Curriculo Pleno da Educação Básica - Ensino Médio

Transcrição

Curriculo Pleno da Educação Básica - Ensino Médio
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Governador do Distrito Federal
Rogério Schumann Rosso
Secretário de Estado de Educação
Sinval Lucas de Souza Filho
Secretária-Adjunta de Estado de Educação do Distrito Federal
Maria Nazaré de Oliveira Mello
Subsecretária de Educação Básica
Ana Carmina Pinto Dantas Santana
Diretora de Ensino Médio
Kattia de Jesus Amin Athayde Figueiredo
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
1ª ETAPA − Elaboração (2007/2008)
COMISSÃO DE COORDENAÇÃO DE ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Tânia Andréia Gentil Goulart Ferreira
Andréia Costa Tavares
Michelle Abreu Furtado
Regina Aparecida Reis Baldini de Figueiredo
Maria Cristina Costa Samromã
Roberta Paiva Gama Talyuli
Elisângela Teixeira Gomes Dias
Tatiana Santos Arruda
Rosália Policarpo Fagundes de Carvalho
Roselene de Fátima Constantino
Luiz Gonzaga Lapa Júnior
Edinéia da Cunha Ferreira
Christiane Leite Areias da Silva
Rosangela Maria Pinheiro
Edna Guimarães Campos
Cláudia Denis Alves da Paz
COORDENAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO VOLUME REFERENTE AO ENSINO MÉDIO
Penha Júlia de Castro Gama
COMISSÕES DE ELABORAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA
Conteúdos Referenciais
Andréia Costa Tavares - Coordenadora
Marise de Fátima Ribeiro Assad de Souza - Coordenadora
André Lucio Bento
Isabel Cristina Corgosinho
Márcia do Rocio Fava Souza
Maria Madalena das Neves Pereira Coatio
Roselene de Fátima Constantino
Habilidades
Andréia Costa Tavares – Coordenadora (colaboração no texto introdutório)
Roselene de Fátima Constantino – Coordenadora (texto introdutório)
Adriana Lima Madureira
Ana Maria dos Reis
André Lucio Bento
Antonio de Lélis Ferreira
Cândida Angélica F. A Vieira (colaboração no texto introdutório)
Carla Rejane de Siqueira Torres
Celyne Silva Ramalho Braga (relatora)
Cristiane Souza Almeida
Daniane Vieira de Almeida
Daomanda José Duarte (relatora)
Eleude A. T de Freitas
Elisabeth M. Souza
Fernanda Viana de A. Rocha
Georges R. S. Júnior
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Gracilene Gonçalves da Silva
Hélio Vieira Cardoso
LÍNGUA PORTUGUESA/ Habilidades (Continuação)
Ivanildes Maria Silva Fasoyin
Jackeline Ferreira Barbosa
Jonite Bôbô Lopes
Josilson Bezerra Lobo de Brito
Juliana Costa Ribeiro (relatora)
Kerlene Paiva Santos
Luciana da S. Barbosa
Manoela Santana Miranda
Marcia Helena de Andrade Camilo
Marco Antônio Vieira da Silva
Maria Efigênia Avelino de Ávila
Maria Rutilene dos Anjos
Marluce P Cardoso
Rita de Cássia Guimarães
Sandra Tetânia Teles de Menezes Pereira de Carvalho
Solange Marcellino da Silva
Sulamita de Andrade Eurich
Tirzá Gelbcke Gubert
Vânia Perciani Rosa
LÍNGUA ESTRANGEIRA − INGLÊS
Conteúdos Referenciais
Heber Jones Matos Lima - Coordenador
Eliane Maria Barnabé Cerqueira
Erb Cristóvão Lopes
Maria Auxiliadora França de Paula
Úrsula Keyla de Mendonça Siqueira
Conteúdos Referenciais e Habilidades − 2008
Andréa Almeida de Assunção – Coordenadora (texto introdutório)
Francilene da Cruz Dantas - Coordenadora
Almerinda Borges Garibaldi (relatora)
Ana Maria dos Reis
Anarcisa de Freitas
Andréa Mara S. Oliveira
Célia A. de O. Soares
Celina Rodrigues S. Moura
Francilene Dantas Cruz
Gerson Araújo de Moura
Heber Jones Matos Lima
Izabel Cristina M. Lima (texto introdutório)
Luís Henrique de Oliveira
Maria Aparecida P. C Cunha
Maria da Graça Prata J. Telles
Maria das Graças S. Bennett
Mônica M. P. Alves
Patrícia L. C. Rodrigues
Valéria Fernandes de Almeida
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA ESTRANGEIRA − FRANCÊS
Eric Alberto Lima de Oliveira - Coordenador
Dímitra F. Kalatzes Sousa (relatora)
Gregório Henrique de Brito Ramos
Helena Maria Vieira da Silva
Luciane de L. Macedo
Luzia Alessandra Pinheiro
LÍNGUA ESTRANGEIRA − ESPANHOL
Conteúdos Referenciais - 2007
Cecília Valentina Souza e Silva Martins – Coordenadora
Maria Zifirina Roma Buzar Perroni - Coordenadora
Ana Paula Barbosa de Miranda
Fanny Guadalupe Mattos Carnero
Giuliana C. Melo Evangelista
Maria da Glória Kichara
Miguelina Vieira da Silva
Vanderlei Padilha Machado
Conteúdos Referenciais e Habilidades − 2008
Aureni Almeida Nobre Fritz – Coordenadora
Daniela Dias Braga
Fanny Guadalupe Mattos Carnero - colaboradora
Léa de Melo Loiola
Salma Lílian M. F. Gil
Simone L. Chagas da Rocha
ARTE
Conteúdos Referenciais − 2007
Patrícia Nunes de Kaiser - Coordenadora
Antonio Biancho Filho - Coordenador
Andréia Martins L Sousa
Aparecida Malta da Silva
Augusto de Sousa Neto
Doralice C. Silva
Edna M. Santos Carvalho
Eli Mendes Lara
Eliana Ferreira Santana
Eliane C. Neres da Silva
Eloíza Sousa e Paiva
Ester Rodrigues Corte Ferreira
Gislaine Almeida
Glayce Mara Albuquerque
Gloriêda Mendes de Oliveira
Gutemara Valdivino Feitosa
Jorge Cimas
José Aparecido de Oliveira
Leísa Sasso
Luciana Castro da Silva
Lucianita C. de Oliveira
Luzineide Gomes Freire
Magma F. Silva Costa
Manuela Emília C. de Castro
Maria Aparecida
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE
Conteúdos Referenciais − 2007 (continuação)
Maria de Nazaré R. Brito
Maria Olimpia B da Silva
Marise Reis Boaventura
Moisés Lucas
Nelson Luiz Nascimento
Orliene Maria Vasconcelos
Pedro de A.C. dos Santos
Rosa Maria da Silva
Rosilene A Barbosa
Sheila Borges
Suyen Sousa
Thaís Felizardo Resende
Tânia Maria Lopes dos Santos
Teodora Divina da Cunha
Teresa Pereira Araújo
Ulisses Pereira Silva
William Carson Mendes
William Marques Mesquita
Arte – Textos e Habilidades − 2008
Antonio Biancho Filho - Coordenador
Patrícia Nunes de Kaiser - Coordenadora
Artes Visuais
Conteúdos Referenciais e Habilidades
Antonio Biancho Filho (elaborador do texto introdutório de Arte e de Artes Visuais)
Edith Domingues – (elaboradora das Referências de Arte)
Inês de O.C. Carneiro
Leci Maria Augusto de Castro (elaboradora do texto de Artes Visuais)
Leísa Sasso
Maria Audenir Lima
Maria Aparecida de Melo
Mario Maciel (elaborador do texto de Artes Visuais)
Patrícia Nunes de Kaiser (colaboradora do texto introdutório de Arte)
Pedro Santos
Terezinha Maria Losada Moreira - (elaboradora do texto introdutório de Arte e de Artes Visuais)
Vânia Guiomar Almeida Abreu
Teatro
Augusto de Sousa Neto (elaborador do texto de Teatro)
Francis Wilker – (elaborador do texto de Teatro)
Conteúdos Referenciais e Habilidades - 2008
Adilamar José de Souza Batista
Cleonice Rocha Aguiar
Elielma Maia
Ghislaine Almeida
Música
Flávia Narita – colaborador (elaboradora do texto de Música)
Maria Cristina C. C. de Azevedo (elaboradora das Referências)
Conteúdos Referenciais e Habilidades
Ilke Takada Ito
Walkiria T. F. Lobato
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Dança
Texto Introdutório
Antonio Marcos Silva Santos (elaborador do texto de Dança)
Conteúdos Referenciais e Habilidades
Juliana Branco
Gigliola Mendes
EDUCAÇÃO FÍSICA
Conteúdos Referenciais − 2007
Elton Fernando Borges – Coordenador
Marcus Vinicius Costa Vianna - Coordenador
Habilidades − 2008
Elton Fernando Borges – Coordenador
Marcus Vinicius Costa Vianna − Coordenador
Antonio C Cosenza
Carlos Magno da Silva
Carolina Maria de C. Mendes
Conceição de Maria C. Miranda
Elton Borges
Márcia Correia
Marco Aurélio Rangel
Vaine Del Bianco Nascimento
Conteúdos Referenciais − 2007
Patrícia Almeida Bavaresco – Coordenadora
QUÍMICA
Conteúdos Referenciais − 2008
Juliana Alves de Araújo Bottechia – Coordenadora (texto introdutório)
Patrícia Almeida Bavaresco – Coordenadora (texto introdutório)
Caio César Silva Macêdo
Carine Bonifácio Gois
Carlos Torquato
Dalva Maria Costa
Elaine da Silva Costa
Elton Lima da Silva
Gláucia de M. Luca
Gláucia Lemos
Noeci Marlise John
Rafaela Gonçalves Dias Machado
Richard Junior Rodrigues de C Silva
Salvia Barbosa Farias
Sandro Dias de Carvalho
Sérgio Gonçalves dos Anjos
Wellington Beage Lopes
Wilson Badaró Júnior
Habilidades − 2008
Gláucia Lemos
Sérgio G. dos Anjos
Richard Junior Rodrigues de C Silva
Rafaela G. Dias Machado
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
MATEMÁTICA
FÍSICA
Conteúdos Referenciais − 2007
Adriene Lobato de Faria - coordenadora
Luiz Gonzaga Lapa Junior
Sayd Macedo
Conteúdos Referenciais − 2007
Elismar Teixeira da Rocha – Coordenador
Francisco Carlos da Costa
Geraldo Barbosa
Ingrid de S. R. Duarte
João Roberto Nunes da Silva
Kelson Rosa Pinto
Manderson Pereira
Renato Inácio
Sebastião Portela
Habilidades e Texto Introdutório − 2008
Luiz Gonzaga Lapa Junior – Coordenador
Ademir A. Teles
Alan Martins Rocha
Alexandre Gonçalves Pereira
Allan Alves Ferreira
Aluízio Prado Catunda
Constantino B. Vieira
Fabiana de Assis D.S. Ferreira
Fabiana Matos
Francisco de A. S. Ferreira
Genovaldo Ximenes Aragão
Heldécio L. Xavier
Janete R. Vieira
Josenilson Alves Souto
Maria da C. Lamounier
Mírian Patrícia Amorim
Neila Mendes Castanheira
Omero Ferreira dos Santos
Paulo Sérgio Leal Alves
Paulo Vinícius Soares Sanches
Reginaldo dos Santos Moreira
Ronaldo José Nascimento
Sayd Macedo
Sheila Ludmila C. Ulhôa
Walter José Rodrigues Moraes
Habilidades − 2008
Erizaldo
Cavalcanti
Borges
Pimentel
(coordenador e texto introdutório)
Ângela Maria Hartmann (colaboradora)
Ariovaldo Augusto Pimentel Laranja
Célio Galante Pinheiro
Cleovam Porto
Donizete Nunes Valadão
Geraldo Barbosa
Ingrid de Sousa R. Duarte
José Fabiano Alves Rodrigues
Leonardo Kuhn (colaborador)
Lígia da S. Almeida Melo
Luis Claudio Sales Morais
Marcos Fernandes Sobrinho
Moraes Neto
Nelson Rodrigues Braga
Nívia N. Moura
Paulo Roberto da R. Correia
Sidiny Diogo da S. Junior
Stella Marina L. B. de Faria
Tiago S. Cunha Rezende
Warner Ramos Lucena
Wilker Dias Oliveira
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA
HISTÓRIA
Conteúdos Referenciais − 2007
Claúdia Garavello – coordenadora
Conteúdos Referenciais − 2007
Cícero Roberto de Melo – Coordenador
Conteúdos Referenciais e Habilidades 2008
Maria de Fátima Mesquita (texto introdutório)
Cássia M. S. Megale
Cinara G Aguiar
Denise G. Vilela
Elber Martins
Hamilton Andrade Serom
Herbert M. Guimarães
Hipácia Miriam Fontes Rebem
João Aleixo O de Paulo
João E.C. Corrêa
Kaline Bastos de Carvalho
Keisiane R. Carvalho
Leila Vieira de Souza
Luiz Henrique Wilhelms
Manoela Santana Miranda
Magda Gomes de Oliveira
Maria Augusta de Oliveira
Maria Giordano
Patrícia Milanez
Shirley M. B Silva
Texto Introdutório − 2008
Elzi Maria Santos
Cícero Roberto de Melo
Habilidades − 2008
Elzi Maria Santos - Coordenadora
Alzira Cristina de O. Costa
Carlos Willian U.C. Jr.
Carmenio C. Gomes
Charles Lemos Costa
Cristiane de Assis Portela
Débora Cortes da Silva
Elves Leal Barbosa
Gláucia A. da Silva
Izaac Newton da Silva
José Francisco de Sousa
José Norberto Calixto
Lóide Bastos Barbosa
Luciano Hipólito Caetano
Maria Lucia de Menezes
Maria Neves Pereira Chavel
Maria Rosane S. Campelo
Newton David Caldeira
Nilton David Caldeira
Sheila A. Lemos Santos
GEOGRAFIA
Conteúdos Referenciais − 2007
Antônio Carlos dos Santos − Coordenador
Habilidades − 2008
Antônio Carlos dos Santos – Coordenador (texto introdutório)
Adenor Santana da Silva
Amarilde F.I. Rabelo
Andréia de O. Almeida
Arlene de O. Nacimento
Cleonice Ribeiro Gomes
Irani Maria da Silva
José de Sousa Silva
Liz Maria Garcia Santos
Manoel A. dos Santos
Marcio Coutinho Gonçalves
Maria Cecília de S.R. Regiani
Mônica Moura de Melo Alves
Paulo Ferreira da Silva
Rosilene Martins da Silva
Tânia Lemos Costa
Wilson Ribeiro da Silva
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
SOCIOLOGIA
FILOSOFIA
Habilidades
Guilherme de Azevedo França – Coordenador
Ângela Teresa do Rosário
Erlando da Silva Rêses
José Gadelha Loureiro
Maria Francilma Rodrigues Oliveira
Maria Helena Oliveira Freire
Mário Bispo dos Santos - Relator
Pedro de Oliveira Lacerda
Sandra Leite Teixeira
Shirley Daudt Rodrigues
Conteúdos Referenciais - 2007
Jocília Seixas de Morais - Coordenadora
Edivaldo Montes dos Santos
Pedro Inácio Amor
Conteúdos Referenciais - 2007
Kattia de Jesus Amin Athayde Figueiredo –
Coordenadora
Ana Cristina de S. Machado
Edivaldo Montes dos Santos
Isaura Machado Lima
Jean Silva Gomes
Lincoln Canto do Nascimento
Maria das Dores Sampaio
Mário Bispo dos Santos
Pablo Ramos de Sá
Pedro de Oliveira Lacerda
Rodrigo A. Magalhães
Simone Lopes de Assis
Conteúdos Referenciais - 2008
Kattia de Jesus Amin Athayde Figueiredo –
Coordenadora
Ana Cristina de S. Machado
Armando de Melo Salmito
Carlos Eduardo Alves
Carolina Grande
Edivaldo Montes dos Santos
Erlando da Silva Rêses
Iracema Cesar Barreto
Isaura Machado Lima
Jário Costa da Rocha
Jean Silva Gomes
Klinger Ericeira
Lincoln Canto do Nascimento
Luiz Moreira da Cunha
Margarete Teixeira Pimentel
Maria das Dores Sampaio
Maria José Paulino da Silva
Mário Bispo dos Santos (texto introdutório)
Pablo Ramos de Sá
Patrícia Rodrigues
Pedro de Oliveira Lacerda
Roberto Costa Schiavine
Rodrigo A. Magalhães
Rogério Oliveira Silva
Simone Lopes de Assis
Habilidades - 2008
Jocília Seixas de Morais - Coordenadora (texto
introdutório)
Carlos Eduardo R. Alves
Daniel Angelo R. Costa
Denys F. da Costa
Edvaldo Monte dos Santos (texto introdutório)
Gilvaci Rodrigues Azevedo
Ivone Laurentino dos Santos
Jario Costa da Rocha
Jaqueline de M. Gonçalves
Jaqueline Garza
José Divino Ferreira
Leonardo Celestino Alves
Mary de J. F. e Sousa
Osiander Schaff Silva
Pedro Inácio Amor (texto introdutório)
Ricardo da Silva Rocha (texto introdutório)
Silvio Romero
Comissão
constituída
para
a
implementação da Lei 10639/2003 que
trata da inclusão da História e Cultura
Afro-Brasileira no Currículo da Educação
Básica
Antônio Carlos dos Santos (Coordenador)
Marise de Fátima Ribeiro Assad de Souza
(Coordenadora)
Alzira Cistina de Oliveira Costa
Andréia Costa Tavares
Carlos Luiz Sacramento
Cícero Roberto de Melo
Cristiane de Assis Portela
Elidete Teixeira
Iracema César Barreto
Jocília Seixas de Morais
José Norberto Calisto
Mara Neiva dos Santos
Marcos Antônio Sampaio Esteves
Melina Melara
Neide Rafael
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
2ª ETAPA − Revisão (Novembro/2010)
COMISSÃO DE COORDENAÇÃO DE REVISÃO DO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Denise Guimarães Marra de Moraes
José Edilson Rodrigues da Fonseca
Kattia de Jesus Amin Athayde Figueiredo
Luciano Barbosa Ferreira
Regina Aparecida Reis Baldini de Figueiredo
Renata Menezes Saraiva Rezende
Tânia Andréia Gentil Goulart Ferreira
COMISSÃO DE REVISÃO DO CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO
Patrícia Nunes de Kaiser
Kattia de Jesus Amin Athayde Figueiredo
Adenor SantAna da Silva
Adilamar José de Souza Batista
Adriana Lima Madureira
Alan Martins Rocha
Almerinda Borges Garibaldi
Ana José Marques
Anarcisa de Freitas
Andréia Costa Tavares
Antonio Biancho Filho
Antônio Conzenza
Carlos Torquato de Lima Júnior
Cecília Valentina Souza e Silva Martins
Célio Galante Pinheiros
Cristiane Souza Almeida
Daniel Ângelo R. Costa
Daniela Dias Braga
Daomanda José Duarte
Elielma Maia Tertulino
Fanny Guadalupe Mattos Carnero
Genovaldo Ximenes Aragão
Gilvaci Rodrigues Azevedo
Guilherme de Azevedo França
Ivone Laurentino dos Santos
Izaura Machado de Lima
Jairo Costa da Rocha
Jocília Seixas de Morais
José Francisco de Sousa
Josilson Bezerra Lobo de Brito
Juliana Alves de Araújo Bottechia
Juliana Branco Campos
Liz Maria Garcia Santos
Luiz Gonzaga Lapa Júnior
COLABORADORES
Ana José Marques
Robson Santos Câmara Silva
Mara Franco de Sá
Luiz Henrique Wilhelms
Maria Aparecida Paim da Costa Cunha
Maria da Graça Silveira Bennett
Maria José Paulino da Silva
Maria Rutilene dos Anjos
Maria Zifirina Roma Buzar Perroni
Mário Bispo dos Santos
Mônica Moura de Melo Alves
Patrícia Lilian C. Rodrigues
Paulo Ferreira da Silva
Robson Santos Câmara Silva
Roselene de Fátima Constantino
Sandra Tetânia Teles de Menezes Pereira de
Carvalho
Silvio Romero
Tiago S. Cunha Rezende
Lilian Maria Oliveira Magalhães
Márcia Cristina Lima Pereira
Valéria Cristina de Castro Gabriel
Valdicéia Tavares dos Santos
COMISSÃO DE REVISÃO DO TEXTO
SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL
Denise Guimarães Marra de Moraes
Joana de Almeida Lima
Estela Martins Teles
Maria de Lurdes Dias Rodrigues
Giselda Benedita Jordão de Carvalho
Iêdes Soares Braga
FICHA TÉCNICA
Arte, foto e edição:
Eduardo Carvalho (GTec)
Modelo fotográfico:
Beatriz Tavares (GTec)
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1 A EDUCAÇÃO BÁSICA E SUAS BASES LEGAIS
2 A EDUCAÇÃO BÁSICA NO DISTRITO FEDERAL: O EDUCAR E CUIDAR,
O LETRAMENTO E A DIVERSIDADE COMO EIXOS DO CURRÍCULO
3 APRENDIZAGEM E CURRÍCULO: A PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA
DO CONHECIMENTO
4 COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E CONTEÚDOS REFERENCIAIS:
DESAFIOS PROPOSTOS PARA UMA NOVA REALIDADE
5 BASES LEGAIS DO ENSINO MÉDIO
6 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
7 ÁREA DE LINGUAGENS,CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
7.1 Língua Portuguesa
7.2 Língua Estrangeira – Inglês
7.3 Língua Estrangeira – Francês
7.4 Língua Estrangeira – Espanhol
7.5 Arte
7.5.1 Artes Visuais
7.5.2 Música
7.5.3 Teatro
7.5.4 Dança
7.6 Educação Física
8 ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS
TECNOLOGIAS
8.1 Biologia
8.2 Física
8.3 Química
8.4 Matemática
9 ÀREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
9.1 História
9.2 Geografia
9.3 Sociologia
9.4 Filosofia
10 EDUCAÇÃO ESPECIAL
11 DIRETRIZ DE AVALIAÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13
14
18
24
29
33
37
39
39
49
55
60
65
73
85
92
103
117
122
122
133
139
149
164
164
169
181
191
200
216
239
12
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
APRESENTAÇÃO
O Currículo da Educação Básica − Versão Experimental − da rede pública de ensino
do Distrito Federal, foi elaborado para nortear a prática pedagógica dos/as educadores/as na
perspectiva da construção de uma instituição educacional pública de qualidade para todos.
Resultado de uma construção coletiva de educadores/as, a partir da discussão com
professores/as regentes e com coordenadores/as, iniciada em 2008, o currículo objetiva
contribuir para o diálogo entre professor/a e a instituição educacional sobre a prática docente,
bem como para a reflexão sobre o que os/as estudantes precisam aprender, relativamente
sobre cada componente curricular, num projeto que atenda às finalidades da formação para a
cidadania, subsidiando as instituições educacionais na seleção e na organização de conteúdos
relevantes a serem trabalhados ao longo de cada ano letivo.
O Currículo em referência constitui-se de cinco volumes: Educação Infantil, Ensino
Fundamental - Séries/Anos Iniciais, Ensino Fundamental − Séries/Anos Finais, Ensino Médio
e Educação de Jovens e Adultos, nos quais estão definidos os seus eixos, o educar e cuidar, o
letramento e a diversidade, as bases legais da educação básica, bem como as competências, as
habilidades e os conteúdos a serem desenvolvidos.
Essas publicações não são um manual ou uma cartilha a serem seguidos, mas um
instrumento de apoio à reflexão do/a professor/a e deve ser utilizado em favor do aprendizado.
Espera-se, dessa forma, que cada professor/a aproveite estas orientações como
estímulo à revisão de suas práticas pedagógicas e que sejam alvo de reflexões e de discussões
para seu aprimoramento com vistas à publicação do Currículo da Educação Básica em sua
versão definitiva.
Assim, estará se construindo uma instituição educacional como espaço educativo de
vivências sociais, de convivência democrática e, ao mesmo tempo, de apropriação, de
construção e de disseminação de conhecimentos.
Sinval Lucas de Souza Filho
Secretário de Estado de Educação
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
1 A EDUCAÇÃO BÁSICA E SUAS BASES LEGAIS
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, nº
9.394/1996, a educação brasileira atual é composta por dois níveis: educação básica e
educação superior, sendo aquela dividida em etapas e modalidades. Contudo, essa divisão não
se constitui em uma distribuição aleatória, mas no reconhecimento da importância dos
processos educativos formais, nas diferentes etapas da vida dos indivíduos e de suas
contribuições para o exercício da cidadania.
Nesse contexto, a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio
constituem-se etapas da Educação Básica. A educação infantil compõe a primeira etapa e é
destinada às crianças de 0 a 5 anos em creches e pré-escola; o ensino fundamental, com
duração de 9 anos, atende a estudantes de 6 a 14 anos e tem caráter obrigatório, público e
gratuito. Já o ensino médio constitui-se a última etapa e deve atender aos/às jovens dos 15 aos
17 anos.
A inclusão da educação infantil, como a primeira etapa da Educação Básica,
representa a ruptura com a concepção assistencialista, voltada às crianças das classes
populares, constituindo-se em um direito à infância, em consonância com o exposto no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que preconiza, em seu Art. 3º:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurandose-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social em
condições de liberdade e dignidade.
Assim, pode-se afirmar que se vive um processo de amplitude dos direitos das crianças
no país e a LDB reafirma esse processo de conquistas ao garantir em seu artigo 29º que “A
educação infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
Garantindo também no inciso IV do artigo 4º a gratuidade dessa etapa de ensino ao
determinar: “atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 5 anos de
idade”.
É importante destacar que a mesma Lei define uma divisão da Educação Infantil em
duas etapas, conforme a faixa etária, devendo a creche responsabilizar-se pela formação de
crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola de crianças de 4 e 5 anos, promovendo o
acompanhamento e o registro do desenvolvimento sem que ocorram mecanismos de
14
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
promoção para a continuidade dos estudos, buscando o processo educativo complementar à
atuação familiar.
O ensino fundamental representa a etapa da Educação Básica voltada à formação de
crianças e adolescentes. Com a Lei nº 11.274/2006, essa etapa de ensino tornou-se obrigatória
e gratuita para as crianças a partir dos 6 anos de idade.
Quanto aos avanços legais garantidos ao ensino fundamental, a partir da Constituição
Federal de 1988, estabeleceu-se sua oferta pública como um direito público subjetivo, ou seja,
qualquer pessoa é titular desse direito, tendo assegurada, em caso de descumprimento, a sua
efetivação imediata. De acordo com a Constituição Federal e com a Emenda Constitucional nº
14/96, o ensino fundamental é de responsabilidade dos estados, dos municípios e do Distrito
Federal, tornado assim prioritário o atendimento dessa etapa de ensino como determina a–
LDB, em seu artigo 5º: “O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade
de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder
Público para exigi-lo.”
Essa etapa, nesse contexto, tem como objetivo a formação básica do cidadão,
conforme preconiza o Art. 32 e respectivos incisos da LDB nº 9394/96:
O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na
escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno
domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia,
das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição
de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e
de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, tem duração mínima de três anos e por
finalidades o aprimoramento do/a estudante como pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, bem como a preparação
básica para o trabalho e a cidadania, entre outras. Percebe-se assim, que o Ensino Médio tem
como objetivo proporcionar aos/às estudantes uma formação geral que lhes possibilite a
continuidade dos estudos e o ingresso no mercado de trabalho.
Quanto às modalidades1 da Educação Básica, estas são compostas por: Educação de
Jovens e Adultos, Educação Profissional e Educação Especial.
1
Ressalte-se que, segundo a Resolução n° 04 de 13 de julho de 2010 do Conselho Nacional de Educação
(CNE/CEB), que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, “A cada etapa da
Educação Básica pode corresponder uma ou mais das modalidades de ensino: Educação de Jovens e Adultos,
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CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino destinada àqueles que
por diversos motivos não concluíram a Educação Básica e retornam à sala de aula com esse
objetivo. Estruturada por etapas semestrais agrupadas em segmentos, essa modalidade permite
aos/às estudantes continuarem seus estudos respeitando suas disponibilidades. No 1º
segmento, busca-se o acesso e a permanência ao processo de alfabetização e no 2º e 3º
segmentos segue-se a lógica escolar do aprofundamento dos conhecimentos relacionados às
linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza, tendo sempre em vista a formação
de um cidadão crítico-participativo.
A Educação Especial permeia as etapas e modalidades de educação, oferecida,
preferencialmente, na rede regular de ensino para estudantes com deficiência, transtorno
global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Estrutura-se por meio da oferta
de atendimento educacional especializado, organizado institucionalmente para apoiar,
complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns,
em consonância com as políticas públicas educacionais, bem como com a elaboração, o
planejamento, a execução e a avaliação das propostas curriculares das escolas, primando por
diversificar metodologias e propiciar processos avaliativos mediadores e formativos do ser,
com ênfase em uma pedagogia inclusiva.
Já a Educação Profissional Técnica de Nível Médio pode preparar o/a estudante para o
exercício de profissões técnicas e deve ser desenvolvida das seguintes formas: articulada com
o ensino médio ou subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino
médio.
De acordo com a LDB, em seu artigo 26, os currículos do ensino fundamental e médio
devem ter uma base nacional comum a ser complementada por uma parte diversificada.
Recentemente, a Resolução n° 04 de 13 de julho de 2010 do Conselho Nacional de Educação
(CNE/CEB), que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica
apresenta o assunto destacando que a base nacional comum e a parte diversificada não podem
se constituir em dois blocos distintos, sendo organicamente planejadas de tal modo que as
tecnologias de informação e comunicação perpassem a proposta curricular desde a educação
infantil até o ensino médio.
Ainda a esse respeito, a LDB, em seu artigo 26, §1º, preconiza que “os currículos
devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do
Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e
Educação a Distância”.
16
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Brasil”. Acrescenta-se, ainda, a Arte e a Educação Física como componentes curriculares
obrigatórios na Educação Básica, conforme descrito nos parágrafos 2º e 3º e a obrigatoriedade
do ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna na parte diversificada, descrito no §
5º.
Destaca-se, ainda, a obrigatoriedade de inclusão dos conteúdos referentes à História e
à Cultura Afro-Brasileira e Indígena, Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que devem ser
ministrados no contexto de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Arte, Literatura
e História Brasileira; o tema Serviço Voluntário, que também deverá fazer parte da proposta
pedagógica das instituições educacionais de Ensino Fundamental e Médio, de forma
interdisciplinar, de acordo com a Lei Distrital 3.506/2004 e Decreto nº. 28.235, de 27 de
agosto de 2007 (DODF de 28/8/07); o conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos
adolescentes, preconizados pela Lei nº 11.525, de 25 de setembro de 2007, que acrescenta o §
5º ao Art. 32 da Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 2006; os conteúdos de direito e
cidadania, previstos pela Lei Distrital nº 3.940, de 2 de janeiro de 2007; o ensino da Música
em toda Educação Básica, conforme a Lei 11.769/2008; a educação ambiental preconizada
pelas Lei Federal 9.795/1999 e Lei Distrital 3.833/2006; a educação financeira no currículo do
ensino Fundamental, descrito na Lei 3.838/2006; dentre outros temas que perpassam todos os
componentes curriculares como defesa civil e percepção de riscos e empreendedorismo
juvenil.
Quanto ao currículo do ensino médio, ressalta-se a inclusão de filosofia e sociologia
como componentes curriculares obrigatórios, conforme a Lei Federal 11.684/2008.
O Ensino Religioso, regulamentado pela Lei nº. 9.475, de 22 de julho de 1997, que dá
nova redação ao art. 33 da LDB e, no Distrito Federal, pela Lei nº. 2.230, de 31 de dezembro
de 1998, compõe a parte diversificada do currículo, sendo obrigatória sua oferta pela
instituição educacional e a matrícula facultativa para o/a estudante. Constitui componente
curricular dos horários normais das instituições educacionais e é parte integrante da formação
básica do cidadão, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa e sendo vedadas
quaisquer formas de proselitismo.
17
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
2
A EDUCAÇÃO BÁSICA NO DISTRITO FEDERAL: O EDUCAR E CUIDAR,
O LETRAMENTO E A DIVERSIDADE COMO EIXOS DO CURRÍCULO
A organização do espaço/tempo das instituições educacionais públicas do Distrito
Federal encontra-se materializada nas Diretrizes Pedagógicas da Secretaria de Estado de
Educação do Distrito Federal (2009/2013) que estabelecem, do ponto de vista teóricometodológico, as orientações curriculares inspiradas em um currículo plural e flexível,
imbuído de uma concepção educacional fortemente comprometida com um modo de
aprendizagem que promova, nos espaços escolares, a formação de sujeitos capazes de pensar
e de atuar criticamente em seus ambientes de convivência.
Nessa mesma direção, o currículo que ora se apresenta, foi elaborado com o intuito de
construir trajetórias pedagógicas aliançadas com as experiências sociais e culturais que
acompanham os sujeitos em suas histórias de vida. Assim, buscou-se com este documento
inspirar metodologias que promovam, didaticamente, o diálogo e a interação entre os
componentes curriculares, bem como as etapas e as modalidades de ensino referentes à
educação básica.
Certamente, a intenção deste documento não é a de esgotar ou mesmo de apresentar
um conceito de currículo que se limite à sala de aula. Ao contrário, pretende-se, aqui, orientar
possibilidades educacionais que impliquem em situações concretas de aprendizagem, de modo
interdisciplinar, contextualizado e articulado à vida social.
Sabe-se, ainda, que um currículo escolar é pauta constante e contínua de reflexões e de
fazeres coletivos praticados na escola, concebido com o objetivo de expressar a realização
efetiva da aprendizagem. O Educar e Cuidar, o Letramento, assim como a Diversidade,
constituem-se como eixos estruturantes do Currículo da Educação Básica do Distrito Federal
e estão presentes em todas as etapas e modalidades de ensino, de modo a orientar os
componentes curriculares e de promover trajetórias de ensino e de aprendizagem que
reconheçam, na pluralidade cultural, o respeito às diferenças sociais, de gênero, religiosas,
culturais, linguísticas, raciais e étnicas.
A concepção de cuidar e educar já é bastante conhecida no trabalho desenvolvido na
Educação Infantil, principalmente o conceito de cuidar, relacionado ao trabalho de satisfazer
as necessidades primárias de alimentação, higiene e saúde das crianças em escolas infantis,
compreendendo a criança como um ser completo, que aprende a ser e conviver consigo
mesmo, com o seu próximo e com o meio que a cerca.
18
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Na Educação Infantil é clara a necessidade da construção de uma proposta pedagógica
centrada na criança, em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, onde o cuidar e o
educar são indissociáveis, uma vez que o seu desenvolvimento está ligado às aprendizagens
realizadas por meio das interações estabelecidas com o outro, que ao mesmo tempo
influenciam e potencializam seu crescimento individual e a construção de seu saber cultural.
O cuidar não se relaciona apenas com o desenvolvimento físico, mas também com o
emocional, com o cognitivo e com o social da criança, pois à medida que vão sendo satisfeitas
suas necessidades primárias vão surgindo outras relacionadas à exploração do mundo, de si
mesmas e do outro.
A Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, que define as Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica, em seu Artigo 6º, estabelece que “na Educação
Básica, é necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade,
buscando recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua centralidade, que é o
educando, pessoa em formação na sua essência humana.”
Na perspectiva de que esse nível de ensino engloba o desenvolvimento do ser humano
da infância à juventude, a legislação vigente amplia essas dimensões às demais etapas da
educação básica, uma vez que o cuidar e educar na prática educativa deve buscar
aprendizagens por meio de situações que reproduzam o cotidiano estabelecendo uma visão
integrada do desenvolvimento considerando o respeito à diversidade, a fase vivenciada
pelo/pela estudante e a realidade da sua vida. Cuidar e educar envolve admitir que o
desenvolvimento, a construção do conhecimento, a constituição do ser humano não ocorrem
em momentos estanques. Cuidar envolve solicitude, zelo, dedicação atenção, bom trato,
mediação o que deve permear todas as fases da aprendizagem.
Portanto, cabe ao/à professor/a, que atua nas etapas e modalidades da Educação
Básica, o cuidado com seus/suas estudantes. Isso significa propor um ambiente que estimule a
criatividade, a investigação, a construção e reconstrução dos conhecimentos, envolvendo o ser
humano em todos os seus aspectos e respeitando a identidade cultural e a pluralidade de
significados que cada um tem da trajetória histórica de sua própria vida.
O mais importante, no cuidado, é compreender como ajudar o outro a se desenvolver
como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a ampliar capacidades. O cuidado é um
ato em relação ao outro e a si próprio, que possui uma dimensão expressiva e implica
procedimentos específicos (SIGNORETTE, 2002).
19
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Segundo Paulo Freire, educar é construir, é libertar o homem do determinismo,
passando a reconhecer o seu papel na História. A identidade do/da estudante deve ser
respeitada, suas experiências consideradas, para que trabalho educativo tenha êxito.
Portanto, educar é estimular os/as estudantes, oferecer condições para que as
aprendizagens ocorram de forma integrada e possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades de relação interpessoal e intrapessoal em atitude de aceitação às diferenças, de
respeito, de confiança, e de acesso aos conhecimentos da realidade social e cultural. É
proporcionar situações que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade
valorizando a sua liberdade e a sua capacidade de aventurar-se.
“Cuidar e educar são ações intrínsecas e de responsabilidade da família, dos/das
professores/as e dos médicos. Todos têm de saber que só se cuida educando e só se educa
cuidando”. (Vital Didonet, consultor em educação infantil, ex-presidente da OMEP –
Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar).
Sendo assim, o educar e cuidar também deve permear as modalidades da Educação
Básica, como a Educação de Jovens e Adultos – EJA, que oferece uma oportunidade para
aqueles que não conseguiram estudar na infância ou que por algum motivo tiveram que
abandonar a escola.
Como o grande objetivo da EJA é auxiliar cada indivíduo a ampliar suas capacidades,
cabe ao/à professor/a, como mediador do conhecimento, uma grande responsabilidade social e
educacional, ao planejar esse processo, o que por si só é justificável, considerando que
seus/suas estudantes, na maioria são trabalhadores e precisam conciliar o estudo com o
trabalho.
Portanto conceber uma escola onde o cuidar e educar estejam presentes é pensar um
espaço educativo com ambientes acolhedores, seguros, instigadores, com profissionais bem
qualificados, que organizem e ofereçam experiências desafiadoras. Isso pode ser concretizado
por meio de uma metodologia dialógica, onde as descobertas, a ressignificação dos
conhecimentos, a aquisição de novos valores, a relação com o meio ambiente e social, a
reconstrução da identidade pessoal e social sejam orientadas, de tal modo que o/a estudante se
torne protagonista se sua própria história.
Assim, a instituição educacional é um espaço sociocultural em que as diferentes
identidades são encontradas, constituídas, formadas, produzidas e reproduzidas, sendo
portanto, um dos ambientes mais propícios para se educar no tocante ao respeito à diferença.
É nessa perspectiva que a Diversidade apresenta-se como outro eixo estruturante desse
currículo.
20
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Sobre esse tema, Lima apresenta o seguinte conceito:
Norma da espécie humana: seres humanos são diversos em suas experiências
culturais, são únicos em suas personalidades e são também diversos em suas formas
de perceber o mundo. Seres humanos apresentam, ainda, diversidade biológica.
Algumas dessas diversidades provocam impedimentos de natureza distinta no
processo de desenvolvimento das pessoas (as comumente chamadas de “portadoras
de necessidades especiais”). Como toda forma de diversidade é hoje recebida na
escola, há a demanda óbvia, por um currículo que atenda a essa universalidade.
(2006, p.17).
Posto isso, perceber e conceber as diferenças são atitudes que, em tese, começam com
o nascimento da pessoa e se processa, no decorrer de toda a sua vida enquanto sujeito social.
Sendo a diversidade uma norma da espécie humana, instituições educacionais, onde estão
presentes crianças, adolescentes, jovens e adultos, são um terreno fértil para a proliferação e,
até, em muitos casos, a perpetuação de atitudes discriminatórias e preconceituosas. No caso
da juventude, esta se apresenta como uma categoria complexa a ser analisada, visto que é uma
fase da vida permeada por condições históricas adversas, em constantes mudanças, recheada
de ambiguidades, significações superpostas2, especificidades, além do fator idade
(MARGULIS, 2001). Portanto, definir essa categoria sob um enfoque positivista, como se
fosse algo acabado ou considerando apenas a idade ou os dados estatísticos, pode ser um erro.
Um currículo, que tenha por objetivo orientar os profissionais de educação em sua
ação pedagógica, deve considerar as discussões sobre as temáticas da Diversidade. Nesse
contexto, educar para a diversidade não significa, apenas, reconhecer as diferenças, mas
refletir sobre as relações e os direitos de todas e todos. Assim, é de suma importância oferecer
formação continuada a professoras e professores, que atuam na educação básica, sobre
conteúdos específicos das relações de gênero, étnico-raciais, de orientação sexual e para as
pessoas com deficiências, para que possam trabalhar com suas estudantes e seus estudantes,
transversal e interdisciplinarmente.
Diante disso, necessário se faz que a comunidade escolar entenda, questione e supere,
também, o etnocentrismo, forma de pensamento que julga, a partir de padrões culturais
próprios, como “certos” ou errados”, feios” ou bonitos”, normais” ou anormais”, os
comportamentos e as formas de ver o mundo dos outros povos, desqualificando suas práticas
e até negando sua humanidade.
O etnocentrismo se relaciona com o conceito de estereótipo, que consiste na
generalização e na atribuição de valor, na maioria das vezes negativas, a algumas
características de um grupo, reduzindo-o a essas características e definindo os “lugares de
2
SARTRE, (1986)
21
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
poder” a serem ocupados. É uma generalização de julgamentos subjetivos feitos em relação a
um determinado grupo, impondo-lhes o lugar de inferioridade e o lugar de incapacidade, no
caso dos estereótipos negativos.
Vale lembrar que no cotidiano social, e em especial no escolar, existe uma série de
expressões que reforçam os estereótipos, tais como: tudo farinha do mesmo saco; tal pai, tal
filho; só podia ser mulher; nordestino é preguiçoso; serviço de preto; cabelo ruim, além de
uma infinidade de outras expressões e ditos populares específicos de cada região do país.
Esses estereótipos são uma maneira de “biologizar” as características de um grupo,
isto é, considerá-lo como fruto exclusivo da biologia, da anatomia e que com o passar do
tempo são termos naturalizados e que levaram e ainda levam parcelas da população, como:
negros, indígenas, homossexuais, pessoas com deficiência e mulheres, à restrição da
cidadania.
A desnaturalização das desigualdades exige um olhar interdisciplinar e convoca as
diferentes ciências, disciplinas e saberes para compreenderem a correlação existente entre
essas formas de discriminação e à construção de estratégias de enfrentamento das mesmas.
Nesse sentido, a compreensão de que não se faz uma educação de qualidade sem uma
educação cidadã, uma educação que valorize a diversidade, é imprescindível. Faz-se
necessário contextualizar o currículo e construir uma cultura de abertura ao novo, que absorva
e reconheça a importância da afirmação da identidade, levando em conta os valores culturais
dos/das estudantes e seus familiares, resgatando e construindo o respeito aos valores positivos
que emergem do confronto das diferenças.
Assim, vale destacar que em respeito à ética e aos direitos humanos as diferenças
devem ser respeitadas e promovidas e não utilizadas como critérios de exclusão social e
política que possam refletir sobre o acesso de todos à cidadania e compreender que as
sociedades estão em fluxo contínuo, produzindo, a cada geração, novas ideias, novos estilos,
novas identidades, novos valores e novas práticas sociais.
Dessa forma, pensando educação como uma das inúmeras práticas sociais é que o
Letramento também aparece como eixo estruturante desse currículo.
Na educação básica, a proposição de experimentos relativos às práticas de letramento
e de oralidade têm sido recorrente no centro das discussões pedagógicas. No campo
educativo, a relevância dessas experiências realizadas na instituição educacional, justifica-se
pela oportunidade de ampliar e de modificar os espaços de participação política de grupos
menos favorecidos da sociedade. Por outro lado, entende-se que o uso da leitura e da escrita
22
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
está para além da sala de aula, pois a condição de letrado, no contexto das relações sociais,
opera as vias de enfrentamento das desigualdades vividas entre os diferentes grupos humanos.
No que se refere ao currículo escolar, onde cabem os casos de letramento e como esse
conceito deve ser aplicado nos processos de escolarização? Partindo do pressuposto de que o
trabalho docente implica um conjunto de representações em relação aos objetos de ensino,
utilizar o letramento para ter domínio sobre os conhecimentos apreendidos, torna-se
responsabilidade não apenas de quem ensina a língua portuguesa, mas de todos os outros
objetos de ensino presentes no currículo. Assim, a matemática, a química, a história, entre
outros componentes curriculares, são conteúdos de letramento, mesmo quando desenvolvidos
em processos específicos de aprendizagem.
Para se especificar mais, o/a professor/a de geografia, por exemplo, deve conduzir
seus/suas estudantes a compreenderem a cartografia, o/a professor/a de matemática, a
compreensão dos gráficos, tabelas e assim por diante. Dessa forma, cada um será responsável
pelo letramento de sua área de conhecimento.
Mas, o que é letramento? No dicionário Aurélio da língua portuguesa, a palavra
letramento diz respeito ao “estado ou condição de indivíduo ou grupo capaz de utilizar-se da
leitura e da escrita, ou de exercê-las como instrumentos de sua realização e de seu
desenvolvimento social e cultural”. Infere-se, sobre esse conceito, que as práticas de
letramento apenas manifestam-se em situações concretas de aprendizagem, ou seja, para ser
letrado não basta, apenas, conhecer ou ser informado sobre os códigos e os símbolos
constitutivos de uma determinada realidade, mas, necessariamente, saber compreendê-los.
Soares aprofunda o conceito afirmando que,
Letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e de escrita, em
um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as
necessidades, valores e práticas sociais. Em outras palavras, não é pura e
simplesmente um conjunto de habilidades individuais; é o conjunto de práticas
sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envolvem em seu
contexto social (SOARES, p, 72, 2002).
Nesse sentido, a questão epistemológica que nos remete ao conceito de letramento é,
sem dúvida, um desafio deste currículo, uma vez que os elementos constitutivos da leitura e
da escrita (teoria e prática) devem conjugar os conteúdos escolares às práticas sociais, a fim
de consolidar o evento do letramento sobre a aprendizagem.
23
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
3
APRENDIZAGEM E CURRÍCULO: A PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA
DO CONHECIMENTO
As constantes transformações num mundo em que ciência, tecnologia e outras formas
de letramento tomam relevo, a educação escolar torna-se um instrumento mediador das
relações estabelecidas entre ser humano e a sociedade. A educação, como prática social, não
está dissociada de outras práticas que permeiam, igualmente, o processo de interação humana.
A perspectiva sócio-histórica do conhecimento
a partir do processo
de
desenvolvimento cognitivo recoloca, no centro da educação, os sujeitos da aprendizagem.
Autores como Vygotsky, Marques, Libâneo, entre outros, ajudam a compreender melhor o
processo de ensino e de aprendizagem e apontam caminhos que podem ser apropriados
pelos/pelas professores/as, nas diferentes etapas e modalidades da Educação Básica.
Os percursos de ensino requerem que tenhamos como pressuposto uma compreensão
clara e segura do que significa a aprendizagem. Isso nos remete a algumas questões, tais
como: Em que consiste a aprendizagem? Como as pessoas aprendem? Em que condições a
aprendizagem acontece?
Libâneo (1994, p.81) aponta que “qualquer atividade humana praticada no ambiente
em que vivemos pode levar a uma aprendizagem”. O que significa dizer que
Uma criança menor aprende a manipular um brinquedo, aprende a andar. Uma
criança maior aprende habilidades de lidar com coisas, nadar, andar de bicicleta etc.,
aprende a cantar, a ler e escrever, a pensar, a trabalhar junto com outra criança.
Jovens e adultos aprendem processos mais complexos de pensamento, aprendem
uma profissão, discutem problemas e aprendem a fazer opções etc. As pessoas,
portanto, estão sempre aprendendo em casa, na rua, no trabalho, na escola, nas
múltiplas experiências da vida. (LIBÂNEO, 1994, p.81)
Nesse sentido, pode-se inferir que desde o momento que se nasce está se aprendendo,
e se continua aprendendo a vida toda. A questão da aprendizagem toma dimensões mais
amplas. Observa-se que há uma gradação das complexidades, dos interesses e das
preocupações que se consolidam ao longo da vida dos indivíduos. Tais aspectos tomam o
centro do processo de ensino e de aprendizagem como elemento fundante, no contexto
educativo contemporâneo, o que pode ser perfeitamente desenvolvido em todas as etapas e
modalidades de ensino.
A partir daí, a aprendizagem pode ser caracterizada de duas maneiras: causal e
organizada, como indica Libâneo (1994, p.82):
Aprendizagem causal é quase sempre espontânea, surge naturalmente da interação
entre as pessoas e com o ambiente em que vivem. Ou seja, pela convivência social,
pela observação de objetos e acontecimentos, pelo contato com os meios de
24
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
comunicação, leitura, conversas etc., as pessoas vão acumulando experiências,
adquirindo conhecimento, formando atitudes e convicções.
A outra maneira de aprendizagem é a organizada:
(...) aquela que tem por finalidade específica aprender determinados conhecimentos,
habilidades, normas de convivência social. Embora possa ocorrer em vários lugares,
é na escola que são organizadas as condições específicas para transmissão e
assimilação de conhecimentos e habilidades. Esta organização intencional, planejada
e sistemática das finalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa específica
do ensino.
A aprendizagem, nesse contexto, deve estar articulada à organização do ensino, a
partir do processo de transmissão e de construção de conhecimentos orientados a serem
aprendidos, além dos aspectos de socialização que, também, estão no bojo desses
conhecimentos.
Para Marques (2006, p.17), o “homem se pode definir como ser que aprende. Não
surge ele feito ou pré-programado de vez. Sua existência não é por inteiro dada ou fixa; ele a
constrói a partir de imensa gama de possibilidades em aberto”. Ou seja, o ser humano é um
ser que aprende o tempo todo, a partir do seu convívio social, na estruturação das próprias
convicções e de sua concepção de mundo vivido.
Nesse contexto, não se pode tratar o sujeito da aprendizagem como um receptor vazio
e neutro em suas convicções, muito pelo contrário, é eivado de percepções acerca da realidade
existente.
Tal aspecto evidencia-se na percepção de Fontana (1997, p. 57) ao introduzir a
dimensão sócio-histórica elencada pela teoria de Vygotsky. Segundo o princípio orientador
dessa abordagem: “tudo o que é especificamente humano e distingue o homem de outras
espécies origina-se de sua vida em sociedade. Seu modo de perceber, de representar, de
explicar e de atuar sobre o meio, seus sentimentos em relação ao mundo, ao outro e a si
mesmo”.
Orientada sob o princípio da interação homem-mundo-natureza, a aprendizagem, na
perspectiva sócio-histórica, traz consigo um conteúdo pedagógico fértil de possibilidades
educativas. Nessa perspectiva, ao mesmo tempo em que a educação se origina nas relações
sociais, da mesma forma, o homem, nas suas relações com o mundo, manifesta um modo
específico de aprendizagem capaz de enfrentar as adversidades que a vida apresenta.
Saviani (2005, p.78), ao abordar a relação entre educação e estrutura social no âmbito
da aprendizagem, destaca que “o processo educativo é a passagem da desigualdade à
igualdade”. Contudo, para isso acontecer, é necessário desvelar a ideologia da classe
dominante que se encontra subjacente aos conteúdos escolares. Com esse pensamento, o autor
25
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
sinaliza uma pedagogia revolucionária e crítica dos conteúdos, tendo por base o condicionante
histórico-social. Significa dizer que a prática educativa, quando concebida pela pedagogia
revolucionária, compromete-se com as mudanças na base da sociedade.
As Diretrizes Pedagógicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal −
SEDF trazem, em sua concepção de aprendizagem, a construção do conhecimento a partir do
enfoque sócio-histórico, sinalizando a necessidade de reconstrução e reelaboração da
aprendizagem escolar, num processo emancipatório.
A aprendizagem como parte do desenvolvimento sócio-histórico coloca em outro
patamar a discussão de como se constitui um dos elementos básicos no campo educativo, que
é o ato de ensinar. Esse contexto revela que não são os fatores internos ou biológicos que
determinam as experiências cognitivas dos indivíduos, o que remete a uma maior
compreensão dos elementos contextuais e sociais daqueles que são sujeitos da educação.
Assim, crianças, jovens e adultos têm em suas diferentes formas de aprendizagem elementos
eivados de fatores sócio-históricos.
Para Libâneo (1997, p. 87), diante da perspectiva retratada acima:
a aprendizagem escolar é afetada por fatores afetivos e sociais, tais como os que
suscitam a motivação para o estudo, os que afetam a relação professor- aluno, os que
interferem nas disposições emocionais dos alunos para enfrentar as tarefas escolares,
os que contribuem e dificultam a formação de atitudes positivas dos alunos frente
aos problemas e situações da realidade e do processo de ensino e aprendizagem.
Com efeito, o processo de aprendizagem desenvolvido na instituição educacional,
sobretudo àqueles que por algum motivo tiveram o seu percurso de escolarização
interrompido ou não tenham seguido o seu fluxo, deve ser levado em consideração no
desenvolvimento da prática pedagógica pelo/pela professor/a em seus processos didáticos em
sala de aula.
O fator afetivo, bem como os fatores sociais inerentes a ele, está entre aqueles que têm
uma preponderância nas disposições de aprendizagem dos/das estudantes. A baixa autoestima,
a percepção eventual de que não poderá acompanhar os demais ou a percepção de que está ali
por um castigo do sistema educacional constitui um dos fatores que deve ser utilizado para
agregar atitudes positivas ou de desenvolvimento da aprendizagem.
Diante disso, surge o questionamento sobre como aplicar o contexto histórico-cultural
aos processos escolares de ensino. Fontana (1997) traduz o pensamento de Vygotsky para
ilustrar uma parte da questão. Ela explicita que as origens e as explicações do funcionamento
psicológico do ser humano devem ser buscadas nas interações sociais: “É nesse contexto que
os indivíduos têm acesso aos instrumentos e aos sistemas de signos que possibilitam o
26
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
desenvolvimento de formas culturais de atividade e permitem estruturar a realidade e o
próprio pensamento” (p. 61).
A aprendizagem, como já dito anteriormente, deve ser discutida a partir do referencial
que nos propõe Vygotsky. Portanto, pretende-se que o/a estudante tenha uma capacidade
global de perceber-se e perceber o mundo, transformando-o e sendo transformado por ele.
Vygotsky (1998, p.109) traz as contribuições de dois teóricos para contextualizar o
papel que cabe ao desenvolvimento e à aprendizagem enquanto construto dos cognitivos no
âmbito sócio-histórico:
Koffka não imaginava o aprendizado como limitado a um processo de aquisição de
hábitos e habilidades. A relação entre aprendizado e o desenvolvimento por ele
postulada não é de identidade, mas uma relação muito mais complexa. De acordo
com Torndike, aprendizado e o desenvolvimento coincidem em todos os pontos,
mas, para Koffka, o desenvolvimento é sempre um conjunto maior de aprendizado.
Esquematicamente, a relação entre os dois processos poderia ser representada por
dois círculos concêntricos, o menor simbolizando o processo de aprendizado e o
maior, o processo de desenvolvimento
O desenvolvimento e a aprendizagem constituem, assim, um processo intrínseco e
complementar, pois representa um elemento importante na questão educacional. A
aprendizagem, a partir da perspectiva vygotskyana, insere-se como um elemento que compõe
o desenvolvimento. Entretanto, nem para o próprio Vygotsky a visão teórica de Koffka e
Torndike é algo que tenha uma acomodação em termos de concordância plena, mas é bastante
ilustrativo para compreender a dimensão que cada um assume no contexto da educação.
O ponto de partida para Vygotsky é de que a aprendizagem ocorre muito antes de se
frequentar a escola, qualquer aprendizagem com a qual o/a estudante se defronta tem sempre
uma história prévia. Nesse contexto é que o autor introduz a sua teoria a partir de dois níveis
de aprendizagem. O primeiro trata do desenvolvimento real e o segundo da zona de
desenvolvimento proximal.
Para Vygotsky (1998) o nível de desenvolvimento real parte do princípio que as
funções mentais se estabelecem a partir de certos ciclos de desenvolvimento já completados.
A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que
se costuma determinar por meio da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado por meio da solução de problemas sob orientação de
um/a professor/a ou em colaboração com colegas mais capazes.
O desenvolvimento real revela quais funções amadureceram, ou seja, os produtos
finais do desenvolvimento, o que significa entender que as funções já amadureceram. Por
outro lado, a zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não
27
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que
estão presentes em estado embrionário (Idem, ibidem).
Com efeito, para Vygotsky (1998, p. 113):
A zona de desenvolvimento proximal provê psicólogos e educadores de um
instrumento através do qual se pode entender o curso interno do desenvolvimento.
Usando esse método podemos dar conta não somente dos ciclos e processos de
maturação que já foram completados, como também daqueles processos que estão
em estado de formação, ou seja, que estão apenas começando a amadurecer e a se
desenvolver. Assim, a zona de desenvolvimento proximal permite-nos delinear o
futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, provimento,
como também àquilo que está em processo de maturação.
Nessa perspectiva, este currículo deve orientar “procedimentos didáticos que ajudem
os/as estudantes a enfrentarem suas desvantagens, adquirirem o desejo e o gosto pelos
conhecimentos escolares, a levarem, suas expectativas de um futuro melhor para si e sua
classe social” (LIBÂNEO, 1994, p. 88). Isso tudo deve ser aproveitado enquanto um elemento
que possa ter como fio condutor o processo histórico-cultural e ser aplicado a partir das
práticas sociais que os/as estudantes já trazem do contexto da sua realidade.
28
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
4
COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E CONTEÚDOS REFERENCIAIS:
DESAFIOS PROPOSTOS PARA UMA NOVA REALIDADE3
As transformações ocorridas no mundo do trabalho remetem ao processo de
globalização da economia em um mundo cada vez mais impactado pelo avanço científicotecnológico. Tais transformações aos poucos vão influenciando os processos educativos, cujas
características apontam para um novo paradigma de educação: pedagogia de competências.
A rapidez com que evolui o conhecimento faz da educação o principal fator de
promoção das competências, assumindo centralidade nas questões relacionadas à formação
humana na sua totalidade, contemplando as dimensões físicas, emocionais, culturais,
cognitivas e profissionais.
De acordo com Perrenoud (1999, p.7), competência é “a capacidade de agir
eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimento, mas sem limitarse a eles”, ou seja, os processos de ensino e de aprendizagem devem favorecer ao/à estudante
a articulação dos saberes para enfrentar os problemas e as situações inusitadas, encontrados
nos contextos pessoais e profissionais.
Apesar de o referido conceito trazer, para o cenário educacional, uma nova perspectiva
para o processo de ensino e de aprendizagem, já que pressupõe a utilização de estratégias
pedagógicas que promovam a aprendizagem ativa, em que o/a estudante tenha liberdade para
criar, para desenvolver raciocínios mais elaborados e para questionar, esse é refutado por
Kuenzer (2002, p.12), que defende que
cabe às instituições educacionais desempenhar com qualidade seu papel na criação
de situações de aprendizagem, que permitam ao aluno desenvolver as capacidades
cognitivas, afetivas e psicomotoras, relativas ao trabalho intelectual, sempre
articulado, mas não reduzido ao mundo do trabalho e das relações sociais, com o que
certamente estarão dando a sua melhor contribuição para o desenvolvimento de
competências na prática social e produtiva.
Para Kuenzer (2002), as mudanças no mundo do trabalho exigem uma nova relação
entre o homem e o conhecimento, que não se esgota em procedimentos lineares e técnicos,
aprendidos pela memorização, mas passa, necessariamente, pelo processo de educação inicial
e continuada, que tem como concepção a aquisição da autonomia intelectual, social e humana,
obtidas por meio do acesso ao conhecimento científico, tecnológico e sócio-histórico.
Para que se possa ampliar esse conceito de competência é preciso trazer, para a
discussão, a dimensão não preconizada nos conceitos anteriores, como a competência
3
O texto que se segue foi extraído das Diretrizes Pedagógicas da Secretaria de Estado de Educação
29
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
humana, que se traduz na capacidade de cuidar do outro, nas relações sociais, no
compartilhamento de experiências e práticas, que estão condicionadas pelo contexto
econômico, social e político, defendida por Deluiz (2001, p.6), na sua concepção sobre
competência: “construção e mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores não
apenas na dimensão técnica especializada, mas na dimensão sócio-política-comunicacional e
de inter-relações pessoais”.
Diante disso, percebe-se a necessidade de uma mudança significativa da função social
da instituição educacional, considerando as novas tendências pedagógicas. Educar para
competências é, portanto, proporcionar ao/à estudante condições e recursos capazes de
intervir em situações-problema.
Os conteúdos referenciais definidos para um currículo e o tratamento que a eles deve
ser dado assumem papel relevante, uma vez que é basicamente na aprendizagem e no
domínio desses conteúdos que se dá a construção e a aquisição de competências.
Nessa perspectiva, valoriza-se uma concepção de instituição educacional voltada para
a construção de uma cidadania crítica, reflexiva, criativa e ativa, de forma a possibilitar que
os/as estudantes consolidem suas bases culturais permitindo identificar-se e posicionar-se
perante as transformações na vida produtiva e sociopolítica.
Competências para a Educação Básica
1.
Percepção de si como pessoa, pertencente a um grupo social, em suas diversidades, capaz
de relacionar-se e de intervir nas práticas sociais, culturais, políticas e ambientais,
consciente de seus direitos e deveres.
2.
Apreensão da norma padrão da língua portuguesa e compreensão de suas variedades
linguísticas e das várias linguagens: corporal, verbal e escrita, literária, matemática,
artística, científica, tecnológica, filosófica e midiática, na perspectiva do letramento, bem
como acesso ao conhecimento de uma língua estrangeira, construindo e aplicando
conceitos, para entender a si próprio, ao mundo, e ampliar sua visão, contribuindo para
sua plena participação social.
3.
Conhecimento e compreensão das semelhanças e diferenças culturais, religiosas, étnicoraciais, geracionais e de gênero, a fim de valorizar a sociodiversidade, ampliar a
capacidade crítico-reflexiva, articulada à formação para o mundo do trabalho, priorizando
a ética, o desenvolvimento da autonomia e do pensamento.
30
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Competências para a Educação Infantil
1.
Conhecimento do próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, valorizando os
cuidados com a própria saúde, as relações sociais, respeitando o meio ambiente e a
diversidade, tornando-se consciente de seus direitos e deveres.
2.
Percepção de si como pessoa única, inserida num grupo social, capaz de relacionar-se
com outras pessoas, tendo uma imagem positiva de si, sabendo expressar seus desejos e
suas necessidades, tomando decisões, dentro de suas possibilidades, contribuindo assim
para o desenvolvimento de sua autonomia.
3.
Produção e apreciação da arte como forma de expressão, desenvolvendo o gosto, o
cuidado, o respeito e a valorização pela sua própria produção, pela produção dos colegas,
de diferentes artistas, gêneros, estilos e épocas.
4.
Compreensão das relações estabelecidas entre os sons da fala e os códigos linguísticos,
entendendo a escrita como forma de expressão e registro e a leitura como instrumento
para ampliar a visão de mundo.
5.
Conhecimento e desenvolvimento dos conceitos de número, espaço e forma, grandezas e
medidas, com a finalidade de solucionar situações do cotidiano, por meio da resolução de
problemas.
Competências para o Ensino Fundamental
1.
2.
3.
4.
5.
Apropriação de conhecimentos, articulando-os e aplicando-os para elaboração de
propostas que possam intervir na realidade, desenvolvendo a cooperação, coletividade,
solidariedade e cidadania.
Compreensão das diferentes linguagens: corporal, verbal/escrita, matemática e artística,
científica e tecnológica, na perspectiva do letramento, construindo e aplicando conceitos
das várias áreas de conhecimento para entender o mundo e a plena participação social.
Identificação das semelhanças e diferenças culturais, religiosas, étnico-raciais e de
gênero, valorizando a sociodiversidade e opondo-se à exclusão social e à discriminação.
Compreensão dos fenômenos naturais, dos processos histórico-geográficos, da produção
tecnológica e científica e das manifestações socioculturais, colocando-se como sujeito
que observa, investiga e transforma as situações e, com isso, transforma a si mesmo.
Interpretação, seleção e organização de informações e dados apresentados por diferentes
fontes para decidir e resolver situações-problema.
Competências para o Ensino Médio
1. Apreensão da norma padrão da língua portuguesa e compreensão suas variedades
linguísticas e das várias linguagens: artística, científica, corporal, filosófica, literária,
matemática e tecnológica, bem como acesso ao conhecimento de línguas estrangeiras para
ampliação da visão de mundo.
2. Compreensão e construção de conhecimentos dos fenômenos naturais e sociais, nos
diferentes componentes curriculares, em seus processos histórico-geográficos, artísticoculturais e tecnológicos, para a formação do cidadão.
31
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
3.
4.
5.
Seleção, organização e interpretação de dados correlacionados a conhecimentos,
representados nos diferentes componentes curriculares, para enfrentar situações-problema
teóricas e práticas.
Construção de argumentações consistentes, correlacionadas a situações diversas, para
propor e realizar ações éticas de intervenção social.
Conhecimento e compreensão da diversidade, a fim de fortalecer os valores, ampliar a
capacidade crítico-reflexiva, articulada à formação para o mundo do trabalho, priorizando
a ética, o desenvolvimento da autonomia e do pensamento.
Competências para a Educação de Jovens e Adultos
1.
Compreensão e prática da cidadania, participando das transformações sociais que visam
ao bem-estar comum e das questões da vida coletiva.
2.
Leitura, escrita e interpretação, com autonomia, das diferentes linguagens − verbal, não
verbal, matemática, artística, tecnológica e corporal − para interagir com o outro,
usufruindo de diversas situações de comunicação.
3.
Adoção de postura coerente e flexível diante das diferentes situações da realidade social,
econômica e política, questionando e buscando soluções, respaldando-se
progressivamente em uma consciência crítico-reflexiva.
4.
Desenvolver a capacidade de respeito às semelhanças e as diferenças culturais, religiosas,
étnico-raciais e de gênero, valorizando, assim, a diversidade sociocultural e
desenvolvendo a autoestima.
5.
Compreensão e respeito à realidade na qual está inserido como sujeito, para desenvolver
valores humanos e atitudes sociais positivas do ponto de vista da preservação ambiental e
cultural.
32
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
5
BASES LEGAIS DO ENSINO MÉDIO
No marco histórico da Lei nº 9.394/96, as bases legais da reforma do ensino médio
estão fixadas. Inseridas num cenário de mudanças estruturais pelas quais passou o Estado
brasileiro, a educação de ensino médio adquire um caráter de formação geral. O que isso
significa: em primeiro lugar, rompe-se com a visão de dualidade historicamente presente na
organização dos sistemas de ensino, cindida entre o ato de pensar e o ato de fazer. Em
segundo lugar, o ensino médio assume a identidade de educação básica. No art. 21, incisos I e
II, da LDB, a educação escolar é composta de educação básica4 e de educação superior.
Formam a educação básica, a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Com
esse formato, a concepção do ensino médio assume a condição de etapa final da educação
básica.
A LDB instituiu que o ensino médio poderá preparar o/a estudante para o exercício de
profissões técnicas, desde que atendida a formação geral e que os diferentes cursos do ensino
médio tenham equivalência legal e habilitação para o prosseguimento dos estudos (art. 36).
A reforma começou com a separação entre ensino médio e o técnico; ambos passaram
a existir de forma independente. O Decreto Federal 2.208/97 que regulamenta a LDB
estabeleceu uma organização curricular para a Educação profissional de nível técnico e outra,
independente, para o ensino médio. Este Decreto regulamentou a educação profissional e
introduziu mudanças significativas na habilitação profissional de nível médio.
Apesar do dispositivo legal estabelecer o rompimento com a dualidade no sistema de
ensino, após 12 anos da LDB os dados e as avaliações oficiais revelam que ainda não foi
possível superar essa dualidade no ensino médio, tampouco garantir a universalização, a
permanência e a aprendizagem significativa para a maioria de seus/suas estudantes. Ampliouse a oferta do ensino médio de forma expressiva e massificou-se o acesso, mas não garantiu
democraticamente a permanência e, principalmente, um currículo capaz de promover uma
aprendizagem que faça sentido para os jovens adolescentes.
O cenário que se tem a respeito dos avanços promovidos pela reforma e, ancorado na
tentativa de superação do dualismo entre o ensino propedêutico e o ensino profissionalizante
define a identidade do ensino médio. Aponta no atual contexto de mudanças, uma
4
No art. 22 da LDB (Lei nº 9.394/06) a educação básica tem por finalidade desenvolver o estudante, assegurar-
lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores.
33
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
reorientação curricular tendo como referencia a proposta do “Programa Ensino Médio
Inovador” do Ministério da Educação configurada em um modelo que ganhe identidade
unitária e que assuma formas diversas e contextualizadas, de acordo com a realidade
brasileira.
Esse modelo que se fundamenta na formação de base unitária implica em promover à
capacidade de pensar, refletir, compreender e agir sobre as determinações da vida social e
produtiva – que articule trabalho, ciência e cultura na perspectiva da emancipação humana e
de forma igualitária. Propõe conferir especificidades as dimensões que devem organizar o
ensino médio de forma integrada – trabalho, ciência e cultura. Entende-se a necessidade de o
ensino médio ter uma base unitária e que possam se assentar possibilidades diversas de
formações específicas: no trabalho, como formação profissional; na ciência, como iniciação
científica; na cultura, como ampliação da formação cultural.
Sendo assim, o ensino médio deverá se estruturar em consonância com o avanço
do conhecimento científico e tecnológico e a cultura estabelecida como um componente da
formação geral, articulada com o trabalho produtivo, de modo a suplantar as dicotomias
entre humanismo e tecnologia e entre a formação teórica geral e técnica-instrumental.
Essa nova organização curricular pressupõe uma perspectiva de articulação
interdisciplinar, voltada para o desenvolvimento de conhecimentos - saberes, competências,
valores e práticas. Considera ainda que o avanço da qualidade na educação brasileira depende
fundamentalmente do compromisso político e da competência técnica dos/das professores/as,
do respeito às diversidades dos/das estudantes jovens e da garantia da autonomia responsável
das instituições escolares na formulação de seu projeto político pedagógico, e de uma
proposta consistente de organização curricular.
O trabalho é caracterizado como princípio educativo no currículo do ensino médio.
Essa caracterização no processo social de produção visa à participação direta dos membros da
sociedade no trabalho socialmente produtivo. Isso não significa que se deve fazer uma
formação estritamente profissionalizante. Ao contrário, essa participação deve ser ativa,
consciente e crítica para a compreensão dos fundamentos da vida produtiva em geral e, só
depois é que o trabalho diretamente produtivo pode se constituir no contexto de uma
formação específica para o exercício de profissões.
A concepção de trabalho associa-se a concepção de ciência e tecnologia, qual seja: o
conhecimento é produzido, sistematizado e legitimado socialmente ao longo da história e é
resultado de um processo empreendido pela humanidade na busca da compreensão e
transformação dos fenômenos naturais e sociais.
34
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Neste sentido, a ciência se funda nos conceitos e métodos que permite a transmissão
para diferentes gerações, que podem ser questionados e superados historicamente, no
movimento permanente de construção de novos conhecimentos. A cultura deve ser entendida
como as diferentes formas de criação da sociedade, seus valores, suas normas de conduta,
suas obras.
Como decorrência dessa visão, promove-se no âmbito da reforma outras expectativas
educacionais para a formação do indivíduo. Parte-se de um pressuposto em que o mundo
social5 não se separa do mundo da escola. Daí decorre que o conhecimento escolar explorado
no currículo do ensino médio deve incidir na formação integral do/da estudante. Não se aplica
mais, a esta etapa da educação básica, a função teórica cindida da experiência empírica. Para
tanto, as finalidades do ensino médio no art. 35 da LDB encontram-se assim definidas:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética
e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
VI - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática no ensino de cada disciplina.
Essas finalidades, por sua vez, estão em consonância com o art. 205 da Constituição
Federal de 1988 na qual “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” A
legislação referente ao ensino médio encontra-se sistematizada nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), instituídas pela Resolução nº. 03/98, da Câmara
de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CEB/CNE), contendo, no seu
conteúdo normativo, “os princípios axiológicos, orientadores de pensamentos e condutas, bem
como os princípios pedagógicos”. De acordo com o documento, resolve-se dar continuidade
aos estudos aprofundando-os numa perspectiva científico-tecnológica que, dessa forma,
imprime aos estudos escolares todo o seu significado histórico, social e cultural produzidos no
cotidiano das relações humanas.
No que se refere à organização da matriz curricular, o ensino médio concentra os
objetos de ensino em três grandes áreas do conhecimento - Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação Física);
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (Física, Química, Biologia e
5
Aqui o mundo social é entendido no contexto das relações materiais de produção.
35
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Matemática); Ciências Humanas e suas Tecnologias (Geografia, História, Filosofia e
Sociologia), que estruturadas pelos princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da
contextualização, permitem aos diferentes saberes curriculares, a unidade e a coesão
necessárias para promover a construção de estruturas cognitivas responsáveis pelo
desenvolvimento de habilidades e instrumentalização de competências.
Assim, as tendências curriculares derivadas de tais orientações preveem a elaboração
de currículos de natureza flexível que sejam capazes de favorecer o efetivo desempenho da
aprendizagem escolar.
36
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
6
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO MÉDIO
Tendo como pressuposto de que a produção do conhecimento é uma construção
coletiva, situada social e historicamente6 cabe aqui apontar possibilidades metodológicas de
caráter interdisciplinar e contextualizado para orientar o trabalho docente.
Confere-se a educação básica a finalidade de assegurar ao indivíduo a formação
necessária ao pleno exercício da cidadania. Do ponto de vista pedagógico, é importante que a
abordagem metodológica no ensino médio correlacionada aos eixos norteadores do Currículo
– Letramento e Diversidade articule os componentes curriculares aos temas sociais. O
objetivo de tal articulação é desenvolver nos/nas estudantes a capacidade crítico-reflexiva
para enfrentar situações-problema ambientadas no cotidiano da interação HOMEMNATUREZA-CULTURA.
Nesta maneira de pensar, os processos escolares de ensino e de aprendizagem no
Ensino Médio visam ações formativas que levam o/a estudante a analisar, refletir, fazer,
apreciar, comunicar e inferir sobre o modo como é produzido o conhecimento. Dessa forma,
o/a professor/a ao atuar no campo da transposição didática deve privilegiar procedimentos
metodológicos que favoreçam o aprendizado do conhecimento científico, técnico, cultural e
histórico-social associados à realidade do/da estudante, ou seja, utilizando-se de fatos do
cotidiano para significar os conteúdos de ensino.
Mas qual caminho percorrer tendo em vista a diversidade sociocultural encontrada em
nossas escolas? Quais tecnologias utilizar? Embasadas em quais teorias? Todas estas questões
nos remetem ao como e por que ensinar. E o papel do/da professor/a como mediador do saber
escolar é essencial para decidir sobre os procedimentos a serem adotados. Tem-se, portanto,
que a apreensão do conhecimento demanda processos contínuos e dinâmicos que transitam,
dialeticamente, pela formação educacional do/da estudante e do/da professor/a.
O trabalho docente orientado sob essa perspectiva suscita na sala de aula, a pluralidade
cultural brasileira acentuada nas diferenças biológicas, sociais, de gênero, religiosas, culturais,
linguísticas, raciais e étnicas. Contudo, os espaços escolares de ensino devem constituir-se em
práxis entre trabalho, ciência, técnica e cultura mediada pelo conhecimento advindo das
experiências sociais. Pelo exposto, o letramento científico7 adquire, no Ensino Médio, a
condição formativa do cidadão para além da escola.
6
Cf. BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
Brasília: MEC, 2006.
7
Para saber mais sobre Letramento Científico, veja Santos (2007).
37
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Soares (2002) fundamentada na obra de Paulo Freire, diz que as práticas de letramento
possuem uma dimensão social revolucionária quando o uso da leitura e da escrita possibilita
ao sujeito leitor a tomada de consciência da realidade e a sua transformação.
Daí ser
imprescindível que os/as estudantes tenham acesso a leitura e a escrita de textos de diferentes
gêneros tais como: textos literários; textos filosóficos; textos informativos; textos
jornalísticos; textos científicos; textos instrucionais; textos imagéticos; textos didáticos.
Outro aspecto relevante é a contribuição da ludicidade das Tecnologias da Informação
e da Comunicação na Educação – TIC utilizadas como ferramenta pedagógica. De acordo
com as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2006), o lúdico
advindo da interação com outras estratégias metodológicas a exemplo da mídia, jornal,
televisão, vídeo e do uso orientado da internet conduz o/a estudante a um maior interesse e
participação na aula enriquecendo, por conseguinte, o processo de ensino e de aprendizagem.
Acrescenta-se a isso que ao optar por um determinado procedimento, o/a professor/a deve,
antes de tudo, ampliar o seu campo de opções teórico-metodológicas em razão das diferenças
de aprendizagem evidenciadas na sala de aula.
Atentos a estas orientações metodológicas, os conteúdos curriculares desenvolvidos
dessa forma despertam, no/na estudante, toda a sua capacidade criativa, argumentativa e de
autonomia, em face aos conhecimentos adquiridos. Sendo assim, as práticas educativas
realizadas com tal objetivo fortalecem as políticas inclusivas de educação escolar ancoradas,
especialmente, nos segmentos minoritários da sociedade.
O Currículo do Ensino Médio apresenta os Componentes Curriculares estruturados
em Habilidades e Conteúdos que devem ser trabalhados em conformidade com os eixos do
Letramento e da Diversidade. Para viabilizar a sua aplicação nas Instituições Educacionais
foram elaboradas cinco competências gerais:

Apreensão da norma padrão da língua portuguesa e compreensão suas variedades
linguísticas e das várias linguagens: artística, científica, corporal, filosófica, literária,
matemática e tecnológica, bem como acesso ao conhecimento de línguas estrangeiras
para ampliação da visão de mundo.

Compreensão e construção de conhecimentos dos fenômenos naturais e sociais, nos
diferentes componentes curriculares, em seus processos histórico-geográficos, artísticoculturais e tecnológicos, para a formação do cidadão.
38
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO

Seleção, organização e interpretação de dados correlacionados a conhecimentos,
representados nos diferentes componentes curriculares, para enfrentar situaçõesproblema teóricas e práticas.

Construção de argumentações consistentes, correlacionadas a situações diversas, para
propor e realizar ações éticas de intervenção social.

Conhecimento e compreensão da diversidade, a fim de fortalecer os valores, ampliar a
capacidade crítico-reflexiva, articulada à formação para o mundo do trabalho,
priorizando a ética, o desenvolvimento da autonomia e do pensamento.
É nesta dinâmica que a educação consolida-se na prática da sala de aula e o
conhecimento configura-se como meio de expressão plural e coletiva dos sujeitos. Acredita-se
que o saber compreendido dentro de uma lógica dialética e dialógica, próprias dos processos
educativos, é capaz de transformar a escola num espaço político de transformação social.
7
ÁREA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
7.1
LÍNGUA PORTUGUESA
Diante dos baixos níveis de letramento8 apresentados nas pesquisas de larga escala9, o
componente curricular Língua Portuguesa vê-se diante do seguinte desafio: ensinar o/a
estudante a entender o que ler, de modo a promover o letramento, respeitando o ritmo de
aprendizagem e os conhecimentos socioculturais (diversidade).
Acerca dessa questão, Bagno propõe que: 1) seja possibilitado o acesso à cultura
letrada, para que os/as estudantes tenham a chance de lutar pela cidadania com os mesmos
instrumentos disponíveis aos falantes das camadas sociais privilegiadas; 2) a escola deixe de
ser reprodutora das diferenças sociais e dos preconceitos que essas mesmas diferenças
suscitam; e 3) os/as professores/as entendam que o famoso “erro de português” pode ser um
fenômeno de variação e mudança linguística.
O letramento, segundo Tfouni (1988), é a consequência social e histórica da
introdução da escrita na sociedade. Para Kleiman (1995) é apenas um dos componentes desse
8
De acordo com o relatório do Pisa (2006), um aluno com nível básico de letramento deve ser capaz de localizar
um ou mais itens de informação independentes formulados de maneira explícita, levando em conta um único
critério, com pouca ou nenhuma informação concorrente no texto.
9
Segundo o Instituto Paulo Montenegro, um número expressivo de alunos, comprovado pelos resultados do
PISA, SAEB, ENEM e ENADE, não entende o que lê, tornando-se um analfabeto funcional por não ser capaz de
utilizar a leitura e a escrita, as habilidades matemáticas para fazer frente às demandas de seu contexto social e
utilizá-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. (www.ipm.com.br)
39
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
fenômeno, pois há que se levar em conta as práticas sociais de leitura e de escrita e os eventos
em que elas ocorrem, ou seja, o letramento conduzirá o indivíduo para além da alfabetização.
Contribuindo com essa proposição, Soares (1999) salienta que o letramento é o estado ou a
condição de indivíduos ou de grupos sociais de sociedades letradas que exercem efetivamente
as práticas sociais de leitura e escrita e participam competentemente de eventos de letramento.
Nesse contexto, o ato de ler necessita do outro para legitimá-lo, ou seja, é pela interação, pelas
atitudes, pelas competências discursivas e cognitivas que serão conferidos, determinados e
diferenciados estados ou condições de imersão em uma sociedade letrada.
Nesta sociedade caracterizada pela circulação de um grande e diversificado volume de
informações, a capacidade de ler e interpretar textos é imprescindível. A leitura e a apreensão
da linguagem são, portanto, consideradas instrumentos de apropriação que contribuem para
desenvolvimento, realização pessoal, grau de autonomia para o indivíduo atuar na sociedade,
condições necessárias para o exercício pleno da cidadania.
Bortoni (2008) lembra ser de fundamental importância entender que a leitura só se
efetiva quando conseguimos ultrapassar a mera decodificação do texto e a associamos à
construção de sentido. O olhar, portanto, deve-se voltar para o/a professor/a que, ao mudar de
atitude em relação ao desenvolvimento de uma leitura significativa, essencial para formar um
leitor crítico, capaz de ler o implícito do texto, de refletir a respeito do pensamento do autor e
das estratégias utilizadas por ele para desenvolver seu raciocínio, começa na sala de aula a
promover as mudanças do processo de leitura.
Sendo assim, a educação precisa estar afinada com as novas tendências manifestadas
na sociedade, que indicam a necessidade de “uma formação geral sólida, a capacidade de
manejar conceitos, o desenvolvimento do pensamento abstrato” (Saviani, 1994). Pois a
formação desse leitor, nessa sociedade tecnológica, depende da adoção de novas metodologias
e de novos materiais favoráveis na sala de aula. Essas questões apontam para a necessidade de
formação continuada para o/a professor/a que, doravante, deve ser um pesquisador, consciente
de que a aprendizagem é permanente.
É por isso que se faz necessária apropriação das mídias impressas e não impressas
(jornais, revista, televisão, vídeos e outros) e da informática (softwares e internet). Segundo
Marcuschi (2005), novos gêneros textuais surgiram: gêneros digitais – email, blog, chat,
fórum, lista de discussão, e três aspectos tornam sua análise relevante: franco
desenvolvimento e uso cada vez mais generalizado; peculiaridades formais e funcionais; e
possibilidade que oferecem de se rever conceitos tradicionais, permitindo repensar nossa
relação com a oralidade e a escrita.
40
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Além das contribuições da linguagem tecnológica, deve-se destacar a importância da
ludicidade no trabalho pedagógico. Por que não compor músicas por meio de poesias ou
mesmo produzir musicais? Parodiar textos? Analisar a linguagem dos ditados populares?
Contar piadas? Apresentar encenações? Criar jogos gramaticais? (ILARI,2001) Essas são
algumas atividades nas quais ocorre o desenvolvimento da linguagem, da oralidade, da leitura
e da escrita.
Pensando nesses, entre outros tópicos, a proposta curricular de Língua Portuguesa
organizou-se em cinco principais grupos: 1) linguagem, oralidade e expressão; 2)
conhecimentos linguísticos; 3) leitura e produção de textos; 4) conhecimentos literários e 5)
conhecimentos gramaticais, que agrupam habilidades e conteúdos referenciais.

Linguagem, oralidade e expressão - o espaço escolar constitui-se um espaço
privilegiado de interação pela linguagem. Mas para que ela se dê, existem algumas
condições: clareza entre os elementos da comunicação; adequação da linguagem às
situações comunicacionais; e desenvolvimento de habilidades comunicativas: ouvir,
falar, dizer (BAJARD, 1994), considerar a relação do letramento e da oralidade
(MARCUSCHI, 2001);

Conhecimentos linguísticos – no conhecimento da linguagem humana são
inquestionáveis as contribuições da sociolinguística no estudo das relações entre
língua, sociedade e educação (BORTONI-RICARDO, 2004); da psicolinguística na
análise dos processos ligados à comunicação humana, mediante o uso da linguagem
(KATO, 1998); da análise do discurso no estudo das construções ideológicas presentes
no texto (FIORIN, 2005); da linguística textual no estudo do processo e da interação
comunicativa estabelecidos entre o autor, o leitor e o texto em um determinado
contexto (KOCH, 2004); da semiótica no estudo do processo de significação ou
representação, na natureza e na cultura, do conceito ou da ideia.

Leitura e produção de textos - o estudo dos aspectos cognitivos da leitura; a leitura e a
produção de textos de diferentes gêneros textuais (FOLSCHEID, 2000), a relação
entre objetivo da leitura e da escrita, bem como as estratégias metodológicas de leitura
e escrita (GARCEZ, 2001); a elaboração de projetos de leitura interdisciplinares são
fatores que contribuem para a formação de alunos leitores e escritores (BORDINI,
1993).

Conhecimentos literários na busca pelo rompimento com o ensino tradicional da
historiografia literária algumas propostas estratégicas têm sido sugeridas, dentre elas:
41
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
estudo literário por temas; estudo comparativo das escolas literárias, estudo por
gêneros textuais; estudo crítico de obras canônicas (KOTHE); estudo da literatura
marginal; e estudo da estética literária (MOISÉS, 1994).

Conhecimentos gramaticais – antes de iniciar o trabalho pedagógico, é primordial que
o/a professor/a reflita sobre qual gramática será adotada para que o ensino gramatical
seja significativo. Cada gramática traz a sua proposta metodológica, cabe ao/à
professor/a verificar se esta metodologia supera as contradições entre ensino de língua
e tradição gramatical (SILVA, 1997; BRITTO, 1997; NEVES, 2001).
42
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
LINGUAGEM, ORALIDADE E
EXPRESSÃO
 Expressar com clareza e fluência em
diferentes situações comunicativas.
 Identificar as diversas relações sintáticosemânticas possíveis na produção de
textos escritos e orais.
CONHECIMENTOS LINGUISTICOS
 Reconhecer os processos de organização,
de funcionamento e de desenvolvimento
da língua portuguesa.
 Reconhecer vocabulário de origem
indígena, africana e de outros grupos
sociais que contribuiu para a formação da
língua materna.
 Reconhecer a estrutura, os elementos
textuais e a textualidade no texto.
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
 Ler e produzir textos de variados gêneros
textuais.
 Reler, avaliar e reestruturar o próprio
texto.
 Relacionar
e
operacionalizar
conhecimentos linguísticos adquiridos.
 Identificar as diversas relações sintáticosemânticas possíveis na produção de
textos escritos e orais.
 Relacionar, na análise e compreensão
do texto, as informações verbais com
outras fontes de referência.
CONHECIMENTOS GRAMATICAIS
 Compreender o sentido de uma palavra
ou expressão, considerando o contexto, o
universo
temático,
as
estruturas
morfológicas.
 Identificar as relações de sentido das
palavras na leitura de textos.
 Coligar conhecimentos gramaticais aos
fatos da língua, na constituição de sentido
do texto.
 Reconhecer
e
identificar
as
singularidades polissêmicas (homonímia
e sinonímia) dos vocábulos nos textos
escritos e orais, considerando os
diferentes campos de estudo para serem
aplicados em seu cotidiano.
 Aplicar as regras próprias da variante
padrão da língua referentes à acentuação,
pontuação e ortografia.
 Compreender os fenômenos gramaticais
no processo da formação de palavras e no
desenvolvimento da fonologia, da
fonética e da morfologia.
CONTEÚDOS
























Códigos verbais e não verbais
Elementos da comunicação
Conceito de língua e linguagem
Funções da linguagem
Linguagem e construção identitária
Papel social dos interlocutores
Variantes, variedades e mudanças linguísticas
Norma padrão, escrita e oralidade
Preconceito e respeito linguísticos
Vocabulário próprio dos grupos indígenas,
africanos e outros grupos sociais
Reconstrução dos sentidos dos enunciados verbais:
– Conotação e denotação
– Polissemia
– Homônimos e sinônimos
Análise linguística: aspectos gramaticais
– Pontuação
– Acentuação gráfica
– Ortografia
Texto literário e não literário
Conceito e função da literatura
Leitura de obras literárias de autores afrobrasileiros.
Produção, refacção e releitura de textos em
variados gêneros do discurso.
Conceito e estrutura de texto.
Elementos textuais: temas, pressupostos e
inferências.
Elementos de textualidade: coesão e coerência.
Texto e intertextualidade: paráfrase, citação,
alusão, referência, paródia.
Produção, refacção e releitura de textos em
variados gêneros do discurso.
Concepção dos gêneros literários: épico, lírico e
dramático.
Conceito e elementos constitutivos da poesia.
Figuras de linguagem.
43
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONHECIMENTOS LITERÁRIOS
 Reconhecer as diferenças entre os gêneros
lírico, épico e dramático e suas
características específicas.
 Reconhecer o significado dos elementos
formais
constitutivos
do
poema
diferenciando-os de outras composições
literárias.
 Conhecer o acervo literário que
compreende os períodos Barroco e
Árcade, identificando marcos temporais,
fatos históricos e sociais relevantes, assim
como características, autores e obras que
se destacaram na época.
 Compreender as concepções e os modos
de pensar envolvidos no processo de arte
literária do Barroco e do Arcadismo
resgatando as produções artísticas de seus
autores, fazendo distinção de estilos de
época.
 Compreender a influência das concepções
filosóficas da Idade Média e da Idade
Clássica nos movimentos Barroco e
Arcadismo.
 Perceber as diferenciações morfológicas,
semânticas, sintáticas e ideológicas do
gênero textual, correlacionando a época e
o autor.
 Analisar refletir e compreender os
diferentes processos de arte literária como
manifestação sóciocultural e histórica.
 Reconhecer os elementos e a estrutura da
narrativa.
 Diferenciar a estrutura narrativa de
diferentes textos narrativos.
 Analisar refletir e compreender os
diferentes processos de arte literária como
manifestação sóciopolítica e econômica.
CONTEÚDOS
















Produção, refacção e releitura de textos em variados
gêneros do discurso: relato, debate, teatro.
Texto, contexto social, político e econômico.
As concepções filosóficas e estéticas do Classicismo
e do Barroco
Poesia
Teatro
A construção do texto argumentativo
– O discurso político e religioso (a retórica)
Consciência política e história da diversidade
Análise linguística:
– fonologia;
– fonética;
– morfologia
Estrutura e elementos da narrativa
Textos narrativos: romances, contos e novelas.
Texto, contexto social, político e econômico.
As concepções filosóficas e estéticas do
Arcadismo
Poesia
Processo de interação comunicativa - recursos de
fluência e expressividade (debate, relato,
declamações)
Produção, refacção e releitura de textos em variados
gêneros do discurso: resumo
Análise linguística: aspectos gramaticais
_ Morfossintaxe
44
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
LINGUAGEM, ORALIDADE E EXPRESSÃO
 Utilizar a língua com fluência e expressividade
durante o processo de interação comunicativa.
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS
 Empregar a língua portuguesa como instrumento de
pesquisa e de acesso ao conhecimento socialmente
construído e acumulado.
 Reconhecer e caracterizar situações nas quais a
língua portuguesa se evidencie como instrumento
mediador da construção de conhecimento.
 Reconhecer língua portuguesa como instrumento de
interação comunicativa inserida em determinado
contexto.
 Reconhecer a construção da própria identidade a
partir dos sistemas de comunicação.
 Perceber que diferentes combinações de enunciados
resultam em novos significados.
 Re(construir) o sentido dos enunciados a partir dos
elementos do texto e do contexto.
 Identificar e refletir sobre as varias vozes presentes
no discurso.
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
 Produzir textos para situações reais e/ou imaginárias.
 Reler, avaliar e reestruturar o próprio texto.
 Adequar os usos linguísticos aos gêneros e tipos
textuais.
 Identificar e utilizar situações linguísticas que
evidenciem a construção do conhecimento por
intermédio da pesquisa e do conhecimento social
prévio.
 Identificar ideias principais, secundárias e implícitas
no texto.
 Produzir textos respeitando características de
coerência e coesão, bem como as normas gramaticais
vigentes.
 Usar conhecimentos linguísticos no processo de
interpretação e de produção textual
 Produzir textos respeitando a diversidade étnicocultural.
 Compreender as relações sintático-semânticas em
segmentos do texto.
 Opinar, argumentar, discutir ideias e pontos de
vistas em diversas situações comunicativas.
 Valorizar e comparar textos atuais, relacionando-os
com conhecimentos próprios.
CONTEÚDOS













Processos de organização da língua
Elementos da comunicação
Funções da linguagem
Linguagem verbal e não verbal: meios
tecnológicos
Figuras de linguagem
Processo de interação comunicativa recursos de fluência e expressividade
(Relatos, debates)
Produção, refacção e releitura de textos
em variados gêneros do discurso:
– Narrativo
– Descritivo
– Figurativo
Contexto histórico do séc.XIX.
Concepções filosóficas, estéticas e
linguísticas: Romantismo.
Poesia.
Leitura de obras literárias de autores
afro-brasileiros.
Vocabulário
próprio
dos
grupos
indígenas, africanos e outros grupos.
Análise linguística: aspectos gramaticais:
– Pontuação
– Acentuação
– Ortografia
O texto como unidade sóciocomunicativa
semântica e formal.
 Elementos textuais: temas, pressupostos
e inferências.
 Reconstrução
dos
sentidos
dos
enunciados verbais e não verbais: coesão
e coerência.
 Barroco (revisão)
 Concepções filosóficas, estéticas e
linguísticas: Romantismo.
 Prosa.
 Teatro.
 Relação existente entre língua, cultura e
arte literária.
– Intertextualidade discursiva.
 Análise
linguística:
aspectos
gramaticais.
– morfossintaxe
_ colocação pronominal
 Produção, refacção e releitura de textos
em variados gêneros do discurso.
– dissertação
– argumentação
 Processo de interação comunicativa recursos de fluência e expressividade
(júri simulado).
45
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES
LETRAMENTO E DIVERSIDADE

Ler e analisar comparativamente textos de
diferentes gêneros do discurso.
 Produzir com criticidade textos de variados
gêneros do discurso.
 Relacionar na análise e compreensão do texto,
informações verbais e não verbais a partir de uma
leitura crítica.
CONHECIMENTOS LITERÁRIOS
 Identificar, nos textos lidos, a especificidade que
os caracterizam como textos literários das
estéticas: parnasiana e simbolista.
 Reconhecer que as concepções filosóficas da idade
moderna que influenciam na produção literária
contextualizada no Parnasianismo e Simbolismo.
 Relacionar os textos literários segundo o horizonte
cultural em que foram criados.
 Identificar, nos textos lidos, a especificidade que
os caracterizam como textos literários pertencentes
às estéticas romântica, realista e naturalista.
 Reconhecer que as concepções filosóficas
desenvolvidas na idade moderna influenciam na
produção literária contextualizada no Romantismo,
no Realismo e Naturalismo.
 Analisar e reconhecer o romance como gênero
narrativo romântico, realista e naturalista.
 Ler e diferenciar tipos de textos dramáticos
(tragédia, comédia, tragicomédia).
 Comparar as diferenciações linguísticas de uma
época para outra.
 Valorizar e comparar textos atuais, relacionandoos com conhecimentos próprios.
CONHECIMENTOS GRAMATICAIS
 Associar conhecimentos de gramática discursiva
aos fatos da língua, na constituição de sentido
do texto ou da produção linguística.
 Produzir textos com objetivo determinado partir
de sequências linguísticas gramaticais
possíveis.
 Produzir textos respeitando características de
coerência e coesão, bem como as normas
gramaticais vigentes
CONTEÚDOS










Concepções filosóficas, estéticas e
linguísticas: Realismo e Naturalismo.
Prosa
Teatro
Literatura de autores afro-brasileiros
Textualidade:
intencionalidade,
aceitabilidade,
situacionalidade,
informatividade, intertextualidade.
Processo de interação comunicativa recursos de fluência e expressividade
(entrevista, enquetes).
Produção, refacção e releitura de textos
em variados gêneros do discurso:
Pesquisa e reportagem
Telegramas e cartão
Análise linguística: aspectos gramaticais
_ Concordância nominal
_ Concordância verbal
 Concepções filosóficas, estéticas e
linguísticas: Parnasianismo e Simbolismo.
 Poesia.
 Literatura de autores afro-brasileiros.
 Produção, refacção e releitura de textos
em variados gêneros do discurso.
_ resenha crítica
_ crônica e crônica editorial
 Processo de interação comunicativa recursos de fluência e expressividade
(atividades: mesa redonda, jogos interativos,
discussões).
 Análise linguística: aspectos gramaticais.
_ Emprego da crase
_ Regência nominal e verbal
46
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA − 3ª SERIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
LINGUAGEM, ORALIDADE E EXPRESSÃO
 Expressar-se de forma argumentativa,
coerente e persuasiva utilizando o código
verbal, em situações de interação
comunicativa.
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS
 Compreender os aspectos de conectividade
(coesão) e de lógica textual (coerência).
 Reelaborar e refletir sobre conhecimentos
adquiridos,
utilizando-se
da
intertextualidade para a construção do
sentido do texto.
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
 Produzir textos com determinado objetivo,
para situações reais e/ou imaginárias.
 Reformular, parafrasear, resumir as diversas
modalidades textuais, a fim de reestruturar
o próprio texto.
 Produzir mensagens verbais e não verbais, a
partir de temas ou assuntos específicos,
dentro de estruturas linguísticas criadas de
acordo com a intenção do que se quer
transmitir,
considerando
os
vários
significados das palavras utilizadas.
 Identificar-se como sujeito ativo do
processo de socialização da Língua
materna.
 Identificar a intenção discursiva no
enunciado linguístico e apreender as
informações implícitas do texto.
 Reconhecer,
relacionar
e
organizar
informações do texto com outras
informações.
 Construir valores envolvendo a cidadania,
pensamento crítico e a leitura como uma
atividade social de grande importância
social.
 Comparar, na análise e na compreensão do
texto, conhecimentos prévios.
 Identificar a ideia central e reconhecer as
relações de sentido das palavras de um
texto.
 Identificar a intenção discursiva no
enunciado linguístico e apreender as
informações implícitas do texto.
 Reconhecer,
relacionar
e
organizar
informações do texto com outras
informações.
 Construir o sentido dos enunciados a partir
dos elementos do texto e do contexto
CONTEÚDOS























Textualidade: coerência e coesão.
Coesão: continuidade progressiva.
Produção refacção de textos em variados gêneros
do discurso.
– Carta
– Relato
Análise linguística – aspectos gramaticais
Valores semânticos das preposições e das
conjunções
Sinais de pontuação
Regência nominal e verbal
Polifonia discursiva e jogo de vozes do discurso.
Vocabulário próprio dos grupos indígenas,
africanos e outros grupos.
Processo de interação comunicativa – recursos de
fluência e expressividade.
Arte moderna: as vanguardas europeias e a
linguagem modernista.
Concepções filosóficas, estéticas e linguísticas.
– Pré-Modernismo no Brasil.
– Modernismo em Portugal.
Leitura de obras literárias de autores afrobrasileiros.
Caráter evolutivo da língua.
Variedades linguísticas e os dialetos sociais.
Produção, refacção e releitura de textos em
variados gêneros do discurso:
– Resenha crítica
– Editorial
– Reportagem
Análise linguística: aspectos gramaticais:
– Pronome demonstrativo em relação ao espaço
– Concordância nominal e verbal
Concepções filosóficas, estéticas e linguísticas:
Modernismo no Brasil 1ª e 2ª fases:
Poesia.
Prosa.
Teatro.
Literatura de autores afro-brasileiros.
Processo de interação comunicativa - recursos de
fluência e expressividade (mesa-redonda).
47
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LÍNGUA PORTUGUESA − 3ª SERIE
HABILIDADES
LETRAMENTO E DIVERSIDADE

Construir o sentido dos enunciados a partir
dos elementos do texto e do contexto.
 Identificar-se como sujeito ativo do
processo de socialização da Língua materna.
CONHECIMENTOS LITERÁRIOS
 Identificar a Escola Literária (Prémodernismo,
modernismo
e
pósmodernismo) a que pertencem os textos
trabalhados julgando-os conforme o seu
posicionamento.
 Reconhecer a influência das concepções
filosóficas veiculadas na Idade Moderna e
contemporânea na produção literária do Pré
ao Pós-Modernismo bem como as
tendências contemporâneas.
 Ler, compreender e interpretar o texto do
romance, reconhecendo-o como gênero
narrativo do Pré-Modernismo, Modernismo
e Pós-Modernismo.
 Promover discussões sobre a função da
literatura na transmissão do conhecimento.
 Ler tipos de textos dramáticos e diferenciálos dos demais, em suas respectivas épocas.
 Construir valores envolvendo a cidadania,
pensamento crítico e a leitura como uma
atividade social de grande importância
social.
 Identificar a Escola Literária (Prémodernismo,
modernismo
e
pósmodernismo) a que pertencem os textos
trabalhados julgando-os conforme o seu
posicionamento.
 Reconhecer a influência das concepções
filosóficas veiculadas na Idade Moderna e
contemporânea na produção literária do Pré
ao Pós-Modernismo bem como as
tendências contemporâneas.
 Ler, compreender e interpretar o texto do
romance, reconhecendo-o como gênero
narrativo do Pré-Modernismo, Modernismo
e Pós-Modernismo e promover discussões
sobre a função da literatura na transmissão
do conhecimento.
 Perceber-se como agente transformador
capaz de produzir obra de arte.
CONTEÚDOS




















Papel dos códigos não verbais na
comunicação.
Processo de interação comunicativa – recursos
de fluência e expressividade (júri-simulado).
Produção, refacção e releitura de textos em
variados gêneros do discurso:
– Notícia
– Texto publicitário
Análise linguística: aspectos gramaticais
– Pronomes relativos e suas funções
– Período composto por coordenação
Concepções filosóficas, estéticas e linguísticas:
Modernismo - 3ª fase e tendências da literatura
contemporânea no Brasil
Poesia.
Prosa.
Literatura de autores afro-brasileiros.
Teatro.
Semântica e interação
Leitura e análise de textos em variados gêneros
do discurso:
– Político e religioso
Produção, refacção e releitura de textos em
variados gêneros do discurso:
– Notícia
– Texto publicitário
Análise linguística: aspectos gramaticais
– Pronomes relativos e suas funções
– Período composto por coordenação
Concepções filosóficas, estéticas e linguísticas:
Modernismo - 3ª fase e tendências da literatura
contemporânea no Brasil
Poesia.
Prosa.
Literatura de autores afro-brasileiros.
Teatro.
Análise linguística:
– Valor semântico dos advérbios
– Valores semânticos dos artigos e dos numerais
– Período composto por subordinação
Processo de interação comunicativa – recursos
de fluência e expressividade (seminário).
48
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.2
LÍNGUA ESTRANGEIRA − INGLÊS
A inclusão do ensino da língua inglesa nos sistemas educacionais foi um processo
gradativo e culminou na promulgação da Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 que estabelece
a obrigatoriedade de Língua Estrangeira Moderna para o Ensino Médio10.
A difusão do idioma inglês no Brasil remonta à década de 193011 impulsionado pelo
contexto político e econômico nacional e internacional e a necessidade de aprendizado de uma
língua estrangeira no mundo contemporâneo. A abordagem inicial para o ensino de uma
Língua Estrangeira no país foi feita pelo método direto que pregava o estudo da língua através
da própria língua e, somente mais tarde, surgiram propostas de desenvolvimento das
habilidades da leitura, da escrita, e da fala.
Hoje, os objetivos não são somente voltados ao estudo da língua por ela mesma, isto é,
às suas estruturas linguísticas e gramaticais ou à comunicação desvinculada dos contextos
reais da vida do/da estudante, mas a uma aprendizagem crítica e consciente, levando-se em
consideração que as línguas, instrumentos de comunicação, são permeadas por fatores
socioculturais que influenciam de forma direta os seus usos.
Como idioma oficial ou segunda língua difundida nos cinco continentes, o inglês conta
com muitas variações de pronúncia, sem que nenhuma delas possa ser considerada a „ideal‟
ou mais „correta‟; já que refletem as inúmeras maneiras de expressão de diferentes
comunidades linguísticas.
A heterogeneidade das culturas dessas comunidades aliada a variedade das finalidades
de uso do idioma faz da língua inglesa um instrumento social de comunicação necessário para
o enfrentamento das demandas crescentes de uma sociedade globalizada. Essencialmente
competitivo, o mundo atual sofreu mudanças que se refletem nas relações interpessoais, no
exercício de algumas profissões, nas trocas de informação e em todo o processo de aquisição
do conhecimento.
Neste contexto, o currículo escolar passou por várias transformações em sua estrutura,
buscando não somente repassar um conteúdo quantitativo, mas também privilegiar o conteúdo
qualitativo. Em 1999, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) instituem três grandes
áreas do conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas
10
Lei n⁰ 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases – Seção IV – Do Ensino Médio - III - será incluída uma língua
estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em
caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição.
11
<http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0510556_07_cap_02.pdf/> site acessado em 30/09/2008
às 17h30 (p.04) e <http://www.uea.org/info/portugale/ED37-portugala.html/> site acessado em 30/09/2008 às
17h40
49
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Tecnologias, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias que, relacionadas entre si,
buscam dialogar com os componentes de cada uma destas áreas.
Em 2008, a Secretaria de Estado da Educação - SEDF estabeleceu como eixos
norteadores do Currículo da Educação Básica: o Letramento e a Diversidade.
O conceito de Letramento definido por vários autores é amplo. De acordo com Ângela
Kleiman (1995)12, pode-se definir letramento como “um conjunto de práticas sociais que
usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos,
para objetivos específicos.” Assim, o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita se
dá em múltiplas situações cotidianas e requer do indivíduo vários tipos de letramento,
possibilitando novas estratégias para o ensino de uma língua estrangeira.
Em se tratando da língua inglesa, o uso da linguagem para fins específicos- English for
Specific Purpose- (ESP)13 e a comunicação mediada pelo computador (salas de bate-papo,
MSN Messenger, Weblogs e Orkut) são exemplos de letramento nas práticas sociais que
pressupõem a existência de um emissor e de um receptor inseridos em um determinado
contexto. Em ambiente digital multimidiático14, as práticas de linguagem não são compostas
só de frases, mas de abreviações, efeitos sonoros e visuais, envolvendo discursos
multimodais15 que vão além do signo escrito. Portanto, é imprescindível que o/a estudante
esteja ciente, e ao mesmo tempo, atualizado das mudanças ocorridas na utilização dos códigos
de linguagem.
O acesso à rede mundial de computadores proporciona também oportunidades de
inclusão social e digital ao permitir a interação do/da estudante com culturas de outros países,
despertando sua consciência crítica em relação à diversidade étnico-linguística – fruto do
multiculturalismo e plurilinguismo destas comunidades. Este diálogo permite reconhecer
outros valores, sem abrir mão dos próprios valores, pois a construção da identidade se instaura
na relação do eu com o outro (MATURAMA, 1999). Deste modo, os recursos e avanços
tecnológicos não necessariamente deixam de lado as metodologias de ensino de línguas já
existentes, mas podem se unir às técnicas utilizadas anteriormente para facilitar o aprendizado
e ampliar a visão de mundo do/da estudante para além de sua própria comunidade linguística.
12
KLEIMAN, Ângela. In KLEIMAN, Angela B. (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva
sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995.
13
Developments in english for specific purposes: a multi-disciplinary approach (Cambridge Language
Teaching Library) by Tony Dudley-Evans and Maggie Jo St John
English for specific purposes (Cambridge Language Teaching Library) by Tom Hutchinson and Alan
Waters (Paperback - Feb 27, 1987)
English for specific purposes for the university (English Language Teaching Documents) by David Harper
14
Discursos multimodais são os que se apresentam nas diferentes modalidades, quais sejam: escrita, oral digital.
15
Ambiente multimidiático refere-se às diferentes mídias escrita, falada e digital.
50
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio16, as quatro
habilidades básicas para a aprendizagem de LEM (falar, ouvir, ler e escrever) passam a ser
“comunicação oral, leitura e prática escrita”. A gramática, como já vem sendo feita por
muitos, deverá partir de um trecho de linguagem contextualizado. As aulas deverão ser
planejadas com base em temas relativos também aos valores sociais como: cidadania, justiça
social, diversidade, etc. A leitura deverá proporcionar não somente a compreensão do texto,
mas a comparação do que é lido com as opiniões do leitor e levá-lo a refletir a respeito de sua
realidade. A comunicação oral deverá ser parte integrante deste currículo, já que, sem ela, não
há sentido em se estudar outros idiomas, pois a inserção no mundo de trabalho pode depender
dessa habilidade para concretizar-se. Nesta etapa de ensino, a oralidade deverá ser
consolidada. A parte escrita será baseada na real utilização dessa habilidade em situações
práticas significativas como: elaborar e responder mensagens, principalmente as eletrônicas,
comunicar-se com pessoas via computador, responder formulários, e outros.
Os projetos temáticos, por sua vez, deverão incluir as questões da diversidade e das
relações étnico-raciais17, bem como a situação de desigualdade vivida pela população
indígena e negra do Brasil e dos países de língua inglesa. Estes projetos podem ser
trabalhados de forma criativa e lúdica, por meio de obras literárias, peças teatrais, músicas,
filmes, jogos entre outros; transformando o ato de ensinar/aprender em uma experiência
intelectual e prazerosa como de fato deve ser.
Diante das multiplicidades de uso do idioma inglês, o Currículo, enquanto ferramenta
de apoio ao/à professor/a na construção do processo cognitivo oferece diretrizes para o
desenvolvimento das competências e habilidades que se articulam à formação de um cidadão
autônomo, crítico-reflexivo integrado em um mundo cada vez mais polissêmico e
multicultural
16
Linguagens, códigos e suas tecnologias/Secretaria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2006. 239 p. (Orientações Curriculares Nacionais para o ensino médio;
volume 1) p.98 – 109.
17
Lei n° 11.645/08 que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9
de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
51
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
INGLÊS − 1ª SÉRIE
HABILIDADES








LETRAMENTO E DIVERSIDADE





Reconhecer a contribuição dos índios para a
diversidade cultural, étnica e linguística do povo
brasileiro.
Ler e interpretar textos variados estimulando a
visão crítica de sua realidade.
Expressar circunstâncias de lugar e tempo.
Identificar existência e posição de seres e objetos.
Fornecer e obter informações sobre dados
pessoais, tais como: nome, idade, profissão, rotina,
esporte,
número
de
telefone,
endereço,
nacionalidade, membros da família e preferências.
Trocar informações sobre ações contínuas, que
ocorrem num determinado momento.
Identificar ausência, existência, posição e
qualidade de seres e objetos.
Trocar informações sobre ações contínuas que
ocorrem num determinado momento.
Fornecer e obter informações sobre pessoas,
lugares e objetos utilizando pronomes.
Identificar o possuidor de objetos e a relação entre
seres.
Trocar informações sobre ações no passado
utilizando estruturas afirmativas, interrogativas e
negativas.
Trocar informações sobre planos para o futuro, tais
como: finais de semana, feriados e férias.
Refletir sobre a imigração involuntária dos negros
e sua contribuição em diversos aspectos da cultura
brasileira.
CONTEÚDOS






























Artigos (A/AN)
Preposições.
Presente Simples (Do/Does).
Pronomes pessoais do caso reto e do
caso oblíquo (personal pronouns e
objective pronouns).
Verbo there to be (Haver).
Leitura, Interpretação e Produção de
texto (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
Simulação de situações do cotidiano.
Textos relacionados à cultura indígena.
Projeto temático sobre a cultura
indígena.
Verbos Can e Could.
Expressando habilidades e capacidade
(be able to).
Pronomes
possessivos,
adjetivos
possessivos, caso possessivo e
pronomes reflexivos.
Leitura, Interpretação e produção de
texto (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
Simulação de situações orais das
habilidades e capacidades físicas e
intelectuais.
Projetos temáticos.
Passado Simples.
Passado contínuo.
Verbos Regulares e Irregulares.
Leitura, Interpretação e produção de
texto (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
Situações orais no tempo passado.
Projetos temáticos.
Phrasal Verbs – Look and Turn
(verbos
acompanhados
de
preposições).
Futuro com Will e Going to.
Leitura, Interpretação e produção de
texto (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
Situações no tempo futuro.
Projeto temático relacionado à cultura
afro-brasileira.
52
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
INGLÊS − 2ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE




Usar a linguagem para opinar, sugerir, pedir e
proibir.
Usar a linguagem para comparar e classificar.
Relacionar na análise e compreensão do texto,
informações de outras fontes de referências
(ilustrações, fotos, gráficos, tabelas).
Trocar informações sobre o passado com uma data
definida e sem uma data definida.
Trocar informações sobre ações no passado se uma
data definida.
Analisar um texto utilizando os vocábulos
referentes ao passado.
Desenvolver os recursos de fluência e
expressividade no manejo do código verbal durante
o processo de interação comunicativa.
Reconhecer o uso da Língua Inglesa como
atividade social realizada com determinadas
atividades e interesses.
Refletir sobre a imigração involuntária dos negros e
sua contribuição em diversos aspectos da cultura
brasileira.
CONTEÚDOS

Comparativos
e
Superlativos
de
Adjetivos.
 Passado Contínuo.
 Leitura, interpretação e produção de
textos
(gêneros textuais variados).
 Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
 Modo Imperativo.
 Projetos temáticos relacionados à cultura
indígena.


















Present Perfect.
Present Perfect / Simple Past.
Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
Projetos temáticos
Phrasal Verbs: Take and Get.
Present Perfect / Present Perfect
Continuous.
Passado Perfeito.
Some/Any e seus compostos.
Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
Projetos temáticos
Verbos Modais e Anômalos + Be able to.
Pronomes indefinidos.
Tag
questions
(confirmação
de
enunciado).
Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados).
Aquisição de vocabulário (cognatos e
falso cognatos).
Projetos temáticos relacionados à cultura
afro-brasileira
53
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
INGLÊS − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS




LETRAMENTO E DIVERSIDADE










Interpretar o sentido de uma palavra ou expressão
considerando o contexto, o universo temático e as
estruturas morfológicas.
Utilizar a leitura como um processo holístico que
exige o entendimento contextualizado.
Compreender que a língua é um meio para se situar
no mundo.
Reconhecer estruturas gramaticais que expressam
situações reais e/ou hipotéticas, elementos da voz
passiva e ações vivenciadas no passado.
Interpretar o sentido de uma palavra ou expressão,
considerando o contexto, universo temático e as
estruturas morfológicas.
Reconhecer estruturas gramaticais que expressam
situações reais e/ou hipotéticas, elementos da voz
passiva e ações vivenciadas no passado.
Construir conhecimentos por meio de informações e
diálogos.
Usar a intertextualidade no processo de
interpretação de textos.
Inferir o sentido dos enunciados a partir dos
elementos do texto.
Identificar diferentes palavras que resultam em
novos significados.
Produzir sentenças coesas utilizando conjunções e
pronomes.
Exteriorizar e socializar conhecimentos adquiridos
com coerência e coesão.
Expressar por meio do discurso indireto ações
ocorridas em diversos contextos.
Refletir sobre a imigração involuntária dos negros e
sua contribuição em diversos aspectos da cultura
brasileira.
 Futuro com WILL e GOING TO.
 Comparação
dos tempos verbais:
presente, passado e futuro.
 Orações condicionais: 1º Caso.
 Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados).
 Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
 Simulação de situações que ocorreram no
passado.
 Simulação de frases hipotéticas.
 Projetos temáticos relacionados à cultura
indígena.




Orações condicionais: 2º e 3º casos.
Voz passiva.
Verbo anômalo – Used to.
Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados).
 Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
 Simulação de situações com verbos na
voz passiva.
 Projetos temáticos
 Phrasal Verbs : Give and Put (verbos
acompanhados de preposição).
 Pronomes Relativos.
 Conjunções (conectivos).
 Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados).
 Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
 Projetos temáticos
 Discurso direto e indireto (Reported
Speech).
 Leitura, interpretação e produção de
textos (gêneros textuais variados)
 Aquisição de vocabulário (cognatos e
falsos cognatos).
 Projetos temáticos relacionados à cultura
afro-brasileira.
54
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.3
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA − FRANCÊS
A língua francesa desempenha um importante papel no mundo globalizado. Além de
ser falada nos cinco continentes, seu valor para o patrimônio cultural mundial é inegável,
visto que se trata de uma das grandes línguas internacionais faladas nos meios diplomáticos,
de um dos idiomas oficiais dos Jogos Olímpicos, da União Europeia, de uma das línguas
oficiais reconhecidas pela ONU e da língua oficial dos Correios e Telégrafos.
O francês traz em seu bojo uma tendência constante para a globalização, antes mesmo
de o termo ter o significado que atualmente tem, por ser, desde há muito tempo, a língua das
artes, da literatura, da filosofia, da culinária, da moda e das ciências. O idioma é também de
grande importância em pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento: química, física,
biologia, história, turismo, hotelaria, psicologia, pedagogia, sociologia, direito, política,
música etc. Com tantos apelos em tantas áreas do conhecimento, não é de se espantar que o
francês tenha uma demanda crescente para o mundo do trabalho, ainda carente de
profissionais e estudantes que dominem o idioma para suprir as necessidades oriundas dessa
demanda.
O estudo da língua francesa promove o desenvolvimento da leitura, da comunicação
oral e da escrita como práticas contextualizadas nas mais diversas situações, cotejando os
diversos padrões linguísticos. Conforme o documento das Orientações Curriculares para o
Ensino Médio, “cada língua, longe de ser algo homogêneo, é composta por variantes
socioculturais.” (MEC, p. 101)18 . A língua, em suas variantes socioculturais, além de
abranger situações variadas, se vale de meios de comunicações diversos como a internet, por
exemplo. Também nesse caso, o francês revela toda sua modernidade e dinamismo, uma vez
que é a terceira língua mais utilizada pelos internautas do mundo19. Assim, o estudo do
francês também contribui para a inclusão social e digital.
Não podemos esquecer que a internet representa uma fonte constante de pesquisa e
atualização de professores/as e estudantes, traz o ensino da língua francesa para mais próximo
de sua realidade cultural e desperta o espírito crítico do/da estudante, que verifica as
diferenças culturais por meio de outro letramento, contrapondo seu conhecimento identitário
com um conhecimento estrangeiro e contextualizado
18
DISTRITO FEDERAL (Brasil). Secretaria de Estado de Educação. Orientações pedagógicas para os
Centros Interescolares de Línguas. Brasília, 2002.
19
Segundo o portal Direção de Terminologia e Indústrias da Língua (DTIL), em estudo sobre língua e
cultura na web de 2007. Disponível em:< http://dtil.unilat.org/LI/2007/pt/resultados_pt.htm/>. Acessado em 29
de setembro de 2008.
55
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Ressaltamos também o fato de a língua francesa ser de origem latina, assim como o
português. Essa proximidade favorece, por meio da leitura e da escrita, da compreensão e da
fala, o desenvolvimento de ações intelectuais importantes para qualquer área do conhecimento
e para vida do/da estudante, como refletir, descrever, explicar, opinar, associar, discernir,
apreender, entre outras.
O estudo do francês nos aproxima de um tema transversal constante que é a
francofonia20. Esse termo está intimamente associado às palavras solidariedade, mestiçagem e
paz. Trata-se do francês falado nos cinco continentes com suas diversidades e plurilinguïsmo.
O continente africano representa uma das fontes mais sólidas dos estudos da francofonia21. O
francês, a francofonia e africanidades podem compor um novo quadro comparativo
interessante e instigante para o entendimento da diversidade cultural.
Devemos lembrar que a aprendizagem de uma língua estrangeira, o francês nesse caso,
complementa a formação geral dos/das estudantes, aguça seu espírito crítico, auxilia no
desenvolvimento pessoal, desperta o interesse do/da estudante para viajar e conhecer outros
países, favorece a diversidade cultural ao exercitar a tolerância e a abertura às outras culturas,
estimula a valorização do plurilinguismo e da cidadania.
No Distrito Federal, o francês é, há quase trinta anos, ministrado a estudantes da rede
pública de ensino pelos Centros Interescolares de Línguas (CILs) e pelo convênio da Aliança
Francesa. Os Centros Interescolares de Línguas abarcam a grande maioria dos/das estudantes
de francês da rede pública de ensino do Distrito Federal, que são atendidos desde as séries
finais do ensino fundamental até o final do Ensino Médio22. A equivalência de série e nível
pode ser vista nas Orientações Pedagógicas para os Centros Interescolares de Línguas
(Brasília, 2002).
O Currículo de Francês deve propiciar ao/à estudante, no final do ensino médio, as
ferramentas necessárias para se ascender ao mundo do trabalho, ou seja, conteúdos, competências
e habilidades exigidos pelo Programa de Avaliação Seriado (PAS), pelo Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), pelo vestibular, dentre outros. Com base em um currículo sólido e em
20
O termo “francofonia”, imaginado pelo geógrafo francês Onésime Reclus no século XIX, se enriqueceu de
novas significações com o passar do tempo. O nascimento institucional da francofonia deve-se a homens de
estados africanos como Léopold Sédar Senghor, Habib Bourguiba ou Hamani Diori. Em: La francophonie. (p.
6).
21
Na África, o francês se mistura a outras línguas africanas. Dessa mestiçagem pode nascer uma nova língua.
Ibid (p. 23)
22
Os conteúdos trabalhados nessas séries são agrupados em níveis semestrais nos CILs. Por se tratar de regime
semestral, os alunos nos CILs podem aprofundar seus conhecimentos para além daqueles previstos no currículo.
No ensino médio, o 1º, 2º e 3º anos equivalem, no mínimo, aos níveis B3, B4 e B5. Sendo que o aluno pode estar
em um nível mais avançado se não tiver reprovado ou parado nenhum semestre.
56
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
consonância com as demais línguas estrangeiras modernas (o inglês e o espanhol), almejamos
que, um dia, se dê a ampliação da oferta da língua francesa no ensino regular.
FRANCES − 1ª SÉRIE
HABILIDADES








LETRAMENTO E DIVERSIDADE















Valer-se processualmente da língua francesa
como código de comunicação em sala de aula.
Refletir sobre a língua em seus aspectos
socioculturais de modo contextualizado.
Depreender o essencial de anúncios e
mensagens simples e claras
Ler textos curtos simples.
Simular situações em um restaurante,
reconhecer alimentos e objetos
Falar de alimentos demandando uma porção.
Fazer perguntas sobre alimentos, quantidades e
preços.
Utilizar a língua francesa como código de
comunicação em classe com fluência e
expressividade.
Promover o desenvolvimento da leitura, da
comunicação oral e escrita como práticas
culturais contextualizadas.
Conhecer especificidades culinárias de países
francófonos e compará-las com a culinária do
Brasil.
Caracterizar os alimentos a partir de sua
composição.
Consultar cardápios, escolher refeições e pagar
contas.
Externar
os
conhecimentos
adquiridos
oralmente e por escrito.
Entender a língua estrangeira como instrumento
de letramento, inserida em contextos
socioculturais.
Simular ser convidado, visitar um apartamento,
reconhecer móveis, partes da casa e membros
da família.
Perguntar sobre algo ou alguém.
Reduzir sentenças por meio da substituição de
um nome ou grupo nominal por um pronome.
Utilizar a linguagem verbal para argumentar,
opinar, comparar, discutir ideias na participação
de diálogos e apresentações orais.
Dar ordens, conselhos ou fazer pedidos.
Comparar coisas e pessoas.
Perguntar a hora e momentos do dia.
Identificar o possuidor de objetos e a relação
entre os seres.
Compreender e expressar pontos essenciais de
temas familiares como as refeições na França;
telefone fixo, celular e Internet; convite para
almoço ou jantar; festas e presentes; as
liquidações; turismo; a televisão; o clima; a
Francofonia; a infância e as férias; o trabalho,
os estudos, o curriculum vitae etc.
CONTEÚDOS



































Verbos modais: pouvoir, vouloir, savoir,
prendre
Artigos Partitivos
Pronomes Interrogativos: “est-ce que, où,
quel(le)(s), qui, comment, combien, quoi”
Vocabulário de alimentos de um feira ou
mercado
Revisão dos números
Leitura e produção de texto
Oralidade
Vocabulário de alimentos de restaurante
Verbos referentes à alimentação
Diferenciação do artigo partitivo e do artigo
definido em contração com a preposição “de”
A preposição “à” para descrever alimentos
compostos
Leitura e produção de texto
Oralidade
Pronomes indefinidos: quelque chose e
quelqu‟um;
Verbos do terceito grupo: connaître e ouvrir
Adjetivos possessivos
Revisão dos pronomes tônicos
Interrogação: Qui est-ce? Qu‟est-ce que c‟est?
Pronome complemento objeto direto
Leitura e produção de texto
Oralidade
Vocabulário de descrição de uma casa ou
apartamento
Verbos do segundo grupo: sentir
Adjetivos possessivos
Pronome complemento objeto direto
Pronome complemento objeto indireto
Negação dos artigos indefinidos e partitivos
Imperativo Presente
Horas
Verbos pronominais
Comparativos
Interrogação de uma sentença negativa
Resposta afirmativa “si”
Leitura e produção de texto
Oralidade
57
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
FRANCÊS − 2ª SÉRIE
HABILIDADES









LETRAMENTO E DIVERSIDADE
















Valer-se processualmente da língua francesa
como código de comunicação em sala de aula.
Refletir sobre a língua em seus aspectos
socioculturais de modo contextualizado.
Simular situações de compra de roupas e sapatos.
Perguntar preços, tamanhos de roupas e sapatos.
Indicar itinerários.
Comunicar tarefas habituais e atividades
familiares.
Identificar objetos e mostrá-los.
Dar ordens, conselhos ou fazer pedidos, proibir e
interditar.
Depreender o essencial de anúncios e mensagens
simples e claras
Promover o desenvolvimento da leitura, da
comunicação oral e da escrita como práticas
culturais contextualizadas.
Prever acontecimentos futuros desejados ou
esperados.
Comparar pessoas e coisas de modo superlativo.
Expressar acontecimentos futuros previstos.
Falar do clima e fazer previsões meteorológicas.
Externar os conhecimentos adquiridos oralmente e
por escrito.
Entender a língua estrangeira como instrumento
de
letramento,
inserida
em
contextos
socioculturais.
Perceber que a escrita não pode ser vista de forma
abstrata desvinculada do contexto de seus usos e
de seus usuários.
Narrar fatos que estão acontecendo no momento
da enunciação, fatos que acabaram de acontecer e
fatos que vão acontecer em um período de tempo
definido.
Narrar ações que não são mais realizadas.
Compreender e expressar pontos essenciais de
temas familiares como as refeições na França;
telefone fixo, celular e Internet; convite para
almoço ou jantar; festas e presentes; as
liquidações; turismo; a televisão; o clima; a
Francofonia; a infância e as férias; o trabalho, os
estudos, o curriculum vitae etc.
Conhecer e valorizar diferentes culturas e realizar
interações sociais por meio da linguagem.
Entender que cada língua e cada cultura usam a
escrita em diferentes contextos para fins
diferentes.
Promover o desenvolvimento da leitura, da
comunicação oral e da escrita como práticas
culturais contextualizadas.
Exprimir desejos e intenções.
Negar ações de diversas maneiras.
CONTEÚDOS









Vocabulário de lojas, roupas, calçados
Vocabulário de itinerário e passeios
Expressões: moi aussi, moi non plus
Adjetivos demonstrativos
Pronome demonstrativo « ça »
Adjetivos indefinidos : tout, toute, tous, toutes
Imperativo afirmativo e negativo
Leitura e produção de texto
Oralidade
 Futuro simples
 Superlativos
 Expressão da condição: «si + presente + outro
verbo no futuro
 Vocabulário do clima e da meteorologia
 Verbos: faire, pleuvoir
 Expressão: Il faut...
 Advérbios de quantidade
 Futuro próximo
 Leitura e produção de texto
 Oralidade
 Imperativo dos verbos pronominais
 Galicismos: être en train de, venir de, aller +
infinitif
 Negação: ne... plus
 Leitura e produção de texto
 Oralidade





Vocabulário de atividades cotidianas
Outras formas negativas
Pronomes indefinidos: chaque e chacun
Leitura e produção de texto
Oralidade
58
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
FRANCÊS − 3ª SÉRIE
HABILIDADES






LETRAMENTO E DIVERSIDADE














Valer-se processualmente da língua francesa
como código de comunicação em sala de aula.
Refletir sobre a língua em seus aspectos
socioculturais de modo contextualizado.
Depreender o essencial de anúncios e
mensagens
Ampliar a visão de mundo dos/das estudantes,
trabalhando o senso de cidadania e a
capacidade crítica.
Utilizar conhecimentos linguísticos no
processo de interpretação e produção de textos.
Desenvolver a capacidade de observação e de
argumentação.
Valer-se da narração para contar lembranças.
Considerar o caráter da leitura como prática
cultural e critica, de linguagem essencial para a
construção da cidadania e para a formação
do/da estudante.
Conhecer e língua francesa como instrumento
de valores socioculturais e destacar a
importância da diversidade cultural.
Externar
os
conhecimentos
adquiridos
oralmente e por escrito.
Entender a língua estrangeira como
instrumento de letramento, inserida em
contextos socioculturais.
Desenvolver a confiança, criatividade e
autonomia através de experiências bemsucedidas no uso da língua francesa.
Perceber a língua estrangeira como instrumento
de interação comunicativa inserida em
contextos socioculturais.
Articular expressões de maneira simples a fim
de narrar experiências e eventos.
Narrar uma história ou intriga de um livro ou
de um filme e exprimir reações.
Construir conhecimentos por meio de
informações e diálogos.
Narrar fatos passados e descrever as
circunstâncias em que tais fatos ocorreram.
Perguntar sobre fatos passados.
Negar que certos fatos ocorreram.
Compreender e expressar pontos essenciais de
temas familiares como as refeições na França;
telefone fixo, celular e Internet; convite para
almoço ou jantar ; festas e presentes; as
liquidações; turismo; a televisão; o clima; a
Francofonia; a infância e as férias; o trabalho,
os estudos, o currículum vitae etc.
CONTEÚDOS
 Vocabulário de comparação da França e da
francofonia
 Vocabulário da infância e das férias
 Expressões comparativas: mieux e meilleur
 Utilização de très e trop
 Imperfeito do indicativo
 A forma restritiva: ne... que
 Leitura e produção de texto
 Oralidade





Vocabulário de férias, viagens
Passado composto com auxiliar être e avoir
Colocação dos advérbios no passado
Leitura e produção de texto
Oralidade






Vocabulário de trabalho, estudo e CV
Passado composto e imperfeito
A colocação dos adjetivos
A negação
Leitura e produção de texto
Oralidade
 Vocabulário para narrar férias e incidentes,
descrever o tempo
 Passado composto e imperfeito
 Interrogação e negação com o passado
composto
 Leitura e produção de texto
 Oralidade
59
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.4
ESPANHOL
Desde agosto de dois mil e cinco, o ensino da Língua Estrangeira Moderna- Espanhol
passou a ser obrigatório nas escolas de Ensino Médio (Lei nº 11.161 de 5/08/2005) e
facultativo nas escolas que atuam na modalidade Ensino Fundamental.
Esse novo tratamento que a Língua Espanhola passou a receber entre as disciplinas
vinculadas ao currículo do Ensino Médio no Brasil nos traz a consciência, a forma e o modo
como se tem aprendido e ensinado o idioma e as culturas hispano falantes. Isso nos obriga a
repensar os objetivos que queremos alcançar, além das quatro habilidades de compreensão e
expressão escrita e oral. Devemos avançar incentivando o/a estudante a uma aprendizagem
muito mais intensa e complexa fazendo, assim, com que ele seja mais que um receptor, seja
agente do seu próprio aprendizado.
Nesse sentido, este documento busca extrapolar os eixos culturais, políticos,
educacionais, sociais, informativos, econômicos e outros, que perpassam o processo de ensino
linguístico ou instrumental, atualmente concebidos por professores/as e estudantes de LEEspanhol, e refletir sobre o caráter amplo da disciplina e sobre o processo de construção da
identidade própria e do outro.
A intenção aqui almejada é fazer com que o/a estudante, se perceba como um cidadão
de um mundo diversificado e heterogêneo, adotando uma postura crítica e comunicativa entre
os diversos conteúdos abordados no curso, de maneira que se desenvolvam as competências
recomendadas pelo MEC nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), no
componente curricular Espanhol, que são: a (inter)pluriculturalidade, a competência
comunicativa, a compreensão oral, a produção oral, a compreensão leitora e a produção
escrita sem perder de vista a ludicidade da aprendizagem e a realidade das competências.
Dessa forma, ao aprender uma língua estrangeira o/a estudante deve perceber que ele
não está apenas aprendendo a comunicar-se em um idioma diferente do seu, mas também
construindo a sua formação como cidadão consciente e crítico, uma vez que a língua
estrangeira estará abrindo novos horizontes ao seu pensamento, tanto no âmbito social e
cultural como político. Por isso, é fundamental que o/a professor/a de espanhol trate o
ensino/aprendizado d23a língua espanhola não apenas como uma maneira de expressar-se e
sim como um código de linguagem constituído de conhecimentos culturais e valores sociais.
23
Os conteúdos trabalhados nessas séries são agrupados em níveis semestrais nos CILs. Por se tratar de regime
semestral, os alunos nos CILs podem aprofundar seus conhecimentos para além daqueles previstos no currículo.
No ensino médio, o 1º, 2º e 3º anos equivalem aos níveis B3, B4 e B5.
60
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Entendemos, porém, que estas recomendações não se findam aqui e, sabemos que ao
ter conhecimento da grandiosidade cultural de uma língua, o/a estudante é motivado a ser
mais exigente, à medida que ele entende e interpreta a sua própria língua. Isso o levará a um
estudo mais profundo, fazendo analogias com os conhecimentos já adquiridos, o que
promoverá um ganho a todos os envolvidos no envolvidos no processo educacional do/da
estudante: pais, professores/as e sociedade. Além de promovê-lo como ser humano.
Assim, sugerimos a interdisciplinaridade com os demais componentes do currículo do
Ensino Médio.
61
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ESPANHOL − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE
















Fazer uso, gradualmente, da língua
estrangeira como código de comunicação na
sala de aula.
Explorar, como instrumento de letramento, o
uso da língua estrangeira e os aspectos
socioculturais dos países que falam espanhol,
ouvindo música; lendo textos jornalísticos,
de revistas e outros; assistindo a filmes;
ouvindo e participando de palestras, etc.
Expressar oralmente e por escrito ações e
desejos em um futuro imediato.
Criar diálogos telefônicos simulando
situações concretas de uso da língua.
Produzir textos orais e escritos expressando
dúvidas e probabilidades.
Substituir em produções orais e escritas, os
complementos diretos pelos pronomes
equivalentes.
Ler textos relacionados com a promoção do
lazer.
Reconhecer o Pretérito Perfeito Composto,
em textos orais e escritos, em situações
passadas, ainda relacionadas com o presente.
Narrar
oralmente
e
por
escrito
acontecimentos
no
passado
recente
utilizando os marcadores temporais do
Pretérito Perfeito Composto.
Produzir textos orais e escritos expressando
pedidos de desculpas, surpresa e decepção.
Reconhecer e empregar o Pretérito
Indefinido em textos orais e escritos.
Narrar situações passadas utilizando os
marcadores
temporais
do
Pretérito
Indefinido.
Ouvir e ler biografias de personalidades.
Compreender os estados de ânimo e
relacioná-los a situações reais e descrevê-las.
Empregar expressões de interesse pelo
estado de ânimo de alguém.
Ler e compreender textos sobre meio
ambiente que enfatizem a sua valorização.
Reconhecer e empregar em textos orais e
escritos a posição e posse de objetos e seres.
Fazer comparações entre objetos, pessoas e
ações.
Identificar e empregar vocabulário adequado
para referir-se ao clima e à temperatura.
Separar as sílabas das palavras de acordo
com a especificidade da língua espanhola
CONTEÚDOS




























Perífrase Verbal de Futuro (ir+a+infinitivo).
Marcadores Temporais
Complemento Direto do Verbo.
Vocabulário: expressões usadas ao telefone,
lazer, expressões de incerteza, indiferença e
probabilidade.
Leitura e produção de texto
Oralidade
Particípios Passados.
Pretérito Perfeito Composto do Indicativo.
Marcadores Temporais.
Narração de acontecimentos recentes.
Vocabulário:
pedidos
de
desculpas,
expressões de surpresa e decepção.
Leitura e produção de texto
Oralidade
Pretérito Indefinido.
Marcadores Temporais.
Pronomes e adjetivos indefinidos.
Vocabulário: estados de ânimo, expressões de
interesse pelo estado de ânimo das pessoas.
Leitura e produção de texto
Oralidade
Adjetivos e Pronomes Demonstrativos.
Adjetivos e Pronomes Possessivos.
Verbos Impessoais.
Uso de “muy” e “mucho”
Comparações do adjetivo.
Separação silábica.
Vocabulário: clima e temperatura.
Leitura e produção de texto
Oralidade
62
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ESPANHOL − 2ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE















Fazer uso, gradualmente, da língua
estrangeira como código de comunicação
na sala de aula.
Explorar, como instrumento de letramento,
o uso da língua estrangeira e os aspectos
socioculturais dos países que falam
espanhol, ouvindo música; lendo textos
jornalísticos, de revistas e outros;
assistindo a filmes; ouvindo e participando
de palestras, etc.
Reconhecer o Pretérito Imperfeito em
textos orais e escritos.
Descrever situações passadas utilizando os
marcadores temporais do Pretérito
Imperfeito.
Perguntar e expressar oralmente e por
escrito obrigações e ausência de
obrigações impessoais e pessoais.
Ouvir, ler e narrar oralmente e por escrito
biografias de personalidades.
Ampliar
processualmente
os
conhecimentos históricos e culturais de
países hispanofalantes.
Perguntar e responder questões utilizando o
verbo “doler” e o vocabulário das partes do
corpo.
Expressar, oralmente e por escrito,
enunciados impessoais.
Substituir em produções orais e escritas, os
complementos indiretos pelos pronomes
equivalentes.
Expressar condição nas produções orais e
escritas.
Comparar objetos e seres.
Simular situações para emprego do
vocabulário sobre doenças, relacionado-o
com o vocabulário já estudado.
Narrar ações passadas interrompidas por
outras.
Expressar continuidade de uma ação
passada para descrever e narrar fatos e
situações.
Acentuar adequadamente as palavras.
Ouvir, ler e produzir textos sobre esportes,
comparar a cultura local com a de países
hispanofalantes.
Reconhecer os desportistas famosos de
países hispanofalantes.
CONTEÚDOS







Pretérito Imperfeito do Indicativo
Marcadores Temporais.
Perífrase Verbal de Obrigação
Vocabulário: Biografia.
Acontecimentos históricos.
Leitura e produção de texto
Oralidade






Verbo “Doler”
Frases Impessoais com SE.
Complemento Indireto do Verbo
Vocabulário: partes do corpo.
Leitura e produção de texto
Oralidade

Orações Condicionais (si+presente do
indicativo).
Graus do adjetivo: regular, comparativo e
superlativo.
Vocabulário: doenças.
Leitura e produção de texto
Oralidade









Perífrases Verbais: “Llevar + Gerundio” e
“Estar + Gerundio”.
Acentuação Gráfica.
Vocabulário: esportes
Leitura e produção de texto
Oralidade
63
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ESPANHOL − 3ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE

















Fazer uso, gradualmente, da língua estrangeira
como código de comunicação na sala de aula.
Explorar, como instrumento de letramento, o
uso da língua estrangeira e os aspectos
socioculturais dos países que falam espanhol,
ouvindo música; lendo textos jornalísticos, de
revistas e outros; assistindo a filmes; ouvindo
e participando de palestras, etc.
Ampliar o uso dos verbos ser e estar na língua
espanhola.
Reconhecer e empregar o Futuro Imperfeito
em textos orais e escritos.
Prever situações futuras utilizando os
marcadores temporais do Futuro Imperfeito
do Indicativo.
Expressar planos de viagens, perguntar e
responder questões sobre dados pessoais.
Conhecer modelos de documentos pessoais de
países hispanofalantes.
Simular situações que envolvam a utilização
desses documentos e preenchimento de
formulários.
Reconhecer e empregar o Presente do
Subjuntivo em textos orais e escritos.
Expressar desejos, probabilidades, dúvidas.
Manifestar opiniões e indiferenças.
Construir textos dissertativos que expressem
opiniões e indiferenças.
Ordenar, aconselhar, instruir, proibir .
Reconhecer o Condicional Simples em textos
orais e escritos.
Manifestar desejo e/ou condição em situações
pouco prováveis ou improváveis.
Seguir ou dar instruções de como preparar
receitas de comidas típicas dos países
hispanofalantes.
Reconhecer e empregar o Pretérito
“Pluscuamperfecto” em textos orais e escritos.
Narrar fatos passados ocorridos anteriormente
a outros.
Diferenciar estilo direto e indireto.
Transmitir informações recebidas usando o
estilo indireto oralmente e por escrito.
Ouvir, ler e produzir textos orais e escritos
sobre os meios de comunicação.
CONTEÚDOS






Uso de Ser e Estar
Futuro Imperfeito do Indicativo.
Marcadores Temporais do Futuro.
Vocabulário: Documentos pessoais e viagens.
Leitura e produção de texto
Oralidade




Presente do Subjuntivo.
Expressões de Subjuntivo.
Leitura e produção de texto
Oralidade





Imperativo Afirmativo e Negativo
Condicional Simples
Vocabulário: tarefas domésticas.
Leitura e produção de texto
Oralidade




Pretérito “Pluscuamperfecto”
Estilo Indireto.
Vocabulário: meios de comunicação.
Leitura e produção de texto
64
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.5 ARTE
A Arte excede, de muito, os limites das avaliações estéticas. Modo de ação
produtiva do homem, ela é fenômeno social e parte da cultura. Está
relacionada com a totalidade da existência humana, mantém íntimas
conexões com o processo histórico e possui a sua própria história
Benedito Nunes
Este documento traduz-se como a nova proposta curricular do componente curricular
Arte do ensino médio e integra o presente Currículo de Educação Básica da Secretaria de
Estado de Educação do Distrito Federal.
Vamos começar com uma reflexão que se pode relacionar a uma abordagem do ensino
de Arte sob uma perspectiva sócio-histórico-cultural, entendida como meio de
instrumentalizar o/a professor/a com vistas à elaboração de materiais didáticos e pedagógicos
a fim de planejar e construir metodologias e estratégias para abordagem e aquisição de
diferentes habilidades e conteúdos escolares, voltados para a aprendizagem significativa, a
partir do seu contexto escolar.
Segue-se o eixo formado pelo binômio epistemológico letramento e diversidade,
presente neste documento.
O mundo globalizado no qual estamos inseridos está em constante transformação de
tendências, que ora acontecem por evolução, em alguns momentos por ciclos, ou ainda, por
rupturas presentes nas ideias estéticas norteadoras da arte e, do Ensino de Arte.
Para a arte educadora Terezinha Losada 24(Arteduca 2008, p.9):
é importante ter a modéstia de saber que nenhum currículo esgota uma área de
conhecimento, e todo o conhecimento é provisório e parcial, não esgotando a
complexidade de seu objeto, especialmente quando se trata do ser humano e sua
fantástica capacidade simbólica. (LOZADA, Arteduca 2008, p.9)
Entende-se que a reflexão acima, faz-se mister para o entendimento de que os
currículos mudam para dar conta das demandas da sociedade, pois esta apresenta mudanças.
No que se refere ao componente curricular Arte, neste momento é natural que venha à tona
questões tais como o percurso histórico da Arte no Ensino Médio, alguns marcos legais e os
anseios dos/das professores/as de Arte.
Quais os objetivos, o que se pretende com o ensino e a aprendizagem por meio do
componente Arte? Quais as características do componente curricular Arte? E, como situar
professores/as e estudantes, no ensino médio?
24
ANTONELLO, C.; NARITA F.; LOSADA, T. Práticas pedagógicas: Artes Visuais, Música e Teatro.
Arteduca,/IdA/UnB 2008, p.9.
65
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais − PCN, por definição a Arte, integra a Área de
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, tal importância deve-se particularmente aos seus
aspectos estéticos e comunicacionais. Neste sentido, apontam-se como foco o diálogo sensível
e simbólico com a cultura local ou nacional e internacional.
O conceito de Identidade para Stuart Hall25 (1998, p. 13) “torna-se uma celebração
móvel, (...) e é definida historicamente (...) o sujeito assume identidades diferentes em
diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente”. A
arte está em relação dialógica com a com a cultura visual26, e com o multiculturalismo, afirma
o educador espanhol Fernando Hernández (2000). Neste contexto surgem questionamentos a
respeito da arte hegemônica europeia e são apontadas novas abordagens que visam valorizar:
o local, o regional, o nacional, as pequenas narrativas, a diversidade, as tecnologias da
informação e da comunicação, o meio ambiente, as diferenças de gênero e de orientação
sexual, a cultura da paz, as relações simbólicas, a ludicidade e as relações étnico-raciais e, a
inclusão no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena27.
São muitos os modos de organizar o ensino em Arte e suas conexões
interdisciplinares28, contudo procura-se ter o foco nas competências e habilidades a serem
desenvolvidas dentro de três categorias: 1) Representação e comunicação; 2) investigação e
compreensão e 3) contextualização sociocultural29. Dessa maneira a presença da Arte na
escola possibilita o conhecimento sensível-cognitivo, estético, crítico, comunicacional e
favorece o aprendizado cultural dos/das estudantes e a sua
humanização. (BRASIL,
MEC/SEMTEC, 2002).
Olhando o passado da história da presença Legal do ensino de Arte no Distrito
Federal, atualmente já se deseja ver superado o viés tecnicista praticado à entrada da Arte nas
25
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.
27
Observar a LEI Nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e Indígena. Ainda, observar a LEI No 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Art. 1o A Lei no 9.394, de 20
de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes art. 26-A e 79-B: "Art. 26-A. Nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre
História e Cultura Afro-Brasileira. Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como „Dia
Nacional da Consciência Negra‟." Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 9 de
janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
28
CAMPELLO, S.M.C.R. Educação em Arte: uma proposta de formação continuada de professores de artes
visuais por meio da utilização das tecnologias de informação e comunicação. Dissertação apresentada ao
Instituto de Artes da Universidade de Brasília, 2000.
29
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Brasília: MEC/SEMTEC. 2002. (BRASIL, MEC/SEMTEC, 2002).
26
66
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
escolas por meio da Lei 5692/71. Por um lado houve a alegria de a Arte ser contemplada e
batizada inicialmente como a Disciplina Educação Artística. Mas, por outro lado, na prática
houve a profusão de repetições de técnicas artísticas, na qual professores/as polivalentes
colecionavam álbuns com modelos de aulas. A reprodução de diferentes métodos artísticos
descontextualizados, como receita, relegou a Arte a atividades de recreação, e por falta de
consistência crítica e pedagógica, com o passar do tempo instalou-se um vazio criativo, de
sensibilidade, de Arte como conhecimento e de um programa de Arte. Neste viés inicial, a
abordagem escolar da arte não vinculava o educativo ao estético
30
. Como se pode ler em
Brasil (MEC/SEMTEC, 2004, p. 85).
A inexistência de um corpus teórico, de estudo da estética e de sensibilidade crítica, e
do ensino da História da Arte, foi amplamente debatida pela sociedade nos anos 80, e houve a
reivindicação por parte de arte educadores por uma Arte/Educação comprometida com
propostas pós-modernas31, tratando o ensino e a aprendizagem da Arte como linguagem e,
como área de conhecimento.
Os avanços curriculares reclamados pelos arte educadores na década de oitenta,
adquiriram força e visibilidade e foram atendidos, enfim, no inicio dos anos 90 com a
reforma educacional implantada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB
- Lei nº 9394/9632. Lei na qual há o reconhecimento da importância do Ensino de Arte, como
Componente Curricular obrigatório na Educação Básica de Ensino33.
Em seguida o Parecer nº 1534 (BRASIL, 1998), que, entre outras providências,
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio- PCNEM. Seguiram-se a
publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio - PCNEM35, (BRASIL,
MEC/SEMTEC, 1999), que nortearam o Ensino Médio. Este documento orienta a educação
rumo a Estética da Sensibilidade na formação da compreensão da alma humana, dentro da
ética, voltada para o mundo do trabalho. Torna-se um foco a importância de aprender a ser e
30
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares do Ensino
Médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC/ SEB, 2004. p. 85.
31
Ver a Proposta Triangular nas obras de BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte. São Paulo/ Porto
Alegre, Perspectiva/Iochpe,1991.
___________Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Com/Arte. 1998, 198 p.
32
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
33
BIANCHO FILHO, A. Um aplicativo multimídia para o ensino da arte: geometria. Dissertação de
Mestrado. Departamento de Artes Visuais, UnB, 1997.
34
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio. Parecer 15/98 de autoria da Conselheira Guiomar Namo de Mello, aprovado
em 01/06/98.
35
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação. 1999a.
67
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
suas interações e construções cotidianas de boa convivência com o outro. Dessa maneira,
procura-se manter atitudes de boa convivência e de estar atento ao conhecimento desse
mundo. Dessa forma “o como” adquirimos o conhecimento em arte, e de como
acompanhamos novas abordagens na educação, são identificadas pelo Relatório da
UNESCO36. (DELORS, 1998)
Há ainda, no Relatório nº15, outros epistemas, paradigmas e concepções tais como a
interdisciplinaridade, a contextualização e a abordagem da Arte como integrante da Área de
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. A Instituição Escolar, como campo propício para
compreender e usar os sistemas das diferentes linguagens como meio de organização
cognitiva da realidade pela constituição de significados, de expressão, de comunicação e de
informação.
Nesse sentido o ensino de Arte é um saber que se constrói socialmente, e põe seus
atores, estudantes, professores/as e a comunidade escolar frente às exigências da globalização,
das Tecnologias da Informação e da Comunicação, como agentes transformadores rumo a
solução de situações problemas, numa interface dialética e dialógica com o mundo, com o
conhecimento, com o universo da arte dentro e fora da escola, na sua casa, na sua comunidade
e na vida.
Na sequência de documentos a respeito do currículo, os PCN+37 (BRASIL,
MEC/SEMTEC 2002) ofereceram subsídios para firmar o ensino de Arte como linguagem e
delimitando as suas competências e habilidades. O ensino de Arte, de acordo com os PCNEM
e PCN+, deve abarcar as quatro especificidades curriculares, a saber: as Artes Visuais, a
Música o Teatro e a Dança. Assim, deve-se habilitar para entender os sistemas sígnicos que
constituem a produção, a apreciação e a contextualização dos conhecimentos da área.
38
(MEC/SEMTEC, 2004.p.85).
Nesta presente proposta curricular do componente curricular Arte, segue-se o
documento Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias39 (MEC/SEMTEC, 2006).
36
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC; UNESCO, 1996. Ver
a referência aos quatro pilares da educação relativos às necessidades de aprendizagem dos cidadãos no terceiro
milênio, a saber: aprender a conhecer, a aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
37
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio:
orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Linguagens, códigos e suas
tecnologias. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002. 244p.
38
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares no Ensino
Médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC, SEB, 2004. P.85.
39
BRASIL, MEC, SEB. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias. Brasília: MEC/ SEB, 2006.
68
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Esse documento é dirigido em especial aos/às professores/as e procura resguardar os
avanços identificados nos PCN, integrando a legislação educacional que se seguiu à Lei de
Diretrizes e bases a Educação Nacional, Lei nº 9.346/96.
Atualmente há o entendimento do papel da arte na escola, por meio do componente
curricular Arte, como uma abordagem do que é ser humano, de conhecer cada linguagem e de
estar em consonância com culturas plurais, com o meio ambiente, com o sistema simbólico,
com a complexidade da vida. É preciso saber viver, conhecendo e ressignificando o encontro
com o outro.
A convivência e a diversidade trazem no seu cerne a aplicação do conceito de
identidade, alteridade e construção social. De acordo com Néstor García Canclini40 ( 1977, p.
112) “devem levar em conta que o valor das obras se produz num campo complexo que inclui
o artista, a obra, os intermediários e o público, que esse campo está condicionado pela história
social e varia com ela.”. Dessa forma se identifica a importância de contextualização, para
que as relações estéticas não caiam no subjetivismo.
Pode-se questionar como mensagens estéticas devem ser estudadas. Há um
Letramento artístico? Pode-se dizer que a compreensão da arte está ligada à interpretação
simbólica dos bens culturais da humanidade, campo sensível que pondera a respeito do
entendimento mais aprofundado de diferentes textos, isto é do letramento ampliado ao
multiletramento41, (COSTA, 2007).
Letramento como interpretação, é a compreensão da interação morfológica e sintática
dos signos textuais escritos, imagéticos, sonoros, cênicos, da imagética fixa e audiovisuais
móveis, em diferentes tecnologias, digitais, ou não. Esses signos estão presentes na variedade
das manifestações de fruição estética, na cultura visual e no mundo globalizado, e podem ser
estudados por meio da análise morfológica e sintática contextualizada dos planos de
expressão e de conteúdo das obras42. (BRASIL, MEC, SEB, 2006.)
Para Carlos Cipriano Luckesi (1998) a vivência educacional voltada à ludicidade, pode
ser incorporada às experiências educacionais de crianças, jovens e adultos. Luckesi (1998,
40
CANCLINI, N. G. A produção simbólica: teoria e metodologia em sociologia da arte. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1979.
41
Multiletramento é um termo utilizado por Msc COSTA, Giselda dos Santos, no texto Letramento Visual: da
web ao celular. No II ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO – Gêneros Digitais 25, 26, e 27 de
outubro de 2007 – Universidade Federal do Ceará- Fortaleza. Segundo Costa Multiletramento reconhece a
multiplicidade de significados que combina vários modos (visual, textual, auditivo, movimento e outros) e seus
contextos sociais “experimentar textos pertinentes culturalmente e de projetar novos textos, e a necessidade para
questionar, interpretar e criticar o que é visto e experimentado, tornando-se uma pessoa letrada”.
42
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino
Médio. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.
69
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
p.25) afirma que “... A atividade lúdica é aquela que dá plenitude e, por isso, prazer ao ser
humano, seja como exercício, seja como jogo simbólico, seja como jogo de regras”. No
ensino médio as metodologias, estratégias didáticas e pedagógicas envolvendo as atividades
lúdicas podem incluir os recursos das Tecnologias da Informação e da Comunicação - as TICs
- no planejamento de atividades prazerosas e interdisciplinares.
Para Venturelli (2004) a análise de endereços eletrônicos apropriados à arte e voltados
à pesquisa de arte na WEB - webart na Rede Mundial de Computadores, a Internet - e a
utilização de diferentes TICs, de softwares livres e gratuitos, a mecatrônica, o aprendizado de
linguagens de programação, de Games entre outras linguagens, tecnologias e interfaces
digitais, são articulações pedagógicas lúdicas para o estudo da estética da arte, da
comunicação e das novas tecnologias computacionais. Portanto, acredita-se que as TICs são
uma das vias do efetivo multiletramento digital (COSTA, 2007) e, os recursos da informática
são ferramentas, entre outras não digitais, que são muito bem-vindas para a produção, para o
ensino e a para a aprendizagem lúdica da arte, no ensino médio, no estudo de linguagens
artísticas.
As mensagens nos chegam aos sentidos gerando significados, que para o seu
entendimento, ao docente de Arte, sugere-se selecionar conteúdos e estratégias em conjunto
com os seus/suas estudantes, mediando a interação do/da estudante e desses objetos de
consistência, de estudo e de conhecimento, rumo à construção de metodologias e didáticas
que vão mediar o processo de ensino e de aprendizagem de competências gerais do ensino
médio e dos conteúdos referenciais e as habilidades específicas de cada uma das
especificidades curriculares do componente Arte.
No entanto é preciso frisar que embora essas diferentes linguagens se manifestem de
modo integrado no cotidiano, cada qual possui seu próprio sistema de elementos e códigos
estilísticos, que para serem devidamente tratados com os/as estudantes, exige a presença de
um/a professor/a com formação especializada em cada uma das citadas linguagens. O mesmo
ocorre nas áreas das Ciências Humanas e da Natureza. Neste caso também a ocorrência
integrada dos fenômenos naturais e sociais na realidade cotidiana não exclui a necessidade do
olhar especializado de cada componente curricular.
Enfim, salienta-se que a seleção dos conteúdos e habilidades ao longo das três séries
do ensino médio esteja em consonância com o Projeto Político Pedagógico, da escola, com as
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) e que, atenda às exigências da
diversidade, do letramento, do mundo do trabalho e, das demandas sociais avaliativas da
Educação Básica tais como: o vestibular, o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, da
70
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Prova Brasil e do Programa de Avaliação Seriada –PAS/CESPE/UnB, entre outros exames
avaliativos.
Neste sentido apresenta-se em seguida, o programa das quatro linguagens e
especificidades do Componente Curricular Arte – Artes Visuais; Música; Teatro; Dança – em
cada uma das três séries, obedecendo como eixo estruturante as necessidades apontadas pela
UNESCO para o III milênio (Parecer nº 15/ PCN/MEC/1998), as Orientações Pedagógicas
para o Ensino Médio (MEC/SEB/, 2006), o PAS/CESPE/UnB, o Vestibular entre outros
instrumentos de avaliação, aqui mencionados anteriormente.
Visando atender as demandas e questões supracitadas nos dois parágrafos anteriores
estabeleceu-se como sugestão, três eixos/objetos de conhecimentos, a saber:


1ª série – Eixo: Aprender a ser - a construção de identidades e a arte;
2ª Série – Eixo: Ser um indivíduo na sociedade e reconhecer o outro, como
cidadão.
 3ª Série – Eixo: O ser humano, como ser que aprende, adquire conhecimentos
para: conviver, vivenciar, interagir e participar do mundo da arte.
Abaixo de cada um dos três objetos de conhecimento, constam sete articulações
temáticas sugeridos para abordar os Conteúdos Referenciais e as Habilidades em cada uma
das séries do ensino médio. Como se pode constatar abaixo:
1) 1ª Série
Eixo: Aprender a ser - a construção de identidades e a arte.
Sugestão de Articulação Temática:







Arte e Filosofia; o indivíduo e suas descobertas como um ser no mundo. A arte, o
corpo e o conceito de Identidade Individual;
Arte e as questões sociais. Diversidade de gênero, de orientação sexual, de faixa
etária;
Arte e Antropologia; raça/etnia em diferentes contextos e épocas;
Arte, mitologia e formação de Identidades no mundo globalizado - Arte x Natureza x
Deus, em diferentes culturas e épocas;
Arte e a formação do mundo ocidental; Arte e Matemática;
Arte e questões estéticas, históricas, antropológicas, geográficas, sociológicas,
políticas, científicas, econômicas, tecnológicas e culturais;
Arte e a mitologia brasileira.
2) 2ª Série
Eixo: Arte e cidadania. Ser um indivíduo na sociedade e reconhecer o outro.
Sugestões de Articulação Temática:


Arte e as relações interculturais. Pluralismos e a convivência cultural pacífica;
Arte, cidadania, mudança social e correntes estéticas.
71
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO





Arte e as relações entre o conhecimento, a Pluralidade, a Diversidade Cultural e o
Meio Ambiente;
Arte e os conceitos de Alteridade e de antropofagia e suas relações com a arte.
A arte e a utilização de tecnologias produzidas pelas Ciências, e os seus diferentes
desdobramentos artísticos;
Arte e as suas raízes mitológicas/ religiosas/ antropocêntricas/ modernas, a partir do
mundo renascentista;
Arte e evolução técnica e tecnológica – pintura/fotografia/cinema/animações e
mixagens digitais, ou não.
3) 3ª Série
Eixo: O ser humano, como ser que aprende, adquire conhecimentos para: conviver, vivenciar,
interagir e participar do mundo da arte.
Sugestões de Articulação Temática:







Arte e produção artística; arte e indústria x arte e conceito; a arte e a função simbólica;
Arte e Identidade; memória cultural brasileira;
Arte e Tecnologia - Poéticas digitais; arte na rede mundial de computadores.
Arte Pós-Moderna e a Arte contemporânea/Arte híbrida: mixagens de suportes, mídias
e linguagens.
Arte e sociedade. Arte como propostas de soluções artísticas, para resolver situações
problemas;
A Arte e como participar do mundo do trabalho - Profissões na área da arte;
Arte e Identidade Cultural Coletiva; Tecnologias da Informação e da comunicação e as
mudanças sociais.
A seguir constam os textos introdutórios de cada uma das especificidades curriculares
do componente curricular Arte - Artes Visuais; Música; Teatro e Dança.
Após os textos há as grades com as sugestões de Habilidades e de referenciais
teóricos, para cada uma das quatro linguagens.
Os Conteúdos Referenciais estão sugeridos em quatro bimestres, objetivando
sincronizar o que se ensina e o que se aprende nas diferentes instituições escolares. Contudo
o/a professor/a tem autonomia na seleção e recortes possíveis, ou ainda, para utilizar a mesma
habilidade mudando apenas o grau de aprofundamento dos estudos, em mais de um bimestre,
ou mesmo em mais de uma série. Dessa maneira é viável flexibilizar os conteúdos em
projetos interdisciplinares. A divisão dos Conteúdos por bimestres favorece as exigências
avaliativas, supracitadas, e o fluxo de estudantes entre as diferentes Instituições Educacionais.
72
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.5.1 ARTES VISUAIS
E por certo reencontraríamos o conceito de história em seu
verdadeiro sentido se nos habituássemos a formá-lo a partir do
exemplo da arte e da linguagem.
Maurice Merleau - Ponty43
A proposição das diretrizes44 curriculares para a área de linguagens, códigos e suas
tecnologias, pretende ressaltar a relevância das disciplinas, no ensino médio, e
particularmente, da arte em uma trajetória histórica de difusão e construção de saberes,
reconhecendo que a convivência com a arte, sobretudo visual, possibilita a compreensão de
outras obras artísticas, literárias, além de ser fonte de referência para o entendimento do
processo histórico e sensibilização ou revitalização de emoções e vivências estéticas.
Para45 Dubois46 (1995) É sabido que a arte avança paralelamente à ciência, à política
ou à religião, e seus deslocamentos são semelhantes aos que ocorrem no interior da sociedade.
De uma concepção teocêntrica do Universo, na Idade Média, migramos para outra
antropocêntrica, na Renascença, enquanto, no mundo moderno, a máquina vai assumindo
rapidamente as funções socioculturais do homem. Da passagem das duas dimensões
medievais - altura /largura: tempo -, passamos na Renascença para três dimensões altura/largura/profundidade: espaço - e destas para as múltiplas dimensões de hoje – espaço e
tempo se constituem uma unidade.
Podem-se assinalar, assim, as diferentes manifestações da arte e, também, a forma
como o observador percebe a obra. Se no Renascimento o observador é convidado ao
mergulho visual no ponto de fuga, na modernidade, o observador se mistura aos seres e coisas
para percebê-la, apreendê-la fenomenologicamente e, por fim, na contemporaneidade, este
mesmo observador interage com a obra, a obra não acontece sem a presença dele.
De acordo com Argan47(1992) a passagem da figuração para abstração ou do objeto ao
conceito, pode-se dizer que não resultou da vontade isolada de um artista ou grupo de artistas.
Pois iguais avanços e modificações se manifestam em outros campos da atividade humana –
do pensar e do fazer. Há perfeita sincronicidade entre a teoria da relatividade e o cubismo
analítico (pode-se até admitir que Georges Braque, Pablo Picasso ou Albert Einstein tenham
43
Merleau-Ponty, M. O olho e o espírito. São Paulo: Cosac & Naify. 2004. p.106.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
45
AUGUSTO. Leci Maria C. As Dimensões da Imagem na Relação entre Arte e tecnologia. Dissertação
/Programa de Pós-Graduação em Arte e tecnologia do Instituto de Artes da Universidade de Brasília,2007.
46
DUBOIS, Claude-Gilbert. O imaginário da renascença. Brasília: UnB, 1995.
47
Argan, Giulio Carlo. Arte moderna. Companhia das Letras. São Paulo. 1992.
44
73
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
se encontrado um dia.), assim como sabemos da proximidade entre os estudos de Sigmund
Freud e o método “alucinado-crítico” de Salvador Dali compor seus quadros, ou entre o
desprestígio das ideologias vigentes e o conceito que deriva na transvanguarda.
Assim, uma proposta curricular, que pense o ensino da arte, por ações, cuja proposta é
fazer frente à tendência redutora do ensino, pode proporcionar ao/à estudante o
desenvolvimento de habilidades e competências de reconhecer que fatores externos
repercutiram e ainda repercutem, de modo decisivo, nas tendências artísticas. Por exemplo,
que a Pop Art não existiria fora da sociedade de consumo, sendo influenciada pelos meios de
comunicação de massa; que o grafite nasceu no metrô novaiorquino antes de ser cooptado
para as galerias; que o hiper-realismo é um realismo tipicamente urbano, com base na
fotografia.
Só com a operacionalização de metodologias pedagógicas apropriadas à educação em
arte, poderá haver efetiva contribuição para ampla difusão do entendimento da produção
artística e da leitura crítica da imagem, no mundo atual.
Segundo Richter48 (2003) Considera-se relevante que a prática pedagógica do/da
professor/a no contexto em que ele atua seja a referência para os estudos de princípios e
teorias socioeducativas e interculturais. Partindo da reflexão sobre sua ação pedagógica ou
sobre seu fazer artístico, dialogando com esses princípios e teorias, o/a professor/a pode
compreender melhor sua prática e expandi-la, propondo novas perspectivas, caminhos
pedagógicos e artísticos significativos.
Convém ressaltar que a escola pode propor uma educação desafiadora intelectualmente
e preocupada com a formação do cidadão, quando, no seu currículo permitir tratam dos
conflitos de significado e como determinadas obras, objetos, valores e expressões sociais
significam em determinadas sociedades, num determinado momento histórico.
Para Maciel (2004) a escola ao tratar a cultura visual49 e suas formas de produção como
objeto de investigação na prática educativa e na formação docente, com objetivo de
apropriação de suas formas de produção para expressão artística e leitura crítica do mundo, é
48
RICHTER, I. M. Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino das artes visuais. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2003. 215 p.
49
Maciel (2004) explica que Cultura Visual se torna um ponto de articulação da diversidade imagética, na qual
está inseria a linguagem midiática, que envolve as tecnologias da informação e da comunicação, as ciências da
computação e a mecatrônica. Sem perdermos o foco na história da humanidade observamos que se confunde
com a da ciência e da arte, isto é, dependendo dos valores vigentes nas épocas em que foram geradas as obras de
arte mudam, hoje são obras tecnológicas. Daí a importância do estudante saber programar, de preferência com
software livre, para evitar o uso de pacotes pagos. É claro que isso sempre gera um grande problema, por um
lado, o professor de arte que não domina esse conteúdo e, do outro, o próprio estudante que exige utilizar
programas pirateados prontos para usar. MACIEL, M. L. B. Desenho: do animado ao interativo. Dissertação de
mestrado. Brasília: UnB/IdA, mestrado em arte. 2004.
74
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
uma exigência para construção de um currículo que contribua para repensar a arte na escola e
na vida50.
Quanto aos aspectos interculturais do currículo e que são tratados na obra James A.
Banks - Cultural Diversity and education ( 2001)51. Ressalta-se alguns pontos que devem ser
levados em conta na prática educativa socializadora e que incluem a diversidade cultural e
étnica como parte do compromisso democrático para a dignidade humana.
O currículo da arte pode favorecer a compreensão da cultura do seu país em seu
conjunto; apoiar valores estéticos, atitudes e comportamentos a favor do pluralismo ético e da
diversidade cultural, contribuir para discussão de resolução de conflitos sociais urbanos pela
paciência, pela tolerância, razão crítica e cultura da paz.
Nesse sentido, este documento visa orientar a prática efetiva do/da professor/a na sala
de aula, processo que gira em torno de duas questões básicas: Qual o campo de conhecimento
da disciplina? Como abordar esse conhecimento na escola? À primeira vista, parece ser uma
equação fácil. O currículo elenca os conteúdos ligados ao campo de conhecimento, dando-lhe
determinada sequência lógica, baseada em critérios históricos ou no grau de complexidade
dos assuntos. Já no planejamento de aula o/a professor/a busca organizar as melhores
atividades, estratégias e recursos para explorar os conteúdos curriculares.
O problema é que, de acordo com os objetivos estabelecidos (ou implícitos) na
educação, essas questões podem ser, e já foram ao longo da história, respondidas de diferentes
maneiras. No campo específico do ensino de arte podem ser destacadas algumas tendências:
Priorizando os conteúdos, a Pedagogia Tradicional enfatizava a erudição clássica e o
treino de certas habilidades. Nas escolas das elites, o desenho geométrico era associado à
formação dos meninos, para desenvolver o raciocínio lógico. Para as meninas eram
reservados os trabalhos manuais, buscando sua formação como futuras esposas e mães. Havia,
ainda, a formação profissional dirigida às classes populares nas escolas de artes e ofícios.
Priorizando o/a estudante, a Pedagogia Nova nega o treino de habilidades técnicas e
os estudos históricos sobre a arte, incentivando a pura prática artística nos ateliês, como modo
de favorecer a livre expressão da subjetividade do/da estudante.
Priorizando o contexto, a Pedagogia Crítica toma a arte como um meio para o/a
estudante compreender e representar criticamente a sua realidade.
50
FREEDMAN, K. Currículo dentro e fora da escola: representações da arte na cultura visual. In: BARBOSA.
A. M. (org.). Arte-Educação Contemporânea. Consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005, p.126142.
51
BANKS, J. A. Cultural diversity and education. MA: Allyn&Bacon, 2001.
75
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Priorizando as metodologias de ensino, a partir da década de 80 são problematizados
todos os modelos anteriores em busca de alternativas que integrassem as várias esferas do
ensino de arte: o conhecimento sobre a história da arte, a apreciação estética, o fazer artístico,
e a contextualização dessas práticas. Ligada aos princípios da pedagogia de Paulo Freire, a
Proposta Triangular, sistematizada por Ana Mae Barbosa, articula esses campos focalizando a
contextualização cultural. De outro modo o DBAE (Discipline Based in Art Education),
desenvolvido nos EUA, enfatiza a apreciação e o conhecimento do patrimônio artístico
hegemônico.
Priorizando a diversidade, as tendências multiculturais se fortalecem a partir dos
anos 1990, questionando o viés hegemônico do ensino de arte, que desconsidera e, muitas
vezes, desqualifica preconceituosamente, a cultura popular e de minorias étnicas.
Paralelamente, outros aspectos ligados a diversidade cultural passaram a ser discutidos, tais
como as diferenças de gênero, de idade, das chamadas necessidades especiais, entre outras.
Priorizando as novas mídias contemporâneas, e a diversidade das questões culturais
analisadas, observa-se na atualidade uma imensa flexibilização do conceito de arte. Em
primeiro lugar porque a produção artística contemporânea não obedece mais às fronteiras
canonizadas. Mas, principalmente, devido ao grande impacto da cultura de massa entre os
jovens, veiculada nos mais diversos meios de comunicação, especialmente a internet. Hoje,
esses aspectos não podem ser negligenciados no ensino da área de linguagem, seja no campo
da linguagem verbal (Língua Portuguesa e Estrangeira), das artes (visual, sonora, cênica e
corporal), seja na Educação Física.
Considerando a conceituação metodológica dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio - OCN, relativa às especificidades
curriculares do componente de Arte: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, relaciona-se à
abordagem triangular ao desenvolvimento de habilidades, ou seja: o Fazer Artístico, isto é, a
produção articulando uma linguagem; a Leitura crítica dos objetos de fruição estética e a
Contextualização da produção e dos bens culturais.
Em suma, assim como a arte, o Ensino de Arte também é uma prática social que tem
sua própria história. Este caminho não é retilíneo ou evolucionista, sintetizando, ao contrário,
as demandas de cada contexto histórico. Ao mesmo tempo, esse percurso histórico cria um
campo sistematizado de conhecimentos educacionais, que podem ser resgatados pelo/pela
professor/a em várias circunstâncias. Em outras palavras, podemos tirar lições do passado e
do presente. Devido seu caráter de documento geral, o currículo pode, no máximo, mencionar
esses aspectos, seja no âmbito dos “conteúdos” ou das “habilidades e competência”. No
76
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
entanto, apenas o/a professor/a, na sua interação pessoal com os/as estudantes, pode
efetivamente concretizar esses princípios gerais, no planejamento e execução de suas
estratégias de ensino.
Não é por outra razão que o/a professor/a, isolado em sua sala de aula, lidando com
toda sorte de contingências e dificuldades, geralmente se sinta impotente diante de
documentos tais como o currículo. Ou então, se sinta desprestigiado, por não ter reconhecido
o seu trabalho que, apesar de todas as adversidades, muitas vezes supera as expectativas ali
expressas. Uma coisa é certa, qualquer legislação educacional ou currículo que não seja
amplamente discutido com os/as professores/as, e também com os/as estudantes, será letra
morta.
Na educação brasileira, a trajetória pedagógica revela, cada vez mais, uma insaciável
necessidade de invadir espaços, de se reconstruir no processo de apropriação do lugar
múltiplo. A herança multiculturalista, concretizada na tranversalidade das propostas
curriculares, aponta para múltiplos olhares e infinitas soluções, voltando-se para a
conscientização de um ser cidadão que adota a crítica como postura vivencial. A redescoberta
dos diferentes contextos sociais, enxergados como elementos fundamentais no processo de
identificação desse “novo” indivíduo, aponta para uma prática pedagógica móvel, que inclui
os museus, as exposições e mostras onde os horizontes cognitivos extrapolam o território
árido das didáticas tradicionalistas, adentrando às novas propostas significativas.
Nesse processo, voltamo-nos, portanto, para a direção ampla de um território
frequentemente inexplorado, fruto do discurso teórico de Vigotsky e de Paulo Freire que
transitam centrifugamente do ser para sua vivência, instigando o desafio como estratégia e o
jogo como elemento simbólico construtor do ser.
Nesse contexto, o espaço lúdico em
constante expansão, contribui com o processo de formação rizomática do ser e de seu espaço
constituinte, incluindo e elegendo as novas tecnologias como fio condutor dos percursos
educacionais inovadores.
77
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − ARTES VISUAIS − 1ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE










Distinguir e conceituar arte e natureza.
Identificar pinturas, gravuras, esculturas e
outras formas de expressões, bem como
distinguir, manifestações da visualidade na
Pré-História (paleolítico, neolítico).
Analisar e identificar o estilo naturalista e
geométrico da arte rupestre.
Investigar, identificar e apreciar a produção
do período pré-cabralino - cultura
Marajoara, Santarém e outros.
Organizar conhecimentos e analisar a
história e as manifestações visuais da
cultura indígena brasileira - cerâmica,
cestaria, arte plumária, máscaras, pintura
corporal,
e
outras
produções
bidimensionais e tridimensionais.
Identificar e analisar os códigos e símbolos
presentes nas representações visuais PréHistóricas locais, nacionais e internacionais
- Américas, África, Ásia, Oriente.
Comparar as funções da arte em diferentes
contextos e momentos da história.
Pesquisar, experimentar e explorar, no seu
fazer artístico, diferentes meios, materiais,
suportes e técnicas informatizadas ou não.
Analisar e identificar a história e as
manifestações visuais da cultura africana cerâmica, cestaria, arte plumária, máscaras,
pintura corporal, e outras produções
bidimensionais e tridimensionais.
Analisar, refletir e compreender critérios
culturalmente construídos e embasados em
conhecimentos afins – de caráter filosófico,
histórico,
sociológico,
antropológico,
semiótico, científico e tecnológico.
Identificar e analisar a arte enquanto forma
de conhecimento, comunicação, expressão
e como ferramenta para a análise crítica da
realidade e da história
Identificar e distinguir os conceitos de bens
materiais e imateriais das diferentes
culturas
Fruir e teorizar sobre as produções artísticas,
observar, descrever, analisar e interpretar de
forma contextualizada os elementos formais,
morfológicos: cor, linha, ponto, superfície,
volume, luz, textura, ritmo, forma - e os
arranjos sintáticos compositivos da obra nas suas produções visuais e da História da
Arte.
Utilizar o desenho como forma de
conhecimento, comunicação e de expressão
artística, empregando diferentes técnicas,
suportes materiais.
Analisar o conceito de identidade a partir de
obras modernas e contemporâneas.
CONTEÚDOS
TEORIA DA ARTE
 Conceito de arte, introdução à
análise de imagens, conceito de
desenho,
funções
da
arte,
compreensão
dos
processos
criativos das produções artísticas
nas diversas áreas da linguagem
artística bem como das novas
tecnologias aplicadas e leitura
estética de imagens.
 Corrente básica: naturalismo
LINGUAGEM VISUAL
 Composição visual: tipos de
perspectivas usadas para desenho,
linhas
estruturais,
esquemas
geométricos, simetria e assimetria,
ritmo, cor , textura, forma, espaço
positivo/negativo, emprego das
mídias informatizadas ou não na
composição visual de imagens.
HISTÓRIA DA ARTE
PRODUÇÃO ARTÍSTICA NA PRÉHISTÓRIA
 Arte na Pré-História, África,
China, Índia, Japão e Islã.
PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO BRASIL
 Arte pré-colonial no Brasil: PréHistória.
 Arte pré-colombiana
IDENTIDADE
 A representação artística e a
relação com conceitos religiosos e
filosóficos. (Quem sou? De onde
vim? Para onde vou?).
 Indivíduo e Cultura.
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
 Pinturas rupestres X Arte Mural x
Grafite
X
Pichação
x
representações contemporâneas outdoor e outros
78
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − ARTES VISUAIS − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Desenvolver projetos artísticos individuais
e/ou coletivos que levem em consideração a
identidade do/da estudante, o contexto social
e o exercício da cidadania, a fim de intervir
positivamente na realidade.
 Estabelecer um paralelo entre arte rupestre e
a arte urbana contemporânea.
 Investigar, conhecer, utilizar suportes,
conceitos e materiais.
 Identificar, reconhecer, listar, analisar e
conceituar a arte e as suas funções na
sociedade.
 Interpretar textos e narrativas culturais
analisando as características morfológicas e
sintáticas da imagem.
 Entender a noção de “obra” como
configuração sensível: ética, estética e
poética da produção e do conhecimento
artístico.
 Analisar conceitos de estética, conhecer
diversas abordagens sobre o tema.
 Debater e argumentar sobre os cânones de
beleza clássica e padrões de beleza na
atualidade defendendo ou se posicionando de
forma crítica.
 Pesquisar,
interpretar,
produzir
e
contextualizar obras artísticas utilizando e
conhecendo materiais e suportes tradicionais
e atuais.
 Realizar
trabalhos
de
pesquisa
e
experimentação utilizando diversos meios e
suportes.
 Organizar conhecimentos da Arte enquanto
produto de uma cultura em um determinado
tempo.
 Identificar a arquitetura como manifestação
artística e cultural.
 Inter-relacionar a arte e as apropriações
culturais e interações entre os povos.
 Confrontar
possíveis
soluções
para
problemas arquitetônicos.
 Identificar informações centrais e periféricas
apresentadas na linguagem artística.
 Identificar a produção tecnológica e
intelectual nas manifestações culturais e
artísticas.
 Identificar e analisar o valor simbólico nas
diferentes representações na Idade Média.
 Identificar e Analisar as implicações
estéticas e ideológicas das representações
iconográficas da Idade Média
CONTEÚDOS
TEORIA DA ARTE
 Conceito de estética, Cânone
Clássico de Beleza.
PRODUÇÃO
ARTÍSTICA
NA
ANTIGUIDADE
 Arte no Egito, Grécia, Roma e
Idade Média
 Arte Cristã Primitiva
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
AFRESCO
MODERNO

CLÁSSICO
E
AFRESCO
Pinturas de Pompéia e a Pintura
Mural Mexicana
PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO PERÍODO
MEDIEVAL
 Arte na Idade Média: Bizantina,
Românica e Gótica.
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
 Identidade e retrato
PRODUÇÃO
ARTÍSTICA
NO
RENASCIMENTO
 Renascimento e Maneirismo
 Proporção
áurea
(estabelecer
relação com entre
Arte e
matemática
Arte,
ciência,
Filosofia
e
Tecnologia
renascentista.)
PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO BRASIL
 Arte pré-colonial no Brasil: arte
indígena
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
RETRATO E IDENTIDADE
 Dürer ; Tarsila; Frida Kahlo;
pintura x fotografia
79
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − ARTES VISUAIS − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Relacionar técnica artística e intenção do
artista na representação.
 Interpretar
a
gramática
visual
em
representações iconográficas.
 Entender o tempo em que o artista viveu, sua
condição social e suas ideias – olhá-lo como
sujeito histórico.
 Refletir sobre o papel do artista no período
do Renascimento - a extensão de sua
atuação, do status do artista, do ourives,
entre outros ofícios, compreensão do
processo de ensino da arte, da condição de
mestre e aprendiz, assim como sua atuação
na produção da arte (arquitetura, escultura,
pintura).
 Analisar o Humanismo e suas implicações
filosóficas para as representações artísticas.
 Comparar imagens produzidas no período
medieval e as imagens do renascimento,
analisando os temas, a iconografia, símbolos
e alegorias.
 Contextualizar, estabelecer um paralelo e
distinguir a arte produzida no Brasil e na
Europa no período do Renascimento.
 Identificar produções artísticas no período do
renascimento
onde
o
retrato
de
personalidades da época se impõe.
 Leitura comparada: corrente naturalista x
corrente idealista.
 Reconhecer os processos de organização, de
leitura e produção de textos visuais em
diferentes mídias, e as suas mixagens de canal,
sintaxe e morfologia, bem como o sentido
gerado em diferentes contextos.
 Ler e produzir textos visuais.
 Investigar, conhecer o significado dos
elementos formais constitutivos da arte
indígena e rupestre diferenciando-os e
comparando-os com as visualidades e produção
artísticas pessoais e com as manifestações
urbana de moda e tribos.
 Perceber as diferenciações morfológicas,
semânticas, sintáticas e ideológicas
em
diferentes processos de arte mural, arte pública,
como manifestação sociocultural e histórica.
CONTEÚDOS
80
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
ARTE − ARTES VISUAIS − 2ª SÉRIE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
 Identificar e explicitar contextos históricos,
geográficos, políticos, econômicos, sociais,
culturais que geram diferentes sistemas
simbólicos e explicam historicamente as
opções estéticas.
 Produzir e promover leitura de obras artísticas
utilizando e conhecendo materiais e suportes
tradicionais e atuais.
 Realizar
trabalhos
de
pesquisa
e
experimentação utilizando diversos meios e
suportes.
 Identificar, conhecer/reconhecer elementos
básicos da linguagem visual para experimentar
e produzir trabalhos em arte.
 Comparar, identificar, analisar e associar os
diferentes processos de criação de espaços na
composição em diferentes épocas, culturas e
estéticas.
 Relacionar composições artísticas do período
Barroco com o apelo às emoções.
 Organizar conhecimentos do período barroco
brasileiro e seus principais representantes.
 Estabelecer paralelo entre o Barroco Europeu
e o Barroco Brasileiro.
 Investigar o Barroco em Goiás.
 Associar o Rococó como movimento artístico
destinado ao mundo ocidental e sua elite.
 Analisar a reação dos Filósofos iluministas à
cultura predominante nas cortes europeias.
 Comparar imagens e arquiteturas produzidas
no Renascimento com o Barroco nacional e
internacional.
 Reconhecer a variedade de significados
expressivos, comunicativos e simbólicos nas
formas visuais e suas conexões temporais,
geográficas e culturais.
 Realizar produções artísticas, individuais e/ou
coletivas, na linguagem visual.
 Interpretar o imaginário social identificando
os símbolos e alegorias reveladores da visão
de mundo e da cultura.
 Analisar
o
Neoclassicismo
enquanto
movimento artístico que dialoga com a
filosofia dos Iluministas.
 Identificar
articulações
políticas
e
filosóficas, interesses e valores relacionados
ao movimento romântico.
 Identificar o romantismo como movimento
que preconiza a ruptura com o padrão
estético clássico.
 Inferir sobre a influência do padrão estético
europeu nas representações de artistas
brasileiros.
LINGUAGEM VISUAL
 Linha como elemento estrutural
das obras de arte (tipo e funções),
luz como elemento expressivo, cor
(cor/luz,
cor/pigmento,
cores
quentes e frias, simbologia das
cores, tipos de harmonias) e
composição visual. Morfologia e
Sintaxe visual.
TEORIA DA ARTE
 Gêneros de pintura e técnicas de
pintura e desenho em diferentes
contextos históricos e sociais.
 Conceitos de estética.
HISTÓRIA DA ARTE MOVIMENTOS E
PERÍODOS
 Barroco e Rococó na Europa
 Barroco no Brasil
 Arte Colonial
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
 Estabelecer
relações
com
a
Literatura
HISTÓRIA DA ARTE
MOVIMENTOS E PERÍODOS
 Neoclassicismo e Romantismo
 Arte brasileira no século XIX,
Missão Artística Francesa, Artistas
Viajantes/Grupo Grimm e PréModernismo no Brasil.
PAISAGEM
 Construção do espaço, ambiente e
evolução
QUESTIONAMENTO
E
CONHECIMENTO
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
 Opções técnicas, sociais, estéticas,
éticas e políticas na tomada de
decisões
81
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − ARTES VISUAIS − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES








 Organizar, comparar e classificar os
conhecimentos semânticos existentes nas
narrativas visuais apontando e destacando
semelhanças e diferenças nas formas de
representação.
 Identificar e comparar conceitos e momentos
da expressão artística, onde perspectivas
individuais ou coletivas caracterizam
narrativas
temporais,
tecnológicas
e
culturais.
 Reconhecer no seu fazer artístico ou na
análise de obras, temas e conceitos
provenientes das ciências, humanidades,
manifestações
culturais,
informações
jornalísticas e outros.
 Distinguir Simbolismo e Realismo quanto ao
eixo temático.
 Relacionar o Realismo e as injustiças sociais
provocadas pela revolução industrial.
Conhecer e utilizar as possibilidades plásticas
proporcionadas pela fotografia e pelas novas
formas de produção de imagens.
Relacionar a forma e o conteúdo em obras
artísticas do passado ou contemporâneas.
Identificar e diferenciar elementos formais como
linha, cor, volume, superfície, textura, luz e
outros e suas potencialidades simbólicas e
expressivas no estudo da paisagem, fauna e flora.
Identificar a arte como uma ferramenta de
intervenção cultural e social.
Reconhecer as diferentes alternativas culturais
do país e a relação da arte com o pluralismo ético
e a diversidade cultural .
Identificar e reconhecer as criações artísticas
nacionais e as influências interculturais.
Analisar a importância do impressionismo e do
pós-impressionismo
enquanto
movimentos
precursores do modernismo.
Relacionar o pontilhismo com os estudos de
óptica na biologia e na física.
Relacionar a opção pela cor e seu estudo na arte
e o advento da fotografia PB.
CONTEÚDOS
HISTÓRIA DA ARTE
MOVIMENTOS E PERÍODOS
 Realismo, Simbolismo, (Sociedade
pré-rafaelita),
ACADEMICISMO NO BRASIL
 Academia Imperial de Belas Artes
no Brasil
ARTE E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
 Revolução Industrial e o Realismo.
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:

Fotografia/Realismo.

Fazer conexão com as disciplinas
Física e Química
PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO BRASIL

Pré-Modernismo no Brasil.
HISTÓRIA DA ARTE
Impressionismo e Pós-impressionismo
82
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE – ARTES VISUAIS – 3ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE














Distinguir as influências que o fazer artístico
pode incorporar e relacioná-las com outras
manifestações
artísticas
nacionais
e
internacionais.
Identificar, analisar a arte como forma de
comunicação, expressão da cultura, de
sentimentos e anseios de um povo, além de
ferramenta para a análise crítica da realidade
e da história.
Relacionar a forma e o conteúdo em obras
artísticas do passado ou contemporâneas.
Investigar,
identificar,
analisar
as
manifestações culturais das etnias africanas.
Relacionar a influência da Arte Africana no
Cubismo.
Estudar as razões da relação entre a arte
infantil e o modernismo.
Compreender o Abstracionismo como
movimento Modernista consequência natural
e desmembramento do Cubismo e do
Futurismo.
Diferenciar
Abstracionismo
formal
e
geométrico.
Compreender a importância do Dadaísmo e o
questionamento sobre o conceito de arte.
Associar o movimento surrealista com a
filosofia Freudiana e a simbologia do
inconsciente.
Reconhecer o Muralismo Mexicano como
manifestação artística voltada para a
transformação social.
Compreender o Design como o desenho
aplicado à industria, e a arte fazendo parte da
filosofia funcionalista do início do século
XX.
Reconhecer Art Nouveau e sua forma
singular de arte aplicada à arquitetura,
mobiliário e à ornamentação.
Conhecer a escola Alemã Bauhaus e sua
importância e singularidade no diálogo
interdisciplinar entre arquitetura, teatro,
pintura, design e a filosofia funcionalista.
Diferenciar o Design contemporâneo do
Design do início do século.
Identificar o emprego de materiais diversos e
o diálogo entre eles criando texturas,
otimizando sua função no Design.
Compreender a comunicação visual em sua
função ideológica.
Analisar anúncios publicitários e o subtexto
que estão a eles vinculados
Conceituar e contextualizar a Arte Pós
Moderna.
CONTEÚDOS
TEORIA DA ARTE

Conceito de estética e crítica da
arte.
LINGUAGEM VISUAL

Composição visual, colagem e
construções tridimensionais.
MODERNISMO/VANGUARDAS
HISTÓRICAS

Tradição e Ruptura

Expressionismo,
Fovismo,
Cubismo,
Futurismo,
Abstracionismo.

Modernismo Brasileiro, Semana de
Arte
Moderna
de
1922,
Antropofagismo, Movimento PauBrasil.
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:

Estabelecer
conexão
com
a
Literatura

Arte Brasileira após a Semana de
Arte Moderna: Grupo Santa
Helena.
ARTE AFRICANA.
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:

Estabelecer
conexão
com o
Imperialismo Europeu na África, 1ª
Guerra Mundial – História.
ARTE E INDÚSTRIA

Dadaísmo, Surrealismo

Muralismo Mexicano

Arquitetura Moderna Brasileira –
Brasília.

Conceito de design e suas escolas:
Art Nouveau, Bauhaus.

Design
contemporâneo
e
comunicação visual.
83
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE – ARTES VISUAIS – 3ª SÉRIE
HABILIDADES






LETRAMENTO E DIVERSIDADE












Compreender a arte como Conceito e
identificar seus principais representantes
internacionais e nacionais.
Compreender a Arte Pós Moderna como
citação, e desconstrução.
Entender
Action
Painting
enquanto
automatismo psíquico e consequência natural
do Surrealismo.
Analisar a Pop Arte como crítica e apologia da
cultura de massa.
Compreender o Land Art como movimento
artístico conceitual que extrapola o suporte
convencional e utiliza a paisagem como meio.
Organizar conhecimentos para articular arte,
ecologia,
reciclagem,
aproveitamento
e
produção de materiais e suportes artísticos e
criação estética.
Investigar, identificar, analisar as produções
culturais afro-brasileiras – Caribé, Mestre Didi,
Rubem Valentin, Mário Cravo e outros.
Perceber os reflexos da globalização na arte e
em seu fazer artístico.
Investigar, identificar, pesquisar analisar,
comparar obras e artistas, locais, nacionais e
internacionais.
Identificar a utilização o acesso e a extensão da
linguagem áudio-visual e das novas mídias na
sua vida e na sua cidade.
Identificar, codificar, decodificar, analisar e
produzir imagens fixas e móveis.
Identificar as influências da ciência e das
tecnologias da informação e comunicação, do
desenvolvimento social e cultural nas suas
produções artísticas ou nas produções dos
artistas reconhecidos.
Perceber na mídia a manipulação dos valores,
atitudes, comportamentos, emoções.
Pesquisar e produzir arte como intervenção
urbana.
Analisar produções áudio-visuais como
propagandas, novelas que aportam subtextos,
interpretação dúbia.
Reconhecer a cultura visual com um meio para
abordar a diversidade, a pluralidade cultural e a
interculturalidade.
Identificar a arte não hegemônica e os limites
dos conceitos de arte erudita, popular e de
massa.
Pesquisar e analisar manifestações populares,
eruditas e de massa nos contextos locais,
regionais
e
compará-las
com
outras
manifestações nacionais ou internacionais,
visando criar documentos visuais ou áudiovisuais.
Identificar
nas
evoluções
científicas,
biotecnológicas, tecnológicas, na mecatrônica,
na globalização, nas novas abordagens e
reflexões na arte.
CONTEÚDOS
ARTE NO PÓS-MODERNISMO.

Arte Pós Moderna

Arte Conceitual
ARTE NORTE AMERICANA ,
Action Painting, Pop Arte,

Minimalismo

Land Art

Arquitetura Pós Moderna.
ARTE NO BRASIL
 Abstracionismo no Brasil, as
Bienais,
Concretismo
e
Neoconcretismo

Arte Conceitual
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:

Arte africana e afro-brasileira.

Arte e Educação Ambiental
ARTE E TECNOLOGIA

Arte e Tecnologia – Web Design,
Hipertexto, Hipermídia, Multimídia,
Vídeo, Cinema, Fotografia.
ARTE CONTEMPORÂNEA

Arte Contemporânea, Feminismo,
Multiculturalismo, Arte e política,
Instalações Artísticas, Performance,
SUGESTÕES
DE
ARTICULAÇÕES
TEMÁTICAS:
ALTERIDADE E INTERAÇÃO

O olhar do outro, tipos e gêneros na
representação contemporânea.
84
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.5.2 MÚSICA
Baseado prioritariamente nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(MEC/SEB, 2006), este documento procura propor algumas linhas de ação para o ensino de
música no Distrito Federal. Aproveitando a recente aprovação da Lei 11.769/08, que altera a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) e dispõe sobre a obrigatoriedade do
ensino da música na educação básica, espera-se que o presente documento contribua para
reflexões sobre possíveis práticas pedagógico-musicais a serem, de fato, realizadas nas
escolas.
Assim, neste momento de celebração pela volta do ensino de música às escolas, faz-se
necessário um diálogo com todos os envolvidos na educação, para especificações a respeito,
por exemplo, do profissional que atuará com esse componente curricular nas escolas, bem
como das habilidades e competências que serão priorizadas no ensino da música. Este
documento, especificando as habilidades e competências musicais, portanto, já sinaliza um
primeiro diálogo.
Entretanto, ainda temos que discutir muitas questões: Que conhecimentos são
validados ao definirmos as habilidades e competências musicais? Como a diversidade de
manifestações musicais e a aprendizagem musical informal são contempladas no currículo?
Como garantir que a música seja tratada como um domínio especializado, com valor na
própria experiência musical e não apenas como um meio para desenvolver outras habilidades
(como socialização, motricidade, raciocínio etc.)? No trabalho conjunto com os demais
componentes curriculares, qual a função da música? Como as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) podem ser utilizadas como nossas aliadas nas aulas de música? Essas
são algumas das questões que são brevemente discutidas aqui, relacionando-as às
competências gerais determinadas para o Ensino Médio.
Conforme as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (MEC/SEB, 2006, p.175),
uma forte tendência na prática pedagógico-musical é a experiência direta com o fazer musical
e criativo, com influências significativas de Koellreuter, compositor e educador alemão, e de
Keith Swanwick, educador musical inglês. Do primeiro, temos a proposta baseada na
improvisação musical; e do segundo, a abordagem integrada das modalidades de composição,
apreciação e execução, apoiadas pela técnica e literatura sobre música. Dentre as habilidades e
competências musicais elencadas neste documento, podemos encontrar, nos três anos do
Ensino Médio, a proposta da experiência direta com esse fazer musical criativo.
85
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Entretanto, precisamos atentarmo-nos ao fato de que a presença de atividades de
apreciação, composição e execução – modalidades que, como discorremos acima, garantem o
envolvimento direto com o fazer musical – por si só, não asseguram uma prática musical
significativa, com expressividade. Para isso, Swanwick (1988, 1994, 2003) apresenta um
modelo que define as dimensões da música, discutindo como nos relacionamos com os
elementos sonoros e como os transformamos em música. Resumidamente, Hentschke e Del
Ben (2003, p.179) explicam: Quando vivenciamos música, seja ouvindo, tocando um
instrumento, cantando, compondo ou improvisando, prestamos atenção ou nos relacionamos
com as qualidades do som em si (forte, suave, rápido, lento, o timbre da voz ou do
instrumento, por exemplo), com a forma pela qual os sons são manipulados, com o controle
seguro das vozes e instrumentos. A essa dimensão Swanwick dá o nome de Materiais: a
matéria sonora que constitui a música e suas qualidades específicas. Podemos atentar ainda
para o caráter expressivo da música, para sua identidade expressiva, seja ela leve, alegre ou
triste. Essa é a dimensão de Expressão. Finalmente, podemos prestar atenção no modo como
os sons são organizados no tempo, como os vários gestos musicais se relacionam, se
desenvolvem ou se contrastam, definindo um sentido de direção; a estrutura da música em
termos de frases, períodos e partes.
Esses aspectos constituem a dimensão de Forma. (HENTSCHKE; DEL BEN 2003,
p.179)
Desse modo, é importante não apenas garantir o acesso às práticas musicais, mas
também é primordial que os/as professores/as busquem proporcionar práticas musicais
significativas, atentando às dimensões da música que podem e devem ser trabalhadas nas
modalidades de composição, execução e apreciação.
Além de práticas musicais em aulas de música, em detrimento a aulas expositivas
sobre música, vale a pena ressaltar a importância de se considerar a diversidade de estilos
musicais presentes no cotidiano de nossos/nossas estudantes, bem como suas experiências
musicais fora do contexto escolar. Ao discutir algumas práticas musicais em escolas,
Swanwick (2003) aponta a formação de uma subcultura da música escolar que, em alguns
casos, difere muito da música “real”, escutada pelos/pelas estudantes que consomem CDs,
MP3s, vídeos etc. Assim, procurando abranger repertórios diversificados que possibilitem a
melhor compreensão e construção de conhecimentos para a formação do cidadão, foram
sugeridas algumas habilidades que buscam promover o entendimento, articulação,
identificação e criação de estilos e gêneros musicais de nossa cultura e outras. Segundo Penna
(2006, p.39), essa “necessidade de trabalhar com a diversidade de manifestações artísticas,
86
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
considerando a todas como significativas”, é o que vem apontando o multiculturalismo e pela
Lei 11.645/08; mas a autora também nos alerta para a necessidade do diálogo entre as
diferentes práticas musicais e culturais como “essencial para o crescimento de todos, para
evitar não só a tentação do etnocentrismo, mas também os riscos do folclorismo ou da
guetização.”
Com relação à valorização da aprendizagem informal no contexto formal das escolas,
Green (2002, 2008) vem demonstrando em suas pesquisas que incorporar práticas de
aprendizagem informal nas escolas afeta os processos como os adolescentes adquirem
habilidades e conhecimento, influenciando a forma como escutam, entendem e apreciam
música, tanto nas aulas como fora delas. A partir dessas pesquisas, Green (2008, p.2) tem
levantado questões relacionadas à motivação dos/das estudantes com a educação musical, sua
autonomia como aprendizes e sua capacidade de trabalhar conjuntamente, cooperando com
seus colegas, e sem a intervenção dos/das professores/as.
A música apresenta um corpo de conhecimento especializado, que tem valor na
própria experiência musical como dimensão fundamental da cultura e, por isso, deve ser
vivenciada integralmente por meio de práticas musicais. Como alertam Hentschke e Del Ben
(2003, p.183), “ao utilizar argumentos que não se referem às especificidades da música como
domínio especializado, os/as professores/as poderão enfrentar dificuldades para justificar aos
demais participantes da comunidade escolar qual o sentido da presença da música nos
currículos escolares”. Entretanto, outro ponto importante é com relação às funções da música
no trabalho conjunto com outras disciplinas curriculares. Música pode ser trabalhada como
estratégia de ensino em outras áreas, como meio para ilustrar contextos históricos, analisar
letras de canções, exemplificar proporções, entre outras.
Um último ponto levantado anteriormente diz respeito à utilização das tecnologias de
informação e comunicação (TICs) na educação musical. Não podemos ignorar as mídias às
quais nossos/nossas estudantes têm acesso na atualidade: baixar músicas, vídeos e jogos pela
internet, e acessá-los em seus MP3, MP4, celulares, computadores é uma realidade entre os/as
estudantes. Assim, a facilidade de acesso a produções sonoro-musicais pode ser explorada no
ensino musical, como previsto nos conteúdos referenciais52 e habilidades, elencados neste
documento.
Por fim, esperamos que as linhas de ação propostas aqui fomentem discussões acerca
de práticas pedagógico-musicais para estudantes do Ensino Médio do Distrito Federal de
52
Os conteúdos referenciais desta linguagem não foram distribuídos por bimestre.
87
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
modo que, tanto estudantes quanto professores/as, possam construir e colocar em ação
conjuntamente um currículo condizente com suas realidades. Esperamos, principalmente, que
as propostas e discussões garantam uma prática de ensino e aprendizagem musical em que
os/as estudantes possam efetivamente fazer música nas escolas.
88
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − MÚSICA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE














Conhecer, distinguir e compreender os
elementos básicos da linguagem musical nos
diversos gêneros e estilos.
Perceber, comparar e analisar as diferentes
formas de organização do som quanto aos seus
parâmetros.
Apreciar,
distinguir
e
compreender
similaridades e diferenças na organização da
estrutura formal da música nos seus diversos
gêneros e estilos.
Entender, articular, modificar e reorganizar os
elementos da linguagem musical e os elementos
formais da estrutura musical na criação e
improvisação musical.
Conhecer e identificar o emprego de
instrumentos musicais nos diversos estilos,
analisando os recursos aplicados no processo de
produção musical.
Conhecer e identificar o emprego da voz e do
corpo humano como instrumento musical nos
diversos estilos, analisando os recursos
aplicados no processo de produção musical.
Empregar a voz e/ou ou instrumentos na
execução musical com fluência, expressividade
e senso de estrutura.
Conhecer e pesquisar formas de utilização de
recursos tecnológicos na criação musical.
Apreciar, identificar, comparar e diferenciar
obras de diferentes estilos musicais a partir da
análise dos elementos musicais, das estruturas
formais, características e recursos utilizados na
sua composição.
Apreciar, pesquisar e analisar produções
musicais de culturas diversas.
Analisar, discutir e expressar sensações, ideias
e sentimentos provocados pela escuta de
diferentes estilos musicais.
Conhecer e analisar os diferentes usos e funções
da música no seu cotidiano e nas manifestações
culturais de diversos grupos sociais.
Discutir a relação música e mídia.
Conhecer e refletir sobre a interação da música
com outras linguagens e manifestações
artísticas.
Analisar no contexto musical do Distrito
Federal e entorno as relações entre estilos
musicais e manifestações sociopolíticoeconômicas.
Compreender a produção musical como forma
de manifestação e de identidade cultural.
Refletir e compreender as divergências nos
conceitos de gosto e valor musical.
Conhecer os diversos campos de atuação do
profissional em música.
CONTEÚDOS














Elementos da linguagem musical
(melodia, ritmo, harmonia, textura,
dinâmica, agógica)
Parâmetros do som (altura, duração,
intensidade e timbre)
Estrutura formal (frases, períodos,
semelhanças, diferenças)
Instrumentos musicais no processo de
produção musical
Voz humana e corpo no processo de
produção musical
Improvisação e criação musical
Música e tecnologias
Gêneros e estilos musicais
Usos e funções da música
Música e mídia
Música articulada a outras linguagens
artísticas
Produção musical do Distrito Federal e
entorno
Música e identidade cultural
Profissional em música
89
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − MUSICA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE









Conhecer, pesquisar, ouvir e identificar os
diversos estilos musicais existentes na música
brasileira de todas as épocas.
Identificar e analisar os elementos musicais, as
estruturas formais e características próprias da
música brasileira de diversos estilos e de
diferentes épocas.
Entender, articular, modificar e reorganizar os
elementos da linguagem musical e os elementos
formais da estrutura musical na criação e
improvisação musical.
Conhecer e identificar o emprego de instrumentos
musicais nos diversos estilos, analisando os
recursos aplicados no processo de produção
musical.
Conhecer e identificar o emprego da voz e do
corpo humano como instrumento musical nos
diversos estilos, analisando os recursos aplicados
no processo de produção musical.
Empregar a voz e/ou ou instrumentos na
execução de produções musicais, buscando a
expressividade na prática interpretativa.
Pesquisar e analisar os recursos tecnológicos
utilizados no meio musical e incorporá-los às
produções próprias.
Articular os conhecimentos adquiridos com o
estudo dos parâmetros do som com os de outras
áreas do conhecimento como a Física.
Pesquisar, refletir e discutir sobre os meios de
produção, divulgação, veiculação da música
presente na mídia.
Ouvir, entender e distinguir exemplos musicais
do sistema modal, tonal e atonal.
Compreender, comparar e refletir sobre os
diversos gêneros musicais como manifestações
de uma consciência estética própria.
Conhecer, identificar e valorizar a contribuição
de outras culturas para a produção musical
brasileira.
CONTEÚDOS













Elementos
da
linguagem
musical
(melodia, ritmo, harmonia, textura,
dinâmica, agógica)
Estrutura formal (forma binária, ternária)
Instrumentos musicais no processo de
produção musical
Voz humana e corpo no processo de
produção musical
Improvisação e criação
Música e tecnologia
Gêneros e estilos musicais
Sistema modal, tonal e atonal
Usos e funções da música
Música e mídia
Música e outras linguagens artísticas
Música no Brasil
Música Brasileira – diversidade de
manifestações, estilos e gêneros-
90
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − MUSICA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE







Identificar e analisar os elementos musicais, as
estruturas formais e características próprias da
música brasileira e da música de outros países,
de diversos estilos e de diferentes épocas.
Conhecer e identificar o emprego da voz, dos
instrumentos musicais e materiais sonoros não
convencionais nos diversos estilos, analisando
os recursos aplicados no processo de produção
musical.
Empregar a voz e/ou ou instrumentos na
execução de produções musicais, aprimorando
a prática interpretativa.
Conhecer e entender as formas de utilização de
recursos tecnológicos na produção musical.
Incorporar a utilização de recursos tecnológicos
no processo de criação musical.
Apreciar, analisar, comparar e distinguir estilos
musicais predominantes em culturas diversas,
ao longo da história.
Identificar, compreender, analisar e refletir
sobre a assimilação de aspectos característicos
de uma cultura por outra, evidenciada na sua
produção musical.
Apreciar e conhecer diversas possibilidades de
agrupamentos instrumentais.
Pesquisar, analisar e discutir as relações entre o
contexto histórico, social, político, econômico e
cultural de diferentes épocas e suas produções
musicais.
Entender os diferentes usos e funções da música
de diferentes épocas e países, a partir do
contexto em que estão inseridas.
CONTEÚDOS












Elementos da linguagem musical
(melodia, ritmo, harmonia, textura,
dinâmica, agógica)
Estrutura formal (forma binária, ternária,
rondó, tema e variações)
Instrumentos musicais
Voz humana
Improvisação e criação
Música e tecnologia
Gêneros e estilos musicais
Noções de História da Música Música
em diferentes contextos históricos e
sociais
Usos e funções da música
Música e mídia
Música e outras linguagens artísticas
Música Brasileira – diversidade de
manifestações, estilos e gêneros-
91
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.5.3 TEATRO
Ver além daquilo que os olhos olham, escutar além daquilo que os
ouvidos ouvem,... sentir além daquilo que toca a pele,... pensar além do significado
das palavras.
Augusto Boal
Defende-se o Teatro como um palco de revoluções53, acredita-se que nessa
especificidade curricular do componente curricular Arte, está um poder singular de
transformar valores de cada indivíduo e desse modo, mover o mundo. De acordo com o
documento do Ministério da Educação – Orientações Curriculares para o Ensino Médio –
Linguagem, Códigos e suas Tecnologias
54
(MEC/SEB.2006) que distingue a presença do
Teatro, na educação como uma Linguagem específica do componente curricular Arte. O
estudo e o conhecimento da linguagem teatral objetiva capacitar o/a estudante a interpretar e
representar o mundo à sua volta, fortalecendo os processos de identidade e cidadania.
Possibilita ampliar o conhecimento humano e promover eficazmente os conhecimentos da
linguagem teatral, rumo ao letramento, à expressão e a simbolização dos seus sentimentos e
percepções. E, assim, numa visão antropológica e multicultural o Teatro faculta à Educação,
por meio de processos formais e informais, uma inserção na diversidade das culturas
humanas.
O Ensino do Teatro, às vezes denominado de Teatro-educação ou ainda, inserido na
maioria dos currículos das escolas brasileiras, numa categórica nomenclatura de Artes
Cênicas, nesta Proposta Curricular, consolida-se como de uma das linguagens do componente
Curricular Arte: Dança, Teatro, Artes Visuais e Música, que especificam e privilegiam as
dimensões simbólicas e estéticas do ser humano em sociedade.
Além do ensino do Teatro exercer a tarefa de mediar saberes e conhecimentos
produzidos e adquiridos, transcreve construções de sentidos para as experiências e existências
humanas. Ainda, constitui-se pela sua epistemológica natureza interdisciplinar, capaz de intermediar
diálogos transversais entre diferentes áreas de conhecimento e de estabelecer interfaces entre objetos
de conhecimentos vinculados ao universo do ser, do outro e dos demais componentes curriculares.
Posto que, o ensino do Teatro, inserido no campo da linguagem, onde a finalidade é a
comunicação, a expressão e a representação, ressaltamos então, o objetivo de desenvolver
capacidades e habilidades de produzir textos (verbal, corporal, visual, sonoro e midiáticos),
53
Aristóteles, séc. 4º a.C.
Brasil MEC/SEB. Orientações Curriculares Nacionais - Linguagens, códigos e suas tecnologias /. Secretaria
de Educação Básica. – Brasília, 2006.
54
92
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
textos estes protagonizados por um emissor – construtor de textos e um receptor –
interpretador de textos. Outros elementos indissociáveis coexistem neste processo de ensino e
aprendizagem da linguagem teatral, por exemplo: o canal (veículos, materiais e suportes) isto
é, meios de comunicação antigos e atuais, tradicionais e tecnológicos, que operam junto ao
contexto (elemento determinante na comunicação, expressão e representação da arte teatral).
Nestes elementos estruturadores da linguagem estão imersos valores, crenças, ideologias e
saberes, produtos de práticas sociais que constituem substancialmente a linguagem e a cultura
humana. O ensino do Teatro resgata e ressignifica todo esse legado cultural das vivências
humanas, quando estabelece proposições de habilidades e competências vinculadas às
concepções teóricas da linguagem.
As Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Linguagem, Códigos e suas
Tecnologias (MEC/SEB.2006) recomendam que o ensino da Arte Teatral, deve contemplar
a valorização e o respeito à diversidade, e averiguar como as nossas diferenças podem
construir diálogos ricos e uma convivência mais pacífica de raça, etnia, religião, classe
social, gênero, orientações sexuais e outras culturas 55, como a afro-brasileira e a cultura
indígena.
Se pensarmos que o acesso aos bens culturais é um direito assegurado pela
Constituição Federal e que as diretrizes educacionais expressas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCN56 enfatizam essa área de conhecimento como portadora de valores e
conteúdos de ordem social, psicológica, histórica, científica e filosófica fundamentais à
formação do sujeito e possuidoras de conhecimentos que não são expressos por outras áreas
do conhecimento, notamos que o ensino de teatro pode contribuir muito na formação dos
jovens nos quatro âmbitos apontados pela UNESCO para a educação do século XXI: aprender
a ser, aprender a conviver, aprender a conhecer e aprender a fazer. Em que medida o ensino
de teatro contribui para o desenvolvimento de habilidades e competências nessas quatro
55
LEI Nº 11.645, DE 10 DE MARÇO DE 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e Indígena. LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003. Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B: "Art. 26-A. Nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre
História e Cultura Afro-brasileira. Art. 79-A. (VETADO) Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
novembro como „Dia Nacional da Consciência Negra‟." Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação. Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm/>
56
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Brasília: MEC/SEMTEC. 2002.
93
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
dimensões? Em que medida os conteúdos discutidos na aula e a forma como os mesmos são
trabalhados favorecem uma atitude mais cidadã, crítica e protagonista dos/das estudantes?
Enfim, o ensino do Teatro deve conferir uma herança estética e artística para todos e
particularmente mediar uma alfabetização cultural aos/às estudantes portadores de
necessidades especiais. Portanto para a significativa presença da arte teatral no currículo
escolar, pelas especificidades dos PCN de tratar o teatro como linguagem que produz
sentidos, faz-se mister o especialista da área, pela sua propriedade em propor metodologias de
ensino e de sistemas múltiplos de percepção e abstração do conhecimento, enriquecer a
educação no ensino médio e articular as competências, as habilidades e seus conteúdos
referenciais.
94
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 1ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE







Analisar o papel da arte dramática como
Código de Linguagem da Comunicação
humana.
Vivenciar e analisar os elementos básicos da
estética teatral e suas interações numa ação
dramática: corpo (mímica facial, gestos,
movimento, ações, dinâmica, posicionamento,
postura e relacionamentos), voz-som e
palavras (intensidade, altura, respiração,
articulação, dicção e inflexão vocal), espaço,
(níveis, direções, planos, caminhos e
extensões).
Pesquisar e utilizar os elementos básicos que
estruturam uma ação cênica: o quê, o quem, o
onde e o quando.
Distinguir as relações entre palco e plateia nas
diferentes formas: emissor (estudante/ator) e
receptor (estudante/espectador).
Identificar, analisar e relacionar os signos
teatrais referentes aos figurinos e adereços,
maquiagem
e
penteado,
iluminação,
sonoplastia, cenário e objetos de cena, na
elaboração de uma montagem cênica.
Pesquisar os modos e os meios de articulação
em suas produções e de outros: peças de
profissionais, teatro (atores, bonecos,
sombras, happenings, performances, mímica),
dança, circo, manifestações folclóricas, TV,
vídeo, cinema, rituais indígenas e afrobrasileiras, adequando conteúdo e forma.
Comparar a caracterização física das
personagens, com a representação de atitudes,
valores e sentimentos no contexto atual e em
outros contextos históricos.
Analisar e reconstruir conceitos relativos aos
elementos da gramática estética teatral.
Apreciar crítica e esteticamente a organização e
a estruturação dos elementos da linguagem
(corpo, espaço, movimento, voz, som, palavra,
música, figurino, cenário, máscara, maquiagem,
adereços, iluminação) em suas produções e em
outras.
Relacionar o período da Pré-História às
manifestações rituais, compreendendo as
transformações dos elementos básicos da
linguagem teatral
inter-relacionados ao
contexto atual.
CONTEÚDOS
TEORIA DO TEATRO
O teatro como Código de Linguagem e
Comunicação

Elementos da linguagem teatral.
Voz, corpo, espaço, movimento, ação
dramática, etc.

Elementos estruturas do espetáculo
teatral.
Texto, ator, diretor, cenário, figurino,
maquiagem, iluminação,sonoplastia,
palco, etc.

Conceitos: arte, teatro, ação, conflito,
improvisação, contexto, signo, etc.

História do teatro
Origem do teatro.
Teatro primitivo.

HISTÓRIA DO TEATRO

Produções e manifestações teatrais.
• Tipos de ações cênicas, improvisadas e
ou elaboradas.

O teatro seu papel social.

Manifestações populares ( Carnaval
como espetáculo de manifestação
cênica)

Manifestações ritualísticas
que
utilizam a expressão dramática em
diversas culturas.

O teatro nos países da Ásia.
TEORIA DO TEATRO
HISTÓRIA DO TEATRO

História do teatro: Teatro Medieval,
Comédia Dell‟Arte

Gêneros teatrais (tragédia, comédia,
drama, farsa, etc.)

Estudo e análise de um texto teatral
medieval e jesuítico.
95
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 1ª SÉRIE
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE










Identificar e relacionar conceitos referentes aos
elementos estruturais característicos de
registros cênicos nos roteiros: tema, enredo,
cenas, personagens, marcas de movimentação,
diálogos, falas das personagens, tese, ação,
conflito, planos de ação.
Pesquisar e identificar os diversos profissionais
envolvidos nos diferentes veículos de
encenação (atores, dramaturgos, diretores,
técnicos em iluminação, em cenografia, em
sonoplastia, e outros).
Avaliar a relevância dos rituais no período da
Pré-História, para a formação do patrimônio
cultural nacional e universal atual.
Analisar os conceitos evolutivos do teatro
primitivo e greco-romano.
Pesquisar, relacionar e vivenciar as etapas de
uma produção cênica: escolha ou criação de
texto, elaboração do projeto, articulação,
ensaios, organização dos elementos cênicos,
divulgação e apresentação.
Identificar e analisar as relações entre os
elementos
da
linguagem
cênica
que
caracterizam gêneros teatrais (tragédia,
comédia, farsa, drama),
seu contexto
sociocultural original e mudanças observadas
até o momento contemporâneo.
Pesquisar e analisar as diversas manifestações
cênicas e a história do teatro dos países do
continente asiático.
Relacionar os conhecimentos da linguagem
cênica com a produção e apresentação do
espetáculo popular do carnaval.
Pesquisar e analisar manifestações populares
que utilizam a linguagem cênica.
Distinguir as características dos elementos nos
diferentes tipos de ação cênica, improvisada e
ou elaborada: cenas, quadros, peças, mímica,
dança, circo, vídeo, cinema, etc.
Pesquisar e analisar a importância das
manifestações cênicas para a formação de sua
identidade cultural e a do patrimônio artístico
local, regional, nacional e mundial.
Relacionar e comparar o período histórico do
Renascimento, com as manifestações teatrais
atuais.
CONTEÚDOS
HISTÓRIA DO TEATRO

Teatro Barroco Teatro dos Jesuítas e
Teatro do Brasil Colonial.

História do Teatro: Comédia Teatro
Renascentista

Estudo e análise de um texto teatral
renascentista

Culturas indígena e africana e suas
implicações na história do teatro.

A linguagem teatral em ações
interdisciplinar,
multi
e
transdisciplinar.
96
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE






Identificar o impacto do desenvolvimento
sociocultural, científico e tecnológico no
processo de representação teatral.
Utilizar os elementos básicos que estruturam
uma ação cênica: o quê, o quem, o onde e o
quando em produções cênicas.
Compreender as transformações dos signos
básicos da linguagem cênica renascentista interrelacionando ao contexto atual.
Perceber a relevância das peças e de produções
teatrais ou rituais do período renascentista, para
a formação do patrimônio cultural, nacional e
universal atual.
Pesquisar e analisar as manifestações teatrais no
período Medieval.
Avaliar a relevância de peças e produções
teatrais do período Medieval.
Pesquisar nas culturas indígenas e negras
elementos expressivos formais e materiais, para
criação de ações cênicas.
Investigar, a influencia da cultura indígena e
afro na formação da identidade estática e sua
influência nos diferentes veículos de encenação.
Pesquisar e analisar as manifestações teatrais no
período Jesuítico e sua relevância para a
formação da identidade cultural do país.
Identificar e analisar elementos relacionados
com às culturas indígenas e negras, nas
produções teatrais do período Barroco e no
Brasil Colonial.
 Verificar, nas atividades teatrais, a aplicação
de conhecimentos de outras áreas que
contribuem para o aperfeiçoamento de
materiais, técnicas e conceitos teatrais.
 Utilizar a linguagem da arte cênica como
instrumento potencializador da criação de
projetos inter, multi e transdisciplinares.
 Pesquisar e analisar características das
manifestações
teatrais
do
período
renascentista, e reconhecer a relevância desta
produção na formação da identidade cultural.
CONTEÚDOS
97
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 2ª SÉRIE
HABILIDADES
LETRAMENTO E DIVERSIDADE

Analisar o papel da arte dramática como
Código de Linguagem da Comunicação
humana.
 Identificar conceitos referentes à construção
do texto teatral: exposição, desenvolvimento e
desfecho.
 Pesquisar
conceitos
referentes
à
tese/discurso, ação dramática (conflitos,
relacionamentos, causas e consequências,
contexto sociocultural, político, filosófico,
econômico, científico, tecnológico).
 Entender os conceitos planos de ação
(realidade, memória, fantasia); falas (diálogo,
monólogo);
personagens
(principais:
protagonista e antagonista e secundário),
perfil (físico, emocional, ético, moral, social,
político, econômico).
 Experimentar os elementos da estética teatral
e pesquisar suas interações numa encenação:
corpo, voz, movimento, espaço, figurinos,
maquiagem,
máscaras,
iluminação,
sonoplastia, cenografia, adereços e objetos de
cena, palavra.
 Identificar e relacionar, nos diferentes tipos de
encenação, as formas de utilização dos signos
teatrais (teatro de atores, de bonecos, sombra,
mímica, dança-teatro, dança-ritual, circo, TV,
vídeo, cinema).
 Identificar os modos e os meios de interação
dos signos da linguagem, para caracterizar
gêneros teatrais (tragédia, comédia, farsa,
drama, melodrama, lírico, épico), e inter
relacioná-los com as diferentes estilísticas
atuais do teatro, da TV e do cinema e as
compreendidas, no contexto histórico
brasileiro do Brasil Colônia.
 Investigar e conhecer o processo de
surgimento
e
reconhecimento
dos
profissionais ligados ao fazer teatral:
dramaturgo,
ator,
encenador,
diretor,
figurinista, aderecista, maquiador, iluminador,
sonoplasta,
camareiro,
contra-regra,
maquinista, carpinteiro teatral e produtor.
 Distinguir os modos e os meios de articulação e
de interação dos signos da linguagem, para
caracterizar gêneros teatrais (tragédia, comédia,
farsa, drama, melodrama, lírico, épico), e inter
relacioná-los com as diferentes estilísticas
atuais do teatro, da TV, e do cinema, e as
compreendidas, no contexto histórico-brasileiro
e universal do período Romântico.
 Avaliar a relevância de peças e manifestações
cênicas, do período compreendido entre o
Romantismo e o Naturalismo
CONTEÚDOS
TEORIA DO TEATRO

O teatro como Código de Linguagem
e Comunicação
Elementos da linguagem teatral.

Voz, corpo, espaço, movimento, ação
dramática, etc.
Elementos estruturadores do espetáculo teatral.

Texto, ator, diretor, cenário, figurino,
maquiagem, iluminação, sonoplastia,
palco, etc.

Conceitos: arte, teatro, ação, conflito,
improvisação,
contexto,
signo,
personagem etc.


HISTÓRIA DO TEATRO
Comédia de costumes
Teatro de Martins Penna
TEORIA DO TEATRO
 Elementos da estética teatral
 Elementos
estruturadores
da
composição teatral.
 A influência da cultura indígena nas
produções teatrais.
 História do teatro
 História do Teatro universal
 Teatro Romântico
 Teatro Brasileiro
 Teatro de Arthur Azevedo
HISTÓRIA DO TEATRO

Teatro Realista e Naturalista: Ibsen e
Zola.
 Funções do teatro na sociedade.
 Teatro Brasileiro: Teatro de Revista.
 Ações cênicas elaboradas.
 Elaborar projeto de produção teatral

Teatro e a função social
98
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 2ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE












Entender as diferentes funções do teatro na
sociedade em relação ao contexto sóciohistórico.
Analisar na representação cênica, a adequação
dos elementos de iluminação, de cenografia, de
maquiagem, de adereços e de sonoplastia,
integrados aos corporais, vocais, espaciais.
Pesquisar a importância da cultura indígena na
formação da identidade estética, tribal, regional
e nacional e sua utilização nos veículos de
encenação.
Distinguir e comparar, as manifestações teatrais
nacionais do século XX à atualidade.
Analisar textos teatrais e relacioná-los à
problemática de seu cotidiano, selecionando o
mais significativo para montagem cênica.
Analisar e investigar as formas de
representação cênica dos relacionamentos, as
ações, as atitudes e os valores humanos,
Identificar as características formais interrelacionando-as às funções do teatro no
contexto social que foi escrito.
Analisar e construir informações e conceitos
relativos aos elementos sígnicos da linguagem,
no processo de montagem.
Identificar a importância das manifestações
cênicas para a formação da identidade nacional
e do patrimônio artístico local, regional,
nacional e universal.
Pesquisar e analisar a produção do teatro de
revista e a repercussão na formação da
identidade cultural.
Identificar, analisar e relacionar textos teatrais
que abordam a problemática de seu cotidiano.
Elaborar projeto de produção teatral que
contemple a análise dos aspectos e dos
problemas sociais de sua comunidade, de modo
a propor soluções e intervenções.
Identificar, no processo de apreciação e de
fruição, a interação dos elementos da linguagem
cênica nos veículos de comunicação.
Pesquisar e analisar as produções do Teatro
Brasileiro de Comédia e sua influencia na
formação da identidade cultural.
Identificar, distinguir e analisar elementos
característicos das produções do teatro
Universitário.
Perceber a influência das diferentes formas de
representação cênica no seu cotidiano, no
fenômeno da globalização e nos processos de
padronização e massificação.
Analisar a produção cênica identificando as
ações inter, multi e transdisciplinares da
produção teatral.
CONTEÚDOS
HISTÓRIA DO TEATRO
 Teatro brasileiro de Comédias - TBC
 Teatro Universitário
 Produções teatrais nas diversas
categorias, gêneros e meios interativos e
de comunicação de massa.
 A linguagem teatral em ações
interdisciplinar,
multidisciplinar
e
transdisciplinar.
99
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 3ª SÉRIE
HABILIDADES

LETRAMENTO E DIVERSIDADE








Analisar o papel da arte dramática como
Código de Linguagem da Comunicação
humana
Analisar textos teatrais, identificando seus
elementos estruturais: gênero, tema,
enredo (exposição, desenvolvimento e
desfecho). tese/discurso; ação dramática
(conflitos, relacionamentos, causas e
consequências. contexto sociocultural,
político, filosófico, econômico, científico,
tecnológico); planos de ação (realidade,
memória. fantasia); falas (diálogo,
monólogo); personagens (principais:
protagonista e antagonista, e secundária).
perfil; (físico, emocional, ético, moral,
social, político, econômico).
Elaborar projeto de produção teatral que
contemple a análise dos aspectos e dos
problemas sociais de sua comunidade, de
modo a propor soluções e intervenções.
Analisar o impacto do desenvolvimento
sociocultural, científico e tecnológico no
processo de representação teatral e nos
elementos da encenação, verificando sua
ação sobre a realização, a apreciação e a
fruição nos espetáculos cênicos.
Pesquisar a importância das manifestações
cênicas para a formação da identidade
nacional e do patrimônio artístico local,
regional, nacional e universal.
Analisar,
construir
e
apreender
informações e conceitos relativos aos
elementos sígnicos da linguagem, no
processo de montagem.
Identificar, em suas produções, os gêneros
e os estilos adotados e relacioná-los às
correntes estilísticas atuais do teatro, TV e
cinema e às compreendidas no contexto
histórico brasileiro e universal do século
XX.
Pesquisar e analisar manifestações
populares locais que utilizam a ação
dramática
como
instrumento
de
comunicação expressão de valores éticos
Identificar, no processo de apreciação e de
fruição, a interação dos elementos da
linguagem cênica nos veículos de
comunicação, para mobilizar emoções
valores, atitudes e opiniões e influenciar
comportamentos individuais e sociais
(teatro, cinema multimídia, show musical,
vídeo, TV, Internet e outros).
CONTEÚDOS
TEORIA DO TEATRO

O teatro como Código de Linguagem e
Comunicação

Elementos da gramática estética teatral

Elementos
estruturadores
da
composição teatral.

Projeto de montagem cênica.

História do teatro brasileiro: Teatro de
Arena, Oficina e Opinião.

Tipos de ações cênicas, improvisadas
e/ou elaboradas.

Multiculturalidade,
identidade
e
diversidade
HISTÓRIA DO TEATRO

Teatro Moderno/Contemporâneo –
Expressionismo, Simbolismo e Teatro
Político.

A influência da cultura africana nas
produções teatrais

Teatro do Absurdo e Teatro da
Crueldade.

Tipos de ações cênicas, improvisadas
e/ou elaboradas.
TEORIA DO TEATRO
 História do teatro: Contemporâneo Épico,
 Tipos de ações cênicas, improvisadas
e/ou elaboradas.
 A ação cênica e o meio ambiente
TEORIA DO TEATRO
 História do teatro: Tendências
Contemporâneas – Grupos teatrais
brasileiros e estrangeiros.
 Funções do teatro na sociedade.
 Tipos de ações cênicas, improvisadas
e/ou elaboradas.
A linguagem cênica e sua utilização nas
diversas mídias
100
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 3ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE








Perceber a influência das diferentes formas
de representação cênica no seu cotidiano,
no fenômeno da globalização e no
processo de padronização e massificação.
Identificar, analisar e relacionar textos
teatrais inter-relacionados à problemática
de seu cotidiano, selecionando o mais
significativo para montagem cênica.
Elaborar projeto de produção teatral que
contemple a análise dos aspectos e dos
problemas sociais de sua comunidade, de
modo a propor soluções e intervenções.
Pesquisar e identificar influências da
cultura africana nas produções teatrais
contemporâneas.
Apreciar, crítica e esteticamente, a
organização e a estruturação dos
elementos da linguagem cênica (corpo,
espaço, movimento, voz, som, palavra,
música, figurino, cenário, máscara,
maquiagem, adereços, iluminação) em
suas produções e em outras.
Apreciar crítica e esteticamente a
organização e a estruturação dos
elementos estéticos e comunicacionais da
linguagem teatral em sua produção e de
outros.
Pesquisar e analisar textos nacionais e
internacionais, os relacionamentos, as
ações, as atitudes, os valores humanos, e
investigar suas formas de representação
cênica.
Identificar e utilizar os elementos da
linguagem cênica nos jogos dramáticos e
improvisação.
Pesquisar as ações dramáticas que
abordam a temática ambiental no Brasil e
no mundo (textos, vídeos etc.)
Criar textos, vídeos e outras formas de
manifestação cênica que abordem a
temática
ambiental,
e
problemas
ambientais identificados em seu bairro,
cidade, país, continente e planeta.
Identificar o papel desempenhado pela arte
cênica nas ações de sensibilização para as
questões ambientais.
CONTEÚDOS
101
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − TEATRO − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES



Identificar e selecionar formas de
encenação para o texto escolhido: teatro de
atores e de bonecos. sombra, mímica,
dança, teatro-dança, rituais, circo, TV,
vídeo, cinema, e multimídia.
Identificar, no processo de montagem
cênica, a aplicação de conhecimentos de
outras áreas que possam contribuir para o
aperfeiçoamento de materiais, técnicas e
de formas de encenação.
Identificar, utilizar no processo de
montagem cênica, a aplicação das
Tecnologias
da
Informação
e
Comunicação que possam contribuir para
o aperfeiçoamento de materiais, técnicas e
de formas de encenação.
CONTEÚDOS
102
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.5.4 DANÇA57
O homem faz parte de um dado grupo. E tem necessidade de se sentir fazendo parte
integralmente deste grupo: de estar em relação com os outros. Mais do que as leis, os
costumes, os trajes e a linguagem é o gesto que vai dar existência a essa união. As
mãos se juntam, o ritmo une as respirações, a dança nasce.
Maurice Béjart
A dança58 aparece pela primeira vez em um documento legal, reconhecida como
linguagem artística na Lei de Diretrizes e Base Nacional – LDB 9394/96. A partir dos
PCNEM (1998) é situada como uma especificidade curricular do Componente Curricular Arte
e integrante da área de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias. Nas instituições
educacionais a dança seria o conjunto de todas as questões expostas por Marques (2005), já
que a proposta da dança passa pela interdisciplinaridade e a transversalidade de conteúdos
esse autor, ainda, questiona se a Dança é área de conhecimento, recurso educacional,
exercício físico, uma forma de terapia ou ainda uma catarse. A dança dentro do contexto
educacional pode ser tudo isso, uma vez que é utilizada com diversos fins.
Sem a intenção de reduzir a dança a um instrumento meramente funcionalista,
acredita-se ser importante descrever e interpretar esse movimento artístico e cultural que se
assenta dentro das instituições educacionais, com o propósito de compreender, desvelar e
desfazer estereótipos que marginalizam algumas danças e gêneros de danças populares, tais
como: o axé, o forró, o hip hop, o samba, o funk, dentre outros, negando-lhes o seu caráter
histórico, social, educativo, artístico e cultural, a partir do momento que se suplanta suas
origens, sobretudo as suas origens étnicas e o respeito à diversidade (Lei 10.693/2003).
Com a finalidade de educar pessoas portadoras de diferentes especificidades culturais,
questiona-se: qual a postura e o papel desempenhado pelo ensino médio nesse processo de
mudança de pensamento e atitude do/da estudante? Será que se tem oferecido ao/à estudante o
que ele almeja? E o que se almeja? Como a escola tem se preparado para lidar com o/a
estudante? Ela tem se adaptado às transformações do mundo para lidar com os jovens das
sociedades contemporâneas, uma vez que a cultura, a arte e as sociedades imprimem um novo
modo de ser com o passar do tempo? E, em contrapartida, o que buscam esses corpos atuais,
principalmente, dentro do contexto escolar?
57
SANTOS. Antonio Marcos Silva. Dança nas escolas públicas de Ceilândia-DF/Brasil, defendida em
novembro de 2007 na Universidade Técnica de Lisboa/Faculdade de Motricidade Humana (FMH).
58
Texto adaptado por Antonio Biancho Filho da Dissertação de SANTOS. Antonio Marcos Silva. Dança nas
escolas públicas de Ceilândia-DF/Brasil, defendida em novembro de 2007 na Universidade Técnica de
Lisboa/Faculdade de Motricidade Humana (FMH).
103
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Pinto (1997) e Zago (2003) dividem opiniões parecidas quando afirmam que a escola
tornar-se-ia mais atrativa e mais interessante para os/as estudantes se essa integrasse os
conteúdos e
os componentes currriculares de forma a contemplar os interesses e as
necessidades dos/das estudantes, de modo que a escola fizesse sentido para eles. "(…) Neste
ponto é preciso interessar o aluno quanto ao significado do conteúdo e sua importância para
ele, conforme sua cultura de origem possa descobrir uma forma que melhor se adapte à
criança, em resumo, saber motivá-la." (Pinto, p.299).
A interdisciplinaridade refere-se à utilização, de forma conjunta, dos diversos
conteúdos aplicados pelos componentes curriculares fazendo com que o/a estudante aprenda a
produzir, a apreciar e a contextualizar tais conhecimentos, remetendo-se às diversas formas
que este conteúdo possa vir a aparecer; entretanto, para que isso possa vir a acontecer, o/a
professor/a deve interagir com os seus pares a fim de fazer valer as propostas
interdisciplinares, situando sua práxis no contexto do curso, utilizando dos diversos meios e
metodologias para se chegar ao fim proposto.
A transversalidade, ou temas transversais, podem ser trabalhados, também, no ensino
médio, como meio para se discutir e problematizar questões presentes no imaginário social,
tal como a formação das culturas, das sociedades, dos sistemas econômicos, políticos,
religiosos e artísticos, temas esses que possuem ligações diretas com assuntos como, por
exemplo: etnia, idade, sexualidade, gênero, classe social, religião, arte e meio ambiente.
Temas atuais e presentes no cotidiano.
Para Romero (2003, p.90), “o homem não existe, não é educado, não trabalha e não se
manifesta separadamente de seu corpo”. O homem tem sido levado à privação dos sentidos,
do desenvolvimento da corporeidade, da sensibilidade e tem se negado constantemente,
deixando de se sentir para não se emocionar. Os espaços têm sido diminuídos, o tempo tem se
tornado escasso e as ações motoras, pouco a pouco, têm sido substituídas por atividades
virtuais, cujas ações são realizadas pelas máquinas, fruto do desenvolvimento da ciência e da
tecnologia, consequentemente, de nossa cultura racionalizante, que segundo Gonçalves (1994,
p.13), tem mais e mais, reproduzido “suas marcas no indivíduo, ditando normas e fixando
ideais nas dimensões intelectuais, afetivas, morais e físicas, ideais esses que indicam a
educação, o que deve ser alcançado no processo de socialização”.
Certamente, se analisarmos criticamente as estruturas físicas e humanas das
instituições de ensino, percebe-se que se tornaria difícil ensinar dança com qualidade,
compromisso, amplitude e responsabilidade, atributos expostas por Marques (2005) em
relação à dança nas escolas. A falta de material humano, sobretudo sem especialização na
104
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
área, a estrutura física inadequada, chegaríamos à conclusão de que não há condições para o
desenvolvimento da dança ao nível descrito, embora a autora, em outro momento, afirme que
a Instituição Educacional é, atualmente o lugar ideal para que essa dança aconteça. “…A
escola é hoje, sem dúvida, um lugar privilegiado para que isso aconteça, e, enquanto ela
existir, a dança não poderá continuar mais sendo sinônimo de festinhas de fim de ano”. (Ibid.,
Ibidem).
É de grande importância se preservar o espaço lúdico proporcionado pela dança. É
urgente o debate para definição da atuação de um corpo docente e, para demarcar a Dança
como o ensino de uma linguagem, que muito pode contribuir na construção de identidades e
do espaço simbólico., a aniquilação de culturas sob o efeito destruidor da supremacia técnicocivilizacional, é uma perda para toda humanidade, visto que a diversidade cultural estabelece
uma das maiores preciosidades. Sendo o ser humano, ao mesmo tempo singular e múltiplo,
acaba por trazer em si a unidade e a dualidade entre o homo faber e o homo ludens, o homo
sapiens e o homo demens, visto que, de acordo com Morin (2000, p.59) “ o desenvolvimento
do conhecimento racional-empírico-técnico, jamais anulou o conhecimento simbólico, mítico,
mágico ou poético”.
Enfim, a dança possui características que tornam o homem um ser complexo, racional
e irracional, infantil e maduro, consumista e econômico, violento e amável, objetivo e
subjetivo. Acredita-se que a educação indica o destino multifacetado do ser humano, isto é, o
destino individual, social e histórico, de forma atrelada e não separada. Desta forma, uma das
tendências da educação do futuro seria o estudo da complexidade humana, “Conduzindo à
tomada de conhecimento, por conseguinte, de consciência, da condição comum a todos os
humanos e da muito rica e necessária diversidade dos indivíduos, dos povos, das culturas,
sobre nosso enraizamento como cidadãos da Terra.” Pontua Morin (2000, p. 61). Neste
sentido, a Dança pode ocupar um lugar de destaque nas instituições educacionais e muito
contribuir para o congraçamento do corpo, do ser e da cultura.
105
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE






Descobrir o que cada estudante pensa sobre a
dança e quais as suas expectativas em relação à
disciplina.
Reconhecer a forma do próprio corpo e do corpo
do outro.
Explorar novas possibilidades posturais, perceber
a mecânica do andar e estimular a busca de
diferentes formas de deslocamento.
Reconhecer a organização muscular do corpo e
identificar o tipo de movimentação específico de
cada
articulação,
buscando
alternativas
expressivas de movimento das mesmas.
Identificar a estrutura óssea e muscular do corpo
humano e entender a sua fisiologia, para que a
dança seja desenvolvida sem agredir o corpo
humano, mas respeitando suas características e
limites.
Reconhecer os diferentes espaços, seus limites e
pontos de interseção, ampliar e reduzir o espaço
interno observando suas implicações no espaço
pessoal e grupal.
Identificar formas de organização do espaço
global: linhas, níveis e zonas.
Organizar criativamente e expressivamente o
espaço através do movimento, relacionando o
espaço do movimento ao espaço social.
Entender e analisar corporalmente os esforços de
tempo, peso, fluência e espaço como elementos
que, combinados, geram as ações corporais
específicas e derivadas.
Perceber os elementos básicos da gramática
estética da dança e vivenciar suas interações
numa ação: corpo (mímica facial, gestos,
movimento, ações, dinâmica, posicionamento,
postura e relacionamentos), som e palavras
(intensidade, altura, ritmo), espaço, (níveis,
direções, planos, caminhos e extensões).
 Avaliar a relevância dos rituais no período da PréHistória, para a formação do patrimônio cultural
nacional e universal atual.
 Verificar nos elementos de um espetáculo, sua
ação sobre a realização, a apreciação e a fruição
nos espetáculos e performances.
 Conhecer os vários estilos de danças nacionais e
suas origens.
CONTEÚDOS


















Sondagem diagnóstica
Iniciação à Consciência corporal
Estudo dos elementos do movimento.
Sensibilização ao ritmo e à dança,
Elementos da gramática estética da
dança
Elementos da anatomia e da fisiologia
aplicados à dança.
História da dança: manifestações da
dança na pré-história, na América, na
África, na China, na Índia, no Japão e
no Oriente; danças rituais e danças
indígenas. .
Estudo das ações básicas de
movimento (socar, talhar, pontuar,
sacudir, pressionar, torcer, deslizar,
flutuar), para a realização de ações
derivadas
com
qualidade
de
movimento.
Conceitos de dança.
Corpo, espaço, movimento, ação
dramática, ritmos musicais.
Anatomia e fisiologia aplicadas à
dança.
História da dança: danças no Egito
antigo, na Grécia antiga, em Roma e
na Idade Média.
Produções e manifestações de dança
de sua cidade.
Produções e manifestações de dança
do seu país.
Danças brasileiras e populares.
Indivíduo, identidade e cultura.
Anatomia e fisiologia aplicadas à
dança.
História da dança: danças no período
bizantino, romântico e gótico.
106
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE








Identificar as danças praticadas na pré-história, as
danças rituais e as danças indígenas, buscando
entender seus códigos, referenciais simbólicos e
sentidos mais profundos, relacionando-os com as
características
sociopolítico-filosóficas
e
econômico-culturais dos respectivos momentos
históricos.
Realizar as ações corporais básicas definidas por
Rudolf Laban, para o/a estudante iniciar a busca
por um movimento pessoal com qualidade e
consciência.
Construção de sequências de movimentos a partir
das
ações
derivadas
pesquisadas
pelos
próprios/próprias estudantes.
Distinguir os conceitos de dança lato senso e
stricto senso, para que o/a estudante possa
identificar os estilos de dança e, com isso, iniciar a
apreciar criticamente essa arte.
Identificar e relacionar conceitos referentes aos
elementos estruturais que caracterizam tipos de
registros de dança, roteiros: tema, enredo, estilos,
movimentação, diálogos, ritmo, tese, ação,
conflito, planos de movimentação.
Identificar as danças praticadas no Egito antigo, na
Grécia antiga, em Roma e na Idade Média, buscando
entender seus códigos, referenciais simbólicos e
sentidos mais profundos, relacionando-os com as
características sociopolítico-filosóficas e econômicoculturais dos respectivos momentos históricos.
Identificar as manifestações de dança da sua
cidade e os estilos musicais que as acompanham.
Entender as produções locais de dança para que o/a
estudante construa sua identidade de movimento
compreendendo as raízes da dança e os
movimentos artísticos da cidade onde mora.
Experimentar os diversos estilos de dança: funk,
hip-hop, axé, as danças de salão, para poder
compreendê-los e analisá-los criticamente
Apresentar uma coreografia de dança utilizando os
elementos aprendidos sobre a dança nesse ano e todas
as etapas necessárias para um espetáculo de qualidade
estética e cênica: direção do espetáculo ou da
coreografia; coreografia e personagens; música;
maquiagem; cenário, iluminação e som; preparação da
plateia, bilheteria e preparação do público; divulgação
e programação visual.
CONTEÚDOS









Estudo
do
movimento
e
criatividade.
Grau de energia do movimento.
Velocidade do movimento.
Desenho do movimento.
Iniciação à coreografia e à
construção de todas as etapas de
uma apresentação de dança.
Subtextos
do
movimento,
conceitos
e
concepções
de
movimento apresentados pela
linguagem corporal.
Anatomia e da fisiologia aplicados à
dança.
História da dança: manifestações
artísticas no Renascimento.
Criação de uma coreografia.
107
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE












Identificar as manifestações da dança no Brasil,
para entendê-las em toda a sua complexidade e
riqueza, a fim de valorizar a cultura brasileira e
todos os seus elementos regionais.
Identificar os diferentes trabalhos corporais
desenvolvidos nas danças populares.
Entender o significado do repertório de
movimentos das danças brasileiras e populares,
analisando as características socioculturais,
sociopolítico-econômicas
e
filosóficas
do
momento histórico em que cada dança foi
construída.
Reconhecer o valor e a importância das diversas
manifestações da dança para a formação da
identidade cultural do/da estudante e para o
reconhecimento do patrimônio artístico local,
regional, nacional e mundial. Identificar as danças
praticadas no período bizantino, no romântico e no
gótico, buscando entender seus códigos, referenciais
simbólicos e sentidos mais profundos, relacionandoos com as características dos respectivos momentos
históricos.
Compreender as características dos elementos nos
diferentes tipos de ação, improvisada e/ou
elaborada: cenas, quadros, mímica, estilos, circo,
vídeo, cinema, etc.
Experimentar ritmos variados, e diferentes estilos
de dança.
Conhecer e “brincar” com movimentos e pontos
de energia em diferentes ritmos e sons.
Perceber os diferentes graus de energia
empregados nas movimentações.
Utilizar as várias velocidades possíveis nas
pesquisas de movimento.
Entender o que é energia, velocidade, força,
espaço e massa nos fenômenos físicos.
Experimentar
diversas
possibilidades
de
movimento no espaço, testando vários desenhos
coreográficos.
Experimentar a composição e criação de
coreografia.
Identificar todas as etapas da criação de uma
apresentação de dança.
Analisar as concepções de mundo e os vários
conceitos apresentados nas coreografias de
dançarinos e grupos de dança dos diversos
períodos históricos.
Identificar as danças praticadas no Renascimento,
buscando entender seus códigos, referenciais
simbólicos e sentidos mais profundos, relacionandoos com as características sociopolítico-filosóficoeconômico-culturais dos respectivos momentos
históricos.
CONTEÚDOS
108
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE






Compreender a origem e a função da dança nas
cortes europeias.
Identificar quais os elementos que propiciaram o
surgimento do Ballet com seus códigos, regras e
formas definidas.
Vivenciar a técnica do Ballet clássico, entendendo
o porquê de cada elemento dessa técnica.
Identificar e analisar a mais importante figura da
dança no século XVIII, Jean-Georges Noverre, cuja
obra principal, além de inúmeros bailados, foi Lettres
sur la danse et sur les ballets, uma exposição de leis e
teorias do ballet, até hoje considerada a melhor do
gênero. Para ter um maior domínio da linguagem do
Ballets, que será questionada no século XX.
Conhecer os diferentes ballets de repertório
criados ao longo da história dessa técnica, sua
relação com a composição musical e com as artes
visuais da época.
Analisar criticamente os aspectos positivos e
negativos da técnica do ballet clássico para o
corpo do bailarino.
Analisar se os elementos da técnica clássica são
adequados para o biótipo do corpo do brasileiro.
Identificar as danças no período barroco e rococó na
Europa e no Brasil e danças no período da arte
colonial, buscando entender seus códigos,
referenciais simbólicos e sentidos mais profundos,
relacionando-os com as características sociopolíticofilosóficas e econômico-culturais dos respectivos
momentos históricos.
Interpretar como e porque ocorreu a transição do
Ballet para a dança moderna. Quais os novos
elementos históricos, sociais, filosóficos e culturais
que proporcionaram tamanha mudança na dança.
Entender como se deu o advento da dança moderna e
como foi a sua aceitação pelo público. Os
representantes do bailado clássico verificaram que era
tempo de renovar sua arte, sob pena de vê-la
sepultada.
CONTEÚDOS



















Danças da corte no século XVI.
Origens do Ballet clássico
Ballet Clássico, uma técnica
codificada.
Jean-Georges Noverre (1727-1810).
Ballet Clássico no Brasil.
Importância do Ballet para a
formação corporal dos dançarinos.
História da dança: período barroco e
rococó na Europa e no Brasil;
danças no período da arte colonial.
Transição Ballet clássico para a
dança moderna.
Diaghilev
O ser humano que pesquisa,
questiona que busca movimentos
mais autênticos que falem da vida e
do mundo moderno.
Vídeos das origens da dança
moderna.
História
da
dança:
Neoclassicismo e Romantismo na
Europa; danças no Brasil do
século
XIX
e
no
Prémodernismo.
A dança e a música no final do
século XIX e início do século XX
No Brasil.
Dança moderna
Aulas práticas sobre de dança
moderna.
Martha Graham·
Vídeos de dança moderna
História da dança: no Realismo,
no Simbolismo e no período da
Revolução Industrial.
A arte e as grandes guerras.
109
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS








Analisar a grande importância de Diaghilev,
representante dessa nova visão, grande organizador,
diretor do bailado russo no início do século XX, que
foi o primeiro a reconhecer a necessidade de fazer
novas criações, consideradas vanguardas na dança
sob todos os aspectos.
Analisar os vídeos do período de transição da dança
clássica para a dança moderna e entender porque os
novos elementos coreográficos trazidos pelos
coreógrafos desse período foram considerados
vanguarda.
Identificar as danças no Neoclassicismo e
Romantismo na Europa; as danças no Brasil do
século XIX e no Pré-modernismo, buscando
entender seus códigos, referenciais simbólicos e
sentidos mais profundos, relacionando-os com as
características
sociopolítico-econômicas,
socioculturais e filosóficas dos respectivos momentos
históricos.
Conhecer a relação entre a música e a dança
desenvolvidas no Brasil, nos séculos XIX e XX,
buscando entender como uma contribuiu para o
desenvolvimento da outra.
Identificar e analisar os grandes nomes da dança
moderna no mundo, tais como: Isadora Duncan,
Loie Fuller e Ruth St Denis; o suíço Emile Jacque
Dalcrose e o húngaro Rudolf von Laban.,
entendendo as suas contribuições para o
desenvolvimento da dança.
Conhecer e praticar a primeira técnica estruturada de
Dança Moderna, a de Martha Graham, criada nos anos
20 e 30 desse século. Este estilo procurava dar mais
ênfase aos sentimentos, aos sonhos, tentando teatralizálos ao máximo através de movimentos corporais.
Analisar corporalmente a nova maneira de trabalhar o
corpo na dança moderna, com os bailarinos dançando
descalços, trabalhando contrações, torções, desencaixe
etc, e com movimentos mais livres, embora respeitando
uma técnica fechada.
Identificar e analisar os grandes da segunda geração
da dança moderna e as técnicas desenvolvidas por
eles: Doris Humphrey, Lester Horton, José Limon e
outros.





Dança Moderna no Brasil.
Pesquisa de movimento, utilizando as
técnicas aprendidas e estímulos
semelhantes àqueles dos bailarinos
criadores dessas técnicas.
Busca pelo movimento individual.
Historia da dança: no Impressionismo
e no Pós-impressionismo na Europa
e no Brasil
Criação de uma coreografia
110
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE



Experimentar no próprio corpo as técnicas da dança
moderna, identificando quais as diferenças entre a
formação corporal proporcionada pelo Ballet e a da
dança moderna.
Analisar os vídeos de dança moderna, buscando
entender essa nova técnica e as peculiaridades de cada
bailarino que desenvolveu sua técnica nesse período.
Identificar as danças no Realismo, no Simbolismo e
no período da Revolução Industrial, buscando
entender seus códigos, referenciais simbólicos e
sentidos mais profundos, relacionando-os com as
características
sociopolítico-econômicas,
socioculturais e filosóficas dos respectivos momentos
históricos.
Analisar como as grandes guerras do século XIX e XX
influenciaram as criações dos bailarinos da dança
moderna, em especial a obra de Martha Graham.
Reconhecer a variedade de significados expressivos,
comunicativos e simbólicos nas formas da dança e
suas conexões temporais, geográficas e culturais.
 Conhecer e analisar as contribuições dos renomados
artistas que vieram para o Brasil, no período Segunda
Guerra mundial, para fugir do conflito, e
contribuíram para a formação e disseminação da
dança moderna no Brasil, ao trazer novas ideias no
campo estético.
 Colocar-se como protagonista na produção e
reprodução de textos verbais e visuais induzindo a
compor uma obra de dança.
 Identificar e explicitar contextos históricos,
geográficos, políticos, econômicos, sociais, culturais
que geram diferentes sistemas simbólicos e explicam
historicamente as opções estéticas.
 Identificar como os pioneiros da dança moderna
procuravam maneiras modernas e pessoais de
expressar como se sentiam através da dança
 Conhecer/reconhecer
elementos
básicos
da
linguagem para experimentar e produzir trabalhos
em dança
 Identificar as manifestações artísticas no eixo
temporal reconhecendo os momentos de tradição e
ruptura moderna.
CONTEÚDOS
111
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Identificar as danças no Impressionismo e no PósImpressionismo na Europa e no Brasil, buscando
entender seus códigos, referenciais simbólicos e
sentidos mais profundos, relacionando-os com as
características
sociopolítico-econômicas,
socioculturais e filosóficas dos respectivos
momentos históricos.
 Apresentar uma coreografia de dança utilizando os
elementos aprendidos sobre a dança nesse ano e
todas as etapas necessárias para um espetáculo de
qualidade estética e cênica: direção do espetáculo ou
da coreografia; coreografia e personagens; música;
maquiagem; cenário, iluminação e som; preparação
da plateia, bilheteria e preparação do público;
divulgação e programação visual.
CONTEÚDOS
112
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE







Analisar a relação entre a dança e a alteridade,
para poder entender porque, no século XX,
surgirão técnicas tão variadas e diferentes de
dança.
Identificar as danças nas Vanguardas, no
Modernismo
Brasileiro
e
no
movimento
Antropofágico na Europa e no Brasil, buscando
entender seus códigos, referenciais simbólicos e
sentidos mais profundos, relacionando-os com as
características
sociopolítico-econômicas,
socioculturais e filosóficas dos respectivos
momentos históricos.
Identificar como e porquê ocorreu a popularização
da dança no cinema, no século XX, e quais as
técnicas de dança mais exploradas pela sétima arte.
Entender a relação entre a utilização da dança no
cinema e a cultura dos musicais nos Estados Unidos.
Analisar a importância das danças e da música dos
negros norte-americanos para o desenvolvimento, a
difusão e a popularização da dança.
Identificar as danças disseminadas pela Indústria
cultural; analisar o seu conteúdo estético e artístico,
para saber criticá-las com propriedade, sem
desconsiderar o universo social e econômico em que
são criadas.
Conhecer as danças utilizadas no cinema no século
XX e as danças difundidas pela Indústria Cultural
hoje, através de vídeos, comparando-as e analisando
criticamente as suas diferenças e semelhanças.
Pesquisar temas e determinar os estilos de dança
mais apropriados para produção do espetáculo de
dança por todos os/as estudantes.
Identificar as danças no período do Dadaísmo, do
Surrealismo e as influências dos conceitos de
design Art Nouveau e Bauhaus nas criações da
dança, buscando entender seus códigos, referenciais
simbólicos e sentidos mais profundos, relacionandoos com as características sociopolítico-econômicas,
socioculturais e filosóficas dos respectivos
momentos históricos.
CONTEÚDOS





















Estudar a alteridade.
História da dança: nas Vanguardas,
no Modernismo Brasileiro e no
movimento Antropofágico.
Dança,
cinema
e
musicais:
sapateado, jazz e street dance.
Dança e cultura de massas: funk,
axé e todas as manifestações da
Indústria cultural.
Vídeos e filmes de dança.
Criação do espetáculo de dança de
conclusão do Ensino Médio
História da dança: no período do
Dadaísmo, do Surrealismo e as
influências dos conceitos de
design Art Nouveau e Bauhaus
nas criações da dança.
Origens da Dança contemporânea.
Vídeos de grupos de dança
contemporânea de diversos países
do mundo.
Danças
africanas
e
afrobrasileiras.
Danças indígenas.
Dança contemporânea no Brasil
Criação do espetáculo de dança de
conclusão do Ensino Médio.
Dança contemporânea no Brasil:
grandes nomes.
Diversas
técnicas
de
dança
contemporânea.
Vídeos de grupos de dança
contemporânea brasileiros.
Dança e ética
Dança e cidadania
Dança como meio de resgate social
e de reeducação do gesto: “corpocidadão” e a técnica das cadeias
musculares de Ivaldo Bertazzo.
A dança e as necessidades especiais
do ser humano: inclusão.
Dança, saúde e meio-ambiente.
113
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
114
ARTE − DANÇA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES
LETRAMENTO E DIVERSIDADE

Identificar como a dança contemporânea surgiu e
entender que ela é mais que uma técnica específica
de dança, porque ela reúne uma coleção de
sistemas e métodos desenvolvidos da dança
moderna e pós-moderna.
 Analisar e experimentar as várias linguagens que
alimentam a dança contemporânea.
 Conhecer os diversos estilos e grupos de dança
contemporânea existentes, através de vídeos, e
identificar as linguagens e técnicas que eles
utilizam.
 Identificar as danças afro-brasileiras e a sua
importância para a formação cultural dos
dançarinos brasileiros.
 Entender como as danças afro-brasileiras
influenciaram a construção das diversas técnicas
de dança contemporânea no Brasil e como
contribuíram e contribuem para a diferenciação
dos corpos do dançarinos no Brasil (exemplo
disso, é o uso da capoeira aplicada à dança).
 Entender
como
as
danças
indígenas
influenciaram a construção das diversas técnicas
de dança contemporânea no Brasil e como
contribuíram e contribuem para a diferenciação
dos corpos do dançarinos no Brasil
 Identificar como foi o desenvolvimento da
dança contemporânea no Brasil e quais as
técnicas mais utilizadas.
 Definir o tema ou os conceitos que serão
desenvolvidos
pelos/pelas
estudantes
no
espetáculo de dança e iniciar as pesquisar de
movimentos e de músicas, para concretizar a
ideia.
 Identificar os importantes grupos e bailarinos da
dança contemporânea no Brasil.
 Experimentar e praticar as diferentes técnicas
utilizadas
e
desenvolvidas
pela
dança
contemporânea, tais como: Improvisação, Contato
Improvisação, Método Laban, Técnica de Release,
, Body Mind Centery (BMC), Alvin Nikolai.
CONTEÚDOS
 Criação do espetáculo de dança de
conclusão do Ensino Médio.
 História da dança: no período da Arte
Pós Moderna e na· Arte Conceitual;
influencias da Action Painting, da Pop
Arte, do Minimalismo, do Land Art e
da Arquitetura Moderna e Pós
Moderna na dança.
 Dança e política: importância da Arte
Contemporânea e de movimentos sociais
e políticos como Feminismo, Ditaduras,
Multiculturalismo, etc.
 Dança engajada ou dança que explora
apenas o belo.
 Interatividade na dança: relação entre a
dança, as artes plásticas e a tecnologia,
 Dança, arte e tecnologia: Web Design,
Hipertexto, Hipermídia, Multimídia,
Vídeo, Cinema, Fotografia e a construção
do espetáculo de dança.
 Ensaios e apresentação do espetáculo
de dança.
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE






Entender que o corpo na dança contemporânea é
construído na maioria das vezes a partir de técnicas
somáticas, tais como a Técnica Alexander,
Feldenkrais, Eutonia, Klauss Vianna (Brasil), que
permitem o trabalho da conscientização do corpo e
do movimento.
Assistir vídeos e analisar os espetáculos criados
pelos importantes grupos de dança contemporânea
no Brasil. Há diferenças entre as produções dos
grupos brasileiros e as produções dos grupos de
outros países?
Analisar a relação entre a dança e a ética,
percebendo como a educação pelo movimento pode
permitir a formação ética dos indivíduos e a
construção do caráter. Essa utilização da dança é
realizada desde a época da formação dos guerreiros
na Grécia Antiga.
Analisar como a dança pode ser um instrumento
para a formação da cidadania dos indivíduos, que
poderão se expressar com identidade e auto-estima,
ao descobrir o seu movimento único e inigualável e
a imensa comunicabilidade do movimento.
Perceber como a dança contemporânea e as novas
técnicas permitem que a dança seja inclusiva e
aceite todos os tipos de corpos, independente de
suas limitações. Porque essa dança estimula o
bailarino a encontrar o seu movimento individual,
explorando as suas características positivas e
únicas.
Analisar o trabalho de Ivaldo Bertazzo de bailarino,
coreógrafo e criador de técnicas fundamentais para
reeducação do gesto e a formação do “corpocidadão”. Perceber como o seu trabalho resgata
jovens da periferia do Rio e de São Paulo e os
transforma em artistas profissionais e autônomos.
Entender como a dança é fundamental para a saúde
física, mental, psicológica e espiritual de quem a
realiza com consciência e autonomia.
Identificar qual o papel do dançarino na luta pela
preservação do meio ambiente e pela busca da
substituição
da
cultura
consumista
pelo
desenvolvimento sustentável.
CONTEÚDOS
115
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ARTE − DANÇA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Identificar as danças no período da Arte Pós
Moderna e na· Arte Conceitual; as influências da
Action Painting, da Pop Arte, do Minimalismo,
do Land Art e da Arquitetura Moderna e Pós
Moderna na dança, buscando entender seus
códigos, referenciais simbólicos e sentidos mais
profundos, relacionando-os com as características
sociopolítico-econômicas,
socioculturais
e
filosóficas dos respectivos momentos históricos.
 Definir como será o espetáculo de dança, realizar
todas as etapas para a sua concretização, definidas
desde o início do Ensino Médio, e ensaiar.
 Analisar a relação entre a política, os movimentos
sociais e a dança, percebendo como estes
influenciam as criações dos dançarinos e dos grupos.
 Debater se a dança deve ou não ser engajada,
utilizando os movimentos também como
instrumentos de denúncia dos problemas sociais e
das várias injustiças existentes no mundo.
 Entender como e porquê a dança contemporânea
passou a utilizar, em suas criações, as outras áreas
artísticas, como vídeo, música, fotografia, artes
plásticas, performance arte, cultura digital e
softwares específicos que permitem alterações do
que se entende como movimento, tornando
movimentos reais em virtuais ou vice e versa.
 Identificar as vertentes que surgirão com a relação
entre a dança e a tecnologia, tais como a vídeo
dança, tornando a relação da dança entre as
diferentes áreas mais híbridas.
 Utilizar pelos/pelas estudantes outras mídias para a
pesquisa de movimento e a criação de movimentos.
 Apresentar o espetáculo de dança utilizando os
elementos aprendidos sobre a dança no Ensino
Médio e todas as etapas necessárias para um
espetáculo de qualidade estética e cênica: direção do
espetáculo ou da coreografia; coreografia e
personagens;
música;
maquiagem;
cenário,
iluminação e som; preparação da plateia, bilheteria e
preparação do público; divulgação e programação
visual.
CONTEÚDOS
116
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
7.6
EDUCAÇÃO FÍSICA
O componente curricular, Educação Física, juntamente com Língua Portuguesa, Arte e
LEM (PCNEM) constituem a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Isso se deve
porque Educação Física, desenvolve uma linguagem específica: a linguagem corporal, assim
como, por exemplo, Teatro e Dança (componente Arte)59.
Neste Currículo, essas relações e outras interfaces ficam claras quando verificamos
que os eixos: letramento e diversidade, e os pressupostos teórico-metodológicos: ludicidade e
tecnologias da informação e da comunicação recebem o mesmo tratamento que é dado pelos
demais componentes.
A Educação Física contribui para o letramento60, prática social da leitura, no momento
em que oportuniza a leitura crítica do mundo. Por exemplo, quando leva o/a estudante a
posicionar-se criticamente em face das orientações e recomendações contidas em bulas,
vídeos, rótulos, manuais e outros textos relativos ao consumo de medicamentos, suplementos
alimentares, equipamentos, que relacionam a prática da atividade física à saúde do individuo.
E leva o/a estudante a interpretar e expressar-se criticamente sobre e informações veiculadas
pela mídia (impressa ou não), relativos à atividade física, já se utilizando de recursos
tecnológicos61.
Em relação à diversidade étnico-racial, no ano de 2007, após a realização de encontros
pedagógicos, foram levantados conteúdos referentes à lei 10639/2003 que, por sua vez, trata
da História e Cultura Afro-Brasileira. Estes conteúdos não foram divididos em bimestres, pois
se partiu do princípio que os mesmos deveriam ser desenvolvidos pelos/pelas professores/as
ao longo de cada ano letivo. Cabe aqui ressaltar que no Currículo, o eixo diversidade não se
restringe a este aspecto, mas envolve a diversidade de gênero, de geração, e estudantes com
necessidades educacionais especiais. Daí a necessidade de se desenvolver na Educação Física,
práticas inclusivas e não práticas competitivas. Respeitando assim, as diferenças existentes
entre os estudantes e as estudantes, no que diz respeito inclusive às capacidades e às
limitações físicas de cada um.
59
Esta identidade é percebida também quando analisamos a primeira competência geral do Ensino Médio: 1)
Apreensão da norma padrão da língua portuguesa e das várias linguagens: artísticas, científica, corporal,
filosófica, literária, matemática, e tecnológica, bem como o conhecimento de línguas estrangeiras para ampliação
da visão de mundo.
60
Em relação ao tema ler O letramento na Educação Física -Professora Doutora em Educação Celi Zulke
Taffarel – FACED- UFBA.
61
Os recursos tecnológicos utilizados na Educação Física, vão desde a mídia impressa até a informática. Estes
recursos auxiliam, por exemplo, nas avaliações físicas.
117
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
O Currículo da Educação Básica – Ensino Médio traz como novidade, a valorização da
ludicidade para esta etapa do ensino. Em Educação Física, o aspecto lúdico sempre esteve
presente, nos jogos cooperativos, nas recreações esportivas e brincadeiras. Contudo recebeu
maior destaque com a inserção das práticas circences – origem e contexto e da dança.
Em relação à formatação da proposta curricular de Educação Física ora apresentada, a
mesma encontra-se organizada em habilidades e conteúdos referenciais. Ao todo são sete
habilidades que são desenvolvidas nas três séries. Estas habilidades, por sua vez, estão em
consonância com as cinco competências do Ensino Médio. E devem garantir62:





62
Acúmulo cultural no que tange à oportunização de vivência das práticas
corporais;
Participação efetiva no mundo do trabalho no que se refere à compreensão do
papel do corpo no mundo da produção, no que tange ao controle sobre o
próprio esforço e do direito ao repouso e ao lazer;
Iniciativa pessoal nas articulações coletivas relativas às práticas corporais
comunitárias;
Iniciativa pessoal para criar, planejar ou buscar orientação para suas próprias
práticas corporais;
Intervenção política sobre as iniciativas públicas de esporte, lazer e
organização da comunidade nas manifestações, vivência e na produção de
cultura. (OCN. 2006: p.225).
Em relação aos desafios da Educação Física, ler a dissertação Desafios da Educação Física Escolar no
Ensino Médio frente a Sociedade Contemporânea do Prof. Ms. Pedro Ferreira Reis da SEED – Paraná –
Faculdade Cesufo.
118
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
EDUCAÇÃO FÍSICA − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Aplicar conceitos e vivências de atividade
física abordadas na escola, para os momentos
de lazer e trabalho, de forma a melhorar a
própria condição de vida e a do outro.
 Identificar e relacionar o processo de
funcionamento do organismo humano.
 Reinterpretar as normas estabelecidas para a
realização de eventos inerentes a Educação
Física, com vistas à integração dos indivíduos
em atividades
que
proporcionem a
participação solidária.
 Posicionar-se criticamente, em face das
orientações e recomendações contidas em
bulas, vídeos, rótulos, manuais e outros textos
relativos ao consumo de medicamentos,
suplementos alimentares, equipamentos, que
relacionam a prática da atividade física à
saúde do individuo.
 Reconhecer a importância da Educação Física
no processo de preservação do meio ambiente
como um dos principais fatores para a
melhoria da qualidade de vida no planeta.
 Interpretar e expressar-se criticamente sobre e
informações veiculados pela mídia, relativos à
atividade física.
 Aplicar
a
informática
nos
diversos
seguimentos da Educação Física.
.
CONTEÚDOS










Ginásticas
Práticas circenses
Dança
Cultura afro-brasileira
Culturas juvenis
Lutas
Jogos Adaptados
Esporte
Da escola (equipes esportivas)
Na escola (iniciação às modalidades
esportivas)
 Desportos e a origem dos jogos das danças
e sobre os movimentos básicos da capoeira
brasileira
 A capoeira, seus significados no contexto
histórico-social, como elemento da cultura
corporal
 História dos negros e afro-brasileiros que se
destacaram nos esportes, como atletas,
professores/as, árbitros, técnicos
 A influência do clima nas práticas
desportivas - o caso dos atletas africanos
 Influência das diferenças socioeconômicas
nos praticantes das várias modalidades
esportivas
 Destaques nacionais e internacionais negros
e afro-brasileiros nos esportes
 Práticas corporais da cultura negra, em
diferentes momentos históricos
 Brinquedos e brincadeiras da cultura
africana e suas ressignificações
OBS: Os conteúdos relativos à História e
Cultura Afro-Brasileira perpassarão a 1ª série




Jogos, Ginásticas, lutas e dança.
Cultura afro-brasileira
Culturas juvenis
Práticas circenses
− Origem e Contexto
 Jogos Cooperativos (diversificar elementos
corporais e práticas)
 Jogos Cooperativos
(diversificar elementos corporais e práticas)
119
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
EDUCAÇÃO FÍSICA − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS







Aplicar conceitos e vivências de atividade
física, abordadas na escola, para os momentos
de lazer e trabalho, de forma a melhorar a
própria condição de vida e a do outro.
Identificar e relacionar o processo de
funcionamento do organismo humano.
Reinterpretar as normas estabelecidas para a
realização de eventos inerentes a Educação
Física, com vistas à integração dos indivíduos
em atividades
que
proporcionem a
participação solidária.
Posicionar-se criticamente, em face das
orientações e recomendações contidas em
bulas, vídeos, rótulos, manuais e outros textos
relativos ao consumo de medicamentos,
suplementos alimentares, equipamentos, que
relacionam a prática da atividade física à
saúde do individuo.
Reconhecer a importância da Educação Física
no processo de preservação do meio ambiente
como um dos principais fatores para a
melhoria da qualidade de vida no planeta.
Interpretar e expressar-se criticamente sobre e
informações veiculados pela mídia, relativos à
atividade física.
Aplicar
a
informática
nos
diversos
seguimentos da Educação Física.
 Desportos e a origem dos jogos das danças
e sobre os movimentos básicos da capoeira
brasileira
 A capoeira, seus significados no contexto
histórico-social, como elemento da cultura
corporal
 História dos negros e afro-brasileiros que se
destacaram nos esportes, como atletas,
professores/as, árbitros, técnicos
 A influência do clima nas práticas
desportivas - o caso dos atletas africanos
 Influência das diferenças socioeconômicas
nos praticantes das várias modalidades
esportivas
 Destaques nacionais e internacionais negros
e afro-brasileiros nos esportes
 Práticas corporais da cultura negra, em
diferentes momentos históricos
 Brinquedos e brincadeiras da cultura
africana e suas ressignificações
 O processo de funcionamento do organismo
humano:
_ Capacidades físicas
_ Capacidades motoras
_ Aptidão física
_ Contexto científico
OBS: Conteúdos referentes à História e Cultura
afro-brasileira perpassarão a 2ª série
 Aplicação da informática nos diversos
segmentos da Educação Física.
_ Pirâmide alimentar
_ Avaliação física, Medidas e testes
 _ Contexto científico
 Importância da Educação Física no
processo de preservação do meio ambiente
como um dos principais fatores para a
melhoria da qualidade de vida no planeta,
por meio de: Ginástica Natural, Grandes
Jogos, Esportes radicais / natureza / Práticas
circenses, Origens e Contextos.

Escolha,
utilização,
criação
e
preservação, em comum acordo, locais e
espaços que possam servir para a prática
de atividade física, de forma a preservar
o meio ambiente e atender aos interesses
coletivos, por meio de:
_Ginástica Natural
_Grandes Jogos
_Esportes radicais / natureza /
_Práticas circenses
_Origens e Contextos
120
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
EDUCAÇÃO FÍSICA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Aplicar conceitos e vivências de atividade
física abordadas na escola, para os momentos
de lazer e trabalho, de forma a melhorar a
própria condição de vida e a do outro.
 Identificar e relacionar o processo de
funcionamento do organismo humano.
 Reinterpretar as normas estabelecidas para a
realização de eventos inerentes a Educação
Física, com vistas à integração dos indivíduos
em atividades
que
proporcionem a
participação solidária.
 Posicionar-se criticamente, em face das
orientações e recomendações contidas em
bulas, vídeos, rótulos, manuais e outros textos
relativos ao consumo de medicamentos,
suplementos alimentares, equipamentos, que
relacionam a prática da atividade física à
saúde do individuo.
 Reconhecer a importância da Educação Física
no processo de preservação do meio ambiente
como um dos principais fatores para a
melhoria da qualidade de vida no planeta.
 Interpretar e expressar-se criticamente sobre e
informações veiculados pela mídia, relativos a
atividade física.
 Aplicar
a
informática
nos
diversos
seguimentos da Educação Física.
CONTEÚDOS
 Desportos e a origem dos jogos das danças
e sobre os movimentos básicos da capoeira
brasileira
 A capoeira, seus significados no contexto
histórico-social, como elemento da cultura
corporal
 História dos negros e afro-brasileiros que se
destacaram nos esportes, como atletas,
professores/as, árbitros, técnicos
 A influência do clima nas práticas
desportivas - o caso dos atletas africanos
 Influência das diferenças socioeconômicas
nos praticantes das várias modalidades
esportivas
 Destaques nacionais e internacionais negros
e afro-brasileiros nos esportes
 Práticas corporais da cultura negra, em
diferentes momentos históricos
 Brinquedos e brincadeiras da cultura
africana e suas ressignificações
 Interpretação e expressão critica sobre fatos
e informações veiculados pela mídia,
relativos à atividade física, por meio de:
 Jogos, dança, esporte, ginásticas, lutas
 Abordagem teórica dos aspectos técnicos e
científicos
OBS: Os conteúdos referentes à História e
Cultura afro-brasileira perpassarão a 3ª série
 Interpretação e expressão crítica sobre fatos
e informações veiculados pela mídia,
relativos à atividade física, por meio de:
_ Jogos, dança, esporte, ginásticas, lutas
_ Abordagem teórica dos aspectos técnicos e
científicos
 Posicionamento critico, em face às
orientações e recomendações contidas em
bulas, vídeos, rótulos, manuais e outros
textos
relativos
ao
consumo
de
medicamentos, suplementos alimentares,
equipamentos, que relacionam a prática da
atividade física à saúde do indivíduo, por
meio de:
_ Jogos, dança, esporte, ginásticas, lutas
_ Abordagem teórica dos aspectos técnicos
e científicos
121
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
8 ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
8.1 BIOLOGIA
No ano de 2002 o Currículo da Educação Básica - Ensino Médio do Distrito Federal
foi elaborado à luz da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, 1996, para
atender às tendências da época, entre elas, o desenvolvimento dos conteúdos que deixaram de
“ser um fim em si mesmo” e passaram a ser o meio para o desenvolvimento das
habilidades\competências.
Hoje, o Brasil busca a qualidade da educação básica que se perdeu ao longo de um
processo que teve como principal objetivo a universalização do ensino fundamental, art. 5º.
“O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra
legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo”.
A melhoria da qualidade da educação básica trará reflexo, principalmente, no Índice
da Educação Básica – IDEB, para isso, é necessário a diminuição dos índices de repetência e
evasão escolar, tanto no ensino fundamental como no ensino médio.
As finalidades do ensino médio estão presentes no art. 35 da Lei 9394/96 e são
grandiosos os desafios, quando analisamos as diretrizes impostas pelo art. 36 que trata da
questão curricular. As várias possibilidades contidas nos artigos acima citados nos fazem
repensar sobre o ensino médio que está sendo ofertado aos nossos/nossas estudantes. A etapa
final da educação básica apesar de seu papel estratégico de mobilização social não traz
claridade nos seus objetivos e isto se deve, principalmente, à delicada opção entre a
terminalidade e a continuidade dos estudos, e sua relação com o mundo do trabalho.
Nessa linha de pensamento, “O ensino de Ciências passou de uma fase de
apresentação da ciência como neutra para uma visão interdisciplinar. Nela, o contexto da
pesquisa científica e suas consequências sociais, políticas e culturais são elementos
marcantes.” (KRASILCHIK E MARANDINO. 2004: p. 6)
A integração de elementos do ensino das Ciências com outros elementos do
currículo além de levar à análise de suas implicações sociais, dá significado aos
conceitos apresentados, aos valores discutidos e às habilidades necessárias para um
trabalho rigoroso e produtivo.” (KRASILCHIK E MARANDINO. 2004: p. 43)
A organização do ensino de Ciências tem sofrido nos últimos anos inúmeras propostas
de transformação. Em geral, as mudanças apresentadas têm o objetivo de melhorar as
condições da formação do espírito científico dos/das estudantes em vista das circunstâncias
histórico-culturais da sociedade.
122
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Hilda Weissmann (1993), afirma que a formação científica dos adolescentes deve
contribuir para a formação de futuros cidadãos que sejam responsáveis pelos seus atos, tanto
individuais como coletivos, conscientes e conhecedores dos riscos, mas ativos e solidários
para conquistar o bem estar da sociedade, e críticos e exigentes diante daqueles que tomam as
decisões.
As alterações tentam situar a ciência e o seu ensino no tempo e no espaço, enfatizando
em cada momento um aspecto considerado mais relevante na forma de o homem entender e
agir cientificamente no mundo por meio de um conhecimento que, de modo geral, está além
do senso comum.
A melhoria da qualidade do ensino médio passa por diversos fatores: é necessário que
se defina uma identidade da última etapa da educação básica mediante um projeto que,
conquanto seja unitário em seus princípios e objetivos, desenvolva possibilidades formativas
que contemplem as múltiplas necessidades socioculturais e econômicas dos sujeitos que o
constituem – adolescentes, jovens e adultos –, reconhecendo-os não como cidadãos e
trabalhadores de um futuro indefinido, mas como sujeitos de direitos no momento em que
cursam o ensino médio.
Logo é premente, o investimento e atenção por parte das esferas governamentais:
Federal, Estadual e Municipal no que tange à implantação/implementação de políticas
públicas para atendimento às necessidades desse jovem adolescente que cursa o ensino médio.
E neste cenário as questões pedagógicas se tornam prioridade na educação. É
necessário que se forneça melhores condições para o desenvolvimento do processo de ensino
e de aprendizagem e, entre estas, podemos citar: diminuição do quantitativo de estudantes por
sala de aula, melhor formação científica do/da professor/a de modo que ele seja capaz de
suprir as necessidades da educação básica, no ensino médio, possibilite “o aprofundamento
dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental”.
A melhoria da qualidade do ensino está imposta e se tornou um compromisso da
sociedade, pois assim dispõe o Decreto 6.094 de 24 de abril de 2007:
Sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela
União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e
Estados, e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações
de assistência técnica e financeira, visando a mobilização social pela melhoria da
qualidade da educação básica.
Esse Decreto aponta para a implementação de 27 Diretrizes para os sistemas de
ensino. Algumas dessas, são nossas conhecidas, como é o caso do combate “a repetência,
dadas as especificidades de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de reforço no
contraturno, estudos de recuperação e progressão parcial”.
123
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
O ensino médio do Distrito Federal ao incluir os conteúdos dos componentes
curriculares, de forma explícita nesse documento, teve como objetivo oportunizar ao/à
professor/a uma referência para o desenvolvimento das habilidades, não somente as que se
encontram descritas no currículo, mas o desenvolvimento de outras que permitam ao/à
estudante alcançar as cinco competências do ensino médio.
Para isso se faz necessário que o processo de ensino e de aprendizagem ocorra de
forma clara e, nos dias atuais é indispensável que o/a professor/a tenha conhecimento da sua
construção cognitiva.
Crê-se, contudo, que a competência maior do docente esteja no
comprometimento do estudo de Biologia com a melhoria da qualidade de vida do
planeta, da conscientização de que a humanidade não sobreviverá sem o profundo
conhecimento de que as interações de um sistema vivo com o seu meio ambiente são
interações cognitivas, sendo o próprio processo da vida um processo de cognição
(MATURANA & VARELA.1997).
Segundo Ausubel é importante que o/a estudante durante o processo de construção
cognitiva encontre um "ponto de ancoragem", para que os novos conhecimentos que estão
sendo formados se identifiquem com os que já foram construídos mentalmente, de modo a
possibilitar a interação com o que foi aprendido. (aprendizagem significativa é o conceito
central da teoria da aprendizagem de David Ausubel).
Uma das formas de mobilização para favorecer a construção cognitiva é fazer com que
os/as estudantes vivenciem a teoria, por meio das práticas. As práticas de vivências não se
restringem às aulas práticas de laboratórios, temos as possibilidades de realizar outras
estratégias, como: visitação a museus, zoológico, jardim botânico e simulações. A teoria e a
prática fazem sentido, quando uma complementa a outra, permitindo a mobilização de
diversos saberes.
Quando o conhecimento transmitido pelo/pela professor/a não dialoga com o
conhecimento trazido pelo/pela estudante e vice-versa, nega-se a oportunidade de participação
do/da estudante em sala de aula e isto se expressa pelos baixos rendimentos apresentados pela
turma
A interdisciplinaridade e a contextualização se apresentam como eixos pedagógicos
que oportunizam o diálogo com outras áreas de conhecimento e que permitem a formação de
“ancoras”, “pontos” que facilitam novas construções cognitivas, pois (...). “Saber significa,
primeiro, ser capaz de utilizar o que se aprendeu, mobilizá-lo para resolver um problema ou
aclarar uma situação” (GIORDAN E VECCHI, 1996, p.11).
O ensino de Biologia deve estimular o raciocínio lógico e a curiosidade, ajudar na
formação do/da estudante para que tenha condição de enfrentar os desafios impostos pela
124
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
sociedade contemporânea e fortalecer a democracia, dando à comunidade escolar melhor
condições para participar dos debates cada vez mais sofisticados sobre temas científicos que
afetam nosso quotidiano. Logo o letramento científico faz parte do ensino de biologia como
estratégia para a iniciação científica e ampliação de possibilidades para a inclusão numa
sociedade científica e tecnológica.
125
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE












Identificar diferentes explicações sobre a origem
do universo, da terra e dos seres vivos,
confrontando concepções religiosas, mitológicas e
científicas, elaboradas em diferentes momentos.
Analisar experiências e argumentos utilizados por
cientistas como F. Redi (1626-1697 ) e L. Pasteur
( 1822-1895 para derrubar a teoria da geração
espontânea. )
Descrever e entender o mundo a sua volta,
fazendo inferências indutivas, dedutivas e
analógicas da importância dos seres vivos.
Entender que a morfologia e a fisiologia dos seres
unicelulares e pluricelulares estão relacionadas
diretamente com a organização de suas estruturas
e componentes.
Justificar a morfologia e a fisiologia dos seres
vivos como características evolutivas e
imprescindíveis para a manutenção do equilíbrio
ecológico.
Elaborar modelos das células como unidade
transformadora e consumidora de energia.
Reconhecer a célula como unidade viva
formadora de todos os organismos e entender que
sua organização e funcionamento são semelhantes
em todos os seres vivos.
Entender a importância dos nutrientes na
formação das células e na manutenção da saúde.
Relacionar os alimentos com os processos de
desenvolvimento e de manutenção da vida dos
seres vivos, e reconhecer sua participação na
formação celular
Analisar e interpretar processos genéticos
associados às tecnologias e a avaliar eticamente
suas repercussões.
Reconhecer a biotecnologia como recurso
necessário ao controle biológico de pragas na
agricultura.
Correlacionar o funcionamento adequado do
organismo e a regulação da coordenação das
funções vitais.
Reconhecer a célula como unidade viva
formadora de todos os organismos e observar que
sua organização e funcionamento são semelhantes
em todos os seres vivos.
Analisar as diferenças na morfologia e na
fisiologia masculina e feminina, e entender as
transformações orgânicas e comportamentais
próprias da adolescência.
Analisar o desequilíbrio social que a gravidez
precoce pode provocar, propondo soluções junto à
comunidade escolar.
CONTEÚDOS
BIOLOGIA COMO CIÊNCIA
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES
VIVOS

Características dos seres vivos

Constituintes da matéria viva
BIOLOGIA CELULAR

Teoria celular

Citoplasma (organelas estrutura e
função)
METABOLISMO ENERGÉTICO

Anabolismo e catabolismo

Reações (endergônicas, exergônicas,
oxirredução, de ativação enzimática,
energia nas reações químicas).

ATP (estrutura química)

Respiração
celular,
fermentação,
quimiossíntese.



Núcleo: cromossomos da célula
eucariótica (processos de transcrição e
tradução).
Divisão celular.
Biotecnologia





Gametogênese.
Embriologia.
Reprodução humana e parto.
DST
Drogas.









ECOLOGIA
Biosfera,população,
comunidade,
biótipos, habitat, nicho ecológico,
ecossistema, biomas.
Cadeias e teias alimentares.
Fluxo de energia e níveis tróficos
(pirâmides de energia, produtividade).
Ciclos biogeoquímicos.
Estudo das populações (densidade
populacional, taxas de crescimento
populacional, fatores de regulação da
população).
Relações ecológicas (intraespecíficas e
interespecíficas).
Sucessão ecológica.
Fatores que afetam a evolução dos
ecossistemas.
Espécie humana versus natureza
(poluição, desmatamento, espécies
exóticas)
126
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Identificar as transformações orgânicas e
comportamentais próprias do adolescente
relacionando com fatores biológicos e sociais da
sexualidade.
 Associar as divisões celulares como meio de
reprodução,
crescimento
e
regeneração,
compreendê-las como processos que mantêm a
composição genética das células e das espécies.
 Constatar os efeitos sofridos pelo organismo
decorrente do uso indevido de drogas lícitas e
ilíci-tas, propondo soluções para situaçõesproblema.
 Verificar a origem e a variabilidade das espécies
como resultado da interação de mecanismos
físicos e biológicos que determinam sua
existência, transformação e preservação.
 Associar
os
processos
genéticos
ao
desenvolvimento biológico avaliando eticamente
suas repercussões no cotidiano.
 Identificar, comparar e reconhecer a importância
dos ecossistemas brasileiros,
 Relacionar os diversos ecossistemas da biosfera
compreendendo suas constantes modificações,
com ênfase ao CERRADO do Distrito Federal, do
início de Brasília aos dias atuais.
 Relacionar a estabilidade dos ecossistemas com a
complexidade das interações estabelecidas entre
os organismos das populações na natureza.
 Analisar dados sobre intensificação do efeito
estufa, diminuição sobre a taxa de oxigênio no
ambiente e uso intensivo de fertilizantes
nitrogenados, associando-os às interferências
humanas nos ciclos naturais dos elementos
químicos.
 Propor, debater e divulgar junto à comunidade
medidas que podem ser tomadas para reduzir a
poluição ambiental, distinguindo as de
responsabilidade
individual
e
as
de
responsabilidade coletiva e do poder público.
 Construir a noção de saúde levando em conta os
condicionantes biológicos com sexo, idade,
fatores genéticos e os condicionantes sociais,
econômicos ambientais e culturais com nível de
renda, escolaridade, estilos de vida, estado
nutricional, possibilidade de lazer, qualidade do
transporte, condições de saneamento.
 Distinguir entre as principais doenças infectocontagiosas e parasitárias, as degenerativas , as
ocupacionais, as carência is ,as sexualmente
transmissíveis (DST) e as provocadas por toxinas
ambientais.
 Discutir os riscos da gravidez na adolescência e as
formas de preveni-la, a partir da análise de dados.
CONTEÚDOS

Práticas ecologicamente corretas (energias
alternativas, reciclagem, coleta seletivas)
127
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE








Elaborar explicações para os dados a respeito da
evolução, na última década, em particular no
Brasil, da incidência das DST, particularmente a
AIDS, entre homens e mulheres de diferentes
faixas etárias.
Relacionar o reaparecimento de determinadas
doenças (como cólera e dengue) com a
ocupação desordenada dos espaços urbanos das
grandes cidades.
Entender que os organismos possuem
ecossistemas internos em equilíbrio dinâmico, e
que podem sofrer alterações decorrentes de
influências externas.
Reconhecer a interdependência das espécies e a
influência que o meio exerce sobre elas e viceversa.
Compreender que a matéria transita de modo
cíclico nos meios bióticos e abióticos,
acarretando fluxo de energia.
Estabelecer diferenças entre conservação e
preservação do meio ambiente, reconhecendo os
procedimentos de proteção e de preservação das
espécies envolvidas.
Compreender a importância da conservação da
flora e da fauna e reconhecê-las como fonte de
matéria-prima.
Constatar os prejuízos causados na biosfera,
sugerindo formas de intervenção coletiva, de
maneira a reduzir os efeitos agudos e crônicos
da ação natural, identificando possíveis
alterações ambientais que modificam o
equilíbrio ecológico.
Reconhecer a necessidade do controle biológico
como recurso utilizado pelo homem na
produção de alimentos e como meio de
manutenção da cadeia e teia alimentar.
Perceber as consequências da fome no Brasil e
no mundo.
Relacionar os alimentos com os processos de
desenvolvimento e de manutenção da vida dos
seres vivos entendendo sua participação na
formação celular.
Compreender que nosso planeta sofreu
profundas transformações, no decorrer do
tempo, e que apresenta um equilíbrio dinâmico.
CONTEÚDOS
128
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE








Descrever e entender o mundo a sua volta,
fazendo inferências indutivas, dedutivas e
analógicas da importância dos seres vivos.
Reconhecer a importância da classificação
biológica para a organização e compreensão
da enorme diversidade dos seres vivos.
Conhecer e utilizar os principais critérios de
classificação, as regras de nomenclatura e as
categorias
taxonômicas
reconhecidas
atualmente.
Debater as principais medidas propostas por
cientistas, ambientalistas e administração
pública para preservar o que resta dos
nossos ecossistemas ou para recuperá-las.
Identificar a divisão dos grupos de seres
vivos, os seus processos de adaptação,
reconhecendo a sua anatomia microscópica
e macroscópica.
Relacionar a morfologia e a fisiologia dos
seres unicelulares e pluricelulares com a
organização
de
suas
estruturas
e
componentes.
Reconhecer que a morfologia e a fisiologia
dos seres vivos são características evolutivas
imprescindíveis para a manutenção do
equilíbrio ecológico.
Relacionar o funcionamento adequado do
organismo com as funções vitais.
Compreender que os organismos possuem
ecossistemas
internos
em equilíbrio
dinâmico, e que podem sofrer alterações
decorrentes de influências externas.
Relacionar as doenças mais comuns do
cotidiano com seus respectivos organismos
causadores.
Estudar os aspectos básicos da etiologia das
doenças causadas por infecções.
Caracterizar os ciclos de vida de animais e
plantas, relacionando-os a adaptação desses
organismos aos diferentes ambientes.
CONTEÚDOS
SISTEMÁTICA

Classificação biológica ou taxonomia
VÍRUS

Características gerais

Doenças
BACTÉRIAS,
ALGAS,
FUNGOS,
PROTOZOÁRIOS

Características gerais

Reprodução

Importância ecológica e econômica

Doenças
PORÍFEROS, CNIDÁRIOS

Características gerais

Reprodução

Importância ecológica e econômica
PLATELMINTOS E NEMATELMINTOS

Características gerais

Reprodução

Doenças
MOLUSCOS, ANELÍDEOS, ARTROPODES E
EQUINODERMAS

Características gerais

Reprodução
Doenças
PEIXES E ANFIBIOS

Características gerais.

Reprodução.

Importância ecológica e econômica.
RÉPTEIS

Características gerais.

Reprodução.

Importância ecológica e econômica.

Serpentes peçonhentas.
AVES E MAMIFEROS

Características gerais.

Reprodução.

Importância ecológica e econômica.

129
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE




Utilizar as diferentes linguagens na
interpretação de fenômenos naturais.
Discutir os fundamentos biológicos da
sexualidade dos seres unicelulares e
pluricelulares.
Reconhecer no cotidiano a importância
ecológica e econômica dos diversos grupos
de seres vivos.
Entender que os caminhos para o
conhecimento
de
biologia
são
diversificados.
Compreender
que
o
funcionamento
adequado do organismo depende da
regulação e da coordenação das funções
vitais.
Identificar, descrever e propor soluções às
consequências da fome no Brasil e no
mundo
Fazer um levantamento de informações
sobre os reinos em que estão divididos os
seres vivos e suas principais características
para elaborar um quadro resumo.
CONTEÚDOS
HISTOLOGIA E FISIOLOGIA VEGETAL
BRIÓFITAS (PLANTAS AVASCULARES)

Características gerais.

Reprodução.

Importância ecológica e econômica.
PTERIDÓFITAS (PLANTAS VASCULARES
SEM SEMENTES)

Características gerais.

Reprodução.

Importância ecológica e econômica.
GIMNOSPERMAS(PLANTAS VASCULARES
COM FLORES)

Características gerais.

Reprodução.

Importância ecológica e econômica.
ANGIOSPERMAS (PLANTAS VASCULARES
COM FLORES E FRUTOS)

Características gerais.

Reprodução.
130
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE









Entender que os caminhos para o conhecimento
de biologia são diversificados.
Compreender a evolução genética como
construção humana.
Associar as divisões celulares como meio de
reprodução, crescimento, regeneração e
compreensão de processos que mantêm a
composição genética das células e das espécies.
Reconhecer os processos genéticos associados
à tecnologia e a avaliar eticamente suas
repercussões na sociedade.
Compreender os processos de transmissão das
características hereditárias e suas manifestações
físicas e sócio culturais.
Identificar a origem e a variabilidade das
espécies
resultantes
da
interação
de
mecanismos físicos e biológicos que
determinam sua existência, transformação e
preservação.
Analisar situações problemas envolvendo
genética molecular e suas aplicações.
Reconhecer as diferentes teorias de origem da
vida bem como suas evidências evolutivas.
Compreender que nosso planeta sofreu
profundas transformações, no decorrer do
tempo, gerando a diversidade..
Compreender que a morfologia e a fisiologia
dos seres humanos estão relacionadas
diretamente com a organização.
Reconhecer que a morfologia e a fisiologia dos
seres Humanos são características evolutivas
imprescindíveis para a manutenção do
equilíbrio ecológico.
Reconhecer a reprodução sexuada e o processo
meiótico como fonte de variabilidade genética.
Relacionar o funcionamento adequado do
organismo com as funções vitais.
Analisar as diferenças na morfologia e na
fisiologia masculina e feminina, e entender as
transformações orgânicas e comportamentais
próprias da adolescência
CONTEÚDOS
GENÉTICA
 Lei da segregação genética (trabalhos de
Mendel, genótipo, fenótipo, dominância).
 Herança genética relacionada ao sexo
 Melhoramento genético, mutação
 Genética molecular e suas aplicações
GENÉTICA
 Lei da segregação independente dos genes
(Pleiotropia, alelos múltiplos, variação
gênica, grupos sanguíneos).
 Lei da segregação independente dos genes
na herança poligênica (interação gênica,
epistasia, herança quantitativa).
Observação: estes conteúdos referentes à História
e Cultura Afro-Brasileira perpassarão a 3ª série:
 Estudo do projeto genoma (genes);
 Mitos da pureza racial;
 Evolução humana e cultural.
ORIGEM DA VIDA
 Teoria
da abiogênese (ou geração
espontânea) e Teoria da biogênese
 Teorias modernas: panspermia, teoria da
evolução química (ou teoria da evolução
molecular).
EVOLUÇÃO
 Ideias evolucionistas de Lamarck e Darwin
 Seleção natural
 Fósseis
 Evidências anatômicas e fisiológicas da
evolução (órgãos homólogos e análogos,
divergência e convergência evolutiva)
 Teoria moderna da evolução (mutação
gênica, recombinação gênica, tipos de
seleção natural, tipos de adaptação).
 Bases genéticas da evolução (população
mendeliana,
frequência
gênica
nas
populações,
principio
de
HardyWeinserbeg, migração, deriva gênica,
principio do Fundador).
 Anagênese e cladogênese
 Gradualismo e equilíbrio pontuado
 Especiação (espécie e subespécie, processos
de especiação, isolamento reprodutivo)
 Espécie humana moderna
131
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA – 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
HISTOLOGIA
 Multicelularidade (quantidade e tipos de
células, interdependência funcional e
estrutural das células)
 Tecidos epiteliais
 Tecido conjuntivo
 Tecido muscular
 Tecido muscular estriado esquelético
(fibras, contração muscular)
 Tecido muscular estriado cardíaco
 Tecido muscular liso (não estriado)
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
 Sistemas nervoso, endócrino, sensorial,
circulatório,
imunitário,
digestório,
respiratório, urinário e locomotor.
Observação: estruturas, fisiologia, distúrbios e
suas consequências.
132
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
8.2 FÍSICA
Apresentação
Este texto apresenta orientações curriculares para a disciplina de Física. Após breve
síntese do papel do componente curricular no currículo do ensino médio, com base nos
Parâmetros curriculares nacionais e nos PCN+, Ensino Médio, são apresentados os conteúdos
e expectativas de aprendizagem ao longo das três séries do ensino médio, com base no
currículo elaborado pelo SIADE.
Finalmente, articulados ao conjunto de expectativas de aprendizagem, explicitam-se as
habilidades que se espera sejam construídas pelos/pelas estudantes ao final do ensino médio,
ou seja, a Matriz de Avaliação Final de Física.
I. CONCEPÇÃO DA DISCIPLINA FISICA NO CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO
Vivemos hoje um mundo bastante diferente daquele do início do século passado, em
razão das influências recíprocas entre a ciência, a tecnologia e a sociedade. Neste panorama
de mudanças, é inegável que a Física tem uma enorme contribuição, seja ao longo dos quatro
séculos da modernidade, seja no que diz respeito às revoluções tecnológicas.
Neste século mais recente, é surpreendente a quantidade de inovações e mudanças nas
formas de produção, de comunicação e de relacionamento entre os indivíduos, se comparada
ao de outros períodos de nossa História. Tais modificações se manifestam, por exemplo, nas
novas tecnologias presentes no cotidiano.
Há um consenso de que o ensino de Física, na escola média, deve assegurar aos/às
estudantes os instrumentos necessários para compreender a realidade, intervir nela e dela
participar. Uma compreensão que não se faz sem o necessário aporte de determinadas bases
científicas para o pleno entendimento do mundo que nos cerca. No entanto, é necessário
investir na direção de uma aprendizagem mais significativa, que contemple, entre outros, os
seguintes aspectos:
- a perspectiva da construção histórica dos conteúdos abordados;
- as conexões que se estabelecem entre a Física e as necessidades e os desafios da
sociedade – em outras palavras, a relevância social dos conteúdos abordados;
- a prática de encarar os fenômenos físicos como desafios, o que permitiria gerar o
“prazer de aprender” e o “gosto pela Ciência”.
133
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Um desafio a ser enfrentado por toda a comunidade escolar, pelo reconhecimento de
que requalificar o ensino médio e o que se caracteriza como alfabetização científica passa
necessariamente pela ressignificação do ensino de Física nas escolas de ensino médio.
Para que isto seja possível, é necessário, segundo o PCN+, Ensino Médio, desenvolver
nos/nas estudantes um “conjunto de competências e habilidades específicas que permitam
perceber e lidar com os fenômenos naturais e tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais
imediato quanto na compreensão do universo distante, a partir de princípios, leis e modelos
por ela construídos”.
Dentre essas habilidades, é fundamental que os/as estudantes possam recorrer à
linguagem própria da Física – conceitos, terminologia especifica, tabelas, gráficos ou relações
matemáticas para que possam compreender o mundo físico e, mais que isto, para que possam
participar dele e nele intervir. Uma atuação que será tão mais consciente quanto mais se
conseguir assegurar-lhes uma visão de ciência como um processo de formação histórica e
social, que tem alimentado o desenvolvimento de diferentes tecnologias.
Para que os conhecimentos de Física aprendidos na escola façam diferença na vida
dos/das estudantes, é necessário que o foco de interesse sejam as habilidades que se quer
desenvolver nos/nas estudantes, para depois definir os conteúdos necessários para tanto. Em
outras palavras, a pergunta “o que ensinar?” passa a ser substituída por “para que ensinar
Física?”
Quando este é o compromisso, não é apenas a lógica interna da Física que preside a
seleção e a extensão dos conteúdos a ser ensinados. A lógica do “para que ensinar” não
permite que se ensine um conteúdo físico abstrato e completamente distante da realidade
dos/das estudantes, apenas porque é pré-requisito de outro conteúdo físico. Isto porque o
critério de seleção dos conteúdos é sempre o que eles representam para colocar os/as
estudantes em situação de lidar com situações reais, aquelas que acontecem no dia a dia do
cidadão comum: as crises energéticas, as noticias de jornais, os problemas ambientais, a conta
de luz e de água, os manuais de aparelhos eletroeletrônicos, etc.
No entanto o desafio não se resolve apenas com a seleção de conteúdos segundo o
critério do “para que ensinar Física”, uma vez que é esta mesma a pergunta que deve orientar
a seleção das estratégias de ensino.
Assim, por exemplo, é difícil que os nossos/nossas estudantes possam desenvolver
habilidades de se posicionar face à crise energética caso não tenham tido a oportunidade de
analisar argumentos relacionados ao tema e nem participado sistematicamente de discussões
sobre este e outros assuntos.
134
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Para desenvolver tais habilidades é preciso que os/as estudantes lidem com os objetos
da Física: com os fenômenos físicos que ocorrem na natureza e com processos físicos que
adquirem uma profunda relevância no mundo atual.
Segundo os PCN+, Ensino Médio, o ensino da Física pode ser estruturado em torno de
seis temas estruturadores que permitem agregar todos os conteúdos tradicionalmente
abordados pela disciplina:
1. Movimentos: variações e conservações
2. Calor, ambiente e usos de energia
3. Som, imagem e informação
4. Equipamentos elétricos e telecomunicações
5. Matéria e radiação
6. Universo, Terra e vida
O desafio é assegurar que, na organização dos conteúdos, estes temas “conversem”
entre si, especialmente quando o estudo de determinados objetos assim o exige.
II. HABILIDADES E CONTEÚDOS
No quadro seguinte são apresentados as habilidades e os conteúdos para cada uma das
séries:
135
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
FÍSICA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
 Realizar medidas de grandezas físicas.
 Estimar ordens de grandeza.
 Representar grandezas utilizando códigos, símbolos
e nomenclatura específicos da Física.
 Utilizar a linguagem vetorial para representar
grandezas físicas.
 Reconhecer os diferentes movimentos presentes no
mundo natural e nas construções humanas.
 Interpretar modelos explicativos de conceitos, leis e
teoremas da Física.
 Explicar fundamentos físicos presentes na
construção e funcionamento de ferramentas,
máquinas e equipamentos.
 Interpretar gráficos que apresentam grandezas
físicas.
 Compreender a linguagem técnico-científica da
Física utilizada em textos e imagens.
 Realizar cálculos que envolvam grandezas,
conceitos, definições, princípios, teoremas ou leis da
Física.
 Realizar inferências (indutivas, dedutivas e
analógicas) em situações-problema que envolvam
conhecimentos da Física.
 Solucionar situações-problemas que envolvam
conceitos, definições, princípios, teoremas ou leis
da Física.
 Realizar
experimentos
que
facilitem
a
compreensão de fenômenos físicos.
 Interpretar simulações de fenômenos físicos em
softwares educacionais.
 Analisar criticamente normas e políticas públicas
que visam propor soluções para problemas
socioambientais.
 Articular argumentos científicos para explicar e
posicionar-se em situações cotidianas que
envolvem fenômenos físicos.
 Inter-relacionar conhecimentos da Física com os de
outras áreas do conhecimento.
 Sistema Internacional de Unidades.
 Notação científica.
 Conceitos de referencial, posição,
deslocamento, velocidade, aceleração,
força, massa, peso, diferenciando
grandezas escalares e vetoriais.
 Implicações da teoria Relatividade
Restrita nos conceitos de espaço, massa e
tempo.
 Implicações da teoria da Relatividade
Especial para corpos submetidos à
velocidade da luz.
 Evolução histórica das concepções de
força, movimentos e suas causas.
 Leis de Newton e suas aplicações nos
movimentos retilíneos e curvilíneos.

Forças e materiais redutores de
atrito.
 Alavancas
e
movimentos
biomecânicos.
 Lei de Hooke.
 Trabalho, potência e transformações de
Energia Mecânica (potencial, cinética e
elástica).
 Momento linear, torque e momento
angular. Impulso.
 Colisões mecânicas (elásticas e
inelásticas).
 Leis de Kepler.
 História e modelos explicativos da
origem e evolução do universo.
 Teorias sobre movimento dos corpos
celestes
(geocentrismo
e
heliocentrismo)
 Lei da Gravitação Universal.
 Equilíbrio estático de partículas e de
corpos extensos.



Características de fluidos ideais
(incompressibilidade, densidade e
pressão).
Princípios de Stevin e Pascal.
Teorema do Empuxo.
Princípio de Bernoulli.
136
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
FÍSICA − 2ª. SÉRIE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
 Realizar medidas de grandezas físicas.
 Estimar ordens de grandeza.
 Representar grandezas utilizando códigos, símbolos
e nomenclatura específicos da Física.
 Utilizar a linguagem vetorial para representar
grandezas físicas.
 Reconhecer as diferentes formas de energia
presentes no mundo natural e nas construções
humanas.
 Interpretar modelos explicativos de conceitos, leis e
teoremas da Física.
 Explicar fundamentos físicos presentes na
construção e funcionamento de ferramentas,
máquinas e equipamentos.
 Interpretar gráficos que apresentam grandezas
físicas.
 Compreender a linguagem técnico-científica da
Física utilizada em textos e imagens.
 Realizar cálculos que envolvam grandezas,
conceitos, definições, princípios, teoremas ou leis da
Física.
 Realizar inferências (indutivas, dedutivas e
analógicas) em situações-problema que envolvam
conhecimentos da Física.
 Solucionar situações-problemas que envolvam
conceitos, definições, princípios, teoremas ou leis da
Física.
 Realizar experimentos que facilitem a compreensão
de fenômenos físicos.
 Interpretar simulações de fenômenos físicos em
softwares educacionais.
 Analisar criticamente normas e políticas públicas
que visam propor soluções para problemas
socioambientais.
 Articular argumentos científicos para explicar e
posicionar-se em situações cotidianas que envolvem
fenômenos físicos.
 Inter-relacionar conhecimentos da Física com os de
outras áreas do conhecimento.
 Concepções científicas e do senso comum
acerca do conceito de calor.
 Evolução histórica dos conceitos de calor
e temperatura.
 Escalas termométricas e conversões.
 Dilatação de sólidos e líquidos.
 Formas de propagação de calor.
 Equilíbrio térmico – Lei Zero da
Termodinâmica.
 Tipos de calor: sensível e latente.
 Trocas de calor.




Potência térmica e balanço energético.
Diagramas de fase.
Gases ideais e transformações gasosas.
Primeira
e
Segunda
Leis
da
Termodinâmica.
 Máquinas térmicas.
 Enunciados de Kelvin e Clausius.


















Período, comprimento, frequência,
amplitude e velocidade de ondas
mecânicas.
Fenômenos ondulatórios: reflexão,
refração, difração, ressonância e
interferência.
Qualidades do som: frequência,
intensidade e timbre.
Audição humana e problemas
causados por poluição sonora.
Intensidade sonora e legislação a
respeito.
Características
dos
fenômenos
sonoros produzidos em instrumentos
musicais.
Qualidades fisiológicas do som e o
Efeito Doppler.
Fontes de luz e fenômenos ópticos.
Formação de cores.
Princípios da óptica geométrica.
Evolução histórica das ideias sobre
fenômenos luminosos.
Luz
como
fenômeno
eletromagnético.
Fenômenos luminosos: reflexão,
refração, dispersão.
Leis da reflexão
Espelhos planos e esféricos.
Leis da refração.
Fenômenos ópticos em lentes
esféricas, dioptros planos, prismas
ópticos e instrumentos ópticos.
Visão humana e correção visual.
137
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
FÍSICA − 3ª. SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
o
 Realizar medidas de grandezas físicas.
 Estimar ordens de grandeza.
 Representar grandezas utilizando códigos, símbolos e
nomenclatura específicos da Física.
 Utilizar a linguagem vetorial para representar
grandezas físicas.
 Reconhecer as diferentes formas de energia presentes
no mundo natural e nas construções humanas.
 Interpretar modelos explicativos de conceitos, leis e
teoremas da Física.
 Explicar fundamentos físicos presentes na construção
e funcionamento de ferramentas, máquinas e
equipamentos.
 Interpretar gráficos que apresentam grandezas físicas.
 Compreender a linguagem técnico-científica da
Física utilizada em textos e imagens.
 Realizar cálculos que envolvam grandezas,
conceitos, definições, princípios, teoremas ou leis da
Física.
 Realizar inferências (indutivas, dedutivas e
analógicas) em situações-problema que envolvam
conhecimentos da Física.
 Solucionar situações-problemas que envolvam
conceitos, definições, princípios, teoremas ou leis da
Física.
 Realizar experimentos que facilitem a compreensão
de fenômenos físicos.
 Interpretar simulações de fenômenos físicos em
softwares educacionais.
 Analisar criticamente normas e políticas públicas que
visam
propor
soluções
para
problemas
socioambientais.
 Articular argumentos científicos para explicar e
posicionar-se em situações cotidianas que envolvem
fenômenos físicos.
 Inter-relacionar conhecimentos da Física com os de
outras áreas do conhecimento.
CONTEÚDOS









Notação científica.
Ordens de grandeza.
Processos de eletrização.
Lei de Coulomb.
Campo elétrico vetorial e linhas de força.
Fluxo elétrico e Lei de Gauss.
Trabalho e energia potencial elétrica.
Capacitores.
Propriedades elétricas dos materiais:
condutores, semicondutores e isolantes.
 Potencial elétrico.
 Evolução
do
conhecimento
sobre
eletrologia de Tales de Mileto a Charles Du
Fay.
 Diferença de potencial elétrico e corrente
elétrica.
 Potência elétrica.
 Leis de Ohm.
 Circuitos elétricos e associação de
resistores em série, paralelo e mista.
 Geradores e receptores elétricos.
 Utilização de medidores elétricos:
amperímetro, voltímetro e ohmímetro.
 Fontes de energia elétrica de corrente
contínua.
 Características de ímãs.
 Evolução histórica do conhecimento sobre
magnetismo.
 Experiência de Oersted.
 Campos magnéticos gerados por correntes
retilíneas, circulares e senoidais.
 Linhas de força.
 Força magnética em cargas pontuais e em
fios.
 Estrutura e funcionamento de motores
elétricos.
 Evolução histórica do conhecimento da
indução eletromagnética.
 Lei de Lenz e Lei de Faraday.
 Geradores de energia elétrica.
 Natureza
e
tipos
de
radiações
eletromagnéticas e seus efeitos.
 Fenômenos eletromagnéticos nos sistemas
de telecomunicação.
 Radiação de corpo negro.
 Estrutura da matéria – Efeito fotoelétrico.
 Relatividade especial.
138
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
8.3 QUÍMICA
Integrada, flexível e em consonância com o momento histórico, a proposta do
Currículo de Química, propicia de forma interdisciplinar e contextualizada conhecimentos
científico-tecnológicos, que contribui na formação da cidadania do/da estudante.
A química estrutura o seu estudo na natureza da matéria, as suas propriedades,
características, mudanças e / ou transformação, procurando levar o/a estudante a compreender
o mundo à sua volta, tais como os diferentes estados da matéria, vários reações químicas que
ocorrem na natureza e uma infinidade de produtos utilizados em casa e na indústria.
O estudo da química não só permite conhecer a natureza, como também nossa
própria condição humana, bem como fazer frente aos problemas da vida quotidiana
relacionados com a saúde, os recursos e o meio ambiente.
A química ensina o/a estudante a entender, analisar e interpretar o seu mundo,
ajudando-o a ter uma visão, mesmo que simplista e redutora do mundo a sua volta, dada pela
simples observação dos fenômenos, minimizando a ideia de que a química é para indivíduos
vestidos de jaleco branco, cercados por tubos de ensaio e de equipamentos e símbolos
estranhos para uma pessoa, aceitando a química como parte integrante das suas vidas,
entendendo que existe química no dia a dia como a simples tarefa de preparar alimentos ou as
tarefas domésticas.
Por isso, as Instituições da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal
devem viabilizar um letramento científico 63 do aluno que permita um entendimento
da natureza da ciência e da atividade científica e uma concientização das complexas
relacões Ciência-Tecnologia-Sociedade para que o aluno possa atuar de forma
crítica e responsável na tomada de decisões em torno de problemas locais e
globais64.
O ensino da química, na sala de aula, tem como objetivos, ensinar o/a estudante a
resolver problemas e realizar pequenas investigações, aplicando tanto de maneira individual
como coletiva estratégias coerentes com os procedimentos das ciências, tais como formular
hipóteses explicativas, obter dados e extrair deles resultados e conclusões que permitam emitir
julgamentos, distinguindo a mera opinião da evidência baseada em provas concretas, para
abordar de uma maneira contextualizada situações reais de interesse pessoal ou social e poder
tomar decisões responsáveis.
Neste contexto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM)
por meio do Parecer do Conselho de Educação Básica e do Conselho Nacional de Educação
63
64
Para saber mais sobre Letramento Científico, veja Santos (2007).
Para saber mais sobre CTS, veja Santos e Schnetzeler(1997).
139
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
contemplam grupos de disciplinas cujo objeto de estudo permite promover ações
interdisciplinares (CEB⁄CNE nº 15⁄1998).
As aulas de Química são capazes de permitir que os saberes populares e do senso
comum sejam intercambiáveis com conhecimentos, significados, práticas, valores, sistemas de
pensamento e problemáticas, capazes de permitir a integração cultural, por meio da
estruturação de uma cultura do letramento65, pois, para que haja Ciências, é preciso que os
discursos obedeçam a determinadas leis de construção de proposições e regras que certificam
o carácter distintivo da Ciência66.
A Química, enquanto componente curricular da Área de Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias é uma das possibilidade dos/das estudantes do Ensino Médio
estabelecerem relações com o mundo contextualizado na concretude das competências e
habilidades para o exercício pleno da cidadania em meio a sociedade tecnológica atual e, por
isso mesmo necessita ser prático e interdisciplinar67.
A aprendizagem em ambientes enriquecidos com as tecnologias de informação e
comunicação (TIC),68 desempenha um papel importante no ensino de química. Estes
permitem aos/às estudantes estudar, interativamente e em três dimensões, as moléculas de um
composto; conduta praticada em laboratórios virtuais, e obter informações sobre a Internet
para a sua investigação. Outra vantagem é que as imagens de compostos ou reações químicas
tem uma representação universal, tantos recursos em outros países desenvolvidos e em outras
línguas, pode ser utilizado sem que tenham de fazer grandes alterações.
A utilização das TIC em Química permitirá que os/as estudantes: complementem
outras formas de aprendizagem utilizadas em sala de aula, melhorar acompreensão dos
conceitos que não pode ser visto a olho nu, facilitar questões que envolvem dados, fórmulas
ou características específicas, alternar a rotação das moléculas em três dimensões a fim de
avaliar os ângulos das ligações, estabelecer relações entre modelos visuais molecular em duas
ou três dimensões, a manipulação de substâncias químicas nos laboratórios virtuais antes de
fazê-lo fisicamente (geralmente por segurança), relacionar visualmente propriedades de uma
molécula com uma experiência física laboratorial69.
65
Para saber mais sobre Estruturação de uma Cultura do Letramento, veja Soares (2008).
Para saber mais sobre Caráter Distintivo da Ciência, veja Lopes (1999) e Caniato (2003).
67
Para saber mais sobre a Necessidade da Praticidade e da Interdisciplinaridade da Química, veja Frazer (1982);
Lufti (1992); Hess (1997).
68
Para saber mais sobre Ambientes Enriquecidos com as TICs, veja Clavero (2007).
69
A incorporação das tecnologias da informação e da comunicação na educação assenta na afirmação de que a
tecnologia da informação é um apoio significativo no processo de ensino-aprendizagem, em comparação com
outros meios, uma vez que também possui textos, imagens, animações, vídeo e som, permitindo interação,
66
140
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Ao longo dos anos os princípios da química verde têm sido inseridos no meio
acadêmico, em atividades de ensino e pesquisa. O que hoje está sendo chamado de química
verde na verdade não apresenta nada de novo, uma vez que a busca um desenvolvimento
autossustentável há anos está incorporada nos ideais do homem moderno. A ECO-92, o
Protocolo de Kyoto e a Rio+10 são exemplos de iniciativas que mostram a crescente
preocupação mundial com as questões ambientais. A química verde pode ser encarada como a
associação do desenvolvimento da química à busca da autossustentabilidade70.
Entretanto, faz-se necessária uma revisão na forma como é vista a questão dos
resíduos químicos pelo/pela estudante. Embora já se note uma mobilização por parte de
alguns setores da sociedade, é preciso que o/a professor/a de química discuta com os/as
estudantes temas envolvendo o uso de tecnologias limpas. Estes temas, entretanto, precisam
ser desenvolvidos simultaneamente com professores/as, estudantes e comunidade.
Assim, os/as professores/as devem buscar alternativas em sala de aula viáveis e
organizar materiais didáticos que, talvez em médio prazo, possam eliminar o estigma que a
química possui de estar relacionada à poluição e degradação ambiental, o que faz com que
os/as estudantes se esqueçam de todas as contribuições para melhoria da qualidade de vida
humana conseguidas pela química71.
Um/uma estudante formado dentro dos princípios da química verde estará muito mais
preparado para o desafio que a sociedade tem passado a impor nos últimos anos: a busca pela
química autossustentável.
No Brasil a Constituição prevê que o estado brasileiro deve garantir a todos o pleno
exercício dos direitos culturais e nas escolas, não é diferente72. Mesmo as aulas de Química,
são oportunidades para o estudo da evolução histórica das ciências73, ao considerar as
matrizes africana, indígena e europeia nas raízes da metalurgia, medicamentos, dos pigmentos
e corantes, entre outros.
Em Química ainda são raras as produções nesse campo, sejam como materiais
didáticos e/ou paradidáticos, entretanto, é possível tratar, por exemplo, dos saberes indígenas
reorganização e uma extensa pesquisa de informações de conteúdo; descentralização das informações e feedback
dos utilizadores, o que torna o aluno responder de forma mais eficaz e desenvolver diferentes competências,
habilidades e de aprendizagem pela variedade de estímulos que são apresentados.
70
A química verde pode ser definida como a utilização de técnicas químicas e metodologias que reduzem ou
eliminam o uso de solventes e reagentes ou geração de produtos e sub-produtos tóxicos, que são nocivos à saúde
humana ou ao ambiente. Este conceito, não é novidade em aplicações industriais, principalmente em países com
controle rigoroso na emissão de poluentes.
71
Para saber mais sobre Química Verde, veja Sanseverino (2002); Lenardão (2003); Silveira (2003).
72
Para saber mais sobre Dos Direitos e Garantias Fundamentais, veja Constituição da República Federativa
do Brasil (1988).
73
Para saber mais sobre a História das Ciências, veja Kuhn (1989); Chassot (1995), Fino (2000).
141
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
nos pigmentos e medicamentos já conhecidos desde o Brasil-Colônia e considerar o modelo
eurocêntrico74 na sistematização do conhecimento e ainda, as raízes africanas, por exemplo, a
experiência egípcia na metalurgia e nas primeiras transformações de materiais.
Assim, abrem-se caminhos para que nas aulas de Química – espaço privilegiado de
construção de saber e cultura – possam estimular conhecimentos, hábitos e comportamentos
que respeitem e valorizem as diferenças a fim de concretizar a cidadania plena do nosso povo
a partir da escola. Tal atitude reflete a responsabilidade dos professores e das professoras de
Química em contribuir para a diminuição das desigualdades, da intolerância e da violência,
inicialmente, nos ambientes escolares e a partir dele, contribuir para toda a sociedade75.
74
Para saber mais sobre a Matriz Indígena e o Modelo Eurocêntrico, veja Chassot (1995).
Para saber mais sobre A Responsabilidade do Professor e a Importância da Formação Continuada, veja
Makiguti (2002), Libâneo (2005).
75
142
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
QUÍMICA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE
















Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos diversos para o/a
estudante tornar-se um leitor competente e
possibilitar o letramento linguístico, social
e químico.
Entender que os caminhos para o
conhecimento científico são diversificados.
Compreender a evolução histórica da
Química como construção humana por
meio das práticas sociais.
Analisar as informações a partir da
compreensão da importância da história da
química no desenvolvimento científico,
tecnológico e social.
Reconhecer o processo de transformações
dos materiais por meio de observação de
eventos do cotidiano.
Reconhecer que as transformações
envolvem troca energética, alterando ou
não a mudança no estado físico.
Relacionar a transformação dos materiais
do cotidiano com suas propriedades.
Construir o conceito de substâncias e
misturas e ser capaz de diferenciá-las.
Diferenciar substância simples e composta
por meio de modelos.
Identificar e aplicar métodos de separação
de misturas em eventos do cotidiano.
Analisar situações-problema e representar
graficamente propriedades de substâncias e
misturas.
Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos para estudar as
matérias-primas africanas.
Compreender as leis ponderais e suas
aplicações no dia a dia.
Identificar o modelo de Dalton.
Reconhecer o processo de elaboração do
conhecimento químico e sua necessidade
histórica para a humanidade.
Apropriar-se da leitura e representar
simbolicamente as reações químicas.
Estabelecer o significado das grandezas
químicas: massa, massa molar, volume
molar, nº de moléculas e constante de
Avogadro.
Resolver situações-problema envolvendo
cálculos estequiométricos no cotidiano.
Entender a tendência quantitativa nas
reações químicas e aplicar as leis
ponderais.
Reconhecer no cotidiano que as reações
químicas podem ser rápidas ou lentas.
CONTEÚDOS
A CIÊNCIA QUÍMICA
 Evolução Histórica
 Modelo Científico
 Importância em Sociedade
 Avanços Tecnológicos
 Desenvolvimento de Novos Materiais
A CONSTRUÇÃO DA MATÉRIA
 Características dos Materiais
 Classificação e Propriedades Gerais da Matéria
 Transformações dos Materiais
 Métodos de Separação de Misturas
MATÉRIA





Leis Ponderais
Estudo do Modelo Científico de Dalton
Reações Químicas
Balanceamento por Tentativas
Grandezas Químicas (massa molar, Mol, nº de
Avogadro)
UMA ABORDAGEM QUANTITATIVA DA
MATÉRIA
 Aspectos Macroscópicos da Química
 Unidades da Química
 Cálculos Proporcionais da Química
 Estequiometria
CINÉTICA QUÍMICA
 Modelo da Teoria das Colisões
 Gráficos
ESTUDO DOS GASES
 Transformações Gasosas
 Equação Geral dos Gases e Clapeyron
 Teoria Cinética dos Gases
143
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
QUÍMICA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE

Identificar e analisar os fatores que
influenciam na velocidade das reações,
relacionando com fatos do cotidiano.
Reconhecer a importância dos gases para
os seres vivos, seus efeitos na atmosfera e
os principais problemas gerados para o
meio ambiente.
Compreender a representação gráfica do
comportamento dos gases em função de
suas variáveis.
Correlacionar o comportamento dos gases
com a Teoria Cinética e eventos do
cotidiano.
CONTEÚDOS
144
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
QUÍMICA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE











Entender que os caminhos para o
conhecimento
científico
são
diversificados.
Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos diversos para
tornar-se
um
leitor
competente,
possibilitar o letramento linguístico,
social, cultural e químico.
Reconhecer a escola como espaço de
socialização da cultura afro-brasileira para
identificar situações do cotidiano que
podem ser tratados cientificamente.
Compreender a evolução dos modelos
atômicos
de
Dalton,
Thomson,
Rutherford-Bohr
ressaltando
suas
limitações.
Depreender como um núcleo instável
adquire estabilidade por meio de emissão
de partículas.
Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de diversos textos para
entender os fenômenos radioativos no
cotidiano.
Entender que a estabilidade também pode
ser adquirida por fusão e fissão nuclear de
núcleos envolvendo energia.
Conhecer e discutir os perigos e benefícios
provocados pelas radiações, tanto as dos
raios X, quanto as emitidas por
substâncias radioativas.
Discutir sobre os cuidados que se deve ter
com as radiações e particularmente com os
raios X.
Compreender a evolução histórica e
organização da Tabela Periódica como
construção humana por meio de práticas
sociais.
Correlacionar a posição dos elementos na
Tabela
Periódica
com
as
suas
propriedades (eletronegatividade e raio
atômico).
Conhecer e analisar a importância social,
tecnológica e econômica dos metais.
Ler, compreender, interpretar e representar
as ligações químicas por meio de Lewis,
estruturais e moleculares.
Identificar a polaridade das moléculas em
função de sua geometria.
Correlacionar as propriedades físicoquímicas das substâncias com as
interações
intramoleculares
e
intermoleculares.
CONTEÚDOS
MODELOS ATÔMICOS
 Evolução do Modelo
Rutherford-Bohr
 Estrutura Atômica
 Radioatividade
Atômico de Dalton a
CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS QUÍMICOS
 História e Evolução da Classificação
 Tabela Periódica Moderna
 Relação com os Subníveis Energéticos
 Estudo das Propriedades Periódicas
LIGAÇÕES QUÍMICAS
 Ligações Intermoleculares
 Ligações Intramoleculares
ESTRUTURA DAS SUBSTÂNCIAS
 Geometria Molecular
 Polaridade
 Número de Oxidação
FUNÇÕES INORGÂNICAS
 Óxidos
 Ácidos
 Bases
 Reações de Neutralização
 Sais
RECURSOS ENERGÉTICOS
 Uso Racional da Energia: fontes de energia e
matéria-prima
 Seleção de Combustíveis
 Reações de Combustão e Poluição Ambiental
 Estudo do Carbono e suas Propriedades
 Estudo dos Hidrocarbonetos (cadeias normais,
ramificada e aromática)
 Nomenclatura dos Hidrocarbonetos
145
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
QUÍMICA − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Reconhecer
e
nomear
(usual
e
oficialmente) as substâncias inorgânicas
de acordo com suas funções: óxidos,
ácido, bases e sais.
 Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação das fórmulas químicas para
identificar e diferenciar as substâncias
químicas.
 Identificar no cotidiano ácidos e bases por
meio de indicadores naturais.
 Reconhecer através do conceito de
Arrhenius a ionização de ácidos e
dissociação de bases.
 Reconhecer e representar as reações de
neutralização.
 Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos, capacitando o/a
estudante a inferir criticamente a respeito
do uso racional da energia.
 Conhecer a importância e contribuição das
reações de combustão na poluição
ambiental.
 Compreender, identificar e nomear os
hidrocarbonetos (usual e IUPAC).
 Estudar e compreender os hidrocarbonetos
e
suas
aplicações
tecnológicas,
implicações ambientais, sociais, políticas e
econômicas,
proporcionando
ao/à
estudante tomar decisões como indivíduo
e cidadão que utiliza a tecnologia
sustentável.
CONTEÚDOS
146
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
QUIMICA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE














Entender que os caminhos para o
conhecimeno científico são diversificados.
Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos diversos para
tornar-se
um
leitor
competente,
possibilitar o letramento linguístico,
social, cultural e químico.
Reconhecer a escola como espaço de
socialização da cultura afro-brasileira para
identificar situações do cotidiano que
podem ser tratados cientificamente.
Reconhecer a condutividade como
resultado do movimento de elétrons e
íons.
Considerar que o processo eletroquímico
envolve a neutralização de cargas
elétricas.
Ler,
interpretar
e
representar
simbolicamente as reações de óxidoredução.
Entender e diferenciar os processos
eletroquímicos espontâneos e não
espontâneos.
Reconhecer o funcionamento das pilhas
que mais frequentemente aparecem no dia
a dia dos brasileiros.
Discutir o que fazer com pilhas e baterias
usadas para evitar problemas ambientais.
Conhecer e diferenciar as unidades de
calor no Sistema Internacional (joule e
quilojoule) e em calorias.
Identificar e relacionar as reações que
liberam e absorvem calor com situações
do dia a dia.
Relacionar os processos industriais e o
funcionamento dos motores com as
reações termoquímicas.
Entender a linguagem gráfica e utilizá-la
na interpretação de cálculos de ∆H de uma
reação.
Efetuar cálculos de ∆H de uma reação em
situações reais e hipotéticas.
Conhecer e determinar os fatores que
alteram o ∆H de uma reação.
Identificar em situações reais e hipotéticas
as soluções diluídas, concentrada, saturada
e insaturada.
Entender e interpretar graficamente a
influência da temperatura e da pressão na
solubilidade.
Utilizar os cálculos relacionados a
concentração e solubilização na solução
de situações-problema reais e hipotéticas.
Analisar e reconhecer qualitativamente as
propriedades coligativas em eventos do
cotidiano.
CONTEÚDOS
ELETROQUÍMICA
 Aspectos Energéticos das Reações Químicas
 Oxidação-Redução
 Pilhas
TERMOQUÍMICA
 Noções de Reações Exotérmicas e Endotérmicas
 Lei de Hess
SOLUBILIDADE DOS MATERIAIS
 Composição e Classificação
 Concentrações: C, M
 Diluições
EQUILÍBRIO QUÍMICO
 Estado de Equilíbrio
 Caráter Dinâmico das Interações Químicas
 Fatores que afetam o Equilíbrio
 pH e pOH
QUÍMICA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS
 Importância Biológica e Industrial
 Características, Classificação e Nomenclatura
(principais funções orgânicas)
QUÍMICA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS
 Isomeria
 As Principais Reações Orgânicas: hidrogenação,
oxidação branda, saponificação⁄esterificação
147
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
QUIMICA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
 Reconhecer e relacionar o aspecto
dinâmico no equilíbrio químico às
concentrações dos reagentes e produtos.
 Analisar e entender segundo o Princípio
de Le Chatelier os fatores que podem
afetar a condição de equilíbrio de um
sistema.
 Interpretar e expressar as constantes de
equilíbrio, em função da concentração e
da pressão no estudo de situaçõesproblema do cotidiano.
 Entender, escrever e correlacionar
constantes de equilíbrio dos ácidos e das
bases com situações do cotidiano.
 Efetuar cálculos de pH e pOH em
situações reais e hipotéticas.
 Descrever e entender o mundo a sua
volta, fazendo inferências indutivas,
dedutivas e analógicas da importância
dos compostos orgânicos.
 Estudar as propriedades físicas e
químicas dos compostos orgânicos.
 Reconhecer as funções: álcool, éter,
cetona, éster, aldeído, ácido carboxílico,
amina e amida.
 Nomear os compostos orgânicos com até
8 (oito) átomos de carbono (usual e
IUPAC) para cada função.
 Reconhecer isômeros geométricos e
espaciais.
 Estudar e identificar as reações de
hidrogenação,
oxidação
branda,
saponificação, esterificação e relacionálas a eventos do cotidiano.


CONTEÚDOS
148
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
8.4 MATEMÁTICA
A alfabetização ou competência matemática refere-se à
capacidade do aluno para analisar, raciocinar e comunicar-se de maneira
eficaz, quando enunciam, formulam e resolvem problemas matemáticos
numa variedade de domínios e situações.
Este documento apresenta sugestões e orientações curriculares para a disciplina de
Matemática, divididas em dois tópicos:
I.
Concepção da Matemática ao longo da escolaridade básica, ensinos
Fundamental e Médio.
II.
Conteúdos e expectativas de aprendizagem de Matemática para o ensino
médio, com base no currículo elaborado pela Secretaria da Educação do GDF.
I.
Concepção da Matemática ao longo da escolaridade básica, ensinos
Fundamental e Médio.
A Matemática é uma ciência que trata de objetos e de relações abstratas. Neste sentido,
não é uma ciência da natureza ou das relações humanas e sociais como as outras disciplinas
escolares. No entanto a Matemática é a linguagem que nos permite representar o mundo e
elaborar uma compreensão e uma representação da natureza. Não fora o bastante, é ainda com
a Matemática que construímos formas de agir sobre este mundo, resolvendo problemas,
prevendo e controlando os resultados de ações sugeridas pelas resoluções.
Ao que tudo indica, as primeiras atividades matemáticas de que se tem notícia, estão
relacionadas com contar e medir. Depois o seu domínio foi se ampliando para, ao longo da
história da humanidade, ser considerado como a construção do conhecimento que trata das
relações qualitativas e quantitativas do espaço e do tempo. É uma atividade humana que trata
dos padrões, da resolução de problemas, do raciocínio lógico, percorrendo desde o estudo dos
números e operações, as formas geométricas, as estruturas e as regularidades, a variação, o
acaso e a incerteza, na tentativa de compreender o mundo e fazer uso deste conhecimento.
A Matemática sempre permeou a atividade humana e contribuiu para o seu
desenvolvimento: a construção e o desenvolvimento da Matemática tem ocorrido quer como
resposta às solicitações de outras áreas do conhecimento, quer como atendendo às questões
próprias da Matemática, quase sempre como um esforço para resolver os problemas que lhe
são propostos. Essa dupla fonte de problemas e solicitações garante a sua vitalidade. Assim, a
149
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Matemática não pode mais ser considerada como um conjunto estático e acabado de
conhecimentos, produzidos por alguns cérebros especiais.
Desde os meados do século XX se reconhece que tais conhecimentos surgiram, nas
diferentes culturas, principalmente como resposta às necessidades de contar, medir, desenhar,
planejar, localizar, explicar, julgar, entre outros e a sua interdependência com outras áreas do
conhecimento.
Hoje a Matemática encontra-se presente em todas as culturas e os registros de sua
história datam de quatro milênios a.C.
A natureza da competência matemática depende do tempo histórico em que ela é
considerada: há cinquenta anos, saber matemática era praticamente sinônimo de saber fazer
contas.
Uma simples análise permite concluir que, de certa forma, temos hoje menos
exigências de cálculo na vida do dia a dia do que no passado: as máquinas não só efetuam as
operações como calculam os trocos e as percentagens e, em muitos casos, registram os
próprios valores numéricos. Mas, ao mesmo tempo, o mundo em que vivemos está cada vez
mais “matematizado”.
Além dos modelos matemáticos usados nas ciências experimentais, na engenharia e na
tecnologia, vemos as aplicações matemáticas abrangendo igualmente a economia, o mundo
dos negócios, a medicina, a arte, as ciências sociais e humanas. No nosso dia a dia, realizamos
com frequência cálculos de despesas, pagamentos de impostos, examinamos diferentes
alternativas para contrair um empréstimo, estimamos um valor aproximado e precisamos
compreender um anúncio ou uma notícia que se baseia em tabelas e gráficos, ou ainda
questionar se uma amostra é representativa de uma determinada população.
Finalmente são rotineiras e relevantes as situações que pedem competências ligadas à
visualização e à orientação espacial, como quando se pretende interpretar uma imagem ou
uma construção ou explicar uma figura ou um trajeto. Nestas e em outras situações, as pessoas
usam o raciocínio quantitativo ou espacial e mostram sua competência matemática para
explicar, formular, resolver problemas e comunicar sua solução.
Em outras palavras, desenvolver competências matemáticas envolve, nos tempos
atuais, pensar matematicamente, usar ideias matemáticas para dar um sentido eficiente do
mundo, quando isso couber. Além de compreender algumas ideias, notações e técnicas
matemáticas, desenvolver competências e habilidades matemáticas envolve também extrair
dos contextos e das circunstâncias particulares quando e como usar a matemática e
criticamente avaliar a sua utilização.
150
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
A Matemática é uma das ciências mais antigas e também das mais antigas disciplinas
escolares, ocupando um lugar de destaque no currículo. Na sua história, como em todas as
ciências, a Matemática sofreu uma grande evolução nos seus métodos, processos e técnicas,
na sua organização, na sua relação com outras áreas da atividade humana e no alcance e
importância das suas aplicações e, naturalmente, na quantidade e diversidade das áreas que a
constituem.
A história das ciências mostra que à medida que surgem novos conceitos nas diversas
áreas, outros são abandonados. Isto ocorre da mesma forma na área da Educação e é
fundamental que a escola também discuta o modo como essas novas perspectivas e conceitos
– na Matemática e na Didática – se refletem no currículo desenvolvido com os/as estudantes.
No que diz respeito à educação, a escola enfrenta hoje o desafio de ser eficiente para
responder à pergunta: “como é que o/a estudante aprende?” em substituição à antiga “como é
que isto deve ser ensinado?”. Ao mesmo tempo a mera transmissão de conteúdos cede lugar
ao desenvolvimento de competências e habilidades: o conceito de competência permea todo o
processo de ensino-aprendizagem dando ênfase ao que o/a estudante é capaz de fazer com os
conhecimentos que adquiriu muito mais do que o domínio formal dos conceitos.
No caso da Matemática, desenvolver competências matemáticas é parte fundamental
na Educação, pois as ideias e os conceitos matemáticos são ferramentas para atuar sobre a
realidade e o mundo que as cerca. A escola tem papel relevante e intransferível na preparação
do/da estudante para um futuro, que se nos afigura já altamente tecnológico, e que exige de
cada um o desenvolvimento do seu potencial criativo que lhe permita lidar com situações da
vida cotidiana e do mundo do trabalho cada vez mais diversificadas e complexas.
Hoje mais que nunca, deve-se exigir da escola uma formação sólida em Matemática,
finda a qual o/a estudante tenha desenvolvido gosto pela Matemática e autoconfiança em sua
capacidade, autonomia de pensamento e decisão, capacidade de abstração e generalização, o
que certamente será consequência de ser capaz de
•
compreender conceitos, relações, métodos e procedimentos matemáticos
•
utilizar os conhecimentos matemáticos na análise, interpretação e resolução de
situações em diferentes contextos, incluindo os não matemáticos
•
resolver e formular problemas envolvendo também os processos de modelação
matemática
•
compreender e elaborar argumentações matemáticas e raciocínios lógicos
•
analisar informações
•
comunicar-se em Matemática, oralmente e por escrito
151
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
compreender a Matemática como elemento da cultura humana, uma realização
e construção da sociedade
•
reconhecer e valorizar o papel da Matemática nos vários setores da vida social
e em particular no desenvolvimento científico e tecnológico
•
apreciar os aspectos estéticos da Matemática
Estas considerações são válidas para o significado da Matemática na Educação Básica.
No entanto merecem destaque as seguintes observações, associadas principalmente ao
processo de ensino e aprendizagem de Matemática.
1. A importância que deve ser dada à aquisição da linguagem universal de palavras e
símbolos, usada para comunicar ideias de número, espaço, formas, padrões e problemas do
cotidiano. A cada dia esta linguagem se faz mais necessária: ela está presente no fazer
cotidiano, nos meios de comunicação, nas ciências e na tecnologia. Os estudos e as pesquisa
enfatizam o papel fundamental da aquisição da linguagem matemática no sucesso do
aprendizado da Matemática.
2. A ênfase que deve ser dada ao aspecto formativo da própria Matemática propiciado
pelo prazer da descoberta e do desenvolvimento da confiança intelectual. (...) O problema
pode ser modesto, mas se desafiar a curiosidade e puser em jogo faculdades inventivas, quem
o resolver pelos seus próprios meios experimentará a tensão e gozará o triunfo da
descoberta. Se o professor de matemática preenche o tempo de que dispõe a exercitar os seus
alunos em operações rotineiras, aniquila o interesse e tolhe o desenvolvimento intelectual dos
estudantes, desperdiçando, dessa forma, aquela oportunidade. Mas se desafia a curiosidade
dos alunos, apresentando-lhes problemas adequados aos seus conhecimentos e ajudando-os
com interpelações estimulantes, poderá despertar neles o gosto pelo pensamento
independente e proporcionar-lhes alguns meios para o concretizarem. (Adaptado de "A arte
de resolver problemas", de Polya, G. ed. Interciência, Rio de Janeiro, 1978)
3. Qualquer projeto de Educação de jovens e adultos precisa considerar os saberes
que os/as estudantes trazem consigo. Para aprofundar e sistematizar esse conhecimento, as
aulas devem propiciar atividades que os ajudem a estabelecer as relações entre as suas
próprias ideias e estratégias pessoais e o conhecimento formal. E novamente aí, o papel da
exploração adequada da linguagem oral versus a linguagem e a simbologia Matemática.
4. Resolução de problemas: Quando é proposto ao/à estudante a resolução de um
problema, dois mundos ou domínios entram em relação – de um lado, o mundo real presente
no problema tal como ele é proposto e a solução real que será obtida; do outro, o domínio
152
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
matemático que envolve o problema. O processo de matematização comporta diferentes
etapas que implicam mobilização de um vasto conjunto de competências:
Interpretação
da solução
Etapa 3
Solução
matemática
Esta abordagem metodológica da
resolução de problemas está posta para
enfatizar
Etapa 2
Etapa 4
Ciclo da
Matematização
Problema do
mundo real
Etapa 1
Mundo real
a
importância
de
o/a
professor/a procurar saber em que etapa
seu/sua estudante apresenta dificuldades
Problema
matemático
- cada uma delas requer um tratamento
Mundo
Matemático
estudante saiba onde precisa melhorar.
diferenciado. Importante também que o/a
A primeira etapa consiste em
transpor o problema real para um problema matemático.
Este processo implica as seguintes atividades:
•
identificar os elementos matemáticos relevantes que se referem ao problema real.
•
representar o problema de forma diferente, em função de conceitos matemáticos.
•
compreender as relações entre a linguagem empregada para descrever o problema e
linguagem simbólica e formal indispensável à sua compreensão matemática;
•
identificar os aspectos que são isomorfos em relação a problemas conhecidos;
•
traduzir o problema em termos matemáticos, isto é, em um modelo matemático.
Na segunda etapa, o processo continua no campo da matemática: trata-se de efetuar
operações sobre o problema matemático para determinar uma solução matemática. Esta fase
requer do/da estudante as seguintes habilidades:
•
utilizar linguagem e operações de natureza simbólica, formal e técnica
•
definir, ajustar, combinar e integrar modelos matemáticos
•
argumentar
•
generalizar
Nas últimas fases da resolução de um problema cabe refletir sobre o processo de
matematização e os resultados obtidos. Trata-se aqui, de fazer uso das seguintes habilidades:
•
refletir sobre os argumentos matemáticos elaborados, explicar e justificar
os resultados obtidos
•
comunicar o processo e a solução
153
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Para concluir este tópico, destaque-se que uma formação matemática realista e
equilibrada privilegia igualmente o aspecto teórico, a resolução de problemas e o caráter «
utilitário » desta ciência.
Para ensinar e aprender a Matemática que « faça sentido », lutando assim contra uma
visão dogmática da Matemática, é preciso insistir nas situações problema para delas « emergir
» os conceitos e as ideias. Estes problemas, por vezes aparentemente distantes do âmbito
matemático cumprem um papel relevante na cultura humanística do/da estudante e na sua
formação científica.
II.
Habilidades e conteúdos ao longo dos ciclos
Iniciamos este tópico com uma síntese do que foi considerado no tópico anterior.
Senão vejamos:
A capacidade humana de raciocinar encontra na Matemática talvez o melhor aliado
para o seu desenvolvimento. A finalidade fundamental do ensino-aprendizagem de
matemática é o desenvolvimento do raciocínio e da capacidade de abstração. A outra
finalidade, não menos importante, é o seu caráter instrumental.
De outro lado, o conceito de competência dá ênfase ao que o/a estudante é capaz de
fazer com seus conhecimentos e habilidades matemáticas, mais do que o domínio formal de
conceitos, ferramentas e algoritmos.
Sintetizando a proposta curricular, o ensino da Matemática na etapa da educação
básica pretende que o/a estudante:
•
Desenvolva formas de pensamento lógico.
•
Aplique adequadamente os algoritmos e ferramentas matemáticos em situações
do cotidiano.
•
Utilize corretamente a linguagem matemática para comunicar-se.
•
Resolva problemas utilizando diferentes estratégias, procedimentos e recursos
desde a intuição até os algoritmos.
•
Aplique os conhecimentos geométricos para compreender e analisar o mundo
físico ao seu redor.
•
Utilize os métodos e procedimentos estatísticos e probabilísticos para obter
conclusões a partir de dados e informações.
•
Integre os conhecimentos matemáticos no conjunto dos conhecimentos que
adquiriu nas outras áreas da sua educação básica.
154
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
Utilize com critério os recursos tecnológicos (calculadora, computador e programas)
como auxiliares do seu aprendizado.
Para tal, a proposta curricular de matemática estrutura-se, ao longo do ensino Médio,
em quatro grandes temas:
Números e operações
Espaço e Forma
Grandezas e Medidas
Tratamento da Informação
Números e operações
Refere-se à necessidade de quantificar para se entender e organizar o mundo. As ideias
de quantidade estão presentes na matemática, em todos os níveis, tendo como centro o
conceito de número, operações e as suas relações e representações. A ideia de algebrizar está
relacionada com a capacidade de simbolizar, operar simbolicamente e de interpretar as
relações simbólicas. É o grande início da modelagem matemática.
As ideias algébricas aparecem logo nos primeiros anos no trabalho com sequências, ao
estabelecerem-se relações entre números e entre números e operações, e ainda no estudo de
propriedades geométricas como a simetria. Nos anos finais do ensino fundamental, a Álgebra
já aparece como um tema matemático individualizado, aprofundando-se o estudo de relações
e regularidades e da proporcionalidade direta como igualdade entre duas razões. Finalmente,
no ensino médio, institucionaliza-se de fato o uso da linguagem algébrica: trabalha-se com
expressões, equações, inequações e funções, procurando desenvolver no/na estudante a
capacidade de lidar com diversos tipos de relações matemáticas e estudar situações de
variação em contextos significativos. O estudo das funções é um domínio privilegiado para
aprender a modelagem matemática. As competências algébricas são desenvolvidas a partir da
capacidade de traduzir uma situação problema em linguagem matemática - resolver problema
requer habilidade com as rotinas de cálculos e algoritmos.
As grandes competências que se espera, o/a estudante desenvolva no aprendizado
deste tema são:
Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros,
racionais e reais.
Aplicar expressões analíticas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis
socioeconômicas ou técnico-científicas.
155
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Espaço e Forma
Trata da observação de padrões e formas do mundo e da relação entre formas e
imagens ou representações visuais. Assim como nos problemas de contagem, a percepção do
espaço e a exploração das propriedades dos objetos, bem como suas relações, estão presentes
no cotidiano da vida humana. Estas habilidades vão desde o reconhecimento e exploração
visual ou tátil, até o tratamento formal, lógico-dedutivo, dos fatos referentes às figuras planas
e espaciais.
Este domínio envolve a observação de semelhanças e diferenças, análise dos
componentes das formas, o reconhecimento das formas em diferentes representações e
dimensões e a compreensão das propriedades dos objetos e suas posições relativas.
O estudo das formas está estreitamente vinculado ao conceito de percepção espacial e
isto implica em aprender a reconhecer, explorar e mover-se com maior conhecimento no
espaço onde se vive. Também pressupõe entender a representação em duas dimensões dos
objetos tridimensionais, a formação das sombras e como interpretá-las. No aprendizado deste
tema, o/a estudante toma consciência de como vê as coisas e os objetos e porque os vê dessa
forma: deve aprender a orientar-se pelo espaço e através das construções e formas – para isso,
precisa entender a relação entre forma e imagem ou representações visuais, tal como o real e a
fotografia.
O estudo da Geometria começa nos primeiros anos, mas somente nos anos finais do
ensino fundamental o/a estudante relaciona propriedades geométricas, e no ensino médio
surge a maioria das situações de raciocínio hipotético-dedutivo proporcionando aos/às
estudantes um contacto maior com este modo de pensar.
Neste tema são vistos conceitos e ideias que constituem a base de competências
geométricas e trigonométricas: o teorema de Tales, a semelhança de figuras e o teorema de
Pitágoras devem ser utilizados em diferentes contextos. A competência de cálculos em
geometria é ampliada coma geometria analítica, principalmente no ensino médio.
A grande competência que o/a estudante deve desenvolver neste tema é:
Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da
realidade, e agir sobre ela.
Grandezas e Medidas
Refere-se à necessidade de, além de quantificar, medir para se entender e organizar o
mundo. As ideias de grandeza e medida estão presentes na matemática, em todos os níveis,
tendo como centro as relações entre grandezas, suas medidas e representações.
156
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
As ideias de Grandezas e Medidas tem um peso importante nos primeiros anos e
decresce nos anos seguintes. Como é um tema muito rico do ponto de vista das conexões
entre a Matemática com situações não matemáticas, acaba por ser trabalhado ao longo de toda
a escolaridade básica, principalmente na resolução de problemas.
A competência a ser desenvolvida pelo/pela estudante no aprendizado desse tema é:
Construir e ampliar noções de grandezas, variação de grandezas e medidas para a
compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
Tratamento da Informação
Está relacionada com a capacidade de ler, interpretar e analisar dados e fazer
julgamento e opções a partir desta análise. Provavelmente, essa é a ideia em que se evidencia
mais claramente a importância da formação matemática do cidadão, pois trata da aquisição
da habilidade de compreender o discurso jornalístico e científico, que faz uso da estatística e
da probabilidade.
O estudo da estatística e de probabilidade deve ser feito a partir de problemas em
situações interdisciplinares. Este tema perpassa todos os ciclos da escolaridade básica, sempre
no contexto de resolução de problemas.
Pretende-se que o/a estudante desenvolva as competências de:
Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e
tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.
Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e
sociais, e utilizar instrumentos adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para
interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.
157
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
MATEMÁTICA − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Entender a linguagem gráfica e utilizá-la na
interpretação de situações do cotidiano.
 Identificar e aplicar funções polinomiais como
modelos favoráveis ao estudo de situações reais e
hipotéticas.
 Utilizar operações e conceitos básicos de
matemática na solução de situações-problema.
 Apropriar da leitura real de um problema por
meio dos conceitos matemáticos aprendidos.
 Conhecer e analisar os fatores que interferem no
comportamento financeiro e econômico da
sociedade.
 Fazer
generalizações
e
argumentações
consistentes.
 Reconhecer o processo de elaboração do
conhecimento matemático e a necessidade
histórica desse conhecimento para a humanidade.
 Construir os conceitos geométricos e ser capaz de
fazer conexões entre elas e as demais áreas do
conhecimento.
 Reconhecer os elementos geométricos, suas
formas e relações, relacionando-os com sua
realidade cultural.
 Analisar situações em sequências numéricas
ocorridas em eventos do cotidiano.
Para tanto,o/a estudante deve ser capaz de:
identificar a localização de números reais na reta
numérica.
expressar em linguagem corrente fatos
matemáticos e vice-versa.
resolver problemas que envolvam relações de
proporcionalidade direta, inversa.
resolver problemas que envolvam porcentagem e
juros simples.
identificar e expressar em linguagem matemática
os padrões e as regularidades observadas em
sequências numéricas ou de imagens.
identificar e descrever, a partir de gráficos, as
principais características da função do primeiro
grau. (crescimento/decrescimento, taxa de
variação)
identificar e descrever as principais características
sobre as Progressões Aritméticas e as Progressões
Geométricas.
expressar o termo geral e a soma dos n termos de
Progressões Aritméticas e Geométricas.
calcular a soma dos infinitos termos de uma PG
infinita (razão de valor absoluto menor do que 1).
resolver problemas que envolvem Progressões
Aritméticas e Geométricas.
identificar relações de proporcionalidade direta,
inversa, direta com o quadrado. representar por
meio de funções relações de proporcionalidade.
CONTEÚDOS
CONJUNTOS
 Revisão de conceitos fundamentais
 Conjuntos numéricos
 Intervalos
 Resoluções de situações-problema
FUNÇÕES
 Definição
 Gráficos de funções
 Crescimento e decrescimento
 Domínio e imagem dos intervalos
FUNÇÃO POLINOMIAL DO 1º. GRAU
 Definição
 Gráficos
 Zero da função e equação do 1º grau
 Construção de gráficos, tabelas, quadros,
utilizando informações sociais
FUNÇÃO POLINOMIAL DO 2º. GRAU
 Definição e gráficos
 Zeros da função e equação do 2º. Grau
 Estudo da parábola
INEQUAÇÕES
 Aplicações e operações com inequações
NOÇÕES DE MATEMATICA COMERCIAL
 Razão e proporção
 Porcentagem
 Juros simples
GEOMETRIA PLANA
 Revisão de ângulos
 Semelhança de triângulos
 Relações métricas num ▲retângulo
 Áreas de superfícies planas
 Estudo dos polígonos regulares
 Estudo da circunferência
SEQUÊNCIAS E PROGRESSÕES
 Aritmética
 Geométrica
 Cálculo de Fibonacci
ESTATÍSTICA
 Coleta de dados
Construção de tabelas e gráficos
158
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
MATEMÁTICA − 1ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Identificar em gráficos, as características da
função
do
primeiro
grau:
crescimento/decrescimento, taxa de variação.
 identificar em gráficos, as características da
função do segundo grau: crescimento,
decrescimento, valores máximo ou mínimo.
 resolver problemas envolvendo valores máximo
e mínimo de funções.
 resolver problemas envolvendo equações do 1º
grau.
 resolver problemas envolvendo equações do 2º
grau.
 resolver problemas que envolvem as relações
métricas em triângulos retângulos.
 resolver problemas que envolvem as relações
trigonométricas em triângulos: lei dos senos e lei
dos cosenos.
 identificar polígonos regulares e reconhecer suas
propriedades fundamentais.
 resolver problemas envolvendo pavimentação de
superfícies.
 inscrever e circunscrever polígonos regulares em
circunferências dadas.
 ler e interpretar dados apresentados em gráficos e
tabelas.
 reconhecer que apresentações diferentes de
dados podem levar a interpretações diferentes.
  propor questões, planejar e realizar um
experimento e coleta de dados, organizar e
apresentar os resultados.
CONTEÚDOS
159
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
MATEMÁTICA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES






LETRAMENTO E DIVERSIDADE




Entender a linguagem gráfica e utilizá-la na
interpretação de situações do cotidiano.
Conhecer e analisar os fatores que interferem
no comportamento financeiro e econômico da
sociedade.
Utilizar operações e conceitos básicos de
matemática na solução de situações-proble-ma.
Ampliar o conceito de função, em seus aspectos
algébricos e gráficos, para auxiliar na aplicação,
interpretação e leitura de situações reais no
comportamento sócio-cultural da humanidade.
Identificar, elaborar e modelar situaçõesproblema relacionadas aos fenômenos físicos,
sociais e naturais. 
Empregar a trigonometria em situações da vida
real.
Reconhecer os elementos geométricos, formas,
sólidos e suas relações, nos diversos ambientes
e situações do cotidiano.
Agrupar informações na forma de tabelas para
uma melhor visão de organização.
Resolver
situações-problema
envolvendo
noções e operações com Álgebra.
Determinar soluções para
problemas que
envolvam duas ou mais variáveis.
CONTEÚDOS
REVISÃO DE POTENCIAÇÃO
FUNÇÃO EXPONENCIAL
 Radiciação
 Equação exponencial
 Função exponencial
 Inequação exponencial
FUNÇÃO LOGARÍTMICA
 Definição de Logaritmo e propriedades
 Equações logarítmicas
 Definição de Função logarítmica
 Representação gráfica
 Inequações logarítmicas
NOÇÕES DE MATEMATICA FINANCEIRA
Juros compostos
TRIGONOMETRIA
 Razões trigonométricas: seno, cosseno,
tangente e seus correspondentes
trigonométricos.
 Relações trigonométricas
 Funções trigonométricas
 Equações trigonométricas
 Demonstração das Leis do cosseno e seno.
GEOMETRIA ESPACIAL
Para tanto,o/a estudante deve ser capaz de:
 Área da superfície/planificação, volume e
 efetuar cálculos envolvendo potência e radicais.
secção das configurações matemáticas:
 expressar em linguagem corrente fatos
prisma, pirâmide (tronco), cilindro, cone
matemáticos e vice-versa.
(tronco) e esfera
 identificar as propriedades de crescimento de
decrescimento de funções exponenciais.
 reconhecer em situações problemas diversas, o
MATRIZES
significado dos logaritmos, como expoentes
 Aplicações com matrizes
convenientes para a representação de números
 Operações
muito grandes ou muito pequenos.
 Determinante de uma matriz
 identificar em gráficos, a função logarítmica,
SISTEMAS LINEARES
como inversa da função exponencial.
 Formas: lineares, escalonados, equivalentes e
 identificar as principais propriedades dos
homogêneos
logaritmos.
 resolver equações e inequações simples, usando
 Tipos de soluções: regra de Cramer,
potências e logaritmos.
escalonamento ou outros.
 Geometria espacial
ESTATÍSTICA
 resolver e discutir sistemas lineares pelo método
 Coleta de dados
de escalonamento de matrizes e pela regra de Construção de tabelas e gráficos
Cramer.
 resolver problemas envolvendo sistemas lineares
até a 3ª ordem.
 reconhecer a periodicidade presente em alguns
fenômenos naturais e
 relacionar esta regularidade às características das
funções trigonométricas seno, coseno e tangente.
MATEMÁTICA − 2ª SÉRIE
160
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 identificar os sólidos geométricos a partir de sua
planificação.
 resolver problemas que envolvem os cálculo de
comprimentos, áreas e volumes relacionados aos
sólidos como o prisma e o cilindro.
 resolver problemas que envolvem os cálculo de
comprimentos, áreas e volumes relacionados aos
sólidos como a pirâmide e o cone.
 resolver problemas que envolvem os cálculo de
comprimentos, áreas e volumes relacionados à
circunferência, ao círculo e à esfera e suas partes.
 compreender e aplicar os conceitos de fusos,
latitudes e longitudes, no caso da esfera terrestre.
 ler e interpretar dados apresentados em gráficos e
tabelas.
 reconhecer que apresentações diferentes de dados
podem levar a interpretações diferentes.
 interpretar medidas de dispersão (variação) e de
tendência central
 propor questões, planejar e realizar um
experimento e coleta de dados, organizar e
apresentar os resultados.
 reconhecer a utilização de estatística e
probabilidade em situações do cotidiano.
 identifica casos em que estatística e
probabilidade são usadas de maneira a induzir a
erros.
MATEMÁTICA − 3ª SÉRIE
CONTEÚDOS
161
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Entender a linguagem gráfica e utilizá-la na
interpretação de situações do cotidiano.
 Identificar, elaborar e modelar situaçõesproblema relacionadas aos fenômenos físicos,
sociais e naturais.
 Utilizar operações e conceitos básicos de
matemática na solução de situações-problema.
 Identificar e aplicar funções polinomiais como
modelos favoráveis ao estudo de situações reais e
hipotéticas.
 Entender e utilizar os princípios de contagem na
resolução de situações-problema.
 Analisar a probabilidade de ocorrência de um fato
para que possa criticá-lo de forma ética .
 Identificar, representar e utilizar o conhecimento
geométrico analítico na interpretação e
compreensão de fatos, buscando intervir no
cotidiano.
 Ampliar o conceito de função, em seus aspectos
algébricos e gráficos, para auxiliar na aplicação,
interpretação e leitura de situações reais no
comportamento sociocultural da humanidade.
 Identificar e analisar dados estatísticos, em
situações do cotidiano, apresentados em gráficos
e tabelas.
CONTEÚDOS
ANÁLISE COMBINATÓRIA
 Princípio da contagem
 Arranjos, permutações e combinações
PROBABILIDADE E NOÇÕES DE
ESTATÍSTICA
 Espaço amostral
 Evento
 Probabilidades
 Variáveis
 Distribuição de Frequência
 Gráfica
 Médias estatísticas: aritmética,
ponderada e harmônica
 Mediana, Moda e Desvio padrão
GEOMETRIA ANALÍTICA
 Estudo do Ponto
 Estudo da Reta
 Estudo da Circunferência
NÚMEROS COMPLEXOS
 Parte imaginária e real.
 Operações com números complexos
 Aplicações dentro do conjunto complexo.
Para tanto, o/a estudante deve ser capaz de:
 identificar a localização de números reais na reta
numérica.
 usar sistemas de coordenadas cartesianas para
representar pontos, figuras, relações, equações.
 usar funções para caracterizar relações de
interdependência,
 resolver problemas que envolvam porcentagem.
 aplicar as relações entre coeficientes e raízes de
uma equação algébrica na resolução de
problemas.
 identificar os resultados de operações entre
números complexos representados no plano de
Argand Gauss.
 compreender o significado geométrico das
operações com complexos.
 reconhecer a equação da reta, o significado de
seus coeficientes, as condições que garantem o
paralelismo e a perpendicularidade entre retas.
 determinar a equação de uma reta apresentada a
partir de dois pontos dados ou de um ponto e sua
inclinação.
 identificar as equações da circunferência e das
cônicas na forma reduzida, com centro na origem.
 reconhecer entre as equações de 2º grau com
duas
incógnitas,
as
que
representam
circunferências.
POLINÔMIOS
 Função polinomial
Valor numérico e polinômio nulo
POLINÔMIOS
 Operações com polinômios
Equações polinomiais (ou algébricas)
MATEMÁTICA − 3ª SÉRIE
162
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 interpretar e construir tabelas e gráficos de
frequências a partir de dados obtidos em
pesquisas por amostras estatísticas.
 associar informações apresentadas em listas e/ou
tabelas simples aos gráficos que as representam e
vice-versa.
 calcular e interpretar medidas de tendência
central de uma distribuição de dados (média,
mediana e moda) e de dispersão (desvio padrão).
 analisar e interpretar índices estatísticos de
diferentes tipos.
 reconhecer que apresentações diferentes de dados
podem levar a interpretações diferentes.
 propor questões, planejar e realizar um
experimento e coleta de dados, organizar e
apresentar os resultados.
 reconhecer a utilização de estatística e
probabilidade em situações do cotidiano.
 identifica casos em que estatística e
probabilidade são usadas de maneira a induzir a
erros.
CONTEÚDOS
163
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
9 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
9.1 HISTÓRIA
Iniciamos o século XXI, reconhecendo que nos defrontamos com um universo cultural
extremamente rico e complexo, estabelecendo um novo paradigma para a percepção do
mundo, da sociedade e da História.
Diante das novas relações, tantos novos desafios e necessidades, o homem busca
novos meios para solucionar os mesmos, surgindo várias concepções sobre as dificuldades e
soluções possíveis.
Vivemos numa sociedade dominada pela globalização da economia e da comunicação,
pelo pluralismo político e pela diversidade cultural. Esse contexto de mudanças constantes
exige do individuo uma formação abrangente voltada para o desenvolvimento da criatividade,
da reflexão e do senso crítico.
A educação deve ser repensada, no sentido de permitir ao/à estudante ser um agente
transformador que atenda as novas exigências da cidadania, que seja ético, saiba usar a
tecnologia e valorize a pluralidade cultural.
O novo currículo propõe uma aprendizagem significativa, pautada na compreensão
dos conhecimentos para o uso cotidiano. O eixo metodológico visando o desenvolvimento de
competências e habilidades, letramento e diversidade, necessários para que o/a professor/a
possa posicionar suas ideias e propor soluções como base para a construção de um futuro que
supere o contexto em que está inserido. Segundo Philippe Perrenoud, possuir várias
habilidades e colocá-las em prática é o que garante a formação das competências, ou seja,
possuir conhecimentos ou capacidades e saber aplicá-los.
Enfatiza-se a educação por dois importantes eixos pedagógicos: a interdisciplinaridade
ou transdisciplinaridade e a contextualização, cuja finalidade é a integração das disciplinas
para que o/a estudante possa interpretar, analisar e relacionar diversas áreas do conhecimento
e vivenciar esses conhecimentos tornando-se um criador e não um mero expectador.
Nessa perspectiva, o ensino de História, propõe uma abordagem teórica e
metodológica abrangente de todo o processo histórico e seus aspectos socioeconômicos
vinculados à política e à cultura. Analisar as ações humanas e as relações que se
estabeleceram entre os grupos nos diferentes tempos e espaços, a partir do contexto
contemporâneo.Sendo assim, o/a estudante deverá ser capaz de identificar e reconhecer os
fatores socioeconômicos e culturais característicos das diferentes sociedades, de saber colocálos em sua dimensão temporal, contextualizá-los, confrontar as interpretações possíveis e
164
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
chegar as suas próprias conclusões. Possibilitar ainda o desenvolvimento de suas habilidades
voltadas para a reflexão e o questionamento da realidade social que o cerca, é papel
fundamental para permitir aos/às estudantes apropriarem-se de uma formação histórica que os
auxilie no exercício da cidadania.
Acrescenta-se a implementação da Lei nº. 11.645, de 10 de março de 2008, que altera
a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de
2003, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática: “História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena”.
Sacristan, J.Gimeno.(2008)”O valor de qualquer currículo, de toda proposta de
mudança para a prática educativa, se comprova na realidade na qual se realiza, na forma
como se concretiza em situações reais”. Assim temos que ter a consciência com educadores
que os conteúdos de história têm que aproximar o passado da realidade vivida pelo/pela
estudante, hoje.
Em síntese, pretende se, com este currículo, que o/a estudante a partir de suas
vivências associadas aos seus conhecimentos adquiridos, por meio do processo de ensinoaprendizagem tenha condições de perceber–se como um agente social e, como tal, posicionarse criticamente diante da realidade, atuando no sentido de preserva e transforma a sociedade
onde vive.
165
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
 Conhecer ideias acerca da história e da
ciência histórica, as Continuidades ou as
transformações fundamentais no
pensamento dos historiadores e as suas
implicações na produção historiográfica
 Compreender que o objeto da história são as
relações humanas no tempo e no espaço.
 Estabelecer relações entre o processo de
formação das cidades, ao longo da História,
e o contexto urbano local.
 Analisar a organização social e as
transformações das sociedades por meio dos
diversos grupos sociais que as constituem,
identificando as várias formas de exclusão
social e os movimentos de resistência no
cotidiano,observando
os
continentes
africano,asiático e europeu.
 Compreender
a
questão
da
terra,comparando as diversas formas de
propriedade ao longo da história, bem como
a organização fundiária e os movimentos
sociais ligados a ela..
 Construir a identidade pessoal e social na
dimensão
histórica,
a
partir
do
reconhecimento do papel do indivíduo nos
processos históricos.
 Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos diversos para tornarse um leitor competente e possibilitar o
letramento
linguístico,
literário,social,científico.
.
CONTEÚDOS






A História como Ciência
O Tempo na História
Historiografia – Os registros históricos
Os Povos Africanos
Os Povos Pré-Colombianos: Incas, Maias,
Astecas e Indígenas Brasileiros
Os Povos Árabes e o Islamismo
Obs.: Estes conteúdos referem-se à História e
Cultura Afro-brasileira e perpassarão a 1ª série:
 Pré-história africana, civilizações antigas no
continente;
 Diferentes povos que habitam o continente
africano e suas características históricas;
 História ptolomaica;
 O continente África inventado e o continente
África real.

Civilização Clássica (incluso civilização Etíope
e Egípcia)







O Feudalismo
O Estado Nacional.
O Mercantilismo.
A Expansão Comercial e Marítima Europeia.
O Renascimento.
A Reforma Protestante.
O Absolutismo






A Acumulação Primitiva de Capital.
O Sistema Colonial.
A Colonização da América.
A Colonização do Brasil.
A condição de cativo em África e no Brasil
A participação dos africanos na economia
colonial brasileira
166
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA − 2ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Conhecer ideias acerca da história e da
ciência histórica, as continuidades ou as
transformações fundamentais no
pensamento dos historiadores e as suas
implicações na produção historiográfica.
 Estabelecer relações entre o processo de
formação das cidades, ao longo daHistória, e o
contexto urbano local.
 Ampliar o campo dos estudos históricos, neles
inserindo a sociedade, a economia e a cultura,
na comunidade, na cidade, no Estado, País e no
mundo.
 Analisar a organização social e as
transformações das sociedades por meio dos
diversos grupos sociais que as constituem,
identificando as várias
formas de exclusão
social e os movimentos de resistência no
cotidiano,observando
os
continentes
africano,asiático e europeu.
 Compreender a questão da terra,
comparando as diversas formas de
propriedade ao longo da história, bem
como a organização fundiária e os
movimentos sociais ligados a ela.
 Perceber a complexidade das relações de poder
entre os povos.
 Perceber como as relações de dominação,
subordinação e resistência fazem parte das
construções políticas, sociais e econômicas.
 Comparar problemáticas atuais e de outros
momentos históricos com sua realidade.
 Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos diversos para tornar-se
um leitor competente e possibilitar o letramento
linguístico, literário, social, científico.
CONTEÚDOS









Iluminismo.
Revolução Inglesa.
Revolução Industrial
Revolução Francesa
Formação dos EUA
Insurreição Brasileira:
A diáspora africana;
Trabalho do negro e afro-brasileiros nos
vários ciclos econômicos, brasileiros e
americanos
O significado do dia 20 de novembro.







A Expansão Napoleônica
Crise do Sistema Colonial
Independência da América Espanhola
Independência do Brasil.
Primeiro Reinado.
Período Regencial Brasileiro.
Participação do negro nas lutas sociais das
regências





O Liberalismo
As Revoluções Liberais de 1830 e 1840
O Socialismo e o Comunismo
O Movimento Operário
Anarquismo





Segundo Reinado
O Imperialismo
A Divisão Internacional do Trabalho
A Colonização da Ásia
A Colonização da África
167
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Conhecer ideias acerca da história e da ciência
histórica,
as
continuidades
ou
as
transformações fundamentais no pensamento
dos historiadores e as suas implicações na
produção historiográfica.
 Estabelecer relações entre o processo de
formação das cidades, ao longo da História, e
o contexto urbano.
 Analisar a organização social e as
transformações das sociedades por meio dos
diversos grupos sociais que as constituem,
identificando as várias formas de exclusão
social e os movimentos de resistência no
cotidiano,
observando
os
continentes
africano,asiático e europeu
 Perceber a complexidade das relações de
poder entre os sujeitos históricos.
 Compreender a questão da terra, comparando
as diversas formas de propriedade ao longo da
história, bem como a organização fundiária e
os movimentos sociais ligados a ela.
 Analisar as relações de poder nas diversas
instancias da sociedade como as organizações
do trabalho e as instituições da sociedade
organizada.
 Perceber que as formações sociais são
resultado de várias culturas.
 Perceber e respeitar as diversidades étnicas,
sociais, religiosas, de várias culturas.
 Perceber como o jogo das relações de
dominação, subordinação e resistência fazem
parte das construções políticas, sociais e
econômicas.
 Comparar problemáticas atuais e de outros
momentos históricos com sua realidade.
 Construir a identidade pessoal e social na
dimensão
histórica,
a
partir
do
reconhecimento do papel do indivíduo nos
 Utilizar a leitura, a compreensão e a
interpretação de textos diversos para tornar-se
um leitor competente e possibilitar o
letramento
linguístico,
literário,
social,científico.
CONTEÚDOS







República Velha
1ª Guerra Mundial
Revolução Russa
Processo de colonização no continente
africano;
Processos de descolonização no continente
africano;
África contemporânea e afro-americanos
Religiosidade brasileira e a influência das
religiões de matriz africana
 Crise de 1929
 Nazi-Facismo
 A Era Vargas
 2ª Guerra Mundial
 A Guerra Fria e suas consequências
 A Ditadura Militar
 Redemocratização no Brasil
Constituição Cidadã de 1988





Nacionalismo e unificações
EUA no Século XIX.
O Capitalismo.
Expansão Imperialista.
África Contemporânea e África Americana.







História e Cultura afro-brasileira
Religiosidade de matriz Africana
A crise do Oriente Médio pós 1948
Queda do Muro de Berlim
Cultura e Mentalidade Árabe Muçulmana
Globalização e Meio Ambiente
O Poder da Mídia na Formação da
História Contemporânea
168
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
9.2
GEOGRAFIA
O Componente Curricular, Geografia, no ensino médio, deve preparar o/a estudante
para: localizar, compreender e atuar no mundo complexo; problematizar a realidade; formular
proposições com intervenção; reconhecer as dinâmicas existentes no espaço geográfico; pensar
e atuar criticamente em sua realidade, tendo em vista a sua transformação, além de capacitá-lo
entender sobre a evolução da economia mundial e a importância da mão de obra, dos recursos
naturais e energéticos no desenvolvimento econômico das sociedades. A partir dos fatores
responsáveis pelos diferentes processos de desenvolvimento socioeconômico buscando também
esclarecer a dinâmica da nova era da informação, estruturada em conceitos como economia
global, sociedade em rede, espaços de fluxos e espaço de lugares. Também serão desenvolvidas
orientações sobre os efeitos e implicações das transformações tecnológicas na cultura da mídia,
na vida urbana, na política global e na natureza do tempo.
8.2.1 Objetivos da Geografia no Ensino Médio
O objetivo principal da Geografia é oferecer subsídios ao desenvolvimento da
cidadania, fazendo com que o/a estudante compreenda criticamente o mundo em que vive
desde a escala local até a global ou planetária. A escola e o/a professor/a devem, a partir do
objetivo geral constante na “Proposta Pedagógica” formulada pela instituição e das orientações
curriculares para o ensino médio, que norteiam a Geografia enquanto ciência e enquanto
componente curricular, definir os objetivos específicos que, a título de referência, podem ser
assim detalhados:
• compreender e interpretar os fenômenos considerando as dimensões local, regional, nacional
e mundial;
• dominar as linguagens gráfica, cartográfica, corporal e iconográfica;
• reconhecer as referências e os conjuntos espaciais, ter uma compreensão do mundo articulada
ao lugar de vivência do/da estudante e ao seu cotidiano.
A geografia no ensino médio deve também auxiliar na formação de um cidadão com
autonomia e consciência necessárias para expressar sua responsabilidade com seu lugar-mundo
construindo, assim sua identidade territorial.
No processo de aprendizagem é necessário desenvolver competências e habilidades,
para que tanto professores/as como estudantes possam comparar analisar, relacionar os
conceitos e/ou fatos como um processo necessário para a construção do conhecimento.
169
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Além das competências e habilidades, é fundamental ter como ponto de partida a
reflexão sobre o objeto da Geografia, que é a realidade territorial criada a partir da apropriação
do meio geográfico pela sociedade.
O que é ser professor/a de Geografia nos dias atuais? Essa pergunta nos faz refletir
sobre as rápidas transformações que ocorrem no mundo e, portanto, um dos grandes desafios
do/da professor/a de Geografia é selecionar os conteúdos e criar estratégias de como proceder
nas escolhas dos temas a serem abordados em sala de aula, ou seja, como articular a teoria com
a prática.
Nesse sentido o/a professor/a tem papel importante no cotidiano escolar e é
insubstituível no processo de ensino-aprendizagem, pois é o especialista do componente
curricular, cabendo-lhe o estabelecimento de estratégias de aprendizagem que propicie
condições para que o/a estudante adquira a capacidade de analisar sua realidade sob o ponto de
vista geográfico.
É oportuno lembrar que a prática docente adquire qualidade quando existe a produção
do saber. Castellar (2003: p.113) assinala que: “o professor deve atuar no sentido de se
apropriar de sua experiência, do conhecimento que tem para investir em sua emancipação e em
seu desenvolvimento profissional, atuando efetivamente no desenvolvimento curricular”.
Compreender a Geografia do local em que se vive significa conhecer e apreender
intelectualmente os conceitos e as categorias, tais como: o lugar, a paisagem, os fluxos de
pessoas e mercadorias, as áreas de lazer, os fenômenos e objetos existentes no espaço urbano
ou rural. Para ter essa compreensão, é necessário saber manejar os conceitos, saber a que eles
se referem e que condução teórica.
9.2.2 Conteúdos e metodologias no ensino da Geografia
Os avanços verificados na Geografia escolar, principalmente, a partir do final da década
de 70, permitiram mudanças significativas na forma de pensar dos docentes.
Entretanto, para uma parcela dos docentes, a preocupação ainda se centra nas informações
estatísticas e descrições que reforçam um ensino mnemônico.
Além disso, alguns equívocos conceituais reforçados por discurso superficial,
principalmente nos conceitos que estruturavam o conhecimento geográfico, persistem no
cotidiano escolar.
É a partir do cotidiano que os/as estudantes perceberão os diversos lugares que
compõem a Geografia, ampliando a dimensão limitada que às vezes se tem dela. Essa
compreensão permite a construção de vários eixos temáticos e sua relação com o mundo. Em
170
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
tais contextos, aprender a cidade significa aprender que ela não é estática, mas portadora de
uma geografia dinâmica, na qual fluem, por exemplo, informações e cultura.
Com a nova organização e formatação do ensino médio, todas as disciplinas do
currículo escolar reúnem conceitos comuns, entendidos como estruturantes das áreas de
conhecimento, ou seja, referenciais para que se compreendam os conteúdos das disciplinas.
(MARQUES, 2000.p.151) aponta:
Os conceitos são instrumentos do pensar e do agir que se justificam e ganham
sentido próprio no complexo sistema que compõe com os conceitos correlatos e no
qual interagem em campo teórico mais vasto. Impõe-se, por isso, nova visão de
interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade. Nenhuma região do saber existe isolada
em si mesma, devendo, depois, relacionar-se com as demais. Só na unidade do saber
existem as disciplinas, isto é, na totalidade em que se correlacionam e uma às outras
demandam reciprocidade.
9.2.3 Articulações conceituais
ESPAÇO E TEMPO
 Principais dimensões materiais da vida humana.
 Expressões concretizadas da sociedade.
 Condicionam as formas e os processos de apropriação dos territórios pelos vários grupos que
o habitam.
 Expressam-se no cotidiano caracterizando os lugares e definindo e redefinindo as
localidades e regiões.
O/A estudante deve atentar para a complexidade espaço/temporal das relações sociais
do/no espaço vivido, relações que o constroem, o influenciam, são influenciadas por ele, enfim,
o constituem, bem como são por ele e nele constituídas, numa relação de imanência que torna
indivíduo e mundo algo tão indissociáveis quanto estrutura (social, econômica, espacial, etc.)
SOCIEDADE
• Consideradas as relações permeadas pelo poder, apropria-se dos territórios (ou de
espaços específicos) e define a organização do espaço geográfico em suas diferentes
manifestações: território, região, lugar, etc.
• Os processos sociais redimensionam os fenômenos naturais, o espaço e o tempo.
LUGAR
• Manifestação das identidades dos grupos sociais e das pessoas.
•Noção e sentimento de pertencimento a certos territórios.(as comunidades quilombolas e
nações indígenas devem ser apontas)
171
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
• Concretização das relações étnico/sociais vertical e horizontalmente.
PAISAGEM
• Expressão da concretização dos lugares, das diferentes dimensões constituintes do
espaço geográfico. Pelas mesmas razões já apontadas, não limitaria a paisagem apenas ao
lugar.
• Permite a caracterização de espaços regionais e territórios considerando a
horizontalidade dos fenômenos.
REGIÃO
• Região se articula com território, natureza e sociedade quando essas dimensões são
consideradas em diferentes escalas de análise.
• Permite a apreensão das diferenças e particularidades no espaço Geográfico, provocadas
ou não pelo arcabouço cultural dos elementos que nela habita ou habitavam.
TERRITÓRIO
• O território é o espaço apropriado.
• Base da região.
• Determinação das localizações dos recursos naturais e das relações de poder.
• A constituição cotidiana de territórios tem como base, as relações de poder e de
identidade de diferentes grupos sociais que os integram, por isso eles estão interrelacionados com conceitos de lugar e região.
ESCALA
Deve-se ter clareza de que em Geografia são usados diferentes tipos de escala: uma
escala cartográfica e a outra geográfica. Na primeira, destaca-se o mapa como um dado
instrumental de representação do espaço, num recurso apoiado dominantemente na
Matemática. Na segunda, a ênfase é dada ao fenômeno espacial que se discute. Essa é a
escala de análise que enfrenta e procura responder os problemas referentes à distribuição
dos fenômenos. A complexidade do fenômeno da cidadania, por exemplo, requer que se
opere com diferentes escalas, articulando suas dimensões locais, nacionais e globais. Nesse
sentido, a cidadania não deve ser estendida apenas sob o aspeto formal do vínculo a uma
nacionalidade, devendo apontar a dimensão vivencial de seu exercício como um fenômeno
172
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
173
de lugar. De forma inversa, não se pode compreender a poluição atômica só no lugar, mas
deve-se tratá-la como fenômeno global.
Assim sendo, a escala é uma estratégia de apreensão da realidade. Portanto, é
importante compreendê-la, não apenas, como problema dimensional, mas também
fenomenal, na medida em que ela é um instrumento conceitual prioritário para a
compreensão da articulação dos fenômenos.
GLOBALIZAÇÃO, TÉCNICA E REDES
Por fim, um importante conjunto de conceitos refere-se à globalização, técnica e
redes. É necessário ter claro que a globalização é um fenômeno decorrente da
implementação de novas tecnologias de comunicação e de informação, isto é, de novas redes
técnicas que permitem a circulação de ideias, mensagens, pessoas e mercadorias, num ritmo
acelerado, e que acabaram por criar a interconexão entre os lugares em tempo simultâneo.
Nesse processo, teve papel destacado a instalação de redes técnicas, incluindo-se a indústria
cultural, a ação de empresas multinacionais e a circulação do capital, que intensificaram as
relações sociais em escala mundial, interligando localidades distantes, de tal maneira que
acontecimentos locais são modelados por eventos ocorridos a milhares de quilômetros de
distância.
No que se refere à técnica, deve-se ressaltar, ainda, a importância da compreensão do
papel das inovações tecnológicas na esfera da produção de bens de e serviços, engendrando
novas formas de organização social no trabalho e no consumo, e criando novos arranjos
espaciais. Outra face da revolução tecnológica são as novas formas de apropriação da
natureza, tais como as expressas na biotecnologia, em que a detenção do conhecimento e do
domínio técnico é também um instrumento de poder que afeta os grupos sociais e exige
modificações na organização espacial existente.
Portanto, a construção dos conceitos por parte dos/das estudantes é o que serve de
balizador para o ensino, pois ao construir o conceito, o/a estudante confronta seus pontos de
vista resultantes do senso comum com os conhecimentos científicos, encaminhando-se para
uma compreensão que o conduzirá a uma constante ampliação de sua complexidade.
9.2.4 Letramento e diversidade
O conceito de letramento é mais amplo que o conceito de alfabetização já que
compreende saber ler, escrever, interpretar e estabelecendo relações entre as habilidades e a
prática social.
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Como a geografia utiliza a leitura de mapas a construção e interpretar tabelas,
gráficos e textos específicos, conhecimentos estes fundamentais para a compreensão do
mundo, das relações socioculturais, da paisagem e dos fenômenos sociais e físicos, o
letramento deve ser enfatizado pelo/pela professor/a. Em uma sociedade constantemente em
mudanças, é preciso que o indivíduo desenvolva capacidades como um todo, que amplie e
aprofunde seus universos de conhecimento e que, além de aprender a resolver problemas
numa sociedade em mudanças, aprenda a aprender.
O "Multiculturalismo e Diversidade Cultural" é fundamental, pois é pelo "olhar
multicultural", que se pode perceber o quão singular é cada estudante. È necessário que o/a
professor/a desempenhe uma prática docente política, ideológica que seja humanamente
comprometida com nosso povo mestiço, belo, forte, que luta que surpreende que ri, que
chora, que cria cotidianamente saberes e estratégias, práticas que possibilitem viver /
sobreviver, num tempo em que a exclusão é presente.
A prática docente deve ter como palavras-chave o diálogo, o estudo, a criação, o
desejo e o compromisso com a transformação social, com a construção de uma amorosa
cidadania. O/A professor/a deve procurar trabalhar com a diversidade, visto que essas
questões não foram trabalhadas em sua formação é necessária a utilização de métodos
organizados com base na realidade da classe. O/A professor/a não deve priorizar uma só
cultura, uma só linguagem, o/a estudante deve ser visto como sujeito com aptidões e
dificuldades diferenciadas, deve procurar conciliares as diferenças individuais, respeitando
sempre as diversidades culturais, sociais e individuais, é neste aspecto que surge a razão da
forte presença do artigo 26 A76 da LDB (lei 9394/96), nos conteúdos referenciais presentes
neste currículo.
76
O Art. 1o A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B: "Art. 26-A. “Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura AfroBrasileira” e alterado pela Lei 11.645/08 que dá nova redação ao Art. 26- A “ Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio, púbicos e privados torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e
indígena”.
174
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE

Diferenciar conceitualmente as paisagens, os
diversos tipos de espaço (ideias, produção e
circulação) e as relações individuais e coletivas
estabelecidas entre os sujeitos envolvidos.
Analisar e aplicar as várias formas de
representação geográfica na localização e na
distribuição dos fenômenos naturais e sociais.
Reconhecer e analisar o processo de evolução,
distribuição e organização dos diversos tipos de
ocupação de espaço territorial e as diversas teorias
demográficas.
Analisar as transformações provocadas no espaço
em decorrência dos diversos modos e tipos de
produção e suas tecnologias diante da nova DIT
(Divisão Internacional do Trabalho), enfatizando
a política de preservação ambiental.
CONTEÚDOS



















Geografia entendimentos sobre a ciência e sua
área de abrangência, discussões teóricas,
conceitos e correntes geográficas
O universo, o sistema solar surgimento do
planeta Terra, teorias e proposições
Aspectos da formação do planeta Terra
estrutura, evolução, movimentos
Estrutura geológica, evolução do relevo a
influência do clima e a adaptação/ocupação do
espaço pelo homem
Tectônica de placas, surgimento dos
continentes sua evolução, surgimento do
“homo” no continente Africano, as grandes
marchas migratórias e a sua chegada a todas as
partes do mundo
Noção de espaço geográfico e seu significado
político
Paisagem, lugar, espaço natural e espaço
artificial
Território e espaço geográfico - localizar a
escola o/a estudante, o Distrito Federal e o
Entorno
Localização geográfica do continente Africano
O continente África inventado e o continente
África real
O povo africano no tempo e no espaço com
releitura das descobertas atuais que indicam
que tudo começou no continente África
Trajetória dos africanos diasporizado pelo
mundo
Orientação, localização e representação da
Terra;
Coordenadas geográficas, pontos cardeais,
Medição do tempo, fusos horários.
Cartografia, representação terrestre, mapas,
escala, projeções cartográficas, símbolos,
convenções,
sensoriamento
remoto
e
cartográfico, radar, satélites artificiais.
As grandes paisagens naturais das regiões:
Polares, Temperadas, Tropical, Desérticas,
Montanhosas e Oceânicas, e o homem neste
contexto.
Atmosfera terrestre, tempo, clima aquecimento
global.
Fatores
determinantes
na
distribuição
geográfica da população pelo planeta Terra.
175
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES
CONTEÚDOS





LETRAMENTO E DIVERSIDADE










Dinâmica populacional, teorias demográficas,
evolução
das
populações,
movimentos
populacionais, distribuição de renda e de
riquezas, Índice de Desenvolvimento Humano IDH (contextualizar com o caso brasileiro).
Urbanização, conceito e evolução, (iniciar pelo
continente africano), diferentes formas por
grupos de população, aglomeração urbana,
cidades e suas classificações.
Racismo, xenofobia, desrespeito quanto a
gêneros, do contexto mundial para o local.
População, densidade demográfica, taxa de
Natalidade, taxa de mortalidade, crescimento
vegetativo, desigualdades econômicas e sociais.
Panorama político e socioeconômico, Estado,
nação.
Os grandes conjuntos de países, suas
localizações geográficas, seus continentes,
blocos de interesse, bipolaridade.
Recursos naturais e extrativismo (mineral ou
não) pelos vários continentes do mundo,
inclusive
o
Africano,
localizando
geograficamente o surgimento da agricultura e
do ferro.
A dinâmica da natureza e os fenômenos
geográficos: o homem e o meio ambiente, a
poluição da atmosfera, das águas e outras.
Comércio: origem, evolução dos sistemas
econômicos
e
políticos,
organizações
internacionais.
Industrialização: clássica, tardia, planificada e
técnico-científica, contexto mundial e brasileiro.
Transporte: evolução, a questão do tempo e
fatores.
Organizações econômicas e militares blocos
econômicos, divisão internacional do trabalho, a
posição dos negros nesta divisão.
Países que se tornaram potência mundial e
regional - relações de poder.
Globalização: noções iniciais e seus problemas;
técnicas e redes no contexto mundial.
Questões relacionadas ao desenvolvimento
ecologicamente sustentável, manejo de biomas
ecossistemas,
Estocolmo
72,
relatório
Brundtland, Rio/Eco 92, Protocolo de Kyoto, Rio
+10; destacando a importância da preservação
da biodiversidade.
176
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES




LETRAMENTO E DIVERSIDADE





Reconhecer a importância da geomorfologia
climática, na dinâmica do espaço brasileiro,
e do uso de recursos, na perspectiva do
desenvolvimento sustentável.
Analisar a organização e a produção do
espaço agrário brasileiro e/ou sua
transposição para o urbano industrial.
Compreender e analisar as relações
comerciais do Brasil com os mercados
mundiais.
Reconhecer que o espaço geográfico
brasileiro foi construído e reconstruído por
meio de diferentes dinâmicas sociais, ao
longo do tempo, por intermédio do trabalho.
Reconhecer o processo de evolução e de
distribuição populacional, para uma análise
da organização e da ocupação do espaço
territorial brasileiro, observando a formação
da população brasileira e a sua diversidade
cultural.
Reconhecer o processo de evolução e
distribuição populacional, para uma análise
da organização e da ocupação do espaço
territorial
brasileiro,
observando
o
crescimento, o movimento, a distribuição e
a estrutura da população.
Reconhecer o processo de evolução e de
distribuição populacional, para uma análise
da organização e da ocupação do espaço
territorial
brasileiro,
observando
a
urbanização, suas causas e consequências
socioeconômicas e ambientais.
Compreender a dinâmica do espaço
industrial brasileiro e os impactos
socioambientais reconhecendo que os
fatores político-econômicos influenciam o
processo.
Analisar o processo histórico-geográfico da
ocupação do espaço do Distrito Federal
estabelecendo correlação com o uso do solo,
os aspectos populacionais, o espaço de
produção, a questão ambiental, o entorno e
a Região Integrada de Desenvolvimento do
Entorno- RIDE.
CONTEÚDOS

















A ocupação do espaço brasileiro por
habitantes locais nativos e por europeus.
Localização geográfica do Brasil
A invenção do espaço brasileiro
Formação e organização do território
brasileiro a estrutura geológica e o relevo
A influência do clima na constituição dos
recursos naturais
A hidrografia do território brasileiro
A população brasileira e as atividades
econômicas a Divisão internacional do
Trabalho - DIT e o lugar ocupado pelos afrobrasileiros, nativos indígenas e o imigrante
de modo geral
Processos migratórios: causas efeitos,
mobilidade rural e urbana
Industrialização brasileira
Recursos naturais energéticos presentes no
território brasileiro; destaque para os
fenômenos geológicos identificados nas
regiões tropicais (metais preciosos, recursos
minerais e vegetais).
O petróleo e os outros combustíveis de
origem “orgânica”, as matrizes utilizadas para
produção do álcool do biodiesel e outros e as
implicações na ocupação espacial.
Atividades agrárias de subsistência e
agropastoris, ressaltando o lugar geográfico a
evolução espacial e a contribuição do nativo
(índio) e do negro nesse processo.
Atividades industriais: tipos, fatores, lugar
geográfico e suas inter-relações com a
evolução técnico-científico-informacional e a
sua influência nas atividades da população
brasileira.
O processo da urbanização brasileira e a
influência europeia e africana na evolução
modelar das cidades.
Rede urbana, conurbação, distribuição,
função dos aglomerados urbanos/ cidades.
A ideia da construção de uma capital,
Brasília, no interior do continente
Os complexos biomáticos brasileiros.
177
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES
CONTEÚDOS






LETRAMENTO E DIVERSIDADE

A realidade rural brasileira, Estatuto da Terra
reforma agrária, inovações tecnológicas na
agricultura, na pecuária e o advento do agronegócio.
Tecnopólos brasileiros e a questão da mão de
obra.
As relações comerciais brasileira: interna e
externa, comunicação e sistemas viários;
A evolução espacial brasileira em seus vários
períodos.
O povo brasileiro constituição, distribuição
espacial, condição de vida.
Estrutura etária de gênero e crescimento da
população brasileira.
Coeficiente de GINI e índice de
desenvolvimento Humano - IDH, fatores
macro sociais que torna o Brasil um dos
países mais desiguais do mundo.

Distrito Federal e entorno aspectos: histórico,
geográfico,
populacional,
social,
organizacional, cultural e suas
 implicações como centro urbano e capital do
Brasil.
 Culturas
tradicionais
geograficamente
distribuídas e presentes no cenário brasileiro.
 O meio ambiente nas grandes cidades, lixo,
poluição, chuva ácida, inversão térmica, ilha
de calor.
OBS: Os conteúdos referentes à História e
Cultura Afro-brasileira e Indígena perpassarão a
todos os bimestres da 2ª série










Origem geográfica grupos étnicos trazidos do
continente Africano ( a rota da escravidão)
População brasileira: miscigenação de povos
Força de trabalho e o conhecimento dos
africanos na distribuição espacial dos vários
ciclos econômicos brasileiros
As relações sociais, políticas, econômicas, na
formação do povo brasileiro, trazidas pelos
negros da África
Localização geográfica dos Quilombos,
entendendo como forma de resistência e seus
aspectos atuais
Distribuição espacial da população afrobrasileira no Brasil
Projeto brasileiro de branqueamento e as
políticas de imigração para o Brasil e a
discriminação sofrida pelos Africanos e
Asiáticos
Indicadores socioeconômicos dos afros
descendentes e o racismo praticado
Espaço ocupado no mercado de trabalho
pelos afro-brasileiros
DIT e o lugar ocupado pelos afro-brasileiros,
nativos indígenas e o imigrante de modo geral
178
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA − 3ª SÉRIE
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE







Identificar as diversas categorias que
possibilitam aprofundar os conhecimentos
sobre Nação (povo, cultura), país, Estado
Nacional, de acordo com o significado desses
conceitos ao longo do processo histórico,
evidenciando o enfraquecimento do Estado
Nacional no contexto da Geopolítica atual.
Entender e explicar as várias formas de
organização, de formação e de evolução dos
sistemas socioeconômicos, segundo as
alianças e as disputas existentes entre as
grandes potências mundiais, a formação de
blocos e o papel dos países periféricos diante
da globalização.
Entender o processo que levou à
desintegração do bloco de economia
planificada ou estatizada, a influência da exURSS, nas mudanças ocorridas na Europa
Centro-Oriental, e na formação da CEI
(Comunidade dos Estados Independentes).
Entender o processo de transformações
econômicas, políticas e sociais que ocorreram
e ocorrem nos países da Europa CentroOcidental, a formação do EEE (Espaço
Econômico Europeu) e a reunificação das
Alemanhas.
Compreender o processo expansionista dos
EUA, sua liderança política e econômica, no
contexto mundial, e seus reflexos no arranjo
geopolítico atual.
Entender e explicar o processo de colonização
e descolonização das Américas e da África, as
diferentes formas de relacionamento e de
interesses políticos e econômicos entre os
países centrais e os países periféricos.
Explicar o processo de fortalecimento e de
influência do bloco da Bacia do Pacífico e a
influência do Japão e da China na economia
globalizada.
Reconhecer as causas e as consequências dos
conflitos étnicos, religiosos, ideológicos e
culturais.
Entender como o equilíbrio do meio ambiente
é influenciado pelos interesses internacionais,
ao identificar a importância da preservação da
biodiversidade.
CONTEÚDOS








Construção do espaço geográfico o papel do
homem neste processo
Colonizando o planeta Terra: o homem e sua
caminhada pelo planeta
Nação, estado e território
Arranjo geográfico feudal
Capitalismo comercial, industrial, financeiro
Espaço geográfico socialista e países de
economia planejada
Industrialização mundial, construção do espaço
industrial, taylorismo, fordismo, toyotismo e as
grandes indústrias globais
Bipolarização mundial: Colapso do socialismo,
fim da Guerra Fria e as mudanças no arranjo
espacial mundial
 Mundo globalizado – Blocos econômicos
regionais. Mundo africano e a participação no
processo de desenvolvimento brasileiro e
mundial.
 Espaço geográfico mundial início do século
XXI.
 Fluxos migratórios, população mundial,
distribuição
espacial,
indicadores
socioeconômicos (GINI, IDH), estrutura
populacional em países com diferentes, níveis
de desenvolvimento.
 Sociedade
técnico-científico-informacional.
Tecnopólos de abrangência mundial.
 Redes materiais e imateriais.
 O ritmo desigual nas mudanças nos cenários
africanos e asiáticos nos quadros do
capitalismo.
 O Comércio e o Transporte em escala mundial.
179
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
 Economias
emergentes,
Novos
Países
Industrializados − NPI‟s − atentar para o caso
chinês.
 Telecomunicações e a sociedade de informação.
 Continente Africano e a geografia diaspórica
(Américas, Caribe e Europa).
 Continente Europeu: aspectos geopolíticos;.
 Continente Americano: aspectos geopolíticos.
 Continente Asiático e Oceania: aspectos
geopolíticos
 O mundo em mudanças atuais, conflitos, crises,
tráfico, drogas.
 Fortes de energia: petróleo álcool e a
geoestratégia mundial.
 Fenômenos envolvendo o clima, agravados pelo
fator antrópico: el nino, la nina, chuva ácida,
desertificação, efeito estufa, poluição, tsunami e
outros que acontecerão durante o ano letivo.
 Ecossistema biodiversidade, ações para promover
desenvolvimento sustentado.
 O meio ambiente pelo mundo, conferências e
ações em defesa do Meio Ambiente
OBS: Os conteúdos referentes à História e Cultura
afro-brasileira e indígena perpassarão todos os
bimestres da 3ª série
 Conflitos políticos no continente Africano
(interpretados como guerras étnicas)
 O Continente Africano e sua importância na
geopolítica de bens naturais
180
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
9.3 SOCIOLOGIA
As Ciências Sociais nas escolas públicas do Distrito Federal: duas décadas de história
Em 2008, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº. 11.684 que tornou obrigatória a oferta das
disciplinas Sociologia e Filosofia em todas as séries do Ensino Médio.
No caso do Distrito Federal, porém, a presença da Sociologia tem uma história de pelo menos
duas décadas. Ela já constava do currículo desde 1987, ainda que, como componente da parte
diversificada, com carga de 2 (duas) horas semanais, apenas no 3º ano. Ressalta-se que em função dessa
situação, no Currículo das Escolas Públicas publicado em 1992, não havia um capítulo destinado à
disciplina. Em razão dessa lacuna, uma sugestão de conteúdo de Sociologia foi enviada às escolas. Na
realidade, tratava-se da reprodução do índice de um livro didático bastante popular entre os/as
professores/as.
Nessa condição, ela permaneceu até 1999. Ao término da década de 1990, os Parâmetros
Curriculares Nacionais, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(DCNEM), Parecer 15/98 do Conselho Nacional de Educação, estabelecem que os conceitos,
procedimentos e atitudes provenientes da Geografia, História, Filosofia e da Sociologia em conjunto
com a Antropologia e a Ciência devem constituir a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Tendo em vista a concretização das diretrizes e parâmetros citados, algumas unidades da
federação efetivaram reformas curriculares que incluíram a Sociologia como disciplina obrigatória. No
caso do DF, ela deixou de constar da parte diversificada, para se tornar componente da base comum,
com a mesma carga horária das demais disciplinas: 2 (duas) horas semanais, nos três anos do Ensino
Médio.
Como decorrência dessa mudança, em 2000, um novo currículo de Sociologia foi proposto
para a Rede. Um currículo de caráter experimental e por isso, sujeito às mudanças decorrentes das
avaliações feitas nas escolas. Por isso, durante todo aquele ano, professores/as, coordenadores/as e
diretores/as foram convidados a participar da avaliação daquela proposta, por meio de um instrumento
específico encaminhado a todos estabelecimentos de ensino.
A coordenação central de Sociologia recebeu as avaliações realizadas pelos profissionais de 29
escolas. As sugestões apontavam para a necessidade de um delineamento mais preciso dos eixos
estruturadores, uma reestruturação das habilidades em um projeto para os três anos, com base no
desenvolvimento do/da estudante, a exclusão de habilidades que de fato eram conteúdos e uma
definição mais abrangente do componente curricular ou como Ciências Sociais ou Antropologia/Ciência
Política/Sociologia e não somente como Sociologia.
Com base nas contribuições, sugestões e observações acima foram realizadas as seguintes
mudanças na proposta curricular de Sociologia: organização das habilidades a partir de três eixos
estruturadores, um para cada série e a criação de um conjunto integrado de 10 habilidades trabalhadas
181
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
182
em todo o Ensino Médio, porém, em graus diferenciados de aprofundamento e complexidade, de acordo
com o eixo estruturador da série.
A partir desses referenciais, os/as professores/as escolheriam os conceitos, os temas, as teorias,
os métodos mais adequados para concretizar o currículo de acordo com a realidade de cada escola.
Nesse sentido, muitas experiências foram desenvolvidas e inclusive registradas em diversas publicações.
Em 2003, com base justamente nessas experiências, um movimento de professores/as propôs à
Universidade de Brasília (UnB) que as provas tanto do vestibular tradicional como do Programa de
Avaliação Seriada (PAS) abordassem oficialmente temas antropológicos, sociológicos e políticos.
Depois de um longo processo de construção coletiva, inicia-se em 2006, um novo modelo para o PAS,
no qual, a Sociologia consta da prova de conhecimento que é elaborada com base nas matrizes de
objetos de avaliação interdisciplinares.
Em 2007, a Secretaria de Educação dá início ao debate sobre a necessidade da construção de
conteúdos referenciais. Mas, no caso da Sociologia, quais seriam esses conteúdos?
Ciências Sociais e o Ensino Médio
A LDB, 1996, ressalta que uma das finalidades do Ensino Médio é contribuir para a formação
da cidadania. Por sua vez, as Leis 10.639/03 e 11.645/08 ampliaram a noção de desenvolvimento do
cidadão que passa a ser também um processo de aprendizagem da valorização do outro e da diversidade
étnico-cultural.
A Lei determina que os conhecimentos da Sociologia contribuam para esse processo de
formação. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais (1998) é observado que os conhecimentos de outras
Ciências Sociais, em especial, da Antropologia e da Ciência Política, também são imprescindíveis para
o desenvolvimento pleno do cidadão.
A LDB ainda enfatiza outra finalidade dessa etapa escolar, a consolidação e o aprofundamento
dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental. Nessa perspectiva, torna-se imprescindível um
projeto para o Ensino Médio, no qual, o/a estudante torne-se um usuário cada vez mais competente da
leitura e da escrita.
Tendo em vista essas orientações, é necessária uma proposta curricular fundamentada numa
concepção que compreenda a Sociologia, a Ciência Política e a Antropologia, como ciências voltadas
para desvelar os fenômenos manifestados no contexto das relações sociais.
Assim, cabe a essas Ciências, conforme as Orientações Curriculares Nacionais (OCNs)
(2006), a realização de um duplo papel no âmbito escolar – desnaturalização e estranhamento dos
fenômenos sociais. Elas não possibilitam perder de vista a historicidade desses fenômenos, ao
demonstrar que nem sempre eles foram assim e que certas mudanças ou permanências históricas
decorrem de decisões humanas e não de tendências naturais. Elas possibilitam ainda estranhar
fenômenos como fizera Durkheim em relação suicídio isto é, “tomá-lo não como um fato corriqueiro,
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
perdido nas páginas policiais dos jornais ou boletins de ocorrência de delegacias, e sim como um objeto
183
de estudo da Sociologia, com causas externas ao indivíduo, mas que têm decisiva influência sobre esse,
com regularidade, periodicidade, uma função específica em relação ao todo social”.
Ciências Sociais e seus conteúdos referenciais
As Orientações Curriculares Nacionais (OCNs) (2006) nos ajudam a compreender melhor o
significado de conteúdo sociológico. Elas apontam para três tipos de recortes relativos ao ensino de
Sociologia: conceitos, temas e teorias. Recortes, na maioria das vezes, apresentados, de modo isolado,
inclusive em muitos casos, há opção por se trabalhar apenas um deles. Nas OCNs, a orientação é que
eles sejam abordados como mutuamente referentes:
Ao se tomar um conceito – recorte conceitual –, este tanto faz parte da aplicação de um tema
quanto tem uma significação específica de acordo com uma teoria, do contrário os conceitos
sociológicos seriam apenas um glossário sem sentido, pelo menos para estudantes do ensino médio. Um
tema não pode ser tratado sem o recurso a conceitos e a teorias sociológicas senão se banaliza, vira
senso comum, conversa de botequim. Do mesmo modo, as teorias são compostas por conceitos e
ganham concretude quando aplicadas a um tema ou objeto da Sociologia, mas a teoria a seco só produz,
para esses/essas estudantes, desinteresse. Entende-se também que esses recortes se referem às três
dimensões necessárias a que deve atender o ensino de Sociologia: uma explicativa ou compreensiva –
teorias; uma linguística ou discursiva – conceitos; e uma empírica ou concreta – temas.
De acordo com as OCNs, para complementar os três recortes, é necessário acrescentar: a
pesquisa. Ela “pode ser feita depois das apresentações teóricas, conceituais ou temáticas, como um
elemento de verificação ou de aplicação (ou não) do que foi visto anteriormente. Mas pode ser utilizada
como elemento anterior às explicações por meio dos três recortes”.
Ressalta-se a impossibilidade de se abordar um recorte sem a referência aos demais. Contudo,
as OCNs apontam ser possível tomar um como “centro” e outros como referenciais. No caso do Distrito
Federal, como já foi apontado, a construção do currículo de Sociologia se desenvolveu em torno de três
eixos estruturantes constituídos a partir da relação entre os conceitos de:
•
Individuo, cultura e constituição de identidades - 1ª série
•
Indivíduo, estrutura e mudança social - 2ª série
•
Indivíduo, Estado e participação política - 3ª série:
Para cada eixo, há uma questão-chave proposta para os/as estudantes:
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
“Quem somos?” Questão proposta para 1ª série, abordada a partir de um enfoque
antropológico.
•
“Onde estamos?” Questão proposta para 2ª série, abordada a partir de um enfoque
sociológico.
•
“Como construir a sociedade que queremos?” A questão da 3ª série abordada sob um
enfoque político.
Para cada um dos três eixos, são estruturadas 10 habilidades referentes às seguintes
temáticas/conceitos: diferenças e diversidade, educação, intimidade, técnicas de pesquisa, tratamento de
informação, explicação científica, evolução do conhecimento, novas tecnologias, ideologia e poder. De
fato, cada uma das 10 habilidades deverá ser trabalhada nas três séries, porém, em níveis de
complexidade e aprofundamento distintos, de acordo com o eixo estruturador e o nível de
desenvolvimento do/da estudante.
No sentido de aperfeiçoar essa organização curricular, propõem-se alguns conteúdos
referenciais que possam contribuir para o desenvolvimento das referidas habilidades. Tais conteúdos são
constituídos por teorias, métodos de pesquisas, temas e conceitos sugeridos pelos/pelas professores/as
durante diversas reuniões promovidas ao longo dos anos de 2007 e 2008.
184
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS REFERENCIAIS PARA O ENSINO MÉDIO DE SOCIOLOGIA
1ª Série
Eixo estruturador: Indivíduo, cultura e constituição de identidades. A questão-chave
proposta para os/as estudantes é “quem somos?” A questão é abordada a partir de um enfoque
antropológico.
185
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
SOCIOLOGIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES



LETRAMENTO E DIVERSIDADE







Entender as diversas formas de
conhecimento (mito, ciência humanas,
naturais, filosofia, arte, tecnologias,
linguagens)
no
processo
de
humanização da natureza e do próprio
homem.
Aplicar técnicas de pesquisa das
Ciências Sociais na investigação sobre
os diversos grupos e movimentos
culturais
constitutivos
da
sua
comunidade.
Analisar como as identidades se
constituem no confronto com a
diversidade cultural, étnica, religiosa e
com as diferenças de orientação sexual e
de gênero.
Aplicar os conhecimentos e as
tecnologias associadas à Antropologia, à
Sociologia e à Psicologia no
entendimento de questões pessoais
relativas ao corpo, à sexualidade, à
família, ao relacionamento amoroso e à
comunicação interpessoal.
Compreender a escola como instituição
social responsável pela socialização da
cultura e pela construção de identidades.
Ler e interpretar tabelas, gráficos,
mapas e imagens presentes em livros,
jornais e revistas referentes aos
processos de constituição da identidade
social e cultural.
Identificar as relações de poder
presentes nas microestruturas das
relações sociais.
Compreender que as situações do seu
cotidiano
podem
ser
tratadas
cientificamente,
numa
perspectiva
durkheimiana, como fatos sociais
inseridos numa totalidade.
Investigar como as novas tecnologias de
informação
(celular,
Internet,
computador e outros) contribuem para a
formação de novas identidades grupais
Identificar
os
valores
e
as
representações sociais que orientam as
escolhas e suas ações nas mais diversas
situações do cotidiano.
CONTEÚDOS






















Conhecimento humano: mito, filosofia e ciências;
Homem e natureza (antagonismo ou inter-relação)
Introdução ao conhecimento da Sociologia:
 Sociologia como ciência
 Aplicação do conhecimento sociológico ao
cotidiano
Introdução às técnicas de pesquisa nas Ciências
Sociais:
 Tipos de pesquisa em Ciências Sociais
(trabalhar os conceitos de Florestan Fernandes
em relação a pesquisa em Ciências Sociais)
 Entrevista, questionário e observação
Identidade e diversidade cultura (Gilberto Freire);
Identidade e diferenças sexual e de gênero
Conceitos básicos para a compreensão da vida
social: trabalho, cultura e sociedade
Indivíduo, corpo e sexualidade;
As questões de gênero nas diversas sociedades e na
atualidade
Socialização da cultura e construção de identidades
por meio da educação
Papel da escola
Quem é a comunidade em torno da escola?
Quadro estatístico da realidade social, política e
cultural da cidade
Observação sobre os grupos constitutivos da
comunidade
Tipos de grupo social
Liderança, influência, status e poder
Papéis dentro do grupo
Conflito/convívio de gerações
As contribuições de E. Durkheim para a
compreensão da organização dos grupos sociais:
 O fato social (coercitividade, exterioridade,
generalidade)
 Sociedade como organismo
 Solidariedade mecânica e orgânica.
Individualidade X coletividade
As novas tecnologias na formação dos grupos
sociais:
 Organização de um grupo social
 Internet X relações interpessoais
 Grupos sociais e identidade juvenil: as tribos
urbanas
 Ritos de passagem: tradição X modernidade
Sociologia da juventude:
 Cultura e formação da identidade juvenil
 A família moderna e papel do jovem
 Juventude e religiosidade
 Juventude e drogas
 Sexualidade na adolescência
 O jovem e suas escolhas: musicais, cênicas e
visuais
186
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
2ª Série
Eixo estruturador: Indivíduo, estrutura e mudança social. A questão-chave proposta para
os/as estudantes é “onde estamos?” A questão é abordada a partir de um enfoque sociológico.
SOCIOLOGIA − 2ª SÉRIE
CONTEÚDOS
HABILIDADES


LETRAMENTO E DIVERSIDADE








Entender a Antropologia, a Ciência
Política e a Sociologia como fenômenos
históricos
relacionados
ao
desenvolvimento da estrutura social
capitalista.
Aplicar técnicas das Ciências Sociais na
coleta e tratamento de dados referentes às
classes e grupos de status, constitutivos da
realidade social brasileira.
Aplicar os conhecimentos e tecnologias
associadas à Sociologia e à Ciência
Política na investigação de questões
pessoais relativas às mudanças na
estrutura social especialmente ligadas ao
casamento e à família.
Analisar as possíveis relações entre os
processos de estratificação social e as
diferenças de gênero, de orientação
sexual, diferenças raciais, étnicas,
religiosas, regionais e culturais.
Compreender a dupla função social da
escola: contribuir para a conservação e, ao
mesmo tempo, a transformação da
sociedade.
Ler e interpretar tabelas, gráficos, mapas e
imagens presentes em livros, jornais e
revistas relacionados a indicadores sociais
da realidade brasileira.
Identificar as relações de poder no
contexto macroestrutural das instituições
políticas e sociais brasileiras
Compreender que as desigualdades
sociais não fenômenos naturais, mas sim,
fenômenos históricos passíveis de uma
explicação
sociológica
de
caráter
marxista.
Investigar como as novas tecnologias de
informação contribuem para a exclusão
ou inclusão social.
Identificar os valores e as ideologias que
orientam escolhas e as ações dos
membros de uma classe social.




A organização social nos diferentes modos de
produção
Revolução Industrial, os novos problemas sociais
e o surgimento da Sociologia
As
tecnologias
das
Ciências
Sociais:
fundamentos, especificidades e utilização crítica
As fontes de dados sobre a realidade social
brasileira

Industrialização, urbanização e mudanças nos
grupos sociais
 O indivíduo no processo de mudança social
 Estrutura social e as mudanças na família e no
casamento
 Indivíduo e as mudanças microssociológicas
referentes: à vida familiar, ao casamento, à
sexualidade, aos relacionamentos amorosos, à
comunicação interpessoal.
 Situação das minorias no Brasil: índios, negros,
mulheres, homossexuais e “deficientes” (Darcy
Ribeiro e Roberto da Matta)
Diversidades regionais, étnicas, religiosas e culturais
 Teorias sociológicas da educação
 Dupla função escola da escola:
 Conservação e transformação da sociedade
 Educação e mobilidade social


Brasil: que país é este?
Quadro estatístico da realidade social, política e
cultural brasileira:
 Fome, violência, trabalho infantil e escravo,
analfabetismo, mortalidade infantil, entre
outros
187
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
SOCIOLOGIA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
LETRAMENTO E DIVERSIDADE




 Direitos humanos no Brasil
Desenvolvimento capitalista e consequências
socioambientais
A dinâmica de nossas instituições políticas:
Partidos
Políticos,
Congresso
Nacional,
Tribunais e Governo.
Estado X sociedade civil organizada
O olhar crítico de Karl Marx e a realidade do
Brasil
 As classes sociais
 Divisão social do trabalho – Trabalho
material e imaterial
 A proletarização do trabalhador: a mais-valia
 A proposta de um mundo sem exploração: o
socialismo




Novas tecnologias X exclusão ou inclusão
Educação e as novas tecnologias da informação
As mídias e a estrutura social brasileira
Ideologia e Meios de Comunicação de Massa

Ideologia, alienação e classes sociais no Brasil
188
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
3ª Série
Eixo estruturador: Indivíduo, Estado e participação política. A questão-chave proposta para
os/as estudantes é “como construir a sociedade que queremos?” A questão é abordada a partir
do enfoque da Ciência Política.
SOCIOLOGIA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS
 Compreender a Antropologia, a Ciência Política
e a Sociologia como proposta de interpretação e
interferência na realidade social, seja para
modificá-la ou conservá-la.
 Aplicar técnicas das Ciências Sociais na análise
da conjuntura local, nacional e mundial.
 Analisar as diferenças de gênero, de orientação
sexual, diferenças raciais, étnicas, culturais
regionais e religiosas no contexto político dos
movimentos sociais de afirmação do direito.
 Aplicar os conhecimentos e as tecnologias
associados à Ciência Política no entendimento
das questões vinculadas à participação em
movimentos estudantis, partidos políticos,
associações, ONGs, movimentos culturais,
sindicatos, dentre outros.
 Compreender as diversas ações no interior da
escola com políticas educacionais mais amplas.
 Ler e interpretar tabelas, gráficos, mapas e
imagens presentes em livros, jornais e revistas
relativos a partidos políticos, eleições,
sindicatos e movimentos sociais.
 Compreender, numa perspectiva weberiana, os
sentidos e tipos de ação política que a explicam
para além das questões relativas à iniciativa
individual.
 Identificar as diferentes formas de participação
política na relação indivíduo, Estado e
sociedade civil organizada.
 Investigar como as modificações no mundo do
trabalho decorrentes das novas tecnologias de
informação influenciam na organização e na
dinâmica dos diversos atores políticos, como
sindicatos, governos, partidos e movimentos
sociais.
 Identificar os valores e ideologias que orientam
escolhas e ações políticas




Conceitos básicos: política, poder, participação,
conjuntura
O homem como um animal político
Autonomia e heteronomia política
Analfabetismo e indiferença política


Técnicas de análise de conjuntura
As pesquisas de opinião


Os novos movimentos sociais
Representação das mulheres e dos negros na
política nacional
O Estado laico e o poder da religião
A participação política dos movimentos GLTBs
Os donos do poder e poder dos donos no Brasil
Partidos políticos e eleições no Brasil
Os sentidos e tipos da ação política






As políticas educacionais no Brasil
 Qualidade da escola pública
 Políticas afirmativas
 Estudo e compreensão do projeto político da sua
escola
 O papel da educação no aprimoramento do
trabalho

Como o brasileiro escolhe seus representantes?
 O sistema eleitoral
 As pesquisas eleitorais: fundamento
científico e resultados
 Quadro estatístico da realidade política
brasileira.
 Os tipos de dominação propostos por Weber
(tradicional, carismática e legal) numa análise de
nossas lideranças políticas
 Os conceitos weberianos de público, privado e
patrimonialismo e análise de fenômenos da
política brasileira: clientelismo, favoritismo,
fisiologismo, coronelismo e corrupção.
Conjuntura política brasileira: cenários, atores,
relações de força, tendências
189
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
SOCIOLOGIA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
CONTEÚDOS



Novos modelos de gestão do trabalho
 Taylorismo-fordismo e modelo japonês
(toyotismo)
 Mudanças no perfil do trabalhador
 As tecnologias das ciências sociais na
formação do trabalhador nesse modelo
 A precarização das relações de trabalho: fim
de direitos trabalhistas, contrato temporário,
terceirização, trabalho em casa, desemprego
estrutural.
 Enfraquecimento da organização sindical
 Solidariedade X da competitividade entre
trabalhadores
 Profissões e mercado de trabalho
Valores e ideologias que orientam as escolhas e
ações políticas do indivíduo.
O pensamento sociológico em relação ao
fenômeno de Globalização (Otávio Ianni)
190
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
9.4 FILOSOFIA
Em 2008, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 11.684 que tornou obrigatória a
oferta das disciplinas Filosofia e Sociologia em todas as séries do Ensino Médio do país.
No Distrito Federal Filosofia e Sociologia têm uma história de pelo menos duas
décadas. Elas já constavam do currículo desde 1987, ainda que, como componente da parte
diversificada, inicialmente com carga de 01(uma) hora semanal, sendo Filosofia no 2º ano e
Sociologia no 3º ano. Ressalta-se que em função dessa situação, no Currículo das Escolas
Públicas publicado em 1992, não havia um capítulo destinado a essas disciplinas. Em razão
dessa lacuna, uma sugestão de conteúdos de Filosofia e Sociologia foi enviada as escolas. A
partir de 1993 a carga horária dessas disciplinas foi ampliada para duas horas semanais,
continuando ainda Filosofia no 2º ano e Sociologia no 3º ano.
Nessa condição, elas permaneceram até 1999. Ao término da década de 1990, os
Parâmetros Curriculares Nacionais, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (DCNEM), Parecer 15/98 do Conselho Nacional de Educação, estabelecem que
os conceitos, procedimentos e atitudes provenientes da Geografia, História, Filosofia e da
Sociologia em conjunto com a Antropologia e a Ciência devem constituir a área de Ciências
Humanas e suas Tecnologias.
Tendo em vista a concretização das diretrizes e parâmetros citados, algumas unidades
da federação efetivaram reformas curriculares que incluíram Filosofia e Sociologia como
disciplinas obrigatórias. No caso do DF, elas deixaram de constar da parte diversificada, para
tornarem-se componentes da base comum, com a mesma carga horária das demais disciplinas:
02 (duas) horas semanais, nos três anos do Ensino Médio.
Nesse atual contexto a proposta de um currículo do Ensino Médio de Filosofia para a
Secretaria de Estado de Educação tem duas demandas importantes para atender. A primeira é
uma tentativa de orientar o trabalho do docente nos termos do currículo oficial da rede de
ensino pública do DF sem a pretensão de estabelecer uma uniformização da prática
pedagógica, respeitando a diversidade como uma característica fundamental das mais
recentes concepções da educação que leva em consideração a formação étnico-cultural
brasileira. A segunda, de caráter sociolinguístico, pretende contemplar a língua como
elemento essencial da aprendizagem, onde toda a práxis pedagógica se constitui.
A filosofia na sua gênese se constituiu com base na percepção da realidade, pelo
espanto e, portanto, por uma leitura de mundo e comunica o resultado disso por meio de
uma riqueza dialógica seminal numa diversidade de recursos estilísticos e uma vasta literatura dando
191
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
margem para várias abordagens em seu processo de ensino. Entretanto, a primeira matéria filosófica é
a própria disposição do/da estudante para se propor a ler a si mesmo e a sua realidade.
Mas afinal para que filosofia?
Diz Marilena Chauí que esta é uma pergunta interessante. Não vemos nem ouvimos
ninguém perguntar, por exemplo, para que matemática ou física? Para que geografia ou
geologia? Para que história ou sociologia? Para que biologia ou psicologia? Para que
astronomia ou química? Para que pintura, literatura, música ou dança? Mas todo mundo acha
muito natural perguntar: Para que Filosofia?
Essa pergunta tem a sua razão de ser porque em nossa cultura e em nossa sociedade,
costumamos considerar que alguma coisa só poderá existir se tiver alguma finalidade prática,
muito visível e de utilidade imediata.
Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a
utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica à realidade.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e
venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem
ser valorizados para o elogio da humanidade. Ninguém, todavia, consegue ver para que serve
a Filosofia, por isso se diz que ela não serve para coisa alguma.
As ciências pretendem conceber um “modelo” que mais se aproxima da verdade.
Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência
da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como
aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos
e aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre
teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões
filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as
formula e busca respostas para elas.
Assim, o trabalho das ciências pressupõe como condição, o trabalho da Filosofia,
mesmo que o cientista não seja filósofo. No entanto, como apenas os cientistas e filósofos
sabem disso, o senso comum continua afirmando que a Filosofia não serve para nada.
Para dar alguma utilidade à Filosofia, muitos consideram que, de fato, a Filosofia não
serviria para nada, se “servir” fosse entendido como a possibilidade de fazer usos técnicos dos
produtos filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica, obtendo lucros com eles; consideram
também que a Filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica.
192
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Para quem pensa dessa forma, o principal para a Filosofia não seriam os
conhecimentos (que ficam por conta da ciência), nem as aplicações de teorias (que ficam por
conta da tecnologia), mas o ensinamento moral ou ético. A Filosofia seria a arte do bem viver.
Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade e a vontade, analisando a capacidade
de nossa razão para impor limites aos nossos desejos e paixões, ensinando-nos a viver de
modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos, a Filosofia teria como
finalidade ensinar-nos a virtude, que é o princípio do bem-viver.
Essa definição da Filosofia, porém não nos ajuda muito. De fato, mesmo para ser uma
arte moral ou ética, ou uma arte do bem-viver, a Filosofia continua fazendo suas perguntas
desconcertantes e embaraçosas: O que é o homem? O que é a vontade? O que é a paixão? O
que é a razão? O que é o vício? O que é a virtude? O que é a liberdade? Como nos tornamos
livres, racionais e virtuosos? Por que a liberdade e a virtude são valores para os seres
humanos? O que é um valor? Por que avaliamos os sentimentos e as ações humanas?
Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da
realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos
que o objeto da Filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a
atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas – o que, por que e
como – permanecem.
Atitude filosófica: indagar
Se, portanto, deixarmos de lado, por enquanto, os objetos com os quais a Filosofia se
ocupa, veremos que a atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas,
independentemente do conteúdo investigado.
Essas características são:
- perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a ideia, é. A Filosofia pergunta qual é a
realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;
- perguntar como a coisa, a ideia ou o valor, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e
quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um valor;
- perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta
pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor.
A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às
relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se
referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.
Por isso, pouco a pouco, as perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento:
o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se, então, o pensamento
193
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a
Filosofia se realiza como reflexão.77
Desde seus primórdios, a Filosofia tem vivido de teimosa. Ameaçada, perseguida,
execrada, pulverizada, qual Fênix renasce das cinzas. Muitas pessoas pensam que a Filosofia
não serve para nada, sendo tão somente objeto de passatempo de pessoas desocupadas. Pois
bem, torna-se imprescindível perceber sua presença no mundo, sua importância e sua
utilidade.
Diante dos distúrbios e desencontros do mundo atual em que a nave da humanidade
caminha à deriva, sobretudo no seguimento ético, mais do que nunca, a filosofia vai além da
utilidade e se faz absolutamente necessária. Poderíamos dizer que é uma questão de vida ou
morte da espécie humana.
Filosofia e Educação
A filosofia, pelo menos no nível do conhecer e no nível do valer, é claramente útil, pois
normatiza, nem que seja à distância, as ações que indiretamente são vitais para uma
sobrevivência plena e digna do ser humano. Esta afirmação já aponta a íntima relação entre
Filosofia e Educação. São irmãs gêmeas. Sempre tiveram o mesmo objetivo: proteger e
desenvolver a plenitude da vida.
Filosofia e Cidadania
A prática humana é tríplice. Ela se dá na mesma medida em que pressupõe um tríplice
relacionamento: com a natureza, com os semelhantes e com a sua própria subjetividade. É
uma espécie de novo paradigma. “Paradigmas são „sínteses‟ científicas, filosóficas ou
religiosas que servem de referência modelar para determinada época ou grupo humano. São
exemplos a filosofia de Platão, a teologia de São Tomás de Aquino, a concepção política de
Maquiavel, a filosofia de Descartes, a física de Newton, o liberalismo e o marxismo. Eis os
pilares da visão de mundo ou cosmovisão de todos nós que habitamos a esquina onde termina
o segundo milênio e se inicia o terceiro.” (FREI BETTO em A Obra do Artista – Uma visão
holística do Universo)
Filosofia e Ética
77
Marilena Chauí é professora de Filosofia na Universidade de São Paulo e uma das mais prestigiadas
intelectuais brasileiras, com presença atuante no debate político nacional e na construção da democracia
brasileira. São frequentes os seus artigos na imprensa, bem como sua participação em congressos, conferências e
cursos, no país e no exterior. É autora de Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas, O que é
ideologia?, Apontamentos para uma crítica da razão integralista, Da realidade sem mistérios ao mistério do
mundo: Espinosa, Voltaire e Merleau-Ponty, Repressão sexual, essa nossa (des)conhecida, Conformismo e
resistência: notas sobre cultura popular e Seminários sobre o nacional e o popular na cultura.
194
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
À educação cabe, pois, como pratica intencionalizada, investir nas forças construtivas
dessas mediações, num procedimento contínuo e simultâneo de denúncia e desmascaramento,
anúncio e instauração de formas solidárias de ação histórica.
“Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por
aquilo que ele é” (SARTRE, Jean-Paul).
Filosofia e Cultura
“A missão da cultura permanece o que ela sempre foi; (...) Não descreve uma soma de
fatos, mas um conjunto de valores e um estilo humano de existência.” ( GUSDORF,Georges)
Cultura é o conjunto dos objetos resultantes das atividades produtiva, social e
simbólica dos homens. 78(2)
Portanto um currículo constituído em habilidades e competências destitui a
centralidade do estudo nos conteúdos e a traz para os sujeitos da práxis pedagógica, que
compreende toda a comunidade escolar. Nesse sentido já dizia Kant: não se ensina filosofia
(conteúdo), mas a filosofar (competência).
Continuando então, diversidade de estilos, linguagem multifacetada tanto na
transmissão quanto na exteriorização das ideias são características de uma concepção de
ensino de filosofia que, a despeito das novas pedagogias, estão nas raízes do filosofar. Somase a isso a importância do contexto onde se põe o papel do/da professor/a em contemplar a
realidade existencial em seus contornos social, político, econômico, cultural e, sobretudo no
espírito da crítica aos pré-conceitos e na volta do pensamento sobre si mesmo ou, em termos
conceituais, reflexão.
Ensinar e filosofar são fundamentos da aprendizagem. É o que torna saboroso o
processo de desenvolvimento do conhecimento. A dinâmica do fazer filosófico se desenvolve
na compreensão de que tudo é objeto de leitura e que, portanto só escreve aquele que percebe
as lacunas presentes no texto. Sócrates vai mais longe nessa investida, propõe que a própria
alma pode ser lida constituindo assim o fundamento do seu “conhece-te a ti mesmo”. Nesse
sentido ler não é só dialogar com um outro (o texto), mas também consigo mesmo, como
sujeito do processo pedagógico.
É exatamente isso que se pretende como competência máxima deste componente
curricular, que o/a estudante se transforme como agente de sua própria educação, tanto sobre
o ponto de vista intelectual na formação crítica de seus juízos como também nas
78
Pedro Inácio Amor - A Filosofia, a Realidade e o Sistema Produtivo Brasileiro.
195
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
possibilidades da concretude de sua profissionalização de maneira consciente do que faz, para
que faz e para quem faz.
Contudo, estas posturas revolucionárias e críticas, modificadoras de paradigmas não se
dão por si só. O/A estudante não consegue fazê-lo só, é necessário ferramentas e para isso é
que dispomos de competências e habilidades articuladas, interdisciplinadas e contextualizadas
afim de que se possa trabalhar em consonância com os conteúdos bem elencados, frutos de
compartilhamento de ideias com professores/as da Secretaria de Estado de Educação do
Distrito Federal.
A importância da Filosofia como forma de conhecimento possibilita ao/à estudante
uma capacidade de criar mecanismos de transformação da realidade em que vive e de
enfrentar seus problemas. Dito isto, é fato que o estudo da Filosofia possibilita ao/à estudante
a percepção de sua própria condição humana como ser racional e sensível, nas dimensões
humanas, social, política, ética, estética e outras.
Soma-se a isso uma pergunta que é pertinente nesse contexto: por que a filosofia é
um componente curricular indispensável e necessário no ensino médio? Podemos discorrer
acerca da importância desta pergunta por várias correntes, vale lembrar que este componente
tem por autonomia oportunizar aos/à estudantes um livre pensar de si e do seu cotidiano. Em
especial, a construção deste currículo de Filosofia no Ensino Médio do Distrito Federal
contempla eixos os quais estabelecem uma relação íntima com esse Ser que se constrói e se
transforma constantemente. Esses eixos são constituídos naturalmente como se podem
perceber nos conteúdos a seguir: Indivíduo, Cultura, Identidade, Política, Ética, Estética e na
questão da diversidade entre outros. Tomamos como referência as consultas realizadas aos/às
professores/as na EAPE e nas escolas durante o ano de 2007 acerca dos conteúdos. E em
2008, elaboramos as habilidades com a participação dos/das professores/as em encontros na
EAPE.
O objetivo do ensino de filosofia é desenvolver habilidades de investigação,
raciocínio, análise, interpretação de textos filosóficos, artísticos, literários e outros visando à
construção e ou desconstrução de conceitos acerca da realidade. Desse modo, o/a estudante
poderá perceber sentidos nas suas relações, bem como significar ele próprio o seu mundo e
sua condição humana.
196
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
FILOSOFIA − 1ª SÉRIE
HABILIDADES






LETRAMENTO E DIVERSIDADE












Perceber-se como sujeito do conhecimento
Problematizar o reconhecimento do real como
uma totalidade inter-relacionada.
Discutir criticamente o conceito de filosofia e
seus fundamentos
Reconhecer a realidade na sua totalidade
Desenvolver a produção textual filosófica dos
conceitos adquiridos de modo crítico e
reflexivo.
Aplicar os conhecimentos adquiridos no través
de produção diversas
Elaborar, individualmente ou em grupos,
textos
filosóficos
dos
variados
dos
conhecimentos adquiridos.
Analisar os conteúdos e modos discursivos nas
ciências naturais e humanas, nas artes e em
outras produções culturais.
Analisar diferentes manifestações culturais por
meio de conhecimentos adquiridos.
Perceber a natureza da diversidade
Desenvolver a reflexão ética
Aplicar à reflexão ética por meio da produção
de conhecimento
Desenvolver uma atitude filosófica que verse
sobre os aspectos analíticos, investigadores,
questionadores e reflexivos.
Desenvolver atitude autocrítica
Desenvolver conhecimentos filosóficos.
Identificar a própria realidade como
construção.
Despertar para a importância da leitura de
mundo.
Reconhecer
as
potencialidades
problematizadoras do texto.
CONTEÚDOS
CULTURA
 Natureza e Cultura
 Pensamento e Linguagem
Consciência Mítica
OBS: Estes conteúdos referem-se à História e
Cultura Afro-Brasileira e perpassarão as três
séries:
 Pré-história da África
 A História do Racismo
 História da África
 História da Europa
 Religião Africana
 A história da formação da sociedade Brasileira







INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Do Mito à Razão
O Nascimento da Filosofia
O que é Filosofia?
A Pólis Grega
O Cidadão da Pólis/Democracia
O Nascimento do Filósofo
O Homem como Animal político
IDENTIDADE DA PESSOA HUMANA
 O Corpo
 O Erotismo
 A Morte
 Identidade Étnico-Racial
LIBERDADE

Percepção

Sensibilidade

O Eu, os Outros e o mundo

Consciência

Limites

Vontade

Livre Arbítrio

A Liberdade na Adolescência
197
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
198
FILOSOFIA − 2ª SÉRIE
HABILIDADES





LETRAMENTO E DIVERSIDADE


Ler de modo filosófico textos de diferentes
estruturas
Apontar a crítica filosófica frente à realidade
Reconhecer a realidade na sua totalidade
Analisar os conteúdos e modos discursivos nas
ciências naturais e humanas, nas artes e em outras
produções culturais.
Desenvolver uma atitude filosófica que verse
sobre os aspectos analíticos, investigadores,
questionadores e reflexivos.
Reconhecer a filosofia e a ciência como modos de
interpretar a realidade
Elaborar, individualmente ou em grupos, textos
filosóficos, abordando variados conhecimentos
adquiridos.
CONTEÚDOS
O SER HUMANO QUER SABER

Sujeito X Objeto do conhecimento

Senso comum X Senso Crítico
o Percepção
o Imaginação
o Intuição
o Dedução

O que é conhecimento?

Introdução à Lógica.
O CONHECIMENTO



O Conhecimento na História
O Pensamento Racional na Antiguidade
O Pensamento Racional na Idade Média: O
Obscurantismo
O DESPERTAR DE UM NOVO HOMEM




Renascimento
Dúvida
Ceticismo/Dogmatismo
Racionalismo/Empirismo
CIÊNCIA MODERNA





Galilleu
Newton
Descartes
Bacon
e outros...
A NOVA ORDEM

O Problema da Natureza Humana

A liberdade na Sociedade

Autonomia Política

Democracia

Contratualismo

Liberalismo

Revolução Francesa
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
FILOSOFIA − 3ª SÉRIE
LETRAMENTO E DIVERSIDADE
HABILIDADES
 Analisar diferentes manifestações culturais por
meio de conhecimentos adquiridos.
 Elaborar, individualmente ou em grupos, textos
filosóficos dos variados dos conhecimentos
adquiridos
 Desenvolver a reflexão ética
 Aplicar à reflexão ética por meio da produção de
conhecimento
 Interpretar á realidade histórico-socio-cultural por
meio de leitura de textos e obras
 Reconhecer a importância da dimensão estética.
 Valorizar a importância da dimensão estética nas
diversas produções naturais e culturais.
 Perceber a cultura como produção humana.
 Reconhecer-se como ser de cultura.
 Identificar a alteridade no processo de construção
da identidade.
 Ler de modo filosófico textos de diferentes
estruturas
 Apontar a crítica filosófica frente à realidade
 Reconhecer a realidade na sua totalidade
 Identificar atitudes autoritárias em si e nos outros
e em grupos
 Refletir a atuação humana nas sociedades e as
relações que os homens estabelecem entre si para
produzir a sua existência (relações de trabalho,
políticas e simbólicas).
 Refletir sobre a especificidade discursiva das
diferentes estruturas como as: científicas,
narrativas, filosófica, moral, artística.
CONTEÚDOS
ÉTICA/POLÍTICA
 Cidadania Contemporânea
 Ideologia e Alienação
 Industria Cultural
 Poder: Estado,Governo e Sociedade Civil
 Aparelhos Ideológicos







CRITICA A SOCIEDADE MODERNA
Capitalismo
Materialismo Dialético
Socialismo
Totalitarismo X Democracia
Estado do Bem Estar Social
Neoliberalismo
Globalização
ÉTICA
CRISE DOS PARADIGMAS MODERNOS
 Positivismo/Cientificismo
 Fenomenologia
 Existencialismo
 O Pensamento de Nietzsche

A Moral
O MUNDO COMO REPRESENTAÇÃO
 Pensamento Estético Contemporâneo
BRASIL E ÁFRICA
 A Estética Africana como elemento integrador
 A herança
 O Resgate
199
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
10
ENSINO RELIGIOSO, RELIGIOSIDADE E CURRÍCULO
No Brasil a discussão entre a religiosidade e o Estado está formalizada na Constituição
Federal de 1988 que garante a liberdade de culto religioso e o laicismo do Estado que se
tornou equidistante dos credos e religiões, respeitando todas e não adotando nenhuma como
religião oficial. A Carta Magna brasileira, também garante, em seu art. 210, § 1º a inserção do
ensino religioso nas escolas de oferta obrigatória com matrícula facultativa.
O ensino religioso tornou-se parte constante dos currículos da Educação Básica a
partir do art. nº 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e da regulamentação do Decreto
nº 26129, de 19 de Agosto de 2005, que regulamenta a Lei n° 2.230, de 31 de dezembro de
1998, a qual “Dispõe sobre o ensino religioso nas escolas públicas.”
Como componente curricular, o ensino religioso, situado na parte diversificada da
matriz curricular do Ensino Médio, envolve o laicismo do Estado ante o particularismo dos
credos e das religiões, a secularização da cultura, a realidade socioantropológica dos vários
credos e a face existencial de cada cidadão. Desta forma, a boa convivência entre os credos e
as religiões deve primar pela consciência e pela liberdade de manifestação do pensamento que
caracteriza a presença de um país laico de pluralidade cultural e respeito às diferenças.
Ao respeitar todos os credos e religiões, os princípios constitucionais legais permitem
os/as professores/as trabalharem o aspecto sociocrítico da educação, o respeito às diferenças
religiosas, à liberdade de consciência, de crença, o respeito ao sentimento religioso,
reconhecendo a igualdade e dignidade da pessoa humana. Tais princípios levam a crítica de
toda e qualquer forma que viole os direitos humanos.
Nesta visão crítica da educação, Candau afirma:
A Educação em Direitos Humanos potencializa uma atitude questionadora, desvela a
necessidade de introduzir mudanças, tanto no currículo explícito, quanto no
currículo oculto, afetando assim a cultura escolar e a cultura da escola. (CANDAU,
1998, p.36)
Ratificam-se, assim, os princípios constitucionais e legais que se pautam no respeito às
diferenças religiosas, ao sentimento religioso e à liberdade de consciência, de expressão e de
crença e que devem estar presentes numa educação voltada à criticidade, igualdade, cidadania
e respeito aos direitos humanos.
Desta forma, a educação é uma das mais diferentes formas de expressão e se constitui
com base em parâmetros diversos, mas, seu objetivo final, diz respeito ao desenvolvimento
pleno do sujeito humano na sociedade. É nesse ponto que o Ensino Religioso fundamenta sua
natureza: o homem para adquirir seu estado de realização integral necessita da religião,
também.
200
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Para Catão (1995),
Dentre os inúmeros instrumentos de que dispõe a sociedade para alcançar tão
elevado objetivo está a religião, pois somente quando se coloca a questão da
transcendência, a que se denomina Deus, encontra a comunidade humana e cada
uma das pessoas individualmente, respostas às perguntas fundamentais que todos se
colocam diante da vida.
A educação é confiada ao Estado, a quem, reconhece a necessidade de uma educação
religiosa, sem, no entanto, dizer como realizá-la. O/a professor/a deve buscar conhecimentos
para não se perder em meio a avalanche de ideias e informações que se apresentam no mundo.
É fudamental aprofundar, vivenciar e seguir em primeiro lugar a própria fé. Se considerarmos
como objetivo do ensino religioso o despertar para a religiosidade, essa religiosidade tem de
estar presente e sentida, do mesmo modo, pelo/pela professor/a. Ao mesmo tempo, competelhe construir novos conhecimentos a respeito das diversas religiões, pois, certamente, se
defrontará com essa realidade na sala de aula.
Outro ponto importante a ser considerado diz respeito a valorização da Ética, vista
como uma máxima no encontro das religiões. Uma Ética entendida como imanência na
consciência humana, como lei natural que se manifesta em meio as diversas culturas e povos.
É nesse ponto que se encontra a riqueza de uma educação para a religiosidade, onde há espaço
inter-religioso, com troca de experiencias, diálogo e convivência, onde o tema é tratado de
forma ecumênica e a religião é entendida como um fenômeno humano autêntico, além das
próprias religiões.
Assim sendo, nas discussões que orientaram a elaboração do currículo do ensino
médio ao longo dos anos de 2007 e 2008, preservou-se a cultura religiosa desinteressada a
serviço da dignidade inalienável do homem. Saliente-se então que, conforme nosso
entendimento dos princípios legais acima destacados, e pelo trabalho neste componente
curricular não ter sido concluído, o conteúdo de ensino religioso será pauta constante nas
discussões e no reavaliar deste currículo, de tal forma que se estabelece o compromisso de no
ano de 2011 materializarmos em forma de conteúdos e habilidades este componente
curricular.
201
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
11 EDUCAÇÃO ESPECIAL
A educação especial fundamenta-se no princípio da equidade, uma vez que prevê,
especificamente, a formulação de políticas públicas educacionais reconhecedoras da diferença
e da necessidade de condições diferenciadas para a efetivação do processo educacional.
Essa previsão encontra-se respaldada desde a garantia de educação para todos
estabelecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos, (Organização das Nações
Unidas – ONU, 1948); passando pela celebrada Declaração de Salamanca (Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, 1994), que reitera a educação
como um direito de todos e torna-se o fundamento básico da Educação Especial no Brasil;
chegando à Carta Magna (Constituição Federal, 1988), que assegura em seu artigo 1°,
incisos II e III, a cidadania e a dignidade da pessoa humana como Fundamentos da República;
em seu artigo 3º, inciso IV, estabelece a promoção do bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação como um dos
Objetivos da República; em seu artigo 5º, prevê o direito à igualdade; nos artigos 205 e
seguintes, garante expressamente o direito de TODOS à educação, visando “o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho”; no artigo 206, inciso I, prevê a “igualdade de condições de acesso e permanência
na escola” e, finalmente, em seu artigo 208, inciso V, estabelece que o “dever do Estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino,
da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”.
Diversas legislações específicas somam-se aos documentos anteriormente citados para
estabelecer as normas e as diretrizes educacionais nacionais e do Distrito Federal, tais como:
Lei nº 9.394/96 − LDB, Resolução nº 02/2001, do Conselho Nacional de Educação/Câmara de
Educação Básica (CNE/CEB), que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica e a Resolução nº 01/2009, do Conselho de Educação do Distrito Federal
(CEDF), que estabelece normas para o sistema de ensino do Distrito Federal, dentre outras.
A educação especial, no Distrito Federal, ao longo dos últimos anos, vem ampliando e
aperfeiçoando suas práticas e suas concepções em razão da atual legislação, das diretrizes
nacionais e internacionais e, principalmente, como resultado de reflexões conjuntas acerca dos
resultados do processo educacional em curso nesta Secretaria de Estado de Educação.
Nesse horizonte, a educação especial cumpre sua finalidade ao viabilizar, na
perspectiva da educação inclusiva, condições de igualdade de acesso à aprendizagem aos/às
estudantes
com
deficiência,
transtorno
global
do
desenvolvimento
e
altas
202
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
habilidades/superdotação, conforme proposto na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 −
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional −, na Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, MEC/SEESP, de 2008, e nas demais
legislações e orientações normativas.
O Distrito Federal, ao incluir seus/suas estudantes em classes comuns em todas as
etapas e modalidades da Educação Básica e propiciar-lhes recursos pedagógicos, materiais e
atendimentos educacionais especializados compatíveis com suas necessidades educacionais,
torna-se modelo nacional de trabalho exitoso, cujas bases encontram-se, sobretudo, na
garantia da flexibilização do currículo comum, de forma a instrumentalizar a construção de
competências e possibilitar a efetivação dos direitos à igualdade de condições.
A atual concepção de educação especial reforça, portanto, o caráter interativo dessa
modalidade de ensino, cuja ação transversal perpassa as demais etapas e modalidades de
ensino e propõe uma efetiva educação global. Assim, na construção e na aplicação do
currículo devem ser considerados o respeito às diferenças e a valorização da diversidade. Com
essa finalidade, devem ser viabilizadas condições de atendimento das necessidades
educacionais dos/das estudantes, por meio de estratégias metodológicas e de recursos
específicos. Para tanto, a base da ação pedagógica deve ser estabelecida tendo como foco a
singularidade do/da estudante e fundamentando-se em uma construção reflexiva,
coletivamente construída, por intermédio da articulação entre o/a professor/a regente e o/a
professor/a do atendimento educacional especializado, na qual saberes e significações são
construídos com a participação das múltiplas percepções e interpretações dos atores que a
compõem.
Para o efetivo sucesso da educação, o currículo não deve representar apenas um
agrupamento de conteúdos, mas, sobretudo, um conjunto de ações voltado à formação global
do/da estudante. Sua operacionalização deve constar na proposta pedagógica da instituição
educacional e deve fundamentar-se no requisito precípuo de viabilização de igualdade e de
valorização da diversidade como alicerces para a promoção da aprendizagem e para o
desenvolvimento dos/das estudantes. Assim, o êxito de sua aplicação requer a efetiva
participação de todos os segmentos da comunidade escolar.
Por tudo isso, conforme previsto na Resolução CNE/CEB nº 02/2001 e no Parecer
CNE/CEB nº 17/2001, que a embasa, dentre seus princípios, encontra-se o que estabelece que
a consciência do direito de constituir uma identidade própria e do reconhecimento da
identidade do outro traduz-se no direito à igualdade e no respeito às diferenças, assegurando
oportunidades diferenciadas, tantas quantas forem necessárias, com vistas à busca da
203
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
igualdade. O princípio da equidade reconhece a diferença e a necessidade de haver condições
diferenciadas para o processo educacional. Para tal finalidade, ao organizar o atendimento na
rede regular de ensino, deve-se observar o previsto na Resolução CEDF nº 01/2009, em seu
artigo 44, conforme segue:
Art. 44 - A estrutura do currículo e da proposta pedagógica, para atender às especificidades
dos estudantes com necessidades educacionais especiais deve observar a necessidade de
constante revisão e adequação da prática pedagógica nos seguintes aspectos:
I – introdução ou eliminação de conteúdos, considerando a condição individual do
estudante;
II – modificação metodológica dos procedimentos, da organização didática e da introdução
de métodos;
III – temporalidade com a flexibilização do tempo para realizar as atividades e
desenvolvimento de conteúdos;
IV – avaliação e promoção com critérios diferenciados, em consonância com a proposta
pedagógica da instituição educacional, respeitada a frequência obrigatória.
Parágrafo único. Os estudantes de classes especiais ou centros especializados devem ser
constantemente acompanhados com vistas a sua inclusão no ensino regular.
Nessa perspectiva, as adequações curriculares são compreendidas como medidas
pedagógicas diferenciadas voltadas a favorecer a escolarização baseadas no currículo regular
e por meio de formas progressivas de adequação, a fim de nortear a organização do trabalho
de acordo com as necessidades do/da estudante.
Dessa forma, com o intuito de proporcionar aos/às professores/as conhecimento
voltado a instrumentalizar sua prática, por meio de estratégias pedagógicas inclusivas no
contexto da sala de aula, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal − SEDF
apresenta, neste documento, orientações para a implementação das adequações curriculares,
considerando o potencial e as necessidades de cada estudante.
Adequação Curricular
Adequações curriculares são compreendidas como um conjunto de modificações e/ou
flexibilizações de conteúdos, de recursos especiais, de materiais, de tecnologia, de
comunicação ou de temporalidade voltado a facilitar o desenvolvimento do currículo escolar.
Constituem-se como possibilidades educacionais de atuar na facilitação da aprendizagem, via
um currículo dinâmico, alterável, acessível e passível de ampliação. Enfim, compatível com
as diversas necessidades dos/das estudantes e, por isso mesmo, com condições de atender
efetivamente a todos.
Considerando a extensão do conceito de necessidades educacionais especiais
apresentados pelas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica
(Resolução CNE/CEB nº 02/2001), bem como a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, (MEC/SEESP, 2008) e a proposta de inclusão
educacional da SEDF, poderão ser realizadas adequações curriculares – quando necessárias e,
204
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
conforme indicação pedagógica – aos/às estudantes com deficiência, com transtorno global do
desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação; assim como, aos/às estudantes com
transtornos funcionais matriculados na rede regular de ensino, cujas situações específicas, em
geral relacionadas a questões orgânicas, déficits permanentes e, em muitos casos
degenerativos, comprometem o funcionamento cognitivo, psíquico e sensorial, vindo a
constituir deficiências mentais e ou múltiplas graves. Nesses casos, verifica-se a necessidade
de realização de adequações curriculares significativas e indicação de conteúdos de caráter
mais funcional e prático, observando-se suas características individuais.
Níveis de Adequações Curriculares
As adequações curriculares aplicadas e consolidadas no plano pedagógico individual
do/da estudante devem ser previstas na proposta pedagógica da instituição educacional e no
currículo desenvolvido na sala de aula. Para sua efetivação, todos os partícipes do processo de
aprendizagem devem estar envolvidos.
Essas adequações devem focalizar, principalmente, a organização da instituição
educacional em relação à acessibilidade e aos serviços de apoio especializado voltados a
atender às necessidades dos/das estudantes; devem ainda, propiciar condições estruturais para
que possam ocorrer, de forma mais abrangente, atingindo a toda a sala de aula, ou menos
abrangente, atingindo apenas o nível individual, caso seja necessária uma programação
específica para o/a estudante.
Portanto, as demandas do processo educativo se concretizam na sala de aula. As
relações estabelecidas entre professor/a e estudante, e entre este/esta e seus pares favorecem e
potencializam o desenvolvimento de competências e de habilidades curriculares de
todos/todas os/as estudantes. As medidas de adequação na sala de aula são realizadas
pelo/pela professor/a e destinam-se, principalmente, à programação das suas atividades. Suas
ações devem ser norteadas e fundamentadas em critérios que identifiquem, conforme bem
especificado nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Adequações Curriculares (1998): o que
o/a estudante deve aprender; como e quando aprender; quais formas de organização de ensino
são mais eficientes para o processo de aprendizagem; e como e quando avaliar.
Porém, antes de se propor adequações curriculares, é imprescindível conhecer e avaliar a real
necessidade de sua aplicação, por meio de uma avaliação de cunho pedagógico quanto à
competência do/da estudante em relação ao currículo regular. Acrescenta-se que essa
adequação possui caráter processual, portanto, poderá ser alterada em qualquer momento
205
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
educativo. Essas adequações classificam-se em adequações de acesso e adequações nos
elementos curriculares, conforme descrito a seguir:
Adequações de Acesso ao Currículo79
Correspondem ao conjunto de modificações nos elementos físicos e materiais do
ensino, bem como nos recursos pessoais do/da professor/a quanto ao seu preparo para
trabalhar com os/as estudantes. São definidas como alterações ou recursos espaciais, materiais
ou de comunicação que venham a facilitar aos/às estudantes o desenvolvimento do currículo
escolar.
I.
Constituem adequações de acesso ao currículo:
•
criar condições físicas, ambientais e materiais para o/a estudante na sua instituição
educacional de atendimento;
•
propiciar os melhores níveis de comunicação e de interação com as pessoas com as quais
convive na instituição educacional;
•
favorecer a participação nas atividades escolares;
•
propiciar o mobiliário específico necessário;
•
fornecer ou atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais específicos
necessários;
•
adaptar materiais de uso comum em sala de aula;
•
adotar sistemas de comunicação alternativos para os/as estudantes impedidos de
comunicação oral (no processo de ensino aprendizagem e na avaliação).
II. Sugestões que favorecem o acesso ao currículo:
•
eliminar barreiras atitudinais em toda comunidade escolar;
•
agrupar os/as estudantes de forma a facilitar a realização de atividades em grupo e
incentivar a comunicação e as relações interpessoais;
•
propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade e movimentação;
•
encorajar, estimular e reforçar a comunicação, a participação, o sucesso, a iniciativa e o
desempenho do/da estudante;
•
adaptar materiais escritos de uso comum: destacar alguns aspectos que necessitam ser
apreendidos como cores, desenhos, traços; cobrir partes que podem desviar a atenção
do/da estudante; incluir desenhos, gráficos que ajudem na compreensão; destacar
79
Texto adaptado a partir do documento orientador PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS –
Adequações Curriculares, MEC, 1998.
206
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
imagens; modificar conteúdos de material escrito de modo a torná-lo mais acessível à
compreensão etc.;
•
providenciar adequação de instrumentos de avaliação e de ensino e aprendizagem;
•
favorecer o processo comunicativo entre estudante-professor/a, estudante-estudante,
estudante-demais adultos;
•
providenciar softwares educativos específicos;
•
despertar a motivação, a atenção e o interesse do/da estudante;
•
apoiar o uso dos materiais de ensino aprendizagem de uso comum;
•
atuar para eliminar sentimentos de inferioridade, menos valia e fracasso.
III.
Sugestões de recursos de acesso ao currículo para estudantes com necessidades
especiais específicas:
a) Para estudantes com deficiência visual
•
materiais desportivos adaptados: bola de guizo e outros;
•
sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do/da estudante: Sistema
Braille, tipos escritos ampliados;
•
textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis) para melhorar a compreensão;
•
posicionamento do/da estudante na sala de aula de modo a favorecer sua possibilidade de
ouvir o/a professor/a;
•
deslocamento do/da estudante na sala de aula para obter materiais ou informações,
facilitado pela disposição do mobiliário;
•
explicações verbais sobre todo o material apresentado em aula, de maneira visual;
•
boa postura do/da estudante, evitando os maneirismos comumente exibidos pelos/pelas
que são cegos/as;
•
adequação de materiais escritos de uso comum: tamanho das letras, relevo, softwares
educativos em tipo ampliado, textura modificada etc.;
•
máquina braille, reglete, sorobã, bengala longa, áudio livro, lupa etc.;
•
organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes: colocação de
extintores de incêndio em posição mais alta, pistas olfativas e/ou piso tátil para orientar
na localização de ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar o deslocamento,
corrimão nas escadas etc.;
•
material didático e de avaliação em tipo ampliado para os/as estudantes com baixa visão e
em braille e relevo para os/as cegos/as;
207
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
braille para estudantes e professores/as que desejarem conhecer o referido sistema;
•
materiais de ensino e de aprendizagem de uso comum: pranchas ou presilhas para não
deslizar o papel, lupas, computador com sintetizador de vozes e periféricos adaptados
etc.;
•
recursos ópticos;
•
apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade, visando à
locomoção independente do/da estudante.
•
notações especificas do braille para os componentes curriculares, química, física,
geografia e matemática;
•
uso de recursos que introduzam o pré-sorobã e o sorobã;
•
estimular a postura do olhar do/da estudante para o horizonte, mesmo que esse/essa seja
cego/a, corrigindo a tendência do/da deficiente visual de dar preferência ao olhar
direcionado para o chão;
•
uso de recursos ópticos (lupa eletrônica, lupa manual) e não ópticos (lápis 6B, caneta
pilot color 850, canta Z4 Roller Black 0.7mm, folha pautada ampliada, entre outros), para
viabilizar o acesso a informação;
•
uso do multiplano, geoplano, carretilha, objetos reais, simplificados ou reduzidos, tela
para desenhos em alto relevo, material tridimensional, instrumentos de medida adaptados
ao Braille;
•
livros adaptados de texturas, contraste, alto relevo para surdocegos/as totais e parciais;
•
ajuda técnica – instrumento para escrever em linha reta mantendo o espaço entre linhas
para estudantes com esta possibilidade;
•
celas braille de tamanhos variados possibilitando o acesso a este sistema;
•
ampliação do tempo para realização de trabalhos, de exercícios e de avaliações;
•
disponibilizar com antecedência os conteúdos que serão abordados no contexto da sala de
aula, para que o/a estudante possa utilizá-lo no mesmo tempo que os/as demais estudantes
da sala.
b) Para estudantes com deficiência auditiva
•
presença de intérprete educacional em sala de aula;
•
ensino de LIBRAS a toda comunidade escolar;
•
ensino da língua portuguesa escrito com metodologia ensino de 2° língua;
•
textos escritos complementados com elementos que favoreçam a sua compreensão:
linguagem visual, língua de sinais e outros;
208
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do/da estudante: – Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) leitura orofacial, linguagem visual;
•
salas-ambiente para estimulação oral;
•
posicionamento do/da estudante na sala de tal modo que possa utilizar a leitura labial e o
resíduo auditivo;
•
material visual e outros de apoio, para favorecer a apreensão das informações expostas;
•
na avaliação: ter a flexibilidade de, além da prova escrita, fazer uma avaliação
complementar oral (em língua de sinais), apresentações orais com apoio de materiais
visuais, possibilidade de fazer a prova em língua de sinais;
•
avaliações visuais feitas na língua do/da estudante tanto nos comandos quanto nas
respostas sejam nesta língua (Libras) sempre quando for o caso;
•
na educação infantil tempo exclusivo com o/a professor/a que tenha Libras como língua
de instrução;
•
salas equipadas com recursos audiovisuais data show, TV, câmera filmadora, computador
com acesso a internet, impressora para viabilizar o acesso a informação por
imagem,softwares educativos específicos, prótese auditiva, tablado, etc.;
•
acesso a literatura bilíngue e bicultural (literatura surda);
•
contato com a comunidade surda (surdo/a adulto/a);
•
contato contínuo com modelos educacionais surdos baseados na pedagogia visual.
c)
Para estudantes surdocegos/as
•
apresentação de materiais adaptados com texturas distintas, alto relevo, contraste e bem
iluminados;
•
disponibilização de professor/a na função de guia-interprete educacional do/da estudante
surdocego/a;
•
utilização de sistema alternativo de comunicação: movimento coativo, ressonância, gestos
naturais, imitação, objetos de referência, língua de sinais tátil ou adaptado ao campo
visual do/a estudante, tadoma (leitura tátil da língua oral), fala amplificada, escrita na
palma da mão, alfabeto dactilológico, sistema braille digital ou outro recurso que
viabilize o acesso a informação;
•
explicações acessíveis sobre todo o contexto escolar;
•
uso de microfone para ampliar a voz do/da professor/a regente, quando houver resíduo
auditivo e ausência de guia-interprete educacional;
209
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
posicionamento do/da estudante na sala de aula de modo a favorecer sua possibilidade de
ouvir o/a professora ou o/a guia-interprete;
•
organização dos materiais permanentes da sala de aula viabilizando o deslocamento do/da
surdocego/a no ambiente interno de forma autônoma e independente;
•
estimulação da confiança, da autonomia e das iniciativas do/da surdocego/a para as
atividades do contexto escolar e sociocultural;
•
observação da postura corporal do/da estudante surdocego/a, evitando maneirismo que
podem ser observados em alguns surdocegos/as parciais ou totais;
•
estimulação da postura do olhar do/da estudante para o horizonte, mesmo que esse seja
cego/a, corrigindo a tendência do/da deficiente visual de dar preferência ao olhar
direcionado para o chão;
•
organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes: extintores de incêndio
em posição mais alta, pistas táteis e olfativas, corrimão nas escadas, grades nos espaços
que representam riscos de queda;
•
uso de recursos ópticos (lupa eletrônica, lupa manual) e não ópticos (lápis 6B, caneta
pilot color 850, canta Z4 Roller Black 0.7mm, folha pautada ampliada, entre outros), para
viabilizar o acesso a informação;
•
disponibilização de computador acoplado a linha Braille, ou display braille, para
atendimento ao/à surdocego/a;
•
uso de máquina modelo perkins para viabilizar o acesso a leitura e a escrita do sistema
Braille;
•
utilização de apoio físico, tátil e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade
visando a locomoção em ambiente interno independente;
•
utilização de computador com sintetizador de vozes e periféricos adaptados;
•
uso de notações especificas do braille para os componentes curriculares, química, física,
geografia e matemática;
•
uso do multiplano, geoplano, carretilha, objetos reais, simplificados ou reduzidos, tela
para desenhos em alto relevo, material tridimensional, instrumentos de medida adaptados
ao Braille;
•
disponibilização de ajuda técnica – instrumento para escrever em linha reta mantendo o
espaço entre linhas;
•
uso de recursos que introduzam o pré-sorobã e o sorobã;
•
utilização de amplificador do som;
210
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
utilização de livros adaptados de texturas, contraste, alto relevo para surdocegos/as totais
e parciais;
•
uso de cartão tridimensional para identificação de ambiente de confecção artesanal
pelo/pela guia-interprete para rotina, diária, de confecção artesanal pelo/pela guiainterprete;
•
identificação dos espaços da instituição educacional com objetos, nomes e números de tal
forma que o/a surdocego/a possa lê-los, seja em braille ou em escrita ampliada;.
•
celas braille de tamanhos variados possibilitando o acesso a este sistema;
•
utilização de técnicas de estudo como: mapa mental, técnica sq4R, leitura do sistema
braille mediante a soletração dactilológica das letras e, posteriormente, transferência do
significado para a língua de sinais;
•
ilustração e dramatização das informações veiculadas no ambiente escolar;
•
redução do número de exercícios sobre um mesmo tópico;
•
ampliação do tempo para realização de trabalhos, exercícios e avaliações;
•
disponibilização com antecedência dos conteúdos que serão abordados no contexto da
sala de aula, para que o/a estudante possa utilizá-lo no mesmo tempo que os demais
estudantes da sala.
d) Para estudantes com deficiência intelectual
•
atitudes de acolhimento e respeito ao ritmo e estilo de aprendizagem do/da estudante;
•
utilização de instruções por meio de sinais claros e simples;
•
planejamento de atividades observando um crescente nível de complexidade;
•
acesso à atenção do/da professor/a;
•
utilização, sempre que possível, de material concreto como suporte à aprendizagem
curricular;
•
disponibilização de espaços pedagógicos diferenciados e organizados, em sala de aula e
na instituição educacional, favorecedores da aprendizagem;
•
desenvolvimento de habilidades adaptativas: sociais, acadêmicas, de comunicação, de
lazer, de saúde e segurança, cuidado pessoal e autonomia na vida doméstica e no uso de
recursos da comunidade; e
•
diversificação as propostas metodológicas, buscando adequá-los à necessidade individual.
211
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
e)
Para estudantes com deficiência física
•
adequação dos elementos materiais: instituição educacional (rampa deslizante, elevador,
banheiro, pátio, barras de apoio, alargamento de portas etc.); mobiliário (cadeiras, mesas
e carteiras); materiais de apoio (andador, coletes, abdutor de pernas, faixas restringidoras
etc.); materiais de apoio pedagógico (tesoura, ponteiras, computadores que funcionam por
contato, por pressão ou outros tipos de adequação etc.);
•
viabilização do deslocamento de estudantes que usam cadeira de rodas ou outros
equipamentos, facilitado pela remoção de barreiras arquitetônicas;
•
utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para lápis, presilha
de braço, cobertura de teclado etc.;
•
utilização de textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e
sistemas de comunicação;
•
utilização de sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação adaptado às
possibilidades do/da estudante com dificuldade na fala: sistemas de símbolos (baseados
em elementos representativos, em desenhos lineares, sistemas que combinam símbolos
pictográficos, ideográficos e arbitrários, sistemas baseados na ortografia tradicional,
linguagem codificada), auxílios físicos ou técnicos (tabuleiros de comunicação ou
sinalizadores e demais tecnologias), comunicação total e outros; e
•
utilização de recursos de tecnologia assistiva compatíveis com a demanda individual
do/da estudante.
f)
Para estudantes com deficiências múltiplas80
•
espaços pedagógicos diferenciados, em sala de aula e na instituição educacional,
favorecedores da aprendizagem;
•
acesso à atenção do/da professor/a;
•
recursos pedagógicos de fácil manuseio para os/as estudantes;
•
apoio para que o/a estudante perceba os objetos, demonstre interesse e tenha acesso a
eles; e
•
disponibilização de recursos de tecnologia assistiva.
g) Para estudantes com Transtorno Global do Desenvolvimento81
80
As adequações de acesso para os/as estudantes com deficiências múltiplas devem considerar as deficiências
que se apresentam distintamente e a associação de deficiências agrupadas e devem contemplar a funcionalidade e
as condições individuais do/da estudante.
212
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
•
conhecer as particularidades e características de cada um dos/das estudantes;
•
encorajar o estabelecimento de relações com o ambiente físico e social;
•
oportunizar e exercitar o desenvolvimento de suas competências;
•
diversificar as propostas metodológicas, buscando adequá-las à necessidade individual
do/da estudante;
•
utilizar, sempre que possível, material concreto que favoreça a aprendizagem de
conteúdos curriculares;
•
estimular a atenção do/da estudante para as atividades escolares;
•
utilizar instruções por meio de sinais claros e simples;
•
oferecer modelos adequados e corretos de aprendizagem;
•
favorecer o bem-estar emocional; e
•
planejar cuidadosamente ações que envolvam modificações comportamentais dos/das
estudantes.
h) Para estudantes com altas habilidades/superdotação
•
evitar sentimentos de superioridade, rejeição dos demais colegas, sentimentos de
isolamento etc.;
•
pesquisa, persistência na tarefa e engajamento em atividades cooperativas;
•
materiais, equipamentos e mobiliários que facilitem os trabalhos educativos;
•
ambientes favoráveis de aprendizagem como: laboratórios, bibliotecas etc.;
•
materiais escritos de modo que estimule a criatividade e de elementos que despertam
novas possibilidades.
Adequações nos Elementos Curriculares
As adequações focalizam as formas de ensinar e de avaliar, bem como os conteúdos a
serem ministrados, considerando a temporalidade. São definidas como alterações realizadas
nos objetivos, nos conteúdos, nos critérios e nos procedimentos de avaliação, nas atividades e
nas metodologias para atender às diferenças individuais dos/das estudantes.
As seguintes medidas podem ser adotadas para as adequações nos elementos
curriculares:
81
O comportamento dos/das estudantes com transtorno global do desenvolvimento não se manifesta por igual,
nem aparenta ter o mesmo significado e expressão nas diferentes etapas de suas vidas. Existem importantes
diferenças entre os quadros que caracterizam as condições individuais e apresentam efeitos mais ou menos
limitantes.
213
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
I.
Adequações metodológicas e didáticas
Realizam-se por meio de procedimentos técnicos e metodológicos, estratégias de
ensino e de aprendizagem, procedimentos avaliativos e atividades programadas para os/as
estudantes.
São exemplos de adequações metodológicas e didáticas:
•
situar o/a estudante nos grupos com os quais melhor possa trabalhar;
•
adotar métodos e técnicas de ensino e de aprendizagem específicas para o/a estudante, na
operacionalização dos conteúdos curriculares, sem prejuízo para as atividades docentes;
•
utilizar técnicas, procedimentos e instrumentos de avaliação distintos da turma , quando
necessário, sem alterar os objetivos da avaliação e seu conteúdo;
•
propiciar apoio físico, visual, verbal e outros ao/à estudante impedido em suas
capacidades, temporária ou permanentemente, de modo a permitir-lhe a realização das
atividades escolares e do processo avaliativo. O apoio pode ser oferecido pelo/pela
professor/a regente, professor/a especializado/a ou pelos próprios colegas;
•
introduzir atividades individuais complementares para o/a estudante alcançar os objetivos
comuns aos demais colegas. Essas atividades podem ser realizadas na própria sala de aula
ou em atendimentos de apoio;
•
introduzir atividades complementares e/ou suplementares específicas para o/a estudante,
individualmente ou em grupo;
•
ressignificar atividades que não beneficiem ao/à estudante ou lhe restrinja uma
participação ativa e real ou, ainda, que esteja impossibilitado de executar;
II. Adequações dos conteúdos curriculares e do processo avaliativo
As adequações dos conteúdos curriculares e do processo avaliativo consistem em
adequações individuais, dentro da programação regular, considerando-se os objetivos, os
conteúdos e os critérios de avaliação para responder às necessidades de cada estudante.
São exemplos dessas estratégias adaptativas:
•
adequar os objetivos, os conteúdos e os critérios de avaliação, o que implica modificá-los,
considerando as condições do/da estudante em relação aos demais colegas da turma;
•
priorizar determinados objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, para dar ênfase aos
objetivos que contemplem as necessidades do/da estudante. Essa priorização não implica
214
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
abandonar os objetivos definidos para o seu grupo, mas acrescentar outros, concernentes
com suas necessidades educacionais especiais;
•
adequar a temporalidade dos objetivos, dos conteúdos e dos critérios de avaliação, isto é,
considerar que o/a estudante com necessidades educacionais especiais pode alcançar os
objetivos comuns ao grupo em tempo diferenciado.
•
adequar a temporalidade dos componentes curriculares previstos para os níveis, as etapas
e as modalidades , ou seja, cursar menor número de componentes curriculares, durante o
ano letivo, e, desse modo, estender o período de duração da série/ano que frequenta; ou,
nos casos de estudantes com altas habilidades/superdotação, propiciar condições para o
avanço de estudo, por meio da redução desses períodos.
•
introduzir conteúdos, objetivos e critérios de avaliação na ação educativa necessário à
educação do/da estudante. Esse acréscimo não pressupõe a eliminação ou redução dos
elementos constantes do currículo regular desenvolvido pelo/pela estudante;
•
suprimir, de acordo com as necessidades do/da estudante, conteúdos e objetivos da
programação educacional regular, sem, contudo, causar prejuízo a sua escolarização e sua
promoção acadêmica. Caso, efetivamente, seja necessária essa supressão, deve-se
considerar, rigorosamente, os seguintes aspectos, dentre outros:
 ser precedida de uma criteriosa avaliação do/da estudante, considerando a sua
competência acadêmica;
 fundamentar-se na análise do contexto escolar e familiar, que favoreça a identificação
dos elementos adaptativos necessários que possibilitem as alterações indicadas;
 contar com a participação da equipe da instituição educacional e com o apoio de uma
equipe multidisciplinar, quando possível e necessário;
 promover o registro documental das medidas adaptativas adotadas, para integrar o
acervo documental do/da estudante;
 evitar que as programações individuais sejam definidas, organizadas e realizadas com
prejuízo para o/a estudante, ou seja, para o seu desempenho, sua promoção escolar e
sua socialização;
 adotar critérios para evitar adequações curriculares muito significativas, que
impliquem supressões de conteúdos expressivos (quantitativa e qualitativamente), bem
como a eliminação de componentes curriculares ou de áreas curriculares completas.
215
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
11 DIRETRIZES DE AVALIAÇÃO82
Avaliar, no âmbito escolar, é a possibilidade de se organizar o trabalho pedagógico de
maneira que tanto a instituição educacional, os professores e os/as estudantes consigam
efetivar aprendizagens embasadas em objetivos educacionais.
Pensando na aprendizagem como elemento primordial e essencial dos processos
educativos, a Subsecretaria de Educação Básica – SUBEB propõe que as formas e os
procedimentos avaliativos, que ora se apresentam no âmbito do planejamento e da
organização do trabalho pedagógico, sejam revistos na perspectiva de que as modalidades e as
etapas da Educação Básica estejam articuladas entre si, mantendo as especificidades próprias
de cada uma.
Nesse aspecto, busca-se alargar o horizonte da ação avaliativa, por meio de processos
que promovam a formação do/da estudante na sua plenitude. Assim, a avaliação, numa
perspectiva formativa, concretiza-se em face dos processos contínuos e articulados de
métodos e procedimentos pedagógicos acolhidos para esse fim. Somente dessa forma, poderá
ser efetivada uma avaliação que considere situações de aprendizagem centradas no sucesso
coletivo do ensinar e do aprender como partes inerentes do mesmo processo.
Com a intenção com de fazer da avaliação do processo de ensino e de
aprendizagem um procedimento de crescimento e de avanço individual e coletivo para o
aluno e a comunidade escolar, buscamos promover uma articulação maior entre os
processos avaliativos que ocorrem na Educação Básica.
Trajetória das concepções de avaliação e sua repercussão no Sistema de ensino do
Distrito Federal
No intuito de situar, no contexto histórico brasileiro, a trajetória da avaliação na
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF), é importante descrever como
ocorreu a avaliação educacional nos últimos 50 anos, tendo em vista que data de 1960 a
inauguração da extinta Fundação Educacional do Distrito Federal.
Ressalte-se que, na década de 1930, havia uma preocupação em evidenciar a avaliação
do desempenho escolar. Isaías Alves, citado por Sousa (1998), defendia os testes
pedagógicos, enfatizando que sua objetividade era mais conveniente do que as avaliações
subjetivas, até então realizadas.
82
Diretrizes de Avaliação do Processo de Ensino e de Aprendizagem para a Educação Básica – documento
publicado em 2008.
216
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Em busca de uma avaliação mais sistematizada, Tyler (1949), e posteriormente Bloom
(1971), entre outros, citado por Sousa (1998), desenvolveram estudos, buscando aperfeiçoar
os paradigmas avaliativos. Até a década de 70, numa concepção positivista, avaliar consistia
em:
comparar os resultados dos alunos com aqueles propostos em determinado plano.
Para realizar uma boa avaliação, era preciso definir, em primeiro lugar, os objetivos
em termos comportamentais e determinar, além disso, em que situação seria possível
observá-los. Só poderia ser avaliado o que fosse observável, ou através de provas ou
por meio de algum outro tipo de instrumento de medida (SOUSA, 1998. p. 162).
A avaliação nesse contexto, numa visão de prontidão, tinha como premissa que o
aluno só poderia ser promovido para a próxima série após o alcance dos objetivos
educacionais, ou seja, dos critérios mínimos estabelecidos previamente.
Segundo Sousa (1998), o conceito de avaliação somativa e formativa foi introduzido
por Scriven (1967), exercendo forte influência sobre estudiosos em avaliação no Brasil. Para a
autora, a avaliação, numa perspectiva formativa, deveria subsidiar o professor de modo que
pudesse intervir no processo educativo, e não somente analisar resultados quantitativamente,
de forma somativa. Observe-se que Stake (1967) e Stufflebeam (1971), também citados por
Sousa, ampliam a concepção de avaliação formativa, incluindo na avaliação dos alunos a
participação dos vários sujeitos que compõem a rotina escolar (pais, comunidade, professores,
psicólogos).
A avaliação concebida como um processo de construção contribuirá para desvelar a
concepção de escola, de homem e sociedade. Seus marcos são as idéias de Tyler a
respeito da avaliação por objetivo, as idéias de Scriven, com destaque para as
funções da avaliação em formativa e somativa, e o modelo de Stufflebeam, voltado
para a tomada de decisões (GURGEL, 1998, p. 10).
No início dos anos de 1980, os estudiosos, dentre eles Gramsci (1978), Snyders (1977)
e Saviani (1980), citados por Sousa (1998), tomados pelas reflexões dos professores europeus,
acerca das desigualdades sociais presentes no interior da escola, desenvolveram estudos
relevantes no intuito de compreender o porquê das taxas de evasão e de repetência nos
sistemas de ensino, de forma a abranger, em sua grande maioria, alunos das classes sociais
menos favorecidas e buscar soluções objetivando a elevação do nível cultural das referidas
classes.
Nesse contexto, a função política da avaliação era construir uma nova teoria que
pudesse produzir transformações nas práticas pedagógicas, a fim de superar no cotidiano
escolar as indignidades já exaustivamente denunciadas.
Assim, embora se continuasse reconhecendo que a avaliação educacional visava
analisar o alcance dos objetivos educacionais, sua função não deveria ser mais a de
legitimar aprovação e reprovação do aluno. A decisão de reprovação deveria ser
tomada coletivamente por todos os profissionais da escola, sendo que neste contexto
217
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
a avaliação teria função apenas subsidiária, dependendo sempre das possibilidades
da escola em recuperar o aluno e oferecer condições que garantissem sua
aprendizagem (SOUSA, 1998, p. 166).
A década de 1990 é marcada por discussões de superação entre a dicotomia avaliação
qualitativa e avaliação quantitativa, não como processos contrários, mas complementares, que
permeiam, até hoje, o cenário nacional.
Teóricos contemporâneos, citados por Gurgel (1998), como Luckesi (1998), Hadji
(2001), Hoffmann (2001) e Depresbiteris (2002), inovam as concepções de avaliação e
contribuem para a evolução do processo de ensino e de aprendizagem. Nessa perspectiva, o
aluno deverá apropriar-se criticamente de competências e habilidades necessárias a sua
realização como sujeito crítico dessa sociedade. Consequentemente, o professor se
conscientizará de que a avaliação é um processo que subsidia a identificação das dificuldades
das possibilidades de aprendizagem dos alunos, de modo a tomar decisões suficientes e
satisfatórias para que ele (aluno) possa avançar no seu processo de aprendizagem.
Outro marco ocorrido na década de 1990 foi a publicação da Lei nº. 9.394/96 – Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que, em seus art. 24, inciso V e art. 31,
estabelece as regras comuns a serem cumpridas pelos estabelecimentos de ensino no que se
refere ao processo avaliativo:
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns:
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos.
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e
registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso
ao ensino fundamental.
Como pode ser observada, a avaliação, em nossa prática educativa, está imbuída de
um grande desafio, que é o de apropriar-se da concepção formativa acerca da avaliação
escolar e proporcionar educação de qualidade, que não somente leve a termo a análise de
rendimento escolar, mas sim alternativas de superação das desigualdades sociais.
218
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
A trajetória da avaliação, no Distrito Federal, demonstra que o processo avaliativo não
segue padrões rígidos, mas é determinado por dimensões pedagógicas, históricas, sociais,
econômicas e até mesmo políticas, diretamente relacionadas ao contexto em que se insere.
Segundo estudos em andamento, realizados por Batista (2008), a avaliação
educacional, nas décadas de 60 e 70, no Distrito Federal, estava relacionada ao sistema de
notas, com o estabelecimento de critérios mínimos de aprovação e reprovação, numa visão de
prontidão, referendando o preconizado por Tyler (1949) e Bloom (1971), citados por Sousa
(1998).
Nos anos de 1980, a política educacional adotada pelo Distrito Federal, para as séries
iniciais do Ensino Fundamental, era o Ciclo Básico de Alfabetização (CBA), cujos objetivos
avaliativos eram: identificar progressos e dificuldades do aluno, possibilitar ao professor a
adoção de procedimentos adequados às características dos alunos e subsidiar a reestruturação
da programação de “o quê”, “quando” e “como” trabalhar os conteúdos curriculares. Nesse
contexto, o aluno deveria ser avaliado tendo por base seu próprio desenvolvimento, bem como
as considerações elencadas pelo corpo docente em Conselhos de Classe, confirmando as
discussões acerca da avaliação formativa.
Nos anos de 1990, no Distrito Federal, foi implantada, de forma parcial, a Escola
Candanga, cuja avaliação estava alicerçada num processo dialógico, no qual professor e aluno
reorientavam, a todo o momento, o seu “fazer pedagógico”. A avaliação, portanto, era
considerada um “instrumento da ação pedagógica que prevê o „salto‟ qualitativo que se
pretende com o aluno, com a escola e com a realidade exterior”, reiterando as tendências dos
teóricos contemporâneos.
A avaliação do desenvolvimento-aprendizagem é realizada pelo coletivo de
profissionais que atuam na Fase de Formação, utilizando diferentes códigos,
observações sistemáticas, toda a produção do aluno, a auto-avaliação do aluno, a
síntese da avaliação da família, a avaliação e auto-avaliação do grupo de
profissionais da Escola e outros instrumentos elaborados pelo coletivo da Fase.
(DISTRITO FEDERAL, 1998)
Nesse período, foi instituído, como registro para subsidiar a avaliação, o Relatório de
Turma, para os alunos da Educação Infantil e para os das séries iniciais do Ensino
Fundamental, em substituição a notas e conceitos, que continuaram a ser utilizados pelas
demais etapas e modalidades da Educação Básica.
A partir do ano 2000, os preceitos estabelecidos pela LDB de 1996 repercutiram sobre
a avaliação, principalmente, com a publicação do Currículo da Educação Básica das Escolas
Públicas do Distrito Federal, das Diretrizes de Avaliação e do Regimento Escolar das
Instituições Educacionais da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal.
219
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Nessa perspectiva curricular, a avaliação deveria: ser estruturada em função dos
objetivos definidos no plano de ensino do professor; ir além do julgamento sobre sucessos ou
fracassos do aluno; ser inicial (diagnóstica) e contínua; fornecer indicadores para reorientação
da prática educacional; ser utilizada como instrumento para o desenvolvimento das atividades
didáticas e ser norteada por critérios previamente estabelecidos. Os instrumentos de avaliação,
elaborados em função da aprendizagem significativa, e as menções, conceitos ou notas
deveriam possibilitar a análise qualitativa dos resultados em termos de competências,
habilidades, atitudes e valores requeridos.
Uma proposta avaliativa, nesse contexto, seria processual, contínua e sistemática,
acontecendo não em momentos isolados, mas ao longo de todo o processo em que se
desenvolve a aprendizagem, de forma a reorientar a prática educacional
O Regimento Escolar83, referendando o explicitado pela LDB, dispõe que, na
Educação Infantil, a avaliação é realizada por meio da observação e do acompanhamento do
desenvolvimento integral da criança, sendo que o seu resultado é registrado em relatório
individual e apresentado, semestralmente ou quando necessário, ao responsável pelo aluno.
Ressalte-se que, na Educação Infantil, não há promoção, mesmo para o acesso ao Ensino
Fundamental, conforme o art. 31 da LDB.
Para os Ensinos Fundamental e Médio, a verificação de rendimento compreende a
avaliação do processo de ensino e de aprendizagem, que objetiva diagnosticar a situação de
cada aluno nesse processo, bem como o trabalho realizado pelo professor.
O Regimento Escolar, nesse sentido, normatiza a operacionalização dos critérios
avaliativos, previstos no art. 24 da LDB: avaliação formativa, contínua, cumulativa,
abrangente, diagnóstica e interdisciplinar, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
fatores quantitativos do desempenho do aluno; aceleração de estudos para aluno com
defasagem idade-série; avanço de estudos e progressão parcial com dependência, exceto para
alunos inseridos nas Classes de Aceleração da Aprendizagem; recuperação paralela e contínua
para alunos de baixo rendimento escolar; aproveitamento de estudos concluídos com êxito e
frequência mínima de 75% do total de horas letivas estabelecido para o ano ou o semestre
letivo.
Como se observa, o Distrito Federal vem acompanhando os estudos mais recentes
sobre avaliação e, nessa perspectiva, com o intuito de crescer e avançar, as presentes diretrizes
foram elaboradas.
83
Regimento Escolar das Instituições Educacionais da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal – 2000.
220
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
A avaliação no contexto escolar
Sob uma perspectiva histórica, observa-se que a prática da avaliação, no fazer
pedagógico, estava ligada à aferição de saber, sendo utilizada como meio de medir a
aprendizagem dos alunos e atribuir aos resultados negativos uma “sentença”: ou o aluno não
quis aprender ou o professor não soube ensinar. O resultado assumia, nesse contexto, um fim
em si mesmo.E agora? Como a avaliação, no contexto atual, vem sendo discutida e
configurada, no espaço-tempo da instituição educacional?
Para Hoffmann (2003, p.52-53), “a avaliação deve significar a relação entre dois
sujeitos cognoscentes que percebem o mundo através de suas próprias individualidades,
portanto, subjetivamente”. Sendo assim, deve-se avaliar o que se ensina, encadeando a
avaliação ao processo de ensino e de aprendizagem e transformando-a em um procedimento
pedagógico que contribua para o desenvolvimento do aluno. Indissociável do ensino, a
avaliação da aprendizagem envolve responsabilidades mútuas e não visa identificar o
insucesso do aluno, mas sim, objetiva organizar todo o trabalho pedagógico para promover a
aprendizagem dos professores, dos alunos e da instituição educacional.
Para tanto, a instituição educacional necessita compreender o processo avaliativo,
desvinculado-o do estigma classificatório, excludente e limitado à concepção de exame, e de
instrumentalizar, de forma pertinente, seu fazer pedagógico.
Dessa forma a avaliação está intrinsecamente ligada à organização do trabalho
pedagógico e, por isso, faz-se necessária uma retomada do processo de ensino e de
aprendizagem de modo a transformar a uma cultura arraigada de conceitos e preconceitos na
hora de submeter a aprendizagem ao processo avaliativo. Segundo Hoffmann,
(...) conceber e nomear o „fazer testes‟, o „dar notas‟, por avaliação é uma atitude
simplista e ingênua! Significa reduzir o processo avaliativo, de acompanhamento e
ação com base na reflexão, a parcos instrumentos auxiliares desse processo, como se
nomeássemos por bisturi um procedimento cirúrgico (2000, p.53).
Isso significa dizer que a avaliação alinhada à dinâmica da práxis pedagógica implica,
necessariamente, um processo de reflexão-ação-reflexão, sempre focada numa perspectiva de
articulação do pensar e do fazer que transcenda simples procedimentos técnicos.
Nessa perspectiva, Luckesi (1999) encontra o valor da avaliação no fato de o aluno
poder tomar conhecimento de seus avanços e dificuldades, cabendo ao professor desafiá-lo a
superá-las e prosseguir seus estudos. Essa ação implica significa uma metodologia centrada
numa perspectiva dialética, em que o homem é compreendido como um ser ativo e de
relações e o conhecimento é construído por sua relação com o mundo e com os outros, por
meio de uma prática pedagógica docente que estabelece o exercício entre o ato de ensinar e o
221
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ato de aprender. A base de uma concepção de avaliação centrada no aluno deve, portanto,
considerar não apenas os aspectos cognitivos da aprendizagem, mas também os aspectos
relacionados ao letramento das práticas sociais84.
Além disso, Leal et alli (2006) reforçam que as práticas do trabalho docente devem ser
diferenciadas em suas formas e abordagens para criar oportunidades exitosas de
aprendizagem, permitindo, assim, um constante avaliar do processo de ensino e de
aprendizagem. Com esse foco, não apenas o aluno é avaliado, mas também o trabalho do
professor e a instituição educacional. Partindo desse olhar, os autores destacam, ainda, que:
A responsabilidade, então, de tomar as decisões para a melhoria do ensino passa a
ser de toda a comunidade. Ou seja, o baixo rendimento do estudante deve ser
analisado e as estratégias para que ele aprenda devem ser pensadas pelo professor,
juntamente com a direção da escola, a coordenação pedagógica e a família (2006, p.
100 e 101).
Avaliar torna-se, nessa perspectiva,um procedimento essencial no cotidiano de
qualquer instituição educacional, no qual todos devem assumir uma postura reflexiva para um
redirecionamento do fazer pedagógico. Dessa forma, pressupõe-se uma mudança dinâmica
nos processos avaliativos, na práxis pedagógica e na gestão escolar, de modo a tornar coerente
as metas que se planeja o que se ensina e o que se avalia.
Valorizar a interlocução dos diferentes saberes, por meio de um diálogo permanente,
leva a uma concepção de educação para todos na perspectiva da diversidade associada à
totalidade do conhecimento socialmente produzido.
Esforços de vários sujeitos e de diversas ordens são necessários para contribuir na
construção de alternativas que venham produzir mudanças estruturais na instituição
educacional e na organização do trabalho pedagógico.
Para que a aprendizagem do aluno favoreça a formação da sua cidadania e autonomia,
os processos avaliativos devem ser sensíveis às diferenças que permeiam a sala de aula e o
contexto socioeducacional, devendo, a prática avaliativa, facilitar o diálogo e a mediação
entre as várias histórias de vida que a instituição educacional acolhe.
Os conteúdos trabalhados na instituição educacional precisam ser abordados de forma
que todos aprendam, cabendo aos professores a tarefa de viabilizar aprendizagens
significativas, incluindo-se o desenvolvimento das habilidades, valores e atitudes.
Consequentemente, a forma de ensinar e de avaliar os conteúdos permitirá ao aluno uma visão
84
O conceito de letramento aqui entendido diz respeito ao “desenvolvimento de competências
(habilidades, conhecimento, atitudes) de uso efetivo da língua em práticas sociais” (SOARES,
2004, p. 90).
222
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
ampliada das diversas relações estabelecidas entre os componentes curriculares e as áreas do
conhecimento, e da função que elas assumem na sua formação. Espera-se, portanto, que o
processo de avaliação desvele ao aluno o que ele aprende e como ele aprende, para que o
mesmo desenvolva a confiança em sua forma de pensar, de analisar e de enfrentar novas
situações.
Avaliar implica observar, analisar, descrever e explicar o processo de ensino e de
aprendizagem, visando aconselhar, informar e indicar mudanças, funcionando em uma lógica
cooperativa que faz do diálogo uma prática e da reflexão uma constante. Em síntese, para
professores, é visão cada vez mais detalhada sobre o processo de ensinar e aprender e
constitui-se num elemento articulador que acompanha a prática pedagógica e os seus
resultados.
Com base nos pressupostos apontados, pode-se concluir, dessa forma, que a avaliação
deve realizar-se numa perspectiva formativa que transforma o espaço educativo em um
ambiente de desafios pedagógicos e de construção de conhecimentos e de competências.
Significados e pressupostos da avaliação formativa
Para Ferreira (2005), diferentes são os conceitos utilizados para definir a avaliação
formativa, destacando-se: mediadora por Hoffmann (1993), emancipatória por Saul (1994),
dialógica por Freire (1996), diagnóstica por Luckesi (1999) e dialética-libertadora por
Vasconcellos (2000). Tais concepções servem tanto para definir a avaliação formativa como
para ampliar o campo da avaliação da aprendizagem.
A avaliação da aprendizagem envolve valores e princípios e pressupõe uma proposta
pedagógica construída pela comunidade escolar. Sob esse aspecto, os alunos não devem
memorizar conhecimentos, mas sim desenvolver habilidades de pensar criticamente,
considerando a aquisição de aprendizagens nos diversos campos do saber. Nesse sentido, cabe
à instituição educacional oferecer atividades que promovam a participação dos alunos em sua
resolução, observando-se que as competências e habilidades não podem ser isoladas no tempo
e no espaço e devem contemplar os aspectos cognitivo, afetivo e psicossocial.
A avaliação deve favorecer a socialização, integrando o grupo, mas também
salientar as diferenças individuais que preparam os alunos, segundo suas
competências particulares, para atividades específicas e gerais da vida.
Desse modo, nas instituições educacionais, “a avaliação deixa de ser um momento
terminal do processo educativo (como hoje é concebida) para se transformar na busca
incessante de compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas
oportunidades de conhecimento” (HOFFMANN, 2003, p. 19). Dentre as funções que aí
223
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
desempenha, destaca-se a identificação de conhecimentos e habilidades do aluno, bem como
as potencialidades e necessidades de sua aprendizagem, de modo que o professor organize seu
trabalho pedagógico.Nesse contexto, a auto-avaliação deve ser, igualmente, explorada em
todas as etapas e modalidades da Educação Básica, visando criar no aluno o hábito de refletir
e agir conscientemente sobre a sua trajetória de aprendizagem.
O processo avaliativo transcende a ação de “dar nota para o aluno”, uma vez que
pressupõe uma tomada de decisão do professor e demais membros da comunidade
escolar quanto à maneira de se ver a instituição educacional e a educação. É preciso
avaliar todos os aspectos envolvidos no processo, sendo fundamental a participação
de alunos, professores, gestores, funcionários e comunidade.
A avaliação formativa indica como os alunos estão se modificando em direção aos
objetivos propostos, visto que informa ao professor e ao aluno sobre o resultado do processo
de ensino e de aprendizagem, favorecendo a consciência de ambos acerca do trabalho que
vêm realizando, bem como indica, ao professor e à instituição educacional as melhorias que
precisam ser efetuadas no trabalho pedagógico para atender as demandas dos alunos.
Nessa perspectiva, tudo e todos são avaliados, uma vez que a avaliação formativa
promove a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno, do professor e da instituição
educacional.
Essa avaliação requer que se considerem as diferenças dos alunos, se adapte o
trabalho às necessidades de cada um e se dê tratamento adequado aos seus
resultados. Isso significa levar em conta não apenas os critérios de avaliação, mas,
também, tomar o aluno como referência. (UnB, p. 79, 2006)
Adotando-se a avaliação formativa, os alunos passam, então, a desenvolver estratégias
para aprender, a participar do processo de ensino e de aprendizagem, a construir habilidades
de auto-avaliação e de avaliação pelos colegas, e a entender a sua própria aprendizagem.
Para tanto, faz-se necessário que o professor compreenda e utilize as dimensões,
formal e informal, da avaliação. A avaliação informal não é prevista, não se respalda em
instrumentos ou registros e os avaliados não têm consciência de que estão sendo avaliados –
acontece a todo o momento. Visto que a avaliação deve ajudar o aluno a se desenvolver e a
avançar, o uso de rótulos e apelidos que o desvalorizem ou o humilhem não devem ser
aceitos. Por essa razão para promover a aprendizagem, “a avaliação informal dá grande
flexibilidade de julgamento ao professor, devendo ser praticada com responsabilidade” (UnB,
2006, p. 159).
O professor, interessado na aprendizagem de seu aluno e atento à realidade
pedagógica, deve usar as informações advindas da avaliação informal para cruzá-las com os
resultados da avaliação formal, o que resultará na compreensão sobre o desenvolvimento do
aluno.
224
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Na avaliação formal são utilizados os instrumentos de avaliação que se tornam
documentos de evidências de aprendizagem como: relatórios, exercícios, provas,
produção de texto, além dos registros de avaliação, como o relatório descritivo e
notas.
No processo avaliativo deve haver transparência nos critérios e procedimentos
adotados. O registro é recurso importante para o professor, visto que serve para identificar as
necessidades do aluno e para buscar estratégias de superação. Nesse sentido, “educar é fazer
ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições,
comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente” (GADOTTI apud
HOFFMANN, 2003, p. 15).
Para Villas Boas (2001), “a Avaliação Formativa inclui o feedback e o
automonitoramento”, e o objetivo do trabalho pedagógico é facilitar a transição do feedback
para o automonitotamento, o que favorece o processo de desenvolvimento da autonomia
intelectual do aluno nos contextos educacionais, em especial os dedicados à formação de
professores.
Para Sadler apud Villas Boas (2001), o feedback é elemento-chave na avaliação
formativa, uma vez que fornece as informações a serem usadas para reorganizar o trabalho
pedagógico. Seu compromisso é com a aprendizagem do aluno, e não com notas. É usado
pelo professor para tomar decisões programáticas referentes ao redimensionamento de seu
trabalho pedagógico, bem como pelo aluno, para acompanhar as potencialidades e
dificuldades no seu desempenho, a fim de que compreenda sua trajetória de aprendizagem e
aja de maneira reflexiva para a sua melhoria, tornando-se co-responsável pela avaliação da
qual participa.
Esse autor também explica que, quando o próprio aluno gera a informação necessária
ao prosseguimento de sua aprendizagem, tem-se o automonitoramento, e, quando a fonte de
informação é externa ao aluno, tem-se o feedback. Assim, busca-se eliminar a distância entre
o nível de desempenho atual e o de referência.
Segundo Sadler (1989, p.142), para os alunos aprenderem é preciso que saibam
como estão progredindo, e seus trabalhos não podem ser avaliados apenas como
corretos ou incorretos, necessitando que a qualidade dos trabalhos seja determinada
por julgamento qualitativo. Sob esse aspecto, o feedback mostra-se necessário, mas
não suficiente. O professor deve orientar o aluno e esse deve seguir a orientação
conforme as habilidades desenvolvidas para avaliar a qualidade do seu trabalho. A
transição do feedback professor-aluno para o automonitoramento pelo aluno não é
automático e deve ser construída por ambos, como um processo de formação
humana que busca a autonomia solidária e respeitosa.
A autoavaliação, além de ponto de partida para o automonitoramento, é componente
importante da avaliação formativa, pois considera o que o aluno já aprendeu, o que ainda não
225
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
aprendeu, os aspectos facilitadores e os dificultadores do seu trabalho, tomando como
referência o aluno em formação, os objetivos da aprendizagem e os critérios de avaliação.
A valorização do que o aluno pensa sobre a qualidade do seu trabalho é um desafio à
rotina escolar. Como acontece com a avaliação informal, o uso dessas informações deve ser
feito com ética, uma vez que elas só podem servir aos propósitos conhecidos do aluno.
Ademais, é sabido que um clima de confiança em sala de aula é decisivo para o aluno,
uma vez que a ausência do medo de ser punido pelo professor ou criticado pelos colegas
favorece a exposição de suas dúvidas e do seu raciocínio, permitindo a interação. Dessa
forma, é fundamental que o aluno acredite em suas potencialidades e que o professor acredite
em sua capacidade de ensinar (VASCONCELLOS, 1998).
Em síntese, o professor engajado no processo de avaliação deve comprometer-se com
a efetiva aprendizagem de todos os alunos e com a efetiva democratização do ensino, e
romper com a ideologia e as práticas de rotulação e de exclusão, devendo, definitivamente,
abrir mão da avaliação classificatória como alternativa pedagógica.
Além disso, a seleção e a elaboração dos procedimentos de avaliação têm início ainda
no planejamento, quando o professor se questiona: o que ensino? Por que ensino? Como meus
alunos aprendem? Meus alunos podem aprender isso? Qual a finalidade desse conteúdo? Tais
questionamentos apontam a necessidade de direcionar o olhar para o acompanhamento da
efetividade das ações didáticas a fim de que o aluno aprenda.
A efetividade de um determinado modo de avaliar depende do contexto de sua
ocorrência, dos objetivos almejados e dos sujeitos envolvidos no processo. Por esse motivo, a
escolha, a utilização e a elaboração dos instrumentos e procedimentos é um aspecto
importante.
Orientações procedimentais
A complexidade das relações sociais presente no dia a dia da instituição educacional
tem levado os sujeitos envolvidos com os processos formais de educação a repensar os
procedimentos utilizados para avaliar e inferir sobre resultados da aprendizagem.
Vive-se em uma época de intensas mudanças, rupturas de paradigmas, debates e
formulação de novas propostas teórico-metodológicas para orientar o processo de ensino e de
aprendizagem, cujas orientações e formulações assentam-se em marcos legais fundamentados
na pluralidade e diversidade que caracterizam a educação brasileira.
Os professores se perguntam: como implementar um processo avaliativo que não seja
terminal, punitivo, classificatório, seletivo, excludente e não tenha a centralidade da nota?
226
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Como fazer da avaliação um processo de acompanhamento, mediação, diálogo e intervenção
mútua entre o ensino e as aprendizagens? Como usar o processo avaliativo para reorientar a
prática docente e para informar os alunos sobre seu percurso de aprendizagem? Até que ponto
as áreas específicas do currículo interagem numa prática avaliativa diferenciada e coparticipativa? Como avaliar os alunos em suas diferentes potencialidades? Essas e outras
perguntas revelam que os professores possuem a vontade de desenvolver um trabalho
pedagógico de qualidade e, também, deixa evidente a precisão de se repensar a sua formação
inicial e continuada de modo a atender aos novos imperativos do fazer docente.
Por esse motivo, faz-se necessário que a reflexão em torno das questões curriculares
e as tentativas de mudança dos mecanismos e instrumentos clássicos de avaliação
caminhem juntas. Ou seja, precisamos nos perguntar sobre a possibilidade de
produzir instrumentos que contemplem o que efetivamente se faz e se considera
importante nas salas de aula, não a partir apenas da listagem de conteúdos presentes
em livros didáticos, em planejamento de aula e de curso ou em propostas oficiais
(ESTEBAN, 2003, p. 125-126).
Nesse sentido, a avaliação passa a ser compreendida como aprendizagem. Isso faz com
que os diversos instrumentos e procedimentos utilizados sejam organizados em torno de
atividades que tenham sentido e relevância para o processo de aprendizagem dos alunos em
detrimento de exercícios mecânicos e artificiais.
Em suma, os instrumentos e procedimentos avaliativos devem compor um conjunto de
informações sobre o processo de ensino e de aprendizagem que possibilitem ao professor:
•
planejar o trabalho pedagógico para promover aprendizagem;
•
interpretar os indícios visando compreender e intervir respeitosamente e de maneira
efetiva nas dificuldades apresentadas pelos alunos, bem como sistematizar e ressaltar
seus avanços;
•
rever metas, estabelecer novas diretrizes, propor outras metodologias de ensino,
gerando novas aprendizagens;
•
situar o aluno no processo de ensino e de aprendizagem a partir do diálogo, fazendo-o
compreender sua trajetória de aprendizagem;
•
construir formas de comunicação efetiva para que todos os envolvidos no processo de
ensino e de aprendizagem - professores, alunos, familiares e gestores - participem do
processo avaliativo.
É importante ter em mente que a prática avaliativa que valoriza as múltiplas
linguagens pressupõe um processo dinâmico e relevante do ponto de vista reflexivo e
dialógico entre os vários saberes. Isso significa que a avaliação formativa não se limita a um
procedimento de avaliação que preze somente a escrita, mas compreende a utilização de
227
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
instrumentos variados para coletar de forma mais ampla as evidências de aprendizagens dos
alunos, seja pela escrita em suas variedades, seja pela oralidade ou por desenhos.
Por fim, na amplitude e na variedade de informações produzidas via avaliação, os
fatos sobre o ensino e a aprendizagem não estão em sua forma final, sendo necessário
buscar, nas informações obtidas pelos instrumentos, a construção de um cenário para a
interpretação da história de cada participante sob o olhar único de seu professor e do
próprio aluno.
Com isso, a diversidade de procedimentos enriquece os processos formativos de
avaliação, bem como permite propósitos mais coerentes e responsáveis por parte do professor
em relação ao trabalho docente.
A diversificação dos instrumentos avaliativos, por sua vez, viabiliza em maior
número a variedade de informações sobre o trabalho docente e sobre os percursos de
aprendizagem, assim como uma possibilidade de reflexão acerca de como os
conhecimentos estão sendo concebidos pelas crianças e adolescentes. Entender a
lógica utilizada pelos estudantes é um primeiro passo para saber como intervir a
ajudá-los a se aproximar dos conceitos que devem ser apropriados por eles. (LEAL,
2006, p. 103)
Com o intuito de promoverem sentidos e perspectivas diferenciadas de avaliação,
parte-se do pressuposto de que os instrumentos e procedimentos não se esgotam em si
mesmos, mas vão além de simples técnicas e conceitos inferidos ao longo dos processos
educativos para verificar o avanço escolar dos alunos. Pensando assim, faz-se necessário
desvelar os efeitos que a avaliação da aprendizagem, quando não orientada segundo os
critérios objetivados no interior do currículo, corre sério risco de fazer da educação um
instrumento de exclusão social, e não de humanização do homem e, por consequência, do
mundo.
Isso significa dizer que toda e qualquer forma de avaliação remete a uma postura
ético-reflexiva em face dos objetivos pretendidos. A dimensão desse propósito diz respeito
aos desafios que os professores têm perante a centralidade que o ato de aprender
continuamente adquiriu nos tempos de mundialização da cultura. Nessa perspectiva, professor
e aluno, protagonistas dos processos escolares de ensino e de aprendizagem, vão aos poucos
reelaborando e, ao mesmo tempo, ampliando o sentido da avaliação na vida de quem avalia e
de quem é avaliado.
É nesse momento de ressignificação dos critérios e objetivos da avaliação que devem,
cuidadosamente, ser pensadas as opções procedimentais definidas pelo professor para
verificar os indicadores de aprendizagem. Não obstante, implica dizer que a escolha dos
procedimentos não é estanque, mas continuamente articulada a um processo investigativo de
228
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
aprendizagem que promova a democratização do conhecimento escolar. Por isso, cabe ao
professor, no íntimo do seu fazer pedagógico, buscar, sempre que necessário, procedimentos
avaliativos capazes de banir dos assentos escolares processos excludentes de avaliação.
Para assegurar a efetividade da aprendizagem faz-se necessário observar que, num
processo inclusivo, é preciso possibilitar a implementação das adaptações curriculares.
Segundo o art. 41 da Resolução nº 1/2005 do Conselho de Educação do Distrito Federal
(CEDF), podem ser feitas adaptações e flexibilizações, quando necessário: de objetivos e
conteúdos de metodologia de temporalidade e de avaliação. Nesse sentido, é importante
observar que, nos casos de alunos que apresentem altas habilidades ou superdotação, devese favorecer a suplementação do currículo.
Outro aspecto de igual importância refere-se às possibilidades metodológicas de
verificação da aprendizagem. Em verdade, “o momento não é apenas de reafirmação das
opções teórico-metodológicas que orientaram nossas análises, mas sobretudo de um diálogo
aberto com essas opções” (ARROYO, 1999, p. 14). Trata-se, aqui, do modo como são
determinados os procedimentos que possibilitam as evidências da aprendizagem. Nesse caso,
tem-se nítida a posição ocupada pelo professor diante da avaliação, isto é, de como ele aborda
e investiga o objeto de avaliação, que é a aprendizagem. Em relação ao saber, tal
posicionamento aponta para aquilo que o aluno espera da escola:
Sabendo que o fundamental da escola é promover a sua aprendizagem, o aluno se
sente mais seguro e passa a entender a educação como prática social transformadora
e democrática e o professor a reconhecer a importância de trabalhar na direção da
ampliação dos conhecimentos, vinculando procedimentos que assegurem a
aprendizagem efetiva (TURRA e VIESSER, 2002, p. 64).
Sendo assim, a avaliação da aprendizagem constitui-se em um conjunto de atitudes e
sentidos pautados em valores éticos substantivados no conhecimento socialmente construído.
Consequentemente, o ensinar e o aprender, no espaço da sala de aula, correlacionam-se
dialeticamente em torno de processos dinâmicos e procedimentos diversificados de avaliação.
Para tanto, os procedimentos avaliativos, na perspectiva da avaliação formativa, promovem a
reflexão-ação-reflexão na organização do trabalho pedagógico do qual participa a comunidade
escolar.
Registros avaliativos
Educação Infantil e Ensino Fundamental – Séries e Anos Iniciais
Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental - Séries e Anos Iniciais, a avaliação
baseia-se na observação e no acompanhamento das atividades individuais e coletivas.
229
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
A concepção da avaliação formativa permite a constatação dos avanços obtidos pelo
aluno e o replanejamento docente, considerando as dificuldades enfrentadas no processo e a
busca de soluções.
Por essa razão, o registro constitui elemento essencial do processo avaliativo e cabe ao
adulto que convive com a criança proceder às anotações e demais formas de registro
sistematicamente, e não somente ao final de um período, bimestre ou semestre.
Na avaliação formativa é essencial observar e registrar. Assim, o professor deve fazer
registros diários ou com a maior frequência possível, refletindo todas as situações relevantes
com relação ao desenvolvimento do aluno e de sua intervenção pedagógica. Para tanto, podese contar com diversos suportes, tais como: ficha individual, portfólio ou dossiê, contendo
registros sobre as produções (trabalhos, produções individuais ou grupais) do aluno e as
observações do professor. O resultado do desempenho do aluno é constituído a partir desses
registros e de outros documentos que poderão ser analisados na trajetória do aluno na
instituição educacional.
É importante destacar que para essa análise o professor deverá observar os pontos
fortes do aluno (aprendizado e habilidades); a qualidade das interações estabelecidas com os
seus pares; o que o aluno apresenta em processo de desenvolvimento; as intervenções
propostas e as respostas dadas pelos alunos diante das novas intervenções; e os avanços dos
alunos em todo o processo de ensino e de aprendizagem.
Nesse sentido, é fundamental que os alunos se envolvam com o processo. Esse
envolvimento possibilitará que os mesmos reconheçam suas conquistas, suas potencialidades
e suas necessidades, tornando-se parceiros dessa atividade.
A busca de objetivos não alcançados ou aprendizagens ainda não efetivadas deve ser
objeto de planejamento da organização do trabalho pedagógico do professor e do coletivo da
escola, de maneira a atender aos alunos, individualmente ou em grupo, ocorrendo de forma
paralela ao desenvolvimento curricular, por meio de atividades diversificadas e outras
estratégias oportunas em cada caso. Para os alunos do Bloco Inicial de Alfabetização do
Ensino Fundamental (BIA), utilizam-se, também, projetos interventivos e reagrupamentos.
A retenção para os alunos dos três primeiros anos do Ensino Fundamental de 9 anos e
das duas primeiras séries do Ensino Fundamental de 8 anos, estratégia metodológica Bloco
Inicial de Alfabetização BIA, dar-se-á somente no 3º ano do Ensino Fundamental de 9 Anos
e na 2ª série do Ensino Fundamental de 8 anos, caso haja evidências fundamentadas,
argumentadas e devidamente registradas pelo Conselho de Classe, à exceção daqueles que não
alcançarem 75% de frequência (LDB, art. 24, VI).
230
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
No caso dos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais – ANEE, a adaptação
na temporalidade no Ensino Fundamental de 9 anos só poderá ser feita a partir do 2º ano.
Ressalta-se que a adaptação na temporalidade que incida na permanência do aluno com
necessidades educacionais especiais no 2º ano, somente poderá ocorrer após estudo de caso
realizado com a Diretoria de Educação Especial – DEE e mediante registro consubstanciado
das condições individuais do aluno no relatório. Ao redigir o relatório dos ANEE, deverão ser
observadas as adaptações curriculares elaboradas em conjunto com o Serviço de Atendimento
Educacional Especializado.
O processo avaliativo deve fazer um caminho de mão dupla: ao mesmo tempo em que
observa, registra e identifica, aponta orientações para uma retomada de caminho, de
planejamento, de objetivos e/ou de conteúdos; enfim, ele contribui para reflexões
significativas sobre as condições de aprendizagem e sobre todo o processo didáticopedagógico do trabalho escolar.
Ensino Fundamental – Séries e Anos Finais e Ensino Médio
A avaliação formativa busca evidências de aprendizagens por meio de instrumentos
e procedimentos variados, não sendo aceita uma única forma como critério de aprovação
ou reprovação. Pesquisas, relatórios, questionários, testes ou provas interdisciplinares e
contextualizadas,
entrevistas,
dramatizações,
dentre
outros,
são
exemplos
de
instrumentos/procedimentos que, inter-relacionados, caracterizam a avaliação formativa.
Compete à instituição educacional, em sua Proposta Pedagógica, desenvolver a
avaliação formativa, envolvendo as suas dimensões cognitiva, afetiva, psicomotora e social
no processo avaliativo do aluno.
Cabe ressaltar que a avaliação por notas utilizadas pela Secretaria de Estado de
Educação do Distrito Federal não invalida a concepção de avaliação formativa, desde que
se fortaleça entre professores e alunos o princípio da co-responsabilidade avaliativa
embasada no diálogo e na seleção dos objetivos de formação.
Sendo assim, as informações obtidas por meio dos diversos instrumentos e
procedimentos avaliativos utilizados pelo professor sintetizam-se, bimestralmente, em
notas de 0 a 10. No caso de serem adotados testes ou provas como instrumento de
avaliação, o valor a estes atribuído não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento)
da nota final de cada bimestre.
231
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
É de fundamental importância que professores e demais participantes da comunidade
escolar compreendam que a caracterização da avaliação formativa não se dá pelos
instrumentos utilizados para se evidenciar as aprendizagens por si só, mas sim pelos
procedimentos, isto é, pelo diálogo e pela ação humana do professor, do Conselho de Classe e
dos alunos perante esses instrumentos.
A promoção dos alunos do Ensino Fundamental – Séries e Anos Finais e Ensino
Médio dar-se-á, regularmente, ao final do ano ou do semestre letivo, conforme o caso, sendo
considerado aprovado o aluno que obtiver média final igual ou superior a 5,0 (cinco) em cada
componente curricular e alcance a frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do
total de horas letivas trabalhadas no ano/série.
Os Projetos Interdisciplinares e o Ensino Religioso constantes da Parte Diversificada
das Matrizes Curriculares do Ensino Fundamental – Séries e Anos Finais e do Ensino Médio
não podem reprovar os alunos.
A Progressão Parcial com Dependência deve ser ofertada nos termos da Lei n° 2.686,
de 19 de janeiro de 2001, bem como da Portaria n° 483, de 20 de novembro de 2001,
observando, ainda, a Resolução n° 01/2005 – CEDF, de 2 de agosto de 2005. É assegurado ao
aluno o prosseguimento de estudos para as 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental de 8 anos
e, por equivalência, para os 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental de 9 anos e para os 2° e 3°
anos do Ensino Médio, quando seu aproveitamento na série anterior for insatisfatório em até
dois componentes curriculares, e desde que tenha concluído todo o processo de avaliação da
aprendizagem. O aluno retido na série/ano em razão de frequência inferior a 75% (setenta e
cinco por cento) do total de horas letivas não tem direito ao regime de dependência.
Educação de Jovens e Adultos
A avaliação na Educação de Jovens e Adultos (EJA) deve ser orientada pelas
habilidades, valores e competências, estabelecidos no Currículo de Educação Básica das
Escolas Públicas do Distrito Federal, de acordo com as características dos jovens e adultos e
com o seu contexto socioeconômico e cultural. É de fundamental importância a participação
dos alunos na avaliação de sua aprendizagem.
Acompanhar a aprendizagem do jovem e do adulto e realizar atividades específicas de
avaliação garantem que as situações de aprendizagem estejam mais próximas da vida real do
aluno, além de deixar evidente o que se pretende avaliar. A auto-avaliação é inserida como
forma de incentivar a autonomia intelectiva do aluno e como meio de cotejar diferentes
pontos de vista tanto dele, quanto do professor.
232
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
No processo avaliativo o professor, que se assume como elemento de integração entre
a aprendizagem e o ensino, deve evidenciar e enfatizar para os alunos os conhecimentos por
estes construídos e basear-se, na avaliação final, em aprendizagens significativas.
No 1º Segmento o aluno é aprovado no conjunto dos componentes curriculares; nos
2º e 3º Segmentos, o valor atribuído a testes ou provas, como instrumentos de avaliação,
não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento) da nota final; os outros 50% (cinquenta
por cento) devem ser distribuídos entre diversos instrumentos e procedimentos avaliativos,
elaborados à luz do currículo, centrados nas competências e nas habilidades trabalhadas.
O aluno será considerado apto quando obtiver, no mínimo, 50% (cinquenta por
cento) do valor previsto do total das atividades avaliativas realizadas pelo professor; no 1º
Segmento do conjunto de todos os componentes curriculares e nos 2º e 3º Segmentos, por
componente curricular, bem como frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento)
do total de horas trabalhadas no semestre.
O resultado final na Educação de Jovens e Adultos é expresso por meio dos conceitos
A (Apto), NA (Não Apto) e ABA (Abandono) ao final de cada semestre.
Nos cursos presenciais, para os alunos do 2º e do 3º Segmentos que não concluíram
determinado componente curricular no decorrer do semestre, é atribuído o conceito EP (Em
Processo). Ao final do semestre letivo, será registrado ABA (Abandono), no caso dos alunos
evadidos.
No que se refere à EJA via Curso a Distância, 2º e 3º Segmentos, o processo avaliativo
no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é contínuo. Nesse ambiente, percebem-se
impressões sobre leituras, colocações de cunho teórico, debates, questionamentos, dúvidas e
proposições, numa metodologia que promove a interatividade e a aprendizagem colaborativa
e participativa.
No processo de avaliação, o professor-tutor faz intervenções direcionando ações com o
objetivo de orientar o processo de aprendizagem, percebendo os erros de caráter mais geral e
divulgando as colaborações enriquecedoras de cada aluno ou grupo, fazendo com que os
alunos participem cada vez mais ativamente do processo.
Na EJA a Distância, o processo de avaliação estrutura-se em duas etapas:

Participação no AVA: a avaliação far-se-á por meio do acompanhamento do
desempenho do aluno em fóruns e chats. Para aprovação, nessa etapa, será
exigida pontuação mínima de 50% (cinquenta por cento) do valor previsto do
total das atividades avaliativas, realizadas pelo professor-tutor.
233
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO

Realização de prova presencial: só participarão desta etapa os alunos aprovados
na etapa anterior (AVA). Para aprovação nesta etapa será exigida pontuação
mínima de 50% (cinquenta por cento) do valor previsto do total das atividades
avaliativas, realizadas pelo professor-tutor.
Na EJA a distância o resultado final das avaliações é expresso por meio dos conceitos
A (Apto), NA (Não Apto) e ABA (Abandono).
Dessa forma, a avaliação de EJA a Distância dá-se num processo que proporciona ao
aluno o desenvolvimento e a conquista da sua autonomia em suas próprias participações e
aprendizagens.
Educação Especial
Avaliação tem sido um ponto de interrogação quando se trata de alunos com
necessidades educacionais especiais. Avaliar o quê? Como avaliar se os alunos apresentam
características e funcionalidades específicas?
Nesse sentido, não pode ser compreendida como um ato estanque e isolado do
processo de ensino e de aprendizagem, com objetivo apenas aferir resultados e medir
conhecimentos. Avaliar é identificar as competências e as habilidades desenvolvidas pelo
aluno, para que o professor possa replanejar suas atividades pedagógicas na busca do
aprendizado pelo aluno, utilizando metodologias diferenciadas.
Pensar a avaliação, na perspectiva de inclusão educacional, é mudar o olhar para a
relação existente entre ensinar – aprender e, consequentemente, para a prática educativa que
se materializa na sala de aula. O professor, nesse contexto, precisa reconstruir uma práxis
pedagógica, que propicie aos alunos a construção de conhecimentos significativos, que sejam
úteis no seu cotidiano e que favoreçam a sua integração e a sua participação na vida em
sociedade.
O princípio da inclusão orienta que o processo avaliativo deve ser participativo e
contínuo: professor e alunos são co-responsáveis. O objetivo inicial e final da
avaliação é acompanhar a performance de cada estudante individualmente, visando
eliminar barreiras ao sucesso escolar. Na sala de aula a avaliação ganha uma
dimensão colaborativa. Tal abordagem permite obter informações sobre os alunos
que antes não eram consideradas relevantes, como as habilidades de cada um e o que
realmente sabem fazer. O docente obtém esses dados mediante um processo
avaliativo sistemático durante a aula, à medida que as crianças: participam das
atividades propostas em seus grupos; falam umas com as outras ou respondem a
questões; trocam idéias com os colegas; resolvem problemas; elaboram registros de
acordo com seus estilos de aprendizagem; colaboram para a construção do seu saber
e do de seus colegas. (FERREIRA & MARTINS, 2007 p. 75)
234
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Dessa forma, a avaliação torna-se instrumento de inclusão, pois permite identificar e
responder às necessidades educacionais dos alunos e de todos os sujeitos envolvidos no
processo educacional na busca de soluções alternativas que removam as barreiras de
aprendizagem.
O processo de avaliação dos alunos com necessidades educacionais especiais deve,
assim, considerar, além das características individuais, o tipo de atendimento educacional
especializado, respeitadas as especificidades de cada caso, em relação à necessidade de apoio,
recursos e equipamentos para a avaliação do seu desempenho escolar.
O enfoque da proposta de inclusão educacional possibilita a compreensão do aluno na
sua totalidade, considerando os diferentes contextos em que está inserido, como sujeito ativo
na sua trajetória de construção de conhecimento. O aluno deve ser co-responsável no processo
de avaliação para que possa reconhecer suas potencialidades e suas limitações e para que
possa agir, utilizando os conhecimentos socialmente construídos diante de situações
desafiadoras.
Dessa forma, a avaliação exige ação conjunta e articulada entre professores de classes
comuns, equipe pedagógica e professores especializados da sala de recursos para definição de
adequações curriculares que respondam às necessidades dos alunos em todos os elementos do
currículo.
A identificação e a avaliação das necessidades educacionais dos alunos, nessa
perspectiva, ocorrem no cotidiano escolar, onde o espaço e o tempo devem ser organizados
com vistas a otimizar o potencial dos alunos, possibilitando-lhes a expressão do saber nas
suas múltiplas formas. É neste contexto que o desenvolvimento de competências e de
habilidades para a aquisição dos conhecimentos socialmente construídos serão estimuladas.
Portanto, o professor ao avaliar deve observar o desempenho escolar do aluno e respectivo
crescimento em relação aos aspectos cognitivo, afetivo e social.
A avaliação do aluno com necessidade educacional especial, nos diferentes contextos
de oferta de Educação Especial, deve ser realizada de forma processual, observando o
desenvolvimento biopsicossocial do aluno, sua funcionalidade, características individuais,
interesses, possibilidades e respostas pedagógicas alcançadas, com base no currículo adotado.
Assim sendo quando se utiliza currículo adaptado, a avaliação dos alunos com
necessidades especiais será a mesma adotada para os demais alunos da turma, observadas as
adequações curriculares necessárias.
235
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
No caso de alunos surdos, deve-se considerar, no momento da avaliação de produção
escrita, a utilização da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, como primeira língua. Desse modo
os professores devem:
•
evitar a supervalorizar dos erros de Língua Portuguesa (ausência de artigo, verbo no
infinitivo, ausência de verbo de ligação);
•
observar a sequência lógica de pensamento e a coerência no raciocínio;
•
adotar critérios compatíveis com as características inerentes aos alunos;
•
cuidar para que a forma da linguagem (nível morfossintático) seja avaliada com flexibilidade,
valorizando os termos da oração: essenciais, complementares e acessórios.
No caso do currículo funcional, nos Centros de Ensino Especial, sugere-se como
instrumento para a avaliação dos alunos o portfólio, por ser um recurso que favorece a autoavaliação e o registro sistematizado do desempenho alcançado pelo aluno ao longo do
processo educacional.
Conselho de Classe
Avaliar é uma constante no cotidiano da instituição educacional. O Conselho de
Classe aparece, nesse contexto, como um dos momentos em que a reflexão coletiva do
processo de ensino e de aprendizagem se faz presente e assume o objetivo primordial de
acompanhar e avaliar o processo de educação e o fazer pedagógico.
De acordo com o Regimento Escolar das Instituições Educacionais da Rede Pública de
Ensino do Distrito Federal, o Conselho de Classe é um colegiado composto por professores de
um mesmo grupo de alunos, ou, no caso do Ensino Fundamental - Séries e Anos Iniciais, por
professores de uma mesma série ou ano, o diretor (ou seu representante), o orientador
educacional, o coordenador pedagógico e o representante dos alunos, quando for o caso.
Podem participar, ainda, todos os alunos e os professores de uma mesma turma, bem como
pais e responsáveis, quando o Conselho for participativo.
Posto isto, pode-se afirmar que o Conselho de Classe é, por excelência, o espaço
aglutinador dos processos escolares de construção coletiva de aprendizagens.
O Conselho de Classe guarda em si a possibilidade de articular os diversos
segmentos da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo
central em torno da qual se desenvolve o processo de trabalho escolar. (DALBEN,
1996, p.16)
Nesse sentido, o Conselho de Classe, no processo da gestão compartilhada da
instituição educacional, por meio de seu eixo central, que é a avaliação escolar, deve ser
considerado na organização da proposta pedagógica de cada unidade escolar.
236
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
A participação direta dos profissionais envolvidos no processo de ensino e de
aprendizagem com seus diferentes olhares, pautados nas experiências cotidianas vividas, nas
informações obtidas por instrumentos e procedimentos avaliativos, permite uma organização
interdisciplinar que favorece uma reflexão sobre as metas planejadas, sobre o que foi ensinado
e sobre o que foi avaliado, focando o trabalho na avaliação escolar.
Além disso, o referido Conselho possibilita a inter-relação entre profissionais e alunos,
entre turnos e entre séries e turmas, além de favorecer a integração e sequência das
competências, habilidades e conteúdos curriculares de cada série/ano e orientar o processo de
gestão do ensino.
Assim, por meio da ação coletiva, reavaliam-se, dinamizam-se, fortalecem-se os
processos escolares e, sobretudo, promove-se o avanço dos atos de ensinar e aprender, aqui
compreendidos como processos inerentes e indissociáveis da produção do saber humano.
Marco e Maurício (2007, p. 86) destacam a importância do Conselho de Classe como
“um espaço democrático e de construção de alternativas, e não uma mera reunião que
determina deixando para o orientador uma lista de alunos e pais a serem chamados”.
O Conselho de Classe deve se reunir, ordinariamente, uma vez por bimestre e ao final
do semestre ou do ano letivo, ou, extraordinariamente, quando convocado pelo diretor da
instituição educacional. O registro da reunião, de acordo com o Regimento Escolar, se dará
por ata, em livro próprio. No entanto, no Conselho de Classe final, quando houver aprovação
de aluno, em discordância com o parecer do professor regente de determinado componente
curricular, deve-se registrar o resultado dessa reunião de Conselho de Classe, também, no
Diário de Classe do professor regente, no campo Informações Complementares,
“preservando-se, nesse documento (diário de classe), o registro anteriormente efetuado pelo
professor”.
Via dupla de ações e atitudes intencionadas, o Conselho de Classe deve
permanentemente analisar, discutir e refletir sobre os propósitos apontados pela proposta
pedagógica da instituição educacional, como espaço de reflexão, que possibilita a tomada de
decisão para um novo fazer pedagógico, favorecendo mudanças para estratégias mais
adequadascom vistas à melhoria na educação.
237
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – ENSINO MÉDIO
Conclusão
A elaboração das Diretrizes de Avaliação do Processo de Ensino e de
Aprendizagem para a Educação Básica do Distrito Federal levou em consideração a
trajetória das concepções de avaliação existentes no sistema de ensino e suas recentes
transformações e exigências de mudanças. Tem como foco o papel que a comunidade
escolar exerce na construção de valores e princípios e na elaboração de uma proposta
pedagógica que leve em consideração o desenvolvimento de habilidades de pensar
criticamente. Concluímos que a avaliação deve favorecer a socialização, integrando o
grupo, mas também salientar as diferenças individuais que preparam os alunos, segundo
suas competências particulares, para atividades específicas e gerais da vida.
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ANAIS DE ENCONTROS DA ABEM E CONGRESSOS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO MUSICAL E ÁREAS
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SÉRIE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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AFINS (ANPPOM, ISME, ISME LATINO-AMERICANOS)
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