Revista Brasileira de Administração
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R E V I S TA B R A S I L E I R A D E A D M I N I S T R A Ç Ã O Ano XXIV • Nº 106 • Maio /Junho de 2015 Entrevista Adm. Antonio Alves já catou laranjas e café. Hoje é executivo de marketing Opinião Feedback: uma arte que poucos dominam GESTÃO PÚBLICA CLAMA POR PROFISSIONALIZAÇÃO Evolução passa pela contratação de Administradores profissionais COMPLIANCE: NÃO HÁ MAIS COMO ABRIR MÃO Empresas dependem de controle para seguir regras e procedimentos EMPREENDEDORISMO seja o dono R$ 9,90 01 90 O Mulheres e o dilema de investir na profissão ou priorizar aspirações pessoais. E mais: ganha corpo o estudo do design thinking para aplicação em empresas IS 9 771517 200009 00106 Largar tudo em nome do sonho de investir em causa própria é possível. Mas é indispensável juntar inspiração e transpiração para que dê tudo certo EDITORIAL Empreender como meta C sonhos Pauta frequente de veículos de comunicação, os problemas faz parte da vida. causados por equívocos dos gestores públicos brasileiros refle- olecionar E sonhar é bom e tem-se em prejuízos financeiros, estruturais e sociais. Fato não custa nada. Imaginar é que não há como suportar mais os desvios que penalizam o novas realidades para a vida desenvolvimento do país e uma das soluções viáveis é a profis- pessoal e profissional ajuda sionalização. Os Administradores podem ajudar, e muito, a relaxar, a tirar o peso das nessa missão e contam com o total apoio do Conselho Federal frustrações e a traçar novos de Administração (CFA). planos. Muitas vezes, a realidade parte de um sonho e ADM. SEBASTIÃO LUIZ DE MELLO se torna possível quando a transpiração e a inspiração trabalham juntas. Não vale a pena se manter descontente, pois as possibilidades de mudança são gigantes e podem encontrar no empreendedorismo um campo fértil. Então, além de sonhar, planejar, "suar a camisa" e investir em ideias, também colaboram com a receita de empreender: a iniciativa, a busca por informações adequadas ao modelo de negócio que se deseja seguir, medir corretamente os encontrar bons argumentos para enfrentar questões do cotidiano profissional! Pois essa é a função do líder dentro do ambiente empresarial. Como diz o professor Dante Quadros, ouvido pela reportagem da RBA, “a liderança eficaz passa pelo menos por três componentes: uma grande capacidade de diagnosticar a situação, um repertório de habilidades que possa dar respostas e atender adequadamente àquela situação e valores fundamentais que sustentem as decisões (ética e conduta moral)." riscos, a organização e o dom. O mercado sentia falta e as instituições de ensino superior A matéria de capa desta edição da Revista Brasileira cursos de tecnologia do Brasil foram implantados no início da de Administração (RBA) traz exemplos de empreendedores e algumas dicas para os Administradores que colocaram no seu planejamento de vida a abertura de negócio próprio. Vale lembrar que os profissionais da área levam a vantagem de possuir conhecimentos especiais, que já foram adquiridos na graduação, que favorecem o sucesso. Não se pode negar que as habilidades de lidar com recursos humanos, matemática contábil, logística, marke- responderam à necessidade de formar técnicos. Os primeiros década de 60 e ainda hoje se mostram em constante crescimento no país. Dentro da Administração, as áreas de Recursos Humanos, Logística, Marketing, Gestão de Políticas Públicas e Gestão da Qualidade oferecem formação especializada e há vagas de emprego. Além dos assuntos já mencionados, a RBA entrevistou o Adm. Antonio Alves,que começou suas atividades profissionais ting e gestão contam pontos a favor dos Administradores. catando laranjas e café e hoje é executivo da área de marketing. Entre outros temas selecionados, a equipe da RBA Grosso do Sul, e prega que os Administradores devem estar preparou matéria robusta sobre compliance, tema presente da Administração. Os especialistas ouvidos explicaram que, caso os colaboradores das empresas cumprissem de modo fiel suas políticas de funcionamento, os profissionais de compliance não teriam razão de existir. Porém, a prática mostra que a figura daquele que controla o cumprimento das regras internas e externas pelas organizações, 4 E como é positivo ter boa referência, ter a quem mirar e onde Alves trabalha na TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato dispostos a escutar, aprender e mediar a relação entre todos os atores da empresa e mercado. Para ele, dessa forma, os desafios viram oportunidades de sucesso. Descubra as próximas páginas, pois existem mais pautas interessantes. A RBA é pensada para atender ao Administrador e ao tecnólogo em Administração e segue em constante seus funcionários e terceiros que com ela interagemse aperfeiçoamento. tornou indispensável. Boa leitura! RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Profissional e Estudante de Administração Agora você pode assistir palestras, transmissão ao vivo de eventos, notícias sobre o Sistema CFA/CRAs e a carreira do profissional. É informação é conhecimento é seu... é CFATV Inscreva-se no canal e receba, regularmente, todas as novidades do CFATV. www.cfa.org.br/cfatv www.cfa.org.br facebook.com/cfaadm instagram.com/cfaadm radioadm.org.br SUMÁRIO ANO XXV • Nº 106 • MAIO/JUNHO DE 2015 ENTREVISTA 10 Antonio Alves, Administrador e exemplo de determinação Com experiência em diversas áreas, o Adm. Antonio Alves iniciou a sua vida profissional muito cedo, como office-boy, enquanto também trabalhava na lavoura. Hoje atua na área de marketing de um grande CARREIRA 16 Aumenta busca por graduação tecnológica no Brasil Atrativo para quem já está inserido no mercado e aos que pretendem ingressar numa carreira promissora de forma rápida e objetiva, os cursos superiores de tecnologia estão em BEM-ESTAR 29 Atenção: você sabe qual cosmético é bom para sua pele? Há um setor que só cresce no Brasil. Atualmente, os brasileiros estão em terceiro lugar entre os que mais consomem de higiene do mundo. Mas será que, em meio a grupo de comunicação, a TV Morena, constante crescimento. No campo afiliada da Rede Globo em Mato da Administração, há excelentes escolha do produto certo para cada Grosso do Sul. opções. tipo de pele? tanto consumo, está prevalecendo a LEITOR | 8 ARTIGOS CONSELHO | 42 14 ADM. LEANDRO VIEIRA Quão feliz você se sente fazendo o que faz? 20 EDUARDO PEDREIRA CONEXÃO | 59 Feedback: uma arte que poucos dominam 6 produtos pessoal, perfumaria e cosméticos RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO CAPA 22 Empreender exige doses de transpiração e inspiração A importância da formação educacional é indiscutível. Conhecer a teoria faz toda a diferença. Porém, nada substitui a prática quando o assunto é empreendedorismo. Então, para quem sonha em ser dono de empresa e dispensar o patrão, o caminho é se lançar no mercado e tirar as ideias do papel. Sabendo que, nessa hora, toda ajuda de especialistas é bem-vinda, a Revista Brasileira de Administração (RBA) traz para os futuros (ou já) empreendedores dicas e experiências de quem resolveu mudar de vida. Inspire-se! 30 48 52 Enquanto empresas se esforçam para Diante das renovadas estruturas e A princípio, cumprir regras internas buscar líderes mulheres, elas não mentalidade aplicadas hoje em dia e externas parece ser parte inerente optam por investir na carreira ou na nas organizações, qual é o papel do a qualquer trabalho que se pretende vida pessoal. Outra reportagem trata líder? O primeiro passo é que ele realizar. Porém, empresas já não vivem do avanço do estudo do design thinking esteja sintonizado com a filosofia da sem seus departamentos de compliance entre os gestores brasileiros. empresa e seja um facilitador. para cobrar o que é elementar. HSM: DILEMA FEMININO DESAFIA EMPRESAS LÍDERES COM A MISSÃO DE MELHORAR PESSOAS COMPLIANCE PARA PREVENIR, DIAGNOSTICAR E REMEDIAR 60 PROFISSIONALIZAÇÃO COMO O MELHOR CAMINHO O avanço da qualidade da gestão pública brasileira passa, necessariamente, pela profissionalização. A sociedade só será melhor atendida a partir do momento em que profissionais bem talhados assumam cargos estratégicos. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 7 LEITOR As mensagens para a RBA podem ser enviadas para SAUS, Quadra 1, Bloco L, Edifício Conselho Federal de Administração, Brasília/DF, CEP 70070-932, e-mail: [email protected] ou fanpage: facebook.com/cfaadm Quero confirmar a entrega da edição nº 104, ocorrida no dia 16/04. Agradeço por todo o empenho de atender meu caso! ADM. RUI FETT DA CONCEIÇÃO Recebi a Revista RBA número 104, e parabéns pelas excelentes matérias. ADM. LUIZ C. CHESINI Recebi hoje a RBA de novembro/dezembro de 2014 e janeiro/fevereiro 2015, conforme havia solicitado. Desde já agradeço pela atenção. GLAUCO PUTINI Gostaria de agradecer pelo envio da edição 103 da RBA, que estampa temas atuais e de grande relevância para nossas áreas. A revista está cada vez mais interessante, principalmente no que diz respeito aos temas em evidência do nosso cotidiano, e-commerce e gestão ambiental, assuntos estes que devem ser tratados por nós, Administradores, com o máximo de atenção, tendo em vista a crise de água e os consumidores que migram para a internet. ADM. ALEX FIORIN BISSA Todo ano eu pago meu CRA no mês de janeiro, e um dos motivos é para receber a revista RBA, que eu acho muito válida. Atenciosamente, conto com a colaboração de vocês. WILHELMINA CRISTINA KOK 8 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Recebi ontem o exemplar nº 104. Agradeço pela atenção e gostaria de parabenizar a equipe da RBA pelos conteúdos, que são interessantes e muito importantes para os profissionais e estudantes de Administração. ADM. VALDEMIR COUTO DOS SANTOS Gostaria de agradecer à revista RBA, exemplar 104, pois tive a oportunidade de ler a entrevista do Administrador Idalberto Chiavenato, cujos livros, há 31 anos, foram de grande valia para minha formação acadêmica, em Belém, Pará. Obrigada! ADM. DENISE FARIAS Leitor da RBA, mantenha sempre o seu endereço atualizado. Se houver qualquer alteração, encaminhe-a para [email protected] ou pelo telefone: (61) 3218-1818. Me antecipo agradecendo o bom atendimento todas as vezes em que entrei em contato por e-mail e por telefone, em que sempre solucionaram minhas dúvidas e sanaram os eventuais problemas com as entregas das revistas. É sabido que tenho apreço por um bom atendimento e que reconheço que sempre me atenderam muito bem. Irei renovar minha assinatura. No mais, o e-mail é necessário para que eu possa deixar documentada a minha satisfação com o atendimento e com a revista no geral. JANAINA DANESE Parabenizo a todos que fazem a RBA, sempre trazendo grande contribuição para o crescimento profissional com informações sempre relevantes para minha carreira profissional. ADM. LEILSON WOELBERT EXPEDIENTE EDITOR | Conselho Federal de Administração CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2015/2016 Adm. Marcos Clay Lucio da Silva (AC) • Adm. Armando Lôbo Pereira Gomes (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. José Carlos de Sá Colares (AM) • Adm. Tânia Maria da Cunha Dias (BA) • Adm. Ilaílson Silveira de Araújo (CE) • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior (DF) • Adm. Marly de Lurdes Uliana (ES) • Adm. Dionizio Rodrigues Neves (GO) • Adm. José Samuel de Miranda Melo Júnior (MA) • Adm. Alaércio Soares Martins (MT) • Adm. Sebastião Luiz de Mello (MS) • Adm. Sônia Ferreira Ferraz (MG) • Adm. Aldemira Assis Drago (PA) • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa (PB) • Adm. Sergio Pereira Lobo (PR) • Adm. Joel Cavalcanti Costa (PE) • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha (PI) • Adm. Jorge Humberto Moreira Sampaio (RJ) • Adm. Ione Macêdo de Medeiros Salem (RN) • Adm. Ruy Pedro Baratz Ribeiro (RS) • Adm. Paulo César de Pereira Durand (RO) • Adm. Antonio José Leite de Albuquerque (RR) • Adm. José Sebastião Nunes (SC) • Adm. Mauro Kreuz (SP) • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa (SE) • Adm. Rogerio Ramos de Souza (TO) DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2015/2016 Presidente: Adm. Sebastião Luiz de Mello • Vice-Presidente: Adm. Sergio Pereira Lobo • Diretor Administrativo e Financeiro: Adm. Armando Lôbo Pereira Gomes • Diretor de Fiscalização e Registro: Adm. Jorge Humberto M. Sampaio • Diretor de Formação Profissional: Adm. Mauro Kreuz • Diretor de Desenvolvimento Institucional: Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior •Diretor de Relações Internacionais e Eventos: Adm. Marcos Clay Lucio da Silva • Diretora de Gestão Pública: Adm. Ione Macedo de Medeiros Salem • Diretor de Estudos e Projetos Estratégicos: Adm. Alaércio Soares Martins CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. Mauro Kreuz • Adm. Rogério Ramos de Souza • Adm. Sergio Pereira Lobo • Adm. Tânia Maria da Cunha Dias COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior Gostaria de parabenizá-los pelos temas abordados na edição 104. Nós também, Administradores, se não nos inovarmos iremos ficar obsoletos no mercado de trabalho. ADM. CLERISTON CALIMAN FALQUETO PRODUÇÃO Coordenação Editorial: Straub Design • Diretor Executivo: Adm. Wilgor Caravanti • Editor–Chefe: Francisco José Z. Assis • Diretor de Criação: Ericson Straub • Direção de Arte: Amanda Camargo • Redação: Ana Graciele Gonçalves, Cinthia Zanotto, Mara Andrich, Nájia Furlan e Wellington Penalva • Revisão: Mônica Ludvich • Diagramação: Amanda Camargo, Lorena Beatriz, Rafaela Lech e Thaís Pacheco • Impressão: Ediouro Gráfica e Editora Ltda • Tiragem: 120 mil exemplares REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Conecta Marketing Direto (Wladimir Reis) Tel.: (11) 98969-6075 E-mail: [email protected] ASSINATURAS E-mail: [email protected] | Portal: www.revistarba.com.br Telefone: (61) 3218-1818 A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional e da coordenadora técnica RP Renata Costa Ferreira. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. A RBA é certificada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como de circulação controlada de conteúdo dirigido. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 9 ENTREVISTA POR_MARA ANDRICH Uma longa EXPERIÊNCIA O ADM. ANTONIO ALVES COMEÇOU A CARREIRA CATANDO LARANJAS E CAFÉ. HOJE, É UM EXECUTIVO DA ÁREA DE MARKETING E GARANTE: APRENDEU MUITO COM TUDO ISSO A ntonio Alves é um exem- com o planejamento mercadológico e ANTONIO ALVES (AA): Comecei a plo de determinação. Com financeiro dos projetos.” trabalhar cedo, em diversas ocupações, experiência profissional em diversas áreas, o Administrador iniciou sua carreira muito cedo, trabalhou como office-boy, na lavoura e hoje atua na área de marketing em um grande grupo de Comunicação, a TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso do Sul. Passou pela área de coaching e talvez isso tenha lhe auxiliado a entender o quanto é impor- bom Administrador, é preciso ser ético, flexível e ter foco nos clientes e nas relações. “Encarar os desafios como meio de desenvolvimento é necessário, já que esse é um processo de crescimento e transformação de boia-fria catando laranja e café nas lavouras do interior de São Paulo; de auxiliar de pintor e de garçom. Mas foi vendendo picolés nas ruas de Mogi Guaçu, uma pequena cidade no interior do Estado de São Paulo, que vivenciei as primeiras experiências sobre os constante”, afirma. fundamentos de marketing, logística e REVISTA BRASILEIRA porque tinha que comunicar, promo- administração financeira. Marketing tante ouvir. “Como Administradores, DE ADMINISTRAÇÃO (RBA): devemos estar dispostos a escutar, O senhor iniciou sua carreira financeiro porque tinha de estudar como office-boy e, na mesma em- qual rota visitar, a fim de evitar alguns presa, chegou ao cargo de coorde- prejuízos, tais como ser assaltado. aprender e mediar sempre com todos os atores da empresa e do mercado, pois dessa forma os desafios viram 10 Ele acredita que, para ser um ver e vender. Logística e planejamento nação geral. Antes, ainda traba- Acredito que essas experiências ante- oportunidades de sucesso. E, como lhou como boia-fria. Como foi seu riores foram fundamentais para emba- Administradores na área de marke- início de carreira? Quais os desa- sar meu planejamento de vida e de atu- ting, acredito que levamos uma van- fios que enfrentou para “subir” de ação profissional, e encarar os desafios tagem, que é ter um cuidado maior cargo no início? sempre de frente e de forma direta. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Divulgação Acredito que essas experiências anteriores foram fundamentais para embasar meu planejamento de vida e de atuação profissional, e encarar os desafios sempre de frente e de forma direta” ANTONIO ALVES MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 11 Entrevista Como Administradores, devemos estar dispostos a escutar, aprender e mediar sempre com todos os atores da empresa e do mercado, pois dessa forma os desafios viram oportunidades de sucesso” RBA: Ao longo de sua carreira, AA: Marketing é uma área que me en- MANTER: ações ligadas ao processo o senhor teve a oportunidade de canta e me traz desafios diários, mas de relacionamento com clientes, pós- atuar tanto em pequenas (foi di- atuar junto com uma equipe criativa -vendas, ações de CRM, entre outros retor voluntário em empresa jú- e motivada é muito prazeroso. No iní- nior) como em grandes empresas. cio da carreira na área de marketing E também em áreas bem distin- era comum ser questionado pelos tas. O que significou essas experi- profissionais de comunicação sobre ências para o senhor? o porquê de um Administrador estar AA: Tive a oportunidade de navegar por diversas áreas e segmentos e, consequentemente, me desafiar a aprender todo dia algo novo. Em um primeiro momento é normal ficar desconfortável com o novo, mas a maior lição que tirei dessas vivências foi o trabalho multidisciplinar, em que um Administrador deve saber orques- marketing, mas sem entrar em discus- como coach. Quais seriam os seus principais conselhos para os Administradores que es- tão iniciando a carreira e querem ter sucesso? sões filosóficas e conceituais. A res- AA: Em 2011 fiz uma formação em posta era simples e eficiente, seguindo master coach, mas, em decorrência da as premissas de marketing dos mes- carga de atribuições, não tinha tempo tres da Administração Peter Druker para exercer. Então criei um site para e Philip Kotler, onde busco resumir inspirar as pessoas a fazerem o pro- todo o processo de marketing em três cesso de coaching, e nesta ferramenta letras, ICM: gratuita o indivíduo é provocado de forma simples e intuitiva a fazer um trar e inspirar bem seu time, inde- IDENTIFICAR: ações relacionadas pendentemente da formação ou perfil ao processo de investigação mercado- das pessoas. lógica, pesquisas de mercado e identi- www.meucoachvirtual.com.br. ficação de oportunidades de negócios, Nesta caminhada mantenho intacta- RBA: Mais tarde o senhor foi para a área de marketing – e trabalha com isso 12 liderando uma área de comunicação e RBA: O senhor também atua entre outros. plano de vida pessoal e profissional: Aphrodite de Knidos em mente a tese até hoje. Por que escolheu essa área? O CONQUISTAR: ações relacionadas de que o sucesso de uma pessoa não se que ela lhe trouxe de conhecimentos ao processo de campanhas para subsi- mede pela posição ou cargo, mas pela para sua carreira de Administrador? diar as vendas e equipe comercial. sua trajetória, paixão em lidar com RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO pessoas e encarar novos desafios. RBA: Como Administrador e atuando na área de Marketing, quais os maiores desafios que um profissional da sua área enfrenta hoje no Brasil? AA: Os desafios são vários, mas, como Administradores, devemos estar dispostos a escutar, aprender e mediar sempre com todos os atores da empresa e mercado, pois dessa forma os desafios viram oportunidades de sucesso. E, como Administradores na área de marketing, acredito que levamos bancos universitários, visualizei essa ajustes, agora amargos e necessá- necessidade de o CRA estar aberto rios. Estamos tendo uma retração do também para os futuros profissionais, PIB e aumento do desemprego, que inserindo-os no Conselho para que pu- também é fato. Por outro lado, temos dessem entender e fortalecer o papel instituições e um modelo democrá- do Administrador no mercado. tico sólido. A imprensa é livre e inde- RBA: Como o Administrador pode auxiliar na resolução de problemas econômicos enfrentados no Brasil, hoje? Qual a sua opinião sobre a atual situação econômica pela qual passamos aqui em nosso país? pendente. O Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal investigam com autonomia. A pobreza e as desigualdades diminuíram desde o Plano Real. Temos agora uma sociedade de classe média que é intolerante com a alta da inflação e a corrupção. Como Administradores e cidadãos, temos uma vantagem, que é ter um cuidado AA: Não podemos negar que estamos que ter uma postura de enfrentar as maior com o planejamento mercadoló- passando por um momento difícil, diversidades com otimismo. Não po- gico e financeiro dos projetos. mas já superamos crises maiores. A demos entrar no efeito manada e en- indústria sofre, mas continua com- grossar o caldo dos pessimistas que fa- plexa e diversificada. No segmento do zem apologia a um colapso econômico. agronegócio, nos tornamos competiti- Hoje passamos, sim, por um momento RBA: Fale um pouco sobre o programa CRA-JR, desen- volvido no MS. vos e fortes, e na região onde a econo- difícil e, como comprova a história, já AA: Como venho de uma experiên- mia está alavancada por esse segmen- superamos situações bem mais adver- cia de empresas júniores, onde somos to o impacto da crise é menor. Temos sas, e as empresas bem administradas provocados a vivenciar a prática da um aumento no déficit fiscal, no qual com planejamento e ações assertivas profissão antes mesmo de sair dos a missão do ministro Levy é fazer os farão a diferença no mercado. ADM. ANTONIO ALVES – CRA-MS Nº 2518 Possui MBA em Gestão Empresarial Executivo com experiência em cargo de gestão em empresas de médio e grande porte, liderando diretamente as áreas Administrativa, Financeira, Recursos Humanos, Contábil e Tecnologia da Informação. Possui sólida vivência nas áreas de Marketing e Comunicação. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 13 OPINIÃO Quão feliz você se sente FAZENDO O QUE FAZ? NÃO É NOS DIPLOMAS, NA CONTA BANCÁRIA NEM NO STATUS QUE ESTÁ O VERDADEIRO SENTIDO DO SUCESSO, MAS NAS REALIZAÇÕES Na minha infância, tive a grande sorte de ter sofrido dois Tio Patinhas, Cebolinha, etc; crianças do Brasil inteiro me graves acidentes e ter saído vivo para contar a história. Fui escreviam de volta querendo fazer parte do clube. atropelado aos seis e voei pelo para-brisa do carro aos oito. Sorte? Como assim? Bom, além da dádiva da vida, fui mente, o incrível Jornal Misto Quente, que eu escrevia presenteado com longos meses em casa, fora do sistema na boa e velha máquina. Você aí do outro lado pode estar escolar. Talvez por isso eu tenha me tornado o doidinho que nunca se enquadrou às normas e rotinas do colégio. Sem internet, computador nem canais de TV a cabo para ocupar o tempo, passava os dias na frente de livros, gibis e de uma preciosa – e barulhenta – máquina de escrever Remington 33l, o melhor presente que meus pais já me deram. Foi nessa época, e utilizando essa máquina de escrever 14 A partir daí, recebiam uma carteirinha de sócio e, mensal- pensando: “Putz, que coisa mais sem graça”. Mas se me perguntassem naqueles dias “Leandro, o que é felicidade?”, eu responderia sem pestanejar: felicidade é esperar o carteiro por volta das 4 horas da tarde e se dar conta de que, das 15 correspondências daquele dia, 14 são para você. Eu gostava tanto disso que só fui parar com essa história de clubinho lá pelos 12 anos, mas com grande pesar no coração. A propósito, os pais e as próprias crianças tendem a supervalorizar a importância da escola, como se o caminho como principal instrumento de trabalho, que criei meu para o conhecimento passasse unicamente pelos bancos primeiro negócio: o Clube Misto Quente. Funcionava da escolares. Esquecem que em seu quintal, em sua estante seguinte forma: eu “anunciava” o clubinho nas seções de de livros e em uma folha de papel em branco existe um cartas das revistas da Disney e do Mauricio de Sousa, tipo universo de possibilidades muito mais poderosas. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO *Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA. dá conta de que “idade certa” para aprender determinado conteúdo é O que ninguém sabia era o prazer que a escola”, nem uma releitura de Pink eu sentia por fazer aquilo. Um dia eu Floyd (Hey, teachers, leave them kids me dei conta de que a minha antiga alone!). Lógico que a escola é impor- máquina de escrever tinha cedido tante, mas as falhas do sistema lugar a um computador Pentium 100, escolar e a sua obsessão pela forma- que as cartas que eu recebia agora tação e padronização são ameaças se chamavam e-mails e que o Clube terríveis para que as nossas crianças Misto Quente agora se chamava descubram quem são de fato e para administradores.com. Percebi que, já que desenvolvam os verdadeiros adulto, estava fazendo exatamente o talentos que escondem por trás que fazia quando criança e descobri de seus sorrisos. que a principal medida de sucesso uma grande falácia. A curiosidade Já adulto, depois de ter me perdido não respeita tarjas do tipo “para várias vezes até encontrar meu crianças a partir de 10 anos”. caminho profissional (passei por Aliás, os livros que mais atraíam simplesmente quatro cursos supe- minha atenção eram justamente os que minha mãe colocava na última prateleira da estante, aqueles que ela julgava inadequados para a minha idade. Sabe de nada, inocente! Com uns nove anos, pensei que iria dar boas risadas com um pesado e poei- deve ser uma resposta à seguinte pergunta: Quão feliz você se sente fazendo o que faz? riores antes de escolher Administração), acabei criando um site na internet. Estava no terceiro período de Administração, no ano 2000, logo após a quebradeira das empresas pontocom. Claro que fui motivo de chacota entre colegas e rento livro que se chamava "A Divina amigos. Como acabei pulando muito Comédia". Quando me dei conta de de curso em curso, nessa altura já que era sobre a jornada de um poeta tinha vários amigos da minha idade maluco pelo inferno, não consegui formados e trabalhando em suas mais largar. Enquanto isso, minha profissões. Quando saíamos, entre professora da quarta série deveria advogados, médicos e engenheiros, estar nos obrigando a decorar a eu era o cara que tinha um site na tabuada dos 9. internet. Piada pronta. Como é bom sentir aquela mesma felicidade. Foto: Arquivo pessoal Vou além: fora da escola a gente se Bom, este não é um artigo de “abaixo ADM. LEANDRO VIEIRA, criador do Administradores.com e autor do livro Seu Futuro em Administração (Campus/Elsevier) MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 15 TECNÓLOGOS POR_ WELLINGTON PENALVA GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA é nova tendência A PROCURA POR CURSOS SUPERIORES TECNOLÓGICOS NAS DIVERSAS ÁREAS DA ADMINISTRAÇÃO AUMENTOU MAIS DE 600% EM SEIS ANOS A trativo para quem já está inserido no mercado, e para os que pretendem ingressar rápida e objetivamente, os cursos superiores de tecnologia se mostram em cons- tante crescimento no país. Surgiram no Brasil no final da década de 1960, mais precisamente em 1969, na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec). A iniciativa pioneira foi o curso de Construção Civil nas modalidades: Edifícios, Obras Hidráulicas e Pavimentação. Em 1979, o MEC alterou sua conduta em relação a tais graduações nas universidades públicas federais, levando a modalidade à extinção. A evolução do mercado foi contrária à decisão do MEC e em 1998 a graduação tecnológica voltou às universidades e, com o passar do tempo, multiplicou-se. 16 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Inseridos nesta realidade estão os Administração (CFA), Adm. Mauro cursos tecnológicos em determina- Kreuz. O estudo feito pelo MEC ra- das áreas da Administração. A am- tifica a afirmação do diretor: em seis plitude da Ciência da Administração, anos a procura por cursos tecnológi- assim como da sua área de atuação, cos relacionados à Administração legitimou o surgimento desses no- cresceu 611,6%, mais de 100% ao vos cursos que hoje figuram entre os ano. Assim como a procura, aumen- mais requisitados do país. Recursos tou o número de ingressos e egres- Humanos, Marketing, sos nesses cursos, o que levanta a Gestão de Políticas Públicas e Gestão dúvida: há espaço para tanto profis- da Qualidade são algumas das opções sional no mercado de trabalho? disponíveis para quem deseja ser es- “Há muito campo para o tecnólogo em pecialista em uma área específica diversos setores do mercado, sem dú- da Administração. O sucesso é tanto vida. Pesquisas indicam a escassez de que, de acordo com dados do MEC, mão de obra qualificada e os cursos entre 2007 e 2013, o número de cur- tecnológicos surgem para suprir essa sos superiores tecnológicos ligados lacuna, afinal, formam especialistas à administração cresceu 63,6%. em sua área de atuação” – é o que afirma “Os cursos tecnológicos são procu- Jocélia Gumiere, tecnóloga na área de Logística, rados por profissionais que já atuam no mercado de trabalho e buscam um aprofundamento na área em que atuam, ou por profissionais que têm Os cursos tecnológicos são procurados por profissionais que já atuam no mercado de trabalho e buscam um aprofundamento na área em que atuam, ou por profissionais que têm pressa para entrar no mercado de trabalho” Recursos Humanos. E ela não está enganada. No Brasil, a mão de obra qualificada ainda é uma “dor de cabeça” para as empresas, faltam profissionais para pressa para entrar no mercado de atender à demanda. trabalho, considerando que poderão Certamente, muitos se perguntam o obter um título acadêmico em ape- porquê de existirem tantos cursos tec- nas dois anos”, atesta o conselheiro nológicos na área de Administração, e diretor da Câmara de Formação afinal, existe um curso superior de ba- Profissional do Conselho Federal de charelado destinado a essa Ciência. Não Adm. Mauro Kreuz, conselheiro e diretor da Câmara de Formação Profissional do Conselho Federal de Administração (CFA) MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 17 Tecnólogos há por que se enganar, pois, apesar de da minha empregabilidade. Sem dúvi- tratarem da mesma área, os cursos são das, ser tecnólogo potencializou minhas diferentes: o bacharelado oferece um chances de manter-me empregável. conhecimento generalista e amplo, en- Embora existindo ainda uma peque- quanto os tecnológicos focam em uma na rejeição em relação aos tecnólogos, área específica da profissão. “Por ter fruto do desconhecimento da profissão, formação generalista, o bacharel em não tenho dúvida de que o mercado está Administração pode atuar em todos os ansioso por profissionais altamente ca- campos da ciência da Administração. pacitados e especializados. Se alguém Já o tecnólogo só pode atuar no campo deseja uma recolocação profissional de específico de sua formação. Portanto, maneira mais rápida, a formação tecno- ao decidir fazer o curso superior de tecnologia, o profissional deve ter clareza da área em que pretende atuar profissionalmente”, afirma Kreuz. A ideia de especialização é bastante consistente. É comum que as empresas e os empregadores estejam em busca de especialistas em determinada área. São os tecnólogos que atendem a essa demanda. Por isso, muitas pessoas optam pelos cursos tecnológicos. “Os cursos superiores de tecnologia são lógica é uma excelente opção”, discorre a Jocélia Gumiere, tecnóloga na área de Recursos Humanos Após o ressurgimento dos cursos tecnológicos, o CFA publicou resoluções normativas agregando o tecnólogo ao quadro de profissionais registrados no Sistema CFA/CRAs. Desde 2009, ano em que a autarquia começou a registrar tecnólogos de diferentes especialidades em determinada área da Administração, já foram mais de 20 tecnóloga Jocélia. Apesar da ignorância de alguns em relação à diversidade de segmentos e formações profissionais, tanto o Administrador quanto o tecnólogo têm seu lugar garantido no mercado de trabalho. Nesse universo, o que realmente dará destaque ao profissional é o “algo mais” em seu currículo: cursos de especialização; idiomas; certificações profissionais; pós-graduação; e tantos mais objetivos, o que torna a formação mil novos profissionais inseridos nas especializada e recoloca o profissional planilhas dos Conselhos Regionais de xima “não falta emprego, falta profissio- no mercado de trabalho rapidamen- Administração de todo o país. nal qualificado”. te. Todas as matérias do meu curso “A formação tecnológica foi uma das ENTÃO, TECNÓLOGO OU NÃO, grandes responsáveis para o aumento QUALIFIQUE-SE! (Gestão em RH) estavam voltadas para Recursos Humanos e a didática era inteiramente direcionada. Por esses mo- CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 2013 tivos, escolhi a graduação tecnológica”, ressalta Jocélia. outros agregadores de valor. Vale a má- Curso Superior de Tecnologia em determinada área da Administração 2012 2013 Cursos 3.880 4.377 12,81% Vagas 463.663 1.308.547 182,22% Inscritos 975.821 1.521.224 55,89% Ingressos 440.428 420.152 -4,60% Matrículas 747.024 783.803 4,92% Concluintes 154.335 158.575 2,75% % Fonte: Censo da Educação Superior Inep/MEC 2013. Dados compilados pelo CFA 18 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Procurando novas formas de se diferenciar no mercado de trabalho? CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO Modalidade: PROVA O caminho para a valorização. Saiba mais em: certificação.cfa.org.br /cfaadm /cfaadm www.cfa.org.br/cfatv www.radioadm.org.br OPINIÃO FEEDBACK: uma arte que poucos dominam O significado mais básico da em feedback, porém, raros são os que Feedback é feedback, mas alguns de- palavra feedback dominam este que é mais do que um vem ir para a lata de lixo e outros, é retorno ou resposta. No método de julgamento técnico da per- guardados do lado esquerdo do peito formance das pessoas. e no fundo da mente. Eu tinha um amigo que repetia qua- Reconheço que, para diferenciar inglesa mundo corporativo, usamos com abundância este estrangeirismo (adotar palavras de outro idioma ao nosso), especialmente em proces- se como num mantra: “feedback é feedback”. Com isso, queria dizer que sos nos quais tentamos mensurar a devemos ouvir tudo indistintamente. qualidade do comportamento e dos Confesso que essa frase sempre me resultados produzidos. Fala-se muito irritou. O que não gosto nela é justamente o fato de tratar como igual todo e qualquer feedback, dando assim ao joio um status de trigo. Existem feedbacks que devem ser ignorados e, se não forem, destruirão nossa energia criativa, o ânimo e os relacionamentos no ambiente de trabalho. Há outros geradores de mudanças tão bonitas que não podem ser colocados no mesmo grau de importância. 20 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO feedbacks, requer-se um nível de discernimento, infelizmente, pouco comum. Por vivermos dentro de uma cultura focada nos relacionamentos e não na eficiência, nós, brasileiros, somos sensíveis demais, com fortes *Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA. Um bom feedback se reconhece por duas características muito fortes: conteúdo e apresentação " inclinações a tomar pessoalmente anotações benfeitas, o domínio das Embora egressa do mundo das má- aquilo que nos é dito tecnicamente, técnicas já existentes no mercado que quinas e dos sistemas de programa- confundindo amizade com trabalho. produzirão a qualidade e a solidez de ção de computadores, a palavra fee- Acresce-se a isso um defeito crôni- um feedback apoiado em conteúdo de dback ganha, na perspectiva que aqui co que nos é comum: o excesso de valor. O como se diz é tão importante estamos apresentando, uma dimen- defesa do eu. Nosso ego tende a se quanto aquilo que se diz. Esse velho sentir ofendido por qualquer avalia- clichê é de enorme validade. A manei- ção julgada mais rigorosa ou injusta, ra como se vai apresentar o conteú- liberando desnecessários anticorpos do do feedback fará toda a diferença. para defender algo que na maioria Assertividade, ir ao ponto, deixar de das vezes não está sendo atacado. dar rodeios infantis como se estivés- cega e ensurdece para ver e ouvir um retorno de boa qualidade. Isso é muito ruim mesmo, pois, nesse estado de entorpecimento egoísta, esquecemos que sem feedback não há transformação do nosso comportamento nem aperfeiçoamento do nosso trabalho. apenas uma ferramenta de avaliação para se tornar uma arte de viver. Arte esta que, quando aprendida e desenvolvida, renova, transforma, cria, produz vida e resultados positivos. semos com medo de dizer aquilo que precisa ser dito; abandonar a desele- Foto: Divulgação Essa reação defensiva em excesso nos são além da técnica, deixando de ser gância, usar palavras que não sejam ofensivas; não usar o elogio como uma desculpa para fazer a crítica; de preferência, inverter a ordem da nossa comunicação cotidiana, começando com os aspectos a serem melhorados Um bom feedback se reconhece por (ou negativos, como se queira dizer) duas características muito fortes: para então chegar naqueles que já são conteúdo e apresentação. No aspec- evidentes sinais positivos. Se feito to conteúdo, o feedback deve ser fru- com conteúdo e apresentação ade- to de uma percepção sólida e não de quada, o feedback será um instrumen- impressões casuais. É a meticulosa to fantástico de mudança comporta- observação, o olhar cuidadoso, as mental e aumento de performance. EDUARDO PEDREIRA é professor de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getulio Vargas. É um dos autores do livro “Gestão Sustentável de Negócios”. [email protected] MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 21 CapaCAPA POR_ NÁJIA FURLAN INSPIRAÇÃO& TRANSPIRAÇÃO, na mesma medida... Isso é empreender! T odos sabem o quanto são importantes a formação, o conhecimento e a teoria no mundo dos negócios. MBAs, especializações, mestrados e outras qualificações acadêmicas – assim como o domínio dos novos conceitos e vocabulário tão específico – contam bastante para qualquer profissional galgar um caminho de sucesso ou posição de destaque em grandes empresas. No entanto, na hora de empreender, o que faz toda a diferença, mesmo, é a prática: a “mão na massa”. Sejam profissionais que já estão empregados, mas querem algo mais; sejam aqueles que, desde o período universitário, já buscam ser donos dos próprios negócios; ou ainda as pessoas que têm uma boa ideia e sonham em investir nela... O jeito é se organizar, planejar e arriscar. Sabendo que, nessa hora, toda ajuda de especialistas é bem-vinda, a Revista Brasileira de Administração (RBA) traz para os futuros (ou já) empreendedores as dicas e experiências dos melhores deles: os donos dos próprios negócios. Inspire-se com esses cases! 22 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO NAS PÁGINAS DIGITAIS, DIRETO DO RIO DE JANEIRO Em 2013, com a criação do livro digital nosso olhar para o mercado de livros e interativo “O Caçador e a Borboleta”, digitais. Isso porque fizemos uma Natália e Andréa Biancovilli se regis- publicação impressa e vimos o quanto traram como Micro Empreendedor era trabalhoso distribuir um livro Individual (MEI). Nesse início, elas de papel. Foi quando decidimos nos previram faturamento de até R$ 60 aventurar no mercado mundial de mil por ano. Nem meio ano depois, livros digitais”, lembra a empresária. o negócio já mostrava um poten- A ideia de go digital veio no ano de cial maior. Tiveram investimento de 2011. A partir de então, elas procu- mais uma sócia e viram no aumento raram o Serviço Brasileiro de Apoio às crescente de conteúdos para tablets Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e smartphones a possibilidade de e foram se munindo de todo o conhe- expandir até em âmbito de mercado cimento necessário para não apenas internacional. ter uma empresa de verdade, como No mesmo ano, o negócio deu um salto uma empresa que se consolidasse no enorme, mas não maior que as pernas. ramo pretendido. Elas estavam preparadas e fecharam “Começamos o contato de startup contratos com a Apple Store e Google e investimentos-anjo. Nós conse- Play, Amazon (audiolivros), Barnes & guimos o investimento-anjo para Nobles e ainda outros três distribui- nossos primeiros aplicativos. Porém, dores norte-americanos. no início, a inexperiência no mercado Como conta Andréa, ela e Natália nos trouxe alguns problemas admi- sempre tiveram um comportamento empreendedor. “Desde mais novas, sempre nos adaptamos melhor em ter o nosso próprio negócio do que ter um emprego com carteira assinada. Já desenvolvemos outros tipos de negócios, no passado. Os anos foram nistrativos e, principalmente, com os fornecedores. Hoje estamos reformulando toda a empresa. Estamos mudando de sócio, vamos produzir nossos próprios produtos, conseguimos um mentor, e estamos avançando, passo a passo, de acordo com passando e, como sempre gostamos o nosso planejamento”, relata Andréa. de escrever, acabamos voltando o Hoje, com três anos de empresa, elas MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 23 Divulgação Capa estão passando por uma grande reestruturação, pois decidiram trazer a produção dos apps e ebooks para dentro da empresa. “Tivemos que investir em softwares e novos equipamentos. Tudo isso está sendo muito bom para nos trazer mais autonomia. Agora temos a perspectiva de podermos lançar muito mais títulos por ano”, comemora. Se elas se consideram empreendedoras? “Sim, porque fazemos por nós mesmas, corremos riscos calculados, temos muita vontade de ‘dar certo’. Ser empreendedor, pra gente, não é só o empresário. O empregado também pode ser um!" Andréa e Natália Biancovilli começaram com um livro digital e partiram para contratos com os gigantes do mundo da tecnologia digital NO LAR, DOCE LAR, DE SÃO PAULO A dona da Sucra Ateliê Doces é Daniella Jafet. Ela não só Facilidades e dificuldades disso? “Em casa posso traba- é chef como é formada na famosa e tradicional Le Cordon lhar sem limite de horário, ou posso não trabalhar durante Bleu, em Paris. “Sempre gostei de trabalhar. Desde cedo ou dia, mas, em compensação, tenho que entregar no dia ajudava meu pai e meu avô (metalúrgico e hoteleiro, respectivamente). Decidi ter meu próprio negócio, saindo da faculdade. Comecei fazendo jantares personalizados e seguindo a minha vontade”, conta. Mas o que ela queria mesmo era fazer bolos. “Na época, ainda não tinha especialização. Nem era muito difuso em São Paulo, ainda. Mas vi que tinha um bom nicho de seguinte, então, troco o turno de trabalho para estar mais próxima dos filhos, por exemplo. A desvantagem é que, como necessito de ajuda, não posso colocar qualquer pessoa dentro de casa, ainda mais que tenho quatro filhos. E também tem a rotina da casa, que já é bem movimentada!”, revela a dona de casa, ou melhor, dona do negócio. negócio, ainda pouco explorado”, lembra. Daniella apostou no sonho e na brincadeira da infância. Fez da sua vontade, profissão. “Eu já tinha feito curso e depois fiz outro, na França. Eu me apaixonei pela confeitaria. Quando voltei para São Paulo, comecei a atender a família e as amigas, logo começaram as indicações, e assim foi um efeito cascata. Hoje tenho uma clientela fixa, de anos, comemora a “boleira”. Ela começou faturando uma média de R$ 2.000,00 ao mês. Hoje fatura bem mais. “Eu me considero uma empreende- Daniella Jafet começou cedo, ajudando o pai e o avô, e usou seus dotes e conhecimentos para empreender com seu ateliê de doces dora, sim, pois sempre penso em fazer mais, em alcançar Mas Daniella está dando conta e surpreendendo. Ela está novos níveis, em crescer”, afirma a chef. começando uma expansão: primeiro, com um quiosque Daniella montou um ateliê, mas quando ganhou a primeira no Shopping Cidade São Paulo, já agora em maio, e logo filha teve de se adaptar. Ela fechou o seu espaço e se asso- pretende abrir filiais, carrinhos para evento e uma fábrica ciou a uma colega, por dois anos, quando chegou o segundo filho. Com os dois pequenos, Daniella resolveu transferir o negócio para dentro de casa. 24 Divulgação que sempre me indica. Trabalho muito por indicação”, RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO com confeitaria. “O que eu diria para quem está começando ou querendo empreender? Fazer tudo com muita dedicação, paciência e capricho”, sugere ela. Gerson Maezano desenvolveu, na e, agora, colher os frutos. “Foram casa dele, um produto que propor- várias idas e vindas até a indús- ciona de 40% a 60% de economia, tria que vai produzir, para fazer os por acionamento. Além de baixo ajustes até que estivesse em ordem. custo, a substituição é simples como Hoje estou conseguindo fazer com trocar uma lâmpada. Ele já paten- que o produto seja conhecido, mas teou o produto e espera colocar no a entrada no mercado ainda está mercado em todo o Brasil, a partir do difícil. Preciso ter um nome mais ano que vem. forte”, reconhece. “Por ser uma pessoa que usa muito É exatamente essa insistência que o banheiro para resíduos líquidos, e faz de Gerson um empreendedor. achava o desperdício de tanta água “Mesmo diante das dificuldades, só para descartar esse tipo de dejeto, nunca pensei em desistir. Não vou resolvi desenvolver a minha ideia sossegar enquanto não ver o meu de conter gastos desnecessários. Já produto no mercado”, anuncia. existem produtos de duplo aciona- Em junho, ele vai participar de um mento, mas com um custo muito alto. Eu queria um produto que fosse simples e mais acessível. Criei, então, o Acqualógico”, afirma. Divulgação ACQUALÓGICO: A ÓTIMA IDEIA DE GERSON evento sobre como acelerar startups e pretende ir em busca de um empreendedor para entrar com ele no desafio do mercado. “Além da peça A ideia surgiu em 2009. Desde lá, foi que já tem fabricação, tenho mais investindo, segundo ele, em passos outras duas com a mesma função lentos, mas necessários: patentear, para atingir todos os modelos de testar, divulgar, registrar a marca caixas acopladas”, garante. Em tempos de crise hídrica, a ideia de Gerson Maezano proporciona de 40% a 60% de economia de água por acionamento do vaso sanitário MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 25 Capa Divulgação CORRA O RISCO, MAS COM SEGURANÇA Quando Fabio Sacheto decidiu abrir Modelare, que é uma marca voltada o próprio negócio, ele trabalhava na exclusivamente para o mercado de maior empresa do mundo de telefonia salões de beleza”, conta. corporativa, ganhava em dólares, Segundo Fábio, atualmente a Florus gerenciava a segunda maior divisão da empresa e tinha credibilidade internacional. Não foi fácil, mas ele apostou. “Não foi exatamente uma ideia, mas um desejo pessoal de ter um negócio próprio, a princípio como um plano B para uma possível situação de desemFabio Sacheto transformou sua ideia na 11ª do ranking do “Anuário das 500 Maiores Franquias para Investir” prego. Entre todos os segmentos da economia para empreender, escolhi cosméticos, porque percebi que o Brasil está entre os principais mercados consumidores do mundo e que já vinha crescendo expressivamente nos últimos 20 anos”, afirma. Ele começou a pensar em abrir um negócio na área em meados de 1998 e, logo em outubro de 1999, a Florus vendeu seu primeiro produto. “A Florus já começou como uma fábrica As nossas dicas, para quem quer arriscar, são: preparação – a sorte favorece quem está preparado; execução – o feito é sempre melhor que o perfeito" 26 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO de cosméticos, mas que produzia apenas para suprir sua própria demanda. No início, foram lançados quatro itens e o faturamento anual foi menos de R$ 100 mil. Hoje, a empresa foi franqueadora e ficou no 11º lugar no se dedica exclusivamente à prestação de serviços de produção de cosméticos para mais de 70 empresas, de vários segmentos e inúmeras regiões do Brasil. O faturamento de 2014 foi de R$ 2,9 milhões e a expectativa, para este ano, é ultrapassar os R$ 3,5 milhões. “Eu e minha esposa (com quem ele abriu a empresa farmacêutica e, na época, trabalhava com desenvolvimento e adequação de fórmulas cosméticas) cultivamos a essência do empreendedor funcionário, de maneira a incentivarmos cada funcionário a pensar na empresa como se fosse sua. As nossas dicas, para quem quer arriscar, são: preparação – a sorte favorece quem está preparado; execução – o feito é sempre melhor que o perfeito; e controle – nunca delegue o que não pode ser delegado. Dê o passo do tamanho das suas pernas: jamais contraia uma dívida ranking do “Anuário das 500 Maiores sem que tenha a máxima segurança Franquias para Investir”. Montamos de que você irá conseguir saldar os uma operação inteira de Marketing pagamentos e somente crie dívidas Multinível (Beautyway) e lançamos a que forem para crescimento”, conclui. DICAS ESPECIAIS PARA COMPLEMENTAR O QUE A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA APONTAM, A RBA TRAZ A SEGUIR ALGUMAS DICAS Além da ideia, é preciso pensar no cliente como principal ator do segmento de mercado e nas entradas de fontes de receitas desse novo negócio, que é por onde o planejamento começa a ser construído. Planejar e entender o seu público-alvo ajudará muito para que o resultado seja imediato. Jean Fábio de Oliveira, consultor Uma boa ideia é o primeiro passo para o sucesso. É a partir dela que um modelo de negócios é testado e desenvolvido. É em cima de sua estrutura que toda a construção da proposta de valor do negócio é formada e, assim, as grandes ideias podem se tornar produtos ou serviços promissores. As boas ideias devem ser testadas rapidamente, pois a velocidade do desenvolvimento de empresas inovadoras é bastante acelerada. Ruy Soares de Barros, consultor O melhor momento é aquele que a pessoa se sente bem e confiante – e identifica uma oportunidade de negócio. Não é uma boa ideia sair do emprego e abrir um negócio qualquer só por necessidade de ganhar dinheiro. Empreender exige planejamento. Faça estas perguntas: o que quero fazer? Essa ideia é única ou já existe? Como torná-la real? Por que vão comprar esta ideia de mim? Essa ideia é viável? Se para todas estas perguntas as respostas forem favoráveis, comece a fazer o planejamento estratégico, primeiro o Canvas e depois o plano de negócios. Procuro sempre orientar a empreender sozinho, porém, nem sempre é possível. Uma vez identificado que haverá uma parceria/sociedade, leve em consideração o seguinte: é preciso valorizar a afinidade e buscar complementariedade entre vocês; defina a participação, divida responsabilidades (sempre em contrato), exerça a tolerância e, principalmente, seja transparente. Um negócio, para ser autêntico e promissor, deve estar ligado com a necessidade de um determinado público-alvo. Sem o cliente interessado e disseminando a sua oferta, nenhum resultado será alcançado. Melhoria e inovações em produtos e serviços, em qualquer tipo de segmento ou setor, são sempre o alvo de resultados promissores. A agilidade e o rápido planejamento podem significar muito, assim como o uso de recursos adequados poderá gerar receitas e diminuir custos desnecessários. Fazer aquilo de que se gosta ajudará o empreendedor a não desistir. E mesmo que o primeiro obstáculo seja o mais difícil de ser superado, uma das principais características do comportamento empreendedor é a persistência. Investidores são movidos por resultados, por isso, para atraí-los, é preciso ter uma empresa ou uma ideia que mostre que isso irá acontecer. Numa ideia, o Canvas é a ferramenta ideal, pois mostra como as coisas devem acontecer. Numa empresa estabelecida terá que mostrar os resultados financeiros (capital de giro, estoques, contas a receber, índices de rentabilidade, etc.). Mas lembre-se de que a negociação é um fator chave de sucesso. Sempre é possível empreender, e às vezes, se nosso negócio principal não está mais de acordo com as expectativas de mercado, é hora de mudar. E nem sempre precisa começar do zero, mas o planejamento é necessário. Se o problema é você, identifique coisas de que gosta de fazer e tente implantá-las em seu negócio. Se o problema é a empresa, identifique o que não está dando certo e ações que podem ser implantadas para mudar. Pesquise seu cliente e tente entender o que ele quer de seu negócio, qual sua expectativa quando toma contato com sua empresa. Pesquise então seus concorrentes e veja o que estão fazendo de diferente e que dá certo – e tente copiá-los. Busque parceiros fornecedores para ajudá-lo nessa nova fase. Foque na solução e não no problema. Busque oportunidades novas no mercado, através de seu cliente, fale com ele, não tenha medo de ouvi-lo. Tenha iniciativa de mudar – essa, às vezes, é a maior barreira. Seja comprometido e eficiente na busca das informações, trace um plano de ação com metas e prazos e cumpra-os. A diferença entre sucesso e fracasso chama-se: atitude. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 27 Capa informações coletadas sobre a empresa que deseja montar são organizadas para saber quanto deverá dispor para iniciar o projeto e compreender como a economia poderá afetar a iniciativa. Tem mercado para todos os setores e tipos de produtos e serviços. O ideal é procurar uma atividade com que se tenha Ênio Pinto, gerente de Atendimento Individual do Sebrae Nacional afinidade. Hoje, metade das micro e pequenas empresas é do setor de comércio, mas o setor que mais vem crescendo é o de serviços. A indústria costuma ser uma atividade que exige um Nunca vai existir um momento ideal para abrir um novo negócio. conhecimento mais específico, por isso a proporção é menor De alguma maneira sempre haverá setores em dificuldade e entre as micro e pequenas empresas. outros que estão muito bem. Em épocas de grandes crises econômicas, de guerras, surgiram grandes empreendedores. Em qualquer tempo é possível identificar oportunidades concretas de empreender. A crise existe da porta para fora para todo mundo. O que vai dar mais chance de crescimento de um novo negócio não é a época em que ele foi criado, ou mesmo a área de atuação, e É preciso avaliar se você está disposto a encarar o desafio de empreender sozinho ou se prefere compartilhar esse projeto com mais alguém. Um sócio pode ajudar a levantar o dinheiro necessário para o investimento inicial. E as especialidades de cada um podem ser complementares. A maioria dos pequenos sim o planejamento envolvido antes da abertura da empresa. É a negócios é constituída no formato de empresa limitada, o que gestão da porta para dentro do negócio. indica a participação de mais de um proprietário. A decisão de Antes de abrir um negócio é preciso saber se ele é viável e planejálo. Para isso, é preciso coletar informações que darão subsídio ter ou não um sócio e o melhor perfil dessa pessoa deve ser tomada no processo de planejamento e elaboração do plano de à elaboração do plano de negócios. Realizar uma pesquisa de negócio. Entretanto, é importante ter em mente que conflitos mercado, identificar o melhor local para abrir o empreendimento, podem ocorrer durante a gestão do negócio, e que não pesquisar quem são os concorrentes, fornecedores e consumidores necessariamente o melhor amigo, por exemplo, será o melhor e quais suas necessidades é fundamental para o sucesso. Além sócio. Ele deve ser alguém que compartilhe a crença no negócio disso, é preciso construir um plano de negócio no qual as em primeiro lugar. Dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) 3.300 startups - atualmente 20 mil empreendedores - estimados 25% das startups morrem antes de completar um ano de vida (Fonte: Fundação Dom Cabral) 28 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO BEM-ESTAR POR_CINTHIA ZANOTTO VOCÊ SABE O QUE É BOM PARA SUA PELE? ESPECIALISTAS FALAM SOBRE A IMPORTÂNCIA DE USAR OS PRODUTOS ADEQUADOS PARA MANTER UMA APARÊNCIA SAUDÁVEL E mbora muito se fale em A Sociedade Outro recado importante para os con- crise, há um setor em cons- Brasileira de Dermatologia, Nicole sumidores é em relação ao excesso na tante desenvolvimento no Perim, diz que os cosméticos não são Brasil. Atualmente, o país é o terceiro aplicação, pois o uso descontrolado vilões e podem ser aliados nos cuida- maior mercado consumidor de produ- dos com a pele se usados da maneira pode ser prejudicial à pele. Um dos ca- tos de higiene pessoal, perfumaria e correta. “A indústria cosmética evo- cosméticos do mundo. Em 2014, o cres- luiu muito e existem produtos especí- cimento nominal foi de 11%, segun- ficos para cada faixa etária, tipo e para do divulgou a Associação Brasileira peles mais sensíveis”, completa. de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Mas será que em meio a tanto consumo os brasileiros sabem escolher o produto certo para seu tipo de pele? dermatologista da Conforme explica a médica, a pele funciona como uma barreira de proteção contra as agressões externas ao organismo, pois é o órgão que reveste todo sos mais comuns é a acne cosmética, que pode ser provocada pela utilização exagerada de alguns produtos. Para ficar livre de possíveis problemas referentes à utilização de cosméticos e saber quais são os produtos mais adequados para cada pele, a recomendação é procurar um dermatologista. o corpo. Em crianças e idosos este re- Segundo Pessanha, este profissional De acordo com o dermatologista Rafael vestimento é mais permeável. Ainda tem experiência para fazer a indica- Pessanha, membro da Academia há doenças que deixam a pele mais ção correta de diversos tratamentos Americana de Dermatologia, há uma sensível a certas substâncias, podendo como rejuvenescimento, clareamen- vasta lista de cosméticos disponíveis ocasionar irritações. Por isso, o mer- to, melhora da flacidez, tratamento de hoje em dia e cada um deles foi de- cado já oferece produtos com formula- senvolvido para um tipo específico de ções seguras para estes casos. imperfeições (ex.: furinhos de acne), pele, desde hidratantes até ácidos em altas concentrações. Quando alguém utiliza um produto contraindicado corre o risco de sofrer com alergias, irritações, dermatites e, em casos mais graves, até queimaduras. “Os homens, em geral, possuem a pele mais oleosa e não se adequam a produtos com a cosmética mais cremosa. Já as mulheres utilizam muita maquiagem, esmaltes e perfumes e estão mais suscetíveis a irritações por renovação celular, melhora do brilho e por aí vai. Nicole lembra ainda que além dos cosméticos, a saúde da pele e dos cabelos depende também de uma boa alimentação, rica em vitaminas e ingestão adequada de líquidos. E entre todos “Cada cosmético foi feito para um tipo substancias presentes nestes produ- de pele e para uma indicação. Ou seja, tos. Em relação às crianças, elas ab- quando uma pessoa compra um pro- sorvem mais as substâncias aplicadas uma aparência mais saudável, o filtro duto porque na amiga dela funcionou, na pele. Devemos nos atentar para os solar é primordial, pois ajuda a preve- não quer dizer que funcionará nela produtos permitidos para cada ida- nir o envelhecimento, as manchas e o também”, acrescenta. de”, declara Nicole. câncer de pele. os produtos que podem proporcionar MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 29 JANES ROCHA É JORNALISTA ESPECIALIZADA EM NEGÓCIOS, AUTORA DO LIVRO "OS SEGREDOS DE TAIGUARA" E COLABORADORA DE HSM MANAGEMENT. O DILEMA (para as profissionais e para as empresas) ENQUANTO CADA VEZ MAIS EMPRESAS SE ESFORÇAM PARA TER MULHERES NA LIDERANÇA, ELAS REPENSAM SE MERGULHAM Q NA PROFISSÃO OU PRIORIZAM ASPIRAÇÕES PESSOAIS uando a Coca-Cola anun- ganização não governamental Catalyst, sendo anunciado há mais de uma déca- ciou há dois anos a meta que promove ações afirmativas e analisa da. Em 2003, a jornalista e escritora Lisa de, até 2020, elevar a parti- o mercado de trabalho feminino, apon- Belkin escreveu um polêmico artigo no cipação de mulheres em seu quadro de tou que elas ocupam apenas 17% dos The New York Times sobre o que cha- líderes dos atuais 28% para 50%, estava cargos de direção nas 500 maiores em- mou de “revolução do opt out”, expressão presas da lista da revista Fortune, refe- em inglês que quer dizer “cair fora”, em rência para o mundo corporativo. tradução livre. As mulheres norte-ame- se juntando a um número crescente de empresas. E, de modo geral, hoje já existem mais mulheres em cargos de supervisão e coordenação do que homens. Vamos comemorar? nina é ainda menor. Um levantamento do site Opera Mundi em 2014 mostrou Ainda não. É verdade que nunca hou- que, entre os 191 países que integram a ve tantas oportunidades para gestoras Organização das Nações Unidas (ONU), como hoje. No entanto, a chegada delas apenas 13%, ou 25 países, são governa- aos postos de liderança, em ritmo lento, dos por mulheres. E esse número já é tem feito com que muitas repensem o esforço para chegar lá, principalmente o sacrifício da maternidade e da família. Em um censo realizado em 2013, a or- 30 Na política, a representatividade femi- RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO um recorde a ser celebrado, porque, em 1990, era metade disso: 12 países. ricanas estavam “caindo fora” da carreira profissional para engravidar e/ou estar mais próximas dos filhos e da família, argumentava Belkin. A tendência se consolidou a partir daí. Em 2012, a cientista política Anne-Marie Slaughter ganhou todas as atenções ao anunciar, na revista The Atlantic, sua decisão de deixar um invejável posto no Departamento de Estado norte-ame- O incômodo delas com a lentidão dos ricano para cuidar do filho de 14 anos, avanços e as dificuldades existentes vem cheio de problemas de adolescente. Slaughter foi uma entre muitas. Tan- abrir um negócio próprio. A norte-ame- tas que, nos Estados Unidos, até surgiu ricana Linda Rottenberg, fundadora da uma reação ao opt out, batizada de “lean O fenômeno in”, que significa, em linhas gerais, mer- do opt out pode, sim, mo Endeavor, diz que a responsabilida- abalar a tendência à presença feminina em de pelo movimento opt out é majoritariamente das empresas estabelecidas, cargos de liderança, por não praticarem boas políticas sobre gulhar fundo na carreira e esquecer a vida pessoal se for preciso. Essa linha é defendida com unhas e dentes pela executiva-chefe de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, que escreveu livro homônimo sobre o assunto. Em resumo, o mar profissional nunca esteve tão bom para as mulheres, mas uma vez que o número de mulheres aptas a tal posição decresce” muitas estão decidindo jogar a toalha. E A OPÇÃO BRASILEIRA José Geraldo Recchia, presidente da firma de consultoria de RH Caliper do Brasil, não acredita que toalhas sejam jogadas, não em escala expressiva. “Se, hoje, ambos os sexos já estão competindo por cargos de gestão, o mesmo acontecerá com os postos de direção máximo e a “equilibrar todos os pratos” para chegar lá. Serão um grupo extremamente focado. entre três opções, e não duas: lean in, opt out e o meio-termo, que é conformar-se com uma posição de menos po- A psicóloga Cecília Russo tem dúvidas. aqui parece ser a de buscar conciliar as duas vidas – facilitada pela existência de uma mão de obra de apoio para a classe vas das mulheres universitárias brasi- média, de domésticas, babás etc. leiras no mercado de trabalho para seu “Vejo isso na geração das brasileiras e avalia: “O fenômeno do opt out pode, sim, abalar a tendência à presença feminina em cargos de liderança, uma vez que o número de mulheres aptas a tal posição decresce”. No entanto, a especialista também crê na possibilidade de uma “seleção natural” mudar o curso dessa história. Embora muitas mulheres caiam fora de fato, A segunda alternativa é as empresas se para acolherem mais a vida pessoal de seus colaboradores. “Quando as empresas se derem conta realmente de que estão perdendo incríveis talentos, elas vão José Geraldo Recchia acrescenta maioria das mulheres ainda se divide Segundo Russo, a tendência dominante de gênero da Georgia State University mercado de trabalho de fato.” Estados Unidos que no Brasil, onde a diz o especialista. mestrado no departamento de estudos tas mulheres talentosas estão saindo do ter de mudar”, assegura Rottenberg. der para cuidar da casa. ma, ela está pesquisando as alternati- a vida em família e a maternidade. “Mui- O debate está mais polarizado nos e, por fim, com a cúpula das empresas”, Com dois livros publicados sobre o te- que estão expulsando pessoas de talento reinventarem em estrutura e processos, E agora? SELEÇÃO NATURAL ONG de estímulo ao empreendedoris- mais jovens, inclusive: elas não estão dispostas a mergulhar totalmente na carreira, esquecendo a vida pessoal, e tampouco querem cair fora se depender delas; desejam tudo”, afirma a pesquisadora. CAMINHO INTERMEDIÁRIO Seja do lado das empresas, seja do das mulheres, como se viabiliza um caminho intermediário? que muitas empresas estão sendo influenciadas pelos estudos internacionais que evidenciam os benefícios das características de gestão ligadas ao estilo feminino. “À medida que se comprova que o modo de gerenciar associado às mulheres gera melhores resultados nos negócios, mais empresas se sentem compelidas a ajudar na busca de um caminho do meio que possa viabilizar a permanência das mulheres ali”, diz o consultor. As gestoras já têm homens como aliados para mudar as organizações. “Todos os jovens que chegam hoje aos cargos de gestão exigem mais flexibilidade das empresas”, afirma Recchia. Os homens das gerações Y e Z também estão pedindo mais flexibilidade para poder participar mais da criação de seus filhos, reforça Rottenberg –e ficarão nas empresas aquelas com per- Uma alternativa em ascensão, que tem alguns até assumem mais a casa [veja fil mais ambicioso, dispostas a dar seu sido adotada por muitas mulheres, é quadro a seguir]. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 31 Camargo conta que um programa para As empresas estão, de fato, atentas à movimentação. Benefícios como licença-maternidade de seis meses, creche, sala de lactação, vagas especiais no estacionamento para gestantes e horários flexíveis já viraram commodities nas maiores. Além disso, como a Coca-Cola, gran- Mulheres são imprescindíveis na gestão de uma empresa como a Renault. Cerca de 40% dos cheques dados nas 2009 em âmbito mundial. Na filial brasileira, onde as mulheres representavam apenas 10% do quadro de colaboradores, o programa teve início em 2011. Foi, então, criado um grupo de trabalho interno, com dez mulheres e dois concessionárias da marca homens, multifuncional, para estudar incentivos e identificar possíveis “telhados de vidro”, promovendo de- feminina no quadro de colaboradores, são assinados por elas, que respondem por 85% mas também ao estímulo à liderança. das decisões de compra” pois, em 2012, a participação femini- des nomes da indústria desenvolveram programas destinados não só à ampliação mais rápida da participação Gigante de um setor predominante- bates e eventos. Só que um ano dena continuava em 10% – o programa não estava funcionando. mente masculino, o da tecnologia, a Dell montou o programa Wise (sábio, Por quê? Houve uma revisão no grupo, em inglês) para ampliar a participação envolvendo mais homens na mudança feminina na liderança. Baseado no de- (a proporção passou a ser meio a meio). senvolvimento de redes de relaciona- Também foram incluídas pessoas de mento e mentoria, o Wise tem grande maior influência entre o time e promovi- alcance, abrangendo gênero, orienta- dos debates com formadores de opinião ção sexual e pessoas com deficiência a fim de superar os obstáculos culturais. física, explica Luciana Madrid, direto- Em 2014, a boa notícia: a participação ra de recursos humanos. Para as mulheres, o programa desenvolve comunicação própria e ativida- das mulheres em postos de liderança suAna Paula Camargo, diretora de RH da Renault país. Há um braço voltado para o pú- biu para 11%, e com um importante aumento de números absolutos, segundo Camargo: “Saímos de 531 mulheres em des de capacitação dentro e fora do 2010 para 688 em dezembro de 2014, “Com a diversidade do time refletindo ou seja, 157 a mais em quatro anos, em empreender com a marca, e um encon- a diversidade dos consumidores, enten- um universo de 6 mil colaboradores”. tro internacional, que todo ano reúne demos melhor nosso público e desenvol- centenas de empreendedoras. vemos tecnologias e modelos de negócio blico externo, para estimular jovens a adequados”, afirma Madrid. Luciana Madrid, diretora de RH da Dell 32 chamar o público feminino começou em RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Um esforço adicional na Renault está sendo feito no recrutamento externo, no qual há uma espécie de cota infor- Na filial brasileira da Renault, a diretriz mal de 50% para mulheres – em cada para ampliar a participação feminina na processo, os currículos delas são ana- companhia veio da matriz na França: a lisados antes dos deles. ordem é chegar a 2016 com 20% de mu- A filial brasileira da Pfizer, a gigante lheres em postos-chave, relata a diretora farmacêutica, seguiu as diretrizes glo- de RH, Ana Paula Camargo. Parece pou- bais de diversidade do grupo e já tem co, mas trata-se de um desafio imenso mudanças para mostrar. Se em 2008, para uma montadora de veículos, pois quando o programa se iniciou, 23% dos esse setor atrai menos mulheres do que colaboradores eram mulheres no gru- o de tecnologia. po todo, hoje, só entre os 2,5 mil cola- boradores no Brasil, 48% são mulheres ocupando cargos executivos (incluindo os de gerentes e diretores). ELE FEZ O “OPT OUT" O movimento opt out sempre é uma das alternativas analisadas por milhões O programa da Pfizer é agressivo, conta de mulheres ao redor do mundo. Mas Cristiane Santos, gerente sênior de co- vem sendo implementado por alguns municação corporativa e uma das líde- homens também, incluindo brasileiros, res do Comitê de Diversidade e Inclusão como o jornalista paulista Claudio Hen- (D&I): prevê a seleção de uma mulher rique dos Santos, de 43 anos. para cada homem contratado, a cada va- Ele ainda constitui uma exceção, é cla- ga criada, tanto na sede administrativa ro, tanto que virou uma celebridade da como nas duas fábricas. internet com o comentadíssimo blog Macho do Século 21, além de livros publicados e convites para dar palestras em todo o Brasil. Sua vida mudou em 2009. Santos havia montado uma loja de vinhos depois de terminar uma carreira em comunicação corporativa que ia “razoavelmente bem”. Enquanto isso, Daniela, a esposa, “decolava” em uma carreira na área de recursos humanos. Naquele ano, foi convidada Cristiane Santos, uma das líderes do Comitê de Diversidade e Inclusão da Pfizer achando que poderia também trabalhar lá em qualquer outra coisa. Só que não obteve visto de trabalho. Nessa hora, Santos diz que teve sua masculinidade colocada à prova. Ficou em casa, cuidando da filha e administrando o lar. “Até para comprar um sanduíche na rua tinha de pedir dinheiro para Daniela.” Por outro lado, foi uma experiência riquíssima de aproximação com Luiza, que na época tinha 8 anos e ficava mais com ele que com a mãe. “Para ela [a filha], o natural tornou-se eu estar em casa e a mãe trabalhar fora”, relata. FASE MAIS DIFÍCIL Hoje, morando nos Estados Unidos, na cidade sede da companhia em que Daniela trabalha, Santos conta que a fase mais difícil já passou. pela multinacional do setor de saúde Foi quando, em Singapura, as pessoas em que trabalha para ocupar um car- perguntavam o que ele fazia. Por ver- go de vice-presidente em Singapura. gonha, com medo da pressão social, Santos viu-se de repente com ape- que é forte em qualquer parte, Santos mentia, dizendo que trabalhava como COMEMORAR UM POUCO nas Sim, vamos comemorar – ao menos o um pouco. Embora as queixas sobre nhar Daniela e a filha, Luiza, até o “Um dia, decidi que não podia continuar a lentidão do avanço e as dificuldades outro lado do mundo ou ficar sem escondendo a realidade: eu precisava as duas. Ele também podia bater sair do armário no âmbito profissional”, o pé e fazê-la desistir do convite. brinca. “Passei a responder apenas com Mas aí entrou o espírito de parceria ne- a verdade: ‘Tenho o melhor emprego do cessário aos casamentos. mundo: cuido da minha filha’.” “Como homem, eu tinha tudo naque- Santos garante que, embora tenha sido le momento para não apoiá-la. Mas criado da mesma forma que a maioria não tive coragem. Minha loja ainda dos brasileiros, em uma família machista, não ia tão bem e aquela era uma opor- percebeu a injustiça disso e sempre agiu tunidade imperdível para ela”, conta. diferentemente com a esposa. “Nunca Decidido a ir para Singapura, mer- tive problemas com o sucesso dela e gulhou no projeto, se desfez da loja nem esse orgulho ferido de homem, por e embarcou para o Extremo Oriente, ganhar menos do que ela.” existentes tenham muitas razões de ser, os processos em andamento em algumas empresas já nos dão direito a alguns sorrisos extras. duas opções: empreendimento para abandonar acompa- freelancer. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 33 A REPORTAGEM É DE LIZANDRA MAGON DE ALMEIDA, EDITORA-ASSISTENTE DA HSM MANAGEMENT. GESTORES BRASILEIROS ESTUDAM DESIGN THINKING CADA VEZ MAIS PROFISSIONAIS DO PAÍS ESTÃO ESTUDANDO A TÉCNICA DE ABORDAR PROBLEMAS DO PENSAMENTO DO DESIGN E CONSEGUINDO TRAZÊ-LA PARA SUAS EMPRESAS A Nearpod, que funciona em Miami, EUA, é uma platafor- ças às atividades desenvolvidas em uma escola de design ma de aplicativos móveis para uso em sala de aula. Profes- thinking – no caso, a d.school, que faz parte da Stanford sores do mundo inteiro dão ideias de aplicativos à empresa e, se selecionados, são remunerados para desenvolvê-los 34 University, Califórnia, EUA. com a equipe interna, formada por programadores, desig- Guido Kovalskys, fundador e presidente da Nearpod, fez ners de interface e desenvolvedores de conteúdo. na d.school o que chama de “residência empreendedora”. Com vários apps já adotados na rede de ensino da Flórida No programa, esse argentino com família brasileira teve rendendo royalties aos professores-criadores, a Nearpod é um ano, de junho de 2013 a julho de 2014, para se aprofun- um exemplo de modelo de negócio que se estabeleceu gra- dar no desenho da Nearpod. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO RETOMADA DIDÁTICA Escolas de design vêm atraindo cada vez mais gestores e empreendedores como Guido Kovalskys, e o efeito disso começa a ser sentido no mundo corporativo: retoma-se a velha sabedoria popular de que “a necessidade é a mãe da invenção” – a necessidade dos consumidores, nesse caso. A transposição do pensamento do design para as companhias teve início fora das escolas, há cerca de 25 anos, com DEPENDER MENOS As escolas de design querem transformar os gestores das empresas em designers protagonistas de seus processos de inovação, sem terem de depender tanto de consultores e fornecedores externos o trabalho de inovação da empresa de design californiana Ideo, dos irmãos David e Tim Kelley. (Antes, nos anos O aprendizado desse jeito criativo e único de trabalhar atrai 1970, a academia já discutia a adoção do pensamento do cada vez mais executivos, principalmente nos Estados Uni- design nas empresas, mas isso não saía de lá.) dos e na Europa, mas também no Brasil. Só uma escola de David Kelley, formado em Engenharia Mecânica, uniu-se São Paulo projeta ter mais de 500 alunos em 2015. a colegas para adaptar o método da Ideo a uma escola, a fim Aqui os gestores estão aprendendo o design thinking de de poder ensinar todos os tipos de profissionais (executivos, inclusive) a pensar e agir como designers. duas maneiras: de um lado, muitos têm ido estudar na d.school e em escolas similares nos Estados Unidos – os Assim, os gestores passariam a ser protagonistas da cursos de Jeanne Liedtka na Darden School são concorri- inovação, sem ter de depender tanto de consultores ou dos entre os brasileiros – e na Europa; de outro, novos cur- fornecedores externos. sos de design thinking surgem todos os dias em faculdades Entre os pilares do método estava a crença, até hoje pou- e outras instituições brasileiras. co compreendida, de que uma ideia não vale nada; o que No Brasil, os cursos são livres e não têm reconhecimen- importa mesmo é sua execução. É também fundamental to oficial do Ministério da Educação. Costumam ser o entendimento de que inovação tem de ser aprendida na procurados por pessoas graduadas e não há processo prática, bem longe da zona de conforto. seletivo, apenas entrevistas para saber se o candidato Em 2004, nasceu a d.school, dentro do câmpus da Stanford está afinado com a proposta. Os valores vão de cerca de University, em parceria com o Hasso Plattner Institute of R$ 1 mil para cursos de curta duração a quase R$ 10 mil Design, alemão. para cursos de um ano. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 35 d.school, EXPERIÊNCIA CALIFORNIANA e Garcia são exemplos de alunos latino-a- Para cursar a d.school, é preciso ser aluno A jornalista estava em um ano sabático de um dos cursos de pós-graduação em e foi estudar em Stanford com uma bol- Stanford e ter um projeto que interesse à sa de estudos da J. S. Knight Fellowships, proposta da escola no momento, e assim que promove a inovação e o empreen- ingressar como fellow, um tipo de pesqui- dedorismo em comunicação. “O fellow sador convidado. estuda o que quer; eu conheci e quis Os preços dos cursos de pós-graduação de Stanford variam, mas não são baratos; há, porém, uma série de possibilidades de financiamentos e bolsa de estudos. Outra porta de entrada é que uma empresa contrate um curso ou um workshop para seus funcionários. O MBA de Stan- a d.school”, explica. Garcia buscava um modelo de negócio digital viável em mídia, indústria que tem sido desconstruída pela internet. Havia trabalhado na agência de notícias Reuters durante 15 anos – depois de parti- ford, com um curso de design thinking, cipar da implantação desse serviço no também oferece uma ponte com os pro- Brasil, foi correspondente no Uruguai e fessores da d.school. O curso de MBA cus- em Washington. ta cerca de US$ 14 mil, mas há uma série “Eu estava acompanhando o desafio da de opções de cursos de educação executi- digitalização do jornalismo, na era do po- va, além de workshops de curta duração. der para as pessoas, e achei que a d.scho- O time de professores é igualmente pode- ol me ajudaria a entender como fazer isso roso: inclui nomes fixos como Kelley, Hasso bem”, diz. Plattner, Justin Ferrell e Susie Wise, referências de Stanford como Bob Sutton e Jennifer Aaker, profissionais do mercado como o paquistanês Zia Yusuf, da empresa de software Streetline. Se toda escola de design thinking valoriza estudos era apenas pesquisa em inovação na área de comunicação, mas, na d.school, ele evoluiu para se tornar uma empresa de consultoria e treinamentos. A Orbitalab foi fundada em junho de 2014 pecialmente privilegiada nesse quesito, já e já tem clientes como o grupo RBS, a Uni- que recebe alunos do mundo todo. versidade Metodista, a empresa de sof- Os programas também sempre têm ex-alu- twares Globant e o Instituto Projor. “No nos com muita experiência prática, como próximo ano e meio vou cuidar da comu- Kovalskys, que continua na escola, até ju- nicação digital da Olimpíada Rio 2016”, lho próximo, para acompanhar os novos conta Garcia, orgulhosa. alunos e trabalhar em projetos reais em Kovalskys já havia tido uma experiência projetos de empreendedorismo social. Os candidatos preenchem um formulário detalhado e são submetidos a um pitching, para avaliar o que cada um tem a acrescentar. na Califórnia – em Berkeley, em 1997. Foi quando fez sua migração de executivo a empreendedor, criando logo em seguida, • Empatia e pesquisa de campo. É preciso se colocar no lugar do outro para entender suas necessidades e valores. Para isso, todos saem a campo e vão conversar com os verdadeiros afetados pelos projetos. • Pensamento colaborativo e não linear É das conversas e trocas de ideias que surgem as inovações. no Brasil, a Bionexo, empresa de tecnologia na área de saúde, depois vendida. “Eles conseguem montar o melhor mix Mesmo para o experiente Kovalskys, a de pessoas”, conta a jornalista brasileira d.school fez diferença. Segundo ele, essa Adriana Garcia, que foi aluna da d.scho- escola destaca-se por dar real apoio aos ol em 2013. Profissionais distintos como o sonhos dos empreendedores de gerar im- empreendedor argentino Guido Kovalskys pacto no mundo. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PRINCÍPIOS-CHAVE DO DESIGN THINKING O projeto de Garcia aprovado na bolsa de a diversidade dos alunos, a d.school é es- parceria com empresas, especialmente em 36 mericanos da d.school. • Diversidade. Todos têm algo a ensinar e também a aprender, na empresa e na vida. Adriana Garcia, jornalista brasileira, foi aluna da d.school EISE, VERTENTE ANGLO-AFRICANA Perto da Avenida Paulista, em São “Foi um modo radical de entender que O curso da Eise se baseia em jornadas Paulo, a Escola de Inovação em Ser- as necessidades das pessoas têm de de seis meses ou um ano. Os alunos viços (Eise) não leva design no nome, estar em primeiro plano”, explica ele. escolhem trilhas de conhecimento, Para Pinheiro, o ciclo de vida da posse o que faz com que cada curso seja di- dos produtos é, por definição, “tóxico” ferente do outro. Grupos se formam para as empresas. “Ele estimula ciclos para desenvolver projetos. As pessoas de venda que se baseiam em vender de que concluem o curso vão sendo in- novo, o que gera produtos de má quali- corporadas às turmas seguintes para mas ensina a metodologia do design thinking desde o início de 2012. Ela tem um diferencial marcante em relação à d.school: orienta os alunos a pensar em todos os negócios como serviços, e não a criar produtos. Isso se explica por sua ligação com a empresa que é considerada a versão inglesa da Ideo, mas que é especializada em design de serviços, a Livework. A Eise foi fundada e é liderada por Tenny Pinheiro, que desde 2009 comanda, no Brasil, a filial da Livework inglesa. Pode-se dizer que há também uma influência africana na Eise, que a aproxi- dade e consumo inconsequente.” Já quando os produtos são alugados e o inspirá-las e ajudá-las a expressar suas ideias. paradigma é o de serviço, ocorre o contrário, segundo Pinheiro: o interesse do fabricante passa a ser criar produtos de melhor qualidade e duráveis, porque ele arca com as consequências da quebra. Pinheiro desenvolve o tema em seu livro The Service Startup. Segundo o professor e diretor da Eise, o processo mental do design thinking ma do Brasil em muitos aspectos. voltado para os serviços ainda tem a Pinheiro morou dois anos em Angola, vantagem de resgatar a capacidade quando o país estava começando seu individual do gestor de construir como processo de recuperação econômi- um artesão, ao contrário do processo ca e política, depois de anos de guer- industrial focado no produto, que re- rilha, e tinha de construir do zero força a cultura da divisão de trabalho, toda a sua infraestrutura. com a execução sem propósito. Foi um modo radical de entender que as necessidades das pessoas têm de estar em primeiro plano" MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 37 Adilson Chicória, ex-aluno e hoje facilitador da Eise Adilson Chicória, da IBM, é uma dessas pessoas. Em 2007, havia criado a própria startup, mas, ao participar da equipe de criação do canvas de Alex Osterwalder, viu que seu modelo de negócio não era promissor e o abandonou. Chicória foi aluno de Pinheiro e hoje é um dos facilitadores da Eise, além de participar da implantação do processo de mudança de cultura da IBM, baseado em design thinking. Para ele, uma vantagem de uma escola como a Eise é a de levar os gestores para as ruas, para perto dos problemas. “Isso muda tudo.” ESCOLA DESIGN THINKING, d.school À BRASILEIRA Outra opção é a Escola Design Thinking, fundada no final de curta duração em várias universidades, como Berkeley, Babson, Columbia. Incorporei um pouco de cada uma.” 2012 em São Paulo e gerida por Ricardo Ruffo e Juliana Pro- Cursar a Escola Design Thinking foi importante para o tra- serpio, que também têm a firma de consultoria de inovação balho de Mahiti Godoy, gestora da Informar Saúde, empresa Design Echos. de enfermeiros que resolvem dúvidas de usuários de planos A escola, que se baseia no método da d.school, propõe de saúde por telefone. workshops de um dia ou imersões de uma semana, três se- Segundo ela, analisar o atendimento com cabeça de designer manas ou seis semanas. já permitiu uma série de aperfeiçoamentos nos serviços de Os alunos trabalham em projetos em grupos, a partir de de- sua empresa, como as melhorias nas telas do sistema usado. mandas que podem ser propostas por empresas parceiras DUPLA ENTREGA ou encontradas na vida real. Na última turma de 2014, por exemplo, estavam redesenhando a relação entre pedestres e motoristas no bairro onde fica a escola. “Uma das coisas que incluímos em nosso curso foi a participação de professores convidados de áreas bem diferentes, como Wellington Nogueira, do grupo Doutores da Alegria, e Fábio Soares, que representava o grupo Blue Man no Brasil”, A sedução dos cursos de design thinking entre os gestores é compreensível. Como definiu Adriana Garcia, “não adianta mais as empresas apenas comprarem outras empresas, ou investirem em pesquisa e desenvolvimento, para resolver problemas; sermos racionais não nos dá mais as respostas”. No entanto, os estudantes conseguem implementar o que conta Ruffo. aprendem na escola de design ou são impedidos pelos chefes? Basicamente, os grupos de alunos são compostos por cinco David Kelley recomenda a seus alunos a tática da dupla en- ou seis pessoas de áreas diversas. Cerca de 70% dos alunos trega quando voltam à empresa, fazendo as coisas duas ve- são pessoas físicas que financiam o próprio curso e 30% são zes – uma como o chefe manda e outra como designers. encaminhados por empresas. 38 MBA no Brasil, não gostei, fui morar nos EUA e fiz cursos de Kelley garante que, “assim, o chefe fica feliz porque o pro- A peregrinação de Ruffo por cursos em várias escolas do jeto foi feito como ele queria e também surpreso com mundo também o ajudou a formatar a escola. “Comecei um as novas ideias”. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO JÁ PENSOU EM FAZER CARREIRA INTERNACIONAL COM QUALIDADE DE VIDA? Edição de abril CONFIRA NA MAIS COMPLETA REVISTA SOBRE GESTÃO EMPRESARIAL DO PAÍS. anúncio HSM GESTÃO E LIDERANÇA NA PRÁTICA Edição de maio corrigido pendente EDIÇÃO EXCLUSIVAMENTE DIGITAL HSM MANAGEMENT EXTRA DOWNLOAD HSM MANAGEMENT TABLET E SMARTPHONE SE APROFUNDE NOS TEMAS: EDUCAÇÃO EXECUTIVA EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGIA E EXECUÇÃO MARKETING E VENDAS INOVAÇÃO LIDERANÇA E PESSOAS ÉTICA E SUSTENTABILIDADE ASSINE JÁ: 4689.6666 OU [email protected] CRAs CONSELHOS REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente: Adm. FÁBIO MENDES MACÊDO Av. Brasil, nº 303 - Sala 201 - Centro Empresarial Rio Branco - Centro - 69900-076 - RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-3365 – 3223-3808 E-mail: [email protected] Home Page: www.craac.org.br Horário de funcionamento: 7h às 16h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE ALAGOAS (CRA-AL) Presidente: Adm. CAROLINA FERREIRA SIMON MAIA Rua João Nogueira, nº. 51 - Farol - 57051-400 MACEIÓ/AL Fone: (82) 3221-2481 - Fax: (82) 3221-2481 E-mail: [email protected] Home Page: www.craal.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente: Adm. EDILJANE MARIA CAMPOS DA FONSECA Rua Jovino Dinoá, nº 2455 - Centro- 68900-075 MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 E-mail: [email protected] Home Page: www.craap.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h Atend. público das 9h às 15h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente: Adm. ANTONIO JORGE CUNHA CAMPOS Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 E-mail: [email protected] Home Page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves, nº 999 - Ed. 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HÉLIO TITO SIMÕES ARRUDA Rua 05 - Quadra 14 - Lote 05 - CPA - Centro Político e Administrativo - 78050-900 - CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 - Fax: (65) 3644-4769 E-mail: [email protected] Home Page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Presidente: Adm. GRACITA HORTÊNCIA DOS SANTOS BARBOSA Rua Bodoquena, nº 16 - Amambaí - 79008-290 CAMPO GRANDE/MS Fone: (67) 3316-0300 E-mail: [email protected] Home Page: www.crams.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente: Adm. AFONSO VICTOR VIANNA DE ANDRADE Avenida Afonso Pena, nº 981 - 1º. Andar - Centro - Ed. Sulacap - 30130-907 - BELO HORIZONTE/MG Fone: (31) 3274-0677 - 3213-5396 - Fax: (31) 32735699/3213-6547 E-mail: [email protected] Home Page: www.cramg.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) Presidente: Adm. 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Belmiro Siqueira Tijuca - 20271-064 - RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550 E-mail: [email protected] Home Page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. KATE CUNHA MACIEL Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 - Lagoa Nova - 59075050 - NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328 E-mail: [email protected] Home Page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 12h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. VALTER LUIZ DE LEMOS Rua Marcílio Dias, nº 1030 - Menino Deus - 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006 E-mail: [email protected];[email protected] Home Page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. ANDRÉ LUIS SAONCELA DA COSTA Rua Tenreiro Aranha, nº 2988 Olaria – 76801-254 PORTO VELHO/RO Fone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314 E-mail: [email protected] Home Page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h Atend. público: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. UBIRAJARA RIZ RODRIGUES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco, 69.305170 - BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448 E-mail: [email protected] Home Page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 7h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. EVANDRO FORTUNATO LINHARES Av. Prefeito Osmar Cunha, 260 - 7º/8º andares - Salas 701 a 707/ 801 a 807 - Ed. Royal Business Center Centro - 88015-100 - Florianópolis – SC Fone: (48) 3229-9400 - Fax: (48) 32224-0550 E-mail: [email protected] Home Page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. ROBERTO CARVALHO CARDOSO Rua Estados Unidos, nº 865/889 - Jardim América 01427-001 - SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3459 - Fax: (11) 3087-3256 E-mail: [email protected] Home Page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 Atend. público: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua Marcionilo Pedrosa, nº 20 - Casa Amarela - 52051330 - RECIFE/PE Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 -Fax: (81) 32684414 E-mail: [email protected] Home Page: www.crape.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h Atend. público: das 8h às 12h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. CARLOS MENEZES CALASANS ELOY DOS SANTOS FILHO Rua Senador Rollemberg, 513 - São José - 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 - Fax: (79) 32143983/3214-2229 E-mail: [email protected] Home Page: www.crase.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente:Adm. PEDRO ALENCAR CARVALHO SILVA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704 E-mail: [email protected] Home Page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 19h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. EUGENIO PACCELI DE FREITAS COÊLHO 602 Norte, Av. Teotonio Segurado, Conj. 01, Lt 06 77006-700 - PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: [email protected] Home Page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONCURSO PÚBLICO POR_ ADM. FLÁVIO BOERES Façam suas APOSTAS! “ Todos os caminhos estão errados quando você não sabe onde quer chegar” WILLIAM SHAKEASPARE A disputa por uma vaga no serviço zação é muito comum, mas ocasiona Com esses critérios, o foco prova- público está cada vez mais acirrada. a perda de tempo e reflete-se na velmente seria: agência reguladora, Cada vez mais se faz necessária ausência de evolução. tribunal, A solução para não cair na tentação é critério 1 elimina qualquer concurso uma boa preparação. Tenho visto, ao longo desta caminhada, diversas pessoas que erram ao buscar uma resposta imediata para seus anseios de aprovação. Apostam tudo em cada ter um objetivo bem definido e montar uma estratégia para alcançá-lo. A definição do foco exige uma reflexão pessoal e muita pesquisa. A reflexão Ministério Público. O de nível médio; o critério 2 elimina vários concursos de ministérios; e o critério 3 elimina qualquer concurso que fuja do interesse de atuar na área administrativa, como, por exemplo, edital publicado. O “concurseiro” é importante, pois será a responsável está propenso a cometer dois erros pela definição de critérios para a concursos de carreira policial. básicos: estudar somente pós-edital pesquisa posterior. É nesse momento, e querer fazer todo concurso que Perceba que a reflexão vai nortear por exemplo, que se define qual a aparece. Esses erros remetem a uma toda a pesquisa e posterior planeja- remuneração mínima aceitável ou mento. E lembre-se de que a escolha mesma situação que é contar com a qual a área em que se pretende atuar. do foco está diretamente ligada ao sorte, ou seja, fazer apostas. E fazer apostas, hoje, é correr o risco de um resultado negativo. Estudar somente depois de divulgado o edital é certeza de não conseguir fechar o conteúdo da prova, pois o prazo é curto. É claro que existem casos de sucesso, entretanto, a regra é a reprovação. E fazer todo concurso que aparece sem qualquer planejamento ou organi- tempo de preparação, ou seja, quanto VAMOS A UM EXEMPLO PRÁTICO: Critério 1: concurso de nível superior mais degraus subir na escolha, mais tempo de estudo. A definição de foco é essencial para uma preparação com qualidade. E a sua delimitação permitirá uma Critério 2: ganhar acima de R$ 6.000,00 Critério 3: área de atuação administrativa * Flávio Boeres é Administrador, coach de concursos, pós-graduado em Gestão de Pessoas e em Logística, Transporte e Mobilização. preparação mais direcionada. Por isso, aposte todas as suas fichas numa boa preparação. Tenha foco, faça muita pesquisa e estude bastante. Até a próxima. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 41 CONSELHO POR_ ANA GRACIELE E WELLINGTON PENALVA/CFA JUBILEU DE OURO: meio século de conquistas E EM 2015 O SISTEMA CFA/CRAs COMEMORA 50 ANOS DE REGULAMENTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL m jubilo! É como se encontra o Sistema CFA/ projetos em todo o país para comemorar a data. Além disso, CRAs e os profissionais de Administração do a campanha publicitária de valorização profissional terá país. São 50 anos de regulamentação da profissão, veiculação nacional. meio século, e o Conselho Federal de Administração (CFA) e os Conselhos Regionais de Administração (CRAs) comemoram em grande estilo. A programação do O Sistema CFA/CRAs desenvolveu agenda de eventos para 2015 que inclui na programação aulas magnas nas Instituições de Ensino Superior (IES) e a produção do livro Jubileu de Ouro está completa e contempla todas as áreas “Jubileu de Ouro”, obra que registrará os mais relevantes da Administração. fatos do Sistema CFA/CRAs neste meio século de existência. Inicialmente inspirado no cinquentenário, o CFA publicou O ano comemorativo inclui, também, homenagens, sessões a Resolução Normativa nº 441, instituindo 2015 como o solenes, Corrida do Administrador, entre outros. Ano do Administrador no Brasil. Ao longo do ano, o CFA e Você ainda pode conferir o vídeo dos 50 anos da os CRAs realizarão diversas ações, eventos, homenagens e profissão acessando www.cfa.org.br/cfatv PESQUISA NACIONAL Perfil, formação, atuação e oportunidades de trabalho do profissional de Administração NO ANO DO JUBILEU DE OURO DA PROFISSÃO, O CFA PREPARA A SEXTA EDIÇÃO DA Q 42 PESQUISA QUE DEVE SER LANÇADA NO SEGUNDO SEMESTRE uatro anos após a quinta profissional. Além disso, a pesquisa as instituições competentes podem edição “Pesquisa explanará o perfil dos coordenadores e encontrar mudanças e ajustes para da Nacional: perfil, formação, professores vinculados aos cursos de melhor formar os estudantes dos cursos atuação e oportunidades de trabalho Bacharelado em Administração, como de Bacharelado em Administração do profissional de Administração”, o nas edições anteriores. A pesquisa e Conselho Federal de Administração também trará resultados a respeito das determinada área da Administração. (CFA) prepara um novo estudo. tendências do mercado para a profissão. “A Pesquisa Nacional: perfil, formação, A iniciativa do CFA tem como objetivo Com a primeira edição publicada em atuação e oportunidades de trabalho traçar um de tecnologia em socioeconômico 1994, a pesquisa se tornou um sólido e do profissional de Administração” e acadêmico dos Administradores importante meio de informação para está em fase de desenvolvimento e e nesta o Sistema CFA/CRAs e, também, para será lançada nas comemorações dos edição – e seu nível de aperfeiçoamento a sociedade. A partir desse trabalho, 50 anos da profissão. tecnólogos perfil superiores – inseridos RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO XIV FIA É UM SUCESSO EVENTO ACONTECEU NO VIVO RIO E NO MAM, NO RIO DE JANEIRO, ENTRE OS DIAS 18 E 20 DE MAIO O Rio de Janeiro sediou o O anfitrião do evento, Wagner Siqueira, evento importante deu boas-vindas aos participantes. Ele internacionalmente na área de mais falou sobre as organizações e do quanto Administração. O Conselho Regional de tem se falado em liderança, organizações Administração do Rio de Janeiro (CRA- felizes, entre outros. Wagner pontuou, RJ), em parceria com o Conselho Federal ainda, que o líder é uma espécie em de Administração (CFA) e os CRAs do extinção. “Questões como essas serão Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná discutidas aqui no XIV FIA. Que e Rio Grande do Sul, realizou, de 18 a possamos sair daqui com o compromisso 20 de maio, o XIV Fórum Internacional da reflexão. Que possamos transformar de Administração (FIA). O evento as organizações brasileiras e construir reuniu, no Vivo Rio e no Museu de Arte uma sociedade mais justa”, destacou. Moderna do Rio de Janeiro, cerca de três Para Ana Moreno, eventos como o mil pessoas por dia, entre profissionais e estudantes de Administração, além de conferencistas e autoridades. A abertura do evento foi bastante prestigiada e compuseram a mesa solene o presidente do CRA-RJ, Adm. Wagner Siqueira; o presidente do CFA, Adm. Sebastião Luiz de Mello; o vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Dorneles; o deputado federal Simão Sessim, que, na ocasião, representou o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha; a presidente da Organização Latino-Americana de Administração (OLA), Ana Marta Moreno; o presidente do CRA-PR, Adm. Gilberto Griebeler; o presidente do CRA- XIV FIA promovem a profissão e a união dos administradores latinoamericanos. “Vamos seguir exercendo com muito compromisso essa nossa profissão”, defendeu a presidente da OLA. Já para o vice-governador do Rio, o aperfeiçoamento da Administração deve ser meta primordial de todos os governos. Francisco chamou a atenção para o fato de que muitas deficiências encontradas no Estado – como na saúde, por exemplo – são causadas mais pela falta de administradores em postos chaves do que pela ausência de recursos. “Faço votos de que, mais do que nunca, o país precisa de administradores”, conclamou. da Administração” – visa justamente repensar e refletir sobre o futuro da profissão. “Sim, que neste Jubileu de Ouro façamos uma reflexão primorosa do que já aconteceu, do quanto a profissão evoluiu e as conquistas já alcançadas pelo Sistema CFA/CRAs”, disse. Ao final, Sebastião Mello fez um chamado especial: “Que venham os RS, Adm. Valter Lemos; a presidente do O Jubileu de Ouro foi destacado na fala próximos 50 anos! Vamos construir CRA-DF, Adm. Mônica Cova Gama; e o do presidente do CFA. Sebastião Mello juntos o futuro da Administração. presidente do CRA-MG, Adm. Afonso ressaltou que o tema do XIV FIA – “50 Afinal, um país bem administrado é Victor Vianna de Andrade. Anos de Transformação e o Futuro melhor para todos nós”, finalizou. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 43 Conselho PROGRAMAÇÃO diversificada 1ª Corrida do O XIV FIA trouxe uma rica programação. Com o tema “50 Anos de Transformação e o Futuro da Administração”, o evento ADMNISTRADOR E PROFESSOR ofereceu ao público palestras com renomados conferencistas Centenas de corredores marcaram presença na I Corrida do como o filósofo colombiano Bernardo Toro, os pesquisadores Administrador e Professor. O evento, realizado pelo Conselho franceses Pierre Lévy e Sebastien Charles, o historiador Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ), em brasileiro Leandro Karnal, o cientista Silvio Meira e o consultor parceria com a Associação Beneficente dos Professores Públicos José Pastore. Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro (APPAI), foi Os assuntos tratados no XIV FIA 2015 foram: Como administrar as complexidades de 2015; Governança e liderança na organização moderna; Os compromissos da Administração realizado na manhã do dia 17 de maio, no Rio de Janeiro, abrindo oficialmente a programação do XIV Fórum Internacional de Administração (FIA). com a gestão da sustentabilidade; Novos modelos de gestão; O CRA-RJ foi o primeiro Regional a realizar a Corrida do Pessoas e organizações: outro contrato social?; A crise na Administrador, evento que faz parte do Jubileu de Ouro da educação: um problema institucional?; Estratégia com Administração e previsto para acontecer em outras cidades tecnologia e inovação; Valores éticos na organização; O que brasileiras ao longo deste ano. De acordo com o presidente do a sociedade espera de suas instituições; E os próximos 50 CRA-RJ, Adm. Wagner Siqueira, gestão e esporte têm tudo a anos?; Ensino: a qualidade necessária; O Administrador 50 ver. “O evento serve não só para celebrar o cinquentenário da anos depois: identidade e protagonismo; e Obsolescências e profissão, mas também para promover a prática de atividades revitalizações nas instituições públicas. físicas e hábitos saudáveis”, disse. ENCERRAMENTO EMOCIONANTE afirmou, finalizando que “é preciso Após três dias de intenso trabalho, Adm. Afonso Victor Vianna de Andrade. o XIV FIA foi encerrado com muita “A razão me diz que devo fazer um combater o bom combate”. emoção. Participaram do encerramento pronunciamento o presidente do CRA-RJ, Adm. Wagner impossível não deixar o coração falar neste Após a solenidade de encerramento, a Siqueira; o presidente do CFA, Adm. momento”, disse Wagner, emocionado. Sebastião Luiz de Mello; o presidente “Raramente do CRA-PR, Adm. Gilberto Griebeler; várias nacionalidades em uma única o presidente do CRA-RS, Adm. Valter causa. Delegações de todos os estados Lemos; a presidente do CRA-DF, Adm. brasileiros e dos CRAs de todo o Brasil, Mônica Cova Gama; e a conselheira saudação a conselheiros federais, o futuro federal Adm. Sonia Ferraz, que, na ocasião, da profissão está aqui com a presença DISPONÍVEIS NO CANAL DO CFATV representou o presidente do CRA-MG, massiva de estudantes de Administração”, NO YOUTUBE. 44 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO racional, reunimos mas pessoas é de bateria da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel se apresentou, animando o público O XIV FIA foi transmitido pelos canais de comunicação CFA: CFATV e Rádio ADM. OS VÍDEOS DAS PALESTRAS ESTÃO Plataforma do Conhecimento SUPERA EXPECTATIVAS EM SUA PRIMEIRA EDIÇÃO DO ANO, A INICIATIVA DO CFA EM PARCERIA COM OS CRAs BATEU RECORDE DE AUDIÊNCIA O Conselho Federal de Administração (CFA), é louvável, pois possibilita o alinhamento entre teoria e prática em parceria com o Conselho Regional de por meio de temas relevantes na área da gestão atualizando Administração de São Paulo (CRA-SP), realizou estudantes e profissionais”, afirmou o Adm. Cleber Suckow no dia 27 de maio a primeira edição do ano da Plataforma do Conhecimento. Transmitido diretamente da sede do CRA-SP, o evento superou as expectativas. O programa, transmitido ao vivo pelo CFATV, obteve o recorde de Nogueira, mediador do debate. A transmissão ao vivo da Plataforma do Conhecimento teve duração de uma hora e dez minutos e abordou o tema “Ensino e audiência desde a sua criação. Aprendizagem em Administração”. Em formato mesa-redonda, Comparando com o maior número de acessos anteriores, perguntas dos internautas. De acordo com a coordenadora no foi constatado um aumento de mais de 700% no número de grupo, Adm. Teresinha Covas Lisboa, um dos trunfos do projeto espectadores. “Sabíamos que a Plataforma do Conhecimento é aproximar o Sistema CFA/CRAs do seu público por meio da é um excelente projeto pelo seu cunho didático que desperta educação agregando valor a formação do profissional. interesse. A verdadeira surpresa foi a receptividade no cinco profissionais discutiram o assunto e responderam retorno das transmissões, o número de espectadores superou A Plataforma do Conhecimento é uma parceira do CFA e nossas melhores expectativas”, afirma o presidente do CFA, CRAs que tem por objetivo interagir e difundir conteúdos e Adm. Sebastião Luiz de Mello. conhecimentos ligados à Administração para a sociedade. Os Os participantes do Grupo de Excelência em Gestão de Instituições de Ensino Superior – grupo que promoveu o debate – ressaltaram a importância do projeto na formação e carreira dos profissionais de Administração. “A iniciativa debates são transmitidos ao vivo pelo CFATV e, a cada edição, especialistas nos mais diversos assuntos estarão reunidos para compartilhar assuntos na área de gestão. Acesse: www.cfa.org.br/cfatv MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 45 LIDERANÇA POR_CINTHIA ZANOTTO Líderes a favor DE PESSOAS MELHORES EM MEIO ÀS NOVAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS, COMO É POSSÍVEL CONQUISTAR A LIDERANÇA E CRIAR SITUAÇÕES EM QUE AS PESSOAS POSSAM CRESCER PESSOAL E PROFISSIONALMENTE 48 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO N as últimas décadas, o mercado de trabalho buem a alguém essa condição. Por isso, as referências passou por diversas mudanças. Muitos pessoais e profissionais de um líder – passado, fama e ambientes profissionais deixaram de ser tão opinião das pessoas a seu respeito – são essenciais para rígidos e padronizados para serem mais permissivos, dar credibilidade à sua atuação dentro de um grupo. cooperativos e com uma estrutura organizacional hori- “Estudos sobre influência interpessoal demostram que zontal, diminuindo o distanciamento entre as pessoas. ninguém motiva ninguém. O máximo que o líder pode Consequentemente, a relação dos membros de um fazer é oportunizar situações em que as outras pessoas grupo ficou mais calorosa e menos competitiva. Consi- percebam algum sentido. Nessa perspectiva, o liderado derando este quadro como a realidade encontrada na tem que perceber como significativo algo que o líder maior parte das empresas atualmente, a pergunta a ser propõe para atender às suas necessidades e interesses”, feita é: qual é o papel do líder hoje em dia? acrescenta. Para o professor de Liderança Estratégica da FAE Para criar um ambiente em que a liderança possa ser Centro Universitário, Dante Quadros, o modelo de conquistada, o relacionamento interpessoal deve ser comportamento de um líder dentro de uma empresa autêntico, prevalecendo o diálogo aberto e transpa- tem a ver com a cultura da organização. Em ambientes rente. Isso vale não somente para as questões racionais participativos e inclusivos, os líderes precisam levar em como também para as emocionais. Embora os esforços consideração a opinião dos participantes e serem mais para a boa convivência precisem ser considerados flexíveis ao se posicionarem. Já em estruturas mais sempre, a honestidade evitará que alguém venha a se conservadoras, quem estiver à frente de uma equipe irá sentir usado ou manipulado por técnicas diplomáticas apresentar atributos como austeridade, centralização utilizadas em qualquer situação desfavorável. e sentido de direção. “A liderança eficaz passa pelo menos por três componentes: uma grande capacidade de diagnosticar a situação (perceber o que de fato está ocorrendo), um repertório de habilidades que possa dar respostas e atender adequadamente àquela situação e valores fundamentais que sustentem as decisões (ética e conduta moral)”, explica o professor. Segundo Quadros, a liderança não acontece de imediato. Ela faz parte de um processo em que os liderados atri- Estudos sobre influência interpessoal demostram que ninguém motiva ninguém. O máximo que o líder pode fazer é oportunizar situações em que as outras pessoas percebam algum sentido" MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 49 Liderança ELOGIOS E FEEDBACKS Para uma relação apropriada com os membros da Conforme explica o professor, não faz muito tempo, os traba- equipe é necessário deixar prevalecer a particularidade lhadores eram mais distantes uns dos outros nas organizações de cada um. De acordo com o professor Dante Quadros, em decorrência da hierarquia rígida. Hoje em dia, é comum já não vale mais a regra do tratar todo mundo igual, pois verificar casos em que um profissional pode apresentar um cabe ao líder explorar a individualidade, sem discrimi- conhecimento maior sobre determinado assunto até mesmo nação. “Tarefa difícil, mas que os verdadeiros líderes sabem desempenhar com maestria”, completa. Em um espaço formado por personalidades diferentes, as atitudes de um líder podem ser bem vistas ou não. Para alguns, por exemplo, um elogio pode não ser bem-vindo. “Pesquisas recentes demostram que as pessoas chegam a desconsiderar e a duvidar da intencionalidade dos elogios. Entretanto, a maturidade do líder vai saber distinguir melhor as pessoas para que 50 em relação aos seus superiores. Em épocas de situações controversas como estas, novamente o diálogo maduro e responsável entre os membros do grupo é apontado como a chave para falar sobre os erros cometidos no trabalho e fazer o feedback ser bem aceito. Para isso, vale esclarecer, antes de tudo, as diferenças entre as questões pessoais e de desempenho. “No trabalho, é importante levar em conta que ninguém precisa gostar de ninguém, mas é preciso alcançar possa exercer uma postura mais adequada com cada resultados em conjunto. A soma é maior do que as partes”, fala. indivíduo de forma diferente”, declara. Um dos meios utilizados por bons líderes para criar ambientes Outro fator capaz de gerar grandes problemas de rela- de alto desempenho, evidenciando o aprendizado e a confiança cionamento e comprometer a execução de tarefas é o entre os indivíduos, são as reuniões inteligentes. De acordo feedback relacionado aos erros. Para evitar qualquer com o professor, quando bem executadas, as pessoas se atrito, é responsabilidade do líder criar um ambiente envolvem, pois podem encontrar ajuda e apoio no grupo para de aprendizado comum sem existir subordinação, fazer lidar com situações estressantes, além de esclarecimento ameaças ou prometer punições. e desenvolvimento pessoal. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO QUALQUER UM PODE SER UM LÍDER Para ser um bom líder é preciso buscar pelo desenvolvimento pessoal. Não existem pessoas natas para a liderança. O professor Dante Quadros afirma que há aquelas com mais facilidade para aprender, mas todas são capazes de superar as expectativas e ultrapassar seus limites. “Uma pessoa é dotada de inteligência múltipla, podendo, em determinada circunstância, desenvolver também inigualáveis aspectos de liderança. Se isso não fosse verdade, de que adiantariam todos os esforços dos programas de desenvolvimento de líderes? O fato é que quanto mais líderes bem preparados e éticos, mais estaremos contribuindo para a melhoria da saúde das pessoas e de uma melhor sociedade”, afirma. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 51 REGRAS POR_NÁJIA FURLAN QUANDO A CONFIANÇA ESTÁ DOENTE, SERVE PARA PREVENIR, DIAGNOSTICAR E REMEDIAR A cura via COMPLIANCE 52 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO D esde a época de nossos avós, de compliance não seria necessário se problemas concorrenciais, entre ou- boas relações de mercado se as pessoas cumprissem fielmente as tras. As empresas americanas foram estabelecem quando exis- políticas da companhia, mas, como as pioneiras, estimuladas pela sua lei tem, sobretudo, confiança e transpa- isso é impossível, “a função de com- anticorrupção (FCPA – publicada em rência. Desde que os contratos eram pliance officer tornou-se indispensá- 1977). Tratados internacionais con- fechados “no fio do bigode”, se uma vel para as empresas que pretendem tribuíram para a disseminação des- das partes não passar credibilidade e ter uma gestão adequada a prevenir, ses conceitos para a Europa e, mais a outra não se sentir segura, nada fei- detectar e responder corretamente recentemente, para o Brasil”, afir- to. Naquele tempo bastava a palavra. aos riscos de violações, incluindo po- ma o expert em compliance Wagner tencial corrupção ou fraude”. Giovanini. Porém, hoje é preciso muito mais... Segundo ele, que foi diretor de Em tempos de escândalos sequen- Compliance da Siemens para a ciais e por todas as partes; quando América do Sul, diretor técnico do empresas públicas e privadas se cor- Instituto Paulista de Excelência da rompem; quando nunca se ouviram Gestão (Ipeg) e é autor do recente li- tanto palavras como sonegação, cor- vro “Compliance – A Excelência na rupção, desvio e investigação; os ad- Prática”, o conceito evoluiu com a ne- ministradores, homens e mulheres de cessidade de a empresa demonstrar negócio, têm de lançar mão de outras que é ética, íntegra e transparente. ferramentas para garantir o inves- “Assim, sistemas de compliance mo- timento, as oportunidades e manter dernos apresentam uma estrutura sócios e stakeholders. Ainda bem que baseada em pilares como, por exem- atualmente existe compliance. plo, prevenção, detecção e correção”, Se simplesmente traduzimos a pa- completa o especialista. lavra da língua inglesa para o português, compliance quer dizer “obser- TRÊS PILARES vância, conformidade”. No mundo corporativo, é exatamente isso. Ou seja, como explica Daniel Sibille, advogado responsável pelo programa de compliance da Oracle na América Latina, professor da FIA e coordenador do Curso Preparatório de Compliance da LEC, “cumprimento Daniel Sibille, responsável pelo programa de compliance da Oracle na América Latina EVOLUÇÃO “O compliance surgiu com a neces- Nos dias de hoje, como ainda explica Giovanini, quando a prioridade está concentrada na prevenção, é importante “identificar riscos, definir um código de conduta, sensibilizar as pessoas para o seu cumprimento e o investimento em progra- das regras internas e externas pelas sidade de as empresas se protege- empresas, seus funcionários e tercei- rem contra desvios de condutas e ros que com ela interagem”. infrações às leis, principalmente, No entanto, só prevenir não basta. “Aí Segundo ele, em tese, um departamento relacionadas a fraudes, corrupção, que entra a detecção, que é formada, mas profissionais de comunicação e treinamento”. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 53 Regras inicialmente, com controles robustos principalmente, depois da entrada em é importante salientar que a respon- e processos de auditorias, mas está vigor da Lei 12.846/13. “Se tais ris- sabilidade de estar e ser compliance é nos Canais de Denúncia, seguidos cos se concretizarem, haverá perdas de cada um”, pontua o professor Assi, de apuração e investigação, a mais financeiras e terríveis consequên- que é mestre em Ciências Contábeis eficiente ferramenta para identificar cias para a reputação e imagem da e atua desde 2002 com Compliance, eventuais desvios”, detalha. organização. Além disso, há um cres- Gestão de Riscos, Controle Interno, Aqui, uma dica importante de Wagner cente movimento de empresas com Segurança da Informação e Auditoria sistemas de compliance privilegia- Interna. A especialidade dele é, exa- rem parceiros que também possuam tamente, prevenção a fraudes e a la- mecanismos similares de combate a vagem de dinheiro. Giovanini: “Para a detecção, a empresa deve assegurar a confidencialidade e proibir a retaliação. Além disso, para aumentar a chance de sucesso desse ilicitudes”, conclui. mecanismo, deve terceirizar a gestão RESUMINDO desses canais, permitir a manifestação “Se analisarmos os recentes escânda- anônima e disponibilizar acesso 24 ho- los vamos poder ter uma ideia do dano ras por dia e 7 dias por semana”. reputacional de imagem, prejuízo fi- Por terceiro, o pilar “correção”, o profis- nanceiro e degradação da figura dos sional garante que “a credibilidade do sócios e administradores das empre- sistema de compliance só será mantida sas envolvidas”, afirma Daniel Sibille. se a empresa adotar medidas eficazes Segundo para eliminar causas dos desvios e, se ele, um programa de compliance eficiente, que conte com pertinente, aplicar as sanções discipli- suporte da alta administração e re- nares para os infratores”. cursos, certamente conseguiria ter mapeado os riscos existentes e insti- RISCOS “No mundo real, não existe ‘risco zero’ de algo não acontecer. Assim, um sistema de compliance existe não para evitar 100% dos desvios, mas sim para reduzir sensivelmente a possibi- RESPONSABILIDADE lidade de sua ocorrência. Isso signifi- De acordo com Marcos Assi, no dia a ca que o simples fato de haver um des- dia de uma empresa, um mapeamen- vio pontual não indica que o sistema to de controle e de riscos entra nas de compliance não tenha funcionado. operações com clientes, fornecedo- Mas, se os desvios acontecem siste- res, expedição, estoques, recursos maticamente, há a inevitável dedução humanos, tecnologia da informação de que o sistema não existia ou não funcionava”, afirma Wagner. Segundo ele, a inexistência de um sistema efetivo de compliance deixa uma empresa exposta a riscos enormes, 54 Marcos Assi atua desde 2002 com Compliance, Gestão de Riscos, Controle Interno, Segurança da Informação e Auditoria Interna RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO (segurança da informação e gestão de terceiros), contabilidade, financeiro, jurídico, enfim, em todas as áreas. “A prática do compliance está contemplada em toda a organização, mas tuído ferramentas de mitigação para esses e outros casos. No mundo real, não existe ‘risco zero’ de algo não acontecer. Assim, um sistema de compliance existe não para evitar 100% dos desvios, mas sim para reduzir sensivelmente a possibilidade de sua ocorrência" RBA PERGUNTA, WAGNER GIOVANINI RESPONDE DICAS PRÁTICAS PARA INVESTIR JÁ NA IMPLANTAÇÃO DESSE SISTEMA Por que investir? mitigadoras (que podem gerar atividades, processos e controles Com a implementação de suas práticas e procedimentos, a sistêmicos); estabelecer um código de conduta, políticas e empresa passa a contar com ganhos imediatos, como, por procedimentos claros sobre valores, princípios e regras específicas exemplo: • reduz a incidência de eventuais fraudes, apropriação indevida de ativos, entre outras perdas; • melhora a governança, os controles internos e a gestão de de compliance; estabelecimento de um canal de denúncia eficiente, com a garantia de apuração de todas as manifestações, confidencialidade e proibição à retaliação; implementação de um diversos processos; programa eficiente e profissional de comunicação e treinamento; • apresenta-se como um ótimo mecanismo de atração implementação de gestão dos terceiros, de forma a mitigar os e retenção de bons profissionais (normalmente, os bons riscos inerentes. profissionais não querem ter seu nome atrelado a empresas que podem estar amanhã nos jornais); • propicia aos funcionários a satisfação de estarem numa empresa ética e íntegra (a experiência mostra que as pessoas, em sua maioria, preferem fazer o certo e, quando percebem que Como se estrutura um sistema de compliance? O que todas as empresas precisam assegurar é o cumprimento dos preceitos da ética e integridade, o que normalmente é conseguido a empresa está dando essa oportunidade a elas, reconhecem por meio de um sistema de compliance. Conforme o tamanho da esse esforço e passam a contribuir com esse sistema – isso empresa, exposição a riscos, ambiente onde opera, entre outras gera orgulho e pode, inclusive, ser fator motivador, causando particularidades, talvez seja suficiente para essa empresa apenas melhoria do clima organizacional e aumento de produtividade); um responsável pelo sistema de compliance (trabalhando de • favorece o diálogo franco entre chefe e subordinado. maneira integral ou parcial) e não necessariamente uma área para Quais as dificuldades? Por quais etapas passa esse trabalho de implantação? Realmente não é fácil. Mas essa não pode jamais ser uma desculpa para não fazê-lo! A maior dificuldade é a empresa entender de fato o que precisa fazer e como. O sistema de esse fim. Mas, se a quantidade de atividades, práticas, processos e controles desse sistema justificar a formação de uma área específica, alguns aspectos fundamentais devem ser considerados, como, por exemplo: compliance deve ser de acordo com a natureza da empresa, • calcular a quantidade de profissionais necessários para a seus riscos, seu tamanho, sua cultura e outros diversos fatores. operacionalização e gestão do sistema de compliance; Em resumo, o compliance é um sistema que, obrigatoriamente, • escolher pessoas de acordo com um perfil previamente definido; deve ser customizado, ou seja, não pode ser copiado de outra • privilegiar a formação de equipes multifuncionais, de maneira organização na íntegra. a obter o maior conhecimento conjunto possível em relação Outra dificuldade importante é convencer as pessoas sobre as mudanças necessárias no seu cotidiano. É comum haver resistências, argumentações como “eu sempre fiz assim, por que mudar agora?”, ou “por que devo me submeter a novas à dinâmica dos negócios da empresa e a funções úteis para o cumprimento dos requisitos de compliance (exemplos: auditoria, comunicação, gestão de processos, financeiro, vendas, regras se sempre fui ético?”, entre outros. contabilidade, entre outros); A implementação do compliance passa por diversas etapas, • prover todos os recursos necessários para que os objetivos de mas podemos resumir em: identificar os riscos; definir medidas compliance sejam alcançados. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 55 Regras UM CASE A Siemens é um grande case de compliance. Surgiram denúncias nos jornais alemães em novembro de 2006 e AÇÕES AUXILIAM GESTÃO segundo Marcos Assi a empresa, em âmbito mundial, reagiu imediatamente com respostas impactantes e decisivas para “virar o jogo”. Houve a saída de quase toda a diretoria mundial no início de 2007, instauração de uma auditoria interna abrangente e muito detalhada e implantação simultânea de um programa de compliance robusto e efetivo em todos os países onde a Siemens atuava, num tempo realmente muito pequeno. Eu tive o privilégio de ser convidado, em meados de 2007, para estruturar e organizar o compliance na Siemens Brasil, incluindo a formação do departamento, recrutamento das pessoas, estabelecimento de um modelo de gestão para o compliance e a colocação em práti- CADASTRO Seja para clientes ou fornecedores, afinal, antes de realizarmos qualquer tipo de negociação, devemos saber com quem estamos lidando, obtendo todas as informações possíveis sobre a empresa e seus sócios. ca de todas as diretrizes estabelecidas pela casa matriz. Na época, já com 22 anos de empresa, tive um momento profissional dos mais ricos em aprendizado. O esforço foi brutal, mas tive a felicidade de contar com o total apoio da alta direção da empresa e da maioria esmagadora dos funcionários. Assim, foi um enorme trabalho em equipe, com um objetivo único, com metas audacio- MONITORAMENTO sas e, por fim, coroado com um êxito sem precedentes. Conhecimento como efeito de controles As conquistas alcançadas com esse processo, sem dú- internos, pois só consigo monitorar aquilo que vida, mitigaram os riscos de compliance e, automatica- posso controlar. Devemos avaliar resultados, mente, transformaram a Siemens Brasil numa referên- liquidação financeira, limites, faturamento, cia no mercado. Centenas de outras empresas, univer- negociação, licitação, compras, contabilidade, sidades, escritórios de advocacia, consultorias e outras entre outros. organizações visitaram a Siemens para conhecer de perto o funcionamento desse sistema. A Siemens Brasil também se tornou referência dentro da organização mundial, “exportando” diversas boas práticas para muitos países. Os exemplos mais importantes foram na comunicação, estruturação da organização de compliance, estratégias de indicadores e ferramentas para profissionalizar e sistematizar determinadas atividades. TESTES E AUDITORIAS Sempre que possível, analisar a eficácia de seus sistemas, avaliar as perdas e falhas na busca de melhorias operacionais e, quando necessário, realizar alterações nas normas e procedimentos internos e nos seus processos de controle. 56 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL DE COMPLIANCE “Não tenha dúvida, ter um profissional de compliance na empresa é uma segurança para a companhia e para o Administrador, pois cabe a esse profissional a condução de uma análise de risco minuciosa para mapear os principais riscos existentes e implementar medidas corretivas”, afirma Daniel Sibille, o Latin America Compliance Counsel da Oracle. Segundo ele, o profissional de compliance deve possuir conhecimento de legislações anticorrupção, boa comunicação, seja “hands on” e consiga interagir com diversas áreas dentro da companhia. A atuação do compliance pode ser notada pelo menos em três situações diferentes no dia a dia da empresa. “Quando somos consultados sobre a possibilidade de aceitação de determinado documento capaz de gerar revenue para a empresa; quando conduzimos investigações para apurar a autoria e materialidade de infrações ou fraudes cometidas por empregados; ou quando treinamos as equipes de venda sobre as políticas da empresa”, conclui Sibille. O profissional de compliance deve possuir conhecimento de legislações anticorrupção, boa comunicação, seja “hands on” e consiga interagir com diversas áreas dentro da companhia" MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 57 Regras EXERCÍCIOS CONTRA FRAUDE por Daniel Sibille Código de conduta: é o manual de conduta dos importantes, destacaria: (i) política anticorempregados. Nesse documento, a empresa deve rupção e suborno; (ii) política de viagem (regula mencionar, de forma clara e objetiva, as condu- a forma de aquisição de passagens e limites); tas que espera de seu empregado em diversas si- (iii) política de conflito de interesses (regula as situações em que os empregados podem estuações, como doações, interação com governo, tar em conflito com as atividades da empresa, recebimento de brindes, entre outros. como, por exemplo, ter uma companhia no mesAlém do COC, as políticas de compliance tam- mo ramo de atuação; (iv) política de cortesias bém são essenciais, pois tratam de matérias comerciais (regula os limites de refeições, preespecíficas e descrevem pormenorizadamente sentes e eventos que podem ser oferecidos ou qual a conduta esperada. Entre as políticas mais recebidos por clientes), entre outros. 2012 R$ 61,7 e 101,2 BILHÕES (FIESP) Em 2012, as perdas em ações corruptas no Brasil ficaram entre R$ 61,7 bilhões e R$ 101,2 bilhões (Fiesp). 2014 69º lugar RANKING DA CORRUPÇÃO Em 2014, o Brasil era o 69º país no ranking (de 177 países) da corrupção (Índice de Percepção da Corrupção). 80 mil PUNIDOS Na China, 80 mil funcionários públicos já foram punidos por corrupção nos últimos anos. Aqui, neste ano, comemoramos poucas punições. 58 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO Lei 12.846/13 A Lei 12.846/13 pune empresas envolvidas em atos que venham a lesar o erário do Estado, em todas as esferas, como suborno de funcionários do poder público. 7,6% DO INVESTIMENTO PRODUTIVO No mínimo, a corrupção equivale a 7,6% do investimento produtivo na economia, ou a 22,6% do gasto público em educação nas três esferas (Fiesp). 2014 R$ 500 BILHÕES O Sonegômetro, contador eletrônico que sinaliza a sonegação no país, superou os R$ 500 bilhões em 2014 (Sinprofaz). CONEXÃO FILME TUCKER – UM HOMEM E SEU O INFORMANTE SONHO Baseado em fatos reais, o filme Alegrias e sacrifícios do empreende- relata a trajetória de um pes- dorismo estão na pauta deste filme. quisador e executivo da podero- Trata-se da biografia de Preston Tu- sa indústria do tabaco que, ao se cker, que serve de fonte de inspiração desligar de suas funções profis- para os futuros empresários. Com seu sionais, decide revelar detalhes trabalho, Tucker revolucionou o setor sórdidos sobre a fabricação de automobilístico norte-americano e cigarros e os efeitos do produto também fundou a Tucker Aviation Corporation, indústria na saúde humana. Do ponto de vista dos Adminis- que fabricava aviões, tanques e canhões para os Estados Uni- tradores, a história expõe os significados dos con- dos enfrentarem as batalhas da Segunda Guerra Mundial. ceitos de ética e integridade no mundo dos negócios. Tucker: the man and his dream, título em inglês / Elenco: The Insider, título em inglês / Elenco: Al Pacino, Jeff Bridges, Joan Allen, Dean Goodman e Martin Landau / Russel Crowe e Cristopher Plummer / Direção: Mi- Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Arnold Schulman chael Mann / Roteiro: Michael Mann e Erik Roth / e David Seidler / Gênero: Drama / Ano: 1988 / País de ori- Gênero: Drama / Ano: 1999 / País de origem: Estados gem: Estados Unidos / Duração: 110 minutos Unidos / Duração: 157 minutos LIVRO MUITO TRABALHO, POUCO STRESS De forma inteligente e bem-humorada, André Caldeira nos transporta para o mundo de Joe, que se assemelha muito ao mundo de muitos de nós, com uma rotina de trabalho extenuante e preocupações que, muitas vezes, trazem como consequência o stress e a frustração. Enfim, um círculo vicioso de difícil saída, com consequências terríveis, principalmente para a nossa saúde e para o nosso relacionamento familiar. O texto de Caldeira provoca, no mínimo, uma profunda reflexão sobre a rotina do executivo de hoje, trazendo dicas simples e de forma direta de como escapar das armadilhas criadas por essa rotina que, afinal, é criada por nós mesmos. Editora: Évora Ltda. | Autor: André Caldeira | Número de páginas: 222 | Categoria: Stress ocupacional, trabalho – aspectos psicológicos | Edição: 1ª APPS SITES FINANÇAS PESSOAIS www.tutorexecutivo.com O aplicativo ajuda a gerenciar seu dinheiro, possui função para Portal que compartilha informações no contexto de analisar despesas mensalmente e contém calendário que mostra Administração, negócios, empresas e pessoas por meio os gastos e receitas. de textos e artigos. TÁ NA MÃO Para quem é “concurseiro”, o aplicativo oferece conteúdo de in- www.historiadaadministracao.com.br formática básica, português, matemática financeira, ética e co- Site que apresenta dados históricos, relação de nhecimentos bancários. pensadores e indica centros de pesquisa e publicações FREEDOM Aplicativo usado para bloquear sites que podem provocar a distração durante o trabalho, como as redes sociais, favorecendo o aumento da produtividade. na área da Administração. www.okconcursos.com.br Site que ajuda a responder dúvidas e oferece notícias e informações gerais sobre concursos públicos. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 59 PREFEITURAS POR_WELLINGTON PENALVA INSERÇÃO DO ADMINISTRADOR PROFISSIONAL NO QUADRO DE COLABORADORES DAS PREFEITURAS MUNICIPAIS CONTRIBUI PARA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS À SOCIEDADE Gestão pública H PROFISSIONALIZADA á dez anos, a edição nº 48 da Revista o Ministério das Cidades apresenta resultados satis- Brasileira de Administração (RBA) trazia fatórios – como na questão habitacional já citada. Mas o na matéria de capa o tema “gestão pública mu- Ministério sozinho não garante muita coisa, os protago- nicipal”. Na época, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil contava com 180 milhões de habitantes e um déficit habitacional de 7,2 milhões de casas. Para ajudar a resolver o quadro do desenvolvimento urbano desordenado, em 2003 foi criado 60 nistas desse processo são as prefeituras municipais. Esse é o ponto chave, o governo municipal. Se ele não goza de boa gestão, os resultados socioeconômicos esperados ficam no universo do “espera-se que...”. o Ministério das Cidades. Com apenas dois anos de exis- “São as prefeituras que representam o Estado graças ao seu tência, a nova pasta ainda não tinha frutos significativos a contato direto com o cidadão”, explica o historiador espe- colher. Passada uma década, o Estado brasileiro, com 5.564 cialista em História Política e Econômica do Brasil Daniel municípios, conseguiu mudar os resultados? Sena. “Por isso, a gestão municipal pode proporcionar qua- O número de habitantes cresceu, agora são pouco mais de lidade de vida à população ou precarizá-la”, completa Sena. 202 milhões. De acordo com o IBGE, o déficit habitacio- Sendo assim, a administração pública de qualidade nas nal regrediu em 1,5 milhão, diminuindo o saldo negativo prefeituras é condição sinequa non ao desenvolvimento das de casas para 5,7 milhões. Com 13 anos de funcionamento, cidades e, por conseguinte, do povo e da nação. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO A qualidade necessária à gestão boas ideias e boa intenção, mas só o O deputado estadual do Acre Adm. pública municipal passa pelo cri- profissional de Administração tem Heitor Júnior defende que “uma ges- vo da profissionalização. O gerente capacidade e conhecimento técnico- do departamento da Secretaria de tão de excelência tem planejamento -científico para elaborar cartesiana- Pequenos Negócios do Governo do estratégico para lidar com problemas mente um bom plano de gestão”. de mobilidade urbana, saneamento, QUALIDADE saúde e meio ambiente com maior efi- Acre, Adm. Cezar Souza, é categórico: “Profissionalizar a gestão municipal é muito importante na medida É comum a ideia de que com boa von- em que se viabiliza a eficiência dos tade consegue-se fazer qualquer coisa. serviços públicos prestados à popu- O pensamento não é totalmente falso, lação”. Segundo Souza, é dever do no entanto, trata-se de meia verdade. profissional de Administração a ser- Boa vontade é sim ingrediente pri- viço da prefeitura viabilizar um pla- mordial para o êxito em qualquer ati- no de governo voltado para a aplica- ciência e menos desperdício”. As experiências apontam que o gestor profissional tem capacidade de realizar investimentos a médio e longo prazo, metodicamente planejados, com benefícios duradouros. vidade, mas o conhecimento técnico Para efetivar a Administração pro- das atribuições funcionais é indispen- fissional nos municípios, um novo sável. Transportando essa realidade espaço deve surgir nas prefeituras: para prefeituras, fica fácil notar que o cargos cativos aos profissionais de Quem também partilha da ideia de comprometimento do prefeito e dos Administração. “Para mudar o quadro profissionalização da gestão públi- demais servidores na administração atual é importante cortar cargos co- ca municipal é o Conselho Federal pública é essencial para o bom gover- missionados e impedir que as prefeitu- de Administração (CFA). De acordo no, mas não é tudo. Frente ao fato, uma ras funcionem como banco de empre- com o presidente da autarquia, Adm. necessidade emergente é a inserção do gos políticos. Dessa forma, acaba o in- Sebastião Luiz de Mello, “embora o profissional de Administração no qua- mais alto cargo do executivo de uma chaço na folha de pagamento e abrem- dro de servidores municipais. -se vagas para funcionários adequados “Quando se busca eficiência e eficácia, a cada cargo por meio de concurso ção de políticas públicas efetivas na superação dos principais problemas inerentes ao governo. cidade seja o de prefeito, a equipe que o auxilia necessita de um Administrador em seu quadro. As pessoas podem ter nada melhor do que a contratação de profissionais específicos para atua- público, incluindo o Administrador”, conclui o Adm. Heitor Júnior. rem na área. No caso dos municípios, Profissionalizar a gestão municipal é muito importante na medida em que se viabiliza a eficiência dos serviços públicos prestados à população" é importante ressaltar que prevalece o princípio da eficiência e é com base nesse princípio que a gestão profissional se torna imprescindível”, explica o Adm. Cezar Souza. O profissional de Administração domina conhecimentos valiosos para a gestão qualitativa. O ciclo PDCA (sigla em inglês para o processo: planejar, agir, checar e ajustar) é um dos conhecimentos técnicos próprios do Administrador e faz toda a diferença na gestão, quaisquer que seja, inclusive da coisa pública. Adm. Cezar Souza, gerente do departamento da Secretaria de Pequenos Negócios do Governo do Acre MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 61 Prefeituras PROJETO “O ADMINISTRADOR NA GESTÃO MUNICIPAL” Ciente da sua responsabilidade social por Administração do país. Entre os assuntos ser a maior autoridade em gestão no país, abordados estão: “Gestão para Resultados o Conselho Federal de Administração na Administração Pública”; “Estatuto (CFA) criou, por meio da sua Câmara da Metrópole – Lei nº 13.089/2015”; e de Gestão Pública (CGP), o projeto “O ”Governança Pública”. Administrador na Gestão Municipal”. O objetivo é promover a melhoria da quali- Este dade da gestão pública municipal por meio workshop de Gestão Municipal, em abril, da criação da carreira do Administrador na sede do CFA em Brasília. As palestras público municipal nos quadros de pessoal foram ministradas por Gilberto Porto, di- das prefeituras. retor do Instituto Publix; Mara Darcy Biasi O projeto inclui workshops com reno- ano foi realizado o segundo Ferrari, assessora para Projetos Especiais mados especialistas em gestão pública do Instituto Brasileiro de Administração municipal como palestrantes. Como a in- Municipal (IBAM), e Cláudio da Silva Cruz, tenção é aproximar o Sistema CFA/CRAs assessor da Coordenação de Controle das prefeituras, a iniciativa reúne repre- Externo dos Serviços Essenciais ao Estado sentantes dos 27 Conselhos Regionais de do Tribunal de Contas da União (TCU). Workshop de Gestão Municipal realizado em abril, na sede do CFA, em Brasília EFICIÊNCIA X EFICÁCIA EFICIÊNCIA É: qualidade de fazer com excelência, EFICÁCIA É: atingir o objetivo proposto, cumprir, executar, sem perdas ou desperdícios (de tempo, dinheiro ou energia). operar, levar a cabo; é o poder de causar determinado efeito. Eficiência (Fonte: Idalberto Chiavenato – 2005) Eficácia (Fonte: Idalberto Chiavenato – 2005) • Ênfase nos meios • Ênfase nos resultados • Fazer corretamente as coisas • Fazer as coisas certas • Resolver problemas • Alcançar objetivos • Salvaguardar recursos • Otimizar a utilização dos recursos • Cumprir tarefas e obrigações • Obter resultados • Treinar sempre os subordinados • Subordinados que atingem metas • Manter as máquinas em funcionamento • Produzir com máquinas • Jogar futebol com arte • Ganhar a partida • Rezar com fervor • Alcançar o céu EFICIENTE É: aquilo ou aquele que chega ao resultado, que produz o seu efeito específico, mas com qualidade, com competência, com nenhum ou com o mínimo de erros. 62 RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO EFICAZ É: o que realiza perfeitamente determinada tarefa ou função, que produz o resultado pretendido. FERRAMENTAS FUNDAMENTAIS PARA UMA BOA GESTÃO 2º FASE - EXECUTAR: nessa fase coloca-se em prática o que foi planejado. Em muitos casos é necessário educar e treinar as pessoas antes que elas comecem a executar efetivamente as ações planejadas. 1º FASE - PLANEJAR: é o momento em que são definidas as metas e métodos para determinada atividade. CICLO PDCA: O ciclo PDCA é uma ferramenta importante, tanto para gerenciar a rotina como para promover melhorias. Ele visa FASES promover a padronização por meio da melhoria contínua. É um método muito utilizado, por ser simples e de 4º FASE - AGIR CORRETIVAMENTE: é o momento em que são feitos os ajustes para corrigir os desvios identificados na fase de verificação. Essa fase irá retroalimentar o ciclo, dando insumos para um novo planejamento e promovendo a melhoria contínua. fácil entendimento para qualquer pessoa dentro da organização. 3º FASE - VERIFICAR: nessa fase é feito um controle para comparar se os resultados que estão sendo alcançados estão de acordo com as metas e métodos estabelecidos no planejamento. WHAT (O QUÊ) O que será feito. 5W2H: É uma ferramenta que auxilia no planejamento das ações que se desejam desenvolver. Esse quadro é uma ferramenta utilizada WHO (QUEM) Especificar o responsável para executar ou coordenar a ação. HOW MUCH (QUANTO CUSTA) Prover informações sobre o custo (orçamento) necessário para executar a ação. WHERE (ONDE) Local onde será executada a ação ou sua abrangência. para planejar a implementação de uma solução, sendo elaborado em resposta às questões a seguir: HOW (COMO) Especificar a forma (ou método) pela qual a ação deve ser feita. WHEN (QUANDO) Especificar o prazo para executar a ação. WHY (POR QUÊ) Explicar a razão pela qual a ação deve ser feita. MAIO/JUNHO – 2015 | Nº 106 63 PONTA DO LÁPIS POR_ ADM. SCHIRLEI MARI FREDER Finanças PESSOAIS N os últimos meses, ouve- Em geral, percebe-se que temos Entre as principais dicas estão as de se muito sobre a crise uma cultura instalada no Brasil em que se possa adotar o hábito econômica que atinge o que a maioria da população tem um de economizar entre 5% e 10% Brasil. Vivenciamos uma alteração comportamento padrão que induz do significativa nas relações econômicas, para o “gastar” e poucas pessoas destinando esse valor para uma com a queda nas vendas, elevação de têm a cultura do “poupar”. Então, conta taxas de juros, elevação nos índices quando observamos esse tipo de Para que isso seja possível, pode- de desemprego. Estes são fatos que atitude, entendemos os altos índices se adotar um método que é o de alteram o sistema financeiro nacional de endividamento da população, assumir essa tarefa como se você e também o “humor” das pessoas pois o hábito do consumo leva à estivesse quitando uma conta, ou e organizações. E, justamente em consequência de comprar por impulso, seja, esse valor torna-se um gasto períodos como este, as informações gastando-se mais do que se recebe. fixo que está sendo destinado para sobre finanças pessoais também ocupam a mídia de modo recorrente. 64 Grande parte dos estudos e das recomendações de pesquisadores e rendimento líquido poupança ou mensal, aplicação. uma conta separada, não vinculada à conta em que se movimentam as despesas correntes. É muito comum verificarmos casos de especialistas em finanças pessoais é pessoas que já haviam comprometido de que se possam adotar medidas de Em suas finanças pessoais com dívidas e controle nas finanças. Essas medidas medidas um tanto “pedagógicas”, empréstimos e terminam adentrando podem ser com rotinas que levem estabelecendo objetivos e tarefas em momentos de crise econômica, ao acompanhamento dos gastos em mensais em que você se torna em uma situação razoavelmente planilhas, ou até mesmo em anotações consciente do motivo pelo qual está comprometedora. Quando me refiro manuais, uma caderneta, por exemplo. economizando determinado valor; ao “humor” é no sentido de que a E também o planejamento de médio por exemplo, deixar de comprar algo, maioria das pessoas não se dá conta prazo para o alcance das metas pessoais, mas, com o dinheiro em mãos, realizar do quanto essas situações afetam sua sejam metas vinculadas à aquisição de o depósito na conta corrente da qualidade de vida, relacionamentos patrimônio, equipamentos, viagens e poupança, como se fosse um presente pessoais e profissionais. até mesmo a aposentadoria. que dá a si mesmo. RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO alguns casos, vale adotar Essa sensação da satisfação em controle e dedicação em buscar novas perceber que é possível controlar suas formas de economizar e também despesas pode ser o primeiro passo de de aumentar a renda. Também são um novo modelo de relacionamento válidas as iniciativas para seguir dicas com o dinheiro e com as finanças de modo geral. e se esforçar em implementá-las e, ao final de cada ciclo financeiro, semanal Por fim, acredito que uma mudança ou mensal, procurar avaliar a evolução de desse de todo o processo. Essa atitude finanças pode se tornar um novo hábito muito hábito e relacionamento a melhoria com as só pode acontecer com disciplina, recompensador. Adm. Schirlei Mari Freder é doutoranda e mestre em Gestão Urbana, especialista em Gestão Social e Desenvolvimento. É docente, conteudista e pesquisadora na área de gestão e políticas públicas e também é fundadora e diretora executiva da Creare Consultoria, onde desenvolve projetos, conteúdos e palestras na área de gestão. POR_FRANCISCO JOSÉ Z. ASSIS Tecido marca REVOLUÇÃO SOCIAL JEANS INVADIU GUARDA-ROUPAS DE RICOS, POBRES E “REMEDIADOS” E ATENDE A OCASIÕES DIVERSAS A missão de equilibrar as diferenças econômicas e sociais tem todos os ingredientes para ser adjetivada como “impossível”. O sonho dos teóricos socialistas e comunistas se mostrou impraticável. Mas grandes invenções do homem ajudaram a aproximar ricos, pobres e “remediados”, como são popularmente conhecidos os que buscam abrigo sobre o enorme guarda-chuva apelidado de classe média. Entre elas está o jeans. O tecido é utilizado em peças do vestuário, principalmente as calças, presentes nos guardaroupas de todos, sem restrição de poder aquisitivo. O que pode fazer variar o preço é só a etiqueta. Porém, o que de fato importa é que o jeans serve a ocasiões variadas, é aceito e usado por representantes de todas as camadas da sociedade e também é capaz de, pelo menos, minimizar o abismo entre os mais abastados e os mais carentes. A DESCOBERTA POPULARIZAÇÃO Registros apontam que, no século As calças, que nasceram com tom de 17, em Nimes, sul da França, o jeans marrom e serviam só para o trabalho, foi descoberto. A qualificação “jeans passaram a ser tingidas por Levi Strauss denim” surgiu por consequência do nome dessa cidade francesa e a palavra “jeans” vem de “genes”, que era o apelido dos marinheiros que trabalhavam no porto de Gênova, na Itália, e usavam uniformes feitos com o tecido de Nimes. FASE AMERICANA Poucos anos depois da descoberta na França, o jeans chegou aos Estados Unidos. Lidando com frustrações em seus negócios, o comerciante de lonas da Califórnia Levi Strauss resolveu confeccionar calças resistentes para vestir mineradores. E fez sucesso. Ele também incorporou a dica do fabricante 66 RBA||REVISTA REVISTABRASILEIRA BRASILEIRADE DEADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO RBA com corante extraído da planta Indigus. Foi o pontapé para a chegada do azul. Nos anos 50, Elvis Presley passou a vestir jeans e o transformou em uma das marcas da rebeldia dos jovens norte-americanos. Estopim para a moda correr o mundo. EVOLUÇÃO O estilista Calvin Klein fez a leitura correta do fenômeno e nos anos 70 levou o jeans para as passarelas. Barreiras foram quebradas. A década de 80 foi marcada pelas calças feitas com tecido lavado e tinham jeito de surradas. A partir de 90 apareceram mais cores e misturas com poliéster e elastano. E, de estribos Jacob David e colocou na virada do século, a linha premium rebites nas peças. chegou para evidenciar os detalhes. INSTITUTO QUADRIX Há uma década transformando sonhos em conquistas. + 180 órgãos e empresas atendidos + 150 processos seletivos + 1,5 milhão de candidatos avaliados Há 10 anos o Instituto QUADRIX organiza concursos públicos e processos seletivos em todo o território nacional. Inovação, Tecnologia e Excelência gerando oportunidades e resultados. quadrix.org.br [email protected] /institutoquadrix
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