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IMPORTÂNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO PARA
EVITAR PATOLOGIAS DECORRENTES DE INFILTRAÇÕES
DE ÁGUA EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS
MORAIS FILHO, Alberes Dias de; OLIVEIRA JÚNIOR, Antonio Rinaldo; SÁ,
Ayrton Wagner dos S. G. de; QUEIROZ, Gibson Ferreira de.
Escola Politécnica de Pernambuco, (81)99556-9328, [email protected]; Escola Politécnica de
Pernambuco, [email protected]; Escola Politécnica de Pernambuco,
[email protected]; Escola Politécnica de Pernambuco, [email protected].
RESUMO
Este trabalho visa destacar, sob o aspecto da elaboração de projetos arquitetônicos de
edificações, todas as medidas contributivas de prevenção contra a infiltração de água pelas
fachadas dos edifícios, que se constitui uma das manifestações patológicas da construção mais
comum e, ao mesmo tempo, complexa, envolvendo uma série de variáveis de difícil solução,
demandando a reunião de muito conhecimento, experiência e envolvimento de todos os
profissionais partícipes no empreendimento, desde sua concepção, até seu período de
utilização. A água é a causa dos mais variados problemas patológicos que atingem os edifícios
e suas partes. Entretanto, percebe-se uma relativa resistência de arquitetos quanto à tomada
de decisão no combate a tais anomalias, negando indiretamente a sua responsabilidade diante
dos projetos por eles elaborados, no tocante a precauções, que desde o início da obra
poderiam ser tomadas. O artigo atual tomou como base o trabalho de especialização em
inspeção, manutenção e recuperação de estruturas de Queiroz (2008), levantando e avaliando
os fatos que contribuem para a infiltração de água através das fachadas das edificações,
tornando-se o propósito desse trabalho discernir e relacionar medidas e precauções no
universo arquitetônico que podem, antecipadamente, evitar uma gama de problemas que
atingem diretamente os usuários dos edifícios, sem a pretensão, porém, de dar como esgotado
o tema de tão diversificada complexidade. Este trabalho conclui, enfim, que muitas
manifestações patológicas são desencadeadas através da ausência de projeto arquitetônico
adequado, má concepção ou omissões.
Palavras-chave: Manifestação patológica. Infiltração. Fachadas
arquitetônico.
de edifícios. Projeto
ABSTRACT
This paper aims to highlight, under the aspect of development of architectural designs of
buildings, all contributory measures to prevent water seepage through the facades of buildings,
which constitutes one of the most common and complex construction's pathological
manifestations, involving a number of difficult solution variables, which requires a lot of
knowledge, experience and involvement of all participant professionals, from conception until its
period of use. The water is the cause of various pathological problems affecting the buildings
and its parts. However, there is a relative resistance of architects on the decision-making
process in the fight against such anomalies, indirectly denying their responsibility on their
projects regarding precautions that could be taken since the beginning of the work. The present
article was based on the work of "expertise in inspection, maintenance and recovery of
structures" Queiroz (2008), analysing and evaluating the facts that contribute to water seepage
through the facades of buildings, making it the purpose of this work to discern and relate
measures and precautions in the architectural universe, which can, in advance, avoid a range of
problems that directly affect users of buildings, without the intention, however, to give as
exhausted this subject of such diverse complexity. This work concludes, finally, that many
pathological events are triggered by the absence of appropriate architectural design, poor
conception or omissions.
SEMIPAR2016 - Recife, 22 de agosto de 2016
Keywords: Pathology. Infiltration. Facade. Architecture.
1 INTRODUÇÃO
Componentes imprescindíveis no universo das edificações, as fachadas
assumem, não só o papel da apresentação do imóvel, mas, primordialmente,
representam a primeira barreira do edifício contra as ações das intempéries,
repercutindo na qualidade do conforto ambiental e de seus elementos
constitutivos, tais como: os componentes dos revestimentos, esquadrias, seus
elementos estruturais, dentre outros. Esses componentes das obras estão cada
vez mais se submetendo a manifestações patológicas, principalmente
vinculadas às ações danosas impostas pela inconveniente presença de água.
Hussein (2013) constatou, em um levantamento envolvendo 13 residências,
que todas estas já haviam apresentado problemas relacionados à umidade e
que 90% haviam passado por reforma para corrigir o problema. É bem verdade
que Hussein (2013) atentou para o fato da falha ou ausência de
impermebialização, mas como veremos neste trabalho, detalhes arquitetônicos
podem diminuir significativamente os problemas relacionados à infiltração.
Isso mostra o quão complexo é o estudo dos fenômenos patológicos nas
fachadas decorrentes da umidade e incita, cada vez mais, o meio técnico a se
envolver com o problema, buscando encontrar soluções e novas técnicas de
concepção, aferição e execução de revestimentos de fachadas, para que se
tornem cada vez mais estanques e seguras. Importa salientar que o
envolvimento do arquiteto nesse processo é inegavelmente imprescindível.
Santos (2014) destaca a importância da existência do projeto arquitetônico na
prevenção das patologias e afirma que a infiltração é o problema patológico
mais comum em edificações.
Este trabalho se propõe a apresentar os aspectos mais importantes sobre o
tema de infiltrações de água pelas fachadas, extraindo de seu conteúdo uma
relevante formatação das medidas e prevenções contra essa manifestação
patológica de tamanha significância, desde a concepção das edificações, que é
o projeto arquitetônico.
2 METODOLOGIA
O artigo atual foi criado tomando-se como base o trabalho de especialização
em inspeção, manutenção e recuperação de estruturas de Queiroz (2008), de
mesmo título. O mesmo foi editado e adaptado de forma que toda a bibliografia
fosse revista e atualizada.
Por razões ligadas ao objeto deste trabalho, dentre os motivos da presença de
umidade nas edificações, serão levados em conta apenas aqueles relativos às
infiltrações.
3 ABORDAGEM SOBRE A INFILTRAÇÃO DE ÁGUA EM FACHADAS
A presença inconveniente de água dentro das edificações pode ter diversas
causas, tais como: resquícios de umidade oriunda da construção, vazamentos
de tubulações de água e esgoto, ações espontâneas dos usuários, penetração
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de água pelas paredes externas e pela coberta, condensação, absorção por
capilaridade, dentre outras.
3.1 Infiltração de água de chuva
Para que ocorra infiltração de água através das vedações verticais é preciso,
pelo menos, que exista simultaneamente três condições: a lâmina de água na
superfície da fachada; aberturas nas vedações, que propiciam a passagem da
água; e força que impulsiona a água para dentro das paredes, seja através do
vento, da força de gravidade ou da sucção capilar.
O concreto, a argamassa e o material cerâmico apresentam poros, bem como
uma rede de canais de reduzidas e variadas dimensões. Por esse motivo a
absorção e permeabilidade, em maior ou menor grau, são características
intrínsecas desses materiais.
Segundo Neville (2016), a abertura máxima de fissuras que podem ser
preenchidas por água (colmatação) é de cerca de 0,1 a 0,2 mm e a aplicação
de pressão através das fissuras contribui para esta colmatação. O autor
também afirma que pequenas fissuras existentes em um elemneto rompido de
concreto podem ser colmatadas. Medeiros (1998) constatou que os poros dos
blocos e tijolos cerâmicos têm diâmetro em torno de 0,01 mm e fissuras
superficiais entre 0,1 e 1 mm. Então, a água pode passar através dos blocos e
tijolos, apesar do seu caminho preferencial ser através dos canais existentes
nas interfaces bloco-argamassa, portanto, na ligação entre as juntas verticais e
horizontais.
Paredes simples de alvenaria de tijolos (não revestidas) não são uma barreira
permanente contra a ação da água, mesmo sendo bem construídas. As
paredes constituídas de blocos de concreto aparentes são ainda mais
passíveis de se submeter a infiltrações de água de chuva, devido à retração do
material. Por isso, elas devem ser protegidas, o que pode ser feito com
películas de hidrofugante.
As paredes de alvenaria aparente, expostas à ação da água tendem a se
saturar rapidamente, é importante salientar que essas devem ser bastante
ventiladas e sua pintura de proteção deve ser permeável a vapor, para que
rapidamente a água por elas absorvidas sejam liberadas sob a forma de vapor.
No passado, os projetistas, inconscientemente aplicavam nas fachadas
detalhes que aprenderam mais pelo aspecto estético do que prático, como os
frisos mostrados na Figura 1. Na verdade, a maior parte daqueles detalhes
tinha um efeito prático, pois acabavam com as concentrações de fluxos de
água de chuva e faziam descolar a lâmina de água que normalmente se forma
sobre as superfícies das paredes. Com isso, a vida útil das edificações era
relativamente maior. Os detalhes de proteção das partes superiores dos muros
e muretas foram também abandonados, sendo essa exclusão responsável pela
degradação precoce desses elementos, pois a água se acumula no topo do
muro e penetra na parede.
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Figura 1 - Detalhes construtivos.
Fonte: Queiroz (2008)
Os frisos, por exemplo, executados nas fachadas servem para, em maior ou
menor grau, dependendo de sua forma geométrica, afastar, pelo menos
parcialmente a lâmina d’água das fachadas.
As superfícies lisas propiciam a concentração do fluxo de água sobre a parede,
provocando desgastes diferenciais, ao contrário das superfícies rugosas, que
provocam o espalhamento desses fluxos, permitindo uma distribuição mais
homogênea e diminuindo os desgastes diferenciais.
3.2 Infiltração pela cobertura
Mesmo que as fachadas recebam todo o tratamento indispensável à sua
estanqueidade à ação da água de chuva, pode-se detectar a presença de água
no interior das paredes e dos ambientes internos da edificação, desde o térreo,
até o pavimento mais alto, se, cuidados especiais no sentido da eficaz
impermeabilidade de todos os elementos da cobertura não forem devidamente
tomados.
Vale salientar que há de se evidenciar a necessidade de cuidados especiais no
dimensionamento e execução das platibandas, arremates de borda de lajes
superiores, das calhas e algerozes. Sem a devida proteção superior das
platibandas, há degradação precoce desses elementos e, pelo topo destas, a
água que se acumula penetra para o interior da parede. É necessário que
sejam previstos uma proteção inclinada para dentro da cobertura e
respingadores de borda adequados visando o direcionamento da água que cai
na vertical. Este cuidado deve ser tomado para que a água não escorra pela
superfície da fachada, evitando assim o aparecimento de manchas.
Os rufos (algerozes) além de devidamente impermeabilizados e dimensionados
estruturalmente, de acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) devem ter altura mínima sobre as telhas e respingadores
(pingadeiras) em suas bordas, evitando a penetração de água de chuva,
impulsionada pelo vento, através da abertura entre eles e as telhas. As Figuras
2 e 3 revelam irregularidade em relação às especificações apontadas acima.
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Figura 2 - Falta de cuidado dispensado à
platibanda
Fonte: Queiroz (2008)
Figura 3 - Falta de cuidado dispensado
à laje
Fonte: Queiroz (2008)
3.3 Projeto de fachadas
O projeto de fachadas deve se submeter ao estudo da modulação das placas
cerâmicas (quando for o caso), para a devida redução de cortes. Além disso,
deve ter memorial descritivo das características do material a ser usado nas
fachadas e a definição de seus mecanismos de controle. Em todas as etapas
de sua confecção, esse projeto deve priorizar sempre a compatibilização com
os projetos complementares.
Outra observação importante é a de que no caso de revestimento com placas
cerâmicas de granito, por exemplo, deve-se ter o devido cuidado na clara
definição do tamanho das placas adjacentes ao perímetro das esquadrias,
atentando para a necessidade da aplicação de mastique elástico entre as
placas e o contramarco da esquadria, sendo, para isso, prevista uma abertura
de 8 a 10 mm, propiciando a aplicação do mesmo. Do contrário será
necessário mais quebra de placas, resultando em mais pontos de fragilidade
para a penetração da água ou na penetração dela através de aberturas entre
as placas e o contramarco. Além disso, é recomendável que o revestimento
nessa região apresente certa inclinação para o lado externo e o contato entre
ele e a janela esteja livre, sem a existência de selantes, de modo que a água
acumulada possa escoar para fora do prédio (COSTA E SILVA, 2007).
Seja qual for o tipo de revestimento da fachada, não se pode abrir mão da
execução de juntas de movimentação horizontais, localizadas nas
proximidades da ligação entre viga e alvenaria, e das juntas de movimentação
verticais, a cada 6 metros entre si, pois estes são os pontos mais comuns para
infiltração de água de chuva, como observou Queiroz (2008).
Na interseção entre materiais diferentes e na aresta de mudança de planos das
superfícies externas, é recomendável a adoção de juntas de dessolidarização.
Medeiros (1998), por outro lado, não recomenda o excesso de juntas, muito
menos a adoção de falsas juntas, onde não são necessárias. Caso seja
possível, recomenda-se a adoção de pequenas saliências nas bordas das
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juntas de movimentação verticais, evitando a grande concentração de água de
chuva naquela localidade.
É muito recomendável, sem abrir mão dos princípios estéticos, que as
fachadas tenham detalhes construtivos destinados a expulsar, ou pelo menos,
quebrar a velocidade da lâmina d’água sobre as paredes verticais
(principalmente se forem excessivamente lisas), com adoção de frisos com
respingos ou até desalinhamentos sutis com o mesmo intuito. Pode-se
estender essas recomendações à possibilidade de execução de pingadeiras no
trecho de revestimento acima das esquadrias externas, nas bordas de beirais,
de mudança de direção da fachada, do plano vertical para o horizontal em
ângulo igual ou maior que 90º.
Quando o edifício é dotado de aparelhos de ar condicionado tipo “janela” e o
volume que abriga esses aparelhos é embutido no corpo do prédio, deve ser
prevista a adoção de um sistema de drenagem para escoamento de toda a
água de condensação oriunda dos aparelhos, despejando na tubulação de
captação de águas pluviais, para evitar que essa água caia sobre a superfície
da fachada, provocando a lâmina d’água indesejável.
3.3.1 Fachadas de tijolo aparente
As opções mais comuns de fachadas com tijolos aparentes são com a
utilização de tijolos cerâmicos, tijolos de concreto e tijolos sílico-calcários. Esse
tipo de fachada, com parede simples de tijolo aparente, não representa boa
barreira contra a ação de água, mesmo sendo bem construída. Faz-se
necessário então que ela seja totalmente protegida com material hidrofugante,
mas que permita a passagem de vapor, como por exemplo hidrofugantes à
base de silano-siloxano. Essa pintura deve ser sistematicamente executada em
toda a extensão das fachadas por um prazo máximo de 3 anos entre as
intervenções, sendo que antes de cada serviço de pintura sejam revisados
todos os trechos de rejuntamento no lado externo das paredes, recompondo-os
adequadamente e eliminando a existência de aberturas.
As alvenarias constituídas de tijolo de concreto ou sílico-calcário são menos
recomendadas que as de tijolo cerâmico, devido ao seu alto grau de
permeabilidade e ao fenômeno acentuado de retração desses tipos de tijolo.
Além disso, essas paredes devem ser plenamente ventiladas, para dissipar
mais rapidamente o vapor de água que ela normalmente expele no processo
de evaporação.
Medeiros (1998), recomenda que, caso se opte por esse tipo de fachada,
devem ser utilizadas paredes duplas, sendo preferencialmente a externa em
tijolo cerâmico (9cm de espessura) e a interna em bloco de concreto com 20cm
de espessura, com um vazio de 5cm entre elas, com sistema de drenagem,
possibilitando a saída de água, rapidamente, do espaço vazio entre as
paredes. O relativo alto custo desse tipo de alternativa deve ser precisamente
avaliado, inclusive quanto ao aumento de cargas na estrutura do prédio, pois
pode se tornar inviável.
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3.3.2 Fachadas Argamassadas Pintadas
Indiscutivelmente, as paredes de fachada argamassadas representam melhor
proteção contra a infiltração de água de chuva que as fachadas constituídas de
tijolo ou blocos aparentes. Entretanto, o projeto não deve abster-se de prever a
pintura dessas paredes. Quanto à constituição da argamassa é recomendável
que seja de cimento portland, cal hidratada e areia média. A areia fina não é
recomendada, pois representa a necessidade de um maior consumo de
cimento para uma mesma resistência, implicando em retrações mais intensas.
Deve ser rigorosamente seguida a NBR 13749 (ABNT, 1996), em todo o seu
conteúdo, pois a mesma trata das especificações adequadas para o
revestimento de paredes e tetos de argamassa, e se devidamente obedecida
dificultará a infiltração da água. E quanto à pintura, recomenda-se que a face
externa seja pintada com tinta PVA para exterior, base acrílica ou um material
que permita a passagem de vapor de água para o exterior.
A adoção de emassamento do revestimento da fachada e pintura com tinta
impermeável lisa (acrílica, por exemplo) não é recomendável, pois, como já dito
anteriormente, as paredes lisas aumentam o volume de água nas paredes das
fachadas, ainda aumentando sua velocidade de escorrimento, implicando em
deterioração mais rápida da pintura e do revestimento.
3.3.3 Fachadas com Placas Cerâmicas
As placas cerâmicas são geralmente assentadas em emboço (argamassa de
regularização). As recomendações para a execução do emboço coincidem com
aquelas relacionadas com as argamassas de revestimento das fachadas
anteriormente abordadas. As definições do revestimento cerâmico em fachadas
começam normalmente com a escolha das placas, de acordo com suas
dimensões e cores. Quanto à adoção das cores, é importante salientar que
cores mais escuras devem ser evitadas, quando em clima tropical, pois
absorvem muito mais calor que as claras, impondo maiores dilatações para os
sistemas de revestimento, o que poderá gerar mais fissuras que facilitem a
infiltração.
As dimensões das placas são de fundamental importância. A rigor, quanto
menores as dimensões das placas, maior a quantidade de juntas por metro
quadrado de revestimento, que absorvem melhor as tensões sobre as placas,
consequentemente, menores as tensões de cisalhamento na ligação
argamassa de assentamento/ cerâmica, diminuindo a tendência ao
arrancamento.
Deve-se atentar também para a largura das juntas de assentamento, pois, com
bem menor módulo de elasticidade que o das placas cerâmicas, elas absorvem
melhor as tensões entre as placas devido a, por exemplo, expansão por
umidade (compressão). A largura apropriada das juntas depende, dentre outros
fatores, das dimensões das placas cerâmicas ou de qualquer outro tipo de
material.
3.4 Projeto de cobertura
É necessário um projeto exclusivo para a área da coberta. Deve-se prever ralos
para descidas de água de chuva de lajes aparentes, locação do tubo
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extravasor do reservatório, acesso fácil e seguro ao reservatório, escadas fixas
e protegidas.
É estritamente necessário que o profissional projetista tenha conhecimento de
todas as normas técnicas referentes à esse tipo de projeto, pois servem como
parâmetros para direcionar o projeto no sentido de adaptar-se à possibilidade
da execução de um sistema de impermeabilização de forma mais adequada e
eficiente possível. A coberta deve ser detalhadamente dimensionada e
especificada e suas calhas e toda a tubulação de escoamento das calhas
(verticais e horizontais) devem ser dimensionadas e detalhadas.
Seu sistema de impermeabilização deve ser previamente definido, alertando
para o fato de que o tipo de revestimento de calhas com manta asfáltica sem
proteção mecânica, apenas com película de proteção em alumínio contra os
raios solares, não deve ser adotado, pois pelas calhas circulam pessoas que
executam manutenção, e, com o passar do tempo, danificarão a película de
proteção, por abrasão, e todo o sistema de impermeabilização se deteriorará.
Nas lajes aparentes, onde circulam pessoas, não se deve também utilizar esse
material de impermeabilização.
O topo da platibanda deverá ser protegido com chapim ou similar, com
pequena inclinação para dentro da coberta. As platibandas deverão estar
solidárias à estrutura do prédio, através de pilaretes de concreto armado e cinta
corrida de amarração, também em concreto armado. Essas cintas, no futuro,
possibilitarão o apoio simples de balancins para manutenção das fachadas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A abordagem deste artigo mostra a importância do detalhamento do projeto
arquitetônico quanto a prováveis meios de entrada da água, os quais
provavelmente causarão manifestações patológicas.
A infiltração de água de chuva pela fachada requer a presença de lâmina de
água, abertura nas vedações e uma força de impulsão para dentro das
paredes, que pode ser provocada pelo vento, por exemplo. Desse modo,
observa-se que o projeto de fachada deve reduzir a área de lâmina de água por
meio de frisos e detalhes, tendo como efeito prático a redução da velocidade
do fluxo de água e o aumento da vida útil da edificação.
O tipo de revestimento da fachada é um dos fatores mais importantes na
prevenção de patologias nas definições de projeto. A fachada de tijolo aparente
não representa uma boa barreira contra a água, no entanto, aplicando-se a ela
uma pintura de hidrofugante à base de silano-siloxano em período não superior
a três anos, esse tipo de revestimento terá seu desempenho melhorado. A
fachada de argamassa pintada é uma alternativa melhor que a fachada de
blocos aparentes, mas deve-se tomar cuidado com a definição do material para
pintura. O projeto de fachada de placas cerâmicas deve conter especificações
de cor e tamanho das peças, larguras das juntas e tipo de rejunte a ser
aplicado, de modo que as tensões sejam melhor absorvidas, evitando fissuras
e, consequentemente, a entrada da água.
Verifica-se, também, a importância de haver um projeto específico para a
cobertura, local na edificação que geralmente não recebe o devido cuidado
necessário, sendo definidos preventivamente materiais adequados para o uso.
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5 CONCLUSÃO
Portanto, fica evidente a importância do projeto arquitetônico no combate às
insfiltrações, visto que o mesmo é o agente criador do empreendimento. É
deste projeto que se originam todos os outros complementares. Desta forma,
não pode-se concluir que o arquiteto deve, se possível em minúcias, planejar,
detalhar, especificar e coordenar todas as etapas de complementação do
projeto e execução da obra.
Seguindo-se as recomendações apresentadas neste trabalho, os resultados
serão bem satisfatórios no que se refere ao combate às patologias decorrentes
de infiltrações em fachadas de edifícios, embora o propósito deste trabalho não
seja a formatação de um sistema de elementos e considerações, sob forma de
check list, mas fazer com que os profissionais da área passem a olhar para a
realidade da importância do projeto arquitetônico no que diz respeito a evitar
possíveis infiltrações.
Por fim, essa linha de pesquisa é bastante relevante e precisa ser explorada,
pois as escolhas de alternativas tecnológicas não podem ser arbitrariamente
adotadas, sem o componente das razões estéticas e funcionais da obra.
REFERÊNCIA
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