Edição 46 - Entre Irmãos
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Edição 46 - Entre Irmãos
E “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”. Mahatma Ghandi nfim, 2010 se prepara para dar adeus e virar história, levando na bagagem conquistas e realizações, vitórias e derrotas, sorrisos e lágrimas. Um ano atípico em diversos segmentos. Citando, apenas, alguns, conquistamos o direito de realizar a Copa de 2014, no entanto, na Copa da África, tivemos de engolir, garganta abaixo, a teimosia “dunguista”, acompanhada por uma “laranjada holandesa azeda”, além de assistir à seleção “menos mal” - da Espanha, pela primeira vez, levantar a taça. Na política, graças ao populismo lulista, não foi muito diferente, foi eleita a primeira mulher Presidente do Brasil. Também, devido ao poderio da mídia (Globo), reservaram uma “Escolha de Sophia” ao eleitor, induzindo-o a ter que oPTar por uma ou, em outro candidato. Muito longe de isso ser uma escolha, esse pleito ficou marcado pelo lamentável “slogan” da campanha do palhaço Tiririca, igualando o eleitor, com todo respeito ao trabalhador circense, em mais um de sua profissão: “Vote no Tiririca, pior do que tá não fica!”. Nosso Presidente corroborou, defendeu-o, pronunciando: “O Tiririca é a cara da sociedade!”. Os inconscientes 1.350.000 de votos para o candidato Tiririca, no primeiro turno, que, de carona, elegeu mais 4 deputados, é uma desastrosa demonstração de descomprometimento do eleitor com o país. Da mesma forma, mais da metade dos votos da presidente eleita, cerca de 30 milhões de eleitores preferiram não votar no segundo turno, mais um recorde extremamente negativo. O lado positivo dessas eleições foi a Lei Complementar 135/2010 – “Ficha Limpa” - que, embora, tenha dividido a opinião do STF, demonstrou a insatisfação da população com o quadro político atual, diga-se de passagem, embora tardia, ainda assim, um bom começo. Cabe-nos parabenizar ao TSE por apresentar, a cada pleito, uma novidade, as urnas biométricas, um sistema de urnas eletrônicas invejável, fazendo com que 150 observadores internacionais acompanhassem nossas eleições. Vários países da América Latina já importaram a tecnologia brasileira. Acrescenta-se ao TSE o mérito de mais uma vitória: o recorde mundial de agilidade na apuração de votos em uma eleição. Portanto, cabe mesmo a cada um fazer sua retrospectiva, não, apenas, do ano de 2010, mas de sua postura com relação à vida. Revendo sua postura e se está contribuindo para melhorar o país, o estado, a cidade. Como está se portando como profissional, pai, marido, filho, vizinho. O Brasil de hoje é reflexo de nossa postura de ontem. Toda e qualquer mudança tem que acontecer agora, dentro de nós, em nossas casas, em nossas empresas, em nossas Lojas Maçônicas, para que os frutos possam ser colhidos amanhã. O mês de dezembro é regado a comemorações e abraços fraternais, pois o espírito natalino invade nossos lares trazendo a esperança de dias melhores! Quisera que o Natal fosse interpretado em sua essência, como o nascimento do Cristo em nós, em seus ensinamentos e exemplos deixados. O pão e o vinho têm simbolismo eucarístico e significado muito mais profundo do que o desperdício das fartas mesas e as bebedeiras de final de ano. a O nascimento do Cristo, que jamais foi em dezembro, conforme já pudemos abordar em matéria de nossa autoria, publicada na edição nº 11, sob o título “Natal, Nascimento de Cristo, em Nós!”, foi uma jogada da Igreja Católica Apostólica Romana, a fim de atender seus interesses, aproveitando-se de uma comemoração popular ligada ao Mitraísmo. Hoje, essa data tem servido mais para aquecer o comércio de presentes, sendo o pretenso “aniversariante”, cada vez mais, esquecido, principalmente, em sua doutrina. Estamos às portas da Era de Aquarius, e, dentre os valores desse novo ciclo, não se encaixam os comportamentos do ciclo derradeiro. O mundo iniciará uma nova etapa, mas lamentamos dizer que não se constrói nada em cima de ruínas. Muito provavelmente, a Lei de Evolução cobrará à humanidade o Carma pendente, acumulado por anos e anos de egoísmo, ambição, materialismo, descasos e desmandos. Reflitamos sobre o tema: “Omissão”, e observem o palco de guerra que se tornou a bela cidade, que um dia, ficou conhecida como “Maravilhosa”, portão de entrada do Brasil. Recomendamos adotarem, como Palavra de Passe para o ano vindouro, a “Reeducação”, em todos os aspectos. Já que o final de ano nos induz à reflexão, aproveitemos para nos reeducarmos, esquecendo a individualidade e atentando para a coletividade. Com relação a isso, socorremo-nos as palavras do poeta Jobim, na versão brasileira da música americana com o título “Wave”: “(...) é impossível ser feliz sozinho!”. Falando em música, som e reeducação, propositalmente, o temário desta edição é “O Poder da Palavra”, com isso, a coluna Trabalhos e a Matéria da Capa, reservam três matérias sobre a importância da palavra, do verbo, da vibração. A coluna Destaques, também, corrobora com o tema, apresentando a matéria “Números, Cores e Sons”, do insigne Professor Henrique José de Souza. A coluna Os Grandes Iniciados presenteia a todos com a matéria “Melki-Tsedek ou Preste João”, enquanto a coluna ParaMaçônicas, não fazendo diferente, publica uma matéria sobre a “Ordem Internacional das Meninas Arco-Íris”. O ano de 2010 ficou marcado para a Revista Arte Real pela crescente adesão de leitores, levando-nos, orgulhosamente, à marca de mais de 16.200, sucesso que deve ser atribuído à seriedade e ao comprometimento com a cultura maçônica. Em 2011, a título de incentivar, ainda mais, os movimentos culturais, estaremos criando a coluna “Academias Maçônicas”, a fim de elucidar a todos quanto a importância dessas “Casas”, dedicada à exaltação cultural do povo maçônico. Que o Brasil com sua nova presidenta, que os brasileiros com melhor consciência de cidadania e que os maçons com mais comprometimento com os destinos de nosso país, baseados na Palavra de Passe “Reeducação”, possam sair do individualismo e do ostracismo e empunhar com orgulho, galhardia e denodo, a bandeira áurea e verde em defesa de dias melhores para todos! Que 2011 seja bem-vindo. Nós acreditamos no Brasil! ? b Capa – O Poder da Palavra.........................................................Capa Editorial.....................................................................................2 Editorial.....................................................................................2 Matéria da Capa A Mística dos Sons........................................................................3 Sons........................................................................3 Informe Cultural – O Sul de Minas em Destaque..............4 Destaques – Números, Cores e Sons....................................... .5 Sons........................................5 Os Grandes Iluminados – Melki-Tsedek ou Preste João...6 Ordens Paramaçônicas - A Ordem Internacional do Arco-Íris. Arco-Íris.7 O s Trabalhos A Palavra Abracadabra..............................................................9 Abracadabra..............................................................9 A Lei Iniciática do Silêncio...................................................... .....11 Reflexões O Poder da Língua...................................................................12 Uma Virtude Rara Esquecida.................................................13 Lançamentos - Livros (Reinaldo Pinto / Paulo Simon)........14 Ficha Técnica.............................................................................14 Técnica.............................................................................14 A Mística dos Sons sons, sempre, foram tomados em consideração pelos místicos de todos os tempos, por se tratarem de manifestações vibratórias que envolvem princípios altamente efetivos para determinadas práticas. Nas línguas antigas, as palavras, além de um sentido comum, tinham, também, um esotérico, isto é, um sentido oculto. Não eram uma aglomeração casual de sons. Diz a ciência que nos primeiros agrupamentos da raça humana, os homens primitivos pronunciavam sons, que atribuídos a determinados objetos, nascendo, assim, uma forma de linguagem falada. Com o passar dos séculos e com a evolução biológica, os seres humanos tornaramse muito mais inteligentes e, então, desenvolveram uma forma de linguagem mais complexa, não mais um simples aglomerado de sons, formando-se, então, as palavras. Numa segunda etapa, descobriram que elas podiam envolver poderes. Tomemos um exemplo para ilustrar o que está sendo afirmado. Por exemplo: para dar nome à “guerra”, usaram um aglomerado qualquer de sons. Posteriormente, nas civilizações mais evoluídas, a palavra “guerra” passou a ser outra, que já não era, apenas, um simples grupo de sons quaisquer, mas sons especiais, que, ao serem, devidamente, emitidos, produziam vibrações capazes de irritar as pessoas e incitá-las à luta. Por outro lado, para a palavra “amor”, havia outro grupo de sons capaz de induzir vibrações de dedicação e carinho, originando um estado psicológico adequado ao José Laércio do Egito amor. Assim, grande número de palavras tinha, também, um sentido esotérico, além de dar nome às coisas. Agora vale fazer alguns comentários a respeito do alfabeto hebraico, que, assim como o sânscrito, é tido como sagrado. Nele há sons que, ao se unirem, formando palavras, podem provocar estados físicos e psíquicos especiais. Já existiram outros alfabetos, que, também, tinham essa propriedade – “o Vaitã, o Malachin, e vários outros, totalmente, caídos no esquecimento. O único que perdurou em uso, até o presente, foi, exatamente, o hebraico, contudo, através dos anos, sofreu diversas transformações, que, em parte, alteraram o seu significado esotérico”. A perda do conhecimento esotérico dos alfabetos vem fazendo, atualmente, as palavras de todas as línguas voltarem a ser como no início, apenas, um aglomerado de sons para dar nome às coisas. Resta, apenas, o conhecimento esotérico sobre aqueles alfabetos guardados pelas Escolas Iniciáticas, Escolas de Mistérios, restrito a uma minoria. O próprio nome de Deus, para os hebreus, era uma palavra sagrada, composta pelas letras Iod, He, Vau e He, que, jamais, deveriam ser pronunciadas, a não ser pelo Sumo Sacerdote, no Templo, uma vez por ano. As letras, as palavras, têm poderes, porém não é, somente, o “som” da letra que traz o poder, mas, também, a maneira como é pronunciada, considerando-se sua duração, intensidade, timbre e altura. Por encerrar poder, resulta a recomendação evangélica de “não usar o nome de Deus…” Posteriormente, foi acrescido das palavras “em vão”. A energia vibratória gerada pelas palavras não tem a mesma intensidade. Existem palavras de maior e menor poder vibracional, assim como, palavras de excepcionais poderes, sendo uma delas, em especial, a denominada de “A Palavra Sagrada”. Trata-se de uma palavra capaz de realizar coisas magníficas, tanto quanto fenomenais, dotada de imensa capacidade de criação. Mas, por ser de uso, extremamente, restrito dos verdadeiros Iniciados, tornou-se desconhecida para muitos, passando a ser denominada de a “Palavra Perdida”. A “Palavra Perdida” tem sido objeto de estudo em muitas Escolas de Mistérios, mas o mistério não residiria em, apenas, encontrá-la, além disso, careceria de descobrir sua exata pronúncia. “No Príncipio Era o Verbo...”. A própria criação se originou da “Palavra”. Isso significa que ela foi a consequência de uma emissão vibratória do Princípio Incriado. Não é correto pensar que Deus construiu o mundo com as mãos ou com o emprego de quaisquer instrumentos. Não, simplesmente, Ele fez vibrar a Sua Essência, o princípio básico passivo, e tudo começou a existir, pois tudo é vibração e som. Outro ponto, que merece ser mencionado, diz respeito ao nome individual. Na China antiga, as pessoas se utilizavam de um nome habitual e outro secreto. Na Índia, a cerimônia de denominação, o Nakarama, que ocorre no 10º ou 12º dia de vida, a criança recebe dois nomes. O verdadeiro nome é secreto; assim, a sua identidade esotérica permanece oculta, sendo protegida a A dos ataques de magos negros, segundo eles. Nos Contos árabes “As Mil e Uma Noites”, Ali Babá abria a gruta dos ladrões com as palavras; “Abre-te Sésamo”. Não estamos afirmando que aquele conto retrate algo que, realmente, tenha acontecido, mas, sim, fazendo ver que aquela estória, em muitos pontos, se baseia em conhecimentos adquiridos em outras épocas. Evidentemente, com o poder dos sons, é possível se abrir algo (Portais para outras dimensões), ou melhor, produzir efeitos materiais, somente, com os sons das palavras. Os cultores da Cabala têm muito cuidado com seus nomes próprios e dizem, mesmo, que uma pequena modificação no nome de uma pessoa pode modificar, completamente, sua vida. A própria Igreja Católica, até bem pouco tempo, não via com “bons olhos” o uso no batismo de nomes formados aleatoriamente, dando preferência àqueles já consagrados pelo uso. Para alguns sacerdotes, isso se devia, apenas, a uma merecida preferência pelo nome tradicional para se homenagear um determinado “santo”, mas, na realidade, a razão é bem outra. Isso data da época em que os cristãos, ainda, não haviam esquecido e abandonado o lado esotérico do Cristianismo. Muitos Livros Sagrados trazem citações sobre o efeito dons sons. Na Bíblia, está descrito o episódio em que Josué fez ruir as muralhas de Jericó com o toque de trombetas. ? b O Sul de Minas em Destaque Francisco Feitosa Maçonaria Sul Mineira, nos últimos anos, vem se destacando pela pujança de suas atividades e, em especial, pela importância dos eventos realizados. Os Encontros Maçônicos do Sul de Minas vem crescendo, em qualidade, a cada edição, e, para próximo ano, deve receber o apoio e a estrutura do Pacto Maçônico Sul Mineiro, que, neste dia 21 de novembro elegeu e empossou sua nova Diretoria. O Rito Brasileiro, que vem crescendo em progressão geométrica em todo Brasil, neste dia 20 de novembro, adentrou na sacrossanta cidade de São Lourenço, MG, com a criação da ARLS Jahi Rocha nº 4072 - GOB-MG. Um momento marcante para região, pois a chegada de mais um rito, sempre, é uma oportunidade de enriquecimento cultural. O evento foi abrilhantado pelo Eminente Grão-Mestre do GOB-MG, Amintas de Araújo Xavier, e sua Comitiva, além de vários Irmãos do Rito Brasileiro, do Oriente de Mogi das Cruzes, SP, que, denodadamente, dedicaram-se para sua criação. Na oportunidade, Eminente Grão-Mestre exaltou a grande conquista da região, parabenizando os valorosos Irmãos pela conquista, desejando vida longa e profícua à nova Oficina e enalteceu os belos exemplos deixados por seu patrono, Jahi Rocha. a b N um Números, Cores e Sons artigo intitulado “Cabala Musical”, publicado em antigo número da Revista Dhâranâ, Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Eubiose, tivemos ocasião de dizer: “na ciência dos sons, das cores e dos números, está contido todo o mistério do universo”. De tão transcendente importância é, por exemplo, a ciência dos números, que Pitágoras mandou colocar, à entrada do seu templo, o seguinte dístico: “Aqui não entra quem não souber Geometria”. Naturalmente, não se tratava da geometria como ciência profana, que não passa de uma degenerescência da profunda ciência numérica dos templos iniciáticos, mas do conhecimento verdadeiro das relações de medida no macro e no microcosmo. Platão afirmava que “Deus geometriza sempre”, e suas palavras têm um sentido muito mais profundo do que parecem encobrir. Um dos números anais sagrados, pois representa a própria 'Divindade, é o 137. Realmente, o Um se manifesta como Três através de Sete estados de consciência, e convém não esquecer que o que se passa em cima realiza-se, também, em baixo, segundo o famoso axioma hermético. O próprio Pitágoras, numa das estrofes de seus Versos Áureos, apresenta, veladamente, um aspecto desse mistério: “A Tríade sagrada, imenso e puro símbolo. Fonte da Natureza e modelo dos deuses". O Homem, formado à imagem e à semelhança de Deus, segundo o livro bíblico Gênesis, teria, portanto, de ser, também, uno e trino. Apresenta-se, de fato, como uma unidade, mas, no entanto, compõe-se de corpo, alma e espírito, e não, apenas, de alma e corpo, como muitos pensam. Na primeira epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses (V. 23), a divisão ternária do homem é expressamente afirmada: “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo, e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados completos, a Professor Henrique José de Souza irrepreensíveis, para a vinda de N. S. Jesus Cristo”. A ciência das cores é a das mais complexas, tendo profunda significação simbólica. A heráldica, pelo menos, na sua origem, não se utilizava arbitrariamente da combinação das cores, mas usava-as obedecendo a cânones muito precisos. As três Gunas, da tradição hindu, são relacionadas às três cores primárias, amarelo, azul e vermelho, cores, que, somadas às das principais combinações produzidas, perfazem as sete do espectro solar. Sempre o mistério do 1, do 3 e do 7... A ciência dos sons não podia deixar de obedecer às mesmas leis de medida. Na arte musical, por exemplo, o fenômeno se apresenta em melodia, harmonia e ritmo. Um acorde, também, se compõe de três notas, que percorrem as sete escalas da gama musical. Todos sabem, ainda, que sete são as notas musicais, número eminentemente significativo. A ciência hindu do “Mantra Yoga” baseia-se na teoria das vibrações sonoras, de acordo com o adágio “Shabda Nishtham Jagat” – o mundo é manifestado através do som. Não nos devemos esquecer das famosas palavras de São João: – “No princípio era o Verbo... tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido, foi feito sem ele”. Para não nos estendermos muito sobre um assunto que nos levaria muito longe, o que de maneira alguma corresponderia à nossa intenção presente, lembraremos, apenas, que, segundo a tradição hindu, os universos são produzidos pelo OM, a Palavra Sagrada, formada de três letras sânscritas, Ah, Oh, Ma ou AUM, que, segundo o Mundakya Upanishad, é o nome mais precioso do Espírito, Eterno, Onipresente, e Universal. ? b O Melki-Tsedek ou Preste João nome Melkitsedek, ou Melki-Tsedek, como é designado na tradição judaico-cristã, refere-se à função de “Rei do Mundo”, na cúspide dirigente de toda a Evolução Planetária, sendo Aquele que está mais próximo de Deus – o Logos Planetário – de cuja natureza participa a ponto de se confundir com Ele, mesmo estando “como a personalidade humana está para a sua individualidade espiritual”, na mais pálida definição. Na Bíblia, aparece a primeira referência a MelkiTsedek no Gênesis (XIV, 19-20): “E Melki-Tsedek, Rei de Salém, mandou que lhe trouxessem pão e vinho e ofereceu-os ao Deus Altíssimo. E bendisse Abraão (…) e Abraão deu-lhe o dízimo de tudo”, instituindo-se a Ordem de que fala o Salmo 110, 4: “Tu és um sacerdote eterno, segundo a Ordem de MelkiTsedek”. Este é assim definido por S. Paulo na sua Epístola aos Hebreus (VII, 1-3): “Melki-Tsedek, Rei de Salém, Sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão (…) que o abençoou e a quem Abraão deu o dízimo de tudo, é, em primeiro lugar e de acordo com o significado do seu nome, Rei da Justiça e em seguida, Rei de Salém, isto é, Rei da Paz; existe sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tem princípio nem fim a sua vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece Sacerdote para todo o sempre”. É assim que o sacerdócio da Igreja cristã chega a identificá-lo à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo, mantenedor da Tradição Apostólica, que vem do Apóstolo Pedro até ao Presente. De maneira que o Sacrifício de Melki-Tsedek (o pão e o vinho) é encarado habitualmente como uma “pré-figuração” da Eucaristia, pois o próprio sacerdócio cristão se identifica, em princípio, como o Sacerdócio de Melki-Tsedek, segundo a aplicação feita a Cristo das mesmas palavras do Salmo 110, que, no Apocalipse, vem a ser a “Pedra Cúbica” do Trono de Deus em que assenta a Assembleia ou Igreja Universal da Corte dos Príncipes ou Principais do mesmo Rei do Mundo. O livro do “Gênesis” e a epístola de S. Paulo aos Vitor Manuel Adrião Hebreus, referindo-se a esse misterioso Soberano, levou a tradição judaico-cristã a distinguir dois sacerdócios: um, “segundo a Ordem de Aarão”; outro, “segundo a Ordem de Melki-Tsedek”. Este superior àquele, pois se liga do Presente aos Tempos do Advento do Messias, expressando os Apóstolos, os Bispos e a Igreja do Ocidente. E aquele vincula o Passado ao Presente, expressando os Profetas, os Patriarcas e a Igreja do Oriente. Melki-Tsedek é, pois, ao mesmo tempo, Rei e Sacerdote. O seu nome significa “Rei da Justiça”, e, também, é o Rei de Salém, isto é, “Rei da Paz”. “Justiça” e “Paz” são, precisamente, os dois atributos fundamentais do “Rei do Mundo”, assim como do Arcanjo Mikael, portador da espada e da balança, atributos iconográficos, psicopompos designativos do Metraton, nisso, como intermediário entre o Céu e a Terra, Deus e o Homem, presença indispensável do Paraninfo mercuriano ou AKBEL, que carrega o Anel ou Aro, prova da Aliança Eterna do Criador com a criação, e que, na Natureza, tem a sua expressão lídima nas sete cores do espectro do Arco-Íris, de tal maneira, que, sempre que a Humanidade declina em sua Evolução, o Eterno envia a ela o seu “Filho Primogênito”, para restabelecer a Boa Lei, anular a anarquia e a injustiça e restaurar a Ordem e a Justiça, ou seja, ciclicamente, descem do Céu à Terra os Avataras ou Messias. O termo Salém designa a “Cidade da Paz”, arquétipo, sobre que se construiu Jerusalém, e veio a ser o nome da Morada oculta do “Rei do Mundo”, chamada, nas tradições transhimalaias, de Agharta e Shamballah, correspondendo ao Paraíso Terrestre, ao Éden Primordial, que a Mítica Lusitana insiste em identificar ao vindouro Quinto Império do Mundo, que trará um Reinado de Felicidade e Concórdia com o Imperador Universal, MelkiTsedek, a dirigi-lo. Melki-Tsedek tinha o seu equivalente no Antigo Egito na função de Ptah-Ptahmer; na Índia, é chamado Chakravarti e Dharma-Raja; os antigos Rosacruzes reconheciam-no como “Imperator Mundi” e “Pater Rotan”, e foi assim que a Maçonaria o reconheceu no século XVIII, consignando-o “Maximus Superius Incognitus”, para todos os efeitos, o Imperador Universal. No século XII, na época do Rei Luís de França, os relatos das viagens de Carpin e Rubruquis, ao invés de referirem os nomes de Melki-Tsedek, substituíram-nos pelo do Preste João, que morava num país misterioso no Norte da Ásia distante. Preste significa tanto “Pai” como “Presbítero”, e João é referência tanto ao Anunciador do Messias, João Batista, quanto ao Apóstolo João Evangelista, escritor do Apocalipse, sendo referência óbvia ao Sacerdócio do Rei do Mundo, insistindo as três religiões do Livro (judaica, cristã e islâmica) que, por Ele haverá um Reinado de Concórdia Universal sobre a Terra. As primeiras notícias do Presbítero chegaram à Europa em 1145, quando Hugo de Gebel, bispo da colônia cristã do Líbano, informou ao Papa a existência de um reino cristão, situado “para lá da Pérsia e da Armênia”, governado por um ReiSacerdote, chamado Iohannes Presbyter (João, o Presbítero, isto é, Sacerdote, Ancião), que seria descendente de um dos Reis Magos, que visitaram o Menino em Belém. Mas o primeiro documento conhecido, sobre essa misteriosa personagem, é a famosa Carta do Preste João, endereçada, em 1165, a Manuel Comneno, Imperador bizantino de Constantinopla, assim como a Barba-Ruiva, Imperador da Alemanha, e ao Papa Alexandre III, a A parecendo que o documento tem a sua origem em Portugal. Isso porque a versão mais antiga do texto original data dos finais do século XIV e encontra-se no Cartório do Mosteiro de Alcobaça, mas foi impressa pela primeira vez em língua italiana, em Veneza, no ano 1478, onde se inspiraram outras obras, também, na mesma língua, como a versão rimada do Tratacto Del Maximo Prete Janni (Veneza?, 1494), de Giuliano Dati, tudo próximo da época em que o viajante Marco Polo regressou do Oriente a Veneza, falando da existência do Preste João, como soberano da Igreja etíope. Por outro lado, ao longo dos séculos XV e XVI, aparece uma série de cartas, enviadas pelo Preste João da Índia aos soberanos portugueses (D. João II, D. Manuel I e até D. Sebastião, que, dizse, recebeu uma embaixada do Preste João nos seus paços em Lisboa), que, por sua vez, enviam embaixadas à corte daquele, como foi o caso notável de Pêro da Covilhã, enviado de D. Afonso V. O mito do Preste João foi, amplamente, divulgado pelos Templários e veio a servir de principal impulsor do processo das Descobertas Marítimas pelos Portugueses, aparentemente, com a intenção de incentivar a conquista cristã de novas terras e obter riquezas fartas, mas, realmente, estabelecer a ligação de Portugal com o Centro Primordial do Mundo, chamado, indistintamente, Salém e Shamballah. A Continuação do tema no blog Lusophia. ? b Ordem Internacional do Arco-Íris Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas foi fundada nos Estados Unidos da América, em 1922, pelo Maçom Mark Sexson. Nascido na pequena cidade de Arnica Springs, no Missouri, em 08 de julho de 1877, foi iniciado, passou e levantou o grau sublime de Mestre Maçom na Loja Bloomfield nº 80, em Bloomfield, Indiana, em 1902, durante o tempo em que era ministro da Primeira Igreja cristã daquela cidade. Francisco Feitosa Sentindo necessidade de reunir toda a família maçônica, pois, na época, já existiam a Ordem DeMolay e a Ordem Estrela do Oriente, criou a Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas. Coube a Sexson a criação de seu do 1º ritual e das leis que governam a Ordem. Escreveu muitos livros, artigos e outros trabalhos, a maioria relacionados com a Ordem que fundara e outras organizações maçônicas. O Reverendo Sexsom foi muito ativo em diversas organizações maçônicas. Dentre suas muitas posições, ocupou os cargos de Sereníssimo Grão-Mestre de uma Soberana Grande Jurisdição, em 1928, e Ilustre Grande Patrono da Ordem Estrela do Oriente, em 1925-26, ambas no Estado de Oklahoma. Os primeiros graus da Ordem do Arco-Íris foram ministrados em 6 de Abril de 1922, pelas oficiais do Capítulo McAlester Sul Nº 149 da Ordem da Estrela do Oriente, para um grupo de 171 meninas, em um Templo do REAA, em McAlester, Oklahoma. A Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas é uma organização de construção de caráter para jovens entre 11 a 20 anos de idade, sendo seu objetivo promover a comunicação efetiva, habilidades de liderança e, principalmente, servir à comunidade. Reúnem-se em Assembleias espalhadas em diversos países, entre eles: EUA, Austrália, Filipinas, Alemanha, Canadá, Japão, México, Itália. A Ordem chegou ao Brasil há 70 anos. A primeira Assembleia da Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas criada na América Latina, ainda, está ativa na cidade de Cascavel, PR, no Brasil. Chama-se Assembleia Caminho de Luz I, fundada em 16 de Maio de 1992. Hoje, conta com 41 Assembleias, distribuídas em São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Distrito Federal. A Ordem enfatiza a liderança efetiva, a participação ativa na Igreja de sua escolha, o patriotismo, a cooperação com o semelhante, o amor ao lar; a lealdade à família e os serviços comunitários. Ajuda a promover a autoestima e liderança entre seus membros. Como membro, a garota aprenderá a importância do comportamento (etiqueta) apropriado. Ela aprenderá habilidades para falar em público e participará de reuniões presididas por garotas de sua idade. Embora havendo, sempre, a presença de um adulto - MãeConselheira ou substituta que orienta - todas as reuniões são conduzidas pelas garotas. Assim como a Ordem DeMolay, a Ordem possui Sete Virtudes, representadas por suas cores, estrategicamente colocadas em forma de um arco. Cada estação é representada por uma cor, e cada cor ensina uma das sete lições do Arco-Íris: o Vermelho é a primeira estação e representa o amor, enfatizando a importância do amor em casa e com a família; o Laranja é a segunda estação, representando a religião e enfatizando a importância do companheirismo e da ativa participação na igreja de sua escolha; o Amarelo é a terceira estação, representando a natureza, responsável por nossa vitalidade, a qual devemos respeitar; o Verde é a quarta estação, significando a imortalidade, pois, mesmo que o corpo morra, a alma vive pela eternidade; o Azul é a quinta estação, atribuída à fidelidade, significando a importância da lealdade para a Ordem das Rainbow Girls, família e amigos; o Anil é a sexta estação, retratando o patriotismo e representando a importância do respeito às leis de seu país e à sua bandeira; o Violeta, a última cor, ou sétima estação, dá ênfase ao serviço, principal causa enfatizada pelas Rainbow Girls e membros maçônicos. Por fim, com a junção de todas as cores do Arco-íris, chega-se à cor Branca, simbolizando a pureza, a sabedoria e a união de todas as cores do arco-íris. As meninas, membros do Arco-Íris, são ativas em suas igrejas, escolas e comunidades. Elas levantam fundos para várias instituições de caridade, através da venda de almoços, jantares e outras promoções, e se oferecem para trabalhar em comunidades, igrejas e organizações que as subvencionam. As Meninas do Arco-Íris participam de muitas atividades divertidas e têm oportunidades de fazer amizades duradouras. Além dos atos ligados à filantropia, realizam trabalhos ritualísticos. A maioria das Assembleias do ArcoÍrirs reúne-se duas vezes por mês. Além das reuniões bimensais em sua Assembleia, há a oportunidade de visitar outras no estado ou Assembleias Internacionais da Ordem, onde se poderão encontrar jovens igual idade, membros da mesma organização. Poderão participar das Assembleias membros do Arco-Íris ativos, Maçons ativos ou membros da Ordem Estrela do Oriente, bem como qualquer membro do ArcoÍris, que atingiu a maioridade, além de pais ou tutores legais de meninas do Arco-Íris. A Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas é uma organização de serviços, incentivando cada um de seus membros a participar ativamente em igreja de sua escolha. O ritual da Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas está contido em um livro de cerimônias, usado, primordialmente, para a Abertura, Encerramento e Iniciação na Assembleia. Os Membros recitam, de memória, as cerimônias contidas no Ritual. Sua estrutura de liderança começa na Assembleia e se estende pelo Estado e Assembleias Internacionais. Cada Assembleia tem cinco níveis de oficiais (Meninas do Arcoíris que dirigem a Assembleia sob a direção da Mãe Conselheira e do Conselho Consultivo) e treze oficiais indicadas. O corpo diretivo de adultos de cada Assembleia é conhecido como Conselho Consultivo e composto, no mínimo, de sete adultos, pertencentes à Loja Maçônica patrocinadora e Capítulos da Ordem Estrela do Oriente. Existem os seguintes cargos, em ordem de hierarquia: Ilustre Preceptora; Ilustre Preceptora Adjunta; Caridade; Esperança; Fé; Arquivista; Tesoureira; Capelã; Chefe do Cerimonial; Amor (vermelho); Religião (laranja); Natureza (amarelo); Imortalidade (verde); Fidelidade (azul); Patriotismo (anil); Serviço (violeta); Observadora Confidencial; Observadora Externa; Música; Regente de Coro. Existe, também, a Preceptora-Mãe, sem a qual não seria possível a realização das reuniões; nunca pode faltar e é escolhida para que possa ser como uma Mãe para todas as garotas. a Q A Ordem conta, também, com um Conselho Consultivo, composto por 5 casais, sendo tios maçons e tias da Ordem Estrela do Oriente, mais a Preceptora-Mãe e o Presidente do Conselho, que, geralmente, é o Venerável Mestre da Loja Patrocinadora. Cada gestão dura 4 meses, sendo que a Preceptora-Mãe e o Conselho Consultivo permanecem por um ano. Assistam ao vídeo sobre a Ordem disponibilizado no You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=JLu8KvEY6ps ? b A Palavra Abracadabra Francisco Feitosa uando iniciei na Ordem, há 18 anos, em minha Loja-Mãe, os AAp∴ e CComp∴ só faziam uso da palavra por graça, concedida pelo Ven∴Mestre. Até hoje, mantém-se esse hábito em Loja. Na época, por não conhecer a “Lei Hermética da Vibração” ou o Poder da Palavra, achava um tanto marcial, porém obedecia. Em minhas caminhadas pelas “Veredas da Iniciação”, por diversas Escolas de Mistérios, pude saber que, na verdade, aquilo não era uma proibição, e, sim, uma proteção, já que não tínhamos maturidade maçônica (espiritual) e nossas palavras poderiam se tornar em nossas próprias sentenças. A palavra, o verbo, o som, a vibração é a ferramenta que materializa o pensamento. Quando emitimos uma vibração mental, plasmamos, e, quando pronunciamos a palavra, o verbo, materializamos a ideia. Nossa boca é a caixa acústica emissora de nossa vibração, possuindo os 32 Portais da Sabedoria, nossos dentes. Ligada a ela, está a garganta, onde o som tem sua origem e onde está localizado o chacra laríngeo, responsável pelo poder criador espiritual. Os antigos costumavam falar que a palavra é como uma flexa lançada do arco, depois de pronunciada, fatalmente, chegará ao seu destino. Valho-me desse introito para apresentar a matéria “A Palavra Abracadabra”, publicada no blog http://ponteoculta.blogspot.com, que disponibilizo abaixo. Nosso objetivo é induzir os Irmãos à reflexão e à pesquisa sobre esses mistérios que envolvem o “poder da palavra”, tema dessa edição. De certo, em nossos trabalhos em Loja, ao nos utilizarmos da palavra, não mais faremos dela nossa própria sentença. Segue a citada matéria, abaixo: Existem fatos intrigantes sobre a palavra Abracadabra. Qual é o seu verdadeiro significado? Alguns místicos do passado mencionaram-na como parte integrante de uma Doutrina Secreta, que vem se perpetuando no tempo, através do trabalho incansável das Ordens Iniciáticas, tanto no Oriente como no Ocidente. Jean Riviere, em sua obra “Amuletos, Talismãs e Pentáculos”, nos diz que a palavra ABRACADABRA vem do hebraico Abreq ad Abra (UBPU IÇ NBPÇ). Traduzidas do hebraico, estas palavras são: N BPÇ = estrela Sírius; I Ç = caudal das águas celestiais; B PU = pronúncia/som/verbo/luz. O sentido desta frase em hebraico, respeitando a ordem, é provavelmente "Senhor de Sírius, envia teu Verbo". Alice Bailey, em diversas de suas obras, faz interessantes revelações a respeito de Sírius. O conjunto é nitidamente uma antiga invocação. As informações aqui já são suficientes para empreendermos as nossas próprias investigações. A palavra ABRACADABRA foi escrita incorretamente em vários textos antigos, que ao transliterarem a palavra para o hebraico, utilizaram um KAPH final, ao invés de um QOPH final. KAPH é K, e QOPH é Q. A palavra ABREK, transliterada e traduzida do hebraico, significa estudante, enquanto a palavra ABREQ significa Sírius. Fizemos uma pesquisa em dois dicionários, porque nem todos trazem todas as palavras existentes no hebraico: Dicionário Hebraico-Português, de Rifka Berezin, Edusp, 1995, São Paulo, SP, e Dicionário Hebraico-Português e AramaicoPortuguês, das Editoras Sinodal/Vozes, 1989. A palavra "Sírius", por exemplo, só foi encontrada no Dicionário da Dra. Rifka Berezin, catedrática de Hebraico na Universidade de São Paulo. Também, entre o primeiro século da Era Cristã, época provável da origem do Quadrado Sator, e 2 de julho de 1859, data da primeira publicação de um quadrado de palavras da língua inglesa, na revista acadêmica britânica "Notes and Queries" (Notas e Indagações), foram criadas três importantes formas geométricas compostas de palavras, aparentemente, sem nenhuma relação com o Quadrado Sator. A primeira delas foi o amuleto "abracadabra", que, assim como o Quadrado Sator, tem uma origem misteriosa e foram utilizados com fins mágicos. Muitos estudiosos acreditam ser uma palavra derivada de "Abraxas", termo usado por integrantes de uma seita gnóstica do século II para designar o Ser Supremo ("abraxas", também, poderia ser um deus dos antigos egípcios ou um demônio que apresenta serpentes no lugar dos pés). Escrita em grego, "abraxas" contém sete letras, que, computadas numericamente, somam 365, o número de dias do ano e, segundo aqueles crentes, também, o número de emanações do Ser Divino, cada uma delas representando uma virtude associada a um dia do ano. Por isso, era comum entre eles o uso de um amuleto no qual estava gravado o número 365. Outra versão poderia ser de um acrônimo, formado por palavras hebraicas relativas à Trindade: Ab (Pai), Ben (Filho) e Ruach Acadsch (Espírito Santo). Essas duas primeiras versões são as mais conceituadas. Ou, então, a união das palavras hebraicas abreg, ad e habra, que significa "fulmine com seu raio". Ou, ainda, a versão de uma designação, formada pelas palavras celtas "Abra" ou "Abar", que significa "Deus" em celta, e "Cad", que significa "santo". O resultado: Santo Deus. Ou o nome do deus supremo dos assírios no século II. Outro significado atribuído à "abracadabra" é "eu criarei aquilo de que falo", que faz lembrar o poder atribuído, tradicionalmente, pela magia à fala humana. Já a tradição Wicca, modismo atual entre os jovens norte-americanos, prefere a tradução "não me fira", que remete à função protetora do amuleto. Apesar das divergências quanto à origem e ao sentido da palavra "abracadabra", existe uma certeza: a primeira ocorrência registrada do termo encontra-se na obra Res Reconditae (Coisa Secreta), de Quintus Serenus Sammonicus, médico do imperador romano Sétimo Severo. Quintus faleceu em 212. Também, há consenso quanto ao uso do objeto. Os mais frequentes referem-se à proteção contra doenças e à cura de febres. No período medieval, usado como amuleto (talismã com funções defensivas, ao qual se atribui o poder de evitar doenças e desgraças), além de afastar o azar e os demônios. É certo que a palavra se incorporou à tradição mística da Cabala judaica. A esse respeito, o número 9 tinha uma função mágica essencial: em hebraico, "abracadabra" é escrita com 9 letras; a letra aleph aparece 9 nove vezes no lado esquerdo do triângulo; e, frequentemente, o amuleto era usado por 9 dias no pescoço e, depois, jogado num rio. A palavra "talismã" vem do grego telesma, que significa "mistério". Um talismã pode ser constituído de um pedaço de papel escrito, uma pedra ou metal com palavras ou símbolos gravados, ou, mesmo, uma forma geométrica ou figura feita de pedra ou metal. Seu poder adviria da capacidade de estabelecer contato com forças ou influências sobrenaturais, usando-as em benefício do possuidor na satisfação de desejos e aspirações. São três as formas geométricas conhecidas de disposição das letras da palavra "abracadabra", todas com objetivos mágicos. A primeira, mostrada acima, forma um triângulo invertido, com a ponta para baixo, indicando a concentração de forças celestes ou sobrenaturais na direção da Terra. A segunda forma um triângulo retângulo pela eliminação da última letra de cada linha, até que sobre, apenas, uma delas, sugerindo, segundo princípios da magia imitativa, que, também, o problema se extinguirá progressivamente. Essa forma é transcrita no terceiro volume da famosa obra "Da Filosofia Oculta", de autoria do mago Henrich Cornelius Agrippa (1486-1535) e publicada em 1510. A terceira disposição assume a forma de um losango ¾. Esta última (a triangular) possuía um caráter tridimensional, assemelhando-se a um funil: os poderes do mal seriam capturados por ele e, num movimento de redemoinho, desceriam até a ponta, onde se perderiam num abismo sem fundo. Eliphas Levi (1810-1875), considerado o maior ocultista do século XIX, referia-se ao "abracadabra" como "o triângulo mágico". O romancista brasileiro Joaquim Manuel de Macedo, autor de "A Moreninha", mencionou o amuleto numa cena do conto "A Luneta Mágica". Nela, é descrito o aposento de um misterioso armênio, que prometera ao protagonista Simplício, míope em alto grau, uma luneta mágica para livrá-lo desse problema: "Sobre o altar maldito descansavam os instrumentos da magia e, entre outros, a vara mágica, a espada, a taça e a lâmpada; a um lado, no chão, estava a trípode. Globos, triângulos, a figura do diabo, a estrela de seis raios, o abracadabra, as combinações do triângulo, e uma infinidade de símbolos enchiam a mesa e o gabinete". Para os jogos de palavras, a importância do amuleto "abracadabra" reside na engenhosidade da distribuição das P letras: a forma triangular permite que a palavra "abracadabra" seja lida até de 1024 maneiras diferentes; na forma em diamante, são contadas 252 ocorrências de "abracadabra". Modernamente, a palavra "abracadabra", já dissociada de sua representação geométrica, é usada, principalmente, por mágicos durante números de palco, quando fingem evocar poderes sobrenaturais, supostamente, responsáveis pelo efeito da ilusão. Também, aparece no sentido figurado, assumindo conotação negativa, quando se quer designar uma solução pretensamente mágica, mas superficial e ilusória. Talvez, um fim um tanto inglório para aquela que foi a mais famosa de todas as palavras da magia. ? a b A Lei Iniciática do Silêncio latão chamado a ensinar a arte de conhecer os homens, assim se expressou: “os homens e os vasos de terracota se conhecem do mesmo modo: os vasos, quando tocados, têm sons diferentes; os homens se distinguem pelo seu modo de falar”. O pensamento do filósofo Iniciado nos oferece uma excelente oportunidade para uma profunda reflexão, principalmente, para todos os que integram a Ordem Maçônica. Nem sempre nos damos conta de como nos tornamos prisioneiros das palavras que proferimos. As palavras são a expressão das nossas ideias, dos nossos sentimentos e de nossas emoções, e transmitem aos ouvintes a carga de energia, positiva ou negativa, que acumulamos em nossa mente. A sociedade humana está cheia de palavras que magoam e que ofendem o próximo. Infelizmente, existem palavras em excesso, tanto no mundo profano quanto nos Templos Maçônicos. Orientado que é para refletir sobre a realidade e sobre o significado oculto das palavras, o Maçom sabe que, em última análise, a palavra é o reflexo da essência interna do ser humano. Não por acaso, a Doutrina Maçônica recomenda o silêncio a todos os Maçons durante o período de aprendizado, de acordo, aliás, com a Escola Pitagórica, da qual a Maçonaria extraiu alguns dos Princípios que compõem o seu acervo filosófico. Antônio Rocha Fadista A Escola, fundada pelo Filósofo de Samos na cidade de Crotona, preconizava o aperfeiçoamento do ser humano pelo estudo e pela prática da meditação e tinha um sistema de três graus: Preparação, Purificação e Perfeição. No Grau de Preparação, os neófitos eram só ouvintes e cumpriam um período de observação, durante o qual o objetivo era, pela prática do silêncio, desenvolver a capacidade de análise e de interpretação sobre tudo que se passava ao seu redor. Para atingir o Mestrado, no Grau de Perfeição, era necessário praticar o silêncio durante cinco anos. Sem dúvida, constitui grande prova de disciplina para todos nós, quando, no Primeiro Grau, ouvimos os Companheiros e os Mestres sem expressar as nossas próprias opiniões sobre os assuntos tratados em Loja. Chilon, um dos sete sábios da Grécia Antiga, quando perguntado sobre qual a virtude mais difícil de praticar, respondia laconicamente: calar. No Zend Avesta, que contém toda a sabedoria da antiga Pérsia, encontramos normas e regras sobre o uso e o controle da palavra, cuja universalidade desafia os séculos. Ao entrarmos em nossa Sublime Instituição, encontramos, na ritualística, referências à sacralidade da palavra, que, como meio de expressão dos pensamentos e dos sentimentos, deve ser sempre dosada, moderada, e espelhar o equilíbrio interno do orador. Como dizia o Irmão Dante Alighieri na Divina Comédia, exortando o seu personagem Metelo: “usa a tua palavra como um ornamento”. Na realidade, o silêncio, a meditação e a análise, são a única via que leva à libertação das paixões e dos maus pensamentos. Não é por acaso que a maioria dos Ritos Maçônicos reserva aos Irmãos o silêncio durante o período de aprendizado. O Rito Adoniramita, mais radical nesse sentido, estabelece que só os Mestres podem usar livremente a palavra. Inúmeras são as Peças de Arquitetura, escritas por Irmãos em muitos países do Mundo, sobre o uso da palavra em Loja e sobre a Lei Iniciática do Silêncio. À primeira vista, o silêncio poderia parecer aos Irmãos Aprendizes um condicionamento e uma restrição à liberdade de expressão; ao exercitarem a autodisciplina, em seu silêncio, apreendem, com muito maior intensidade, tudo o que ouvem e tudo o que veem. Na realidade, dialogam consigo mesmos; nesse diálogo, analisam, criticam e tiram suas próprias conclusões. Em suma, pelo silêncio, a Maçonaria estimula os Irmãos do Primeiro Grau a desenvolver a arte de pensar, a verdadeira e nobre Arte Real. a C Isso não significa que os Irmãos Aprendizes estejam proibidos de usar a palavra em Loja. Existem mesmo ocasiões em que não só podem, como devem se manifestar, principalmente, para tratar de assunto relevante, como por exemplo, a apreciação das informações sobre os candidatos à Iniciação. Ao cruzarem as portas de uma Loja Maçônica, trazendo consigo os conceitos de liberdade total, os Irmãos, paulatinamente, aprendem a controlar os seus impulsos, aprimorando seus caracteres e preparando-se para serem líderes na construção da sociedade do futuro, na qual prevalecerão a Liberdade responsável, a Igualdade de oportunidades e a Fraternidade solidária. Por isso mesmo, a prática do silêncio deve ser entendida como um exercício de auto-aperfeiçoamento e, jamais, como uma proibição ritualística. Tudo se resume na prática da Lei do Amor. O amor se oferece; não se pede e não se exige. Certamente, o Grande Arquiteto do Universo ilumina e abençoa a todos os que pensam mais e falam menos, pois estes espiritualizam a sua matéria, e são os Seus filhos mais diletos. ? b O Poder da Língua Autor ignorado erta vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que este acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que o rapaz era inocente; ele foi solto e, após muita humilhação, resolveu processar seu vizinho (o caluniador). No tribunal, o caluniador disse ao juiz: – Comentários não causam tanto mal... O juiz respondeu: – Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel, depois pique-o, jogue os pedaços pelo caminho de casa e, amanhã, volte para ouvir a sentença! – O homem obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse: – Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem! – Não posso fazer isso, meritíssimo! - respondeu o homem - o vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar, e já não sei onde estão! – Ao que o juiz respondeu: – Da mesma maneira, um simples comentário, que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos consertar o mal causado; se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada! Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras. No mundo, sempre, existirão pessoas que vão nos amar pelo que somos, e outras que vão nos odiar pelo mesmo motivo. Acostumemo-nos. Quem ama não vê defeitos... quem odeia não vê qualidades... quem é amigo vê as duas coisas!!! ? a b T Uma Virtude Rara Esquecida! em se ouvido falar muito a respeito da esquecida honestidade. Cidadãos criticam, de forma veemente, o que adjetivam como corrupção no Governo. As imagens televisivas e os jornais apontam cidadãos que lesaram os cofres públicos, de forma direta ou indireta. E, todos os que lemos os jornais, que assistimos às imagens televisivas, que achamos muito bom que tenham sido presos esse ou aquele personagem, supostamente desonestos, nos esquecemos de uma coisa muito importante: a honestidade é virtude rara em nossos dias. Ocorre que, de tal forma, nos acostumamos a fraudar, a lesar, que não mais nos damos conta de que o fazemos. Vejamos alguns exemplos. Não é tão raro que haja desonestidade no casamento. Por exemplo: um relacionamento extraconjugal. Seja qual for o motivo, não há desculpas. Temos, também, a desonestidade comercial, onde comerciantes vendem produtos de qualidade inferior como se fossem de melhor qualidade. E, ainda, negociam com o famoso desconto especial para o cliente. Contudo, sabem que estão enganando o comprador. Nada contra o lucro, na atividade comercial. Tudo contra, no entanto, à lesão a quem quer que seja que compra de boa fé. E que se dizer da desonestidade profissional? Quantos médicos, advogados, professores deixam de realizar, com honestidade, o que lhes compete? Quando o médico atende sem se importar com o paciente, preocupado em logo se liberar daquelas horas de trabalho, que acredita mal pagas; quando o advogado perde prazos, não providenciando o que devia e, com isso, prejudica o seu cliente no desfecho da causa; quando o advogado prolonga, muito além do necessário, determinadas ações, a Autor ignorado cobrando com regularidade seus honorários mensais; quando o professor não prepara as aulas e fica enganando alunos, pais e a administração da escola, colégio ou faculdade, é desonestidade. Quando, como funcionários, deixamos nossos óculos ou a bolsa sobre a mesa, ou o paletó na cadeira, para dizer que estamos no local de trabalho, mas não estamos trabalhando, é desonestidade. Quando usamos o tempo que a empresa pública ou privada nos paga, para atender nossas questões particulares, telefonando, conversando, estamos sendo desonestos. Quando, ainda, faltando 20 ou 30 minutos para o término do expediente, já nos arrumamos e ficamos somente esperando a hora de bater o ponto, estamos lesando quem nos paga. Pensemos: hoje são 20 ou 30 minutos, mas, se somados ao longo de 30 ou 35 anos de trabalho, quantos anos teremos furtado ao nosso empregador? E tudo isso fazemos de forma simples, comum, todos os dias. Como se fosse normal. Estamos nos acostumando a ser desonestos, com a desculpa de sermos mal pagos, mal reconhecidos ou porque todo mundo faz. Pensemos nisso! Analisemos a nossa forma de atuar no mundo. Verifiquemos o quanto estamos sendo incorretos, desonestos no lar, na escola, na rua, no trabalho, na sociedade como um todo. Retifiquemos o passo enquanto é tempo. Se os outros fazem, o problema é dos outros. Não é nosso. Sejamos aqueles que fazem a diferença. Não tenhamos medo dos que nos dizem que somos tolos. Tolo é quem pensa que está enganando a própria consciência, onde se encontra escrita a Lei de Deus. Reformulemos ações e, a partir de agora, façamos um pacto solene e irrestrito com a honestidade. A partir de hoje, sem falta, acreditemos. Seremos muito mais felizes, sem remorsos e sem temores. Postada no site http://www.reflexao.com.br ? b O autor é Desembargador Titular da Quarta Câmara Cível do TJRJ, Professor de Direito e Conferencista em cursos especializados em Perícias Judiciais, Presidente da Banca de Monografia na Escola de Magistratura – RJ e Membro da Academia de Letras, Ciências e Artes Ana Amélia – ALCAN-RJ. “A Obra, em sua 2ª edição, como esclarece o próprio autor, está dividida em quatro partes, de forma a permitir abordagem abrangente, sistêmica, prática e detalhada sobre o tema. Por sua praticidade, clareza e objetividade, conjugadas ao seu ilustre valor didático e jurídico, a obra não poderia ser mais oportuna. Com ela o seu ilustre autor preenche uma lacuna que existia no tema enfrentado, coloca nas mãos dos operadores do Direito um valioso instrumento profissional e presta mais um relevante serviço à Justiça”. ? S érgio Cavalieri Filho - Desembargador do TJ/RJ Trata-se de uma bela coletânea inédita, reunindo os principais trabalhos, nos mais variados temas, apresentados através de Palestras e de Peças de Arquiteturas, em Lojas e Academias Maçônicas nos últimos 2 anos. O autor, Irmão Paulo Simon, considera esta obra como o marco literário de sua ascensão ao Grau 33º, Grande Inspetor Geral. Antônio Bencz Vale muito a pena conferir! ? a Livro b Recebemos a 1ª edição do livro do Grupo SEMEAR. Trata-se de uma coletânea de belas Peças de Arquitetura de diversos autores. Os interessados poderão solicitá-lo ao Irmão Nelson Carvalho, pelo e-mail [email protected] ? A a b rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, para 16.652 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho. Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º Colaboradores nesta edição: Antonio Rocha Fadista – Henrique José de Souza – José Laércio do Egito – Vitor Manuel Adrião Empresas dos Irmãos Patrocinadores: Acquasolrio - Adalberto Domingues Advocacia - Arte Real Software – CFC Objetiva Auto Escola – CONCIV – Corrêa de Souza Advocacia - Decisão Gestão Empresarial – Igor Multimarcas – Livro Paulo Simon – Livro Reinaldo Pinto – LocaTherra - López y López Advogados – MMF Brindes - Olheiros.com – Ótica Santa Clara – Oxiferro - Pousada Mantega Qualizan – Reinaldo Carbonieri Eventos – Restaurante Oca dos Tapuias - Santana Pneus – SivucaVig - Studio Allegro – Supply Marine. Contatos: MSN - [email protected] / E-mail – [email protected] / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca / (35) 33311288 / 8806-7175 Temos um encontro marcado na próxima edição. Tenham todos uma boa leitura! a b