profissional de trabalhadores desta área, de modo a que tenham a capacidade de resolver os problemas familiares mais difíceis. Quanto aos conhecimentos profissionais a respeito, geralmente referem-se a três áreas: aconselhamento familiar, aconselhamento para casos e aconselhamento em grupo. Quando um utente do Complexo tiver problemas familiares, o Complexo deve prestar-lhe o serviço de aconselhamento e apoio, o seu assistente social deve ajudar a resolver o conflito familiar, a violência familiar, a desarmonia conjugal, o cuidado e educação de seus filhos. Entretanto, o assistente também poderá recomendar ao utente outros recursos que lhe sejam úteis, fazendo o encaminhamento quando necessário. Para os encarregados de educação com o mesmo tipo de dificuldades, o Complexo deve agrupá-los para formar um grupo de apoio mútuo, ajudando-os a reforçar a rede de apoio a nível comunitário, de modo a que tenham a capacidade de enfrentar a pressão e as dificuldades. 7.3.5 Serviço de apoio à escola Fora do sistema familiar existem sistemas sociais múltiplos, que apoiam a sistema familiar a desempenhar a sua função, como por exemplo, a educação, economia, política, etc., sendo a escola o segundo sistema que afecta directamente o desenvolvimento da juventude. Na maioria das escolas de Macau, existem assistentes sociais próprios que através de aconselhamento, organização de grupos e desenvolvimento de actividades, ajudam os estudantes a tratarem dos problemas relativos ao estudo, relação inter-pessoal, emoção e comportamentos. O presente inquérito mostra que muitos inquiridos, trabalhadores da linha da frente, consideram insuficiente o serviço de acção social escolar (veja-se Mapa 6.2.2). A Equipa de Investigação espera que a proporção entre os assistentes sociais e os estudantes possa atingir finalmente a meta ideal de 1:1000, de modo a que cada escola primária ou secundária beneficie do serviço de acção social. Já que o Complexo de Apoio à Família consiste numa base de serviço na comunidade, deve fornecer um local de actividades extra-escolares para os jovens estudantes, podendo também organizar actividades em 157 cooperação com encarregados de educação ou corpos docentes, ou enviar pessoal para a escola a promover iniciativas. Ainda poderá reforçar a colaboração com a escola, concebendo e organizando cursos e actividades apropriadas à necessidade de estudantes, cujo conteúdo terá por objectivo elevar a auto-eficácia, o patriotismo e o optimismo dos estudantes, assim como a sua resistência à contrariedade e capacidade de enfrentar desafios que encontram no processo de crescimento e desenvolvimento. Além do mais, o serviço de apoio às escolas também poderá incluir a organização de cursos de formação para professores e encarregados de educação, com a finalidade de aumentar os seus conhecimentos e técnicas na ajuda ao crescimento dos jovens. Em Hong Kong e em Singapura, o Complexo presta de modo constante o serviço de apoio às escolas e muitas delas estão dispostas a aderir a este tipo de serviço profissional. 7.4 Instalações Públicas de Desporto e Recreação Além do supracitado Complexo de Apoio à Família, na comunidade também deve haver em quantidade suficiente instalações públicas de desporto e de recreação, destinadas ao uso dos jovens nos tempos livres. Os dados recolhidos da Fórum de Serviço Juvenil mostram que as instalações destinadas ao uso dos jovens são geralmente insuficientes (veja-se o parágrafo 5.3). O inquérito realizado em escolas secundárias mostra-nos o descontentamento por parte dos estudantes em relação à suficiência das instalações desportivas e recreativas, faltando especialmente um “campo de patinagem no gelo/campo de patinagem na tábua”, “campo de bicicletas artísticas”, “ginásios” e “acampamento desportivo ao ar livre”(veja-se Mapa 2.7.4.1). Por isso, o governo da RAEM deve pensar seriamente em criar mais instalações, de maneira a satisfazer as necessidades dos jovens. 7.5 Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário Muitos jovens, embora enfrentem dificuldades no seu crescimento, não gostam de usar as instalações do Complexo acima mencionado nem gostam de recorrer ao seu serviço de aconselhamento. Estes jovens, ou não podem receber o serviço de assistentes sociais escolares devido à desistência dos estudos na escola, ou têm necessidades especiais devido à perda de estudos, desemprego ou cometimento de infracções, ou 158 vagueiam pelas ruas por outros motivos. Por isso, o governo tem a responsabilidade de prestar a estes jovens em crise outro tipo de serviço. A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário terá como missão principal servir este grupo de jovens que se encontrem num ambiente desfavorável. Segundo a proposta da Equipa de Investigação, a Equipa de Trabalho deve assumir a responsabilidade pelas seguintes quatro tarefas: z z z z Trabalho extensivo ao exterior; Escola Especial Serviço de apoio à crianças e jovens de famílias em crise; Apoio à execução da medida de triagem. 7.5.1 Trabalho extensivo ao exterior O serviço extensivo ao exterior dirige-se principalmente às crianças e jovens entre os 10 e os 20 anos, que tenham uma forte personalidade e falta de apoio familiar e que pratiquem actos inadequados por serem facilmente influenciados por maus amigos. A acção social extensiva ao exterior caracteriza-se pela elevada flexibilidade e os assistentes sociais podem contactar por sua iniciativa com jovens que vagueiam frequentemente por locais públicos. Uma vez estabelecida uma boa relação com eles, os assistentes sociais vão prestar-lhes serviços de aconselhamento, orientação e formação, recorrendo a diversos métodos de trabalho, de modo a ajudá-los a elevar a capacidade de solução de problemas e a resistência à contrariedade e a empreenderem por um caminho certo. Os métodos de trabalho que os assistentes sociais costumam adoptar incluem o aconselhamento individual, trabalho de grupo, trabalho de equipa e trabalho comunitário. O aconselhamento individual visa ajudar, através da entrevista e visita à família, os jovens a conhecerem as dificuldades que enfrentam, tais como problemas relativos à família, estudo, emprego, relação com amigos e estado de espírito. Os assistentes sociais ajudam-nos a analisarem os métodos de tratamento viáveis e dão-lhes recomendações, de modo a que elevem a sua capacidade de tratar diversos problemas. Quando necessário, os assistentes sociais podem transferir os jovens com necessidades para outras entidades de serviço, para que possam ajudá-los a resolverem da melhor forma os seus problemas. Os assistentes sociais ainda podem discutir com familiares dos jovens como solucionar os problemas e, quando necessário prestam-lhes o serviço de aconselhamento ou 159 ajudam-nos a tratar dos problemas relacionados em colaboração com os assistentes sociais do Complexo de Apoio à Família. Ainda se pode adoptar outro tipo de método de trabalho, ou seja, a criação do grupo preventivo, cuja missão principal será desenvolver junto dos jovens actividades significativas, tais como: a educação contra as sociedades secretas, educação preventiva contra o consumo de drogas e educação sexual. Os assistentes sociais também podem desenvolver o trabalho de ajuda a grupos, com o objectivo de enfraquecer as forças dos bandos de malfeitores e facções, a fim de prevenir actividades colectivas ilegais. Além disso, pode-se adoptar ainda o método de trabalho comunitário que terá por objectivo despertar a atenção pública para com os jovens marginalizados e criar um ambiente favorável ao seu crescimento, através da organização de palestras, investigação, formação de voluntários e outros tipos de actividade comunitários. A Investigação denominada “Andorinhas Abandonam o Ninho”, recentemente realizada pelo Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui (Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui, 2002) reflecte a gravidade do problema de jovens que vagueiam pelas ruas. Segundo a Investigação, a maioria dos jovens que vagueiam pelas ruas deve-se principalmente à sua má relação com familiares, acrescentando-se-lhe o facto de eles serem susceptíveis de sofrerem influências por parte dos amigos. Como os seus amigos estão dispostos a acolhê-los, o problema torna-se pior ainda. Por tudo isso, a Equipa de Investigação considera que o Governo da RAEM deve prestar mais apoio financeiro ao serviço extensivo ao exterior para poder fornecer a estes jovens diversos serviços de aconselhamento. 7.5.2 Escola Especial A Escola Especial será um serviço a instalar para os jovens que tenham desistido os estudos e se encontrem desempregados. A desistência dos estudos por parte dos jovens é desde sempre um problema que preocupa muito a sociedade. A instalação deste tipo de escola terá por finalidade ajudar os jovens que tenham desistido dos estudos a enfrentarem a dificuldade e fornecer um local chamado “estação de serviço” aos estudantes que tenham desistido dos seus estudos no terceiro ano do curso secundário, mas ainda não tenham atingido a idade legal para trabalhar, de modo a que eles possam aliviar a sua pressão e dificuldades causadas 160 pela desistência e adoptar uma atitude positiva para determinar a direcção em que se vão desenvolver. Conforme este projecto, a escola, o centro ou assistente social transferirão os jovens, abandonos escolares, para a Escola Especial, onde participarão numa série de formações que terá uma duração de tempo relativamente longa, incluindo não só o estudo complementar que permite aos jovens voltar a incorporarem-se no sistema educacional regular, mas também o trabalho voluntário, o treino a procura de curiosidades, campismo de aventuras e actividades pai-filho. Os assistentes sociais vão transmitir-lhes conhecimentos, atitude e técnicas sobre o retorno ao recinto escolar, a integração no mercado de trabalho e a dedicação à acção social, visando a ajudá-los a reconstruirem uma maneira de vida activa e empreender um caminho certo. Devido às alterações verificadas na economia nos últimos anos, o problema dos jovens desempregados tem sido cada vez mais grave. Muitos jovens, por não terem emprego, vagueiam pelas ruas, sendo facilmente serem seduzidos a cometer crimes e causando dessa forma muitos problemas sociais. Muitos estudantes do ensino secundário inquiridos expressaram que era insuficiente a orientação profissional (Veja-se Mapa 2.7.5.1) e a Escola Especial poderá satisfazer a necessidade dos jovens que se encontrem à espera de emprego. O fornecimento de formação aos jovens desempregados permite-lhes ter algo para ocupar os seus tempos livres antes da sua colocação no mercado de trabalho, o que contribuirá para a prevenção da delinquência juvenil, reforçar a sua capacidade profissional e elevar a sua competitividade futura no mercado de trabalho. Além disso, a Escola Especial ainda estabelecerá activamente relações de cooperação com as entidades patronais para arranjar empregos a título experimental para os jovens desempregados, bem como lhes fornecer treinos profissionais. Regra geral, a formação a fornecer-lhes antes de arranjarem emprego poderá durar semanas ou mesmo meses, devendo ser determinada a sua duração segundo a necessidade dos jovens participantes. O conteúdo da formação poderá incluir diversos tipos de treinos necessários ao emprego posterior, educação sobre a disciplina de trabalho, treinos relativos à autoconfiança, relação inter-pessoal, relação familiar, técnica de comunicação, técnica de organização, trabalho de equipa, técnica de procura de emprego e de participação na entrevista. Além de tudo isso, 161 ainda incluirá o serviço de aconselhamento e de acompanhamento e a ajuda aos utentes relativamente ao seu futuro e na determinação da sua direcção profissional. Os jovens que tenham recebido estes treinos serão enviados para as entidades patronais participantes neste projecto, de modo a que possam fazer estágio nessas empresas. Este será justamente um tipo de treino de integração no ambiente de trabalho real, que fará os utentes obterem experiências de trabalho prático e conhecerem a sua própria potencialidade, preparando-se com dedicação para uma futura profissão. O serviço dirigido aos jovens que tenham desistido dos seus estudos e fiquem à espera de emprego, a prestar pela Escola Especial, proposta pela Equipa de Investigação, é semelhante aos projectos “Nova Força Motriz da Escola” e “Retorno ao Sistema Educacional Regular” subsidiados pela DSEJ e ao “Projecto de Aumento de Experimentação da Vida e do Trabalho” subsidiado pelo IAS. Isto reflecte que a comunidade tem determinada necessidade destes serviços e as autoridades podem continuar a intensificá-los ou reforçá-los. 7.5.3 Serviço de apoio às crianças e jovens de famílias em crise As mudanças estruturais verificadas nos sistemas sociais externos afectam facilmente a qualidade de vida da juventude e a cultura juvenil. Em Macau, as famílias vivem separadamente em regiões diferentes; a sociedade e a economia dependem demasiado do jogo; o regime escolar não pode executar completamente a sua função, o que provoca os abandonos escolares. A recessão económica conduz ao desemprego dos jovens. Tudo isto faz com que muitos jovens se encontrem num ambiente social assediado pela crise. Face a estes factores de crise, os jovens só podem receber a protecção da família e da escola, razão por que a colaboração destes dois sistemas é extremamente importante; se a sua ligação não puder ser estabelecida, os jovens terão que se apoiar apenas na família para resistir às mudanças sociais. Os dados da presente Investigação mostram que alguns jovens de Macau, especialmente os que vivem nas famílias destruídas, desarmoniosas, incompletas ou com dificuldades económicas, contam com o apoio familiar escasso. As causas disso residem principalmente na falta de educação adequada por parte dos encarregados de educação, o tempo de comunicação pai-filho próprio é pouco ou a qualidade da sua comunicação é má (quanto aos detalhes na 162 matéria vejam-se parágrafos 5.4.1 a 5.4.4). O fraco apoio da família conduz a falhas individuais de jovens, como por exemplo, faltam-lhes o sentido de brio e a auto-confiança, o que dá origem aos comportamentos desviantes e delinquentes por parte dos jovens. A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário deve ser incorporada na comunidade, rompendo com o modelo tradicional de serviço à família em Macau e adoptando o método de trabalho flexível e extensivo ao exterior para identificar as famílias com mais dificuldades e necessidades especiais, com vista à prestação de diversos serviços oportunos, no sentido de evitar o agravamento dos problemas que afectam o crescimento dos jovens destas famílias. Além disso, aos pais dos jovens delinquentes, a Equipa de Trabalho deve dar-lhes apoio activo, ajudando-os a aumentar conhecimentos e técnicas de aconselhamento, educação e comunicação com seus filhos. Actualmente, a Equipa de Serviço Extensivo ao Exterior, subsidiada pelo IAS, também presta serviços a famílias dos jovens com problemas, medida essa que é bem acolhida (Veja-se o parágrafo 6.2.3; Gabinete de Investigação Juvenil da Universidade da Cidade de Hong Kong, 2002d). A Equipa de Investigação acha que se pode continuar a reforçar este serviço. 7.5.4 Apoio à execução da medida de triagem A Equipa de Investigação propõe que a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário ajude as autoridades a promover medidas tendentes para identificar alguns jovens delinquentes do sistema judiciário. A seguir, vamos primeiro apresentar resumidamente as medidas de triagem propostas pela Equipa de Investigação ao Governo de Macau. Seguidamente, vamos propor qual é o papel a desempenhar pela Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. 7.6 Medidas de triagem Nos últimos anos, os regimes jurídicos dos países avançados têm vindo a tender para desenvolver-se seguindo os seguintes princípios: z Romper com a ilusão tradicional sobre o bem-estar; z Tratar de modo separado os assuntos sobre o bem-estar da juventude e os assuntos jurídicos de jovens; 163 z z z z Proteger os direitos e interesses da juventude; Ajustar a pena à criminalidade; Realçar a interrogação e a responsabilidade; Aplicar frequentemente a medida de triagem do sistema jurídicos de jovens; z Realçar o método de punição “com a comunidade como base” z Transferir frequentemente o trabalho de prevenção ou tratamento da criminalidade delinquente do governo para instituições não governamentais; z Aplicar o menos possível as medidas “restritivas” (Maxwell, 2003: 232-3). Como a delinquência juvenil está estreitamente relacionada com alguns factores sociais a que jovens não podem resistir, é inadequado punir os jovens delinquentes numa fase precoce. A prática de fazer com que os jovens compareçam no tribunal de menores prematuramente poderá trazer efeitos negativos. Actualmente, no estrangeiro sublinha-se a adopção da medida de triagem para tratar a delinquência juvenil, de modo a “extrair” os jovens delinquentes do sistema penal e judiciário (incluindo o tribunal), no sentido de presta-lhes o apoio comunitário. Por isso, a Equipa de Investigação propõe que o governo da RAEM pense nas seguintes medidas de triagem: z Admoestação Policial z Serviço de Apoio Comunitário z Reunião do Grupo Familiar 7.6.1 Admoestação Policial Como nos últimos anos o regime jurídico relativo à pena de menores no plano internacional realça a medida de triagem, ao tratar os jovens com infracções ligeiras, a polícia dos países e regiões avançados costuma aplicar-lhes a admoestação, não havendo acusação: z Em Hong Kong, a polícia de alta categoria pode aplicar a admoestação às crianças e jovens dos 7 aos 17 anos, em vez de os acusar. Em situação normal, a um delinquente só é aplicada a admoestação uma vez; só no caso de haver motivo a polícia de Hong Kong pode admoestar um delinquente duas ou mais vezes. Depois de 164 aplicada a admoestação, mesmo que o jovem se comporte muito mal, a polícia também não o pode acusar por ele ter cometido o mesmo crime (Lou Tit Weng , 1998). z Ao tratar os jovens delinquentes dos 10 aos 17 anos, a polícia da Inglaterra costuma a adverti-los in loco ou no posto policial. Aos recaídos ou aos delinquentes anteriormente admoestados, a polícia pode ainda aplicar-lhes a última admoestação conforme a gravidade dos seus casos (Dignan, 2003). z Ao tratar os jovens dos 10 aos 17 anos que tenham cometido pequena criminalidade, a polícia de Singapura costuma aplicar admoestação a eles e aos pais ou tutores e depois pô-los em liberdade, em lugar de intentar um processo contra eles (Choi, 2003). z A polícia da Nova Zelândia pode advertir in loco as crianças e jovens de 10 a 16 anos que cometam infracções na rua. Quando necessário, também pode transferi-los para o “Sector de Ajuda a Jovens”, onde lhes aplicam a admoestação oficial face aos seus pais (Maxwell,2003). z Ao tratar as crianças e jovens dos 12 aos 17 anos, que tenham cometido pela primeira vez crimes não violentos, a polícia de Canadá costuma também a aplicar-lhes a admoestação ou discutir com seus pais o método de tratamento (Bala, 2003). A tendência de evolução a este respeito no actual mundo é aceitar os jovens que tenham cometido infracções ligeiras, em lugar de intentar um processo contra eles, com a finalidade de lhes dar mais uma oportunidade de se corrigirem para começarem uma vida nova. A vantagem da admoestação policial reside em poder evitar o registo criminal devido ao facto de terem sido processados e, por isso, poder reduzir os efeitos da etiqueta. Este é o modelo de triagem que Macau pode adoptar. Os jovens que se sujeitam à admoestação policial são geralmente os que tenham cometido crimes pela primeira vez ou crimes ligeiros. Eles têm que reconhecer as infracções que cometerem e os pais têm que concordar com a sua sujeição à admoestação policial e a visita periódica de inspecção de agentes policiais. 165 7.6.2 Serviço de Apoio Comunitário Ao tratar os jovens que tenham cometidos pequenos crimes, além de lhes aplicar a admoestação, a polícia dos países e regiões acima mencionados também pode transferi-los para as entidades de serviço relacionadas onde recebem o serviço de aconselhamento e participam em actividades de treino. Estas actividades podem ser organizadas por subunidades da polícia, ou por serviços públicos ou instituições não governamentais, tendo por objectivo fazer com que eles assumam as responsabilidades pelos crimes praticados, aprendam a ter autodomínio e a capacidade de enfrentar a pressão vinda de amigos e que se arrependam e empreendam um caminho justo. Os encarregados de educação também podem participar na realização do plano, de modo a que possam aumentar conhecimentos e capacidade de cuidar e orientar os seus filhos e compreendam a extrema importância da vida familiar e da sua participação no crescimento e desenvolvimento dos seus filhos. Nos países avançados estão estabelecidos diversos projectos do Serviço de Apoio Comunitário, especialmente em Singapura e em Hong Kong, regiões onde predomina a sociedade de chineses. Estes projectos tem sido implementados com grande êxito. Por isso, Macau também pode introduzir este modelo de serviço como medida de triagem: z Em Hong Kong, a polícia pode transferir os jovens delinquentes que tenham sido admoestados para instituições não governamentais onde devem participar junto com encarregados de educação no “Projecto do Serviço de Apoio Comunitário”. O conteúdo deste projecto inclui o aconselhamento individual, treino técnico, apoio a actividades de grupo, serviço comunitário, participação em actividades do grupo de encarregados de educação, acampamento familiar e outras actividades desportivas e recreativas. Este projecto permite receber o aconselhamento de assistentes sociais qualificados, aprender como começar uma vida nova socialmente, e melhorar a sua relação familiar e inter-pessoal, reduzindo-se assim as oportunidades de recaída. Este projecto dura geralmente 6 a 9 meses e a participação é de carácter voluntário (Lo et al., 1997). z Na Inglaterra, os jovens delinquentes, depois de serem admoestados, são transferidos para as “Equipas de Ajuda a Jovens Infractores”, 166 instaladas pelos governos em diversas regiões. Os membros da Equipa incluem o chefe corrector, assistentes sociais, polícias e representantes de departamento educativo e de departamento médico. A sua principal missão é avaliar a situação dos jovens infractores e organizá-los na participação em projectos de reabilitação comunitária, visando prevenir a sua recaída e ajudá-los a corrigirem-se para começar uma vida nova. Exige que os jovens infractores e os encarregados de educação participem nestes projectos, no qual também se organizam o trabalho de aconselhamento e o de compensação (Dignan, 2003). z Em Singapura, além de aplicar a admoestação aos jovens infractores, a polícia também pode transferi-los para o centro de acção social, onde eles podem receber serviços de apoio. Além do mais, Se o Departamento de Assuntos Jurídicos estiver de acordo, a polícia também pode exigir que eles participem num “Projecto de Aconselhamento”. Neste processo, eles têm que receber a orientação e aconselhamento com a duração de seis meses. Se eles puderem cumprir com êxito o projecto, não vão ser inscritos no registo criminal nem ser acusados. Este projecto também serve os encarregados de educação destes jovens. z Na Nova Zelândia, além de aplicar a advertência aos jovens delinquentes, a polícia também pode transferi-los, depois das opiniões destes jovens, dos familiares e das vítimas, para as respectivas organizações comunitárias, de modo a que eles aí recebem o serviço de aconselhamento comunitário. Se considerar ainda insuficiente esta medida, pode informar o “Sector de Ajuda a Jovens” da Polícia e o chefe do Sector vai pensar na adopção de outras acções, tal como exigindo que os jovens interessados escrevam cartas para pedir desculpas à vítima ou façam trabalhos comunitários (Maxwell, 2003). z No Canadá, se for necessário um caso ser tratado com admoestação policial oficial, a polícia ou o Departamento de Assuntos Jurídicos vai transferi-lo para o Comité Jurisdicional de Jovens onde estes devem desenvolver “outro projecto” para o tratamento. O conteúdo principal deste projecto é que através da discussão do Comité com o 167 jovem delinquente, ambas as partes chegam a um acordo, em que o jovem delinquente tem que concordar em assumir a responsabilidade pela sua delinquência e realizar alguns trabalhos compensatórios, como o pedido oral ou por escrito de desculpas à vítima, a compensação dos danos, concessão de doações filantrópicas, a participação nos cursos educativos ou trabalhos obrigatórios. Se o acordo puder ser cumprido completamente, o caso vai ser concluído e o jovem delinquente não voltará a ser acusado. A vantagem do projecto reside em que o interessado, embora tenha que assumir a responsabilidade pela sua delinquência, não se envolve demasiado cedo com regime jurídico relativo à pena (Bala, 2003). 7.6.3 Reunião do Grupo Familiar Esta é também uma das medidas de triagem, que pode ser introduzida em Macau. Esta forma, que teve início na Nova Zelândia e na Austrália para tratar das delinquências juvenis e posteriormente foi seguida por países da América do Norte e da Europa, assim como Singapura, realça o funcionamento conforme o conceito da mobilização de diversos elementos para um objectivo comum, enfatizando a participação conjunta do jovem delinquente e seus familiares, vítima e as pessoas que lhes dão ajudas, assim como outros agentes interessados (tais como a polícia, correctores, professores, etc.), na elaboração e execução do projecto de tratamento e reabilitação, com o objectivo de, através dos esforços conjuntos de todos, remediar os prejuízos causados pelo delinquente à vítima e criar uma sociedade tolerante (Maxwell, 2003). Ao elaborar e executar o plano de reabilitação, a Reunião do Grupo Familiar ainda realça que o jovem delinquente sirva a vítima ou a comunidade, dando-lhe uma oportunidade de compensar e contribuir para a sociedade (Walgrave, 2003), aprender a ser um cumpridor da lei e elevar o sentido de responsabilidade e o conceito do auto-valorização. Passamos a apresentar a situação da aplicação do modelo de Reunião do Grupo Familiar em diversos países e regiões do mundo: z O núcleo do regime jurídico de jovens da Nova Zelândia é a “Reunião do Grupo Familiar”. A Polícia pode transferir jovens delinquentes para a Divisão de Serviço às Crianças, Jovens e Famílias. Ao coordenador jurisdicional de jovens, cabe presidir a Reunião do Grupo Familiar, onde se decide como cuidar deles ou 168 protegê-los segundo a situação da saúde, nível cultural e família da criança ou jovem delinquente. Entretanto, a Polícia também pode deter jovens delinquentes e transferi-los para o Tribunal de Menores. Excepcionalmente, os jovens só podem ser acusados no caso de homicídio mesmo que seja involuntário. Antes de decidir como tratar os jovens delinquentes, o Tribunal de Jovens também podem transferir os seus casos para a Reunião do Grupo Familiar. No entanto, ao tomar a decisão final, o Tribunal há de tomar em consideração as necessidades da vítima e do jovem delinquente, sendo adoptados cuidados a nível comunitário para tratar do delinquente (Maxwell, 2003). z O Tribunal de Menores da Inglaterra também pode promulgar a “ordem de transferência”, para transferir os jovens delinquentes que tenham sido julgados pela primeira vez e se tenham declarados culpados, para o Comité de Criminalidade, que ajuda os delinquentes transferidos e familiares em vez do tribunal e, quando necessário, convida a vítima para participar e discutir em conjunto as causas da criminalidade e as consequências trazidas a esta. O Comité ainda vai tentar chegar a um acordo com o jovem delinquente, para que este faça compensações à vítima ou à comunidade, e participe em actividades que visam corrigir os comportamentos desviantes. Se o jovem delinquente puder cumprir com sucesso o acordo, terminará a ordem. Caso contrário, o jovem será entregue ao tribunal para julgamento (Dignan, 2003). z Singapura também adoptou o modelo de “Reunião do Grupo Familiar” para ajudar os jovens que tenham cometido pequenos crimes. A chamada “Reunião do Grupo Familiar” é uma medida executada pelo Tribunal de Menores e os que participam nela incluem jovens delinquentes e familiares, vítima e familiares, professores ou patrões do jovem em causa, coordenador de processamento, corrector e outros agentes interessados. Os participantes vão discutir conjuntamente sobre as acções que o delinquente deve tomar para compensar a vítima e outras pessoas que tenham sofrido os efeitos. A “Reunião do Grupo Familiar” tem como função levar o tribunal de menores, o jovem delinquente e sua família a chegarem a um acordo, para que o jovem delinquente possa ter uma 169 oportunidade de assumir a responsabilidade pelos seus actos (Ang, 2002). z No Canadá, a “Reunião Judiciária de Jovens”, modelo semelhante à Reunião do Grupo Familiar, torna-se cada mais generalizada. Tradicionalmente, a maioria das escolas e comunidades do Canadá adopta a forma de reunião de tipo de conciliação para tratar da delinquência ligeira. Através desta forma reúnem-se jovem delinquente, a vítima e as pessoas interessadas, tais como familiares, amigos, assistentes sociais e professores, discutindo em conjunto sobre os prejuízos trazidos pelo delinquente à vítima e os métodos de compensação e prevenção, dos quais talvez se incluam o pedido de desculpas e/ou compensação à vítima, a promessa do interessado de não voltar a cometer infracções e a sua determinação de participar em actividades educativas, bem como a mobilização de familiares e amigos para apoiar o interessado a regenerar-se (Bala, 2003). Além dos exemplos acima mencionados, na Austrália (Chui et al., 2003) e nalguns países europeus, como na Áustria e na Bélgica (Walgrave, 2003), também está a ser posta em pratica a medida semelhante à Reunião do Grupo Familiar, o que mostra que esta já é uma tendência no plano internacional. No que respeita ao funcionamento concreto, a composição da Reunião do Grupo Familiar nestes países, o seu espírito e objectivo de trabalho são praticamente idênticos. A única diferença evidente reside em que na Nova Zelândia a transferência de jovens delinquentes para a Reunião do Grupo Familiar não há de ser feita pelo tribunal, mas também pode ser directamente efectuada pela polícia, o que reduz os efeitos negativos exercidos pelo processo judiciário sobre estes jovens. O funcionamento deste modelo é nitidamente diferente do de Singapura ou da Inglaterra: conforme os modelos de Singapura e da Inglaterra, os jovens delinquente hão de ser interrogados pelo Tribunal de Menores ou no Tribunal de Famílias e só são transferidos para a Reunião do Grupo Familiar, quando se considera necessária esta transferência através da avaliação. Nalgumas províncias canadianas, a polícia também pode designar um polícia qualificado a presidir este tipo de reunião, em lugar da entidade judiciária interessada. 170 Figura 7.2 Diagrama de circulação dos diversos serviços Problema social Problema familiar Apoio Jovens com necessidades especiais com problemas comportamentais Jovens delinquentes Apoio Pôr em liberdade Reunião do Grupo Familiar Polícia Ministério Público (coordenada pelo IAS) Admoestação policial Pôr em liberdade Serviço de Apoio Comunitário (coordenado pelo IAS) Desistência dos estudos Apoio Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário Complexo de Apoio à Família ‧Trablho extensivo ‧Actividades para o ao Exterior Apoio desenvolvimento da juventude ‧Escola Especial crianças e jovens de família em crise Apoio ‧Serviço de aconselhamento e apoio à juventude ‧Apoio à aplicação ‧Educação sobre a ‧Serviço de apoio às Tribunal de Menores da medida de trigem Pôr em liberdade Outras medidas educativas Apoio vida familiar e actividades pai-filho Apoio ‧Serviço de aconselhamento e apoio à família ‧Serviço de apoio à escola Apoio Apoio 171 É certo que a “Reunião do Grupo Familiar”, baseada nas experiências dos países acima mencionados, não existe actualmente em Macau, mas é outra opção para a triagem de jovens delinquentes, medida adoptada nalguns países avançados. Naturalmente, merecem a nossa consideração os seguintes problemas: Como elevar a eficácia do funcionamento desta medida em Macau, cuja cultura é diferente das daqueles países? Como garantir que a sua aplicação real seja justa? Como reduzir a prática de comportamentos desviantes por parte dos jovens que sejam indirectamente encorajados pela aplicação da medida de triagem? E como evitar que esta medida possa estender a rede penal? Por isso, a Equipa de Investigação propõe que em primeiro lugar se adopte, a título experimental, o modelo de “Reunião do Grupo Familiar”; só quando houver dados fidedignos que demonstrem a sua viabilidade, poderá ser generalizado amplamente. 7.6.4 Execução das medidas de triagem Papel do Instituto de Acção Social Embora o alvo de triagem seja jovens delinquentes, eles ainda não ingressam no sistema de serviço de correcção. Por isso, o Instituto de Acção Social deve desempenhar um papel importante, cuja missão incluirá o seguinte: z Coordenar o Serviço de Apoio Comunitário; z Coordenar a Reunião do Grupo Familiar; z Apresentar relatórios ao Ministério Público ou ao Tribunal de Menores, confirmando que os jovens delinquentes já tenham cumprido com êxito as tarefas de participação no Serviço de Apoio Comunitário e na Reunião do Grupo Familiar. Papel da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário Na proposta da Equipa de Investigação, a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário não só deve responsabilizar-se pela execução dos serviços acima mencionados, mas também deve apoiar as autoridades a aplicar a medida de triagem e outras medidas relacionadas, e a sua missão incluirá principalmente: 172 z Apoiar a executar o Serviço de Apoio Comunitário coordenado pelo Instituto de Acção Social; z Apoiar a executar a tarefa da Reunião do Grupo Familiar coordenada pelo Instituto de Acção Social; z Apoiar a aplicar as medidas educativas promulgadas pelo Tribunal de Menores em colaboração com o Departamento de Reinserção Social, quando for necessário. Papel da Polícia A papel da Polícia consistirá em fazer triagem, na medida do possível, dos jovens que tenham infringido leis pela primeira vez ou cometido crimes menores, a fim de aliviar a tarefa do Ministério Público. Segundo a proposta da Equipa de Investigação, a Polícia terá as seguintes opções pelo tratamento dos jovens delinquentes: z Pôr em liberdade jovens delinquentes; z Admoestar oficialmente jovens e depois pô-los em liberdade; z Admoestar oficialmente jovens e transferi-los para participar no Serviço de Apoio Comunitário, e neste caso, a participação dos jovens interessados será voluntária e não constituirá um factor determinante da apresentação do seu caso ao Ministério Público; z Não sujeitar jovens delinquentes à admoestação e transferi-los para o Ministério Público. Papel do Ministério Público No interior da China e nalguns países europeus, o Ministério Público desempenha um papel importante na protecção dos direitos e interesses dos jovens incapazes (Che Hon Mao, 2001; Walgrave, 2003). Nos termos do artigo 14.º do Estatuto do Ministério Público (Decreto-Lei n.º 55/92/M), o Ministério Público deve representar os direitos e interesses dos menores, além de exercer a acção penal. Por isso, as funções dos delegados do Procurador não consistem apenas em prevenir a criminalidade, mas também em assegurar que os jovens sejam protegidos pela Constituição (Tang Yok Wa, 1998). Na proposta da Equipa de Investigação, os delegados do procurador podem ter as seguintes opções pelo tratamento dos jovens delinquentes como medidas de triagem antes 173 do tratamento do tribunal: z Pôr em liberdade jovens delinquentes; z Transferir jovens delinquentes para o Tribunal de Menores; z Transferir jovens delinquentes para a comunidade onde participam no Serviço de Apoio Comunitário, em lugar de serem submetidos a julgamento; z Transferir os jovens delinquentes para a Reunião do Grupo Familiar, em vez de serem submetidos a julgamento; z Se um jovem delinquente não tiver cumprido o Serviço de Apoio Comunitário ou a tarefa da Reunião do Grupo Familiar, será transferido para o Tribunal de Menores. Papel do Tribunal de Menores Nos termos do Decreto-Lei sobre a jurisdição de menores (Decreto-Lei n.º 65/99/M), as providências educativas que o Tribunal de Menores pode aplicar incluem a admoestação, o acompanhamento educativo, semi-internamento, internamento e imposição de condutas ou deveres (Penny Chan, 2001:372). Especialmente a última medida dá ao tribunal alguma flexibilidade, quer dizer, ele poderá impor aos jovens como contravenção ou infracção a cumprirem alguns deveres relativos aos serviços de apoio comunitário propostos pela Equipa de Investigação ou tarefas propostas pela Reunião do Grupo Familiar. No processo da sua prática, o Tribunal poderá recorrer aos métodos seleccionados nas seguintes propostas para tratar dos jovens delinquentes: z Pôr em liberdade jovens delinquentes; z Transferir jovens delinquentes para participarem em serviços de apoio comunitário, em vez de aplicar outras medidas educativas; z Transferir jovens delinquentes para a Reunião do Grupo Familiar, em vez de aplicar outras medidas educativas; z Aplicar outras medidas educativas a jovens delinquentes; z Aplicar outras medidas educativas a jovens delinquentes, se eles não tiverem cumprido os serviços de apoio comunitário ou tarefas propostas pela Reunião do Grupo Familiar. 174 7.7 Outras Propostas 7.7.1 Estratégia de promoção do serviço de apoio complexo O Complexo de Apoio à Família e a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário atrás referidos adoptam o modo de serviço de apoio diversificado, cujas vantagens são como se seguem: z Evitar a fragmentação e dispersão do serviço, que poderá ignorar alguns alvos; z Concentrar os recursos humanos e materiais para facilitar a distribuição flexível de pessoal para tratar das necessidades dos jovens na comunidade; z Poder desenvolver os bancos de dados em conjunto com os trabalhadores da mesma área, partilhando com estes a utilização dos mesmos dados; z Uma equipa de prestadores de serviço complexo terá maior facilidade para encontrar recursos necessários à contratação dos chefes inspectores com experiência e qualificação profissional; z Poder instalar uma rede de jovens e famílias relativamente grande na comunidade, facilitando a prestação dos serviços com eficácia de aconselhamento e apoio. Quanto à estrutura administrativa, o modelo ideal do serviço complexo é: z Numa zona específica, só haverá uma instituição particular ou serviço público responsável pela promoção do Complexo de Apoio à Família ou da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. z Tanto o Complexo de Apoio à Família como a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário devem ter um chefe inspector que se responsabilize pela inspecção de todos os serviços prestados. Naturalmente, o trabalho do chefe inspector poderá ser ajudado por outros chefes de sub-equipas de trabalho. z Tendo em conta a prestação de apoio profissinal e o trabalho administrativo, o Complexo de Apoio à Família e a Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário não têm a necessidade de ser instalados no mesmo edifício. 175 Tendo em conta a situação do funcionamento do serviço juvenil de Macau, actualmente subsidiado pelo governo, a Equipa de Investigação considera que, como parte dos serviços a prestar pela futura Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário também está a ser prestada pela actual Equipa de Serviço Extensivo ao Exterior, esta última não tem muitas dificuldades na adaptação do seu trabalho profissional e administrativo no processo da sua transformação. Quanto ao Complexo de Apoio à Família, a Equipa de Investigação propõe que o Instituto de Acção Social apoie, de acordo com a necessidade de serviço da região, as instituições com qualificação profissional e o devido nível de serviço a transformarem-se gradualmente em Complexos de Apoio à Família. Se for necessário subsidiar novos serviços, estes subsídios podem ser concedidos através de outros modelos de concessão, como por exemplo, o concurso. Em virtude de que o problema juvenil de Macau é ainda considerado regional e muitos problemas juvenis e familiares ocorrem na zona norte, a Equipa de Investigação propõe que o governo da RAEM invista mais recursos na zona com maior necessidade, sendo inadequada a sua distribuição igual pelas cinco zonas da região: norte, central, sul e as ilhas da Taipa e de Coloane. Por isso, além da população total de cada zona, as autoridades ainda devem ter em conta o número dos jovens, densidade populacional, taxa de criminalidade e características comunitárias, ao conceber e instalar os serviços para estes. Além disso, a Equipa de Investigação defende o planeamento em função da “procura do serviço” e propõe às autoridades que sejam adoptados os seguintes dois grupos de indicadores de serviço para o Complexo de Apoio à Família e da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. Estes dois indicadores foram estabelecidos respectivamente pela DSEJ e pelo IAS: Indicadores definidos pela DSEJ para os assistentes sociais escolares: z Cada assistente social ou orientador deve tratar pelo menos 45 casos por ano, dos quais pelo menos 10 devem ser tratados com êxito no fim do ano; z No aspecto de organização de actividades, anualmente devem 176 organizar pelo menos 40 aconselhamento ou apoio; actividades relacionadas com o z No aspecto de consulta e atendimento, deve-se tratar pelo menos 250 pessoas/vezes. Indicadores definidos pelo IAS para a Equipa de Serviço Extensivo ao Exterior z Cada assistente social deve tratar pelo menos 50 casos por ano, dos quais pelo menos 10 devem ser tratados com êxito; z No aspecto de organização de actividades, devem organizar 8 actividades. O subsídio concedido pelo governo da RAEM consoante estes indicadores de serviço pode ser aumentado ou diminuído de acordo com a necessidade de cada zona sobre o serviço. A verba do subsídio pode ser atribuída de uma vez, incluindo o vencimento do pessoal e os fundos de actividade. Como os serviços a prestarem pelo Complexo de Apoio à Família e pela Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário serão muito diversificados, será necessário um chefe inspector com ricas experiências e qualificação profissional que os dirija, razão por que a Equipa de Investigação também que as autoridades subsidiem este posto. A proporção do chefe inspector com os trabalhadores profissionais na linha da frente deve ser de 1:10. A Equipa de Investigação não recomenda que no seio do Complexo de Apoio à Família ou da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário não sejam recrutados trabalhadores não profissionais. Todos os trabalhadores da linha da frente devem ser assistentes sociais ou técnicos de aconselhamento com qualificação profissional. 7.7.2 Formação complementar Para corresponder ao desenvolvimento dos supracitados novos serviços ou medidas, a Equipa de Investigação propõe que as autoridades organizem para o pessoal interessado cursos de formação adequada e sistemática, cujo conteúdo deve incluir: z Conhecimentos e técnicas para o apoio e aconselhamento dos jovens 177 z z z z z com necessidades especiais ou que se encontrem em crise; Conteúdo do serviço de apoio à escola e técnicas da sua promoção; Conhecimentos e técnicas para o apoio e aconselhamento de famílias, especialmente das famílias que se encontrem em crise; Conhecimentos básicos e técnicas para a preparação, presidência e acompanhamento; Conhecimentos e técnicas para o tratamento dos casos e o aconselhamento em grupo; Conhecimentos e técnicas para a admoestação policial e a utilização de recursos sociais. O trabalho de formação poderá ser realizado através de peritos contratados, através do intercâmbio com entidades de serviço respectivas de Hong Kong, ou através do estágio em entidades relacionadas. 7.7.3 Avaliação Os serviços de muitas instituições de Macau são eficazes, mas falta-lhes avaliação com um sistema completo, razão por que não se vêem em concreto os aspectos que estão por melhorar. O serviço juvenil futuro de Macau deve avançar rumo à sistematização, os recursos sociais em grandes quantidades devem ser regulamentados e controlados de modo macroscópico e através da coordenação central, e o processo do serviço também deve ser estudado e reformado com uma metodologia mais científica. Por isso, a Equipa de Investigação propõe que os resultados do trabalho futuro do supracitado Complexo de Apoio à Família e da Equipa de Trabalho Juvenil Comunitária, assim como as eficácias futuras da Admoestação Policial, do Serviço de Apoio Comunitário e da Reunião do Grupo Familiar, sejam investigados e avaliados periódica e detalhadamente, de modo a que, por uma parte, se confirmem os êxitos obtidos no contexto da cultura própria de Macau e, por outra parte, se encontrem dificuldades existentes e, com base nisto, se adoptem novas medidas para melhorar a sua qualidade e eficácia. 178 7.7.4 Coordenação dos serviços nas respectivas zonas Em virtude de que os dados da Investigação mostram que o serviço juvenil tem falta de coordenação (veja-se o parágrafo 6.5), a Equipa de Investigação considera que para coordenar eficazmente as actividades juvenis desenvolvidas por serviços públicos ou instituições particulares nas diversas comunidades, as autoridades interessadas devem realizar periodicamente nas respectivas comunidades as “reuniões de coordenação comunitária”, convidando as entidades de serviço juvenil na mesma comunidade para assistirem. O trabalho da reunião de coordenação comunitária poderá incluir: z Avaliar as necessidades dos jovens e as suas famílias na comunidade e os problemas que enfrentam; z Trocar informações sobre os projectos de actividades anuais e pontos principais de serviço das diversas entidades; z Definir a estratégia de coordenação para evitar a sobreposição de serviços e encontrar os grupos sociais que sejam ignorados; z Estabelecer a base e o mecanismo para a cooperação comum, se for necessário; z Apoiar as entidades na comunidade a criar uma rede de ligação estreita, facilitando a comunicação e intercâmbio quotidianos; z Informar as autoridades competentes das dificuldades encontradas na promoção dos serviços comunitários. Se os trabalhos acima referidos conseguirem ser realizados com sucesso, os preciosos recursos sociais serão aproveitados mais eficazmente e o serviço juvenil comunitário obterá melhores resultados. 7.7.5 Instalação de novos lares do tipo casa para ajudar jovens delinquentes Os dados da Investigação mostram que há grande procura de lares para o alojamento temporário de jovens delinquentes, especialmente de residências temporárias instaladas para a reinserção deste grupo de jovens na comunidade. O IAS deve acelerar o passo de procura de lugares e instituições adequados, de modo a construir o mais cedo possível novos lares de jovens de dimensão pequena ou de tipo casa para cuidar dos jovens que tenham necessidades especiais devido à função incompleta das suas famílias ou dos jovens delinquentes, permitindo-lhes crescerem 179 num ambiente protector e cheio de carinho e apoio sentimental. 7.7.6 Coordenação administrativa dos serviços públicos interessados Na implementação das medidas de triagem, os serviços públicos relacionados talvez devam fazer alguns trabalhos de coordenação administrativa. Por exemplo, o IAS necessita talvez de aumentar o pessoal além do quadro ou ampliar funções de algumas subunidades para tratar dos assuntos relacionados e realizar melhor articulação e colaboração com a Polícia, Ministério Público, Tribunal de Menores e Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário. Além do mais, a Polícia também necessita de seleccionar alguns polícias para que sejam exclusivamente responsáveis pelo tratamento dos assuntos relativos aos jovens delinquentes ou de criar um grupo de ajuda à juventude (também pode reforçar ou reestruturar o actual Sector de Atenção à Juventude) que seja exclusivamente responsável pelo trabalho de admoestação policial e transferência relacionada. A prática das polícias serem exclusivamente responsáveis pela ajuda aos jovens é muito popular na Austrália, Nova Zelândia, Canadá e outros países avançados do mundo. A Polícia de Macau também pode seguir o modelo destas regiões para prestar, na comunidade, ajuda aos jovens que tenham enveredado pelo caminho errado. 7.7.7 Revisão do processo judiciário Quanto às medidas acima referidas, as autoridades interessadas devem estudar e analisar a sua viabilidade e os detalhes de funcionamento e devem ainda rever a legislação relacionada em vigor, se for necessário, para desenvolver o sistema jurídico juvenil, adequado à política, cultura e sociedade de Macau, definir o objectivo e norma judiciários; também poderão criar um grupo de trabalho para planificar e elaborar textos jurídicos relacionados com o serviço juvenil para que sejam aplicados no futuro. 180 7.8 Conclusão Baseando-se no resultado do inquérito por questionário e nos dados obtidos do Fórum do Serviço Juvenil, do grupo de foco e de várias visitas, a Equipa de Investigação tem apresentado três modelos de serviço principais: (1)Complexo de Apoio à Família; (2) Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário, e (3) Triagem de Jovens Delinquentes do Sistema Criminal e Judiciário. No trabalho de prevenção da criminalidade juvenil, o Complexo de Apoio à Família desempenhará um papel importante: Assumirá a responsabilidade dos diversos sistemas sociais, tomando como centro a família e unindo recursos comunitários, de modo a fazer com que a comunidade reconheça o seu papel de apoio ao crescimento juvenil e confirme a participação em diferentes sistemas. Com base nisso, através do contacto profissional e avaliação dos problemas existentes, prestará serviços a jovens e às respectivas famílias, criando assim uma rede protectora, cuja função é de prevenção vocacionada aos utentes do serviço, aumentando a sua força de resistência à contrariedade, ajudando a comunidade a promover a educação global e definindo o modelo e direcção do desenvolvimento juvenil. A Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário será de facto uma equipa de trabalho profissional especialmente para os jovens marginalizados. Mas, para evitar a produção de efeitos negativos sobre eles, a Equipa de Investigação abandonou finalmente os nomes de “Equipa de Trabalho para os Jovens Marginalizados”, “Equipa de Trabalho para os Jovens em Crise”, “Equipa de Trabalho para os Jovens Delinquentes” e “Equipa de Trabalho para os Jovens Especialmente Necessitados” e optou pelo nome actual mais neutro. Quando à medida de triagem, será este um tipo de serviço completamente novo para Macau? Mas, na verdade já é bastante comum no estrangeiro, merecendo uma adopção experimental em Macau. Quanto ao Complexo de Apoio a Famílias, a Equipa de Investigação considera que o modelo individual de serviço juvenil não é prático, porque este modelo define o problema juvenil como problema individual, ignorando os factores ambientais que os rodeiam. A Equipa de Investigação julga que as dificuldades enfrentadas pelos jovens têm origem na família, escolas, nos tempos livres e mudanças no sistema social, razão por nas suas propostas considera que o Complexo de Apoio à Família não só deve reforçar a educação vocacionada para o 181 desenvolvimento individual dos jovens, mas também deve ter a família como elo para fazer a ligação com todos os sistemas sociais exteriores, de modo a que se mobilizem todos sectores de actividade, sobretudo as escolas e as comunidades a participarem em acções de aconselhamento, apoio e educação necessária. Quanto à Equipa de Trabalho Juvenil Comunitário, tem sido proposta conforme a teoria sobre a mobilização das forças de diversos sistemas sociais para apoiar os jovens que vivem num ambiente desfavorável a resolverem os problemas relativos à desistência dos estudos, desemprego, vadiagem, delinquência e relação familiar desarmoniosa. Claramente, a Equipa de Trabalho deve aperceber-se de que parece muito remoto atingir este objectivo, pois será difícil mudar os conceitos de diversas forças sociais, tais como a escola, o patrão e o bar de Internet. Apesar disso, os trabalhadores da Equipa da linha da frente devem fazer todo o possível elevar capacidades dos jovens leva-los a ter interesse pelos estudos, emprego, aproveitamento razoável de tempos livres, respeito e observação da lei, comunicação com os familiares e resistência para enfrentar revezes, de modo a que possam enfrentar os diversos desafios a surgirem no futuro. Finalmente, a Equipa de Investigação apresentou uma proposta sobre a adopção de três medidas tendentes para a triagem dos jovens delinquentes, proposta que aliviará grandemente a pressão causada pelo aumento do número de delinquentes apresentados ao Tribunal de Menores, Departamento de Reinserção Social e Instituto de Menores, permitirá indirectamente os profissionais da área jurídica, correcional e de reabilitação canalizarem de maneira mais adequada os recursos limitados na ajuda especial aos jovens que tenham ingressado no sistema judiciário de menores, obtendo assim melhores resultados do serviço. Ao longo dos anos, sob a política do governo colonialista, o serviço juvenil de Macau desenvolveu-se lentamente, ficando atrás do desenvolvimento da sociedade internacional. Embora houvesse numerosas instituições particulares e associações de jovens, cada uma actuava autonomamente e à revelia. Por isso, os serviços prestados eram dispersos, faltando-lhes planificação cuidadosa e avaliação científica. Como os fundos da maioria das instituições particulares para o uso no 182 serviço juvenil não eram atribuídos pelo governo e faltava o regime completo de licenciamento e inspecção, os organismos interessados do governo tinham dificuldades na sua inspecção. Pouco tempo depois do regresso de Macau ao seio da Pátria em 1999, o governo da RAEM decidiu efectuar o presente estudo sobre o projecto de desenvolvimento ulterior do serviço juvenil, o que mostra que o novo governo de Macau atende muito ao desenvolvimento do serviço juvenil na Região. Acreditamos de que sob a direcção de um grupo de funcionários perspicazes, competentes e com o sentido de responsabilidade pela missão e com o apoio de um grande contingente de elites sociais entusiásticos e trabalhadores da linha da frente, jovens, aplicados e cheios de vitalidade, um novo tipo de serviço juvenil mais especializado que toma como base a família e a comunidade, desenvolver-se-á vigorosamente em Macau. Desejamos que o projecto descrito pelo presente Relatório possa definir a direcção clara e orientação nítida para a nova etapa de desenvolvimento do serviço juvenil de Macau. 183 Bibliografia Ang, B.L. (2002) “Developing a relevant approach towards the rehabilitation of juvenile delinquents: the Singapore context”. Paper presented at the Seminar on Urban Youth Work II, Singapore, 19-21 March 2002. Bala, N. (2003) “Dealing with child and adolescent offenders outside of youth court: the Canadian experience”. In T. W. Lo & S.W. Wong (Eds.) 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(Os nomes enumerados não têm a diferença ordenada.) Assembleia Legislativa da RAEM Instituto de Acção Social do Governo da RAEM Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça do Governo da RAEM Direcção dos Serviços de Educação e Juventude do Governo da RAEM Conselho da Juventude do Governo da RAEM Estabelecimento Prisional de Macau Ha Wan Baptist Church Social Service Centre Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional Escola Nossa Senhora de Fátima Centro de Juventude “Catarina Moore” da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora Escola Fong Chong da Taipa Escola Tong Sin Tong Colégio Mateus Ricci Fonte da Esperança Escola São João de Brito Centro Residencial “Arco-Iris” da Caritas Escola Tong Nam (Escola Secundária) Associação Vida Positiva Shun Tak-China Travel Shipping Investments Limited Casa “ECF Fellowship Orphanage Inc.” Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes Escola Secundária Pui Ching Escola Secundária Pui Va Escola Pui Tou (Sucursal) Centro Pastoral Diocesano para a Juventude Lar de Jovens de Mong-Há Instituto “Helen Liang” Colégio Perpétuo Socorro Chan Sui Ki Centro Pastoral da Areia Preta 190 Instituto Salesiano da Imaculada Colégio Yuet Wah (Secção Chinesa) Colégio Yuet Wah (Secção Inglesa) Sheng Kung Hui Escola Choi Kou (Macau) Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui de Macau Colégio do Sagrado Coração de Jesus (Secção Inglesa) Escola do Santíssimo Rosário Escola São Paulo Escola Kwong Tai Escola Secundária Sam Yuk de Macau Universidade de Macau Instituto Politécnico de Macau Centro Comunitário Tamagnini Barbosa da Associação Geral dos Operários de Macau Centro de Actividades Complexão da Associação Geral dos Operários de Macau em Taipa Movimento Católico de Apoio à Família Associação de Segurança Social de Macau Centro Comunitário de Juventude da Associação dos Jovens Cristãos de Macau Lazarus Youth Centre do Centro de Desenvolvimento da Missão Urbano-Cristã em Macau União Geral as Associações dos Moradores de Macau (UGAM) Centro de Juventude da UGAM Centro de Apoio a Famílias da UGAM Centro Comunitário de Mong-Há da UGAM Jardins Dom Versiglia de Salesianos de Dom Bosco Escola Ling Nam Escola Keang Peng (Escola Secundária) 191